O presente trabalho tem como escopo analisar um caso específico de análise
comportamental na clínica. Para tal tarefa é utilizado aqui os instrumentos teóricos desenvolvidos na área da análise do comportamento e do behaviorismo radical. O caso em questão que é tratado aqui se refere à primeira intervenção clínica de uma estudante de psicologia durante o estágio com uma dada paciente que procura auxílio na forma de educar sua filha, bem como no relacionamento com o marido. Dentre o aporte teórico do qual se lança mão neste esforço de investigação estão em destaque os conceitos de auto-regras; matriz de contingência, bem como as técnicas especificadas para o manejo da relação terapêutica segundo a indicação da bibliografia da área, mantendo, no entanto a prioridade do enfoque teórico sistematizado contido nos escritos teóricos acerca do behaviorismo radical de Skinner. Dessa forma, conforme as ideias supracitadas, o caso clínico é analisado no presente trabalho tomando como parâmetro ideal algumas características recomendadas na literatura sobre o tema. Assim, o caminho que subjaz a análise que aqui é apresentada começa pela sistematização das classes de respostas problemáticas que a paciente relata à terapeuta, organizando-as matricialmente, seguindo um modelo de antecedentes e consequentes a cada classe de resposta a fim de averiguar posteriormente quais estratégias a cliente poderia se utilizar para lidar com os sintomas e queixas que levou ao espaço da clínica. Para tanto, supõe-se uma análise de reservas comportamentais da cliente para obter direções de como delinear um programa de terapia focado no desenvolvimento de novos repertórios ou na mudança de resposta segundo antecedentes específicos. Nesse sentido entende-se que o conceito de auto-regras, bem como o de consciência, segundo Skinner, possuem certa primazia no sucesso do trabalho terapêutico por se tratarem do material que de fato é trabalhado na interação terapêutica assim como na relação do cliente com os estímulos a que responde e para com os quais deverá mudar algumas respostas. Entende-se, portanto o objetivo da prática clínica como a construção do autoconhecimento do cliente para com as contingências que operam em sua vida e num programa no qual o projeto que o cliente delinear para si será o direcionador da sua aquisição e utilização de repertórios comportamentais:
“... existe uma distinção útil entre conhecer por
compreensão e conhecer por descrição. Conhecer porque alguma coisa que você fez teve consequências reforçadoras é muito diferente de conhecer porque você foi ensinado a fazer; é a diferença entre comportamento modelado por contingências e comportamento governado por regras.” (Skinner, 1991, p.111).
-Terapeuta poderia ter começado com os objetivos da terapia.