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Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ...............................................................................1
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ............................................................................................................2
3. Domínio da ortografia oficial. .................................................................................................................................... 10
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. 4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e
repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual. 4.2 Emprego de tempos e modos
verbais. ............................................................................................................................................................................... 14
5. Domínio da estrutura morfossintática do período. 5.1 Emprego das classes de palavras. 5.2 Relações de
coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre
termos da oração. ............................................................................................................................................................. 21
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ......................................................................................................................... 50
5.5 Concordância verbal e nominal. .............................................................................................................................. 52
5.6 Regência verbal e nominal. ...................................................................................................................................... 54
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase. .................................................................................................................... 58
5.8 Colocação dos pronomes átomos. ........................................................................................................................... 60
6. Reescrita de frases e parágrafos do texto. 6.1 Significação das palavras. 6.2 Substituição de palavras ou de
trechos de texto. 6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. 6.4 Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade. ................................................................................................................ 60
Noções de Lógica
1) Entendimento da estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos fictícios;
dedução de novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a
estrutura daquelas relações. 2) Resolução de situações-problema. 3) As questões desta prova poderão tratar
das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de argumentação, diagramas lógicos. ..........................................1
Noções de Informática
Conceitos básicos de operação de microcomputadores. Noções básicas de operação de microcomputadores
em rede local. .......................................................................................................................................................................1
Operação do sistema operacional Windows 7 e MS-Windows XP: uso de arquivos, pastas e operações mais
frequentes, uso de aplicativos e ferramentas, uso dos recursos da rede e Painel de controle. .............................9
MS Word 2007 – Utilização de janelas e menus; Barras de Ferramentas; Faixa de opções; Estilos; Operações
com arquivos; Layout da página; Impressão de documentos e configuração da impressora; Edição de textos;
Voltar e repetir últimos comandos; exibição da página (características e modos de exibição); Utilização de
cabeçalhos e rodapés; Formatação no Word; Criação e manipulação de tabelas e textos multicolunados;
Correspondências; Revisão; Referências; Proteção de documentos e utilização das ferramentas. .................. 41
Operação da planilha MS-Excel 2007: Utilização de janelas e menus; Barra de ferramentas; Operações com
arquivos: Layout da página; Confecção, formatação e impressão de planilhas; Comandos copiar, recortar, colar,
inserir, voltar e repetir; Revisão; Gráficos; Características e modos de exibição; Utilização de cabeçalhos e
rodapés; Dados; Utilização de mesclagem de células, filtro, classificação de dados. ........................................... 48
Operação do apresentador MS- Power Point 2007: conceitos básicos; principais comandos aplicáveis às
lâminas; modelos de apresentação; ferramentas diversas, temas e estilos. .......................................................... 55
Noções de utilização do MS Internet Explorer 8 – Manutenção dos endereços Favoritos; Ferramentas;
Utilização do Histórico; Noções de navegação em hipertexto. ................................................................................. 66
Segurança da informação e procedimentos de segurança. Procedimentos de backup. ...................................... 69
Conhecimentos Gerais
1) Relações políticas e socioeconômicas no espaço mundial. ......................................................................................1
2) Disputas interimperialistas e transformações do espaço capitalista. ....................................................................4
3) Formações dos blocos de poder....................................................................................................................................8
4) Caracterização dos sistemas político-econômicos contemporâneos e suas áreas de influência e
disputas;... ........................................................................................................................................................................... 13
Globalização e Fragmentação do espaço. ...................................................................................................................... 14
5) Conflitos étnicos, políticos e religiosos atuais. ........................................................................................................ 21
6) Organismos Internacionais. ........................................................................................................................................ 36
7) Questão Ambiental: degradação e conservação no âmbito nacional e internacional. ..................................... 37
8) Relações econômicas entre o Brasil e o Mundo. ..................................................................................................... 49
Legislação Estadual
Legislação e suas alterações posteriores: 1. Constituição do Estado do Piauí. .........................................................1
2. Lei Complementar Estadual nº 13, de 03 de janeiro de 1994 - Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
Estado do Piauí .................................................................................................................................................................. 41
3. Lei Complementar Estadual nº 37, de 09 de marco de 2004 - Estatuto da Policia Civil do Estado do Piauí. 66
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Língua Portuguesa 1
APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção Respostas
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não 1. (B) / 2. (A) / 3. (D)
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de 2. Reconhecimento de tipos e
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes, gêneros textuais.
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão Tipos Textuais
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para determinado assunto.
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Descrição
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)
Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de visão;
locomoção nas metrópoles brasileiras É um tipo de texto figurativo;
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
devido à falta de regulamentação. Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido Predomínio de atributos;
incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela Uso de verbos de ligação;
maioria dos moradores. Frequente emprego de metáforas, comparações e outras
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os figuras de linguagem;
demais meios de transporte.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
arriscada e pouco salutar.
Narração
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
objetivos centrais do texto é antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do
ciclista. É um tipo de texto sequencial;
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é Relato de fatos;
mais seguro do que dirigir um carro.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
no Brasil. Apresentação de um conflito;
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de
locomoção se consolidou no Brasil. Uso de verbos de ação;
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Geralmente, é mesclada de descrições;
dar prioridade ao pedestre.
O diálogo direto é frequente.
03. Considere o cartum de Evandro Alves.
Afogado no Trânsito Dissertação
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
É um tipo de texto argumentativo.
Defesa de um argumento:
a) apresentação de uma tese que será defendida,
b) desenvolvimento ou argumentação,
c) fechamento;
Predomínio da linguagem objetiva;
Prevalece a denotação.
Carta
Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) remetente e um destinatário;
Língua Portuguesa 2
APOSTILAS OPÇÃO
- As personagens podem ser caracterizadas física e
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um
psicologicamente, ou pelas ações;
tipo de leitor;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos
É necessário que se utilize uma linguagem adequada com constitutivos da dissertação e da argumentação;
o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a - é impossível separar narração de descrição;
visão daquele para quem o texto está sendo escrito. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza;
Descrição - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja parecem conformados expressamente para esposas da multidão
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
imagens. - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não enunciados;
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
forma, o que será importante ser analisado para um, não será imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
para outro. verbos que indiquem estado ou fenômeno.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
A característica fundamental de um texto descritivo é essa
Exemplos: inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
a penumbra dos ramos cobria o atalho. sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa
meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de concomitância em relação ao momento da fala; o segundo, em
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.” relação a um marco temporal pretérito instalado no texto.
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o Características Linguísticas:
cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, O enunciado narrativo, por ter a representação de
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola um acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela
depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
ele do que conosco. enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São é atemporal.
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.) Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
escola que o escritor frequentava. de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente
Deve-se notar: no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver,
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao situar-se, existir, ficar).
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha descrito;
grande medo ao pai); - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser sinestesias).
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de - Uso de advérbios de localização espacial.
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato, Recursos:
porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
escritor quer é explicitar uma característica do menino, e não Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do
traçar a cronologia de suas ações); sol.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano sereno, uma pureza de cristal.
de 1840, em que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) - As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
e, portanto, não denota nenhuma transformação de estado; natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do
poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal,
e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais severo com muito crente.
ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
antes... Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem
são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: “Sua
Características: altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos,
- Ao fazer a descrição enumeramos características, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos”.
comparações e inúmeros elementos sensoriais; Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo:
Língua Portuguesa 3
APOSTILAS OPÇÃO
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, como um todo.
dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei.
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais Descrição de objetos constituídos por várias partes:
velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda - Introdução: observações de caráter geral referentes à
que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da procedência ou localização do objeto descrito.
variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha partes que compõem o objeto, associados à explicação de como
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú as partes se agrupam para formar o todo.
de Ossos) - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
(externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da e brilho.
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em
ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é sua totalidade.
que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações
gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Descrição de ambientes:
Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, - Introdução: comentário de caráter geral.
calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia) - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par- aroma (se houver).
de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos
por lei, de sobregoverno.” lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos ambiente.
descritivos:
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão Descrição de paisagens:
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
uma vez que eles indicam propriedades ou características que outra referência de caráter geral.
ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do - Desenvolvimento: observação do plano de fundo
ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para (explicação do que se vê ao longe).
baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
detalhe cria efeitos de sentido distintos. próximos do observador explicação detalhada dos elementos
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
Bocage: - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
bem servido de pés, meão de altura, Descrição de pessoas (I):
triste de facha, o mesmo de figura, - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
nariz alto no meio, e não pequeno. aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
Incapaz de assistir num só terreno, da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
mais propenso ao furor do que à ternura; - Desenvolvimento: características psicológicas
bebendo em níveas mãos por taça escura (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
de zelos infernais letal veneno. inclinações, postura, objetivos).
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497. geral.
Língua Portuguesa 4
APOSTILAS OPÇÃO
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os história.
compõem, para descrever experiências, processos, etc.
Elementos Estruturais (I):
Exemplo: - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Folheto de propaganda de carro - Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o
elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou antiheróis,
ambiente. protagonistas ou antagonistas.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - Narrador: é quem conta a história.
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. - Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para interior, subjetivo.
evitar a deformação em caso de colisão.
Elementos Estruturais (II):
Textos descritivos literários: Na descrição literária Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de Acontecimento O quê? Fato
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também Modo Como? De que forma ocorreu o fato
podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Narração Final - Fechado ou Aberto.
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um como simples exemplos de uma narração. Há uma relação
espaço, organizados por uma narração feita por um narrador. de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, verossimilhança à história narrada.
tendo mudança de um estado para outro, segundo relações Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão,
de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e personagens ou o fato a ser narrado.
as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Existem três tipos de foco narrativo:
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem história é contada em 3ª pessoa.
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo
texto recebe o nome de enredo. e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece
personagens, que são justamente as pessoas envolvidas misturada com pensamentos dos personagens (discurso
no episódio que está sendo contado. As personagens são indireto livre).
identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos
próprios. Estrutura:
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem - Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações do alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
uma ação ou ações é chamado de espaço, representado no texto - Complicação: é a parte do texto em que se inicia
pelos advérbios de lugar. propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer conduzindo ao clímax.
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele dos personagens.
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu.
A história contada, por isso, passa por uma introdução Tipos de Personagens:
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo Os personagens têm muita importância na construção de um
desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou
o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) secundários, conforme o papel que desempenham no enredo,
e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). podem ser apresentados direta ou indiretamente.
Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser pessoal A apresentação direta acontece quando o personagem
(narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa: aparece de forma clara no texto, retratando suas características
Ele). físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de
substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
Língua Portuguesa 5
APOSTILAS OPÇÃO
- Em 1ª pessoa: sua vez é anterior ao de o menino leválo para a sala, que por seu
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a turno é anterior ao de o porquinhoda-índia voltar ao fogão).
história e é o protagonista.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
eu estava lá e vi. pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
- Em 3ª pessoa: romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
quando o narrador começa contando sua morte para em
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas
Tipos de Discurso: acima (transformação de situações, figuratividade e relações
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
para o personagem, sem a sua interferência. devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem uma ou duas dessas características não é uma narração.
diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente narrativo:
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde.
Sequência Narrativa: - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
personagens.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: - Desenvolvimento: detalhes do fato.
uma coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase - Conclusão: consequências do fato.
a outra.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: Caracterização Formal:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função
competência para fazer algo); da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim
devia fazer (é a mudança principal da narrativa); é de grande importância saber se o relato é feito em primeira
- uma em que se constata que uma transformação se deu e pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens do narrador; segundo, há uma inferência do último através da
(geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os onipresença e onisciência.
maus). Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”.
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a O narrador que usa essa técnica (característica comum no
realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade,
efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla. podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: espaço.
quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para
isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever Exemplo - Personagens
comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou
ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo). “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se Amâncio não viu a mulher chegar.
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um Não quer que se carpa o quintal, moço?
bambu ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro, Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
é preciso antes conseguir o dinheiro. escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
passado, os olhos).”
Narrativa e Narração (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado
Aberto, p. 5O)
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade
é um componente narrativo que pode existir em textos que Exemplo - Espaço
não são narrações. A narrativa é a transformação de situações.
Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém havia, em todo o caso, como negarlhe a insipidez.”
uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
imigração européia. (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
o que é narração? Exemplo - Tempo
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembrase: a
Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
essa condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
concretos (o texto “Porquinho-daíndia» preenche também esse
requisito); Tipologia da Narrativa Ficcional:
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal - Romance
que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e - Conto
posterioridade (no texto “Porquinhodaíndia» o fato de ganhar - Crônica
o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por - Fábula
Língua Portuguesa 6
APOSTILAS OPÇÃO
- Lenda se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
- Parábola Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse
- Anedota momento!
- Poema Épico - Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: solução no combate à insegurança.”
- Memorialismo - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Notícias - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
- Relatos “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- História da Civilização televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de
aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem
Apresentação da Narrativa: no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos).
quadrinhos) e desenhos. (...)”
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos. - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
Dissertação fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento compõem o texto.
de trabalho e uma habilidade de expressão. - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
É em função da capacidade crítica que se questionam pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo futebol não é uma prova de alienação?”
e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição curiosidade do leitor.
de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade - Comparação: social e geográfica.
de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico. - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
Observe-se que: distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
particular e do que faz para chegar a ser primeiroministro, mas doença do século...”
do homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder); - Narração: narrar um fato.
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
no momento em que se tornam primeirosministros); de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação este tipo de abordagem.
para primeiroministro). - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
Características: - Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é distintas.
temático; - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; favoráveis e desfavoráveis.
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior descrever uma cena.
importância o que importa são suas relações lógicas: analogia, - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
implicação, etc. prováveis resultados.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem apresentar questionamento e reflexão.
características próprias a cada tipo de texto. - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos,
valores, juízos.
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos
/ Conclusão. porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a - Exemplificação: dar exemplos.
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
Tipos: Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que as ideias anteriormente desenvolvidas.
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que quem lê.
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas 1º Parágrafo – Introdução
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população A. Tema: Desemprego no Brasil.
brasileira.” Contextualização: decorrência de um processo histórico
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. problemático.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer
Língua Portuguesa 7
APOSTILAS OPÇÃO
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
remetem a uma análise do tema em questão. funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se
realidade. enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência,
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de classificação ou aleatoriamente.
quem propõe soluções. Exemplo:
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
7º Parágrafo: Conclusão causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
F. Uma possível solução é apresentada. e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com de Televisão.
modernidade.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar número de emissoras que dedicam parte da sua programação à
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
recursos que permite uma segurança maior no momento de
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes 3-
que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de - A Santa Missa em seu lar.
um texto dissertativo. - Terço Bizantino.
- Despertar da Fé.
Ainda temos: - Palavra de Vida.
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o - Igreja da Graça no Lar.
assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo 4-
discutido. - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
Argumentação: é um conjunto de procedimentos brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas sociológicos e poluição.
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada pelos caminhos do crime.
tese. - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de várias categorias.
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer Exemplo:
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
(evitar-se o uso da primeira pessoa). sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a
felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: (Arthur Schopenhauer)
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou
mais frases que explicitem tal ideia. Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
graves. (ideia secundária)”. consequências (fatos decorrentes).
Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
urgentemente. temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo compreensíveis.
daquelas que sofrem de problemas respiratórios: Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
muita gente ao vício. sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar,
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
criados pelo homem. coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades gás carbônico”.
e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
apenas pela polícia. delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
atualmente. questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a seguintes ideias:
sociedade brasileira. - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
história do Brasil.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
indígenas.
Língua Portuguesa 8
APOSTILAS OPÇÃO
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta,
brasileiro. podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve dessas classificações varia de acordo como o texto se apresenta
fazer a estruturação do texto. e com a finalidade para o qual foi escrito.
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual são
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
hipótese ou a tese a ser defendida. injuntivo.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos,
da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos
forem necessários para a completa exposição da ideia. E esses
parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas
acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o Texto Narrativo
objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação,
desenvolvimento. desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns exemplos de
Gêneros Textuais gêneros textuais narrativos:
Romance
Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo Novela
com o objetivo e o contexto em que são empregados. Dessa Crônica
maneira, os gêneros textuais são definidos pelas características Contos de Fada
dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características Fábula
comuns em relação à linguagem e ao conteúdo. Lendas
Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou
apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do
locutor (emissor). São exemplos de gêneros textuais descritivos:
Diário
Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
Notícia
Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais
promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e Texto Dissertativo-Argumentativo
receptor) de determinado discurso, seja uma resenha crítica Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados
bilhete ou lista de supermercado; porém, faz-se necessário pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta
considerar seu contexto, função e finalidade. persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três
O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova
seja, uma receita de bolo, apresenta a lista de ingredientes tese (conclusão). Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto Editorial Jornalístico
injuntivo). Carta de opinião
Resenha
Distinguindo Artigo
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero Ensaio
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma Veja também: Texto Dissertativo.
possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma
breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual: Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada
Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação,
literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de informação, descrição e comparação. Assim, alguns exemplos de
texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, gêneros textuais expositivos:
podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc. Seminários
Palestras
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APOSTILAS OPÇÃO
Conferências a) definir regras de comportamento social pautadas no
Entrevistas combate ao consumismo exagerado.
Trabalhos acadêmicos b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Enciclopédia que visam à adesão ao consumo.
Verbetes de dicionários c) defender a importância do conhecimento de informática
pela população de baixo poder aquisitivo.
Texto Injuntivo d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é classes sociais economicamente desfavorecidas.
aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor); por isso, máquina, mesmo a mais moderna.
apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns
exemplos de gêneros textuais injuntivos: 02. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
Propaganda a partir de características gerais de um determinado gênero,
Receita culinária identifique os gêneros descritos a seguir:
Bula de remédio I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
Manual de instruções pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Regulamento revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
Textos prescritivos II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado
para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
Exemplos de gêneros textuais refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta possibilitam a criação de imagens;
a data e não há um destinatário específico, geralmente, é III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar característica é a brevidade;
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens,
exemplo: que geralmente se movimentam em torno de uma única ação,
“Domingo, 14 de junho de 1942 dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, encaminham-se diretamente para um desfecho;
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de
isso eu não contava.) produtos, entre outros.
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que São, respectivamente:
não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me a) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta
deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha argumentativa.
curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para b) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as c) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional.
boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.” d) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional.
e) texto instrucional, crônica, entrevista, carta e carta
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. argumentativa.
Respostas
Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal, 01 (B) \02. (C)
quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem
intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto
ou que não se tenha intimidade. Dependendo do objetivo da 3. Domínio da ortografia oficial.
carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser
dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com
a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para Ortografia
finalizar a despedida.
A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a
Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto
oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto
características são a linguagem argumentativa e expositiva, fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo. que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é
oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
desse texto é informar algo que aconteceu. O Alfabeto
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada
Fontes: http://www.todamateria.com.br/generos-textuais/ letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual. a A (á) b B (bê)
htm c C (cê) d D (dê)
Questões e E (é) f F (efe)
g G (gê ou guê) h H (agá)
01. MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE i I (i) j J (jota)
COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. k K (cá) l L (ele)
m M (eme) n N (ene)
Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. o O (ó) p P (pê)
q Q (quê) r R (erre)
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como s S (esse) t T (tê)
práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais u U (u) v V (vê)
e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto w W (dáblio) x X (xis)
publicitário, seu objetivo básico é y Y (ípsilon) z Z (zê)
Língua Portuguesa 10
APOSTILAS OPÇÃO
Observação: emprega-se também o ç, que representa o Exemplos:
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
Emprego das letras K, W e Y gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
Utilizam-se nos seguintes casos: enferrujar: enferruje, enferrujem
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus viajar: viajo, viaje, viajem
derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
taylorista. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
derivados. Exemplos:
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer
unidades de medida de curso internacional. jeito- ajeitar
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt. 4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprego de X e Ch traje, pegajento
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo. Emprego das Letras S e Z
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprega-se o S:
Exceção: recauchutar e seus derivados 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
radical
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos:
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo análise- analisar catálise- catalisador
“en-” casa- casinha, casebre liso- alisar
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...) 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
ou origem
3) Após a sílaba inicial “me-”. Exemplos:
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão burguês- burguesa inglês- inglesa
Exceção: mecha chinês- chinesa milanês- milanesa
4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras 3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
inglesas aportuguesadas. Exemplos:
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, 4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, Exemplos:
xingar, etc. catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose,
metamorfose, virose
Emprega-se o dígrafo Ch:
1) Nos seguintes vocábulos: 5) Após ditongos
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, Exemplos:
chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, coisa, pouso, lousa, náusea
mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia derivados
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem Exemplos:
da palavra. Veja os exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
gesso: Origina-se do grego gypsos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
jipe: Origina-se do inglês jeep. repus, repusera, repusesse, repuséssemos
Língua Portuguesa 11
APOSTILAS OPÇÃO
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a Emprega-se Ss:
partir de adjetivos Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”,
Exemplos: “mitir”, “ceder” e “cutir”
inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez Exemplos:
rígido- rigidez agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão
frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- discutir- discussão
surdez progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o
exceder- excesso repercutir- repercussão
3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
substantivos Emprega-se o Xc e o Xs:
Exemplos:
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização Em dígrafos que soam como Ss
colonizar- colonização realizar- realização Exemplos:
exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar
4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita
Exemplos: Observações sobre o uso da letra X
cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita 1) O X pode representar os seguintes fonemas:
/ch/ - xarope, vexame
5) Nos seguintes vocábulos:
azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz, /cs/ - axila, nexo
cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.
/z/ - exame, exílio
6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no
contraste entre o S e o Z /ss/ - máximo, próximo
Exemplos:
cozer (cozinhar) e coser (costurar) /s/ - texto, extenso
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior) 2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
Exemplos: excelente, excitar
Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os
exemplos: Emprego das letras E e I
exame exato exausto exemplo existir exótico Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
inexorável pode não ser nítida. Observe:
Emprega-se Ç: Emprega-se o I :
Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer” 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
Exemplos: Exemplos:
ater- atenção torcer- torção cair- cai
deter- detenção distorcer-distorção doer- dói
manter- manutenção contorcer- contorção influir- influi
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Emprega-se o X: Exemplos:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss Anticristo, antitetânico
Exemplos: 3) Nos seguintes vocábulos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
trouxe etc.
Língua Portuguesa 12
APOSTILAS OPÇÃO
Emprego da letra H f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético. Exemplos:
Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e ONU, Sr., V. Ex.ª.
da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
forma devido a sua origem na forma latina hodie. políticos ou nacionalistas.
Exemplos:
Emprega-se o H: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria,
1) Inicial, quando etimológico União, etc.
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula
quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh Exemplo:
Exemplos: flecha, telha, companhia Todos amam sua pátria.
Observações: Lembre-se:
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
uso da letra maiúscula. se letra minúscula.
Língua Portuguesa 13
APOSTILAS OPÇÃO
Emprego do Porquê para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Orações .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
Interrogativas Exemplo: avanço da idade.
(Ciência Hoje, março de 2012)
(pode ser Por que devemos nos
substituído por: preocupar com o meio As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Por por qual motivo, ambiente? respectivamente, com:
Que por qual razão) (A) porque … trás … previnir
Exemplo: (B) porque … traz … previnir
Equivalendo (C) porquê … tras … previnir
a “pelo qual” Os motivos por que não (D) por que … traz … prevenir
respondeu são desconhecidos. (E) por quê … tráz … prevenir
Língua Portuguesa 14
APOSTILAS OPÇÃO
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados
2007, p. 566 agrupados em conjuntos.
As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm
texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do
texto. Questões
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os 01.
principais são: Texto 1 – Bem tratada, faz bem
- Coesão por referência: existem palavras que têm a função 03. Texto III - Corrida contra o ebola
de fazer referência, são elas: Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África
- pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional,
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... o avanço da doença tenham sido eficazes.
- pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo... Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações
- pronomes relativos: que, o qual, onde... registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas,
- advérbios de lugar: aqui, aí, lá... e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A
escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção
Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia
resultado demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar está fora de controle.
o objetivo que tanto almejava. O vírus encontrou ambiente propício para se propagar.
De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países
- Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização
objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade
palavra ou expressão que tenha sentido próximo, evitando a um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
repetição no corpo do texto. localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica
Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da entidade
Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o
João Paulo II: Sua Santidade; restante é formado por doações voluntárias.
Vênus: A Deusa da Beleza. A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área,
e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento
Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC
Não é por acaso que o “Poeta dos Escravos” é considerado o mais dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6
importante da geração a qual representou. bilhões.
Língua Portuguesa 15
APOSTILAS OPÇÃO
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais
crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
cargos. desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para verbo: põe, pões, põem, etc.
reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram
limitados e mal liderados. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos
possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
Ocidental, com representantes dos países afetados. radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas
Espera-se também maior comprometimento das potências formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné,
respectivamente. Classificação dos Verbos
A comunidade internacional tem diante de si um desafio
enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Classificam-se em:
Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a) Regulares: são aqueles que possuem as desinências
a favor da doença. normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações
no radical.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Por exemplo: canto cantei cantarei cantava cantasse
Acesso em: 08/09/2014) b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências.
Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o Por exemplo: faço fiz farei fizesse
referente do termo em destaque. c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
(A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) – completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.
organização
(B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
(C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
(D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade principais verbos impessoais são:
da situação a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade ou fazer (em orações temporais).
internacional Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Respostas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
01. (C)/02. (C)/03. (D) Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Verbo
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Era primavera quando a conheci.
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); Estava frio naquele dia.
ocorrência (nascer); desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado.
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Estrutura das Formas Verbais Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
apresentar os seguintes elementos: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado
essencial do verbo. Por exemplo: d) São impessoais, ainda:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
Ex.: Já passa das seis.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r indicando suficiência. Ex.:
São três as conjugações: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
1ª - Vogal Temática - A - (falar) 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
2ª - Vogal Temática - E - (vender) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência
3ª - Vogal Temática - I - (partir) a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o então, pessoais.
tempo e o modo do verbo. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Por exemplo: possível”. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) Não deu para chegar mais cedo.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Dá para me arrumar uns trocados?
d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa - Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
plural). A fruta amadureceu.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) As frutas amadureceram.
Língua Portuguesa 16
APOSTILAS OPÇÃO
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos f) Auxiliares
pessoais na linguagem figurada: São aqueles que entram na formação dos tempos
Teu irmão amadureceu bastante. compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
animais; eis alguns: nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
bramar: tigre
bramir: crocodilo Vou espantar as moscas.
cacarejar: galinha (verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
coaxar: sapo
cricrilar: grilo Está chegando a hora do debate.
(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)
Os principais verbos unipessoais são:
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
ser (preciso, necessário, etc.). haver.
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
bastante.) Conjugação dos Verbos Auxiliares
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.) SER - Modo Indicativo
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
conjunção que. Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
fumar.) vós éreis, eles eram.
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
(Sujeito: que não vejo Cláudia) fomos, vós fostes, eles foram.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
- Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo: Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do fôramos, vós fôreis, eles foram.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
contextos. nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas vós sereis, eles serão.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os SER - Modo Subjuntivo
tempos, modos e pessoas.
Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
d) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
curtas (particípio irregular). Observe: Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
Futuro Composto: tiver sido.
Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
SER - Modo Imperativo
Anexar Anexado Anexo
Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
Dispersar Dispersado Disperso
vós, sejam eles.
Eleger Elegido Eleito Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
nós, não sejais vós, não sejam eles.
Envolver Envolvido Envolto
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
Imprimir Imprimido Impresso sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Matar Matado Morto
SER - Formas Nominais
Morrer Morrido Morto
Formas Nominais
Pegar Pegado Pego
Infinitivo: ser
Soltar Soltado Solto Gerúndio: sendo
Particípio: sido
e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical
em sua conjugação. Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
nós, serdes vós, serem eles.
Por exemplo:
ESTAR - Modo Indicativo
Ir Pôr Ser Saber
vou ponho sou sei Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,
vais pus és sabes eles estão.
ides pôs fui soube Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós
fui punha foste saiba estávamos, vós estáveis, eles estavam.
foste seja Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele
esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.
Língua Portuguesa 17
APOSTILAS OPÇÃO
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu Futuro Composto: tiver havido.
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles
estiveram. Modo Imperativo
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele hajam eles.
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não
Futuro do Presente Composto: terei estado. hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles.
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver
estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.
Futuro do Pretérito Composto: teria estado.
HAVER - Formas Nominais
ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo
Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos,
Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que haverdes, haverem.
nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam. Infinitivo Pessoal: haver
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se Gerúndio: havendo
ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles Particípio: havido
estivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado TER - Modo Indicativo
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres,
quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,
estiverdes, quando eles estiverem. eles têm.
Futuro Composto: Tiver estado. Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós, Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós
estai vós, estejam eles. tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles. Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.
Língua Portuguesa 18
APOSTILAS OPÇÃO
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
respectivos pronomes): Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
Eu me arrependo na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Tu te arrependes Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Ele se arrepende Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis - d) Particípio: quando não é empregado na formação dos
Eles se arrependem tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que grau. Por exemplo:
a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por Terminados os exames, os candidatos saíram.
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser (adjetivo verbal). Por exemplo:
conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode Tempos Verbais
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: Maria
penteou-me. Tomando-se como referência o momento em que se fala,
a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
Observações: Veja:
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função 1. Tempos do Indicativo
sintática.
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes - Presente - Expressa um fato atual. Por exemplo:
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, Eu estudo neste colégio.
são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
exercem funções sintáticas. terminado. Por exemplo: Ele estudava as lições quando foi
Por exemplo: interrompido.
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto - Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido
direto) - 1ª pessoa do singular num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
Modos Verbais - Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modos: antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já tinha
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma
Eu sempre estudo. composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por (forma simples)
exemplo: Talvez eu estude amanhã. - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
exemplo: Estuda agora, menino. Por exemplo: Ele estudará as lições amanhã.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
Formas Nominais ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas os alunos já terão terminado o teste.
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
Observe: exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
- a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo - Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) passado. Por exemplo: Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) viajado nas férias.
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: 2. Tempos do Subjuntivo
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; ele vencesse o jogo.
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) - Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Por exemplo: estudado bastante, não passou no teste.
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
advérbio. Por exemplo: Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
advérbio) levará as encomendas.
Língua Portuguesa 19
APOSTILAS OPÇÃO
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior Presente do Subjuntivo
ao momento atual mas já terminado antes de outro fato
futuro. Por exemplo: Quando ele tiver saído do hospital, nós o Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a
visitaremos. desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou
Presente do Indicativo pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação 1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
CANTAR VENDER PARTIR 1ª /2ª e 3ª conj.
cantAVA vendIA partIA CANTAR VENDER PARTIR
cantAVAS vendIAS partAS cantaR vendeR partiR Ø
CantAVA vendIA partIA cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaR vendeR partiR R Ø
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantAVAM vendIAM partIAM cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM
Futuro do Presente do Indicativo
Imperativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR Imperativo Afirmativo
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar á vender á partir á do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar emos vender emos partir emos plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar eis vender eis partir eis sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
cantar ão vender ão partir ão
Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
Futuro do Pretérito do Indicativo Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Ele canta Cante você Que ele cante
CANTAR VENDER PARTIR Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
cantarIA venderIA partirIA Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
cantarIAS venderIAS partirIAS Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS Imperativo Negativo
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
negação às formas do presente do subjuntivo.
Língua Portuguesa 20
APOSTILAS OPÇÃO
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Classificação dos Artigos
Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
Que ele cante Não cante você precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós Artigos Indefinidos: determinam os substantivos
Que eles cantem Não cantem eles de maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu
matei um animal.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa Combinação dos Artigos
(singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido É muito presente a combinação dos artigos definidos e
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma
fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês. assumida por essas combinações:
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
sede (vós). Preposições Artigos
- o, os
Infinitivo Impessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação a ao, aos
CANTAR VENDER PARTIR de do, dos
01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos - As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada por crase.
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
do texto. manifestam:
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
(C) sejam … mantém “ambos”:
(D) seja … mantivessem Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
(E) seja … mantêm
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão artigo, outros não:
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
(B) atemporal. toda uma espécie:
(C) contínua. O trabalho dignifica o homem.
(D) hipotética.
(E) futura. - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
Respostas de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo:
1-B / 2-C O Pedro é o xodó da família.
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica - O artigo também é usado para substantivar palavras
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. oriundas de outras classes gramaticais:
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o Não sei o porquê de tudo isso.
número dos substantivos.
Língua Portuguesa 21
APOSTILAS OPÇÃO
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo
cujo (e flexões). do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos
Este é o homem cujo amigo desapareceu. de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
Este é o autor cuja obra conheço. funções são desempenhadas por grupos de palavras.
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido Classificação dos Substantivos
de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que
venham especificadas. 1- Substantivos Comuns e Próprios
Eles estavam em casa. Observe a definição:
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
com exceção de senhor(a), senhorita e dona. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade.
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
de revistas, jornais, obras literárias. mesma espécie de forma genérica.
Li a notícia em O Estado de S. Paulo. cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.
Língua Portuguesa 22
APOSTILAS OPÇÃO
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie o indivíduo.
(abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
meio do artigo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma Saiba que:
espécie. - Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma,
Formação dos Substantivos são masculinos.
Substantivos Simples e Compostos o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. variam em seu significado.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o
radical. É um substantivo simples. capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Simples: é aquele formado por um único
elemento. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos aluno - aluna
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
elementos. masculino.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo. freguês - freguesa
Substantivos Primitivos e Derivados c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
Meu limão meu limoeiro, formas:
meu pé de jacarandá... - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
nenhum outro dentro de língua portuguesa. - troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
outra palavra da própria língua portuguesa. Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão. d) Substantivos terminados em -or:
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
palavra. - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Língua Portuguesa 23
APOSTILAS OPÇÃO
Outros substantivos sobrecomuns: o estratagema
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa o dilema
criatura. o teorema
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O o apotegma
cônjuge de Marcela faleceu o trema
o eczema
Comuns de Dois Gêneros: o edema
o magma
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante Gênero dos Nomes de Cidades:
da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. A histórica Ouro Preto.
o colega - a colega A dinâmica São Paulo.
um jovem - uma jovem A acolhedora Porto Alegre.
artista famoso - artista famosa Uma Londres imensa e triste.
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada Gênero e Significação:
preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Muitos substantivos têm uma significação no masculino e
carochinha. outra no feminino.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: Observe:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
a personagem. o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
personagem. de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
fotográfico Ana Belmonte. proibição de trânsito)
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APOSTILAS OPÇÃO
o nascente (lado onde nasce o Sol) palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
a nascente (a fonte) falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Flexão de Número do Substantivo
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que formados de:
indica um ser ou um grupo de seres, e substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A colônia e águas-de-colônia
característica do plural é o “s” final. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor
Plural dos Substantivos Simples substantivo + substantivo que funciona como determinante
do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” anterior.
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. palavra-chave - palavras-chave
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no bomba-relógio - bombas-relógio
plural). notícia-bomba - notícias-bomba
Exceção: cânon - cânones. homem-rã - homens-rã
b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
“ns”. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
homem - homens. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
Língua Portuguesa 25
APOSTILAS OPÇÃO
as toaletes os bibelôs (A) reco-reco.
os garçons os réquiens (B) guarda-costa.
(C) guarda-noturno.
Observe o exemplo: (D) célula-tronco.
Este jogador faz gols toda vez que joga. (E) sem-vergonha.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
Plural com Mudança de Timbre flexionadas de acordo com a norma-padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
Certos substantivos formam o plural com mudança de (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
chamado metafonia (plural metafônico). (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Singular Plural Singular Plural Respostas
corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó) 1-D / 2-D
esforço esforços ovo ovos
fogo fogos poço poços Adjetivo
forno fornos porto portos
fosso fossos posto postos Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
imposto impostos rogo rogos característica do ser e se relaciona com o substantivo.
olho olhos tijolo tijolos Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
bondosa.
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
moça bondade, pessoa bondade.
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
a) Há substantivos que só se usam no singular:
Morfossintaxe do Adjetivo:
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
b) Outros só no plural:
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
(naipes de baralho), as fezes.
Adjetivo Pátrio
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
alguns deles:
bem (virtude) e bens (riquezas)
Estados e cidades brasileiros:
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
títulos)
Alagoas alagoano
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
Amapá amapaense
sentido de plural:
Aqui morreu muito negro. Aracaju aracajuano ou aracajuense
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Amazonas amazonense ou baré
improvisadas.
Belo Horizonte belo-horizontino
Flexão de Grau do Substantivo
Brasília brasiliense
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
normal. Por exemplo: casa
Adjetivo Pátrio Composto
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
Classifica-se em: elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que Observe alguns exemplos:
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
aumento. Por exemplo: casarão.
Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo:
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Competições teuto-inglesas
Pode ser: América américo- / Por exemplo: Companhia
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que américo-africana
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
diminuição. Por exemplo: casinha. franceses
China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-
Questões português
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também americanas
ocorre com o plural de
Língua Portuguesa 26
APOSTILAS OPÇÃO
como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões
ficará invariável. Por exemplo:
franco-italianas
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-
Olhos verde-claros.
portuguesas
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo- Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
portuguesa
Observe
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
brasileiras
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros - O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
flexionados.
Flexão dos adjetivos
Grau do Adjetivo
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
Gênero dos Adjetivos intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
o comparativo e o superlativo.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos, Comparativo
classificam-se em:
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e Nesse grau, comparam-se a mesma característica
outra para o feminino. atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia. de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
abaixo:
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
somente o último elemento. 1) Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte- No comparativo de igualdade, o segundo termo da
americana. comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como 2) Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Superioridade Analítico
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
político-social. analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, 4) Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento Inferioridade
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam Sou menos passivo (do) que tolerante.
na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, Superlativo
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a
palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver O superlativo expressa qualidades num grau muito
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Língua Portuguesa 27
APOSTILAS OPÇÃO
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
nas formas: 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O lhes impuseram limites de disciplina.
secretário é muito inteligente. 3) Associação com grupos de jovens portadores de
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de comportamento antissocial.
sufixos. Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
Por exemplo: que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
O secretário é inteligentíssimo. falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
Observe alguns superlativos sintéticos: violência crescente nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
benéfico beneficentíssimo resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
bom boníssimo ou ótimo criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
preso.
comum comuníssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares
cruel crudelíssimo e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões
difícil dificílimo mais sólidas com o mundo do crime.
doce dulcíssimo Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
fácil facílimo aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
fiel fidelíssimo superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
pode ser: Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem artístico.
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. corresponde a – características de epidemias.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável A) água fluvial – água da chuva.
hiato i-í. B) produção aurífera – produção de ouro.
Questões C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília.
01. Leia o texto a seguir. E) costela bovina – costela de porco.
Língua Portuguesa 28
APOSTILAS OPÇÃO
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos Pronome Oblíquo
e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal
apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma indireto) ou complemento nominal.
específica para cada pessoa do discurso.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
Pronome Oblíquo Átono
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca.
do pronome seja coerente em termos de gênero e número Ele me deu um presente.
(fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando
este se apresenta ausente no enunciado. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile - 2ª pessoa do singular (tu): te
da nossa escola neste ano. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 1ª pessoa do plural (nós): nos
adequada] - 2ª pessoa do plural (vós): vos
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância Observações:
inadequada] O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
função de objeto indireto na oração.
Pronomes Pessoais
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
São aqueles que substituem os substantivos, indicando diretos como objetos indiretos.
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, objetos diretos.
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”,
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de Saiba que:
quem fala. Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
oblíquo. la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
nos exemplos que seguem:
Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
Nós lhe ofertamos flores. vocês?
- Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero pouco.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
quadro dos pronomes retos é assim configurado: até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- 1ª pessoa do singular: eu
- 2ª pessoa do singular: tu Atenção:
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
- 1ª pessoa do plural: nós de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z,
- 2ª pessoa do plural: vós -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
- 3ª pessoa do plural: eles, elas tempo que a terminação verbal é suprimida.
Por exemplo: fiz + o = fi-lo
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como fazei + o = fazei-os
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi dizer + a = dizê-la
ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. viram + o: viram-no
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome repõe + os = repõe-nos
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas retém + a: retém-na
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do tem + as = tem-nas
verbo indicadas pelo pronome reto.
Fizemos boa viagem. (Nós)
Língua Portuguesa 29
APOSTILAS OPÇÃO
Pronome Oblíquo Tônico Lavamo-nos no rio.
Língua Portuguesa 30
APOSTILAS OPÇÃO
Pronomes Possessivos Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical destinatária).
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa Reafirmamos a disposição desta universidade em participar
possuída). no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) envia a mensagem).
Língua Portuguesa 31
APOSTILAS OPÇÃO
que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
não se quer revelar. introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema”
é antecedente do pronome relativo que.
Classificam-se em: O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar demonstrativo o, a, os, as.
do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São Não sei o que você está querendo dizer.
eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
outrem, quem, tudo. expresso.
Algo o incomoda? Quem casa, quer casa.
Quem avisa amigo é.
Observe:
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões. Note que:
a) O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
pronomes indefinidos adjetivos: por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), um substantivo.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. b) O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
Os pronomes indefinidos podem ser divididos verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
em variáveis e invariáveis. Observe: várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, ou depois de determinadas preposições:
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária,
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. ambiguidade.)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
cada. Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um,
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou refere a uma oração.
qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
sua vocação natural.
Indefinidos Sistemáticos
d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição das quais.
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/ (antecedente) (consequente)
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém,
que se referem à pessoa, e algo/nada, que se referem à coisa; e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza. um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas Emprestei tantos quantos foram necessários.
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos (antecedente)
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes
indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem Ele fez tudo quanto havia falado.
parte: (antecedente)
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
prático. f) O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são precedido de preposição.
pessoas quaisquer.
É um professor a quem muito devemos.
Pronomes Relativos (preposição)
São aqueles que representam nomes já mencionados g) “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
orações subordinadas adjetivas. A casa onde morava foi assaltada.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
grupo racial sobre outros. que.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
oração subordinada adjetiva). exterior.
Língua Portuguesa 32
APOSTILAS OPÇÃO
i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: 02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou
- como (= pelo qual) que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
Não me parece correto o modo como você agiu semana amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
passada. Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
- quando (= em que) formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo
mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam
j) Os pronomes relativos permitem reunir duas orações o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos
numa só frase. fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais
O futebol é um esporte. que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos
O povo gosta muito deste esporte. mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem
fora dela.
k) Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
ocorrer a elipse do relativo “que”. geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria, transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
(que) fumava. apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
Pronomes Interrogativos inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
do conceito de amizade.
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
preferes. diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
passageiros desembarcaram. “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
Sobre os pronomes: Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
desempenha função de complemento. Vamos entender, em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
função exerce. Observe as orações: Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
lo. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” si.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo
estamudando-amizade-619645.shtml>.
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia se referem.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do amizades.
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou superficial de amizade.
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere-
se aos pronomes eu e você.
estiver no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. Quais estão corretas?
Eu estou perguntando-lhe algo. (A) Apenas I.
(B) Apenas II.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: (C) Apenas III.
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente (D) Apenas I e II.
dos segundos que são sempre precedidos de preposição. (E) I, II e III.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu Respostas
estava fazendo. 01. A\02. E
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
eu estava fazendo. Advérbio
Questões O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
01. Observe as sentenças abaixo.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam. tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- contiguidade.
nos inimigas desde aquele episódio.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma em que esse processo se desenvolve.
culta da língua portuguesa em: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
(A) apenas uma das sentenças caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não
(B) apenas duas das sentenças. é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças. modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns
exemplos:
Língua Portuguesa 33
APOSTILAS OPÇÃO
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
você está até bem informado. - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
inconstitucionalissimamente, etc;
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
Diminutivo: diminui a intensidade.
alheio, representando uma qualidade, característica.
Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
devagarinho,
O artista canta muito mal.
Questões
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
01. Leia os quadrinhos para responder a questão.
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar
tal função. Temos aí o que chamamos de locução adverbial,
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem
dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras.
Língua Portuguesa 34
APOSTILAS OPÇÃO
Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão respectivamente, circunstâncias de
ajudar a polícia na investigação. A) afirmação e de intensidade.
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se B) modo e de tempo.
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões C) modo e de lugar.
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que D) lugar e de tempo.
eles sejam julgados e condenados. E) intensidade e de negação.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil Respostas
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por 1-B / 2-C / 3-B
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões.
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar. Preposição
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro,
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente
dos caminhos. há uma subordinação do segundo termo em relação ao
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado) primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
circunstância adverbial de modo.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda Tipos de Preposição
uma série de repercussões.
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente
plena balada… como preposições.
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
sucesso, de duas amigas… para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou
de um engano... 2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se gramaticais que podem atuar como preposições.
quebrando por aí… Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
visto.
03. Leia o texto a seguir.
Cultura matemática 3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo
Hélio Schwartsman como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito trás de.
tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode
quais os números não encontravam muito espaço, como direito, unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em
jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente. gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela
Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
universitários, é considerado aceitável que um intelectual se Vale ressaltar que essa concordância não é característica da
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá preposição, mas das palavras às quais ela se une.
da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou
dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão Esse processo de junção de uma preposição com outra
recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na palavra pode se dar a partir de dois processos:
manga da camisa.
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a 1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida preposição a + artigos definidos o, os
prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma a + o = ao
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo preposição a + advérbio onde
para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras a + onde = aonde
técnicas.
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem Preposição + Artigos
assimilar toda a numeralha que idealmente as informa. De + o(s) = do(s)
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito De + a(s) = da(s)
para compreender as novas pesquisas que trazem informações De + um = dum
relevantes para nossa saúde e bem-estar. De + uns = duns
A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes De + uma = duma
especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da De + umas = dumas
mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, Em + o(s) = no(s)
isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Em + a(s) = na(s)
Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão Em + um = num
eficaz para exprimir as leis da física. Em + uma = numa
Releia os trechos apresentados a seguir. Em + uns = nuns
- Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras Em + umas = numas
podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números A + à(s) = à(s)
não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo) Por + o = pelo(s)
- Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma Por + a = pela(s)
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º
parágrafo)
Língua Portuguesa 35
APOSTILAS OPÇÃO
Preposição + Pronomes Questões
De + ele(s) = dele(s)
De + ela(s) = dela(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + esse(s) = desse(s)
De + essa(s) = dessa(s) João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois
De + aquele(s) = daquele(s) meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos
De + aquela(s) = daquela(s) preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros,
De + isto = disto grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos
De + isso = disso em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
De + aquilo = daquilo O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula
De + aqui = daqui de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o
De + aí = daí que pretendem fazer quando estiverem em liberdade.
De + ali = dali “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar
De + outro = doutro(s) duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada,
De + outra = doutra(s) pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate,
Em + este(s) = neste(s) instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça
Em + esta(s) = nesta(s) errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha
Em + esse(s) = nesse(s) vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema
Em + aquele(s) = naquele(s) maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos.
Em + aquela(s) = naquela(s) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos
Em + isto = nisto em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez
Em + isso = nisso que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar
Em + aquilo = naquilo a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de
A + aquele(s) = àquele(s) Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
A + aquela(s) = àquela(s) o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi
A + aquilo = àquilo implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da
disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória
Dicas sobre preposição não é o mais importante.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas
oblíquo e artigo. Como distingui-los? devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como
estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo. ao bom comportamento”.
Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
e feminino. Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças
A dona da casa não quis nos atender. no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo
Como posso fazer a Joana concordar comigo? por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade,
já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. atitude”.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos
um tratamento adequado. já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
ou a função de um substantivo. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”.
Temos Maria como parte da família. / A temos como parte “Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o
da família egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair
sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo.
preposições: (Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-
Destino = Irei para casa. liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Modo = Chegou em casa aos gritos.
Lugar = Vou ficar em casa; No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. termo em destaque expressa relação de
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o do projeto “Xadrez que liberta”.
tratamento. B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
de falar.
Instrumento = Escreveu a lápis. C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
Companhia = Estarei com ele amanhã. muito feliz, porque eu não esperava.
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. a revisão da minha pena.
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. 02. Considere o trecho a seguir.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham,
Língua Portuguesa 36
APOSTILAS OPÇÃO
é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
instituição. do verbo), porquanto.
Língua Portuguesa 37
APOSTILAS OPÇÃO
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
porque não havia cemitério no local.” No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada raiva se traduz numa palavra: Droga!
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê- Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
la é colocá-la no início do período, introduzida pela simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa. As sentenças da língua costumam se organizar de forma
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
em outra cidade. em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
dependentes uma da outra. ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
Questões sentença.
Veja os exemplos:
01. Leia o texto a seguir. Bravo! Bis!
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso bravo e bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em bom! Repitam!»
disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou “Estou com dor!”
até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de momento ou um contexto específico. Exemplos:
Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de Ah, como eu queria voltar a ser criança!
um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
passado. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877, hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para O significado das interjeições está vinculado à maneira
os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando enunciação. Exemplos:
a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos, Psiu!
as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de contexto: alguém pronunciando essa expressão na rua;
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão espere!”
saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, Psiu!
depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu contexto: alguém pronunciando essa expressão em um
que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. silêncio!”
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, puxa: interjeição; tom da fala: decepção
ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
elemento grifado pode ser substituído por: tristeza, dor, etc.
A) Porém. Você faz o que no Brasil?
B) Contudo.
C) Todavia. Eu? Eu negocio com madeiras.
D) Entretanto. Ah, deve ser muito interessante.
E) Conquanto. b) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente.
02. Observando as ocorrências da palavra “como” em – As interjeições podem ser formadas por:
Como fomos programados para ver o mundo como um lugar a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
(A) comparativa nas duas ocorrências. c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
(B) conformativa nas duas ocorrências. bolas!
(C) comparativa na primeira ocorrência. A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
(D) causal na segunda ocorrência. da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
(E) causal na primeira ocorrência. uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Respostas Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
1-E / 2-E
Classificação das Interjeições
Interjeição
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o Atenção!, Olha!, Alerta!
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
mais elaboradas. Observe o exemplo: - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
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- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac)
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac)
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! 6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, diminutivo ou no superlativo.
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Interjeições, leitura e produção de textos
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Eh! quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além
Ora! disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz! dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos -
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, racional fazem das interjeições presença constante nos textos
Deus! publicitários.
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! morf89.php
Numeral
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é,
não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições
em determinada sequência.
sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
não se trata de um processo natural dessa classe de palavra,
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Eu quero café duplo, e você?
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Locução Interjetiva A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma “fila”]
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo
Ora bolas! Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Quem me dera! os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Virgem Maria! expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Meu Deus! de numerais, mas sim de algarismos.
Ai de mim! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Valha-me Deus! ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Graças a Deus! consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção
Alto lá! ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
Muito bem! ambos(as), novena.
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
exemplo: um, dois, cem mil, etc.
Ué! = Eu não esperava por essa! Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe. primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
podem aparecer como interjeições. seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
Viva! Basta! (Verbos) dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Fora! Francamente! (Advérbios)
Leitura dos Numerais
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
porque sozinha pode constituir uma mensagem. Separando os números em centenas, de trás para frente,
Socorro! obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Ajudem-me! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Silêncio! usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Fique quieto! 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
e seis.
4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
que exprimem ruídos e vozes.
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Flexão dos numerais
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
depois do “ó” vocativo. milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
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Os numerais ordinais variam em gênero e número: trinta trigésimo - trinta avos
primeiro segundo milésimo quarenta quadragésimo - quarenta avos
primeira segunda milésima cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos
primeiros segundos milésimos sessenta sexagésimo - sessenta avos
primeiras segundas milésimas setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam noventa nonagésimo - noventa avos
em funções substantivas: cem centésimo cêntuplo centésimo
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção. duzentos ducentésimo - ducentésimo
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais trezentos trecentésimo - trecentésimo
flexionam-se em gênero e número: quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
Teve de tomar doses triplas do medicamento. quinhentos quingentésimo - quingentésimo
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças setecentos septingentésimo - septingentésimo
partes oitocentos octingentésimo - octingentésimo
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma novecentos nongentésimo
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. ou noningentésimo - nongentésimo
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos mil milésimo - milésimo
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. milhão milionésimo - milionésimo
É o que ocorre em frases como: bilhão bilionésimo - bilionésimo
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda Questões
divisão de futebol)
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
Emprego dos Numerais temos exemplos de numerais:
A) ordinais;
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em B) cardinais;
que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a C) fracionários;
partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do D) romanos;
substantivo: E) Nenhuma das alternativas.
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) empregados.
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte) B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três) C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez) 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um) são, respectivamente
A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um nongentésimo
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
referência. D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância
da solidariedade. Ambos agora participam das atividades Respostas
comunitárias de seu bairro. 1-B / 2-D / 3-B
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido,
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo. porém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração
encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários período, completando um pensamento e concluindo o enunciado
um primeiro - - através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
dois segundo dobro, duplo meio casos, através de reticências.
três terceiro triplo, tríplice terço Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
quatro quarto quádruplo quarto elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações,
cinco quinto quíntuplo quinto não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo Socorro!
oito oitavo óctuplo oitavo Com licença!
nove nono nônuplo nono Que rapaz impertinente!
dez décimo décuplo décimo Muito riso, pouco siso.
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como
treze décimo terceiro - treze avos partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos
catorze décimo quarto - catorze avos ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
quinze décimo quinto - quinze avos desempenha uma função sintática. Geralmente apresentam dois
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos grupos de palavras: um grupo sobre o qual se declara alguma
dezessete décimo sétimo - dezessete avos coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma declaração (o
dezoito décimo oitavo - dezoito avos predicado), e, excepcionalmente, só o predicado. Exemplo:
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos A menina banhou-se na cachoeira.
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APOSTILAS OPÇÃO
A menina – sujeito sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma
banhou-se na cachoeira – predicado sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado) Exemplo:
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em As formigas invadiram minha casa.
número e pessoa. É normalmente o «ser de quem se declara as formigas: sujeito = termo determinante
algo», «o tema do que se vai comunicar». invadiram minha casa: predicado = termo determinado
O predicado é a parte da oração que contém “a informação Há formigas na minha casa.
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. sujeito: inexistente
Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse
seja, o predicado, é «é eterno». nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
que identificamos por ser o termo que concorda em número e sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um Exemplos:
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de Eu acompanho você até o guichê.
sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
revestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: Vocês disseram alguma coisa?
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
desembarcar.” (Aníbal Machado) Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. Marcos: sujeito = substantivo próprio
Ninguém entra na sala agora.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados ninguém: sujeito = pronome substantivo
em três grandes níveis: O andar deve ser uma atividade diária.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
da Passiva). oração substantiva subjetiva:
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, É difícil optar por esse ou aquele doce...
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essenciais
(ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
Sujeito Predicado O sino era grande.
Pobreza não é vileza. Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Os sertanistas capturavam os índios. Isto não me agrada.
Um vento áspero sacudia as árvores.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma
do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
(o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma
análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu O sujeito pode ser:
papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância
com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos;
o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.”
núcleo é sempre um nome. Então têm por características básicas: Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado; cavalo nadavam ao lado da canoa.”
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
predicado; amanhã.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. não está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã.
(sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplo: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele)
A padaria está fechada hoje. aproximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito:
está fechada hoje: predicado nominal vocês)
fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo
a padaria: sujeito fertiliza o Egito.
padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa
pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso;
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante, Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição açudes. (= Açudes foram construídos.)
de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire
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APOSTILAS OPÇÃO
Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque
por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos a concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto
dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina é, que são responsáveis pela principal informação naquele
trancou-se no quarto. segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da
verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso,
a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um
bem naquele restaurante. nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por
um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal (seu
Observações: núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto. termos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o
- Sujeito formado por pronome indefinido não é verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do
indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem
Ninguém lhe telefonou. dois núcleos significativos: um verbo e um nome). Exemplos:
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o Minha empregada é desastrada.
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente predicado: é desastrada
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
admiração; “Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De tipo de predicado: nominal
qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.”
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou
pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.)
Pode ser omitido junto de infinitivos. funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado.
Aqui vive-se bem.
Devagar se vai ao longe. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. predicado: demoliu nosso antigo prédio
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
sujeito
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o tipo de predicado: verbal
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles
fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
predicado: desciam a rua desesperados
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa sujeito; desesperados = atributo do sujeito
língua. tipo de predicado: verbo-nominal
Exemplos:
É fácil este problema! Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. responsável também por definir os tipos de elementos que
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
(José de Alencar) para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
nenhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª do predicado.
pessoa do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo. Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear,
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
fenômenos meteorológicos. inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é
depois de algozes)
Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
segmento extraído da estrutura interna das orações ou das Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
que estabelece concordância com outro termo essencial
da oração, o sujeito, sendo este o termo determinante (ou Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo
subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). forma o predicado.
Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo Há verbos que, por natureza, tem sentido completo,
que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno de predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:
da concordância entre esses dois termos essenciais da oração.
Então têm por características básicas: apresentar-se como As flores murcharam.
elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um Os animais correm.
atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito. As folhas caem.
Língua Portuguesa 42
APOSTILAS OPÇÃO
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, “Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: neutros.” (Érico Veríssimo)
puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê? “Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José
Os verbos de predicação completa denominam-se Américo)
intransitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os “Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos, (José Geraldo Vieira)
transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos
(bitransitivos). Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe,
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe,
ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem-
relacionando o predicativo com o sujeito. lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir
os que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
pois têm sentido completo. depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar) a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” pouco mais, usados também como transitivos diretos: João
(Marquês de Maricá) paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado,
obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como
Observações: Os verbos intransitivos podem vir atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de sua
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborrecido. vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente grosseira.
As orações formadas com verbos intransitivos não podem (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc.,
“transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos intransitivos variam de significação conforme sejam usados como transitivos
passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com diretos ou indiretos.
o objeto direto ou indireto.
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente.
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) Exemplos:
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) A empresa fornece comida aos trabalhadores.
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Oferecemos flores à noiva.
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, Ceda o lugar aos mais velhos.
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc.
De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: formação do predicado nominal. Exemplos:
julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, A Terra é móvel.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: A água está fria.
Comprei um terreno e construí a casa. O moço anda (=está) triste.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de A Lua parecia um disco.
Maricá)
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
(Guedes de Amorim) anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o transitório: Ele é doente. (aspecto permanente); Ele está doente.
complemento acompanhado de predicativo. Exemplos: (aspecto transitório). Muito desses verbos passam à categoria
Consideramos o caso extraordinário. dos intransitivos em frases como: Era =existia) uma vez uma
Inês trazia as mãos sempre limpas. princesa.; Eu não estava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com
O povo chamava-os de anarquistas. dificuldades.; Parece que vai chover.
Julgo Marcelo incapaz disso.
Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
ser usados também na voz passiva; Outra característica desses na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplos:
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes O homem anda. (intransitivo)
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os O homem anda triste. (de ligação)
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmente
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico: O cego não vê. (intransitivo)
arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta; O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
castigar, contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar, Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar,
receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc. Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
objeto.
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um
complemento regido de preposição, chamado objeto indireto. Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
Exemplos: um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
adolescente.” (Ciro dos Anjos) A bandeira é o símbolo da Pátria.
A mesa era de mármore.
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APOSTILAS OPÇÃO
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos: Machado)
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado
atrasado.) de Assis)
O menino abriu a porta ansioso. Em tais construções é de rigor que o objeto venha
Todos partiram alegres. acompanhado de um adjunto.
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
estava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os principalmente:
verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava
coisas.; Onde está a criança que fui? mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o
um verbo transitivo. Exemplos: seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
O juiz declarou o réu inocente. - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
O povo elegeu-o deputado. Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente ali”.
se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.;
considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a
inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica da - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que aquele eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
choque com o mundo me causara.” companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Termos Integrantes da Oração - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
compreensão do enunciado. São os seguintes: estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Complemento Nominal; direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
- Agente da Passiva. médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade
conheço desde os seus mais tenros anos”.
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
As plantas purificaram o ar. ambos...”.
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Procurei o livro, mas não o encontrei. pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
Ninguém me visitou. outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
outros.; A quantos a vida ilude!.
O objeto direto tem as seguintes características: - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os
- Normalmente, não vem regido de preposição; livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou
verbo ativo: Caim matou Abel. da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto a consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
por Caim.
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a
O objeto direto pode ser constituído: preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono,
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe,
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com
espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões
tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; ou finalidades do emprego do objeto direto preposicionado:
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar a clareza da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da
quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.” expressão.
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no
livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do
meus escritos?” pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos:
Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-
se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa.
esfera semântica: O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem.
“Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” “Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado)
(Vivaldo Coaraci)
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APOSTILAS OPÇÃO
Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz
preposição necessária e sem valor circunstancial. Representa, passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo
ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal: passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos
“Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a frequentemente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos
significação dos verbos: colegas; A cidade estava cercada pelo exército romano; “Era
conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.”
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): pelos pronomes:
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua As flores são umedecidas pelo orvalho.
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
verdade ao moço.)
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ativa:
categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável.
Observações:
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois Frase de forma passiva analítica sem complemento agente
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito indeterminado
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara
frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos
impossível”, os pronomes em destaque podem ser considerados pedestres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele
adjuntos adverbiais. pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas
ruas. (certo)
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa
ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos Termos Acessórios da Oração
indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos:
Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto Termos acessórios são os que desempenham na oração
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço- uma função secundária, qual seja a de caracterizar um ser,
vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição é determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São
expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a três os termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele adverbial e aposto.
só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas.
público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal
gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto
obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com adnominal).
quem conto são poucas. O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos:
água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio,
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço,
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto;
com, contra, de, em, para e por. Pelas locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade,
posse, origem, fim ou outra especificação:
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, - presente de rei (=régio): qualidade
o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. - livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa - água da fonte, filho de fazendeiros: origem
a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, - fio de aço, casa de madeira: matéria
incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.” - casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado
pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, por locução adjetiva com complemento nominal. Este representa
adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do
Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo
mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor
“Ah, não fosse ele surdo à minha voz!” de matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O
adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa
Observações: O complemento nominal representa o o agente da ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém
recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um ou de alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo,
nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do
assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das
de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.
no objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de
complementar verbos, complementa nomes (substantivos, Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância
adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica
requerem complemento nominal correspondem, geralmente, a o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas
verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial
perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.;
obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc. Maria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.;
Ele fala bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez
esteja enganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às
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APOSTILAS OPÇÃO
vezes viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu “Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria
pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de Lourdes Teixeira)
de repente. “A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de
Assis)
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes “Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela)
de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa.
domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os
ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e
acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso,
de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio, que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de
adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de apelo (ó, olá, eh!):
complemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.
adn.); gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.). “Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: (Graciliano Ramos)
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” Castelo Branco)
(Carlos Drummond de Andrade) O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
substantivo: Questões
Foram os dois, ele e ela.
Só não tenho um retrato: o de minha irmã. 01. O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade
em:
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases (A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do (B) enfrentamos MUITAS novidades
sujeito: (C) precisa de um parceiro com MUITO caráter
Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas. (D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de (E) assumimos MUITO conflito e confusão
cores.
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo respectivamente:
pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos: (A) sujeito – objeto direto;
Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia; (B) sujeito – aposto;
o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc. (C) objeto direto – aposto;
“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (D) objeto direto – objeto direto;
(Graciliano Ramos) (E) objeto direto – complemento nominal.
Língua Portuguesa 46
APOSTILAS OPÇÃO
1ª oração: Passeamos pela praia - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
2ª oração: brincamos ora... ora, seja... seja, quer... quer.
3ª oração: recordamos os tempos de infância
As três orações que compõem esse período têm sentido Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: OCA OCS Alternativa
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de
sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
sintaticamente. conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha
As orações independentes de um período são chamadas com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
de orações coordenadas (OC), e o período formado só de coordenativa alternativa.
orações coordenadas é chamado de período composto por
coordenação. Venha agora ou perderá a vez.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
sindéticas. Assis)
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. (Luís Jardim)
OCA OCA OCA
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de porque, pois, porquanto.
Assis) Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” OCA OCS Explicativa
(Antônio Olavo Pereira) Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação
(Coelho Neto) à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
explicativa.
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.
O homem saiu do carro / e entrou na casa. “A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico
OCA OCS Veríssimo)
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção Período Composto por Subordinação
que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por
uma conjunção coordenativa adversativa. Observe os termos destacados em cada uma destas orações:
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
A espada vence, mas não convence. Todos querem sua participação. (objeto direto)
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
causa)
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto,
por isso, pois, logo. Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
orações com a mesma função sintática:
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
OCA OCS Conclusiva com função de adjunto adnominal)
Todos querem / que você participe. (oração subordinada
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção com função de objeto direto)
que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
Vives mentindo; logo, não mereces fé. Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade. certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
Língua Portuguesa 47
APOSTILAS OPÇÃO
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele que, porque (=para que), que.
é classificado como período composto por subordinação. As Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
orações subordinadas são classificadas de acordo com a função OP OSA Final
que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
Orações Subordinadas Adverbiais (Marquês de Maricá)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal para que)
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
que as introduz: recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
para que não deixasse)
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (=
visto que. porque), pois que, visto que.
Não fui à escola / porque fiquei doente. A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
OP OSA Causal OP OSA Consecutiva
O tambor soa porque é oco. Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. J. Veiga)
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
Sousa) As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
prolongar minha viagem.
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, - Comparativas: Expressam ideia de comparação com
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
Irei à sua casa / se não chover. tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
OP OSA Condicional menos ou mais).
Ela é bonita / como a mãe.
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos OP OSA Comparativa
ofensores.
Se o conhecesses, não o condenarias. A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.”
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de (Marquês de Maricá)
Andrade) Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
tenha êxito. Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da daquele olhar.
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
que, mesmo que. claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. subentendido o verbo ser (como a mãe é).
OP OSA Concessiva - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
Embora não possuísse informações seguras, ainda assim mais, quanto menos.
arriscou uma opinião. Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando OSA Proporcional OP
ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram. À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo. diminuindo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
OP OSA Conformativa Orações Subordinadas Substantivas
O homem age conforme pensa. As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi. que, num período, exercem funções sintáticas próprias de
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação. integrantes que e se. Elas podem ser:
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que). principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. O grupo quer / que você ajude.
OP OSA Temporal OP OSS Objetiva Direta
Formiga, quando quer se perder, cria asas. O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se mestre exigia a presença de todos.)
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) Mariana esperou que o marido voltasse.
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
de Maricá) O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
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APOSTILAS OPÇÃO
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração
principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto) principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a
Necessito / de que você me ajude. saúde, tornou-se realidade.
OP OSS Objetiva Indireta
Observação: Além das conjunções integrantes que e se,
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua as orações substantivas podem ser introduzidas por outros
viagem.) conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Aconselha-o a que trabalhe mais. Não sei quando ele chegou.
Daremos o prêmio a quem o merecer. Diga-me como resolver esse problema.
Lembre-se de que a vida é breve.
Orações Subordinadas Adjetivas
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela
que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem
Observe: É importante sua colaboração. (sujeito) a função de adjunto adnominal de algum termo da oração
É importante / que você colabore. principal. Observe como podemos transformar um adjunto
OP OSS Subjetiva adnominal em oração subordinada adjetiva:
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
A oração subjetiva geralmente vem: Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções adjetiva)
do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
ele voltará amanhã. As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. ser classificadas em:
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
da reunião. referem. Exemplo:
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
necessária.) OP OSA Restritiva
Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa. Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
Importa que saibas isso bem. o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
É aquela que exerce a função de complemento nominal de um Pedra que rola não cria limo.
termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua Os animais que se alimentam de carne chamam-se
inocência. (complemento nominal) carnívoros.
Estou convencido / de que ele é inocente. Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
OP OSS Completiva Nominal escreveram.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão Mariano)
dele.) - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
Estava ansioso por que voltasses. quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
Sê grato a quem te ensina. referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
(Graciliano Ramos) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
novo livro.
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela OP OSA Explicativa OP
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua Deus, que é nosso pai, nos salvará.
felicidade. (predicativo) Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
O importante é / que você seja feliz. Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
OP OSS Predicativa Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) Orações Reduzidas
Minha esperança era que ele desistisse. Observe que as orações subordinadas eram sempre
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e
Não sou quem você pensa. apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que se apresentam com o verbo numa das formas nominais
que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos:
Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício
do país. (aposto) - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do (infinitivo)
país. - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
OP OSS Apositiva - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
(particípio)
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
coisa: a sua felicidade) As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. formas nominais são chamadas de reduzidas.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de Para classificar a oração que está sob a forma reduzida,
que virias a morrer...” (Osmã Lins) devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
oculto?” (Machado de Assis) passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo,
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APOSTILAS OPÇÃO
conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação (A) adverbial conformativa
da oração desenvolvida. (B) adjetiva
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. (C) adverbial consecutiva
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês. (D) adverbial proporcional
OSA Temporal (E) adverbial causal
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de infinitivo. 03.“Esses produtos podem ser encontrados nos
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características
Precisando de ajuda, telefone-me. adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos
Se precisar de ajuda, / telefone-me. mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de
OSA Condicional consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial verbal reduzida adequadamente desenvolvida em
condicional, reduzida de gerúndio. (A) para se encaixarem.
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (B) para seu encaixotamento.
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o (C) para que se encaixassem.
vestiário. (D) para que se encaixem.
OSA Temporal (E) para que se encaixariam.
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de particípio. Respostas
01. B\02. A\03. D
Observações:
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de 5.4 Emprego dos sinais de
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
pontuação.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade.
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem Pontuação
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Exemplos: Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Preciso terminar este exercício. para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
Ele está jantando na sala. especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
Essa casa foi construída por meu pai. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma portuguesa.
reduzida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. Ponto
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
coordenada sindética aditiva) - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de se encontra.
gerúndio. - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
oração principal, que traz o efeito. Ponto e Vírgula ( ; )
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, importância.
imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito. 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O vírgulas.
período agora é composto por coordenação, pois a oração - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou e cobertor.
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
ter chorado. decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado;
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. - Pegar as crianças na escola;
OP OSA Comparativa OSA Condicional - Caminhada na praia;
- Reunião com amigos.
Questões
Dois pontos
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava 1- Antes de uma citação
para ser mãe”, a oração destacada é: - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
(B) subordinada substantiva completiva nominal 2- Antes de um aposto
(C) subordinada substantiva predicativa - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
(D) coordenada sindética conclusiva e calor à noite.
(E) coordenada sindética explicativa
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na rotina de sempre.
realidade.” A oração sublinhada é:
Língua Portuguesa 50
APOSTILAS OPÇÃO
4- Em frases de estilo direto - Para isolar:
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão? - o aposto:
São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um
Ponto de Exclamação trânsito caótico.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
súplica, etc. - o vocativo:
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! Ora, Thiago, não diga bobagem.
Língua Portuguesa 51
APOSTILAS OPÇÃO
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
5.5 Concordância verbal e no singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum
nominal. de nós o receberá.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
Observação: homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. que os determinam:
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, este permanece no singular, contanto que o predicativo também
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma
uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar criação de Machado de Assis.
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência
dos alunos resolveram ficar. mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo potência mundial.
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. Casos referentes a sujeito composto
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
um candidato se inscreveu no concurso de piadas. relacionado a dois pressupostos básicos:
Observação: - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá
necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos.
aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de Tu e ele são primos.
doação de alimentos.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
de formatura. ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
filhos compareceram ao evento.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
que atuaram na Copa América. poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer
no plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos.
7) Em casos relativos à concordância com locuções Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
atermos a duas questões básicas: mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também mundo.
concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
/ Alguns de nós o receberão.
Língua Portuguesa 52
APOSTILAS OPÇÃO
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço. corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
/ Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o
meu esforço. peso de suas mais graves decisões.
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
Questões tomar decisões sem medir suas consequências.
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar)
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual sobrevir consequências imprevistas e injustas.
alternativa? (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
(A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em humana.
breve, o ultrapassará. Respostas
(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos 01. C\02. A\03. C
que chegarão atrasados, tenho certeza disso.
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode Concordância Nominal
comê-las sem receio!
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos
janela do hotel! demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos
posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos
nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato concordam em gênero e número com o substantivo.
de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos - A pequena criança é uma gracinha.
sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações
cotidianas com os outros. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato geral mostrada acima.
de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam
com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna. a) Um adjetivo após vários substantivos
Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural
universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela ou concorda com o substantivo mais próximo.
vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
alguma coisa que também quer se expressar.
Os cachorros são uma constante fonte de diversão para 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais. plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima - Ela tem pai e mãe louros.
do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os - Ela tem pai e mãe loura.
cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma
coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que para o plural.
as sentem. - O homem e o menino estavam perdidos.
(Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis,
2005. p 250) b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
A frase em que se respeitam as normas de concordância próximo.
verbal é: Comi delicioso almoço e sobremesa.
(A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos Provei deliciosa fruta e suco.
atraem. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
atraem. Estavam feridos o pai e os filhos.
(C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros Estava ferido o pai e os filhos.
nos atraem.
(D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos c) Um substantivo e mais de um adjetivo
atraem. 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
(E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
nos atraem. 2- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
03. Uma pergunta
d) Pronomes de tratamento
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves Vossa Santidade esteve no Brasil.
consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
decisão: - Quem sofrerá? As cartas estão anexas.
Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se A bebida está inclusa.
considerar. Precisamos de nomes próprios.
(Salvador Nicola, inédito) Obrigado, disse o rapaz.
Língua Portuguesa 53
APOSTILAS OPÇÃO
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) (E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D.
1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de
singular e o adjetivo no plural. Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter
Renato advogou um e outro caso fáceis. certa autonomia econômica.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
g) É bom, é necessário, é proibido gênero, número ou pessoa):
1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier (A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a
precedido de artigo ou outro determinante. diferença.”
Canja é bom. / A canja é boa. (B) Todos sabemos que a solução não é fácil.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. (C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã.
é proibida. (D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de
longe...
h) Muito, pouco, caro (E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais
1- Como adjetivos: seguem a regra geral. compreensivo.
Comi muitas frutas durante a viagem. 03. A concordância nominal está INCORRETA em:
Pouco arroz é suficiente para mim. (A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
Os sapatos estavam caros. envolvimento da empresa.
2- Como advérbios: são invariáveis. (B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
Comi muito durante a viagem. desnecessária.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa
Comprei caro os sapatos. e a campanha.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
i) Mesmo, bastante desnecessárias.
1- Como advérbios: invariáveis Respostas
Preciso mesmo da sua ajuda. 01. D\02. D\03. B
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Língua Portuguesa 54
APOSTILAS OPÇÃO
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é quem” ou “ao que” se responde.
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes Respondi ao meu patrão.
formas em frases distintas. Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Verbos Intransitivos Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos analítica. Veja:
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. O questionário foi respondido corretamente.
a) Chegar, Ir Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para introduzidos pela preposição “com”.
indicar destino ou direção são: a, para. Antipatizo com aquela apresentadora.
Fui ao teatro. Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
Adjunto Adverbial de Lugar para uma minoria privilegiada.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
b) Comparecer Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
por em ou a. grupo:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
jogo. Agradecer, Perdoar e Pagar
São verbos que apresentam objeto direto
Verbos Transitivos Diretos relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Veja os exemplos:
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para Agradeço aos ouvintes a audiência.
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses Objeto Indireto Objeto Direto
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir Obj. Direto Objeto Indireto
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, Paguei o débito ao cobrador.
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em Objeto Direto Objeto Indireto
sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos
verbais, objetos indiretos. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, particular cuidado. Observe:
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Agradeci o presente. / Agradeci-o.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Pedi-lhe favores.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Objeto Indireto Objeto Direto
preposição “em”.
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.
todos. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos Objetiva Direta
introduzidos pela preposição “a”.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Saiba que:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. 1) A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
c) Responder - Tem complemento introduzido pela cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
Língua Portuguesa 55
APOSTILAS OPÇÃO
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver CHAMAR
subentendida. 1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. solicitar a atenção ou a presença de.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
ir entregar-lhe os catálogos em casa).
2) A construção “dizer para”, também muito usada 2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
popularmente, é igualmente considerada incorreta. apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
preposicionado ou não.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto A torcida chamou o jogador mercenário.
indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: A torcida chamou ao jogador mercenário.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. A torcida chamou o jogador de mercenário.
Prefiro trem a ônibus. A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um CUSTAR
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
no próprio verbo (pre). ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Mudança de Transitividade versus Mudança de
Significado 2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, Muito custa viver tão longe da família.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico Intransitivo Reduzida de Infinitivo
muito importante, pois além de permitir a correta interpretação
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude.
quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Indireto Reduzida de Infinitivo
AGRADAR
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
acariciar. atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Observe o exemplo abaixo:
quando o revê. Custei para entender o problema.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Forma correta: Custou-me entender o problema.
não perde oportunidade de agradá-lo.
IMPLICAR
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido
pela preposição “a”. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não agradou aos presentes. Suas atitudes implicavam um firme propósito.
O cantor não lhes agradou.
b) Ter como consequência, trazer como consequência,
ASPIRAR acarretar, provocar
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
(o ar), inalar. povo.
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter envolver
como ambição. Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a
elas) Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, indireto e rege com preposição “com”.
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o
exemplo: PROCEDER
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) 1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo,
ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
ASSISTIR agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar adjunto adverbial de modo.
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. refutá-las.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. Você procede muito mal.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, 2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
estar presente, caber, pertencer. de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
Exemplos: O avião procede de Maceió.
Assistimos ao documentário. Procedeu-se aos exames.
Não assisti às últimas sessões. O delegado procederá ao inquérito.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é QUERER
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar 1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
introduzido pela preposição “em”. vontade de, cobiçar.
Assistimos numa conturbada cidade. Querem melhor atendimento.
Língua Portuguesa 56
APOSTILAS OPÇÃO
Queremos um país melhor. Dúvida acerca de, em, sobre
2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, Ojeriza a, por
estimar, amar. Bacharel em
Quero muito aos meus amigos. Horror a
Ele quer bem à linda menina. Proeminência sobre
Despede-se o filho que muito lhe quer. Capacidade de, para
Impaciência com
VISAR Respeito a, com, para com, por
1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. Adjetivos
O homem visou o alvo. Acessível a
O gerente não quis visar o cheque. Diferente de
Necessário a
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Acostumado a, com
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. Entendido em
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Nocivo a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Afável com, para com
público. Equivalente a
Questões Paralelo a
Agradável a
01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego Escasso de
correto da regência do verbo, EXCETO: Parco em, de
(A) Faço entrega em domicílio. Alheio a, de
(B) Eles assistem o espetáculo. Essencial a, para
(C) João gosta de frutas. Passível de
(D) Ana reside em São Paulo. Análogo a
(E) Pedro aspira ao cargo de chefe. Fácil de
Preferível a
02. Assinale a opção em que o verbo Ansioso de, para, por
chamar é empregado com o mesmo sentido que Fanático por
apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Prejudicial a
Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”: Apto a, para
(A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; Favorável a
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo; Prestes a
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; Ávido de
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Generoso com
(E) mandou chamar o médico com urgência. Propício a
Benéfico a
03. A regência verbal está correta na alternativa: Grato a, por
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Próximo a
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Capaz de, para
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Hábil em
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Relacionado com
Compatível com
Respostas Habituado a
01. B\02. A\03. D Relativo a
Contemporâneo a, de
Regência Nominal Idêntico a
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Advérbios
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Longe de Perto de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, paralelamente a; relativa a; relativamente a.
conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja: Questões
Língua Portuguesa 57
APOSTILAS OPÇÃO
Respostas Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
01. D\02. A
1-) diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
5.7 Emprego do sinal indicativo Sempre vamos à praia no verão.
de crase. Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Crase Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
A palavra crase é de origem grega e significa «fusão», 2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
«mistura». Na língua portuguesa, é o nome que se dá à «junção» (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também, 3-) na indicação de horas:
para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos Acordei às sete horas da manhã.
e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a Elas chegaram às dez horas.
crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Foram dormir à meia-noite.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de
Observe: que participam palavras femininas. Por exemplo:
Vou a + a igreja.
Vou à igreja. à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
No exemplo acima, temos a ocorrência da
preposição “a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a à vontade à beça à larga à escuta
ocorrência do artigo “a” que está determinando o substantivo às avessas à revelia à exceção de à imitação de
feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e
elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe à esquerda às turras às vezes à chave
os outros exemplos: à direita à procura à deriva à toa
Conheço a aluna. à proporção
à luz à sombra de à frente de
Refiro-me à aluna. que
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer à
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode semelhança às ordens à beira de
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto de
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja Crase diante de Nomes de Lugar
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já
especificados. Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre: artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
1-) diante de substantivos masculinos: preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
Andamos a cavalo. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo
Fomos a pé. regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”. A
ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de
2-) diante de verbos no infinitivo: lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase.
A criança começou a falar. Por exemplo:
Ela não tem nada a dizer. Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a]
França.)
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de Alegre.)
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. - Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A
Entreguei a todos os documentos necessários. volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Veja:
ocorrerá crase. Por exemplo: Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. =
mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) Irei à Salvador de Jorge Amado.
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Cláudio para sair mais cedo.) Aquela (s), Aquilo
4-) diante de numerais cardinais: Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Chegou a duzentos o número de feridos regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Daqui a uma semana começa o campeonato.
Língua Portuguesa 58
APOSTILAS OPÇÃO
Veja:
Refiro-me a + aquele atentado.
Gostava de fotografar à distância.
Preposição Pronome Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância.
Refiro-me àquele atentado.
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, 1-) diante de nomes próprios femininos:
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Aluguei aquela casa. Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige
preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
Veja outros exemplos: feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a
Não obedecerei àquele sujeito. Roberto.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Roberto.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as 2-) diante de pronome possessivo feminino:
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes Observação: é facultativo o uso da crase diante de
exigir a preposição «a», haverá crase. É possível detectar a pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do artigo. Observe:
termo regido feminino por um termo regido masculino. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está
Por exemplo: esperando por você.
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade esperando por você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
Veja outros exemplos: pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. frases abaixo das seguintes formas:
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
responder nenhuma das questões. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia.
3-) depois da preposição até:
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Fui até a praia. ou Fui até à praia.
A ocorrência da crase com o pronome Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
demonstrativo “a” também pode ser detectada através da A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou
substituição do termo regente feminino por um termo regido A palestra vai até às cinco horas da tarde.
masculino.
Veja: Questões
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
As orações são semelhantes às de antes. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
Os exemplos são semelhantes aos de antes. consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades
Suas perguntas são superiores às dele. e estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
Seus argumentos são superiores aos dele. questões de saúde pública como programas de esclarecimento
Sua blusa é idêntica à de minha colega. e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico
ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
A Palavra Distância própria família?
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
crase deve ocorrer. 17.09.2012. Adaptado)
Por exemplo:
Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
determinada) respectivamente, com:
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A (A) aos … à … a … a
palavra está especificada.) (B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à
Se a palavra distância não estiver especificada, a (D) à … à … à … à
crase não pode ocorrer. (E) a … a … a … a
Por exemplo:
Os militares ficaram a distância. 02. Leia o texto a seguir.
Gostava de fotografar a distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Ensinou a distância. ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Dizem que aquele médico cura a distância. procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Reconheci o menino a distância. lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
que fez.
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
pode-se usar a crase. Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Língua Portuguesa 59
APOSTILAS OPÇÃO
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
ordem dada: Amem-se uns aos outros.
A) à – a – a Sigam-me e não terão derrotas.
B) a – a – à
C) à – a – à - O verbo iniciar a oração:
D) à – à – a Diga-lhe que está tudo bem.
E) a – à – à Chamaram-me para ser sócio.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição
expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. “a”:
a) à - àqueles - a - há Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
b) a - àqueles - a - há Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
c) a - aqueles - à - a - O verbo estiver no gerúndio:
d) à - àqueles - a - a Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de
e) a - aqueles - à - há despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.
Respostas - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
1-B / 2-A / 3-B Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no
mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
5.8 Colocação dos pronomes Mesóclise
átomos.
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
Colocação dos Pronomes Oblíquos realizará)
Átonos Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
proposta a você)
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a Fontes:
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php
http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se
htm
referem. Questões
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe,
lhes, nos e vos. 01. Considerada a norma culta escrita, há correta substituição
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na de estrutura nominal por pronome em:
oração em relação ao verbo: (A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
1. próclise: pronome antes do verbo lhes antecipadamente.
2. ênclise: pronome depois do verbo (B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
3. mesóclise: pronome no meio do verbo verbo fabricar se extraiu-lhe.
(C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
Próclise (D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de
conhecê-las.
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: (E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
- Palavras com sentido negativo:
Nada me faz querer sair dessa cama. 02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
Não se trata de nenhuma novidade. “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
- Advérbios: (A) Basta apresenta-lo.
Nesta casa se fala alemão. (B) Basta apresentar-lhe.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. (C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la.
- Pronomes relativos: (E) Basta apresentá-lo.
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. Respostas
01. D/02. E
- Pronomes indefinidos:
Quem me disse isso? 6. Reescrita de frases e parágrafos
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. do texto. 6.1 Significação das
palavras. 6.2 Substituição de
- Pronomes demonstrativos:
Isso me deixa muito feliz!
palavras ou de trechos de texto.
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! 6.3 Reorganização da estrutura
de orações e de períodos do
- Preposição seguida de gerúndio: texto. 6.4 Reescrita de textos de
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais diferentes gêneros e níveis de
indicado à pesquisa escolar.
formalidade.
- Conjunção subordinativa:
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
Reescritura de Frases
Ênclise
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão importante,
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não convidamos você, caro (a) usuário (a), a se enlevar mediante as
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A palavras do grandioso mestre de nossas letras, João Cabral de
ênclise vai acontecer quando: Melo Neto, que, por meio de uma metalinguagem, cumpre bem
Língua Portuguesa 60
APOSTILAS OPÇÃO
seu trabalho de lidar com as palavras e deixar claro para nós, A leitura é importante, necessária, útil e benéfica a todo
leitores, quão grandioso e magnífico é o exercício da escrita. emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
Voltemo-nos a elas, portanto: discursiva.
Outro aspecto, não menos importante, materializa-se pela
Catar feijão “abundância” de orações intercaladas, as quais corroboram
1. para a extensão da ideia, fazendo com que o interlocutor perca
Catar feijão se limita com escrever: o “fio da meada” e passe a não entender mais o que se afirma
joga-se os grãos na água do alguidar no início da oração. Dessa forma, para que fique um pouco mais
e as palavras na folha de papel; claro, analisemos o parágrafo que segue, revelando ser um bom
e depois, joga-se fora o que boiar. exemplo da ocorrência em questão:
Certo, toda palavra boiará no papel, A leitura, esse importante instrumento – o qual o torna
água congelada, por chumbo seu verbo: mais culto, mais apto a expressar seus pensamentos –, pois
pois para catar esse feijão, soprar nele, amplia significativamente seu vocabulário, contribui para o
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. aperfeiçoamento da escrita.
Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da leitura, ainda
2. que relevante, tornou extensa e cansativa a ideia abordada.
Ora, nesse catar feijão entra um risco: Dessa forma, retificando a oração, poderíamos obter como
o de que entre os grãos pesados entre essencial somente estes dizeres, os quais seguem expressos:
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente. A leitura contribui para o aperfeiçoamento da escrita.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: Mediante os pressupostos aqui elencados, acreditamos ter
obstrui a leitura fluviante, flutual, contribuído de forma significativa para que você aprimore ainda
açula a atenção, isca-a como o risco. mais suas habilidades no que tange à construção textual. E que,
por meio da reescrita de suas ideias, possa ser hábil em jogar
Poema intitulado “Catar feijão”, parte constituinte do livro fora o leve o oco, assim mesmo como ressalta nosso grande
“Educação pela pedra”, publicado em 1965. mestre, e reelabore seu discurso pautando-se na concretude das
palavras, tornando-as claras, precisas, objetivas.
A comparação ora estabelecida parece casar perfeitamente
diante daquele momento em que as ideias são elencadas. No Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/reescrita-
entanto, é preciso ser hábil para escolher palavra por palavra, textual.html
de modo a fazer com que o discurso (as orações, os períodos, os
parágrafos) torne-se claro e preciso, atendendo às expectativas ATITUDES NÃO RECOMENDADAS
de nosso interlocutor. Dessa forma, como aqueles grãos que
boiam fora, desnecessários por sinal, algumas palavras também EXPRESSÕES USO RECOMENDADO
parecem não se encaixar, pois por um motivo ou outro acabam CONDENÁVEIS
escapando aos nossos olhos. A nível de / Ao nível Em nível, No nível
O porquê de escaparem? É simples, haja vista que nesse
momento essa habilidade antes mencionada entra em ação e, em Face a / Frente a Ante, Diante, Em face de, Em
meio a esse ínterim, conhecimentos de toda ordem parecem se vista de, Perante
relacionar, sejam eles de ordem ortográfica, semântica, sintática Onde (Quando não Em que, Na qual, Nas quais, No
e, sobretudo, aqueles indispensáveis a todo bom redator: o exprime lugar) qual, Nos quais
conhecimento de mundo.
Dada essa manifestação, é impossível não abordar um Sob um ponto de vista De um ponto de vista
procedimento, tão útil quanto necessário: a reescrita textual. Sob um prisma Por (ou através de) um prisma
Acredite que, por meio dele, você, enquanto emissor, encontrará
os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um Em função de Em virtude de, Por causa de,
grão imastigável, de quebrar dente. Vale dizer, contudo, que essa Em consequência de, Por, Em
reescrita não deve se dar somente no âmbito de corrigir aqueles razão de
possíveis erros... digamos assim... gramaticais. Importantes eles?
Sim, sem dúvida alguma, mas não são tudo. Cumpre afirmar que Expressões não recomendadas
a reescrita deve ir além, haja vista que nos permite reconhecer - a partir de (a não ser com valor temporal).
aquelas “falhas” que certamente seriam reconhecidas por Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se
outra pessoa, sobretudo em se tratando do “teor”, da “essência” de...
discursiva.
Tendo em vista que a coesão representa um dos principais - através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
aspectos na produção textual, muitas vezes, mediante a leitura Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de,
daquilo que escrevemos, constatamos que os parágrafos não se segundo...
encontram assim tão harmoniosamente ligados como deveriam. - devido a.
Às vezes, uma conjunção ali, um advérbio acolá e um pronome Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa
adiante não se encontram bem distribuídos. Outras vezes, de.
percebemos uma quebra de simetria (revelada pela falta de
paralelismo), em que uma ideia poderia ter sido expressa de - dito.
outra forma. Opção: citado, mencionado.
Assim, de modo a constatar como esse aspecto assimétrico
se manifesta na prática, analise o seguinte enunciado: - enquanto.
A leitura é importante, necessária, útil e traz benefícios a Opção: ao passo que.
todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
discursiva. - inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
Inferimos que com o uso de “traz benefícios” houve uma Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
quebra de simetria dos adjetivos explicitados (importante,
necessária, útil...). Não que isso seja considerado uma falha de - no sentido de, com vistas a.
grande extensão, mas a ideia ficaria mais clara se outro adjetivo Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
tivesse sido utilizado, justamente para acompanhar o raciocínio
antes firmado, ou seja: - pois (no início da oração).
Língua Portuguesa 61
APOSTILAS OPÇÃO
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. Problema com o uso do conectivo “mas”. O conectivo mas indi-
ca uma circunstância de oposição, de ideia contrária a. Portanto,
- principalmente. a relação adversativa introduzida pelo “mas” no fragmento aci-
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em ma produz uma ideia absurda.
particular.
- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade
Expressões que demandam atenção sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apazi-
- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se guava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, separadas carnalmente”.
aceito Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem
- acendido, aceso (formas similares) – idem a redação e fazem parecer que o autor não tem criatividade ao
- à custa de – e não às custas de lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que,
conforme - “Todos os deputados são corruptos”.
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que Evite pensamentos radicais. É recomendável não generali-
- a meu ver – e não ao meu ver zar e evitar, assim, posições extremistas.
- a ponto de – e não ao ponto de
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal - “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas.
- em termos de – modismo; evitar Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você to-
- enquanto que – o que é redundância mou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como vai fazer
- implicar em – a regência é direta (sem em) para, enfim, para ele entender a decisão”.
- ir de encontro a – chocar-se com O ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito
- ir ao encontro de – concordar com não deve apresentar marcas de oralidade.
- se não, senão – quando se pode substituir por caso não,
separado; quando não se pode, junto - “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
- todo mundo – todos Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom
- todo o mundo – o mundo inteiro cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
- não pagamento = hífen somente quando o segundo termo mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
for substantivo
- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo - “Fazem” cinco anos.
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando) Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. /
- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do
presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). - “Houveram” muitos acidentes.
Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
Erros Comuns acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos
iguais.
- “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte
anos tenho muitas novidades para contar”. - Para “mim” fazer.
Uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fa-
coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se re- zer, para eu dizer, para eu trazer.
fere, portanto nada conecta e produz relação absurda.
- Entre “eu” e você.
- “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. /
cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou na- Entre eles e ti.
quele baile de quinze anos”, “... é aos dezoito anos que se começa
a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectiva que - “Há” dez anos “atrás”.
nos acompanham para sempre na estrada da vida”. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos
Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras ou dez anos atrás.
gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto,
se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões - “Entrar dentro”.
gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do texto Problema de redundância. O certo seria: entrar em.
fica comprometida. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de liga-
ção, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem falecido.
põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a
vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu - Vai assistir “o” jogo hoje.
valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir todos Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa,
os mistérios da vida que nos cerca a todo instante”. à sessão.
É de extrema importância seguir o que foi proposto no tema. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou)
Antes de começar o texto leia atentamente todos os elementos à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. /
que o examinador apresentou. Esquematize as ideias e perceba Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à
se não há falta de correspondência entre o tema proposto e o carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
texto criado.
- Preferia ir “do que” ficar.
- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo (...) Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É
mostrou que ele não era maligno”. preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer
Esta frase está ambígua. Não se sabe se o pronome ele refere- sem glória.
-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade, deve-se
observar se a relação entre cada palavra do texto está correta. - Não há regra sem “excessão”.
O certo é exceção.
- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma
criança”. correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente),
“xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso),
Língua Portuguesa 62
APOSTILAS OPÇÃO
“cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.
“calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem- - Ele foi um dos que “chegou” antes.
-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que
(empecilho), “envólucro” (invólucro). chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um
dos que sempre vibravam com a vitória.
- Comprei “ele” para você.
Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. As- - “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredon-
sim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos damento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20
entrar, viu-a, mandou-me. pessoas o saudaram.
- “Aluga-se” casas. - Tinha “chego” atrasado.
O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem- “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se
terrenos. / Procuram-se empregados. - Queria namorar “com” o colega.
- Chegou “em” São Paulo. O com não existe: Queria namorar o colega.
Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Pau-
lo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo. - O processo deu entrada “junto ao” STF.
Processo dá entrada no STF
- Todos somos “cidadões”.
O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de - As pessoas “esperavam-o”.
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os
e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no.
- A última “seção” de cinema. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo
de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, se- - Vocês “fariam-lhe” um favor?
ção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, ses- Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) de-
são do Congresso. pois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicio-
nal) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um
- Vendeu “uma” grama de ouro. favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-
Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitami- -se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. /
na C de dois gramas. Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).
- “Porisso”. - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime dis-
tância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Che-
- Não viu “qualquer” risco. gou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco
Deve-se usar “nenhum”, e não “qualquer. minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12
Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
Nunca promoveu nenhuma confusão.
- Estávamos “em” quatro à mesa.
- A feira “inicia” amanhã. O “em” não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis.
Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugu- / Ficamos cinco na sala.
ra-se) amanhã.
- Sentou “na” mesa para comer.
- O peixe tem muito “espinho”. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o cer-
Peixe tem espinha. to: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina,
Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. ao computador.
/ Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabe-
çário” (cabeçalho). - Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu.
A locução não existe. Use porque: Ficou contente porque nin-
- Não sabiam «aonde» ele estava. guém se feriu.
O certo: Não sabiam onde ele estava.
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei - O time empatou “em” 2 a 2.
aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? A preposição é “por”: O time empatou por 2 a 2. Repare que
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.
- “Obrigado”, disse a moça.
Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / - Não queria que “receiassem” a sua companhia.
Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia.
- Ela era “meia” louca. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só exis-
Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio te i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: re-
amiga. ceiem, passeias, enfeiam).
- A questão não tem nada «haver» com você. - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos,
A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. só o último elemento varia: acordos político-partidários. Ou-
Da mesma forma: Tem tudo a ver com você. tros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-
-financeiras, partidos social-democratas.
- Vou “emprestar” dele.
Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar - Andou por “todo” país.
o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país
irmão. (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi
demitida.
Língua Portuguesa 63
APOSTILAS OPÇÃO
Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada - O pai “sequer” foi avisado.
homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi
avisado. / Partiu sem sequer nos avisar.
- “Todos” amigos o elogiavam.
No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era - O fato passou “desapercebido”.
difícil apontar todas as contradições do texto. Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. De-
sapercebido significa desprevenido.
- Ela “mesmo” arrumou a sala.
“Mesmo” é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / - “Haja visto” seu empenho...
As vítimas mesmas recorreram à polícia. A expressão é “haja vista” e não varia: Haja vista seu empe-
nho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu.
Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou - A moça “que ele gosta”.
substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários pú- Quem gosta, gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta
blicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos
servidores (e não “dos mesmos”). - É hora “dele” chegar.
Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou
- Vou sair “essa” noite. pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar.
É este que designa o tempo no qual se está o objeto próximo: / Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de esses fatos te-
Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este rem ocorrido.
jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).
- A festa começa às 8 “hrs.”.
- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sem- As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural
pre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.
- Comeu frango “ao invés de” peixe. - “Dado” os índices das pesquisas...
Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de pei- A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... /
xe. Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...
Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar,
saiu. - Ficou “sobre” a mira do assaltante.
Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan-
- Se eu “ver” você por aí... te. / Escondeu-se sob a cama.
O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre
(de vir); se eu tiver (de ter); se ele puser (de pôr); se ele fizer (de o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o
fazer); se nós dissermos (de dizer). piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz
alguma coisa e alguém vai para trás.
- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em
que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc. Portan- - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu
to, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, ver, a seu ver, a nosso ver.
Língua Portuguesa 64
APOSTILAS OPÇÃO
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos Norma culta, norma padrão e norma popular
que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos
científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao
língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando
sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A
gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas
(de repressão linguística) como o vestibular. também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na
Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes,
a distinção entre as duas modalidades e os dois termos que as poder, acesso a educação escrita, e não da qualidade da forma
da língua. Há um conceito amplo e um conceito estreito de
descrevem? Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de
Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos
e convenções agregadas num corpo chamado de gramática usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido
tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de amplo, a norma corresponde à necessidade que um grupo
correção para toda e qualquer forma de expressão linguística. social experimenta de defender seu veículo de comunicação das
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de alterações que poderiam advir no momento do seu aprendizado.
acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e atitudes
pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele
uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões
igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente a políticas, econômicas e culturais. Segundo Lucchesi considera-
culto). se que a realidade linguística brasileira deve ser entendida como
Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar um contínuo de normas, dentro do quadro de bipolarização do
diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a Português do Brasil.
possibilidade de imposição ou adoção como única de uma A existência da civilização dá-se com o surgimento da
língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo
vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, sobretudo esta importante nos documentos formais que exigem a correta
os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer expressão do Português para que não haja mal entendido algum.
de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais Ela nada mais é do que a modalidade linguística escolhida pela
na escrita do que na fala. elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e
“ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou verbal.
também, ao longo da história, um processo fortemente unificador A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas
(que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas), brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas
que visou e visa uma relativa estabilização linguística, buscando efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos,
neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse sendo assim classificando os cidadãos nascidos e criados em
processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de zonas urbanas e com grau de instrução superior completo.
norma-padrão ou língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto). “Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras
Aryon Rodrigues entra na discussão: “Frequentemente o dos grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe
padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso
os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não idiomático e consagrou”. (ROCHA LIMA).
cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta
professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa podemos citar que é: a variante de maior prestígio social na
escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la membros do grupo social de padrão cultural mais elevado;
em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada
grupo profissional ”. pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há
Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há maior formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da
brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale gramática tradicional; a mais empregada na literatura e também
assim: pelas pessoas cultas em diferentes situações de formalidade;
– Me conta como foi o fim de semana… indicada precisamente nas marcas de gênero, número e pessoa;
– Te enganaram, com certeza! usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi do plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos
mandado embora? sermões; empregada em todos os modos verbais em relação
verbal de tempos e modos; possuindo uma enorme riqueza
Ou mesmo assim: de construção sintática, além de uma maior utilização da
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem voz passiva; grande o emprego de preposições nas regências
machucados. aproveitando a organização gramatical cuidada da frase.
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa
– Acho que já lhe conheço, rapaz. formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua
língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico,
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar.
às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma
se exprimem desse modo, essa é a norma culta. Já as formas Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições
propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só representadas na gramática, mas é marcada pela língua
se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / produzida em certo momento da história e em uma determinada
explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes
/ acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua- formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma
padrão. Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar.
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua
polarização entre a norma-padrão (também denominada idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo
“norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e
variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência
senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal
leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido
que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma
norma culta. Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do Português
no Brasil.
Língua Portuguesa 65
APOSTILAS OPÇÃO
Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação: pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo,
onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios
Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem
anteriores servindo como um ideal imaginário e inatingível. à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética
A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. A (orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue A contribuição Greco-latina é responsável pela existência,
rigidamente as regras gramaticais. em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante - Adversário e antagonista.
tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como - Translúcido e diáfano.
porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o - Semicírculo e hemiciclo.
que está escrito. Já a Padrão Coloquial é a versão oral da língua - Contraveneno e antídoto.
culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de - Moral e ética.
liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais. - Colóquio e diálogo.
Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, - Transformação e metamorfose.
embora exista, a permissividade com relação às transgressões é - Oposição e antítese.
pequena. O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes palavra que também designa o emprego de sinônimos.
traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o
arroz e não te falei que você iria conseguir?. Inadmissíveis na Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência - Ordem e anarquia.
dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente - Soberba e humildade.
as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. - Louvar e censurar.
Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos - Mal e bem.
e muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas
mesmo na linguagem oral. A Norma Popular é aquela linguagem A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/
linguagem popular, falada no cotidiano. antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/
O nível popular está associado à simplicidade da utilização implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/
linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos. anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
Esta decorrerá da espontaneidade própria do discurso oral e da
natural economia linguística. É utilizado em contextos informais. Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às
Dentre as características da Norma Popular podemos vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
destacar: economia nas marcas de gênero, número e pessoa; - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
redução das pessoas gramaticais do verbo; mistura da 2ª com - Aço (substantivo) e asso (verbo).
a 3ª pessoa do singular; uso intenso da expressão a gente em Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.
lugar de eu e nós; redução dos tempos da conjugação verbal e de A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é
certas pessoas, como a perda quase total do futuro do presente considerada uma deficiência dos idiomas.
e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo; do presente do O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto
subjuntivo; do infinitivo pessoal; falta de correlação verbal entre fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
os tempos; redução do processo subordinativo em benefício da
frase simples e da coordenação; maior emprego da voz ativa Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
em lugar da passiva; predomínio das regências verbais diretas; no timbre ou na intensidade das vogais.
simplificação gramatical da frase; emprego dos pronomes - Rego (substantivo) e rego (verbo).
pessoais retos como objetos. - Colher (verbo) e colher (substantivo).
Na visão de Preti, os falantes cultos “até em situação de - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral, - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea e - Para (verbo parar) e para (preposição).
criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e dinâmica. - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado (Norma - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
Culta); to preocupado (Norma Popular); to grilado (gíria, limite - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
da Norma Popular). per+o).
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge
conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e
expressividade e enorme criatividade para viver, necessitando diferentes na escrita.
conhecer a língua culta para conviver. - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Fonte:https://centraldefavoritos.wordpress. - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao-padrao/(Adaptado) - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
consertar).
Significação das palavras - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, que - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
com a ideia associada a este conjunto. - Paço (palácio) e passo (andar).
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
Exemplo: anular).
- Alfabeto, abecedário. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Brado, grito, clamor. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
Língua Portuguesa 66
APOSTILAS OPÇÃO
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). Questões
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na 01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das
pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia,
tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um
séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá
(aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que
de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento, quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência
deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente, da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade
divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos
vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). participar.
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: usuários de distinguir essas variações como relevantes no
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para
plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários
gado. precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros,
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu de observações e reconhecer a organização geral da rede de que
do palato. participam.
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
têm dezenas de acepções. recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
Sentido Próprio e Figurado das Palavras conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
Pela própria definição acima destacada podemos perceber sentimento de pânico experimentados por um número crescente
que a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou
a sua forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação,
outra relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da
ela traz (denominada significado). sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se para o espírito.
assim: (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido comum Revista USP, no 92. Adaptado)
que costumamos dar a uma palavra.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figurado”, que As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho
podemos dar a uma palavra. / estimar parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes adequados respectivamente em:
contextos: a) procurar / gostar de / ilustrar
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil peçonhento) b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, que c) interferir / propor / embrutecer
adota condutas pouco apreciáveis) d) intrometer-se / prezar / esclarecer
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece muito e) contrapor-se / consolidar / iluminar
sobre alguma coisa, “expert”)
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum 02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
figurado. se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
concreta) pode ter vários significados (conceitos). mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
Fonte: das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
Denotação e Conotação em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário; triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
exemplo: milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
Cortaram as asas da ave para que não voasse mais. do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido molambos...
próprio, comum, usual, literal. Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
- DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: trata- uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu sentido mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
dicionarístico. moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
expressiva. Veja este exemplo: crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
seja tarde mais. mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
disciplina, limitação de conduta e comportamento. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
Língua Portuguesa 67
APOSTILAS OPÇÃO
Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?
a) Armistício – destruição
b) Claudicante – manco
c) Reveses – infortúnios
d) Fealdade – feiura
e) Opilados – desnutridos
Respostas
01. B\02. A\03. C\04. A\05. A
Anotações
Língua Portuguesa 68
NOÇÕES DE LÓGICA
APOSTILAS OPÇÃO
Se Ana foi à praia então Paulo foi pescar, ora eu sou muito
amigo de uma Ana e de um Paulo e ambos detestam ir à praia
ou mesmo pescar, auto induzindo respostas absurdas.
Dessa forma, as relações são arbitrárias, ou seja, não
importa se você conhece Ana, Homero ou Paulo. Não importa
o seu conhecimento sobre as proposições que formam a frase,
na realidade pouco importam se as proposições são
verdadeiras ou falsas.
1) Entendimento da Queremos dizer que o seu conhecimento sobre a frase
estrutura lógica das relações deverá ser arbitrário, vamos ver através de outro exemplo:
arbitrárias entre pessoas, Todo cavalo é um animal azul
lugares, coisas, eventos Todo animal azul é árvore
fictícios; dedução de novas Logo Todo cavalo é árvore
informações das relações Observe que podemos dizer que se tem acima um
fornecidas e avaliar as argumento lógico, formado por três proposições categóricas
condições usadas para (estas têm a presença das palavras Todo, Algum e Nenhum), as
duas primeiras serão denominadas premissas e a terceira é a
estabelecer a estrutura conclusão.
daquelas relações. 2) Observe que as três proposições são totalmente falsas, mas
Resolução de situações- é possível comprovar que a conclusão é uma consequência
lógica das premissas, ou seja, que se considerar as premissas
problema. 3) As questões como verdadeiras, a conclusão será, por consequência,
desta prova poderão tratar verdadeira, e este argumento será considerado válido
das seguintes áreas: logicamente.
A arbitrariedade é tanta que na hora da prova pode ser
estruturas lógicas, lógicas de interessante substituir as proposições por letras, veja:
argumentação, diagramas
lógicos. Todo A é B
Todo B é C
Caro (a) candidato (a), não fizemos a divisão em Tópicos Logo Todo A é C
pois os mesmos estão inteiramente relacionados. Colocamos os
assuntos seguindo a melhor ordem de estudo para você; visando A arbitrariedade ainda se relaciona às pessoas, lugares,
a melhor compreensão dos assuntos cobrados neste edital. coisas, ou eventos fictícios. Cobra-se no edital o ato de deduzir
novas informações das relações fornecidas, ou seja, o aspecto
da Dedução Lógica poderá ser cobrado de forma a resolver as
RACIOCÍNIO LÓGICO E A VISÃO SISTÊMICA
questões.
- Deduzir novas informações das relações fornecidas e Caro (a) candidato (a), elaborar estratégia para inteirar-se
avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura sobre Raciocínio Lógico e uma visão sistêmica na hora de
daquelas relações; resolver uma questão é de suma importância para se obter o
sucesso e acertar.
- Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a Nestes tipos de questões, envolvem-se interpretação de
estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, texto e todo o conhecimento em Raciocínio Lógico, haja vista
coisas, eventos fictícios; que o objetivo é testar as habilidades de raciocínio dos
candidatos, assim sendo, estude os seguintes tópicos em nosso
- Visa também avaliar se o candidato identifica as material:
regularidades de uma sequência, numérica ou figural, de modo - Princípio da Regressão ou Reversão;
a indicar qual e o elemento de uma dada posição; - Implicação Lógica;
- Estruturas Lógicas;
- Correlação de Elementos / Associação Lógica;
- Compreensão do processo lógico que, a partir de um
- Lógica de Argumentação;
conjunto de hipóteses, conduz, de forma valida, a conclusões
determinadas. - Proposições Categóricas.
Noções de Lógica 1
APOSTILAS OPÇÃO
princípio da regressão, cujo objetivo é obter o valor inicial do II) No segundo passo, ele já possuía 10 reais, mas doou 20
problema proposto através da operação inversa. para a igreja (-20) e ao recuperá-lo ficou com 10 + 20 = 30.
Como ele dobrou o capital, temos agora que reduzi-lo a metade
(30 ÷ 2) = 15. Conclusão: na segunda etapa ele possuía 15 reais,
Soma ↔ a regressão é feita pela subtração.
que dobrados originaram 30 reais. Como doou 20 reais, ficou
Subtração ↔ a regressão é feita pela soma.
com 10 no terceiro passo.
Multiplicação ↔ a regressão é feita pela divisão.
I) Inicialmente, ele possuirá os 15 reais mais 20 reais que
Divisão ↔ a regressão é feita pela multiplicação.
serão recuperados, ou seja, 35 reais e reduzir o capital pela
metade (35 ÷ 2) = 17,50.
Veja os exemplos abaixo: Resposta: Inicialmente, possuía R$ 17,50.
1 – Uma pessoa gasta metade do seu capital mais R$ 10,00, Gabarito: D
ficando sem capital algum. Quanto ela possuía inicialmente?
Solução: Outros métodos:
2- Tabela verdade e equivalência lógica, negação e validade
de um argumento.
3- Regras de Inferência
4- Diagramas de Euller-Venn
O candidato deve ficar atento, após o entendimento da
tabela verdade, este deve saber aplicar as regras de inferência,
diagramas de Venn, equivalência e negação, assim ele
verificará que não existe lógica pelas frases ou suas
interpretações , veja o modelo abaixo( caso 1 e 2 ).
Caso 1: validade de um argumento
Um argumento é válido caso satisfaça duas condições:
I – A proposição 1, a proposição 2 e a conclusão (p1, p2, C),
No problema acima, a pessoa gastou em dinheiro (– R$ têm pelo menos uma linha verdadeira quando construída a sua
10,00), ou seja, houve uma perda. Pelo princípio da regressão, tabela-verdade.
iremos supor que ele recuperará o dinheiro, para que II – (p1 p2) → C é tautológica, caso contrário, temos um
possamos chegar à situação inicial (+ R$ 10,00). sofisma.
Posteriormente, ele gasta metade do seu capital (÷2). Para
voltarmos a situação inicial devemos multiplicar por 2 o valor Nota: argumento possui 3 premissas no mínimo
em dinheiro que ele possuía. Logo, 2 × R $10,00 = R$ 20,00. e uma conclusão e silogismo 2 premissas e uma
conclusão, assim de início chamarei o silogismo
2 – Um indivíduo fez uma promessa a São Sebastião, se este de argumento sem o rigor da definição, pois a
dobrar o seu dinheiro, ele doará R$ 20,00 para a igreja, no final preocupação é quanto a validade, e percebe que
da 3º dobra, nada mais lhe restara, quanto possuía o indivíduo não há correlação com o português, mas sim
inicialmente? com a estrutura.
(A) 14,50
(B) 15,50 Exemplo:
(C) 16,50 Verifique se o argumento (silogismo) abaixo é válido:
(D) 17,50 Premissa 1 (P1): pvq
(E) 18,50 Premissa 2 (P2): ~q
Solução: Conclusão (C): p
a) Solução Algébrica Condição I: P1, P2 e C devem ter pelo menos uma linha da
Valor que possuía inicialmente: x tabela-verdade toda verdadeira.
1º dobra: 2x – 20 P1: pvq P2: ~q C: p
2° dobra: 2(2x – 20) – 20 V F V
3° dobra: 2[2(2x – 20) – 20] – 20 = 0 V V V
Resolvendo a equação encontramos x = 17,50 V F F
Resposta: Inicialmente o indivíduo possui R$17,50
F V F
b) Solução pelo método da regressão
Condição II: (p1 p2) → C deve ser tautológica
(pvq) ~q → p
F V V
V V V
F V F
Pelo método da regressão, vamos abordar o problema do F V F
final para o início, ou seja, partiremos do passo IV até o passo
I. Resposta: O argumento é válido, pois satisfaz as duas
IV) Se no final restou 0, significa que todo o dinheiro foi condições.
doado.
III) No terceiro passo, ele dobrou o capital que tinha e deu 1) Verifique se os argumentos abaixo são válidos:
20 reais para a igreja, fazendo a regressão, podemos dizer se p1: hoje é sábado ou domingo.
ele deu 20 reais para a igreja (representar – 20), então, ele os p2: hoje não é sábado.
possuía inicialmente 20 (representar +20). Como ele dobrou o C: hoje é domingo.
capital, temos agora que reduzi-lo a metade (20 ÷ 2) = 10. Solução:
Conclusão: na terceira etapa ele possuía 10 reais, que Construindo a tabela, temos:
dobrados originaram 20 reais. Como doou 20 reais, ficou com
nada no quarto passo.
Noções de Lógica 2
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 3
APOSTILAS OPÇÃO
ESTRUTURAS LÓGICAS
Noções de Lógica 4
APOSTILAS OPÇÃO
Se esses princípios acimas não puderem ser aplicados, Ventou Inexistente Ventou É uma frase
NÃO podemos classificar uma frase como proposição. hoje (ventar) lógica
Um lindo Um lindo Frase sem NÂO é uma
Valores lógicos das proposições livro de livro verbo frase lógica
Chamamos de valor lógico de uma proposição a verdade, literatura
se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se a proposição Manobrar Frase sem Manobrar NÂO é uma
é falsa (F). esse carro sujeito frase lógica
Consideremos as seguintes proposições e os seus Existe vida Vida Existir É uma frase
respectivos valores lógicos: em Marte lógica
a) Brasília é a capital do Brasil. (V)
b) Terra é o maior planeta do sistema Solar. (F) Sentenças representadas por variáveis
a) x + 4 > 5;
A maioria das proposições são proposições contingenciais, b) Se x > 1, então x + 5 < 7;
ou seja, dependem do contexto para sua análise. Assim, por c) x = 3 se, e somente se, x + y = 15.
exemplo, se considerarmos a proposição simples:
Observação: Os termos “atômicos” e “moleculares”
“Existe vida após a morte”, ela poderá ser verdadeira (do referem-se à quantidade de verbos presentes na frase.
ponto de vista da religião espírita) ou falsa (do ponto de vista Consideremos uma frase com apenas um verbo, então ela será
da religião católica); mesmo assim, em ambos os casos, seu valor dita atômica, pois se refere a apenas um único átomo (1 verbo
lógico é único — ou verdadeiro ou falso. = 1 átomo); consideremos, agora, uma frase com mais de um
verbo, então ela será dita molecular, pois se refere a mais de
Classificação das proposições um átomo (mais de um átomo = uma molécula).
As proposições podem ser classificadas em:
Questões
1) Proposições simples (ou atômicas): são formadas por
um única oração, sem conectivos, ou seja, elementos de 01. (Pref. Tanguá/RJ- Fiscal de Tributos – MS
ligação. Representamos por letras minusculas: p, q, r,... . CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é
Exemplos: classificada como uma proposição simples?
O céu é azul. (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
Hoje é sábado. (B) Ele é goleiro do Bangu.
(C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
2) Proposições compostas (ou moleculares): possuem (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
elementos de ligação (conectivos) que ligam as orações,
podendo ser duas, três, e assim por diante. Representamos por 02. (IF/PA- Auxiliar de Assuntos Educacionais –
letras maiusculas: P, Q, R, ... . IF/PA/2016) Qual sentença a seguir é considerada uma
Exemplos: proposição?
O ceu é azul ou cinza. (A) O copo de plástico.
Se hoje é sábado, então vou a praia. (B) Feliz Natal!
(C) Pegue suas coisas.
Observação: os termos em destaque são alguns dos (D) Onde está o livro?
conectivos (termos de ligação) que utilizamos em lógica (E) Francisco não tomou o remédio.
matemática.
03. (Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
3) Sentença aberta: quando não se pode atribuir um • “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a • A expressão x + y é positiva.
proposição!), portanto, não é considerada frase lógica. São • O valor de √4 + 3 = 7.
consideradas sentenças abertas: • Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
a) Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou • O que é isto?
ontem? – Fez Sol ontem? Há exatamente:
b) Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso! (A) uma proposição;
c) Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue (B) duas proposições;
a televisão. (C) três proposições;
d) Frases sem sentido lógico (expressões vagas, (D) quatro proposições;
paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é verdadeira” (expressão (E) todas são proposições.
paradoxal) – O cavalo do meu vizinho morreu (expressão
ambígua) – 2 + 3 + 7 Respostas
Noções de Lógica 5
APOSTILAS OPÇÃO
(B) É uma frase imperativa/exclamativa, logo não é Construção da tabela verdade de uma proposição
proposição. composta
(C) É uma frase que expressa ordem, logo não é proposição. Para sua construção começamos contando o número de
(D) É uma frase interrogativa. proposições simples que a integram. Se há n proposições
(E) Composta de sujeito e predicado, é uma frase simples componentes, então temos 2n linhas. Feito isso,
declarativa e podemos atribuir a ela valores lógicos. atribuimos a 1ª proposição simples “p1” 2n / 2 = 2n -1 valores
V , seguidos de 2n – 1 valores F, e assim por diante.
03. Resposta: B.
Analisemos cada alternativa: Exemplos
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não 1) Se tivermos 2 proposições temos que 2n =22 = 4 linhas e
podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma 2n – 1 = 22 - 1 = 2, temos para a 1ª proposição 2 valores V e 2
sentença lógica. valores F se alternam de 2 em 2 , para a 2ª proposição temos
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir que os valores se alternam de 1 em 1 (ou seja metade dos
valores lógicos, logo não é sentença lógica. valores da 1ª proposição). Observe a ilustração, a primeira
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois parte dela corresponde a árvore de possibilidades e a segunda
podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado a tabela propriamente dita.
que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também
podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando
a quantidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um
valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir
valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Número de linhas de uma Tabela Verdade 01. (FCC) Com relação à proposição: “Se ando e bebo,
O número de linhas de uma proposição composta depende então caio, mas não durmo ou não bebo”. O número de linhas
do número de proposições simples que a integram, sendo dado da tabela-verdade da proposição composta anterior é igual a:
pelo seguinte teorema: (A) 2;
(B) 4;
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* (C) 8;
proposições simples componentes contém 2n linhas.” (* (D) 16;
Algumas bibliografias utilizam o “p” no lugar do “n”) (E) 32.
Os valores lógicos “V” e “F” se alteram de dois em dois para
a primeira proposição “p” e de um em um para a segunda Vamos contar o número de verbos para termos a
proposição “q”, em suas respectivas colunas, e, além disso, VV, quantidade de proposições simples e distintas contidas na
VF, FV e FF, em cada linha, são todos os arranjos binários com proposição composta. Temos os verbos “andar’, “beber”, “cair”
repetição dos dois elementos “V” e “F”, segundo ensina a e “dormir”. Aplicando a fórmula do número de linhas temos:
Análise Combinatória. Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.
Noções de Lógica 6
APOSTILAS OPÇÃO
02. (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições (V), conclui-se que essas proposições são equivalentes, em
simples e distintas, então o número de linhas da tabela- termos de valores lógicos, entre si.
verdade da proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2; 2) Conjunção – produto lógico (^): chama-se de
(B) 4; conjunção de duas proposições p e q a proposição
(C) 8; representada por “p e q”, cujo valor lógico é verdade (V)
(D) 16; quando as proposições, p e q, são ambas verdadeiras e
(E) 32. falsidade (F) nos demais casos.
Simbolicamente temos: “p ^ q” (lê-se: “p E q”).
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio Pela tabela verdade temos:
acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.
(c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
Simbolicamente temos: V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = V ^ F = F
~V = F ; ~F = V
V(~p) = ~V(p) (d)
p: A neve é azul. (F)
Exemplos q: 7 é número ímpar. (V)
Proposição Negação: ~p V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = F ^ V = F
(afirmações): p
Carlos é médico Carlos NÃO é médico - O valor lógico de uma proposição simples “p” é indicado
Juliana é carioca Juliana NÃO é carioca por V(p). Assim, exprime-se que “p” é verdadeira (V),
Nicolas está de férias Nicolas NÃO está de férias escrevendo:
Norberto foi NÃO É VERDADE QUE V(p) = V
trabalhar Norberto foi trabalhar
- Analogamente, exprime-se que “p” é falsa (F),
escrevendo:
A primeira parte da tabela todas as afirmações são
V(p) = F
verdadeiras, logo ao negarmos temos passam a ter como valor
lógico a falsidade.
- As proposições compostas, representadas, por exemplo,
pelas letras maiúsculas “P”, “Q”, “R”, “S” e “T”, terão seus
- Dupla negação (Teoria da Involução): vamos
respectivos valores lógicos representados por:
considerar as seguintes proposições primitivas, p:” Netuno é o
V(P), V(Q), V(R), V(S) e V(T).
planeta mais distante do Sol”; sendo seu valor verdadeiro ao
negarmos “p”, vamos obter a seguinte proposição ~p: “Netuno
3) Disjunção inclusiva – soma lógica – disjunção
NÂO é o planeta mais distante do Sol” e negando novamente a
simples (v): chama-se de disjunção inclusiva de duas
proposição “~p” teremos ~(~p): “NÃO É VERDADE que Netuno
proposições p e q a proposição representada por “p ou q”, cujo
NÃO é o planeta mais distante do Sol”, sendo seu valor lógico
valor lógico é verdade (V) quando pelo menos uma das
verdadeiro (V). Logo a dupla negação equivale a termos de
proposições, p e q, é verdadeira e falsidade (F) quando
valores lógicos a sua proposição primitiva.
ambas são falsas.
p ≡ ~(~p)
Simbolicamente: “p v q” (lê-se: “p OU q”).
Pela tabela verdade temos:
Observação: O termo “equivalente” está associado aos
“valores lógicos” de duas fórmulas lógicas, sendo iguais pela
natureza de seus valores lógicos.
Exemplo:
1. Saturno é um planeta do sistema solar.
2. Sete é um número real maior que cinco.
Exemplos
Sabendo-se da realidade dos valores lógicos das (a)
proposições “Saturno é um planeta do sistema solar” e “Sete é p: A neve é branca. (V)
um número rela maior que cinco”, que são ambos verdadeiros q: 3 < 5. (V)
V(p v q) = V(p) v V(q) = V v V = V
Noções de Lógica 7
APOSTILAS OPÇÃO
(b) (b)
p: A neve é azul. (F) p: A neve é azul. (F)
q: 6 < 5. (F) q: 6 < 5. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = F v F = F V(p → q) = V(p) → V(q) = F → F = V
(c) (c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V) p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F) q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = V v F = V V(p → q) = V(p) → V(q) = V → F = F
(d) (d)
p: A neve é azul. (F) p: A neve é azul. (F)
q: 7 é número ímpar. (V) q: 7 é número ímpar. (V)
V(p v q) = V(p) v V(q) = F v V = V V(p → q) = V(p) → V(q) = F → V = V
Exemplos
(a)
p: A neve é branca. (V)
Para entender melhor vamos analisar o exemplo. q: 3 < 5. (V)
p: Nathan é médico ou professor. (Ambas podem ser V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ V = V
verdadeiras, ele pode ser as duas coisas ao mesmo tempo, uma
condição não exclui a outra – disjunção inclusiva). (b)
Podemos escrever: p: A neve é azul. (F)
Nathan é médico ^ Nathan é professor q: 6 < 5. (F)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ F = V
q: Mario é carioca ou paulista (aqui temos que se Mario é
carioca implica que ele não pode ser paulista, as duas coisas (c)
não podem acontecer ao mesmo tempo – disjunção exclusiva). p: Pelé é jogador de futebol. (V)
Reescrevendo: q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
Mario é carioca v Mario é paulista. V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ F = F
Exemplos (d)
a) Plínio pula ou Lucas corre, mas não ambos. p: A neve é azul. (F)
b) Ou Plínio pula ou Lucas corre. q: 7 é número ímpar. (V)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ V = F
5) Implicação lógica ou condicional (→): chama-se
proposição condicional ou apenas condicional representada Transformação da linguagem corrente para a
por “se p então q”, cujo valor lógico é falsidade (F) no caso em simbólica
que p é verdade e q é falsa e a verdade (V) nos demais Este é um dos tópicos mais vistos em diversas provas e por
casos. isso vamos aqui detalhar de forma a sermos capazes de
Simbolicamente: “p → q” (lê-se: p é condição suficiente resolver questões deste tipo.
para q; q é condição necessária para p). Sejam as seguintes proposições simples denotadas por “p”,
p é o antecedente e q o consequente e “→” é chamado de “q” e “r” representadas por:
símbolo de implicação. p: Luciana estuda.
Pela tabela verdade temos: q: João bebe.
r: Carlos dança.
Noções de Lógica 8
APOSTILAS OPÇÃO
- O uso de parêntesis
A necessidade de usar parêntesis na simbolização das
proposições se deve a evitar qualquer tipo de ambiguidade,
assim na proposição, por exemplo, p ^ q v r, nos dá a seguinte (Fonte: http://www laifi.com.)
proposições:
Exemplo
(I) (p ^ q) v r - Conectivo principal é da disjunção. Vamos construir a tabela verdade da proposição:
(II) p ^ (q v r) - Conectivo principal é da conjunção. P(p,q) = ~ (p ^ ~q)
As quais apresentam significados diferentes, pois os 1ª Resolução) Vamos formar o par de colunas
conectivos principais de cada proposição composta dá valores correspondentes as duas proposições simples p e q. Em
lógicos diferentes como conclusão. seguida a coluna para ~q , depois a coluna para p ^ ~q e a
Agora observe a expressão: p ^ q → r v s, dá lugar, útima contento toda a proposição ~ (p ^ ~q), atribuindo todos
colocando parêntesis as seguintes proposições: os valores lógicos possíveis de acordo com os operadores
a) ((p ^ q) → r) v s lógicos.
b) p ^ ((q → r) v s)
c) (p ^ (q → r)) v s p q ~q p ^~q ~ (p ^ ~q)
d) p ^ (q → (r v s)) V V F F V
e) (p ^ q) → (r v s) V F V V F
F V F F V
Aqui duas quaisquer delas não tem o mesmo significado. F F V F V
Porém existem muitos casos que os parêntesis são suprimidos,
a fim de simplificar as proposições simbolizadas, desde que, 2ª Resolução) Vamos montar primeiro as colunas
naturalmente, ambiguidade alguma venha a aparecer. Para correspondentes a proposições simples p e q , depois traçar
isso a supressão do uso de parêntesis se faz mediante a colunas para cada uma dessas proposições e para cada um dos
algumas convenções, das quais duas são particularmente conectivos que compõem a proposição composta.
importantes: p q ~ (p ^ ~ q)
V V
1ª) A “ordem de precedência” para os conectivos é: V F
(I) ~ (negação) F V
(II) ^, v (conjunção ou disjunção têm a mesma F F
precedência, operando-se o que ocorrer primeiro, da esquerda
para direita). Depois completamos, em uma determinada ordem as
(III) → (condicional) colunas escrevendo em cada uma delas os valores lógicos.
(IV) ↔ (bicondicional) p q ~ (p ^ ~ q)
Portanto o mais “fraco” é “~” e o mais “forte” é “↔”. V V V V
Logo: Os símbolos → e ↔ têm preferência sobre ^ e v. V F V F
F V F V
Exemplo
F F F F
p → q ↔ s ^ r , é uma bicondicional e nunca uma
1 1
condicional ou uma conjunção. Para convertê-la numa
condicional há que se usar parêntesis:
Noções de Lógica 9
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 10
APOSTILAS OPÇÃO
2) Absorção:
- p ^ (p v q) ⇔ p (A) Ou.
- p v (p ^ q) ⇔ p (B) E.
(C) Ou exclusivo.
A tabela verdade das proposições p ^ (p v q) e p, ou seja, a (D) Implicação (se...então).
bicondicional p ^ (p v q) ↔ p é tautológica. (E) Bicondicional (se e somente se).
Noções de Lógica 11
APOSTILAS OPÇÃO
(C) para que a proposição composta seja verdadeira é Portanto, (p ^ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p ^
necessário que ambas, p e r sejam verdadeiras. q) ⇒ (p ↔q).
(D) para que a proposição composta seja verdadeira é
necessário que ambas, p e r sejam falsas. Em particular:
(E) para que a proposição composta seja falsa é necessário - Toda proposição implica uma Tautologia: p ⇒ p v ~p
que ambas, p e r sejam falsas.
p p v ~p
Respostas V V
01. Resposta: Certo. F V
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:
- Somente uma contradição implica uma contradição: p ^
~p ⇒ p v ~p → p ^ ~p
R Q P [P v (Q ↔ R) ] p ~p p ^ ~p p v ~p → p ^ ~p
V V V V V V V V V F F F
V V F F V V V V
V F V V V F F V F V F F
V F F F F F F V
F V V V V V F F Propriedades da Implicação Lógica
F V F F F V F F A implicação lógica goza das propriedades reflexiva e
F F V V V F V F transitiva:
F F F F V F V F Reflexiva: P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
Uma proposição complexa implica ela mesma.
02. Resposta: D. Transitiva: Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Observe novamente a tabela abaixo, considere A = p, B = q Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
e Z = condicional. P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R.
V V V V V 1ª V V V V V
V F F F V 2ª V F F F V
F V F F V 3ª F V F V F
F F F V V 4ª F F V V V
Noções de Lógica 12
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 13
APOSTILAS OPÇÃO
No estudo da Lógica Matemática, a dedução formal é a A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da
principal ferramenta para o raciocínio válido de um conclusão.
argumento. Ela avalia de forma genérica as conclusões que a
argumentação pode tomar, quais dessas conclusões são Um argumento válido é denominado tautologia quando
válidas e quais são inválidas (falaciosas). Ainda na Lógica assumir, somente, valorações verdadeiras,
Matemática, estudam-se as formas válidas de inferência de independentemente de valorações assumidas por suas
uma linguagem formal ou proposicional constituindo-se, estruturas lógicas.
assim, a teoria da argumentação.
Um argumento é um conjunto finito de premissas – Argumentos Inválidos
proposições –, sendo uma delas a consequência das demais. Um argumento é dito INVÁLIDO (ou falácia, ou ilegítimo ou
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou mal construído), quando as verdades das premissas são
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. insuficientes para sustentar a verdade da conclusão.
Um argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, em Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências
que os Pis (P1, P2, P3...) e Q são fórmulas simples ou geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
compostas. Nesse argumento, as fórmulas Pis (P1, P2, P3...) são conclusão uma contradição (F).
chamadas premissas e a fórmula Q é chamada conclusão. Um argumento não válido diz-se um SOFISMA.
Sofisma: é um raciocínio falso com aspecto de verdadeiro. Um argumento P1, P2, ..., Pn |---- Q é VÁLIDO se e somente
se a condicional:
(P1 ^ P2 ^ ...^ Pn) → Q é tautológica.
Falácia: é um argumento inválido, sem fundamento ou
tecnicamente falho na capacidade de provar aquilo que
enuncia. Métodos para testar a validade dos argumentos
Estes métodos nos permitem, por dedução (ou inferência),
Silogismo: é um raciocínio composto de três proposições, atribuirmos valores lógicos as premissas de um argumento
dispostas de tal maneira que a conclusão é verdadeira e deriva para determinarmos uma conclusão verdadeira.
logicamente das duas primeiras premissas, ou seja, a Também podemos utilizar diagramas lógicos caso sejam
conclusão é a terceira premissa. estruturas categóricas (frases formadas pelas palavras ou
quantificadores: todo, algum e nenhum).
O argumento é uma fórmula constituída de premissas e
conclusões (dois elementos fundamentais da argumentação) Os métodos consistem em:
conforme dito no início temos: 1) Atribuição de valores lógicos: o método consiste na
dedução dos valores lógicos das premissas de um
argumento, a partir de um “ponto de referência inicial” que,
geralmente, será representado pelo valor lógico de uma
premissa formada por uma proposição simples. Lembramos
que, para que um argumento seja válido, partiremos do
pressuposto que todas as premissas que compõem esse
argumento são, na totalidade, verdadeiras.
Para dedução dos valores lógicos, utilizaremos como
auxílio a tabela-verdade dos conectivos.
Todas as PREMISSAS tem uma CONCLUSÃO. Os exemplos
acima são considerados silogismos.
Um argumento de premissas P1, P2, ..., Pn e de conclusão
Q, indica-se por:
P1, P2, ..., Pn |----- Q
Argumentos Válidos
Um argumento é VÁLIDO (ou bem construído ou legítimo)
quando a conclusão é VERDADEIRA (V), sempre que as Exemplos
premissas forem todas verdadeiras (V). Dizemos, também, que 01. Seja um argumento formado pelas seguintes
um argumento é válido quando a conclusão é uma premissas: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. Se
Noções de Lógica 14
APOSTILAS OPÇÃO
Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. Nem Rita foi à Portanto, de acordo com os valores lógicos atribuídos,
festa, nem Paula ficou em casa. podemos obter as seguintes conclusões: “Ana não vai à festa”;
Sejam as seguintes premissas: “Marta vai à festa”; “Paula não fica em casa” e “Rita não foi
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. à festa”.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa.
P3: Nem Rita foi à festa, nem Paula ficou em casa. 02. Seja um argumento formado pelas seguintes
Inicialmente, reescreveremos a última premissa “P3” na premissas: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
forma de uma conjunção, já que a forma “nem A, nem B” pode Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista. Paulo é porteiro se, e
ser também representada por “não A e não B”. Portanto, somente se, Saulo não é síndico.
teremos: Sejam as seguintes premissas:
Então, sejam as premissas: P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico.
P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa.
Lembramos que, para que esse argumento seja válido,
Lembramos que, para que esse argumento seja válido, todas as premissas que o compõem deverão ser,
todas as premissas que o compõem deverão ser necessariamente, verdadeiras.
necessariamente verdadeiras. P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista: (V)
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa: (V) P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista: (V)
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa: (V) P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico:
P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa: (V) (V)
Caso o argumento não possua uma proposição simples
Nesse caso, não há um “ponto de referência”, ou seja, não (ponto de referência inicial) ou uma conjunção ou uma
temos uma proposição simples que faça parte desse disjunção exclusiva, então as deduções serão iniciadas pela
argumento; logo, tomaremos como verdade a conjunção da bicondicional, caso exista.
premissa “P3”, já que uma conjunção é considerada verdadeira Sendo P3 uma bicondicional, e sabendo-se que toda
somente quando suas partes forem verdadeiras. Assim, bicondicional assume valoração verdadeira somente
teremos a confirmação dos seguintes valores lógicos quando suas partes são verdadeiras ou falsas,
verdadeiros: “Rita não foi à festa” (1º passo) e “Paula não ficou simultaneamente, então consideraremos as duas partes da
em casa” (2º passo). bicondicional como sendo verdadeiras (1º e 2º passos), por
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. dedução.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
Ao confirmar a proposição simples “Paula não fica em casa” Confirmando-se a proposição simples “Saulo não é síndico”
como verdadeira, estaremos confirmando, também, como como verdadeira, então a 1ª parte da disjunção em P2 será
verdadeira a 1ª parte da condicional da premissa “P2” (3º valorada como falsa (3º passo). Se uma das partes de uma
passo). disjunção for falsa, a outra parte “Eduardo é eletricista” deverá
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. ser necessariamente verdadeira, para que toda a disjunção
assuma valoração verdadeira (4º passo).
P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
Noções de Lógica 15
APOSTILAS OPÇÃO
F V F F V V V V V F
F F V F V F F V F V
F F F F V F F V V F
1º 2º 1º 1º 3º 1º 1º
P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
(Fonte: http://www.marilia.unesp.br) V V V V V V F V F F V
F F V F V F V F V F V V
F F F F V F V F V V F F
Montando a tabela verdade temos (vamos montar o passo
a passo): 1º 2º 1º 4º 1º 3º 1º 5º 1º
P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
Sendo a solução (observado na 5a resolução) uma
V V V V V V V F V contingência (possui valores verdadeiros e falsos), logo, esse
argumento não é válido. Podemos chamar esse argumento de
V V F V V V V V F
sofisma embora tenha premissas e conclusões verdadeiras.
V F V V F F F F V
Implicações tautológicas: a utilização da tabela verdade
V F F V F F F V F em alguns casos torna-se muito trabalhoso, principalmente
quando o número de proposições simples que compõe o
F V V F V V V F V
argumento é muito grande, então vamos aqui ver outros
F V F F V V V V F métodos que vão ajudar a provar a validade dos argumentos.
1º 2º 1º 1º 1º 1º
Noções de Lógica 16
APOSTILAS OPÇÃO
3.2 - Método da adição (SIMP) Produto lógico de condicionais: este produto consiste na
1º caso: dedução de uma condicional conclusiva – que será a
conclusão do argumento –, decorrente ou resultante de
várias outras premissas formadas por, apenas,
condicionais.
2º caso: Ao efetuar o produto lógico, eliminam-se as proposições
simples iguais que se localizam em partes opostas das
condicionais que formam a premissa do argumento,
resultando em uma condicional denominada condicional
conclusiva. Vejamos o exemplo:
3.3 - Método da conjunção (CONJ)
1º caso:
2º caso:
3.9 – Silogismo disjuntivo (SD) Conclusão: “Se neva, então o dia está claro”.
1º caso:
Observe que: As proposições simples “nevar” e “o dia está
claro” só apareceram uma vez no conjunto de premissas do
argumento anterior.
2º caso:
2º caso - quando a condicional conclusiva é formada por,
apenas, uma proposição simples que aparece em ambas as
partes da condicional conclusiva, sendo uma a negação da
outra. As demais proposições simples são eliminadas pelo
3.10 – Silogismo hipotético (SH) processo natural do produto lógico.
Neste caso, na condicional conclusiva, a 1ª parte deverá
necessariamente ser FALSA, e a 2ª parte, necessariamente
VERDADEIRA.
Noções de Lógica 17
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 18
APOSTILAS OPÇÃO
Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria Numa proposição categórica, é importante que o sujeito se
foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou relacionar com o predicado de forma coerente e que a
F); pois temos dois valores lógicos para chegarmos à proposição faça sentido, não importando se é verdadeira ou
conclusão (V ou F). falsa.
Vejamos algumas formas:
02. Resposta: Errado. 1) Todo A é B.
Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte 2) Nenhum A é B.
estrutura lógica (fórmula) representativa desse argumento: 3) Algum A é B.
P1 ∧ P2 → C 4) Algum A não é B.
Organizando e resolvendo, temos:
A: Mariana aprende o conteúdo de Cálculo 1 Onde temos que A e B são os termos ou características
B: Mariana aprende o conteúdo de Química Geral dessas proposições categóricas.
C: Mariana é aprovada em Química Geral
Argumento: [(A → B) ∧ (B → C)] ⇒ C Exemplos:
Vamos ver se há a possibilidade de a conclusão ser falsa e
Proposição categórica Termos ou características
as premissas serem verdadeiras, para sabermos se o
argumento é válido: TODO lutador é forte. lutador e forte
Testando C para falso:
(A → B) ∧ (B →C) NENHUM atleta é ocioso atleta e ocioso
(A →B) ∧ (B → F)
Para obtermos um resultado V da 2º premissa, logo B têm ALGUM estudante é canhoto estudante e canhoto
que ser F:
(A → B) ∧ (B → F) ALGUMA ilha não é habitável ilha e habitável
(A → F) ∧ (F → F)
(F → F) ∧ (V) Classificação de uma proposição categórica de acordo
Para que a primeira premissa seja verdadeira, é preciso com o tipo e a relação
que o “A” seja falso: As proposições categóricas também podem ser
(A → F) ∧ (V) classificadas de acordo com dois critérios fundamentais:
(F → F) ∧ (V) qualidade e extensão ou quantidade.
(V) ∧ (V) Qualidade: O critério de qualidade classifica uma
(V) proposição categórica em afirmativa ou negativa.
Então, é possível que o conjunto de premissas seja Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
verdadeiro e a conclusão seja falsa ao mesmo tempo, o que nos uma proposição categórica em universal ou particular. A
leva a concluir que esse argumento não é válido. classificação dependerá do quantificador que é utilizado na
proposição.
03. Resposta: B.
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Tristeza
não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como
conclusão o valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo
(F) → V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um
centauro (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma
bruxa(F) → V Entre as proposições existem tipos e relações, estas vêm
(1) Tristeza não é uma bruxa (V) desde a época de Aristóteles, que de acordo com a qualidade e
Logo: a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados
Temos que: pelas letras A, E, I e O.
Esmeralda não é fada(V) Vejamos cada uma delas:
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V) Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”.
Então concluímos que: Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro. no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de
“A” é também elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS (DIAGRAMAS LÓGICOS) diferente de “Todo B é A”.
Exemplo:
Uma proposição categórica é aquela formada por um “Todo sacerdote é altruísta” não significa o mesmo que
quantificador associado a um sujeito (primeira classe de “Toda pessoa altruísta é sacerdote”.
atributos) que se liga a um predicado (segunda classe de São equivalentes as seguintes expressões categóricas:
atributos) por meio de um elo (cópula). a) Todo animal é irracional.
De um modo geral, são todas as proposições formadas ou b) Qualquer animal é irracional.
iniciadas com os seguintes termos: “todo”, “algum” e c) Cada animal é irracional.
“nenhum”. d) Se é animal, é irracional.
Exemplo: Podemos representar esta universal afirmativa pelo
seguinte diagrama (A C B):
Noções de Lógica 19
APOSTILAS OPÇÃO
2ª possibilidade
Noções de Lógica 20
APOSTILAS OPÇÃO
- Interseção
Tipo Preposição Quantidade Extensão
Algum, alguns, alguma, algumas.
A TODO A é B Afirmativa Universal Ex: Todos brasilienses são bons ciclistas.
Negação lógica: Algum brasiliense não é bom ciclista.
NENHUM A é
E Negativa Universal - Disjunção
B
Nenhum A é B.
I ALGUM A é B Afirmativa Particular Ex: Algum brasiliense não é bom ciclista.
Negação lógica: Nenhum brasiliense é bom ciclista.
ALGUM A NÃO
O Negativa Particular
éB Vamos ver mais um exemplo:
1) (CETRO) Em um pote de doces, sabe-se que existe pelo
menos um chiclete que é de hortelã. Sabe-se, também, que
Tipo Diagramas todos os doces do pote, que são de sabor hortelã, são verdes.
Segue-se, portanto, necessariamente que:
(A) todo doce verde é de hortelã;
(B) todo doce verde é chiclete;
(C) nada que não seja verde é chiclete;
A (D) algum chiclete é verde;
(E) algum chiclete não é verde.
Se um elemento pertence ao conjunto A, Primeiramente vamos separar as premissas e analisa-las
então pertence também a B. colocando-as dentro dos seus respectivos diagramas.
Noções de Lógica 21
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo:
Algum homem é racional (I) – verdadeira
Algum homem não é racional (O) - falsa
Neste caso não ocorre de ambas serem falsas ao mesmo
tempo.
Vejamos as regras:
Regra de contrariedade (contrárias): Duas proposições
são contrárias quando ambas não podem ser verdadeiras ao
mesmo tempo. Entretanto, em alguns casos, podem ser falsas
ao mesmo tempo. Elas são universais e se opõem entre si.
Noções de Lógica 22
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos:
Vamos negar as proposições que se seguem, segundo a
tabela da negação:
1) Todo jogador é esportista. – Algum jogador não é
esportista. Série de Fibonacci: Cada termo é igual à soma dos dois
2) Nenhum carnívoro come vegetais – Algum carnívoro anteriores.
come vegetais.
3) Algum executivo não é empreendedor – Todo executivo 1 1 2 3 5 8 13
é empreendedor.
4) Algum músico é romântico – Nenhum músico é Números Primos: Naturais que possuem apenas dois
romântico. divisores naturais.
Referências 2 3 5 7 11 13 17
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. naturais.
IESDE BRASIL S/A (imagens)
1 4 9 16 25 36 49
Questão
Sequência de Letras
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) João As sequências de letras podem estar associadas a uma
olhou as dez bolas que havia em um saco e afirmou: série de números ou não. Em geral, devemos escrever todo o
“Todas as bolas desse saco são pretas”. alfabeto (observando se deve, ou não, contar com k, y e w) e
Sabe-se que a afirmativa de João é falsa. circular as letras dadas para entender a lógica proposta.
É correto concluir que:
(A) nenhuma bola desse saco é preta; ACFJOU
(B) pelo menos nove bolas desse saco são pretas;
(C) pelo menos uma bola desse saco é preta; Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses
(D) pelo menos uma bola desse saco não é preta; números estão em progressão.
(E) nenhuma bola desse saco é branca.
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
Resposta
B1 2F H4 8L N16 32R T64
01. D
Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2),
alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições.
LÓGICA SEQUENCIAL
ABCDEFGHIJKLMNOPQRST
Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o
desenvolvimento do método matemático, este considerado Sequência de Pessoas
instrumento puramente teórico e dedutivo, que prescinde de Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de
dados empíricos. Logo, resumidamente o raciocínio pode ser duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição
considerado também um dos integrantes dos mecanismos dos múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição
processos cognitivos superiores da formação de conceitos e da dos braços sempre alterna, ficando para cima em uma posição
solução de problemas. múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se
repete a cada seis termos, tornando possível determinar quem
Sequências Lógicas estará em qualquer posição.
As sequências podem ser formadas por números, letras,
pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer
uma sequência, o importante é que existem pelo menos três
elementos que caracterize a lógica de sua formação, entretanto
algumas séries necessitam de mais elementos para definir sua
lógica. Sequência de Figuras
Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto
Sequência de Números na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações,
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um como nos exemplos a seguir.
mesmo número.
Noções de Lógica 23
APOSTILAS OPÇÃO
Como: b = y – a (2).
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
Resolvendo a equação:
𝑎(1±√5 1−√5
Sequência de Fibonacci 𝑦= em que ( < 0) não convém.
2 2
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci,
propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 𝑦 (1+√5
21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação Logo: = = 1,61803398875
𝑎 2
simples: cada elemento, a partir do terceiro, é obtido
somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser
= 5 e assim por diante. Desde o século XIII, muitos representado por:
matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao
estudo da sequência que foi proposta, e foram encontradas 1 + √5
inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de modelos 𝜃=
2
explicativos de fenômenos naturais.
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma das for igual a 𝜃 é chamado retângulo áureo como o caso da
maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados de lado fachada do Partenon.
1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos
a esse retângulo um quadrado de lado 2, obtemos um novo As figuras a seguir possuem números que representam
retângulo 3 x 2. Se adicionarmos agora um quadrado de lado uma sequência lógica. Veja os exemplos:
3, obtemos um retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja Exemplo 1
que os lados dos quadrados que adicionamos para determinar
os retângulos formam a sequência de Fibonacci.
Exemplo 2
O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.
arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em 13 – 10 = 3
ruínas, era um retângulo que continha um quadrado de lado 17 – 13 = 4
igual à altura. Essa forma sempre foi considerada satisfatória 22 – 17 = 5
do ponto de vista estético por suas proporções sendo chamada 28 – 22 = 6
retângulo áureo ou retângulo de ouro. 35 – 28 = 7
Exemplo 3
Noções de Lógica 24
APOSTILAS OPÇÃO
.............
1° 2° 3°
Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?
(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos
Noções de Lógica 25
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 26
APOSTILAS OPÇÃO
17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os substituída pela letra que ocupa a quarta posição depois dela.
números que foram colocados nos dois primeiros triângulos Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por
obedecem a um mesmo critério. diante. O código é “circular”, de modo que o “U” vira “A” e assim
por diante. Recebi uma mensagem em código que dizia: BSA HI
EDAP. Decifrei o código e li:
(A) FAZ AS DUAS;
(B) DIA DO LOBO;
(C) RIO ME QUER;
(D) VIM DA LOJA;
(E) VOU DE AZUL.
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da
direita, o número que deverá substituir o ponto de 23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678
interrogação é: está para...” é melhor completada por:
(A) 32 (A) 326187;
(B) 36 (B) 876132;
(C) 38 (C) 286731;
(D) 42 (D) 827361;
(E) 46 (E) 218763.
18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está
12, 27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a para...” é melhor completada pelo seguinte número:
quarta posição dessa sequência é: (A) 53452;
(A) 36, (B) 23455;
(B) 40, (C) 34552;
(C) 42, (D) 43525;
(D) 44, (E) 53542.
(E) 48
25. Repare que com um número de 5 algarismos,
1 1 1 1
19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o próximo respeitada a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois
2 6 12 20
algarismos. Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47,
numero será:
1 o 71 e o 12. Procura-se um número de 5 algarismos formado
(A) pelos algarismos 4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja abaixo
24
alguns números desse tipo e, ao lado de cada um deles, a
1
(B) quantidade de números de dois algarismos que esse número
30
tem em comum com o número procurado.
1 Número Quantidade de números de 2 algarismos
(C)
36 dado em comum
1
48.765 1
(D)
40 86.547 0
Noções de Lógica 27
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 28
APOSTILAS OPÇÃO
41. Observe as multiplicações a seguir: 47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco
12.345.679 × 18 = 222.222.222 triângulos.
12.345.679 × 27 = 333.333.333
... ...
12.345.679 × 54 = 666.666.666
43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois 50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
quadrados. triângulos.
02. Resposta: D.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado 02 pontos no total.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado 04 pontos no total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado 06 pontos no total.
45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito. Na figura 4: 04 pontos de cada lado 08 pontos no total.
Na figura n: n pontos de cada lado 2.n pontos no total.
Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado 30 pontos no total.
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria,
tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo 04 pontos no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo 06 pontos no total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo 08 pontos no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo 10 pontos no total.
46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em cima Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo 2.(n+1) pontos
de todas estas para completar a sequência abaixo? no total.
Em particular:
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo 32 pontos no
total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado,
temos para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30
+ 32 + 1 = 63 pontos.
03. Resposta: B.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000
e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre
940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o
Noções de Lógica 29
APOSTILAS OPÇÃO
próximo número é 60, dessa forma concluímos que o próximo faltando é um quadrado. As mãos das figuras estão levantadas,
número é 790, pois: 850 – 790 = 60. em linha reta ou abaixadas. Assim, a figura que falta deve ter
as mãos levantadas (é o que ocorre em todas as alternativas).
04. Resposta: D. As figuras apresentam as 2 pernas ou abaixadas, ou 1 perna
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre levantada para a esquerda ou 1 levantada para a direita. Nesse
24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é caso, a figura que está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna
8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o levantada para a esquerda. Logo, a figura tem a cabeça
próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos que o quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para a
próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14. esquerda.
Noções de Lógica 30
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Lógica 31
APOSTILAS OPÇÃO
30. Resposta: C. = 09
Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do
alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na
2ª sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior,
formando-se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra
desta sequência: D. Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras = 04
HIJ, voltando-se para a 1ª letra desta sequência: H. Com isto, a
4ª sequência iniciará pela letra L, continuando por M e N,
voltando para a letra L. Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
31. Resposta: E.
Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo de 1
unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a multiplicação =01
do termo anterior por 3. E assim por diante, até que para o 7º
termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 + 1 = 40. 9º termo = 40 Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.
. 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121. 11º termo = 121 . 3 = 363.
12º termo = 363 + 1 = 364. 13º termo = 364 . 3 = 1.092. 38.
Portanto, podemos concluir que o 13º termo da sequência é
um número maior que 1.000.
32. Resposta: D.
Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e
inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma
forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e
“mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com isso, podemos
concluir que da palavra “maratona”. Deve-se retirar as sílabas 39. Os símbolos são como números em frente ao espelho.
“ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”. Assim, o próximo símbolo será 88.
33. Resposta: A. 40.
Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as
letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
“arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma: As
letras “d” e “i” são obtidas em sequência, mas em ordem
invertida. As letras “a” e “s” são as 2 primeiras letras da
palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras “articular”,
considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem invertida,
e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.
36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 –
92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 43.
20 algarismos.
37.
= 16
44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par
de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com
Noções de Lógica 32
APOSTILAS OPÇÃO
o naipe de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas
espadas. abaixo, tente descobrir o nome de cada marido, a profissão de
cada um e o nome de suas esposas.
45. a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.
Noções de Lógica 33
APOSTILAS OPÇÃO
Haverá também ocasiões em que ela lhe permitirá d) Carlos não é médico. - preenchemos com um “N” na
conclusões sobre um determinado elemento. Tendo por tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.
exemplo quatro grupo de elementos, se você preencheu três, Medicin Engenhari Advocaci Lúci Patríci Mari
logo perceberá que só restará uma alternativa, que será esta a a a a a a
célula. Um outro ponto que deve ser ressaltado é que as duas
tabelas se complementam para visualização das informações. Carlos N N
Por isso, a tabela gabarito deve ser usada durante o
preenchimento da tabela principal, e não depois. Luís N
A primeira linha de cabeçalho será preenchida com os Paulo N N S N
nomes dos grupos. Nas outras linhas, serão colocados os
elementos do grupo de referência inicial na tabela principal Lúcia N
(no nosso exemplo, o grupo dos homens).
Homens Profissões Esposas Patríci N
a
Carlos
Luís Maria S N N
Paulo
Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula
3º passo - vamos dá início ao preenchimento de nossa
que ficou em branco.
tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas
que não deixam margem a nenhuma dúvida. Medici Engenhar Advocaci Lúci Patríci Mari
Em nosso exemplo: na ia a a a a
a) O médico é casado com Maria — marque um “S” na Carlos N N
tabela principal na célula comum a“ Médico ”e“ Maria”, e um
“N” nas demais células referentes a esse “S” Luís S N N
Medicin Engenhari Advocaci Lúci Patríci Mari
Paulo N N S N
a a a a a a
Lúcia N
Carlos
Patríci N
Luís
a
Paulo
Maria S N N
Lúcia N
Podemos também completar a tabela gabarito.
Patríci N
a Homens Profissões Esposas
Maria S N N Carlos
Observe ainda que: se o médico é casado com Maria, ele Luís Médico
NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos
Paulo Advogado
“N” no cruzamento de Medicina e elas. E se Maria é casada com
o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e
nem com o advogado (logo colocamos “N” no cruzamento do Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento
nome de Maria com essas profissões). Não conseguimos de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E
nenhuma informação referente a Carlos, Luís e Paulo. preenchemos sua tabela gabarito.
b) Paulo é advogado. – Vamos preencher as duas tabelas Medicin Engenhari Advocaci Lúci Patríci Mari
(tabela gabarito e tabela principal) agora. a a a a a a
Homens Profissões Esposas
Carlos Carlos N S N
Luís
Luís S N N
Paulo Advogado
Paulo N N S N
c) Patrícia não é casada com Paulo. – Vamos preencher
com “N” na tabela principal Lúcia N
Carlos N Maria S N N
Luís N
Homens Profissões Esposas
Paulo N N S N
Noções de Lógica 34
APOSTILAS OPÇÃO
Respostas
Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado
(que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e 01. Resposta: B.
Carlos) e Maria é casada com o médico (que é Luís). Vamos preencher a tabela:
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
resolvido:
Homens Profissões Esposas Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N
Carlos Engenheiro Patrícia Arnaldo N
Mariana
Luís Médico Maria Paulo
Noções de Lógica 35
APOSTILAS OPÇÃO
02. Resposta: A.
Sabemos que o casado é engenheiro
Advogado Engenheiro Médico
Antônio
Eduardo
Luciano
Casado N S N
Divorciado N
Solteiro N
03. Resposta: D.
O enunciado diz: a bola A não é branca nem azul, isso quer
dizer que ela é vermelha.
A B C
Branca N
Vermelha S N N
Azul N
Noções de Lógica 36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
APOSTILAS OPÇÃO
Conceitos básicos de
operação de
microcomputadores. Noções
básicas de operação de
microcomputadores em rede Claro que ele tem diversos recursos que lhe auxiliam em
local. sua atividade. Para todo o deslocamento da matéria-prima que
chega através dos caminhões de entrega e das obras dos
artesãos, Gustavo tem à disposição alguns carrinhos de mão,
os horários dos artesãos estão devidamente anotados em uma
Conceitos básicos de operação de
agenda, e uma caminhonete o ajuda na entrega do artesanato,
microcomputadores.1
tornando assim possível todas as suas tarefas.
E, apesar de todo esse trabalho, Gustavo ainda planeja
Conhecer e dominar as Tecnologias da Informação (TI) é
ampliar a oficina para que mais artesãos possam trabalhar e
fundamental para qualquer área do mercado de trabalho.
um construir um segundo depósito, pois o antigo não é mais
Pequenas, médias e grandes empresas dependem do domínio
suficiente para guardar tanto material. Muitas vezes, ele tem
dessas tecnologias para alcançar maior produtividade e
que resolver pequenos conflitos entre os cooperados que
competitividade.
procuram espaço para armazenar suas obras. Mas, Gustavo é
O termo Tecnologia da Informação serve para designar o
inteligente e esforçado e juntamente com seus parceiros
conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para
conseguirá realizar suas metas.
geração e uso da informação.
Vamos então comparar os diferentes elementos
Um computador compreende uma parte material,
apresentados na história de Gustavo e sua cooperativa com os
chamada de hardware, constituída de circuitos eletrônicos
elementos de um computador.
integrados, e uma parte lógica, composta por um conjunto de
- A oficina representa a memória do computador, pois é
programas, ou, em inglês, software.
nela que a principal atividade da cooperativa é executada.
O hardware compõe-se de um ou vários processadores,
- O deposito é o HD (Disco Rígido).
uma memória, unidades de entrada/saída e unidades de
- Os artesãos fazem o papel dos softwares, pois na oficina,
comunicação. O processador executa, instrução por instrução,
cada um cria diferentes obras (vasos, roupas, esculturas,
o(s) programa(s) contido(s) na memória. As unidades de
pinturas etc.) com a matéria-prima disponível trazida do
entrada/saída compreendem teclado, monitor, unidades de
depósito e dos caminhões de transporte.
memória, meios de armazenamento secundário (discos, fitas
- Os caminhões representam os dispositivos de entrada,
magnéticas), impressoras etc. Elas permitem a introdução de
pois são neles que a matéria-prima chega à cooperativa.
dados e a saída dos resultados. As unidades de comunicação
- A caminhonete de Gustavo funciona com um dispositivo
possibilitam a relação do computador com os terminais ou
de saída, sendo nela realizadas as entregas.
com outros computadores organizados em rede.
Os primeiros computadores eram na verdade imensas
Para que você entenda melhor o funcionamento do
máquinas de cálculo que ocupavam salas inteiras com dezenas
computador, vamos fazer uma analogia entre a história de
de milhares de válvulas e um grande número de pessoas
Gustavo e o trabalho que o computador executa. Gustavo é o
responsáveis em projetá-lo, construí-lo e operá-lo, mesmo
coordenador da cooperativa de artesãos de sua cidade. Lá, são
assim, sua capacidade de processamento era inferior até a
confeccionados artesanatos em geral e saem diversos
mais simples calculadora de hoje. Nesse cenário, não existia
produtos que abastecem as principais feiras visitadas pelos
um Sistema Operacional responsável em gerenciar os
diversos turistas que se encantam com a beleza e o detalhe das
diferentes dispositivos, era o próprio hardware e a forma
peças criadas.
como ele era configurado que determinavam o que seria
Ele sabe que sua função exige responsabilidade por
processado, na maioria das vezes, eram simples tabelas de
diversas atividades administrativas para possibilitar aos
cálculos numéricos.
artesãos os meios necessários para a confecção. Por exemplo,
Com a evolução do hardware, surgiu a necessidade de
Gustavo precisa controlar a entrada da matéria-prima
administrar melhor os recursos físicos do computador, se num
necessária (madeira, tecidos, tintas, resinas etc), organizar os
primeiro momento um computador era construído para
horários que os artesãos terão disponíveis na oficina,
executar apenas uma tarefa, agora eles podem executar várias
gerenciar o estoque tanto da matéria-prima que ainda não foi
tarefas ao mesmo tempo. Podemos dizer, portanto, que o
utilizada como das peças acabadas e finalmente realizar as
sistema operacional surgiu devido à evolução da computação,
entregas das peças acabadas nas diferentes lojas associadas a
que conseguiu separar o desenvolvimento do hardware do
sua cooperativa. Ufa! Tanta coisa para fazer, como ele
software. A partir de então, o sistema operacional passou a
consegue realizar todas essas tarefas?
funcionar como um elo de ligação entre os dois.
Voltemos para nossa história sobre a cooperativa de
artesanato. O que aconteceria se Gustavo não existisse? Se
cada artesão tivesse que se preocupar com todas as atividades
da cooperativa? Imagine o trabalho que seria para cada um
1 Fonte: http://www.metropoledigital.ufrn.br/aulas/disciplinas/iti/
Noções de Informática 1
APOSTILAS OPÇÃO
tendo que se preocupar com a chegada da matéria-prima, o A função de traduzir as solicitações dos demais programas
armazenamento, a entrega nas lojas, sem contar a confusão e gerenciar o hardware para que ele possa executar tais
entre eles para definir quem poderia usar a oficina. Isso tudo comandos serve de base para definir o que é um Sistema
sem deixar de lado o próprio trabalho de confecção, já Operacional.
imaginou como ficaria a produção sem alguém para É importante saber que existem diversos tipos de
coordenar? aplicativos e consiste na utilização de programas aplicativos
Agora, imagine um computador com todos os seus para escritório. Tais programas ajudam a automatizar tarefas,
dispositivos, e se todo software tivesse que se preocupar em como a elaboração de textos, memorandos, cartas,
lidar com todos os detalhes de cada um deles, já imaginou documentos, bem como a criação de planilhas eletrônicas para
como seria para um programador criar um programa, tendo elaboração de orçamentos, gerenciamento de recursos,
que verificar, por exemplo, se o disco foi lido corretamente e controle de estoques etc. O uso da Internet e suas
as dezenas de situações de possíveis falhas existentes nesse funcionalidades básicas, como navegação na rede e envio de
simples processo? mensagens eletrônicas.
Então, da mesma forma que a cooperativa precisa de Uma suíte de aplicativos para escritório ou, simplesmente,
Gustavo para administrar todas as atividades administrativas aplicações de escritório trata-se de um conjunto de outros
da cooperativa, o computador precisa de um software capaz de programas voltados para automatizar atividades de escritório.
controlar seus diferentes dispositivos, deixando aos demais Essas atividades compreendem, por exemplo, a elaboração de
programas ou usuários uma forma mais simples de se utilizar documentos, como ofícios, relatórios e cartas, a criação de
delas. Esse software é conhecido como Sistema Operacional, planilhas para controlar a contabilidade de uma empresa, ou
sendo ele o tema central desta disciplina. O Sistema mesmo a construção de apresentações eletrônicas a serem
Operacional é responsável por gerenciar os dispositivos físicos usadas, por exemplo, em palestras, aulas ou apresentações de
de um computador (hardware), fornecendo a base para que produtos.
outros programas (também chamados de softwares Definimos como processador de texto um programa de
aplicativos, como, por exemplo, os editores de texto e os computador ou software que possui a função bem definida de
navegadores da Internet) possam ser executados. ajudar o usuário a elaborar textos com qualidade profissional,
Então, se considerarmos o conjunto composto de além de fornecer ferramentas que auxiliam a organizar o texto
dispositivos físicos (hardware), os softwares aplicativos e o visualmente, realizar verificação de ortografia, oferecer
Sistema Operacional como o principal software de sistema, dicionário de sinônimos, ajudar na hifenização de palavras,
estaremos na verdade com um computador completo e pronto corrigir erros mais comuns, realizar buscas e substituições de
para ser usado. trechos de texto de maneira automática, gerar tabelas, gerar
índice remissivo, referências cruzadas e muito mais!
O uso de planilhas eletrônicas é importante em diversas
áreas de aplicação, como, por exemplo, para controlar
despesas pessoais, controle de estoque, fluxo de caixa,
elaboração de orçamentos, organização das notas de uma
turma de alunos e mesmo para organizar a realização de um
campeonato de futebol!
Uma planilha eletrônica, também conhecida como folha de
cálculo, é um programa de uso geral que utiliza o poder
computacional para efetuar rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos, ou para
simplesmente apresentar dados de maneira geral, com ou sem
auxílio de gráficos.
A planilha eletrônica é baseada no uso de tabelas para
organizar os dados. Cada tabela individual é denominada de
planilha. Cada planilha, por sua vez, é composta por várias
linhas e colunas. Cada interseção entre colunas e linhas
constitui um elemento individual da planilha, denominado de
célula. Uma célula é o elemento mais básico da planilha e é
Sistema Operacional como intermediador entre hardware e software capaz de armazenar valores. Por fim, esses valores
correspondem aos dados que serão armazenados e
O Sistema Operacional é justamente esse programa que vai manipulados através da planilha eletrônica, podendo ser
fazer com que você possa interagir com o computador. Ao textos, números, datas ou fórmulas.
longo da apostila, iremos nos referir aos sistemas operacionais Citamos a seguir alguns exemplos de uso de planilhas
através da sigla SO, já costumeiramente utilizada. eletrônicas.
Então, a coisa funciona assim: um programa consiste em - Orçamento familiar - Uma planilha pode ser usada para
um conjunto de instruções para o computador. Quando você manter uma lista de renda (salários) e despesas (gastos) de
realiza uma atividade em um dado programa, por exemplo, uma família, como, por exemplo, supermercado, aluguel,
quando você solicitar uma impressão através de um editor de transporte, gastos com saúde etc. Neste caso, podemos manter
texto, esse programa se comunica com o Sistema Operacional, o orçamento para todo o ano, criando uma planilha para cada
o qual é o responsável por repassar o pedido para o mês do ano.
computador (hardware), que executará o que foi solicitado – - Fluxo de caixa - Podemos empregar uma planilha para
impressão do documento. Podemos perceber que o SO controlar o fluxo de caixa de uma empresa simples. O fluxo de
funciona como um tradutor, ele traduz o que foi solicitado pelo caixa é um controle financeiro fundamental, que não diz
programa (por exemplo: editor de texto) através de comandos respeito ao lucro, mas à quantidade de dinheiro que entra e sai
em linguagem de máquina para que o hardware entenda, com da empresa, em um determinado período de tempo (diário,
isso, o hardware executa a função e retorna à saída desse mensal).
comando para que o Sistema Operacional novamente traduza - Controle de estoque - Planilhas são usadas para suportar
de uma forma que o programa entenda e possa repassar para cadastro e controle de movimentação de itens de estoque.
você. Qualquer movimentação (retirada ou armazenagem) são
Noções de Informática 2
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 3
APOSTILAS OPÇÃO
2 Fonte: http://dainf.ct.utfpr.edu.br/~maziero/lib/exe/fetch.php/
Noções de Informática 4
APOSTILAS OPÇÃO
arquivo permitem aquele acesso, localizar seu conteúdo no Nos sistemas operacionais cujo núcleo não suporta
dispositivo de armazenamento e criar uma referência para ele arquivos estruturados como registros, essa funcionalidade
na memória da aplicação; pode ser facilmente obtida através de bibliotecas específicas
Ler: permite transferir dados presentes no arquivo para ou do suporte de execução de algumas linguagens de
uma área de memória da aplicação; programação. Por exemplo, a biblioteca Berkeley DB
Escrever: permite transferir dados na memória da disponível em plataformas UNIX oferece suporte à indexação
aplicação para o arquivo no dispositivo físico; os novos dados de registros sobre arquivos UNIX convencionais.
podem ser adicionados no final do arquivo ou sobrescrever
dados já existentes; Arquivos de texto
Mudar atributos: para modificar outras características do Um tipo de arquivo de uso muito frequente é o arquivo de
arquivo, como nome, localização, proprietário, permissões, texto puro (ou plain text). Esse tipo de arquivo é muito usado
etc. para armazenar informações textuais simples, como códigos-
Fechar: ao concluir o uso do arquivo, a aplicação deve fonte de programas, arquivos de configuração, páginas HTML,
informar ao sistema operacional que o mesmo não é mais dados em XML, etc. Um arquivo de texto é formado por linhas
necessário, a fim de liberar as estruturas de gerência do de caracteres ASCII de tamanho variável, separadas por
arquivo na memória do núcleo; caracteres de controle. Nos sistemas UNIX, as linhas são
Remover: para eliminar o arquivo do dispositivo, separadas por um caractere New Line (ASCII 10 ou “\n”). Já
descartando seus dados e liberando o espaço ocupado por ele. nos sistemas DOS/Windows, as linhas de um arquivo de texto
Além dessas operações básicas, outras operações podem são separadas por dois caracteres: o caractere Carriage Return
ser definidas, como truncar, copiar, mover ou renomear (ASCII 13 ou “\r”) seguido do caractere New Line. Por
arquivos. Todavia, essas operações geralmente podem ser exemplo, considere o seguinte programa em C armazenado em
construídas usando as operações básicas. um arquivo hello.c (os caracteres “” indicam espaços em
branco):
Formatos
Em sua forma mais simples, um arquivo contém
basicamente uma sequência de bytes, que pode estar
estruturada de diversas formas para representar diferentes
tipos de informação. O formato ou estrutura interna de um
arquivo pode ser definido – e reconhecido – pelo núcleo do O arquivo de texto hello.c seria armazenado da seguinte
sistema operacional ou somente pelas aplicações. O núcleo do forma em um ambiente UNIX:
sistema geralmente reconhece apenas alguns poucos formatos
de arquivos, como binários executáveis e bibliotecas. Os
demais formatos de arquivos são vistos pelo núcleo apenas
como sequências de bytes sem um significado específico,
cabendo às aplicações interpretá-los.
Os arquivos de dados convencionais são estruturados
pelas aplicações para armazenar os mais diversos tipos de
informações, como imagens, sons e documentos. Uma
aplicação pode definir um formato próprio de armazenamento Por outro lado, o mesmo arquivo hello.c seria armazenado
ou seguir formatos padronizados. Por exemplo, há um grande da seguinte forma em um sistema DOS/Windows:
número de formatos públicos padronizados para o
armazenamento de imagens, como JPEG, GIF, PNG e TIFF, mas
também existem formatos de arquivos proprietários,
definidos por algumas aplicações específicas, como o formato
PSD (do editor Adobe Photoshop) e o formato XCF (do editor
gráfico GIMP). A adoção de um formato proprietário ou
exclusivo dificulta a ampla utilização das informações Essa diferença na forma de representação da separação
armazenadas, pois somente aplicações que reconheçam entre linhas pode provocar problemas em arquivos de texto
aquele formato conseguem ler corretamente as informações transferidos entre sistemas Windows e UNIX, caso não seja
contidas no arquivo. feita a devida conversão.
Arquivos de registros Arquivos executáveis
Alguns núcleos de sistemas operacionais oferecem Um arquivo executável é dividido internamente em várias
arquivos com estruturas internas que vão além da simples seções, para conter código, tabelas de símbolos (variáveis e
sequência de bytes. Por exemplo, o sistema OpenVMS [Rice, funções), listas de dependências (bibliotecas necessárias) e
2000] proporciona arquivos baseados em registros, cujo outras informações de configuração. A organização interna de
conteúdo é visto pelas aplicações como uma sequência linear um arquivo executável ou biblioteca depende do sistema
de registros de tamanho fixo ou variável, e também arquivos operacional para o qual foi definido. Os formatos de
indexados, nos quais podem ser armazenados pares executáveis mais populares atualmente são [Levine, 2000]:
{chave/valor}, de forma similar a um banco de dados ELF (Executable and Linking Format): formato de de
relacional. A Figura 2 ilustra a estrutura interna desses dois arquivo usado para programas executáveis e bibliotecas na
tipos de arquivos. maior parte das plataformas UNIX modernas. É composto por
um cabeçalho e várias seções de dados, contendo código
executável, tabelas de símbolos e informações de relocação de
código.
PE (Portable Executable): é o formato usado para
executáveis e bibliotecas na plataforma Windows. Consiste
basicamente em uma adaptação do antigo formato COFF usado
Figura 2: Arquivos estruturados: registros em sequência e registros
indexados.
em plataformas UNIX.
Noções de Informática 5
APOSTILAS OPÇÃO
A Figura 3 ilustra a estrutura interna de um arquivo indicar a aplicação que o criou (creator application). Os tipos
executável no formato ELF, usado tipicamente em sistemas de arquivos e aplicações são definidos em uma tabela mantida
UNIX (Linux, Solaris, etc.). Esse arquivo é dividido em seções, pelo fabricante do sistema. Assim, quando o usuário solicitar a
que representam trechos de código e dados sujeitos a ligação abertura de um determinado arquivo, o sistema irá escolher a
dinâmica e relocação; as seções são agrupadas em segmentos, aplicação que o criou, se ela estiver presente. Caso contrário,
de forma a facilitar a carga em memória do código e o pode indicar ao usuário uma relação de aplicações aptas a
lançamento do processo. abrir aquele tipo de arquivo.
Recentemente, a necessidade de transferir arquivos
através de e-mail e de páginas Web levou à definição de um
padrão de tipagem de arquivos conhecido como Tipos MIME
(da sigla Multipurpose Internet Mail Extensions) [Freed and
Borenstein, 1996]. O padrão MIME define tipos de arquivos
através de uma notação uniformizada na forma “tipo/subtipo”.
Alguns exemplos de tipos de arquivos definidos segundo o
padrão MIME são apresentados na Tabela 2.
O padrão MIME é usado para identificar arquivos
transferidos como anexos de e-mail e conteúdos recuperados
de páginas Web. Alguns sistemas operacionais, como o BeOS e
o MacOS X, definem atributos de acordo com esse padrão para
identificar o conteúdo de cada arquivo dentro do sistema de
arquivos.
Noções de Informática 6
APOSTILAS OPÇÃO
finalizar um determinado processo, encerrar uma conexão de exemplo, em sistemas Windows os arquivos abertos por um
rede ou desconectar um usuário, basta remover o arquivo processo são representados pelo núcleo por referências de
correspondente. arquivos (filehandles), que são estruturas de dados criadas
Embora o foco deste texto esteja concentrado em arquivos pelo núcleo para representar cada arquivo aberto. Por outro
convencionais, que visam o armazenamento de informações lado, em sistemas UNIX os arquivos abertos por um processo
(bytes ou registros), muitos dos conceitos aqui expostos são são representados por descritores de arquivos (file
igualmente aplicáveis aos arquivos não-convencionais descriptors). Um descritor de arquivo aberto é um número
descritos nesta seção. inteiro não-negativo, usado como índice em uma tabela que
relaciona os arquivos abertos por aquele processo, mantida
Uso de arquivos pelo núcleo. Dessa forma, cabe às bibliotecas e ao suporte de
Arquivos são usados por processos para ler e escrever execução de cada linguagem de programação mapear a
dados de forma não-volátil. Para usar arquivos, um processo representação de arquivo aberto fornecida pelo núcleo do
tem à sua disposição uma interface de acesso, que depende da sistema operacional subjacente na referência de arquivo
linguagem utilizada e do sistema operacional subjacente. Essa aberto usada por aquela linguagem. Esse mapeamento é
interface normalmente é composta por uma representação necessário para garantir que as aplicações que usam arquivos
lógica de cada arquivo usado pelo processo (uma referência ao (ou seja, quase todas elas) sejam portáveis entre sistemas
arquivo) e por um conjunto de funções (ou métodos) para operacionais distintos.
realizar operações sobre esses arquivos. Através dessa
interface, os processos podem localizar arquivos no disco, ler Formas de acesso
e modificar seu conteúdo, entre outras operações. Uma vez aberto um arquivo, a aplicação pode ler os dados
Na sequência desta seção serão discutidos aspectos contidos nele, modificá-los ou escrever novos dados. Há várias
relativos ao uso de arquivos, como a abertura do arquivo, as formas de se ler ou escrever dados em um arquivo, que
formas de acesso aos seus dados, o controle de acesso e dependem da estrutura interna do mesmo. Considerando
problemas associados ao compartilhamento de arquivos entre apenas arquivos simples, vistos como uma sequência de bytes,
vários processos. duas formas de acesso são usuais: o acesso sequencial e o
acesso direto (ou acesso aleatório).
Abertura de um arquivo No acesso sequencial, os dados são sempre lidos e/ou
Para poder ler ou escrever dados em um arquivo, cada escritos em sequência, do início ao final do arquivo. Para cada
aplicação precisa antes “abri-lo”. A abertura de um arquivo arquivo aberto por uma aplicação é definido um ponteiro de
consiste basicamente em preparar as estruturas de memória acesso, que inicialmente aponta para a primeira posição do
necessárias para acessar os dados do arquivo em questão. arquivo. A cada leitura ou escrita, esse ponteiro é
Assim, para abrir um arquivo, o núcleo do sistema operacional incrementado e passa a indicar a posição da próxima
deve realizar as seguintes operações: : Formas
1. Localizar o arquivo no dispositivo físico, usando seu leitura ou escrita. Quando esse ponteiro atinge o final do
nome e caminho de acesso (vide Seção 3.2); arquivo, as leituras não são mais permitidas, mas as escritas
2. Verificar se a aplicação tem permissão para usar ainda o são, permitindo acrescentar dados ao final do mesmo.
aquele arquivo da forma desejada (leitura e/ou escrita); A chegada do ponteiro ao final do arquivo é normalmente
3. Criar uma estrutura na memória do núcleo para sinalizada ao processo através de um flag de fim de arquivo
representar o arquivo aberto; (EoF - End-of-File).
4. Inserir uma referência a essa estrutura na lista de A Figura 4 traz um exemplo de acesso sequencial em
arquivos abertos mantida pelo sistema, para fins de gerência; leitura a um arquivo, mostrando a evolução do ponteiro do
Devolver à aplicação uma referência a essa estrutura, para arquivo durante uma sequência de leituras. A primeira leitura
ser usada nos acessos subsequentes ao arquivo recém-aberto. no arquivo traz a string “Qui scribit bis”, a segunda leitura traz
Concluída a abertura do arquivo, o processo solicitante “legit. ”, e assim sucessivamente. O acesso sequencial é
recebe do núcleo uma referência para o arquivo recém-aberto, implementado em praticamente todos os sistemas
que deve ser informada pelo processo em suas operações operacionais de mercado e constitui a forma mais usual de
subsequentes envolvendo aquele arquivo. Assim que o acesso a arquivos, usada pela maioria das aplicações.
processo tiver terminado de usar um arquivo, ele deve
solicitar ao núcleo o fechamento do arquivo, que implica em
concluir as operações de escrita eventualmente pendentes e
remover da memória do núcleo as estruturas de gerência Figura 4: Leituras sequenciais em um arquivo de texto.
criadas durante sua abertura. Normalmente, os arquivos
abertos são automaticamente fechados quando do Por outro lado, no método de acesso direto (ou aleatório),
encerramento do processo, mas pode ser necessário fechá-los pode-se indicar a posição no arquivo onde cada leitura ou
antes disso, caso seja um processo com vida longa, como um escrita deve ocorrer, sem a necessidade de um ponteiro.
daemon servidor de páginas Web, ou que abra muitos Assim, caso se conheça previamente a posição de um
arquivos, como um compilador. determinado dado no arquivo, não há necessidade de
As referências a arquivos abertos usadas pelas aplicações percorrê-lo sequencialmente até encontrar o dado desejado.
dependem da linguagem de programação utilizada para Essa forma de acesso é muito importante em gerenciadores de
construí-las. Por exemplo, em um programa escrito na bancos de dados e aplicações congêneres, que precisam
linguagem C, cada arquivo aberto é representado por uma acessar rapidamente as posições do arquivo correspondentes
variável dinâmica do tipo FILE*, que é denominada um ao registros desejados em uma operação.
ponteiro de arquivo (file pointer). Essa variável dinâmica é Na prática, a maioria dos sistemas operacionais usa o
alocada no momento da abertura do arquivo e serve como uma acesso sequencial como modo básico de operação, mas oferece
referência ao mesmo nas operações de acesso subsequentes. operações para mudar a posição do ponteiro do arquivo caso
Já em Java, as referências a arquivos abertos são objetos necessário, o que permite então o acesso direto a qualquer
instanciados a partir da classe File. Na linguagem Python registro do arquivo. Nos sistemas POSIX, o reposicionamento
existem os file objects, criados a partir da chamada open. do ponteiro do arquivo é efetuado através das chamadas lseek
Por outro lado, cada sistema operacional tem sua própria e fseek.
convenção para a representação de arquivos abertos. Por
Noções de Informática 7
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 8
APOSTILAS OPÇÃO
São corretas:
(A) I e II
(B) I e III
(C) I, II e III
(D) I, II, III e IV
3 Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows
Noções de Informática 9
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 10
APOSTILAS OPÇÃO
apontar para a Calculadora exibe esta mensagem: "Executa - Música. Abre a biblioteca Músicas, na qual é possível
tarefas aritméticas básicas com uma calculadora na tela". Isso acessar e tocar música e outros arquivos de áudio.
funciona também para itens no painel direito do menu Iniciar. - Jogos. Abre a pasta Jogos, na qual é possível acessar todos
Você notará que, com o tempo, as listas de programas no os jogos no computador.
menu Iniciar vão sendo alteradas. Isso acontece por dois - Computador. Abre uma janela na qual é possível acessar
motivos. Em primeiro lugar, quando você instala novos unidades de disco, câmeras, impressoras, scanners e outros
programas, eles são adicionados à lista Todos os Programas. hardwares conectados ao computador.
Em segundo lugar, o menu Iniciar detecta quais programas - Painel de Controle. Abre o Painel de Controle, no qual é
você usa mais e os substitui no painel esquerdo para acesso possível personalizar a aparência e a funcionalidade do
rápido. computador, instalar ou desinstalar programas, configurar
conexões de rede e gerenciar contas de usuário.
A caixa de pesquisa. - Dispositivos e Impressoras. Abre uma janela onde é
possível exibir informações sobre a impressora, o mouse e
A caixa de pesquisa é uma das maneiras mais convenientes outros dispositivos instalados no seu computador.
de encontrar algo no computador. A localização exata dos itens - Programas Padrão. Abre uma janela onde é possível
não importa. A caixa de pesquisa fará uma busca rápida nos selecionar qual programa você deseja que o Windows use para
programas e em todas as pastas da sua pasta pessoal (que determinada atividade, como navegação na Web.
inclui Documentos, Imagens, Música, Área de Trabalho entre - Ajuda e Suporte. Abre a Ajuda e Suporte do Windows
outras localizações comuns). Ela também pesquisará em onde você pode procurar e pesquisar tópicos da Ajuda sobre
mensagens de e-mail, mensagens instantâneas salvas, como usar o Windows e o computador.
compromissos e contatos. Na parte inferior do painel direito está o botão de Desligar.
Clique no botão Desligar para desligar o computador.
O clique na seta ao lado do botão Desligar exibe um menu
com opções adicionais para alternar usuários, fazer logoff,
reiniciar ou desligar.
Noções de Informática 11
APOSTILAS OPÇÃO
que você usa para abri-los. Além de poder abrir itens recentes Para fixar um item em uma Lista de Atalhos.
usando uma Lista de Atalhos, você também pode fixar
favoritos na Lista de Atalhos; dessa forma, é possível acessar 1. Clique em Iniciar e abra a Lista de Atalhos do programa.
de maneira rápida os itens usados diariamente. 2. Aponte para o item, clique no ícone do pino e clique em
Incluir nesta lista.
Gerenciando programas e itens com Listas de Atalhos.
Para remover um item.
Na barra de tarefas, Listas de Atalhos aparecem para
programas que você fixou à barra de tarefas e programas que 1. Clique em Iniciar e abra a Lista de Atalhos do programa.
estão atualmente em execução. No menu Iniciar, as Listas de 2. Aponte para o item, clique no ícone do pino e clique em
Atalhos aparecem para programas que você fixou no menu Remover desta lista.
Iniciar e programas abertos recentemente. (As listas de
Atalhos não aparecem em Todos os Programas no menu Observações:
Iniciar.) Na próxima vez que você abrir um item que foi removido,
Listas de Atalhos podem incluir itens abertos ele poderá reaparecer na Lista de Atalhos. Para remover um
recentemente, itens abertos frequentemente, tarefas ou sites, item da lista, clique com o botão direito do mouse no item e
além de qualquer item que você decidiu fixar. clique em Tirar desta lista.
Você sempre verá os mesmos itens na Lista de Atalhos de
um programa, independentemente de visualizá-la no menu BARRA DE TAREFAS.
Iniciar ou na barra de tarefas. Por exemplo, se você fixar um
item à Lista de Atalhos de um programa na barra de tarefas, o A barra de tarefas é aquela barra longa horizontal na parte
item também aparecerá na Lista de Atalhos desse programa no inferior da tela. Diferentemente da área de trabalho, que pode
menu Iniciar. ficar obscurecida devido às várias janelas abertas, a barra de
Além de qualquer item aberto ou fixado no momento, as tarefas está quase sempre visível. Ela possui três seções
Listas de Atalhos na barra de tarefas contêm vários comandos principais:
que você pode usar para fechar um item ou desafixar o • O botão Iniciar, que abre o menu Iniciar.
programa da barra de tarefas. • A seção intermediária, que mostra quais programas e
Você pode arrastar um item para fora da Lista de Atalhos a arquivos estão abertos e permite que você alterne
fim de copiá-lo para outro local. Por exemplo, você pode rapidamente entre eles.
arrastar um documento de uma Lista de Atalhos para uma • A área de notificação, que inclui um relógio e ícones
mensagem de e-mail, caso deseje enviá-lo para alguém. (pequenas imagens) que comunicam o status de determinados
Trabalhando com Listas de Atalhos no menu Iniciar. programas e das configurações do computador.
Como é provável que você use a seção intermediária da
As Listas de Atalhos no menu Iniciar fornecem acesso barra de tarefas com mais frequência, vamos abordá-la
rápido aos itens que você usa com mais frequência. primeiro.
Manter o controle das janelas.
Noções de Informática 12
APOSTILAS OPÇÃO
Quando você move o ponteiro do mouse para um botão da Existem muitas formas de personalizar a barra de tarefas
barra de tarefas, uma pequena imagem aparece mostrando de acordo com as suas preferências. Por exemplo, você pode
uma versão em miniatura da janela correspondente. Essa mover a barra de tarefas inteira para a esquerda, para a direita
visualização, também chamada de miniatura, é muito útil. ou para a borda superior da tela. Também pode alargar a barra
Além disso, se uma das janelas tiver execução de vídeo ou de tarefas, fazer com que o Windows a oculte
animação, você verá na visualização. automaticamente quando não estiver em uso e adicionar
barras de ferramentas a ela.
Observação:
Você poderá visualizar as miniaturas apenas se o Aero Trabalhando com Listas de Atalhos na barra de
puder ser executado no seu computador e você estiver tarefas.
executando um tema do Windows 7.
As Listas de Atalhos na barra de tarefas fornecem acesso
A área de notificação. rápido a tudo que você usa com mais frequência.
Noções de Informática 13
APOSTILAS OPÇÃO
Fixando um item a uma Lista de Atalhos na barra de tarefas. Se você clicar duas vezes em um ícone da área de trabalho,
o item que ele representa será iniciado ou aberto.
Para exibir a Lista de Atalhos de um programa.
Adicionando e removendo ícones da área de trabalho.
Clique com o botão direito do mouse no botão do programa
na barra de tarefas. Você pode escolher os ícones que serão exibidos na área de
trabalho, adicionando ou removendo um ícone a qualquer
Para abrir um item de uma Lista de Atalhos. momento. Algumas pessoas preferem uma área de trabalho
limpa, organizada, com poucos ícones (ou nenhum). Outras
Abra a Lista de Atalhos do programa e clique no item. preferem colocar dezenas de ícones na área de trabalho para
ter acesso rápido a programas, pastas e arquivos usados com
Para fixar um item em uma Lista de Atalhos. frequência.
Se quiser obter acesso fácil da área de trabalho a seus
Abra a Lista de Atalhos do programa, aponte para o item, programas ou arquivos favoritos, crie atalhos para eles. Um
clique no ícone do pino e clique em Incluir nesta lista. atalho é um ícone que representa um link para um item, em
vez do item em si. Quando você clica em um atalho, o item é
Observação: aberto. Se você excluir um atalho, somente ele será removido,
Você também pode arrastar um ícone de arquivo ou um e não o item original. É possível identificar atalhos pela seta no
atalho do menu Iniciar ou da área de trabalho para a barra de ícone correspondente.
tarefas. Isso fixa o item na Lista de Atalhos e também fixa o
programa à barra de tarefas, caso não esteja fixado ainda.
Pastas são consideradas itens do Windows Explorer e
aparecem na Lista de Atalhos do Windows Explorer quando
fixadas ou abertas.
Um ícone de arquivo (à esquerda) e um ícone de atalho (à direita).
Para desafixar um item.
Para adicionar um atalho à área de trabalho.
Abra a Lista de Atalhos do programa, aponte para o item,
clique no ícone do pino e clique em Tirar desta lista. 1. Localize o item para o qual deseja criar um atalho.
2. Clique com o botão direito do mouse no item, clique
Observações: em Enviar para e em Área de Trabalho (criar atalho). O ícone
Na próxima vez que você abrir um item que foi removido, de atalho aparecerá na área de trabalho.
ele poderá reaparecer na Lista de Atalhos. Para remover um
item da lista, clique com o botão direito do mouse no item e Para adicionar ou remover ícones comuns da área de
clique em Remover desta lista. trabalho.
Ícones são imagens pequenas que representam arquivos, Para remover um ícone da área de trabalho.
pastas, programas e outros itens. Ao iniciar o Windows pela
primeira vez, você verá pelo menos um ícone na área de Clique com o botão direito do mouse no ícone e clique
trabalho: a Lixeira (mais detalhes adiante). O fabricante do em Excluir. Se o ícone for um atalho, somente ele será
computador pode ter adicionado outros ícones à área de removido, e não o item original.
trabalho. Veja a seguir alguns exemplos de ícones da área de
trabalho.
Noções de Informática 14
APOSTILAS OPÇÃO
O Windows empilha os ícones em colunas no lado Sempre que você abre um programa, um arquivo ou uma
esquerdo da área de trabalho, mas você não precisa se prender pasta, ele aparece na tela em uma caixa ou moldura
a essa disposição. Você pode mover um ícone arrastando-o chamada janela (daí o nome atribuído ao sistema operacional
para um novo local na área de trabalho. Windows, que significa Janelas em inglês). Como as janelas
Também pode fazer com que o Windows organize estão em toda parte no Windows, é importante saber como
automaticamente os ícones. Clique com o botão direito do movê-las, alterar seu tamanho ou simplesmente fazê-las
mouse em uma parte vazia da área de trabalho, clique desaparecer.
em Exibir e em Organizar ícones automaticamente. O
Windows empilha os ícones no canto superior esquerdo e os Partes de uma janela.
bloqueia nessa posição. Para desbloquear os ícones e tornar a
movê-los novamente, clique outra vez em Organizar ícones Embora o conteúdo de cada janela seja diferente, todas as
automaticamente, apagando a marca de seleção ao lado desta janelas têm algumas coisas em comum. Em primeiro lugar, elas
opção. sempre aparecem na área de trabalho, a principal área da tela.
Além disso, a maioria das janelas possuem as mesmas partes
Observação: básicas.
Por padrão, o Windows espaça os ícones igualmente em
uma grade invisível. Para colocar os ícones mais perto ou com
mais precisão, desative a grade. Clique com o botão direito do
mouse em uma parte vazia da área de trabalho, aponte para
Exibir e clique em Alinhar ícones à grade para apagar a marca
de seleção. Repita essas etapas para reativar a grade.
A Lixeira. Para mover uma janela, aponte para sua barra de título
com o ponteiro do mouse. Em seguida, arraste a janela para o
Quando você exclui um arquivo ou pasta, eles na verdade local desejado. (Arrastar significa apontar para um item,
não são excluídos imediatamente; eles vão para a Lixeira. Isso manter pressionado o botão do mouse, mover o item com o
é bom porque, se você mudar de ideia e precisar de um arquivo ponteiro e depois soltar o botão do mouse.)
excluído, poderá obtê-lo de volta.
Alterando o tamanho de uma janela.
Noções de Informática 15
APOSTILAS OPÇÃO
Observação:
Embora a maioria das janelas possa ser maximizada e
redimensionada, existem algumas janelas que têm tamanho Colocar o cursor sobre o botão de uma janela na barra de tarefas exibe uma
visualização da janela.
fixo, como as caixas de diálogo.
Observação:
Ocultando uma janela.
Para visualizar miniaturas, seu computador deve oferecer
suporte ao Aero
Minimizar uma janela é o mesmo que ocultá-la. Se você
Usando Alt+Tab. Você pode alternar para a janela
deseja tirar uma janela temporariamente do caminho sem
anterior pressionando Alt+Tab, ou percorrer todas as janelas
fechá-la, minimize-a.
abertas e a área de trabalho mantendo pressionada a tecla Alt
Para minimizar uma janela, clique em seu botão Minimizar.
e pressionando repetidamente a tecla Tab. Solte Alt para
A janela desaparecerá da área de trabalho e ficará visível
mostrar a janela selecionada.
somente como um botão na barra de tarefas, aquela barra
Usando o Aero Flip 3D. O Aero Flip 3D organiza as janelas
longa horizontal na parte inferior da tela.
em uma pilha tridimensional para permitir que você as
percorra rapidamente. Para usar o Flip 3D:
Mantenha pressionada a tecla de logotipo do Windows e
pressione Tab para abrir o Flip 3D.
Botão da barra de tarefas.
Enquanto mantém pressionada a tecla de logotipo do
Windows, pressione Tab repetidamente ou gire a roda do
Para fazer uma janela minimizada aparecer novamente na mouse para percorrer as janelas abertas. Você também pode
área de trabalho, clique em seu respectivo botão da barra de pressionar Seta para a Direita ou Seta para Baixo para avançar
tarefas. A janela aparecerá exatamente como estava antes de uma janela, ou pressionar Seta para a Esquerda ou Seta para
ser minimizada. Cima para retroceder uma janela.
Solte a tecla de logotipo do Windows para exibir a primeira
Fechando uma janela. janela da pilha ou clique em qualquer parte da janela na pilha
para exibir essa janela.
O fechamento de uma janela a remove da área de trabalho
e da barra de tarefas. Se você tiver terminado de trabalhar com
um programa ou documento e não precisar retornar a ele
imediatamente, feche-o.
Para fechar uma janela, clique em seu botão Fechar.
Observação:
Se você fechar um documento sem salvar as alterações
feitas, aparecerá uma mensagem dando-lhe a opção de salvar
as alterações.
Noções de Informática 16
APOSTILAS OPÇÃO
Arraste uma janela para o lado da área de trabalho para expandi-la até metade Ao contrário das janelas comuns, a maioria das caixas de
da tela.
diálogo não podem ser maximizadas, minimizadas ou
redimensionadas, mas podem ser movidas.
Para expandir uma janela verticalmente.
USANDO MENUS, BOTÕES, BARRAS E CAIXAS.
Aponte para a borda superior ou inferior da janela aberta
até o ponteiro mudar para uma seta de duas pontas . Menus, botões, barras de rolagem e caixas de seleção são
Arraste a borda da janela para a parte superior ou inferior exemplos de controles que funcionam com o mouse ou teclado.
da tela para expandir a janela na altura total da área de Esses controles permitem selecionar comandos, alterar
trabalho. A largura da janela não é alterada. configurações ou trabalhar com janelas. Esta seção descreve
como reconhecer e usar controles que você encontrará com
frequência ao usar o Windows.
Usando menus.
Noções de Informática 17
APOSTILAS OPÇÃO
Botões de divisão se dividem em duas partes quando você aponta para eles.
Noções de Informática 18
APOSTILAS OPÇÃO
Usando controles deslizantes. Para abrir uma lista suspensa, clique nela. Para escolher
uma opção na lista, clique na opção.
Um controle deslizante permite ajustar uma configuração
em um intervalo de valores. Ele tem a seguinte aparência: Usando caixas de listagem.
4 Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/
Noções de Informática 19
APOSTILAS OPÇÃO
Atalhos de teclado para Facilidade de Acesso. Shift+F10 - Exibir o menu de atalho para o item
selecionado.
Shift Direita por oito segundos - Ativar e desativar as Ctrl+Esc - Abrir o menu Iniciar.
Teclas de Filtro. Alt+letra - sublinhada Exibir o menu correspondente.
Alt Esquerda+Shift Esquerda+PrtScn (ou PrtScn) - Ativar Alt+letra - sublinhada Executar o comando do menu (ou
ou desativar o Alto Contraste. outro comando sublinhado).
Alt Esquerda+Shift Esquerda+Num Lock - Ativar ou F10 - Ativar a barra de menus no programa ativo.
desativar as Teclas do Mouse. Seta para a Direita - Abrir o próximo menu à direita ou
Shift cinco vezes - Ativar ou desativar as Teclas de abrir um submenu.
Aderência. Seta para a Esquerda - Abrir o próximo menu à esquerda
Num Lock por cinco segundos - Ativar ou desativar as ou fechar um submenu.
Teclas de Alternância. F5 - Atualizar a janela ativa.
Tecla do logotipo do Windows - Imagem da tecla de Alt+Seta para Cima - Exibir a pasta um nível acima no
logotipo do Windows +U - Abrir a Central de Facilidade de Windows Explorer.
Acesso. Esc - Cancelar a tarefa atual.
Ctrl+Shift+Esc - Abrir o Gerenciador de Tarefas.
Atalhos de teclado gerais. Shift - quando inserir um CD Evitar que o CD seja executado
automaticamente.
F1 - Exibir a Ajuda.
Ctrl+C - Copiar o item selecionado. Atalhos de teclado de caixas de diálogo.
Ctrl+X - Recortar o item selecionado.
Ctrl+V - Colar o item selecionado. Ctrl+Tab - Avançar pelas guias.
Ctrl+Z - Desfazer uma ação. Ctrl+Shift+Tab - Recuar pelas guias.
Ctrl+Y - Refazer uma ação. Tab - Avançar pelas opções.
Delete - Excluir o item selecionado e movê-lo para a Shift+Tab - Recuar pelas opções.
Lixeira. Alt+letra sublinhada - Executar o comando (ou selecionar
Shift+Delete - Excluir o item selecionado sem movê-lo para a opção) corresponde a essa letra.
a Lixeira primeiro. Enter - Substituir o clique do mouse em muitos comandos
F2 - Renomear o item selecionado. selecionados.
Ctrl+Seta para a Direita - Mover o cursor para o início da Barra de Espaços - Marcar ou desmarcar a caixa de seleção
próxima palavra. caso a opção ativa seja uma caixa de seleção.
Ctrl+Seta para a Esquerda - Mover o cursor para o início da
palavra anterior. Teclas de direção.
Ctrl+Seta para Baixo - Mover o cursor para o início do
próximo parágrafo. Selecionar um botão caso a opção ativa seja um grupo de
Ctrl+Seta para Cima - Mover o cursor para o início do botões de opção.
parágrafo anterior. F1 - Exibir a Ajuda.
Ctrl+Shift com uma tecla de direção - Selecionar um bloco F4 - Exibir os itens na lista ativa.
de texto. Backspace - Abrir uma pasta um nível acima caso uma
Shift com qualquer tecla de direção - Selecionar mais de um pasta esteja selecionada na caixa de diálogo Salvar como ou
item em uma janela ou na área de trabalho ou selecionar o Abrir.
texto dentro de um documento.
Ctrl com qualquer tecla de direção+Barra de Espaços - Atalhos de teclado da tecla do logotipo do Windows.
Selecionar vários itens individuais em uma janela ou na área
de trabalho. Windows tecla do logotipo - Abrir ou fechar o menu Iniciar.
Ctrl+A - Selecionar todos os itens de um documento ou Tecla do logotipo do Windows + Pause - Exibir a caixa de
janela. diálogo Propriedades do Sistema.
F3 - Procurar um arquivo ou uma pasta. Tecla do logotipo do Windows +D - Exibir a área de
Alt+Enter - Exibir as propriedades do item selecionado. trabalho.
Alt+F4 - Fechar o item ativo ou sair do programa ativo. Tecla do logotipo do Windows + M - Minimizar todas as
Alt+Barra de Espaços - Abrir o menu de atalho para a janela janelas.
ativa. Tecla do logotipo do Windows +SHIFT+M - Restaurar
Ctrl+F4 - Fechar o documento ativo (em programas que janelas minimizadas na área de trabalho.
permitem vários documentos abertos simultaneamente). Tecla do logotipo do Windows +E - Abrir computador.
Alt+Tab - Alternar entre itens abertos. Tecla do logotipo do Windows +F - Procurar um arquivo ou
Ctrl+Alt+Tab - Usar as teclas de direção para alternar entre uma pasta.
itens abertos. Ctrl + tecla do logotipo do Windows + F - Procurar
Ctrl+Roda de rolagem do mouse - Alterar o tamanho dos computadores (se você estiver em uma rede).
ícones na área de trabalho. Tecla do logotipo do Windows + L - Bloquear o computador
Tecla do logotipo do Windows +Tab - Percorrer programas ou alternar usuários.
na barra de tarefas usando o Aero Flip 3-D. Tecla do logotipo do Windows +R - Abrir a caixa de diálogo
Ctrl + tecla do logotipo do Windows +Tab - Usar as teclas Executar.
de seta para percorrer os programas na barra de tarefas Tecla do logotipo do Windows +T - Percorrer programas
utilizando o Aero Flip 3-D. na barra de tarefas.
Alt+Esc - Percorrer os itens na ordem em que foram Tecla do logotipo do Windows + número - Iniciar o
abertos. programa fixado na barra de tarefas na posição indicada pelo
F6 - Percorrer os elementos da tela em uma janela ou na número. Se o programa já estiver sendo executado, alterne
área de trabalho. para ele.
F4 - Exibir a lista da barra de endereços no Windows
Explorer.
Noções de Informática 20
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 21
APOSTILAS OPÇÃO
consulte a Ajuda desse programa (consulte "Obtendo ajuda Você também pode acessar a Ajuda ao pressionar F1. Esta
sobre um programa", a seguir). tecla de função abre a Ajuda em praticamente qualquer
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no programa.
botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obtendo ajuda sobre caixas de diálogo e janelas.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda.
Além da ajuda do programa, algumas caixas de diálogo e
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro janelas contêm links para tópicos da Ajuda sobre suas funções
de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Ajuda específicas. Se você vir um link de texto sublinhado ou colorido
Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as ou um ponto de interrogação dentro de um círculo ou um
versões mais recentes dos tópicos existentes. quadrado, clique nele para abrir o tópico da Ajuda.
1. Clique no botão Iniciar e em Ajuda e Suporte.
2. Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows,
clique em Opções e em Configurações.
3. Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de
seleção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda
online (recomendado) e clique em OK. Quando você estiver
conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto
inferior direito da janela Ajuda e Suporte.
Pesquisar na Ajuda.
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou Links da Ajuda em caixas de diálogo e janelas.
duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter
informações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Obtendo ajuda de outros usuários do Windows.
Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o Se você tiver uma pergunta que não possa ser respondida
tópico. pelas informações da Ajuda, tente obter ajuda de outros
usuários do Windows.
Convide alguém para ajudar usando a Assistência Remota
Se você tiver um amigo ou parente que seja especialista em
computadores, poderá convidá-lo para se conectar ao seu
computador usando a Assistência Remota. Ele poderá então
A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows. visualizar a tela do seu computador e conversar com você
sobre o que ambos estão vendo. Com a sua permissão, ele
Pesquisar Ajuda. poderá até controlar seu computador remotamente, o que
permitirá a correção do problema.
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique
no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na Usando recursos na Web.
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos
podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. A Web contém uma quantidade enorme de informações,
Clique em um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro por isso há grandes chances de que uma resposta à sua dúvida
título para investigar mais a fundo a lista de assuntos. resida em algum lugar nesses bilhões de páginas da Web. Uma
pesquisa geral na Web é uma boa tática para começar sua
busca.
Se você não encontrar o que precisa usando uma pesquisa
geral, convém procurar em sites cujo foco seja o Windows ou
problemas de computador. Veja a seguir quatro boas dicas:
Site do Windows. Este site fornece uma versão online de
todos os tópicos da Ajuda nesta versão do - - Windows, além
de vídeos instrutivos, colunas detalhadas e outras informações
úteis.
- Ajuda e Suporte da Microsoft. Descubra soluções para
problemas comuns, tópicos de instruções, etapas para solução
de problemas e os downloads mais recentes.
- Microsoft TechNet. Este site inclui recursos e conteúdo
técnico para profissionais de tecnologia de informação.
Obtendo ajuda sobre um programa. Um arquivo é um item que contém informações, por
exemplo, texto, imagens ou música. Quando aberto, um
Quase todos os programas vêm com seu próprio sistema arquivo pode ser muito parecido com um documento de texto
de Ajuda interno. ou com uma imagem que você poderia encontrar na mesa de
Para abrir o sistema de Ajuda de um programa: alguém ou em um arquivo convencional Em seu computador,
- No menu Ajuda do programa, clique no primeiro item na os arquivos são representados por ícones; isso facilita o
lista, como "Exibir Ajuda", "Tópicos da Ajuda" ou algo reconhecimento de um tipo de arquivo bastando olhar para o
semelhante. (Esse texto varia.) -ou- Clique no botão Ajuda. respectivo ícone. Veja a seguir alguns ícones de arquivo
comuns:
Observação:
Noções de Informática 22
APOSTILAS OPÇÃO
Usando bibliotecas para acessar arquivos e pastas. Painel de navegação, mostrando a biblioteca de imagens com três pastas
incluídas.
Quando se trata de se organizar, não é necessário começar
do zero. Você pode usar bibliotecas, um novo recurso desta Uma biblioteca reúne arquivos de diferentes locais e os
versão do Windows, para acessar arquivos e pastas e organizá- exibe em uma única coleção, sem os mover de onde estão
los de diferentes maneiras. Esta é uma lista das quatro armazenados.
bibliotecas padrão e para que elas são usadas normalmente: Seguem algumas ações que podem ser executadas com
- Biblioteca Documentos. Use essa biblioteca para bibliotecas:
organizar documentos de processamento de texto, planilhas, Criar uma nova biblioteca. Existem quatro bibliotecas
apresentações e outros arquivos relacionados a texto. Para padrão (Documentos, Músicas, Imagens e Vídeos), mas você
obter mais informações, consulte Gerenciando seus contatos. pode criar novas bibliotecas para outras coleções.
Por padrão, os arquivos movidos, copiados ou salvos na Organizar itens por pasta, data e outras propriedades. Os
biblioteca Documentos são armazenados na pasta Meus itens em uma biblioteca podem ser organizados de diferentes
Documentos. maneiras, usando o menu Organizar por, localizado no painel
- Biblioteca Imagens. Use esta biblioteca para organizar de bibliotecas (acima da lista de arquivos) de qualquer
suas imagens digitais, sejam elas obtidas da câmera, do biblioteca aberta. Por exemplo, você pode organizar sua
scanner ou de e-mails recebidos de outras pessoas. Por biblioteca de músicas por artista para encontrar rapidamente
padrão, os arquivos movidos, copiados ou salvos na biblioteca uma música de um determinado artista.
Imagens são armazenados na pasta Minhas Imagens. Incluir ou remover uma pasta. As bibliotecas reúnem
- Biblioteca Músicas. Use esta biblioteca para organizar conteúdo a partir das pastas incluídas ou dos locais de
suas músicas digitais, como as que você cópia de um CD de bibliotecas.
áudio ou as baixadas da Internet. Por padrão, os arquivos Alterar o local de salvamento padrão. O local de
movidos, copiados ou salvos na biblioteca Músicas são salvamento padrão determina onde um item é armazenado
armazenados na pasta Minhas Músicas. quando é copiado, movido ou salvo na biblioteca.
- Biblioteca Vídeos. Use esta biblioteca para organizar e
arrumar seus vídeos, como clipes da câmera digital ou da Compreendendo as partes de uma janela.
câmera de vídeo, ou arquivos de vídeo baixados da Internet.
Por padrão, os arquivos movidos, copiados ou salvos na Quando você abre uma pasta ou biblioteca, ela é exibida em
biblioteca Vídeos são armazenados na pasta Meus Vídeos. uma janela. As várias partes dessa janela foram projetadas
Para abrir as bibliotecas Documentos, Imagens ou Músicas, para facilitar a navegação no Windows e o trabalho com
clique no botão Iniciar, em seguida, em Documentos, Imagens arquivos, pastas e bibliotecas. Veja a seguir uma janela típica e
ou Músicas. cada uma de suas partes:
Noções de Informática 23
APOSTILAS OPÇÃO
Lista de arquivos.
É aqui que o conteúdo da pasta ou biblioteca atual é
exibido. Se você usou a caixa de pesquisa para localizar um
arquivo, somente os arquivos que correspondam a sua
exibição atual (incluindo arquivos em subpastas) serão
exibidos.
A caixa de pesquisa.
Digite uma palavra ou frase na caixa de pesquisa para
procurar um item na pasta ou biblioteca atual. A pesquisa
inicia assim que você começa a digitar. Portanto, quando você
digitar B, por exemplo, todos os arquivos cujos nomes
iniciarem com a letra B aparecerão na lista de arquivos. Para
obter mais informações, consulte Localizar um arquivo ou uma
pasta.
Painel de detalhes.
Painel de navegação. Use o painel de detalhes para ver as propriedades mais
comuns associadas ao arquivo selecionado. Propriedades do
Use o painel de navegação para acessar bibliotecas, pastas, arquivo são informações sobre um arquivo, tais como o autor,
pesquisas salvas ou até mesmo todo o disco rígido. Use a seção a data da última alteração e qualquer marca descritiva que
Favoritos para abrir as pastas e pesquisas mais utilizadas. Na você possa ter adicionado ao arquivo. Para obter mais
seção Bibliotecas, é possível acessar suas bibliotecas. Você informações, consulte Adicionar marcas e outras propriedades
também pode usar a pasta Computador para pesquisar pastas a arquivos.
e subpastas. Para obter mais informações, consulte
Trabalhando com o painel de navegação. Painel de visualização.
Use o painel de visualização para ver o conteúdo da
Botões Voltar e Avançar. maioria dos arquivos. Se você selecionar uma mensagem de e-
Use os botões Voltar e Avançar para navegar para outras mail, um arquivo de texto ou uma imagem, por exemplo,
pastas ou bibliotecas que você já tenha aberto, sem fechar, na poderá ver seu conteúdo sem abri-lo em um programa. Caso
janela atual. Esses botões funcionam juntamente com a barra não esteja vendo o painel de visualização, clique no botão
de endereços. Depois de usar a barra de endereços para alterar Painel de visualização na barra de ferramentas para ativá-lo.
pastas, por exemplo, você pode usar o botão Voltar para
retornar à pasta anterior. Exibindo e organizando arquivos e pastas.
Barra de ferramentas. Quando você abre uma pasta ou biblioteca, pode alterar a
Use a barra de ferramentas para executar tarefas comuns, aparência dos arquivos na janela. Por exemplo, talvez você
como alterar a aparência de arquivos e pastas, copiar arquivos prefira ícones maiores (ou menores) ou uma exibição que lhe
em um CD ou iniciar uma apresentação de slides de imagens permita ver tipos diferentes de informações sobre cada
digitais. Os botões da barra de ferramentas mudam para arquivo. Para fazer esses tipos de alterações, use o botão
mostrar apenas as tarefas que são relevantes. Por exemplo, se Modos de Exibição na barra de ferramentas.
você clicar em um arquivo de imagem, a barra de ferramentas Toda vez que você clica no lado esquerdo do botão Modos
mostrará botões diferentes daqueles que mostraria se você de Exibição, ele altera a maneira como seus arquivos e pastas
clicasse em um arquivo de música. são exibidos, alternando entre cinco modos de exibição
distintos: Ícones grandes, Lista, um modo de exibição chamado
Barra de endereços. Detalhes, que mostra várias colunas de informações sobre o
Use a barra de endereços para navegar para uma pasta ou arquivo, um modo de exibição de ícones menores chamado
biblioteca diferente ou voltar à anterior. Para obter mais Lado a lado e um modo de exibição chamado Conteúdo, que
informações, consulte Navegar usando a barra de endereços. mostra parte do conteúdo de dentro do arquivo.
Se você clicar na seta no lado direito do botão Modos de
Painel de biblioteca. Exibição, terá mais opções. Mova o controle deslizante para
O painel de biblioteca é exibido apenas quando você está cima ou para baixo para ajustar o tamanho dos ícones das
em uma biblioteca (como na biblioteca Documentos). Use o pastas e dos arquivos. Você poderá ver os ícones alterando de
painel de biblioteca para personalizar a biblioteca ou tamanho enquanto move o controle deslizante.
organizar os arquivos por propriedades distintas. Para obter
mais informações, consulte Trabalhando com bibliotecas.
Títulos de coluna.
Use os títulos de coluna para alterar a forma como os itens
na lista de arquivos são organizados. Por exemplo, você pode
clicar no lado esquerdo do cabeçalho da coluna para alterar a
ordem em que os arquivos e as pastas são exibidos ou pode
clicar no lado direito para filtrar os arquivos de maneiras
diversas. (Observe que os cabeçalhos de coluna só estão
disponíveis no modo de exibição Detalhes. Para aprender
como alternar para o modo de exibição Detalhes, consulte
Noções de Informática 24
APOSTILAS OPÇÃO
Localizando arquivos. Ao usar o método arrastar e soltar, note que algumas vezes
o arquivo ou a pasta é copiado e, outras vezes, ele é movido. Se
Dependendo da quantidade de arquivos que você tem e de você estiver arrastando um item entre duas pastas que estão
como eles estão organizados, localizar um arquivo pode no mesmo disco rígido, os itens serão movidos para que duas
significar procurar dentre centenas de arquivos e subpastas; cópias do mesmo arquivo ou pasta não sejam criadas no
uma tarefa nada simples. Para poupar tempo e esforço, use a mesmo local. Se você estiver arrastando o item para um pasta
caixa de pesquisa para localizar o arquivo. que esteja em outro local (como um local de rede) ou para uma
mídia removível (como um CD), o item será copiado.
Observação:
A maneira mais fácil de organizar duas janelas na área de
trabalho é usar Ajustar.
Se você copiar ou mover um arquivo ou pasta para uma
biblioteca, ele será armazenado no local de salvamento padrão
A caixa de pesquisa.
da biblioteca.
Outra forma de copiar ou mover um arquivo é arrastando-
A caixa de pesquisa está localizada na parte superior de o da lista de arquivos para uma pasta ou biblioteca no painel
cada janela. Para localizar um arquivo, abra a pasta ou de navegação. Com isso, não será necessário abrir duas janelas
biblioteca mais provável como ponto de partida para sua distintas.
pesquisa, clique na caixa de pesquisa e comece a digitar. A
caixa de pesquisa filtra o modo de exibição atual com base no Criando e excluindo arquivos.
texto que você digita. Os arquivos serão exibidos como
resultados da pesquisa se o termo de pesquisa corresponder O modo mais comum de criar novos arquivos é usando um
ao nome do arquivo, a marcas e a outras propriedades do programa. Por exemplo, você pode criar um documento de
arquivo ou até mesmo à parte do texto de um documento. texto em um programa de processamento de texto ou um
Se você estiver pesquisando um arquivo com base em uma arquivo de filme em um programa de edição de vídeos.
propriedade (como o tipo do arquivo), poderá refinar a Alguns programas criam um arquivo no momento em que
pesquisa antes de começar a digitar. Basta clicar na caixa de são abertos. Quando você abre o WordPad, por exemplo, ele
pesquisa e depois em uma das propriedades exibidas abaixo inicia com uma página em branco. Isso representa um arquivo
dessa caixa. Isso adicionará um filtro de pesquisa (como vazio (e não salvo). Comece a digitar e quando estiver pronto
"tipo") ao seu texto de pesquisa, fornecendo assim resultados para salvar o trabalho, clique no botão Salvar no WordPad. Na
mais precisos. caixa de diálogo exibida, digite um nome de arquivo que o
Caso não esteja visualizando o arquivo que está ajudará a localizar o arquivo novamente no futuro e clique em
procurando, você poderá alterar todo o escopo de uma Salvar.
pesquisa clicando em uma das opções na parte inferior dos Por padrão, a maioria dos programas salva arquivos em
resultados da pesquisa. Por exemplo, caso pesquise um pastas comuns, como Meus Documentos e Minhas Imagens, o
arquivo na biblioteca Documentos, mas não consiga encontrá- que facilita a localização dos arquivos na próxima vez.
lo, você poderá clicar em Bibliotecas para expandir a pesquisa Quando você não precisar mais de um arquivo, poderá
às demais bibliotecas. Para obter mais informações, consulte removê-lo do computador para ganhar espaço e impedir que o
Localizar um arquivo ou uma pasta. computador fique congestionado com arquivos indesejados.
Para excluir um arquivo, abra a respectiva pasta ou biblioteca
Copiando e movendo arquivos e pastas. e selecione o arquivo. Pressione Delete no teclado e, na caixa
de diálogo Excluir Arquivo, clique em Sim.
De vez em quando, você pode querer alterar o local onde Quando você exclui um arquivo, ele é armazenado
os arquivos ficam armazenados no computador. Por exemplo, temporariamente na Lixeira. Pense nela como uma rede de
talvez você queira mover os arquivos para outra pasta ou segurança que lhe permite recuperar pastas ou arquivos
copiá-los para uma mídia removível (como CDs ou cartões de excluídos por engano. De vez em quando, você deve esvaziar a
memória) a fim de compartilhar com outra pessoa. Lixeira para recuperar o espaço usado pelos arquivos
A maioria das pessoas copiam e movem arquivos usando indesejados no disco rígido.
um método chamado arrastar e soltar. Comece abrindo a pasta
que contém o arquivo ou a pasta que deseja mover. Depois, em Abrindo um arquivo existente.
uma janela diferente, abra a pasta para onde deseja mover o
item. Posicione as janelas lado a lado na área de trabalho para Para abrir um arquivo, clique duas vezes nele. Em geral, o
ver o conteúdo de ambas. arquivo é aberto no programa que você usou para criá-lo ou
Em seguida, arraste a pasta ou o arquivo da primeira pasta alterá-lo. Por exemplo, um arquivo de texto será aberto no seu
para a segunda. Isso é tudo. programa de processamento de texto.
Mas nem sempre é o caso. O clique duplo em um arquivo
de imagem, por exemplo, costuma abrir um visualizador de
imagens. Para alterar a imagem, você precisa usar um
programa diferente. Clique com o botão direito do mouse no
Noções de Informática 25
APOSTILAS OPÇÃO
ATALHOS.
r
Os resultados da pesquisa aparecem assim que você começar a digitar na caixa
de pesquisa.
Um ícone de arquivo típico e o ícone de atalho relacionado. À medida que o texto for digitado, os itens
correspondentes começarão a aparecer no menu Iniciar. Os
Para criar um atalho. resultados da pesquisa têm como base o texto no nome do
arquivo, o texto no arquivo, as marcas e outras propriedades
Abra o local que contém o item para o qual você deseja dos arquivos.
criar um atalho.
Clique com o botão direito do mouse no item e clique em Observação:
Criar atalho. O novo atalho será exibido no mesmo local do Quando estiver pesquisando no menu Iniciar, apenas os
item original. arquivos indexados aparecerão nos resultados da pesquisa. A
Arraste o novo atalho para o local desejado. maioria dos arquivos do computador é indexada
Dicas automaticamente. Por exemplo, tudo o que você incluir em
Se o atalho estiver associado a uma pasta, será possível uma biblioteca é automaticamente indexado.
arrastá-lo para a seção Favoritos do painel de navegação de
uma pasta. Usar a caixa de pesquisa em uma pasta ou biblioteca.
Também é possível criar um atalho arrastando o ícone do
lado esquerdo da barra de endereço (localizado na parte Muitas vezes, ao procurar um arquivo, você já sabe que ele
superior de qualquer janela de pasta) para um local, como a está armazenado em alguma pasta ou biblioteca específica,
Área de trabalho. Essa é uma maneira rápida de criar um como Documentos ou Imagens. Procurar um arquivo pode
atalho para a pasta aberta no momento. significar procurar em centenas de arquivos e subpastas. Para
poupar tempo e esforço, use a caixa de pesquisa na parte
Para excluir um atalho. superior da janela aberta.
Noções de Informática 27
APOSTILAS OPÇÃO
Gerenciando documentos esperando a impressão. arquivo e siga as instruções na tela. Essa é uma opção mais
segura, pois você pode verificar se há vírus no arquivo de
Quando você imprime um documento, ele segue para a fila instalação antes de continuar.
de impressão, onde é possível exibir, pausar e cancelar a
impressão, além de outras tarefas de gerenciamento. A fila de Observação:
impressão mostra o que está sendo impresso e o que está Ao baixar e instalar programas da Internet, assegure-se de
aguardando para ser impresso. Ela também fornece que confia no fornecedor do programa e no site que o está
informações úteis como o status da impressão, quem está oferecendo.
imprimindo o que e quantas páginas ainda faltam.
Para instalar um programa da rede.
Noções de Informática 28
APOSTILAS OPÇÃO
Clique com o botão direito do mouse no item e clique Pode ser que drivers atualizados sejam disponibilizados
em Criar Atalho. O novo atalho aparecerá no mesmo local do posteriormente para hardwares já conectados ao computador,
item original. mas esses drivers não serão instalados automaticamente. Para
Arraste o atalho para a pasta Inicialização de Programas. instalar essas atualizações opcionais, vá para o Windows
Na próxima vez que você iniciar o Windows, o programa Update, no Painel de Controle, verifique se há atualizações de
será executado automaticamente. driver disponíveis e as instale em seu computador.
Observação: Informações.
Você também pode fazer com que um arquivo individual
(como um documento de processador de textos) seja aberto O Windows pode fazer download de ícones de alta
automaticamente arrastando um atalho do arquivo para a resolução para vários dispositivos de hardware que você
pasta Inicialização de Programas. conecta ao computador, junto com informações detalhadas
sobre eles, como nome, fabricante e número de modelo do
OPÇÕES DE CONFIGURAÇÃO NO PAINEL DE CONTROLE. produto, e até mesmo informações detalhadas sobre os
recursos de sincronização de um dispositivo. Esses detalhes
Você pode usar o Painel de Controle para alterar as podem simplificar a distinção de dispositivos semelhantes
configurações do Windows. Essas configurações controlam conectados ao computador, como celulares diferentes.
quase tudo a respeito do visual e do funcionamento do
Windows, e você pode usá-las para configurar o Windows da
melhor forma para você.
Para abrir o Painel de Controle, clique no botão Iniciar e
em Painel de Controle.
Drivers.
Se você permitir que o Windows faça download de drivers e informações
sobre os seus dispositivos automaticamente, será mais provável que o seu
Um driver é um software que permite que o computador
hardware funcione corretamente.
se comunique com dispositivos de hardware. Sem drivers, os
dispositivos que você conecta ao computador, por exemplo, Para ativar e configurar o Windows Update.
um mouse ou uma unidade de disco rígido externa, não
funcionam corretamente. O Windows pode verificar Para obter todas as atualizações importantes e
automaticamente se existem drivers disponíveis para os novos recomendadas para o seu computador e seus dispositivos,
dispositivos que você conectar ao computador.
Noções de Informática 29
APOSTILAS OPÇÃO
verifique se o Windows Update está ativado e configurado Se o Windows não conseguir localizar informações
corretamente. sobre o dispositivo no Device Stage.
Noções de Informática 30
APOSTILAS OPÇÃO
também, do clássico Solitaire à nova versão online multiplayer mouse em um botão ou um comando e clique em Adicionar à
de Checkers, Backgammon e Spades. Os jogos online requerem Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
uma conta Windows Live.
Formatar documentos.
Segurança.
Formatação refere-se à aparência do texto no documento e
O Windows 7 Home também possui programas de à forma como ele está organizado. Você pode usar a faixa de
segurança embutidos. Fique mais confortável sabendo que seu opções, localizada logo abaixo da barra de título para alterar
computador possui um firewall embutido (Windows Firewall) facilmente a formatação do documento. Por exemplo, você
e escaneador de vírus (Windows Defender) para protegê-lo do pode escolher entre muitas fontes e tamanhos de fonte
uso geral da internet. Os pais podem utilizar o Windows diferentes, assim como pode aplicar praticamente qualquer
Parental Control para restringir certos comportamentos ou cor que queira ao seu texto. Também é fácil alterar o
sites e manter o computador seguro para seus filhos. A alinhamento do documento.
Microsoft também oferece um conjunto de segurança grátis Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de
chamado Windows Security Essentials para o Windows 7, que pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique
é mais abrangente que o Windows Defender. em WordPad.
Use os seguintes comandos para alterar a formatação do
WORDPAD. documento:
A / Faça isto
WordPad é um programa de edição de texto que pode ser Alterar a aparência do texto no documento / Selecione
usado para criar e editar documentos. Diferente do Bloco de o texto a ser alterado e use os botões na guia Início do grupo
Notas, os documentos do WordPad podem incluir formatação Fonte. Para obter informações sobre a função de cada botão,
complexa e elementos gráficos e é possível vincular ou passe o mouse sobre o botão para obter uma descrição.
incorporar objetos, como imagens ou outros documentos. Alterar o alinhamento do texto no documento /
Selecione o texto a ser alterado e use os botões na guia Início do
grupo Parágrafo. Para obter informações sobre a função de
cada botão, passe o mouse sobre o botão para obter uma
descrição.
Noções de Informática 31
APOSTILAS OPÇÃO
Para abrir o WordPad, clique no botão Iniciar. Na caixa de Seus desenhos não precisam ser compostos apenas de
pesquisa, digite WordPad e, na lista de resultados, clique em linhas retas. O Lápis e os Pincéis podem ser usados para criar
WordPad. formas livres completamente aleatórias.
Clique no botão do menu WordPad, em Imprimir e 1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na
selecione as opções desejadas. ferramenta Lápis.
2. No grupo Cores, clique em Cor 1 e depois na cor a ser
Observação: usada.
Você pode usar Visualizar impressão para ver a aparência 3. Para desenhar, arraste o ponteiro pela área de desenho
do documento antes de imprimi-lo. Para usar Visualizar e faça uma linha sinuosa.
impressão, clique no botão do menu WordPad, aponte
para Imprimir e clique em Visualizar impressão. Depois de Observação:
visualizar o documento, clique em Fechar visualização de Se quiser criar uma linha com aparência diferente, use um
impressão. dos Pincéis.
O Paint é um recurso do Windows que pode ser usado para O Paint permite desenhar diversas formas diferentes. Por
desenhar, colorir ou editar imagens. Você pode usar o Paint exemplo, você pode desenhar formas já definidas, como
como um bloco de desenho digital para criar imagens simples, retângulos, círculos, quadrados, triângulos e setas. Mas
projetos criativos ou adicionar texto e designs a outras também é possível criar formas personalizadas usando a
imagens, como aquelas obtidas com sua câmera digital. ferramenta Polígono para desenhar um polígono, que é uma
forma que pode ter um número infinito de lados.
As partes do Paint. 1. Na guia Início, no grupo Formas, clique em uma forma
pronta, como no Retângulo.
Para abrir o Paint, clique no botão Iniciar, em Todos os 2. Para adicionar uma forma pronta, arraste o ponteiro
Programas, em Acessórios e em Paint. pela área de desenho para criar a forma.
Ao iniciar o Paint, você verá uma janela vazia. As 3. Para alterar o estilo do contorno, no grupo Formas,
ferramentas de desenho e pintura estão localizadas na faixa de clique em Contorno e clique em um dos estilos de contorno.
opções na parte superior da janela. A ilustração a seguir Caso não queira que sua forma tenha um contorno, clique
mostra as diferentes partes da janela do Paint: em Sem contorno.
4. No grupo Cores, clique em Cor 1 e em uma cor a ser
usada no contorno.
5. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser
usada no preenchimento da forma.
6. Para alterar o estilo do preenchimento, no grupo
Formas, clique em Preenchimento e em um dos estilos de
preenchimento.
Caso não queira que sua forma tenha um preenchimento,
clique em Sem preenchimento.
Adicionar texto.
Noções de Informática 32
APOSTILAS OPÇÃO
Apagar parte da imagem. Facilite o uso do mouse. Você pode alterar o tamanho e a
cor do ponteiro do mouse e usar o teclado para controlar o
Se você cometer um erro ou simplesmente precisar alterar mouse.
parte de uma imagem, use a borracha. Por padrão, a borracha Facilite o uso do teclado. Você pode ajustar a maneira como
altera para branco qualquer área que você apagar, mas é o Windows responde à entrada do mouse ou do teclado para
possível alterar a cor dela. Por exemplo, se você definir a cor facilitar o pressionamento de combinações de teclas e a
do segundo plano como amarelo, qualquer item apagado se digitação, e para ignorar teclas pressionadas por engano.
tornará amarelo. Use textos e alternativas visuais aos sons. O Windows pode
1. Na guia Início, no grupo Ferramentas, clique na substituir dois tipos de informações de áudio por itens visuais
ferramenta Borracha. equivalentes. É possível substituir os sons do sistema por
2. No grupo Cores, clique em Cor 2 e depois na cor a ser alertas visuais e exibir legendas de texto para o diálogo falado
usada para apagar. Para apagar com branco, não é preciso em programas de multimídia.
selecionar uma cor. Facilite a concentração em tarefas de leitura e digitação. Há
3. Arraste o ponteiro sobre a área que deseja apagar. várias configurações que podem ajudar a facilitar a
concentração na leitura e na digitação. Você pode usar o
Salvando uma imagem. Narrator para ler as informações da tela, ajustar a maneira
como o teclado responde a determinados pressionamentos de
Salve a imagem com frequência para evitar que você perca tecla e controlar se determinados elementos visuais serão
acidentalmente seu trabalho. Para salvar, clique no botão Paint exibidos.
e depois em Salvar. Serão salvas todas as alterações feitas na
imagem desde a última vez em que ela foi salva. Tecnologias assistenciais.
Ao salvar uma nova imagem pela primeira vez, você
precisará dar um nome de arquivo a ela. Siga estas etapas: Além da Central de Facilidade de Acesso, o Windows conta
1. Clique no botão Paint e depois em Salvar. com três programas que podem facilitar a interação com seu
2. Na caixa Salvar como tipo, selecione o formato de computador.
arquivo desejado. - Lupa. A Lupa é um programa que amplia a tela do
3. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome do arquivo e computador, facilitando a leitura.
clique em Salvar. - Narrator. O Narrator é um programa que lê em voz alta o
texto exibido na tela.
FERRAMENTAS DE ACESSIBILIDADE. - Teclado Virtual. O Teclado Virtual é um programa que
permite o uso do mouse ou de outro dispositivo para interagir
O Windows oferece vários programas e configurações que com um teclado exibido na tela.
podem tornar o computador mais fácil e mais confortável de
usar. Produtos adicionais de tecnologia assistencial podem ser Fala.
adicionados ao computador, se você precisar de outros
recursos de acessibilidade. O reconhecimento de fala do Windows agora funciona
melhor – e com mais programas. Assim, em vez de usar o
Central de Facilidade de Acesso. teclado, basta dizer ao computador o que fazer. Inicie um e-
mail falando o nome do destinatário, navegue na Web sem
A Central de Facilidade de Acesso é um local central que teclado ou dite os documentos.
você pode usar para definir as configurações de acessibilidade
e os programas disponíveis no Windows. Na Central de
Facilidade de Acesso, você obterá acesso rápido para definir as
configurações e os programas de acessibilidade incluídos no
Windows. Há também um link para um questionário que o
Windows pode usar para ajudar a sugerir configurações que
poderão lhe ser úteis.
Para abrir a Central de Facilidade de Acesso, clique no
botão Iniciar, em Painel de Controle, Facilidade de Acesso e
Central de Facilidade de Acesso.
Use o computador sem tela. O Windows é fornecido com
um leitor básico de tela chamado Narrator, que lê em voz alta
o texto mostrado na tela. O Windows também tem
configurações para fornecer descrições de áudio sobre vídeos
e controlar a maneira como as caixas de diálogo são mostradas.
Além disso, muitos outros programas e hardware são
compatíveis com o Windows e estão disponíveis para ajudar O reconhecimento de fala do Windows responde à voz.
indivíduos cegos, incluindo leitores de tela, dispositivos de
saída em Braile e muitos outros produtos úteis. Lupa.
Torne o computador mais fácil de ver. Há várias
configurações disponíveis para facilitar a visualização das A Lupa é uma ajuda para as pessoas com visão deficiente,
informações na tela. Por exemplo, a tela pode ser ampliada, as mas todos aproveitarão sua capacidade de ampliar texto e
cores podem ser ajustadas para facilitar a visualização e a imagens difíceis de ver. O modo de tela inteira amplia toda a
leitura da tela, e animações e imagens de plano de fundo área de trabalho e o modo de lente amplia determinadas áreas.
desnecessárias podem ser removidas. Na janela Lupa, é possível clicar em botões e inserir texto como
Use o computador sem mouse ou teclado. O Windows você faria normalmente.
inclui um teclado virtual que você pode usar para digitar. Você
também pode usar o Reconhecimento de Fala para controlar o
computador com comandos de voz, além de ditar texto para
programas.
Noções de Informática 33
APOSTILAS OPÇÃO
(A) Windows XP
(B) Windows 7
(C) Windows Vista
(D) Windows Vision
Respostas
01. D\02. E\03. C\04. E\05. A
O Narrador ajuda você a usar o computador sem a tela.
WINDOWS XP.
Questões
O Windows XP é um sistema operacional da Microsoft que
01. (EMBASA - Agente Administrativo – IBFC/2017). foi lançado no ano de 2001, em abril de 2014 a Microsoft
Nos últimos anos, o Sistema Operacional Windows tem encerrou o suporte técnico para este sistema operacional, o
evoluído o seu software, adotando a cada versão um nome
Noções de Informática 34
APOSTILAS OPÇÃO
que significa que ele não irá mais receber atualizações de arquivos existirem na área de trabalho, mais lenta se tornara a
proteção ou falhas de segurança do código do sistema. inicialização de seu sistema operacional.
O sistema operacional continua funcionando, hoje mesmo O ícone que visualizamos na área de trabalho permite
com o fim do suporte e muitas empresas e órgãos do governo acessar a lixeira, a lixeira é o local onde ficam armazenados os
ainda utilizam o Windows XP, a recomendação da Microsoft é arquivos ou pastas que foram excluídos.
para que as pessoas que tem esta versão do Windows no A pasta que armazena os arquivos da lixeira fica oculta, o
computador migre para o Windows 8. As principais versões ícone que aparece na área de trabalho é um atalho e mesmo
são a Home voltada para o uso doméstico e a Professional para que você o selecione e aperte o botão delete a lixeira não será
empresas e usuários com conhecimentos avançados. apagada. Para acessá-la basta clicar duas vezes com o mouse
sobre o ícone, em seguida uma janela vai se abrir mostrando o
conteúdo da lixeira. Quando clicamos duas vezes no ícone de
uma pasta a mesma é exibida em uma janela e dentro dela
todos seus arquivos e pastas que possam existir dentro dela.
Ao clicar duas vezes sobre o ícone de um atalho podem ocorrer
duas situações, se o atalho for de uma pasta, uma janela será
iniciada com o conteúdo da mesma, caso o atalho seja de um
programa o mesmo será iniciado.
Note que não há nada na lixeira, isto significa que nada foi
excluído até o momento.
Observação:
Noções de Informática 35
APOSTILAS OPÇÃO
o programa
Internet
Explorer, o
navegador
padrão do
Windows XP.
Note que o
desenho
deste atalho é
o mesmo do
programa,
Mensagem de confirmação que é exibida antes de excluir geralmente
um arquivo definitivamente. cada
programa
É possível restaurar um documento que está na lixeira, possui um
selecionando o arquivo e clicando na opção restaurar item, ao ícone
realizar esta ação o documento irá voltar ao local de origem. diferente.
Atalho de
pasta:
Permite
acessar a
pasta sem ter
de ir até o
local original
da mesma.
Documen
to de texto:
Arquivos de
texto no
Restaurando um item da lixeira. formato .TXT,
por padrão
A opção esvaziar lixeira apaga todos os arquivos da lixeira, abre com o
fazendo isso não será possível recuperá-los. bloco de
1. Ícones. notas.
Noções de Informática 36
APOSTILAS OPÇÃO
Observação:
2. Barra de Tarefas.
Área de notificação.
5. Botão Iniciar.
Noções de Informática 37
APOSTILAS OPÇÃO
5- Opções para encerrar o sistema operacional. Documentos, planilhas..., Todos arquivos ou pastas,
computadores, informações de ajuda ou realizar uma pesquisa
Através do botão acessamos as opções para desligar o na internet. Como exemplo vou mostrar uma pesquisa usando
computador. a opção “Todos arquivos ou pastas”.
- Fazer Logoff.
6 – Executar.
Resultado da pesquisa
Tela do item executar.
Como resultado da pesquisa temos vários arquivos de
7- Pesquisar. texto que são .txt, um arquivo de imagem .bmp e uma pasta.
Note que todos possuem a palavra texto no nome. Nesta tela
Auxilio para localizar programas ou arquivos no temos informações como o nome do arquivo ou pasta, o
computador. Na tela de pesquisa podemos definir qual tipo de caminho do local onde o arquivo ou pasta está gravado, seu
arquivo estamos procurando, isto ajuda a refinar a pesquisa, é tamanho, seu tipo e a data da sua última modificação.
possível escolher entre imagens, músicas ou vídeos,
Noções de Informática 38
APOSTILAS OPÇÃO
Para auxiliar nas pesquisas podemos utilizar os caracteres Arquivo de apresentação, extensão
curinga, que servem para impor restrições a nossa pesquisa, .pptx usada pelo Microsoft Power Point a
por exemplo: Se ao invés de digitar a palavra “texto” eu digitar partir da versão 2007.
“texto*” a pesquisa do Windows vai pesquisa apenas arquivos Arquivos comprimidos. Usado
ou pastas que comecem exatamente com a palavra texto, quando desejamos compactar um
porem o nome do arquivo pode ter mais caracteres, desde que .rar
documento ou vários em um único
estejam depois da palavra texto. Veja abaixo o resultado da arquivo.
pesquisa quando adicionamos o “*” a palavra “texto”. Arquivos com informações referente
.reg
ao registro do Windows
Arquivos de texto, abrem com
.txt
qualquer editor de textos.
Arquivo de planilha, extensão usada
.xls
pelo Microsoft Excel
Arquivo de planilha, extensão usada
.xlsx pelo Microsoft Excel a partir da versão
2007
Arquivos comprimidos. Usado
quando desejamos compactar um
.zip
documento ou vários em um único
arquivo. É o formato mais utilizado.
EXTENÇÃO DESCRIÇÃO
Arquivos de banco de dados,
.accdb
extensão usada pelo Microsoft Access.
Pesquisa de arquivos com a extensão “.txt”.
.avi Arquivos de vídeo
.bmp Arquivos de imagem Note que a pesquisa trouxe menos resultados ainda, pois
Arquivo de texto, extensão usada definimos como critério arquivos com o nome “texto”, onde
.doc
pelo Microsoft Word não sabemos como termina o nome do arquivo usando o “*” e
Arquivo de texto, extensão usada agora ainda acrescentamos o critério de que o arquivo deve ter
.docx pelo Microsoft Word a partir da versão a extensão “.txt”, ou seja, o resultado só contém arquivos de
2007 texto, já são dois arquivos a menos que na pesquisa anterior,
Arquivo executável. Programas a isto ajuda muito, pois dependendo da pesquisa podemos ter
.exe serem instalados ou já instalados no centenas de resultados, refinando-a o trabalho de encontrar
computador. um arquivo perdido torna-se mais fácil de realizar.
Formato usado para páginas Web, Ainda existe mais um caractere curinga que pode ser usado
caso tenha alguma salva em seu para auxiliar nas pesquisa, que é o “?” (interrogação). O “?”
.html
computador elas costuma ter esta serve para substituir um único caractere em um nome de
extensão. arquivo quando pesquisamos usando a extensão do arquivo.
Arquivos de ajuda que vem com os Veja abaixo o resultado de uma pesquisa usando este
.hlp
programas. caractere.
.ico Arquivos de ícone do Windows.
Dados sobre configuração de algum
.ini
programa.
Arquivos de imagem de disco.
.iso Contém todas as informações de um
disco seja ele CD ou DVD.
.jpg Arquivos de imagem.
.mp3 Arquivos de áudio.
.mp4 Arquivos de vídeo.
Documentos eletrônicos, geralmente
.pdf
exibem textos.
.png Arquivos de imagem.
Arquivo de apresentação, extensão
.ppt
usada pelo Microsoft Power Point.
Resultado de pesquisa usando o caractere “?”
Noções de Informática 39
APOSTILAS OPÇÃO
Observação:
8 – Ajuda e suporte.
Traz dicas e informações sobre o Windows. Através desta Tela de definições de acesso e padrões do programa.
opção é possível tirar dúvidas sobre o sistema operacional.
Observação:
Noções de Informática 40
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 41
APOSTILAS OPÇÃO
O Office Word 2007 oferece suporte à exportação do propriedades de arquivos salvos em um servidor de
arquivo nos seguintes formatos: gerenciamento de documentos. Se você usar o Painel de
Portable Document Format (PDF) - O PDF é um formato de Informações do Documento para editar as propriedades de um
arquivo eletrônico de layout fixo que preserva a formatação do documento do servidor, as propriedades atualizadas serão
documento e habilita o compartilhamento de arquivo. O salvas diretamente no servidor.
formato PDF garante que quando o arquivo for visualizado Por exemplo, você pode ter um servidor que mantém o
online ou impresso, ele retém exatamente o formato controle do status do editorial de um documento. Ao dar os
pretendido e que os dados no arquivo não possam ser toques finais em um documento, é possível abrir o Painel de
facilmente alterados. O formato PDF também é usado para informações do documento para alterar o status do editorial
documentos que serão reproduzidos usando métodos de do documento de Rascunho para Final. Ao salvar o documento
impressão comercial. de volta no servidor, a alteração no status do editorial é
Salvar um arquivo no formato PDF atualizada no servidor.
Clique no Botão do Microsoft Office, apontar para a seta ao Se você armazenar modelos de documentos em uma
lado de Salvar Como e, em seguida, clique PDF ou XPS. biblioteca em um servidor do Windows SharePoint Services
Na lista Nome do Arquivo, digite ou selecione um nome 3.0, a biblioteca poderá incluir propriedades personalizadas
para o documento. que armazenam informações sobre os modelos. Por exemplo,
Na lista Salvar como tipo, clique em PDF. sua empresa pode exigir a categorização dos documentos da
Se desejar abrir o arquivo imediatamente após salvá-lo, biblioteca pelo preenchimento de uma propriedade Categoria.
marque a caixa de seleção Abrir arquivo após publicação. Esta Ao usar o Painel de Informações do Documento, é possível
caixa de seleção estará disponível somente se você tiver um editar propriedades como essa diretamente no ambiente do
leitor PDF instalado em seu computador. Word.
Ao lado de Otimizar para, execute um destes
procedimentos, dependendo do que for mais importante para Formatar texto usando a Minibarra de Ferramentas
você, tamanho do arquivo ou qualidade de impressão: A Minibarra de Ferramentas aparece automaticamente
Se o documento exigir uma alta qualidade de impressão, quando você seleciona o texto e quando você clicar com o
clique em Padrão (publicação online e impressão). botão direito do mouse no texto.
Se a qualidade de impressão for menos importante do que
o tamanho do arquivo, clique em Tamanho mínimo
(publicação online).
Clique em Opções para definir o intervalo de páginas a ser
impresso, decidir se a marcação deverá ser impressa e Minibarra de Ferramentas
selecionar as opções de saída. (Localize links para obter mais
informações sobre essas opções na seção Consulte Também.) Selecione o texto que você deseja formatar.
Clique em OK. Clique em Publicar. Mova o ponteiro do mouse para a Minibarra de
XML Paper Specification (XPS) - XPS é um formato de Ferramentas e faça as alterações desejadas na formatação.
arquivo eletrônico que preserva a formatação de documento e
habilita o compartilhamento de arquivos. O formato XPS Reutilizar formatação
garante que quando o arquivo for visualizado on-line ou Use o Pincel para copiar a formatação do texto de uma área
impresso, ele retém exatamente o formato pretendido e que os do documento e aplicá-la a outra.
dados no arquivo não possam ser facilmente copiados ou Selecione o texto que possui a formatação que você deseja
alterados. aplicar a outras áreas.
Salvar um arquivo no formato XPS Na guia Página Inicial, no grupo Área de Transferência,
Clique no Botão Microsoft Office, aponte para a seta ao lado clique em Pincel...
de Salvar como e clique em PDF ou XPS. OBSERVAÇÃO: Para aplicar o formato do texto a várias
Na lista Nome do Arquivo, digite ou selecione um nome áreas, clique duas vezes em Pincel. Quando terminar de aplicar
para o documento. a formatação, clique em Pincel novamente ou pressione ESC.
Na lista Salvar como tipo, clique em XPS. Exibir realce na tela e na impressão
Ao lado de Otimizar para, execute um destes Clique no Botão Microsoft Office Imagem do botão do
procedimentos, dependendo do que for mais importante para Office e, em seguida, clique em Opções do Word.
você, tamanho do arquivo ou qualidade de impressão: Clique em Exibir.
Se o documento exigir uma alta qualidade de impressão, Em Opções para exibição de página, marque ou desmarque
clique em Padrão (publicação online e impressão). a caixa de seleção Mostrar marcas de marca-texto.
Se a qualidade de impressão for menos importante do que Formatando tabelas
o tamanho do arquivo, clique em Tamanho mínimo Para limpar o conteúdo de uma tabela, selecione a tabela e
(publicação online). pressione DELETE.
Clique em Opções para definir o intervalo de páginas a ser Para remover uma tabela e seu conteúdo, selecione a
impresso, decidir se a marcação deverá ser impressa e tabela e pressione BACKSPACE.
selecionar as opções de saída. (Localize links para obter mais Para adicionar uma linha ao final de uma tabela, clique na
informações sobre essas opções na seção Consulte Também.) última célula e pressione a tecla TAB.
Clique em OK. Para inserir um caractere de tabulação em uma célula de
Clique em Publicar. tabela, clique na célula e pressione CTRL+TAB.
Para numerar as linhas em uma tabela, selecione a coluna
Gerenciar propriedades do documento no painel de esquerda e, na guia Início, no grupo Parágrafo, clique em
informações do documento Numeração.
O Painel de Informações do Documento facilita a Para numerar as colunas em uma tabela, selecione a linha
visualização e a edição das propriedades do documento superior e, na guia Início, no grupo Parágrafo, clique em
enquanto você trabalha no documento do Word. O Painel de Numeração.
Informações do Documento é exibido na parte superior do Para inserir uma linha em branco antes de uma tabela,
documento do Word. Você pode usá-lo para visualizar e editar clique antes de qualquer texto na célula superior esquerda da
as propriedades do documento do Microsoft Office padrão e as tabela e pressione ENTER.
Noções de Informática 42
APOSTILAS OPÇÃO
Para mover uma linha de tabela e seu conteúdo para cima Digite um nome para o modelo na caixa Nome do arquivo
ou para baixo, selecione a linha e pressione ALT+SHIFT+SETA e clique em Salvar.
PARA CIMA ou ALT+SHIFT+SETA PARA BAIXO. Alterar margens de páginas
Editando e revisando documentos. Se você estiver alterando as margens de um documento
Para comparar duas versões de um documento e descobrir inteiro dividido em seções, pressione CTRL+A para selecionar
o que foi alterado, use a opção que permite gerar documentos o documento inteiro antes de começar.
com alterações. Na guia Revisar, no grupo Comparar, clique em Na guia Layout da Página, no grupo Configurar Página,
Comparar e, em seguida, clique em Comparar novamente. Para clique em Margens.
obter mais informações, consulte Comparar documentos com
a opção de geração de documentos com alterações.
Para mesclar documentos e alterações de vários
documentos em um único documento, na guia Revisar, no
grupo Comparar, clique em Comparar e, em seguida, clique em
Combinar.
Para comparar documentos lado a lado, abra os dois Imagem da Faixa de Opções do Word
documentos a serem exibidos. Na guia Exibir, no grupo Janela,
clique em Exibir Lado a Lado. Siga um destes procedimentos:
Para ver as duas partes de um documento - Clique no tipo de margem desejado. Para selecionar a
simultaneamente, na guia Exibir, no grupo Janela, clique em largura de margem mais comum, clique em Normal.
Dividir. - Clique em Margens Personalizadas e, em seguida, nas
Para retornar ao local da última edição, pressione caixas Superior, Inferior, Esquerda e Direita, digite novos
SHIFT+F5. valores para as margens.
Configurar um documento
Começar com um documento básico no Microsoft Office Alterar as margens padrão
Word 2007 é tão fácil quanto abrir um documento novo ou Você pode alterar as margens padrão que o Microsoft
existente e começar a digitar. Esteja você começando um Office Word usa para todos os novos documentos em branco.
documento do zero ou retrabalhando um documento - Depois de selecionar uma nova margem para o
existente, é possível seguir alguns passos básicos para garantir documento, clique em Margens no grupo Configurar Página
resultados de alta qualidade e concluir um documento novamente e, em seguida, clique em Margens Personalizadas.
profissional, bem elaborado rapidamente. - Na caixa de diálogo Configurar Página, clique em Padrão.
Os principais elementos de um documento complexo
incluem cabeçalhos e rodapés, números de página, citações, As novas configurações padrão são salvas no modelo em
equações, uma bibliografia, um sumário e um índice. Você que o documento se baseia. Cada novo documento baseado
também pode empregar qualquer um desses elementos para nesse modelo automaticamente usa as novas configurações de
criar um modelo de documento, que você pode usar margem.
repetidamente. É possível obter mais informações sobre todos
esses elementos adicionais de documentos digitando qualquer OBSERVAÇÃO: A nova configuração de margem padrão
um dos seguintes termos na caixa Pesquisa enquanto você está não aparecerá na lista de configurações de margem da galeria.
usando o Word.
Abrir um novo documento e começar a digitar Alterar o espaçamento entre linhas
Abrir um documento em branco Se uma linha contiver um caractere de texto, um elemento
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em gráfico ou uma fórmula grande, o Microsoft Office Word
Novo. aumenta o espaçamento dessa linha.
Clique duas vezes em Documento em branco. Selecione o parágrafo para o qual deseja alterar o
Iniciar um documento a partir de um modelo espaçamento entre linhas.
Para usar um modelo como ponto de partida, siga um Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em
destes procedimentos: Espaçamento entre Linhas.
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em
Novo.
Em Modelos, siga um destes procedimentos:
- Clique em Modelos Instalados para selecionar um
modelo que esteja disponível em seu computador.
- Clique em um dos links em Microsoft Office Online,
como Panfletos ou Cartas e papel timbrado.
- OBSERVAÇÃO: Para fazer o download de um modelo
listado em Microsoft Office Online, você deve estar conectado
à Internet.
Imagem da Faixa de Opções do Word
Salvar e reutilizar modelos
Se você fizer alterações em um modelo que foi baixado por
Siga um destes procedimentos:
download, será possível salvá-lo em seu computador e usá-lo
- Para aplicar uma nova configuração, clique no número
novamente. É fácil encontrar todos os seus modelos
desejado de espaços da linha.
personalizados clicando em Meus modelos na caixa de diálogo
- Por exemplo, se você clicar em 1.0, o texto selecionado
Novo Documento. Para salvar um modelo na pasta Meus
terá espaçamento simples.
modelos, siga este procedimento:
- Para definir medidas de espaçamento mais precisas,
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em
clique em Opções de Espaçamento entre Linhas e selecione as
Salvar como.
opções desejadas em Espaçamento entre linhas.
Na caixa de diálogo Salvar como, clique em Modelos
Confiáveis.
Na lista Salvar como tipo, selecione Modelo do Word.
Noções de Informática 43
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 44
APOSTILAS OPÇÃO
Por exemplo, talvez você deseje que a palavra negócios Adicionar uma folha de rosto
apareça sempre em negrito e vermelho em seu documento. O Office Word 2007 oferece uma galeria de folhas de rosto
- Na Minibarra de Ferramentas que aparece acima da sua predefinidas convenientes. Escolha uma folha de rosto e
seleção, clique em Negrito e Vermelho para formatar o texto. substitua o texto de exemplo pelo seu próprio texto.
- Clique com o botão direito do mouse na seleção, clique em As folhas de rosto são sempre inseridas no início de um
Estilos e, em seguida, clique em Salvar Seleção como Novo documento, não importa onde o cursor aparece no documento.
Estilo Rápido. Na guia Inserir, no grupo Páginas, clique em Folha de
- Dê um nome ao estilo — por exemplo, negócios — e, em Rosto. Clique em um layout de folha de rosto na galeria de
seguida, clique em OK. opções.
- Depois de inserir uma folha de rosto, você pode substituir
O estilo negócios criado aparece na galeria de Estilos o texto de exemplo pelo seu próprio texto.
Rápidos com o nome que você deu, pronto para ser usado
quando você desejar que texto apareça em negrito e vermelho. OBSERVAÇÃO:
- Se você inserir outra folha de rosto no documento, ela
Aplicar um tema substituirá a primeira folha de rosto inserida.
As alterações de tema são uma maneira de refinar e - Se você criou a folha de rosto em uma versão anterior do
individualizar a aparência do conjunto de Estilos Rápidos que Word, não é possível substituir a folha de rosto por um design
você escolheu para o seu documento. Experimentando estilos, da galeria do Office Word 2007.
fontes e cores, você pode encontrar a aparência que funciona - Para excluir uma folha de rosto, clique na guia Inserir,
com os seus documentos. clique em Folhas de rosto no grupo Páginas e, em seguida,
Aplicar um tema de fonte predefinido clique em Remover Folha de Rosto Atual.
Você pode alterar as fontes do documento selecionando
um novo tema de fonte. Ao escolher um novo tema de fonte, Quebrar texto
você altera a fonte do título e do corpo de texto do documento O Microsoft Office Word 2007 permite que você quebre o
em que está trabalhando. texto facilmente ao redor de imagens, formas e tabelas com
Na guia Página Inicial, no grupo Estilos, clique em Alterar qualquer posição ou estilo que deseje. Quebrar o texto ao
Estilos. redor de uma tabela Clique na tabela.
Aponte para Fontes e clique no tema de fonte interno que Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo
deseja usar. Tabela, clique em Propriedades.
Criar um tema de fonte personalizado
Na guia Layout da Página, no grupo Temas, clique em
Fontes do Tema.
Clique em Criar Novas Fontes de Tema.
Selecione as fontes e os tamanhos que deseja usar nas
listas Fonte do título e Fonte do corpo.
A amostra é atualizada com as fontes selecionadas.
Na caixa Nome, digite um nome para o novo tema de fonte.
Clique em Salvar.
Aplicar um tema de cor predefinido
Você pode alterar as cores do documento selecionando um Propriedades da Tabela
novo tema de fonte. Quando você escolhe um novo tema de cor,
o Word automaticamente formata várias partes do seu Em Quebra automática de texto, clique em Ao redor.
documento com cores criadas para funcionarem juntas. Para definir a posição horizontal e vertical da tabela, a
Na guia Página Inicial, no grupo Estilos, clique em Alterar distância do texto que a cerca e outras opções, em Quebra de
Estilos. Texto, clique em Posicionamento e, em seguida, escolha as
Aponte para Cores e clique no tema de cores que deseja opções que deseja.
usar. Quebre o texto automaticamente ao desenhar uma tabela
Na guia Inserir, no grupo Tabelas, clique em Tabela.
OBSERVAÇÃO: Se você adicionou um estilo personalizado Pressione CTRL enquanto clica em Desenhar Tabela.
com uma cor definida, alterar o tema de cores pode alterar a Desenhe a tabela.
cor do seu estilo personalizado. O texto quebra automaticamente ao redor da tabela.
Separar o texto ao redor de objetos em páginas da Web
Criar um tema de cores personalizado Quebras de texto são usadas para separar o texto ao redor
Quando você aplica um tema de cores e, em seguida, altera de objetos em páginas da Web. Por exemplo, é possível usar a
uma ou mais cores do documento, essas alterações afetam quebra de texto para separar o texto da legenda do texto do
imediatamente o documento ativo. Se desejar aplicar as corpo.
alterações a novos documentos, você pode salvá-las como um
tema de cores personalizado.
Na guia Layout da Página, no grupo Temas, clique em Cores
do Tema.
Clique em Criar Novas Cores de Tema.
Em Cores do Tema, selecione as cores que deseja usar.
- Para ver a aparência das cores selecionadas no
documento, clique em Visualização. O exemplo no painel de Quebra automática de texto
Visualização será alterado para mostrar uma visualização da
sua seleção de cores. Quebra de texto na legenda
Na caixa Nome, digite um nome para o novo tema de cores. Clique na sua página da Web onde deseja que o texto
Clique em Salvar. quebrado termine.
Na guia Layout de Página, no grupo Configurar Página,
clique em Quebras e em Disposição do Texto.
Noções de Informática 45
APOSTILAS OPÇÃO
OBSERVAÇÃO: Quebras de texto são marcas de tabela, também é possível especificar como e onde a tabela
formatação que não são normalmente visíveis no seu deve quebrar entra as páginas.
documento. Se quiser exibir essas quebras, ative as marcas de Usar Estilos de tabela para formatar uma tabela inteira
formatação clicando em Mostrar/Ocultar no grupo Parágrafo Após criar uma tabela, é possível formatar a tabela inteira
na guia Home. O caractere de quebra de texto (caractere de usando os Estilos de tabela. Ao deixar o ponteiro do mouse
quebra de texto) indica uma quebra de texto. sobre cada um dos estilos de tabela pré-formatados, é possível
visualizar como será a aparência da tabela.
Inserindo número de páginas em cabeçalhos e rodapés Clique na tabela que deseja formatar.
com formatos diferentes Dicas dos Experts do Fórum do Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design.
Office No grupo Estilos de tabela, deixe o ponteiro do mouse
Cenário: Estou preparando meu trabalho de conclusão de sobre cada estilo de tabela até encontrar o estilo que deseja
curso te tenho dúvidas sobre a numeração de páginas pois as usar.
regras que devo seguir me exigem utilizar mais que um Clique no estilo para aplicá-lo à tabela.
formato. Exemplo - nas páginas de 1 a 10, preciso usar um No grupo Opções de Tabela Rápida, marque ou desmarque
cabeçalho com número de página em letras romanas, a caixa de seleção ao lado de cada elemento da tabela para
centralizados - e das páginas 11 a 20, eles precisam estar no aplicar ou remover o estilo selecionado.
rodapé número de página em números tradicionais, alinhados Adicionar ou remover bordas
à direita. Como faço para configurar? É possível adicionar ou remover bordas para formatar uma
Passo-a-passo: tabela da maneira que deseja.
Neste caso será necessário criar Quebras de Seção. Adicionar bordas de tabela
Abre o documento do Word e deixe o cursor do mouse no Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout.
final da página 10. No grupo Tabela, clique em Selecionar e clique em
No menu “Inserir / Quebra / Próxima página” (Word Selecione a tabela.
2003), no Word 2007: Layout de Página /Quebras/ Próxima Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design.
página. No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e faça uma das
Clique em “Cabeçalho e Rodapé”, o cursor do mouse estará seguintes ações:
na página 11 e será visualizado “Cabeçalho - Seção 2” e nas - Clique em um dos conjuntos de bordas predefinidos.
páginas anteriores “Cabeçalho - Seção 1”. - Clique em Bordas e sombreamento, clique na guia Bordas
Desmarque a opção “Vincular ao anterior”. e escolha as opções que deseja.
Feito este procedimento, insira o número de páginas da
seção 1 no formato Romano centralizado, e na seção 2 insira a Remover as bordas da tabela de toda a tabela Em
numeração à direita no modo normal. Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout.
Inserir cabeçalhos e rodapés No grupo Tabela, clique em Selecionar e clique em
Os cabeçalhos e rodapés são áreas situadas nas margem Selecione a tabela.
superior, inferior e lateral de cada página de um documento. Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design.
Você pode inserir ou alterar textos ou gráficos em No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique em
cabeçalhos e rodapés. Por exemplo, é possível adicionar Sem borda.
números de página, a hora e a data, uma logomarca de Adicionar bordas de tabela apenas às células especificadas
empresa, o título do documento ou o nome do arquivo ou do Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em
autor. Mostrar/Ocultar.
Se você deseja alterar um cabeçalho ou rodapé que tenha Selecione as células que deseja, incluindo seus marcadores
inserido, a guia Cabeçalhos e Rodapés, em Ferramentas de de fim de célula.
Cabeçalho e Rodapé, fornece mais opções de cabeçalho e Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design.
rodapé. Não vejo os formatos de cabeçalho ou rodapé na galeria No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique na
Se você não visualizar os formatos internos de cabeçalho e borda que deseja adicionar.
rodapé na galeria, os suplementos do bloco de criação podem Remover bordas de tabela apenas das células especificadas
não estar disponíveis. Para certificar-se de que eles apareçam Na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo, clique em
em todas as galerias do bloco de criação do Microsoft Office Mostrar/Ocultar.
Word 2007, faça o seguinte: Imagem da Faixa de Opções do Word
Clique no Botão Microsoft Office e, em seguida, clique em Selecione as células que deseja, incluindo seus marcadores
Opções do Word. de fim de célula.
Clique em Suplementos. Selecionar uma célula
Na lista Gerenciar, selecione Itens Desativados e, em Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Design.
seguida, clique em Ir. No grupo Estilos de tabela, clique em Bordas e clique em
Clique em Building Blocks.dotx e em Ativar. Reinicie o Sem borda.
Word.
Exibir ou ocultar linhas de grade
Formatar uma tabela As linhas de grade mostram os limites da célula de uma
Após criar uma tabela, o Microsoft Office Word 2007 tabela na tela sempre que a tabela não tiver bordas aplicadas.
oferece diversas maneiras de formatar essa tabela. Se você Se você ocultar as linhas de grade em uma tabela que possui
decidir usar Estilos de tabela, poderá formatar sua tabela de bordas, você não verá a mudança porque as linhas de grade
uma vez e até mesmo ter uma visualização de como será a estão atrás das bordas. Para exibir as linhas de grade, remova
aparência de sua tabela formatada em um determinado estilo as bordas.
antes de aplicar de fato o estilo. Ao contrário das bordas, as linhas de grade aparecem
É possível criar uma aparência personalizada para as apenas na tela; elas nunca são impressas. Se você desativar as
tabelas dividindo ou mesclando células, adicionando ou linhas de grade, a tabela será exibida da mesma que forma que
excluindo colunas ou linhas, ou adicionando bordas. Se estiver será impressa.
trabalhando com uma tabela longa, poderá repetir os títulos da
tabela em cada página na qual a tabela aparece. Para impedir
estranhas quebras de página que confundir o fluxo da sua
Noções de Informática 46
APOSTILAS OPÇÃO
OBSERVAÇÃO: As linhas de grade não são visíveis ao Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo
exibir um documento em um navegador da Web ou no Dados, clique em Repetir Linhas de Título.
Visualizar impressão.
Exibir ou ocultar linhas de grade da tabela em um OBSERVAÇÃO: O Word repete automaticamente os títulos
documento da tabela em cada nova página que resulta de uma quebra de
Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo página automática. O Word não repetirá um título se você
Tabela, clique em Exibir Linhas de Grade. inserir uma quebra de página manual em uma tabela.
Adicionar uma célula, linha ou coluna Controlar em que local uma tabela é dividida
Adicionar uma célula Ao trabalhar com uma tabela muito longa, ela deve ser
Clique em uma célula localizada à direita ou acima de onde dividida sempre que uma quebra de página ocorrer. Por
deseja inserir uma célula. padrão, se a quebra de página ocorrer em uma linha grande, o
Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, clique no Microsoft Word permitirá que a quebra divida a linha entre as
Iniciador de Caixa de Diálogo Linhas e Colunas. duas páginas.
É possível fazer ajustes na tabela para verificar se as
Adicionar uma linha informações aparecem da maneira desejada quando ela
Clicar em uma célula localizada abaixo ou acima de onde ocupar muitas páginas.
deseja adicionar uma linha. Evitar a quebra de uma linha de tabela entre páginas Clique
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout. na tabela.
Siga um destes procedimentos: Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout.
- Para adicionar uma linha acima da célula na qual clicou, No grupo Tabela, clique em Propriedades e clique na guia
no grupo Linhas e colunas, clique em Inserir acima. Linha.
- Para adicionar uma linha abaixo da célula na qual clicou, Desmarque a caixa de seleção Permitir quebra de linha
no grupo Linhas e colunas, clique em Inserir abaixo. entre páginas.
Forçar a quebra de uma linha específica de tabela entre
Adicionar uma coluna páginas
Clique em uma célula localizada à direita ou à esquerda de Clique na linha que deseja que apareça na próxima página.
onde deseja adicionar uma coluna. Pressione CTRL+ENTER.
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout. Siga um
destes procedimentos: Questões
- Para adicionar uma coluna à esquerda da célula na qual
clicou, no grupo Linhas e colunas, clique em Inserir à esquerda. 01. CRF-RJ - Agente Administrativo - QUADRIX/2015.
- Para adicionar uma coluna à direita da célula na qual Sobre o Microsoft Word 2007 em português, é incorreto
clicou, No grupo Linhas e colunas, clique em Inserir à direita. afirmar que:
Excluir uma célula, linha ou coluna Siga um destes (A) é possível limpar a formatação do texto selecionado e
procedimentos: retorná-lo aos estilos de formatação padrão.
(B) clicando-se em uma palavra e pressionando a
Em Ferramentas de Tabela, clique na guia Layout. combinação de teclas CTRL + N, ela ficará em negrito.
No grupo Linhas e colunas, clique em Excluir e clique em (C) a ferramenta Realce da guia Formatar copia a
Excluir células, Excluir linhas ou Excluir colunas, conforme formatação do texto de uma área do documento e permite
apropriado. aplicá-la a outra.
(D) a área de transferência permite copiar diversos itens
Mesclar ou dividir células de texto dos documentos do Word e colar em outro
Mesclar células documento.
Você pode combinar duas ou mais células na mesma linha (E) é possível substituir automaticamente uma palavra ou
ou coluna em uma única célula. Por exemplo, você pode frase por outra no documento.
mesclar várias células horizontalmente para criar um título de
tabela que ocupe várias colunas. 02. SAEB-BA - Técnico de Registro de Comércio -
Selecione as células que deseja mesclar clicando na borda IBFC/2015. No Microsoft Word 2007 ao clicarmos no Botão
esquerda de uma célula e arrastando até as outras células que Microsoft Office veremos os comandos básicos tais como:
deseja. (A) Cortar, Copiar e Pincel de Formatação.
Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo (B) Localizar, Substituir e Selecionar.
Mesclar, clique em Mesclar Células. (C) Novo, Abrir, Salvar, Imprimir e Opções do Word.
Dividir células (D) Imagem, Clip-art, Formas, SmartArt e Gráfico.
Clique em uma célula ou selecione várias células que você (E) Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.
deseje dividir.
Em Ferramentas de Tabela, na guia Layout, no grupo 03. Assinale a alternativa correta, sobre o documento a
Mesclar, clique em Dividir Células. seguir, criado no Microsoft Word, em sua configuração
Insira o número de colunas ou de linhas em que deseja original, com o cursor posicionado na segunda página.
dividir as células selecionadas.
Noções de Informática 47
APOSTILAS OPÇÃO
(A) O documento contém 1 página e está formatado com 2 Barra de fórmulas redimensionável A barra de fórmulas
colunas. é automaticamente redimensionada para acomodar fórmulas
(B) A primeira página está sendo exibida em modo de longas e complexas; assim, as fórmulas não cobrem outros
impressão e a segunda página, em modo de layout web. dados na planilha. Também é possível escrever fórmulas mais
(C) O documento contém 2 páginas, sendo a primeira em longas, com mais níveis de aninhamento do que em versões
orientação paisagem e a segunda, em orientação retrato. anteriores do Excel.
(D) O documento contém 1 página, sendo que o primeiro Preenchimento Automático de Função Com o
quadro é dedicado a anotações do autor do texto. Preenchimento Automático de Função, você pode escrever
(E) O documento está 40% preenchido. rapidamente a sintaxe correta das fórmulas. Detectando
facilmente as funções que deseja usar e obtendo ajuda para
04. (Banco do Brasil – Escriturário – FCC/2011) concluir os argumentos das fórmulas, você as criará
Comparando-se o Word com o Writer, corretamente não apenas na primeira vez, mas sempre.
(A) apenas o Word possui o menu Tabela. Referências estruturadas Além de referências a células,
(B) apenas o Word possui o menu Ferramentas. como A1 e R1C1, o Office Excel 2007 fornece referências
(C) nenhum dos dois possui o menu Tabela. estruturadas que fazem referência a tabelas e intervalos
(D) apenas o Word possui os menus Ferramentas e Tabela. nomeados em uma fórmula.
(E) ambos possuem os menus Ferramentas e Tabela. Fácil acesso a intervalos nomeados Usando o gerenciador
de nomes do Office Excel 2007, você pode organizar, atualizar
05. (NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Advogado – e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central.
FCC/2011) No Microsoft Word e no BrOffice Writer, alinhar, Assim, quem precisar trabalhar em sua planilha poderá
centralizar e justificar são opções de interpretar mais facilmente as fórmulas e os dados.
(A) organização de desenhos. Aperfeiçoamentos das tabelas do Excel
(B) ajustamento de células em planilhas. No Office Excel 2007, você pode usar a nova interface do
(C) formatação de texto. usuário para criar, formatar e expandir rapidamente uma
(D) ajustamento de slides para exibição. tabela do Excel (conhecida como lista do Excel no Excel 2003)
(E) aumento e diminuição de recuo. para organizar os dados na planilha e facilitar o trabalho com
eles. A seguir são relacionados os recursos novos ou
Respostas aprimorados para tabelas.
01. C\02. C\03. C\04. E\05. C Linhas de cabeçalho de tabela: As linhas de cabeçalho de
tabela podem ser ativadas ou desativadas. Quando os
cabeçalhos de tabela são exibidos, permanecem visíveis com
Operação da planilha MS- os dados nas colunas da tabela, substituindo os cabeçalhos da
pasta de trabalho quando você se move em uma tabela longa.
Excel 2007: Utilização de Colunas calculadas: Uma coluna calculada usa uma única
janelas e menus; Barra de fórmula que é ajustada para cada linha. Ela se expande
ferramentas; Operações com automaticamente para incluir linhas adicionais, de modo que
a fórmula seja imediatamente estendida a essas linhas. Basta
arquivos: Layout da página; digitar a fórmula uma vez — você não precisa usar os
Confecção, formatação e comandos Preencher ou Copiar.
impressão de planilhas; Filtragem Automática: O Filtro Automático é ativado por
padrão em uma tabela, habilitando poderosos recursos de
Comandos copiar, recortar, classificação e filtragem dos dados da tabela.
colar, inserir, voltar e repetir; Referências estruturadas: Com esse tipo de referência,
Revisão; Gráficos; você pode usar nomes de cabeçalhos de colunas de tabela em
vez de referências de células, como A1 ou R1C1.
Características e modos de Linhas de totais: Em uma linha de totais, agora é possível
exibição; Utilização de usar entradas de texto e fórmulas personalizadas.
cabeçalhos e rodapés; Dados; Estilos de tabela: Você pode aplicar um estilo de tabela
para adicionar rapidamente formatação profissional com
Utilização de mesclagem de qualidade de designer a tabelas. Se um estilo de linha
células, filtro, classificação de alternativo estiver habilitado em uma tabela, o Excel manterá
dados. a regra de estilo alternativo inclusive durante ações que,
tradicionalmente, prejudicariam esse layout, como filtragem,
ocultação de linhas ou reorganização manual de linhas e
colunas.
Excel 20075 Tabelas Dinâmicas fáceis de usar
No Office Excel 2007, As Tabelas Dinâmicas são muito mais
O Excel 2007 em comparação com seu antecessor o 2003 fáceis de usar do que em versões anteriores do Excel. Com a
teve uma grande mudança no quesito visual, exibindo um novo nova interface do usuário de Tabelas Dinâmicas, bastam
viasual para os menus, agora divididos em abas. O formato do alguns cliques para obter as informações que você deseja
arquivo de texto também foi alterado, sendo agora utilizado o exibir sobre os dados — não é mais preciso arrastar os dados
.xlsx na extensão dos arquivos e não mais o .xls, isso fez com para áreas para arrastar e soltar que nem sempre são um alvo
que os arquivos da nova versão ocupem menos espaço no HD fácil. Em vez disso, basta selecionar os campos que você deseja
do usuário. ver e uma nova lista de campos de Tabela Dinâmica.
Após criar uma Tabela Dinâmica, você pode tirar proveito
Fácil criação de fórmulas de muitos outros recursos novos ou aprimorados para
Graças aos aprimoramentos a seguir, é muito mais fácil resumir, analisar e formatar os dados da Tabela Dinâmica.
criar fórmulas no Office Excel 2007.
Noções de Informática 48
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 49
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 50
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 51
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 52
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 53
APOSTILAS OPÇÃO
SharePoint. Não é mais possível atualizar uma lista do 4. Operadores: o operador ^ (acento circunflexo) eleva um
SharePoint com as alterações feitas nos dados de tabela no número a uma potência e o operador * (asterisco) multiplica.
Excel. Depois de exportar os dados de tabela para uma lista do
SharePoint, você pode abrir essa lista no Excel como somente Usando constantes em fórmulas
leitura — todas as alterações desejadas só podem ser feitas Uma constante é um valor não calculado. Por exemplo, a
nos dados que estejam no site do SharePoint. data 09/10/2008, o número 210 e o texto “Receitas
OBSERVAÇÃO: Como não há suporte para a trimestrais” são todos constantes. Uma expressão, ou um valor
funcionalidade de tabela em pasta de trabalho compartilhada, resultante de uma expressão, não é uma constante. Se você
não é possível criar uma tabela em uma pasta de trabalho usar valores de constantes na fórmula em vez de referências a
compartilhada. células (por exemplo, =30+70+110), o resultado se alterará
Recursos de tabela que você pode usar para gerenciar apenas se você próprio modificar a fórmula.
dados de tabela Criar gráficos com seus dados em uma planilha Um
Classificação e filtragem: caixa de listagem suspensa de gráfico é uma representação visual de seus dados. Usando
filtros são adicionadas automaticamente à linha de cabeçalho elementos como colunas (em um gráfico de colunas) ou linhas
de uma tabela. Você pode classificar tabelas em ordem (em um gráfico de linhas), um gráfico exibe uma série de dados
ascendente ou descendente ou por cor ou pode, ainda, criar numéricos em um formato gráfico.
uma ordem de classificação personalizada. É possível filtrar
tabelas para mostrar apenas os dados que atendam aos
critérios especificados ou filtrar por cor.
Formatação de dados de tabela: Você pode rapidamente
formatar dados de tabela aplicando um estilo de tabela
personalizado ou predefinido. Pode escolher também as
opções de Estilos de Tabela para exibir uma tabela com ou sem
cabeçalho ou linha de totais, para aplicar faixas de linhas ou
colunas a fim de facilitar a leitura da tabela ou fazer uma
distinção entre a primeira ou última coluna e as outras colunas
da tabela.
Inserção e exclusão de linhas e colunas de tabelas:
Você pode usar uma das várias formas de adicionar linhas e
colunas a uma tabela. Você pode, rapidamente, adicionar uma O formato gráfico de um gráfico facilita a compreensão de
linha em branco no final da tabela, incluir na tabela linhas ou grandes quantidades de dados e do relacionamento entre
colunas de planilhas adjacentes ou inserir linhas e colunas da séries de dados diferentes. Um gráfico também mostra a visão
tabela no local que desejar. Você pode excluir linhas e colunas geral, para que seja possível analisar seus dados e procurar
conforme o necessário e pode também, rapidamente, remover tendências importantes.
de uma tabela linhas que contenham dados duplicados. Selecione os dados que deseja incluir no gráfico.
Uso de uma coluna calculada: Para usar uma única
fórmula que se ajuste a cada linha de uma tabela, você pode
criar uma coluna calculada. Uma coluna calculada expande-se
para incluir linhas adicionais de modo que a fórmula seja
imediatamente estendida a essas linhas.
Exibição e cálculo de totais de dados de tabela: Você
pode totalizar rapidamente os dados de uma tabela exibindo
uma linha de totais no final da tabela e então usar as funções
Dica: Os dados devem ser organizados em linhas e colunas,
fornecidas nas linhas suspensas de cada célula da linha de
com rótulos de linhas à esquerda e rótulos de coluna acima dos
totais.
dados — o Excel determina automaticamente a melhor
Uso de referências estruturadas: Em vez de usar
maneira de plotar dados no gráfico.
referências a células, como A1 e R1C1, você pode usar em uma
Na guia Inserir, no grupo Gráficos, clique no tipo de gráfico
fórmula referências estruturadas a nomes da tabela.
que deseja usar e clique em um subtipo de gráfico.
Garantia da integridade dos dados: Em tabelas que não
Dica: Para ver todos os tipos de gráfico disponíveis, clique
estejam vinculadas a listas do SharePoint, você pode usar os
em Imagem do botão para iniciar a caixa de diálogo Inserir
recursos internos de validação de dados do Excel. Por
Gráfico e clique nas setas para rolar entre os tipos de gráfico.
exemplo, você pode optar por permitir apenas números ou
datas em uma coluna de uma tabela.
Exportação para uma lista do SharePoint: Você pode
exportar uma tabela para uma lista do SharePoint para que
outras pessoas possam exibir, editar e atualizar dados da
tabela.
Visão geral de fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre
valores na planilha. Uma fórmula inicia com um sinal de igual
(=). Por exemplo, a fórmula a seguir multiplica 2 por 3 e depois
adiciona 5 ao resultado.
=5+2*3
Uma fórmula também pode conter um ou todos os
seguintes elementos: função, referências, operador e
constante.
1. Funções: a função PI() retorna o valor de pi : 3.142...
2. Referências: A2 retorna o valor na célula A 2. Quando você posiciona o ponteiro do mouse sobre
3. Constantes: números ou valores de texto inseridos qualquer tipo de gráfico, uma Dica de tela mostra seu nome.
diretamente em uma fórmula como, por exemplo, o 2.
Noções de Informática 54
APOSTILAS OPÇÃO
Use as Ferramentas de Gráfico para adicionar elementos 05. A figura a seguir apresenta uma tabela extraída do
como títulos e rótulos de dados e para alterar o design, layout Excel, em sua configuração padrão:
ou formato de seu gráfico.
MS POWERPOINT 20076
(A) 7 / 12 / 9 O PowerPoint é um software que permite a criação de
(B) 12 / 27 / 14 materiais que podem ser apresentados por meio de um
(C) 15 / 45 / 35 projetor. O uso desses materiais para anunciar um relatório ou
(D) 42 / 39 / 26 uma proposta é chamado de apresentação. Com o PowerPoint,
(E) 65 / 15 / 45 você pode criar telas que incorporam de forma eficiente texto
colorido e fotografias, ilustrações, desenhos, tabelas e filmes, e
03. (FUNDUNESP - Técnico Administrativo- VUNESP) que transitam de uma para a outra, como uma apresentação de
Observe a planilha a seguir, sendo editada no MS- Excel, em slides. Você pode animar o texto e as ilustrações na tela,
sua configuração padrão. usando o recurso de animação, e também pode adicionar
efeitos de som e narração. Além disso, você pode imprimir os
materiais quando estiver fazendo uma apresentação.
O PowerPoint faz parte do "Office", uma suíte de produtos
que combina diversos tipos de softwares para a criação de
Assinale a alternativa que contém o valor exibido na célula documentos, planilhas e apresentações, e para o
A3, após ser preenchida com a fórmula =SE(A2 - B1;3;5) gerenciamento de e-mails.
(A) 1 A principal função do PowerPoint é criar telas para
(B) 2 apresentações e a projetá-las através de um projetor. No
(C) 3 entanto, o PowerPoint também é amplamente usado para
(D) 4 dispor texto e desenhos em uma papel grande, como A3, o qual
(E) 5 permite que você disponha texto e desenhos livremente.
04. (FUNDUNESP - Técnico Administrativo- VUNESP). O que a versão 2007 trouxe de novo:
Observe o ícone a seguir, retirado do MS Excel, em sua
configuração padrão. Criar e entregar apresentações dinâmicas
Assinale a alternativa que contém o nome do ícone. O Office PowerPoint 2007 tem uma nova interface de
(A) Escala. usuário intuitiva, chamada Interface de usuário do Microsoft
(B) Diminuir Casas Decimais. Office Fluent, útil para a criação de apresentações melhores
(C) Porcentagem. com muito mais rapidez do que era possível em versões
(D) Separador de Milhares. anteriores do PowerPoint. O Office PowerPoint 2007 oferece
(E) Aumentar Casas Decimais. efeitos novos e melhorados, tema e opções de formatação
6 Fonte: https://support.office.com/pt-br/
Noções de Informática 55
APOSTILAS OPÇÃO
aprimoradas que podem ser usadas para criar apresentações Elementos gráficos SmartArt com qualidade de designer
dinâmicas de ótima aparência em uma fração do tempo que
você costumava gastar. Você pode: No passado, provavelmente você teve que contratar um
- Localizar recursos e comandos em guias categorizadas designer profissional para criar diagramas e gráficos com
intuitivamente e grupos relacionados. qualidade de designer. No entanto, os diagramas que você
- Economizar tempo e criar melhores apresentações recebia do designer eram salvos como imagens que não
quando você selecionar opções de formatação facilmente podiam ser editadas. Agora, com os gráficos SmartArt, você
acessíveis em galerias de Estilos Rápidos predefinidos, pode criar ilustrações editáveis de suas informações em uma
layouts, formatos de tabela, efeitos e muito mais. apresentação do Office PowerPoint 2007 de forma simples e
- Aproveitar o recurso de visualização ao vivo para revisar sem a assistência de um designer profissional. Você pode
as opções de formatação antes de aplicá-las. adicionar efeitos visuais esplêndidos a seus gráficos SmartArt,
A ilustração a seguir mostra um exemplo da Faixa de formas, WordArt e gráficos, incluindo efeitos tridimensionais
Opções, um componente da Interface de usuário do Office (3D), sombreamento, reflexos, brilhos e muito mais.
Fluent.
Efeitos novos e melhorados
Noções de Informática 56
APOSTILAS OPÇÃO
- Além de compartilhar os mesmos dicionários Ao usar Bibliotecas de Slides, você pode garantir que o
personalizados, todos os programas podem gerenciá-los conteúdo está atualizado, vinculando slides de sua
usando a mesma caixa de diálogo. apresentação a slides que estejam armazenados no servidor.
O verificador ortográfico do Sistema Microsoft Office 2007 Se a versão do servidor for alterada, você será avisado para
inclui o dicionário francês pós-reforma. No Microsoft Office atualizar seus slides.
2003, ele era um suplemento que precisava ser instalado
separadamente. Formatos de arquivo XML do PowerPoint
Um dicionário de exclusão é criado automaticamente para
um idioma na primeira vez que ele é usado. Com os dicionários Os formatos de arquivo XML do PowerPoint são
de exclusão, você pode forçar o verificador ortográfico a compactados, o que gera tamanhos de arquivo
sinalizar as palavras cujo uso você deseja evitar. Eles são úteis significativamente menores e reduz os requisitos de
para evitar palavras obscenas ou que não correspondem a seu armazenamento e largura de banda. Nos Formatos XML
guia de estilo. Abertos, o armazenamento de dados segmentados ajuda na
O verificador ortográfico pode localizar e sinalizar alguns recuperação de documentos corrompidos, porque a corrupção
erros de ortografia contextuais. Alguma vez você já digitou um de uma parte de um documento não impede que o restante do
erro semelhante ao seguinte? Eu o verei lã. No Office documento seja aberto.
PowerPoint 2007, você pode habilitar a opção Usar verificação
ortográfica contextual para obter ajuda na localização e Salvar como PDF ou XPS
correção desse tipo de erro. Essa opção está disponível quando
você verifica a ortografia de documentos em inglês, alemão ou O Office PowerPoint 2007 oferece suporte à exportação de
espanhol. arquivos nos seguintes formatos:
- PDF (Portable Document Format) - O PDF é um formato
Modo de Exibição do Apresentador de arquivo eletrônico de layout fixo que preserva a formatação
do documento e habilita o compartilhamento de arquivos. O
Usando dois monitores, você pode executar sua formato PDF assegura que, ao ser exibido online ou impresso,
apresentação do Office PowerPoint 2007 em um monitor (por o arquivo mantenha exatamente o formato planejado e que os
exemplo, em um pódio) enquanto o público a vê no segundo dados nele contidos não possam ser facilmente alterados. O
monitor. Este modo de exibição oferece as seguintes formato PDF também é útil para documentos que serão
ferramentas para facilitar a apresentação das informações: reproduzidos por métodos de impressão comercial.
É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides fora - XPS (XML Paper Specification) - O XPS é um formato de
da sequência e criar uma apresentação personalizada para o arquivo eletrônico que preserva a formatação de documento e
seu público habilita o compartilhamento de arquivos. O formato XPS
A visualização de texto mostra aquilo que o seu próximo assegura que, ao ser exibido online ou impresso, o arquivo
clique adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo mantenha exatamente o formato planejado e que os dados nele
marcador de uma lista. contidos não possam ser facilmente alterados.
As anotações do orador são mostradas em letras grandes e
claras, para que você possa utilizá-las como um script para a Proteger e gerenciar informações
sua apresentação.
É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, Ao compartilhar sua apresentação com outras pessoas,
depois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exemplo, você deseja ter certeza de que ele não possa ser acessado por
talvez você não queira exibir o conteúdo do slide durante um pessoas que não devam vê-lo. Você também deseja certificar-
intervalo ou uma seção de perguntas e respostas. se de que sua apresentação não inclua conteúdo não-
intencional, informações particulares ou marcas de edição que
Compartilhar informações de maneira eficaz chamem palavras que o dicionário do destinatário não
reconheça. Além disso, você pode desejar restringir o acesso
Nas versões anteriores do PowerPoint, arquivos grandes ao conteúdo de sua apresentação, de forma que informações
dificultavam o compartilhamento de conteúdo ou o envio de potencialmente confidenciais não sejam distribuídas
apresentações por email e você não podia compartilhar publicamente.
apresentações confiavelmente com pessoas que estivessem O Office PowerPoint 2007 oferece várias formas para
usando sistemas operacionais diferentes. ajudá-lo a proteger e gerenciar suas informações.
Agora, caso você precise compartilhar apresentações, criar
fluxos de trabalho de aprovação e revisão ou colaborar com Proteger suas apresentações
pessoas online que não usem o Office PowerPoint 2007, há
várias novas formas de compartilhar e colaborar com outras Com diversos novos recursos de segurança no Office
pessoas. PowerPoint 2007, você pode ajudar a assegurar que sua
apresentação seja gerenciada com segurança depois que
Bibliotecas de slides deixar suas mãos, ocultando o nome do autor, certificando-se
de que todos os comentários foram excluídos e restringindo
No Office PowerPoint 2007, você pode compartilhar e quem pode fazer alterações nela.
reutilizar conteúdo de slides armazenando arquivos de slide
individuais em uma Biblioteca de Slides localizada Evitar que sejam feitas alterações à versão final de um
centralmente em um servidor que execute o Microsoft Office documento
SharePoint Server 2007. Você pode publicar slides do
PowerPoint 2007 em uma Biblioteca de Slides e pode Antes de compartilhar uma versão final de sua
adicionar slides à sua apresentação do PowerPoint a partir de apresentação com outras pessoas, você pode usar o comando
uma Biblioteca de Slides. Armazenando conteúdo em uma Marcar como Final para tornar a apresentação somente leitura
Biblioteca de Slides, você reduz a necessidade de recriar e comunicar a outras pessoas que você está compartilhando
conteúdo, pois pode facilmente dar uma nova finalidade ao uma versão final da apresentação. Quando uma apresentação
conteúdo existente. for marcada como final, os comandos de edição, as marcas de
revisão e a digitação serão desativados, e as pessoas que
Noções de Informática 57
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 58
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 60
APOSTILAS OPÇÃO
Na guia Slides, clique no slide que você deseja mover e Aplicar uma aparência apropriada à sua apresentação
arraste-o para o local desejado.
Para selecionar vários slides, clique em um slide que deseja O Office PowerPoint 2007 fornece uma ampla variedade de
mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL tema de design que facilitam a alteração da aparência geral de
enquanto clica em cada um dos outros slides que deseja mover. sua apresentação. Um tema é um conjunto de elementos de
design que fornece uma aparência específica, unificada, para
Excluir um slide todos os seus documentos do Office, usando combinações
específicas de cores, fonte e efeitos.
Na guia Slides, clique com o botão direito do mouse no slide O Office PowerPoint 2007 aplica automaticamente o tema
que você deseja excluir e clique em Excluir Slide no menu de do Office às apresentações criadas por meio do modelo
atalho. Apresentação em Branco, mas você pode facilmente alterar a
aparência da sua apresentação a qualquer momento,
Adicionar e formatar texto aplicando um tema diferente.
O conteúdo mais comum dos slides em uma apresentação
do PowerPoint é texto — em títulos, e listas com marcadores.
Para adicionar texto em qualquer slide, clique no espaço
reservado onde deseja adicionar o texto e, em seguida, digite
ou cole o texto que deseja adicionar.
Alguns espaços reservados formatam automaticamente o Aplicar um tema diferente à sua apresentação
texto como uma lista com marcadores, outros não. Na
guia Início, no grupo Parágrafo, siga um dos seguintes - Na guia Design, no grupo Temas, clique no tema do
procedimentos: documento que você deseja aplicar.
Noções de Informática 61
APOSTILAS OPÇÃO
- Para visualizar a aparência do slide atual com um tema Você agora pode mover o clip-art, redimensioná-lo, girá-lo,
específico aplicado, coloque o ponteiro sobre a miniatura adicionar texto nele e fazer outras alterações.
desse tema. Para procurar clip-arts adicionais no site do Microsoft
- Para ver miniaturas de temas adicionais, clique nas setas Office Online, clique no link Clip-arts no Office Online na parte
ao lado da linha de miniaturas. inferior do painel de tarefas Clip-art.
Noções de Informática 62
APOSTILAS OPÇÃO
transições de slides, incluindo fade, dissoluções, recortes e Visualizar a sua apresentação em uma apresentação de
revelações, assim como transições incomuns como rodas e slides
tabuleiros de xadrez.
- Na guia Animações, no grupo Transição para este Slide, Para visualizar a sua apresentação na tela do seu
clique na transição desejada. computador da forma que você deseja apresentá-la para a sua
Para visualizar a aparência do slide atual com uma audiência, faça o seguinte:
transição específica aplicada, coloque o ponteiro sobre a 1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar
miniatura dessa transição. Apresentação de Slides, faça o seguinte:
Para ver miniaturas de transições adicionais, clique nas - Para começar com o primeiro slide da apresentação,
setas ao lado da linha de miniaturas. clique em Do Começo.
- Para começar com o slide que está aparecendo no
momento no painel Slide, clique em Do Slide Atual.
A apresentação aparece no modo de exibição
Apresentação de Slides.
2. Clique para ir para o próximo slide.
Noções de Informática 63
APOSTILAS OPÇÃO
- Pacote para CD ou distribuição na Web - Quando você usa Trabalhar em uma estrutura de tópicos
o recurso Pacote para CD vinculado à sua apresentação para Para fazer isto / Pressionar
copiar sua apresentação do PowerPoint finalizada para um CD, Promover um parágrafo. / ALT+SHIFT+SETA PARA A
para um local da rede ou para o disco rígido em seu ESQUERDA
computador, o Visualizador do Microsoft Office PowerPoint Rebaixar um parágrafo. / ALT+SHIFT+SETA PARA A
2007 e quaisquer outros arquivos vinculados à sua DIREITA
apresentação (tais como filmes e sons) também são copiados. Mover para cima os parágrafos selecionados. /
Dessa forma, todos os elementos da apresentação são ALT+SHIFT+SETA PARA CIMA
incluídos e as pessoas que não têm o Office PowerPoint 2007 Mover para baixo os parágrafos selecionados. /
instalado em seus computadores continuam podendo ver a ALT+SHIFT+SETA PARA BAIXO
apresentação. Exibir o título de nível 1. / ALT+SHIFT+1
Expandir o texto abaixo de um título. / ALT+SHIFT+SINAL
USAR ATALHOS DE TECLADO PARA CRIAR UMA DE ADIÇÃO
APRESENTAÇÃO Recolher o texto abaixo de um título. / ALT+SHIFT+SINAL
DE SUBTRAÇÃO
Inserir WordArt
1. Pressione e solte ALT, em seguida N e depois W para
selecionar WordArt.
2. Use as teclas de direção para selecionar o estilo da
WordArt desejado e pressione ENTER.
Para exibir uma guia na faixa de opções, pressione a tecla
3. Digite o texto.
da guia — por exemplo, pressione F para abrir a guia Arquivo;
H para abrir a guia Página Inicial; N para abrir a guia Inserir e
Selecionar uma forma
assim por diante.
OBSERVAÇÃO: Se o cursor estiver dentro do texto,
pressione ESC.
- Para selecionar uma única forma, pressione a tecla TAB
para avançar (ou SHIFT+TAB para retroceder) pelos objetos
até que as alças de dimensionamento sejam exibidas no objeto
que você deseja selecionar.
- Para selecionar vários itens, use o painel de seleção.
Noções de Informática 64
APOSTILAS OPÇÃO
3. Pressione CTRL+SHIFT+C para copiar os atributos do Ir para o próximo título ou espaço reservado para corpo do
objeto. texto. / Se for o último espaço reservado em um slide, será
4. Pressione a tecla TAB ou SHIFT+TAB para selecionar inserido um novo slide com o mesmo layout do original. /
o objeto para o qual deseja copiar os atributos. CTRL+ENTER
5. Pressione CTRL+SHIFT+V. Mover para repetir a última ação de Localizar. / SHIFT+F4
Noções de Informática 65
APOSTILAS OPÇÃO
7 Fonte: http://www.tecmundo.com.br/empresas-e-instituicoes/283-politica-de-
privacidade.htm
Noções de Informática 66
APOSTILAS OPÇÃO
Página
Favoritos
por este ícone . Outro modo de adicionar páginas aos seus favoritos é clicar
Depois, se você quiser fazer mais downloads de em “Favoritos” na barra acima das abas e depois clicar em
aceleradores, utilize o link “Localizar mais aceleradores...” no “Adicionar a Favoritos...”. Com isso, você cria uma nova
canto inferior esquerdo da página. Ao clicar, você é marcação com essa página da internet. Para não confundir os
redirecionado para a Galeria de Complementos do Internet sites da sua lista, é interessante criar pastas e subdivisões com
Explorer. Escolha quais são as categorias as quais você deseja os temas de cada um deles. Agrupar os seus favoritos em
melhorar quanto ao desempenho. pastas facilita muito na hora de encontrar quais deles podem
ser úteis em determinado momento.
Para criar as suas pastas, clique na seta que aponta para
baixo ao lado de “Adicionar a Favoritos...” e clique em
“Organizar Favoritos”. Uma nova janela abrirá. Utilize os
botões para criar, mover e até mesmo apagar as
pastas/categorias.
Noções de Informática 67
APOSTILAS OPÇÃO
Bloqueador de Pop-ups
O Internet Explorer também possui ferramentas bastante
importantes para manter a segurança no seu computador.
Uma das principais é o Bloqueio de Janelas Pop-Up. Para ativar
esse bloqueio, vá até “Ferramentas” na Barra de Ferramentas
da interface do navegador, pouse o mouse sobre a opção
“Bloqueio de Pop-Ups”. Por último, clique em “Habilitar
Bloqueador de Pop-ups” caso essa opção já não tenha sido
ativada automaticamente pelo próprio navegador.
Navegação InPrivate
Outra vantagem apresentada nesta versão do Internet
Explorer é a navegação InPrivate. Assim como outros
navegadores, o IE8 agora possui um modo de navegação que
não grava nenhum tipo de registro. Para ativar este recurso,
clique em “Segurança” e em seguida “Navegação InPrivate”.
RSS Feeds Uma nova janela abrirá e nela você pode entrar em qualquer
lugar sem que o registro de navegação seja feito no seu
computador.
Para ler os seus Feeds, clique naquele mesmo botão Para evitar bisbilhoteiros no seu histórico de navegação,
“Favoritos”, porém acesse a aba “Feeds”. Você verá a lista do você pode excluir todo o seu rastro digital. Existem dois modos
RSS Feeds que já foram inscritos. de fazer isso. O primeiro deles é via mouse. Clique em
“Segurança” e depois clique logo na primeira opção “Excluir
Histórico de Navegação”. Entretanto, existe um atalho de
teclado para fazer isso, o CTRL+SHIFT+DEL.
Noções de Informática 68
APOSTILAS OPÇÃO
Noções de Informática 69
APOSTILAS OPÇÃO
operacional danificando ou alterando suas funcionalidades, baixa um anexo contaminado de um e-mail e o executa. Os
que causam excesso de tráfego em redes, entre outros. worms, por sua vez, podem infectar o computador de maneira
Os vírus, tal como qualquer outro tipo de malware, podem totalmente discreta, explorando falhas em aplicativos ou no
ser criados de várias formas. Os primeiros foram próprio sistema operacional. É claro que um worm também
desenvolvidos em linguagens de programação como C e pode contar com a ação de um usuário para se propagar, pois
Assembly. Hoje, é possível encontrar inclusive ferramentas geralmente esse tipo de malware é criado para contaminar o
que auxiliam na sua criação. máximo de computadores possível, fazendo com que qualquer
Como os vírus agem? meio que permita isso seja aceitável.
Os vírus recebem esse nome porque possuem Spyware
características de propagação que lembram os vírus reais, isto São programas que “espionam” as atividades dos usuários
é, biológicos: quando um vírus contamina um computador, ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um
além de executar a ação para o qual foi programado, tenta computador, os spywares geralmente são “embutidos” em
também se espalhar para outras máquinas, tal como fazem os softwares de procedência duvidosa, quase sempre oferecidos
vírus biológicos nos organismos que invadem. como freeware ou shareware.
Antigamente, os vírus tinham um raio de ação muito Os dados capturados são posteriormente transmitidos
limitado: se propagavam, por exemplo, toda vez que um pela internet. Estas informações podem ser desde hábitos de
disquete contaminado era lido no computador. Com o navegação do usuário até senhas.
surgimento da internet, no entanto, essa situação mudou Keylogger
drasticamente, para pior. São pequenos aplicativos que podem vir embutidos em
Isso acontece porque, com a internet, os vírus podem se vírus, spywares ou softwares de procedência duvidosa. Sua
espalhar de maneira muito mais rápida e contaminar um função é a de capturar tudo o que é digitado pelo usuário. É
número muito mais expressivo de computadores. Para isso, uma das formas utilizadas para a captura de senhas.
podem explorar vários meios, entre eles: Hijacker
- Falhas de segurança (bugs): sistemas operacionais e São programas ou scripts que “sequestram” navegadores
outros programas não são softwares perfeitos e podem conter de internet. As principais vítimas eram as versões mais antigas
falhas. Estas, quando descobertas por pessoas com fins do Internet Explorer. Um hijacker pode, por exemplo, alterar a
maliciosos, podem ser exploradas por vírus, permitindo a página inicial do browser e impedir o usuário de mudá-la,
contaminação do sistema, muitas vezes sem o usuário exibir propagandas em janelas novas, instalar barras de
perceber; ferramentas e impedir o acesso a determinados sites (páginas
- E-mails: essa é uma das práticas mais exploradas. O de empresas de antivírus, por exemplo). Felizmente, os
usuário recebe mensagens que tentam convencê-lo a executar navegadores atuais contam com mais recursos de segurança,
um arquivo anexado ou presente em um link. Se o usuário o limitando consideravelmente a ação desse tipo de praga
fizer sem perceber que está sendo enganado, certamente terá digital. Rootkit
seu computador contaminado; Esse é um dos tipos de malwares mais perigosos. Podem
- Downloads: o usuário pode baixar um arquivo de um ser utilizados para várias finalidades, como capturar dados do
determinado site sem perceber que este pode estar infectado. usuário. Até aí, nenhuma novidade. O que torna os rootkits tão
ameaçadores é a capacidade que possuem para dificultar a sua
Os vírus também podem se propagar através de uma detecção por antivírus ou outros softwares de segurança. Em
combinação de meios. Por exemplo, uma pessoa em um outras palavras, os rootkits conseguem se “camuflar” no
escritório pode executar o anexo de um e-mail e, com isso, sistema. Para isso, desenvolvedores de rootkits podem fazer
contaminar o seu computador. Em seguida, este mesmo vírus uso de várias técnicas avançadas, como infiltrar o malware em
pode tentar explorar falhas de segurança de outros processos ativos na memória, por exemplo.
computadores da rede para infectá-los. Além de difícil detecção, os rootkits também são de difícil
Outros tipos de malwares remoção. Felizmente, sua complexidade de desenvolvimento
Como você já sabe, os vírus não são os únicos malwares faz com que não sejam muito numerosos.
que existem. A definição do que a praga é ou não é depende, Ransomware
essencialmente, de suas ações e formas de propagação. Eis os É um tipo de malware com uma “proposta” mais ousada:
tipos mais comuns: uma vez ativo, a praga pode bloquear ou limitar (ou permitir
Cavalo de troia (trojan) que seu criador o faça remotamente) o acesso a arquivos,
São um tipo de malware que permitem alguma maneira de pastas, aplicativos, unidades de armazenamento inteiras ou
acesso remoto ao computador após a infecção. Esse tipo de até mesmo impedir o uso do sistema operacional. Para liberar
praga pode ter outras funcionalidades, como capturar dados estes recursos, o ransomware costuma mostrar mensagens
do usuário para transmiti-los a outra máquina. exigindo pagamentos. É como se o computador tivesse sido
Para conseguir ingressar no computador, o cavalo de troia sequestrado.
geralmente se passa por outro programa ou arquivo. O usuário Para convencer o usuário a desembolsar o valor exigido, a
pode, por exemplo, fazer um download pensando se tratar de mensagem pode conter ameaças ou chantagens, dizendo, por
uma ferramenta para um determinado fim quando, na exemplo, que dados importantes serão apagados ou que
verdade, se trata de um trojan. imagens particulares da pessoa serão publicadas na internet
Esse tipo de malware não é desenvolvido para se replicar. caso o pagamento não seja efetuado.
Quando isso acontece, geralmente trata-se de uma ação O usuário que tiver seu computador infectado por um
conjunta com um vírus. ransomware não deve ceder à pressão e pagar, mesmo porque,
Worm (verme) não raramente, nada acontece quando isso é feito. O ideal é que
Os worms (ou vermes, nome pouco usado) podem ser a pessoa utilize um software de segurança (antivírus) para
interpretados como um tipo de vírus mais inteligente que os tentar remover a praga ou, se não tiver sucesso, procure
demais. A principal diferença está na forma de propagação: os alguém de confiança para fazê-lo.
worms podem se espalhar rapidamente para outros Falsos antivírus
computadores - seja pela internet, seja por meio de uma rede Não é novidade para ninguém que o meio mais utilizado
local - de maneira automática. como proteção contra vírus e outros malwares são os
Explicação: para agir, o vírus precisa contar com o “apoio” antivírus. Cientes disso, “delinquentes virtuais” passaram a
do usuário. Isso ocorre, por exemplo, quando uma pessoa
Noções de Informática 70
APOSTILAS OPÇÃO
explorar essa característica a seu favor: criaram falsos - F-Secure: pouco conhecida no Brasil, mas bastante
antivírus. utilizada em outros países. Possui versões de testes, mas não
A propagação desse tipo de software é feita de várias gratuitas - www.f-secure.com;
maneiras. Nas mais comuns, sites de conteúdo duvidoso - BitDefender: conta com versões pagas e gratuitas - www.
exibem propagandas que se passam por alertas de segurança. bitdefender.com.
Se o usuário clicar na mensagem, será convidado a baixar um
programa ou acessar uma página que supostamente faz Firewall
varreduras em seu computador. O firewall é um sistema que visa proteger o computador de
A suposta ferramenta, que inclusive costuma ter interface ameaças vindas da internet.
que lembra os antivírus mais conhecidos do mercado, simula Existem 2 tipos de ameaças: Os vírus e os malwares.
uma varredura que aponta a existência de um ou mais Vírus atacam e danificam arquivos do seu sistema. São
malwares no computador e se oferece para limpar o sistema combatidos pelo antivírus.
mediante pagamento. Mas tudo não passa de simulação. Malwares são programas que visam roubar suas
A dica mais recomendada, neste caso, é a de utilizar informações e o Firewall é a primeira linha de defesa.
sempre antivírus de empresas de segurança reconhecidas. O Windows conta com um firewall. É importante manter-
lo ativado.
Antivírus Para verificar se está ativado:
Os antivírus são programas que procuram detectar e, Vá em Painel de Controle -> Sistema e Segurança ->
então, anular ou remover os vírus de computador. Atualmente, Verificar o status do Firewall.
novas funcionalidades têm sido adicionadas aos programas Se estiver tudo certo, deve estar igual a figura abaixo:
antivírus, de modo que alguns procuram detectar e remover
cavalos de tróia e outros tipos de códigos maliciosos, barrar Atualizações
programas hostis e verificar e-mails. O Windows apresenta muitas falhas em seu sistema. Falhas
Como faço bom uso do meu antivírus? imperceptíveis que os usuários comuns não se dão conta,
As dicas para o bom uso do antivírus são simples: porem, não passam despercebidas pelos Hackers que
- mantenha o antivírus e suas assinaturas sempre exploram estas falhas para danificar o sistema de outras
atualizados; pessoas.
- configure-o para verificar automaticamente arquivos Em virtude disso, a Microsoft esta continuamente lançando
anexados aos e-mails e arquivos obtidos pela Internet; atualizações que servem para corrigir estas falhas.
- configure-o para verificar automaticamente mídias É muito importante manter o sistema atualizado e uma
removíveis (CDs, DVDs, pendrives, disquetes, discos para Zip, vantagem do Windows é que ele se atualiza automaticamente,
etc); basta uma conexão com a internet.
- configure-o para verificar todo e qualquer formato de
arquivo (qualquer tipo de extensão de arquivo); Segurança na Internet
- se for possível, crie o disquete de verificação e utilize-o Computadores domésticos são utilizados para realizar
esporadicamente, ou quando seu computador estiver inúmeras tarefas, tais como:
apresentando um comportamento anormal (mais lento, - transações financeiras, sejam elas bancárias ou mesmo
gravando ou lendo o disco rígido fora de hora, etc); compra de produtos e serviços;
Algumas versões de antivírus são gratuitas para uso - comunicação através de e-mails, por exemplo;
pessoal e podem ser obtidas pela Internet. Mas antes de obter - armazenamento de dados, sejam eles pessoais ou
um antivírus pela Internet, verifique sua procedência e comerciais, etc.
certifique-se que o fabricante é confiável. É importante que você se preocupe com a segurança de seu
O mercado conta com antivírus pagos e gratuitos (estes, computador, pois você, provavelmente, não gostaria que:
geralmente com menos recursos). Alguns programas, na - suas senhas e números de cartões de crédito fossem
verdade, consistem em pacotes de segurança, já que incluem furtados e utilizados por terceiros;
firewall e outras ferramentas que complementam a proteção - sua conta de acesso a Internet fosse utilizada por alguém
oferecida pelo antivírus. Eis uma lista com as soluções mais não autorizado;
conhecidas: - seus dados pessoais, ou até mesmo comerciais, fossem
- AVG: mais conhecida por suas versões gratuitas, mas alterados, destruídos ou visualizados por terceiros;
também possui edições paga com mais recursos - - seu computador deixasse de funcionar, por ter sido
www.avg.com; - Avast: conta com versões pagas e gratuitas - comprometido e arquivos essenciais do sistema terem sido
www.avast. com; apagados, etc.
- Microsoft Security Essentials: gratuito para usuários
domésticos de licenças legítimas do Windows - Por que alguém iria querer invadir meu computador?
www.microsoft. com/security_essentials; A resposta para esta pergunta não é simples. Os motivos
- Norton: popular antivírus da Symantec. Possui versões de pelos quais alguém tentaria invadir seu computador são
testes, mas não gratuitas - www.norton.com; inúmeros. Alguns destes motivos podem ser:
- Panda: possui versões de testes, mas não gratuitas - www. - utilizar seu computador em alguma atividade ilícita, para
pandasecurity.com; esconder a real identidade e localização do invasor;
- Kaspersky: possui versões de testes, mas não gratuitas - - utilizar seu computador para lançar ataques contra
www.kaspersky.com; outros computadores;
- Avira AntiVir: mais conhecida por suas versões gratuitas, - utilizar seu disco rígido como repositório de dados;
mas também possui edições pagas com mais recursos - www. - destruir informações (vandalismo);
avira.com; - disseminar mensagens alarmantes e falsas;
- NOD32: possui versões de testes, mas não gratuitas - - ler e enviar e-mails em seu nome;
www. - propagar vírus de computador;
eset.com; - furtar números de cartões de crédito e senhas bancárias;
- McAfee: uma das soluções mais tradicionais do mercado. - furtar a senha da conta de seu provedor, para acessar a
Possui versões de testes, mas não gratuitas - Internet se fazendo passar por você;
www.mcafee.com;
Noções de Informática 71
APOSTILAS OPÇÃO
- furtar dados do seu computador, como por exemplo, ainda comprova a autoria do emitente (autenticidade), enfim,
informações do seu Imposto de Renda. confere maior grau de segurança, pois os documentos
eletrônicos não assinados digitalmente têm as características
Certificado digital de alterabilidade e fácil falsificação.11
O certificado digital é um documento eletrônico assinado Criptografia12
digitalmente por uma autoridade certificadora, e que contém A criptografi a utiliza um outro conceito que é o de modifi
diversos dados sobre o emissor e o seu titular. A função car a mensagem de forma que somente o destinatário possa
precípua do certificado digital é a de vincular uma pessoa ou entendê-la.
uma entidade a uma chave pública. Para que isso aconteça, a mensagem é embaralhada de
Para adquirir um certificado digital, o interessado deve certa maneira, usando alguma técnica combinada entre o
dirigir-se a uma Autoridade de Registro, onde será identificado emissor e o receptor, de forma que o segundo, e apenas ele,
mediante a apresentação de documentos pessoais (dentre saiba arrumar, retornar ao texto original e à mensagem que o
outros: cédula de identidade ou passaporte, se estrangeiro; primeiro embaralhou.
CPF; título de eleitor; comprovante de residência e PIS/PASEP, Assim, a interceptação da mensagem em trânsito não
se for o caso). É importante salientar que é indispensável a permite, em princípio, que seu conteúdo seja revelado.
presença física do futuro titular do certificado, uma vez que
este documento eletrônico será a sua “carteira de identidade” Dicas de proteção13
no mundo virtual. Muita gente pensa que basta ter um antivírus no
A emissão de certificado para pessoa jurídica requer a computador e estará livre de malwares. De fato, esse tipo de
apresentação dos seguintes documentos: registro comercial, software tem um papel importante, mas nem mesmo a melhor
no caso de empresa individual; ato constitutivo, estatuto ou solução consegue ser 100% eficiente. A arma mais poderosa,
contrato social; CNPJ e documentos pessoais da pessoa física portanto, é a prevenção. Eis algumas dicas simples, mas
responsável. essenciais para isso:
As principais informações que constam em um certificado - Aplique as atualizações do sistema operacional e sempre
digital são: use versões mais recentes dos programas instalados nele;
- chave pública do titular; - Tome cuidado com anexos e link em e-mails, mesmo
- nome e endereço de e-mail; quando a mensagem vier de pessoas conhecidas;
- período de validade do certificado; - O mesmo cuidado deve ser dado a redes sociais
- nome da AC que emitiu o certificado; - número de série do (Facebook, orkut, Twitter, etc) e a serviços como o Windows
certificado digital; - assinatura digital da AC. Live Messenger;
- Antes de baixar programas desconhecidos, busque mais
Assinatura digital informações sobre ele em mecanismos de buscas ou em sites
A assinatura digital é uma modalidade de assinatura especializados em downloads;
eletrônica, resultado de uma operação matemática que utiliza - Tome cuidado com os sites que visita. É muito comum,
algoritmos de criptografia assimétrica e permite aferir, com por exemplo, a propagação de malwares em páginas de
segurança, a origem e a integridade do documento. conteúdo adulto;
A assinatura digital fica de tal modo vinculada ao - Ao instalar um antivírus, certifique-se de que este é
documento eletrônico “subscrito” que, ante a menor alteração atualizado regularmente, do contrário, o programa não será
neste, a assinatura se torna inválida. A técnica permite não só capaz de identificar novos vírus ou variações de pragas já
verificar a autoria do documento, como estabelece também existentes;
uma - Faça uma varredura com o antivírus periodicamente no
“imutabilidade lógica” de seu conteúdo, pois qualquer computador todo. Também utilize o programa para verificar
alteração do documento, como por exemplo a inserção de mais arquivos baixados pela internet;
um espaço entre duas palavras, invalida a assinatura. - Vírus também podem ser espalhar por cartões SD,
Necessário distinguir assinatura digital da assinatura pendrives e aparelhos semelhantes, portanto, sempre
digitalizada. A assinatura digitalizada é a reprodução da verifique o conteúdo dos dispositivos removíveis e, se
assinatura autógrafa como imagem por um equipamento tipo possível, não utilize-os em computadores públicos (faculdade,
scanner. Ela não garante a autoria e integridade do documento escola, lan house, etc).
eletrônico, porquanto não existe uma associação inequívoca
entre o subscritor e o texto digitalizado, uma vez que ela pode Vírus e afins não podem danificar o hardware do
ser facilmente copiada e inserida em outro documento. Os computador. Malwares são softwares, portanto, não podem
atributos da assinatura digital são: queimar ou fazer com que um componente exploda, por
a) ser única para cada documento, mesmo que seja o exemplo.
mesmo signatário; O que pode acontecer é de uma praga conseguir danificar
b) comprovar a autoria do documento eletrônico; o firmware de algum dispositivo, isto é, o software que o faz
c) possibilitar a verificação da integridade do documento, funcionar. Mas esse é um procedimento bastante complexo e,
ou seja, sempre que houver qualquer alteração, o destinatário consequentemente, muito difícil de ocorrer.
terá como percebê-la; É importante esclarecer também que o simples ato de
d) assegurar ao destinatário o “não repúdio” do baixar um vírus não contamina imediatamente o computador.
documento eletrônico, uma vez que, a princípio, o emitente é É necessário que alguma ação - um clique do usuário, por
a única pessoa que tem acesso à chave privada que gerou a exemplo - o faça entrar em ação.
assinatura.
VGlJAKHagzDxUQFggsMAM&url=http%3A%2F%2Fteca.cecierj.edu. oquesaovirusecomoagem
Noções de Informática 72
APOSTILAS OPÇÃO
03. (Banco do Brasil - Escriturário - Simples (backup de cópia) – copia todos os arquivos
CESGRANRIO/2015). Os escriturários de uma agência foram selecionados. É o famoso Ctrl C + Ctrl V.
chamados para uma reunião com um profissional da área de O que grava? - Arquivos e pastas selecionados;
segurança da informação de um banco. O objetivo dessa Limpa os marcadores? - Não;
reunião era informá-los de que houve uma falha nos Compacta os dados e controla erros? - Não;
procedimentos de segurança da rede de computadores da Detalhes: É demorada e ocupa muito espaço. Não altera os
agência, o que permitiu a propagação de um programa atributos;
malicioso bastante perigoso.
Durante a reunião, o profissional de segurança disse que o Observações:
programa em questão permite monitorar a movimentação do No Windows, todos os arquivos possuem 3 atributos
mouse por sobre a tela de uma aplicação bancária, com o básicos: Oculto, Somente Leitura e Arquivamento. Se este
objetivo de descobrir a senha digitada por um usuário que último estiver marcado, o arquivo deverá ser copiado no
esteja usando um teclado virtual. próximo backup;
Ele completou sua explanação dizendo que esse tipo de Se o usuário modificar ou salvar o arquivo, o atributo será
código malicioso é chamado de marcado;
(A) vírus Quando fazemos o backup, esse marcador pode ser
(B) trojan clicker retirado;
(C) spyware
(D) botnet Normal (conhecido também como Completo, Total, Global
(E) trojan backdoor ou Full): um backup Normal copia todos os arquivos
selecionados e os marca como arquivos que passaram por
04. (COBRA Tecnologia S/A (BB) - Técnico de backup (ou seja, o atributo de arquivo é desmarcado). Com
Operações - Equipamentos - QUADRIX/2015). Em um backups normais, você só precisa da cópia mais recente do
sistema operacional para desktop com acesso à internet, arquivo para restaurar todos os arquivos. Geralmente, o
instalado em um microcomputador, ocorrem diversas backup normal é executado quando você cria um conjunto de
vulnerabilidades e falhas de segurança conhecidas. Seus backup pela primeira vez.Em outras palavras, o Backup
fornecedores, distribuidores ou a comunidade de técnica Normal é o primeiro backup realizado no sistema. É o backup
indicam, por diversos motivos, quais procedimentos devem inicial de todos os arquivos e dados do sistema.
ser executados para elevar a segurança ou a correção de O que grava? - Arquivos e pastas selecionados;
problemas. Qual, das alternativas a seguir, auxilia um usuário Limpa os marcadores? - Sim;
padrão a se proteger de vírus e programas maliciosos? Compacta os dados e controla erros? - Sim;
(A) Codec de vídeo. Detalhes: É demorado e ocupa muito espaço. É usado como
(B) Backup. início do processo de cópia.
(C) PROXY
(D) Wi-Fi. Diário – um backup diário copia todos os arquivos
(E) Antivírus. selecionados que foram modificados no dia de execução do
backup diário. Os arquivo não são marcados como arquivos
05. (TRE-MA - Técnico Judiciário - Administrativo - que passaram por backup (o atributo de arquivo não é
IESES/2015). Alcebíades queria instalar um software em seu desmarcado).
computador rapidamente para modificar umas fotos.
14 Fonte: http://www.cursosdeinformaticabasica.com.br/o-que-e-backup/
Noções de Informática 73
APOSTILAS OPÇÃO
O que grava? - Arquivos e pastas criados ou alterados na 03. (BAHIAGÁS - Analista de Processos
data do backup; Organizacionais - Tecnologia da Informação –
Limpa os marcadores? - Não; Infraestrutura – IESES/2016). Considere o cenário
Compacta os dados e controle erros? - Sim; apresentado a seguir, no qual um administrador de sistemas
Detalhes: É gasto menos tempo e espaço, mas podem ser realizou as seguintes tarefas de backup na pasta “COMPRAS”:
perdidos dados gravados no mesmo dia, após o backup; Dia 01 23:59 - Backup Full 1
Dia 02 23:59 - Backup Diferencial 1 Dia 03 23:59 - Backup
Diferencial – Um backup diferencial copia arquivos Full 2
criados ou alterados desde o último backup normal ou Dia 04 23:59 - Backup Diferencial 2
incremental. Não marca os arquivos como arquivos que Dia 05 23:59 - Backup Diferencial 3
passaram por backup (o atributo de arquivo não é No dia 06 alguém excluiu acidentalmente toda a pasta e o
desmarcado). Se você estiver executando uma combinação dos administrador precisa recuperar a mesma no estado que ela se
backups normal e diferencial, a restauração dos arquivos e encontrava no dia 05. Sendo assim, quais backups ele
pastas exigirá o último backup normal e o último backup necessitará para realizar o restore (rotina de recuperação dos
diferencial. arquivos)?
O que grava? - Arquivos e pastas criados ou alterados após (A) Backup Full 1 e Backup Full 2.
o último backup. (B) Somente o Backup Full 2
Limpa os marcadores? - Não; (C) Backup Full 1, Backup Diferencial 1, Backup Diferencial
Compacta dados e controle de erros? - Sim; 2.
Detalhes: É acumulativo. A recuperação de dados pode ser (D) Backup Full 1 e Backup Diferencial 1.
demorada, se houverem muitas alterações. (E) Backup Full 2 e Backup Diferencial 3.
Incremental – um backup Incremental cópia somente os 04. (TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área de
arquivos criados ou alterados desde o último backup normal Apoio Especializado – FCC/2014). Paulo foi solicitado a
ou incremental, e os marca como arquivos que passaram por realizar um backup físico em uma base de dados Oracle em
backup (o atributo de arquivo é desmarcado). Se você utilizar modo ARCHIVELOG, com a base aberta e gerando transações.
uma combinação dos backups normal e incremental, precisará Este tipo de backup é conhecido como ...I... . Utilizou para isso
do último conjunto de backup normal e de todos os conjuntos um cliente de banco de dados Oracle que executa tarefas de
de backup e recuperação e automatiza a administração de
backup incrementais para restaurar os dados. estratégias de backup, conhecido pela sigla .... II... .
O que grava? - Arquivos e pastas criados ou alterados após As lacunas I e II são preenchidas, correta e
o último backup; respectivamente, por
Limpa os marcadores? - Sim; (A) cold backup e RMAN.
Compacta os arquivos e controle de erros? - Sim; (B) backup inconsistente e RADM.
Detalhes: É o backup mais rápido, mas a restauração pode (C) hot backup e RMAN.
ser demorada. Usa pouco espaço de mídia. (D) hot backup e RLOB.
Noções de Informática 74
CONHECIMENTOS GERAIS
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 1
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 2
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 3
APOSTILAS OPÇÃO
03. (UERJ) Falamos a todo momento em dois mundos, em - A abertura de novo mercados consumidores de
sua possível guerra, esquecendo quase sempre que existe um produtos industrializados na África e na Ásia, originando um
terceiro. É o conjunto daqueles que são chamados, no estilo novo colonialismo.
Nações Unidas, de países subdesenvolvidos. Pois esse Terceiro As colônias também seriam utilizadas para investir os
Mundo ignorado, explorado, desprezado como o Terceiro lucros da produção industrial, para evitar uma crise de
Estado, deseja também ser alguma coisa. ALFRED SAUVY, superprodução na Europa. Além de evitar crises, os lucros
Adaptado de France-Observateur, 14/08/1952. obtidos com esses investimentos em infraestrutura, como
Com essas palavras, o demógrafo e economista francês transporte, iluminação e energia poderiam ser até maiores que
Alfred Sauvy caracterizou, na década de 1950, a expressão os investimentos na indústria europeia.
Terceiro Mundo. No contexto das relações internacionais a que As colônias, além de zona de despejo para as sobras da
se refere o texto, esse conceito foi utilizado para a crítica da: industrialização, forneceriam à metrópole alimentos e
(A) luta pela descolonização matérias-primas estratégicas, como o petróleo. Para as
(B) expansão do comunismo colônias eram também enviados os excedentes demográficos
(C) bipolaridade da Guerra Fria que agravavam os problemas sociais das metrópoles,
(D) política da Coexistência Pacífica evitando-se assim a perda dessa mão-de-obra com a
emigração. As colônias transformar-se-iam em elementos de
Respostas. prestígio no concerto internacional das nações: população
01. Resposta D. maior para o recrutamento militar, pontos de apoio para a
02. Resposta D. Marinha, pontos de abastecimento para as rotas oceânicas.
03. Resposta: C. Além das vantagens econômicas e estratégicas, a religião
também foi um fator de impulso para a exploração das
colônias. Com o discurso de expandir a civilização europeia
para o mundo, considerada pelos europeus como mais
2) Disputas avançada e necessária para o bem da humanidade, além de
expandir também a fé cristã, considerada mais civilizada,
interimperialistas e “justa” e importante, os europeus, baseados nas teorias raciais
transformações do espaço desenvolvidas a partir dos estudos de Charles Darwin sobre a
capitalista. evolução das espécies. Essa prática ficou conhecida como
Darwinismo Social.
Em 1859 o cientista Charles Darwin publicou seu livro,
revolucionário para a época, chamado “A Origem das
O Imperialismo é a prática através da qual nações Espécies”. O livro causou polêmica ao negar as ideias de que
poderosas procuram ampliar e manter controle ou influência os seres vivos haviam sidos criados por um ser superior, mas
sobre povos ou nações mais pobres. sim eram resultado de um longo processo evolutivo, através
Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a da adaptação ao ambiente em que viviam. Pensadores sociais
expansão econômica dos países capitalistas; outras vezes é começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação
usado para designar a expansão europeia após 1870. Embora para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais.
Imperialismo signifique o mesmo que Colonialismo e os dois A partir de então o chamado “darwinismo social” nasceu
termos sejam usados da mesma forma, devemos fazer a desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e
distinção entre um e outro. civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em
Colonialismo normalmente implica em controle político, condição superior às demais. No caso, dizer que europeus
envolvendo anexação de território e perda da soberania. estavam em um estágio de evolução superior ao que se
Imperialismo se refere, em geral, ao controle e influência encontravam muitas civilizações africanas ou asiáticas.
que é exercido tanto formal como informalmente, direta ou Portanto, era comum entre os defensores do neocolonialismo
indiretamente, política ou economicamente. o argumento da ignorância dos povos nativos em relação às
Desde o século XVIII, a Europa vinha passando pela riquezas que possuíam em suas terras. O domínio europeu era
Revolução Industrial, importante para o entendimento da tido como uma atitude justa, que promovia a circulação das
sociedade atual. Conforme novas técnicas e equipamentos riquezas que tais povos não utilizavam nem para o benefício
eram desenvolvidos, a produção industrial tornava-se mais próprio e muito menos para os demais.
eficiente, muitas vezes porém, à custa dos trabalhadores. Com As ideias do Darwinismo Social chegaram inclusive ao
o passar do tempo os trabalhadores começaram a reunir-se em Brasil. Além das diferenças sociais, os defensores dessa teoria
associações e sindicatos que buscavam defender seus racista acreditavam que o europeu, homem branco, era
interesses e lutar por condições de trabalho mais dignas. Vale biologicamente superior aos demais povos. Um dos exemplos
lembrar que benefícios como férias remuneradas, auxílio dessa crença está descrito nas páginas do livro L’émigration
doença, décimo terceiro salário, licença-maternidade, entre au Brésil, de 1873, escrito pelo Conde de Gobineau, amigo de
outros, foram conquistados através da busca por situações de D. Pedro II. Em um dos trechos de seu livro ele diz que: “Todos
trabalho mais dignas para os trabalhadores. os países da América, seja no Norte seja no Sul, mostram hoje de
Para evitar o pagamento de salários mais altos, os uma maneira categórica que os mulatos dos diferentes graus só
empresários passaram a investir em tecnologia. O se reproduzem até um número limitado de gerações. A
investimento em tecnologia barateava o custo da produção e infecundidade não se apresenta sempre nos casamentos; mas os
ao mesmo tempo diminuía o número de trabalhadores produtos vão gradualmente se mostrando doentios, tão pouco
necessários para operar uma fábrica. Porém, em compensação, viáveis que desaparecem, seja antes mesmo de ter gerado
não havia quem pudesse comprar as mercadorias, forçando a crianças, seja deixando crianças que não podem sobreviver.” A
queda dos preços. partir dessa convicção, Gobineau estabeleceu a previsão de
Essa relação entre a produção e os preços foi a primeira que por volta de 2140 a população brasileira fruto da
grande depressão sofrida pelo capitalismo, iniciada em 1873, miscigenação iria desaparecer, restando somente os
e acabando somente em 1896. Para resolver a situação de crise descendentes diretos dos europeus.
em que se encontravam, foram propostas duas saídas:
- A concentração do capital, através da formação de
grandes empresas capazes de resistir à crise e não ir à falência;
Conhecimentos Gerais 4
APOSTILAS OPÇÃO
As Diferenças entre o Colonialismo do Século XVI e do Os antigos países colonizadores da Europa, Portugal e
Século XIX Espanha, ficaram com porções reduzidas: a Espanha, com
Marrocos Espanhol, Rio do Ouro e Guiné Espanhola; Portugal,
Apesar do nome semelhante, o colonialismo exercido pela com Moçambique, Angola e Guiné Portuguesa. A Conferência
Europa durante o século XVI possuiu diferenças marcantes de Berlim, convocada por Otto Von Bismarck, primeiro-
com o praticado durante o século XIX. ministro da Alemanha, foi o marco mais importante na corrida
Durante a primeira fase do colonialismo, no século XVI, a colonialista. Sua finalidade primeira foi legalizar a
preocupação das potencias europeias estava pautado no propriedade pessoal do rei Leopoldo II da Bélgica sobre o
metalismo (acumulação de ouro e prata), no encontro de Estado Livre do Congo e estabelecer as regras da "partilha da
mercados fornecedores de especiarias e outros produtos África" entre as principais potências imperialistas. A corrida
tropicais e de mercados consumidores para os produtos colonial africana produziu inúmeros atritos entre os países
manufaturados europeus. Durante essa fase a concentração de colonialistas, constituindo de fato um dos fatores básicos do
interesses esteve voltada principalmente para a América, desequilíbrio europeu responsável pela eclosão da Primeira
também chamada de Novo Mundo. Guerra Mundial.
Já no século XIX, os olhares voltam-se para terras novas,
porém já conhecidas há muito tempo pela Europa: a África e a Imperialismo na Ásia
Ásia. Apesar da mudança geográfica, os interesses
continuavam sendo econômicos, além de serem acrescidos por Até o século XIX, as relações entre a Ásia e o mundo
outros: busca por mercados fornecedores de matérias-primas, ocidental se resumiam ao contato estabelecido entre as
como o ferro, o carvão, o petróleo, terras para o cultivo de cidades portuárias e as embarcações comerciais europeias.
algodão e também alimentos; busca por um mercado Algumas poucas experiências coloniais se desenvolviam nas
consumidor capaz de absorver os excessos de produção da regiões do Macau (China), Damão, Goa e Diu (Índia), e Timor
indústria europeia e de regiões onde os lucros obtidos com a (Indonésia), todas elas controladas pelos portugueses. Além
produção pudessem ser investidos. disso, os espanhóis exploravam as Filipinas e os holandeses se
Além disso, a população europeia estava crescendo num fixaram nas regiões de Java e Sumatra.
ritmo acelerado e precisava encontrar novas terras onde Esse relativo isolamento garantiu certa imunidade à
pudesse se estabelecer. No plano político, os Estados europeus influência europeia no Oriente, situação que mudou a partir do
estavam preocupados em aumentar seus contingentes crescimento no interesse dos europeus pelos recursos e pelo
militares, para fortalecer sua posição entre as demais mercado asiático a partir do século XIX. Os países ocidentais
potências. Possuindo colônias, contariam com maior passaram do simples comércio portuário para a política de
disponibilidade de recursos e de mão de obra para os seus zonas de influências, promovendo uma verdadeira partilha.
exércitos. Começaram os investimentos em ferrovias, que abriram o
A religião também impulsionou a ocupação. Os mercado asiático para os produtos ocidentais. A Rússia era o
missionários cristãos desejavam converter africanos e país mais interessado na expansão territorial da Ásia, graças à
asiáticos à sua crença, e havia gente que considerava ser o proximidade com seu território. Chocou-se com os ingleses na
dever dos europeus difundir a sua civilização entre esses Ásia Central e com o Japão na Manchúria, depois da construção
povos, considerados primitivos e atrasados. Essas da estrada de ferro que ia de Moscou a Vladivostok, no litoral
preocupações civilizadoras, porém, foram, principalmente, do Pacifico.
pretexto para justificar a colonização. Já durante o século XVIII a penetração inglesa havia
começado, a partir da tomada da Índia em 1763, então
A Ocupação da África pertencente aos franceses. Após a conquista, uma companhia
inglesa ficou encarregada da exploração das riquezas do
Até a primeira metade do século XIX a presença colonial território. Em 1858, os nativos que serviam nos exércitos
europeia na África esteve limitada aos colonos holandeses e coloniais, e que eram conhecidos como Cipaios, revoltou-se.
britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e Após a revolta ser contida a Índia foi incorporada ao Império
franceses na África do Norte. Britânico.
Com a descoberta de diamantes na África do Sul e abertura A ação inglesa também se estendeu até a China, quando os
do Canal de Suez, ambos em 1869, a Europa criou interesse britânicos descobriram que poderiam explorar a
sobre a importância econômica e estratégica do continente. Os comercialização do ópio como droga entorpecente.
países europeus rapidamente começaram a disputar Inconformado com os prejuízos causados à saúde da
territórios no continente. população, o governo chinês estabeleceu a proibição do
Em algumas áreas os europeus usaram forças militares comércio da droga e uma severa política contra qualquer
para conquistar os territórios, em outras, os líderes africanos tentativa de contrabando do mesmo produto. A insistência dos
e os europeus entraram em entendimento à respeito do ingleses na venda do produto, legal ou ilegalmente, gerou a
controle em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram Guerra do Ópio, motivada pela destruição de carregamentos
decisivos para que os europeus pudessem manter tudo sob de ópio pertencentes a súditos ingleses, pelos chineses, o que
controle. permitiu a conquista de Hong Kong, Xangai e Nanquim. Outras
A corrida colonialista do século XIX começou com o rei expedições militares foram organizadas a pretexto de punição
Leopoldo II da Bélgica, que formou uma sociedade capitalista pela morte de missionários, provocando a abertura de novos
internacional para explorar economicamente o Congo. Essa portos.
sociedade, denominada Associação Internacional Africana foi Na segunda metade do século XIX, o Japão abre os portos
seguida pela criação, posteriormente, do Comitê de Estudos do ao comércio externo. Em 1868 começou através de uma
Alto Congo. revolução, seguida de uma guerra civil, a Era Meiji. O
Os demais países europeus lançaram-se rapidamente à imperador Mutsuhito, que acabara de assumir o controle
aventura africana. A França conquistou a Argélia, Tunísia, sobre o país, abole o feudalismo. Ao contrário do que ocorria
Madagascar; os ingleses anexaram a Rodésia, União Sul- com seus vizinhos, o Japão, após resistir durante muito tempo
Africana, Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa; a Alemanha, que ao imperialismo ocidental, dá início à própria expansão
entrou tardiamente na corrida colonial, adquiriu apenas imperialista. Vence a China na Guerra Sino-Japonesa (1894-
Camarões, África Sudoeste e África Oriental; e a Itália anexou 1895), em que disputa o controle da Coréia. Os alemães
o litoral da Líbia, Eritreia e Somália. conquistaram a península Chantung, enquanto a França
Conhecimentos Gerais 5
APOSTILAS OPÇÃO
Com exceção dos ingleses, que possuíam um império A política do Big-Stick (porrete grande em português) é a
colonial imenso, ao redor de todo o planeta, os países referência à maneira do presidente norte-americano
colonialistas da Europa procederam de maneira empírica na Theodore Roosevelt (1901 - 1909) de tratar as relações
organização do sistema de exploração colonial. A partir de internacionais.
1850, a política livre-cambista da Inglaterra foi estendida às Em discurso, Roosevelt afirmou que era preciso falar de
colônias. O livre-cambismo caracteriza-se não interferência maneira mansa, mas deixar as demais nações conscientes do
do estado na economia, diferenciando-se do protecionismo. A poderio militar norte-americano.
França adotou uma política tarifária variante. Dependia da O big-stick foi usado para interferir na política dos países
colônia e dos tipos de produtos que produzia e comercializava. latino-americanos contra credores europeus. O presidente
A ocupação de terras nas colônias causou problemas para disse que os EUA impediu que a Alemanha atacasse a
a administração europeia. Muitos dos colonos que vinham da Venezuela, mas ponderou que o governo norte-americano
Europa queriam terras, que tinham de ser desapropriadas dos poderia usar da força contra os países latino-americanos, caso
ocupantes nativos. Para resolver esse impasse, as tribos locais julgasse necessário.
eram confinadas em pequenas reservas criadas pelo governo,
nem sempre nos mesmos locais que habitavam e em condições Doutrina Monroe
que muitas vezes não atendiam às necessidades básicas.
A exploração econômica das terras foi concedida a A doutrina Monroe é uma referência à política externa do
particulares, visando a encorajar a colonização. Somente as presidente James Monroe (1817 - 1825) a partir de 1823 para
grandes companhias capitalistas tinham condições de reconhecer a independência das colônias sul-americanas.
empreender a exploração, que necessitava de uma vultosa Segundo a doutrina, qualquer ato de agressão de europeus
soma de capitais. Os empreendimentos industriais nas às nações sul-americanas sofreria interferência dos EUA.
colônias praticamente inexistiam, evidentemente para evitar a
concorrência com a produção metropolitana. Por isso, as A Belle Époque
únicas indústrias que conseguiram sobressair, impulsionando A Belle Époque normalmente é entendida como o período
a economia colonial, eram as extrativistas de minerais e que vai do final do século XIX até o início da Primeira Guerra
vegetais, que utilizavam a abundante mão de obra e a matéria- Mundial, em 1914.
prima disponível. A construção de estradas de ferro nas A expressão francesa Belle Époque significa “bela época”,
colônias significou o interesse de particulares em obter e representa um período de cultura cosmopolita na história da
elevados rendimentos. Era apenas um negócio lucrativo, não Europa. A época em que esta fase era comum foi marcada por
apresentando nenhuma preocupação em relação ao transformações culturais intensas que demonstravam novas
desenvolvimento das vias de comunicação colonial, visando formas de pensar e viver. Considerada uma época de ouro,
apenas a incrementar o comércio metropolitano. beleza, inovação e paz entre os países; a fase trazia invenções
que faziam com que a vida se tornasse mais simples para todos
Imperialismo Norte-americano os níveis sociais. Era comum a crença de que a partir dessa
época a humanidade viveria um grande período de
Imperialismo norte-americano é uma referência ao prosperidade, melhorando cada vez mais.
comportamento autoritário de influência militar, cultural, Durante esta época, a Europa passou por diversas
política, geográfica e econômica dos Estados Unidos sobre os mudanças, especialmente na área tecnológica. Entre as
outros países. principais inovações estão o surgimento do telefone, do
É por meio dessa prática que sucessivos governos dos EUA telégrafo sem fio, do cinema, do avião e do automóvel. A
mantêm o controle econômico de diversas nações. França, e principalmente paris, tornam-se centro da cultura,
O conceito refere-se a império americano, considerando o com os balés, livrarias, óperas, teatros e diversas expressões
comportamento político dos EUA a partir da segunda metade artísticas. Estes ambientes tornaram-se, nesta época, muito
de 1800. comuns na rotina dos burgueses e apenas eles tinham acesso
No caso dos Estados Unidos, o imperialismo está enraizado ao mundo da arte.
na crença do diferencial em relação aos demais países do Durante esse período o Brasil possuía uma ligação muito
mundo em que teria como missão a difusão dos ideais de forte com a França, sendo muito comum a visita de membros
liberdade, a igualdade e a democracia. da elite brasileira à Paris, ao menos uma vez por ano, para
interagir e ficar a par das novidades do velho mundo.
Conhecimentos Gerais 6
APOSTILAS OPÇÃO
No Brasil o movimento ganhou força com a Proclamação Estão corretas apenas as afirmativas:
da República em 1889, e vai até 1922, quando explode o (A) II, IV
Movimento Modernista, com a realização da Semana da Arte (B) I, II, III
Moderna na cidade de São Paulo. (C) I, II, IV
Todo o movimento de prosperidade e alegria vividos na (D) I, III
Europa fora, em boa parte, sustentado pela exploração das (E) III, IV
riquezas coloniais. Essas mesmas riquezas foram motivo de
disputas entre as potencias europeias entre o final do século 03. (IFC-SC – História – IFC) O texto abaixo se refere aos
XIX e início do século XX. Cada vez mais intensas, as disputas “instrumentos e modalidades coloniais” inerentes ao
atingiram seu ápice em 1914. A Primeira Guerra Mundial imperialismo na África, Ásia e América.
acabou com o sentimento de prosperidade vivido até então. Os A penetração colonial se fez de diferentes maneiras. Em
perfumes da belle époque deram lugar ao cheiro de pólvora certos casos, o reconhecimento da região era feito através de
das trincheiras. Para o historiador inglês Eric Hobsbawm, expedições científicas, religiosas e paramilitares, ao que se
1914 foi o ano que inaugurou “oficialmente” o século XX, seguia o estabelecimento de companhias concessionárias e
marcado pelos conflitos sangrentos por territórios, por duas depois (ou simultaneamente) o estabelecimento da soberania
guerras mundiais, pelo racismo e pelo preconceito e também político-administrativa do Estado colonizador. Em outros
por movimentos totalitários e ditaduras. casos, a expedição militar abria caminho para o
estabelecimento da exploração econômica ou ia juntamente
Questões com ela.
(MOURA, Gerson; FALCON, Francisco. A Formação do
01. (IF-AL – História – CEFET-AL) A colonização Mundo Contemporâneo. RJ: Campus, 1989. p. 87)
portuguesa e espanhola do século XVI havia se limitado à Quanto a uma correta nomenclatura dos autores para os
América. Com raras exceções, as terras africanas e asiáticas instrumentos coloniais, relacione a COLUNA A com a COLUNA
não foram ocupadas. Ali, os europeus limitaram-se ao B e em seguida assinale a alternativa correta de cima para
comércio, principalmente o de especiarias e de escravos. Por baixo.
isso, no século XIX, havia grandes extensões de terras
desconhecidas nos dois continentes, que Portugal e Espanha COLUNA A
não tinham condições de explorar. Começou então uma nova 1 – Áreas ou Zonas de influência
corrida colonial envolvendo outras potências europeias, 2 – Colônias estratégicas
sobretudo as que haviam passado por uma transformação 3 – Colônias propriamente ditas
industrial, como Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha e Itália. 4 – Protetorados
É nesse contexto que tem início o Imperialismo, que se
caracterizou: COLUNA B
(A) Pela busca incessante por metais preciosos e mercados ( ) áreas em que o domínio da metrópole colonizadora é
abastecedores de produtos tropicais e consumidores de exercido em todos os setores e níveis da atividade econômica,
manufaturas europeias; se subdivide em colônias de enraizamento ou povoamento e
(B) Pela urgência de desenvolver novos mercados colônias de enquadramento.
produtores de manufaturados nas áreas periféricas da África; ( ) o país colonizador assegura a manutenção aparente da
(C) Pela divisão entre o capital bancário e o capital estrutura política e social pré-existente, como se o país
industrial formando o capital financeiro; colonizado fosse apenas um aliado “protegido” e ajudado pelo
(D) Pelo acirramento das tensões entre as principais país colonizador, que se faz representar por intermédio de um
potências industrializadas da época, situação que seria ministro residente ou seu equivalente.
determinante para eclosão da II Guerra Mundial; ( ) a potência colonizadora reserva para seus nacionais
(E) Por uma alteração na economia capitalista, em que a áreas em que os mesmos possam atuar sob a proteção de
empresa individual tende a ser substituída pelas sociedades privilégios especiais em detrimento dos possíveis
anônimas que administram conglomerados transnacionais ou competidores europeus; o Estado pré-existente é conservado
multinacionais. e com ele são negociados os tratados e convenções
necessários.
02. (Prefeitura de Congonhas - MG – História – ( ) muito em voga no século XIX, se referem à obtenção de
CONSULPLAN) “… Nós conquistamos a África pelas armas… portos, ilhas e outros pequenos territórios capazes de servir
temos direito de nos glorificarmos, pois após ter destruído a ao abastecimento de frotas de guerra e navios mercantes ou de
pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma entrepostos comerciais, ou mesmo de simples ponto de apoio
vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não para as comunicações telegráficas.
menos meritória, de fazer penetrar a civilização num continente (A) 4, 2, 3, 1
que ficou para trás…" (B) 2, 3, 4, 1
A partir da citação anterior, analise as afirmativas: (C) 1, 4, 2, 3
I. Os europeus em geral classificavam os povos que viviam (D) 3, 1, 2, 4
no continente africano, asiático e em outros continentes como (E) 3, 4, 1, 2
primitivos para justificar a ocupação territorial e a submissão
que utilizavam. 04. (Cesgranrio) A "partilha do mundo" (1870 -1914)
II. A ideia de levar a civilização aos povos considerados resultou do interesse das potências capitalistas europeias em:
bárbaros estava presente no discurso dos que defendiam a
política imperialista. (A) investir seus capitais excedentes nas colônias, obter
III. Para os europeus, civilizar consistia em povoar e mercados fornecedores de matérias-primas e reservar
partilhar a cultura com os povos de outros continentes, assim mercados para seus produtos industrializados;
desenvolveram a origem da globalização. (B) desenvolver a produção de gêneros alimentícios nas
IV. Uma das preocupações dos estados nacionais europeus colônias, visando suprir as deficiências de grãos existentes na
era justificar a ocupação dos territórios, apresentando os Europa na virada do século;
melhoramentos materiais que beneficiariam as populações
nativas.
Conhecimentos Gerais 7
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 8
APOSTILAS OPÇÃO
sobretudo com o aumento de suas exportações, com vistas a se União aduaneira: em uma união aduaneira, além do livre-
tornarem mais competitivos. Para tanto, os acordos comercias comércio estabelecido pela eliminação das barreiras
e econômicos firmados entre os países (redução ou mesmo alfandegárias, os países também adotam uma tarifa externa
eliminação das tarifas alfandegárias, uniformização de comum (TEC), cobrando os mesmos impostos e taxas
políticas monetárias e financeiras, desburocratização do setor alfandegárias sobre os produtos importados de países de fora
aduaneiro etc.) procuram facilitar o fluxo e a circulação de do bloco. O Mercosul é um exemplo desse tipo de bloco.
mercadorias, serviços e capitais entre os parceiros do bloco,
estratégia que atende às necessidades de acumulação de Mercado comum: além do livre-comércio de mercadorias
capital inerentes à expansão das economias capitalistas. e serviços, o mercado comum também estabelece a livre
movimentação de capitais (investimentos) e de pessoas
Formação de regiões e blocos econômicos (trabalhadores) entre os países-membros. Implica o
estabelecimento de coordenações econômicas e a
[ ... ] o fenômeno da integração verifica-se normalmente em harmonização das legislações nacionais (trabalhistas,
uma dada região. Região [econômica], por sua vez, pode ser tributárias, previdenciárias etc.). A União Europeia é um
definida como um grupo de Estados situados em uma exemplo de mercado comum.
determinada área geográfica que gozam de alto grau de
interação em comparação com as relações extra regionais, União econômica e monetária: é o estágio mais avançado
dividem certos interesses comuns e podem cooperar entre si de integração regional; seu funcionamento prevê a adoção de
por meio de organizações que abrangem um número limitado uma moeda única e de um Banco Central também único, a
de participantes. [...] criação de instituições supranacionais (tribunais de justiça e
[ ... ] O surgimento dos blocos econômicos regionais é um de contas, conselhos de ministros, parlamentos etc.) e a
dos mais importantes fenômenos da atualidade. Como foi padronização de políticas econômicas e monetárias
visto, a formação desses blocos apresenta-se como uma necessárias para garantir, entre os países-membros, níveis
solução, no contexto da globalização, para o aumento da compatíveis de inflação, taxas de juros, déficits públicos etc. É
produtividade e da competitividade dos Estados na economia o caso da União Europeia.
mundial. Isso porque garante um aumento do mercado
consumidor, propicia economias de escala e possibilita aos União Europeia
países que dela participam aproveitar a complementaridade
de suas economias. [ ... ] MATIAS, Eduardo Felipe Pérez. A Formada por meio de acordos e tratados assinados desde
humanidade e suas fronteiras: do Estado soberano à sociedade o início da década de 1950, a União Europeia reúne hoje 27
global. São Paulo: Paz e Terra, 2005. p. 283-290. países, entre eles algumas das maiores potências econômicas
do globo, como Alemanha, Reino Unido e França. A
Surge, então, uma questão crucial: a formação dos blocos importância econômica desse bloco pode ser observada pelo
econômicos significaria um retrocesso ou mesmo uma valor do seu P18, em torno de 17,5 trilhões de dólares,
barreira ao processo de globalização, que poderia levar à superior ao dos Estados Unidos (15 trilhões de dólares), e
formação de um possível mercado global único? Na opinião de também pelo poderio de seu comércio, que representa cerca
muitos especialistas, em vez de ameaçar ou mesmo colocar em de 34 do total mundial.
xeque o processo de integração econômica mundial, o Os objetivos iniciais do bloco, criado ainda na década de
surgimento dos blocos econômicos reforça e amplia as 1950, visavam promover a recuperação econômica dos países-
relações comerciais em âmbito mundial. Isso porque, se as membros que haviam sido devastados pela Segunda Guerra
trocas comerciais e os fluxos de capitais no interior dos blocos Mundial (1939-1945). Do ponto de vista político, sua criação
aumentaram aceleradamente nas últimas décadas, o comércio também buscava deter o crescente avanço da influência
e os investimentos entre os diferentes blocos existentes estadunidense, ocorrida com a implantação do Plano
também vêm se expandindo de maneira significativa com o Marshall, e ao mesmo tempo, impedir o eminente avanço do
estabelecimento de acordos e negociações comerciais entre socialismo que ocorreu no Leste Europeu.
eles. Desde então, os acordos firmados se estenderam a outros
Desse modo, observa-se que o aumento do número de países do continente, culminando com a criação do bloco, que
blocos econômicos já efetivamente formados e de outros que recebeu o nome atual somente na década de 1990, após a
estão em processo de consolidação não contradiz, pelo assinatura do Tratado de Maastricht. É o bloco mais antigo em
contrário, reforça a própria globalização ao se inserir como formação e também o que se encontra em estágio mais
uma das etapas desse processo. avançado de integração (ver quadro abaixo). Por conta disso,
a União Europeia tem servido de modelo para outros blocos
Os diferentes tipos de integração regional que buscam aprofundar o nível de integração econômica,
política e monetária entre seus países.
Os blocos econômicos existentes na atualidade
apresentam diferentes níveis de integração, conforme a Os acordos que levaram ao estreitamento dos laços
intensidade de suas relações e os acordos estabelecidos entre políticos e econômicos entre os países da União Europeia,
os países-membros. Alguns desses blocos já se encontram em como a queda das barreiras alfandegárias, a cobrança de tarifa
estágios de integração mais avançados, outros ainda estão em externa comum e a livre circulação de mão de obra, capitais e
processo inicial de integração. serviços, foram aprofundados com a criação de uma moeda
única, o euro, que desde 1º de janeiro de 2002 circula entre os
Área de livre-comércio: em uma área de livre-comércio, membros do bloco, exceto no Reino Unido e na Dinamarca, que
os países eliminam progressivamente as tarifas alfandegárias não abriram mão de suas moedas. Segundo a Comissão
para estimular os fluxos de comércio e investimentos entre si. Europeia de Assuntos econômicos e financeiros, a Suécia (e
No entanto, cada país do bloco tem autonomia para conservar outros Estados-Membros) não preenchem as condições
sua política tarifária em relação aos países que não pertencem estabelecidas para a adoção da moeda. Desde então, a União
ao bloco. É o caso, por exemplo, do Nafta, bloco econômico que Europeia tornou-se uma união econômica e monetária de fato
reúne os Estados Unidos, o Canadá e o México. com o Banco Central Europeu, sediado em Frankfurt,
Alemanha, exercendo o controle cambial e monetário para
garantir a estabilidade dos preços em toda a zona do euro.
Conhecimentos Gerais 9
APOSTILAS OPÇÃO
Além do Banco Central Europeu, responsável pela política formalizou o desligamento da União Europeia (UE), processo
econômica e monetária do bloco, a complexa integração entre que recebeu o apelido de “Brexit”.
os países da União Europeia ocorre por meio de instituições O embaixador britânico junto à UE entregou a notificação
que regem decisões em outras áreas (política, militar, social e ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Em seguida,
ambiental). As principais instituições são o Parlamento a primeira-ministra, Theresa May, fez o anúncio ao Parlamento
Europeu, o Conselho da União Europeia e a Comissão britânico.
Europeia, envolvidos no processo legislativo; o Tribunal de Agora, está oficializada a ativação do Artigo 50 do Tratado
Justiça, que assegura o cumprimento da legislação europeia; o de Lisboa, documento fundamental que rege o funcionamento
Tribunal de Contas, responsável por fiscalizar o financiamento da União Europeia e que será o norteador desse processo de
das atividades do bloco; além do Comitê Econômico e Social, separação.
representante da sociedade civil. A negociação entre Reino Unido e UE promete ser uma das
mais complexas da história.
Os desafios da integração
A relação entre britânicos e europeus nunca foi das mais
Apesar do êxito já alcançado, o processo de integração de amistosas e sempre houve por parte de alguns grupos no
um bloco econômico de dimensões continentais enfrenta Reino Unido a vontade de deixar o bloco que entrou apenas em
dificuldades para conciliar interesses tão divergentes entre os 1973, anos depois da fundação com o Tratado de Roma.
países constituintes. Superar diferenças no plano econômico, Para se ter ideia, logo em seguida, em 1975, um referendo
político e social são seus principais desafios. que questionava a permanência britânica foi realizado. Na
No âmbito econômico, por exemplo, o bloco congrega ocasião, contudo, 67% dos britânicos preferiram ficar na UE.
desde países ricos e -multo industrializados (Alemanha e Ainda assim, o assunto sempre esteve presente nas rodas
França, com PIBs que excedem 3,6 e 2,7 trilhões de dólares políticas, mas tomou força nos idos de 2013, quando o então
respectivamente) a países com economia muito modesta, que primeiro-ministro, David Cameron, prometeu realizar uma
cassam por dificuldades econômicas e financeiras, como a consulta popular sobre o assunto em resposta à pressão do
Grécia, ou enfrentam problemas de escassez de postos de chamado Partido pela Independência do Reino Unido (Ukip),
trabalho, como a Espanha, onde a taxa de desemprego, em liderado pelo conservador Nigel Farage.
2012, chegou a quase 1/4 da população economicamente Em 23 de junho de 2016, esse novo referendo foi realizado.
ativa. As disparidades socioeconômicas no bloco também são Dessa vez, a maioria dos eleitores votaram pela saída. A
enormes. Enquanto a população de Suécia e Holanda desfruta, disputa, no entanto, foi acirrada (51,9% dos britânicos
por exemplo, dos mais elevados padrões de vida, o índice de votaram a favor da separação, enquanto 48,1% optaram pela
desenvolvimento humano (IDH) da Romênia (0,786) Bulgária permanência) e uma das primeiras consequências dessa
(0,782) se aproxima do IDH de nações subdesenvolvidas. vitória foi a renúncia de Cameron, que deu lugar à Theresa
Os desafios no plano político também são imensos. May.
:Divergências políticas, movimentos nacionalistas e
separatistas (como o dos Bascos na Espanha), fortalecimento O embaixador britânico formalizou o pedido de saída ao
de partidos políticos radicais e xenófobos 8 extrema direita presidente do Conselho Europeu e Theresa já oficializou o
colocam em risco a estabilidade de alguns países, podendo início desse processo ante o Parlamento britânico.
afetar a integração do bloco. Essa separação é regulamentada pelo Artigo 50 do Tratado
de Lisboa, que é a única forma legal de um país deixar o bloco.
O dispositivo foi invocado ao final de março de 2017, mas o
O euro processo será lento, gradual e deve durar até dois anos.
Confira o que diz referido artigo:
A criação do euro inaugurou um novo capítulo na história
da integração europeia. Pela primeira vez, a soberania dos “Artigo 50.
Estados membros foi seriamente limitada, pois o controle da 1. Qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade
nova moeda ficou a cargo de uma instituição fora do alcance com as respetivas normas constitucionais, retirar-se da União.
dos parlamentos ou dos governos dos países - o Banco Central 2. Qualquer Estado-Membro que decida retirar-se da União
Europeu. notifica a sua intenção ao Conselho Europeu. Em função das
[...] A unificação monetária foi sendo preparada orientações do Conselho Europeu, a União negocia e celebra com
lentamente e já estava nos planos dos idealizadores da esse Estado um acordo que estabeleça as condições da sua saída,
integração em 1978, quando França e Alemanha propuseram tendo em conta o quadro das suas futuras relações com a União.
a criação de um Sistema Monetário Europeu. [...] Esse acordo é negociado nos termos do nº 3 do artigo 218 do
A criação do euro possibilitou a eliminação do custo do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. O acordo é
câmbio entre as antigas moedas nacionais, facilitando a celebrado em nome da União pelo Conselho, deliberando por
circulação de mercadorias e negócios nos países que adotaram maioria qualificada, após aprovação do Parlamento Europeu.
a moeda única. [...] 3. Os Tratados deixam de ser aplicáveis ao Estado em causa
a partir da data de entrada em vigor do acordo de saída ou, na
ATENÇÃO! falta deste, dois anos após a notificação referida no nº 2, a menos
que o Conselho Europeu, com o acordo do Estado-Membro em
Saída Britânica da União Europeia – BREXIT3 causa, decida, por unanimidade, prorrogar esse prazo.
4. Para efeitos dos nºs 2 e 3, o membro do Conselho Europeu
Com a invocação do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, ao e do Conselho que representa o Estado-Membro que pretende
final de março de 2017, os britânicos iniciam a saída do bloco retirar-se da União não participa nas deliberações nem nas
europeu. decisões do Conselho Europeu e do Conselho que lhe digam
respeito.
Meses depois de um conturbado referendo que aprovou a
saída do Reino Unido do bloco europeu, o país finalmente
3http://exame.abril.com.br/mundo/5-pontos-sobre-a-saida-do-reino-unido-
da-uniao-europeia/.
Conhecimentos Gerais 10
APOSTILAS OPÇÃO
A maioria qualificada é definida nos termos da alínea b) do primeiros pontos. Independente do cenário, o objetivo é
nº 3 do artigo 238 do Tratado sobre o Funcionamento da União abordar o futuro de maneira geral entre 2017 e 2018.
Europeia.
5. Se um Estado que se tenha retirado da União voltar a pedir Outubro de 2018: rascunho de acordo - Barnier já
a adesão, é aplicável a esse pedido o processo referido no artigo afirmou que o acordo para a saída do Reino Unido deve ser
49.” concluído em outubro de 2018 para dar tempo a sua
ratificação pela Eurocâmara e o Conselho da UE. O governo
Já começam as negociações entre o Reino Unido e a UE. O britânico se comprometeu a que o Parlamento se pronuncie
órgão britânico responsável por isso é o Departamento de sobre o texto.
Saída da União Europeia (DExEU). Ao menos 300 pessoas
estão avaliando os termos dessa saída em Londres e outras 2019: Brexit - A saída efetiva do Reino Unido pode
120 fazem o mesmo em Bruxelas (Bélgica), considerada a acontecer finalmente no primeiro semestre de 2019, antes das
“capital” do bloco. eleições ao Parlamento Europeu previstas para meados do
O plano delineado pelos britânicos foi divulgado em 17 de mesmo ano.
janeiro de 2017 e é composto de 12 pontos que o país
considera prioritários nessa negociação. Rumo ao tratado de livre comércio - Após o acordo de
Entre eles está o controle migratório, proteção dos saída, um pacto completo sobre as futuras relações políticas e
trabalhadores europeus no país, bem como a proteção dos comerciais entre os dois lados do Canal da Mancha poderia
britânicos em outros países que formam o bloco, a cooperação demorar anos, quase sete, de acordo com presidente do
contra o terrorismo, novos acordos comerciais e o Conselho Europeu, ou inclusive 10, segundo um ex-
fortalecimento da união entre as nações do Reino Unido embaixador britânico na UE.4
(Inglaterra, Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia).
Esse último ponto é mais um problema complexo que o Mercosul
Reino Unido terá de resolver, já que a Escócia não ficou
contente com o resultado do Brexit e almeja um novo O Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) é o mais
referendo para avaliar a sua independência. Embora o governo importante bloco econômico da América Latina, integrando a
britânico tenha rechaçado a realização dessa consulta, a economia da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, prevê a votação como participantes efetivos.
para 2018. A origem dessa cooperação foi o Tratado de Integração,
Agora, do lado da UE, o primeiro passo será o Cooperação e Desenvolvimento, assinado entre Brasil e
estabelecimento de diretrizes em torno das negociações que Argentina em 1988, que fixou como meta o estabelecimento
irão conter os posicionamentos e princípios de todo o de um mercado comum, ao qual outros países latino-
processo. Segundo o Conselho Europeu, a prioridade será a de americanos poderiam se unir.
minimizar o clima de incerteza entre os cidadãos, seus países- O atual estágio do Mercosul é o de união aduaneira, ou
membros e as empresas. seja, os participantes negociam uma integração comercial mais
elevadas mantêm uma tarifa externa (cobrança de taxas
Neste primeiro momento, explica o governo britânico, todo alfandegárias) única para os países de fora do bloco.
o arcabouço legal em vigor no país decorrentes da sua filiação Os países da Comunidade Andina e também o Chile são
ao bloco continuam valendo, mas a autoridade que a UE tem considerados como países associados, com vistas à
no Reino Unido acaba a partir da formalização do pedido de integração no Mercosul.
saída.
A ideia é a de tentar garantir uma transição suave, uma vez
que há ao menos 20 mil disposições legais editadas pela UE e
que regulamentam diferentes temas em solo britânico. Com o
tempo, o Parlamento irá avaliar tudo isso e definir quais
permanecem, o que será modificado e o que será deixado para
trás.
Nafta
Por enquanto nada muda quanto aos direitos dos cidadãos
europeus, tanto para àqueles que vivem no Reino Unido, A formalização de acordos comerciais entre Estados
quanto aos britânicos baseados em algum dos 27 países que Unidos, Canadá e México deu origem ao Acordo de Livre-
compõem a UE. Comércio da América do Norte, do inglês North America Free
Contudo, esse é um ponto sensível e prioritário na Trade Agreement (Nafta), a mais importante área de livre-
negociação, embora o governo de May tenha deixado claro que comércio das Américas. O bloco entrou efetivamente em vigor
os estrangeiros estarão protegidos no país. em 1º de janeiro de 1994, quando os países-membros
Já do lado do bloco e em relação aos cidadãos britânicos em decidiram eliminar aos poucos as barreiras alfandegárias em
outros países, um esboço de acordo sobre o tema só deve suas transações comerciais.
surgir no final do ano. Entre outros motivos, a criação desse bloco Nafta: fluxos
comerciais tentou fazer frente ao fortalecimento econômico da
2017-2018: futuro da relação - A UE quer negociar a União Europeia, alcançado graças ao processo de integração
futura relação com o Reino Unido, que poderia incluir um ocorrido naquele continente. Ao contrário do bloco europeu,
eventual tratado comercial, após uma definição sobre as que caminha para uma integração política e econômica
questões da fatura, os direitos dos cidadãos e da Irlanda do completa, o Nafta se restringe muito mais a um acordo
Norte. comercial, não prevendo o avanço para uma união aduaneira
Londres considera que a discussão sobre a futura relação ou um mercado comum.
pode acontecer de modo paralelo à discussão dos três Seu grande destaque fica por conta da poderosa economia
dos Estados Unidos, a maior do mundo, que responde sozinha
4https://g1.globo.com/mundo/noticia/veja-as-etapas-para-a-saida-do-reino-
unido-da-uniao-europeia.ghtml.
Conhecimentos Gerais 11
APOSTILAS OPÇÃO
por 84 do PIB total do bloco, enquanto a participação das Apec: indicadores socioeconômicos
economias canadense e mexicana representa apenas 10 e 6
respectivamente. Se a pujança econômica dos Estados Unidos
não se compara com a do Canadá e a do México, a formação do
Nafta vem consolidando ainda mais a influência econômica
estadunidense em relação aos seus vizinhos.
O impulso alcançado pela economia canadense ao longo do
século passado, por exemplo, dependeu de grandes
investimentos e capital estadunidense. Com o Nafta, a
economia do Canadá se tornou ainda mais subordinada aos
interesses dos empresários estadunidenses, que detêm o
controle acionário de boa parte das empresas canadenses,
inclusive daquelas ligadas aos setores estratégicos ou mais
avançados tecnologicamente (informática, aeroespacial,
eletroeletrônicos, química fina). Por isso, alguns especialistas Embora o processo de integração econômica ainda não
consideram o território canadense uma extensão da economia esteja efetivado, os países da Apec já formam o bloco
dos Estados Unidos. economicamente mais dinâmico do mundo. Atualmente, o
Já no México, a influência do capital estadunidense se bloco reúne uma população de mais de 2,7 bilhões de pessoas,
fortaleceu com o avanço das chamadas maquiladoras - cerca de 39 dos habitantes do planeta, e sua produção
empresas estadunidenses que se instalaram em território econômica soma um PIB superior a 38 trilhões de dólares, o
mexicano na fronteira com os Estados Unidos, em cidades que equivale a 54 da produção mundial.
como Tijuana, Mexicali e Ciudad Juarez. Entre essas empresas, Apesar a esses desafios, o processo de construção do bloco
destaca-se um grande número de indústrias do setor já provocou um grande crescimento econômico, impulsionado
automobilístico (montadores de automóveis, autopeças, pela expansão das trocas comerciais entre os países-membros.
acessórios), montadoras de produtos eletroeletrônicos e de Com o estreitamento de suas relações comerciais, a uma maior
informática, cuja produção se destina sobretudo ao complementaridade entre as economias do bloco. Os recursos
abastecimento do gigantesco mercado de consumo minerais e os combustíveis fósseis explorados em abundância
estadunidense. na Austrália, por exemplo, passaram a abastecer o mercado do
Japão, que apresenta escassez de matérias-primas naturais em
Nafta: indicadores socioeconômicos seu território. Atualmente, cerca de 9 do total das exportações
australianas são para o Japão.
CEI
Conhecimentos Gerais 12
APOSTILAS OPÇÃO
5 SOUZA. I.
Conhecimentos Gerais 13
APOSTILAS OPÇÃO
sistema coreano possui rígido controle político, mas já se nota Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns
o crescimento de um mercado privado. analistas enxergavam que tal soberania pudesse não ser tão
País misterioso? Saiba tudo sobre a Corei do Norte aqui! notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser
Mudanças recentes permitem ao agricultor vender o medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e passava
excedente da sua produção, além de poder reinvestir os lucros a ser medida pelo poderio político e econômico.
ou gastá-lo. A adoção dessa e outras práticas de mercado Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às
surgiu como um mecanismo de sobrevivência diante da fome, sucessivas crescentes econômicas da União Europeia e do
e alguns representantes do governo dizem que é uma medida Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram
momentânea enquanto o país não consegue produzir os bens no final dos anos 2000.
de consumo necessários. De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de
crescimento econômico que colocaram a China como a
Vietnã segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto
O Vietnã adotou o regime socialista em 1976, após a Interno Bruto). Por esse motivo, muitos cientistas políticos
conhecida guerra contra os Estados Unidos. Nos anos 1990, o passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo
governo realizou reformas em sua política econômica, multipolar.
adotando um sistema semelhante ao chinês. Assim, o Vietnã, Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma
que até então possuía uma economia baseada na agricultura, nação que possua o poderio bélico e nuclear dos EUA.
expandiu seu setor industrial, registrando o maior Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas,
crescimento econômico do Sudeste Asiático nos últimos seriam capazes de destruir todo o planeta várias vezes.
anos. Após atrair capitais estrangeiros, o país passou a integrar A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo
o grupo dos “Novos Tigres Asiáticos”, ainda que mantenha um possuindo tecnologia nuclear e um elevado número de
sistema político socialista. armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em
virtude da falta de investimentos na manutenção de seu
arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas
Globalização e pelo país após a Guerra Fria.
É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em
Fragmentação do espaço Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, nomeia a
Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no
sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável.
A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos
globalização polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.
Conhecimentos Gerais 14
APOSTILAS OPÇÃO
A Economia Capitalista Hoje: Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente
Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. para elevar o padrão de riqueza dos países subdesenvolvidos
Suas características tornam-se a cada dia mais claras. Suas como um todo. A maior parte desse aumento foi de
raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com responsabilidade de um restrito grupo de países
as tecnologias dos anos de 1970, que influenciam as potências subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande
atuais de forma marcante. maioria dos mais de 150 países subdesenvolvidos continuou a
No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação
crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e a valorização dos (commodities) e a redução de sua participação no comércio
problemas sociais e ambientais. mundial, exceto os exportadores de petróleo.
Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é
por 23 nações (Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova apontado como um dos indicadores da aceleração do processo
Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União de globalização, que criou uma maior dependência das
Europeia), torna-se cada vez mais rico. Em 2005, a população economias nacionais em relação à economia internacional,
dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do total pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos
mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do trabalhadores fica dependente do desempenho de seus países
PIB mundial), o que dava uma renda per capita de mais de 35 no mercado mundial.
mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% Esse crescimento do comércio e essa maior dependência
da população mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do das economias nacionais são o resultado das políticas de
mundo. liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final
Uma das características político-econômicas mais da Segunda Guerra Mundial. Desde então, as taxas
importantes da Nova Ordem Internacional foi o crescente uso alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do
dos princípios teóricos do neoliberalismo. O jornalista mundo caíram de 40% para menos de 5%. Por outro lado, o
Ignacio Ramonet, do jornal francês Le Monde, acredita que os crescimento do comércio internacional foi fruto da maior
neoliberais criaram, com seu pragmatismo, um conjunto de integração e complementação econômica dos conjuntos de
regras econômicas muito claro, que se resume aos seguintes países que formaram organizações ou zonas de livre comércio,
aspectos: como a União Europeia e o Nafta.
* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas;
* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido; Características da Nova Ordem Internacional:
* As empresas estatais devem ser privatizadas; A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por
* O Banco Central de cada país deve ser independente; um amplo conjunto de aspectos. Citaremos todos, porém, nos
* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação; atentaremos mais detalhadamente, à Globalização.
* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições; São eles:
* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e * Investimentos em P&D;
desregulamentados; * Os blocos econômicos;
* A produção industrial deve ser internacionalizada, * Dívida externa;
buscando-se mão-de-obra mais barata; *Desemprego;
* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e * As economias em transição;
competitivas. * O problema da pobreza.
Conhecimentos Gerais 15
APOSTILAS OPÇÃO
corporações, que controlam a oferta de empregos e e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o Estado
investimentos. abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado seus ativos, e passou a exercer o papel de organizador e gestor
em direção a uma crescente homogeneização, fruto da de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania
imposição de um sistema econômico e social globalizado sobre nacional passou por uma revisão.
toda a superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo As aquisições e fusões que têm caracterizado a
sofreu uma forte aceleração, especialmente porque o polo de globalização desde o início da década de 1990 não pretendem
oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os
mundo, criando a bipolaridade da Guerra Fria, entrou em crise. empregos. A função dessa onda de fusões é cortar as atividades
Os investimentos internacionais são realizados de forma redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a
direta, pelas empresas transnacionais que implantam ou concentração de capitais. O resultado final tem sido sempre a
ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se elevação das taxas de desemprego e o aumento da
relacionam aos fluxos de capital que entram por meio de monopolização.
empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de
exportações, vendas de títulos públicos no exterior e O volume das transações financeiras provocadas pelas
investimentos no mercado financeiro (especialmente em fusões de grandes empresas tem ampliado o mercado de ações e
bolsas de valores). Observe sua evolução recente: acelerado a movimentação de capitais.
Conhecimentos Gerais 16
APOSTILAS OPÇÃO
formados na Europa, a partir do século XV. Nessa época, esses Considerando que o desenvolvimento tecnológico é um
Estados expandiram o comércio, explorando os produtos e elemento importante para o processo de globalização, o Brasil,
recursos da América, da África e da Ásia e passaram a exercer no início do século XXI, ocupava a desconfortável 43ª posição
forte domínio sobre os povos desses continentes, controlando no mundo em conquistas tecnológicas.
a extração e a produção neles realizadas.
As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não Ranking tecnológico (em 2001)
possuíam autonomia administrativa, e seus recursos e
riquezas eram explorados intensamente, em benefício de Índice de conquistas tecnológicas
alguns países, como Portugal, Espanha, Holanda, França e
Inglaterra (as metrópoles).
A exploração dos recursos das colônias, como metais
preciosos, minérios e produtos agrícolas, proporcionou de fato
um grande enriquecimento às metrópoles.
Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo.
São os casos da Austrália, Nova Zelândia, Canadá e dos EUA.
Conhecimentos Gerais 17
APOSTILAS OPÇÃO
situação econômico-financeira de um país, conforme a seu desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo
dependência desse país em relação aos investimentos processo, o crescimento econômico de uns foi conseguido em
externos. As agências internacionais de investimentos, por sua detrimento de outros.
vez, divulgam relatórios constantemente sobre a capacidade Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais
dos países para pagar seus compromissos externos e avaliam dividem o mundo em dois grandes grupos: o dos países ricos,
o “nível de segurança” de cada país. Essa classificação recebe o mais industrializados, desenvolvidos, com menores
nome de risco-país, e os investidores levam em conta esses problemas sociais, e o dos países pobres, menos
relatórios ao aplicarem seu capital. industrializados, que contam com inúmeros problemas
Enfim, nesse mundo globalizado, o sistema financeiro sociais, incluindo enorme quantidade de pessoas que vivem
internacional acaba tendo forte influência na vida das em precárias condições de vida. Esses grupos não são
sociedades dos diversos países, com consequências muitas homogêneos, apresentando grandes diferenças.
vezes negativas.
Grandes conjuntos de países
O que é risco-país: Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra
É uma classificação baseada na diferença entre o juro pago Mundial, passaram a investir na indústria, ficando conhecidos
por um papel (título) e a taxa oferecida por um título com como países em subdesenvolvimento. Como a Primeira
prazo de vencimento semelhante pelo Tesouro dos Estados Revolução Industrial ocorreu no século XVIII e a Segunda
Unidos, título este considerado o papel mais seguro do planeta, Revolução Industrial no século XIX, esse processo é
de risco praticamente zero. Essa avaliação é realizada por considerado industrialização tardia ou retardatária. E o
agências de investimentos como Moody`s, Standard & Poor`s caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos (Coreia
(S&P) e Fitch (todas norte-americanas). do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China).
A classificação reflete, na visão dos investidores, qual é a Os países ricos e pobres já receberam diversas
possibilidade de o país pagar ou não suas dívidas interna e denominações. Uma delas, a partir da década de 1980, refere-
principalmente externa. se à localização geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a
Quanto maior a taxa de risco de um país, mais altos serão ser chamados de países do Norte, pois na sua maior parte
os juros que o governo terá de pagar para renovar ou obter encontravam-se no Hemisfério Norte. Os subdesenvolvidos,
novos empréstimos, e menos para receber novos localizados majoritariamente no Hemisfério Sul, ficaram
investimentos. (Adaptado de Folha de São Paulo, 13/06/2002, conhecidos como países do Sul.
p. B-4 e 22/10/2002, p. B-1). Mais recentemente, com a expansão e a
internacionalização dos mercados, os países foram divididos
Os países, para serem confiáveis, deveriam cumprir as em países centrais, mercados emergentes (ou
normas e as sugestões do “Consenso”. Nada era obrigatório, semiperiféricos) e países periféricos.
mas seguir suas determinações básicas era condição para Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e
receber ajuda financeira externa e atrair capitais estrangeiros. Argentina), o processo de industrialização apoiou-se no
modelo de substituição de importações, que incluía a
A escala regional na ordem global proteção do mercado interno, a proibição da entrada de
manufaturados estrangeiros e o fortalecimento de indústrias
Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU locais (nacionais e transnacionais).
reconheceu, por maioria, a Palestina como Estado observador Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos,
não membro (Nova York, Estados Unidos). Para muitos industrializaram-se a partir do modelo de plataformas de
analistas, esse reconhecimento poderia ter significado a exportação, no qual empresas transnacionais se instalam em
retomada do processo de paz. determinado país e passam a exportar sua produção para
outros países, onde o produto final é montado.
Comércio desigual e regionalização na economia global
De acordo com a inserção na economia mundial, é possível Mudanças nos padrões de divisão internacional do
identificar grandes conjunto de países. A profunda trabalho
desigualdade na participação no comércio mundial está Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças
relacionada com as mudanças nos padrões da divisão nos padrões da divisão da produção e do comércio
internacional do trabalho. internacional, com o crescimento da participação dos países
em desenvolvimento nas exportações de manufaturados.
Inserção desigual dos países na economia mundial No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos,
Os países não se inserem na economia mundial da mesma incluindo o Brasil, eram predominantemente
maneira. O atraso econômico de muitos países é resultado de agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do
um processo histórico. O crescimento econômico das nações trabalho essas economias estavam assentadas
nos últimos séculos se confunde com a própria história do principalmente na exportação de matérias primas ou
desenvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais)
estabeleceu uma divisão internacional do trabalho. Os países para os países ricos. Por outro lado, os países
dominantes ficavam com a maior parte da riqueza produzida, subdesenvolvidos recebiam dos países desenvolvidos
enquanto as colônias tinham a função de contribuir para a produtos do setor secundário (industrializados) e do setor
acumulação de capital nas metrópoles. terciário (comércio, capital, tecnologia). Os produtos
A economia capitalista se desenvolveu concentrando exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor
riqueza e poder nas mãos das elites, principalmente das valor que os exportados pelos países desenvolvidos. Na
potências dominantes, criando em contrapartida regiões produção industrial e tecnológica estão os produtos de maior
pouco desenvolvidas economicamente e pouco valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza
industrializadas, chamadas a partir da segunda metade do incorporada.
século XX de subdesenvolvidas. Desde as últimas décadas do século XX, os países em
Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos desenvolvimento têm encontrado algumas brechas para
países chamados subdesenvolvidos esteve durante muito produzir e colocar produtos manufaturados no comércio
tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos mundial. No entanto, em grande parte, ainda exportam
naturais e humanos impediu o seu crescimento econômico e produtos que agregam apenas tecnologia tradicional.
Conhecimentos Gerais 18
APOSTILAS OPÇÃO
O êxito no mercado internacional, com entrada industrialização de Chile, Egito, Turquia, Ilhas Maurício,
significativa de divisas, não ocorre apenas para produção e Venezuela, Colômbia, Peru, Argélia e Marrocos.
exportação de grande volume de mercadorias. O que importa Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais
mais é o valor agregado à mercadoria. No caso, os países dinâmicos, que respondem por até 80% das exportações dos
desenvolvidos agregam alta tecnologia. países em desenvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia,
A maior parte do aumento da participação dos países em são apenas sete: China, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura,
desenvolvimento no mercado de bens manufaturados provém Taiwan, México e Índia.
da Ásia Oriental e do Pacífico. A China e a Índia, economias que têm crescido muito,
Somente um pequeno grupo de países participa das integram-se ao esquema de produção e comercialização
exportações de alta e média tecnologia (China e Taiwan, Coreia fabricando, entre outros, partes de componentes para
do Sul, Malásia, Cingapura, Índia, além do México, na América computadores ou carros. Contando com um terço da
Latina). população mundial e com grandes taxas de crescimento
O mesmo acontece com as exportações de manufaturados econômico, apesar de apresentarem grandes problemas
com utilização de baixa tecnologia, nas quais se destacam sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes
China, Taiwan, Coreia do Sul, México e índia. poderia redefinir o poder mundial.
Outros fatores como o custo dos transportes a distância Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da
entre os mercados mundiais influem no comércio. primeira metade do século XXI será impossível ignorar a sigla
Brics – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
Nova divisão internacional do trabalho (South Africa). Inicialmente, os quatro primeiros países
Atualmente, tem-se estabelecido entre os países uma nova constituíram o Bric, um grupo de cooperação que realizava
divisão internacional do trabalho, destacando-se três reuniões anuais com o objetivo de aumentar sua importância
grupos de países: os industrializados centrais, os geopolítica no cenário mundial. Em 2011, a África do Sul foi
industrializados semiperiféricos e as economias periféricas, formalmente incluída no grupo, por apresentar
predominantemente agroexportadoras. desenvolvimento similar. Esses países são considerados a elite
Os países industrializados centrais iniciaram sua dos mercados emergentes com crescente importância na
industrialização ainda no século XIX, formando uma indústria economia global. Segundo prognósticos, esses cinco países
nacional e consolidando um mercado interno. Atualmente deverão estar entre as maiores economias do planeta,
fabricam e exportam produtos da indústria de ponta desbancando potências como o Japão e a Alemanha.
(informática, aeroespacial e outras), os quais agregam alta Os países de fraca industrialização (ou periféricos)
tecnologia. constituem-se de parte dos países asiáticos, parte dos latino-
Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns americanos e a maioria dos africanos. Contando com pouca
países da Europa Ocidental (Alemanha, França, Reino Unido, industrialização e tendo por base uma economia
Itália, Holanda, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá. agroexportadora, participam marginalmente do mercado
O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados mundial, fornecendo principalmente produtos primários.
Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá) Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do
é conhecido como G-7. Em alguns casos a Rússia integra esse Marfim), de tabaco (Zimbábue) e de minérios, como o
grupo, que passa a ser denominado G-8. diamante (Botsuana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia).
Os países industrializados semiperiféricos formam um Na América Central e América do Sul, Jamaica e Suriname
grupo muito diversificado e a maior parte tem pouca exportam bauxita; a Bolívia, gás natural; e o Chile, cobre. Na
porcentagem de participação nas exportações de produtos Ásia, o Sri Lanka depende das exportações de chá.
manufaturados. As cotações das commodities (mercadorias em estado
Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus bruto ou produtos primários) são fixadas pelos países ricos,
(como Polônia, Espanha, Portugal e Grécia) ou ex-colônias sendo constantemente depreciadas. Além disso, os países ricos
europeias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam mantêm um conjunto de barreiras protecionistas e de
como espaços de produção industrial anexos dos países subsídios agrícolas, desfavorecendo ainda mais os países
centrais. periféricos.
Alguns países da Comunidade de Estados Independentes
(CEI), como Rússia, Cazaquistão, Belarus e Ucrânia, tentam se Interesses econômicos e comércio internacional
reorganizar industrialmente após o abandono do regime Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a
socialista. Conferência de Bretton Woods, realizada em 1944 nos Estados
Também fazem parte desse grupo países da América Unidos, estabeleceu novas regras financeiras e comerciais
Latina, como México, Brasil e Argentina, que fabricam e mundiais. O sistema monetário internacional utilizava o
exportam produtos industrializados utilizando padrão-ouro para definir o valor das moedas a partir do peso
principalmente baixa e média tecnologia, mas também do ouro ou equivalente (1870-1914). A substituição do
exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), definido
vegetais. na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados
Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua Unidos a principal moeda internacional, assegurando seu
participação nas exportações mundiais, representando 31,5% predomínio nos bancos centrais dos países e no comércio
do total em 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados mundial. Os Estados Unidos se comprometiam a trocar,
Unidos tornando-se a primeira potência comercial do mundo. sempre que necessário, dólares por ouro.
Os Tigres Asiáticos constituíram uma indústria nacional Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em
voltada para o mercado internacional, abastecendo-o com dólar e em ouro para o Fundo Monetário Internacional
produtos de tecnologia avançada (computadores, automóveis (FMI), um dos organismos criados nessa conferência, que
e aparelhos eletrônicos). Investimentos em educação tinha a função de garantir a estabilidade do sistema financeiro
produziram uma mão de obra qualificada, embora barata. para favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio
Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto formado por Malásia, mundial. Posteriormente esse organismo passou a
Indonésia, Filipinas e Tailândia, procuram aumentar sua supervisionar as dívidas externas dos países.
produção e exportação de manufaturados. Esses países se Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi
industrializaram na década de 1970, na mesma época da criado também o Banco Mundial, em 1945, que financiou a
reconstrução da Europa no pós-guerra. Atualmente realiza
Conhecimentos Gerais 19
APOSTILAS OPÇÃO
empréstimos para países periféricos ou semiperiféricos. Uma créditos imobiliários. Essa crise imobiliária provocou uma
das principais instituições que compõem o Banco Mundial é o crise mais ampla no mercado financeiro americano, afetando
Banco Internacional para a Reconstrução e o o desempenho da economia mundial.
Desenvolvimento (Bird). Por causa dessa crise, as economias do mundo rico
Na fase da globalização financeira, déficits na balança de encolheram 3,2% em 2009 e cresceram, em média, 2% em
pagamentos dos Estados Unidos levaram o país a declarar, em 2010. O desemprego também aumentou nesses países,
1971, que não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi atingindo patamares acima de 8%. Em contrapartida, no Bric,
estabelecido o padrão financeiro de câmbio flutuante, a crise teve um impacto menor.
adotando-se o sistema de taxas de câmbio flutuantes entre Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente
divisas. Dessa maneira, abriu-se o caminho para os programas concentrado nos países mais ricos, e os principais
de reajuste estrutural, impostos pelo FMI aos países prejudicados da crise financeira foram os mais pobres.
periféricos, e para a liberalização do comércio externo. Os Segundo projeções do Banco Mundial, o número de pessoas
países subdesenvolvidos obtiveram permissão para contrair muito pobres será maior até 2020 do que poderia ser se o
empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países crescimento econômico não tivesse diminuído desde 2008 e os
em desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões programas sociais não tivessem sido afetadas.
de dólares oprimindo-os e impedindo-lhes o desenvolvimento.
Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras, Referências Bibliográficas:
foram consideradas “odiosas” por alguns economistas e
organizações, pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo TERRA, Lygia; et. al. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª
edição. São Paulo: Moderna.
o pagamento de enormes quantias tem sido insuficiente para
quitar parte dessa dívida externa diante dos altos encargos de
Questões
juros e dos serviços da dívida (reembolso anual de capital e
interesses vencidos). Estima-se que a África Subsaariana
01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início
pagou duas vezes o montante de sua dívida externa, entre
dos anos 1990, o mundo assistiu à derrocada do chamado
1980 e 1996, mas encontra-se três vezes mais endividada.
Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo
Sendo assim, os países pobres passam a depender de mais
como consequência o fim da Guerra Fria e o surgimento de
empréstimos de instituições como o FMI e o Banco Mundial
uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como
para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às
características, EXCETO,
imposições de ajustes estruturais.
(A) o controle do mercado mundial por grandes
Outro organismo que estabelece regras para o comércio
corporações transnacionais.
internacional, visando diminuir barreiras comerciais, é a
(B) aprofundamento da Globalização da economia e
Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995
consolidação da tendência à formação de blocos econômicos
em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt),
regionais.
de 1947. Em diversas negociações, esse organismo tem
(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem
favorecido os países mais industrializados, como entre 1986 e
ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da ex-Iugoslávia.
1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, na Rodada do Milênio;
(D) ampliação das desigualdades internacionais.
e, em 2001, na Rodada de Doha.
(E) a existência de uma realidade mais complexa, com
De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos
múltiplas oposições ou tensões econômicas, étnicas, religiosas,
– 13,5% para os Estados Unidos e Japão, e 14,3% para os da
ambientais etc.
União Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres
(cerca de 30%). Isso se deve ao fato de que a pressão da União
02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente
Europeia e dos Estados Unidos foi maior para exportar seus
Administrativo – CONSULPAM/2015) A nova economia
produtos industriais e serviços a taxas aduaneiras mais baixas
internacional possui elementos característicos onde os que se
do que a diminuição de subvenções e créditos protecionistas
destacam são os que se referem ao quadro geral determinado
aos seus produtos agrícolas. Esse fato acentuou ainda mais a
pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual
desigualdade de condições dos países no comércio mundial.
cenário mundial é assinalado pela:
Por causa dessas dificuldades, outras organizações
(A) bipolaridade
exercem um poder político importante no contexto
(B) unimultipolaridade
internacional. Esse é o caso da Conferência das Nações
(C) velha ordem mundial
Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad),
(D) Nova Guerra Fria
que desde 1964 presta auxílio técnico aos países em
desenvolvimento para a integração no comércio mundial. Por
03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE) Com
considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países
relação à geografia política mundial, julgue o item a seguir.
apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos.
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e
A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
outra econômica. Na geopolítica, houve uma mudança para um
também é um bom exemplo de organização paralela de defesa
mundo multipolar, onde as potências impõem mais por seu
de interesses.
poder econômico que pelo poder bélico. Na economia, o que
aconteceu foi o processo de globalização e a formação de
Fluxos do comércio internacional
blocos econômicos supranacionais.
Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio
(....) Certo (....) Errado
internacional tem apresentando crescimento acelerado, ciclo
que foi momentaneamente interrompido com a crise
04. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a derrocada do
financeira dos Estados Unidos, no final de 2008.
socialismo real e da União Soviética, entre 1989 e 1991, surgiu
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de
uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser
expansão acelerada desde 2001, estimulado pela queda
unipolar, com uma única superpotência, os Estados Unidos.
gradativa de juros e incorporação de segmentos da sociedade
Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve
de renda mais baixa e com dificuldade de comprovar sua
período transitório, pois o poderio estadunidense vem se
capacidade de pagamento de débitos. Esses negócios
enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em comparação
estimularam o mercado de títulos de maior risco até gerar uma
com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia
reação em cadeia de inadimplência que quebrou o mercado de
Conhecimentos Gerais 20
APOSTILAS OPÇÃO
etc...)." Vesentini, Wiliam - 2009. Assinale a afirmativa correta os Refugiados. The 1951 Convention relating to the Status of
sobre os fatos da nova ordem mundial: Refugees. Em: www.unhcr.ch).
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido
envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua população. Globalização e Fragmentação
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a
economia, a herdeira da Ex União Soviética, Rússia, voltou a ser Nas últimas décadas do século XX, ao mesmo tempo em
uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de que se intensificava o processo de globalização, ampliavam-se
tecnologia de ponta. os conflitos étnico-nacionalistas, muitos deles relacionados a
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um movimentos separatistas. A ampliação desses conflitos revela
Megabloco na Ásia é a desconfiança de algumas importantes uma situação aparentemente contraditória, pois, ao mesmo
nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país tempo em que a reprodução da modernidade, em nível global,
imperialista, sobretudo pela brutalidade e pelo racismo tende a homogeneizar hábitos por meio do consumo e da
demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de indústria cultural, e integrar mercados por meio das
seus territórios. organizações supranacionais, diversos povos lutam por sua
(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia autonomia, fragmentando o mundo num número cada vez
ameaçar a hegemonia estadunidense, em função do maior de países.
crescimento econômico e do regime político democrático. No entanto, se por um lado, a busca pela independência,
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é pela afirmação da identidade nacional e dos valores culturais
favorecida pela abundância de recursos minerais e ausência de próprios pode ser vista como reação à globalização, por outro
problemas étnicos, sociais e político territoriais. lado, a capacidade que a modernidade tem de se reproduzir
não depende do fato de existirem mais ou menos países no
05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O mundo.
processo de mundialização da economia capitalista inaugurou Os conflitos étnico-nacionalistas estão relacionados, de
uma nova divisão internacional do trabalho porque modo geral, com a formação de Estados ou países que abrigam
(A) a diversidade das plantas industriais, até então diversas nações (multinacionais ou multiétnicas).
vigentes nas mais diferentes economias do planeta, sofreram
homogeneização, excluindo a complementaridade. Estado e Nação
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens
industrializados e países unicamente produtores de matérias- O conceito de nação está diretamente relacionado ao de
primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava. cultura. Mas é importante ressaltar que, entre os estudiosos,
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal não há consenso em relação à definição de nação. Optamos por
à antiga divisão vertical do trabalho, mediante eliminação de empregar a conceituação que diferencia nação de Estado-
níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial nação.
(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos Estado-nação é uma entidade político-administrativa,
mercados de países centrais e criou bases produtivas personificada por diversas instituições (Forças Armadas;
adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais. poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), que possui um
território delimitado, sobre o qual age soberanamente.
Respostas Nação é um conjunto de pessoas que têm em comum o
passado histórico, a língua, os costumes, os valores sociais,
01. Resposta: C. culturais e morais, e, quase sempre, a religião. Tudo isso
02. Resposta: B. confere à nação uma identidade cultural, uma consciência
03. Resposta: Certo. nacional, que contribui para que os seus indivíduos
04. Resposta: C. compartilhem determinadas aspirações, como, por exemplo, o
05. Resposta: B. desejo de permanecerem unidos, de se promoverem em
termos sociais e econômicos, e de preservarem sua identidade
nacional (aspecto importantíssimo no conceito de nação).
5) Conflitos étnicos,
No mundo, a maioria dos países é constituída por diversas
políticos e religiosos atuais nações, ou seja, os Estados são multinacionais ou multiétnicos.
As principais razões das lutas separatistas de cunho
nacionalista são explicadas pela não-aceitação das diferenças
Conflitos Étnico-Nacionalistas e Separatismo étnicas e culturais, pela existência de privilégios impostos pela
supremacia de um grupo sobre outro, pelos interesses
A disputa pela soberania sobre territórios e pela definição econômicos de determinados grupos sociais e pelo desejo de
de novas fronteiras tem ocasionado numerosos conflitos pelo nações em constituírem seus próprios Estados.
mundo. Muitos desses conflitos também são gerados pelas Mas nem todo movimento nacionalista parte de interesses
divergências entre povos de culturas diferentes. legítimos. Outra concepção de nacionalismo prega o uso da
Essas questões geradoras de instabilidades têm estado força para defender seus interesses, e considera o outro, em
cada vez menos isoladas, repercutindo mundialmente e função das diferenças étnicas ou raciais, como inimigo e
influenciando questões econômicas, políticas e militares no adversário. Nesta concepção o nacionalismo confunde-se com
atual mundo globalizado. o racismo e a xenofobia. Foi essa concepção de nacionalismo
Estudaremos alguns dos principais conflitos no mundo e que Hitler colocou em prática na Alemanha.
sua repercussão internacional. Portanto, as lutas étnicas e nacionalistas, que se
multiplicaram nas duas últimas décadas do século XX, devem
Um refugiado é uma pessoa que, “receando, com razão, ser ser analisadas a partir dos aspectos peculiares a cada uma
perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, delas e dos diferentes contextos histórico-geográficos em que
filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se se desenvolveram.
encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa
ou, em virtude daquele receio, contar com a proteção daquele
país...” (ONU, Acnur – Alto Comissariado das Nações Unidas para
Conhecimentos Gerais 21
APOSTILAS OPÇÃO
O Islamismo é a religião que mais cresce no mundo. Conta, Bálcãs é uma região peninsular localizada no sudeste da
atualmente, com cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fiéis Europa, onde hoje estão situadas a Bulgária, Albânia, Grécia,
espalhados, sobretudo, pelo Oriente Médio, norte da África e Turquia (trecho europeu), Iugoslávia, Croácia, Eslovênia,
sudeste asiático, onde se encontra a Indonésia, país com a Macedônia e Bósnia – Herzegovina. O termo balcanização é
maior população islâmica do mundo. Essa religião foi fundada uma referência aos diversos conflitos étnico-nacionalistas que
por Maomé, no século VII, e baseia-se no Corão ou Alcorão, ocorreram e ocorrem na região, onde a instabilidade das
também chamado de Livro de Deus (Kitab Alah). Os seguidores fronteiras é uma marca. Esse termo é utilizado para se referir
do Islamismo são denominados muçulmanos. aos movimentos separatistas que se alastram por todo o mundo.
Mas a interpretação do Corão não é a mesma para todos os
muçulmanos. Para vários deles, certos aspectos das Até 1991, a Iugoslávia era formada por seis repúblicas
sociedades ocidentais, como, por exemplo, a liberdade de (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia,
expressão e de religião, e a igualdade de direitos entre homens Montenegro) e duas regiões autônomas (Kosovo e Vojvodina)
e mulheres, são incompatíveis com as leis do Corão. pertencentes à Sérvia.
Para os fundamentalistas, o Ocidente, com seus valores, A população iugoslava compunha-se de várias
constitui uma ameaça à sociedade muçulmana. Superado o nacionalidades (sérvios, croatas, eslovenos, macedônios,
“perigo vermelho”, representado pela URSS, o albaneses, húngaros) e alguma delas encontravam-se
fundamentalismo islâmico surge como um dos grandes espalhadas em praticamente todas as seis repúblicas. Além
“vilões” do Ocidente. Após os atentados de 11 de setembro de disso, no país predominavam três religiões (muçulmana, cristã
2001, essa imagem tem sido muito explorada pelos Estados ortodoxa católica romana) e falavam-se cinco idiomas (sérvio-
Unidos, que relacionam os grupos fundamentalistas ao croata, esloveno, albanês, húngaro, macedônio).
terrorismo. Essa complexa composição étnica manteve-se unida sob o
Além dos esforços de preservação cultural, o crescimento governo de Josip Broz (marechal Tito), líder de origem croata,
do fundamentalismo islâmico está relacionado aos sucessivos que, devido ao carisma e habilidade política e apoio do aparato
fracassos econômicos e políticos dos governos de vários países militar, conseguiu congregar, num único Estado, toda a
muçulmanos da Ásia e do norte da África, os quais, com o diversidade nacional, religiosa e étnica.
término da Segunda Guerra Mundial, conquistaram sua A morte de Tito, em 1980, comprometeu esta relativa
independência e passaram a ter governos próprios. estabilidade. Em 1990, o fim da URSS fortaleceu os
Desde então, o caos econômico e social, aliado ao movimentos separatistas que desabrocharam em todas as
autoritarismo e à corrupção da classe política dirigente, repúblicas iugoslavas. O poderio militar da federação
passou a representar um terreno extremamente fértil para a iugoslava, em grande parte controlado pelos sérvios, tentou
expansão do fundamentalismo islâmico em alguns países. A impedir a independência destas repúblicas e, para isso, conto
população muçulmana foi depositando cada vez mais suas com o apoio dos sérvios que nelas viviam.
esperanças nas próprias raízes religiosas e culturais, já que a Em junho de 1991, a Eslovênia e a Croácia declararam
chegada da modernidade só trouxe benefícios para uma independência, que foi reconhecida pela Iugoslávia após breve
minoria – a elite econômica. período de violentos conflitos. A Macedônia seguiria o mesmo
Além disso, a independência política conquistada por esses alguns meses depois. Neste caso, não houve guerra com o
países também não significou a eliminação das interferências governo central. Em abril de 1992, a Bósnia-Herzegovina
externas das grandes potências mundiais. A posição das também declarou independência, dando origem ao mais
grandes potências mundiais – sobretudo dos Estados Unidos – violento e intenso conflito da região balcânica.
em relação aos governos dos países islâmicos, sempre foi
ambígua. No Oriente Médio, por exemplo, o petróleo foi o fio A Independência da Bósnia
condutor que determinou o apoio norte-americano a um ou
outro governante, de acordo com as vantagens econômicas e A Bósnia-Herzegovina era a república iugoslava
estratégicas que pudessem ser abertas nessa região. etnicamente mais heterogênea: 39,5% de muçulmanos, 32%
de sérvios, 18,4% de croatas.
Principais Conflitos Étnicos na Europa Após ter sua independência reconhecida por diversos
países europeus, pelos Estados Unidos e pela ONU, croatas,
Os conflitos no centro e leste da Europa estão relacionados muçulmanos e sérvios passaram a disputar fatias do território
ao fim dos governos socialistas de cunho centralizador e bósnio. A guerra civil da Bósnia teve início em 1992 e tornou-
autoritário, os quais foram implantados em diversos países se acirrada quando o líder sérvio, Radovan Karadzic, contrário
dessa região após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a à separação, proclamou a formação da República Sérvia da
história da diversidade e dos conflitos étnicos na região é Bósnia-Herzegovina, não reconhecendo a independência do
antiga. Ela resulta da expansão dos impérios Russo, Otomano país. A guerra se estendeu até 1995, apresentando um saldo de
e Austro-Húngaro, e da decomposição desses dois últimos mais de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados
entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do muçulmanos. Essa guerra foi marcada pelo extermínio
século XX. Esses impérios controlaram diversas nações – (“limpeza étnica”) dos não-sérvios que viviam na ex-república
praticamente as mesmas que foram submetidas aos regimes iugoslava, o qual contou com o apoio do então presidente da
comunistas do pós-guerra – e foram responsáveis pela nova Iugoslávia, Slobodan Milosevic.
instabilidade nas fronteiras dessa região europeia.
Os conflitos nacionalistas também estão relacionados, Limpeza étnica é a situação em que um Estado ou
muitas vezes, à falta de perspectivas de melhoria das governante promove a expulsão e/ou extermínio de um grupo
condições de vida da população mais atingida pelas más étnico, geralmente minoritário, em seu território. Os métodos
condições socioeconômicas de determinado país. Soma-se, a utilizados também envolvem perversidades e atrocidades, como
tudo isso, o sentido nacionalista – a vontade de ver os símbolos a morte indiscriminada de civis, estupro de mulheres, incêndio
da nação não mais submetidos a outro poder. Esse sentimento, de residências, etc. O objetivo é amedrontar a população e
apesar de ser um elemento aglutinador, de criar laços de promover a fuga em massa do território. Busca-se, desta forma,
solidariedade, pode ser facilmente manipulado por líderes um equilíbrio étnico favorável ao grupo que detém o poder.
inescrupulosos.
Conhecimentos Gerais 22
APOSTILAS OPÇÃO
Em 1995, um acordo de paz selou o fim da guerra na sofrendo censura e perseguição política, o que também se
Bósnia. Esse acordo dividiu o país em uma Federação estendeu a povo basco, que foi impedido de falar e ensinar sua
muçulmano-croata, que controla 51% do território bósnio, e língua nas escolas, assim como de hastear sua bandeira e
uma República Sérvia da Bósnia, que controla 49%. O governo promover manifestações tradicionais de sua cultura.
é regido por uma presidência colegiada, com representantes Nesse contexto de forte repressão política, surgiu um
das três etnias. movimento separatista em prol da libertação dos bascos
No entanto, a permanência de povos inimigos históricos e chamado Euskadi Ta Askatasuna ou “Pátria Basca e Liberdade”,
com ambições territoriais e nacionalistas no mesmo país e as mais conhecido como ETA, criado em 1959 por dissidentes do
dificuldades de uma administração conjunta tornam a região Partido Nacionalista Basco. Nas décadas seguintes, o ETA
bastante instável. passou a defender a independência dos bascos por meio da
Apesar do acordo de paz ter sido assinado em Paris, ele luta armada, sobretudo com ações terroristas. Ao longo de sua
ficou conhecido por Acordo de Dayton, nome da cidade dos história, os ataques do ETA provocaram a morte de mais de
Estados Unidos em que está situada a Base Aérea de Wright- 800 pessoas, entre políticos, militares e civis, as maiores
Patterson, local em que as negociações foram realizadas. vítimas.
Em 2006, o ETA declarou cessar-fogo, mas a duração desse
A Guerra de Kosovo ato foi de poucos meses. Em dezembro do mesmo ano, a
organização promoveu o maior atentado terrorista de sua
A partir de 1998, os conflitos passam a se desenrolar na história. O episódio foi marcado pela explosão de um carro-
região de Kosovo, habitada predominantemente por bomba em um dos terminais do aeroporto de Madri, que
população de origem albanesa (90% dos dois milhões de destruiu parte das edificações e deixou dezenas de civis
habitantes) e que, desde 1989, tinha perdido parte da feridos e dois mortos. O uso da violência, no entanto,
autonomia em relação ao poder central iugoslavo, como o comprometeu a imagem da organização perante a opinião
direito ao ensino em língua albanesa e a uma polícia própria. PÚBLICA. O ETA perdeu prestígio e apoio popular,
Para fazer frente ao crescimento do movimento enfraquecendo-se politicamente. Em 2011, a organização
separatista armado, liderado pelo ELK (Exército de Libertação divulgou comunicado informando seu fim definitivo. Ainda
de Kosovo), o então presidente da Iugoslávia, Slobodan assim, a questão está longe de ser resolvida. Na Espanha, a
Milosevic, contra-atacou com violência a região de Kosovo. esquerda nacionalista continua se articulando para criar novas
Alegando combater os separatistas e defender a integridade organizações supostamente comprometidas a usar apenas
do país, promoveu um massacre à população civil. Em 1999, a meios pacíficos para atingir seus fins políticos. O governo
OTAN negociou com a Iugoslávia o fim do conflito e a volta da espanhol, por sua vez, tem impedido a legalização de tais
autonomia de Kosovo. Diante da recusa iugoslava, as tropas da organizações.
OTAN lançaram um intenso ataque ao país. A guerra de Kosovo
terminou após 78 dias de bombardeiros liderados pelos A questão Irlandesa
Estados Unidos. Essa ação, classificada pelo governo norte-
americano de “defesa humanitária”, não foi decidida no âmbito A ilha da Irlanda foi dominada pela Inglaterra no século XII
do Conselho de Segurança da ONU, constituindo, portanto, um e, desde então, começou a receber grande quantidade de
desrespeito às normas internacionais. imigrantes ingleses e escoceses. Em 1800, a Irlanda passou a
Num sinal claro de que a solução para os problemas étnicos pertencer ao Reino Unido (formado, atualmente, pelos países
era bastante complexa, o Parlamento da Iugoslávia, com o da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) e a
acompanhamento da União Europeia, aprovou, em fevereiro Irlanda do Norte), por decreto do rei da Inglaterra na época,
de 2003, a Constituição do novo Estado da Sérvia e dando início à organização da luta pela independência.
Montenegro. Nesse novo Estado, a diplomacia e a segurança Mas foi no início do século XX que os conflitos entre Irlanda
são conjuntas, mas tanto Sérvia como Montenegro têm grande e Inglaterra ganharam maiores proporções com a criação do
autonomia, a ponto de cada uma ter o seu Banco Central. Sob Sinn Fein, partido político representante do separatismo
pressão de Montenegro, que queria a independência total, irlandês, e do Exército Republicano Irlandês (IRA), que
acertou-se a realização de um referendo, em 2006, para organizou a luta armada contra o domínio britânico.
decidir se as repúblicas continuariam unidas. Os conflitos obrigaram o Reino Unido a realizar uma
consulta popular na Irlanda sobre a independência. As
A questão Basca províncias do centro e do Sul, de maioria católica e de
população de origem irlandesa, votaram pela separação do
Há cerca de cinco mil anos, o povo basco habita uma área Reino Unido; as províncias do Norte (Ulster), de maioria
de quase 21 mil Km² entre o norte da Espanha e o sudoeste da protestante e de população de origem inglesa, posicionaram-
França. Os bascos vivem espalhados em quatro províncias se contra essa separação.
espanholas: Álava, Biscaia, Guipúzcoa e Navarra; e três Em 1921, assinou-se tratado pelo qual as províncias do
províncias francesas: Labourd, Baixa Navarra e Soule. Ao longo centro e do Sul poderiam formar um Estado independente.
dos séculos, os bascos receberam poucas influências culturais Esse processo de independência encerrou-se somente em
ou de miscigenação de outros povos, preservando assim suas 1937, quando foi instituída a constituição do novo país,
características biológicas, étnicas, culturais e linguísticas. O denominado República do Eire. O Reino Unido reconheceria
euskara, a língua basca, é falado no cotidiano das famílias, nas essa independência apenas em 1949. Em relação à
escolas e no trabalho. independência das províncias do Norte, o Reino Unido até hoje
Assim como outras minorias étnicas espalhadas pelo mantém-se intransigente em concedê-la.
mundo, os bascos alimentam um sentimento nacionalista, ou A ação do IRA tornou-se mais intensa na segunda metade
seja, aspiram à conquista de soberania política e territorial em do século XX, através da realização de atentados terroristas, os
relação ao Estado ao qual estão subordinados. A ideia de um quais visavam, inicialmente, atingir as autoridades e
país basco começou a surgir com o Partido Nacionalista Basco, instituições britânicas, mas, num segundo momento, estendeu
criado no final do século XIX. Havia um plano efetivo para a suas ações a toda população civil protestante. A reação dos
instituição do país basco em 1934, mas foi interrompido pela britânicos contra os irlandeses foi igualmente violenta,
ditadura (vigente entre 1939-1975) imposta na Espanha pelo intensificando o conflito nas províncias do Norte.
governo do general Francisco Franco. Nesse período, o Partido Depois de anos de luta armada, os dois lados do conflito
Nacionalista Basco foi considerado uma organização ilegal, entraram em negociação e, em 1999, assinaram um acordo de
Conhecimentos Gerais 23
APOSTILAS OPÇÃO
paz que determinou a deposição das armas pelo IRA e a do Azerbaijão, país de origem muçulmana, quase 80% de sua
instalação de um governo compartilhado entre católicos e população é cristã e de origem armênia. Assim, desde o início
protestantes. A Irlanda do Norte permaneceu ligada ao Reino da década de 1990, quando os soviéticos saíram da região, os
Unido, mas o acordo admite a separação futura caso a armênios reivindicaram a posse do território, fato que já levou
população, em sua maioria, tome esta decisão. esses países a se confrontarem militarmente entre 1992 e
Nem todos os irlandeses são favoráveis a este acordo de 1994. Apesar da negociações em curso desde o cessar-fogo, o
paz. A violência de ambas as partes, tanto dos católicos impasse pelo controle da região ainda persiste.
separatistas como dos protestantes unionistas, tem
alimentado, por décadas, o ódio entre esses dois grupos. Por Territórios e conflitos na África
essa razão, muitos acreditam que novos conflitos poderão
ressurgir a qualquer momento. Muitos dos conflitos existentes hoje no mundo envolvendo
disputa por territórios, como aqueles que ocorrem em várias
Os conflitos no Cáucaso partes do continente africano, têm origem histórica ligada ao
processo de expansão do capitalismo ao longo dos últimos dois
O Cáucaso, região montanhosa situada a sudeste da séculos e suas implicações na delimitação das fronteiras dos
Europa, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, constitui uma da Estados nacionais.
áreas de grande tensão geopolítica, mercada pela eclosão de Nas últimas décadas do século XIX, o continente africano,
uma série de guerras civis, conflitos separatistas e étnicos, até então habitado por povos de diferentes grupos étnicos,
além de confrontos fronteiriços pela disputa de territórios passou a ser mais efetivamente ocupado e exaltado pelas
entre países vizinhos. potências econômicas europeias. Em plena Revolução
A região abrange o território de três países – Armênia, Industrial, países como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda e
Geórgia e Azerbaijão -, além de várias repúblicas russas, como Alemanha necessitavam de matérias-primas em grande escala
Ossétia do Norte, Chechênia, Daguestão e Inguchétia, com uma e a baixos custos para abastecer seus parques industriais em
população de aproximadamente 21 milhões de pessoas, que se expansão. Para assegurar seu suprimento esses países se
destaca pela grande diversidade étnico-cultural. São mais de apropriaram do vasto território africano (e também de
100 grupos étnicos com costumes, línguas e dialetos próprios, extensas regiões do continente asiático) como forma de
que, em sua grande maioria, seguem a região cristã ou explorar os recursos naturais nele existentes e utilizar suas
islâmica. Essas diferenças étnico-religiosas estão na base da terras para o cultivo de grandes monoculturas tropicais, as
maioria dos conflitos que eclodem na região. chamadas plantations. Para isso, estabeleceram a divisão ou
Esses conflitos se tornaram mais intensos a partir da partilha do território africano em um acordo selado em 1885
desintegração da União Soviética no início da década de 1990. durante a Conferência de Berlim.
Até então, essa região esteve sob o domínio do governo As alterações resultantes dessa divisão desestruturaram a
soviético, que controlou com mão de ferro, pelo uso da força, organização política, econômica e social da maioria dos povos
qualquer tipo de rebelião nessas suas repúblicas. africanos. As fronteira traçadas de maneira arbitrária elos
Com o fim da União Soviética, algumas dessas repúblicas se europeus, por exemplo, ignoraram as diferenças técnicas dos
tornaram países independentes, formando novos países, e inúmeros reinos e grupos tribais existentes no continente.
outras passaram ao controle da Rússia, principal herdeira do Assim, em muitos casos, essa divisão colocou no território de
império soviético. Com o novo arranjo político-territorial e as uma mesma colônia antigos povos rivais, ou, ainda, separou
diferenças étnico-religiosas existentes, foi praticamente povos com a mesma identidade histórico-cultural. Os
inevitável a eclosão de grandes conflitos na região. colonizadores também escravizaram populações e impuseram
No início da década de 1990, o fortalecimento de um suas línguas, costumes e valores morais e étnicos aos povos
movimento separatista levou a Chechênia, de população colonizadores. Muitas vezes, os povos nativos sofreram
majoritariamente muçulmana, a declarar sua independência intensa dominação cultural, sendo obrigados a aprender a
em relação à Rússia. O governo Russo, no entanto, não língua do colonizador, a mudar seus hábitos alimentares e a se
reconheceu a proclamação dos chechenos e respondeu com vestirem como os europeus. Os povos que tentaram resistir a
um violento ataque militar aos separatistas, que deixou um colonização foram brutalmente reprimidos em violentos
saldo de aproximadamente 80 mil mortos, e ficou conhecido conflitos. Mais bem armados, os soldados europeus
como Guerra da Chechênia (1994-1996). Desde então, o massacraram os movimentos de resistência que, em certos
conflito se encontra em estado latente, com os separatistas casos, exterminaram grupos tribais inteiros.
chechenos promovendo ataques terroristas contra alvos Somente a partir de meados do século XX, com o
russos, como ocorreu em 2004, quando terroristas chechenos enfraquecimento político, econômico e militar dos países
invadiram uma escola na república da Ossétia do Norte e europeus devastados pelos conflitos da Segunda Guerra
detonaram explosivos, causando a morte de 344 pessoas, Mundial é que a luta contra o colonialismo no continente
sendo 186 crianças. ganhou impulso. Surgiram movimentos de independência em
No Daguestão, outra república russa, grupos muçulmanos praticamente todas as colônias europeias na África,
lutam para criar um Estado islâmico, movimento também reivindicando a ruptura dos laços mantidos com as
combatido pelas forças russas que buscam manter o controle metrópoles.
da região, rica em reservas de petróleo. Na Geórgia, os conflitos Alguns desses rompimentos foram pacíficos, enquanto
separatistas envolvem as repúblicas da Ossétia do Sul (maioria outros ocorreram por meio de violentos conflitos que se
persa e cristã) e da Abkházia (maioria muçulmana ortodoxa), arrastam por várias décadas, opondo a população local e os
que desde 1991 lutam contra os georgianos (cristãos) para se colonizadores. Os movimentos d independência das colônias
tornar independentes. Em 2008, a Geórgia lançou uma africanas (e também a Ásia) após a Segunda Grande Guerra
ofensiva militar contra os ossetas, o que levou à intervenção ficou conhecido, historicamente, como processo de
dos russos, que invadiram o território da Ossétia do Sul, para descolonização.
desalojar tropas georgianas. A participação da Rússia no Contudo, mesmo após a independência política, muitos
conflito, no entanto, provocou um acirramento das tensões desses países mantiveram praticamente os mesmos limites
com os Estados Unidos, que têm a Geórgia como aliada na territoriais traçados pelos colonizadores europeus.
região. A desorganização étnico-cultural herdada do traçado
A região de Nagorno-Karabakn é alvo de disputa entre a dessas antigas fronteiras tem sido a causa de inúmeros
Armênia e o Azerbaijão. Embora esteja encravada no território
Conhecimentos Gerais 24
APOSTILAS OPÇÃO
conflitos territoriais e guerras civis que, ao longo da história, Índia a desenvolverem armas nucleares, das quais a China já
assolam muitos países africanos. dispunha. A instabilidade política na região tem sido alvo de
grande preocupação internacional, já que a eclosão de uma
Conflitos Étnico-Nacionalistas na Ásia nova guerra entre esses países poderia ter consequências
imprevisíveis.
Há uma grande quantidade de conflitos étnico-
nacionalistas na Ásia. O continente abriga cerca de 60% da Os Curdos e o Curdistão
população mundial e milhares de etnias. Nas duas últimas
décadas do século XX, alguns desses conflitos se destacaram Estimativas não muito precisas, pela falta de
pelo grande número de pessoas envolvidas e pela violência levantamentos estatísticos oficiais, sugerem que existam entre
empregada. 26 e 40 milhões de curdos espalhados pelo território de vários
países do Oriente Médio. Esse povo forma o maior grupo étnico
Os confrontos na Índia: Hindus e Muçulmanos sem Estado do mundo. O território ocupado pelos curdos,
chamado Curdistão, estende-se por uma região montanhosa
A tensão entre hindus (28% da população indiana) e com 530 mil quilômetros quadrados, que abrange áreas do Irã,
muçulmanos (12%) iniciou-se com a chegada dos árabes à Iraque, Síria, Turquia, Armênia, Geórgia e Azerbaijão.
região, no século VII, os quais difundiram o Islamismo no país. Na Turquia, onde vive a maioria dos curdos (cerca de 15
Essa religião conquistou muitos adeptos nas camadas mais milhões, o que representa 20% da população do país), surgiu
pobres da sociedade indiana, que viam nela um caminho para o mais atuante grupo armado que luta pela formação de um
se desvencilharem do sistema de castas da religião hindu (o Estado curdo independente: o Partido dos Trabalhadores do
Hinduísmo), que estrutura a sociedade indiana. Curdistão (PKK). Criado no final da década de 1970, tornou-se
O sistema de castas, apesar de extinto por lei, tem ainda uma organização separatista engajada na luta armada pela
forte presença nas relações sociais na Índia. Segundo esse causa do povo curdo, que aspira a soberania política e
sistema, cada indivíduo pertence a uma casta desde o territorial do Curdistão. A luta por essa soberania vem sendo
nascimento, não é permitido o casamento entre pessoas de reprimida de maneira violenta pelas forças governamentais,
castas diferentes nem existe mobilidade de uma casta para especialmente na Turquia, onde o governo considera o PKK
outra. uma organização terrorista. Estima-se que somente no conflito
A sociedade hindu divide-se basicamente em quatro castas curdo-turco tenham morrido mais de 37 mil pessoas.
ou ordens principais: os brâmanes (monges), os xátrias A enorme resistência que os países da região colocam à
(guerreiros), os vaixás (comerciantes e artesãos) e, na base da criação de um Estado curdo não se justifica somente por causa
pirâmide, os sudras (camponeses e serventes). Os indivíduos da perda de parte de seu território. Essa região dispõe de
considerados impuros pelas outras castas denominam-se imensas reservas de petróleo em seu subsolo. A Turquia extrai
párias e exercem profissões como coveiro e faxineiro. praticamente todo seu petróleo da região curda, enquanto
cerca de 40% das reservas petrolíferas iraquianas também
Os conflitos na Caxemira estão em áreas curdas. Com o objetivo de conter a luta dos
curdos pela independência em seu território e de manter o
Situada nas encostas da cordilheira do Himalaia, a região controle sobre os campos de petróleo, o governo iraquiano, no
da Caxemira constitui um dos focos de maior tensão final da década de 1980, promoveu ataques que destruíram
geopolítica no Sul da Ásia, alvo de conflitos que se arrastam há mais de duas mil aldeias curdas e provocaram o massacre de
mais de 60 anos. Desde que deixaram de ser colônia do milhares de pessoas, incluindo crianças e mulheres (as
Império Britânico, em 1947, Índia e Paquistão disputam a estimativas oscilam entre 50 e 100 mil mortos).
posse da região, que tem aproximadamente 220 mil A complexidade que envolve a questão curda está ligada à
quilômetros de extensão e abriga cerca de 12 milhões de grande instabilidade política nessa conturbada região do
pessoas. Logo após a retirada dos britânicos, indianos e Oriente Médio, marcada pela presença de países com os mais
paquistaneses entraram em guerra pela posse da região. O diversos problemas de ordem interna e externa. Com a eclosão
conflito terminou em 1948, quando o Paquistão ficou com um da guerra civil na Síria, em 2011, grupos armados curdos
terço da Caxemira e Índia com dois terços. assumiram o controle das áreas no nordeste do país
O Estado islâmico do Paquistão, no entanto, passou a aproveitando-se da fragilidade das forças sírias, recrutadas
reivindicar a anexação total da região ao seu território, já que para conter os conflitos que s intensificaram no país.
os muçulmanos compõem a grande maioria da população
caxemire. Além de não estar disposta a perder parte de seu Os Conflitos no Oriente Médio
território, a Índia ainda acusou o Paquistão de apoiar ações
terroristas realizadas por grupos extremistas islâmicos O domínio que o Império Turco-Otomano exercia sobre
favoráveis ao separatismo. O governo indiano reprime a ação boa parte do Oriente Médio, o qual prevaleceu até a Primeira
de tais grupos para manter o controle sobre a região e também Guerra Mundial, foi praticamente substituído pela ocupação
para evitar que uma eventual onda de movimentos inglesa e francesa, que se prolongou até a década de 1940.
separatistas se espalhe em certas regiões do país também Durante esse último período, ocorreu um processo de
habitadas por outras minorias étnicas, como a dos sikhs, que grande fragmentação territorial desta região. Após essa
reivindicam autonomia sobre a província do Punjab. década, os ingleses e franceses foram afastados do Oriente
A disputa pela região já levou esses países a se enfrentarem Médio, o que consolidou o processo de independência de
em outras duas guerras, ocorridas em 1965 e 1971. Assim vários países e favoreceu a criação do Estado de Israel, foco
como os conflitos entre grupos islâmicos paquistaneses e permanente dos conflitos étnico-nacionalistas que opõem os
grupos hindus indianos, essas guerras deixaram milhares de árabes e palestinos aos judeus.
vítimas. A questão geopolítica na região tornou-se ainda mais No entanto, a independência de diversos países não
complexa com o envolvimento da China, que, desde 1962, significou o fim dos conflitos na região. Pelo contrário, após a
também se apossou de parte da Caxemira, após guerra travada Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio transformou-se no
com os indianos. principal foco de tensão mundial em função da criação do
Assim, a disputa pela posse da Caxemira levou a uma Estado de Israel, em 1948; dos interesses econômicos e
crescente militarização da região, utilizada inclusive para estratégicos das grandes potências, que buscam o controle das
justificar a corrida armamentista que levou o Paquistão e a jazidas de petróleo; das disputas internas pelo poder numa
Conhecimentos Gerais 25
APOSTILAS OPÇÃO
região marcada por regimes autoritários; dos conflitos na região, a Assembleia Geral da ONU aprovou em 1947 a
religiosos e da má condição de vida da maioria da população. partilha da Palestina, criando dois Estados: um árabe e outro
A herança da Guerra Fria é outro importante fator de judaico.
instabilidade e de intensificação dos conflitos. Os Estados Os territórios foram divididos de acordo com a população
Unidos e a URSS armaram exércitos e grupos de oposição, predominante em cada região. A cidade de Jerusalém,
fortalecendo ditaduras e grupos terroristas. Atualmente, cerca considerada sagrada por judeus e árabes, permaneceu sob
de 40% das vendas de armas dos Estados Unidos destinam-se controle internacional. O plano, porém, foi rejeitado pelos
a países do Oriente Médio. palestinos, que teriam de ceder parte de seus territórios para
os judeus, o que acirrou ainda mais os conflitos entre esses
Israel e a questão Palestina povos. Em 1948, os judeus declararam oficialmente a
independência do Estado de Israel, ocupando cerca de 56% de
Localizada no Oriente Médio, a região da Palestina tem sido toda a Palestina.
palco de um dos conflitos de maior repercussão em todo o A reação árabe foi praticamente imediata. Na tentativa de
mundo. Trata-se do confronto entre árabes e judeus pela posse impedir a implantação do novo Estado, os exércitos dos países
dos territórios ocupados por esses dois povos, cujas raízes são árabes vizinhos (Egito, Jordânia, Iraque, Líbano e Síria)
tão antigas quanto a própria ocupação daquelas terras. declararam guerra a Israel. Mais bem preparado e equipado
Há cerca de 2000 anos a.C., os hebreus, que depois militarmente, Israel derrotou as forças árabes pondo fim à
passariam a ser chamados de judeus, ocupavam as terras da primeira guerra árabe-israelense.
Palestina. Devido à sua posição geográfica, que a situa Com a vitória, Israel ampliou seus domínios sobre os
estrategicamente entre a Europa, a Ásia e a África, essa região territórios palestinos. A área da Faixa de Gaza passou a ser
foi alvo de muitas disputas, e foi submetida ao domínio de controlada militarmente pelo Egito, e a Cisjordânia, assim
vários reinos e impérios. Os assírios e os babilônios, por como a parte oriental de Jerusalém, passaram a ser
exemplo, dominaram e escravizaram os hebreus séculos antes controlados pela Jordânia. Assim, o território reservado no
da era cristã. Sob o domínio dos romanos desde o início da era início aos palestinos praticamente desapareceu, levando-os a
cristã, os hebreus (judeus) foram expulsos de suas terras e se se refugiarem em várias localidades no entorno da região.
dispersaram pelo mundo em um movimento conhecido como Desde então, os palestinos lutam pela criação de seu Estado,
diáspora judaica. uma luta que atualmente é chamada de “questão palestina”.
Entre o século VII e o século XV, após a longa ocupação Foi nesse contexto que surgiram movimentos e
romana, a Palestina foi ocupada pelos povos árabes, também organizações político-partidárias em defesa da criação de um
chamados de palestinos, quase todos muçulmanos, que até o Estado Palestino, a exemplo da OLP (Organização para a
início do século XX permaneceram na região sob o domínio do Libertação da Palestina), formada por vários grupos
Império Turco-Otomano, quando passaram para o controle do paramilitares controlados pelos países árabes. Com o
protetorado britânico. fortalecimento dos grupos radicais dentro dessas
organizações, como a organização política e militar Fatah
O movimento sionista (“conquista” em árabe), criada em 1964, seus membros
passaram a cometer atentados terroristas contra Israel.
Mesmo dispersos pelo mundo durante tanto tempo, os Em 1967, temendo uma nova reação dos países árabes,
judeus preservaram sua identidade histórico-cultural e Israel organizou um grande ataque militar, que tomou, em
sempre alimentaram o sonho de constituir um território menos de uma semana, a Faixa de Gaza e a península do Sinai,
judaico soberano e independente. No final do século XIX, do Egito; a Cisjordânia e Jerusalém, da Jordânia; e as colinas de
surgiu na Europa o movimento sionista, que defendia a Golã, da Síria. Após a Guerra dos Seis Dias, como esse conflito
imigração dos judeus para a Palestina (antiga terra dos ficou conhecido, Israel ampliou significativamente seu
hebreus). Esse movimento propunha a criação de um Estado domínio territorial.
judeu nos arredores do Monte Sião (daí a origem do nome Em 1973, o Egito e a Síria tentaram recuperar os territórios
sionismo), uma das colinas que cercam as terras da cidade de que haviam sido perdidos na Guerra dos Seis Dias, dando início
Jerusalém, considerada santa para judeus, cristãos e a uma nova ofensiva militar a Israel. No dia do feriado religioso
muçulmanos. judaico conhecido como Yom Kippur (Dia do Perdão), tropas
Vítimas de perseguições e massacres sistemáticos, egípcias e sírias atacaram Israel de surpresa, conseguindo
comunidades judaicas espalhadas em várias partes do mundo grande vantagem nos primeiros dias de conflito, ao que
se deslocaram, então, para aquela região, estabelecendo-se em parecia ser uma vitória fácil sobre o exército israelense.
colônias agrícolas e em bairros judaicos. O movimento sionista Contudo, Israel teve uma rápida recuperação, impedindo o
se fortaleceu após a declaração de Balfour, em 1917, por meio avanço das tropas egípcias e sírias. A fim de amenizar a tensão
da qual os britânicos apoiaram o retorno dos judeus, caso a latente na região, a ONU aconselhou a devolução dos
Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano eu, territórios árabes ocupados por Israel. No entanto, o governo
mesmo enfraquecido, ainda dominava a região. israelense se recusou a isso, fato que resultou numa crise
Contudo, a imigração de judeus para a Palestina se diplomática entre Israel e a ONU e desgastou a imagem
intensificou ainda mais com a perseguição promovida pelo daquele país perante a opinião internacional. No final da
regime nazista alemão, sobretudo durante a Segunda Guerra década de 1970, Israel e os países vizinhos assinaram os
Mundial e nas décadas seguintes. primeiros acordos que marcaram o início do processo de paz
entre árabes e israelenses. Por meio desses acordos, Israel
A formação do Estado de Israel devolveu a península do Sinai ao Egito, que em troca
reconheceu formalmente o direito de existência do Estado
Em meados da década de 1940, quando os judeus judeu, e também parte das colinas de Golã à Síria.
somavam quase um terço da população Palestina, os britânicos Desde o final da década de 1980, a OLP abandonou a luta
decidiram abandonar o plano de construção do estado judaico, armada e o terrorismo para se empenhar na construção do
deixando tal tarefa a cargo da ONU, que também herdou o Estado Palestino buscando uma solução para a coexistência
imbróglio entre judeus e palestinos, eu entraram em conflito pacífica entre árabes e israelenses na região. A OLP
para disputa daquele território. Muito pressionada pela reconheceu oficialmente a existência do Estado de Israel, e
comunidade judaica internacional e também com o apoio dos este reconheceu a OLP como legítima representante do povo
Estados Unidos, que buscavam ampliar sua influência política palestino. As negociações de paz iniciadas naquela época, os
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APOSTILAS OPÇÃO
Acordos de Oslo (1993 e 1995), previam a retirada dos Nós que aqui estamos, por vós esperamos.
soldados e a devolução da maior parte da Faixa de Gaza e da Direção de Marcelo Masagão. Brasil, 1999.
Cisjordânia aos palestinos. Nessa ocasião, foi criada também a
ANP (Autoridade Nacional Palestina), uma instituição estatal
com a atribuição de administrar o futuro Estado palestino.
Impasses e divergências nas negociações, como o fato de
Israel não aceitar o retorno dos refugiados que vivem nos
países vizinhos e nem de reconhecer a parte oriental da cidade
de Jerusalém como futura capital palestina, impediram
avanços mais promissores no processo de paz. As negociações
se tornaram ainda mais difíceis após a vitória da direita
conservadora, representada pelo partido Likud, nas eleições
israelenses de 2001. Na tentativa de inviabilizar a devolução
dos territórios aos palestinos, Israel retomou a construção de
colônias judaicas em áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
A partir de então, os grupos extremistas árabes retomaram
suas ações terroristas, promovendo ataques contra Israel. Com
o argumento de se proteger desses ataques, o governo
israelense iniciou a construção de uma barreira de segurança
para isolar as comunidades judaicas e palestinas na
Cisjordânia. Embora o controle da Faixa de Gaza tenha sido A partir do texto e da imagem, pode se afirmar
transferido para a Autoridade Nacional Palestina em 2005, o corretamente que
governo israelense vem aumentando a construção de (A) a história das guerras se resume a um teatro de
assentamentos judaicos na Cisjordânia. Assim, o conflito entre combates travados no front por estadistas e militares.
árabes e israelenses, que já se arrasta por mais de seis décadas, (B) os relatos que abordam os conflitos apenas com base
ainda parece longe de ser solucionado. nos tratados e armistícios são parciais e limitados.
(C) o fim dos impérios, a xenofobia e a consolidação do
A morte de Arafat e a cúpula de Sharm El-Sheik projeto federativo garantiram a paz mundial.
(D) a banalização da morte e a experiência do exílio
Em novembro de 2004, morreu o líder palestino Yasser expressam a retração dos nacionalismos nos séculos XX e XXI.
Arafat. Nas eleições que ocorreram no mês seguinte, Mahmoud (E) as políticas de inclusão foram capazes de controlar os
Abbas foi escolhido presidente da Autoridade Nacional fluxos migratórios globais.
Palestina.
No início de 2005, após quatro anos de conflitos (Nesse 02. (USP/2016) Cada vez mais pessoas fogem da guerra, do
período ocorreram outras tentativas de acordo de paz, mas terror e da miséria econômica que assolam algumas nações do
sem sucesso, como a reunião realizada em Madri – 2003, Oriente Médio e da África. Elas arriscam suas vidas para chegar
patrocinada por EUA, Rússia, União Europeia e ONU – Quarteto à Europa. Segundo estimativas da Agência da ONU para
de Madri, que previa a criação de um Estado Palestino em Refugiados, até novembro de 2015, mais de 850 mil refugiados e
2005), e cerca de 3 mil mortos de ambos os lados, abriu-se imigrantes haviam chegado por mar à Europa naquele ano.
nova perspectiva de paz, com o encontro de Abbas e Sharon, Garton Ash, Timothy. Europa e a volta dos muros. O Estado
mediado pelos líderes do Egito e da Jordânia. No encontro, de S. Paulo, 29/11/2015. Adaptado.
conhecido como a Cúpula de Sharm el-Sheik (referência ao Sobre a questão dos refugiados, no final de 2015, considere
balneário egípcio onde ocorreu) ficaram acertadas a as três afirmações seguintes:
suspensão de ataques mútuos, a libertação de prisioneiros, a I. A criação de fronteiras políticas no continente africano,
retirada gradual de Israel de territórios palestinos, entre resultantes da partilha colonial, incrementou os conflitos
outros aspectos. Mas ainda há vários impasses para um acordo étnicos, corroborando o elevado número de refugiados, como
de paz definitivo: a questão do “Muro de Proteção”; a definição nos casos do Sudão e Sudão do Sul.
dos limites entre Israel e o futuro Estado Palestino; a situação II. Além das mortes em conflito armado, da intensificação
de Jerusalém, cidade que Israel declara como capital da pobreza e da insegurança alimentar, a guerra civil na
indivisível do país e os palestinos, por sua vez, não abrem mão Síria levou um contingente expressivo de refugiados para
de incorporá-la ao seu Estado; a situação dos assentamentos a Europa.
judaicos em território da Autoridade Nacional Palestina. Além III. A política do apartheid teve grande influência na
dessas e outras questões, há sempre o risco da reação ao Nigéria, país de origem do maior número de refugiados do
processo de negociação por parte dos grupos extremistas continente africano, em decorrência desse movimento
judeus e palestinos e incertezas de como Israel e ANP irão separatista.
controlar a atuação desses grupos. Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
Referências Bibliográficas: (B) I e II, apenas.
(C) III, apenas.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo
Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.
(D) II e III, apenas.
MARTINEZ, Rogério; GARCIA, Wanessa. Novo olhar: Geografia. 1ª edição. (E) I, II e III.
São Paulo: FTD, 2013.
Respostas
Questões
01. Resposta: B.
01. (USP/2016) Leia o texto e observe a imagem. 02. Resposta: B.
Numa guerra não se matam milhares de pessoas.
Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro
que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas
memórias....
Conhecimentos Gerais 27
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 28
APOSTILAS OPÇÃO
do país, formando um contingente de cerca de 5 milhões de civilizações é um aspecto importante das relações
pessoas, equivalente à população de muitos países europeus. [ internacionais modernas, embora poucos, en- tre nós,
... ] chegassem ao ponto de dizer - como alguns já fizeram - que as
Com base na Política Nacional de Desenvolvimento civilizações têm políticas externas e formam alianças."
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, as várias A visão de um "choque de civilizações", contrapondo duas
instâncias do governo federal, de forma integrada entre si e entidades claramente definidas, o "Islã" e o "Ocidente" (ou a
com as lideranças das comunidades tradicionais, poderão, "civilização judaico-cristã"), está no centro do pensamento de
juntas, desenvolver planos, projetos e ações destinados a Bernard Lewis, um pensamento essencialista que restringe os
promover a inclusão daquelas populações. [. .. ] muçulmanos a uma cultura petrificada e eterna.
Segundo Jorge Zimmerman (diretor de Agroextrativismo "Esse ódio", insiste ele, "vai além da hostilidade em relação a
do Ministério do Meio Ambiente), são três as diretrizes alguns interesses ou ações específicas, ou mesmo em relação a
centrais da PNPCT. A primeira delas pretende assegurar todos determinados países, tornando-se a rejeição da civilização
os direitos civis, por meio do reconhecimento legal dos ocidental enquanto tal, não pelo que ela possa fazer, mas pelo
habitantes daqueles lugares, inclusive com fornecimento de que ela é e pelos princípios e valores que pratica e professa."
documentos de identificação; a segunda diretriz diz respeito Os iranianos não se revoltaram contra a ditadura do Xá
ao reconhecimento explícito do respeito à diversidade étnica, imposta por um golpe de estado fomentado pela C IA, em 1953;
ao direito à educação diferenciada e à prática religiosa os palestinos não lutam contra uma invasão interminável; e se
específica. A terceira perna do tripé pretende equacionar a os árabes odeiam os Estados Unidos, não é porque o governo
regularização fundiária, já que muitas das comunidades deste país apoia Ariel Sharon ou porque invadiu o Iraque. Na
tradicionais sofrem com o desrespeito a sua referência realidade, o que os muçulmanos rejeitam é a liberdade e a
geográfica, como é o caso dos quilombolas, que, em muitos democracia. Como seria possível compreender os conflitos do
casos, foram incorporados pelas cidades, sofrendo achaques Kosovo ou da Etiópia-Eritreia? Pela recusa, por parte dos
da especulação imobiliária. Segundo Zimmermann, "havia uma muçulmanos, em serem governados por infiéis, explica Bernard
ausência de marcos legais que garantissem direitos às Lewis.
populações tradicionais. Foi em 1993 que Samuel Huntington retomou a fórmula do
Agora, porém, com o decreto, temos uma situação em que, "choque de civilizações" num célebre artigo que escreveu para a
com amparo da PNPCT, podemos transformar a realidade revista Foreign Affairs. Embora verbalmente rejeitado na
daqueles povos positivamente." Até porque, insiste ele, o País França, o conceito se instalaria, pouco a pouco, nas consciências.
vive um momento em que a especificação profissional e as Quando, em dezembro de 2003, em Túnis, o presidente Jacques
novas tecnologias roubaram praticamente todos os espaços Chirac mencionou o termo "agressão" ao se referir ao uso do véu
para a migração das populações tradicionais da zona rural islâmico, a jornalista Elisabeth Schemla comemorou: "Pela
para as cidades. Com o PNPCT, o governo pretende criar primeira vez, Jacques Chirac reconhece que a França não é
condições para que aquelas pessoas encontrem maneira de poupada do choque de civilizações."
viver em seu próprio meio ambiente. Fonte: Cooperação e "Sem exagerar sua importância", escreveu Emmanuel
Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa. Disponível em: Brenner num panfleto intitulado França, cuida para que não
<http://www.capma.org.br/downloadlpub/cr200703.pdf>. percas tua alma (France, prends garde de perdre ton âme), "é
preciso levar em consideração ações culturais que explicitam
No entanto, se de um lado o multiculturalismo apresenta conflitos entre concepções do mundo distintas, e até
essa vertente de convivência, igualdade e respeito às minorias antagônicas. [ ... ] Essa dimensão cultural está ausente em
e às diferenças, de outro, assistimos, na atualidade, ao inúmeros observadores que deixam de levar em conta os
acirramento de uma disputa entre dois lados culturais e antecedentes históricos que influenciam nosso inconsciente.
religiosos aparentemente opostos: o mundo "cristão-europeu" Antecedentes cuja natureza, por muito tempo conflituosa, vem à
e o mundo "islâmico", a partir do denominado "choque de tona com as atuais questões de identidade. Basta lembrar as
civilizações". cruzadas e o confronto entre as duas margens do Mediterrâneo,
Assim, as diversas crises que ocorrem atualmente no basta lembrar o avanço do Islã no sudeste da Europa, chegando
Oriente Médio são apresentadas como consequência das às portas de Viena no século XVII, assim como basta lembrar o
diferenças profundas entre o islamismo - que seria "radical, tempo do império turco, temido e execrado e, em seguida, o
retrógrado e arcaico", rejeitando, ademais, os valores tempo da colonização, com sua procissão de violência, e por fim
democráticos do "Ocidente" - e o mundo judaico-cristão o da descolonização, que muitas vezes foi sangrenta. Esse
ocidental - este sim, "racional, progressista e democrático". enfrentamento, antigo e recorrente, está sedimentado na
consciência dos povos." E é por isso, conclui Brenner, que uma
Na origem de um conceito parcela de jovens franceses originários do Magreb é
ALAIN GRESH "culturalmente" antisemita ... De Maomé ao cerco de Viena pelos
O choque de civilizações é visto como aspecto importante otomanos, da descolonização ao islamismo, do islamismo à AI-
das relações internacionais modernas. Qaeda, do véu islâmico ao antisemitismo dos jovens magrebinos,
A crise no Oriente Médio [ ... ] não teve origem num conflito fecha-se a roda do círculo, repete-se a história. E viva os
entre Estados, mas num choque de civilizações." Ainda em 1964, sarracenos! Tradução: Jô Amado. Fonte: Biblioteca Diplô.
um professor universitário britânico pouco conhecido lançou a Disponível em: cwwwdiplo.org.br/imprima976>.
fórmula que ficaria famosa. Incontestavelmente, Bernard Lewis
foi um precursor. Fundamentalismos religiosos: rumo a novas "guerras
Passada despercebida durante a década de 1960, a fórmula santas"?
foi relançada por ele vinte e cinco anos depois na forma de um
artigo, "The Roots of Muslim Rage" (As raízes da cólera Antes de discutirmos especificamente sobre o
muçulmana). Ali, ele descreve o estado de espírito do mundo fundamentalismo religioso, precisamos compreender que
muçulmano e conclui: "Isto nada mais é do que um choque de existem outras formas de fundamentalismo, tais como: o
civilizações, uma reação talvez irracional, mas seguramente político, o religioso, o cultural e o econômico, ou ainda, o
histórica, de um antigo adversário contra nossa herança fundamentalismo "neoliberal" (política econômica seguida
judaico-cristã, nosso presente secular e a expansão mundial de pelo FMI).
ambos." "Eu penso", dizia ele em 1995, "que a maioria entre nós Todavia, para o fundamentalista religioso, o fiel deve
concordaria em dizer - e alguns já o fizeram - que o choque de seguir à risca as páginas dos textos sagrados da sua religião, As
Conhecimentos Gerais 29
APOSTILAS OPÇÃO
Escrituras (sejam elas a Bíblia, o Talmude, o Corão, ou o Hadith desastres religiosos num momento que religião começava a ter
dos hindus) foram traçadas por Deus, logo devem ser alguma lucidez. [. .. ]
interpretadas como a Sua vontade. A história do fundamentalismo coloca contra a parede com
Desse modo, fundamentalismo é tomar as palavras muito mais intensidade o fundamentalismo cristão ou o
sagradas em seus fundamentos, completamente, sem fundamentalismo judaico, pois um precisa mais do outro,
nenhuma alteração, sem nenhuma concessão. embora se odeiem, que o fundamentalismo islâmico.
Os termos "fundamentalismo" e "fundamentalista" Maomé foi o responsável por unir tribos árabes e dar-lhes
nasceram nos Estados Unidos, no início do século XX, no alguma consistência. O próprio Corão não é necessariamente
contexto do Protestantismo. um livro religioso, mas um livro de poesias que, na crença
Para os fundamentalistas estadunidenses, o texto bíblico muçulmana, foi ditado ao profeta por Alá. Um código de
devia ser assumido à risca e sua autoridade estendia-se tanto conduta.
ao domínio religioso quanto ao científico, histórico, filosófico. Os cristãos foram os cruzados nas carnificinas para libertar
Desse modo, eles rejeitavam as teorias evolucionistas de Jerusalém. Ou os verdugos da Inquisição. Numa crônica
Charles Darwin. memorável, o escritor Luís Fernando Veríssimo fala da
Para eles, se a Bíblia afirma que os seres humanos foram destruição que os cristãos impuseram a regiões europeias
criados à semelhança de Adão e Eva, essa é uma verdade onde os mouros estiveram por séculos, ao contrário da
absoluta (daí o nome: "criacionismo"). tolerância moura. Veríssimo fala em predadores (os cristãos).
Apesar das diversas comprovações científicas do Em lúcidos (os mouros). [ ... ]
evolucionismo, em muitas escolas dos Estados Unidos era O fundamentalismo judaico ganhou força após a Segunda
proibido ensinar a teoria da evolução. Grande Guerra. É em nome do que está escrito no Velho
Esse debate em torno do ensino da teoria evolucionista e Testamento que matam palestinos e se apropriam de terras
da narração bíblica da criação continua ainda hoje em várias alheias. Tudo, lógico, a mando de Deus. [ ... ]
escolas nos Estados Unidos. É óbvio que Bin Laden é um terrorista. Tem a mesma
No entanto, na atualidade, quando pensamos em convicção. O terrorista que jogou um dos aviões contra o
fundamentalismo religioso, nossa primeira referência são os World Trade Center tinha a certeza de que sairia dali para o
povos islâmicos, erroneamente associados quase paraíso. [. .. ]
exclusivamente aos árabes. Bush é só um dos lados desse triângulo. Mas o lado mais
Na realidade, o fundamentalismo é um movimento social, perigoso. Cruel, perverso e assassino. Terrorista na essência. O
religioso e político bastante diversificado, e muito além das mais poderoso dentre todos os loucos que se acham enviados
fronteiras do Islã. Basta pensar que, ainda hoje, o estado divinos.
nacional com maior contingente de fundamentalistas O que aconteceu em Faluja ultrapassa os limites da
religiosos é os Estados Unidos. sanidade. Uma barbárie sem tamanho, Genocídio. Corpos
espalhados pelas ruas, Homens, mulheres, crianças. Pessoas
O fundamentalismo cristão presas sem culpa formada e deixadas sem alimento. Mesquitas
destruídas. A imagem de um soldado do deus cristão
Como você observou, não existe apenas o executando um soldado do deus muçulmano (mas que lutava
fundamentalismo islâmico, mas várias formas de por sua terra invadida e ocupada e seu povo brutalizado)
fundamentalismo - seja católico ou protestante ou judaico. mostra o desprezo que o fundamentalismo tem pela vida.
Observamos ainda que os fundamentalistas ensejam uma É outra característica dessa doença. Quem não pensa como
interpretação "ao pé da letra" dos textos sagrados. Por isso, em pensam é subgente. Preconceito é uma realidade. [ ... ]
geral, no Ocidente, eles rejeitam importantes mudanças São os negócios, principal instrumento do
sociais, colocando-se contra o direito ao aborto, a emancipação fundamentalismo cristão, o mercado, regulando e
feminina, os direitos dos homossexuais, as pesquisas com disciplinando seus interesses.
células-tronco, o controle da natalidade, entre outros. A vida nesse contexto é só um detalhe. O que conta são os
Nos Estados Unidos, os fundamentalistas ganharam muita balanços. A vida dos outros, a deles não. [. .. ]
projeção no governo de Ronald Reagan (1981-1989). No A tarefa dessa mistura cristã pagã é a de defender os
entanto, foi no governo de George W. Bush que pudemos negócios, assegurar como imaculada a propriedade privada.
observar os efeitos mais nefastos da chamada "guerra santa", Dane-se o resto.
traduzida como "guerra contra o terror". O mundo de Bush é o mundo dos insanos. Só que nele não
rasgam dinheiro, pelo contrário. Guardam, saqueiam, tomam,
O Caos fundamentalista matam, tudo em nome da moral, e do grande império norte-
Laerte Braga americano. Fonte: Rebelión. Disponível em:
Bush [. .. ] percebeu que a fraude era o caminho possível e <www.rebelion.org/noticia.php?id=7893>.
mais fácil para chegar à presidência dos Estados Unidos no
final da década de 1990. O grupo do líder fundamentalista dos O fundamentalismo islâmico
EUA percebeu que nada melhor para os negócios que essa
conversa de fundamentalismo. Como afirmamos antes, o fundamentalismo está assentado
A vida perde sentido, fica fácil vender para as pessoas a sobre a crença na verdade dos textos sagrados (sejam eles a
ideia do paraíso; logo, a morte é algo que passa a ser desejado Torá, a Bíblia ou o Corão). No caso do fundamentalismo
no fanatismo inconsequente dos milhões de puritanos made in islâmico, este sempre existiu entre os povos muçulmanos. No
USA. entanto, somente ganhou visibilidade com a vitória dos aliados
Não vão questionar lucros nem negociatas, desde que ao Aiatolá Khomeini, no Irã, em 1979.
adotados os programas moralistas do fundamentalismo. Não Para entendermos um pouco melhor esta questão, é
ao aborto, condenação aos gays, nada de pesquisas com necessário lembrar que, assim como o cristianismo, o
células-tronco e vai por aí afora. [ ... ] islamismo divide-se em diferentes grupos.
João Paulo II e sua obsessão anticomunista foi o principal Dentre os vários grupos islâmicos ou muçulmanos (drusos,
responsável pelo retrocesso de setores da Igreja Católica, xiitas, sunitas etc.), dois se destacam: os sunitas, maioria, e os
abrindo espaços para que as seitas evangélicas e puritanas xiitas.
invadissem todo o continente americano. O totalitarismo do Para um muçulmano, o vínculo fundamental não é a terra
Vaticano imposto à Teologia da Libertação foi um dos maiores natal, mas sim a comunidade de fiéis em que todos são iguais
Conhecimentos Gerais 30
APOSTILAS OPÇÃO
em submissão perante Alá, transcendendo as instituições do Derrotado na Primeira Guerra Mundial, o país se viu numa
Estado, encarado como fonte de divisão entre os fiéis. Os situação de recessão econômica, recaindo-lhe, ainda, pesadas
fundamentalistas islâmicos acreditam ainda que, para o taxas como indenização de guerra. Esse foi o palco perfeito
crescimento da comunidade, devem se engajar na luta contra para Adolf Hitler sustentar as bases do seu partido (nazista),
a ignorância e falta de obediência aos ensinamentos de Alá. pregando a reconstrução da Alemanha e sua afirmação como
Os fundamentalistas pregam o radical e urgente potência mundial. Os ideais nacionalistas se exprimiram na
rompimento com tudo o que Ihes pareça "ocidental". Segundo forma da valorização da raça ariana e no desprezo e eliminação
eles, as mulheres devem voltar a usar o chador ou a burca, não das raças consideradas inferiores.
devem receber instrução, nem serem atendidas por médicos
homens. O ensino em qualquer nível deve priorizar o religioso O ressurgimento do nacionalismo na Europa Central
e as leis comuns devem acolher as regras corânicas (açoite ou
lapidação para os adúlteros, execuções públicas Na Áustria, a extrema direita chega ao poder.
acompanhadas de chibatadas etc.). A ascensão de grupos de extrema direita no continente
Podemos dizer, portanto, que o fundamentalismo islâmico europeu tem despertado a atenção internacional. Esse foi o
é um movimento tradicionalista, que se expande atualmente caso do Partido da Liberdade, liderado por Joerg Haider, que
quase como resposta às políticas e imposições imperiais venceu as eleições austríacas de 1999 usando um discurso
(século XIX e início do século XX). claramente xenófobo.
O nacionalismo pode ser legítimo, mas, em muitos casos, é Neonazistas - Novos adeptos à ideologia implantada por
algo forjado para manipular as pessoas a aderirem a um Hitler na Alemanha no período entre guerras. Pregam a
movimento de interesse particular (de um líder ou partido superioridade étnica e discriminam imigrantes pobres.
político, por exemplo).
Após o entusiasmo com a queda do muro de Berlim, em
O nacionalismo alemão do entreguerras 1989, e a unificação das Alemanhas, em 1990, a população da
antiga Alemanha Oriental sofreu com o colapso da economia e
A Alemanha do entreguerras exemplifica bem o um forte desemprego. Com isso, a euforia do fim do regime
florescimento de um nacionalismo apoiado no racismo. socialista logo deu lugar a outro sentimento, que era o de
desamparo, causado pela falta de renda e de perspectiva em
Conhecimentos Gerais 31
APOSTILAS OPÇÃO
uma sociedade diferente, em que o consumo é a realização estritamente vigiada pela polícia de fronteira norte-
pessoal do indivíduo. Com todos os produtos de consumo à sua americana, que procura barrar os 8 mil trabalhadores
frente, agora os ex-alemães orientais não tinham dinheiro para mexicanos que tentam, diariamente, alcançar o sonho dourado
adquiri-los. da prosperidade.
Meses depois da festa da unificação, essa população já era Esse muro é uma demonstração clara de que a integração
vista com preconceito pelos alemães ocidentais, como se fosse econômica do Nafta não inclui a liberdade para a circulação de
culturalmente inadequada ao capitalismo, sem iniciativa e pessoas. Ele mostra como, apesar de todas as barreiras,
derrotada. centenas de mexicanos, movidos pelo desespero da falta de
Do ponto de vista do alemão oriental, parecia que o renda e trabalho, fazem o possível para chegar ao outro lado.
capitalismo, depois de seduzi-lo durante mais de quatro Onde as fronteiras não são demarcadas por rios profundos
décadas de Guerra Fria, de repente o menosprezava. ou desertos mortais, foi construído um muro, ou melhor, uma
Na história da Europa, por vários momentos, as série de muros. As sequências do muro americano diferem de
populações foram colocadas diante de graves crises sociais e acordo com as dificuldades naturais que os mexicanos
fortes humilhações como a do desemprego. encontram para chegar aos EUA.
E quando isso acontece, o caminho para a expansão da Nos locais mais vulneráveis, aqueles onde as
extrema direita fica aberto. Normalmente, a extrema direita concentrações populacionais são maiores, existem câmeras de
elege um "inimigo" da pátria (outro país ou mesmo um grupo vídeo e sensores elétricos para que os "desesperados" não
étnico dentro do próprio país) - o melhor exemplo disso foi o passem. Em áreas mais inacessíveis, foram erigidos apenas
surgimento do nazismo na década de 1930. altos alam brados.
Voltando à década de 1990, na antiga Alemanha Oriental, Nas áreas mais inóspitas, dezenas de mexicanos morrem
os grupos neonazistas proliferaram e escolheram um por ano, como é o caso do "muro" natural do deserto de
"inimigo" para derrotar e agredir: os estrangeiros de países Sonora, como é chamado no México, ou deserto do Arizona,
subdesenvolvidos, que sempre realizaram o trabalho braçal, como é denominado nos EUA.
mas que, agora, passaram a representar a comunidade que O muro americano é a materialização das relações entre o
estaria tirando dos alemães os seus empregos. Sul pobre e o Norte rico do nosso planeta.
Também no setor ocidental da Alemanha, surgiram e Em abril de 2005, as questões do racismo e da xenofobia
proliferaram vários grupos neonazistas, responsáveis por ganharam proporções ainda mais graves nos EUA. Pela
inúmeros ataques a estrangeiros, vários resultando em primeira vez, o Estado norte-americano aprovou uma
mortes. iniciativa particular com o objetivo de impedir a entrada de
As palavras de Lothar de Maiziére, primeiro e último imigrantes ilegais. O Projeto Minuteman, amplamente
presidente do Conselho de Ministros da ex-República divulgado pela mídia, organizou milícias compostas por
Democrática Alemã (ROA), expressam essa ideia: voluntários, muitos dos quais armados, que vigiaram a região
O problema das pessoas da ex-RDA consiste no fato do velho da fronteira do México no estado norte-americano do Arizona.
sistema ter sido punitivo e protetor ao mesmo tempo. A mão Esta foi a primeira vez que uma organização civil recebeu
punitiva desapareceu e isso é muito bom. A mão protetora, que aprovação para efetuar uma ação de cunho estatal - a vigilância
cuidava de tudo, também desapareceu. de fronteiras, e isso ganha ainda mais gravidade pelo fato de
essas, milícias não terem sido diretamente monitoradas por
Novos muros estão sendo criados autoridades federais, além de serem compostas por
organizações abertamente racistas e xenófobas. O Projeto
O Muro de Berlim, que simbolizava a divisão entre o Minuteman, claramente apoiado pela liderança conservadora
capitalismo e o socialismo, foi derrubado em 1989. Na Nova do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, foi
Ordem Mundial, outros estão sendo erguidos, para evitar que reativado, apesar de manifestações contrárias da opinião
pessoas "indesejáveis" entrem nos países. pública global a esse respeito.
O governo israelense iniciou, em 2003, a construção de um
O muro americano muro de 700 quilômetros para isolar a população palestina da
israelense. Essa iniciativa, feita com o desalojamento de
Em meio ao movimento da globalização, três países da assentamentos judaicos instalados em territórios palestinos,
América do Norte, os EUA, o Canadá e o México assinaram um faz parte da política unilateral iniciada pelo então primeiro-
acordo de integração econômica, o Nafta. ministro Ariel Sharon.
No entanto, essa etapa da globalização suprimiu as A vitória do partido Kadima, de Sharon, foi uma indicação
fronteiras apenas para o capital e para os interesses das da continuidade dessa política, que, do ponto de vista dos
empresas e corporações industriais, financeiras e de serviços. palestinos, implica em maior controle sobre o seu território e
Não houve uma integração ampla entre os três países, a comunidades.
exemplo do que ocorreu na União Europeia, por exemplo. Ante essa ação unilateral de Israel, as últimas eleições
Ao contrário, o status da população do México ficou palestinas levaram ao poder uma das facções mais radicais - o
inalterado. Apesar de os EUA utilizarem intensamente a mão Hamas -, o que deverá causar mais dificuldades nas relações
de obra mexicana, a maior potência mundial se nega a liberar políticas do Oriente Médio.
as fronteiras para todos os habitantes do vizinho do sul.
Os EUA necessitam, todos os anos, de levas de braceros Racismo
mexicanos para, em um regime de trabalho temporário, fazer
colheitas em áreas próximas às fronteiras. O maior exemplo de racismo declarado foi o apartheid na
Cidadãos e empresas de todo os EUA utilizam mão de obra África do Sul. A segregação racial da minoria branca sobre a
mexicana irregular, e o trabalhador recebe remuneração maioria negra era "legitimada" por um aparato repressivo
muito inferior ao estabelecido por lei, além de não contar com institucional que subvertia os códigos de direitos humanos. De
nenhuma garantia legal. 1948, quando o Partido Nacional venceu as eleições, até início
Só esses fatos já constituem um muro invisível, separando dos anos 1990, a África do Sul viveu sob esse regime, sendo
os interesses dos países ricos da realidade dos países pobres, que líderes negros eram presos, torturados e mortos.
marcado por grandes dificuldades e pobreza.
Esse muro, porém, não é apenas "virtual". Toda a extensão Apartheid - Segregação racial declarada e amparada na
de 3 mil quilômetros de fronteiras entre EUA e México é forma da lei na África do Sul e que perdurou por mais de 40 anos.
Conhecimentos Gerais 32
APOSTILAS OPÇÃO
→ Os bairros são destinados aos brancos e áreas A região de Chiapas, ao sul do México, sempre se destacou
periféricas carentes aos negros (Soweto); pela tensão social. Desde que os espanhóis conquistaram o
→ Proibição a uniões inter-raciais; México, as comunidades indígenas foram dizimadas por
→ Locais públicos com separações entre brancos e negros guerras e epidemias e também tiveram os seus territórios
(banheiros, bancos de praça, praias, transporte coletivo); tomados, circunscrevendo-se a espaços cada vez menores nas
→ Obrigatoriedade do aprendizado do dialeto africâner florestas, em condições subumanas.
(dos bôeres); É nesse contexto que foi fundado, em 1993, o EZLN
→ Os negros não tinham direito ao voto; (Exército Zapatista de Libertação Nacional), numa união de
→ Supressão dos direitos civis aos negros. grupos que há muito tempo faziam rebeliões.
O movimento zapatista de Chiapas ganhou projeção
Mediante o boicote internacional, o regime foi desfeito no internacional ao se colocar contra a política neoliberal e o
início dos anos 1990. O líder negro Nelson Mandela foi solto e Nafta. Argumentam que o bloco econômico da América do
pôde concorrer à presidência nas primeiras eleições livres Norte só acentua a dependência do México em relação aos
com a participação da população negra, saindo vitorioso. Estados Unidos e condena ainda mais à miséria a população de
Mesmo após anos de reclusão por um regime opressivo, Chiapas.
Nelson Mandela governou visando à união das diferentes
etnias pelo futuro do país. Sua atuação no poder se Terrorismo
caracterizou pelo fortalecimento da democracia.
Os Estados Unidos também são um exemplo de Uma definição de terrorismo - Prática do terror como
discriminação racial. A população negra tem garantido instrumento de ação política, procurando alcançar pelo uso da
diversos direitos, graças à sua organização e à herança da violência objetivos que poderiam ou deveriam cometer-se ao
manifestação pacífica criada pelo líder negro Martin Luther exercício legal da vontade política.
King. Todavia, ainda hoje, a população negra é vítima do O terrorismo caracteriza-se, antes de mais nada, pela
preconceito racial, criando também a segregação social indiscriminação das vítimas a atingir, pela generalização da
dentro dos Estados Unidos. violência, visando, em última análise, à liquidação, desativação
ou retração da vontade de combater do inimigo
Segregação social - Discriminação de acordo com a classe predeterminado, ao mesmo tempo que procura paralisar
social dos indivíduos. Tratamento desigual entre ricos e pobres. também a disponibilidade de reação da população. Fonte:
Terrorismo, in Polis - Enciclopédia Verbo do Direito e do
Guerrilhas Estado, V volume, cal. 1196.
Conhecimentos Gerais 33
APOSTILAS OPÇÃO
A URSS deixou o território afegão em 1989, cedendo Jihad ou Guerra Santa - É a batalha por meio da qual se
espaço para essas milícias confrontarem-se na disputa pelo atinge um dos objetivos do islamismo, que é reformar o mundo.
poder. Quando o talibã conseguiu, através da luta armada, Qualquer muçulmano que morra numa guerra defendendo os
chegar ao poder, impôs leis extremistas naquele país: direitos do islamismo ou de Alá já tem sua vida eterna garantida.
→ Uso obrigatório da burca (um pano que cobre toda a
cabeça e o corpo) para as mulheres; Na concepção de grupos extremistas islâmicos, a batalha se
→ Proibição de estudo e trabalho para as mulheres; dá no campo dos fiéis (muçulmanos) contra os infiéis
→ Pena de morte. (civilização ocidental).
Ambas as concepções são igualmente simplistas e
O talibã já tinha sido acusado de esconder terroristas em fundamentalistas.
seu território e, por isso, o Afeganistão já passava por um Segundo o autor Jean Baudrillard, em sua obra O espírito
boicote econômico internacional. do terrorismo, assiste-se a uma guerra de âmbito mundial,
Quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, não tendo, de um lado, a própria mundialização e seu caráter
havia clareza da sua intenção: prender ou matar Bin Laden? monopolista e hegemônico e, do outro, todos os que resistem
Destituir o talibã? a essa dominação. Ainda segundo o autor, se o Islã
Com ajuda de grupos locais paramilitares chamados representasse a dominação mundial, o terrorismo e a
Aliança do Norte, a coalizão internacional liderada pelos resistência se dariam contra ele.
Estados Unidos e Inglaterra destituiu o talibã do poder. Bin
Laden foi morto em uma operação militar dos EUA no
Paquistão em 2011. Referências Bibliográficas:
O "eixo do mal" e a invasão do Iraque MARTINI, Alice de. Geografia. /Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio.
3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013. PNLD – 2015 a 2017 – FNDE – Ministério da
Educação.
Instituindo a política da "guerra ao terror", o governo de
George W. Bush, após a ofensiva contra o Afeganistão, lançou Questões
o discurso do "eixo do mal", que integraria o Iraque (até a sua
invasão pelos EUA), Coreia do Norte e Irã. A acusação de Bush 01. (Unicamp) A "Guerra do Golfo", utilizada pelos meios
ao "eixo do mal" era a de que esses países representariam uma de comunicação para referir-se ao conflito entre o Iraque e o
ameaça ao Ocidente por desenvolverem armas de destruição Kuwait, indica a existência de uma questão espacial
estratégica.
Conhecimentos Gerais 34
APOSTILAS OPÇÃO
03. Resposta: E.
04. Resposta: A.
05. Resposta: E.
Conhecimentos Gerais 35
APOSTILAS OPÇÃO
Aliança do Pacífico
6) Organismos Com o objetivo de estabelecer relações mais diretas com
Internacionais áreas estratégicas do comércio internacional, sobretudo a Ásia
(que é atualmente um gigante comercial), alguns países latino-
americanos com acesso ao Oceano Pacífico (Peru, México,
Geoeconomia e geopolítica da América do Sul Colômbia e Chile) formaram a Aliança do Pacífico, que ainda
pode ganhar como membros Costa Rica e Panamá nos
A integração da América do Sul próximos anos.
Os países que compõem a América do Sul formam um Acordos já foram firmados entre os países-membros na
arquipélago caracterizado historicamente pelo área comercial e também relacionados à cooperação científica,
distanciamento. Podemos observar, entre outras coisas, a por meio do intercâmbio entre pesquisadores de diferentes
inexistência de interligação entre os sistemas de transporte, universidades.
energia e comunicação, isso sem contar com o Atualmente, os países que compõem esse bloco são
desconhecimento cultural e histórico que temos dos nossos caracterizados por governos neoliberais, alinhados aos EUA e
vizinhos. que possuem economias de poder semelhante, ao contrário do
Isso ocorre por diversos motivos, desde um passado Mercosul, por exemplo, no qual o Brasil representa uma
colonial em que a integração não fazia parte dos objetivos das economia muito superior em relação a outros países-
potências colonizadoras (Portugal e Espanha), até a presença membros.
de fatores naturais que propiciam o isolamento,
principalmente a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba)
Andes. Nem o processo de independência dos países da região Inicialmente proposta pelo ex-presidente venezuelano
ou mesmo os ideais de Simon Bolívar, que pregava a união da Hugo Chávez (1954-2013) durante a Cúpula da Associação de
América Latina, acabaram gerando resultados significativos. Estados do Caribe, realizada em Cuba no ano de 2001 e criada
A partir da segunda metade do século XX, porém, governos oficialmente em 2004, a Alternativa Bolivariana para as
sul-americanos passaram a, gradualmente, colocar em prática Américas (Alba) é a organização com maior viés ideológico
iniciativas que visavam unir os países da região. Entre entre as apresentadas, uma vez que se coloca claramente em
sucessos e falhas, a integração da América do Sul começou a oposição à política econômica dos EUA para a região e evoca
ser levada mais a sério, tanto sob o ponto de vista econômico os ideais de Simon Bolívar.
como também político, social e cultural. Formada por Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua, a Alba
difere de outras iniciativas que visam à relação com o comércio
Organizações intergovernamentais exterior, à exportação de commodities e às alianças com outros
As organizações intergovernamentais são organizações blocos, focalizando seus esforços na diminuição das
internacionais compostas por governos para diferentes fins, desigualdades sociais, na priorização dos pequenos e médios
entre eles a integração regional. Um exemplo claro desse tipo empresários, além do desenvolvimento de uma economia
de organização são os blocos econômicos, que possibilitam a solidária.
realização de acordos comerciais visando à redução de tarifas
alfandegárias e ao fluxo livre de mercadorias, entre outros Mercado Comum do Sul (Mercosul)
objetivos. Formado inicialmente pelos países que compõem o Cone-
A formação dos blocos econômicos e de outras Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o Mercado
organizações intergovernamentais no subcontinente sul- Comum do Sul (Mercosul) foi fundado em 1991 através do
americano se deu a partir da segunda metade do século XX, em Tratado de Assunção, realizado na cidade de mesmo nome,
uma tentativa de impulsionar a industrialização e o capital do Paraguai.
crescimento econômico dos países da região. Em 2012 o grupo ganhou um novo integrante, a Venezuela,
Durante os anos de 1980 e 1990 houve a criação da maioria e além dos países-membros ainda há a categoria de países
dos blocos atualmente existentes na América do Sul, sendo associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru). O
que, no século XXI, o viés ideológico vem ganhando cada vez Paraguai chegou a ser suspenso do bloco nesse mesmo ano, em
mais destaque nas relações entre os países membros desses função da destituição do então presidente do país, Fernando
grupos, após vários governos de esquerda terem ascendido ao Lugo (considerada antidemocrática pelos países-membros),
poder, incluindo a Venezuela. mas a decisão foi revogada em 2013.
Já a Bolívia está em processo de se tornar um novo
Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) membro; o México e a Nova Zelândia, por sua vez, atuam como
Na década de 1960 foi formada a Associação Latino- países observadores, tendo como função fiscalizar as relações
Americana de Livre-Comércio (Alalc), que, no entanto, não internacionais entre os estados participantes e associados.
durou nem sequer um ano, pois a Argentina e o Brasil Como uma organização intergovernamental de livre-
ganhavam vantagens em relação a outros países. A Guerra Fria comércio, os países associados compartilham tarifas
também colaborou para que os EUA intervissem no alfandegárias em comum e possuem acordos firmados em
continente, manipulando governos da região de acordo com diversas áreas, permitindo a livre circulação de pessoas, bens
seus interesses, entre os quais não estava a integração sul- e serviços. Esses acordos, além de facilitarem o comércio,
americana. ajudam a promover o turismo e a cooperação científica.
Em 1980 a Alalc transformou-se na Associação Latino- Além de incrementar as relações entre os países-membros,
Americana de Integração (Aladi), cujo objetivo era também é objetivo da associação estreitar as relações
impulsionar economicamente a região e desenvolver um comerciais em conjunto com outros países e blocos, por meio
mercado comum latino-americano por meio de acordos de acordos com a União Europeia, o Egito, Israel e Paquistão,
comerciais. Atualmente compõem o bloco países de toda a por exemplo. Em 2014, Dilma Rousseff assumiu a presidência
América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, da entidade, que realiza encontros de chefes de Estado com
Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, frequência para tratar de questões políticas, econômicas e
Cuba, Panamá e Nicarágua. sociais.
Embora a sede da organização se localize em Montevidéu,
no Uruguai, o Brasil responde por cerca de 80% do PIB somado
Conhecimentos Gerais 36
APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 37
APOSTILAS OPÇÃO
dispersou pelas correntes de ventos por milhares de alterações feitas no seu espaço geográfico não causem grandes
quilômetros, afetando vários países da Europa Central. impactos.
Mas é muito importante que se faça uma ressalva: os meios
A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental. de comunicação e até mesmo as observações simplistas podem
Os problema de hoje são resultantes de centenas de anos de nos levar a pensar que os indígenas vivem isolados e que seu
descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase modo de vida é totalmente harmônico com a natureza. Essa
da Revolução Industrial, os seres humano apropriaram-se dos visão é muito diferente daquela que os índios têm a seu
recursos naturais em larga escala de maneira desordenada. próprio respeito. Nos estudos feitos por antropólogos e outros
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento das estudiosos, percebe-se que as variadas nações indígenas têm
geleiras, extinção de espécies vegetais e animais e infinitas formas de se relacionar com o meio que as cerca. Em
desertificação são alguns dos problemas ambientais que comum, os índios têm somente a visão de que a vida, em todos
podem estar relacionados ao modelo de sociedade atual, os sentidos, faz parte de uma rede de relações. Dessa forma, os
marcado principalmente pelo consumo desenfreado. índios entendem que o ser humano está em constante ligação
É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a com a natureza. Assim, fica claro que não existe a ideia de
humanidade tem um destino comum e que depende de cada natureza intocada nem mesmo para essas sociedades. Para os
um de nós adotar medidas para que as gerações futuras índios, certamente, não se pressupõe a natureza sem a
tenham melhor qualidade de vida. intervenção humana.
A sociedade de consumo
As origens dos problemas ambientais
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela
Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas lógica do consumo. Todos os seus componentes, jovens,
sociedades. Na Grécia antiga, por exemplo, os filósofos já adultos, idosos - sejam eles ricos ou pobres -, estão inseridos
debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no nesse contexto. Grande parte dos meios de comunicação faz
mundo, especialmente da água, da terra, do fogo e do ar. As uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de
poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram- milhares de produtos apresentados como necessários para se
nos a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica, alcançar a felicidade. É cada vez mais comum observarmos que
concebida por algo divino e de extrema inteligência. o ato de consumir é colocado como uma das formas que
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na
pensadores gregos, defendia que todas as coisas na Terra, sociedade.
vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda A expansão acelerada do consumismo acarreta alta
ligação entre si e até mesmo uma essência comum, sendo úteis demanda de energia, minérios, água e tudo o que é necessário
para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse
que a Terra é um gigantesco ser vivo. padrão vem se difundindo em todo o globo, por uma espécie
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
passou a ser tratado isoladamente, como se fosse um conjunto Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa
de elementos que não tinham nenhuma relação com a das Nações Unidas para o Desenvolvimento, alertam para a
sociedade e existiam apenas para atender às suas velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito
necessidades, maior que a capacidade de regeneração da natureza, uma vez
Dentro desse contexto histórico - com suas características que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala
sociais, econômicas e políticas -, os interesses econômicos de tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a
privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre da vida média dos seres humanos.
qualquer alerta de problemas ambientais que poderiam surgir
em longo prazo. Tempo social e tempo geológico
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel É muito comum não compararmos a idade da Terra,
Carson (1907-1964) denunciou em seu livro Primavera estimada pelos cientistas, à vida humana. Leia com atenção o
silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, texto a seguir para perceber como a comparação pode nos
afirmando que eles eram prejudiciais à natureza e à saúde ajudar a entender o impacto humano sobre o planeta.
humana. Se todos os 4,5 bilhões de anos do tempo geológico da
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas Terra fossem comprimidos em um só ano, teríamos a seguinte
indústrias químicas. Em 1963, uma equipe científica do situação: as rochas mais antigas seriam formadas em março,
próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a os primeiros seres vivos apareceriam somente em maio, as
pesquisadora tinha razão, levando uma parcela da opinião plantas e os primeiros animais terrestres surgiriam somente
pública mundial a entender que os problemas com o equilíbrio no final de novembro e os depósitos de carvão surgiriam
da vida no planeta poderiam ser graves. durante cerca de quatro dias no início de dezembro. Os
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi dinossauros viveriam entre os dias 15 e 26 de dezembro, e
acompanhado por profundos avanços científicos, muitas vezes aproximadamente na primeira hora do dia 27 de dezembro
patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a surgiriam as grandes montanhas na Terra. Quando começasse
relação disso com o ambiente? As descobertas aceleraram a a anoitecer, no dia 31 de dezembro, surgiriam as primeiras
busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia criaturas humanoides, e as grandes capas de gelo que cobriam
espaço para que os alertas da devastação ambiental fossem o hemisfério norte começariam a derreter às 23:58. Roma teria
ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu governado o mundo das 23:59:45 às 23:59:50. Colombo teria
um verdadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição descoberto a América três segundos antes da meia-noite, e a
de muitos elementos da natureza. atividade industrial teria surgido somente no último segundo
desse impressionante ano. Metaforicamente, podemos afirmar
O atual modo de vida e seus impactos que um descontrole daquilo que surgiu no último segundo está
destruindo tudo o que levou "um ano" para ser feito.
Certamente, nesses tempos de preocupações ambientais, o Para compreender ainda melhor essa grave situação,
modo de vida indígena chama a atenção. A forma como se acompanhe a descrição a seguir.
relacionam com os recursos naturais e os manejam é mais Uma gigantesca rocha é exposta durante milhares de anos
branda que a nossa. Suas vidas estão organizadas para que as à chuva, ao vento e ao Sol. Desgastada, nela formam-se buracos
Conhecimentos Gerais 38
APOSTILAS OPÇÃO
e rachaduras que vão pouco a pouco se esfarelando. Pequenos Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais
microrganismos, com as substâncias que produzem, ajudam a passaram por uma mudança que também atingiu a questão
decompor ainda mais a rocha. Depois de alguns milhares de ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas
anos, nas partes mais esfareladas surgem fungos e alguns para a Conservação e Utilização dos Recursos Unscur), em
musgos É esse farelo de rocha que vai dar origem ao solo. Cada Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes
centímetro de camada de solo demora entre 200 e 400 anos políticos criaram uma organização voltada ao debate sobre
para se formar. Para ficar apropriado à agricultura, ele pode futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia
levar de 3 mil a 12 mil anos! Geólogos afirmam que apenas pesquisas para publicação de relatórios importantes. Em :972
duas décadas de descuido podem acabar com todo o solo de eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em
uma área que demorou milhares de anos para se formar. conjunto com cientistas do Massachusetts Institute
ofTechnology (MIT).
Os impactos do consumismo Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente
afirmava que, se continuassem os ritmos de crescimento da
Em nossos dias é perceptível que, para manter-se população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a
produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez mais humanidade correria sérios riscos de sobrevivência no final do
recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além século XXI.
de real, é impressionante, uma vez que até bem pouco tempo
atrás água e ar eram recursos limpos. Um novo patamar de discussões a partir de 1972
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada
vez mais complexas e caras. Até mesmo estudos para criação Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo,
de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um conhecida também como Primeira Conferência Internacional
custo altíssimo. para o Meio Ambiente Humano.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume
antes eram vistos como indiretos, mas que hoje, em função da cada vez maior de combustíveis fósseis recursos não
complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais renováveis - e lançava bilhões de toneladas de dióxido de
ligados de forma direta aos problemas ambientais. carbono na atmosfera, criando uma grande instabilidade
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos climática.
de desenvolvimento econômico. Mas que tipo de Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir
desenvolvimento econômico pode ter? as áreas produtivas, tem havido uma devastação toda vez
maior de todas as formações vegetais e uma utilização
O consumo e seus impactos no espaço urbano incessante de terras agrícolas que se desgastam cada vez mais,
provocando uma erosão crescente.
• O consumo crescente também altera a paisagem Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas,
urbana. As melhores áreas e as mais centrais, ou ainda com mas, para isso, fazia-se necessário reduzir o consumo e o
melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o
comercial, gerando uma hipervalorizarão dos imóveis em seu desenvolvimento sustentável.
entorno. Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final
• Essa especulação imobiliária nos grandes centros desse encontro em 1972. Porém, a sensibilização das
urbanos empurrou e ainda empurra um grande número de lideranças da comunidade internacional acabou levando a
trabalhadores para locais distantes dos seus postos de ONU a criar, naquele período, o Programa das Nações Unidas
trabalho. Maiores serão os deslocamentos, maiores os custos para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
de transporte e maior a poluição gerada. Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em
• Isso está diretamente ligado à produção de veículos, poucas alternativas para a solução da agressão ao ambiente.
que por sua vez está atrelada à produção de aço, petróleo, Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso
ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o controlar o crescimento populacional ou reduzir a velocidade
investimento em transporte deve se manter vinculado à do crescimento econômico - argumentação que ficou
produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, conhecida como Neomalthusianismo. Em ambo os casos, os
mais consumo, maior produção; maior produção, mais mais afetados seriam os países em desenvolvimento pois
transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes. haviam iniciado seu processo de industrialização e inserção na
• Por fim, a produção de energia de e acompanhar o economia mundial recentemente e suas populações tinham
crescimento de todas essas atividades econômicas, o Que altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa forma, ocorreram
demanda também maior produção de equipamentos. muitos protestos desses países, que acusavam os países ricos
Note, portanto, que estamos praticamente em um ciclo de tentar restringir o seu desenvolvimento e assim manter a
vicioso. dependência dos países pobres em relação aos ricos.
Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países
O desenvolvimento sustentável muito pobres não estavam interessados em abrir mão das
vantagens do desenvolvimento econômico em nome da
Apesar de relativamente recente, a ideia de preservação ambiental.
desenvolvimento sustentável vem ~ando espaço com o Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas conceito chamado “ecodesenvolvimento".
pelo aumento das trocas comerciais, principalmente nos O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e
últimos 200 anos. procedimentos que dão prioridade ao processo criativo de
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que transformação do meio em que vivemos, porem com a ajuda
essas preocupações ganharam relevância. Uma das razões de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a
para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e da um dos lugares. São as populações desses lugares que
Nagasaki (1945), que mataram centenas de milhares de devem se envolver, se organizar, utilizar os recursos naturais
pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas de forma prudente e procurar soluções que em a um futuro
ampliaram muito as ocupações ambientais de uma digno.
considerável parcela da população mundial. Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso
futuro comum. É o primeiro grande documento científico que
Conhecimentos Gerais 39
APOSTILAS OPÇÃO
O crescimento da economia chinesa passou a ser também Entretanto, as dificuldades para implementação do acordo
um termômetro da devastação ambiental Antigamente, falar são imensas. Pressionado pelo lobby das indústrias de
em um crescimento da economia por volta de 10 representava petróleo, carvão e de automóveis, o G-7 (grupo formado pelos
mais empregos, mais dinheiro, mais produção. Hoje, essas sete países mais ricos do mundo, capitaneados por Estados
taxas podem representar a devastação desenfreada do Unidos, Japão e Alemanha) sabotou o acordo ao exigir que os
ambiente. Não se cresce a taxas de 10 sem comprometer o países em desenvolvimento também fossem submetidos às
equilíbrio ambiental. Se a China continuar a crescer no mesmo mesmas limitações previstas para eles, mas o Grupo dos 77
ritmo, 1,45 bilhão de chineses vão ter a mesma renda per (grupo de países em desenvolvimento, capitaneados por
capita que apenas 300 milhões de habitantes dos EUA, em China, Índia e Brasil) não concordou com essa exigência. Os
2030. Isso significa que o padrão de consumo estadunidense acordos da Eco-92 ficaram apenas no plano das boas
reproduzido vai deixar o planeta em uma séria crise. Observe intenções.
alguns dados levantados pelo pesquisador Lester Brown,
divulgados em 2005: A Convenção da Biodiversidade
• Se a China continuar a ampliar seu consumo nesse ritmo,
será necessário ampliar uma área produtiva semelhante ao Nessa convenção, está prevista a transferência de parte
tamanho da Floresta Amazônica; dos recursos ou lucros obtidos com a exploração e
• Em 2030, a população da China consumirá 67 da comercialização dos recursos naturais para o seu local de
produção mundial de grãos; origem, que receberia esse volume de dinheiro para aplicar em
• A China já consome o dobro da quantidade de carne programas de preservação e de educação ambiental.
bovina consumida nos Estados Unidos; Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja,
• Em 20310 país terá 1,1 bilhão de carros e queimará 99 as relações entre os países desenvolvidos e as nações em
milhões de barris de óleo por dia - 20 milhões a mais que a desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
produção mundial. A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a
adquirir a capacidade de alterar e reproduzir organismos -
Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos
recursos para tudo isso? Certamente não. da possibilidade de explorar produtos naturais e modificá-los
geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies.
Isso abriu espaço para a biopirataria.
Conhecimentos Gerais 40
APOSTILAS OPÇÃO
A biopirataria não seria somente a prática de 2012, um corte de 5,2 nas emissões dos gases causadores do
contrabandear plantas e animais exóticos ou de alto valor efeito estufa, em relação aos níveis de 1990.
comercial, mas, principalmente, de apropriar-se dos Protocolo de Kyoto permite que os países possuidores de
conhecimentos das populações (como os conhecimentos dos florestas utilizem-nas como créditos a serem abatidos do total
índios brasileiros sobre as propriedades medicinais de de emissões que deveriam reduzir. Isso, na prática, permite
espécies vegetais, por exemplo) e monopolizá-los, no que se que eles não cumpram a meta de redução e comercializem
refere ao uso dos recursos naturais. O quadro é suas cotas de poluição com os países ricos.
particularmente crítico em regiões de riquíssima Protocolo de Kyoto previa que os EUA cortassem 7 de suas
biodiversidade, como a Amazônia. emissões de carbono até 2010. No entanto, o volume de
O conhecimento das potencialidades de certos elementos carbono que o país lança na atmosfera ainda está acima dos
da natureza deve ser disseminado, e não pode ser tratado níveis de 1990.
como uma mercadoria comercializada como qualquer objeto. Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser
ratificado por, no mínimo, 55 governos, que, se somados,
A Agenda 21 representassem no mínimo 55 das emissões de CO2
produzidas pelos países industrializados. Essa porcentagem
Esse documento, assinado pela comunidade internacional foi adotada para que os Estados Unidos, maiores poluidores do
durante a Eco-92, assume compromissos para a mudança do planeta, não pudessem impedir, sozinhos, a adoção dessas
padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda medidas.
21 procura traduzir em ações o conceito de desenvolvimento
sustentável O mecanismo de desenvolvimento limpo e o comércio
de créditos de carbono
O termo "agenda" tem, nesse caso, o sentido de intenções, Durante a Conferência de Kyoto foi criado um importante
isto é, de propostas de mudanças, visando a criar um modelo projeto, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), cuja
de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a meta principal era reduzir a emissão de qualquer poluente ou
simultaneidade do equilíbrio ambiental com a justiça social produto causador de mudança climática. Ficou estabelecido,
entre as nações. portanto, que empresas de países mais industrializados
seriam incentivadas a investir em projetos de redução de
A Agenda 21 busca: emissões dos países em desenvolvimento, como o Brasil, por
exemplo.
• geração de emprego e de renda; São considerados projetos de desenvolvimento limpo:
• diminuição das disparidades regionais e interpessoais de • captura de gás em aterro sanitário;
renda; • troca de combustível;
• mudança nos padrões de produção e consumo; • geração de energia por fontes renováveis (biomassa,
• construção de cidades sustentáveis; energia eólica, pequenas e médias hidrelétricas, energia solar);
• adoção de novos modelos e instrumentos de gestão. • compostagem de resíduos sólidos urbanos;
• geração de metano por meio de resíduos orgânicos
Para alcançar essas metas, é preciso mobilizar, além dos (biogaseificação).
governos, todos os segmentos da sociedade. Assim, se o projeto comprovadamente retira ou reduz
emissões de carbono, a empresa financiadora obtém créditos
As dificuldades de implementação das decisões da Eco- de carbono. Mas o que são créditos de carbono?
92 Os países que têm metas de redução de emissão de
poluentes fazem um mapeamento das empresas mais
Algumas das dificuldades para se implementarem esses poluidoras. Essas empresas podem compensar a sua emissão
tratados foram: financiando projetos do MDL e, assim, obter créditos que
• as questões econômicas, que ainda se sobrepõem às correspondam ao seu excesso de emissão. Quando a empresa
questões ambientai. propriamente dita atingir suas metas de redução, ela vai poder
Um agravante é o problema do desemprego, que leva vender esses créditos para outras empresas que ainda não
muito governos a associar a preservação ambiental à atingiram os patamares desejáveis.
diminuição da atividade econômica;
• o fato de os países ricos não fazerem esforços reais para
cumprir as legislações internacionais, por sofrerem pressões
de grupos sempre ariais prejudicados por muitos desses
tratados;
• o fato de os organismos internacionais dedicados à
diminuição da pobreza e às campanhas de educação ambiental Um outro olhar sobre o Protocolo de Kyoto
padecerem de falta de recursos financeiros; Recentes pesquisas apontam um problema muito grave:
• as tecnologias para produção de energia limpa, que, bem países que até 1997, em Kyoto, não representavam ameaças ao
como os programas de reciclagem em escala industrial, aquecimento passaram a representar.
necessitam de mais pesquisas para se tornarem viáveis a
ponto de levarem ao abandono as práticas poluidoras. Brasil, China e Índia, por exemplo, estão se aproximando
cada vez mais dos grandes poluidores. No caso do Brasil, a
Uma nova etapa pós-Eco 92: o Protocolo de Kyoto devastação das florestas e a expansão dos rebanhos fazem do
país um dos principais emissores de metano, um gás muito
Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada agressivo para a atmosfera. Já Índia e China preocupam pela
durante a Eco-92, deveria ocorrer um novo encontro crescente industrialização, uma vez que a energia usada é
internacional para discutir a redução da emissão de gases basicamente oriunda do carvão e do petróleo.
responsáveis pelo aumento da temperatura do planeta. Tal
reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão: líderes de 160 O Protocolo de Kyoto não consegue forçar os participantes
nações assinaram um compromisso que ficou conhecido como a mudar sua organização socioeconômica poluente para uma
Protocolo de Kyoto. Esse documento previa, entre 2008 e que seja de menor emissão de carbono.
Conhecimentos Gerais 41
APOSTILAS OPÇÃO
O insucesso de Kyoto mostra que, se novos acordos milhares de pessoas a aumentar o fluxo dos chamados
surgirem, como veremos a seguir, eles devem incluir metas de "refugiados ambientais".
redução a todos os países, sejam eles altamente
industrializados, sejam eles emergentes. A Conferência de Copenhague
Conhecimentos Gerais 42
APOSTILAS OPÇÃO
Os principais problemas ambientais do planeta poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com a
superfície mais fria também se resfria, ficando aprisionado
Poluição Atmosférica pela camada de ar mais quente acima, o que impede a
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de dispersão dos poluentes atmosféricos. Tem-se, assim, uma
partículas sólidas e gases tóxicos que se concentram na inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada
atmosfera terrestre alterando suas características físico- inversão térmica, fenômeno que pode ser observado na forma
químicas. de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte dos grandes
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser centros urbanos.
produzidos por fontes primárias ou secundárias. Os poluentes Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes
primários são aqueles liberados diretamente das fontes de atmosféricos deixam de dispersar e concentram-se próximos à
emissão, como os gases que provém de queimadas em superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera
florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e problemas de saúde aos habitantes das grandes cidades.
carvão), lançados do escapamento dos veículos automotores e Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
também das chaminés das fábricas, entre eles, monóxido de apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na
carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas e pulmonares,
(SO²) e metano (CH4). Os poluentes secundários, por sua vez, problemas que afetam principalmente crianças e idosos, mais
são aqueles formados na atmosfera a partir de reações sensíveis à poluição.
químicas entre poluentes primários e componentes naturais
da atmosfera, como o ácido sulfúrico (H²SO4), ácido nítrico
(HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda As mudanças climáticas
materiais particulados que abrangem um grande conjunto de
poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e A humanidade já passou por períodos mais quentes que o
líquidos, que se mantêm suspensos na atmosfera. atual e por períodos muito frios, como podemos observar no
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do gráfico a seguir.
século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera terrestre vem Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações
aumentando exponencialmente com o avanço da com o aquecimento são exageradas e que a Terra vai passar
industrialização, dos meios de transportes e demais atividades por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de Isso não é verdade. ° problema está no fato de que se
combustíveis fósseis. Milhares de toneladas de gases ampliou muito a emissão de CO2 na atmosfera desde o início
poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre, da Revolução Industrial As fábricas e as indústrias usavam e
desencadeando uma série de problemas ambientais, com ainda usam carvão mineral e, posteriormente e, petróleo para
impactos que ocorrem tanto em escalas local e regional (como gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo passou
o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) a ser usado também como matéria-prima e fonte de
quanto em escala global (como a diminuição da camada de combustíveis para muitos sistemas de transporte.
ozônio e a ocorrência do efeito estufa). Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada os países e de os mais industrializados terem responsabilidade
de partículas em suspensão, parecida com uma neblina, maior nesse processo hoje já é possível afirmar que se trata de
conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. um problema global. Grandes quantidades de poluição
Também causa muitos problemas de saúde, principalmente produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do
relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. Em planeta em função da circulação das massas de ar que
grandes centros urbanos dos países industrializados, é transportam esses rejeitos.
frequente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os limites
estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O desequilíbrio no efeito estufa
Esses gases poluentes são provenientes da queima de florestas
e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os O principal problema causado pelo CO2 e por outros
principais agentes poluidores são os veículos automotores e as poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. ° efeito estufa é um
indústrias, sobretudo as termelétricas, siderúrgicas, fenômeno natural em que alguns gases funcionam como
metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo. retentores de calor, condição fundamental para manter a
Um exemplo disso é a população chinesa, que é existência de vida no planeta.
aconselhada constantemente a usar máscara para sair às ruas, As temperaturas médias no mundo subiram muito nos
evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a últimos 150 anos, e a explicação está no acúmulo de gases
permanecer no interior de suas casas, devido aos altos níveis causadores do efeito estufa.
de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de
Foram registradas milhares de mortes, principalmente na reter calor na atmosfera é 23 vezes maior que a do gás
última década, decorrentes de problemas respiratórios e carbônico. Cerca de 30 das emissões mundiais de metano estão
cardiovasculares agravados pela poluição do ar. ligadas à pecuária, principalmente pela ruminação e pelo
esterco.
Inversão térmica Pesquisas realizadas pela Organização para Alimentação e
Em condições normais, o ar presente na Troposfera Agricultura (em inglês, Food and Agriculture Organization -
costuma circular em movimentos ascendentes, o que ocorre FAO), órgão vinculado à ONU responsável pelo setor de
em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais alimentação, e pela Empresa Brasileira de Pesquisa
aquecido e, portanto, mais leve, nas camadas mais baixas, e o Agropecuária (Embrapa) afirmam que algumas árvores são
ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas. suficientes para reter o metano liberado pelo processo de
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, ruminação. Além disso, o crescimento das pastagens absorve o
como os grandes centros urbanos, a fuligem e os gases carbono.
poluentes lançados pelas chaminés da fábricas e pelo O metano é liberado também por outras fontes: pela
escapamento dos veículos automotores tendem a se dispersar queima de gás natural, de carvão e de material vegetal e
por meio dessas correntes ascendentes. Em dias mais frios, também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e
com baixas temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do lixões.
inverno, a ausência de corrente de ar dificulta a dispersão dos
Conhecimentos Gerais 43
APOSTILAS OPÇÃO
O meta no ainda é preocupante em função da devastação produção de CFC. Entre 1988 e 1995, o consumo do gás
das florestas. Um exemplo é o caso das matas brasileiras, em diminuiu quase 80 em escala mundial. Mesmo assim,
especial da Floresta Amazônica. Historicamente, o fogo é um especialistas acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de
dos principais aliados dos pequenos camponeses para CFÇ que movimenta milhares de toneladas de gás por ano.
derrubar a floresta. As queimadas na Amazônia são utilizadas Esse quadro influencia diretamente a saúde humana.
há muito tempo como forma de criar áreas para a agricultura Especialistas na área de medicina afirmam que os casos de
de subsistência, fato que já faz parte cultura do povo essa catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala
região. A expansão das atividades econômicas, especialmente no planeta. Em algumas cidades do extremo sul da América do
a agricultura comercial, a pecuária e a exploração madeireira, Sul, principalmente, como Punta Arenas, no Chile, as pessoas
vem levando a região a entrar na lista dos maiores emissores usam roupas de mangas compridas, óculos escuros, protetor
de poluição do planta em função da destruição de sua solar e chapéus entre 11 e 15 horas, quando os raios solares
biomassa. são mais fortes. Essas precauções já fazem parte do cotidiano
de muitas pessoas no planeta.
O buraco na camada de ozônio
A devastação das florestas
No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista
holandês lartinus van Marum descobriu um gás com cheiro As atividades agropecuárias, a urbanização e a
muito forte durante algumas experiências com reações industrialização podem ser caracterizadas de maneira geral
químicas. Anos depois, o cientista alemão Friedrich Schõnbein como os processos que iniciaram a devastação das florestas.
chamou esse gás de ozônio quando percebeu que ele era Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos
liberado nos processos químicos de purificação da água. da ação humana, surgiram métodos que aceleraram o
Schõnbein também notou que esse gás subia pelo ar desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em
rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele biodiversidade.
acreditava então que o ozônio existia em grande quantidade Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais
nas altas camadas da atmosfera, fato que veio a ser da Europa e dos Estados Unidos praticamente extintas no final
comprovado por Gordon Dobson por volta dos anos 1920. do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a ao desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que
camada de ozônio é um filtro natural para a Terra. A se materializavam no território.
constituição química do gás detém os raios solares nocivos à Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje
saúde humana; portanto, a camada de ozônio é um dos e de forma cada vez mais preocupante. A instalação de
elementos mais importantes para a manutenção da vida. atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo resultado da expansão da indústria madeireira, das atividades
de vida e o modelo produtivo adotado pela economia mundial mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas
nos últimos tempos. Para refrigerar os alimentos usavam-se, áreas pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido
no início do século XX, gases extremamente perigosos, como a como expansão das fronteiras agrícolas.
amônia e o enxofre. A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência
No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um ecológica levou muitos países, em especial os mais
gás proveniente da combinação do carbono com o flúor e o desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies
cloro: trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registra o nativas, o que possibilitou a recuperação de antigas áreas
pela empresa dona a patente como gás fréon. devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o nações em desenvolvimento, essa tragédia natural tem
fréon passou a ser usado largamente e permitiu a crescido ano a ano.
popularização das geladeiras domésticas, que eram A atuação de grandes empresas exploradoras que operam
impensáveis quando se usavam os outros gases. As pesquisas em regiões florestais do planeta gera outros graves problemas.
permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza, As populações das regiões florestais extremamente pobres
sprays e uma quantidade infinita de derivados desse gás. viviam dos frutos das florestas de forma racional, uma vez que
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração.
uma falha nessa camada protetora da Terra. Cientistas Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu
britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco uma radical mudança na vida dessas pessoas.
de milhões de quilômetros quadrados na atmosfera sobre a Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os
Antártida. trabalhadores pobres empregam-se nessas companhias,
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham
emissão de gases Réon, que, quando sobem às altas camadas, nessas empresas acabam derrubando a mata para vender a
destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar
nocivos à vida. O problema reside no fato de que esses gases suas famílias.
duram na atmosfera entre 20 e 90 anos. Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores,
O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se pois mapeamentos detalhados mostram que a devastação põe
notam pequenas falhas também no Hemisfério Norte. Sabe-se em risco principalmente as florestas localizadas em regiões
que existe um sistema mundial de circulação de ar que úmidas do planeta. São áreas de mata inundadas ou saturadas
acumula os gases fréon sobre a Antártica em quantidade de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas em
máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas.
mais denso e circula somente nas proximidades dessa área. Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão
Quando os raios solares mais fortes chegam a essa região no ameaçadas pela expansão da agricultura comercial do arroz e
verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a pela exploração de madeira, como no caso da indonésia, que já
passagem dos raios nocivos. perdeu grande parte de sua cobertura florestal original.
A solução para esse problema está ligada à redução da Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam
emissão de gás CFC, fato que já foi registrado muitas vezes por que essas áreas úmidas devem ser preservadas, pois ajudam a
cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos
pequeno avanço, foi assinado em 1987 o Protocolo de de água. Caso essas regiões entrem em colapso natural, isso
Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da
Conhecimentos Gerais 44
APOSTILAS OPÇÃO
pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que ficaria da maioria da população, conservando o ambiente para as
sem água. gerações futuras.
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Em oposição a essa linha, surgiram os preservacionistas.
Quase 80 do território finlandês é coberto por florestas, o que Eles enxergam a sociedade como uma ameaça ao meio
é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as ambiente. As áreas naturais devem se manter intocadas para
florestas terem sido consideradas patrimônio ecológico, social, serem protegidas da destruição. Um dos maiores defensores
cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas do preservacionismo foi John Muir. Nascido na Escócia e
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30 criado nos Estados Unidos, ele defendeu a criação de inúmeros
anualmente. parques nacionais que são santuários da natureza.
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio Quando as discussões sobre meio ambiente começaram a
de espécies nativas; na Finlândia somente podem ser ocupar um lugar central, o filósofo norueguês Arne Naess
replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite passou a defender uma ideia chamada de ecologia profunda ou
uma atividade econômica mais sustentável e não tão agressiva ecosofia. Ele acreditava que tanto a vida humana como a não
ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas. humana no planeta tinham a mesma importância. Assim, os
Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao seres humanos não tinham o direito de reduzir essa riqueza e
manejo e estudo de florestas plantadas) finlandesa afirmam diversidade para satisfazer suas necessidades e deviam mudar
que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas radicalmente o padrão de vida para poderem sobreviver em
naturais e que os seres humanos a exploram desde sempre. escala mundial.
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores
da economia do país, e a comercialização de madeira, papel, A destruição dos recursos hídricos
polpa de papel e outros derivados da celulose chega a
representar cerca de 30 de suas exportações. O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado
Para combater o mercado clandestino de madeira e o por um consumo crescente de mercadorias das mais variadas:
desmatamento em todo o mundo, foi criada a certificação de alimentos a automóveis, de geladeiras a roupas. Para
florestal pelo Conselho de Manejo Florestal 'Forest produzir tanto, estamos assistindo a um desenfreado consumo
Stewardship Council - FSC), uma entidade ambientalista de água. Veja de maneira geral como foi a evolução do
mundial. consumo de água :10 Brasil e no mundo no século XX.
Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e Em função desse modelo econômico, o processo de
de seus derivados que aquele produto é fruto de um industrialização e de urbanização dá origem a um volume cada
reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que
sustentável, que preserva e respeita o ritmo de regeneração da são lançados nos rios e mares cotidianamente. Isso afeta
natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos
com essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel aquíferos, em vários pontos do planeta.
higiênico são certificados para comprovar que não vieram de No final dos anos 1990, veio à tona um problema
uma matéria-prima fruto da devastação. exemplarmente grave no norte do Golfo do México, litoral
sudeste dos Estados Unidos. Produtos químicos como
Os hotspots fertilizantes foram levados para o mar pelo Rio Mississipi,
destruindo oxigênio nessas águas. Consequentemente, a vida
A enorme diversidade natural das florestas chamou a marinha foi dizimada, gerando o que os especialistas passaram
atenção de muitos pesquisadores. Um deles foi o cientista a chamar de "zona morta", com aproximadamente mil
inglês Norma Myers. Ao perceber que existiam algumas quilômetros quadrados.
regiões com maior variedade de espécies vegetais e animais
que outras, ele deu um novo significado para o conceito de Escassez de água: uma crise anunciada
biodiversidade, antes visto genericamente como o incrível
número de espécies diferentes do planeta. Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água
Após as pesquisas de Myers, a biodiversidade pôde ser doce, são considerados o meio de vida natural mais ameaçado
medida. Existem lugares mais biodiversos e outros menos. Ele do planeta.
procurou identificar as regiões que concentravam os mais Embora ocupem apenas 1 da superfície terrestre, os
altos níveis de biodiversidade para direcionar as ações de ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40 das espécies
conservação. Essas regiões, que foram por ele chamadas de de peixes e 12 dos demais animais. Para ter uma ideia da
hotspots, são localidades prioritárias para a conservação, pois diversidade desses ecossistemas, o Rio Amazonas, sozinho,
sua destruição comprometeria um número maior de vegetais possuiu mais de 3 mil espécies de peixe. Todos os estudos
e animais. Myers definiu hotspot da seguinte forma: área com feitos recentemente apontam que 34 das espécies de peixes de
pelo menos 1500 espécies endêmicas de plantas e que tenha água doce encontradas em todo o mundo correm o risco de
perdido mais de três quartos de sua vegetação original. extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção de
Depois de inúmeras pesquisas, percebeu-se que todos os represas, canalização dos rios e poluição.
hotspots juntos somam apenas 2,3 da superfície terrestre. Entre 1950 e os nossos dias, o número de grandes
Nessa superfície estão 50 das plantas e 42 de todos os animais barragens no mundo passou de 5750 para mais de 41 mil, fato
vertebrados do planeta; ou seja, cuidando como se deve e com que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
comprometimento, podemos preservar quase metade de toda Esse cenário alarmante é agravado pela pequena
a vida. disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75 da superfície terrestre seja recoberta por água,
Preservacionistas X conservacionistas e a ecologia os seres humanos só podem usar uma pequena porção desse
profunda volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. É o
O conservacionismo é uma ideia do engenheiro florestal e caso da água salgada dos mares e oceanos, que representa
político estadunidense Gif- ford Pinchot. Ele acreditava em um cerca de 97 da quantidade total disponível na Terra.
convívio harmônico entre os seres humanos e a natureza, Dos cerca de 3 restantes, apenas um terço é acessível, em
desde que os seres humanos soubessem usar de forma correta rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e na atmosfera. Os
e eficiente os recursos naturais, sem desperdício, para o bem outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas
polares e lençóis freáticos muito profundos.
Conhecimentos Gerais 45
APOSTILAS OPÇÃO
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais países pobres, especialmente africanos, que não têm sistemas
consumida no mundo todo. Ao longo do século XX, por de vigilância eficientes para evitar esse crime.
exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as Outro grave problema é a pesca predatória, que também
superfícies irrigadas cresceram seis vezes e o consumo global, contribui para o esgotamento dos estoques de pescados
sete vezes. oceânicos. Cerca de 90 das espécies comerciais, ou seja,
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água pescadas, processadas e vendidas, correm risco iminente de
está gerando um fenômeno conhecido como estresse hídrico, destruição em razão da pesca predatória.
isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente
situação ocorre quando a disponibilidade de água não chega a ao setor alimentício são os responsáveis por essa destruição.
1000 metros cúbicos anuais por habitante. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do
lucro imediato, não respeita, em muitos casos, o período de
As águas mal usadas e a salinização dos solos reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
São consideradas regiões que sofrem com a salinização reposição dos estoques.
aquelas que perdem o rendimento econômico na agricultura. O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos
Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em imobiliários promovem a ocupação irregular de áreas
regiões mais secas. Neles, qualquer tipo de irrigação mal litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em
conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver áreas de manguezal, alterando o equilíbrio ambiental.
presente um adequado sistema de drenagem. A Organização É importante lembrar que os oceanos são fundamentais
das Nações Unidas para Alimentação e agricultura estima que, para o equilíbrio ecológico de todo o planeta. Eles concentram
dos 250 milhões de hectares irrigados em todo o planeta, cerca 97% das águas e produzem cerca de -:1\6 do oxigênio da
de metade já tem problemas de salinização, e uma grande atmosfera, além de serem os principais responsáveis pela
parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade
irrigação precisa ser feita com muito cuidado. que geram. Por todos - es fatores, os oceanos são fundamentais
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo para a manutenção das características climáticas do planeta.
o globo. A combinação de fatores naturais e socioeconômicos
com. pressão demo gráfica e uso irracional gera desertificação, A degradação dos solos
salinização e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma A degradação do solo geralmente é causada pela
considerável as reservas hídricas disponíveis no planeta. Em associação de situações climáticas extremas, como a seca ou o
quase metade das localidades habitadas, já existem problemas excesso de chuvas, com práticas predatórias, como o
de escassez, e cerca de 20 a 30 da população mundial não têm desmatamento de áreas florestais, a expansão das pastagens, a
acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração
ainda mais grave uma vez que a escassez desse recurso se descontrolada.
soma a problemas políticos entre povos e nações. Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela natural do solo, deixando-o exposto à ação das intempéries
posse da água que se misturam a rivalidades criadas por como o vento e a chuva, que gradualmente desgastam o solo
décadas de conflitos. desnudo de vegetação.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base
pontos de discórdia. Eles disputam as águas oriundas da do solo, chegar a ficar exposta. Quando isso ocorre, está se
nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades iniciando o processo de desertificação.
das Colinas de Golã. Além disso, 90 dos canais de O manejo agrícola inadequado é um dos grandes
abastecimento de água são controlados por Israel. responsáveis pela degradação dos solos. Quase metade das
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua
per capita de água é quatro vezes maior em Israel do que nos produção de alimentos.
territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele
da produtividade agrícola e tantos outros problemas. tem profunda relação com a sociedade e a economia, uma vez
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20
ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia tem um plano milhões de toneladas, cifra suficientemente grande para
de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 atenuar o problema da fome no mundo.
barragens ao longo dos rios Tigre e Eufrates. As consequências nefastas da degradação do solo afligem
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão também grandes contingentes populacionais. Calcula-se que
de água dos rios e ameaçam o abastecimento de grandes áreas 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de
em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países fome ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e
discutem hoje um estatuto comum para a administração mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural nos últimos 50
desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles anos.
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo As soluções para esse problema passam sempre pela
perder o enorme volume de água, fundamental para seu povo, alteração do modelo produtivo ou pela aplicação de enormes
outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu recursos financeiros na recuperação de áreas.
desenvolvimento. Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação. A principal decisão foi a aplicação de
A destruição dos oceanos vastos recursos financeiros para promover a educação
ambiental, principalmente em sociedades agrárias, para que
A intensificação do comércio internacional nas últimas estas sejam reprodutoras das práticas e dos conhecimentos
décadas tem deixado marcas negativas nos oceanos. voltados à conservação dos solos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem
gigantescas manchas de petróleo. Em parte, essas manchas Resíduos sólidos: recurso e problema
ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos
que causam vazamentos. Além disso, muitos navios Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são
petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de lançadas no ambiente. A prática de depositar resíduos ao ar
livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e
Conhecimentos Gerais 46
APOSTILAS OPÇÃO
queimar os restos inaproveitáveis teve início nas civilizações Nos últimos anos há incidência de chuva ácida
antigas, em que os métodos de lidar com os descartes praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares onde não
consistiam em depositá-los bem longe das moradias. existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou do deslocamento das massas de ar vindas de países emissores
à cultura cotidiana de muitas populações. Hoje é evidente que de poluição.
o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se:
a humanidade a uma enorme produção de resíduos, que • alteração da composição do solo e das águas, tanto dos
causam graves problemas quando manipulados e depositados rios quanto dos lençóis freáticos;
de forma inadequada. • destruição da cobertura florestal. No Brasil, isso é visível
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de em trechos das encostas da Serra do Mar nas proximidades de
mentalidade em relação ao resíduo sólido, a princípio nos Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial
países mais ricos. Antes visto como desprezível e petroquímico que já foi conhecido mundialmente pela péssima
problemático, gradualmente ele passou a ser encarado como qualidade do ar;
energia, matéria prima e parte da solução para alguns • contaminação das lavouras;
problemas. • corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.
Atualmente, processos como a reciclarem reduzem o
volume de resíduos sólidos descartado e interferem no No Hemisfério Norte, as chuvas ácidas já provocaram
processo produtivo, economizando energia, água e matéria- alterações em 35 dos ecossistemas.
prima, além de reduzir sensivelmente a poluição da água, do
ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O aumento
muito pequena perante a total. da temperatura do planeta
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse
problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja, o processo pelo As razões do aumento da temperatura do planeta ainda
qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa geram muitos debates entre os cientistas. Causas naturais e
separação é fundamental para o reaproveitamento dos provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para
resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos explicar o fenômeno. A principal evidência do aquecimento
materiais. A reciclagem passou a ser uma obrigação em função vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas
do enorme volume de. Do que a sociedade produz. em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um
Um cidadão estadunidense produz quase 800 quilos de aumento médio da temperatura durante o século XX. Para
resíduos sólidos por ano. O surgimento de novas mercadorias, explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências
o desperdício de matérias por falta de urna efetiva educação secundárias, como a variação da cobertura de gelo e neve em
ambienta1 e o uso de produtos descartáveis industrializados certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades
são os principais responsáveis pela contínua tendência de de chuvas, entre outras.
expansão desse índice. Segundo os estudos mais recentes, cada Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e
tonelada reciclada resulta em uma economia de 500 dólares. A nevadas, e a cobertura de gelo no Hemisfério Norte na
fabricação de papel reciclado, por exemplo, consome 74% primavera e no verão também diminuiu drasticamente.
menos energia que a produção de um papel novo. O aumento da temperatura global pode levar um
O Japão reutiliza 50 de seu resíduo sólido e desenvolveu ecossistema a graves mudanças, forçando algumas espécies a
processos de reutilização das águas do chuveiro no vaso sair de seus hábitats, invadindo outros ecossistemas, ou
sanitário. Nos Estados Unidos e na Europa, as autoridades potencializando a extinção.
estão eliminando os aterros sanitários - em que o lixo
acumulado acaba contaminando o solo e a água subterrânea - Outra situação que causa grande preocupação é o aumento
ao mesmo tempo que estimulam a instalação de usinas de do nível do mar, de 20 a 30 em por década. Algumas ilhas no
reciclagem. Desde 2006, a União Europeia exige dos Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.
fabricantes de automóveis e motocicletas que se
responsabilizem pelo destino final de 85 do material dos Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre
veículos. principalmente por causa da expansão térmica da água dos
oceanos, ou seja, as águas dilatam; no entanto, as
As consequências das mudanças climáticas e preocupações com o futuro incluem também o derretimento
ambientais das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes
quantidades de água na forma de gelo. Alguns cientistas
A chuva ácida afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e
mesmo imperceptível.
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões
compostos químicos como o enxofre e o nitrogênio, que vão se feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100 milhões de pessoas
concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente
nuvens. Estas, quando muito carregadas, despejam uma chuva por problemas relacionados a questões ambientais nas
extremamente ácida. próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. Nesses
números estão incluídos grupos humanos, comunidades
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos inteiras que serão levadas a migrar em razão da poluição das
países de industrialização mais antiga, mas depois, com a águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da
expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer disponibilidade de peixes e da subida do nível dos oceanos. É
em grande quantidade também na Ásia, em países como China, certo que essa situação exigirá~ uma legislação internacional,
Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes uma vez que países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de refugiados poderão ser levados em circunstâncias
enxofre (S02). Grande parte desse problema foi surgindo emergenciais a outros países.
conforme a produção industrial se expandia. Isso significou
maior uso de termelétricas que geram energia por meio do
carvão e do petróleo (combustíveis altamente poluentes),
maior circulação de carros e outros meios de transportes.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 48
APOSTILAS OPÇÃO
O que explica esse fato? O tráfico era uma atividade econômica muito importante
a) O aquecimento global, que provocou o aumento na época, já que assegurava a circulação de grandes
considerável da evaporação na região. quantidades de capital no país e estimulava o cultivo e a
b) O desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da ex- produção de bens. A cana-de-açúcar, o café, a mineração e a
URSS. construção civil são algumas atividades nas quais os escravos
c) A transposição das águas do rio Volga para as áreas eram essenciais em virtude de seu trabalho braçal.
secas da Europa Oriental. Ao longo do tempo – e com a independência do Brasil no
d) A utilização maciça das águas para o consumo humano, século XIX e dos países africanos no século XX -, as relações
mediante a dessalinização intensa. econômicas entre o Brasil e os países da África foram, aos
e) A alteração climática verificada na ex-URSS, durante as poucos, sendo estabelecidas. Porém, o impulso maior ocorreu
décadas de 1950 e 1960, que acarretou mudança nos regimes a partir do governo Lula (2003-2010), quando acordos de
fluviais. aproximação e de ajuda mútua foram assinados por ambos os
lados.
Respostas Essa cooperação constituiu-se principalmente dos
01. C/02. D/03. B/04. D/05. D seguintes pontos específicos:
→ Energia: cooperação energética quanto ao comércio de
petróleo e seus derivados;
8) Relações econômicas → Educação: intercâmbio acadêmico, pesquisas e bolsas de
entre o Brasil e o Mundo estudos;
→ Saúde: programas de combate à Aids e à malária;
→ Infraestrutura: programas de construção de obras de
engenharia e construção civil;
O Brasil no contexto internacional
→ Tecnologia: comercialização e incentivos ao
desenvolvimento tecnológico.
Os elos entre o Brasil e os demais continentes
Brasil e Europa
Brasil e África
Relações políticas e econômicas
As relações entre a área onde hoje se encontra o território
brasileiro e o atual continente africano é antiga, e remete a
Na década de 1950, intensos investimentos econômicos na
aspectos físicos e biológicos de tempos geológicos. Basta
industrialização brasileira foram realizados por parte de
lembrarmos a Teoria da Pangeia, confirmada em 1940, a qual
países europeus. A indústria automobilística deslanchava a
mostrou que os continentes que hoje conhecemos (América,
economia nacional e, para viabilizar seu sucesso, a construção
África, Europa, Ásia e Oceania) formavam, há milhões de anos,
de estradas tornava-se essencial. Assim, não somente as
um bloco continental, a Pangeia.
fábricas de automóveis instalaram-se no país, mas também
Porém, além dessas evidências geológicas, no cotidiano
empresas responsáveis pela construção de rodovias, além de
percebemos mais as heranças históricas e culturais e as
indústrias químicas e petroquímicas.
relações econômicas entre o Brasil e alguns países africanos.
A importância que reside sobre essas relações econômicas
Esses são aspectos fundamentais para formação e organização
está na possibilidade de o Brasil garantir um amplo mercado
social, cultural e territorial do Brasil.
externo, especificamente com países ricos. Os produtos
exportados do Brasil são majoritariamente agrícolas,
Relações econômicas
enquanto os importados europeus restringem-se a
equipamentos de transporte, produtos químicos e
O tráfico negreiro era uma prática já adotada por países
manufaturados.
europeus na época das colonizações e grandes
As relações que o Brasil possui com os países europeus
descobrimentos. Portugal, país hegemônico no século XV,
ocorrem atualmente de maneira muito distinta dos tempos da
implantou essa prática em suas colônias.
colonização. Nosso país possui hoje conexões mais estreitas
com os países-membros do principal bloco econômico
Linhas de tráfico de escravos África-Brasil
europeu, a União Europeia (UE). Observe, no mapa a seguir, os
países-membros da UE em 2015.
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-Fu-
xZAMlzM8/UWtcxf5Sk4I/AAAAAAAACKA/T5AftE-
1boo/s640/mapa+Tr%C3%A1fico+negreiro.jpg.
Fonte: http://www.geografia-ensino.com/2014/03/paises-membros-da-
uniao-europeia-em.html.
Conhecimentos Gerais 49
APOSTILAS OPÇÃO
Brasil e Ásia
Referências Bibliográficas:
Conhecimentos Gerais 50
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
APOSTILAS OPÇÃO
CONCEITO
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de apud Mazza Alexandre, Manual de Direito 3 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva,
Administrativo, 4ª edição, editora Saraiva, 2014. 2014.
2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª edição. São 4 Idem
Paulo: Malheiros,2002. 5 DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro
generalidade (a lei é válida para todos) e a abstração (a lei não secundárias do Direito Administrativo. Importante relembrar
regula situação concreta). que os costumes não têm força jurídica igual à da lei, razão pela
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei qual só podem ser considerados vigentes e exigíveis quando
complementar, lei delegada, medida provisória, decretos não contrariarem nenhuma regra ou princípio estabelecido na
legislativos, resoluções, etc. Todas são lei e, portanto, legislação. Costumes contra legem não se revestem de
constituem fonte primária do Direito Administrativo. Não se obrigatoriedade.”.
deve esquecer das normas constitucionais que estão no ápice
do ordenamento jurídico brasileiro. Regulamentos – São atos normativos posteriores aos
decretos, que visam especificar as disposições de lei, assim
Os Tratados Internacionais para ingressarem no como seus mandamentos legais. As leis que não forem
ordenamento jurídico pátrio devem seguir um procedimento. executáveis, dependem de regulamentos, que não contrariem
A Constituição Federal, em seu art. 84 atribuiu a lei originária. Já as leis auto-executáveis independem de
competência privativa para o Presidente da República celebrar regulamentos para produzir efeitos.
Tratados. Após a celebração, é preciso que o Congresso
Nacional, utilizando de sua competência exclusiva, aprove-o Instruções normativas – Possuem previsão expressa na
(art. 49, CF). A aprovação se dá por meio de Decreto Constituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos
Legislativo. administrativos privativos dos Ministros de Estado. É a forma
Superada essa etapa, o tratado deve ser ratificado pelo em que os superiores expedem normas de caráter geral,
Presidente da República e, após, promulgado por meio de interno, prescrevendo o meio de atuação de seus
Decreto Presidencial. subordinados com relação a determinado serviço,
Cumprido esse procedimento, o tratado está recepcionado assemelhando-se às circulares e às ordens de serviço.
pelo ordenamento pátrio e, em regra, terá força de lei Na maioria das vezes apresenta-se como Instruções
infraconstitucional. Contudo, em se tratando de tratados que Normativas.
versem sobre direitos humanos, o procedimento é diferente e
vem descrito no art. 5º, § 3º da Constituição: Regimentos – São atos administrativos internos que
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos emanam do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso de auto-organização interna das corporações legislativas e
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos judiciárias. Desta maneira, se destinam à disciplina dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas sujeitos do órgão que o expediu.
constitucionais.
Estatutos – é o conjunto de normas jurídicas, através de
Vê-se que, quando o tratado tem por matéria direitos acordo entre os sócios e os fundadores, regulamentando o
humanos é preciso que seja votado em dois turnos na Câmara funcionamento de uma pessoa jurídica. Inclui os órgãos de
e no Senado Federal e que seja aprovado por quórum classe, em especial os colegiados.
qualificado de três quintos. Nesse caso o Tratado terão força
de norma constitucional. Lei formal – relaciona-se diretamente com a forma e não
Em tendo força de lei infraconstitucional ou constitucional, precisamente com o conteúdo, devendo seguir o que é
os tratados passam a ser fontes do Direito Administrativo. proposto pelas Casas Legislativas. São exemplos: as Leis
O Direito Administrativo possui ainda as fontes Complementares, Leis Ordinárias ou Leis Delegadas.
secundárias que são: a doutrina, a jurisprudência e os Vale frisar que a lei apresenta o mais alto nível de
costumes. produção, ficando abaixo, apenas da Constituição Federal.
6MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 7FIGUEIREDO NETO, Diogo de. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro:
2014. Forense, 2006.
eficiência, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, entre efetiva. Se há desvio na sua aplicação, o Poder Judiciário deve
outros. ser provocado para corrigi-lo.
No processo administrativo, busca-se uma decisão legal e No legislativo, também não existe hierarquia, ainda que se
justa, pois se deve tratar igualmente os iguais e desigualmente tenha um sistema bicameral. O que pode haver no judiciário e
os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. no legislativo é a hierarquia, naquilo que tais poderes têm de
administrativo.
Princípio da Executoriedade Pelo princípio da hierarquia, no que diz respeito
Trata-se de atributo do ato administrativo que permite ao especificamente ao direito administrativo, temos
Poder Público sua imediata aplicação, sem ter que recorrer ao consequências, como a unidade de direção, revisão dos atos
Poder Judiciário. dos subordinados. Tais institutos são informados pelo
princípio da hierarquia, pois há um respeito nas suas áreas de
Princípio da Consensualidade atribuição e competências.
Muito usado nos casos de mediação, em que não se pode
impor uma decisão às partes, porém o resultado do que for Princípio da continuidade.
debatido entre elas deve ser levado em consideração. Para que O serviço público diz respeito as atividades do Estado, de
a mediação tenha bons resultados, é necessário que exista um modo que não pode haver interrupção desses serviços, por
consenso entre as partes. isso que é vedada a greve do funcionário público, já que pode
ocasionar a quebra da continuidade dos serviços, que causarão
Princípio Republicano inúmeros transtornos para o Estado, além da coletividade.
É a forma de relacionamento das autoridades públicas com
os seus cidadãos e traz como características a eletividade, Questões sobre Direito Administrativo
temporariedade e necessidade de prestação de contas pela
administração pública. 01. (Prefeitura de Piraúba/MG - Assistente Social - MS
CONCURSOS/2017). Com relação às fontes do Direito
Princípio da Sindicabilidade Administrativo, assinale a alternativa correta.
Diz respeito ao controle dos atos administrativos, seja pela (A) Costumes são decisões judiciais reiteradas no mesmo
própria Administração, seja pelo Poder Judiciário. Desde a sentido e têm efeito secundário.
segunda metade do século XX, como consequência dos (B) A lei é fonte primária e principal do Direito
conflitos mundiais, dos atentados aos direitos fundamentais, Administrativo.
vem se defendendo a ampliação do controle (sindicabilidade) (C) A doutrina é conduta reiterada praticada pelos agentes
da Administração Pública pelo poder Judiciário. Seria esta a públicos com consciência de obrigatoriedade.
forma de se conterem abusos que geralmente isentam-se de (D) A jurisprudência é a opinião expressa por juristas,
controle sob a alegação da “intangibilidade jurisdicional” dos cientistas e teóricos do direito.
atos discricionários".
02. (TRE/PE - Analista Judiciário - Área Administrativa
Princípio da Legitimidade – CESPE/2017). O direito administrativo é
Está voltado aos atos administrativos, mais conhecido (A) um ramo estanque do direito, formado e consolidado
como presunção de legitimidade. cientificamente.
(B) um ramo do direito proximamente relacionado ao
É a presunção de que os atos administrativos devem ser direito constitucional e possui interfaces com os direitos
considerados válidos, até que se demonstre o contrário, a bem processual, penal, tributário, do trabalho, civil e empresarial.
da continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso não (C) um sub-ramo do direito público, ao qual está
significa que os atos administrativos não possam ser subordinado.
contrariados, no entanto, o ônus da prova é de quem alega. (D) um conjunto esparso de normas que, por possuir
características próprias, deve ser considerado de maneira
Princípio da Especialidade dissociada das demais regras e princípios.
Este princípio está presente em algumas atividades das (E) um sistema de regras e princípios restritos à regulação
pessoas jurídicas não territoriais, limitando, assim, a interna das relações jurídicas entre agentes públicos e órgãos
capacidade e a atividade, sendo-lhes interdito praticar atos do Estado.
que não tenham relação com o objeto particular que é inerente.
03. (Prefeitura de Piraúba/MG - Assistente Social - MS
Com isso, fica proibido às pessoas, aceitarem doações e CONCURSOS/2017). Com relação às fontes do Direito
legados, que impunham a elas, aceitarem atividades diversas à Administrativo, assinale a alternativa correta.
sua especialidade. Ex: uma escola, que aceitaria doação para (A) Costumes são decisões judiciais reiteradas no mesmo
que ali funcionasse um hospital. sentido e têm efeito secundário.
A partir do momento em que se confere personalidade (B) A lei é fonte primária e principal do Direito
jurídica a um agrupamento, já se concede o fim para o qual se Administrativo.
tornou personalidade jurídica, não devendo atuar em sentido (C) A doutrina é conduta reiterada praticada pelos agentes
diverso do que fora incumbido. públicos com consciência de obrigatoriedade.
(D) A jurisprudência é a opinião expressa por juristas,
Princípio da hierarquia. cientistas e teóricos do direito.
Compreende-se como hierarquia, a relação de
coordenação e subordinação dos órgãos do poder executivo. 04. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016).
Assinale a opção correta a respeito de direito administrativo.
Na organização por instâncias, cada uma vai funcionar em (A) A administração exerce atividade política e
esfera diferente da outra, não havendo comunicação entre discricionária.
essas. Há atos que só podem ser feitos pelo juiz de primeira (B) A administração pública é o objeto precípuo do direito
instância, não sendo de competência do Tribunal. administrativo.
Basta pensar no caso do legislador, que quando entende (C) O âmbito espacial de validade da lei administrativa não
que é caso de reexame, manda que haja recurso por parte do está submetido ao princípio da territorialidade.
juiz.
(D) As instruções normativas podem ser expedidas apenas qualidade de Pessoa Jurídica de Direito Público, fazendo com
por ministros de Estado para a execução de leis, decretos e que a teoria da dupla personalidade do Estado já não seja mais
regulamentos. assunto a ser discutido.
(E) O regimento administrativo obriga os particulares em
geral. Foi com a evolução da noção do Estado que surgiu a figura
do Estado de Direito, que traz a ideia de que a Administração
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Acerca Pública, obedece ao direito posto, além dos demais sujeitos de
de conceitos inerentes ao direito administrativo e à direito que compõem a sociedade, de modo resumido,
administração pública, assinale a opção correta. entende-se que o Estado de Direito se submete ao regime de
(A) O objeto do direito administrativo são as relações de direito que fora por ele mesmo instituído.
natureza eminentemente privada.
(B) A divisão de poderes no Estado, segundo a clássica Soberania é o poder supremo. No âmbito interno refere-
teoria de Montesquieu, é adotada pelo ordenamento jurídico se à capacidade de autodeterminação e, no âmbito externo, é o
brasileiro, com divisão absoluta de funções. privilégio de receber tratamento igualitário perante os outros
(C) Segundo o delineamento constitucional, os poderes do países.
Estado são independentes e harmônicos entre si e suas Nos Estados modernos ganha forças no Poder Constituinte,
funções são reciprocamente indelegáveis. tendo em vista que ela envolve o poder de alterar uma lei
(D) A jurisprudência e os costumes não são fontes do fundamental, como por exemplo a Constituição do Estado.
direito administrativo. É entendida como a propriedade que tem um Estado de ser
(E) Pelo critério legalista, o direito administrativo uma ordem suprema que deve a sua validade a qualquer outra
compreende os direitos respectivos e as obrigações mútuas da ordem superior. Na maioria das constituições trata-se de um
administração e dos administrados. poder escrito.
Em sentido formal, orgânico ou subjetivo, designa o estatais, eis que podemos considerar, que nada mais é do que
conjunto de órgãos e outros agentes estatais, que estejam no o conjunto de poderes e órgãos constitucionais
exercício da função administrativa, independentemente do A forma de governo é a maneira como se dá a instituição
poder a que pertençam (Poder Executivo, Judiciário ou do poder na sociedade e como se dá a relação entre
Legislativo ou a qualquer outro organismo estatal), devendo governantes e governados. Existem diversos tipos de governo,
neste caso, ser escrita em letra maiúscula. (Administração). como anarquismo (quando existe a ausência ou falta de
governo), democracia (os cidadãos elegíveis participam
Já a administração em sentido material ou objetivo, acaba igualmente), ditadura (não há participação popular),
se confundindo com a função administrativa, e pode ser monarquia (chefe de governo se mantém no cargo até a
considerada como a atividade administrativa realizada pelo morte), oligarquia (poder político concentrado em um
Estado, que vai em direção à defesa concreta do interesse pequeno número de pessoas), tirania (utilizada normalmente
público. Deve ser escrita com letra minúscula em situações excepcionais) e outros.
(administração). O sistema de governo não pode ser confundido com a
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da forma de governo, pois a forma é o modo como se relacionam
Administração Pública, que são: a prestação de serviços os poderes e o sistema de governo é a maneira como o poder
públicos, o exercício do poder de polícia, a regulação das político é dividido e exercido no âmbito de um Estado.
atividades de interesse público e o controle da atuação do Segundo o jurista italiano Norberto Bobbio, a primeira vez
Estado. que a palavra “estado” foi utilizada, com o seu sentido
contemporâneo, foi no livro Arte da Guerra, do imperador e
Desse modo, podemos entender a atividade administrativa general que fundou a dinastia dos Sun Tzu e posteriormente
como sendo aquela voltada para o bem toda a coletividade, no livro denominado O Príncipe, do diplomata e militar
desenvolvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar a Nicolau Maquiavel. Normalmente, grafa-se o vocábulo com
coisa pública e as necessidades da coletividade. A função letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de seus homônimos. Há,
administrativa é considerada um múnus público, que entretanto, uma corrente de filósofos que defende sua escrita
configura uma obrigação ou dever para o administrador com minúscula, como em cidadania ou civil. O objetivo não é
público que não será livre para atuar, já que deve obediência ferir a definição tradicional de Estado, mas equiparar a grafia
ao direito posto, para buscar o interesse coletivo. a outros termos não menos importantes.
O reconhecimento da independência de um Estado em
GOVERNO é o conjunto das funções necessárias à relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar acordos
manutenção da ordem jurídica e da administração pública. A internacionais, é uma condição fundamental para
palavra governo tem dois sentidos, coletivo e singular. O estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser
primeiro, como conjunto de órgãos que orientam a vida definido em termos de condições internas, especificamente
política do Estado. O segundo, como poder executivo, órgão (conforme descreveu Max Weber, entre outros) no que diz
que exerce a função mais ativa na direção dos negócios respeito à instituição do monopólio do uso da violência.
públicos. É um conjunto particular de pessoas que, em O Estado é uma organização que conta com o monopólio da
qualquer tempo, ocupam posições de autoridade dentro de um violência legítima (uso da força), pelo que dispõe de
Estado, que tem o objetivo de regrar uma sociedade política e instituições como as forças armadas, a polícia e os tribunais,
exercer autoridade. Neste sentido, os governos se revezam pelo fato de assumir as funções de governo, defesa, segurança
regularmente, ao passo que o Estado perdura e só pode ser e justiça, entre outras, num determinado território. O Estado
mudado com dificuldade e muito lentamente. O tamanho do de Direito é aquele que enfoca a sua organização na divisão de
governo vai variar de acordo com o tamanho do Estado, e ele poderes (Executivo, Legislativo e Judicial). É importante
pode ser local, regional ou nacional. esclarecer que os conceitos de Estado e governo não são
O governo é a instância máxima de administração sinônimos. Os governantes são aqueles que, temporariamente,
executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um exercem cargos nas instituições que conformam o Estado.
Estado ou uma nação. É formado por dirigentes executivos do O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados
Estado e ministros. que se desenvolveram na Antiguidade, em várias regiões do
mundo, como na Suméria, na América Central e no Extremo
Governo x Estado, Oriente. Em muitos casos, estas cidades-estados foram a certa
altura da história colocadas sob a tutela do governo de um
Os conceitos de Estado e Governo não podem ser reino ou império, seja por interesses econômicos mútuos, seja
confundidos, já que o Estado é um povo situado em por dominação pela força.
determinado território, que se sujeita a um governo. Assim O Estado como unidade política básica no mundo tem, em
merecem notoriedade: povo, território e governo. parte, vindo a evoluir no sentido de um supranacionalismo, na
O governo é o elemento formador do Estado, não podendo forma de organizações regionais, como é o caso da União
com este se confundir. Pode-se dizer que o governo é a cúpula Europeia. Os governos são transitórios e apresentam
diretiva do Estado que se organiza sob uma ordem jurídica por diferentes formas, que variam de um lugar para outro,
ele posta, a qual consiste no complexo de regras de direito enquanto os Estados são permanentes (ao menos enquanto
baseadas e fundadas na Constituição Federal.10 durar o atual sistema capitalista).
Com o decorrer dos tempos, a palavra governo, acabou Dessa forma, o governo seria apenas uma das instituições
sofrendo fortes mudanças, de modo que a concepção clássica que compõem o Estado, com a função de administrá-lo. Várias
entendia que o governo era: correntes filosóficas opõem-se à existência do Estado tal como
o conhecemos. O anarquismo, por exemplo, promove o total
Sinônimo de Estado + somatória dos 3 poderes desaparecimento do Estado e a respectiva substituição pelas
associações livres e organizações participativas.
Hoje essa ideia acabou sofrendo alterações, de forma que o O marxismo, em contrapartida, considera que o Estado é
governo, em sentido subjetivo é a cúpula diretiva do Estado, uma ferramenta de domínio que se encontra sob o controle da
que se responsabiliza pelo caminho dado as atividades classe dominante. Como tal, aspira à sua destruição para que
seja substituído por um Estado Operário como parte A forma Republicana de governo existe em nosso país
constituinte da transição para o socialismo e o comunismo, desde a Constituição de 1891. As características enraizadas
onde já não será necessário um Estado, uma vez superada a das regalias e prerrogativas de certas classes, com a
luta de classes (burguesia x proletariado). vitaliciedade do soberano e o nepotismo, não mais perduraria.
A Nação, por outro lado, tem seu conceito ligado à
identidade, à cultura e aos aspectos históricos. Por nação 2) Aristocracia: o Estado é governado por um pequeno
entende-se um agrupamento ou organização de uma grupo de pessoas, que em tese, seria o grupo ou classe mais
sociedade que partilha dos mesmos costumes, características, apta a conduzir o Estado.
idioma, cultura e que já possuem uma determinada tradição Na oligarquia quem governa são os mais poderosos,
histórica. Alguns autores chegam a afirmar que o Estado seria geralmente, os mais ricos, possuidores de títulos de nobreza
a institucionalização da Nação. ou que conquistaram o poder pela força.
Entretanto, observa-se a existência de Estados com muitas Segundo os filósofos gregos Platão e Aristóteles apenas os
nações – ou multinacionais – e algumas nações sem Estado melhores cidadãos, os que fossem superiores moral e
constituído. Existem nações sem Estado (nação palestina, intelectualmente, estariam aptos a atender os interesses da
nação basca) e Estados que reúnem e abarcam várias nações. coletividade.
No Direito Administrativo contemporâneo, Governo é a
expressão que define o núcleo diretivo do Estado, alterável por A aristocracia nasce como uma forma de governo que era
eleições e responsável pela gerência dos interesses estatais e contra à tirania e a oligarquia, porém a forma de avaliar quem
pelo exercício do poder político. É a organização e autoridade eram os melhores, acabou tendo caráter subjetivo, de modo
governante de uma unidade política. O poder de regrar uma que foi confundida com a oligarquia.
sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante
funciona e exerce autoridade. O governo é usualmente São exemplos: os patrícios na Roma e nobres da Europa, no
utilizado para designar a instância máxima de administração período da Idade Média.
executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um
Estado ou uma nação. Os Estados que possuem tamanhos 3) Politéia: governo do povo, exercido com respeito ás leis
variados podem ter vários níveis de Governo conforme a e em benefício de todos. A forma distorcida da Politéia é a
organização política daquele país, como por exemplo o Democracia, na qual a maioria exerce o poder, favorecendo
Governo local, regional e nacional. A forma de governo é a preferencialmente os pobres (POLIZEL, 2010). Apresentamos
política base que define como o Estado exerce o poder sobre a as formas puras de governo (Monarquia, Aristocracia e
sociedade. O sistema de governo é a divisão do poder no Politéia) que forma propostas por Aristóteles, e também as
Estado. Há ainda o regime político, que é uma relação entre o formas impuras (Tirania, Oligarquia e Democracia).
governante e a força exercida entre ele.
No entanto, a Democracia, no ocidente, tem uma
Aristóteles (384-322 a.C.) na obra Política, dividiu o conotação mais expandida, por exemplo, para Lincoln, a
governo de três formas: democracia “é o regime do povo, pelo povo e para o povo”.
Hans Kelsen expande essa ideia na liberdade de consciência,
1) Monarquia: cujo governo tem caráter hereditário, visa trabalho, religião, igualdade etc.
o bem comum, como a obediência ás leis e ás tradições. O Podemos considerar o Estado moderno como uma
governo cabe a uma única pessoa, que possui poderes não só sociedade com base territorial, dividida em governantes e
para fazer as leis, como também para aplicá-las. A forma governados, com ambições, dentro do território que lhe é
distorcida da monarquia é a Tirania, na qual o governo é de um reconhecido e com supremacia sobre todas as demais
homem só que ascende ao poder por meios ilícitos. instituições. Estão sob seu domínio todas as formas de
A escolha do monarca é feita com base em motivos atividade cujo controle ele julgue conveniente. Surge no auge
históricos tradicionais, de modo que ele não se preocupa em da monopolização do poder do governante do estado.
aparecer como representante da vontade do povo. Seu poder é Segundo Norbert Elias, o governo monopolista,
extraordinário, sem ter vínculo entre a sua escolha e a vontade fundamentado nos monopólios da tributação e da violência
dos governados. física, atingira assim, nesse estágio particular, como
O ponto importante é que ele não respondia pelos seus monopólio pessoal de um único indivíduo, sua forma
atos e podia ainda se tornar um imperador. consumada. Era protegido por uma organização de vigilância
muito eficiente. O rei latifundiário, que distribuía terras ou
São formas de monarquia: absoluta e constitucional. dízimos, tornara-se o rei endinheirado, que distribuía salários,
e este fato dava à centralização um poder e uma solidez nunca
Na absoluta, não há limites jurídicos para o monarca, na alcançados antes. O poder das forças centrífugas havia sido
constitucional, o rei sofre algumas limitações jurídicas, mesmo finalmente quebrado. Todos os possíveis rivais do governante
que seja considerado o representante mais alto do Estado. monopolista viram-se reduzidos a uma dependência
A Monarquia Constitucional se subdivide em pura (poder institucionalmente forte de sua pessoa. Não mais em livre
exercido diretamente pelo rei) e parlamentar (o poder do rei é competição, mas apenas numa competição controlada pelo
exercido através de seus ministros). monopólio, apenas um segmento da nobreza, o segmento
cortesão, concorria pelas oportunidades dispensadas pelo
OBS: a monarquia mais conhecida é a hereditária, já que a governante monopolista, e ele vivia ao mesmo tempo sob a
escolha do sucessor, obedece à linha hereditária, constante pressão de um exército de reserva formado pela
caracterizando-se pela vitaliciedade, hereditariedade e aristocracia do interior do país e por elementos em ascensão
irresponsabilidade. da burguesia.
A corte era a forma organizacional dessa competição
Surge a República, como oposta à Monarquia. O chefe do restrita. Com o surgimento de uma classe social e econômica,
Estado passa a ser temporário e não vitalício, eleito pelos formada de moradores da cidade, homens livres,
governados, quer dizer, o povo, não tendo mais que se falar em comerciantes, banqueiros, estudiosos, artesões, entre outras
hereditariedade. Diferente do monarca, o chefe do Estado atribuições autônomas e sustentáveis, que conseguiram por
passa a ser responsável por seus atos, podendo ser meio de seus dotes e por meio do pagamento de tributo de
processado, com a perda do seu mandato. proteção aos senhores feudais formarem os burgos, vindo daí
a origem da expressão “burguês”. Este monopólio do poder, aos direitos individuais, notadamente o da liberdade, para
pelo soberano, afora a ingerência da Igreja, foi evoluindo para construir os pilares que fundamentam a criação dos direitos
o absolutismo ao mesmo tempo em que a classe burguesa sociais. Surgem, desta forma, os “direitos de segunda geração”,
igualmente evoluía, mas achacada pelos altos tributos que se situam no plano do ser, de conteúdo econômico e social,
cobrados de todos os meios e de todos os lados, evoluindo para que almejam melhorar as condições de vida e trabalho da
uma situação, quem em torno do século XVIII já seria população, exigindo do Estado uma atuação positiva em prol
insustentável. Classifica-se a evolução do Estado de Direito dos explorados, compreendendo, dentre outros, o direito ao
em: trabalho, à saúde, ao lazer, à educação e à moradia, (La
Bradbury, 2006). Carlos Ari Sundfeld sintetiza afirmando que:
a) Estado Liberal - Liberalismo é forma ao mesmo tempo “O Estado torna-se um Estado Social, positivamente atuante
racional e intuitiva de organização social em que prevalece a para ensejar o desenvolvimento (não o mero crescimento, mas
vontade da maioria quanto à coisa pública, e que está livre de a elevação do nível cultural e a mudança social) e a realização
qualquer fundamento filosófico ou religioso capaz de limitar da justiça social (é dizer, a extinção das injustiças na divisão do
ou impedir a liberdade individual e a igualdade de direitos, e produto econômico).”
no qual o desenvolvimento e o bem estar social dependem da
divisão do trabalho, do direito de propriedade, da livre c) Estado Democrático - Surge após a Segunda Guerra
concorrência e do sentimento de fraternidade e Mundial, dissociando-se das políticas totalitárias como o
responsabilidade filantrópica frente à diversidade de aptidões nazismo e fascismo, sendo suas características principais a
e de recursos dos indivíduos. Surge com a revolução burguesa representatividade política pelo voto do povo, detentor da
na França, suas características básicas são a não intervenção soberania e uma Constituição não apenas limitadora de
do Estado na economia, igualdade formal, autonomia e divisão poderes e políticas públicas, mas regulamentadora das
dos poderes. A Constituição é tida como norma suprema e prestações positivas do Estado em prol do cidadão e da
limitadora dos poderes públicos e garantidora de direitos coletividade. Declara e assegura direitos fundamentais
fundamentais individuais. Segundo parte da doutrina, nesse individuais e coletivos, tais como, direito a paz, ao meio
estado somente se fala nos direitos de primeira geração que ambiente ecologicamente correto, às tutelas de liberdade do
são aqueles que pregam a liberdade, também chamados de pensamento, expressão, autoria e intimidade, o respeito e a
direitos individuais, posto que protegem o cidadão contra os autodeterminação dos povos, as políticas de reforma agrária e
arbítrios e abusos do Estado. moradia popular, os benefícios e aposentadorias
previdenciários, a assistência social, entre outros, surgindo os
b) Estado Social – Segundo La Bradbury (2006), a direitos de terceira geração e outros, denominados de quarta
igualdade tão somente formal aplicada e o absenteísmo do geração, ligados ao constante progresso científico e
Estado Liberal em face das questões sociais, apenas serviram tecnológico contemporâneo e outros fenômenos políticos
para expandir o capitalismo, agravando a situação da classe como a globalização e a unificação dos países, de modo à
trabalhadora, que passava a viver sob condições miseráveis. O regular a cibernética, a informática, a biogenética, entre
descompromisso com o aspecto social, agravado pela eclosão outros.
da Revolução Industrial, que submetia o trabalhador a
condições desumanas e degradantes, a ponto de algumas Separação dos Poderes
empresas exigirem o trabalho diário do obreiro por doze horas
ininterruptas, culminou com a Revolução Russa de 1917, O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim
conduzindo os trabalhadores a se organizarem com o objetivo são seus poderes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário,
de resistir à exploração. Esse movimento configurava a conforme se infere da leitura do art. 2º da Constituição
possibilidade de uma ruptura violenta com o Estado Liberal, Federal:
devido à grande adesão de operários do ocidente europeu. A
burguesia, hesitante à expansão dos ideais pregados pela “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si,
Revolução Russa, adotou mecanismos que afastassem os o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”.
trabalhadores da opção revolucionária, surgindo, então, o
Estado Social, com as seguintes características: intervenção do a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas,
Estado na economia, aplicação do princípio da igualdade pratica atos de chefia do Estado, de Governo e atos de
material e realização da justiça social. A burguesia, agora administração, ou seja, administra e executa o ordenamento
detentora do poder político, passou a defender o jurídico vigente. É uma administração direita, pois não precisa
intervencionismo estatal no campo econômico e social, ser provocada. Excepcionalmente, no exercício de função
buscando acabar com a postura absenteísta do Estado, atípica, tem o poder de legislar, por exemplo, via medida
preocupando-se com os aspectos sociais das classes provisória.
desfavorecidas, conferindo-lhes uma melhor qualidade de
vida, com o único intuito de conter o avanço revolucionário. b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas,
Para alcançar tal intento, os capitalistas tiveram que substituir é de sua competência legislar de forma geral e abstrata, ou seja,
a igualdade formal (igualdade perante à lei), presente no legislar para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento
Estado Liberal, que apenas contribuiu para o aumento das jurídico. Em função atípica, pode administrar internamente
distorções econômicas, pela igualdade material (igualdade de seus problemas.
fato), que almejava atingir a justiça social. O princípio da
igualdade material ou substancial não somente considera c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas,
todas as pessoas abstratamente iguais perante a lei, mas se tem o poder jurisdicional, ou seja, poder de julgar as lides, no
preocupa com a realidade de fato, que reclama um tratamento caso concreto. Sua atuação depende de provocação, pois é
desigual para as pessoas efetivamente desiguais, a fim de que inerte.
possam desenvolver as oportunidades que lhes assegura, A partir do momento que a controvérsia é julgada em
abstratamente, a igualdade formal. Surge, então, a necessidade decisão transitada em julgado, é impossível modificá-la.
de tratar desigualmente as pessoas desiguais, na medida de Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir
sua desigualdade. O Estado Social (ou do Bem Estar), apesar de os interesses de uma sociedade. Em outras palavras, é o poder
possuir uma finalidade diversa da estabelecida no Estado de diretivo do Estado.
Direito, possuem afinidades, uma vez que utiliza do respeito
Importante destacar o conceito de governo dado por 04. (MPOG - Atividade Técnica - Direito,
Alexandre Mazza: “... é a cúpula diretiva do Estado, responsável Administração, Ciências Contábeis e Economia – FUNCAB).
pela condução dos altos interesses estatais e pelo poder A soberania, que permite afirmação na ordem externa,é
político, e cuja composição pode ser modificada mediante atributo:
eleições.11 (A) da Administração Pública.
(B) do Governo.
O Governo organiza-se em: (C) do Estado.
Ministérios: órgãos subordinados ao presidente da (D) do Poder Executivo.
República e que auxiliam nas atividades do Poder Executivo. (E) do Poder Judiciário.
Secretarias: também são subordinadas à presidência da
República e estão relacionadas a assuntos de interesses 05. (TJ/CE - Analista Judiciário - Área Administrativa –
sociais. CESPE). No que se refere ao Estado, governo e à administração
Conselhos: são responsáveis por recomendar diretrizes, pública, assinale a opção correta.
tomar decisões relacionadas às políticas ou administrar (A) O Estado liberal, surgido a partir do século XX, é
programas. marcado pela forte intervenção na sociedade e na economia.
Agências reguladoras: fiscalizam os serviços públicos (B) No Brasil, vigora um sistema de governo em que as
realizados pelas entidades privadas. funções de chefe de Estado e de chefe de governo não são
concentradas na pessoa do chefe do Poder Executivo.
Pessoa Administrativa (C) A administração pública, em sentido estrito, abrange a
É aquela que compõe a Administração Indireta, se função política e a administrativa.
vinculando a Administração Direta para realizarem atividades (D) A administração pública, em sentido subjetivo, diz
de forma centralizada. respeito à atividade administrativa exercida pelas pessoas
jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos que exercem a
Questões função administrativa.
(E) A existência do Estado pode ser mensurada pela forma
01. (TRT /8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - organizada com que são exercidas as atividades executivas,
Área Administrativa – CESPE/2016). A respeito dos legislativas e judiciais.
elementos do Estado, assinale a opção correta.
(A) Povo, território e governo soberano são elementos Respostas
indissociáveis do Estado.
(B) O Estado é um ente despersonalizado. 01. Resposta: A
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder 02. Resposta: B
Judiciário e o Poder Executivo. 03. Resposta: Certo
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em 04. Resposta: C
presidencialista ou parlamentarista. 05. Resposta: E
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são
elementos do Estado brasileiro.
Com o Poder Executivo, a Constituição não fala também em da personalidade estatal e expressados através dos agentes
órgãos, se limita a mencionar apenas Presidência da República neles providos".
e os Ministérios. Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles
Entretanto, com relação ao Poder Judiciário há sim menção podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a
aos órgãos! É o que dispõe o art. 92 da CF/88: jurisprudência têm reconhecido essa capacidade a
determinados órgãos públicos, para defesa de suas
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: prerrogativas.
I - o Supremo Tribunal Federal; Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, "embora
I-A o Conselho Nacional de Justiça; despersonalizados, os órgãos mantêm relações funcionais
II - o Superior Tribunal de Justiça; entre si e com terceiros, das quais resultam efeitos jurídicos
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; internos e externos, na forma legal ou regulamentar. E, a
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; despeito de não terem personalidade jurídica, os órgãos
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; podem ter prerrogativas funcionais próprias que, quando
VI - os Tribunais e Juízes Militares; infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo por
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e mandado de segurança".
Territórios. [...] Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de
lembrar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter
Inclui até os juízes como órgãos. Assim, Juiz, na concepção capacidade processual, acrescenta que "de algum tempo para
constitucional, é tratado como órgão do Poder Judiciário. cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a
Curiosamente, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a órgãos públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é
Advocacia Pública são tratados como instituições. Mas, quando o da impetração de mandado de segurança por órgãos públicos
se trata do Conselho de Defesa Nacional e da República, a de natureza constitucional, quando se trata da defesa de sua
Constituição usa a expressão “órgão”. competência, violada por ato de outro órgão".
Deste modo, podemos observar que a Constituição não Também a jurisprudência tem reconhecido capacidade
permite o estabelecimento de um conceito jurídico de órgãos, processual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais,
pois é desuniforme nesse aspecto. As únicas ocasiões em que Assembleias Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a
se usa a expressão “órgão” ou “órgãos” são para o Conselho da competência é reconhecida apenas para defesa das
República, para o Conselho de Defesa Nacional, e no Título do prerrogativas do órgão e não para atuação em nome da pessoa
Poder Judiciário, no art. 92. jurídica em que se integram.
No Direito Financeiro, damos uma conceituação diferente. A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio
Órgãos são somente as instituições que integram o mais alto de de lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48,
grau e nível hierárquico dos poderes. O conceito de órgão para XI, e 84, VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC
fins de orçamento é mais restrito. Presidência da República e n.º 32/2001.6 E, em regra, a iniciativa para o projeto de lei de
Ministérios, por exemplo, na área do Poder Executivo. Na área criação dos órgãos públicos é do Chefe do Executivo, na forma
do Poder Legislativo temos: a Câmara dos Deputados, Senado do art. 61, § 1.º, II, e, da CRFB, também alterada pela citada
Federal e Tribunal de Contas da União no Legislativo, e no Emenda Constitucional.
Judiciário temos: os juízes e Tribunais. Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é
Contudo, para o Direito Administrativo, o juiz é, na atribuída, pelo texto constitucional, a outros agentes públicos,
realidade, agente público, e não órgão! Constitucionalmente, como ocorre, por exemplo, em relação aos órgãos do Poder
entretanto, é tratado como se órgão fosse. Judiciário (art. 96, II, c e d, da CRFB) e do Ministério Público
Assim mostramos a desuniformidade na expressão “órgão” (127, § 2.º), cuja iniciativa pertence aos representantes
nas normas positivas. Todavia o que nos interessa aqui é o daquelas instituições. 12
conceito de órgão para efeito de Direito Administrativo. Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas
Pode-se definir o órgão público como uma unidade que de organização administrativa (desconcentração para órgãos
congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o públicos e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da
Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa organização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal
jurídica, embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa matéria pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do
jurídica é o todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes Executivo (art. 84, VI, a, da CRFB).
do todo. O órgão também não se confunde com a pessoa física, Excepcionalmente, a criação de órgãos públicos poderá ser
o agente público, porque congrega funções que este vai instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na
exercer. Conforme estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei instituição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts.
nº 9.784/99, que disciplina o processo administrativo no 51, IV, e 52, XIII, da CRFB
âmbito da Administração Pública Federal, órgão é "a unidade Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de
de atuação integrante da estrutura da Administração direta e competência instituídos para praticar atos e implementar
da estrutura da Administração indireta". Isto equivale a dizer políticas por intermédio de seus agentes, cuja conduta é
que o órgão não tem personalidade jurídica própria, já que imputada à pessoa jurídica. Esse é o conceito administrativo
integra a estrutura da Administração Direta, ao contrário da de órgão. É sempre um centro de competência, que decorre de
entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de um processo de desconcentração dentro da Administração
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o Pública. Isso posto, perguntamos o seguinte:
caso das entidades da Administração Indireta (autarquias, Qual a natureza dos órgãos? Temos algumas teorias para
fundações, empresas públicas e sociedades de economia responder. A teoria subjetiva confunde órgãos com agentes.
mista). Os órgãos são os próprios agentes. Significa que, uma vez
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os morto o agente, morto o órgão. A teoria objetiva, por sua vez,
órgãos: "nada mais significam que círculos de atribuições, os confunde órgão com funções, um complexo de funções. Mas o
feixes individuais de poderes funcionais repartidos no interior órgão não tem vontade própria, então não poderia, por si
mesmo, traduzir as funções. A teoria mista, que é uma
combinação das duas anteriores, peca pelas próprias críticas que estão relacionados. União, estados, municípios e Distrito
dirigidas às teorias anteriores. Se os agentes desaparecem e os Federal. Órgão da Administração Direta não tem nem
órgãos não têm vontade própria para serem realizadas, não há patrimônio próprio. O que é adquirido irá integrar um
que se falar em teoria subjetiva ou objetiva. patrimônio que pertence ao ente jurídico, e não é dele. O órgão
A outra questão é: qual seria a natureza jurídica da relação não pode dispor daquele patrimônio. Portanto a alienação de
que se processa entre agentes e os órgãos públicos? Aqui bens tem que ser precedida de autorização legislativa, com
temos outras três teorias: do mandato ou do contrato, em avaliação dos bens.
que o Estado confere mandato para que os agentes façam seus Os órgãos atuam através de mandato, com relação
trabalhos, o que é uma teoria não aceita porque os órgãos não interpessoal entre vários deles.
têm vontade própria, então não podem estabelecer Outra característica que tiramos dos órgãos públicos em
procuração para que os agentes ajam em seu nome. Há consequência disso é a incapacidade processual do órgão. Não
também a teoria da representação, que vem do Direito Civil, pode propor ações em juízo, e, em regra, existe sempre algum
Direito que fornece várias bases para o Direito Administrativo. órgão que irá defendê-lo. É o caso das Advocacias Públicas.
Essa teoria equipara o funcionamento dos órgãos aos Advocacia-Geral da União, por exemplo. O órgão por si mesmo
incapazes no Direito Civil. Tutores e curadores são não tem capacidade processual. Então as ações têm que ser
representados. Não tem mais sustentação pelo fato de que, se propostas contra o ente político a que pertencem.
acontecesse, isso implicaria na impossibilidade da Terceira observação: os órgãos obedecem ao princípio da
responsabilização do Estado em função de sua incapacidade. hierarquia, e estão colocados por desconcentração,
Não dá para colocar essa relação como sendo de representação representados por uma pirâmide, com um chefe que é o
equiparada ao direito privado em função daquilo que se faz comandante em função da hierarquia. Temos, portanto,
para que os atos da vida civil daqueles que não podem se avocação e delegação de competência, possibilidade de
representar, que são submetidos à tutela e curatela, a ser punição, estabelecimento de sanções, tudo decorrente do
desempenhada por outra pessoa, em regra por designação princípio da hierarquia. Há, entre os órgãos da Administração
judicial. No Estado não há nenhuma designação judicial para Pública, a observância rigorosa desse princípio. São essas
que agentes públicos representem a Administração Pública. algumas características principais que, em geral, a doutrina
A teoria que ganhou importância foi a da imputação, vinda apresenta para os órgãos. Há outra questão que é relacionada
da Alemanha. É a teoria do órgão. Diz que a conduta dos à possibilidade de alguns órgãos possuírem, por disposição
agentes públicos são imputadas sempre à pessoa jurídica a que legal, autonomia administrativa, financeira, e orçamentária.
pertencem, para que a responsabilização se faça contra o O Decreto-lei 200 estabelece, no art. 172, a possibilidade
próprio Estado, e, se for o caso, depois por ação de regresso de alguns órgãos da Administração Pública gozarem de
contra o próprio agente público. É a teoria que está na base da autonomia financeira e orçamentária. Eram órgãos
teoria da responsabilidade objetiva do Estado, no art. 37, § 6º autônomos, essa era a denominação. Os órgãos em posição
da nossa Constituição. hierárquica superior podem baixar regimentos, mas nem
todos têm autonomia administrativa. E financeira no sentido
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito de terem receitas próprias sem que passem, necessariamente,
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos pelo ente político.
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos Art. 172. O Poder Executivo assegurará autonomia
de dolo ou culpa. administrativa e financeira, no grau conveniente aos serviços,
institutos e estabelecimentos incumbidos da execução de
É a chamada teoria da responsabilidade objetiva do Estado, atividades de pesquisa ou ensino ou de caráter industrial,
em que a conduta do agente público é imputada ao próprio comercial ou agrícola, que por suas peculiaridades de
Estado. Isso é praticamente sacramentado na doutrina. organização e funcionamento, exijam tratamento diverso do
Assim, chegamos ao conceito técnico-doutrinário de órgão: aplicável aos demais órgãos da administração direta, observada
centros de competência instituídos para o desempenho de sempre a supervisão ministerial.
funções estatais, por intermédio de seus agentes, cuja atuação Foi esse dispositivo que, concedia, no passado, por decreto,
é imputada à pessoa jurídica que pertencem. autonomia a alguns órgãos em função de suas peculiaridades,
Resumindo todo o exposto, vamos repassar as teorias principalmente na década de 70, ao lado da descentralização
explicativas da relação entre os agentes e órgãos públicos. administrativa pela que passou o poder na área federal.
- Teoria do contrato ou do mandato, segundo a qual o Exemplo: Departamento de Imprensa Nacional. Essas receitas
Estado conferiria mandato para que o agente atue em seu são da União, mas era revertido ao próprio departamento que
nome; não é aceita porque o Estado não tem vontade própria; não as recolhia. Tinha autonomia financeira.
- Teoria da representação, segundo a qual o Estado seria Outro exemplo que acontecia no passado eram as antigas
representado pelos seus agentes, numa relação como se fosse rádios e TVs nacionais, que depois passaram a fazer parte da
de tutela ou curatela, com consequente irresponsabilidade do Radiobrás e da TV Brasil. Existe ali pagamento de cachês a
Estado, motivo pelo qual não é aceita; artistas, e esses veículos geram receita própria pela atividade
- Teoria da Imputação, pela qual a conduta dos agentes comercial. Infelizmente esse tipo de situação desapareceu. A
públicos é sempre imputada à pessoa jurídica a que gráfica do Senado Federal vende publicações técnicas. O art.
pertencem. 172 não está prejudicado, e continua vigorando para a área
Dessa observação, podemos estabelecer algumas federal.
características que se colocam para órgão público. O Hoje são apenas os Poderes, estes com autonomia
importante é que tenhamos em vista que o conceito de órgão garantida pela Constituição, além de poucas exceções em que
público em Direito Administrativo é referente à Administração os órgãos da Administração Direta gozam de autonomia
Pública direta. financeira.
Características dos órgãos públicos: órgãos, se tomados Demais classificações dos órgãos públicos
no sentido de Administração Direta ou integrante da Há outras classificações dos órgãos colocadas pela
Administração, não são pessoas jurídicas, portanto não têm doutrina, mas não há nenhuma disposição de Direito
patrimônio público, e suas receitas não são próprias. Muitas Administrativo.
vezes se fala em receitas públicas, que pertencem aos órgãos a
Temos um critério que tem em vista a localização detêm funções de comando e direção; e os subordinados, os
institucional do órgão junto às suas pessoas jurídicas políticas. incumbidos das funções rotineiras de execução.
Podem ser: Outra classificação, bastante encontrada, é quanto ao
- Federais; número de órgãos.
- Municipais; Em regra os órgãos são compostos e não simples. O
- Estaduais; Ministérios são compostos de vários órgãos. A seção de
- do Distrito Federal. protocolo não tem, abaixo dela, nenhuma divisão. Mas, nos
Uma segunda classificação, quanto ao poder decisório, Ministérios, podemos ter a consultoria jurídica, por exemplo.
colocada pela doutrina também. Nela, temos os órgãos Geralmente, podemos afirmar que os órgãos subalternos são
independentes, com poderes harmônicos e independentes simples, justamente por não terem subdivisões.
entre si. Art. 2º da Constituição: Quanto à composição, os órgãos podem ser singulares ou
colegiados. Os singulares são aqueles em que as decisões são
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos tomadas por um único agente público. Ele tem a
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. responsabilidade de tomar decisões. Nos órgãos colegiados
temos decisões tomadas pela maioria de seus membros, o que
Congresso Nacional é constituído pela Câmara dos leva à consequência de que deva haver um regimento interno.
Deputados e pelo Senado Federal. O Tribunal de Contas da Congresso Nacional, Tribunal de Contas da União, Tribunais.
União também pode ser colocado aqui, muito embora não seja, Os Conselhos, como o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho
administrativamente, órgão integrante do Poder Legislativo. Nacional do Ministério Público, o Conselho da República e o
Às vezes existe essa confusão, pois a Constituição de 1967 dizia Conselho da Defesa, claro que são órgão colegiados, então há
que o TCU era órgão auxiliar do Poder Legislativo. A um regimento interno. Pode haver decisões por maioria
Constituição atual não fala isso; O Tribunal de Contas exerce simples ou por maioria absoluta. Como no Congresso Nacional,
uma função de auxiliar o Poder Legislativo na tarefa de lei ordinária é aprovada por maioria simples, e lei
fiscalização dos atos do Poder Executivo e dos demais poderes. complementar é aprovada por maioria absoluta. O órgão
No Poder Judiciário são órgãos independentes os colegiado, então, tem que ter um regimento interno que
Tribunais. contém as regras decisórias.
Dentro do Poder Executivo o órgão independente é só a Há mais classificações. Os órgãos públicos podem ser
Presidência da República. Uma coisa curiosa é que, no Direito temporários ou permanentes. Normalmente a regra é que o
Financeiro, em termos de lei orçamentária atual, a Advocacia- órgão seja permanente. Exceção são os temporários, como as
Geral da União pertence à Presidência da República. CPIs e comissões específicas de licitações, além das comissões
Temos a classificação quanto à posição que os órgãos de concursos públicos.
ocupam na estrutura estatal. De acordo com ela, os órgãos Outra classificação encontrada é aquela entre órgãos
podem ser: primários, secundários e vicários. Os órgãos primários são
- Independentes; os cuja atividade decorre da própria lei. Os secundários
- Autônomos; desempenham funções por delegação. E os vicários, que
- Superiores; exercem competência substituindo outros órgãos. Vicário
- Subalternos. significa aquilo que se faz no lugar de outra coisa ou pessoa.
Por último, uma outra classificação encontrada pela
Os independentes são os órgãos cuja competência deriva doutrina é entre órgãos ativos, consultivos e de controle.
da norma constitucional e não estão subordinados a nenhum Órgãos ativos são os que têm poder decisório. Os consultivos
outro. são os de consulta e assessoramento, sem poder decisório.
Os órgãos autônomos são os que estão abaixo dos Como os Conselhos da República e de Defesa Nacional.
independentes, têm grande poder de decisão, e exercem as Advocacia-Geral da União desenvolve atividades jurídicas de
atribuições de fixação de diretrizes políticas, como os consulta e assessoramento do Poder Executivo Federal. Na
Ministérios, Secretarias dos estados e municípios e do Distrito verdade, representa a União judicial e extrajudicialmente, e
Federal. ajuda o Poder Executivo e não o Presidente da República. Não
Depois temos os órgãos chamados superiores, que são os cabe à AGU defender o Presidente da República fora de suas
que também têm uma grande parcela de poder decisório, atribuições, como na ocasião em que ele aparece
porém abaixo dos órgãos autônomos. Então, em geral, são as antecipadamente defendendo sua candidata na eleição por vir.
divisões e departamentos. Toda Administração tem uma Defende a União, e não o Presidente da República.
divisão em departamentos. Hoje as agências e empresas Também não pode o Presidente da República chamar as
estatais usam gerências, como as de recursos humanos, de Forças Armadas para defender sua fazenda, que é propriedade
finanças, etc. particular, contra invasores. A AGU defende o ente político, e
É curioso observar que a expressão órgão superior aparece não a pessoa do Presidente da República.
designada especificamente para o Conselho de Defesa Em resumo, as classificações dos órgãos públicos podem
Nacional. É o único caso em que se tem a expressão órgão ser assim discutidas:
superior. Art. 89 da Constituição. Quanto à localização institucional do órgão junto às
Aparece aqui o Conselho da República, ao contrário do pessoas jurídicas políticas:
Conselho de Defesa, que é órgão de consulta. - Federais;
- Municipais;
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de - Estaduais;
consulta do Presidente da República, e dele participam: - do Distrito Federal.
Os órgãos subalternos são os que, via de regra, não tem Quanto à posição que os órgãos ocupam na estrutura
poder decisório, e estão no final da hierarquia administrativa. estatal:
São aqueles de atendimento ao público, portarias, bibliotecas, - Independentes
protocolos. Só cumprem decisões. - Autônomos
De uma maneira geral, levando-se em conta a situação do - Superiores
órgão ou da estrutura estatal podemos classifica-los em: - Subalternos
diretivos e subordinados. Sendo os diretivos, aqueles que
Quanto ao número de órgãos: (D) estão excluídos da hierarquia administrativa para fins
- Simples disciplinares
- Compostos (E) admitem a avocação de atribuições, porém não a
delegação de atribuições.
Quanto à composição:
- Singulares 05. (Prefeitura de Taubaté /SP - Oficial de
- Colegiados Administração – PUBLICONSULT). De acordo com o art. 37
da Constituição Federal, a publicidade dos atos, programas,
Quanto à duração: obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos:
- Temporários (A) É terminantemente proibida no âmbito da
- Permanentes Administração Pública, exceto para empresas públicas que
tenham concorrência no mercado.
Quanto à origem da competência: (B) Poderá conter nomes, símbolos ou imagens que
- Primários caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
- Secundários públicos, exceto durante o período de vedação eleitoral.
- Vicários (C) Poderá conter nomes, porém não símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou agentes
Quanto ao poder: políticos, mesmo no período de vedação eleitoral.
- Ativos (D) Não poderá, em nenhuma hipótese e em qualquer
- Consultivos período, conter nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
- De controle promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Questões Respostas
A separação de funções pode apenas significar o resultado - Não explicaria a aplicação do regime jurídico
final do esforço científico para isolar os tipos ou formas da administrativo para alguns atos do Poder Judicial e Legislativo;
atividade jurídica do Estado. - Não poderia explicar a aplicação do regime jurídico
administrativo às autarquias e fundações públicas.
Classificação das Funções
c. Critério Objetivo Material. Define a natureza intrínseca
O entendimento doutrinário vem elencado em duas da função pública, investindo na própria atividade e não no
correntes. A primeira denota uma espécie de poder e a órgão invariável que a particulariza. Por essa via será
segunda uma espécie de atividade. administrativo, legislativo ou jurisdicional o ato que apresente
Com relação à espécie de poder, trata-se sobre a situação o mesmo conteúdo essencial da atividade.
jurídica que se encontram os exercentes do poder público, a Os autores que defendem o critério objetivo material
atuação funcional dos agentes. A segunda corrente sobre a reconhecem o caráter administrativo de determinados atos
espécie de atividade, denota as diferentes formas de exercer que surgem do Poder Legislativo e Judicial.
a atividade estatal e é ela que será estudada por nós em maior
amplitude. Os autores que defendem o emprego do critério objetivo
material.
As diferentes formas a serem executadas devem seguir
alguns critérios. d. Critério Objetivo Formal. Os atos estatais estão
a) critério negativo; caracterizados pelos efeitos jurídicos que desencadeiam a
b) critério subjetivo ou orgânico; partir do sistema normativo. Este critério veio para responder
c) critério objetivo; a alguns problemas apresentados pelos critérios
c.1) material; anteriormente estudados.
c.2) formal. Com relação a função legislativa os autores destacam a
novidade como nota formal distintiva que demonstra o
a) Critério Negativo. Traz dúvidas quanto à sua validade conceito de lei. É lei a norma que inova o modo primário a
científica, na medida em que procede a definições por meio de ordem jurídica e possui fundamento na Constituição.
exclusão. Por este critério, afirma-se algo negando a
pertinência do objeto com relação a outros objetos. Por ele, são solucionadas a maior parte dos problemas
apontados pela doutrina. Os conceitos de jurisdição e
A doutrina brasileira, defendida por Tito Prates Fonseca administração merecem reparos. A executoriedade é
considera que o critério negativo parece insuficiente para uma entendida como atributo qualificador dos atos
teoria das funções por algumas razões, não explica a administrativos. Não serão aplicados para os atos de
formulação dos conceitos que servem para a exclusão e sem administração consultiva, verificadora e ampliativos da esfera
dar uma precisão concisa, aponta o Poder Executivo e o Poder jurídica de particulares.
Administrativo como uma ideia que reclama a correção por
duas vias. A jurisdição, vista como atividade, não produz as decisões
dotadas de força de coisa julgada, seja formal ou material.
b. Critério Orgânico. O critério orgânico (ou subjetivo) Encontramos jurisdição no ato do juiz que não recebe a petição
exalta o sujeito que realiza a função pública, sem se interessar inicial, nos atos de jurisdição voluntária, em decisões
a respeito do conteúdo sobre o alcance dos atos produzidos. cautelares.
A função é definida pelo órgão e não o órgão pela função.
Papel Administrativo
Este critério é adotado em maior escala por autores
franceses. Os adeptos da teoria orgânica negam a divisão dos Quando se fala em administração, podemos entender que
atos estatais em formais e materiais e ressalvam a natureza ela pode ser empregada tanto no direito privado quanto no
tautológica da relação órgão-função (o Estado-Juiz apenas direito público. No direito privado, a administração vem
julga, o Estado-Administrador apenas administra, o Estado- elencada como pertencente ao sentido objetivo, denotando
Legislador apenas legisla). uma atividade a ser exercida.
Podemos citar como exemplo, o tutor que administra e
Alguns autores adeptos desta teoria orgânica, afirmam que resguarda os bens do seu tutelado.
a administração faz parte do Poder Executivo, já que admitem
a existência da função política ou governo. Outros, por sua vez, Massimo Severo Giannini trata a administração com base
entendem que seu conceito subjetivo de administração é uma em três figuras gerais, que são o ofício privado legal, o ofício
forma de escape para identificar a administração entre função privado necessário e o ofício privado voluntário. Nos três
administrativa e atividade do Poder Executivo. casos, o administrador privado é aquele que realiza uma
função, que tem o dever jurídico de atuação.
Segundo o critério da hierarquia orgânica, compete ao
Direito Administrativo regular as funções administrativas A diferença por ele percebida, diz respeito a disciplina
estatais e o órgãos inferiores que as desempenham. Pelo jurídica, em decorrência do objeto de uma e de outra. Quanto
mesmo critério, o Direito Constitucional regula os órgãos aos atos da função administrativa privada há um grande
superiores. controle jurídico, avaliando-se a conveniência da aceitação do
ato, por sua vez na função administrativa pública, os atos
O critério orgânico é deficiente com relação à alguns emitidos são mais limitados.
pontos, como por exemplo:
A atividade dos órgãos administrativos é formada por um
- Não teria como explicar o regime jurídico para casos de procedimento hierarquizado, onde se afirma as relações de
ação conjunta ou complementar entre dois ou mais órgãos mando e controle. Essa hierarquia confere o controle da
constitucionais que estejam no exercício de uma mesma legalidade, oportunidade e conveniência dos atos
função; administrativos.
Os órgãos jurisdicionais, no exercício da função não (C) os poderes dos órgãos públicos.
produzem atos semelhantes, nem se sujeitam a qualquer (D) as competências dos órgãos públicos.
relação de hierarquia formal. A sentença, quando proferida (E) as garantias individuais.
não fica à disposição do magistrado, exceto as hipóteses de
autorização expressa da lei, podendo ser modificada por Respostas
processo judicial a que todo ato expressivo do poder público
fica sujeito. 01. Resposta: errado
02. Resposta: Errado
Na função legislativa, editada a lei e modificado o 03. Resposta: Errado
ordenamento jurídico, não é possível cogitar qualquer vínculo 04. Resposta: A
de disponibilidade da lei por meio do titular da função. Não há
nenhuma forma de controle pelo legislativo sobre os atos
jurídicos primários que são emitidos no exercício da função
própria ou específica. A Lei editada pode ser apenas derrogada 5) Competência
ou ab-rogada se existir um novo diploma legislativo, porém administrativa: conceito e
não há que se falar em atividade de controle jurídico, mas sim critérios de distribuição.
em atividade de criação. O controle que é exercido pela lei diz
respeito à jurisdição e não ao controle por parte da
Avocação e delegação de
administração dos próprios órgãos legislativos. competência.
Já a função política ou de governo, difere da função
administrativa por consistir na emanação dos atos jurídicos
Conceito: entende-se por competência administrativa ou
primários, que se fundam na Constituição, dotados de ampla
material o feixe de atribuições conferido genericamente a um
discricionariedade. Os atos de governo são editados fora da
órgão público por lei, e por lei são repassadas em espécie aos
hierarquia administrativa, porém sujeitos a controle de
cargos públicos, determinadas funções que serão
legalidade pelos órgãos jurisdicionais.
desempenhadas por pessoas físicas denominadas agentes
públicos.
A atividade administrativa é distribuída por vários centros
As atribuições de cada agente são limitadas por lei e é o
emanadores do poder estatal e também é considerada
limite das atribuições de cada agente que determina a sua
heterogênea, pois emana tanto dos atos gerais quanto dos
competência.
individuais, que são provocados ou editados ex officio.
A Constituição Federal estabelece a competência própria
de cada ente da Federação.
Pode ser conceituada como a atividade exercida pelo
Estado ou pela administração indireta, realizada sob a lei ou
O princípio geral que norteia a repartição de competência
para dar aplicação vinculada a norma constitucional, como
entre os entes federativos é o da predominância do interesse.
atividade emanadora de atos complementares dos atos de
Pelo critério da predominância do interesse cabem à União as
produção jurídica primários ou originários.
matérias de interesse geral; aos Estados as de interesse
regional e aos Municípios de interesse local.
Questões
Valendo-se da Lei nº 9784/1999, uma das características
01. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais –
da competência é que ela é irrenunciável, devendo ser exercida
CESPE/2016). Em relação à administração pública direta e
pelo órgão habilitado para seu cumprimento, salvo para as
indireta e às funções administrativas, julgue o item a seguir.
hipóteses de delegação e avocação.
A função administrativa é exclusiva do Poder Executivo,
não sendo possível seu exercício pelos outros poderes da
Características
República.
( ) Certo ( ) Errado
- possui natureza de ordem pública, já que sua definição
está alicerçada na lei, de modo que sua alteração não pode
02. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais –
ocorrer pela vontade das partes;
CESPE/2016). Em relação à administração pública direta e
- não tem caráter de presunção, tendo em vista que o
indireta e às funções administrativas, julgue o item a seguir.
agente apenas terá as competências que forem outorgadas
A aplicação da lei pelo Poder Executivo, no exercício da
pela legislação;
função administrativa, depende de provocação do interessado,
- é improrrogável, não se transferindo a outro agente;
sendo vedada a aplicação de ofício.
- irrenunciável ou inderrogável, pois a Administração não
( ) Certo ( ) Errado
tem a opção de abrir mão de suas competências, já que são
conferidas em prol do interesse público (ex: art. 11, Lei
03. (MI - Analista Técnico – Administrativo – CESPE).
9784/1999);
Consoante as regras do direito brasileiro, as funções
- obrigatoriedade, por esta característica, entende-se que a
administrativas, legislativas e judiciais distribuem-se entre os
competência é um dever para o agente público;
poderes estatais — Executivo, Legislativo e Judiciário,
- imprescritibilidade ou incaducabilidade, se refere a
respectivamente —, que as exercem de forma exclusiva,
extinção que não vai ser conferida, salvo se houver vontade
segundo o princípio da separação dos poderes.
legal;
( ) Certo ( ) Errado
- delegabilidade: quando se transfere a competência
temporariamente por delegação ou avocação.
04. (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área –
Correição – ESAF). O Direito Administrativo é considerado
Delegação
como sendo o conjunto harmonioso de normas e princípios,
que regem o exercício das funções administrativas estatais e
A delegação ocorre quando um órgão administrativo ou
(A) os órgãos inferiores, que as desempenham.
seu titular transferem temporariamente parcela de sua
(B) os órgãos dos Poderes Públicos.
competência para outros órgãos titulares, mesmo que estes
Eis o que consta na Lei 9.784/1999: Entre os órgãos da mesma pessoa jurídica existem relações
que se fundamentam na posição que esses ocupam na
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos estrutura estatal. Sendo assim, o órgão superior exerce
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo poderes que sujeitam o subordinado. É a relação supremacia-
os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. subordinação13.
Quando há deslocação de competência de um órgão
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se superior, há o que se denomina avocação. A avocação encontra
não houver impedimento legal, delegar parte da sua limites na lei e não se aplica a órgãos nos quais não existe
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não hierarquia, como é o caso do Poder Judiciário.
lhe sejam hierarquicamente subordinados; quando fot Quando um agente público avoca a função do subordinado,
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, assume a responsabilidade pela prática do ato, desonerando o
social, econômica, jurídica ou territorial. subordinado.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser Admite-se a avocação por motivos relevantes, que sejam
publicados no meio oficial. devidamente justificados.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os A avocação tem como principal objetivo evitar decisões
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter contraditórias dentro da atuação administrativa.
ressalva de exercício da atribuição delegada. O instituto da avocação possui previsão legal, no artigo 15
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela da lei 9.784/99, abaixo transcrito, senão vejamos.
autoridade delegante.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
Como se percebe pelo §2º do artigo 14, a delegação é ato motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporário, que pode ser revogada a qualquer tempo, não temporária de competência atribuída a órgão
implicando renúncia de competência. Salvo disposição em hierarquicamente inferior.
contrário, presume-se a cláusula de reserva legal, quer dizer, o
agente delegante não transfere a competência, apenas amplia, O que ambas tem em comum?
mantendo-se competente após a delegação com o agente Tanto a delegação quanto a avocação são exceções à regra
delegado, ou seja, o agente delegante se reserva na geral da indelegabilidade de competências administrativas.
competência delegada.
Classificação das competências
A delegação não impõe a atuação do agente, mas lhe
transfere atribuição para a prática do ato específico, desde que Critério Horizontal
haja a ocorrência das regras legais para o exercício da Competências exclusivas: são as atribuídas com
atividade atribuída ao ente estatal. exclusividade a uma entidade, não admitindo delegação (art.
21 da Constituição Federal) e assim se dividem:
A delegação tem como objetivo aperfeiçoar o exercício de a) poderes enumerados: União (art. 21 e 22)
atividades administrativas. Aqui, um órgão administrativo e b) poderes reservados, residuais ou remanescentes:
um titular poderão delegar parcela de sua competência para Estados (art.25, § 1º)
outro órgão ou titular. O simples fato de ter mudado o titular c) poderes enumerados: Municípios (art. 30)
do cargo não enseja na cessação da delegação.
Critério Vertical
Diferente do que ocorre na avocação, a delegação não Competências comuns ou cumulativas: são as que
precisa de subordinação hierárquica entre órgãos ou pertencem a mais de um ente federativo, simultaneamente
autoridades. (art.23, CF)
As decisões que forem adotadas por delegação serão Ausência de competência: agente de fato
consideradas editadas pelo delegado. Caso inexista
competência legal específica, o processo administrativo No âmbito da Administração Pública denomina-se agente
deverá ter início perante a autoridade que tenha menor grau de fato a pessoa que não dispõe de competência para a prática
hierárquico para decidir. de determinado ato, ou por não ter recebido da lei essa
competência ou por não ter sido investido regularmente no
Casos em que não se permite a delegação (art. 13, Lei cargo correspondente; e mesmo assim pratica o indigitado ato.
9.784/1999): À evidência, o ato carece de validade, respeitando-se os
- a decisão de recursos administrativos; direitos dos terceiros de boa-fé.
- as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade; Entretanto, a doutrina considera válido os atos praticados
- a edição de atos de caráter normativo. pelo agente de fato, tendo em vista sua aparência de
Tribunais, p. 64.
conformidade com a lei e visando tutelar a boa-fé dos autoridade que as detém, desde que seja público o
administrados fundamento.
(E) podem ser delegadas quando o cenário fático assim
Questões justificar, em especial para fins de agilização da tomada de
decisão, vedado juízo de controle quanto à natureza das
01. (UFCG - Auxiliar em Administração – UFCG/2016). atribuições.
A competência constitui um dos requisitos do ato
administrativo. Assim, a competência é: Respostas
(A) Modificável por vontade do agente.
(B) Transferível. 01. Resposta: C
(C) Irrenunciável. 02. Resposta: C
(D) Prescritível. 03. Resposta: E
(E) De exercício não obrigatório. 04. Resposta: C
05. Resposta:
02. (MRE - Oficial de Chancelaria – FGV/2016). Em
matéria de competência administrativa, consoante ensina a
doutrina de Direito Administrativo, o fenômeno da avocação
ocorre quando a autoridade hierarquicamente: 6) Poderes e atos
(A) superior delega a agente administrativo de plano
hierárquico inferior atribuição para praticar determinado ato;
administrativos.
(B) superior convalida ato administrativo praticado por
agente administrativo de plano hierárquico inferior;
(C) superior atrai para sua esfera decisória a prática de ato
da competência natural de agente com menor hierarquia; O administrador público para exercer suas funções
(D) inferior pratica determinado ato administrativo que necessita ser dotado de poderes. Esses poderes podem ser
foge à sua esfera de atribuição, em caso de grave risco definidos como instrumentos que possibilitam à
iminente; Administração cumprir com sua finalidade, contudo devem ser
(E) inferior solicita a seu superior hierárquico autorização utilizados dentro dos limites legais.
para praticar ato originariamente fora de sua atribuição. O administrador público, por sua vez, deve se pautar na
observância das normas legais, bem como pelos princípios que
03. (Prefeitura de São Paulo/SP - Analista de Políticas o regem. O controle da legalidade e validade de seus atos
Públicas e Gestão Governamental - Conhecimentos Gerais torna-se imprescindível e obrigatório, e neste sentido, ao
– VUNESP). O que pode ser objeto de delegação ou, no sentido administrador cabe conhecer e aplicar os princípios que regem
contrário, avocação de competências? as relações públicas.
(A) A edição de atos de caráter normativo. Além da observância dos princípios administrativos, o
(B) As matérias de competência exclusiva do órgão ou da administrador público, para desempenhar suas funções, deve
entidade. observar algumas normas de cumprimento obrigatório.
(C) A decisão de recursos administrativos. Vale ressaltar que o administrador deve velar pelo dever
(D) O conjunto total de competências a outros órgãos ou de probidade, o dever de prestar contas e o dever de pautar
aos subordinados. seus serviços com eficiência. Caso o administrador não cumpra
(E) Parte das atribuições de órgãos ou de seus titulares. com o que lhe é imposto, deverá ser condenado a diversos
tipos de sanções.
04. (AL/GO - Procurador – CS-UFG). No tocante à
delegação de competências, considerando o arcabouço São características dos poderes administrativos:
doutrinário e legislativo referente à mesma,
(A) a decisão de recursos administrativos é delegável. - obrigatoriedade: o administrador deve exercer os
(B) a delegação depende de lei que expressamente a poderes obrigatoriamente, ou seja, o poder não tem o exercício
autorize. facultativo, não cabe ao administrador exercer juízo de valor
(C) a edição de atos de caráter normativo é indelegável. sobre o exercício ou não do poder;
(D) a delegação está vinculada à subordinação hierárquica. - irrenunciabilidade: se o administrador deve exercer o
poder, ele não pode renunciá-lo. Cabe destacar que se a
05. (TER/PB - Técnico Judiciário - Área Administrativa Administração deixar de exercê-lo, caberá responsabilização.
– FCC). As competências exercidas pelos diversos órgãos e - limitação legal: embora seja um poder irrenunciável e
entes públicos devem ser públicas e disciplinadas nos atos seu exercício seja obrigatório, o administrador deve agir
normativos competentes. De acordo com a Lei nº 9.784/1999, dentro dos limites legais, vale dizer, deve cumprir exatamente
essas competências: com o que o a lei determina, sob pena de ser responsabilizado.
(A) não podem ser delegadas, pois representam a essência Lembre-se que em Direito Administrativo vige o princípio
da descentralização e da organização administrativa, de modo da estrita legalidade que determina que o agente público só
que alterar a repartição normativamente posta pode subverter atue nos casos e na forma permitida em lei.
os direitos e garantias dos administrados. Na maior parte dos outros ramos do direito, a pessoa pode
(B) somente podem ser delegadas para órgãos e fazer tudo o que a lei não proíba, mas em Direito
autoridades hierarquicamente superiores, já que esses Administrativo, só se pode fazer o que a lei autoriza.
possuem atribuições de maior importância, o que lhes capacita
para o desempenho. Agir dentro dos limites da lei significa agir de acordo com
(C) podem ser delegadas, à exceção de algumas a necessidade, a proporcionalidade e a adequação.
atribuições, tais como decisão sobre recursos administrativos,
e desde que as circunstâncias, por exemplo, sociais ou São subcaracterísticas dos poderes administrativos:
jurídicas, justifiquem aquele deslocamento de atribuições.
(D) são discricionárias e facultativas, podendo ser Necessidade: o administrador deve, antes de agir,
delegadas a juízo de conveniência e oportunidade da verificar se o ato é realmente necessário, se ele é preciso. Ex:
Determinada escola não cumpre com as regras de Compete ainda a Administração Pública:
acessibilidade. É necessário fechá-la por isso? Cidade X fará
aniversário e a prefeitura realizará festa comemorativa. É a. editar atos normativos (resoluções, portarias,
necessário contratar cantor famoso? instruções), que tenham como objetivo ordenar a atuação dos
órgãos subordinados, pois refere-se a atos normativos que
Proporcionalidade: o ato deve ser proporcional à geram efeitos internos e não devem se confundir com os
situação. No exemplo acima, o fechamento da escola é regulamentos, por serem decorrentes de relação
desproporcional, haja vista que trará muito mais malefícios do hierarquizada, não se estendendo as pessoas estranhas;
que benefícios para a população. Ato proporcional é a
determinação de adequação. b. dar ordens aos subordinados, com o dever de
Adequação: é a verificação sobre a medida ou ato a ser obediência, salvo para os manifestamente ilegais;
tomado de forma a se descobrir se esse é o melhor caminho a
ser seguido. c. controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o
objetivo de verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento
Adequação: proporcionalidade e adequação caminham de suas obrigações, permitindo anular os atos ilegais ou
juntas, por isso muitas vezes se confundem. O agente público revogar os inconvenientes, seja ex officio ou por provocação
somente age nos limites da lei quando suas ações são pautadas dos interessados, através dos recursos hierárquicos.
por essas três subcaracterísticas. A ausência de uma ou mais
implica em excesso de poder, que resulta em d. aplicar sanções em caso de cometimento de infrações
responsabilização. disciplinares;
a distribuição de competências entre Câmara e Senado Normalmente esses dois atributos estão presentes. São
também se faz de forma que haja absoluta independência atos gerais porque se aplicam a um universo indeterminado de
funcional entre uma e outra Casa do Congresso.” destinatários. O caráter abstrato relaciona-se com a
circunstância de incidirem sobre quantidade indeterminada
Poder Disciplinar: para que a Administração possa de situações concretas, não se esgotando com a primeira
organizar-se é necessário que haja a possibilidade de aplicar aplicação. No entanto, existem casos raros em que os atos
sanções aos agentes que agem de forma ilegal. A aplicação de regulamentares são gerais e concretos, como ocorre com os
sanções para o agente que infringiu norma de caráter regulamentos revogadores expedidos com a finalidade
funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui de específica de extinguir ato normativo anterior.
sanções penais e sim de penalidades administrativas como Trata-se, nessa hipótese, de ato geral e concreto porque se
advertência, suspensão, demissão, entre outras. esgota imediatamente após cumprir a tarefa de revogar o
Estão sujeitos às penalidades os agente públicos quando regulamento pretérito.
praticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona
com a atividade desenvolvida pelo agente. A competência regulamentar é privativa dos Chefes do
Acima vimos que a aplicação de sanção é ato discricionário, Executivo e, em princípio, indelegável. Tal privatividade,
ou seja, cabe ao administrador público verificar qual a sanção enunciada no art. 84, caput, da Constituição Federal, é coerente
mais oportuna e conveniente para ser aplicada ao caso com a regra prevista no art. 13, I, da Lei nº 9.784/99, segundo
concreto. Para tanto ele deve considerar as atenuantes e as a qual não pode ser objeto de delegação a edição de atos de
agravantes, a natureza e a gravidade da infração, bem como os caráter normativo. Entretanto, o parágrafo único do art. 84 da
prejuízos causados e os antecedentes do agente público. Constituição Federal prevê a possibilidade de o Presidente da
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja República delegar aos Ministros de Estado, ao Procurador-
motivada para que se possa controlar sua regularidade. Geral da República ou ao Advogado-Geral da União a
competência para dispor, mediante decreto, sobre:
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: é o poder A- organização e funcionamento da administração federal,
que tem os chefes do Poder Executivo de criar regulamentos, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
de dar ordens, de editar decretos. São normas internas da extinção de órgãos públicos; e
Administração. B- extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Deve-se considerar as hipóteses do art. 84, parágrafo
É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar único, da CF, como os únicos casos admitidos de delegação de
decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel competência regulamentar.
execução à lei. Temos como exemplo a seguinte disposição Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
constitucional (art. 84, IV, CF/88): dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando
os respectivos setores de atuação. É o denominado poder
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da normativo das agências.
República: Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
[...] cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. inferioridade em relação à lei dentro da estrutura do
ordenamento jurídico.
De acordo com Alexandre Mazza14, o poder regulamentar Além disso, convém frisar que não se trata tecnicamente de
decorre do poder hierárquico e consiste na possibilidade de os competência regulamentar porque a edição de regulamentos é
Chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Por
gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar isso, os atos normativos expedidos pelas agências reguladoras
fiel execução à lei. nunca podem conter determinações, simultaneamente, gerais
O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais e abstratas, sob pena de violação da privatividade da
ampla denominada poder normativo, que inclui todas as competência regulamentar.
diversas categorias de atos gerais, tais como: regimentos, Portanto, é fundamental não perder de vista dois limites ao
instruções, deliberações, resoluções e portarias. exercício do poder normativo decorrentes do caráter
O fundamento constitucional da competência infralegal dessa atribuição:
regulamentar é o art. 84, IV, acima descrito A- os atos normativos não podem contrariar regras fixadas
Embora frequentemente confundidos, o conceito de na legislação ou tratar de temas que não foram objeto de lei
decreto não é exatamente igual ao de regulamento: aquele anterior;
constitui uma forma de ato administrativo; este representa o B- é vedada a edição, pelas agências, de atos
conteúdo do ato. Decreto é o veículo introdutor do administrativos gerais e abstratos.
regulamento. O certo é que decretos e regulamentos são atos
administrativos e, como tal, encontram-se em posição de Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração
inferioridade diante da lei, sendo-lhes vedado criar obrigações para condicionar, restringir, frenar o exercício de direitos e
de fazer ou deixar de fazer aos particulares, sem fundamento atividades dos particulares em nome dos interesses da
direto na lei. É isso que prega o art. 5º, II, da CF. coletividade. Ex: fiscalização.
Sua função específica é estabelecer detalhamentos quanto Será considerado originário, o Poder de Polícia exercido
ao modo de aplicação de dispositivos legais, dando maior pelas pesssoas políticas do Estado, como é o caso da União,
concretude, no âmbito interno da Administração Pública, aos Estados e municípios. Por sua vez o poder delegado é aquele
comandos gerais e abstratos presentes na legislação. exercido pelas pessoas pertencentes a Administração Indireta.
É comum encontrar na doutrina a afirmação de que Estes recebem o poder e o executam.
decretos e regulamentos são atos administrativos gerais e
abstratos. A assertiva, no entanto, contém uma simplificação. O art. 78 do Código Tributário Nacional assim conceitua
poder de polícia:
edição. 2014.
04. (IF/BA - Assistente em Administração – Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz,
FUNRIO/2016). O poder de polícia tem atributos específicos trata-se de requisito vinculado. Para que um ato seja válido
e peculiares ao seu exercício, sendo eles: deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
(A) discricionariedade, autoexecutoriedade e No Direito Administrativo quem define as competências de
coercibilidade. cada agente é a lei, que deverá limitar sua atuação e fazer as
(B) imperatividade, direção e coercibilidade. atribuições de cada agente.
(C) objetividade, imperatividade e autoexecutoriedade. O ato deve ser praticado por agente público, assim
(D) exclusividade, coercibilidade e objetividade. considerado todo aquele que atue em nome do Estado,
(E) discricionariedade, tempestividade e direção. podendo ser de qualquer título, mesmo que não ganhe
remuneração, por prazo determinado ou vínculo de natureza
05. (ANS -Técnico em Regulação de Saúde Suplementar permanente.
– FUNCAB/2016). No tocante aos poderes administrativos Podem ser englobados como agentes, os agentes políticos,
pode-se afirmar que a delegação e avocação decorrem do que são os detentores de mandatos eletivos, secretários e
poder: ministros de Estado, considerando ainda os membros da
(A) hierárquico. magistratura e do Ministério Público. Os atos ainda poderão
(B) discricionário. ser praticados por particulares em colaboração com o poder
(C) disciplinar. público, podendo se considerar aqueles que exercem função
(D) regulamentar. estatal, sem vínculo definido, como acontece com jurados e
(E) de polícia. mesários, por exemplo.
Além da competência para a prática do ato, se faz
Respostas necessário que não exista impedimento e suspeição para o
exercício da atividade.
01. Resposta: A Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada,
02. Resposta: A não sendo possível um agente que contenha competência
03. Resposta: A ilimitada, tendo em vista o dever de observância da lei para
04. Resposta: A definir os critérios de legitimação para a prática de atos.
05. Resposta: A
Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa
ATO ADMINISTRATIVO receber com sua expedição. Todo e qualquer ato
administrativo tem por objeto a criação, modificação ou
Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral comprovação de situações jurídicas referentes a pessoas,
de vontade da Administração ou de quem lhe faça às vezes, que coisas ou atividades voltadas à ação da Administração Pública.
agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de
Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado exteriorização e demais procedimentos prévios que forem
ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se concluir exigidos com a expedição do ato administrativo. Via de regra,
que os atos administrativos não são definidos pela condição da os atos devem ser escritos, permitindo de maneira excepcional
pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito atos gestuais, verbais ou provindos de forças que não sejam
Público. produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são os
Deve-se diferenciar o conceito de ato administrativo do casos dos semáforos, por exemplo.
conceito de ato da Administração. Este último é ato praticado A forma específica se dá pelo fato de que os atos
por órgão vinculado à estrutura do Poder Executivo. administrativos decorrem de um processo administrativo
Nem todo ato praticado pela Administração será ato prévio, que se caracterize por uma série de atos concatenados,
administrativo, ou seja, há circunstâncias em que a com um propósito certo. A exigência de forma para a prática
Administração se afasta das prerrogativas que possui, dos atos da Administração Pública decorre do Princípio da
equiparando-se ao particular. Solenidade, que pertence à atuação estatal, como forma de
O que qualifica o ato como administrativo é o fato que sua garantia de que os cidadãos serão contemplados com essa
repercussão jurídica produz efeitos a uma determinada ação.
sociedade, devendo existir uma regulação pelo direito público.
Para que esse ato seja caracterizado, é necessário que ele seja Motivo: Este integra os requisitos dos atos
emanado por um agente público, quer dizer, alguém que esteja administrativos tendo em vista a defesa de interesses
investido de múnus público, podendo atuar em nome da coletivos. Por isso existe a teoria dos motivos determinantes;
Administração. O motivo será válido, sem irregularidades na prática do ato
Esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde serão administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato
definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do praticado seja real e tenha acontecido da forma como estava
interesse público sobre o particular, em virtude da descrito na conduta estatal.
indisponibilidade do interesse público. Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito
Embora existam divergências, a doutrina mais moderna das razões que levaram à prática do ato.
entende que os atos administrativos podem ser delegados,
assim os particulares recebem a delegação pelo Poder Público Finalidade: O ato administrativo somente visa a uma
para prática dos referidos atos. finalidade, que é a pública; se o ato praticado não tiver essa
finalidade, ocorrerá abuso de poder;
REQUISITOS
São as condições necessárias para a existência válida do ATRIBUTOS
ato. Do ponto de vista da doutrina tradicional (e majoritária São prerrogativas que existem por conta dos interesses
nos concursos públicos), os requisitos dos atos que a Administração representa, são as qualidades que
administrativos são cinco: permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos
jurídicos. São eles:
Presunção de Legitimidade: É a presunção de que os atos Plano da validade envolve a conformidade com os
administrativos devem ser considerados válidos, até que se requisitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico para a
demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação correta prática do ato administrativo.
dos serviços públicos. Isso não significa que os atos O ato válido é aquele que foi criado em conformidade com
administrativos não possam ser contrariados, no entanto, o as regras previamente estabelecidas na legislação pertinente.
ônus da prova é de quem alega. Para que um ato seja avaliado como válido é necessário que ele
O atributo de presunção de legitimidade confere maior exista, quer dizer, seja perfeito.
celeridade à atuação administrativa, já que depois da prática A validade é a compatibilidade entre o ato jurídico e o
do ato, estará apto a produzir efeitos automaticamente, como disposto na norma. Assim, de acordo com o silêncio da lei, não
se fosse válido, até que se declare sua ilegalidade por decisão há atuação administrativa, tendo em vista a aplicação da
administrativa ou judicial. estrita legalidade em matéria de Direito Administrativo, não
sendo permitido ao agente público atuar sempre que não haja
Imperatividade: É o poder que os atos administrativos vedação por lei.16
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos No entanto, somente pode ser avaliada a validade de um
administrados, independente da concordância destes. É a ato, se ele for ao menos existente (perfeito), tratando-se de
prerrogativa que a Administração possui para impor segundo plano de análise dos atos administrativos. ·
determinado comportamento a terceiros.
Plano da eficácia está relacionado com a aptidão do ato
Exigibilidade ou Coercibilidade: É o poder que possuem para produzir efeitos jurídicos.
os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu A interação do ato administrativo com cada um dos três
cumprimento sob ameaça de sanção. planos lógicos não repercute nos demais. Constituem searas
sistêmicas distintas e relativamente independentes.
Autoexecutoriedade: É o poder pelo qual os atos A única exceção a tal independência reside na hipótese dos
administrativos podem ser executados materialmente pela atos juridicamente inexistentes, caso em que não se cogita de
própria administração, independentemente da atuação do sua validade ou eficácia. Ato inexistente é necessariamente
Poder Judiciário. inválido e não produz qualquer efeito.
Para a ocorrência da autoexecutoriedade é necessário a A existência ou perfeição é o primeiro plano lógico do ato
presença dos seguintes requisitos: administrativo. Nesse plano é necessário a verificação dos
a) Quando a lei expressamente prever; elementos e pressupostos que compõem seu ciclo de
b) Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso formação. Após isso e, se presentes os requisitos, o ato passa a
deverá haver a soma dos seguintes requisitos: ser válido.
- situação de urgência; e O ato administrativo é perfeito quando cumpre todos os
- inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, trâmites previstos em lei para a constituição, quando se esgota
evitar a lesão. toda as etapas do processo constitutivo desse ato.
Quando o ato estiver perfeito, ele não pode ser retratável,
ELEMENTOS porém pode ser revisado e até anulado, em virtude do
princípio administrativo da autotutela, previsto nas súmulas
O elemento quer dizer a parte que compõe um todo, e desta 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal.
maneira é o que é externo ou antecedente ao ato, não pode ser
parte dele. OBS: o ato imperfeito será aquele que ainda está em
Desta maneira podemos considerar que elemento é o formação, sem que se tenha concluído as etapas
conteúdo e a forma. estabelecidas em lei para que exista no ordenamento
jurídico.
Conteúdo: é a disposição sobre a coisa, o objeto. Desta
maneira se distinguem entre si, não sendo iguais. Tem relação O destino natural do ato administrativo é ser praticado
com o que o ato dispõe, ou seja, o que o ato decide, opina, com a finalidade de criar, declarar, modificar, preservar e
certifica, enuncia e altera na ordem jurídica. extinguir direitos e obrigações.
Forma: diz respeito à exteriorização do ato
administrativo, do conteúdo e pode ter ou não previsão em lei. Os atos administrativos produzem efeitos próprios efeitos
próprios e impróprios.
PRESSUPOSTOS Os efeitos próprios são aqueles típicos do ato,
Validade e Eficácia15 configurando o objeto ou o conteúdo da conduta estatal. Desta
forma, o efeito principal ou próprio de um ato de
Como todo ato jurídico, o ato administrativo está sujeito a desapropriação é a perda do bem público pelo particular.
três planos lógicos distintos: Os efeitos impróprios ou atípicos são os que decorrem,
a) existência; de forma indireta, da prática do ato administrativo, e se
b) validade; dividem em duas espécies, quais sejam: efeito reflexo e efeito
c) eficácia. prodrômico.
15 Mazza, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 4ª edição, 2014. 16 Carvalho, Mateus. Manual de Direito Administrativo. Editora Jus Podivm, 2ª
edição, 2015.
Celso Antônio Bandeira de Mello dispõe que os atos pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-se de
vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva imposição geral e abstrata para determinada relação.
tipificação legal do único possível comportamento da Esses atos dependem de publicação para que possam
Administração em face de situação igualmente prevista em produzir efeitos e devem prevalecer sobre a vontade
termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi- individual.
los, não interfere com apreciação subjetiva alguma. 17
Exemplo: a Administração cria uma norma interna para
O ato discricionário é aquele que, editado sob o manto da que os servidores se reúnam todas as segundas com o chefe.
lei, confere ao administrador a liberdade para fazer um juízo Como se percebe, o ato não individualiza nenhum sujeito
de conveniência e oportunidade. A diferença entre o ato específico, e será aplicado de forma ampla a todos aqueles que
vinculado e o ato discricionário está no grau de liberdade estiverem nesse local.
conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o
ato discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário Individuais: são aqueles destinados a um destinatário
no tocante à sua legalidade, pois o judiciário não poderá certo, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
intervir no juízo de valor e oportunidade da Administração momento, seus destinatários são individualizados, pois a
Pública. norma é geral restringindo seu âmbito de atuação.
Não se fala em atividade em geral, mas sim de modo
CLASSIFICAÇÃO específico de quais agentes devem se submeter às disposições
da conduta.
Quanto à formação: Os atos se dividem em simples,
complexo e compostos. Exemplo: promoção de servidor público
Simples: depende de uma única manifestação. Assim, a Quanto à supremacia do poder público:
manifestação de vontade de um único órgão, mesmo que seja
de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portanto, a vontade - Atos de império: Atos onde o poder público age de forma
para manifestação do ato deve ser unitária, obtida através de imperativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações.
votação em órgão colegiado ou por manifestação de um agente Exemplos de atos de império: A desapropriação e a interdição
em órgãos singulares. de atividades.
A Administração Pública atua com prerrogativa de poder
Complexo: decorre da manifestação de dois ou mais público, valendo-se da supremacia do interesse público sobre
órgãos; de duas ou mais vontades que se unem para formar um o privado. Aqui, o poder público impõe obrigações, aplica
único ato. Neste tipo, somam-se as vontades dos órgãos penalidades, sem que se tenha que recorrer aos meios
públicos independentes, em mesmo nível de hierarquia, de judiciais, em razão da aplicação das regras que exorbitam o
modo que tenham a mesma força, não se falando em direito privado, em prol do interesse da coletividade.
dependência de uma relação com a outra. Aqui, os atos que
formarão o ato complexo serão expedidos por órgãos públicos Se os atos praticados contrariarem às normas vigentes,
distintos. eles poderão ser anulados pela Administração ou pelo
Judiciário, podendo ainda ocorrer a sua revogação por motivos
Exemplo: Decreto do prefeito referendado pelo secretário. de interesse público, se forem justificadas devidamente.
Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que Exemplo: autos de infração, por descumprimento das
um edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, normas de trânsito.
é composto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo
órgão público, em patamar de desigualdade, de modo que o - Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder
segundo ato deve contar com o que ocorrer com o primeiro. público, sem as prerrogativas do Estado, sendo que a
Exemplo: nomeação de ministro do Superior Tribunal feito Administração irá atuar em situação de igualdade com o
pelo Presidente da República e que depende de aprovação do particuar. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito
Senado. A nomeação é o ato principal e a aprovação o privado, de modo que o Estado não irá se valer das
acessório. prerrogativas que tenham relação com a supremacia do
interesse público.
Quanto a manifestação de vontade: Trata-se de condutas que não restringem ou ainda que não
admitem que o ente estatal possa se valer dos meios
Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma coercitivos para que haja uma execuão.
das partes. Exemplo: licença
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível.
Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as
partes. Exemplo: contrato administrativo; - Atos de expediente: São aqueles destinados a dar
andamento aos processos e papéis que tramitam no interior
Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias das repartições. Os atos de gestão (praticados sob o regime de
partes. Exemplo: convênios. direito privado).
Quanto aos efeitos: - Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato
administrativo, mas falta a manifestação de vontade da
- Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz
destinatários. Pode ser outorgado um novo direito, como passar por agente público, sem sê-lo, ou que contém um objeto
permissão de uso de bem público, ou impondo uma obrigação, juridicamente impossível.
como cumprir um período de suspensão. Os atos inexistentes não podem ser convalidados, sendo
que os seus efeitos que já foram produzidos, não poderão ser
Exemplo: autorização para usode bem público a um ressalvados, mesmo que em relação aos destinatários de boa-
particular que pretende montar um show na cidade. fé.
- Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso
situação já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, policial; do segundo, a ordem para matar alguém.
transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece.
Também é dito enunciativo. É o caso da expedição de uma Quanto à exequibilidade:
certidão de tempo de serviço.
- Perfeito: É aquele que completou seu processo de
- Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja formação, estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não
extinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do se confunde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a
horário de atendimento da repartição é exemplo desse tipo de perfeição refere-se às etapas de sua formação.
ato.
- Imperfeito: Não completou seu processo de formação,
- Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é portanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por
o ato que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito
demissão do servidor público. apontado pela lei.
Quanto à abrangência dos efeitos: - Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a
condição ou termo, mas já completou seu ciclo de formação,
- Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito estando apenas aguardando o implemento desse acessório,
interno da Administração Pública, não atingindo terceiros, por isso não se confunde com o imperfeito. Condição é evento
como as circulares e pareceres. futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e
Via de regra, não dependem de publicação oficial, tendo em certo, como uma data específica.
vista sua destinação interna aqueles que estão vinculados à
estrutura da entidades. - Consumado: É o ato que já produziu todos os seus
efeitos, nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com
Exemplo: circular que exige que os servidores usem a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue.
sapatos pretos fechados.
5. Aprovação: é ato unilateral e discricionário pelo qual se 3. Circular: É o instrumento usado para a transmissão de
exerce o controle a priori ou a posteriori do ato administrativo. ordens internas uniformes, incumbindo de certos serviços ou
No controle a priori, equivale à autorização para a prática do atribuições a certos funcionários. É o ato que envolve a decisão
ato; no controle a posteriori equivale ao seu referendo. É ato da Administração sobre assuntos de interesse individual ou
discricionário, porque o examina sob os aspectos de coletivo submetido a sua apreciação.
conveniência e oportunidade para o interesse público; por isso
mesmo, constitui condição de eficácia do ato. 4. Despacho: Quando a administração, por meio de um
despacho, aprova parecer proferido por órgão técnico sobre
6. Homologação: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a determinado assunto de interesse geral, este despacho é
Administração Pública reconhece a legalidade de um ato denominado de despacho normativo. O despacho normativo
jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o deverá ser observado por toda administração, valendo como
aspecto de legalidade, no que se distingue da aprovação. É o solução para todos os casos que se encontram na mesma
caso do ato da autoridade que homologa o procedimento da situação.
licitação.
Ainda cabe trazer ao estudo a classificação apresentada Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao
por Hely Lopes Meirelles, onde podemos agrupar os atos Ministério;
administrativos em 5 cinco tipos:
Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos
a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando públicos aos seus subalternos que determinam a realização de
geral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem atos especiais ou gerais;
apresentar-se com a característica de generalidade e
abstração (decreto geral que regulamenta uma lei), ou Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas
individualidade e concreção (decreto de nomeação de um aos responsáveis por obras ou serviços públicos;
servidor).
Os atos normativos se subdividem em: Provimentos – atos administrativos intermos, com
determinações e instruções em que a Corregedoria ou os
Regulamentos – São atos normativos posteriores aos Tribunais expedem para regularização ou uniformização dos
decretos, que visam especificar as disposições de lei, assim serviços;
como seus mandamentos legais. As leis que não forem
executáveis, dependem de regulamentos, que não contrariem Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela
a lei originária. Já as leis auto-executáveis independem de Administração a terceiros;
regulamentos para produzir efeitos.
Despachos administrativos – são decisões tomadas pela
Regulamentos executivos: são os editados para a fiel autoridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no
execução da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de exercício da função administrativa) em requerimentos e
inovar o ordenamento jurídico, sendo praticado para processos administrativos sujeitos à sua administração.
complementar o texto legal. Os regulamentos executivos são
atos normativos que complementam os dispositivos legais, c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma
sem que ivovem a ordem jurídica, com a criação de direitos e declaração de vontade da Administração apta a concretizar
obrigações. determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao
particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder
Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e Público.
visam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas
sobre matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que
Assim, podem ser considerados atos expedidos como a Administração concede ao Administrado a faculdade de
substitutos da lei e não facilitadores de sua aplicação, já que realizar determinada atividade.
são editados sem contemplar qualquer previsão anterior.
Autorização – ato discricionário e precário em que a
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou Administração confere ao administrado a faculdade de exercer
não de serem expedidos regulamentos autônomos, em determinada atividade.
decorrência do princípio da legalidade.
Permissão - ato discricionário e precário em que a
Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Administração confere ao administrado a faculdade de
Constituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos promover certa atividade nas situações determinadas por ela;
administrativos privativos dos Ministros de Estado.
Aprovação - análise pela própria administração de
Regimentos – São atos administrativos internos que atividades prestadas por seus órgãos;
emanam do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade
de auto-organização interna das corporações legislativas e Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato
judiciárias. Desta maneira, se destinam à disciplina dos praticado pela própria Administração como maneira de
sujeitos do órgão que o expediu. exequibilidade;
Resoluções – São atos administrativos inferiores aos Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato
regimentos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia;
executivo.
Dispensa - ato administrativo que exime o particular do
Deliberações – São atos normativos ou decisórios que cumprimento de certa obrigação até então conferida por lei.
emanam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os Ex. Dispensa de prestação do serviço militar;
regulamentos e regimentos das organizações coletivas. Geram
direitos para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas Renúncia - ato administrativo em que o poder Público
para a Administração. extingue de forma unilateral um direito próprio, liberando
definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o Pública. A sua principal característica é a irreversibilidade
funcionamento da Administração e a conduta funcional de depois de consumada.
seus agentes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser
expedidos por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo,
não obrigam aos particulares.
d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou em todos os casos, a apreciação judicial.
emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes de
registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por Um ponto muito discutido pela doutrina diz respeito ao
isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo. caráter vinculado ou discricionário da anulação. Os que
defendem que deve-se anular (caráter vinculado), embasam
Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública esse entendimento no princípio da legalidade e os que
comprova um fato ou uma situação de que tenha defendem como uma faculdade (caráter discricionário)
conhecimento por meio dos órgãos competentes; invocam o princípio da predominância do interesse público
sobre o particular.
Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e
autenticadas de atos ou fatos existentes em processos, livros O entendimento por nós defendido é de que, em regra, a
ou documentos que estejam na repartição pública; Administração, tem o dever de anular os atos ilegais.
Impugnação do ato: Se houve a impugnação, judicial ou (E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados,
administrativa, não há que se falar mais em convalidação. O servindo especificamente para demonstrar sua organização e
dever de convalidar o ato só se afirma se ainda não houve sua seu funcionamento.
impugnação.
03. (CONFERE - Assistente Administrativo VII -
Decurso de tempo: O decurso de tempo pode gerar um INSTITUTO CIDADES/2016). A anulação do ato
obstáculo ao dever de convalidar. Se a lei estabelecer um prazo administrativo:
para a anulação administrativa, na medida em que o decurso (A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador
de prazo impedir a anulação, o ato não poderá ser convalidado, público.
visto que o decurso de tempo o estabilizará – o ato não poderá (B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário,
ser anulado e não haverá necessidade de sua convalidação. desde que exista base legal para isso.
(C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como
CONVERSÃO: Conversão é o ato administrativo que, com pela administração pública competente.
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, (D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato
transformando-o em ato distinto, desde o seu nascimento, ou administrativo tem força de lei.
seja, aproveita o ato defeituoso como ato válido de outra
categoria. Exemplo: Concessão de uso sem prévia autorização 04. (TRT/14ª Região (RO e AC) - Técnico Judiciário -
legislativa; A concessão é transformada em permissão de uso, Área Administrativa – FCC/2016). Sobre atos
que não precisa de autorização legislativa, para que seja um administrativos, considere:
ato válido – conversão. I. Os atos administrativos vinculados comportam anulação
e revogação.
Não se deve confundir a convalidação com a conversão do II. Em regra, os atos administrativos que integram um
ato administrativo. O ato nulo, embora não possa ser procedimento podem ser revogados.
convalidado, poderá ser convertido, transformando-se em ato III. A competência para revogar é intransferível, salvo por
válido. força de lei.
Está correto o que se afirma em
PRESCRIÇÃO: O instituto da prescrição, entendida como a (A) III, apenas.
perda do direito de ação devido à inércia de seu titular, (B) I, II e III.
também é reconhecido pela legislação pertinente ao Direito (C) I e III, apenas.
Administrativo. (D) I e II, apenas.
Como regra, o prazo para interposição de recursos (E) II, apenas.
administrativos é de cinco dias.
Já o prazo para propositura de ações judiciais, tanto pela 05. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado –
Administração quanto pelo administrado, em regra é de cinco CAIP-IMES/2016). Assinale a alternativa incorreta.
anos. Importante destacar que as hipóteses de suspensão e Os atos administrativos:
interrupção do prazo prescricional previstas na legislação civil (A) decorrem de manifestação bilateral de vontade da
também são aplicáveis às ações judiciais pertinentes ao Direito Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
Administrativo. fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
Questões extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
administrados, apenas.
01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). (B) decorrem de manifestação unilateral de vontade da
Sobre a revogação dos atos administrativos, assinale a Administração Pública no exercício da função administrativa
alternativa INCORRETA. típica.
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser (C) decorrem de manifestação unilateral de vontade da
revogados. Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
ordinariamente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe ainda extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
examinar os aspectos de validade do ato revogador. administrados ou a si própria.
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi (D) decorrem de manifestação unilateral de vontade da
praticado em conformidade com a lei, seus efeitos são ex nunc. Administração Pública, portanto são de exclusividade do
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da Poder Executivo no exercício da função típica. Contudo, os
revogação de determinado ato. demais poderes (Judiciário e Legislativo) também podem
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder exercê-los, atipicamente.
discricionário da Administração Pública
Respostas
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017).
Assinale a alternativa CORRETA sobre os atos administrativos. 01. Resposta: B
(A) Atos individuais, também chamados de normativos, 02. Resposta: D
são aqueles que se voltam para a regulação de situações 03. Resposta: C
jurídicas concretas, com destinatários individualizados, como 04. Resposta: A
instruções normativas e regulamentos. 05. Resposta: A
(B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato
administrativo deve sempre ser escrito, sendo juridicamente
insubsistentes comandos administrativos verbais.
(C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a
Administração Pública reconhece a legalidade de um ato
jurídico.
(D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários
podem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário.
desempenhar específicas competências da referida secretaria. - o nível federativo: as autarquias podem ser federais,
Caso a administração pública municipal decidisse, em face de estaduais, distritais e municipais, conforme instituídas pela
restrições orçamentárias, extinguir os postos de atendimento, União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios;
atribuindo às agências as competências que aqueles exerciam, - quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do
teria ocorrido concentração administrativa. Estado, as que estão pré-ordenadas; e
- as autarquias podem ter diferentes objetivos: as
Diferença entre Descentralização e Desconcentração: autarquias assistenciais são aquelas que visam a dispensar
As duas figuras dizem respeito à forma de prestação do serviço auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais
público. Descentralização, entretanto, significa transferir a específicas, para o fim de minorar as desigualdades regionais
execução de um serviço público para terceiros que não se e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.:
confundem com a Administração Direta, e a desconcentração SUDENE).
significa transferir a execução de um serviço público de um
órgão para o outro dentro da Administração Direta, Segundo di Pietro, a classificação pode ser de acordo com
permanecendo está no centro. vários critérios:
- tipo de atividade: Econômicas, de crédito e industriais,
Feitas essas considerações iniciais, passamos à análise das de previdência e assistência, profissionais ou corporativas;
pessoas jurídicas que compõem a Administração Pública - capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a
Indireta: de serviço ou institucional;
- estrutura: fundações e corporativas; e
AUTARQUIAS - âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser
criadas para a prestação de serviços públicos, contando com distribuídas em 5 grupos de classificação:
capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são - Econômicas: São destinadas para incentivar a produção
regidas integralmente por regras de direito público, podendo, e controle de produtos. Como é o exemplo do Instituto do
tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com Açúcar e do Álcool;
capital oriundo da Administração Direta (ex.: INCRA, INSS, - De crédito e industriais: Para gestão de recursos
DNER, Banco Central etc.). financeiros, bem como sua distribuição mediante empréstimo.
Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é
Características o caso da Caixa Econômica Federal;
Temos como principais características das autarquias: - De previdência e assistência: Para atividades de
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei seguridade social. Como é o caso do INSS e o IPESP;
nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e - As profissionais ou corporativas: Para fiscalizar as
constando agora do artigo 37, XIX, da Constituição; profissões;
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos - As culturais ou de ensino: Universidades federais.
e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente
que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de Patrimônio
direito público, quanto à criação, extinção, poderes, A questão patrimonial diz respeito à caracterização dos
prerrogativas, privilégios, sujeições; bens em públicos e privados. Em 1916, o sistema jurídico
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de administrativo sofreu várias mudanças com a criação desse
criar o próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto tipo especial de pessoas jurídicas - as autarquias - que, mesmo
administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram sem integrar a organização política do Estado, a ela está
destinadas pela pessoa pública política que lhes deu vida. A vinculada, ostentando personalidade jurídica de direito
outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a público. Vários doutrinadores, com intuito de adaptarem-se à
capacidade de autoadministração não existiria. norma do Código Civil e mais ainda de proteger os bens das
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e pessoas federativas, qualificaram os bens públicos como
patrimônio próprios. aqueles que integram o patrimônio das pessoas
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a administrativas de direito público. Dessa forma, pacificou-se o
autarquia entre as formas de descentralização administrativa entendimento de que os bens das autarquias são considerados
por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização como bens públicos.
territorial; o princípio da especialização impede de exercer
atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e Pessoal
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que Com o artigo 39 da Constituição, em sua redação vigente,
a autarquia não se desvie de seus fins institucionais. as pessoas federativas (União, Estados, DF e Municípios)
- Liberdade Financeira: As autarquias possuem verbas ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de sua
próprias (surgem como resultado dos serviços que presta) e organização, regime jurídico único para todos os servidores da
verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do administração direta, das autarquias e das fundações públicas.
orçamento). Terão liberdade para manejar as verbas que Segundo Carvalho Filho, o art. 39 da CF, foi a maneira que o
recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei legislador encontrou de manter planos de carreira idênticos
que as criou. para esses setores administrativos, acabando com as antigas
- Liberdade Administrativa: As autarquias têm liberdade diferenças que, como é sabido, por anos e anos, provocaram
para desenvolver os seus serviços como acharem mais inconformismos e litígios entre os servidores.
conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro
dos limites da lei que as criou. Controle Judicial
As autarquias, por serem dotadas de personalidade
Classificação jurídica de direito público, podem praticar atos
Para Carvalho Filho, pode-se apontar três fatores que de administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos),
fato demarcam diferenças entre as autarquias. São eles: sendo este último, controlados pelo judiciário, por vias
comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre
com os atos jurídicos normais praticados por particulares. Já
os atos administrativos, possuem algumas características outros apensos ao processo principal e por meio de embargos
especiais, pois eles são controlados pelo judiciário tanto por do devedor.
vias comuns, quanto pelas especiais, como é o caso do
mandado e da ação popular. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os
Necessário se faz destacar que os elementos do ato Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
autárquico que resultam de valoração sobre a conveniência e público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial, manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
assim como os atos administrativos em geral que trazem o intimação pessoal.
regular exercício da função administrativa e são privativos dos § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
seus agentes administrativos. eletrônico.
Foro dos litígios judiciais Chamamos a atenção com relação aos prazos:
Os litígios comuns, onde as autarquias federais figuram
como autoras, rés, assistentes ou oponentes, têm suas causas A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa
processadas e julgadas na Justiça Federal, o mesmo foro prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério
apropriado para processar e julgar mandados de segurança Público se manifestarem e prazo em quádruplo para
contra agentes autárquicos. recorrer.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos
em que encontramos como partes ou intervenientes terão seu Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo
curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas sofreu modificações, de forma que o Ministério Público, à
disposições da lei estadual de divisão e organização Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em
judiciárias. dobro para manifestação nos autos, exceto nos casos em
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo
poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o específico para esses entes.
litígio será de natureza comum, as eventuais demandas
deverão ser processadas e julgadas nos juízos fazendários. Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em
Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado dobro, não se aplica ao ente público, Ministério Público ou
entre a autarquia e o servidor, a natureza será de litígio Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma
trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça expressa, prazo próprio para o ente público. (art. 183, §2º,
do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal. NCPC)
19 http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-
de-regime-especial
20 http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=661
As Agências Executivas também poderão editar O patrimônio da fundação pública é destacado pela
regulamentos próprios de avaliação de desempenho dos seus Administração direta, que é o instituidor para definir a
servidores. Estes serão previamente aprovados pelo seu finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE
Ministério supervisor e, provavelmente, pelo substituto (Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico); Universidade de
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado nos Brasília; FEBEM; FUNAI; Fundação Memorial da América
governos posteriores à sua extinção. Latina; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).
De acordo com o que se viu a partir da Emenda
Constitucional nº 19 de 1998, os resultados da avaliação Características:
poderão ser levados em conta para efeito de progressão - Liberdade financeira;
funcional dos servidores das Agências Executivas. - Liberdade administrativa;
O art 7º do Decreto subordina a execução orçamentária e - Dirigentes próprios;
financeira das Agências Executivas aos termos do contrato de - Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa
gestão e isenta a mesma dos limites nos seus valores para dizer que sobre ele recai normas jurídicas que o tornam sujeito
movimentação, empenho e pagamento. Esta determinação não de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que
se coaduna, entretanto, com o pensamento reinante de seja atingido a finalidade para qual foi criado.
administração fiscal responsável a partir do que se encontra
positivado pela Lei Complementar 101 de 2000. Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e
Algo semelhante é o que se deu também com o art. 8º e a Administração direta. O que existe é um controle de
parágrafo que delega competência para os Ministros legalidade, um controle finalístico.
supervisores e dirigentes máximos das Agências para a fixação As fundações governamentais, sejam de personalidade de
de limites específicos, aplicáveis às Agências Executivas, para direito público, sejam de direito privado, integram a
a concessão de suprimento de fundos para atender a despesas Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as
de pequeno vulto. fundações governamentais de direito público. As fundações
As Agências Executivas poderão editar regulamento governamentais de direito privado são autorizadas por lei e
próprio de valores de diárias no País e condições especiais sua personalidade jurídica se inicia com o registro de seus
para sua concessão. O que se busca é adequá-las às estatutos.
necessidades específicas de todos os tipos de deslocamentos. As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a
Todos os dados relativos a número, valor, classificação Administração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade
funcional programática e de natureza da despesa, prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.:
correspondentes à nota de empenho ou de movimentação de prazo em dobro).
créditos devem ser publicados no Diário Oficial da União em As fundações respondem pelas obrigações contraídas
atendimento ao princípio constitucional da publicidade. junto a terceiros. A responsabilidade da Administração é de
caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
Agências Reguladoras As fundações governamentais têm patrimônio público. Se
extinta, o patrimônio vai para a Administração indireta,
As agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de
finalidade de tentar fiscalizar as atividades das iniciativas segurança. As particulares, por possuírem patrimônio
privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias, particular, não se submetem à ação popular e mandado de
possuem as mesmas características, exceto pelo fato de se segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério
submeterem a um regime especial. Seu escopo principal é a Público.
regulamentação, controle e fiscalização da execução dos
serviços públicos transferidos ao setor privado. EMPRESAS PÚBLICAS
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia
com regime jurídico especial, ou seja, é aquela que a lei Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
em comparação com autarquias comuns, sem de forma alguma a exploração de atividades econômicas que contam com
infringir preceitos constitucionais. capital exclusivamente público e são constituídas por qualquer
Uma das principais características das Agências modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de
Reguladoras é a sua relativa autonomia e independência. As serviços públicos, por consequência está submetida a regime
agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de
9.784/99, na esfera federal, além dos próprios dispositivos das atividade econômica, estará submetida a regime jurídico igual
leis especificas). ao da iniciativa privada.
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa Alguns exemplos de empresas públicas:
concessionária poderá ir ao Judiciário. Sua função é regular a - BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses Social): Embora receba o nome de banco, não trabalha como
serviços a serem prestados por concessionárias ou tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza
permissionárias. social. É uma empresa pública prestadora de serviços públicos.
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É
FUNDAÇÕES PÚBLICAS prestadora de serviço público (art. 21, X, da CF/88).
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um empresas privadas, concorrendo com os outros bancos. É
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor para empresa pública exploradora de atividade econômica.
atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser - RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do
tanto de direito público quanto de direito privado. Brasil”. É prestadora de serviço público.
As fundações que integram a Administração indireta, As empresas públicas, independentemente da
quando forem dotadas de personalidade de direito público, personalidade jurídica, têm as seguintes características:
serão regidas integralmente por regras de Direito Público. - Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também
Quando forem dotadas de personalidade de direito privado, são contempladas com verbas orçamentárias;
serão regidas por regras de direito público e direito privado. - Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar
e demitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para
contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, indireta, administram patrimônio público, total ou
deverá haver motivação. parcialmente, dependem de receitas orçamentárias ou têm
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas receita própria, conforme definido em lei, e correspondem a
públicas e a Administração Direta, independentemente de sua forma diversa de descentralização: enquanto as concessionárias
função. Poderá a Administração Direta fazer controle de exercem serviço público delegado por meio de contrato, as
legalidade e finalidade dos atos das empresas públicas, visto empresas estatais são criadas por lei e só podem ser extintas
que estas estão vinculadas àquela. Só é possível, portanto, também por lei. Sendo criadas por lei, o Estado provê os recursos
controle de legalidade finalístico. orçamentários necessários à execução de suas atividades, além
A lei não cria, somente autoriza a criação das empresas de responder subsidiariamente por suas obrigações.
públicas, ou seja, independentemente das atividades que Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar
desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das empresas tratamento igual a todas as empresas estatais, sem distinguir as
públicas. que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou Constituição) e as que exercem Administração Indireta
exploradora de atividade econômica. A CF/88 somente admite atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo
a empresa pública para exploração de atividade econômica em 1 73 da Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento
duas situações (art. 173 da CF/88): privilegiado em relação às empresas do setor privado, porque o
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional; referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse elas se sujeitem ao mesmo regime das empresas privadas,
coletivo: A empresa pública deve obedecer aos princípios da inclusive quanto aos direitos e obrigações.”
ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:
Quando o Estado explora, portanto, atividade econômica por “Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica,
intermédio de uma empresa pública, não poderão ser então, a falência terá curso absolutamente normal, como se de
conferidas a ela vantagens e prerrogativas diversas das da outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a
iniciativa privada (princípio da livre concorrência). Constituição, no art. 173, §1º, II, atribui-lhes sujeição "ao regime
jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos
Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos direitos e obrigações civis, comerciais (...).”
que: Para Jose dos Santos Carvalho Filho
“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece
Empresas públicas Empresas públicas mesmo consentâneo com a ratio inspiradora do art. 173, § 1º, da
exploradoras de atividade prestadoras de Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento
econômica serviço público equiparou sociedades de economia mista e empresas públicas de
A responsabilidade do Como o regime não é o natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo
Estado não existe, pois, se da livre concorrência, expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa
essas empresas públicas elas respondem pelas obviamente a nova Lei de Falências, parece incongruente
contassem com alguém que suas obrigações e a admitir a falência para estas últimas e não admitir para
respondesse por suas Administração Direta aquelas. Seria uma discriminação não autorizada pelo
obrigações, elas estariam em responde de forma dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades
vantagem sobre as empresas subsidiária. A paraestatais com evidente vantagem em relação às demais
privadas. Só respondem na responsabilidade será sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de sua
forma do § 6.º do art. 37 da objetiva, nos termos atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade
CF/88 as empresas privadas do art. 37, § 6.º, da para atuar no campo econômico, não deveria ser merecedor da
prestadoras de serviço CF/88. benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas
público, logo, se a empresa do processo falimentar.”
pública exerce atividade
econômica, será ela a Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo:
responsável pelos prejuízos “A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula
causados a terceiros (art. 15 a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário
do CC); e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I,
Submetem-se a regime Não se submetem a que ela não se aplica às empresas públicas e sociedades de
falimentar, fundamentando- regime falimentar, economia mista. Não obstante, a situação continuará a mesma.
se no princípio da livre visto não estão em Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais
concorrência. regime de que prestem serviço público; as que exploram atividade
concorrência. econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos
termos do art. 173, §1º, II, da CF [...].”
Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas
prestadoras de serviço público, muitos doutrinadores SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os
entendimentos apontados por alguns doutrinadores no As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
sentido que essas empresas não se submetem ao regime Direito Privado criadas para a prestação de serviços públicos
falimentar. Vejamos: ou para a exploração de atividade econômica, contando com
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, na obra: DIREITO capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial
ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora ATLAS, 2014. de S/A. As sociedades de economia mista são:
“As empresas públicas e sociedades de economia mista não - Pessoas jurídicas de Direito Privado.
estão sujeitas à falência, conforme está expresso no artigo 2º da - Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de
Lei nº 11.101 de 9-2- 2005 (Lei de Falências). Essa lei deu serviços públicos.
tratamento diferente às empresas concessionárias e às - Empresas de capital misto.
empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas - Constituídas sob forma empresarial de S/A.
públicas). Estas últimas foram excluídas da abrangência da lei Veja alguns exemplos de sociedade mista:
(art. 2º, I) . A diferença de tratamento tem sua razão de ser: é a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
que as empresas estatais fazem parte da Administração Pública
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas
Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, Autarquia Fundação
empresa responsável pelo gerenciamento da execução de Criação: ocorre por lei Criação: ocorre por
contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado ordinária e específica autorização legislativa e lei
de São Paulo). complementar, o que
As sociedades de economia mista têm as seguintes permite definir a área de
características: atuação.
- Liberdade financeira; Personificação: serviço Personificação:
- Liberdade administrativa; público. patrimônio.
- Dirigentes próprios; Pessoa Jurídica: de direito Pessoa Jurídica: de direito
- Patrimônio próprio. público. público ou privado.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades Funções: exerce função Funções: exerce funções
de economia mista e a Administração Direta, típica do Estado. atípicas do Estado.
independentemente da função dessas sociedades. No entanto, Natureza: administrativa Natureza: social
é possível o controle de legalidade. Se os atos estão dentro dos
limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à Questões
Administração Direta, mas sim à lei que as autorizou.
As sociedades de economia mista integram a 01. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
Administração Indireta e todas as pessoas que a integram – FCC/2017). A Administração pública, quando se organiza de
precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas forma descentralizada, contempla a criação de pessoas
serão legalizadas por meio do registro de seus estatutos. jurídicas, com competências próprias, que desempenham
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das funções originariamente de atribuição da Administração
sociedades de economia mista, ou seja, independentemente direta. Essas pessoas jurídicas,
das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a (A) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem
criação das sociedades de economia mista. ter natureza jurídica de direito público ou privado, podendo
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade prestar serviços públicos com os mesmos poderes e
econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das prerrogativas que a Administração direta.
empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade (B) podem ter natureza jurídica de direito privado ou
mista que explora atividade econômica submete-se ao regime público, mas não estão habilitadas a desempenhar os poderes
falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço típicos da Administração direta.
público não se submete ao regime falimentar, visto que não (C) desempenham todos os poderes atribuídos à
está sob regime de livre concorrência. Administração direta, à exceção do poder de polícia, em
qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta,
Para maior complemento de seus estudos, trouxemos por envolver limitação de direitos individuais.
as diferenças entre a empresa pública e a sociedade de (D) quando constituídas sob a forma de autarquias,
economia mista possuem natureza jurídica de direito público, podendo exercer
poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido
Empresa Pública Sociedade de Economia atribuídos pela lei de criação.
Mista (E) terão natureza jurídica de direito privado quando se
Forma jurídica: As Forma Jurídica: As tratar de empresas estatais, mas seus bens estão sujeitos a
empresas públicas podem sociedades de economia regime jurídico de direito público, o que também se aplica no
revestir-se de qualquer das mista utilizam-se da forma que concerne aos poderes da Administração, que
formas previstas em direito de Sociedade Anônima desempenham integralmente, especialmente poder de polícia.
(sociedades civis, (S/A), sendo regidas,
sociedades comerciais, basicamente, pela Lei das 02. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016).
Ltda, S/A, etc). Sociedades por Ações (Lei Em relação à organização administrativa, marque a alternativa
n° 6.404/1976). correta.
Composição do capital: o Composição do Capital: o (A) As entidades paraestatais, como as fundações ou
capital é composto por capital é composto por entidades de apoio, e os serviços sociais autônomos compõem
integrantes da recursos públicos e a estrutura da Administração Pública e se submetem ao regime
Administração Pública, privados, sendo, portanto jurídico administrativo previsto na Constituição da República.
portanto é integralmente as ações divididas entre a (B) As autarquias, assim como as fundações públicas,
público. Dessa forma, não entidade governamental e a podem assumir a personalidade de direito privado ou público.
se permite a participação iniciativa privada. No entanto, quando criadas com natureza privada, não se
de recursos particulares na submetem ao regime próprio das entidades públicas.
formação de capital das (C) As sociedades de economia mista federais são dotadas
empresas públicas. de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
Foro processual: Será Foro processual: Será próprio e capital exclusivo da União, e só podem assumir a
competente para competentes para forma jurídica de sociedades anônimas.
julgamento das empresas julgamento das sociedades (D) Os servidores das empresas públicas federais são
públicas federais, quando de economia federal a admitidos obrigatoriamente por concurso público para ocupar
estas se encontrarem nas Justiça Estadual, não cargos públicos sem estabilidade e sujeitos às normas
condições de autoras, rés, usufrui de privilégios da estabelecidas na CLT.
assistentes ou opoentes, Justiça Federal. (E) As fundações públicas de direito privado somente
exceto as de falência, as de adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura
acidente do trabalho e as pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas
sujeitas à Justiça Eleitoral e Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do
à Justiça do Trabalho, à Código Civil concernentes às fundações.
Justiça Federal.
Respostas
01. Resposta: D
02. Resposta: E
03. Resposta: C
04. Resposta: C
05. Resposta: A
Anotações
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos O inciso em questão garante que nenhum cidadão será
não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser degradante. Tal assertiva se alicerça ao fato de que o sujeito
coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, que cometer tortura estará cometendo crime tipificado na Lei
junto com direitos foram estabelecidos expressamente nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura
deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os caracteriza-se como crime inafiançável e insuscetível de graça
indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar ou anistia. Não obstante as características anteriormente
os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social. citadas, o crime de tortura ainda é considerado hediondo,
conforme explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são
Constituição Federal: aqueles considerados como repugnantes, de extrema
gravidade, os quais a sociedade não compactua com a sua
TÍTULO II realização. São exemplos de crimes hediondos: tortura,
Dos Direitos e Garantias Fundamentais homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro,
CAPÍTULO I estupro de vulnerável, dentre outros.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de anonimato;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos Este inciso garante a liberdade de manifestação de
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à pensamento, até como uma resposta à limitação desses
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos direitos no período da ditadura militar. Não somente por este
termos seguintes: inciso, mas por todo o conteúdo, que a Constituição da
O artigo 5º da Constituição da República Federativa do República Federativa de 1988 consagrou-se como a
Brasil de 1988 pode ser caracterizado como um dos mais “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste
importantes constantes do arcabouço jurídico brasileiro. Tal inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção
fato se justifica em razão de que este apresenta, em seu bojo, a de eventuais pseudônimos não afetam o conteúdo deste inciso,
proteção dos bens jurídicos mais importantes para os mas tão somente o anonimato na manifestação do
cidadãos, quais sejam: vida, liberdade, igualdade, pensamento.
segurança e propriedade.
A relação extensa de direitos individuais estabelecida no V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
art. 5º da Constituição tem caráter meramente enunciativo, agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos imagem;
individuais resguardados em outras normas previstas na O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma
própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, assecuratória de direitos fundamentais, onde se encontra
contendo garantias de ordem tributária). assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização correspondente ao dano causado. Um exemplo
Vamos acompanhar em seguida o que prevê os demais corriqueiro da aplicação deste inciso encontra-se nas
dispositivos da norma: propagandas partidárias, quando um eventual candidato
realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a
termos desta Constituição; resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a
O inciso supracitado traz, em seu bojo, um dos princípios ofensa. Assim, se a resposta deverá possuir o mesmo tempo
mais importantes existentes no ordenamento jurídico que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de
brasileiro, qual seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não
Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e
obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o serviço militar obrigatório alegando como motivo a crença em
mesmo que o da ofensa. determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos
Em que pese haja a existência do direito de resposta seus direitos.
proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento
de ação de indenização por danos materiais, morais ou à IX – é livre a expressão de atividade intelectual, artística,
imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, que tenha científica e de comunicação, independentemente de censura ou
causando um resultado danoso e seja provado o nexo de licença;
causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de
seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento de expressão, sendo expressamente vedada a censura e a licença.
indenização ao indivíduo lesado. Como é possível perceber, mais uma vez nossa Constituição
visa proteger o cidadão de alguns direitos fundamentais que
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo foram abolidos durante o período da ditadura militar. Para
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na melhor compreensão do inciso supracitado, a censura consiste
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; na verificação do pensamento a ser divulgado e as normas
Este inciso demonstra a liberdade de escolha da religião existentes no ordenamento. Desta maneira, a Constituição
pelas pessoas. Não obstante, a segunda parte deste resguarda veda o emprego de tal mecanismo, visando garantir ampla
a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos liberdade ao cidadão, taxado como um bem jurídico inviolável
locais de culto e liturgias. Existem doutrinadores que do cidadão, expressamente disposto no caput do artigo 5º.
entendem que a liberdade expressa neste inciso é absoluta,
inexistindo qualquer tipo de restrição a tal direito. Contudo, X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
entendemos não ser correto tal posicionamento. Tal fato se imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por
justifica com a adoção de um simples exemplo. Imaginemos dano material ou moral decorrente de sua violação;
que uma determinada religião utiliza em seu culto, alta Os direitos da personalidade decorrem da dignidade
sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto. humana. O direito à privacidade decorre da autonomia da
Aqui estamos diante de dois direitos constitucionalmente vontade e do livre-arbítrio, permitindo à pessoa conduzir sua
tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade de culto e o vida da forma que julgar mais conveniente, sem intromissões
segundo, referente ao meio ambiente ecologicamente alheias, desde que não viole outros valores constitucionais e
equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da CF/88. Como é direitos de terceiro.
possível perceber com a alta sonorização empregada, estamos A CF/88 protege a privacidade, que abrange: intimidade,
diante de um caso de poluição sonora, ou seja, uma conduta vida privada, honra e imagem.
lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um A honra pode ser subjetiva (estima que a pessoa possui de
conflito entre a liberdade de culto e o direito ao meio ambiente si mesma) ou objetiva (reputação do indivíduo perante o meio
ecologicamente equilibrado, ambos direitos social em que vive). As pessoas jurídicas só possuem honra
constitucionalmente expressos. Como solucionar tal conflito? objetiva.
Essa antinomia deverá ser solucionada através da adoção do O direito à imagem, que envolve aspectos físicos, inclusive
princípio da cedência recíproca, ou seja, cada direito deverá a voz, impede sua captação e difusão sem o consentimento da
ceder em seu campo de aplicabilidade, para que ambos possam pessoa, ainda que não haja ofensa à honra. Neste sentido, a
conviver harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro. súmula 403 do STJ: “Súmula 403 do STJ: Independe de prova
Desta maneira, como foi possível perceber a liberdade de do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da
culto não é absoluta, possuindo, portanto, caráter relativo, haja imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
vista a existência de eventuais restrições ao exercício de tal
direito consagrado. Este direito, como qualquer outro direito fundamental,
O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma pode ser relativizado quando em choque com outros direitos.
religião oficial. Por exemplo, pessoas públicas, tendem a ter uma restrição do
direito à imagem frente ao direito de informação da sociedade.
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de Também a divulgação em contexto jornalístico de interesse
assistência religiosa nas entidades civis e militares de público, a captação por radares de trânsito, câmeras de
internação coletiva; segurança ou eventos de interesse público, científico,
Neste inciso encontra-se assegurado o direito de prestação histórico, didático ou cultural são limitações legítimas ao
de assistência religiosa em entidades civis e militares de direito à imagem.
internação coletiva. Quando o inciso se refere às entidades Por outro lado, o inciso em questão traz a possibilidade de
civis e militares de internação coletiva está abarcando os ajuizamento de ação que vise à indenização por danos
sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros. materiais ou morais decorrentes da violação dos direitos
Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange expressamente tutelados. Entende-se como dano material, o
somente uma religião, mas todas. Logo, por exemplo, os prejuízo sofrido na esfera patrimonial, enquanto o dano moral,
protestantes não serão obrigados a assistirem os cultos aquele não referente ao patrimônio do indivíduo, mas sim que
religiosos das demais religiões, e vice versa. causa ofensa à honra do indivíduo lesado.
Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença possível constatar que a agressão a tais direitos também
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as encontra guarida no âmbito penal. Tal fato se abaliza na
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e existência dos crimes de calúnia, injúria e difamação,
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; expressamente tipificados no Código Penal Brasileiro.
Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos
pelo cidadão que, para não cumprir obrigação legal imposta a XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
alega como motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
política. durante o dia, por determinação judicial;
Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os O conceito de casa é amplo, alcançando os locais habitados
cidadãos do sexo masculino é a prestação de serviço militar de maneira exclusiva. Exemplo: escritórios, oficinas,
obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o consultórios e locais de habitação coletiva (hotéis, motéis etc.)
que não sejam abertos ao público, recebendo todos estes locais - Sigilo das Comunicações Telefônicas: A regra é a
esta proteção constitucional. inviolabilidade de tal direito. Outrossim, a própria
O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do Constituição traz no inciso supracitado a exceção. Assim, será
indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho possível a quebra do sigilo telefônico, desde que esteja
absoluto, sendo que o mesmo artigo explicita os casos em que amparado por decisão judicial de autoridade competente para
há possibilidade de penetração no domicílio sem o que seja possível a instrução processual penal e a investigação
consentimento do morador. Os casos em que é possível a criminal. O inciso em questão ainda exige para a quebra do
penetração do domicílio são: sigilo a obediência de lei. Essa lei entrou em vigor em 1996, sob
o nº 9.296. A lei em questão, traz em seu bojo, alguns requisitos
Durante o dia Durante a noite que devem ser observados para que seja possível realizar a
quebra do sigilo telefônico.
Consentimento do morador Consentimento do morador Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos
supracitados por motivos banais, haja vista estarmos diante de
Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito
um direito constitucionalmente tutelado.
Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro A quebra desse tipo de sigilo pode ocorrer por
determinação judicial ou por Comissão Parlamentar de
Determinação judicial -- Inquérito (CPI).
O sigilo de dados engloba dados fiscais, bancários e
Note-se que o ingresso em domicílio por determinação telefônicos (referente aos dados da conta e não ao conteúdo
judicial somente é passível de realização durante o dia. Tal das ligações).
ingresso deverá ser realizado com ordem judicial expedida por Quanto às comunicações telefônicas (conteúdo das
autoridade judicial competente, sob pena de considerar-se o ligações), existe uma reserva jurisdicional. A interceptação só
ingresso desprovido desta como abuso de autoridade, além da pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação
tipificação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra criminal ou instrução processual penal, sob pena de constituir
disposto no artigo 150 do Código Penal. prova ilícita.
Todavia, o que podemos considerar como dia e noite?
Existem entendimentos que consideram o dia como o período XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
em que paira o sol, enquanto a noite onde há a existência do profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
crepúsculo. No entanto, entendemos não ser eficiente tal estabelecer;
classificação, haja vista a existência no nosso país do horário Aqui estamos diante de uma norma de aplicabilidade
de verão adotado por alguns Estados e não por outros, o que contida. A norma de aplicabilidade contida possui total
pode gerar confusão na interpretação desse inciso. eficácia, dependendo, no entanto, de uma lei posterior que
Assim, para fins didáticos e de maior segurança quanto à reduza a aplicabilidade da primeira. Como é possível perceber
interpretação, entendemos que o dia pode ser compreendido o inciso em questão demonstra a liberdade de exercício de
entre as 6 horas e às 18 horas do mesmo dia, enquanto o trabalho, ofício ou profissão, devendo, no entanto, serem
período noturno é compreendido entre as 18 horas de um dia obedecidas às qualificações profissionais que a lei posterior
até às 6 horas do dia seguinte (critério cronológico). estabeleça. Note-se que essa lei posterior reduz os efeitos de
aplicabilidade da lei anterior que garante a liberdade de
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das exercício de trabalho, ofício ou profissão.
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações Um exemplo muito utilizado pela doutrina é o do Exame
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil aos bacharéis
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de em Direito, para que estes obtenham habilitação para exercer
investigação criminal ou instrução processual penal; a profissão de advogados. Como é notório, a lei garante a
Este inciso tem por escopo demonstrar a inviolabilidade do liberdade de trabalho, sendo, no entanto, que a lei posterior,
sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de ou seja, o Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para
dados e comunicações telefônicas. No entanto, o próprio inciso que seja possível o exercício da profissão de advogado.
traz a possibilidade de quebra do sigilo telefônico, por ordem
judicial, desde que respeite a lei, para que seja possível a XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e
investigação criminal e instrução processual penal. resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
Para que fique mais claro o conteúdo do inciso em questão, profissional;
vejamos: Este inciso prega a proteção ao direito de liberdade de
- Sigilo de Correspondência: Possui como regra a informação. Aqui estamos tratando do direito de informar,
inviolabilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, em como também o de ser informado. Tal é a importância da
caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio proteção desse direito que a própria Constituição trouxe no
poderá haver limitação a tal inviolabilidade. Outra bojo do seu artigo 5º, mais precisamente no seu inciso XXXIII,
possibilidade de quebra de sigilo de correspondência que todos têm direito a receber dos órgãos públicos
entendida pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito às informações de seu interesse particular ou de interesse
correspondências dos presidiários. Visando a segurança coletivo ou geral. É importante salientar que no caso de
pública e a preservação da ordem jurídica o Supremo Tribunal desrespeito a tal direito, há existência de um remédio
Federal entendeu ser possível à quebra do sigilo de constitucional, denominado habeas data, que tem por objetivo
correspondência dos presidiários. Um dos motivos desse dar às pessoas informações constantes em bancos de dados,
entendimento da Suprema Corte é que o direito constitucional bem como de retificá-los, seja através de processo sigiloso,
de inviolabilidade de sigilo de correspondência não pode judicial ou administrativo. Cabe ressaltar, ainda, que o referido
servir de guarida aos criminosos para a prática de condutas inciso traz a possibilidade de se resguardar o sigilo da fonte.
ilícitas. Esse sigilo diz respeito àquela pessoa que prestou as
- Sigilo de Comunicações Telegráficas: A regra informações. Todavia, esse sigilo não possui conotação
empregada é da inviolabilidade do sigilo, sendo, porém, absoluta, haja vista que há possibilidade de revelação da fonte
possível à quebra deste em caso de estado de defesa e estado informadora, em casos expressos na lei.
de sítio.
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
permanecer ou dele sair com seus bens; exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse O texto constitucional traz expressamente as questões
direito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair referentes à dissolução e suspensão das atividades das
do país, com ou sem bens. Quando o texto constitucional associações. Neste inciso estamos diante de duas situações
explicita que qualquer pessoa está abrangida pelo direito de diversas. Quando a questão for referente à suspensão de
locomoção, não há diferenciação entre brasileiros natos e atividades da associação, a mesma somente se concretizará
naturalizados, bem como nenhuma questão atinente aos através de decisão judicial. Todavia, quando falamos em
estrangeiros. Assim, no presente caso a Constituição tutela não dissolução compulsória das entidades associativas, é
somente o direito de locomoção do brasileiro nato, bem como importante salientar que a mesma somente alcançará êxito
o do naturalizado e do estrangeiro. através de decisão judicial transitada em julgado.
Desta forma, como é possível perceber a locomoção será Logo, para ambas as situações, seja na dissolução
livre em tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo compulsória, seja na suspensão de atividades, será necessária
ser restringido em casos expressamente dispostos na decisão judicial. Entretanto, como a dissolução compulsória
Constituição, como por exemplo, no estado de sítio e no estado possui uma maior gravidade exige-se o trânsito em julgado da
de defesa. decisão judicial.
Para uma compreensão mais simples do inciso em questão,
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em o que podemos entender como decisão judicial transitada em
locais abertos ao público, independentemente de autorização, julgado? A decisão judicial transitada em julgado consiste em
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada uma decisão emanada pelo Poder Judiciário onde não seja
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à mais possível a interposição de recursos.
autoridade competente;
Neste inciso encontra-se presente outro direito XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
constitucional, qual seja: o direito de reunião. A grande permanecer associado;
característica da reunião é a descontinuidade, ou seja, pessoas Aqui se encontra outro desdobramento da liberdade de
se reúnem para discutirem determinado assunto, e finda a associação. Estamos diante da liberdade associativa, ou seja,
discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar que a diferença do fato que ninguém será obrigado a associar-se ou a
entre reunião e associação está intimamente ligada a tal permanecer associado.
característica. Enquanto a reunião não é contínua, a
associação tem caráter permanente. XXI- as entidades associativas, quando expressamente
Explicita o referido inciso, a possibilidade da realização de autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
reuniões em locais abertos ao público, desde que não haja judicial ou extrajudicialmente;
presença de armas e que não frustre reunião previamente Este inciso expressa a possibilidade das entidades
convocada. É importante salientar que o texto constitucional associativas, desde que expressamente autorizadas,
não exige que a reunião seja autorizada, mas tão somente haja representem seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Cabe
uma prévia comunicação à autoridade competente. ressaltar que, de acordo com a legislação processual civil,
De forma similar ao direito de locomoção, o direito de ninguém poderá alegar em nome próprio direito alheio, ou
reunião também é relativo, pois poderá ser restringido em seja, o próprio titular do direito buscará a sua efetivação. No
caso de estado de defesa e estado de sítio. entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra, ou
seja, há existência de legitimidade extraordinária na defesa
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, dos interesses dos filiados. Assim, desde que expressamente
vedada a de caráter paramilitar; previsto no estatuto social, as entidades associativas passam a
Como foi explicitado na explicação referente ao inciso ter legitimidade para representar os filiados judicial ou
anterior, a maior diferença entre reunião e associação está na extrajudicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera
descontinuidade da primeira e na permanência da segunda. judicial, estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder
Este inciso prega a liberdade de associação. É importante Judiciário. Porém, quando falamos em tutela extrajudicial a
salientar que a associação deve ser para fins lícitos, haja vista tutela pode ser realizada administrativamente.
que a ilicitude do fim pode tipificar conduta criminosa.
O inciso supracitado ainda traz uma vedação, que consiste XXII- é garantido o direito de propriedade;
no fato da proibição de criação de associações com caráter Este inciso traz a tutela de um dos direitos mais
paramilitar. Quando falamos em associações com caráter importantes na esfera jurídica, qual seja: a propriedade. Em
paramilitar estamos nos referindo àquelas que buscam se que pese tenha o artigo 5º, caput, consagrado à propriedade
estruturar de maneira análoga às forças armadas ou policiais. como um direito fundamental, o inciso em questão garante o
Assim, para que não haja a existência de tais espécies de direito de propriedade. De acordo com a doutrina civilista, o
associações o texto constitucional traz expressamente a direito de propriedade caracteriza-se pelo uso, gozo e
vedação. disposição de um bem. Todavia, o direito de propriedade não
é absoluto, pois existem restrições ao seu exercício, como por
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de exemplo, a obediência à função social da propriedade.
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento; XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;
Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade Neste inciso encontra-se presente uma das limitações ao
de associação, onde a criação de cooperativas e associações direito de propriedade, qual seja: a função social. A
independem de autorização. É importante salientar que o propriedade urbana estará atendendo sua função social
constituinte também trouxe no bojo deste inciso uma vedação quando atender as exigências expressas no plano diretor. O
no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento plano diretor consiste em um instrumento de política
de tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de desenvolvimentista, obrigatório para as cidades que possuam
interferência estatal no funcionamento das associações e mais de vinte mil habitantes. Tal plano tem por objetivo traçar
cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação. metas que serão obedecidas para o desenvolvimento das
cidades.
o inciso supracitado, é que a sucessão dos bens do estrangeiro para o acesso ao Poder Judiciário. Havendo lesão ou ameaça de
será regulada pela lei brasileira. Todavia, o próprio inciso traz lesão a direito, tal questão deverá ser levada até o Poder
uma exceção, que admite a possibilidade da sucessão ser Judiciário para que possa ser dirimida. Quando a lesão
regulada pela lei do falecido, desde que seja mais benéfica ao acontecer no âmbito administrativo não será necessário o
cônjuge e aos filhos brasileiros. esgotamento das vias administrativas. Assim, o lesado poderá
ingressar com a medida cabível no Poder Judiciário,
XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do independentemente do esgotamento das vias administrativas.
consumidor; Todavia, há uma exceção a essa regra. Tal exceção diz respeito
Este inciso traz, em seu conteúdo, a intenção do Estado em à Justiça Desportiva, que exige para o ingresso no Poder
atuar na defesa do consumidor, ou seja, da parte Judiciário, o esgotamento de todos os recursos administrativos
hipossuficiente da relação de consumo. O inciso supracitado cabíveis.
explicita que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor. A lei citada pelo inciso entrou em vigor no dia 11 XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
de setembro de 1990 e foi denominada como Código de Defesa jurídico perfeito e a coisa julgada;
do Consumidor, sob o nº 8.078/90. Quando este inciso explicita que a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, a real
XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos intenção é a preservação da segurança jurídica, pois com a
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo observância deste estaremos diante da estabilidade das
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de relações jurídicas. Para um melhor entendimento, o conceito
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja dos institutos supracitados estão dispostos no artigo 6º da
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; LINDB (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro).
Aqui encontramos um desdobramento do direito à São eles:
informação. Como é cediço é direito fundamental ao cidadão - Direito adquirido: Direito que o seu titular, ou alguém por
informar e ser informado. Desta maneira, todos têm direito a ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse ou tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a
de interesse coletivo ou geral. Para que seja efetivado o direito arbítrio de outrem;
de informação, em caso de descumprimento, o ofendido - Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei
poderá utilizar-se do remédio constitucional denominado vigente ao tempo em que se efetuou;
habeas data, que tem por escopo assegurar o conhecimento - Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais
das informações dos indivíduos que estejam em bancos de recurso.
dados, bem como de retificar informações que estejam
incorretas, por meio sigiloso, judicial ou administrativo. Estes institutos são de extrema relevância no
É importante salientar que as informações deverão ser ordenamento jurídico brasileiro, pois eles garantem a
prestadas dentro do prazo estipulado em lei, sob pena de estabilidade de relações jurídicas firmadas. Imaginemos se
responsabilidade. inexistissem tais institutos e uma lei que trouxesse malefícios
Todavia, o final do inciso supracitado traz uma limitação à entrasse em vigor? Estaríamos diante de total insegurança e
liberdade de informação qual seja: a restrição aos dados cujo anarquia jurídica, pois, transações realizadas, contratos
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do firmados, sentenças prolatadas poderiam ser alteradas pela
Estado. superveniência de um ato normativo publicado. Assim, com a
existência de tais institutos jurídicos, uma lei posterior não
XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do poderá alterar o conteúdo de relações jurídicas firmadas, o que
pagamento de taxas: enseja ao jurisdicionado um sentimento de segurança ao
a) o direito de petição aos Poder Públicos em defesa de buscar o acesso ao Poder Judiciário.
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal; XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Preliminarmente, é importante salientar que tanto o A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
direito de petição ao Poder Público, como o direito de apresenta no inciso supracitado, a impossibilidade de adoção
obtenção de certidões em repartições públicas são no ordenamento jurídico brasileiro, do juízo ou tribunal de
assegurados, independentemente, do pagamento de taxas. Isso exceção. São considerados juízos ou tribunais de exceção,
não quer dizer que o exercício desses direitos seja realizado aqueles organizados posteriormente à ocorrência do caso
gratuitamente, mas sim, que podem ser isentos de taxas para concreto. O juízo de exceção é caracterizado pela
as pessoas reconhecidamente pobres. transitoriedade e pela arbitrariedade aplicada a cada caso
A alínea “a” traz, em seu bojo, o direito de petição. Tal concreto. Esse juízo ofende claramente ao princípio do juiz
direito consiste na possibilidade de levar ao conhecimento do natural, que prevê a garantia de ser julgado por autoridade
Poder Público a ocorrência de atos eivados de ilegalidade ou judiciária previamente competente.
abuso de poder.
Posteriormente, a alínea “b” trata da obtenção de certidões XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a
em repartições públicas. De acordo com a Lei nº 9.051/95 o organização que lhe der a lei, assegurados:
prazo para o esclarecimento de situações e expedição de a) a plenitude da defesa;
certidões é de quinze dias. Todavia, se a certidão não for b) o sigilo das votações;
expedida a medida jurídica cabível é a impetração do mandado c) a soberania dos veredictos;
de segurança e não o habeas data. d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida;
XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário A instituição do Tribunal do Júri foi criada originariamente
lesão ou ameaça a direito; com o escopo de julgar os crimes de imprensa. Todavia, com o
Neste inciso encontra-se consagrado o princípio da passar dos tempos, essa instituição passou a ser utilizada com
inafastabilidade da jurisdição. Como explicita o próprio a finalidade de julgar os crimes dolosos contra a vida.
conteúdo do inciso supracitado, não poderão haver óbices
Os crimes contra a vida, compreendidos entre os artigos A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor,
121 a 128 do Código Penal, são os seguintes: homicídio; não se admitindo sua retroatividade maléfica. Não pode
induzimento; instigação e auxílio ao suicídio; infanticídio e retroagir, salvo se beneficiar o réu.
aborto. Cabe ressaltar que a instituição do júri somente é É proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos
competente para o julgamento dos crimes dolosos contra a praticados durante seu período de vacatio. Embora já
vida, cabendo ao juízo monocrático ou singular o julgamento publicada e vigente, a lei ainda não estará em vigor e não
dos crimes culposos. alcançará as condutas praticadas em tal período.
Crime doloso, segundo o Código Penal, é aquele onde o Vale destacar, entretanto, a existência de entendimentos
sujeito praticante da conduta lesiva quer que o resultado no sentido de aplicabilidade da lei em vacatio, desde que para
lesivo se produza ou assume o risco de produzi-lo. Já, o crime beneficiar o réu.
culposo, é aquele onde o sujeito ativo praticante da conduta
agiu sob imprudência, negligência ou imperícia. Vacatio refere-se ao tempo em que a lei é publicada até
Como característica dessa instituição está à plenitude de a sua entrada em vigor. A lei somente será aplicável a fatos
defesa. A plenitude de defesa admite a possibilidade de todos praticados posteriormente a sua vigência.
os meios de defesa, sendo caracterizado como um nível maior
de defesa do que a ampla defesa, defendida em todos os
procedimentos judiciais, sob pena de nulidade processual. XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Outra característica importante acerca da instituição do Nesse caso estamos diante da irretroatividade da lei penal.
Tribunal do Júri é o sigilo das votações. No dia do julgamento Como é possível perceber, o inciso em questão veda
em plenário, após os debates, o juiz presidente do Tribunal do expressamente a retroatividade da lei penal. Todavia, a
Júri efetua a leitura dos quesitos formulados acerca do crime retroatividade, exceção expressamente prevista, somente será
para os sete jurados, que compõe o Conselho de Sentença, e os possível no caso de aplicação de lei benéfica ao réu.
questiona se estão preparadas para a votação. Caso seja Cabe ressaltar que o réu é o sujeito ativo praticante da
afirmativa a resposta, estes serão encaminhados, juntamente conduta criminosa. No caso específico deste inciso estamos
com o magistrado até uma sala onde será realizada a votação. diante de aplicação de leis penais no tempo. A critério
Neste ato, o juiz efetua a leitura dos quesitos e um oficial exemplificativo, imaginemos: o artigo 121, caput, do Código
entrega duas cédulas de papel contendo as palavras sim e não Penal explicita que o indivíduo que cometa o crime de
aos jurados. Posteriormente, estas são recolhidas, para que homicídio (matar alguém) terá contra si aplicada pena de 6 a
seja possível chegar ao resultado final do julgamento. É 20 anos. Um indivíduo que cometa essa conduta na vigência
importante salientar que essa característica de sigilo atribuída desta lei terá contra si aplicada a pena supracitada. Agora,
à votação deriva do fato que inexiste possibilidade de se imaginemos que após a realização de tal conduta seja
descobrir qual o voto explicitado pelos jurados publicada uma lei que aumente o limite de pena a ser aplicada
individualmente. Isso decorre que inexiste qualquer aos praticantes do crime de homicídio para 10 a 30 anos. Essa
identificação nas cédulas utilizadas para a votação. lei poderá retroagir e atingir a situação processual do
A última característica referente à instituição do Tribunal indivíduo que cometeu o crime sob a égide da lei anterior mais
do Júri diz respeito à soberania dos veredictos. Essa benéfica? A resposta é negativa. Isso ocorre pelo fato de que
característica pressupõe que as decisões tomadas pelo não é possível a retroatividade de lei maléfica ao réu.
Tribunal do Júri não poderão ser alteradas pelo Tribunal de Agora, imaginemos que após a realização da conduta
Justiça respectivo. No entanto, um entendimento doutrinário criminosa haja a superveniência de uma lei que reduza a pena
atual considera a possibilidade de alteração da sentença aplicada ao sujeito ativo praticante do crime de homicídio para
condenatória prolatada no Tribunal do Júri, quando estiver 1 a 3 anos ou determine que a prática de tal conduta não será
pairando questão pertinente aos princípios da plenitude de mais considerada como crime pelo ordenamento jurídico. Tal
defesa, do devido processo legal e da verdade real. lei poderá retroagir? A resposta é afirmativa. Isso ocorre pelo
fato de que a existência de lei mais benéfica ao réu retroagirá.
XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal; XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
Esse princípio, muito utilizado no Direito Penal, encontra- direitos e liberdades fundamentais;
se bipartido em dois subprincípios, quais sejam: subprincípio Este inciso garante que a lei punirá qualquer conduta
da reserva legal e subprincípio da anterioridade. discriminatória que atente contra os direitos e liberdades
O primeiro explicita que não haverá crime sem uma lei que fundamentais. Todavia, como é possível perceber há
o defina, ou seja, não será possível imputar determinado crime necessidade da existência de uma lei que descreva a punição
a um indivíduo, sem que a conduta cometida por este esteja aos sujeitos praticantes dessas condutas, tendo em vista a
tipificada, ou seja, prevista em lei como crime. Ainda o obediência ao princípio da legalidade.
subprincípio da reserva legal explicita que não haverá pena
sem cominação legal. XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e
Já, o subprincípio da anterioridade, demonstra que há imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
necessidade uma lei anterior ao cometimento da conduta para Atualmente, um dos grandes objetivos da sociedade global
que seja imputado o crime ao sujeito ativo praticante da é a luta pela extinção do racismo no mundo. A nossa
conduta lesiva. Outrossim, não será possível a aplicabilidade Constituição no inciso supracitado foi muito feliz em abordar
de pena, sem uma cominação legal estabelecida previamente. tal assunto, haja vista a importância do mesmo dentro da
Não teria sentido adotarmos o princípio da legalidade, sem conjectura social do nosso país.
a correspondente anterioridade, pois criar uma lei, após o De acordo com o inciso XLII, a prática de racismo constitui
cometimento do fato, seria totalmente inútil para a segurança crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão.
que a norma penal deve representar a todos os seus O caráter de inafiançabilidade deriva do fato que não será
destinatários. admitido o pagamento de fiança em razão do cometimento de
O indivíduo somente está protegido contra os abusos do uma conduta racista. Como é cediço, a fiança consiste na
Estado, caso possa ter certeza de que as leis penais são prestação de caução pecuniária ou prestação de obrigações
aplicáveis para o futuro, a partir de sua criação, não que garantem a liberdade ao indivíduo até sentença
retroagindo para abranger condutas já realizadas. condenatória.
Outrossim, a prática do racismo constitui crime
imprescritível. Para interpretar de maneira mais eficaz o
Noções de Direito Constitucional 7
APOSTILAS OPÇÃO
conteúdo do inciso supracitado é necessário entendermos em pena, pois é necessário que exista uma correspondência entre
que consiste o instituto da prescrição. A prescrição consiste na a conduta externalizada pelo sujeito e a punição descrita pelo
perda do direito de punir pelo Estado, em razão do elevado texto legal.
tempo para apuração dos fatos. Assim, o Estado não possui Nesse passo, o inciso XLVI traz, em seu bojo, as espécies de
tempo delimitado para a apuração do fato delituoso, podendo penas admissíveis de aplicação no Direito Pátrio. São elas:
o procedimento perdurar por vários anos. Cabe ressaltar que a) privação ou restrição de direitos
existem diversas espécies de prescrição, todavia, nos ateremos b) perda de bens;
somente ao gênero para uma noção do instituto tratado. c) multa;
Ademais, o inciso estabelece que o crime em questão será d) prestação social alternativa;
sujeito à pena de reclusão. A reclusão é uma modalidade de e) suspensão ou interdição de direitos.
pena privativa de liberdade que comporta alguns regimes Assim, o inciso apresenta um rol exemplificativo das penas
prisionais, quais sejam: o fechado, o semiaberto e o aberto. admissíveis no ordenamento jurídico brasileiro, para,
posteriormente, no inciso subsequente expressar as espécies
XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de penas vedadas.
de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como XLVII- não haverá penas:
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; do artigo 84, XIX;
O inciso em questão tem por objetivo vetar alguns b) de caráter perpétuo;
benefícios processuais aos praticantes de crimes considerados c) de trabalhos forçados;
como repugnantes pela sociedade. Os crimes explicitados pelo d) de banimento;
inciso são: tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas e) cruéis;
afins, o terrorismo e os hediondos. Aqui estamos diante do rol taxativo de penas não passíveis
de aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. São elas:
LXIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de - Pena de morte: em regra, não será admitida sua
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem aplicação no Direito Pátrio. Porém, a própria alínea “a”
constitucional e o Estado Democrático; demonstra a possibilidade de aplicação de tal pena nos casos
Este inciso demonstra o caráter inafiançável e de guerra declarada.
imprescritível da ação de grupos, armados, civis ou militares, - Pena de caráter perpétuo: Não é admissível sua
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Como aplicação, pois uma das características inerentes da pena é o
já foi explicitado anteriormente, o cometimento de tais crimes caráter de provisoriedade.
não são submetidos ao pagamento de fiança, para que o sujeito - Pena de trabalhos forçados: Essa espécie de pena
praticante do mesmo possa aguardar em liberdade eventual proíbe o trabalho infamante, prejudicial ao condenado, em
sentença condenatória. Não obstante, a prática de tais ações se condições muito difíceis. No entanto, é importante salientar
caracteriza como imprescritíveis, ou seja, o Estado não possui que a proibição de trabalhos forçados não impede o trabalho
um tempo delimitado para apuração dos fatos, podendo levar penitenciário, utilizado como sistemática de recuperação.
anos para solucionar o caso. - Pena de banimento: A pena de banimento consiste na
expulsão do brasileiro do território nacional. Tal pena é
XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, proibida pela nossa Constituição sem qualquer ressalva.
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do - Pena cruel: Essa espécie de pena é vedada pelo
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos ordenamento jurídico brasileiro. Todavia, a definição de
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do crueldade é complexa, haja vista se tratar de questão subjetiva,
patrimônio transferido; pois cada pessoa pode atribuir um conceito diverso a tal
Neste inciso estamos diante do princípio da personalização expressão.
da pena. Preliminarmente, para melhor compreensão do
inciso é necessário explicitar que estamos diante de XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
responsabilidades nos âmbitos civil e penal. de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
No âmbito penal, a pena é personalíssima, ou seja, deverá De acordo com o inciso supracitado a pena será cumprida
ser cumprida pelo sujeito praticante do delito, não podendo em estabelecimentos distintos, devendo-se levar em conta
ser transferida a seus herdeiros. Esta assertiva se justifica pelo critérios, como: natureza do delito, idade e sexo do apenado.
fato de que se o condenado falecer, de acordo com o artigo 107 Um exemplo a ser citado é o da Fundação CASA, para onde são
do Código Penal, será extinta sua punibilidade. destinados os adolescentes que cometem atos infracionais.
Todavia, quando tratamos de responsabilidade no âmbito
civil, a interpretação é realizada de maneira diversa. De acordo XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física
com o inciso supracitado, a obrigação de reparar o dano e a e moral;
decretação de perdimento de bens podem se estender aos A tutela do preso cabe ao Estado. Assim, sua integridade
sucessores do condenado e contra eles executadas, até o limite física e moral deve ser preservada, sob pena de
do valor do patrimônio transferido. Isso ocorre pelo fato que responsabilização do Estado pela conduta dos seus agentes e
no âmbito civil a pena não possui o caráter personalíssimo. dos outros presos. O fato de estar preso não significa que ele
poderá receber tratamento desumano ou degradante.
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, É importante salientar que este inciso é um
entre outras, as seguintes: desdobramento do princípio da dignidade da pessoa humana,
a) privação ou restrição de liberdade; pois, independentemente do instinto criminoso, o preso é uma
b) perda de bens; pessoa que possui seus direitos protegidos pela Carta Magna.
c) multa;
d) prestação social alternativa; L- às presidiárias serão asseguradas condições para que
e) suspensão ou interdição de direitos; possam permanecer com seus filhos durante o período de
Este inciso expressa o princípio da individualização da amamentação;
pena. Desta maneira, além do princípio da personalização da Neste inciso não se busca a proteção dos direitos da
pena, há o emprego da individualização no cumprimento da presidiária, mas sim dos filhos, pois, como é cediço, é de
extrema importância à alimentação das crianças com leite Neste inciso estamos diante dos princípios do
materno, bem como a convivência com a mãe nos primeiros contraditório e da ampla defesa. Esses princípios,
dias de vida. definitivamente, são dois dos mais importantes existentes no
ordenamento jurídico. É importante salientar que o
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o contraditório e a ampla defesa devem ser observados não
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da somente em processos judiciais, mas também nos
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico administrativos.
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Todavia, existem questões controversas acerca do
O presente inciso demonstra a impossibilidade de contraditório e da ampla defesa. Uma delas diz respeito ao
extradição do brasileiro nato. Em hipótese alguma o brasileiro inquérito policial, onde para alguns doutrinadores não há que
nato será extraditado. Contudo, o brasileiro naturalizado, se cogitar a aplicação destes princípios, já que no inquérito
poderá ser extraditado desde que ocorram as seguintes inexiste acusação, sendo este apenas um instrumento
situações: administrativo tendente à coleta de provas que visem embasar
a propositura da ação penal pelo membro do Ministério
Antes da naturalização Depois da naturalização Público.
- prática de crime comum -- LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;
A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no
- comprovado - comprovado processo, as provas obtidas por meios ilícitos, diz respeito às
envolvimento em tráfico envolvimento em tráfico provas adquiridas em violação a normas constitucionais ou
ilícito de entorpecentes e ilícito de entorpecentes e legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de
drogas afins drogas afins. direito material, seja constitucional ou legal, no momento de
sua obtenção (ex.: confissão mediante tortura). Por outro lado,
as provas que atingem regra de direito processual, no
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime momento de sua produção em Juízo, como por exemplo,
político ou de opinião; interrogatório sem a presença de advogado; colheita de
Este inciso traz as únicas hipóteses em que o estrangeiro depoimento sem a presença de advogado, não são taxadas de
não será extraditado, quais sejam: O cometimento de crime ilícitas, mas sim de ilegítimas. Em que pese essas
político ou de opinião. É importante não confundir a expressão considerações, ambos os tipos de provas são inadmissíveis no
“crime político” com a expressão “crime eleitoral”. Essa processo, sob pena de nulidade.
diferenciação é de extrema importância, pois crimes políticos
são aqueles que atentam contra a estrutura política de um LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em
Estado, enquanto os crimes eleitorais são aqueles referentes julgado da sentença penal condenatória;
ao processo eleitoral, explicitados pelo respectivo Código. Aqui estamos diante do princípio da presunção de
Com relação aos crimes de opinião, podemos defini-los inocência ou da não-culpabilidade. Conforme dispõe o próprio
como aqueles que sua execução consiste na manifestação de inciso, ninguém será considerado culpado até o trânsito em
pensamento. Sendo estes a calúnia, a difamação e a injúria. julgado da sentença penal condenatória. Quando falamos em
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, estamos
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por diante de uma sentença que condenou alguém pela prática de
autoridade competente; um crime e não há mais possibilidade de interposição de
Este inciso expressa a existência de dois princípios recursos. Assim, após o trânsito em julgado da sentença será
consagrados pela doutrina. O primeiro diz respeito ao possível lançar o nome do réu no rol dos culpados.
princípio do promotor natural e o segundo ao princípio do juiz A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira
natural. O princípio do promotor natural consiste no fato que fase do procedimento do júri, após verificadas a presença de
ninguém será processado, senão por autoridade competente, autoria e materialidade. Como já dito anteriormente, não é
ou seja, será necessária a existência de um Promotor de Justiça possível efetuar o lançamento do nome do réu no rol dos
previamente competente ao caso, não se admitindo, portanto, culpados após essa sentença, pois este ainda será julgado pelo
a designação de uma autoridade para atuar em determinado Tribunal do Júri, constitucionalmente competente para julgar
caso. Já a segunda parte do inciso demonstra a presença do os crimes dolosos contra a vida.
princípio do juiz natural, onde há a consagração que ninguém Outro ponto controverso diz respeito à prisão preventiva.
será sentenciado, senão por autoridade competente. Isso Muito se discutiu se a prisão preventiva afetaria ao princípio
importa dizer que não será possível existência de juízos ou da presunção de inocência. Porém, esse assunto já foi dirimido
tribunais de exceção, ou seja, especificamente destinados à pela jurisprudência, ficando decidido que a prisão processual
análise de um caso concreto. não afeta o princípio esposado no inciso em questão.
– o documento apresentar rasura ou tiver indício de LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
falsificação; processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
– o documento apresentado for insuficiente para o exigirem;
identificar cabalmente o indiciado; A regra, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da
– o indiciado portar documentos de identidade Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é a
distintos, com informações conflitantes entre si; publicidade de todos os atos processuais. Contudo o inciso LX,
– a identificação criminal for essencial às investigações dispõe que poderá haver restrição da publicidade dos atos
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
competente, que decidirá de ofício ou mediante social o exigirem. Um exemplo do presente caso diz respeito às
representação da autoridade policial, do Ministério Público questões referentes ao Direito de Família (ex.: ação de
ou da defesa; reconhecimento de paternidade).
– constar de registros policiais o uso de outros nomes
ou diferentes qualificações; LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
– o estado de conservação ou a distância temporal ou da ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
localidade da expedição do documento apresentado competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
impossibilite a completa identificação dos caracteres propriamente militar, definidos em lei;
essenciais. A liberdade é um direito do cidadão constitucionalmente
tutelado. Porém, a prisão constitui uma das restrições à
aplicabilidade do direito à liberdade. Este inciso explicita que
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, ninguém será preso, senão em flagrante delito ou por ordem
se esta não for intentada no prazo legal; escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
O inciso LIX consagra a possibilidade de ajuizamento da salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
ação penal privada subsidiária da pública. Preliminarmente, militar, definidos em lei. De acordo com este inciso só existem
antes de tecer quaisquer comentários acerca dessa espécie de duas maneiras de se efetuar a prisão de um indivíduo. A
ação, cabe ressaltar que as ações penais se dividem em: ações primeira se dá através da prisão em flagrante, ou seja, quando,
penais públicas e ações penais privadas. em regra, o indivíduo é flagrado praticando o crime. É
As ações penais públicas, que possuem o Ministério importante salientar que existem diversas espécies de prisão
Público como legitimado privativo na sua proposição, se em flagrante, todavia, nos ateremos somente ao gênero para
dividem em ações penais públicas incondicionadas e ações entendimento deste inciso. Cabe ressaltar que a prisão em
penais públicas condicionadas. flagrante não pressupõe a existência de ordem escrita e
As ações penais públicas incondicionadas independem de fundamentada de juiz competente, pois este tipo de prisão
qualquer espécie de condição para a sua propositura. Neste pode ser realizada por qualquer pessoa.
caso, se o membro do Ministério Público, após a análise do caso Já a segunda maneira é a prisão realizada por ordem
concreto, se convencer da ocorrência de crime, deverá escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente
oferecer a denúncia, peça processual inaugural da ação penal. (ou seja, mandado de prisão). É importante ressaltar que
Neste caso, o membro do Ministério Público poderá iniciar a existem outras espécies de prisão, tais como: prisão
ação penal sem a necessidade de obediência de qualquer preventiva e prisão temporária. Essas prisões para se
condição. efetivarem, necessitam da existência de um mandado de
Noutro passo, as ações penais condicionadas dependem da prisão assinado pelo juiz competente.
obediência de algumas condições para que o Ministério Em que pese à garantia de que ninguém será preso senão
Público possa oferecer a denúncia, e assim, dar início à ação através das hipóteses supracitadas, cabe ressaltar que para os
penal que levará a uma sentença penal que poderá ter cunho militares existem algumas ressalvas. De acordo com a parte
condenatório ou absolutório. As condições a serem obedecidas final do inciso comentado, os militares poderão ser presos em
são as seguintes: representação do ofendido e requisição do razão de transgressão militar ou pelo cometimento de crime
Ministro da Justiça. militar, previstos em lei.
É importante salientar que os crimes onde seja necessário
o ajuizamento de ação penal pública condicionada e os de ação LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
penal privada serão expressamente dispostos. Assim, serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
podemos chegar à conclusão de que, subtraídos os crimes de família ou à pessoa por ele indicada;
ação penal pública condicionada e os crimes de ação penal Este inciso demonstra alguns dos direitos do preso, dentre
privada, os demais serão de ação penal pública eles a comunicação à família ou pessoa por ele indicada.
incondicionada. Ademais, é importante salientar que o juiz competente
Os crimes de ação penal privada são aqueles em que o também será comunicado para que tome as medidas cabíveis.
Estado transferiu a titularidade do ajuizamento da ação ao
ofendido, ou seja, à vítima do crime. LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais
A ação penal privada se divide em algumas espécies, mas o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
vamos nos ater à ação penal privada subsidiária da pública, família e de advogado;
objeto do inciso em estudo. Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes,
Essa espécie de ação penal privada irá entrar em cena quais sejam: o de permanecer calado, de assistência da família
quando o Ministério Público, legitimado privativamente ao e de advogado. O primeiro deles trata da possibilidade do
exercício da ação penal pública, ficar inerte, não agir, como por preso permanecer calado, haja vista que este não é obrigado a
exemplo, deixar de oferecer a denúncia. produzir prova contra si. Ademais, os outros garantem que
Assim, em caso de inércia do Ministério Público, o próprio seja assegurado este a assistência de sua família e de um
ofendido poderá ajuizar a ação penal. Cabe ressaltar, no advogado.
presente caso, que mesmo havendo a inércia do Ministério
Público e o eventual ajuizamento da ação pelo ofendido, a LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis
legitimidade privativa no ajuizamento da ação penal conferida por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
ao Ministério Público não é transferida. Este inciso visa à identificação das pessoas ou autoridades
responsáveis pela prisão ou pelo interrogatório, pois com a
identificação destes há facilidade de responsabilização em ilegalidade ou abuso de poder. Esta espécie de habeas corpus
caso de eventuais atos abusivos cometidos contra o preso. será impetrada na iminência de ocorrência de violência ou
coação à liberdade de locomoção, com a finalidade de obter um
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela salvo-conduto, ou seja, um documento para garantir o livre
autoridade judiciária; trânsito em sua liberdade de locomoção (ir, vir e permanecer).
Este inciso é de extrema relevância, pois permite o Por exemplo, Fulano está sendo acusado de cometer um crime
relaxamento da prisão do indivíduo que porventura tenha de roubo, porém existem indícios de que não foi ele que
sofrido cerceamento em sua liberdade por uma prisão que comete o crime, este impetra o Habeas Corpus preventivo, o
esteja eivada de ilegalidade. Esta ilegalidade pode ocorrer por juiz reconhecendo legítimos seus argumentos concede a este o
diversos motivos, como por exemplo, nulidades, abuso de salvo-conduto, que permitirá que este se mantenha solto até a
autoridade no ato da prisão, dentre outros. decisão final do processo.
Desta maneira, comprovada a ilegalidade da prisão, o - Repressivo ou liberatório: Aqui haverá a impetração
relaxamento desta é medida indispensável, ou seja, deverá ser quando alguém sofrer violência ou coação em sua liberdade de
libertado o indivíduo do cárcere. locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Assim, estamos
diante de um ato atentatório já realizado contra a liberdade de
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando locomoção do indivíduo. Nesse passo, o habeas corpus será
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; impetrado com a finalidade de obter a expedição de um alvará
Diferentemente do inciso anterior, onde a prisão de soltura (documento no qual consta ordem emitida pelo juiz
encontrava-se eivada de ilegalidade, aqui estamos diante de para que alguém seja posto em liberdade).
prisão legalmente realizada, sem ocorrência de nulidades,
vícios ou abusos. Todavia, o Código de Processo Penal LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger
brasileiro admite que o indivíduo responda ao processo pelo direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
crime que cometeu em liberdade, desde que, previamente, habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
efetue o pagamento de fiança. Contudo, existem outros casos poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
em que é admissível a liberdade provisória, sem o pagamento exercício de atribuições de Poder Público;
de fiança. O mandado de segurança é outro importante remédio
Cabe ressaltar que a liberdade provisória com o constitucional que tem por objetivo a tutela de direito líquido
pagamento de fiança constitui dever tanto do Juiz de Direito e certo, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso do
como do Delegado de Polícia, (sendo deste somente nos casos poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja exercício de atribuições do Poder Público.
superior a 4 anos). Já, a liberdade provisória, sem o pagamento De acordo com o inciso supracitado, o objeto desta ação
de fiança deverá ser analisada somente pelo Juiz de Direito. constitucional é a proteção de direito líquido e certo.
Direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do de plano, através de prova pré-constituída, sendo, portanto,
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de dispensada a dilação probatória.
obrigação alimentícia e a do depositário infiel; É importante salientar que somente será possível a
Este inciso consagra, em regra, a impossibilidade de prisão impetração de mandado de segurança, nos casos não
civil por dívida no ordenamento jurídico brasileiro. A prisão amparados por habeas corpus ou habeas data. Isso ocorre pelo
civil é medida privativa de liberdade, sem caráter de pena, com fato de que é necessário utilizar o remédio processual
a finalidade de compelir o devedor a satisfazer uma obrigação. adequado ao caso. Caber ressaltar que um dos requisitos mais
Nos termos da Constituição Federal a prisão civil será cabível importantes para a impetração do mandado de segurança é a
em duas situações, no caso de inadimplemento voluntário e identificação da autoridade coatora pela ilegalidade ou abuso
inescusável de obrigação alimentícia e no caso do depositário do poder. De acordo com o inciso em questão a autoridade
infiel. Porém, o Pacto de San José da Costa Rica, ratificado pelo poderá ser pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
Brasil (recepcionado de forma equivalente a norma das atribuições de Poder Público. Para fins de impetração de
constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívida mandado de segurança, autoridade é o agente investido no
alimentar. Desta forma, com base no pacto não se admite, por poder de decisão. É importante tal caracterização, pois, desta
manifesta inconstitucionalidade, a prisão civil por dívida no maneira, não há o risco de ilegitimidade passiva na impetração
Brasil, quer do alienante fiduciário, quer do depositário infiel. do mandado de segurança.
O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que só Similarmente ao habeas corpus, existem duas espécies de
é possível a prisão civil do responsável pelo inadimplemento mandado de segurança:
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. - Preventivo: Quando estamos diante de ameaça ao direito
líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém - Repressivo: Quando a ilegalidade ou abuso de poder já
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em foram praticados.
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Neste inciso estamos diante de um dos remédios LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
constitucionais processuais mais importantes existentes no por:
ordenamento jurídico, qual seja: o habeas corpus. a) partido político com representação no Congresso
Este remédio constitucional tem por escopo assegurar a Nacional;
efetiva aplicação do direito de locomoção, ou seja, o direito de b) organização sindical, entidade de classe ou associação
ir, vir e permanecer em um determinado local. legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
Como é possível perceber, este remédio constitucional ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
poderá ser utilizado tanto no caso de iminência de violência ou Neste inciso encontra-se presente o remédio
coação à liberdade de locomoção, como no caso de efetiva constitucional denominado de mandado de segurança
ocorrência de ato atentatório à liberdade supracitada. coletivo. Este remédio constitucional tem por finalidade a
Assim, são duas as espécies de habeas corpus: proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas
- Preventivo ou salvo-conduto: Neste caso o habeas corpus corpus ou habeas data, por ilegalidade ou abuso de poder
será impetrado pelo indivíduo que se achar ameaçado de referente à proteção ou reparação de interesses da
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por coletividade.
É importante salientar que somente serão legitimados busca-se assegurar o conhecimento de informações relativas à
para a impetração do mandado de segurança coletivo os pessoa do impetrante, constante de registros ou banco de
disposto no inciso supracitado. São eles: dados de entidades governamentais ou de caráter público.
- Partido político com representação no Congresso Não obstante, o habeas data é utilizado para a retificação
Nacional; de dados do impetrante, sempre que não se prefira fazê-lo por
- Organização sindical, entidade de classe ou associação processo sigiloso, judicial ou administrativo.
legalmente constituída há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados. LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
Cabe frisar que deverão ser obedecidos todos os requisitos popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
estabelecidos para que seja possível a impetração do remédio entidade de que o Estado participe, à moralidade
constitucional. Ressalta-se ainda, que uma associação administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
legalmente constituída há menos de um ano não pode cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
impetrar mandado de segurança coletivo, pois há necessidade custas judiciais e do ônus da sucumbência;
da constituição legal desta por, no mínimo, um ano. Ademais, Neste inciso estamos diante da Ação Popular, efetivo
há necessidade de que o objeto da tutela seja a defesa dos instrumento processual utilizado para anulação de atos lesivos
interesses dos membros ou associados, sob pena de não ao patrimônio público e para a defesa de alguns interesses de
consagração do remédio constitucional supracitado. extrema importância como o meio ambiente.
Outrossim, para que os partidos políticos sejam Tal instrumento, regido pela Lei nº 4.717/65, confere
legitimados ativos para a impetração de mandado de legitimidade de propositura ao cidadão, imbuído de direitos
segurança coletivo há necessidade de que estes possuam políticos, civis e sociais. Este remédio constitucional, cuja
representação no Congresso Nacional. legitimidade para propositura, é do cidadão, visa um
provimento jurisdicional (sentença) que declare a nulidade de
LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a atos lesivos ao patrimônio público.
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos Quando o inciso em questão explicita que qualquer
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas cidadão poderá ser parte legítima para proporá a ação
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; popular, é necessário ter em mente que somente aquele que se
Este inciso traz, em seu bojo, o mandado de injunção, que encontra no gozo dos direitos políticos, ou seja, possa votar e
tem por escopo principal combater a inefetividade das normas ser votado, será detentor de tal prerrogativa.
constitucionais. Para que seja possível a impetração de Existe um grande debate na doutrina sobre um eventual
mandado de injunção há necessidade da presença de dois conflito de aplicabilidade entre a ação popular e a ação civil
requisitos: pública.
- Existência de norma constitucional que preveja o A ação civil pública, explicitada pela Lei nº 7.347/85, é um
exercício de direitos e liberdades constitucionais e das instrumento processual tendente a tutelar interesses difusos,
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à coletivos e individuais homogêneos. Neste caso, a Lei da Ação
cidadania. Civil Pública, dispõe, em seu artigo 5º, um rol de legitimados à
- Inexistência de norma regulamentadora que torne propositura da ação, como por exemplo: a União, os Estados,
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e os Municípios, o Distrito Federal, o Ministério Público, dentre
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à outros. Desta maneira, se formos analisar minuciosamente o
cidadania. conteúdo disposto no artigo 5º, podemos perceber que o
A grande consequência do mandado de injunção consiste cidadão individualmente considerado, detentor de direitos
na comunicação ao Poder Legislativo para que elabore a lei políticos, não é legitimado para a propositura de tal ação.
necessária ao exercício dos direitos e liberdades Assim, não há que cogitar de conflito entre essas ações, pois,
constitucionais. indubitavelmente, ambas se completam em seus objetos.
Durante muitos anos não houve uma lei regulamentando LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e
o procedimento do mandado de injunção, e por tal razão, gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais do De acordo com o inciso supracitado será dever do Estado à
mandado de segurança. prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que
Contudo, após longa espera foi editada a Lei nº comprovarem insuficiência de recursos. Desta maneira, com a
13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos finalidade de atender aos indivíduos mais necessitados, a
mandados de injunção individual e coletivo. própria Constituição em seu artigo 134, trata da Defensoria
A grande consequência do mandado de injunção consiste Pública, instituição especificamente destinada a esse fim. De
na comunicação ao Poder Legislativo para que elabore a lei acordo com o artigo 134, a Defensoria Pública é instituição
necessária ao exercício dos direitos e liberdades essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
constitucionais. orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV.
LXXII- conceder-se-á habeas data: LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de Este inciso consagra o dever de indenização do Estado no
dados de entidades governamentais ou de caráter público; caso de erro judiciário e de prisão além do tempo fixado na
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo sentença. Aqui estamos diante de responsabilidade objetiva do
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Estado, ou seja, comprovado o nexo de causalidade entre a
O habeas data, considerado como um remédio conduta e o resultado danoso, será exigível a indenização,
constitucional tem por escopo assegurar o direito de independentemente da comprovação de culpa ou dolo.
informação consagrado no artigo 5º, XXXIII, da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. De acordo com o LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
princípio da informação todos têm direito de receber forma da lei:
informações dos órgãos públicos, sendo apresentadas algumas a) o registro civil de nascimento;
ressalvas. Assim, o habeas data é o remédio constitucional b) a certidão de óbito;
adequado à tutela do direito de informação, pois, através dele
Noções de Direito Constitucional 12
APOSTILAS OPÇÃO
Conforme explicita o inciso em tela, a Constituição garante Contudo, cabe ressaltar que este parágrafo somente abrange
aos reconhecidamente pobres a gratuidade do registro civil de os tratados e convenções internacionais sobre direitos
nascimento e da certidão de óbito. É importante salientar que humanos. Assim, os demais tratados serão recepcionados pelo
a gratuidade somente alcança aos reconhecidamente pobres. ordenamento jurídico brasileiro com o caráter de lei ordinária,
diferentemente do tratamento dado aos tratados de direitos
LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas humanos, com a edição da Emenda nº 45/04.
data e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da
cidadania; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Este inciso expressa a gratuidade das ações de habeas Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
corpus e habeas data, além dos atos necessários ao exercício Este parágrafo é outra novidade inserida ao ordenamento
da cidadania, como por exemplo, a emissão do título de eleitor, jurídico pela Emenda Constitucional nº 45/04. Nos moldes do
que garante ao indivíduo o caráter de cidadão, para fins de parágrafo supracitado o Brasil se submete à jurisdição do TPI
propositura de ação popular. (Tribunal Penal Internacional), a cuja criação tenha
manifestado adesão. Referido tribunal foi criado pelo Estatuto
de Roma em 17 de julho de 1998, o qual foi subscrito
pelo Brasil. Trata-se de instituição permanente, com jurisdição
LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são para julgar genocídio, crimes de guerra, contra a humanidade
assegurados a razoável duração do processo e os meios que e de agressão, e cuja sede se encontra em Haia, na Holanda. Os
garantam a celeridade de sua tramitação. crimes de competência desse Tribunal são imprescritíveis,
Visando combater a morosidade do Poder Judiciário, este dado que atentam contra a humanidade como um todo. O
inciso trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro a garantia de tratado foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 112, de 6 de
razoabilidade na duração do processo. Como é possível junho de 2002, antes, portanto, de sua entrada em vigor, que
perceber, a duração razoável do processo deverá ser ocorreu em 1 de julho de 2002.
empregada tanto na esfera judicial, como administrativa, Tal tratado foi equiparado no ordenamento jurídico
fazendo com que o jurisdicionado não necessite aguardar brasileiro às leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este
longos anos à espera de um provimento jurisdicional. Não caráter, o mencionado tratado diz respeito a direitos humanos,
obstante, o inciso em questão ainda denota que serão porém não possui característica de emenda constitucional,
assegurados os meios que garantam a celeridade da pois entrou em vigor em nosso ordenamento jurídico antes da
tramitação do processo. edição da Emenda Constitucional nº 45/04. Para que tal
tratado seja equiparado às emendas constitucionais deverá
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias passar pelo mesmo rito de aprovação destas.
fundamentais têm aplicação imediata.
O parágrafo em tela demonstra que os direitos e garantias Questões
fundamentais constantes no bojo de toda a Carta Magna
passaram a ter total validade com a entrada em vigor da 01. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2 –
Constituição, independentemente, da necessidade de CESPE/2018) A respeito dos direitos e das garantias
regulamentação de algumas matérias por lei fundamentais, julgue o item a seguir.
infraconstitucional. O direito à liberdade de expressão artística previsto
constitucionalmente não exclui a possibilidade de o poder
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não público exigir licença prévia para a realização de determinadas
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela exposições de arte ou concertos musicais.
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República ( ) Certo ( ) Errado
Federativa do Brasil seja parte.
O parágrafo 2º explicita que os direitos e garantias 02. (DPE-SC - Técnico Administrativo –
expressos em toda a Constituição não excluem outros FUNDATEC/2018) Em relação aos Direitos e Garantias
decorrentes do regime e dos princípios adotados, ou dos fundamentais previstos na Constituição Federal, analise as
tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Desta seguintes assertivas:
maneira, além dos direitos e garantias já existentes, este I. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
parágrafo consagra a possibilidade de existência de outros locais abertos ao público, independentemente de autorização,
decorrentes do regime democrático. Não obstante, o parágrafo desde que não frustrem outra reunião anteriormente
supracitado não exclui outros princípios derivados de tratados convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
internacionais em que o Brasil seja signatário. Quando o aviso à autoridade competente.
assunto abordado diz respeito aos tratados, cabe ressaltar a II. É plena a liberdade de associação para fins lícitos,
importante alteração trazida pela Emenda Constitucional nº inclusive a de caráter paramilitar.
45/04, que inseriu o parágrafo 3º, que será analisado III. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
posteriormente. publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos Quais estão corretas?
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso (A) Apenas I.
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos (B) Apenas III.
respectivos membros, serão equivalentes às emendas (C) Apenas I e II.
constitucionais. (D) Apenas I e III.
Este parágrafo trouxe uma novidade inserida pela Emenda (E) I, II e III.
Constitucional nº 45/04 (Reforma do Judiciário). A novidade
consiste em atribuir aos tratados e convenções internacionais 03. (Prefeitura de Penalva – MA - Procurador
sobre direitos humanos o mesmo valor de emendas Municipal – IMA/2017) Nos termos da Constituição Federal
constitucionais, desde que sejam aprovados pelo rito de 1988, acerca dos direitos e garantias individuais e coletivos,
necessário. Para que as emendas alcancem tal caráter é é CORRETO afirmar que:
necessária à aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, (A) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
em dois turnos, por três quintos dos votos dos membros. de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas meros poderes de agir – como o são as liberdades públicas -,
inerentes à igualdade, à soberania e à cidadania. mas sim poderes de exigir, chamados, também, de direitos de
(B) São gratuitas as ações de habeas corpus e mandado de crédito:
segurança, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício Há, sem dúvida, direitos sociais que são antes poderes de
da cidadania. agir. É o caso do direito ao lazer. Mas assim mesmo quando a
(C) As normas definidoras dos direitos e garantias eles se referem, as constituições tendem a encará-los pelo prisma
fundamentais têm aplicação mediata. do dever do Estado, portanto, como poderes de exigir prestação
(D) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis concreta por parte deste.1
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de Em didática definição, André Ramos Tavares conceitua
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como direitos sociais como direitos “que exigem do Poder Público
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os uma atuação positiva, uma forma atuante de Estado na
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. implementação da igualdade social dos hipossuficientes. São,
por esse exato motivo, conhecidos também como direitos a
04. (PC-AP - Agente de Polícia – FCC/2017) A prestação, ou direitos prestacionais”.2
Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos e deveres Segundo José Afonso da Silva, os direitos sociais “são
individuais e coletivos, prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou
(A) assegura-os aos brasileiros residentes no País, mas não indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que
aos estrangeiros em trânsito pelo território nacional, cujos possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos
direitos são regidos pelas normas de direito internacional. que tendem a realizar a igualização de situações sociais
(B) prescreve que a natureza do delito praticado não pode desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de
ser critério para determinar o estabelecimento em que a pena igualdade”.
correspondente será cumprida pelo réu. Uadi Lammêgo Bulos esclarece que tais “prestações
(C) atribui ao júri a competência para o julgamento dos qualificam-se como positivas porque revelam um fazer por parte
crimes dolosos contra a vida, assegurando a plenitude de dos órgãos do Estado, que têm a incumbência de realizar
defesa, a publicidade das votações e a soberania dos serviços para concretizar os direitos sociais”, e acrescenta que
veredictos. sua finalidade “é beneficiar os hipossuficientes, assegurando-
(D) excepciona o princípio da irretroatividade da lei penal lhes situação de vantagem, direta ou indireta, a partir da
ao permitir que a lei seja aplicada aos crimes cometidos realização da igualdade real”.3
anteriormente a sua entrada em vigência, quando for mais Os direitos sociais exigem a intermediação dos entes
benéfica ao réu, regra essa que incide, inclusive, quando se estatais para sua concretização; consideram o homem para
tratar de crime hediondo. além de sua condição individualista, e guardam íntima relação
(E) determina que a prática de crime hediondo constitui com o cidadão e a sociedade, porquanto abrangem a pessoa
crime inafiançável e imprescritível. humana na perspectiva de que ela necessita de condições
mínimas de subsistência.
05. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Por tratarem de direitos fundamentais, há de reconhecer a
Trânsito - IOBV/2016) De acordo com o texto constitucional, eles aplicabilidade imediata (artigo 5º, § 1º da CF/88), e no
é direito fundamental do cidadão: caso de omissão legislativa haverá meios de buscar sua
(A) A manifestação do pensamento, ainda que através do efetividade, como o mandado de injunção e a ação direta de
anonimato. inconstitucionalidade por omissão.
(B) A liberdade de associação para fins lícitos, inclusive de
caráter paramilitar. Classificação
(C) Ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
somente em virtude de lei. A amplitude dos temas inscritos no art. 6º da Constituição
(D) Ser livre para expressar atividade intelectual e deixa claro que os direitos sociais não são somente os que
artística, mediante licença do Ministério da Educação e estão enunciados nos artigos 7º, 8º, 9º, 10 e 11. Eles podem ser
Cultura. localizados, principalmente, no Título VIII - Da Ordem Social,
artigos 193 e seguintes.
Respostas
Os direitos sociais podem ser agrupados em grandes
01. Resposta: Errado categoriais:
02. Resposta: D
03. Resposta: D a) os direitos sociais dos trabalhadores, por sua vez
04 Resposta: D subdivididos em individuais e coletivos;
05. Resposta: “C” b) os direitos sociais de seguridade social;
c) os direitos sociais de natureza econômica;
d) os direitos sociais da cultura;
2) Direitos sociais: e) os de segurança.
nacionalidade, cidadania e
Uadi Lammêgo Bulos4 destaca que os direitos sociais da
direitos políticos. seguridade social envolvem o direito à saúde, à previdência
social, à assistência social, enquanto que os relacionados à
cultura abrangem a educação, o lazer, a segurança, a moradia
Os direitos sociais pertencem à segunda dimensão de e a alimentação.
Direitos Fundamentais, que está ligada ao valor da igualdade José Afonso da Silva, em Curso de Direito Constitucional
material (a igualdade formal já havia sido consagrada na positivo, propõe a divisão dos direitos sociais em: i) relativos
primeira geração, junto com os direitos de liberdade). Não são aos trabalhadores; ii) relativos ao homem consumidor. Na
1 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 11ª 3 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual.
ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 50. – São Paulo: Saraiva, 2011, p. 789.
2 TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. Rev. E atual. 4 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual.
– São Paulo: Saraiva, 2012, p. 837. – São Paulo: Saraiva, 2011, p. 790.
primeira classificação, isto é, direitos sociais do homem econômicos, éticos e culturais”.7 Dissemina-se, no entanto, o
trabalhador, teríamos os direitos relativos ao salário, às raciocínio de que a aplicação desses direitos deve se pautar na
condições de trabalho, à liberdade de instituição sindical, o máxima efetividade possível.
direito de greve, entre outros (CF, artigos 7º a 11).
Na segunda classificação, ou seja, direitos sociais do Reserva do possível
homem consumidor, teríamos o direito à saúde, à educação, à
segurança social, ao desenvolvimento intelectual, o igual Segundo Ingo Wolfgang Sarlet8, a reserva do possível
acesso das crianças e adultos à instrução, à cultura e garantia apresenta tríplice dimensão: a) efetiva disponibilidade fática
ao desenvolvimento da família, que estariam no título da dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais; b) a
ordem social. disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos,
que guarda íntima conexão com a distribuição de receitas e
Princípio da Máxima Efetividade competências tributárias, orçamentárias; c)
proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua
Segundo Paulo Bonavides, os direitos sociais tomaram exigibilidade e, nesta quadra, também da sua razoabilidade.
corpo após expansão da ideologia e da reflexão antiliberal. O A reserva do possível, nas suas diversas dimensões, está
jurista adverte que tais direitos passaram por um “ciclo de ligada diretamente às limitações orçamentárias que o Estado
baixa normatividade, ou tiveram eficácia duvidosa, em virtude possui. Para se determine a razoabilidade de determinada
de sua própria natureza de direitos que exigem do Estado prestação estatal é importante pensar no contexto: a saída
determinadas prestações materiais nem sempre resgatáveis adequada para A deve ser a saída adequada para todos os
por exiguidade, carência ou limitação essencial de meios e que se encontram na mesma situação que A.
recursos”.5 Trata-se, também, de atenção ao princípio da isonomia,
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 explicitou amplo capitulado no artigo 5º da Constituição.
rol de direitos sociais, tornando ainda mais relevante o tema Alguns autores denominam este princípio como a reserva
de sua eficácia. De fato, apenas positivar direitos, reconhecê- do “financeiramente possível”, relacionando-o com a
los e apontar sua importância não é suficiente; quanto maior a necessidade de disponibilidade de recursos, principalmente
consagração formal de direitos sociais, maior a dificuldade de pelo Estado, para sua efetiva concretização.
lhes garantir uma aplicação efetiva. Aponta-se este princípio como limitador de certas políticas
Como se tratam de direitos a prestações, que envolvem um públicas. Por exemplo, não seria possível a edição de uma lei
custo especial, deve-se refletir em que medida os direitos para aumentar o valor do salário mínimo, se tal medida
sociais, por força do disposto no § 1º, artigo 5º da CF, estão em implicasse negativamente e de forma desastrosa nas contas da
condições de serem diretamente aplicáveis. Sem esquecer, previdência social, outros gastos públicos. Certamente,
aliás, que inexiste norma constitucional destituída de eficácia medidas não razoáveis ou em desacordo com o momento e
e aplicabilidade. evolução históricos implicam resultados contrários à própria
Observa-se pela história que a obrigação de atender aos eficácia dos direitos.
direitos sociais ditou ao Estado a expansão dos serviços A cláusula da reserva do possível não pode servir de
públicos, especialmente dos anos vinte para frente. Hoje, em argumento, ao Poder Público, para frustrar e inviabilizar a
que pese o notável avanço, permanece válido discutir até que implementação de políticas públicas definidas na própria
ponto o Estado deve dar o atendimento a esses direitos ou Constituição. A noção de “mínimo existencial” é extraída
apenas amparar sua busca. implicitamente de determinados preceitos constitucionais
Os operadores do direito, hoje, trabalham com essa nova (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), e compreende um complexo de
perspectiva, com a dificuldade de se determinar até que ponto prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir
os direitos sociais são exigíveis, até que ponto não operam condições adequadas de existência digna, em ordem a
eficácia imediata. assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de
A doutrina mais acurada entende que o artigo 5º, § 1º da liberdade e, também, a prestações positivas originárias do
CF/88 não deve ser interpretado como regra, mas como um Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais
princípio, isto é, deve-se garantir a máxima efetividade básicos.
possível. Para Luís Roberto Barroso, “o intérprete
constitucional deve ter compromisso com a efetividade da Mínimo existencial
Constituição: entre interpretações alternativas e plausíveis,
deverá prestigiar aquele que permita a atuação da vontade O mínimo existencial deve ser visto como a base e o
constitucional, evitando, no limite do possível, soluções que se alicerce da vida humana. Trata-se de um direito fundamental
refugiem no argumento da não aplicabilidade da norma ou na e essencial, vinculado à Constituição Federal, e não necessita
ocorrência de omissão do legislador”.6 de Lei para sua obtenção, tendo em vista que é inerente a todo
Esta aplicação imediata é o desejável. Todavia, seria ser humano. Como conceito de mínimo existencial, temos que
utópico concluir que o Estado brasileiro, no seu atual estágio se refere ao “conjunto de condições materiais essenciais e
de evolução, poderia assegurar o pleno exercício dos direitos elementares cuja presença é pressuposto da dignidade
sociais a todos. para qualquer pessoa. Se alguém viver abaixo daquele
Teresa Arruda Alvim Wambier destaca que “a plena e patamar, o mandamento constitucional estará sendo
efetiva realização do ordenamento jurídico no plano social, desrespeitado”.9
embora, embrionariamente, já esteja concebida no plano No caso de o Poder Público abster-se de cumprir, total ou
normativo (em sentido amplo), depende de fatores parcialmente, o dever de implementar políticas públicas
5 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Atual. – São 9 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os
Paulo: Malheiros Editores, 2012, pp. 582-583. conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva,
6 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os 2011, p. 202. Cf., a propósito, Ana Paula de Barcellos, A eficácia jurídica dos
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, p.
2011, p. 329. 305: “Esse núcleo, no tocante aos elementos matérias da dignidade, é composto
7 DIDIER JR, Fredie – Org. Ações Constitucionais. 6ª ed. Rev., ampl. E atual. – pelo mínimo existencial, que consiste em um conjunto de prestações mínimas sem
Salvador: Editora Juspodivm, 2012, p. 21. as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade
8 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: (...) Uma proposta de concretização do mínimo existencial, tendo em conta a ordem
uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed. constitucional brasileira, deverá incluir os direitos à educação fundamental, à
Rev. Atual. E ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, 287. saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao acesso à justiça”.
definidas no texto constitucional, transgride a própria transporte guarda sintonia com o objetivo de assegurar a
Constituição.10 A inércia estatal configura desprezo e todos uma efetiva fruição de direitos (fundamentais ou não),
desrespeito à Constituição e, por isso mesmo, configura mediante a garantia do acesso ao local de trabalho, bem como
comportamento juridicamente reprovável. aos estabelecimentos de ensino, serviços de saúde e outros
serviços essenciais, assim como ao lazer e mesmo ao exercício
Direitos sociais em espécie dos direitos políticos, sem falar na especial consideração das
pessoas com deficiência (objeto de previsão específica no
Educação: O direito à educação está tratado nos artigos 6º artigo 227, § 2º, CF) e dos idosos, resulta evidente e insere o
e 205 da Constituição Federal. Esse direito tem por sujeito transporte no rol dos direitos e deveres associados ao mínimo
passivo o Estado e a família. O Estado tem o dever de promover existencial, no sentido das condições materiais indispensáveis
políticas públicas de acesso à educação de acordo com os à fruição de uma vida com dignidade.
princípios elencados na própria CF (art. 206), e, por expressa
disposição, obriga-se a fornecer o ensino fundamental gratuito Lazer: A Constituição dispõe, no § 3º do Artigo 217 que “o
(art. 208, § 1º). Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção
Vale destacar, ainda, que o STF editou a súmula vinculante social”. Tal direito está relacionado com o direito ao descanso
de número 12, para evitar a violação do disposto no artigo 206, dos trabalhadores, ao resgate de energias para retomada das
IV da CF: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades atividades.
públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Costuma-se condenar os empregadores que, entregando
Federal”. excessiva carga de trabalho ao empregado, retiram-lhe o
intervalo interjornada de modo a inibir o convívio social e
Saúde: Apenas em 1988 foi que a saúde passou a ser familiar, suprimindo a oportunidade de ócio, isto é, de tempo
tratada, pela ordem constitucional brasileira, como direito destinado ao lazer, garantida constitucionalmente.
fundamental.
Gomes Canotilho e Vital Moreira sinalizam que o direito à Segurança: A segurança tem o condão de conferir garantia
saúde comporta duas vertentes: “uma, de natureza negativa, ao exercício pleno, e tranquilo, dos demais direitos e
que consiste no direito a exigir do Estado (ou de terceiros) liberdades constitucionais. Na dimensão de direito social está
que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde; intimamente relacionada com o conceito de segurança pública,
outra, de natureza positiva, que significa o direito às tratada no artigo 144 da Constituição Federal.
medidas e prestações estaduais visando à prevenção das Ensina José Afonso da Silva que segurança “assume o
doenças e ao tratamento delas”.11 sentido geral de garantia, proteção, estabilidade de situação ou
pessoa em vários campos, dependente do adjetivo que a
Trabalho: O direito ao trabalho, isto é, de ter um trabalho qualifica (...) A segurança pública consiste numa situação de
ou de trabalhar, é o meio mais expressivo de se obter uma preservação ou restabelecimento dessa convivência social que
existência digna12, e está previsto na CF/88 como um direito permite que todos gozem de seus direitos e defesa de seus
social, e não mais como uma obrigação social, tal como previa legítimos interesses”.13
a Constituição de 1946. O STF afirmou que o direito à segurança “é prerrogativa
Constitui um dos fundamentos do Estado democrático de constitucional indisponível, garantido mediante a
Direito os valores sociais do trabalho (CF, artigo 1º, inciso IV), implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a
ademais, o artigo 170 da CF/88 funda a ordem econômica na obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tudo a efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário
assegurar uma existência digna a todos, em atenção à justiça determinar a implementação pelo Estado, quando
social. inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente
Nos termos do art. 22, I, da CF, compete privativamente à previstas, sem que haja ingerência em questão que envolve o
União legislar sobre direito do trabalho, não estando ela poder discricionário do Poder Executivo.”14
obrigada a utilizar-se de lei complementar para disciplinar a
matéria, que somente é exigida, nos termos do art. 7º, I, da Previdência social: No texto constitucional, estão
mesma Carta, para regrar a dispensa imotivada. previstas prestações previdenciárias de dois tipos: os
benefícios, que são prestações pecuniárias para a)
Moradia: O direito à moradia não é necessariamente aposentadoria por invalidez (CF, art. 201, I), por velhice e por
direito a uma casa própria, mas sim a um teto, um abrigo em tempo de contribuição (CF, art. 201, § 7º) b) nos auxílios por
condições adequadas para preservar a intimidade pessoal dos doença, maternidade, reclusão e funeral (art. 201, I, II, IV e V);
membros da família (art. 5, X e XI), uma habitação digna e c) no salário-desemprego (artigos 7º, II, 201, II, e 239); d) na
adequada. pensão por morte do segurado (art. 201, V).
Não há dúvidas de que a casa própria seria o meio mais Os serviços que são prestações assistenciais: médica,
efetivo de se concretizar o direito à moradia, todavia, esta não farmacêutica, odontológico, hospitalar, social e de reeducação
é a realidade social vigente. ou readaptação profissional.
A própria impenhorabilidade do bem de família, levada a
efeito pela Lei n° 8.009/90, encontra fundamento no artigo 6º Proteção à maternidade e à infância: Tal direito está
da Constituição Federal. inserido como direito previdenciário (artigo 201, II), e como
direito assistencial (artigo 203, I e II). Destaca-se, também, no
Transporte: Com o advento da Emenda Constitucional nº artigo 7º, XVIII da CF a previsão de licença à gestante.
90, de 15 de setembro de 2015, o transporte passou a figurar
no rol dos direitos sociais. A inserção de um direito ao
10 ADI 1.484/DF, Rel. Min. Celso de Mello. 13 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual.
11 Apud José Afonso da Silva, Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores,
atual. Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros 2012, p. 649.
Editores, 2012, p. 188. 14 RE 559.646-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda
12 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. Turma, DJE de 24-6-2011.
Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores,
2012, p. 189.
Assistência aos desamparados: A Constituição Federal Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
estabelece que a assistência social será prestada aos privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos
necessitados, independentemente contribuírem ou não com a fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e
previdência social. fundacional.
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente
Texto Constitucional a respeito: alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
CAPÍTULO II mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados
DOS DIREITOS SOCIAIS constitucionalmente as empresas que fazem parte do
programa. Contudo, para isso, o empregado tem que requerer
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a comprovar a participação em programa ou atividade de
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à orientação sobre paternidade responsável.
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (NR Emenda Constitucional Nº 90, de 15 de
setembro de 2015) XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
de outros que visem à melhoria de sua condição social: no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
I - relação de emprego protegida contra despedida XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, normas de saúde, higiene e segurança;
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; XXIII - adicional de remuneração para as atividades
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
involuntário; XXIV - aposentadoria;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, trabalho;
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
sua vinculação para qualquer fim; empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade quando incorrer em dolo ou culpa;
do trabalho; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
convenção ou acordo coletivo; trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os extinção do contrato de trabalho;
que percebem remuneração variável; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
integral ou no valor da aposentadoria; ou estado civil;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
sua retenção dolosa; deficiência;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
empresa, conforme definido em lei; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
XII - salário-família pago em razão do dependente do insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas partir de quatorze anos;
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso
convenção coletiva de trabalho; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
domingos; observada a simplificação do cumprimento das obrigações
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III,
art. 59 § 1º). IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de
um terço a mais do que o salário normal; 2013).
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
salário, com a duração de cento e vinte dias; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença à intervenção na organização sindical;
gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias. em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa. econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser A pessoa é livre para escolher sua nacionalidade ou optar
inferior à área de um Município; por outra. A pessoa não pode ser constrangida a manter sua
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses nacionalidade, podendo optar por outra, sendo aceita ou não.
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões Considerando-se que compete ao direito interno de cada
judiciais ou administrativas; país fixar os critérios de aquisição da nacionalidade, é possível
IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se a existência de polipátridas (pessoas com diversas
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, nacionalidades) e apátridas, também denominados heimatlos
para custeio do sistema confederativo da representação sindical ou apólidos (pessoas que não possuem pátria).
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado Existem três critérios para definir os natos: O critério do
a sindicato; jus soli, o critério do jus sanguinis e o critério misto.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas Critério jus soli ou jus loci: É considerado brasileiro nato
negociações coletivas de trabalho; aquele que nasce na República Federativa do Brasil, ainda que
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas de pais estrangeiros, desde que nenhum deles esteja a serviço
organizações sindicais; de seu país. A República Federativa do Brasil é o seu território
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a nacional mais suas extensões materiais e jurídicas. Se o
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou estrangeiro estiver em território nacional a serviço de um
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um terceiro país, que não o seu de origem, o filho deste que nascer
ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos no Brasil será brasileiro nato.
termos da lei. Critério jus sanguinis: É considerado brasileiro nato o
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à filho de brasileiros que nascer no estrangeiro estando
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, qualquer um dos pais a serviço da República Federativa do
atendidas as condições que a lei estabelecer. Brasil. Como República Federativa do Brasil entende-se a
União, os Estados, os Municípios, as autarquias, as fundações
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre mista, ou seja, o brasileiro deve estar a serviço da
os interesses que devam por meio dele defender. Administração Direta ou da Administração Indireta.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e Critério Misto: Também poderá exigir a nacionalidade, os
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
comunidade. desde que sejam registrados em repartição brasileira
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas competente ou venham a residir na República Federativa do
da lei. Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus Distinção entre Brasileiro Nato e Naturalizado:
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de Somente a CF/88 pode estabelecer distinções entre brasileiros
discussão e deliberação. natos e naturalizados.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é Alguns cargos são reservados aos brasileiros natos:
assegurada a eleição de um representante destes com a - Presidente e Vice-Presidente da República: Só poderão
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto concorrer ao cargo brasileiros natos;
com os empregadores. - Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do
Senado Federal: estão na linha de substituição do Presidente
Nacionalidade da República, portanto deverão ser brasileiros natos;
- Presidente do STF: Considerando que todos os Ministros
Nacionalidade é o vínculo jurídico de uma pessoa com do STF poderão ocupar o cargo de presidência do órgão,
determinado Estado Soberano. Vínculo que gera direitos, também deverão ser brasileiros natos. Os demais cargos do
porém, também acarreta deveres. Cidadão é aquele que está Poder Judiciário poderão ser ocupados por brasileiros natos
no pleno gozo de seus direitos políticos. ou naturalizados;
Geralmente, cidadão é o nacional, mas pode ocorrer de ser - Ministro de Defesa: Cargo criado pela Emenda
nacional e não ser cidadão (Exemplo: Um indivíduo preso é Constitucional 23/99, deverá necessariamente ser ocupado
nacional, mas não é cidadão, visto estarem suspensos seus por um brasileiro nato;
direitos políticos, em razão da prisão). - Membros da Carreira Diplomática: Deverão ser,
Povo é o elemento humano da nação, do país soberano. É o necessariamente, brasileiros natos. Não se impõe essa
conjunto dos nacionais. População é conceito demográfico, condição ao Ministro das Relações Exteriores;
engloba nacionais e estrangeiros. Envolve todas as pessoas - Parte dos Conselheiros da República (art. 89, VII, da
que estão em um território num dado momento histórico. CF/88): O Conselho da República é um órgão consultivo do
Presidente da República, devendo ser composto por seis
A nacionalidade apresenta-se de duas formas: brasileiros natos;
a) Nacionalidade originária: Também denominada - As empresas jornalísticas, de radiodifusão, som e
nacionalidade primária ou involuntária, é a nacionalidade dos imagem são privativas de brasileiros natos ou naturalizados.
natos, não dependendo de qualquer requerimento. É um
direito subjetivo, potestativo, que nasce com a pessoa. É
potestativo, pois depende exclusivamente de seu titular. Estatuto da Igualdade (Quase Nacionalidade): O
Somente a CF poderá estabelecer quem são os natos. Estatuto da Igualdade é decorrente do Tratado entre Brasil e
b) Nacionalidade secundária: Também denominada Portugal de 1971. Quando são conferidos direitos especiais
nacionalidade adquirida ou voluntária, é a nacionalidade dos aos brasileiros residentes em Portugal são conferidos os
naturalizados, sempre dependendo de um requerimento mesmos direitos aos portugueses residentes no Brasil. O
sujeito à apreciação. Em geral, não é um direito potestativo, núcleo do Estatuto é a reciprocidade. Os portugueses que
visto não ser automático. possuem capacidade civil e residência permanente no Brasil
podem requerer os benefícios do Estatuto da Igualdade e,
Noções de Direito Constitucional 18
APOSTILAS OPÇÃO
consequentemente, há reciprocidade em favor dos brasileiros ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
que residem em Portugal. nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
Perda da Nacionalidade: Perde a nacionalidade houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
brasileira o brasileiro naturalizado que tiver cancelada a sua os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
naturalização ou adquirir voluntária e ativamente outra Constituição.
nacionalidade. § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
Hipóteses de perda de nacionalidade: Constituição.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
a) Cancelamento da Naturalização: O elemento básico I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
que gera o cancelamento é a prática de atividade nociva ao II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
interesse nacional, reconhecida por sentença judicial III - de Presidente do Senado Federal;
transitada em julgado. Entende-se que a prática de atividade IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
nociva tem pressuposto criminal (deve ser fato típico V - da carreira diplomática;
considerado como crime). A sentença tem efeitos ex nunc (não VI - de oficial das Forças Armadas.
retroativos, valem dali para frente) e atinge brasileiros VII - de Ministro de Estado da Defesa
naturalizados. A reaquisição deve ser requerida por meio de § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
ação rescisória que desconstitua os efeitos da decisão judicial que:
anterior. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
b) Aquisição voluntária e ativa de outra nacionalidade: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Atinge tanto os brasileiros natos quanto os naturalizados. O a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
instrumento que explicita a perda da nacionalidade nesta estrangeira;
hipótese é o decreto do Presidente da República. Essa perda b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
ocorre por meio de um processo administrativo que culmina ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
com o decreto do Presidente da República, que tem natureza para permanência em seu território ou para o exercício de
meramente declaratória e efeitos ex nunc. A situação que direitos civis;
impõe a perda é a aquisição da outra nacionalidade. O decreto
somente irá reconhecer essa aquisição. A reaquisição deve ser Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
feita por decreto do Presidente da República. Federativa do Brasil.
Nem sempre a aquisição de outra nacionalidade implica a § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a
perda da nacionalidade brasileira. O Brasil, além de admitir a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
dupla nacionalidade, admite a múltipla nacionalidade. Em § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
regra, a aquisição de outra nacionalidade implica a perda da ter símbolos próprios.
nacionalidade brasileira, entretanto, há exceções.
Direitos políticos
São essas exceções:
a) o reconhecimento de outra nacionalidade originária Direitos políticos: São as regras que disciplinam o
pela lei estrangeira; exercício da soberania popular e a participação nos negócios
b) imposição da naturalização pelo Estado estrangeiro jurídicos do Estado. São os direitos de participar da vida
para o brasileiro residente em outro país como condição de política do País, da formação da vontade nacional incluindo os
permanência ou para exercício de direitos civis. de votar e ser votado. Os direitos políticos consistem no
exercício da soberania popular das mais diversas formas.
Texto Constitucional a respeito do assunto:
Regime de Governo ou Regime Político: É um complexo
CAPÍTULO III estrutural de princípios e forças políticas que configuram
DA NACIONALIDADE determinada concepção do Estado e da Sociedade, e que
inspiram seu ordenamento jurídico.
Art. 12. São brasileiros:
I - natos: Estado de Direito: É aquele em que todos estão
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que igualmente submetidos à força das leis.
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
seu país; Estado Democrático de Direito: É aquele que permite a
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe efetiva participação do povo na administração da coisa
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da pública, visando sobretudo alcançar uma sociedade livre, justa
República Federativa do Brasil; e solidária em que todos (inclusive os governantes) estão
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe igualmente submetidos à força da lei.
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Cidadão: Na linguagem popular, povo, população e
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a nacionalidade são expressões que se confundem.
maioridade, pela nacionalidade brasileira; Juridicamente, porém, cidadão é aquele nacional que está no
II - naturalizados: gozo de seus direitos políticos, sobretudo o voto.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua População: É conceito meramente demográfico.
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral; Povo: É o conjunto dos cidadãos.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos Cidadania: É conjunto de direitos fundamentais e de
participação nos destinos do Estado. Tem sua face ativa
(direito de escolher os governantes) e sua face passiva (direito todos é a aplicação do Direito Político da garantia de que todos
de ser escolhido governante). Alguns, porém, por imposição são iguais perante a lei (cada eleitor vale um único voto – one
constitucional, podem exercer a cidadania ativa (ser eleitor), man, one vote).
mas não podem exercer a cidadania passiva (ser candidato), a Não se confunde voto direto com democracia direta. Na
exemplo dos analfabetos (art. 14, § 4.º, da CF). Alguns atributos verdade, a democracia direta em que os cidadãos se reúnem e
da cidadania são adquiridos gradativamente, a exemplo da exercem sem intermediários os poderes governamentais,
idade mínima exigida para alguém concorrer a um cargo administrando e julgando, pode ser classificada como
eletivo (18 anos para Vereador, 21 anos para Deputado etc.). reminiscência histórica. Afinal, o tamanho dos Estados
modernos e a complexidade de suas administrações já não
Dentre as modalidades de direitos políticos duas permitem tal forma de participação (costuma-se citar como
classificações merecem destaque. A primeira divide-os em exceção alguns cantões suíços, com pequenas populações).
positivos e negativos. A segunda distingue entre direitos
políticos ativos ou cidadania ativa ou capacidade eleitoral Iniciativa Popular, o Referendo e o Plebiscito
passiva, que é o direito de votar, e direitos políticos passivos
ou cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva, que Os principais institutos da democracia direta
significa o direito de ser votado (normas de elegibilidade). (participativa) no Brasil são a iniciativa popular, o referendo
popular e o plebiscito.
Direitos políticos positivos
a) Iniciativa popular: Uma das formas de o povo exercer
Normas que possibilitam ao cidadão a participação na vida diretamente seu poder é a iniciativa popular, pela qual 1% do
pública, incluindo os direitos de votar e ser votado. eleitorado nacional, distribuídos por pelo menos cinco
O direito de sufrágio é exercido praticando-se o voto. Na Estados-Membros, com não menos de três décimos de 1% dos
Constituição Federal, está previsto o voto secreto, eleitores de cada um deles, apresenta à Câmara dos Deputados
obrigatório, direto e igual para todos os brasileiros. O voto um projeto de lei (complementar ou ordinária).
é secreto porque seu conteúdo não pode ser revelado pela
Justiça Eleitoral, que deve garantir ao eleitor que seu voto será b) Referendo: O referendo popular é a forma de
resguardado e mantido em sigilo. É direto e igual porque o manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma
eleitor brasileiro escolhe seus governantes sem atitude governamental já manifestada. Normalmente,
intermediários, e cada pessoa tem direito a único voto de igual verifica-se quando uma emenda constitucional ou um projeto
valor. de lei aprovado pelo Poder Legislativo é submetido à
Por fim, o voto é obrigatório, porque, além de um direito, é aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar em vigor.
também um dever jurídico, social e político. A Constituição Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder
declara que, no Brasil, o alistamento eleitoral e o voto são Legislativo ou do Poder Executivo (matéria constitucional,
obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os administrativa ou legislativa), bem como no caso do § 3.º do
analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e art. 18 da CF (incorporação, subdivisão ou desmembramento
menores de 18 anos. de um Estado), a autorização e a convocação do referendo
popular e do plebiscito são da competência exclusiva do
Sufrágio: Do latim sufragium, apoio. Representa o direito Congresso Nacional, nos termos do art. 49, XV, da Constituição
de votar e ser votado e é considerado universal quando se Federal, combinado com a Lei nº 9.709/98 (em especial os
outorga o direito de votar a todos que preencham requisitos artigos 2º e 3º).
básicos previstos na Constituição, sem restrições derivadas de A iniciativa da proposta do referendo ou do plebiscito deve
condição de raça, de fortuna, de instrução, de sexo ou de partir de 1/3 dos Deputados Federais ou de 1/3 dos
convicção religiosa. O sufrágio restrito (qualificativo) é aquele Senadores. A aprovação da proposta é manifestada
só conferido a pessoas que preencham determinadas (exteriorizada) por decreto legislativo que exige o voto
condições de nascimento, de fortuna etc. Pode ser restrito favorável da maioria simples dos Deputados Federais e dos
censitário (quando impõe restrições vinculadas à capacidade Senadores (voto favorável de mais da metade dos presentes à
econômica do eleitor – por exemplo: As Constituições de 1891 sessão, observando-se que para a votação ser iniciada exige-se
e 1934 vedavam o voto dos mendigos) ou restrito capacitário a presença de mais da metade de todos os parlamentares da
(pela Constituição Federal de 67 e até a Emenda Constitucional casa). O referendo deve ser convocado no prazo de trinta dias,
25/85, o analfabeto não podia votar). O sufrágio identifica um a contar da promulgação da lei ou da adoção de medida
sistema no qual o voto é um dos instrumentos de deliberação. administrativa sobre a qual se mostra conveniente à
O sufrágio é universal porque todos os cidadãos do país manifestação popular direta.
podem votar, não sendo admitidas restrições fundadas em
condições de nascimento, de capacidade intelectual, c) Plebiscito: O plebiscito é a consulta popular prévia pela
econômicas ou por motivos étnicos. qual os cidadãos decidem ou demostram sua posição sobre
determinadas questões. A convocação de plebiscitos é de
Voto: É personalíssimo (não pode ser exercido por competência exclusiva do Congresso Nacional quando a
procuração), pode ser direto (como determina a atual CF) ou questão for de interesse nacional.
indireto. É direto quando os eleitores escolhem seus
representantes e governantes sem intermediários. É indireto Veto popular: O veto popular é um modo de consulta ao
quando os eleitores (denominados de 1º grau) escolhem seus eleitorado sobre uma lei existente, visando revogá-la pela
representantes ou governantes por intermédio de delegados votação direta. Foi aprovado em 1º turno pela Assembleia
(eleitores de 2º grau), que participarão de um Colégio Eleitoral Nacional Constituinte, mas acabou sendo rejeitado no 2º
ou órgão semelhante. Observe-se que há exceção ao voto turno, não sendo incluído na Constituição Federal de 1988.
direto no § 1º do art. 81 da CF, que prevê eleição indireta para
o cargo de Presidente da República se houver impedimento do Recall: É a chamada para voltar, que também não está
Presidente e do Vice-Presidente nos dois últimos anos do prevista em nosso sistema constitucional. É uma forma de
mandato. revogação de mandato, de destituição, pelos próprios
O voto é secreto para garantir a lisura das votações, eleitores, de um representante eleito, que é submetido a uma
inibindo a intimidação e o suborno. O voto com valor igual para reeleição antes do término do seu mandato.
Impeachment: É parecido com o recall-político, mas com misto, já que, por ele, parte dos deputados é eleita pelo voto
ele não se confunde. Apesar de ambos servirem para pôr fim proporcional e parte pelo majoritário.
ao mandato de um representante político, os dois institutos
diferem quanto à motivação e à iniciativa (titularidade) do ato Alistamento Eleitoral (Capacidade Eleitoral Ativa):
de cassação do mandato. Para que se desencadeie o processo Cabe privativamente à União legislar sobre matéria eleitoral.
de impeachment, é necessário motivação, ou seja, é preciso Tanto o Presidente da República quanto o Tribunal Superior
que se suspeite da prática de um crime ou de uma conduta Eleitoral podem expedir as instruções que julgarem
inadequada para o cargo. Já no recall, tal exigência não existe: convenientes à boa execução das leis eleitorais; poder
o procedimento de revogação do mandato pode ocorrer sem regulamentar que excepcionalmente pode ser exercido
nenhuma motivação específica. Ou seja, o recall é um também pelos Tribunais Regionais Eleitorais nas suas
instrumento puramente político. respectivas circunscrições.
Outra diferença é que, no impeachment, o procedimento é O alistamento eleitoral (integrado pela qualificação e pela
geralmente desencadeado e decidido por um órgão legislativo, inscrição) e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito
enquanto que, no recall, é o povo que toma diretamente a anos. São facultativos, contudo, para o analfabeto, para os
decisão de cassar ou não o mandato. maiores de dezesseis anos (até a data do pleito, conforme
prevê o art. 12 da Resolução n. 20.132/98) e menores de
Pluralismo político: Há que se relembrar inexistir uma dezoito, bem como para os maiores de setenta anos.
democracia substancial sem a garantia do pluralismo político, O art. 7.º do Código Eleitoral especifica as sanções para
caracterizado pela convivência harmônica dos interesses quem não observa a obrigatoriedade de se alistar e votar. Sem
contraditórios. Para tanto, há que se garantir a ampla a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva
participação de todos (inclusive das minorias) na escolha dos multa ou se justificou devidamente, o eleitor não poderá obter
membros das casas legislativas, reconhecer a legitimidade das passaporte ou carteira de identidade, inscrever-se em
alianças (sem barganhas espúrias) que sustentam o Poder concurso público, receber remuneração dos entes estatais ou
Executivo e preservar a independência e a transparência dos paraestatais, renovar matrícula em estabelecimento oficial de
órgãos jurisdicionais a fim de que qualquer lesão ou ameaça de ensino etc.
lesão possa ser legitimamente reparada por um órgão Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
imparcial do Estado. durante o serviço militar obrigatório, o conscrito (aquele que,
regularmente convocado, presta o serviço militar obrigatório
Sistemas eleitorais ou serviço alternativo, incluindo-se no conceito os médicos,
dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam o serviço
O sistema eleitoral é o procedimento que vai orientar o militar obrigatório após o encerramento da faculdade). O
processo de escolha dos candidatos. conscrito que se alistou e adquiriu o direito de voto antes da
Para José Afonso da Silva15, sistema eleitoral é “o conscrição tem sua inscrição mantida, mas não pode exercer o
conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na direito de voto até que o serviço militar ou alternativo esteja
realização das eleições, destinados a organizar a cumprido.
representação do povo no território nacional”. José Jairo
Gomes16 igualmente conceitua o sistema eleitoral como “o Condições de Elegibilidade (Capacidade Eleitoral
complexo de procedimentos empregados na realização das Passiva): São condições de elegibilidade, na forma da lei:
eleições”. São conhecidos três tipos de sistemas eleitorais: - A nacionalidade brasileira (observada a questão da
a) Majoritário reciprocidade, antes destacada quanto aos portugueses, e que
b) Proporcional apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos);
c) Misto - O pleno exercício dos direitos políticos;
O sistema majoritário é aquele em que são eleitos os - O alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode
candidatos que tiveram o maior número de votos para o cargo votar, embora nem todos que votam possam ser votados –
disputado. Por esse sistema são disputadas, no Brasil, as como o analfabeto e o menor de 18 e maior de 16 anos);
eleições para os cargos de presidente da República, - O domicílio eleitoral na cidade ou estado para o qual
governadores, prefeitos e senadores. Deve-se observar, ainda, concorre;
que, para os cargos de presidente, governador e prefeitos de A filiação partidária (pelo menos um ano antes das
municípios com mais de duzentos mil eleitores, é necessária a eleições, nos termos do art. 18 da Lei Federal n. 9.096/95);
obtenção da maioria absoluta de votos, não computados os em A idade mínima de 35 anos para Presidente da República,
branco e os nulos, no primeiro turno, sob pena de se realizar o Vice- Presidente da República e Senador; a idade mínima de 30
segundo turno com os dois candidatos mais votados. anos para Governador e Vice-Governador; a idade mínima de
O sistema proporcional, por sua vez, é utilizado para os 21 anos para Deputado (Federal, Distrital ou Estadual),
cargos que têm várias vagas, como vereadores e deputados, e Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz (mandato de 4 anos – art.
por ele são eleitos os candidatos mais votados de cada partido 98, II, da CF) e a idade mínima de 18 anos para Vereador.
ou coligação. A aquisição da elegibilidade, portanto, ocorre
Tal sistema objetiva distribuir proporcionalmente as vagas gradativamente. De acordo com o § 2.º do art. 11 da Lei nº
entre os partidos políticos que participam da disputa e, com 9.504/97, a idade mínima deve estar preenchida até a data
isso, viabilizar a representação de todos os setores da da posse. Há, contudo, entendimento jurisprudencial no
sociedade no parlamento. sentido de que o requisito da idade mínima deve estar
A ideia do sistema proporcional é de que a votação seja satisfeito na data do pleito. Não há idade máxima limitando o
transformada em mandato, na ordem da sua proporção, isto é, acesso aos cargos eletivos.
o partido que obtiver, por exemplo, 10% dos votos deve
conseguir transformá-los em torno de 10% das vagas Direitos Políticos Negativos: são as circunstâncias que
disputadas. Por fim, o sistema misto é aquele que procura acarretam a perda ou suspensão dos direitos políticos, ou que
combinar o sistema proporcional com o sistema majoritário. caracterizam a inelegibilidade, restringindo ou mesmo
Muito se tem debatido sobre sua implantação no Brasil e há impedindo que uma pessoa participe dos negócios jurídicos de
propostas para que esse sistema seja chamado de distrital uma nação.
As inelegibilidades (que podem ser previstas pela CF f) Condenação por crime de responsabilidade: A
ou por lei complementar): São absolutamente inelegíveis, ou condenação por crime de responsabilidade pode resultar na
seja, inelegíveis para qualquer cargo eletivo em todo o inelegibilidade do condenado por até oito anos, mas não afeta
território nacional, os inalistáveis (incluídos os conscritos e os o direito de votar.
estrangeiros) e os analfabetos. O exercício do mandato não
afasta a inelegibilidade, conforme estabelece a Súmula nº 15 Vamos conferir os artigos pertinentes da Constituição
do TSE. Federal:
São relativamente inelegíveis (só atinge a eleição para
determinados cargos ou em determinadas regiões) os CAPÍTULO IV
menores de 35 anos de idade (que não podem ser candidatos DOS DIREITOS POLÍTICOS
a Senador, Presidente da República ou Vice-Presidente da
República) e, no território da jurisdição do titular, o cônjuge e Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
os parentes consanguíneos ou afins (afins são os parentes do universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
cônjuge), até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da e, nos termos da lei, mediante:
República, de Governador, de Prefeito ou de quem os haja I - plebiscito;
substituído nos seis meses anteriores ao pleito, salvo se o II - referendo;
candidato já for titular de mandato eletivo e concorrer à III - iniciativa popular.
reeleição (continuidade do mesmo cargo). Os parentes e o § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
cônjuge, porém, são elegíveis para quaisquer cargos fora da I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
jurisdição do respectivo titular do mandato e mesmo para II - facultativos para:
cargo de jurisdição mais ampla. a) os analfabetos;
Exemplo: O filho de um Prefeito Municipal pode ser b) os maiores de setenta anos;
candidato a Deputado, a Senador, a Governador ou a c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Presidente da República, ainda que não haja § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
desincompatibilização de seu pai. durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
Perda e Suspensão dos Direitos Políticos: É vedada a I - a nacionalidade brasileira;
cassação de direitos políticos, cuja perda (privação definitiva) II - o pleno exercício dos direitos políticos;
ou suspensão (privação temporária) acontecerá nos casos III - o alistamento eleitoral;
previstos no art. 15 da CF/88. A perda diferencia-se da IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
suspensão porque nesta a reaquisição dos direitos políticos é V - a filiação partidária;
automática, e naquela, depende de requerimento. Os casos VI - a idade mínima de:
previstos são: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador;
a) Cancelamento da naturalização por sentença b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado
transitada em julgado: Somente os nacionais (natos ou e do Distrito Federal;
naturalizados) e os portugueses com residência permanente c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
no Brasil (preenchido o requisito da reciprocidade) podem Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
alistar-se como eleitores e candidatos. O cancelamento da d) dezoito anos para Vereador.
naturalização é hipótese de perda dos direitos políticos, e a Lei § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
nº 818/49 prevê sua incidência em caso de atividades nocivas § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e
ao interesse nacional. do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
b) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou um único período subsequente.
prestação alternativa: A recusa de cumprir obrigações a § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
VII, da CF, implica a perda dos direitos políticos, pois não há Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
hipótese de restabelecimento automático. A Lei nº 8.239/91 meses antes do pleito.
incluiu a hipótese como sendo de suspensão dos direitos § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
políticos, pois a qualquer tempo o interessado pode cumprir cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
as obrigações devidas e regularizar a sua situação. grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
c) Incapacidade civil absoluta: São as hipóteses previstas quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
na lei civil, em especial no art. 5º do Código Civil, e pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
supervenientes à aquisição dos direitos políticos. Desde a reeleição.
Constituição Federal de 1946, a incapacidade civil absoluta § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
está incluída como causa de suspensão dos direitos políticos. condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
d) Condenação criminal transitada em julgado: A da atividade;
condenação criminal transitada em julgado, enquanto II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
durarem seus efeitos, é causa de suspensão dos direitos autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
políticos. ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
e) Improbidade administrativa (art. 15, V, da CF): A inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
improbidade administrativa, prevista no art. 37, §4º, da CF, é probidade administrativa, a moralidade para exercício de
uma imoralidade caracterizada pelo uso indevido da mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
Administração Pública em benefício do autor da improbidade normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
ou de terceiros, não dependendo da produção de danos ao poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
patrimônio público material. Seu reconhecimento gera a emprego na administração direta ou indireta.
suspensão dos direitos políticos do improbo.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos
econômico, corrupção ou fraude. direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da
temerária ou de manifesta má-fé. população em geral foram fundamentais para que houvesse
uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar
ou suspensão só se dará nos casos de: econômico, lazer, educação e político.
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
em julgado; referencial de conquista da humanidade, através daqueles que
II - incapacidade civil absoluta; sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente
durarem seus efeitos; às dominações, seja do próprio Estado ou de outras
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou instituições.
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos
após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em cidadania está muito distante de muitos brasileiros, pois a
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue
ocorra até um ano da data de sua vigência. ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria,
altos índices de desemprego, da taxa significativa de
Cidadania analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional
das vítimas da violência particular e oficial.
Conforme texto de Orson Camargo17, temos que, no Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho,
decorrer da história da humanidade surgiram diversos no Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela
entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais,
e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o implantados em período de supressão dos direitos políticos e de
conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no redução dos direitos civis por um ditador que se tornou popular
contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a
Estado-Nação. expansão do direito do voto deu-se em outro período ditatorial,
em que os órgãos de repressão política foram transformados em
O termo cidadania tem origem etimológica no latim peça decorativa do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no
civitas, que significa "cidade". A palavra cidadania foi usada Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.19
na Roma antiga para indicar a situação política de uma Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. por etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se
Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a dotada de todos os três tipos de direito:
uma comunidade politicamente articulada – um país – e que 1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade
lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de
de uma constituição. O termo cidadão refere-se ao habitante conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no
da “cidade”, o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos século 18;
de um determinado Estado. 2. Política: direito de participação no exercício do poder
Segundo Dalmo Dallari: “A cidadania expressa um político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de
conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de autoridade pública, constituída no século 19;
participar ativamente da vida e do governo de seu povo. 3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar
Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído econômico e social, desde a segurança até ao direito de
da vida social e da tomada de decisões, ficando numa partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes
posição de inferioridade dentro do grupo social”.18 na sociedade, que são conquistas do século 20.
Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à Ainda com base no que dispõe a doutrina, o conceito de
universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade – cidadania comporta duas concepções, sendo estas de
, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas cidadania em sentido estrito e em sentido amplo.
concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui A cidadania em sentido estrito, de acordo com a
duas categorias: formal e substantiva. terminologia tradicional, adotada pela legislação
infraconstitucional e pela quase unanimidade dos autores de
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, direito constitucional, é o direito de participar da vida política
indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado- do País, da formação da vontade nacional, abrangendo os
Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania direitos de votar e ser votado. É uma qualidade própria do
brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o cidadão, que é justamente o nacional no gozo de direitos
termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva políticos.
é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Por sua vez, a cidadania em sentido amplo, quer
Essa última forma de cidadania é a que nos interessa. significar a participação do cidadão em diversas atividades
ligadas ao exercício de direitos individuais, fundamentando-
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva se, então, no artigo 1º da Constituição da República. Esta tem
ocorrem a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – um alcance maior. Adotado este sentido mais abrangente, os
Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão nacionais identificam-se como os cidadãos de um Estado.
17 CAMARGO, Orson. "O que é cidadania?". Brasil Escola. Disponível em 18 DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14
<http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cidadania-ou-estadania.htm>. 19 CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
Acesso em 16/02/2017. Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29.
Existem duas espécies de cidadania: ativa e passiva. A (D) interesses coletivos da categoria em questões
primeira é o direito de votar, enquanto a segunda, o de ser judiciais, excluídos os interesses individuais e as questões
votado. administrativas e incluídas as questões internacionais.
A Constituição Federal (CF/88), chamada de “constituição 04. (TJ/MT - Analista Judiciário - UFMT/2016) Sobre a
cidadã”, por ser considerada a mais completa entre as nacionalidade, assinale a afirmativa INCORRETA.
constituições brasileiras, com destaque para os vários (A) São brasileiros natos os filhos de pais estrangeiros
aspectos que garantem o acesso à cidadania, traz já em seu nascidos no Brasil, desde que estes não estejam a serviço de
artigo 1º, inciso II, a cidadania como direito fundamental.20 seu país.
A preocupação com os direitos do cidadão é claramente uma (B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai
resposta ao período histórico diretamente anterior ao da ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a
promulgação da constituição. serviço do Brasil.
(C) São brasileiros naturalizados os originários dos países
Questões de língua portuguesa, na forma da lei, residentes por um ano
ininterrupto no Brasil.
01. (IF/PA - Assistente em Administração - (D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de
FUNRIO/2016) Constituem direitos sociais conforme qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de dez
Constituição Federal de 1988, dentre outros, os seguintes: anos e sem condenação penal.
(A) a religião, o lazer e a segurança.
(B) o voto, a cultura e a integração nacional. 05. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Técnico Judiciário -
(C) o trabalho, a moradia e a segurança. FCC/2016) As irmãs Catarina e Gabriela são brasileiras
(D) a igualdade tributária, a cultura e a segurança. naturalizadas. Ambas possuem carreira jurídica brilhante,
(E) a cultura, a religião e o transporte. destacando-se profissionalmente. Catarina almeja ocupar o
cargo de Ministra do Supremo Tribunal Federal e Gabriela
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) almeja ocupar o cargo de Ministra do Tribunal Superior do
Sobre a disciplina constitucional dos direitos sociais, assinale Trabalho. Neste caso, com relação ao requisito nacionalidade,
a alternativa CORRETA. (A) nenhuma das irmãs poderá alcançar o cargo almejado.
(A) A assistência gratuita aos filhos e dependentes é (B) ambas as irmãs poderão alcançar o cargo almejado,
garantida desde o nascimento até oito anos de idade em independentemente de qualquer outra exigência legal.
creches e pré-escolas. (C) apenas Gabriela poderá alcançar o cargo almejado.
(B) É garantido seguro contra acidentes de trabalho, a (D) apenas Catarina poderá alcançar o cargo almejado.
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este (E) ambas as irmãs só poderão alcançar o cargo almejado
está obrigado, desde que tenha agido com dolo. se tiverem mais de quinze anos de naturalização.
(C) É proibido trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de Respostas
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos. 01. Resposta: “C”
(D) É garantido o repouso semanal remunerado, 02. Resposta: “C”
obrigatoriamente aos domingos. 03. Resposta: “C”
(E) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a 04. Resposta: “D”
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou 05. Resposta: “C”
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até três
anos após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei. 3) Poder executivo: forma e
sistema de governo, chefia de
03. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo -
COMPERVE/2016) A liberdade do indivíduo, direito estado e chefia de governo.
fundamental tradicionalmente caracterizado como de
primeira dimensão ou geração, possui desdobramentos e se
expressa em variadas espécies no âmbito do atual Estado O Brasil adota o presidencialismo como sistema de
Constitucional Democrático, sendo possível falar em liberdade governo. A Constituição Federal traz como os poderes da
de ir e vir, liberdade religiosa, liberdade profissional, dentre União, o Poder Executivo, o Legislativo, o Executivo e o
outras. No que diz respeito especificamente à liberdade de Judiciário, independentes e harmônicos entre si (art. 2º da
associação sindical, de acordo com as diretrizes CF/88).
constitucionais, é possível observar que no Brasil é livre a A função do poder Executivo é administrar e implementar
associação sindical, cabendo aos sindicatos a defesa dos políticas públicas nas mais diversas áreas de atuação do
(A) direitos individuais da categoria em questões judiciais, Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Poder
excluídas as questões administrativas e de ordem Legislativo. É da atribuição do Poder Executivo o governo e a
internacional. administração do Estado.
(B) interesses individuais da categoria, excluídos os O Poder Executivo é regulado pela Constituição Federal
coletivos, inclusive em questões judiciais ou administrativas. nos seus artigos 76 a 91. É exercido, no âmbito federal, desde
(C) direitos e interesses coletivos ou individuais da 1891, pelo Presidente da República, eleito por sufrágio
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. popular e direto, em eleição de dois turnos, e substituído em
seus impedimentos pelo Vice-Presidente. Colaboram com o
chefe do executivo os Ministros de Estado, por ele nomeados.
20 CF/88: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união III - a dignidade da pessoa humana;
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: V - o pluralismo político.
I - a soberania; Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
II - a cidadania representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
O Presidente acumula as funções de Chefe de Estado dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e o Presidente
(representação externa e interna do Estado) e Chefe de do Supremo Tribunal Federal.
Governo (liderança política e administrativa dos órgãos do O Presidente da República e seu vice só poderão ausentar-
Estado). É eleito com mandato fixo, não dependendo de se do País com licença do Congresso, sob pena de perda do
maioria política no Congresso Nacional para investir-se no cargo, salvo se a ausência não for superior a 15 dias.
cargo ou nele permanecer.
No plano estadual, o Poder Executivo é exercido pelo Investidura
Governador, substituído em seus impedimentos pelo Vice-
Governador, e auxiliado pelos Secretários de Estado. O Presidente e o Vice Presidente são eleitos pelo sistema
Já no plano municipal, é exercido pelo Prefeito, substituído eleitoral majoritário de dois turnos (e não o puro ou simples),
em seus impedimentos pelo Vice-Prefeito e auxiliado pelos já que será considerado eleito o candidato que obtiver a
Secretários Municipais. A sede de cada município toma seu maioria dos votos válidos. Entretanto, se no primeiro turno
nome e tem oficialmente a categoria de cidade. essa maioria não for alcançada, necessariamente deverá haver
um segundo turno.
O Presidente Votos válidos são os votos que não são em branco ou nulos
(art. 77, § § 2º e 3º).
O Brasil adota o presidencialismo desde a Constituição de O Presidente é eleito simultaneamente ao Vice, por meio
1.891. Nele, o Presidente assume a função de Chefe de Estado de sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, em eleição
(representação externa) e de Chefe de Governo (gerência realizada no primeiro e no último domingo de outubro do ano
interna). Os Ministros, seus auxiliares, são livremente eletivo, para o primeiro e segundo turno, respectivamente.
escolhidos e demissíveis ad nutum, sem necessidade de O mandato do Presidente da República é de quatro anos e
fundamentação. terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua
No nosso sistema presidencialista, o Presidente não possui eleição.
qualquer possibilidade de dissolver o parlamento, sendo a
mera tentativa disso uma absoluta afronta à separação dos Reeleição
Poderes, ao contrário do que ocorre na maioria dos regimes
parlamentares. A Emenda Constitucional nº 16/97 introduziu o instituto
O Poder Executivo Federal é exercido pelo Presidente da da reeleição de cargos do Poder Executivo (CF, art. 14, § 5°),
República, auxiliado pelos Ministros de Estado. A estrutura do permitindo que o Presidente da República, o Governador de
Poder Executivo a nível federal, além da Presidência da Estado ou o Prefeito postulem um novo mandato.
República e dos ministérios, compreende os gabinetes, Pessoal O texto constitucional não contemplou qualquer
e de Segurança Institucional, a Casa Civil e vários órgãos de exigência quanto à necessidade de desincompatibilização,
assessoramento. de modo que a candidatura à reeleição dá-se com o candidato
no exercício efetivo do cargo.
São requisitos para a candidatura ao cargo de Evidentemente que, na condição de Presidente, ele não
Presidente e Vice: poderá fazer campanha política (o que é totalmente ignorado
- Ser brasileiro nato; pelos candidatos).
- Estar em pleno gozo dos direitos políticos; Também não há qualquer restrição quanto à possibilidade
- Ter mais de 35 anos; de nova eleição para períodos descontínuos. O Presidente da
- Filiação ao partido político; República reeleito poderá, após deixar o cargo, vir a postular
- Possuir alistamento eleitoral. nova investidura. Assim, somente não se admite três mandatos
seguidos.
Se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
desistência ou impedimento legal de candidato a Presidente, Das atribuições do Presidente da República
será convocado o terceiro colocado nas eleições. Se essas
situações recaírem sobre o Vice, outro deve ser escolhido. Tradicionalmente, o Poder Executivo tem a função de
Porém, se a morte ou desistência ocorrer após a eleição, mas governo, com atribuições políticas, co-legislativas e de decisão,
antes da diplomação, considerar-se-á eleito o vice-presidente. e função administrativa, manifestada pela intervenção,
A posse de Presidente e Vice deverá ocorrer no dia 1º de fomento e prestação de serviços públicos.
janeiro do ano subsequente às eleições, em sessão conjunta do O art. 84 atribui ao Presidente da República competências
Congresso Nacional. Se após decorridos 10 dias da data fixada privativas, tanto de natureza de Chefe de Estado
para a posse, um dos dois candidatos não tiver assumido, o (representando a República Federativa do Brasil nas relações
cargo será considerado automaticamente vago, salvo motivo internacionais e, internamente, sua unidade, previstas nos
de força maior. incisos VII, VIII e XIX do art. 84) como de Chefe de Governo
(prática de atos de administração e de natureza política - estes
O Vice-Presidente da República últimos quando participa do processo legislativo – conforme
se percebe pela leitura das atribuições previstas nos incisos I
Eleito como companheiro de chapa do presidente, cabe ao a VI; IX a XVIII e XX a XXVII).
Vice-Presidente da República substituir o titular nos seus
impedimentos ou suceder-lhe na vacância do cargo. Os Responsabilidade do Presidente da República
requisitos para o cargo são os mesmos do cargo de presidente.
Os crimes de responsabilidade são as infrações político-
O Vice-Presidente da República, além de outras administrativas cujas sanções consistem na perda da
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, investidura dos cargos ocupados pelo agente e sua inabilitação
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para para o exercício de funções públicas por um período de oito
missões especiais. anos – é o chamado impeachment.
Conforme previsão constitucional do art. 85 da CF, os atos
do Presidente da República que implicam na sua
Caso o presidente e o vice estiverem impedidos, ou responsabilidade política estão ali previstos. São crimes de
deixarem vagos os respectivos cargos, serão chamados a responsabilidade os atos do Presidente da República que
assumir a Presidência, pela ordem, o Presidente da Câmara
Noções de Direito Constitucional 25
APOSTILAS OPÇÃO
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, Sustentou-se que o Presidente do Banco Central não
contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do poderia ser titular de cargo de Ministro de Estado por
Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério estar submetido, nos termos da Constituição, a um regime
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da próprio de nomeação — aprovação pelo Senado Federal
Federação; III - o exercício dos direitos políticos, (CF, arts. 52, III, d, e 84, I e XIV). Suscitou-se que o ato
individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a impugnado seria ofensivo ao princípio da separação de
probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - Poderes. Quando a Constituição diz, no art. 84, I, que compete
o cumprimento das leis e das decisões judiciais. privativamente ao Presidente da República nomear e exonerar
os Ministros de Estado, obviamente está implícito que tal
Esses crimes serão definidos em lei especial, que nomeação se dará na forma da Constituição e da lei. Não
estabelecerá as normas de processo e julgamento. poderá, por exemplo, o Presidente nomear um menor de 21
anos para chefiar um Ministério. Também não poderá nomear
Qualquer cidadão é parte legítima para apresentar a alguém que esteja privado de seus direitos políticos (CF, art.
acusação por crime de responsabilidade perante a Câmara dos 87).
Deputados. Com a admissão da acusação por 2/3 dos membros No caso da nomeação do Presidente do Banco Central, por
daquela casa, será o Presidente submetido a julgamento evidente, haverá um procedimento constitucional específico,
perante Senado. que terá como pressuposto a aprovação prévia pelo Senado,
Em caso de acusação pelas infrações penais comuns, cabe nos termos do art. 52, III, d. Não vejo, portanto, como
ao Procurador-Geral da República sua iniciativa, havendo juízo interpretar a norma impugnada como autorizadora do
de admissibilidade pela Câmara dos Deputados, caso em que, afastamento da exigência constitucional de prévia aprovação
sendo admitida por 2/3 dos membros, o Presidente será pelo Senado.
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. De resto, o modelo constitucional contém algumas
situações que demonstram tratamento bastante casuístico no
Os Ministros de Estado que toca aos cargos mais elevados da República.
Notório exemplo é o do Advogado-Geral da União, que é
Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da Ministro por determinação legal. No plano constitucional, o
República na direção superior da Administração Federal. Os Advogado-Geral, nomeado e diretamente subordinado ao
Ministros são de livre nomeação pelo Presidente da República, Presidente, possui requisitos para a nomeação que são mais
podendo ser por ele exonerados a qualquer tempo, sendo rigorosos em relação aos demais Ministros. Exige-se idade
desnecessária a sabatina do Senado Federal, salvo para o mínima de 35 anos, reputação ilibada e notório conhecimento
presidente do BACEN, que é equiparado. jurídico. No que toca à prerrogativa de foro, também há um
Poderão ser Ministros quaisquer brasileiros, natos ou tratamento constitucional diferenciado. O Advogado-Geral, em
naturalizados, maior de 21 anos e no pleno exercício de seus relação ao crime de responsabilidade, é sempre julgado
direitos políticos; porém, somente poderá ser ministro da perante o Senado (CF, art. 52, II), tal como o Presidente da
defesa brasileiro nato. República, o Procurador-Geral da República e os Ministros do
São atribuições do Ministro de Estado, além de outras que Supremo Tribunal Federal.
lhe sejam delegadas pelo Presidente da República, exercer a Já os Ministros de Estado, no que toca aos crimes de
orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades responsabilidade, com ressalva de atos conexos a atos do
da Administração Federal na área de sua competência e Presidente, em regra são julgados perante o STF (CF, art. 102,
referendar atos e decretos assinados pelo Presidente da I, c).
República, expedir instruções para execução de leis, decretos Outro exemplo interessante de situação singular é o dos
e regulamentos (CF/88, art. 87, parágrafo único). Comandantes Militares. Não obstante os Comandantes da
Como visto anteriormente, os Ministros poderão até Marinha, do Exército e da Aeronáutica estarem subordinados
mesmo editar decretos autônomos, caso lhes seja delegada ao Ministério da Defesa, remanescem eles com foro especial
essa prerrogativa pelo Presidente. perante o Supremo Tribunal Federal. Note-se que tais
Os Ministros de Estado serão processados e julgados, nas autoridades nem sequer possuem status de Ministro. Por fim,
infrações penais comuns e nos crimes de estão abrangidos pela mesma disposição que confere
responsabilidade, pelo STF (CF/88, art. 102,1, c). prerrogativa de foro aos Comandantes Militares os chefes de
Nos crimes de responsabilidade conexos com os do missão diplomática de caráter permanente (CF, art. 102, I, c).
Presidente da República, serão processados pelo Senado Também aqui tem-se tratamento idêntico entre autoridades
Federal (CF/88, art. 52, I). de diferentes hierarquias, tendo em vista que os chefes de
Os mandados de segurança e os habeas data impetrados missão diplomática estão subordinados ao Ministro das
contra atos de Ministro de Estado serão julgados pelo STJ Relações Exteriores.
(CF/88, art. 105, b). Também os habeas corpus nos quais
Ministro de Estado for apontado como autoridade coatora Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:
serão julgados pelo STJ (CF/88, art. 105, I, c).
Porém, se o MS for impetrado em face de órgão colegiado CAPÍTULO II
presidido por Ministro de Estado, a competência não será do DO PODER EXECUTIVO
STJ, e sim do juízo competente para julgar demandas em face Seção I
de tal órgão. DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Requisitos Especiais para Determinados Cargos de Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
Ministros e Ministros Equiparados República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Tema interessante colocou-se na ação direta de Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
inconstitucionalidade proposta contra a Medida Provisória n. República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo
207, de 2004, convertida na Lei n. 11.036/2004, que de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
transformou o cargo de Presidente do Banco Central em cargo em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do
de Ministro de Estado. mandato presidencial vigente.
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
Vice-Presidente com ele registrado. expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Sobre
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, os decretos regulamentares, tem-se:
registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos. A diferença entre lei e regulamento, no Direito brasileiro,
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A
primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a distinção substancial reside no fato de que a lei pode inovar
proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais originariamente no ordenamento jurídico, enquanto o
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria regulamento não o altera, mas tão-somente fixa as regras
dos votos válidos. orgânicas e processuais destinadas a colocar em execução os
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, princípios institucionais estabelecidos por lei, ou para
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, desenvolver os preceitos constantes da lei, expressos ou
dentre os remanescentes, o de maior votação. implícitos, dentro da órbita por ele circunscrita, isto é, às
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, diretrizes por ela determinada.
em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
qualificar-se-á o mais idoso.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República VI - dispor, mediante decreto, sobre: (trata-se, aqui, de
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o decreto autônomo, com força de lei. Atribuição delegável).
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, a) organização e funcionamento da administração federal,
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. extinção de órgãos públicos;
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e sujeitos a referendo do Congresso Nacional; (o referendo se dá
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. por decreto legislativo)
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; (o Estado
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei de sítio somente é decretado após autorização do Congresso
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele Nacional por Decreto Legislativo)
convocado para missões especiais. X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão a situação do País e solicitando as providências que julgar
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o necessárias;
Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
do Supremo Tribunal Federal. necessário, dos órgãos instituídos em lei; (Atribuição delegável).
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para
última vaga. os cargos que lhes são privativos;
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral
da lei. da República, o presidente e os diretores do banco central e
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o outros servidores, quando determinado em lei; (aprovação
período de seus antecessores. mediante resolução)
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro Tribunal de Contas da União;
anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
sua eleição. Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não termos do art. 89, VII;
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do Conselho de Defesa Nacional;
cargo. XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
Seção II quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
Das Atribuições do Presidente da República mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
República: Congresso Nacional; (autorização ou referendo feito por decreto
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; legislativo)
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
superior da administração federal; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
previstos nesta Constituição; permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
orçamento previstos nesta Constituição;
Noções de Direito Constitucional 27
APOSTILAS OPÇÃO
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
referentes ao exercício anterior; I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na órgãos e entidades da administração federal na área de sua
forma da lei; (Atribuição delegável somente quanto ao competência e referendar os atos e decretos assinados pelo
provimento). Presidente da República;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e
termos do art. 62; regulamentos;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta III - apresentar ao Presidente da República relatório anual
Constituição. de sua gestão no Ministério;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
limites traçados nas respectivas delegações. Ministérios e órgãos da administração pública.
Todas essas atribuições, ressalvadas as que ficaram CONSELHO DA REPÚBLICA E DE DEFESA NACIONAL
consignadas, são indelegáveis. Além disso, elas não são
exaustivas, apenas exemplificativas. Conselho da República
Todas as atribuições privativas são extensíveis, no que
couber, e por força do federalismo e do princípio da simetria, O Conselho da República é órgão superior de consulta do
aos demais Chefes dos Poderes Executivos de outros entes Presidente da República, que atua de maneira opinativa, sendo
federados. reunido mediante convocação e sob a presidência do
Presidente da República. Tem sua organização e
Seção III funcionamento estabelecidos pela Lei n° 8.041/1990.
Da Responsabilidade do Presidente da República Conforme previsão constitucional, pode o Presidente da
República convocar Ministro de Estado para participar da
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente reunião do Conselho, quando da pauta constar questão
da República que atentem contra a Constituição Federal e, relacionada com o respectivo Ministério. A participação no
especialmente, contra: Conselho da República é considerada atividade relevante e não
I - a existência da União; remunerada.
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário,
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades Conforme previsto no art. 90 da CF/88, compete ao
da Federação; Conselho da República pronunciar-se sobre:
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; I - intervenção federal, estado de defesa e estado de
IV - a segurança interna do País; sítio;
V - a probidade na administração; II - as questões relevantes para a estabilidade das
VI - a lei orçamentária; instituições democráticas.
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei Do Conselho de Defesa Nacional
especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
O Conselho de Defesa Nacional também é órgão de
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da consulta do Presidente da República nos assuntos
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, democrático. Sua regulamentação é prevista na Lei n°
nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos 8.183/1991. Conforme previsto na lei regulamentadora, a
crimes de responsabilidade. participação, efetiva ou eventual, no Conselho de Defesa
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: Nacional, constitui serviço público relevante e seus membros
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou não poderão receber remuneração sob qualquer título ou
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; pretexto.
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do
processo pelo Senado Federal. O artigo 91, §1º, da CF/88 dispõe sobre as competências do
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o Conselho de Defesa Nacional.
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do Texto constitucional a respeito:
processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas Seção V
infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE
a prisão. DEFESA NACIONAL
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, Subseção I
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício Do Conselho da República
de suas funções.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de
Seção IV consulta do Presidente da República, e dele participam:
DOS MINISTROS DE ESTADO I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre III - o Presidente do Senado Federal;
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
políticos. Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
21 SILVA, José Afonso da. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO. 22 BERNARDES, Juliano Taveira. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves.
Distinção entre os institutos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para
ambos os cargos será realizada:
Forma de Forma de (A) Noventa dias depois da última vacância, pela Câmara
Sistema de Governo
Estado Governo dos Deputados, na forma da lei.
(B) Noventa dias depois da última vacância, pelo
- definido pelo
- é a definição Congresso Nacional, na forma da lei.
grau de
abstrata de um (C) Sessenta dias depois da última vacância, pelo Senado
centralização
modo de - conjunto de normas Federal, na forma da lei.
dos poderes
atribuição de que estabelecem (D) Trinta dias depois da última vacância, pelo Congresso
estatais.
poder. como será a relação Nacional, na forma da lei.
- norma
- forma entre o Poder (E) Trinta dias depois da última vacância, pelo Câmara dos
federativa e
republicana é Legislativo e o Poder Deputados, na forma da lei.
cláusula
princípio Executivo
pétrea
sensível (art. 05. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI) Considerando
expressa (art.
34, VII, “a”, CF) o que estabelecem as normas constitucionais sobre o Poder
60, §4º, I, CF.
Executivo, assinale a alternativa CORRETA.
Estado (A) A perda do cargo é a consequência inafastável para o
Unitário Monarquia Presidencialismo Prefeito que assumir outro cargo ou função na Administração
X X X Pública, seja direta ou indireta.
Estado República Parlamentarismo (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente
composto da República, verificada nos últimos dois anos do mandato,
ensejará a realização de eleição, pelo Congresso Nacional, para
Questões ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta dias depois da
última vaga.
01. (CBTU - Assistente Operacional – FUMARC/2016) (C) Do Conselho da República participam, também, seis
Compete privativamente ao Presidente da República, EXCETO: cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos de idade,
(A) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem nomeados pelo Presidente da República, todos com mandato
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. de quatro anos, admitida uma única recondução.
(B) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso (D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo de
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República, são os
expondo a situação do País e solicitando as providências que seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; estar no
julgar necessárias. exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
(C) Nomear, unilateralmente, os Ministros do Supremo (E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a direção
de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a necessária
e os diretores do banco central e outros servidores, quando autorização prévia do Senado Federal.
determinado em lei.
(D) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se Respostas
necessário, dos órgãos instituídos em lei.
01. Resposta: “C”
02. (Prefeitura de São Paulo/SP - Analista Fiscal de 02. Resposta: “E”
Serviços - VUNESP/2016) Assinale a alternativa que 03. Resposta: “A”.
contempla uma atribuição privativa do Presidente da 04. Resposta: “D”.
República que a Constituição permite seja delegada aos 05. Resposta: “B”.
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União.
(A) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente.
4) Defesa do Estado e das
(B) Editar medidas provisórias com força de lei, nos instituições democráticas:
termos do art. 62 da Constituição Federal. segurança pública,
(C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
previstos na Constituição.
organização da Segurança
(D) Conferir condecorações e distinções honoríficas. Pública.
(E) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei.
A Segurança é um direito constitucionalmente
03. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC) Cabe ao Vice- consagrado e constitui, juntamente com a Justiça e o Bem-
Presidente da República substituir o Presidente da República estar, um dos três fins do Estado Social. Viver em segurança é
no caso de uma necessidade básica dos cidadãos, é um direito destes e
(A) recebimento pelo Supremo Tribunal Federal de uma garantia a ser prestada pelo Estado.
denúncia pela prática de infração penal comum. Assim, o objetivo fundamental da segurança pública, dever
(B) decretação de estado de sítio em face de comoção grave do Estado, direito e responsabilidade de todos, é a preservação
de repercussão nacional. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
(C) autorização pela Câmara dos Deputados para patrimônio.
instauração de processo por crime de responsabilidade. No título V da Constituição Federal de 1988, “Da defesa do
(D) condenação pelo Senado Federal por crime de Estado e das instituições democráticas”, está o capítulo III, “Da
responsabilidade. segurança pública” que em seu único artigo dispõe: “Art. 144.
A segurança pública, dever do Estado, direito e
04. (PC/RJ - Papiloscopista Policial de 3ª Classe - IBFC) responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
Segundo dispõe a Constituição Federal, ocorrendo a vacância ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República nos patrimônio...”.
A segurança pública é um serviço público que deve ser - Corpos de bombeiros militares - são forças auxiliares
universalizado, sendo “dever do estado” e “direito de todos”. O que se subordinam, conjuntamente com as polícias civis, aos
art. 5º da Constituição Federal, em seu caput, eleva a segurança governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
à condição de direito fundamental. Como a convivência Territórios.
harmônica reclama a preservação dos direitos e garantias
fundamentais, é necessário existir uma atividade constante de Importante lembrar que os Municípios poderão constituir
vigilância, prevenção e repressão de condutas delituosas. guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em serviços e instalações, conforme dispuser a lei e a segurança
limitar o exercício dos direitos individuais em benefícios do viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
interesse público. incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
A atividade policial divide-se, então em duas grandes públicas compreende a educação, engenharia e fiscalização de
áreas: administrativa e judiciária. A polícia administrativa trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
(polícia preventiva ou ostensiva) atua preventivamente, assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente;
evitando que o crime aconteça e preservando a ordem pública, e compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
fica a cargo das polícias militares, forças auxiliares e reserva Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e
do Exército. Já a polícia judiciária (polícia de investigação) atua seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma
repressivamente, depois de ocorrido o ilícito. A investigação e da lei.
a apuração de infrações penais (exceto militares e aquelas de
competência da polícia federal), ou seja, o exercício da polícia O homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de
judiciária, em âmbito estadual, cabe às policias civis, dirigidas segurança pública (ou contra seus familiares) passa a ser
por delegados de polícia de carreira. considerado como homicídio qualificado, se o delito tiver
relação com a função exercida.
Órgãos da segurança pública A Lei n° 13.142/2015 acrescentou o inciso VII ao § 2º
do art. 121 do CP prevendo o seguinte:
A segurança pública efetiva-se por meio dos seguintes
órgãos: Art. 121. Matar alguém:
- Polícia Federal - instituída por lei como órgão Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado (...)
em carreira, destina-se a: Homicídio qualificado
a) apurar infrações penais contra a ordem política e social § 2° Se o homicídio é cometido:
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou (...)
de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
como outras infrações cuja prática tenha repercussão e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
segundo se dispuser em lei; exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
b) prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da grau, em razão dessa condição:
ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
áreas de competência;
c) exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e 2) A pena da LESÃO CORPORAL será aumentada de 1/3
de fronteiras; e a 2/3 se essa lesão tiver sido praticada contra integrantes
d) exercer, com exclusividade, as funções de polícia dos órgãos de segurança pública (ou contra seus
judiciária da União. familiares), desde que o delito tenha relação com a função
exercida.
- Polícia rodoviária federal - órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, A Lei n° 13.142/2015 acrescentou o § 12 ao art. 129 do
destina-se, nos termos da Lei n° 9.654, de 2 de junho de 1998, CP, prevendo o seguinte:
ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
- Polícia ferroviária federal - órgão permanente, Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, outrem:
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das Pena - detenção, de três meses a um ano.
ferrovias federais. (...)
- Polícias civis - dirigidas por delegados de carreira, Aumento de pena
exercem, ressalvada a competência da União, as funções de (...)
polícia judiciária e de apuração de infrações penais, exceto as § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
militares. Deve ser observado que a Resolução n° 2, de 20 de descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
fevereiro de 2002, do Conselho Nacional de Segurança Pública, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
estabelece diretrizes para as polícias civil e militar dos Estados Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
e do Distrito Federal em relação às Corregedorias e recomenda dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
a criação de Ouvidorias autônomas e independentes dos consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a
órgãos policiais. pena é aumentada de um a dois terços.
- Polícias militares - realizam o policiamento ostensivo e
a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros 3) Foram previstos como crimes hediondos (Lei nº
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a 8.072, de 25 de Julho de 1990):
execução de atividades de defesa civil. Nesse caso, há a - Lesão corporal dolosa gravíssima (art. 129, § 2º)
Resolução n° 4, de 20 de fevereiro de 2002, do Conselho - Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º)
Nacional de Segurança Pública, que estatui os procedimentos - Homicídio qualificado praticados contra integrantes
a serem adotados pela Polícia Militar em relação às suas dos órgãos de segurança pública (ou contra seus
atribuições legais, e dá outras providências. familiares), se o delito tiver relação com a função exercida.
23 RE 559.646-AgR, rel. min.Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda 25 RHC 116.002, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 12-3-2014, decisão
Turma, DJE de 24-6-2011. No mesmo sentido: ARE 654.823-AgR, rel. min. Dias monocrática, DJE de 17-3-2014.
Toffoli, julgamento em 12-11-2013, Primeira Turma, DJE de 5-12-2013 26 HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-10-2009, Segunda
24 HC 101.300, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 5-10-2010, Segunda Turma, DJE de 20-11-2009.
Turma, DJE 18-11-2010 27 ADI 3.916, rel. min.Eros Grau, julgamento em 3-2-2010, Plenário, DJE de
14-5-2010.
ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não Art. 1º Esta Lei disciplina o uso dos instrumentos de menor
há rol taxativo a determinar as diversas atividades inerentes à potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública em todo
função policial militar. Observo ainda que, levando-se em o território nacional.
conta a quadra atual a envolver os presídios brasileiros, com a
problemática da superpopulação carcerária em contraste com Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a
a escassez de mão de obra, entendo razoável a participação da utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde
Polícia Militar em serviços de custódia e guarda de presos, que o seu uso não coloque em risco a integridade física ou
sobretudo a fim manter a ordem nos estabelecimentos psíquica dos policiais, e deverão obedecer aos seguintes
prisionais. Por fim, emerge dos documentos acostados aos princípios:
autos que a ordem foi dada no sentido de reforçar a guarda, I - legalidade;
temporariamente, em serviços inerentes à carceragem, e não II - necessidade;
para substituir agentes penitenciários como afirma a defesa28.” III - razoabilidade e proporcionalidade.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, represente risco imediato de morte ou de lesão aos agentes de
do Distrito Federal e dos Territórios. segurança pública ou a terceiros; e
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via
O § 6º do art. 144 da Constituição diz que os Delegados de pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão
Polícia são subordinados, hierarquizados aos agentes de segurança pública ou a terceiros.
administrativamente aos governadores de Estado, do Distrito
Federal e dos Territórios. E uma vez que os delegados são, por Art. 3º Os cursos de formação e capacitação dos agentes de
expressa dicção constitucional, agentes subordinados, eu os segurança pública deverão incluir conteúdo programático que
excluiria desse foro especial, ratione personae ou intuitu os habilite ao uso dos instrumentos não letais.
personae29.
Polícias estaduais: regra constitucional local que Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos
subordina diretamente ao governador a Polícia Civil e a Polícia de menor potencial ofensivo aqueles projetados especificamente
Militar do Estado: inconstitucionalidade na medida em que, para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões
invadindo a autonomia dos Estados para dispor sobre sua permanentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente
organização administrativa, impõe dar a cada uma das duas pessoas.
corporações policiais a hierarquia de secretarias e aos seus
dirigentes o status de secretários30. Art. 5º O poder público tem o dever de fornecer a todo agente
de segurança pública instrumentos de menor potencial ofensivo
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos para o uso racional da força.
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a eficiência de suas atividades. Art. 6º Sempre que do uso da força praticada pelos agentes
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais de segurança pública decorrerem ferimentos em pessoas, deverá
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, ser assegurada a imediata prestação de assistência e socorro
conforme dispuser a lei. médico aos feridos, bem como a comunicação do ocorrido à
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos família ou à pessoa por eles indicada.
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
art. 39. Art. 7º O Poder Executivo editará regulamento classificando
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da e disciplinando a utilização dos instrumentos não letais.
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
patrimônio nas vias públicas: Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de
trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que Brasília, 22 de dezembro de 2014; 193º da Independência e
assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; 126º da República.
e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Questões
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e
seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da 01. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário -
lei. VUNESP/2017) Nos termos da Constituição Federal, os
policiais militares estaduais têm, entre suas funções,
Cabe destacar ainda o que prevê a Lei nº 13.060/2014, (A) a segurança nacional, se o caso.
que disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial (B) a garantia dos poderes constitucionais.
ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o (C) a preservação da ordem pública.
território nacional: (D) a de polícia judiciária.
(E) a apuração de infrações penais.
LEI Nº 13.060, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2014.
02. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo -
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso FEPESE/2016) De acordo com a Constituição Federal, a
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: segurança pública é composta pelos seguintes órgãos:
1. Bombeiro militar
2. Defesa civil
3. Polícia federal
28 HC 101.564, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-11-2010, 30 ADI 132, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-4-2003,
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente (C) O casamento religioso deixa de ter efeito civil.
órfão ou abandonado; (D) Para efeito da proteção do Estado, não deve a lei
VII - programas de prevenção e atendimento especializado facilitar a conversão da união estável em casamento.
à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de (E) A união estável pode ser dissolvida pelo divórcio.
entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a Respostas
exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da 01. Resposta: “C”
lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por 02. Resposta: B
parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente
levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. Anotações
§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos
dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
visando à articulação das várias esferas do poder público para
a execução de políticas públicas.
Questões
A asfixia pode ocorrer de diversas formas, bloqueio das dominação da mulher pelo homem e estimulada pela
vias respiratórias, enforcamento, esganadura, impunidade e indiferença da sociedade e do Estado.
estrangulamento, soterramento, confinamento, etc. O doutrinador Nucci, em comentário acerca da alteração
Outros meios que podem ser citados é a morte por da Lei menciona que em lugar do legislador criar essa nova
descarga elétrica de alta tensão, a armadilha, a sabotagem, etc. figura qualificada do delito do art. 121, maior eficácia teria, ao
Como meios que pode causar perigo comum, aponta-se a combate da violência contra a mulher, se este elevasse as
inundação, desabamento, etc. penas dos crimes de ameaça e lesão corporal, uma vez que
d) traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso estas são as causas primárias do homicídio cometido contra a
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: que mulher. Assim, ameaçar de morte permanece com pena de
demonstram covardia por parte do agente. multa (a menor). Lesionar a integridade corporal, três meses
A traição ocorre quando o agente atinge a vítima que se de detenção, com vários benefícios, logo, prisão não há. Quer-
encontra confiando nele, ou descuidado, por não imaginar a se punir o mais, ignorando-se o menos.
intenção do assassino. Frisa-se, ainda, que nos termos do art. 121, §7º, do CP, a
A emboscada ou tocaia é a espera e escolha do lugar pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
melhor para a execução da vítima que desconhece a situação. metade se o crime for praticado:
A dissimulação é o disfarce, uma máscara que esconde da I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
vítima seu destino e a intenção do agente. parto;
A surpresa, quando dificulta a defesa da vítima é II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
considerada como qualificadora, como o exemplo do crime (sessenta) anos ou com deficiência;
praticado quando a vítima estava dormindo. III - na presença de descendente ou de ascendente da
e) crimes praticados para assegurar a execução, a vítima.
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Ou
seja, quando haja conexão entre dois crimes, sendo um deles g) Lei 13.142/2015: Esta norma acrescenta mais uma
praticado pelo ou para o outro, podendo ser anterior, circunstância qualificadora ao crime de homicídio, tornando
concomitante e posterior. mais severa a punição àquele que pratica ou tenta praticar este
A premeditação não é considerada qualificadora, podendo crime contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
ser considerada circunstância judicial para a fixação da pena da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
acima do mínimo legal. Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
Matar o pai não qualifica o crime, mas, trata-se de ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
circunstância agravante. ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição.
Conforme o caso o homicídio pode ser considerado m Antes de prosseguir cabe destacar alguns pontos
crime político, genocídio. importantes sobre os sujeitos passivos do delito. Em primeiro
As circunstâncias qualificadoras e privilegiadoras se lugar, a proteção é estendida àqueles abrangidos pelo o art.
comunicam entre os coautores, desde que objetivas e 142 da CF/88, sendo estes os membros das Forças Armadas,
conhecidas pelo coautor, havendo entendimento diverso. constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. Já
Outra dúvida na doutrina, a respeito destas circunstâncias, o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia
é a possibilidade de reconhecimento de qualificadoras e federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal,
privilegiadoras num mesmo fato. Alguns entendem não ser polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros militares
possível, pois, um crime qualificado, não pode ser considerado e guardas municipais.
ao mesmo tempo privilegiado. Numa segunda posição estão os Na categoria integrantes do sistema prisional entende-se
que entendem que é possível a coexistência de qualificadoras que não estão abrangidos apenas os agentes presentes no dia
objetivas com o privilégio e, a terceira entende ser possível a a dia da execução penal (diretor da penitenciária, agentes
coexistência em qualquer hipótese. penitenciários, guardas, etc), mas também aqueles que atuam
Não é possível a combinação de circunstâncias em certas etapas da execução (comissão técnica de
qualificadoras de caráter subjetivo com as circunstâncias classificação, comissão de exame criminológico, conselho
privilegiadoras. penitenciário etc).
Com o advento do E.C.A., o crime de homicídio praticado O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública
contra menor de 14 anos, seja simples, qualificado ou ou Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), é um
privilegiado, terá um aumento de 1/3. programa de cooperação de segurança pública brasileiro,
Existe distinção entre o homicídio e o aborto pois nesta e coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública
conduta somente poderá ocorrer antes do início do parto e do (SENASP). É um agrupamento de polícia da União que assume
infanticídio pois, neste, existe uma série de elementos, como o papel de polícia militar em distúrbios sociais ou em situações
mãe, a serem preenchidos pelo sujeito ativo. excepcionais nos estados brasileiros, sempre que a ordem
O concurso, quer seja formal ou material, pode ocorrer pública é posta em situação concreta de risco. É composta
quando da prática de homicídio, como ocultação de cadáver, pelos quadros mais destacados das polícias de cada Estado e
lesões corporais em terceiros, etc, sendo, inclusive, possível, a da Polícia Federal, seus integrantes possuem a proteção da
continuidade delitiva. norma.
f) feminicídio: Com recente alteração à norma penal
pela Lei nº 13.104/2015, foi inserida a qualificadora que ATENÇÃO: Nos três casos, a qualificadora pressupõe que o
eleva a pena quando o homicídio é praticado contra a mulher crime tenha sido cometido contra o agente no exercício da
por razões da condição de sexo feminino. Diz-se de razões da função ou em decorrência dela.
condição de sexo feminino quando o crime envolve: violência
doméstica e familiar; e menosprezo ou discriminação à
condição de mulher. Por fim, o crime de homicídio é punido mais severamente
Importante destacar, ainda, que utiliza-se os termos quando cometidos contra o cônjuge, companheiro ou parente
“feminicídio” ou “assassinato relacionado a gênero”, ao consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas
assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres. Tal anteriores. Contudo, alerta o legislador ser indispensável que
tipo penal se refere a um crime de ódio contra as mulheres, o crime tenha sido praticado em razão dessa condição, ou seja,
justificada sócio-culturalmente por uma história de que o homicida escolheu matar aquela vítima exatamente por
ser ela parente de policial.
Cumpre destacar ainda aqui que a Lei 8.072/90 (Crimes Nos casos de homicídio, crime contra a vida, a ação penal é
Hediondos) foi igualmente alterada pela norma. Com isso, o pública incondicionada e, nos casos de crime doloso, a
homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte, competência para julgamento será do Tribunal do Júri.
quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO:
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no artigo 122 do C.P. - Nada mais o suicídio do que a eliminação
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu da própria vida. A prática do suicídio não é punida por nossa
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. Grau, legislação, entretanto, é considerado fato ilícito, por atingir um
em razão dessa condição passam a ser etiquetados como bem indisponível que é a vida, por isto, a coação para que seja
hediondos. evitado, não constitui crime, mas, a lei pune qualquer pessoa
que, de qualquer forma, participe no suicídio de outra pessoa.
HOMICÍDIO CULPOSO: artigo 121, § 3º. a culpa é a A pena para quem induz, instiga ou auxilia no suicídio é de 2 a
produção de um resultado não querido, mas previsível. Assim, 6 anos, se este se consuma, ou 1 a 3 anos se, da tentativa de
homicídio culposo ocorre quando o agente consegue a morte suicídio resultar lesão corporal de natureza grave, sendo a
da vítima sem ter a intenção do resultado. pena de reclusão.
Geralmente verifica-se o crime de homicídio culposo, em Tem por objetivo o legislador a proteção da vida humana.
acidentes de trânsito, tanto é verdade que luta-se pela criação Pode ser sujeito ativo do crime, qualquer pessoa, excluindo
de delito autônomos em relação aos acidentes de trânsito, aquele que tenta contra a própria vida, que colabora com a
onde a culpa consiste na transgressão de determinada regra de atitude da vítima.
trânsito, devendo haver, além da transgressão, prova Sujeito passivo é o homem, desde que seja capaz de ser
inequívoca da culpa do agente. Às vezes a culpa vem revelado induzido, sendo possuidor de capacidade de resistência, pois,
no fato do motorista dirigir embriagado, na contra mão de caso contrário, o crime será de homicídio doloso. É necessário,
direção, em velocidade incompatível para o local. também que o sujeito passivo seja determinado, uma ou várias
Se necessário se faz a prova da culpa do agente, impõe-se o pessoas certas.
entendimento de que se a culpa for da vítima, não haverá A descrição objetiva demonstra três possibilidades de
responsabilização penal, em relação àquele que causou a lesão, conduta, que são, induzir, instigar (participação moral), ou
salvo no caso de culpa recíproca. prestar auxílio, (participação física).
Induzir significa criar na mente do sujeito passivo a ideia
HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO: artigo 121 § 4º. na prática do suicídio.
Ocorre a qualificadora do homicídio culposo, nas seguintes Instigar é reforçar a ideia que já existe na mente do suicida,
hipóteses: 1- se o crime resulta de inobservância de regra desde que a vítima seja influenciada pela conduta, pois, caso,
técnica de profissão, arte ou ofício, que não deve ser não, inexistirá o nexo causal e, como consequência, o crime. O
confundida com a imperícia, pois, no caso, o agente conhece a induzimento e instigação podem consistir em uma fraude,
regra técnica, entretanto, não a observa, como o caso do como o caso do marido que querendo ver morta a mulher com
motorista que, sabendo estar obrigado a utilizar as duas mãos a qual tinha um pacto de morte, finge ter morrido, obtendo o
no volante, dirige com apenas uma, não havendo necessidade seu suicídio. Houve instigação. Se, a vítima, não tivesse a
de ser um motorista profissional, pois a lei se refere também a intenção de tirar a própria vida, haveria homicídio. Na coação
arte e ofício. 2- quando o agente não prestar socorro à vítima, resistível, caso a vítima pratique o suicídio, haverá o crime de
não procura minorar as consequências de seu ato, ou foge da induzimento.
prisão em flagrante. O socorro á vítima é obrigação legal, e o Pode haver a conduta de auxiliar, participação material,
seu descumprimento implica em aumento de pena no como o empréstimo da arma para a prática do suicídio, bem
homicídio culposo, mas, se ficar comprovado que o agente como no ensinar formas de conseguir a morte sem dor,
podia evitar a morte da vítima, caso prestasse socorro, impedir o socorro para que o resultado ocorra, etc. Entretanto,
responderá por homicídio doloso, pois, com conduta anterior se o agente pratica qualquer ato de execução, como puxar a
criou o risco de produzir o resultado. corda por exemplo, responderá por homicídio.
É natural que se o agente deixou de prestar o socorro à Pode o agente praticar uma das condutas, ou as três, que o
vítima, ou fugiu do local com a intenção de buscar socorro crime será o mesmo, não havendo aumento de pena.
próprio ou, de populares que o agrediriam, a qualificadora não Os maus tratos, se forem constantes a ponto de criar na
poderá ser reconhecida, o mesmo ocorrendo se a vítima foi vítima a vontade de tirar a própria vida, caracteriza o crime.
socorrida por terceiros. Embora discutia a possibilidade, nada impede a prática do
É possível o concurso formal, no caso de haver duas ou crime em tela por omissão, como o caso do carcereiro que
mais vítimas. deixa o preso falecer em decorrência de greve de fome,
Paira dúvida, entretanto, na possibilidade de concurso havendo, no caso um descumprimento a um dever jurídico. Na
entre o homicídio culposo e a contravenção de falta de modalidade de induzimento e instigação não existe dúvida
habilitação, uma corrente entendendo que não pode ser sobre a possibilidade, entretanto, em relação ao auxílio, a
absorvida a contravenção, reconhecendo-se, assim, o maioria entende não ser possível.
concurso. Outra corrente descorda desta posição, entendendo É fundamental a ocorrência do resultado morte ou de lesão
haver a absorção, sendo a primeira a predominante. corporal de natureza grave e, caso não haja, não existe punição
Além das consequências penais o CTB prevê como por este crime.
consequência administrativa da condenação por crime O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja, a vontade
culposo de trânsito, a inabilitação para dirigir veículos. de induzir, instigar ou auxiliar o suicida, acrescida da prova da
relação de causalidade entre o induzimento e a prática do ato,
PERDÃO JUDICIAL: artigo 121 § 5º. Quando as pois, se, sem ele o resultado ocorreria da mesma forma, ou
consequências da infração foram danosas para o agente a seja, se a vítima já estava decidida na prática do ato, não haverá
ponto da sanção penal ser desnecessária, permite-se ao Juiz o o crime, como o exemplo daquele que fornece um revólver
aplicação do perdão judicial. Como o caso do marido que perde para a vítima, que se mata afogada. Não há forma culposa do
a família num acidente de trânsito no qual foi culpado. referido crime.
Entretanto, a aplicação do perdão deve ser feita com cautela e A consumação do crime ocorre com o resultado morte ou
como exceção, pois, se aplicado indistintamente, poderá lesão corporal de natureza grave. A tentativa de induzimento
consistir num caminho para a impunidade. não é possível, mas se fala em tentativa de suicídio, no caso do
resultado de lesão corporal de natureza leve, onde, aquele que não havendo forma culposa, podendo haver
instigou será punido com uma pena menor. responsabilização, no caso, por homicídio culposo.
Apresenta o crime forma qualificada, com aplicação em A consumação ocorre com a morte do nascente ou recém-
dobro da pena nos seguintes casos: nascido, sendo possível, perfeitamente, a tentativa.
1- crime praticado por motivo egoístico, onde se exige a O aborto diferencia-se do infanticídio, pois somente pode
presença do dolo específico, que demonstra um maior ocorrer antes do parto. Se não existir a influência do estado
desprezo por parte do agente, como o caso do filho que instiga puerperal, o crime será de homicídio. Se a conduta foi
o pai a praticar o suicídio com a finalidade de receber a abandonar, com a finalidade de ocultação de desonra própria,
herança, ou o crime será de exposição ou abandono de recém-nascido,
2- quando a vítima é menor ou tem diminuía, por qualquer qualificado se resultar morte.
causa a capacidade de resistência, por serem mais facilmente Poderá haver concurso do presente crime como o de
sugestionáveis, tornando tranquila a prática do crime. ocultação de cadáver.
Se o agente, com fraude, consegue a morte que não era
querida pela vítima, responde por homicídio. Na prática de ABORTO: Aborto pode ser definido como a interrupção da
roleta russa os sobreviventes responderão pelo crime de gravidez com a destruição do produto da concepção, (ovo, até
induzimento ao suicídio. três semanas, embrião, até 3 meses e feto, a partir dos 3
No casos de suicídio a dois (Romeu e Julieta), o meses), não havendo necessidade de expulsão.
sobrevivente responderá por homicídio, se praticou algum ato Pode o aborto ser espontâneo (natural), ocorrendo nos
de execução ou por instigação, caso não tenha praticado. casos de problemas de saúde da gestante; acidental, resultante
de um acidente, como queda, e provocado, criminoso e que
INFANTICÍDIO: artigo 123 CP - Nada mais é do que um merece punição.
homicídio privilegiado, praticado pela mãe, sob a influência do O aborto não é considerado crime em diversas legislações
estado puerperal, durante ou logo após o parto, contra seu estrangeiras, e existe no Brasil, movimento para sua liberação.
próprio filho. O aborto é apresentado na nossa legislação das seguintes
O fato do legislador ter utilizado como fundamento da formas: auto-aborto ou consentimento no aborto, (artigo 124),
prática do crime o estado puerperal, pois a influência deste aborto sem o consentimento da gestante, (artigo 125) e aborto
estado não está definida, faz com que o dispositivo seja com o consentimento da gestante, (artigo 126).
criticado, pois, na realidade o crime tem por matéria, mais um O objetivo do legislador é a proteção da vida intrauterina e
problema social da mãe (solteira, casada com filho espúrio), do a vida e integridade corporal da gestante, no caso de aborto
que simplesmente o puerpério. pratica sem o eu consentimento.
A pena para a prática do crime é de detenção de 2 a 6 anos. Pode ser sujeito ativo do crime de aborto, qualquer pessoa,
Com o artigo tem o legislador o objetivo de proteger a vida salvo no caso do auto-aborto, onde somente a gestante poderá
do ser humano, no caso, a vida extrauterina. ser agente no crime.
O delito em estudo é próprio, portanto, deve ser praticado O sujeito passivo é o Estado e a comunidade Nacional, já
pela mãe, sendo ela sujeito ativo do crime. que o feto, embora tenha garantia civil, não é sujeito como
Pergunta-se, entretanto se a pessoa que colabora com a direito e obrigações na esfera penal. No caso do aborto
prática do crime responde por ele ou por homicídio Alguns praticado sem consentimento a mulher é sujeito passivo.
entendem que, como a condição de mãe, estado puerperal são A descrição objetiva apresente um objeto material, que
elementos de caráter pessoal, na forma do artigo 30, devem se consiste no produto da concepção, desde o início da gravidez
comunicar e, portanto, o colaborador responderá por até o início do parto (o início da gravidez, para efeitos penais
infanticídio. se dá com a implantação do óvulo no útero da mãe, fato que
Outros que entendem ser o estado puerperal permite a utilização de pílulas anticoncepcionais).
personalíssimo, lutam pela responsabilização do colaborador Assim, não há crime com a interrupção de gravidez
por homicídio. tubárica ou ovárica, bem como a molar.
Terceira corrente entende que se o colaborar pratica ato A conduta exigida é qualquer uma, capaz de produzir o
de execução, como dar pauladas, responderá por homicídio, aborto, ou seja, causar o aborto, interrompendo a gravidez
mas, se colaborar, sem praticar qualquer ato de execução com a morte do feto.
(partícipe), responderá por infanticídio. Diversas formas podem ser utilizadas para provocação do
Sujeito passivo do crime é o filho que está nascendo ou aborto, bem como diversos meios, químicos, orgânicos, físicos
recém-nascido, mesmo se ainda não respirou, ou se caso não ou psíquicos. Se o meio for ineficaz, haverá o crime impossível.
fosse praticada a conduta, morreria ele de consequências Embora a posição seja criticada é possível a prática de
naturais. aborto por omissão, devendo, em qualquer caso, haver a prova
O feto abortado por não ter condições de desenvolvimento, da gravidez, bem como a realização de exame pericial no feto,
não pode ser sujeito passivo do crime, mas se tratar-se de por ser infração que deixa vestígios.
parto prematuro, o recém-nascido poderá ser sujeito passivo. O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja a vontade
A descrição objetiva do crime exige a conduta matar, que de interromper a gravidez, com a morte do feto, não havendo
pode consistir numa ação, dar pauladas, ou omissão, como a forma culposa em relação à mulher que imprudentemente,
falta de ligadura no cordão umbilical. toma uma substância abortiva, permanecendo a punição em
O fato deve ter ocorrido sob a influência de estado relação ao terceiro que causou o aborto culposamente. A
puerperal, e, ainda, durante ou logo após o parto, que se inicia tentativa de suicídio de mulher grávida, não é punida a título
com a contração do útero e termina com a eliminação da de tentativa de aborto.
placenta. O crime de aborto consuma-se com a interrupção da
A lei não indica o que se considera logo após o parto, gravidez e a morte do feto.
entendendo alguns doutrinadores que é de sete dias, outros, A tentativa é possível quando as manobras abortivas não
oito dias, a aqueles que entendem que o prazo deva ser interrompem a gravidez ou provocam somente aceleração do
examinado pelo prudente arbítrio do julgador. O normal é parto.
considerar logo após o parto, até a data da queda do cordão
umbilical.
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, qual seja, a
vontade de matar o próprio filho, nascente ou recém-nascido,
AUTO ABORTO E ABORTO CONSENTIDO: Artigo 124 - Neste caso, não será necessário decisão judicial, bem como
cuja conduta descrita é provocar aborto em si mesma ou autorização, bastando prova da gravidez e do crime praticado,
consentir com que o façam. No caso de consentimento, a ficando o médico adstrito somente ao seu código de ética
gestante que consentiu responde pela revisão do artigo 124, profissional, sendo necessário o consentimento da gestante, e,
enquanto que, aquele que realiza o aborto responde pelo crime se menor, prova da menoridade ou alienação mental.
previsto no artigo 126, com pena mais severa. O aborto eugenésico, quando existe possibilidade de
A pergunta que surge em relação ao crime de aborto, gira anormalidade do feto, não é permitido por nossa legislação.
em torno da possibilidade do concurso de pessoas no casos de O aborto se distingue do infanticídio por ocorrer somente
auto-aborto e no consentimento. antes do parto. O agente que agride a grávida, conhecendo a
Alguns entendem que poderá haver concurso na forma situação, responderá, em concurso formal pelo aborto e pelas
moral, ou seja, na instigação ou induzimento, desde que não lesões causadas, se desconhecer e puder prever, responderá
haja participação direta na prática do crime. Mas, se houver a por lesões corporais de natureza gravíssima.
prática de qualquer ato de execução o partícipe responderia Se o feto é expulso com vida e assim permanece, haverá
pelo crime previsto no artigo 126. tentativa de aborto e, caso a intenção fosse somente a
Para outra corrente, aquele que participa de qualquer aceleração do parto, haverá crime de lesão corporal.
forma sempre responde pelo crime previsto no artigo 126, Praticadas manobras abortivas em mulher não grávida,
mesmo que não pratique ato de execução, sendo a primeira inexistirá o aborto, mas, haverá punição por homicídio
corrente a mais aceitável. culposo.
Em qualquer hipótese o consentimento da gestante deve A lesão corporal de natureza leve está contida no crime de
ser válido. aborto e não será punida separadamente.
Anunciar meio abortivo é contravenção penal, prevista no
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO: artigo 125 - pena artigo 20 da L.C.P.
de reclusão de 3 a 10 anos. O resultado, sem consentimento Morrendo o feto em decorrência de homicídio da gestante
pode advir do emprego de força, de ameaça ou, ainda, de e conhecendo o agente a gravidez, ele responderá pelo crime
fraude, geralmente na última modalidade. de aborto e de homicídio, embora haja posição em contrário.
Existem casos de impossibilidade de consentimento e, A existência de diversos fetos, (gêmeos, por exemplo), não
nestes, mesmo havendo a vontade da gestante, o crime será o implica na ocorrência de concurso formal, pois, não são eles
previsto no artigo 125, pois, não é válido o consentimento em sujeitos passivos do crime.
determinados casos, como as menores de 14 anos e as
alienadas mentais. Em decisão proferida pela 1ª Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF), em 29.11.2016, no julgamento do HC
ABORTO CONSENSUAL: artigo 126 - define o artigo a 124.306-RJ, foi afastada a prisão preventiva dos acusados
provocação do aborto, por terceira pessoa, com o da prática de aborto com o consentimento da gestante.
consentimento da gestante, sendo que, a gestante que Entendendo o ministro relator que é preciso dar
consente responderá pelo crime previsto no artigo 124. interpretação conforme a Constituição aos artigos 124 a
Existem duas formas de consentimento, o expresso e o 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto –
tácito, e, caso haja a revogação do consentimento, durante as para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção
manobras abortivas, continuando o agente, responderá pelo voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre.
crime de aborto provocado sem o consentimento. Argumenta que o bem jurídico protegido (a vida potencial
do feto) é “evidentemente relevante”, mas a criminalização
ABORTO QUALIFICADO: artigo 127 - que prevê aumento do aborto antes de concluído o primeiro trimestre de
de 1/3 na pena, caso a gestante sofra lesões corporais de gestação viola diversos direitos fundamentais da mulher,
natureza grave, e a duplicação da pena se resultar a morte, nas além de não observar suficientemente o princípio da
formas do aborto provocado e, desde que o resultado mais proporcionalidade.
grave não fosse querido, manifestando-se na forma de crime
preterdoloso. Havendo intenção de obter o resultado o agente
responderá por lesão corporal ou homicídio, em concurso com Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
o aborto.
Como a lei faz referência somente aos meios empregados, CAPÍTULO I
é possível a punição do agente por tentativa de aborto DOS CRIMES CONTRA A VIDA
qualificado. A aplicação da qualificadora só é possível nas
formas previstas nos artigos 125 e 126. Homicídio simples
Quando a lesão, mesmo de natureza grave, for Art 121. Matar alguém:
consequência necessária do fato, não existirá a qualificadora. Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
ABORTO NECESSÁRIO: artigo 128 - aborto legal - É o § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
realizado por médico com a intenção de salvar a vida da relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
gestante e desde que o aborto seja o único meio para a salvação emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz
da grávida, não havendo necessidade que o perigo seja atual, pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
podendo ser futuro. Homicídio qualificado
A necessidade do aborto fica a critério do médico, havendo § 2° Se o homicídio é cometido:
doutrinadores que entendem ser imprescindível o I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
consentimento da gestante. motivo torpe;
Caso outra pessoa, que não médico, realize o aborto, II - por motivo fútil;
poderá haver estado de necessidade. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio
ABORTO SENTIMENTAL: praticado em mulher cuja IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
gravidez resultou de estupro e, numa interpretação extensiva, outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
de atentado violento ao pudor. ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Noções de Direito Penal 5
APOSTILAS OPÇÃO
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo outrem lhe provoque:
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de um a três anos.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e Aborto provocado por terceiro
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou gestante:
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Pena - reclusão, de três a dez anos.
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil
de 2015) mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº ameaça ou violência
13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Forma qualificada
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
Homicídio culposo meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
Pena - detenção, de um a três anos. dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato Aborto necessário
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
(sessenta) anos. consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar representante legal.
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne DAS LESÕES CORPORAIS (ART. 129 E PARÁGRAFOS)
desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se Nos termos do artigo 129 do CP, pode-se definir o crime de
o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de lesão corporal como a ofensa à integridade física ou saúde de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. outra pessoa, ofendendo a normalidade funcional do
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) organismo, quer do ponto de vista físico, como o psíquico,
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) tanto na modalidade dolosa quanto na culposa.
até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº O objetivo jurídico do artigo é a proteção da integridade
13.104, de 2015) física e psíquica do indivíduo.
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao Pode ser sujeito ativo do crime em estudo, qualquer
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) pessoa, menos a pessoa que se auto lesiona, pois, a auto lesão
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 não é punida por nossa legislação, podendo haver o delito de
(sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, fraude contra o seguro.
de 2015) Sujeito passivo é qualquer pessoa humana, a partir do
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. início do parto, desde que esteja vivo. Assim, a prática de lesão
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) em um cadáver, caracterizará crime de vilipêndio de cadáver,
mas não de lesão corporal.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Como a integridade física é bem indisponível, o
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou consentimento da vítima é indiferente na prática do crime,
prestar-lhe auxílio para que o faça: salvo nos casos de intervenções cirúrgicas de esportes
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; violentos, onde a lesão não caracteriza crime e o
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta consentimento é necessário.
lesão corporal de natureza grave. A evolução do direito tem levado ao caminho de se
Parágrafo único - A pena é duplicada: considerar a integridade corporal como bem disponível, onde
Aumento de pena o consentimento, certamente, descaracterizará a prática do
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; crime.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer No caso específico das intervenções cirúrgicas, entendem
causa, a capacidade de resistência. alguns doutrinadores que falta tipicidade, pois, a intervenção,
na maioria das vezes, ao invés de ofender a integridade da
Infanticídio vítima, acaba por melhorar sua saúde.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o Haverá crime de lesão corporal quando o ferimento é
próprio filho, durante o parto ou logo após: causado na fuga do ataque do sujeito ativo.
Pena - detenção, de dois a seis anos. A descrição objetiva exige a ofensa a integridade física da
pessoa humana, ou seja, qualquer alteração desfavorável
produzida no organismo de outra pessoa, quer seja o mal
físico, fisiológico ou psíquico, não sendo necessário a Para a comprovação da lesão grave se faz necessária a
existência de dor ou sangramento. realização de um exame complementar no 31º dia após o
O crime pode ser praticado através de diversos meios e crime, sendo tolerada a realização dentro de alguns dias, mas,
atingir o organismo humano de diversas formas, inclusive caso não seja realizado o exame em tempo hábil, estará
através de uma doença. excluída a gravidade da lesão.
A lesão corporal não caracteriza-se somente em causar a A ocupação à qual fica incapacitada a vítima deve ser lícita
lesão, mas também, o fato de agravar-se uma lesão já existente. e, portanto, aqueles que têm atividade ilegal, não são
O crime será único se, em determinada conduta forem alcançados por este dispositivo, tolera-se, assim, as atividades
causados diversos ferimentos. imorais. Assim, a meretriz pode ser vítima de lesão corporal de
No casos de lesões leves entre casados, a jurisprudência, natureza grave.
por política, indica a não punição, desde que a vida conjugal, 2- quando ocorrer perigo de vida: desde que o perigo
após o fato, é coroada de harmonia. seja efetivo e concreto, que é constatado por exame pericial,
A lesão pode ser praticada por violência física e até moral, como o caso de choque traumático, traumatismo craniano.
como um susto, por exemplo. Perigo de vida é probabilidade de morte.
É possível a prática do crime por omissão, quando presente Não se pode levar em consideração para a determinação
o dever jurídico de evitar-se o resultado, bem como por meio do perigo de vida exclusivamente a sede ou a extensão das
indireto, como o caso da vítima que é dirigida para cair e um lesões.
buraco. 3- quando ocorrer debilidade permanente de membro,
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade do sentido ou função, ou seja, uma redução no funcionamento de
agente em causar o dano à integridade física ou psíquica da parte do organismo. Os membros são os braços e pernas,
vítima. sentidos são todas as sensações do ser humano, tato, paladar,
No caso da prática de intervenções cirúrgicas e prática de olfato, audição e visão e função, as atividades realizadas pelos
esportes violentos, para aqueles que entendem haver órgãos, como a função respiratória. A gravidade no caso,
tipicidade, o crime será excluído, face a presença de exercício caracteriza-se pela diminuição de qualquer destes, como a
regular de direito, portanto, causa que exclui a perda de um olho, sendo necessária prova pericial da perda
antijuridicidade. parcial da função.
Ganha importância a discussão na análise da possibilidade A compensação, através da instalação de prótese, não
de operação transexual, alguns entendendo tratar-se de lesão elimina a gravidade da lesão.
corporal e outros, concordando com a possibilidade da 4- aceleração de parto, ou seja, quando o feto é expulso
operação sem a caracterização do crime. Se a cirurgia for antes do final da gravidez e sobrevive, pelo fato de que todo
realizada para correção de problema congênito, como o parto prematuro causa risco para o feto e para a gestante. A
hermafrodita, não haverá prática do crime de lesão corporal. qualificadora não prevalece se o agente desconhecia e não
A consumação do crime ocorre quando a vítima tem sua podia prever o estado de gravidez da vítima
integridade física ou mental alterada pela conduta do sujeito
ativo. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA: artigo 129, § 2º. São
Em relação à tentativa, existem posições diversas, uns causa que caracterizam a lesão gravíssima:
entendendo ser impossível, pois estaria caracterizado a 1- incapacidade permanente para o trabalho: e não
contravenção de vias de fato e outros, em contrariedade, ocupações habituais e, portanto, se relaciona a trabalho, desde
entendendo ser perfeitamente possível, quando o agente tenta que permanente.
causar a lesão, mas não obtém o resultado por circunstâncias Quando a lei diz trabalho, se relaciona a qualquer trabalho
alheias a sua vontade, posição adotada pela maioria e fixada e não à atividade específica da vítima. Assim, a qualificadora é
pela jurisprudência, mesmo sendo difícil a comprovação de de difícil aplicação, pois, sempre restará à vítima a
qual tentativa se fala, de lesão corporal de natureza leve, grave possibilidade de realizar algum trabalho, mesmo que
ou gravíssima, devendo ser a decisão sempre a favor do réu. vendedor de bilhete de loteria, entretanto, com a ocorrência
desta qualificadora, certamente outra terá ocorrido, fato que
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE: Para se possibilita a punição do agente como lesão de natureza
determinar se a lesão corporal e de natureza leve, utiliza-se o gravíssima.
processo de eliminação. O legislador indica quando a lesão é 2- enfermidade incurável: ou moléstia que não apresenta
de natureza grave ou gravíssima. Se não ocorrer o resultado possibilidade de cura. A transmissão de AIDS pode ser
previsto pelo legislador, a lesão será leve. considerado, caso não haja a morte, lesão corporal de natureza
gravíssima.
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: artigo 129, § 3- quando ocorre perda ou inutilização de membro,
1º - Neste parágrafo estão descritas certas consequências que sentido ou função: A qualificadora estará caracterizada com
obtidas com a prática do crime, dão causa a uma punição a amputação do membro, ou inutilização do sentido ou função.
maior, pois, de maios potencial ofensivo a lesão. A perda de somente um dedo, ou audição de apenas um ouvido,
São consequências que fazem considerar-se grave a lesão: por exemplo, não caracteriza a qualificadora.
1- quando a vítima fica incapaz de realizar suas Se devido à lesão o ser humano fica impotente, quer não
ocupações habituais por mais de 30 dias, sendo que podendo produzir mais filhos, quer não poder mais ter a
ocupação habitual não deve ser confundida com trabalho, mas, relação sexual, está tipificada a qualificadora. E ainda, o
como qualquer atividade, ainda que não remunerada. Assim, rompimento do hímen (perda da virgindade) não é
crianças, enfermos e velhos podem ser ficar sem suas considerada como qualificadora.
ocupações habituais por mais de trinta dias e estar 4- quando resultar deformidade permanente: que pode
perfeitamente caracterizado o crime. Também não se importa ser definida como uma lesão estética no indivíduo, desde que
o legislador se a incapacidade é relativa ou absoluta. seja, visível e permanente, e que não possa ser reparado
Não se deve também confundir incapacidade com ausência naturalmente, entretanto se a vítima, através de cirurgia
de cura, assim, pode ocorrer o fato da lesão não estar plástica, conseguir corrigir a deformidade, não haverá a lesão
totalmente curada no final de 30 dias, mas a vítima já se corporal de natureza gravíssima. As deformidade geralmente
encontrar em sua atividade normal, não estando deste forma se traduzem em cicatrizes ou amputações de pequenos
caracterizada a lesão grave. pedaços do corpo.
5- quando ocorrer aborto: ou seja, o agente pretende grave, gravíssima ou seguida de morte, aplicar-se-á o art. 129
somente obter a ofensa à integridade física da vítima, do CP. Pode ser praticada: a) contra ascendente, descendente,
entretanto, ao praticar a conduta e como consequência desta, irmão, cônjuge ou companheiro: o parentesco pode ser civil ou
acaba por interromper a gravidez da ofendida. Da mesma natural. Não ingressam as relações decorrentes do parentesco
forma que na aceleração de parto, se o agente desconhecer por afinidade. Exige-se prova documental da relação de
totalmente o estado gravídico da vítima, não responderá pelo parentesco ou do vínculo matrimonial. A união estável pode
resultado agravador, embora haja decisão em contrário. ser comprovada por testemunhas ou outros meios de prova
que não exclusivamente os documentos; b) com quem conviva
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: artigo 129, § 3º ou tenha convivido: tais expressões devem ser interpretadas
- nada mais é do que o homicídio preterdoloso, no qual o restritivamente. Quanto ao trecho “tenha convivido”, exige-se
agente pretende praticar a lesão corporal, mas, sem nenhuma tenha sido a lesão corporal praticada em decorrência da
intenção, acaba por matar a vítima, como o caso do agente que convivência passada entre o autor e a vítima. c) prevalecendo-
empurra a vítima que, desequilibrada cai ao chão, batendo a se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
cabeça contra um objeto dura e acaba por fraturar o crânio. hospitalidade: Relações domésticas são as criadas entre os
Não havendo intenção do resultado lesão corporal, haverá membros de uma família, podendo ou não existir ligações de
homicídio culposo. parentesco. Coabitação é a moradia sob o mesmo teto, ainda
que por breve período – deve ser lícita e conhecida dos
AGRAVANTE NO CRIME DE LESÃO CORPORAL: coabitantes. Hospitalidade é a recepção eventual, durante a
Novidade trazida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e estadia provisória na residência de alguém, sem necessidade
o aumento de 1/3 na pena de quem pratica o crime de lesão de pernoite. Em todos os casos, a relação doméstica, a
corporal contra criança menor de 14 anos, não sendo possível, coabitação ou a hospitalidade devem existir ao tempo do
por este motivo, o reconhecimento da agravante genérica de crime, pouco importando tenha sido o delito praticado fora do
ter sido o crime praticado contra criança. âmbito da relação doméstica, ou do local que ensejou a
coabitação ou a hospitalidade
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA: artigo 129 § 4º - Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de
ocorre no caso da prática do crime quando presente a violenta morte, e o crime for praticado com violência doméstica,
emoção logo após a injusta provocação da vítima, ou por incidirá sobre as penas respectivas (art. 129, §§ 1º, 2º e 3º) o
relevante valor social, com diminuição na pena variando de aumento de 1/3 imposto pelo § 10 do art. 129 do CP.
1/6 a 1/3. A pena da lesão corporal leve cometida com violência
O juiz, não sendo graves as lesões, pode substituir a pena doméstica será aumentada de 1/3 (um terço) quando a vítima
de detenção pela pena de multa em duas situações: I – se for pessoa portadora de deficiência. Contudo, deve tratar-se de
ocorrer qualquer das hipóteses do § 4º do art. 129; e II – se as pessoa portadora de deficiência e ligada ao autor do crime
lesões forem recíprocas. Importante destacar que o pelos laços de violência doméstica indicados pelo § 9º do art.
dispositivo é aplicável somente à lesão corporal leve – as 129 do CP.É o que dispõe o §11º.
graves e gravíssimas foram expressamente excluídas e a lesão
corporal culposa o foi tacitamente. Por fim, cabe ressaltar a alteração trazida no art. 129 pela
Lei nº13.142/2015, acrescentando ao tipo um novo parágrafo
LESÃO CORPORAL CULPOSA: artigo 129 § 6º, ou seja, será (§ 12), majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave,
punido o agente que der causa à lesão por negligência, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços quando
imprudência ou imperícia. No caso de lesão corporal culposa, praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
a gravidade da lesão não será considerada para efeito de 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
determinação (aumento) da pena, servindo-se somente como e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
circunstância judicial. função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
Utilizar os conhecimentos ministrados a respeito do companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão
homicídio culposo. dessa condição.
Nos termos do art. 129, § 7º: A pena será aumentada de 1/3
se o crime resultar de inobservância de regra técnica de Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixar de prestar
imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as CAPÍTULO II
consequências do seu ato, ou fugir para evitar prisão em DAS LESÕES CORPORAIS
flagrante (CP, art. 121, § 4º, 1ª parte).
Lesão corporal
CONCURSO: se a lesão pratica for meio para obtenção de Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outro crime, será absorvido por ele, salvo se houver disposição outrem:
em contrário. Se as lesões forem praticadas por autoridades, Pena - detenção, de três meses a um ano.
haverá o crime de abuso de autoridade, devendo ele responder
também pelas lesões, em concurso formal. É possível a Lesão corporal de natureza grave
continuidade delitiva o presente crime. § 1º Se resulta:
A tentativa de lesão corporal deve ser distinguida do crime I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
de perigo de vida, pois, neste o dolo é somente de perigo, trinta dias;
enquanto no outro é de dano. II - perigo de vida;
A tortura, conforme caso, pode caracterizar crime de lesão III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
corporal, mas, se praticada contra criança, tipificará crime IV - aceleração de parto:
específico previsto no E.C.A. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
LESÃO CORPORAL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: O art. 129, I - Incapacidade permanente para o trabalho;
§ 9º, disciplina forma qualificada de lesão corporal que leva II - enfermidade incurável;
em conta o contexto em que é praticada. A pena prevista ao III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
caso, em razão da sua quantidade, somente deve ser aplicada IV - deformidade permanente;
na hipótese de lesão corporal leve. Se a lesão corporal for V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. agente é causar a lesão, e o dolo de perigo, onde a finalidade do
agente é tão somente a exposição do bem a um risco.
Lesão corporal seguida de morte Em relação à quem se dirige a conduta o perigo pode ser
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o individual, quando o visado é determinada pessoa ou
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: determinado grupo e os crimes de perigo comum ou coletivo,
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. onde se visa um grupo indeterminado de pessoas.
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE: artigo 131 a contravenção penal de disparo de arma de fogo. Se o crime
- o crime consiste em praticar ato capaz de produzir contágio, causar perigo comum, haverá delito contra a incolumidade
com a finalidade de transmitir a outra pessoa moléstia grave pública.
de que está contaminado, cuja pena será de reclusão de 1 a 4 Como se trata de crime subsidiário, não é possível o
anos, além da multa. concurso.
Mais uma vez o objetivo do legislador foi a proteção da
saúde humana. ABANDONO DE INCAPAZ: artigo 133 CP - abandonar
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que esteja pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
contaminada com a moléstia e sujeito passivo é a pessoa com autoridade e, por qualquer motivo incapaz de defender-se dos
a qual se pratica o ato. riscos resultantes do abandono, cuja pena estipulada varia de
A conduta (descrição objetiva) consiste na prática de 6 meses a 3 anos de detenção.
qualquer ato que seja capaz de transmitir a moléstia, quer de O objetivo do legislador é a proteção da vida e saúde da
forma direta, como contato corporal, como o beijo, ou de forma pessoa, bem como a segurança individual.
indireta, com a utilização de instrumentos, como agulha Somente poderá ser sujeito ativo deste crime a pessoa que
contaminada onde não contato corpo a corpo. tem o dever de cuidar da vítima, sendo crime próprio, onde se
A moléstia deve ser considerada grave, geralmente aguda exige uma relação de dependência entre a vítima e o agente.
ou crônica, mesmo que seja curável, como a tuberculose. Sujeito passivo é o incapaz, que não se confunde com a
Trata-se o artigo de norma penal em branco, pois, capacidade de direito, mas sim, inclui as pessoas que por
regulamentos da saúde é quem indicam quais moléstias são qualquer motivo, definitiva ou temporariamente, não tem
consideradas contagiosas. condições de se defender sozinho, não se importando o
O elemento subjetivo (tipo subjetivo), exige o dolo, legislador que a incapacidade seja absoluta ou relativa, e o
consistente na vontade de praticar o ato, mesmo não consentimento da vítima não elide a prática do crime, já que os
ocorrendo o contágio, e, também, o elemento subjetivo do tipo, bens protegidos são indisponíveis, entretanto, se for a própria
finalidade especial de transmitir a doença. Como o legislador vítima quem se retira do alcance do responsável, não haverá
não prevê formal culposa, o máximo que poderá ocorrer é a abandono, do mesmo modo que, sendo abandonada a pessoa
punição do agente por lesões corporais culposas, ou homicídio, ela se mostra capaz de produzir sua defesa, havendo
caso ocorra a morte. entendimento que , no caso, será o juiz quem excluirá ou não a
A consumação do crime ocorre com a prática do ato, não prática do crime.
sendo necessária a transmissão efetiva. Se do crime resultar a A descrição objetiva exige a conduta de abandonar, que
morte será o agente responsabilizado pelo crime de lesão significa deixar sem assistência, largar. O abandono pode ser
corporal seguida de morte. obtido de duas formas: conduzindo-se a vítima para fora de
A tentativa é possível. seu ambiente, onde se encontrava protegida, ou quando o
Se o agente tiver intenção de causar epidemia, o crime será sujeito ativo é quem se afasta do ambiente do sujeito ativo,
outro (artigo 267 ou 268). deixando-o desamparado. A regra é que o crime seja praticado
por omissão, entretanto, nada impede sua prática através de
PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE DE OUTREM: Pode- ação, no caso da vítima levada para local onde correrá perigo,
se apresentar como conceito deste crime, a prática de qualquer que deve ser concreto e que haja uma separação física entre
ato que coloque em risco a vida ou a saúde de outra pessoa, autor e vítima, assim, se a pessoa abandona e disfarçadamente
tratando-se de crime subsidiário, cuja previsão legal se fica olhando para que nada ocorra ao abandonado, não haverá
encontra no artigo 132 do CP., com pena de detenção de 3 o crime, pois, o perigo não será concreto, sendo indiferente o
meses a 1 ano. tempo, a duração do abandono.
Mais uma vez o legislador tem por objetivo proteger a vida O dispositivo se relaciona aos cuidados materiais.
e a saúde da pessoa humana. Deve a relação entre os sujeitos se manifestar nas
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime e o sujeito seguintes formas: cuidado existente no casos de pessoas que
passivo será a pessoa a qual a vida ou saúde é posta em perigo, sabem cuidar de si mesmos, mas que, temporariamente se
não exigindo o legislador, nenhuma qualidade especial, desde encontram impedidos de realizar a proteção própria;
que seja determinada. vigilância que significa o zelo pela segurança pessoal da vítima,
A descrição objetiva exige a criação, através de qualquer incluindo a guarda e, por fim, a autoridade, decorrente de um
forma, uma situação na qual a saúde ou a vida de outra pessoa vínculo de poder, da lei, quer de ordem pública ou civil.
fique exposta a perigo, que deve ser concreto, a ponto de ter A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de
colocado a vida ou a saúde da vítima em risco direto e abandonar, desde que o agente tenha ciência do seu dever de
iminente. cuidado. Se o agente, além da vontade de abandonar tenha
É natural que, no caso de profissões perigosas, o seu intenção de causar dano à vítima, responderá por este.
exercício, dentro dos limites estabelecidos pela lei, não é A consumação é considerada no momento em que a vítima
considerado crime. corre perigo. É crime instantâneo de efeitos permanentes e,
A subjetividade exige a presença do dolo, ou seja, a vontade caso, após o abandono o agente reassume a responsabilidade,
do agente em colocar em perigo a saúde ou vida da vítima, mas, o crime já se consumou e ele será responsabilizado.
se o agente pretende causar o dano responderá pelo resultado Embora haja entendimento contrário, a tentativa é
ou pela tentativa deste. possível.
Em qualquer hipótese, mesmo não estando presente o dolo Prevê o legislador formas qualificadas nos §§ 1º e 2º do
de dano no agente, se ocorrer algum resultado lesivo por este artigo 133, havendo elevação das penas, que passam a ser de 1
ele será responsabilizado. a 5 anos de reclusão, se resulta lesão corporal de natureza
Não há forma culposa no presente delito. graves e 4 a 12 anos, também de reclusão, se resultar a morte,
A consumação do crime ocorre com a ocorrência do perigo, salvo no caso do agente ter a intenção de obter estes
sendo possível a tentativa. resultados, sendo, então, responsabilizado por lesões
Como distinção, pode-se dizer que o crime em estudo é corporais ou homicídio.
subsidiário, na modalidade expressa, só podendo ser aplicado Além destas, a pena terá aumento de 1/3 se o abandono
se não houver a ocorrência de um crime mais grave, assim, se ocorre em lugar ermo (solitário, onde há pouco trânsito de
houver lesões corporais o agente responderá por este, se no pessoas, em local afastado), ou se o agente for ascendente,
disparo de arma de fogo, o agente o faz longe da vítima, haverá descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima, por
ser maior a sua responsabilidade, havendo o crime, inclusive O melhor entendimento é que não se considere como
no caso de filho adotivo, não prevalecendo no caso de enteado. pessoa necessitando de auxílio, somente a ferida ou inválida,
Como distinção pode-se apresentar o seguinte caso, se não bastando haver um grave ou iminente perigo, como o caso da
houver relação de dependência, o crime será de omissão de pessoa que, mesmo sem ter ferimentos, se encontra à beira de
socorro, se o abandono for de recém-nascido, para ocultar um abismo, segurando por um pequeno galho para que não
desonra própria, o crime será outro, a ser estudado a seguir. caia, embora exista julgados não reconhecendo a omissão de
No caso do abandono, sendo material e não causando perigo, o socorro neste caso.
crime será de abandono material. O consentimento da vítima em não ser socorrido, não
excluí a prática do crime.
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO: artigo A descrição objetiva prevê uma conduta omissiva (crime
134 do CP - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar omissivo puro), de deixar de fazer alguma coisa, prestar o
desonra própria, cuja pena é de detenção de 6 meses a 2 anos. socorro. Para exigir-se o agir da pessoa, deve estar presente a
O legislador tem por objetivo proteger a segurança do possibilidade e capacidade para realizar o socorro, que deve
recém-nascido. ser imediato, pois, se não for, estará consumada a infração.
Sujeito ativo do crime, por ser próprio, deve ser praticado O crime também está caracterizado quando a pessoa que
pela mãe ou pelo pai (discussão na doutrina), que tem filho não possibilidade nem capacidade para socorrer, não avisa a
fora do matrimônio ou resultante de incesto. autoridade competente para providenciar o socorro.
Sujeito passivo do delito é o recém-nascido, ou seja, pessoa Não exige o legislador que a pessoa arrisque a vida para o
com pouco tempo de vida, havendo fixação do tempo em 7 socorro, podendo ser recusado o socorro por aquele que
dias, 30 dias, poucos dias, sendo o mais correto até a queda do correrá risco pessoal.
cordão umbilical. Quando duas ou mais pessoas deixam de prestar o socorra
A descrição objetiva exige conduta de expor ou abandonar, cada uma delas praticará o crime em estudo, mas, o socorro de
sendo certo que a expressão abandonar já contém a exposição, uma, desobriga o das outras.
devendo estar presente, também, o perigo concreto. Se a vítima não corre perigo, não há crime de omissão de
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de socorro.
abandonar o recém-nascido, com a ciência que a atitude A omissão de socorro é crime de perigo que, em relação a
causará perigo para a vítima, além do elemento subjetivo do crianças e inválidos é presumido e, nos demais casos, depende
injusto, a finalidade especial de ocultar desonra própria, não de concretização.
se considerando desonra o orgulho, ou por ter havido anulação A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de não
de casamento. prestar a assistência, desde que possa fazê-lo sem risco
Para caracterização do crime, necessário se faz que a pessoal, acrescido ao conhecimento da situação de perigo.
gestação e o nascimento sejam escondidos. Como o elemento A consumação ocorre que o sujeito deixa de agir, ou seja,
subjetivo se relaciona à honra sexual, as prostitutas, não no momento em que omite o socorro. Trata-se de crime
podem praticar este crime, por não possuírem esta honra. instantâneo e se o sujeito, após a omissão, volta ao local, não
A consumação ocorre quando a vítima corre o perigo de descaracteriza o crime, pois, já estava consumado, é possível,
vida ou saúde. entretanto, o caso de perigo permanente, onde o sujeito ativo
A tentativa é possível no caso de conduta comissiva. tem condições de prestar o socorro, enquanto perdurar a
Prevê o legislador formas qualificadas, caso resulte lesão situação de perigo.
corporal de natureza grave, ou morte, com elevação da pena. Como se trata de crime omissivo puro, a tentativa não é
O crime de abandono de recém-nascido deve ser possível.
distinguido do infanticídio e do homicídio, pois estes, exigem o A existência de risco pessoal excluí a prática do crime.
dolo de dano. Se não houver honra a ser protegida o crime será Prevê o legislador formas qualificadas do crime,
de abandono de incapaz. aumentando a pena de metade, no caso de lesão corporal de
natureza grave e triplicando no caso de morte, devendo estes
OMISSÃO DE SOCORRO: artigo 135 do CP. - como conceito resultados se relacionarem com a omissão, pois, se socorrida a
do crime pode-se apresentar o descrito pelo legislador, qual vítima, veio ela a morte em decorrência da gravidade das
seja, deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem lesões, não haverá a qualificadora.
risco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa Como distinção, apresenta-se o caso de ter o omitente o
inválida ou ferida, ao desamparo, ou em grave e iminente dever legal de socorrer, respondendo ele, então, pelo
perigo; ou não pedir, nesses casos, socorro da autoridade resultado.
pública, será apenado com detenção de 1 a 6 meses ou multa.
Tem por objetivo o legislador a proteção da vida e da saúde MAUS TRATOS: artigo 136 do CP - Expor a perigo a vida
da pessoa humana, assegurando sua liberdade individual. ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
Qualquer pessoa ode ser sujeito ativo do crime, desde que para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
não haja relação de responsabilidade, se houver, haverá crime privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
mais grave. Não há necessidade que o omitente esteja próximo, sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
mas, que tome conhecimento que seu auxílio é necessário. abusando no meio de correção ou disciplina, com pena de
O perigo também não pode ter sido causado pelo próprio detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa.
omitente, se for, poderá responder por homicídio ou lesões Tem por objetivo o legislador a incolumidade da pessoa.
corporais, doloso ou culposo, sendo, no caso de culpa, O crime e estudo é próprio, portanto, para ser sujeito ativo
qualificadora do crime. é necessário a existência de uma relação jurídica entre vítima
Sujeito passivo deve ser, em primeiro lugar a criança e agente, assim, somente quem tem autoridade ou seja titular
abandonada ou extraviada, seja qual for sua idade, desde que de dever de guarda ou vigilância, pode praticar o crime. A
não tenha capacidade de defesa. A pessoa inválida também é relação pode decorrer de educação, que compreende a
sujeito passivo, inválida é a pessoa que, por qualquer motivo, atividade docente, o ensino, mais amplo, relacionado a
é incapaz de defender-se. Em seguida figura como sujeito transferência de conhecimento cultural à pessoa, tratamento,
passivo a pessoa ferida, ou seja, que apresenta lesão em sua onde se incluí a cura de doenças e cuidados gerais como
integridade física, mesmo que o ferimento não seja grave. alimentação; e custódia, relacionada a detenção da pessoa.
É fundamental que a vítima, em qualquer hipótese, ou Portanto, o crime pode ser praticado por pais, tutores,
outra não expressa, esteja ao desamparo precisando de auxílio.
curadores, diretores de colégio, hospitais, estabelecimentos Perigo para a vida ou saúde de outrem
penitenciários, professores, patrões, etc. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto
Sujeito passivo é a pessoa que está sob o cuidado, e iminente:
autoridade, guarda ou vigilância. Se não houver esta relação de Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
dependência, o crime será outro. constitui crime mais grave.
A descrição objetiva exige conduta de expor a perigo a vida Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
ou a saúde de outrem, por u abuso por parte do sujeito ativo, terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo
que deve exercer a autoridade com moderação. decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços
O legislador prevê de quais formas o agente praticara os em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com
maus tratos como sendo: as normas legais.
1- privar a vítima dos alimentos indispensáveis: que
nada mais é do que negar a alimentação necessária ao ser Abandono de incapaz
humano, sendo necessário que a falta cause perigo para a Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
vítima, não caracterizando o crime a imposição de uma dieta. guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
2- privação dos cuidados indispensáveis: como a falta incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
de cama, roupas, higiene e assistência médica. Pena - detenção, de seis meses a três anos.
3- trabalho excessivo: ou seja, aquele que, para ser § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
realizado exige um grande esforço. grave:
4- trabalho inadequado: ou impróprio para o Pena - reclusão, de um a cinco anos.
trabalhador. § 2º - Se resulta a morte:
5- abuso nos meios de correção e disciplina: tais como Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
a utilização de varas de marmelo, palmatórias. Poderá haver a Aumento de pena
punição para efeitos de disciplinas, mas os meios deverão ser § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
utilizados com moderação. terço:
O abuso deve ser examinado do ponto de vista familiar da I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
vítima, e não se confunde abuso com injustiça no castigo. II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar tutor ou curador da vítima.
uma das condutas referidas no artigo, desde que o agente III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
tenha conhecimento ou deva saber sobre o abuso, além de se
verificar a situação social do agente. Exposição ou abandono de recém-nascido
A consumação do crime se dá com a criação do perigo e, em Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
alguns casos, exige-se a habitualidade, como no caso de desonra própria:
alimentação negada. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
A tentativa é possível quando o crime é praticado na forma § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
comissiva. Pena - detenção, de um a três anos.
O crime pode ser excluído pelo estado de necessidade, § 2º - Se resulta a morte:
como no exemplo da mãe que, precisava trabalhar para Pena - detenção, de dois a seis anos.
sustentar o filho e não tinha com quem deixa-lo, acorrentava-
o ao pé da cama para que não saísse de casa. Omissão de socorro
Prevê o legislador formas qualificadas para o delito, no Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
caso de resultar lesões corporais de natureza grave, com pena fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada,
de reclusão de 1 a 4 anos ou se resultar morte, com pena de ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
reclusão de 4 a 12 anos. iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
O E.C.A. prevê um caso de aumento de pena de 1/3, caso a autoridade pública:
vítima seja menor de 14 anos. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Como distinção, pode-se apontar o crime de lesão corporal, Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da
que é de dano, enquanto este é de perigo, se o meio de omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada,
disciplina for vexatório o crime será de injúria. Os maus tratos se resulta a morte.
pode configurar crime de tortura.
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema: emergencial
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
CAPÍTULO III qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial:
Perigo de contágio venéreo Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza
sabe ou deve saber que está contaminado: grave, e até o triplo se resulta a morte.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Maus-tratos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
§ 2º - Somente se procede mediante representação. autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou
Perigo de contágio de moléstia grave cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir disciplina:
o contágio: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
crime, ou, se posterior, pode inclusive consistir em uma causa É possível a continuidade delitiva nos crimes contra a
de extinção da punibilidade. honra.
A calúnia, mesmo que praticada contra mortos é punida, A calúnia realizada pela própria vítima, auto acusação,
conforme artigo 138, § 2º, mas, o sujeito passivo será sempre caracteriza outro crime, mas não o de calúnia.
a família e não o morto.
A descrição objetiva (tipo objetivo) impõe ação de imputar, DIFAMAÇÃO: artigo 139 do C.P. - como conceito diz que a
atribuir a prática de um crime, desde que a imputação seja difamação é a imputação de fato ofensivo à reputação da
falsa podem ser visualizados três elementos na composição do vítima, mesmo que verdadeiro o fato. A pena é de detenção de
crime de calúnia, a saber: imputação, de um fato descrito como três meses a um ano e multa.
crime e desde que seja falsa, sendo a falsidade presumida e só A finalidade do legislador, mais uma vez é a proteção da
desconstituída através da exceção de verdade, o que a impede honra objetiva, a incolumidade moral da vítima, em relação ao
o reconhecimento do crime, caso haja a imputação de uma contexto social.
contravenção penal, embora possa caracterizar injúria. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de
Não há necessidade que a calúnia se dirija diretamente à difamação.
vítima, e pode ser ela praticada de várias formas, palavras, Em relação à pessoa natural, não existe dúvida de
gestos, escritos, etc, mas, o fato, mesmo que não descrito em funcionarem como sujeito passivo do crime, existindo
detalhes, deve ser determinado, concreto e específico. discussão em relação à pessoa jurídica. Existem julgados que
Pode consistir direta, ou ainda equívoca ou implícita, como admitem a difamação contra a pessoa jurídica, pois, goza de
a pessoa que diz ao funcionário público que não vive de determinada reputação, entretanto, atualmente a doutrina se
desfalques aos cofres públicos. pende no sentido de que falta à pessoa jurídicas características
A calúnia pode refletir em terceira pessoa (reflexa) quando fundamentais para seu enquadramento no polo passivo, pois,
se imputa um crime indicando a participação de outra pessoa. realmente, não pode ser dotada de honra, mas, tão somente de
A subjetividade, caracteriza pelo dolo, ou seja, a vontade de reputação e a definição exige a honra, além da reputação,
imputar o fato definido como crime falsamente (dolo assim, o entendimento predominante é de que a pessoa
genérico), não havendo a necessidade que a ofensa ocorra, jurídica não possa figurar no polo passivo dos crimes contra a
embora existam autores que exigem o resultado. honra, pois, o legislador é claro ao indicar "alguém".
Assim, o sarro, o conselho, o relato (sem intenção de O reclamo da doutrina é que se definam crimes específicos
ofender), os depoimentos de testemunhas, não podem ser praticados contra a reputação das pessoas jurídicas.
considerados como crime de calúnia, da mesma forma que a Como não existe previsão legal, não se pune a difamação
apresentação de determinada pessoa como suspeita pela contra os mortos.
prática do crime. Da mesma forma que na calúnia, o consentimento do
A consumação do crime de calúnia ocorre quando a ofendido descaracteriza o crime, salvo no caso dos
imputação chega ao conhecimento de terceira pessoa, que não absolutamente incapazes, que não podem consentir.
a vítima, salvo se utilizado telegrama, onde a consumação A descrição objetiva do crime indica imputação, ou seja,
ocorre no momento de sua expedição. atribuir-se um fato desonroso, sem necessidade que seja
A tentativa pode ficar caracterizada na forma escrita, como criminoso, podendo ser uma contravenção penal, mas, sempre,
um bilhete, interceptado antes que chegasse a conhecimento determinado, concreto e específico, e, ocorre o crime mesmo
de terceiro. que a imputação seja verdadeira, o que impede a exceção de
O § 1º do artigo 138, prevê mais duas formas da prática da verdade, como regra, já que se permite no caso de ofensa a
calúnia, dizendo que nas mesmas penas incorre aquele que, funcionário público, desde que o fato se relacione com a função
sabendo falsa a imputação a propala ou divulga. Propalar nada pública.
ais é que propagar, espalhar, enquanto divulgar representa Propalar e divulgar são termos que não estão presente na
levar a notícia a conhecimento público, assim, serão punidos descrição do crime, entretanto, aquele que propaga e divulga,
não só o responsável pela falsa imputação, mas também as não deixa de praticar, também, o delito de difamação, de forma
pessoas que divulgaram e espalharam, é necessário, autônoma.
fundamentalmente o conhecimento que se propaga uma Como elemento subjetivo temos o dolo, a intenção do
imputação falsa da prática de crime. agente em atribuir o fato desonroso a outra pessoa, com a
Tem o sujeito ativo a possibilidade de provar que a finalidade de difamar (dolo específico), não havendo crime no
imputação é verdadeira e, como consequência não responder caso de crítica ou parecer desfavorável, ou em informações
pelo crime. A esta possibilidade denomina-se exceção da prestadas.
verdade, que pode ocorrer em qualquer fase do processo, A consumação do delito ocorre quando o fato imputado se
inclusive em grau de recurso, respeitado sempre o torna conhecido por terceiro, não havendo necessidade de ser
contraditório. um grupo. Da mesma forma que na calúnia, a tentativa é
Existem situações, entretanto que a exceção não é possível na forma escrita, desde que seja interceptado pela
permitida, ou seja o acusado não tem oportunidade para vítima, entes que chegue ao conhecimento de terceiros.
provar a verdade, mesmo que o fato seja verdadeiro, nos casos A difamação deve ser distinguida da injúria, pois nesta, não
previstos no § 3º do artigo 138, a saber: 1- no caso de ação há necessidade de imputação de fato determinado.
penal privada, o ofendido não foi condenado por sentença Pode haver concurso entre o crime de calúnia e difamação
irrecorrível; 2- quando o fato é imputado ao Presidente da
República, e a chefe de governo estrangeiro; 3- No caso de ação INJÚRIA: artigo 140 do C.P. - injuriar é ofender a dignidade
pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. ou o decoro de outrem, uma manifestação de desrespeito ou
Algumas distinções podem ser apontados em relação ao desprezo em relação ao ser humano e a pena é de detenção,
crime de calúnia. Se o fato não for considerado crime, poderá variando de um a seis meses, ou multa.
haver crime de injúria. Se a imputação der causa a início de Visa o dispositivo proteger a integridade moral do homem,
procedimento criminal, temos a denunciação caluniosa (crime em especial, sua honra subjetiva, podendo haver,
contra a administração da justiça), também chamada de concomitantemente a ofensa à honra objetiva.
calúnia qualificada. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de injúria,
Se o crime for praticado através da imprensa, aplica-se a não sendo punida a auto-injúria, salvo no caso de atingir a
Lei de Imprensa, mesmo sendo paga a matéria. terceira pessoa.
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do crime de 3- no conceito emitido por funcionário público em
injúria, salvo aqueles que já não têm mais honra subjetiva, ou apreciação ou informação que preste no cumprimento do
por faltar dignidade ou decoro, como no caso dos doentes dever de ofício.
mentais, havendo entendimento em contrário. A pessoa Quem, entretanto, divulga o conceito ou a ofensa irrogada
jurídica não pode ser sujeito passive, e não é punida a injúria em juízo, responde pelo crime.
contra os mortos.
A descrição objetiva indica a ação de ofender a honra RETRATAÇÃO: artigo 143 - causa de extinção da
subjetiva da vítima (dignidade ou decoro), tais como a punibilidade. Ocorre quando, antes da sentença o agente se
indicação de vícios ou defeitos da vítima, dizer que é ladrão ou retrata da calúnia ou da difamação, ocorrendo a isenção de
ignorante, não havendo fato determinado e específico. pena, não se incluindo a injúria. Verificar estudo anterior a
A injúria pode ser praticada por diversos meios, fala, respeito das causas de extinção da punibilidade.
escrito, gestos, ou atitudes outras, como atirar lixo contra a
vítima, ou mesmo bebida contra seu rosto, havendo PEDIDO DE EXPLICAÇÕES: artigo 144 - é uma medida
possibilidade de sua prática por omissão, como aquele que não preparatória para o oferecimento da queixa, pois, busca-se o
aperta a mão da pessoa que lhe estendeu. sentido das palavras utilizadas pelo agente quando da ofensa,
Entretanto, não protege o legislador a honra exagerada, que não se mostra evidente. Se o agente se recusa a dar as
como o daquele que se julga extremamente honrado e que, explicações ou não às faz de forma suficiente, responde pelo
qualquer gesto o ofenda. crime. O prazo de decadência não é interrompido ou suspenso
A injúria pode ser imediata ou direta, quando praticada pelo pedido de explicação.
pelo próprio sujeito ativo, ou mediata ou indireta, quando este Como regra a ação penal nos crimes contra a honra são
utiliza outra pessoa ou meio, pode ser, anda, oblíqua quando privadas, salvo no caso da injúria real, com lesão corporal,
se ofende uma pessoa querida reflexa, quando atinge terceiros onde a ação penal é pública incondicionada.
e até implícita, como o caso da pessoa que pendura um par de No caso de crime praticado contra o Presidente da
chifre na porta da casa de um casal, não havendo necessidade República ou chefe de governo estrangeiro, deverá haver
que ela seja praticada na presença do ofendido, desde que requisição do Ministro da Justiça.
chegue ao seu conhecimento, não sendo possível, em nenhuma No caso de crime praticado contra funcionário público em
hipótese a exceção de verdade. razão de suas funções, somente se procede mediante
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a intenção do agente representação do ofendido.
em ofender a vítima.
A consumação se dá no momento em que o ofendido toma Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
conhecimento da ofensa, não havendo necessidade que se
sinta ofendido, por se tratar de crime formal, que não exige a CAPÍTULO V
ocorrência de resultado naturalístico. DOS CRIMES CONTRA A HONRA
A tentativa é possível na forma escrita.
Se a injúria é cometida contra funcionário público, no Calúnia
exercício de suas funções, temos o crime de desacato, se foi Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
através da imprensa, aplica-se a Lei de Imprensa. definido como crime:
O § 1º do artigo 140 prevê causa específica de perdão Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
judicial, que pode ser aplicado no caso de provocação, por § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
parte da vítima, ou quando há a retorsão imediata à ofensa, que imputação, a propala ou divulga.
não pode ser confundida com a reciprocidade de crimes, casa § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
não esteja presente a imediatidade. Exceção da verdade
O § 2º do artigo 140 prevê a injúria real, onde a injúria § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
consiste em violência ou vias de fato que podem ser I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
considerados como aviltantes. ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
DISPOSIÇÕES GERAIS NOS CRIMES CONTRA A HONRA: nº I do art. 141;
FORMAS QUALIFICADAS: artigo 141 do C.P. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
1- quando o crime é praticado contra o Presidente da ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
República ou chefe de governo estrangeiro, quando não
caracterizar crime contra a Segurança Nacional. Difamação
2- quando o crime é praticado contra funcionário público Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à
em razão de suas funções, protegendo, assim, a função sua reputação:
exercida pelo funcionário; Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
3- quando o crime é praticado na presença de várias Exceção da verdade
pessoas, ou por meio que facilite a divulgação ou propalação. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite
Várias pessoas quer significar no mínimo três. se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
Se o crime é praticado mediante paga ou promessa de exercício de suas funções.
recompensa, a pena será duplicada.
O artigo 142 prevê três causas de exclusão de crime, por Injúria
faltar o elemento subjetivo do injusto, o ânimo de ofender, ou Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
a exclusão da ilicitude. São os seguintes casos: decoro:
1- imunidade judiciária (excluí a antijuridicidade), quando Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
a ofensa é irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
ou por seu procurador, quer seja autor ou réu, interveniente I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
ou assistente, etc, válida somente para os crimes de difamação diretamente a injúria;
de injúria. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
2- opinião desfavorável da crítica literária, artística ou injúria.
científica, salvo quando é intenção a difamação ou a injúria; e
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, mas, considera-se, para efeitos de punição, o objetivo do
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem agente que, no caso do exemplo, era o patrimônio.
aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da CONSTRANGIMENTO ILEGAL: artigo 146 contém o
pena correspondente à violência. conceito do que seja constrangimento ilegal, e estipula pena de
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos três meses a um ano, ou multa.
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de O objetivo do legislador é a proteção da liberdade do
pessoa idosa ou portadora de deficiência: indivíduo, que é garantida a nível constitucional (ninguém é
Pena - reclusão de um a três anos e multa. obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei), sendo a liberdade considerada do ponto de
Disposições comuns vista físico e psíquico.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se Qualquer pessoa poder ser sujeito ativo do crime, e, caso
de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: seja praticado por funcionário público, no exercício de suas
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de funções, o crime será outro, inclusive, abuso de autoridade.
governo estrangeiro; Sujeito passivo pode ser somente a pessoa que tem
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; capacidade de querer e exercer sua liberdade, estando, pois,
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a excluídos, os doentes mentais, as crianças totalmente
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. incapazes, etc.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora Na descrição do tipo (descrição objetiva), o legislador
de deficiência, exceto no caso de injúria. impõe conduta de constranger, que implica em obrigar, coagir,
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou forçar.
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. O constrangimento pode ser realizado para impedir que a
vítima faça alguma coisa, ou, ainda, coagir para que o faça,
Exclusão do crime quando não queria.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: Para obtenção do constrangimento o agente pode utilizar-
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela se de violência, que pode ser direita (lesões corporais), ou
parte ou por seu procurador; outro ato que atinja a vítima fisicamente, como o caso de
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou amarrar com cordas, mesmo que o seja terceira pessoa, e
científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou indireta, como o caso de se retirar as muletas de um aleijado.
difamar; Além da violência pode o agente conseguir constranger a
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, vítima através de grave ameaça ou qualquer outro meio, como
em apreciação ou informação que preste no cumprimento de o emprego de narcóticos.
dever do ofício. A coação deve ser ilegítima. A ilegitimidade pode ser
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela absoluta, quando o agente não tem qualquer vínculo ou
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. relação com a vítima, que pudesse justificar a conduta e pode
ser, ainda, relativa, como o caso de constranger alguém ao
Retratação pagamento de uma determinada dívida A diferença entre as
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata duas pode ficar estabelecida no sentido de que a absoluta, a
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. ação ou omissão, não pode ser obtida licitamente, através do
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha poder judiciário e a relativa, o agente, ao invés da coação, pode
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de obter o ato por via judicial e, no caso de ser relativa, o crime
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, será de exercício arbitrário das próprias razões.
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído A coação em determinados casos é permitida, não estando
pela Lei nº 13.188, de 2015) assim, nestas hipóteses, caracterizado o crime, como o caso da
coação exercida para impedir o suicídio ou a prática de crime.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere É fundamental a comprovação do nexo causal entre o
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir constrangimento e a realização ou não realização do ato.
explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade de
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. constranger alguém (dolo genérico), aliado ao dolo específico
(elemento subjetivo do injusto) que se encontra presente na
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se intensão de obter-se a ação ou omissão da vítima, não estando
procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § presente o fim especial de agir, o crime poderá ser de lesão
2º, da violência resulta lesão corporal. corporal, ameaça ou vias de fato.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do A consumação do crime ocorre quando a vítima pratica o
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste ato, ou se omite e a tentativa a possível quando a vítima,
Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso embora o constrangimento, resiste, e não pratica o ato, ou a
II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste omissão a qual estaria sendo obrigado.
Código. Duas formas qualificadas estão previstas pelo legislador, a
primeira é a prática do crime com concurso de ao menos
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL quatro pessoas (mais de três), desde que todos eles participem
(ART. 146 A 154) da execução do crime. A segunda é a utilização de arma (pois o
potencial ofensivo é maior), devendo necessariamente que a
Visa o legislador a proteção da liberdade do indivíduo, que arma seja utilizada, não caracterizando a qualificadora o
é a faculdade de exercício da vontade própria, dentro dos simples porte da arma.
limites estabelecidos pelo próprio direito. A liberdade é O crime em estudo também é subsidiário, pois, se o
examinada sobre os seguintes aspectos, pessoal, domiciliar, constrangimento for meio para obtenção de resultado diverso,
correspondência e segredo. como a conjunção carnal no estupro, a subtração da coisa
É sempre bom lembrar que existem diversos crimes, como móvel alheia no roubo, a resgate na extorsão mediante
o roubo, por exemplo, em que a liberdade individual é atingida, sequestro, o crime será outro e não serão aplicadas as penas
do crime em tela.
Quando o constrangimento é dirigido a diversas pessoas, violência, ameaça, fraude, havendo possibilidade da prática do
pode estar caracterizado o concurso formal. Se for a coação presente crime por omissão, como o médico que se recusa a
exercida para a prática de crime (autoria mediata), haverá dar alta para o paciente já curado.
concurso material entre o constrangimento e o crime Trata-se de crime permanente, cuja consumação se
praticado pelo coagido, embora haja entendimento que se prolonga no tempo e qualquer pessoa que vier a participar,
trata o caso de concurso formal. Como é parte integrante o tipo responderá pelo crime, mesmo que seja no último dia do
a violência é natural que possa haver o concurso material entre sequestro ou do cárcere. Ademais, é crime de ação única, onde
o crime e lesões corporais. o crime pode ser praticado apenas por uma conduta, um verbo:
O legislador prevê também casos de exclusão de crime (§ “privar alguém de sua liberdade”.
3º), nas intervenções cirúrgicas quando iminente o perigo de O consentimento descaracteriza o crime, salvo no caso de
vida e a coação exercida para impedir o suicídio. menor de 14 anos.
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja, a vontade
AMEAÇA: artigo 147. de privar a vítima de sua liberdade, não havendo, no caso,
Como conceito ameaçar a prometer a causação de mal finalidade específica (dolo específico).
grave, fato que restringe a liberdade psíquica do indivíduo. O sequestro é crime subsidiário e, se houver uma
O objetivo do legislador é a proteção da liberdade psíquica finalidade específica o crime será outro, como a extorsão
do indivíduo, seu sossego. mediante sequestro.
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa e, caso seja A consumação ocorre quando o sujeito passivo fica
funcionário público, no exercício de suas funções, o crime será provado de sua liberdade de locomoção, mesmo que seja por
de abuso de autoridade. Sujeito passivo pode ser, também, pouco tempo, não devendo ser o pouco tempo confundido com
qualquer pessoa física que têm capacidade de entendimento, instantaneidade, que pode caracterizar a tentativa, que é
podendo ser intimidada. possível, por se tratar de crime material, que apresenta
Na descrição objetiva impõe o legislador a conduta resultado naturalístico, desde que a prática do crime seja por
ameaçar, que significa prometer um mal, podendo ser ação, pois, se por omissão a tentativa não será possível.
praticada através de palavra, escrito, por um desenho, um O legislador prevê formas qualificadas do presente delito,
gesto, ou qualquer outro meio simbólico. A ameaça pode ser havendo cinco circunstâncias qualificadoras. A primeira delas
direta quando dirigida pessoalmente à vítima ou indireta, e ser a vítima ascendente, descendente ou cônjuge do agente.
quando dirigida por intermédio de outra pessoa, pode ser, A segunda forma é a internação da vítima em casa de saúde ou
ainda, implícita ou explícita e condicional, quando o mal a ser hospital. O terceiro caso á para o cárcere ou sequestro que
causado estiver condicionado a um outro fato. dura mais de 15 dias. A quarta e a quinta forma foram inseridas
O mal a ser prometido, deve ser grave, sério o suficiente em 2005 pela Lei nº 11.106, sendo a quarta se o crime é
para intimidar a vítima. O mal a ser causado, deve ser possível. praticado contra menor de 18 (dezoito) anos e a quinta se o
O mal a ser causado, para caracterizar o crime de ameaça, crime é praticado com fins libidinosos.
deve estar na dependência do agente. Não há crime quando o Caso sofra a vítima, em decorrência do sequestro ou do
pessoa diz à outra que um raio o parta. cárcere, grave sofrimento físico ou moral, a pena será
O mal, além de ser possível e verdadeiro, deve ser injusto, aumentada em seu limite, indo para reclusão de 2 a 8 anos.
mesmo que não seja criminoso, assim, não é ameaça o fato do No caso do cárcere (prender os assaltantes as vítimas do
agente dizer que vai executar a duplicata da vítima. roubo no banheiro para a fuga), não estará caracterizado o
A descrição subjetiva do crime exige o dolo, vontade de crime, embora haja entendimento contrário, principalmente
ameaçar a pessoa, (dolo genérico), além do dolo específico, o em relação ao que fica encarcerado no porta-malas de veículo.
fim especial de agir que é a intimidação da vítima. Caso haja justa causa para o ato, como o caso do preso em
A consumação do crime ocorre no momento em que a flagrante surpreendido e encarcerado pela vítima até a
vítima toma conhecimento da ameaça, independentemente de chegada da polícia, não haverá o crime.
seu temor.
A tentativa é possível no caso de ameaça realizada por REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA DE ESCRAVO: artigo
carta, desde que o ameaçado for incapaz e a carta for 149. O conceito vem previsto no referido artigo da seguinte
interceptada por seu representante legal, pois, ao contrário, forma: reduzir alguém a condição análoga de escravo.
como o crime depende de representação, deve chegar ao O objetivo do legislador é a proteção, mais uma vez, da
conhecimento da vítima e, quando chega, esta consumado. liberdade do indivíduo, principalmente a relacionado entre o
A ameaça pode ser meio para a prática de outro crime e, poder de mando de outra pessoa.
havendo este, não haverá a responsabilização pela ameaça. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime, havendo
A ação penal no crime de ameaça é pública condicionada a ressalva ao funcionário público, que pratica outro crime e
representação da vítima ou seu representante legal. podem ser sujeito passivo, qualquer pessoa humana,
independente de raça, cor, religião, idade, sendo a pessoa
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO: artigo 148. civilizada ou não.
O objetivo do legislador é proteger a liberdade física do A descrição objetiva exige conduta de sujeitar a vítima à
indivíduo, em especial a liberdade de locomoção. total vontade do agente, mesmo no caso da mulher colocada
Pode ser sujeito ativo do crime em tela, qualquer pessoa e, exclusivamente para fins libidinosos (escrava sexual).
no caso de funcionário público, o crime será outro. A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade de
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do presente praticar a redução com supressão dos estado de liberdade.
crime, inclusive os incapazes. A consumação ocorre quando o sujeito passivo passa a ser
A descrição objetiva do legislador indica o sequestro e o dominado pelo agente, sendo necessário o decurso de
cárcere privado, devendo haver, em primeiro lugar, uma determinado tempo para a caracterização do crime.
diferenciação entre os dois termos que, singelamente reside A tentativa ocorre quando o agente não consegue
no fato de que no cárcere privado a vítima fica retida em sua submeter a vítima à sua vontade.
residência, enquanto no sequestro, é retirada e colocado num Pode perfeitamente haver concurso entre o crime em
local de onde ela não pode se afastas, como uma ilha, não estudo e o de lesões corporais e homicídio
havendo confinamento.
Exige o legislador a privação da liberdade, sem se importar
como o meio utilizado para obtenção do crime, podendo haver
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO: como corolário da disposição o último crime. Assim, se o agente entra e, lar alheio para fugir
constitucional de que a casa é asilo inviolável do indivíduo, da polícia ou de um agressor, por faltar o elemento subjetivo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do descaracteriza o crime.
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para A consumação se dá no momento em que o agente transpôs
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, o limite demarcatório da residência ou quando permanece no
prevê o artigo 150 do CP que entrar ou permanecer, interior desta após ter sido solicitada a sua saída, não havendo
clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa necessidade de ocorrência de resultado danoso, bastando o
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas perigo.
dependências, incorre em pena de 1 a 3 meses de detenção ou A tentativa é possível e ambos os casos, entrar e
multa. permanecer.
Tem por objetivo o legislador, proteger a liberdade total Prevê o legislador qualificadoras para o crime.
que deve gozar o indivíduo em sua residência, sua A primeira qualificadora ocorre se o crime é praticado
tranquilidade doméstica. durante à noite, sendo divergentes as opiniões dos
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime, inclusive doutrinadores em relação à determinação deste período, uns
o proprietário, quando a posse estiver em mãos de terceiro, entendendo como a ausência de luz solar, outros equivalendo
como no caso da locação e, se tratar-se de funcionário público, como o repouso noturno, outros que vai do entardecer ao
o crime será outro. amanhecer, alguns das 18:00 horas de um dia até as 6:00 horas
Sujeito passivo é o morador, a pessoa que tem poder para do outro, sendo certo que a qualificadora existe para condutas
impedir que o sujeito ativo entre ou permanece. A regra é o realizadas de forma a dificultas a defesa da vítima, havendo
chefe da casa, que, na ausência, será representado por outro entendimento que a qualificadora não está presente quando,
componente ou por empregados domésticos, no caso de no local, mesmo que seja 3:00 horas da manhã, não há
instituição de ensino, ou saúde, o responsável será o diretor, qualificadora se, no local, se realiza uma festa.
nas habitações coletivas, qualquer morador poderá ser sujeito O lugar ermo também qualifica o crime. Lugar ermo é
passivo, inclusive impedindo a entrada ou permanência no aquele onde há pequeno ou nenhum trânsito de pessoas ou
local de uso comum. tráfego de veículos, isolado, afastado, que facilita a prática do
No caso de existência de duas ou mais pessoas com poder crime.
de decisão, pode haver desacordo em relação a autorização O emprego de violência também é qualificadora, bem como
para entrada de terceiros na residência. Se forem marido e o emprego de arma para a prática do crime, respondendo
mulher o direito é de ambos e equivalente, prevalecendo em também o agente pelas penas correspondentes à violência.
relação aos demais moradores, mas, se a discordância for entre Por fim, também qualifica o crime aquele praticado por
eles, prevalecerá a proibição, o mesmo ocorrendo em relação funcionário público, fora dos casos em que há permissão legal,
aos estudantes moradores em repúblicas. ou quando forem desobedecidas as formalidades legais,
Não constitui crime a entrada ou permanência de pessoas podendo caracterizar, inclusive, crime de abuso de autoridade.
no interior de residência quando permitidas por algum dos Existem casos e que fica excluída a antijuridicidade. O
moradores, na ausência do outro, mesmo que para a prática de primeiro caso é o entrar ou permanecer em moradia contra a
atos ilícitos. Assim, a mulher que coloca o amante no interior vontade do morador, durante o dia, obedecidas as
da casa para relações sexuais, enquanto o marido se encontra formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência,
fora, faz excluir a conduta violadora do amante. precedido o ato de ordem judicial. O segundo é o caso de
A descrição objetiva prevê duas condutas, entrar e penetrar na residência, mesmo que à noite, havendo a
permanecer. Entrar é ingressar, ultrapassar os limites ocorrência de crime, justificada pelo flagrante delito, onde se
demarcadores do domicílio, a partir do momento em que se encontra a contravenção. Como última hipótese, tem-se o caso
passa com todo o corpo e permanecer é não se retirar, após ter do desastre, onde a entrada tem a finalidade de prestação de
entrado legitimamente, exigindo-se para, para esta socorro.
modalidade de conduta, a permanência por determinado No caso de ser o crime ato preparatório para outro, haverá
tempo, que haja resistência com certa duração. punição pelo crime ou pelos atos já praticados no caso de
Exige, também, que a entrada seja contra a vontade tácita desistência voluntária ou arrependimento eficaz.
ou expressa do morados, denominada entrada franca, onde há No caso de ser a violação crime meio, haverá punição
a utilização de violência ou grave ameaça. somente pelo crime fim, salvo hipótese de ser este, de menor
Pode ser clandestina, quando escondida, às ocultas, sem gravidade.
que o morador tenha conhecimento do fato e, por fim, pode
dar-se por forma astuciosa, com a utilização de fraude. Nos VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: É princípio
dois últimos casos, presume-se a discordância do morador, constitucional a inviolabilidade de correspondência,
denominado dissenso implícito. comunicações telegráficas, de dados e de comunicações
A entrada ou permanência deve ocorrer em casa ou em telefônicas. A lei penal, através do dispositivo em estudo, pune
suas dependências. A definição de casa, para efeito do crime a violação deste princípio. Assim, segundo o artigo 151,
em estudo é encontrada no próprio artigo, no § 4º e incisos, "caput" do CP, aquele que devassa indevidamente o conteúdo
que independe de uma explicação acurada, sendo perceptível da correspondência fechada, dirigida a outrem, está sujeito a
com a simples leitura do dispositivo. A seguir, para espancar uma pena de detenção de 1 a 6 meses, ou multa, mas, tal
qualquer dúvida, o legislador indica o que não é considerado dispositivo em relação a esta pena está revogado por
casa, portanto, que ali está indicado, acrescido à definição de legislação específica (Lei 6.538/78, que estipula pena de até
casa, podem ser objeto do delito, fora disto, não haverá crime. seis meses, também de detenção, ou pagamento não excedente
Não há violação na entrada ou permanência em pastagens a 20 dias multa).
ou plantações em lotes rurais. Tem o legislador por objetivo, garantir a liberdade
Por fim, a casa deve ser habitada, mesmo não estando individual de manter em sigilo o conteúdo de correspondência.
presentes os moradores. Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa, salvo o
A subjetividade exige o dolo, a vontade de entrar e remetente e o destinatário.
permanecer na casa, nas formas expressas pelo legislador, não Por ser um crime de dupla subjetividade passiva, devem
havendo necessidade de finalidade específica, que, se estiver obrigatoriamente figurar como sujeito passivo, tanto o
presente, caracteriza a ocorrência de outro crime, como a remetendo como o destinatário, ou seus representantes legais
violação do domicílio para a prática de furto, havendo somente no caso de morte.
A descrição objetiva indica a existência de um objeto Se o conteúdo se tratar de um documento, sua destruição
material, que é a correspondência fechada, sendo pode caracterizar crime de supressão de documento, em
correspondência conceituada através da lei 6.538/78, como concurso formal.
toda comunicação pessoa a pessoa, por meio de carta, através
de via postal ou telegrama. Fora desta espécies, o crime não VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA,
caracteriza-se, havendo possibilidade de acontecimento de RADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA: artigo 151, § 1º, inciso II
outro crime. A correspondência pode ser fechada por diversas com o seguinte conceito: quem indevidamente divulga,
formas, cola, costuras, lacres plásticos, etc., e, se presume que, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação
caso aberta a correspondência, não tem o remetente ou o telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
destinatário interesse no não conhecimento de seu conteúdo, telefônicas entre outras pessoas, incorre nas mesmas penas
sendo necessário que a correspondência tenha destino certo, a estipuladas para as condutas anteriores.
uma determinada pessoa, mesmo se anônima, devendo, por Visa o legislador proteger o sigilo de comunicação pessoa
fim, ser atual. a pessoa.
A conduta é devassar, que significa tomar conhecimento, Sujeitos ativo e passivo, são os mesmos que os anteriores.
não caracterizando o crime e a pessoa abre a correspondência A descrição objetiva prevê condutas variadas, sendo a
mas não toma conhecimento de seu conteúdo, sendo possível primeira divulgar, que nada mais é que passar a pessoas
a hipótese de punição daquele que toma conhecimento se abri- indeterminadas o conteúdo da comunicação, ou transmitir,
la. Não há necessidade que o agente utilize o conhecimento que deve ser entendido como a passagem do conteúdo em
para outro fim, para estar pratica o crime caráter reservado para outra pessoa. Também incrimina-se a
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de tomar conduta de utilizar o conteúdo, desde que tal fato não constitua
conhecimento do conteúdo de correspondência fechada, crime mais grave, como o de extorsão.
assim, quem lê por engano, não pratica o crime. As mensagens protegidas são aquelas transmitidas por
Contém a presente descrição elemento normativo, rádio, televisão, telégrafo, telefone, desde que não dirigidas ao
consistente no termo indevidamente, pois, se houver justa público.
causa para a leitura do conteúdo da correspondência, não As comunicações telefônicas podem ser violadas somente
haverá a prática do crime, Como é o caso dos pais que podem através de ordem judicial.
ler as correspondências dos filhos menores, embora haja A subjetividade consiste na vontade de praticar as
entendimento que na maioria dos casos, já que a Constituição condutas descritas.
Federal faz ressalva somente a comunicação telefônica, não é A consumação se dá quando o agente divulga, transmite ou
mais possível a exclusão do crime nestas hipóteses. usa a comunicação, sendo possível a tentativa.
Em relação aos cônjuges, o entendimento é de que a leitura
da correspondência dirigida ao outro, não caracteriza o crime, IMPEDIMENTO DE TELECOMUNICAÇÃO: ARTIGO 151, §
por ser presumido o consentimento, havendo posição 1º, inciso III - que tem como conceito impedir a comunicação
contrária, principalmente quando um deles não concorda com ou conversação efetuada através de telégrafo, rádio ou
o devassamento. telefone.
A consumação ocorre quando o agente toma conhecimento Mais uma vez tem por objetivo o legislador a proteção à
do conteúdo da correspondência, sendo possível a tentativa liberdade de transmissão do pensamento pessoa a pessoa.
quando o agente é surpreendido após ter aberto a Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e, sujeito passivo
correspondência, mas, ainda, não havia tomado conhecimento são os remetentes e destinatários da comunicação.
de seu conteúdo. A descrição objetiva prevê conduta de impedir, que pode
É possível o concurso material de crime em estudo com ser efetivada de diversas formas, como cortar fios, fazer
crime de furto, quando o agente se apossa de valores, ou barulho, utilizar aparelhos que causam interferência, etc.
sonegação de correspondência. A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de impedir
a comunicação.
SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: A consumação se dá quando a comunicação é
artigo 151, § 1º - cuja definição é se apossar indevidamente de interrompida, e a tentativa é possível quando a interferência
correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em não é suficiente para impedir a comunicação.
parte, a sonega ou destrói, dispositivo também revogado pelo
artigo 40 da Lei 6.538/78, que comina as mesmas penas que a INSTALAÇÃO OU UTILIZAÇÕES ILEGAIS: artigo 151, § 1º,
da conduta anteriormente estudada. inciso IV - Tal dispositivo está revogado pelo artigo 70 da Lei
Tem por objetivo o legislador, mais uma vez, proteger a 4.117/62, Código Brasileiro de Telecomunicações, que define
liberdade de correspondência. a conduta de instalação de estação de telecomunicações em
Sujeito ativo e passivo do crime são as mesmas pessoas desacordo com a legislação pertinente, cominando pena de 1 a
indicadas no crime anterior. 2 anos, com aumento de metade se houver danos a terceiros.
A descrição objetiva tem por objeto, também, a Portanto, pratica o crime aquele que instala uma central de
correspondência, mas, não exigindo que ela se encontre telecomunicação ou utiliza uma já existente em desacordo com
fechada. o referido diploma legal.
A conduta descrita é de se apossar da correspondência,
com a finalidade de sonegação (esconder) ou destruição. DISPOSIÇÕES COMUNS: A pena será aumentada de
A subjetividade exige o dolo, a vontade de se apossar da metade se houver dano a alguém, em qualquer das condutas
correspondência alheia, com o dolo específico de sonegar ou previstas no capítulo, seja qual for a ordem do dano. Existe
destruir. qualificadora no caso de ter sido o crime praticado com abuso
Da mesma forma, como elemento normativo, tem-se o de função em serviço postal, telegráfico, radiográfico ou
termo indevidamente, para a caracterização do crime. telefônico, desde que, específica a função.
A consumação se dá com o apossamento da
correspondência, desde que tenha o agente a finalidade AÇÃO PENAL: é pública condicionada a representação da
específica de sonegar ou destruir, sendo possível a tentativa, vítima (remetente ou destinatário) nos crimes previstos no CP
quando o agente não consegue a subtração da e de representação de autoridade administrativa nos demais
correspondência. casos.
Questões
Quando a finalidade for econômica a subtração de cadáver em que normalmente os moradores repousam, mesmo que no
é furto. local, embora tenha moradores, não se encontrem no local,
Se incluem entre os objetos materiais do crime, os títulos assim, o furto de veículo que se encontra na rua, durante este
que representam as obrigações. período, agrava o crime.
Se o valor da coisa for irrelevante, pelo princípio da A agravação da pena é levada a efeito, tendo-se por base a
insignificância, não haverá crime de furto. pena do furto simples, não se considerando, pois, as
Por fim a coisa dever ser alheia, que não pertence ao qualificadoras.
agente. O § 2º do mesmo artigo, descreve o furto privilegiado, no
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de subtrair, caso de ser o criminoso primário e ser de pequeno valor a coisa
somado ao elemento subjetivo do injusto, contido na furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão por detenção,
expressão para si ou para outrem, não havendo necessidade de diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
que o agente vise o lucro, que pode agir simplesmente por Vamos analisar os requisitos que devem estar presentes
capricho. Tirar uma joia da vítima para jogá-la, não caracteriza para o reconhecimento da privilegiadora, a iniciar-se pela
o crime de furto. condição de primário do agente, lembrando que é primário
O consentimento da vítima na subtração, desde que seja aquele que nunca sofreu uma condenação, não devendo, pois,
anterior à consumação, faz desaparecer o crime, se for após o confundir-se primariedade com não reincidência.
crime já se consumou. Segundo requisito é ser a coisa subtraída, de pequeno
O momento da consumação do crime de furto é discutido valor, sendo o entendimento majoritário que pequeno valor é
entre os doutrinadores, alguns entendendo que basta o agente aquele menor que um salário mínimo da época dos fatos. Não
tocar na coisa, outros quando a coisa é segura, outros quando se deve confundir, também, pequeno valor com pequeno
é removida, ou quando a coisa é segura, outros quando é prejuízo, sendo que na jurisprudência existem dois
removida, ou quando a coisa é colocado no local a qual se entendimentos a respeito, um entendendo que a coisa dever
destinava. A despeito das diversas opiniões, o entendimento ser de pequeno valor e outra que o prejuízo deve ser pequeno
mais correto é que o crime se consuma quando há inversão da para o reconhecimento da privilegiadora.
posse, havendo julgado entendendo estar caracterizado o Atualmente se exige, também, que o agente não revele má
crime na conduta do empregado que escondeu a coisa no personalidade, nem possua antecedentes desabonadores, fato
estabelecimento comercial para levá-la posteriormente. que vem sendo aceito, porque, as possibilidades colocadas
Como se trata de crime material, com resultado pelo legislador são de aplicação facultativa pelo juiz, que deve
naturalístico, é possível a tentativa, como o casso daquele que analisar o aspecto subjetivo.
tenta furtar a carteira da vítima, mas não consegue, pois ela se É natural que, pela própria colocação do dispositivo na lei,
encontra em outro bolso, entretanto, se a vítima não possuir o privilégio somente pode ser aplicado aos crimes simples e
nenhum valor, temos o crime impossível. agravado pelo período noturno, embora haja entendimento
Como distinção se apresenta o fato do agente, após a contrário.
prática do crime, colaborar (escondendo a coisa, por exemplo),
respondendo apenas pelo crime de favorecimento real e não FURTO QUALIFICADO: disposto no § 4º do artigo 155,
pelo furto. Quem subtrai a coisa visando ressarcir-se de cuja pena vai de 2 a 8 anos de reclusão e multa.
prejuízo, responde pelo crime de exercício arbitrário das A primeira qualificadora prevista no inciso I é o
próprias razões. rompimento do obstáculo para a subtração da coisa, ou seja,
A trombada, que não deixa de ser violência, se for leve, quando o agente para a prática do crime, inutiliza, desfaz,
caracteriza o furto e não o roubo. desmancha, estraga, deteriora obstáculos colocados para
Quem adquire a coisa produto de crime de furto responde garantir o patrimônio, como as trancas, fechaduras, portas,
por receptação, na forma dolosa ou culposa. janelas, paredes, sendo a destruição total ou parcial e desde
É possível o concurso do crime de furto com diversos que a conduta atinja diretamente o obstáculo. Assim, se o
outros delitos, como o estupro, ou mesmo a subtração de agente para furtar um veículo, quebra o vidro, não pratica o
coisas de diversas pessoas. crime qualificado, mas, se a destruição foi, no mesmo exemplo,
Em algumas hipóteses, o crime de furto absorve outros, para subtrair coisas que estavam no interior de veículo, a
como a violação de domicílio, o dano, o estelionato, no caso de qualificadora persiste. Mas se ação visa um dispositivo de
subtração de talão de cheque, embora, no último exemplo, haja segurança de veículo, como alarme, ou trinco, estará presente
entendimento contrário. Se a coisa furtada foi documento que, a qualificadora.
posteriormente, foi falsificado, haverá concurso material entre O fato de o agente retirar a porta, desaparafusando, sem
o furto e a falsificação. destruí-la, não caracteriza a qualificadora, o mesmo ocorre
Por furto de uso deve entender-se a conduta da pessoa que com a retirada de telhas.
se apossa da coisa com a finalidade de utilizá-la Para comprovação do crime é fundamental o exame
momentaneamente e, já que o legislador exige a intenção pericial.
definitiva na conduta do agente, não está caracterizado o crime A segunda qualificadora é o abuso de confiança, previsto
de furto, havendo entendimento contrário. Para a no inciso II, caracterizada pela diminuição da vigilância sobre
caraterização do uso, na subtração, é necessário que o agente a coisa devido a esta confiança de que o agente não praticará a
a devolva da mesma forma que a subtraiu, caso contrário, conduta, como o caso do vigia contratado para cuidar de uma
haverá crime de furto. residência, da empregada doméstica que fica sozinha em casa,
A subtração de energia, seja ela de qualquer natureza, enquanto os patrões trabalham, sendo necessário, que além do
também caracteriza o crime de furto, pois o legislador vínculo empregatício, haja a confiança depositada no agente.
equiparou a energia a coisa móvel. Se o agente desvia energia Outra qualificadora no mesmo inciso é a fraude,
praticará furto, mas, se obtém, com artifícios, levando a vítima consistente num meio enganoso, num artifício utilizado pelo
a erro, praticará estelionato. agente, obtendo a posse devido a esse artifício, como a pessoa
O § 1º do artigo 155, prevê uma agravante específica, que se veste com uniforme da empresa de emergia elétrica, a
tratando do furto praticado durante o repouso noturno, com fim de penetrar no interior da residência e subtrair a coisa.
aumento de pena de 1/3, porque neste período é precária a Não se pode confundir o furto através de fraude com o
vigilância sobre a coisa. estelionato-furto, onde o artifício é utilizado para que a vítima
Repouso noturno não significa noite, que se caracteriza entregue a coisa.
pela ausência da luz solar, enquanto aquela significa o período
O terceiro caso é quando a vítima se encontra em Roubo e extorsão são crimes diversos e a diferença reside
transporte de valores, sendo o agente conhecedor desta no sentido de que no roubo há a subtração da coisa, através do
circunstância, pois, estas pessoas são as mais visadas na emprego da violência e, na extorsão, a violência é empregada
prática do crime em estudo. É natural que, para o para que a vítima entregue a coisa.
reconhecimento da qualificadora é necessário que o valor Se o crime é praticado para salvaguardar algum direito,
transportado não seja daquele que o realiza e que o agente será o caso de exercício arbitrário das próprias razões em
conheça a realização do transporte. concurso com a violência.
No caso de existência de duas ou mais qualificadoras, no Em relação à possibilidade de concurso no crime de roubo,
mesmo crime, uma delas servirá para qualificar, a outra, como diversas são as situações em que se encontra presente.
circunstância judicial para aplicação da pena. Em primeiro lugar é importante lembrar que todos os
A lesão corporal de natureza grave também qualifica o crimes componentes (furto, ameaça, lesões leves), são
roubo, conforme previsão do § 3º, 1ª parte do artigo 157. absorvidas pelo roubo.
Lesões graves são as previstas no artigo 129, §§ 1º e 2º do C.P., No caso de sequestro da vítima, sendo elemento do crime
desde que decorrente da violência. Pela disposição de nosso de roubo, é por este absorvido, entretanto, caso ocorra após a
código, não é possível, reconhecer-se as qualificadoras subtração, haverá o concurso.
estudadas acima, juntamente com a ora analisada, o que Embora, em tese, é possível a continuidade delitiva neste
possibilita que uma pessoa que utilize arma para a prática do crime, a jurisprudência atual tende ao não reconhecimento da
crime, mas não cause lesão, sofrer uma pena maior do que possibilidade, por consequência, também não se aceita a
aquela que, causou a lesão de natureza grave, utilizando a continuidade entre o roubo e o furto, o latrocínio e a extorsão.
arma. Vislumbrando o exemplo e possibilidade de, num local
No caso de lesão grave, considera-se consumado o crime, onde se encontram diversas pessoas, estas são ameaçadas e
mesmo que o agente não tenha conseguido a subtração. mediante esta ameaça, o agente subtrai objetos pertencentes
Com a violência praticada pode ser que o agente cause a às vítimas, tem-se admitido no caso o concurso formal,
morte da vítima. Estamos diante do que a doutrina denomina existindo posições contrárias.
latrocínio (matar para roubar), cuja conduta vem descrita no Entretanto, se tratar-se de somente um objeto, ainda que
artigo 157, § 3º, com redação dada pela lei dos crimes diversas pessoas sofram a violência, o crime é único.
hediondos. Embora seja também atingida a vida, indiretamente, no
Embora alguns doutrinadores entendam que para que haja caso do latrocínio, a competência para julgamento é da justiça
o latrocínio o agente deve querer o resultado morte, pela comum e não do Tribunal do Júri.
redação do dispositivo, outra interpretação não pode ocorrer
a não ser no sentido de não ser necessária a intenção do EXTORSÃO: artigo 158 do CP, que contém o conceito deste
agente, basta que em decorrência da prática do crime resulte a crime.
morte, desde que esta violência tenha sido exercida para à Visa o legislador fundamentalmente, proteger o
subtração da coisa, ou para garantir a posse ou impunidade patrimônio da vítima, mas, de forma indireta também estão
dela. Por consequência, se existirem desígnios autônomos, o protegidos a liberdade e a integridade física da vítima.
agente responderá pelo crime de roubo e homicídio, em É de se notar que, no crime em estudo, o objeto material
concurso. pode ser a coisa imóvel, o que diferencia este do crime de
Não é necessário que a morte seja da vítima, mas, de roubo, onde há a subtração.
qualquer pessoa que sofra a violência, existindo, no caso, dois Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de
sujeitos passivos. extorsão, e, caso seja funcionário público, no exercício de sua
Embora haja entendimento contrário, a morte do coautor função, o crime será de concussão, ou ainda, concussão e
do crime não caracteriza o latrocínio, pois, contra ele não é extorsão em concurso.
exercida violência. Sujeito passivo é a pessoa que sofre a ameaça ou a
A consumação do crime ocorre quando há a subtração e a violência, bem como aquela que sofre o prejuízo econômico.
morte e a doutrina discute as hipóteses de não ocorrendo um A descrição objetiva prevê conduta de constranger
destes resultados, por qual crime responderá o sujeito ativo. alguém, o que pode ser feito através da violência ou da grave
Diversas soluções são apresentadas: ameaça.
No caso de serem tentados ambos os resultados o agente É necessário, segundo entendimento majoritário da
responderá por tentativa de latrocínio; se ocorrer somente a doutrina e jurisprudência, que o ato de violência ou a ameaça,
subtração e o agente tentou contra a vida na prática da seja capaz de intimidar a vítima, mas, existe entendimento de
violência, também ocorre a tentativa de latrocínio; entretanto, que a análise deverá ser feita de acordo com o homem médio.
quando ocorre a morte mas a subtração não consuma, há A forma mais comum da prática do crime de extorsão e a
divergências entre os doutrinadores. chantagem, no qual a ameaça consiste na revelação de um
Alguns entendem que o agente responderá por crime de segredo.
furto tentado em concurso com homicídio qualificado, pois, A vantagem a ser obtida pelo sujeito ativo deve ser injusta,
praticado para garantir a impunidade de outro crime. Outros pois, se justa, o crime será de exercício arbitrário das próprias
entendem ser uma tentativa de roubo em concurso com o razões, ao qual pode ser somada as penas equivalentes à
homicídio qualificado; existe entendimento no sentido de violência.
tratar-se somente de homicídio; de latrocínio tentado e, por Prevendo o legislador a violência e grave ameaça, somente,
fim, de latrocínio consumado, posição que, embora em não caracteriza o crime, o constrangimento através de fraude.
desacordo com a legislação é a dominante. Por fim, a violência ou grave ameaça deve ser empregada para
Caso o agente, na violência, não pretendia o resultado que a vítima pratique ou deixe de praticar algum ato.
morte, (preterdolo), responderá pelo latrocínio tentado Se o ato praticado pela vítima for nulo, como consequência,
(roubo seguido de morte). não gera efeitos jurídicos e, portanto, não poderá o agente
Existe posição contrária, mas, no caso de mais de uma obter vantagem econômica e, tem-se, no caso o crime
vítima o latrocínio será único. impossível, entretanto, de forma indireta pode ser que o
Distinções podem ser apresentadas, como o exemplo da agente consiga a vantagem com o ato nulo, de forma indireta,
trombada que, segundo entendimento de uns é furto e de e, assim, estará caracterizado o crime.
outros é roubo. A subjetividade exige a conduta de constranger, mediante
a prática de violência ou grave ameaça, a fim de que a vítima
faça ou deixe de fazer alguma coisa, acrescido do dolo Quando a lei se refere a resgate, automaticamente se pensa
específico que é a intenção de obter uma vantagem econômica em dinheiro, mas, nem sempre a vantagem consiste em
ilícita. dinheiro, podendo ser qualquer outra utilidade.
Em relação à consumação do crime existem duas Como condição deve se entender a exigência da prática de
correntes na doutrina, havendo entendimento de que a algum ato que redunde em lucro (vantagem econômica, mas,
extorsão se consuma quando o agente faz ou deixa de fazer que não seja a entrega de dinheiro, como a assinatura de uma
alguma coisa, ou permite que alguém faça. Num segundo promissória.
entendimento a consumação ocorre quando o agente obtém a A consumação do crime ocorre com o arrebatamento da
vantagem econômica, sendo a primeira posição a dominante. vítima, não sendo necessária a obtenção do resgato, por tratar-
Sendo considerada a extorsão, um crime formal, somente se de crime formal, de consumação antecipada.
ocorrerá a coautoria e a participação, antes do agente agir ou Mesmo sendo um crime formal, a tentativa é possível,
deixar de agir e, a atividade posterior consistirá em crime como no caso do agente é preso quando tenta arrebatar a
autônomo. vítima.
A tentativa é possível, como exemplo cita-se o caso de a Prevê o legislador formas qualificadas para o crime em
ameaça não chegar ao conhecimento da vítima. estudo.
Existem qualificadoras para o crime de extorsão a A primeira hipótese é quando a privação da liberdade dura
primeira delas é ter sido o crime praticado por duas ou mais mais de 24 horas, por haver um dano maior à liberdade do
pessoas e quando há o emprego de arma. Os estudos realizados indivíduo, bem como maior sofrimento para a família ou entes
em relação às qualificadoras do roube devem aqui ser queridos.
aplicados. O segundo caso é ser a vítima do sequestro menor de 18
No caso deste crime, sendo a vítima menor de 14 anos, de anos, por terem estes menor possibilidade de resistência.
acordo com o E.C.A, haverá o aumento de 1/3 da pena. O crime quando é praticado por quadrilha ou bando,
No caso de resultar lesão corporal de natureza grave, ou também é qualificado, por ser mais fácil a prática do crime
morte, serão aplicadas as mesmas penas do roubo qualificado nestas circunstâncias, sendo necessário que os componentes
pelo resultado. estejam reunidos para a prática de crimes, o que dá
É difícil a distinção entre o crime de extorsão e o de roubo, possibilidade da punição pelo crime de extorsão mediante
uns entendendo que a diferença reside no fato do roubo ser sequestro e de formação de quadrilha ou bando em concurso.
uma subtração, enquanto que na extorsão a vítima é quem O resultado também qualifica o crime de extorsão
pratica o ato. Outros que na extorsão sempre existe uma opção mediante sequestro, no caso de resultar lesão corporal de
para a vítima, enquanto que no roubo, isto não ocorre. Há natureza grave, ou morte, sendo que, neste último caso, a pena
aqueles que sustentam que a distinção se encontra no fato de será de 24 a 30 anos de reclusão, a maior estabelecida em
que no roubo a vantagem é imediata, enquanto que na nossa legislação penal. Entretanto, para que esteja presente a
extorsão é futura. qualificadora, necessário se faz que a morte seja do
Pode ser distinguido, também o delito de extorsão do sequestrado, pois, se outro morrer, haverá crime de homicídio
estelionato, pois, neste a vantagem é obtida mediante fraude, em concurso com a extorsão mediante sequestro.
enquanto que, naquele, a vantagem é resultado da violência ou Não é necessário que a morte ou lesão corporal grave
grave ameaça. decorra da violência para o sequestro, mas também, através
Por fim, cumpre consignar que é possível a continuidade dos maus tratos e do modo da privação da liberdade, sem se
delitiva neste crime. importar se a morte adveio de dolo ou culpa.
Além das qualificadoras o legislador também coloca
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO: a previsão se agravantes no crime, quando praticado contra vítima não
encontra no artigo 159 do CP com as modificações realizadas maior de 14 anos, contra alienada ou débil mental, desde que
pela lei de crimes hediondos. o fato seja conhecido pelo agente e se a vítima por qualquer
O objetivo do legislador á a proteção do patrimônio, mas, outro motivo está impossibilitado de oferecer resistência.
pela descrição, não deixa ele de proteger, ainda que de forma Existem também um caso de redução obrigatória da
indireta, a liberdade individual, a integridade física e a vida da pena, quando o crime é praticado por quadrilha ou bando e u
vítima. dos componentes delata os outros a ponto de ficar fácil o
Pode figurar como sujeito ativo qualquer pessoa que esclarecimento do crime e a liberação da vítima, devendo a
pratique qualquer dos elementos subjetivos contidos no tipo, pena ser diminuída somente quando a polícia consegue
mesmo quando se tratar de funcionário público, quando sua libertar a vítima.
finalidade foi privar a liberdade da vítima para obter uma
vantagem. EXTORSÃO INDIRETA: a previsão se encontra no artigo
São sujeitos passivos do crime tanto a pessoa que é 160 do CP e o conceito é: exigir ou receber como garantia de
sequestrada, como aquela que sofre o prejuízo econômico. dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode
A descrição objetiva exige a conduta de sequestrar, que dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
nada mais é do que privar a liberdade da pessoa, mesmo que terceiro. Exemplo é o do agente (agiota) que, para garantir
por pouco tempo e, enquanto durar a privação, o crime estará uma dívida pega uma declaração da vítima na qual ela confessa
se consumando, por ser infração permanente. a prática de um crime.
Dúvida existe na possibilidade da pessoa privar a liberdade Tem por objetivo o legislador a proteção do patrimônio da
da vítima não através do sequestro, mas de cárcere privado, vítima, mas também, sua liberdade individual.
havendo entendimento que, no segundo caso, está Sujeito ativo é qualquer pessoa que exige ou recebe a
descaracterizada a infração, se bem que o melhor garantia, mesmo o terceiro. Pratica o crime a pessoa que exige
entendimento é de que o cárcere privada é espécie do qual o garantia para interceder junto a credor para a liberação de um
sequestro é gênero, permanecendo, assim, o crime. empréstimo.
A subjetividade exige o dolo, qual seja, a vontade de Sujeito passivo é a pessoa que cede ou oferece a garantia.
sequestrar, acrescido do elemento subjetivo que é o de obter a A descrição objetiva exige as condutas de exigir ou
vantagem para si ou para outrem, vantagem esta que deve ser receber, portanto, crime de ação múltipla, praticando o crime
apreciada economicamente. Se por ventura a vantagem for a pessoa que incorrer em uma das ações.
devida pela vítima, teremos o crime de exercício arbitrário das Existe também o objeto material, consistente no
próprias razões. documento oferecido ou entregue pela vítima.
O legislador exige que o documento seja passível de dar O objetivo do legislador é proteger a posse de uso e gozo
início a um procedimento criminal, mas não exige que este de águas particulares ou comuns, consideradas imóveis
procedimento seja iniciado. enquanto anexas ao solo.
Para a caracterização do crime é indispensável que o Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que
agente abuse da situação de dificuldade da vítima, não pratica as condutas descritas, mas, o normal é que tal crime
existindo o abuso, estará descaracterizado o crime. ocorra entre vizinhos que se utilizam da mesma água.
A subjetividade consiste no dolo, na vontade de exigir ou O sujeito passivo é a pessoa que tem a posse da água para
receber o documento que pode dar causa a início de uso e gozo.
procedimento criminal, aliado ao elemento subjetivo que é a A descrição objetiva prevê objeto material, a água, que
garantia de dívida, se este não estiver presente o crime será de pode consistir num rio, ou lagoa, lago, represa, nascentes, etc.,
constrangimento ilegal. sendo consideradas alheias as águas todas aquelas que não
A consumação ocorre no momento em que o documento pertença ao agente e comuns, àquela que é utilizada pelo
é exigido ou recebido, sendo que no primeiro caso trata-se de agente, mas, também, por outras pessoas.
crime formal e a tentativa somente é possível quando a As condutas previstas são desviar, que significa mudar de
exigência é por escrito, enquanto que, no segundo caso, é crime rumo, ou represar, que significa conter em determinado local.
material, onde é perfeitamente cabível a tentativa. A subjetividade exige o dolo, vontade de desviar ou
Alguns entendem que, não conseguindo o agente o represar a água, acrescida do dolo específico, de obter o
recebimento do crédito e utilizando o documento, pratica proveito próprio ou para terceiro.
crime de denunciação caluniosa em concurso, entretanto, este A consumação do crime ocorre no momento do desvio ou
não é o entendimento correto, pois o crime de extorsão já do represamento e a tentativa é perfeitamente possível.
ocorrera anteriormente e a ato consistiu e exaurimento Se na conduta for utilizada violência o agente responderá
daquele e, portanto, fato posterior não punível. por ela e, caso haja inundação o crime será o previsto no artigo
254 do C.P.
DA USURPAÇÃO A exemplo do crime anterior, caso não haja emprego de
violência e a propriedade for privada a ação será privada e, nos
DA USURPAÇÃO: Se nos artigos anteriores o legislador demais casos, pública incondicionada.
protegeu o patrimônio do indivíduo em relação às coisas
móveis, a partir destes artigos, a seguir estudados, o legislador ESBULHO POSSESSÓRIO: Este crime vem previsto no
protege o patrimônio com vistas as coisas imóveis. São eles: artigo 161, § 1º, inciso II do C.P. que incrimina a conduta de
ALTERAÇÃO DE LIMITES: cuja previsão se encontra no quem invade com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
artigo 161, "caput" do CP com se seguinte conceito: Suprimir mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo edifício alheio para o fim de esbulho possessório.
de linha divisória, para apropriar-se no todo ou em parte, de O objetivo do legislador, mais uma vez é a proteção do
coisa imóvel alheia. A pena é de detenção de 1 a 6 meses, além patrimônio representado pelos bens imóveis e, indiretamente,
da multa. a integridade física e a liberdade individual da vítima.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa, com exceção do
imobiliário, visando de modo direto a posse e indiretamente a proprietário, sendo perfeitamente admissível a prática do
propriedade. crime por parte do condômino.
Pode ser sujeito ativo a pessoa que suprime o marco ou Sujeito passivo do crime é o possuidor do imóvel ou seu
outro sinal de divisória, fato que, a princípio indica que proprietário.
somente o vizinho possa praticar o crime, mas, numa análise A descrição objetiva prevê a conduta de invadir, que nada
mais profunda se verifica que o futuro comprador de uma área mais é que entrar, mas, a invasão deve ser através de violência
pode perfeitamente praticar o crime, bem como o condômino. ou grave ameaça a pessoa e, em não havendo violência, que a
Sujeito passivo é o proprietário ou o possuidor da coisa. prática do crime seja realizada por concurso de mais de duas
A descrição objetiva exige a presença de objeto material, pessoas, que indica a participação de no mínimo quatro
que é o tapume, como cercas e muros, marcos como tocos ou pessoas, mais de duas, que equivale a três e o agente,
barras de cimento e outro sinal indicativo de linha divisória. totalizando quatro.
A conduta é suprimir, fazer desaparecer ou deslocar, O objeto material é o terreno ou o edifício alheio, quer
mudando de lugar, modificando, assim, os limites do imóvel. sejam rurais ou urbanos.
Como a lei é omissa no caso de colocação de tapume ou Como subjetividade deve estar presente o dolo, vontade
marco novo, esta conduta não caracteriza o crime. de invadir, com a finalidade específica de assumir a posse do
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de alterar imóvel.
o limite, aliado ao elemento subjetivo do injusto, que é a A consumação do crime ocorre quando o agente entra, se
vontade de se apossar do imóvel. Se não estiver presente o for sua intenção o apossamento do terreno ou edifício e a
crime será outro. tentativa é possível.
A consumação ocorre com a supressão ou deslocamento Distinção que deve ser lembrada ocorre quando, o agente,
do sinal divisório, mesmo que o agente não consiga se tem algum direito sobre a coisa, o crime praticado será de
apropriar da coisa. exercício arbitrário das próprias razões e, quando se tratar de
A tentativa é possível. unidade imóvel do Sistema Financeiro de Habitação o crime
Caso haja o emprego de violência, o agente responderá está previsto no artigo 9º da Lei 5.741/71 e o julgamento
pela violência praticada em concurso. estará afeto à Justiça Federal.
A ação penal é privada, mas, se houver emprego de No caso de emprego de violência, o agente responderá
violência e a propriedade não for privada a ação será pública pelas penas correspondentes, em concurso.
incondicionada. A ação penal é pública incondicionado quando houver o
emprego de violência ou se o imóvel for público, nos demais
USURPAÇÃO DE ÁGUAS: A conduta deste crime vem casos a ação penal é privada.
descrita no artigo 161, § 1º do C.P. com a seguinte redação:
quem desvia ou represa em proveito próprio ou de outrem
água alheia.
propriedade sua, mas onde terceira pessoa exerça a posse ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO:
legítima. Crime previsto no artigo 166 do C.P.
Sujeito passivo é o proprietário ou o legítimo possuidor O objetivo do legislador é idêntico ao anterior.
da coisa. Sujeito ativo: idem anterior
A descrição objetiva obriga à análise de duas condutas a Sujeito passivo: idem anterior
primeira é introduzir, ou seja, colocar para dentro o animal A descrição objetiva exige conduta de alterar, que implica
que se encontra fora. Já a conduta deixar, implica em não em modificar o local que é protegido de forma especial, quer
retirar os animais que já se encontravam dentro da altere sua substância ou sua aparência, quer seja o local
propriedade alheia. natural ou de produção humana, se relacionando o crime às
O legislador utiliza o termo animais no plural, mas não chamadas coisas imóveis, não prevalecendo sobre às móveis.
implica que a introdução seja de diversos animais, pode ser Verifica-se a presença de elemento normativo, no termo
somente um, pois o legislador quando fala animais quer dizer, sem licença da autoridade competente.
de qualquer espécie. Como subjetividade exige-se o dolo, ou seja, a vontade de
Como objeto material tem-se a propriedade alheia. praticar a conduta descrita no tipo, aliada ao conhecimento de
No caso deste crime o legislador exige a ocorrência efetiva que a coisa é protegida de maneira especial.
de prejuízo e, caso não houver este o crime estará A consumação ocorre com a alteração do local e a
descaracterizado. tentativa é possível.
No artigo se identifica, também, um elemento normativo, Como concurso pode se apresentar com o crime de dano,
pois a conduta será lícita se houver consentimento de quem de quando a alteração se der por uma das modalidades previstas
direito. naquele crime.
Na subjetividade deve estar presente o dolo, que consiste Pode haver, também, a prática de uma contravenção
na vontade de realizar uma das condutas descritas, não contra a fauna.
havendo necessidade de finalidade especial, mas se existir A ação penal é pública incondicionada.
esta, poderá estar caracterizando-se outro crime, como o
exemplo do proprietário de animais que introduz estes em DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA:
propriedade alheia para alimentá-los, praticando crime de
furto. APROPRIAÇÃO INDÉBITA: a apropriação indébita
A consumação do crime ocorre com o prejuízo, portanto, considerada está prevista no artigo 168 do C.P., com o seguinte
é impossível a tentativa, pois ou há prejuízo e o crime se conceito: Apropriar-se de coisa alheia móvel de que tem a
consuma, ou não há e teremos um fato atípico. posse ou a detenção, pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
A ação penal é privada. Da definição pode-se extrair, a princípio que, para a prática do
crime o agente deve ter a posse ou detenção da coisa e que a
DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, tenha obtida de maneira legítima.
ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO: Artigo 165, que define o Tem por objetivo o legislador, mais uma vez, proteger o
crime como destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada patrimônio da vítima, principalmente a propriedade, mas, de
pela autoridade competente em virtude de valor artístico, forma indireta a posse da coisa móvel.
arqueológico ou histórico. Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que
Tem por objetivo o legislador proteger o patrimônio esteja na posse ou detenção da coisa móvel, alheia, desde que
ideológico da nação, defendendo as coisas de interesse posse legítima, portanto, o coerdeiro e o coproprietário,
comum. podem ser sujeito ativo.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa, inclusive Sujeito passivo do crime, em regra, é o proprietário, mas,
o proprietário, por ter a coisa interesse público. toda pessoa que sofrer a perda da coisa, como o possuidor,
Sujeito passivo é a União, estado ou município e, ainda, o será considerado vítima do crime. Para não errar, considera-
proprietário, quando não for sujeito ativo. se vítima do crime de apropriação indébita, aquele que sofre o
A descrição objetiva prevê as mesmas condutas para o prejuízo.
dano simples, com diferença no objeto material, que, no caso, A descrição objetiva prevê como objeto material a coisa
é a coisa tombada. alheia móvel, em regra infungível, pois, as coisas fungíveis
A título de subjetividade exige o legislador o dolo, vontade somente podem ser objeto material quando entregues para
de praticar uma das condutas, acrescido do conhecimento a transmissão a terceiros e são apropriadas pelo intermediário,
respeito do tombamento da coisa. assim, o dinheiro, quando emprestado não pode ser objeto
A consumação e a tentativa ocorrem nas mesmas material do crime, mas, no caso de cobradores que se
hipóteses enumerados no dano simples. apoderam da quantia recebida e não entregam ao credor, o
No tocante ao concurso de crimes dúvida surge quando se crime existe. Os direitos e ações só podem ser objeto quando
tratar de coisa pública tombada, pois, é qualificado o dano representados por algum título e, se a coisa não tem valor
contra esta coisa, com previsão de pena maior do que a econômico ou sentimental não haverá crime.
estabelecida neste artigo. Existem doutrinadores que O imóvel não é objeto material deste crime.
entendem que o agente, no caso responderá pelos dois crimes Deve estar presente o pressuposto da posse ou detenção
em concurso formal, outros entendem que a responsabilização anterior e legítima da coisa. Como posse deve entender-se a
será pelo crime do artigo 165, porque é especial em relação ao relação da pessoa com a coisa ou o exercício de poder em
dano qualificado. relação a ela, desde que haja utilização econômica. Como
Por força do artigo 5º da Lei 3.924/61, o dano causado ao detenção deve se entender o fato da pessoa que conserva a
patrimônio arqueológico ou pré-histórico, fica sujeito a penas posse em nome de terceiro, quer por submissão a ordens, quer
idênticas. por permissão ou tolerância.
A ação penal é pública incondicionado e, quando tratar-se Tanto a posse quanto a detenção devem preexistir ao
de interesse nacional, o julgamento do crime ficará afeto à crime.
Justiça Federal. Deve ser direta a posse para que caracterize o crime, assim,
o locador e o devedor não podem pratica-lo.
A detenção, para a caracterização do crime não pode ser
vigiada, caso contrário, haverá furto.
O elemento subjetivo geral é o dolo, representado pela § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica
vontade consciente de deixar de repassar à previdência social aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
as contribuições recolhidas dos contribuintes. dos acessórios, seja superior àquele estabelecido,
Trata-se de crime instantâneo, eis que a sua consumação administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
se verifica no mesmo instante em que se vence o prazo para o de suas execuções fiscais.
agente efetuar o recolhimento e deixa de repassar a quantia a
quem de direito. Isso significa que não há uma continuidade PERDÃO JUDICIAL: No parágrafo terceiro do referido
temporal, a exemplo do que ocorre no sequestro. artigo há o chamado Perdão Judicial, sendo então facultado ao
Segundo Castro, o crime pode ser continuado se Juiz deixar de aplicar de pena ou somente aplicar a multa se o
persistirem os repetidos atos omissivos. agente for primário e de bons antecedentes, desde que tenha
Ele é monossubsistente porque se realiza com um só ato promovido após o início da ação fiscal e antes de oferecida a
(deixar de repassar). Difere, portanto, dos crimes denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária,
plurissubsistentes, a exemplo, do crime de estelionato que inclusive acessórios, ou que o valor das contribuições devidas,
exige o emprego da fraude e, ainda, a vantagem ilícita em inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
prejuízo alheio. pela previdência social, administrativamente, ou como sendo
Via de regra, a competência para apurar essa infração é da o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Como
Justiça Federal, conforme o art. 109, IV, da CF. vimos, caso o sujeito ativo pague a contribuição social será
extinta a sua punibilidade, não havendo que se falar em perdão
Em resumo, trata-se o presente delito de: judicial. Na segunda hipótese, consoante a Portaria nº 75, de
a) Crime próprio (exige qualidade ou condição especial do 22 de março de 2012, do Ministério da Fazenda, o valor
sujeito ativo, o substituto tributário, no caso do caput); mínimo para ajuizamento de execução fiscal é de R$ 20.000,00.
b) Formal (para sua consumação não se exige resultado
naturalístico); FORMA PRIVILEGIADA DO CRIME: Referido delito está
c) Omissivo (a ação tipificada implica abstenção de incluso no capítulo V, do Código Penal, o qual dispõe sobre os
atividade – “deixar de”); crimes contra o patrimônio, sendo então aplicável o artigo 170,
d) Instantâneo (a consumação não se alonga no tempo, do CP, o qual remete ao artigo 155, §2º, do mesmo código, que
ocorrendo em momento determinado); diz:
e) Unissubjetivo (podem ser praticado por uma única
pessoa, como a maioria dos crimes, que não são de concurso “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
necessário); e furtada, o Juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
f) Monossubsistente ou unissubsistente (praticado em um detenção diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
único ato dificilmente poderá caracterizar-se a figura tentada). somente a pena de multa”.
CP -168-A (...)
(...)
APROPRIAÇÃO DE TESOURO: artigo 169, parágrafo A distinção mais importante é no sentido de que na fraude
único, inciso I. civil o agente visa somente um lucro maior num negócio lícito,
Protege o legislador a propriedade do tesouro. enquanto na fraude penal o agente visa uma vantagem
É sujeito ativo aquele que encontra o tesouro, com exceção indevida.
do proprietário das terras onde foi encontrado. O que deve ser lembrado é que, na essência, a fraude é uma
Descrição objetiva: objeto material é o tesouro, de onde só.
se excluem as jazidas e minas de metais preciosos. A conduta é O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, de
apropriar-se do tesouro, pois o proprietário do imóvel onde foi forma indireta, protege a regularidade dos negócios jurídicos.
encontrado tem direito a 50% do que foi encontrado. Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, crime comum,
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de não inclusive terceiro beneficiado pela conduta, desde que agindo
entregar a cota da qual o proprietário tem direito, desde que de má-fé.
ele tenha autorizado a pesquisa, pois, caso contrário haverá Sujeito passivo é a pessoa que sofre o prejuízo
furto. patrimonial, embora outra possa ser enganada na conduta,
Na consumação e tentativa devem ser utilizados os devendo ser sempre pessoa determinada, pois, se
mesmos conhecimentos dos artigos anteriores. indeterminada o crime será contra a economia popular.
A descrição objetiva prevê conduta de empregar meio
APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA: artigo 169, parágrafo fraudulento que consiste no ardil, artifício ou qualquer outro
único, II. meio.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, Deve-se entender como artifício o método utilizado para
indiretamente a posse de coisa móvel. modificar a aparência material de alguma coisa para que, com
Qualquer pessoa que encontra a coisa alheia perdida pode esta aparência a vítima seja levada a erro e sofra o prejuízo, tal
ser sujeito ativo do crime. como a utilização de um documento falsificado.
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor da coisa Ardil é a utilização da astúcia, da conversa, sem
perdida. modificação na aparência da coisa, mas sim, na aplicação da
Descrição objetiva: objeto material é a coisa alheia facilidade da fala para, com ele, levar a vítima a erro, tal como
perdida (extraviada) e diverge da coisa esquecida, a qual o a mentira utilizada para convencer a vítima a praticar ato que
dono pode saber onde se encontra, também defere de coisa termine em seu prejuízo.
abandonada, que não caracteriza o crime. Para concluir a lei fala em outro meio fraudulento, que
A conduta é dupla, em primeiro lugar a vítima deve pode ser definido como aquilo que leve a vítima a erro,
encontrar a coisa e, posteriormente deve haver a apropriação. causando o prejuízo, que não consista em artifício ou ardil, tal
Neste ponto tem o agente a obrigação de restituir a coisa, como o silêncio a respeito de determinado fato.
quando conhecer o dono ou se desconhecer, a obrigação de Qualquer que seja o meio empregado, deve ser ele apto a
entregar à autoridade competente no prazo de 15 dias, sendo enganar a vítima e, esta aptidão é determinada de acordo com
possível a prática do crime antes deste prazo quando o agente o caso concreto e com as condições da vítima, portanto, de
manifesta a intenção de fazer como sua a coisa. forma subjetiva, havendo entendimento em contrário, assim,
A subjetividade exige o dolo, que não pode ser confundido uma falsificação grosseira de determinado documento é meio
com negligência. inidôneo e não caracteriza o crime.
Pode ocorrer, neste caso, o erro sobre a ilicitude do fato, A conduta é induzir e manter alguém em erro, sendo que
como o velho ditado popular de que o achado não é roubado. induzir significa criar a situação para levar ao erro, em
Consumação e tentativa idem ao anterior. sínteses, é o fato de criar o erro e, manter alguém em erro é
A privilegiadora do artigo 155, § 2º é aplicada. aproveitar-se de um erro pré-existente, empregando o meio
para que a vítima permaneça no erro.
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES O objeto do crime é a vantagem a ser obtida com a conduta,
qualquer que seja ela, sendo para o agente ou para terceiro, e,
ESTELIONATO: ilícita, pois, se devida o crime será de exercício arbitrário das
Ainda dentro dos crimes contra o patrimônio temos o próprias razões.
estelionato, caracterizado pela não utilização de violência, O prejuízo efetivo deve estar presente para caracterização
mas, do aproveitamento intelectual de uma sobre outra do crime.
pessoa, através da utilização de um meio enganoso, que causa É comum a chamada fraude bilateral nos crimes de
prejuízo à vítima. estelionato, pois, na maioria das vezes o meio fraudulento
Prevê o legislador diversas condutas na qual o agente empregado da aparência de um lucro excessivo para a vítima
utiliza-se da malícia para a obtenção da vantagem indevida, que, em tese, também é indevido. Os doutrinadores discutem
sendo a primeira a constante do artigo 171, conhecido como se na existência desta fraude, o crime de estelionato estaria
estelionato simples. descaracterizado, pois, tanto agente como vítima pretendiam
O conceito do crime é: Obter, para si ou para outrem, uma vantagem ilícita. Os argumentos são contundentes nos
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo dois sentidos, entretanto, é bom lembrar que a vítima, mesmo
alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro tendo a intenção, nunca conseguiria a vantagem, bem como,
meio fraudulento, cuja pena imposta é de reclusão de 1 a 5 não haveria prejuízo em hipótese alguma e, portanto, não há a
anos, além da multa. prática de crime, devendo a agente ser punido pela conduta
Em primeiro lugar, deve-se buscar o entendimento do praticada contra a vítima.
significa de fraude, lembrando que ela pode estar presente em A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de
qualquer ato humano, mas, às vezes, tem consequência civil, induzir ou manter a vítima em erro, aliado à finalidade
enquanto em outras haverá sanção penal. específica de obter a vantagem indevida para si ou para
Portanto devemos diferenciar, ainda que única, a fraude outrem.
civil da fraude penal. A primeira diferenciação oferecida é a de A consumação ocorre no momento em que o agente
que a fraude civil lesa somente o indivíduo individualmente, a obtém a vantagem indevida e, como consequência, o prejuízo
ponto de a conduta não interferir na vida social, enquanto a da vítima e o ressarcimento do dano não exclui o crime,
fraude penal, além do prejuízo causado individualmente à caracterizando apenas diminuição da pena.
pessoa, causa distúrbio na convivência pacífica da sociedade.
A tentativa ocorre quando o agente emprega o meio apto ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA
a induzir ou manter alguém em erro, mas, não consegue obter PRÓPRIA: Artigo 171, § 2º, inciso II.
a vantagem. Sujeito ativo do crime é o proprietário da coisa, portanto,
Algumas distinções devem ser apresentadas em relação crime próprio.
ao crime de estelionato. Sujeito passivo é aquele que sofre o prejuízo com a
A primeira delas é em relação ao crime de furto com conduta do sujeito ativo, que podem sem a pessoa que tinha a
fraude, pois, nesta há a subtração e, naquele, a entrega coisa como garantia, ou aquele que a recebeu através deste ato
espontânea da coisa. que pode ser anulável e, conforme o caso, nulo.
Também não se confunde com a apropriação indébita, pois, A descrição objetiva prevê condutas idênticas ao crime
neste o dolo ocorre após a posse legítima da coisa, enquanto anterior, vender, permutar, dar em pagamento, etc. e,
no estelionato o dolo é utilizada para obtenção da posse da portanto, independem de comentários. A diferença reside no
coisa. objeto material que, no crime anterior era coisa alheia e, aqui,
Utilização em grande escala o cheque falsificado para a coisa própria inalienável, que significa que não pode ser
prática do estelionato e há discussão no sentido de que o negociada por força da lei, convenção, testamento. A coisa
agente deverá responder por estelionato somente, ou só pela gravada de ônus é aquela sobre a qual recai uma garantia real,
falsificação ou, ainda, pelos dois crimes em concurso. O como hipoteca, anticrese, penhor, enfiteuse, servidão,
entendimento dominante é de que o agente responda somente usufruto, etc. A coisa penhorada, a exemplo do crime anterior,
pela falsidade, mas, considerado crime meio, deverá ser também não pode ser objeto material do crime, por ser a
absorvido pelo estelionato, e por fim há entendimento pela penhora, uma garantia processual e não real.
responsabilização pelos dois crimes em concurso formal e até A coisa litigiosa é aquele objeto de discussão em juízo, que
material. pode ser negociada se o comprador tomar conhecimento do
Existe, também a figura privilegiada do estelionato no litígio.
artigo 171, § 1º, quando for o agente primário e de pequeno Como último objeto, se tem o imóvel que já estava
valor o prejuízo, devendo o valor ser detectado na época da prometido à venda em prestação e é vendido para outra
consumação do crime. pessoa diversa do pagador das prestações.
A título de subjetividade exige o legislador o dolo, qual
DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA: Artigo seja, vontade de praticar uma das condutas descritas, desde
171, § 2º, inciso I, que contém a seguinte definição: Vende, que tenha conhecimento sobre o ônus ou inalienabilidade da
permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa coisa e silencia a este respeito.
alheia como própria. A consumação ocorre quando o agente obtém a vantagem
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa que pratique uma ilícita, havendo entendimento que o acordo entre as partes,
das condutas descritas, com exceção do proprietário, porque antes do oferecimento da denúncia, indica falta de justa causa
exige-se que a coisa seja alheia, entretanto, o condômino pode para o oferecimento da denúncia.
praticar o crime quando dispõe da parte que não lhe pertence. A tentativa é possível.
Sujeito passivo do crime pode ser o comprador, ou, Existem coisas que não podem ser vendidas, como as
também, o proprietário da coisa, em geral o primeiro e, para coisas fora do comércio, e que não caracterizam o crime em
ficar claro, vítima é aquele que sofre o prejuízo. estudo, mas sim outro específico (artigo 276 do CP).
A título de descrição objetiva devemos localizar o objeto
material, que, no caso é a coisa alheia móvel ou imóvel. DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR: artigo 171, § 2º, inciso III.
As condutas previstas são: Sujeito ativo deste crime é o devedor que ofereceu a coisa
1- vender, que significa transferir a propriedade da coisa, em garantia a título de penhor, mas conserva a sua posse,
mediante o pagamento do preço estipulado, conduta na qual praticando a ação em prejuízo do credor pignoratício que, no
não se enquadra a simples promessa de compra e venda. caso, será o sujeito passivo.
2- permutar, que indica uma troca. A descrição objetiva indica como objeto material a coisa
3- dá em pagamento, oferecendo a coisa para pagamento móvel que é dada em penhor. Geralmente, com a utilização
de algum débito ao invés de dinheiro. desta garantia a coisa dada é entregue ao credor, mas, em
4- dá em locação, ou seja, aluga, mediante o recebimento determinadas circunstâncias, como o crédito agrícola, a coisa
de valor a título de aluguel. fica na posse do devedor e é nestes casos que ocorre o crime,
5- dá em garantia, como o penhor, a anticrese, a hipoteca e fato que excluí o crime no caso de penhor legal, pois, aí a coisa
de onde se exclui a venda da coisa penhorada, já que a penhora sempre fica na posse do credor.
nada mais é do que instituto de garantia processual. Como conduta prevê o legislador a alienação que em tese,
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de significa transferir a propriedade através da venda, permuta,
praticar uma das condutas descritas, não se prevendo a etc. ou defraudar a coisa de outro modo. Deve-se verificar
vantagem indevida que se encontra implícita por ser uma das neste ponto que o inciso anterior prevê a conduta de
modalidades do estelionato. disposição de coisa alheia como própria, onde se incluí a venda
A consumação ocorre no momento em que o agente de coisa empenhada, havendo, no caso o conflito aparente de
obtém a vantagem, ou seja, com o recebimento do preço na normas. O entendimento pessoal é de que no caso de alienação
venda, da coisa na permuta, do aluguel na locação, no haverá o crime anterior, alienação ou oneração fraudulenta de
empréstimo na forma de dar em garantia ou na quitação, na coisa própria, porque, de acordo com a análise dos incisos,
dação em pagamento. verifica-se que o legislador tinha a intenção de incluir na
A tentativa é possível, como no caso do agente empregar definição a conduta outro modo, pelo que deve realizar a
o meio fraudulento mas não conseguir a vantagem. interpretação restritiva para excluir deste inciso a conduta
Como distinção deve ser apresentado o caso do agente alienar.
que pratica uma destas condutas com produtos de crime, onde Na modalidade outro modo, pode se incluir a ocultação ou
não há o crime, mas sim um "post factum" não punível. destruição da coisa, objeto do penhor.
Se o objeto se relacionar com o mercado de capitais, o A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de
crime será o previsto no artigo 66, § 8º da Lei 4.728/65. praticar a conduta descrita, com o conhecimento de que a coisa
é alienada e conforme elemento normativo só haverá crime se
a alienação não foi consentida pelo credor.
A consumação ocorre no momento da prática da conduta, A subjetividade exige o dolo, na vontade de destruir ou
mesmo não havendo a vantagem para o agente e a tentativa é ocultar a coisa própria, bem como no causar lesão no próprio
possível. corpo, aliado ao dolo específico, finalidade especial de obter
vantagem sobre a seguradora.
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA: Artigo 171, § 2º, inciso A consumação ocorre com a prática de uma das condutas,
IV, que oferece o conceito do crime como sendo aquele que não havendo necessidade de obtenção da vantagem e a
defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que tentativa é possível.
deve entregar a alguém. A título de distinção deve-se esclarecer que as condutas
Sujeito ativo do crime é o devedor de uma relação previstas pelo legislador podem ser produzidas através de
obrigacional, aquele que tem o dever de legal de entregar a incêndio ou explosão, bem como destruição de embarcação ou
coisa, ou seu representante legal. aeronave e, nestes casos, para os crimes específicos, prevê o
Sujeito passivo é o credor, aquele que recebe a coisa legislador uma qualificadora com eles são praticados com o
defraudada, bem como a pessoa que recebe pelo credor, não fim econômico, assim, nestes casos os agentes responderão
podendo ser pessoa indeterminada, fato que caracteriza pelo crime de incêndio ou explosão qualificados e não pelo
fraude no comércio. delito em estudo, mas, se o meio for inundação, onde não há
A descrição objetiva prevê conduta de defraudar, que esta qualificadora o agente responderá pelos dois crimes em
significa adulterar, falsificar fraudulentamente a coisa, quer na concurso formal.
sua essência (substância), quer na sua qualidade, como a Se a fraude for empregada para obtenção de benefícios da
entrega de pérolas cultivadas, no lugar das naturais, quer na Previdência Social o crime é específico, previsto no artigo 155,
quantidade, consistente na dimensão, peso, ou número. inciso IV da Lei 3.807/60 que implica pena idêntica ao
Existe no caso em tela um elemento normativo, que está estelionato "caput".
presente no pressuposto obrigação de entregar a coisa,
obrigação esta que deve derivar da lei, de ordem judicial ou de FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE:
um contrato e que também seja a título oneroso, pois, se Artigo 171, § 2º, inciso VI.
gratuito, o crime não está caracterizado. Tem por objetivo o legislador proteger o patrimônio do
A Subjetividade exige o dolo. A vontade de entregar a coisa tomador ou beneficiário (pessoa que recebe o cheque), mas, de
defraudada, desde que o agente conheça este fato, aliada à forma indireta protege também a lisura na circulação deste
existência de fraude na alteração da coisa. título de crédito que é utilizado em grande escala.
A consumação ocorre quando o agente entrega a coisa, Sujeito ativo do crime é a pessoa que emite o cheque sem
embora haja entendimento de que o crime está consumado suficiente provisão de fundos, ou, após sua emissão regular,
com a adulteração, mas o verbo núcleo do tipo é claro, retira os fundos ou lhe frustra o pagamento.
entregar, portanto, este é o momento da consumação. O endossante, pessoa que participa da circulação do título,
A tentativa é possível, como no caso da vítima, ao perceber quando emitido ao portador, embora posição contrária, não
a alteração na coisa, não a recebe. pode ser sujeito ativo do crime, pois, o verbo é emitir, sendo
Este crime não pode ser confundido com o crime de fraude que o endossante apenas da continuidade à circulação. Se o
no comércio. endossante tem conhecimento a respeito da falta de fundos e
repassa o título, pratica estelionato na sua forma fundamental.
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU Entretanto, o avalista, figura que garante o título, em
VALOR DE SEGURO: Artigo 171, § 2º, inciso V. coautoria, pode ser sujeito ativo do crime. Aquele que ajuda a
Prevê o legislador diversas modalidades de condutas. convencer o tomador a receber o cheque, sabendo não ter
Sujeito ativo do crime é o proprietário da coisa destruída fundos, responde pelo crime.
ou escondida, bem como a pessoa que causa lesão em si mesma Sujeito passivo do crime é o tomador, podendo ser pessoa
para recebimento do valor do seguro ou da indenização. É um física ou jurídica.
crime próprio, pois, somente a pessoa que contrata com a A descrição objetiva indica duas condutas. Emitir, que
seguradora pode pratica-lo, a não nos casos de coautoria, onde significa colocar em circulação o título, sabendo não haver
o coautor também será sujeito ativo e, se for na modalidade de fundos em poder do sacado, fato que excluí o mero
causar lesões, o coautor responderá, também, pelas lesões preenchimento e assinatura.
corporais, em concurso formal. O fato do agente, após a emissão, providenciar fundo,
Sujeito passivo do crime é a empresa seguradora, que tem segundo entendimento majoritário, descaracteriza o crime,
que pagar o valor a título de seguro. No caso de lesão corporal, mas, no caso de pagar o débito, após a devolução do título, o
o beneficiário do seguro ferido será vítima das lesões crime permanece e sujeito passivo será o sacado.
corporais. A outra conduta é frustrar o pagamento que pode ser feito
A descrição objetiva indica a necessidade de existência de através da retirada do fundo existente ou manifestada através
um contrato prévio de seguro, de acordo com a legislação da contraordem, desde que, neste caso, inexista a justa causa
pertinente. para a sustação.
As condutas previstas pelo legislador são: Não ocorre o crime na emissão de cheque visado porque,
1- destruir total ou parcialmente a coisa própria, que deve neste caso o sacado garante o pagamento, através da reserva
ser entendido como o dano imposto à coisa de qualquer forma. de fundos, bem como o cheque marcado, onde o sacado
2- ocultar coisa própria, caso em que o agente esconde a determina a data para pagamento, não sendo possível,
coisa, inclusive em local onde não mais possa ser encontrada, inclusive sua frustração.
lembrando-se sempre que a coisa deve ser própria. No caso do cheque especial, onde existe um limite de
3- lesionar o próprio corpo ou a saúde, que independe de crédito, sendo ele ultrapassado, segundo entendimento
explicação e majoritário, haverá o crime, mas, se o cheque está dentro do
4- agravar lesão ou moléstia já existente. limite estabelecido pelo cartão de garantia o crime não ocorre.
Ao contrário do que possa pensar-se, o objeto material do É de fundamental importância a existência de fraude para
crime não é a coisa destruída ou ocultado ou o corpo do a caracterização do crime, portanto, se o cheque foi emitido
beneficiário, mas sim, o bem patrimonial da seguradora. como promessa de pagamento (pré-datado), ou como garantia
O proveito a ser obtido pelo crime deve ser próprio, pois, de dívida, o crime não existe, fato que evidencia a inexistência
se for de terceiro, haverá o estelionato "caput". de fraude.
No caso de dívida de jogo, alguns entendem pela não A outra conduta é aceitar, ato através do qual se assume a
existência do crime, pois, ela é incobrável. obrigação de paga-la e, neste caso, exige-se que o agente tenha
A subjetividade exige o dolo, vontade de emitir o cheque, conhecimento de que a duplicata é simulada.
sabendo não haver fundos, ou frustrar-lhe o pagamento, aliado A subjetividade exige o dolo, vontade de expedir ou
à intenção de obter vantagem indevida. aceitar a duplicata simulada, assim, se o título foi emitido por
O momento de consumação deste crime é discutido na engano, não haverá o crime, ou ainda quando a expediu apenas
doutrina. Uns entendem que se consuma o crime com a como garantia de empréstimo, podendo caracterizar,
simples emissão do título, outros com a circulação, há ainda os conforme o caso o crime de usura.
que entendem que o crime se consuma no momento da A consumação ocorre quando o agente coloca o título em
apresentação e se verifica a contra ordem ou inexistência de circulação, não sendo necessário a ocorrência de prejuízo o
fundos, sendo esta última a aceita pela jurisprudência, através lucro e, por ser crime unissubsistente não se admite a
da interpretação da súmula 521 que determina como foro tentativa.
competente para a ação penal o local onde houve a recusa do Como distinção deve-se lembrar que a emissão de
pagamento Ora, se a competência se verifica, como regra, no duplicata simulada caracteriza o crime de falsidade do
local da consumação do crime, neste, praça de pagamento, documento, entretanto, esta falsificação é elemento do tipo,
deve se entender como consumado o delito. portanto, não há crime de falsidade autônomo e, se o título é
A possibilidade de tentativa também é discutida, uns emitido para obtenção de empréstimo e é intenção do agente
defendendo a possibilidade da tentativa nas duas condutas seu não pagamento, haverá estelionato.
previstas, outros, entendendo que na modalidade de emissão
não é possível a tentativa e aqueles que não admitem a FALSIFICAÇÃO DO REGISTRO DE DUPLICATAS: Artigo
tentativa em nenhuma hipótese. 172, parágrafo único.
Resta somente analisar o fato de pagar o devedor, antes do Consequência natural do crime estudado acima, mas que
oferecimento da denúncia, o valor equivalente ao cheque, se pode ter existência autônoma, consiste em falsificar ou
existe ou não o crime. Anteriormente o pagamento do cheque, adulterar a escrituração do livro de registro de duplicatas.
antes do oferecimento da denúncia, por política criminal, Sujeito ativo do crime é a pessoa que falsifica o livro, bem
descaracterizava o crime e, este entendimento chegou ao como aquele que a determina, podendo ocorrer autoria
ponto de extinguir-se a ação penal mesmo que o pagamento mediata.
fosse efetuado durante seu curso, posição que foi abandonada Sujeito passivo é o estado, titular da exigência de
através da edição da Súmula 554 do STF. Com artigo 16, que regularidade na escrituração de livros contábeis.
trata da reparação do dano, indicando que o pagamento é A descrição objetiva indica conduta de falsificar ou
causa de diminuição de pena, surgiu nova discussão a respeito adulterar, sendo a primeira a criação, no livro, do título e a
e, contrariando o disposto na lei, as decisões tendem no segunda trata-se da alteração de registro de um título emitido
sentido de faltar justa causa para a denúncia se o pagamento validamente.
foi efetuado antes dela. A consumação ocorre com a prática da conduta e a
tentativa é possível.
SÚMULA 554 do STF: o pagamento de cheque emitido Se a falsificação ocorrer antes da emissão da duplica
sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, simulada, será absorvido, a falsidade posterior será impunível.
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
ABUSO DE INCAPAZES: Artigo 173 do CP, que define o
crime da seguinte forma: Abusar, em proveito próprio ou
Como distinção pode se dizer que somente o cheque alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou
emitido pelo titular de uma conta corrente caracteriza o crime da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
em estudo, em qualquer outra hipótese, tem-se o estelionato qualquer deles a prática de ato suscetível de produzir efeito
"caput". jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro.
A título de privilégio, permite-se a aplicação do disposto O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio dos
no artigo 171, § 1º. menores e incapazes ou de terceiros a eles relacionados.
O estelionato será qualificado quando o crime é cometido Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique a
contra entidade de direito público, instituto de economia conduta.
popular, assistência social ou beneficência. Sujeito passivo é o menor de 18 anos, embora haja
entendimento de que o menor de 21 está incluído na proteção
DUPLICATA SIMULADA: Artigo 172 do CP. legal e, portanto, pode ser sujeito ativo, corrente esta
Toda venda mercantil ou prestação de serviços permite a minoritária e, sem nenhuma discussão, exclui-se os
emissão de duplica, que reflita e venda realizada ou o serviço emancipados.
prestado, título este que, aceito pelo devedor entra em Em relação aos alienados e portadores de debilidades
circulação como promessa de pagamento. O crime consiste em mentais, utiliza-se os conhecimentos ministrados quando do
emitir o referido título, sem correspondência com a venda estudo da culpabilidade, com exceção dos semi-imputáveis
efetuada ou serviço prestado. que, modernamente vem sendo excluídos.
Tem por objetivo o legislador a proteção do patrimônio e, Os silvícolas e os maiores de 70 anos somente poderão ser
de forma indireta, protege a circulação do referido título de incluídos no caso de total alienabilidade.
crédito. O terceiro que sofre prejuízo também é considerado
Sujeito ativo do crime, na modalidade de expedir é o sujeito passivo do crime.
comerciante ou o profissional liberal que presta serviços. Na Indica a descrição objetiva o verbo abusar, que significa
modalidade aceitar sujeito ativo é qualquer pessoa, seja aproveitar-se o agente da necessidade, paixão ou
comerciante ou não, podendo haver coautoria na modalidade inexperiência do incapaz, não sendo necessário ardil ou
de endosso ou aval. artifício.
Sujeito passivo é o tomador, bem como aquele que A conduta é induzir, ou seja, levar a vítima a praticar ato
desconta a duplicata ou a aceita como caução. que gere efeitos jurídicos.
A descrição objetiva indica condutas de expedir, que nada Este ato deve, ao menos criar o risco para o prejuízo
mais e do que preencher, criar a duplicata que não patrimonial da vítima ou de terceiro, por isso no caso de
corresponda à venda ou ao serviço prestado. prática de ato nulo e que, por consequência, não gera efeitos,
tem-se entendido pela inexistência do crime, mas, se mesmo colocar no objeto deixado para o conserto, outras peças, com a
assim, com a prática de ato nulo, houver prejuízo, haverá o intenção de enganar a vítima.
crime de estelionato. A subjetividade exige o dolo, vontade de vender ou
A subjetividade exige o dolo consistente na vontade do entregar a coisa falsificada ou deteriorada, presente
agente persuadir o incapaz à prática do ato, devendo o agente fundamentalmente o risco de prejuízo patrimonial.
conhecer a deficiência da vítima, aliado à finalidade específica A consumação ocorre com a entrega da coisa e a tentativa
(dolo específico) que é a intenção de obter vantagem indevida é possível, como o caso da pessoa que não recebe a coisa por
para si ou para outrem. perceber que é falsa ou deteriorada.
A consumação ocorre no momento da prática do ato pelo Ainda dentro da fraude no comércio, destacou o legislador
incapaz, mesmo sendo a conduta induzir, não sendo necessária os negócios específicos com joias e metais preciosos, por ser
a obtenção da vantagem e a tentativa é admitida. maior o prejuízo, punindo, inclusive, com penas maiores.
Na essência o crime é o mesmo, entretanto as condutas são
INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO: Artigo 174 do CP, que de alterar, que significa modificar, mudar, em obra que lhe é
apresenta semelhança com o artigo anterior. encomendada, qualidade ou peso do metal, ou, no mesmo caso,
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio, mas, substituir pedra verdadeira por falsa.
aqui, das pessoas inexperientes, simples e portadores de Prevê o legislador a fraude no comércio privilegiada,
deficiências mentais. permitindo a aplicação do disposto no artigo 155, § 2º.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, por se tratar de Distinção pode ser apresentada com o crime de fraude na
crime comum, desde que tenha conhecimento a respeito da entrega de coisa, onde o agente não é comerciante. Se a
condição da vítima. mercadoria é alimentícia ou medicinal o crime será outro,
Sujeito passivo é a pessoa inexperiente, que não tem contra a saúde pública. Se o sujeito passivo for indeterminado
vivência suficiente para enfrentar os problemas do cotidiano haverá crime contra a economia popular.
simples é aquela pessoa que não malícia, desconhecedora da
maldade que impera na sociedade e inferior mental, não OUTRAS FRAUDES: Artigo 176 do CP.
necessariamente é doente, mas aquela que não teve a O objetivo do legislador á a proteção do patrimônio dos
quantidade de informações suficientes para sua formação e, comerciantes que se dedicam a alimentação, alojamento e
portanto, são facilmente enganadas. transporte de pessoas.
A descrição objetiva indica conduta idêntica ao crime Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique
anterior, qual seja, através do abuso, induz o sujeito ativo a uma das condutas descritas.
praticar determinado ato que, para este crime é específico, Sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica que preste um
qual seja, jogo, aposta ou especulação com títulos ou dos serviços protegidos pelo legislador, bem como qualquer
mercadoria, e, neste último caso, exige do investidor um funcionário que esteja a seu serviço.
conhecimento acurado sobre o mercado de capitais. É A descrição objetiva indica as condutas de: 1- tomar
necessário que a operação será ruinosa, com prejuízo da refeição em restaurante, onde se incluem os semelhantes, bem
vítima e vantagem para o agente ou terceiro. como a ingestão de bebidas, desde que o consumo seja no
A subjetividade é idêntica ao crime anterior, exige o dolo, interior do estabelecimento, pois, fora dele o crime será de
acrescido do conhecimento a respeito da inferioridade mental estelionato (artigo 171). 2- alojar-se em hotel, ao qual se
da vítima e a intenção de obtenção de vantagem. Na equiparam as casas de hospedagem, como pensão, pensionato,
modalidade de investimento no mercado de ações e etc. 3- utilizar-se de meio de transporte, geralmente aqueles
mercadorias o agente deve saber, também, que a operação é em que a cobrança do serviço é no final, como a corrida de taxi,
ruinosa. por exemplo
A consumação ocorre quando a vítima pratica o jogo, a Se o pagamento depende da compra de bilhete de
aposta ou o investimento em operação ruinosa, mesmo que o passagem e o agente entre ou sai sorrateiramente do meio de
agente não obtenha a vantagem, nem a existência de prejuízo transporte, ou utiliza bilhete falso, haverá o crime de
para a vítima, pois, mesmo se por acaso a vítima ganhe no jogo estelionato simples
ou na aposta, o crime continuará a existir. Se por algum outro motivo o agente não paga a conta, mas
A tentativa é perfeitamente possível. havendo motivo justificado, não haverá o crime.
A subjetividade exige o dolo, que consiste na vontade de
FRAUDE NO COMÉRCIO: Artigo 175 do CP. praticar um dos verbos descritivos, tendo o agente
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, de conhecimento de que não tem dinheiro para arcar com as
forma indireta a moralidade do comércio. despesas, assim, se o agente não tem dinheiro porque
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique a esqueceu a carteira, não haverá crime. Quem consome mais do
atividade comercial, comerciante ou comerciários, tratando- que pode pagar pratica o crime.
se, pois, de crime próprio. A consumação do crime ocorre com a prática da conduta,
Sujeito passivo é a pessoa que adquire alguma coisa ou não se exigindo o prejuízo.
consome algum produto, que pode ser perfeitamente um A tentativa, embora de difícil caracterização é possível.
comerciante intermediário. Embora haja entendimento contrário o pagamento da
A descrição objetiva indica conduta de vender despesa com cheques sem fundos caracteriza o crime de
mercadoria falsificada ou deteriorada como verdadeira ou fraude no pagamento por meio de cheque, se for falsificado o
perfeita, portanto, como o legislador fala venda, os demais cheque haverá crime de estelionato.
negócios, permuta, por exemplo, estão excluídos, podendo No caso em estudo a ação penal é pública condicionada à
haver, no caso, punição por estelionato. representação.
A outra conduta é entregar uma mercadoria por outra e, aí, Em alguns casos, como a atitude famélica, poderá ser
pode haver o crime em qualquer negócio, não exigindo o aplicado o perdão judicial.
legislador que se trate de venda.
O objeto material do crime é a mercadoria, falsificada ou EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE
deteriorada, desde que o agente se utilize de fraude para DEPÓSITO OU "WARRANT": Artigo 178 do CP.
enganar a vítima, tendo, pois, conhecimento a respeito da O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e,
falsidade ou deterioração. Exemplo do crime é o fato da pessoa indiretamente, a regularidade comercial.
A consumação do crime ocorre no momento em que o o Distrito Federal, as autarquias e as fundações públicas na
agente pratica uma das condutas descritas e, na modalidade de previsão de aplicação de pena em dobro para os casos de
influir, no momento em que o agente inicia a influência, receptação previstas no rol do respectivo parágrafo, como
ocorrendo o crime mesmo que não consiga convencer ao forma de sanar a lacuna existe na legislação, que nada
terceiro, tratando-se, em qualquer das modalidades, no influir, mencionava especificadamente sobre tais Entes, causando
de crime formal, embora haja entendimento de que para a inúmeras discussões na doutrina e jurisprudência.
consumação, no último caso, o terceiro deve adquirir, receber No entanto, necessário se faz destacar que hipótese
ou ocultar a coisa. majorante prevista no § 6º do artigo 180 somente será
A receptação própria, por ser crime material admite a aplicada para os casos de receptação simples, própria ou
tentativa, o que não ocorre na modalidade de influir onde a imprópria prevista no caput do referido artigo, não possuindo
tentativa é impossível. relação com as hipóteses previstas no § 1º, que trata da
No caso de aquisição por parte de pessoa que pratica receptação qualificada pelo exercício de atividade comercial
atividade comercial ou industrial, o crime será outro, previsto ou industrial ou no § 3º que trata da receptação culposa.
no artigo 334 do CP. Do favorecimento real o crime de
receptação diferencia-se porque neste o agente não visa lucro, DISPOSIÇÕES GERAIS
enquanto que, na receptação, a intenção de obter vantagem
deve estar presente. IMUNIDADES NOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO:
É possível a continuidade delitiva neste crime, mas, se com Como os fatos de decorrem da convivência familiar devem,
uma única ação o agente adquire diversos produtos, o crime em primeiro lugar, serem discutidos entre os parentes, sendo
será único. possível um maior dano, caso haja processo crime, do que o
Existe a figura da receptação privilegiada, admitindo-se a próprio crime em si o legislador, para casos específicos a
aplicação do § 2º do artigo 155. crimes contra o patrimônio, fez previsão de determinadas
Será qualificada a receptação de patrimônio de qualquer imunidades, ou seja, casos em que não haverá a incidência da
pessoa jurídica de direito público. lei penal.
Prevê o legislador forma culposa para o crime de Estas imunidades podem ser absolutas, que estão previstas
receptação, no artigo 180, § 1º. no artigo 181 do CP ou relativas, quando se referem ao
Tal previsão encontra fundamento no dever do adquirente processo, conforme indica o artigo 182.
saber a origem da coisa que está comprando, ou, ao menos, A imunidade absoluta impede a instauração de inquérito
fazer a previsão desta origem, assim, quando o agente tem policial, da ação penal, por não ser possível, no caso, a
dúvida a respeito da origem criminosa da coisa, ocorre o crime aplicação da sanção penal.
de receptação culposa. A relativa impede o procedimento criminal, caso não haja
Duas são as condutas estabelecidas pelo legislador, representação por parte da vítima ou de seu representante.
adquirir ou receber, estando pois, excluídas, as condutas É natural que, nos crimes contra o patrimônio, onde existe
ocultar e influenciar para que terceiro o faça. o emprego de violência ou grave ameaça, as imunidades não
Pode-se inferir que existe culpa do agente quando ele prevalecem.
demonstra não ter considerados os indícios presentes sobra a Tais imunidades não se comunicam entre os estranhos
dúvida a respeito da origem do objeto adquirido ou recebido, que, com a pessoa imune, pratique o crime.
se era ou não produto de crime. O artigo 181 prevê as imunidades absolutas isentando de
A lei fala sobre os fatos que dão a entender, através da pena quando o agente pratique o crime contra cônjuge,
presunção de que deveria haver previsão sobre a procedência qualquer que seja o regime do casamento ou sendo ele
ilícita da coisa praticado pelo marido ou pela mulher, não se incluindo, no
Em primeiro lugar refere-se o legislador à natureza da caso, as concubinas e amásias e a imunidade prevalece
coisa, tais como peças identificadas com o nome da vítima, somente durante a constância da sociedade conjugal e, a
coisas de conhecimento público, etc., como a caso da pessoa separação de fato, somente, não excluí a isenção de pena;
que adquiri o quadro La Mona Lisa, sabendo que pertence a um contra ascendente e descendente, os chamados parentes em
museu da França. linha reta, mãe/pai, filhos, avôs, e vice versa, não se
Outra forma de indicação da ilicitude na origem da coisa, é preocupando a forma de parentesco, seja legítima ou ilegítima,
a desproporção entre o valor pago pelo agente e o preço real consanguínea ou civil, excluindo a afinidade, para prevalência
da coisa, como o exemplo da pessoa que paga por um veículo da imunidade.
Vectra, avaliado em R$ 35.000,00, a quantia ínfima de R$ Qualquer estranho que participe do crime e não for
2,000,00. cônjuge ou parente em linha reta, mesmo que agindo em
A terceira hipótese é a condição da pessoa que oferece, concurso de pessoas, com quem goze da imunidade,
pois, cada uma tem determinada condição econômica e suas responderá pelo crime.
ofertas devem corresponder a esta condição, assim, não se O artigo 182 prevê os casos de imunidades relativas, de
pode adquirir ou receber de um mendigo, uma valiosa cunho processual, fazendo depender de representação os
corrente de ouro, pois, sua situação não permite possuir tal crimes praticados em prejuízo de cônjuge, mas, desta feita,
objeto, e, se o tem, presumidamente será produto de crime. quando separado judicialmente, excluído o divórcio, não
Entretanto, como qualquer crime culposo, deve ser havendo imunidade neste caso. Também dependerá de
realizada a análise da previsibilidade subjetiva, de acordo com representação os crimes praticados contra parente colaterais,
o caso concreto, pois, estas indicações sofrem variações em como o caso de irmãos, qualquer que seja a categoria, exceto
seus limites a ponto de excluir a culpa, por não existir a os afins (cunhados, por exemplo).
possibilidade de previsão, fato que descaracteriza o crime. No caso de tios e sobrinhos, somente haverá a imunidade
A consumação deste crime ocorre com o resultado, por se, além do parentesco, habitaram juntos.
ser crime culposo e a tentativa é impossível. Contra primos não existe a imunidade.
No caso da receptação culposa, permite-se o perdão
judicial desde que o agente seja primário e se o Juiz perceber
que não será necessária a aplicação da pena, mesmo que a
coisa não tenha pequeno valor.
Importante salientar que a Lei nº. 13.531/2017 promoveu
mudanças no § 6º do artigo 180 do Código Penal, para incluir
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (A) furto qualificado pela fraude.
(B) apropriação indébita.
Receptação qualificada (C) furto simples.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter (D) estelionato.
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à (E) furto de coisa comum.
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa 02. (Polícia Científica/PE - Conhecimentos Gerais -
que deve saber ser produto de crime: CESPE/2016) Considere que José tenha subtraído dinheiro de
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. Manoel, após lhe impossibilitar a resistência. Nessa situação
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do hipotética, fica caracterizada a causa de aumento de pena se
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou José tiver cometido o crime
clandestino, inclusive o exercício em residência. (A) com emprego de chave falsa.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela (B) com restrição da liberdade de Manoel.
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem (C) com destruição de obstáculo à subtração do dinheiro.
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (D) mediante fraude, escalada ou destreza.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas (E) durante o repouso noturno.
as penas.
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou 03. (TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. – IESES/2016) O ato de adquirir, receber, transportar,
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. fé, a adquira, receba ou oculte é tipificado como crime de:
155. (A) Receptação.
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, (B) Apropriação indébita.
do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação (C) Induzimento à especulação.
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou (D) Estelionato.
empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro
a pena prevista no caput deste artigo.(Redação dada pela Lei nº 04. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – VUNESP)
13.531, de 2017) Qualifica o crime de furto, nos termos do art. 155, § 4.º do CP,
ser o fato praticado.
Receptação de animal (A) em local ermo ou de difícil acesso.
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, (B) contra ascendente ou descendente.
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de (C) durante o repouso noturno.
produção ou de comercialização, semovente domesticável (D) com abuso de confiança.
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que (E) mediante emprego de arma de fogo.
deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº
13.330, de 2016) 05. (PC/PA - Delegado - UEPA) Usando um crachá que o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. identificava como oficial de justiça, um homem entrou no
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) escritório de uma empresa, supostamente para entregar uma
intimação ao proprietário. Enquanto a secretária foi chamar o
CAPÍTULO VIII chefe, o visitante se aproveitou de que ficara só na sala para
DISPOSIÇÕES GERAIS guardar em sua pasta um notebook e um tablet, retirando-se
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos em seguida. Constatando-se posteriormente que o suposto
crimes previstos neste título, em prejuízo: oficial de justiça havia falsificado o crachá, deveria ser
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; indiciado:
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo (A) apenas por estelionato, ficando a falsificação de
ou ilegítimo, seja civil ou natural. documento público absorvida por ser o meio executivo da
fraude cometida.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o (B) apenas por furto qualificado, porque a despeito de
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: haver fraude na conduta do agente, ele na verdade subtraiu
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; bens da vítima.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; (C) apenas por furto qualificado pelo abuso de confiança,
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. porque o cidadão comum tem natural confiança na autoridade
pública.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos (D) por falsificação de documento público, uso de
anteriores: documento falso e estelionato, em concurso material.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando (E) por falsificação de documento público e estelionato, em
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; concurso material.
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou Respostas
superior a 60 (sessenta) anos.
01. Resposta: A
Questões 02. Resposta: B
03. Resposta: A
01. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC/2016) 04. Resposta: D
Brutus, no interior de uma loja, a pretexto de adquirir roupas, 05. Resposta: B
solicitou ao vendedor vários modelos para experimentar, mas,
no interior do provador, escondeu uma das peças dentro de
suas vestes, devolveu as demais e deixou o local. Brutus
cometeu crime de
1 Júlio Fabbrini Mirabete. Manual de Direito Penal III, 19ª edição, página 2 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, v. 4, página
295. 195.
dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja posteriormente restituí-lo. A doutrina diverge sobre a
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de possibilidade de admitir-se a figura do peculato de uso. Uma
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. primeira corrente entende que a intenção (falsa ou
Nesse caso é aplicada a mesma pena. verdadeira) de restituir o bem móvel de que o agente
A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da apropriou-se, desviou ou subtraiu não exclui o peculato
vítima, de sua disponibilidade. Outra conduta possível é a de doloso, pouco importando se o funcionário público possui
concorrer dolosamente. recursos financeiros para tanto, bem como se a coisa era
Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da fungível ou infungível. Não admite, portanto, a figura do
facilidade que essa qualidade lhe proporciona (a execução do peculato de uso. Também não se afasta o crime com a prova de
crime é mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá, que se produziu alguma vantagem para a Administração
segredo de cofre etc. Um funcionário público pode praticar Pública, pois a vantagem indevida não deve aproveitar ao
furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou não, a Estado. Se a coisa móvel é utilizada em fim diverso daquele a
facilidade. que era destinado, desde que o agente vise a proveito próprio
ou alheio, apresenta-se o peculato na modalidade desvio. Por
Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a outro lado, há quem admita o peculato de uso, considerando-o
efetiva retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima. A fato irrelevante. Para os partidários dessa linha de
tentativa é possível. pensamento, é atípico o fato relacionado ao uso momentâneo
de coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao
4. PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral
Penal. São requisitos do crime de peculato culposo: a conduta restituição a quem de direito.
culposa do funcionário público e que terceiro pratique um
crime doloso, aproveitando-se da facilidade provocada por INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE
aquela conduta. INFORMAÇÕES – art. 313-A
Bem jurídico: interesse em preservar o patrimônio
Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime público e garantir o respeito à probidade administrativa.
independente do crime de outrem, mas estará consumado Sujeitos:
quando se consumar o crime de outrem. Não há tentativa de a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso
peculato culposo, pois não existe tentativa de crime culposo. com particular.
Se o crime de outrem é tentado, este responderá por tentativa, b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal,
porém o fato é atípico para o funcionário público. municípios e as demais pessoas mencionadas no artigo 327,
§1º. Secundariamente, o particular que sofreu o dano.
Reparação de danos no peculato culposo – Artigo 312, § Tipo objetivo: Inserir ou facilitar a inserção de dados
3.º, do Código Penal: É a devolução do objeto ou o falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos
ressarcimento do dano. É preciso ficar atento para as seguintes sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
regras: Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
- Se a reparação do dano for anterior à sentença outrem ou para causar dano.
irrecorrível (antes do trânsito em julgado – primeira ou Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo especial do
segunda instância), extingue a punibilidade. tipo – fim especial de agir – consubstanciado na expressão com
- Se a reparação do dano for posterior à sentença o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
irrecorrível (depois do trânsito em julgado), ocorre a para causar dano.
diminuição da pena, pela metade.
Consumação: por se tratar de crime formal, ocorre com a
Atenção: No peculato doloso não se aplicam essas concreção de qualquer uma das condutas, não se exigindo a
regras. obtenção da vantagem indevida nem que haja o dano almejado
(exaurimento).
Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.
5. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM - Art. 313: Pena e Ação penal: A pena é de dois a doze anos de
Não é um estelionato, pois o erro da vítima não é provocado reclusão, além da multa, e a ação é pública incondicionada.
pelo agente. O núcleo do tipo é apropriar-se (para tanto, é
preciso posse lícita anterior). Na verdade, é um peculato- MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE
apropriação, diferenciado pelo erro da vítima. SISTEMA DE INFORMAÇÕES – art. 313-B
O erro de outrem tem de ser espontâneo, e o recebimento, Bem jurídico: O interesse em se preservar o normal
por parte do funcionário de boa-fé. Não há fraude. Exemplo: funcionamento da Administração Pública, especialmente o seu
Pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta e paga a patrimônio e o do administrado, bem como assegurar o
mais. O funcionário recebe o dinheiro sem perceber o erro. prestígio que deve gravitar em torno dos atos daquela.
Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente – trata- Sujeitos:
se de peculato mediante erro. a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso
O elemento subjetivo é o dolo de se apropriar. O crime como particular.
consuma-se no momento da apropriação, ou seja, no momento b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal,
em que o agente passa a agir como se fosse dono. municípios e demais pessoas mencionadas no artigo 327, §1º,
Em síntese, o erro da pessoa que entrega o dinheiro ou bem como o particular que sofreu o dano.
qualquer outra utilidade (vítima) deve ser espontâneo, pouco Tipo objetivo: Modificar ou alterar sistema de informações
importando qual a sua causa; se dolosamente provocado pelo ou programa de informática sem autorização ou solicitação de
funcionário público, estará configurado o crime de estelionato autoridade competente.
(art. 171 do CP). Tipo subjetivo: O dolo.
Consumação: Por se tratar de crime formal, dá-se no
Antes de encerrarmos o tema cabe ainda um comentário momento da concreção de qualquer uma das condutas, não se
acerco do peculato de uso. Considera-se a existência do exigindo a superveniência de dano, que, no caso, qualifica o
peculato de uso na hipótese em que o funcionário público crime.
apropria-se, desvia, subtrai bem móvel, público ou particular Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.
que se encontra sob a custódia da Administração Pública, para
Noções de Direito Penal 45
APOSTILAS OPÇÃO
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO solicitação. A concussão, portanto, descreve fato mais grave e,
OU DOCUMENTO – art. 314 por isso, deveria possuir pena mais elevada. Ocorre que, após
Seguindo a regra dos demais crimes deste Capítulo, o bem o advento da Lei n. 10.763/2003, a pena de corrupção passiva
jurídico tutelado é a Administração Pública. passou, por incrível que pareça, a ser maior que a de
Sujeitos ativo e passivo. Como não poderia deixar de ser, concussão.
o sujeito ativo é somente o funcionário público, sendo a vítima Nesse crime, o funcionário público faz exigência de uma
o Estado e, eventualmente, o particular que tem documento vantagem. Essa exigência carrega, necessariamente, uma
sob a guarda da Administração. ameaça à vítima, pois do contrário haveria mero pedido, que
A lei pune três condutas: caracterizaria a corrupção passiva.
- extraviar: fazer desaparecer, ocultar; Assim, o crime de concussão é diferente do crime de
- sonegar: sinônimo de não apresentar, não exibir quando corrupção passiva. A diferença está no núcleo do tipo. A
alguém o solicita; concussão tem por conduta exigir; é um “querer imperativo”,
- inutilizar: tornar imprestável. que traz consigo uma ameaça, ainda que implícita. A corrupção
Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla passiva tem por conduta solicitar, receber, aceitar promessa.
ou de conteúdo variado – a prática de duas ou mais condutas, Na concussão, há vítima na outra ponta. A concussão é uma
no mesmo contexto fático e contra o mesmo bem jurídico, extorsão praticada por funcionário público em razão da
caracteriza um único crime. função.
Exigir significa coagir, obrigar. A ameaça pode ser
Nas três hipóteses a conduta deve recair sobre livro oficial, implícita ou explícita e, ainda assim, será concussão. O agente
que é aquele pertencente à Administração Pública, ou sobre pode exigir direta ou indiretamente – por meio de terceiro, ou
qualquer documento público ou particular que esteja sob a por outro meio qualquer.
guarda da Administração. Nos termos da lei, o crime subsiste
ainda que a conduta atinja parcialmente o livro ou documento. Desta forma, a ameaça pode ser:
Elemento subjetivo. O dolo. - explícita: exigir dinheiro para não fechar uma empresa,
Consumação. A infração penal se consuma com o extravio para não instaurar inquérito, para permitir o funcionamento
ou inutilização, ainda que parcial e independentemente de de obras etc.;
qualquer outro resultado. - implícita: não há promessa de um mal determinado, mas
Já na modalidade sonegar, o crime se consuma no instante a vítima fica amedrontada pelo simples temor que o exercício
em que o agente deveria fazer a entrega e, intencionalmente, do cargo público inspira.
não o faz. Nessa hipótese, bem como nos casos de extravio, o
crime é permanente. A exigência pode ser ainda:
Tentativa. A tentativa não é admissível apenas na - direta: quando o funcionário público a formula na
modalidade omissiva (sonegar). presença da vítima, sem deixar qualquer margem de dúvida de
Distinção. Aquele que inutiliza documento ou objeto de que está querendo uma vantagem indevida;
valor probatório que recebeu na qualidade de advogado ou - indireta: o funcionário se vale de uma terceira pessoa
procurador comete o crime do art. 356 do Código Penal. Por para que a exigência chegue ao conhecimento da vítima ou a
outro lado, o particular que subtrai ou inutiliza, total ou faz de forma velada, capciosa, ou seja, o funcionário público
parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à não fala que quer a vantagem, mas deixa isso implícito.
Administração comete o crime do art. 337 do Código Penal.
Absorção. A própria lei estabelece que esse crime é A concussão é uma forma especial de extorsão praticada
subsidiário, ou seja, deixa de existir se o fato constitui crime por funcionário público com abuso de autoridade. Deve, assim,
mais grave, como corrupção passiva (art. 317), supressão de haver um nexo entre a represália prometida, a exigência feita
documento (art. 305) etc. e a função exercida pelo funcionário público.
Por isso, se o funcionário público empregar violência ou
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS grave ameaça referente a mal estranho à função pública,
PÚBLICAS – art. 315 haverá crime de extorsão ou roubo. Ex.: um policial aponta um
Análise do núcleo do tipo. A conduta consiste em dar revólver para a vítima e, mediante ameaça de morte, pede que
aplicação, e tem como objeto as verbas ou rendas públicas. ela lhe entregue o carro.
Sujeitos: Na concussão não é necessário que o funcionário público
a) ativo: funcionário público. esteja trabalhando no momento da exigência. O próprio tipo
b) passivo: o Estado, secundariamente, a entidade de diz que ele pode estar fora da função (horário de descanso,
direito público prejudicada. férias, licença) ou, até mesmo, nem tê-la assumido (quando já
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento passou no concurso, mas ainda não tomou posse). O que é
subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. necessário é que a exigência diga respeito à função pública e as
Objetos material e jurídico. Objeto material é a verba ou represálias a ela se refiram.
a renda pública, objeto jurídico é a administração pública, em Se o crime for cometido por policial militar estará
seus interesses patrimonial e moral. configurado o crime do art. 305 do Código Penal Militar, que é
Classificação. Crime próprio, material, de forma livre, igualmente chamado de concussão.
comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, Se alguém finge ser policial e exige dinheiro para não
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite prender a vítima, não há concussão, porque o agente não é
tentativa. funcionário público. Responderá, nesse caso, por crime de
extorsão (art. 158).
CONCUSSÃO – art. 316 Concluindo, a concussão é um crime em que a vítima é
O crime de concussão guarda certa semelhança com o constrangida a conceder uma vantagem indevida a funcionário
delito de corrupção passiva, principalmente no que se refere à público em razão do temor de uma represália imediata ou
primeira modalidade desta última infração (solicitar futura decorrente de exigência feita por este e relacionada
vantagem indevida). Na concussão, porém, o funcionário necessariamente com sua função.
público constrange, exige a vantagem indevida. A vítima, A vantagem exigida tem de ser indevida. Se for devida,
temendo alguma represália, cede à exigência. Na corrupção haverá crime de abuso de autoridade do art. 4º, h, da Lei n.
passiva (em sua primeira figura) há mero pedido, mera 4.898/65, em razão da ameaça feita.
A lei se refere a vantagem indevida: emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, não
- Damásio E. de Jesus, Nélson Hungria e M. Noronha autorizado por lei. Meio vexatório é o que desonra e humilha a
entendem que deve ser vantagem patrimonial. vítima; meio gravoso é o que acarreta maiores despesas ao
- Júlio F. Mirabete e Fernando Capez, por outro lado, dizem contribuinte.
que pode ser qualquer espécie de vantagem, uma vez que a lei Elemento subjetivo do tipo. Dolo, nas modalidades direta
não faz distinção. Ex.: proveitos patrimoniais, sentimentais, de e indireta. Não há elemento subjetivo do tipo, nem se pune a
vaidade, sexuais etc. forma culposa.
O agente deve visar proveito para ele próprio ou para Elemento normativo do tipo. Meio vexatório é o que
terceira pessoa. causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio oneroso ou
Como na concussão o funcionário público faz uma ameaça opressor.
explícita ou implícita, se a vítima vier a entregar o dinheiro Norma em branco. É preciso consultar os meios de
exigido, não cometerá corrupção ativa, uma vez que somente cobrança de tributos e contribuições, instituídos em lei
o terá feito por se ter sentido constrangida. específica, para apurar se está havendo excesso de exação.
Consumação. O crime de concussão consuma-se no Objetos material e jurídico. O objeto material é o tributo
momento em que a exigência chega ao conhecimento da ou a contribuição social. O objeto jurídico é a administração
vítima, independentemente da efetiva obtenção da vantagem pública (interesses material e moral).
visada. Trata-se de crime formal. A obtenção da vantagem é Classificação: crime próprio, formal na forma exigir e
mero exaurimento. material na modalidade empregar na cobrança, de forma livre,
Não desnatura o crime, portanto, a devolução posterior da comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo,
vantagem (mero arrependimento posterior — art. 16 do CP) unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que se admite
ou a ausência de prejuízo. tentativa.
Um policial exige hoje a entrega de certa quantia em
dinheiro. A vítima concorda e se compromete a entregar a CORRUPÇÃO PASSIVA – art. 317
quantia em um lugar determinado, três dias depois. Ela, Na corrupção passiva não há ameaça, nem
entretanto, chama outros policiais, que prendem o sujeito na constrangimento. Se o funcionário pede e a pessoa coloca a
hora da entrega. Há flagrante provocado? mão dentro do bolso e entrega, não é caso de corrupção ativa,
No flagrante provocado o sujeito é induzido a praticar um pois não existe tipificação para entregar, só para prometer,
crime, mas se tomam providências que inviabilizam oferecer. Só há corrupção passiva nesse caso.
totalmente a sua consumação. Nesse caso, não há crime, pois Na modalidade solicitar, onde a iniciativa é do funcionário
se trata de hipótese de crime impossível (Súmula 145 do STF). público, não há crime de corrupção ativa, e sim de corrupção
Assim, na questão em análise, verifica-se não ter ocorrido passiva.
o flagrante provocado, pois não houve qualquer provocação, Já, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre
ou seja, ninguém induziu o policial a fazer a exigência. Temos, corrupção ativa na outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro.
na hipótese, um crime de concussão consumado, já que a Vantagem indevida na corrupção passiva é para que o
infração se aperfeiçoou com a simples exigência que ocorrera funcionário faça alguma coisa, deixe de fazer, ou então retarde.
três dias antes da data combinada para a entrega do dinheiro. A consumação ocorre quando houver a solicitação, o
Tentativa. É possível a tentativa. Exemplos: a) peço para recebimento ou a aceitação da vantagem. A consumação não
terceiro fazer a exigência à vítima, mas ele morre antes de depende da prática ou da omissão de ato por parte do
encontrá-la; b) uma carta contendo a exigência se extravia. funcionário. O recebimento da vantagem só é importante para
Sujeitos. a modalidade receber.
a) ativo: somente o funcionário público.
b) passivo: Estado e, secundariamente, a entidade de Elementos Objetivos do Tipo:
direito público ou a pessoa diretamente prejudicada. - Solicitar, pedir. Quem pede não constrange, não ameaça,
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento simplesmente pede. A atitude de solicitar é iniciativa do
subjetivo específico, consistente em destinar a vantagem para funcionário público.
i ou para outra pessoa. Não existe forma culposa. - Receber, entrar na posse. É preciso ao menos o indício de
Objetos material e jurídico. Objeto material é a vantagem que a pessoa entrou na posse.
indevida e objeto jurídico é a administração púbica (aspectos - Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser
material e moral). por silêncio, gesto, palavra. A iniciativa é de terceiro que faz a
Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, proposta. Alguém propõe e o funcionário aceita.
comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio,
instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou Corrupção Passiva Privilegiada – § 2º: A corrupção
plurissusistente, forma em que admite tentativa. passiva privilegiada ocorre com pedido ou influência de
outrem. Corrupção privilegiada é um crime material – praticar,
EXCESSO DE EXAÇÃO - art. 316, §§1º e 2º deixar de praticar.
Exação é a cobrança pontual de impostos. Pune-se o
excesso, sabido que o abuso de direito é considerado ilícito. DA FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Assim, quando o funcionário público cobre imposto além da – art. 318
quantia efetivamente devida, comete o excesso de exação. Conduta típica. É a facilitação com violação do dever
Análise do núcleo do tipo. Há duas formas para compor funcional do descaminho ou contrabando. Para configurar a
o excesso de exação: a) exigir o pagamento de tributo ou prática do delito previsto no art. 318 do CP, é necessário que o
contribuição sindical indevidos; b) empregar meio vexatório funcionário público esteja investido na função de fiscalizar a
na cobrança. entrada e a saída de mercadorias do território nacional.
Na primeira modalidade, o funcionário público exige Contrabando. É a importação ou exportação de
tributo ou contribuição social que sabe ou deve saber mercadorias cuja comercialização seja proibida.
indevido, sem amparo válido para cobrança, seja porque seu Descaminho. É a importação ou exportação de
valor já foi pago pela vítima, seja porque a quantia cobrada é mercadorias cuja comercialização seja legalmente permitida
superior à fixada em lei. A palavra “indevido” funciona como com a ocorrência de fraude no pagamento de tributos.
elemento normativo do tipo. Na outra hipótese, o tributo ou Competência. Pelo disposto no art. 144 da CF/88, julgar
contribuição social é devido. Entretanto, o funcionário público pessoas incursas na prática do presente delito é de
competência da justiça federal, sendo a polícia federal a extorsão vêm sendo cometidos por pessoas presas, por meio
competente para efetuar as prisões. de telefonemas.
Por convênio firmado entre o ex-governador de Minas Diferença entre a prevaricação comum e a militar. A
Gerais, Hélio Garcia, e o ex-ministro da justiça à época, aqui é prevaricação comum está prevista no art. 319 do CP e é punida
competente para fiscalizar e reprimir o tráfico ilícito de drogas com pena de detenção de 3 meses a 1 ano mais multa, sendo
a Polícia Civil do estado. aplicada a normatização prevista na lei 9.099/95. A
Tipo remetido. A facilitação de contrabando ou prevaricação militar está prevista no art. 319 do CPM e é
descaminho é considerado como tipo remetido porque remete punida com pena de 6 meses a 2 anos. Verifica-se então que a
ao delito do contrabando ou descaminho (art. 334 do CPB). diferença principal entre as duas tipificações do delito está na
Exceção à teoria unitária. Se alguém facilita a prática do pena aplicada.
delito previsto no art. 334 do CP deveria responder pelo delito
previsto no art. 318 do CPB (facilitação de contrabando ou Principais aspectos.
descaminho) bem como pelo contrabando ou descaminho (art. 1) Na corrupção passiva, o funcionário público negocia
334 do CPB), entretanto, temos aqui mais uma vez a teoria seus atos, visando uma vantagem indevida. Na prevaricação
pluralística sendo aplicada, configurando mais uma exceção à isso não ocorre. Aqui, o funcionário público viola sua função
teoria unitária, vez que uma pessoa é quem facilita o para atender a objetivos pessoais.
contrabando ou descaminho e outra é quem pratica o 2) O agente deve atuar para satisfazer:
contrabando ou descaminho. a) interesse patrimonial (desde que não haja recebimento
Defesa preliminar. No tipo penal ora estudado (da de vantagem indevida, hipótese em que haveria corrupção
facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318 do CPB) passiva) ou moral;
não há a incidência de possibilidade da defesa preliminar do b) sentimento pessoal, que diz respeito à afetividade do
funcionário público. agente em relação a pessoas ou fatos. Ex.: Permitir que amigos
pesquem em local público proibido. Demorar para expedir
PREVARICAÇÃO – art. 319 documento solicitado por um inimigo. O sentimento, aqui, é do
Objeto jurídico. Proteger o prestígio da Administração agente, mas o benefício pode ser de terceiro.
Pública O atraso no serviço por desleixo ou preguiça não constitui
Sujeitos. crime. Se fica caracterizado, todavia, que o agente, por
a) Ativo. Funcionário público no exercício da função preguiça, rotineiramente deixa de praticar ato de ofício,
b) Passivo. O Estado responde pelo crime. Ex.: delegado que nunca instaura
Análise do núcleo do tipo. "Retardar ou deixar de inquérito policial para apurar crime de furto, por considerá-lo
praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra pouco grave.
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 3) A prevaricação não se confunde com a corrupção
sentimento pessoal". passiva privilegiada. Nesta, o agente atende a pedido ou
O tipo penal tem seu núcleo composto por 3 verbos: influência de outrem.
retardar, deixar de praticar, praticar. Na prevaricação não há tal pedido ou influência. O agente
Classificação. Crime próprio - somente pode ser praticado visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
por funcionário público, se retirada a qualidade o fato torna-se Se um fiscal flagra um desconhecido cometendo
atípico - formal - comissivo - instantâneo - unissubjetivo - irregularidade e deixa de multá-lo em razão de insistentes
plurissubsistente - de ação múltipla - de conteúdo variado ou pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada; mas se o
alternativo. fiscal deixa de multar a pessoa porque percebe que se trata de
Elemento subjetivo do tipo. É o dolo, ou seja, a vontade um antigo amigo, comete prevaricação.
específica de prevaricar. O interesse pessoal está ligado ao 4) O tipo exige que a conduta do funcionário público seja
sentimental. indevida apenas nas duas primeiras modalidades (retardar e
Consumação. O crime se consuma com a omissão, deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício). Na última
retardamento ou realização do ato. hipótese prevista no tipo (praticar ato de ofício), a conduta
Tentativa. Não é possível nas formas omissivas (omitir ou deve ser “contra expressa previsão legal”. Temos, neste último
retardar), pois ou o crime está consumado ou o fato é atípico. caso, uma norma penal em branco, pois sua aplicação depende
Na forma comissiva, a tentativa é possível. da existência de outra lei.
Figura equiparada. A Lei n. 11.466, de 28 de março de
2007, criou nova figura ilícita no art. 319-A do Código Penal, CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – art. 320
estabelecendo que a mesma pena prevista para o crime de Definição jurídica. A condescendência criminosa consiste
prevaricação será aplicada ao diretor de penitenciária e/ou em "deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
agente público que deixar de cumprir seu dever de vedar ao subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que quando lhe falte competência, não levar o fato ao
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente conhecimento da autoridade competente, punível com pena de
externo. O legislador entendeu necessária a criação desse tipo detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa".
penal em face da constatação de que presos têm tido fácil A terminologia é imprópria porque não se trata apenas do
acesso a telefones celulares ou aparelhos similares, e que os fato de um funcionário público ser condescendente com outro
agentes penitenciários não vêm dando o combate adequado a que tenha tido conduta criminosa, mas também, se aquele tiver
esse tipo de comportamento. Assim, a Lei n. 11.466/2007, cometido qualquer falta disciplinar.
além de criar essa figura capaz de punir o agente penitenciário A condescendência criminosa é praticada pelo funcionário
que se omita em face da conduta do preso, estipulou também público que, por indulgência, benevolência ou tolerância, deixa
que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em falta grave — de responsabilizar subalterno hierárquico que tenha cometido
que tem sérias consequências na execução criminal (art. 50, crime, contravenção penal ou qualquer falta disciplinar.
VII, da Lei de Execuções Penais, com a redação dada pela Lei n. Também comete o delito em estudo o funcionário público que,
11.466/2007). Com essas providências pretende o legislador embora não seja superior hierárquico daquele que tenha
evitar que presos comandem suas quadrilhas do interior de cometido crime, contravenção penal ou qualquer falta
penitenciárias e que deixem de cometer crimes com tais disciplinar, deixa de levar o fato ao conhecimento da
aparelhos, pois é notório que enorme número de delitos de autoridade competente para puni-lo.
Bem jurídico. A Administração Pública crime somente existe com o abandono de cargo, não
Sujeitos prevalecendo a regra do art. 327 do Código Penal, que define
a) ativo. Funcionário público funcionário público como ocupante de cargo, emprego ou
b) passivo. O Estado função pública. Assim, em razão da ressalva constante do tipo
Tipo subjetivo. Indulgência, benevolência ou tolerância; penal, pode-se concluir que sujeito ativo desse crime pode ser
no Direito Penal Militar, além disso, a negligência. apenas quem ocupa cargo público (criado por lei, com
Condutas típicas denominação própria, em número certo e pago pelos cofres
Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar públicos). Sujeito passivo é o Estado.
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo; Abandonar significa deixar o cargo. Para que esteja
Deixar o funcionário, por indulgência, de levar ao configurado o abandono é necessário que o agente se afaste do
conhecimento de autoridade competente para punir, o fato de seu cargo por tempo juridicamente relevante, de forma a
que outro funcionário público tenha cometido infração no colocar em risco a regularidade dos serviços prestados. Assim,
exercício do cargo, evitando assim que o infrator seja não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na
responsabilizado. realização de parte do serviço, que caracterizam apenas falta
Consumação. Com a omissão funcional, punível na esfera administrativa.
Tentativa. Inadmissível porque o delito é omissivo Não há crime também quando a ausência se dá nos casos
próprio. permitidos em lei, como, por exemplo, com autorização da
autoridade competente, para prestação de serviço militar etc.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – art. 321 Por se tratar de crime doloso, não há crime quando o
Definição jurídica. O termo advocacia é impróprio e abandono ocorre em razão de força maior (prisão, doença
indevido pois nada tem a ver com a função do advogado. O etc.).
delito consiste em "patrocinar, direta ou indiretamente, A doutrina tem sustentado também que não existe crime
interesse privado perante a administração pública, valendo-se na suspensão, ainda que prolongada, do trabalho por parte de
da qualidade de funcionário; punível com pena de detenção, de funcionário público — mesmo que de função essencial —
1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Se o interesse é ilegítimo a quando se trata de ato coletivo na luta por reivindicações da
pena é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da categoria, ou seja, nos casos de greve (enquanto não declarada
multa". No Direito Penal Militar a incorreição no nomem iuris ilegal).
é desfeita, naquele diploma legal a nomenclatura usada é Consumação. O crime se consuma com o abandono do
"patrocínio indébito". Importa salientar que no projeto de cargo por tempo juridicamente relevante, ainda que não
reforma do CPB o presente tipo adota a nomenclatura do CPM. decorra efetivo prejuízo para a Administração. Aliás, o §1º
Análise do núcleo do tipo. O verbo núcleo do tipo é estabelece uma forma qualificada, quando o abandono traz
patrocinar, significa proteger ou beneficiar. É a figura do como consequência prejuízo ao erário.
funcionário público relapso que relega seu serviço a um Tentativa. Por se tratar de crime omissivo puro, não se
segundo plano e passa a defender interesses privados, admite a tentativa.
legítimos ou ilegítimos, ante a Administração Pública. Por fim, a pena será exasperada se o fato ocorrer em lugar
Sujeitos compreendido na faixa de fronteira (compreende a faixa de
a) ativo. Funcionário público 150 quilômetros ao longo das fronteiras nacionais — Lei n.
b) passivo. A Administração Pública 6.634/79).
Desnecessidade de ser advogado. Tendo em vista que o EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO
funcionário público é impedido de exercer a advocacia, é OU PROLONGADO - art. 324
desnecessária a qualidade de advogado ao autor para que o Análise do núcleo do tipo. Entrar no exercício significa
delito se configure. iniciar o desempenho de determinada atividade; continuar a
exercê-la quer dizer prosseguir no desempenho de
Outras condutas determinada atividade. O objeto é a função pública.
Lei 8.137/90, art. 3º, inc. III - funcionário público Sujeitos.
patrocinado interesse privado contra a Administração a) ativo: somente funcionário público nomeado, porém
Fazendária; sem ter tomado posse; na segunda hipótese, há de estar
Lei 8.666/93, art. 94 - funcionário público patrocinado afastado ou exonerado.
interesse privado no âmbito das licitações. b) passivo: Estado.
Elemento subjetivo do tipo. É o dolo. Não se exige
VIOLENCIA ARBITRÁRIA – art. 322 elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa.
Para a maioria da doutrina penal, esse artigo foi revogado Na segunda figura, há apenas o dolo direto. Inexiste forma
pela Lei n. 4.898/65, que trata do abuso de autoridade. Mas culposa.
para o Supremo Tribunal Federal e para a minoria da doutrina Elemento normativo do tipo. A expressão “sem
ainda está em vigor. autorização” indica a ilicitude da conduta, ao passo que a
Trata-se de um crime praticado por funcionário público, continuidade do exercício, devidamente permitida pela
que em função do cargo, age não contra a Administração administração pública, não configura o tipo penal.
Pública, mas contra o administrado, agredindo-o. Objetos material e jurídico. O objeto material é a função
O presente crime se refere a violência ilegal, arbitrária, fora pública e o objeto jurídico é a administração pública, nos
dos parâmetros permitidos. interesses material e moral.
Classificação. Crime próprio, delito de mão própria,
ABANDONO DE FUNÇÃO – art. 323 formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente,
Protege a lei nesse dispositivo a regularidade e o normal omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo,
desempenho das atividades públicas, no sentido de evitar que plurissubsistente; admite tentativa.
os funcionários públicos abandonem seus postos de forma a
gerar perturbação ou até mesmo a paralisação do serviço VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – art. 325
público. Condutas típicas. Esta infração penal visa resguardar o
Sujeitos ativo e passivo. Apesar de o delito ter o nome de regular funcionamento da Administração Pública, que pode
“abandono de função”, percebe-se pela descrição típica que o ser prejudicado pela revelação de certos segredos. Por isso,
será punido o funcionário público que revelar ou facilitar a Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
revelação desses segredos, desde que deles tenha tido procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo
conhecimento em razão de seu cargo. O segredo a que se refere de devassá-lo:
este dispositivo é aquele cujo conhecimento é limitado a Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
número determinado de pessoas e cuja divulgação afronte o
interesse público pelas consequências que possam advir.
A conduta de revelar segredo caracteriza-se quando o FUNCIONÁRIO PÚBLICO – art. 327
funcionário público intencionalmente dá conhecimento de seu Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
documentos etc. Já a conduta de facilitar a divulgação de remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
segredo, também chamada de divulgação indireta, dá-se - Cargos: são criados por lei, com denominação própria, em
quando o funcionário, querendo que o fato chegue a número certo e pagos pelos cofres públicos (Lei n. 8.112/90,
conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento art. 3º, parágrafo único).
que torna a descoberta acessível a outras pessoas, como - Emprego: para serviço temporário, com contrato em
ocorre no clássico exemplo de deixar anotações ou regime especial ou pela CLT. Ex.: diaristas, mensalistas,
documentos em local que possa ser facilmente visto por outras contratados.
pessoas. - Função pública: abrange qualquer conjunto de
Comete crime o servidor público incumbido de elaborar atribuições públicas que não correspondam a cargo ou
provas de concurso público que, antes da prova, faz chegar ao emprego público. Ex.: jurados, mesários etc.
conhecimento de alguns candidatos as questões que serão São funcionários públicos o Presidente da República, os
abordadas. Prefeitos, os Vereadores, os Juízes, Delegados de Polícia,
Sujeitos ativo e passivo. Apenas o funcionário público escreventes, oficiais de justiça etc.
pode ser sujeito ativo. Predomina na doutrina o entendimento § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
de que mesmo o funcionário aposentado ou afastado pode cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
cometer o delito, pois o interesse público na manutenção do trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
sigilo permanece. O crime admite a coautoria e também a ou conveniada para a execução de atividade típica da
participação — de outro funcionário público ou de particular Administração Pública.
que colabore com a divulgação. A doutrina, contudo, salienta A Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000, alterou a redação do
que o particular que se limita a tomar conhecimento do fato art. 327, § 1º, para ampliar o conceito de funcionário público
divulgado não comete o delito. por equiparação. Em virtude dessa nova redação, podem ser
A revelação de segredo profissional por quem não é extraídas algumas conclusões:
funcionário público constitui crime de outra natureza, previsto 1) em relação ao conceito de entidade paraestatal adotou-
no art. 154 do Código Penal. se a corrente ampliativa, pela qual se considera funcionário
O sujeito passivo é sempre o Estado e, eventualmente, o por equiparação aquele que exerce suas atividades em:
particular que possa sofrer prejuízo, material ou moral, com a a) autarquias (ex.: INSS);
revelação do sigilo. b) sociedades de economia mista (ex.: Banco do Brasil);
Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, a intenção livre e c) empresas públicas (ex.: Empresa Brasileira de Correios
consciente de revelar o sigilo funcional. Não se admite a forma e Telégrafos);
culposa. d) fundações instituídas pelo Poder Público (ex.: FUNAI).
Consumação. No momento em que terceiro, funcionário 2) Passam a ser puníveis por crimes funcionais (arts. 312
público ou particular, que não podia tomar conhecimento do a 326 do CP) aqueles que exercem suas funções em
segredo, dele toma ciência. Trata-se de crime formal, cuja concessionárias ou permissionárias de serviço público
caracterização independe da ocorrência de prejuízo. (empresas contratadas) e até mesmo em empresas
Tentativa. É admitida, exceto na forma oral. conveniadas, como, p. ex., a Santa Casa de Misericórdia. O
Subsidiariedade explícita. O art. 325, ao cuidar da pena, conceito de funcionário público por equiparação não abrange
expressamente estabelece sua absorção quando o fato as pessoas que trabalham em empresa contratada com a
constitui crime mais grave, como, por exemplo, crime contra a finalidade de prestar serviço para a Administração Pública
segurança nacional, fraude em procedimento licitatório com quando não se trata de atividade típica desta. Ex.: trabalhador
divulgação antecipada de propostas, crime contra o sistema de empreiteira contratada para construir viaduto.
financeiro etc. Entende-se, ademais, que a equiparação do § 1º, em razão
Figuras equiparadas. A Lei n. 9.983/2000 criou no § 1º do local onde está prevista no Código Penal, só se aplica
do art. 325 algumas infrações penais equiparadas, punindo quando se refere ao sujeito ativo do delito e nunca em relação
com as mesmas penas do caput quem permite ou facilita, ao sujeito passivo. Ex.: ofender funcionário de uma autarquia
mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou é injúria e não desacato. Se o mesmo funcionário, contudo,
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a apropriar-se de um bem da autarquia, haverá peculato, não
sistemas de informações ou banco de dados da Administração mera apropriação indébita. Embora esse entendimento seja
Pública (inciso I), ou se utiliza, indevidamente, do acesso quase pacífico na doutrina, existe um conhecido julgado do
restrito a tais informações (inciso II). Por fim, o § 2º estabelece STF em sentido contrário (RT, 788/526).
uma qualificadora, prevendo pena de reclusão, de dois a seis
anos, e multa, se da ação ou omissão resulta dano à AUMENTO DA PENA
Administração ou terceiro. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção
CONCORRÊNCIA – art. 326 ou assessoramento de órgão da administração direta,
A maioria dos escritores criminalistas entendem que esse sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
artigo foi implicitamente revogado no art. 94 da Lei nº instituída pelo poder público.
8.666/93, que trata da Lei de Licitação. Cargo em comissão é o cargo para o qual o sujeito é
nomeado em confiança, sem a necessidade de concurso
público.
O aumento também será cabível quando o agente ocupa
função de direção ou assessoramento.
Noções de Direito Penal 50
APOSTILAS OPÇÃO
Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema: § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
TÍTULO XI na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
CAPÍTULO I § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, Corrupção passiva
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
próprio ou alheio: la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. de tal vantagem:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
de funcionário. funcional.
Peculato culposo § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
de outrem: ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se Facilitação de contrabando ou descaminho
lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Peculato mediante erro de outrem Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Prevaricação
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
Inserção de dados falsos em sistema de informações satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
para si ou para outrem ou para causar dano: ) aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações Condescendência criminosa
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
informações ou programa de informática sem autorização ou responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
solicitação de autoridade competente: do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. conhecimento da autoridade competente:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado. Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou privado perante a administração pública, valendo-se da
documento qualidade de funcionário:
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
total ou parcialmente: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
crime mais grave. Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas pretexto de exercê-la:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
da estabelecida em lei: correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Abandono de função
Concussão Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou permitidos em lei:
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
mas em razão dela, vantagem indevida: § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Excesso de exação § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. único. Caso o agente simplesmente finja ser funcionário
público, sem praticar atos próprios do cargo, a fim de ludibriar
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou a vítima e obter vantagem ilícita em prejuízo dela, o crime é o
prolongado de estelionato.
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem RESISTÊNCIA
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, Resistir tem o condão de opor-se, de não ceder, de recusar-
removido, substituído ou suspenso: se, tem sentido de oposição, seja pela força ou pela violência,
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. seja, ainda, pela omissão ou pela inércia.
O tipo penal em comento tem como principal objetivo
Violação de sigilo funcional proteger o poder estatal e, sendo assim, busca resguardar a
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo autoridade da administração pública, bem como sua liberdade
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: na execução de suas atividades por meio de seus funcionários.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato Por tratar-se de crime comum, qualquer pessoa poderá
não constitui crime mais grave. cometê-lo, desde que se oponha ao cumprimento de ato legal
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: por autoridade competente para tanto. Serão sujeitos
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e passivos, o Estado, o funcionário que foi impedido de cumprir
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de tal ato e, inclusive, a pessoa que esteja, eventualmente,
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de auxiliando o funcionário na execução de atos legais.
dados da Administração Pública; É fundamental reforçar a informação de que para que o
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. delito se caracterize, essencial que o funcionário seja
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração competente para executar, de ofício, o ato legal, bem como que
Pública ou a outrem: tal ato seja praticado no exercício das funções e que, nesse
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. momento, o agente se insurja à execução do ato.
O cerne do artigo é a oposição do sujeito à execução do ato
Violação do sigilo de proposta de concorrência legal por funcionário competente. Observa-se, aqui, que é
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência necessário que a oposição do sujeito se manifeste por meio de
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: ameaça ou violência física, em face do funcionário ou da pessoa
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. que o auxilia, no exato momento em que o ato esteja sendo
praticado, de modo, portanto, que se a oposição for exercida
Funcionário público em momento anterior ou posterior à prática do ato pelo
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos funcionário público, não constitui crime de resistência.
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, Para que o sujeito seja enquadrado no crime em tela,
exerce cargo, emprego ou função pública. necessário que haja com dolo, ou seja, com vontade livre e
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, consciente de executar a ação, sendo que se houver erro
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha quanto a legalidade do ato, haverá, também, a exclusão do
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada dolo.
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os DESOBEDIÊNCIA
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de O crime em tela consubstancia-se pelo fato do agente
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento desobedecer a ordem legal de funcionário público. Todavia, há
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, de se observar que o ato de desobedecer consiste em não
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. acatar, não cumprir, não se submeter à ordem de funcionário
público, investido de autoridade para imposição de ordem.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA O tipo penal objetiva manter a obediência das ordens
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL emanadas do funcionário público no cumprimento de suas
funções.
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA O sujeito ativo do crime de desobediência poderá ser
Trata-se de infração penal cuja finalidade também é tutelar qualquer pessoa inclusive o próprio funcionário público que
a regularidade e o normal desempenho das atividades venha a agir como particular, ou seja, que não esteja no
públicas. exercício de sua função e venha a desobedecer ordem de
Usurpar significa desempenhar indevidamente uma funcionário público. Vale-nos consignar que, de acordo com
atividade pública, ou seja, o sujeito assume uma função entendimentos jurisprudenciais, não incorrerá no referido
pública, vindo a executar atos inerentes ao ofício, sem que crime o agente, funcionário público, que vier a desobedecer
tenha sido aprovado em concurso ou nomeado para tal função. ordem de outro funcionário público, quando ambos se
Consumação. O crime se consuma, portanto, no instante encontrarem no regular exercício de suas funções. O sujeito
em que o agente pratica algum ato inerente à função usurpada. passivo é o Estado.
É desnecessária a ocorrência de qualquer outro resultado. A O ato de desobedecer, tem o sentido de não cumprir, faltar
tentativa é admissível. à obediência, não atender a ordem legal de funcionário
Sujeito ativo. O particular que assume as funções. Parte da público, ordem esta para que o agente realize ou deixe de
doutrina entende que também comete o crime um funcionário praticar determinada ação.
público que assuma, indevidamente, as funções de outro. É indispensável para a caracterização do delito que o
Elemento subjetivo. O dolo, pressupondo-se, ainda, que o agente receba, do funcionário público, um mandamento, uma
agente tenha ciência de que está usurpando a função pública. ordem, não bastando portanto que seja um pedido ou uma
A simples conduta de se intitular funcionário público solicitação, sendo esta dirigida direta e expressamente ao
perante terceiros, sem praticar atos inerentes ao ofício, pode agente. Outrossim, indispensável que a ordem esteja investida
constituir apenas a contravenção descrita no art. 45 da Lei das de legalidade pois caso não esteja, não há que se falar em
Contravenções Penais (“fingir-se funcionário público”). desobediência.
Se da conduta o agente obtém lucro, vantagem material ou A desobediência, via de regra, ocorre de forma dolosa,
moral, aplica-se a forma qualificada descrita no parágrafo intencional, ou seja, o agente imputa sua vontade livre e
terço, nos termos do art. 333, parágrafo único, do Código Penal. tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do
Sempre que ocorrer essa hipótese, o funcionário público será recebimento da denúncia”.
responsabilizado pela forma exasperada descrita no art. 317, Embora esta lei não mencione o crime de descaminho, tem-
§ 1º, do Código Penal. -se entendido que o dispositivo é aplicável a referido delito,
Tentativa. A tentativa é possível apenas na forma escrita. pois, como os demais, atinge a ordem tributária.
Para que exista a corrupção ativa, o sujeito, com a oferta ou Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. O funcionário
promessa de vantagem, deve visar fazer com que o público que facilite a conduta, entretanto, responderá pelo
funcionário: crime de facilitação ao contrabando (art. 318).
a) Retarde ato de ofício. Ex.: para que um delegado de Sujeito passivo. O Estado.
polícia demore a concluir um inquérito policial, visando a Consumação. O crime se consuma com a entrada ou saída
prescrição. da mercadoria do território nacional.
b) Omita ato de ofício. Ex.: para que o policial não o multe. Tentativa. É possível. Quando a hipótese é de exportação,
c) Pratique ato de ofício. Ex.: para delegado de polícia o crime é tentado se a mercadoria não chega a sair do País. Por
emitir Carteira de Habilitação para quem não passou no exame outro lado, no caso de importação, se o agente entrar com a
(nesse caso, há também crime de falsidade ideológica). mercadoria no País, mas for preso na alfândega (de um
Distinção. Se houver corrupção ativa em transação aeroporto, por exemplo), o crime estará consumado.
comercial internacional, estará configurado o crime do art. Ação penal. É pública incondicionada, de competência da
337-B do Código Penal. A corrupção para obter voto em eleição justiça federal. Além disso, a Súmula 151 do STJ estabelece que
constitui crime do art. 299 do Código Eleitoral (Lei n. “a competência para processo e julgamento por crime de
4.737/65). Por fim, a corrupção ativa de testemunhas, peritos, contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo
tradutores ou intérpretes, não oficiais, constitui o crime do art. Federal do lugar da apreensão dos bens”.
343 do Código Penal. Causa de aumento de pena. Determina o § 3º que a pena
será aplicada em dobro quando o contrabando ou descaminho
CONTRABANDO OU DESCAMINHO for praticado mediante transporte aéreo. A razão da maior
Contrabando é a clandestina importação ou exportação de severidade da pena é a facilidade decorrente da utilização de
mercadorias cuja entrada no país, ou saída dele, é absoluta ou aeronaves para a prática do delito. Por esse mesmo motivo,
relativamente proibida. parece-nos não ser aplicável a majorante quando a aeronave
Descaminho é a fraude tendente a frustrar, total ou pousa ou decola de aeroporto dotado de alfândega, uma vez
parcialmente, o pagamento de direitos de importação ou que nestes não existe maior facilidade na entrada ou saída de
exportação ou do imposto de consumo (a ser cobrado na mercadorias.
própria aduana) sobre mercadorias. Figuras equiparadas. O § 1º do art. 334 prevê, em suas
Essa distinção é apontada por Nélson Hungria quatro alíneas, várias figuras equiparadas ao contrabando ou
(Comentários ao Código Penal, 2. ed., v. 9, p. 432). descaminho:
Em se tratando de importação ou exportação de substância a) A navegação de cabotagem tem a finalidade de realizar
entorpecente, configura-se crime de tráfico internacional de o comércio entre portos de um mesmo país. Assim, constitui
entorpecente, previsto no art. 33, caput, com a pena crime a prática desta fora dos casos permitidos em lei. Trata-
aumentada pelo art. 40, I, todos da Lei n. 11.343/2006. se, portanto, de norma penal em branco, cuja existência
A importação ou exportação ilegal de arma de fogo, pressupõe o desrespeito ao texto de outra lei.
acessório ou munição constitui também crime específico, b) A prática de ato assimilado previsto em lei, como, por
previsto no art. 18 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do exemplo, a saída de mercadorias da Zona Franca de Manaus
Desarmamento), cuja pena é de quatro a oito anos de reclusão, sem o pagamento de tributos, quando o valor excede a cota que
e multa. Como essa lei não faz ressalva, ao contrário do que cada pessoa pode trazer. Trata-se, também, de norma penal em
ocorria com a anterior (Lei n. 9.437/97), não é possível a branco.
punição concomitantemente com o crime de contrabando ou c) Nesse dispositivo, o legislador pune, inicialmente, o
descaminho. próprio contrabandista que vende, expõe à venda, mantém em
Objetividade jurídica. O controle do Poder Público sobre depósito ou de qualquer forma utiliza a mercadoria, no
a entrada e saída de mercadorias do País e os interesses em exercício de atividade comercial ou industrial. Quando isso
termos de tributação da Fazenda Nacional. ocorre, é evidente que o agente não será punido pela figura do
O STJ vinha aplicando o princípio da insignificância, caput, que resta, portanto, absorvida.
reconhecendo a atipicidade da conduta, quando o valor Lembre-se que o § 2º estabelece que se equipara à
corrigido do tributo devido não superava R$ 1.000,00, atividade comercial qualquer forma de comércio irregular
argumentando que a Fazenda Pública dispensava o (sem registro junto aos órgãos competentes) ou clandestino
ajuizamento de execução fiscal para cobrar valores até esse (camelôs, por exemplo), inclusive o exercido em residências.
limite com base na Lei n. 9.469/97. O art. 1º-A, da referida lei Em um segundo momento, a lei pune quem toma as
foi, entretanto, modificado pela Lei n. 11.941/2009. Pelo texto mesmas atitudes em relação a mercadorias introduzidas
atual está autorizado o não ajuizamento de ação e o clandestinamente ou importadas fraudulentamente por
requerimento da extinção das ações em curso, de acordo com terceiro.
os critérios de custos de administração e cobrança. Afastou-se, d) A lei pune, por fim, a pessoa que, no exercício de
assim, um valor determinado, passando a decisão de propor ou atividade comercial ou industrial, adquire (obtém a
não a ação ao Advogado-Geral da União, que deverá se pautar propriedade), recebe (obtém a posse) ou oculta (esconde)
de acordo com a conveniência para a administração em face do mercadoria de procedência estrangeira desacompanhada de
valor que busca e os custos da ação. De ver-se, entretanto, que documentos ou acompanhada de documentos que sabe serem
o parágrafo único do art. 1º-A estabelece que, no caso de falsos. Trata-se de delito que possui as mesmas condutas
Dívida Ativa da União e nos processos em que a representação típicas do crime de receptação, mas que se aplica
judicial seja atribuída à Procuradoria-Geral da Fazenda especificamente a mercadorias contrabandeadas. A norma
Nacional, não é possível tal discricionariedade, o que tornará explicativa do § 2º aplica-se também aos crimes descritos
necessária reapreciação do tema pelo STJ. nesta alínea.
O art. 34 da Lei n. 9.249/95 estabelece que “extingue-se a
punibilidade dos crimes definidos na Lei n. 8.137/90, e na Lei
n. 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do
Corrupção ativa Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a pena correspondente à violência.
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém
retardar ato de ofício: de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em Nota: o crime tipificado no art. 335 do Código Penal foi
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite tacitamente revogado pelo art. 93 e 95 da Lei 8.666/93.
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
disposição ou aceitação ) ou dar (entregar, ceder, presentear, em entidades estatais ou em representações diplomáticas de
doar) direta ou indiretamente, vantagem indevida a país estrangeiro.
funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para São assim, considerados funcionários públicos
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício estrangeiros todos os desempenham, de algum modo, função
relacionado à transação comercial internacional: em entidades estatais (por exemplo: membro do Poder
Objeto material: É a vantagem indevida. Legislativo russo) ou em representações diplomáticas (por
Sujeitos do delito: exemplo: embaixada da Itália).
a) Ativo: Trata-se de crime comum. O corruptor pode ser Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
nacional ou estrangeiro. estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
b) passivo: Trata-se de crime vago, cometido em prejuízo empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo
de comércio internacional, afetando sua credibilidade e Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas
abalando a confiança do mercado, não havendo falar em internacionais.
sujeito passivo determinado. Para Damásio, sujeito passivo é o
Estado estrangeiro titular da Administração Pública atingida. Texto do Código Penal que versa sobre o tema:
Elemento subjetivo: É o dolo.
Consumação e tentativa: trata-se de crime formal. Nas CAPÍTULO II-A
modalidades prometer e oferecer a consumação se dá com a DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
simples promessa ou oferta de vantagem indevida por parte ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
do extraneus ao funcionário público estrangeiro, isto é, quando
chega ao conhecimento deste, independentemente de aceita-la Corrupção ativa em transação comercial internacional
ou recusa-la. Também não é necessário que o funcionário Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
público pratique, retarde ou omite o ato de ofício de sua indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
competência. Na modalidade “dar” o crime se consuma com a estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar,
entrega efetiva da vantagem indevida. É imprescindível que as omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
ações mencionadas sejam, no todo ou em parte, praticadas no comercial internacional:
território nacional. Exemplos do Professor Fernando Capez: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
a) empresário que, via correspondência (telefone, Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
internet, fax, etc.), realiza a promessa de pagamento de em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público
vantagem indevida a funcionário público da China em troca da estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica
realização de algum ato de ofício; infringindo dever funcional.
b) empresário que, diante da presença de funcionário
público da Arábia Saudita, em território nacional, entrega-lhe Tráfico de influência em transação comercial
uma maleta de dólares em troca do privilégio de construir internacional
oleodutos nesse país. Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
Ação Penal: Trata-se de crime de ação penal pública outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de
incondicionada. vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a
Causa de aumento de pena: A pena é aumentada de 1/3 transação comercial internacional:
(um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a
funcionário estrangeiro.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL
INTERNACIONAL Funcionário público estrangeiro
Conduta típica: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro,
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
relacionado a transação comercial internacional: estrangeiro.
Formas: Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
a) Simples: Prevista no caput do artigo. estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
b) Majorada: Prevista no parágrafo único. A pena é empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo
aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas
vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. internacionais.
Objeto material: É a vantagem ou promessa de vantagem,
que pode ser de natureza sexual, moral ou material. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Sujeitos do delito:
a) Ativo: Trata-se de crime comum. Tanto o nacional O ramo da Administração Pública que se visa proteger com
quanto o estrangeiro podem praticá-lo, inclusive o funcionário esses dispositivos legais é o Poder Judiciário. Para tanto, as
público. normas tipificam condutas que atentam contra a dignidade e a
b) passivo: Trata-se de crime vago, cometido em prejuízo honra das funções jurisdicionais, ou seja, a efetividade e o
do comércio exterior, afetando sua credibilidade e abalando a respeito que se deve ter à decisão da Justiça.
confiança do mercado, não havendo falar em sujeito passivo
determinado. REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Bem jurídico. É a eficácia e autoridade do ato oficial do
Estado, ou seja, a sentença.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO Sujeito
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, a) Ativo. Estrangeiro expulso.
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou b) Passivo. A administração da Justiça ou o próprio
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública Estado.
Tipo objetivo. Reingressar: entrar novamente no que o sabe inocente, responderá criminalmente pela prática do
território de onde foi expulso. Tanto pode ser na parte delito capitulado no art. 339 do CP.
terrestre, marítima, aérea ou fluvial do território. Necessidade do inquérito. Para as investigações do delito
Pena. 1 a 4 anos de reclusão. de denunciação caluniosa é dispensável a abertura de
Ação penal. Ação penal pública incondicionada. inquérito, haja vista a existência de inquérito ou procedimento
Competência semelhante investigando a autoria do delito, falsamente
a) Para investigação: Polícia federal - art. 144, § 1º, IV da denunciado.
CF/88. Término das investigações. Para que se verifique com
b) Para processo e julgamento: Justiça federal - art. 109, mais precisão a inocência da vítima de denunciação caluniosa
X da CF/88. é necessário e importante o término das investigações
Normas pertinentes. Estatuto do Estrangeiro, Lei impulsionadas pela falsa denunciação.
6815/80, art. 65. Causa de aumento de pena. Art. 339, § 1º: A pena é
Conceito de estrangeiro. Conceitua-se estrangeiro de aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato
forma excludente. O art. 12 da CF/88 conceitua ou define ou de nome suposto.
quem são os brasileiros, aqueles que não se enquadrarem Causa de diminuição de pena. Art. 339, § 2º - A pena é
naquela conceituação são estrangeiros. diminuída de metade, se a imputação é de prática de
Expulsão. É o castigo ao estrangeiro que apresenta contravenção.
indícios sérios de inconveniência pelos seguintes atos: atentar A denunciação caluniosa na legislação esparsa. Em seu
contra a segurança pública; atentar contra a ordem política, art. 19, a Lei 8429/1992 (Lei das Improbidades
contra a ordem social, contra a tranquilidade ou moralidade Administrativas), prevê a prática da denunciação caluniosa.
pública e economia popular; for nocivo à convivência nacional; Em toda a lei não há definição de tipos penais e sim de atos de
ter praticado fraude na entrada ou permanência no País; improbidade administrativa (arts. 9º ao 11), exceto no art. 19,
entregar-se à vadiagem ou mendicância (arts. 59 e 60 da LCP); onde se tem a única previsão de tipo penal nesta lei.
ter condenação no estrangeiro.
Classificação. É crime próprio (só pode ser praticado por COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE
estrangeiro expulso do território), comissivo, instantâneo, CONTRAVENÇÃO
unissubjetivo, e formal. Objeto Jurídico. Administração da justiça.
Distinção entre os arts. 339 e 340 do CP.
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Art. 339 - Denunciação caluniosa: "Dar causa a instauração
Conduta típica. A conduta de denunciação caluniosa está de investigação policial ou de processo judicial contra alguém
tipificada no art. 339 do CPB e consiste em "dar causa a (pessoa determinada), imputando-lhe crime (contravenção
instauração de investigação policial ou de processo judicial penal não integra o presente tipo penal) de que o sabe
contra alguém (pessoa determinada), imputando-lhe crime inocente".
(contravenção penal não integra o presente tipo penal) de que Art. 340 - Comunicação falsa de crime ou de contravenção:
o sabe inocente". Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e "Provocar (pessoa indeterminada - qualquer um pode
multa. provocar) a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência
a) Investigação policial / b) Processo Judicial / c) de crime ou de contravenção (contravenção penal também
Investigação administrativa / d) Inquérito civil / e) Ação de integra o presente tipo penal) que sabe não se ter verificado".
improbidade administrativa Comunicação. A comunicação pode ser por escrito, verbal,
As alíneas "a" a "e" deste item "1", correspondem aos por telefone; o trote enquadra-se.
procedimentos investigatórios constituintes do tipo penal Autoridade. Tanto pode ser autoridade judicial, policial,
"denunciação caluniosa". Antes do ano 2002, apenas as ou MP. Há uma corrente que entende ser apenas a autoridade
condutas "a" e "b" eram previstas no tipo penal, o que causava judicial, isso porque interpreta a expressão ação de autoridade
muitos conflitos no campo doutrinário; com o advento da Lei de forma restritiva, como sendo tão somente o direito de exigir
10.028/2002, foi feita a inserção das condutas "c" a "e" a prestação jurisdicional do Estado. A melhor doutrina
extinguindo assim os problemas levantados anteriormente interpreta de forma correta a aludida expressão como sendo
pelos doutrinadores. qualquer atitude tomada por autoridade, a requisição de
Crime complexo. A doutrina é divergente quanto ao fato outrem.
de considerar ou não a denunciação caluniosa como crime Providências. Para que se configure o delito tipificado no
complexo, tendo em vista que este tem que ser pluriofensivo, art. 340 do CP, é necessário que a autoridade tome
ou seja, é aquele que ofende mais de um bem juridicamente providências face a falsa comunicação de crime ou
protegido. Denunciar é levar algo ao conhecimento de alguém, contravenção.
o que, por si só, não é crime. A denunciação caluniosa é Diversidade jurídica e de fato. Significa que se, diante a
resultado da soma do ato de denunciar mais a calúnia (tipo falsa comunicação de um delito - p. ex.: falsa comunicação de
penal previsto no art. 138 do CPB). A melhor doutrina entende roubo - a autoridade termina por apurar outro delito - p. ex.:
que a denunciação caluniosa não é crime complexo pelo furto - não restará caracterizado o tipo penal do art. 340 do CP.
simples fato de que a denunciação por si só não caracteriza Consumação. A "comunicação falsa de crime ou de
delito penal algum; então, apenas a calúnia é que é crime. contravenção" consuma-se com a providência tomada pela
Análise do tipo. O tipo previsto no art. 339 do CP é dar autoridade.
causa, ou fazer, causar a instauração de investigação policial Arrependimento. É admissível se ocorre antes de a
ou de processo judicial contra alguém (pessoa determinada), autoridade tomar a providência.
imputando-lhe crime de que o sabe inocente. Crime impossível. Ocorrerá quando houver a falsa
Sujeitos comunicação de crime ou contravenção e ao chegar no local
a) Ativo: Qualquer pessoa. noticiado, ao invés de perder tempo, a autoridade constatar a
b) Passivo: b1) Principal: O Estado. b2) Secundário: A ocorrência real de um delito, sendo proveitosa a diligência.
pessoa prejudicada em face da falsa imputação. Assim é crime impossível porque apesar da tentativa de causar
Autoridade que age de ofício. Se a autoridade age de prejuízo à administração da justiça, tal não ocorreu.
ofício e instaura investigação policial ou processo judicial Classificação. É crime comum, de forma livre, instantâneo,
contra alguém (pessoa determinada), imputando-lhe crime de unissubjetivo e plurissubsistente.
§ 3º - A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se Medida de segurança. A lei fala em presos e prisão, por
o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda isso entende-se inexistir em relação à medidas.
está o preso ou o internado. Conduta. Comportamento de rebeldia de pessoas presas,
Sujeitos agindo com reivindicações justas ou injustas, vingança.
a) Ativo: Qualquer pessoa; normalmente quem custodia o Local do fato. Não há necessidade de ser no presídio, por
preso. ser em ocasião de transferência.
b) Passivo: O Estado. Momento consumativo. É crime material. Consuma-se
Elemento subjetivo. O dolo. Também a forma culposa é com a efetiva perturbação da ordem e disciplina.
admitida (§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Violência contra a coisa
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3 meses a 1ª corrente a expressão violência abrange a cometida
1 ano, ou multa), sendo aí crime próprio. contra a pessoa e coisa, havendo concurso material.
Conceito de fuga. É a escapada ou o rápido afastamento 2ª corrente a expressão violência abrange somente a
do local onde está o detido. Concretiza-se a fuga ainda que não empregada contra a pessoa.
seja definitiva. Damásio filia-se à primeira. Havendo lesão e morte,
Pessoa presa. A prisão deve ser legal. responde por esses crimes, além do motim; haverá concurso
Classificação. Crime comum, material, forma livre, material. Da mesma forma ocorrendo crime de dano.
comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.
Figura qualificada DO PATROCÍNIO INFIEL
a) Cometido a mão armada Conduta típica. "Trair, na qualidade de advogado ou
b) Concurso de 2 ou mais pessoas procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
c) Mediante arrombamento patrocínio, em juízo, lhe é confiado".
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, Sujeitos
de 2 (dois) a 6 (seis) anos. a) Ativo: Advogado ou procurador judicial (defensor
Forma culposa. Quando praticado na forma culposa o público, procuradores estaduais, municipais, federais,
crime é próprio. distritais, estagiários).
b) Passivo: O Estado.
EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA Verbo nuclear. O verbo nuclear é o verbo trair, que
Conduta típica. "Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou significa ser infiel, desleal, enganar os deveres profissionais.
o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa". Pena - detenção, de 3 Deveres profissionais
meses a 1 ano, além da pena correspondente à violência. Art. 33 da lei 8.906/94 (EAOAB): O advogado obriga-se a
Análise do núcleo do tipo. Evadir-se significa fugir ou cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de
escapar da prisão. Ética e Disciplina. Parágrafo único. O Código de Ética e
Sujeito ativo. Pessoa presa ou submetida a medida Disciplina regula os deveres do advogado para com a
detentiva (internação). comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a
Classificação. Crime próprio, especificadamente de mão publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência
própria, material, forma livre, instantâneo, comissivo, jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos
unissubjetivo, plurissubsistente, não se admite tentativa, pois procedimentos disciplinares.
trata-se de crime de atentado. Art. 2º do CED: O advogado, indispensável à administração
da Justiça, é defensor do estado democrático de direito, da
ARREBATAMENTO DE PRESO cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social,
Conduta típica. "Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda". Pena - função pública que exerce. Parágrafo único. São deveres do
reclusão, de 1 a 4 anos, além da pena correspondente à advogado: I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e
violência. a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de
Objeto jurídico. Administração Pública. essencialidade e indispensabilidade; II - atuar com destemor,
Sujeito independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade,
a) Ativo. Qualquer pessoa, crime comum, podendo ser dignidade e boa-fé; III - velar por sua reputação pessoal e
praticado inclusive por funcionário público. profissional; IV - empenhar-se, permanentemente, em seu
b) Passivo. Principal o Estado e, secundariamente, o preso aperfeiçoamento pessoal e profissional; V - contribuir para o
arrebatado. aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI -
Lugar do fato. Pouco importa: intramuros (dentro do estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre
estabelecimento prisional) ou extra muros que possível, a instauração de litígios; VII - aconselhar o cliente
Guarda ou custódia. Pode ser exercida por carcereiro, a não ingressar em aventura judicial; VIII - abster-se de: a)
escolta policial. utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
Momento consumativo. Trata-se de crime formal. b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas
Consuma-se com o arrebatamento, não sendo necessário que à advocacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a
o preso venha a ser seviciado. empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; d)
emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
MOTIM DE PRESOS honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se
Conduta típica. "Amotinarem-se presos, perturbando a diretamente com a parte adversa que tenha patrono
ordem ou disciplina da prisão" Pena - detenção, de 6 (seis) constituído, sem o assentimento deste. IX - pugnar pela
meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus
violência. direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da
Objetivo. O objetivo é a Administração Pública. comunidade.
Sujeito ativo. Trata-se de crime coletivo ou de concurso Prejuízos. São considerados como prejuízos os danos
necessário, próprio, que só pode ser realizado pelos "presos". materiais e morais. A expressão "prejudicando interesse"
Número de concorrentes necessários significa a modificação do mundo exterior.
Interpretação sistêmica. Mínimo de três pessoas.
Patrocínio. Ocorre tanto nas causas cíveis quanto nas VIOLAÇÃO OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL
criminais. O patrocínio infiel em inquéritos policiais configura Tipo penal. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
conduta atípica, e em procedimentos extrajudiciais também judicial, afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
desconfigura a conduta típica do art. 355 do CPB. O artigo é por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento
taxativo em mencionar o termo processo, portanto, o de vantagem.
patrocínio infiel só pode acontecer na esfera dos processos Sujeitos
judiciais. a) ativo: qualquer pessoa.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação (Parágrafo b) passivo: Estado, podendo em segundo plano, figurar o
único). "Incorre na pena deste artigo o advogado ou terceiro prejudicado (participante da arrematação ou
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea licitante).
ou sucessivamente, partes contrárias". Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige o
a) Patrocínio simultâneo. Ocorre quando o advogado faz elemento subjetivo específico. Não há forma culposa.
jogo com as duas partes, orientando ao mesmo tempo autor e Objetos material e jurídico. O objeto material pode ser a
réu. arrematação judicial ou a pessoa que participa desta e o objeto
b) Tergiversação ou patrocínio sucessivo. Ocorre jurídico é a administração da justiça.
quando o advogado desiste do patrocínio da causa de seu Classificação. Crime comum, formal, comissivo ou
cliente para patrocinar a causa ex adversa. omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo,
Consumação e tentativa. No patrocínio infiel, caput do plurissubsistente, admite a tentativa.
art. 355, a consumação será quando do prejuízo em face da Concurso de crimes. Exige o tipo penal que, havendo
traição (crime material); no caso do parágrafo único, violência, a pena correspondente ao seu emprego seja aplicada
tergiversação ou patrocínio sucessivo, ocorre com o ato em concurso com a do delito previsto no art. 358.
processual tendente a beneficiar a parte contrária (crime
formal, porque não exige o efetivo prejuízo). DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA
Classificação. Crime próprio (só praticado por advogado OU SUSPENSÃO DE DIREITO
ou procurador judicial), material (caput), formal (parágrafo Tipo penal. Exercer função, atividade, direito, autoridade
único), plurissubsistente, unissubjetivo, instantâneo, ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial.
comissivo e omissivo. Bem Jurídico. Tutela-se a Administração da Justiça.
Ação penal. Pública incondicionada. Sujeitos
a) ativo: somente a pessoa suspensa ou privada de direito
SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR por decisão judicial.
PROBATÓRIO b) passivo: Estado.
Tipo penal. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige o
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que elemento subjetivo específico. Não há forma culposa.
recebeu na qualidade de advogado ou procurador. Objeto material. O objeto material é o dolo, caracterizado
Sujeitos pela vontade de exercer função, atividade, direito, autoridade
a) ativo: somente pode ser advogado ou procurador ou múnus, ciente o agente de que há decisão judicial privando-
judicial. o ou suspendendo-o de tal exercício.
b) passivo: Estado e, secundariamente, a pessoa Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre,
prejudicada. comissivo, habitual, unissubjetivo, plurissubsistente, não
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento admite a tentativa.
subjetivo específico. Não há forma culposa.
Objetos material e jurídico. Os objetos materiais são os Dispositivos do Código Penal:
autos, documentos ou objetos de valor probatório e o objeto
jurídico é a administração da justiça CAPÍTULO III
Classificação. Crime próprio, material, comissivo ou DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
omissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente,
admite a tentativa na modalidade comissiva, embora de difícil Reingresso de estrangeiro expulso
configuração. Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro
que dele foi expulso:
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova
Tipo penal. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer expulsão após o cumprimento da pena.
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, Denunciação caluniosa
intérprete ou testemunha. Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial,
de processo judicial, instauração de investigação
Sujeitos administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
a) ativo: qualquer pessoa. administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
b) passivo: Estado. Na modalidade receber exige o sabe inocente:
concurso de outra pessoa, que faz o pagamento. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve
subjetivo específico, consistente na finalidade de influir nas de anonimato ou de nome suposto.
pessoas descritas no tipo penal. Não há forma culposa. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
Objetos material e jurídico. O objeto material é o prática de contravenção.
dinheiro ou a utilidade recebida ou solicitada e o objeto
jurídico é a administração da justiça. Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Classificação. Crime comum, material, comissivo ou Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe
omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que admite a verificado:
tentativa. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
compete ao juiz do processo. À luz de Bettiol, ensina que cabe recursos para honrar a obrigação no ano seguinte, mas de
ao juiz, que exprime o juízo de reprovação, avaliar a gravidade cumprir o mister de proceder o empenho respectivo.
e a seriedade da situação histórica na qual o sujeito age, dentro Liquidação é o estágio em que se verifica o direito do
do espírito do sistema penal. Sendo assim, quando se parte do credor em face dos títulos creditórios. É a verificação da
pressuposto de que um comportamento só é culpável na legitimidade da despesa empenhada.
medida em que um sujeito capaz haja previsto e querido o fato O pagamento é o último estágio da realização da despesa
lesivo, deve‐se necessariamente admitir que tal (artigos 62 e 64 da Lei n. 4.320/64).
comportamento já não possa considerar‐se culpável todas as Entenda‐se que dotação é recurso fixado no orçamento
vezes em que, por causa de uma circunstância fática, o para atender às necessidades de determinado órgão, fundo ou
processo psíquico de representação e de motivação se tenha despesa. É verba.
formado de forma anormal. É crime próprio e formal, além de instantâneo, de perigo
Consuma‐se o crime, em qualquer de suas modalidades, abstrato (que independe da prova de perigo para as finanças
com a ordem ou autorização de abertura de crédito, públicas, bastando a simples realização das condutas previstas
incorrendo nas irregularidades relacionadas. Com relação às no tipo penal), unissubjetivo (pode ser cometido por um único
modalidades ordenar e autorizar somente se consumam com sujeito), unissubsistente (praticado num único ato) ou
a efetiva abertura do crédito, nas circunstâncias mencionadas. plurissubsistente (cuja ação é composta por vários atos,
Por fim, cabe ressaltar ainda que discute‐se a questão da permitindo‐se o seu fracionamento).
tentativa. Nas modalidades ordenar e autorizar, ela não poderá Por sua vez, limite estabelecido em lei, retrata que há uma
se concretizar por circunstâncias alheias a sua vontade, uma norma penal em branco, exigindo‐se que se conheça qual o
vez que pode o agente ser impedido pelo técnico especializado limite que é fixado em lei.
que o adverte da impossibilidade jurídica da operação ou Exige‐se o dolo, que é representado pela vontade
ainda pelo ato de não cumprir as determinações recebidas por consciente de ordenar ou autorizar a inscrição em restos a
observar a falta de requisitos legais. É possível a tentativa na pagar de despesa que não foi previamente empenhada ou que
hipótese da figura realizar, crime material. exceder o limite legal que foi estabelecido.
O não-funcionário público poderá ser coautor ou Consuma‐se o crime quando a ordem ou autorização é
participar do delito, desde que versado do cargo de executada, quando se opera a inscrição em restos a pagar.
funcionário público do autor, princípio do autor, princípio da Assim tem‐se a tipicidade. Sabe‐se que a existência de
comunicabilidade artigo 30 do Código Penal. empenho depende de exame prévio e a ordem ou autorização
pode ser genérica, encerrando-se quando atingir o limite
INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM estabelecido em lei, ou devendo ser executada após a
RESTOS A PAGAR realização do respectivo empenho. Sendo assim cabe a
Trata‐se de crime de ação múltipla, envolvendo ordenar, tentativa.
que significa mandar, determinar a inscrição em restos a pagar Discute‐se a existência de desistência voluntária se, depois
de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou de ordenada ou autorizada a inscrição de despesas em restos
que exceda o limite estabelecido em lei. Por sua vez, ordenar, a pagar, nas condições descritas no tipo penal.
dar ordem, que se distingue de autorizar, permitir, aprovar, Ora, em que momento estará consumado o ato de contrair
conceder autorização. obrigação de despesa? Considera‐se que tal ato somente estará
Restos a pagar constituem uma operação do sistema perfeito e acabado quando ocorrer a liquidação da despesa,
financeiro de escrituração contábil, sendo a despesa realizada quando acontecer a verificação do direito, na forma do artigo
normalmente pela sua liquidação e lançada como despesa 63 da Lei 4.320/64. Há entendimento de que a Administração,
orçamentária do exercício a pagar. Sendo assim o saldo nas fases anteriores – licitação, contrato e empenho, pode
orçamentário que existir, porventura, nessa conta no dia 31 de desistir do dispêndio, arguindo a supremacia do interesse
dezembro será transferido para a conta de restos a pagar de público, produzindo, para efeitos criminais, a denominada
despesas processadas, após o devido relacionamento para desistência voluntária (artigo 15 do CP).
efeitos de inscrição. São restos a pagar de despesas
processadas aquele cujo empenho foi entregue ao credor, que, ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO
por sua vez, forneceu o material, prestou o serviço ou ainda MANDATO OU LEGISLATURA
executou a obra e a despesa foi considerada liquidada. No crime em análise quer evitar que o administrador
Restos a pagar são as despesas empenhadas, que não transmita despesa sua ao futuro ocupante do cargo. Logo, a
forem pagas no exercício financeiro, esgotado de 31 de primeira parte do tipo penal tem por finalidade abranger a
dezembro. É dívida flutuante e deve ser registrada em conta assunção de dívida, que não será paga no mesmo exercício,
própria. Os restos a pagar são processados e não processados. sendo complementada pela segunda parte, voltada a garantir
As primeiras cumpriram o estágio de liquidação e que deixam que a dívida, caso reste para o exercício seguinte, ao menos
de ser pagas por circunstâncias próprias do exercício tenha previsão de caixa suficiente para satisfazê‐la. Enfim, o
financeiro. As demais que não forem objeto de liquidação são artigo 359 – B do Código Penal tem por fim moralizar a
as não processadas. passagem do funcionário, a fim de que gaste aquilo que pode e
Por sua vez, empenho é o comprometimento de está autorizado em lei. Objetiva‐se impedir que o
orçamento. É obrigação financeira de caráter contábil, visando administrador acabe inviabilizando a próxima administração
a reserva de numerário para o pagamento de despesa em razão do endividamento procedente. Sabe‐se da triste
comprometida dentro de dotação específica. Sendo assim é ato história de políticas orçamentárias que geravam débitos
emanado de autoridade competente que cria para a impagáveis pela Administração Pública.
Administração obrigação de pagamento pendente ou não de O entendimento é de que deve ser considerado como
implemento de condição. É o que estabelece o artigo 58 da Lei disponibilidade de caixa todo o estoque de dívida existente em
4.320/64. O empenho é indispensável, pois é vedada a 30 de abril, independente do exercício em que foi gerada.
realização de despesa que não tenha sido previamente Desse montante, identifica‐se o valor vencido e a vencer até 31
separada do orçamento para honrar o compromisso assumido, de dezembro, para fins de projeção da disponibilidade de caixa
a teor do artigo 60 da Lei 4.320/64. Assim nenhuma despesa naquela data, levando em consideração que, pela exigência
administrativa pode ser paga sem o prévio empenho, deste legal da observância da ordem cronológica de vencimento,
modo, a inscrição de restos a pagar necessita de prévio estes valores deverão ter prioridade de pagamento em relação
empenho. Não se trata de existência ou inexistência de aos novos compromissos a serem assumidos.
O elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano
livre e consciente de assumir obrigação geradora da despesa, plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
que necessite ser cumprida de forma total ou parcial, no § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera‐se:
próximo mandato ou legislatura. O agente deve ter consciência I ‐ adequada com a lei orçamentária anual, a despesa
de que já se encontra no período depurador das finanças objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja
públicas e que a obrigação a assumir não pode ser resgatada abrangida por crédito genérico, de forma que somadas
no mesmo exercício ou de que eventual saldo a ser honrado no todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,
exercício seguinte não tem “contrapartida suficiente de previstas no programa de trabalho, não sejam
disponibilidade de caixa”. ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;
Pode‐se elidir a culpabilidade, comprovando‐se a presença II ‐ compatível com o plano plurianual e a lei de
de inexigibilidade de conduta diversa. diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as
A esse respeito, Mizabel de Abreu Derzi, tratando da norma diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses
limitadora da contratação de obrigação nos dois últimos instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
quadrimestres do mandato (artigo 42, LRF) diz que o § 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será
dispositivo, não obstante, não atinge as novas despesas acompanhada das premissas e metodologia de cálculo
contraídas no primeiro quadrimestre do último ano de utilizadas.
mandato, ainda que de duração continuada superior ao § 3º Ressalva‐se do disposto neste artigo a despesa
exercício financeiro. considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de
Também não deverá alcançar outras despesas contraídas diretrizes orçamentárias.
no final do exercício para socorrer calamidade pública, para § 4º As normas do caput constituem condição prévia
atender as urgências necessárias. para:
Consuma‐se o crime quando a ordem ou a autorização é I ‐ empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens
efetivamente executada, quando a obrigação é assumida ou execução de obras;
dentro do período que a lei proíbe. É possível a tentativa. II ‐ desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o
§ 3º do art. 182 da Constituição.
ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA
Este artigo trata sobre o patrimônio público, impedindo Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado
seu esbanjamento mediante ato de decidir arbitrariedades e a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato
loucuras do administrador, tornando estável a estrita administrativo normativo que fixem para o ente a
legalidade para ações dignas de levar o endividamento do obrigação legal de sua execução por um período superior a
tesouro público. dois exercícios.
Defende-se a probidade e a normal regularidade financeira § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que
em conexão ao equilíbrio e transparência das contas públicas. trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa
O tipo penal é ordenar despesa, mandar, não autorizada prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos
previamente em lei ou não autorizada em lei ou em desacordo recursos para seu custeio.
com a autorização legal. § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será
O sujeito ativo é o agente público que tem competência acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou
para ordenar a despesa. aumentada não afetará as metas de resultados fiscais
Trata‐se de crime próprio, formal, comissivo, previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus
excepcionalmente na forma de crime comissivo por omissão, efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados
instantâneo, de perigo abstrato (que independe da forma de pelo aumento permanente de receita ou pela redução
perigo para as finanças públicas, bastando a simples realização permanente de despesa.
da conduta prevista no tipo penal), unissubsistente, em que se § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento
admite a tentativa. O doutrinador Régis Prado fala ainda em permanente de receita o proveniente da elevação de
crime de mera atividade. Disse ainda ele, comentando a Lei alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou
Complementar, que nos termos do artigo 16, a criação, criação de tributo ou contribuição.
expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo
acarrete aumento da despesa pública será acompanhada de proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo
estimativa de impacto orçamentário‐financeiro. Se isso não utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da
bastasse, o artigo 17 da mesma norma jurídica dispõe sobre as despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei
despesas de caráter continuado consideradas aquelas que de diretrizes orçamentárias.
acarretem para o administrador a obrigação legal de sua § 5º A despesa de que trata este artigo não será
execução por um período superior a dois anos. executada antes da implementação das medidas referidas
no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou
Para efeito de despesa não autorizada, diz a Lei de aumentar.
Responsabilidade Fiscal: § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas
destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37
irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de da Constituição.
despesa ou assunção de obrigação que não atendam o § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação
disposto nos arts. 16 e 17. daquela criada por prazo determinado.
PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA Complementar 101/00, ser nulo, de pleno direito, o ato de que
É o bem ou interesse protegido pela norma penal. No delito resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e
em tela, é a proteção à regularidade das finanças públicas e à oitenta dias anteriores ao final do mandato do respectivo
probidade administrativa, este visa à segurança das operações poder ou órgão.
de crédito realizadas pelo Poder Público, sendo que, para O aumento que se fala deverá exceder aos percentuais da
garanti-la, ordena-se contragarantia em valor igual ou receita líquida corrente líquida de 50% para a União e de 60%
superior. Para estampar caráter coercitivo requer precisão de para os Estados e Municípios, estabelecidos pelo artigo 19 da
contragarantia e obstruir ações graciosas dos gestores Lei Complementar 101/00, em conformidade com o disposto
públicos em operações de crédito, tornou-se criminal a no artigo 109 da Constituição Federal.
prestação de garantia que esteja correcionada com a O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consumando‐se o
contragarantia em valor igual ou em grau mais elevado. crime com o aumento da despesa total com pessoal, no prazo
É crime de garantia graciosa uma vez que não se presta referido no tipo, tratando‐se de crime material.
garantia em operação de crédito sem que tenha sido O tipo penal admite concurso de agentes, quando o não‐
constituída contragarantia em igual valor ou superior à funcionário público pode ser coautor ou partícipe desde
garantia prestada, na forma da lei. conhecedor da qualidade do agente público.
A contragarantia tem a mesma natureza e extensão da
garantia, pois é qualquer caução contraprestada pelo devedor OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO
ao garantidor, terceiro ao vínculo obrigacional que lhe MERCADO
garantiu o pagamento. O controle da dívida pública, notadamente, é o objeto
Protege a lei a boa ordem das Finanças Públicas jurídico do crime.
relacionadas às operações de crédito, impedindo assim que a Cuida‐se de crime próprio cometido apenas pelo agente
administração avoque irregularidades em mercê de terceiros, público que tenha atribuição legal para ordenar, autorizar ou
a situação de garantidor da operação. promover oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
Consuma-se o crime com a prestação em contrário à lei da de títulos da dívida pública.
garantia na operação de crédito, sem exigir a contragarantia São núcleos do crime: ordenar, que é determinar, mandar;
exigida por lei, é dispensável que a contragarantia seja pré- autorizar, que significa dar, conferir autorização; promover,
constituída, isto é, prestada antes. que tem o sentido de gerar, provocar. Há, portanto, crime se os
Permite-se a possibilidade de tentativa, quando, por títulos da dívida pública ou a colocação do mercado financeiro
exemplo, o sujeito ativo fixar a prestação de garantia sem sem que esses títulos tenham sido criados por lei; sem que
ordenar contragarantia, mas por momento alheio à sua estes estejam registrados em sistema centralizado de
vontade, sua resolução não é cumprida. Delmanto ensina liquidação e de custódia.
“embora de difícil configuração na prática, a tentativa, em tese, Os títulos da dívida pública emitidos pela União, Estados,
é possível. Municípios constituem dívida pública mobiliária (artigo 29, II,
a Lei Complementar 101/00).
NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR O elemento do tipo é o dolo. Não há modalidade culposa
O núcleo do tipo e deixar de ordenar, autorizar ou nem se exige elemento subjetivo específico do tipo.
promover o cancelamento do montante de restos a pagar A consumação do crime ocorre com a efetiva ordem,
inscrito em valor superior ao permitido em lei. autorização ou promoção da oferta pública ou da colocação de
O objeto material é o cancelamento do valor de restos a títulos da dívida pública no mercado financeiro, tratando‐se de
pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei. Sendo crime formal, onde se coloca em perigo as contas públicas.
assim é lei penal em branco, sendo que o montante deve ser Pode haver concurso de agentes, com a participação de
objeto de lei orçamentária anual. não‐funcionário que saiba da condição da qualidade do
Restos a pagar são as despesas empenhadas e não pagas funcionário.
até 31 de dezembro, distinguindo‐se as processadas e as não
processadas (artigo 36 da Lei 4.320/64). Despesas Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
processadas são aquelas que, embora liquidadas, não foram
pagas; já as despesas não processadas são as que não forem CAPÍTULO IV
nem mesmo liquidadas. DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Entende‐se que não há crime se o agente ordena, promove
o cancelamento, autoriza, mas o mesmo não ocorre por culpa Contratação de operação de crédito
de outrem. Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
Consuma‐se o crime no momento em que se escoa o prazo crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:
para que o agente ordene, autorize ou promova o Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
cancelamento. Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO I – com inobservância de limite, condição ou montante
ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
O objeto jurídico é o equilíbrio das contas públicas, II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
principalmente no que concerne à administração seguinte. limite máximo autorizado por lei.
É crime próprio, pois somente o agente que tenha
atribuição legal para ordenar, autorizar ou executar ato que Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
acarrete aumento da despesa total com pessoal pode praticá‐ pagar
lo. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a
São os seguintes os núcleos apontados: ordenar, que tem o pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada
sentido de determinar, mandar; autorizar, que significa dar, ou que exceda limite estabelecido em lei:
conferir autorização; executar despesa total com pessoal, nos Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da
legislatura.
Despesa total com pessoal é conceito dado pelo artigo 18
da Lei Complementar 101/00. Dispõe o artigo 21 da Lei
Assunção de obrigação no último ano do mandato ou 03. (CREF - 7ª Região (DF) - Auxiliar de Atendimento e
legislatura Administração - Quadrix/2016) Em relação aos crimes
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, praticados contra a Administração Pública, analise o
nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou enunciado proposto e assinale a alternativa correta. “Retardar
legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de ou sentimento pessoal”, configura o seguinte delito:
disponibilidade de caixa: (A) prevaricação.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (B) concussão.
(C) advocacia administrativa.
Ordenação de despesa não autorizada (D) tráfico de influência.
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (E) corrupção ativa.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
04. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual -
Prestação de garantia graciosa FCC/2016) João, chefe da repartição pública, constata que seu
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que subordinado Antônio cometeu infração ao despachar processo
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou administrativo de sua responsabilidade e atribuição. João,
superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: sabendo que Antônio passa por difícil situação pessoal, deixa
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. de tomar as providências disciplinares cabíveis ao caso. A
conduta de João caracteriza o crime de
Não cancelamento de restos a pagar (A) prevaricação.
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover (B) advocacia administrativa.
o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor (C) condescendência criminosa.
superior ao permitido em lei: (D) favorecimento pessoal.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (E) favorecimento real.
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do 05. (TJ/RO - Oficial de Justiça - FGV) Gustavo,
mandato ou legislatura funcionário público que atua junto à Secretaria de Finanças de
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete determinado Município, quando estava em seu trabalho,
aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias recebe uma ligação de sua esposa dizendo que o filho do casal
anteriores ao final do mandato ou da legislatura: acabara de nascer. Eufórico, deixa a repartição pública e
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. esquece o cofre com dinheiro público aberto. Breno, também
funcionário público daquela repartição, valendo-se do
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado esquecimento de Gustavo, pratica um crime de peculato.
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública Considerando a situação narrada, é correto afirmar que
ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida Gustavo:
pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam (A) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que
registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: a reparação do dano antes da sentença irrecorrível gera
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. extinção da punibilidade;
(B) não poderá ser responsabilizado por sua conduta, pois
Questões o Código Penal não prevê a figura do peculato culposo;
(C) responderá pelo crime de peculato culposo, sendo que
Crimes contra a administração em geral a reparação do dano, desde que anterior ao oferecimento da
denúncia, gerará a extinção da punibilidade;
01. (Prefeitura de Rosana/SP - Procurador do (D) responderá pelo crime de peculato-furto em concurso
Município - VUNESP/2016) Assinale a alternativa correta de agentes com Breno;
sobre o crime de peculato, tipificado no artigo 312 e (E) responderá por peculato culposo, sendo que a
parágrafos do Código Penal. reparação do dano, desde que anterior ao recebimento da
(A) É crime próprio e não admite o concurso de pessoas. denúncia, gerará extinção da punibilidade.
(B) No peculato culposo a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, reduz de metade a pena imposta. Respostas
(C) Admite o concurso de pessoas desde que a qualidade
de funcionário público, elementar do tipo, seja de Crimes contra a administração em geral
conhecimento do particular coautor ou partícipe.
(D) Para a caracterização do peculato-furto, afigura-se 01. Resposta: C
necessário que o funcionário público tenha a posse do 02. Resposta: A
dinheiro, valor ou bem que subtrai ou que concorre para que 03. Resposta: A
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio. 04. Resposta: C
(E) No peculato doloso a reparação do dano, se precede à 05. Resposta: A
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.
Crimes praticados por particular contra a
02. (SEGEP/MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual - Administração
FCC/2016) A vantagem indevida obtida pelo funcionário
público só caracteriza o crime de concussão quando for 01. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual -
(A) exigida. FCC/2016) O particular que exige vantagem a pretexto de
(B) solicitada. influir em ato praticado por funcionário público no exercício
(C) aceita. da função, pratica o crime de
(D) oferecida. (A) concussão.
(E) recebida. (B) advocacia administrativa.
(C) usurpação de função pública.
02. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) A 01. (TRE/SP - Analista Judiciário - FCC/2017) Ricardo
pena prevista pelo Código Penal para o crime de “resistência” reside na cidade de São Paulo e acaba testemunhando, da
(CP, art. 329), por expressa disposição legal, é janela de sua residência, o furto de um veículo que estava
(A) de reclusão e de multa. estacionado na via pública, defronte ao seu imóvel, praticado
(B) de reclusão, de seis meses a um ano. por dois agentes. Para se vingar do seu desafeto e vizinho
(C) maior, se o funcionário público, em razão da violência, Rodolfo e sabendo de sua inocência, Ricardo apresenta uma
fica afastado do cargo. denúncia anônima à Polícia noticiando que Rodolfo foi um dos
(D) maior se o ato, em razão da resistência, não se executa. autores do referido crime de furto. A autoridade policial
(E) diminuída de um a dois terços se a resistência não é determina a instauração de inquérito policial para apuração da
praticada com violência. autoria delitiva em relação a Rodolfo. Nesse caso hipotético,
Ricardo cometeu crime de
03. (PGR - Procurador da República - PGR) No tema de (A) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão
corrupção ativa a alternativa correta é: de dois a oito anos e multa, aumentada de sexta parte, pois
(A) Pouco importa se o ato a ser praticado pelo funcionário serviu-se de anonimato.
público seja legal ou ilegal; (B) comunicação falsa de crime, com pena prevista de
(B) A tentativa ocorrera se, por circunstancias alheias a detenção de um a seis meses ou multa, aumentada de sexta
vontade do agente, não chegar ao conhecimento do parte, pois serviu-se de anonimato.
funcionário; (C) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão
(C) Tentativa ocorrera se o funcionário não retardar ou de dois a oito anos e multa, sem qualquer majoração.
omitir ato de oficio ou não pratica-lo infringindo dever (D) comunicação falsa de crime, com pena prevista de
funcional; detenção de um a seis meses ou multa sem qualquer
(D) Incide o aumento mesmo se, por causa da promessa, o majoração.
funcionário praticar o ato de acordo com as normas incidentes. (E) falso testemunho.
04. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assessor 02. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista judiciário -
Jurídico/Procurador Geral - VUNESP) Antônio foi abordado CESPE/2016) Em relação aos crimes contra a administração
por Policiais Militares na via pública e, quando informado que da justiça, assinale a opção correta.
seria conduzido para a Delegacia de Polícia, pois era (A) É atípica a conduta do agente que faz justiça pelas
“procurado” pela Justiça, passou a desferir socos e pontapés próprias mãos sem o emprego de violência ou com o objetivo
contra um dos policiais. Sobre a conduta de Antônio, pode-se de satisfazer pretensão legítima.
afirmar que (B) A configuração do crime de exploração de prestígio
(A) praticou o crime de desacato, previsto no artigo 331 do depende de a conduta do agente incluir a alegação ou a
Código Penal. insinuação de que o dinheiro ou a utilidade também se destina
(B) praticou o crime de resistência, previsto no artigo 329 ao juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de
do Código Penal. justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
(C) praticou o crime de desobediência, previsto no artigo (C) O agente que acusa a si mesmo, perante a autoridade,
330 do Código Penal. de ter cometido infração penal que não ocorreu pratica o crime
(D) não praticou nenhum crime, pois todo cidadão tem de comunicação falsa de crime.
direito à sua autodefesa. (D) Em se tratando do crime de falso testemunho, o agente
(E) praticou o crime de corrupção ativa, previsto no artigo que se retrata ainda durante o processo no qual testemunhou
333 do Código Penal, pois pretendeu, com sua reação, faz jus a causa de diminuição de pena.
corromper o funcionário público a não cumprir ato de ofício. (E) É isento de pena, ainda que pratique o crime de
favorecimento pessoal, o ascendente, o descendente, o cônjuge
05. (TCM/GO - Auditor Conselheiro Substituto - FCC) ou o irmão de criminoso que o auxilia a fugir da ação da
José ofereceu R$ 1.000,00 para João, Oficial de Justiça, deixar autoridade policial.
de citá-lo numa ação cível. João aceitou a oferta, mas José
deixou de honrá-la. Nesse caso, José responderá por corrupção 03. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo -
ativa FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta acerca do crime
(A) consumada e João por corrupção ativa tentada. de fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança.
(B) tentada e João por prevaricação. (A) Por ser crime próprio, somente poderá ser praticado
(C) tentada e João por corrupção ativa consumada. por agente público no exercício da função.
(D) consumada e João por corrupção passiva consumada. (B) Quando houver emprego de violência contra pessoa,
(E) tentada e João por corrupção ativa tentada. aplica-se também a pena do crime de abuso de autoridade.
(C) Se praticado por agente público no exercício da função,
Respostas poderá o juiz aplicar o perdão judicial.
(D) O crime será apenado com detenção ou multa, em caso
01. Resposta: D de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda.
02. Resposta: D (E) O crime estará caracterizado quando o preso ou o
03. Resposta: B indivíduo submetido a medida de segurança detentiva tentar
05. Resposta: D evadir-se do local de custódia.
(C) a pena aumenta da metade se o crime é praticado manifestante foi preso em flagrante e, na delegacia, confessou
mediante suborno. a prática do delito.
(D) a retratação do agente, antes da sentença em que
ocorreu o falso testemunho, é causa de diminuição de pena. Com base na situação hipotética acima, julgue o item
seguinte, relativo à prova, à prisão preventiva e aos crimes
05. (TRT - 24ª REGIÃO/MS - Juiz do Trabalho previstos na parte especial do Código Penal.
Substituto - FCC) No que concerne aos crimes contra a
Administração da Justiça, é correto afirmar que O fato de o manifestante não ter cumprido a ordem legal
(A) impedir arrematação judicial apenas constitui crime se dada pelo agente de polícia legislativa não configura crime de
houver fraude ou oferecimento de vantagem. desobediência, uma vez que a ordem não foi emitida por
(B) constitui favorecimento pessoal prestar a criminoso, autoridade judiciária, o que constitui requisito específico do
fora dos casos de coautoria ou receptação, auxílio destinado a tipo penal.
tornar seguro o proveito do crime ( ) Certo ( ) Errado
(C) constitui crime de exploração de prestígio patrocinar,
direta ou indiretamente, interesse privado perante a 04. (SMA-RJ - Agente de Fazenda – Prefeitura do Rio de
administração pública, valendo-se da qualidade de Janeiro) Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
funcionário. ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a
(D) há delito de tergiversação se o advogado ou quem lhe esteja prestando auxílio, configura o tipo penal de:
procurador judicial, sucessivamente, passa a defender na (A) desobediência
mesma causa interesses de partes contrárias. (B) resistência
(E) constitui crime de patrocínio infiel solicitar, exigir, (C) condescendência criminosa
cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou (D) insurreição
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função. 05. (TJ-AC - Técnico Judiciário – Auxiliar - CESPE) No
que se refere aos crimes contra a administração pública, julgue
Respostas os próximos itens.
3 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª 4 Idem.
edição. 2014.
na lei exceções permissivas para sua conduta, de modo que – potencial consciência da ilicitude – possibilidade do
não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como agente saber, dentro das circunstâncias em que ocorre a
legítima defesa, a lei considera que a conduta não é ilícita. prática da conduta, que ela contraria o direito.
Note-se, que quando isso ocorre, o fato permanece típico, – exigibilidade de conduta diversa – quando era possível
mas não há crime, excluindo-se a ilicitude, e sendo ela exigir-se, nas circunstâncias, conduta diferente daquela do
requisito do crime, fica excluído o próprio delito; em agente.
consequência, o sujeito deve ser absolvido. São causas que Presentes esses três elementos há culpabilidade e há
excluem a ilicitude do fato: estado de necessidade; legítima aplicação de pena. Ausente um destes três elementos não há
defesa; estrito cumprimento de dever legal; exercício regular de culpabilidade e o agente é isento de pena.
direito.
04. (MPE/RJ – Estágio Forense – FGV) Entende-se por O erro de tipo incriminador ocorre quando o agente erra a
culpabilidade: respeito de um elemento fático, objetivo que compõe o tipo
a) a relação de contrariedade formal entre uma conduta penal que descreve um crime, logo havendo erro sobre um
típica e o ordenamento jurídico, tendo como requisitos a elemento objetivo do tipo penal não haverá intenção do agente
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a de praticar a conduta em relação ao que esta previsto na
inexigibilidade de conduta diversa; norma penal. Por esse motivo, a consequência do erro de
b) a relação de contrariedade formal e material entre uma tipo é afastar o dolo, possibilitando, em alguns casos, que ele
conduta típica e o ordenamento jurídico, tendo como responda na forma culposa.
requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da Exemplo: “A” atira em um animal e acerta uma pessoa.
ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa; Neste caso houve erro de tipo, pois o agente errou acerca de
c) a adequação formal e material entre uma conduta dolosa “alguém” do tipo penal “matar alguém” (art 121 do CP), ou seja,
e/ou culposa frente a uma norma legal incriminadora, errou acerca de elemento objetivo do tipo penal, motivo pelo
pressupondo-se ainda a sua prévia antijuridicidade; qual afasta-se o dolo do tipo penal de homicídio.
d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma
determinada pessoa que pratica um fato típico e antijurídico, O erro de tipo tem duas subdivisões:
tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial a) erro de tipo inevitável, invencível ou escusável:
consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa; Ocorre quando independentemente do cuidado que o
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma agente tenha tido ao atuar, o erro era inevitável, motivo pelo
determinada pessoa que pratica um fato típico e ilícito, tendo qual é considerado escusável, ou seja, desculpável.
como requisitos a imputabilidade, a consciência plena da Assim, o agente errou a respeito de um elemento objetivo
ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa. do tipo penal, afastando-se o dolo. Além disso, pelo fato de
não existir a possibilidade do agente não ter errado (erro
05. (PC-PE - Agente de Polícia – CESPE/2016) Acerca inevitável), afasta-se também a culpa, pois o erro não
das questões de tipicidade, ilicitude (ou antijuridicidade) e decorreu de falta de cuidado, falta de atenção. Desta forma, não
culpabilidade, bem como de suas respectivas excludentes, havendo dolo, nem culpa, o fato é considerado atípico.
assinale a opção correta.
(A) A inexigibilidade de conduta diversa e a b) erro de tipo evitável, vencível ou inescusável: O erro
inimputabilidade são causas excludentes de ilicitude. é considerado evitável, e portanto, vencível e inescusável,
(B) O erro de proibição é causa excludente de ilicitude. pois o agente poderia não ter errado se tivesse agido com
(C) Há excludente de ilicitude em casos de estado de mais cuidado e atenção.
necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do Neste caso, também afasta-se o dolo, pois é a
dever legal ou no exercício regular do direito. consequência do erro de tipo de um modo geral, mas não
(D) Há excludente de tipicidade em casos de estado de afasta a culpa, que permanece, pois o agente poderia ter
necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e evitado o erro com mais cuidado e atenção.
estrito cumprimento do dever legal. Importante ressaltar que o crime não é punido a título de
(E) A inexigibilidade de conduta diversa e a dolo, mas é punido a título de culpa, mas somente se houver
inimputabilidade são causas excludentes de tipicidade. no tipo penal a previsão expressa da modalidade culposa.
Assim, afasta-se o dolo e culpa, motivo pelo qual o fato será proibição. Exemplo: Corta-se um pedaço de árvore para fazer
considerado atípico. chá e é punido por crime ambiental (Desconhecimento Direto).
- Indireto: o agente chega indiretamente a conclusão de
b) erro de tipo permissivo evitável (vencível e que a conduta é lícita por acreditar que está é permitida, ou
inescusável): Neste caso, o agente poderia não ter errado se seja, primeiro acredita que é permitida, chegando
tivesse agido com mais cuidado e atenção, motivo pelo qual o posteriormente a conclusão de que sua conduta é lícita. Este
erro é considerado evitável e não merece desculpas. erro também e chamado de erro de permissão. Exemplo:
Assim, o dolo será afastado, mas o crime será punido na quando o agente dispara 5 tiros pelas costas de um indivíduo
modalidade culposa, se houver previsão legal. que estava furtando sua casa, acreditando estar agindo em
legítima defesa (situação fática leva a crer na licitude da
A culpa decorrente de erro de tipo permissivo evitável é conduta), contudo, resta evidente que houve excesso na
chamada pela doutrina de CULPA IMPRÓPRIA, pois em legítima defesa.
essência na hipótese de uma legítima defesa putativa, por
exemplo, o crime na verdade não é culposo, pois o agente agiu Artigos relacionados:
com dolo (intenção) de realizar o fato, pois o dolo esta
relacionado com a conduta típica praticada, neste caso, “matar Erro sobre elementos do tipo
alguém”, mesmo que realizada em uma legítima defesa Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
putativa ou real. Contudo, como a lei manda afastar o dolo e crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
punir o fato a título de culpa, afirma-se que na verdade trata- previsto em lei.
se de um crime doloso impropriamente tratado e punido de
culposo, devido ao erro de tipo permissivo (culpa Descriminantes putativas
imprópria). Nestes casos, de culpa imprópria, é que a maioria § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
da doutrina afirma existir a possibilidade de se falar em pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tentativa de crime culposo, quando, atuando em legítima tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
defesa putativa, o agente atua querendo matar o suposto deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
agressor, porém erra o disparo. Logo, pode-se falar que houve
uma tentativa de homicídio doloso, que será punido como Erro sobre a ilicitude do fato
culposo em função do erro de tipo permissivo evitável, Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
gerando assim uma “tentativa de homicídio culposo” (crime de a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
homicídio culposo com a pena diminuída pela tentativa). poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Entretanto, este entendimento deve ser visto com ressalvas, Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
pois neste caso na verdade o crime é doloso, apenas atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
impropriamente punido a título de culpa, e em essência, não se lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
trata de exceção à impossibilidade da tentativa em crimes consciência.
culposos, apenas uma consequência desta categoria de erro,
em que a conduta dolosa tentada será punida a título de culpa. 4. ERRO DE TIPO ACIDENTAL
5
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra involuntário. Ex.: no caso em que o projétil perfura o corpo de
quem o agente queria praticar o crime. um vítima para alojar-se no corpo de outra vítima. Nessa
hipótese, determina o Código Penal a aplicação da regra do
No caso do erro quanto a pessoa ocorre um equívoco na concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, caput, 1ª
valoração do autor quanto “quem é” a pessoa a ser atingida, parte): o magistrado utiliza a pena do crime mais grave,
isto é, o agente se engana a respeito da identidade de sua aumentando-a de 1/6 (um sexto) até a ½ (metade). O
vítima. Contudo, a conduta será perfeita e atingirá o alvo percentual de aumento varia de acordo com o número de
visado sem qualquer desvio ou equívoco. Exemplo: “A”, com a crimes produzidos a título de culpa. 8
intenção de matar “B”, efetua disparos de arma de fogo contra Importante ressaltar que também se aplica o concurso
“C”, irmão gêmeo de “B”, confundindo-o com aquele que formal próprio ou perfeito no erro na execução com unidade
efetivamente queria matar. complexa, quando as demais pessoas forem atingidas
Quando ocorrer o erro sobre a pessoa, serão aplicadas culposamente.
todas as circunstâncias como se o erro não tivesse acontecido,
ou seja, as qualificadoras, agravantes, atenuantes, causas de Importante: com relação as demais pessoas ofendidas, se
aumento e diminuição de pena etc., devem ser aplicadas como não for culposamente, mas sim, com dolo eventual (assume
se o crime tivesse sido praticado contra quem o autor o risco), aplica-se a regra do concurso forma impróprio ou
efetivamente pretendia atingir com sua conduta. imperfeito (sistema do cúmulo material), no qual somam-
se as penas, pois deriva de desígnios autônomos a
O autor Cristiano Rodrigues, traz um macete interessante pluralidade de resultados, ou seja, há dolos diversos para
para entender e não confundir esse erro, qual seja:6 produção dos resultados.
“Podemos dizer que o erro sobre a pessoa é o “erro do irmão
gêmeo”, ou o “erro do baile de máscaras”, pois o agente
4.4. Aberratio Criminis (Erro quanto ao resultado) –
acerta o alvo visado objetivamente, mas se equivoca quanto a
Artigo 74 do Código Penal
identidade deste”
Resultado diverso do pretendido
4.3. Aberratio Ictus (Erro de Execução) – Artigo 73 do
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por
Código Penal
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
Erro na execução
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
Erro quanto ao resultado (Aberratio Criminis ou aberratio
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §
delicti), ocorre quando por erro na execução ou por acidente,
3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
ocorre resultado diverso do pretendido, ou seja, o agente tinha
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.
a intenção de cometer determinado crime, mas por erro acaba
70 deste Código.
cometendo crime diverso.
Enquanto no Aberratio Ictus o resultado diverso do
Erro na Execução é a “aberração no ataque”, em relação
pretendido tem relação de pessoa x pessoa, no Aberratio
à pessoa a ser atingida pela conduta criminosa. O agente não
Criminis a relação é de crime x crime.
se engana quanto a pessoa que desejava atacar, mas age de
Exemplo: o sujeito atira uma pedra para quebrar uma
modo desastrado, errando o seu alvo e acertando pessoa
vidraça (Art. 163 do Código Penal: crime de dano), mas, por
diversa. Queria praticar um crime determinado, e o fez. Errou
erro na execução, atinge uma pessoa que passava pela rua,
quanto à pessoa: queria atingir uma, mas acaba ofendendo
lesionando-a (Art. 129, do Código Penal: lesão corporal).9
outra.
Este erro também se divide em duas espécies10:
Importante ressaltar, que o autor não se engana com
a) com unidade simples ou com resultado único:
relação a identidade da vítima, mas erra nos meios de
prevista no art. 74, 1.ª parte, do Código Penal. Nessa situação,
execução do crime, seja em sua conduta ou por fatores
o agente atinge somente bem jurídico diverso do pretendido.
independentes de sua vontade, motivo pelo qual erra o alvo e
É o que se dá no exemplo mencionado. E o dispositivo legal é
atinge pessoa diversa da que pretendia atingir.
claro: “o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
Um exemplo comum deste tipo de erro é a “bala perdida”,
crime culposo”. Assim, será imputado apenas e crime de lesão
quando o agente queria atingir determinada pessoa, atira em
corporal culposa.
direção a ela, mas erra, e atinge pessoa diversa que nada tem
relação com o evento.
b) com unidade complexa ou resultado duplo: prevista
Existem duas espécies de Aberratio Ictus, quais sejam:
no artigo 74, 2.ª parte, do Código Penal. Nessa situação, a
a) Com unidade simples ou com resultado único: é a
conduta o agente atinge o bem jurídico desejado e também
situação descrita pelo art. 73, 1.ª parte, do Código Penal, na
bem jurídico diverso, culposamente. No exemplo, o sujeito
qual o agente atinge unicamente a pessoa diversa da desejada.
quebra a vidraça e também fere a pessoa. Utiliza-se a regra do
A vítima virtual não suporta qualquer tipo de lesão. A lei “faz
concurso formal, aplicando-se a pena do crime mais grave,
de conta” que a vítima real era a vítima virtual. Logo, trata-se
aumentada de 1/6 (um sexto) até 1/2 (metade), variando o
de erro de tipo acidental e irrelevante.7
aumento de acordo com o número de crimes produzidos a
título de culpa.
b) Com unidade complexa ou com resultado duplo: é a
situação descrita pelo art. 73, parte final, do Código Penal, na
qual o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmente desejada,
ofende também pessoa ou pessoas diversas. Sua conduta
enseja dois resultados: o originariamente pretendido e o
6 Idem 9 MASSON, Cleber. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 8ª edição. Ed. Método.
7 MASSON, Cleber. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 8ª edição. Ed. Método. 2014.
2014. 10 Idem
8 Idem
ATENÇÃO: Não se usa a regra do artigo 74 se o crime não tráfico internacional de drogas. Neste caso, considerando-se
tem a modalidade culposa ou se o crime culposo for que seja possível a não imputação do crime, seria possível
menos grave. alegar erro de
Exemplo: se “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B” (A) proibição indireto.
para matá-lo, mas não o acerta e quebra uma vidraça, a (B) tipo permissivo.
sistemática do resultado diverso do pretendido implicaria a (C) proibição direto.
absorção da tentativa branca ou incruenta de homicídio pelo (D) tipo.
dano culposo. Como o dano não admite a modalidade (E) subsunção.
culposa, a conduta seria atípica. E, ainda que o legislador
tivesse incriminado o dano culposo, tal delito não seria capaz 03. (Secretaria da Criança/DF - Especialista
de absorver o homicídio tentado. Deve ser imputado ao Socioeducativo - FUNIVERSA) Alícia, estrangeira, grávida de
agente, pois, o crime de tentativa de homicídio doloso. três meses e proveniente de país que não coíbe o aborto,
ingeriu substância abortiva acreditando não ser proibido fazê-
lo no Brasil. Nesse caso hipotético, o fato descrito poderá
Regra para facilitar o entendimento:
configurar.
- Erro de coisa para pessoa: acontece quando o agente
(A) erro de tipo.
quer atingir um bem material (coisa), mas acaba atingindo
(B) erro na execução.
uma pessoa. Neste caso aplica-se a pena do crime cujo
(C) erro de proibição.
resultado se produziu, ou seja, crime culposo contra a
(D) aberratio criminis.
pessoa, ignorando a tentativa do crime doloso quanto à
(E) descriminante putativa.
“coisa”.
Exemplo: “A” joga pedra na janela do seu inimigo para
04. (TJ/SE - Juiz Substituto - FCC) A, cidadão americano,
quebrar a vidraça (crime de dano), mas erra e acerta a mulher
vem para o Brasil em férias, trazendo alguns cigarros de
de seu desafeto que estava dentro da casa (lesão corporal
maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da
culposa).
substância não é amplamente permitido, mas, como possui
- Erro de pessoa para coisa: quando o agente quer atingir
câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por
uma pessoa, mas acaba atingindo um bem material (coisa).
especialista americano para utilizar substâncias que possuam
Neste caso, aplica-se a pena de tentativa de crime contra a
THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é detido
pessoa visado inicialmente pelo agente, não punindo-se o
pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível
resultado de lesão a “coisa”, tendo em vista que não há
alegar que A encontrava-se em situação de erro de:
modalidade culposa para o crime de dano.
(A) tipo.
Exemplo: “A” quer lesionar seu inimigo e joga uma pedra
(B) tipo permissivo.
em sua direção (tentativa de lesão corporal), mas erra e atinge
(C) proibição direto.
a janela de um carro.
(D) proibição indireto.
(E) tipo indireto.
Aplica-se concurso formal
Coisa para pessoa no caso de resultado 05. (TJ/AC – Juiz Leigo – TJ/AC) Assinale a alternativa
complexo correta:
Não se aplica o concurso (A) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
formal no caso de resultado crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo,
Pessoa para coisa complexo, pois não há a se previsto em lei.
modalidade culposa no (B) O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não
crime de dano. exclui o dolo, mas exclui a culpa.
(C) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena, devendo ser consideradas as
Questões
condições ou qualidades da vítima da infração.
(D) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, não isenta
01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2017)
de pena, mas poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Em relação ao direito penal, quanto ao erro, marque a
alternativa CORRETA.
Respostas
(A) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime não exclui o dolo, mas permite a punição por crime
01. Resposta: E
culposo, se previsto em lei.
02. Resposta: A
(B) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
03. Resposta: C
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
04. Resposta: D
tornaria a ação legítima. Há isenção de pena quando o erro
05. Resposta: A
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
(C) Não responde pelo crime o terceiro que determina o
erro.
(D) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado isenta de pena.
(E) O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
SEMI-IMPUTABILIDADE OU RESPONSABILIDADE
DIMINUÍDA:
Difere da inimputabilidade apenas no requisito
7) Imputabilidade penal consequencial. Enquanto na inimputabilidade a perda da
capacidade de entender ou querer é total, na semi-
imputabilidade, é parcial. A semi-imputabilidade não exclui a
culpabilidade, e após análise do caso concreto, a lei confere ao
Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais juiz a opção de aplicar medida de segurança ou pena diminuída
que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente (redução de1/3 a 2/3).
imputada a prática de um fato punível. O conceito de sujeito
imputável é encontrado no artigo 26, caput, do Código Penal, MENORIDADE (ART. 27):
que trata dos inimputáveis. Imputável é o sujeito mentalmente Nos termos do art. 27 do Código Penal, os menores de 18
são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas
determinar-se de acordo com esse entendimento. estabelecidas na legislação especial. Adotou-se, portanto, o
Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles critério biológico, que presume, de forma absoluta, ser o menor
abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas de 18 anos inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
na lei, que são as seguintes: do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto A menoridade cessa no primeiro instante do dia que o
ou retardado; agente completa os 18 anos, ou seja, se o crime é praticado na
b) menoridade; data do 18º aniversário, o agente já é imputável e responde
c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou pelo crime.
força maior; A legislação especial que regulamenta as sanções
d) dependência de substância entorpecente. aplicáveis aos menores inimputáveis é o Estatuto da Criança e
do Adolescente (Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de
Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa. Se for medidas socioeducativas aos adolescentes (pessoas com 12
absoluta, isso significa que não importam as circunstâncias, o anos ou mais e menores de 18 anos), consistentes em
indivíduo definido como "inimputável" não poderá ser advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de
penalmente responsabilizado por seus atos. serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou
Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o internação, e a aplicação de medidas de proteção às crianças
indivíduo pertencente a certas categorias definidas em lei (menores de 12 anos) que venham a praticar fatos definidos
poderá ou não ser penalmente responsabilizado por seus atos, como infração penal.
dependendo da análise individual de cada caso na Justiça,
segundo a avaliação da capacidade do acusado, as EMOÇÃO E PAIXÃO (art. 28, I):
circunstâncias atenuantes ou agravantes, as peculiaridades do A emoção é um sentimento súbito, repentino, de breve
caso e as provas existentes. duração, passageiro e intenso (ira momentânea, o medo, a
A imputabilidade possui dois elementos: vergonha). A paixão é duradoura, perene (o amor, a ambição,
- intelectivo (capacidade de entender); o ódio). Nem a emoção nem a paixão excluem a imputabilidade
- volitivo (capacidade de querer). penal. Somente a emoção pode funcionar como redutor de
Faltando um desses elementos, o agente não será pena. A emoção pode ser causa de diminuição de pena em
imputável. alguns crimes, dependendo das circunstâncias (artigos 121,
§1.º, e 129, § 4.º, do Código Penal), ou pode constituir
Critérios para a definição da inimputabilidade: atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “c”, do Código
- Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento Penal). Ex: O marido chega em casa e encontra a esposa com
mental do acusado (quer em face de problemas mentais ou da outro, comete um homicídio. Foi movido por forte emoção.
idade do agente).
- Psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da EMBRIAGUEZ (art. 28, II):
ação ou omissão, tinha a capacidade de entendimento e Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada
autodeterminação. pelo álcool ou substancia de efeitos análogos (cocaína, ópio
- Biopsicológico: considera inimputável aquele que, em etc), cujas consequências variam desde uma ligeira excitação
razão de sua condição mental (causa), era, ao tempo da ação até o estado de paralisia e coma.
ou omissão, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do A embriaguez divide-se em:
fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento a) Embriaguez não acidental: A embriaguez não
(consequência). acidental pode ser voluntária ou culposa.
Voluntária: Ocorre quando o individuo ingere substância
DISTÚRBIOS MENTAIS: tóxica, com o intuito de embriagar-se.
Doença mental: É a perturbação mental de qualquer Culposa: Ocorre quando o indivíduo, que não queria se
ordem (exemplos: psicose, esquizofrenia, paranoia, epilepsia embriagar, ingere, por imprudência, álcool ou outra substância
etc.). A dependência patológica de substância psicotrópica de efeitos análogos em excesso, ficando embriagado. Não está
configura doença mental. acostumado, começa a beber e fica bêbado: Será considerado
Desenvolvimento mental incompleto: É o imputável, pois no momento da decisão de beber, optou pela
desenvolvimento que ainda não se concluiu. É o caso do menor bebida. Poderia ter evitado. Exceção: O bêbado que bebe há
de 18 anos e do silvícola inadaptado à sociedade. muito tempo (alcoolismo) doença mental.
Desenvolvimento mental retardado: É o caso dos A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a
oligofrênicos, que se classificam em débeis mentais, imbecis e imputabilidade, ainda que no momento do crime o embriagado
idiotas, dotados de reduzidíssima capacidade mental, e dos esteja privado inteiramente de sua capacidade de entender ou
surdos-mudos que, em consequência da anomalia, não têm de querer.
qualquer capacidade de entendimento e de autodeterminação.
Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério b) Embriaguez acidental: A embriaguez acidental
biopsicológico. somente exclui a culpabilidade se for completa e decorrente de
caso fortuito ou força maior.
Exemplo de Força maior. Alguém obrigar outra pessoa a § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
ingerir bebida alcoólica. completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
Exemplo de caso fortuito: quando sujeito está tomando tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
determinado remédio e, inadvertidamente, ingere bebida o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
alcoólica, cujo efeito é potencializado em face dos remédios, entendimento.
fazendo com que uma pequena quantia de bebida o faça ficar § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
em completo estado de embriaguez. Embriaguez involuntária. agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
decorrente de enfermidade congênita existente, por exemplo, determinar-se de acordo com esse entendimento.
nos filhos de alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória
de álcool ficam em estado de fúria incontrolável. Se for o Questões
agente, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 01. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR - Odontolegista -
acordo com esse entendimento, estará excluída sua IBFC/2017) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito
imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se houver Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa
mera redução dessa capacidade, o agente responderá pelo correta sobre a imputabilidade penal.
crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único). (A) São inimputáveis os menores de dezoito anos e semi-
imputáveis aqueles que, por doença mental ou
d) Embriaguez preordenada: Embriaguez preordenada desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao
ocorre quando o indivíduo, voluntariamente, se embriaga para tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de
criar coragem para cometer um crime. Não há exclusão de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
imputabilidade. O agente responde pelo crime, incidindo sobre acordo com esse entendimento
a pena uma circunstância agravante prevista no artigo 61, (B) São imputáveis os menores de dezoito anos e semi-
inciso II, alínea “a” CP. imputáveis aqueles que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao
DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE: tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de
Segundo o art. 45, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
Tóxicos), é isento de pena (inimputável) o agente que, em acordo com esse entendimento
razão da dependência, ou sob o efeito de substância (C) São inimputáveis os menores de dezoito anos e aqueles
entorpecente ou que determine dependência física ou que, por doença mental ou desenvolvimento mental
psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da
ao tempo da ação ou omissão, qualquer quer tenha sido o omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito
resultado da infração praticada (do Código Penal, da Lei do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
de Tóxicos ou qualquer outra lei), inteiramente incapaz (D) São imputáveis os menores de dezoito anos e
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se inimputáveis aqueles que, por doença mental ou
de acordo com esse entendimento. Se a redução dessa desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao
capacidade for apenas parcial, o agente é considerado tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de
imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3 entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
(parágrafo único). acordo com esse entendimento
(E) São imputáveis os menores de dezoito anos e
TÍTULO III inimputáveis aqueles que, em virtude de perturbação de saúde
DA IMPUTABILIDADE PENAL mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, não eram inteiramente capazes de entender o
Inimputáveis caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental entendimento
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 02. (TJ/ES - Analista Judiciário - CESPE) Julgue o item a
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse seguir
entendimento.
No direito penal, o critério adotado para aferir a
Redução de pena inimputabilidade do agente, como regra, é o biopsicológico.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois (A) CERTO
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental (B) ERRADO
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou 03. (TJ/PR - Juiz Substituto – UFPR) A embriaguez,
de determinar-se de acordo com esse entendimento. voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito
análogo:
Menores de dezoito anos (A) isenta o réu de pena, mas pode ser recepcionada como
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente crime independente punido com pena de detenção.
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na (B) é sempre considerada atenuante na prática de
legislação especial. qualquer delito.
(C) não exclui a imputabilidade penal.
Emoção e paixão (D) só tem relevância penal quando a embriaguez atinge
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: percentual perceptível por exame de bafômetro.
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.
realizarem o verbo do tipo. Partícipe é aquele que, sem realizar Coautoria sucessiva: acontece quando o coautor ingressa
o núcleo da ação típica, concorre de qualquer forma para a na realização do crime depois de iniciada a execução até após
consecução do crime. Esta teoria é adotada atualmente por a consumação do crime, ou seja, até o momento do
parte minoritária da doutrina. exaurimento. Neste caso, todos os atos anteriores também
serão imputados a este coautor, desde que sejam de seu
Teoria Extensiva: não existe distinção entre coautor e conhecimento.
partícipe; todos são chamados de coautores, realizem o verbo
ou concorram para a consecução do crime. Segue o critério Autoria de escritório: Esse conceito foi criado por
material-objetivo. Essa teoria era adotada pela antiga Parte Zaffaroni, tratando-se na verdade de uma modalidade muito
Geral do Código Penal, entretanto, com a reforma de 1984, não próxima da autoria mediata, podendo, inclusive, ser
é mais adotada. considerada uma subespécie desta. Ocorre quando, em certos
casos, uma organização criminosa, devido a sua hierarquia
Teoria do Domínio do Fato: autores de um crime são perante os membros de uma determinada comunidade, faz
todos os agentes que, mesmo sem praticar o verbo, concorrem com que certas pessoas pratiquem determinadas condutas
para a produção final do resultado, tendo o domínio completo criminosas. Devido à influência destas organizações, os
de todas as ações até o momento consumativo. O que importa agentes atuam movidos pelo medo, perdendo, assim, o
não é se o agente pratica ou não o verbo, mas se detém o domínio final do fato, pois sabem que se não cumprirem o que
controle dos fatos, podendo decidir sobre sua prática, foi estabelecido sofrerão as consequências.11
interrupção e circunstâncias, do início da execução até a
produção do resultado. Adota um critério objetivo-subjetivo. Autoria Colateral: Ocorre quando duas ou mais pessoas
Essa teoria é fundamentada no finalismo e adotada pela realizam, simultaneamente, uma conduta sem que exista entre
doutrina majoritária atualmente. Tal teoria desvinculou a elas liame subjetivo. Cada um dos autores responde por seu
realização do verbo, passando a ser considerado autor aquele resultado, visto não haver, nesse caso, coautoria.
que detém o controle, o domínio sobre o fato, mesmo que não - autoria colateral incerta: Ocorre quando, na autoria
tenha praticado o verbo. colateral, não se sabe quem produziu o resultado. A
consequência é a responsabilização de todos os autores por
Classificação da autoria tentativa, visto que não se sabe qual deles provocou o
resultado (princípio in dubio pro reo).
1. Autoria direta: é aquela que, tendo o domínio final do
fato, está diretamente vinculada à realização do crime. Autoria Ignorada ou Desconhecida: Ocorre quando não
a) Autor direito executor: é aquele que, tendo o domínio se sabe quem foi o realizador da conduta. A consequência é o
final do fato, realiza pessoalmente o verbo núcleo do tipo arquivamento do inquérito policial por ausência de indícios.
penal.
b) Autor direto intelectual: é aquele que, tendo o Natureza Jurídica da Participação
domínio final do fato, planeja, organiza, elabora e comanda a
prática do crime, porém sem realizar o verbo, utilizando uma De acordo com a teoria da acessoriedade, a participação é
terceira pessoa para isso (autor executor). uma conduta acessória à do autor, tida por principal.
Considerando que o tipo penal somente contém o núcleo e os
2. Autoria indireta ou mediata: acontece quando um elementos da conduta principal, os atos do partícipe acabam
agente que possui o domínio final do fato se utiliza de terceiro, não encontrando qualquer enquadramento. Há quatros
sem o domínio final do fato, como mero instrumento para classes de acessoriedade:
realização do crime. Neste caso, só responde pelo crime o - mínima: basta ao partícipe concorrer para um fato típico;
agente que tem o domínio final dos fatos, mas não realizou o - limitada: deve concorrer para um fato típico e ilícito;
verbo, pois o executor não tem o domínio do que está fazendo. - extrema: o fato deve ser típico, ilícito e culpável;
- hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito e
Hipóteses: culpável e o partícipe responderá ainda pelas agravantes e
- coação moral irresistível e obediência hierárquica: só atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal.
responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. Nossa legislação adota a teoria da acessoriedade
- erro determinado por terceiro: responde pelo fato o limitada. Tratando-se de comportamento acessório e não
agente que induziu o indivíduo ao erro. havendo correspondência entre a conduta do partícipe e as
- utilizar instrumento impunível de condição ou qualidade elementares do tipo, faz-se necessária uma norma de extensão
pessoal (inimputáveis): responde pelo crime o autor mediato que leve a participação até o tipo incriminador (adequação
que utilizou um inimputável para prática do crime. típica mediata ou indireta). Essa norma é o artigo 29 do Código
Penal.
3. Coautoria: é a autoria em conjunto, em que todos têm o
domínio final do fato, sendo o resultado produzido Formas de Participação
“coletivamente”.
Requisitos: Participação moral
- Resolução comum para o fato: acordo de vontades para a - induzimento: fazer nascer a ideia no autor;
prática do crime, ou seja, liame subjetivo. - instigação: reforçar a ideia já existente na mente do autor.
- Realização comum do fato: os coautores devem estar
interligados para realização do crime, mas não Participação material
necessariamente praticarem juntos. Assim, pode ocorrer que É aquela que ocorre por meio de atos materiais. É o auxílio,
todos os autores realizem a conduta típica ou pode haver como por exemplo, emprestar a arma do crime.
divisão de tarefas, desde que estas sejam essenciais para a Cúmplice é o partícipe que concorre para o crime por meio
realização do crime. de auxílio.
Participação por Omissão subjetivas. Objetivas são as que dizem respeito ao fato, à
Ocorre quando o sujeito que tem o dever jurídico de qualidade e condições da vítima ao tempo, lugar, modo e meio
impedir o resultado se omite (artigo 13, § 2.º, do Código Penal). de execução do crime. Subjetivas são as que se referem aos
A omissão se torna uma forma de praticar o crime. A vontade agentes, as suas qualidades, estado, parentesco, motivo do
do sujeito, que tem o dever jurídico de impedir o resultado, crime, etc.
adere à vontade dos agentes do crime. Elementares são dados, fatos, elementos e condições que
integram determinadas figuras típicas, cuja supressão faz
Conivência ou Participação Negativa (crimen silenti) desaparecer ou modificar o crime, transformando-o em outra
Ocorre quando o sujeito, que não tem o dever jurídico de figura típica. Exemplo: no crime de homicídio, as elementares
impedir o resultado, omite-se. Não responderá pelo crime, são “matar alguém”.
exceto se a omissão constituir crime autônomo. Exemplo: se o Tais circunstâncias e condições, quando não constituem
sujeito fica sabendo de um furto e não comunica à autoridade elementares do crime, pertencem, exclusivamente, ao agente
policial, não responde pelo crime; também, se um exímio que as tem como atributo, logo, não se comunicam. Cada um
nadador presencia uma mãe lançando seu filho de tenra idade responde pelo crime de acordo com suas circunstâncias e
em uma piscina, não responde pelo homicídio (poderá condições pessoais.
responder por omissão de socorro), exceto se tiver o dever Nos casos de constituírem circunstâncias elementares do
jurídico de evitar o resultado (se for o professor de natação da crime principal, as condições e circunstâncias de caráter
criança, por exemplo). pessoal se comunicam dos autores aos partícipes, mas não dos
partícipes aos autores por ser a participação acessória da
Participação de Participação autoria.
É o auxílio do auxílio, o induzimento ao instigador, etc. Podemos, assim, extrair três regras:
1.ª) as circunstâncias subjetivas, também chamadas de
Participação Sucessiva circunstâncias de caráter pessoal, jamais se comunicam;
Ocorre quando o mesmo partícipe concorre para a conduta 2.ª) as circunstâncias objetivas, de caráter não pessoal,
principal de mais de uma forma. Exemplo: o partícipe induz o podem se comunicar, desde que o coautor ou partícipe delas
autor a praticar um crime e depois o auxilia no cometimento. tenha conhecimento;
3.ª) as elementares, pouco importando se subjetivas (de
Participação Impunível caráter pessoal) ou objetivas, sempre se comunicam.
Quando o fato principal não ingressar na fase executória, a
participação restará impune (artigo 31 do Código Penal). Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:
RESPOSTAS
01. Resposta: B
02. Resposta: D
03. Resposta: E
04. Resposta: C
05. Resposta: D
B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela
após liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II); Lei nº 12.037/09, que também trata especificamente apenas
C) Colher todas as provas que servirem para o sobre o tema “identificação criminal”. Esta lei não traz mais
esclarecimento do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III); um rol taxativo de delitos nos quais a identificação será
D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); obrigatória, mas sim um art. 3º com situações em que ela
E) Ouvir o indiciado com observância, no que for será possível:
aplicável, do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver
I, CPP (“Do Processo em Geral”), devendo o respectivo indícios de falsificação (inciso I);
termo ser assinado por duas testemunhas que tenham B) Quando o documento apresentado for insuficiente
ouvido a leitura deste (art. 6º, V); para identificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II);
F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a C) Quando o indiciado portar documentos de identidade
acareações (art. 6º, VI); distintos, com informações conflitantes entre si (inciso III);
G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de D) Quando a identificação criminal for essencial para as
corpo de delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII); investigações policiais conforme decidido por despacho da
H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo autoridade judiciária competente, de ofício ou mediante
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha representação da autoridade policial/promotor de
de antecedentes (art. 6º, VIII); justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, de acordo com o
I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto parágrafo único, do art. 5º da atual lei (acrescido pela Lei nº
de vista individual, familiar e social, sua condição 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir a coleta
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois de material biológico para a obtenção do perfil genético;
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que E) Quando constar de registros policiais o uso de outros
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e nomes ou diferentes qualificações (inciso V);
caráter (art. 6º, IX); F) Quando o estado de conservação ou a distância
J) colher informações sobre a existência de filhos, temporal ou da localidade da expedição do documento
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o apresentado impossibilitar a completa identificação dos
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados caracteres essenciais (inciso VI).
dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 6º, X); Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do
K) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que perfil genético deverão ser armazenados em banco de
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º); dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de
L) Fornecer às autoridades judiciárias as informações perícia criminal (art. 5º-A, acrescido pela Lei nº
necessárias à instrução e julgamento dos processos (art. 12.654/2012). Tais bancos de dados devem ter caráter
13, I); sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente
M) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo aquele que permitir ou promover sua utilização para fins
Ministério Público (art. 13, II); diversos do previsto na lei ou em decisão judicial.
N) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias (art. 13, III); Indiciamento
O) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma infração
bem como de outras medidas cautelares diversas da prisão penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial.
(construção doutrinária recente). O indiciamento pode ser direto, quando feito na
presença do investigado, ou indireto, quando este está
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como ausente.
decorrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto E o art. 15, da Lei Processual Penal? Não mais se aplica
anteriormente, nada impede que, desde que não-contrária o art. 15, CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado
à moral, aos bons costumes, à ordem pública, e à dignidade curador pela autoridade policial. Isto porque, antes do atual
da pessoa humana, outra infindável gama de atos possa ser Código Civil, os indivíduos entre dezoito e vinte e um anos
praticada. eram reputados relativamente incapazes, razão pela qual
deveriam ser assistidos por curador caso praticassem
Identificação criminal infração. Com o Código Civil atual, tanto a maioridade civil
Envolve a identificação fotográfica e a identificação como a penal se iniciam aos dezoito anos.
datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal, a É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na
identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, retirada da condição de indiciado do agente, por se
anterior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado entender, durante o transcurso das investigações, que este
na atual Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual não tem qualquer relação com o fato apurado. O
o civilmente identificado não será submetido à identificação desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa,
criminal, “salvo nas hipóteses previstas em lei”. pela autoridade policial, quanto mediante o uso de habeas
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito
(“Estatuto da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, policial em relação a algum agente alvo do procedimento
segundo o qual a identificação criminal somente será administrativo investigatório.
cabível quando houver fundada dúvida quanto à identidade
do menor. Incomunicabilidade do indiciado preso
Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações De acordo com o art. 21, do Código de Processo Penal,
Criminosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação seria possível manter o indiciado preso pelo prazo de três
criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por dias, quando conveniente à investigação ou quando
organizações criminosas será realizada houvesse interesse da sociedade
independentemente de identificação civil. O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente o Código de Processo Penal da década de 1940, não foi o
para tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol mesmo recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
taxativo de delitos em que a identificação criminal deveria Logo, prevalece de forma maciça, atualmente, que este art.
ser feita obrigatoriamente, sem mencionar, contudo, os 21, CPP está tacitamente revogado.
crimes praticados por organizações criminosas, o que levou
parcela da doutrina e da jurisprudência a considerar o art. Prazo para conclusão do inquérito policial
5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. De acordo com o Código de Processo Penal, em se
Noções de Direito Processual Penal 3
APOSTILAS OPÇÃO
tratando de indiciado preso, o prazo é de dez dias juiz pedido de arquivamento do inquérito policial. Quem
improrrogáveis para conclusão. Já em se tratando de determina o arquivamento é o juiz por meio de despacho. O
indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, admitida arquivamento transmite uma ideia de “encerramento” do IP.
prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias Assim, quem determina o arquivamento do inquérito é a
diligências. autoridade judicial, após solicitação efetuada pelo membro
Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de do Ministério Público. Disso infere-se que, nem a autoridade
quinze dias para acusado preso, admitida duplicação deste policial, nem o membro do Ministério Público, nem a
prazo (art. 66, da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o autoridade judicial, podem promover o arquivamento de
prazo será de trinta dias admitidas prorrogações, seguindo- ofício. Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode
se a regra geral. promover o arquivamento caso assim requeira o ofendido.
Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo
é de trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para Trancamento do inquérito policial
acusado solto. Em ambos os casos pode haver duplicação Trata-se de medida de natureza excepcional, somente
de prazo. sendo possível nas hipóteses de atipicidade da conduta, de
Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a causa extintiva da punibilidade, e de ausência de elementos
Economia Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou indiciários relativos à autoria e materialidade. Ou seja, é
preso, será sempre de dez dias. cabível quando a investigação é absolutamente infundada,
E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de abusiva, não indica o menor indício de prova da autoria ou
prazo processual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui- da materialidade. Aqui a situação é de paralisação do
se o dia do vencimento, tal como disposto no art. 798, §1º, inquérito policial, determinada através de acórdão proferido
do Código de Processo Penal. no julgamento de habeas corpus que impede o
prosseguimento do IP.
Conclusão do inquérito policial
De acordo com o art. 10, §1º, CPP, o inquérito policial é Investigação pelo Ministério Público
concluído com a confecção de um relatório pela autoridade Apesar do atual grau de pacificação acerca do tema, no
policial, no qual se deve relatar, minuciosamente, e em sentido de que o Ministério Público pode, sim, investigar - o
caráter essencialmente descritivo, o resultado das que se confirmou com a rejeição da Proposta de Emenda à
investigações. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à Constituição nº 37/2011, que acrescia um décimo parágrafo
autoridade judicial. ao art. 144 da Constituição Federal no sentido de que a
Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos
relatório, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei policiais -, há se disponibilizar argumentos favoráveis e
de Drogas”), em cujo art. 52 se exige da autoridade policial contrários a tal prática:
juízo de valor quanto à tipificação do ilícito de tráfico ou de A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à
porte de drogas. possibilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça a chamada “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da
dispensável, logo, a sua falta não tornará inquérito inválido. Suprema Corte Norte-americana, segundo a qual “quem
pode o mais, pode o menos”, isto é, se ao Ministério Público
Recebimento do inquérito policial pelo órgão do compete o oferecimento da ação penal (que é o “mais”),
Ministério Público também a ele compete buscar os indícios de autoria e
Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério materialidade para essa oferta de denúncia pela via do
Público as seguintes opções: inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de procedimento investigatório utilizado pela autoridade policial
justiça é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos seria o mesmo, apenas tendo uma autoridade presidente
elementos colhidos durante a fase persecutória para dar o diferente, no caso, o agente ministerial. Por fim, como último
disparo inicial desta ação por intermédio da denúncia; argumento, tem-se que a bem do direito estatal de perseguir
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem o crime, atribuir funções investigatórias ao Ministério Público
indispensáveis; é mais uma arma na busca deste intento;
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro
investigado não constitui qualquer infração penal, ou, ainda argumento desfavorável à possibilidade investigatória do
que constitua, encontra óbice nas máximas sociais que Ministério Público, tem-se que tal função atenta contra o
impedem que o processo se desenvolva por atenção ao sistema acusatório. Ademais, fala-se em desequilíbrio entre
“Princípio da Insignificância”, por exemplo, o agente acusação e defesa, já que terá o membro do MP todo o
ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à aparato estatal para conseguir a condenação de um
autoridade judicial; acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de defesa por seu advogado caso não tenha condições
sua competência, o membro do MP suscita a questão, para financeiras de conduzir uma investigação particular.
que a autoridade judicial remeta os autos à justiça Também, fala-se que o Ministério Público já tem poder de
competente; requisitar diligências e instauração de inquérito policial, de
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. maneira que a atribuição para presidi-lo seria “querer
Conforme o art. 114, do Código de Processo Penal, o demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas são
“conflito de competência” é aquele que se estabelece entre uma exclusividade da polícia judiciária, e que não há
dois ou mais órgãos jurisdicionais. Já o “conflito de previsão legal nem instrumentos para realização da
atribuições” é aquele que se estabelece entre órgãos do investigação Ministério Público.
Ministério Público.
Controle externo da atividade policial
Arquivamento do inquérito policial O controle externo da atividade policial é aquele
No arquivamento, uma vez esgotadas todas as realizado pelo Ministério Público no exercício de sua
diligências cabíveis, percebendo o órgão do Ministério atividade fiscalizatória em prol da sociedade (art. 127 e 129,
Público que não há indícios suficientes de autoria e/ou prova II, da Constituição Federal de 1988) e em virtude de
da materialidade delitiva, ou, em outras palavras, em sendo mandamento constitucional expresso (art. 129, VII, da
caso de futura rejeição da denúncia (art. 395 do CPP) ou de Constituição Federal de 1988).
absolvição sumária (397 do CPP), deverá ser formulado ao
Noções de Direito Processual Penal 4
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, referente aos artigos que versam sobre o tema “Do Inquérito
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- Policial”:
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis. TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
(...) Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos autoridades policiais no território de suas respectivas
serviços de relevância pública aos direitos assegurados circunscrições e terá por fim a apuração das infrações
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias penais e da sua autoria.
a sua garantia; Parágrafo único. A competência definida neste artigo
(...) não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na por lei seja cometida a mesma função.
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior.
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial
será iniciado:
Como visto a legislação brasileira não definiu I - de ofício;
exatamente o conceito do controle externo da atividade II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do
policial, então, recorreremos à doutrina para tentar Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
conceituá-lo. O douto professor Hugo Nigro Mazzilli nos quem tiver qualidade para representá-lo.
ensina que esse controle externo: “é um sistema de § 1º O requerimento a que se refere o n o II conterá
vigilância e verificação administrativa, teleologicamente sempre que possível:
dirigido à melhor coleta de elementos de convicção que se a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
destinam a formar a “opinio delictis” do Promotor de Justiça, b) a individualização do indiciado ou seus sinais
fim último do próprio inquérito policial”. característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos
O controle externo da atividade policial pelo Ministério de impossibilidade de o fazer;
Público tem como objetivo manter a regularidade e a c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
adequação dos procedimentos empregados na execução sua profissão e residência.
da atividade policial, bem como a integração das funções do § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
Ministério Público e das Polícias voltadas para a persecução abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
penal e o interesse público Polícia.
O controle externo se assenta em dois pilares: § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver
- verificar a eficiência da atividade policial, zelando para conhecimento da existência de infração penal em que
que sejam fornecidos elementos suficientes ao Ministério caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
Público para o oferecimento da denúncia ou arquivamento comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a
do caso; procedência das informações, mandará instaurar
- corrigir eventuais desvios e abusos da atividade inquérito.
policial, garantido-se o respeito aos direitos e garantias dos § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
cidadãos. depender de representação, não poderá sem ela ser
iniciado.
Estão sujeitos ao controle externo do Ministério Público, § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
na forma do art. 129, VII, da Constituição Federal, e da somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
legislação em vigor, os organismos policiais relacionados no quem tenha qualidade para intentá-la.
art. 144 da Constituição Federal, bem como as polícias
legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da
militar, relacionada com a segurança e a persecução infração penal, a autoridade policial deverá:
criminal. I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
O controle externo da atividade policial se apresenta sob alterem o estado e conservação das coisas, até a
as espécies difusa e concentrada. chegada dos peritos criminais;
O controle difuso é exercido por todos os membros do II - apreender os objetos que tiverem relação com o
Ministério Público com atribuição criminal, através do fato, após liberados pelos peritos criminais;
acompanhamento e fiscalização do inquérito e outros III - colher todas as provas que servirem para o
procedimentos de investigação policial. O controle esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
concentrado, por sua vez, é exercido pelos grupos de IV - ouvir o ofendido;
membros com atribuições específicas, que devem também V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
realizar inspeções periódicas nas unidades de polícia. aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste
No âmbito do Ministério Público Federal (MPF), o Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
controle concentrado é exercido em cada Unidade da testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
Federação, por um Grupo de Procuradores da República VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas
(GCEAP), designado pelo prazo de dois anos por ato do e a acareações;
Procurador-Geral da República (conforme art. 5º da Res. VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame
CSMPF Nº 88, de 03 de agosto de 2006). A coordenação de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
nacional da atuação criminal e do controle externo incumbe VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (2ª CCR/MPF). Ela processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos
é assessorada, em matéria de controle externo, pelo Grupo autos sua folha de antecedentes;
de Trabalho da Atividade de Controle Externo (GTCeap) IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
que subsidia o trabalho dos Procuradores da República ponto de vista individual, familiar e social, sua condição
integrantes dos GCeaps nos estados. econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos
dispositivos contidos no Código de Processo Penal
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão
caráter. dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
X - colher informações sobre a existência de filhos, do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
nome e o contato de eventual responsável pelos prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. telemática que disponibilizem imediatamente os meios
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) técnicos adequados – como sinais, informações e outros
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
infração sido praticada de determinado modo, a § 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa
autoridade policial poderá proceder à reprodução posicionamento da estação de cobertura, setorização e
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a intensidade de radiofrequência.
moralidade ou a ordem pública. § 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado de qualquer natureza, que dependerá de autorização
o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
num só processado, reduzidas a escrito ou renovável por uma única vez, por igual período;
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. III - para períodos superiores àquele de que trata o
inciso II, será necessária a apresentação de ordem
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 judicial.
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou § 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, ocorrência policial.
mediante fiança ou sem ela. § 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às
sido apurado e enviará autos ao juiz competente. empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, meios técnicos adequados – como sinais, informações e
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. outros – que permitam a localização da vítima ou dos
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao ao juiz.
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências,
que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os realizada, ou não, a juízo da autoridade.
objetos que interessarem à prova, acompanharão os
autos do inquérito. Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado
curador pela autoridade policial.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia
ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações denúncia.
necessárias à instrução e julgamento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar
pelo Ministério Público; arquivar autos de inquérito.
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias; Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do
IV - representar acerca da prisão preventiva. inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para
a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública,
art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou
Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de de seu representante legal, ou serão entregues ao
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da requerente, se o pedir, mediante traslado.
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da
vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
2016) necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no da sociedade.
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que
I - o nome da autoridade requisitante; lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
II - o número do inquérito policial; e mencionar quaisquer anotações referentes a instauração
III - a identificação da unidade de polícia judiciária de inquérito contra os requerentes.
responsável pela investigação.
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá
sempre de despacho nos autos e somente será permitida
01. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – 05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) No
FEPESE/2017) É correto afirmar sobre o inquérito policial. que se refere ao arquivamento do inquérito policial, assinale
(A) A notitia criminis deverá ser por escrito, a opção correta.
obrigatoriamente, quando apresentada por qualquer pessoa (A) Membro do Ministério Público ordenará o
do povo arquivamento do inquérito policial se verificar que o fato
(B) A representação do ofendido é condição investigado é atípico.
indispensável para a abertura de inquérito policial para (B) Cabe à autoridade policial ordenar o arquivamento
apurar a prática de crime de ação penal pública quando a requisição de instauração recebida não fornecer
condicionada. o mínimo indispensável para se proceder à investigação.
(C) O Ministério Público é parte legítima e universal para (C) Sendo o crime de ação penal privada, o
requerer a abertura de inquérito policial afim de investigar a arquivamento do inquérito policial depende de decisão do
prática de crime de ação penal pública ou privada. juiz, após pedido do Ministério Público.
(D) Apenas o agressor poderá requerer à autoridade (D) O inquérito pode ser arquivado pela autoridade
policial a abertura de investigação para apurar crimes de policial se ela verificar ter havido a extinção da punibilidade
ação penal privada. do indiciado.
(E) O inquérito policial somente poderá ser iniciado de (E) Sendo o arquivamento ordenado em razão da
ofício pela autoridade policial ou a requerimento do ausência de elementos para basear a denúncia, a
ofendido. autoridade policial poderá empreender novas investigações
se receber notícia de novas provas.
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário -
NUCEPE/2016) Pode-se afirmar que a autoridade policial, Respostas
assim que tiver conhecimento da prática da infração penal
deverá: 01. Resposta: B
(A) intimar às partes para formular quesitos sobre que 02. Resposta: C
diligências periciais pretendem fazer. 03. Resposta: C
(B) telefonar para o local, a fim de determinar que não 04. Resposta: A
se alterem o estado e a conservação das coisas, até sua 05. Resposta: E
chegada.
(C) apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
depois que já tiverem sido liberados pelos peritos criminais.
(D) entregar os pertences do ofendido e do indiciado
para seus respectivas familiares. 2) Ação penal; espécies.
(E) preparar um relatório assinado por, pelo menos, três
testemunhas que presenciaram o fato.
prevista apenas no processo penal (art. 395, III, CPP), mas dos fatos narrados, e não do tipo penal imputado;
não no processo civil. Consiste em se obter o mínimo de E) Com base no art. 46, CPP, o prazo para oferecimento
provas indispensável para o início de um processo, até para da denúncia (que é um prazo de natureza processual penal,
com isso não submeter o cidadão à situação degradante e isto é, contado da forma do art. 798, CPP) será de cinco
embaraçosa que desempenha a persecução criminal na dias, estando o réu preso (contado da data em que o órgão
vida de uma pessoa. do Ministério Público receber o inquérito policial), e de
quinze dias, estando o réu solto ou afiançado. Agora, se o
2 Condições específicas. São condições exigidas agente do MP tiver dispensado o inquérito, o prazo para a
apenas para alguns delitos. Assim, por exemplo, nos crimes exordial acusatória contar-se-á da data em que tiver
de ação de iniciativa pública condicionada, indispensável recebido as peças informativas substitutivas do
será o oferecimento de representação pelo ofendido, nos procedimento administrativo investigatório (art. 46, §1º,
termos do art. 39, do Código de Processo Penal, ou a CPP).
requisição do Ministro da Justiça, em se tratando de crime Há, ainda, prazos especiais na legislação extravagante
contra a honra praticado contra o Presidente da República, para oferecimento de denúncia, como o de dez dias para
contra chefe de governo estrangeiro, conforme art. 145, crime eleitoral, o de dez dias para tráfico de drogas, o de
parágrafo único, do Código Penal; no crime de induzimento quarenta e oito horas para crime de abuso de autoridade, e
a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236,do o de dois dias para crimes contra a economia popular;
CP), constitui condição específica da ação penal – queixa – F) De acordo com o art. 395, CPP, a denúncia será
o trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso I);
ou impedimento, anule o casamento. Ainda podemos citar o quando faltar pressuposto processual ou condição para o
laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial; o exercício da ação penal (inciso II); e quando faltar justa
exame preliminar em crimes de tóxicos; a representação do causa para o exercício da ação penal (inciso III);
ofendido etc. G) Da decisão que recebe a denúncia não cabe qualquer
Deste modo, ausente condição específica de recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus
procedibilidade exigida pela lei, de rigor será a rejeição da ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim
denúncia ou queixa. meios autônomos de impugnação. Já da que rejeita a
denúncia ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em
Classificação das ações penais. A classificação das sentido estrito, por força do art. 581, I, CPP.
ações penais observa, em regra, o titular para sua Vale lembrar apenas que, excepcionalmente, na Lei nº
propositura. 9.099/95, de acordo com seu art. 82, a rejeição da inicial
1 Ação penal pública. É de iniciativa exclusiva do acusatória desafia o recurso de apelação.
Ministério Público (órgão do Estado, composto por
promotores e procuradores de justiça no âmbito estadual, e Súmula 707 do STF: “constitui nulidade a falta de
por procuradores da República, no federal). Na ação intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
pública vigora o princípio da obrigatoriedade, ou seja, recurso interposto da rejeição da denúncia, não
havendo indícios suficientes, surge para o Ministério Público suprimindo a nomeação do defensor dativo”.
o dever de propor a ação. A peça processual que dá início
à ação penal pública é a denúncia, sendo suas Isto posto, feitas estas considerações acerca da
características principais: denúncia, a seguir há se estudar as espécies de ação penal
A) A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, pública.
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado (ou esclarecimentos pelos quais se possa 1.1 Ação penal pública incondicionada. É a regra no
identificá-lo), a classificação do crime e, quando necessário, ordenamento processual penal. Para que ação penal seja
o rol de testemunhas (art. 41, CPP). A ausência destes de outra espécie, isso deve estar expressamente previsto.
requisitos pode levar à inépcia da denúncia. Se não houver previsão diversa, entende-se pública a ação
Também, a impossibilidade de identificar o acusado com penal.
seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará Com efeito, a titularidade da ação penal pública
a ação penal, quando certa a identidade física. Assim, se incondicionada é do Ministério Público, com fundamento no
descoberta posteriormente a qualificação, basta fazer art. 129, I, da Constituição Federal, que a exercerá por meio
retificação por termo nos autos, sem prejuízo da validade de denúncia, como já dito.
dos atos precedentes (art. 259, CPP); São princípios aplicados à ação penal pública
B) Na hipótese de concurso de agentes, ou em crimes incondicionada:
de concurso necessário, a denúncia deve especificar a A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do
conduta de cada um. É posicionamento pacífico no sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de
Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça ofício. O juiz precisa ser provocado, para sair de sua
de que a “denúncia genérica” deve ser de todo evitada, por posição estática, inerte;
prejudicar o direito de defesa do(s) agente(s) envolvido(s); B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá
C) É possível “denúncia alternativa”? Neste caso, o condenação por crime a que já tenha sido condenado. Logo,
agente ministerial pede a condenação por um crime “X”, ou, ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma
caso isso não fique provado, que seja o agente condenado, imputação, conforme consta do art. 8º, n. 4, da Convenção
com a mesma narrativa acusatória fática, pelo crime “Y”. Americana de Direitos Humanos;
Diverge amplamente a doutrina quanto a essa C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode
possibilidade: quem entende que isso não é possível, passar da pessoa do autor do delito (art. 5º, XLV, da CF);
ampara-se no argumento de que isso torna a acusação D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade
incerta e causa insegurança jurídica ao acusado; quem processual). Por tal, presentes as condições da ação, o
entende que isso é possível, afirma que, como o acusado Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. As
se defende meramente de fatos, e não de uma tipificação exceções a tal princípio são as hipóteses de transação
imposta, nada obsta que subsista um crime em detrimento penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95), de acordo de leniência
de outro e a condenação por um ou por outro seja pedida (art. 35, da Lei nº 8.884/94), de termo de ajustamento de
na acusação; conduta em crimes ambientais, e de parcelamento do débito
D) Pouco importa a definição jurídica que o agente tributário;
ministerial atribui ao acusado. Este sempre se defenderá
Noções de Direito Processual Penal 9
APOSTILAS OPÇÃO
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público do MP, quando a este houver sido dirigida. Por fim, o
é obrigado a oferecer denúncia, não pode, parágrafo segundo do art. 39 prevê que a representação
consequencialmente, desistir da ação penal pública (art. 42, conterá todas as informações que possam servir à apuração
CPP). A exceção a tal princípio é a suspensão condicional do fato e da autoria;
do processo, prevista no art. 89, da Lei nº 9.099/95, na qual, D) Direcionamento da representação. É feita à
enquanto em período de cumprimento das condições autoridade policial, ao Ministério Público, ou ao juiz,
impostas ao acusado, ficam os agentes estatais inertes pessoalmente ou por represente com procuração
quanto à continuidade da persecução criminal; atribuidora de poderes especiais para tal;
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais E) Prazo para oferecimento da representação. Assim
superiores, o Ministério Público pode denunciar alguns dos como a queixa-crime, a representação está sujeita ao prazo
corréus, sem prejuízo do prosseguimento das investigações decadencial de seis meses, em regra contados do
em relação aos demais. Há quem entenda, todavia, que conhecimento da autoria. Trata-se de prazo penal, isto é, o
havendo elementos de informação, o Ministério Público é dia do início é contabilizado (art. 10, CP);
obrigado a denunciar todos os suspeitos, de modo que o F) Retratação da representação. Antes do oferecimento
princípio aplicável à ação penal pública seria o “da da denúncia pode ocorrer a retratação. Depois de oferecida
indivisibilidade”, e não o “da divisibilidade”. a denúncia, não é mais possível retratar-se da
Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, que representação. Eis o teor do art. 25, do Código de Processo
em sede de ação penal pública o que vale é o “Princípio da Penal;
Divisibilidade”, razão pela qual foi aqui incluído; G) Retratação da retratação da representação. Trata-se
G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não de uma nova representação, ou seja, o agente representou,
necessita qualquer autorização para oferecer denúncia. se retratou, e então se retrata da retratação. Ela é possível,
desde que dentro do prazo decadencial de seis meses;
1.2 Ação penal pública condicionada. O Ministério H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja
Público depende do implemento de uma condição, que pode representação. A representação oferecida não vincula o
ser a representação do ofendido, ou a requisição do Ministro agente ministerial a oferecer denúncia se averiguar que o
da Justiça. fato descrito não constitui delito, ou, ainda que constitua,
A sua titularidade também compete ao Ministério não mais é possível sua punibilidade;
Público, que o faz por meio de denúncia. A diferença é que, I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição
enquanto na ação pública incondicionada não carece o MP específica de procedibilidade (ex.: crimes contra a honra do
de qualquer autorização, na condicionada fica o órgão Presidente da República, nos moldes do art. 145, CP).
ministerial subordinado justamente a uma autorização Trata-se, essencialmente, de ato político praticado pelo
prévia que se faz por meio de representação/requisição. Ministro da Justiça, endereçado ao Ministério Público na
Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os figura de seu Procurador Geral;
mesmos da ação penal pública incondicionada. J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a
Com efeito, há se estudar algumas questões pertinentes prazo decadencial? Não. O crime contra o qual se exige a
à representação do ofendido e à requisição do Ministro da requisição está sujeito à prescrição, mas a requisição do
Justiça: Ministro da Justiça não se sujeita a prazo decadencial;
A) Representação do ofendido. É a manifestação do K) Possibilidade de retratação da requisição. Há
ofendido ou de seu representante legal no sentido de que divergência na doutrina. Para uma primeira corrente, não se
tem interesse na persecução penal do fato delituoso. Ela admite retratação da requisição, justamente pela grande
deve ser oferecida por pessoa maior de dezoito anos natureza política que este ato importa; para uma segunda
através de advogado, ou, se menor de dezoito anos, é o corrente, essa retratação é, sim, admitida, desde que feita
representante legal deste quem procura um advogado para antes do oferecimento da peça acusatória. O
que o faça. Se houver colisão de interesses entre o menor posicionamento que vem se consolidando na doutrina bem
e seu representante, nomeia-se curador especial, na forma como nos Tribunais é que não é cabível a retratação da
do art. 33, do Código de Processo Penal. requisição (Tourinho Filho, Fernando Capez).
Ademais, com fundamento no primeiro parágrafo, do art. L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja
24, CPP, no caso de morte do ofendido ou quando requisição. Vale o mesmo que foi dito para a representação.
declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge (ou convivente), ao 2 Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de
ascendente, ao descendente, ou irmão; oportunidade conferida ao ofendido de oferecer queixa-
B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em crime, caso entenda ter sido vítima de delito. Vale dizer que,
regra, a representação funciona como condição específica como a regra no silêncio do legislador é a ação penal pública
de procedibilidade aos processos que ainda não tiveram incondicionada, para que a ação penal seja de iniciativa
início. Por outro lado, se o processo já está em andamento, privada deve haver previsão legal neste sentido.
a representação passa a ser uma condição de Importante ainda, discorrer sobre algumas das
prosseguibilidade da ação penal, já que, para que o características principais da queixa-crime:
processo prossiga, uma condição superveniente tem de ser A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo
sanada; Penal, ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de representá-lo (querelante) caberá intentar ação privada
peça sem rigor formal, bastando que fique devidamente contra o ofensor (querelado). Ademais, no caso de morte do
demonstrado o interesse da vítima ou de seu representante ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial,
legal em representar o ofensor. Conforme o art. 39, da Lei o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará
Processual Penal, o direito de representação poderá ser ao cônjuge (ou convivente), ascendente, descendente, ou
exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes irmão (se houver colisão de interesses entre o menor e seu
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, representante, nomeia-se curador especial, na forma do art.
ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ato 33, do Código de Processo Penal).
contínuo, o primeiro parágrafo do mencionado dispositivo Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, CPP,
prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa,
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de terá preferência o cônjuge (ou convivente), e, em seguida,
seu representante legal ou procurador, será reduzida a o parente mais próximo da ordem de enumeração constante
termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do art. 31 (cônjuge, ascendente, descendente, irmão),
Noções de Direito Processual Penal 10
APOSTILAS OPÇÃO
podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a
caso o querelante desista da instância ou a abandone; relação jurídica material) até o trânsito em julgado da
B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá ser sentença condenatória, por meio do perdão ou da
dada por procurador com poderes especiais, devendo perempção.
constar do instrumento do mandado o nome do querelante Dentro de tal postulado, temos ainda que estudar dois
e a menção do fato criminoso (salvo quando tais institutos, a saber, o perdão da vítima e a perempção.
esclarecimentos dependerem de diligências que devem O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo
previamente ser requeridas no juízo criminal); imputado (ao contrário da renúncia, que é ato unilateral).
C) A queixa-crime deve conter todos os elementos da Ocorre quando já instaurado o processo (não é pré-
denúncia previstos no art. 41, CPP, valendo a mesma processual como a renúncia); é irretratável; pode ser
ressalva feita no art. 259, da Lei Processual; expresso ou tácito (o silêncio do acusado, de acordo com o
D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda art. 58, CPP, implica aceitação do perdão); processual ou
quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP, a aceitação do
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em perdão fora do processo constará de declaração assinada
todos os termos subsequentes do processo; pelo querelado, ou por seu representante legal, ou por
E) O prazo para oferta de queixa-crime é decadencial de procurador com poderes especiais); e por fim, pode ser
seis meses, contados com a natureza de prazo penal (art. ofertado até o trânsito em julgado da sentença final.
10, CP) do conhecimento da autoridade delitiva, tal como o Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a
prazo para a representação do ofendido nos delitos de ação desídia do querelante quando, iniciada a ação penal, deixa
penal pública condicionada à representação. A exceção ao de promover o andamento do processo durante trinta dias
início da contagem de prazo se dá no caso do crime previsto seguidos (inciso I); quando, falecendo o querelante ou
no art. 236, do Código Penal (crime de induzimento a erro sobrevindo sua incapacidade, não comparece em juízo para
essencial e ocultação de impedimento ao casamento), em prosseguir no processo dentro do prazo de sessenta dias
que o prazo de seis meses para queixa começa a contar do qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (ressalvado o
trânsito em julgado da sentença que anule o casamento no disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante
âmbito cível, conforme disposto no parágrafo único do deixa de comparecer sem motivo justificado a qualquer ato
aludido dispositivo; do processo a que deva estar presente (inciso III, primeira
F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer parte); quando o querelante deixa de formular o pedido de
recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus condenação nas alegações finais (inciso III, segunda parte);
ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
meios autônomos de impugnação. Já da que rejeita a extinguir sem deixar sucessor (inciso IV);
queixa ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em
sentido estrito, por força do art. 581, I, CPP. F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um
Isto posto, feitas estas considerações acerca da queixa- obriga ao processo de todos. Portanto, se o querelante
crime, há se discorrer sobre as espécies de ação penal renuncia ao direito de queixa em relação a um dos
privada. ofensores, isto se estende aos demais. Eis o teor que se
pode extrair do art. 48, do Código de Processo Penal. Da
2.1 Ação penal exclusivamente privada. É possível mesma maneira, o perdão dado a um dos ofensores se
sucessão processual, já que, apesar de competir ao estende aos demais querelados, desde que estes também
ofendido a iniciativa de manejo, o art. 31, CPP permite que aceitem-no (art. 51, CPP).
cônjuge (ou convivente), ascendente, descendente ou O “fiscal” desse princípio será o Ministério Público, nos
irmão nela prossigam no caso de morte do ofendido ou termos do art. 48, CPP, o qual velará pela indivisibilidade da
quando declarado ausente por decisão judicial. ação penal.
São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente
privada: 2.2 Ação penal privada personalíssima. Não é
A) Princípio da inércia da jurisdição. Também possível a sucessão processual. No caso de morte da
aplicado à ação penal pública, já foi devidamente explicado; vítima, extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão
B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à (ex: o delito previsto no art. 236, do Código Penal).
ação penal pública, já foi devidamente explicado; É como se vê, um direito personalíssimo e intransferível.
C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente
ação penal pública, já foi devidamente explicado; privada também se aplicam à ação penal privada
D) Princípio da oportunidade (ou princípio da personalíssima.
conveniência). Mediante critérios de oportunidade ou
conveniência, o ofendido pode optar pelo oferecimento ou 2.3 Ação penal privada subsidiária da pública (ou
não da queixa. ação penal privada supletiva). Somente é cabível diante
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da da inércia deliberada do Ministério Público.
renúncia, através do qual a vítima (ou seu representante De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição
legal ou procurador com poderes especiais) demonstra seu Federal, será admitida ação penal privada nos crimes de
desejo, de maneira expressa (quando o faz explícita e ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. No
deliberadamente mediante declaração assinada) ou tácita mesmo sentido, o art. 29, d Código Processual Penal,
(quando tem condutas incompatíveis com seu desejo de regulamenta o preceito constitucional e prevê que será
processar o ofensor, como manter com ele relações admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
amigáveis, p. ex.), de não exercer a ação. não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
A renúncia é instituto pré-processual. Uma vez substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
realizada, não se admite retratação; fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
E) Princípio da disponibilidade. Na ação privada, a tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
decisão de prosseguir ou não é do ofendido. É uma ação como parte principal (o terceiro parágrafo, do art. 100,
decorrência do princípio da oportunidade. O particular é o CP, também trata da ação penal privada supletiva que aqui
exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim o se estuda).
desejou, e por isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-la Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária
ou não, conforme suas conveniências. Mesmo o fazendo, deliberada desídia do agente do Ministério Público. Caso tal
Noções de Direito Processual Penal 11
APOSTILAS OPÇÃO
membro não tenha ofertado denúncia, porque entendeu não §1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder
ser o caso, desautorizado fica o agente ofendido a manejar prover às despesas do processo, sem privar-se dos
a ação privada subsidiária da pública. recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da
Por fim, cabe ressaltar que caso o Ministério Público família.
retome a ação penal manejada pelo querelante subsidiário §2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da
por negligência deste, a doutrina costuma designar tal autoridade policial em cuja circunscrição residir o
retomada de “ação penal indireta”. ofendido.
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou
dispositivos do Código de Processo Penal pertinentes ao mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
tema: representante legal, ou colidirem os interesses deste com
os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por
TÍTULO III curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento
DA AÇÃO PENAL do Ministério Público, pelo juiz competente para o
processo penal.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será
promovida por denúncia do Ministério Público, mas Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou por seu representante legal.
de quem tiver qualidade para representá-lo.
§1º No caso de morte do ofendido ou quando Art. 35. Revogado pela Lei nº 9.520/97.
declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com
descendente ou irmão. direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em
§2º Seja qual for o crime, quando praticado em seguida, o parente mais próximo na ordem de
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto,
e Município, a ação penal será pública. qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante
desista da instância ou a abandone.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de
oferecida a denúncia. Art. 37. As fundações, associações ou sociedades
legalmente constituídas poderão exercer a ação penal,
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será devendo ser representadas por quem os respectivos
iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes,
de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba seu representante legal, decairá no direito de queixa ou
a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações de representação, se não o exercer dentro do prazo de
sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é
elementos de convicção. o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que
se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de Art. 39. O direito de representação poderá ser
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. policial.
§1º A representação feita oralmente ou por escrito,
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, seu representante legal ou procurador, será reduzida a
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os órgão do Ministério Público, quando a este houver sido
termos do processo, fornecer elementos de prova, dirigida.
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência §2º A representação conterá todas as informações
do querelante, retomar a ação como parte principal. que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§3º Oferecida ou reduzida a termo a representação,
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo
representá-lo caberá intentar a ação privada. competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§4º A representação, quando feita ao juiz ou perante
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial
declarado ausente por decisão judicial, o direito de para que esta proceda a inquérito.
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao §5º O órgão do Ministério Público dispensará o
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. inquérito, se com a representação forem oferecidos
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze
requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, dias.
nomeará advogado para promover a ação penal.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados
conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
existência de crime de ação pública, remeterão ao relação ao que o recusar.
Ministério Público as cópias e os documentos
necessários ao oferecimento da denúncia. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de
18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do ou por seu representante legal, mas o perdão concedido
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
necessário, o rol das testemunhas. retardado mental e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os do querelado, a
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe
ação penal. nomear.
Art. 43. Revogado pela Lei nº 11.719/08. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos,
observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador no art. 52.
com poderes especiais, devendo constar do instrumento
do mandato o nome do querelante e a menção do fato Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos com poderes especiais.
dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal. Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual
expresso o disposto no art. 50.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for
privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão
Público, a quem caberá intervir em todos os termos todos os meios de prova.
subsequentes do processo.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer,
estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo
que o órgão do Ministério Público receber os autos do tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou aceitação.
afiançado. No último caso, se houver devolução do Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o extinta a punibilidade.
prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo
§1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito constará de declaração assinada pelo querelado, por seu
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar- representante legal ou procurador com poderes
se-á da data em que tiver recebido as peças de especiais.
informações ou a representação
§2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 Art. 60. Nos casos em que somente se procede
dias, contado da data em que o órgão do Ministério mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação
Público receber os autos, e, se este não se pronunciar penal:
dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de
prosseguindo-se nos demais termos do processo. promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos;
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo
maiores esclarecimentos e documentos complementares sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber
que devam ou possam fornecê-los. fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério estar presente, ou deixar de formular o pedido de
Público velará pela sua indivisibilidade. condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, se extinguir sem deixar sucessor.
em relação a um dos autores do crime, a todos se
estenderá. Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se
reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração ofício.
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou Parágrafo único. No caso de requerimento do
procurador com poderes especiais. Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz
Parágrafo único. A renúncia do representante legal mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária
do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco
privará este do direito de queixa, nem a renúncia do dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco
último excluirá o direito do primeiro. dias ou reservando-se para apreciar a matéria na
sentença final.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz 04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil -
somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido FUNCAB/2016) A ação penal pode ser classificada como
o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. Pública ou Privada, levando-se em consideração o
responsável pelo seu ajuizamento. A perempção, o perdão,
Questões a decadência e a renúncia são institutos relacionados ao
prosseguimento da ação penal. Sendo assim, é possível
01. (ALERJ – Procurador - FGV/2017) Paulo praticou afirmar que:
determinada conduta prevista como crime, prevendo a (A) o perdão concedido a um dos querelados aproveitará
legislação então vigente que a ação respectiva ostenta a a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que
natureza privada. Três meses depois do ocorrido, em razão o recusar.
de mudança legislativa, o crime praticado por Paulo passou (B) concedido o perdão pelo querelados, mediante
a ser de ação penal pública incondicionada. Um ano após declaração expressa nos autos, o Juiz julgará extinta a
os fatos criminosos, o Ministério Público ofereceu denúncia punibilidade, independentemente da aceitação do perdão
contra Paulo em razão daquele comportamento, tendo em pelo querelado.
vista que o ofendido não havia proposto queixa em (C) quando, iniciada a ação penal privada, o querelante
momento anterior. De acordo com a situação acima deixar de promover o andamento do processo durante 30
exposta, é correto afirmar que o juiz deve: dias seguidos, ocorrerá a decadência.
(A) receber a denúncia, sendo o Ministério Público parte (D) a renúncia ao exercício do direito de queixa, em
legítima, eis que a nova lei deve ser imediatamente relação a um dos autores do crime, não se estenderá aos
aplicada; demais.
(B) rejeitar a denúncia, eis que o Ministério Público não (E) nos casos em que somente se procede mediante
deflagrou a ação penal no prazo de seis meses; queixa, considerar-se-á perempta a ação penal quando,
(C) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
praticado por Paulo, apesar da alteração legislativa, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo,
continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a dentro do prazo de 30 (trinta) dias, qualquer das pessoas a
prescrição; quem couber fazê-lo.
(D) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito
praticado por Paulo, apesar da alteração legislativa, 05. (DPE/MT - Defensor Público - UFMT/2016) São
continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a princípios que regem a ação penal privada:
decadência; (A) obrigatoriedade e intranscendência.
(E) receber a denúncia, porquanto, com a mudança (B) indivisibilidade e obrigatoriedade.
legislativa, tanto o ofendido como o Ministério Público (C) oportunidade e indisponibilidade.
poderiam deflagrar a ação penal respectiva. (D) instranscendência e indisponibilidade.
(E) disponibilidade e indivisibilidade.
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário -
NUCEPE/2016) A ação penal é o poder-dever de provocar Respostas
o Poder Judiciário para decidir a conduta definida em lei
como crime. Acerca da ação penal, assinale a opção 01. Resposta: D
CORRETA. 02. Resposta: D
(A) O direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, 03. Resposta: A
se esta já estiver em curso, será exclusivamente do 04. Resposta: A
ofendido, não podendo o seu cônjuge lhe substituir. 05. Resposta: E
(B) Quando a Ação for privativa do ofendido, o Ministério
Público não poderá aditar a queixa.
(C) Sempre é possível o perdão por parte da vítima
durante o inquérito policial. 3) Jurisdição; competência.
(D) O Ministério Público não poderá desistir da Ação
Penal.
(E) Existindo três querelados identificados na ação é
possível o perdão a apenas um deles, desde que seja nos
autos da Ação. Primeiramente, é necessário dizer que a palavra
“Jurisdição” vem “do latim jurisdictio, ou seja, prerrogativa
03. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - de dizer o direito, decidir”.
FUNCAB/2016) Sobre ação penal é correto afirmar que: Além disso, podemos dizer que a jurisdição é: “uma das
(A) a ação penal privada, em certos casos é funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos
personalíssima, só podendo o delegado de polícia instaurar titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente,
inquérito, exclusivamente, no caso de requerimento do buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça.
próprio ofendido. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do
(B) na ação penal subsidiária da pública, quando o direito objetivo que rege o caso apresentando em concreto
querelado deixa de comparecer aos atos do processo, para ser solucionado; e o Estado desempenha essa função
ocorre a perempção. sempre mediante o processo, seja expressando
(C) quanto ao exercício, classifica-se em pública imperativamente o preceito (através de uma sentença de
incondicionada, condicionada a representação do ofendido mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o
ou a resolução do Ministério da Justiça. preceito estabelece (através da execução forçada)”.
(D) na ação penal privada o querelante tem legitimidade Nessa mesma linha de raciocínio, pode-se dizer que:
ordinária. “em sentido amplo, jurisdição é o poder de conhecer e
(E) a ação penal pública rege-se pelos princípios da decidir com autoridade dos negócios e contendas, que
obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a privada rege- surgem dos diversos círculos de relações da vida social,
se pela oportunidade e indivisibilidade. falando-se assim em jurisdição policial, jurisdição
administrativa, jurisdição militar, jurisdição eclesiástica etc.
Em sentido restrito, porém, é o poder das autoridades
judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o descritos na denúncia ou queixa delimitam o campo de
direito no caso concreto”. atuação do poder jurisdicional.
Deste modo, percebe-se que jurisdição é o poder-dever Por fim, o Princípio da unidade e identidade da
do Estado de solucionar, através do processo, os conflitos jurisdição, ou seja, a jurisdição é única em si e em seus
de interesses opostos que são trazidos à sua apreciação, fins, diferenciando-se somente no julgamento de ações
isto é, o Estado tem por escopo agir em prol da segurança penais ou cíveis.
jurídica e da ordem para que haja paz na sociedade.
Mister se faz ressaltar que a jurisdição é una, uma só, Competência
porque tem por objetivo a aplicação do direito objetivo
privado ou público. Contudo, se a pretensão de alguém é a A competência é o critério de distribuição entre os vários
aplicação de norma de Direito Penal, ou de Direito órgãos do Poder Judiciário das atividades relativos ao
Processual Penal, a jurisdição será penal, se a finalidade é desempenho da jurisdição.
a aplicação de norma jurídica extrapenal, a jurisdição é civil. Todo juiz é dotado do poder de solucionar litígios. Em
Em síntese, nota-se que jurisdição penal é o poder de nome do próprio Estado, está dotado de poderes para fazer
solucionar o conflito entre os direitos relacionados à a entrega da prestação jurisdicional. Exatamente esse
liberdade do indivíduo e a pretensão punitiva. poder de dizer o direito, esse poder de solucionar conflitos
é a jurisdição. Ora, em sendo assim, todo juiz, a partir do
1 Princípios da Jurisdição momento em que toma posse, se reveste de poder
Convém ressaltar que a atividade jurisdicional é regida jurisdicional. Só que há uma espécie de
por certos princípios fundamentais que serão abordados no compartimentalização. Esse poder fica mais ou menos
decorrer do texto. delimitado. Não pode um juiz de um estado, por exemplo,
O Princípio do juiz natural diz que “ninguém será exercitar sua jurisdição noutro estado ou no Distrito Federal.
processado nem sentenciado senão pela autoridade É importante salientar que o poder jurisdicional é
competente (art.5º, LIII, da CF)”. Ademais, este princípio privativo do ESTADO-JUIZ. Entretanto, em face de uma
garante a proibição do juízo ou tribunal de exceção (art. expansão territorial, de determinadas pessoas (ratione
5º, XXXVII, CF). Em outras palavras, “a garantia do juiz personae) e de determinas matérias (ratione materiae), o
natural é tridimensional. Significa que: 1) não haverá juízo exercício desse poder de aplicar o direito (abstrato) ao caso
ou tribunal ad hoc, isto é, tribunal de exceção; 2) todos têm concreto sofre limitações, nascendo daí a noção de
o direito de submeter-se a julgamento (civil ou penal) por competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar a
juiz competente, pré-constituído na forma da lei; 3) o juiz competência como sendo “o âmbito, legislativamente
competente tem de ser imparcial”. delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder
Em decorrência do Princípio do devido processo Jurisdicional”.
legal (due process of law) “ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal 1. Competência Material
(art.5º, LIV, CF)”. A distribuição da competência é feita, no Brasil, a partir
Consoante o Princípio da investidura, “a jurisdição só da própria Constituição Federal, que a atribui:
pode ser exercida por quem tenha sido regularmente a) ao Supremo Tribunal Federal (art. 102);
investido no cargo e esteja em exercício”. b) ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105);
Já o Princípio da indeclinabilidade da prestação c) à Justiça Federal (arts. 108 e 109)
jurisdicional diz que nenhum juiz poderá subtrair-se do d) às justiças especiais:
exercício da função jurisdicional. Outrossim, este princípio - Eleitoral;
determina que o legislador não poderá produzir leis que - Militar;
restrinjam o acesso ao Poder Judiciário (art.5º,XXXV, CF). - Trabalhista;
Pelo Princípio da improrrogabilidade, o juiz não e) à justiça estadual.
poderá invadir nem ter sua competência invadida por outro
juízo. Competência da Justiça Federal. É definida pela
Conforme o Princípio da indelegabilidade, o juiz não própria Constituição da República. Pode ser competência
poderá delegar sua jurisdição a outro órgão, exceto nos ratione personae (art. 109, incisos I, II e VIII) e competência
casos taxativamente permitidos, como ocorre, por exemplo, ratione materiae (art. 109, incisos III, X e XI). Como se vê,
nas cartas precatórias. Justiça Federal não é justiça especial, é também justiça
Já o Princípio da inevitabilidade ou comum, é justiça ordinária, assim como a justiça estadual.
irrecusabilidade, determina que as partes não poderão
recusar o juiz que o Estado designou, salvo nos casos de Competência da Justiça Estadual. A ela pertence tudo
incompetência, impedimento e suspeição. o que não estiver afeto às outras "justiças". Por exceção, o
De acordo com o Princípio da inércia ou da que não for da justiça especial nem da federal, a
titularidade (ne procedat judex ex officio) “a função competência será da justiça estadual. Mesmo algumas
jurisdicional só pode atuar mediante provocação pelas causas, que, por sua natureza, seriam da justiça federal,
partes, não sendo lícito ao juiz instaurar ações penais de são cometidas pela Constituição da República à justiça
ofício, sob pena de não estar agindo com a necessária estadual. É o caso, por exemplo, da ação de acidente do
imparcialidade”. trabalho.
Segundo o Princípio da correlação ou da relatividade
“ou da congruência da condenação com a imputação ou Justiça Estadual Competência
ainda da correspondência entre o objeto da ação e o objeto residual
da sentença” o réu não poderá ser condenado sem,
previamente, ter ciência dos fatos criminosos que lhe são Competência da Justiça Militar. A justiça militar julga
imputados pela acusação. Ademais, sob o mesmo ponto de exclusivamente crimes militares.
vista, Mirabete diz que: “não pode haver
Existem crimes militares próprios e impróprios. O crime
julgamento extra ou ultra petita (ne procedat judex ultra militar próprio é aquele que só está previsto no Código
petitum et extra petitum)”. A acusação determina a
Penal Militar, e que só poderá ser cometido por militar, como
amplitude e conteúdo da prestação jurisdicional, pelo que o aqueles contra a autoridade ou disciplina militar ou contra o
juiz criminal não pode decidir além e fora do pedido em que serviço militar e o dever militar. Já o crime militar impróprio
o órgão da acusação deduz a pretensão punitiva. Os fatos
Noções de Direito Processual Penal 15
APOSTILAS OPÇÃO
prática de alguma providência processual ou em que ocorre a preclusão), ou nos casos de foro
extraprocessual (exemplo: a decretação da prisão alternativo”.
preventiva, a concessão de fiança, o reconhecimento de A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere para o
pessoas ou coisas)”. outro a atribuição jurisdicional que é sua. Essa delegação
pode ocorrer de duas formas, interna ou externa.
6 Competência por conexão ou continência A delegação interna ocorre nos casos de juízes substitutos
Há conexão (art. 69, V, do CPP) quando duas ou mais e juízes auxiliares do titular do Juízo, melhor ainda, é
infrações estão ligadas por um liame, sendo que estes quando um juiz cede a outro a competência para praticar
crimes devem ser julgados em um só processo em virtude atos no processo, inclusive decisórios, cabe entendermos
da existência desse nexo. que neste caso não há uma modificação de competência,
Além disso, “há continência quando uma coisa está mas sim de atribuições. Já a delegação externa é utilizada
contida em outra, não sendo possível a separação. No nos casos em que os atos são praticados em juízos
processo penal a continência é também uma forma de diferentes, isto é, quando há o uso das cartas precatórias,
modificação da competência e não de fixação dela”. rogatórias e de ordem.
Ademais, ocorrerá a continência (art. 69, V, do CPP) quando O desaforamento nada mais é do que o instituto
duas ou mais pessoas são acusadas pelo mesmo crime, ou privativo dos crimes de competência do Tribunal do Júri.
se o comportamento do indivíduo configurar concurso Nos casos em que houver necessidade desse instituto, o
formal, aberratio criminis (resultado diverso daquele pedido poderá ser proposto pela acusação (MP ou
pretendido) com duplo resultado e aberratio ictus (erro na querelante, em casos de ação privada subsidiária), por
execução). representação do juiz, pelo assistente de acusação ou a
Diante do exposto, nota-se que a continência e a requerimento do acusado e será endereçado ao Tribunal de
conexão são critérios de prorrogação de competência e não Justiça. Neste sentido, a Súmula 712 do STF diz que “é nula
de fixação. Outrossim, a existência de continência e a decisão que determina o desaforamento de processo da
conexão ocasionará a reunião de processos e prorrogação competência do júri sem audiência da defesa”.
da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ “a
conexão não determina a reunião dos processos, se um 9 Competência absoluta e relativa
deles já foi julgado”. Chama-se competência absoluta, visto que as
competências em razão da matéria e a por prerrogativa de
7 Competência por prerrogativa de função função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, não
Cumpre-nos assinalar que a competência por podem ser prorrogadas e nem modificadas pelas partes e o
prerrogativa de função (art.69, VII, do CPP) ou seu reconhecimento, que pode ocorrer em qualquer tempo
competência ratione personae (em razão da pessoa) é ou grau de jurisdição, gera nulidade absoluta do processo.
determinada pela função da pessoa, ou melhor, é garantia Para entendermos competência relativa, é indispensável
inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa surge uma breve análise da Súmula 706 do STF que diz; “é
da relevância do desempenho do cargo pela pessoa e relativa a nulidade decorrente da inobservância da
devido a isso, não pode ser confundida com o privilégio, competência penal por prevenção”. Outrossim, na
uma vez que este constitui um benefício concedido à competência territorial, na qual o que prevalece é o
pessoa. interesse privado de uma das partes, é prorrogável se não
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa for alegada no tempo oportuno e é capaz de gerar, se
de função referente, por exemplo, ao Supremo Tribunal comprovado o prejuízo pela parte interessada, apenas
Federal, está prevista na Constituição Federal. Vejamos: a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo.
“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe: Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos
I – processar e julgar, originariamente: dispositivos do Código de Processo Penal pertinentes ao
(...) tema:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da brasileiro, por este Código, ressalvados:
República; I - os tratados, as convenções e regras de direito
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de internacional;
responsabilidade, os Ministros de Estado e os II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos
ressalvado o disposto no artigo 52, I, os membros dos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100);
(...)”. III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial
8 Modificações de competência (Constituição, art. 122, no 17);
Pela modificação de competência podemos entender V - os processos por crimes de imprensa.
que há regras sobre competência material e funcional, que Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código
por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses de aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis
prorrogação de foro, delegação (interna ou externa) e especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
desaforamento.
A prorrogação da competência é: “a possibilidade de (...)
substituição da competência de um juízo por outro, podendo TÍTULO V
ser necessária ou voluntária; a necessária decorre das DA COMPETÊNCIA
hipóteses de conexão (é o nexo, a dependência recíproca
que as coisas e os fatos guardam entre si) e continência Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
(como o próprio nome já diz é quando uma causa está I - o lugar da infração:
contida na outra, não sendo possível a cisão); e II - o domicílio ou residência do réu;
a voluntária ocorre nos casos de incompetência territorial III - a natureza da infração;
quando não oposta à exceção no momento oportuno (caso IV - a distribuição;
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação
ou continência, ainda que no processo da sua competência nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos
própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais,
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do
não se inclua na sua competência, continuará competente primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após
em relação aos demais processos. o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a que houver tocado.
competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao
remeterá o processo ao juízo competente. território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, território nacional, serão processados e julgados pela justiça
forem instaurados processos diferentes, a autoridade de da comarca em cujo território se verificar o pouso após o
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com aeronave.
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só
se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo
unificação das penas. com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a
competência se firmará pela prevenção.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO Questões
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção 01. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - CAIP-
toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente IMES/2016) Assinale a alternativa INCORRETA. Em
competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver processo penal a competência jurisdicional será
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo determinada pelo (a):
ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao (A) o local da prisão sendo indiferente o lugar da
oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, infração.
72, § 2º, e 78, II, c). (B) o domicílio ou residência do réu.
(C) a natureza da infração.
CAPÍTULO VII (D) a distribuição.
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE
FUNÇÃO 02. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) A
competência será determinada pela conexão:
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do (A) quando duas ou mais pessoas foram acusadas pela
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, mesma infração.
dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos (B) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem
Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas
devam responder perante eles por crimes comuns e de reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
responsabilidade. diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que (C) nos casos de concurso formal.
forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à (D) nos casos de infração cometida em erro de execução
jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de ou resultado diverso do pretendido.
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando (E) nos casos de crime continuado
oposta e admitida a exceção da verdade.
03. (TJ/MT - Técnico Judiciário - UFMT/2016)
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, Considerando o Decreto Lei n.º 3.689, de 3 de outubro de
privativamente, processar e julgar: 1941, Código de Processo Penal, em relação à competência
I - os seus ministros, nos crimes comuns; jurisdicional, analise as afirmativas.
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos I - Sendo conhecido o lugar da infração e o réu tiver mais
com os do Presidente da República; de uma residência, a competência firmar-se-á pela conexão.
III - o procurador-geral da República, os II - A precedência da distribuição fixará a competência
desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de
do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros um juiz igualmente competente.
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. III - A competência será determinada pela continência
quando quatro pessoas forem acusadas pela mesma
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de infração.
Apelação o julgamento dos governadores ou interventores IV - Compete ao Supremo Tribunal Federal,
nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, privativamente, processar e julgar os governadores de
seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de estado por crimes comuns.
instância inferior e órgãos do Ministério Público.
Estão corretas as afirmativas
CAPÍTULO VIII (A) I, III e IV, apenas.
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS (B) III e IV, apenas.
(C) I, II e IV, apenas.
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do (D) II e III, apenas.
território brasileiro, será competente o juízo da Capital do
Estado onde houver por último residido o acusado. Se este
nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.
04. (MPE/RJ - Técnico do Ministério Público - Vale informar, que não poderá o juiz, nessa sua livre
FGV/2016) Secretaria do Ministério Público recebe convicção, se fundar exclusivamente nos elementos
representação onde se narra a prática de um crime comum informativos colhidos durante a fase investigatória. Estes
por imputável em concurso de agentes com adolescente, terão apenas função complementar na formação do
além de um crime militar em conexão com o crime comum processo de convencimento do magistrado. Isso significa
já mencionado. Diante da conexão existente e das regras dizer que a prova é, sim, essencial, para se condenar
previstas no Código de Processo Penal, é correto afirmar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos
que: motivos que pode levar à absolvição.
(A) todos os delitos e autores deverão ser julgados
perante a Justiça Militar; Objeto da Prova
(B) todos os delitos e autores deverão ser julgados
perante a Justiça Estadual comum; De acordo com os ensinamentos de Paulo Rangel: "O
(C) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na objeto da prova é a coisa, o fato, o acontecimento que deve
Justiça Militar, enquanto que, em relação ao crime comum, ser conhecido pelo juiz, a fim de que possa emitir um juízo
o imputável será julgado perante juízo criminal, e o de valor. São os fatos sobre os quais versa o caso penal.
adolescente, perante juízo da infância e juventude; Ou seja, é o thema probandum que serve de base à
(D) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na imputação penal feita pelo Ministério Público. É a verdade
Justiça Militar, enquanto que, em relação ao crime comum, dos fatos imputados ao réu com todas as suas
o adolescente e o imputável deverão ser julgados no juízo circunstâncias".
criminal; Na hipótese do Ministério Público imputar à determinada
(E) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, pessoa a prática do crime de homicídio, este crime
em relação ao crime comum, deverão ser julgados perante caracterizar-se-á como o objeto da prova.
o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente será Cabe destacar que há diferença entre objeto da prova e
julgado no juízo da infância e juventude. objeto de prova. O objeto de prova significa todos os fatos
ou coisas que necessitam da comprovação de sua
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) No veridicidade.
que se refere ao lugar da infração, a competência será Durante um processo, tanto o autor quanto o réu iram
determinada apresentar argumentos favoráveis à eles, assim como
(A) pelo domicílio do réu, no caso de infração acontecimentos que demonstrem a veracidade de suas
permanente praticada no território de duas ou mais alegações. Ocorrendo isso, os mesmos acabam por
jurisdições conhecidas. delimitar o objeto da prova, devendo o julgador ater-se à
(B) pela prevenção, no caso de infração continuada somente estes fatos, visando a economia processual.
praticada em território de duas ou mais jurisdições Neste contexto, podemos concluir que são as partes que
conhecidas. definem essencialmente os fatos que deverão ser objeto de
(C) de regra, pelo local onde tiver sido iniciada a prova, restando ao juiz, eventualmente, apenas completar o
execução da infração, ainda que a consumação tenha rol de provas a produzir, utilizando-se de seu poder
ocorrido em outro local. instrutório, o que determinará somente com a finalidade de
(D) pelo local onde tiver começado o iter criminis, no fazer respeitar o princípio da verdade real.
caso de tentativa.
(E) pelo lugar em que tiver sido iniciada a execução no Lembrando a diferença entre verdade real e a verdade
Brasil, se a infração se consumar fora do território nacional. formal:
- Verdade formal é aquela que resulta do processo,
Respostas embora possa não encontrar exata correspondência com
os fatos, como aconteceram historicamente (verdade
01. Resposta: “A” apresentada no processo).
02. Resposta: “B” - Verdade real é aquela que chega o julgador,
03. Resposta: “D” demonstrando os fatos tal como ocorreram
04. Resposta: “C” historicamente e não como querem as partes que
05. Resposta: “B” apareçam realizados (guarda fiel realidade com os fatos).
Classificação Da Prova
quem presenciou um crime, um laudo pericial assinado por do tempo, motivo pelo qual o que se pretende provar deve
dois peritos, etc. ser perpetuado. O contraditório, aqui, é diferido, postergado.
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser
c) Quanto à forma: produzida novamente, em virtude do desaparecimento da
- testemunhal: é a prova produzida através de fonte probatória, como o caso de um exame pericial por
declaração subjetiva oral e algumas vezes por escrito lesão corporal, cujos sinais de violência podem desaparecer
(art.221, §1º, CPP). Essas provas podem ser produzidas por com o tempo. O contraditório, aqui, é diferido, postergado.
testemunhas, pelo próprio acusado (confissão) ou pelo A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com
ofendido. observância do contraditório real (ou seja, o contraditório
- documental: é a prova originada através de não é diferido como nas duas hipóteses anteriores), perante
documento escrito ou gravação como, por exemplo cartas, a autoridade judicial, mas em momento processual distinto
fotografias autenticadas etc. daquele previamente previsto pela lei (podendo sê-lo até
- material: é a que consiste em qualquer materialidade mesmo antes do processo). O melhor exemplo é a oitiva da
que sirva de elemento para o convencimento do juiz sobre testemunha para perpetuar a memória da prova, disposta
o fato que se está provando. no art. 225, da Lei Processual Penal.
d) Quanto ao valor ou efeito: Fatos que não precisam ser provados. São eles:
- plena (perfeita ou completa): é a prova que é capaz A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade
de conduzir o julgador à uma absoluta certeza da existência sabida” (ex.: não se precisa provar que dia vinte e cinco de
de um fato. dezembro é Natal, conforme o calendário cristão ocidental);
- não plena (imperfeita ou incompleta): é a prova que B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes
apenas conduz à uma probabilidade da ocorrência de um (ex.: “X” é atingido e despedaçado por um trem. Não será
evento, não sendo suficiente para a comprovação. preciso um exame para se apurar que a causa da morte foi
o choque com o trem);
Meios de Prova C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei,
valendo lembrar que, em se tratando de presunção relativa,
Meio de prova é todo fato, documento ou alegação que contudo, admitir-se-á prova em contrário;
possa servir, direta ou indiretamente, à busca da verdade D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os
real dentro do processo. É o instrumento utilizado pelo juiz “fatos inúteis” (ex.: “X” morreu de envenenamento por
para formar a sua convicção acerca dos fatos alegados comida. Pouco importa saber se a carne estava bem ou mal
pelas partes. passada);
Em outras palavras, meio de prova é tudo aquilo que E) O direito, como regra. O direito não precisa ser
possibilita o convencimento do julgador quanto a veracidade provado, salvo em se tratando de direito estadual,
dos fatos expostos, estando ou não estes meios inseridos municipal, costumeiro, ou estrangeiro, se assim o requerer
em lei. o juiz.
Os meios de prova podem ser tanto nominados quanto Posto isto, fazendo uma análise em sentido contrário,
inominados. Os primeiros são estabelecidos através da lei fatos que não sejam notórios, que não sejam axiomáticos,
e os últimos são moralmente legítimos. Como exemplo de que não sejam desnecessários, que não sejam presunções
meios de prova, existe a perícia no local em que ocorreu o legais, e que não digam respeito, como regra, necessitam
delito (art.169, CPP), a confissão do réu (art.197, CPP) e o ser provados.
depoimento do ofendido (art.201, CPP).
Sob o Princípio da Verdade Real, as investigações “Prova nominada”, “prova inominada”, “prova
devem ser feitas de forma ampla, ou seja, não havendo típica”, “prova atípica”, e “prova irritual”.
restrições quanto aos meios de provas, salvo nos casos A “prova nominada” é aquela cujo “nomen juris” consta
previstos no parágrafo único do art.155, CPP: "Somente da lei (ex.: prova pericial).
quanto ao estado das pessoas serão observadas as A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não
restrições estabelecidas na lei civil". consta da lei, mas que é admitida por força do “Princípio da
Liberdade Probatória”.
Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório
e “meios de obtenção de prova”. Vejamos: está previsto na lei.
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está
se consegue a prova. Elas independem do processo, por previsto em lei.
existirem por si só; A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância de
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos modelo previsto em lei. Trata-se de prova ilegítima.
quais as fontes de prova são introduzidas no processo. No
processo penal, vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Alguns princípios relacionados à prova penal. São
Probatória”, segundo o qual todos os meios de prova são eles, além do Princípio da Liberdade Probatória, já
válidos desde que não ilícitos e/ou imorais; mencionado anteriormente, em um rol exemplificativo:
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da
necessários para se chegar à prova. Os meios de prova presunção de não-culpabilidade). Todos são considerados
tratam de meios de obtenção da prova, para se chegar às inocentes, até que se prove o contrário por sentença
fontes de prova. condenatória transitada em julgado;
B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova obrigado a produzir prova contra si mesmo. É por isso que
antecipada”. A parte final, da cabeça do art. 155, CPP, se o acusado pode mentir, pode distorcer os fatos, pode ser
refere a estas três provas, produzidas em regra ainda manter em silêncio, e tem direito à consulta prévia e
durante a fase inquisitória, as quais poderia o juiz se utilizar reservada com seu advogado, como exemplos;
para formar sua convicção. Embora exista posicionamento C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por
que clama pela sinonímia das expressões, há se distingui- meios ilícitos. São inadmissíveis no processo as provas
las. obtidas de modo ilícito, assim entendidas aquelas obtidas
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de em violação às normas constitucionais. Ou seja, o direito à
desaparecimento do objeto da prova, em razão do decurso
Noções de Direito Processual Penal 21
APOSTILAS OPÇÃO
prova não pode se sobrepor aos direitos fundamentalmente Contudo, podem acontecer casos em que um
consagrados na Constituição Federal. determinado fato já não possa mais ser apurado nos autos,
embora o tenha sido devidamente em outros autos, caso em
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há que a prova emprestada pode se revelar um eficaz aliado
quem diga que se tratam de expressões sinônimas. na busca pela verdade real.
Contudo, o entendimento prevalente é o de que, apesar de Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem
espécies do gênero “provas ilegais”, “prova ilícita” é aquela aos autos com o “contraditório montado” do outro processo,
violadora de alguma norma constitucional (ex.: a prova isto é, no processo recebedor terão as partes a
obtida não respeitou a inviolabilidade de domicílio oportunidade de questionar a própria validade desta bem
assegurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” como de tentar desqualificá-la.
é aquela violadora dos procedimentos previstos para sua Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por
realização (tais procedimentos são aqueles regularmente ser emprestada, valha “mais” ou “menos” que outra prova.
previstos no Código de Processo Penal e legislação Não há mais, como já dito, “tarifação de provas”. A
especial). importância de uma prova será aferida casuisticamente.
Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua Assim, em que pese o respeito a entendimento minoritário
consequência primeira é o desentranhamento dos autos, neste sentido, não parece ser o melhor argumento defender
devendo esta ser inutilizada por decisão judicial (devendo que a prova emprestada, por si só, não pode ser suficiente
as partes acompanhar o incidente). Agora, uma para condenar alguém.
consequência reflexa é que as provas derivadas das ilícitas,
pela “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”, EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM
importada do direito norte-americano, também serão GERAL.
inadmissíveis, salvo se existirem como fonte independente,
graças à “Teoria da Fonte Independente” (considera-se O corpo de delito é, em essência, o próprio fato
fonte independente aquela prova que, por si só, seguindo criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou fim de determinar fatores como autoria, temporalidade,
instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da extensão de danos, etc., através do exame de corpo de
prova). delito.
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a
Ônus da prova. De acordo com o art. 156, caput, do existência dos elementos do fato típico dos delitos "FACTI
Código de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá PERMANENTIS" (delitos praticados com vestígios).
a quem o fizer, embora isso não obste que o juiz, de ofício, Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito
ordene, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção não transeunte”), o exame de corpo de delito se torna
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, indispensável, não podendo supri-lo a confissão do
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade acusado. Vale lembrar, contudo, que não sendo possível o
da medida (inciso I), ou determine, no curso da instrução ou exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
antes de proferir sentença, a realização de diligências para vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (art.
dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso II). Esse poder 167, CPP).
de atuação do juiz é também conhecido por “gestão da Muitos confundem o "corpo de delito" com o "exame de
prova” (por ser o juiz, naturalmente, um “gestor da prova”). corpo de delito". Explico. Dá-se o nome de "corpo de delito"
ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados
Sistemas de avaliação da prova. São eles: pela infração penal. Trata-se dos elementos corpóreos
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é sensíveis aos sentidos humanos, ou seja, aquilo que se
livre para apreciar as provas, inclusive as que não estão nos pode ver, tocar, etc. Contudo, “corpo”, não diz respeito
autos. O problema é que, neste sistema, o juiz não está apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa
obrigado a fundamentar acerca dos motivos que levaram à estar envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma
formação de sua convicção. Este sistema, em nosso mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma porta
ordenamento, só é adotado pelos jurados no tribunal do júri, arrombada etc. Em outras palavras, "corpo de delito" é o
quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem precisar local do crime com todos os seus vestígios; "exame de
fundamentar as razões de sua escolha; corpo de delito" é o laudo técnico que os peritos fazem
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas nesse determinado local, analisando-se todos os referidos
têm valor previamente fixado pelo legislador, cabendo ao vestígios.
juiz, apenas, apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova
valor devido. Tal sistema não é adotado no ordenamento espécie, fica claro que a confissão do acusado, antes
pátrio; considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possui
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema esse “status”, haja vista uma ampla gama de vícios que
da persuasão racional do juiz). Trata-se do sistema adotado podem maculá-la, como a coação e a assunção de culpa
no ordenamento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade meramente para livrar alguém de um processo-crime.
de valoração das provas dos autos, mas é obrigado, em
contrapartida, a fundamentar as razões que embasam seu Corpo de delito direto e indireto.
convencimento. Com isso, decorre-se que não há prova a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios
com valor absoluto (não há a ideia de que a confissão é a deixados pelo fato criminoso. São os elementos materiais,
“rainha das provas”, por exemplo), e que somente serão perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante da infração
consideradas válidas para efeito condenatório as provas do penal. Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser
processo (o juiz não pode condenar alguém usando algo objetos de prova, obtida pelos meios que o direito fornece.
que não está nos autos). Os técnicos dirão da sua natureza, estabelecerão o nexo
entre eles e o ato ou omissão, pelo qual se incrimina o
Prova emprestada. É aquela produzida em um acusado. O corpo de delito deve realizar-se o mais
processo e transportada documentalmente para outro. rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da
Apesar da valia positiva acentuada que lhe deve ser existência do fato.
atribuída, a prova emprestada não pode virar mera medida O perito dará atenção a todos os elementos, que se
de comodidade às partes, afinal, como regra, cada fato vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa influir na
apurado numa lide depende de sua própria prova. aplicação da pena.
Noções de Direito Processual Penal 22
APOSTILAS OPÇÃO
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito serão realizados por perito oficial, portador de diploma de
se torna impossível, admite-se a prova testemunhal, por curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será
haverem desaparecido os elementos materiais. Essa realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma
substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, de curso superior preferencialmente na área especifica,
subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja o dentre as que tiveram habilitação técnica relacionada com a
delito. Cabe ressaltar que o exame indireto somente deve natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e
ser realizado caso não seja possível à realização do exame finalmente desempenhar o cargo.
direto. Durante o curso de processo judicial, é permitido às
Segundo legislação específica, o exame de corpo de partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos para
delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que
o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
Perícia Criminal esclarecidos sejam encaminhados com antecedência
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas
prevista no Código de Processo Penal, indispensável para em laudo complementar.
elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do
é realizada por meio da ciência forense, responsável por processo ou mesmo após a sentença, em situações
auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua
correta de vestígios. Os peritos desenvolvem suas análise, mas se continua além dessa apreciação, por meio
atribuições no atendimento das requisições de perícias do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes da função de testemunha. Ou seja, a diferença entre
a inquéritos policiais e a processos penais. A perícia testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já
criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências tem conhecimento do fato e o segundo para que conheça e
forenses: química, biologia, geologia, engenharia, física, explique os fundamentos da questão discutida, por meio de
medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre uma análise técnica científica.
outras, as quais estão em constante evolução. A autoridade que preside o inquérito poderá nomear,
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando de peritos
Público e Judiciário, é a base decisória que direciona a não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja
investigação policial e o processo criminal. Como já aceitação é obrigatória com um “compromisso formal de
mencionado, a prova pericial é indispensável nos crimes bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando
que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer como verdadeiro o que encontrarem e descobrirem e o que
quando o criminoso confessa a prática do delito. A perícia é em suas consciências entenderam”.
uma modalidade de prova que requer conhecimentos Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para
especializados para a sua produção, relativamente à elaboração do laudo pericial, podendo este prazo ser
pessoa física, viva ou morta, implicando na apreciação, prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
interpretação e descrição escrita de fatos ou de peritos, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 160 do
circunstâncias, de presumível ou de evidente interesse Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição
judiciário. comprovada ou de impedimento previsto em lei é que se
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a eximem os peritos da aceitação.
infração penal, devidamente estudados por profissionais O mesmo diploma ainda assegura como dever especial
especializados, permite provar a ocorrência de um crime, que os peritos nomeados pela autoridade não podem
determinando de que forma este ocorreu e, quando possível recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art.
e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais 277, a); não podem deixar de comparecer no dia e no local
como a vítima, o criminoso e outras pessoas que possam designados para o exame (art. 277, b); não podem deixar
de alguma forma ter relação com o crime, assim como o de entregar o laudo ou concorrer para que a perícia não seja
meio pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ainda em
do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. Apesar de casos de não comparecimento, sem justa causa, a
o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não autoridade determinar a condução do perito (art. 278). E
haver hierarquia, ocorre que, na prática, a prova pericial falsa perícia constitui crime contra a administração da
acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela Justiça (art. 342). Quando os dois peritos não chegam, na
imparcialidade e objetividade da prova técnico-científica perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará
enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do à parte seu próprio relatório, chamando-se a isso perícia
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus
uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da peritorum, (perito dos peritos) aceitará a perícia por inteiro
pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má- ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma
fé, onde exista a intenção de distorcer os fatos. determina o parágrafo único do artigo 181 do Código de
A execução das perícias criminais é de competência Processo Penal, facultando-lhe nomear outros peritos para
exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação é reforçada novo exame.
pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito
Oficial a que se refere o Código de Processo Penal são o As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz
Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto- decidirá de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada
Legista. Prova pericial (ou arbitramento) pode ser dividida e prova imediata (art. 105). Não poderão ser peritos:
em: I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens mencionada nos números I e II do artigo 47 do Código
móveis; Penal;
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. II – os que tiverem prestado depoimento no processo no
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da
as prerrogativas de mercado. perícia;
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279).
Perito
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o
que prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 159,
vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias
Noções de Direito Processual Penal 23
APOSTILAS OPÇÃO
Exame para reconhecimento de escritos. imposta caso o indivíduo tenha sido processado,
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, da Lei obviamente); e sobre os fatos (será perguntado ao
Adjetiva, o seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se interrogando se é verdadeira a acusação que lhe é feita,
possa atribuir o escrito será intimada para o ato (se for onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se
encontrada) (inciso I); para a comparação, poderão servir teve notícia desta, sobre as provas já apuradas, se conhece
quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, se
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu conhece o instrumento com que foi praticada a infração ou
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido
(inciso II); a autoridade, quando necessário, requisitará, apreendido, e, se não sendo verdadeira a acusação, se tem
para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou algum motivo particular a que atribuí-la e se conhece, então,
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, quem teria sido o autor da infração, se tem algo mais a
se daí não puderem ser retirados (inciso III); quando não alegar em sua defesa etc.);
houver escritos para a comparação ou forem insuficientes D) Pluralidade de acusados. Havendo mais de um
os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o acusado, serão interrogados separadamente (art. 191,
que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver ausente CPP);
a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá E) Interrogatório do surdo-mudo. Ao surdo serão
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
que a pessoa será intimada a escrever (inciso IV); oralmente; ao mudo, as perguntas serão feitas oralmente,
Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao respondendo-as por escrito; ao surdo-mudo, as perguntas
laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 182, serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará a
CPP). resposta (art. 192, CPP);
F) Interrogando analfabeto (total ou parcialmente). Caso
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO E DA o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato,
CONFISSÃO como intérprete e sob compromisso, a pessoa habilitada a
entendê-lo (art. 192, parágrafo único, CPP);
Interrogatório do acusado. Consiste o interrogatório G) Interrogando que não fala a língua nacional. Se o
em meio de defesa do acusado (em outros tempos, já houve interrogando não falar a língua nacional, sua oitiva será feita
divergência se consistiria o interrogatório em meio de por meio de intérprete (art. 193, CPP);
defesa ou mero meio de prova). Disso infere-se que é H) Reinterrogatório. A todo tempo, o juiz poderá
facultado ao acusado ficar em silêncio, mentir, ser proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido
acompanhado por seu advogado, deixar de responder às fundamentado de qualquer das partes (art. 196, CPP).
perguntas que lhe forem feitas etc.
A) Características. Trata-se de ato personalíssimo (não Confissão. A confissão, como qualquer outro meio de
pode ser realizado por interposta pessoa); de ato público prova, destina-se à apuração da verdade dos fatos.
(em regra); assistido tecnicamente por advogado Se o interrogando confessar a autoria, será perguntado
(lembrando que é meio de defesa); e bifásico (sobre as duas sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras
fases melhor se falará a seguir); pessoas concorreram para a infração.
B) “Interrogatório por videoconferência”. Esta é inovação A) Confissão e seu valor relativo. Não se pode dizer que
prevista pela Lei nº 11.900/2009, apesar de parte minoritária a confissão seja algo absoluto. O valor da confissão se
da doutrina ainda sustentar a inconstitucionalidade desta aferirá pelos critérios adotados para outros elementos de
forma de interrogatório. prova, e para sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com
Como ele é realizado? Sua realização é excepcional. Ele as demais provas do processo, verificando se entre ela e
somente será utilizado se para prevenir risco à segurança estas existe compatibilidade ou concordância. Pode ser, por
pública, quando exista fundada suspeita de que o preso exemplo, que a confissão esteja ocorrendo sob coação, ou
integra organização criminosa ou de que, por outra razão, mesmo para acobertar a real autoria do delito. Logo, hoje
possa fugir durante o deslocamento; se para viabilizar a não há mais se falar na confissão como “rainha das provas”,
participação do réu neste ato processual, quando haja como era no sistema inquisitorial;
relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, B) Silêncio do acusado. O silêncio do acusado não
por enfermidade ou outra circunstância pessoal; ou se para importará confissão, mas poderá constituir elemento para a
impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da formação do convencimento do juiz, conforme consta do art.
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento 198, da Lei Adjetiva Penal. Desta maneira, se o acusado se
destas por videoconferência; se for necessário por questão manter em silêncio, não se presumirão verdadeiros os fato
de gravíssima utilidade pública. alegados contra ele como é possível de acontecer no
Ademais, sua determinação é feita pelo juiz, por decisão processo civil. Entretanto, quando da formação de seu
fundamentada, tomada de ofício ou a requerimento das convencimento, autoriza-se que a autoridade judicial utilize
partes. Ainda, da decisão que determinar a realização do tal silêncio como mais um (e não como item exclusivo) dos
interrogatório por videoconferência, as partes deverão ser elementos em prol da sua convicção;
intimadas com, no mínimo, dez dias de antecedência. C) Formas de confissão. A confissão pode ser tanto
Também, antes do interrogatório por videoconferência, judicial como extrajudicial. Se feita extrajudicialmente,
o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema, a deverá ser tomada por termo nos autos;
realização de todos os atos da audiência única de instrução D) Espécies de confissão. A confissão pode ser simples
e julgamento. (quando o confidente simplesmente confessa, sem agregar
Por fim, o juiz garantirá o direito de entrevista prévia e ou modificar informações constantes dos autos); complexa
reservada do réu com seu defensor (como ocorre em (quando o réu reconhece vários fatos criminosos); ou
qualquer modalidade de interrogatório judicial); qualificada (quando o réu confessa agregando fatos novos
C) Fases do interrogatório. São duas fases e modificativos que até então não eram sabidos, ou, ainda
(procedimento bifásico, como dito alhures), a saber, sobre a que sabidos, não eram comprovados por outros meios);
pessoa do acusado (o interrogando será perguntado sobre E) Características da confissão. A confissão é: divisível
a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades (pode ser que o indivíduo confesse apenas uma parte dos
sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, crimes. Nada obsta que a parte não confessada também
se foi preso ou processado alguma vez, se houver tenha sido praticada por este acusado. Neste caso, os
suspensão condicional ou condenação e qual foi a pena outros elementos de prova serão fundamentais para a
Noções de Direito Processual Penal 25
APOSTILAS OPÇÃO
descoberta da autoria (ou não) da parte não confessada); e As impróprias são a que prestam depoimento sobre um
retratável (admite-se “voltar atrás” na confissão. Isso não ato do processo, como o interrogatório, por exemplo.
representa empecilho a que o indivíduo seja condenado As diretas são as que prestam depoimento sobre um fato
mesmo tendo se retratado da confissão, caso o conjunto que presenciaram
probatório aponte que foi o acusado, de fato, quem praticou As indiretas são as que prestam o depoimento de fatos
a infração). que ouviram dizer por palavras de outros.
As “de antecedentes” são aquelas que prestam
QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO informações relevantes quanto à dosagem e aplicação da
pena, por se referirem, primordialmente, a condições
O “ofendido” é o titular do direito lesado ou posto em pessoais do acusado;
perigo. É a vítima, e, como tal, suas declarações B) Pessoas que podem ser testemunha. Qualquer
correspondem à versão que lhe cabe dos fatos, tendo, pessoa pode ser testemunha, como regra. O depoimento
consequencialmente, natureza probatória. será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha
Conforme o art. 201, caput, do Código de Processo trazê-lo por escrito. Não se vedará a testemunha, contudo,
Penal, sempre que possível o ofendido será qualificado e acesso a meros breves apontamentos para que não se
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja esqueça de nada;
ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, C) Pessoas que podem se recusar a depor. O
tomando-se por termo suas declarações. ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge
A) Ofendido que, intimado, deixa de comparecer sem e o convivente, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
justo motivo. Se, intimado, deixa o ofendido de comparecer acusado não estão obrigados a depor, salvo se não for
sem justo motivo, poderá ele ser conduzido à autoridade possível, por outro modo, obter-se a prova do fato e de suas
judicial mediante auxílio das autoridades policiais; circunstâncias (art. 206, CPP);
B) Dever de comunicação ao ofendido. O ofendido será D) Pessoas que estão proibidas de depor. As pessoas
comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
saída do acusado da prisão, à designação de data para devem guardar segredo, estão proibidas de depor, salvo se,
audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar seu
mantenham ou modifiquem (art. 201, §2º, CPP). As testemunho (art. 207, CPP);
comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço E) Pessoas que não serão compromissadas ao prestar
por ele indicado, admitindo-se, por sua opção, o uso de testemunho. É o caso dos doentes e deficientes mentais;
meio eletrônico (art. 201, §3º, CPP); dos menores de quatorze anos; e do ascendente,
C) Direitos do ofendido. Antes do início da audiência, descendente, afim em linha reta, cônjuge e convivente,
bem como durante sua realização, será reservado espaço irmão e pai, mãe, ou filho adotivo do acusado (art. 208,
separado para o ofendido (art. 201, §4º, CPP). Ademais, se CPP);
entender necessário, poderá o juiz encaminhar o ofendido F) Modo de inquirição das testemunhas. As
para atendimento multidisciplinar, a expensas do ofensor ou testemunhas serão ouvidas individualmente, de modo que
do Estado (art. 201, §5º, CPP). Por fim, o juiz deverá tomar uma não saiba do que foi falado pela outra (art. 210, caput,
as providências necessárias à preservação da intimidade, primeira parte, CPP). O juiz deve advertir sobre a
vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, possibilidade de incurso no crime de falso testemunho (art.
inclusive, determinar segredo de justiça em relação aos 210, caput, parte final, CPP). As perguntas serão
dados, depoimentos e outras informações constantes dos formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não
autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta,
de comunicação (art. 201, §6º, CPP). não tiverem relação com a causa ou importarem na
repetição de outra já repetida (aliás, essa possibilidade de
TESTEMUNHAS. perguntas feitas diretamente às testemunhas é inovação
trazida pela Lei nº 11.690/2008, já que antes, graças ao
“Testemunha” é a pessoa sem qualquer interesse no “Sistema Presidencialista das Audiências”, as perguntas
deslinde da lide processual penal, que apenas relata à eram feitas ao juiz, que só então as repassava às
autoridade judicial sua percepção sobre os fatos, em face testemunhas. Agora, conforme se pode observar do art.
do que viu, ouviu ou sentiu (ela utiliza-se, veja, de sua 212, caput, do Código de Processo Penal, isso mudou).
percepção sensorial). Prosseguindo, o juiz não permitirá que a testemunha
Consoante o disposto no art. 203, do Código de manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
Processo Penal, a testemunha fará, sob palavra de honra, inseparáveis da narrativa do fato (tal característica remonta
a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for a um almejo de dinamismo e objetividade no depoimento
perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu prestado pela testemunha. Não se quer que a testemunha
estado, sua residência, sua profissão, lugar onde exerce a manifeste impressões pessoais a respeito dos fatos. Deve
atividade, se é parente de alguma das partes e em que grau, ela se resumir a esclarecer o que viu/ouviu/sentiu).
bem como relatar o que souber. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão
A) Espécies de testemunhas. Há se distinguir as contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou
testemunhas numerárias, das extranumerárias, dos defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou indigna
informantes, das referidas, das próprias, das impróprias, de fé (art. 214, primeira parte, CPP). Na redação do
das diretas, das indiretas, e das “de antecedentes”. depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível,
As numerárias são aquelas arroladas pelas partes de às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo
acordo com o número máximo previsto em lei. fielmente suas frases (art. 215, CPP). O depoimento da
As extranumerárias são as ouvidas por iniciativa do juiz testemunha será reduzido a termo, e assinado por ela, pelo
após serem compromissadas. juiz, e pelas partes (se a testemunha não souber assinar, ou
Os informantes são aquelas pessoas que não prestam não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela,
compromisso e têm o valor de seu depoimento, exatamente depois de lido na presença de ambos);
por isso, bastante reduzido. G) Inquirição de pessoas impossibilitadas por
As referidas são ouvidas por juiz após outros que enfermidade ou velhice. As pessoas impossibilitadas, por
depuseram antes delas a elas fazerem menção. enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor,
As próprias são as que depõem sobre o fato objeto do serão inquiridas onde estiverem (art. 220, CPP);
litígio.
Noções de Direito Processual Penal 26
APOSTILAS OPÇÃO
H) Testemunha que não conhecer a língua nacional. tempo, ou porque está idosa e, caso espere o regular
Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será trâmite processual, pode não estar viva até lá;
nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas R) Número de testemunhas. No procedimento comum
(art. 223, caput, CPP); ordinário, este número é de oito no máximo para cada parte
I) Testemunha surda-muda. Tratando-se de surdo, (art. 401, CPP); no procedimento comum sumário, esse
mudo, ou surdo-mudo, proceder-se-á tal como no número é de no máximo cinco para cada parte (art. 532,
interrogatório do acusado para estas situações (art. 223, CPP); no procedimento sumaríssimo, três é o número
parágrafo único, CPP); máximo de testemunhas de cada parte; e no plenário do júri
J) Testemunha que deixa de comparecer sem justo o número máximo é de cinco testemunhas para cada parte
motivo. Se, regularmente intimada, a testemunha deixa de (art. 422, CPP). Vale lembrar, ainda, que de acordo com o
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar segundo parágrafo, do art. 209, CPP, não será computada
à autoridade policial a sua apresentação ou determinar que como testemunha a pessoa que nada souber que interesse
seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o à decisão da causa. Também não entrarão nessa contagem
auxílio de força pública (art. 218, CPP); o mero informante e a mera testemunha referida (art. 401,
K) Presença do réu na produção da prova testemunhal. §1º, CPP).
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha DO RECONHECIMENTO
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do
depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, O reconhecimento de pessoas/coisas é o ato pelo qual
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a alguém verifica e confirma (ou nega) a identidade de pessoa
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença ou coisa que lhe é mostrada.
do seu defensor (art. 217, caput, CPP); De acordo com o art. 226, CPP, o itinerário do
L) Oitiva do Presidente da República, do Vice- “reconhecimento” é o seguinte: a pessoa que tiver de fazer
Presidente da República, dos Senadores, dos Deputados o reconhecimento será convidada a descrever a
Federais, dos Ministros de Estado, dos Governadores de pessoa/coisa que deva ser reconhecida (inciso I); a
Estados e Territórios, dos Secretários de Estado, dos pessoa/coisa cujo reconhecimento se pretender será
Prefeitos Municipais, dos Deputados Estaduais, dos colocada, se possível, ao lado de outras pessoas/coisas que
membros do Poder Judiciário, dos membros do Ministério com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
Público, dos Ministros dos Tribunais de Contas da União, tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la (inciso II); se
dos Estados e do Distrito Federal. Estes serão inquiridos em houver razão para recear que a pessoa chamada para o
local, dia e hora previamente designados pelo juiz (art. 221, reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra
caput, CPP). Ademais, o Presidente da República, o Vice- influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve
Presidente da República, o Presidente do Senado, o ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta
Presidente da Câmara dos Deputados, e o Ministro não veja aquela (inciso III) (de acordo com o parágrafo
Presidente do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela único, do art. 226, CPP, o disposto neste inciso não terá
prestação de depoimento por escrito, caso em que as aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de
perguntas formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz lhe julgamento); do ato de reconhecimento se lavrará auto
serão transmitidas por ofício (art. 221, §1º, CPP); pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
M) Oitiva dos militares. Os militares serão requisitados chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
junto à sua autoridade superior (art. 221, §2º, CPP); testemunhas presenciais (inciso IV).
N) Oitiva dos funcionários públicos. A expedição do Vale lembrar, por fim, que se várias forem as pessoas
mandado deve ser imediatamente comunicada ao chefe da chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se
marcados (art. 221, §3º, CPP); qualquer comunicação entre elas (art. 228, CPP).
O) Oitiva por carta precatória. A testemunha que morar
fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de DA ACAREAÇÃO
sua residência, mediante carta precatória (que não
suspenderá a instrução criminal), intimadas as partes (art. Sempre que houver divergência de declarações sobre
222, caput, CPP). Vale lembrar que, aqui, também é fatos ou circunstâncias relevantes, a acareação será
prevista a possibilidade de oitiva da testemunha por admitida, com supedâneo no art. 229, caput, do Código de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de Processo Penal, entre acusados, entre acusados e
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou
presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, testemunha e a pessoa ofendida, entre ofendidos etc. (as
durante a realização da audiência de instrução e julgamento combinações são múltiplas, veja-se).
(art. 222, §3º, CPP); Com efeito, os acareados serão reperguntados, para
P) Oitiva por carta rogatória. Aplica-se à carta rogatória que expliquem os pontos de divergências (ou seja, os
o que se acabou de falar da carta precatória, respeitando- acareados já devem ter sido ouvidos uma vez, fora da
se a particularidade de que as cartas rogatórias somente acareação), reduzindo-se a termo o ato de acareação.
serão expedidas se demonstrada previamente sua
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os DOS DOCUMENTOS
cursos do envio (art. 222-A, CPP);
Q) Prova testemunhal “para perpetuar a memória da Documentos de prova. Salvo os casos expressos em
prova”. É aquela prevista no art. 225, do Código de lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer
Processo Penal, segundo o qual, se qualquer testemunha fase do processo.
houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, A) Conceito de “documento”, para efeito de prova.
inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou
exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de particulares, serão considerados documentos, com fulcro na
qualquer das partes, tomar-lhes antecipadamente o cabeça do art. 232, CPP. Inclusive, à fotografia do
depoimento. Tal produção antecipada deve-se à existência documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo
de risco de que a prova testemunhal não possa ser valor do original (art. 232, parágrafo único, CPP).
produzida, ou porque a testemunha terá de ausentar-se, ou O que são “instrumentos”? São documentos
porque está muito enferma e provavelmente não viva muito confeccionados com o estrito objetivo de fazer prova, como
Noções de Direito Processual Penal 27
APOSTILAS OPÇÃO
os contratos, por exemplo. O conceito de documento é pessoas com este relacionadas, aí ele terá se transformado
muito mais amplo que o de “instrumento”, portanto; em indício.
B) Restrição a documento. De acordo com o art. 233, da Atesta-se, dessa forma, o que, com muita precisão,
Lei Adjetiva, as cartas particulares, interceptadas ou obtidas propriedade e singeleza distingue o eminente mestre
por meios criminosos, não serão admitidas em juízo, salvo Professor Gilberto Porto, em seu já referido Manual de
se exibidas pelo respectivo destinatário para defesa de seu Criminalística: “o vestígio encaminha; o indício aponta”.
direito (ainda que não haja consentimento do remetente);
C) Determinação judicial de juntada de documento. Se o DA BUSCA E APREENSÃO
juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto
relevante da acusação ou da defesa, providenciará, Trata-se de medida cuja essência visa evitar o
independentemente de requerimento de qualquer das desaparecimento de provas, podendo ser realizada tanto na
partes, para sua juntada aos autos, se possível (art. 234, fase inquisitorial como durante a ação penal. A apreensão,
CPP); neste diapasão, nada mais é que o resultado da busca, isto
D) Documento em língua estrangeira. Os documentos é, se a busca resulta frutífera, procede-se à apreensão da
em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada coisa buscada.
imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor A) Espécies de busca. A busca pode ser domiciliar (art.
público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela 240, §1º, CPP) ou pessoal (art. 240, §2º, CPP);
autoridade (art. 236, CPP); B) Hipóteses em que se utiliza a busca e apreensão. De
E) Devolução do documento às partes. Os documentos acordo com o primeiro parágrafo, do art. 240, CPP, a busca
originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo domiciliar é comumente utilizada para prender criminosos
relevante que justifique a sua conservação nos autos, (alínea “a”); para apreender coisas achadas ou obtidas por
poderão, mediante requerimento e ouvido o Ministério meios criminosos (alínea “b”); para apreender instrumentos
Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando o de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
traslado nos autos (art. 238 CPP); contrafeitos (alínea “c”); para apreender armas e munições,
F) Documento particular e sua autenticidade. A letra e instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a
firma dos documentos particulares serão submetidas a fim delituoso (alínea “d”); para descobrir objetos necessários
exame pericial, quando contestada a sua autenticidade (art. à prova de infração ou à defesa do réu (alínea “e”); para
235, CPP); apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado
G) Documento no júri. De acordo com o art. 479, do ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
Código de Processo Penal, durante o julgamento não será conhecimento de seu conteúdo possa ser útil à elucidação
permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto do fato (alínea “f”); para apreender pessoas vítimas de
que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência crimes (alínea “g”); e para colher qualquer elemento de
mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte convicção (alínea “h”).
(compreende-se nessa proibição a leitura de jornais ou Já consoante o segundo parágrafo, do mesmo art. 240,
qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, a busca pessoal será utilizada quando houver fundada
gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou
outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a objetos mencionados nas letras “b”, “c”, “d”, “e”, e “f” do
matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos primeiro parágrafo visto acima;
jurados). C) Requerimento da busca. A busca poderá ser
determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das
DOS INDÍCIOS partes (art. 242, CPP);
D) Conteúdo do mandado de busca. Deverá o mandado,
Indício: É todo e qualquer fato sinal, marca ou vestígio, conforme o art. 243, CPP, indicar, o mais precisamente
conhecido e provado, que, possua relação necessária ou possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome
possível com outro fato, que se desconhece, prova ou leva do respectivo proprietário ou morador, ou, no caso de busca
a presumir a existência deste último. pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais
O Art 239 do CPP define indício como: “a circunstância que a identifiquem (inciso I); mencionar os motivos e o fim
conhecida e provada que, tendo relação com o fato, da diligência (inciso II); ser subscrito pelo escrivão e
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou assinado pela autoridade que o fizer expedir (inciso III); se
outras circunstâncias”. houver ordem de prisão, esta constará do próprio texto do
mandado de busca (§1º);
Quando falamos em “indícios” temos que ter cuidado E) Documento em poder do defensor do acusado. Não
para não confundir estes com os “vestígios”, posto que para será permitida a apreensão de documento em poder do
os leigos em criminalística e na linguagem destituída de defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do
características jurídicas, depreende-se que vestígios e corpo de delito (art. 243, §2º, CPP);
indícios praticamente se constituem em sinônimos. F) Busca independente de mandado. A busca pessoal
Para Aurélio Buarque de Holanda Pereira, em seu novo independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
Dicionário da Língua Portuguesa, vestígio é: “Sinal que houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse
homem ou animal deixa com os pés no lugar por onde de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam
passa; rastro, rasto, pegada, pista; no sentido figurado, corpo de delito, ou quando a medida for determinada no
indício, sinal, pista, rastro, rasto”. curso de busca domiciliar (art. 244, CPP);
Entretanto, sob o enfoque criminalístico e também G) Modo de execução da busca domiciliar. As buscas
processualístico, há que se ter em mente a perfeita domiciliares serão executadas durante o dia, salvo se o
delimitação e diferenciação entre cada um dos vocábulos. morador consentir que se realizem a noite, e, antes de
Assim, qualquer marca, fato, sinal, que seja detectado em penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o
local onde haja sido praticado um fato delituoso é, em mandado ao morador, ou a quem os represente, intimando-
princípio, um vestígio. o, em seguida, a abrir a porta (art. 245, caput, CPP). Se a
Se tal vestígio, após devidamente analisado, própria autoridade der busca, declarará previamente sua
interpretado e associado com os minuciosos exames qualidade e o objeto da diligência (art. 245, §1º, CPP). Em
laboratoriais e dados da investigação policial do fato, caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a
enquadrando-se em toda a sua moldura, tiver estabelecida entrada (art. 245, §2º, CPP). Resistindo o morador ainda
a sua inequívoca relação com o fato delituoso e com as assim, será permitido o emprego de força contra coisas
Noções de Direito Processual Penal 28
APOSTILAS OPÇÃO
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
prova ou para responderem a quesitos, desde que o arrecadados e autenticados todos os objetos
mandado de intimação e os quesitos ou questões a encontrados, que possam ser úteis para a identificação
serem esclarecidas sejam encaminhados do cadáver.
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
apresentar as respostas em laudo complementar; Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de
II – indicar assistentes técnicos que poderão delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
probatório que serviu de base à perícia será exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que exame complementar por determinação da autoridade
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu
impossível a sua conservação. defensor.
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja § 1o No exame complementar, os peritos terão
mais de uma área de conhecimento especializado, presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito deficiência ou retificá-lo.
oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação
do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
descreverão minuciosamente o que examinarem, e data do crime.
responderão aos quesitos formulados. § 3o A falta de exame complementar poderá ser
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no suprida pela prova testemunhal.
prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver
peritos. sido praticada a infração, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir
em qualquer dia e a qualquer hora. seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório,
sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes as consequências dessas alterações na dinâmica dos
daquele prazo, o que declararão no auto. fatos.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta,
bastará o simples exame externo do cadáver, quando Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos
não houver infração penal que apurar, ou quando as guardarão material suficiente para a eventualidade de
lesões externas permitirem precisar a causa da morte e nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
não houver necessidade de exame interno para a ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas,
verificação de alguma circunstância relevante. desenhos ou esquemas.
Art. 163. Em caso de exumação para exame Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da meio de escalada, os peritos, além de descrever os
qual se lavrará auto circunstanciado. vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios
Parágrafo único. O administrador de cemitério e em que época presumem ter sido o fato praticado.
público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à
quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que
em lugar não destinado a inumações, a autoridade constituam produto do crime.
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os
constará do auto. peritos procederão à avaliação por meio dos elementos
existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na
posição em que forem encontrados, bem como, na Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão
medida do possível, todas as lesões externas e vestígios a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que
deixados no local do crime. dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio
alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo
do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, Art. 174. No exame para o reconhecimento de
devidamente rubricados. escritos, por comparação de letra, observar-se-á o
seguinte:
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição II - para a comparação, poderão servir quaisquer
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando- documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem
se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em
para o exame, os documentos que existirem em arquivos sala própria, no estabelecimento em que estiver
ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do
diligência, se daí não puderem ser retirados; juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares
IV - quando não houver escritos para a comparação bem como a presença do defensor e a publicidade do
ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará ato.
que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão
ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes,
diligência poderá ser feita por precatória, em que se poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema
consignarão as palavras que a pessoa será intimada a de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
escrever. transmissão de sons e imagens em tempo real, desde
que a medida seja necessária para atender a uma das
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos seguintes finalidades:
empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
verificar a natureza e a eficiência. fundada suspeita de que o preso integre organização
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular o deslocamento;
quesitos até o ato da diligência. II - viabilizar a participação do réu no referido ato
processual, quando haja relevante dificuldade para seu
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no circunstância pessoal;
caso de ação privada, acordo das partes, essa III - impedir a influência do réu no ânimo de
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. testemunha ou da vítima, desde que não seja possível
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes colher o depoimento destas por videoconferência, nos
serão transcritos na precatória. termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será pública.
requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, § 3o Da decisão que determinar a realização de
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. interrogatório por videoconferência, as partes serão
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão § 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o
lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema
e, se presente ao exame, também pela autoridade. tecnológico, a realização de todos os atos da audiência
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo única de instrução e julgamento de que tratam os arts.
único, o laudo, que poderá ser datilografado, será 400, 411 e 531 deste Código.
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, com o seu defensor; se realizado por videoconferência,
serão consignadas no auto do exame as declarações e fica também garantido o acesso a canais telefônicos
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá reservados para comunicação entre o defensor que
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um esteja no presídio e o advogado presente na sala de
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá audiência do Fórum, e entre este e o preso.
mandar proceder a novo exame por outros peritos. § 6o A sala reservada no estabelecimento prisional
para a realização de atos processuais por sistema de
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e
ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério
a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
complementar ou esclarecer o laudo. § 7o Será requisitada a apresentação do réu preso
Parágrafo único. A autoridade poderá também em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se
ordenar que se proceda a novo exame, por outros realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.
peritos, se julgar conveniente. § 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste
artigo, no que couber, à realização de outros atos
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo processuais que dependam da participação de pessoa
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. que esteja presa, como acareação, reconhecimento de
pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação de declarações do ofendido.
pública, observar-se-á o disposto no art. 19. § 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido
o acompanhamento do ato processual pelo acusado e
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, seu defensor.
o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida § 10. Do interrogatório deverá constar a informação
pelas partes, quando não for necessária ao sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
esclarecimento da verdade. possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
CAPÍTULO III pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e
Art. 185. O acusado que comparecer perante a cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será
autoridade judiciária, no curso do processo penal, será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, seu direito de permanecer calado e de não responder
constituído ou nomeado. perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de
defesa. qualquer das partes.
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a
nacional, o interrogatório será feito por meio de promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for
intérprete. perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu
estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no das partes, ou quais suas relações com qualquer delas,
termo. e relatar o que souber, explicando sempre as razões de
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a
do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer
razoável, intimadas as partes. comunicação entre elas.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a
instrução criminal. CAPÍTULO VIII
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o DA ACAREAÇÃO
julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez
devolvida, será junta aos autos. Art. 229. A acareação será admitida entre acusados,
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
videoconferência ou outro recurso tecnológico de pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
a presença do defensor e podendo ser realizada, Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados,
inclusive, durante a realização da audiência de instrução para que expliquem os pontos de divergências,
e julgamento. reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas
se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a
arcando a parte requerente com os custos de envio. esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à
autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a transcrevendo-se as declarações desta e as da
língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as testemunha presente, nos pontos em que divergirem,
perguntas e respostas. bem como o texto do referido auto, a fim de que se
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente,
surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192. pela mesma forma estabelecida para a testemunha
presente. Esta diligência só se realizará quando não
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda
de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitando- conveniente.
se, pela simples omissão, às penas do não-
comparecimento. CAPÍTULO IX
DOS DOCUMENTOS
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de
ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes
receio de que ao tempo da instrução criminal já não poderão apresentar documentos em qualquer fase do
exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de processo.
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o
depoimento. Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer
escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou
CAPÍTULO VII particulares.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Parágrafo único. À fotografia do documento,
devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o original.
reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
forma: Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em
convidada a descrever a pessoa que deva ser juízo.
reconhecida; Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver
de fazer o reconhecimento a apontá-la; Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de
III - se houver razão para recear que a pessoa documento relativo a ponto relevante da acusação ou da
chamada para o reconhecimento, por efeito de defesa, providenciará, independentemente de
intimidação ou outra influência, não diga a verdade em requerimento de qualquer das partes, para sua juntada
face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade aos autos, se possível.
providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa serão submetidas a exame pericial, quando contestada a
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas sua autenticidade.
testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem
terá aplicação na fase da instrução criminal ou em prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
plenário de julgamento. traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa
idônea nomeada pela autoridade.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-
á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando
que for aplicável. conferidas com o original, em presença da autoridade.
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas
findo, quando não exista motivo relevante que justifique de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
a sua conservação nos autos, poderão, mediante noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
autos. § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
CAPÍTULO X § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a
DOS INDÍCIOS porta e forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o
Art. 239. Considera-se indício a circunstância emprego de força contra coisas existentes no interior da
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, casa, para o descobrimento do que se procura.
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando
ou outras circunstâncias. ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser
intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se
CAPÍTULO XI houver e estiver presente.
DA BUSCA E DA APREENSÃO § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura,
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando será imediatamente apreendida e posta sob custódia da
fundadas razões a autorizarem, para: autoridade ou de seus agentes.
a) prender criminosos; § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
criminosos; presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo
d) apreender armas e munições, instrumentos anterior, quando se tiver de proceder a busca em
utilizados na prática de crime ou destinados a fim compartimento habitado ou em aposento ocupado de
delituoso; habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
e) descobrir objetos necessários à prova de infração público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que procurada, os motivos da diligência serão comunicados
o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes; Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de
h) colher qualquer elemento de convicção. modo que não moleste os moradores mais do que o
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver indispensável para o êxito da diligência.
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e Art. 249. A busca em mulher será feita por outra
letra h do parágrafo anterior. mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão
deverá ser precedida da expedição de mandado. penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de
outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se
ou a requerimento de qualquer das partes. à competente autoridade local, antes da diligência ou
após, conforme a urgência desta.
Art. 243. O mandado de busca deverá: § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
que será realizada a diligência e o nome do respectivo a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a a percam de vista;
identifiquem; b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo,
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela que está sendo removida ou transportada em
autoridade que o fizer expedir. determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas
texto do mandado de busca. razões para duvidar da legitimidade das pessoas que,
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos,
em poder do defensor do acusado, salvo quando ou da legalidade dos mandados que apresentarem,
constituir elemento do corpo de delito. poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
modo que não se frustre a diligência.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado,
no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de
que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou
quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.
o delito em flagrante é o delito que está “ardendo”, B) Em seguida, procederá a autoridade competente à
“queimando”, “que acaba de acontecer”. oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao
Por isso, qualquer do povo poderá, e as autoridades interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
policiais e seus agentes deverão, prender quem quer que colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas,
seja encontrado em flagrante delito. lavrando a autoridade, ao final, o auto (art. 304, caput, parte
final, CPP);
Natureza da prisão em flagrante. Trata-se de tema C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
outrora excessivamente divergente, mas que parece encontrem serão comunicados imediatamente ao juiz
caminhar para um entendimento uníssono graças ao competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
advento da Lei nº 12.403/11. pessoa por ele indicada (art. 306, caput, CPP);
Conforme um primeiro entendimento, por independer de D) Resultando das respostas às perguntas feitas ao
prévia ordem judicial, a prisão em flagrante seria uma acusado fundada suspeita contra o conduzido, a autoridade
espécie de ato administrativo, não sendo modalidade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se
autônoma de prisão cautelar, portanto. solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do
Para um segundo posicionamento, a prisão em flagrante processo ou inquérito se para isso for competente (se não o
seria modalidade de prisão cautelar autônoma, por reclamar for, enviará os autos à autoridade que o seja) (art. 304, §1º,
pronunciamento judicial acerca de sua manutenção. Este CPP);
posicionamento despreza, veja-se, a inexistência de prévia E) A falta de testemunhas da infração não impedirá o
ordem judicial para realizar tal prisão. auto de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o
Por fim, de acordo com uma terceira corrente, a prisão condutor deverão assiná-lo ao menos duas pessoas que
em flagrante é ato complexo, composto de uma primeira tenham testemunhado a apresentação do preso à
fase administrativa, que se dá com sua efetivação (isto é, a autoridade (art. 304, §2º, CPP). Quando o acusado se
captura do acusado), e de uma segunda fase processual, recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
que se dá com sua apreciação pela autoridade judicial de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas
acerca de sua manutenção ou não de acordo com a que tenham ouvido sua leitura na presença deste (art. 304,
presença dos requisitos e pressupostos ensejadores da §3º, CPP). Na falta ou no impedimento do escrivão,
prisão preventiva. qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto,
Diz-se que o assunto caminha para a pacificação, pois, depois de prestado o compromisso legal (art. 305, CPP);
se desde a Lei nº 6.416/77 não mais se vislumbra a F) Em até vinte e quatro horas após a realização da
possibilidade de ficar alguém preso em flagrante durante prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
todo o processo (o juiz, desde 1977, deveria apreciar a prisão em flagrante, e caso o autuado não informe o nome
presença dos requisitos ensejadores da prisão preventiva de seu advogado, será encaminhada cópia integral deste
para manter ou não o flagrante), agora, com a Lei nº auto para a Defensoria Pública (art. 306, §1º, CPP);
12.403/11, ficou a prisão em flagrante em condição E) No mesmo prazo de vinte e quatro horas, será
excepcionalíssima, já que, de acordo com o atual art. 310, entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa,
CPP, o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome
deverá fundamentadamente relaxar a prisão se ilegal do condutor e o das testemunhas (art. 306, §2º, CPP);
(inciso I), converter a prisão em flagrante em preventiva F) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
se presentes os requisitos do art. 312, CPP e se revelarem deverá fundamentadamente relaxar a prisão ilegal, ou
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares converter a prisão em flagrante em preventiva (quando
diversas da prisão (inciso II), ou conceder liberdade presentes os requisitos do art. 312, do Código de Processo
provisória, com ou sem fiança (inciso III). Penal, e quando se revelarem inadequadas as medidas
Veja-se, pois, que a prisão em flagrante se solidificou, cautelares diversas da prisão), ou conceder liberdade
atualmente, como uma “prisão pré-cautelar”, porque provisória com ou sem fiança (art. 310, CPP);
necessariamente será ato meramente primário a uma G) Se o juiz verificar pelo auto que o agente praticou o
análise acerca da prisão processual/medida diversa da fato em estado de necessidade, legítima defesa, estrito
prisão/liberdade provisória. O terceiro entendimento é o que cumprimento do dever legal, ou exercício regular de um
tende a prevalecer, portanto: a prisão em flagrante como ato direito (todos previstos no art. 23, do Código Penal), poderá,
administrativo não deve prevalecer já que a flagrância não fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
mais é um fim em si mesmo (razão pela qual a primeira provisória, mediante termo de comparecimento a todos os
corrente “cai por terra”); a prisão em flagrante não tem atos processuais, sob pena de revogação (art. 310,
natureza cautelar, pois é justamente a cautelaridade da parágrafo único, CPP).
medida que a autoridade judicial vai buscar ao apreciar as Obtempera-se que, não havendo autoridade no lugar em
hipóteses do art. 310, CPP (razão pela qual a segunda que se tiver efetuado a prisão, o preso será apresentado à
corrente vai à bancarrota); a prisão em flagrante é, sim, ato prisão do lugar mais próximo (art. 308, CPP).
complexo (ou “pré-cautelar”), porque embora comece como Por fim, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
um ato administrativo, seu relaxamento ou conversão em liberdade, depois de lavrado o “APF” (auto de prisão em
prisão preventiva/liberdade provisória (isto é, sua flagrante) (art. 309, CPP).
judicialização) é meramente questão de tempo.
Espécies/modalidades de flagrante. Vejamos a
Funções da prisão em flagrante. São elas: classificação feita pela doutrina:
A) Evitar a fuga do infrator; A) Flagrante obrigatório. É aquele que se aplica às
B) Auxiliar na colheita de elementos probatórios; autoridades policiais e seus agentes, que têm o dever de
C) Impedir a consumação ou o exaurimento do delito. efetuar a prisão em flagrante;
B) Flagrante facultativo. É aquele efetuado por qualquer
Procedimento do flagrante. O procedimento da prisão pessoa do povo, embora não seja o indivíduo obrigado a
em flagrante está essencialmente descrito entre os art. 304 prender em flagrante, caso isso ameace sua segurança e
e 310, do Código de Processo Penal: sua integridade;
A) Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá C) Flagrante próprio (ou flagrante perfeito) (ou flagrante
esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, verdadeiro). É aquele que ocorre se o agente é preso
entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do quando está cometendo a infração ou acaba de cometê-la.
preso (art. 304, caput, primeira parte, CPP);
Sua previsão está nos incisos I e II, do art. 302, do Código III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
de Processo Penal; ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
D) Flagrante impróprio (ou flagrante imperfeito) (ou presumir ser autor da infração;
“quase flagrante”). É aquele que o ocorre se o agente é IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor
por qualquer pessoa, em situação que se faça presumir ser da infração.
ele autor da infração. Sua previsão está no terceiro inciso,
do art. 302, do Diploma Processual Penal. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
Vale lembrar que não há um prazo pré-determinado para agente em flagrante delito enquanto não cessar a
esta perseguição, desde que ela seja contínua, ininterrupta. permanência.
Assim, pode um agente ser perseguido por vinte e quatro
horas após a prática delitiva, p. ex., e ainda assim ser Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente,
autuado em flagrante; ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
E) Flagrante presumido (ou flagrante ficto). É aquele que assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
ocorre se o agente é encontrado, logo depois do crime, com entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do
ser ele o autor da infração. Sua previsão está no art. 302, acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após
IV, CPP; cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
F) Flagrante preparado (ou “crime de ensaio”) (ou delito autoridade, afinal, o auto.
putativo por obra do agente provocador). A autoridade § 1o Resultando das respostas fundada a suspeita
policial instiga o indivíduo a cometer o crime, apenas para contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à
prendê-lo em flagrante. O entendimento jurisprudencial, prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança,
contudo, é no sentido de que esta espécie de flagrante não e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
é válida, por se tratar de crime impossível. Neste sentido, há isso for competente; se não o for, enviará os autos à
até mesmo a Súmula nº 145, do Supremo Tribunal Federal, autoridade que o seja.
segundo a qual não há crime quando a preparação do § 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação; auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
G) Flagrante esperado. Aqui, a autoridade policial sabe condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que
que o delito vai acontecer, independentemente de instigá-lo hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
ou não, e, portanto, se limita a esperar o início da prática do § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
delito, para efetuar a prisão em flagrante. Trata-se de ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
modalidade de flagrante perfeitamente válida, apesar de assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
entendimento minoritário que o considera inválido pelos leitura na presença deste.
mesmos motivos do flagrante preparado; § 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
H) Flagrante forjado (ou flagrante fabricado) (ou constar a informação sobre a existência de filhos,
flagrante maquiado). É o flagrante “plantado” pela respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
autoridade policial (ex.: a autoridade policial coloca drogas nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
nos objetos pessoais do investigado somente para prendê- dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº
lo em flagrante). 13.257, de 2016)
I) Flagrante prorrogado (ou “ação controlada”) (ou
flagrante protelado). A autoridade policial retarda sua Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão,
intervenção, para que o faça no momento mais oportuno qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto,
sob o ponto de vista da colheita de provas. Sua legalidade depois de prestado o compromisso legal.
depende de previsão legal. Atualmente, encontra-se na Lei
nº 12.850/13 (“Nova Lei das Organizações Criminosas”) e Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”). encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
Na Lei nº 12.850/13, em seu art. 3º, III, a ação controlada competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
é permitida em qualquer fase da persecução penal, porém pessoa por ele indicada.
ao contrário do previsto pela revogada Lei nº 9.034/95, § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
devem ser observados alguns requisitos para o da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
procedimento, tais como: comunicar sigilosamente a ação prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
limites desta e comunicará ao Ministério Público; até o § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso,
encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
forma de garantir o êxito das investigações e ao término da testemunhas.
diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da
ação controlada. Outrossim, na Lei nº 11.343/06, em seu art. Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da
53, II, a ação controlada é possível, desde que haja autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as
declarações que fizer o preso e os depoimentos das
CAPÍTULO II testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
DA PRISÃO EM FLAGRANTE preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que
seja encontrado em flagrante delito. Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se
tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: lugar mais próximo.
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la; Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz (D) Flagrante esperado é a hipótese viável de autorizar
deverá fundamentadamente: a prisão em flagrante e a constituição válida do crime. Não
I - relaxar a prisão ilegal; ou há agente provocador, mas simplesmente chega à polícia a
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, notícia de que um crime será cometido, deslocando agentes
quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste para o local, aguardando-se a ocorrência do delito, para
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as realizara prisão.
medidas cautelares diversas da prisão; ou (E) Flagrante impróprio refere-se ao caso em que a
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. polícia se utiliza de um agente provocador, induzindo ou
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão instigando o autor a praticar um determinado delito, para
em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições descobrir a real autoridade e materialidade de outro.
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, Respostas
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a 01. Resposta: “C”
todos os atos processuais, sob pena de revogação. 02. Resposta: “B”
03. Resposta: “D”
Questões
que vencido o vício a demanda poderá ser novamente á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
proposta. preliminar.
O artigo 514 do CPP faz uma ressalva que o Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o
procedimento em estudo se aplica apenas aos crimes prazo concedido para a resposta, os autos permanecerão
afiançáveis. Importante ressaltar que antes da vigência da em cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado ou
Lei nº. 12.403/11, em se tratando de crimes funcionais, os por seu defensor.
únicos crimes inafiançáveis eram o Excesso de Exação (CP, Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com
art.316, §1º) e a Facilitação de Contrabando ou Descaminho documentos e justificações.
(CP, art. 318), conforme dispunha o art. 323 do CPP.
Contudo, com o advento da Lei 12.403/11, passaram a ser Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em
inafiançáveis somente os Crimes Hediondos e os a eles despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do
equiparados, sendo viável a aplicação da fiança aos demais acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da
Estando a denúncia em ordem e, caso o crime seja improcedência da ação.
afiançável, o juiz notificará o funcionário público acusado
para que o mesmo apresente resposta por escrito dentro de Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o
quinze dias (defesa preliminar). Tal resposta antecede ao acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do
próprio recebimento da peça acusatória, de maneira que, se Título X do Livro I.
o juiz se convencer dos argumentos utilizados pelo
defensor, poderá rejeitar a denúncia/queixa com base no Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do
art. 395, do Código de Processo Penal. processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III,
Título I, deste Livro.
No tocante a defesa preliminar, conforme entendimento
do Supremo Tribunal Federal (STF), tem-se que a falta de QUESTÕES
notificação do acusado para apresentar a resposta prevista
ainda no artigo 514 do CPP, acarretará na nulidade do 01. (DPE-ES - Defensor Público - CESPE/2013) Em
processo, conforme RT 572/412, in verbis: relação às normas previstas no CPP a respeito dos
"Artigo 514 do CPP. Falta de notificação do acusado processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários
para responder, por escrito, em caso de crime afiançável, públicos, assinale a opção correta.
apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando (A) O acusado cuja residência não seja conhecida que
nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental se encontre fora da jurisdição do juiz perderá a oportunidade
da ampla defesa. Evidência do prejuízo." de apresentar resposta preliminar.
(B) O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho
E, nos termos dos Art. 515 do CPP, durante os quinze fundamentado, se, pela resposta do acusado ou do seu
dias concedidos de prazo para que o funcionário público defensor, houver dúvida a respeito da autoria delitiva.
ofereça resposta, os autos ficarão armazenados em (C) Recebida a denúncia ou a queixa, o juiz designará
cartório, onde poderão ser examinados pelo infrator ou por audiência de apresentação para o interrogatório do réu.
seu defensor. (D) Para o recebimento da queixa ou da denúncia, é
indispensável a apresentação de documentos ou de
Após recebida a resposta do funcionário público, juiz justificação que façam presumir a existência do delito.
definirá se receberá ou não a denúncia. (E) Estando a denúncia ou queixa em devida forma, o
Caso decida pelo não recebimento da queixa ou juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado,
denúncia, o juiz devera justificar sua decisão em despacho para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
fundamentado, nos termos do artigo 516, CPP.
Já no caso de recebimento da denúncia ou da queixa, 02. (MPU - Analista - Direito – CESPE/2013)
será o acusado citado e o processo seguirá o rito comum, Considerando que um servidor público tenha sido preso em
previsto para os crimes punidos com reclusão, flagrante pela prática de peculato cometido em desfavor da
encontrados nos artigos 517 e 518 do Código de Processo Caixa Econômica Federal, tendo sido o crime facilitado em
Penal. razão da função exercida pelo referido servidor.
Assim dispõe o Código de Processo Penal acerca do Julgue os itens a seguir, com base na legislação
assunto: processual penal.
RESPOSTAS
01. Resposta: E
02. Resposta: A
03. Resposta: A
04. Resposta: E
05. Resposta: D
Anotações
Legislação Especial 1
APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Especial 2
APOSTILAS OPÇÃO
desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela
das mulheres; Lei nº 13.505, de 2017)
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em
ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos situação de violência doméstica e familiar, familiares e
governamentais ou entre estes e entidades não- testemunhas terão contato direto com investigados ou
governamentais, tendo por objetivo a implementação de suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº
programas de erradicação da violência doméstica e familiar 13.505, de 2017)
contra a mulher; III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos administrativo, bem como questionamentos sobre a vida
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
VIII - a promoção de programas educacionais que doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
etnia; I - a inquirição será feita em recinto especialmente
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à próprios e adequados à idade da mulher em situação de
equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
violência doméstica e familiar contra a mulher. gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de
2017)
CAPÍTULO II II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE profissional especializado em violência doméstica e familiar
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela
Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
o caso. providências:
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da I - garantir proteção policial, quando necessário,
mulher em situação de violência doméstica e familiar no comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
cadastro de programas assistenciais do governo federal, Judiciário;
estadual e municipal. II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência ao Instituto Médico Legal;
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e III - fornecer transporte para a ofendida e seus
psicológica: dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, de vida;
integrante da administração direta ou indireta; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do
o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. domicílio familiar;
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios Lei e os serviços disponíveis.
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
violência sexual. Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência a representação a termo, se apresentada;
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que II - colher todas as provas que servirem para o
tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
providências legais cabíveis. III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
doméstica e familiar o atendimento policial e pericial V - ouvir o agressor e as testemunhas;
especializado, ininterrupto e prestado por servidores - VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
preferencialmente do sexo feminino - previamente autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a
capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) existência de mandado de prisão ou registro de outras
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência ocorrências policiais contra ele;
doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial
quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às ao juiz e ao Ministério Público.
seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional autoridade policial e deverá conter:
da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa I - qualificação da ofendida e do agressor;
Legislação Especial 3
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos
contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência processuais relativos ao agressor, especialmente dos
cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o intimação do advogado constituído ou do defensor público.
julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
violência doméstica e familiar contra a mulher. intimação ou notificação ao agressor.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
em horário noturno, conforme dispuserem as normas de Seção II
organização judiciária. Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
Agressor
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e
I - do seu domicílio ou de sua residência; familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
III - do domicílio do agressor. separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência,
entre outras:
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de e o agressor;
pena que implique o pagamento isolado de multa. b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas
por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
Legislação Especial 4
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei,
entre outras: em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo humanizado.
agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e TÍTULO V
contratos de compra, venda e locação de propriedade em DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
ao agressor; contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática por profissionais especializados nas áreas psicossocial,
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. jurídica e de saúde.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
competente para os fins previstos nos incisos II e III deste Art. 30. Compete à equipe de atendimento
artigo. multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito
Seção IV ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
de Urgência voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação
protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de
nº 13.641, de 2018) profissional especializado, mediante a indicação da equipe de
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. atendimento multidisciplinar.
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e
Legislação Especial 5
APOSTILAS OPÇÃO
manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos exercício financeiro, para a implementação das medidas
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. estabelecidas nesta Lei.
Legislação Especial 6
APOSTILAS OPÇÃO
necessidade de representação da vítima de violência Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
doméstica. Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
(C) No caso de condenação à pena de detenção em regime políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
aberto pela prática do crime de ameaça no âmbito doméstico o caso
e familiar, é possível a substituição da pena pelo pagamento (B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da
isolado de multa. mulher em situação de violência doméstica e familiar no
(D) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas cadastro de programas assistenciais do governo federal,
protetivas de urgência poderão ser concedidas estadual e municipal
independentemente de audiência das partes e de manifestação (C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
do Ministério Público, o qual deverá ser prontamente doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
comunicado. psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora
(E) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na pública, integrante da administração direta ou indireta
violência havida em relações homoafetivas se o sujeito ativo é (D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
uma mulher. doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando
02. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017) necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis
Assinale a alternativa INCORRETA considerando as meses
disposições da Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (E) A assistência à mulher em situação de violência
(Lei Maria da Penha), sobre a assistência à mulher em situação doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
de violência doméstica e familiar. decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
(A) A assistência à mulher em situação de violência incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e proflaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e violência sexual
políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
o caso 05. (MPE/RO – Promotor – FMP Concursos/2017) Em
(B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assinale a
mulher em situação de violência doméstica e familiar no alternativa CORRETA.
cadastro de programas assistenciais do governo federal, (A) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves
estadual e municipal praticados no contexto de violência doméstica e familiar são
(C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência de ação penal pública incondicionada.
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e (B) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no
psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora contexto de violência doméstica e familiar.
pública, integrante da administração direta ou indireta (C) A ação penal no crime de lesões corporais leves é
(D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência pública condicionada, segundo a jurisprudência do Supremo
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e Tribunal Federal.
psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando (D) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do
necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis processo aos autores de crimes praticados no contexto de
meses violência doméstica e familiar.
(E) A assistência à mulher em situação de violência (E) As medidas protetivas de urgência vigem durante o
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios prazo decadencial da representação da vítima, ou seja, 6 (seis)
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, meses.
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Respostas
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de 01. Resposta: D.
violência sexual. 02. Resposta: B.
03. Resposta: A.
03. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017) 04. Resposta: B.
Assinale a alternativa correta sobre a espécie de violência que 05. Resposta: B.
a Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha) indica, em termos expressos e precisos, como qualquer
conduta contra a mulher que lhe cause dano emocional e 2) Abuso de autoridade (Lei
diminuição da autoestima, que lhe prejudique e perturbe o n.° 4.898/65)
pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça.
(A) Violência psicológica Podemos definir o Abuso de Autoridade como crime que
(B) Violência moral abrange as condutas abusivas de poder. O abuso de poder é
(C) Violência imaterial gênero do qual surgem o excesso de poder ou o desvio de
(D) Violência uxória poder ou de finalidade.
(E) Violência extra corporal Desta forma, o abuso de poder pode se manifestar como o
excesso de poder, caso em que o agente público atua além de
04. (IBFC/2017) Assinale a alternativa INCORRETA sua competência legal, como pode se manifestar pelo desvio de
considerando as disposições da Lei Federal nº 11.340, de 7 de poder, em que o agente público atua contrariamente ao
agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), sobre a assistência à interesse público, desviando-se da finalidade pública.
mulher em situação de violência doméstica e familiar. Tratam-se, pois, de formas arbitrárias de agir do agente
(A) A assistência à mulher em situação de violência público no âmbito administrativo, em que está adstrito ao que
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e determina a lei (princípio da estrita legalidade).
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
Legislação Especial 7
APOSTILAS OPÇÃO
No caso do abuso de autoridade, temos a tipificação Art. 2º O direito de representação será exercido por meio
daquelas condutas abusivas de poder como crimes podendo- de petição:
se dizer que o abuso de autoridade é o abuso de poder a) dirigida à autoridade superior que tiver competência
analisado sob as normas penais. legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a
Mais ainda, o abuso de autoridade abrange o abuso de respectiva sanção;
poder, conforme se pode vislumbrar pelo disposto no art. 4º, b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
a, Lei nº 4.898/65, utilizando os conceitos administrativos competência para iniciar processo-crime contra a autoridade
para tipificar condutas contrárias à lei no âmbito penal e culpada.
disciplinar. Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e
Portanto, podemos dizer que, além do abuso de poder ser conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de
infração administrativa, também é utilizado no âmbito penal autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
para caracterizar algumas condutas de abuso de autoridade, acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as
sendo que, essas são muito mais amplas do que o simples houver.
abuso de poder (excesso ou desvio de poder), eis que abarcam
outras condutas ilegais do agente público, o que nos leva a Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
concluir que o abuso de autoridade abrange o abuso de poder a) à liberdade de locomoção;
que, por sua vez, se desdobra em excesso e desvio de poder ou b) à inviolabilidade do domicílio;
de finalidade. c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
Os atos de abuso de autoridade estão descritos nos arts. 3º e) ao livre exercício do culto religioso;
e 4º da Lei. f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
O objeto jurídico dos crimes de abuso de autoridade se do voto;
dividem em: imediato/principal e mediato/secundário. O h) ao direito de reunião;
imediato protege os direitos e garantias fundamentais das i) à incolumidade física do indivíduo;
pessoas físicas e jurídicas e o mediato protege a regularidade e j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
probidade dos serviços públicos. profissional.
Lembre-se que o ato de abuso é forma irregular e ímproba Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
da prestação de serviços públicos. a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
Elemento subjetivo: b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame
Além do dolo de praticar a conduta típica é necessária ou a constrangimento não autorizado em lei;
ainda a intenção específica de agir abusivamente. c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente
Se a autoridade na justa intenção de cumprir seu dever ou a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
proteger o interesse público acaba cometendo excesso haverá d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
ilegalidade no ato, mas não crime de abuso de autoridade. detenção ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
Consumação se dá com a conduta, ainda que não ocorra a prestar fiança, permitida em lei;
efetiva lesão ao direito protegido no tipo. Crime formal. f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa,
A ação penal é incondicionada. desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à
espécie quer quanto ao seu valor;
Os crimes de abuso de autoridade são punidos com multa g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial
e/ou 10 dias a 06 meses de detenção; e/ou perda do cargo ou recibo de importância recebida a título de carceragem, custas,
inabilitação por isso a competência para processar e julgar emolumentos ou de qualquer outra despesa;
será do Juizado Especial Criminal Estadual ou Federal. h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural
ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder
As penas poderão ser aplicadas isolada ou ou sem competência legal;
cumulativamente. i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou
de medida de segurança, deixando de expedir em tempo
Uma vez esclarecido alguns detalhes sobre o abuso de oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
autoridade, vamos acompanhar na íntegra o que dispõe a Lei nº
4.898/65: Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965 civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.
Regula o Direito de Representação e o processo de
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
abuso de autoridade. sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: a) advertência;
b) repreensão;
Art. 1º O direito de representação e o processo de c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem d) destituição de função;
abusos, são regulados pela presente lei. e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
Legislação Especial 8
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de representação poderá conter a indicação de mais duas
quinhentos a dez mil cruzeiros. testemunhas.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras
dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; apresentar a denúncia requerer o arquivamento da
b) detenção por dez dias a seis meses; representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de razões invocadas, fará remessa da representação ao
qualquer outra função pública por prazo até três anos. Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá
aplicadas autônoma ou cumulativamente. no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de
autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada.
poder o acusado exercer funções de natureza policial ou O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa,
militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos
os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou principal.
militar competente determinará a instauração de inquérito
para apurar o fato. Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis rejeitando a denúncia.
ou militares, que estabeleçam o respectivo processo. § 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente
aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 dentro de cinco dias.
da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
Funcionários Públicos Civis da União). final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento,
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado será feita por mandado sucinto que, será acompanhado da
para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. segunda via da representação e da denúncia.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
da autoridade civil ou militar. apresentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à precatória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
autoridade administrativa ou independentemente dela, salvo o caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a para a realização de diligências, perícias ou exames, a não ser
responsabilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade que o Juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis
culpada. tais providências.
Art. 10. Vetado Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência,
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o
de Processo Civil. representante do Ministério Público ou o advogado que tenha
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério se se ausente o Juiz.
Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação houver comparecido, os presentes poderão retirar-se,
da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de
autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
designação de audiência de instrução e julgamento. se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou,
duas vias. excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: interrogatório do réu, se estiver presente.
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
por meio de duas testemunhas qualificadas; advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
audiência de instrução e julgamento, a designação de um
perito para fazer as verificações necessárias. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao
prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou
por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um,
prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz.
Legislação Especial 9
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente (C) Se considera autoridade apenas quem exerce cargo,
a sentença. emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, não
transitório e remunerado.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no (D) Não é cominada pena de multa.
livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, (E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado aos
os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os direitos e garantias legais assegurados ao exercício
requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença. profissional.
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do 05. (MPE-SC - Promotor de Justiça - MPE-SC) Analise os
Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a enunciados das questões abaixo e assinale se ele é Certo ou
queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão. Errado.
A Lei n. 4.898/65, que prevê os crimes de abuso de
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem autoridade, é aplicável inclusive aos que exercem cargo,
difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados emprego ou função pública de natureza civil, ainda que
nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, transitoriamente e sem remuneração.
até o dobro. (A) Certo
(B) Errado
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do
Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o Respostas
sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, 01. Resposta: B
caberão os recursos e apelações previstas no Código de 02. Resposta: C
Processo Penal. 03. Resposta: D
04. Resposta: E
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. 05. Resposta: A
Questões
3) Tráfico ilícito e uso
01. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros indevido de substâncias
– Provimento – CONSUPLAN/2016) Segundo a Lei nº
4.898/1965, constituem abuso de autoridade, EXCETO:
entorpecentes (Lei n.°
(A) Qualquer atentado ao direito de reunião. 11.343/2006)
(B) Deixar a autoridade policial de ordenar o relaxamento
de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada.
(C) Qualquer atentado à liberdade de associação. O debate sobre a questão de drogas tem, na atualidade,
(D) Prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou percorrido inúmeros campos do conhecimento científico,
de medida de segurança, deixando de expedir em tempo proporcionando, em diversos momentos estudos
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. interdisciplinares a respeito da temática. A problemática na
área dos entorpecentes tem possibilitado pesquisas que vão
02. (TJ/PB - Juiz Substituto - CESPE) A condenação por desde as Ciências médicas (enfoque sanitário proporcionado
crime previsto na lei de abuso de autoridade (Lei n.º pela psiquiatria e farmacologia) até as humanas (antropologia,
4.898/1965) poderá importar na aplicação de sanção penal de sociologia, história, psicanálise, psicologia e direito).
(A) inabilitação para contratar com a administração O enfoque interdisciplinar do presente tópico será no
pública por prazo determinado. âmbito das Ciências Jurídicas e Sociais, mais especificamente
(B) reclusão. no campo da sistemática da Lei de Entorpecentes.
(C) inabilitação para o exercício de qualquer função O problema das drogas e tóxicos não é uma criação do
pública por prazo determinado. século XXI. Atualmente, é indispensável reconhecer que são
(D) advertência. raros aqueles que nunca se depararam com um conhecido ou
(E) prisão simples. parente que ostente o vício por alguma droga, ou que tenha
sido vítima de delito praticado por alguém que se encontrava
03. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – UESPI) Constitui sob o efeito de drogas. E este problema não é exclusivo dos
abuso de autoridade, exceto: brasileiros – a questão das drogas pode ser tida, no mundo
(A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberdade todo, como um dos principais conflitos das sociedades
de locomoção. contemporâneas.
(B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberdade de Inquestionavelmente o consumo de drogas é, hoje, um
consciência e de crença. problema de saúde pública. Desta forma, tão necessário
(C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de reunião. quanto discutir sua legalização, é questionar qual é a estrutura
(D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular de e a assistência à oferecida aos dependentes químicos em todo
natureza grave. país. Observa-se que o problema não é recente e nem passou a
(E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados ao ser discutido agora. A verdade é que o poder público sempre
exercício do voto e ao direito de reunião. se eximiu de sua responsabilidade, reduzindo a questão ao
combate ao tráfico e, consequentemente, oferecendo um
04. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – FCC) No tratamento criminalizador aos usuários de drogas que se
que concerne aos crimes de abuso de autoridade, é correto mostrou ineficiente para avançar na transformação desta
afirmar que: realidade.
(A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar por Estamos vivenciando um período em que as coisas não vão
crime de abuso de autoridade praticado em serviço, segundo bem, diversos males assolam nossa sociedade, e a droga figura
entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça. como um dos maiores problemas que enfrentamos.
(B) É cominada pena privativa de liberdade na modalidade O ordenamento jurídico nacional abriga, desde o dia 24 de
de reclusão. agosto de 2006, data de sua publicação, uma nova lei sobre o
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APOSTILAS OPÇÃO
controle, prevenção e repressão de drogas. A referida Lei, internacional. Sabe-se que sem se controlar os capitais da
publicada sob o número 11.343, foi sancionada no dia 23 de criminalidade organizada, jamais se alcança uma eficaz
agosto de 2006 pelo Presidente da República Luis Inácio Lula política de repressão e prevenção de futuros delitos.
da Silva com pouquíssimos vetos, se compararmos com a
última lei (Lei nº 6.368/90) que versava sobre o tema. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
Com o advento da nova Lei de Entorpecentes, nosso
sistema legal sobre a matéria ficou menos confuso, permitindo, Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
assim, um entendimento mais claro, não só para os juristas, Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
mas também para toda a população. A lei traz em seu bojo indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes
alguns avanços, que podem ser facilmente notados. No de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
entanto, isso não significa dizer que não carrega uma carga de autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá
problemas e conflitos jurídicos, os quais serão objetos de outras providências.
análise ao longo do presente tópico.
Os eixos principais desse diploma legal passam, dentre O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
outros, pelos seguintes pontos: a) pretensão de se introduzir Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
no Brasil uma sólida política de prevenção ao uso de drogas,
de assistência e de reinserção social do usuário; b) eliminação TÍTULO I
da pena de prisão ao usuário (ou seja: em relação a quem tem DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
posse de droga para consumo pessoal); c) rigor punitivo
contra o traficante e financiador do tráfico; d) clara distinção Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas
entre o traficante “profissional” e ocasional; e) louvável Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
clareza na configuração do rito procedimental e f) inequívoco prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
intuito de que sejam apreendidos, arrecadados e, quando o usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
caso, leiloados os bens e vantagens obtidos com os delitos de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas. drogas e define crimes.
Criou-se com a Lei o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como
Públicas sobre Drogas), que tem por tarefa articular, integrar, drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar
organizar e coordenar toda a política brasileira relacionada dependência, assim especificados em lei ou relacionados em
com a prevenção do uso indevido de drogas, atenção e listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da
reinserção social dos usuários e dependentes assim como com União.
a repressão à produção e tráfico ilícito de drogas.
Ao usuário não se comina a pena de prisão. Pretende-se Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as
que ele nem sequer passe pela polícia. O infrator da Lei será drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração
enviado diretamente aos juizados Criminais, salvo onde de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou
inexistem tais Juizados em regime de plantão (art. 48, §2º). produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal
Não há que se falar, de outro lado, em inquérito policial, sim ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de
em termo circunstanciado. Não é possível a prisão em Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de
flagrante (art. 48, §2º): o agente surpreendido é capturado, 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-
mas não se lavra o auto de prisão (no seu lugar, elabora-se o religioso.
termo circunstanciado). A competência para aplicação de Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a
todas as medidas alternativas é dos Juizados Criminais. Na cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
audiência preliminar é possível a transação penal, aplicando- artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em
se as penas alternativas do art. 28. Não aceita (pelo agente) a local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
transação penal, segue-se o rito sumaríssimo da Lei nº respeitadas as ressalvas supramencionadas.
9.099/95. Mas, no final, de modo algum será imposta pena de
prisão, sim, somente as medidas alternativas do art. 28. A TÍTULO II
distinção entre usuário e traficante continua tendo por base o DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
caso concreto, ou seja, as circunstâncias serão analisadas caso SOBRE DROGAS
a caso, devendo ser levada em conta a natureza da droga, sua
quantidade, local e condições da prisão, modo de vida do Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
agente, seus antecedentes, etc. organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
Verifica-se que a Lei nº 11.343, busca seguir uma linha I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção
punitiva mais rigorosa com relação ao tratamento direcionado social de usuários e dependentes de drogas;
ao traficante: a pena mínima é de cinco anos; proíbe-se, II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico
praticamente tudo: fiança, indulto, sursis, anistia, liberdade ilícito de drogas.
provisória, penas substitutivas e direito de apelar em
liberdade. Apesar desse caráter punitivista, o diploma legal CAPÍTULO I
não deixou de contemplar uma sensível diminuição de pena DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
para o traficante ocasional (primário e de bons antecedentes, DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
que não se dedica à atividade criminosa) e a figura do SOBRE DROGAS
traficante ocasional e íntimo, sendo aquele que oferece droga,
eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu Art. 4º São princípios do Sisnad:
relacionamento, para juntos a consumirem. I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana,
No que diz respeito a parte procedimental, o usuário será especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
processado e julgado pelos Juizados Criminais enquanto o II - o respeito à diversidade e às especificidades
tráfico (e outros delitos graves) seguirá (seguirão) o populacionais existentes;
procedimento clássico (conflitivo). III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania
Os bens móveis e imóveis ou valores consistentes em do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção
produtos adquiridos pela pratica dos crimes previstos na Lei para o uso indevido de drogas e outros comportamentos
de Entorpecentes, e também trata da cooperação correlacionados;
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e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão
conhecimentos relacionados a drogas; da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena
XII - a observância das orientações e normas emanadas do privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança,
Conad; têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle pelo respectivo sistema penitenciário.
social de políticas setoriais específicas.
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso CAPÍTULO III
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente DOS CRIMES E DAS PENAS
deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas
pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser
Adolescente - Conanda. aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
SOCIAL transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e I - advertência sobre os efeitos das drogas;
dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito II - prestação de serviços à comunidade;
desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e III - medida educativa de comparecimento a programa ou
à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas
usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares, à preparação de pequena quantidade de substância ou
para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
ou reintegração em redes sociais. § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social substância apreendida, ao local e às condições em que se
do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
devem observar os seguintes princípios e diretrizes: como à conduta e aos antecedentes do agente.
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste
independentemente de quaisquer condições, observados os artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
Assistência Social; máximo de 10 (dez) meses.
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida
reinserção social do usuário e do dependente de drogas e em programas comunitários, entidades educacionais ou
respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
socioculturais; públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
III - definição de projeto terapêutico individualizado, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da
orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e de recuperação de usuários e dependentes de drogas.
danos sociais e à saúde; § 6o Para garantia do cumprimento das medidas
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
respectivos familiares, sempre que possível, de forma injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; lo, sucessivamente a:
V - observância das orientações e normas emanadas do I - admoestação verbal;
Conad; II - multa.
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
social de políticas setoriais específicas. disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos especializado.
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere
respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade
princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade
previsão orçamentária adequada. nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem),
atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor
Municípios poderão conceder benefícios às instituições do maior salário mínimo.
privadas que desenvolverem programas de reinserção no Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da
mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à conta
encaminhados por órgão oficial. do Fundo Nacional Antidrogas.
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da execução das penas, observado, no tocante à interrupção do
assistência social, que atendam usuários ou dependentes de prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados à
sua disponibilidade orçamentária e financeira.
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I - a natureza, a procedência da substância ou do produto Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45
transnacionalidade do delito; desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
pública ou no desempenho de missão de educação, poder fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, agente para tratamento, realizada por profissional de saúde
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de com competência específica na forma da lei, determinará que
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades CAPÍTULO III
militares ou policiais ou em transportes públicos; DO PROCEDIMENTO PENAL
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes
intimidação difusa ou coletiva; definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo,
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de
entre estes e o Distrito Federal; Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art.
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei,
voluntariamente com a investigação policial e o processo não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
do crime e na recuperação total ou parcial do produto do deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-
crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições
a dois terços. dos exames e perícias necessários.
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a detenção do agente.
personalidade e a conduta social do agente. § 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o deste
artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender
39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, conveniente, e em seguida liberado.
determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, § 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de
segundo as condições econômicas dos acusados, valor não 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o
inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
maior salário-mínimo. prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de
crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33,
aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos
que aplicadas no máximo. protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei no
9.807, de 13 de julho de 1999.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34
a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, Seção I
indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de Da Investigação
suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz
de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual
específico. será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o
força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, laudo de constatação da natureza e quantidade da droga,
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou § 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1 o
de determinar-se de acordo com esse entendimento. deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, do laudo definitivo.
por força pericial, que este apresentava, à época do fato § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do
artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu laudo de constatação e determinará a destruição das drogas
encaminhamento para tratamento médico adequado. apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do
laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
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§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo
de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. I - requerer o arquivamento;
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) II - requisitar as diligências que entender necessárias;
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e
destruição das drogas referida no § 3º, sendo lavrado auto requerer as demais provas que entender pertinentes.
circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste
a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação
do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a de 10 (dez) dias.
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações,
laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento especificar as provas que pretende produzir e, até o número
dos §§ 3º a 5º do art. 50. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
§ 2o As exceções serão processadas em apartado, nos
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
(trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
dias, quando solto. § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias,
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
mediante pedido justificado da autoridade de polícia § 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
judiciária. § 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo
de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso,
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta realização de diligências, exames e perícias.
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do
inquérito ao juízo: Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação
justificando as razões que a levaram à classificação do delito, pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do
indicando a quantidade e natureza da substância ou do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
produto apreendido, o local e as condições em que se § 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do
II - requererá sua devolução para a realização de denunciado de suas atividades, se for funcionário público,
diligências necessárias. comunicando ao órgão respectivo.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem § 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será
prejuízo de diligências complementares: realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 para atestar dependência de drogas, quando se realizará em
(três) dias antes da audiência de instrução e julgamento; 90 (noventa) dias.
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e
valores de que seja titular o agente, ou que figurem em seu Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o
nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e dada a palavra, sucessivamente, ao representante do
julgamento. Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação
oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um,
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz
previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido,
Ministério Público, os seguintes procedimentos formulando as perguntas correspondentes se o entender
investigatórios: pertinente e relevante.
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
investigação, constituída pelos órgãos especializados Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença
pertinentes; de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, autos para isso lhe sejam conclusos.
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em § 1o (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a § 2o (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e
prejuízo da ação penal cabível. 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim
autorização será concedida desde que sejam conhecidos o reconhecido na sentença condenatória.
itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou
de colaboradores. CAPÍTULO IV
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE
Seção II BENS DO ACUSADO
Da Instrução Criminal
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, Público ou mediante representação da autoridade de polícia
de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios
Legislação Especial 16
APOSTILAS OPÇÃO
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação custódia da autoridade de polícia judiciária, de órgãos de
penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias inteligência ou militares, envolvidos nas ações de prevenção
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores ao uso indevido de drogas e operações de repressão à
consistentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
que constituam proveito auferido com sua prática, exclusivamente no interesse dessas atividades.
procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no § 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. previstos no § 4o deste artigo, o requerimento de alienação
§ 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas neste deverá conter a relação de todos os demais bens apreendidos,
artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 (cinco) com a descrição e a especificação de cada um deles, e
dias, apresente ou requeira a produção de provas acerca da informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde se
origem lícita do produto, bem ou valor objeto da decisão. encontram.
§ 2o Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o § 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição
juiz decidirá pela sua liberação. será autuada em apartado, cujos autos terão tramitação
§ 3o Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o autônoma em relação aos da ação penal principal.
comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz § 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos serão
determinar a prática de atos necessários à conservação de conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de
bens, direitos ou valores. instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a
§ 4o A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos sua prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso
ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério do tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados,
Público, quando a sua execução imediata possa comprometer cientificará a Senad e intimará a União, o Ministério Público e
as investigações. o interessado, este, se for o caso, por edital com prazo de 5
(cinco) dias.
Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da prova § 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências
dos fatos e comprovado o interesse público ou social, sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o
ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em
autorização do juízo competente, ouvido o Ministério Público leilão.
e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser § 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta
utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na judicial a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva,
prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção social de quando será transferida ao Funad, juntamente com os valores
usuários e dependentes de drogas e na repressão à produção de que trata o § 3o deste artigo.
não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no § 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos
interesse dessas atividades. interpostos contra as decisões proferidas no curso do
Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, procedimento previsto neste artigo.
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de § 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste
trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou
expedição de certificado provisório de registro e aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao
licenciamento, em favor da instituição à qual tenha deferido o equivalente órgão de registro e controle a expedição de
uso, ficando esta livre do pagamento de multas, encargos e certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da
tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha
decretar o seu perdimento em favor da União. deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas,
encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da
Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
outros meios de transporte, os maquinários, utensílios,
instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá
prática dos crimes definidos nesta Lei, após a sua regular sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido,
apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia sequestrado ou declarado indisponível.
judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma § 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes
de legislação específica. tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar,
§ 1o Comprovado o interesse público na utilização de após decretado o seu perdimento em favor da União, serão
qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade de revertidos diretamente ao Funad.
polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua § 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e
responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha
mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público. sido decretado em favor da União.
§ 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste artigo, § 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o deste
ordem de pagamento, a autoridade de polícia judiciária que artigo.
presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer ao juízo § 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz
competente a intimação do Ministério Público. do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério
§ 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores
juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário declarados perdidos em favor da União, indicando, quanto aos
apreendido em moeda nacional, se for o caso, a compensação bens, o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em
dos cheques emitidos após a instrução do inquérito, com cujo poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos
cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito das da legislação vigente.
correspondentes quantias em conta judicial, juntando-se aos
autos o recibo. Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar
§ 4o Após a instauração da competente ação penal, o convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com
Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá ao organismos orientados para a prevenção do uso indevido de
juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à alienação drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou
dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a União, por dependentes e a atuação na repressão à produção não
intermédio da Senad, indicar para serem colocados sob uso e autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na
Legislação Especial 17
APOSTILAS OPÇÃO
liberação de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, podem participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas
para a implantação e execução de programas relacionados à na área de saúde ou de pesquisa científica que comprovem a
questão das drogas. destinação lícita a ser dada ao produto a ser arrematado.
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste artigo,
o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública,
TÍTULO V destruído pela autoridade sanitária, na presença dos
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público.
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas
Art. 65. De conformidade com os princípios da não- especialidades farmacêuticas em condições de emprego
intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do
respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde.
regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito das
Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos
jurídicos internacionais relacionados à questão das drogas, de arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional,
que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quando são da competência da Justiça Federal.
solicitado, cooperação a outros países e organismos Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que
internacionais e, quando necessário, deles solicitará a não sejam sede de vara federal serão processados e julgados
colaboração, nas áreas de: na vara federal da circunscrição respectiva.
I - intercâmbio de informações sobre legislações,
experiências, projetos e programas voltados para atividades Art. 71. (VETADO)
de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o
social de usuários e dependentes de drogas; inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação do
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Público,
tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de determinará a destruição das amostras guardadas para
armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores contraprova, certificando isso nos autos. (Redação dada pela
químicos; Lei nº 12.961, de 2014)
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre
produtores e traficantes de drogas e seus precursores Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os
químicos. Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e
repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com
TÍTULO VI os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso indevido delas
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS e de possibilitar a atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas. (Redação dada pela Lei nº 12.219, de
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do Art. 1º 2010)
desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista
mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob após a sua publicação.
controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de
1998. Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de
1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002.
Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560,
de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Questões
Federal, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes
básicas contidas nos convênios firmados e do fornecimento de 01. (CODESA - Guarda Portuário – FUNCAB/2016)
dados necessários à atualização do sistema previsto no art. 17 Constitui crime previsto na lei de drogas (Lei n° 11.343, de
desta Lei, pelas respectivas polícias judiciárias. 2006):
(A) induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os droga.
Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, (B) associarem-se duas ou mais pessoas para uso reiterado
destinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na de drogas.
prevenção do uso indevido de drogas, atenção e reinserção (C) conduzir automóvel após o consumo de drogas,
social de usuários e dependentes e na repressão da produção expondo a dano potencial a incolumidade de outrem.
não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. (D) vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
que gratuitamente, de qualquer forma, à criança ou ao
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de produtos cujos componentes possam causar dependência
ensino, ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que física ou psíquica.
produzirem, venderem, adquirirem, consumirem, (E) deixar, a autoridade policial, dolosamente, de
prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer outro em investigar crime previsto na Lei n° 11.343/2006.
que existam essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo
perante o qual tramite o feito: 02. João morava em uma comunidade onde havia comércio
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou ilegal de cannabis sativa, razão por que era constante a ação da
liquidação, sejam lacradas suas instalações; polícia no local. “Dedinho”, responsável pelo comércio ilegal de
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente drogas na comunidade, objetivando não ser incomodado em
adoção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em suas vendas, e buscando não perder a sua mercadoria,
depósito, das drogas arrecadadas; contratou João para soltar rojões quando os policiais
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para chegassem à entrada da comunidade, o que se deu por muitas
acompanhar o feito. vezes. Assim, João:
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou produtos (A) praticou o crime de associação para o tráfico de drogas
não proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só ilícitas (artigo 35 da Lei n° 11.343/2006).
Legislação Especial 18
APOSTILAS OPÇÃO
05. Assinale a alternativa correta: Os crimes hediondos estão taxativos no art. 1º da Lei
(A) O civilmente identificado não será, em hipótese 8.072/90. Como bem evidenciado pelo caput do art. 1º será
alguma, submetido à identificação criminal. considerado hediondo o crime consumado ou tentado.
(B) No âmbito do juizado de violência doméstica, requisito
único para a concessão de medidas protetivas de urgência em # Tráfico de drogas, tortura e terrorismo são crimes
favor da vítima é a apresentação de requerimento por ela hediondo?
subscrito. Não! Esses delitos são equiparados a hediondo.
(C) Concluído o inquérito policial, a autoridade que o
presidiu poderá encaminhar ao juízo, até 3 (três) dias antes da A Lei 13.497/2017 alterou o parágrafo único do artigo 1º.,
audiência de instrução e julgamento, o resultado das diligência para incluir também como crime hediondo o de posse ou porte
complementares que realizou. ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei
(D) Em se tratando de sentença condenatória proferida no no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
âmbito do Juizado Especial Criminal, o recurso de apelação
deverá ser interposto no prazo de 10 (dez) dias e suas razões As infrações penais classificadas como hedionda têm suas
no prazo de 5 (cinco) dias. consequências. Segundo dispõe o art. 2º da lei os crimes
(E) Compete ao juízo da fazenda pública processar e julgar hediondos, a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
mandado de segurança impetrado contra ato de delegado de e terrorismo são insuscetíveis de anistia1, graça2, indulto3 e
polícia civil que, no curso de inquérito policial, promove a fiança.
busca e a apreensão de veículo automotor.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico
Respostas ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
01. Resposta: A. insuscetíveis de:
02. Resposta: C I - anistia, graça e indulto;
03. Resposta: B II - fiança.
04. Resposta: A
05. Resposta: C Com o advento da Lei n° 11. 164/07, foi suprimida a
proibição de concessão de liberdade provisória sem fiança aos
1 Anistia é um “perdão” dado a determinados crimes. Pode ser concedida antes 3O indulto é concedido a um grupo indefinido de condenados, sendo
ou depois da condenação, podendo ser total ou parcial. Tem o condão de delimitado pela natureza do crime e quantidade de pena aplicada, além de
extinguir todos os efeitos penais, inclusive a reincidência. Entretanto, outros requisitos objetivos e subjetivos porventura listados em Decreto
permanece a obrigação de indenizar. Cabe ao Congresso Nacional, por meio de expedido pelo Presidente da República, sobre quem recai a competência para
lei federal, conceder anistia. sua concessão.
2 Concedida pelo Presidente da República através de um Decreto e acarreta a
Legislação Especial 19
APOSTILAS OPÇÃO
crimes hediondos e equiparados, então prevista no art. 2°, 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
inciso lI, da Lei n° 8.072/90. (três quintos), se reincidente.
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
Com relação a progressão de regimes, para fixar o regime fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
inicial fechado para o crime hediondo ou equiparado o juiz § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960,
deve observar a necessidade do regime mais rigoroso e de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo,
fundamentar com base na gravidade do caso em concreto terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período
somada a finalidade da pena. em caso de extrema e comprovada necessidade.
Vamos acompanhar o que dispõe a Lei dos Crimes Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
Hediondos: segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem
ou incolumidade pública.
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º,
inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras Art. 4º (Vetado).
providências.
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o inciso:
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: "Art. 83. ...
...
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico
1940 - Código Penal, consumados ou tentados: ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade apenado não for reincidente específico em crimes dessa
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só natureza."
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III,
IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015) Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º;
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270;
129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos redação:
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema "Art. 157. ...
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de multa.
2015) Art. 159. ....
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); § 1º ...
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
(art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); § 2º ...
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o § 3º ...
e 4o); Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
VII-A – (VETADO) Art. 213. ...
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Pena - reclusão, de seis a dez anos.
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, Art. 214. ...
caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no Pena - reclusão, de seis a dez anos.
9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de Art. 223. ...
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável Pena - reclusão, de oito a doze anos.
(art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de Parágrafo único. ...
2014) Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o
crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, Art. 267. ...
de 1º de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei nº ...
10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou Art. 270. ...
consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017) Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte
ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são parágrafo:
insuscetíveis de: "Art. 159. ...
I - anistia, graça e indulto; ...
II – fiança. § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação
inicialmente em regime fechado. do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços."
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de
Legislação Especial 20
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista 04. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais
no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes – CESPE/2016) A respeito do que dispõe a Constituição
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e Federal de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale a opção
drogas afins ou terrorismo. correta.
Parágrafo único. O participante e o associado que (A) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando tentado, não comete crime hediondo.
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois (B) A prática de racismo constitui crime hediondo,
terços. inafiançável e imprescritível.
(C) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes insuscetível de graça ou anistia.
capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ (D) O crime de lesão corporal dolosa de natureza
1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput gravíssima é hediondo quando praticado contra parente
e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança
e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de pública, em razão dessa condição.
metade, respeitado o limite superior de trinta anos de (E) A lei penal e a processual penal retroagem para
reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas beneficiar o réu.
no art. 224 também do Código Penal.
05. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe –
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, VUNESP) Sobre a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte é correto afirmar que
redação: (A) em relação ao crime de homicídio, com exceção do
"Art. 35. ... homicídio culposo, todas as demais formas são consideradas
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo crimes hediondos.
serão contados em dobro quando se tratar dos crimes (B) o tráfico de drogas, o roubo – desde que praticado com
previstos nos arts. 12, 13 e 14." emprego de arma de fogo e com restrição à liberdade da vítima
– e o estupro são considerados crimes hediondos.
Art. 11. (Vetado). (C) as penas dos crimes hediondos são fixadas em regime
integralmente fechado.
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. (D) para obter progressão de regime, os condenados por
crime hediondo, se reincidentes, devem cumprir ao menos 3/5
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. da pena.
(E) o latrocínio (artigo 157, parágrafo 3º, CP), na sua forma
Questões tentada (e não consumada), não configura crime hediondo.
Legislação Especial 21
APOSTILAS OPÇÃO
Podemos conceituar tortura como a imposição de dor I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
física ou psicológica apenas por prazer, crueldade. Ou ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
ainda, pode ser entendida como uma forma de intimidação, b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
ou meio utilizado para obtenção de uma confissão ou
alguma informação importante. O que, não O torturador espera do torturado a prática de um crime
necessariamente, é elemento do tipo penal para sua (ex: torturar alguém para que mate terceira pessoa).
caracterização.
O torturador responderá pela tortura e pelo crime
Por sua gravidade é considerada um delito inafiançável, praticado pelo torturado, em concurso material na condição de
não sujeito a graça e anistia como dispõe o artigo 5º inciso autor mediato5 (art. 69 do Código Penal).
XLIII da Constituição Federal.
No mesmo sentido, a Lei 9.455/97 também prevê em seu O torturado pratica um fato típico e ilícito, mas não
artigo 1º, §6º que o crime de tortura é inafiançável e culpável (está revestido pela coação moral irresistível).
insuscetível de graça ou anistia.
Atenção! Constranger alguém, causando sofrimento físico
Importante destacar ainda que a tortura está prevista na ou mental, para a prática de contravenção penal, não
Lei nº 8.072/90 como delito equiparado a crime hediondo, configura tortura, pois sendo norma penal a expressão “crime”
sendo por este motivo, vedada a esta à concessão de indulto. deve ser interpretada de forma restritiva.
Em linhas gerais, a tortura independente de seu objetivo O crime se consuma com o constrangimento causador de
final, subsiste apenas pelo ato de se causar sofrimento a sofrimento físico ou mental, dispensando a prática do crime
alguém. E em razão da relevância em coibir sua prática é um pelo torturado.
delito que recebe um tratamento mais rigoroso pelo
ordenamento. É possível a tentativa.
Vamos analisar o artigo 1º da Lei que traz as figuras do c- Tortura discriminatória ou tortura preconceito:
crime de tortura: Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
Numa visão geral, o crime de tortura é um crime material, ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
cuja consumação ocorre com o sofrimento físico ou mental c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
provocado na vítima4. O objeto jurídico desse delito é a tutela
das garantias constitucionais do cidadão, em relação aos A tortura ocorre apenas por razão de preconceito à raça ou
abusos cometidos por funcionários públicos e por religião.
particulares.
A homofobia não está abrangida nesse tipo penal.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Já o
sujeito passivo, em algumas modalidades pode ser qualquer Atenção! a consumação se dá com o constrangimento
pessoa, em outras a lei exige alguma qualidade especial da causador de sofrimento físico ou mental.
vítima (ex: pessoa presa). A tentativa é admitida.
Tem como elemento subjetivo o dolo, ou seja, a vontade
livre e consciente de torturar. Em alguns casos, a lei exige uma d- Tortura pena ou tortura castigo:
finalidade específica da conduta criminosa. Art. 1º Constitui crime de tortura:
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
Atenção! a Lei de tortura revogou o crime do art. 233 do com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
ECA, assim até criança ou adolescente poderão ser sujeitos sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
passivos desse delito. pessoal ou medida de caráter preventivo.
a- Tortura Prova: Sujeito ativo: é crime próprio. O agente deve deter guarda,
Art. 1º Constitui crime de tortura: poder ou autoridade sobre a vítima.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave Cuidado! não precisa ser necessariamente agente do
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Estado.
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
da vítima ou de terceira pessoa; Sujeito passivo: só pode ser vítima quem está submetido a
guarda, poder ou autoridade do agente.
Nessa espécie, o torturador espera que o torturado lhe dê
alguma informação. Conduta: submeter a vítima, com emprego de violência ou
Atenção! não haverá a necessidade de que as informações grave ameaça a intenso sofrimento físico ou mental, como
sejam destinadas a procedimento judicial ou extrajudicial. forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.
CUIDADO! o crime se consuma com o constrangimento
causador de sofrimento dispensando a obtenção da e- Tortura dos encarcerados:
informação desejada. Art. 1º Constitui crime de tortura:
É possível a tentativa. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
b- Tortura para prática de crime: intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
Art. 1º Constitui crime de tortura: resultante de medida legal.
4 Sofrimento físico = dor física. Sofrimento mental = angústia, dor psíquica. 5Autoria Mediata: o autor domina a vontade alheia e, desse modo, se serve de
outra pessoa que atua como instrumento.
Legislação Especial 22
APOSTILAS OPÇÃO
É figura penal subsidiária em relação ao crime de abuso de Passemos agora a íntegra da lei.
autoridade previsto no art. 4º, “b” da Lei n. 4.898/65.
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
Sujeito ativo: delito comum.
Define os crimes de tortura e dá outras providências.
Sujeito passivo: próprio (pessoa presa ou sujeita a medida
de segurança). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Atenção! abrange os menores internados.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
Atenção! diferentemente das figuras anteriores não I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
pressupõe emprego de violência ou grave ameaça. ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
Consumação: o crime se consuma com a submissão da da vítima ou de terceira pessoa;
vítima a sofrimento físico ou mental. b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Admite tentativa. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
f- Crime de Tortura impróprio ou tortura omissão. sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando pessoal ou medida de caráter preventivo.
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de Pena - reclusão, de dois a oito anos.
detenção de um a quatro anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental,
Atenção! essa figura não é equiparada a crime hediondo. por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal.
O garante6 responde pela tortura omissão (e não pela § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
tortura ação), com pena de detenção de 01 a 04 anos. tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
Qualificadoras: § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
É hipótese de crime preterdoloso. O resultado da tortura II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
poderá ser lesão corporal grave ou gravíssima ou morte. portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos;
A diferença entre essa figura e o crime de homicídio III - se o crime é cometido mediante sequestro.
qualificado por tortura é que nesse último o agente visa a § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
finalidade morte e usa a tortura como meio para atingir esse emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
resultado. Já no crime de tortura qualificado, a intenção do do prazo da pena aplicada.
agente é de torturar, a morte é consequência. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
graça ou anistia.
A tortura qualificada pela morte será julgada pelo juízo § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
singular (comum) e não pelo júri. hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado.
Causas de aumento de Pena:
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
I - se o crime é cometido por agente público; não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; brasileira.
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Atenção! Na hipótese do art. 1º, II (submeter pessoa, sob
sua autoridade, poder ou guarda), quando praticada por Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
agente público prevalece na doutrina que é possível aplicar o de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
aumento da pena, sem que ocorra bis in idem, isso porque a
condição de agente público não é elementar do crime. Questões
6Garante ou garantidor é todo aquele que carrega uma obrigação de impedir um afogando, caso se omita e a pessoa venha a falecer, responderá pelo crime de
resultado antijurídico. Deve, contudo, o garante proceder de maneira ativa a fim homicídio por omissão (art. 121, combinado com art. 13, §2º ambos do CP).
de evitar o injusto. Ex: salva-vidas, tem o dever de salvar pessoa que esteja se
Legislação Especial 23
APOSTILAS OPÇÃO
(D) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
admitidas agravantes ou atenuantes. fundacional e dá outras providências.
(E) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o
do prazo da pena aplicada. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
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APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Especial 25
APOSTILAS OPÇÃO
ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
13.019, de 2014). acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão
análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
administração pública com entidades privadas; (Incluído pela civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e
Lei nº 13.019, de 2014). proibição de contratar com o Poder Público ou receber
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
administração pública com entidades privadas sem a estrita indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
13.019, de 2014). perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
administração pública com entidades privadas sem a estrita pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº proibição de contratar com o Poder Público ou receber
13.019, de 2014). benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
Seção II-A qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano,
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
Financeiro ou Tributário cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber
Art. 10-A.Constitui ato de improbidade administrativa benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 V - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
2016) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Seção III Complementar nº 157, de 2016)
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
Atentam Contra os Princípios da Administração Pública juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como
o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública qualquer CAPÍTULO IV
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, Da Declaração de Bens
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
notadamente: Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento condicionados à apresentação de declaração dos bens e
ou diverso daquele previsto, na regra de competência; valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de arquivada no serviço de pessoal competente. (Regulamento)
ofício; (Regulamento)
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis,
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie
IV - negar publicidade aos atos oficiais; de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
V - frustrar a licitude de concurso público; exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê- patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
lo; outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida doméstico.
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na
bem ou serviço. data em que o agente público deixar o exercício do mandato,
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, cargo, emprego ou função.
fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
administração pública com entidades privadas. (Redação dada público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
pela Lei nº 13.019, de 2014). público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
acessibilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
13.146, de 2015). declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
CAPÍTULO III Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias
Das Penas atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2°
deste artigo.
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
Legislação Especial 26
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
existência de procedimento administrativo para apurar a ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
prática de ato de improbidade. conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou ilícito.
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento CAPÍTULO VI
administrativo. Das Disposições Penais
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
comissão representará ao Ministério Público ou à Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que quando o autor da denúncia o sabe inocente.
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
público. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. ou à imagem que houver provocado.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
lei e dos tratados internacionais. sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será competente poderá determinar o afastamento do agente
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
cautelar. à instrução processual.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações
de que trata o caput Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as independe:
ações necessárias à complementação do ressarcimento do I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
patrimônio público. salvo quanto à pena de ressarcimento;
§ 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
nulidade. administrativa ou mediante representação formulada de
§ 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a instauração de inquérito policial ou procedimento
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. administrativo.
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificação
que contenham indícios suficientes da existência do ato de CAPÍTULO VII
improbidade ou com razões fundamentadas da Da Prescrição
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente, inclusive as disposições Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. previstas nesta lei podem ser propostas:
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APOSTILAS OPÇÃO
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, indevida em razão do cargo, mandato, função, emprego ou
de cargo em comissão ou de função de confiança; atividade, mesmo que de forma culposa.
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica (E) Caso um servidor público federal estável, de forma
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do deliberada, sem justificativa e reiterada, deixar de praticar ato
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou de ofício, poderá ser-lhe aplicada multa civil de até cem vezes
emprego. o valor da sua remuneração, conforme a gravidade do fato.
III - até cinco anos da data da apresentação à
administração pública da prestação de contas final pelas 03. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário –
entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. VUNESP/2017). É ato de improbidade administrativa que
(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) causa prejuízo ao erário:
(A) perceber vantagem econômica para intermediar a
CAPÍTULO VIII liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.
Das Disposições Finais (B) receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ou declaração a que esteja obrigado.
(C) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho razão das atribuições e que deva permanecer em segredo.
de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais (D) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
disposições em contrário. terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da bem ou serviço.
Independência e 104° da República. (E) conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares
Questões aplicáveis à espécie.
01. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa 04. (MPE/RS - Secretário de Diligências – MPE-
– FCC/2017). Considere a seguinte situação hipotética: RS/2017). Tocante ao Procedimento Administrativo e ao
Beatriz, servidora pública do Tribunal Regional Eleitoral de Processo Judicial previstos na Lei nº 8.429/1992 (Lei de
São Paulo, está sendo processada pela prática de ato ímprobo Improbidade Administrativa), assinale a alternativa correta.
que importa enriquecimento ilícito. Cumpre salientar que o (A) Somente servidor público que tiver conhecimento
Ministério Público Federal, na petição inicial da ação de acerca da prática de eventual ato de improbidade
improbidade, afastou a ocorrência de prejuízo ao erário. Nos administrativa poderá representar à autoridade
termos da Lei n° 8.429/1992, administrativa competente para que seja instaurada
(A) a medida de indisponibilidade de bens não é cabível, investigação.
tendo em vista a modalidade de ato ímprobo praticado e a (B) A rejeição da representação impede o oferecimento de
inexistência de prejuízo ao erário. representação ao Ministério Público a respeito do mesmo fato.
(B) na hipótese de falecimento de Beatriz, seu sucessor (C) Nas ações de improbidade, havendo condenação do
estará sujeito às cominações da Lei de Improbidade demandado à reparação de danos, poderá ser admitido o
Administrativa, que, excepcionalmente, poderá ultrapassar o perdão judicial.
valor da herança. (D) Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
(C) a medida de indisponibilidade de bens é cabível, no autuá-la e ordenará a citação do réu para o oferecimento de
entanto, recairá somente sobre o acréscimo patrimonial contestação.
resultante do enriquecimento ilícito. (E) Autuada a inicial, o juiz ordenará a notificação do
(D) Beatriz é parte ilegítima para figurar no polo passivo requerido, para oferecer manifestação por escrito, no prazo de
da ação de improbidade, por não figurar no rol de agentes 15 (quinze) dias.
públicos sujeitos às sanções da Lei de Improbidade
Administrativa. 05. (SEDF - Professor – Direito – Quadrix/2017). Acerca
(E) na hipótese de falecimento de Beatriz, seu sucessor não do Direito Administrativo, julgue o item a seguir.
responderá por qualquer sanção, tendo em vista a modalidade As normas que descrevem os atos de improbidade
de ato ímprobo praticado. administrativa são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a
02. (PC/GO - Delegado de Polícia Substituto – prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
CESPE/2017). Em relação à improbidade administrativa, qualquer forma direta ou indireta.
assinale a opção correta. ( ) Certo ( ) Errado
(A) A ação de improbidade administrativa apresenta prazo
de proposição decenal, qualquer que seja a tipicidade do ilícito Respostas
praticado pelo agente público.
(B) Se servidor público estável for condenado em ação de 01. Resposta: C
improbidade administrativa por uso de maquinário da 02. Resposta: E
administração em seu sítio particular, poderá ser-lhe aplicada 03. Resposta: E
pena de suspensão dos direitos políticos por período de cinco 04. Resposta: E
a oito anos. 05. Resposta: certo
(C) O particular que praticar ato que enseje desvio de
verbas públicas, sozinho ou em conluio com agente público,
responderá, nos termos da Lei de Improbidade
Administrativa, desde que tenha obtido alguma vantagem
pessoal.
(D) Enriquecimento ilícito configura ato de improbidade
administrativa se o autor auferir vantagem patrimonial
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APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Especial 29
APOSTILAS OPÇÃO
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
empresa. Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de
Sinarm. segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do
4o deverão ser comprovados periodicamente, em período não Ministério Público - CNMP.
inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput
regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de deste artigo terão direito de portar arma de fogo de
Registro de Arma de Fogo. propriedade particular ou fornecida pela respectiva
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos
registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional
Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.
optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei § 1º-A. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
documento de identificação pessoal e comprovante de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I a III do caput do art. 4o desta Lei. I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste pela Lei nº 12.993, de 2014)
artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro regulamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
provisório, expedido na rede mundial de computadores - III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
internet, na forma do regulamento e obedecidos os controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
procedimentos a seguir: § 1º-C. (VETADO).
I - emissão de certificado de registro provisório pela § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia do caput deste artigo está condicionada à comprovação do
Federal do certificado de registro provisório pelo prazo que requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta
estimar como necessário para a emissão definitiva do Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
certificado de registro de propriedade. § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das
guardas municipais está condicionada à formação funcional de
CAPÍTULO III seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade
DO PORTE policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de
controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça.
território nacional, salvo para os casos previstos em legislação § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
própria e para: federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
I – os integrantes das Forças Armadas; militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento
IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada regulamento desta Lei.
pela Lei nº 13.500, de 2017) § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será
mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na
desta Lei; categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de
com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; que o interessado comprove a efetiva necessidade em
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes
Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do documentos:
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da I - documento de identificação pessoal;
República; II - comprovante de residência em área rural; e
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, III - atestado de bons antecedentes.
IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e arma de fogo, independentemente de outras tipificações
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por
guardas portuárias; disparo de arma de fogo de uso permitido.
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos
valores constituídas, nos termos desta Lei; Municípios que integram regiões metropolitanas será
IX – para os integrantes das entidades de desporto autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação empresas de segurança privada e de transporte de valores,
ambiental. constituídas na forma da lei, serão de propriedade,
Legislação Especial 30
APOSTILAS OPÇÃO
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente representantes estrangeiros em competição internacional
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas oficial de tiro realizada no território nacional.
observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas
pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso
autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome permitido, em todo o território nacional, é de competência da
da empresa. Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de Sinarm.
segurança privada e de transporte de valores responderá pelo § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser
crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos
prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se deixar termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade
armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua física;
guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
ocorrido o fato. III – apresentar documentação de propriedade de arma de
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente.
deverá apresentar documentação comprobatória do § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste
preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador
quanto aos empregados que portarão arma de fogo. dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.
neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
Sinarm. Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das relativos:
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de I – ao registro de arma de fogo;
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas II – à renovação de registro de arma de fogo;
instituições, somente podendo ser utilizadas quando em III – à expedição de segunda via de registro de arma de
serviço, devendo estas observar as condições de uso e de fogo;
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela V – à renovação de porte de arma de fogo;
Polícia Federal em nome da instituição. VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que de fogo.
trata este artigo independe do pagamento de taxa. § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do
Público designará os servidores de seus quadros pessoais no Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
exercício de funções de segurança que poderão portar arma de responsabilidades.
fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste
cento) do número de servidores que exerçam funções de artigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I
segurança. a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei.
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de
que trata este artigo fica condicionado à apresentação de Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as
documentação comprobatória do preenchimento dos condições do credenciamento de profissionais pela Polícia
requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à Federal para comprovação da aptidão psicológica e da
formação funcional em estabelecimentos de ensino de capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
e de controle interno, nas condições estabelecidas no cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos
regulamento desta Lei. honorários profissionais para realização de avaliação
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. Federal de Psicologia.
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor
registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da
armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua munição.
guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de § 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§
ocorrido o fato. 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento do
profissional pela Polícia Federal.
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades
desportivas legalmente constituídas devem obedecer às CAPÍTULO IV
condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão DOS CRIMES E DAS PENAS
competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a
portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Lei. Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
porte de arma para os responsáveis pela segurança de residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o estabelecimento ou empresa:
registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
para colecionadores, atiradores e caçadores e de
Legislação Especial 31
APOSTILAS OPÇÃO
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, forem de uso proibido ou restrito.
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
autorização e em desacordo com determinação legal ou pena é aumentada da metade se forem praticados por
regulamentar: integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. desta Lei.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1 – que declarou insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1 – que
inconstitucional esse dispositivo) declarou inconstitucional esse dispositivo)
Legislação Especial 32
APOSTILAS OPÇÃO
interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo registro provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o desta
juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de Lei.
48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-
do regulamento desta Lei. las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do termos do regulamento desta Lei.
Exército que receberem parecer favorável à doação,
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
órgão de segurança pública, atendidos os critérios de poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e,
prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do
Comando do Exército, serão arroladas em relatório reservado regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse
trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-se- irregular da referida arma.
lhes prazo para manifestação de interesse.
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará o reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme
seu perdimento em favor da instituição beneficiada. especificar o regulamento desta Lei:
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte
§ 4o (VETADO) de arma ou munição sem a devida autorização ou com
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o inobservância das normas de segurança;
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de II – à empresa de produção ou comércio de armamentos
arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da que realize publicidade para venda, estimulando o uso
relação de armas acauteladas em juízo, mencionando suas indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações
características e o local onde se encontram. especializadas.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam pena de responsabilidade, as providências necessárias para
confundir. evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação
coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo dos serviços de transporte internacional e interestadual de
Comando do Exército. passageiros adotarão as providências necessárias para evitar
o embarque de passageiros armados.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso CAPÍTULO VI
restrito. DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às
aquisições dos Comandos Militares. Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e
munição em todo o território nacional, salvo para as entidades
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos previstas no art. 6o desta Lei.
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em
do art. 6o desta Lei. outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de
validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, 1997.
perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4 o, 6o e 10
desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
sem ônus para o requerente. ATO ADMINISTRATIVO R$
I - Registro de arma de fogo:
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante (art. 30)
apresentação de documento de identificação pessoal e - a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00
comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal II - Renovação do certificado de registro de arma
de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos de fogo:
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada Gratuito
na qual constem as características da arma e a sua condição de - até 31 de dezembro de 2008 (art. 5o, §
proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas 3o)
e do cumprimento das demais exigências constantes dos
incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá III - Registro de arma de fogo para empresa de 60,00
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de segurança privada e de transporte
de valores
Legislação Especial 33
APOSTILAS OPÇÃO
IV - Renovação do certificado de registro de arma 04. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina - MPE-
de fogo para empresa de SC/2016) O tipo penal do art. 15 da Lei n. 10.826/03 (Estatuto
segurança privada e de transporte de valores: do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa para a
conduta de disparar arma de fogo ou acionar munição em
- até 30 de junho de 2008 30,00 lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
direção a ela, apresentando, contudo, uma ressalva que
caracteriza ser o crime referido de natureza subsidiária, qual
seja, desde que as condutas acima referidas não tenham como
- de 1o de julho de 2008 a 31 de outubro de 2008 45,00 finalidade a prática de outro crime.
( ) Certo
- a partir de 1o de novembro de 2008 60,00 ( ) Errado
V - Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00
VI - Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00 05. (CODEBA - Guarda Portuário – FGV/2016) De
VII - Expedição de segunda via de certificado de acordo com o Estatuto do Desarmamento (Lei nº
60,00 10.826/2003), assinale a afirmativa correta.
registro de arma de fogo
VIII - Expedição de segunda via de porte de arma (A) A aquisição de munição no calibre correspondente à
60,00 arma registrada é ilimitada, mas, em outro calibre, a
de fogo
quantidade deve ser registrada.
Questões (B) A empresa que comercializa arma de fogo em território
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade
01. (CODESA - Guarda Portuário – FUNCAB/2016) competente.
Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826, de 2003), é (C) A empresa que comercializa armas de fogo e acessórios
correto afirmar que: responde legalmente por essas mercadorias que, mesmo
(A) a supressão de sinal identificador de arma de fogo é depois de vendidas, ficam registradas como de sua
conduta equiparada ao porte de arma de fogo de uso propriedade.
permitido. (D) A empresa que comercializa arma de fogo em território
(B) há norma penal no Estatuto do Desarmamento nacional está desobrigada a manter banco de dados com as
tratando dos artefatos explosivos, mas não dos incendiários. características das armas vendidas.
(C) se o comércio é clandestino, não se caracteriza o crime (E) A comercialização de armas de fogo, acessórios e
de comércio ilegal de arma de fogo. munições entre pessoas físicas obedece à lei da oferta e da
(D) constitui crime previsto na lei especial disparar procura e de autorização do SINARM.
culposamente arma de fogo em direção à via pública.
(E) quando a arma de fogo é de uso restrito, posse e porte Respostas
são punidos pelo mesmo tipo penal.
01. Resposta: E.
02. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) 02. Resposta: A.
Nos termos do Estatuto do Desarmamento, Lei n° 10.826, de 03. Resposta: E.
2003, dentre as categorias de pessoas a seguir enumeradas, 04. Resposta: Certo.
qual é aquela, para a qual existe a restrição ao direito de portar 05. Resposta: B.
arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, DECRETO Nº 5.123, DE 1º DE JULHO DE 2004
com validade em âmbito nacional?
(A) integrantes das guardas municipais das capitais dos Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
mil) habitantes. fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e
(B) integrantes das Forças Armadas. define crimes.
(C) integrantes da polícia da Câmara dos Deputados.
(D) agentes operacionais da Agência Brasileira de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
Inteligência. lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
(E) agentes do departamento de Segurança do Gabinete de o disposto na Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,
Segurança Institucional da Presidência da República.
DECRETA:
03. (CODEBA - Guarda Portuário – FGV/2016) Segundo
o Estatuto do Desarmamento, para adquirir arma de fogo de CAPÍTULO I
uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE FOGO
necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I. comprovação de idoneidade. Art. 1º O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído
II. apresentação de documento comprobatório de no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com
ocupação lícita e de residência certa. circunscrição em todo o território nacional e competência
III. comprovação de capacidade técnica e de aptidão estabelecida pelo caput e incisos do art. 2ºda Lei no 10.826, de
psicológica para o manuseio de arma de fogo. 22 de dezembro de 2003, tem por finalidade manter cadastro
Assinale: geral, integrado e permanente das armas de fogo importadas,
(A) se somente a afirmativa I estiver correta. produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. o controle dos registros dessas armas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. § 1º Serão cadastradas no SINARM:
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. I - as armas de fogo institucionais, constantes de registros
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. próprios:
a) da Polícia Federal;
b) da Polícia Rodoviária Federal;
c) das Polícias Civis;
Legislação Especial 34
APOSTILAS OPÇÃO
d) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Art. 3º Entende-se por registros próprios, para os fins
Senado Federal, referidos nos arts. 51, inciso IV, e 52, inciso deste Decreto, os feitos pelas instituições, órgãos e
XIII da Constituição; corporações em documentos oficiais de caráter permanente.
e) dos integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
prisionais, dos integrantes das escoltas de presos e das Art. 4º A aquisição de armas de fogo, diretamente da
Guardas Portuárias; fábrica, será precedida de autorização do Comando do
f) das Guardas Municipais; e Exército.
g) dos órgãos públicos não mencionados nas alíneas
anteriores, cujos servidores tenham autorização legal para Art. 5º Os dados necessários ao cadastro mediante
portar arma de fogo em serviço, em razão das atividades que registro, a que se refere o inciso IX do art. 2º da Lei no 10.826,
desempenhem, nos termos do caput do art. 6ºda Lei no 10.826, de 2003, serão fornecidos ao SINARM pelo Comando do
de 2003. Exército.
II - as armas de fogo apreendidas, que não constem dos
cadastros do SINARM ou Sistema de Gerenciamento Militar de Art. 6º Os dados necessários ao cadastro da identificação
Armas - SIGMA, inclusive as vinculadas a procedimentos do cano da arma, das características das impressões de
policiais e judiciais, mediante comunicação das autoridades raiamento e microestriamento de projetil disparado, a marca
competentes à Polícia Federal; do percutor e extrator no estojo do cartucho deflagrado pela
III - as armas de fogo de uso restrito dos integrantes dos arma de que trata o inciso X do art. 2º da Lei no 10.826, de
órgãos, instituições e corporações mencionados no inciso II do 2003, serão disciplinados em norma específica da Polícia
art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003; e Federal, ouvido o Comando do Exército, cabendo às fábricas de
IV - as armas de fogo de uso restrito, salvo aquelas armas de fogo o envio das informações necessárias ao órgão
mencionadas no inciso II, do §1º, do art. 2º deste Decreto. responsável da Polícia Federal.
§ 2º Serão registradas na Polícia Federal e cadastradas no Parágrafo único. A norma específica de que trata este
SINARM: artigo será expedida no prazo de cento e oitenta dias.
I - as armas de fogo adquiridas pelo cidadão com
atendimento aos requisitos do art. 4º da Lei no 10.826, de Art. 7º As fábricas de armas de fogo fornecerão à Polícia
2003; Federal, para fins de cadastro, quando da saída do estoque,
II - as armas de fogo das empresas de segurança privada e relação das armas produzidas, que devam constar do SINARM,
de transporte de valores; e na conformidade do art. 2º da Lei no10.826, de 2003, com suas
III - as armas de fogo de uso permitido dos integrantes dos características e os dados dos adquirentes.
órgãos, instituições e corporações mencionados no inciso II do
art. 6º da Lei no 10.826, de 2003. Art. 8º As empresas autorizadas a comercializar armas de
§ 3º A apreensão das armas de fogo a que se refere o inciso fogo encaminharão à Polícia Federal, quarenta e oito horas
II do §1º deste artigo deverá ser imediatamente comunicada à após a efetivação da venda, os dados que identifiquem a arma
Policia Federal, pela autoridade competente, podendo ser e o comprador.
recolhidas aos depósitos do Comando do Exército, para
guarda, a critério da mesma autoridade. Art. 9º Os dados do SINARM e do SIGMA serão interligados
§ 4º O cadastramento das armas de fogo de que trata o e compartilhados no prazo máximo de um ano.
inciso I do § 1º observará as especificações e os procedimentos Parágrafo único. Os Ministros da Justiça e da Defesa
estabelecidos pelo Departamento de Polícia Federal. estabelecerão no prazo máximo de um ano os níveis de acesso
aos cadastros mencionados no caput.
Art. 2º O SIGMA, instituído no Ministério da Defesa, no
âmbito do Comando do Exército, com circunscrição em todo o CAPÍTULO II
território nacional, tem por finalidade manter cadastro geral, DA ARMA DE FOGO
permanente e integrado das armas de fogo importadas, SEÇÃO I
produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e DAS DEFINIÇÕES
das armas de fogo que constem dos registros próprios. Art. 10. Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja
§ 1º Serão cadastradas no SIGMA: utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas
I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis, jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e
constantes de registros próprios: nas condições previstas na Lei n.10.826, de 2003.
a) das Forças Armadas;
b) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas,
da República; devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de
II - as armas de fogo dos integrantes das Forças Armadas, acordo com legislação específica.
da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, SEÇÃO II
constantes de registros próprios; DA AQUISIÇÃO E DO REGISTRO DA ARMA DE FOGO DE
III - as informações relativas às exportações de armas de USO PERMITIDO
fogo, munições e demais produtos controlados, devendo o
Comando do Exército manter sua atualização; Art. 12. Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
IV - as armas de fogo importadas ou adquiridas no país interessado deverá:
para fins de testes e avaliação técnica; e I - declarar efetiva necessidade;
V - as armas de fogo obsoletas. II - ter, no mínimo, vinte e cinco anos;
§ 2º Serão registradas no Comando do Exército e III - apresentar original e cópia, ou cópia autenticada, de
cadastradas no SIGMA: documento de identificação pessoal; (Redação dada pelo
I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores e Decreto nº 6.715, de 2008).
caçadores; e IV - comprovar, em seu pedido de aquisição do Certificado
II - as armas de fogo das representações diplomáticas. de Registro de Arma de Fogo e periodicamente, a idoneidade e
Legislação Especial 35
APOSTILAS OPÇÃO
a inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por f) número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro
meio de certidões de antecedentes criminais da Justiça Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ;
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral, que poderão ser II - da arma:
fornecidas por meio eletrônico; (Redação dada pelo Decreto nº a) número do cadastro no SINARM;
8.935, de 2016) b) identificação do fabricante e do vendedor;
V - apresentar documento comprobatório de ocupação c) número e data da nota Fiscal de venda;
lícita e de residência certa; d) espécie, marca, modelo e número de série;
VI - comprovar, em seu pedido de aquisição do Certificado e) calibre e capacidade de cartuchos;
de Registro de Arma de Fogo e periodicamente, a capacidade f) tipo de funcionamento;
técnica para o manuseio de arma de fogo; e (Redação dada pelo g) quantidade de canos e comprimento;
Decreto nº 8.935, de 2016) h) tipo de alma (lisa ou raiada);
VII - comprovar aptidão psicológica para o manuseio de i) quantidade de raias e sentido; e
arma de fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido por j) número de série gravado no cano da arma.
psicólogo do quadro da Polícia Federal ou por esta
credenciado. Art. 16. O Certificado de Registro de Arma de Fogo
§ 1º A declaração de que trata o inciso I do caput deverá expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro no
explicitar os fatos e circunstâncias justificadoras do pedido, SINARM, tem validade em todo o território nacional e autoriza
que serão examinados pela Polícia Federal segundo as o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
orientações a serem expedidas pelo Ministério da Justiça. interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda, no
§ 2º O indeferimento do pedido deverá ser fundamentado seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
e comunicado ao interessado em documento próprio. responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
§ 3º O comprovante de capacitação técnica, de que trata o § 1º Para os efeitos do disposto no caput deste artigo
inciso VI do caput, deverá ser expedido por instrutor de considerar-se-á titular do estabelecimento ou empresa todo
armamento e tiro credenciado pela Polícia Federal e deverá aquele assim definido em contrato social, e responsável legal o
atestar, necessariamente: designado em contrato individual de trabalho, com poderes de
I - conhecimento da conceituação e normas de segurança gerência.
pertinentes à arma de fogo; § 2º Os requisitos de que tratam os incisos IV, V e VII do art.
II - conhecimento básico dos componentes e partes da 12 deverão ser comprovados, periodicamente, a cada cinco
arma de fogo; e anos, junto à Polícia Federal, para fins de renovação do
III - habilidade do uso da arma de fogo demonstrada, pelo Certificado de Registro. (Redação dada pelo Decreto nº 8.935,
interessado, em estande de tiro credenciado pelo Comando do de 2016)
Exército. § 2º-A. O requisito de que trata o inciso VI do art. 12 deverá
§ 4º Após a apresentação dos documentos referidos nos ser comprovado, periodicamente, a cada duas renovações,
incisos III a VII do caput, havendo manifestação favorável do junto à Polícia Federal. (Incluído pelo Decreto nº 8.935, de
órgão competente mencionada no §1º, será expedida, pelo 2016)
SINARM, no prazo máximo de trinta dias, em nome do § 3º (Revogado).
interessado, a autorização para a aquisição da arma de fogo § 4º O disposto nos § 2º e § 2º-A não se aplica, para a
indicada. aquisição e a renovação do Certificado de Registro de Arma de
§ 5º É intransferível a autorização para a aquisição da arma Fogo, aos integrantes dos órgãos, das instituições e das
de fogo, de que trata o §4º deste artigo. corporações, mencionados nos incisos I e II do caput do art. 6º
§ 6º Está dispensado da comprovação dos requisitos a que da Lei nº 10.826, de 2003. (Redação dada pelo Decreto nº
se referem os incisos VI e VII do caput o interessado em 8.935, de 2016)
adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar
autorizado a portar arma da mesma espécie daquela a ser Art. 17. O proprietário de arma de fogo é obrigado a
adquirida, desde que o porte de arma de fogo esteja válido e o comunicar, imediatamente, à unidade policial local, o extravio,
interessado tenha se submetido a avaliações em período não furto ou roubo de arma de fogo ou do Certificado de Registro
superior a um ano, contado do pedido de aquisição. de Arma de Fogo, bem como a sua recuperação.
§ 1º A unidade policial deverá, em quarenta e oito horas,
Art. 13. A transferência de propriedade da arma de fogo, remeter as informações coletadas à Polícia Federal, para fins
por qualquer das formas em direito admitidas, entre de cadastro no SINARM.
particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, estará sujeita à § 2º No caso de arma de fogo de uso restrito, a Polícia
prévia autorização da Polícia Federal, aplicando-se ao Federal repassará as informações ao Comando do Exército,
interessado na aquisição as disposições do art. 12 deste para fins de cadastro no SIGMA.
Decreto. § 3º Nos casos previstos no caput, o proprietário deverá,
Parágrafo único. A transferência de arma de fogo também, comunicar o ocorrido à Polícia Federal ou ao
registrada no Comando do Exército será autorizada pela Comando do Exército, encaminhando, se for o caso, cópia do
instituição e cadastrada no SIGMA. Boletim de Ocorrência.
SEÇÃO III
Art. 14. É obrigatório o registro da arma de fogo, no DA AQUISIÇÃO E REGISTRO DA ARMA DE FOGO DE
SINARM ou no SIGMA, excetuadas as obsoletas. USO RESTRITO
Art. 15. O registro da arma de fogo de uso permitido deverá Art. 18. Compete ao Comando do Exército autorizar a
conter, no mínimo, os seguintes dados: aquisição e registrar as armas de fogo de uso restrito.
I - do interessado: § 1º As armas de que trata o caput serão cadastradas no
a) nome, filiação, data e local de nascimento; SIGMA e no SINARM, conforme o caso.
b) endereço residencial; § 2º O registro de arma de fogo de uso restrito, de que trata
c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe; o caput deste artigo, deverá conter as seguintes informações:
d) profissão; I - do interessado:
e) número da cédula de identidade, data da expedição, a) nome, filiação, data e local de nascimento;
órgão expedidor e Unidade da Federação; e b) endereço residencial;
Legislação Especial 36
APOSTILAS OPÇÃO
c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe; Parágrafo único. A taxa estipulada para o Porte de Arma de
d) profissão; Fogo somente será recolhida após a análise e a aprovação dos
e) número da cédula de identidade, data da expedição, documentos apresentados.
órgão expedidor e Unidade da Federação; e
f) número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro Art. 23. O Porte de Arma de Fogo é documento obrigatório
Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ; para a condução da arma e deverá conter os seguintes dados:
II - da arma: I - abrangência territorial;
a) número do cadastro no SINARM; II - eficácia temporal;
b) identificação do fabricante e do vendedor; III - características da arma;
c) número e data da nota Fiscal de venda; IV - número do cadastro da arma no SINARM;
d) espécie, marca, modelo e número de série; V - identificação do proprietário da arma; e
e) calibre e capacidade de cartuchos; VI - assinatura, cargo e função da autoridade concedente.
f) tipo de funcionamento; Art. 24. O Porte de Arma de Fogo é pessoal, intransferível e
g) quantidade de canos e comprimento; revogável a qualquer tempo, sendo válido apenas com relação
h) tipo de alma (lisa ou raiada); à arma nele especificada e com a apresentação do documento
i) quantidade de raias e sentido; e de identificação do portador.
j) número de série gravado no cano da arma.
§ 3º Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI e VII do Art. 24-A. Para portar a arma de fogo adquirida nos termos
art. 12 deste Decreto deverão ser comprovados do § 6º do art. 12, o proprietário deverá solicitar a expedição
periodicamente, a cada três anos, junto ao Comando do do respectivo documento de porte, que observará o disposto
Exército, para fins de renovação do Certificado de Registro. no art. 23 e terá a mesma validade do documento referente à
§ 4º Não se aplica aos integrantes dos órgãos, instituições primeira arma.
e corporações mencionados nos incisos I e II do art. 6º da Lei
no 10.826, de 2003, o disposto no § 3º deste artigo. Art. 25. O titular do Porte de Arma de Fogo deverá
comunicar imediatamente:
SEÇÃO IV I - a mudança de domicílio, ao órgão expedidor do Porte de
DO COMÉRCIO ESPECIALIZADO DE ARMAS DE FOGO E Arma de Fogo; e
MUNIÇÕES II - o extravio, furto ou roubo da arma de fogo, à Unidade
Policial mais próxima e, posteriormente, à Polícia Federal.
Art. 19. É proibida a venda de armas de fogo, munições e Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo
demais produtos controlados, de uso restrito, no comércio. implicará na suspensão do Porte de Arma de Fogo, por prazo a
ser estipulado pela autoridade concedente.
Art. 20. O estabelecimento que comercializar arma de fogo
de uso permitido em território nacional é obrigado a Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa
comunicar à Polícia Federal, mensalmente, as vendas que pessoal concedido nos termos do art. 10 da Lei no 10.826, de
efetuar e a quantidade de armas em estoque, respondendo 2003, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela
legalmente por essas mercadorias, que ficarão registradas adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas,
como de sua propriedade, de forma precária, enquanto não escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou
forem vendidas, sujeitos seus responsáveis às penas previstas outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de
em lei. eventos de qualquer natureza.
§ 1º A inobservância do disposto neste artigo implicará na
Art. 21. A comercialização de acessórios de armas de fogo cassação do Porte de Arma de Fogo e na apreensão da arma,
e de munições, incluídos estojos, espoletas, pólvora e projéteis, pela autoridade competente, que adotará as medidas legais
só poderá ser efetuada em estabelecimento credenciado pela pertinentes.
Polícia Federal e pelo comando do Exército que manterão um § 2º Aplica-se o disposto no §1º deste artigo, quando o
cadastro dos comerciantes. titular do Porte de Arma de Fogo esteja portando o armamento
§ 1º Quando se tratar de munição industrializada, a venda em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou
ficará condicionada à apresentação pelo adquirente, do medicamentos que provoquem alteração do desempenho
Certificado de Registro de Arma de Fogo válido, e ficará intelectual ou motor.
restrita ao calibre correspondente à arma registrada.
§ 2º Os acessórios e a quantidade de munição que cada Art. 27. Será concedido pela Polícia Federal, nos termos do
proprietário de arma de fogo poderá adquirir serão fixados em § 5º do art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, o Porte de Arma de
Portaria do Ministério da Defesa, ouvido o Ministério da Fogo, na categoria "caçador de subsistência", de uma arma
Justiça. portátil, de uso permitido, de tiro simples, com um ou dois
§ 3º O estabelecimento mencionado no caput deste artigo canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, desde que
deverá manter à disposição da Polícia Federal e do Comando o interessado comprove a efetiva necessidade em
do Exército os estoques e a relação das vendas efetuadas requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes
mensalmente, pelo prazo de cinco anos. documentos:
I - documento comprobatório de residência em área rural
CAPÍTULO III ou certidão equivalente expedida por órgão municipal;
DO PORTE E DO TRÂNSITO DA ARMA DE FOGO II - original e cópia, ou cópia autenticada, do documento de
SEÇÃO I identificação pessoal; e
DO PORTE III - atestado de bons antecedentes.
Parágrafo único. Aplicam-se ao portador do Porte de Arma
Art. 22. O Porte de Arma de Fogo de uso permitido, de Fogo mencionado neste artigo as demais obrigações
vinculado ao prévio registro da arma e ao cadastro no SINARM, estabelecidas neste Decreto.
será expedido pela Polícia Federal, em todo o território
nacional, em caráter excepcional, desde que atendidos os Art. 28. O proprietário de arma de fogo de uso permitido
requisitos previstos nos incisos I, II e III do § 1º do art. 10 da registrada, em caso de mudança de domicílio ou outra situação
Lei no 10.826, de 2003. que implique o transporte da arma, deverá solicitar guia de
Legislação Especial 37
APOSTILAS OPÇÃO
trânsito à Polícia Federal para as armas de fogo cadastradas no do Senado Federal em razão do desempenho de suas funções
SINARM, na forma estabelecida pelo Departamento de Polícia institucionais.
Federal. § 1º O Porte de Arma de Fogo das praças das Forças
Armadas e dos Policiais e Corpos de Bombeiros Militares é
Art. 29. Observado o princípio da reciprocidade previsto regulado em norma específica, por atos dos Comandantes das
em convenções internacionais, poderá ser autorizado o Porte Forças Singulares e dos Comandantes-Gerais das Corporações.
de Arma de Fogo pela Polícia Federal, a diplomatas de missões § 2º Os integrantes das polícias civis estaduais e das Forças
diplomáticas e consulares acreditadas junto ao Governo Auxiliares, quando no exercício de suas funções institucionais
Brasileiro, e a agentes de segurança de dignitários ou em trânsito, poderão portar arma de fogo fora da respectiva
estrangeiros durante a permanência no país, unidade federativa, desde que expressamente autorizados
independentemente dos requisitos estabelecidos neste pela instituição a que pertençam, por prazo determinado,
Decreto. conforme estabelecido em normas próprias.
Art. 29-A. Caberá ao Departamento de Polícia Federal Art. 33-A. A autorização para o porte de arma de fogo
estabelecer os procedimentos relativos à concessão e previsto em legislação própria, na forma do caput do art. 6º da
renovação do Porte de Arma de Fogo. Lei no 10.826, de 2003, está condicionada ao atendimento dos
requisitos previstos no inciso III do caput do art. 4º da
SEÇÃO II mencionada Lei.
DOS ATIRADORES, CAÇADORES E COLECIONADORES
SUBSEÇÃO I Art. 34. Os órgãos, instituições e corporações mencionados
DA PRÁTICA DE TIRO DESPORTIVO nos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6º da Lei nº
10.826, de 2003, estabelecerão, em normativos internos, os
Art. 30. As agremiações esportivas e as empresas de procedimentos relativos às condições para a utilização das
instrução de tiro, os colecionadores, atiradores e caçadores armas de fogo de sua propriedade, ainda que fora do serviço.
serão registrados no Comando do Exército, ao qual caberá § 1º As instituições mencionadas no inciso IV do art. 6º da
estabelecer normas e verificar o cumprimento das condições Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão em normas próprias os
de segurança dos depósitos das armas de fogo, munições e procedimentos relativos às condições para a utilização, em
equipamentos de recarga. serviço, das armas de fogo de sua propriedade.
§ 1º As armas pertencentes às entidades mencionadas no § 2º As instituições, órgãos e corporações nos
caput e seus integrantes terão autorização para porte de procedimentos descritos no caput, disciplinarão as normas
trânsito (guia de tráfego) a ser expedida pelo Comando do gerais de uso de arma de fogo de sua propriedade, fora do
Exército. serviço, quando se tratar de locais onde haja aglomeração de
§ 2º A prática de tiro desportivo por menores de dezoito pessoas, em virtude de evento de qualquer natureza, tais como
anos deverá ser autorizada judicialmente e deve restringir-se no interior de igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes,
aos locais autorizados pelo Comando do Exército, utilizando públicos e privados.
arma da agremiação ou do responsável quando por este § 3º Os órgãos e instituições que tenham os portes de arma
acompanhado. de seus agentes públicos ou políticos estabelecidos em lei
§ 3º A prática de tiro desportivo por maiores de dezoito própria, na forma do caput do art. 6º da Lei no 10.826, de 2003,
anos e menores de vinte e cinco anos pode ser feita utilizando deverão encaminhar à Polícia Federal a relação dos
arma de sua propriedade, registrada com amparo na Lei no autorizados a portar arma de fogo, observando-se, no que
9.437, de 20 de fevereiro de 1997, de agremiação ou arma couber, o disposto no art. 26.
registrada e cedida por outro desportista. § 4º Não será concedida a autorização para o porte de arma
de fogo de que trata o art. 22 a integrantes de órgãos,
Art. 31. A entrada de arma de fogo e munição no país, como instituições e corporações não autorizados a portar arma de
bagagem de atletas, para competições internacionais será fogo fora de serviço, exceto se comprovarem o risco à sua
autorizada pelo Comando do Exército. integridade física, observando-se o disposto no art. 11 da Lei
§ 1º O Porte de Trânsito das armas a serem utilizadas por no 10.826, de 2003.
delegações estrangeiras em competição oficial de tiro no país § 5º O porte de que tratam os incisos V, VI e X do caput do
será expedido pelo Comando do Exército. art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, e aquele previsto em lei
§ 2º Os responsáveis e os integrantes pelas delegações própria, na forma do caput do mencionado artigo, serão
estrangeiras e brasileiras em competição oficial de tiro no país concedidos, exclusivamente, para defesa pessoal, sendo
transportarão suas armas desmuniciadas. vedado aos seus respectivos titulares o porte ostensivo da
arma de fogo.
SUBSEÇÃO II § 6º A vedação prevista no parágrafo 5º não se aplica aos
DOS COLECIONADORES E CAÇADORES servidores designados para execução da atividade
fiscalizatória do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Instituto Chico
colecionadores e caçadores será expedido pelo Comando do Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Exército. Mendes.
Parágrafo único. Os colecionadores e caçadores
transportarão suas armas desmuniciadas. Art. 35. Poderá ser autorizado, em casos excepcionais, pelo
órgão competente, o uso, em serviço, de arma de fogo, de
SUBSEÇÃO III propriedade particular do integrante dos órgãos, instituições
DOS INTEGRANTES E DAS INSTITUIÇÕES ou corporações mencionadas no inciso II do art. 6º da Lei no
MENCIONADAS NO ART. 6º DA LEI NO 10.826, DE 2003 10.826, de 2003.
§ 1º A autorização mencionada no caput será
Art. 33. O Porte de Arma de Fogo é deferido aos militares regulamentada em ato próprio do órgão competente.
das Forças Armadas, aos policiais federais e estaduais e do § 2º A arma de fogo de que trata este artigo deverá ser
Distrito Federal, civis e militares, aos Corpos de Bombeiros conduzida com o seu respectivo Certificado de Registro.
Militares, bem como aos policiais da Câmara dos Deputados e
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Legislação Especial 39
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 47. O Ministério da Justiça, por intermédio da Polícia § 2º A importação desses produtos somente será
Federal, poderá celebrar convênios com os órgãos de autorizada para os órgãos de segurança pública e para
segurança pública dos Estados e do Distrito Federal para colecionadores, atiradores e caçadores nas condições
possibilitar a integração, ao SINARM, dos acervos policiais de estabelecidas em normas específicas.
armas de fogo já existentes, em cumprimento ao disposto no
inciso VI do art. 2º da Lei no 10.826, de 2003. Art. 52. Os interessados pela importação de armas de fogo,
munições e acessórios, de uso restrito, ao preencherem a
Art. 48. Compete ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Licença de Importação no Sistema Integrado de Comércio
Justiça: Exterior - SISCOMEX, deverão informar as características
I - estabelecer as normas de segurança a serem observadas específicas dos produtos importados, ficando o desembaraço
pelos prestadores de serviços de transporte aéreo de aduaneiro sujeito à satisfação desse requisito.
passageiros, para controlar o embarque de passageiros
armados e fiscalizar o seu cumprimento; Art. 53. As importações realizadas pelas Forças Armadas
II - regulamentar as situações excepcionais do interesse da dependem de autorização prévia do Ministério da Defesa e
ordem pública, que exijam de policiais federais, civis e serão por este controladas.
militares, integrantes das Forças Armadas e agentes do
Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Art. 54. A importação de armas de fogo, munições e
Institucional da Presidência da República, o Porte de Arma de acessórios de uso permitido e demais produtos controlados
Fogo a bordo de aeronaves; e está sujeita, no que couber, às condições estabelecidas nos
III - estabelecer, nas ações preventivas com vistas à arts. 51 e 52 deste Decreto.
segurança da aviação civil, os procedimentos de restrição e
condução de armas por pessoas com a prerrogativa de Porte Art. 55. A Secretaria da Receita Federal e o Comando do
de Arma de Fogo em áreas restritas aeroportuárias, ressalvada Exército fornecerão à Polícia Federal, as informações relativas
a competência da Polícia Federal, prevista no inciso III do §1º às importações de que trata o art. 54 e que devam constar do
do art. 144 da Constituição. cadastro de armas do SINARM.
Parágrafo único. As áreas restritas aeroportuárias são
aquelas destinadas à operação de um aeroporto, cujos acessos Art. 56. O Comando do Exército poderá autorizar a entrada
são controlados, para os fins de segurança e proteção da temporária no país, por prazo definido, de armas de fogo,
aviação civil. munições e acessórios para fins de demonstração, exposição,
conserto, mostruário ou testes, mediante requerimento do
Art. 49. A classificação legal, técnica e geral e a definição interessado ou de seus representantes legais ou, ainda, das
das armas de fogo e demais produtos controlados, de uso representações diplomáticas do país de origem.
restrito ou permitido são as constantes do Regulamento para § 1º A importação sob o regime de admissão temporária
a Fiscalização de Produtos Controlados e sua legislação deverá ser autorizada por meio do Certificado Internacional de
complementar. Importação.
Parágrafo único. Compete ao Comando do Exército § 2º Terminado o evento que motivou a importação, o
promover a alteração do Regulamento mencionado no caput, material deverá retornar ao seu país de origem, não podendo
com o fim de adequá-lo aos termos deste Decreto. ser doado ou vendido no território nacional, exceto a doação
para os museus das Forças Armadas e das instituições
Art. 50. Compete, ainda, ao Comando do Exército: policiais.
I - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de armas, § 3º A Receita Federal fiscalizará a entrada e saída desses
munições e demais produtos controlados, em todo o território produtos.
nacional; § 4º O desembaraço alfandegário das armas e munições
II - estabelecer as dotações em armamento e munição das trazidas por agentes de segurança de dignitários estrangeiros,
corporações e órgãos previstos nos incisos II, III, IV, V, VI e VII em visita ao país, será feito pela Receita Federal, com posterior
do art. 6º da Lei no 10.826, de 2003; e comunicação ao Comando do Exército.
III - estabelecer normas, ouvido o Ministério da Justiça, em
cento e oitenta dias: Art. 57. Fica vedada a importação de armas de fogo, seus
a) para que todas as munições estejam acondicionadas em acessórios e peças, de munições e seus componentes, por meio
embalagens com sistema de código de barras, gravado na do serviço postal e similares.
caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do Parágrafo único. Fica autorizada, em caráter excepcional, a
adquirente; importação de peças de armas de fogo, com exceção de
b) para que as munições comercializadas para os órgãos armações, canos e ferrolho, por meio do serviço postal e
referidos no art. 6º da Lei no 10.826, de 2003, contenham similares.
gravação na base dos estojos que permita identificar o
fabricante, o lote de venda e o adquirente; Art. 58. O Comando do Exército autorizará a exportação de
c) para definir os dispositivos de segurança e identificação armas, munições e demais produtos controlados.
previstos no §3º do art. 23 da Lei no 10.826, de 2003; e § 1º A autorização das exportações enquadradas nas
IV - expedir regulamentação específica para o controle da diretrizes de exportação de produtos de defesa rege-se por
fabricação, importação, comércio, trânsito e utilização de legislação específica, a cargo do Ministério da Defesa.
simulacros de armas de fogo, conforme o art. 26 da Lei no § 2º Considera-se autorizada a exportação quando
10.826, de 2003. efetivado o respectivo Registro de Exportação, no Sistema de
Comércio Exterior - SISCOMEX.
Art. 51. A importação de armas de fogo, munições e
acessórios de uso restrito está sujeita ao regime de Art. 59. O exportador de armas de fogo, munições ou
licenciamento não-automático prévio ao embarque da demais produtos controlados deverá apresentar como prova
mercadoria no exterior e dependerá da anuência do Comando da venda ou transferência do produto, um dos seguintes
do Exército. documentos:
§ 1º A autorização é concedida por meio do Certificado I - Licença de Importação (LI), expedida por autoridade
Internacional de Importação. competente do país de destino; ou
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APOSTILAS OPÇÃO
II - Certificado de Usuário Final (End User), expedido por III - atendidos os critérios de priorização estabelecidos
autoridade competente do país de destino, quando for o caso. pelo Ministério da Justiça e Cidadania, nos termos do § 1º do
art. 25 da Lei nº 10.826, de 2003. (Redação dada pelo Decreto
Art. 60. As exportações de armas de fogo, munições ou nº 8.938, de 2016)
demais produtos controlados considerados de valor histórico § 4º Os critérios de que trata o inciso III do § 3º deverão
somente serão autorizadas pelo Comando do Exército após considerar a priorização de atendimento ao órgão que efetivou
consulta aos órgãos competentes. a apreensão. (Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
Parágrafo único. O Comando do Exército estabelecerá, em § 5º A análise da presença dos requisitos estabelecidos no
normas específicas, os critérios para definição do termo "valor § 3º será realizada no prazo de até cinco dias, contado da data
histórico". de manifestação de interesse de que trata o § 2º, pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da
Art. 61. O Comando do Exército cadastrará no SIGMA os Justiça e Cidadania, caso a manifestação tenha sido
dados relativos às exportações de armas, munições e demais apresentada pelos órgãos de segurança pública, ou pelo
produtos controlados, mantendo-os devidamente atualizados. Comando do Exército, caso a manifestação tenha sido
apresentada pelas Forças Armadas. (Incluído pelo Decreto nº
Art. 62. Fica vedada a exportação de armas de fogo, de seus 8.938, de 2016)
acessórios e peças, de munição e seus componentes, por meio § 6º Cumpridos os requisitos de que trata o § 3º, o
do serviço postal e similares. Comando do Exército encaminhará, no prazo de até vinte dias,
a relação das armas ao juiz competente, que determinará o seu
Art. 63. O desembaraço alfandegário de armas e munições, perdimento em favor da instituição beneficiária. (Incluído
peças e demais produtos controlados será autorizado pelo pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
Comando do Exército. § 7º Na hipótese de não haver manifestação expressa do
Parágrafo único. O desembaraço alfandegário de que trata órgão que realizou a apreensão das armas de que trata o § 1º,
este artigo abrange: os demais órgãos de segurança pública ou das Forças Armadas
I - operações de importação e exportação, sob qualquer poderão manifestar interesse pelas armas, no prazo de trinta
regime; dias, contado da data de recebimento do relatório a que se
II - internação de mercadoria em entrepostos aduaneiros; refere o art. 25, § 1º, da Lei nº 10.826, de 2003, cabendo-lhes
III - nacionalização de mercadoria entrepostadas; encaminhar pedido de doação ao Comando do Exército.
IV - ingresso e saída de armamento e munição de atletas (Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
brasileiros e estrangeiros inscritos em competições nacionais § 8º O Comando do Exército apreciará o pedido de doação
ou internacionais; de que trata o § 7º, observados os requisitos estabelecidos no
V - ingresso e saída de armamento e munição; § 3º, e encaminhará, no prazo de sessenta dias, contado da data
VI - ingresso e saída de armamento e munição de órgãos de de divulgação do relatório a que se refere o art. 25, § 1º, da Lei
segurança estrangeiros, para participação em operações, nº 10.826, de 2003, a relação das armas a serem doadas, para
exercícios e instruções de natureza oficial; e que o juiz competente determine o seu perdimento, nos
VII - as armas de fogo, munições, suas partes e peças, termos do § 6º. (Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
trazidos como bagagem acompanhada ou desacompanhada. § 9º As armas de fogo de valor histórico ou obsoletas,
objetos de doação nos termos deste artigo, poderão ser
Art. 64. O desembaraço alfandegário de armas de fogo e destinadas pelo juiz competente a museus das Forças Armadas
munição somente será autorizado após o cumprimento de ou de instituições policiais, indicados pelo Comando do
normas específicas sobre marcação, a cargo do Comando do Exército. (Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
Exército. § 10. As armas de fogo de uso permitido apreendidas
poderão ser devolvidas pela autoridade competente aos seus
Art. 65. As armas de fogo apreendidas, observados os legítimos proprietários se cumpridos os requisitos
procedimentos relativos à elaboração do laudo pericial e estabelecidos no art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003. (Incluído
quando não mais interessarem à persecução penal, serão pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, § 11. A decisão sobre o destino final das armas de fogo não
no prazo máximo de quarenta e oito horas, para destruição ou doadas nos termos deste Decreto caberá ao Comando do
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas. Exército, que deverá concluir pela sua destruição ou pela
(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) doação às Forças Armadas. (Incluído pelo Decreto nº 8.938,
§ 1º A doação de que trata este artigo restringe-se às armas de 2016)
de fogo portáteis previstas no art. 3º, caput, incisos XXXVII, § 12. Ato conjunto do Ministro de Estado da Defesa e do
XLIX, LIII e LXI, do Anexo ao Decreto nº 3.665, de 20 de Ministro de Estado da Justiça e Cidadania disciplinará o
novembro de 2000 - Regulamento para a Fiscalização de procedimento de doação de munições e acessórios
Produtos Controlados (R-105). (Redação dada pelo Decreto apreendidos. (Incluído pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
nº 8.938, de 2016)
§ 2º Os órgãos de segurança pública ou das Forças Art. 66. A solicitação de informações sobre a origem de
Armadas responsáveis pela apreensão manifestarão interesse armas de fogo, munições e explosivos deverá ser encaminhada
pelas armas de fogo de que trata o § 1º, respectivamente, ao diretamente ao órgão controlador da Polícia Federal ou do
Ministério da Justiça e Cidadania ou ao Comando do Exército, Comando do Exército.
no prazo de até dez dias, contado da data de envio das armas
ao Comando do Exército, na forma prevista no caput. (Redação Art. 67. No caso de falecimento ou interdição do
dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) proprietário de arma de fogo, o administrador da herança ou
§ 3º A relação das armas a serem doadas e a indicação das curador, conforme o caso, deverá providenciar a transferência
instituições beneficiárias serão elaboradas, desde que: da propriedade da arma mediante alvará judicial ou
(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) autorização firmada por todos os herdeiros, desde que
I - verificada a necessidade de destinação do armamento; maiores e capazes, aplicando-se ao herdeiro ou interessado na
(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016) aquisição as disposições do art. 12.
II - obedecidos o padrão e a dotação de cada órgão; e
(Redação dada pelo Decreto nº 8.938, de 2016)
Legislação Especial 41
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º O administrador da herança ou o curador comunicará § 3º A guia de trânsito não autoriza o porte da arma, mas
à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, conforme o caso, apenas o seu transporte, desmuniciada e acondicionada de
a morte ou interdição do proprietário da arma de fogo. maneira que não possa ser feito o seu pronto uso e, somente,
§ 2º Nos casos previstos no caput deste artigo, a arma no percurso nela autorizado.
deverá permanecer sob a guarda e responsabilidade do § 4º O transporte da arma de fogo sem a guia de trânsito
administrador da herança ou curador, depositada em local ou o transporte com a guia, mas sem a observância do que nela
seguro, até a expedição do Certificado de Registro e entrega ao estiver estipulado, poderá sujeitar o infrator às sanções penais
novo proprietário. cabíveis.
§ 3º A inobservância do disposto no § 2º implicará a
apreensão da arma pela autoridade competente, aplicando-se Art. 70-A. Para o registro da arma de fogo de uso permitido
ao administrador da herança ou ao curador as sanções penais ainda não registrada de que trata o art. 30 da Lei no 10.826, de
cabíveis. 2003, deverão ser apresentados pelo requerente os
documentos previstos no art. 70-C e original e cópia, ou cópia
Art. 67-A. Serão cassadas as autorizações de posse e de autenticada, da nota fiscal de compra ou de comprovação da
porte de arma de fogo do titular a quem seja imputada a origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em
prática de crime doloso. direito, ou declaração firmada na qual constem as
§ 1º Nos casos previstos no caput, o proprietário deverá características da arma e a sua condição de proprietário.
entregar a arma de fogo à Polícia Federal, mediante
indenização na forma do art. 68, ou providenciar sua Art. 70-B. Para a renovação do Certificado de Registro de
transferência no prazo máximo de sessenta dias, aplicando-se, Arma de Fogo de que trata o § 3º do art. 5º da Lei no 10.826,
ao interessado na aquisição, as disposições do art. 4º da Lei no de 2003, deverão ser apresentados pelo requerente os
10.826, de 2003. documentos previstos no art. 70-C e cópia do referido
§ 2º A cassação da autorização de posse ou de porte de Certificado ou, se for o caso, do boletim de ocorrência
arma de fogo será determinada a partir do indiciamento do comprovando o seu extravio.
investigado no inquérito policial ou do recebimento da
denúncia ou queixa pelo juiz. Art. 70-C. Para a renovação do Certificado de Registro de
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo a todas as armas de Arma de Fogo ou para o registro da arma de fogo de que
fogo de propriedade do indiciado ou acusado. tratam, respectivamente, o § 3º do art. 5º e o art. 30 da Lei no
10.826, de 2003, o requerente deverá:
Art. 67-B. No caso do não-atendimento dos requisitos I - ter, no mínimo, vinte e cinco anos de idade;
previstos no art. 12, para a renovação do Certificado de II - apresentar originais e cópias, ou cópias autenticadas,
Registro da arma de fogo, o proprietário deverá entregar a do documento de identificação pessoal e do comprovante de
arma à Polícia Federal, mediante indenização na forma do art. residência fixa;
68, ou providenciar sua transferência para terceiro, no prazo III - apresentar o formulário SINARM devidamente
máximo de sessenta dias, aplicando-se, ao interessado na preenchido; e
aquisição, as disposições do art. 4º da Lei no 10.826, de 2003. IV - apresentar o certificado de registro provisório e
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput comprovar os dados pessoais informados, caso o
implicará a apreensão da arma de fogo pela Polícia Federal ou procedimento tenha sido iniciado pela rede mundial de
órgão público por esta credenciado, aplicando-se ao computadores - Internet.
proprietário as sanções penais cabíveis. § 1º O procedimento de registro da arma de fogo, ou sua
renovação, poderá ser iniciado por meio do preenchimento do
SEÇÃO II formulário SINARM na rede mundial de computadores -
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Internet, cujo comprovante de preenchimento impresso valerá
como certificado de registro provisório, pelo prazo de noventa
Art. 68. O valor da indenização de que tratam os arts. 31 e dias.
32 da Lei no 10.826, de 2003, bem como o procedimento para § 2º No ato do preenchimento do formulário pela rede
pagamento, será fixado pelo Ministério da Justiça. mundial de computadores - Internet, o requerente deverá
Parágrafo único. Os recursos financeiros necessários para escolher a unidade da Polícia Federal, ou órgão por ela
o cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 da Lei nº 10.826, credenciado, na qual entregará pessoalmente a documentação
de 2003, serão custeados por dotação específica constante do exigida para o registro ou renovação.
orçamento do Ministério da Justiça. § 3º Caso o requerente deixe de apresentar a
documentação exigida para o registro ou renovação na
Art. 69. Presumir-se-á a boa-fé dos possuidores e unidade da Polícia Federal, ou órgão por ela credenciado,
proprietários de armas de fogo que espontaneamente entregá- escolhida dentro do prazo de noventa dias, o certificado de
las na Polícia Federal ou nos postos de recolhimento registro provisório, que será expedido pela rede mundial de
credenciados, nos termos do art. 32 da Lei no 10.826, de 2003. computadores - Internet uma única vez, perderá a validade,
tornando irregular a posse da arma.
Art. 70. A entrega da arma de fogo, acessório ou munição, § 4º No caso da perda de validade do certificado de registro
de que tratam os arts. 31 e 32 da Lei nº 10.826, de 2003, deverá provisório, o interessado deverá se dirigir imediatamente à
ser feita na Polícia Federal ou nos órgãos e entidades unidade da Polícia Federal, ou órgão por ela credenciado, para
credenciados pelo Ministério da Justiça. a regularização de sua situação.
§ 1º Para o transporte da arma de fogo até o local de § 5º Aplica-se o disposto no art. 70-B à renovação dos
entrega, será exigida guia de trânsito, expedida pela Polícia registros de arma de fogo cujo certificado tenha sido expedido
Federal, ou órgão por ela credenciado, contendo as pela Polícia Federal, inclusive aqueles com vencimento até o
especificações mínimas estabelecidas pelo Ministério da prazo previsto no § 3º do art. 5º da Lei no10.826, de 2003,
Justiça. ficando o proprietário isento do pagamento de taxa nas
§ 2º A guia de trânsito poderá ser expedida pela rede condições e prazos da Tabela constante do Anexo à referida
mundial de computadores - Internet, na forma disciplinada Lei.
pelo Departamento de Polícia Federal. § 6º Nos requerimentos de registro ou de renovação de
Certificado de Registro de Arma de Fogo em que se constate a
Legislação Especial 42
APOSTILAS OPÇÃO
existência de cadastro anterior em nome de terceiro, será feita ou munição sem a devida autorização ou com inobservância
no SINARM a transferência da arma para o novo proprietário. das normas de segurança; e
§ 7º Nos requerimentos de registro ou de renovação de b) à empresa de produção ou comércio de armamentos, na
Certificado de Registro de Arma de Fogo em que se constate a reincidência da hipótese mencionada no inciso I, alínea "b"; e
existência de cadastro anterior em nome de terceiro e a III - R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sem prejuízo das
ocorrência de furto, roubo, apreensão ou extravio, será feita no sanções penais cabíveis, na hipótese de reincidência da
SINARM a transferência da arma para o novo proprietário e a conduta prevista na alínea "a", do inciso I, e nas alíneas "a" e
respectiva arma de fogo deverá ser entregue à Polícia Federal "b", do inciso II.
para posterior encaminhamento à autoridade policial ou
judicial competente. Art. 72. A empresa de segurança e de transporte de valores
§ 8º No caso do requerimento de renovação do Certificado ficará sujeita às penalidades de que trata o art. 23 da Lei no
de Registro de que trata o § 6º, além dos documentos previstos 7.102, de 20 de junho de 1983, quando deixar de apresentar,
no art. 70-B, deverá ser comprovada a origem lícita da posse, nos termos do art. 7º, §§ 2º e 3º, da Lei no 10.826, de 2003:
pelos meios de prova admitidos em direito, ou, ainda, I - a documentação comprobatória do preenchimento dos
apresentada declaração firmada na qual constem as requisitos constantes do art. 4º da Lei no 10.826, de 2003,
características da arma e a sua condição de proprietário. quanto aos empregados que portarão arma de fogo; ou
§ 9º Nos casos previstos neste artigo, além dos dados de II - semestralmente, ao SINARM, a listagem atualizada de
identificação do proprietário, o Certificado de Registro seus empregados.
provisório e o definitivo deverão conter, no mínimo, o número
de série da arma de fogo, a marca, a espécie e o calibre. Art. 73. (Revogado)
Art. 70-D. Não se aplicam as disposições do § 6º do art. 70- Art. 74. Os recursos arrecadados em razão das taxas e das
C às armas de fogo cujos Certificados de Registros tenham sido sanções pecuniárias de caráter administrativo previstas neste
expedidos pela Polícia Federal a partir da vigência deste Decreto serão aplicados na forma prevista no § 1º do art. 11 da
Decreto e cujas transferências de propriedade dependam de Lei no 10.826, de 2003.
prévia autorização. Parágrafo único. As receitas destinadas ao SINARM serão
recolhidas ao Banco do Brasil S.A., na conta “Fundo para
Art. 70-E. As armas de fogo entregues na campanha do Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da
desarmamento não serão submetidas a perícia, salvo se Polícia Federal”, e serão alocadas para o reaparelhamento,
estiverem com o número de série ilegível ou houver dúvidas manutenção e custeio das atividades de controle e fiscalização
quanto à sua caracterização como arma de fogo, podendo, da circulação de armas de fogo e de repressão a seu tráfico
nesse último caso, serem submetidas a simples exame de ilícito, a cargo da Polícia Federal.
constatação.
Parágrafo único. As armas de fogo de que trata o caput Art. 75. Serão concluídos em sessenta dias, a partir da
serão, obrigatoriamente, destruídas. publicação deste Decreto, os processos de doação, em
andamento no Comando do Exército, das armas de fogo
Art. 70-F. Não poderão ser registradas ou terem seu apreendidas e recolhidas na vigência da Lei no 9.437, de 20 de
registro renovado as armas de fogo adulteradas ou com o fevereiro de 1997.
número de série suprimido.
Parágrafo único. Nos prazos previstos nos arts. 5º, § 3º, e Art. 76. Este Decreto entra em vigor na data de sua
30 da Lei no 10.826, de 2003, as armas de que trata o caput publicação.
serão recolhidas, mediante indenização, e encaminhadas para
destruição. Art. 77. Ficam revogados os Decretos nos 2.222, de 8 de
maio de 1997, 2.532, de 30 de março de 1998, e 3.305, de 23
Art. 70-G. Compete ao Ministério da Justiça estabelecer os de dezembro de 1999.
procedimentos necessários à execução da campanha do
desarmamento e ao Departamento de Polícia Federal a
regularização de armas de fogo Questões
Art. 70-H. As disposições sobre entrega de armas de que 01. (SEPLAG – CE - Agente Penitenciário - UECE-
tratam os arts. 31 e 32 da Lei no 10.826, de 2003, não se CEV/2017) Nos termos do Decreto Federal Nº 5.123 de 01 de
aplicam às empresas de segurança privada e transporte de julho de 2004, para se adquirir legalmente uma arma de fogo
valores. de uso permitido, dentre outras exigências, é necessário que a
idade do adquirente seja, no mínimo,
Art. 71. Será aplicada pelo órgão competente pela (A) 18 anos.
fiscalização multa no valor de: (B) 21 anos.
I - R$ 100.000,00 (cem mil reais): (C) 25 anos.
a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, (D) 30 anos.
marítimo, fluvial ou lacustre que permita o transporte de arma
de fogo, munição ou acessórios, sem a devida autorização, ou 02. Acerca do Decreto nº 5.123/2004, julgue o item abaixo:
com inobservância das normas de segurança; e A aquisição de armas de fogo, diretamente da fábrica, será
b) à empresa de produção ou comércio de armamentos que precedida de autorização do Comando do Exército.
realize publicidade estimulando a venda e o uso ( ) Certo ( ) Errado
indiscriminado de armas de fogo, acessórios e munição, exceto
nas publicações especializadas; 03. Acerca do Decreto nº 5.123/2004, julgue o item abaixo:
II - R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), sem prejuízo das É permitida a venda de armas de fogo, munições e demais
sanções penais cabíveis: produtos controlados, de uso restrito, no comércio.
a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ( ) Certo ( ) Errado
marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
qualquer meio, faça, promova ou facilite o transporte de arma
Legislação Especial 43
APOSTILAS OPÇÃO
04. Acerca do Decreto nº 5.123/2004, julgue o item abaixo: palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do
É obrigatório o registro da arma de fogo, no SINARM ou no temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
SIGMA, incluída as obsoletas. aspiração do homem comum,
( ) Certo ( ) Errado Considerando essencial que os direitos humanos sejam
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
05. Acerca do Decreto nº 5.123/2004, julgue o item abaixo: seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a
A entrada de arma de fogo e munição no país, como tirania e a opressão,
bagagem de atletas, para competições internacionais será Considerando essencial promover o desenvolvimento de
autorizada pelo Comando do Exército. relações amistosas entre as nações,
( ) Certo ( ) Errado Considerando que os povos das Nações Unidas
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos
Respostas fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e
na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que
01. Resposta: C. decidiram promover o progresso social e melhores
02. Resposta: Certo. condições de vida em uma liberdade mais ampla,
03. Resposta: Errado. Considerando que os Estados-Membros se
04. Resposta: Errado. comprometeram a promover, em cooperação com as
05. Resposta: Certo. Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e
liberdades fundamentais da pessoa e a observância desses
direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses
8) Declaração Universal dos direitos e liberdades é da mais alta importância para o
Direitos Humanos pleno cumprimento desse compromisso,
Legislação Especial 44
APOSTILAS OPÇÃO
O assunto também foi tratado no art. 5º, caput, da pessoais essenciais do indivíduo: vida, liberdade e segurança
Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem pessoal, direitos estes que visam proporcionar à pessoa as
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e condições mínimas de sobrevivência.
aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à Nossa Constituição Federal reproduz de forma
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (...). extremamente fiel esses três preceitos declaratórios,
principalmente reproduzidos no Art. 5º.
Artigo 2º
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as Artigo 4º
liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a
de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou as suas formas.
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na O combate à escravidão tem como preceitos a liberdade e
condição política, jurídica ou internacional do país ou a legalidade, o que busca impedir que alguém seja tolhido de
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um seus direitos básicos em nome de uma pretensa superioridade,
território independente, sob tutela, sem governo próprio, seja ela física, racial ou mesmo econômica.
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. A escravidão é o estado ou a condição a que é submetido
um ser humano, para utilização de sua força, em proveito
O texto declaratório está focado na igualdade, sob uma econômico de outrem.11
perspectiva de condenar a distinção, mas deixa a desejar pois Conforme ensina René Ariel Dotti12, em senso comum, a
não menciona mecanismos visando abolir ou reduzir algumas servidão implica numa relação de dependência de uma pessoa
formas de distinção, o que coube à pactos e convenções sobre outra que é o servo ou escravo. Sociologicamente, o
específicas. vocábulo é empregado para traduzir a relação de dependência
Proclamar esse primeiro, inviolável, direito, mãe de todos entre um grupo ou camada social sobre outra como ocorre na
os direitos humanos, abre-nos a uma perspectiva da aristocracia e que é submetida ao pagamento de tributos e a
humanidade como verdadeira fraternidade. Já alguém obrigação de prestar serviços.
recordou oportuna mente que os direitos humanos são muito
mais que uma realidade jurídica, enquanto refletem um ‘dever Artigo 5º
ser’, uma desafiadora prospectiva que a humanidade se impõe Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
para respeitar sua própria dignidade; para ser uma ou castigo cruel, desumano ou degradante.
humanidade não apenas hominizada, mas plenamente
humanizada.9 A proibição quanto à tortura, já vinha estabelecida no
Por sua vez, a Constituição Federal abriga a mesma Código de Hamurabi, em seu Art. 19: Desde já, ficam abolidos
veemente condenação, colocando homens e mulheres iguais ao açoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as mais
em direitos e obrigações, garantindo a liberdade religiosa, a penas cruéis.
convicção filosófica ou política, punindo severamente as Em seu livro Direitos Humanos – Conquistas e Desafios13,
práticas de racismo. o rabino Henry Sobel afirma que a tortura, um crime
inafiançável de acordo com a Constituição brasileira, continua
Artigo 3º a ser praticada pelos agentes do Estado, aviltando toda a
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à polícia. O espancamento, o choque elétrico e o pau-de-arara
segurança pessoal. são técnicas usadas rotineiramente para esclarecer crimes. O
tratamento nas prisões é cruel, desumano e degradante. As
Sem sombras de dúvida a vida é o bem mais precioso da condições nas penitenciárias e nas cadeias públicas do país são
pessoa humana, e assim sendo, recebeu lugar de destaque abomináveis.
entre os direitos à serem protegidos, tanto na DUDH, como em O conceito específico de tortura vem tratado na Convenção
todas as leis ao redor do mundo. Internacional contra a tortura e outros tratamentos ou penas
Nas palavras de José Afonso da Silva10, o direito à cruéis, desumanas ou degradantes, e no âmbito interno, está
existência consiste no direito de estar vivo, de lutar peio viver, regulamentado na Lei nº 9.455/1997, faz sua própria
de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de conceituação, baseada na convenção citada.
não ter interrompido o processo vital senão pela morte
espontânea e inevitável. Existir é o movimento espontâneo Artigo 6º
contrário ao estado morte. Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
A vida humana não é apenas um conjunto de elementos reconhecida como pessoa perante a lei.
materiais. Integram-na, outrossim, valores imateriais, como os
morais. A Constituição, mais que as outras, realçou o valor da O presente dispositivo traz como premissa reconhecer que
moral individual, tornando-a mesmo um bem indenizável (art. toda pessoa, todos os indivíduos, sem qualquer tipo de
5º - V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o distinção, devem ser tratados como pessoa humana, o que
bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida significa existir uma consideração implícita no sentido de que
humana como dimensão imaterial. todos, se refere à todas as pessoas.
A liberdade aparece em conjunto com o direito à vida, por Pode-se afirmar que ser considerado como pessoa é um
se tratar de pressuposto básico para que haja pressuposto no qual se amparam os legisladores e que é a base
desenvolvimento intelectual e material. Esta liberdade não para todos os outros direitos afirmados aqui.
pode ser vista como atributo da igualdade, mas trata-se de um Todo ser dotado de vida é indivíduo, isto é: algo que não se
direito essencial do indivíduo, formando o trio de direitos pode dividir, sob pena de deixar de ser. O homem é um
9 Dom Pedro Casaldáliga. Direitos Humanos: Conquistas e Desafios, Disponível 11 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em:
em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/2.html 12 DOTTI, René Ariel, Disponível em:
10 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/3.html 13 SOLBEL, Henry. Direitos Humanos – Conquistas e Desafios, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/5.html
Legislação Especial 45
APOSTILAS OPÇÃO
indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. (...) Por isso é que Este dispositivo reconhece a instituição do júri para
ela constitui a fonte primária de todos os outros bens julgamento dos crimes dolosos contra a vida, onde é possível
jurídicos14. assegurar a plena defesa, o sigilo das votações e a soberania
dos veredictos.
Artigo 7º A Declaração é expressa: assegura a qualquer pessoa
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem direito de audiência junto ao poder judiciário, que é
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm independente e imparcial, não só por torça da investidura de
direito a igual proteção contra qualquer discriminação que seus membros, na carreira, por concurso de títulos e provas,
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento mas também por pertencer a um poder que, pela Constituição,
a tal discriminação. não é subordinado a nenhum outro. A independência do juiz é
absoluta e mesmo na hierarquia judiciária ele não deve
Aqui nota-se que a princípio da igualdade foi novamente obediência a magistrados superiores. O seu julgamento deve
abordado, reafirmando-o, contudo em caráter mais específico, seguir exclusivamente o seu entendimento, de acordo com a
visando a proteção legal, tanto em face da própria sua consciência15.
discriminação, quanto em face à proteção contra qualquer tipo
de incitamento à qualquer discriminação. Artigo 11
§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o
Artigo 8º direito de ser presumida inocente até que a sua
Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
nacionais competentes recurso efetivo para os atos que julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas
violem os direitos fundamentais que lhe sejam todas as garantias necessárias à sua defesa.
reconhecidos pela constituição ou pela lei. § 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituam delito perante o
A características fundamental do presente dispositivo é a direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
busca para efetivar a prestação judicial, ou a aplicação da pena mais forte do que aquela que, no momento da prática,
justiça, em qualquer situação, principalmente quando houver era aplicável ao ato delituoso.
a ameaça a direito. A Constituição Federal abriga o presente
dispositivo e ainda reconhece, de forma subsidiaria, princípios Em um primeiro momento, este artigo da DUDH aborda o
que visam garantir seu efetivo cumprimento. princípio da presunção de não culpabilidade, situação em que
Importante ressaltar que a Constituição Federal, em seu o Estado deve comprovar a culpa do indivíduo, produzindo as
Art. 5º, assegura a todos o direito de obter a tutela provas necessárias para tal.
jurisdicional, trazendo mesmo uma proteção da justiça, e Conforme ensina Dotti16, a presunção de inocência é um
manifesta-se no sentido de que não se pode excluir da dos princípios relativos à prova e que incide no sistema de
apreciação do judiciário qualquer assunto, simples ou processo penal, salvo as exceções determinadas na lei (prisão
complexo, que a pessoa tenha necessidade de apreciação. provisória, busca e apreensão, violação do sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
Artigo 9º das comunicações telefônicas etc.).
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Diante deste dispositivo, percebe-se que o Estado
Democrático de Direito pressupõe a existência de interligação
Novamente o dispositivo declaratório invoca o princípio entre o princípio aqui estabelecido e os princípios do devido
da legalidade, enquanto instrumento abstrato de garantia, a processo legal, da ampla defesa e do contraditório.
fim de que qualquer comando jurídico que venha a impor um A segunda parte deste dispositivo consagra o princípio da
comportamento forçado deve se originar de regra geral, o que reserva legal e o princípio da anterioridade em matéria penal,
significa uma irrestrita submissão e respeito à lei. o que significa dizer que fixam a obrigatoriedade da existência
O princípio da reserva legal decorre deste dispositivo, prévia de lei restritiva, sendo que só assim será possível
tendo natureza concreta, circunscrevendo um comportamento considerar uma conduta como delituosa, e esta somente
pessoal que deve se pautar em cada um dos limites impostos poderá ser punida se houver estipulação prévia da punição
pela lei formal. cabível.
Aqui verifica-se que a intangibilidade física e a
incolumidade moral das pessoal está sujeita à custódia do Artigo 12
Estado, garantidas pelo presente dispositivo e reafirmadas Ninguém será sujeito a interferências na sua vida
internamente pelo inciso XLIX, do Art. 5º da Constituição privada, na de sua família, no seu lar ou na sua
Federal. correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação.
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
Artigo 10 interferências ou ataques.
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
audiência justa e pública por parte de um tribunal inde- Este artigo abriga o direito à inviolabilidade da vida
pendente e imparcial, para decidir de seus direitos e privada de cada indivíduo, o que inclui sua intimidade, a honra,
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal a reputação, sendo que este direito se estende à casa e à
contra ela. família, incluindo também o direito à proteção da lei contra
atos que possam, de alguma forma, violar essa garantia.
Mais uma vez a DUDH invoca o princípio da igualdade, José Afonso da Silva17 ensina que a vida privada, em última
agora combinado com a independência e à imparcialidade análise, integra a esfera íntima da pessoa, porque é repositório
perante à Justiça, visando garantir que decisões sejam de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do
emanadas por um tribunal, visando também impedir a indivíduo. A tutela constitucional visa proteger as pessoas de
existência de tribunal de exceção. dois atentados particulares:
14 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: 16 DOTTI, René Ariel, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/6.html. http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/11.html
15 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: 17 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/10.html, http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/12.html
Legislação Especial 46
APOSTILAS OPÇÃO
(a) ao segredo da vida privada; e § 2º O casamento não será válido senão com o livre e
(b) à liberdade da vida privada pleno consentimento dos nubentes.
§ 3º A família é o núcleo natural e fundamental da
Artigo 13 sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Esta-
§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção do.
e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, Aqui nota-se a reafirmação da proscrição à discriminação,
inclusive o próprio, e a este regressar. bem como a garantia da liberdade de expressão e a soberania
da manifestação da vontade, sendo que o direito ao casamento
Aqui trata-se do direito à liberdade de locomoção, ou o tão e à constituição de família deve ser plenamente garantido pelo
proclamado direito ou liberdade de ir e vir, preceito este que Estado.
afasta qualquer restrição à plena liberdade material da pessoa No direito pátrio, tais garantias estão estabelecidas no Art.
humana. 226 da Constituição Federal.
Neste direito estão compreendidos o direito de acesso, de
ingresso e de trânsito em todo o território nacional, incluindo Artigo 17
também o direito de permanência e saída do país, cabendo a § 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em
escolha apenas à conveniência pessoal. sociedade com outros.
É bastante claro que se trata de um preceito que deriva do § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua
princípio da liberdade, tratando de confirmar a natureza propriedade.
humana de movimentar-se ou deslocar-se de um lugar à outro,
garantindo assim, a permanência pelo tempo que desejar, O mundo ocidental sempre buscou mecanismos de
podendo estabelecer residência conforme sua vontade. proteger a propriedade, sendo esta bastante enaltecida pelas
sociedades capitalistas, mas também foi objeto de regramento
Artigo 14 em sociedades africanas e asiáticas. Desta forma, considerou-
§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito se a propriedade como um princípio essencial para o
de procurar e de gozar asilo em outros países. desenvolvimento da atividade humana, como resultado de seu
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de trabalho e de sua capacidade.
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito Em um primeiro momento, a propriedade era tratada
comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios como bem absoluto, permitindo que seu senhor praticasse
das Nações Unidas. quaisquer tipos de atos. Conforme a evolução e a necessidade
de proteção surgiram, passou-se a dar maior limitação à
Os preceitos aqui descritos podem ser conferidos, de forma propriedade. Atualmente o direito à propriedade, bem como o
genérica, no § 2º, do Art. 5º da Constituição Federal e direito de uso da mesma, está restringido principalmente pelo
complementadas pelo Art. 4º, X, também da Constituição princípio da função social, sendo que ao proprietário cabe o
Federal. uso e gozo de seu bem desde que de maneira que não cause
A intensão do legislador foi garantir o trânsito entre os distúrbios à coletividade.
países, voltado para aqueles que se encontram em situação
precária, dada a perseguição, seja ela política, militar ou Artigo 18
mesmo social. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
O próprio dispositivo traz a exceção no sentido de que não consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mu-
será considerado como perseguido aquele que cometeu crime, dar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
seja ele elencado na legislação comum ou crime contra os religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
Direitos Humanos, sendo que nesses casos, o autor do crime pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
deverá responder por eles. em particular.
Legislação Especial 47
APOSTILAS OPÇÃO
19MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em: 20MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/19.html, http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/20.html
Legislação Especial 48
APOSTILAS OPÇÃO
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou dos direitos que protegem todas as formas de uso de obras
outros casos de perda dos meios de subsistência em intelectuais, artísticas ou científicas.
circunstâncias fora de seu controle. Artigo 28
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e Toda pessoa tem direito a uma ordem social e
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Aqui tem-se que a efetiva realização dos direitos do
Trata-se de disposição de amplo aspecto e que enfrenta homem tem como precondição a existência de uma ordem
grandes obstáculos para sua implementação. O que se busca é social interna em cada país que reúna as condições essenciais
a garantia de todos os aspectos da vida do indivíduo e para isso para que possa ser reivindicado o respeito aos direitos
determina direito a um padrão de vida, o que seria o mínimo fundamentais da pessoa humana, e ainda, uma ordem
necessário para que se tenha uma vida digna. internacional de coexistência dos países entre si que assegure
O dispositivo especifica alguns direitos, contudo deve-se a cada um deles uma realidade em que se atenda ao pleno
salientar que em termos gerais, todos já foram tratados exercício dos direitos e das liberdades consagrados na
anteriormente. No direito pátrio, encontram-se positivados Declaração22.
nos artigos 6º a 9º e 226 a 230 da Constituição Federal. Os autores da DUDH, sabiamente percebem que a proteção
aos direitos estabelecidos nesta, pode ser frustrada se não
Artigo 26 houver, formalmente, um quadro interno e externo, em que
§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução seja possível cultuar o respeito aos direitos de cada indivíduo.
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A Artigo 29
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem § 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade,
como a instrução superior, esta baseada no mérito. em que o livre e pleno desenvolvimento de sua
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno personalidade é possível.
desenvolvimento da personalidade humana e do fortaleci- § 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda
mento do respeito pelos direitos humanos e pelas pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
paz. democrática.
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do § 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e
princípios das Nações Unidas.
A educação, enquanto direito fundamental da pessoa
humana, é algo que foi consolidado somente nos tempos Trata-se de fixar expressamente os deveres de cada
modernos e de forma bastante elitista e excludente, sendo que indivíduo para com a comunidade, numa forma de
na prática, não permitia o acesso das classes inferiores. contrapartida em face dos direitos anteriormente
Conforme ensina Cesare de Florio La Rocca21, a formulação assegurados.
adotada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos é, ao Nas palavras de DOTTI23, os indivíduos têm deveres para
mesmo tempo, genérica, abrangente e específica. Nela com a sua família e a sociedade onde vivem assim como são
aparecem claramente as dimensões instrução, da formação, titulares de direitos cujo reconhecimento e proteção não
da expansão. Poderíamos afirmar que o artigo 26 conseguiu dependem somente do Estado mas também de todos os
resumir em seu texto o objetivo fundamental da educação que cidadãos. Daí porque os deveres comunitários constituem um
é o de educar para a vida. E não apenas a vida do cotidiano, e caminho de dupla via.
sim desse, inserido de maneira dinâmica, construtiva e
participativa na própria caminhada existencial do gênero Artigo 30
humano. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
Artigo 27 grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade
§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente ou praticar qualquer ato destinado à destruição de
da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
participar do progresso científico e de seus benefícios.
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses Este último dispositivo, que fecha a DUDH, busca manter
morais e materiais decorrentes de qualquer produção aberta as possibilidades de concretizar outros valores que
científica, literária ou artística da qual seja autor. possam estar presentes no discurso jurídico politicamente
utilizável.
Este dispositivo apresenta dois preceitos básicos, sendo Em termos de técnica legislativa, inova, se confrontada
que o primeiro está voltado para a garantia do direito de com textos constitucionais nacionais e normas internacionais.
participação na vida cultural, incluindo as artes e processos E justamente porque abandonou o esquema de democracia
científicos. Já o segundo preceito refere-se à garantia dos formal: proclamar direitos e remeter, para um possível
interesses morais, tido como subjetivos, e materiais, objetivos, interior do próprio texto (Constituição ou Tratado), ou para
relativos à produção cultural. princípios existentes em dado sistema legal, o conteúdo do
Trata-se de direito bastante recente. O direito à direito apontado mas não definido24.
propriedade imaterial é manifestado com o reconhecimento
21 LA ROCCA, Cesare de Florio. Declaração Universal dos Direitos Humanos da 23 DOTTI, René Ariel, Disponível em:
ONU – Artigos Comentados, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/29.html
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/orocca.html. 24 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados,
22 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/pinaude.html
Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/lavenere.html
Legislação Especial 49
APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Especial 50
LEGISLAÇÃO ESTADUAL
APOSTILAS OPÇÃO
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Legislação Estadual 1
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 7º O consumidor tem direito à proteção do Estado. i) educação, cultura, ensino e desportos;
Parágrafo único. A proteção ao consumidor se fará (far-se- j) criação, funcionamento e processo do juizado de
á), dentre outras medidas criadas em lei, através de: pequenas causas;
I - gratuidade de assistência jurídica independentemente l) procedimentos em matéria processual;
da situação social e econômica do reclamante; m) previdência social, proteção e defesa da saúde;
II - criação de organismos para a defesa do consumidor no n) assistência jurídica e defensoria pública;
âmbito dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o) proteção e integração social das pessoas portadoras de
III - legislação punitiva à propaganda enganosa, ao atraso deficiências;
na entrega de mercadorias e ao abuso na fixação de preços; p) proteção à infância e à juventude;
IV - responsabilidade dos comerciantes pela garantia dos q) organização, garantias, direitos e deveres da Polícia
produtos que comercializam. Civil;
II - em comum com a União e os Municípios:
Art. 8º É gratuita, para os reconhecidamente pobres, na a) zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
forma da lei, além dos atos previstos no art. 5º, LXXVI, da instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
Constituição Federal, a expedição de cédula de identidade. b) cuidar da saúde e assistência públicas, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiências;
Art. 9º Veda-se ao Estado: c) proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
ou embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou notáveis e os sítios arqueológicos;
seus representantes relações de dependência ou aliança, d) impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
II - recusar fé aos documentos públicos; cultural;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre e) proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e
estes; à ciência;
IV - renunciar à receita e conceder isenções e anistias f) proteger o meio ambiente e combater a poluição em
fiscais, sem interesse público devidamente justificado; qualquer de suas formas;
V - manter delegacias ou quaisquer órgãos com função de g) preservar as florestas, a fauna e a flora;
policiamento ideológico ou político. h) fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar;
TÍTULO III i) promover programas de construção de moradias e
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
CAPÍTULO I j) combater as causas da pobreza e os fatores de
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO marginalização, promovendo a integração social dos setores
Seção I desfavorecidos;
Disposições Gerais l) registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
Art. 10. São poderes do Estado, independentes e minerais em seus territórios;
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. m) estabelecer e implementar política de educação para a
segurança do trânsito.
Art. 11. São símbolos do Estado a bandeira, o hino e o § 1º No domínio da legislação concorrente, o Estado
brasão. exercerá a competência legislativa suplementar.
§ 2º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Estado
Art. 12. A cidade de Teresina é a Capital do Estado. exercerá a competência legislativa plena para atender-lhe as
peculiaridades.
Seção II § 3º -A superveniência de lei federal sobre normas gerais
Da Competência do Estado suspenderá a eficácia da lei estadual, no que esta lhe for
contrária.
Art. 13. O Estado exercerá as competências que não lhe
sejam vedadas pela Constituição Federal. Art. 15. O Estado poderá celebrar convênios com a União,
Parágrafo único. Cabe ao Estado explorar diretamente, ou com outros Estados, com Municípios, com repartições ou
mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na órgãos da administração indireta, inclusive fundacional, para
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua execução de suas leis, serviços ou decisões, por servidores
regulamentação. federais, estaduais ou municipais.
Parágrafo único. Os convênios somente se completam com
Art. 14. Compete, ainda, ao Estado: a sua aprovação pela Assembleia Legislativa.
I - concorrentemente com a União, legislar sobre:
a) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e Art. 16. O Estado poderá legislar sobre questões
urbanístico; específicas da competência legislativa privativa da União, na
b) orçamento; forma da lei complementar federal.
c) juntas comerciais;
d) custas dos serviços forenses; Seção III
e) produção e consumo; Dos Bens do Estado
f) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio Art. 17. Incluem-se entre os bens do Estado:
ambiente e controle da poluição; I - os direitos e rendimentos da exploração de atividades
g) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, econômicas e da execução de serviços de sua competência;
turístico e paisagístico; II - as águas superficiais ou subterrâneas fluentes,
h) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao emergentes e em depósito, salvo, neste caso, as decorrentes de
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, obras da União;
histórico, turístico e paisagístico;
Legislação Estadual 2
APOSTILAS OPÇÃO
III - as ilhas fluviais e os rios não pertencentes à União, da Constituição Federal, no caso de Municípios com mais de
localizados em seu território; duzentos mil eleitores;
IV - as áreas, nas ilhas costeiras, que estiverem no seu III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios do ano subsequente ao da eleição;
ou terceiros; IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
V - as terras devolutas, ressalvadas as que estiverem no observado o limite máximo de:
domínio da União, definidas em lei federal; a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
VI - o imóvel abandonado e arrecadado como vago, dez (quinze mil) habitantes;
anos depois, quando se tratar de imóvel rural, ou três anos b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
depois, quando se tratar de imóvel urbano; (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
VII - as sobras de terra apuradas em ação de divisão; c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
VIII - os bens do evento arrecadados na forma da lei; 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
IX - os objetos perdidos pelo criminoso condenado pela habitantes;
justiça estadual; d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
X - os que assim forem declarados em lei. 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil)
habitantes;
Art. 18. A alienação de bens imóveis do Estado e de suas e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
entidades da administração indireta dependerá: 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte
I - sempre de avaliação; mil) habitantes;
II - de autorização legislativa, quando o imóvel for do f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
Estado, de suas autarquias ou fundações públicas; e 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento
III - de licitação na modalidade prevista em lei nacional, sessenta mil) habitantes;
dispensada essa quando a alienação se destinar a g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
assentamento de fins sociais, regularização fundiária ou a 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
entidade da Administração Pública de qualquer esfera (trezentos mil) habitantes;
federativa. h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Os bens imóveis do Estado e de suas entidades da 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
Administração indireta não podem ser objeto de doação ou de (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
utilização gratuita por terceiros, salvo nos casos de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
assentamento de fins sociais, regularização fundiária ou se o 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até
beneficiário for órgão ou entidade da Administração Pública, 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
de qualquer esfera federativa, sempre mediante autorização j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
legislativa, na forma prevista no inciso II do caput. 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
§ 2° É proibida a alienação de bens imóveis pertencentes (setecentos cinquenta mil) habitantes;
ao patrimônio estadual e de suas entidades da administração k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
autárquica e fundacional no período de cento e oitenta dias 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até
que precede a posse do Governador. 900.000 (novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
CAPÍTULO II 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
DA ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL milhão e cinquenta mil) habitantes;
Seção I m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
Disposições Gerais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
Art. 19. O Município goza de autonomia política, n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
administrativa e financeira, nos termos assegurados pela de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até
Constituição Federal, por esta Constituição e pelas leis que 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
adotar. o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
Parágrafo único. A competência para intervir nos 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes
municípios é exclusivamente prevista no art. 36, observado o e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
procedimento previsto no art. 37, sendo vedado o bloqueio da p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
movimentação das contas bancárias dos órgãos, entidades, de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até
pessoas e fundos sujeitos a jurisdição, ressalvada a 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
competência exclusiva do Poder Judiciário.” q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
Art. 20. São Poderes dos Municípios, independentes e 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
harmônicos entre si o Legislativo e o Executivo. r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de
Art. 21. Rege-se o Município por lei orgânica, votada em até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
Constituição Federal, nesta Constituição, e os seguintes t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
preceitos: de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
simultâneo realizado em todo o país; mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no 6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000
(sete milhões) de habitantes;
Legislação Estadual 3
APOSTILAS OPÇÃO
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população
mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões)
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e de habitantes;
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes.” Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários um) habitantes.
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto
III, e 153, § 2º, I, da Constituição Federal; com o subsídio de seus Vereadores.
VI - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Municipal.
Município; I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste
VII - proibição e incompatibilidade, no exercício da artigo;
vereança, similares, no que couber, ao disposto na II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
Constituição Federal para os membros do Congresso Nacional, III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei
e, nesta Constituição, para os membros da Assembleia Orçamentária.
Legislativa; § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
VIII - julgamento do Prefeito, do Vice-Prefeito e do Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste artigo.
Vereador perante o Tribunal de Justiça;
IX - organização das funções legislativas e fiscalização da Art. 22. Compete aos Municípios:
Câmara Municipal; I - legislar sobre assuntos de interesse local;
X - cooperação das associações representativas, no II - suplementar a legislação federal e a estadual no que
planejamento municipal; couber;
XI - iniciativa popular de projetos de lei de interesse III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de bem como aplicar sua rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado, de prestar contas, publicar balancetes e os relatórios e
nos termos da lei; demonstrativos da LRF, nos prazos fixados em lei;
XII - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
parágrafo único, da Constituição Federal; legislação estadual;
XIII - O subsídio dos Vereadores será fixado pelas V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei essencial;
Orgânica e os seguintes limites máximos: VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio e do Estado, programas de educação infantil e de ensino
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do fundamental;
subsídio dos Deputados Estaduais; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá população;
a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá parcelamento e da ocupação do solo urbano;
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil local, observadas a legislação e a ação fiscalizadora federal e
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá estadual;
a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; X - exercitar as competências previstas no art. 23 da
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil Constituição Federal, em comum com o Estado e a União.
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Art. 23. No ato de posse, o Prefeito, o Vice-Prefeito e os
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o Vereadores declararão os seus bens e de seus cônjuges e quais
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e as entidades jurídicas de que são diretores.
cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais.
Art. 24. O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse e
Art. 21-A. O total da despesa do Poder Legislativo prestarão compromisso perante a Câmara Municipal.
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos Parágrafo único. Se, decorridos de dez dias da data fixada
os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes para a posse, o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo motivo de
percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e vago pelo Presidente da Câmara Municipal.
159, da Constituição Federal, efetivamente realizado no
exercício anterior: Art. 25. Substituirá o Prefeito, no caso de impedimento, e
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de lhe sucederá, no de vaga, o Vice-Prefeito.
até 100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população Art. 26. Em caso de impedimento do Prefeito e do Vice-
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; Prefeito, ou vacância dos respectivos cargos, será chamado ao
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população exercício da chefia do Poder Executivo o Presidente da Câmara
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) Municipal.
habitantes; § 1º Vagando os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, far-se-á
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para eleição, noventa dias depois de aberta a última vaga.
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e
um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
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§ 2º Ocorrendo a vacância no último ano do mandato, a ou zona da área a ser desmembrada, assegurado a cada uma
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da das unidades o direito de permanecer no Município tronco.
última vaga, pela Câmara Municipal na forma da lei. § 1º Não será criado Município quando sua constituição
§ 3º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão inviabilizar o Município tronco.
complementar o período do mandato de seus antecessores. § 2º A lei de criação do Município deverá ser aprovada por
dois terços dos Deputados.
Art. 27. No período de noventa dias antes da posse do § 3º O novo Município, durante o período de cinco anos,
Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores eleitos, serão nulos os atos não poderá gastar mais de cinquenta por cento das receitas
administrativos que impliquem: orçamentárias com pessoal.
I - realização de operações que resultem no endividamento § 4º Lei complementar disporá sobre os requisitos,
do Município; condições e processo para a criação, incorporação, fusão e
II - reajuste de salários e vencimentos do funcionalismo desmembramento de Municípios.
público municipal; § 5º O topônimo pode ser alterado em lei estadual,
III - admissão, a qualquer título, contratação, demissão, verificado o seguinte:
promoção ou remanejamento de servidor público. I) resolução da Câmara Municipal, aprovado por, no
mínimo, dois terços de seus membros;
Art. 27-A. A alienação de bens imóveis dos Municípios e de II) aprovação da população interessada, em plebiscito, com
suas entidades da administração indireta dependerá manifestação favorável da maioria absoluta de seus eleitores
I - sempre de avaliação; votantes.
II - de autorização legislativa, quando o imóvel for do
Município, de suas autarquias ou fundações públicas; e Seção II
III - de licitação na modalidade prevista em lei nacional, Da Remuneração do Prefeito, Vice-Prefeito e do
dispensada essa quando a alienação se destinar a Vereador
assentamento de fins sociais ou o adquirente for pessoa
constante deste artigo. Art. 31. Os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
§ 1º Os bens imóveis do Município ou de suas entidades da Secretários Municipais serão fixados por lei de iniciativa da
administração indireta não podem ser objeto de doação ou de Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
utilização gratuita por terceiros, salvo nos casos de § 4º, 150, II, 153, III e 153, § 2º, I, da Constituição Federal e esta
assentamento de fins sociais ou se o beneficiário for órgão ou Constituição.
entidade da administração pública, de qualquer esfera § 1º O período para a fixação do subsídio do Prefeito, do
federativa, sempre mediante autorização legislativa, na forma Vice -Prefeito e do Vereador (encerrar-se-á) quinze dias antes
prevista no inciso II do caput. das respectivas eleições municipais.
§ 2° É proibida a alienação de bens imóveis pertencentes § 2º O reajuste do subsídio do Prefeito, do Vice-Prefeito,
ao patrimônio municipal e de suas entidades da administração dos Secretários Municipais e dos Vereadores dar-se-á
autárquica e fundacional no período de cento e oitenta dias concomitantemente ao reajuste dos servidores públicos
que precede a posse do Prefeito. municipais e com índices nunca superiores aos destes.
§ 3º REVOGADO.
Art. 28. Os Municípios publicarão, em seu órgão de
imprensa, dentro de dez dias, a partir da ultimação do ato Seção III
respectivo: Do Orçamento e da Fiscalização
I - as leis; Art. 32. A fiscalização do Município é exercida pela Câmara
II - os decretos regulamentares; Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de
III - os avisos de editais de concurso público e licitação; controle interno do Poder Executivo, na forma da lei.
IV - os extratos dos atos de nomeação, admissão, § 1º O controle externo é exercido com o auxílio do
contratação, promoção, exoneração, demissão e Tribunal de Contas do Estado que, de posse dos balancetes
aposentadoria de seu pessoal, sob pena de nulidade absoluta. mensais e do balanço geral do Município, emitirá parecer
Parágrafo único. No município onde não houver órgão de prévio sobre as contas do Prefeito Municipal, noventa dias a
imprensa oficial, a publicação dos atos referidos neste artigo e contar do recebimento do balanço geral.
no art. 22 será feita no Diário Oficial dos Municípios, órgão de § 2º Somente por deliberação de dois terços dos membros
publicação dos atos municipais, instituído e oficializado por da Câmara Municipal, não prevalecerá o parecer prévio do
legislação municipal especifica dos referidos entes federativos. Tribunal de Contas.
Art. 29. A lei assegurará aos Municípios ampla assistência Art. 33. O Prefeito e as entidades da administração
técnico-financeira por parte do Estado. indireta municipal, objetivando a efetivação do controle
externo, enviarão ao Tribunal de Contas do Estado e a Câmara
Art. 30. A criação, a incorporação, a fusão e o Municipal:
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, I - o orçamento do exercício em vigor, até o dia 15 de
dentro do período determinado por Lei Complementar janeiro;
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, II - os balancetes mensais, até sessenta dias do mês
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos subsequente ao vencido, acompanhados de cópias dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados comprovantes de despesas;
na forma da lei federal: III - o plano plurianual e o plano diretor, se houver,
I - ter a área territorial a ser desmembrada uma população decorridos sessenta dias de sua aprovação;
mínima de quatro mil habitantes; IV - o balanço geral do Município, até noventa dias após o
II - contar a futura sede do Município com um mínimo de encerramento do exercício.
cem unidades residenciais, mercado público, cemitério e
templo religioso; Art. 34. Os projetos de lei que estabeleçam o plano
III - haver consulta prévia, através de plebiscito, às plurianual, os orçamentos anuais e a lei de diretrizes
populações interessadas, separadamente, por povoado, data orçamentárias, caso não sejam apreciados no prazo de
quarenta e cinco dias, são incluídos automaticamente na
Legislação Estadual 5
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Ordem do Dia, para discussão e votação, vedado à Câmara intervenção, comunicando o ato à Assembleia Legislativa no
Municipal o encerramento da sessão legislativa, enquanto não prazo e condições do inciso anterior.
os apreciar. § 1º - O decreto de intervenção nomeará o interventor,
Parágrafo único. No caso de o Prefeito não enviar ao especificará o prazo de vigência, não superior a cento e vinte
Legislativo Municipal, no prazo legal, os projetos de lei do dias, e as condições de execução dos objetivos da medida
orçamento, do plano plurianual e das diretrizes externa.
orçamentárias, a Câmara adotará a lei orçamentária em vigor § 2º O interventor prestará contas de sua administração à
como proposta, introduzindo-lhe as necessárias alterações e Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas nas mesmas
elaborando, a partir daí, novo orçamento e, quando cabível, o condições estabelecidas para o Prefeito.
plano plurianual. § 3º Cessados os motivos da intervenção ou findo o prazo
legal, a autoridade afastada reassumirá suas funções, salvo a
Art. 35. As contas do Município devem permanecer, hipótese de impedimento legal.
anualmente, durante sessenta dias a partir da remessa ao
Tribunal de Contas, na sede da Câmara Municipal, do Fórum CAPÍTULO IV
ou em local indicado pela Lei Orgânica do Município, à DAS REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES
disposição de qualquer contribuinte, partido político, URBANAS E MICRORREGIÕES
associação ou sindicato, para exame e apreciação, podendo
questionar-se a sua legitimidade, nos termos da lei, perante a Art. 38. O Estado poderá instituir, mediante lei
Câmara Municipal, o Tribunal de Contas ou o Ministério complementar, regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
Público. e microrregiões, constituídas de agrupamentos de Municípios
§ 1º Os balancetes mensais, à proporção que forem limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
elaborados, ficarão trinta dias à disposição do público, para os execução de serviços públicos de interesse comum,
fins previstos neste artigo. adequando-as às diretrizes de desenvolvimento do Estado.
§ 2º Do balanço geral do Município deve constar Parágrafo único. A lei complementar disporá sobre as
obrigatoriamente: questões públicas de interesse comum e indicará ou criará os
I - declaração de imposto de renda do Prefeito e do cônjuge, órgãos e as entidades de apoio técnico nelas envolvidas.
bem assim de pessoa jurídica da qual seja diretor;
II - relação discriminada, com localização das obras CAPÍTULO V
realizadas no exercício, da aquisição de equipamentos, DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
veículos, máquinas, motores e do material permanente, com Seção I
respectivos valores. Disposições Gerais
§ 3º No caso de o Prefeito não apresentar, na forma da lei
e nos prazos do artigo anterior, a prestação de contas do Art. 39. A administração pública direta e indireta de
exercício, a Câmara Municipal procederá à tomada de contas, qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerá
podendo, por decisão do Presidente ou por deliberação da aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
maioria de seus membros, solicitar ao Tribunal de Contas a publicidade e eficiência.
designação de auditoria para, em caráter especial, assisti-la em
todo o processo de tomada de contas, e a Câmara dará, em Art. 40. As licitações para obras, serviços, compras e
qualquer caso, ciência dos resultados à citada Corte. alienação de bens, promovidas pela administração direta,
indireta ou fundacional do Estado e dos Municípios,
CAPÍTULO III observarão, sob pena de nulidade, os princípios de isonomia,
DA INTERVENÇÃO NO MUNICÍPIO publicidade e probidade administrativa e as normas gerais e
específicas, fixadas em lei que regem os contratos com a
Art. 36. O estado não intervirá no Município, exceto administração pública.
quando: § 1° Os Avisos de Licitação, os Relatórios de Gestão Fiscal,
I- deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária, a Lei
anos consecutivos, a dívida fundada; Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; Plano Plurianual e demais documentos de publicação
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita obrigatória previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas e na Lei nº 101, de 04 de maio de 2000, de responsabilidade da
ações e serviços públicos de saúde; administração pública estadual e municipal, acompanhados de
IV - o Tribunal de Justiça der provimento à representação seus respectivos anexos, serão publicados na imprensa escrita
do Procurador-Geral de Justiça, para assegurar a observância em Diário Oficial do Estado ou do próprio Município, na forma
dos princípios indicados nesta Constituição ou para prover a prevista no art. 28, com exemplares das edições diárias
execução de lei, ordem ou decisão judicial. sequencialmente numeradas, por medida de segurança,
enviados ao Arquivo Público do Piauí, imediatamente após a
Art. 37. A intervenção no Município dar-se-á por decreto sua circulação, para fins de guarda e arquivamento Ad
do Governador, observado o seguinte procedimento: Perpetuam in Memoriam.
I - nas hipóteses dos incisos I, II e III do artigo anterior, a § 2º Mediante requisição de autoridade competente ou
denúncia será apresentada à Câmara de Vereadores ou ao sempre que formalmente solicitado por parte interessada,
Tribunal de Contas por autoridade pública ou por qualquer para fins de instrução de processo administrativo ou judicial,
cidadão, para comprovação da ilegalidade; comprovação de direitos ou apuração de responsabilidades, o
II - decretada a intervenção por ato motivado, no prazo de Arquivo Público fornecerá certidão de inteiro teor da
vinte e quatro horas, o Governador submeterá a medida à publicação dos documentos acima mencionados ou de
Assembleia Legislativa que, se estiver em recesso, será quaisquer outros sob sua guarda, podendo, para tanto, efetuar
convocada extraordinariamente para apreciar a medida; a cobrança de taxas de expediente a serem regulamentadas em
III - na hipótese do inciso IV, do art. 36, recebida a ato do Poder Executivo Estadual.
solicitação do Tribunal de Justiça, o Governador, se não puder § 3° É vedada, no âmbito da administração pública, sob
determinar a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial, pena de nulidade absoluta, a contratação de obras e serviços
expedirá em até quarenta e oito horas, o decreto de sem a prévia aprovação do projeto respectivo pela autoridade
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competente e a indicação das disponibilidades orçamentárias fundacional do Estado e Municípios terão um terço de seus
e financeiras. cargos preenchidos, obrigatoriamente, por servidores de
carreira do órgão considerado.
Art. 41. Somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de Art. 49. A administração fazendária e seus servidores
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua precedência sobre os demais setores administrativos, na
atuação. forma da lei.
Art. 42. A publicidade de atos, programas, obras, serviços § 1º As administrações tributárias do Estado e dos
e campanhas dos órgãos públicos têm caráter educativo, Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar exercidas por servidores de carreiras específicas, terão
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção recursos prioritários para a realização de suas atividades e
pessoal de autoridades ou servidores públicos. atuarão de forma integrada, inclusive com o
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais,
Art. 43. Qualquer pessoa pode levar ao conhecimento da inclusive na União, na forma da lei ou convênio.
autoridade competente a irregularidade ou ilegalidade de que § 2º O cargo de Agente Fiscal de Tributos Estaduais, ou
tomar conhecimento, imputável a qualquer agente público, aquele em que vier a ser transformado, é privativo de portador
competindo ao servidor ou empregado fazê-lo perante seu de curso superior, organizado em carreira e com provimento
superior hierárquico, que responderá, penalmente, pela inicial mediante concurso público de provas.
omissão.
§ 1º Os atos de improbidade administrativa importarão na Art. 50. Toda movimentação funcional do servidor público
suspensão dos direitos políticos, na perda da função pública, será motivada por escrito pela autoridade competente, sob
na indisponibilidade dos bens e no ressarcimento ao erário, na pena de nulidade.
forma da lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 1º É vedada a lotação de servidor público em órgão ou
§ 2º Mediante requisição de autoridade competente ou função não compatível com sua formação técnica ou científica.
sempre que formalmente solicitado por parte interessada, § 2º REVOGADO
para fins de instrução de processo administrativo ou judicial,
comprovação de direitos ou apuração de responsabilidades, o Art. 51. O servidor público, estadual ou municipal, não
Arquivo Público fornecerá certidão de inteiro teor da poderá perceber remuneração inferior ao salário mínimo
publicação dos documentos acima mencionados ou de estabelecido nacionalmente.
quaisquer outros sob sua guarda, podendo, para tanto, efetuar
a cobrança de taxas de expediente a serem regulamentadas em Art. 52. Ao servidor público da administração direta,
ato do Poder Executivo Estadual. autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as disposições do art. 38, da Constituição Federal.
Art. 44. As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão Seção II
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a Dos Servidores Públicos
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa. Art. 53. O Estado e os Municípios instituirão conselho de
política de administração e remuneração de pessoal, integrado
Art. 45. Nos casos de calamidade pública, previamente por servidores designados pelos respectivos Poderes.
declarada, o Poder Público poderá requisitar, por tempo § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
determinado, o uso e ocupação de bens e serviços privados, componentes do sistema remuneratório observará:
respondendo pelos danos e custas decorrentes. I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
dos cargos componentes de cada carreira;
Art. 46. A lei disciplinará as formas de participação do II - os requisitos para a investidura;
usuário na administração pública direta e indireta, regulando III - as peculiaridades dos cargos.
especialmente: § 2º O Estado manterá escolas de governo para formação e
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou
interna, da qualidade dos serviços; contratos entre os entes federados.
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a § 3º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
informações sobre atos de governo, observado o disposto no Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados
art. 5º, X e XXXIII, da Constituição Federal; exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado
III - a disciplina da representação contra o exercício o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na prêmio, verba de representação ou outra espécie
administração pública. remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
art. 37, X e XI, da Constituição Federal.
Art. 47. Os conselhos, associações e entidades de classe de § 4º Lei do Estado e dos Municípios poderá estabelecer a
âmbito regional devem participarão da organização de relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores
concurso público envolvendo conhecimentos técnicos das públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37,
respectivas categorias. XI, da Constituição Federal.
§ 5º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
Art. 48. É assegurada a participação de funcionários e publicarão anualmente os valores do subsídio e da
servidores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus remuneração dos cargos e empregos públicos.
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de § 6º Lei do Estado e dos Municípios disciplinará a aplicação
discussão e deliberação. de recursos orçamentários provenientes da economia com
Parágrafo único - Sem prejuízo do disposto neste artigo, os despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
órgãos diretivos superiores da administração indireta ou aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
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§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para situações especiais dos militares do Estado, consideradas as
o cálculo do benefício previsto no § 3º, deste artigo, serão peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
devidamente atualizados, na forma da lei. cumpridas por força de compromissos internacionais.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de § 11. Aplicam-se aos militares do Estado, além do que vier
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, §
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal, cabendo a
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, §
art. 201, da Constituição Federal, com percentual igual ao 3º, inciso X, da Constituição Federal.
estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. § 12. Aos pensionistas dos militares do Estado, aplica-se o
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha que for fixado em lei específica.
complementado as exigências para aposentadoria voluntária,
estabelecida no § 1º, III, a, deste artigo e que opte por TÍTULO IV
permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até CAPÍTULO I
completar as exigências para aposentadoria compulsória DO PODER LEGISLATIVO
contida no § 1º, II. Seção I
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime Disposições Preliminares
próprio de previdência social para os servidores titulares de
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do Art. 59. O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto Legislativa, constituída de Deputados eleitos na forma da lei.
no art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal. §1º O número de Deputados à Assembleia Legislativa será
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá o triplo da representação federal na Câmara dos Deputados;
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de alcançado o número de trinta e seis, será este acrescido de
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido tantos quanto forem os Deputados Federais acima de doze.
para os benefícios do regime geral de previdência social de que § 2º Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
trata o art. 201, da Constituição Federal, quando o beneficiário, § 3º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
na forma da lei, for portador de doença incapacitante. de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no
máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em
Art. 58. Os membros da Polícia Militar e do Corpo de espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem
Bombeiros Militar, instituições organizadas com base na os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da
hierarquia e disciplina, são militares do Estado. Constituição Federal.
§ 1º As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
elas inerentes são asseguradas em plenitude aos oficiais da Art. 60. As deliberações da Assembleia Legislativa e de
ativa, da reserva ou reformados, da Polícia Militar e do Corpo suas Comissões serão tomadas por maioria de votos, presente
de Bombeiros Militar do Estado, sendo-lhes privativos os a maioria absoluta dos respectivos membros, salvo disposição
títulos, postos e uniformes militares. constitucional ou regimental em contrário.
§ 2º As patentes dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado são conferidas pelo Seção II
Governador. Das Atribuições da Assembleia Legislativa
§ 3º O militar do Estado em atividade que aceitar cargo ou
emprego público civil permanente será transferido para a Art. 61. Cabe à Assembleia Legislativa, com a sanção do
reserva, nos termos da lei. Governador, e ressalvados os casos de sua competência
§ 4º O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou exclusiva, legislar especialmente sobre:
função temporária, não eletiva, ainda que da administração I - sistema tributário, arrecadação, distribuição e aplicação
indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente de rendas;
poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento,
por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas operações de crédito e dívida pública;
para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo III - planos e programas regionais e setoriais de
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, desenvolvimento;
transferido para a inatividade. IV - bens do domínio do Estado;
§ 5º Ao militar do Estado são vedadas a sindicalização e a V - organização e divisão judiciária;
greve. VI - organização do Ministério Público, Procuradoria-Geral
§ 6º O militar do Estado, enquanto em efetivo serviço, não do Estado e Defensoria Pública;
pode estar filiado a partido político. VII - organização do Tribunal de Contas;
§ 7º -O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado VIII - criação, transformação e extinção de cargos,
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão do empregos e funções públicas e fixação de remuneração e
Tribunal de Justiça, em tempo de paz, ou de tribunal especial, subsídio;
em tempo de guerra. IX - organização e fixação dos efetivos da Polícia Militar e
§ 8º O oficial condenado na justiça comum ou militar a do Corpo de Bombeiros Militar;
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença X - Polícia Civil;
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto XI - aquisição onerosa e alienação de bens imóveis do
no parágrafo anterior. Estado;
§ 9º Aplica-se aos militares do Estado o disposto no art. 57, XII - criação, incorporação, fusão e desmembramento de
§ 9º, desta Constituição e no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e Municípios;
XXV e no art. 37, XI, XIII, XIV e XV, da Constituição Federal. XIII - normas gerais sobre alienação, cessão, permuta,
§ 10. Lei estadual de iniciativa do Governador disporá arrendamento ou aquisição de bens públicos.
sobre o ingresso na Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, os XIV - criação e extinção de Secretarias e órgãos da
limites de idade, a estabilidade e outras condições de administração pública.
transferência do militar do Estado para a inatividade, os
direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras
Legislação Estadual 10
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 62. Compete à Assembleia Legislativa, mediante § 2º A Mesa da Assembleia Legislativa e qualquer das suas
proposta do Tribunal de Justiça: Comissões poderão encaminhar pedidos escritos e com
I - criação e extinção de cargos e fixação de subsídio dos especificação de informações aos Secretários de Estado ou
membros do Tribunal de Justiça e juízes, bem como a Diretores-Presidentes de órgãos da administração indireta,
remuneração dos servidores do Poder Judiciário; importando em crime de responsabilidade a recusa ou não
II - alteração da organização e da divisão judiciária. atendimento do solicitado, no prazo estabelecido, bem como a
prestação de informações inverídicas.
Art. 63. Compete, privativamente, à Assembleia
Legislativa: Seção III
I - autorizar o Governador e o Vice-Governador a se Dos Deputados Estaduais
ausentarem do País e do Estado, quando a ausência, neste
último caso, exceder de quinze dias; Art. 65. Os Deputados Estaduais são invioláveis, civil e
II - sustar os atos normativos do Poder Executivo que penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
excedam os limites do Poder regulamentar, bem como a § 1º Os Deputados Estaduais, desde a expedição do
intervenção em Município ou ato de nomeação do interventor; diploma, serão submetidos a julgamento perante o Tribunal de
III - fixar, por lei de sua iniciativa, os subsídios do Justiça.
Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado, § 2º Desde a expedição do diploma, os membros da
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, Assembleia Legislativa não poderão ser presos, salvo em
III e 153, § 2º, I, da Constituição Federal; flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
IV - julgar, anualmente, as contas do Governador e apreciar remetidos dentro de vinte e quatro horas à Assembleia
os relatórios sobre a execução dos planos de governo; Legislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
V - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, resolva sobre a prisão.
inclusive os da administração indireta; § 3º Recebida a denúncia contra o Deputado Estadual, por
VI - aprovar, após arguição pública, em votação secreta, crime ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça dará
por maioria absoluta, a escolha dos membros do Tribunal de ciência à Assembleia Legislativa, que, por iniciativa de partido
Contas do Estado que forem indicadas pelo Governador; político nela representado e pelo voto da maioria de seus
VII - escolher quatro membros do Tribunal de Contas do membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da
Estado, por votação secreta e após arguição pública. ação.
VIII - aprovar a escolha dos presidentes das entidades da § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Assembleia
administração indireta que operem nos setores de Legislativa no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do
saneamento básico; seu recebimento pela Mesa Diretora.
IX - ordenar a sustação de contratos impugnados pelo § 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
Tribunal de Contas do Estado; enquanto durar o mandato.
X - julgar as contas anualmente prestadas pelo Tribunal de § 6º Os Deputados Estaduais não serão obrigados a
Contas do Estado, realizando periodicamente inspeções e testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em
auditorias. razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
XI - destituir o Procurador-Geral de Justiça, na forma da lei confiaram ou dele receberam informações.
complementar respectiva; § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados
XII - autorizar referendo e plebiscito; Estaduais, embora militares e ainda que em tempo de guerra,
XIII - processar e julgar o Governador nos crimes de dependerá de prévia licença da Assembleia Legislativa.
responsabilidade e os Secretários de Estado e o Procurador- § 8º As imunidades de Deputados Estaduais subsistirão
Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado e o Procurador- durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante
Geral da Defensoria Pública (Defensor Público Geral), nos o voto de dois terços dos membros da Assembleia Legislativa,
crimes da mesma natureza, conexos com aqueles; nos casos de atos praticados fora do recinto desta, que sejam
XIV - eleger sua Mesa Diretora; incompatíveis com a execução da medida.
XV - elaborar e votar o seu Regimento Interno;
XVI - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, Art. 66. Os deputados não podem:
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e I - desde a expedição do diploma:
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da a) firmar contrato com pessoas jurídicas de direito público,
respectiva remuneração, observados os parâmetros autarquia, empresa pública, fundação pública, sociedade de
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; economia mista ou empresa concessionária de serviço público,
XVII - criar comissões de inquérito; salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
XVIII - REVOGADO; b) aceitar o exercício de cargo, emprego ou função, mesmo
XIX - organizar os serviços jurídicos da Assembleia de confiança, nas entidades mencionadas na alínea anterior;
Legislativa, nos termos da lei; II - desde a posse:
XX - pedir intervenção federal, se necessário, para a) ser proprietários, controladores ou diretores de
assegurar o livre exercício de suas funções. empresas beneficiárias de contrato com pessoa jurídica de
direito público, ou nelas exercer função remunerada;
Art. 64. A Assembleia Legislativa e qualquer de suas b) patrocinar causas de interesse de qualquer das
Comissões poderão convocar Secretários de Estado ou quem a entidades mencionadas no inciso I, alínea a;
eles se equipare para que prestem, pessoalmente, informações c) ser titular de mais de um cargo ou mandato público
sobre assuntos previamente determinados, importando em eletivo.
crime de responsabilidade a ausência sem justa causa.
§ 1º Os Secretários de Estado ou Diretores-Presidentes de Art. 67. Perderá o mandato o Deputado:
órgãos da administração direta ou indireta poderão I - que infringir qualquer proibição do artigo anterior;
comparecer à Assembleia Legislativa, por sua própria II - cujo procedimento for incompatível com o decoro
iniciativa e mediante prévio entendimento com a Mesa parlamentar ou atentatório às instituições vigentes;
Diretora, para expor assunto a respeito do qual haja denúncia III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa,
pública de irregularidade, ou para esclarecer sobre questões à terça parte das sessões ordinárias, salvo por doença
de relevância.
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APOSTILAS OPÇÃO
comprovada, licença ou missão autorizada pela Assembleia fundações públicas, para que prestem informações sobre
Legislativa; assuntos ligados a sua função;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; IV - receber petições, reclamações, representações ou
V - que abusar das prerrogativas asseguradas ao queixas de qualquer cidadão contra atos ou omissões das
parlamentar ou obtiver, no desempenho do mandato, autoridades ou entidade pública;
vantagens indevidas, além de outras definidas no Regimento V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou
Interno; cidadão;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença VI - apreciar planos de desenvolvimento e programas de
transitada em julgado; obras do Estado, de regiões metropolitanas e de setores
VII - nos casos em que a Justiça Eleitoral o decretar. urbanos, sobre eles emitindo parecer.
§ 1º Nos casos dos incisos I, II e VI, decidirá a Assembleia a VII - O deputado ou deputada, sempre que representando
perda do mandato, por dois terços de seus membros, em voto uma das comissões permanentes ou a Assembleia Legislativa,
secreto, mediante provocação da Mesa ou de partidos políticos neste último caso mediante deliberação do plenário, tem livre
com representação no Legislativo Estadual, assegurada ampla acesso às repartições públicas dos poderes do Estado e do
defesa ao indiciado. Tribunal de Contas do Estado, podendo diligenciar
§ 2º Nos casos dos incisos III, IV, V e VII, a perda será pessoalmente junto aos órgãos da administração direta e
decretada pela Mesa, de ofício, ou mediante provocação de indireta, sujeitando-se os respectivos responsáveis às sanções
qualquer um dos deputados ou partido político com civis, administrativas e penais previstas em lei, na hipótese de
representação na Assembleia Legislativa. recusa ou omissão.
§ 3º É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
casos definidos no regimento interno, o abuso das Art. 71. As comissões parlamentares de inquérito, com
prerrogativas asseguradas a membro da Assembleia poderes de investigação no nível das autoridades judiciais ou
Legislativa ou a percepção de vantagens indevidas. políticas, além de outras previstas no Regimento Interno,
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que serão criadas mediante requerimento de um terço dos
vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste membros da Assembleia Legislativa, para a apuração de fato
artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de determinado e em prazo certo e presidida pelo primeiro
que tratam os §§ 1º e 2º. subscritor.
Art. 68. Não perderá o mandato o Deputado: § 1º As conclusões a que chegarem as Comissões serão
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador submetidas ao Plenário da Assembleia Legislativa que decidirá
de Território, Secretário de Estado, Secretário da Capital, chefe do seu julgamento ou, se for o caso, de seu envio a autoridade
de missão diplomática ou cultural temporária, ou interventor competente para apuração da responsabilidade penal ou
municipal; administrativa.
II - licenciado pela Assembleia Legislativa por motivo de § 2º A falta não justificada de qualquer membro a três
doença, ou para tratar de interesse particular, com reuniões da Comissão acarretará sua destituição automática,
afastamento até cento e vinte dias, sem direito, neste caso, a incumbindo às lideranças partidárias a indicação, em até vinte
remuneração. e quatro horas, do seu substituto.
§ 1º A convocação de suplente somente se dará nos casos § 3º Inocorrendo a indicação, a Comissão funcionará e
de vaga, de investidura em função prevista neste artigo ou de deliberará com qualquer número.
licença superior a cento e vinte dias.
§ 2º Ocorrendo vaga, e inexistindo suplente, será realizada Art. 72. Durante o recesso, haverá uma comissão
eleição para provê-la, se faltarem mais de quinze meses para o representativa da Assembleia Legislativa, eleita na última
término do mandato. sessão ordinária do período legislativo, com atribuições
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado poderá optar pela definidas no Regimento Interno.
remuneração decorrente do mandato.
Seção V
Seção IV Do Processo Legislativo
Das Comissões
Art. 73. O processo legislativo compreende a elaboração
Art. 69. A Assembleia Legislativa terá comissões de:
permanentes e temporárias, constituídas na forma do I - emendas à Constituição;
Regimento Interno e com as atribuições, no mesmo, definidas. II - leis complementares;
§ 1º Dentre as comissões permanentes será criada a III - leis ordinárias;
Comissão de Fiscalização e Controle, composta por sete IV - medidas provisórias;
deputados, com as atribuições previstas no Regimento V - decretos legislativos;
Interno. VI - resoluções.
§ 2º Na constituição das comissões é assegurada, tanto
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou Art. 74. Esta Constituição poderá ser emendada mediante
dos blocos parlamentares representados na Assembleia proposta:
Legislativa. I - de um terço, no mínimo, dos membros da Assembleia
Legislativa;
Art. 70. Cabe às Comissões, relativamente à matéria de II - do Governador do Estado;
respectiva competência: III - de um terço das Câmaras Municipais do Estado,
I - realizar audiências públicas com entidades de classe ou manifestando-se cada uma delas por maioria dos seus
representações da sociedade civil; membros.
II - realizar audiências públicas em regiões do Estado, § 1º A proposta será discutida e votada em dois turnos,
visando à coleta de elementos para aperfeiçoamento e considerando-se aprovada quando obtiver, em cada um deles,
execução da tarefa legislativa; três quintos dos votos dos membros da Assembleia
III - convocar Secretários de Estado ou dirigentes de Legislativa.
entidades da administração direta e indireta, inclusive de § 2º A emenda à Constituição será promulgada pela Mesa
da Assembleia Legislativa, sendo publicada no Diário da
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
convocada, ressalvada a hipótese do inciso IV deste parágrafo sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Estadual,
único, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
da convocação; outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
IV - havendo medidas provisórias em vigor na data de III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de:
convocação extraordinária da Assembleia Legislativa, serão a) admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de
Seção VII provimento em comissão;
Da Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa b) concessão de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
Art. 82. À Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa fundamento legal do ato concessório;
compete exercer a representação extrajudicial, a consultoria e IV - realizar, por iniciativa própria, da Assembleia
o assessoramento técnico-jurídico do Poder Legislativo. Legislativa, de comissões técnicas ou de inquérito, inspeções e
§ 1º A representação judicial do Poder Legislativo e na auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
defesa de sua autonomia e da sua competência frente aos operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
outros poderes é feita pela Procuradoria Geral da Assembleia Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e nas demais
Legislativa, a qual compete emitir parecer, coletivo ou entidades referidas no inciso II;
individual, sobre matéria de indagação jurídica, na prestação V - fiscalizar a aplicação de qualquer recurso recebido ou
de contas das instituições submetidas à apreciação e repassado pelo Estado, sob a forma de convênio, ajuste, acordo
julgamento realizado pelo Poder Legislativo, bem como ou outros instrumentos congêneres;
compor ou coordenar as equipes de inspeção e auditoria. VI - prestar informações solicitadas pela Assembleia
§ 2º O Regimento Interno da Procuradoria, aprovado por Legislativa, ou por qualquer de suas comissões, sobre a
resolução da Mesa Diretora, estabelecerá sua organização, fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
estrutura e funcionamento. patrimonial, incluindo ainda resultados de auditorias e
§ 3º A Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa tem inspeções realizadas;
por chefe o Procurador-Geral, nomeado em comissão pela VII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
Mesa Diretora. despesas ou irregularidades na prestação de contas as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
Art. 83. SUPRIMIDO. multa proporcional ao valor do dano causado;
VIII - fixar prazo para o órgão ou entidade encontrada em
Seção VIII irregularidade e adotar as providências necessárias ao exato
Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária cumprimento da lei;
IX - sustar, no caso de falta de atendimento, a execução do
Art. 84. À sociedade assiste o pleno direito de acompanhar, ato impugnado, comunicando de imediato a decisão à
através de associações representativas da comunidade, ou Assembleia Legislativa;
diretamente, pelo próprio cidadão, os atos do governo, no X - dirigir ao poder competente representação sobre
exercício de qualquer dos poderes do Estado, sujeitando-se irregularidade ou abusos apurados, no prazo de dez dias, sob
estes, em relação aos atos praticados, de natureza pena de responsabilidade.
administrativa, ao controle público, exercido pelos órgãos § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado
competentes e ainda à prestação de informações sobre atos diretamente pela Assembleia Legislativa, que solicitará, de
administrativos, fatos e omissões imputáveis aos seus agentes. imediato, ao Poder Executivo, as providências cabíveis, sem
prejuízo de representação ao órgão competente para apurar a
Art. 85. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, responsabilidade.
operacional e patrimonial do Estado e das entidades da § 2º As decisões do Tribunal de que resulte a apuração de
administração direta e indireta, quanto à legalidade, débito ou aplicação de multa terão eficácia de títulos
legitimidade, economicidade, aplicação de subvenções e executivos, após inscritos.
renúncia de receita, será exercida pela Assembleia Legislativa, § 3º O Tribunal encaminhará à Assembleia Legislativa,
mediante controle externo e pelo sistema de controle interno trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
de cada Poder.
§ 1º Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, Art. 87. Diante de indícios de despesas não autorizadas,
pública ou privada que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou ainda que sob a forma de investimentos não programados ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o de subsídios não aprovados, a Comissão de Fiscalização e
Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigação de Controle poderá solicitar à autoridade governamental
natureza pecuniária. responsável que, no prazo de cinco dias, preste os
§ 2º As prestações de contas das entidades paraestatais e esclarecimentos necessários.
fundacionais, feitas tanto nos atos de posse quanto nos de § 1º Não prestados os esclarecimentos ou considerados
exoneração ou de demissão, devem ser acompanhadas de estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal
declaração de imposto de renda, do ano base, da pessoa pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de
investida nesses órgãos, em cargo de direção superior ou trinta dias.
intermediária. § 2º Entendendo o Tribunal ser irregular a despesa, a
Comissão, se julgar que o gasto pode causar dano irreparável
Art. 86. O controle externo, a cargo da Assembleia ou grave prejuízo à economia pública, proporá à Assembleia
Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas Legislativa sua sustação.
do Estado, a ele competindo:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Art. 88. O Tribunal de Contas, com sede na Capital do
Governador do Estado, mediante parecer prévio, elaborado Estado, órgão auxiliar da Assembleia Legislativa do Estado,
em até sessenta dias a contar de seu recebimento; compõe-se de sete conselheiros, tendo quadro próprio de
II - julgar as contas dos administradores e demais pessoal e jurisdição em todo o território estadual, exercendo,
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da no que couber, as atribuições previstas no art. 123, II, desta
administração direta e indireta, incluídas as fundações e Constituição.
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§ 1º Os conselheiros do Tribunal de Contas serão estadual, bem como da aplicação de recursos públicos por
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes entidade de direito privado;
requisitos: III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos garantias, bem como dos direitos e deveres do Estado;
de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada; Art. 91. Qualquer cidadão, partido político, associação ou
III - saber jurídico, contábil, econômico, financeiro ou de sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
administração pública; irregularidades ou ilegalidades perante a Assembleia
IV - mais de dez anos de exercício de função pública Legislativa, qualquer de suas Comissões ou perante o Tribunal
relevante ou de efetiva atividade profissional que exija os de Contas.
conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 2º Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado Art. 92. Os responsáveis pelo controle interno, ao
serão escolhidos: tomarem conhecimento de qualquer irregularidade e
I - três pelo Governador do Estado, com a aprovação da ilegalidade, delas darão ciência ao Tribunal de Contas, sob
Assembleia Legislativa: pena de responsabilidade solidária.
a) sendo dois alternadamente entre auditores e membros
do Ministério Público ao (junto ao) Tribunal de Contas, Art. 93. O Tribunal de Contas encaminhará à Assembleia,
indicados em lista tríplice, segundo os critérios de antiguidade no prazo de até quarenta e cinco dias da abertura de cada
e merecimento; sessão legislativa, a devida prestação de contas.
b) um de livre escolha do Governador;
c) um dentre os Procuradores do Tribunal de Contas, CAPÍTULO II
indicados em lista tríplice (revogada tacitamente). DO PODER EXECUTIVO
II - quatro pela Assembleia Legislativa. Seção I
§ 3º O Tribunal de Contas será presidido por um Do Governador e do Vice-Governador do Estado
Conselheiro eleito por seus pares, para mandato de dois anos,
permitida uma recondução. Art. 94. O Poder Executivo é exercido pelo Governador do
§ 4º Os conselheiros do Tribunal de Contas gozam das Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado.
mesmas prerrogativas, garantias, impedimentos,
vencimentos, direitos e vantagens dos desembargadores do Art. 95. A eleição do Governador e do Vice-Governador de
Tribunal de Justiça, só podendo aposentar-se com as Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no
vantagens do cargo quando, no exercício efetivo, contarem primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
mais de cinco anos. domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
§ 5º Os Conselheiros, em suas faltas e impedimentos, serão anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a
substituídos, pelos Auditores, os quais terão as mesmas posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente,
prerrogativas, garantias, impedimentos, subsídios, direitos e observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77, da
vantagens do titular e, no exercício das demais atribuições da Constituição Federal.
judicatura, as mesmas prerrogativas, garantias e vantagens de Parágrafo único. O Governador perderá o mandato se
juiz de entrância mais elevada, sendo seu subsídio, neste caso, assumir outro cargo ou função na administração pública direta
fixado com diferença não superior a dez por cento do subsídio ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público
fixado para o cargo de Conselheiro. e observado o disposto no art. 38, I, IV e V, da Constituição
§ 6º Os Auditores, em número de cinco e com atribuições Federal.
definidas em lei, serão nomeados pelo Governador do Estado
dentre bacharéis em ciências jurídicas e sociais, em ciências Art. 96 - A eleição do Governador importará, para igual
econômicas, em ciências contábeis ou em administração mandato, a do Vice-Governador com ele registrado.
pública, mediante prévia aprovação em concurso público de § 1º O Vice-Governador substituirá o Governador, em caso
provas e títulos, observada a ordem de classificação. de impedimento, e lhe sucederá no de vaga.
§ 2º O Vice-Governador, além de outras atribuições
Art. 89. Nos crimes comuns e de responsabilidade, os conferidas por lei, auxiliará o Governador, sempre que por este
conselheiros do Tribunal de Contas serão processados e for convocado para missões especiais.
julgados nos termos do art. 105, I “a”, da Constituição Federal.
Art. 97. O Governador e o Vice-Governador tomarão posse
Art. 90. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário em sessão da Assembleia Legislativa, prestando o
manterão, de forma integrada, sistema de controle interno compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição
com a finalidade de: Federal e a Constituição do Estado, observar as leis, promover
§ 1º Os titulares dos órgãos de controle interno dos o bem geral do povo piauiense e sustentar a autonomia e a
Poderes do Estado e municípios serão nomeados dentre os integridade do estado.
integrantes do quadro efetivo de cada Poder e instituição, nos Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para
âmbitos estadual e municipal, com mandato de três anos. a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo motivo de
§ 2° A destituição do cargo de Controlador antes do força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
término do mandato previsto no §1º somente se dará através vago pelo Presidente da Assembleia Legislativa.
de processo administrativo em que se apure falta grave aos
deveres constitucionais e desrespeito à Lei Orgânica do Art. 98. Em caso de impedimento do Governador e do Vice-
Sistema de Controle Interno a ser regulamentado. Governador, ou vacância dos respectivos cargos, serão
I - avaliar o cumprimento das metas no plano plurianual, a chamados sucessivamente, ao exercício da chefia do Poder
execução de programas de governo e os orçamentos do Executivo, o Presidente da Assembleia Legislativa e o
Estado; Presidente do Tribunal de Justiça.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto § 1º Vagando os cargos de Governador e Vice-Governador,
à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira, será realizada eleição, noventa dias depois de aberta a última
patrimonial, nos órgãos e entidades da administração vaga.
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§ 2º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos de XVI - enviar à Assembleia Legislativa os projetos de lei
mandato governamental, a eleição para ambos os cargos será relativos aos planos (ao plano) plurianual, às diretrizes
feita trinta dias depois da última vaga, pela Assembleia orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais;
Legislativa, na forma da lei complementar. XVII - prestar, anualmente, à Assembleia Legislativa,
§ 3º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar dentro de sessenta dias após a abertura do período legislativo,
o período do mandato de seus antecessores. as contas referentes ao exercício anterior e apresentar, no
mesmo ato, os relatórios circunstanciados sobre a execução
Art. 99. O Governador deve residir na Capital do Estado. dos planos de governo;
§ 1º O Governador não pode ausentar-se do Estado por XVIII - celebrar convênios ou acordos com entidades de
mais de quinze dias consecutivos, nem do País, por qualquer direito público ou privado, sujeitos a “referendum” da
prazo, sem prévia autorização da Assembleia Legislativa, sob Assembleia Legislativa;
pena de perda do mandato. XIX - contrair empréstimos externos ou internos e fazer
§ 2º O Vice-Governador não poderá, sem prévia operações e acordos externos de qualquer natureza, após a
autorização da Assembleia Legislativa, ausentar-se do País por autorização da Assembleia Legislativa, observado o disposto
mais de quinze dias consecutivos, sob pena de perda do na Constituição Federal;
mandato. XX - decretar e executar a intervenção no Município,
§ 3º Tratando-se de viagem oficial ao exterior, o nomeando interventor;
Governador e o Vice-Governador, no prazo de quinze dias, a XXI - exercer o comando superior da Polícia Militar, do
partir da data do retorno, deverão enviar à Assembleia Corpo de Bombeiros Militar, bem como da Polícia Civil,
Legislativa relatório circunstanciado sobre os resultados promover seus oficiais e nomeá-los para os cargos que lhes são
obtidos. privativos;
XXII - nomear os magistrados e os conselheiros do
Art. 100. Aplicam-se ao Governador e ao Vice-Governador, Tribunal de Contas nos casos previstos nesta Constituição.
no que couber, as proibições e impedimentos estabelecidos XXIII - nomear e exonerar o Procurador-Geral do Estado e
para os deputados estaduais. o Procurador-Geral da Defensoria Pública (Defensor Público-
Geral), observado o disposto nesta Constituição e na lei;
Art. 101. A renúncia do Governador ou a do Vice- XXIV - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Governador se efetivará com o conhecimento da respectiva XXV - promover o repasse, até o dia vinte de cada mês, dos
comunicação pela Assembleia Legislativa. recursos correspondentes a dotações orçamentárias,
compreendidos os créditos suplementares e especiais
Seção II destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário,
Das Atribuições do Governador do Estado Ministério Público e Defensoria Pública.
XXVI - indicar os presidentes e diretores das sociedades de
Art. 102. Compete privativamente ao Governador do economia mista;
Estado: XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
I - exercer a chefia do Poder Executivo; Constituição.
II - executar as políticas estaduais, na forma da lei, visando Parágrafo único. O Governador do Estado do Piauí poderá
à realização dos objetivos do Estado; delegar as atribuições mencionadas nos incisos IX e XVIII aos
III - representar o Estado nas relações políticas e nas Secretários de Estado, aos Coordenadores, ao Procurador-
jurídico-administrativas, quando, por lei, esta competência Geral de Justiça, ao Procurador-Geral do Estado, ao
não for atribuída a outros órgãos; Controlador-Geral do Estado e ao Defensor Público-Geral.
IV - nomear e exonerar os Secretários de Estado;
V - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a Seção III
direção superior da administração estadual; Da Responsabilidade do Governador do Estado
VI - dispor sobre a organização, o funcionamento, a
reforma e a modernização da administração estadual, na Art. 103. São crimes de responsabilidade os atos do
forma da lei; Governador que atentarem contra a Constituição Federal ou a
VII - propor a criação ou a extinção de entidades da do Estado e, especialmente, contra:
administração indireta; I - a existência da União, do Estado ou dos Municípios,
VIII - nomear e exonerar os presidentes e os diretores de II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
empresas públicas e de fundações mantidas pelo Estado, Judiciário e do Ministério Público;
observado o disposto nesta Constituição; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IX - prover e declarar a vacância dos cargos públicos, na IV - a segurança interna do País ou do Estado;
forma da lei; V - a probidade na administração;
X - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos VI - a lei orçamentária;
previstos nesta Constituição; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais;
XI - fundamentar, circunstanciadamente, os projetos de lei VIII - a honra e o decoro de suas funções.
que remeter à Assembleia Legislativa; Parágrafo único. A definição e as normas de processo e
XII - convocar, extraordinariamente, a Assembleia julgamento desses crimes obedecerão ao que for estabelecido
Legislativa, em caso de urgência ou interesse público em lei federal.
relevante;
XIII - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem Art. 104. O Governador, admitida a acusação pelo voto de
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; dois terços dos deputados estaduais, será processado e
XIV - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; julgado, originalmente, pelo Superior Tribunal de Justiça, nos
XV - remeter os planos de governo e respectiva mensagem, crimes comuns, ou perante a Assembleia Legislativa, nos
expondo a situação do Estado à Assembleia Legislativa, por crimes de responsabilidade.
ocasião da abertura do período legislativo, com solicitação das § 1º O Governador ficará suspenso de suas funções:
providências, medidas e reformas julgadas necessárias; I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou
queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça;
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sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em e) o habeas corpus quando o coator ou o paciente for
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou órgão, autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à diretamente à jurisdição do Tribunal de Justiça, ou se trate de
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse crime cuja ação penal seja de sua competência originária, ou,
público à informação. ainda, nos casos de sua competência recursal, se houver perigo
de consumar-se a violência antes que o juiz competente possa
Art. 119. As decisões administrativas do Tribunal de conhecer o (do) perigo;
Justiça serão motivadas e em sessão pública, sob pena de 1. Do Governador ou do Vice-Governador;
nulidade, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria 2. Dos Secretários de Estado, do Comandante-Geral da
absoluta de seus membros. Polícia Militar e do Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros
Parágrafo único. Os demais órgãos do Poder Judiciário Militar e o Delegado-Geral da Polícia Civil;
deverão igualmente motivar suas decisões administrativas, 3. Da Assembleia Legislativa, da sua Mesa Diretora, do seu
sob pela de nulidade absoluta. Presidente ou de qualquer Deputado Estadual;
4. Do Tribunal de Contas do Estado, do seu Presidente ou
Art. 120. REVOGADO. de qualquer Conselheiro;
5. Do Tribunal de Justiça, de seu Presidente ou de qualquer
Art. 121. A concessão de qualquer vantagem ou aumento Desembargador;
de remuneração, a criação de cargos ou alteração de estrutura 6. Dos Juízes de direito;
de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer 7. Do Ministério Público, de seu Procurador-Geral, dos
título, só poderão ser feitas se houver autorização específica promotores ou procuradores de justiça;
na lei de diretrizes orçamentárias, e prévia dotação 8. Do Procurador-Geral do Estado e do Defensor Público-
orçamentária suficiente para atender às projeções de despesas Geral do Estado, ou dos integrantes de suas respectivas
de pessoal e aos acréscimos dela (delas) decorrentes. carreiras.
g) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
Seção II regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou
Do Tribunal de Justiça autoridade estadual, da administração direta ou indireta;
h) a revisão criminal e as ações rescisórias de seus
Art. 122. O Tribunal de Justiça, com jurisdição em todo o acórdãos e sentenças dos juízes no âmbito de sua competência
Estado e sede na Capital, compor-se-á de Desembargadores, recursal;
em número fixado por lei complementar de sua iniciativa i) a execução de sentença, nas causas de sua competência
privativa, com competência estabelecida nesta Constituição e originária, facultada a delegação de atribuições para a prática
na legislação pertinente. de atos processuais;
§ 1º O Tribunal de Justiça poderá funcionar j) os conflitos de competência entre autoridades
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim administrativas e judiciárias do Estado;
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em l) os conflitos de competência dos juízes de direito entre si
todas as fases do processo. e com o Conselho da Justiça Militar ou entre este as Câmaras
§ 2º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com do Tribunal.
a realização de audiências e demais funções da atividade m) a reclamação para a preservação de sua competência e
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, garantia da autoridade de suas decisões, quando usurpadas ou
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. desobedecidas por Juízes de Direito.
IV - julgar, em grau de recurso, as causas decididas em
Art. 123. Compete ao Tribunal de Justiça: primeira instância, no âmbito de sua competência;
I - solicitar a intervenção no Estado para garantir o livre V - exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas
exercício do Poder Judiciário, ou para promover a execução de pela Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado.
ordem ou decisão judicial, nos termos dos arts. 34, IV e VI e 36,
I e II, da Constituição Federal; Art. 124. São partes legítimas para promover ação direta
II - exercer as atribuições privativas dos tribunais, de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou
definidas no art. 96, I, II, III e suas respectivas alíneas, da municipal ou ação declaratória de constitucionalidade, em face
Constituição Federal; desta Constituição:
III - processar e julgar, originariamente: I - o Governador do Estado;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato II - a Mesa da Assembleia Legislativa;
normativo estadual ou municipal e a ação declaratória de III - o Procurador-Geral de Justiça;
constitucionalidade de lei ou ato normativo estadual, em face IV - o Prefeito Municipal;
desta Constituição; V - a Mesa da Câmara Municipal;
b) a representação do Procurador-Geral de Justiça, visando VI - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do
à intervenção em Município; Brasil;
c) nos crimes comuns, o Vice-Governador, os deputados VII - os partidos políticos com representação na
estaduais e o Procurador-Geral da Justiça; Assembleia Legislativa ou em Câmara Municipal;
d) nos crimes comuns e de responsabilidade: VIII - as federações sindicais e as entidades de classe de
1. Os Secretários de Estado, o Procurador-Geral do Estado âmbito estadual.
e o Defensor Público-Geral do Estado, salvo nos crimes de § 1º O Procurador-Geral de Justiça deverá ser previamente
responsabilidade conexos com os do Governador do Estado; ouvido nas ações diretas de inconstitucionalidade e em todos
2. Os juízes de direito, os juízes substitutos e os membros os processos de competência do Tribunal de Justiça.
do Ministério Público, ressalvada a competência da Justiça § 2º Declarada incidentalmente a inconstitucionalidade de
Eleitoral; lei ou ato normativo estadual ou municipal, a decisão será
3. O Comandante-Geral da Polícia Militar, o Comandante- comunicada, conforme o caso, à Assembleia Legislativa ou à
Geral do Corpo de Bombeiros Militar, o Delegado-Geral da Câmara Municipal para a suspensão da sua execução, no todo
Polícia Civil, e os integrantes das carreiras de Procurador do ou em parte.
Estado e de Defensor Público do Estado; § 3º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
4. ) Os Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores; medida para tornar efetiva norma desta Constituição, a
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APOSTILAS OPÇÃO
decisão será comunicada ao poder competente para a adoção fora dele, na qual se incluem os serviços de informação,
das providências necessárias à prática do ato ou início do orientação e petição, na forma da lei.
processo legislativo e, em se tratando de órgão administrativo,
para fazê-lo em trinta dias, sob pena de crime de Seção V
responsabilidade, em qualquer dos casos. Do Tribunal do Júri
§ 4º Quando o Tribunal de Justiça apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato Art. 130. Em cada comarca será constituído e funcionará
normativo estadual, citará, previamente, o Advogado-Geral do um Tribunal do Júri, pelo menos, com a competência e a
Estado, que defenderá o ato ou o texto impugnado ou, em se organização que a lei federal determinar, assegurados a
tratando de norma legal ou ato normativo municipal, o plenitude da defesa, o sigilo das votações e a soberania dos
Prefeito Municipal, para a mesma finalidade. veredictos, com competência definida para o julgamento dos
§ 5º Somente pelo voto da maioria absoluta de seus crimes dolosos contra a vida.
membros, poderá o Tribunal de Justiça declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou Seção VI
municipal, incidentalmente ou como objeto de ação direta. Da Justiça Militar
§ 6º Aplicam-se, no que couber, ao processo de controle
concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo Art. 131. A Justiça Militar é constituída, em primeiro grau,
estadual ou municipal em face desta Constituição, as normas na forma da lei, por Juízes de Direito de entrância final e pelos
correspondentes sobre o processo e julgamento de lei ou ato Conselhos de Justiça, presididos por Juiz de Direito, e, em
normativo perante o Supremo Tribunal Federal, em especial segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça.
quanto ao quórum, procedimento e concessão de liminares. § 1º O cargo de juiz auditor da Justiça Militar será provido,
na forma da lei, pelo Tribunal de Justiça.
Seção III § 2º Os Juízes auditores gozam dos mesmos direitos,
Dos Juízes de Direito vantagens e vencimentos dos Juízes de direito da última
entrância.
Art. 125. Os juízes de direito, com jurisdição nos limites de
suas respectivas comarcas, integram a carreira da Art. 132. Compete à Justiça Militar estadual processar e
magistratura estadual e exercem a competência jurisdicional, julgar os policiais militares e bombeiros militares do Estado,
na forma da Lei de Organização e Divisão Judiciárias. nos crimes militares definidos em lei, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, e as ações civis
Art. 126. Além da competência definida em lei, cabe ao juiz contra atos disciplinares militares, cabendo ao Tribunal de
de direito processar e julgar: Justiça decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais
I - as causas em que forem partes instituição de e da graduação das praças.
previdência social e segurado, sempre que a comarca, foro ou § 1º Compete ao Juiz de Direito do Juízo Militar processar
domicílio dos segurados ou beneficiários não sejam sede de e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra
vara de juízo federal, e outras causas que, verificada essa civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
condição, a lei poderá permitir; § 2º Cabem aos Conselhos de Justiça processar e julgar os
II - o mandado de injunção, quando a norma demais crimes militares.
regulamentadora for atribuição de órgão, ou entidade Parágrafo único. Compete privativamente ao Tribunal de
municipal, da administração direta ou indireta; Justiça decidir sobre a perda do posto ou da patente dos
III - o mandado de segurança e o habeas data que não oficiais e da graduação dos praças.
forem da competência originária do Tribunal de Justiça;
IV - o habeas corpus, fora dos casos previstos no art. 123, Art. 133. A Lei de Organização e Divisão Judiciárias
III. (Judiciária) disporá sobre a organização, o funcionamento e a
competência da Justiça Militar.
Art. 127. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com SeçãoVII
competência exclusiva para questões agrárias. Dos Juizes de Paz
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do Art. 134. Nas comarcas e respectivos termos judiciários,
litígio. haverá uma Justiça de Paz, constituída de pelo menos um juiz
de paz e dois suplentes, eleitos pelo voto direto, universal e
Seção IV secreto, com mandato de quatro anos.
Dos Juizados Especiais § 1º O juiz de paz deverá residir na sede da comarca ou no
termo judiciário.
Art. 128. Nas comarcas, serão criados juizados especiais, § 2º A remuneração do juiz será paga pelos cofres públicos.
como órgãos da justiça comum, providos, na forma da lei, para § 3º Para a eleição de que trata este artigo, serão
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de registrados, preferencialmente, bacharéis em direito e, na
menor complexidade e infrações penais de menor potencial ausência de pessoas com esta qualificação, cidadãos outros,
ofensivo. desde que vinculados à comarca ou termo judiciário.
Parágrafo único. A competência e a composição dos
juizados especiais, inclusive a dos órgãos de julgamento de Art. 135. Compete ao juiz de paz, além de outras
seus recursos, serão estabelecidas na Lei de Organização e atribuições previstas em lei:
Divisão Judiciárias do Estado, observado o disposto no art. 98, I - celebrar casamentos, após habilitação regular;
I, da Constituição Federal. II - verificar, de ofício ou em face de impugnação
apresentada, as irregularidades do processo de habilitação;
Art. 129. Para fins do art. 5º, LXXIV, da Constituição III - exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
Federal, um representante do Ministério Público e um, pelo jurisdicional.
menos, da Defensoria Pública devem funcionar junto aos § 1º Os recursos contra atos do juiz de paz serão julgados
juizados especiais, para a prestação de assistência, em juízo ou pelo juiz de direito competente.
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APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º Para oficiar nas habilitações de casamento haverá um gozo de vitaliciedade, para mandato de dois anos, permitida
representante do Ministério Público e um escrivão de registro uma recondução.
civil, na forma da lei. § 2º Recebida a lista tríplice, o Governador, nos dez dias
subsequentes, nomeará um de seus integrantes e lhe dará (
Art. 136. Compete aos suplentes, pela ordem numérica, dar-lhe-á) posse.
substituir o titular nas suas faltas, ausências e impedimentos. § 3º Caso o chefe do Poder Executivo não nomeie e
Parágrafo único. Nos casos de falta, ausência ou emposse o Procurador-Geral de Justiça, no prazo do parágrafo
impedimento do titular e seus suplentes, cabe ao juiz de direito anterior, será investido no cargo o mais votado dentre os
competente exercer as atribuições do juiz de paz. integrantes da lista, em ato presidido pelo Presidente da
Assembleia Legislativa.
Art. 137. A Lei de Organização e Divisão Judiciárias § 4º O Procurador-Geral de Justiça poderá ser destituído
disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência por deliberação da maioria absoluta da Assembleia Legislativa,
da justiça de paz, vedado aos seus juízes, terminantemente: na forma da respectiva lei complementar.
I - receber, a qualquer título ou pretexto, honorários, § 5º A nomeação e as atribuições do Subprocurador de
custas, percentagens ou participação em processo; Justiça serão definidas na lei complementar.
II - dedicar-se a atividade político-partidária;
III - exercer a advocacia na comarca onde desempenhe as Art. 143. São funções institucionais do Ministério Público:
funções de juiz de paz. I - promover, privativamente, a ação penal pública na
forma da lei;
Art. 138 . Aplica-se ao juiz de paz, no que couber, o regime II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos
jurídico dos serventuários da Justiça. serviços de relevância aos direitos assegurados na
Constituição Federal e nesta Constituição, promovendo as
Seção VIII medidas necessárias à sua garantia;
Das Serventias de Justiça III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
Art. 139. A Lei de Organização e Divisão Judiciária do de outros interesses difusos e coletivos;
Estado, obedecida à Constituição Federal, disporá sobre a IV - promover ação de inconstitucionalidade ou
organização, o funcionamento e a competência das serventias representação para fins de intervenção da União e do Estado,
do foro judicial. nos casos previstos nesta Constituição;
Parágrafo único. As custas judiciais serão fixadas por lei V - expedir notificações nos procedimentos
estadual, segundo a natureza do processo e a espécie de administrativos de sua competência, requisitando
recurso. informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar;
Art. 140. Os serviços notariais e de registro são exercidos VI - exercer o controle externo da atividade policial, na
em caráter privado por delegação do Poder Público. forma da lei complementar;
§ 1º Respeitada à legislação federal, lei estadual regulará, VII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
no que couber, as atividades, a responsabilidade dos notários, de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e a fiscalização de suas manifestações processuais;
seus atos pelo Tribunal de Justiça. VIII - participar de organismos estatais de defesa do meio
§ 2º Atendidas as normas gerais estabelecidas na ambiente, do consumidor, de política penal e penitenciária e
legislação federal, os emolumentos relativos aos atos outros afetos a sua área de atuação, na forma da lei;
praticados pelos serviços notariais e de registro, assim como a IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
sua majoração, serão fixados por lei estadual. que compatíveis com sua finalidade.
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende Parágrafo único. A legitimação do Ministério Público para
de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros,
qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de nas mesmas hipóteses, segundo o disposto na Constituição
provimento ou de remoção, por mais de seis meses. Federal e na lei.
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APOSTILAS OPÇÃO
forma do § 1º, deste artigo, o Poder Executivo procederá aos Art. 146. Os membros do Ministério Público serão
ajustes necessários para fins de consolidação da proposta processados e julgados originariamente, nos crimes comuns e
orçamentária anual. de responsabilidade, pelo Tribunal de Justiça do Estado.
§ 4º Durante a execução orçamentária do exercício, não Art. 147. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de do Estado do Piauí será integrado por cinco procuradores,
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de nomeados dentre bacharéis em direito, com os mesmos
diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, vencimentos, direitos e vedações dos procuradores de justiça,
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. mediante prévia aprovação em concurso público de provas e
Parágrafo único. Compete ao Ministério Público elaborar títulos, realizado com a participação da Ordem dos Advogados
sua proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos do Brasil e observada a ordem de classificação.
na lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 148. A defesa do consumidor é exercida pelo
Art. 145. A lei complementar, cuja iniciativa é facultada ao Ministério Público através do Programa de Proteção e Defesa
Procurador-Geral de Justiça, estabelecerá a organização, as do Consumidor do Ministério Público do Estado do Piauí -
atribuições e o estatuto do Ministério Público, observando, PROCON/MP-PI.
relativamente a seus membros: § 1º Compete, ainda, ao Programa de Proteção e Defesa do
I - os direitos: Consumidor do Ministério Público do Estado do Piauí -
a) o subsídio fixado com diferença não excedente a dez por PROCON/MP-PI, promover as ações públicas para proteção do
cento de uma para outra das entrâncias ou categoria de meio ambiente, de bens e direitos de valor estético, artístico,
carreira; histórico, turístico, paisagístico e de outros interesses difusos
b) REVOGADO; ou coletivos.
c) REVOGADO; § 2º Lei Complementar regulamentará o funcionamento,
d) pagamento, na mesma data, de subsídio, provento e atribuições e competência do Programa de Proteção e Defesa
pensão; do Consumidor do Ministério Público do Estado do Piauí -
e) aplicação aos membros do Ministério Público dos PROCON/MP-PI.
direitos sociais previstos no art. 39, § 3º, da Constituição
Federal; Art. 149. O Ministério Público exercerá suas atribuições na
II - as garantias: proteção e defesa do meio ambiente e do patrimônio natural,
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo paisagístico, cultural, artístico, histórico e arqueológico,
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em através de curadoria especializada, na Capital, e dos
julgado: promotores de justiça, nas comarcas do interior.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
mediante decisão do órgão colegiado competente do Seção II
Ministério Público do Estado, pelo voto da maioria absoluta Da Advocacia Pública
dos seus membros assegurada ampla defesa;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, Art. 150. A Procuradoria Geral do Estado é instituição de
§ 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, natureza permanente, vinculada diretamente ao Chefe do
III, 153, § 2º, I, da Constituição Federal. Poder Executivo, essencial à administração Pública Estadual,
III - as vedações, entre outras: cabendo aos Procuradores do Estado a representação judicial
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, e extrajudicial do Estado e as atividades de consultoria e
honorários, percentuais ou custas processuais; assessoramento jurídicos do Estado.
b) exercer a advocacia; § 1º A Procuradoria Geral do Estado tem por chefe o
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; Procurador-Geral do Estado, nomeado em comissão pelo
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra Governador do Estado, com prerrogativas de Secretário de
função pública, salvo uma de magistério; Estado, dentre os membros estáveis da carreira, maiores de
e) exercer atividade político-partidária; trinta anos, de notório saber jurídico e reputação ilibada.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou § 2º Os integrantes da carreira de Procurador do Estado
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou serão remunerados na forma do art. 39, § 4º da Constituição
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; Federal.
§ 1º O ingresso na carreira do Ministério Público do Estado § 3º O ingresso na Carreira de Procurador do Estado
far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, dependerá de concurso público de provas e títulos, com a
assegurada a participação da Seccional da Ordem dos participação da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do em todas as suas fases.
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica § 4º Aos Procuradores do Estado é assegurada a
e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. estabilidade após 03 (três) anos de efetivo exercício mediante
§ 2º As funções do Ministério Público Estadual só podem relatório circunstanciado da Corregedoria.
ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir § 5º Compete ao Conselho Superior da Procuradoria Geral
na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe do Estado deliberar, dentre outras matérias previstas em Lei
da instituição. Complementar, sobre a concessão de estabilidade e
§ 3º Aplica-se ao Ministério Público do Estado, no que promoções dos integrantes da carreira de Procurador do
couber, o disposto no art. 93, da Constituição Federal. Estado.
§ 4º No exercício de suas funções, o Ministério Público
poderá requisitar informações e documentos de entidades Art. 151. Lei complementar, prevista no art. 77, parágrafo
públicas e privadas para instruir procedimento ou processo único, inciso V, desta Constituição, estabelecerá a organização
em que oficie. e funcionamento da Procuradoria Geral do Estado, observado
§ 5º Aplica-se aos membros do Ministério Público o o seguinte:
disposto no art. 95, parágrafo único, V, da Constituição Federal. I - regime jurídico específico, aplicável aos integrantes da
carreira de Procurador do Estado, disciplinando
prerrogativas, direitos, deveres e proibições;
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APOSTILAS OPÇÃO
II - autonomia administrativa e funcional e, nos limites de § 2º Os integrantes da carreira de Defensor Público serão
suas competências, as respectivas atribuições, dentre as quais remunerados na forma do art. 39, § 4º da Constituição Federal.
as seguintes: § 3º À Defensoria Pública do Estado é assegurada a
a) fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
acordos e convênios e demais atos normativos, a ser proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei
uniformemente seguida pela Administração Estadual; de diretrizes orçamentárias e subordinação ao art. 99, § 2º, da
b) assistir o Governador no controle interno da legalidade Constituição Federal.
dos atos da Administração Pública, mediante:
1. O exame de propostas, anteprojetos e projetos a ela Art. 154. A lei complementar, que dispuser sobre a
submetidos; organização e funcionamento da Defensoria Pública,
2. O exame de minutas de edital de licitação, contratos, estabelecerá:
acordos, convênios ou ajustes que devam ser assinados pelo I - a autonomia administrativa e funcional do órgão;
Governador, pelos Secretários de Estado ou outras II - o estatuto de carreira da Defensoria Pública;
autoridades indicadas em lei; III - o ingresso, na classe inicial da carreira, mediante
3. A proposta de declaração de nulidade de ato concurso público de provas e títulos, com participação da
administrativo praticado na administração direta; Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, obedecendo-se,
4. A elaboração de atos, quando determinada pelo nas nomeações, à ordem de classificação;
Governador do Estado. IV - a residência do defensor público na comarca ou termo
c) supervisionar as atividades de representação e judiciário onde estiver lotado;
assessoramento jurídicos das entidades da administração V - REVOGADO;
indireta, dotados de serviços jurídicos próprios; VI - o exercício das atribuições da Defensoria Pública
d) uniformizar a jurisprudência administrativa estadual, privativamente pelos membros de carreira da instituição.
fixando-a através de pareceres normativos, a ser seguidos no Parágrafo único. O pessoal dos serviços auxiliares da
âmbito da Administração Pública Estadual. Defensoria Pública será organizado em carreira, com quadro
III - a proibição da renúncia ao direito de ação ou ao direito próprio, e recrutado por concurso público de provas ou de
de recorrer, assim como a desistência de ação ou de recursos provar e títulos.
em processo administrativo ou judicial, sob pena de crime de
responsabilidade, na forma da lei, salvo expressa autorização Seção IV
do Conselho Superior da Procuradoria Geral do Estado. Da Advocacia
§ 1º O Conselho Superior da Procuradoria Geral do Estado
será composto pelo Procurador Geral do Estado, Procurador Art. 155. O advogado é indispensável à administração da
Geral Adjunto, Corregedor, Chefes das Procuradorias justiça sendo inviolável por seus atos e manifestações no
Especializadas e da Consultoria Jurídica. exercício da profissão, nos limites da lei.
§ 2º O pessoal dos serviços auxiliares da Procuradoria-
Geral do Estado será organizado em quadro próprio, na forma TÍTULO V
da lei e recrutado por concurso público de provas ou de provas DA SEGURANÇA PÚBLICA
e títulos. CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art . 152. As atribuições da Procuradoria Geral do Estado
serão exercidas, privativamente, pelos seus membros, Art. 156. A segurança pública, dever do Estado, direito e
admitida a outorga de poderes para fins específicos, no caso de responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
impedimento dos Procuradores do Estado, bem como para ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
atuação junto aos Tribunais Superiores. através dos seguintes órgãos:
§ 1º Os processos administrativos disciplinares a serem I - Polícia Civil;
instaurados no âmbito da Administração Direta serão II - Polícia Militar;
presididos por um Procurador do Estado, salvo quanto aos III - Corpo de Bombeiros Militar.
militares do Estado e aos policiais civis, mantido em relação a Parágrafo único. A remuneração dos servidores policiais
estes últimos o controle finalístico da Procuradoria-Geral do integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada
Estado. na forma do § 4º do art. 39, da Constituição Federal.
§ 2º Em casos de alta relevância, a critério do Procurador-
Geral do Estado, as faltas disciplinares cometidas por policiais Art. 157. Os Municípios poderão constituir guardas
civis serão apuradas mediante processo administrativo municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
disciplinar presidido por Procurador do Estado. instalações, conforme dispuser a lei.
Art. 158. A segurança pública, organizada sob a forma de
Seção III sistema, será coordenada, supervisionada e controlada pela
Da Defensoria Pública Secretaria de Estado correspondente, órgão encarregado da
prestação dos serviços de polícia em geral, no território do
Art. 153. A Defensoria Pública é instituição essencial à Estado.
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, com § 1º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças
fundamento na dignidade da pessoa humana, a assistência auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se juntamente
jurídica integral e gratuita e a representação judicial e com a Polícia Civil, ao Governador do Estado.
extrajudicial, em todas as esferas administrativas e instâncias § 2º O exercício da função policial é privativo do policial de
judiciais, àqueles que, na forma da lei, sejam considerados carreira, recrutado, exclusivamente, nos termos do art. 54, II, e
necessitados. submetido a curso de formação policial.
§ 1º A Defensoria Pública tem por chefe o Defensor
Público-Geral, nomeado em comissão pelo Governador do
Estado, dentre os membros da carreira, maiores de trinta e
cinco anos, de notório saber jurídico e reputação ilibada, na
forma disciplinada pela legislação estadual.
Legislação Estadual 23
APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO II TÍTULO VI
Da Polícia Civil DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
CAPÍTULO I
Art. 159. A Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia de DO SISTEMA TRIBUTÁRIO ESTADUAL
carreira, é instituição permanente e auxiliar da função Seção I
jurisdicional do Estado, com atribuições, entre outras fixadas Dos Princípios Gerais
em lei, de exercer as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares. Art. 164. O Estado e os Municípios poderão instituir os
§ 1º A Polícia Civil será dirigida pelo Delegado-Geral, seguintes tributos:
nomeado pelo Governador do Estado, dentre os delegados de I - impostos;
polícia de carreira, nos termos da lei complementar. II - taxas, em razão do poder de polícia ou pela utilização,
§ 2º O Estado criará e manterá uma academia especializada efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
de polícia civil, a que compete o treinamento e a reciclagem de divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
policiais civis de carreira. disposição:
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras
Art. 160. O Estatuto da Polícia Civil disporá sobre: públicas.
I - o ingresso na classe inicial de delegado de polícia de § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter
carreira, mediante concurso público de provas e títulos, com a pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica
participação da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, do contribuinte, facultado à administração tributária
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
II - REVOGADO; identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
III - as garantias aos policiais civis e aos agentes lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
penitenciários, quando presos e durante o processo, de do contribuinte.
tratamento diferenciado dos presidiários comuns; § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria dos
IV - as atribuições e a estrutura dos órgãos do Conselho de impostos.
Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Civil.
§ 1º O cargo de delegado de polícia constitui uma das Art. 165. O Estado e os Municípios instituirão
carreiras jurídicas do Poder Executivo do Estado e será contribuição, cobrada de seus servidores efetivos, para
estruturado em quadro próprio. custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que
§ 2º A realização de concurso de provas e títulos e o trata o art. 40 da Constituição Federal, cuja alíquota não será
respectivo provimento dos cargos de delegados de polícia inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos
dependerão de planejamento do Poder Executivo e serão efetivos da União.
efetuados de acordo com as disponibilidades orçamentárias
do Estado. Art. 165-A. Os Municípios poderão instituir contribuição,
na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de
Art. 160 - A. É vedada a vinculação ou equiparação de iluminação pública, observado o disposto nos incisos I e III, do
remuneração ou subsídio entre as carreiras jurídicas do Poder art. 150, da Constituição Federal.
Executivo e entre estas e as demais carreiras jurídicas. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a
que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
CAPÍTULO III
DA POLÍCIA MILITAR E DO CORPO DE BOMBEIROS Seção II
MILITAR Das Limitações do Poder de Tributar
Art. 161. À Polícia Militar cabe o policiamento ostensivo e Art. 166. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
a preservação da ordem pública; ao Corpo de Bombeiros contribuinte, é vedado ao Estado e aos Municípios:
Militar, além das atribuições definidas em lei, incumbe a I - exigir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça;
execução de atividades de defesa civil. II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
Art. 162. Os comandos da Polícia Militar e do Corpo de distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles
Bombeiros Militar serão exercidos, em princípio, por oficial da exercida, independentemente da denominação jurídica dos
ativa do último posto da própria corporação, nomeado por ato rendimentos, títulos ou direitos;
do Governador, observada a formação profissional para o III - cobrar tributos:
exercício do comando. a) em relação a fato gerador ocorrido antes do início de
Parágrafo único. O Comando da Polícia Militar e do Corpo vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
de Bombeiros Militar podem ser exercidos, excepcionalmente, b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido
por oficial do Exército cujo nome tenha prévia aprovação de publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
seu Ministério. c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o
Art. 163. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar disposto na alínea b;
estão vinculados, operacionalmente, ao sistema de segurança IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
pública do Estado, devendo seguir as políticas e diretrizes V - estabelecer limitações de tráfego de pessoas ou bens,
baixadas pela autoridade competente, na execução das por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
atribuições que lhes são próprias. ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público;
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviço dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
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APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
c) ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º, da c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes
Constituição aplicando o disposto no art. 166, III, b.
Federal. § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º,
d) nas prestações de serviços de comunicação nas inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto,
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de serão estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do
recepção livre e gratuita; Distrito Federal, nos termos do § 1º, g.
VIII - não compreenderá, em sua base de cálculo, o § 6º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do
montante do imposto sobre produtos industrializados, quando caput do art. 155 e o art. 153, I e II, da Constituição Federal,
a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações
destinado à industrialização ou à comercialização, configure relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
fato gerador dos dois impostos. derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.
§ 1º Cabe a lei complementar, em consonância com a
legislação federal: Art. 170-A. O imposto previsto no inciso III, do art. 168,
a) definir seus contribuintes; desta Constituição, deve observar as seguintes condições:
b) dispor sobre substituição tributária; I - terá alíquotas mínimas fixadas, de acordo com
c) disciplinar o regime de compensação de imposto; Resolução do Senado Federal;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
estabelecimento responsável, o local das operações relativas à utilização.
circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para Seção IV
o exterior, serviços e outros produtos, além dos mencionados Dos Impostos dos Municípios
no inciso VII, “a”;
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à Art. 171. Compete aos Municípios instituir impostos
remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de sobre:
serviços e de mercadorias; I - propriedade predial e territorial urbana;
g) regular a forma como, mediante deliberação com outros II - transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato
Estados, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de
concedidos e revogados; direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o cessão de direitos para sua aquisição;
imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no
finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no art. 168, II, definidos em lei complementar federal.
inciso VII, “b”, deste artigo; IV - REVOGADO.
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se
imposto a integre, também na importação do exterior de bem, refere o art. 190, § 4º II, desta Constituição, o imposto previsto
mercadoria ou serviço. no inciso I poderá:
§ 2º O Estado não poderá estabelecer alíquotas diferentes, I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e
aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o
exportação, nem inferiores às mínimas nem superiores às uso do imóvel.
máximas, nos termos do art. 155, IV e V, da Constituição § 2º O imposto previsto no inciso II:
Federal. I - não incide sobre transmissão de bens ou direitos
§ 3º Salvo deliberação em contrário, com os outros Estados incorporados ao patrimônio da pessoa jurídica em realização
federados, nos termos do art. 155, XII, “g”, da Constituição de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos
Federal, as alíquotas internas, nas operações relativas à decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de
circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
poderão ser inferiores às previstas para as operações preponderante do adquirente for a compra e venda desses
interestaduais. bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento
§ 4º Na hipótese do § 1º, “h”, observar-se-á o seguinte: mercantil;
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis II - compete ao Município em que esteja situado o bem.
derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput,
ocorrer o consumo; deste artigo, cabe à lei complementar:
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis II - excluir da sua incidência exportações de serviços para
não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será o exterior;
repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo- III - regular a forma e as condições como isenções,
se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com incentivos e benefícios fiscais que serão concedidos e
as demais mercadorias; revogados.
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus § 4º REVOGADO.
derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no
inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o Seção V
imposto caberá ao Estado de origem; Da Repartição das Receitas Tributárias
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante
deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 1º, Art. 172. Pertencem aos Municípios:
“g”, observando-se o seguinte: I - cinquenta por cento do produto da arrecadação do
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo imposto do Estado sobre a propriedade de veículos
ser diferenciadas por produto; automotores licenciados em seus territórios;
b) poderão ser específicas, por unidade de medida II - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do
adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de
ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte
uma venda em condições de livre concorrência; interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Legislação Estadual 26
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de
mencionadas no inciso II, serão creditadas conforme os forma microrregionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
seguintes critérios: administração pública estadual para as despesas de capital e
I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de
adicionado nas operações relativas à circulação de duração continuada.
mercadorias e nas prestações de serviços, realizados em seus § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as
territórios; metas e prioridades da administração pública estadual,
II - até um quarto, de acordo com o que dispuser a lei incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
estadual. subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
§ 2º O Estado entregará aos Municípios vinte e cinco por disporá sobre as alterações na legislação tributária e
cento dos recursos que receber nos termos do inciso II, do art. estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras
159 da Constituição Federal, observados os critérios oficiais de fomento.
estabelecidos no parágrafo anterior. § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o
encerramento de cada bimestre, relatório resumido da
Art. 173. É vedada a retenção ou qualquer restrição à execução orçamentária.
entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos § 4º Os planos e programas estaduais e setoriais previstos
Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o
relativos a impostos. plano plurianual e apreciados pela Assembleia Legislativa
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não § 5º A lei orçamentária compreenderá:
impede o Estado de condicionar a entrega de recursos: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes do Estado, seus
I - ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,
autarquias; inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - ao cumprimento do disposto no art. 204, § 2º, I e II, II - o orçamento de investimentos das empresas em que o
desta Constituição. Estado, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
social com direito a voto;
Art. 174. O Tribunal de Contas do Estado efetuará o cálculo III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas
das quotas referentes aos fundos de participação a que alude as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta
o art. 172, §§ 1º e 2º. ou indireta, bem como os fundos e fundações, instituídos e
mantidos pelo Poder Público.
Art. 175. O Estado e os Municípios divulgarão, até o último § 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de
dia de cada mês subsequente ao da arrecadação, os montantes demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e
de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões,
os valores de origem tributária entregues e por entregar e a subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
expressão numérica dos critérios de rateio. creditícia.
Parágrafo único. Os dados divulgados pelo Estado serão § 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II,
discriminados por Município. compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas
funções a de reduzir desigualdades microrregionais do Estado,
CAPÍTULO II segundo critério populacional.
DAS FINANÇAS PÚBLICAS § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo
Seção I estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se
Normas Gerais incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e a contratação de operações de crédito, ainda
Art. 176. Lei complementar disporá sobre: que por antecipação de receita, nos termos da lei.
I - finanças públicas; § 9º Sem prejuízo no disposto no “caput” deste artigo,
II - dívida pública, incluída a das autarquias, fundações e poderá a Comissão Permanente a que se refere o art. 179, §1º,
demais entidades controladas pelo Poder Público; mediante aprovação da maioria absoluta dos membros da
III - concessão de garantias pelas entidades públicas; Assembleia Legislativa, encaminhar ao Poder Executivo
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; proposta de matéria para ser inserida nos projetos de leis dos
V - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades planos plurianuais, de diretrizes orçamentárias e de
do Estado e dos Municípios. orçamentos anuais.
§ 10 - Cabe à lei complementar:
Art. 177. A Assembleia Legislativa autorizará, por lei I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos,
ordinária, o Poder Executivo a realizar contrato de prestação a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de
de serviços com instituição bancária, destinado ao depósito e diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
movimentação de suas disponibilidades de caixa, atuando a II - estabelecer:
entidade contratada como agente financeiro do Estado para a) as normas de gestão financeira e patrimonial da
arrecadação e centralização de tributos estaduais, gestão da administração direta ou indireta, bem como as condições para
Conta Única, repasse das cotas-partes do ICMS aos Municípios, a instituição e funcionamento de fundos;
pagamento de servidores, pensionistas e fornecedores e b) as normas disciplinares da participação do Poder
outros serviços imprescindíveis à boa Administração Legislativo, como órgão público de representação popular, das
financeira do Estado. entidades classistas e das de representação social na
elaboração do plano plurianual e das diretrizes orçamentárias;
Seção II c) as normas disciplinares da aferição de compatibilidade
Dos Orçamentos dos orçamentos anuais com o plano plurianual.
Art. 178. Leis de iniciativa do Poder Executivo Art. 179. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual,
estabelecerão: às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos
I - o plano plurianual; adicionais serão apreciados pela Assembleia Legislativa, na
II - as diretrizes orçamentárias; forma de seu regimento.
III - os orçamentos anuais.
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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º Além das atribuições que lhe der o Regimento Interno, Constituição, bem como as que tenham como objetivo
caberá à Comissão de Fiscalização e Controle, de que trata o específico o refinanciamento da dívida pública do Estado;
art. 69, § 1º: V - a abertura de crédito suplementar ou especial, sem
I - emitir parecer sobre os projetos de lei referidos neste prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos
artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo correspondentes;
Governador do Estado; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
II - exercer o acompanhamento e a fiscalização recursos de uma categoria de programação para outra ou de
orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais Comissões um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
da Assembleia Legislativa. VII - a concessão ou a utilização de créditos ilimitados;
§ 2º As emendas serão apresentadas à Comissão que sobre VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de
elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo recursos dos orçamentos fiscais e da seguridade social para
Plenário da Assembleia Legislativa. suprir necessidades ou cobrir déficit de empresas, fundações
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou ou fundos, inclusive dos mencionados no art. 178, § 5º;
aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem
nos seguintes casos: prévia autorização legislativa.
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de
diretrizes orçamentárias; empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelo
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os Governo Estadual e suas instituições financeiras, para
provenientes de anulação de despesa, excluídas as que pagamento de despesa com pessoal ativo, inativo e pensionista
incidam sobre: dos Municípios.
a) dotações para pessoal e seus encargos; § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um
b) serviços da dívida; exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão
c) transferências tributárias constitucionais para no plano plurianual, ou sem lei que lhe autorize a inclusão, sob
Municípios. pena de crime de responsabilidade.
III - sejam relacionadas com: § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência
a) a correção de erros e omissões; no exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de
b) os dispositivos do texto do projeto de lei. autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos,
orçamentárias não poderão ser aprovadas quando serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro
incompatíveis com o plano plurianual. subsequente.
§ 5º O Governador do Estado poderá enviar mensagem à § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será
Assembleia admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes,
Legislativa para propor modificações nos projetos a que como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
se refere este artigo, enquanto não iniciada a votação, na calamidade pública, observado o disposto no art. 75, § 3º e 4º.
Comissão, da parte cujas alterações são propostas.
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes Art. 181. Os recursos correspondentes às dotações
orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e
Governador à Assembleia especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e
Legislativa, nos termos da lei complementar a que se Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-
refere o art. 178, §10. lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, e
no que não contrariar o disposto na presente seção, as art. 168, da Constituição Federal.
demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou Art. 182. A despesa com pessoal ativo e inativo do Estado
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos
despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o em lei complementar.
caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de
prévia e específica autorização legislativa. remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
Art. 180. São vedados: contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei entidades da administração direta ou indireta, inclusive
orçamentária anual; fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações poderão ser feitas: de remuneração, a criação de cargos ou
diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; alteração da estrutura de carreiras, bem como a admissão de
III - a realização de operações de crédito que excedam o pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas administração direta ou indireta, inclusive fundações
mediante créditos suplementares ou especiais com instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser
finalidades precisas, aprovados pelo Poder Legislativo, por feitas se houver:
maioria absoluta; I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dela decorrentes;
dos impostos a que se refere o art. 172 desta Constituição, a I - prévia dotação orçamentária suficiente para atender às
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela
saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para decorrentes;
realização de atividades da administração tributária, como II - se houver autorização específica na lei de diretrizes
determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 da orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as
Constituição Federal e art. 49, § 1º, desta Constituição, e a sociedades de economia mista.
prestação de garantias às operações de crédito por § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar
antecipação de receita, previstas no art. 178, § 8º, desta referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali
previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses
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de verbas estaduais aos Municípios que não observarem os I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e
referidos limites. pela sociedade;
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
referida no caput, o Estado e os Municípios adotarão as comerciais, trabalhistas e tributárias;
seguintes providências: III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas alienações, observado os princípios da administração pública;
com cargos em comissão e funções de confiança; IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de
II - exoneração dos servidores não estáveis. administração e fiscal, com a participação de acionistas
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo minoritários;
anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a
da determinação da lei complementar referida neste artigo, o responsabilidade dos administradores.
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato
normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a Art. 186. O Estado e os Municípios dispensarão às
atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto pequenas e microempresas tratamento jurídico diferenciado,
da redução de pessoal. visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias.
anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de
remuneração por ano de serviço. Art. 187. Como fator de desenvolvimento social e
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos econômico, o Estado e os Municípios promoverão e
anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, incentivarão o turismo.
emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas
pelo prazo de quatro anos. Art. 188. A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e
§ 7º Lei Federal disporá sobre as normas gerais a serem outras modalidades de associativismo, assim como a produção
obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. artesanal típica regional, como formas de promoção
econômica, social e cultural.
TÍTULO VII
DA ORDEM ECONÔMICA Art. 189. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
CAPÍTULO I diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
Dos Princípios gerais sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. As empresas concessionárias e
Art. 183. O Estado e os Municípios, observados os permissionárias de serviços públicos sujeitam-se a
princípios relativos à ordem econômica, previstos na permanente controle e fiscalização do Poder Público,
Constituição Federal, especialmente a valorização do trabalho cumprindo-lhes manter adequada execução do serviço e plena
humano e a livre iniciativa, atuarão no sentido de assegurar a satisfação dos direitos dos usuários.
todos existência digna, conforme os princípios da justiça
social. CAPÍTULO II
§ 1º O Poder Público exercerá, na forma da lei, as funções DA POLÍTICA URBANA
de fiscalização, incentivo e planejamento da atividade
econômica. Art. 190. A política de desenvolvimento urbano, executada
§ 2º A Assembleia Legislativa aprovará o Plano de pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais
Desenvolvimento Integrado do Estado, de iniciativa do Poder fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
Executivo, e com caráter plurianual. desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
§ 3º O plano plurianual e os programas especiais e setoriais bem-estar de seus habitantes.
em execução no Estado, ou previstos nesta Constituição, serão § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
elaborados em consonância com o Plano de Desenvolvimento obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o
Integrado de que trata o parágrafo anterior. instrumento básico da política de desenvolvimento e de
§ 4º Fica assegurado o amplo acesso da população às expansão urbana.
informações sobre planos de desenvolvimento urbano e § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
regional, agrícola, industrial, projetos de infra-estrutura e quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
transporte, bem como sobre cadastro atualizado das terras cidade expressas no plano diretor.
públicas e a gestão dos serviços estaduais ou municipais. § 3º A desapropriação de imóveis urbanos será feita com
prévia e justa indenização em dinheiro.
Art. 184. É assegurado a todos o livre exercício de § 4º É facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei
qualquer atividade econômica, independentemente de específica para área incluída no plano diretor, nos termos da
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei federal, exigir do proprietário do solo urbano não edificado,
lei. subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
Art. 185. Ressalvados os casos previstos nesta I - parcelamento ou edificação compulsória;
Constituição, a exploração direta de atividade econômica do II - imposto sobre a propriedade predial e territorial
Estado ou Município só será permitida, por meio de entidade urbana progressivo no tempo;
da administração indireta, quando necessária à satisfação de III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
relevantes interesses coletivos, conforme definidos em lei. dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Parágrafo único. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção indenização e os juros legais.
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre: Art. 191. No estabelecimento de diretrizes e normas
relativas ao desenvolvimento urbano, o Estado e os Municípios
assegurarão:
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Parágrafo único. As receitas do Estado e dos Municípios, de dependentes, bem como poderá destinar recursos às
destinadas à seguridade social, constarão dos respectivos entidades privadas de natureza filantrópica que tenham
orçamentos. idênticas finalidades.
Parágrafo único. É vedada a destinação de recursos
Seção II públicos às instituições privadas com fins lucrativos.
Da Saúde
Art. 207. O sistema estadual de saúde promoverá:
Art. 203. A saúde é direito de todos e dever do Estado I - o desenvolvimento de novas tecnologias e a produção de
garantidos mediante políticas sociais e econômicas que visem medicamentos, matérias-primas, insumos imunobiológicos,
à extinção do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso com preferência a laboratórios oficiais do Estado, incluindo-se
universal e igualitário às ações e aos serviços destinados a sua práticas médicas alternativas de diagnósticos e terapêuticas, a
promoção, proteção e recuperação, com prioridade para as homeopatia, a acupuntura e a fitoterapia;
atividades preventivas e de vigilância e epidemiológica. II - a regulamentação de todo o percurso de sangue, coleta,
Parágrafo único. O direito à saúde pressupõe: processamento, estocagem, tipagem, sorologia, distribuição,
I - condições dignas de trabalho e de renda, saneamento, transporte, descarte, indicação e transfusão, bem como sua
moradia, alimentação, educação, transporte e lazer; procedência e qualidade ou componente destinado à
II - respeito ao meio ambiente sadio e ao controle da industrialização, seu processamento, guarda, distribuição e
poluição ambiental; aplicação;
III - opção quanto ao tamanho da prole. III - a elaboração e atualização do plano estadual de
alimentação e nutrição, em termos de prioridades estratégicas
Art. 204. O Estado e os Municípios integram, juntamente regionais, em consonância com o plano nacional respectivo;
com a União, a rede regionalizada e hierarquizada de ações e IV - a ação de vigilância sanitária e de epidemias e, as de
serviços públicos de saúde, constituindo um sistema único, saúde do trabalhador, participando de forma supletiva do
organizado de acordo com os preceitos da Constituição controle do meio ambiente e das ações de saneamento básico;
Federal. V - a fiscalização e a inspeção, dentro de rigorosos padrões
§ 1º A participação popular no sistema único de saúde será técnicos, dos serviços de saúde pública e privada,
assegurada pela criação do conselho estadual e conselhos principalmente os que manipulam ou utilizam substâncias e
municipais de saúde, composto paritariamente por órgãos produtos psicoativos, tóxicos, ionizantes e radioativos,
públicos, entidades representativas do setor, reconhecidos visando assegurar a proteção do trabalhador no exercício de
por lei, e representantes dos beneficiários do sistema de saúde sua atividade e aos usuários desses serviços;
do Estado e dos Municípios, com poder deliberativo e sob a VI - a execução das ações de saúde de nível mais complexo
coordenação das secretarias de saúde estadual e municipais. que extrapolem a capacidade e competência dos Municípios,
§ 2º O Estado e os Municípios aplicarão, anualmente, em pela manutenção de hospitais, laboratórios e hemocentros,
ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos além das estruturas administrativas e técnicas de apoio em
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: âmbito regional;
I - no caso do Estado, o produto da arrecadação dos VII - a fiscalização e a normatização de um sistema de
impostos a que se refere o art. 155, e dos recursos de que verificação de óbitos, regulando, inclusive, o procedimento de
tratam os arts. 157 e 159, I, “a”, e inciso II, da Constituição agentes e empresas funerárias.
Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
Municípios; Art. 208. A assistência farmacêutica, privativa de
II - no caso dos Municípios, o produto da arrecadação dos profissional habilitado, integra o sistema estadual de saúde, ao
impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que qual cabe garantir o acesso da população aos medicamentos
tratam os arts. 158 e 159, I, b e § 3º, da Constituição Federal. básicos e controlar os postos de manipulação, doação e venda
§ 3º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão de medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos destinados
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate ao uso humano.
às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo
com a natureza e complexidade de suas atribuições e Art. 209. O Estado e os Municípios promoverão
requisitos específicos para sua atuação. campanhas de saúde pública ou de combate às doenças
§ 4º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § endêmicas, independentemente do pagamento de taxa ou
4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça contribuição pelos benefícios diretos ou potenciais.
funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de
agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso Seção III
de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, Da Previdência e Assistência Social
para o seu exercício.
§ 5º O regime jurídico, o piso salarial profissional, as Art. 210. O Estado garante a previdência social a seus
diretrizes para os Planos de Carreiras e a regulamentação das servidores, nos termos da Constituição Federal.
atividades de agente comunitário de saúde e agente de
combate às endemias, de competência da União, vão ter Parágrafo único. Para efeito de aposentadoria, é
fixadas suas especificidades em leis municipais.” assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
Art. 205. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. hipótese em que os diversos regimes de previdência social se
Parágrafo único. As instituições privadas poderão compensarão financeiramente, segundo critérios
participar, de forma complementar, do sistema único de saúde, estabelecidos em lei.
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público
ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as Art. 211. REVOGADO.
sem fins lucrativos.
Art. 212. REVOGADO.
Art. 206. O Estado proverá com recursos humanos e
materiais os órgãos públicos ligados à prevenção, à Art. 213. REVOGADO.
fiscalização do uso de drogas e entorpecentes e à recuperação
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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 214. O Estado e os Municípios prestarão assistência § 1º O Estado promoverá a educação dos presos, através de
social, a quem dela necessitar, independentemente de cursos de alfabetização e técnico-profissionalizantes.
contribuição à seguridade social, obedecidos os princípios e § 2º Compete ao Estado e aos Municípios executar
normas da Constituição federais. chamada escolar anual dos alunos do ensino fundamental, nas
escolas de sua jurisdição, promovendo, junto aos pais ou
Parágrafo único. A participação popular na formulação da responsáveis, entidades de classe, e ao próprio corpo discente,
política e no controle das ações de assistência social será campanhas contra a evasão e a repetência escolares.
assegurada, nos termos da lei, por meio de organizações § 3º A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores
representativas da sociedade, que formarão o Conselho considerados profissionais da educação básica e sobre a
Estadual de Assistência Social, paritário e consultivo. fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus
planos de carreiras, no âmbito do Estado e dos Municípios.
Art. 215. O Estado estabelecerá meios para a manutenção
e a sobrevivência dos órgãos públicos que garantam Art. 218. O ensino religioso, de matrícula facultativa,
assistência a pessoas portadoras de deficiência física, ou constituirá disciplina dos horários normais das escolas.
sensorial ou mental.
§ 1º Serão criados mecanismos, mediante incentivos Art. 219. A lei garantirá participação da população, por
fiscais, que estimulem as empresas a absorver a mão-de-obra meio de organizações representativas, na formulação das
de pessoas portadoras de deficiência. políticas e no controle das ações do sistema educacional do
§ 2º Será implantado o Sistema Braille em Estado, em todos os níveis.
estabelecimentos da rede oficial de ensino, em cidade-pólo
regional, de modo que se atendam as necessidades Art. 220. Os órgãos normativos e consultivos de caráter
educacionais e sociais das pessoas portadoras de deficiência permanente do sistema educacional terão seus membros
visual. indicados pelo Governador do Estado, que os recrutará nas
§ 3º Será promovida a divulgação do processo de entidades representativas do magistério, dos pais e dos
linguagem mímica nas escolas de ensino fundamental e estudantes, submetendo-os à aprovação da Assembleia
médio, a fim de facilitar a comunicação entre a comunidade e Legislativa.
os deficientes de fala e audição.
Art. 221. O Poder Público estimulará a formação de nível
CAPÍTULO III superior dos professores do ensino estadual e municipal.
Da Educação Parágrafo único. O Estado prestará assistência técnica e
pedagógica aos Municípios, visando à realização do plano de
Art. 216. A educação, direito de todos e dever do Estado e educação estadual.
da família, é promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando-se ao pleno desenvolvimento da pessoa, Art. 222. O Poder Público assegurará o provimento de
seu preparo para o exercício consciente da cidadania e sua vagas em número suficiente para atender à demanda do
qualificação para o trabalho. ensino fundamental, de natureza obrigatório e gratuito.
Parágrafo único. O não oferecimento do ensino
Art. 217. O ensino é ministrado com base nos seguintes fundamental gratuito pelo Poder Público, ou sua oferta
princípios: irregular, importa em responsabilidade da autoridade
I - igualdade de condições para o acesso à escola e a competente.
permanência nela;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o Art. 223. O Estado e seus Municípios aplicarão,
pensamento, a arte e o saber; anualmente, 30% (trinta por cento), no mínimo, da receita
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e resultante de impostos, compreendida a proveniente de
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino,
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos permitida a utilização de até 5% (cinco por cento) desse
oficiais; montante na capacitação, qualificação e requalificação
V - valorização dos profissionais da educação escolar, profissional e de mão-de-obra.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pelo
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos Estado aos Municípios não é considerada para efeito do cálculo
das redes públicas; da receita estadual prevista neste artigo.
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; § 2º Setenta por cento dos recursos previstos neste artigo
VII - garantia de padrão de qualidade; serão destinados ao atendimento das necessidades do ensino
VIII - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) fundamental.
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
oferta gratuita para todos os que a ela não tiverem acesso na Art. 224. O Estado distribuirá os recursos remanescentes
idade própria; do artigo anterior do seguinte modo:
IX - oferta de ensino noturno regular, adequado às I - vinte e cinco por cento das receitas destinados à
condições do educando; Secretaria de Estado da Educação;
X - atendimento educacional especializado aos portadores II - cinco por cento das receitas destinados a instituições de
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; ensino superior mantidas pelo Estado.
XI - atendimento ao educando, no ensino fundamental,
através de programas suplementares de material didático- Art. 225. Os recursos públicos serão destinados às escolas
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
XII - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade confessionárias ou filantrópicas, definidas em lei, que:
ao ensino médio. I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus
XIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da excedentes financeiros em educação;
educação básica, por meio de programas suplementares de II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
material didático, escolar, transporte, alimentação e escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
assistência à saúde”. Público, no caso de encerramento de suas atividades.
Legislação Estadual 32
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único. Os recursos de que trata este artigo obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional
fundamental e médio, na forma da lei, aos que demonstrarem de educação.
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e de
cursos regulares da rede pública na localidade da residência CAPÍTULO IV
do estudante, ficando o Poder Público obrigado a investir, DA CULTURA E DO DESPORTO
prioritariamente, na expansão de escolas da comunidade. Seção I
Da Cultura
Art. 226. A lei estabelecerá o plano estadual de educação,
de duração plurianual, visando à articulação e ao Art. 229. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional e
integração das ações do Poder Público que conduzam: apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
I - à erradicação do analfabetismo; manifestações culturais estaduais.
II - à universalização do atendimento escolar; § 1º As manifestações das culturas populares terão
III - à melhoria da qualidade do ensino; proteção especial do Estado e dos Municípios.
IV - ao conhecimento da realidade piauiense, através de § 2º O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
sua literatura, história e geografia; promoverá e protegerá o patrimônio cultural, por meio de
V - à preparação do educando para o exercício da inventários, registros, vigilância, tombamento,
cidadania. desapropriação e de outras formas de acautelamento e
§ 1º Será obrigatório, nas escolas públicas e particulares, o preservação.
ensino de literatura piauiense e a promoção, no âmbito de § 3º A lei estabelecerá plano estadual de cultura, de
disciplina pertinente, do aprendizado de meio ambiente, duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do
saúde, ética, educação sexual, direito do consumidor, Estado e à integração das ações do poder público que
pluralidade cultural e legislação de trânsito. conduzem à:
§ 2º Compete à Secretaria de Educação do Estado do Piauí, I - defesa e valorização do patrimônio cultural piauiense;
fazer constar dos programas de ensino fundamental e médio, II - produção, promoção e difusão de bens culturais;
direcionamento e de limitação quanto (delimitação quanto III - formação de pessoal qualificado para a gestão da
aos) conhecimentos teóricos dos temas referidos no parágrafo cultura em suas múltiplas dimensões;
anterior, na forma da lei. IV - democratização do acesso aos bens de cultura;
§ 3º A lei estabelecerá o plano estadual de educação, de V - valorização da diversidade étnica e regional.
duração decenal, com objetivo de articular o sistema nacional § 4º É facultado ao Estado vincular fundo estadual de
de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita
objetivos, metas e estratégias de implementação para tributária líquida, para o financiamento de programas e
assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações pagamento de:
integradas dos poderes públicos do Estado e dos Municípios. I - despesas com pessoal e encargos sociais;
§ 4º Deve ser estabelecida meta de aplicação de recursos II - serviços da dívida;
públicos em educação como proporção do produto interno III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
bruto. diretamente aos investimentos e ações apoiadas.
Art. 227. Os professores e os pais de alunos de instituições Art. 230. Os colegiados normativos e consultivos de
privadas de ensino terão acesso aos cálculos e planilhas de caráter permanente que participem das decisões do Poder
custos que informem o valor da anuidade. Público Estadual sobre cultura terão seus membros indicados
da seguinte forma:
Art. 228. As universidades gozam de autonomia didático- a) um terço pelo Poder Executivo;
científica e administrativa, incluída a gestão financeira e b) um terço pelo Poder Legislativo;
patrimonial, observado o princípio da indissociabilidade entre c) um terço pelas entidades representativas dos
ensino, pesquisa e extensão. produtores culturais.
Art. 228-A. O Estado e os Municípios organizarão em “Art. 230-A. O Sistema Estadual de Cultura, organizado em
regime de colaboração seus sistemas de ensino, inclusive com regime de colaboração, de forma descentralizada e
a participação da União. participativa, institui um processo de gestão e promoção
§ 1º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e
fundamental e na educação infantil. permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a
§ 2º O Estado atuará prioritariamente no ensino sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento
fundamental e médio. humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
§ 3º Na organização de seu sistema de ensino, o Estado e culturais.
os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a § 1º O Sistema Estadual de Cultura fundamenta-se na
assegurar a universalização do ensino obrigatório. política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas
§ 4º A educação básica pública atenderá prioritariamente no Plano Estadual de Cultura, e rege-se pelos seguintes
ao ensino regular. princípios:
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional I - diversidade das expressões culturais;
de financiamento a cota estadual da contribuição social do II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
salário-educação, proporcionalmente ao número de alunos III - fomento à produção, difusão e circulação de
matriculados na educação básica na rede pública de ensino. conhecimento e bens culturais;
§ 6º Na organização de seus sistemas de ensino, o Estado e IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a públicos e privados atuantes na área cultural;
assegurar a universalização do ensino obrigatório. V - integração e interação na execução das políticas,
§ 7º A distribuição dos recursos públicos assegurará programas, projetos e ações desenvolvidas;
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
Legislação Estadual 33
APOSTILAS OPÇÃO
VII - transversalidade das políticas culturais; II - à fundação será vedado executar diretamente qualquer
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da projeto de pesquisa, funcionando apenas como órgão
sociedade civil; financeiro;
IX - transparência e compartilhamento das informações; III - será garantida a participação não remunerada de
X - democratização dos processos decisórios com representantes do meio científico e empresarial no conselho
participação e controle social; superior da fundação.
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos
recursos e das ações; CAPÍTULO VI
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos Da Comunicação Social
orçamentos públicos para a cultura.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Estadual de Cultura: Art. 236. É livre, sob qualquer forma, processo ou veículo,
I - órgãos gestores da cultura; a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
II - conselhos de política cultural; informação, observado o disposto na Constituição Federal.
III - conferências de cultura; Parágrafo único. É vedada a destinação de recursos
IV - comissões intergestores; públicos a instituição privada de comunicação, na forma de
V - planos de cultura; investimento, auxílio ou subvenção.
VI - sistemas de financiamento à cultura;
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; CAPÍTULO VII
VIII - programas de formação na área da cultura; e Do Meio Ambiente
IX - sistemas setoriais de cultura.
§ 3º Lei estadual disporá sobre a regulamentação do Art. 237. Todos têm direito ao meio ambiente
Sistema Estadual de Cultura, bem como de sua articulação com ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo. essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
§ 4º Os Municípios organizarão seus respectivos sistemas Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo, de
de cultura em leis próprias.” harmonizá-lo, racionalmente, com as necessidades do
desenvolvimento socioeconômico para as presentes e futuras
Seção II gerações.
Do Desporto § 1º Para assegurar a afetividade desse direito, incumbe ao
Poder
Art. 231. É dever do Estado fomentar práticas desportivas Público:
formais e não formais, nas modalidades de educação física, I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais
desporto, lazer, recreação, como direito de todos, observados: e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
I - a autonomia das entidades desportivas e associações, II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
quanto à organização e ao funcionamento; genético do Estado e fiscalizar as entidades dedicadas à
II - a destinação de recursos públicos para promoção do pesquisa e à manipulação de material genético;
desporto educacional; III - definir, supletivamente à União, espaços territoriais e
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
e o não profissional; alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
de caráter estadual. atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
Art. 232. O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à atividade potencialmente causadora de significativa
disciplina e às competições desportivas após se esgotarem as degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
instâncias da justiça desportiva, atribuindo-se à justiça ambiental, a que se dará publicidade;
especializada o prazo máximo de sessenta dias, contados da V - fazer cumprir as ações compensatórias indicadas no
instauração do processo para proferir decisão final. estudo de impacto ambiental a que se refere o inciso anterior,
Art. 233. O Poder Público incentivará o lazer como forma compatíveis com o restabelecimento do equilíbrio ecológico;
de promoção social. VI - controlar a produção, a comercialização e o emprego
de técnicas, métodos e substâncias que comportem riscos para
CAPÍTULO V a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
Da Ciência e Tecnologia VII - promover a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
Art. 234. O Estado promoverá e incentivará o ambiente;
desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação VIII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
tecnológicas. práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
Parágrafo único. Será garantida a prioridade para a provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
pesquisa básica e a tecnológica nas áreas indicadas pelo Plano crueldade.
Estadual de Ciência e Tecnologia, elaborado, plurianualmente, § 2º Aquele que explore recursos minerais fica obrigado a
pelo Poder Executivo. recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Art. 235. O Estado destinará até 1% (um por cento) de sua § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
receita corrente líquida ao desenvolvimento da pesquisa ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
científica e tecnológica, através de fundação pública a ser a sanções penais e administrativas, independentemente da
criada. obrigação de reparar os danos causados.
Parágrafo único. A lei de criação da fundação observará: § 4º Considerar-se-á infrator, nos termos do parágrafo
I - a despesa com a administração da fundação, inclusive de anterior, o cartório que proceder à lavratura de qualquer tipo
pessoal e de custeio, não poderá ultrapassar a cinco por cento de escritura ou promover registro de imóvel de terras
de sua receita; devolutas ou arrecadadas pelo Estado e que integram áreas de
proteção ambiental, de interesse ecológico ou de proteção dos
ecossistemas naturais.
Legislação Estadual 34
APOSTILAS OPÇÃO
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas sua utilização será feita nos limites, formas e condições fixados
pelo Estado, por ações discriminatórias necessárias à proteção em lei.
dos ecossistemas naturais.
§ 6º A promoção do gerenciamento integrado dos recursos Art. 243. A conservação da quantidade e da qualidade das
hídricos, diretamente ou mediante permissão de uso, com base águas será obrigatoriamente levada em conta quando da
nos seguintes princípios: elaboração de normas legais, relativas a floresta, caça, pesca,
a) adoção das áreas das bacias e sub-bacias hidrográficas fauna, conservação da natureza, defesa do solo e demais
como unidade de planejamento e execução de planos, recursos naturais, ao meio ambiente e ao controle da poluição.
programas e projetos;
b) unidade na administração da quantidade e da qualidade Art. 244. O Estado e os Municípios estabelecerão
das águas; programas conjuntos visando ao tratamento de despejos
c) compatibilização entre os usos múltiplos, efetivos e urbanos e industriais e de resíduos sólidos, de proteção e de
potenciais dos recursos hídricos; utilização racional da água, assim como de combate às
d) participação popular no gerenciamento e inundações e à erosão.
obrigatoriedade de contribuição para recuperação e Parágrafo único. O produto da participação dos
manutenção da qualidade da água em função do tipo e da Municípios, no resultado da exploração dos potenciais
intensidade do uso; energéticos em seu território, ou a compensação financeira,
e) ênfase no desenvolvimento e no emprego de métodos e deve aplicar-se prioritariamente nos programas previstos
critérios de avaliação da qualidade das águas. neste artigo.
§ 7º São áreas de preservação permanente:
I - os manguezais; Art. 245. A irrigação deverá ser desenvolvida em
II - as nascentes dos rios; harmonia com a política de recursos hídricos e com os
III - as áreas deltáticas; programas de conservação do solo e da água.
IV - as ilhas marítimas, fluviais e lacustres;
V - SUPRIMIDO Art. 246. Na articulação com a União, quando da
V - os carnaubais, babaçuais, pequizais e buritizais. exploração dos serviços e instalações de energia elétrica e do
§ 8º As aroeiras, faveiras, paus d´arcos e cedros terão aproveitamento energético dos cursos de água em seu
proteção especial do Poder Público e a utilização dessas território, o Estado levará em conta os usos múltiplos, o
espécies vegetais ou áreas que compõem a cobertura vegetal controle das águas, a drenagem e o aproveitamento das
nativa do Estado dependerá de prévia autorização dos órgãos várzeas
públicos competentes, mediante reposição obrigatória em
percentuais estabelecidos em lei. CAPÍTULO VIII
§ 9º A instalação de obra ou atividade potencialmente Da Família, Da Criança, Do Adolescente e Do Idoso
causadora de significativa degradação do meio ambiente,
deverá ser procedida de estudo prévio de impacto ambiental, Art. 247. A família, base da sociedade, terá proteção do
a que se dará ampla publicidade. Estado, na forma da Constituição Federal.
Art. 238. O Poder Público estabelecerá taxa sobre a Art. 248. É dever da família, da sociedade e do Estado
utilização dos recursos naturais, correspondentes aos custos assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
dos investimentos, à recuperação e à manutenção dos padrões prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
de qualidade ambiental. ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
Art. 239. São áreas de relevante interesse ecológico, cuja além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
competentes, preservados seus atributos essenciais: § 1º O Estado promoverá programas de assistência
I - as lagoas existentes no Estado; integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
II - a zona costeira; admitida a participação de entidades não governamentais,
III - as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou preceitos:
reprodução de espécies migratórias; I - aplicação de percentual dos recursos públicos
IV - as faixas necessárias à proteção das águas superficiais; destinados à saúde na assistência materno-infantil;
V - as encostas sujeitas a erosão e deslizamentos; II - criação de programas de preservação e atendimento
VI - os sítios arqueológicos e formações rochosas especializado para os portadores de deficiência física,
interessantes. sensorial ou mental, bem como de integração social do
Parágrafo único. O Estado promoverá programa adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
continuado de reflorestamento das nascentes dos rios, e de treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do
suas margens e das lagoas existentes em seu território. acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
Art. 240. O Poder Público poderá estabelecer restrições § 2º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes
administrativas ao uso do solo nas áreas privadas, para fins de aspectos:
proteção de ecossistemas, devendo averbá-las no registro I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
imobiliário, no prazo máximo de um mês, a contar de seu trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII, da
estabelecimento. Constituição Federal;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
Art. 241. O Estado não aceitará depósito de resíduos III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem
nucleares produzidos em outras unidades da Federação. à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento de atribuição
Art. 242. As nascentes do rio Parnaíba e demais rios de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa
situados no território piauiense são patrimônios do Estado, e técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a
legislação tutelar específica;
Legislação Estadual 35
APOSTILAS OPÇÃO
V - obediência aos princípios de brevidade, Parágrafo único. Aos maiores de sessenta e cinco anos é
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em assegurada a gratuidade dos transportes coletivos dentro dos
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida Municípios.
privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência Art. 252. São assegurados às mães adotivas os mesmos
jurídica, incentivos, sob a forma de guarda, à criança ou ao direitos garantidos às mães legítimas, inclusive o de licença
adolescente órfão ou abandonado; maternidade, na forma da lei.
VII - programa de prevenção e atendimento especializado
à criança, ao adolescente e ao jovem dependentes de TÍTULO IX
entorpecentes e drogas afins. Das Disposições Constitucionais Gerais
§ 3º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual da criança, do adolescente e do jovem. Art. 253. Ficam assegurados aos contribuintes a que se
§ 4º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma refere a lei nº 4.050, de maio de 1986, os benefícios ali
da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por previstos, sendo-lhes, na superveniência de inviabilidade
parte de estrangeiros. econômico-financeira do Fundo de Previdência de que trata o
§ 5º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou Art. 9º daquele diploma legal, garantidos os mesmos direitos
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, pelo Governo do Estado, através do Instituto de Assistência e
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à Previdência do Estado do Piauí.
filiação.
§ 6º No atendimento dos direitos da criança, do Art. 254. O servidor que contar tempo de serviço igual ou
adolescente e do jovem será levado em consideração o superior ao fixado para aposentadoria passará à inatividade,
disposto no art. 204, da Constituição Federal. com gratificação do cargo de direção, em comissão, de função
§ 7º O Estado acolherá, preferencialmente, em casas de confiança ou de função gratificada que estiver exercendo ou
especializadas, mulheres, crianças, adolescentes e jovens tenha exercido na administração pública, por cinco anos
vítimas de violência familiar e extrafamiliar. ininterruptos ou dez anos intercalados.
§ 8º A lei estabelecerá o plano estadual de juventude, de § 1º Quando o servidor tiver exercido mais de um cargo ou
duração decenal, visando à articulação das várias esferas do função, a vantagem do de maior valor lhe será atribuída, desde
poder público para a execução de políticas públicas. que exercido por um período mínimo de dois anos.
§ 9º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes § 2º As mesmas vantagens serão estendidas aos
aspectos: pensionistas de servidores que tenham falecido no exercício
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao de quaisquer cargos ou funções referidas neste artigo.
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII, da
Constituição Federal; Art. 255. Ficam obrigados a apresentar declaração anual
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; de bens os assessores diretos do Governador e dos Secretários
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem de Estado, assim como os servidores que exerçam cargos ou
à escola; funções de direção, chefia ou fiscalização, compreendidos na
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição administração direta e indireta, estendendo-se a exigência aos
de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa respectivos cônjuges.
técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a § 1º Ficam da mesma forma obrigados os assessores
legislação tutelar específica; diretos dos Prefeitos e os secretários municipais.
V - obediência aos princípios de brevidade, § 2º Os funcionários que prestarem declarações falsas
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em responderão a processo administrativo e ficarão sujeitos às
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida penalidades indicadas no Estatuto dos Funcionários Públicos
privativa da liberdade; Civis do Estado.
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao Art. 256. A Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente Sociais do Piauí será preservada como órgão de estudos,
órfão ou abandonado; projetos e pesquisas econômicas e sociais do governo estadual,
VII - programas de prevenção e atendimento especializado devendo ser mantida com recursos orçamentários do Estado e
à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de os provenientes de serviços prestados a órgãos públicos e
entorpecentes e drogas afins.” entidades privadas.
Art. 249. O controle da política de atendimento à infância Art. 257. A lei estabelecerá estímulos em favor de quem
e à juventude cabe ao Conselho Estadual de Defesa da Criança fizer doação de órgãos para fins de transplante, pesquisa e
e do Adolescente, órgão consultivo e deliberativo. tratamento, na forma da lei federal, sob cadastramento e
Parágrafo único. A lei estabelecerá o processo de controle a cargo do Estado.
composição e a forma de funcionamento do Conselho,
garantida a participação das entidades não governamentais Art. 258. O Estado incentivará a implantação dos cursos
com atuação na área de assistência ao menor, do Poder superiores de educação especial, de fonoaudiologia,
Judiciário e da Ordem dos Advogados do Brasil. fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional, como forma de
atender a demanda de profissionais nestas áreas.
Art. 250. A lei estabelecerá política de proteção à família,
à criança, ao adolescente, ao jovem e ao idoso, facultada a Art. 259. Aos pilotos de aviação, servidores do Estado, fica
criação de órgãos destinados à sua execução. assegurada aposentadoria especial aos vinte e cinco anos
deserviço, regulamentada em lei complementar.
Art. 251. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na Art. 260. Somente mediante autorização da Assembleia
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e Legislativa e pelo voto de dois terços dos seus membros,
garantindo-lhes o direito à vida. poderá o Estado ceder o controle acionário do Banco do Estado
do Piauí S.A. a grupos privados.
Legislação Estadual 36
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 261. Fica criado o Conselho Estadual do Meio ATO DAS DISPOSIÇÕES
Ambiente, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Urbano, CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
com a função de normatizar e aprovar as políticas de
conservação e preservação do meio ambiente, de Art. 1º O Governador do Estado, o Presidente do Tribunal
desenvolvimento científico e tecnológico e de de Justiça e os Deputados à Assembleia Estadual Constituinte
desenvolvimento urbano, do qual participarão o Ministério prestarão o compromisso de manter, defender e cumprir a
Público, entidades ambientalistas e outros segmentos da Constituição, no ato de sua promulgação.
sociedade.
Art. 2º A revisão constitucional, que se realizará sempre
Art. 262. O Estado e os Municípios disciplinarão por meio pelo voto da maioria absoluta dos membros da Assembleia
de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação Legislativa, será efetivada, decorridos quatro anos da
entre os entes federados, autorizando a gestão associada de promulgação da presente Constituição.
serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade Art. 3º Os servidores públicos civis de qualquer dos
dos serviços transferidos. Poderes do Estado e dos Municípios, da administração direta,
autárquica e das fundações públicas, admitidos até seis meses
Art. 263. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário antes da promulgação da Constituição, inclusive a título de
manterão, de forma integrada, sistema de controle interno serviços prestados, constituirão quadro suplementar, só
com a finalidade de: podendo ser demitidos se, submetidos a concurso público de
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano provas e títulos, não lograrem aprovação.
plurianual, a execução dos programas de governo e dos § 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste
orçamentos do Estado; artigo será contado como título quando se submeterem a
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto concurso público.
à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária, financeira e § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de
patrimonial nos órgãos e entidades da administração estadual, cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem
bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço
direito privado; não será computado como título, exceto se se tratar de
III - realizar o acompanhamento da execução da receita e servidor do quadro regular.
da despesa e a fiscalização da execução física das ações
governamentais; Art. 4º O Poder Executivo, no prazo de até seis meses a
IV - criar condições para o exercício do controle social contar da promulgação da Constituição estadual, encaminhará
sobre os programas contemplados com recursos do projeto de lei que determine a transformação da Cachoeira do
orçamento do Estado; Urubu, no Município de Esperantina, em reserva ecológica,
V - exercer o controle das operações de crédito, avais e devendo sua utilização fazer-se, na forma da lei, dentro de
garantias, bem como dos direitos e deveres do Estado, na condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
forma da lei; inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
VI - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
institucional, respeitada a legislação de organização e Art. 5º O Estado manterá o fundo especial de produção,
funcionamento do sistema de controle interno de cada Poder, consignando- lhe três por cento do total de investimentos
de iniciativa exclusiva do respectivo Poder. constantes do orçamento, para aplicação em atividades
§ 1º As atividades de controle interno serão produtivas, destinado, especificadamente, ao pequeno
desempenhadas por órgãos de natureza permanente e produtor rural e ao microempresário, nos termos da lei.
exercidas por servidores organizados em carreiras específicas, § 2º A inclusão, nos orçamentos anuais, dos recursos para
na forma de lei complementar. o fundo dependerá da elaboração de planos de aplicação por
§ 2º O controle interno poderá ser exercido de forma parte do órgão gestor, submetidos à aplicação (apreciação) dos
descentralizada, sob a coordenação do órgão central do órgãos do Poder Executivo.
sistema de controle internode cada Poder, na forma de lei
complementar. Art. 6º No prazo de três meses, a contar da promulgação
§ 3º Os responsáveis pelo sistema de controle interno de da Constituição, a Assembleia Legislativa promoverá, através
cada Poder, ao tomarem conhecimento de qualquer de Comissão Especial, exame analítico e pericial de todas as
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal alienações de terras públicas efetuadas pelo Estado do Piauí, a
de Contas do Estado, sob pena de responsabilidade solidária, partir de 1970, e sua utilização posterior.
na forma de lei complementar. § 1º A Comissão terá força legal de Comissão Parlamentar
de Inquérito, para fins de requisição e convocação, podendo
Art. 264. Os entes e entidades públicas, as pessoas contratar assessoria e consultoria especializadas, e terá seus
jurídicas do setor privado e as pessoas físicas que recebam trabalhos facultados à participação da Federação dos
recursos para execução de projetos em parceria com a Trabalhadores na Agricultura (FETAG), e da Comissão
Administração Pública Estadual, mediante convênios e Pastoral da Terra (CPT), se assim o desejarem.
quaisquer instrumentos congêneres, deverão comprovar a boa § 2º Apurada irregularidade, a Assembleia Legislativa
e regular aplicação, na forma de lei complementar. adotará as seguintes medidas, não excludentes entre si:
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput I - decretará a nulidade da alienação ou a cessação de seus
implicará a proibição de celebrar novos convênios e efeitos;
instrumentos congêneres, inclusive termos aditivos de valor, II - proporá ao Poder Executivo as medidas cabíveis para
na forma de lei complementar. sanar a irregularidade;
III - encaminhará o processo ao Ministério Público, que
Art. 265. Lei Complementar disporá sobre regras para formulará a ação no prazo de sessenta dias.
transferências de recursos por meio de convênios e § 3º A Comissão terá prazo de um ano, prorrogável por três
instrumentos congêneres, no âmbito do Poder Executivo meses, a partir de sua instalação, para concluir os trabalhos,
Estadual. não o fazendo nesse prazo, nova Comissão será formada, com
Legislação Estadual 37
APOSTILAS OPÇÃO
participação efetiva da FETAG e da CPT, na qualidade de II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será
titulares, com prazo de um ano para tal fim. encaminhado ao Legislativo até quatro meses do início do
exercício financeiro e devolvido para sanção até o
Art. 7º No prazo de um ano, a contar da promulgação da encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
Constituição, a Secretaria do Meio Ambiente, em ação III - o projeto de lei orçamentária será encaminhado até
articulada com a Procuradoria- Geral do Estado e o Instituto quatro meses, no caso do Estado, e até três meses, no tocante
de Terras do Piauí promoverá ações discriminatórias, para aos Municípios, antes do encerramento do exercício financeiro
definição das áreas de proteção de interesse ecológico especial e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
ou de proteção dos ecossistemas naturais. legislativa.
Art. 8º O governo, por ato do Executivo, criará, no prazo de Art. 14. O Poder Executivo fará proceder a estudos para
trinta dias, após a promulgação desta Constituição, um grupo viabilizar a implantação dos Pólos Agroindustriais, no sul do
de trabalho, para elaborar proposta de estrutura institucional Estado.
e funcional do sistema estadual de gerenciamento de recursos
hídricos, nos termos da Constituição Federal definindo Art. 15. A lei disporá, dentro de cento e vinte dias,
critérios, diretrizes e competências. contados a partir da promulgação desta Constituição, sobre
§ 1º O grupo de trabalho, com apoio administrativo e proteção à criança, ao adolescente, ao idoso e ao deficiente.
financeiro, terá prazo de cento e vinte dias corridos para a
conclusão de sua tarefa. Art. 16. O Poder Legislativo elaborará, no prazo de seis
§ 2º Na mesma proposta, serão indicados os prazos e a meses a contar da promulgação desta Constituição, a Lei
estratégia para implantação do sistema de gerenciamento e Estadual do Meio Ambiente, que normatizará as ações quanto
para elaboração da proposta estadual de recursos hídricos. aos seguintes aspectos:
I - uso de agentes poluidores;
Art. 9º O Poder Executivo, no prazo de três anos a partir II - reflorestamento em áreas devastadas;
da promulgação desta Constituição, elaborará e executará III - saneamento ambiental no que concerne ao lixo, esgoto
programa de aproveitamento das terras devolutas do Estado, e urbanização;
para implantação de agrovilas com trabalhadores não IV - animais em extinção;
proprietários de imóveis rurais. V - uso de agrotóxicos.
Art. 10. O cargo de Tabelião de Notas de Teresina é Art. 17. Os servidores públicos civis da administração
privativo de bacharel em direito ou de portador de outro curso direta, autárquica e das fundações públicas do Estado,
de nível superior, ressalvado o direito dos seus atuais considerados estáveis nos termos do art. 19 do Ato das
ocupantes. Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição
Federal, passarão ao regime estatutário, a partir da
Art. 11. Cessada a investidura no cargo de Governador do promulgação desta Constituição, mediante apostilamento dos
Estado, quem o tiver exercido, em caráter permanente, fará respectivos atos de admissão.
jus, a título de representação, a um subsídio mensal e vitalício
igual aos vencimentos do cargo de Desembargador do Art. 18. Dentro de cento e vinte dias, a partir da
Tribunal de Justiça do Estado. promulgação desta Constituição, o Poder Executivo proporá
§ 1º O subsídio previsto neste artigo será concedido, medidas legais e administrativas, objetivando a privatização
mediante lei específica, somente ao ex-governador, que de empresas pertencentes ao patrimônio do Estado.
reconhecidamente não possua rendimentos suficientes para
manter com dignidade sua condição de ex-chefe do Executivo Art. 19. O Poder Executivo buscará entendimento junto ao
Estadual e que tenha exercido o cargo de Governador em governo do Estado do Maranhão, no sentido da firmação de
caráter efetivo, salvo o direito dos que tiveram exercido o convênio entre os dois Estados, para o reflorestamento das
cargo em caráter permanente até 31 de dezembro de 1998. margens do rio Parnaíba, com vistas à proteção e preservação
§ 2º O ex-Governador do Estado, investido em cargo do seu leito, de interesse comum a ambos.
eletivo, não perceberá pensão enquanto durar o mandato,
ressalvado o direito dos atuais beneficiários, previsto no § 1º Art. 20. O Poder Legislativo editará, no prazo de um ano,
deste artigo. as leis necessárias à regulamentação do Capítulo Ciência e
§ 3º O Ex-Governador que for servidor do Estado terá como Tecnologia.
pensão a complementação de seu salário, que não ultrapassará
os vencimentos de Desembargador. Art. 21. A Imprensa Oficial do Estado promoverá edição
popular do texto integral desta Constituição, que será posta à
Art. 12. Os Municípios poderão conceder pensão àqueles disposição de escolas, universidades, cartórios, sindicatos,
que exerceram mandato eletivo de Prefeito e que tenham mais quartéis, igrejas e de outras instituições representativas da
de sessenta anos de idade não podendo o benefício ultrapassar comunidade.
três salários-mínimos.
Parágrafo único. As viúvas dos ex-Prefeitos com mais de Art. 22. Na liquidação dos débitos, inclusive, suas
cinquenta anos, poderão receber pensão equivalente ao renegociações e composições posteriores, ainda que ajuizados,
estabelecido neste artigo. decorrentes do imposto sobre circulação de mercadorias e
serviços, junto à Fazenda Estadual, devidos até 31.12.88, não
Art. 13. Enquanto não vigorar a lei complementar a que se existirá correção monetária e multa, desde que o devedor seja:
refere o art. 165, § 9º, da Constituição Federal e 178, § 10, desta I - microempresário ou pequeno empresário;
Constituição, o Estado e os Municípios obedecerão às II - miniprodutor, pequeno ou médio produtor rural.
seguintes normas: § 1º Consideram-se, para efeito deste artigo,
I - o projeto do plano plurianual será encaminhado ao microempresa as pessoas jurídicas e as firmas individuais com
Legislativo até dois meses antes do encerramento do exercício receita anual de dez mil B.T.Ns - Bônus do Tesouro Nacional; e
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da pequena empresa as pessoas jurídicas e as firmas individuais
sessão legislativa; com receita anual de até vinte e cinco mil B.T.Ns.
Legislação Estadual 38
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2º A classificação de miniprodutor, pequeno e médio Art. 30. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato
produtor rural será feita com obediência às normas de crédito administrativo de que tenham resultado a nomeação, a
rural emitidas pelo Banco Central do Brasil na época da admissão e a contratação de pessoal, no âmbito da
promulgação desta Constituição. administração pública estadual do Poder Executivo, cujo
§ 3º A isenção da correção monetária e da multa só será extrato não tenha sido publicado no Diário Oficial do Estado, a
concedida se a liquidação do débito inicial, acrescido dos juros partir da instalação da Assembleia Estadual Constituinte, ou
legais de doze por cento ao ano e taxas judiciais, vier a ser que não venha a sê-lo dentro de cento e vinte dias, a contar da
efetivada no prazo de cento e vinte dias, a contar da promulgação desta Constituição.
promulgação desta Constituição.
Art. 31. O Estado, no prazo máximo de cento e oitenta dias,
Art. 23. O Tribunal de Contas do Estado encaminhará à relacionará os presos, em regime de cumprimento de pena
Assembleia Legislativa relação circunstanciada de todos os definitiva, a fim de se lhes evitar a privação da liberdade por
servidores admitidos a qualquer título, na administração tempo superior à condenação.
estadual, a partir da instalação da Assembleia Estadual Parágrafo único. A relação será enviada, no prazo de trinta
Constituinte. dias, aos juizes das execuções penais.
Art. 24. Será criada, dentro de trinta dias da promulgação Art. 32. O Estado editará leis que estabeleçam critérios
da Constituição, Comissão de Limites Interestaduais, com três para compatibilização de seus quadros de pessoal com o
membros indicados pela Assembleia Legislativa e dois pelo disposto no art. 53 desta Constituição e com a reforma
Poder Executivo, incumbida de apresentar no prazo de doze administrativa dela decorrente, no prazo de seis meses,
meses, a partir de sua formação, estudos conclusivos sobre as contados de sua promulgação.
linhas divisórias litigiosas entre o Piauí e o Ceará.
§ 1º Com base nos trabalhos da Comissão de Limites Art. 33. Para a preservação da Fundação Centro de
Interestaduais, em dois anos, contados de seu recebimento, o Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí será garantido, nos
Estado promoverá a demarcação de suas linhas divisórias com próximos cinco anos, no mínimo, o mesmo percentual de
o Ceará, podendo para isso fazer alterações e compensações da recursos orçamentários a ela destinado no último exercício
área que atendam aos acidentes naturais, critérios históricos, financeiro estadual.
conveniências administrativas e comodidade das populações.
§ 2º Os Municípios, no prazo de três anos, a partir da Art. 34. Aos atuais presidentes do Banco do Estado do
Constituição, também promoverão a demarcação de suas Piauí, das autarquias, sociedades de economia mista, empresas
linhas divisórias litigiosas, valendo-se da faculdade expressa públicas e fundações instituídas e mantidas pelo Poder
no parágrafo anterior. Público, bem assim ao atual Procurador Geral do Estado não se
aplica o disposto nos artigos 63, VIII e 150, §1º.
Art. 25. Dentro de cento e oitenta dias se procederá à
revisão dos direitos dos servidores públicos inativos e Art. 35. Ficam criados os seguintes Municípios:
pensionistas e à atualização dos proventos e pensões a eles
devidos, a fim de ajustá-los ao disposto na Constituição I - CIRCUNSCRIÇÃO TERRITORIAL DEFINIDA:
Federal.
BETÂNIA DO PIAUÍ, com sede no povoado do mesmo
Art. 26. A lei criará, mediante proposta do Tribunal de nome, desmembrado do Município de Paulistana,
Justiça, comarcas em todos os municípios piauienses, no prazo circunscrição territorial constituída pelas datas Pajeú,
de cinco anos da promulgação da Constituição, com Mulungu e Emparedado; BONFIM DO PIAUÍ, com sede no
instalações tecnicamente adequadas. povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de São
Raimundo Nonato, circunscrição territorial constituída pela
Art. 27. Fica assegurado aos escreventes substitutos das data Já tobá e parte, ao nascente, da data Conceição, com
serventias extrajudiciais e do foro judicial o direito de limites no Morro Pão de Açucar; BURITI DO CASTELO, com
efetivação no cargo de titular, desde que contem cinco anos de sede no povoado do mesmo nome, desmembrado do
exercício da função, até a promulgação da Constituição Município de São Felix do Piauí, circunscrição territorial nas
Federal. datas Serra Negra, Calubra e parte da data Buriti do Castelo,
compreendendo as seguintes confrontações: partindo
Art. 28. Fica assegurado aos tabeliães, Oficiais de Registro domarco divisório entre as datas Buriti do Castelo e Passagem,
Civil e Oficiais de Registro de Imóveis das serventias não no lugar denominado Lagoa da Chapada; daí, segue pelas
oficializadas o direito de aposentadoria com proventos divisas das mesmas, nos limites do Município de São Félix do
baseados na lotação do cartório, não podendo ultrapassar os Piauí, até as divisas da data Sítio Santo Antônio, nos limites do
quatro quintos dos vencimentos e vantagens do juiz de direito Município de Elesbão Veloso e, por estas, até as divisas da data
perante o qual serve. A aposentadoria será reajustada na Calubra, no Morro do Sol; daí, divisas do mesmo nome até
forma regulada no art. 40, § 4º da vigente Constituição Federal, encontrar o marco limite divisório dos Municípios de São Félix
sempre que houver alteração salarial para os magistrados. do Piauí com Elesbão Veloso, até encontrar o marco Retiro, nas
Parágrafo único. Fica assegurado também o adicional por divisas das datas Buriti do Castelo e Alegrete, pelo mesmo até
tempo de serviço. encontrar o ponto de partida: CAJUEIRO, com sede no povoado
do mesmo nome, desmembrado do Município de Jaicós,
Art. 29. A fixação de emolumentos relativos aos serviços circunscrição territorial constituída pelas datas Palmas, Bom
notoriais de registro, assim como das custas forenses, ficará Jardim e Boqueirão; CORONEL JOSÉ DIAS, com sede no
sujeita às normas gerais estabelecidas em lei federal, povoado Várzea Grande, desmembrado de São Raimundo
vigorando o provimento 01/87, da Corregedoria Geral de Nonato, abrangendo as datas Várzea Grande, Alagoinha,
Justiça do Estado do Piauí, até a promulgação da referida lei, Almas, Água Verde, Caiçara, Serra talhada e Gerais;
conforme § 2º do art. 236 da atual Constituição Federal. CURRALINHOS, com sede no povoado do mesmo nome,
desmembrado dos Municípios de Monsenhor Gil, Teresina,
Palmeirais e São Pedro do Piauí, com a circunscrição territorial
constituída dos aglomerados urbanos: Curralinhos, Santa
Legislação Estadual 39
APOSTILAS OPÇÃO
Maria, Bom Lugar, Bom Princípio do Município de Monsenhor II - CIRCUNSCRIÇÃO TERRITORIAL A DEFINIR:
Gil, Baixão Grande, Angelim, Lagoa Seca, São Francisco do
Município de Teresina; Piquete, Jatobá e Primavera do ALVORADA DO GURGUÉIA, com sede no povoado
Município de Palmeirais, Canto d’Alma, Buritirana e Deserto denominado DNOCS, desmembrado do Município de Cristino
no Município de São Pedro do Piauí, com área territorial de Castro; desmembrado do Município de São Miguel do Tapuio,
aproximadamente 368 Km2; ESPIRITO SANTO, com sede no o Município que terá como sede o atual povoado de
povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de São ASSUNÇÃO; BAIXA GRANDE, com sede no povoado do mesmo
João do Piauí, circunscrição territorial constituída pelas datas nome, desmembrado do Município de Ribeiro Gonçalves;
Cachoeira e Gameleira de Baixo; FARTURA, com sede no BRASILEIRA, com sede no povoado do mesmo nome,
povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de desmembrado do Município de Piripiri; CABECEIRAS, com
Dirceu Arcoverde, circunscrição territorial constituída pelas sede no povoado do mesmo nome, desmembrado Município de
datas Barrinha, Serra Vermelha, Fazenda Nova, tanque do Barras; desmembrado do Município de Luís Correia, um
Doroteu, Parnaíba e Sítio da Aldeia; JACOBINA DO PIAUÍ, com Município que terá como sede o atual povoado de CAJUEIRO
sede no povoado de igual denominação, desmembrado do DA PRAIA; desmembrado do Município de Jerumenha, um
Município de Paulistana, com a circunscrição territorial Município que terá como sede o atual povoado de
constituída das datas Jacobina, Juazeiro do Secundo, Poções, CANAVIEIRA; CURRAL NOVO, com sede no povoado do mesmo
Jacaré, Saco, Salto de Pedra, Ferramenta, Flor da América, nome, desmembrado do Município de Simões; PAJEÚ, com
Curralinho, Sobrado e Serra do Sobrado; LAGOA DO BARRO, sede no povoado do mesmo nome, desmembrado do
com sede no povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de Canto do Buriti; PASSAGEM FRANCA, com sede
Município de São João do Piauí, circunscrição territorial no povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de
constituída pelas datas Ponta da Serra, Jatobá, gameleira de Barro Duro; RETIRO, com sede no povoado do mesmo nome,
Cima, Pé do Morro, Caraíbas, Tapagem e São Julião; desmembrado do Município de Pedro II; SANTA ROSA, com
LAMEIRÃO, com sede no povoado do mesmo nome, sede no município do mesmo nome, desmembrado do
desmembrado do Município de Curimatá, com circunscrição Município de Oeiras; SÃO LOURENÇO, com sede no povoado
territorial nas datas integrantes dos povoados Verdão, São do mesmo nome, desmembrado do Município de São
João, Piripiri e Lagoa das Covas; PATOS DO PIAUÍ, com sede no Raimundo Nonato; desmembrado do Município de São Julião,
povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de um Município com sede no povoado ALEGRETE;
Jaicós, circunscrição territorial constituída pelas datas: Patos, desmembrado do Município de Campo Maior, um Município
Pedra D’Água, Poço do Boi e parte da data Maria Preta, tendo com sede no povoado BOQUEIRÃO; desmembrado do
como limite o Rio Itaim; QUEIMADA NOVA, com sede no Município de Castelo do Piauí, um Município com sede no
povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de povoado BURITI DOS MONTES; desmembrado do Município
Paulistana, circunscrição territorial constituída pelas datas de Fronteiras, um Município de São Gonçalo do Piauí, um
Peixe, Arroz, Sumidouro, Capim, Brejo, Boa Vista e Cruz; Município com sede no povoado CANTO; desmembrado do
RIACHO FRIO, com sede no povoado do mesmo nome, Município de Simões, um Município com sede no povoado
desmembrado do Município de Parnaguá, circunscrição CARIDADE; desmembrado do Município de Altos, um
territorial constituída pelas datas Riacho Frio, Berlengas, Município com sede no povoado COIVARAS; desmembrado do
Matos, Campos de Cima e Campos de Baixo, SÃO BRÁS, Município de Renegeração, um Município com sede no
desmembrado do Município de São Raimundo Nonato, povoado JACARÉ; desmembrado do Município de União, um
abrangendo as datas Tranqueira, Gerais e Ponta da Serra, parte Município com sede no povoado LAGOA ALEGRE;
desta última pertencente ao Município de Anísio de Abreu, na desmembrado do Município de Pedro II, um Município que
qual está encravado o povoado Lagoa de Cima; SÃO GONÇALO terá como sede o atual povoado de LAGOA REDONDA;
DO GURGUÉIA, com sede no povoado do mesmo nome, desmembrado do Município de Valença, um Município com
desmembrado do Município de Barreiras do Piauí, sede no povoado LAGOA DO SÍTIO; desmembrado do
circunscrição territorial constituída pelas datas São Gonçalo, Município de Padre Marcos, um Município com sede no
Serra Vermelha e Prata; SÃO José DO DIVINO, com sede no povoado MARCOLÂNDIA; desmembrado do Município de
povoado do mesmo nome, desmembrando do Município de Regeneração, um Município com sede no povoado MULATO;
Piracuruca, circunscrição territorial constituída pelas datas desmembrado do Município de Teresina, um Município com
São José, Carolina, Barra do Piracuruca e Sítio da Chapada do sede no povoado NAZÁRIA; desmembrado do Município de
Rosário; SÃO MIGUEL DA BAIXA GRANDE, com sede no Elizeu Martins, um Município com sede no povoado NÚCLEO
povoado Baixa Grande, desmembrado do Município de São DO GURGUÉIA; desmembrado do Município de Rio grande do
Félix do Piauí, circunscrição territorial constituída pelas datas Piauí, um Município com sede no povoado PAVUÇU;
Tabocas, Sítio do Pique e parte da data Roça, tendo as desmembrado do Município de São Pedro do Piauí, um
seguintes confrontações: partindo do marco divisório entre as Município com sede no povoado PEDRAS; desmembrado do
datas Roça e Roedor, no lugar denominado Unha de Gato, daí, Município de Antônio Almeida, um Município que terá como
segue divisas dos mesmos limites do Município de Prata do sede o atual povoado de PORTO ALEGRE; desmembrado do
Piauí, até encontrar as divisas da data Sítio do Pique, por estas, Município de Picos, um Município com sede no povoado SACO
até os limites do Município de Beneditinos, por este até DO ENGANO; desmembrado do Município de Oeiras um
encontrar as divisas da data Sítio Santo Antonio, nos limites do Município com sede no povoado SACO DO REI; desmembrado
Município de Elesbão Veloso, por esta, até encontrar as divisas do Município de Aroazes, um Município com sede no povoado
da data Tabocas, por esta, até encontrar as divisas data Serra SANTA CRUZ DOS MILAGRES; SÃO LUÍS DO PIAUÍ, com sede
Negra, limites do Município de São Félix do Piauí, por esta, até no povoado do mesmo nome, desmembrando do Município de
encontrar as divisas da data roça, daí, segue pela mesma até São João da Canabrava; desmembrado do Município de Campo
encontrar o riacho Porteiras e por este até encontrar o riacho Maior, um Município com sede no povoado SIGEFREDO
retiro, prosseguindo por este até encontrar a estrada vicinal PACHECO.
do Município de Prata do Piauí, e daí, segue até encontrar o § 1º A implantação dos Municípios será precedida de
ponto de partida; VÁRZEA BRANCA, com sede no povoado do consulta, por data, às populações diretamente interessadas.
mesmo nome, desmembrado do Município de São Raimundo § 2º Fica sem efeito a criação do Município cuja população
Nonato, com circunscrição territorial constituída das datas discorde de sua emancipação e que não preencha os requisitos
Sítio do Meio, Sítio da Aldeia e parte da data Conceição, com estabelecidos no Art. 30, desta Constituição.
limite no Pico do Morro Pão de Açúcar.
Legislação Estadual 40
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3º Dentro de sessenta dias, a partir da promulgação desta (E) Compete ao estado do Piauí, concorrentemente com a
Constituição, a lei ordinária estabelecerá área territorial e União, legislar sobre a sua defensoria pública.
limites dos municípios constantes no inciso II.
05. De acordo com a Constituição do Estado Piauí, são bens
Art. 36. O servidor do Estado e dos Municípios, incluídas dos Estados:
suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço (A) todas as ilhas fluviais e lacustres.
público até a data de publicação da Emenda Constitucional (B) as terras devolutas não compreendidas entre as da
Federal nº 41, de 19.12.2003, e que tenha se aposentado ou União.
venha a se aposentar por invalidez permanente, com (C) as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da Constituição (D) os recursos minerais.
Federal, tem direito a proventos de aposentadoria calculados (E) os potenciais de energia hidráulica situados no seu
com base na remuneração do cargo efetivo em que se der a território.
aposentadoria, na forma da lei, não sendo aplicáveis as
disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do artigo acima Respostas
mencionado.
01. Resposta: D
Questões 02. Resposta: A
03. Resposta: D
01. Consta na Constituição do Estado do Piauí, como 04. Resposta: C
objetivos fundamentais do Estado, exceto: 05. Resposta: B
(A) construir uma sociedade livre, justa e solidária.
(B) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais. 2. Lei Complementar
(C) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, Estadual nº 13, de 03 de
etnia, raça, sexo, cor, deficiência física, visual, auditiva,
intelectual ou múltiplas, idade, estado civil, orientação sexual, janeiro de 1994 - Estatuto dos
convicção religiosa, política, filosófica ou teológica, trabalho Servidores Públicos Civis do
rural ou urbano, condição social, por ter cumprido pena e Estado do Piauí
quaisquer outras formas de discriminação.
(D) garantir o desenvolvimento nacional.
LEI COMPLEMENTAR Nº 13 DE 03 DE JANEIRO DE
02. Nos termos da Constituição do Estado do Piauí, o 19942
Estado rege-se, nas relações jurídicas e nas suas atividades
político-administrativas, pelos seguintes princípios: Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
(A) inconstitucionalidade das leis. Estado do Piauí, das autarquias e das Fundações públicas
(B) independência e harmonia dos Poderes. estaduais e dá outras providências.
(C) legalidade dos atos administrativos.
(D) igualdade de todos perante a lei. O Governador do Estado do Piauí, Faço saber que o Poder
Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei
03. São Poderes do Estado, independentes e harmônicos Complementar:
entre si:
(A) o Presidente, o Senado e os Municípios. TÍTULO I
(B) a União, os Estados e os Municípios CAPÍTULO ÚNICO
(C) o Ministério Público, o Legislativo e o Judiciário. DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
(D) o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
(E) o Senado, o Ministério Público e o Judiciário Art. 1º - Esta Lei Complementar institui o regime jurídico
dos Servidores Públicos Civis do Estado do Piauí, das
04. Acerca da Constituição do Estado do Piauí e de sua autarquias e das fundações públicas estaduais, abrangendo os
interpretação pelos tribunais superiores, assinale a opção Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
INCORRETA.
(A) O agente público que, dentro de 90 dias do Art. 2º - Para os efeitos desta Lei Complementar, servidor
requerimento do interessado, deixar, injustificadamente, de é a pessoa legalmente investida em cargo público.
sanar omissão inviabilizadora do exercício de direito
constitucional sujeita- se à penalidade de destituição de Art. 3º - Cargo público é o conjunto de atribuições e
mandato administrativo, de cargo ou função de direção em responsabilidades cometidas a um servidor, dentro da
órgão da administração direta ou indireta. estrutura organizacional da Administração Direta, das
(B) A gratuidade da assistência jurídica, autarquias e das fundações públicas estaduais.
independentemente da situação social e econômica do Parágrafo Único - Os cargos públicos, acessíveis a todos os
reclamante, é uma das medidas de proteção ao consumidor. brasileiros, são criados por lei, com denominação própria,
(C) O governador do estado do Piauí não está sujeito a número certo e vencimentos pagos pelos cofres públicos, para
prisão preventiva, mas somente àquela decorrente de decisão provimento em caráter efetivo ou em comissão.
judicial transitada em julgado.
(D) Crime de malversação de verbas do Fundo Nacional do Art. 4º - É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo
Desenvolvimento da Educação Fundamental (FUNDEF), se os casos previstos em lei.
fosse praticado por Secretário de Estado do Piauí, seria
processado e julgado pelo respectivo Tribunal Regional
Federal.
2Disponível em: https://www.tce.pi.gov.br/wp-content/uploads/2016/11/lei- piau.pdf. Atualizada pela Lei Complementar nº 15/1994. Com alterações até a
complementar-n-13-estatuto-dos-servidores-pblicos-civis-do-estado-do- Lei nº 6.555/2014 e Lei nº 6.560/2014.
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SEÇÃO X SEÇÃO I
DA REINTEGRAÇÃO DA REMOÇÃO
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§ 2º - A remoção será sempre motivada por escrito pela proporcional ao tempo de serviço, até seu aproveitamento na
autoridade competente, sob pena de nulidade. (Redação dada forma do art. 30. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) 07/05/2007)
§ 4º - O servidor que não for redistribuído ou colocado em
Art. 38 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade da
07/05/2007) Secretaria da Administração e ter exercício provisório, em
outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.
SEÇÃO II (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
DA SUBSTITUIÇÃO
TÍTULO III
Art. 39 - Os servidores investidos em cargo ou função de DOS DIREITOS E VANTAGENS
direção ou chefia e os ocupantes de cargo de natureza especial CAPÍTULO I
terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo
do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei Complementar Art. 40 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
nº 101, de 29/04/2008) exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
§ 1º - O substituto assumirá automática e § 1º - Nenhum servidor poderá perceber mensalmente, a
cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa o exercício título de remuneração, importância superior à soma dos
do cargo ou função de direção ou chefia e do cargo de natureza valores percebidos, em espécie, a qualquer título, no âmbito
especial nos afastamentos, impedimentos legais ou dos respectivos Poderes, pelo Deputado Estadual, pelo
regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em Desembargador e pelo Secretário de Estado, não se incluindo
que deverá optar pela remuneração de um deles durante o neste teto o salário - família e as vantagens previstas no
respectivo período. (Redação dada pela Lei Complementar nº parágrafo único do art. 206 e nos incisos I, II, III, IV, VII, IX, X,
101, de 29/04/2008) XI e XII, do art. 55, desta Lei Complementar.
§ 2º - O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do § 2º - É vedado a vinculação ou equiparação de
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo em comissão, vencimentos, para efeito de remuneração do pessoal do
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, serviço público, ressalvado os casos previstos na Constituição
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos Federal.
dias de efetiva substituição, que excederem o referido período.
(Redação dada pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012) Art. 41 - Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes,
SEÇÃO II-A estabelecidas em lei.
DA REDISTRIBUIÇÃO § 1º - A remuneração dos cargos em comissão compreende
(Incluída pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) o vencimento e a representação, fixados em lei. (Redação dada
pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
Art. 39-A. Redistribuição é o deslocamento de cargo de § 2º - O servidor ocupante de cargo efetivo federal,
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro estadual ou municipal, nomeado para cargo em comissão
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo poderá fazer opção pelo vencimento ou subsídio de seu cargo
Poder, com prévia apreciação da Secretaria da Administração, efetivo, acrescido da gratificação de representação do cargo
observados os seguintes preceitos: (Incluído pela Lei em comissão, para o qual foi nomeado. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 84, de 07/05/2007) nº 6.290, de 19/12/2012)
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei § 3º - Não compõem a remuneração, para efeito do cálculo
Complementar nº 84, de 07/05/2007) de qualquer outra vantagem ou para a concessão de licença ou
II - equivalência de remuneração; (Incluído pela Lei afastamento, as verbas de natureza indenizatória, tais como
Complementar nº 84, de 07/05/2007) diária, ajuda de custo, ajuda de transporte, auxílio-
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; alimentação, vale-transporte, o adicional noturno, a
(Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) gratificação pela prestação de serviço extraordinário ou
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e qualquer outra vantagem condicionada à efetiva prestação do
complexidade das atividades; (Incluído pela Lei serviço. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
Complementar nº 84, de 07/05/2007) 07/05/2007)
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional; (Incluído pela Lei Complementar nº Art. 42 - O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
84, de 07/05/2007) vantagens de caráter permanente, é irredutível.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as § 1º - Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
finalidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou proventos.
Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) § 2º - Mediante autorização do servidor, poderá haver
§ 1º - A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, até o
de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, limite de 40% (quarenta por cento) da respectiva
inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de remuneração, com até 10% (dez por cento) para débito de
órgão ou entidade. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de cartão de crédito e até 30% (trinta por cento) para os demais
07/05/2007) consignatários, a critério da Administração e com reposição
§ 2º - A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará dos custos, salvo quanto aos recolhimentos sindicais e de
mediante ato conjunto entre a Secretaria da Administração e associações representativas de classe, na forma definida em
os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual regulamento. (Redação dada pela Lei nº 6.560, de
envolvidas. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 22/07/2014)
07/05/2007) § 3º - As reposições e indenizações ao erário, após a devida
§ 3º - Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou atualização, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao
entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no pensionista e amortizadas em parcelas mensais cujos valores
órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído não excederão a dez por cento da remuneração ou provento.
será colocado em disponibilidade com remuneração (Incluído pela Lei Complementar nº 25, de 15/08/2001)
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§ 4º - Quando o pagamento indevido houver ocorrido no Parágrafo Único - Os valores das indenizações, assim como
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será as condições para a sua concessão, serão estabelecidos por ato
feita imediatamente, em uma única parcela. (Incluído pela Lei do respectivo Poder.
Complementar nº 25, de 15/08/2001)
§ 5º - Aplicam-se as disposições deste artigo à reposição de SUBSEÇÃO I
valores recebidos em cumprimento à decisão liminar, à tutela DA AJUDA DE CUSTO
antecipada ou à sentença que venham a ser revogadas ou
rescindida. (Incluído pela Lei Complementar nº 25, de Art. 46 - A ajuda de custo destina-se a compensar as
15/08/2001) despesas de instalação do servidor que, no interesse do
§ 6º - Nas hipóteses do parágrafo anterior, aplica-se o serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de
disposto no § 4º deste artigo sempre que o pagamento houver domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento
ocorrido por decisão judicial concedida e cassada no mês de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou
anterior ao da folha de pagamento em que ocorrerá a companheiro que detenha também a condição de servidor,
reposição. (Incluído pela Lei Complementar nº 25, de vier a ter exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei
15/08/2001) Complementar nº 84, de 07/05/2007)
§ 7º - O servidor perderá a remuneração dos dias em que § 1º - Correm por conta da administração as despesas de
faltar ao serviço e a parcela de remuneração diária, transportes do servidor e de sua família, compreendendo
proporcional aos atrasos, ausências e saídas antecipadas, passagem, bagagem e bens pessoais.
iguais ou superiores a 60 (sessenta) minutos. (Incluído pela § 2º - À família do servidor que falecer na nova sede são
Lei Complementar nº 25, de 15/08/2001) asseguradas ajuda de custo e transporte para a localidade de
§ 8º - O servidor responsável pelo setor de pessoal do origem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito.
órgão ou entidade pública ficará responsável pelo
cumprimento do disposto no § 3º, sob pena de cometer Art. 47 - Será concedido ajuda de custo àquele que, não
violação grave a dever funcional (art. 137, inciso XVI). sendo servidor público, for nomeado para cargo em comissão,
(Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) com mudança de domicílio.
Parágrafo Único - Nos afastamentos previstos no Capítulo
Art. 42-A. O servidor em débito com o erário, que for V, desta Lei Complementar, a ajuda de custo será paga pelo
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou órgão requisitante, quando cabível.
disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para
quitar o débito. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de Art. 48 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor que
07/05/2007) se afastar do cargo, ou reassumilo, em virtude de mandato
Parágrafo Único - A não quitação do débito no prazo eletivo ou que passar a ter exercício em nova sede, em razão
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Incluído pela de remoção a pedido ou de posse em cargo em virtude de
Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) aprovação em concurso público. (Redação dada pela Lei nº
6.290, de 19/12/2012)
CAPÍTULO II
DAS VANTAGENS Art. 49 - A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
do servidor, não podendo exceder á importância
Art. 43 - Além do vencimento, poderão ser pagas ao correspondente a 3(três) meses.
servidor:
I - indenizações; Art. 50 - O servidor será obrigado a restituir a ajuda de
II - gratificações; custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
III - adicionais. sede, no prazo de 30 (trinta) dias.
§ 1º - As indenizações não se incorporam ao vencimento
ou provento para qualquer efeito e não servem de base para SUBSEÇÃO II
cálculo de quaisquer outras vantagens. DAS DIÁRIAS
§ 2º - As gratificações e os adicionais incorporam - se aos
vencimentos e aos proventos, nos casos e condições indicados Art. 51 - O servidor que, a serviço, se deslocar da sua sede,
em lei. em caráter eventual ou transitório, fará jus a passagens e
§ 3º - As vantagens pecuniárias percebidas por servidor diárias, para cobrir as despesas de alimentação e pousada.
público não poderão incidir sobre base diversa do vencimento, § 1º - A diária será concedida por dia de afastamento,
sendo vedada a incidência sobre indenizações, gratificações e sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir
adicionais. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de pernoite fora da sede.
07/05/2007) § 2º - Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
exigência permanente do cargo o servidor não fará jus a
Art. 44 - É vedada a concessão de quaisquer outras diárias.
vantagens pecuniárias, gratificações e adicionais não previstos
em Lei Complementar, bem como em bases e limites Art. 52 - O valor das diárias será fixado por ato do
superiores aos nela fixados. respectivo Poder, de acordo com a natureza, o local e as
condições do serviço.
SEÇÃO I
DAS INDENIZAÇÕES Art. 53 - O servidor que receber diárias e não se afastar da
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las,
Art. 45 - Constituem indenizações ao servidor: integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
I - ajuda de custo; Parágrafo Único - Se o servidor retornar à sede em prazo
II - diárias; menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
III - ajuda de transporte; diárias recebidas em excesso, no mesmo prazo deste artigo.
IV - auxílio-transporte. (Incluído pela Lei Complementar nº
84, de 07/05/2007)
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Art. 62 - A Gratificação de Representação de Gabinete será Art. 67 - Independentemente de solicitação, será pago ao
concedida aos servidores requisitados para servirem junto à servidor por ocasião das férias, um adicional correspondente
Governadoria do Estado. (Redação dada pela Lei a 1/3 (um terço) da remuneração do período de férias.
Complementar nº 84, de 07/05/2007) Parágrafo Único - No caso de o servidor exercer função de
§ 1º - A Gratificação, de que trata este artigo, será calculada Direção, Chefia ou Assessoramento, ou ocupar cargo em
mediante a aplicação do percentual de 100% (cem por cento) Comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo
sobre o vencimento do cargo efetivo do servidor. adicional de que trata este artigo.
§ 2º - Na hipótese do servidor ocupar Cargo ou Função de
Chefia e Assessoramento poderá optar pelo valor
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tiver direito e ao incompleto, na proporção de 1/12 (um doze § 6º - Ao servidor no gozo de qualquer licença não
avos) por mês de efetivo exercício. (Redação dada pela Lei nº perceberá vantagem de natureza indenizatória e as
6.455, de 19/12/2013) gratificações e adicionais pagos em razão da efetiva prestação
§ 4º - A indenização será calculada com base na de serviço. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório 07/05/2007)
ou de aposentadoria compulsória ou por invalidez. (Redação
dada pela Lei nº 6.455, de 19/12/2013) Art. 76 - A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
§ 5º - Não serão concedidas férias ao servidor que estiver do término de outra da mesma espécie será considerada como
respondendo a sindicância ou a processo administrativo prorrogação.
disciplinar. (Incluído pela Lei Complementar nº 25, de
15/08/2001) SEÇÃO II
§ 6º - As férias poderão ser parceladas em até três etapas, DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
administração pública. (Incluído pela Lei nº 6.371, de Art. 77 - Será concedida ao servidor licença para
02/07/2013) § 7º - Em caso de parcelamento, o servidor tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em
receberá o valor adicional previsto no inciso XVII, do art. 7º, da perícia oficial, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Constituição Federal, quando da utilização do primeiro
período. (Incluído pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013) Art. 78 - Para licença até 15 (quinze) dias, a inspeção
§ 8º - Aplicam-se as disposições do § 3º ao servidor poderá ser feita por médico do serviço oficial e, se por prazo
falecido, sendo a indenização calculada com base na superior, por junta médica.
remuneração do mês em que ocorrer o falecimento e devida § 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica será
aos seus sucessores. (Incluído pela Lei nº 6.455, de realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
19/12/2013) hospitalar onde se encontrar internado.
§ 2º - Inexistindo médico do órgão oficial no local onde se
Art. 73 - O servidor que opera direta e permanentemente encontra o servidor, será aceito atestado passado por médico
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias particular, homologado pela junta médica.
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional,
proibida em qualquer hipótese a acumulação. (Redação dada Art. 79 - Findo o prazo da licença, o servidor deverá
pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) reassumir, imediatamente, o exercício, salvo prorrogação
pedida antes de findar a licença ou se for o caso, pedir
Art. 74 - As férias não poderão ser interrompidas, salvo aposentadoria.
motivo de superior interesse público e absoluta necessidade
do serviço. Art. 80 - O atestado e o laudo da junta médica não se
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
CAPÍTULO IV tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, moléstia
DAS LICENÇAS profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
SEÇÃO I especificada em lei.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 81 - O servidor que apresentar indícios de lesões
Art. 75 - Conceder-se- á ao servidor licença: orgânicas ou funcionais será submetido à inspeção médica.
I - para tratamento de saúde; Parágrafo Único - Constitui falta grave a recusa do servidor
II - por motivo de doença em pessoa da família; à inspeção médica.
III - por acidente em serviço;
IV - por motivo de afastamento do cônjuge ou SEÇÃO III
companheiro; DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA
V - para o serviço militar obrigatório; FAMÍLIA
VI - para atividade política;
VII - para capacitação; (Redação dada pela Lei Art. 82 - Poderá ser concedida licença ao servidor por
Complementar nº 84, de 07/05/2007) motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
VIII - para tratar de interesses particulares; filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que
IX - para desempenho de mandato classista. viva as suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
X - licença à gestante, paternidade, adoção e aborto. mediante comprovação por perícia médica oficial. (Redação
(Redação dada pela Lei Complementar nº 71, de 26/07/2006) dada pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
§ 1º - Não se concederá licença para tratar de interesses § 1º - A licença somente será deferida se a assistência
particulares ao servidor ocupante de cargo em comissão ou em direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada
estágio probatório simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I, II e III dependem compensação de horário até o mês subseqüente ao da
de perícia médica ou junta médica oficial e serão concedidas ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. (Redação
pelo prazo indicado no laudo. dada pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
§ 3º - O servidor não poderá permanecer em licença da § 2º - A licença, incluída as prorrogações, poderá ser
mesma espécie por período superior a 24 (vinte quatro) concedida a cada período de doze meses nas seguintes
meses, salvo nos casos dos incisos IV, V, VI e IX deste artigo. condições: (Redação dada pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
§ 4º - É vedado o exercício de atividade remunerada I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida
durante o período da licença para tratamento da própria saúde a remuneração do servidor; (Incluído pela Lei nº 6.371, de
ou de pessoa da família. 02/07/2013)
§ 5º - As licenças previstas nos incisos IV e VIII não serão II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
concedidas ao servidor que estiver respondendo a sindicância remuneração. (Incluído pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
ou processo administrativo disciplinar. (Redação dada pela Lei § 3º - O início do interstício de 12 (doze) meses será
Complementar nº 84, de 07/05/2007) contado a partir da data do deferimento da primeira licença
concedida. (Incluído pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
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§ 4º - A soma das licenças remuneradas e das licenças não Parágrafo Único - O servidor candidato a cargo eletivo na
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, localidade onde desempenha suas funções e que exerça cargo
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
observado o disposto no §3º, não poderá ultrapassar os limites fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do
estabelecidos nos incisos I e II do §2º. (Incluído pela Lei nº registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o
6.371, de 02/07/2013) 15º (décimo quinto) dia seguinte ao do pleito.
Art. 85 - O servidor acidentado em serviço que necessite de Art. 92 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição 07/05/2007)
privada, à conta de recursos públicos.
Parágrafo Único - O tratamento recomendado por junta Art. 93 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de
médica oficial constitui medida de exceção e somente será 07/05/2007)
admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
em instituição pública. SEÇÃO IX
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES
Art. 86 - A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) PARTICULARES
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
Art. 94 - A critério da Administração, poderá ser concedida
SEÇÃO V ao servidor estável licença para o trato de assuntos
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DE particulares, pelo prazo de até 2(dois) anos consecutivos, sem
CÔNJUGE OU COMPANHEIRO remuneração.
§ 1º - A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo,
Art. 87 - Poderá ser concedida licença ao servidor para a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para § 2º - Não se concederá nova licença antes de decorrido
outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o 2(dois) anos do término da anterior.
exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e § 3º - Não se concederá licença a servidores removidos ou
Legislativo. redistribuídos antes de completarem dois anos de efetivo
§ 1º - A licença será por prazo indeterminado e sem exercício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de
remuneração. 07/05/2007)
§ 2º - Na hipótese do deslocamento de que trata este artigo,
o servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição SEÇÃO X
da Administração Pública do Estado, desde que para o DA LICENÇA PARA DESEMPENHO DE MANDATO
exercício de atividade compatível com o seu cargo. CLASSISTA
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servidores públicos estaduais a ela filiada; (Incluído pela Lei Parágrafo Único - Nos casos previstos neste artigo a
Complementar nº 84, de 07/05/2007) concessão do direito a licença se dará mediante requerimento
IV - 03 (três) servidores para a Central de Sindicatos que administrativo onde deverá se apresentar o termo judicial de
possua pelo menos 10 (dez) entidades representativas de guarda da criança adotada, sob pena de indeferimento do
servidores públicos estaduais a ela filiada; (Incluído pela Lei pedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
Complementar nº 84, de 07/05/2007) 07/05/2007)
§ 1º - O direito de que trata este artigo será concedido
mediante a comprovação anual através do registro do Art. 99 - Para amamentar o próprio filho até a idade de 6
desconto feito em folha para a entidade pela Secretaria de (seis) meses a servidora lactante terá direito, durante a
Administração do Estado do Piauí. (Redação dada pela Lei jornada de trabalho, a duas horas de descanso, que poderá ser
Complementar nº 84, de 07/05/2007) parcelado em dois períodos de uma hora. (Incluído pela Lei
§ 2º - O Sindicato de Servidor Público Estadual que Complementar nº 71, de 26/07/2006)
comprovar possuir mais de 2.500 (dois mil e quinhentos)
filiados terá direito a licença de mais um dirigente para cada CAPÍTULO V
800 (oitocentos) filiados. (Redação dada pela Lei DOS AFASTAMENTOS
Complementar nº 84, de 07/05/2007) (Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de
§ 3º - Os Sindicatos com menos de 250 (duzentos e 07/05/2007)
cinqüenta) filiados terão direito a uma licença de que trata o
caput deste artigo desde que comprove ter 60% (sessenta por SEÇÃO I
cento) de sua base filiada à entidade. (Incluído pela Lei DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU
Complementar nº 84, de 07/05/2007) ENTIDADE
§ 4º - Caso seja comprovado pela administração pública (Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de
que a licença de que trata do caput deste artigo esteja sendo 07/05/2007)
utilizada para fins diversos daqueles inerentes ao
acompanhamento da atividade classista, a administração Art. 100 - O servidor poderá ser cedido ou colocado à
deverá revogar a licença concedida e adotar as medidas disposição para ter exercício em outro órgão ou entidade dos
cabíveis no sentido de apurar possíveis desvios funcionais. Poderes da União, do Estado e dos Municípios do Estado do
(Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) Piauí ou que integram a Região Integrada de desenvolvimento
da Grande Teresina nas seguintes hipóteses: (Redação dada
SEÇÃO XI pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
DA LICENÇA À GESTANTE, PATERNIDADE, ADOÇÃO E I - para exercício de cargo em comissão ou função de
ABORTO confiança; (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
(Redação dada pela Lei Complementar nº 71, de 07/05/2007)
26/07/2006) II - em casos previstos em leis estaduais específicas.
(Redação dada pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012)
Art. 96 - Será concedida, mediante inspeção médica licença § 1º - Para os fins deste artigo: (Redação dada pela Lei
a servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos Complementar nº 84, de 07/05/2007)
sem prejuízo da remuneração. (Redação dada pela Lei I - cessão é o afastamento do servidor público para ter
Complementar nº 71, de 26/07/2006) exercício em outro órgão ou entidade dentro do próprio poder,
§ 1º - A licença poderá ter início no primeiro dia do nono exclusivamente para o exercício de cargo em comissão;
mês de gestação, salvo antecipadamente por prescrição (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
médica. (Redação dada pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013) II - disposição é o afastamento do servidor público para ter
§ 2° - No caso de nascimento prematuro a licença terá exercício em órgão pertencente a outro poder ou no âmbito do
início a partir do parto. (Redação dada pela Lei Complementar próprio poder. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
nº 71, de 26/07/2006) 07/05/2007)
§ 3° - No caso de natimorto ou aborto, atestado por médico § 2º - A cessão ou disposição compete privativamente ao
oficial, a servidora terá 60 (sessenta) dias de licença Governador do Estado ou chefe de poder e será sempre com
remunerada a partir do evento. (Redação dada pela Lei ônus remuneratório para o órgão ou entidade cessionária.
Complementar nº 71, de 26/07/2006) (Redação dada pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012)
§ 3º - No caso de pagamento de remuneração pelo órgão
Art. 97 - Pelo nascimento de filhos o servidor terá direito a ou entidade de origem ao servidor cedido ou posto à
licença paternidade de 5 (cinco) dias úteis a partir do parto do disposição de outro órgão ou entidade do mesmo Poder, não
cônjuge ou companheira. (Redação dada pela Lei serão pagas vantagens de natureza indenizatória, tais como
Complementar nº 71, de 26/07/2006) diária, ajuda de custo, ajuda de transporte, auxílio-
alimentação, vale-transporte, e também vantagens cuja
Art. 98 - À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial percepção dependa da efetiva prestação de serviço, tais como
de criança serão concedidos: (Redação dada pela Lei adicional noturno e gratificação pela prestação de serviço
Complementar nº 84, de 07/05/2007) extraordinário ou qualquer outra vantagem de igual natureza.
I - 120 (cento e vinte) dias de licença remunerada se a (Redação dada pela Lei nº 6.371, de 02/07/2013)
criança tiver menos de 6 (seis) meses de idade; (Incluído pela § 4º - Em qualquer caso, o servidor cedido ou posto a
Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) disposição de outro órgão ou entidade deve optar pelo
II - 60 (sessenta) dias de licença remunerada nos casos de subsídio ou vencimento do seu cargo efetivo ou do cargo em
adoção de criança com idade superior a 6 (seis) meses e comissão. (Redação dada pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012)
inferior a 2(dois) anos de idade; (Incluído pela Lei § 5º - Na hipótese de o servidor cedido ou posto a
Complementar nº 84, de 07/05/2007) disposição de empresa pública ou sociedade de economia
III - 30 (trinta) dias de licença remunerada no caso de mista, nos termos das respectivas normas, optar pela
adoção de criança de idade superior a 2 (dois) anos e inferior remuneração do cargo efetivo, a entidade cessionária efetuará
a 12 (doze) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade
07/05/2007) de origem. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
07/05/2007)
Legislação Estadual 53
APOSTILAS OPÇÃO
§ 6º - A cessão ou disposição far-se-á mediante ato § 1º - A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a
publicado no Diário Oficial do Estado. (Incluído pela Lei missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
Complementar nº 84, de 07/05/2007) permitida nova ausência. (Redação dada pela Lei
§ 7º - Mediante autorização expressa do Governador do Complementar nº 84, de 07/05/2007)
Estado, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em § 2º - Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
outro órgão da Administração Estadual direta que não tenha não será concedida exoneração ou licença para tratar de
quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo interesse particular antes de decorrido período igual ao do
certo. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
§ 8º - A Secretaria de Administração, com a finalidade de despesa havida com seu afastamento. (Redação dada pela Lei
promover a composição da força de trabalho dos órgãos e Complementar nº 84, de 07/05/2007)
entidades da Administração Pública estadual, poderá § 3º - (Revogado pela Lei nº 6.555, de 07/07/2014)
determinar a lotação ou o exercício de servidor, § 4º - As hipóteses, condições e formas para a autorização
independentemente da observância do constante no inciso I e de que trata este artigo, serão disciplinadas em regulamento.
nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei Complementar nº (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
84, de 07/05/2007)
§ 9º - Fica vedado, a partir da publicação desta Lei, a cessão Art. 105 - A critério da Administração, poderá ser
ou disposição de servidores, para outros órgãos da concedida ao servidor estável bolsa- deestudo, fora do Estado,
administração pública direta e indireta, para exercer funções para fins de cursos de pós-graduação, aperfeiçoamento,
diferentes das que são inerentes ao seu cargo. (Incluído pela extensão e pesquisa, por prazo de até 2 (dois) anos,
Lei Complementar nº 101, de 29/04/2008) prorrogável por igual período, conforme exigirem as
§ 10º - A regra do caput deste artigo não se aplica ao caso circunstâncias, devidamente comprovadas.
de cessão ou disposição para o exercício de cargo § 1º - (Revogado pela Lei nº 6.555, de 07/07/2014)
comissionado. (Incluído pela Lei Complementar nº 101, de § 2º - O valor da bolsa-de-estudo não poderá ultrapassar à
29/04/2008) remuneração do cargo do servidor.
§ 11º - No caso de cessão ou disposição de servidor que
acumule cargos ou empregos públicos, o servidor terá de optar CAPÍTULO VI
pela remuneração de um deles, sendo vedada a percepção DAS CONCESSÕES
cumulativa das remunerações sem o efetivo exercício dos
cargos ou empregos. (Incluído pela Lei nº 6.290, de Art. 106 - Sem qualquer prejuízo e considerado de efetivo
19/12/2012) exercício, poderá o servidor ausentar-se do serviço:
I - por 1(um) dia, para doação de sangue;
SEÇÃO II II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
ELETIVO a) casamento;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
07/05/2007) padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela, irmãos
ou pessoas que vivem sob sua dependência econômica.
Art. 101 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de
07/05/2007) Art. 107 - Será concedido horário especial ao servidor
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o
Art. 102 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do
07/05/2007) cargo.
§ 1º - Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
Art. 103 - Ao servidor em exercício de mandato eletivo compensação de horário na repartição, respeitada a duração
aplicam - se as seguintes disposições: semanal do trabalho.
I - tratando - se de mandato eletivo federal, estadual ou § 2º - O servidor público estadual que possuir dependente
distrital, ficará afastado de seu cargo; portador de deficiência física, sensorial ou mental, quando
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do comprovada por junta médica oficial, terá carga horária
cargo, sendo - lhe facultado optar pela sua remuneração; reduzida à metade, independentemente de compensação de
III - investido no mandato de Vereador: horário. (Redação dada pela Lei nº 6.560, de 22/07/2014)
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as § 3º - Também será concedido horário especial ao servidor
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do portador de deficiência, quando comprovada a necessidade
cargo eletivo; por junta médica oficial, independentemente de compensação
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado de horário. (Redação dada pela Lei nº 6.560, de 22/07/2014)
do cargo, sendo - lhe facultado optar pela sua remuneração.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o Art. 107-A. Ao servidor estudante que mudar de sede no
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será interesse da administração é assegurada, na localidade da
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição
merecimento. de ensino congênere, em qualquer época, independentemente
V - no caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá de vaga. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
para a previdência social como se em exercício estivesse. 07/05/2007)
VI - investido em mandato eletivo ou classista, o servidor § 1º - A regra do caput não se aplica quando o interessado
não poderá ser removido, transferido ou redistribuído, de na transferência se deslocar para assumir cargo efetivo em
ofício, para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. razão de concurso público, cargo comissionado ou função de
confiança. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
Art. 104 - O servidor não poderá ausentar-se do Estado 07/05/2007)
para estudo ou missão oficial, sem autorização do Chefe do § 2º - A transferência compulsória para instituição de
Poder a que estiver vinculado. (Redação dada pela Lei ensino congênere, a que se refere o caput, somente poderá ser
Complementar nº 84, de 07/05/2007) efetivada de estabelecimento público para público ou de
privado para privado, salvo a inexistência, no local de destino,
Legislação Estadual 54
APOSTILAS OPÇÃO
de instituição de ensino da mesma natureza. (Incluído pela Lei V - a licença para atividade política, com remuneração.
Complementar nº 84, de 07/05/2007) (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
§ 3º - O disposto no § 2º deste artigo é extensivo ao cônjuge
ou companheiro, aos filhos e àqueles que vivam na sua Art. 111 - É vedada a contagem cumulativa de tempo de
dependência econômica. (Incluído pela Lei Complementar nº serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou
101, de 29/04/2008) fundação de órgãos ou entidades dos Poderes da União,
Estados, Municípios e Distrito Federal e suas entidades da
CAPÍTULO VII administração indireta e fundacionais.
DO TEMPO DE SERVIÇO
CAPÍTULO VIII
Art. 108 - A apuração do tempo de serviço será feita em DO DIREITO DE PETIÇÃO
dias, convertidos em anos, considerado o ano como de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias. Art. 112 - É assegurado ao servidor o direito de requerer
Parágrafo Único - É vedada a contagem de tempo de ao Poder Público em defesa de direito ou interesse legítimo.
serviço fictício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 84,
de 07/05/2007) Art. 113 - O requerimento será dirigido à autoridade
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
Art. 108-A. É contado para todos os efeitos legais o tempo daquela a que estiver imediatamente subordinado o
de serviço público prestado à Administração Pública do Estado requerente.
do Piauí, desde que tenha sido recolhida contribuição
previdenciária do servidor. (Incluído pela Lei nº 6.455, de Art. 114 - Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
19/12/2013) houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
podendo ser renovado.
Art. 109 - São considerados como de efetivo exercício os Parágrafo Único - O requerimento e o pedido de
afastamentos em virtude de: reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão
I - férias; ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
II - exercício de cargo em comissão em qualquer dos de 30 (trinta) dias.
Poderes do Estado e nos serviços da União e dos Municípios do
Estado; (Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de Art. 115 - Caberá recurso:
07/05/2007) I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
III - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
municipal ou distrital e atividade política, na forma do art. 89, interpostos.
exceto para promoção por merecimento; Parágrafo Único - O recurso será dirigido à autoridade
IV - júri, serviço militar e outros serviços obrigatórios por imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
lei; proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente,
V - disposição regularmente concedida, para prestar às demais autoridades, sempre por intermédio da sua chefia
serviço nos órgãos e entidades da Administração Pública imediata.
Direta e Indireta; (Redação dada pela Lei nº 6.455, de
19/12/2013) Art. 116 - O prazo para interposição do pedido de
VI - licença: reconsideração ou de recurso é de 60 (sessenta) dias, a contar
a) à gestante, à adotante e à paternidade; da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
b) para tratamento da própria saúde, até 2 (dois) anos; recorrida.
c) para o desempenho de mandato classista, exceto para § 1º - O recurso poderá ser recebido, com efeito
efeito de promoção por merecimento; suspensivo, a juízo da autoridade competente.
d) por motivo de acidente em serviço ou doença § 2º - Em caso de provimento do pedido de reconsideração
profissional; ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato
e) para capacitação. (Redação dada pela Lei Complementar impugnado.
nº 84, de 07/05/2007)
VII - deslocamento para a nova sede; Art. 117 - Para o exercício do direito de petição, é
VIII - participação em competição desportiva, congressos e assegurada vista do processo ou documento, na repartição, ao
outras atividades culturais, devidamente autorizada; servidor ou ao procurador por ele constituído.
IX - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de
07/05/2007) Art. 118 - A administração deverá rever seus atos, a
X - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de qualquer tempo, quando eivados de ilegalidades.
07/05/2007)
Art. 119 - São fatais e improrrogáveis os prazos
Art. 110 - Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
e disponibilidade:
I - O tempo de serviço público prestado à União, a outros Art. 120 - O direito de requerer prescreve:
Estados, a Municípios e ao Distrito Federal; (Redação dada I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
pela Lei nº 6.455, de 19/12/2013) cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem
II - Licença para tratamento de saúde de pessoa da família interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de
do servidor, com remuneração; trabalho;
III - O tempo correspondente ao desempenho de mandato II - em 180 (cento e oitenta) dias, nos demais casos,
eletivo, anterior ao ingresso no serviço público; salvo quando outro prazo for fixado em lei.
IV - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à § 1º - O prazo da prescrição será contado da data da
Previdência Social, comprovado mediante certidão fornecida publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo
pelo ente previdenciário; (Redação dada pela Lei interessado, quando o ato não for publicado;
Complementar nº 84, de 07/05/2007) § 2º - O pedido de reconsideração e o recurso, quando
cabíveis, interrompem a prescrição.
Legislação Estadual 55
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3º - A prescrição é de ordem pública, não podendo ser § 2º - Ocorrendo habilitação às pensões vitalícias e
revelada pela administração. temporária, metade do valor caberá ao titular ou titulares da
pensão vitalícia, sendo a outra metade rateada em partes
CAPÍTULO IX iguais, entre os titulares da pensão temporária.
DA PENSÃO, DA APOSENTADORIA E DA ASSISTÊNCIA § 3º - Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária,
À SAÚDE o valor integral da pensão será rateado, em partes iguais, entre
(Redação dada pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012) os que se habilitarem.
Art. 121 - Por morte do servidor, os dependentes fazem jus Art. 126 - Não faz jus à pensão o beneficiário condenado
a uma pensão mensal de valor correspondente ao da pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte
respectiva remuneração ou provento, a partir da data do óbito, do servidor.
observadas as normas da entidade previdenciária.
Art. 127 - Será concedida pensão provisória por morte
Art. 122 - As pensões distinguem - se, quanto à natureza, presumida do servidor, quando declarada a ausência pela
em vitalícias e temporárias. autoridade judiciária competente.
§ 1º - A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas Parágrafo Único - A pensão provisória será transformada
permanentes, que somente se extinguem ou revertem com a em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
morte de seus beneficiários. (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual
§ 2º - A pensão temporária é composta de cota ou cotas que reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefício será
podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação automaticamente cancelado.
de invalidez ou maioridade do beneficiário.
Art. 128 - Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
Art. 123 - São beneficiários das pensões: I - o seu falecimento;
I - vitalícia: II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
a) o cônjuge; após a concessão da pensão ao cônjuge;
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário
divorciada, com direito de perceber pensão alimentícia; inválido;
c) o companheiro ou companheira designado que IV - a maioridade de filho, irmã ou irmão órfão ou pessoa
comprove união estável como entidade familiar; designada, aos 21 (vinte e um) anos de idade, ressalvada a
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica hipótese prevista no § 3º do art. 123, desta Lei Complementar;
do servidor; V - a acumulação indevida de pensão;
e) (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de VI - a renúncia expressa.
07/05/2007)
II - temporária: Art. 129 - Por morte ou perda da qualidade de beneficiário,
a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, a respectiva cota reverterá:
ou, se inválido, enquanto perdurar a invalidez; I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão
b) o menor sob tutela até 21 (vinte e um) anos de idade; ou para os titulares da pensão temporária, se não houver
(Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) pensionista remanescente da pensão vitalícia;
c) a irmã ou irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o II - da pensão temporária para os beneficiários ou, na falta
inválido, enquanto durar a invalidez, que comprovem destes, para o beneficiário da pensão vitalícia.
dependência econômica do servidor;
d) (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de Art. 130 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de
07/05/2007) 07/05/2007)
§ 1º - A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de
que tratam as alíneas a e c do inciso I deste artigo exclui desse Art. 131 - Ressalvado o direito de opção, é vedada a
direito os demais beneficiários referidos na alínea d. (Redação percepção cumulativa de mais de duas pensões.
dada pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
§ 2º - A concessão da pensão temporária aos beneficiários SEÇÃO II
de que tratam alíneas a e b do inciso II deste artigo exclui desse DA APOSENTADORIA
direito os demais beneficiários referidos na alínea c. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) Art. 132 - Os servidores serão aposentados e terão os seus
§ 3º - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de proventos calculados e revistos, na forma prevista na
07/05/2007) Constituição Federal, observadas as normas gerais de
§ 4º - No caso do inciso I, “b”, deste artigo, a pensão vitalícia previdência estabelecidas em lei federal e as leis estaduais
fica limitada ao percentual que o pensionista recebia de sobre o fundo de previdência social do regime próprio dos
alimentos do servidor segurado, não sendo aumentada pela servidores públicos e sobre o plano de custeio do regime
reversão de cota da pensão paga a outros pensionistas, na próprio de previdência social. (Redação dada pela Lei
forma do artigo 129 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 6.455, de Complementar nº 84, de 07/05/2007)
19/12/2013) § 1º - Fica vedada a habilitação de dependentes ou
segurados assim como a concessão de benefícios distintos dos
Art. 124 - A pensão será concedida integralmente ao titular previstos no regime geral de previdência social, salvo
da pensão vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão disposição em contrário da Constituição Federal. (Incluído
temporária. pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
§ 1º - Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão § 2º - Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
vitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os incuráveis, para efeito de aposentadoria por invalidez,
beneficiários habilitados. tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,
neoplasia malígna, cegueira posterior ao ingresso no serviço
Legislação Estadual 56
APOSTILAS OPÇÃO
público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, seguros privados de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose 6.290, de 19/12/2012)
anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de § 2º - A expansão da assistência à saúde atualmente
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência prestada depende de estimativa de impacto orçamentário-
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na financeiro no exercício em que deva ser efetivada e nos dois
medicina especializada. (Redação dada pela Lei Complementar posteriores, ficando condicionada à existência da
nº 101, de 29/04/2008) correspondente fonte de custeio total. (Incluído pela Lei nº
§ 3º - Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição 6.290, de 19/12/2012)
Federal, os proventos de aposentadoria dos servidores § 3º - Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
públicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal e ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição entidade celebrará, preferencialmente, convênio com
na data de publicação da Emenda Constitucional n° 41, de 19 unidades de atendimento do sistema público de saúde ou com
de Dezembro de 2003, bem como os proventos de o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. (Incluído pela Lei
aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes nº 6.290, de 19/12/2012)
abrangidos pelo art. 3º da Emenda Constitucional nº 41, de 19
de Dezembro de 2003, serão revistos na mesma proporção e § 4º - Para os fins do disposto neste artigo, ficam o Estado
na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a
servidores em atividade, sendo também estendidos aos contratar, na forma da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens operadoras de planos e seguros privados de assistência à
posteriormente concedidos aos servidores em atividade, saúde que possuam autorização de funcionamento de órgão
inclusive quando decorrentes da transformação ou regulador. (Incluído pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012)
reclassificação do cargo ou função em que se deu a
aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da TÍTULO IV
pensão, na forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar nº DO REGIME DISCIPLINAR
84, de 07/05/2007) CAPÍTULO I
§ 4º - Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores que DOS DEVERES DO SERVIDOR
preencherem os requisitos do art. 3º da Emenda
Constitucional nº 47, de 05 de Julho de 2005. (Incluído pela Lei Art. 137 - São deveres do servidor público:
Complementar nº 84, de 07/05/2007) I - exercer com dignidade, zelo e dedicação às atribuições
de seu cargo;
Art. 133 - A aposentadoria compulsória será automática, e II - ser leal às instituições a que servir;
declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele III - observar as normas legais e regulamentares;
em que o servidor atingir a idade - limite de permanência no IV - cumprir, com presteza, as ordens superiores, exceto
serviço ativo. quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
Art. 134 - A aposentadoria voluntária ou por invalidez a) ao público em geral, prestando as informações
vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato. solicitadas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
§ 1º - A aposentadoria por invalidez será precedida de b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
licença para tratamento de saúde, por período não excedente direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal, no
a 24 (vinte e quatro) meses. prazo máximo de 10 (dez) dias;
§ 2º - Expirado o período de licença e não estando em c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o VI - levar ao conhecimento da autoridade imediatamente
servidor será aposentado. superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do
§ 3º - O lapso de tempo compreendido entre o término da cargo;
licença e a publicação do ato da aposentadoria será VII - zelar pela economia do material e a conservação do
considerado como de prorrogação da licença. patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Art. 135 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84, de IX - manter conduta compatível com a moralidade pública;
07/05/2007) X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
SEÇÃO III XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE poder;
(Incluída pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012) XIII - encaminhar à Procuradoria Geral do Estado,
informações de que tenha ciência em razão do cargo, relativas
Art. 136 - A assistência à saúde do servidor ativo ou inativo a inquérito policial ou a processo criminal em que figure como
e de seus dependentes ou pensionistas será prestada na forma acusado servidor público; (Incluído pela Lei Complementar nº
estabelecida em regulamento. (Incluído pela Lei nº 6.290, de 25, de 15/08/2001)
19/12/2012) XIV - enviar à Procuradoria Geral do Estado, no prazo
§ 1º - Nos termos do regulamento, a assistência à saúde máximo de 2 (dois) dias a contar do recebimento, notificação
pode compreender assistência médica, hospitalar, em mandado de segurança; (Incluído pela Lei Complementar
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz nº 25, de 15/08/2001)
básica o implemento de ações preventivas voltadas para a XV - manter junto ao órgão de origem permanente
promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de atualização do seu endereço e de outros dados pessoais.
Saúde – SUS ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual (Incluído pela Lei Complementar nº 25, de 15/08/2001)
estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou XVI - proceder aos descontos relativos a reposições e
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante indenizações ao erário. (Incluído pela Lei Complementar nº 84,
ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor ativo de 07/05/2007)
ou inativo e seus dependentes ou pensionistas com planos ou Parágrafo Único - A representação de que trata o inciso XII
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
Legislação Estadual 57
APOSTILAS OPÇÃO
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, empresas públicas e sociedades de economia mista da União,
assegurando-se ao representando ampla defesa. (Incluído pela do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos
Lei Complementar nº 25, de 15/08/2001) Municípios. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de
07/05/2007)
CAPÍTULO II § 2º - A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
DAS PROIBIÇÕES condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
(Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
Art. 138 - Ao Servidor é proibido: § 3º - Em qualquer caso, a acumulação de cargos, empregos
I - ausentar - se do serviço durante o expediente, sem ou funções públicas somente será permitida quando o
prévia autorização do chefe imediato; somatório das jornadas de trabalho não for superior a 70
II - retirar sem prévia anuência da autoridade competente, (setenta) horas semanais. (Incluído pela Lei Complementar nº
qualquer documento ou objeto da repartição. 84, de 07/05/2007)
III - recusar fé a documentos públicos; § 4º - É vedada a percepção simultânea de proventos de
IV - retardar andamento de documento e processo ou aposentadoria decorrentes do regime próprio de previdência
execução de serviço, deixar de praticar, indevidamente, ato de social com a remuneração de cargo, emprego ou função
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma da
satisfazer interesse pessoal; Constituição Federal, os cargos eletivos e os cargos em
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
recinto da repartição; (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua Art. 140 - (Revogado pela Lei Complementar nº 103, de
responsabilidade ou de seu subordinado, inclusive a outro 15/05/2008)
servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em
situações de emergência e transitórias; Art. 141 - O servidor não poderá exercer mais de um cargo
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de em comissão ou função gratificada, nem participar,
filiarem - se ou desfilarem-se a associação profissional ou remunerado, de mais de um órgão de deliberação coletiva.
sindical, ou a partido político; Parágrafo Único - O servidor que acumular licitamente dois
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na
grau civil; hipótese em que houver compatibilidade de horário e local
IX - valer - se do cargo para lograr proveito pessoal ou de com exercício de um deles, declarada pelas autoridades
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada
X - participar de gerência ou administração de empresa pela Lei nº 6.290, de 19/12/2012)
privada, sociedade comercial ou exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; CAPÍTULO IV
XI - atuar como procurador ou intermediário, junto a DAS RESPONSABILIDADES
repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo Art. 142 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, o
grau, e de cônjuge ou companheiro; servidor responde civil, penal e administrativamente.
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
qualquer espécie, exigir vantagem indevida para si ou para Art. 143 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo
outrem, em razão de suas atribuições; ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
XIII - praticar usura sob qualquer de suas formas; erário ou a terceiros.
XIV - proceder de forma desidiosa; § 1º - A indenização de prejuízo dolosamente causado ao
XV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição erário somente será liquidado na forma prevista no art. 42, §§
em serviços ou atividades particulares; 3º a 6º, na falta de outros bens que assegurem a execução do
XVI - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao débito pela via judicial. (Redação dada pela Lei Complementar
cargo que ocupa, exceto em situações transitórias e de nº 25 de 15/08/2001)
emergência; (Redação pela Lei Complementar nº 25 de § 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá
15/08/2001) o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
XVII - exercer quaisquer atividades que sejam § 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor
horário de trabalho; da herança recebida. (Incluído pela Lei Complementar nº 25
XVIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado de 15/08/2001)
estrangeiro.
Parágrafo Único - O servidor público não poderá participar Art. 144 - A responsabilidade penal abrange os crimes e
de comissão ou banca de concurso, intervir no seu julgamento contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
e votar sobre organização de lista para promoção, quando
concorrer parente consanguíneo ou afim, em linha reta, ou Art. 145 - A responsabilidade administrativa resulta de
colateral até o terceiro grau, bem como seu cônjuge. (Incluído atos ou omissões praticados no desempenho do cargo ou
pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) função.
Art. 139 - É vedada a acumulação remunerada de cargos Art. 147 - A responsabilidade administrativa do servidor
públicos, ressalvados os casos previstos na Constituição será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
Federal. existência do fato ou a sua autoria.
§ 1º - A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
Legislação Estadual 58
APOSTILAS OPÇÃO
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APOSTILAS OPÇÃO
autoridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei especialmente que: (Redação dada pela Lei Complementar nº
Complementar nº 25 de 15/08/2001) 25 de 15/08/2001)
§ 4º - No prazo de cinco dias, contados do recebimento do I - a indicação de materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, Complementar nº 25 de 15/08/2001)
aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 4º do art. 188. a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) precisa do período de ausência intencional do servidor ao
§ 5º - A opção pelo servidor até o último dia de prazo para serviço superior a trinta dias. (Incluída pela Lei Complementar
a defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá nº 25 de 15/08/2001)
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual
§ 6º - Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de período de doze meses. (Incluída pela Lei Complementar nº 25
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, de 15/08/2001)
empregos ou funções públicas em regime de acumulação II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
serão comunicados. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
15/08/2001) indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de
§ 7º - O prazo para a conclusão do processo administrativo abandono de cargo, sob a intencionalidade da ausência do
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à
contados da data de publicação do ato que constituir a autoridade instauradora do julgamento. (Incluída pela Lei
comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, Complementar nº 25 de 15/08/2001)
quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído pela Lei
Complementar nº 25 de 15/08/2001) Art. 162 - As penalidades disciplinares serão aplicadas:
§ 8º - No caso de processo envolvendo mais de um I - pelo Governador do Estado ou, conforme o caso, pela
servidor, os prazos previstos neste artigo serão duplicados. autoridade referida no parágrafo único do art. 7º, quando se
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) tratar de demissão, cassação de aposentadoria ou
§ 9º - O procedimento sumário rege-se pelas disposições disponibilidade de servidor, inclusive das autarquias e
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, fundações do Estado;
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. II - pelos Secretários de Estado, dirigentes de órgãos e das
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) autarquias e fundações do Estado, quando se tratar de
suspensão superior a 30 (trinta) dias e destituição de função;
Art. 155 - Será cassada a aposentadoria ou a III - pelo chefe da repartição e autoridades administrativas
disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, de hierarquias imediatamente inferior àquelas mencionadas
falta punível com a demissão. no inciso anterior, na forma dos respectivos regimentos ou
regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de
Art. 156 - A destituição de cargo em comissão exercido por até 30 (trinta) dias. (Redação dada pela Lei Complementar nº
não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de 25 de 15/08/2001)
infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando
Parágrafo Único - Constatada a hipótese de que trata este se tratar de destituição de cargo em comissão. (Incluído pela
artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 34 será Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
convertida em destituição de cargo em comissão Parágrafo Único - O ato de imposição da penalidade
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
Art. 157 - A demissão ou a destituição de cargo em disciplinar. (Renumerado do § 1º pela Lei Complementar nº
comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 153 90, de 26/10/2007)
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 163 - A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
Art. 158 - A demissão, ou a destituição de cargo em demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
comissão por infringência do art. 138, incisos IX e XI destituição de cargos em comissão.
incompatibiliza o ex - servidor para nova investidura em cargo II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
público estadual, pelo prazo de 5 (cinco) anos. (Redação dada III - em 180 (cento oitenta) dias, quanto a advertência.
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) § 1º - O prazo de prescrição começa a correr da data em
Parágrafo Único - Não poderá retornar ao serviço público que o fato se tornou conhecido.
estadual o servidor que for demitido ou destituído do cargo em § 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal
comissão por infringência do art. 153 incisos I, IV, VIII, X, XI e aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
XIII. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de como crime, não podendo o prazo prescricional, para as
15/08/2001) infrações punidas com demissão, cassação de aposentadoria
ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão, ser em
Art. 159 - Configura abandono de cargo a ausência nenhuma hipótese inferior a 5 (cinco) anos. (Redação dada
intencional do servidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias pela Lei Complementar nº 101, de 29/04/2008)
consecutivos. § 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
Art. 160 - Entende - se por inassiduidade habitual a falta ao final proferida por autoridade competente.
serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, § 4º - Interrompido o curso da prescrição, o prazo
interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses. começará a correr por inteiro a partir do dia em que cessar a
interrupção. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de
Art. 161 - Na apuração de abandono de cargo ou 15/08/2001)
inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento § 5º - Ocorrendo a hipótese prevista no § 2º do art. 164, o
sumário a que se refere o art. 154, observando-se prazo prescricional começará a fluir do primeiro dia útil
Legislação Estadual 60
APOSTILAS OPÇÃO
posterior ao término do período de licença ou de férias. § 2º - A representação será arquivada, por falta de objeto,
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) em despacho fundamentado, quando o fato narrado não
configurar infração disciplinar ou ilícito penal. (Incluído pela
TÍTULO V Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR § 3º - Incidirá em infração disciplinar grave a autoridade
CAPÍTULO I que não der andamento imediato, rápido e eficiente à
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS denúncia. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de
15/08/2001)
Art. 164 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade
no serviço público é obrigado a promover a sua apuração Art. 166 - A sindicância investigatória deverá ser concluída
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo no prazo máximo de 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada
disciplinar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de por igual período, a critério da Comissão. (Redação dada pela
15/08/2001) Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 1º - A apuração de que trata o caput, por solicitação da Parágrafo Único - Quando o fato for de difícil elucidação,
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por além da prorrogação prevista no caput, a comissão poderá
autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que requerer à autoridade a devolução dos autos, para ulteriores
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência diligências, que serão realizadas no prazo marcado pela
específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente autoridade. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de
ou temporário pelo Governador do Estado, pelos presidentes 15/08/2001)
da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Tribunal
de Contas do Estado e pelo Procurador-Geral de Justiça, no Art. 167 - A sindicância punitiva deverá ser concluída no
âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as prazo máximo de 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por
competências para o julgamento que se seguir à apuração. igual período, a critério da comissão. (Redação dada pela Lei
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 2º - Durante o gozo de licença para tratamento de saúde Parágrafo Único - Não será computado o excesso de prazo
e por acidente em serviço não se iniciará sindicância punitiva provocado pela defesa. (Incluído pela Lei Complementar nº 25
ou processo administrativo. (Incluído pela Lei Complementar de 15/08/2001)
nº 101, de 29/04/2008)
§ 3º - A sindicância poderá ser investigatória ou punitiva, CAPÍTULO II
sendo assegurado nesta última o contraditório e ampla defesa. DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 4º - Da sindicância investigatória poderá resultar: Art. 168 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) não venha a influir na apuração da irregularidade, a
I - arquivamento dos autos de apuração; (Incluído pela Lei autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
Complementar nº 25 de 15/08/2001) determinar o afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de
II - instauração de sindicância punitiva ou de processo até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
administrativo disciplinar. (Incluído pela Lei Complementar § 1º - O afastamento poderá ser prorrogado por igual
nº 25 de 15/08/2001) prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
§ 5º - Da sindicância punitiva poderá resultar: (Incluído concluída a sindicância ou o processo. (Incluído pela Lei
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) Complementar nº 25 de 15/08/2001)
I - arquivamento dos autos; (Incluído pela Lei § 2º - Determinado o afastamento, a autoridade deverá
Complementar nº 25 de 15/08/2001) apreender carteiras funcionais, insígnias, distintivos, armas e
II - aplicação de penalidade de advertência ou de quaisquer outros documentos ou objetos que possibilitem o
suspensão de até 30 (trinta) dias; (Incluído pela Lei servidor afastado apresentar-se na qualidade de servidor.
Complementar nº 25 de 15/08/2001) (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
III - instauração de processo administrativo disciplinar.
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) CAPÍTULO III
§ 6º - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar DO PROCESSO DISCIPLINAR
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
(trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou Art. 169 - O processo disciplinar é o instrumento destinado
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será a apurar, com observância dos princípios do contraditório e da
obrigatória a instauração de processo disciplinar. (Incluído ampla defesa, responsabilidade de servidor por infração
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha
§ 7º - Nos casos omissos, aplicam-se subsidiariamente, relação com as atribuições do cargo em que se encontre
nesta ordem, os princípios de direito administrativo, a Lei de investido. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de
Processo Administrativo Federal (Lei 9.784, de 29 de janeiro 15/08/2001)
de 1999) e as correspondentes leis estaduais, o Código de
Processo Penal e o Código de Processo Civil. (Incluído pela Lei Art. 170 - O processo disciplinar será conduzido por
Complementar nº 25 de 15/08/2001) comissão composta de 3 (três) servidores estáveis designados
pela autoridade competente, observado o disposto no § 1º do
Art. 165 - As denúncias sobre irregularidades serão objeto art. 164, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá
de apuração, desde que contenham a identificação e o ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou
endereço do denunciante, podendo ser formulada por escrito ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
ou verbalmente. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
de 15/08/2001) § 1º - A Comissão terá como secretário servidor designado
§ 1º - Quando a denúncia for apresentada verbalmente, a pelo seu Presidente, podendo a indicação recair em um de seus
autoridade determinará a lavratura de termo, assinado pelo membros.
denunciante. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de § 2º - O ato de designação deverá apontar também
15/08/2001) suplentes para a comissão de sindicância ou processo
disciplinar, que substituirão os respectivos titulares em caso
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APOSTILAS OPÇÃO
de impedimento, suspeição aceita ou ausência justificada. II - inquérito administrativo, que compreende instrução,
(Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) defesa e relatório;
§ 3º - É impedido de participar de comissão de sindicância III - julgamento.
ou de processo disciplinar o servidor ou autoridade que: Parágrafo Único - O ato de instauração conterá a exposição
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) sucinta da infração administrativa ou a indicação dos
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; (Incluído dispositivos legais violados e a qualificação do acusado.
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) (Redação dada pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007)
II - tenha participado ou venha a participar como perito,
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem Art. 172-A. Na impossibilidade de prosseguimento do
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o processo administrativo disciplinar ou da sindicância punitiva
terceiro grau; (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de em relação a um dos imputados, cessará a unidade do
15/08/2001) processo, que prosseguirá em relação aos demais. (Incluído
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) Parágrafo
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. (Incluído Único - Será facultativa a separação dos processos
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) disciplinares ou sindicâncias punitivas, quando as infrações
§ 4º - A autoridade ou servidor que incorrer em disciplinares tiverem sido praticadas em circunstâncias de
impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, tempo ou lugar diferente, ou, quando pelo excessivo número
abstendo-se de atuar. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de imputados ou por outro motivo relevante, a comissão ou o
de 15/08/2001) sindicante reputar conveniente a separação. (Incluído pela Lei
§ 5º - A omissão do dever de comunicar o impedimento Complementar nº 84, de 07/05/2007)
constitui falta grave, para efeitos disciplinares. (Incluído pela
Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) Art. 173 - O prazo para a conclusão do processo disciplinar
§ 6º - Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data da
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. (Incluído exigirem.
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) § 1º - Suspendem o prazo para a conclusão do inquérito
§ 7º - O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser administrativo ou de sindicância punitiva a realização,
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. (Incluído pela Lei determinada de ofício ou a requerimento do acusado, da
Complementar nº 25 de 15/08/2001) seguintes diligências probatórias: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 25 de 15/08/2001)
Art. 170-A. A sindicância investigatória ou punitiva poderá I - oitiva de testemunha em outro município; (Incluído pela
ser conduzida por um servidor estável, que deverá ser Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter II - realização de perícias; (Incluído pela Lei Complementar
nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado, nº 25 de 15/08/2001)
designado pela autoridade competente, observado o disposto III - a realização de quaisquer provas que dependam de
no § 1º do art. 164. (Incluído pela Lei Complementar nº 84, de ordem judicial; (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de
07/05/2007) 15/08/2001)
Parágrafo Único - Ao servidor ou comissão designado na IV - a produção de prova, requerida pelo servidor, que se
forma do caput aplica-se no que couber as prerrogativas, revele posteriormente protelatória; (Incluído pela Lei
atribuições e deveres da comissão de processo administrativo Complementar nº 25 de 15/08/2001)
disciplinar composta segundo o art. 170. (Incluído pela Lei V - outros casos, em que a produção de provas demande
Complementar nº 84, de 07/05/2007) período de tempo razoável. (Incluído pela Lei Complementar
nº 25 de 15/08/2001)
Art. 171 - A Comissão exercerá suas atividades com § 2º - Não será computado para efeito de prescrição ou na
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo duração de processo disciplinar ou de sindicância punitiva o
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da excesso de prazo provocado pela defesa. (Redação dada pela
administração. Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 1º - As reuniões e as audiências das comissões terão § 3º - Durante o tempo em que permanecer suspenso o
caráter reservado. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de inquérito, não corre o prazo de prescrição. (Incluído pela Lei
15/08/2001) Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 2º - Durante a instrução, será concedida vista dos autos § 4º - Concluída a produção da prova referida no § 1º, volta
ao servidor acusado, mediante simples solicitação, sempre que a correr o prazo para conclusão do inquérito. (Redação dada
não prejudicar o curso do procedimento. (Incluído pela Lei pela Lei Complementar nº 71, de 26/07/2006)
Complementar nº 25 de 15/08/2001) § 5º - A não conclusão no prazo do processo disciplinar ou
§ 3º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo da da sindicância punitiva implica apenas o recomeço do prazo
manifestação do interessado ou para apresentação de prescricional. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. 15/08/2001)
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
§ 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os SEÇÃO I
autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para DO INQUÉRITO
manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese de prazo
comum. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de Art. 174 - O inquérito administrativo obedecerá ao
15/08/2001) princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
Art. 172 - O processo disciplinar se desenvolve nas direito.
seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a Art. 175 - Os autos da sindicância integrarão o processo
comissão; disciplinar, como peça informativa da instrução.
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APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo Único - Apurada na sindicância que a infração chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora
está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente marcados para inquirição.
encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público,
independentemente da imediata instauração do processo Art. 179 - O depoimento será prestado oralmente e
administrativo. reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
escrito.
Art. 176 - Na fase do inquérito, a comissão promoverá a § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente.
tomada de depoimentos, acareações, investigações e § 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a
completa elucidação dos fatos. Art. 180 - Concluída a produção de provas, a comissão
promoverá o interrogatório do acusado, observadas as
Art. 177 - É assegurado ao servidor o direito de formalidades legais. (Redação dada pela Lei Complementar nº
acompanhar o processo, pessoalmente ou por intermédio de 25 de 15/08/2001)
procurador constituído, arrolar e reinquirir testemunhas, § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles será
produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas
se tratar de prova pericial. declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida
§ 1º - O presidente da comissão somente poderá denegar, acareação entre eles.
mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelo § 2º - O procurador do acusado poderá assistir ao
servidor quando ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo
protelatórias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de - lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-
15/08/2001) se-lhe, porém, reinquerí-las, por intermédio do Presidente da
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comissão.
comprovação do fato independer de conhecimento especial de
perito. Art. 181 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
§ 3º - Em qualquer fase do processo será permitida a do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que
intervenção do defensor constituído pelo indiciado. ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual
§ 4º - O servidor e seu procurador serão intimados para participe, pelo menos, um médico psiquiatra.
ciência de decisão ou a efetivação de diligências probatórias. Parágrafo Único - O incidente de sanidade mental será
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) processado em auto apartado e apenso ao processo principal,
§ 5º - A intimação deverá conter: (Incluído pela Lei após a expedição do laudo pericial.
Complementar nº 25 de 15/08/2001)
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade Art. 182 - Tipificada a infração disciplinar, será formulada
administrativa; (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de a indicação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
15/08/2001) imputados e das respectivas provas.
II - finalidade da intimação; (Incluído pela Lei § 1º - O indiciado será citado por mandado expedido pelo
Complementar nº 25 de 15/08/2001) presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no
III - data, hora e local em que deve comparecer; (Incluído prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo.
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou § 2º - Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será
fazer-se representar; (Incluído pela Lei Complementar nº 25 comum e de 20 (vinte) dias.
de 15/08/2001) § 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
VI - informação da continuidade do processo para diligências consideradas indispensáveis.
independentemente do seu comparecimento; (Incluído pela § 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na
Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) cópia da citação, o prazo para defesa contar - se - á da data
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que
(Incluído pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) fez a citação, com a assinatura de 2 (duas) testemunhas.
§ 6º - A intimação observará a antecedência mínima de
dois dias úteis quanto à data de comparecimento. (Incluído Art. 183 - O indiciado que mudar de residência fica
pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001) obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
§ 7º - A intimação pode ser efetuada por ciência no encontrado.
processo, por via postal com aviso de recebimento, por
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do Art. 184 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
servidor. (Incluído pela Lei Complementar nº 25 de sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial do
15/08/2001) Estado e em jornal de grande circulação na localidade do
§ 8º - No caso de o servidor ter mudado de endereço sem último domicílio conhecido, para apresentar defesa.
comunicar a Administração, a intimação será efetuada por Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, o prazo para
meio de publicação oficial. (Incluído pela Lei Complementar nº defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação
25 de 15/08/2001) do edital.
§ 9º - As intimações serão nulas quando feitas sem
observância das prescrições legais, mas o comparecimento do Art. 185 - Considerar - se - á revel o indiciado que,
servidor supre sua falta ou irregularidade. (Incluído pela Lei regulamente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
Complementar nº 25 de 15/08/2001) § 1º - A revelia será declarada, por termo, nos autos do
processo e devolverá o prazo para a defesa.
Art. 178 - As testemunhas serão intimadas a depor § 2º - Para defender o indiciado revel, o presidente da
mediante mandado expedido pelo Presidente da comissão, comissão designará um servidor como defensor dativo, que
devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
anexada aos autos. nível, ou ter escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Parágrafo Único - Se a testemunha for servidor público, a (Redação dada pela Lei Complementar nº 25 de 15/08/2001)
expedição do mandado será imediatamente comunicada ao
Legislação Estadual 63
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3º - Salvo motivo relevante, o servidor designado como Art. 193 - Serão assegurados transportes e diárias:
defensor dativo será obrigado a desempenhar o encargo, sob I - ao servidor convocado para prestar depoimento
pena de responsabilidade funcional. (Incluído pela Lei fora da sede de sua repartição, na condição de testemunha,
Complementar nº 25 de 15/08/2001) denunciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
Art. 186 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos realização de diligências necessárias ao esclarecimento dos
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a fatos.
sua convicção.
§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à SEÇÃO III
inocência ou à responsabilidade do servidor. DA REVISÃO DO PROCESSO
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Art. 194 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem
atenuantes. fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
Art. 187 - O processo disciplinar, com o relatório da § 1º - Em caso de falecimento, ausência ou
comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família
instauração, para julgamento. poderá requerer a revisão do processo.
§ 2º - No caso de incapacidade mental do servidor, a
SEÇÃO II revisão será requerida pelo curador.
DO JULGAMENTO
Art. 195 - A simples alegação de injustiça da penalidade
Art. 188 - No prazo de 20 (vinte) dias, contados do não constitui fundamento para a revisão, que requer
recebimento do processo disciplinar, a autoridade julgadora elementos novos ainda não apreciados no processo originário,
proferirá, motivadamente, a sua decisão. cabendo o ônus da prova ao requerente.
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
autoridade instauradora do processo, este será encaminhado Art. 196 - O requerimento de revisão do processo será
à autoridade competente, que decidirá em igual prazo. dirigido ao Secretário de Estado, dirigentes de órgãos ou
§ 2º - Não decidido o processo no prazo deste artigo, o entidades administrativas que, se autorizar a revisão,
indiciado, se afastado, reassumirá o exercício do cargo ou encaminhará o pedido à repartição onde se originou o
função, aí aguardando o julgamento final. processo disciplinar.
§ 3º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a Art. 197 - A autoridade que determinou a instauração do
imposição da pena mais grave. processo originário providenciará a constituição de comissão
§ 4º - Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação revisora, observando, no que couber, as normas e
de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá à procedimentos do processo disciplinar.
autoridade competente para aplicá-la. Parágrafo Único - A revisão correrá em apenso ao processo
originário.
Art. 189 - O julgamento acatará o relatório da comissão,
salvo quando, manifestamente, contrário às provas dos autos. Art. 198 - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora
Parágrafo Único - Quando o relatório da comissão para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, arrolar.
motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou
isentar o servidor de responsabilidade. Art. 199 - A comissão revisora terá o prazo de 60 (sessenta)
dias para a conclusão dos trabalhos e o prazo para julgamento
Art. 190 - Verificada a existência de vício insanável, a será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo,
autoridade julgadora declarará a nulidade total ou parcial o no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar
processo e ordenará a constituição de outra comissão, para diligências.
instauração de novo processo. Parágrafo Único - O julgamento caberá à mesma
§ 1º - O julgamento fora do prazo legal não implica em autoridade que aplicou a penalidade.
nulidade do processo.
§ 2º - A autoridade julgadora que der causa à prescrição Art. 200 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem
será responsabilizada, na forma da lei. efeito a penalidade aplicada, restabelecendo - se todos os
§ 3º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade direitos do servidor, exceto em relação à destituição de cargo
julgadora determinará o registro do fato no assentamento em comissão, que será convertida em exoneração.
individual do servidor. Parágrafo Único - Da revisão do processo não poderá
Art. 191 - Quando a infração estiver capitulada como crime, resultar agravamento de penalidade.
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público
para a instauração da ação penal, ficando traslado na TÍTULO VI
repartição. CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 192 - O servidor que responder a processo disciplinar
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado Art. 201 - O Dia do Servidor Público será comemorado a 28
voluntariamente, após a conclusão do processo e o (vinte e oito) de outubro.
cumprimento da penalidade, acaso aplicada. Parágrafo Único – Por ocasião da comemoração do dia do
servidor, o Poder Público poderá realizar eventos de caráter
educativo, informativo ou de orientação social, ações de lazer
ou sortear presentes destinados aos servidores públicos.
(Incluído pela Lei nº 6.455, de 19/12/2013)
Legislação Estadual 64
APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Estadual 65
APOSTILAS OPÇÃO
(D) Para o cálculo da gratificação natalina, deve-se Art. 4º A Polícia Civil, pelas suas características e
considerar o adicional de insalubridade percebido até o mês finalidades, fundamenta-se na hierarquia e na disciplina, tendo
de agosto do ano em referência. como princípios e atividades básicas:
(E) As horas extraordinárias, pagas com acréscimo de 50% I - respeito à dignidade da pessoa humana, garantido sua
em relação à hora normal de trabalho, incidem sobre a integridade física e moral, na forma estabelecida nas
remuneração. Constituições Federal e Estadual;
II - exercício da função policial com probidade, discrição,
Respostas moderação e respeito;
III - exercer as funções de polícia judiciária e apuração das
01. Resposta: B. infrações penais, exceto as militares;
02. Resposta: E. IV - execução de perícias criminais técnico-científicas,
03. Resposta: C. realizada pelo Departamento de Polícia Científica;
04. Resposta: A. V - orientação e fiscalização dos serviços cartorários e
estatísticos.
Art. 2º Aplica-se subsidiariamente a esta Lei o Estatuto dos Art. 9º A Polícia Civil compõe-se de polícia judiciária e de
Servidores Públicos Civis do Estado. polícia técnico-científico.
Art. 3º A Polícia Civil do Estado do Piauí, dirigida por Art. 10 À polícia judiciária, composta por autoridades
delegado de polícia de carreira, é uma instituição permanente policiais e seus agentes, compete:
do Poder Executivo e auxiliar da função jurisdicional do I - apuração das infrações penais, exceto as militares;
Estado. II - os serviços cartorários de estatística policial e criminal;
§ 1º A Polícia Civil tem por chefe o Delegado-Geral, III - exercício das funções de polícia judiciária, ressalvada
subordinado ao Secretário da Segurança Pública, nomeado em a competência da União.
comissão, pelo Governador do Estado, dentre os delegados de Parágrafo Único Os cargos da polícia judiciária são:
carreira. I - delegado de polícia;
§ 2º A função de Delegado Titular será exercida II - escrivão de polícia;
privativamente por Delegados de carreira. III - agente de polícia.
§ 3º As funções de confiança de Diretores do Subsistema
de Inteligência, da Unidade de Polícia Judiciária, da Unidade de Art. 11 À polícia técnico-científica, composta pelos
Corregedoria serão exercidas privativamente por delegados auxiliares das autoridades policiais civis, compete:
de carreira. I - o apoiamento técnico e científico;
§ 4º As funções de confiança de Coordenadores de Polícia II - a realização das perícias em geral.
Judiciária serão exercidas preferencialmente por delegados de Parágrafo Único Os cargos da polícia técnico-científica são:
carreira. I - perito médico-legal;
§ 5º As funções do Departamento de Polícia Técnica- II - perito odonto-legal;
Científica serão exercidas por servidores do respectivo III - perito criminal;
quadro. IV - perito papiloscopista policial.
Legislação Estadual 66
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo Único O cargo de delegado de polícia constitui II - executar a segurança de autoridades e proteção a
uma das carreiras jurídicas do Poder Executivo do Estado e vítimas quando determinada por seus superiores;
será estruturado em quadro próprio, cuja investidura dar-se-á III - investigar, realizar diligências e efetuar prisões,
mediante prévia aprovação em concurso público de provas e intimações, conforme estabelecido pelo Delegado,
títulos com a participação da Seccional da Ordem dos colaborando com os serviços processuais, inquéritos e atos
Advogados do Brasil. administrativos dos órgãos policiais que envolvam infrações
penais;
Art. 13 À polícia técnico-científica compete auxiliar a IV - auxiliar ao delegado de polícia, em todos os fatos de
polícia judiciária, realizando as perícias e demais providências investigação;
probatórias por esta requisitadas, mas sem vínculo de V - dirigir veículos automotores em missões policiais e em
subordinação hierárquica em relação aos seus integrantes. função do desempenho de diversos setores dos órgãos
Parágrafo Único. O Diretor da polícia técnico-científica fica policiais;
subordinado diretamente ao Delegado-Geral. VI - atuar nos procedimentos policiais de investigações,
estabelecendo medidas de isolamento nos locais de
CAPÍTULO II ocorrências policiais, reunindo elementos de autoria e
materialidade nas infrações penais;
Art. 14 Além das atribuições previstas na legislação VII - atuar na apuração de atos infracionais, conforme
processual, competem aos Delegados de Polícia de Carreira: dispõe a legislação específica;
I - cumprir e fazer cumprir, no âmbito de sua competência, VIII - promover, quando determinado por autoridade
as funções institucionais da polícia judiciária; competente, a coleta de dados e impressões digitais para fins
II - lavrar termos circunstanciados, instaurar e presidir de identificação penal e processual penal;
inquéritos policiais e outros procedimentos administrativos e IX - executar todas as demais atribuições de polícia
fazer o indiciamento de forma fundamentada, dentro de sua judiciária, constantes de leis bem como do Regulamento Geral
circunscrição; da Secretaria da Segurança Pública.
III - promover diligências, solicitar informações, requisitar
exames periciais e outros documentos necessários à instrução Art. 17 Compete aos integrantes da polícia técnico-
do inquérito policial ou de outros procedimentos; científico:
IV - assegurar o sigilo necessário à elucidação do fato e às I - praticar atos necessários aos procedimentos das
investigações a seu cargo; perícias policiais criminais, com a emissão dos respectivos
V - dar cumprimento a atos emanados da Justiça, na esfera laudos, quando determinado pela autoridade policial, pelo
de sua competência; Ministério Público ou pelo Judiciário;
VI - praticar atos administrativos de natureza policial e II - executar as atividades de identificação humana,
dirigir a Delegacia de Polícia, determinando as diligências relevantes para os procedimentos pré-processuais judiciários,
investigatórias, na forma que se dispuser em regulamento; quando requisitado por autoridade competente;
VII - zelar pelo efetivo cumprimento dos princípios e III - outras atribuições previstas em regulamento.
funções institucionais da polícia civil;
VIII - zelar pelo efetivo cumprimento dos direitos e Título III
garantias fundamentais; DO PROVIMENTO
IX - praticar outros atos inerentes às suas atribuições, nos Capítulo I
termos do regulamento. DO CONCURSO PÚBLICO
Art. 15 São atribuições dos escrivães de polícia: Art. 18 O concurso público para provimento dos cargos da
I - cumprir e fazer cumprir as ordens legais emanadas dos Polícia Civil, que poderá ser regionalizado, constará de exames
Delegados de Polícia; de conhecimento, exame psicológico, exame de saúde, exame
II - dar cumprimento às formalidades processuais, lavrar de aptidão física e investigação social.
termos, autos e mandados, observando os prazos necessários § 1º Após todas as etapas do concurso, os candidatos a
ao preparo, ultimação e remessa de procedimentos policiais de serem nomeados para os cargos de delegado, de escrivão de
investigação; polícia e de agente de polícia farão curso de formação para
III - expedir privativa e gratuitamente certidões, preparar ingresso.
expedientes e estatísticas atinentes às atividades cartorárias; § 2º Os exames de conhecimentos, excetuados os exames
IV - ter em boa guarda os livros cartorários, os feitos, práticos, serão classificatórios e habilitatórios, as demais fases
documentos a seu cargo e objetos apreendidos, que do concurso público terão caráter apenas habilitatório.
oficialmente receber; § 3º O exame de aptidão física e o exame psicológico serão
V - conservar o cartório em boa ordem e classificar aplicados para provimento dos cargos de delegado de polícia,
ordeiramente os autos de inquéritos, termos circunstanciados, escrivão de polícia e agente de polícia.
mandados, precatórias e demais atos policiais; § 4º A investigação social será realizada para o provimento
VI - acompanhar o delegado de polícia, sempre que de todos os cargos de Polícia Civil.
determinado, em diligências policiais; § 5º A avaliação de títulos, cuja pontuação corresponderá
VII - reduzir declarações a termos; no máximo a 10 % (dez por cento) do valor da primeira prova
VIII - executar outras atividades cartorárias que forem escrita, será realizada apenas para o provimento do cargo de
determinadas pela chefia ou autoridades superiores; delegado de polícia e não terá caráter eliminatório, sendo
IX - dirigir, se necessário, viaturas policiais; vedada a atribuição de pontos ao tempo de serviço do servidor
X - executar todas as demais atribuições de polícia não concursado fora das hipóteses do art. 19 do ADCT da CF.
judiciária, constantes de leis bem como do Regulamento Geral § 6º O candidato terá o direito de conhecer as razões de sua
da Secretaria da Segurança Pública. reprovação em qualquer das fases do concurso, sendo-lhe
permitida a apresentação de recursos.
Art. 16 São atribuições dos agentes de polícia: § 7º Excetuadas as razões de reprovação no exame
I - cumprir e fazer cumprir as ordens legais emanadas dos psicotécnico e na investigação social, cuja publicidade será
Delegados de Polícia; restrita ao candidato, os resultados de cada umas das fases do
concurso serão publicados no Diário Oficial do Estado.
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APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Estadual 68
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo Único Compete ao Conselho Superior de Polícia § 2º O policial preterido na promoção será indenizado pela
Civil organizar as listas de promoção por antiguidade ou por diferença da remuneração a qual tiver direito.
merecimento.
Art. 39º Aplicam-se aos policiais civis as disposições
Art. 31 O interstício mínimo para qualquer modalidade de relativas ao provimento previstas no Estatuto dos Servidores
promoção é de três anos para todos os cargos da carreira Públicos Civis do Estado.
policial civil.
§ 1º É vedada a promoção no período de 2 (dois) anos a Título IV
contar da aplicação da pena ao policial punido com suspensão. DOS DIREITOS E VANTAGENS
§ 2º É vedada a promoção no período de 1 (um) ano a Capítulo I
contar da aplicação da pena ao policial punido com DISPOSIÇÕES GERAIS
advertência.
§ 3º Os períodos referidos nos parágrafos anteriores não Art. 40º O vencimento, a remuneração, a gratificação pelo
poderão ser considerados para efeito de promoção. exercício de cargo ou função de direção, chefia e
assessoramento, a gratificação natalina, o adicional por tempo
Art. 32 As promoções serão realizadas por antiguidade e de serviço, o adicional de férias e as indenizações do policial
por merecimento, alternadamente, na proporção de 50 % civil são disciplinados, no que couber, pelo Estatuto dos
(cinquenta por cento) para cada modalidade. Servidores Públicos Civis do Estado e pela Lei Complementar
§ 1º A promoção para a classe especial fica condicionada, 33, de 15/08/2003.
em qualquer caso, à conclusão de pós-graduação lato sensu na § 1º Os policiais civis cumprirão jornada de trabalho de 44
respectiva área. (quarenta e quatro) horas semanais, com duração diária e
§ 2º Para a promoção por merecimento, é requisito a escala de trabalho fixadas de acordo com as peculiaridades de
aprovação em curso de atualização técnico-profissional com suas funções.
duração mínima de 120 (cento e vinte) horas ministrado pela § 2º As horas que excederem a jornada semanal serão
Academia de Polícia do Estado do Piauí ou instituição de compensadas na forma prevista em regulamento.
ensino reconhecida e ter obtido resultado positivo em
avaliação de desempenho. Capítulo II
§ 3º Para a promoção por antiguidade, é requisito a DAS VANTAGENS
obtenção de resultado positivo em avaliação de desempenho.
Art. 41º Aos integrantes da Polícia Judiciária são devidas as
Art. 33 O merecimento será avaliado pelos aspectos da seguintes vantagens pelo efetivo desempenho do cargo:
ética profissional e pessoal, grau de instrução, eficiência I - gratificação de risco de vida;
funcional, experiência e recompensas recebidas na forma do II - gratificação por curso de polícia civil;
art. 52. III - adicional de magistério policial;
IV - adicional noturno.
Art. 34º O Conselho Superior de Polícia Civil organizará
para cada vaga a ser provida por merecimento uma lista não Art. 42º A gratificação de risco de vida é devida ao policial
excedente de três candidatos. civil de carreira pelo perigo a que se expõe no exercício de suas
§ 1º Desde que exista mais de um candidato em condições atividades.
de concorrer a promoção por merecimento, é vedada a Parágrafo Único Esta gratificação será fixada por lei
elaboração da lista com apenas um nome. específica.
§ 2º É obrigatória a promoção do policial civil que figure
por 3 (três) vezes consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista Art. 43º O policial civil terá direito a uma gratificação por
de merecimento. curso de aperfeiçoamento, atualização e especialização na
§ 3º Para cada promoção por merecimento será feita nova respectiva área, ministrada por academia de polícia ou
avaliação. instituição de ensino reconhecida, com carga horária mínima
de 240 (duzentos e quarenta) horas-aula.
Art. 35º A promoção por antiguidade será determinada § 1º A gratificação será fixada por lei específica e limitada
pelo tempo de exercício na classe. a 4 (quatro) cursos.
§ 1º Será contado em dias o tempo de exercício para § 2º É vedado o somatório de carga horária de cursos
promoção por antiguidade. diversos para obtenção desta gratificação.
§ 2º Ocorrendo empate, terá preferência, sucessivamente, § 3º Não será devida esta gratificação quando o curso
aquele que contar com maior tempo de serviço policial, maior constituir requisito para investidura no cargo.
idade e maior número de dependentes.
Art. 44º O adicional de magistério policial será devido, por
Art. 36º O policial afastado de suas funções por motivo de aula efetivamente ministrada, aos professores da Academia de
licença por afastamento do cônjuge ou companheiro, para Polícia Civil.
atividade política, para desempenho de mandato classista, Parágrafo Único Esta gratificação será fixada por ato do
para servir a outros órgãos ou entidades e para o exercício de Governador do Estado, conforme a titulação do ministrante,
mandato eletivo só poderá ser promovido por antiguidade. atendidos os limites mínimo e máximo estabelecidos em lei
específica.
Art. 37º O policial poderá ser promovido por ato de
bravura e post mortem, independentemente da existência de Art. 45º O serviço noturno, prestado em horário
vagas. compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de
Art. 38º O ato de promoção será declarado nulo quando 20 % (vinte por cento), incidindo exclusivamente sobre o
não observar às disposições pertinentes. vencimento.
§ 1º O policial promovido indevidamente, salvo
comprovada má-fé, não ficará obrigado a restituir o que Art. 46º São vantagens devidas aos integrantes da polícia
houver recebido a maior. técnico-científica pelo efetivo exercício do cargo:
Legislação Estadual 69
APOSTILAS OPÇÃO
I - adicional pelo exercício de atividades insalubres, I - medalha do serviço policial destina-se a premiar o
perigosas e penosas; policial que completar 10 (dez) anos de efetivo serviço
II - gratificação por curso de aperfeiçoamento; prestado sem infrações disciplinares;
III - gratificação de magistério policial; II - medalha do mérito policial destina-se a premiar o
IV - adicional noturno. policial que praticar ato de bravura ou de excepcional
relevância para a organização policial ou para a sociedade.
Art. 47º O adicional pelo exercício de atividades insalubres, Parágrafo Único As recompensas serão registradas nos
perigosas e penosas será devido aos integrantes da polícia assentamentos funcionais do policial, devendo ser
técnico-científico que trabalhem com habitualidade em locais consideradas para efeito de promoção por merecimento.
insalubres ou em contato permanente com substâncias
tóxicas, radioativas ou com risco de vida. Art. 53º A Polícia Civil fará expedir Cédula de Identidade
§ 1º Este adicional será fixada por lei específica. funcional do Servidor Policial Civil e distintivo, conforme os
§ 2º O direito a este adicional cessa com a eliminação das modelos a serem aprovados por regulamento.
condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. § 1º A cédula funcional conterá, além dos dados pessoais e
§ 3º O policial que fizer jus aos adicionais de insalubridade funcionais do portador, a seguinte declaração: “o titular tem
e de periculosidade deverá optar por um deles. porte livre de arma de fogo e franco acesso, a local sujeito à
Art. 48º O policial civil afastado para servir a outro órgão fiscalização da Polícia”.
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito § 2º A Cédula funcional é de uso obrigatório e exclusivo dos
Federal e dos Municípios não fará jus a percepção das integrantes da Polícia Civil, destinando-se a:
gratificações previstas neste Capítulo. I - habilitar seu titular ingressar, quando em efetivo
serviço, nos locais sujeitos à fiscalização policial, tais como
Capítulo III ônibus urbanos e rurais, cinemas, boates, circos, parque de
DAS INDENIZAÇÕES diversão e similares;
II - fazer prova de todas as informações nela inseridas.
Art. 49º O policial civil em atividade, quando em plantão, § 3º A Cédula funcional será fornecida sem ônus para o
terá direito à alimentação fornecida pelo Estado. servidor policial Civil.
§ 1º A alimentação poderá ser prestada em espécie ou paga § 4º O Delegado Geral é a autoridade competente para
em dinheiro e terá seu valor pago fixado pelo Governador do expedir e assinar a Cédula de identidade funcional.
Estado. § 5º As Cédulas de Identificação funcional, atualmente em
§ 2º A alimentação não se incorpora ao vencimento para uso, perderão a validade no prazo de 120 (cento e vinte dias)
qualquer efeito. contados da publicação desta Lei.
Legislação Estadual 70
APOSTILAS OPÇÃO
VIII - manter-se preparado física e intelectualmente para o XXIII - não se apresentar ao serviço, sem justo motivo, ao
cabal desempenho de sua função; fim de licença, de qualquer natureza, férias ou dispensa de
IX - cumprir outras obrigações inerentes à sua função serviço, ou ainda, depois de saber que qualquer dela foi
policial civil. interrompida por ordem legal e superior;
XXIV - deixar de frequentar, com assiduidade, cursos
Capítulo II instituídos pela academia de polícia ou custeados pelo erário,
DAS PROIBIÇÕES quando esteja matriculado;
XXV - escusar-se a prestar depoimento, ser acareado ou
Art. 58º Ao policial civil é proibido: executar trabalho solicitado para instruir processo judicial ou
I - dificultar ou deixar de levar ao conhecimento de administrativo;
autoridade competente, por via hierárquica e em 24 (vinte e XXVI - deixar de cumprir ordens emanadas de autoridades
quatro) horas, parte, queixa, representação, petição, recurso competentes, salvo quando manifestamente ilegais;
ou documento que houver recebido, se não estiver na sua XXVII - recusar-se, sem justo motivo, a aceitar encargos
alçada resolvê-lo; inerentes à classe, bem como os membros de comissão de
II - negligenciar a guarda de bens ou valores pertencentes processo administrativo disciplinar;
à repartição policial ou de terceiros que estejam sob sua XXVIII - permutar horário de serviço ou a execução de
responsabilidade, possibilitando assim que eles se danifiquem tarefas, sem expressa permissão da autoridade competente;
ou se extraviem; XXIX - ofender a moral ou os bons costumes, com palavras,
III - deixar de portar sua credencial oficial, estando ou não atos ou gestos;
em serviço; XXX - negligenciar na revista a preso;
IV - lançar em livros oficiais de registro, anotações, XXXI - deixar de identificar-se quando efetuar prisão ou
reclamações, reivindicações ou quaisquer outras matérias quando solicitado;
estranhas as suas finalidades; XXXII - fazer uso indevido de veículo da repartição, bem
V - revelar sua qualidade de policial fora dos casos como dirigir com imprudência ou negligência;
necessários ou convenientes ao serviço; XXXIII - deixar de atender prontamente as requisições das
VI - referir-se de modo depreciativo às autoridades e atos autoridades judiciárias e do Ministério Público;
da administração pública, qualquer que seja o meio XXXIV - conduzir arma ostensivamente, exceto quando em
empregado para esse fim; serviço;
VII - deixar de comunicar, logo após o auto, ao juiz XXXV - espancar, torturar ou maltratar preso sob sua
competente, a prisão em flagrante delito; guarda ou arrebatá-lo para o mesmo fim;
VIII - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo XXXVI - praticar violência desnecessária no exercício da
justificável, sindicância, processo administrativo ou inquérito função policial ou a pretexto de exercê-la;
policial; XXXVII - omitir-se no zelo da integridade física ou moral
IX - deixar de comunicar à autoridade competente, logo dos presos ou negligenciar na sua guarda;
que tomar conhecimento, informação que tiver sobre iminente XXXVIII - impedir ou tornar impraticável, por qualquer
perturbação da ordem pública, ou da boa marcha de serviço; meio, na fase do inquérito policial e durante o interrogatório
X - retirar, sem prévia autorização da autoridade do indiciado, a presença de advogado;
competente, qualquer documento ou objeto da repartição; XXXIX - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
XI - divulgar, através da imprensa escrita, falada ou vexame ou constrangimento não autorizado em lei;
televisionada, fatos ocorridos na repartição ou propiciar-lhe XL - levar à prisão e nela conservar quem que se proponha
divulgação; a prestar fiança permitida em lei;
XII - manter relações de amizade ou exibir-se em público XLI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
com pessoas de notório e desabonadores antecedentes outra quantia ou vantagem não prevista em lei;
criminais, sem razão de serviço; XLII - atentar, com abuso de autoridade ou prevalecendo-
XIII - praticar ato que importe em escândalo ou que se dela, contra a inviolabilidade de domicílio;
concorra para comprometer a função policial; XLIII - utilizar, ceder ou permitir que outrem use objetos
XIV - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de arrecadados, recolhidos ou apreendidos pela Polícia, salvo os
obrigação; casos previstos em lei ou regulamento;
XV - fazer uso indevido da insígnia, cédula funcional ou da XLIV - eximir-se do cumprimento do dever policial;
arma que lhe haja sido confiada para o serviço; XLV - praticar ato definido como infração penal que por sua
XVI - indicar ou insinuar nome de advogado para assistir natureza e configuração o incompatibilize para o exercício da
pessoa que se encontre respondendo a processo ou inquérito função policial;
policial; XLVI - exercer atividades particulares que afetem a
XVII - frequentar, sem razão de serviço, lugares presunção de imparcialidade, ou que sejam social ou
incompatíveis com o decoro da função policial; moralmente nocivas à dignidade do cargo;
XVIII - publicar, sem ordem expressa da autoridade XLVII - facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou
competente, documentos oficiais, embora não reservados, ou submetida à medida de segurança;
ensejar a divulgação do seu conteúdo no todo ou em parte; XLVIII - permitir que presos conservem em seu poder
XIX - ordenar ou executar medida privativa da liberdade instrumentos que possam causar danos das dependências a
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; que estejam recolhidos, ou produzir lesões em terceiros;
XX - exercitar atividades particulares para cujo XLIX - auxiliar autor de crime a esquivar-se à ação policial;
desempenho sejam necessários contatos com repartições L - dar, ceder ou emprestar insígnia ou cédula de
policiais e que com elas tenham qualquer relação ou identidade funcional;
vinculação; LI - faltar com a verdade no exercício de suas funções;
XXI - afastar-se do município no qual exerce sua atividade, LII - esquivar-se, na ausência da autoridade competente,
sem expressa autorização superior, quando em serviço, salvo de atender ocorrências passíveis de intervenção policial, que
por imperiosa necessidade do serviço; presencie ou de que tenha conhecimento imediato, mesmo
XXII - comparecer a qualquer ato de serviço em visível fora da escala de serviço;
estado de embriaguez ou ingerir bebidas durante o serviço; LIII - tomar parte de jogos proibidos ou jogar os
permitidos, em recinto policial;
Legislação Estadual 71
APOSTILAS OPÇÃO
LIV - entregar-se a prática de jogos proibidos, ao vício da ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou
embriaguez ou ao uso de substâncias que provoquem superior ao do indiciado.
dependência física ou psíquica;
LV - enunciar, falsa ou tendenciosamente, parte, queixa ou Art. 65º A advertência será aplicada por escrito, nos casos
representação; de violação de proibição constante do art. 58, I a V e de
LVI - expedir credenciais para terceiros desempenharem inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamento
funções privativas da polícia civil; ou norma interna, que não justifique a imposição de
LVII - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou penalidade mais grave.
danificação de objetos, livros e material de expediente da Parágrafo Único Aplica-se também aos policiais civis a
repartição policial e que estejam confiados à sua guarda ou penalidade de advertência nos casos previstos no Estatuto dos
não; Servidores Públicos Civis do Estado.
LVIII - divulgar os assuntos policiais ou de segurança, de
modo a prejudicar o andamento de investigações ou trabalhos Art. 66º A suspensão será aplicada nos casos de infração ao
policiais e quebrar sigilo sobre planos, dispositivos de disposto no art. 58, VI a XXXIV, de reincidência das outras
segurança. faltas punidas com advertência e de violação das demais
Parágrafo Único Ao policial civil são também aplicáveis as proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de
proibições prevista no Estatuto dos Servidores Públicos Civis demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
do Estado do Piauí. Parágrafo Único Aplica-se também aos policiais civis a
penalidade de suspensão nos casos previstos no Estatuto dos
Capítulo III Servidores Públicos Civis do Estado.
DAS RESPONSABILIDADES
Art. 67º A pena de demissão será aplicada por infração às
Art. 59º O policial civil responde civil, penal e proibições previstas no art. 58, XXXV a LVIII.
administrativamente pelo exercício irregular de suas Parágrafo Único Aplica-se também aos policiais civis a
atribuições funcionais, aplicando-se lhe as disposições legais penalidade de demissão nos casos previstos no Estatuto dos
previstas para os demais servidores públicos civis. Servidores Públicos Civis do Estado.
Art. 68º As penas de cassação de aposentadoria ou
Título VI disponibilidade, destituição de cargo em comissão e de
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR destituição de função gratificada serão aplicados nos mesmos
casos previstos no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
Art. 60º Sem prejuízo das disposições desta Lei, aos Estado.
policiais civis são aplicáveis as sanções disciplinares previstas
no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado. Título VII
DOS IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO
Art. 61º A apuração de irregularidade cometida pelos
policiais civis, no exercício das atribuições do cargo, será Art. 69º Os Delegados de Polícia não poderão servir nas
promovida na forma do Estatuto dos Servidores Públicos Civis sedes de Comarca, nas quais o Juiz ou Agente do Ministério
do Estado, excetuando-se as regras específicas previstas nesta Público seja seu cônjuge, companheiro ou companheira,
Lei. ascendente, descendente ou colateral até o terceiro grau, por
consanguinidade ou afinidade.
Art. 62º O processo administrativo disciplinar se Parágrafo Único Excetuam-se as unidades ou serviços na
desenvolve nas seguintes fases: Comarca da Capital do estado ou em Comarcas onde haja mais
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a de uma Vara Criminal.
comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, Art. 70º O Delegado de Polícia dar-se-á por impedido de
defesa e relatório; funcionar em procedimento onde qualquer das partes seja
III - controle finalístico da Procuradoria-Geral do Estado, parente consanguíneo ou afim até o terceiro grau; por suspeito
consistindo em manifestação da consultoria jurídica no prazo se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, ou tiver
máximo de 10 (dez) dias; interesse direto ou indireto na causa.
IV - julgamento.
§ 1º O ato de instauração conterá a exposição da infração Título VIII
administrativa, com todas as suas circunstâncias, e a DO CONSELHO SUPERIOR DE POLÍCIA CIVIL, DO
qualificação do acusado. DELEGADO-GERAL, DO CORREGEDOR-GERAL E DA
§ 2º Quando presidido por Procurador do Estado, o ACADEMIA DE POLÍCIA
processo administrativo disciplinar não compreenderá a fase
do controle finalístico, não se aplicando o disposto no artigo Art. 71º O Conselho Superior de Policia Civil, com
seguinte. atribuições consultivas, opinativas e de assessoramento, é
constituído pelos seguintes membros:
Art. 63º O processo disciplinar, com o relatório da I - natos:
comissão, será remetido à Procuradoria-Geral do Estado para a) o Secretário da Segurança Pública ou seu substituto
manifestação sobre a legalidade do processo. legal, que o presidirá;
Parágrafo Único Após a manifestação da Procuradoria, os b) o Delegado-Geral;
autos do processo disciplinar serão encaminhados à c) o Corregedor-Geral de Polícia Civil;
autoridade competente para o julgamento. d) o Diretor da Academia de Policia Civil;
e) Titulares de departamentos diretamente subordinado
Art. 64º O processo disciplinar será conduzido por ao Secretário da Segurança Pública;
comissão composta de três policiais civis estáveis designados II - eleitos, 4 (quatro) representantes dos policiais civis,
pela autoridade competente, que indicará, dentre eles, o seu com os respectivos suplentes, indicados por suas entidades
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior sindicais representativas, com mandato de 02 (dois) anos,
admitida uma recondução.
Legislação Estadual 72
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo Único Perde automaticamente o mandato o VII - dispor das informações necessárias à formulação e
conselheiro eleito que faltar, sem justificativa, a três sessões execução das políticas inerentes às atividades da Polícia Civil;
plenárias consecutivas ou a seis intercaladas por ano de VIII - expedir atos normativos que definam a atuação da
exercício. Polícia Civil, a serem referendados pelo Conselho Superior da
Polícia Civil;
Art. 72º Ao Conselho Superior da Polícia Civil compete: IX - promover a remoção de servidores da Polícia Civil,
I - escolher os membros de comissão de concurso para o observadas as disposições desta Lei;
provimento dos cargos da Polícia Civil, assegurada a X - apresentar ao Secretário da Segurança Pública o
participação da OAB; relatório anual das atividades da Polícia Civil;
II - deliberar sobre as matrículas nos cursos de formação XI - praticar atos administrativos necessários ao
da Academia de Polícia, com base no resultado da investigação cumprimento das competências da Polícia Civil;
sobre a vida dos candidatos; XII - expedir e assinar a cédula funcional;
III - zelar pela observância dos princípios e funções da XIII - suspender ou cassar o direito ao porte de arma do
Polícia Civil; policial inativo, cujo comportamento recomende essa medida;
IV - decidir sobre o cumprimento dos requisitos relativos XIV - delegar competência para o exercício de suas funções.
ao estágio probatório dos servidores policiais civis; Parágrafo Único O Delegado-Geral nas suas ausências será
V - elaborar as listas de promoção do policial civil, bem substituído por delegado titular de carreira indicado em
como decidir pela concessão das recompensas previstas no regulamento.
art. 58;
VI - referendar atos normativos que definam a atuação da Art. 74º Corregedoria Geral da Polícia Civil, órgão de
Polícia Civil, expedidos pelo Delegado-Geral; controle interno da atividade policial dirigido por Delegado
VII - determinar, por iniciativa do Corregedor Geral da estável de carreira, diretamente subordinada ao Secretário da
Polícia Civil, que paralelamente ao processo administrativo Segurança Pública, possui as seguintes atribuições:
disciplinar, seja instaurado inquérito policial, se das I - propor ao Delegado-Geral planos, programas e projetos,
irregularidades imputadas ao acusado resultarem indícios ou tendentes a dinamizar as atividades de polícia judiciária e
provas de responsabilidade criminal; disciplinar;
VIII - propor medidas de aprimoramento técnico, visando II - opinar e submeter ao Delegado-Geral, para decisão, os
ao desenvolvimento e à eficiência da organização policial civil; recursos impetrados contra indeferimento de abertura de
IX - pronunciar-se sobre matéria relevante, concernente a inquérito policial;
funções, princípios e conduta funcional ou particular do III - decidir conflitos de competência ou de entendimento
policial civil com reflexos no órgão; suscitados entre as autoridades policiais, no tocante às
X - recomendar à Corregedoria Geral da Polícia Civil a atividades de polícia judiciária e disciplinar;
instauração de processo disciplinar contra membros da Polícia IV - propor ao Delegado Geral a instauração ou
Civil; arquivamento de processos administrativos disciplinares;
XI - deliberar sobre a remoção de policiais civis, no V - tomar conhecimento das reclamações sobre
interesse do serviço policial, observadas as disposições desta irregularidades praticadas por servidores da Polícia Civil,
Lei; determinando as providências necessárias à apuração;
XII - opinar sobre projetos que proponham ao Poder VI - propor ao Delegado Geral as sanções e providências
Executivo a criação e a extinção de cargos e órgãos; cabíveis nos casos de penalidades que devam ser decididas em
XIII - fiscalizar a expedição de Insígnia e Cédula de instância superior;
Identidade funcional pela Delegacia Geral; VII - manter contatos com autoridades do Poder Judiciário
XIV - deliberar sobre as questões que lhe forem submetidas e do Ministério Público para tratar de assuntos vinculados ao
por seu presidente; exercício da atividade de polícia judiciária;
XV - exercer outras atribuições previstas em lei ou VIII - velar pelo cumprimento das leis, regulamentos e atos
regulamento; normativos relacionados às atividades de polícia judiciária e
§ 1º As reuniões do Conselho Superior serão disciplinadas disciplinar;
por regulamento próprio, expedido por seu presidente ou pelo IX - determinar a instauração de processo administrativo
próprio órgão. disciplinar, de inquérito policial e outras providências para
§ 2º As manifestações do Conselho Superior da Polícia Civil apuração de irregularidades;
serão aprovadas por maioria simples de voto, exceto nas X - determinar o afastamento cautelar do policial civil a fim
hipóteses de remoção de policial, por interesse público, em de evitar que venha a influir na apuração de irregularidade a
que se exigirá 2/3 dos votos de seus membros. ele atribuída, bem como suspender o porte de arma e
§ 3º As sessões do Conselho serão públicas, salvo quanto apreender cédula funcional, armas e insígnias;
às razões da deliberação prevista no inciso II deste artigo. XI - determinar, de ofício, correições nos órgãos da Polícia
Civil, sempre que forem necessárias.
Art. 73º Delegado-Geral, dirigente da Polícia Civil,
escolhido dentre os Delegados estáveis de carreira, Art. 75º A Academia de Polícia Civil, dirigida por Delegado
subordinado ao Secretário da Segurança Pública, possui as estável de carreira, com pós-graduação ou, se não houver
seguintes competências: Delegado nessas condições, por outro policial civil possuidor
I - exercer as superiores orientação, coordenação e dos mesmos requisitos, diretamente subordinado ao
supervisão da Polícia Civil; Secretário da Segurança Pública, tem por atribuições:
II - decidir os recursos interpostos contra o indeferimento I - promover a formação técnico-profissional de pessoal,
de abertura de inquérito policial, ouvido o Corregedor-Geral; para o provimento de cargos de carreira policial civil;
III - dirigir e controlar as atividades da Polícia Civil; II - realizar treinamento, aperfeiçoamento e
IV - planejar as atividades da Polícia Civil, estabelecendo os especialização, objetivando a capacitação técnico-profissional
objetivos, as políticas, as metas prioritárias e suas diretrizes; do policial civil;
V - executar as diretrizes da segurança pública no Estado, III - manter intercâmbio com a Academia Nacional de
estabelecidas pelo Secretário da Segurança Pública; Polícia, congêneres estaduais e outras instituições de ensino e
VI - propor ao Secretário da Segurança Pública linhas de pesquisa, nacionais e estrangeiras, visando ao aprimoramento
atuação na condução das atividades policiais; das atividades e dos métodos pedagógicos utilizados;
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APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Estadual 74
APOSTILAS OPÇÃO
Respostas
01. Resposta: B.
02. Resposta: E.
03. Resposta: Errado.
04. Resposta: Certo.
Anotações
Legislação Estadual 75
APOSTILAS OPÇÃO
Legislação Estadual 76