Sunteți pe pagina 1din 11

UMA PROPOSTA DE ENSINO DO USO DO CONECTIVO E NA CONSTRUÇÃO TEXTUAL

SOB A PERSPECTIVA FUNCIONALISTA


Fernanda Trombini Rahmen Cassim

1. INTRODUÇÃO

As práticas de ensino e aprendizagem de língua portuguesa muitas vezes são


calcadas em visões tradicionais e não consideram o uso da língua, que está em
constante transformação. Portanto, neste plano, proporemos atividades de leitura que
desenvolvam a capacidade de reconhecimento da função do conectivo e no texto
escrito a partir da teoria funcionalista.
Infelizmente, a classe das conjunções é apenas um ponto de nossa gramática
que vem sendo trabalhado equivocadamente pelos profissionais da área, que
preferem as fórmulas prontas trazidas pelas gramáticas, sem realizar uma reflexão do
uso da língua. É preciso reprogramar a mente dos professores, para que, ao invés de se
agarrarem em nomenclaturas gramaticais, exigindo de seus alunos “decorebas” sem
sentido, passem a demonstrar a eles como o domínio dos recursos linguísticos pode
influenciar na capacidade de interpretação de textos, de imagens e de mundo.

2. PLANEJAMENTO

2.1 Público Alvo: 1° ano do Ensino Médio

2.2 Tempo Estimado: sugerimos duas a três aulas de 40 minutos cada, a


depender do desenrolar da discussão orientada pelo professor.

2.3 Objetivo Geral: possibilitar que o aluno compreenda as variadas funções


do conectivo “e” por meio da leitura e interpretação de poema.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 104


Objetivos específicos:
• apresentar ao aluno o poeta Carlos Drummond de Andrade, sua
biografia e principais obras, bem como abordar, de forma geral,
as características da geração modernista no Brasil;
• capacitar o aluno a interpretar poemas, especialmente no que se
refere às estratégias linguísticas utilizadas pelo autor para criar
efeitos de sentido;
• trabalhar, com o aluno, o conectivo “e” e ensiná-lo a
compreender seu uso variado;
• demonstrar ao aluno que as conjunções podem funcionar de
formas diferentes de acordo com o contexto.

3. MATERIAIS E MÉTODOS: para a aula, será necessário material impresso e


materiais de pesquisa (livros e/ou computador com internet)

4. PROPOSTA DE ATIVIDADE DE LEITURA

O texto escolhido para nossa proposta foi “O Mundo é Grande”, de Carlos


Drummond de Andrade. Pressupõe-se que eles já tenham algum conhecimento sobre
as conjunções, mesmo que de forma estrutural.

4.1 Perguntas Pré-Leitura

1) Você conhece o autor Carlos Drummond de Andrade? Realize uma pesquisa a


fim de descobrir em qual período literário encontramos suas obras. Depois, escreva as
características desse período com relação aos aspectos formais dos poemas escritos
pelos artistas da época.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 105


Com essa primeira questão, pretendemos que o aluno encontre informações
sobre a geração modernista. O aluno terá dados sobre como os modernistas tratavam
do aspecto formal da poesia: havia um desejo de liberdade no uso das estruturas
lingüísticas. Pretende-se fazer com que o aluno fique mais pré-disposto a entender a
escolha do poeta com relação ao conectivo e.

4.2 Perguntas de Leitura

2) Leia o poema “O Mundo é Grande”, de Carlos Drummond de Andrade.

O Mundo é Grande
(Carlos Drummond de Andrade, in “Amar se Aprende Amando”, 1985)
“O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.”

3) Como sabemos, as conjunções são termos que servem para conectar orações
ou dois termos de mesma função sintática. Retire do poema as palavras que
representam a classe das conjunções.

4) Segundo a gramática tradicional, qual é a classificação das conjunções que


você retirou do texto?

5) Observe as orações que são ligadas pelas conjunções encontradas:

• O mundo é grande.
• Cabe nesta janela sobre o mar.
• O mar é grande.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 106


• Cabe na cama e no colchão de amar.
• O amor é grande.
• Cabe no breve espaço de beijar.

Os versos sublinhados apresentam um predicativo, uma característica em


comum para os termos mundo, mar e amor. Qual é ele?

6) Agora, observe as orações seguintes, que estão sublinhadas, e responda:


qual é o tamanho de uma janela, se comparada com o tamanho do mundo? Qual é o
tamanho de uma cama e um colchão, se comparados com o mar?

7) Observe o 6º verso do poema. O poeta utiliza-se do termo breve espaço. O


termo breve está ligado a tempo, diferentemente de espaço, que está ligado a lugar.
Como podemos explicar a relação semântica aí estabelecida? O que o poeta quis dizer
com isso?

8) Com base na resposta anterior, responda: como podemos caracterizar o ato


de beijar, segundo a perspectiva descrita pelo autor?

9) Agora que você já interpretou os versos do poema, analise o uso do conectivo


e. Conforme já foi visto na questão n. 4, esses conectivos tradicionalmente são
chamados de aditivos, uma vez que geralmente são utilizados para adicionar ideias.
Porém, vemos, ao longo de nossa interpretação, que as orações não possuem ideias
que se somam. Elas estabelecem outra relação. Qual é essa relação?

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 107


4.3 Perguntas Pós-Leitura

10) Com base nas interpretações feitas, discuta em sala a seguinte questão:
podemos adotar uma única e exclusiva classificação, pré-estabelecida pela gramática,
para as conjunções?

ATIVIDADE EXTRA

Leia outro poema do período modernista, desta vez da poetisa Cecília Meirelles:

Canção
(Cecília Meireles, in Viagem, 1937)
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos


sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram


meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar


e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 108


E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

1) Cecília Meireles foi uma poetisa da segunda geração modernista, que


tratava de temas como transitoriedade da vida, fantasia, padecimento e
paixões, sempre com sensibilidade forte e intimismo. Discuta em sala com o
professor e seus colegas: qual o tema tratado no poema “Canção”? Como
esse tema é tratado?

2) No poema “Canção”, o eu lírico se refere a alguém específico, conforme


podemos observar com o uso de pronomes da segunda pessoa do singular.
Com quem você acredita que o eu lírico esteja falando? Comprove com
elementos do texto.

3) É comum, na poesia de Cecília Meirelles, a produção de sentidos por meio


dos elementos da natureza (mar, vento, areia, ar). Por que você acredita
que a autora utiliza esses elementos ao tratar do tema em questão?

4) Tradicionalmente, a conjunção “e” recebe a classificação morfológica de


conjunção coordenativa aditiva. Observe a conjunção “e” em destaque na
segunda estrofe do poema. Ela apresenta apenas a ideia de adição ou há
outras possibilidades de interpretação?
**Na questão 4, espera-se que o aluno perceba que a conjunção “e” não
apresenta somente a ideia de adição, mas traz também a ideia de
consequência (o eu lírico esperou tanto o(a) seu(sua) amado(a) que morreu
de infinitas mortes).

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 109


5) Observe, também, o uso repetitivo da conjunção “e” no início dos versos da
quarta estrofe do poema:

Minhas mãos pararam sobre o ar


e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

Nesse caso, a conjunção “e” adiciona acontecimentos relacionados às mãos do


eu lírico. Porém, além da ideia de adição, o “e” também auxilia na construção de outro
efeito de sentido. Qual é ele?
** Na questão 5, o professor deve ajudar o aluno a perceber que a conjunção
“e” auxilia na construção da progressão de ideias. A autora busca apresentar,
gradativamente, em uma sequência temporal, as consequências sofridas por seu corpo
(primeiro as mãos endurecem, depois perdem a cor e depois perdem o movimento).
Aqui, o professor pode trabalhar, também, a figura de linguagem gradação.

6)Veja a última estrofe do poema:

E o sorriso que eu te levava


desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

a) O eu lírico levava um sorriso que, metaforicamente, desprendeu-se e caiu. O


que isso quer dizer?
b) Pensando na resposta da pergunta anterior, o fato de o sorriso “ainda viver
dentro das águas sem fim” é uma adição à ideia de que “o sorriso caiu” ou é
contrastivo à ideia de que “o sorriso caiu”?

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 110


c) Depois de refletir sobre essa última estrofe, responda: o “e” em destaque é
uma conjunção coordenativa aditiva? Justifique sua resposta.
d) Por qual(is) outra(s) conjunção(ões) você trocaria a conjunção “e”?
**Nesta questão, espera-se que o aluno entenda que a conjunção “e” não tem
o valor prototípico de adição, mas de contraste, podendo ser trocado por conjunções
adversativas.
e) Por que você acredita que a poetisa utilizou a conjunção “e” ao invés de
uma conjunção tradicionalmente adversativa? Quais os efeitos dessa
escolha no texto?

ATIVIDADE EM GRUPO

Com seus colegas e com a ajuda do professor, realize uma pesquisa, buscando,
em outras poesias do período modernista, outros casos em que as conjunções são
utilizadas de maneira diferente do que a gramática descreve ou de maneira expressiva.
**Nesta atividade, o professor deve trazer materiais com poemas de Carlos
Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Mário de Andrade,
Mário Quintana, Manuel Bandeira, dentre outros poetas do modernismo. Alguns
poemas sugeridos, que trabalham as conjunções de maneira bastante interessante,
são: “Leveza” e “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles; “Momento num café”, de
Manuel Bandeira; e “Soneto de fidelidade”, de Vinicius de Moraes.1

1
É importante salientar que, nesta atividade, estamos trabalhando com o período modernista de maneira
geral, sem maiores considerações sobre as três diferentes gerações desse movimento. Essas considerações
podem ser trabalhadas mais a fundo nas aulas de literatura.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 111


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da proposta de atividades de leitura, espera-se que o aluno possa


refletir sobre o uso das conjunções, observando não só suas classificações gramaticais
e tradicionais, mas sim as porções de textos que são unidas por esses conectivos. Com
isso, poderemos desenvolver no aluno a capacidade de pensar no texto como um
todo, e faremos um trabalho que alie a gramática ao estudo do texto. Assim, vê-se que
é possível trabalhar o poder de análise do aluno, sua capacidade de interpretação e
seu domínio sintático não só para auxiliar na leitura de textos, mas para descrever,
explicar, justificar uma situação problema.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 112


6. REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. Rio de Janeiro: Record,
1985.

MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 113


Fernanda Trombini Rahmen Cassim
Graduada e Mestre em Letras pela Universidade
Estadual de Maringá. Atualmente, faz Doutorado na
área de Descrição Linguística e cursa o segundo ano
de Psicologia, também pela UEM. Trabalha, desde a
graduação, com estudos funcionalistas da Língua
Portuguesa, especificamente com a Teoria da
Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory -
RST) e faz parte do Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná
(FUNCPAR).

paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL • Porto Alegre • v. 5• nº 1 • 2015 114

S-ar putea să vă placă și