Sunteți pe pagina 1din 17

INTRODUÇÃO À ARQUITECTURA E AO PROJECTO

PROJECTO DE ARQUITECTURA I
OBJECTIVOS

As disciplinas de INTRODUÇÃO À ARQUITECTURA, e PROJECTO DE ARQUITECTURA


I assumem um carácter preliminar no grupo das disciplinas da área científica de PROJECTO DE
ARQUITECTURA, tendente a mostrar a extensão e os limites do 'território' da Arquitectura.
Procurar-se-á dar aos alunos o entendimento de que a Arquitectura tem um tempo e um espaço e insere-
se num contexto cultural e sociológico complexos onde ocupa lugar de relevo: é substancialmente
exercida em função da edificação, mas comporta significados, e tem conteúdos intencionais para além das
suas funções estritamente utilitárias.

Importa assim acentuar que o arquitecto trabalha com formas tridimensionais que resultam da
manipulação do espaço. O seu trabalho está orientado para a produção de objectos materiais - artefactos
construídos - que não são cultural nem socialmente neutros; que quer tenham conteúdos significativos ou
ideológicos, quer tenham carácter meramente utilitário, resultam da aplicação de técnicas que, por sua
vez, evoluem por inserção complexa em contextos determinados de natureza social; que não podem
derivar de uma mera actividade abstracta, de simples expressão plástica, ou de um puro exercício crítico,
mas de uma intervenção responsável.

Assumindo que o espaço tridimensional é o 'meio' da arquitectura, o programa baseia-se no pressuposto


que a aprendizagem da Arquitectura se inicia pela aquisição do domínio da tridimensionalidade i.e., por
aprender a raciocinar em termos espaciais (3D), a visualizar e a comunicar formas e estruturas espaciais
(Friedman, 2000).

Através do raciocínio tridimensional, pode adquirir-se uma representação mais viva e precisa do trabalho,
obtendo uma visão de conjunto através do seu domínio abstracto; a visualização, permite antever as
formas projectadas, percepcionar os seus valores qualitativos e actuar de um modo eficiente sobre eles;
uma comunicação rigorosa e compreensível, facilita uma simulação mais convincente das formas
projectadas, capaz de promover com sucesso a transmissão das ideias que lhe estão subjacentes.

Estas competências estão na base do exercício da Arquitectura, e como tal insistir-se-á fortemente nestes
aspectos. Uma vez adquiridas, será possível confrontar o aluno com a complexidade do PROJECTO DE
ARQUITECTURA - o lugar, o programa, a estrutura, os materiais … - e começar a construir
pedagogicamente a atitude própria da abordagem dos problemas da Arquitectura.
O conceito de PROJECTO DE ARQUITECTURA é aqui entendido como um processo e não como um
produto final. Adoptando a definição proposta por Lawson (1980), é o conjunto de procedimentos que,
partindo da manipulação do espaço tridimensional, decorre entre uma determinada solicitação ou
aspiração (problema) e a sua concretização prática (solução). Destina-se a elaborar uma resposta que
satisfaça necessidades várias - de ordem físiológica, psicológica, sociológica e económica - e preencha
valores e expectativas permitindo, assim, uma intervenção positiva na melhoria da qualidade de vida.
Entendido como trabalho criativo, este processo requer do arquitecto a aplicação e o equilíbrio entre
raciocínio sintético, analítico e prático (Schön, 1983), ou seja a capacidade de gerar ideias novas,
interessantes e consistentes; de avaliar as suas implicações e de as testar; de transformar a teoria em
prática e as ideias abstractas em realizações efectivas (Schank, 1988).
Propõe-se atingir estes objectivos através de uma aprendizagem centrada na resolução de problemas, na
experimentação e na análise de situações do quotidiano: exercícios de manipulação tridimensional -
exploração, concepção, e representação de formas e estruturas espaciais simples de natureza abstracta - a
par da observação, do reconhecimento e do registo da realidade arquitectónica presente, complementada
pela análise crítica de textos e obras de referência.
Os exercícios de manipulação tridimensional estão concebidos de modo a serem desenvolvidos num
ambiente de oficina/laboratório. Ao fomentar a prática de trabalho em estúdio pretende-se criar um
ambiente de trabalho que estimule a discussão e a colaboração, aspectos fundamentais para a
aprendizagem da arquitectura (Stevens, 1995).

1
Objectivos gerais

As intenções gerais destas duas disciplinas são representadas por um conjunto de objectivos de ordem
formativa, e prática destinados a permitir ao aluno iniciar o processo de aquisição de competências
relativas a:

aprender a conhecer: adquirir instrumentos de compreensão do facto arquitectónico, baseados em


conhecimentos teóricos e sensibilidade crítica;

aprender a fazer: adquirir capacidades técnicas e sensíveis que o tornem apto a tomar decisões e a agir
sobre o meio envolvente, i.e. a manipular o espaço tridimensional;

aprender a comunicar: adquirir aptidões que facilitem o processo de partilha de informação, de difusão de
conhecimento e de interacção num ambiente de trabalho colaborativo e multidisciplinar.

Para o efeito consideram-se como alvos prioritários destas disciplinas:

1. promover o enquadramento disciplinar da Arquitectura;

2. contribuir para o domínio da forma arquitetónica i.e. a capacidade de manipulação dos seus
elementos geradores;

3. fornecer mecanismos cognitivos - conceitos, referências e 'ferramentas' - de apoio à actividade


de projecto, que permitam o desenvolvimento das capacidades de:
a. reflexão, pesquisa e auto-aprendizagem;
b. gerar - inventar, criar, formular, decidir - ideias e soluções;
c. registar, interpretar e transmitir ideias ou intenções conceptuais;

Objectivos específicos

Cada um destes objectivos pode ser desdobrado em objectivos específicos ou conteúdos de


aprendizagem cuja aquisição se considera conveniente nesta fase do cursus escolar.

1. No que se refere ao enquadramento disciplinar pretende-se que o aluno adquira


competências que lhe permitam:
 compreender o conceito de Arquitectura;
 entender a arquitectura como área de conhecimento e de prática social;
 entender a arquitectura como actividade processual;
 entender o exercício da arquitectura como actividade de síntese;
 distinguir projecto arquitectónico com função simbólica de projecto arquitectónico com
função utilitária;
 distinguir produção arquitectónica de natureza espontânea de produção arquitectónica
de natureza racional;
 reconhecer factores de ordem criativa e prática;
 reconhecer situações de multidisciplinaridade no âmbito do projecto de arquitectura;
 reconhecer situações de complementaridade entre a prática arquitectónica e outras
manifestações artísticas.

2
2. No que se refere à aquisição de conhecimentos que permitam o domínio da forma
arquitectónica pretende-se que o aluno seja capaz de:
 conhecer e identificar os componentes básicos - geradores - da forma arquitectónica -
ponto, linha, superfície e volume;
 compreender as características elementares dos componentes básicos da forma
arquitectónica, i.e. a sua contribuição para a conformação e figuração do espaço
arquitectónico;
 compreender as propriedades visuais da forma arquitectónica;
 manipular os componentes básicos da forma arquitectónica;
 compreender e interpretar relações de natureza sintáctica estabelecidas a partir da
manipulação dos componentes básicos da forma arquitectónica;
 compreender as relações de natureza semântica (significativa) estabelecidas pelos
componentes básicos da forma arquitectónica, os objectos que designa e as suas
alterações no tempo;
 compreender as relações de natureza pragmática estabelecidas pelos componentes
básicos da forma arquitectónica e o meio social e cultural envolvente;

3. No que se refere à criação de mecanismos cognitivos de apoio à actividade de


projecto pretende-se proporcionar ao aluno conhecimentos que lhe permitam:

3. a em termos de reflexão, pesquisa e auto-aprendizagem:


 compreender a dimensão e natureza do problema em estudo;
 consultar, organizar e produzir informação sobre o problema em estudo;
 integrar e relacionar conhecimentos adquiridos noutras áreas ou disciplinas;

3.b em termos de geração de ideias e soluções:


 transformar os dados recolhidos em informação relevante de forma a dar uma resposta
eficaz ao problema em estudo;
 aplicar conceitos, princípios e esquemas conceptuais a novas situações a partir da
informação obtida, i.e. desenvolver o raciocínio criativo;
 exercitar o raciocínio operatório através da consciencialização das relações significativas
utilizadas;
 desenvolver a capacidade de decisão através da avaliação e do reconhecimento da
validade das soluções propostas;

3.c em termos de registo, interpretação e transmissão de ideias:


 distinguir modelos físicos de modelos conceptuais;
 conhecer e aplicar diferentes modelos físicos (descritivos) para apoio à elaboração de
projectos: modelos icónicos e modelos analógicos.
 conhecer e aplicar diferentes estratégias de representação bi e tridimensioal - rigorosa;
livre; normalizada - de acordo com a fase e tipo de desenvolvimento do projecto;
 conhecer e aplicar diferentes estratégias de comunicação visual - desenho,
fotografia/diapositivo; montagem; colagem; formato digital; etc - de acordo com a fase e
tipo de desenvolvimento do projecto;
 assegurar um domínio razoável de destreza manual;
 conhecer e utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) para
partilhar e comunicar ideias.

3
SEMESTRE 1: PROGRAMA E CONTEÚDOS

No semestre 1 é ministrada a disciplina INTRODUÇÃO À ARQUITECTURA. O programa está


organizado em três áreas temáticas ou unidades de ensino

UNIDADE 1: ENQUADRAMENTO DISCIPLINAR

1. O que é (e não é) Arquitectura


1.1. A tríade Vitruviana: firmitas, utilitas e venustas.
1.2. Definições: sociocultural; simbolista; funcionalista/tecnicista; formalista; espacial.
1.3. A Arquitectura como actividade processual .
1.4. A Arquitectura como área de conhecimento e de prática social.

2. Os significados na Arquitectura
2.1. A arquitectura como identificação do lugar
2.2. A arquitectura como resultado do complexo cultural e social de cada época
2.3. A arquitectura como indutora de emoções e portadora de intenções expressivas
2.4. A arquitectura como resultado das capacidades de realização técnica

3. A percepção da Arquitectura
3.1. Expressão morfológica. Elementos primários e elementos modeladores
3.2. Expressão funcional. O Programa. Os Utilizadores: exigências e necessidades
3.3. Expressão construtiva. A importância dos materiais na Arquitectura. Sua natureza,
expressão e adequação às formas

4. A Produção da Arquitectura
4.1. arquitectura expontânea
4.2. A Arquitectura como prática profissional
4.3. O trabalho interdisciplinar

UNIDADE 2: A FORMA ARQUITECTÓNICA


1. Percepção da forma arquitectónica
1.2 Conceitos gerais.
1.3 Condições perceptivas
1.4 Efeitos visuais, volumétricos e espaciais
1.5 A leitura 'Gestaltica'
1.6 A leitura topológica
2. Os componentes elementares da forma arquitectónica
2.1. o ponto, a linha, a superfície, o volume : propriedades gerais
2.1. capacidade de manipulação: dimensão física e espacial
3. Formas regulares e formas irregulares
4. Transformações formais: dimensionais subtractivas e aditivas
5. Composições formais: por justaposição, por aglutinação e por penetração
6. A relação FORMA / ESPAÇO
6.1. A forma como definidora de campos espaciais
6.2. A delimitação do campo espacial
6.3. A configuração do campo espacial: o espaço canal, côncavo e convexo
7. Relações de natureza sintáctica estabelecidas pelos componentes da forma
arquitectónica
7.1. relação massa / volume
7.2. relação cheio / vazio
7.3. relação unidade/conjunto (hierarquia)
7.4. relação escala /proporção

4
8. Outras relações estabelecidas pelos componentes da forma arquitectónica
8.1 de natureza semântica
8.2 de natureza pragmática

UNIDADE 3: MECANISMOS COGNITIVOS DE APOIO AO PROJECTO


1. Conceito de Projecto de Arquitectura
1.2. Característica do Problema e da Solução
1.3. Relação Problema / Solução
1.4. Estratégias de abordagem
1.5. Competências necessárias: capacidade sintética, analítica e prática

2. A representação de ideias e intenções conceptuais


2.1. Conceito de modelo. O modelo como meio de explicação, comparação e comunicação de ideias
e processos. Modelos conceptuais e modelos físicos
2.2. A utilização de modelos na Arquitectura ao nível da aquisição de conhecimentos e do processo
de projectar
2.3. Modelos utilizados pelo Arquitecto para representar/comunicar ideias e intenções conceptuais
Modelos Físicos: representações icónicas (plantas, cortes, alçados, maquetes, fotografias…) e
representações analógicas (esquemas, diagramas,…)
Modelos conceptuais: representações simbólicas (verbais e operatórias)

DIDÁCTICA

Aulas teóricas: Apoiam-se na transmissão formal de conhecimentos professor-aluno. A matéria é


ministrada de uma forma integrada e não-sequencial, de modo a fornecer uma visão de conjunto da
disciplina, a facilitar a sua apreensão num quadro de referência mais vasto e a suportar a execução dos
trabalhos práticos.
As aulas são leccionadas com o apoio de meios audiovisuais - projecção de diapositivos e computador. Os
tópicos abordados são apresentados sob a forma de esquemas e diagramas.
Aulas práticas (estúdio): Decorrem em regime de aula aberta 'tipo oficinal' com base na resolução
de problemas - projectos - de diferente natureza e segundo um grau crescente de dificuldade, com
incidência na manipulação, exploração, concepção, e representação de formas e estruturas espaciais
simples, de natureza abstracta. A apresentação e enquadramento teórico dos problemas é feita na aula
teórica. Ao longo do desenvolvimento dos trabalhos, e sempre que se considerar oportuno, é fornecida
informação complementar.
O principal objectivo dos trabalhos desenvolvidos no estúdio é dotar os alunos de raciocínio
tridimensional, de capacidade de visualização e de comunicação de formas e estruturas espaciais.
Tratando-se ainda, de uma iniciação ao processo de projectar em arquitectura é importante que a
didáctica seguida estimule a capacidade de empreender e de assumir riscos - de fazer - e fomente
comportamentos mais autónomos, de forma a que o aluno possa realizar o seu trabalho através da sua
própria pesquisa e reflexão.
Para permitir o cumprimento destes objectivos é proposta uma didáctica baseada na experimentação i.e.
no aprender fazendo. Considera-se que nesta fase de aprendizagem, o aluno adquire uma representação
mais precisa do seu trabalho quando ele mesmo o constrói e que ao possuir a representação dessa acção,
adquire capacidades que lhe facilitam o raciocínio abstracto, permitindo executar mentalmente essa
mesma acção1.
Experiências desenvolvidas na área da psicologia da aprendizagem (Aebli, 1960; Schön, 1983) mostraram
que a execução de uma acção por recurso a modelos físicos (representação icónica) potencia condições
mais favoráveis para o seu esclarecimento do que o trabalho desenvolvido in abstracto, i.e., mediante pura
representação simbólica. Para o efeito, o aluno deve ser confrontado com uma realidade concreta e ter a

1
Piaget (1974) em 'Reussir et Comprendre' demonstrou que fazer é compreender em acção uma
dada situação de modo a atingir os fins propostos, enquanto que compreender é conseguir
dominar de forma abstracta as mesmas situações.
5
possibilidade de executar o seu projecto nessa realidade. Só então ser-lhe-á pedido que realize de forma
puramente representativa o que inicialmente executou de forma efectiva. De acordo com estes
pressupostos, o trabalho a desenvolver considera 3 etapas sequenciais:
etapa 1 construção de um objecto tridimensional (a partir da manipulação dos componentes básicos
da forma arquitectónica)
etapa 2 exploração / compreensão dos processos utilizados
etapa 3 avaliação/justificação do trabalho realizado
O esquema da figura seguinte refere a sequência de tarefas proposta para cada uma das fases.
fase 1

o aluno procede à aquisição de mecanismos


1. CONSTRUIR operatórios
OBJECTO
fase 2
2. EXPLICAR A CONCEPÇÃO

3. ANALISAR
o aluno propõe alterações /
correções
fase 3

4. REFORMULAR

5. EXPLICAR O PROCESSO o objecto é representado por analogias


(esquemas/diagramas)
o processo é explicado através de modelos
conceptuais (representação verbal)
apresentação do trabalho

tarefa 1 o aluno constrói um objecto segundo um princípio de espontaneidade;


tarefa 2 o aluno explica a concepção, apoiado em representações icónicas e analógicas;
tarefa 3 o aluno analisa o objecto construído de modo a entender a sua estrutura lógica, i.e.
as relações de natureza sintáctica expressas;
tarefa 4 o aluno corrige o objecto em função das análises elaboradas na tarefa anterior;
tarefa 5 o aluno explica o processo, i.e. faz a síntese dos elementos que formam o objecto
no seu todo, justifica o processo seguido e a solução proposta.

Ao docente compete-lhe colocar o problema, suscitar a curiosidade para a solução, induzindo o aluno a
pesquisar de uma forma relativamente autónoma dentro dos limites impostos pelo problema, manter a
ordem do trabalho intelectual e fiscalizar a sua execução.
No esquema da figura seguinte referem-se as expectativas de desenvolvimento do trabalho

6
1. CONCEPÇÃO
o aluno utiliza mecanismo(s) operatório(s)
espontaneos princípio de espontaneidade

2. CONSTRUÇÃO / ACÇÃO

3. ANÁLISE IMPOSIÇÃO DE PROCESSO(S)

APRENDIZAGEM
4. CORREÇÃO DA CONCEPÇÃO

5. CORREÇÃO DA ACÇÃO
o aluno adquire (novos) mecanismos
operatórios sujeitos ao processo

expectativas de desenvolvimento do trabalho de estúdio


Tendo estes exercícios como principal finalidade formar o raciocínio tridimensional e não estimular a
destreza manual, as operações realizadas devem conduzir necessariamente à reflexão. Com efeito sempre
que são realizadas acções concretas, subsiste o perigo de digressão através da manipulação pois enquanto
o aluno manipula materiais e instrumentos tende a esquecer as relações logico-formais que fundamentam
o seu trabalho devido às próprias dificuldades de manipulação,.
Para facilitar a compreensão gradual do processo, as fases do trabalho são acompanhadas por
representações simbólicas de diferente natureza e segundo um grau crescente de abstracção.
O trabalho, de realização obrigatoriamente individual, desenvolve-se em 3 fases sequenciais, de acordo
com o esquema representado na figura seguinte.

PRODUÇÃO EXIGIDA
Fase 1 modelos físicos tri e bi dimensional
construção do objecto representações icónicas: maquete; desenhos de
observação à escala
modelos conceptuais: representações
4 semanas simbólicas verbais

Fase 2
modelos físicos tri e bi dimensional
análise do objecto
representações icónicas: maquete
MASSA VOLUME
representações analógicas
CHEIO / VAZIO
(diagramas; esquemas)
UNIDADE / CONJUNTO
ESCALA / PROPORÇÂO
modelos conceptuais
representações simbólicas verbais
8semanas

Fase 3
modelos físicos tri e bi dimensional
correção do objecto
representações analógicas
(diagramas; esquemas)
modelos conceptuais
2semanas representações simbólicas verbais

7
TRABALHO PARALELO NÃO ASSISTIDO
Paralelamente ao desenvolvimento do trabalho de estúdio são propostas actividades complementares, a
realizar fora do horário lectivo, nomeadamente:
 trabalho de pesquisa - observação, análise e recolha orientada de informação - registado sob a
forma de 'diário de bordo'
 consulta bibliográfica - registado sob a forma de ficha de leitura
Funcionam como prolongamento das actividades de aprendizagem, contribuindo para:
 fornecer uma visão organizada das actividades entretanto desenvolvida no estúdio, facilitando e
completando a aquisição de conhecimentos e permitindo o alargamento de conceitos e a sua
aplicação;
 desenvolvimento de capacidades ligadas ao domínio afectivo: hábitos de trabalho, espírito de pesquisa,
e trabalho independente.

AVALIAÇÃO

A avaliação é entendida como um processo sistemático destinado a determinar a extensão em que os


objectivos específicos da disciplina foram alcançados pelos alunos. A classificação final resulta de uma
avaliação contínua do percurso do aluno sendo considerados quatro factores:
 Apreensão dos objectivos do trabalho: coerência da solução proposta face ás limitações impostas
pelo problema;
 Compreensão de conceitos utilizados;
 Capacidade de representação e transmissão das ideias e dos conceitos;
 Capacidade de pesquisa e reflexão: atitude autónoma e criativa; procura de conhecimentos; domínio
de informação factual; localização de fontes de informação

TRABALHO ASSISTIDO (ESTÚDIO)


fase 1
1. CONSTRUÇÃO
cumprimentos das regras impostas pelo problema
coerência do(s) mecanismo(s) operatórios
capacidade de representação/comunicação
relação representação efectiva / representação
2. EXPLICAÇÃO
simbólica
fase 2

3. ANÁLISE compreensão dos conceitos


cumprimento dos processos impostos
capacidade de representação/comunicação
relação representação efectiva / representação
fase 3 simbólica

4. CORREÇÃO coerência da solução final em função das análises


elaboradas em 3
capacidade de representação/comunicação
relação representação efectiva / representação
simbólica

avaliação do trabalho desenvolvido no estúdio

8
TRABALHO NÃO ASSISTIDO
No que se refere ao trabalho não assistido –DIÁRIO DE BORDO e FICHA DE LEITURA - a classificação
baseia-se em 4 momentos de avaliação intercalar correspondentes às entregas do Diário de Bordo (3
entregas coincidentes com as entregas do trabalho de estúdio) e à apresentação da ficha de leitura.
AVALIAÇÃO FINAL
A avaliação final do trabalho constitui uma apreciação global ponderada e não uma média aritmética das
avaliações intercalares. A classificação é feita com base em quatro instrumentos:
Assiduidade às aulas e actividades complementares (participação em discussões)
Interesse e participação nas actividades curriculares
Produção individual

REFERÊNCIAS

Aebli, H. (1960) Prática de Ensino. Formas Fundamentais de ensino Elementar, Médio e Superior, Coleção
Educação Prospectiva, Editora Vozes Ltda, Rio de Janeiro, 1976
Friedman, J.B. (2000) Creation in Space. Fundamentals of Architecture, Kendall/Hunt Publishing Company,
Iowa
Lawson, B. (1997) How Designers Think. The Design Process Demystified, Architectural Press, 3rd Ed, Oxford
Ministério da Educação (1999) - Oficina de Artes, Blocos I, II e III. Orientações e gestão de programas, M.E.-
Departamento do Ensino Secundário, Lisboa
Piaget,J. (1974) Reussir et Comprendre Presses Universitaires de France, Paris
Portas, N. (1964) A Arquitectura para Hoje. Finalidades. Métodos. Didácticas, Edição de Autor, Lisboa
Schank, R.C. (1988) The Creative attitude: Learning to Ask and Answer the Right Questions Macmillan, New
YorK
Schön, D.A. (1983) The Reflexive Practioner. How Professionals Think in Action Basic Books Inc, USA
Stevens, G. (1995) Struggle in the Studio: 'A Bourdivian Look at Architectural Pedagogy', Journal of
Architectural Education, 49/2, 1995 pp.105-122, ACSA, Inc.
Zevi, B, (1949 ) Saber Ver a Arquitectura, Livraria Martins Fontes Editora Lda, 5ª ed. S.Paulo, 1996
Zevi, B. (1972) Architecture in Nuce. Uma Definição de Arquitectura, Edições 70 Lda, Lisboa, 1996

9
BIBLIOGRAFIA

A bibliografia adoptada na disciplina está organizada em dois grupos: bibliografia genérica e específica.

Bibliografia genérica

Obras seleccionadas que funcionam, sobretudo como textos de referência escolhidos pela sua qualidade,
pelas seus méritos metodológicos ou pela sua aplicação ao conteúdo das matérias leccionadas.

 Arnheim, R. (1977) 'A Dinâmica da Forma Arquitectónica' Editorial Presença, Lisboa 1988
 Hertzberger,H. (1991) Lições de Arquitectura, Martins Fontes, S.Paulo, 1993

 Le Corbusier (1923) Vers une Architecture, (trad.) Editora Perspectiva, S. Paulo,

 Rasmussen,S. (1959) Arquitectura Vivenciada, Martins Fontes, S.Paulo, 1998

 Távora, Fernando (1962) Da organização do espaço ed. FAUP, Porto, 1982

 Zevi, B, (1949 ) Saber Ver a Arquitectura, Livraria Martins Fontes Editora Lda, 5ª ed. S.Paulo,
1996

Bibliografia específica

Obras directamente relacionadas com o âmbito temático da disciplina e com directa aplicação aos
conteúdos dos exercícios.

 Baker,G.(1985) Le Corbusier, Analisis de la Forma, Gustavo Gili, Barcelona, 1987

 Ching,F. (1982) Arquitectura: forma, espacio y orden, Gustavo Gili, Mexico, 1995

 Clark, R. e Pause,M.(1985) Arquitectura: Temas de Composicion, Gustavo Gili, Mexico,


1987

 Friedman, J.B. (2000) Creation in Space. Fundamentals of Architecture, Kendall/Hunt


Publishing Company, Iowa
 Hall, E.T. (1969) 'A Dimensão Oculta' Relógio d'Água, Colecção Antropos Lisboa, 1986
 Unwin, S. (1997) Analysing Architecture, Routledge,Londres

 Textos de apoio da disciplina (ver TP2)

10
SOBRE A ARQUITECTURA: conceitos elementares

A necessidade e a utilidade como gerador natural da arquitectura

O homem desde sempre construiu. Por necessidade e por utilidade. Começou por construir abrigos
precários para se proteger dos elementos da natureza, das variações sazonais do clima, dos animais
selvagens e dos seus semelhantes. Mais tarde, ao fixar-se num sítio preciso, fundou lugares, construindo
casas para viver em segurança e privacidade, para abrigar as colheitas e o gado, as ferramentas de
trabalho; construiu ruas para circular; ambientes de convívio abertos à troca de ideias; fortificações para
se defender de agressões; santuários e templos para prestar culto aos deuses; necrópoles para venerar os
seus mortos. Quando atingiu um grau elevado de civilização construiu cidades.

Quando a construção, seja ela qual for, tem significados – culturais, ideológicos, estéticos e técnicos - para
além da simples utilidade, está-se em presença de arquitectura: artefactos, construídos pelo homem e
para o homem, com o objectivo de ordenar e organizar o espaço: de lhe conferir uma forma de modo a
torná-lo habitável, praticável e reconhecível.

Para além das suas funções utilitárias, a arquitectura comporta conteúdos intencionais: Tem
significados vários: é a manifestação do ambiente cultural e social de cada época. Responde e dá
forma aos valores e ao desejo de afirmação dos indivíduos. Tem significados estéticos: induz
emoções e é portadora de intenções expressivas. Tem significados técnicos: é a expressão das
capacidades de realização, dos níveis de conhecimento, de inovação e de engenho em cada momento, do
estádio de desenvolvimento tecnológico atingido; das técnicas decorrentes dos materiais utilizados; e dos
recursos financeiros disponíveis para a sua realização. Desde Çatal Hüyük na Anatólia (7250-6250 A.C.),
até às últimas criações do sec.XXI, passando pelas pirâmides do Egipto (4 milénios A.C.), pelo Partenon,
em Atenas (sec. V A.C.), pelo Panteão de Roma (sec II), pelas catedrais Góticas (sec. XIII ao XV) pelos
arranha-céus do sec. XX, estas obras resultaram da aplicação de técnicas. Quer tenham conteúdos
significativos ou ideológicos, quer tenham carácter utilitário, os conhecimentos e os meios existentes para
as realizar evoluíram, por sua vez, em função dos contextos culturais e sociais da sociedade onde se
inseriram.

Como refere Alberto Campos Baeza (2001) a arquitectura resulta de um acto de vontade humana, é
uma ideia que se constrói. Sendo substancialmente exercida em função da construção, ocupa um
espaço e tem um tempo.

Referências:
Alberto Campos Baeza (2000) LA idea construída. Colleccíon Textos de Arquitectura e Diseño,
Universidad de Palermo, Argentina, 2000

11
2. SOBRE O EXERCÍCIO DA ARQUITECTURA

O exercício da arquitectura é uma actividade complexa destinada a resolver um problema de


transformação espacial; a encontrar uma solução tridimensional para a organização de um determinado
espaço: uma "forma arquitectónica" que suporte um conjunto de exigências expressas por vários
interessados. É um trabalho criativo e responsável que requer do arquitecto a capacidade de transformar
ideias em realizações efectivas de modo a aproximar-se da solução desejada.

Uma vez identificado o problema, inevitavelmente incompleto em virtude de se desenvolver num


ambiente de incerteza, o arquitecto tem de gerar soluções interessantes e consistentes, testar e avaliar as
suas implicações, optar por uma solução e comunicar essa decisão aos interessados. Trata-se, portanto de
um processo de análise-síntese-avaliação-comunicação.

Os usos efectivados após a concretização do projecto de arquitectura bem como a interacção que os
novos objectos construídos irão estabelecer com a envolvente e com os seus utilizadores, são aspectos
que o arquitecto não controla no tempo. No entanto, é sempre possível, e até frequente, que
determinados aspectos técnicos e funcionais de uma forma arquitectónica sobrevivam no tempo, porque
se trata de "conteúdos sedimentados", e como tal, nunca se deixam desvincular das possibilidades de uso
e de construção que têm ou já tiveram.

Embora a arquitectura não seja entendida e consumida do mesmo modo que as outras artes, o processo
de geração da forma arquitectónica pode ser comparado ao da geração de formas artísticas, visto ambos
responderem a situações abertas, e para as quais não existe uma solução delineada a priori ou a
possibilidade de uma resposta através do recurso a métodos pré-definidos, como ocorre em
procedimentos de natureza estritamente técnica, (mas que também não ocorre na investigação científica
!).

Mas, por outro lado, a lógica subentendida na solução arquitectónica i.e., as suas relações espaciais,
materiais e funcionais, também não podem ser entendidas como invenções imediatas, sem precedentes
i.e., geradas a partir do nada. Qualquer solução faz uso de regras que 'codificam' o conhecimento do seu
autor e que apoiam a sua concepção. A forma arquitectónica deriva de outras formas materiais e é o
resultado de um processo contínuo de aprendizagem.

Trata-se de um produto artificial sintetizado pelo homem, susceptível de ser analisado enquanto está a ser
concebido, tanto em termos prescritivos como descritivos. Por mais que uma solução pareça genial, a
invenção que nela se realiza é sempre ínfima em vista do material formal do qual parte e das múltiplas
invenções anteriores que contém. E as implicações desses precedentes, ou seja do conhecimento
acumulado tanto no que se refere às técnicas construtivas, como aos usos praticados ou a qualquer outra
das variáveis de um problema arquitectónico, incidem naturalmente no novo objecto.

12
3. SOBRE A FORMA ARQUITECTÓNICA

O termo ‘forma arquitectónica’ encerra alguns equívocos decorrentes de uma interpretação simplificada,
e por ventura redutora, do próprio conceito e que importam esclarecer.

Com efeito o termo “forma” é frequentemente utilizado para referir os elementos visuais dos objectos
arquitectónicos, ou seja para destacar atributos de natureza plástica ou sensorial, associados à aparência
externa: formato, contorno, textura, jogo dos volumes, tratamento de superfícies, conjunção de cheios e
vazios.

O conceito “forma” é, portanto, entendido como o operador responsável pelas expectativas estéticas
colocadas na solução arquitectónica. Esta interpretação é redutora da complexidade da solução
arquitectónica porque cria a ilusão de que as soluções arquitectónicas podem ser subdivididas em partes
relativamente independentes entre si e produzidas de modo cumulativo, ainda que por procedimentos de
natureza muito distinta. Por outro lado, estando implicitamente ligado à ideia de arquitectura como arte
plástica, contribui para que se analisem as suas características no mesmo registo contemplativo que
caberia a uma obra tradicional de pintura ou de escultura, que o observador aprecia mediante a
abstracção de todas as circunstâncias externas.

No entanto, o conceito forma arquitectónica é muito mais abrangente, porque o modo de


conceber, ver e compreender qualquer solução arquitectónica pressupõe atenção simultânea à
composição, à função e à técnica. Refira-se que noutras áreas de conhecimento, "forma" não se refere à
aparência de algo, mas à sua constituição interna, à ordem determinada e determinante de uma coisa ou
de um processo, à lógica que define as relações estabelecidas entre as suas partes e o todo i.e., à sua
dimensão global. Essa lógica pode ou não comparecer na figura aparente e ser apreendida inteiramente
pelos sentidos.

Com efeito a “forma” arquitectónica corresponde a uma solução para um problema de transformação
espacial. Isto significa que quem procura uma solução arquitectónica, não procura apenas um certo tipo
de funcionamento, mas uma “forma” que o possibilite; não quer simplesmente uma certa relação com o
contexto urbano, mas uma “forma” que tenha essa relação; não quer uma técnica construtiva, mas uma
“forma” na qual ela faça sentido. Pode-se querer que essa “forma” seja adequada a certos usos, certas
técnicas construtivas e até a certos valores estéticos; pode-se também avaliar a “forma” em relação ao
seu desempenho funcional e técnico; mas não é possível gerar a “forma” analiticamente e por partes. Isto
também significa, entre outras coisas, que a independência total da “forma” arquitectónica, mesmo que
fosse desejada, não seria praticável, porque a “forma” não é parte da solução arquitectónica, mas sim a
solução como um todo.

A 'razão de ser' da arquitectura prende-se com o uso e com a fruição por parte dos seus potenciais
utilizadores, e portanto a forma arquitectónica constitui-se como um suporte para a sucessão de
eventos que constitui a vida das pessoas. O reconhecimento da forma decorrerá do conjunto de efeitos
que o objecto arquitectónico é capaz de produzir sobre os sentidos do observador ou do utilizador, em
função do "programa" que lhe está subjacente.

13
“A forma tridimensional da arquitectura não é o exterior de um sólido mas sim o invólucro côncavo e
convexo do espaço. Por sua vez o espaço não é o vazio do lugar geométrico onde ocorrem actividades
diversas. No caso da arquitectura, a 'invenção' refere-se a um sistema espacial organizado que é
experimentado através da sua utilização e compreendido através da sua forma.”

Giancarlo de Carlo (1975) in 'L'idea plastica como sfida alla tecnologia'

"Quando me coloco diante de uma estátua ou circulo à sua volta para apreciá-la sob diferentes pontos de
vista [...] devo abstrair numerosas circunstâncias que, embora envolvam a obra, não pertencem aos
domínios da arte do escultor. É o caso, por exemplo, da temperatura reinante no lugar da exposição; e
dos sons e ruídos que o invadem; e dos odores que porventura flutuam no ar; e da eventual chuva que
cai. [...] não formaria sentido tentar assimilar essas circunstâncias externas e acidentais aos valores
escultóricos.

[...]

A situação é completamente diversa quando me encontro no espaço arquitectónico em termos normais


de comunicação, isto é, quando ali permaneço não simplesmente para observar ou apreciar as facetas
plásticas da forma, mas para exercer actividades compatíveis com a configuração do espaço construído.
Em tal circunstância [...] nada deve nem pode ser abstraído como facto alheio à obra: nem as condições de
temperatura e humidade do ar, nem as condições acústicas do lugar, nem aos odores que ele encerra.
[...]

A conjugação dessas formas parciais na definição da forma arquitectónica é regulada pelo tempo de
utilização do espaço construído (…) Entendida nesses termos, a forma arquitectónica revela-se
rigorosamente comprometida com o programa de necessidades – e a tarefa do arquitecto pode ser
definida como a arte de formar (organizar e animar) espaços destinados a ambientar as actividades
humanas."

Edgar Graeff (1987) "A Forma na Arquitectura"


in Alberto Xavier (ed) Arquitectura Moderna Brasileira. Depoimentos de uma geração.
Fundação Vilanova Artigas, São Paulo, 1987, p.211 a 217

14
4. SOBRE A FORMAÇÃO DO ARQUITECTO

O que deve o arquitecto saber e o que deve saber-fazer? Estas questões podem-se aplicar, genericamente,
a qualquer profissão mas no caso do Arquitecto, esta relação é muito particular sendo que existem
diferenças significativas entre o saber e o saber-fazer. Enquanto na maioria das engenharias a relação entre
o saber e o saber-fazer decorre de uma relação entre teoria e prática, entendida esta última como
aplicação da teoria, a relação entre teoria e prática em arquitectura decorre de uma posição
metodológica diversa, na medida em que a teoria arquitectónica surge da reflexão crítica sobre a prática.

Historicamente o saber arquitectónico surge apoiado em conhecimentos de base teórica e prática-


instrumental. A componente teórica indissociável dos valores da expressão artística e cultural, fornece as
bases ou ‘suporte’ necessário para compreender o ‘mundo’ onde a arquitectura tem lugar enquanto a
prática promove as competências necessárias para lidar com os aspectos instrumentais e técnicos
próprios da profissão. A primeira orientada para o saber, a segunda para o saber fazer.

Já na Idade Clássica se exigia ao arquitecto conhecimentos alargados ao nível do saber e do saber-fazer


como o prova aquilo que Vitruvio, no capitulo I do Livro primeiro do seu tratado Os Dez Livros da
Arquitectura, (sec.I, oferecido ao Imperador Octávio) refere como sendo os requisitos necessários a um
arquitecto. Para Vitruvio a educação do arquitecto implicava a aquisição de conhecimentos práticos e
teóricos, a saber: “Ele deve então saber escrever e projectar, estar instruído na Geometria, não ignorar a
Óptica, ter aprendido Aritmética, e saber muito de História, ter bem estudado a Filosofia, ter
conhecimento de Música, e algumas luzes de Medicina, de Jurisprudência e de Astrologia.” Estas onze
áreas de formação prescritas não se afastam muito daquelas ainda hoje exigidas em muitos dos currículos
das escolas de arquitectura. “A razão é para que não se esqueça de nada do que tem a fazer, ele deverá
executar boas memorias, e para esse efeito saber bem escrever, ele deverá saber desenhar, para que
possa com maior facilidade, sobre os desenhos que traçar, executar todas as obras do projecto. A
Geometria também lhe é duma grande ajuda, particularmente para aprender a bem servir-se da Régua e
do compasso, e para tomar alinhamentos e executar todas as coisas com Esquadria e com Nível. A Óptica
serve-lhe para saber dominar os dias e fazer as aberturas apropriadas segundo a disposição do Céu. A
Aritmética serve para o calculo do dispêndio das obras que empreende, e para regrar as medidas e as
proporções que se determinam por vezes melhor pelo cálculo, que pela Geometria. A História fornecerá
matéria para a maioria dos ornamentos da Arquitectura, donde deverá saber o porquê da
reprodução.(…) O estudo da Filosofia serve também para o Arquitecto atingir a perfeição. (…) Em
relação à música, ele deve estar inteirado de forma a conhecer a proporção canónica e matemática para
ligar com precisão as máquinas de guerra (….) O conhecimento de música também é necessário para
saber dispor os vazos de bronze.(…) É preciso também ter conhecimento de Medicina para saber quais
são as diferentes situações dos locais da terra, os quais são chamados Climata pelos Gregos, de forma a
conhecer a qualidade do Ar, se é saudável ou nocivo, e quais são as diversas propriedades das Águas: pois
não é possível construir uma habitação sã, se não forem ponderados todos estes assuntos. (…) O
Arquitecto deve também ter conhecimentos de Jurisprudência e dos Costumes Locais para a construção

15
de paredes meãs, dos esgotos das coberturas, e das cloacas (…) a Astrologia servir-lhe-á também para a
realização dos quadrantes solares pelo conhecimento que lhe dá o Oriente, o Ocidente, o Sul e o
Setentrião; os Equinócios, os Solisticios e todos os percursos dos Astros.”

Posteriormente a formação do arquitecto perde a componente teórica para se centrar num saber
eminentemente prático, adquirido substancialmente em ambiente de estaleiro de obra e transmitido pelo
contacto entre mestre e aprendiz. Valorizado o saber-fazer, o conhecimento do arquitecto assentava em
procedimentos técnicos, traçados geométricos, suportados nas teorias Pitagóricas e Eucledianas. Quando
o imperador bizantino Justiniano ordenou a construção de Hagia Sophia, pretendia um templo que
suplantasse todos aqueles que tinham sido construídos até à data. Para o efeito contratou dois geómetras,
professores de matemática, Isidoro de Mileto e Anthemio de Tralles.

No inicio da idade Moderna, em 1485, Leon Baptista Alberti no tratado Da re aedificatoria, defendia que
arquitecto era “aquele que saiba imaginar as coisas com razão certa e dentro da regra, tanto com a mente
como com o espirito; (…) para poder fazer isto é necessário que possua conhecimento das coisas
melhores e excelentes“. Referia-se ele, entre outros, á civilização clássica e em particular à arquitectura
romana. Tal implicava o domínio de algumas matérias, como saber matemática, física, e anatomia. Partindo
da leitura e análise da arquitectura romana, Alberti recuperou o conceito de simetria, enquanto
“correspondência do todo com as partes, das partes entre si e destas com o todo: entendo que os
edifícios devem parecer um inteiro e bem definido corpo no qual um membro se relacione com os outros
e que todos sejam necessários”.

Alberti propunha a divisão o edifício em vários sistemas tal como Leonardo da Vinci e Vesalius fizeram
mais tarde nos seus desenhos anatómicos e dissecações do corpo humano. A sistematização proposta por
Alberti, baseava-se na divisão do edifício em elementos, de acordo com um esquema específico de
relações permitindo a formação de uma única entidade. Para Alberti, o arquitecto era mais um teórico do
que um prático, um artista e não um construtor. Esta posição, totalmente defensável no quadro da cultura
humanista da época, viria a influenciar a formação das várias gerações de arquitectos formados nos
séculos seguintes e, de acordo com muitos autores, a condicionar a inovação tecnológica. A educação do
arquitecto ao seguir uma orientação teórica, de vocação eminentemente artística, estimulou a invenção
em termos formais mas ao abdicar da componente prática levou à estagnação no campo da construção.

É Viollet-le-Duc quem, na segunda metade do sec.XIX propõem uma nova abordagem à formação do
arquitecto, que viria a fundamentar a educação arquitectónica moderna. Viollet le Duc considerava que
era através da análise das coisas, i.e. do raciocínio analítico, que se tornaria possível desenvolver um
raciocínio activo, orientado para a resolução de problemas. Em Histoire d’une maison, (1873), o autor
explica que o futuro arquitecto deve contactar com ambientes profissionais, tanto ao nível da concepção
como da construção em alternância às actividades académicas. Basicamente defendia que a componente
académica deveria deixar de ser estritamente suportada em conceitos artísticos para passar a integrar
outros saberes técnicos com destaque para aqueles que eram próprios das engenharias a par da aquisição
de conhecimentos que permitissem a aplicação de um método racional para o desenvolvimento dos

16
projectos de arquitectura. O método proposto por Viollet-le-Duc, desenvolvido na sequencia dos estudos
de Jean-Nicholas-Louis Durand publicados em 1802, baseia-se num processo sequencial capaz de
organizar e activar os princípios teóricos por ele enunciados. A necessidade de impor uma simplicidade
racional e regularidade na arquitectura é consistente com as imposições do regime de Bonaparte que
entre outras medidas havia uniformizado os pesos e medidas e criado um sistema métrico. Tal reflectiu-se
na arquitectura ao nível da fusão entre conceitos de natureza artística e prática. No inicio do sec.XX esta
posição foi adoptada em várias universidades, em particular na América do Norte sendo que os seus
curricula começaram a evidenciar uma combinação entre as formulas propostas por Vitruvio e Viollet-le-
Duc.

Na década de 20, a Bauhaus sob a direcção de Walter Gropius valorizou de forma ainda mais evidente a
componente prática da formação do arquitecto sendo que aos estudantes era exigida a aquisição de
competências várias relacionadas com a construção, adquiridas tanto em ambiente académico como
oficinal. A prática oficinal levou à introdução da componente experimental, integradora do saber e do
saber-fazer, permitindo aprender pelo ‘confronto’ e 'abordagem' directa dos ‘problemas' da Arquitectura
e promover a investigação na medida em que a exploração crítica dos ‘problemas' da Arquitectura pode
gerar novo conhecimento.

Actualmente a Arquitectura constitui-se numa área de conhecimento alargado e, simultaneamente, de prática


social (resultado de uma acção complexa mas de finalidade sintética). O exercício efectivo da actividade
profissional i.e., o projecto de arquitectura estabelece-se num contexto interdisciplinar resultado da
intervenção de técnicos de diferentes especialidades.

A convergência de matérias com carácter científico, técnico, tecnológico, humanístico e artístico e a


forma como se processa a rotina profissional levam a que a formação do futuro arquitecto deva ser
orientada para o desenvolvimento estruturado do conhecimento i.e., dos conteúdos da síntese
arquitectónica e da aquisição da linguagem técnica necessários à prática da Arquitectura.

17

S-ar putea să vă placă și