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A EROSÃO DO TRABALHO NA ERA DA INFORMAÇÃO

Ana Maria de Lima* & Marcos Antonio Madeira de Mattos Martins**


 

RESUMO ABSTRACT

O presente artigo visa analisar a The present paper aims to analyze the
evolução histórica do trabalho na economia historical evolution of labor in the global
mundial e verificar na atual era da informação economy and check the current information
suas consequências junto à empresa, ao age consequences against to the company, the
trabalhador e ao mercado econômico. employee and the economy.
Para tanto, faz-se necessário avaliar os Therefore, it is important to the study
efeitos da globalização e, por consequência, o the effects of globalization and therefore the
surgimento de um novo modelo de sociedade, emergence of a new model the society, called
denominada “sociedade de informação”. “information society”.
Diante desse cenário, surge a figura da Given this scenario, the figure comes
erosão do trabalho, tema central do presente from erosion of labor, a central theme of this
trabalho, que tem por objetivo nortear suas work, which aims to guide its main features,
características principais, bem como elucidar as well as elucidating its consequences for
suas consequências ao trabalhador, tanto na works, both in the political, social and
esfera política, social e econômica, causando- economic, causing the lowering of
lhe o rebaixamento de conquistas realizadas achievements made for centuries.
durante séculos.

Palavras-chave: Evolução histórica do Keywords: Historical development of labor


Direito do Trabalho. Sociedade da law. Information society. Erosion of the work
informação. Erosão do trabalho e suas and its main characteristics and consequences.
principais características e consequências.

* A autora é pós-graduanda em Direito Empresarial pelas Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU São Paulo.
Advogada.
** Marcos Antonio Madeira de Mattos Martins é Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo – PUC São Paulo. Mestre em Direito da Sociedade da Informação pelas Faculdades Metropolitanas Unidas –
FMU São Paulo. Pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – FGV Rio de Janeiro. Pós-
graduado em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Escola Superior de Advocacia – São Paulo. Professor de
Direito das FMU São Paulo. Coordenador da Escola Superior de Advocacia. Advogado.
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pessoas distantes, utilizando-se como


Introdução paradigma procedimental, o mesmo canal de
telecomunicações predisposto às linhas
As relações sociais e a formalização dos telefônicas.
meios de trabalho sofreram alterações no Das linhas telefônicas às redes sociais
decorrer da história. virtuais, o período de evolução tecnológico foi
Na sociedade agrícola, o homem muito curto, comparado à evolução
trabalhava no campo e se servia da terra como tecnológica da sociedade agrícola à sociedade
fonte de subsistência própria e da coletividade. industrial.
Nesse período, o trabalho era artesanal e as Com a criação da internet, redes sociais
famílias uniam-se para o desenvolvimento virtuais e estruturas cibernéticas foram sendo
comum. desenvolvidas e, com isso, houve a difusão dos
Com o investimento feito pelos homens mercados econômicos, deixando de ser
em novas tecnologias, os trabalhos deixaram somente regional para se expandir, com maior
de ser artesanais e passaram a ser tônica, às grandes regiões mundiais,
desenvolvidos dentro de espaços fabris, de conglomerados econômicos e outros
forma ordenada e com procedimentos criados continentes.
para produtividade em série de produtos. Como processo natural, decorrente das
À medida que os procedimentos relações humanas e multiculturais, a
produtivos foram sendo aprimorados, a globalização socioeconômica trouxe o
industrialização se propagou para criação e agrupamento de sociedades empresariais, e
transformação de outros bens e, enquanto havia na sociedade industrial
paulatinamente, as pessoas deixaram o empresas com características multinacionais,
trabalho agrícola para auxiliar o trabalho passou-se, na era informacional, a empresas
industrial, mediante remuneração. transnacionais.
Com o êxodo rural, as cidades foram Na área trabalhista, o empregado tem
sendo criadas com o fluxo de pessoas que sofrido quebras de paradigmas com o
deixavam suas casas e suas atividades surgimento constante de novas tecnologias que
agrícolas para ficarem próximas das indústrias, estão substituindo a mão de obra, reduzindo
pois a recompensa financeira oriunda da funcionalidades e alterando processos e
cessão de sua força produtiva recompensava procedimentos industriais.
mais do que ficar somente na auto-subsistência A jornada de trabalho dos trabalhadores
agrícola e pecuária. também está sendo modificada à medida que
Nos anos 80, os investimentos que as novas tecnologias permitem aos
estavam sendo aplicados para melhor a empregados terem acesso a informações
eficiência produtiva, acabou tomando novo organizacionais distantes do estabelecimento
rumo quando ocorreu a descoberta de novas fabril.
formas de processamento de dados através dos Com o distanciamento entre a mão de
computadores. obra do trabalhador e os processos produtivos
Os computadores que, inicialmente internos fabris, surge uma erosão do trabalho
foram criados somente para servir pequenos que é fruto do crescente uso de aparatos
investidores, passaram a ser encomendados eletrônicos pelos empregados e a
pelas empresas e entidades financeiras, conectividade usual dos empregados que
viabilizando a condensação de espaço físico e acabam trabalhando em qualquer lugar, em
aumentando o fluxo de dados das corporações. qualquer hora do dia, para atualizar os dados e
Surgem, então, novos processadores as informações que os gestores empresariais
criados a esses computadores, com necessitam para dar continuidade à produção
capacidades de armazenamento de dados cada de bens e serviços.
vez maiores, mais rápidos e eficientes, criando A erosão do trabalho, produto da
novas posturas dos entes públicos e privados sociedade da informação, vem abalando a
para financiamento de novas pesquisas e segurança até então existente do homem em
desenvolvimento de redes que pudessem relação ao trabalho. Preciosas conquistas
viabilizar a comunicação integrada entre
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sociais, econômicas e políticas, produtos de Na Grécia, os grandes filósofos Platão e


muita luta histórica, vêm sendo derrubadas Aristóteles entendiam que o trabalho é visto
diante desse cenário. como algo pejorativo. Enquanto os sábios
Busca-se com esse novo modelo de participavam dos negócios da cidade por meio
sociedade a flexibilização das leis trabalhistas da palavra e executavam as atividades nobres,
que, por consequência, acarretam em um os escravos faziam o trabalho braçal.
aumento dos mecanismos de exploração do Na Roma antiga, o trabalho era realizado
trabalho. pelos escravos. A Lex Aquilia 3 (284 a.c.)
Novas formas de trabalho, tais como, o considerada o escravo como coisa.
trabalho informal, voluntário e outros meios Posteriormente, surge a figura da
precários de contratação violam a dignidade do servidão, na qual os servos eram equiparados
ser humano, dado aos crescentes números de aos escravos, trabalhando e entregando parte
vínculos de emprego decorrente da da produção para os senhores feudal, em troca
subcontratação e terceirização de serviços. de proteção.
A erosão do trabalho que é discorrida no Num momento histórico posterior, com
presente artigo, busca alertar o vertiginoso o surgimento das corporações de ofício,
aumento de economias informais e o futuro passam a existir, num primeiro momento, as
incerto do trabalho nas economias emergentes, figuras dos mestres, dos companheiros e dos
diante da ausência de preparo profissional dos aprendizes. Nessa fase, apesar do foco
homens aos desafios impostos pelas novas principal ser os interesses das corporações,
tecnologias. trabalhador passou a ter uma liberdade um
pouco maior.
1. Evolução histórica do Direito do Um édito de 1776, inspirado nas ideias
Trabalho de Turgot, pôs fim às corporações de ofício,
sendo seguido pela Revolução Francesa, em
Não se pode falar em Direito do 1789, que segundo suas ideias, as
Trabalho, se não se lembrar da sua gênese e de consideravam incompatíveis com os ideias de
seu desenvolvimento e alterações no decorrer liberdade do homem.4
do tempo. Há necessidade, para tanto, Após o advento da Revolução Francesa,
descrever uma breve análise de seus conceitos iniciou-se na França a liberdade contratual.
e instituições que foram adotados pela Tendo nessa fase sido reconhecido o primeiro
doutrina e pela legislação com o passar dos dos direitos econômicos e sociais: o direito ao
anos. trabalho.
A análise histórica se faz primordial, Na mesma época, a Revolução Industrial
visando o entendimento sobre o presente e o acabou por transformar o trabalho em
futuro, diante do dinamismo intrínseco, que emprego, passando o trabalhador a perceber
muitas vezes acarreta constantes mudanças ao salário em decorrência de suas atividades
trabalho e trabalhador na sociedade e profissionais.
economia que a permeia. A partir daí, o Direito do Trabalho e o
Etimologicamente, a palavra “trabalho” contrato de trabalho passaram a se desenvolver
vem do latim tripalium, que se tratava de de maneira mais acentuada. O Estado assume
instrumento de tortura utilizado pelos uma nova postura, assumindo uma postura
agricultores para bater, rasgar e esfiapar o intervencionista, intervindo nas relações de
trigo, espiga de milho e linho.1 trabalho, como forma de promover o bem-
A primeira forma de trabalho que se tem estar social e melhorar as condições de
conhecimento é a escravidão, sabendo-se que trabalho. Dessa maneira, o trabalhador passa a
o escravo era considerado uma coisa, ter maior proteção jurídica e econômica.
consequentemente não possuía qualquer No cenário europeu inúmeros diplomas
direito, pois era uma propriedade do dominus.2 legais passaram a proibir abusos contra os
                                                                                                                                                                                                                               
1 3
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. São Ibidem.
4
Paulo. Ed. Atlas. 28ª Ed. 2012, pp. 34-47 Ibidem.
2
Ibidem.

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trabalhados, e em via oposta, conferindo-lhe envolvia o desenvolvimento de tecnologia de


direitos até então inexistentes. longa maturação, fazendo estoques de insumos
A Encíclica Rerum Novarum (coisas e matérias-primas; havia um número muito
novas), de 1891, marca uma fase de transição, grande de trabalhadores, com pagamento de
traçando regras para a intervenção estatal na baixos salários.
relação entre trabalhador e patrão. Novas Com a Declaração Universal dos
encíclicas surgiram: Quadragesimo anno Direitos do Homem, de 1948, há a ampliação
(1931), e Divini redemptoris, de Pio XI, de dos direitos dos trabalhadores.
1937; Mater et Magistra, de 1961, de João Há o surgimento de uma nova teoria, que
XXIII; Populorium Progressio, de 1967, de preconiza a necessidade da separação entre o
Paulo VI; Laborem exercens, de 1981, do Papa econômico e o social, com menor intervenção
João Paulo. As encíclicas não obrigavam nas relações entre as pessoas.
ninguém, mas muitas vezes serviram de No Brasil, a Primeira Constituição, de
fundamento para a reforma de legislação dos 1824, proibiu as corporações de ofício (art.
países.5 179, XXV), sob o fundamento de que deveria
Após o término da Primeira Guerra haver liberdade do exercício de ofícios e
Mundial, iniciou-se o surgimento em diversos profissões.
diplomas constitucionais com dispositivos que Posteriormente, a Constituição de 1891,
versavam sobre os direitos sociais. estabeleceu no § 8º do art. 72 a liberdade de
No México a Constituição de 1927 associação. Porém, a Constituição de 1934,
previu em seu artigo 123, que a jornada de seguindo a tendência europeia, foi a primeira a
trabalho não podia ser superior a 8 horas, tratar especificamente do Direito do Trabalho
tendo os menores de 16 anos jornada máxima em diversos dispositivos.
de 6 horas, proibiu o trabalho por menores de Já a Constituição de 1937 tem um traço
12 anos, jornada máxima noturna de 7 horas, marcante do Estado que passa a intervir nas
descanso semanal, proteção à maternidade, relações entre empregado e empregador. Esse
salário-mínimo, direito de sindicalização e de diploma constitucional tem como característica
greve, indenização de dispensa, seguro social e principal o corporativismo.
proteção contra acidente de trabalho. Em 1943 foi aprovado o Decreto-lei nº
Seguindo-a surgiu a Constituição Alemã 5452, com o objetivo de reunir as leis esparsas
de 1919 (Weimar), que dispôs sobre a existentes na época, consolidando-as.
participação dos trabalhadores na empresa, A Constituição de 1946 é considerada
além de estabelecer um sistema de seguros uma norma democrática, que rompeu com o
sociais e também a possibilidade de os corporativismo da Constituição anterior.
trabalhadores colaborarem com os Paralelamente, novas leis ordinárias
empregadores no tocante à fixação dos salários passaram a instituir novos direitos, entre eles,
e demais condições do trabalho. o repouso semanal remunerado (Lei nº
Na mesma época surge o Tratado de 605/49); a Lei nº 3.207/57, que cuidava das
Versalhes (1919), prevendo a criação da atividades dos empregados vendedores,
Organização Internacional do Trabalho (OIT), viajantes e pracistas; a Lei nº 4.090/62,
que como objetivo central tinha a incumbência instituindo do 13º salário; a Lei nº 4.266/63,
de proteger as relações entre empregados e que criou o salário família etc.
empregadores no âmbito internacional. A Constituição de 1967 praticamente
Henry Ford estabeleceu uma nova não inovou sobre o tema, mantendo os direitos
sistemática de trabalho, a qual possuía trabalhistas previstos nas Constituições
características específicas, tais como, adoção anteriores.
de um sistema generalizante, que não era Finalmente, a Constituição de 1988,
especialista em determinada matéria; havia estabeleceu em seu artigo 7º a 11 os direitos
estratificação dos níveis hierárquicos na trabalhistas, incluindo-os no Capítulo II, “Dos
empresa,a busca de mercados nacionais;

                                                                                                               
5
Ibidem.

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Direitos Sociais”, do Título II, “Dos Direitos e encargo, sob pena de ver sucumbir sua
Garantias Fundamentais”. 6 pretensão”.9
Nesse sentido é a Súmula 51 do TST:
2. Princípios do Direito do Trabalho “as cláusulas regulamentares, que revoguem
ou alterem vantagens deferidas anteriormente,
Os princípios do Direito do Trabalho só atingiram os trabalhadores admitidos após a
foram mencionados no art. 427 do Tratado de revogação ou alteração do regulamento”.
Versalhes.
No âmbito doutrinário, poucos autores 2.2. Princípio da irrenunciabilidade dos
tratam dos princípios do Direito do Trabalho, direitos do trabalhador
inexistindo unanimidade sobre quais seriam O princípio da irrenunciabilidade dos
tais princípios. direitos do trabalhador parte do pressuposto
Para Antonio Plá Rodrigues seis que os direitos conferidos ao empregado são
princípios norteiam a disciplina: (a) princípio tidos como sagrados, tutelados pela lei de
de proteção; (b) princípio de forma especial, não podendo o trabalhador
irrenunciabilidade de direitos; (c) princípio da abrir mão, senão através de formalidades
continuidade da relação de emprego; (d) legais e assistidos por entidades que
princípio da primazia da realidade; (e) representam coletivamente sua categoria
princípio da razoabilidade; (f) princípio da profissional.
boa-fé.7 O art. 9º da CLT dispõe que “serão nulos
2.1. Princípio da proteção ao contrato de de pleno direito os atos praticados com o
trabalho objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos trabalhistas”.
Augusto Carvalho8, sob essa ótica, traz O princípio da irrenunciabilidade aos
três derivados, chamados, também, como direitos previstos na Constituição Federal e
técnicas de efetividade, para que a proteção nas normas infraconstitucionais que
contratual seja dirigida ao empregado: (a) a privilegiam a valorização do trabalho humano
regra in dúbio pro operário; (b) a norma mais significa “a impossibilidade jurídica de privar-
favorável; (c) a condição mais benéfica. se voluntariamente de uma ou mais vantagens
A regra in dubio pro operário pressupõe concedidas pelo direito trabalhista em proveito
que o Juiz, ao analisar cada caso concreto, próprio.” 10
quando a técnica interpretativa assim elucidar A renúncia dos direitos trabalhistas
os fatos por interpretação dúbia ou houver poderia ensejar fraudes. Entretanto, quando o
mais um tipo de teses interpretativas, deverá empregado deseja abrir mão de algum direito
decidir por aquela que aproveita ao trabalhador ou garantia prevista na lei, há a possibilidade
mais significância jurídica e econômica. de ocorrer sua manifestação de vontade feita
A jurisdição trabalhista abraçou a técnica por meio de renúncia escrita. Essa renúncia é
in dúbio pro operário com base nos “elementos feita perante testemunhas e é assistida pela
de prova produzidos por empregado e entidade sindical.
empregador” no processo em que, durante a Dependendo da garantia ou direito a ser
lide, tivessem as partes apresentados provas de renunciado, o termo ou declaração de renúncia
igual grau de convencimento. Entretanto, se somente terá efeito jurídico se ocorrer a
couber ao empregado de provar o alegado, chancela judicial.
deverá ele se “desvencilhar eficientemente do
2.3. Princípio da continuidade da relação de
emprego
                                                                                                                O contrato de trabalho normalmente é
6
Idem. pp. 36-39. celebrado por prazo indeterminado. A exceção
7
RODRIGUES, Américo Plá. Princípios de direito do à regra são os contratos por prazo
trabalho. Tradução de Wagner Giglio. São Paulo: LTr,
1978, pp. 210-212.                                                                                                                
8 9
CARVALHO, Augusto César Leite de. Direito Idem, p. 54
10
Individual do trabalho: remissões ao novo Código RODRIGUES, Américo Plá. Princípios de direito do
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 53 trabalho. op. cit., p. 211.

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determinado, inclusive o contrato de trabalho circunstâncias cuja “ignorância” o conduz a


temporário. situações que o prejudicam, tais como, assinar
A Súmula 212 do TST dispõe: documentos que possam prejudicá-lo.
Percebe-se, portanto, que o Direito do
O ônus de provar o término do Trabalho surge com a pontuação de que é a
contrato de trabalho, quando
negados a prestação de serviços e
realidade que marca a vida das relações de
o despedimento, é do empregador, trabalho, realidade esta muitas vezes distante
pois o princípio da continuidade da das abstratas formulações legais ou, em não
relação de emprego constitui raros momentos, mascarada pelo manto fugaz
presunção favorável ao da liberdade contratual.
empregado.
Sua definição está em que, no caso de
Marcos Madeira de Mattos Martins discordância entre o que ocorre na prática e o
observa que a continuidade do contrato de que surge de documentos e acordos se deve
trabalho “representa uma extensão do dar preferência ao que sucede no terreno dos
princípio que preserva a manutenção do fatos.14
emprego”. A exceção a essa regra está fundada Esse princípio conduz ao chamado
nos “contratos por prazo determinado, contrato-realidade, cujos efeitos jurídicos e a
inclusive o contrato de trabalho temporário”.11 aplicação do Direito do Trabalho não
Esse princípio tem o objetivo de evitar decorrem do acordo de vontades formador do
fraudes dos empregadores, que ficam contrato de trabalho e sim da execução deste,
impedidos de criar sucessivas prorrogações ou seja, da inserção do trabalhador na
dos contratos a prazo e adotar o critério da empresa.
despersonalização da figura do contratante,
visando, portanto, a manutenção do contrato 3. Fenômeno da globalização e suas
nos casos de substituição do empregador. peculiaridades
O artigo 448 da CLT prevê que a
Segundo Néstor García Canclini,
mudança na propriedade ou na estrutura
historiadores e sociólogos não sabem ao certo
jurídica da empresa não afetará os contratos de
a data em que a globalização teria começado.
trabalho dos respectivos empregados. Essa
Vários autores a “localizam no século XVI, no
regra preserva a manutenção dos contratos de
início da expansão capitalista e da
trabalho no caso de sucessão trabalhista.
modernidade ocidental (Chesnaux, 1989;
A empresa sucessora assume “as
Wallerstein, 1989).” Entretanto, outros “datam
obrigações trabalhistas da empresa sucedida”.
em meados do século XX, quando as
A sucessão trabalhista implica “a continuidade
inovações tecnológicas e comunicacionais
da prestação de serviços pelos mesmos
articulam os mercados em escala mundial.” 15
empregados no mesmo estabelecimento.” 12
Sobre a primeira teoria, aponta Marcos
2.4. Princípio da primazia da realidade Madeira de Mattos Martins que:
contratual
Com o investimento na navegação
Para Américo Plá Rodriguez “os fatos marítima, os europeus descobriram
prevalecem sobre a forma. A essência se o continente americano e, desde o
sobrepõe à aparência”.13 século XV até os derradeiros dias
De acordo com o princípio da proteção atuais, o que se vivenciou, foi uma
constante busca pelo crescimento
da realidade o que deve prevalecer são os econômico, dominação de povos,
fatos, pois muitas vezes o empregado é levado guerras e referências ideológicas
a contrair obrigações ou manifestar-se sobre abraçadas por líderes mundiais em
busca de um poder supremo, um
                                                                                                                domínio econômico ou religioso,
11
MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. A empresa e
o valor do trabalho humano. São Paulo: Almedina,                                                                                                                
14
2012, pp.154-155. Ibidem.
12 15
MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT. 10 CANCLINI, Néstor García. A globalização
ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 387. imaginada. Tradução Sérgio Molina. São Paulo:
13
RODRIGUEZ, Américo Plá, op. cit., p. 217-218. Iluminuras, 2007, p. 41.

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disseminado por todos os lugares Assim, “a globalização que avança sobre


em que a exploração possa ser o século XXI está marcada pelo rápido
16
feita pelo homem.
incremento da competição, levada à rápida
Essas mudanças econômicas e fusão ou integração, não somente de povos ou
tecnológicas ganharam “contornos globais” de nações, mas de empresas e negócios
quando ocorreu comunicação nos mercados jurídicos”.20
financeiros, e consolidou-se com o A globalização, além dos benefícios
“desaparecimento da URSS e o esgotamento vistos no decorrer da história, trouxe também
da divisão bipolar do mundo (Albrow, 1997; consequências prejudiciais nos diversos ramos
Giddens, 1997; Ortiz, 1997).” 17 em que está inserida.
A globalização, portanto, deve ser Valdec Romero Castelo Branco acentua
entendida como “um processo capitalista e que:
complexo que começou na era dos Em muitas situações, verifica-se
descobrimentos e que se desenvolveu a partir que os “benefícios da globalização
da Revolução Industrial. Mas passou têm sido menores do que seus
desapercebida por muito tempo, e hoje muitos defensores apregoam, e o preço
economistas analisam a globalização como pago tem sido maior, já que o meio
ambiente foi destruído e os
resultado da Segunda Guerra Mundial, ou processos políticos corrompidos,
como resultado da Revolução tecnológica”.18 além de o ritmo acelerado das
Alguns autores entendem que o processo mudanças não terem dado aos
de globalização pode ser dividido em três países tempo suficiente para uma
etapas: a primeira fase da globalização é adaptação cultural. As crises, por
sua vez, trouxeram o desemprego
marcada pela expansão mercantilista (de 1450 em massa, têm sido acompanhadas
a 1850) da economia-mundo europeia; a por problemas de desintegração
segunda fase (de 1850 a 1950) é marcada pelo social de maior prazo – desde a
expansionismo industrial-imperialista e violência urbana na América
colonialista, e por última, a globalização mais Latina até os conflitos étnicos em
outras regiões do mundo, como na
recente ocorreu após a queda do muro de Indonésia”.
21

Berlim.
Ainda, sobre o tema, Marcos Madeira de No Brasil, o processo de globalização,
Mattos Martins entende que: acabou por trazer importantes mudanças
tecnológicas, acarretando redução dos “postos
Com a globalização, a economia
da informação invade todos os
de trabalho, passando a predominar o
setores do campo humano e da produtivismo, que é, a busca contínua por
natureza e, ao mesmo tempo, aumentos de produtividade a qualquer custo,
opera-se a mundialização das redes sem critérios para valorização humana, a ética,
de comunicação instantânea entre outros”.22
(telefone celular, fax, internet), que
dinamiza o mercado mundial e é
Para a pesquisadora Daniele Linhart,
dinamizada por ele. Deflui-se, “esses vintes últimos anos de reformas
portanto, que a globalização opera organizacionais e de ação sobre a
a uma mundialização subjetividade dos trabalhadores resultaram em
19
tecnoeconômica”. uma individualização real”.

                                                                                                               
                                                                                                                20
Ibidem.
16 21
MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. A empresa e BRANCO, Valdec Romero Castelo. Artigo científico
o valor do trabalho humano. São Paulo: Almedina, publicado na Revista Eletrônica do Programa
2012, pp.154-155. Interdisciplinar em Educação, Administração: Os
17
CANCLINI, Néstor García. op. cit. p. 41. efeitos da globalização na economia: sua relação com
18
MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. A empresa e o emprego, a educação e a família brasileira. São
o valor do trabalho humano. São Paulo: Almedina, Paulo: Ano I, n. 1, jul-dez. 2004, p. 25-37.
2012, pp.154-155. WWW.administradores.com.br.
19 22
Idem, p. 157. Idem.

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Diante do cenário atual, percebe-se que a nosso cotidiano que constituem instrumentos
globalização desmesurada acarretou indispensáveis às comunicações pessoais, de
fragilidade e frustração aos trabalhadores, trabalho e de lazer”.25
diante dos processos de produção utilizados, Por outro lado, as exigências oriundas
da individualização, da hierarquia, entre desse novo modelo de sociedade existente
outros. acarreta maior desigualdade na sociedade, quer
entre países, quer entre as empresas, quer entre
4. A Sociedade da Informação e seus os indivíduos.
efeitos colaterais no trabalho Assim, há a tendência da sociedade ser
cada vez mais competitiva, gerando maior
O termo “sociedade da informação” ou qualidade de vida. Contudo, deverão ser
“sociedade do conhecimento” ou “nova criadas políticas de coíbam seus aspectos
economia” surgiu no final do século XX, negativos, tais como, a crescente taxa de
acompanhada com a globalização econômica e desemprego nos países.
cultural. No Brasil, como citado por Marcos
Um dos primeiros a desenvolver o Madeira de Mattos Martins, criou-se o “Livro
conceito de sociedade da informação foi o Verde da Sociedade da Informação”, essa obra
economista Fritz Machlup. Em 1933, foi elaborada pelo Ministério de Estado da
Machlup começou estudando o efeito das Ciência e Tecnologia (15/12/1999). A obra em
patentes na pesquisa. Seu trabalho questão possui um “plano de metas de
culminou no importante estudo “The implantação do Programa Sociedade da
production and distribution of knowledge Informação no Brasil. Nele há um conjunto de
in the United States” em 1962. 23 ações que constituem objetivos a serem
Sabe-se bem, que a sociedade vive em alcançados pela sociedade brasileira, como por
constante mutação, tendo no decorrer da exemplo, ampliação de acesso, meios de
história se alterado com frequência. Assim, o conectividade, formação de recursos humanos,
processo de globalização, somado aos avanços incentivo à pesquisa e desenvolvimento,
tecnológicos acabou por gerar uma nova comércio eletrônico”.26
sociedade.
Roberto Senise Lisboa aponta que “a 5. Erosão do trabalho na era da
sociedade da informação é expressão utilizada informação e suas consequências.
para identificar o período histórico a partir da
preponderância da informação sobre os meios O trabalho sempre teve como
de produção e da distribuição dos bens na característica inerente o caráter de servidão,
sociedade”.24 sofrimento, punição etc. Ocorre que, apesar
Este novo modelo de organização das das inúmeras conquistas obtidas durante
sociedades é baseado num modo de séculos de história pelos trabalhadores,
desenvolvimento social e econômico onde a visando melhor qualidade de vida no ambiente
informação, como meio de criação de de trabalho, ampliação de seus direitos, entre
conhecimento, desempenha um papel outros, percebe-se que no final do século XX e
fundamental na produção de riqueza e na no início desse século, iniciou-se um processo
contribuição para o bem-estar e qualidade de de corrosão - erosão do trabalho. Isso se dá em
vida dos cidadãos. Condição para a Sociedade decorrência do capitalismo desmesurado
da Informação avançar é a possibilidade de somado a outros fatores oriundos da
todos poderem aceder às Tecnologias de globalização que acabaram por substituir
Informação e Comunicação, presentes no postos de trabalho por máquinas.
Tal assertiva pode ser analisada sob
                                                                                                                diversos ângulos. Num primeiro momento
23
Disponível em verificamos que o desemprego tem aumento
http://valbanok2011.no.comunidades.net/index.php?pag
ina=1580072478. Acesso em 25/ abril/2013.                                                                                                                
24 25
LISBOA, Roberto Senise. Direito da Sociedade da Ibidem.
26
Informação. Revista dos Tribunais, ano 95, vol. 847, MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. A Empresa
maio de 2006. São Paulo: 2006, p. 85. e o Valor do Trabalho Humano...p. 167

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A EROSÃO DO TRABALHO NA ERA DA INFORMAÇÃO Ana Maria de Lima & Marcos Antonio Madeira de Mattos Martins

gradativamente, deixando milhares de real para um mundo surreal, onde a


trabalhadores fora do mercado, que diante avalanche de informações e de
pressões supera a privacidade e a
dessa realidade buscam muitas vezes o intimidade do trabalhador.
trabalho informal, como forma de
sobrevivência, consequentemente, arcando A erosão do trabalho na era da
com os dissabores dessa nova modalidade de informação pode ser vista em todos os cantos
trabalho. Também, há um desprestigio do do mundo, sendo acompanhada por suas
trabalho, no que tange a diminuição dos características nefastas aos trabalhadores,
salários, flexibilização de horários, aumento dentre elas, a flexibilização da legislação
dos contratos temporários, a exclusão de trabalhista, que acarreta um aumento dos
algumas modalidades de profissões, com o mecanismos de exploração do trabalho,
surgimento de outras. mitigando e destruindo os direitos sociais
Ricardo Antunes adverte que: conquistados arduamente pela classe
trabalhadora desde a Revolução Industrial, na
A sociedade da mercadoria do
século 20 se consolidou como a
Inglaterra, e a partir dos anos 30, no Brasil.
sociedade do trabalho. Desde o Ricardo Antunes alerta que “se estas são
início no microcosmo familiar, algumas respostas do capital para sua crise
fomos educados para o labor. O estrutural, as respostas das forças sociais dos
sem-trabalho era expressão de trabalhadores devem ser radicais”.28
pária social. Mas a mesma
sociedade que se moldou pela Observa, ainda, Ricardo Antunes que:
formatação do trabalho se esgotou.
Ele se reduz a cada dia – e de ...quando os empregos se reduzem,
modo avassalador. Enquanto a aumenta o desemprego, a
população mundial cresce, ele degradação social e a barbárie. Se,
míngua. Complexifica-se, é em contrapartida, o capital retomar
verdade, em vários setores, como os níveis de crescimento,
na tecnologia da informação e em aumentará a destruição ambiental,
outras áreas de ponta, e resta e a degradação da natureza,
enxague em tantos outros.
27 acentuando a lógica destrutiva do
capital. Só esta menção já nos
permite visualizar o tamanho da
Ora, tais fatores entre os inúmeros que crise estrutural que atinge a
podem ser citados, fazem com que surjam (des)sociabilidade contemporânea,
novas modalidades de trabalho, como, por afetando mais intensamente a
exemplo, o “empreendedorismo”, o “trabalho classe-que-vive-do-trabalho
29
em
voluntário”, o “trabalho atípico” etc. Há, escala global”.
assim, o aumento da intensificação do trabalho
A globalização econômica modificou, de
e sua exploração, degradando o trabalhador
forma significativa, a segurança do homem
como indivíduo dentro da sociedade, e muitas
com relação ao trabalho. As empresas, por
vezes, marginalizando-o.
exigirem mais dos trabalhadores,
Eis a lição de Marcos Madeira de Mattos
transformaram o prazer do trabalho – aquele
Martins:
que tinha comunhão com o caráter de
O trabalho na era globalizada recompensa de se produzir ou criar algo – por
deixou de ser somente uma alguma uma função preocupante, extenuante e
atividade simples, onde o intensiva. 30
empregado produzia, auxiliava a A competição gerou redução de custos.
administração ou introduzia ideias
para otimizar processos Os custos são medidos pela força produtiva –
organizacionais à empresa; o entre elas, além da tecnologia, o valor da mão
trabalho na sociedade da                                                                                                                
informação passou a contaminar o 28
ANTUNES, Ricardo. A crise, o desemprego e
ser, passou a corromper o ser e o
alguns desafios atuais. Artigo publicado no Serv. Soc.
estar, transmutou-se de um mundo Soc. De São Paulo, n. 104, p. 632-636, out./dez. 2010.
                                                                                                                29
Idem.
27 30
Disponível em www.uol.com.br. Acesso em MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. Op. cit. pp.
10.12.2012. 162-164

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de obra de seus colaboradores. Logo, o valor A evolução do trabalho e suas alterações


do salário também ficou corroído. operacionais são frutos das diversas formas de
Para José Eduardo Faria 31 , a sociedade existentes no decorrer dos séculos.
globalização econômica trouxe significativas Os trabalhadores foram conquistando
mudanças na sociedade pós-moderna. As seus direitos mediante muitas lutas, algumas
transferências de capital de um país para outro até que ceifaram inúmeras vidas. No mundo,
levaram à “emergência de novas profissões e legislações foram sendo criadas dispondo
especializações, para as quais não existe um sobre os direitos inerentes ao trabalho e ao
sistema técnico-educacional adequado”. Além trabalhador.
disso, “aceleram a mobilidade do trabalho e a Não só o trabalho mudou, mas a forma
flexibilização de sua estrutura ocupacional pela qual o homem se colocou em relação ao
entre setores, regiões e empresas, provocando trabalho. Assim, desde o último século, tem-se
o declínio dos salários reais”. notado que muitas mudanças oriundas da atual
A globalização acentuou o “fosso entre sociedade – sociedade da informação – têm
os ganhos das várias categorias de buscado mitigar o trabalho, acarretando perdas
trabalhadores, relativizando o peso do trabalho significativas dos direitos bravamente
direto nas grandes unidades produtivas”. conquistados pelo homem.
Aumentou, ainda, o desemprego dos As consequências têm sido percebidas
trabalhadores menos qualificados, “esvaziando em escala mundial, acarretando um panorama
as proteções jurídicas”, contra, por exemplo, o preocupante e bastante desastroso para a
uso “indiscriminado de horas extras, a sociedade. Importantes preceitos
‘modulação’ da jornada de trabalho e a constitucionais estão sendo esquecidos.
dispensa imotivada”. 32 A tendência à flexibilização e a novas
Essas transformações oriundas do formas de trabalho acarretam a degradação do
desenvolvimento econômico e do achatamento trabalhador, desrespeitando-se o disposto no
da economia acabaram refletindo artigo 7º da Constituição Federal, que enumera
negativamente nas ofertas de trabalho os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
regionalizadas. Com a oferta diminuta de buscando a valorização do trabalho humano e
empregos, ocorreu a flexibilização dos direitos o impedimento de abusos contra sua
trabalhistas para garantir um mínimo dignidade.
existencial ao proletariado. Há a preocupação dos estudiosos quanto
Essas flexibilizações, entretanto, ainda às consequências da sociedade da informação,
que garantam o emprego, absorvem, devendo-se buscar meio de prevenção de
paulatinamente, a dignidade do trabalhador, maiores danos ao trabalhador, bem como a
que se submete, cada vez mais, em dispor seu coibição de que sejam minimizados os já
tempo ao empresário em momentos de lazer, sofridos.
exercer funções distintas daquelas que fora
contratado e, muitas vezes, levar para seu lar e
sua família, atividades que deveriam ser
desempenhadas apenas no ambiente laboral.

Conclusão
O trabalho nasceu com o homem não
para deixá-lo em situação inferior na
sociedade, mas com o objetivo de possibilitar
seu desenvolvimento intelectual, pessoal e
comunitário.

                                                                                                               
31
FARIA. José Eduardo. O Direito na economia
globalizada. São Paulo: Malheiros, 2004, pp. 229-231.
32
Idem, ibidem.

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REFERÊNCIAS

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Soc. Soc. De São Paulo. 2010
_________________. A erosão do trabalho. Artigo publicado no site www.uol.com.br em 1º de
maio de 2009.
________________. Adeus ao trabalho. São Paulo: Cortez.
________________. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo.
_________________. Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. São Paulo: Boitempo.
BRANCO, Valdec Romero Castelo. Os efeitos da globalização na economia: sua relação com o
emprego, a educação e a família brasileira. Artigo publicado na Revista Eletrônica do Programa
Interdisciplinar em Educação, Administração. São Paulo: Ano I, n. 1, jul-dez. 2004. Disponível em
www.administradores.com.br.
CANCLINI, Néstor García. A globalização imaginada. Tradução Sérgio Molina. São Paulo:
Iluminuras, 2007.
CARVALHO, Augusto César Leite de. Direito Individual do trabalho: remissões ao novo
Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
FARIA. José Eduardo. O Direito na economia globalizada. São Paulo: Malheiros, 2004.
LISBOA, Roberto Senise. Direito da Sociedade da Informação. Revista dos Tribunais, ano 95,
vol. 847, maio de 2006. São Paulo: 2006.
MARTINS, Marcos Madeira de Mattos. A empresa e o valor do trabalho humano. 1ª ed. São
Paulo: Almedina, 2013.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 28ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RODRIGUES, Américo Plá. Princípios de direito do trabalho. Tradução de Wagner Giglio. São
Paulo: LTr, 1978.

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