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Prof.

 Christiano Leonardo Gonzaga Gomes 
 
Apresentação

 Promotor de Justiça na área criminal no Estado de Minas Gerais; Mestre em


Direito; Professor em diversos cursos preparatórios para ingressos em
cargos públicos; Professor convidado da Fundação Escola Superior do
Ministério Público do Estado de Minas Gerais; Professor Licenciado na
graduação e pós-graduação na Faculdade de Direito Milton Campos em
Minas Gerais; Ex-Defensor Público do Estado de Minas Gerais.

 Estimados alunos, estaremos juntos nessa caminhada! Sei o tanto que é


árduo o caminho, pois eu passei por ele depois de anos tropeçando. Mas, eu
não desisti! Estaremos firmes e fortes para conseguir alcançar o seu sonho!
Contem sempre comigo!
 
 Facebook (página): Christiano Gonzaga Gomes
 
 E-mail: chrisleo12@hotmail.com
 
 Twitter: @christianoprof

 Instagram: chrisgonzaga

 You Tube (canal): Christiano Gonzaga

 Apostilas: www.estudotop.com.br/loja/desktops/direito-penal
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes 
 

DIREITO PENAL

A tarefa do Direito Penal é a luta contra o crime, onde também deveriam


estar envolvidos a família, escola, organizações assistênciais, principalmente
as ligadas à proteção do menor.

Divisão do Código Penal: Parte Geral (artigo 1º a 120 do CP) – prevê todas
as leis não incriminadoras, que podem ser
explicativas ou permissivas, aquelas que
tornam lícitas determinadas condutas
tipificadas em leis incriminadoras. Ex.: legitima
defesa.

Parte Especial (artigos 121 a 361 do CP) –


prevê todas as leis incriminadoras, que
descrevem uma conduta e cominam penas.

UNIDADE I – Introdução ao Estudo do Direito Penal

Sumário

 Princípio da Legalidade e suas conseqüências.


 Conceitos: crime, pena e direito penal.
 Classificações do Direito Penal: subjetivo, objetivo, especial, comum,
substantivo e adjetivo.
 Características do Direito Penal: público, positivo, fragmentário, cultural,
normativo, valorativo, finalista, dogmático, sancionador, constitutivo,
territorialista.
 Relações do Direito Penal: filosofia do direito, teoria geral do direito,
sociologia jurídica, direito constitucional, direito administrativo, direito
processual, direito civil, direito penal internacional, direito comercial,
direito penitenciário, direito do trabalho, direito tributário. Ciências
auxiliares: medicina legal, psiquiatria forense, psicologia jurídica,
criminalística, criminologia, vitimologia.
 Evolução Histórica da Idéias Penais: as fases da vingança e o talião,
direito penal romano, direito penal germânico, direito penal canônico,
período humanitário, período científico, escola clássica, escola positiva,
escola moderna alemã.
 Direito Penal no Brasil: ordenações afonsinas, ordenações manoelinas,
ordenações filipinas, código criminal do império, código penal da
república, código penal de 1940, lei 7209/84.
 Princípios Penais de Garantia ou Princípios Limitadores do Poder Punitivo
do Estado: princípio da intervenção mínima, princípio da lesividade,
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princípio da culpabilidade, princípios da pessoalidade, da individualização,
da proporcionalidade, princípio da humanidade e da limitação das penas,
princípio da presunção da inocência, princípio da adequação social e
princípio da insignificância ou bagatela.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, ANTERIORIDADE OU RESERVA LEGAL

A primeira análise que deve ser feita é quanto à diferença entre princípio,
regra e norma.

Princípio X Regra. Robert Alexy e Dworkin. Doutrinadores que trabalharam as


diferenças entre as duas expressões. Guardar tais nomes!

Regra. “Tudo ou nada”. Critérios da hierarquia, especialidade e cronologia.


Sua não aplicação gera a revogação da norma não aplicada.

Princípios. Neo-positivismo. Otimização do Direito. Possuem normatividade


(Art. 4º, Lei de Introdução ao Código Civil-LICC) e preponderam sobre as
regras, pois é a base que dá legitimidade a todo o ordenamento jurídico.
Permite uma ponderação e aplica-se um em dado momento e depois se
aplica outro, sem que ocorra a revogação.

Normas. Algo bem mais genérico que princípios e regras, que são espécies
daquelas.

Princípios de Direito Penal são orientados no sentido de proteger o


indivíduo frente à repressão estatal, que deve ser feita baseada em tais
mandamentos de otimização. Surge aqui a ideia de garantismo penal.

10 Axiomas propostos por Luigi Ferrajoli, em seu garantismo penal


(“Direito e Razão”):

1) não há pena sem crime;

2) não há crime sem lei;

3) não há incriminação legal sem necessidade;

4) não há necessidade sem ofensa ao bem jurídico;

5) não há ofensa ao bem jurídico sem conduta;

6) não há conduta sem culpa;

7) não há culpa sem jurisdição;

8) não há jurisdição sem acusação (sistema acusatório);


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9) não há acusação sem prova;

10) não há prova sem contraditório.

PRINCIPIO DA LEGALIDADE

Art. 1º- Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Fundamenta-se politicamente na função de garantia da liberdade do cidadão
frente a intervenção estatal arbitrária. Dele derivam quatro conseqüências:

- a proibição da analogia, que consiste em aplicar uma


regra jurídica própria de um caso a outra hipótese não
regulada na lei pela via do argumento da semelhança
dos casos.
- A proibição de uso do direito consuetudinário para
fundamentar e para agravar a pena. A norma que
prescreve a punição, somente pode ser determinada
legalmente.
- A proibição de retroatividade da lei: é
constitucionalmente inadmissível a retroatividade de
lei, pois a punibilidade não estava declarada e
determinada legalmente antes do fato. Só a lei em
sentido estrito pode criar crimes e penas criminais.
- Proibição de leis penais e penas indeterminadas:
princípio da taxatividade ou da determinação, é
preciso que a lei penal descreva o fato da forma mais
certa possível, permitindo ao destinatário reconhecer
as características da conduta punível, bem como fixe
os marcos ou margens penais.

CONCEITOS

CRIME

1) É uma conduta proibida que está especificada no Código Penal.


2) É um fenômeno social, que provavelmente nunca será extirpado da face
da terra.
3) É a violação de bens jurídicos, além disso violação intolerável da ordem
moral.
4) É um fato típico, ilícito e culpável, na visão clássica da doutrina.

PENA

É o instrumento de coerção de que se vale o direito penal para a proteção


dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. Possui
caráter preventivo, retributivo e ressocializador.
Finalidade:
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- prevenção geral: temor imbutido na sociedade, por meio da
pena, para a não desobediência da lei, de forma a
desencorajar pessoas de cometerem crimes.
- prevenção especial: é uma prevenção posterior, através da
punição incutida ao agente, que tem como objetivo
ressocializar e neutralizar o criminoso.

DIREITO PENAL

1- É um conjunto de normas emanadas pelo Estado que ligam o crime como


fato e a pena como conseqüência. ( Von Liszt)
2- É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo estatal,
tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a
quem os pratica. (Magalhães Noronha)
3- É o conjunto de normas jurídicas emanadas do Estado, que proibem
certas condutas, sob pena de sanção, estabelecendo os princípios gerais
para aplicação da pena e da medida de segurança. (Mirabete)
4- É o conjunto das normas jurídicas que regulam o exercício do poder
punitivo do Estado, associando o delito, como pressuposto, e a pena,
como conseqüência. (Mezger)
5- É a parte do ordenamento jurídico que estabelece e define o fato-crime,
dispõe sobre quem deva por ele responder e, por fim, fixa as penas e
medidas de segurança a serem aplicadas. (Francisco de Assis Toledo)
6- É a reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe
determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo
ainda os princípios gerais do direito e os pressupostos para a aplicação
das penas e das medidas de segurança, disciplinando as relações
jurídicas daí derivadas para estabelecer a aplicabilidade da pena e a
tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado. (José
Frederico Marques)
7- É o conjunto de normas jurídicas que tratam dos crimes e das sanções
penais. (Ney Moura Teles)

Se é o Direito Penal que define o crime, também é ele que diz quando um
fato aparentemente criminoso é, entretanto, permitido, ou quando, mesmo
proibido, não ensejará a aplicação da sanção penal.

CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL

 Subjetivo – é o Estado aplicando as penas, titular do direito de punir, jus


puniendi, pois o sujeito não observou a norma penal.
 Objetivo – é o conjunto de normas criadas pelo Estado, que define crimes
e sanções.
 Especial – é a norma aplicada a certas pessoas. Ex.: Direito Penal Militar
 Comum – é aquele que se aplica a todos.
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 Substantivo ou Material – é o direito positivo, aquele que seleciona as
condutas e impõe penas.
 Adjetivo, Formal, Instrumental ou Processual – regula os procedimentos
penais, ou seja, o conjunto das normas de aplicação do Direito Penal.

A distinção entre direito penal adjetivo e substantivo se faz através da


natureza da norma, e não onde a mesma se encontra, pois pode existir
norma processual dentro do direito penal substantivo, ou vice-versa.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL

 Público – Violada a norma penal, ofensa a sociedade, efetiva-se o jus


puniendi do Estado, responsável pela harmonia e estabilidade social. A
proteção dos bens jurídicos colocados sob sua tutela interessa a toda
coletividade, não exclusivamente ao indivíduo, logo não se submete a
vontade individual. A relação jurídica se dá entre o Estado e o infrator, isto
retira deste a possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos, de
vingança.
 Positivo – Leis, promulgadas pelo Estado, através do Poder Legislativo,
obrigatórias e do conhecimento de todos.
 Fragmentário – não protege todos os bens jurídicos (= tudo que nos
apresenta como digno, útil, necessário e valioso), apenas os que o
legislador elegeu, bens jurídicos fundamentais ( vida, integridade física e
mental, honra, liberdade, patrimônio, costumes, etc...)
 Cultural – indaga o dever-ser, ou seja, as regras de conduta que devem
ser observadas.
 Normativo – estuda a lei, o direito positivo, não indaga a gênese do crime
ou seus efeitos, assuntos, estudados pelas ciências causais explicativas
(sociologia, criminologia)
 Valorativo – tutela os valores mais elevados, valores que estão dispostos
em escala hierárquica, de acordo com a sua gravidade. Maior o crime
maior a pena.
 Finalista – visa proteger os bens e interesses jurídicos, através das penas.
Estas intimidam as pessoas, caracterizando a prevenção legal. Finalista,
pois previne que ocorram condutas antijurídicas, através das sanções.
Preserva a paz, através da tutela dos bens jurídicos. Preservando a paz,
preserva-se a vida.
 Dogmático – exige a obrigatoriedade do cumprimento da norma, daí seu
caráter técnico-jurídico.
 Sancionador – impõe a sanção penal, quando a norma penal é violada
 Constitutivo - o direito penal é eventualmente constitutivo, será quando
inexistir dano, somente ameaça de dano, ex: art. 132 do CP, que não é a
tutelado por outros ramos do direito, sendo, portanto, constitutivo. Outro
exemplo é o artigo 135 do CP. Daí dizer Zaffaroni “o Direito Penal é
predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo.”
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 Territorialista – tem validade no território nacional, pode ser,
eventualmente, extraterritorialista quando existirem tratados e convenções
internacionais.

RELAÇÕES DO DIREITO PENAL

O Direito Penal deve ser estudado com o auxílio das demais ciências, para
que ocorra uma melhor aplicação da lei penal.

 Filosofia do Direito – ajuda na formulação de conceitos básicos na


elaboração da lei penal. Por exemplo, o conceito de delito, pena,
imputabilidade, dolo, culpa, causalidade, etc, tudo tem um pouco de
fundamento filosófico.
 Teoria Geral do Direito – elabora conceitos jurídicos válidos para todos os
ramos do direito.
 Sociologia Jurídica – estuda as causas e funções sociais do direito.
 Direito Constitucional – na Carta Magna existem princípios penais
fundamentais. Amplitude de defesa (art. 5º,LV), juiz natural (art. 5º,LIII),
individualização da pena (art. 5º,XLVI), e sua retroatividade (art. 5º,XL),
sua personalidade (art. 5º,XLV)
 Direto Administrativo – a função de punir é administrativa e a lei penal é
aplicada através dos agentes da Administração (juiz, promotor); usam-se
conceitos de Direito Administrativo (cargo, função); punem-se fatos que
atentam contra a Administração Pública.
 Direito Processual – possui dispositivos concernentes à prática penal.
Exemplo: Recursos, ações, sentenças
 Direito Civil – um ilícito penal deve, ao mesmo tempo, fazer uma
reparação civil. Exemplo: atropelamento culposo. Tutela, ainda, o
patrimônio ao descrever delitos como furto, roubo, estelionato, que
possuem características civis.
 Direito Penal Internacional - cooperação internacional de combate ao
crime. Estudo dos tratados e convenções, crimes cometidos no
estrangeiro.
 Direito Comercial – tipifica os crimes falimentares, tutela o cheque, a
duplicata.
 Direito Penitenciário - como executar a pena. Deve existir um sistema de
normas que regulamenta a finalidade da pena (retribuição, prevenção,
recuperação)
 Direito do Trabalho – crimes contra a Organização do Trabalho (arts. 197
a 207 do CP)
 Direito Tributário – reprime crimes de sonegação fiscal.
 Ciências Auxiliares
- Medicina Legal – conhecimentos científicos aplicados em
favor da justiça. Ex. estuda causa de mortes
- Psiquiatria Forense – estuda os distúrbios mentais, as
questões de inimputabilidade.
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- Psicologia Jurídica – tem como objetivo a obtenção da
verdade no desenrolar do processo. Verificar a vericidade de
depoimentos de testemunhas. Criminalística – aplica as
técnicas de várias ciências à investigação criminal. Exemplo:
perícias
- Criminologia – estuda as causas do crime, as medidas para
evitá-lo, a pessoa do delinqüente e a sua recuperação.
- Vitimologia – estuda a vítima e sua contribuição para a
ocorrência do crime. Uma vítima pode ter uma
personalidade sarcástica, homossexual. Juiz deve observar
o comportamento da vítima no momento de fixar a pena.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS IDEIAS PENAIS

As Fases da Vingança e o Talião

O Direito nasce com a sociedade. Dizem que o primeiro Direito foi o penal, na
medida que se compreende o Direito como as primeiras manifestações de
vingança, a pena, do homem contra o homem.

1- Vingança Privada – é o direito penal praticado pelo próprio ofendido,


justiça pelas próprias mãos. As penas não guardavam a devida proporção
com o delito que visavam responder, tratava-se da lei do mais forte. Nesta
fase ainda não existia um Estado, apenas famílias e tribos.

2- Vingança dos Deuses – com a evolução das sociedades, instala-se um


poder social, baseado nas religiões, que passa controlar melhor as relações
sociais, e vai modificando paulatinamente a natureza da sanção penal. Os
sacerdotes são os magistrados, as leis são ditadas em nome de Deus, e o
legislador invoca seu nome e pede sua inspiração para redigi-las.

3- O Talião – olho por olho, dente por dente – surge na história da


humanidade como limitação da vingança privada, passa estabelecer certa
proporcionalidade entre o delito e a pena, até então inexistente.

Direito Penal Romano

Em Roma, o crime e a pena sempre tiveram um caráter público, o crime era


entendido como atentado à ordem estabelecida e a pena era a resposta
estatal, apesar de existirem as penas privadas, executadas pelo pater
familias, que aplicava o talião e a composição.
O revide era desproporcional, a principal pena era a de morte.
No período da República surgem numerosas leis penais, que compõem o
núcleo do Direito Penal Romano Clássico. Característica desta etapa é a
redução dos crimes privados e o desaparecimento da vingança privada, início
do princípio da legalidade.
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Mais adiante, a pena de morte volta a ser aplicada aos crimes mais graves,
presentes também penas de trabalhos forçados.
Os romanos já tinham uma noção de dolo e culpa e já consideravam a
legítima defesa, institutos importantíssimos no Direito Penal atual.

Direito Penal Germânico

Em seu período primitivo, a grande característica é a extensão em que o


crime é considerado assunto privado, sujeito à vingança e à composição,
inclusive no que pertine ao homicídio. Outra característica é a prevalência,
por longo período, do aspecto objetivo do fato delituoso em detrimento ao
aspecto subjetivo, que era proclamado como mais importante pelo direito
romano da época clássica.

Direito Penal Canônico

É o Direito estabelecido pela Igreja Católica, pois a influência do cristianismo


na legislação penal foi extensa e importante. Foi benéfica num primeiro
momento, proclamou a igualdade entre os homens, acentuou o aspecto
subjetivo do crime, ao contrário do direito germânico, favoreceu o
fortalecimento da justiça pública, opondo-se decisivamente à vingança
privada, opôs-se às ordálias e duelos judiciários, introduziu penas privativas
de liberdade, substituindo as de morte, e, por fim, possibilitou o
arrependimento e a emenda do réu. Em seu desenvolvimento o Direito
Canônico sofreu grave retrocesso, especialmente com a Inquisição, que fez
largo emprego da tortura e criou o processo inquisitório, sem a necessidade
de prévia acusação pública ou privada.

Período Humanitário

Foi no século XVIII que pensadores europeus constituíram, com suas ideias,
um dos mais importantes movimentos da história da humanidade: o
iluminismo.
As ideias iluministas vão se refletir, a partir da publicação, em Milão, no ano
de 1764, da obra “Dos Delitos e das Penas”, escrita por Cesare Beccaria, na
qual combate com vigor o uso da tortura, a pena de morte, a atrocidade das
penas e aponta para que a pena seja aplicada apenas para que o
delinqüente não volte a delinqüir. O importante não é a brandura da pena,
mas sim a certeza de sua aplicação.
Exige a prevalência do princípio da legalidade.
Em 1789, a Revolução Francesa vai culminar com a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, que consagra os fundamentais direitos humanos,
ainda hoje atuais.

Período Científico
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As ideias iluministas fortaleceram-se e inspiram a necessidade de se tratar o
direito como ciência, surgem as Escolas Penais.

Escola Clássica

Surgiu do grande movimento de idéias, em fins do século XVIII, chamado de


iluminismo – Movimento Humanitário, iniciado por César Beccaria, autor da
obra “Dos Delitos e das Penas” defendeu a humanização da pena, afirmando
que o fim da pena é tão-somente o de evitar que o criminoso cause novo mal
e que os demais cidadãos o imitem, sendo perversa e autoritária qualquer
punição que não se fundasse na absoluta necessidade.
Para a Escola Clássica, fulcrada em tais proposições, são os seguintes os
postulados:

- o crime é um ente jurídico, é, pois a violação do direito;


- a responsabilidade penal funda-se na liberdade do homem,
pois só pode ser punido aquele que agiu livremente;
- a pena é a retribuição jurídica do mal, restabelecendo-se,
assim, a justiça.

São expoentes da Escola Clássica: Fauerbach, Jeremias Bentham e


Francesco Carrara.

Francesco Carrara: o crime é um ente jurídico, por ser uma criação do


Direito, criado previamente por lei, impelido por duas forças: física,
movimento corpóreo e o dano do crime; moral, livre arbítrio do criminoso. A
pena é uma forma de tutela jurídica, pois ela intimida, caracterizando a
prevenção legal (geral e especial), também é meio de defesa social.

Escola Positiva

A Escola Positiva surgiu no fim do século XIX, em contraposição à Escola


Clássica, e baseou-se nas idéias de Darwin, Lamarck e Haeckel, que
introduziram uma concepção naturalística para o exame dos fatos da vida
individual e social, procurando explicá-los cientificamente, segundo o
princípio da causalidade, em abandono ao racionalismo que imperava no
iluminismo.

Os postulados da Escola positiva são:

- crime é um fenômeno natural e social, estando sujeito às


influências do meio e aos múltiplos fatores que atuam sobre
o comportamento;
- a responsabilidade penal é social, tendo por base a
periculosidade do agente;
- a pena é exclusivamente medida de defesa social;
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- criminoso é sempre psicologicamente um anormal, podendo
ser classificado em tipos.

São expoentes da Escola Positiva: Cesare Lombroso, Rafael Garofalo e


Enrico Ferri.

Cesare Lombroso: não estuda o crime, e sim o criminoso, que tende a


regredir ao primitivismo, à selvageria, possui características específicas,
assimetria craniana, fronte fugidia, orelhas em asa, zigomas salientes, arcada
superciliar proeminente, prognatismo maxilar, face ampla e larga, cabelos
abundantes etc, é insensível moral e fisicamente, enfim, é um doente que
deve ser tratado, e não punido.
Rafael Garofalo: a pena era aplicada em função da periculosidade ou
perversidade do agente (temibilidade). Existem no homem dois sentimentos
básicos, a piedade e a probidade, sendo o delito é a lesão destes dois
sentimentos.
Enrico Ferri: o crime é resultante de causas morais e sociais, influência do
meio, da sociedade, isto é, o determinismo social. A pena era aplicada como
um remédio, cessava-se quando o comportamento findava-se, ou seja, era
indeterminada.

Escola Moderna Alemã

Esta escola surgiu na Alemanha, em 1882, com Von Liszt, rejeita a tese do
criminoso nato, afirmando estarem nas relações sociais as mais profundas
raízes do crime. Ademais, tal escola negava a ideia do livre arbítrio,
apregoada pelos clássicos, ressaltando a substituição da pena retributiva
pela defensiva, orientada conforme a personalidade do criminoso, na qual
preponderava a ideia de prevenção especial. Transformou-se, ao longo do
tempo, em uma corrente eclética, também conhecida como Escola da Política
Criminal.

Direito Penal no Brasil

No Brasil colonial quem detinha o poder aplicava as leis.

-Ordenações Afonsinas: vigoravam em Portugal, promulgadas


em 1446, tendo como características a crueldade das penas, a
inexistência do direito de defesa e o princípio da legalidade,
penas arbitrárias e desigualmente fixadas pelo julgador.
Vigoraram no Brasil até 1514.

-Ordenações Manuelinas: editadas em 1514, em Portugal, não


há diferenças substanciais entre esta e a anterior. A prisão não
era a pena criminal definitiva, mas medida cautelar, destinada a
guardar o condenado até a execução da pena de morte,
corporal, de aflição ou de suplício.
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-Ordenações Filipinas: editadas em 1603, não há diferenças


substanciais entre esta e as anteriores. Em 1792 puniu o mártir
da independência, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Privilegiava classes. Foram mais de três séculos de terror
absoluto, como diria o poeta, o território brasileiro era um
imenso Portugal.

-Código Criminal do Império: promulgado em 16 de dezembro


de 1830. O ideal iluminista – Escola Clássica - começa atingir
algum sucesso no Brasil, apesar da previsão da pena de morte.
Primava pela individualização da pena, adotou a
responsabilidade pessoal, aboliu a tortura e certas penas cruéis
e infamantes.

-Código Penal dos Estados Unidos do Brasil - República:


Decreto 847, de 11 de outubro de 1890, fatos políticos
relevantes: 13 de maio de 1888, abolição da escravidão e 15 de
novembro de 1889, proclamação da república. Daí a
necessidade de um novo Código. Foi alvo de crítica por ter sido
elaborado às pressas. Aboliu a pena de morte e instalou um
regime penitenciário de caráter correcional, fixou o período
máximo de cumprimento da pena em 30 anos, estabeleceu a
prescrição. Foi objeto de inúmeras alterações, inclusive
inseridas na Constituição de 1891.

-Consolidação das Leis Penais, aprovada e adotada pelo


Decreto 22213, de 14 de dezembro de 1932, fruto das leis que
modificaram o Código Penal dos Estados Unidos do Brasil:
Decreto 847, de 11 de outubro de 1890.

- Código Penal, Decreto-Lei 2848, de 7 de dezembro de 1940,


cuja parte especial, com algumas alterações, encontra-se em
vigor até os dias de hoje. Teve origem com Alcântara Machado.
É um Código eclético, influência das escolas clássica e positiva
e dos códigos Italiano e Suíço. Apesar do autoritarismo da
Constituição em vigor, incorpora as bases de um direito punitivo
democrático e liberal. Em 3 de outubro de 1941, é expedido o
Decreto-Lei 3688, estabelecendo a lei de Contravenções
Penais.

- Código Penal, Decreto-Lei 1004, de 21 de outubro de 1969,


que permaneceu por período aproximado de 9 anos em vacatio
legis, tendo sido revogado pela Lei 6578, de 11 de outubro de
1978, sem sequer ter entrado em vigor.
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- Código Penal, Lei 7209, de 11 de julho de 1984, com esta lei
foi revogada, tão-somente, a parte geral do Código Penal de
1940.

PRINCÍPIOS PENAIS DE GARANTIA OU PRINCÍPIOS LIMITADORES DO


PODER PUNITIVO DO ESTADO

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário


para a proteção de determinado bem jurídico. Caso outras formas de sanção
ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela
desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável.
O Direito Penal deve interverir o menos possível na vida em sociedade,
somente devendo ser solicitado quando os demais ramos do direito,
comprovadamente, não forem capazes de proteger aqueles bens
considerados da maior importância. Seria a última razão de agir (ultima ratio).
Discute-se hoje em dia, por exemplo, a respeito da necessidade de se punir
aquele que emite cheque sem provisão de fundos e a bigamia, uma vez que
existem medidas de natureza civil para solucionar estes casos,
respectivamente, são elas a execução da quantia não paga e separação.

Há dois corolários: 1) fragmentariedade: Tutela apenas os bens jurídicos


mais importantes, ficando alguns sem tutela penal, mas porque outros ramos
já tutelam adequadamente; 2) Subsidiariedade: O Direito Penal somente
atua quando os demais ramos do Direito não foram suficientes para a
repressão da conduta ilícita.

PRINCÍPIO DA LESIVIDADE

O Princípio da Lesividade limita o poder do legislador, orientando quais são


as condutas que poderão ser incriminadas pela lei penal. As proibições
criminais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem
gravemente a diretos de terceiros, tem as seguintes funções:

 proibir a incriminação de uma atitude interna: ninguém


pode ser punido por aquilo que pensa ou mesmo por
seus sentimentos pessoais (cogitação não é punível).
 Proibir a incriminação de uma conduta que não
exceda o âmbito do próprio autor. Ex.: autolesão ou
tentativa de homicídio (art. 28, Lei 11343/06.
Informativo 456, STF, Despenalização);
 Proibir a incriminação de simples estados ou
condições existenciais: impedir que seja o agente
punido por aquilo que ele é, e não pelo que fez.
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Impede a existência de um direito penal do autor, em
que se pune o agente apenas pelo que ele é.
 Proibir a incriminação de condutas desviadas que não
afetem qualquer bem jurídico: reprovadas sob o
aspecto moral. Ex.: não pode punir alguém por não
gostar de tomar banho, tatuar o corpo, entregar a
práticas sexuais anormais.

PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE

Culpabilidade diz respeito ao juízo de censura, ao juízo de reprovabilidade


que se faz sobre a conduta típica e ilícita do agente. Reprovável ou
censurável é aquela conduta levada a feito pelo agente que, nas condições
em que se encontrava, podia agir de outro modo, em outras palavras, ao
autor cabe reprovar-lhe pessoalmente por seu fato.
O dogma da culpabilidade impede a responsabilidade penal objetiva,
impondo a responsabilidade penal subjetiva, pela qual a aplicação da pena
pressupõe em todo caso a existência da culpabilidade, pelo que quem atua
sem ela não pode ser punido. Este é um aspecto da culpabilidade, ou seja,
excluir a responsabilidade pelo simples fato da ocorrência do resultado.
Possui 3 sentidos fundamentais:

a) Como elemento integrante do conceito analítico de crime- Welzel.


Culpabilidade puramente normativa.

b) Como princípio medidor da pena- após analisar que se está diante de um


crime, analisa-se o art. 59, CP, para aplicar a pena necessária ao caso
concreto.

c) Como princípio impeditivo da responsabilidade penal objetiva (versari


in re illicita)- Art. 19, CP. Dolo ou Culpa.

PRINCÍPIOS DA PESSOALIDADE, DA INDIVIDUALIZAÇÃO, DA


PROPORCIONALIDADE DA PENA

O Princípio da Pessoalidade impede que pena passe da pessoa do


condenado, estando previsto no artigo 5º, inciso XLV, da Constituição
Federal. Pena de Multa. Greco entende que não pode a multa passar para os
familiares do agente. “Nenhuma” pena passará da pessoa do condenado,
sendo a multa espécie de pena. Art. 107, I, CP. Não confundir com obrigação
de reparar o dano, que pode ser transmitida aos herdeiros (art. 1997, CC).

O Princípio da Individualização da Pena busca adaptar a pena ao condenado,


impõe ao julgador estipular a sanção consoante a cominação legal (espécie e
quantidade) e determinar a forma de execução estando previsto no artigo 5º,
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes 
 
inciso XLVI, da Constituição Federal. Exemplos: Tal princípio revogou o art.
2º, parágrafo 1º, Lei 8072/90 (vedação de progressão de regime); a vedação
de conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos foi
declarada inconstitucional pelo STF, sendo possível hoje a aplicação do art.
44, CP. Informativo 604, STF.

O Princípio da Proporcionalidade assegura a existência de justo equilibro


entre a gravidade do fato cometido e a pena aplicada. A sanção deve ser
proporcional ou adequada à importância e relevo da lesão ao bem jurídico,
tanto no que toca à pena quanto à medida de segurança, a primeira com
fulcro na medida da culpabilidade e a segunda com base na periculosidade
criminal do autor do fato.

PRINCÍPIO DA HUMANIDADE OU DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E


DA LIMITAÇÃO DAS PENAS

O poder punitivo do estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade
da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos
condenados.
Desta forma, a proibição constitucional (artigo 5º, inciso XLVII, CF) das penas
de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, XIX,
de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis, autoriza a
conclusão de que a ordem constitucional pátria acolheu o referido princípio,
que veda a degradação e a dessocialização dos condenados, por não
coadunar com o estágio atual de desenvolvimento de nossa sociedade, vez
que ferem a dignidade da pessoa humana.

Logo, nenhuma pena privativa de liberdade pode ter uma finalidade que
atente contra a incolumidade da pessoa como ser social.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA

Previsto no artigo 5º, inciso LXII, CF, foi uma da maiores conquistas
constitucionais do cidadão brasileiro. Ninguém enquanto está sendo
processado, mesmo que preso provisoriamente, pode ser considerado
culpado.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

Cunhado por Hans Welzel, significa que as ações executadas com o cuidado
exigido e admitidas completamente no âmbito da vida social conforme
condicionamentos históricos, não podem ser tipificadas, nem sequer quando
ensejem perigos para bens jurídicos penalmente protegidos (por exemplo, o
funcionamento de um reator nuclear, a participação no trânsito viário, a
fabricação de armas e materiais explosivos etc.)
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes 
 
A vida em sociedade nos impõe riscos que não podem ser punidos pelo
Direito Penal, uma vez que esta mesma sociedade com eles precisa conviver
da forma mais harmônica possível.
Apesar de uma conduta estar descrita no tipo penal, não quer dizer que ela
será punida, pois o dinamismo da sociedade afasta tipos penais aceitos por
todos. Não revoga tipos penais (Art. 2º, LICC). Orienta o legislador ao fazer
os tipos penais e também a fazer a revogação de tipos penais. Jogo do
Bicho e revogação. STF entende que não aplica a adequação social,
mantendo-se o princípio da legalidade (RE 608425 / MG, STF). Casa de
Prostituição. Ainda nao mesma linha, o STF entende que é impossível
falar-se em adequação social no caso de venda de CDs ou DVDs piratas,
na forma do Informativo 505/STJ.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA

Criado por Claus Roxin na década de 60, por este princípio não estão
alcançadas pelo tipo penal as ações insignificantes e socialmente toleradas
de modo geral. É dizer, as lesões realmente mínimas do bem jurídico
penalmente protegido não preenchem materialmente o tipo de uma norma
penal.
A irrelevância de determinada ação não se confunde com a menor
potencialidade ofensiva, caso em que existe lesão significativa ao bem
jurídico, ainda que menos importante que outras. Segundo Roxin, a
insignificância não deve ser aferida apenas no tocante à relevância do bem
jurídico atingido, mas também em relação ao grau de sua intensidade, isto é,
pela extensão da lesão produzida.
O princípio da insignificância, como critério geral de correção típica, afasta a
tipicidade penal, logo os danos de pouca monta devem ser considerados
como fatos atípicos.

Fórmula: Tipicidade Penal= Tipicidade Formal + Tipicidade Material. Furto de


R$ 1,00.

Não se aplica aos crimes patrimoniais cometidos com violência ou grave


ameaça à pessoa (HC 37423/DF, STJ).

Crimes contra a Administração Pública: aplica (STF, HC 87478/PA); Não


aplica (STJ, probidade administrativa).

Princípio da insignificância. Mudança de paradigmas! Supremo Tribunal


Federal agora aceita a sua aplicação para o crime de consumo pessoal de
drogas (Art. 28, Lei 11343/06). Ver HC 110475/SC, STF.

Não cabe a aplicação de tal princípio seara castrense, pois o uso de droga é
incompatível com as atribuições militares. HC 107096 / PR – PARANÁ, STF.
Prof. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes 
 
Novidade: Também não cabe a aplicação do aludido princípio quando o
agente tiver registros criminais pretéritos. Veja-se que não é necessária a
reincidência, bastando registros na folha de antecedentes criminais.
Informativo 685/STF.

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