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Revista Portuguesa de Filosofia

Socialidade e Dinheiro
Author(s): Emmanuel Levinas
Source: Revista Portuguesa de Filosofia, T. 65, Fasc. 1/4, A Civilizacao da Economia e as Respostas
de Filosofia: Sobre a Pertinencia e a Praxis do Saber / Philosophy and the Sphere of Economics:
Arguments for a Theoretical Praxis (Janeiro-Dezembro 2009), pp. 641-646
Published by: Revista Portuguesa de Filosofia
Stable URL: http://www.jstor.org/stable/41220816
Accessed: 07-02-2016 14:55 UTC

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65 • 2009I

Socialidade e Dinheiro
Emmanuel Levinas*

Nota Prévia: O textode EmmanuelLevinas(1906-1995)que aqui se publicaem tra-


duçãoportuguesa originaltema sua origemno factode o Groupement Belgedes
Banquesd'Épargne(gbe),porocasiãoda celebração do seu 25.°Aniversárioem1986
tersolicitadoa publicaçãode umaobra,a que Levinasdeveriaescrever a introdução,
sobreos aspectoshistóricos, jurídicose económicosassociadoscom as Caixasde
Aforro Belgasl. A introduçãoa estaobraacabouporserescritaporumdosseusmais
distintosdiscípulos, RogerBurggraeve, mas isso não impediuque Levinasviessea
pronunciar, no Paláciodos de
Congressos Bruxelas, o DiscursoAcadémico associado
com essa celebraçãocomemorativa, factoque ocorreuno dia 11 de Dezembrode
1986.O textoque agorase publicaem traduçãoportuguesa corresponde, depoisde
corrigidoe revisto peloautor,a essa intervençãode EmmanuelLevinas.
A ideiacentrale essencialdo pensamento de Levinasé a de que o cuidadodo
outroestána raizda civilizaçãohumanaenquantotal.O serhumanoé umser-para-
o-outro2.Aexistência humananãofazsentidoa nãoserna medidaemque o eu acede
a ocupar-se dopróximo antesmesmodese ocupardesi mesmo.Daí a completa inver-
são da ontologia proposta pelopensamento deLevinas3, nomeadamente dessaontolo-
gia que,antese acimade tudo,se preocupacomo esforço deperseverança no ser.Na
esteiradeEspinosa,a quemcrìtica, Levinascomeçaporidentificar o sujeitohumano
coma dinâmicaprópriaao conatusessendi,ou seja,coma estrutura daquelaforma
de serque,por definição, não temoutraprioridade senão a perseverança no pró-
prioser4.O serhumano,em sua finitude, é, por isso,em sua mesmainfra-estru-
tura,descritocomoumpara-si,ou seja,comosujeitoestruturado porumadinâmica
de auto-identificação e de afirmaçãode si. Por outraspalavras,o sujeitohumano

*
Tradução, por João J. Vila-Chã, do seguinte texto: Levinas, Emmanuel - "Socialite et
argent".In: Burggraeve, Roger - Emmanuel Levinas et la socialite de l'argent:Un philosopheen
quête de la réalitéjournalière:La genèse de Socialite et argentou Vambiguitéde l'argent.Leuven:
Peeters, 1997, pp. 79-85. O textoagora traduzido foi originariamentepublicado como: Levinas,
Emmanuel - "Socialite et argent". In: Ttjdschrift voor Filosofie. 50 (1988), nr. 3, pp. 415-421.
Agradecemosao ProfessorRoger Burggraeve(Lovaina) a facilitação concedida neste processo.
1 Van Put,
August(red.) - De Belgischespaarbanken:Geschiedenis,recht,economischefunktie
en instellingen.Tïelt:Lannoo, 1986.
2 Cf. Levinas, Emmanuel -Autrement
qu'être;ou, Au-delàde l'essence.La Haye: M. Nijhoff,
1974, p. 167.
3 Cf. Levinas, Emmanuel - Entrenous: Essais sur le
penser-à-lautre. Paris: Bernard Grasset,
1991, pp. 13-24.
4 Levinas,Emmanuel - Noms
propres:Agnon,Buber,Celan,Delhomme,Demda, Jabès,Kierke-
gaard,Lacroix,Laporte,Picard,Proust,VanBreda, Wahl.Montpellier:Fata Morgana, 1976, p. 104.

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de Filosofia I
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começa por aspirara uma identidadeque o tornecapaz de conquistaro mundo e de,


egocentricamente, dele se apoderarem ordema conquistara autonomia da própria
subjectividade.Precisamentepor isso, podemos dizerque o destinodo mundoé devir
economia,ou seja, fontede utilidadetotal.Levinas,com efeito,inserea nossa relação
económica com o mundo no conjuntodo processo,que ele considerahumanamente
urgentesuperar,a que se dá o sugestivonome de totalização5. Nesse sentido,para
Levinas a críticada economia transforma-se inevitavelmente numa críticada totali-
dade e das prerrogativasda auto-nomia,ou seja, da ilusão, entretodas fundamental,
que éado sujeitohumano existencialmente se interpretar
como medidaconstituinte
de todas as coisas. Daí a importânciado textoque agora oferecemosaos nossos
leitores:mostrarcomo, nomeadamentea partirde uma reflexãosobre o dinheiro
como fenómenoestruturante da nossa relação intersubjectivacom o mundo,o pro-
blema que hoje é a Economia não é mais do que uma realextensãodo problemaque
é, ou semprefoi,o da própríaFilosofia6.

reflexãoacercada realidadesocialou económicado dinheironão é


certamente possívelsemumainvestigação aprofundada dosdadosempí-
ricosem que estarealidade- ou instituição - é apreendida, semuma
visãosobrea história e sema análisedas funçõesque o dinheiroexerce de facto,
graçasao determinismo próprioao domínioeconómico tãocomplexo na extensão
planetáriaque ele alcançoua partirdas ciênciase das técnicasemergentes do
génioeuropeu.Mas talveznão seja impossível - neminútil- reflectirsobrealgu-
mas "dimensões" que o dinheiroprojecta,ou inscreve,ou revelana consciência
moralda humanidade europeia,
cujostraçosprincipais remontam às inspirações
bíblicase aos pensamentos gregose ao seu devirno seio da civilizaçãojudeo-
-cristã
e da sua fidelidaderacionalista.

1. Dinheiroe troca

Qualquerquesejaa variedade das funções


queo dinheiroexerçanasmúltiplas
conjunturasda ordem económica - dos
independentementediversos papéisque
lheincumbem (e mesmonassuasprestigiosas ou monstruosas -
e espectaculares
e tão fotogénicas - acumulaçõesde potências- ou de "omni-potên-
na televisão
cias"),a marcadistintivae o seu valorpermanente,consistem em poder,sob

5 Levinas,Emmanuel- "Le moi et la totalité".In: Revuede et de Morale.


Métaphysique
59 (1954),nr.4, pp. 353-373.
° ťara um estudo muito bem cuidado desta
importantíssimaproblemática, veja-se:
Burggraeve, Roger- "L'argentet unejusticetoujoursmeilleure:
Le pointde vue d'Emmanuel
Levinas". In: Burggraeve, Roger - Emmanuel Levinas et la socialitede l'argent:Un philosopheen
quête de la réalitéjournalière:La genèsede Socialite et argentou Vambiguitéde l'argent.Leuven:
Peeters,1997,pp. 1-29.Veja-setambémBurggraeve,Roger-"TheOtherand Me: Interpersonal
andSocialResponsibilityinEmmanuelLevinas".In:Vila-Сна,JoãoJ.(éd.)- EntreRazãoe Reve-
lação: A 'Lógica' da Dimensão Semítica na Filosofia.BetweenReason and Revelation:The 'Logic'
of the Semitic Dimension in Philosophy.In: Revista Portuguesade Filosofia. 62 (2006), nr. 2-4,
pp. 631-649.

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Socialidade e Dinheiro 643

as suas diversasmanifestações, ser trocadopor toda a espéciede coisas e de


serviços.Facto que coloca o dinheiro - mediaçãoporexcelência - nãocomoposse
em acto,mas comopossibilidade ou poderde vira possuir.Possibilidade que
deixaassimuma parcelade indeterminação e de vidaà vontadeaindalivrede
quema possuiabertaa outrasdecisões.E aindanumoutrosentido, graçasa esta
mediação,eisumaestranha ou assinalável ambiguidade do humano:na aventura
- ou na pequenahistória - do ser,o serhumanoterátido,mediante o dinheiro,o
poderde adquirir coisase serviços - coisase trabalho humano- e de entrar invi-
sivelmente peloencadeamento da economia, pelopagamento dos salários,como
que em posse dos seres humanos que trabalham; mas ao mesmo tempo,já no
acontecimento mesmoda troca- ondeo dinheirose insere,ondeele começa
apenaso seu papelmediadore ao qual ele não cessa maisde se referir - o ser
humanoterátidorecurso ao outroserhumanonoencontro quenãoé nemsimples
adjunçãode indivíduo a indivíduo, nemviolênciade umaconquista, nempercep-
ção de umobjectooferecendo-se na sua verdade, masumtodo-contra-o-rosto do
outroserhumanoprecisamente que, desdelogosilenciosamente, o interpela e
ao qual ele dá resposta:declaraçãode paz no shalom,ou bem-querer inscritona
doaçãode cadaaceno.Reconhecimento semconhecimento precedente: saudação.
Respostaou responsabilidade original,o "dirigir-sea" próprioa todoo discurso.
No dinheiro nãose podeesquecerestaproximidade inter-humana, transcendência
- e socialidadeque desde logo atravessa, de únicoa único, de estranho a estranho,
a trans-acção de que procedetodoo dinheiro, que todo o dinheiro reanima.

2. O inter-essamento

Dinheiro,poderde adquirir coisase serviços,duasordensheterogéneas, ainda


que todasas coisasremetam parao trabalhohumano.Valoresheterogéneos no
de cada ordem.Expressos
interior emunidadesmonetárias - emnúmeros respei-
tantesaos seuspreços- estesvaloresacedemà homogeneidade, deixam-se com-
parare totalizar.Homogeneidade, contudo, desde logoparadoxal: ofusca,no
ela
seuvalor,os serviços humanosque realiza- relacionados, justamente, à utilidade
e ao interesse a
-, dignidadeimpagável destetrabalho enquanto humano, que
comotal se mediriasegundooutrosprincípios ou se quereriaincalculável. Mas
pelamedidaqueo dinheiro introduzemgeral,elelibertaas trocasemquebrotam
embaraçose inspirações a partirdo dinheiro,
subjectivas: os "bens"constituem
umtodoobjectivo apesardas surpresas - é necessáriomencioná-las? - de que a
- -
mais-valiaassimdesignadamaistarde ameaçaos cálculosexactosdosvalores
do trabalho.
Totalobjectivo ou mundodosvaloresreconhecidos a partirde umaaxiologia
primordial é a
que ligaçãooriginal dos seresvivos à vida,tensãoque subentende,
se assimse podedizer,a referência, formalmente necessária, dos essentesao seu
ser.Paraos sereshumanosenquantoviventes, trata-secertamente, no seuexistir,
destemesmoexistir. Valorizaçãooriginalque se articulanas necessidades ditas
naturais ou materiais: ao acontecimento
ligaçãoao existir, do ser,ao essemesmo
que diz respeitoaos sereshumanose de que eles se preocupam, ao qual eles

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544 Emmanuel Levinas

se amarrame onde, já imanentesao mundo,eles se afirmam:inter-essamento


originale natural.Interessamento como imanência:apetitede existirou fomede
ser medianteos alimentosterrestres, mas tambémrespiraçãoda sua atmosfera
e habitação sobreesta terrae a sua percepçãoatravésdo saber das coisas e dos
lugares;tomadae controlosobreo seratravésdos seres;esforçode ser- acto,mas
também,graças a esta tomada,compreensãodo ser aspirado,ontologiainstin-
tiva ou subida de um pensamentoessencial.A "fenomenologia" desta axiologia
do interessamento - e da ontologiaque ela implica- talveznão tenhaainda sido
investigadasistematicamente e dela não podemos indicarsenão alguns traços.
Ela não se explicitasem "voltase contra-voltas". A intencionalidadeque anima
este gosto de ser - este inter-essamento - de modo directo,provavelmente não
se mostraa não ser na angústiados "últimosinstantes".No concretoda vida
quotidiana,o interessamento humanosemprese dissimula- e se exalta- até ao
esquecimentodo seu originale aparentemente sã perspectivasobreo existir,
nos
"acordosdo consumo"e da satisfaçãodas necessidadesem que riscade se perder
o apetitede sercapaz de, assim,ir até ao pontodo doentioe do mortal,mas onde,
sob a formade prazeres,se teria desenhado o núcleo singulardo pronomese
tal qual ele condensa a formados verbosreflexivos numpara-si,e um egoísmo
no gozo consideradocertamente"maispreciosoque a vida",mas que permanece
apesar de tudoa intimidadeafirmadado existirou da vida.
Mas a intençãoainda sã e inocentedo interessamento, a axiologiaoriginaldo
ser não prolonga,no humano,a luta dos seresvivospela vida? Nas suas formas
mais naturais,não é ela desde logo sem reservaspara os outros?Interessamento
que permanecelimitadoratravésdas necessidadeshumanas. O parasi, luz da
consciência,não permaneceperseverançano ser apesar das suas variantesou
poemas prometedores, recebidosa partirda "experiência"de outremem que o
próximose mostraem verdadeou em beleza,semperdero rosto,sem se desnudar,
sem mostraro seu rostoou a sua miséria?Dura univocidadedo inter-essamento
que se transforma em ódio: emulaçõesentresereshumanos,competiçãona riva-
lidade e concorrênciaaté às crueldadese tiraniasdo dinheiroe a violênciasan-
guináriadas guerras.E ei-la,ainda mais,a homogeneizaçãomedianteo dinheiro
que assimila no salário os serviçoshumanos,o trabalho,às coisas e esquece o
trabalhoamortizadonos objectos;desde logo,todo o valorse reconheceatravés
do interessamento da necessidadee se apropriamediantea compra. Momento
essencialno aparecimentode uma civilizaçãodo dinheiro.O valorcomercialdos
serviçose do trabalhohumanosdá créditoà ideia fortedo ser totalizadoe uno,
e entradona economiae na aritméticado dinheiro,ordemou sistemacobrindo
ou dissimulandoas desordensdas lutasimplacáveisdo inter-essamento em que o
outroser humanose avalia em dinheiroà custa do seu fazere do seu saber-fazer.
Integraçãodo ser humano no sistemaeconómico,a sua avaliação medianteas
diferentes articulaçõesdo desenvolvimento económico.Quanto à excelênciaou
à dignidadedo ser humano- recordaçãoou promessada sabedoria bíblica da
nossa velhaEuropa -, ela pareceriaimpossívelsem uma separação em relação ao
tododos sereshumanos,sem uma posição filosófica- talvez"emsi e para si" - de
um sujeitoque se diz semprena primeirapessoa; mas devida à acumulação de

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Socialidade e Dinheiro 545

dinheiroemdetrimentodosoutros.Liberdade,independência de rico!E, paraos


outros,eventualidade
de independênciaprovisória precárianas horasou nos
e
diasou nosanos,separadasemvistado "em-sie para-si"mediante o dinheirode
mediante
bolso, "o dinheirono bolso",
pelodinheiroque estáno banco.

3. Des-inter-essamento

Devemoscontudoperguntarmo-nos se uma humanidade a entrarna totali-


dadeda ordemeconómica saídado inter-essamento - massaídatambém dastran-
sacções seladas pelo dinheiro inaugurado na troca entre os sereshumanos - seria
votadasempiedadea umsistematotalitário. Atotalidade económicadoshomens
detentores de dinheironão se assemelhaà estrutura formal- ou lógica- das
partesnotodoqueas absorvee ondeelasse adicionam semdeixartraço.Não será
a totalidade de umaordemeconómicaportadora de umconjunto emque,simul-
taneamente, os sereshumanosportadores de dinheiro e compradores se integram
elespróprios na mercadoria, masnãose apagam- nãoperdemas suasalmas- no
possuire no pertencer? Paraalémda axiologiado inter-essamento, paraalémdo
apetitede ser,paraalémda inquietude de cada um pela sua quietude, peloseu
ser-ať,pela sua parteno existir, para alémda preocupaçãoporaquilo que tão
admiravelmente foichamadode Dasein, cuidadoque identificamos nas neces-
sidadesde que o dinheiro tornapossívela satisfação - tantocomoas eventuais
crueldades da "lutapelavida"-, o serhumanonão é tambéma admirável possi-
bilidade- excepçãoà ordenança de todosos modosdo ser!- de cedero seulugar,
o Da, de se sacrificarpelooutro,de morrer peloestrangeiro? Jáalgumavez nos
interrogamos suficientemente sobreestaextra-vagante possibilidade do "animal
humano", a
maisforteque toda ontologia onde no humano - no rosto do outro
homem, anterior a toda a Escritura - se entende, silencioso ou
apelo imperativo,
a santidade: axiologianovaemque Deusvemà ideiae pelaqual a mensagem do
Livrose deixatraduzir e compreender?
Nós tentámos noutrostextos,aos quais - a todoseles - seriaadequadoo
títulode "outramente que ser",de descrever estaaxiologiado des-inter-essamento
que não é nem a abstracção niilistada puranegaçãodo valordo ser,nemo
primeiro passo da síntese construtiva dos dialécticos, mas que é a bondadede
dar:caridade,misericórdia e, na responsabilidade, respostae discursoe, assim,
a positividade de umaligaçãoao serenquantoserde outrem.Desdelogo,uma
tomadaem sériodas necessidadesde outrem,do seu inter-essamento e do
dinheiro a dar.Seránecessário insistirsobrea importância que recaina axiologia
do desinteressamento à actividade financeira preocupadacomo dar?Relaçãoa
outrem- ao estrangeiro - que,pela sua fragilidade, pela sua misériae pela sua
mortalidade, dizrespeito ao sujeito,diz-merespeito e precisamente porisso,"me
olha",ou seja,desnudao seu rostopordetrásda "compostura", da máscaraque
se dá a si mesmo- a persona- que lheconfere o seu aparecer. Proximidade do
-
estranho o que não é ruptura de uma coincidência ou de uma imanência, mas
socialidade. Reconhecimento de outrem sobformade responsabilidade, a sociali-

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646 Emmanuel Levinas

irredutível
dadena suaexcelência portadoradeamor.Pensamento extraordinário:
o amadosendosempreo único,pensamento do absolutamente outro,paraalém
do indivíduo, nacomunidade
aindasubmergido dogénero, quecaptaa percepção.
Proximidadecomoaxiologiado para-alémdo ser,axiologiada transcendência.

4. Socialidadee justiça

Mas a socialidadeque ultrapassaaquela que se exprimena totalidadeda


economiae a axiologiado interessamento que a suporta,poderápermanecer
estranha a estatotalidade? Asocialidade e a paz naproximidade deoutrem - ainda
que seja o primeiro a chegar-, a misériae a autoridade do rostode que pode
terde responder o sujeitoque originalmente se define,não pela firmeza de um
"para-sie em-si",mas precisamente porestapossibilidade de se verobrigado,
misericordioso e caritativo,
a responder pelopróximo, a respondercomoacusado
semculpabilidade e semnada de mal terpraticado- todoesteacontecimento
do humanoe do des-inter-essamento no ser,não seráele,de mimparaoutrem, a
desatenção ao terceiro?Ignorância do terceiroe de todos aquelesque, ao lado do
terceiro,constituem a humanidade numerosaunida,a seu modo,em totalidade
económicaa partirdo dinheiro, mas em que cada um me permanece também
"outro", únicona sua unicidade, incomparável, e que deveriadizer-me respeito
ou,já rosto,comose costumadizer,"fazer-me face".
O terceiro, tal comoo próximo, é tambémmeupróximoe próximodo pró-
ximo.A elevaçãoe a santidadedo amordo próximo não são compreendidas por
estainatenção ao terceiroo qual,numatotalidade anónima, podetersidoa vítima
daquelemesmode queeu respondo e queaproximo na misericórdiae nacaridade
do des-inter-essamento? É necessário, entreúnicos,uma comparação, umjuízo.
É necessáriaumajustiça,já em nomeda sua própriadignidade de únicose de
incomparáveis. Mascomparar os incomparáveis, issoquerdizer, semdúvida, abor-
daras pessoasregressando à totalidade dos sereshumanosna ordemeconómica
emqueos seusactosse medemna homogeneidade que se fundanodinheiro, sem
seremabsorvidos ou simplesmente adicionadosnestatotalidade. A santidadedo
humanoelevando-se acimado serperseverante no seusere acimadas violências
que estaperseverança perpetua, anuncia-sena misericórdia e na caridadeque
respondem ao rostode outrem; masela faztambém apeloà Razãoe às leis.Masa
justiça- exigejá umEstado,instituições e umrigore umaautoridade informada
e imparcial; Estadoliberalcapaz de uma legislaçãomelhor. E consciências em
estadode vigilância na sua unicidadeemrelaçãoaos recursos imprevisíveis que à
universalidade sempreseverapodemaportar graçasnão-dedutíveis.

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