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33,
DE 8 DE FEVEREIRO DE 2018
1. Apresentação
Art. 25. A Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, passa a vigorar acrescida dos
seguintes arts. 20-B, 20-C, 20-D e 20-E:
“Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor será
notificado para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do valor
atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos
nela indicados
§ 1o A notificação será expedida por via eletrônica ou postal para o
endereço do devedor e será considerada entregue depois de decorridos
quinze dias da respectiva expedição.
§ 2o Presume-se válida a notificação expedida para o endereço
informado pelo contribuinte ou responsável à Fazenda Pública.
§ 3o Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a
Fazenda Pública poderá:
I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam
bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de
proteção ao crédito e congêneres; e
II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida ativa
nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora,
tornando-os indisponíveis.”
“Art. 20-C. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá
condicionar o ajuizamento de execuções fiscais à verificação de indícios
de bens, direitos ou atividade econômica dos devedores ou
corresponsáveis, desde que úteis à satisfação integral ou parcial dos
débitos a serem executados.
Parágrafo único. Compete ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional
definir os limites, critérios e parâmetros para o ajuizamento da ação de
que trata o caput deste artigo, observados os critérios de racionalidade,
economicidade e eficiência.”
“Art. 20-D. (VETADO).”
“Art. 20-E. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editará atos
complementares para o fiel cumprimento do disposto nos arts. 20-B, 20-
C e 20-D desta Lei.”
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(Do Pedido de Revisão de Dívida Inscrita), que tratam de matéria totalmente
desconexa daquela prevista na Lei nº. 13.606/2018, conforme será demonstrado nos
parágrafos vindouros.
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Noutras palavras, a Portaria em comento atribui à PGFN a
competência de analisar o crédito tributário quando o PRDI tratar de fatos posteriores à
inscrição em dívida ativa, violando competência privativa do Auditor-Fiscal da Receita
Federal, estabelecida pelo inciso I do art. 6º da Lei nº. 10.593/2002:
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
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Portanto, é evidente a afronta ao Princípio da Legalidade pelo
procedimento estabelecido no Capítulo IV da Portaria em tela, o qual extrapola o poder
regulamentar e atribui à PGFN função privativa da Receita Federal do Brasil.
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Art. 42. Integram a estrutura básica do Ministério da Fazenda:
[...]
X - a Secretaria da Receita Federal do Brasil;
XI - a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;
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Art 1º A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (P.G.F.N.) é o órgão jurídico do Ministério da
Fazenda, diretamente subordinado ao Ministro de Estado, dirigido pelo Procurador-Geral da Fazenda
Nacional e tem por finalidade privativa:
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o caso, por exemplo, das determinações contidas nos §§ 5º e 6º do art. 3º4; e §3º do art.
175, os quais estabelecem prazos sabidamente inexequíveis.
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Art. 3º. Dentro de 90 (noventa) dias da data em que se tornarem findos os processos ou outros
expedientes administrativos destinados à constituição definitiva de débitos de natureza tributária ou não
tributária, os órgãos de origem são obrigados a encaminhá-los à respectiva unidade descentralizada da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para fins de controle de legalidade e inscrição em dívida ativa
da União, nos termos do art. 39, § 1º, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1946, e do art. 22 do Decreto-
Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
[...]
§ 5º. Nos casos descritos nos incisos II a IV do parágrafo anterior, a unidade da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional deverá requerer ao órgão de origem o imediato encaminhamento dos débitos para
inscrição em dívida ativa da União.
§ 6º. O descumprimento do disposto neste artigo, constatado pelas unidades da PGFN, será comunicado
ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional, para fins de representação para apuração de
responsabilidade do agente, nos termos do art. 22, caput e § 3º, do Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro
de 1967, sem prejuízo, em caso de dano ao erário, da representação por ato de improbidade
administrativa previsto na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e de do exercício do direito de regresso
contra o responsável, conforme previsão constante no art. 37, § 6º, parte final, da Constituição Federal,
observado o regulamento expedido pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
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Art. 17. O PRDI deverá ser protocolado exclusivamente pelo e-CAC da PGFN e será recebido na
unidade da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional responsável pela inscrição, a quem competirá sua
apreciação.
[...]
§ 3º. Quando o PRDI versar sobre fato ocorrido antes da inscrição em dívida ativa da União, o
Procurador da Fazenda Nacional responsável pela análise poderá requisitar elementos de fato e de
direito aos órgãos de origem, nos termos do art. 37, XII, da Lei nº 13.327, de 29 de julho de 2016, que
deverão ser prestadas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, hipótese na qual o prazo de que trata o §
1º será contado do primeiro dia útil após o recebimento da resposta.
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privativa do Presidente da República, além de ignorar a precedência da RFB e das
Autoridades Fiscais.
Mais do que isso, a Portaria sob análise não poderia levar para o
âmbito da PGFN o procedimento de cobrança administrativa do crédito fiscal já
estabelecido no âmbito da RFB desde 2015, com Portaria RFB nº. 1.265/2015.
Vejamos.
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Art. 3º. Dentro de 90 (noventa) dias da data em que se tornarem findos os processos ou outros
expedientes administrativos destinados à constituição definitiva de débitos de natureza tributária ou não
tributária, os órgãos de origem são obrigados a encaminhá-los à respectiva unidade descentralizada da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para fins de controle de legalidade e inscrição em dívida ativa
da União, nos termos do art. 39, § 1º, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1946, e do art. 22 do Decreto-
Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
[...]
§ 4º. Serão encaminhados prioritariamente para inscrição em dívida ativa da União, ainda que não
esgotado o prazo descrito no caput:
[...]
§ 5º. Nos casos descritos nos incisos II a IV do parágrafo anterior, a unidade da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional deverá requerer ao órgão de origem o imediato encaminhamento dos débitos para
inscrição em dívida ativa da União.
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Com efeito, nos termos do art. 3º da Portaria RFB nº. 1.265/20157, a
CAE deverá ter duração máxima de 6 meses, de modo que o envio do processo para a
PGFN no prazo de 90 dias inviabiliza a cobrança do crédito tributário pela RFB.
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Art. 3º Os procedimentos da Cobrança Administrativa Especial deverão ser realizados no prazo máximo
de 6 (seis) meses, contado da inclusão do CT em Cobrança Administrativa Especial.
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Art. 2º Ao sujeito passivo que, intimado, não regularizar os CT abrangidos pela Cobrança Administrativa
Especial, serão aplicadas as seguintes medidas, conforme o caso:
[...]
§ 1º Além das medidas de que trata o caput, a Unidade da RFB poderá adotar outros procedimentos,
inclusive a inserção do sujeito passivo e, no caso de pessoa jurídica, dos respectivos sócios e
responsáveis em programa especial de fiscalização.
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
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5. Inconstitucionalidade da Lei Nº 13.606/2018
Por fim, registre-se que a própria Lei nº. 13.606/2018, que em tese
outorga fundamento legal à Portaria PGFN nº. 33/2018, é objeto de 3 (três) Ações
Diretas de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (ADI’s nº. 5881, nº. 5886,
nº. 5890).
6. Síntese Conclusiva
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Art. 146. Cabe à lei complementar:
[...]
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
[...]
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
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