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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
MUSEOLOGIA SOCIAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
MUSEOLOGIA SOCIAL

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 MUSEOLOGIA, MUSEU E PATRIMÔNIO CULTURAL


1.1 SOBRE A MUSEOLOGIA SOCIAL
2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE MUSEUS
2.1 A ECOMUSEOLOGIA E O ECOMUSEU
2.1.1 O ecomuseu
2.2 A MUSEOLOGIA E O MUSEU COMUNITÁRIO
2.2.1 O museu comunitário
2.3 OUTROS MODELOS DE MUSEUS
3 MUSEOLOGIA E MEMÓRIA
3.1 HISTÓRIA ORAL: REGISTROS DA MEMÓRIA
3.2 O REGISTRO DA MEMÓRIA
3.3 MUSEOLOGIA E IDENTIDADE CULTURAL
4 MUSEOLOGIA E PATRIMÔNIO CULTURAL
4.1 CATEGORIAS DO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL
4.2 DANOS CAUSADOS AO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL
4.3 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL
4.4 FUNÇÕES E PROPRIEDADES DO PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO
5 MUSEOLOGIA, TURISMO E PATRIMÔNIO IMATERIAL
5.1 SOBRE O TURISMO CULTURAL

MÓDULO II

6 FUNÇÃO SOCIAL DO MUSEU


6.1 FUNÇÃO SOCIOEDUCATIVA E MUSEU
6.2 EXECUÇÃO DE AÇÕES SOCIOCULTURAIS E EDUCATIVAS
6.3 PROGRAMAS EDUCATIVOS DO MUSEU
7 PATRIMÔNIO CULTURAL: RECURSO INTERDISCIPLINAR PARA AÇÕES

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EDUCATIVAS
7.1 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: ENSINO-PESQUISA COM PATRIMÔNIO
CULTURAL
7.2 O PROJETO PEDAGÓGICO
7.3 A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO AMBIENTE VIRTUAL DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
8 PESQUISA MUSEOLÓGICA COM O PATRIMÔNIO CULTURAL: CONCEITOS,
MÉTODOS E INSTRUMENTOS
8.1 DEFINIÇÃO DE BEM CULTURAL
8.2 PESQUISA MUSEOLÓGICA: CONTRIBUIÇÕES DAS CIÊNCIAS HUMANAS,
SOCIAIS E DA ECOLOGIA
9 TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
9.1 ABORDAGEM ECOLÓGICA OU HOLÍSTICA: O PENSAMENTO SISTÊMICO
9.2 INFORMAÇÕES SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL DE UMA COMUNIDADE:
O DIAGNÓSTICO
9.3 PRODUÇÃO E COMUNICAÇÃO DO CONHECIMENTO: A MONOGRAFIA

MÓDULO III

10 MUSEUS ESPECIALIZADOS (UNIVERSITÁRIOS)


10.1 TIPOS DE MUSEUS DE ACORDO COM SUAS COLEÇÕES
10.2 ACERVOS, TEMÁTICAS E RECURSOS MUSEOGRÁFICOS
10.3 AQUISIÇÕES MUSEOLÓGICAS
10.3.1 Política de aquisição
10.3.2 Ética da Aquisição museológica
11 CONSERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS MATERIAIS
11.1 CONSERVAÇÃO PREVENTIVA DE BENS CULTURAIS MATERIAIS
11.1.1 Procedimentos para a conservação dos objetos pelo tipo de material
11.2 ANÁLISE E EXAME DOS BENS CULTURAIS MATERIAIS NOS MUSEUS
12 DOCUMENTAÇÃO MUSEOLÓGICA
12.1 MATERIAIS PARA A DOCUMENTAÇÃO DE ACERVOS MUSEOLÓGICOS
12.2 MARCAÇÃO DO OBJETO: NORMAS, MATERIAIS E TÉCNICAS
12.2.1 Normas Gerais

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12.2.2 Materiais próprios para a marcação
12.2.3 Materiais impróprios para a marcação
12.2.4 Localização da numeração do objeto (a marcação)
12.2.5 Técnicas para a marcação dos objetos
12.2.6 Projeto de Ação Documental
13 SEGURANÇA DE MUSEUS
13.1 SEGURANÇA E SAÚDE DE FUNCIONÁRIOS E VISITANTES
13.2 FASES DO PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA DO MUSEU

MÓDULO IV

14 MUSEOGRAFIA: DEFINIÇÃO, TIPOS DE EXPOSIÇÕES E PLANEJAMENTO


MUSEOGRÁFICO
14.1 TIPOS DE EXPOSIÇÕES
14.2 PLANEJAMENTO MUSEOGRÁFICO
14.3 ROTEIRO MUSEOGRÁFICO
14.4 MOBILIÁRIOS MUSEOGRÁFICOS
15 PROGRAMAÇÃO VISUAL DE PAINÉIS
15.1 CAMPO VISUAL DE PAINÉIS
15.2 DISTRIBUIÇÃO DAS INFORMAÇÕES EM UM PAINEL
15.3 ELEMENTOS PARA UMA COMPOSIÇÃO EFICIENTE DE PAINÉIS
15.4 ESPAÇO ÚTIL E ELEMENTOS DE UM PAINEL
15.5 TÉCNICAS PARA A ESTRUTURAÇÃO DOS TEXTOS DA EXPOSIÇÃO
16 ESQUEMA CROMÁTICO E MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO
16.1 EFEITOS OBTIDOS A PARTIR DO USO DAS CORES
16.2 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO EXPOSITIVO
16.3 MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO
16.4 PROGRAMA DE MANUTENÇÃO
16.5 PROJETO PARA OBTER PATROCÍNIO
16.6 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE UMA EXPOSIÇÃO
17 O MUSEU: FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES
17.1 O MUSEU LOCAL OU COMUNITÁRIO
18 O PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DO MUSEU LOCAL

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18.1 ASPECTO JURÍDICO
18.2 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA E ORGANIZATIVA DO MUSEU LOCAL
18.3 O ORÇAMENTO
18.4 FONTES DE FINANCIAMENTO
18.5 RECURSOS HUMANOS
18.6 SUGESTÕES DE ATIVIDADES EM MUSEUS LOCAIS OU COMUNITÁRIOS
18.7 O PROJETO DA ARQUITETURA DO MUSEU LOCAL
19 CONCLUSÃO
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 MUSEOLOGIA, MUSEU E PATRIMÔNIO CULTURAL

Nesse primeiro módulo, trataremos dos conceitos que fundamentam as


ações museológicas voltadas para a intervenção social. Para isso, apresentaremos
os documentos referenciais do pensamento museológico contemporâneo e os
modelos de museus que surgiram desta proposta. Esses documentos foram
produzidos pela comunidade museológica e tratam das novas formas de atuação do
museu e das práticas museológicas voltadas para a preservação do patrimônio
cultural e para a promoção social da América Latina, são eles:
Declaração de Santiago do Chile, 1972: Princípios do Museu Integral;
Declaração de Quebec, 1984: Princípios de base para uma nova
museologia;
Declaração de Oaxtepe, 1984: Ecomuseus; patrimônio-território-
comunidade;
Declaração de Caracas, 1993: O museu como gestor do patrimônio.

1.1 SOBRE A MUSEOLOGIA SOCIAL

A preocupação quanto à função social do museu e das práticas


museológicas motivaram estudiosos e pesquisadores de museus a intensificarem
suas críticas ao modelo tradicional europeu de museu, como uma instituição
preocupada exclusivamente com a preservação de objetos (coleta, documentação,
conservação e exibição de objetos); um espaço para contemplação, templo para a
experiência estética.

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Atribuir uma função social ao museu e ao patrimônio cultural foi um dos
principais interesses do Movimento Internacional para uma Nova Museologia
(MINOM), que propôs um novo foco de atenção das ações preservacionistas
(identificação, pesquisa, documentação, e comunicação) ao ser humano, a
coletividade e a promoção social. Nessa perspectiva o museu torna-se um espaço
aberto às preocupações do mundo contemporâneo.
Três aspectos que diferenciam o modelo tradicional do paradigma
contemporâneo de museu e da museologia são:
 Quanto ao espaço físico (da edificação ao território musealizável);
 Quanto à museografia (a exposição como meio de comunicação de
museus);
 Quanto ao modelo de gestão (participação da comunidade na administração
e na preservação do seu patrimônio e da sua identidade cultural).

O museu passa a ser visto como uma instituição capaz de promover a


preservação, a valorização da história, da memória, e tradições locais. Integrado à
comunidade busca promover sua participação, para a valorização da sua cultura e
sua identidade.
Mais que um espaço de contemplação, o museu transforma-se em um
instrumento capaz de promover a inclusão social e contribuir para o
desenvolvimento individual e coletivo; não deixando de ser um equipamento
socioeducativo e de lazer.
O processo de construção teórico-metodológico dessa inovadora proposta
está registrado em documentos produzidos nos encontros promovidos pelo
Conselho Internacional de Museus – ICOM e UNESCO, com a finalidade de
estabelecer um modelo de museu comprometido socialmente e politicamente com a
sociedade da qual faz parte.
Três desses documentos - as Declarações de Santiago do Chile de 1972; de
Oxatepec no México 1984, e a de Caracas de 1992 -, foram produzidos
especificamente tendo em vista a realidade política, social e histórica da América
Latina, já que naquele período surgiam na Europa e na América do Norte propostas
alternativas de museus coerentes com seus contextos históricos e sociais. Eles são

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referenciais importantes para a conceituação de ações sociomuseológicas e do
desempenho social de museus.
A Declaração de Quebec (1984) tem a sua importância, devido nele constar
o reconhecimento pela comunidade museológica do movimento gerador da
Museologia Social, o MINOM (Movimento para uma Nova Museologia).
Mas antes de apresentar esses documentos, é importante conhecer um
pouco do contexto histórico em que foram inicialmente produzidos.
A década de 70, período de produção do primeiro documento, a Declaração
de Santiago, acontecia uma série de transformações comportamentais, em relação
aos modelos políticos, éticos, sexuais, etc. Emergiam propostas contrárias aos
padrões vigentes, como por exemplo, os movimentos libertários como a
contracultura, o movimento feminista, o movimento ecologista, dos direitos humanos
e das minorias, o movimento pela democratização da cultura, e justiça social,
etc.Nessa atmosfera de contestações, a comunidade museológica questionava o
modelo tradicional da instituição museu, alheio às questões sociais, e sua percepção
elitista de patrimônio cultural, reivindicando e propondo um modelo de instituição
com compromissos e práticas sociais.
A Declaração de Santiago foi o resultado do encontro de museólogos latino-
americanos no Chile. A Mesa Redonda de Santiago teve como tema: O papel do
museu na América Latina. Ali teve início um processo que transformaria as práticas
museológicas como também a função da instituição museu à mundial.
Vamos aprofundar mais um pouco sobre este processo conhecendo
algumas das decisões importantes adotadas naquele encontro.

a) Declaração de Santiago do Chile, 1972: Princípios do Museu Integral


Documento considerado como um marco importante do pensamento
museológico contemporâneo trouxe as mais importantes transformações conceituais
para a museologia da América Latina.
As propostas e diretrizes apresentadas nesse documento estão relacionadas
com as ações sociomuseológicas para o desempenho de outro modelo de museu.
 O conceito do museu integral: uma instituição com compromisso
social, uma das suas funções é integrar-se à comunidade, por meio da valorização
da cultura e identidade local. A história social, as tradições, a memória são

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elementos e recursos para o desempenho das atividades desse modelo de
instituição. O museu integral é um espaço dinâmico capaz de colocar a comunidade
em contato com sua história, suas tradições e sua cultura;

 O compromisso social da linguagem museológica: As exposições


temáticas (itinerantes e temporárias) como recursos de apoio pedagógico a projetos
socioeducativos. As temáticas devem apresentar coerência com a realidade local.
As exposições itinerantes e as temporárias são suportes para a comunicação sobre
conhecimentos que podem contribuir para que a comunidade (rural ou urbana)
supere dificuldades, a partir do conhecimento dos avanços da área científica e
tecnológica.
 Inovações museográficas, com a inclusão dos avanços tecnológicos
como temáticas expositivas, (novas técnicas museográficas); uma linguagem do
discurso museológico acessível e adequada ao contexto social, histórico, econômico
do qual o museu é parte.
 Os elementos museográficos devem estar relacionados com
cultura local: assim as comunidades identificam-se com o conteúdo das
exposições, defrontando-se com a sua história, seus modos de ser e suas formas de
produzir.
 O papel político do museu: instrumento de transformação social, e
formação de consciência crítica individual e coletiva.
As recomendações encontradas nesse documento para o desempenho do
museu integral apontam as seguintes ações:
 A adequação das atividades museológicas às transformações sociais,
(ampliação do campo de atuação dos profissionais museólogos).
 A interdisciplinaridade como recurso intelectual, a partir dela é possível
promover a atuação e a compreensão totalizante do patrimônio cultural. A
interdisciplinaridade é também adotada como forma de atuação dos
profissionais nos museus (equipes interdisciplinares).
 A criação de parcerias entre os pequenos e grandes museus para a difusão
de conhecimentos.
 O planejamento das ações socioeducativas focadas na educação
permanente: as linhas de ações e a formalização de compromissos do

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museu com programas estatais da prestação de serviços regulares. Essas
ações adotadas como estratégicas são importantes na integração das ações
socioeducativas do museu à política nacional de ensino.
 O museu como prestador de serviços: comunicação de conhecimentos, por
meio de recursos museográficos; promoção de ações voltadas para
incentivar as escolas a formar coleções e montar exposições com objetos
da cultura local; estabelecer programas para a formação de professores dos
diferentes níveis de ensino, entre outras atividades.

As implicações da Declaração de Santiago foram profundas, pois como


podemos observar, as práticas museológicas foram ampliadas na medida em que as
ações preservacionistas se voltam para o indivíduo e a coletividade, e não somente
para a preservação e exposição de objetos. Mais ainda, houve uma mudança da
finalidade da preservação, da exposição museológica e da função do museu.
O resultado concreto da Mesa Redonda de Santiago na América Latina
foram dois projetos experimentais que surgiram no México: a “Casa do Museu” com
o objetivo de integrar o museu à comunidade; e o programa “Museus Escolares”,
que teve como propósito criar pequenos espaços museais nas escolas, como
auxiliares didáticos, especialmente das áreas das ciências naturais e sociais.
Estas experiências mexicanas contribuíram para a implementação das
novas ações e técnicas museográficas e museológicas. Surgiu daí uma metodologia
para o planejamento e a criação do museu comunitário.

b) Declaração de Quebec - 1984: Princípios de base de uma nova museologia


Nesse documento estão registrados os princípios que devem orientar as
ações para uma nova museologia adotada pelos modelos alternativos de museus
que surgiam em diferentes países: os ecomuseus, os museus comunitários, etc.
Todos eles tinham em comum a preocupação com a preservação do patrimônio
cultural e desenvolvimento social.

As questões aprofundadas nesse documento dizem respeito à:

 Metodologia de atuação da museologia. Extrapola as atribuições tradicionais


da museologia, pois, buscar integrar as populações em suas ações, por

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meio da interdisciplinaridade e da utilização dos métodos contemporâneos
de comunicação e gestão.
 Adota o conceito ecológico de comunidade, entendida não somente formada
pelos aspectos administrativos e políticos que forma o grupo social, mas
também sua territorialidade, seu ecossistema.
 Mudanças no foco das ações museológicas: da exclusiva preservação do
objeto para a promoção social.
 O reconhecimento das linhas de ações do MINOM e das novas práticas
museológicas voltadas para a função social do patrimônio cultural e do
museu.

Neste encontro a comunidade museológica reconhece a ecomuseologia, a


museologia comunitária, e as outras museologias alternativas que surgiam em
diferentes países.

No ano de 1985 houve o II Encontro Internacional “Nova Museologia/


Museus Locais”, em Lisboa, ali a comunidade museológica reconheceu formalmente
como organização o Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM),
dois anos depois, foi reconhecida como instituição afiliada ao Conselho Internacional
de Museus (ICOM).

c) Declaração de Oaxtepec, 1984: Patrimônio-território-comunidade

Esse importante documento aprofunda os conceitos básicos da


ecomuseologia, - modelo proposto George Rivière -, adequando-o à realidade latino-
americana. Há o reconhecimento sobre o papel da museologia como instrumento
para o desenvolvimento social dessas sociedades. Para isso, estabelece os
conceitos embasadores dessa proposta, são eles:
 O conceito de território-patrimônio-comunidade como uma unidade
indissolúvel.
 O conceito de espaço territorial muzealizável. Assim entendido o território
está além da delimitação dos aspectos políticos e administrativos. Há outros
aspectos definidores como a produção e trabalho, as relações familiares e

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sociais, o ecossistema. Assim concebido o território musealizável é
composto por aspectos: social, cultural e natural, e sendo assim, ele não é
somente uma propriedade, mas uma herança social.
 O conceito de preservação in situ, ou seja, o bem cultural preservado em
seu contexto original. Entendendo que ao retirar o patrimônio do seu
contexto, a ideia original fica comprometida.

As recomendações desse documento referem-se ao desempenho do


ecomuseu, elas envolvem as seguintes questões:
 A forma de comunicação e linguagem museológica adequada à realidade
local do museu (dialógica e participativa). Para isso, deveria recorrer às
tradições, a memória coletiva e aos elementos da cultura local. A exposição
desses elementos deve contextualizá-los e estar relacionados ao
conhecimento científico.
 Projetos de ações sociomuseológicas para sensibilizar a população local
quanto à importância do seu patrimônio, como também capacitá-la para
utilizá-lo como fator de desenvolvimento e inclusão social.

As ações socioeducativas propostas foram:


 A formação e capacitação de pessoas locais para entender o que é, e como
se apropriar e utilizar os recursos naturais e culturais que pertencem à
comunidade e que são componentes do seu patrimônio, etc.
 Sensibilizar a população sobre a importância da capacitação de pessoas
locais para a recuperação, salvaguarda e fortalecimento da história e da
identidade cultural.

d) Declaração de Caracas - 1993: O museu como gestor do patrimônio cultural


As discussões do encontro de Caracas envolveram questões como a missão
do museu na América Latina e o papel da comunidade como cogestora de seus
bens culturais, a forma de comunicação, gestão, liderança, recursos humanos e
patrimônio cultural.

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Apresenta as seguintes responsabilidades sociais do museu com a
comunidade:
 O papel do museu na capacitação da população local para gerir suas
instituições culturais. Estabelecido por meio de um processo de
comunicação interativa e integrada à realidade local;
 A comunidade é o objeto de pesquisa, a fonte de conhecimentos, e também
devem participar na coleta e investigação dos elementos significativos do
seu processo cultural, como também se responsabilizar pela preservação e
difusão do seu patrimônio cultural;
 O museu como um espaço de integração social, no qual a comunidade
relaciona-se com o seu patrimônio e se reconhece por meio dos elementos
próprios da sua cultura;
 O papel do museu no processo de educação permanente. Seus recursos
são apontados como instrumentos importantes para o desenvolvimento
individual e social. Deve por isso, ser capaz de promover a formação crítica
e cognitiva dos indivíduos contribuindo para a melhoria das condições de
vida e do exercício da autoestima da comunidade;
 A importância dos bens culturais como instrumentos de comunicação,
educação e de ações sociais. Para isso, a museologia como uma ciência
interdisciplinar, deve procurar conhecer profundamente a rede de relações
que envolvem os significados e valores do patrimônio cultural;
 O desenvolvimento de atividades, e a implantação de processos
museológicos, devem ser coerentes com o seu contexto de atuação.

Os quatro documentos apresentados demonstram como ao longo do século


XX, as reflexões e ações concretas permitiram a construção e legitimação de um
novo modelo de museu e a legitimação de uma museologia, com métodos, conceitos
e objetivos sociais.
A seguir veremos os modelos de museus que surgiram do MINOM.

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2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE MUSEUS

Nesse tópico serão apresentadas as propostas preservacionistas criadas


nas sociedades europeias e asiáticas que influenciaram os museólogos a projetar
novos modelos de museus, ampliando o campo de reflexão e das práticas
museológicas, que extrapolam o espaço físico e o acervo do museu. Demonstrará
também como a preservação torna-se uma questão social, e como isto influencia
outra forma de compreender e tratar o patrimônio cultural diferente da visão elitista.

2.1 A ECOMUSEOLOGIA E O ECOMUSEU

No tópico anterior muito foi dito sobre os modelos de museus que surgiram
ao longo do final do século XX. Agora vamos aprofundar sobre o que são e como
são esses museus e como estão fundamentados.
Os conceitos fundamentais da ecomuseologia são três: o de território
musealizável; o conceito amplo de patrimônio cultural (composto por bens materiais,
imateriais e naturais); e o conceito de comunidade participativa.
Território musealizável: é a ideia central desse modelo de museu. O
território é o espaço onde se desenvolve o cotidiano das pessoas, possível de ser
musealizado. Os bens culturais componentes desse patrimônio existem e devem
permanecer em seu local de origem. Esse é outro conceito definidor da
ecomuseologia - a preservação in situ.
Patrimônio cultural: Para a ecomuseologia o modo de vida das
comunidades, todo o saber adquirido, os objetos, edificações, as práticas
tradicionais, usos e costumes, devem ser preservados. Entretanto, não somente os
aspectos culturais devem ser alvo da preservação, como também toda a espécie
animal ou vegetal do território. Isto se deve ao entendimento do seu criador
(Georges-Henri Rivière) segundo o qual cada espécie teria uma função específica -

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identificada ou não - a desempenhar em seu meio ambiente no presente ou no
futuro, fosse pelo aspecto médico, científico ou econômico.
População: Segundo Rivière, o ecomuseu existe essencialmente para a
população. Suas ações sociomuseológicas colocam a comunidade em contato direto
com sua história, sua cultura, seu meio ambiente, e sua identidade, desencadeando
um processo de valorização do patrimônio cultural e natural.

2.1.1 O ecomuseu

Uma das diferenças existentes entre este modelo de museu e o museu


tradicional está no espaço físico onde ele é criado e o tipo de acervo. O museu
tradicional está em um edifício geralmente constituído a partir de coleções. O
ecomuseu está em um território, preservando elementos do patrimônio cultural e
natural.
A expressão ecomuseu foi apresentada à comunidade museológica IX
Conferência Geral do ICOM, em setembro de 1971, em Grenoble - França, para
definir o novo modelo e enquadrar politicamente as suas características de museu
ao ar livre e da participação da comunidade.
O primeiro exemplo de ecomuseu foi criado na França no ano de 1971,
idealizado por Rivière. Originalmente foi um projeto para a criação do Museu do
Homem e da Indústria na comunidade urbana de Le Creusot-Monteceau, ele foi
reconhecido como ecomuseu a partir de 1974.
O propósito deste modelo de museu era oferecer àquela população a
possibilidade de reconhecer e compreender os aspectos econômicos, social e
cultural do contexto do qual é parte. Ali todos os elementos pertencentes àquele
território foram considerados patrimônio, desde as construções (antigas e recentes),
incluindo o castelo onde estavam guardadas as coleções que contavam a história
local, o espaço urbano, objetos, tradições, conhecimentos práticos, como também as
plantas, animais, etc.
O resultado dessa experiência foi à conceituação das ideias de território
como enquadramento museológico, da conservação in situ dos bens patrimoniais.

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Esses conceitos são importantes para viabilizar ações de envolvimento da
população na preservação do patrimônio cultural e natural, participando nas
pesquisas, na produção de inventário, na valorização da memória social local, etc.
Naquele ecomuseu a comunidade participava dando ideias sobre a
programação. E o território como uma espécie de celeiro onde todos os seus
elementos, são bens culturais e naturais que devem ser conhecidos e preservados.
Apesar do desaparecimento da proposta inicial, o ecomuseu e a sua filosofia
original contribuíram para a aceitação desse modelo de museu em outros países e
continentes como no Canadá e na América Latina.

2.2 A MUSEOLOGIA E O MUSEU COMUNITÁRIO

Como já foi dito a museologia comunitária foi o resultado de dois projetos


museológicos implantados no México logo após a Mesa Redonda de Santiago: o
projeto “A Casa do Museu” dirigido por Mario Vázquez e os “Museus Escolares”.
A finalidade da museologia comunitária é contribuir para o desenvolvimento
social a partir da valorização do patrimônio cultural e natural de comunidades. Isso
implica na recuperação da memória coletiva e apropriação da história local. A
participação da população é uma necessidade para encontrar soluções de melhoria
das suas condições de vida.
As ações museológicas trabalham com temáticas coerentes e escolhidas
pela comunidade e correspondem aos seus interesses e necessidades da realidade
local.
O museu comunitário desenvolve ações socioeducativas voltadas para a
formação e capacitação da população local. Os resultados esperados desse
processo são contribuir socialmente e economicamente com a comunidade.
Estas ações são concretizadas quando se instala um processo onde há
condições e incentivos para qualificar e capacitar a população a desempenhar
atividades econômicas, como por exemplo:
 O incremento do turismo cultural e ecoturismo;

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 A criação de pequenas empresas comunitárias e familiares, que utilizam os
recursos naturais locais;
 Projetos para a valorização da produção artesanal, artística e das tradições
locais.

Os conceitos teóricos e metodológicos que sustentam as ações da


museologia comunitária são:
Educação Popular: inspirada nas ideias de Paulo Freire trata-se de um
processo teórico metodológico de educação não formal que consiste em investigar,
conhecer, analisar a coletividade local a partir dos aspectos sociais, econômicos,
políticos e cultural, buscando encontrar soluções para o desenvolvimento local;
Cultura popular: conjunto de criações que emanam da uma coletividade,
fundadas na tradição e expressas por um grupo ou por indivíduos, e que
reconhecidamente respondem as expectativas da comunidade enquanto expressão
de sua identidade cultural e social. Suas formas compreendem entre outras, a
língua, a literatura, a música, a dança, jogos, mitologia, rituais, os costumes,
artesanatos entre outras artes (Recomendação de Paris de 1989 - UNESCO);
Investigação participativa: processo metodológico que tem por objetivo a
produção de conhecimentos sistemáticos sobre a realidade de um grupo social ou
comunidade. Permite estabelecer diversas estratégias de participação e tomada de
decisões na execução de uma ou mais etapas do processo de investigação;
Museografia Comunitária: o projeto expositivo inclui os elementos da
cultura e da natureza local, e os recursos tecnológicos. Há participação e
envolvimento da comunidade.
Formação regional: espaço físico-territorial onde coabitam indivíduos que
compartilham maneiras de pensar e formas específicas de produzir.

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2.2.1 O museu comunitário

No museu comunitário não é a coleção, mas a memória coletiva e a história


social de uma comunidade o patrimônio cultural que deve ser preservado e usado
em benefício da formação e desenvolvimento individual e coletivo.
Os projetos museográficos propõem exposições sobre as tradições, a
memória, e a história da comunidade. Recorre a uma mensagem que busca
valorizar o patrimônio cultural local. Além dos objetos, também são alvos das
atenções museológicas e museográficas o cotidiano, e os problemas sociais e
ambientais a serem superados.
O desenvolvimento dessas ações museológicas precisa recorrer à memória
coletiva para esclarecer à comunidade os significados e funções atribuídos aos bens
culturais.
Segundo o museólogo Raúl Andrés Méndez Lugo (2004), a implementação
de um museu comunitário pode ocorrer por dois motivos:
a) Por iniciativa da comunidade que decide criar um museu comunitário seja
rural ou urbano, devido à consciência da necessidade de proteger, resguardar,
investigar, conservar e difundir seu patrimônio cultural;
b) Como estratégia de política cultural desenvolvida pelo governo federal,
estadual ou municipal.
Seja qual for o motivo, a criação desse tipo de museu exige um
planejamento teórico-metodológico que envolve as práticas da museologia
comunitária, que segundo LUGO (2004) consiste de seis etapas: o diagnóstico, o
planejamento, o desenvolvimento, autoavaliação, a continuidade e reprogramação
das ações.
Atualmente, existem museus comunitários em diversos países da América
Latina, especialmente nas pequenas e médias comunidades. Esse modelo de
museu e os ecomuseus são reconhecidos como os pioneiros, resultantes diretos do
Movimento para uma Nova Museologia (MINOM).

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2.3 OUTROS MODELOS DE MUSEUS

As ideias não se perdem, transformam-se. No universo museológico essa


afirmativa não seria diferente, pois ao analisar as origens das ideias que
influenciaram e contribuíram para a construção do paradigma da museologia social,
talvez o leitor chegue a essa mesma conclusão.
No final do século XIX surgiram propostas museais inovadoras em relação
ao tratamento, interpretação e utilização do patrimônio cultural que naquele período
era tratado sob uma visão estética, elitista e de excepcionalidade.
No ano de 1876 em Lisieux na França, o professor Edmuond Groult criou um
tipo de museu diferente dos museus tradicionais criados a partir de coleções. De
forma inovadora ele tratou o patrimônio histórico relacionando-o ao artesanato e a
população de trabalhadores. Esse tipo de museu chamou à atenção da comunidade
internacional e inspirou o surgimento de outros semelhantes na Europa e na
América do Norte.
Em 1891 surge o primeiro museu ao ar livre, chama-se Skansen, e está
localizado na Suécia. Foi idealizado pelo professor Arthur Hazelius. Ali foram
reproduzidas, as construções rurais e as formas de produção, expondo o modo de
vida das populações. Na Exposição Internacional de Paris de 1878, foi apresentada
uma proposta museográfica interessante chamada “quadros vivos”, era a encenação
do cotidiano da vida rural sueca. A proposta dos museus ao ar livre é reunir a
pesquisa científica, a contextualização histórica e cultural e os elementos estéticos e
paisagísticos de determinado território.
No ano de 1892 no Reino Unido, surgiu em Edimburgo o “Outlook Tower”.
Esse museu inovou na apresentação e nos métodos de salvaguarda da memória e
da tradição da vida local. Patrick Geddes foi o responsável por acrescentar um novo
conceito ao museu: o de integração da história social recente e incluir as ações
sociais e culturais nas atividades do museu. Essa proposta apresentou uma nova
forma de inter-relações entre o museu, o seu entorno social e os seus usuários.

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Ainda no século XIX, na Alemanha existiam os Heimatmuseums, que
demonstrava possuir intenções sociais e buscava a participação das populações na
preservação da sua cultura. Esse modelo é apontado por alguns autores como
importante influência para a origem da museologia comunitária.
No século XX na então União Soviética, logo após a Revolução de 1917,
surgiram museus ambulantes ou Vagões de Exposição, que se ocupavam da
educação popular, teve como responsabilidade divulgar a nova identidade do povo
soviético. Foi criado com o propósito de conservar a herança cultural e contribuir
para a educação científica e cultural dos povos, e preservar a diversidade étnica da
União Soviética.
Após o final da Segunda Guerra Mundial com a nova geografia política e o
surgimento de vários países no leste europeu foram criados museus fundamentados
em ideias de afirmação da identidade e da valorização da história de cada povo.
Na década de 20, nos Estados Unidos, John Cotton Dana introduziu o
conceito de comunidade e de utilidade para o museu, provocando uma mudança
importante na definição dos objetivos da instituição museológica. Para ele a coleção
deveria ser colocada a serviço da comunidade, privilegiando as pessoas, e não
apenas o acervo, mais que isso, o museu deveria servir como meio para capacitar
os trabalhadores e promover os melhores talentos das escolas. Esse modelo
utilitarista e preocupado com a missão social do museu foi um precedente para a
criação dos museus de vizinhança em anos posteriores naquele país.
Um exemplo de participação comunitária para a preservação do patrimônio
cultural foi à existência dos “círculos culturais e de estudo” da Suécia – grupos de
cidadãos que possuíam um número mínimo de elementos. Com estatuto de entidade
jurídica e direito ao apoio financeiro para suas iniciativas – desde os anos de 1930,
foram responsáveis pela criação de espaços territoriais musealizados, onde eram
representados e reproduzidos construções, costumes e atividades das suas terras e
dos seus habitantes. Os estados e as comunidades dos países nórdicos foram
pioneiros em apoiar e estimular as suas populações na preservação da sua história
e do seu patrimônio.
O Museu Nacional do Níger, criado no ano de 1958, é outro modelo
apontado como um referencial importante para a museologia social. Ali em um
território foi realizada a reconstituição do país em todos os seus aspectos: cultural,

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étnico, artístico, zoológico, botânico, etc. Este museu foi concebido e organizado,
baseado em duas ideias: completar e ampliar o ensino formal e sensibilizar seus
habitantes sobre a sua história e a sua cultura. A museografia procurou reproduzir
as construções típicas das diversas regiões utilizando as técnicas originais; o
artesanato apresentado com os artesãos trabalhando no local; a recuperação da
história oral – narrativas das histórias, lendas e canções tradicionais –, como recurso
para a preservação da cultura e da tradição local. Posteriormente já na década de
1970, esse museu se ocupou de empregar pessoas ensinando-lhes artesanato, e
realizando um trabalho pioneiro com deficientes físicos, associando à produção
artesanal, cegos e paraplégicos que antes eram mendigos, dessa forma cumpria o
papel de centro de ação social.
Outro importante modelo é o museu de bairro ou vizinhança o
“Neighborghood Museum” criado nos Estados Unidos em 1967, no bairro Anacostia
em Washington. Organizado em um bairro da cidade habitado por uma comunidade
afro-americana apresentava a vida dessas comunidades na região, valorizando o
seu papel na formação e consolidação do seu país. Esse museu foi citado com o
modelo de instituição voltada para a preocupação social.
Em 1969 George Rivière criou o Museu ao Ar Livre em Marquèze esta
experiência o permitiu definir conceitos como a preservação in situ; museu como
reflexo da comunidade; a população como fonte de informação e participação na
conservação e manutenção da sua história.
Os exemplos citados inspiraram e contribuíram para a construção do campo
conceitual da museologia social, como também para a consolidação do modelo de
museu com compromisso social. Atualmente, os modelos alternativos de museus e
referenciais da atuação social e inovação das técnicas museográfica, estão:
 O Museu Nacional do Níger, pelos seus objetivos sociais e culturais e de
congregação de identidades culturais.
 O Museu de Vizinhança de Anacóstia: modelo de museus de bairros de
grandes centros urbanos. Suas ações buscavam solucionar problemas de
integração social e organização urbanística.
 O Museu de integração popular ou museus comunitários: sua finalidade é
contribuir para a educação e o desenvolvimento social de populações
menos favorecidas.

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 Museus de arqueologia industrial: possuem como referências, os museus de
Ironbridge e Torfaen na Inglaterra. São as vilas museus onde a população é
capacitada e qualificada em práticas arqueológicas e investigativas, para
contar sua própria história.
 Museus de comunidade: qualquer museu de pequena ou média dimensão,
de bairro, município, ou de área rural, que tenha como finalidade trabalhar
com a população promovendo o seu desenvolvimento.
 Site museums e museus ao ar livre: atuam para a preservação e
revitalização do patrimônio cultural e natural. Segundo o Comitê
Internacional de Museus (ICOM), esse modelo de museu é concebido e
implantado para proteger elementos do ambiente natural e/ou cultural em
seu local original, geralmente são prédios, ruas, parques naturais, casas,
etc. No caso de ruas, prédios e casas, as pesquisas museológicas são
importantes no caso de projetos turísticos, por exemplo, para encenações
do cotidiano de um determinado momento histórico; produção de literatura
local, espetáculos com narrativas da história, tradições, etc.
Do que foi exposto podemos concluir que a preservação do patrimônio
cultural é o ponto de partida para a investigação, atuação e intervenção social da
museologia contemporânea. A identificação, a pesquisa, a documentação, e a
comunicação (exposições, e ações socioeducativas) são as atividades pertencentes
ao universo museológico.

3 MUSEOLOGIA E MEMÓRIA

Neste tópico vamos conhecer um pouco mais sobre os conceitos que são
adotados nas práticas sociomuseológicas para a preservação do patrimônio cultural
imaterial.
Para a museologia a importância da memória está nas definições de
pertinência de um indivíduo a um grupo por preservar fatos acontecidos na
sociedade à qual pertence. Por isso a memória é considerada um recurso
fundamental para a compreensão de uma realidade, devido a sua capacidade de

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resgatar uma situação ameaçada de esquecimento dos acontecimentos, sensações
e sentimentos, ou seja, elementos e aspectos da cultura e da história recente de
uma comunidade.

3.1 HISTÓRIA ORAL: REGISTROS DA MEMÓRIA

A oralidade como fonte de informação científica foi recentemente legitimada


pelas ciências humanas e sociais na prática do registro da memória.
A importância da história oral para o conhecimento de uma realidade local
está nas suas qualidades e múltiplas potencialidades, de evidenciar novos campos e
temas para a pesquisa; recuperar memórias locais, comunitárias e regionais; de
gêneros; étnicos, nacionais, etc.
Como fonte de informação ela permite recuperar informações sobre
acontecimentos e processos, que não se encontram registrados ou disponíveis para
a pesquisa. Um método de coleta de dados é ouvir comunidades e sujeitos
históricos diferentes dos tipos encontrados na história oficial; possibilita registrar
versões alternativas da história e da memória. As tradições orais e culturais são uma
fonte rica que estão a nossa disposição para a compreensão da experiência e da
vivência humana.

3.2 O REGISTRO DA MEMÓRIA

A pesquisa museológica para a recuperação e preservação da memória


coletiva considera tanto as coleções, quanto o patrimônio cultural, como indicadores
da memória. Os registros da memória podem ser encontrados em imagens
(fotografias, filmes), escritos (romances de época, cartas, objetos, narrativas),
músicas, documentários, obras de arte, depoimentos, poemas, gravações
(programas de rádio, televisão, etc.), depoimentos de atores sociais locais, entre
outros.

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3.3 MUSEOLOGIA E IDENTIDADE CULTURAL

A identidade cultural diz respeito às singularidades e peculiaridades que


diferenciam e ao mesmo tempo identificam um povo. Ela não é algo estático, é um
processo dinâmico que se renova e enriquece ou não, quando entra em contato com
outras culturas.
A museologia estabelece uma relação importante entre os elementos
componentes do patrimônio cultural e a identidade coletiva, ao entender que os bens
culturais, – tangíveis, intangíveis ou naturais –, expressam as relações que se
estabelecem entre os indivíduos, seus semelhantes e o seu ambiente natural.
O conceito de identidade remete a um sentimento de pertença, por exemplo,
em uma comunidade, apesar dos membros não se conhecerem, compartilham
importantes referenciais comuns: uma mesma história, uma mesma tradição, etc.
Esses referenciais criam laços com os antepassados, com um local, um território, os
costumes e hábitos. Para os indivíduos são informações de onde vem e quem são,
para o grupo social dá algum tipo de identidade, seja étnica, local ou regional.

4 MUSEOLOGIA E PATRIMÔNIO CULTURAL

Neste tópico serão apresentadas as categorias e os elementos componentes


do patrimônio cultural e natural que facilitam o acesso às informações sobre os
recursos e as potencialidades históricas e culturais de comunidades. Esses dados
são importantes para o planejamento do turismo cultural.
O patrimônio cultural como conceito se refere à produção humana de toda
ordem – emocional, intelectual, material e imaterial –, independente de sua origem,
época natureza ou aspecto formal.
Esse conjunto de elementos culturais contém as produções materiais e
imateriais que expressam a criatividade de um povo, por exemplo: o idioma, os ritos,

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as crenças, os lugares e monumentos históricos, o cotidiano, o ser e o fazer
característica de um povo. São também elementos componentes desse patrimônio
as obras de artistas locais, arquitetos, músicos, escritores, pensadores, as
expressões, conhecimentos e técnicas populares.
O patrimônio cultural material é composto por elementos bi e tridimensionais,
que possuem significação cultural e valores histórico, estético, científico e/ou social.
Eles são representativos da memória e identidade local, regional e/ou nacional.

4.1 CATEGORIAS DO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL

Devido a sua complexidade e para fins de estudo e de registro, o patrimônio


cultural material é dividido nas seguintes categorias:
 Patrimônio arqueológico: são evidências de grupos pré-históricos (sítios,
pinturas rupestres, artefatos de cerâmica, pedras, etc.);
 Patrimônio Documental: documentos que fazem parte do acervo histórico e
fontes de comprovação de fatos históricos. Encontra-se em diferentes
suportes, geralmente fazem parte do acervo de arquivos públicos e
bibliotecas;
 Patrimônio Edificado: arquitetura civil ou arquitetura religiosa - (casas,
igrejas, museus, edifícios representativos da história local, monumentos);
 Patrimônio Industrial: está representado por todos os vestígios relacionados
à indústria, sejam eles bens móveis ou imóveis (as máquinas, produtos
industriais, arquivos de empresas, arquitetura) e todos os elementos
relacionados à atividade industrial (as manifestações físicas, sociais e
culturais de formas de industrialização do passado);
 Patrimônio Paleontológico: são fósseis animais e vegetais, e sítios onde se
encontram esses vestígios;
 Patrimônio Urbanístico: composto por conjuntos urbanos (praças, bairros,
cidades, mercados, santuários). Os conjuntos históricos ou tradicionais
encontrados na zona urbana ou rural são identificados como: sítios pré-
históricos, cidades históricas, bairros urbanos antigos, aldeias e lugarejos,

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conjuntos monumentais. O contexto de um sítio histórico urbano comporta
as paisagens naturais e construídas, e por isto deve ser preservado.

Todas as cidades sejam elas, grandes ou pequenas, centros ou bairros


históricos e seu entorno natural ou construído estão na condição de documento
histórico, pois são expressões materiais da diversidade das sociedades ao longo do
tempo (Carta de Washington – UNESCO, 1986).

4.2 DANOS CAUSADOS AO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL

Os danos causados ao patrimônio cultural ocorrem tanto pela deterioração


decorrente de fatores naturais, quanto econômicos e sociais.
As ameaças das condições naturais são:
 Eventos climáticos e sísmicos;
 Enchentes, erosão, etc.
Os fatores sociais, econômicos e políticos contribuem para a depredação na
medida em que permite a desvalorização do patrimônio cultural, ameaças de:
destruição, conflitos armados, etc.
Também a respiração humana ou animal excrementos, emanações
provenientes dos escapamentos dos automóveis, chaminés de fábricas, falta de
conservação, etc., são outros fatores que ameaçam causar danos ao patrimônio
cultural.

4.3 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

No ano de 2003 a UNESCO promoveu a Convenção para a Salvaguarda do


Patrimônio Imaterial, desta convenção surgiu o documento Recomendação Paris,
nele está definido como patrimônio cultural imaterial às práticas, representações,
expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos,

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artefatos e lugares que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em
alguns casos os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio
cultural.
Os bens componentes do patrimônio cultural imaterial se referem às
práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e instrumentos
(objetos, artefatos e lugares) que sociedades e indivíduos reconhecem como parte
integrante da sua cultura popular e tradicional.
Este patrimônio transmitido de geração para geração, resulta de um
processo dinâmico, pois é constantemente recriado pelas comunidades em função
de condições históricas, ambientais e sociais.
Como patrimônios culturais imaterial estão às tradições e expressões orais,
incluindo o idioma; as celebrações, as práticas sociais, conhecimentos e práticas
relacionadas ao comportamento da natureza e do universo; as técnicas artesanais
tradicionais, etc.
Estas técnicas e conhecimentos são expressos nos artesanatos, nas formas
de pescar, de caçar, de plantar, colher e cultivar, nos saberes para utilizar plantas
como alimentos e remédios, nas formas de construção de moradias e na fabricação
de objetos, na culinária, nas danças e músicas, nos modos de vestir e falar, nos
rituais, celebrações religiosas e populares, nas relações sociais e familiares, nas
histórias e lendas contadas de geração a geração.
Nesse documento a salvaguarda é entendida como sendo as medidas para
garantir a viabilidade do patrimônio cultural imaterial, dentre outras destacamos:
 A identificação e a definição dos elementos do patrimônio cultural imaterial
presentes em um território;
 A participação das comunidades, grupos e organizações não
governamentais pertinentes;
 A documentação (produção de inventários),
 A pesquisa envolvendo estudos científicos, técnicos e artísticos, e
metodologias de pesquisa, especialmente do patrimônio cultural imaterial
ameaçado de desaparecimento;
 A preservação, a proteção, a promoção, a valorização, a revitalização, e a
transmissão por meio da educação formal e não formal.

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A salvaguarda dos elementos componentes do patrimônio imaterial brasileiro
é realizada por meio de medidas e procedimentos recomendados por documentos
produzidos em encontros internacionais e nacionais, para serem adotados tanto na
esfera nacional, regional e local.
O registro dos bens imateriais é feito em livros específicos segundo suas
características.

a) Livro das Celebrações

Neste livro são inscritos os ritos e festividades associadas à religiosidade, à


criatividade e aos ciclos do calendário, que participam da criação de significados e
de sentimentos específicos de uma comunidade.

b) Livro dos Saberes


Os saberes ou o modo de fazer são as atividades desenvolvidas por atores
sociais conhecedores de técnicas e de matérias-primas, que identificam um grupo
social ou uma localidade.

c) Livro das Formas de Expressão


Este livro de registro trata das formas não linguísticas de comunicação
associadas a determinados grupos étnicos, locais ou regionais, que estão
traduzidas, em manifestações musicais, produções cênicas, plásticas, lúdicas ou
literárias.

d) Livro dos Lugares


Os lugares são os espaços onde ocorrem práticas e atividades, tanto
cotidianas quanto excepcionais, que são referências importantes para a população.
Por meio da produção do registro e inventário é possível perceber formas
adequadas para a salvaguarda do patrimônio imaterial.

Outras medidas que garantem a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial


são:
 A produção do inventário (identificação, registro, e documentação);

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 Incentivo à pesquisa;
 A inclusão da educação formal e não formal nas ações preservacionistas.
 A revitalização e valorização do patrimônio.

4.4 FUNÇÕES E PROPRIEDADES DO PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO

Algumas funções e propriedades da cultura popular e tradicional brasileira


foram registradas por Maynard em sua obra Cultura Popular Brasileira (1973). Nesse
trabalho o autor aponta os significados e valores desses componentes do patrimônio
imaterial brasileiro.
As festas: os festejos aparecem como sendo consequência das forças
produtivas da sociedade. Apresentam inter-relações com a produção, com os meios
de trabalho, exploração e distribuição.
Literatura oral: tem como função o preenchimento das horas de lazer
assumindo certa forma lúdica ou catártica. O contar estórias ou advinhas é uma
maneira para dar orientação moral ou ensino por meio da sabedoria popular
gravadas nos provérbios.
Estórias: são contos transmitidos oralmente de geração a geração. O
contador de estória tem um papel importante na narrativa, pois, depende de sua
capacidade inventiva maior ou menor. O narrador em geral, aproveitando-se do
tema, discorre em torno dele empregando as características locais.
Advinhas: forma lúdica na qual a apresentação da ideia, do fato, ou objeto,
está envolta numa alegoria com a finalidade de dificultar sua descoberta. É utilizada
uma linguagem metafórica, ou a comparação que induz à decifração do enigma oral
proposto. Encontra-se também advinhas em forma metrificada (quadrinhas, rimas
toantes ou consoantes) o que facilita a memorização e a sua transmissão, possuem
uma função didática.
As parlendas: é uma arrumação de palavras sem acompanhamento de
melodia, mas às vezes é rimada e nesse caso a voz obedece a um ritmo que a
própria metrificação das sílabas lhe empresta. A finalidade da parlenda é ensinar e
entreter a criança.

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Travalínguas: consiste em repetir o mais rápido possível frases, cria
problema oral, no qual os dislábicos terão dificuldade em resolver. Estas fórmulas
populares estão sempre presentes quando se pretende criar novos problemas orais
que provoquem a boa e fácil dicção. Os travalínguas são uma maneira lúdica que
educadores podem recorrer para promover uma forma agradável de falar dos
educandos.
Os provérbios: são máximas expressas em poucas palavras, é uma forma
de sabedoria popular que as pessoas mais idosas da comunidade costumam usar
nas mais diversas situações quando estão conversando. Em geral o provérbio é uma
espécie de manual da boa conduta decorado pelos que desejam comportar-se bem.
Romances: são poemas em versos setissílabos consagratórios em suas
rimas simples dos feitos políticos ou notáveis de vaqueiros ou personalidades. No
Nordeste em geral, os romances não são com música, ao passo que no Sul do país,
frequentemente o são.
Anedotas: popularmente conhecidas como piada, é um conto sucinto de um
fato, com objetivo de provocar jocosidade ou ridicularizar. A anedota revela a
presença do folclore no cotidiano.
Música folclórica: transmitida por meios práticos e orais, está
intrinsecamente ligada a atividades e interesses sociais, o que lhe confere um grau
de representatividade local, regional ou nacional. A música folclórica pode ou não ter
autor conhecido, isso porque ela é dirigida à coletividade e que a oralidade se
encarregou de difundi-la, e que foi aceita pela coletividade.
Saberes: são as interpretações dos fenômenos relacionados com a
astronomia, meteorologia, medicina, entre outros. Os saberes ou sabedoria popular
são proferidos por frases, sentenças resultantes do conhecimento acumulado
resultante da observação; um conhecimento que existe na memória coletiva. As
formas de transmissão desses saberes são por meio do provérbio, da frase feita, da
advinha, etc. São fórmulas nas quais se procura de maneira prática sintetizar os
conhecimentos, e transmiti-los de geração a geração, porém ‘retemperadas’ pelo
uso cotidiano, emprestando a esses conceitos o papel de verdadeiros guias práticos
orais, verdadeiros códigos de sabedoria popular. Esses saberes podem ser
encontrados na interpretação das condições climáticas, nos saberes para a saúde,
da agricultura, do pastoreio, etc.

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a) Saberes medicinais: são os saberes para a saúde e prevenção de
doenças, estando no conjunto de técnicas, de fórmulas (garrafadas, cataplasmas,
etc.); de remédios (chás, lambedouros, suadoros, etc.), de práticas (dietas com
comidas especiais; alimentos proibidos, quentes ou frios, “carregados”); gestos
(benzedura, reza, oração).
b) Saberes dos fenômenos atmosféricos: são os conhecimentos das
condições climáticas obtidos pela observação ou que foram transmitidos pelos
ancestrais. Há provérbios populares para os sinais indicadores de chuva como, por
exemplo: “Manhã ruiva ou vento ou chuva”.
“Céu pedrento, chuva ou vento.”
“Quando a chuva começa na minguante vai até o mês entrante”
“Bugio ronca na serra.... chuva na terra”
c) Saberes agrícolas: refere-se à qualidade do terreno e do ciclo agrícola.
Esses conhecimentos fazem parte de um acervo de observações que são passados
de geração a geração. Quanto a qualidade do terreno esses conhecimentos são
usados para a identificação das plantas nativas; os períodos de repouso que cada
tipo de solo; a escolha do terreno em relação com o que se vai plantar; o tipo da
cova; o distanciamento; o número de sementes; a possibilidade de plantar duas
plantas diferentes (milho e feijão, por exemplo), no mesmo terreno; os tipos de
instrumentos, de ferramentas usadas para os trabalhos agrícolas. Os conhecimentos
sobre o ciclo agrícola estão relacionados ao calendário religioso tanto para o plantio
como para a colheita, obedecendo a determinados períodos da limpeza das
plantações e depois à colheita.
Esses exemplos demonstram como o patrimônio cultural de uma sociedade
expressa a criatividade individual e coletiva, identificando e diferenciando uma
cultura de outra.

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5 MUSEOLOGIA, TURISMO E PATRIMÔNIO IMATERIAL

O que há em comum entre a museologia social e o turismo cultural, é que


ambos contribuem para a afirmação da identidade cultural e para a valorização da
história e do patrimônio cultural e natural.

5.1 SOBRE O TURISMO CULTURAL

A motivação pelo turismo cultural é a possibilidade que as pessoas têm de


vivenciar e conhecer a história e as formas de ser e modos de fazer de outros povos.
Nessa modalidade de turismo a cultura local é o produto cuja qualidade é a
autenticidade.
O empreendimento turístico é reconhecido como um dispositivo importante
para desencadear um processo de preservação e valorização da memória e da
cultura do núcleo receptor. Para isso, é necessário que o planejamento seja
socialmente responsável e demonstre respeito ao meio ambiente.
O planejamento e a gestão sustentável do turismo cultural incluem a
comunidade receptora nesse processo; há uma preocupação em minimizar os
impactos negativos da atividade turística e ao mesmo tempo potencializar de forma
responsável os recursos culturais e naturais.
A contribuição da museologia para o desenvolvimento do turismo cultural
pode ocorrer na implementação e desenvolvimento de programas socioeducativos
para a valorização e preservação dos bens culturais e naturais. Ao mesmo tempo
essas ações devem exercer influências importantes para a afirmação da identidade
cultural local.
A comunidade que tem o interesse em implementar a atividade turística
como recurso para o desenvolvimento sustentável, deve preocupar-se com a
qualificação da população local na prestação de serviços, como também na

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formação de consciência crítica e responsável em relação ao uso do patrimônio
cultural local, e dos recursos naturais.
Os projetos museológicos são capazes de produzir conhecimentos para que
a comunidade aproprie-se das suas heranças culturais e encontre formas de inserir-
se no mercado de trabalho, ou prestando serviços.
Os projetos para revitalização, valorização e exposição da produção cultural
e dos recursos naturais de uma comunidade, quando associadas às atividades
turísticas, trazem benefícios sociais e econômicos, na perspectiva museológica tais
projetos são também dispositivos úteis de promoção e inclusão social.
A pesquisa museológica é capaz de acessar elementos da memória que
fazem parte da história e da cultura local incorporando-os como recursos culturais.
Este acesso é feito por meio da literatura, de imagens, dos registros etnográficos,
gravações, depoimentos, filmes, etc., sobre algum evento cultural, e sobre os
aspectos naturais da região em questão. Os elementos da memória coletiva como
recurso turístico, estabelecem um processo de afirmação da identidade cultural.
Vale destacar que a revitalização de sítios históricos, parques naturais,
centros históricos, é uma das medidas importantes para o incremento do turismo
cultural. Esclarecendo que a revitalização não está limitada a intervenção técnica de
uma edificação ou elementos arquitetônicos; ela é um processo, no qual a
interdisciplinaridade complementa as intervenções técnicas, documentando, e
comunicando por ações socioeducativas integradas à população e coerentes com a
realidade local.
O planejamento das atividades para a valorização dos recursos culturais e
naturais locais envolve tratar com:
 A memória coletiva;
 A salvaguarda e difusão do patrimônio imaterial;
 Projetos de revitalização (equipe interdisciplinar);
 Produção de inventário, etc.

As ações socioculturais e educativas são voltadas para valorizar e


comunicar os elementos da cultura e da história local, buscando qualificar a
comunidade para que ela se torne capaz de transformar o seu patrimônio cultural em
matéria-prima para a produção de produtos culturais autênticos. Outras atividades

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que podem ser desenvolvidas são em relação à valorização da cultura local como:
pesquisas para obtenção de informações fidedignas para usá-las em encenações
(momento histórico, formas de relações, produções etc.,); vídeos sobre elementos
da cultura local, exposições itinerantes, concursos de música, de vestuários,
alimentações, etc.
Nesse processo o desempenho do museu deve ser coerente e adequado
aos interesses que a comunidade aponta. Deve por exemplo promover atividades
paralelas às exposições: ciclo de vídeos (temáticas locais), oficinas literárias,
depoimentos de artistas locais, palestras, etc. Essas ações permitem que o museu
integre-se à comunidade, contribuindo para o desenvolvimento de atividades
voltadas ao turismo.
O museu pode formar equipes interdisciplinares para a implementação de
projetos com a participação da população local, como exemplos, podemos citar:
 Pesquisas sobre a história social da comunidade;
 Projetos para exposição dos elementos da cultura imaterial local;
 Projetos para ações socioeducativas;
 Musealização de elementos da cultura imaterial local (identificação,
documentação, salvaguarda, comunicação).

O planejamento do turismo cultural socialmente e ecologicamente


responsável deve buscar alcançar um equilíbrio entre o fluxo de visitantes, a
qualidade da prestação de serviços, e os impactos das atividades turísticas na
comunidade receptora. Esse modelo de planejamento deve considerar o bem-estar
tanto a população local quanto aos visitantes.
Nesse primeiro módulo conhecemos os conceitos que fundamentam as
ações sociomuseológicas para a preservação do patrimônio cultural e natural local, e
os modelos de museus voltados para a promoção social.

FIM DO MÓDULO I

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