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DIP.

 Apontamentos 


INTRODUÇÃO 
1. Direito Internacional Público (DIP): identificação 
1.1. Noção 
A expressão DIP foi cunhada pelo inglês Jeremy Bentham. Em 1789 publica “Da 
paz universal e perpétua” de onde faz parte um capítulo ‘DI’. 
Até ao séc. XVIII era conhecido como Direito da Gentes, a partir daí passa a 
Direito Internacional.  
Prof. Jorge Miranda: “onde quer que haja um Estado e Estado que mantenha 
qualquer tipo de relações duradouras, com outro (s) Estado (s) tornam‐se necessárias 
normas jurídicas para as estabelecer e fazer substituir, sejam quais forem essas 
normas. ”   
Prof. Maria Luísa Duarte: conjunto de regras e princípios que regulam a 
existência e funcionamento da comunidade internacional. Tem como finalidade 
enquadrar a existência de uma realidade ortodoxa complexa que é a comunidade 
internacional. 
 
Tönnies: em 1877 publica: “Sociedade e Comunidade” essa teve impacto na 
sociedade e no Direito. Esses conceitos foram aplicados à realidade: 
 
Agregados humanos: 
 
Societário:    
1. Relação de interesse, de conveniência 
2. Cada elemento conserva a sua liberdade, autoridade, livre ‐ arbítrio, 
relações de igualdade, cooperação, coordenação 
3. Não há hierarquia, prevalecem porções centrífugas, os interesses 
divergentes chocam 
4.  Os membros mantêm‐se separados apesar de tudo 
5. Sociedade internacional não se opõe à vontade dos Estados 
 
Comunitário:  
I. Relações de amizade, familiar, solidário 
II. Os membros mantêm‐se juntos apesar das suas diferenças 
III. Existem relações de hierarquia 
IV.  Natureza da relação é a de integração 
V. Comunidade internacional já tem autoridade para impor aos Estados 
algo contra sua vontade 
 
O DIP não tem meios para garantir a efectividade das suas normas: 
 Não tem legislador;  
 Não tem polícia; 
 Não tem juiz. 
A moral internacional e as boas vontades não é Direito. 
 
A comunidade internacional não é um Estado 
Não existe uma organização internacional exclusivamente competente pelo uso da 
força. Polícias internacionais: “A ONU pode; os EUA (quando querem), a NATO (quando 
é invocada pelos EUA) ”. 
 
O DIP não pode ultrapassar a soberania dos Estados. 
É essa soberania que chama os tribunais internacionais a actuar e se deixa vincular, ou 
não. 
Os Estado culpados só são demandados se aceitarem a decisão do tribunal, assim é 
que mostra a credibilidade no DIP. 
Só o Reino Unido é que aceita toda a jurisdição do TI, o resto dos estados não tem 
nada pré‐definido quanto a essa jurisdição, daí que o DIP é frágil, porque nenhum 
Estado pode ser obrigado. Tudo cabe à consciência de cada um.  
O TPI não pode julgar Estados mas pode julgar chefes de Estado. 
 
Critérios de Definição de DIP: 
a) Critério das relações entre os Estados: DIP como complexo de normas 
reguladoras das relações entre os Estados;  
b) Critério dos sujeitos: DIP como regulador das relações entre sujeitos de DIP, 
sejam Estados ou não; 
c) Critério da formação das normas: O DIP surge da colaboração de dois ou mais 
Estados (Kelsen), consistindo portanto os seus processos de formação 
especificamente internacionais e distintos do direito interno; 
d) Critério do objecto das normas: o DI aparece como direito relativo a matérias 
internacionais e não como o direito das relações entre Estados e outros 
sujeitos; 
e) Critério da comunidade internacional: Direito que organiza a comunidade 
internacional. 
 
O DI define‐se como o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações dos 
Estados entre si e outros sujeitos jurídicos autónomos ou actividades individuais 
formadas segundo procedimentos internacionais. 
 
O DI não é apenas inter‐estadual mas o direito de uma sociedade/comunidade 
internacional complexa e heterogénea. Um Direito assente sobre um sistema 
complexo e diversificado de fontes e um sistema também complexo e diferenciado de 
sujeitos. 
 
O Direito Internacional assenta em processos de formação e fontes claramente diferenciados 
dos de Direito interno (Di). 

Bilateralidade /Universalidade: coexistência de normas particulares com normas gerais 

Dependência de actos de Direito interno (Di). 

 
1.2. A relação entre DIP e Teoria das Relações Internacionais 
 
DIP: conjunto de regras de dever ser. É Direito. Procura impor a norma ao 
destinatário, se o destinatário ignora a norma há uma infracção. É tradicionalmente 
cultivado nos Estados de pequena/média dimensão 
 
Relações Internacionais: o objecto desse diploma não é normativo, é fáctico. 
Não é “dever ser” mas sim o “ser”. Há que atender ao contexto em que o estado se 
encontra no caso de infracção. 
 
2. Formação e evolução histórica 
 
ParaPP

 
Para se falar no início do DIP tem que se ter em conta a criação do conceito de Estado. 
Jean Bodin – a soberania é um atributo do Estado que se caracteriza por 2 critérios: 
1. A nível interno: tem autoridade suprema, o poder supremo. 
2. A nível internacional: é soberano porque é independente nas relações com os 
demais, É igual aos outros. 
Um estado soberano possui: ius belli; ius tractum; ius legacciones. 
DI Clássico ‐ os Estados concorriam a nível internacional através da Santa Sé, do 
Costume, tratados de comércio, alianças de paz e navegação. 
DI Contemporâneo – Os Estados concorrem junto das organizações internacionais que 
criam verdadeiras normas jurídicas que vinculam Estados e indivíduos. 
 
a)  1ºperiodo 
1. Quebra de poderes do Imperador do Sacro Império e do Papa 
2. Expansão marítima (tratado de Tordesilhas); questão do mare clausum e do 
mare liberum. 
Outro factor explicativo do desenvolvimento do DIP são os Descobrimentos. 
Vão dar lugar a conflitos que requerem uma resposta jurídica. Por ex. o mar é livre ou 
fechado? 
 
Os holandeses defendiam o mar aberto: é património comum da humanidade. 
Em 1603 a nau Santa Catarina (portuguesa) foi apanhada por holandeses e pediram 
uma opinião ao famoso jurisconsulto Hugo Grócio que respondeu na sua obra de 1608 
“o mare liberum”. 
 
Em 1625 o Frei Serafim de Freitas responde‐lhe com uma obra onde defende a teoria 
contrária. 
 
Selden em 1618 publica “mare clausum” direitos exclusivos da coroa britânica mas 
apenas na zona britânica (zona doméstica) no resto do mundo defendiam o mare 
liberum.  
 
Grócio em 1625 publica a sua obra de referência chamada “Do direito da pz e o direito 
da guerra” onde defende que o objectivo do DIP é de incentivar os soberanos à guerra 
mas dentro dos seus limites.  
O DIP tem como principal objectivo impedir a guerra mas como/quando ela é 
inevitável o DIP tenta aproveitá‐la para se desenvolver. 
 
A importância das guerras no DIP: 
Grande paradoxo do DIP: O grande objectivo é a paz mundial e o que ela envolve, nomeadamente o 
desenvolvimento humano as guerras são momentos de evolução e desenvolvimento da comunidade internacional. 
Guerras mais importantes: 
1. A guerra dos 30 anos (1648) 
2. As guerras napoleónicas 
3. A 1ª Guerra Mundial  
4.  A 2ª Guerra Mundial 
 
3. Renascimento 
4. Contra‐Reforma – evento chave que vai levar aos tratados de Vestefália. No 
início era apenas uma questão religiosa. A reforma foi aproveitada pelos 
governantes porque conseguiam assim libertar‐se da autoridade do Papa. 
5. Guerras político‐religiosas 
 
b)  2ºperíodo 
A GUERRA DOS 30 ANOS 
Guerra em que os diferentes Estados de Europa entraram em conflito por causa 
das diferenças religiosas.  
1641: celebração da data dos tratados de Osnabrück e Munster 
Paz de Vestefália:  
‐marca a afirmação do Estado soberano;  
‐estabelece a igualdade entre catolicismo, luteranismo e calvinismo; 
‐igualdade soberana dos Estados (todos os Estados soberanos são iguais); 
‐respeito pelas fronteiras; 
‐compromisso dos estados de não intervirem nos assuntos internos de outros 
Estados; 
‐instrumento fundamento do Direito público europeu (para alguns autores). 
  
1. Tratados de Vestefália – reconhecem o princípio da soberania como 
princípio de independência dos Estados europeus entre si e de exclusão de 
qualquer poder que lhes seja superior (vem a par da doutrina absolutista) 
2. Há um equilíbrio baseado na força militar mas torna‐se necessário defini‐lo 
por forma solene 
3. Multiplicam‐se as relações políticas e comerciais 
4. Surgem normas consuetudinárias quanto: 
a. Aos poderes do Estado 
b. Aos limites territoriais 
c. À representação diplomática 
d. À própria guerra 
5. O direito das Gentes afirma‐se crescentemente  
6. Reconhecem o princípio da soberania dos Estados como fundamento da sua 
independência e exclusão de qualquer poder que lhe seja superior 
São assim princípios destes tratados:  
‐ soberania e igualdade dos Estados; 
‐ soberania dos povos; 
‐ laicização do poder; 
‐ tolerância religiosa; 
‐ equilíbrio de poderes. 
 
c) 3ºperiodo 
1. Independência do EUA (um Estado não Europeu entra do DI) 
2. Revolução Francesa: a soberania reside no povo e não nos monarcas, o DI 
não é o Direito das relações entre os soberanos mas sim entre os povos, 
todos os povos são livres e iguais. 
3. Aparecem ideias num plano de Paz Universal: 
a. Kant ‐ “A Paz Perpétua”  
b. Bentham – “Plano para uma Paz Universal” (1º a utilizar a expressão 
Direito Internacional) 
c. Saint‐Simon – “Reorganização da Sociedade Europeia” 
 
As guerras napoleónicas 
Congresso de Viena (1814 e 1815) reúnem‐se os vencedores: 
a) Sejam quais forem os litígios, as diferenças entre os Estado europeus, esses 
litígios podem ser negociados. Nascem assim as cimeiras. 
b) Princípio das nacionalidades que foi muito importante para países como a 
Itália, Grécia e Bélgica. 
c) Criação da Comissão Internacional do Reno (primeira comissão fluvial). 
 
4. Triunfam os nacionalismos 
5. Congresso de Viena (1815)  
a) Após as invasões napoleónicas veio reforçar o equilíbrio e as fronteiras 
geográficas.  
b) Prússia, França, Reino Unido, Áustria. 
c)  A Santa Aliança é uma expressão temporária desse triunfo.  
d) Não consegue a independência das colónias espanholas e portuguesas. 
e)  4 Notas precursoras do século XX: 
 Acesso a comunidades de países não europeus (Turquia, China, 
Libéria, Japão)  
 Uniões administrativas internacionais (ex. União Telegráfica 
Internacional, Reno e Danúbio) 
 Criação de um direito humanitário de guerra pela Cruz Vermelha 
 Tentativa de abrir caminho à arbitragem internacional e limitação de 
modo de fazer guerra (jus in bello). 
f) Objectivos: 
1. Redesenhar o mapa político europeu 
2. Restabelecer a ordem na França e equilibrar as suas forças 
3. Garantir a paz na Europa 
 
1ª fase –  
1. 1ª GUERRA MUNDIAL 
Com o fim da guerra propõe‐se uma reorganização  
1919 – Tratado de Versalhes 
a) Parte sobre as cláusulas das condições da paz e impõe à Alemanha condições 
humilhantes nomeadamente o pagamento de onerosas indemnizações de 
guerra, Alemanha perde Estados que integravam as suas fronteiras 
b) desmembramento da Europa Central – reafirmação do princípio das 
nacionalidades 
c) ‐ movimentos de independência nas colónias 
d) ‐ criação da SDN (1919) com o Tratado de Versalhes (para prevenir e mediar 
conflitos) 
e) ‐ OIT (Organização internacional de trabalho) – progresso social 
f) Multilateralismo (clássico) da resolução de problemas (instrumentos 
fundamentais): 
‐ Tratado de Versalhes 
‐ Organizações internacionais   
g) Multiplicação dos sujeitos  
‐quer as organizações internacionais 
‐ quer a pessoa humana individual 
       e) Limitação da Soberania dos Estados (ex U.E.) – existência de normas imperativas 
‐ ius cogens – impõem‐se à vontade do destinatário mesmo que ele não queira.   
 
2ª fase  
2ª GUERRA MUNDIAL   
Limitação da soberania dos Estados 
‐algumas limitações permitidas (ex. assinatura de tratados) 
‐outras são impostas (ex. normas de ius cogens) 
A forma como um Estado trata os seus cidadãos já não é uma questão interna mas sim 
uma questão a nível internacional porque os cidadãos de um Estado são, antes de 
mais, cidadãos do Mundo. 
 
1) As potências vencedoras criam a ONU: 
‐ cooperação económico‐social 
‐ promoção dos direitos do homem 
‐ manutenção da paz e segurança 
‐ progresso político 
‐ autodeterminação e independência 
‐ proibição da guerra 
‐ poderes coercitivos na organização 
‐Conjunto mais complexo de órgãos 
2) Criação da UNESCO; FAO; OMS; Conselho Económico Social 
3) Bipolarização do Mundo: EUA e URSS 
 
 
3ª fase 
DIP PÓS‐MODERNO  
Trilema da globalização: 
1. Integração das relações económicas; 
2. Estado soberano; 
3. Direitos do homem, nomeadamente direitos sociais. 
     
 
4. A questão existencial do DIP: fundamento e juridicidade 
As interacções entre os Estados criam problemas transnacionais que só podem ser 
resolvidos mediante o DIP. Qual o fundamento existencial do DIP, i.e., com que 
fundamento aquela regulação jurídico ‐internacional se impõe aos Estados, obrigando‐
os a cumpri‐los independentemente da sua vontade? 
 
A querela clássica opõe a posição voluntarista/positivista à posição não voluntarista. 
 
Posição Voluntarista: as normas jurídicas internacionais são o produto da vontade 
livre e soberana do Estado, criadas ou reconhecidas pelos Estados. A validade e 
obrigatoriedade do DI nasce de um acto de consentimento. O alemão Jellinek 
sustentou que o DI nasce da auto – limitação do poder do Estado. Ponto essencial do 
voluntarismo é que o DI só é obrigatório para os Estados na medida em que estes o 
determinem soberanamente. 
 
Posição Não voluntarista: o DI não se funda num acto de vontade interna e subjectiva 
dos Estados mas sim num elemento exterior e superior aos Estados.  
‐escola de direito natural racionalista, onde Hugo Grócio teoriza e defende que os 
poderes soberanos estavam obrigados a aceitar a ideia de uma sociedade regida pelo 
Direito Natural, segundo princípios da razão da moral preexistentes que reflectiram 
um propósito de correcção moral. Para o jurista, o direito voluntário dos estados 
deveria ser conforme ao direito natural (pacta sunt servanda) e seria obrigatório na 
medida dessa conformidade. 
‐ elemento superior à vontade dos Estados 
‐ poderes soberanos obrigados a ideia de uma sociedade regida pelo direito natural 
‐ princípios da razão moral preexistentes.  
 
Temos aqui de um lado o respeito pelos Direitos Humanos ou as normas de DI 
imperativo (ius cogens) e, de outro, na persistência do interesse dos Estados como 
factor de adesão e cumprimento das regras internacionais. 
 
Posição da Prof. MLD – posição próxima do sr. Laplace – o fundamento do DIP resulta 
da existência da comunidade organizada internacional. 
“Onde há uma sociedade há Direito”, logo, a partir do momento em que há 
uma sociedade internacional há um DInternacional. 
É uma divisão contratualista vinda dos conceitos de contrato social de Hobbes, 
Locke e Rosseau (troca da liberdade por segurança). 
Há aqui também um contrato fundador da comunidade internacional.  
Os Estados não cumprem DIP porque querem (teses voluntaristas) mas sim 
porque devem. – Princípio Kanteano do imperativo categórico. 
O fundamento do DIP é o contrato do Estado Social. 
 
Qual a juricidade do DIP? 
Não tem polícia nem juiz. Quem o aplica, quem o executa? Estará o DIP desarmado, 
sem força coerciva relativamente a infractores?  
Não norma a norma mas a nível de sistema é que se vê a coercibilidade. 
A coercibilidade existe mas está adaptada à especialidade do DIP. 
Tem coercibilidade sistémica prevista no artigo 7º da Carta das Nações Unidas, sanções 
decididas no Concelho de Segurança. 
Tem coercibilidade limitada mas tem‐na. É uma coercibilidade sistémica e adaptada ao 
nível internacional. 
A ONU é considerada um polícia internacional. A NATO também actua como tal. 
Quanto ao ‘juiz’ existem vários tribunais internacionais, julgam através da soberania 
dos Estados.  
Temos aqui aquilo que os antigos chamam de Direito Imperfeito. 
 

PARTE I 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: PARTE GERAL 
Capítulo I 
FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
5. Aspectos gerais 
Prof. Jorge Miranda e MLDuarte: princípio da equivalência das fontes 
Não há questão entre hierarquia de fontes mas sim em hierarquia de normas. 
Prevalece a norma com valor axiológico superior. 
 
Pode um tratado revogar o costume? Sim, se for dispositivo 
Pode o costume revogar um tratado? Sim, através do desuso e/ou substituição (não há 
hierarquia de fontes. 
 
4.1. Noção e enumeração das fontes formais sobre o artigo 38º do 
Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) 
 
1.  O  Tribunal,  cuja  função  é  decidir  em  conformidade  com  o  direito  internacional  as 
controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam 
regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
b)  O  costume  internacional,  como  prova  de  uma  prática  geral  aceite  como 
direito; 
c) Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; 
d) Com ressalva das disposições do artigo 59, as decisões judiciais e a doutrina 
dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a 
determinação das regras de Direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal de decidir uma 
questão ex aequo et bono, se as partes assim convierem.  
 
A Prof. MLD enuncia ainda a equidade e os actos jurídicos unilaterais dos Estados e das 
Organizações internacionais. 
 
5.2. Costume 
O costume tem importância crucial no DI devido: 
1. À ausência de um poder institucionalizado   
2. O carácter heterogéneo e pluralista da comunidade internacional. 
3. À existência de matérias importantíssimas que ainda hoje continuam reguladas 
principalmente pelo costume 
4. A formação de certas normas tem matriz consuetudinária 
5. Há verdadeiros costumes secundum, prater e contra legem 
 
Posição tradicional:  
  O primeiro requisito é o da existência de uma prática uniforme e generalizada dos 
Estados ou dos sujeitos de DI. 
  O segundo requisito, por vezes referido como opinio iuris, é os de que os Estados 
seguem essa prática em razão da convicção de obrigatoriedade.   
 
Dificuldades provenientes dessa posição: 
1) Os elementos susceptíveis de ‘provar’ a existência e um costume são diversos e 
erráticos; o seu uso tende a ser selectivo 
2) Em que termos é exigida a repetição, generalização e consistência de uma 
prática para poder ser qualificada como costume? O TIJ tende a usar como 
critério a existência de uma “partição ampla e representativa dos Estados 
interessados” (note‐se a subjectividade do critério). 
3) A opinio iuris é igualmente problemática: como é que uma prática uniforme 
adquire efectivamente carácter obrigatório para os sujeitos interessados? 
Como separar a ‘prova’ da prática da ‘prova’ da convicção de obrigatoriedade? 
Jorge Miranda defina a “prova” como interpretação funcional e colectiva de 
vontade manifestada por sujeitos de DI em cumprir o padrão costumeiro. 
 
O costume possui um elemento fáctico (material) e um elemento psicológico. 
 
  O elemento fáctico é a prática reiterada e continuada (requisitos: temporalidade, 
depende da situação em questão). 
  O elemento psicológico é a convicção de obrigatoriedade (lida‐se com indícios, 
comportamentos dos Estados). 
 
O Costume internacional resulta quer da prática dos Estados nas suas relações bi ou 
multilaterais quer da prática que se desenvolve no interior das organizações 
internacionais (OI). 
  Uma grande parte do direito interno das OI é produto do costume. 
 
Costume universal vs. Costume particular vs. Costume local 
 
O primeiro obriga a todos ou a grande maioria dos Estados. 
O segundo é aplicável apenas em certo continente ou em certo conjunto de Estados 
com afinidades políticas, culturais, etc. 
O terceiro, quase sempre bilateral, relativo a uma área geográfica circunscrita. Ex, 
Damão e os enclaves de Dadrá e Nagar‐Aveli. 
 
Qual o fundamento do costume? 
A doutrina mais antiga conduz o costume à vontade (Grócio). 
 
As normas jurídicas de origem consuetudinária e as de origem convencional possuem o 
mesmo valor jurídico e deve admitir‐se à partida a possibilidade de recíproca 
modificação ou revogação. 
Em concreto, será muito difícil ou até impossível verificar‐se a revogação de um 
costume universal por um tratado. 
 
As normas consuetudinárias encontram‐se subordinadas ao “ius cogens” e não se 
confundem com ele.  
1) O “ius cogens” não pode ser afectado ou modificado por normas 
consuetudinárias 
2) O costume postula sempre a prática, o ius cogens impõe‐se ainda quando não 
há prática. 
 
Aplicação do Costume Internacional 
 
A prática existente entre os Estados será tida por consistente na medida em que seja 
aceite como vinculativa pelos sujeitos interessados; e será aceite como vinculativa 
pelos sujeitos interessados na medida em que estes efectivamente a sigam. 
 

               
 
Relação entre costume e normas internacionais 
 
Conflito entre norma costumeira e: 
 
Acto unilateral: na medida em que a norma costumeira seja oponível ao Estado 
permanece o acto unilateral 
 
Decisão de OI ou Convenção: deverá ser avaliado a respeito de um litígio que oponha 
os Estados – membros da organização ou as partes na convenção; os outros sujeitos de 
direito só estarão vinculados ao costume e serão unicamente oponíveis a eles actos 
jurídicos compatíveis com o costume 
 
Princípio geral de Direito: existindo norma costumeira não será necessário demonstrar 
que exista um princípio geral de Direito 
 
Outra norma costumeira: dá‐se prevalência à norma mais recente e ao costume 
especial sobre o geral  
 
   
5.3. Actos jurídicos unilaterais 
São os actos normativos de OI, as decisões de conteúdo geral e abstracto ou de 
conteúdo geral e concreto dos seus órgãos. 
As decisões não normativas das OI e os actos jurídicos unilaterais dos Estados não 
devem ser integrados nessa categoria 
 
Distinguem – se em : 
 
1) Actos jurídicos unilaterais autónomos ou principais  
(ex. o reconhecimento – declaração de um sujeito pela qual considera que 
certo facto está em conformidade com as regras jurídicas ou satisfaz os 
requisitos por elas prescritos; o protesto – declaração em sentido contrário 
segundo a qual certa situação não se encontra em conformidade com o DI; a 
notificação – declaração relativa a certa situação, presente ou futura, levada ao 
conhecimento de outro sujeito de DI; a promessa – declaração unilateral de 
vontade pela qual certo sujeito se compromete a agir, ou não, de certo modo; 
renúncia – acto pelo qual certo sujeito declara não exercer ou deixar de ter 
certo direito.) 
a. Efeitos directos e imediatos; 
b. Efeitos indirectos. 
 
2) Actos unilaterais não autónomos ou acessórios 
(ex. assinatura, ratificação, reservas, adesão, aceitação, objecção, revogação 
rãs reservas, denúncia, etc.) 
Características comuns: 
a. Provêm de um só sujeito de DI; 
b. São expressão da capacidade do sujeito, da sua auto‐vinculação de 
acordo com a boa fé e por conseguinte irrevogáveis logo que se 
tornem definitivos; 
c. Não estão dependentes de nenhum requisito formal; todavia não 
dispensam a publicidade. 
 
 
1.4. Princípios gerais de Direito 
São identificados no Estatuto como “princípios reconhecidos pelas nações civilizadas”. 
A fórmula carece de interpretação actualista. Os princípios são uma fonte directa e 
autónoma do costume e da convenção. Não são uma fonte primária pelo que o juiz 
não está autorizado a ‘criar’ princípios gerais. Posições a respeito deste artigo: 
1) Posição restritiva: sustenta que esses serão princípios de direito interno 
2) Posição mais vasta: admite que eles sejam comuns a diferentes sistemas 
jurídicos nacionais transponíveis para o plano internacional  
 
Funções: 
1. Directrizes de interpretação (sobretudo sistemática) 
2. Critério de interrogação  
3. Revelação de normas 
4. Elemento de aplicabilidade 
Relativismo: não é um direito muito afirmativo, muito assertivo. Há uma flexibilidade, 
plasticidade. 
 
Exemplo de princípios: “pacta sunt servanda”; princípio da boa fé; proporcionalidade; 
segurança; caso julgado; domínio reservado dos Estados; não ingerência nos assuntos 
internos; “uti possidetis” (obrigação de reconhecer e respeitar fronteiras 
internacionalmente fixadas); autodeterminação dos povos; “estoppel” (agir de forma 
coerente); proibição de “venire contra factum proprium”. 
 
Quando dois princípios entram em colisão há que apurar a sua hierarquia. 
 
5. Tratados 
5.1. Noção 
Por tratado ou convenção internacional entende‐se um acordo de vontades entre 
sujeitos de DI constitutivo de direitos e deveres ou outros efeitos nas relações entre 
eles; ou um acordo de vontades entre sujeitos de DI e regido pelo DI; ou acordo de 
vontades entre sujeitos de DI de que derivam efeitos jurídico ‐ internacionais. 
 
O conceito envolve: 
‐ Um acordo de vontades; 
‐ A necessidade das partes serem todas sujeitos de DI e de agirem nessa qualidade; 
‐ Regulamentação pelo DI; 
‐ A produção de efeitos com relevância nas relações internacionais. 
 
Qualquer sujeito de DI com competência (art. 43º da CNU/ art. 63º). 
O acordo não tem obrigatoriamente que ser reduzido a escrito (há na história tratados 
que não o foram). 
Sendo escrito o acordo tem de ser reduzido a um instrumento único. 
 
Definição da Convenção de Viena (CV), artigo 2º e 3º: 
O tratado é um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo 
DI, quer conste de um instrumento único, quer de 2 ou mais instrumentos conexos, 
seja qual for a sua designação [art. 2º/1, al. a)]. 
(Acordo de vontades entre sujeitos de DI constitutivos de direitos e deveres ou outros 
efeitos nas relações entre eles). 
 
Convenção: qualquer forma de tratado ou acordo internacional (na CRP); 
Tratado: convenção tratada sob forma solene; 
Acordo: convenção tratada sob forma simplificada. 
 
Art.2º da CV de 1969: “ ‘tratado’ significa um acordo internacional concluído por 
escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um 
instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua 
denominação particular;” 
 
1. Daqui resulta em primeiro lugar que o acto jurídico plurilateral, concluído entre 
sujeitos de DI pode ser dos tipos abaixo mencionados: 
 
 Carta, constituição ou estatuto: tratado constitutivo de uma organização 
internacional ou regulador de um órgão internacional; 
 Pacto: tratado de aliança militar; 
 Concordata: tratado entre a Santa Sé e um Estado; 
 Acta geral ou final: tratado conclusivo de uma conferência ou congresso 
internacional dos Estados; 
 Convenção técnica: tratado sobre matérias especializadas de carácter técnico 
em regra complementar de outro 
 Protocolo adicional: tratado complementar ou modificativo de outro sobre 
matérias políticas; 
 Modus vivendi: acordo temporário; 
 Compromisso: acordo tendente à solução arbitral de conflitos 
 
2. A Convenção de Viena só é aplicável aos tratados internacionais concluídos por 
escrito entre os Estados e não aos acordos internacionais entre Estados e 
outros sujeitos de DI, nem aos acordos concluídos de forma não escrita (art.3º 
CV).  
 
5.2. Classificações 
 
Classificações: 
 Tratados normativos ou tratados – lei: estabelecem‐se contratos de 
carácter geral e abstracto ou geral e concreto ou as partes submetem a 
comandos preexistentes, concretizando‐os nas suas relações; 
 Tratados não normativos ou tratados – contratos: estipulam‐se 
prestações recíprocas e os tratados esgotam‐se com a sua realização. 
 
o Tratados bilaterais: só com duas partes, em que há reciprocidade de interesses; 
o Tratados multilaterais: tem que ver com a pluralidade das partes em que há 
interesses comuns, estes podem ser: 
‐Gerais (ou colectivos) havendo uma tendência para coincidência entre os 
Estados com acesso à comunidade internacional porque é neles que se 
manifesta mais o carácter normativo. 
 
 Tratados solenes: as convenções solenes distinguem‐se das simplificadas 
devido à exigência de ratificação enquanto que as ultimas após aprovadas e/ou 
assinadas estão terminadas. 
As simplificadas podem ainda ser: 
‐Simplificadas; 
‐ Ultra ‐ simplificadas: a vinculação ocorre não no tempo da ratificação ou da 
aprovação mas sim ao tempo da assinatura ou acto equivalente (dispensa‐se 
portanto a ratificação e a própria aprovação). 
  
o Tratados abertos: admitem assinatura, ratificação ou adesão de sujeitos que 
não participam no seu momento inicial de celebração ou de entrada em vigor, 
ex. tratados multilaterais gerais; 
o Tratados fechados: não admitem os termos escritos para os tratados abertos, 
ex. delimitação de fronteiras, concordatas, etc. 
 
 Tratados institucionais: constitutivo de organizações internacionais e entidades 
afins 
 Tratados não institucionais: 
 
o Tratados exequíveis por si mesmos: consoante obtenham plena efectividade só 
por si ou, sem prejuízo da sua vigência na ordem interna, careçam de outro 
tratado ou de lei de complementação; 
o Tratados não exequíveis: 
 
 Tratados perpétuos e temporários: consoante a sua duração seja indefinida ou 
de duração sujeita a tempo final. 
 
o Tratados principais e acessórios: os acessórios são subsequentes aos principais, 
dependentes e concretizantes. Ex. Reserva. 
 
 Tratados públicos e secretos: consoante o seu conteúdo seja revelado ou 
reservado a quem o celebra. Os secretos são hoje repelidos pelo DI pois põem 
em causa a boa fé. 
 
5.3. O processo e as formas de vinculação internacional 
O processo de vinculação dos Estados a convenções internacionais obedece às regras 
previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, cabendo ao Direito 
Interno a tarefa de disciplinar em que termos é que um Estado se pode vincular a um 
tratado. 
 
Processo de vinculação internacional – CV 
Processo de vinculação interna – CRP 
 
Jorge Miranda: “a CV não impõe nenhuma forma pré‐determinada em face da 
natureza, do objecto ou do conteúdo de qualquer tipo de tratado”. Compete ao Direito 
Constitucional de cada Estado definir os termos e condições da sua vinculação 
internacional. 
 
Fases: 
1) Negociação (com assinatura); 2) Aprovação; 3) Ratificação.  
 

5.3.1. Negociação 
 A negociação é a primeira fase do processo de celebração de um tratado. Trata‐se de 
uma discussão do texto projecto. 
Em Portugal nos termos do artigo 197º/1, b) da CRP cabe ao Governo negociar e ajusta 
as convenções. Depois devem os governos regionais participar na negociação de toas 
as que digam respeito às Regiões Autónomas (art. 227º/t CRP). 
Uma vez redigido o texto, a Convenção Internacional apresentar‐se‐á com a seguinte 
estrutura: preâmbulo; dispositivo ou corpo da convenção e anexos. 
 
A negociação cabe às pessoas investidas de plenos poderes como representantes de 
cada Estado. Para o efeito são representantes do Estado: O chefe de Estado; o Chefe 
de Governo; ministro dos negócios estrangeiros; chefe de missão diplomática; 
representante acreditado do Estado (art.7º da CV). 
 
A adopção do texto dos tratados efectua‐se através do consentimento de todos os 
Estados que participam na sua elaboração (art. 9º/1 CV). 
A adopção do texto de um tratado numa convenção efectua‐se por maioria de 2/3 dos 
Estados presentes ao não ser que decidam aplicar regar diversa, e pela mesma maioria 
(art.9º/2 CV). 
 
A autenticação faz‐se por processo estabelecido no texto OU por assinatura; assinatura 
‘ad referendum’; rubrica; acta final (art.10ºCV). 
 
5.3.2. Assinatura 
Após as negociações segue‐se a fase de autenticação do texto, finda a qual o texto não 
poderá mais ser alterado, de acordo com o art. 10º da CV. 
A autenticação de um texto cria para a Estado signatário, um dever geral de boa fé e o 
direito de exercer certos actos para a defesa da sua integridade. Depois da 
autenticação surge nos tratados solenes a manifestação do consentimento à 
vinculação a qual conforme dispõe o art. 11º da CV pode ocorrer mediante formas 
diversas: “o consentimento de um Estado a ser vinculado por um tratado pode 
manifestar‐se pela assinatura, pela troca de instrumentos, adesão, ou por qualquer 
outro meio convencionado” 
 
A assinatura não é uma formalidade requerida pela convenção para todos os casos. 
A assinatura (ou processo equivalente) não obrigam o Estado – parte salvo nas 
convenções ultra – simplificadas: uma vez produzida cabe aos órgãos competentes 
aprovar ou ratificar o tratado. 
 
A consequência principal da assinatura é a de os estados ficarem adstritos, por 
imperativo de boa fé, a abster‐se de actos (ou omissões) que privem o tratado do seu 
objecto ou do seu fim (art.18º CV). 
 
5.3.3. Aprovação e ratificação  
 
Exceptuando os tratados sob forma ultra – simplificada, todos os tratados requerem 
aprovação pelo órgão interno competente. Pelo contrário, nem todos requerem 
ratificação. 
 
A ratificação é um acto sempre livre (efeitos não retroactivos). 
 
Órgãos internos competentes: a competência para a negociação e assinatura é 
entregue ao executivo (regra geral) e o mesmo acontece ‘mutatis mutandis’ à 
celebração de acordos simplificados; a ratificação fica a cargo do Chefe de Estado. 
 
A respeito, cabe sublinhar o princípio em matéria de tratados solenes: a vinculação do 
estado dá‐se através de ratificação (art. 14ºCV), o qual corresponde ao acto mediante 
o qual o órgão competente de acordo com o Direito constitucional manifesta a  
vontade de o Estado se declarar obrigado em relação às disposições daqueles. 
 
  
a) Ratificações imperfeitas 
No caso de a ratificação ocorrer sem que se dê cumprimento a alguma formalidade 
constitucionalmente previste, estaremos perante o problema das chamadas 
ratificações imperfeitas (art. 46º CV) se o Presidente da República proceder à 
ratificação de um tratado solene sem que o Governo ou a Assembleia da República o 
tenha aprovado. Mas este último artigo tem em vista ainda as inconstitucionalidades 
orgânicas. 
 2 Requisitos das ratificações imperfeitas: 
1) Que se tenha infringido uma regra interna e de importância fundamental; 
2) Violação tem que ser manifesta. 
 
O problema das ratificações imperfeitas: 
‐princípio da não – invocabilidade de disposições de Direito interno para justificar a 
não – execução de uma convenção internacional (art. 27º CV). 
O artigo 46º/2 cria uma possibilidade excepcional de invocação: se a violação tiver sido 
manifesta e se a violação disser respeito a uma regra de importância fundamental. 
 
5.3.4. Depósito, registo e publicação dos tratados 
 Quando um Estado adere, sob reserva de ratificação, o depositário deve entender que 
não se manifesta uma vontade definitiva de aderir, mas sim uma mera intenção de 
aderir, sem qualquer efeito jurídico diferente daquele que provoca a assinatura dum 
Tratado solene. 
 
 
5.4. Tratados multilaterais – particularidades 
A convenção é colectiva e levada numa conferência internacional onde os textos são 
adoptados por maioria ou no seio de uma organização internacional por meio de um 
seu órgão permanente. 
 
As convenções multilaterais podem ser: 
Abertas: podem vir a participar membros diferentes dos contraentes originários; a 
participação pode dar‐se pela adesão1 ou pela assinatura diferida2 
1 – 
Consiste no acto pelo qual um estado não – signatário de uma CI, concluída entre 
outros Estados, se torne parte nesta, tenha ou não participado na sua negociação 
(art.15º CV); Como a adesão não é precedida de assinatura, a aprovação parlamentar 
ou governativa da Convenção, por acaso, necessária deverá ser feita antes do envio eo 
instrumento de adesão; 
2 – 
é aquela que podem fazer os Estados quer tenham quer não tenham tomado parte 
na negociação durante um prazo fixado na própria convenção. 
 
Fechadas: só é admitida a participação dos contraentes originários. 
 
As convenções multilaterais obrigam à instituição de um depositário, que evita as 
trocas excessivas de instrumentos de ratificação, enviando‐se, assim, apenas um 
instrumento de ratificação que é depositário ou no estado no Território do qual se 
desenrolaram as negociações ou no secretariado de uma OI. O depositário notifica os 
restantes estados do depósito das ratificações que se forem operando. 
 
 
 5.5. Direito dos Tratados  
5.5.1. Reservas 
As partes de um acordo entregam‐se à totalidade das suas cláusulas. A vinculação a 
apenas uma delas só se torna possível se o tratado o permite ou se as outras partes o 
consentem (art.18º CV). 
 
Nos tratados multilaterais são admitidas reservas dentro de certos pressupostos e 
procedimentos com a consequente alteração (na especialidade, nunca na 
generalidade) dos termos da vinculação das partes diversas partes. 
Dois interesses contraditórios: 
1‐ Extensão da convenção: deseja‐se que ela valha para o 
maior numero de Estados e assim; 
2‐ Integridade da Convenção: as mesmas regras devem valer 
para todas as partes, sem lacunas, sem excepções. 
Durante muitos anos valeu a segunda posição, a partir de 1951 adopta‐se uma 
orientação mais flexível de modo a facilitar as relações convencionais. 
 
A reserva é uma declaração unilateral feita por um Estado quando assina, ratifica, 
aceita, ou aprova um tratado ou a ele adere, pela qual visa excluir ou modificar o 
efeito jurídico de certas disposições do tratado na sua aplicação a este Estado 
(art.2º/1, d) CV). 
 
Limites materiais: expressos: proibição das reservas pelo próprio tratado; 
Tácitos: incompatibilidade da reserva com o objecto e com o fim do 
tratado (art.19º, a), b), c) CV). 
 
Limites temporais: a exigência da reserva ser formulada durante o processo de 
vinculação ao tratado e não depois. (art.19ºCV). 
 
Limites formais: exigência da reserva ser formulada por escrito, incluindo a aceitação 
expressa e a possível objecção. A reserva deve ainda ser comunicada aos Estados 
contraentes e aos que queiram eventualmente tornar‐se partes. 
 
A reserva é uma declaração receptícia e tem de ter objecto e conteúdo determinados. 
Para que a reserva produza efeito é necessário que pelo menos outro Estado 
contraente a tenha aceite (art.20º/4, c) CV), contudo: 
a) Quando resulte do número restrito de Estados, do objecto ou fim do tratado, 
que a sua aplicação na íntegra é condição essencial para o consentimento de 
cada um a vincular‐se, a reserva depende de ser aceite por todas as partes (art. 
20º/2). 
b) Quando o tratado seja constitutivo de uma organização internacional a reserva 
exige a aceitação do órgão competente (art.20º/3 CV). 
 
A aceitação das reservas pode ser tácita, se o Estado não objectar nos 12 meses 
subsequentes à sua notificação (art.20º/5 CV). 
Vinculação ao tratado pelos Estados: 
a. Para os Estados que não formularam reservas nem objectaram à sua 
formulação, o princípio é o cumprimento integral do tratado; 
b. Para os Estados que formularam reservas e para os que aceitaram, as reservas 
modificam, quanto às disposições que delas são objecto, as relações entre 
esses Estados podendo falar‐se numa espécie de tratado bilateral acessório; 
c. Quanto aos Estados que objectaram às reservas: 
a. Podem simplesmente ter formulado as objecções; 
b. Podem formular as objecções e opor‐se à entrada em vigor do tratado 
entre eles e os Estados que emitiram as reservas. 
 
As reservas podem ser revogadas a todo o momento sem que seja necessário o 
consentimento dos outros Estados (art.22º/1 CV). 
A objecção a uma reserva pode em qualquer momento ser revogada (art. 22º/2 CV), já 
a aceitação não. 
 
A nível interno os Estado têm competência para emitir, modificar e revogar reservas 
ou aceitar/ objectar dependentemente doas normas constitucionais. As reservas têm 
de obedecer às regras de competência a que obedece a vinculação de um Estado a 
nível internacional. Logo, a aprovação recai no Parlamento. 
 
5.5.2. Efeitos dos tratados perante terceiros 
 
5.5.3. Entrada em vigor e aplicação provisória 
Qualquer tratado entra em vigor segundo as modalidades e nas datas fixadas pelas 
suas disposições ou convencionadas por acordo dos Estados (art. 24º nº1 da CV). Na falta de 
disposição no tratado, o tratado entra em vigor logo que o consentimento a ficar a ele 
vinculado tenha sido prestado por todos os Estados que nele participaram (art. 24º nº2). A 
vigência das normas de um tratado na ordem interna depende da sua vigência na ordem 
internacional (art. 8º da CRP). 

5.5.4. Revisão e modificação dos tratados 
 
Antes de 1945 qualquer tratado só podia ser modificado de acordo com a vontade de 
todos os Estados que o tivessem estipulado. Porém a unanimidade dificulta o acordo, pelo que 
agora admite‐se a modificação de tratados por maiorias agravadas. Artigos 39º, 40º e 41º da 
Convenção de Viena. 
 
5.5.5. Sucessão de Estados e vinculação convencional 
5.5.6. Validade e invalidade dos tratados 
Capacidade das partes; 
Regularidade do consentimento; 
 Irregularidades formais (relativas à competência e ao processo) 
 Irregularidades substanciais: 
o Erro: art. 48º CV: pode ser um erro de facto ou de direito, pode ser 
ainda determinante ou desculpável; o erro de redacção não afecta a sua 
validade dando apenas lugar à rectificação (art.79ºCV); não é feita no 
primeiro artigo qualquer distinção entre erro unilateral e bilateral; o 
erro também provoca nulidade relativa, só podendo ser invocado pela 
parte que é vítima; 
o Dolo: distingue‐se do erro no sentido em que no dolo existem 
expedientes enganadores e manipuladores provindos da contra‐parte; 
que induzem a vítima em erro; pode haver nulidade relativa ou sanação 
do vício (art.49ºCV); 
o Corrupção exercida sobre o Representante do Estado: a corrupção 
produz nulidade do tratado. O vicio tem de ser imputado por um 
Estado, basta que o acto que lhe deu origem emane de uma pessoa que 
age por conta desse Estado ou sob o seu controlo (art.50ºCV). 
o Coacção sobre o Representante de um Estado e Coacção exercida sobre 
um Estado pela ameaça ou emprego da força: prevê‐se nulidade 
absoluta regulada pelos artigos 51º e 52º CV. 
 
5.5.7. Cessação e suspensão da vigência 
 
Cessação da vigência: pode cessar por vontade das partes (abrogação (art. 54º alínea b da CV) 
ou celebração de tratado ulterior sobre a mesma matéria (art. 59º da CV)); por cessação por 
caducidade (decurso do prazo de vigência do tratado, execução do próprio tratado ou 
alteração fundamental das circunstâncias (art. 62º CV)); impossibilidade superveniente de 
execução (art. 61º); ou formação de costume contrário. 

 
Competência e forma em caso de desvinculação: 
 Acto formal de denúncia cabe ao Governo, no entanto, o governo não pode 
denunciar sem o consentimento do PR; estando em causa um tratado ou um 
acordo que verse sobre matérias reservadas à AR, a decisão tem de ser 
aprovada sob forma de resolução. 
 O que se diz da denúncia vale analogamente para a suspensão de vigência ou 
para outra eventual cessação de vinculação de Portugal a convenção 
internacional. 
 
Nos tratados bilaterais: denúncia (deve estar prevista no próprio tratado ‐ art. 56º) e 
inexecução do tratado por uma das partes. 

5.6. O processo de vinculação internacional em Portugal 
 
5.6.1. As formas de convenções internacionais 
a) Convenções: quaisquer tratados (ou tratados abrangidos pela CV); 
b) Tratados: são os tratados solenes ou os tratados submetidos a ratificação; 
c) Acordos Internacionais: são os acordos em forma simplificada, apenas carecidos de 
aprovação e não de ratificação.  
 
Relevância da distinção entre tratados e acordos: 
I. A vinculação do Estado dá‐se com a ratificação nos tratados e com a aprovação 
nos acordos; 
II. Os tratados estão sujeitos a aprovação do Parlamento [atr.161º, i), 1ªparte da 
CRP]; os acordos tanto podem ser aprovados na AR como pelo Governo 
[art.161º, i); 197º/1 CRP] (salvo os que versam sobre matérias reservadas à 
competência absoluta da AR); 
III. Só questões de tratado, e não de acordo, podem ser objecto de referendo 
(art.115º/3 CRP); 
IV. O PR intervém nos tratados através da ratificação [art.135º, b) CRP] e intervém 
nos acordos através da assinatura dos decretos ou das resoluções de aprovação 
[art. 134º, b) CRP]; 
V. Há fiscalização preventiva da constitucionalidade de uns e outros embora com 
efeitos diversos: 
a. Decl. Inconst. do tratado: pode ser ratificado se a AR aprovar por 
maioria de 2/3 (art. 279º/4 CRP); 
b. Decl. Inconst. do acordo: não pode assinar. 
 
O direito constitucional exclui terminantemente acordos de forma ultra – simplificada. 
As únicas formas de vinculação constitucionalmente previstas são as que se dão com a 
ratificação e com a aprovação (art. 8º/2 CRP). 
Sendo o PR representante do Estado ficasse afastado da vinculação de Portugal a um 
tratado internacional. 
 
Distinção material entre tratados (solenes) e acordos (com forma simplificada): 
Conjugar o artigo 161º, i) com o 197º/1, c). 
AR _ aprovar todos os tratados e acordos submetidos pelo Governo. 
Gov. _ aprovar acordos 
 
_ art. 112º/9 – impõe transposição de directivas comunitárias apenas por lei ou DL 
_ art. 169º ‐ apreciação parlamentar dos actos legislativos 
_ art. 161º, n) – confere à AR poder de se pronunciar, nos termos da lei, sobre as 
matérias pendentes de decisão em órgãos no âmbito da EU 
_ art. 164º, p) – reserva absoluta na designação de membros da EU 
_ art. 163º, j) – acompanhar contingentes militares ptgs no estrangeiro 
_ art. 135º, b) – PR não tem poder de ratificação 
_ art. 279º/4 – e de requerer fiscalização preventiva 
 
Matérias de tratados na CRP: 
Artigos: 161º; 4º; 7º/6/7; 15º/3; 33º/3/4/5; 102º; 16º/1 
 
5.6.2. A negociação e a assinatura 
Assembleia da República 
 Iniciativa – Governo 
 Apreciação pela comissão competente 
 Discussão e votação (discussão em plenário, na generalidade e na 
especialidade, e só votação global (art. 212º CRP)  
Governo 
 Deliberação em Conselho de Ministros [art. 200º/1, d) CRP] 
 
Quanto à assinatura resta saber se o PR pode recusar a assinatura do acto de 
aprovação. Segundo o Prof. Jorge Miranda, poderá existir livre recusa de assinatura, na 
base se um argumento analógico: podendo o PR provocar a fiscalização preventiva da 
constitucionalidade de acordos e sendo inultrapassável a pronúncia do TC nos termos 
do artigo 279º/2 da CRP, será ilógico que o Presidente não tivesse igual poder de 
recusa de assinatura. 
5.6.3. A participação das Regiões Autónomas 
 As RA participam nos termo do artigo 227º/1, t) e u) da CRP. 
 
5.6.4. A aprovação 
Procedimento e formas de aprovação: 
Assembleia da República 
 Iniciativa – Governo 
 Apreciação pela comissão competente 
 Discussão e votação (discussão em plenário, na generalidade e na 
especialidade, e só votação global (art. 212º CRP)  
Governo 
 Deliberação em Conselho de Ministros [art. 200º/1, d) CRP] 
 
Forma dos actos: 
 
Tratados – aprovados pela AR – resolução (art.166º/5 CRP) – publicidade 
independentemente da promulgação pelo PR (art. 166º/6) 
 
Acordos – aprovados pela AR – resolução (art.166º/5 CRP) – submetida a assinatura 
(não a promulgação) do PR [art.134º, b), 2ª partem CRP] 
 
Acordos – aprovados pelo Governo – decreto (art. 197º/2) – assinado, não 
promulgado, pelo PR [art.134º, b), in fine, CRP] 
 
5.6.5. O referendo e as formas de aprovação 
O Referendo realiza‐se quando haja questões de relevante interesse nacional. Note‐se 
que podem realizar‐se referendos sobre as matérias tratadas nas convenções mas não 
sobre as convenções. 
Se se realizar um referendo e ele for positivo, o PR fica obrigado a ratificar (isto se o 
referendo for vinculativo) e se a AR ainda não aprovou, fica obrigada a aprovar. 
 
Matérias de âmbito internacional – art. 115º CRP 
Matérias do âmbito europeu – art.295º CRP 
 
Processo referendário: 
 
 A iniciativa postula a competência – como os tratados só podem ser aprovados 
pela AR, assim só ela pode propor referendo. 
o Iniciativa dos deputados 
o Iniciativa dos grupos parlamentares 
o Iniciativa do Governo 
o Iniciativa de cidadãos eleitores em número não inferior a 75.000 
(artigos 167º/1/3; 115º/2 da CRP). 
 As propostas de referendo – forma de resolução – publicada no diário da 
república [art. 166º/5 e 119º/1, e) CRP] 
 O PR submete a fiscalização preventiva obrigatória da constitucionalidade e da 
legalidade as propostas de referendo (art.115º/8 CRP). 
 
5.6.6. A fiscalização preventiva da constitucionalidade 
1. Os tratados e os acordos internacionais são passíveis de fiscalização preventiva 
da constitucionalidade pelo TC a requerimento do PR antes da ratificação, no 
caso dos tratados e antes da assinatura no caso dos acordos. 
2. No caso dos acordos a pronúncia da inconstitucionalidade é definitiva e não há 
vinculatividade (o acordo não poderá ser assinado, só se alterarem as 
disposições e reabrirem nova negociação) 
3. Se for um tratado (art. 279º/4 CRP) a AR como órgão decisório pode assumir a 
responsabilidade de o aprovar por maioria de 2/3. No entanto, o PR não é 
obrigado a ratificar. 
 
5.6.7. A ratificação 
I. Depois de devidamente aprovados cabe ao PR a ratificação dos tratados 
[art. 135º, b), CRP]; 
II. Ratificação consiste na declaração solene de vinculação do Estado. Pondo 
fim ao processo de conclusão do tratado, ela não interfere no seu conteúdo 
(o PR já não pode formular reservas); 
a. É vista como um acto livre (excepto no caso do referendo); 
b. Antes da ratificação tem de haver referenda ministerial (art. 140º CRP) 
com pena de inexistência jurídica; 
III. A ratificação toma a forma de carta de ratificação, destinada a troca ou a 
depósito, consoante o tratado seja bilateral ou multilateral. 
 
5.6.8. A publicação 
I. Todas as convenções internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas, 
para vigorarem na ordem interna, têm de ser publicadas (art. 8º/2) no 
Diário da República [art. 119º/1, b), 1ª parte]; 
II. Carecem igualmente de publicação os avisos de ratificação e os restantes 
avisos respeitantes a convenções internacionais [art. 119º/1, b), 2ª parte]; 
III. A publicação se é condição necessária, não é condição suficiente para a 
vigência na ordem interna, ou seja, não é o ponto de conclusão das 
convenções pois os tratados e acordos só vigoram na ordem interna desde 
que vigorem na ordem internacional (art.8º/2 CRP). 
 
Capítulo II 
AS NORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL 
6. Interpretação, integração e aplicação 
As normas internacionais são pouco claras e de interpretação difícil. A interpretação 
dos tratados vem regulada nos artigos 31º e ss. da CV. É uma interpretação objectivista 
e teleológica, o que interessa é o fim. Esta interpretação deve ser sempre feita com 
base na boa fé. 
 
6.1. A interpretação de normas internacionais – em especial, o problema da 
teoria dos poderes implícitos. 
 
Princípios clássicos da interpretação: 
1. Limitações à soberania dos Estados não se presumem (têm de ser expressas); 
2. Deve prevalecer a interpretação mais favorável à liberdade dos Estados (em 
caso de dúvida prevalece sempre a não restrição do direito dos Estados). 
 
 
Esta visão está prejudicada devido à evolução do DIP: 
‐ Direitos do Homem  são limites à soberania dos Estados 
‐ Conflitos Internacionais   mesmo contra a sua vontade. 
 
A soberania dos Estados deixou de ser absoluta, fala‐se na Teoria dos poderes 
implícitos:  
     Resume‐se à ideia de que a norma de competência refere‐se não só ao que ela 
prevê mas aos efeitos que lhe estão inerentes (quem pode o mais pode o menos). 
O Estado é a única entidade no DIP que pode definir a sua própria competência 
 
Prof. Jorge Miranda: regra geral podemos fazer interpretação de acordo com a norma 
constitucional só não o podemos fazer se a constituição vier violar o sentido da norma 
internacional. (pacta sunt servanda). 
 
Os princípios devem constar na interpretação de normas de DIP: 
‐ Princípio da boa fé; 
‐ Princípio do efeito útil; 
‐ Teoria dos poderes implícitos. 
 
6.2. A integração de lacunas  
O que interessam são as lacunas não intencionais. Vazio de normatividade onde ela 
deveria existir. Métodos de supressão da lacuna: 
 Analogia; 
 Casos antigos existentes; 
 Princípios gerais de Direito; 
 Interpretação extensiva. 
 
6.3. A aplicação – princípios gerais 
5 Critérios operativos a ter em conta: 
1. Boa fé; 
2. Invocabilidade do direito para desaplicar o DI (art.27º CV); 
3. Não retroactiva (art. 28º CV); 
4. Aplicabilidade a todo o território do Estado (art. 29ºCV); 
5. Norma posterior prevalece sobre norma anterior. 
 
7. A hierarquia das normas internacionais 
7.1. Jus Cogens 
Dentro dos princípios de DIP existem aqueles a que a doutrina tem chamado de IUS 
COGENS: são princípios que estão para além da vontade ou do acordo de vontades dos 
sujeitos de DI, prevalecem sobre a vontade, as relações dos Estados. 
   
Momentos que conduziram à afirmação e ao reconhecimento dessas normas: 
Carta das Nações Unidas (art. 2º nº6 e 103º nº1); 
 O acórdão do Tribunal de Nuremberga (caso krupp);  
As convenções de Genebra (art. 62º, 63º, 142º e 158º);  
Tratado de Direitos do Homem (declaração de que há certos direitos fundamentais 
inderrogáveis) art. 15º da Convenção Europeia, etc. ;  
Art. 4º do pacto de direitos civis e políticos;  
Art. 27º da convenção interamericana;  
Convenções de Viena de 1969 e 1986; 
Criação de tribunais internacionais (tribunal Penal Internacional (1998)). 
 
Larga parte da doutrina tem encarado o ius cogens com cepticismo devido às 
dificuldades da sua definição e da sua concretização. 
 
 
7.1.1. Noção 
Para a Prof. MLD “o Jus Cogens é a versão moderna de direito Natural”. Basicamente 
todas as normas de DN são normas de ius cogens, sendo os seus valores mais 
importantes: a dignidade da pessoa humana e a paz. 
 
Art. 53º da CV: é nulo o tratado que viole normas de jus cogens – norma imperativa; 
aceite e reconhecida por todas; não pode ser derrogada. 
 
 O ius cogens faz parte do DI geral; 
 O ius cogens pressupõe aceitação e reconhecimento; 
 O ius cogens tem de ser aceite e reconhecido pela comunidade internacional 
no seu conjunto, o que significa que tem de ser universal, não podendo haver o 
jus cogens regional; 
 O jus cogens possui força jurídica superior a qualquer outro princípio ou 
preceito de Direito Internacional; 
 O ius cogens opera erga omnes; 
  O ius cogens é evolutivo, susceptível de transformação e de enriquecimento 
pelo aditamento de novas normas; 
 A violação do ius cogens envolve a invalidade e não simplesmente 
responsabilidade internacional. 
Para o Prof. Jorge Miranda o jus cogens distingue‐se do Direito Natural pois 
este último é muito mais abrangente. Estão ligados, não são a mesma coisa. 
 
7.1.2. Conteúdo e natureza 
Determinação das normas de jus cogens: 
 Costume internacional; 
 Tratados multilaterais gerais; 
 Resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas;  
 Jurisprudência dos Tribunais de Direitos Humanos. 
 

Princípios jus cogens: Cooperação; resolução pacífica de conflitos; acesso aos 
benefícios do património comum da humanidade; livre consentimento; reciprocidade 
de interesses e equivalência das relações contratuais; pacta sunt servanda; boa fé; 
responsabilidade por factos ilícitos; igualdade jurídica dos Estados; respeito pela 
integridade territorial; não inferência nos assuntos internos dos outros Estados; 
legitima defesa contra a agressão; continuidade do Estado; igual dignidade de todos os 
homens e mulheres; proibição da escravatura, tráfico humano; proibição do racismo; 
protecção de vítimas de guerra; garantia dos direitos “inderrogáveis” enunciados no 
art. 4º do pacto internacional de direitos civis e políticos. 

 
7.1.3. Violação do jus cogens – consequências 
 

Capítulo III 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNO 
8. Apresentação do problema 
9. A querela monismo ‐ dualismo 
 
Dualismo: o direito internacional e o direito interno são dois mundos separados, sem 
nenhuma comunicação directa e imediata entre ambos. Uma norma que pertence a 
um sistema não pode valer com a mesma força no interior do outro sistema (quanto 
muito carece de transformação, mas aí já teremos uma nova norma). 

Monismo: apoiam a unidade sistemática das normas de direito internacional, dizendo 
que estes ordenamentos são comunicáveis e inter‐relacionáveis. 

2.1. Monismo com primado de direito interno: o direito internacional é uma espécie de 
direito estatal externo. Só existe um universo jurídico e quem o comanda é o Direito 
interno. 

2.2. Monismo com primado do direito internacional: a unidade resulta da projecção 
dos princípios do direito internacional sobre o direito interno, sendo que as normas de 
direito internacional prevalecem sobre as de direito interno. 

2.3. Monismo radical: qualquer norma de direito interno só será válida se respeitar as 
normas de direito internacional. 

2.4. Monismo mitigado: a relação entre as normas de direito interno e normas de 
direito internacional não se reconduz forçosamente a uma relação de validade. 

O monismo com primado do direito internacional tem tido uma crescente adesão, 
porque perante a realidade da vida jurídico – internacional, seria impensável negar a 
interligação sistemática das normas de direito internacional e das normas de direito 
interno. A doutrina largamente maioritária pronuncia‐se em favor de um monismo 
moderado. 

 
10. Sistemas de relevância do Direito Internacional na ordem jurídica interna 
10.1. No Direito Comparado 
10.2. Na ordem jurídica portuguesa 
10.2.1. Considerações históricas 
10.2.2. A Constituição Portuguesa de 1976 
 
11. Relação entre Direito Internacional Público e Direito Interno 
11.1. Cenários possíveis de articulação 
1. Normas de direito internacional geral (jus cogens) e normas constitucionais: a 
constituição declara formalmente vários princípios de direito internacional geral ou 
comum no art. 7º nº1 (jus cogens). Depois no art. 16º nº2 diz‐nos que os preceitos 
constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e 
integrados de harmonia com a declaração universal dos direitos do Homem. 

O art. 29º nº2 admite a punição de acção ou omissão que, no momento da sua prática 
seja considerada criminosa segundo os princípios gerais de direito internacional 
comuns. 

Os princípios do jus cogens são estruturantes da comunidade internacional e não 
podem por isso deixar de se sobrepor à constituição de qualquer Estado enquanto 
membro dessa comunidade. 

Normas de direito das organizações internacionais e normas constitucionais: o direito 
próprio das organizações internacionais (ex: tratados constitutivos) situas‐se num 
plano inferior às normas constitucionais. 

Normas de direito comunitário e normas constitucionais: as normas comunitárias têm 
aplicação imediata nos Estados‐membros e vinculam todos os seus órgãos, sendo 
inadmissível a necessidade de mediação de leis internas. As normas comunitárias 
tornam inaplicáveis as normas contrárias decretadas pelos Estados‐membros, nem 
sequer se lhes podem opor normas constitucionais internas. 

Segundo o Prof. Fausto Quadros , para que o direito comunitário vigore na ordem 
interna dos Estados‐membros e prime sobre todo o Direito Estadual não é necessário 
que a constituição o diga, porque quando um Estado adere às comunidades aceita 
implicitamente a sua ordem jurídica com todas as suas características essenciais e o 
primado é o primeiro deles. 

 
11.2. Na ordem jurídica portuguesa 
a) O Direito Internacional Geral ou Comum 
Normas de direito internacional e normas de direito ordinário: as normas de direito 
internacional geral ou comum, derivado de organizações internacionais ou as de 
direito comunitário primam sobre as normas de direito ordinário português, anteriores 
ou posteriores. Isto acontece devido à conveniência de harmonização da ordem 
interna e da ordem internacional; pela lógica da recepção automática; e pela 
prescrição do art. 8º nº2. 

b) O Direito Internacional Convencional 
Normas de direito internacional convencional e normas constitucionais: as normas 
constantes de tratados internacionais perante a constituição posicionam‐se numa 
relação de subordinação, isto devido aos princípios da soberania (art. 9º alínea a)) e do 
Estado de Direito (art. 9º alínea b)). Relembra‐se ainda que tais normas internacionais 
estão sujeitas À fiscalização da constitucionalidade (arts. 277º nº2; 278º nº1; 279º nº4; 
280º nº3). 
 
12. Relação entre Direito Internacional Público e Direito da União Europeia 
 
13. Regime de inconstitucionalidade de normas internacionais 
 Art. 227º/2 CRP – a inconstitucionalidade orgânica e formal de tratados internacionais 
regularmente ratificados não impede a aplicação das suas normas na ordem jurídica da 
outra parte, salvo se tal inconstitucionalidade resultar de violação de uma disposição 
fundamental. Cabe aqui quatro hipóteses: 

1. A incompetência absoluta, por aprovação de convenção por órgão sem competência 
de aprovação internacional; 

2. Incompetência relativa, por aprovação do governo de qualquer tratado politico de 
categoria indicada no art. 162º alínea i) da CRP; 

3. Aprovação de tratado sobre questão relativamente à qual tenha havido resultado 
negativo em referendo, antes do decurso dos prazos constitucionais (art. 115º nº10 
CRP). 

4. Inexistência de deliberação da assembleia da república, por falta de quórum ou de 
maioria de aprovação (art. 116º nº2 e 3 CRP); 

O art. 227º nº2 não afecta a fiscalização preventiva da constitucionalidade de tratados, 
afectando apenas a fiscalização sucessiva. 

 
14. Regime e consequências da desconformidade da lei com normas internacionais 
Regime da desconformidade das leis com normas internacionais: na eventualidade de 
infracção de princípios da declaração universal, trata‐se de inconstitucionalidade por 
causa da recepção operada pelo art. 16º nº2 da CRP. Na opinião do Prof. Jorge 
Miranda, estamos perante uma ilegalidade sui generis, pois a desconformidade entre 
normas de dois tipos não se reconduz a inconstitucionalidade. Os tribunais, nos termos 
da fiscalização difusa (art. 204º), devem conhecer da contradição entre normas 
internas e normas convencionais. 

Consequências da desconformidade: a desconformidade entre norma legal e norma 
constitucional determina invalidade, e a desconformidade entre norma convencional e 
norma constitucional, entre norma legal e norma convencional ou entre norma legal e 
norma de direito próprio de organização internacional determina ineficácia jurídica. A 
diferença decorre de a constituição ser o fundamento de validade da lei e dos demais 
actos do Estado, das regiões autónomas e do poder local (art. 3º nº2 e 3 CRP) e apenas 
limite de produção de efeitos das normas jurídico internacionais. 

 

Capítulo IV 
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL 
15. Aspectos gerais 
15.1. Personalidade e capacidade jurídica internacional  
Personalidade e capacidade internacional: inicia‐se por distinguir a capacidade de 
gozo, que é a medida de direitos que uma pessoa pode ter, e a capacidade de 
exercício, que compreende os direitos que uma pessoa pode exercer directa e 
livremente. 

O Estado soberano beneficia de uma capacidade genérica, podendo ser titular de 
todos os direitos, e os demais sujeitos estão submetidos à regra da especialidade ou 
limitação. 

Com a capacidade vem a responsabilidade, pois a capacidade para praticar actos 
juridicos internacionais implica a sujeição às consequências negativas destes actos que, 
quando ilicitos ou lesivos de direitos ou interesses internacionalmente protegidos dão 
lugar à responsabilização do seu autor. 

Personalidade e reconhecimento: a importância do reconhecimento do Estado tem 
vindo a diminuir com a institucionalização, não desaparecendo no entanto. São os 
sujeitos preexistentes que interferem no acesso à comunidade através do 
reconhecimento, em maior ou menor grau consoante seja reconhecimento 
constitutivo ou declarativo. 

15.3. Classificação de sujeitos de Direito Internacional 
1. Estados e entidades afins; 
2. Organizações internacionais; 
3. Instituições não estatais; 
4. Indivíduos e pessoas colectivas privadas. 
 
ESTADO: relevam para a soberania de um Estado o jus tractum (direito de fazer tratados), o jus 
legationis (direito de receber e enviar representantes diplomáticos), e o jus belli (direito de 
fazer a guerra). Quanto a este ultimo direito, em virtude da proibição explicita no art. 2º nº4 
da carta das nações unidas, é agora interpretado como direito de legitima defesa (art. 51º da 
carta). Em contrapartida, acrescenta‐se o direito de reclamação ou impugnação internacional 
perante órgãos políticos e jurisdicionais de entidades internacionais. 

Mas nem todos os Estado têm capacidade plena de gozo ou exercício destes direitos, pois nem 
todos têm soberania nacional. São eles: 

Estados protegidos: possuem direitos internacionais, mas só os podem exercer através de 
outros Estados ditos protectores; 
Estados vassalos: têm os mesmos direitos, mas estão adstritos a obrigações perante outros 
Estados, pelo que não podem exercer alguns direitos sem a sua autorização; 
Estados exíguos: pela exiguidade do seu povo ou do seu território não possuem a plenitude da 
capacidade internacional. 
Estados confederados: por serem membros de uma confederação, ficam com a sua soberania 
limitada em certas matérias. 
Estados ocupados e Estados divididos: estão em situação excepcional decorrente de guerra e 
sujeitos a ocupação ou formas especificas de limitação político‐militar. 
Ao mesmo tempo, pode haver Estados sem acesso à vida internacional, nomeadamente os 
Estados federados e Estados membros da união real que só conservam a soberania na ordem 
interna. 
Assim sendo, temos estados soberanos, com soberania reduzida e não soberanos. 

ENTIDADES PRÓ‐ESTATAIS: abrangem os rebeldes beligerantes e os movimentos nacionais e 
de libertação nacional , sendo entidades transitórias que pretendem adquirir atribuições afins 
dos Estados. Exemplo de uma entidade pró‐estatal é a autoridade nacional palestiniana 
tendente a evoluir para a formação de um Estado soberano, gozando de poderes de 
autonomia sobre alguns territórios da Palestina. 

ENTIDADES INFRA‐ESTATAIS: comunidades de base territorial (em alguns casos dotada de 
autonomia) que obtêm através das entidades administrantes um acesso mais ou menos 
limitado à vida internacional. 

Colónias autónomas: forma especifica de administração colonial britânica (art.1º do pacto da 
sociedade das nações); 

Mandatos: territórios subtraidos à Alemanha e à Turquia  (art. 22º do pacto da sociedade das 
nações). Existem mandatos de tipo A ( as populações deveriam ser associadas ao respectivo 
governo); de tipo B (aplicava‐se um regime colonial limitado);  de tipo C ( a administração era 
integrada na das potências mandatárias). Apenas os mandatos de tipo A eram sujeitos do 
direito internacional. Após a II guerra mundial os mandatos de tipo B e C foram transformados 
em territórios sob tutela (Art. 75º e ss da carta das nações unidas). 

Territórios sob regime internacional especial: podem ter, por meio do Estado com quem 
tenham vinculos mais próximos, um acesso circunscrito à vida internacional. 

Poderes internacionais das regiões autónomas portuguesas: elas gozam de alguns poderes de 
incidência internacional, nomeadamente poderes de participação e de prossecução (art. 227º 
nº1 alínea u), 1ª parte; 2º parte; 227º nº1 alínea x), 1ª partes; 227º nº1 alíena s); 227º nº 1 
alínea t); 227º nº 1 alínea x), 2º parte da CRP). 

Estes poderes não envolvem a transformação das regiões em sujeitos de direito internacional. 
Verifica‐se uma actuação externa dos órgãos das regiões, mas é uma cooperação com 
entidades também desprovidas de personalidade jurídico ‐ internacional (art. 227º nº1 alínea 
u), 3ª parte da CRP). No que diz respeito à representação em instituições regionais europeias, 
ela refere‐se ao comité das regiões sem poderes de decisão onde os representantes das 
regiões surgem, mas apenas como representantes do Estado português (tudo se passa no 
interior da delegação de Portugal). 

ENTIDADES SUPRA‐ESTATAIS: aqui incluem‐se as federações e as uniões reais, que são 
entidades que se erigem em novos Estados e assim assimiláveis aos outros. 
As confederações podem ter personalidade jurídico ‐ internacional a par dos Estados 
confederados, tendo no entanto uma capacidade de direitos sempre limitada e condicionada. 

Organizações internacionais: domina a ideia de solidariedade que conduz a fins gerais que se 
assumem como inerentes à comunidade internacional. Elas são expressão de uma comunidade 
organizada em constante desenvolvimento. Até 1919 apenas existiam as uniões 
administrativas (comissão do Reno e do Danúbio), mas em 1919 formou‐se a sociedade das 
nações e a OIT, sendo que a partir de 1945 domina a ONU. 

COMUNIDADES EUROPEIAS E UNIÃO EUROPEIA: as comunidades europeias (ex: Comunidade 
económica europeia) são, sem sombra de dúvidas, sujeitos de direito internacional. A união 
europeia funda‐se nas comunidades europeias (art.1º do tratado da união europeia) e dispõe 
de um quadro institucional único (Art.3º, 4º e 5º). É visível o entrosamento entre as 
comunidades e a união, o qual a médio prazo integrará as comunidades na união como única 
entidade. Não se pode afirmar que a união seja já um sujeito de direito internacional, pois 
parece ser mais um sistema de relações, aproximando‐se de uma confederação em que os 
poderes desta derivam de um tratado internacional e só por outro tratado poderão ser 
alterados. 

Instituições não Estatais: como a santa sé, a ordem de Malta e a cruz vermelha internacional, 
são de formação independente de tratado; os seus fins não são político ‐ temporais; são 
independentes em relação aos Estados; não têm base territorial; têm carácter comunitário e 
institucional. 

Santa sé: expressão jurídica ‐ constitucional da igreja católica e a sua capacidade cinge‐se no 
jus legationis e no jus tractum, bem como a sua participação em certas organizações 
internacionais e na resolução de conflitos. Para garantida da sua independência surge  o 
território do Vaticano sobre o qual a Itália renuncia jurisdição, gozando assim de imunidade 
internacional. Apesar de se chamar Estado não é em rigor um Estado pois está funcionalizado 
para os fins da santa sé. 

Ordem soberana de Malta: hoje desenvolve apenas fins de assistência espiritual e social e 
apenas cerca de vinte Estados e a santa sé a consideram sujeito de direito internacional, 
embora apenas com direito de legação e até à conclusão dos tratados é apenas um símbolo 
histórico. 

Cruz vermelha internacional: tem desenvolvido uma acção decisiva nas guerras e em grandes 
calamidades, sendo que a sua qualificação jurídico ‐ internacional aponta para um sujeito com 
capacidade limitada. 

Distinguem‐se as organizações não governamentais, como organizações privadas de âmbito 
internacional que colaboram na prossecução de fins de cooperação, promoção e 
desenvolvimento (ex: Amnistia internacional). O art. 71º da carta ONU atribui‐lhes funções 
consultivas junto do conselho económico e social, mas trata‐se de personalidade de direito 
privado, deixando o essencial do seu estatuto à legislação interna. 

 
 
15.4. Tipos especiais de subjectividade internacional – em particular, a 
situação do indivíduo 
Indivíduo:  só  se  justifica  falar  em  subjectividade  internacional  do  indivíduo  nas 
seguintes circunstâncias: 
1. Quando membro de minoria nacional, étnica, linguística ou religiosa ou de povo não 
autónomo  a  que  seja  conferido  direito  de  petição  perante  qualquer  organização 
internacional (art. 87º alínea b) da carta da ONU); 
2.  Quando  cidadão  de  Estado  que  possa  dirigir‐se  a  órgão  internacional  invocando 
violação ou lesão de um direito seu por esse mesmo Estado; 
3.  Quando  cidadão  de  qualquer  dos  Estados  das  comunidades  e  da  união  europeia, 
enquanto  titular  do  direito  de  petição  perante  órgãos  comunitários  e  de  direito  de 
queixa  perante  o  provedor  de  justiça  europeu  relativamente  a  acções  ou  omissões 
daqueles órgãos (art. 21º; 194º; 195º do tratado da CE); 
4. Quando titular de organização internacional; 
5. Quando árbitro ou membro de tribunal arbitral internacional; 
6. Quando funcionário internacional; 
7. Quando arguido de crimes sujeitos à jurisdição de tribunais internacionais. 
Pessoas colectivas privadas: têm capacidade internacional limitada. 
1.  Organizações  não  governamentais  enquanto  dotadas  do  estatuto  de  observador 
junto do conselho económico e social da ONU (art. 71º da carta); 
2. Certas organizações humanitárias; 
3. Sociedades transnacionais que celebrem acordos sujeitos ao direito internacional; 
4. Organizações de trabalhadores e de empregadores ao apresentarem reclamações à 
OIT  por  não  cumprimento  de  convenções  internacionais  de  trabalho  (art.  24º  da 
constituição da OIT); 
5.Pessoas  colectivas  com  sede  em  estados‐membros  da  UE,  quando  apresentem 
petições  ou  queixas  perante  o  parlamento  europeu  ou  perante  o  provedor  de  justiça 
europeu (art. 194º e 195º do tratado da CE).  
 
 
15.5. Quadro geral dos sujeitos de Direito Internacional 
Estados e sujeitos não estatais; sujeitos de base territorial ou sem base territorial; sujeitos 
originários ou não de direito internacional; sujeitos de fins gerais ou não gerais; sujeitos 
permanentes (vocação de estabilidade) ou não permanentes; sujeitos de reconhecimento 
geral ou restrito; sujeitos de capacidade plena ou não plena; sujeitos activos e passivos 
(conforme lhes são atribuídos direitos ou ficam adstritos as deveres). 

16. Determinação dos sujeitos e reconhecimento 
16.1. O acto de reconhecimento – caracterização geral 
16.2. O reconhecimento de Estado 
Direitos e deveres políticos: constam do art. 2º da carta da ONU um elenco de direitos e 
deveres do Estado. Quanto ao princípio da igualdade dos Estados, existem restrições no 
âmbito de certas organizações internacionais. A titulo de exemplo, o conselho de segurança da 
ONU, onde existem cinco membros permanentes com direito de veto. 

Domínio reservado e intervenção: a soberania de cada Estado precisa de ser garantida frente 
aos demais Estados e frente às organizações parauniversais de fins políticos (art. 15º nº8 do 
pacto da SDN; art. 2º nº7 da carta da ONU). A carta reforça a garantia dos Estados ao falar nos 
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição dos Estados, limitando a intervenção a 
todos os órgãos das nações unidas. 

Reconhecimento do Estado: o reconhecimento é um acto unilateral e livre pelo qual um 
Estado manifesta ter tomado conhecimento da existência de outro, como membro da 
comunidade internacional. Quem considerar o acto de reconhecimento como unilateral, 
enfileira na tese dos defensores do seu carácter declarativo, acontecendo o contrário com os 
defensores do reconhecimento como acto bilateral. Repudiamos a doutrina do efeito 
constitutivo, porque a personalidade jurídica do Estado não surge com o reconhecimento, mas 
antes quando se reúnem todos os elementos constitutivos. O reconhecimento apenas 
consigna um facto preexistente. 

Costuma‐se falar ainda em reconhecimento de jure e de facto, considerando‐se o segundo 
como um reconhecimento provisório, ou apenas referente a certo número de relações, 
enquanto o primeiro é definitivo e completo. 

O reconhecimento como Estado pode ser precedido do reconhecimento como grupo 
beligerante ou insurrecto. Neste caso, quando o grupo sublevado constitui um Governo 
estável, mantém um exército organizado com o qual domina uma parte considerável do 
Território nacional e se mostra disposto a respeitar os deveres de neutralidade de qualquer 
Estado atingido pela luta ou que não possa ficar indiferente perante ela pode reconhecer‐lhe o 
carácter de beligerante. Reconhecidos, os beligerantes adquirem, de facto, os direitos e 
deveres de um Estado. 

Representação: quando um Estado solicita a outro que se encarregue da defesa dos seus 
interesses perante um terceiro com o qual não mantém relações diplomáticas. Ou o que se dá 
quando um Estado exíguo solicita a um estado limítrofe ou vizinho a realização de certas 
tarefas ou actividades jurídico ‐ internacionais. Estamos perante um processo de substituição 
de vontades com a imputação dos efeitos na área jurídica do representado. 

Requisitos: subsistência de um vínculo entre Estado representado e Estado representante; 
existência de instrumento válido de habilitação; que esse vínculo seja manifesto; possibilidade 
de distinguir os interesses do estado representado do estado representante. 

Sucessão de Estados: transferência de direitos, obrigações, e/ou propriedade de um Estado 
anteriormente bem estabelecido (o Estado predecessor) ao novo (o Estado sucessor). É a 
substituição de um estado por outro no tocante à responsabilidade pelas relações 
internacionais do território. A finalidade do instituto da sucessão é evitar um corte entre a 
situação jurídica do sucedido e a do sucedente, de forma a proteger as normas jurídicas em 
vigor. Em oposição a finalidade da sucessão, está o desejo dos novos estados de se libertarem 
do Neocolonialismo. A sucessão não é geral e universal pois os direitos o obrigações de ordem 
política não são transmissíveis. 

Quanto aos tratados, aplicam‐se os arts. 5º;11º e 12º;4º;15º;16º;17º;24º;31º; 34º da 
convenção de Viena. 
Evento raro vem a ser a reversão: o Estado predecessor recupera território que havia cedido 
ao Estado sucessor e torna‐se por sua vez sucessor deste. 

 
16.3. O reconhecimento de Governo 
Reconhecimento do Governo: o princípio é o da continuidade do Estado, pelo que 
este mantém os seus direitos e deveres perante os outros Estados e demais sujeitos 
independentemente da sucessão de governos. 

O problema surge na eventualidade de revolução que imponha mudança 
constitucional com ruptura ou continuidade. É necessário saber quais as condições que 
este novo poder possui para cumprir os compromissos internacionais do Estado. 
Reconhecer um governo é, neste sentido, verificar se ele está dotado das qualidades e 
meios idóneos para agir como tal. O reconhecimento do governo tem natureza 
declarativa e quaisquer actos praticados antes e depois do reconhecimento vinculam o 
Estado e envolvem a sua responsabilidade. 

16.4. O reconhecimento de insurrectos e beligerantes 
Rebeldes beligerantes: situação que se verifica em alguns Estados que emergem de uma 
guerra civil, em que os rebeldes ocupam uma porção do território e lá exercem autoridade 
idêntica ao poder estatal, mantendo essa autoridade por médio prazo. 

16.5. O reconhecimento de nações e movimentos nacionais 
Movimento nacional de libertação: age em nome de uma nação que pretende erigir um 
Estado.  

16.6. O reconhecimento de Organizações Internacionais 
 
 
Capítulo V 
AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
17. Tópicos de uma teoria geral das Organizações Internacionais 
17.1. Noção 
Agrupamentos  de  sujeitos  de  direito  internacional,  criados  por  tratado  para  a 
prossecução de certos fins, com duração mais ou menos longa, com órgãos próprios, 
dotadas de personalidade e capacidade internacional. 
 
Actos institutivos: o tratado institutivo de qualquer organização internacional estabelece os 
fins e os meios adequados à sua prossecução, as relações com os membros e com outros 
sujeitos de direito internacional, o seu âmbito geográfico e o seu carácter aberto ou fechado, o 
sistema de órgãos e as respectivas competências e formas de agir. 

O tratado assenta na vontade dos Estados e não em qualquer poder constituinte próprio da 
organização, não se justificando reconduzir os actos institutivos a constituição. 
As modificações dos tratados institutivos fazem‐se por via de conferências diplomáticas ou a 
partir dos seus órgãos, mas sempre na base da vontade maioritária dos Estados membros e 
sem prejuízo dos procedimentos constitucionais internos de aprovação e ratificação (ex: ONU 
art. 108º e 109º) 

No caso da ONU, a entrada em vigor das alterações depende ainda de ratificação por todos os 
Estados‐membros do conselho de segurança, e uma vez ratificadas por estes Estados e por 2/3 
dos restantes membros da organização, essas alterações obrigam os demais Estados.  

Composição e estatuto dos membros: há membros originários (partes nos tratados 
institutivos) e membros admitidos. A admissão depende sempre de requisitos processuais (ex: 
maioria qualificada) e requisitos de fundo (de natureza geográfica, politica, económica, etc.). 

O não cumprimento dos deveres pode justificar a suspensão ou expulsão da organização.  

Na falta de disposição expressa no tratado constitutivo é discutível que exista direito de 
recesso ou de saída voluntária, embora em último caso se possa utilizar o princípio da 
soberania do Estado (rebus sic stanbilus). 

Personalidade e capacidade jurídica: o tratado constitutivo da organização confere‐lhe 
personalidade jurídica, correspondente a uma capacidade delimitada em razão dos fins da 
organização. Há um conteúdo mínimo de direitos no qual cabem o direito de realizar tratados 
com os estados‐membros, com terceiros e com outras organizações (art. 43º, 57º e 63º da 
carta da ONU), o direito de legação, o direito de reclamação e o direito de protecção dos seus 
agentes. À capacidade de direito interno referem‐se o art. 104º da carta da ONU e o art. 282º 
do tratado da comunidade europeia. 

Existem ainda poderes implícitos das organizações internacionais, que elas invocam para a 
prossecução dos seus objectivos. No âmbito das comunidades europeias há uma cláusula 
expressa de poderes implícitos (art. 308º do tratado da comunidade europeia). 

Um limite a esta tendência é o princípio da subsidiariedade, previsto no art. 5º do tratado da 
comunidade europeia. 

Órgãos:  as  organizações  internacionais  agem  através  dos  seus  órgãos  (centros  autónomos 
institucionalizados  de  formação  da  sua  vontade).  Cada  órgão  compreende  a  instituição,  a 
competência, o titular e o cargo. Os órgãos aparecem sempre através de indivíduos, enquanto 
agentes e, menos frequentemente como titulares de órgãos de Estados, porque são os Estados 
e não os indivíduos que compõem as organizações. 
Os  titulares  de  órgãos  a  título  individual  têm  um  estatuto  de  independência  perante  os 
Estados, sendo que o princípio é o da igualdade entre todos. 
 Classificação dos órgãos: 
1. Intergovernamentais e independentes; 
2. Restritos (conselhos, comissões) e amplos (parlamentos); 
3. Principais e auxiliares; 
4. Deliberativos e executivos. 
 Os  agentes  internacionais  são  órgãos  diferentes  que  não  formam  nem  exprimem  a 
vontade da organização, limitando‐se a colaborar na sua formação ou dar execução às 
decisões que dela derivam. 
Autonomia das organizações internacionais: a autonomia reclama a independência dos órgãos 
com titulares individuais e a  dependência  exclusiva  dos agentes  dos órgãos competentes  das 
organizações, sem interferência dos Estados de que são cidadãos (art. 102º da carta da ONU). A 
autonomia  reclama  uma  base  financeira  que,  contudo  só  é  concretizável  através  das 
contribuições dos Estados membros. 
Como  garantia  de  autonomia,  os  estados  membros  gozam  de  privilégios  e  imunidades  nos 
Estados  em  que  levam  a  cabo  as  suas  actividades,  entre  as  quais  isenções  tributárias  e 
imunidades diplomáticas dos funcionários e agentes. 
 

17.2. Génese e evolução 
17.3. Classificações 
17.4. Atribuições e poderes – o princípio da especialidade; o princípio da 
competência por atribuição 
17.5. Membros 
17.6. Estrutura institucional 
17.7. Processo de decisão 
17.8. Formas de deliberação 
 
18. A Organização das Nações Unidas (ONU) 
18.1. Enquadramento histórico 
18.2. A Carta das Nações Unidas – estrutura, valor jurídico, interpretação 
e processo de revisão 
18.3. Os membros 
18.4. Os objectivos e princípios conformadores de actuação da ONU 
18.5. Os órgãos e a sua competência – o princípio da efectividade 
institucional 
18.6. O valor jurídico das resoluções da ONU 
18.7. O domínio reservado dos Estados – conteúdo e sentido actual 
18.8. Áreas fundamentais de actuação 
a) Segurança colectiva (remissão para o capítulo VI) 
b) Auto‐determinação dos povos 
c) Protecção internacional dos Direitos do Homem 
18.9. A reforma das Nações Unidas – pressupostos e condicionantes 
 
Organização das Nações Unidas: surgiu marcada pelas circunstâncias da 2º GM, foi aprovada a 
26 de Junho de 1945 e só puderam ser membros originários os estados signatários da 
declaração das nações unidas. Foi investida de poderes jurídicos que lhe permitem atingir 
todos os problemas mundiais. A carta foi concebida como repositório dos grandes princípios 
das relações entre todos os Estados e tendo primazia sobre quaisquer outras obrigações 
internacionais (art. 103º; 3º; 4º nº1; 5º nº6; 17º nº2; 19º; 23º; 43º; 57º; 59º; 77º; 79º). São 
órgãos das nações unidas a Assembleia‐geral, o conselho de segurança, o conselho económico 
e social, o conselho de tutela, o tribunal internacional de justiça e o secretário‐geral. 
Junto destes órgãos principais pode haver órgãos subsidiários (art. 7º) como o alto‐comissário 
para os refugiados. 
 ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS: tem uma competência genérica que 
corresponde às relações internacionais em geral, e uma competência específica que 
corresponde à vida interna da organização. Assim a assembleia pode discutir quaisquer 
questões ou assuntos que caibam nas finalidades da ONU (art. 10º; 11º nº 2 e 3; art. 
14º; 13º nº1) e para este efeito pode formular recomendações aos Estados e ao 
conselho de segurança (art. 11º; 13; 14º) ou promover estudos. Todavia, quando o 
conselho de segurança estiver a ocupar‐se de resolver qualquer conflito dentro das 
suas atribuições, a assembleia poderá discuti‐lo mas não poderá emitir qualquer 
recomendação sobre este conflito a não ser que o próprio conselho solicite (art. 12º 
nº1). 
Competências exclusivas: art. 15º; 17º; 23º; 61º; 63º; 96º nº2; 101º; 108º. 
Competências específicas a exercer com o conselho de segurança: arts. 4º; 5º;6º; 97º; 93º nº2. 
Cada Estado tem, na assembleia‐geral, direito a um voto (art. 18º nº1). 
 CONSELHO DE SEGURANÇA: cabe‐lhe a responsabilidade principal na manutenção da 
paz e da segurança internacional (art. 24º), sendo que os membros das nações unidas 
ficam adstritos a aceitar e a aplicar as decisões do conselho (art. 25º). Compõem‐no 
hoje cinco membros permanentes (China, EUA; França; Grã Bretanha e Rússia) e dez 
não permanentes escolhidos de dois em dois anos, sobretudo segundo um critério 
geográfico (art. 23º). O conselho tem funcionamento permanente (art. 28º). 
As decisões (art. 27º) sobre questões de processo são tomadas por maioria de novos membros. 
Sobre questões não processuais, são tomadas por maioria de nove membros. Um membro que 
seja parte num conflito, naturalmente tem de se abster nas votações que lhe digam respeito 
(art. 27º nº3; 33º e ss; e 52º nº 3). 
O direito de veto de qualquer dos membros permanentes só não assiste nos casos 
expressamente exceptuados pela carta (art. 109º nº3; art. 10º). 
 CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL: é composto por cinquenta e quatro estados‐
membros, eleitos pela assembleia geral, por um período de três anos, com renovação 
anual de um terço (art. 61º). 
Cada membro tem um voto e as deliberações do conselho são tomadas pela maioria dos 
membros presentes e votantes (art. 67º). Representantes das organizações especializadas 
podem participar, sem voto, nas reuniões do conselho (art. 70º). 
Tarefas do conselho: art. 62º nº 1; 62º nº2, 3 , 4;  63º nº1, 2; 64º nº1, 2; 65º; 66º nº2. 
 TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA:  os membros das nações unidas podem confiar 
a solução dos seus diferendos a outros tribunais, em virtude de acordos já vigentes ou 
que possam ser concluídos no futuro (art. 95º). 
O tribunal tem dois tipos de competências: contenciosas e consultivas, funcionando quer como 
órgão de decisão de litígios, quer como órgão que emite pareceres a pedido de outros órgãos 
ou organizações. Compõem‐no 15 juízes eleitos pela assembleia geral e pelo conselho de 
segurança, por maioria absoluta (art. 3º e ss do estatuto); pretende‐se a representação das 
grandes formas de civilização e dos principais sistemas jurídicos do mundo (art. 9º). O tribunal 
funciona em regra em plenário (art. 25º). 
 ‐ Apenas os Estados têm acesso ao tribunal, quer sejam membros das nações unidas ou não 
(art. 93º), sendo que a sua jurisdição é facultativa, pois só conhece dos litígios que as partes lhe 
submetam (art. 36º nº1 do estatuto). 
Qualquer Estado parte no estatuto pode, reconhecer como obrigatória, em relação a qualquer 
outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição do tribunal (art. 36º nº2). Nisto 
consiste a cláusula facultativa da jurisdição obrigatória.  
 ‐ Processo: art. 43º; 46º; 79º nº5 do regimento; 41º do estatuto; 56º; 60º; 61º 94º nº2. 
 ‐ A competência consultiva versa sobre qualquer questão jurídica e é exercida a pedido da 
assembleia‐geral ou do conselho de segurança (art. 96º nº1 da carta). A importância dos 
pareceres é muito grande e já se tem considerado que é mais através deles do que através das 
decisões de litígios que o tribunal internacional de justiça vem contribuindo para o progresso 
do direito das gentes. 
 ‐ Surgindo conflitos entre partes nos tratados, também se prevê a intervenção do tribunal sob 
a forma de parecer. Este parecer será aceite como órgão decisivo por todas as partes 
envolvidas no conflito.  
 ‐ O tribunal internacional de justiça, embora não possua monopólio da justiça internacional 
(art. 95º da carta) é o tribunal constituído para dirimir os diferendos jurídicos entre Estados 
que possam afectar a paz e segurança internacionais (art. 36º nº3). 
 

PARTE II 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – PARTE ESPECIAL 
Capítulo VI 
DIREITO DA PAZ E DIREITO DA SEGURANÇA INTERNACIONAL 
19. Direito da Guerra e Direito na Guerra – caracterização 
20. O princípio da proibição do uso da força – origem e evolução 
21. Segurança colectiva e regulamentação do uso da força no quadro das 
Nações Unidas 
21.1. Legítima defesa 
21.2. Medidas de coerção não militar 
21.3. Medidas de coerção militar 
22. As operações de manutenção da paz 
23. Intervenção humanitária 
24. Guerra preventiva – conceito e prática 
25. Direito na Guerra ou Direito Internacional Humanitário – fontes e princípios 
gerais 
Conflitos internacionais 

Diversidade de conflitos: a carta das nações unidas fala em situação e em conflito, parecendo 
apontar para diferentes competências e formas de processo (arts. 11º nº3; 34º e 35º).  

Situação: algo que precede o conflito. A assembleia‐geral e o conselho de segurança tanto 
conhecem de conflitos como de situações (art. 34º e 35º) e que o tribunal internacional de 
justiça, no âmbito da sua competência contenciosa e pela natureza das coisas só conhece 
conflitos (art. 36º nº1 do estatuto). 

Conflito: pode ser jurídico ou político. No jurídico discute‐se sobre a interpretação, validade ou 
aplicação de normas de direito internacional. No político entram em jogo directamente 
interesses ou factores políticos. Em razão da sua gravidade há conflitos que ameaçam a paz e a 
segurança internacionais que não ameaçam a paz e a segurança internacionais (art. 33º e ss). 
Apenas os conflitos de paz cabem na competência do conselho de segurança. 

Meios de solução: são eles as negociações, o inquérito, a mediação, a conciliação, a 
arbitragem, a solução judicial e o recurso a entidades ou acordos regionais (art. 33º nº1), a que 
cabe acrescentar os bons ofícios, o grupo de contacto e a própria intervenção da ONU. 

Distinguem‐se meios relacionais de solução (assentes em procedimentos diplomáticos 
clássicos) e meios institucionais (ligados ao aparecimento de organizações internacionais); e 
entre meios políticos e jurídicos.  

Negociação: conversação entre as partes, através dos canais diplomáticos adequados; 

Inquérito: criação de uma comissão que vai indagar dos factos que estão na base do conflito; 

Bons ofícios: há um terceiro Estado que tenta aproximar os Estados em conflito levando‐os a 
abrir negociações; 
Grupo de contacto: visa‐se obter informações acerca da disponibilidade das partes para 
abertura de negociações. 

Mediação: o terceiro Estado já entra nas negociações e pode propor uma solução para 
ultrapassagem do conflito. 

Conciliação: uma comissão examina a questão e propõe uma solução. 

Arbitragem: há um tribunal ad hoc com membros escolhidos pelas partes para dirimir o litigio, 
podendo fundar a solução em juízos de equidade. 

Decisão judicial: o tribunal é permanente e julga segundo critérios de legalidade estrita em 
processo ritualizado. 

Princípios de solução de conflitos: dever de jus cogens de procurar a solução pacífica de 
qualquer conflito; a liberdade de escolha dos meios considerados adequados À solução do 
conflito em concreto; o dever de agir de boa fé, não inviabilizando a concretização do meio 
escolhido; o dever de acatar a solução do conflito uma vez encontrada ou definida e também 
de a executar de boa fé. 

A carta das nações unidas completa estes princípios (art. 51º; 2º nº 3 e 4; 33º; 52º e ss; 33º 
nº2; 36º nº2; 12º nº1). 

Conflitos armados e a evolução do seu tratamento:   

Proibição de fazer a guerra (art. 12º do pacto da SDN), do recurso à força como meio de dirimir 
conflitos internacionais. 

Nulidade de qualquer tratado cuja conclusão tenha sido obtida pela ameaça ou pelo emprego 
da força (art. 52º da convenção de Viena do direito dos tratados). 

Inadmissibilidade de aquisições territoriais pela força. 

Apenas reconhecimento da legítima defesa, individual ou colectiva (art. 51º). 

Variedade e indefinição das fronteiras entre guerras internacionais, guerras civis e guerras 
desencadeadas em nome da autodeterminação dos povos ou da libertação nacional. 

Reforço do direito humanitário. 

Desenvolvimento da noção de crimes de guerra, conexa com a formação de uma justiça penal 
internacional. 

Estabelecimento de espaços desmilitarizados. 

Limitação de armas especialmente mortíferas ou que possam provocar destruição global. 

Uso da força, legitima defesa, agressão:  
Uso da força: é excepcional ou residual, prevalecendo o uso da força pela comunidade 
internacional. As nações unidas, através do conselho de segurança, arrogam‐se do monopólio 
do uso da força (art. 24º e ss e 38º e ss da carta). 

Os estados só podem fazer uso da força em caso de legítima defesa (art. 51º) ou em caso de 
assistência às próprias nações unidas (art. 2º nº5). 

Legitima defesa: não é exclusiva das nações unidas, podendo invoca‐la qualquer Estado. Rege‐
se pelo princípio da proporcionalidade, sendo que a defesa deve ser adequada à intensidade 
da agressão. O agredido tem o ónus de comunicar ao conselho de segurança a agressão e a sua 
reacção deve cessar logo que o conselho adopte as providências necessárias (art. 51º, 2º 
parte). Assim, tem carácter subsidiário e temporário. 

Agressão: corresponde à invasão ou ataque por forças armadas; ocupação ou anexação 
territorial pela força; bloqueio de portos ou das costas do outro Estado; ataque contra as 
forças armadas; existência de contingentes militares no território de outro Estado e 
prolongamento desta presença contra a sua vontade; concessão de facilidades a um estado 
para cometer agressão contra outro; envio de bandos armados para o territorio de outro 
Estado. 

O estatuto do tribunal penal internacional, nos arts. 5º nº2; 121º; 123º inclui a agressão entre 
os crimes submetidos à sua jurisdição.  

Quando haja agressão ou em caso de excesso de legitima defesa, o Estado fica constituido em 
responsabilidade internacional. 

Intervenção do conselho de segurança: o conselho de segurança intervem nos conflitos 
internacionais por sua iniciativa ( arts. 34º e 36º nº1 da carta), por iniciativa da assembleia 
geral (art. 11º nº3) e por iniciativa do secretário geral (art. 99º), e ainda por iniciativa de 
qualquer dos Estados envolvidos (art. 35º nº1 e 2). 

A intervenção do conselho traduz‐se no convite às partes no sentido da solução pacifica do 
conflito (33º nº2), abertura de inquérito (34º), recomendação dos processos ou métodos 
adequados de solução (36º nº1), recomendação de solução adequada (37º nº2). 

A decisão do conselho de segurança não se impõe às partes, excepto quando o conflito 
degenere em conflito armado. Segundo o princípio da imparcialidade (art. 52º nº3; 27º nº3), 
um Estado membro do conselho que seja parte num conflito deve abster‐se de votar. Por 
outro lado, um Estado parte do conflito será convidado a participar sem direito de voto na 
respectiva discussão (32º; 35º). Poderá participar sem direito de voto na discussão de qualquer 
questão, qualquer membro das nações unidas, quando o conselho entender que os seus 
interesses estão em causa (art. 31º). 

Meios de intervenção em conflito armado: compete ao conselho de segurança verificar a 
existência de situação (39º) e tomar as medidas apropriadas para a vencer (40º e ss). As 
medidas e intervenções obedecem ao princípio da proporcionalidade, através de medidas 
provisórias e recomendações (40º) e depois de decisões obrigatórias (41º e ss). 
No pacto da SDN só as sanções económicas eram vinculativas para os Estados membros da 
sociedade, Na carta da ONU, são vinculativas tanto as sanções económicas, como diplomáticas 
e militares (41º, 42º, 47º). 

A cooperação na manutenção da paz (art. 2º nº5 e 6) envolve para os estados membros da 
ONU o dever de execução das decisões do conselho de segurança (48º). 

Operações de paz da ONU: não visam resolver diferendos, mas atingir os seus efeitos e impedir 
que se produzam. Podem fundamentar‐se no fim geral da ONU de manter a paz e a segurança 
internacional (1º). Se a ONU pode empregar a força para estabelecer a paz (42º e ss), então 
também pode impedir que a paz seja afectada. 

As operações são actividades da ONU que implicam o consentimento do Estado em cujo 
território se realizem, pressupondo o respeito pela sua independência e pela sua integridade 
territorial; têm natureza não coercitiva; postulam imparcialidade; têm duração limitada; o 
órgão competente para decidir a realização das operações é o conselho de segurança (art. 24º 
da carta); a constituição das forças intervenientes é sempre multilateral; o financiamento recai 
sobre a organização através das contribuições obrigatórias dos Estados‐membros (art. 17º). 
Quanto a Portugal, a participação deste nos conflitos internacionais rege‐se pelo art. 275º; 
120º; 182º; 201º nº 1 alínea c); 161º alínea f) da CRP. 

Intervenções humanitárias: destinadas a acudir às vítimas de catástrofes e de conflitos. Tem 
como objectivos ajudar quem precisa de auxílio, abrangendo apoio militar. Como exemplo há 
as intervenções na Ruanda em 1994. As intervenções subordinam o princípio da soberania ao 
principio do respeito dos direitos do Homem.  

Tem como pressuposto um estado de necessidade; a inexistência de alternativas; a 
desnecessidade de consentimento do Estado em cujo território se desenrolam as operações; 
necessidade de autorização, homologação ou convalidação pela ONU; adscrição dos meios aos 
fins e sua racionalidade; limitação no espaço e no tempo; isenção na condução das operações; 
subordinação dos interesses dos Estados, das organizações e dos indivíduos nas operações aos 
fins da ONU, designadamente o respeito pela autodeterminação dos povos. 

 
Capítulo VII 
A PROTECÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DO HOMEM 
26. Direito Internacional dos Direitos do Homem – fontes: pluralidade e diversidade 
27. A protecção internacional penal 
27.1. A noção de crimes internacionais 
27.2. As jurisdições penais internacionais 
28. A Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) 
28.1. Caracterização geral 
28.2. O sistema jurisdicional de interpretação e de garantia da CEDH 
28.3. Portugal e a CEDH 
28.4. A CEDH e a União Europeia – um património europeu comum de direitos 
fundamentais 
 
Protecção internacional dos direitos da pessoa humana 
Protecção internacional dos direitos do homem: nela se enquadra a protecção das minorias, a 
protecção diplomática, humanitária e a protecção dos refugiados. 
Protecção  diplomática:  permitir  que  cada  Estado,  através  dos  seus  representantes  e 
consulares,  defendam  as  pessoas  e  bens  dos  seus  cidadãos  relativamente  aos  estados 
estrangeiros  em  cujo  território  se  encontrem.  Visa  assegurar  direitos  dos  indivíduos  e  ao 
mesmo tempo implica relações jurídico ‐ internacionais entre Estados. 
Protecção  internacional  dos  direitos  do  Homem:  visa  assegurar  direitos  dos  indivíduos  e 
assegurá‐los perante o próprio Estado de que são membros. 
Protecção humanitária: associada à acção da cruz vermelha, surgiu para proteger, em caso de 
guerra,  militares  postos  fora  de  combate  e  populações  civis,  sendo  que  os  seus  princípios 
aplicam‐se  hoje  a  conflitos  armados,  mas  também  a  catástrofes  naturais  e  tecnológicas.  A 
protecção  humanitária  refere‐se  a  situações  de  extrema  necessidade  em  que  se  trata  da 
sobrevivência das pessoas. 
Origem  e  sentido:  são  antecedentes,  as  capitulações  ou  seja,  acordos  com  vista  à  protecção 
dos cristãos no império Otomano; ou a protecção das minorias nacionais, étnicas e linguísticas; 
ou a organização internacional do trabalho.  
 Existe um vínculo muito estreito entre institucionalização da comunidade internacional 
e a protecção internacional e os direitos do homem. Só a existência de instituições e 
órgãos  internacionais  com  autoridade  acatada  pelos  Estados  abre  caminho  a  uma 
efectiva garantia dos direitos do homem em face desses mesmos Estados. 
Desenvolvimento da protecção: um papel decisivo no desenvolvimento da protecção tem tido 
as  Nações  unidas,  conscientes,  desde  o  inicio  da  ligação  entre  direitos  do  homem  e  a  paz. 
Como  grandes  marcas  avultam  a  declaração  universal  dos  direitos  do  homem,  os  pactos 
internacionais  de  direitos  económicos,  sociais  e  culturais  e  de  direitos  civis  e  políticos. 
Importante tem sido a obra da ONU, OIT, UNESCO, FAO, OMS, UNICEF. 
Os  resultados  da  protecção  internacional  dos  direitos  do  homem  resultam  no  êxito  da 
convenção  europeia;  menor  êxito  dos  instrumentos  específicos  da  ONU  e  dos  instrumentos 
sectoriais;  grandes  dificuldades  de  efectivação  dos  instrumentos  de  carácter  geral  da  ONU, 
devido  às  disparidades  filosóficos,  ideológicas  e  culturais  e  aos  conflitos  políticos 
internacionais. 
Protecção  das  minorias:  está  em  causa  o  reconhecimento  aos  cidadãos  de  uma  minoria  dos 
mesmos  direitos  e  das  mesmas  condições  de  exercício  dos  direitos  dos  demais  cidadãos.  É 
necessário assegurar o respeito da identidade do grupo e propiciar‐lhe meios de preservação e 
de livre de desenvolvimento. A protecção internacional das minorias reconduz‐se actualmente 
à protecção internacional dos direitos do homem. Regula esta protecção a convenção quadro 
para a protecção das minorias nacionais, aprovada pelo conselho da Europa em 1994. 
As normas do direito internacional sobre direitos do homem e as suas fontes: as normas de 
direito internacional de direitos do homem têm por objecto relações interestaduais e relações 
entre os Estados e os respectivos cidadãos. 
Existe  uma  função  de  garantia  e  reforço  de  normas  já  consagradas  no  direito  interno;  e  uma 
função  prospectiva  ou  directiva  manifestada  em  tratados  de  carácter  especial,  tendentes  à 
atribuição de novos direitos. 
As  normas  sobre  direitos,  liberdades  e  garantias  são  auto‐exequíveis  e  as  normas  sociais  são 
aplicadas na medida do possível. 
Aos  tratados  de  direitos  do  homem  aplicam‐se  os  princípios  gerais:  interpretação  à  luz  do 
principio do tratamento mais favorável (pro libertate); proibição em determinados tratados e 
nos  demais  ,  admissibilidade  só  em  termos  muito  restritos  de  reservas;  quando  se  trate  de 
reservas respeitantes aos órgãos de protecção ou de fiscalização do cumprimento dos tratados, 
necessária aceitação por esses órgãos. 
Regra  básica  é  a  ressalva  das  disposições  mais  favoráveis  de  direito  interno  (art.  27º  da 
convenção  dos  direitos  do  homem).  Também  os  tratados  de  direitos  do  homem  admitem  a 
suspensão de direitos em estado de necessidade.  
Características: direito objectivo; multilateral; de geometria variável (com expressões mundiais 
e regionais); corresponde a um mínimo ético; é um direito de fonte convencional e é um direito 
de cooperação. 
Formas  internacionais  de  protecção:  existem  formas  institucionais  (correspondentes  às 
organizações  internacionais)  e  formas  não  institucionais  (correspondentes  à  acção  recíproca 
dos Estados e às relações internacionais de coordenação). 
Formas  não  institucionais  de  garantia:  informações  recíprocas  dos  Estados;  processos 
diplomáticos de comunicação ou chamada de atenção para violações de direitos fundamentais. 
Formas  institucionais:  apreciação  de  relatórios  dos  Estados  sobre  o  cumprimento  das  suas 
obrigações por órgãos internacionais; inquéritos; conhecimento de queixas de Estados contra 
outros  a  propósito  de  obrigações  internacionais  sobre  direitos  do  homem;  conhecimento  de 
petições,  comunicações  ou  queixas  de  indivíduos  relativas  a  violações  de  direitos  nos 
respectivos estados. 
 Para  defesa  dos  seus  direitos,  os  indivíduos  têm  acesso  ao  tribunal  europeu  dos 
direitos  do  homem,  comissão  interamericana  dos  direitos  do  homem;  comissão 
europeia dos direitos do homem; comité dos direitos do homem, etc. 
 É  facultativa  a  natureza  das  cláusulas  respeitantes  à  apreciação  por  órgãos 
internacionais  de  queixas  de  Estados  contra  outros  Estados  ou  de  petições, 
comunicações  ou  queixas  de  particulares  contra  os  respectivos  estados,  por  violação 
de  obrigações  internacionais.  A  regra  básica  é  a  do  esgotamento  prévio  dos  meios 
internos,  salvo  prazo  razoável  (art.  26º  da  convenção  europeia).  Conclui‐se  daqui  o 
carácter supletivo da protecção internacional dos direitos do homem. 
Os sistemas das nações unidas e das organizações especializadas 
Da  carta  das  nações  unidas  à  declaração  universal:  a  carta  das  nações  unidas  conte  normas 
substantivas sobre direitos do homem (arts. 1º nº3; 55º alínea c); 56º e 76º). 
Mas  é  a  declaração  universal  dos  direitos  do  homem  que  enuncia  os  grandes  princípios  de 
respeito pela pessoa e pela sua dignidade (arts. 1º, 2º, 28º, 29º, 30º) e apresenta um catálogo 
de  direitos  reconduzíveis  a  direitos,  liberdades  e  garantias,  e  a  direitos  económicos,  sociais  e 
culturais. 
 A declaração universal dos direitos do homem não é um tratado, pois foi aprovada sob 
forma de resolução da Assembleia‐geral da ONU, não vinculativa para os Estados (art. 
10º  da  carta  da  ONU).  Os  princípios  ai  contidos  são  princípios  gerais  de  direito 
internacional,  projectando‐se  assim  sobre  os  outros  estados‐membros  da  ONU,  bem 
como sobre quaisquer Estados. 
Formas de protecção: comunicações de Estados ao comité dos direitos do homem sobre o não 
cumprimento  por  outros  Estados  das  suas  obrigações;  comunicações  particulares  ao  comité 
dos direitos do Homem. 
Papel  da  organização  internacional  de  trabalho:  a  OIT  intervem  através  de  convenções  e 
recomendações (art. 19º da constituição da OIT) dependentes de aprovação pela conferência 
geral,  por  maioria  de  2/3  ,  devendo  ter  sempre  em  conta  as  circunstâncias  particulares  de 
certos países.  
As convenções internacionais do trabalho não admitem reservas e os Estados ficam obrigados 
a  ratifica‐las  dentro  de  um  ano  ou,  no  caso  de  não  o  fazerem,  a  prestar  informação  sobre  a 
matéria.  Quanto  às  recomendações,  elas  são  objecto  de  comunicação  às  autoridades 
competentes, tendo em vista a sua transformação em leis. 
Fiscalização do cumprimento das obrigações: relatórios anuais sobre as convenções ratificadas 
(art. 22º da constituição da OIT); queixas e inquéritos (24º e ss); sujeição dos litígios ao tribunal 
internacional  de  justiça  (  29º;  31º);  processo  especial  de  protecção  da  liberdade  sindical, 
através do comité da liberdade sindical, que recebe queixas de governos, de organizações de 
trabalhadores ou de organizações patronais. 
UNESCO e os direitos culturais: a conferência geral aprova convenções e recomendações. Os 
governos  ficam  obrigados  a  submetê‐las  às  restantes  autoridades  internas  e  a  enviar  à 
organização  relatórios  acerca  da  sua  observância,  inexistindo  mecanismos  de  queixa  ou  de 
garantia por inobservância. 
Convenção europeia dos direitos do homem: assinada em Roma em 1950, foi o primeiro texto 
de protecção a nível regional. Surgiu no contexto pós‐guerra como experiência da reacção aos 
regimes  totalitários,  dando  origem  a  um  sistema  de  garantias  correspondente  ao  direito 
europeu dos direitos do homem. Portugal ratificou‐a após a entrada em vigor da constituição 
de 1976. 
Reservas:  a  convenção  admite  reservas,  mas  só  de  carácter  específico  e  fundadas  em 
disposições vigentes de direito interno. O seu efeito consiste em obstar à invocação perante os 
órgãos que ela prevê dos direitos a que se reportam. 
Sistema  institucional:  compreendia  originariamente  a  comissão  europeia  dos  direitos  do 
homem  (órgãos  de  inquérito,  conciliação  e  exame  de  petições  ou  queixas  particulares  –  art. 
20º e ss) e o tribunal europeu dos direitos do homem (como órgão jurisdicional e consultivo – 
arts. 38º e ss). 
Com vista a simplificar os processos, o protocolo 11 suprimiu a comissão. 
O tribunal europeu dos direitos do homem pode receber petições de qualquer pessoa singular, 
organização não governamental, ou grupo de particulares que se considere vítima de violação 
por  qualquer  estado  vinculado  pela  convenção  (art.  34º).  O  tribunal  europeu  não  anula  nem 
revoga as decisões dos tribunais internos dos Estados. Apenas decide se houve ou não violação 
dos  direitos  garantidos  pela  convenção  e  em  caso  positivo  poderá,  se  o  direito  interno  do 
Estado  permitir  remediar  as  suas  consequências,  conceder  à  vitima  uma  reparação  razoável 
(art. 41º). As decisões definitivas são vinculativas (art. 46º). 
O  tribula  possui  igualmente  competência  consultiva:  a  pedido  do  comité  de  ministros  pode 
emitir  pareceres  sobre  questões  jurídicas  relativas  à  interpretação  da  convenção  e  dos  seus 
protocolos (art. 47º). 
Carta  social  europeia:  aprovada  em  1961,  sendo  ratificada  por  Portugal  em  1991,  da  carta 
constam principalmente direitos dos trabalhadores a que corresponde uma relativa diversidade 
de  obrigações  dos  Estados.  São  órgãos  de  aplicação  os  comités  de  peritos,  o  comité 
governamental, a assembleia parlamentar do conselho da Europa e o comité de ministros. 
A fiscalização do cumprimento  das obrigações faz‐se através de relatórios ao Secretário‐geral 
do conselho da Europa, através da sua apreciação por um comité europeu dos direitos sociais e 
através de recomendações do comité de ministros. Há ainda a faculdade de apresentação de 
reclamações por organizações de trabalhadores e de empregadores. 
 
Responsabilidade Internacional do Estado 
A Responsabilidade Internacional do Estado tanto pode resultar duma omissão, como dum 
acto positivo. A Responsabilidade Internacional do Estado advém, em primeiro lugar, dos actos 
do seu órgão. Igualmente os actos dos órgãos administrativos podem responsabilizar o Estado. 
É, também, muito frequente a responsabilização do Estado por actos do seu aparelho judicial. 
O Estado não é responsável apenas pelos actos dos seus órgãos. Há também certos actos 
praticados pelos indivíduos que podem responsabilizar: são sobretudo os actos praticados 
contra o Estado estrangeiro ou seus representantes. 
O recurso à protecção diplomática: consiste na acção diplomática levada a cabo pelo Estado 
nacional  do  indivíduo  prejudicado  junto  do  Governo  ou  do  Estado  que  internacionalmente  é 
presumível  responsável.  Esta  acção  tem  em  vista  obter  a  reparação  do  dano  causado  ao 
nacional do  Estado reclamante, é empreendida  pelos canais diplomáticos normais e termina, 
ou  por  uma  solução  política,  ou  pela  sentença  dum  tribunal  arbitral  ou  dum  tribunal 
internacional a que ambos os Estados resolverem submeter o diferendo.  
Quer dizer, para além da produção de um dano a um indivíduo e da existência de uma relação 
de casualidade adequada entre a violação de uma norma ou princípio de Direito Internacional 
e a produção de tal dano, o recurso à protecção diplomática tem um terceiro pressuposto: é 
necessário que o lesado tenha agido de acordo com o princípio do esgotamento dos recursos 
ou  instâncias  de  Direito  Interno.  O  princípio  admite  excepções.  O  princípio  só  tem  aplicação 
nos casos em que a vítima do acto ilícito é uma pessoa privada. Compreende‐se que a condição 
do  esgotamento  dos  recursos  locais  não  se  verifique  sempre  que  os  lesados  gozam  de 
imunidade de jurisdição. Outra excepção verifica‐se habitualmente quando um Estado emana 
uma  lei  de  nacionalização  ou  pratica  actos  políticos  que  lesam  o  estrangeiro.  A  excepção 
preliminar de não – esgotamento  dos recursos de Direito Interno pode ser convencionalmente 
dispensada. Basta que os Estados interessados a ela renunciem expressamente.  
Nenhum  Estado,  salvo  disposição  em  contrário,  faz  reclamações  a  favor  de  estrangeiros  e 
apátridas; e que nenhuma reclamação é aceite se se verificar uma mera nacionalidade técnica 
entre o lesado e o Estado reclamante. O vínculo da nacionalidade deve existir no momento da 
produção do dano, devendo manter‐se até à reclamação, sendo irrelevante que já não exista 
no momento em que é proferida a sentença. 
Formas  de  reparação  da  responsabilidade  internacional:  A  primeira  forma  de  reparação  é  a 
restitutio in integrum, que consiste no restabelecimento da situação anterior. 
Sempre  que  este  restabelecimento  é  possível  materialmente  ou  juridicamente,  o  Estado 
internacionalmente responsável deve repor as coisas no seu estado primitivo. 
Sempre que os danos são de natureza moral ou política, a forma de reparação adquire o nome 
de satisfação. 
A satisfação pode constituir na apresentação de desculpas por via diplomática, no julgamento e 
punição dos culpados pelos danos morais ou políticos, etc. 
Finalmente, a reparação pode consistir numa indemnização, ou seja, na entrega duma quantia 
pecuniária à vítima do delito internacional. A indemnização é utilizada, sempre que a restitutio 
in integrum é material ou juridicamente impossível.  
 
FIM 
 

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