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UNIDADE 2
Direito Tributário
– Direito
Constitucional
Tributário
Limitações constitucionais
ao poder de tributar e
normas gerais em matéria
tributária
2018
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Sumário
Limitações constitucionais
ao poder de tributar e
normas gerais em matéria
tributária
Convite ao estudo
Caro (a) aluno(a),
Caro aluno(a),
Em nossos estudos compreendemos como a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercem o seu
poder de tributar. Porém, precisamos entender que o Estado
não pode instituir tributos para qualquer finalidade sem que seja
comprovada sua real necessidade, pois antes de tudo o poder
de tributar está vinculado por um ordenamento constitucional.
A Constituição distribuiu entre cada um deles as competências
tributárias estabelecendo os tributos que cada ente federado
pode instituir ou majorar por meio de lei, como concedeu, entre
outros, à União o poder de tributar a renda e os proventos de
qualquer natureza; aos Estados o poder de tributar a propriedade
de veículos automotores; e aos Municípios o poder de tributar a
propriedade predial territorial urbana. Cada ente federado tem
Reflita
A respeito da aplicação do princípio da capacidade contributiva é
realmente possível e cabível sua aplicação aos impostos reais? E
em impostos como o ICMS e o ISSQN, seria aplicável o princípio da
capacidade contributiva como entende o STF?
Pesquise mais
Há uma discussão doutrinária e jurisprudencial em torno da Tributação
do Imposto de Renda da Pessoa Física e a aplicação da Súmula 584 do
Supremo Tribunal Federal. A referida súmula estabelece que “[...]aplica-
se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a
declaração” (BRASIL, 1977). Porém, se assim for, teríamos uma lei nova
alcançando fatos pretéritos, já que a declaração de ajuste do IPRF é feita
no seguinte àquele em que ocorreu o fato gerador. Para ampliar os seus
conhecimentos leia o artigo Uma análise da Súmula nº 584 do Supremo
Tribunal Federal diante dos princípios constitucionais da anterioridade e
irretroatividade tributárias, de autoria de Aleksandro Lincoln Cardoso Lessa,
Fernanda Cerqueira Campos Luna e Ilma da Silva Confessor Cândido, e
conheça um pouco mais a respeito dessa interessante discussão.
Assimile
Vamos relembrar então os critérios do princípio da anterioridade?
Exemplificando
Imagine as seguintes majorações de tributos:
Descrição da situação-problema
Olá, aluno! Está preparado para colocar em prática os
conhecimentos que você adquiriu? Imagine agora que os
executivos da empresa ABC Ltda., situada no Município de Macapá,
no Estado do Amapá, o procuram em seu escritório em São Paulo
com a seguinte situação: o Estado de São Paulo editou a lei que
estabeleceu privilégios para produtos originários do Sul e Sudeste
do Brasil, dando-lhes preferências em relação aos produtos do
Norte e do Nordeste que passariam a ter alíquotas mais altas de
ICMS para serem comercializados no Estado de São Paulo. Em
razão dessa situação, questionam: é constitucional a lei que cria
esses privilégios e preferências para produtos do Sul e Sudeste
em detrimento dos produtos originários dos Estados do Norte e
Nordeste do Brasil?
Resolução da situação-problema
Você, caro aluno, enquanto advogado especialista em
Direito Tributário, deve responder aos executivos da empresa
que a referida lei do Estado de São Paulo é inconstitucional,
uma vez que viola o princípio da não discriminação baseada
em procedência ou destino, isto porque o art. 152 da CF veda
“aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza,
em razão de sua procedência ou destino”. Você deve ainda
ressaltar que o Estado de São Paulo não pode defender a
constitucionalidade de sua lei alegando que faz a distinção como
forma de fomentar o desenvolvimento da indústria das regiões
Sul e Sudeste, uma vez que Somente a União está autorizada a
estipular tratamento tributário diferenciado entre os Estados da
federação como meio de fomento.
Analise as assertivas abaixo e indique aquela que traz a razão pela qual se
pode dizer que a referida contribuição é inconstitucional.
Caro aluno(a),
Neste momento, você já aprendeu sobre as formas e atribuições
que atuam sobre as competências tributárias, as definições acerca
dos tributos, os limites ao poder de tributar com relação a esta seção,
os direitos e deveres do contribuinte para que possa usufruir e todas
as normas jurídicas que sustentam nosso sistema tributário nacional,
que advém de um universo complexo de normas e princípios que
regulamentam e são regulamentadas pelos entes federados.
Pesquise mais
Pesquise mais a respeito das imunidades tributárias fazendo a leitura
do texto de autoria de Rogério Duarte Silva, da Universidade Federal de
Santa Catarina. O artigo nos traz a importância das imunidades e como
elas são aplicadas nas organizações empresariais.
Exemplificando
Uma entidade assistencial sem fins lucrativos vende artesanato feito
pela comunidade carente em que está inserida. Nesse caso ela é
contribuinte de direito do ICMS, e, portanto, imune ao ICMS incidente
nessa operação, pois é ela quem realiza a saída da mercadoria do
estabelecimento produtor e põe a venda no mercado consumidor.
Já quando ela compra, por exemplo, material de papelaria para o
artesanato de uma grande papelaria, essa papelaria não poderá se valer
da imunidade porque vende para entidade imune. A entidade, nesse
caso, é contribuinte de fato e não de direito do ICMS e, portanto não
poderá se valer do benefício fiscal.
Reflita
Por meio das imunidades apresentadas acima, podemos concluir e
identificar que no Brasil o incentivo a cultura e a liberdade de expressão
são aplicados e controlados para que aconteçam de forma clara
e com acesso a todos. Mediante este paradigma reflita e cite qual
a contribuição que estas imunidades têm dado para nossa cultura
nacional? Relate um exemplo e justifique sua escolha.
Então é isso caro aluno, você está pronto para analisar nas
situações cotidianas de sua vida profissional se os entes tributantes
têm observado as limitações constitucionais ao poder de tributar e se
a tributação que é feita está em conformidade com o ordenamento
jurídico brasileiro e se não abusiva e arbitrária, tenha sempre em
pauta que todas as imunidades ou isenções tem um cunho
federativo e capaz de sustentar uma necessidade de proteção ao
contribuinte. Importante ressaltar que estes fatos são considerados
primários para nossos estudos e possuem reflexos diretos em nossa
forma de tributação e contribuição essa de grande valia para os
todos os contribuintes.
Descrição da situação-problema
Imagine agora que você foi procurado em seu escritório de
advocacia por uma empresa – Rio Piracicaba Ltda., sediada em Santa
Catarina, que atua no ramo de replicação industrial de mídias ópticas
de leitura a laser, como CDs e DVDs. Essa empresa está replicando
em CDs e DVDs as obras musicais de um famoso artista brasileiro,
consagrado pelo público e pela crítica. Ciente desse fato tomou
conhecimento que a música nacional brasileira goza de imunidade
tributária nacional e, como faz parte da etapa de divulgação dessas
obras musicais, o procurou para que você ingressasse com a ação
judicial cabível para que lhe fosse garantido o direito e gozo dessa
imunidade tributária cultural.
Resolução da situação-problema
Ainda que a Constituição garanta a imunidade tributária de obras
musicais brasileiras como forma de fomento e acesso à cultura que
é um direito fundamental de todo indivíduo, o art. art. 150, VI, e,
da CF (BRASIL, 1988) exclui dessa imunidade a etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser, assim dispondo:
a) Imunidade cultural.
b) Imunidade reciproca.
c) Imunidade musical nacional.
d) Imunidade religiosa.
e) Imunidade sobre partidos políticos.
Caro aluno,
Vamos continuar nossa jornada por esse vasto universo do
Direito Tributário? A partir deste momento vamos aprofundar um
pouco mais sobre as normas gerais em matéria tributária e também
quais as finalidades que o poder público pretende alcançar ao
instituir determinados tributos, quais são suas funcionalidades,
aplicabilidades e domínio dos entes sobre a matéria.
Para início de conversa, nem sempre a única intenção dos entes
federados, principalmente a União, é arrecadatória. Os tributos
podem ser instituídos para alcançar outros objetivos maiores que a
tributação, de forma que ganham importância e poder de garantias
de acordo com seus usos e meios de estruturalização.
Quando falamos de tributação precisamos ter em mente a
importância e a relevância que os tributos tem dentro do contexto
Art. 146
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas; e
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para
as microempresas e para as empresas de pequeno porte,
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas
no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere
o art. 239.
Reflita
Vamos analisar um detalhe específico que deve ser lembrado e sempre
analisado quando o assunto é imposto de renda, pois não se incide as
alíquotas sobre as quantias recebidas a título de indenização. Esse fato
permite maior controle e benefício para o contribuinte que fica isento
deste tributo?
Pesquise mais
A respeito da extrafiscalidade no Imposto de Importação, leia o artigo
Uma reflexão sobre a extrafiscalidade no Imposto de Importação, de
Assimile
No caso exposto, verifica-se a função fiscal sobre o valor recolhido,
utilizado essencialmente para carrear recursos financeiros aos cofres
da União Federal, gerando condições de prestar os serviços ínsitos ao
Estado, como educação, saúde, segurança, transporte, entre outros.
Verifica-se a função extrafiscal quando incentivos fiscais autorizaram
a dedução com os investimentos realizados como um instrumento
de incentivo de determinadas atividades que a administração pública
entenda que devam se desenvolver?
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Olá, aluno! Está preparado para colocar em prática os
conhecimentos que você adquiriu? Imagine que você foi procurado
em seu escritório de advocacia por uma empresa – XYZ Comércio de
peças automotivas. Um dos diretores da empresa, indignado com a
situação, lhe questiona a respeito da cobrança de uma contribuição
de interesse das categorias profissionais ou econômicas no valor de
1,5% sobre sua folha de pagamento para o SESC – Serviço Social do
Comércio. Ele questiona como pode a empresa ser obrigada a pagar
uma contribuição, que é tributária, para financiar uma entidade de
direito privado como é o SESC. Ele desejava saber se era possível em
razão desse fato não efetuar o pagamento da referida contribuição
(precisamos ressaltar que não se acata a isenção neste caso).
Resolução da situação-problema
Para responder a esse questionamento, você precisa se lembrar
a) II e IV.
b) I.
c) I, II e IV.
d) II e III.
e) III e IV.