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Julia Taunay Perez

Fundamentos da
Economia

São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Sumário
Capítulo 2: Microeconomia----------------------------------------------------------------------- 5
Introdução------------------------------------------------------------------------------------------- 5
1 Conceito de microeconomia------------------------------------------------------------------- 6
1.1 Pressupostos básicos da análise microeconômica----------------------------------------- 7
2 Demanda, oferta e equilíbrio de mercado---------------------------------------------------- 9
2.1 Demanda--------------------------------------------------------------------------------------- 9
2.2 Oferta----------------------------------------------------------------------------------------- 14
2.3 Equilíbrio de mercado---------------------------------------------------------------------- 17
3 Interferência do governo---------------------------------------------------------------------- 19
3.1 Políticas de controle de preços------------------------------------------------------------ 19
4 Conceito de elasticidade---------------------------------------------------------------------- 22
4.1 Elasticidade – Preço da demanda--------------------------------------------------------- 22
4.2 Elasticidade – Preço da oferta------------------------------------------------------------- 24
4.3 Elasticidade – Renda da demanda-------------------------------------------------------- 25
4.4 Elasticidade – Cruzada da demanda----------------------------------------------------- 26
5 Produção e custos------------------------------------------------------------------------------ 27
5.1 Teoria da Produção-------------------------------------------------------------------------- 27
6 Custos de produção--------------------------------------------------------------------------- 31
7 Maximização dos lucros----------------------------------------------------------------------- 33
8 Estruturas de mercado------------------------------------------------------------------------- 33
Síntese--------------------------------------------------------------------------------------------- 36
Referências Bibliográficas----------------------------------------------------------------------- 37
Capítulo 2 Microeconomia

Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os conceitos de microeconomia e com a Teoria dos
Preços. Você vai aprender os fatores que influenciam a composição do preço de venda dos
produtos do ponto de vista da economia e da contabilidade. Também vai estudar as principais
teorias econômicas que formam os preços no mercado e a importância da demanda, da oferta
e da elasticidade. Você ainda terá contato com o funcionamento de mecanismos de interferência
no mercado por parte do governo e com a questão das estruturas do mercado. O principal
objetivo deste texto é lhe propiciar conhecimentos suficientes para que você tome decisões
quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras, especialmente quanto a
questões de variação de oferta e demanda.

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Microeconomia

1 Conceito de microeconomia
No primeiro Capítulo, você aprendeu que a economia é a ciência que visa compreender o
processo de alocação dos recursos escassos, de modo a satisfazer as necessidades humanas.
Também constatou, por meio do fluxo circular da renda, que esse processo ocorre de maneira
ininterrupta e por meio do estabelecimento de relações entre dois agentes econômicos (firmas e
famílias) nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços.

No entanto, como já discutimos, essas relações ocorrem estabelecendo um fluxo monetário. Esse,
por sua vez, se dá mediante o estabelecimento de preços: quando nos referimos ao mercado
de fatores, o preço do trabalho, por exemplo, é o salário; quando nos aludimos ao mercado de
bens, temos os preços dos produtos em si.

Agora você se pergunta: como se estabelecem preços nos mercados através dessas relações?

Trazendo para uma visão mais prática, por que mão de obra qualificada e rara tende a receber
salários mais elevados? Por que a água, um bem tão essencial à vida, é barata quando comparada
a outros bens supérfluos? Por que produtos diferenciados tendem a ter preços mais elevados?

Todos esses questionamentos que envolvem a formação de preços buscam na microeconomia


seus fundamentos e respostas. Mas, para respondê-los, precisamos nos voltar às relações entre
os agentes, entendendo como cada um toma suas decisões. Daí estendemos à problemática
microeconômica o processo decisório de cada agente econômico.

No mercado de bens e serviços, as famílias assumem o papel de consumidoras, enquanto as


firmas são as ofertantes/produtoras. Logo, a microeconomia busca compreender a maneira
como esses agentes se relacionam em diferentes estruturas de mercado1, de modo a formar
preços. Por exemplo, não parece razoável supor que um monopólio tende a ter preços mais
elevados do que os mercados concorrenciais?

Imagine, por exemplo, se você for comprar um cachorro-quente em um show fechado, onde há
apenas uma barraca de comida. Natural que o preço que você irá pagar seja mais elevado do
que na saída do show, onde haverá diversas barracas concorrendo entre si.

Por fim, quando fizermos a análise da eficiência desse processo, observaremos que naqueles
mercados com preços mais elevados há menor acesso dos consumidores às mercadorias, o que
significa que menos necessidades estão sendo satisfeitas. Em outras palavras, será que podemos
considerar a alocação dos recursos produtivos mais eficiente em estruturas de mercado mais
concentradas? Quais são as formas de intervenção do governo nesse processo de alocação?
Quando a intervenção resultará em maior eficiência?

Portanto, segue um breve resumo das principais vertentes de estudo da microeconomia:

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Como os consumidores escolhem gastar sua renda em
cestas de bens?

Processo decisório Como as empresas escolhem produzir uma certa


quantidade de bens que maximizem seu lucro?
dos agentes
econômicos

Como se formam os preços nas diferentes estruturas de


mercado?
Interação dos
agentes -
Mercados
As tomadas de decisão levaram a uma alocação
eficiente dos recursos produtivos?
Quais os impactos da ação do Estado no mecanismo
Análise de de mercado?
eficiência

Figura 1 – De que trata a microeconomia? Fonte: Autor.

Como o objetivo de qualquer ciência, seja ela pura ou social, é prever o comportamento dos
fenômenos avaliados, o intuito da teoria microeconômica está em fornecer um instrumental capaz
de prever o comportamento dos agentes econômicos, bem como os movimentos dos preços.

Para realizar esse processo, os autores do chamado mainstream econômico se valem de


teorias e modelos, os quais são simplificações de uma realidade bastante complexa e utilizam
um instrumental matemático para sua representação. Você já deve ter notado isso através da
construção da CPP.

Todo modelo exige que você molde as condições nas quais ele será testado, ou seja, os
pressupostos nos quais irá se fundamentar a teoria apresentada. Seguem, portanto, alguns dos
pressupostos da análise microeconômica que utilizaremos ao longo da exposição do conteúdo
deste Capítulo:

1.1 Pressupostos básicos da análise microeco-


nômica
1.1.1 Coeteris paribus – e tudo o mais constante

Imagine que você é um sorveteiro que atua na Praia da Enseada, no Guarujá, e precisa prever
a quantidade de sorvetes de cada sabor que levará em seu carrinho. Seu processo de previsão
deverá levar em consideração diversos fatores que influenciam a demanda de sorvete: quanto
custa o meu sorvete? Quanto custa o queijo coalho e o chá mate? A praia estará cheia? Está
quente? Está chovendo? As pessoas preferem sorvetes de frutas ou de chocolate nessa região?
Enfim, uma série de questionamentos lhe ajudará a prever a quantidade necessária para um dia

7
Microeconomia

de trabalho. No entanto, em termos científicos, é absolutamente importante que você consiga


detectar de maneira isolada quanto cada um desses eventos impactam sua demanda.

Por exemplo, se estiver quente, quanto mais sorvete eu vendo, mantenho todos os outros fatores
que afetam a minha demanda constantes? Esse processo de isolar fenômenos para que se
descubra a verdadeira relação de causa-consequência das variáveis é cientificamente chamado
de coeteris paribus (todo o restante permanecendo constante).

1.1.2 Preços relativos

Quando você precisa decidir se irá comprar suco ou refrigerante em uma refeição que esteja
realizando fora de casa, por exemplo, você normalmente compara os preços e analisa suas
preferências. Por exemplo, se você prefere refrigerante, mas o suco está mais barato, talvez
escolha o suco. Dessa forma, suas decisões de compra em relação a um bem não dependem
somente do preço dele, e sim do preço de bens relacionados à sua escolha.

Nesse sentido, o preço relativo, que nada mais é do que o preço de um bem em relação a outro,
tem um papel muito mais importante para análise microeconômica do que o preço absoluto dos
bens (preço de uma mercadoria).

Outro exemplo prático desse tipo de análise se dá na seguinte situação: se o preço da gasolina
cair 15% e a queda for acompanhada também pelo preço do etanol, ou seja, o preço do etanol
também cair 15%, nada deverá acontecer no mercado. Porém, se apenas o preço da gasolina
cair, haverá uma redução automática na demanda do etanol e um consequente aumento na
demanda da gasolina. Nesse caso, apesar de o preço do etanol se manter estável, seu preço
absoluto não aumentou e seu preço em relação à gasolina teve um aumento de 15%, o que
provocou a queda na demanda do produto.

1.1.3 Princípio da racionalidade

Agora que já compreendemos alguns pressupostos do processo analítico da microeconomia, é de


fundamental importância que fique estabelecido o que norteia o processo decisório dos agentes.
Nos exemplos abordados, o que norteia a decisão de quantos sorvetes de cada sabor levar no
carrinho? O que faz com que você escolha suco no lugar de refrigerante?

Na medida em que o mainstream econômico fundamenta-se nos princípios filosóficos utilitaristas,


estabeleceremos que toda e qualquer decisão de um agente econômico sempre visará maximizar
sua satisfação e minimizar o sofrimento. Assim, estaremos supondo que esse agente econômico
é racional em suas escolhas.

Quando nos atemos à escolha do consumidor, toda decisão visará maximizar sua satisfação
com o consumo da mercadoria. Esse processo de escolha que maximiza a satisfação, por sua
vez, deverá ser moldado pelas preferências que este tem pelos bens, bem como pela restrição
orçamentária com que ele se defronta.

Quando aplicamos o princípio da racionalidade às firmas, o processo decisório passa a visar à


maximização dos lucros, ou seja, a definição de uma quantidade a ser produzida que torne o
hiato entre receita e custo o maior possível.

Na prática, observamos que muitas das decisões de curto prazo das firmas não maximizam o
lucro. Por exemplo, você pode optar por reduzir lucros para conquistar uma parcela de mercado
maior. Ou, ainda, elevar custos no curto prazo para reformular o negócio e, com isso, elevar a
lucratividade esperada no futuro. De qualquer forma, esse pressuposto parece bastante razoável
para um cenário de longo prazo.

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2 Demanda, oferta e equilíbrio de
mercado
Você já parou para pensar como caracterizar um mercado? De acordo com Pindyck e Rubinfeld
(2006, p. 7), o mercado é o “grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas
interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de
produtos”.

Nesse sentido, a oferta e a demanda são os principais fatores de influência do mercado. Talvez
existam poucas coisas que influenciem mais o nosso dia a dia do que a oferta e a demanda.
Elas influenciam desde o nível dos preços dos alimentos até os nossos salários ou o lucro das
empresas, bem como o volume da produção das empresas, o volume das vendas e a velocidade
de geração de empregos.

Mas o que significa demanda? Demanda nada mais é do que a uma representação do quanto os
consumidores desejam demandar de um bem para cada nível de preço específico. A representação
gráfica desse conceito é dada pela curva de demanda. Trabalharemos melhor esses conceitos a
seguir.

E o que significa oferta? Se demanda é desejo de aquisição, oferta é a disposição do produtor


em produzir os bens para o mercado. Naturalmente, essa disposição em ofertar também tem uma
relação direta com o preço do bem. Nesse sentido, sua representação gráfica é estabelecida por
meio da curva de oferta.

Se as definições de oferta e demanda relacionam quantidades (a serem demandadas e/ou


ofertadas) com os possíveis preços que o bem em questão pode ter, a representação gráfica do
mercado levará em conta essas duas variáveis para a sua composição. Veremos a seguir com
maior detalhe esses pontos.

2.1 Demanda
Agora que você já sabe ao menos superficialmente o que significam oferta e demanda, e
como esses elementos influenciam os estudos do mercado e nossa vida particularmente, vamos
aprofundá-los mais e estabelecer a relação entre ambos.

Vamos iniciar pela demanda, fator que está mais ligado a você enquanto consumidor. Você age
como consumidor toda vez que se dirige ao mercado para adquirir bens e serviços que deseja ou
necessita. Essa ação é corriqueira na nossa vida, não é mesmo?

Você já viu anteriormente a definição de demanda, mas é sempre bom reforçar. A demanda é
também chamada de procura, porém é preciso levar em consideração que essa igualdade dos
termos é válida quando encaramos a demanda como desejo de consumo, e não como aquilo que
é efetivamente demandado, pois existe a procura apenas para consulta, ou seja, o consumidor
manifesta o desejo de obter um determinado bem, consulta as condições de aquisição e, por
uma série de razões, não confirma a compra.

Todo consumidor tem a sua própria curva de demanda individual. Por sua vez, como um mercado
é composto de um grupo de consumidores, se somarmos as curvas de demanda individuais de
todos eles, chegaremos à curva de demanda do mercado.

Vamos compreender esses conceitos através de um exemplo prático. Imagine que Maria tem o
seguinte desejo de consumo de sorvete de casquinha para cada preço possível:

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Microeconomia

Tabela 1 – Escala de demanda de sorvetes de casquinha de Maria

Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.

Figura 2 – Curva de demanda de Maria. Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.

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Conforme podemos observar, existe uma relação inversa entre a procura e o preço do bem,
denominada Lei Geral da Demanda.

É evidente que a demanda de Maria por sorvete (assim como de qualquer consumidor por
qualquer bem) não é influenciada somente pelo preço. Seu desejo por adquirir sorvete muda
com as estações do ano (o que caracteriza a sazonalidade), pelo local onde está (talvez queira
consumir mais sorvete na praia), pelas suas preferências, pela sua renda etc.

Dessa forma, diversos estudos apontam que a demanda individual e de mercado de um bem é
determinada da seguinte forma:

qdA = ƒ(PA, PS, PC, R, G), onde:

qdA = Quantidade procurada (demandada) do bem A em determinado período de tempo

PA = Preço do bem no período

PS = Preço do bem substituto no período

PC = Preço do bem complementar no período

R = Renda do consumidor no período

G = Gostos e preferências no período

Para entender a demanda individual e suas variáveis, vamos expor um outro exemplo: imagine o
caso de um colecionador de discos de vinil chamado Paulo. Isso mesmo, aqueles discos pretos
que seus pais, ou você mesmo, dependendo da sua idade, utilizavam para ouvir música. Quais
fatores influenciam a decisão de compra do colecionador?

• Preço: se o preço do disco aumentar por unidade, provavelmente Paulo comprará menos
discos. Essa relação é dada pela Lei Geral da Demanda e é bastante intuitiva: quanto mais
barato o bem, mais se demanda dele, e vice-versa.

• Preço dos bens substitutos: imagine que o preço do vinil não se alterou, mas houve queda
no preço do CD; ou, ainda, houve uma flexibilização das leis de direito autoral, de modo que
está mais fácil e mais barato baixar música pela internet. É natural que Paulo agora migre
parte de sua renda que antes era destinada à aquisição de vinis para esses tipos de bens. A
magnitude dessa queda tem uma relação direta com a existência dos chamados bens subtitutos
e a análise dos preços relativos. Assim, mesmo mantendo o preço do vinil constante, o fato de
um bem substituto estar mais barato pressiona para baixo a demanda desses. Mas se a curva
de demanda representa a procura para diferentes níveis de preços, e, nesse caso, não tivemos
alteração do preço do bem que estamos analisando, a saber, vinil, como representamos esse
evento graficamente?

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Microeconomia

Figura 3 – Efeito da queda do preço do bem substituto. Fonte: Autor.

• Preço dos bens complementares: e se o preço das vitrolas diminuísse? Provavelmente Paulo,
que é aficionado por vinis, compraria mais vitrolas, com diferentes características, e ficaria mais
ansioso por demandar mais vinis. Nesse sentido, quando houver uma queda no preço de um bem
complementar (bens que são consumidos conjuntamente), ocorrerá uma elevação da demanda do
bem analisado. Assim como no caso do bem substituto, graficamente ocorrerá um deslocamento
da curva de demanda, mas agora é preciso mostrar que houve elevação da demanda de vinil.
Isso significa que o sentido do deslocamento será “para cima e para a direita”.

• Renda: o que acontecerá com a demanda por discos de vinil se o colecionador perder o
emprego? Não precisa pensar muito. Desempregado, certamente deixará de comprar discos de
vinil. Se tiver sua renda diminuída por alguma razão, a demanda pelos chamados “bens normais”
também diminuirá. Agora, existem bens que terão sua demanda aumentada com a redução
da renda dos consumidores. São os chamados “bens inferiores”. Imagine o uso do serviço de
transporte coletivo. Se as pessoas ficam desempregadas, elas deixam de utilizar o carro particular
ou táxi e passam a adotar o ônibus.

• Gostos e preferências: imagine que a paixão de Paulo por vinis veio antes de ele descobrir que
esse tipo de bem é altamente poluidor2. Depois de ler o estudo que chegou a tais conclusões,
Paulo diminui seu desejo de compra; tal evento também será representado por um deslocamento
da curva de demanda. Você saberia em qual sentido? Vale lembrar que a economia não tenta
explicar os gostos dos consumidores, uma vez que isso pertence ao campo de estudo da psicologia
e do marketing. Mas é importante entender o que acontece no mercado, em especial com a
demanda, quando os gostos mudam.

2
Essa é uma suposição para trabalhar o exemplo; não há indícios reais dessa afirmação.

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NÓS QUEREMOS SABER!
1. Por que quando o preço dos computadores cai, a demanda por softwares aumenta?

2. Por que quando o preço do café aumenta, a demanda por chá também aumenta?

Agora que você já sabe como a demanda se comporta em relação ao comportamento do


consumidor, já está em condições de responder à seguinte propositura:

• Qual a diferença entre o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada?


A demanda individual estabelece o quanto um único consumidor deseja demandar de um bem
para cada possível preço. Isso significa que a efetivação depende do estabelecimento de um nível
de preços, ou seja, a quantidade demandada só ocorre depois de se estabelecer um preço para
esse bem.

No exemplo apresentado de Maria, vemos que quando o preço da casquinha chega a $3,00,
Maria não está mais disposta a adquirir aquele bem. Ou seja, quando o preço é $3,00, a
quantidade que Maria irá consumir é igual a zero. Em compensação, quando o preço for $1,50,
Maria demandará 6 sorvetes.

No entanto, será que podemos afirmar que essa relação entre desejo e efetivação de consumo
deverá ser igual para todos os consumidores desse mercado? Aqui entra em questão a distinção
entre demanda individual e de mercado. Conforme vemos na tabela 2, o João ainda demanda,
mesmo que apenas 1 unidade, sorvete quando o preço é $3,00.

Tabela 2 – Demandas individuais e do mercado de sorvetes de casquinha

Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.

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Microeconomia

Demanda de Maria Demanda de João Demanda de Mercado

Figura 4 – Curvas de demanda individual e de mercado. Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.

2.2 Oferta
Mas existe também outro fator de influência do mercado tanto quanto a demanda: a oferta.
A demanda trata dos consumidores, e a oferta cuida dos fabricantes e vendedores. Conforme
discutimos inicialmente, toda tomada de decisão do ofertante vem no sentido de maximizar o seu
lucro. O lucro (π), por sua vez, é a diferença entre Receita Total (R) e Custo Total (C).

π = R – C, onde:

R = P x Q, onde Receita Total é o montante de unidades monetárias que decorre da venda do


bem, ou seja, a quantidade vendida (Q) multiplicada pelo Preço (P).

Se quanto maior o lucro, maior a disposição em ofertar mercadorias, temos que toda vez que
o preço se eleva, coeteris paribus, há uma maior disposição em ofertar bens, pois o lucro por
unidade de produto aumenta. A partir dessa lógica, surge a Lei Geral da Oferta, que estabelece
uma relação direta entre preço e quantidade ofertada: quando o preço de um bem aumenta, a
quantidade ofertada desse mesmo bem também aumenta, e vice-versa.

Assim, graficamente teremos uma curva que relaciona preço e quantidade ofertada, mas cujo
formato é positivamente inclinado, refletindo essa relação positiva entre as variáveis:

Tabela 3 – Escala de oferta de sorvetes de casquinha

Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.

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Preço do
Sorvete de
Casquinha

1. Um
aumento
no preço...

Quantidade
de Sorvetes de Casquinha
2. ... aumenta a quantidade ofertada
de sorvetes de casquinhas.

Figura 5 – Curva de oferta de sorvetes de casquinha. Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.

Assim como a demanda, a oferta tem seus determinantes:

qOA = ƒ(PA, Pi, T, E), onde:

qOA = Quantidade ofertada do bem A em determinado período de tempo

PA = Preço do bem no período

Pi = Preço do insumos/fatores de produção

T = Tecnologia

E = Expectativa futura

Para que você entenda melhor, imagine que é o diretor geral da Discos Copacabana, um
fabricante de discos de vinil. O que iria determinar a quantidade de discos de vinil que você fosse
produzir ou vender? Você somente teria condições de responder a essa pergunta após analisar
os determinantes citados da oferta:

• Preço: imagine que o preço do disco de vinil está elevado e proporcionando excelentes ganhos
sob a forma de lucros. Isso o incentivará a adquirir mais máquinas, contratar mais operários e
trabalhar initerruptamente no sentido de produzir mais e poder ofertar mais discos. Mas, se por
alguma razão, o preço do disco de vinil diminuir e o produto deixar de ser lucrativo, isso fará com
que você fique desestimulado a produzir e o levará a produzir cada vez menos até que o negócio
se encerre. Basicamente, esta é a “Lei da oferta”.

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Microeconomia

• Preço dos insumos: é claro que, para produzir discos, você utiliza vários tipos de insumos: vinil,
papel, prensas, prédio onde funciona a fábrica, mão de obra dos funcionários etc. Quando o
preço de um desses insumos aumenta e a empresa não consegue repassar o aumento para o
consumidor, a operação se torna menos lucrativa e você menos motivado a produzir, diminuindo
assim a oferta. Como representar isso graficamente? Deslocando a curva de oferta!

• Tecnologia: o uso de equipamentos mais sofisticados aumenta a produtividade das empresas


através da redução da dependência do homem nas etapas produtivas. Esse aumento de
produtividade se dá por meio da redução de custos e, nesse caso, vem acompanhado de um
aumento da lucratividade. Isso vai motivar a produzir mais, aumentando a oferta dos discos.

• Expectativas: imagine que você, de alguma forma, identificou a possibilidade de aumento nos
preços futuros do disco de vinil. O que faria? Poderia investir em melhorias da produtividade (em
capital) para que possa reduzir ainda mais seus custos de produção, de modo a ter um lucro
futuro ainda melhor. No entanto, se você acreditar que esse mercado está fadado à estagnação,
talvez decida reduzir suas operações, de modo a investir esses recursos em outra atividade mais
promissora. No caso exposto, a diferença entre tecnologia e expectativa se dá em relação ao
horizonte temporal. A mudança tecnológica traz alterações no curto prazo; no entanto, uma
decisão de investimento em tecnologia se refere a um horizonte temporal de longo prazo.

Assim como na demanda, a oferta pode ser representada individualmente, isto é, por firmas,
ou pelo somatório das firmas, compondo a oferta de mercado. Imaginemos que, no caso dos
sorvetes, uma determinada região seja abastecida pelas firmas Ben e Jerry. Assim, teremos:

Tabela 6 – Escalas de oferta de Ben, Jerry e mercado

Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.

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Figura 6 – Curvas de oferta individuais e de mercado.Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.

Até aqui, você já aprendeu sobre oferta e demanda e tem plenas condições de entender como
uma funciona em relação à outra, bastando para tanto estabelecer um comparativo entre os
fatores de influência de uma e de outra.

Mas, em todos os casos estudados, utilizamos o raciocínio da coeteris paribus, ou seja, fixamos
todas as variáveis e analisamos apenas uma isoladamente. Porém, o mercado não se comporta
dessa forma, e todas as variáveis, tanto da demanda quanto da oferta, agem ao mesmo tempo.
Assim, vale o conceito de oferta de mercado e demanda de mercado.

NÓS QUEREMOS SABER!


1. Você acha que as mudanças na oferta e as mudanças na quantidade ofertada são a
mesma coisa?

2. Você acha que o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada são


a mesma coisa?

2.3 Equilíbrio de mercado


Sob um olhar mais superficial, oferta e demanda parecem estar em lados opostos, divergindo
sempre. Se o consumidor sempre estiver à procura do menor preço e o produtor sempre desejar
o maior lucro, como chegar a um meio-termo entre situações tão diferentes?

Se você colocar em um gráfico as curvas de demanda e de oferta, o cruzamento das duas é


o ponto de equilíbrio do mercado. Observe que o ponto de cruzamento das duas curvas, o
ponto de equilíbrio, reflete que os consumidores desejam adquirir exatamente as quantidades
que os produtores estão dispostos a vender. Nesse ponto não existe excesso ou escassez, e sim
convergência de desejos.

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Microeconomia

Figura 7 – Equilíbrio de mercado de sorvetes de casquinha. Fonte: MANKIW, 2009, p. 76.

Os preços são os responsáveis por carregar a economia ao ponto de equilíbrio de forma natural.
Quando existe excesso de oferta, os vendedores com maiores volumes de estoques serão forçados
a diminuir os preços para aumentar a concorrência pelos consumidores. Por outro lado, quando
há excesso de demanda, ou seja, muitos consumidores procurando produtos escassos, eles são
obrigados a pagar mais para obtê-los.

Preço do
Sorvete de
Oferta
Casquinha
Preço acima do
preço de equilíbrio:
Oferta > Demanda,
Preço de Equilíbrio Equilíbrio isto é, excesso de
$2,00 oferta

Preço abaixo do
preço de equilíbrio:
Oferta < Demanda,
Quantidade Demanda isto é, excesso de
de Equilíbro demanda

Quantidade de Sorvetes de Casquinha

Figura 8 – Desequilíbrios de mercado. Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 77.

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Temos, aqui, uma representação do conceito da “mão invisível” de Adam Smith, que parece
“empurrar” o mercado, sem qualquer interferência do governo, rumo ao ponto de equilíbrio, não
é mesmo? Pois é, essa “mão invisível” atende pelo nome de mecanismo de preços.

Mas nem tudo no mercado é festa. Você precisa entender que o equilíbrio é muito volátil, e
qualquer detalhe pode tirar o mercado do equilíbrio. Imagine se os consumidores tiverem um
aumento de renda. Isso será suficiente para desequilibrar o mercado.

NÓS QUEREMOS SABER!


Você consegue representar graficamente o impacto para o equilbrio de mercado, a
saber, preço e quantidade, de uma alteração de cada um dos determinantes da oferta e
da demanda, estabelecendo a hipótese coeteris paribus?

3 Interferência do governo
Os governos, são capazes de afetar a economia através da formulação de políticas que afetam
tanto a esfera microeconômica, ou seja, a decisão dos agentes e os mercados, bem como a
macroeconomia.

Com a missão de evitar o uso abusivo do poderio econômico de algumas empresas sobre o
mercado, o governo adota algumas ações que influem diretamente no equilíbrio da oferta e da
demanda.

Naturalmente, a demanda de mercado em baixa desmotiva o investimento, diminuindo a


oferta de mercado e gerando desemprego, que, por sua vez, diminui ainda mais a demanda,
impulsionando a economia como um todo para uma espiral descendente.

Nessa situação, o governo adota medidas de incentivo à demanda de mercado, por exemplo, a
ampliação do crédito. Esse fator, por sua vez, altera a renda disponível para consumo. Ou seja,
reflete no deslocamento da curva de demanda. No outro extremo do mercado, o governo pode
agir oferecendo subsídios para que o produtor se motive a investir, aumentando, assim, a oferta.

Vamos abordar a seguir algumas formas de intervenção, com foco no entendimento dessas ações
no equilíbrio de mercado. A partir dessa análise, vamos compreender por que o mainstream
econômico é a favor da intervenção mínima do Estado nos mercados competitivos (mercados
onde não há concentração).

3.1 Políticas de controle de preços


Visando atender aos anseios de um agente econômico, firmas ou consumidores, o governo pode
estabelecer artificialmente o preço de um mercado por meio de medida provisória. Dessa forma,
vamos avaliar os impactos do estabelecimento de preços máximos e mínimos.

3.1.1 Preços mínimos

Quando o governo estabelece a obrigatoriedade de um preço mínimo, ele quer forçar o mercado
a comprar uma determinada mercadoria a partir de um preço. Na medida em que os preços
flutuam quando há desequilíbrio entre oferta e demanda, o estabelecimento de preços mínimos

19
Microeconomia

só fará sentido quando estes estiverem acima do preço de equilíbrio.

Para que você entenda o porquê, imagine que o governo estabeleça um preço mínimo abaixo do
preço de equilíbrio. Nesse caso, haverá excesso de demanda, o que fará com que os produtores
encontrem margem para elevar os preços. Nesse sentido, o preço tenderia naturalmente ao preço
de equilíbrio. No entanto, se o governo estabelecer o preço mínimo acima do preço de equilíbrio,
haverá um excesso de oferta, que não poderá ser resolvido pela queda dos preços. Ou seja, a
imposição de um preço mínimo, apesar de ajudar o lado do produtor, tende a reduzir o acesso
dos consumidores a esse bem, gerando inclusive estoques que não conseguem ser escoados.

Vejamos este exemplo através de uma medida prática: imposição de um salário mínimo. Na
medida em que salário é o preço da mão de obra, vamos transpor o mercado de bens e serviços
para o mercado de trabalho. No mercado de trabalho, os responsáveis pela oferta são os
trabalhadores, ao passo que a demanda é representada pelas firmas.

Imaginando que o salário de equilíbrio da nossa economia fictícia seja igual a $ 700,00. Com
esse salário, o nível de emprego corresponde a 1.500 postos de trabalho. Visando melhorar as
condições da classe trabalhadora, o governo impõe um salário mínimo de $ 965,00.

Oferta de Oferta de
mão de obra Excedente de mão de obra
mão de obra
(desemprego)
Salário
mínimo

700,00
Demanda de Demanda de
mão de obra mão de obra

Quantidade Quantidade Quantidade de


1.500 Quantidade de
mão de obra demandada ofertada mão de obra

Figura 9 – Efeitos da imposição de salário mínimo no mercado de trabalho.


Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 121.

Note que, mesmo que a intenção fosse melhorar as condições da classe trabalhadora, na
realidade, tal medida repercutiu em uma redução dos postos de trabalho, pois agora as empresas
estão empregando menos. Para entendermos melhor, vamos quebrar os impactos desse evento
em dois:

No lado da oferta de trabalho, temos uma elevação da disposição em trabalhar; isso ocorreu,
pois uma parcela da população, que antes optava, por exemplo, por estudar apenas, agora quer
trabalhar em função dos salários mais atrativos. Concomitante a isso, a elevação dos salários
aumenta os custos de produção das firmas, o que tende a diminuir a disposição em empregar.
Nesse sentido, o número de postos de trabalho disponíveis se reduz.

Logo, chega-se à conclusão que a medida gerou, na prática, desemprego, representado pela
diferença entre oferta e demanda de trabalho.

20 Laureate- International Universities


3.1.2 Preços máximos

Conforme o raciocínio aplicado para o preço mínimo, só faz sentido o governo estabelecer
artificialmente um preço máximo se este se situar abaixo do preço de equilíbrio.

Imagine que o governo acredita que a escalada no preço dos aluguéis tem pressionado os
custos de produção em diversos segmentos, bem como o custo de vida da população, o que tem
pressionado a inflação dessa economia. Visando controlar esse movimento, o governo estabelece
um preço máximo a ser cobrado pelos aluguéis.

Em um cenário de curto prazo, como podemos observar na Figura 10, a oferta de imóveis não
responde às alterações do preço. Isso significa que o excesso de demanda de imóveis para
alugar mediante a imposição do preço máximo é menor do que em um cenário de longo prazo.
Nesse horizonte temporal, as pessoas podem se desfazer dos imóveis, ou mesmo optar por não
realizar novos lançamentos, aplicando o capital em outras fontes de renda. Isso significa que a
manutenção desse tipo de medida tende a ser bastante desastrosa no longo prazo.

Figura 10 – Impacto do preço máximo no mercado de imóveis para locação.


Fonte: MANKIW, 2009, p. 118.

NÓS QUEREMOS SABER!

Ao longo da década de 1980 e início da década de 1990, o Brasil enfrentou uma grave
espiral inflacionária. O governo, na ânsia de resolver o problema, lançou uma série de
planos econômicos. Alguns desses planos, como o Plano Cruzado, estabelecia como
medida de controle o congelamento de preços.

O resultado foi bastante desastroso, com escassez de diversos produtos essenciais, como
a carne bovina.

Com base no instrumental teórico apresentado, você consegue explicar por que isso
aconteceu?

21
Microeconomia

4 Conceito de elasticidade
Quando os preços de um determinado produto sobem, a demanda cai naturalmente e a oferta
aumenta, mas será que todos os produtos estão sujeitos a essas leis? E a quantidade demandada
cai com o aumento dos preços proporcionalmente para todos os produtos?

Vamos explicar melhor: lembra-se do colecionador de discos? Você já sabe que um aumento
no preço dos CDs diminui a quantidade demandada desse produto pelo colecionador. Suponha
que um aumento de preço nos CDs reduziu a quantidade demandada em 25%. Agora, suponha
ainda que o colecionador de discos goste muito de pizza. Será que um aumento no preço da
pizza também causará uma redução da quantidade demandada de 25%?

Certamente, você irá concluir que tanto a pizza quanto os CDs serão menos consumidos, porém
o impacto do aumento dos preços nos dois produtos causará efeitos diferentes nas quantidades
demandadas.

Assim, elasticidade é a medida da intensidade da reação dos consumidores e dos vendedores


e produtores às alterações na oferta e na demanda. É possível medir as respostas tanto dos
consumidores quanto dos produtores para as variações de preços, para a mudança da renda dos
consumidores, para as mudanças tecnológicas etc.

Em razão de existirem vários fatores que afetam a demanda e a oferta, você vai encontrar
diversas formas de calcular a elasticidade do mercado:

4.1 Elasticidade – Preço da demanda


Através da Elasticidade – Preço da demanda, você conseguirá calcular a intensidade da mudança
da quantidade demandada para cada alteração de preço dos produtos. Você estará buscando
a resposta para a questão: se o preço da pizza e o preço do CD aumentarem 20%, qual será a
redução da quantidade demandada de cada produto individualmente?

O comportamento dos consumidores varia de um produto para outro, isto é, a Lei da Demanda
não obedece ao mesmo perfil para todos os bens e serviços oferecidos pelo mercado, existindo
uma Elasticidade – Preço da demanda para cada produto individualmente.

Determinar a elasticidade para um produto específico é uma tarefa relativamente fácil. Basta
você dividir o percentual da queda da quantidade demandada pela percentagem do aumento
de preço.

Elasticidade – Preço da demanda (Epd) = ∆%Qd/∆%P, onde ∆%Qd = variação percentual


da quantidade demandada e ∆%P = variação percentual do preço.

Se você considerar que o preço da pizza subiu de R$ 40,00 para R$ 48,00 e que os consumidores
diminuíram suas compras de 10.000 para 7.000 unidades por mês, então basta fazer os seguintes
cálculos para encontrar a Elasticidade – Preço da demanda para a pizza:

∆%P = 20%

∆%Q = –30%

Epd = –30%/20% = – 1,5

Portanto, o valor da Elasticidade – Preço da demanda para a pizza é –1,5. Observe que esse

22 Laureate- International Universities


é um número puro, pois não comporta unidade. Mais do que isso, na medida em que a Lei
da Demanda estabelece um movimento inverso entre preço e quantidade, o resultado final da
Elasticidade – Preço da demanda será sempre negativo, razão pela qual sua análise deverá ser
realizada em módulo.

Outra observação interessante é que o número da Elasticidade – Preço da demanda é maior


que 1, o que indica que a pizza é um produto elástico. Se o número da Elasticidade – Preço da
demanda fosse menor que 1, indicaria que a pizza é um produto inelástico.

Como interpretamos esses números?

• Toda vez que a variação percentual da quantidade for maior do que a variação percentual do
preço, o valor da elasticidade será maior do que 1:

o I Epd I > 1: minha demanda responde mais do que proporcionalmente às


alterações no preço.

o Interpretação do valor: Epd = 1,5  a cada 10% de variação do meu preço, a minha
quantidade varia 15%.

• Toda vez que variação percentual da quantidade for menor do que a variação percentual do
preço, o valor da elasticidade será menor do que 1:

o 0 < I Epd I < 1: minha demanda responde menos do que proporcionalmente


às alterações no preço.

o Interpretação do valor: Epd = 0,5  a cada 10% de variação do meu preço, a minha
quantidade varia apenas 5%.

• Toda vez que variação percentual da quantidade for exatamente igual à variação percentual do
preço, o valor da elasticidade será igual a 1:

o I Epd I = 1: minha demanda responde proporcionalmente às alterações no


preço.

o Interpretação do valor: Epd = 1  a cada 10% de variação do meu preço, a minha
quantidade varia apenas 10%.

• Toda vez que a minha demanda não responder às variações no preço, o valor da elasticidade
será igual a 0:

o I Epd I = 0: minha demanda não responde às alterações nos preços.

o Interpretação do valor: Epd = 1  a cada 10% de variação do meu preço, a minha


quantidade varia apenas 0%.

• Toda vez que a variação percentual da quantidade for infinitamente maior do que a variação
percentual do preço, o valor da elasticidade tenderá ao ∞:

o I Epd I = ∞ : minha demanda responde muito intensamente aos preços.

o Interpretação do valor: Epd = ∞ a cada 10% de variação do meu preço, a minha


quantidade varia infinitamente.

23
Microeconomia

NÃO DEIXE DE VER...


Não deixe de pesquisar na bibliografia recomendada desta disciplina a representação
gráfica dos diferentes tipos de elasticidade.

É interessante notar que cada uma delas traz uma implicação para o formato das curvas
de demanda, mais especificamente para a sua inclinação.

Como regra geral, quanto mais elástica for a demanda, mais próxima da horizontal
estará a curva; e quanto mais inelástica for a curva, mais próxima da vertical estará a
curva.

4.1.1 Determinantes da Elasticidade – Preço da demanda

A magnitude da resposta da demanda em relação às alterações no preço, ou seja, a Elasticidade


– Preço da demanda, depende de três fatores:

• Disponibilidade de bens substitutos: quando o bem é facilmente substituído por outro,


qualquer alteração nos preços faz com que os consumidores reduzam drasticamente as
quantidade demandadas do bem. Aqui, cabe uma reflexão acerca da importância das estratégias
de diferenciação: quanto mais você torna o seu bem único, menos sensível ao preço se torna a
sua demanda. Você consegue perceber?

• Essencialidade do bem: quanto mais essencial for o bem, menores serão as respostas às
variações nos preços. Imagine, por exemplo, se o preço do sapato sobe. É natural que haja uma
redução da demanda. No entanto, se o preço da insulina subir, os portadores de diabetes não
poderão deixar de demandá-la. Logo, mesmo sem calcular a Elasticidade – Preço da demanda
de cada um dos mercados, podemos afirmar com segurança que a insulina tem uma demanda
mais inelástica do que os sapatos.

• Importância do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem no


orçamento do consumidor, maior tende a ser a elasticidade. Vamos refletir sobre a Elasticidade –
Preço da demanda de automóveis. Na medida em que o financiamento de um veículo automotor
tende a comprometer uma parcela relativamente grande do salário de um consumidor, a decisão
de compra é mais facilmente influenciada pelo seu preço. Se houver elevação, talvez esse
consumidor resolva aguardar os próximos meses para tomar a decisão de compra, aguardando
melhores condições. Assim, na medida em que bens duráveis costumam ser mais caros do que
bens de consumo, é possível inferir que eles são mais elásticos.

4.2 Elasticidade – Preço da oferta


Por meio da Elasticidade – Preço da oferta, você conseguirá calcular a intensidade da mudança
da quantidade ofertada para cada alteração de preço dos produtos. Como você já sabe, preços
mais altos incentivam o produtor a aumentar a oferta, mas será que o fornecedor de pizza reage
da mesma forma que o fabricante de CDs com a alta dos preços?

O cálculo da Elasticidade – Preço da oferta é semelhante ao cálculo da Elasticidade – Preço da


demanda, porém, segundo a Lei da Oferta, o preço e a quantidade têm uma relação direta, ou
seja, seu sinal será sempre positivo, não havendo necessidade de análise em módulo.

24 Laureate- International Universities


Considere que o preço do CD aumentou de R$ 40,00 para R$ 50,00, e isso motivou os fabricantes
a elevarem a oferta de 100.000 para 130.000 unidades por mês. Agora, basta você fazer os
cálculos a seguir para obter o número da Elasticidade – Preço da oferta:

∆%P = 25%
∆%Q = 30%
Eps = 1,2

Você pode concluir que a produção de CDs é elástica em relação ao preço, uma vez que
apresenta um resultado ligeiramente superior a 1.

As interpretações da Elasticidade – Preço da oferta são iguais às da demanda, lembrando que


agora a perspectiva está no impacto na quantidade ofertada:

Oferta Oferta Oferta de Oferta elástica Oferta


perfeitamente Inelástica elasticidade perfeitamente
inelástica unitária elástica

Figura 11 – Elasticidade – Preço da oferta. Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.

4.3 Elasticidade – Renda da demanda


Também é comum medir a intensidade da variação da demanda a partir das mudanças na renda
do consumidor. A esse tipo de medida se dá o nome de Elasticidade – Renda da demanda. Esse
tipo de medida serve para você identificar se um bem é normal, inferior ou de consumo saciado.

• Bem normal: demanda acompanha movimento da renda  Se renda aumenta, quantidade


demandada também aumenta; se renda diminui, quantidade demandada também diminui;

• Bem inferior: demanda estabelece movimento contrário ao da renda  Se renda aumenta,


quantidade demandada diminui; se renda diminui, quantidade demandada aumenta;

• Bem de consumo saciado: alterações na renda não alteram a demanda pelo bem. Exemplo:
sal, papel higiênico etc.

O processo de cálculo é o mesmo das elasticidades já apresentadas, sendo sua base de cálculo:
Er = ∆%R/∆%Q, onde ∆%R = variação percentual da renda.

Logo, teremos:

25
Microeconomia

Quadro 1 – Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-renda da demanda

Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.

4.4 Elasticidade – Cruzada da demanda


A Elasticidade – Cruzada da demanda serve para verificar o impacto na demanda de um bem
em função das alterações no preço de um outro bem. Portanto, serve para identificar se um bem
será substituto ou complementar em relação a outro.

Você se lembra da relação entre o CD e o disco de vinil? Eles são produtos substitutos, pois o
consumidor pode optar por um ou outro quando resolve adquirir arquivos musicais. Sendo assim,
passa a ser lógico que as variações no preço de um dos produto afetem também a demanda do
outro produto. E, mais do que isso, se a queda no preço do CD faz com que o preço do vinil fique
relativamente mais caro, o movimento da demanda de vinil acompanhará o sentido da alteração
no preço do CD. Isso sempre ocorrerá quando tivermos bens substitutos.

Vamos compreender essa relação através do cálculo da Elasticidade – Cruzada da demanda.

EpAB = ∆%Qa / ∆%Pb , onde EpAB = Elasticidade – Cruzada da demanda do bem A; ∆%Qa =
variação percentual na quantidade demandada do bem A e ∆%Pb = variação percentual no
preço do bem B.
Conforme discutimos anteriormente, uma redução dos preços do CD implicou uma queda na
demanda de vinil. Isso significa que as duas variações percentuais que entrarão na fórmula são
negativas. Quando se divide um número negativo por outro negativo, o resultado final tende a
ser positivo.

Como uma alteração no preço de um bem substituto gera o mesmo movimento na demanda
do outro, chega-se à conclusão de que sempre que a Elasticidade – Cruzada da demanda for
positiva, os bens em questão são substitutos.

EpAB > 0  bens substitutos.

No entanto, quando os bens são complementares, como o caso da vitrola e do vinil, o sentido
do movimento do preço de um impacta de maneira inversa a quantidade demandada do outro.
Considerando que o preço da vitrola caiu, a demanda por essa aumenta; se há mais vitrolas
em circulação, há mais demanda por vinil. Ou seja, a redução no preço da vitrola aumentou a

26 Laureate- International Universities


demanda por vinis.

Portanto, quando o sinal de um termo da divisão é negativo, o outro será necessariamente


positivo, implicando uma Elasticidade – Cruzada da demanda menor do que zero (negativa).

EpAB < 0  bens complementares.

Assim, o resultado da Elasticidade – Cruzada da demanda nos auxilia identificar o tipo de relação
que dois bens podem ter entre si.

5 Produção e custos
A chamada Teoria da Oferta da Firma Individual é dividida em Teoria da Produção e Teoria dos
Custos de Produção. Essas teorias são fundamentais para a formação e a análise dos preços e
para a alocação dos fatores de produção.

A Teoria da Produção estuda a relação técnica entre as quantidades produzidas e os fatores de


produção, enquanto a Teoria dos Custos de Produção foca o relacionamento entre as quantidades
produzidas e os preços dos fatores de produção.

5.1 Teoria da Produção


Se você aprofundar uma pesquisa para entender melhor o que significa produção, vai descobrir
que todos os especialistas concordam em um ponto: o conceito de produção é amplo e atinge
todas as atividades humanas, não se restringindo apenas às atividades industriais, como pode
parecer no primeiro instante. Assim, as atividades de serviços, atividades financeiras, atividades
comerciais, atividades agrícolas e outras atividades também são consideradas atividades de
produção.

A produção de bens perpassa combinar insumos de produção em estruturas produtivas, de modo


a transformar insumos primários em bens finais. A forma como os insumos são combinados
constituem os métodos de produção, que podem ser de mão de obra intensiva, tecnologia
intensiva, capital intensivo etc.

O método de produção mais adequado é escolhido pela eficiência, podendo ser esta com
ênfase tecnológica ou econômica. Um método é considerado tecnologicamente eficiente quando
utiliza menos insumos que outros métodos para produzir quantidades de produtos ou serviços
equivalentes. Já um método é considerado economicamente eficiente quando produz as mesmas
quantidades de produtos ou serviços e é mais barato que outros métodos, ou seja, os custos de
produção são menores.

Ao produtor cabe decidir “o que, como e quando produzir”, tomando por base as necessidades
manifestadas do mercado consumidor. Assim, poderá variar a quantidade de inputs e provocar a
variação das quantidades de outputs obtidas.

Nesse momento, entra em cena a “Função de produção”, tida como a relação técnica entre a
quantidade inputs (fatores de produção) e a quantidade de outputs (produtos e serviços) em um
determinado período de tempo.

27
Microeconomia

q = ƒ(L,K,T)

Onde: q = quantidade produzida por período de tempo

L = mão de obra utilizada por período de tempo

K = capital físico utilizado por período de tempo

T = área utilizada por período de tempo

Para fins de simplificação, adotaremos que a quantidade a ser produzida dependerá de


combinações possíveis entre capital e trabalho, somente.

5.1.1 Horizonte temporal

A definição de curto prazo e longo prazo não se dá de maneira linear entre os distintos mercados.
Por exemplo, o que será um cenário de curto prazo para a Embraer e para a AmBev? Você vende
com a mesma facilidade bebidas e aeronaves? O prazo para a entrega do produto final desses
dois tipos de bens a partir da assinatura de um contrato é o mesmo?

Como já era de imaginar, não podemos equalizar esses horizontes temporais simplesmente
contando o tempo. Por isso, definiremos como curto prazo aquele cenário em que o tomador de
decisão não consegue variar a quantidade de todos os insumos de produção dentro da função
de produção, sendo obrigado a manter ao menos uma constante.

Por exemplo, dentro da perspectiva do horizonte temporal de cada organização, nem AmBev, nem
Embraer conseguem construir uma fábrica nova no curto prazo, portanto, estaríamos supondo
que, em ambas, o capital é mantido constante dentro da função de produção. No entanto,
para elevar a produção, é possível que se estabeleça um terceiro turno de trabalho nas suas
fábricas. Nesse sentido, a produção se elevaria no curto prazo por meio da contratação de mais
trabalhadores.

Vale ressaltar que o insumo que é fixo em um cenário de curto prazo não precisa ser, necessariamente,
o capital, conforme o exemplo exposto. Peguemos como exemplo uma consultoria. Se encararmos
que uma unidade de capital físico de uma consultoria seja um notebook, por exemplo, você
consegue elevar a quantidade de capital quase que instantaneamente. No entanto, o componente
da função que exige um prazo maior para elevação é justamente o trabalho: achar a mão de
obra qualificada é mais difícil e demorado do que comprar o computador.

Em um cenário de longo prazo, contudo, as decisões preveem a possibilidade de alteração da


quantidade de todos os insumos dentro da função de produção. Ou seja, podemos alterar a
nossa capacidade de produção.

Tenha esses conceitos bem sedimentados, pois eles dizem respeito tanto à Lei dos Rendimentos
Decrescentes quanto à definição de Economia de Escala.

5.1.2 Lei dos Rendimentos Decrescentes

Antes que você mergulhe fundo na Lei dos Rendimentos Decrescentes, é bom que três conceitos
sejam analisados: Produto Total, Produtividade Média do Fator de Produção e Produtividade
Marginal do Fator de Produção:

• Produto Total: quantidade a ser produzida em um cenário de curto prazo;

• Produtividade Média do Fator de Produção (PMe): quanto cada unidade do insumo

28 Laureate- International Universities


variável produz. Se considerarmos o trabalho como insumo variável, essa medida me diz o
quanto cada unidade de trabalho3 gera de produto no processo produtivo. Assim, temos a
produtividade expressa da seguinte forma: PMeL = q/L, onde PMeL = produtividade média do
trabalho; q = quantidade produzida; L = quantidade de trabalho; e PMeK = q/K, onde PMeK
= produtividade média do capital; q = quantidade produzida; K = quantidade de capital;

• Produtividade Marginal do Fator: medida que diz quanto a adição de uma unidade de
insumo variável agrega no meu produto total. Ou seja, se eu quiser saber quanto elevarei minha
produção ao contratar um funcionário a mais, por exemplo, terei de compreender a produtividade
marginal desse trabalhador.

Algebricamente temos: PMgL = ∆q/∆L, onde PMgL = produtividade marginal do trabalho;


∆q = variação da quantidade produzida; ∆L = variação da quantidade de trabalho; e PMgK
= ∆q/∆K, onde PMgK = produtividade marginal do capital; ∆q = variação da quantidade
produzida; ∆K = variação da quantidade de capital.

Imaginando que nosso cenário de curto prazo é caracterizado pela quantidade fixa de máquinas,
ou seja, capital, ao passo que o insumo trabalho é variável, você será confrontado com um dos
principais conceitos da Teoria da Produção: a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Por essa lei,
você não poderá aumentar indefinidamente um determinado fator de produção, mantendo-se
os demais fixos, com o objetivo de aumentar cada vez mais os rendimentos. Se você agir dessa
forma, perceberá que, depois de algum tempo, a situação se inverte e você terá rendimentos
decrescentes com a curva dos rendimentos apontando para zero.

Ou seja, não adianta você elevar indefinidamente a quantidade de trabalhadores: a produtividade


deles está associada diretamente à estrutura física do seu negócio. Chega um dado momento
que eles não têm mais condições de trabalho. Imagine que você tem um quiosque de café
expresso: o capital representará a quantidade de máquinas de café expresso, e o trabalho, o
número de atendentes.

Quando você contrata o primeiro atendente, tem um ganho bastante expressivo de produção:
tanto o produto médio do trabalho quanto o marginal foram bastante positivos. Essa contratação
fez com que você passasse a vender 60 cafés por hora. Empolgado, resolveu contratar um
segundo atendente. Para sua surpresa, esse segundo atendente “adicionou” 80 cafés por hora,
e agora você consegue servir, em uma hora, 140 cafés. Isso significa que o produto marginal foi
de 80 cafés, e que, na média, cada atendente está servindo 70 cafés.

Você poderia pensar que essa elevação da produtividade marginal decorre de um recurso
produtivo melhor, ou seja, de um trabalhador mais capacitado para executar sua função. Vale
ressaltar que a Teoria da Produção não prevê diferença na qualidade dos trabalhadores. Esse
resultado acima da média anterior decorreu da melhor especialização dos recursos produtivos:
enquanto você tinha somente um atendente, ele precisava tirar o pedido e servir o café. Com a
contratação do segundo, os recursos puderam se especializar, de modo que agora um atendente
somente retira pedidos (e fica cada vez melhor nessa função), ao passo que outro apenas serve,
conferindo ganhos de produtividade.

No entanto, dada a limitação do espaço físico e das quantidades de máquinas de café disponíveis
para operação, é possível que a adição de um terceiro trabalhador implicasse uma desaceleração

3
É importante distinguir que eu posso mensurar o trabalho aqui de diferentes formas: hora de trabalho, quantidade de
trabalhador alocado em um dia etc. A forma pela qual eu mensuro a unidade do insumo variável determinará a métrica do
produto e produtividade: se mensuro por trabalhador/dia, meu produto total é dado por quantidade/dia; se mensuro por hora
trabalhada, meu produto total será dado por quantidade/hora.

29
Microeconomia

da produção (ou seja, continua crescendo, mas a taxas cada vez menores). Quando o produto
marginal de um trabalhador começa a apresentar valores cada vez menores é que observamos a
incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Esse fenômeno ocorre do esgotamento do fator de produção variável em produzir rendimentos.


Você não pode contratar uma quantidade de pessoas indefinidamente, com o propósito de
aumentar a produção, se não aumentar também os demais recursos.

Quando o produto marginal do insumo variável se tornar negativo, teremos alcançado o valor
máximo de produção da sua estrutura produtiva, de modo que a adição de insumos variáveis
gera queda no produto total.

É óbvio pressupor que em uma pequena, ou até mesmo média empresa, os diretores ou gerentes
gerais jamais permitirão que a situação caminhe para o produto marginal negativo. Investir em
instalações e em equipamentos é uma excelente alternativa para recolocar os rendimentos em
ascendência novamente. Assim, basta transformar mais um dos fatores de produção em fator
variável.

5.1.3 Rendimentos de escala

Os rendimentos são calculados a partir das variações na quantidade produzida pela variação
da quantidade utilizada de todos os fatores de produção disponíveis. Nesse sentido, a empresa
consegue inferir a melhor estratégia de crescimento em função de sua tecnologia de produção.

Mas quais são as razões que determinam a geração dos rendimentos crescentes em escala? Se
você aprofundar uma pesquisa sobre o assunto, irá identificar pelo menos dois bons motivos que
geram rendimentos crescentes em escala:

a) Com o crescimento da empresa e consequente aumento dos volumes de produção, torna-se


necessária maior especialização no trabalho;

b) Alguns fatores de produção são indivisíveis, e, quando a empresa adquire um novo equipamento,
ocorre um grande aumento da produção.

Assim, impulsionadas pela tecnologia ou pelo próprio mercado, as empresas procuram ganhar
escala de produção, auferindo rendimentos de escala, que são classificados como determinado
na Figura 12.

30 Laureate- International Universities


Figura 12 – Definição dos rendimentos. Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA, 1998.

6 Custos de produção
Conforme já discutimos anteriormente, a maior parte dos dirigentes das empresas, grandes ou
pequenas, toma suas decisões visando à maximização de lucros.

Se o lucro é a diferença entre Receita e Custos, também podemos enxergar esse processo de
maximização dos lucros através da minimização dos custos.

Se você conhecer os preços dos fatores de produção, determinará com relativa facilidade o custo
total de produção considerado ótimo para cada nível ou volume de produção. Assim, o custo
total de produção é definido como o total dos gastos realizados pela empresa para utilizar uma
combinação de fatores de produção e obter uma certa quantidade de produtos.

Assim, os custos totais de produção podem ser subdivididos em duas classificações:

a) Custos fixos totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que não
dependem ou não variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas;

b) Custos variáveis totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que
dependem ou variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas.

Na Teoria da Produção, os custos também são divididos em:

a) Custos totais de curto prazo: são os custos incorridos pelo uso de fatores fixos e fatores
variáveis na produção de uma quantidade de produtos;

b) Custos totais de longo prazo: são os custos incorridos pelo uso unicamente de fatores variáveis

31
Microeconomia

na produção de uma quantidade de produtos.

Agora, você saberia responder por que existe tanta classificação e reclassificação dos custos
dessa forma? O dinheiro sai da empresa sob a forma de pagamentos de fatores de produção
sempre?

Essas respostas não são triviais; os custos são divididos e subdivididos de várias formas para
facilitar o empresário na tomada de decisão. A isso tudo juntam-se ainda os diversos pontos
de vista que formam o conjunto de técnicas de gestão empresarial, como a contabilidade, a
economia, as finanças etc.

As principais diferenças entre os diversos tipos de visão dos custos de produção são:

a) Custos de oportunidade versus custos contábeis

Os custos contábeis são os chamados custos explícitos, ou seja, aqueles que envolvem um
desembolso monetário e representam um gasto efetivo da empresa no esforço produtivo, desde
a aquisição de insumos e matérias-primas até o aluguel de imóveis para a produção.

Já os custos de oportunidade representam os valores dos insumos e matérias-primas usados no


processo produtivo que não envolvem desembolso, pois pertencem à empresa. São os chamados
custos implícitos e somente podem ser estimados para avaliar o que a empresa poderia ganhar
se fizesse uso alternativo dos fatores de produção.

Os custos de oportunidade não podem ser contabilizados no balanço da empresa, por exemplo,
o capital que fica parado no caixa da empresa deixando de render como se fosse aplicado no
mercado financeiro.

Somente se você considerar os custos de oportunidade somados aos custos contábeis, poderá ter
ideia de quanto custa efetivamente para a sociedade o uso do recurso utilizado para a produção
de bens e serviços.

b) Externalidades

As externalidades são os custos e benefícios impostos à sociedade como resultado da produção


de bens e serviços pelas empresas, ou alterações nos custos e despesas da empresa devido a
fatores externos.

Quando uma empresa gera benefícios para as demais sem receber nada em troca, atribui-
se o nome de externalidade positiva. Imagine o que acontece quando uma grande loja de
departamentos se instala em um local de comércio de bairro. Toda a região acaba sendo
valorizada, não é mesmo? A loja de departamentos trouxe um benefício para as demais lojas
instaladas na região, porém não recebeu nada em troca.

Mas existe também a externalidade negativa, ou seja, quando uma empresa cria custos para
outras sem pagar um centavo por isso. Por exemplo, uma empresa que polui as águas de um rio
e impõe custos à sociedade no tratamento daquela água para fins de consumo doméstico.

Essas externalidades são reequilibradas com a aplicação de políticas fiscais adequadas, impondo
multas ou subsídios sobre as fontes geradoras, subsídios para as empresas geradoras de
externalidades positivas e multas para as empresas geradoras de externalidades negativas.

c) Custos versus despesas

Apenas do ponto de vista contábil é que existe uma distinção rigorosa entre custos e despesas.

32 Laureate- International Universities


Para a contabilidade, custos são gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção
de outros bens e serviços, e despesas são gastos relativos a um bem ou serviço consumido
direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Os custos têm uma conotação totalmente
identificada com a produção, ao passo que as despesas estão mais associadas ao exercício
social da empresa.

É possível classificar os custos em diretos e indiretos, fixos e variáveis, e as despesas em fixas


e variáveis. Você poderá verificar que alguns custos podem ser diretamente apropriados aos
produtos, bastando haver uma medida de consumo, sendo estes classificados como custos
diretos com relação aos produtos.

Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva, e qualquer tentativa de
alocação deve ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária, por exemplo: o aluguel, a
supervisão, as chefias etc. São os custos indiretos com relação aos produtos.

Observe que na Teoria Econômica não existem distinções tão acentuadas, uma vez que para a
economia o conceito de custo fixo envolve as despesas financeiras, comerciais e administrativas.

7 Maximização dos lucros


A Teoria Neoclássica propõe que as empresas tenham como objetivo maior a maximização do
lucro, entendendo-se por lucro a diferença entre os valores apurados com a venda dos produtos
(receita) e os custos de produção (gastos).

Com o objetivo de maximizar seus lucros, a empresa escolhe o nível de produção mais adequado,
de tal forma que a diferença entre a receita total de vendas e o custo total de produção seja
positiva e a maior possível.

Aqui cabe também o conceito de receita marginal, que é definido como o acréscimo na receita
total, quando a empresa vende uma unidade adicional de produto. O custo marginal segue a
mesma lógica, ou seja, é o acréscimo no custo total de produção quando a empresa produz uma
unidade adicional de seu produto.

Acompanhe o raciocínio da maximização dos lucros. Imagine uma empresa com a produção
posicionada, de tal forma que a receita marginal seja maior que o custo marginal. Nos casos em
que isso acontece, o empreendedor tem interesse em aumentar a produção, pois um aumento de
unidades produzidas representa um aumento nos seus lucros, uma vez que a receita marginal é
maior que o custo marginal.

De forma análoga, o empreendedor irá diminuir a produção sempre que a receita marginal
for menor que o custo marginal, o que significa que cada unidade que deixa de ser produzida
aumenta seu lucro, uma vez que o custo marginal é maior que a receita marginal.

Consequentemente, a melhor escolha, ou seja, a escolha que proporciona a operação da


empresa com lucro máximo, é aquela cuja receita marginal é igual ao custo marginal.

8 Estruturas de mercado
Você deve estar preocupado com nosso estudo, pois, até o momento, todas as suas conclusões
foram tiradas dentro do mercado ideal, porém isso nem sempre espelha a realidade. Na verdade,
existem vários tipos de mercado e, dentro deles, as coisas acontecem de forma diferente,
especialmente as questões que influem no equilíbrio do mercado.

33
Microeconomia

Entre os mercados mais conhecidos, destacam-se:

• Concorrência perfeita: trata-se do modelo ideal, o qual estamos estudando até aqui. A
formação do mercado de concorrência perfeita exige algumas premissas:

a) Grande número de produtores e consumidores: essa premissa impossibilita que qualquer


parte imponha preços ao mercado. Os produtores não podem elevar os preços dos produtos
impunemente, pois, se assim o fizerem, estarão arriscando perder o cliente para a concorrência.
O consumidor perde a capacidade de “pechinchar” os preços, pois existem muitos outros
consumidores interessados no mesmo produto;

b) Os produtos são homogêneos: não existem grandes diferenças entre os produtos ofertados
por um ou outro produtor, o que faz com que o preço seja o único diferencial de atração do
consumidor;

c) Nível de informações disseminadas: tanto o consumidor quanto o produtor possuem as mesmas


informações sobre o produto e o mercado, não sendo possível uma das partes levar vantagem
sobre a outra pelo uso de informações privilegiadas.

• Monopólio: trata-se de uma situação de mercado oposta à concorrência perfeita. Nessa situação,
existe apenas um único produtor que controla e abastece todo o mercado. Os consumidores
somente decidem se compram ou renunciam ao produto. Assim, o produtor consegue se impor
no mercado, estabelecendo os preços, fixando quantidades e buscando lucro máximo, a despeito
de satisfazer ou não às necessidades do consumidor. A qualidade do produto também pode ficar
prejudicada.

Na ocorrência de uma redução da demanda, o produtor prefere reduzir a produção e manter os


preços, uma vez que o consumidor não tem alternativa por outros produtos.

Vários fatores permitem a criação de mercados monopolizados:

a) Monopólio natural: a produção de alguns bens ou serviços requerem uso de capital intensivo,
ou seja, grandes investimentos em infraestrutura e, em contrapartida, a característica social do
bem ou serviço não permite a cobrança de preços elevados. Assim, somente uma escala muito
elevada de produção e venda irá compensar os altos custos do capital investido. Portanto, se
não houver garantia de mercado, não aparecerão empreendedores dispostos a ofertar o bem
ou serviço. Essa é uma situação típica da distribuição de energia elétrica ou das companhias de
saneamento básico;

b) Monopólio social ou político: a sociedade, por razões políticas, estratégicas ou sociais,


outorga, através de legislação, a concessão de um monopólio para alguma empresa. Um caso
típico do Brasil é a Petrobras e o monopólio do setor petrolífero;

c) Monopólio de poder financeiro: nesse caso, empresas mais fortes montam um poderoso
esquema de controle do mercado, afastando os concorrentes e não incentivando novos entrantes,
pois ninguém se arrisca a penetrar nesse mercado. Esse poder financeiro é tão forte que permite
a uma empresa operar com preços inferiores aos custos de produção até afastar um concorrente,
quando o preço passa a ser estabelecido pela empresa monopolista.

Apesar de o monopólio causar danos para o consumidor, sua existência é usada para justificar as
regulamentações governamentais que envolvem desde políticas de preços até tarifas, quantidades
e qualidade.

No Brasil, existem as agências reguladoras governamentais, que têm a incumbência de fiscalizar


as atividades das empresas prestadoras de serviços públicos privatizados. O CADE, por sua vez,

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tem a missão de fiscalizar e impedir o exercício do poderio financeiro de algumas empresas,
evitando a monopolização do mercado.

Agora, o monopólio pode se manifestar também na ponta do consumo. Pode existir apenas
um grande comprador que impõe sua política de compras aos seus fornecedores (produtores e
vendedores). Esse mercado é denominado monopsonio, com danos parecidos ao monopólio. O
comprador impõe preços desfavoráveis aos produtores, exigências de qualidade impossíveis de
serem atendidas pelos preços negociados, prazos de entrega irreais, quantidades que sufocam
o produtor e ameaças de incorporação do produtor pelo comprador. Isso também requer ação
governamental no sentido de coibir os abusos de poderio econômico.

VOCÊ O CONHECE?
Você já ouviu falar em John D. Rockefeller? Ele teve o monopólio do setor de petróleo nos
Estados Unidos, por meio da Standard Oil, se estabelecendo como um dos empresários
mais ricos de todo o mundo. O poder econômico da Standard Oil foi tão elevado que
motivou a criação da lei federal dos monopólios.

• Oligopólio: esta é uma situação intermediária entre o monopólio e a concorrência perfeita.


Aqui, em vez de uma empresa dominar o mercado, algumas poucas empresas o fazem, definindo
as políticas de preços praticadas por todas, estabelecendo as mesmas quantidades ofertadas e a
mesma qualidade. As empresas participantes do oligopólio chegam mesmo a dividir o mercado
entre si. A indústria automobilística brasileira é um exemplo de mercado oligopolizado.

No caso do oligopólio, para que as empresas estabeleçam o controle do mercado, duas


estratégias são seguidas:

a) Cartel: as empresas entram em uma espécie de acordo, dividindo o mercado, evitando


concorrência entre si e estabelecendo preço, qualidades e quotas de produção para manter
a oferta sob controle. Esse tipo de ação oligopolista é expressamente proibido no Brasil e em
muitos países;

b) Liderança de preços: a empresa mais eficiente do oligopólio estabelece o preço que lhe
proporcione a maior lucratividade e as demais empresas a seguem, embora contabilizando taxas
de lucro menores.

NÓS QUEREMOS SABER!


Existe concorrência entre empresas oligopolistas?

35
Síntese
Microeconomia

Síntese
Neste Capítulo, você estudou microeconomia envolvendo desde os conceitos de
demanda, oferta e equilíbrio de mercado. Você viu como funciona o mercado em
termos de elasticidade e a influência da demanda e da oferta sobre a economia,
entendendo o comportamento dos consumidores e dos produtores.

Você verificou também o processo de formação dos preços e deve ter percebido que
eles não são formados apenas a partir dos custos de produção, mas também com
base nas necessidades e desejos dos consumidores, ou seja, nos fatores geradores
de demanda e, ainda, na capacidade produtiva das empresas e na adequação dos
fatores de produção ao mercado, o que interfere na oferta.

Você pôde perceber também que o equilíbrio é uma tendência do mercado


onde vigora a concorrência plena, muito embora o governo precise lançar mão
de mecanismos de ajuste e fiscalização para coibir abusos por parte do poderio
econômico concentrado.

Por fim, você viu as questões relativas aos custos e à maximização dos lucros por
parte das empresas, que formam a base para a tomada de decisão quanto aos
novos investimentos em infraestrutura e ao aumento da produção ou à redução dos
investimentos em fatores de produção e consequente diminuição das quantidades
produzidas.

É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado,


principalmente nos assuntos destacados nos boxes de conteúdo.

Aconselho a releitura, especialmente das dicas, pois isso facilitará seu desempenho
nos demais temas do curso e nos demais capítulos.

Sucesso!

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Referências Bibliográficas
CARVALHO, M. A. Microeconomia essencial. São Paulo: Saraiva (no prelo), 2015.

MANKIW, N.G. Introdução à Economia. 3. ed., São Paulo: Cengage Learning, 2009.

PINDYCK, R.S; RUBINFELD, D.L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. (Org.). Fundamentos de Economia. São Paulo:


Saraiva, 1998.

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