Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Endereço: Rua armando torres, 16, 1º andar – fazenda Grande do Retiro - Salvador - Bahia - CEP: 40353180 - Brasil
- Tel: +55 (71) 88968189 - E-mail: jai_ssa@hotmail.com
RESUMO
O presente trabalho propõe o aproveitamento da energia térmica disponibilizada na geração do ar comprimido,
para o aquecimento de água, em substituição dos chuveiros elétricos. Com esta substituição da energia elétrica (dos
chuveiros), pela energia térmica do ar comprimido, constatou-se ser possível obter uma redução de até73% no
consumo de energia elétrica na geração de água quente. Comprovando-se, a partir de um estudo de caso, que o uso da
energia térmica, por possuir maior eficiência energética, executa o mesmo trabalho com um menor custo e consumo.
Inicialmente são resumidas as aplicações do ar comprimido, na seqüência apresentam-se os principais tipos e
aspectos construtivos dos compressores. De forma sucinta, apresentam-se alguns conceitos teóricos básicos de
Termodinâmica e são dadas sugestões para o projeto da rede de distribuição, para a operação e para a manutenção do
sistema de ar comprimido e também serão ilustradas algumas recomendações que podem contribuir para o aumento
da eficiência energética do sistema. Finalmente, será demonstrada a aplicação dos conceitos apresentados até agora,
em um projeto de recuperação de calor rejeitado em compressores de um sistema de ar comprimido.
INTRODUÇÃO
Após a crise energética de 2001, ficou mais evidente o uso de sistemas e produtos com alta eficiência, tanto no
setor comercial, industrial ou mesmo em nossos lares. A energia é algo essencial para o crescimento econômico e
social de um país, sendo que o uso racional desta energia é uma opção de baixo custo e de grande economia. Uma
corporação que deseja torna-se competitiva no mercado, não pode ignorar os projetos e os programas que lhe
proporcione diminuição no custo com energia, sendo que na atividade, sendo que na atividade industrial este ganho
poderá ser um diferencial na conquista de novos mercados e clientes.
No ano de 2005, a energia elétrica, consumida pelas indústrias, representou 45% de todo o mercado nacional no
(EPE, 2006), conforme a Tabela 1, 50% da energia consumida pelas indústrias foram destinadas ao acionamento de
motores elétricos (FILIPO FILHO, 2006),
Salvador, Bahia 1
Ciências do Ambiente
O ar comprimido é empregado em quase todos os campos da indústria, é uma forma de transporte de energia de
enorme utilidade e com inúmeras aplicações. Em muitos setores concorrer com a eletricidade e, em alguns casos
particulares, só ele pode ser usado, por exemplo, no interior das minas, onde podem existir gases explosivos, em
trabalhos subaquáticos, etc. Por isso os equipamentos que produzem, distribuem e utilizam o ar comprimido são
essenciais.
Mas possuem também certas desvantagens no seu uso que podemos apontar como sendo o consumo maior de
energia que a energia elétrica na produção de um determinado trabalho útil, representando assim, uma parcela
significativa na composição no consumo da energia elétrica da empresa, o que não impede seu uso face às vantagens
que oferece em determinadas situações particulares. Além disso, diversos estudos apontam os sistemas de ar
comprimido como sendo um dos pontos onde ocorrem perdas significativas de energia. Ou seja, existem bons
potenciais para a economia de energia. Por isso, a utilização correta do ar comprimido, a operação eficiente e
econômica dos compressores, que é o coração desses sistemas, é de extrema importância.
Atualmente cerca de 5 bilhões de toneladas de ar são comprimidas por ano em todo o planeta gerando um
consumo de 400 bilhões de kWh a um custo de 20 bilhões de dólares. São números elevados, que provocam um
grande impacto no meio ambiente, mas que poderiam ser substancialmente reduzidos com medidas racionais. Na
indústria o metro cúbico de ar a pressão de 7 bar1 custa em torno de meio centavo de dólar (1,0 m3 ar +/- US$ 0,005)
apenas em energia (METALPLAN, 2006). Em função das perdas decorrentes da transformação da energia, o ar
comprimido (energia pneumática) pode custar de sete a dez vezes mais do que a energia elétrica para uma aplicação
similar, embora isto seja normalmente compensado pelas vantagens da flexibilidade, conveniência e segurança
representada pela energia pneumática (METALPLAN, 2006). No entanto, o ideal é verificar se o ar comprimido é
realmente indispensável para a tarefa que está sendo proposta, ou se pode ser substituído pela eletricidade.
1.COMPRESSORES
Pertencem à classe das máquinas geradoras de fluxo com escoamento compressível, pois operam mudanças
significativas na massa específica do fluido de trabalho, os ventiladores, sopradores, compressores e os
turbocompressores. Podendo ser máquinas de fluxo contínuo (Turbocompressores) ou intermitente (Compressores
Alternativos).
Salvador, Bahia 2
Ciências do Ambiente
Compressores especiais;
Os compressores de ar para serviços ordinários são equipamentos de baixo custo inicial, pequeno porte e
fabricados em série. São usados normalmente para serviços de jateamento, limpeza, pintura, no acionamento de
pequenas máquinas pneumáticas, etc.
Os compressores de ar para serviços industriais são equipamentos responsável pelo suprimento de ar comprimido
em unidades industriais. São de elevada confiabilidade e podem ser máquinas de grande porte, com um custo elevado
de aquisição e de operação. São oferecidos em padrões básicos pelos fabricantes.
Compressores especiais são aqueles destinados a operar em processos industriais, refrigeração, serviços de vácuo,
etc. Devem possuir características específicas de acordo como o tipo e fluido de trabalho.
Salvador, Bahia 3
Ciências do Ambiente
P = F. ν
(2.1)
F = força [N]
ν = velocidade [m/s]
Colocando-se esses valores em função da área do pistão do cilindro pneumático, pois força é igual pressão vezes
área e velocidade da haste é igual vazão dividida pela área, vem que:
F = p. A
(2.2)
Salvador, Bahia 4
Ciências do Ambiente
p = pressão [Pa]
A = área [m2]
V = Q/A
(2.3)
Q = vazão [m3/s]
A = área [m2]
Assim, substituindo-se esses valores na expressão da potência e cancelando-se o termo da área, tem-se:
P = p. Q
(2.4)
Sendo essa expressão para potência útil que está disponível em um fluxo de ar comprimido. Com isso e tendo-se
em mãos os dados de operação de um compressor, pode-se, facilmente determinar a sua eficiência. A tabela seguinte
apresenta os resultados para três compressores industriais de tipos e fabricantes diferentes que podem ser encontrados
no mercado nacional.
Pode-se verificar os baixos rendimentos dos sistemas de ar comprimido, evidenciando sua maior desvantagem.
Por esses rendimentos estarem limitados por processos termodinâmicos que naturalmente rejeitam calor e perdem
energia para o meio ambiente, isso torna esses valores característicos em um sistema de ar comprimido.
Sendo assim, o uso do ar comprimido deve ser muito criterioso. Onde houver a possibilidade técnica dele ser
substituído por outra tecnologia isso deve ser tentado. O ar comprimido só deve ser usado onde ele seja realmente
necessário e insubstituível.
P. ν = R . T
(2.5)
A constante (R) da expressão acima depende da natureza molecular do gás e pode ser determinada
experimentalmente. Para as aplicações normais com ar comprimido, a equação anterior pode ser usada com uma
precisão razoável, que é compensada por sua simplicidade. Quando se comprime um gás perfeito com sua
temperatura constante, tem-se uma compressão isotérmica. Isso significa que, se diminuirmos o volume a pressão
aumentará e, se
Salvador, Bahia 5
Ciências do Ambiente
aumentarmos o volume, a pressão diminuirá, de modo que o produto da pressão pelo volume se mantém constante.
Assim as trocas de calor deveriam ser perfeitas para que todo o calor produzido no processo de compressão fosse
retirado. Para esse tipo de compressão, podem ser comprovado que:
p1 . ν1 = p2 . ν2 = R . T
(2.6)
Colocando-se essa relação sobre um diagrama P x V resulta uma família de hipérboles eqüiláteras, denominadas
isotermas. Como pode ser visto na figura que segue.
Outra maneira de comprimir um gás é na transformação adiabática, que é realizada sem trocas de calor entre o
processo e as suas vizinhanças, ou seja, só estão envolvidas transferências de trabalho para o sistema. Nesse caso o
comportamento do gás depende, além da pressão e do volume, da relação entre os calores específicos medidos em
pressão e volume constantes. As relações que representam a compressão são:
Salvador, Bahia 6
Ciências do Ambiente
Na pratica esses dois processos de compressão são impossíveis. Na compressão isotérmica é necessário trocas de
calor perfeitas, o que só é possível se for aplicadas resistências térmicas nulas, coeficientes de película infinitos e
tamanhos proibitivos, além de que a compressão teria de ser feita lentamente. No caso da compressão adiabática, a
troca de calor teria de ser igual a zero, necessitando-se de um isolamento perfeito a custa de paredes muito espessas e
materiais de resistência térmica infinita.
No entanto, há a compressão politrópica. A qual mais se aproxima do que ocorre na realidade, um processo
intermediário entre o caso isotérmico e o caso adiabático. Admitindo-se que exista uma proporcionalidade entre o
calor e o trabalho que foram trocados ao longo de uma transformação em um gás, é possível demonstrar que o
processo assim efetuado obedecerá a uma equação do tipo:
pvn = constante
Para essa situação o expoente que aparece sobre o volume recebe o nome de expoente da politrópica. Este assume
valores maiores que a unidade e menores que a relação C P / C V. Essa forma de compressão é governada pela
seguinte equação:
p1 . ν1 n = p2 . ν2 n = const. (2.8)
Onde:
p1 = pressão inicial [Pa]
ν1 = volume específico inicial [N]
p2 = pressão final [Pa]
ν2 = volume específico final [N]
n = expoente da politrópica [/]
Observa-se que as curvas que representam a compressão politrópica e a adiabática são mais inclinadas, pois o
expoente da politrópica e o valor da relação C P / C V é sempre maior que a unidade. Tratando-se de um processo de
compressão com resfriamento, n < k; para um caso de compressão com aquecimento n > k: para o caso da
compressão adiabática, n = k e quando a transformação é isotérmica n = 1.
Para o cálculo do trabalho de compressão considera-se um gás ideal no interior de um cilindro. O gás é
comprimido pela aplicação de uma força F sobre um êmbolo móvel. Em Termodinâmica isso pode ser analisado
considerando o cilindro como um Sistema, isto é, uma certa quantidade de massa no interior de um volume fechado
cujas fronteiras são permeáveis à passagem de trabalho e de calor, mas são impermeáveis ao gás. O trabalho ideal
desenvolvido pela força nesse processo é dado por:
Sabe-se que o trabalho específico teórico efetuado ao se comprimir um fluxo de gás é dado pela integral mostrada
adiante:
Salvador, Bahia 7
Ciências do Ambiente
(2.9)
Onde:
No diagrama P x V esse trabalho efetuado sobre o gás durante a compressão é numericamente igual à área
delimitada pelas duas retas de pressão constante paralelas ao eixo horizontal, pelo eixo vertical e pela curva que
representa o processo de compressão.
(210)
Sendo:
w = trabalho específico teórico [KJ / kg]
n = expoente da politrópica [/]
R = constante do gás [kJ / (kg . K)]
T1 = temperatura inicial [K]
p1 = pressão inicial [Pa]
p2 = pressão final [Pa]
Pode-se notar que o trabalho específico de compressão aumenta na medida em que aumenta o valor do expoente
da politrópica.
Salvador, Bahia 8
Ciências do Ambiente
Normalmente usam-se os compressores de um estágio, quando se deseja uma pressão de descarga não muito
grande. Mas quando o resultado final pretendido é uma pressão de descarga mais elevada, o compressor de um
estágio não tem um bom rendimento e suas temperaturas de descargas são muito elevadas.
A saída geralmente usada para sanar esses problemas é a utilização da compressão em estágios, que resulta na
economia de uma parcela de energia e em temperaturas menores de descarga (Entre dois estágios de compressão
esfria-se o gás que está sendo comprimido), proporcionando uma vida útil maior para os equipamentos. É muito
importante o resfriamento do fluido durante a compressão, isto faz com que trabalhemos o mais próximo de uma
compressão isotérmica.
O uso da compressão em estágios se torna mais atrativa à medida que se aumenta as pressões de operação. Na
figura seguinte a região hachurada mostra a economia alcançada com este tipo de compressão, num exemplo com
três estágios.
No limite, quando o número de estágios for muito grande, o trabalho de compressão tende ao valor mínimo, que é
o trabalho da compressão isotérmica.
A Figura 2.6 mostra um esquema de compressão politrópica quando ela é realizada em dois estágios. A área
hachurada representa uma redução do trabalho de compressão.
O trabalho específico teórico para mais de um estágio é calculado com a equação que segue:
(2.12)
Sendo:
Salvador, Bahia 9
Ciências do Ambiente
Temos de considerar que a relação de compressão entre os estágios e também que a temperatura no início da
compressão de cada estágio terá de ser constante e igual à temperatura no início do primeiro estágio, ou seja, supõe-
se que os resfriamentos intermediários sejam perfeitos. Caso isso não ocorra, as pressões intermediárias não sejam
constantes, essa fórmula não poderá ser usada, o cálculo tem de ser feito separadamente para cada estágio, tomando-
se o devido cuidado em se utilizar valores corretos para as temperaturas iniciais em cada compressão. A expressão
anterior também é válida para compressores com apenas um estágio bastando fazer e=1.
(2.13)
Onde:
Salvador, Bahia 10
Ciências do Ambiente
• Pressão de trabalho
Cada equipamento conectado à rede deve ser alimentado a qualquer momento com a pressão de trabalho
necessária.
• Qualidade do ar comprimido
Cada equipamento conectado à rede deve ser alimentado a qualquer momento com ar comprimido na
qualidade exigida.
• Confiança operacional
O fornecimento de ar comprimido deve ser garantido com extrema segurança. No caso de danos à tubulação,
manutenções e consertos, a rede deve ter alternativas para que não seja necessário seu fechamento completo.
• Normas de segurança
Todas as relevantes instruções de segurança devem ser seguidas incondicionalmente. As linhas de
distribuição são instaladas pela planta inteira e por elas o ar é fornecido a diversos equipamentos em curtas
distâncias.
Se possível, as redes de distribuição devem ser instaladas em forma de anel (sistema fechado). Um sistema
em forma de anel (fechado) aumenta a eficiência econômica e a confiança operacional da rede.
A queda de pressão nas linhas de distribuição não deve exceder 0,03 bar.
Salvador, Bahia 11
Ciências do Ambiente
Longas redes de abastecimento devem ser divididas em vários setores, cada um equipado com uma válvula de
parada (shut-off) individual. A possibilidade de fechar partes do sistema é particularmente importante para inspeções,
consertos e troca de operação. Uma segunda estação de compressor suprindo a rede de outra localização pode ser
possivelmente uma alternativa e vantagem para grandes redes.
Como resultado, o ar comprimido percorre distâncias mais curtas e a queda de pressão tende a ser menor. Redes
principais e grandes redes de distribuição têm que ser soldadas em conjunto, com uma única conexão em “V”, que
evita cantos vivos.
Além disso, a resistência do fluxo de ar na tubulação faça reduzida e ambos, filtros e ferramentas, não ficam
sujeitos a prejuízos desnecessários causados por resíduos de solda (ferrugem).
Salvador, Bahia 12
Ciências do Ambiente
• Dreno de condensação
Deve estar posicionado no ponto mais baixo do sistema de fornecimento de ar comprimido para fácil
eliminação.
• Conexões da rede
Elas devem se ramificar na direção de fluxo de ar.
Sempre deve haver uma unidade de manutenção com um filtro, um dreno de água e um redutor de pressão
instalados. Dependendo da aplicação do equipamento pneumático, um lubrificador também deveria estar disponível.
Para que um plano de melhoria de eficiência energética possa ser implantada é importante quantificar os
benefícios que cada melhoria possa trazer e comparar com os investimentos que são necessários para a sua
implementação. Sendo essa relação custo-benefício economicamente atrativa, as medidas de melhoria deverão ser
implementadas.
Para tornar mínima a energia consumida pode-se ainda reduzir o valor do trabalho específico de compressão e da
vazão mássica de ar comprimido.
Após uma rápida inspeção da equação 2.11, que nos dá o trabalho específico de compressão, observa-se que o
valor desse trabalho é função dos seguintes parâmetros:
Onde:
Salvador, Bahia 13
Ciências do Ambiente
Temperatura baixa, na aspiração de um compressor, refletirá em um menor consumo de energia necessária para
sua compressão. Como o ar a temperaturas baixas é mais denso, maior será a quantidade de massa de ar que poderá
ser aspirada pelo compressor com a mesma vazão volumétrica aspirada e mesma potência consumida neste trabalho,
fazendo com que uma maior massa de ar ocupar o mesmo volume do que quando ele está mais aquecido.
Conseqüentemente, os compressores não devem aspirar ar no interior onde estão instalados, pois a temperatura
interna é sempre maior que a do ar atmosférico externo. Para evitar que isso ocorra, a instalação de tubulações
ligando a aspiração de ar do compressor a uma tomada de ar do exterior da sala de máquinas, é providencial.
Sendo:
Salvador, Bahia 14
Ciências do Ambiente
Salvador, Bahia 15
Ciências do Ambiente
Outra forma de reduzir a relação de pressão do sistema de compressão de ar é manter os filtros de admissão
sempre em bom estado. O compressor quando admitir o ar atmosférico, ele é filtrado (filtro primário), mesmo assim
o ar continua com várias impurezas, invisíveis a olho nu, podendo-se destacar o vapor de água (umidade) e
particulados (poeiras).
Em toda instalação de ar comprimido há (ou deveria haver) um filtro de ar na aspiração (filtro primário) para
evitar a entrada de grandes partículas e sujeiras carregadas pelo ar atmosférico.
Não havendo uma manutenção programada nesse filtro, haverá um acumulo de particulados que se acumularam,
fechando, parcial e até totalmente os poros do filtro, acarretando em um aumento da perda de carga no filtro e
resultando em um aumento de consumo de energia do motor de acionamento do compressor.
Compressão em estágios
O uso de equipamentos com mais estágios é alternativa para a redução do trabalho de compressão. O benefício
dessa medida também pode ser quantificado. Conforme mostra a expressão que segue. Os demais parâmetros são
mantidos constantes.
Onde:
Verifica-se que o trabalho específico para a compressão é menor quando a mesma é feita em estágios. E fica cada
vez maior quanto maior a relação de pressão, isto é, quanto maior a relação entre a pressão de descarga e a pressão de
admissão.
Salvador, Bahia 16
Ciências do Ambiente
É fácil observar que é possível recuperar até 94% da energia consumida no eixo do compressor, na forma de calor.
Salvador, Bahia 17
Ciências do Ambiente
Esse calor pode ser utilizado como fonte de energia para um processo de baixa temperatura, como por exemplo,
aquecimento de água até cerca de 90 oC ou ar quente para estufas de secagem. Essa medida pode elevar o rendimento
global do sistema para cerca de 70% ou mais.
5.0 MÉTODOLOGIA
Esta metodologia pode ser aplicada a qualquer empresa que tenha sistema de compressão de ar e que necessitem
de água quente para qualquer fim, mas sem modificações substanciais em relação ao sistema da Belgo Bekaert.
Também pode ser empregada em grandes sistemas de condicionamento de ar de refrigeração, em empresas de
pequeno, médio e grande porte, bastando apenas efetuar algumas adaptações.
A metodologia utilizada se baseou na aplicação de conhecimentos da área de Termodinâmica, relacionadas à
Transferência de calor e Mecânica dos fluidos. Inicialmente foram analisadas três alternativas para o aquecimento da
água:
Salvador, Bahia 18
Ciências do Ambiente
A medição da quarta-feira apresentou uma potência máxima próxima de 220 kW, resultando num consumo de
energia de 2.065 kWh/dia para o aquecimento elétrico da água.
A medição da quinta-feira mostrou um comportamento semelhante, com uma potência máxima de 230 kW e um
consumo de energia diário de 1.947 kWh.
Durante um dia (24 horas), cerca de 780 trabalhadores tomavam banho nos vestiários usando boilers elétricos. Em
medições realizadas nos meses de julho e agosto de 2001, nas duas baterias existentes para o aquecimento de água,
levantaram-se os seguintes dados:
• Bateria 1: Maior consumo no dia 03/08/2001 = 1141 kWh
• Bateria 2: Maior consumo no dia 01/08/2001 = 855 kWh
Salvador, Bahia 19
Ciências do Ambiente
Com estas medições, foi calculada a quantidade de energia necessária para fazer o aquecimento da água.
Conhecendo as temperaturas e vazões da água e do ar, foi possível dimensionar o trocador de calor e os reservatórios
de água quente nos vestiários.
A água aquecida foi transportada para os vestiários localizados a 200 metros da sala dos compressores. O
armazenamento da água foi feito em nove tanques disponibilizados para uso diário e os trocadores de calor ar-água
foram dimensionados para funcionarem em série conforme o diagrama esquemático mostrado abaixo.
Salvador, Bahia 20
Ciências do Ambiente
7 Prazos e custos
O estudo inicial para elaboração do diagnóstico energético foi realizado em cinco visitas técnicas. O cronograma
físico do projeto mostra as etapas dos dois ciclos anuais de atividades, conforme descritos abaixo.
Considerando o custo da energia de 160 R$/MWh, a economia anual obtida com este projeto foi de
aproximadamente R$ 116 mil por ano, tendo um investimento em equipamentos da ordem de R$ 317 mil.
Salvador, Bahia 21
Ciências do Ambiente
Em uma análise mais simples somente com a economia de energia elétrica, pode-se efetuar um plano de retorno
do investimento apresentando um pay-back 2 simples. Este trabalho de pay-back simples têm seus resultados expressos
na 7.1. Dados de economia mensal de energia posta contra o custo total do trabalho apresentam um tempo de retorno
de 6 semestres aproximadamente.
100000
50000
0
Custo(Mil R$)
-50000
-100000
-150000
-200000
-250000
-300000
1 2 3 4 5 6
Semestres
2
Pay-back – Retorno de Investimento
Salvador, Bahia 22
Ciências do Ambiente
7.0 RESULTADOS
Como resultado, houve uma economia de energia de 530 MWh por ano e uma retirada de demanda no horário de
ponta de 220 kW, representada pelos chuveiros elétricos que foram desligados.
8.0 CONCLUSÃO
No mundo moderno, são motivos de preocupação o aquecimento global e as mudanças climáticas e a melhoria da
eficiência energética, se apresenta como uma solução mais econômica, eficaz e rápida para minimizar impactos
ambientais acarretados pela utilização da energia e reduzir emissões de dióxido de carbono (CO2). Sendo que, no
cenário atual de escassez de recursos naturais, a pesquisa e a execução de projeto visando um melhor uso da energia
elétrica, comprovam que com o uso racional dela pode cooperar com a preservação. A má utilização dos recursos
existentes pode levar a um futuro caótico, para que seja possível amenizar esse problema estudos como estes se
justificam. A melhoria da eficiência energética traz, ainda, outras vantagens. Reduz custos de produção, permiti a
produção de bens cada vez mais baratos e competitivos, melhora o desempenho econômico de empresas, diminui a
necessidade de se investir em infra-estrutura e energia, pois é mais barato conservar do que gerar energia.
Neste trabalho é demonstrado que há um grande potencial de ganhos energéticos na recuperação do calor
dissipado na produção dentro de um sistema de ar comprimido, pois 100% da energia que alimenta o compressor são
convertidas em calor e até 94% da energia usada para produzir ar comprimido pode ser reutilizada. E como foi visto
anteriormente, é assegurado o retorno do investimento realizado, já que o montante é recuperado ao longo da vida útil
de equipamentos, por conta da economia de energia ocorrida.
Um dos fatores importante sobre este projeto é que, o próprio, é de fácil adaptação, podendo ser usado em outros
sistemas como em caldeiras e em sistemas de condicionamento de ar de refrigeração, pois esses sistemas geram
energia térmica, que geralmente são dissipadas para a atmosfera.
Diversos estudos apontam os sistemas de ar comprimido como sendo um dos pontos onde ocorrem perdas
significativas de energia, ou seja, existem bons potenciais para a economia de energia. Por isso, a utilização correta
do ar comprimido, a operação eficiente e econômica dos compressores, que é o coração desses sistemas, é de extrema
importância. E devemos estar sempre atento na identificação das oportunidades de melhorias de eficiência energética
tanto na geração como na distribuição de ar comprimido, pois isto acarretara em uma redução no consumo de energia
que além de benéfico ao meio-ambiente também se apresenta com bons olhos à saúde financeira da empresa.
9.0 REFERÊNCIAS
1. Kaeser Brasil. Disponível em http://www.kaeser.com.br/Products_and_Solutions/Rotary-screw-
compressors/def ault.asp> Acesso em 03/05/2010.
2. Rocha, N.R, Monteiro, M.A.G. Eficiência Energética em Sistemas de Ar Comprimido – Livro Técnico.
3. Rocha, C.R, Monteiro, M.A.G. Eficiência Energética em Sistemas de Ar Comprimido – Manual Prático.
4. Eletrobrás / PROCEL EDUCAÇÃO, Universidade Federal de Itajubá, FUPAI. Conservação de Energia -
Eficiência Energética de Equipamentos e Instalações
Salvador, Bahia 23