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ANÁLISE DA PORTARIA PGFN Nº.

33,

DE 8 DE FEVEREIRO DE 2018

Diretoria de Estudos Técnicos

Brasília-DF, fevereiro de 2018


Diretoria Executiva Nacional
Presidente Diretor-Suplente
Cláudio Márcio Oliveira Damasceno Genidalto da Silva Paiva
1a Vice-Presidente Diretor-Suplente
Maria Cândida Capozzoli de Carvalho Leonardo Picanço Cruz
2º Vice-Presidente
Luiz Henrique Behrens França
Secretário-Geral Conselho Fiscal
Rogério Said Calil
Diretor-Secretário Membros Titulares
Pedro Egídio Alves de Oliveira João Luiz dos Santos
Diretor de Administração e Finanças Armando Domingos Barcelos Sampaio
Albino Dalla Vecchia Elias Carneiro Júnior
1º Diretor-Adjunto de Administração e
Finanças
César Araújo Ramos Membros Suplentes
2º Diretor-Adjunto de Administração e Marchezan Albuquerque Taveira
Finanças Pérsio Rômel Macedo Ferreira
Cloves Francisco Braga Roney Sandro Freire Correa
Diretor de Assuntos Jurídicos
Sebastião Braz da Cunha dos Reis DIRETORIA DE ESTUDOS TÉCNICOS
1º Diretor-Adjunto de Assuntos Jurídicos
Carlos Rafael da Silva Wagner Teixeira Vaz
2º Diretor-Adjunto de Assuntos Jurídicos Diretor de Estudos Técnicos
Sérgio Santiago da Rosa Edison de Souza Vieira
Diretor de Defesa Profissional Diretor-Adjunto de Estudos Técnicos
Daniel Saraiva Magalhães
Diretor-Adjunto de Defesa Profissional Equipe Técnica:
Dagoberto da Silva Lemos Álvaro Luchiezi Júnior
Diretor de Estudos Técnicos Economista, Gerente de Estudos Técnicos
Wagner Teixeira Vaz Alexandre Rodriguez Alves Coelho
Diretor-Adjunto de Estudos Técnicos Economista, Assessor de Diretoria III
Edison de Souza Vieira
Diretora de Comunicação Social
Pedro Delarue Tolentino Filho
Diretor-Adjunto de Comunicação Social
Mário Luiz de Andrade
Diretora de Assuntos de Aposentadoria,
Proventos e Pensões
Nélia Cruvinel Resende
Diretor-Adjunto de Assuntos de
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da
Aposentadoria, Proventos e Pensões
Receita Federal do Brasil
José Castelo Branco Bessa Filho
SDS - Conjunto Baracat - 1º andar - salas 1 a 11
Diretor do Plano de Saúde
Brasília/DF - CEP 70392-900
Roberto Machado Bueno
Fone (61) 3218 5200 - Fax (61) 3218 5201
Diretor-Adjunto do Plano de Saúde
www.sindifisconacional.org.br
Agnaldo Neri
e-mail: estudostecnicos@sindifisconacional.org.br
Diretor de Assuntos Parlamentares
José Devanir de Oliveira
É permitida a reprodução deste texto e dos
Diretor-Adjunto de Assuntos Parlamentares
dados nele contidos, desde que citada a fonte
Maíra Giannico
Diretor de Relações Internacionais e
Intersindicais
Luiz Gonçalves Bomtempo
Diretor de Defesa da Justiça Fiscal e da
Seguridade Social
Assunta di Dea Bergamasco
 

Análise da Portaria Nº 33, de 8 de Fevereiro 2018

1. Apresentação

A Lei nº. 13.606/2018 trouxe importantes alterações na busca pela


satisfação do crédito tributário, ao autorizar o não ajuizamento de execuções fiscais
quando não houver indício de bens, direitos ou atividade econômica do sujeito passivo
uteis à satisfação da dívida e, sobretudo, ao autorizar a penhora de bens e direitos
administrativamente, independentemente de decisão judicial.

Com efeito, o art. 25 da Lei nº. 13.606/2018 introduziu os arts. 20-B,


20-C, 20-D e 20-E, sendo que o art. 20-D sofreu veto presidencial. Com fundamento no
art. 20-E da Lei nº. 10.522/2002, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editou a
Portaria PGFN nº. 33/2018, para regulamentar as citadas inovações.

No entanto, verifica-se que a Portaria PGFN nº. 33/2018 extrapolou sua


competência de regular, ao estabelecer procedimentos que não encontram
fundamentos na Lei nº. 10.522/2002, além de inviabilizar procedimentos já
consagrados na cobrança administrativa de débitos, invadir competência da RFB e da
Presidência da República.

Não obstante, convém destacar, ainda, que a própria Lei nº.


13.606/2018 é objeto de 4 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, ratificando a
fragilidade das medidas instituídas pela PGFN.

2. Extrapolação do Poder Regulamentar

Conforme destacado pela própria Portaria nº. 33/2018, buscou-se a


regulamentação dos arts. 20-B e 20-C da Lei nº. 10.522/2002, com redação dada pela
Lei nº. 13.606/2018, transcritos a seguir:

Art. 25. A Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, passa a vigorar acrescida dos
seguintes arts. 20-B, 20-C, 20-D e 20-E:
“Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor será
notificado para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do valor
atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos
nela indicados

   
 
§ 1o A notificação será expedida por via eletrônica ou postal para o
endereço do devedor e será considerada entregue depois de decorridos
quinze dias da respectiva expedição.
§ 2o Presume-se válida a notificação expedida para o endereço
informado pelo contribuinte ou responsável à Fazenda Pública.
§ 3o Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a
Fazenda Pública poderá:
I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam
bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de
proteção ao crédito e congêneres; e
II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida ativa
nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora,
tornando-os indisponíveis.”
“Art. 20-C. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá
condicionar o ajuizamento de execuções fiscais à verificação de indícios
de bens, direitos ou atividade econômica dos devedores ou
corresponsáveis, desde que úteis à satisfação integral ou parcial dos
débitos a serem executados.
Parágrafo único. Compete ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional
definir os limites, critérios e parâmetros para o ajuizamento da ação de
que trata o caput deste artigo, observados os critérios de racionalidade,
economicidade e eficiência.”
“Art. 20-D. (VETADO).”
“Art. 20-E. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editará atos
complementares para o fiel cumprimento do disposto nos arts. 20-B, 20-
C e 20-D desta Lei.”

Como principal inovação, a Lei nº. 13.606/2018 trouxe a possibilidade


de penhora de bens pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, independentemente
de decisão judicial. Além disso, foi autorizado o não ajuizamento de execução fiscal
quando inexistirem bens, direitos ou atividade econômica do sujeito passivo úteis à
satisfação do débito tributário. Note-se que os mencionados dispositivos tratam de
providências a serem tomadas após a inscrição do crédito tributário em dívida ativa da
União.

Assim sendo, os atos regulamentares dos quais trata o art. 20-E


deveriam se restringir a regulamentação dos comandos legais, estabelecendo
procedimentos necessários para o fiel cumprimento dos arts. 20-B e 20-C.

No entanto, a Portaria PGFN nº. 33/2018 estabelece diversos


procedimentos referentes ao momento anterior à inscrição em dívida ativa,
extrapolando seu poder regulamentar em diversos momentos.

Destaca-se, especialmente, o Capítulo I (Do controle de legalidade dos


créditos da União e do procedimento para inscrição em Dívida Ativa) e o Capítulo IV

4
(Do Pedido de Revisão de Dívida Inscrita), que tratam de matéria totalmente
desconexa daquela prevista na Lei nº. 13.606/2018, conforme será demonstrado nos
parágrafos vindouros.

3. Incompetência da PGFN para Julgar o Crédito Tributário e Dispor sobre


Organização e Funcionamento da Receita Federal do Brasil

O Capítulo IV da Portaria PGFN nº. 33/2018 trata do Pedido de


Revisão de Dívida Inscrita (PRDI), disponibilizando ao sujeito passivo instrumento para
rediscutir o crédito tributário, nas hipóteses previstas nos incisos do §1º art. 15:

Art. 15. O pedido de revisão de dívida inscrita (PRDI) possibilita a


reanálise, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, dos requisitos de
liquidez, certeza e exigibilidade dos débitos inscritos em dívida ativa da União,
de natureza tributária ou não tributária.
§ 1º. Admite-se o PRDI:
I - para alegação de pagamento, parcelamento, suspensão de
exigibilidade por decisão judicial, compensação, retificação da declaração,
preenchimento da declaração com erro, vício formal na constituição do crédito,
decadência ou prescrição, quando ocorridos em momento anterior à inscrição
em dívida ativa da União;
II - para alegação das matérias descritas no art. 5º, § 1º, ocorridas antes
ou após a inscrição em dívida ativa da União;
III - para alegação de qualquer causa de extinção ou suspensão do
crédito tributário ou não tributário, ocorridas antes ou após a inscrição em
dívida ativa da União.

Nesse sentido, o §3º do art. 17 estabelece que a PGFN poderá


requisitar elementos de fato e de direitos à Receita Federal do Brasil, apenas quando o
PRDI versar sobre fatos ocorridos antes da inscrição em dívida ativa:

Art. 17. O PRDI deverá ser protocolado exclusivamente pelo e-CAC da


PGFN e será recebido na unidade da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
responsável pela inscrição, a quem competirá sua apreciação.
[...]
§ 3º. Quando o PRDI versar sobre fato ocorrido antes da inscrição em
dívida ativa da União, o Procurador da Fazenda Nacional responsável pela
análise poderá requisitar elementos de fato e de direito aos órgãos de origem,
nos termos do art. 37, XII, da Lei nº 13.327, de 29 de julho de 2016, que
deverão ser prestadas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, hipótese na
qual o prazo de que trata o § 1º será contado do primeiro dia útil após o
recebimento da resposta.

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Noutras palavras, a Portaria em comento atribui à PGFN a
competência de analisar o crédito tributário quando o PRDI tratar de fatos posteriores à
inscrição em dívida ativa, violando competência privativa do Auditor-Fiscal da Receita
Federal, estabelecida pelo inciso I do art. 6º da Lei nº. 10.593/2002:

Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da


Receita Federal do Brasil
I - no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do
Brasil e em caráter privativo:
a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições;
b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo
administrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou
compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios
fiscais;
c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos
na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro,
apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e
assemelhados;
d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários,
órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as
restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o
disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal;
e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação da
legislação tributária;
f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte

Como é sabido, tais atividades são essenciais para o julgamento do


PRDI, não podendo ser exercidas pela PGFN, independentemente de os fatos
alegados pelo sujeito passivo terem ocorridos antes ou após a inscrição do crédito
tributário em dívida ativa.

Não é demais ressaltar que a Receita Federal, como órgão essencial


ao funcionamento do Estado que tem por finalidade a administração tributária e
aduaneira, deve ter precedência sobre os demais setores administrativos, nos termos
do art. 37, XVIII, da Constituição Federal1, não podendo ser preterida no exame do
crédito tributário.

1
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

6
Portanto, é evidente a afronta ao Princípio da Legalidade pelo
procedimento estabelecido no Capítulo IV da Portaria em tela, o qual extrapola o poder
regulamentar e atribui à PGFN função privativa da Receita Federal do Brasil.

Além disso, verifica-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional


busca regular o funcionamento da Receita Federal Brasil, identificada na Portaria
PGFN nº. 33/2018 apenas como órgão de origem.

De pronto, insta registrar que a Procuradoria-Geral da Fazenda


Nacional e a Secretaria da Receita Federal do Brasil são órgãos totalmente distintos,
não havendo nenhum tipo de hierarquia entre elas, salvo a precedência constitucional
da RFB sobre os demais setores administrativos. Ambas integram a estrutura básica do
Ministério da Fazenda, nos termos do art. 42 da Lei nº. 13.502/20172, sendo que a
PGFN caracteriza-se como o órgão jurídico do Ministério da Fazenda (art. 1º do
Decreto-Lei nº. 47/19673), enquanto a RFB é caracterizada como órgão essencial ao
funcionamento do Estado que tem por finalidade a administração tributária e aduaneira
da União.

Art. 1º A Secretaria da Receita Federal passa a denominar-se Secretaria


da Receita Federal do Brasil, órgão essencial ao funcionamento do Estado, de
caráter permanente, estruturado de forma hierárquica e diretamente
subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda e que tem por finalidade a
administração tributária e aduaneira da União.
Parágrafo único. São essenciais e indelegáveis as atividades da
administração tributária e aduaneira da União exercidas pelos servidores dos
quadros funcionais da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
Medida Provisória nº 765, de 2016) Parágrafo único. São essenciais e
indelegáveis as atividades da administração tributária e aduaneira da União
exercidas pelos servidores dos quadros funcionais da Secretaria da Receita
Federal do Brasil.

Assim, é defeso ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional determinar


prazos e procedimentos a serem adotados pelas Autoridades Tributárias ou mesmo
pelos servidores dos quadros funcionais da Secretaria da Receita Federal do Brasil. É

2
Art. 42. Integram a estrutura básica do Ministério da Fazenda:
[...]
X - a Secretaria da Receita Federal do Brasil;
XI - a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;
3
Art 1º A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (P.G.F.N.) é o órgão jurídico do Ministério da
Fazenda, diretamente subordinado ao Ministro de Estado, dirigido pelo Procurador-Geral da Fazenda
Nacional e tem por finalidade privativa:

7
o caso, por exemplo, das determinações contidas nos §§ 5º e 6º do art. 3º4; e §3º do art.
175, os quais estabelecem prazos sabidamente inexequíveis.

No caso, é flagrantemente desarrazoado estabelecer prazos sem ter


conhecimento gerencial sobre o funcionamento da Receita Federal do Brasil, sendo
certo que nenhum órgão da administração pública federal tem condições de cumprir
prazos tão exíguos sem prejudicar as demais atividades.

Na verdade, o Procurador-Geral da Fazenda Nacional sequer poderia


ter estipulado tais prazos, pois a Constituição Federal, no art. 84, VI, alínea “a”, atribui
ao Presidente da República a competência privativa de dispor, mediante decreto, sobre
a organização e funcionamento da administração federal:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI – dispor, mediante
decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

Dessa forma, é flagrante a inconstitucionalidade da Portaria PGFN nº.


33/2018, que dispõe sobre o funcionamento da Receita Federal, violando competência

4
Art. 3º. Dentro de 90 (noventa) dias da data em que se tornarem findos os processos ou outros
expedientes administrativos destinados à constituição definitiva de débitos de natureza tributária ou não
tributária, os órgãos de origem são obrigados a encaminhá-los à respectiva unidade descentralizada da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para fins de controle de legalidade e inscrição em dívida ativa
da União, nos termos do art. 39, § 1º, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1946, e do art. 22 do Decreto-
Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
[...]
§ 5º. Nos casos descritos nos incisos II a IV do parágrafo anterior, a unidade da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional deverá requerer ao órgão de origem o imediato encaminhamento dos débitos para
inscrição em dívida ativa da União.
§ 6º. O descumprimento do disposto neste artigo, constatado pelas unidades da PGFN, será comunicado
ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional, para fins de representação para apuração de
responsabilidade do agente, nos termos do art. 22, caput e § 3º, do Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro
de 1967, sem prejuízo, em caso de dano ao erário, da representação por ato de improbidade
administrativa previsto na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e de do exercício do direito de regresso
contra o responsável, conforme previsão constante no art. 37, § 6º, parte final, da Constituição Federal,
observado o regulamento expedido pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
5
Art. 17. O PRDI deverá ser protocolado exclusivamente pelo e-CAC da PGFN e será recebido na
unidade da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional responsável pela inscrição, a quem competirá sua
apreciação.
[...]
§ 3º. Quando o PRDI versar sobre fato ocorrido antes da inscrição em dívida ativa da União, o
Procurador da Fazenda Nacional responsável pela análise poderá requisitar elementos de fato e de
direito aos órgãos de origem, nos termos do art. 37, XII, da Lei nº 13.327, de 29 de julho de 2016, que
deverão ser prestadas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, hipótese na qual o prazo de que trata o §
1º será contado do primeiro dia útil após o recebimento da resposta.

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privativa do Presidente da República, além de ignorar a precedência da RFB e das
Autoridades Fiscais.

Mais do que isso, a Portaria sob análise não poderia levar para o
âmbito da PGFN o procedimento de cobrança administrativa do crédito fiscal já
estabelecido no âmbito da RFB desde 2015, com Portaria RFB nº. 1.265/2015.

Vejamos.

4. Confronto com a Portaria RFB Nº. 1.265/2015 – Cobrança Administrativa


Especial

A Receita Federal editou a Portaria RFB nº. 1.265, de 3 de setembro de


2015, instituindo a Cobrança Administrativa Especial (CAE), “com vistas a aprimorar os
procedimentos de recuperação de créditos tributários (CT) e, consequentemente,
promover o aumento e a sustentação da arrecadação dos tributos federais”.

Ao todo, a CAE conta com 25 (vinte e cinco) medidas a serem tomadas


contra o sujeito passivo e, no caso de pessoa jurídica, contra os sócios que
responderem solidariamente pela dívida. Além disso, a unidade da RFB poderá adotar
outros procedimentos.

Acontece que a Portaria PFGN nº. 33/2018 inviabiliza a Cobrança


Administrativa Especial, pois (i) estabelece o prazo de 90 (noventa) dias para a RFB
enviar os processos para a PGFN para inscrição em dívida ativa, podendo tal prazo ser
reduzido, nos termos dos §§ 4º e 5º do art. 3º6; e (ii) atribui à PGFN a competência por
executar medidas para cobrança administrativa do crédito tributário que já são tomadas
no âmbito da CAE.

6
Art. 3º. Dentro de 90 (noventa) dias da data em que se tornarem findos os processos ou outros
expedientes administrativos destinados à constituição definitiva de débitos de natureza tributária ou não
tributária, os órgãos de origem são obrigados a encaminhá-los à respectiva unidade descentralizada da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para fins de controle de legalidade e inscrição em dívida ativa
da União, nos termos do art. 39, § 1º, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1946, e do art. 22 do Decreto-
Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
[...]
§ 4º. Serão encaminhados prioritariamente para inscrição em dívida ativa da União, ainda que não
esgotado o prazo descrito no caput:
[...]
§ 5º. Nos casos descritos nos incisos II a IV do parágrafo anterior, a unidade da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional deverá requerer ao órgão de origem o imediato encaminhamento dos débitos para
inscrição em dívida ativa da União.

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Com efeito, nos termos do art. 3º da Portaria RFB nº. 1.265/20157, a
CAE deverá ter duração máxima de 6 meses, de modo que o envio do processo para a
PGFN no prazo de 90 dias inviabiliza a cobrança do crédito tributário pela RFB.

Ademais, 13 das 17 medidas previstas no art. 7º da Portaria PGFN nº.


33/2018 já são providências explicitamente previstas pela Portaria RFB nº. 1.265/2015
no âmbito da CAE, não havendo nenhum óbice para que as outras 4 medidas restantes
sejam também tomadas pela RFB, conforme previsto no §1º do art. 2º 8. Cabe dizer,
muitas dessas medidas não podem ser tomadas diretamente pela PGFN, pelo que a
sistemática da Portaria da PGFN prevê que seja encaminhada representação à RFB.

Resta evidenciado, portanto, que o Procurador-Geral da Fazenda


Nacional buscou transferir para a PGFN as atribuições de cobrança administrativa do
crédito tributário, deixando de observar que a RFB já pratica a maioria delas de forma
eficiente.

Destarte, verifica-se que, novamente, a Portaria PGFN viola o do art.


37, XVIII, da Constituição Federal9, uma vez que a administração tributária e aduaneira
foi preterida na cobrança do crédito administrativo.

Cabe dizer, havendo confronto entre atribuições da PGFN e da RFB


quanto à cobrança do crédito tributário, não há dúvidas de que deve prevalecer o
interesse da RFB, uma vez que, repita-se, são essenciais e indelegáveis as atividades
da administração tributária e aduaneira da União exercidas pelas Autoridades
Tributárias e pelos servidores dos quadros funcionais da Receita Federal do Brasil.

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Art. 3º Os procedimentos da Cobrança Administrativa Especial deverão ser realizados no prazo máximo
de 6 (seis) meses, contado da inclusão do CT em Cobrança Administrativa Especial.
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Art. 2º Ao sujeito passivo que, intimado, não regularizar os CT abrangidos pela Cobrança Administrativa
Especial, serão aplicadas as seguintes medidas, conforme o caso:
[...]
§ 1º Além das medidas de que trata o caput, a Unidade da RFB poderá adotar outros procedimentos,
inclusive a inserção do sujeito passivo e, no caso de pessoa jurídica, dos respectivos sócios e
responsáveis em programa especial de fiscalização.
9
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

10
5. Inconstitucionalidade da Lei Nº 13.606/2018

Por fim, registre-se que a própria Lei nº. 13.606/2018, que em tese
outorga fundamento legal à Portaria PGFN nº. 33/2018, é objeto de 3 (três) Ações
Diretas de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (ADI’s nº. 5881, nº. 5886,
nº. 5890).

Em resumo, as ADI alegam inconstitucionalidades formais e materiais,


cabendo aqui destacar a tese fundada na afronta ao art. 146, III, alínea “b”, da
Constituição Federal 10 . Por este dispositivo, o constituinte determinou que normas
gerais acerca do crédito tributário devem ser estabelecidas por lei complementar. Logo,
tratando-se de lei ordinária, a Lei nº. 13.606/2018 não poderia ampliar as garantias do
crédito tributário federal.

Dessa forma, não bastassem as fragilidades legais e constitucionais


apontadas ao longo do presente estudo, tem-se que Portaria PGFN nº. 33/2018
ampara-se em lei ordinária objeto de graves questionamentos no STF.

6. Síntese Conclusiva

Ante o exposto, são inúmeros os motivos pelos quais os termos da


Portaria PGFN nº. 33/2018 devem ser revistos, pois em vez de proteger a Fazenda
Nacional e estimular a arrecadação tributária, acaba por criar uma desorganização na
RFB, imiscuindo-se indevida e ilegalmente em atividades privativas do órgão
responsável pela administração tributária e aduaneira da União; além de desrespeitar a
precedência da RFB e das Autoridades Tributárias Federais.

10
Art. 146. Cabe à lei complementar:
[...]
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
[...]
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

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