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O ENTRETENIMENTO COMO MEIO DE DESCONHECIMENTO DE SI MESMO

Jocinei Godói de Lima1

1. Resumo

O presente artigo tem como objetivo investigar a relação entre tédio e divertimento,
tomados enquanto conceitos filosóficos antitéticos, porém, complementares, para uma
explicação inicial da condição humana. Para tal, recorreu-se a pesquisa bibliográfica a partir
de um fragmento do filósofo francês do século XVII, Blaise Pascal, em sua obra mais
conhecida Pensamentos e, também, da obra do escritor peruano contemporâneo Vargas Llosa:
A civilização do espetáculo. Pascal possui uma antropologia pessimista em relação à condição
humana. Para ele o homem vive em estado de miséria, de fragilidade e de incessante
insatisfação. Para evitar o tédio, ou seja, o estado em que o homem “sozinho consigo mesmo”
precisa encarar suas fragilidades, o homem se utiliza de um artifício para aplacar este tédio
que é o divertimento, do francês divertissement. O tédio seria então um fantasma sempre
presente da condição humana, revelando ao homem o que ele é. Pascal diz que a ideia de
conhecer a si mesmo, tal como tratada por Sócrates, é um processo doloroso evitado pelo
homem ao fazer uso da diversão. Nesta esteira Pascal cita o exemplo de um rei que não
consegue contentar-se com sua própria condição real, se utilizando de pessoas que estejam
sempre presentes para a sua própria diversão ou felicidade, uma vez que, tais pessoas o
impedem de pensar em si mesmo. Pascal aponta para o futuro dizendo que aspectos como o
barulho, o tumulto, o lazer e a juventude seriam os principais anseios da humanidade. Desse
modo, ao olhar para a contemporaneidade é possível detectar tais apontamentos pascalianos,
sob as lentes de Vargas Llosa naquilo que ele chamou de a civilização do espetáculo, cuja
prioridade em uma escala de valores é ocupada pelo entretenimento, onde escapar do tédio é
uma espécie de paixão universal.

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Licenciando em Filosofia – 4º Semestre – Pontifícia Universidade Católica – Campinas, SP, Brasil.
(joci.godoy@gmail.com).