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GLOBAL
Matriz do teste de avaliação modelo IAVE – Sequência 1
Teste n.° 1 – Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
Domínios – Educação Literária; Leitura / Gramática; Escrita
Perguntas/
Objetivos Conteúdos Estrutura e Percentagem (%)
cotação
Educação Literária Parte A Parte A A.
Ler e interpretar textos Texto literário: 3 itens de resposta 1. 20 pontos
literários (EL11; 14) excerto de «Sermão curta 2. 20 pontos
de Santo António» 3. 20 pontos
Grupo I
Parte B 50% Parte B B.
PRODUÇÃO ORAL E
Texto literário: 2 itens de resposta 4. 20 pontos
excerto de curta 5. 20 pontos
Os Lusíadas,
ESCRITA
de Camões Total – 100 pontos
«A ABÓBADA»
Gramática a) Ponto 2.1 Grupo II
2.1 5 pontos
a) Reconhecer a forma como b) Texto e textualidade 20%
2.2 5 pontos
se constrói a textualidade – coesão textual
2.3 5 pontos
(G11; 18) b) Pontos 2.1 e 2.2 do
programa (retoma 3 itens de resposta
10.0 ano) – sintaxe: restrita
b) Construir um
conhecimento reflexivo funções sintáticas e
sobre a estrutura e o uso a frase complexa:
do português (G11; 17) coordenação e
Total – 40 pontos
subordinação
Escrita
a) Planificar a escrita de textos a) Planificação SOLUÇÕES
(E10; 10)
b) Escrever textos de b) Texto expositivo
diferentes géneros e 1 item de resposta
Grupo III Item
finalidades (E10; 11) extensa
30% único 60 pontos
c) Redigir textos com (200 a 300 palavras)
coerência e correção c) Redação /
linguística (E10; 12) textualização
d) Rever os textos escritos
(E10; 13) d) Revisão
TRANSCRIÇÕES
Teste de avaliação
2 Sequência 1
Nome Turma Data
TESTES
A
Lê o texto.
- Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão Polvo, contra
- o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que São Basílio, e Santo Ambrósio. O Polvo com
- aquele seu capelo na cabeça parece um Monge, com aqueles seus raios estendidos, parece uma
- Estrela, com aquele não ter osso, nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E
5 debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham
- constantemente os dois grandes Doutores da Igreja Latina, e Grega, que o dito Polvo é o maior
- traidor do mar. Consiste esta traição do Polvo primeiramente em se vestir, ou pintar das mesmas
- cores de todas aquelas cores, a que está pegado. As cores, que no Camaleão são gala, no Polvo são
- malícia; as figuras, que em Proteu1 são fábula, no Polvo são verdade, e artifício. Se está nos limos,
10 faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo; e se está em alguma
- pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que
- sucede? Sucede que outro peixe inocente da traição vai passando desacautelado, e o salteador,
- que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo
- prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais; porque nem fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas
15 outros O prenderam: o Polvo é o que abraça, e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal,
- e o Polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas
- diante: traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O Polvo escurecendo-se a si
- tira a vista aos outros, e a primeira traição, e roubo, que faz, é à luz, para que não distinga as
- cores. Vê, Peixe aleivoso, e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos
20 traidor.
- Oh que excesso tão afrontoso, e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro, e tão
- cristalino como o da Água, espelho natural não só da terra, senão do mesmo Céu. Lá disse o
- Profeta por encarecimento que «nas nuvens do ar até a água é escura»: Tenebrosa aqua in
- nubibus aeris [Sl 17, 12]. E disse nomeadamente «nas nuvens do ar», para atribuir a escuridade ao
25 outro elemento, e não à água, a qual em seu próprio elemento sempre é clara, diáfana, e
- transparente, em que nada se pode ocultar, encobrir, nem dissimular. E que neste mesmo
- elemento se crie, se conserve, e se exercite com tanto dano do bem público um monstro tão
- dissimulado, tão fingido, tão astuto, tão enganoso, e tão conhecidamente traidor?
-
Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in José Eduardo Franco e Pedro Calafate (dir.), Obra completa, tomo II, volume X,
Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 162-163
1 deus do mar que apascentava os animais de Poseidon; podia metamorfosear-se em tudo o que quisesse
1. Explicita a relação entre o ser e o parecer existente no polvo, recorrendo a elementos textuais
pertinentes.
GLOBAL
3. Indica o recurso expressivo presente na sequência dos últimos cinco adjetivos do texto.
B
Lê o texto.
- O recado que trazem é de amigos,
- Mas debaxo o veneno vem coberto,
- Que os pensamentos eram de inimigos,
- Segundo foi o engano descoberto.
5 Oh! Grandes e gravíssimos perigos,
- Oh! Caminho de vida nunca certo,
- Que, aonde a gente põe sua esperança,
- Tenha a vida tão pouca segurança!
PRODUÇÃO ORAL E
10 Tantas vezes a morte apercebida;
- Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
ESCRITA
-
- Onde pode acolher-se um fraco humano,
- Onde terá segura a curta vida,
15 Que não se arme e se indigne o Céu sereno
- Contra um bicho da terra tão pequeno?
Luís de Camões, Os Lusíadas, I, 105 e 106,
Emanuel Paulo Ramos (org.), 3.a edição, Porto, Porto Editora, 1987, p. 98
4. Refere o motivo geral da reflexão levada a cabo por Camões nestas estrofes, justificando.
«A ABÓBADA»
5. Identifica a primeira metáfora que ocorre no texto.
GRUPO II
Lê o texto.
- Boa tarde,
- Queria começar por agradecer ao RUSI1 por ter organizado este evento especial e também
- pelo trabalho – inovador – que tem vindo a desenvolver no sentido de nos ajudar a perceber SOLUÇÕES
- melhor as ligações que existem entre o clima, a energia e a segurança.
5 Houve um momento muito marcante durante o debate sobre segurança climática que teve
- lugar no Conselho de Segurança da ONU, no mês passado. O representante do Gana, L. K.
- Christian, disse que existiam cada vez mais provas de que os pastores nómadas Fulani se estavam
- a armar com metralhadoras sofisticadas. Fazem-no para confrontar as comunidades agrícolas
- locais, que por sua vez estão a ameaçar as suas cabeças de gado. E ofereceu uma explicação para
10 esta tensão que aumenta: as alterações climáticas que estão a fazer com que o deserto do Sara
TRANSCRIÇÕES
- se expanda.
- Ao estabelecer estas ligações entre recursos naturais e o clima, por um lado, e o conflito, por
- outro, não estamos a dizer nada de particularmente novo ou polémico. Eis um trecho do livro
- fundamental de Albert Hourani, Uma história dos povos árabes: «A relação entre os cultivadores
15 e os pastores», escreve, «era frágil. Quando essa relação era fortemente perturbada, não era por
- causa de um estado de guerra permanente entre estes dois tipos de sociedade, mas por outras
- razões: mudanças no clima ou no acesso à água, por exemplo, e desertificação progressiva na
- região do Sara.» Os conflitos baseados em recursos não são novos – são literalmente tão velhos
- como o mundo. Mas temos nas alterações climáticas uma dinâmica nova e potencialmente
TESTES
20 desastrosa.
- A boa notícia é que temos o conhecimento e a capacidade para fazer alguma coisa em relação
- a isto. Os nossos antepassados não compreendiam realmente as mudanças ambientais que lhes
- aconteciam e tinham pouco poder de controlar essas mudanças. Nós percebemo-las e podemos
- controlá-las. A ciência mostrou-nos um processo claramente identificável que está a mudar o
25 nosso clima e o nosso mundo. Podemos prever as consequências dessa mudança e temos os
- meios para tomar medidas para a contrariar.
- A má notícia é a natureza catastrófica e global da ameaça que enfrentamos. Mais uma vez,
- são os países que já estão a viver as consequências de um clima instável que o descrevem
- melhor. Como disse o representante do Congo durante aquele debate do Conselho de Segurança:
30 «Esta não será a primeira vez que as pessoas lutam por terra, água e recursos – mas desta vez
- será a uma escala que faz os conflitos do passado parecerem minúsculos.»
- Foi então essa a motivação por trás da decisão que tomei de usar a nossa presidência do
- Conselho de Segurança para sublinhar a ameaça que o clima instável representa. E é essa a razão
- pela qual fiz da segurança climática uma prioridade no meu primeiro ano enquanto ministra dos
35 Negócios Estrangeiros.
Chris Abbott, 21 discursos que mudaram o mundo, Lisboa, Bertrand Editora, 2011, pp. 182 a 184 (texto adaptado)
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite obter
uma afirmação correta.
1.1 No segundo parágrafo, o exemplo apresentado por L. K. Christian tem como função
(A) culpabilizar «os pastores nómadas Fulani».
(B) desculpabilizar certas «comunidades agrícolas».
(C) ilustrar uma situação de conflito entre comunidades.
(D) comprovar a relação entre alterações climáticas e insegurança.
1.2 A referência ao livro de Albert Hourani (linhas 12 a 16) justifica-se porque ele constitui
(A) uma informação preciosa sobre o passado.
(B) uma advertência para o presente.
(C) um conselho para o futuro.
(D) uma previsão sobre o futuro.
GLOBAL
1.3 A reprodução das palavras do «representante do Congo» (linhas 27 a 29) alertam para
(A) novidade de um desafio.
(B) intensidade de um desafio.
(C) especificidade de um desafio.
(D) possibilidade de um desafio.
PRODUÇÃO ORAL E
1.5 A «decisão» (linha 32) referida no último parágrafo, incide sobre um projeto
(A) a longo prazo.
ESCRITA
(B) prioritário.
(C) a curto prazo.
(D) inadiável.
«A ABÓBADA»
2.2 Indica a função sintática do pronome destacado em «no sentido de nos ajudar» (linha 3).
2.3 Classifica a oração subordinada presente na frase «as mudanças ambientais que lhes
aconteciam» (linhas 22 e 23).
GRUPO III
Um dos grandes problemas do nosso mundo reside na poluição que, sob várias formas, o
contamina, diminuindo a nossa qualidade de vida.
Escreve um texto de natureza expositiva, que tenha entre 200 e 300 palavras, no qual apresentes SOLUÇÕES
objetivamente algumas dessas formas de poluição.
TESTES
Explicita, adequadamente, a relação entre o ser e o parecer existente no polvo
4 12
recorrendo a elementos textuais pertinentes.
Explicita, de modo não totalmente completo ou com pequenas imprecisões, a relação
3 9
entre o ser e o parecer existente no polvo recorrendo a elementos textuais pertinentes.
Explicita, de modo não totalmente completo e com pequenas imprecisões, a relação
2 6
entre o ser e o parecer existente no polvo recorrendo a elementos textuais pertinentes.
Explicita, de modo incompleto e impreciso, a relação entre o ser e o parecer existente no
1 3
polvo recorrendo a elementos textuais pertinentes.
Cenário de resposta:
O polvo parece uma coisa mas é outra. O polvo tem a aparência de ser um animal manso, meigo: «[…] parece a mesma
brandura, a mesma mansidão.» (linha 4). Contudo, sob este aspeto, revela-se, na verdade, um ser que se caracteriza
pela «traição», pois, colocando-se de emboscada, disfarçado, consegue trair as animais que confiadamente se
aproximam.
Pergunta 2 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) 12 pontos
GLOBAL
Cenário de resposta:
A referência a Judas tem como função acentuar a traição do polvo; Judas é comparado com o polvo para se comprovar
que o polvo é um traidor mais refinado do que Judas. Sendo Judas o paradigma da traição, esta comparação revela bem
a imbatível capacidade de trair do polvo.
Pergunta 3 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) 12 pontos
PRODUÇÃO ORAL E
Indica, de modo não totalmente completo e com pequenas imprecisões, o recurso
2 6
expressivo presente na sequência dos últimos cinco adjetivos do texto.
Indica, de modo incompleto e com imprecisões, o recurso expressivo presente na
ESCRITA
1 3
sequência dos últimos cinco adjetivos do texto.
«A ABÓBADA»
Cenário de resposta:
Gradação [ascendente].
B
Pergunta 4 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) 12 pontos
Cenário de resposta:
O motivo geral da reflexão de Camões é a fragilidade da vida humana – que nunca sabe com o que pode contar. A vida
é, por isso, «um caminho» incerto e pouco seguro. O «bicho da terra tão pequeno» (verso 16), o homem, é assim
apresentado como um ser à mercê do inesperado – que não pode controlar.
Pergunta 5 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) 12 pontos
TESTES
Níveis Descritores do nível de desempenho Pontuação
Cenário de resposta:
«Veneno» (verso 2).
Grupo II 40 pontos
1.1 D 5
1.2 B 5
1.3 B 5
1.4 C 5
1.5 B 5
GLOBAL
Grupo III 60 pontos
Estruturação temática e discursiva (ETD) 35 pontos
Correção linguística (CL) 25 pontos
Os critérios de classificação relativos à estruturação temática e discursiva (ETD) apresentam-se organizados por
níveis de desempenho nos parâmetros seguintes: (A) tema e tipologia, (B) estrutura e coesão, (C) léxico e
adequação discursiva.
(A) Trata, sem desvios, o tema Trata o tema proposto, Aborda lateralmente o tema
PRODUÇÃO ORAL E
Tema e proposto. embora com alguns desvios. proposto.
tipologia Mobiliza informação ampla e Mobiliza informação Mobiliza muito pouca
diversificada relativamente à suficiente, relativamente à informação relativamente à
ESCRITA
tipologia textual solicitada: tipologia textual solicitada: tipologia textual solicitada:
produz um discurso coerente produz um discurso produz um discurso
e sem qualquer tipo de globalmente coerente, geralmente inconsistente e,
ambiguidade. apesar de algumas por vezes, ininteligível.
ambiguidades.
Pontuação
12 11 9 5 3
Parâmetro
(B) Redige um texto bem Redige um texto Redige um texto com
Estrutura e estruturado, constituído por satisfatoriamente estruturação muito
coesão três partes (introdução, estruturado nas três partes deficiente, em que não se
«A ABÓBADA»
desenvolvimento, conclusão), habituais, nem sempre conseguem identificar
proporcionadas e articuladas devidamente articuladas claramente três partes
entre si de modo consistente; entre si ou com (introdução,
•• marca corretamente os desequilíbrios de proporção desenvolvimento e
parágrafos; mais ou menos notórios; conclusão) ou em que estas
•• utiliza, adequadamente, •• marca parágrafos, mas com estão insuficientemente
conectores diversificados e algumas falhas; articuladas;
outros mecanismos de coesão •• utiliza apenas os conectores •• raramente marca parágrafos
textual. e os mecanismos de coesão de forma correta;
textual mais comuns, •• raramente utiliza conectores
embora sem incorreções e mecanismos de coesão
graves. textual ou utiliza-os de forma
inadequada.
SOLUÇÕES
Pontuação
6 4 3 2 1
Parâmetro
(C) Mobiliza, com Mobiliza um repertório Mobiliza um repertório
Léxico e intencionalidade, recursos da lexical adequado, mas pouco lexical adequado, mas pouco
adequação língua expressivos e variado. variado.
discursiva adequados. Utiliza, em geral, o registo de Utiliza, em geral, o registo de
Utiliza o registo de língua língua adequado ao texto, língua adequado ao texto,
adequado ao texto, mas apresentando alguns mas apresentando alguns
eventualmente com afastamentos que afetam afastamentos que afetam
esporádicos afastamentos, pontualmente a adequação pontualmente a adequação
TRANSCRIÇÕES