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Julio

Ministério da
Cultura, Governo
do Estado de São
Paulo, Secretaria
da Cultura,
Instituto Tomie
Ohtake, Bradesco
apresentam:

Da
forma
à
ação

Parc
Le
01
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Núcleo de O Núcleo de Cultura e Participação do Instituto


Tomie Ohtake realiza um extenso programa
Esta publicação, ligada à exposição Julio Le
Parc: da forma à ação, foi concebida a par-
Desde o início de sua produção nos anos 1950,
Julio Le Parc evitou a todo custo as afirmações
Cultura e que promove o acesso, a experimentação e o
engajamento do público em atividades ligadas
tir de dois laboratórios que contaram com a
presença de sete professores e educadores
absolutas e os parâmetros já existentes, tendo
sido pioneiro da arte cinética e contribuído
Participação à arte e à cultura. O programa inclui uma pes-
quisa permanente sobre arte, visitas mediadas,
convidados, quatro educadores da equipe do
Instituto e três intérpretes de LIBRAS. A parti-
para a reinvenção das formas de fazer e pen-
sar a arte. Inspirados pelo artista, esperamos
práticas em ateliês, residências, conversas e cipação dos professores neste processo é fun- que este material possa também contribuir
visitas a ateliês de artistas, formação de edu- damental para que este material considere a para a abertura de novas possibilidades de
cadores, projetos socioculturais, parcerias com diversidade dos espaços de educação e sirva olhar e investigar o mundo, tarefa que ganha
instituições de educação e cultura, grupos de de fato como apoio para o educador dentro de potência e relevância no encontro entre a arte
estudo em arte contemporânea, cursos, prê- seu plano pedagógico. Neste sentido, esta pu- e a educação.
mios, seminários, mostras de arte, mostras de blicação pretende abordar a produção de Julio
filmes, contações de histórias, derivas e inter- Le Parc, figura proeminente na construção da
venções poéticas na cidade, oficinas, audio- história da arte do século XX, mas também as- Felipe Arruda
guias, produções audiovisuais e publicações. pectos mais amplos da experiência com a arte Diretor do Núcleo
que podem ser explorados a partir do trabalho de Cultura e Participação
As publicações educativas, vinculadas às ex- do artista argentino, como as relações com a Instituto Tomie Ohtake
posições em cartaz e direcionadas a profes- forma, a luz, o movimento, o espaço, o jogo,
sores e educadores, pretendem se constituir as relações sociais e a participação e engaja-
como um instrumento de apoio ao trabalho mento do espectador com a obra.
pedagógico e de disseminação das pesquisas
e práticas educativas desenvolvidas no Ins-
tituto Tomie Ohtake. A publicação parte da
tríade: apresentação dos assuntos da mostra;
reflexão a partir da criação de paralelos entre
o assunto e as questões que são pulsantes para
aquele público; e a prática possível nos espa-
ços de educação formal e não formal.
Aprendendo 03
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

com Le Parc
Julio Le Parc debruçou-se sobre a reflexão Portanto, este material busca disparar estra- Divididos em quatro temas – forma, Reúne textos que podem auxiliar no

BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
DISPARADORES
acerca dos mecanismos do sistema da arte, o nhamentos e investigações desde o momento movimento, luz e ação –, os disparado- aprofundamento da pesquisa sobre a
papel do artista na sociedade, as instâncias de em que você tira este livreto da caixa. O efeito res constroem um caminho que vai da produção artística e textual de Julio Le
participação e a potência de transformação visual percebido nesse momento, conhecido forma à ação. Diferente de uma linha Parc e do Groupe de Recherche d’Art
social por meio da arte, questões que reverbe- como scanimation, é uma técnica de anima- unidirecional, este caminho rizomático Visuel, a arte na América Latina na se-
ram em seu trabalho e, também, em uma rica ção analógica que consiste na sobreposição e define-se a partir de um conteúdo teó- gunda metade do século XX e as políti-
produção textual que tensiona o campo da deslocamento de linhas. Nas próximas páginas rico e contextual, da análise de obras cas de fruição. Você encontrará indica-
atribuição de significados e reforça a necessi- você encontrará mais desenhos feitos com li- de Julio Le Parc, das relações perceptivas delas ções de escritos de Julio Le Parc, Aracy Amaral,
dade da emancipação do espectador. Por meio nhas e formas. Experimente passar sobre eles provenientes e das possibilidades de leitura que Frederico Morais, Mário Pedrosa, entre outros.
de uma trajetória que reflete diretamente o a lâmina de acetato, também contida na caixa, podem reverberar em sua prática pedagógica e
desejo de desmitificação da arte, trilhando e observe os efeitos gerados. Para que você na discussão com seus alunos. Cada tema tem Com o objetivo de construir um pe-

IMAGENS
caminhos lúdicos e políticos, Julio Le Parc nos possa dividir a experiência com seus alunos, como foco alguns dos trabalhos de Le Parc, mas queno recorte da exposição e das di-
ensina que uma relação ativa com a arte re- inserimos também alguns cartões com outras as relações não são estanques. É possível se ferentes pesquisas desenvolvidas por
presenta uma mudança nos próprios especta- imagens. Os efeitos visuais gerados pelo sca- apropriar das discussões e inseri-las em outros Julio Le Parc, as imagens presentes na
dores e em sua maneira de lidar com questões nimation não têm a ambição de reproduzir as contextos, obras e artistas. Fique à vontade caixa evidenciam uma diversidade de
objetivas da vida. Deste modo, suas pesquisas, experiências propostas por Le Parc, mas es- para lê-los em sequência, isoladamente ou na materiais, formatos, tamanhos e técni-
experimentações e invenções constroem-se tão alinhados às suas pesquisas. Ao mover as ordem que preferir. cas: desde pinturas até instalações e jo-
solidamente sobre o desejo de estimular novas linhas, o espectador se torna ativo em relação gos. Além disso, este material contém alguns es-
relações entre artista, público e obra através às formas estáticas. As atividades estão divididas em três tudos que trazem à tona o processo criativo e os

PROPOSTAS
DE ATIVIDADES
da desestabilização dos sistemas tradicionais. temas – dispositivos de alteração da sistemas de composição utilizados pelo artista.
Além disso, neste livreto você encontrará uma percepção, pesquisando as pequenas
Esta publicação foi criada a partir de diálogos, breve apresentação da exposição Julio Le coisas e criação de novos comporta- O legado de Julio Le Parc transborda o campo
trocas e afetos entre profissionais da educação Parc: da forma à ação, a biografia resumida mentos – e cada um deles desdobra-se da arte. Com ele aprendemos que não existe
surdos e ouvintes. As estratégias de aborda- do artista, textos teórico-contextuais sobre em duas propostas que podem acon- uma resposta ou um caminho único e defini-
gem e as propostas de ativação dos sentidos sua produção, propostas de atividades, biblio- tecer em diferentes espaços e escalas, tivo, mas uma busca constante por possibili-
aqui desenvolvidas apropriam-se do engaja- grafia sugerida e espaço para anotações. Na sempre estimulando processos simultanea- dades e maneiras de criar relações com a arte,
mento de Julio Le Parc como artista-pesquisa- caixa estão também 14 encartes com obras de mente individuais e coletivos. Além das pesqui- com as pessoas e com o mundo que nos cerca.
dor no embate com os materiais e as políticas Julio Le Parc em formato grande para que você sas de Le Parc, as propostas têm como substrato Assim, esta publicação educativa constitui-se
de fruição da arte. Propomos que você inves- possa observar junto com seus alunos. o diálogo que aconteceu nos Laboratórios de como um ponto de partida para que você in-
tigue os estímulos do entorno, as possibilida- criação e entre os educadores do Núcleo de vente e reinvente seus próprios métodos, ade-
des de criação e invenção apresentadas por Cultura e Participação. Tente misturá-las, rein- quados ao seu contexto, aos diálogos com os
materiais do dia a dia e a potência da arte de ventá-las, adaptá-las, subvertê-las, enfim, expe- seus alunos e aos desejos partilhados de mu-
reinventar relações sociais por meio de novas rimentá-las de diversas outras maneiras. dança da realidade.
atuações individuais e coletivas.
Julio Le Parc 05
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Da forma A exposição Julio Le Parc: da forma à ação,


realizada no Instituto Tomie Ohtake entre 25
A segunda seção, intitulada Deslocamento;
Contorções; Relevos, traz as obras de Julio Le
Deste modo, a mostra apresenta um caminho
temático, não necessariamente cronológico,
à ação de novembro de 2017 e 25 de fevereiro de
2018, tem curadoria de Estrellita B. Brodsky
Parc feitas com luz, as construções tridimen-
sionais e os ambientes imersivos, bem como as
que vai da pesquisa da forma até a convocação
à ação, evidenciando o espírito investigativo, a
e consultoria artística de Yamil Le Parc. Trata- primeiras experiências realizadas com moto- consistência da produção artística de Julio Le
se da adaptação para o contexto brasileiro e res no início da década de 1960. Nesse núcleo Parc e seu engajamento com o papel político da
para o espaço do Instituto Tomie Ohtake de destacam-se algumas das obras que foram arte como gatilho para transformações sociais.
uma grande mostra retrospectiva realizada em expostas nos Labirintos desenvolvidos junto
2016 no Pérez Art Museum Miami (PAMM). A ao Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV). A exposição Julio Le Parc: da forma à ação
mostra reúne cerca de 100 dos mais potentes traz ao público brasileiro um importante re-
trabalhos de Julio Le Parc e ocupa todo o piso Por fim, a seção Jogo & Política apresenta corte das pesquisas do artista, figura proe-
superior do Instituto Tomie Ohtake. Pinturas, trabalhos que terminam por dissolver as bar- minente na construção da história da arte do
estudos em papel, esculturas, instalações e ob- reiras entre o artista, a obra e o espectador ao século XX e, também, dos dias atuais.
jetos construídos pelo artista desde a década demandar a participação ativa dos públicos.
de 1950 até os últimos anos organizam-se em São experiências com a luz e jogos interativos
três grandes seções. que convidam o espectador a uma atuação
imprevista, visto que prescindem de orienta-
A primeira delas, Da superfície ao objeto, ções específicas para uso. As obras estimulam
apresenta alguns dos primeiros trabalhos a investigação, a experimentação e o engaja-
realizados pelo artista no final da década de mento dos públicos com as propostas, refle-
1950, relativos às pesquisas com a forma e os tindo uma preocupação do artista em alterar
processos da visão humana. Esses trabalhos o comportamento também no âmbito das re-
utilizam-se de suportes tradicionais, como a lações sociais.
pintura, a exemplo das Superfícies, das Su-
perfícies coloridas e de diversos estudos em
guache. O espaço abriga, também, as expe-
riências com pintura desenvolvidas pelo artista
a partir da década de 1970, momento em que
retomou essa linguagem, como as Alquimias,
feitas por meio da organização e sobreposição
de formas coloridas construídas por pontos, e
as Modulações, feitas com aerógrafo.
Biografia 07
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

resumida
Julio Julio Le Parc nasceu em Mendoza, Argentina,
em 23 de setembro de 1928. Aos 13 anos mu-
Na França, logo se associou a outros artistas e
junto a eles criou o Centre de Recherche d’Art
Durante os eventos de Maio de 68, ao se en-
volver com comícios sindicais e outras frentes
Le Parc dou-se para Buenos Aires e dois anos depois
começou a frequentar o curso preparatório
Visuel (CRAV), em 1960, que pouco depois pas-
saria a se chamar Groupe de Recherche d’Art
organizadas, Julio Le Parc foi expulso de Pa-
ris. Regressou depois de cinco meses graças
da Escuela de Bellas Artes, onde teve aulas Visuel (GRAV), após uma reformulação. Por à intervenção de André Malraux, ministro da
com o professor Lucio Fontana. Nessa época fim, o grupo constituiu-se por Horacio García cultura da França. Nesse mesmo ano o GRAV
conheceu o grupo Arte Concreto-Invención e Rossi, Julio Le Parc, François Morellet, Fran- se dissolveu.
o Grupo Madí, que influenciariam fortemente cisco Sobrino, Joël Stein e Jean-Pierre Yvaral.
sua produção. Em resposta às tensões e insta- Le Parc seguiu em atividade com suas pesqui-
bilidades políticas da Argentina, cujo governo A primeira exposição do GRAV aconteceu em sas individuais e também em trabalhos com
civil havia sido derrubado pelos militares, Ju- 1963 e no ano seguinte o grupo foi convidado coletivos de artistas que denunciavam regi-
lio Le Parc se envolveu com grupos ativistas a participar da 3ª Bienal de Paris. Para essa mes totalitários. Em 1969 participou do boi-
de esquerda, fato que também definiria sua mostra, criaram seu primeiro Labirinto, uma cote à 10ª Bienal de São Paulo, como reação
postura em relação aos acontecimentos so- instalação imersiva e interativa com várias sa- ao regime repressor civil-militar que vigorava
ciais e políticos até os dias atuais. las que reunia trabalhos de todos os membros no Brasil (1964-1985). O boicote resultou na
do grupo. Nessa época Julio Le Parc criou as publicação de um catálogo alternativo intitu-
Em 1947, insatisfeito com a ditadura peronista Caixas de luz e os primeiros Móbiles. lado Contrabienal (1971). No início da década
e as intervenções desta na estrutura de en- de 1970 Le Parc voltou a fazer pintura, prática
sino, abandonou a escola e partiu para uma Em 1966 Julio Le Parc ganhou o Grande Prê- da qual havia se afastado na década anterior.
jornada nômade de sete anos pela Argentina. mio Internacional de Pintura na 33ª Bienal de Em 1975 iniciou a série Modulações, que con-
Segundo o artista, tratou-se de um período Veneza. No mesmo ano, o GRAV organizou siste em pinturas realizadas com aerógrafo
de reflexão e comprometimento sociopolí- Um dia na rua, um evento público com insta- e estêncil.
tico. Não há muitos registros sobre sua traje- lações, proposições e provocações artísticas
tória nessa época. espalhadas por vários locais da cidade de Pa- Durante toda a sua carreira Julio Le Parc reali-
ris. No ano seguinte Le Parc apresentou sua zou uma consistente produção textual, tanto
Após a queda de Perón, voltou a viver em primeira mostra retrospectiva na Argentina, individualmente como em conjunto com o
Buenos Aires e ingressou na Escuela Superior no Centro de Artes Visuales (CAV) do Insti- GRAV. Os textos resultantes dessa trajetória
de Bellas Artes. Em 1958 houve uma exposi- tuto Torcuato Di Tella. abordam temas relacionados às pesquisas do
ção de Victor Vasarely na Argentina, o que GRAV e de Julio Le Parc, ao papel do artista
impactou profundamente Julio Le Parc e ou- na transformação social, ao sistema da arte
tros artistas argentinos de seu círculo. Nesse e aos diálogos com a América Latina. Atual-
mesmo ano fixou residência em Paris após mente Julio Le Parc vive e trabalha em Paris.
ganhar uma bolsa de estudos.
Disparadores 09
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Forma
11
Movimento
17
Luz
21
Ação
25
Forma 11
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

“Propusemos a aniquilação da forma


particular por tudo aquilo que pos-
sui de retórica e de valor individual.”

Julio Le Parc Em meados dos anos 50, ainda vivendo na


O imaterial, 1961
Argentina, Julio Le Parc foi profundamente
afetado pelas ideias e visualidades de corren-
tes ligadas à arte concreta. Vale mencionar es-
pecificamente o impacto causado pelas aulas
ministradas por Lucio Fontana na Escuela Na-
cional de Bellas Artes, a exposição de Vasa-
rely na Argentina, em 1958, e a produção do
grupo Arte Concreto-Invención. Mais tarde,
quando se mudou para Paris, Le Parc deu
prosseguimento às pesquisas com a forma, a
cor e a percepção influenciado pelos escritos
de Mondrian e pelo contato com os artistas
do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV).
13
FORMA JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Caracterizada pelo uso organizado e previa- As Superfícies são pinturas compostas por Essas pinturas estimulam as relações en- A utilização da metodologia sistemática re-
mente planejado de cores e planos, a arte formas geométricas organizadas sobre o tre visão focal e visão periférica, ou seja, o sulta em uma linguagem controlada e estri-
concreta é resultado de uma técnica mecâ- fundo seguindo uma grade ortogonal. Qua- olho do observador oscila entre aquilo que tamente formal na qual o conjunto – regido
nica, que gera uma fruição organizada na qual drados, círculos e outras formas regulares são pode ser apreendido fixando por um sistema bem definido
o que importa são os elementos presentes dispostos na superfície pictórica de acordo o olhar em um ponto único A VISÃO É TIDA COMO de combinações sequenciais
na obra, tidos como universais e puramente com uma organização rígida e precisamente e aquilo que se impõe fora O PONTO DE PARTIDA e justapostas – desafia dois
plásticos. Diferentemente da abstração livre, calculada. No estudo No. 13, Rotação de qua- desse ponto e cria uma ilusão COMUM A TODOS aspectos principais da obra
marcada pelo uso mais solto e gestual de co- drados (1959), feito com nanquim sobre car- de movimento. AO CONSIDERAR de arte tradicional. Primeira-
res e formas irregulares, na arte concreta as tão, círculos brancos são inseridos dentro de PROCESSOS QUE mente, a função habitual do
formas escolhidas são regulares, portanto, quadrados pretos espalhados em um fundo Assim, Le Parc propõe uma re- OCORREM NA RELAÇÃO olho de apreender significa-
impessoais, e a gestualidade do artista é branco. Os círculos se mantêm alinhados, mas lação entre obra, olho e movi- IMEDIATA ENTRE O dos por meio da identificação
obliterada pelo uso controlado da pincelada. os quadrados sofrem pequenos deslocamen- mento, de modo que a fruição OLHO E A FORMA. das formas e cores, aliada a
tos segundo um esquema gradativo, o que re- do observador constitui-se suas relações com um sistema
Ao criar suas Superfícies, Le Parc preocupou- sulta em uma sensação de movimento, como como uma experiência de apreensão da ins- de signos culturalmente construído, é colo-
-se em aumentar a distância entre o artista e a se a imagem flamulasse. Na pintura Instabili- tabilidade ao lidar com os embates entre visão cada em cheque diante da criação de uma
obra eliminando os rastros de feitura manual dade visual (1959/70), círculos pretos e bran- focal e periférica estimulados pela imagem. situação visual cujo ápice é o momento de
e as escolhas intuitivas e subjetivas, levando cos são dispostos sobre um fundo cinza. Os apreensão por parte do espectador.
adiante a ideia de arte como combinação ma- círculos inserem-se na grade e seus diâmetros
temática de formas e cores. Ademais, o obje- aumentam e diminuem progressivamente de
tivo era a construção de superfícies que evi- modo a gerar uma sensação de volume no
denciassem situações visuais com a potência centro da composição.
de afetar diretamente o olho, sem a mediação
do discurso. Era uma postura condizente com
os anseios do artista, tanto na produção indi-
vidual quanto nos projetos ligados ao GRAV:
questionar os vínculos das formas com os
significados simbólicos, procurando eliminar
as relações arbitrárias, definidas de antemão,
que induzem a uma percepção que busca ou
reforça significações externas ao fato visual,
pautadas em repertórios específicos.
15
FORMA JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Para Le Parc, as formas não têm importân- A ênfase das experimentações de Le Parc com Experiências com cores seguiram o modelo Tanto as experiências com preto, branco e
cia em si, nem as explicações e relações que as formas está, então, na visão. Esta é tida estabelecido com as superfícies em preto, cinza quanto as experiências com cores le-
acontecem fora do campo da imagem; as pin- como o ponto de partida comum a todos ao branco e cinza. Com o cuidado de estruturar vam à criação de situações visuais que acon-
turas não contêm nada que não se apresente considerar processos que ocorrem na relação um sistema, Le Parc escolheu 14 cores e as tecem no momento da relação com o olho.
na percepção imediata. Isso leva ao segundo imediata entre o olho e a forma, e não nas de- experimentou de acordo com diversas com- Por meio da visão periférica ou tangencial, a
aspecto: o questionamento da ideia de genia- limitações e significações que acontecem por binações predefinidas. Na imagem Projeto percepção da obra ocorre como experiência
lidade do artista, visto que a obra não mais meio da apreensão de um repertório que, na cor No. 4, um estudo feito em 1959, é possí- imediata de apreensão de instabilidade visual.
representa uma inspiração maioria das vezes, não é de vel perceber as pesquisas de Le Parc para a Ainda que se tratem de formas e cores rigi-
criadora de raízes desconheci- AS FORMAS NÃO TÊM domínio comum. Ao separar a inserção de cada cor em cada lugar. Não se damente gravadas em suporte bidimensional,
das, e sim uma delimitação de IMPORTÂNCIA EM SI, percepção visual da interpre- trata de uma composição colorista randômica, ao incorporar o movimento virtual na super-
metodologia que tem como NEM AS EXPLICAÇÕES tação, um número muito maior mas de uma investigação cuidadosa acerca da fície pictórica Le Parc cria imagens pulsantes,
foco a relação imediata entre E RELAÇÕES QUE de pessoas, independente- relatividade da cor, das vibrações visuais e da em perpétuo estado de transição e constante
a obra e o olho do observador. ACONTECEM FORA DO mente de sua bagagem cul- ilusão de profundidade causada pela compo- negociação com o olho.
CAMPO DA IMAGEM; tural, sua classe social ou seu sição. Os números grafados à mão, aparentes
AS PINTURAS NÃO engajamento com a arte, pode abaixo das camadas de tinta mais claras, evi-
CONTÊM NADA QUE se relacionar com as obras de denciam o processo calculado e racional do
NÃO SE APRESENTE NA um modo significativo. uso de cores.
PERCEPÇÃO IMEDIATA.
Movimento 17
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

“A noção de instabilidade na arte


visual responde à condição de
instabilidade da realidade. Nós
tentamos concretizá-la em rea-
lizações que a transcrevem em
seus caracteres fundamentais.”

Julio Le Parc Sob a denominação de arte cinética reúnem-


A propósito
de: arte como
se trabalhos constituídos por diversos tipos
espetáculo, de formatos, materiais e linguagens cujo
espectador ativo, ponto de ligação é o movimento, real ou vir-
instabilidade e
programação na
tual, presente na obra desde sua estruturação
arte visual, 1962 até a relação com o espectador. Julio Le Parc
muitas vezes é lembrado por uma produção
artística estreitamente ligada aos conceitos
que orbitam o universo da arte cinética. Para
o artista, o movimento “é a relação inevitável
do olho com certos estímulos visuais”.
19
MOVIMENTO JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

A pesquisa de Le Parc acerca do movimento O caso dos Móbiles é especialmente interes- Essas pesquisas levaram a trabalhos como a No caso de Esfera azul (2001/03), a soma do
e da instabilidade nas Superfícies levou à sante na exemplificação de tal procedimento. Esfera azul (2001/03), uma grande esfera com movimento das centenas de peças de acrí-
criação de obras tridimensionais que incor- Le Parc iniciou as experiências inserindo pe- cerca de quatro metros de diâmetro formada lico – sujeitas a correntes de ar, incidência
poram a indeterminação como processo ar- quenos pedaços de acrílico sobre o fundo da por quadrados de acrílico azul suspensos por de luzes e outros fatores externos – com o
tístico, tanto do ponto de vista da produção pintura. As peças, amarradas por fios de ny- fios de nylon. A experiência do observador movimento do espectador cria uma situação
quanto da recepção. O processo elimina as lon, eram dispostas a uma distância de cerca acontece no cruzamento entre os efeitos vi- de modificação constante que reitera a ne-
escolhas e decisões subjetivas devido ao de cinco centímetros do fundo, o que permi- suais criados pela movimentação no entorno gação da ideia de percepção única dos fenô-
fato de adotar, em todas as suas fases, uma tia que se movimentassem em torno do eixo da esfera, pelas infinitas possibilidades de menos visuais. Ademais, as peças de acrílico
metodologia sistemática e não relacional, ou vertical definido pelos fios. O material esco- posição que cada peça de se movimentam mais rápido
seja, que prescinde de relações específicas lhido para a experiência possui capacidade de acrílico ocupa girando em A IDEIA DE MODIFICAÇÃO do que a percepção humana,
entre os elementos que constituem a obra e refletir a luz e, assim, criar diversas nuances torno de um eixo vertical e, SE CONSTITUI DA SOMA acentuando o movimento, a
significações simbólicas. Assim, dispensando de tonalidades a partir das possibilidades de dependendo da iluminação, DOS DISTINTOS PONTOS desorientação e a multiplici-
significações que se sustentam em discursos rotação de cada peça. O deslocamento do pelos reflexos azuis criados DE VISTA POSSÍVEIS, DO dade de reflexos aleatórios
prévios, há uma ênfase na própria obra e nas observador para apreender as sutis variações no ambiente. DESLOCAMENTO DO que surgem no entorno. O
possibilidades de relação que ela cria. Do culmina na recusa de um ponto de vista único, OBSERVADOR E DAS tempo de apreciação, assim,
ponto de vista do observador, a indetermina- reafirmando a instabilidade existente na obra Ao transpor a pesquisa de SITUAÇÕES VISUAIS adquire uma corporeidade
ção se configura no cruzamento entre as mo- e no olhar. No entanto, a mera adição de pon- instabilidade e movimento EXPERIMENTADAS. outra. Qualquer instante –
dificações possíveis e o caminho delimitado tos de vista não constitui o cerne da ideia de virtual para suportes tridi- ou intervalo de tempo – de
pelo olhar, bem como o tempo tensionado modificação: esta se constitui da soma dos mensionais, Le Parc aproxima-se ainda mais visualização constitui uma situação singular
que essa relação produz. distintos pontos de vista possíveis, do deslo- da noção de obra instável, na qual as contin- e intransferível de configuração dos elemen-
camento do observador – feito a seu modo gências externas, como a incidência de luzes, tos da obra, das contingências externas e do
– e das situações visuais experimentadas. os reflexos resultantes e as incontáveis pos- direcionamento do olhar.
sibilidades de ponto de vista do observador
configuram parte essencial da experiência. Deste modo, cria-se uma obra que, apesar
de ser a mesma, gera situações sempre dife-
rentes ao condensar movimento real e mo-
vimento virtual. A noção de instabilidade e
indeterminação está no cerne do processo ar-
tístico, fazendo com que a matéria perca sua
presença e realidade ao se confundir com os
reflexos, sombras e variados pontos de vista.
A experiência se situa, aqui, no plano imate-
rial entre o observador e o objeto.
Luz 21
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

“São enormes as possibilidades de


experiências nesta direção e múl-
tiplas as variações de situação e
circunstâncias.”

GRAV Uma das questões mais caras à pesquisa plás-


Proposição para
um lugar de
tica de Julio Le Parc é a afirmação da insta-
ativação, 1963 bilidade e, portanto, um afastamento da no-
ção de obra fixa, estática e definitiva. Esse
objeto de pesquisa reverberou nas diversas
facetas de sua produção, desde as pinturas
até as instalações e outros trabalhos consti-
tuídos por materiais menos convencionais.
As experimentações com instabilidade, mo-
vimento e sucessão de situações visuais dis-
tintas a partir de um mesmo suporte, cujos
elementos ressaltam a noção de indetermina-
ção, apontam para a importância dos fatores
ambientais que, externos à obra, configuram
parte considerável da experiência vivenciada
pelo espectador. Um desses elementos teve
papel de destaque nas investigações de Julio
Le Parc: a luz.
23
LUZ JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Do ponto de vista da ciência, a luz é uma onda É importante ressaltar que nesse trabalho, As pinturas feitas por Le Parc a partir no fi- locamento de seu olhar a partir do lugar onde
eletromagnética que se propaga através de bem como em outros que se utilizam da luz, nal da década de 1950, conhecidas como seu corpo está em um determinado intervalo
diferentes meios materiais, inclusive o vácuo. o foco não é necessariamente a criação de Superfícies, desestabilizam a percepção a de tempo. Deste modo, a obra adquire tam-
O fenômeno das ondas eletromagnéticas é uma composição luminosa, mas a visualização partir de uma relação direta com o olho, bém uma dimensão de tempo ao considerar
responsável, entre outras coisas, pelo que so- do potencial de variação da imagem. O que principalmente no que tange à visão peri- o movimento de seu próprio mecanismo em
mos capazes de ver. As fontes de luz primá- é visto pelo espectador resulta de diversos férica. No caso dos trabalhos com luzes em consonância com a duração da experiência
rias, ou seja, aquelas que emitem luz própria elementos organizados a partir de uma es- grande escala, a desestabilização acontece do corpo no espaço.
(como o Sol, lâmpadas, fogo etc.), incidem trutura fixa que permite variações, mudanças a partir de uma relação com o corpo como
sobre corpos que não têm luz e combinações imprevistas. um todo. Da combinação entre o conjunto de O observador torna-se, também, parte da
própria, chamados de fontes O FOCO NÃO É Nesse sentido, pode-se fa- condições básicas da instalação, os fenôme- instalação devido ao fato de que a presença
secundárias, mas que por suas NECESSARIAMENTE lar de uma constante cons- nos luminosos do acaso e o deslocamento do de seu corpo, funcionando como anteparo
características físicas têm a ca- A CRIAÇÃO DE UMA trução e desconstrução de corpo do observador, bem como os pontos opaco, altera o jogo de luzes e reflexos. As
pacidade de refletir a luz, que COMPOSIÇÃO LUMINOSA, materialidade. Por um lado, nos quais o seu olhar se foca, surge uma si- variações imagéticas incidem sobre o ob-
chega ao olho humano reve- MAS A VISUALIZAÇÃO a dança de luzes e reflexos tuação de mudanças numerosas e aceleradas servador, que torna-se parte do espetáculo
lando cores, texturas e formas. DO POTENCIAL DE materializa questões intan- que dissolvem, deformam e recriam o espaço vivenciado por outros espectadores. Assim,
VARIAÇÃO DA IMAGEM. gíveis, como a instabilidade continuamente, evidenciando a sensação de a imagem percebida – sujeita às indetermi-
Le Parc experimentou a inci- e a própria luz. Por outro, a desestabilização, movimento e indetermina- nações da obra, do espaço e da participação
dência de luz a partir de diversas combina- presença da obra perde sua materialidade ao ção (veja a imagem Luz vertical visualizada, dos espectadores – nunca se repete, fazendo
ções, disposições e propriedades de propaga- se diluir no ambiente. A ênfase não é, por- 1978). A mudança constante das luzes no com que seja mais um evento do que uma
ção em diferentes meios, como feixes de luz tanto, a construção física desenvolvida pelo ambiente cria uma vibração visual que incide estrutura delimitada.
em contato com partículas, cores, retículas, artista, e sim as contingências ambientais. diretamente sobre o corpo e a experiência do
fumaça, materiais reflexivos e outras possibi- Além disso, o procedimento mecânico ado- espectador. Quando está diante das instala-
lidades. Na obra Contínuo-móbile (1962/96), tado por Le Parc lança mão de estruturas sim- ções que refletem luzes no espaço, seu corpo
pedaços de acrílico transparente estão pre- ples. Uma sutil vibração imposta sobre peças torna-se mais uma peça do fenômeno visual.
sos por fios de nylon a uma peça de madeira de material reflexivo sujeitas à incidência de Não há dentro e fora. O ambiente imersivo e
suspensa no teto. Os pedaços de acrílico se luzes tem a capacidade de criar fenômenos instável convoca a presença física do corpo
movem de acordo com as correntes de ar, visuais de grande impacto. em sua totalidade. O observador, rodeado
refratando e refletindo as luzes artificiais. A por estímulos visuais e uma sucessão de ima-
ambiência escura do espaço onde a obra é gens possíveis, é colocado no centro do fenô-
instalada enfatiza sua presença luminosa. meno visual. Tudo o que ele pode visualizar e
vivenciar na instalação tem como referência
os pontos de vista experimentados pelo des-
Ação 25
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

“A proposta que apresentamos


aqui é uma tentativa cujo propó-
sito final é libertar as pessoas de
sua dependência – passividade –
e de suas atividades de lazer ge-
ralmente individuais e envolvê-las
em uma atividade que desperte
suas qualidades positivas, em um
clima de comunicação e interação.”

GRAV Quando pensamos em arte política, geral-


Proposição para
mente vem à cabeça a produção que aborda
um lugar de ativa-
ção, 1963 diretamente o contexto político. A atuação
política de Julio Le Parc se dá de modo dis-
tinto, muito mais alinhado à ação e às trans-
formações sociais que a arte engendra do que
a um posicionamento discursivo presente na
obra. Ainda assim, é notório o engajamento
político do artista em relação a diversos
contextos, como os conflitos de Maio de 68
(França), o boicote à 10ª Bienal de São Paulo
e o combate às ditaduras latino-americanas.
27
AÇÃO JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Para Le Parc, o sistema tradicional da arte Na década de 1960, Le Parc começou a de- À frente da estrutura estão alguns botões que Outros experimentos semelhantes foram rea-
constitui-se de uma estrutura determi- senvolver uma série de trabalhos diretamente ativam motores e movimentam as bolas de lizados por Julio Le Parc: bancos com molas
nada: a fruição depende de um repertório vinculados à ação do espectador, chamados de pingue-pongue dentro das caixas. É possível que se aproximam do chão quando alguém se
previamente adquirido sobre história da Jogos, que só tinham valor e despertavam inte- apertar um botão de cada vez ou todos ao senta, espelhos distorcidos e vibratórios que
arte e de um conteúdo simbólico espe- resse se eram de fato ativados pelo público. As mesmo tempo, ficando a decisão a cargo de criam novas experiências com o entorno, ócu-
cífico que pertence a uma situações criadas pelo artista quem a executa. los que alteram a visão e mediam a relação
minoria. Assim, as obras são O ESPECTADOR eram as mais variadas pos- com o espaço, chãos instáveis etc. Os jogos
produzidas e consumidas por NÃO PRECISA DE síveis. No trabalho 3 Jogos Ainda que seja um sistema fechado, a parti- constituem-se de estruturas que convocam
um espectador hipotético UM CONHECIMENTO com bolas de pingue-pon- cipação não se limita ao acionamento do bo- a participação do espectador em diversos
cujas características já estão PRÉVIO SOBRE A OBRA gue (1965), dezenas de bolas tão, visto que a movimentação das bolas gera níveis, desde a investigação do mecanismo
fortemente delineadas por E A LÓGICA SUBJACENTE de pingue-pongue estão den- reações e comportamentos imprevistos. Por de ativação e a decisão de participar até a ex-
uma cultura política, ou seja, DA HISTÓRIA DA tro de três caixas tampadas mais que as bolas estejam em espaço restrito, periência que acontece a partir da desestabi-
a experiência com a obra de ARTE. O QUE DEFINE por vidros. Uma delas tem a o modo como vão se mover é essencialmente lização e reinvenção da presença do corpo no
arte está tão definida quanto A CONSTRUÇÃO DE forma de um quadrilátero e aleatório. Além disso, dispensa instruções ambiente, como no caso dos chãos instáveis.
os significados a ela impostos SIGNIFICADOS É A encontra-se na posição ho- verbais ou escritas para o seu funcionamento:
pelos discursos legitimados. PROVOCAÇÃO E A AÇÃO. rizontal, paralela ao chão. As o espectador-participador se arrisca e des-
No texto Guerrilha Cultural?, outras duas, um círculo e um cobre como utilizá-la. O trabalho do artista,
de 1968, Le Parc afirma que esse sistema retângulo, estão na posição vertical, afixadas à assim, consiste em criar mecanismos, prever
contribui para a manutenção das relações parede que também sustenta a primeira caixa. condições mínimas de uso e deixar que se de-
entre dominantes e dominados e, conse- senvolvam a partir da atuação dos públicos.
quentemente, reforça a dependência e a
passividade da maioria das pessoas.
29
AÇÃO JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Um aspecto crucial dos jogos é a ideia de A obra ativada por meio da participação do Deste modo, o espectador não precisa de um
coletividade. As primeiras experiências fo- espectador tem duas implicações principais. conhecimento prévio sobre a obra e a lógica
ram realizadas nos chamados Labirintos, ex- Primeiramente, o questionamento acerca do subjacente da história da arte.
posições desenvolvidas coletivamente pelo formato tradicional da obra de arte resulta O que define a construção de A ATUAÇÃO POLÍTICA
Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV) e diretamente em sua dissolução, visto que os significados é a provocação SE DÁ DE MODO
que continham uma sucessão de instalações jogos só existem plenamente quando estão e a ação. Para Le Parc, esse DISTINTO, MUITO MAIS
cuja ênfase estava nas ideias de instabilidade sendo manipulados pelas pessoas. Em se- processo carrega a potên- ALINHADO À AÇÃO E
e participação. Tais estruturas inseridas em gundo lugar, essa participação ativa é o que cia de questionamento dos ÀS TRANSFORMAÇÕES
espaços compartilhados necessariamente define a construção do significado da obra. códigos tradicionais da frui- SOCIAIS QUE A ARTE
definem comportamentos coletivos: um in- Ou seja, tal significado não está mais em suas ção artística e das relações ENGENDRA DO QUE A
divíduo pode se relacionar com a obra em especificidades materiais e técnicas, e sim sociais, ambas pautadas na UM POSICIONAMENTO
parceria com outros indivíduos e pode, tam- nos comportamentos por ela definidos. dominação e na passividade. DISCURSIVO PRESENTE
bém, tornar-se parte do espetáculo ao acio- O estímulo ao surgimento de NA OBRA.
nar mecanismos que geram situações visuais um novo tipo de espectador
vivenciadas por todos que estão no entorno. – sujeito ativo que toma decisões e interfere
Trata-se, então, da criação de uma situação nas estruturas com as quais tem contato – é,
coletiva que reúne de diversas formas as também, um estímulo para que a realidade
ações particulares. social seja transformada.
Propostas de 31
JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Atividades
Dispositivos de A percepção constitui o ato ou o efeito de Para esta atividade vocês precisarão Construa com os alunos seus próprios

PROPOSTA 2
PROPOSTA 1
perceber coisas. Relaciona-se tanto ao mo- de pequenos espelhos. Recomenda- óculos de alteração da visão. Vocês
alteração da mento em que nos damos conta da presença
de determinado objeto no ambiente quanto
-se o uso daquele espelho comum
com moldura de plástico, que pode
podem utilizar um modelo de óculos
3D descartáveis ou inventar outras
percepção aos processos mentais desencadeados por
ele, como nossas conclusões sobre sua mate-
ser retirada para potencializar a visão.
Nesse caso, é importante colocar fita
possibilidades. Por exemplo, é pos-
sível construir um dispositivo que te-
rialidade, cor, tamanho, função, proximidade adesiva sobre as laterais do espelho nha uma moldura feita com material
com outros objetos e infinitas relações possí- para evitar que alguém se machuque. Colo- rígido, como papéis mais grossos, e que na
veis. Ou seja, a percepção pode ser entendida que o espelho na posição horizontal, com parte central tenha uma abertura para a in-
como aquilo que se conhece ou percebe por a superfície reflexiva virada para cima, en- serção do filtro ou lente. A abertura central
meio da experiência. Na década de 1960 Le costado no nariz, logo abaixo dos olhos. Ca- pode ter um recorte, uma espécie de visor,
Parc criou dispositivos que alteravam a per- minhe observando o ambiente através do que permita posicionar apenas um olho ou
cepção utilizando, entre outros materiais, espelho, deixe que ele seja um dispositivo os dois, de diversos formatos. O modelo a ser
óculos e espelhos. Os óculos são dispositivos orientador do trajeto. Já que a posição do es- utilizado fica a gosto de cada um. Antes de
inseridos entre os olhos e o mundo. São co- pelho vai privilegiar a visão de elementos que construir o dispositivo, experimentem cole-
mumente utilizados para corrigir problemas estão no alto, é importante evitar áreas que tivamente os diversos filtros possíveis. Vocês
de visão ou atenuar luzes intensas que inci- tenham degraus ou muitos obstáculos. É pos- podem utilizar papel celofane, tule ou outros
dem sobre os olhos. No entanto, podem tam- sível fazer a experiência com o espelho em tecidos translúcidos, plásticos de diferentes
bém carregar outras funções. Os óculos 3D, outras partes do rosto, como acima da testa, tipos, papéis furados e o que mais puderem
por exemplo, possibilitam uma experiência na bochecha ou na frente dos olhos, funcio- inventar. Depois de prontos, caminhem pela
de visão de imagens em duas dimensões com nando como uma espécie de retrovisor. Vocês sala ou pela escola com os óculos e observem
a ilusão de profundidade das imagens em três podem experimentar, também, encapar os as mudanças de percepção que eles propor-
dimensões. Os espelhos, além de possuírem espelhos com papel celofane de diferentes cionam. Sugira que seus alunos troquem os
a função básica de reflexão das imagens que cores, desenhar ou escrever sobre eles. óculos com os colegas para experimentarem
estão à sua frente, constituem potentes ferra- novas visões. Os óculos podem ser utilizados,
mentas de distorção da percepção, podendo também, para registrar imagens. Sugira que
alterar as formas rígidas do mundo. Tais fe- seus alunos coloquem os filtros na frente da
nômenos podem ser explicados pela física, câmera e façam fotografias. Se for o caso,
como as distorções que acontecem em es- proponha que o grupo crie uma ou mais
pelhos côncavos e convexos ou a visualização hashtags para postar os resultados em redes
do espaço que um espelho plano colocado sociais, pedindo que observem as legendas
em determinado ângulo pode permitir. escolhidas, os filtros aplicados e as reações
de seus interlocutores virtuais.
33
PROPOSTAS DE ATIVIDADES JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Pesquisando as Um pesquisador, num sentido amplo, pode ser Converse com seus alunos sobre fontes Divida seus alunos em pequenos gru-

PROPOSTA 2
PROPOSTA 1
visto como um indivíduo cuja atenção é agu- de luz primárias e secundárias. Para a pos e oriente-os a procurarem diferen-
pequenas coisas çada para os fenômenos do mundo em busca
da construção de conhecimento e significados.
conversa, utilize lanternas e materiais
que refletem luz, como papel laminado,
tes tons de uma mesma cor. Por exem-
plo, um grupo procurará os vermelhos,
Assim, cada detalhe é importante para a cria- papel alumínio, plásticos etc. Vocês outro grupo procurará os azuis, outro,
ção de novas possibilidades de relação. Julio Le podem experimentar o fenômeno da os amarelos e assim por diante. De-
Parc foi um incansável pesquisador de formas, refração utilizando lanternas e garra- finam juntos o número de tons que
cores, luzes e movimentos. No decorrer de sua fas de plástico com água. Observem como os devem ser buscados de acordo com o tempo
carreira olhou com atenção para cada um des- raios de luz são modificados pelos materiais e disponível e a maneira como vão organizar a
ses elementos e a partir deles construiu objetos, criam fenômenos visuais no entorno. Depois, atividade. Peça para que cada grupo faça um
máquinas e imagens que estimulam a percep- convide seus alunos para uma busca de luzes mapa com a localização dos tons encontrados.
ção e a relação ativa entre espectador e obra. e reflexos em lugares específicos da escola, Estimule-os a inventarem juntos um sistema de
A investigação das coisas simples e pequenas como o banheiro, a sala de aula, a biblioteca, o catalogação e registro. Por exemplo, é possí-
do cotidiano pode trazer muitas surpresas. refeitório etc. Divida-os em pequenos grupos. vel construir um mapa que reproduza a planta
Além de estimular a percepção daquilo ao qual Cada grupo será orientado a buscar as luzes e da escola, um mapa que leve aos tons a partir
normalmente não damos atenção, permite a reflexos em um lugar específico, diferente dos da indicação de número de passos ou outras
apreensão de suas particularidades e detalhes outros grupos. Marquem os reflexos com fita alternativas. Depois, sugira que os alunos tro-
que em outras situações passariam desperce- adesiva e, depois, tentem desenhá-los. Voltem quem os mapas e façam um passeio coletivo
bidos. Investigar o ambiente estimula uma per- aos lugares em outros momentos do dia e ten- em busca dos tons catalogados por outros
cepção mais apurada das coisas e, portanto, da tem desenhá-los novamente. grupos. Convidem alunos de outras turmas e
potência que elas têm de desencadear outros funcionários da escola para a visita aos tons.
processos de cognição e percepção. Vocês também podem fazer um mapa com um
circuito de sons da escola. Definam um sistema
de diferenças: sons graves e agudos, baixos
e altos, rápidos e lentos, constantes e incons-
tantes, por exemplo. É possível fazer o mesmo
com os cheiros, as texturas, as temperaturas e
outros elementos do ambiente.
35
PROPOSTAS DE ATIVIDADES JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Criação de novos Às vezes uma simples alteração do espaço Converse com seus alunos sobre as Convide seus alunos a observarem

PROPOSTA 2
PROPOSTA 1
provoca significativas mudanças de compor- possibilidades de intervenção no es- durante uma semana o modo como
comportamentos tamento. Observe, por exemplo, o que acon-
tece quando você muda um móvel de lugar,
paço da sala de aula. Imaginem, juntos,
o que aconteceria se o ambiente fosse
as pessoas se deslocam pelo espaço
da escola, em quais lugares passam
pendura um quadro na parede ou faz uma de outra cor, se os móveis fossem mu- mais tempo e o que costumam fazer.
arrumação em sua casa. Ainda que a maneira dados de lugar, se o chão se movimen- A partir disso, conversem sobre inter-
de se locomover no espaço permaneça prati- tasse etc. A partir da investigação so- venções que possam alterar as dinâ-
camente a mesma, algo muda no âmbito da bre as fontes de luz, os reflexos, os trajetos micas de uso do espaço e o comportamento
sensação. Isso acontece porque há uma alte- feitos pelos alunos no espaço e as atividades das pessoas. Divida os alunos em grupos de
ração de um ambiente conhecido e familiar. Do que são desenvolvidas, imaginem maneiras de trabalho e peça para que cada um reúna ideias
mesmo modo, a diferença entre dias nublados alterar o espaço. Vocês podem, por exemplo, e materiais. Vocês podem usar fitas adesivas
ou ensolarados e como as luzes naturais inci- trocar a cor da sala utilizando papéis celofane coloridas, papéis, tecidos, linhas e cordas, fo-
dem sobre os espaços que ocupamos podem nas lâmpadas, espelhos com lanternas, papéis lhas secas e o que mais tiverem nas mãos. A
alterar nosso humor e nossos desejos. Julio Le e tecidos coloridos colocados nas paredes ou partir desses materiais, escolham um ou mais
Parc investigou esses mecanismos de alteração janelas. Os objetos dos alunos, separados se- lugares e façam intervenções que causem
da realidade visível e criou muitas instalações gundo suas cores ou materiais, podem ajudar mudanças de comportamento e criem afetos.
com luzes e reflexos que mudam a noção de nessa reconstrução do ambiente. Observem Por exemplo, vocês podem desenhar linhas no
espaço e a maneira de enxergar os fenômenos como essas intervenções podem ampliar, en- chão que definam outro tipo de deslocamento;
visuais, colocando o espectador numa situação colher ou multiplicar o espaço. Experimentem, espalhar instruções de jogos pela escola; pre-
de imersão e envolvimento. De modo parecido, também, mudar o ambiente com sons e chei- gar na parede um papel em branco junto com
criou também jogos baseados em mecanismos ros diferentes. Conversem sobre como as alte- uma caneta; dividir o espaço em várias par-
relativamente simples que inauguraram com- rações provocaram novas relações com a sala, tes utilizando linhas ou cordas; criar e instalar
portamentos individuais e coletivos. Muitas a partir do compartilhamento de sensações e móbiles pelos corredores; colocar garrafas
coisas imprevistas podem acontecer quando comportamentos. plásticas com água na frente das fontes de
inserimos elementos na realidade, alterando-a luz; mudar cadeiras e bancos de lugar etc. A
de modo sutil ou intenso. ideia é que vocês transformem a escola em
uma grande instalação onde é possível pro-
por alterações na percepção, na realidade e
no comportamento.

Vocês podem utilizar as propostas de ativida-


des Dispositivos de alteração da percepção e
Pesquisando as pequenas coisas na constru-
ção dessa instalação.
Bibliografia 37
Sugerida
A P
AMARAL, Aracy (org.). PARC, Julio Le.
Projeto Construtivo Brasileiro na Arte A propósito de: arte como espetáculo,
(1950-1962), 1977. espectador ativo, instabilidade e
AMARAL, Aracy. programação na arte visual, 1962.
Textos do Trópico de Capricórnio – vol. 2. PARC, Julio Le.
Artigos e ensaios (1980 – 2005): Circuitos Desmitificar a arte, 1968.
de arte na América Latina e no Brasil, 2006. PARC, Julio Le.
ARCHER, Michael. Eliminar a palavra “arte”, 1960.
Arte contemporânea: uma história concisa, PARC, Julio Le.
2001. Guerrilha cultural?, 1968.
PARC, Julio Le.
B Interrogações, 1978.
BARROS, Lilian Ried Miller. PARC, Julio Le.
A cor no processo criativo, 2009. O imaterial, 1961.
BOURRIAUD, Nicolas. PARC, Julio Le.
Estética Relacional, 2009. Para um manifesto, 1960.
PEDROSA, Mário.
G Da natureza afetiva da forma na obra de
GAGE, John. arte, 1949.
A cor na arte, 2012.
GRAV.
Proposições sobre o movimento, 1961.

M
MERLEAU-PONTY, Maurice.
O olho e o espírito, 2015.
MORAIS, Frederico.
Reescrevendo a história da arte latino-
americana, 1997.
39
FICHA TÉCNICA JULIO LE PARC DA FORMA
À AÇÃO

Instituto Tomie Ohtake Publicação

Presidente: Coordenação: Divina Prado


Ricardo Ohtake Assistência de conteúdo: Anita Limulja, Bruno Ferrari,
Curadoria: Emol, Felipe Tenório, Jordana Braz, Julia Cavazzini, Lucia
Paulo Miyada (curador) Abreu Machado, Melina Martinho, Nádia Bosquê, Pedro
Produção: Costa e Priscila Menegasso
Vitoria Arruda (diretora) Laboratório de criação: Anita Limulja, Divina Prado,
Administração e Finanças: Fabiane de Morais Oliveira, Isabela Maia, Isadora Borges,
Roberto Souza Leão (diretor executivo) Janice de Piero, Jordana Braz, Lívia Vilas Boas, Marisa
Negócios: Pires, Matheus Bueno Valle Machado, Mirian Caxilé,
Ivan Lourenço (diretor) Renata Silva dos Santos, Thalita Passos e Valéria Prates
Comunicação e Assuntos Institucionais: Textos: Divina Prado
Simone Alvim (coordenadora) Design Gráfico: Margem
Cultura e Participação: Assistência de design: João Pedro Terra
Felipe Arruda (diretor) Revisão: Isabela Maia

Núcleo de Cultura e Participação Exposição:

Direção: Felipe Arruda Julio Le Parc: da forma à ação


Assistência de direção: Fernanda Beraldi Realizada no Instituto Tomie Ohtake
Administração: Maurício Yoneya, de 25 de novembro de 2017
Elisabeth Barboza e Jane Santos a 25 de fevereiro de 2018
Ação e Pesquisa Educativa: Felipe Tenório,
Divina Prado e Melina Martinho
Educadores: Bruno Ferrari, Emol, Jordana Braz, Julia
Cavazzini, Lucia Abreu Machado, Nádia Bosquê, Pedro
Costa e Priscila Menegasso
Estagiários: Aciana Marie Head e Victor Gabriel da Silva
Projetos socioculturais: Luis Soares, Bruno Perê, Claudio
Rubino, Fernanda Castilhos, Isadora Brito, Isadora
Mellado, Kellen Nascimento, Leonardo Bernardo, Maiara
Paiva, Matias Monteiro, Misael Prado e Victor Santos
Prêmio de Arquitetura
Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel:
Ágata Rodriguez e Beatriz Ribas
Prêmio Territórios Educativos:
Natame Diniz
Prêmio EDP nas Artes:
Maya Guizzo
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Esfera
azul

Esfera azul
Plástico, aço e nylon Cortesia
Galeria Nara Roesler
Sphère bleue Blue Sphere Foto: Everton Ballardin
2001/03 Plastic, steel, © Le Parc, Julio/AUTVIS,
ø 430 cm and nylon Brasil, 2017
Instabili-
dade
visual

Instabilidade visual
Acrílica sobre tela
Instabilité visuelle © Le Parc, Julio/
1959/70 Visual Instability AUTVIS, Brasil,
200 × 200 cm Acrylic on canvas 2017
Série
14E-13
12-7

Série 14E-13, 12-7


Acrílica sobre tela Coleção Bartunek
Série 14E-13, 12-7 Foto: Everton Ballardin
1971 Series 14E-13, 12-7 © Le Parc, Julio/AUTVIS,
171 × 171 × 3 cm Acrylic on canvas Brasil, 2017
Luz
vertical
visualizada
Luz vertical
visualizada
Madeira pintada,
cortinas de malha,
espelhos, metal,
luz e motor
Lumière verticale
visualisée Visualizedvertical light Adrian Fritschi
1978 Painted wood, net © Daros Latinamerica
Dimensões variáveis curtains, mirrors, Collection, Zürich/©
Variable dimensions metal, light, and motor AUTVIS
Série
39
No.
1-8

Série 39 No. 1-8


Acrílica sobre tela
Série 39 No. 1-8 © Le Parc, Julio/
1971 Series 39 No. 1-8 AUTVIS, Brasil,
171 × 171 × 3 cm Acrylic on canvas 2017
3 Jogos
com
bolas
de ping-
-pong
3 Jogos com bolas de
pingue-pongue
Madeira pintada,
alumínio, acrílico,
2 bolas brancas de
pingue-pongue e
motor

3 Jeux avec 3 Games with Ping-


balles de pong Balls
ping-pong Painted wood,
1965 aluminum, Plexiglas, 2 © Le Parc, Julio/
Dimensões variáveis white ping-pong balls AUTVIS, Brasil,
Variable dimensions and motor 2017
Insta-
bilidade

Instabilidade
Acrílica sobre tela
Instabilité © Le Parc, Julio/
1959/91 Instability AUTVIS, Brasil,
200 × 200 cm Acrylic on canvas 2017
Alquimia
218

Alquimia 218
Alchimie 218 Acrílica sobre tela
1996 © Le Parc, Julio/
200 × 200 cm cada Alchemy 218 AUTVIS, Brasil,
200 × 600 cm total Acrylic on canvas 2017
Contínuo
-móbile

Contínuo-móbile
Acrílico, madeira pintada e Adrian Fritschi
correntes de metal © Daros
Continuel-mobile Latinamerica
1962/96 Continuous-mobile Collection,
150 × 150 × 150 cm Plexiglas, painted Wood and steel Zürich/© AUTVIS
Projeto
cor
No.
4

Projeto cor No. 4 Foto: Georges


Guache sobre papel Poncet
Projet couleur N°4 © Le Parc, Julio/
1959 Color Project No. 4 AUTVIS, Brasil,
22 × 17 cm Gouache on paper 2017
No.
13
Rotação
de
qua-
drados
No. 13, Rotação de
quadrados
Nanquim sobre cartão Foto: Georges
No. 13, Rotation Poncet
des carrés No. 13, Rotation of © Le Parc, Julio/
1959 Squares AUTVIS, Brasil,
29 × 29 cm Ink on cardboard 2017
No.1
Sequências
de Movimentos
de Translação

No. 1, Séquences de Foto:


mouvements No. 1, Sequências No. 1, Sequences Georges Poncet
de translation de Movimentos of Translational © Le Parc, Julio/
1959 de Translação Movements AUTVIS, Brasil,
10,5 × 64 cm Guache sobre cartão Gouache on cardboard 2017
No.15
Sete
Sequências
de Translação

No. 15, Sept Foto:


séquences de No. 15, Sete No. 15, Seven Georges Poncet
translation sequências de Translational © Le Parc, Julio/
1959 translação Sequences AUTVIS, Brasil,
10,6 × 64 cm Guache sobre cartão Gouache on cardboard 2017
No.16
Sete
Sequências
de Superposição

No. 16, Sept Foto:


séquences de No. 16, Sete No. 16, Seven Georges Poncet
superposition sequências de Sequences of © Le Parc, Julio/
1959 superposição Superposition AUTVIS, Brasil,
10,6 × 64 cm Guache sobre cartão Gouache on cardboard 2017

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