Sunteți pe pagina 1din 3

A democracia é uma forma de governar que está sempre em crise.

Essa realidade é
incontestável, seja pelos apaixonados pela democracia ou por seus inimigos; mas, ainda assim,
a existência de crises não faz da democracia uma forma de governo impraticável e, além disso,
a maioria dos brasileiros concorda que a democracia, ainda que seja um sistema imperfeito, é a
melhor forma de se governar uma nação. É exatamente em uma destas crises que se encontra,
atualmente, a democracia brasileira: uma crise dramática, complexa e confusa; e cabe a nós,
cidadãos brasileiros e com fé nesse sistema imperfeito e tão necessário, entender e superar as
crises democráticas.

Exatamente por isso fomos convidados pelo Brasil de Fato para tentar explicar uma das
questões mais importantes do atual contexto político brasileiro: as consequências político-
eleitorais da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, atenção! Esta notícia não irá discutir o
julgamento e a condenação do ex-presidente (para isso indico o seguinte conjunto de
reportagens: XXXXXXXXX), mas sim tratar dos possíveis efeitos desta prisão nas eleições de 2018.

Pois bem, feitas as introduções, passemos ao tema. Como todos sabem, Lula está preso
em uma cela da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Sua prisão percorreu um longo
e conturbado processo, que resolvemos expor da seguinte forma em uma linha temporal:

12/07/2017 – CONDENAÇÃO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA: No dia 12 de julho de 2017 Lula


foi condenado pelo Juiz da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba (Sérgio Moro) a 9
anos e 6 meses e 185 dias multa (em torno de 700 mil reais) pelos crimes de lavagem de dinheiro,
ocultação de patrimônio e corrupção passiva. Contudo, esta condenação (chamada de
condenação em primeira instância, por ser o primeiro julgamento sobre o caso) permitia recurso
e não era suficiente para encarcerar o ex-presidente.

24/01/2018 – CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA: Cerca de seis meses depois, no


dia 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em tempo recorde, proferiu
uma decisão colegiada (ou seja, uma decisão tomada por mais de um juiz) não só confirmando
a prisão de Lula, como aumentando sua pena para 12 anos e 1 mês de reclusão além de 280
dias-multa (em torno de 1 milhão de reais).

27/03/2018 – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Contra esta decisão a defesa de Lula


entrou com recursos no próprio tribunal (os chamados embargos de declaração) que foram
acolhidos em parte, no dia 27 de março de 2018, mas não modificaram em quase nada a
sentença proferida pelo TRF.

04/04/2018 – HABEAS CORPUS: Finalizada a possibilidade de recursos no TRF cabia à


defesa de Lula aguardar pelo julgamento de um habeas corpus (uma ferramenta processual para
pedir a liberdade de alguém preso de maneira ilegal) impetrado no Supremo Tribunal Federal
no dia 02 de fevereiro de 2018. O habeas corpus foi negado pelo STF no dia 04 de abril de 2018
em uma sessão plenária extremamente polêmica em uma votação apertada de 6 votos contra e
5 a favor da liberação do ex-presidente.

07/04/2018 – PRISÃO DE LULA: Uma vez negado o habeas corpus e por existir o
entendimento de que um cidadão pode ser preso depois de condenado em segunda instância
(para entender, leia: XXXXX), o TRF pôde, então, ordenar a prisão do ex-presidente, o que foi
feito na data de 05 de abril de 2018 e cumprido no dia 07 de abril de 2018, em meio a famosa
resistência que ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista.
22/06/2018 – RECURSOS AO STJ E STF: Uma vez preso, cabia à defesa de Lula aguardar
pelo julgamento dos próximos recursos possíveis: o Recurso Especial (que é julgado pelo
Superior Tribunal de Justiça) e o Recurso Extraordinário (que é julgado pelo Supremo Tribunal
Federal). No dia 22 de junho o Recurso Especial foi admitido (ou seja, o TRF4 decidiu que era
cabível o recurso ao STJ), mas o Recurso Extraordinário não (em outra palavras, o TRF4 decidiu
que não havia possibilidade de recurso ao STF).

Pois bem. Lula foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (um órgão colegiado, ou
seja, composto por mais de um juiz – lembrem-se disso) e agora está buscando reverter esta
decisão em outros tribunais (STJ e STF). Acontece que, em 2010, surgiu a famosa “Lei da Ficha
Limpa” (LC nº 135/2010) que, dentre muitos de seus artigos, dispõe que “são inelegíveis” (ou
seja, não podem ser eleitos) “os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos
após o cumprimento da pena, pelos crimes [...] contra a economia popular, a fé pública, a
administração pública e o patrimônio público; [...] de lavagem ou ocultação de bens, direitos e
valores”. Percebam que o trecho em sublinhado e itálico deste parágrafo é quase a soma dos
trechos em sublinhado e itálico da linha do tempo que fizemos anteriormente. Isso serve para
demonstrar o seguinte: hoje o ex-presidente é considerado inelegível e pode ser impedido de
concorrer às eleições presidenciais de 2018.

Mas a questão não é tão simples. Ainda que HOJE a inelegibilidade de Lula seja uma
verdade, essa verdade não é permanente nem absoluta. Como já foi explicado acima, a defesa
de Lula ainda está batalhando pela absolvição do ex-presidente e existem ainda duas instâncias
onde isso pode acontecer. O problema é que, mesmo existindo a possibilidade de ser declarado
inocente, a absolvição de Lula teria de ocorrer antes do início das eleições, ou melhor, antes de
julgada uma eventual (e provável) impugnação à sua candidatura. Mas não é só. Além da
absolvição, o que indicaria que o ex-presidente foi inocentado das condutas que lhe imputam,
há ainda a possibilidade de disputa das eleições mesmo na pendência do julgamento dos
Recursos Especial e Extraordinário. O que acontece é que a defesa do ex-presidente pode
ingressar com uma Ação Cautelar tanto no STJ quanto no STF requerendo a suspensão dos
efeitos da inelegibilidade. Assim, ainda que Lula não seja declarado inocente até eventual
impugnação à sua candidatura, há essa real possibilidade de suspensão liminar da sua
inelegibilidade. É importante destacarmos que não é uma decisão fácil de se conseguir; ainda
assim, também é igualmente relevante destacar que há alguns casos em que tal decisão foi
concedida e as inelegibilidades foram suspensas. Não seria uma novidade e é um caso já
enfrentado pelo TSE algumas vezes.

Complicou demais? Calma que é mais fácil do que parece. Para que alguém seja
candidato à presidência é preciso obedecer certos procedimentos. Dentre estes procedimentos
o que define se um cidadão poderá ser candidato são os chamados REGISTROS DE
CANDIDATURA. Funciona mais ou menos assim: o cidadão leva para a Justiça Eleitoral os
documentos necessários para ser candidato e, caso todos os documentos estejam corretos, ele
tem seu registro confirmado (ou, em termos técnicos, o registro é deferido). Acontece que,
muitas vezes, ainda que o cidadão tenha a documentação toda em ordem, ele pode ter
pendências com a Justiça Eleitoral que o faça, por exemplo, INELEGÍVEL (como no caso de Lula).
Quando isso acontece podem ser oferecidas impugnações ao registro de candidatura que, caso
sejam julgadas procedentes, impedem o cidadão de ser candidato, retirando-o das eleições.
Sendo assim, relembremos: Lula pode ser considerado, hoje, inelegível. Ainda assim, o
ex-presidente pode ter sucesso em algum dos recursos que não foram julgados e, se isso
acontecer antes do início das eleições, poderá participar das eleições de 2018 sem problemas.
Caso isso não ocorra, ele ainda poderá ter seu nome escolhido pelo Partido dos Trabalhadores
como candidato à presidência e, consequentemente, poderá registrar sua candidatura e iniciar
sua campanha presidencial enquanto seu registro não seja cassado pela Justiça Eleitoral (art. 16-
A da lei 9.504/97).

Com certeza, nesse momento, o leitor deve estar se perguntando: mas e se a


impugnação ao registro de Lula não for decidida até o dia das eleições? Ele poderá ser eleito?
Nesse caso, se no dia da eleição a impugnação ao registro de Lula ainda não tiver decisão final,
os eleitores poderão votar no ex-presidente, mas estes votos só terão validade se sua
candidatura for confirmada pela Justiça Eleitoral (parágrafo único do art. 16-A da lei 9.504/97).
Em resumo: pode ser que Lula seja candidato e pode até ser possível votar nele, entretanto, se
a Justiça Eleitoral não confirmar o seu registro de candidatura, ainda que os eleitores votem no
ex-presidente, os votos serão considerados nulos.

Depois de toda essa conversa sobre Direito Eleitoral, fica mais fácil entender porque o
recurso que seria julgado pelo STF na terça-feira do dia 26 de junho de 2018 é tão importante.
O primeiro motivo é que este recurso pode libertar o ex-presidente, acabando com o cárcere
que já dura cerca de três meses. O segundo motivo é que, caso ele seja libertado e inocentado
(duas coisas distintas e que vocês podem diferenciar aqui) pelo STF antes do início das eleições,
Lula poderá concorrer sem nenhuma obstrução legal.

Ou seja: Lula é hoje inelegível, mas tudo pode mudar a depender do julgamento dos
recursos contra a decisão do TRF e de uma possível decisão liminar permitindo que suspenda
sua inelegibilidade. Caso seja inocentado ou tenha sua inelegibilidade suspensa antes do registro
de candidatura ser cassado, o ex-presidente poderá fazer campanha e ser eleito. Caso contrário
o ex-presidente será considerado inelegível e terá sua candidatura cassada, não podendo
concorrer às eleições.

Depois de toda essa explicação, vale à pena deixar um questionamento: a despeito de


partidos e de líderes políticos, é minimamente razoável uma legislação que possibilite a disputa
eleitoral acontecer nesse nível de insegurança? Será que esta ordem institucional instável serve
ao bom funcionamento de nossa democracia? Nos parece ser negativa a resposta. Não há
dúvidas de que a corrupção é, também, um problema gigantesco à democracia e que se faz
necessário combater; mas esse apelo não pode servir como justificativa para outros atos
igualmente danosos, especialmente quando ofendem frontalmente a nossa Constituição
Republicana.

S-ar putea să vă placă și