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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE


KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS (About Diamonds Prospecting
in Angola. Formations of kimberlites and Secondary Deposi...

Thesis · September 2009


DOI: 10.13140/2.1.3617.3764

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Sérgio Sêco
University of Coimbra
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SÉRGIO LUIS RODRIGUES SÊCO

SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES


EM ANGOLA

FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS
E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS
SÉRGIO LUIS RODRIGUES SÊCO

SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES


EM ANGOLA

FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS
E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS

DISSERTAÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DO MESTRADO


EM GEOLOGIA OPERACIONAL

ORIENTADOR:
DOUTOR LUÍS CARLOS GAMA PEREIRA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS iV
LISTA DE ESQUEMAS Vi
LISTA DE GRÁFICOS Vii
LISTA DE QUADROS Vii
LISTA DE FOTOGRAFIAS Vii

AGRADECIMENTOS X

RESUMO Xii

ABSTRACT Xiii

1. INTRODUÇÃO 1
2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO E GEOTECTÓNICO DE
ANGOLA 8
2.1. ASPECTOS GERAIS À GEOLOGIA DE ANGOLA 8
2.2. ARCAICO (3850-2500 Ma): PALEOARCAICO (3600-3200 Ma) 11
2.3. PROTEROZÓICO INFERIOR A MÉDIO 14
2.4. PALEO-MESO-PROTEROZÓICO – CICLO KIBARIANO 16
2.5. NEO-PROTEROZÓICO – CICLO PAN-AFRICANO (450 – 1000 Ma) 17
2.6. FANEROZÓICO (PALEOZÓICO, MESOZÓICO E CENOZÓICO) 18
2.6. GEOTECTÓNICA DE ANGOLA 19
2.6.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTECTÓNICA 19
2.6.2. EVOLUÇÃO TECTÓNICA DE ANGOLA 20
2.6.2.1. COMPLEXOS DE BASE 20
2.6.2.2. ESTÁDIOS DE EVOLUÇÃO TECTÓNICA 21
2.6.2.2.1. ESTÁDIOS DE TRANSIÇÃO 21
2.6.2.2.2. ESTÁDIOS DE ESTABILIZAÇÃO 21
2.6.2.2.3. ESTÁDIOS DE REACTIVAÇÃO 22
3. MORFOLOGIA GERAL DOS KIMBERLITOS 24
3.1. O MAGMA KIMBERLÍTICO 27
3.1.1. DIAMANTE 28
3.1.2. GRAFITE 28
3.2. CLASSIFICAÇÃO PETROLÓGICA 29
3.2.1. KIMBERLITOS 29
3.2.2. ORANGEÍTOS 30
3.2.3. LAMPROÍTOS 30
3.2.4. LAMPRÓFIROS 30
3.2.5. KAMAFUGITOS 30
3.3. TIPOS DE FÁCIES KIMBERLÍTICAS 31
3.3.1. FÁCIES DE KIMBERLITOS DE CRATERA 32
3.3.2. FÁCIES DE DIATREMA DE KIMBERLITOS 34
i
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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3.3.3. FÁCIES HIPABISSAL E ABISSAL DE KIMBERLITOS 36


3.4. MODELOS DE FORMAÇÃO KIMBERLÍTICA 38
3.4.1. TEORIA DO VULCANISMO EXPLOSIVO 39
3.4.2. TEORIA MAGMÁTICA – FLUIDIZAÇÃO 39
3.4.3. TEORIA HIDROVULCÂNICA 39
3.5. A GEOTECTÓNICA DOS CAMPOS E PROVÍNCIAS
KIMBERLÍTICAS 40
3.5.1. CONCENTRAÇÕES DE KIMBERLITOS 40
3.5.2. CONTROLO TECTÓNICO E DISTRIBUIÇÃO DE
KIMBERLITOS 42
3.5.2.1. FALHAS EPEIROGÉNICAS 42
3.5.2.2. ANTICLISE E SINCLISE 43
3.6. MINERALOGIA KIMBERLÍTICA 44
4. CRITÉRIOS GEOTECTÓNICOS DOS KIMBERLITOS EM ANGOLA 45
4.1. A FORMAÇÃO DO CRATÃO 45
4.2. OCORRÊNCIA DAS CHAMINÉS EM ANGOLA 48
4.3. O EXEMPLO DAS LUNDAS 50
4.3.1. SOBRE CAMPOS E PROVÍNCIAS KIMBERLÍTICAS DAS
LUNDAS 53
5. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS DE DIAMANTES 59
5.1. INTRODUÇÃO 59
5.2. O TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO SEDIMENTAR DE DIAMANTES 63
5.2.1. PLACERES DIAMANTÍFEROS 65
5.3. FORMAÇÕES SEDIMENTARES ANTIGAS DE ANGOLA 65
5.4. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS CONTINENTAIS RECENTES 66
5.5. SOBRE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS DE DIAMANTES EM
ANGOLA 67
5.6. MÉTODO DE MINERAÇÃO CONTINENTAIS 70
5.7. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS MARINHOS 71
6. CHAMINÉ KIMBERLÍTICA DA SOCIEDADE MINEIRA DE
CATOCA 72
6.1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA 73
6.2. ESTRUTURA GEOLÓGICA DA REGIÃO 73
6.3. ESTRUTURA GEOLÓGICA DO JAZIGO 74
6.3.1. AS ROCHAS ENCAIXANTES 75
6.3.2. SEDIMENTOS SOBREJACENTES 75
6.3.3. MORFOLOGIA E ESTRUTURA INTERNA DO CORPO
MINERALIZADO 76
6.3.4. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS ROCHAS
KIMBERLÍTICAS DA CHAMINÉ DE CATOCA 78
6.4. CARACTERÍSTICAS TECTÓNICO-ESTRUTURAIS 79
6.5. A FORMAÇÃO DO JAZIGO 79
6.6. O PROCESSO DE MINERAÇÃO 81
7. PROSPECÇÃO DE DIAMANTES 82
ii
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

7.1. A PROSPECÇÃO GERAL NOS DEPÓSITOS 82


7.1.1. A PROSPECÇÃO NOS DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS 84
7.1.2. PROSPECÇÃO DE DIAMANTES NOS KIMBERLITOS 89
7.1.2.1. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DAS POTENCIALIDADES DE
UMA ÁREA 89
7.1.2.2. LOCALIZAÇÃO DE KIMBERLITOS E AVALIAÇÃO DO SEU
POTENCIAL EM DIAMANTES 90
7.2. MÉTODOS DE PROSPECÇÃO 92
7.2.1. MÉTODOS MINERALOMÉTRICOS 92
7.2.2. MÉTODOS GEOQUÍMICOS 92
7.2.3. MÉTODOS GEOFÍSICOS 98
7.2.3.1. ESTUDOS DE RESISTIVIDADE EM PROFUNDIDADE 101
7.2.3.2. MAGNETOMETRIA – ANOMALIA MAGNÉTICA 107
7.2.3.3. GRAVIMETRIA 111
7.2.3.4. GAMAESPECTOMETRIA 111
7.2.4. DETECÇÃO REMOTA 112
7.2.5. FAUNA 114
7.2.6. SONDAGEM 114
8. DA EXPLORAÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO 115
9. CONCLUSÃO 118

BIBLIOGRAFIA 122

PÁGINA DE INTERNET 130

Anexos: 131
Anexo A – Ficha de ensaio 132
Anexo B – Ficha de estado de desenvolvimento mensal de ensaios e poços 132
Anexo C – Análises Químicas das granadas do Kimberlito Camafuca-
Camazambo 133
Anexo D – Coordenadas do Levantamento geológico do Kimberlito do Catoca 134
Anexo E – Carta geológica e tectónico-estrutural do Kimberlito do Catoca 138
Anexo F – Perfil geológico N-S 139
Anexo G – Perfil geológico W-E 140
Anexo H – Fotografias 141

iii
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cidade de Kimberley. University of Cape Town, Department of Geological Sciences (1998), Kimberley
Mine, consultado no ano de 2009, http://web.uct.ac.za/depts/geolsci/dlr/hons1998/kimb1.jpg
Figura 2 – Exploração do Catoca, Sociedade Mineira do Catoca, retirado do Google Earth em 2008, adaptada.
Figura 3 – Esboço estrutural e geotectónico de Angola, segundo Heitor de Carvalho (1983). No presente esboço
foram efectuadas adaptações necessárias, dado o erro de impressão à data, coloração da legenda, bem como
sobreposição do esboço geológico com o geotectónico.
Legenda: 1 – Fanerozóico – coberturas e rochas sedimentares; magmatismo mesozóico, genericamente do
Cretácico. 2 – Pan-Africano (450 – 1000 Ma); 3 – Kibariano (1000 – 1400 Ma); 4 – Kibariano (?), Eburneano (?); 5
– Eburneano (1700 – 2200 Ma); 6 – Intervalo Eburneano-Arcaico/Paleoproterozóico (?) (> 2200 e < 2500 Ma);
Arcaico (Neoarcaico) (?) (2500 – 2800 Ma); 7 – Arcaico rejuvenescido; 8 – Arcaico (2500 – 2900 Ma); 9 –
Paleoarcaico (Katarcaico rejuvenescido (?); 10 – Paleoarcaico (Katarcaico) (> 3200 Ma).
Figura 4 – Mapa Tectónico de Angola segundo Torquato (1975), adaptado.
Figura 5 – Modelo de sistema magmático de um kimberlito tipo Sul Africano, segundo Mitchell (1986), adaptado.
Demonstrando a relação ente rochas efusivas, de diatrema e rochas abissais. A fácies de rochas abissais inclui as
Soleiras, Diques, as Zonas de Origem e o Soco. O presente modelo apresentado não se encontra a escala.
Figura 6 – Modelo crostal para ambiente de formação de diamantes, modificada por Mitchell (1995), adaptado.
Delimita a linha de estabilidade entre diamante e grafite. Legenda: K-kimberlito, O-orangeíto, L-lamproíto, M-
melilitito, N-nefelinitos e carbonatitos., LAB-limite litosfera-astenosfera.
Figura 7 – Modelo de fonte de diamantes, modificada segundo por Kirkley et al. (1991), adaptado. Delimita a linha
de estabilidade entre diamante e grafite. Legenda: K-Kimberlito, L-Lamproíto.
Figura 8 – Podemos observar as curvas de estabilidade do Diamante e da Grafite, e gradientes geotermal,
modificada segundo por Kirkley et al. (1991), adaptado.
Figura 9 – Classificação modal dos kamafugitos, adaptada por Sahama (1974).
Figura 10 – Ilustra-se um modelo de um vulcão kimberlítico, baseado na fácies de cratera de kimberlitos da
Tanzânia (entre outros o de Igwisi), Orapa (Bostswana) e Kasami (Mali), com ocorrência na superfície de um anel
de tufos e um lago, adaptado segundo Mitchell (1986).
Figura 11 – Adaptado, segundo Wohletz e Sherindan (1983), ilustramos um modelo de Anéis de Tufos formados
por hidrovulcanismo.
Figura 12 – Sequência paragenética da cristalização das principais megas e macrocristais, bem como minerais
Kimberlíticos das massas mais fundas, segundo Mitchell (1986).
Figura 13 – Distribuição de Campos Kimberlíticos e Rochas Alcalinas, em relação ao sistema de rift Africano,
adaptado, segundo a compilação de Dawson (1970), McConnell (1972), Mitchell e Garson (1981), e Janse (1985).
Adaptado, Mitchell (1986).
Figura 14 – Relação entre o Campo Kimberlito de Yakutian e os Complexos alcalinos proposto por Arsenyev
(1962) e Bardet (1965), a sul do Mar Laptev, NE da Russia. Kimberlitos: 1 – Daldyn-Alakit; 2 – Muna; 3 – Olenek
Médio; 4 – Olenek Baixo; 5 – Malo-Butuobinsk; 6 – Luchakan (Anabar Superior); 7 – Aldan. Complexos Alcalinos:
A – Maimecha-Kotui; B – Tobukski; C – Ingili; D – Arbarastakh.
Figura 15 – Relação entre os campos kimberlíticos e as anticlises e sinclises, segundo Pretorius (1973).
Figura 16 – Reconstituição paleogeográfica do Precâmbrico há 650 Ma, segundo C. R. Scotese, 1997.
Figura 17 – Segundo Haggerty, S. E. (1999), observamos as localizações dos Archons, Protons e Tectons, de
concentrações e de explorações de diamantes representados pelo símbolo do mesmo. A Diamond Trilogy.
Science. Vol. 285, p. 851-858.
Figura 18 – Distribuição de campos kimberlíticos nas províncias de Africa do Sul, segundo Mitchell (1986).
Figura 19 – Localizações de áreas de maior concentração de diamantes em Angola, tanto em depósitos primários
como em secundários continental. É utilizado um esboço estrutural e geotectónico de Angola, segundo Heitor de
Carvalho (1983), e Torquato (1975).
Legenda: 1 – Fanerozóico – coberturas e rochas sedimentares; magmatismo mesozóico, genericamente do Cretácico (x). 2 – Pan-Africano (450 –
1000 Ma); 3 – Kibariano (1000 – 1400 Ma); 4 – Kibariano (?), Eburneano (?); 5 – Eburneano (1700 – 2200 Ma); 6 – Intervalo Eburneano-
Arcaico (?) (> 2200 e < 2500 Ma); Arcaico (?) (2500 – 2800 Ma); 7 –Arcaico rejuvenescido; 8 – Arcaico (2500 – 2900 Ma); 9 –Paleoarcaico
(Katarcaico) rejuvenescido (?); 10 – Paleoarcaico (Katarcaico) (> 3200 Ma).
Figura 20 – Corredor de Lucapa, adaptado, segundo Michael Smith (2004), Concessão C9 na Lunda Sul, da Angola
Resources (PVT) Ltd, pertencente à New Millennium Resources Limited, Perth, Western Austrália,
http://www.new-millennium.com.au/images/lucapa_map.gif, pesquisada em 2008.
Figura 21 – Exemplos de localizações de Províncias e Campos Kimberlíticos nas Lundas, Angola.
Figura 22 – Diagrama de Hjulstrom. Modelo sobre a velocidade média da corrente necessária para o início do
movimento em condições lineares e uniformes, numa profundidade de 1 metro. Adaptado de Campy e Macaire
(1989).
Figura 23 – Tipos de carga e modo de transporte pela corrente, segundo Burchfiel et al. (1982).
Figura 24 – Formação de um canal anastomosado a parir de canal entrelaçado. Experiência laboratorial, segundo
Thorne (1997). Fig. A: (a) – banco de areia; B: (a) – banco de areia, (b) – banco de ilha de areia; C: (a, b) –
aparecimento de vários bancos de ilhas de areia; E: (b) – complexo de vários bancos de ilhas de areia.
iv
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Figura 25 – Diferenciação de padrões de drenagem dos canais fluviais segundo Thorne (1997).
Figura 26 – Esquema simples, apresentando os tipos de depósitos secundários com possível concentração de
diamantes. Baseado no esquema sobre os tipos de depósitos secundários de diamantes, segundo Moisés (2003).
Figura 27 e 28 – A primeira imagem (esquerda) de satélite retirada do Google, mostra uma concessão de depósitos
secundários muito perto da Vila de Calonda, Lunda Norte, com uma altitude de ponto de visão de 8,20 km, nas
coordenadas 8º28’58.08” S e 20º32’19.53” L. A segunda imagem (direita) de satélite é retirada também do Google,
mostra uma exploração de depósitos secundários efectuada por garimpeiros na Lunda Norte, com uma altitude de
ponto de visão de 466 m, nas coordenadas 9º11’27.68” S e 20º20’27.68” L.
Figura 29 – Concessão C9 na Lunda Sul, da Angola Resources (PVT) Ltd, pertencente à New Millennium
Resources Limited, Perth, Western Austrália e elaborado por Michael Smith (2004).
Figura 30 – Mapa de Angola representando os depósitos primários e os secundários com referência aos depósitos
marítimos. Imagem retirada da Diamond Industry, Annual Review – Republic of Angola 2004.
Figura 31 – Situação morfológica de amostragem. Diversas posições de camadas num curso de água em relação às
diversas zonas de um aluvião. A – Grandes colectores onde existe necessidade de se executar poços na zona de
cascalho; B – Amostragem ideal; C – Amostragem é efectuada nas margens e nas marmitas que possam existir por
cima do “bed-rock”. Segundo Chaussier (1981).
Figura 32 – Localizações de zonas ricas em aluviões. As localizações de poços 1 e 2 correspondem às zonas mais
propícias de ocorrência de depósitos secundários. Exemplo segundo Chaussier (1981).
Figura 33 – Corte de um poço de prospecção. Exemplo segundo Chaussier (1981)
Figura 34 – Lavagem de sedimentos: A – Bateia; B – Sluice; C – Jiga a pedais manual; D – Jiga mecânica.
Fotografias retiradas de imagens pesquisadas em 2008:
A - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/eb/Gold_Pan.jpg/250px-Gold_Pan.jpg
B, C e D - https://woc.uc.pt/dct/getFile.do?tipo=2&id=49
Figura 35 – Exemplo de um tratamento de cascalho na prospecção de minerais diamantíferos.
Figura 36 – Método dos rectângulos, segundo R. Antoine, “Les méthodes pratiques d’évaluation des gîtes
secondaires aurifères appliquées dans la région de Kilo-Moto”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier”
(1981).
Figura 37 – Método dos trapézios, segundo Bonte, “L’étude des gîtes secondaires: métaux et pierres précieuses.
Prospection et exploitation des alluvions”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier” (1981).
Figura 38 – Método das zonas, segundo Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier” (1981).
Figura 39 – Método das curvas de isoteores, segundo R. Antoine, “Les méthodes pratiques d’évaluation des gîtes
secondaires aurifères appliquées dans la région de Kilo-Moto”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier”
(1981).
Figura 40 – Diagrama Cr 2 O 3 – CaO, para as inclusões de granadas peridotíticas de diversos locais do mundo,
publicado por Gurney (1984).
Figura 41 – Diagrama de granadas Cr 2 O 3 -CaO, mostrando a composição de granadas segundo Grütter et al. (2004).
Di/Gr é a curva invariante da grafite/diamante.
Figura 42 – As granadas do kimberlito Camafuca-Camazambo, segundo o diagrama de classificação das granadas
derivadas do manto relativo aos conteúdos de Cr 2 O 3 e CaO, segundo Grütter et al. (2004). As granadas são
classificadas segundo as nomenclaturas: G0 (não classificadas); G1 (megacristais com baixo teor em crómio); G3
(eclogítico); G4 (Piroxenítico com baixo crómio/websterítico/eclogítico); G5 (piroxenítico); G9 (lherzolítico); G10
(harzburgítico) e G12 (wehrlítico); o grupo G1 e G11 (peridotito com alto teor de TiO 2 ), são classificados
anteriormente; as granadas G2, G6, G7 e G8 pertencem a grupos de origem crustal: os megacristais de granadas
(paralelograma tracejado) não se sobrepõem aos grupos G3, G4, G5, G9 ou G12 desde que ocorra um alto conteúdo
de TiO 2 ; as granadas do G5 são separadas das granadas do G9 dado o parâmetro do Mg#; as granadas que estão
perto da linha diamante-grafite, podem ser consideradas como pertencente a fácies dos diamantes,
independentemente do conteúdo em MnO; as granadas só podem ser consideradas G10 D quando MnO<0,36 %
peso. Simbologia: G10 D-diamante; G9-quadrado; G1-circulo; G4-triângulo.
Figura 43 – Solubilidade limite da molécula de knorringite no piropo em função da temperatura e da pressão,
segundo Irifune et al., 1982. São as condições de pressão mínima requerida para a cristalização das granadas G10 D
do kimberlito Camafuca-Camazambo (área ponteada), estimado pela molécula de knorringite de composição
(Mg 3 Cr 2 Si 3 O 12 ), equivalente ao índice 100Cr/(Cr+Al) de 14 mol.% ao alcance da temperatura típica da
cristalização do diamante (900 a 1200ºC).
Figura 44 – Discriminação das clinopiroxenas Cr 2 O 3 -Al 2 O 3 , segundo Ramsey and Tompkins (1994).
Figura 45 – Gráfico de discriminação da ilmenite, segundo Wyatt et al. (2004).
Figura 46 – Gráfico de discriminação da ilmenite Cr 2 O 3 e MgO, segundo Haggerty (1991). Campo simplificado
das ilmenites Kimberlíticas que são derivadas de amostras da América do Norte, Austrália e África do Sul, segundo
Wyatt et al. (2004).
Figura 47 – Gráfico de discriminação da olivina NiO-Fo. As olivinas que derivam das rochas kimberlíticas
apresentam-se no campo do gráfico, segundo Eccles e Sutton (2004).
Figura 48 – Várias texturas de rochas: a) Arenitos grosseiros; b) Arenitos mal calibrados; c) Calcário; d) Deposição
Gresosa; e) Granito; f) Basalto.

v
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Figura 49 – Dispositivos usados nos métodos resistivos e respectivos factores geométricos.


Figura 50 – Variação da resistividade aparente em função da separação dos eléctrodos a. Segundo Braga (2001),
“Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de
Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 51 – Variação da resistividade aparente com a separação dos eléctrodos para uma situação de 3 camadas
horizontais. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de
Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São
Paulo, Brasil”.
Figura 52 – Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de
Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São
Paulo, Brasil”.
Figura 53 – SEV obtida com um dispositivo de Schlumberger e modelo calculado para uma curva tipo H. Segundo
Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada,
Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 54 – Perfil de resistividade aparente ao longo de uma descontinuidade vertical. Segundo Braga (2001),
“Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de
Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 55 – Perfis de resistividade sob uma esfera enterrada. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados.
Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade
Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 56 – Método de representação de uma pseudo-secção. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos
aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da
Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 57 – Modelo a duas dimensões, de acordo com a combinação de sondagem vertical e de perfil. Segundo
Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada,
Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
Figura 58 – Correcção da deriva temporal. Exemplo segundo Alves, E. Ivo (1997). “Elementos de Geofísica.O
magnetismo na Terra, Volume II. Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra”.
Figura 59 – Anomalias para vários corpos ideais e diversas orientações de campo. Adaptado de Garland, G. D.
(1971), Introduction to Geophysics.
Figura 60 – Resultados de estudos de magnetometria. Amplitude do sinal analítico (ASA) e campo magnético
anómalo (CMA).
Figura 61 – Os canais U e Th são os mais relevantes no estudo.
Figura 62 – Perspectiva tridimensional das imagens do modelo digital de terreno (MDT), dos canais K, Th e U, e da
amplitude do sinal analítico (ASA) sobre o Kamafugito Limpeza-06, na província alcalina do Alto Paranaíba, no
Brasil. Escala aproximada.
Figura 63 – A: Anomalia gamaespectrométrica perturbada no kimberlito Echo-03, perspectiva tridimensional das
imagens do modelo digital de terreno (MDT), dos canais K, Th e U, e da amplitude do sinal analítico (ASA), na
província alcalina do Alto Paranaíba, no Brasil; B: Influência topográfica na gamaespectrométrica. O kimberlito
Echo-03 está próximo de uma drenagem, enquanto o corpo Limpeza-20 está em cota mais elevada. Na província
alcalina do Alto Paranaíba, no Brasil.
Figura 64 – Aspectos de bacia anelar (A), de pressão (B) e radial (C).
Figura 65 – A imagem mostra uma draga de alcatruzes à esquerda e uma draga de sucção à direita, em operação no
depósito aluvionar do médio Rio Jequitinhonha, Brasil. Fotografia pertencente à Mineração Rio Novo.
Figura 66 – Fluxograma de uma central de tratamento de diamante de minério duro e intemperizado, segundo
Reckling et al., (1994), adaptado.

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 – Localizações de operações mineiras formais nas Lundas, segundo Christian Dietrich (2001), em
Inventory of Formal Diamond Mining in Angola – Angola’s war economy. p. 141-172.
Esquema 2 – Legenda: A – Rochas Granulíticas do Complexo Charnokítico, B – Gnaisses Migmatíticos
Dibareanos, C – Metassedimentos do Grupo Jamba, D – Intrusões de Rochas Gabróicas, E – Metassedimentos do
Grupo Chivanda-Negola-Utende-Cela, F – Pórfiros Graníticos e Rochas Vulcânicas, G – Granitos do Eburneano, H
– Grupo Oendolongo.

LISTA DE GRÁFICOS
vi
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Gráfico 1 – Produção de diamantes em quilates, entre o ano de 1995 a 2006. Informação retirada da Diamond
Industry, Annual Review – Republic of Angola 2007, adaptado.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Exemplos de registos de idade de diamantes e idade da intrusão, segundo Kirkley et al. (1991).
Quadro 2 – Relação: idades Geocronológicas-Cronostratigrafia-Orogenia, em Angola.
Quadro 3 – Quadro 3 – Equivalência litostratigráficas de base do Precâmbrico entre as formações de Angola e da
República Democrática do Congo, Africa do Sul e Africa Austral. As letras (A, B, C, D, E, F, G, H) na coluna de
Angola correspondem ao esquema anterior.
Quadro 4 – Diferenças mineralógicas entre Kimberlitos, Lamproítos e Orangeítos, adaptado segundo Mitchell,
1995. Legenda: X – está presente, --- – não está presente.
Quadro 5 – Classificação dos kimberlitos segundo Clement e Skinner (1985).
Quadro 6 – Composição mineralogica clássica das rochas kimberlíticas, lamproítos e outros usados como guias ou
indicadores prospectivos, segundo Muggeridge (1995).
Quadro 7 – Recursos do Rio Lapi, resumo, segundo Michael Smith (2004).
Quadro 8 – Principais métodos de prospecção geofísica.
Quadro 9 – Aplicação da Geofísica nas principais questões relacionada com a intrusão kimberlítica.
Quadro 10 – Variação típica de resistividades eléctricas dos materiais atravessados nos estudos Geoeléctricos.

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P002.


Foto 2 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P002. TBM – kimberlito brechóide maciço; TKB – tufo kimberlítico
brechóide; TA/A – tufo arenítico/argilítico; AI – areias interformacionais; Gra – gravelitos; AL – aleurolito; Ka –
kalahari; KaM – kalahari com grau de metamorfismo; Gn – gnaisse.
Foto 3 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P070.
Foto 4 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P107.
Foto 5 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P106.
Foto 6 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P114.
Foto 7 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P121.
Foto 8 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P066.
Foto 9 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P051.
Foto 10 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P053.
Foto 11 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P055.
Foto 12 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P067.
Foto 13 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P075.
Foto 14 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P086.
Foto 15 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P122.
Foto 16 – Vista geral do kimberlito do Catoca, P126.
Foto 17, 18, 19 – Contacto da chaminé, representada pelos tufo kimberlítico brechóide e a rocha encaixante
“gnaisse”, P047.
Foto 20, 21 do P048, 22 do P065 e 23 do P071 – Contacto da chaminé, representada pelos tufo kimberlítico
brechóide e a rocha encaixante “gnaisse”.
Foto 24 do P088 e 25 do P089 – Contacto da chaminé, representada pelo tufo kimberlítico brechóide e a rocha
encaixante “gnaisse”.
Foto 26 do P0106 e 27 do P107 – Contacto da rocha encaixante “gnaisse” com a Formação de Kalahari.
Foto 28 do P108, 29 do P109 – Contacto da rocha encaixante “gnaisse” com a Formação de Kalahari.
Foto 30 do P105 – Formação do Kalahari encontra-se por cima da chaminé, tendo abaixo destes tufos kimberlíticos
brechóides que não são visíveis.
Foto 31, 32 do P109 – A fotografia 31 representa a passagem do gnaisse para a Formação de Kalahari. A fotografia
32 representa a base da Formação do Kalahari. Estão representadas por areias médias a finas cauliníferas de
tonalidade branca na base. Mais acima as areias e as argilas apresentam uma tonalidade vermelha. Ocorre também
intercalações de estratos de areias médias a finas com conglomerados. Nestes conglomerados aparecem gnaisses,
mas não existem granadas do tipo piropo. Observar as fotografias seguintes respeitantes a mesma formação.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Foto 33, 34 do P110 – Base da Formação do Kalahari, continuação.


Foto 35, 36 e 37 do P111 – Base da Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de
baixo para cima, gnaisses, areias, conglomerados, aleurolito ou alevrolito (sequências sedimentares de grão fino),
areias.
Foto 38, 39 e 40 do P112 – Base da Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de
baixo para cima, aleurolito ou alevrolito (sequências sedimentares de grão fino), areias, com alternância de areias,
argilitos e níveis conglomerático.
Foto 41 e 42 do P113 – Base da Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de
baixo para cima, arenitos e argilitos, aleurolito, e alternância de níveis conglomerático, argilitos e areias.
Foto 43 do P106 – Vista geral da base da Formação do Kalahari, continuação.
Foto 44 do P114 – Vista geral da base da Formação do Kalahari, continuação.
Foto 45 e 46 do P114 – Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de baixo para
cima, aleurolito e areias com caulinos.
Foto 47 do P116 e 48 do P117 – Arenitos da Formação do Kalahari e vista geral para NE no P117, continuação.
Foto 49 do P118 e 50 do P119 – Formação do Kalahari. Nas fotografias, observamos areias com tonalidade
vermelha e níveis mais brancos. Na fotografia da direita existem níveis conglomeráticos.
Foto 51, 52, 53 do P119 – Formação do Kalahari. Nas fotografias, observamos areias com tonalidade vermelha e
níveis conglomeráticos. Na fotografia 53, à esquerda, observamos minerais de goetite nas areias que se localizam
nas camadas superiores do Kalahari.
Foto 54, 55, 56 do P120 – Formação do Kalahari. Observamos um arenito aglomerado com o cimento silicioso.
Foto 57 do P120 – Formação do Kalahari. Observamos um arenito aglomerado com o cimento silicioso.
Foto 58 do P096 – Formação de Kalahari. A presente fotografia representam uma sequência de baixo para cima,
aleurolito e arenitos e argilitos (tufos), com algum grau de metamorfismo devido a alteração por temperatura dos
Kimberlitos que estão na sua base.
Foto 59 do P096 – Formação de Kalahari. A presente fotografia a sequência da fotografia anterior com maior
pormenor.
Foto 60 do P029 – Areias interformacionais da cratera do kimberlito apresentam uma cor vermelha. Apresentam
veios de diamantes com horizontes de areias mineralizadas. Na cota 900 existem níveis com grande teor de
diamantes, com grandes quantidades de minerais satélites.
Foto 61 do P030 – Areias interformacionais da cratera do kimberlito.
Foto 62 do P058 – Areias interformacionais da cratera do kimberlito.
Foto 63 e 64 do P059 – Contacto entre as areias interformacionais e os tufos gravelitos da cratera do kimberlito,
representado na fotografia 63. Na fotografia 64, observamos os tufos gravelitos.
Foto 65 do P125 – Contacto entre as areias interformacionais a esquerda na fotografia, e os tufos gravelitos da
cratera do kimberlito.
Foto 66 do P025 – Tufos gravelitos da cratera do kimberlito. O presente conjunto é muito rico em diamantes no qual
encontramos vários minerais acessórios. Podemos considerar que são formados a partir da erosão dos tufos
kimberlíticos brechóides anelar. São constituídos principalmente por arenitos.
Foto 67 do P025 e 68 do P026 – Tufos gravelitos da cratera do kimberlito, apresentando na foto 67 mais compacto e
na foto 68 mais alterado. Na observação das fotografias, podemos ver as tonalidades mais brancas que pertencem a
material kimberlítico.
Foto 69 do P026 – Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito, vista geral. Na presente localização, encontramo-nos
no eixo central da bacia.
Foto 70 do P026 e 71 do P028 – Tufos gravelitos da cratera do kimberlito. Na fotografia 70 podemos observar
minerais acessórios, os quais provam a ocorrência de diamantes nas presentes rochas vulcano-sedimentares. Pela
informação dos técnicos da Sociedade Mineira do Catoca o teor médio nesta formação é de cerca de 3 quilates por
tonelada.
Foto 72 do P028 – Contacto entre os tufos gravelitos da cratera do kimberlito a direita com as areias
interformacionais, vista geral.
Foto 73 do P123 – Contacto entre os tufos gravelitos da cratera do kimberlito a direita com as areias
interformacionais a esquerda, vista geral a partir da cota 890m.
Foto 74 do P085 – Contacto entre os tufos areníticos a direita com os tufos kimberlíticos brechóide, vista geral.
Foto 75 do P085 – Tufos areníticos e argilíticos, com impregnação de material kimberlítico.
Foto 76 do P084 – Tufos areníticos, com impregnação de material kimberlítico.
Foto 77 do P083 – Tufos areníticos, vista geral.
Foto 78 e 79 do P083 – Na fotografia 77, observa-se os tufos areníticos níveis de tufos gravelitos. Associado aos
tufos gravelitos encontramos saponite (tonalidade mais branca), é um silicato natural hidratado de magnésio e
alumínio, enchendo cavidades e veios.
Foto 80 do P081 – Contacto entre os tufos areníticos a esquerda e os tufos kimberlíticos brechóide a direita.
Foto 81 do P081 – Observamos nos tufos areníticos com saponite.
Foto 82 do P092 – Tufos areníticos, vista geral.
Foto 83 do P024 e 84 do P016 – Tufos areníticos e argilíticos.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Foto 85 do P018 – Tufos areníticos, com mais argila vermelha.


Foto 86 do P015 – Zona de transição dos tufos areníticos à direita e mais à esquerda com os aleurolitos.
Foto 87 do P015 e 88 do P020 – Aleurolitos ou alevrolito (sequências sedimentares de grão fino).
Foto 89 do P020 – Contacto por falhamento entre os aleurolitos à esquerda e os kimberlitos brechóides maciços
mais à direita.
Foto 90 do P023 e 91 do P063 – Contacto entre os aleurolitos à esquerda e os kimberlitos brechóides maciços mais
à direita.
Foto 92 do P052 e 93 do P036 – kimberlitos brechóides maciços. Na fotografia da esquerda observa-se níveis de
saponite. Na fotografia da direita observamos xenólitos de gnaisse e intercalações de tufos kimberlíticos.
Foto 94 e 95 do P010 – kimberlitos brechóides maciços. Podemos observar minerais de flogopite, olivina, granada e
picroilmenite.
Foto 96 do P010 – Vista geral dos kimberlitos brechóides maciços.
Foto 97 e 98 do P011 – Observamos na primeira fotografia um falhamento nos kimberlitos brechóides maciços e na
segunda uma vista geral do kimberlito brechóide.
Foto 99 e 100 do P012 – Observamos na fotografia à esquerda um falhamento nos kimberlitos brechóides maciços,
o qual está preenchido em parte por calcite. Na fotografia da direita podemos observar xenólitos de gnaisse no
kimberlito brechóide.
Foto 101 e 102 do P012 – Nas fotografias, podemos observar xenólitos de gnaisse no kimberlito brechóide.
Foto 103 do P012 e 104 do P014 – Kimberlitos brechóides maciços. Na fotografia observa-se níveis de saponite. Na
fotografia da direita podemos observar kimberlitos brechóides maciços com alguma alteração devido à pressão dos
falhamentos neste local.
Foto 105 e 106 do P073 – Kimberlitos brechóides maciços. Na fotografia observa-se níveis de saponite.
Foto 107 do P049 – Tufos kimberlitos brechóides do anel. Vista geral no qual estão em contacto com o gnaisse.
Foto 108 do P048 e 109 do P047 – Tufos kimberlitos brechóides do anel. Na fotografia à esquerda observa-se níveis
de saponite. Observamos na fotografia da direita, a conjugação ente tufos kimberlitos brechóides e o gnaisse.
Foto 110 do P066 – Vista geral do tufos kimberlitos brechóides do anel na base do talude e em frente observamos o
gnaisse.
Foto 111 do P054 – Tufos kimberlitos brechóides, mais interno.
Foto 112 do P031 – Tufos kimberlitos brechóides, mais interno. Apresentam-se mais alterados devidos às falhas
existentes na sua proximidade.
Foto 113 do P032 – Tufos kimberlitos brechóides, mais interno. Apresentam-se mais alterados devidos às falhas na
sua proximidade e apresentam também níveis de saponite.
Foto 114 do P128 – Vista geral do kimberlito do Catoca.
Foto 115 e 116 – Amostras de gnaisse.
Foto 117 e 118 – Amostra de tufo kimberlítico brechóide à esquerda e de kimberlito brechóide maciço à direita.
Foto 119 e 120 – Amostra de kimberlito brechóide maciço com xenólitos à esquerda e um kimberlito brechóide
maciço micáceo à direita.
Foto 121 e 122 – Amostra de areias interformacionais à esquerda e de tufo arenítico com veios de calcite à direita.
Foto 123 e 124 – Amostra de aleurolito e tufo argilítico na fotografia da esquerda e tufo arenítico na da direita.
Foto 125 – Amostra de arenito com material kimberlítico.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar queria agradecer ao Sr. Dr. José Augusto Ganga Júnior, Director Geral da
Sociedade Mineira de Catoca, pela sua colaboração, na oportunidade que me deu de poder efectuar
um estudo geológico na exploração, para assim poder aprender e desenvolver as minhas capacidades
técnicas como geólogo. Demonstrou desde o primeiro momento toda a abertura da estrutura para
executar o referido trabalho. Sem esta oportunidade o meu trabalho jamais poderia alcançar o
nível que tinha por objectivo.
Agradecer a ajuda imprescindível do Sr. Dr. António Muanza Loge, nos diversos contactos
estabelecidos para a organização da visita de trabalho.
Agradecer o profissionalismo, amabilidade e simpatia do Sr. José Zeca Ngoia, Sr. Eng.
Fernandes Bernardino Machado, Dr. Oliveira Barroso.
Muito agradeço a colaboração de toda a equipa do Sector da Mineração, bem como do Chefe de
Sector, Eng. Muangala, que autorizou de imediato toda a colaboração possível, bem como no
fornecimento pelo sector de planeamento, do levantamento topográfico actualizado da
exploração.
Agradecer a todo o Departamento de Geologia do Catoca, a colaboração e a ajuda preciosa dos
seus serviços, nomeadamente a colaboração prestada e indispensável do Sr. Eng. João Tunga
Félix, Eng. Teófilo Assunção, Eng. Homero David Justo, e do Sr. Eng. Francisco João e Sr.
Joaquim, no qual agradeço desde já a simpatia e profissionalismo demonstrado, bem como a
todos os outros técnicos e funcionários. Um agradecimento muito especial ao Sr. Eng. Adão
Alberto Sofia, que me acompanhou desde a primeira hora no estudo geológico do kimberlito de
Catoca,
Agradecer ao Sr. Eng. Chocolate a oportunidade que me deu de conhecer o Projecto Luemba e
de estar em contacto com as sondagens que se verificavam à data na Chaminé do Tchiuso, no
qual se revelou muito interessante.

Muito agradeço, a orientação e a dedicação e o empenhamento do Sr. Professor Doutor Luís


Carlos Gama Pereira, obrigado por tudo. Ao Sr. Professor Doutor Luís Vítor Duarte, Sr.ª
Professora Doutora Elsa Gomes e Sr. Professor Doutor Fernando Carlos, do Departamento de
Ciências da Terra, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, quero
agradecer todo a colaboração prestada.

Agradecer a Dina, uma esposa fantástica, o meu braço forte, muito obrigada pelo dinamismo e o
encorajamento que me tens dado na vida. Agradecer a paciência que tens tido ao longo deste
período, de facto “sem ti, isto não era possível”. Aos meus filhos, Camila e Pedro Afonso que
adoro. A vós os três, dedico o presente trabalho.

Aos meus pais, Jorge e Abrilina Sêco, que tão bem me educaram e ensinaram, julgo que melhor
é impossível. A minha irmã “Caty”, obrigada por seres tu mesma. Aos meus avós, Júlio e Helena
Sêco que já partiram, ao Manuel e Elvira Rodrigues, muito agradeço o carinho e o apoio que me
deram.

Agradecer a amizade dos meus sogros, Henrique e Altina Rodrigues. Agradecer o apoio
incondicional da Marilene Rodrigues e do Tó-Zé Marreco.

Agradeço aos meus tios, Germano e Encarnação Francisco, a minha prima Corina Francisco e ao
Rui toda a amizade e coragem que me conferiram.

Aos meus grandes amigos “Geólogos Açoreanos”, Fernando de Sousa Moniz e Francisco
Rodrigues, homens bons, amigos. Ainda recordo com saudade esse tempo de estudante, as noites

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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de tertúlia bem passadas, de amizade, por vezes mal dormidas, mas únicas. Um agradecimento
também muito especial a todos os meus colegas de Curso e de Mestrado.

Agradecer de uma forma geral a todos os Professores do Departamento de Ciências da Terra da


Universidade de Coimbra, o que me ensinaram, o que aprendi, é pois devido ao trabalho de todos
vós.

De uma forma especial, agradecer ter cruzado com um grande Geólogo, Dr. Luís Conde,
obrigado pela amizade, pelos bons momentos partilhados, por aquilo que nos ensinou, no qual
me atrevo a dizer: “quem o escutou, aprendeu”.

Agradecer aos meus amigos e companheiros no executivo da Câmara Municipal de Miranda do


Corvo, Fátima Ramos, Carla Batista, Carlos Ferreira e Reinaldo Couceiro pelo entusiasmo que
me dão para lutar por ideais e princípios.

Aos meus bons amigos Horácio Santos, Carlos Rafael e Fausto Morais, quero agradecer todo o
apoio e colaboração que me deram. Ao Luís Cancela, Filipe Nuno, Horácio Rosa, José Paulo
Abranches, agradeço todo o apoio demonstrado, obrigado por confiarem em mim.

Agradeço a todos os meus familiares e todos os meus amigos que me ajudaram ao longo da
minha vida.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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RESUMO
Planear qualquer prospecção diamantífera é uma tarefa de elevada responsabilidade. A
prospecção mineira a executar requer uma boa preparação e uma organização capaz. É
necessário, um vasto conjunto de materiais, equipamentos e técnicos especialistas, para além das
condições necessárias para execução do trabalho.
No decorrer dos vários estudos de análise de concentrações diamantíferas, qualquer
prospecção deve reflectir as várias fases, até serem identificadas as possíveis localizações de
concentrações primárias e secundárias, obtendo-se assim, as informações necessárias de
resultados para posterior decisão.
Os kimberlitos são sem dúvida uma rocha complexa, rara e que terá de ter reunido
determinados factores favoráveis para poder trazer os diamantes até à superfície terrestre.
Segundo Ilupin e Haggerty, esta inicia-se a uma profundidade aproximada de 150 a 200 km, a
uma temperatura de 1200ºC e a uma pressão de 40 Kb. São reconhecidos como provindo de
magma ultrabásico rico em voláteis, com alto conteúdo de H 2 O e CO 2 e potássio com alto ratio
de K/Na.
De uma forma geral, os kimberlitos epiclásticos e piroclásticos, ocorrem por cima dos
kimberlitos de diatrema. Com o aumento de profundidade encontramos kimberlitos abissais e
hipoabissais, a que se associa a existência de soleiras. Os seus afloramentos podem apresentar
uma estrutura circular ou elíptica como topo de verdadeiras chaminés vulcânicas.
No decorrer do presente trabalho, foi muito importante a possibilidade de poder analisar a
chaminé kimberlítica do Catoca, em Angola. Situa-se no nordeste da República de Angola e a
sua exploração é feita pela Sociedade Mineira do Catoca. A concessão encontra-se numa região
situada nos limites entre as Lunda Norte e Sul, a cerca de 30 km a norte de Saurimo e ocupa uma
área de 340 km2. No período de trabalho e estágio nesta empresa foi realizado um levantamento
geológico da chaminé kimberlítica do Catoca e foram recolhidas várias amostras representativas
com o intuito de serem estudadas em laboratório. A chaminé do Catoca pertence ao grupo das
intrusões kimberlíticas do Cretácico a oeste do escudo Cassai. A rocha encaixante é constituída
por gnaisses do Précâmbrico e as rochas sobrejacentes, são rochas sedimentares mais recentes e
pertencem à formação de Kalahari. Para além dos kimberlitos propriamente ditos, pertencentes a
qualquer intrusão, podem ser reconhecidos kimberlitos brechóides maciços, tufos kimberlíticos e
kimberlitos brechóides autolíticos. As rochas vulcano-sedimentares diamantíferas, das fácies da
cratera, estão geneticamente ligadas à formação do próprio corpo mineralizado.
No entanto, sabemos que a erosão dos depósitos primários de diamantes tem início logo após
a actividade vulcânica, após a intrusão kimberlítica, depositando-se os diamantes em diversos
ambientes sedimentares. Os ambientes conhecidos onde existem depósitos diamantíferos
secundários estão ligados a ambientes fluviais de leques aluvionares, de rios entrelaçados, de rios
meandrizados e depósitos que resultam da interacção destes sistemas. Mas os ambientes dos rios
glaciares e dos canais subglaciares apresentam elevado potencial para a acumulação de minerais
pesados. Assim, num patamar de prospecção, as características dos depósitos secundários são
relativamente importantes, podendo valorizar e muito, o potencial exploratório.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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ABSTRACT
Planning any diamond prospecting is a task of high responsibility. The mineral prospecting
to run requires good preparation and capable organization. You need a wide range of materials,
equipment and technical experts, beyond the necessary conditions for execution of work.
Throughout the various studies of diamond concentration analysis, any prospecting should
reflect the various stages to be identified as possible locations of primary and secondary
concentrations, thus obtaining the necessary information of the results for later decision.
The kimberlites are undoubtedly a complex rock, rare and must have met certain favourable
factors in order to bring the diamonds to the surface. According Ilupin and Haggerty, this starts
at a depth of about 150 to 200 km at a temperature of 1200ºC and a pressure of 40 Kb. They are
recognized as coming from ultrabasic magma rich in volatiles, with high content of H 2 O and
CO 2 and potassium with high ratio of K/Na.
Overall, the epiclastic and pyroclastic kimberlites occur over the kimberlites of diatrema.
With increasing depth we find abyssal and hypoabyssal kimberlites, which is associated with the
existence of sills. Its outcrops may have a circular or elliptical structure as top of real volcanic
pipes.
In the course of this work was very important the possibility to analyze the kimberlitic pipe
of Catoca, in Angola. Situated in the northeast of Angola and its exploitation is done by the
Mining Society of Catoca. The grant is a region in the boundary between the North and South
Lunda, about 30 km north of Saurimo and occupies an area of 340 km2. In the working stage in
this company was conducted a geological survey of the kimberlitic pipe of Catoca and were
collected varied representative samples in order to be studied in the laboratory. The pipe of
Catoca belongs to the intrusion of Cretaceous kimberlites located west to the Cassai shell. The
country rock consists of Precambrian gneisses and overlying rocks, sedimentary rocks are more
recent and belong to the formation of the Kalahari. Apart from the kimberlites themselves,
belonging to any intrusion, can be recognized massif breccia kimberlites, kimberlites tufts and
kimberlitic breccia autolite. The volcano-sedimentary rocks diamond, from the crater facies are
genetically related to the formation of mineralized body.
However, we know that the erosion of primary deposits of diamonds begins immediately
after the volcanic activity, after the kimberlitic intrusion, depositing the diamond in various
sedimentary environments. Environments where there are known deposits of secondary
diamonds are linked to river environments of alluvial fans, intertwined rivers, meandering rivers
and deposits resulting from the interaction of these systems. But the environments of glacial
rivers and subglacial canals have high potential for accumulation of heavy minerals. Thus, in a
prospecting, the characteristics of secondary deposits are relatively important and valued in the
exploration potential.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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1. INTRODUÇÃO
A República de Angola situa-se na costa do Atlântico Sul da África Ocidental, entre a
República da Namíbia a Sul, a República do Congo a Norte, mas faz fronteira também com a
República Democrática do Congo a Norte e Este e com a República da Zâmbia a Este. Angola
tem uma área com cerca de 1 246 700 km2, uma costa marítima de 1650 km e uma fronteira
terrestre com 4837 km. As coordenadas de Angola inserem-se entre a Latitude Norte 04°22`G e
Latitude Sul 18°02`G e a Longitude Leste 24°05`E.G e Longitude Oeste 11°41`E.G.
Em termos económicos, Angola teve um crescimento sempre acima dos 15%, nos últimos
anos, de acordo com o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional). Muito deste
crescimento deriva da indústria petrolífera, mas muitos outros sectores estão em crescimento,
como por exemplo a construção civil, comunicações, serviços, agricultura, pesca, etc. No entanto,
para além do petróleo, a exploração de outros recursos naturais tem vindo a aumentar,
nomeadamente a exploração do diamante.
A base da economia angolana é de certa forma dominada pelos recursos petrolíferos e
diamantíferos. A título de curiosidade, só em Cabinda existem 62% dos recursos petrolíferos do
país. Relativamente à produção das explorações diamantíferas, estas têm evoluído dado o
controlo das concessões do Ministério de Geologia e Minas e do próprio Governo Angolano.
Temos de ter em conta que o Governo só controla, neste caso, cerca de 70% das explorações,
dado que os garimpeiros controlam a restante percentagem, provavelmente com mais de 350 mil
garimpeiros, embora a tendência seja a diminuição do controlo pelos garimpeiros.
No entanto, várias são as sociedades mineiras que estão a laborar em Angola, tanto em
explorações primárias como em depósitos secundários. Podemos observar no esquema 1 a
localização de operações mineiras formais na Província das Lundas, Angola, nomeadamente:
- Sociedade Mineira do Catoca, Ltd, labora na chaminé diamantífera do Catoca, próximo da
cidade de Saurimo, com as reservas estimadas em 40 milhões de quilates, sendo o líder na
produção de diamantes em Angola.
- Sociedade de Desenvolvimento Mineiro de Angola SARL, labora em depósitos secundários
com 85.6 km2 no Rio Cuango, perto da cidade de Luzamba. Numa primeira fase iniciou a sua
laboração na mina de Tázua (aluvionar).
- Associação de Chitotolo, onde no ano 2000 exploraram 194 mil quilates.
- Diamond Works, Ltd, no aluvião do Luo e do Yetwene.
- Sociedade Mineira do Camafuca, Ltd, no kimberlito de Camafuca com uma estimativa de
exploração na ordem dos 23.24 milhões de quilates.
- Trans Hex Group, Ltd, Endiama, Micol e Som Veterang, estão a proceder a exploração no
aluvião do Fucuana, com um potencial de 1.7 milhões de quilates, bem como do aluvião do
Luarica, com reservas na ordem dos 800 mil quilates.
- Sociedade Mineira de Lucapa e a Sociedade Portuguesa de Investimentos, iniciaram há alguns
anos os estudos para projectos aluvionares Lunda Norte e Lunda Sul em Calonda, Lucapa e
Mufuto.
- Energem Resources Inc., Alrosa e o Banco Espírito Santo estão a proceder à exploração de
Depósitos diamantíferos no Luo.
- Petra Diamonds Alto Cuilo Limited, constituído por Petra Diamonds Limited juntou-se ao
Billiton World Exploration Inc. para desenvolver um projecto de exploração no Alto Cuilo.
- Sociedade Mineira do Cuango, Ltd.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Esquema 1 – Localizações de operações mineiras formais nas Lundas, segundo Christian Dietrich (2001), em
Inventory of Formal Diamond Mining in Angola – Angola’s war economy. p. 141-172.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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No que se refere à sociedade garimpeira, nacional e estrangeira, no território angolano, tem


tido uma vida deveras complicada com algumas autoridades civis e grupos privados. A repressão
quotidiana e brutal em que vivem, dados os abusos contra os direitos humanos descritos pelos
relatórios sociais efectuados, são nomeadamente, a ocorrência de perseguições, espancamentos,
tortura, detenções, falta de liberdade de circulação, violações sexuais e homicídios. No entanto,
nos últimos anos, tem existido vontade política para que estas situações se alterem, e um grande
exemplo é a introdução da lei para pequenas explorações, isto é, para o garimpo. Devemos
entender, que estamos perante uma actividade que atinge um valor económico elevado e deveras
importante para a subsistência dos cidadãos. A descoberta de um kimberlito mineralizado, ou de
depósitos secundários tem um impacto elevado para toda a sociedade, causando grandes
alterações na economia das regiões mineralizadas, e consequentemente no país.
Mas ocorre também pilhagem de diamantes, por garimpeiros, para o território estrangeiro,
com um valor estimado em mais de $350 milhões/ano, quer por via aérea, quer através da
fronteira terrestre, principalmente com a República Democrática do Congo.
Embora sejam conhecidos os diamantes em Angola desde o Sec. XVI, a descoberta comercial
das jazidas diamantíferas, ocorreu nas Lundas em 1912 por um geólogo belga da Societé
Internationale Forestière et Minière, Forminière, ao longo do fluxo de Mussalala no banco direito
do rio Chiumbe, perto da fronteira com a actual República Democrática do Congo. Passados 5
anos, foi constituída a Diamang, empresa pública portuguesa comparticipada pela De Beers e por
determinados interesses financeiros ligados ao comércio tradicional dos diamantes estabelecidos
nas praças da Europa. A Diamang, trabalhou nos depósitos fluviais nos distritos do Dundo,
Cassanguidi, Nzagi, Maludi, Lucapa, Calonda, Lova e Cuango. O primeiro kimberlito a ser
descoberto em Angola, ocorreu no rio Chicapa com a chaminé do Camafuca-Camazambo em
1952. A seguir mais de 600 kimberlitos foram identificados. No período colonial, entre os anos
de 1961 e 1974, existiu uma exploração de rocha compacta, a chaminé kimberlítica de Camutué
Oeste com uma profundidade de 50 m. Assim, face a toda esta conjuntura e durante dezenas de
anos, existiu por parte da administração colonial e da Diamang um acesso controlado à região,
chegando-se mesmo, entre as décadas de 70-80 do século XX, à inclusão no sistema de uma guia
de marcha especial emitida pelos serviços de segurança do estado para que as pessoas não nativas
pudessem circular na região.
Depois da independência, em 1975, o papel da Diamang foi assumido pela Endiama. A
Endiama desenvolveu uma tarefa difícil, dado que em Angola com uma guerra civil, a
desorganização da mineração dificultou a exploração. Desta forma, o governo angolano teve de
tomar uma atitude nas Lundas, e a Endiama passou a contratualizar concessões, nomeadamente
com a SDM e Odebrecht (Brasil), Almazy Rossi – Sakha (Rússia). Neste período, e com a
abertura democrática no início dos anos 90, gerou-se um fluxo de migração incontrolável para
este território de cidadãos nacionais e estrangeiros, atraídos evidentemente pelo garimpo. Mas,
também devido à guerra que se seguiu, muitas concessionárias interromperam os trabalhos de
lavra ou rescindiram os seus planos de prospecção e exploração, embora em 1997 tenham sido
efectuadas 56 licenças de exploração para grupos internacionais mais pequenos com áreas com
cerca de 100 m2 a 1000 m2. Somente aquando da aprovação efectuado pela Organização das
Nações Unidas em 1998 (em Angola e noutros países), é que despoletou a proibição do comércio
de diamantes que serviam para o financiamento das guerrilhas, como o da UNITA, os chamados
“diamantes de sangue”, secando assim, os cofres deste grupo político-militar, e contribuindo para
o termo do conflito armado.
Relativamente ao historial económico de produção de diamantes em Angola, pode-se afirmar
que mesmo com a independência ou com a guerra civil pós independência, as explorações num
ponto de vista geral foram “virtualmente paralisadas” segundo Helmore, em 1984. A evolução da
exploração em quilates foi sempre aumentando, embora tenha tido quebra num ou noutro ano,
isto é, de uma forma linear a exploração diamantífera tem vindo a aumentar desde que foi

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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identificado o primeiro diamante. Em 1921, a produção anual está estimada em 100 mil quilates,
em 1940 em 800 mil quilates, em 1945 centrou-se em 1 milhão de quilates, atingindo em 1973
cerca de 2.4 milhões de quilates, diminuindo nos anos seguintes, com uma contabilidade na
produção oficial em 1986 com cerca de 270 mil quilates e no início dos anos 90 com mais de 900
milhões de quilates, aumentando sucessivamente a produção até aos nossos dias. Podemos
observar essa evolução no presente gráfico 1.

Gráfico 1 – Produção de diamantes em quilates, entre o ano de 1995 a 2006. Informação retirada da Diamond
Industry, Annual Review – Republic of Angola 2007, adaptado.

As primeiras explorações em Angola ocorrem nas áreas de Andrada e Lucapa na região das
Lundas, com um potencial estimado em 0,2 a 0,3 quilates/m3. Desde 1970, a área do Cuango foi
um local de grande importância na exploração de diamantes com um potencial estimado de 2 a 5
quilates/m3, atingindo em certas áreas segundo Helmore (1984) 100 quilates/m3. Mas, neste país
de grande riqueza foram também encontrados diamantes na região central, como também na
região sudeste e sudoeste. Nas áreas referidas, encontramos chaminés kimberlíticas, tanto nas
regiões do Huambo, Andulo, Saurimo e Mavinga, entre outros locais que ainda não tiveram os
diversos estudos geológicos efectuados, com a finalidade de se obter os dados necessários para se
saber se têm ou não potencialidades de exploração.
Deve referir-se que em Angola os diamantes explorados têm uma qualidade excelente,
estando já colocados mundialmente na terceira posição do ranking, com gemas centradas
segundo Kun (1987) entre 8 a 10 quilates.
No que se refere à primeira descoberta de diamantes no mundo, estes tiveram início na Índia
muitos séculos antes de Cristo, mais precisamente há quatro milénios atrás, de acordo com os
registos que se encontraram nos textos transcritos de Ratnaparȋkskȃ, segundo Janse (1996). Mais
é referido por Jean-Batiste Tavernier, comerciante de pedras preciosas e aventureiro que até ao
século XVII era o único produtor mundial de diamantes, segundo as Edições Inapa “Diamantes –
No coração da Terra, no coração das Estrelas, no coração do Poder”.
Por outro lado, foram vários os diamantes famosos encontrados do ponto de vista histórico,
nomeadamente, Great Modal com 900 quilates, Nissam com 440 quilates, Regent com 410
quilates, Orloff e o Darya-I-Noor com 195 quilates, e o Shah com 95 quilates, entre outros.
Podemos também referir que Africa representa cerca de 76% da produção mundial em
diamantes, a Russia cerca de 17%, a América do Sul e Austrália cerca de 2%, e o Canada bem
como outros produtores cerca de 1%, segundo a Mining Review Africa.
O diamante é mais conhecido pelas qualidades das suas gemas, no entanto, algumas das suas
propriedades tornam-no ideal para muitas aplicações industriais, por ser o mineral de dureza mais
elevada. O diamante é constituído por carbono, no qual podem ocorrer algumas pequenas
quantidades de impurezas. Os diamantes industriais podem ser utilizados para corte,

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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esmerilhamento, perfuração, trefilação e abrasivos, dado que os defeitos naturais, a cor, o


tamanho e a forma não têm os requisitos necessários para uso como gemas.
Durante milénios apenas foram explorados os jazigos diamantíferos aluvionares, sendo
apenas descoberto o ambiente kimberlítico há poucos anos. Este ambiente é a mais importante
fonte de ocorrência de diamantes conhecida. Somente depois da segunda metade do século XIX,
foram encontrados diamantes numa rocha ultramáfica com um aspecto muito peculiar perto da
cidade de Kimberley e, deste modo, o baptismo do nome kimberlito, ver figura 1. Contudo, foi
observado pela primeira vez numa rocha entre as cidades de Bultfontein e Doornfontein,
localmente conhecido como Dutoitspan, em 1869, numa região de Africa do Sul.

Figura 1 – Cidade de Kimberley. University of Cape Town, Department of Geological Sciences (1998), Kimberley
Mine, consultado no ano de 2009, http://web.uct.ac.za/depts/geolsci/dlr/hons1998/kimb1.jpg

O conhecimento relativo à formação dos kimberlitos tem evoluído bastante, mas apesar de
serem estudados, provoca na comunidade científica ainda opiniões divergentes.
Em Angola, como no resto do mundo, os diamantes são separados em duas categorias, os
primários que aparecem nas rochas hospedeiras de diamantes, kimberlitos e lamproítos, e os
secundários em depósitos sedimentares.
Os kimberlitos são rochas ígneas exóticas com grande potencial petrológico e económico
quando contêm diamantes. Este tipo de rocha tem particular interesse, como por exemplo para o
conhecimento científico da evolução do Manto, na ponderação de rochas de diatremas para os
vulcanólogos e na descoberta de diferentes variedades de diamantes.
O kimberlito é uma rocha ígnea intrusiva derivada do Manto Superior em área cratónica. No
quadro 1 seguinte, podemos observar exemplos de registos de idade de diamantes e idade da
intrusão:

Localização da Mina Idade do diamante Idade do kimberlito Tipo de xenólitos


Kimberley, Africa do Sul ± 3300 Ma ± 100 Ma Peridotito
Finsch, Africa do Sul ± 3300 Ma ± 100 Ma Peridotito
Finsch, Africa do Sul 1580 Ma ± 100 Ma Eclogito
Premier, Africa do Sul 1150 Ma 1100-1200 Ma Eclogito
Argyle, Austrália 1580 Ma 1100-1200 Ma Eclogito
Orapa, Botswana 990 Ma ± 100 Ma Eclogito
Quadro 1 – Exemplos de registos de idade de diamantes e idade da intrusão, segundo Kirkley et al. (1991).

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O kimberlito é composto por um conjunto de minerais que pertencem a um grupo de rochas


ultrabásicas ricas em voláteis, principalmente com dióxido de carbono (CO 2 ) e água (H 2 O) e
textura heterogranular distinta, devido à presença de grandes macrocristais arredondados,
megacristais e xenocristais, para além de fenocristais euédricos e subédricos numa matriz de
granulometria fina. Os macrocristais incluem minerais oriundos da desagregação de xenólitos do
Manto, como da rocha encaixante para além das características dos megacristais dos kimberlitos,
principalmente com olivina, ilmenite magnesiana, granadas do tipo piropo enriquecidas em Ti-
Cr, clinopiroxenas, flogopite, enstatite (piroxena), zircão, entre outros.
Como já foi referido, os kimberlitos ocorrem nas zonas dos cratões, plataformas da crosta
terrestre que estiveram estáveis desde o período Precâmbrico, onde a ocorrência de kimberlitos
diamantíferos é restrita a um ambiente geotectónico bem definido, tectonicamente estabilizados
com idade anterior a 1600-1500 Ma, segundo Clifford (1966). Este conceito foi consagrado como
regra, chamada Regra de Clifford, sendo os seus fundamentos teóricos baseados nas exigências
impostas pelas condições físico-químicas, necessárias à estabilização do carbono cristalizado,
isto é, do diamante no manto, restringindo-se a uma janela de estabilidade, somente possível nas
zonas crustais espessas, de baixo gradiente geotérmico, preservadas apenas nos núcleos
cratónicos estáveis da crosta terrestre.
Os kimberlitos são rochas de grande raridade, ocorrem na crosta terrestre numa percentagem
inferior a 1%, e aparecem em forma de chaminés, diques e soleiras. No entanto, quando se fala na
ocorrência de kimberlitos não se quer dizer com isso que todos terão mineralização, isto é,
somente uma muito pequena percentagem é que está devidamente mineralizada, e mesmo assim
só parte desta é que tem quantidade suficiente de minerais para ser explorada com rentabilidade.
Na formação do magma kimberlítico existem algumas particularidades, como a profundidade de
formação, pois, segundo Haggerty (1986), a uma profundidade aproximada de 150 a 200 km, no
Manto Superior, a uma temperatura centrada nos 1200ºC e pressão com cerca de 40 Kb, o magma
kimberlítico inicia a sua formação em condições muito específicas e desde que a temperatura e
pressão sejam estáveis, dando consistência e conservação aos diamantes durante a subida do
magma até à superfície. Se existirem alterações destas condições os diamantes não se formam,
dando origem a grafite e assim a esterilidade da chaminé. Deste modo, nem todas as chaminés
conhecidas nos vários continentes são mineralizadas. Nos diversos escudos onde ocorrem as
chaminés, a proporcionalidade de mineralização das mesmas com diamantes é de 1 para 100, mas
em Angola existe uma proporcionalidade de cerca de 4 para 100, segundo Moisés, (2003).
Alguns autores referem que em cada 10 kimberlitos 5 são económicos. Neste momento, já foram
reconhecidos mais de 700 kimberlitos em Angola.
A maior parte dos kimberlitos em Angola ocorrem ao longo do Graben de Lucapa, segundo
Moisés, (2003), com orientação SW-NE e os kimberlitos do Cretácico foram definidos ao longo
da estrutura, divididos por várias províncias. As províncias estão localizadas na secção fina do
Cratão do Congo (Kassai) e tendem a ser diamantíferas, em localizações das interacções onde se
encaixou o corredor de Lucapa e falhas NW a NNW. A província mais a SW situa-se na camada
móvel do Eburneano e as intrusões tendem a ser mais carbonatíticas e não são diamantíferas.
Sabe-se hoje que os kimberlitos não estão inteiramente relacionados só com as zonas de rift,
mas que, na sua formação, a água desempenha um papel de relevo nas características do
kimberlito. Embora existam alguns modelos, nenhum poderá ser interpretado como um modelo
exemplar a seguir, mesmo que estejam aceites na sua generalidade. A ocorrência de várias
intrusões kimberlíticas de forma linear, demonstram e de forma bastante precisa a posição do
cratão, possibilitando assim um maior conhecimento geológico sobre a sua formação, bem como
sobre as aplicações práticas na prospecção.
Em 1982, verificou-se que os kimberlitos não eram as únicas fontes primárias de diamantes
dado que existia outro tipo de rocha que também os continha. Os lamproítos, rochas
ultrapotássicas eram conhecidas há algum tempo, mas as primeiras ocorrências de diamantes em

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lamproítos foram descobertas na Austrália Ocidental, um país que se tornou um dos maiores
produtores mundiais de diamantes.
Os kimberlitos e os lamproítos, podem aparecer em afloramentos de pequenas dimensões,
desde algumas dezenas a centenas de metros de diâmetro, podendo estas rochas estar muito ou
totalmente alteradas, o que poderá dificultar a sua correcta identificação.
É de referir que ainda existem poucos dados sobre a ocorrência de lamproítos portadores de
diamantes, assim como é muito difícil obter as indicações possíveis sobre alguma prospecção dos
mesmos.
O objectivo do presente trabalho, insere-se numa área de exploração geológica que não é
aplicada em Portugal. A possibilidade de se poder efectuar e publicar um contributo sobre a
prospecção dos kimberlitos e formações ou depósitos secundários em Angola, poderá auxiliar
futuras colaborações. Desta forma, o presente trabalho irá certamente ajudar-nos a ter uma visão
diferente sobre este tipo de ocorrências, para além de enriquecer o conhecimento geral dos
apaixonados pela geologia. A presente dissertação poderá ainda “abrir portas” para uma futura
ligação Luso-Angolana de técnicos portugueses, dado que a República de Angola necessita de
muitos quadros com competências nesta área, bem como em diversas outras.
No desenvolvimento desta dissertação, principalmente nas referências Angolanas, a falta de
informação na bibliografia e aquisição da mesma, foi sem dúvida uma tarefa deveras difícil, dado
os poucos trabalhos executados e/ou publicados. Algumas das publicações são antigas e são do
tempo colonial. No entanto, procedeu-se também ao estudo e compreensão de outras publicações
sobre áreas de outros locais da Terra, na tentativa de se perceber as várias ocorrências de
intrusões continentais. Contudo, denota-se de uma forma geral, que se pretende que este
conhecimento esteja restringido a uma determinada comunidade científica e económica.
Relativamente à experiência vivida durante algumas semanas na Sociedade Mineira de
Catoca em Angola, foi muito importante para o desenvolvimento da capacidade de compreensão
das intrusões. Podemos observar na figura 2, a referida exploração através de uma imagem
retirada do Google Earth. Considero até, que o balanço relativo ao período de permanência na
terceira maior exploração do Mundo foi de facto de excelência. O contacto claro com a realidade
da intrusão kimberlítica de Catoca ajuda a entender este tipo de intrusões, criando uma
experiência única e um conhecimento de relevo.

Figura 2 – Exploração do Catoca, Sociedade Mineira do Catoca, retirado do Google Earth em 2008, adaptada.

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2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO E GEOTECTÓNICO DE ANGOLA

2.1. ASPECTOS GERAIS À GEOLOGIA DE ANGOLA


Os vários estudos sobre a geologia geral de Angola foram efectuados durante muitas dezenas
de anos, principalmente por geólogos portugueses ao serviço das companhias mineiras. Eram
realizados por levantamentos geológicos, estruturais e com apoio da fotogeologia. Durante este
período foram feitos também, vários estudos estratigráficos, bem como correlações com as
unidades geológicas da Africa Central e Austral.
De uma forma geral, a base de todo o suporte da estrutura geológica Angolana está assente na
geologia do Paleoarcaico/Arcaico, situação que é idêntica ao que se passou na República
Democrática do Congo. Os vários estudos geocronológicos e petrográficos efectuados na
República Democrática do Congo, certificam-nos que as rochas granulíticas do Complexo
Charnockítico e dos Gnaisses Migmatíticos do Dibareano são anteriores a 3000 Ma,
transformados por duas ocorrências metamórficas maiores, segundo Delhal (in Carvalho, 1983),
entre 2820 e 2700 Ma.
Sobre os gnaisses e granitóides depositaram-se, por discordância, antes do ciclo Eburneano,
na região centro-W, os metassedimentos do Grupo Jamba e Chivanda-Negola-Utende-Cela, bem
como o Grupo de Oendolongo, que aparecem também em discordância sobre os Grupos de
Jamba e de Chivanda. Os grupos referenciados “Jamba e de Chivanda”, na carta geológica
publicada em 1982 foram representados no conjunto do Grupo Chivanda-Negola-Utende-Cela,
dado a falta de estudos dos limites, principalmente a norte da estrada Lobito-Huambo. É muito
provável que a Sul da mesma estrada existam afloramentos atribuídos ao Grupo de Chivanda que
podem pertencer ao Precâmbrico inferior/médio, com idade kibariano. Por outro lado, na mesma
região as rochas do Grupo de Oendolongo serão principalmente do Kibariano e para o Norte da
estrada Lobito-Huambo podem ser Eburneano.
O Grupo de Jamba e os gnaisses em que assentam em discordância apresentam intrusões de
rochas gabróicas, desde que estejam ligadas ao Complexo Gabro-Anortosítico do SW de Angola,
de acordo com Loureiro e Machado (1972), (in Carvalho, 1983). Por outro lado, os Grupos de
Jamba e de Chivanda-Negola-Utende-Cela, são recortados por pórfiros graníticos e rochas
vulcânicas associadas, bem como por dois granitos Eburneanos com idades centradas entre os
2250 e 2160 Ma, segundo Silva e Kawashita (1978).
Os pórfiros graníticos e as rochas vulcânicas associadas apresentam-se muitas vezes
profundamente recristalizadas, migmatizadas e granitizadas, de acordo com Moreira e Pereira
(1970). Segundo Crockett (1971), a partir de estudos litológicos e químicos efectuados, as rochas
de Angola parecem ser pórfiros quartzo-feldspáticos e rochas vulcânicas, tais como ignimbritos,
riolitos, andesitos, felsitos, entre outros, iguais aos do Supergrupo Ventersdorp e da Formação
Makwassie da Africa Austral. Segundo Carvalho (1983), e segundo o trabalho de Kent (1980) na
estratigrafia da África do Sul, as idades que foram encontradas para os pórfiros quartzo-
feldspáticos e rochas vulcânicas estão centradas em 2620 Ma. A idade do Supergrupo
Ventersdorp está centrada em cerca de 2400 Ma e é comparável estratigraficamente às lavas da
Formação Makwassie. Face aos presentes dados, poderá ser bem possível que os pórfiros e as
rochas vulcânicas associadas em Angola possam ser contemporâneas das da Africa Austral. Se
esta correlação for idêntica para as idades das lavas da Formação de Makwassie, os Grupos de
Jamba e Chivanda-Negola-Utende-Cela podem ter correlação cronológica, mas no mínimo têm
correlação litológica ao Supergrupo Witwatersrand da Africa do Sul e sobretudo o Grupo de
Chivanda-Negola-Utende-Cela às rochas metasedimentares do Complexo Metamórfico de Luiza
na República Democrática do Congo, com idade ≥ 2423 Ma. Por outro lado, se os pórfiros e
rochas vulcânicas associadas de Angola são do Eburneano, ou do intervalo Eburneano-Arcaico,
entre o Grupo de Jamba e o de Chivanda-Negola-Utende-Cela podem ser equivalentes ao de
Luiza, independentemente da hipótese de correlação com o Supergrupo Witwatersrand, bem

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como equivalente ao Complexo vulcano-sedimentar de Lulua, também na República


Democrática do Congo, e que se prolonga para Angola pelo NE. De referir ainda, que os pórfiros
graníticos e rochas vulcânicas associadas são também intrusivos nos terrenos metasedimentares e
anfibolíticos no SW de Angola.

Figura 3 – Esboço estrutural e geotectónico de Angola, segundo Heitor de Carvalho (1983). No presente esboço
foram efectuadas adaptações necessárias, dado o erro de impressão à data, coloração da legenda, bem como
sobreposição do esboço geológico com o geotectónico.
Legenda: 1 – Fanerozóico – coberturas e rochas sedimentares; magmatismo mesozóico, genericamente do Cretácico.
2 – Pan-Africano (450 – 1000 Ma); 3 – Kibariano (1000 – 1400 Ma); 4 – Kibariano (?), Eburneano (?); 5 –
Eburneano (1700 – 2200 Ma); 6 – Intervalo Eburneano-Arcaico/Paleoproterozóico (?) (> 2200 e < 2500 Ma);
Arcaico (Neoarcaico) (?) (2500 – 2800 Ma); 7 – Arcaico rejuvenescido; 8 – Arcaico (2500 – 2900 Ma); 9 –
Paleoarcaico (Katarcaico rejuvenescido (?); 10 – Paleoarcaico (Katarcaico) (> 3200 Ma).

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Idade Cronostratigrafia Orogenia


Geocronológica
(Ma)

Câmbrico Ordovícico
450

Paleozóico

Orogenia Pan-Africana
488.3

542

Mesoproterozóico Neoproterozóico
1000

Kibariana
Orogenia
Proterozóico

1400

Orogenia Eburneana
1700
Paleoarcaico Mesoarcaico Neoarcaico Paleoproterozóico

2500
Orogenia Limpopo-Liberiana

2800
Arcaico

3200

Quadro 2 – Relação: idades Geocronológicas-Cronostratigrafia-Orogenia, em Angola.

Esquema 2 – Litoestratigráficas de base do


Precâmbrico. Legenda: A – Rochas Granulíticas
do Complexo Charnokítico, B – Gnaisses
Migmatíticos Dibareanos, C – Metassedimentos
do Grupo Jamba, D – Intrusões de Rochas
Gabróicas, E – Metassedimentos do Grupo
Chivanda-Negola-Utende-Cela, F – Pórfiros
Graníticos e Rochas Vulcânicas, G – Granitos do
Eburneano, H – Grupo Oendolongo.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Idade Cronostratigrafia Orogenia Rep. Dem. do Angola Africa do Sul Africa


Geocronológica Congo Austral
(Ma)

1700
≤2160 Grupo Oendolongo
(H)
2160 Granitos do
Supergrupo
Eburneano (G)
Ventersdorp e
2250 Pórfiros Graníticos e
Formação de
Rochas Vulcânicas
Makwassie
(F) 2250 Ma

Complexo Vulcano Sedimentar de Lulua(?),


Metassedimentos do

Orogenia Eburneana
Grupo Chivanda-
Paleoproterozóico
Proterozóico

Negola-Utende-Cela

Complexo Metamórfico de Luiza(?)


(E)
Intrusões de Rochas
Gabróicas (D)
Metassedimentos do
Grupo Jamba (C) Supergrupo
Witwatersrand
≥2250

≥2423
2500
Neoarcaico

Orogenia Limpopo-Liberiana

2700 Gnaisses
Migmatíticos
2800 Dibareanos (B)
Mesoarcaico

2820
Arcaico

3000 Rochas Granulíticas


3200 do Complexo
Paleoarcaico

Charnokítico (A)

Quadro 3 – Equivalência litostratigráficas de base do Precâmbrico entre as formações de Angola e da República


Democrática do Congo, Africa do Sul e Africa Austral. As letras (A, B, C, D, E, F, G, H) na coluna de Angola
correspondem ao esquema anterior.

2.2. ARCAICO (3850-2500 Ma): PALEOARCAICO (3600-3200 Ma)


O cratão centro-africano é definido como tendo uma idade compreendida entre 3400-3200
Ma, e ser constituído por rochas graníticas, gnaisses e migmatitos. A charnockitização ocorre em
Angola entre os 2900-2800 Ma segundo Delhal et al. (1971, 1976), mas também por grandes
fenómenos de granitização e migmatização na região de Shaba ocidental, representados na
República Democrática do Congo, com idades definidas com 2833 Ma, bem como na região do
Kassai, Andulo e NW de Angola entre 2700 e os 2600 Ma, segundo Carvalho (1981, 1982).
Na zona SW de Angola, bem como na zona NW existem as rochas metasedimentares mais
antigas, nomeadamente a SW constituídos por talcoxistos, micaxistos, filitos, quartzitos e para-
anfibolitos, com intercalações de anfibolitos de origem vulcânica, calcários cristalinos e chertes
(depósitos de sílica em meio marinho devido à deposição de restos de carapaça siliciosa,

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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nomeadamente, diatomácias, radiolários e espículas de esponjas siliciosas). Os actuais


metassedimentos não se apresentam nos locais onde estão presentes as rochas intrusivas
posteriores com um metamorfismo muito baixo perto das falhas, tal como fácies de xisto verdes.
A direcção mais frequente das suas camadas é N-NW com um pendor subvertical. Este conjunto
rochoso é acompanhado, e por vezes cortado por granitóides e gnaisses migmatíticos, rochas
básicas e ultrabásicas, por um complexo gabro-anortosítico, por pórfiros e rochas vulcânicas
associadas. A maior parte das rochas graníticas, migmatíticas e gnaíssicas que encontramos
nestas regiões e mais a norte, ao longo da costa, até perto do paralelo 10º S, está associada ao
resultado do alinhamento quase total dos granitóides primitivos, de fases sucessivas, em que a
principal ocorre na idade eburneana (2000 ± 200 Ma). Nalguns lugares as rochas primitivas
conseguiram resistir ao rejuvenescimento. Devemos ter em conta que todas as rochas formadas
são mais recentes que as rochas metasedimentares. As rochas básicas e ultrabásicas podem ser
mais antigas do que o complexo gabro-anortosítico, mas parecem estar muito relacionados com
este complexo. Assim, poderemos considerar que, de certa forma, correspondem a uma fase
precoce da referida intrusão básica, dado que, pelos vários estudos efectuados, eles foram sempre
encontrados a envolver os corpos principais do complexo gabro-anortosítico e nunca no seu
interior. O complexo gabro-anortosítico é, principalmente constituído por gabros, noritos e
anortositos, entre outros, com prolongamento em Angola até ao Namibe, curvando-se mais para
sul com direcção E-W e junto à fronteira apresenta-se com alongamento N-S, desaparecendo
perto do rio Cunene. Em Angola as rochas básicas são recortadas por granitos com 2200 Ma, mas
contudo, após serem efectuados vários estudos de datação das rochas básicas, estas deram
informação de idades compreendidas na ordem dos 2000, 1300, 1000 e 500 Ma, sendo possível
idades de rejuvenescimento, correspondentes aos ciclos/orogenias Eburneano, Kibariano e Pan-
Africano. As rochas metassedimentares e as rochas básicas, incluindo o complexo gabro-
anortosítico, e os granitóides foram recortados por falhamentos com as seguintes direcções, NE-
SW, NW-SE, WNW-ESSE e falhas que podem ir de 0º N a 30º W.
Na região NE de Angola, vários autores defendem a possibilidade da existência de uma
continuação dos gnaisses, presentes na República Democrática do Congo e Alto de Luanyi, para
o NE de Angola, nas Lundas, mas é muito difícil a sua visualização, dado as dimensões reduzidas
dos afloramentos, a sua composição litológica e os vários rejuvenescimentos ocorridos. Esses
gnaisses (Rep. D. Congo), têm uma idade superior a 3000 Ma. O complexo gabro-norítco e
migmatítico afloram principalmente na Lunda Norte. Podemos observar gnaisses com anfíbolas,
rochas básicas anfibolíticas, anfibolitos, granulitos e eclogitos. A idade da charnockitização está
centrada entre os 2900 e os 2800 Ma, segundo Delhal et al. (1971, 1976), mas, após uma nova
revisão pelo autor, foi estimado uma idade de 2820 Ma. Os gnaisses e granitóides afloram na
Lunda Sul e no Alto Zambeze e apresentam uma idade de 2833 e 2010 Ma, segundo Delhal et
Liégeois (1982). Estas rochas prolongam-se em Angola por debaixo da cobertura do Kalahari e
afloram nos vales da parte sul das Lundas, na região do Alto Zambeze e presumivelmente para
oeste. O complexo granítico e migmatítico, constituído por granitóides, gnaisses e migmatitos,
são observados na Lunda Norte. Estas rochas constituem na maioria dos casos o prolongamento
em Angola do complexo gnaissico, granítico e migmatítico de Dibaya, na República Democrática
do Congo, no qual apresentam uma idade compreendida entre os 2700-2600 Ma. Segundo
Carvalho (1981-1982), o Complexo Metamórfico de Luiza, na República Democrática do Congo,
é constituído por quartzitos micáceos, micaxistos, anfibolitos, itabiritos, gnaisses, entre outros, e
prolonga-se pelo NE de Angola constituídos essencialmente por gnaisses e rochas
metassedimentares, designado como Grupo Metamórfico Inferior da Lunda. A principal fase de
metamorfismo que afectou o Complexo Metamórfico de Luiza está datada de 2423 ± 48 Ma,
segundo Delhal e Ledent (1973). Por outro lado, a sedimentação das rochas seria posterior à
formação do Complexo Granítico e Migmatítico de Dibaya, com idades compreendidas entre
2700 e os 2600 Ma. O Grupo Metamórfico Inferior da Lunda é recortado por granitos

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metamorfizados (gnaisses), etrogranular que provavelmente têm a idade do Complexo


Metamórfico de Luiza.
Na região centro-W, os complexo gabro-norítico e charnockítico, prolongam-se desde o NE,
isto é, das Lundas até a região de Malange bem como para o Sul, logo a seguir a Andulo,
segundo Carvalho (1981-1982). Este complexo é essencialmente constituído por gabros, noritos,
gneisses charnockito, granulitos, e a idade da charnockitização é referenciada como tendo 2820
Ma. Relativamente aos gnaisses, migmatitos e rochas graníticas, estes percorrem o rio Cuango
desde a República Democrata do Congo para Angola até a região de Malange. Devemos ter em
conta que na identificação, na carta geológica, só figura o complexo gabro-norítico e
charnockítico. As rochas gnaissico-migmatítico e graníticas parecem estar de certa forma em
ligação com o Complexo Granítico e Migmatítico de Dibaya, na República Democrática do
Congo, com idade compreendida entre os 2700 e os 2600 Ma, segundo Delhal et al. (1975). A
idade destas rochas angolanas, na região de Andulo, aparecem datadas com 2500 Ma, o que pode
resultar do arrefecimento Eburneano, dado que muitos granitos Eburneanos são intrusivos nos
gnaisses e migmatitos desta região. À medida que nos deslocamos para o Sul da região de
Andulo, encontramos grandes enclaves de gnaisses e migmatitos preservados nos granitos
Eburneanos, segundo Carvalho (1981-1982). Deste modo, é bem possível que estes granitos
apareçam na reestruturação das rochas graníticas, gnaíssicas e migmatíticas Dibariano, com idade
compreendida entre os 2700 e os 2600 Ma, bem como de outras rochas mais antigas, durante o
ciclo/orogenia Eburneano. Assim, em Angola, as rochas do complexo gabro-norítico e
charnockítico têm registado na sua bordadura, tanto a norte como a sul a ocorrência de gnaisses,
migmatitos e granitóides de idade dibariana. Todas estas rochas estão dispostas em banda, no
qual se estende de E para SW, com direcções muito próximas dos N60ºE, com uma largura que
não ultrapassa os 150 km, segundo Carvalho (1981-1982). Podemos então dizer que os gnaisses e
os migmatitos estão dentro dos granitos Eburneanos, a S de Andulo e a W do meridiano 17ºE,
apresentando uma idade de 2833 Ma, e que se prolongam por debaixo da cobertura do NE do
Kalahari e da região do Alto Zambeze. A Norte de Malange até ao paralelo 8ºS e a W das rochas
Eburneanos, afloram os seguintes tipos de rocha: gnaisses, migmatitos e rochas graníticas com
idade de 2700 Ma. Para N as rochas ficaram retidas durante a orogenia Eburneana, com idade
compreendidas entre os 2080 aos 2100 Ma. Relativamente a estes gnaisses, migmatitos e rochas
granitóides, estas existem tanto a N como a S do paralelo 8ºS, bem como as rochas
metasedimentares que parecem ter resistido as granitizações e gnaissificações posteriores,
constituídas por xistos, rochas calco-silicatadas, anfibolitos, entre outros de menor expressão e
que não foram representados sobre a carta geológica, ao qual correspondem os metassedimentos
antigos do SW de Angola. Segundo Bassot et al. (1981-1982), as rochas vulcano-sedimentares
cobriram em discordância o complexo de gnaisses e migmatitos com idade de 2833 e entre os
2700 aos 2600 Ma, embora tenham sofrido granitização Eburneana. As rochas vulcano-
sedimentares existem em três grupos separados por discordâncias. Deste modo, o mais antigo que
foi considerado é o Grupo de Jamba, formado por megaestruturas sinclinais de orientação NNE-
SSW e N-S. O Grupo de Jamba é constituído por rochas vulcano-sedimentares, nomeadamente
por xistos, grauvaques, rochas vulcânicas diversas, pillow-lavas e jaspilitos ferruginosos. O
segundo grupo, aparece discordante sobre o Grupo de Jamba, encontramos então o Grupo de
Chivanda-Negola-Utende-Celas, que se apresenta dobrado segundo eixos com direcção principal
NE ou NW, no qual as direcções das camadas aparecem maioritariamente com orientações NS e
NW-SE. Este conjunto é constituído por rochas vulcano-sedimentares, nomeadamente
conglomerados, quartzitos, pillow-lavas, tufos vítricos, e por vezes com itabiritos, xistos com
manganês e conglomerados que se apresentam por vezes auríferos. O terceiro grupo é o Grupo de
Oendolongo, essencialmente constituído segundo Bassot et al. (1981), por conglomerados a que
se segue uma série detrítica gresosa, que foram provavelmente formados devido a uma bacia

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orientada segundo uma direcção NE e foi afectada por uma tectónica que deu origem a dobras e
eixos com orientação N-S e NW-SE, com existência de um muito baixo metamorfismo.
No que diz respeito aos pórfiros graníticos e rochas vulcânicas associadas, estas afloram
desde o Sul de Angola até ao Rio Cuanza e são constituídos concretamente por pórfiros
graníticos e granodioríticos, no qual se associam riolitos, dacitos, andesitos, ignimbritos, felsitos,
entre outros de menor expressão. Estas rochas apresentam-se muitas vezes recristalizadas, e
foram datadas em diversos locais, entre os 2210 e os 1880 Ma, segundo Silva e Kawashita
(1978), Carvalho et al. (1979), Torquato et al. (1979), Bassot et al. (1979), Carvalho (1981-
1982), (in Carvalho 1983). Os resultados isotópicos obtidos podem corresponder à idade da
recristalização das rochas, mas estas são provavelmente mais antigas.

2.3. PROTEROZÓICO INFERIOR A MÉDIO


Na região centro-W de Angola, o ciclo Eburneano está representado pelo conjunto de rochas
graníticas, constituído principalmente por gnaisses e migmatitos datados entre os 2040 e os 1830
Ma, por granitos biotítico etrogranular de várias idades (2250 a 1940 Ma), também por granitos
porfiroblastos, do tipo do que existe em Quibala (Angola), com idade centrada entre 2160 e 1800
Ma, bem como por outros granitos a NW com 2000 Ma. Os leucogranitos do SW, bem como os
granitóides da região central, com idade compreendida entre os 1750 e os 1660 Ma, devem estar
relacionadas com o final do ciclo Eburneano que será possivelmente responsável pela
restruturação de rochas mais antigas, como por exemplo as rochas graníticas que existem ao
longo da costa e podem ser observadas no paralelo 10ºS, até à fronteira com a Namíbia, bem
como as rochas graníticas existentes no NW, a norte do paralelo 8ºS até à fronteira da República
Democrática do Congo, e com as rochas graníticas do NE da região centro-W, e os gnaisses do
Ruacana. Em Angola, o seguimento das Rochas Metasedimentares do Mayumbo existentes na
República Democrática do Congo, prosseguem desde a sua fronteira até ao paralelo 7ºS. Também
em Angola, existem muitos granitos intrusivos nestas rochas, aos quais foram atribuídas idades
de 1027 ± 56 Ma. Segundo Silva (1977), após uma profunda análise das características
litológicas, estas apresentam-se idênticas aos granitos eburneana biotíticos, etrogranular da região
central e os Granitos da Vista Alegre, segundo Cahen et al. (1979) são também de idade
eburneano, Desta forma, estes terrenos de Angola situam-se no prolongamento do Mayumbiano,
no qual tudo indica que podem ser de idade eburneana. Na parte norte da estrada do Lobito-
Huambo, rumando na direcção ao rio Cuanza, bem como na região determinada entre os
paralelos 10º e 15º S, aparecem vários afloramentos tendo na sua composição litológica
conglomerados, com clastos de rochas graníticas e na região de Caraculo-Camucuio, aparecem
arcoses e quartzitos, que parecem pertencer ao Grupo de Oendolongo. Na região do Caraculo-
Camucuio, estas rochas apresentam-se sempre em discordância angular sobre os
metassedimentos e granitóides antigos, bem como sobre os pórfiros graníticos e dos granitos,
apresentando-se de forma idêntica aos que atravessam os Grupos de Jamba e de Chivanda-
Negola-Utende-Cela. No entanto, as rochas graníticas encontram-se muitas vezes migmatizadas
no contacto e, por vezes, reinjectados no interior destes terrenos. A idade isotópica destes
granitos e migmatitos está compreendida entre os 2250 e os 1660 Ma, mas outras medições
efectuadas em granitos e gnaisses na mesma região, apresentam as seguintes idades: 1500, 1200,
1000 e 500 Ma. Desta forma, podemos afirmar que os ciclos Kibariano e Pan-Africano afectaram
significativamente a região, parecendo que os granitos reinjectados nos metassedimentos
correspondem aos granitóides da região central, em consonância com a actividade final do ciclo
Eburneano. Deste modo, as rochas metasedimentares seriam mais recentes do que as do Grupo
Chivanda-Negola-Utende-Cela, que foram de certa forma recortadas pelos pórfiros graníticos, e
teriam certamente uma idade eburneana. No enfiamento dos Meridianos 12º e 13º S, muito perto
da fronteira com a Namíbia, nos afloramentos visíveis, estes são essencialmente formados por
quartzitos, xistos e rochas básicas constituídas nomeadamente por gabros, horneblenditos,

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doleritos, que constituem o prolongamento em Angola da “Formação de Okapuka” do norte da


Namíbia, constituídos essencialmente por conglomerados, arcoses, quartzitos, lavas ácidas,
equivalente ao “Grupo Kohabendus”, que, segundo Kent (1980) apresentam uma idade
eburneana. As rochas básicas que afloram em Angola, de acordo com a litologia, parecem ter
uma ligação ao complexo gabro-anortosítico do SW, no qual a sua relação com os
metassedimentos ainda não foi bem estabelecida pelos geólogos. Segundo Torquato (1974) (in
Carvalho 1983), que procedeu ao estudo de parte dos afloramentos destas rochas
metasedimentares, com intercalações de anfibolitos no SW de Angola. Os seus trabalhos de
reconhecimento, efectuados em 1974, perto da região de Iona-Cambeno, nos afloramentos do rio
Cunene, dão a conhecer que os metassedimentos de Cambeno parecem ser mais antigos do que o
Kibariano, ou correlacionados com os metassedimentos de Caraculo.
Os pórfiros graníticos e rochas vulcânicas não foram encontrados a norte do bloco de
Malange. No entanto, nesta região afloram muitas rochas vulcano-sedimentares que se
apresentam recortadas por granitos, que supostamente são os Granitos de Vista Alegre, os quais
segundo Cahen et al. (1979), são de idade eburneana. Deste modo, parece que na continuidade
para o norte, até a fronteira da República Democrática do Congo existe um conjunto de rochas
vulcano-sedimentares eburneanas.
Na região NE, o Complexo Vulcano-Sedimentar de Lulua que existe na República
Democrática do Congo, é constituída por xistos, quartzitos, rochas verdes interstratificadas e
apresentam conglomerados na sua base, e sobrepõem-se em discordância sobre o Complexo de
Dibaya, e está separado por falhas do Complexo de Luiza, segundo Delhal et al. (1966). No
prolongamento do complexo de Lulua em Angola, mais precisamente na região das Lundas,
existe, por informação de Carvalho (1983), segundo estudos de Monforte (1960), Rodrigues e
Pereira (1973,1974), o Grupo Metamórfico Superior da Lunda, constituídos preferencialmente
por conglomerados, xistos, quartzitos, e pelo Grupo de Luana, constituído por xistos, mas
essencialmente por quartzitos e grés quartzítico com várias intercalações conglomeráticas. Dever-
se-á ter em conta que estes dois grupos são recortados por rochas básicas. As Rochas do Grupo
de Luana afloram desde o NE até SE de Angola e até à região do Alto Zambeze, onde, segundo
Carvalho (1983), os quartzitos do Grupo Malombe Inferior são litologicamente idênticos aos do
Grupo de Luana. A direcção geral nestes afloramentos em Angola é NE-SW. As camadas
sedimentares têm direcções variadas, mas apresentam uma orientação preferencial segundo NNW
e NE. Em ligação com as rochas metassedimentares dos Grupos Metamórficos Superiores e de
Luana, encontraram-se filões em soleiras e rochas verdes, básicas, constituídas por doleritos e
rochas de composição gabróica e diorítica, apresentando uma textura variada que varia de
granular a lávica. A idade do Complexo de Lulua da República Democrática do Congo, é
centrada nos 2423 Ma com a idade metamórfica do Luiziano, e os 1300 Ma. O estudo de rochas
básicas que afloram na República Democrática do Congo, colocou em evidência segundo Cahen
e Snelling (in de Carvalho, 1983), um termo-tectónico possível aos 2000 Ma, bem como de
outras idades dispersas entre 1476 e os 991 Ma. Em Angola as idades medidas (K/Ar) das rochas
verdes básicas, intrusivas no Grupo Metamórfico Superior das Lundas estão contidas entre os
1500 e os 1300 Ma, segundo Carvalho et al. (1979) (in Carvalho 1983). Todavia, é muito
possível segundo Carvalho et al. (1979) (in Carvalho 1983) que o Grupo Metamórfico Superior
da Lunda pertença ao ciclo Eburneano, e que os Grupos de Luana e de Malombe Inferior sejam
kibarianos. Os Granitos Porfiróides da Lunda, seriam assim, contemporâneos das Rochas
Metamórficas Superiores, segundo Rodrigues e Pereira (1973) e é muito possível, segundo
Carvalho et al. (1979) (in Carvalho 1983) que apresentem idade eburneana.

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2.4. PALEO-MESO-PROTEROZÓICO – CICLO KIBARIANO


O ciclo Kibariano está bem representado no SW de Angola, principalmente nos locais onde
afloram rochas com idade compreendida entre os 1400 e os 1100 Ma, segundo Carvalho (1983).
Os afloramentos destas rochas dispõem-se numa zona onde as falhas principais têm uma
direcção geral SW-NE e NW-SE, seguindo para NE, cobertas pelos sedimentos de Kalahari. O
limite setentrional desta zona fica até um pouco mais a norte de Lobito e a Sul de Malange. O
limite Sul é mais difícil de indicar, devido à existência da espessa cobertura do Kalahari. Mas
segundo informações de Carvalho (1983), o limite Sul dos afloramentos Kibarianos localizam-se
para além do SW de Angola.
No SW de Angola encontramos, granitos porfiróides avermelhados, calco-alcalinos, com
idades determinada em várias localizações e compreendidas entre os 1400 e os 1300 Ma. Sobre
estes granitos estão depositados, em camadas sub-horizontais, os sedimentos do Grupo de Chela,
constituídos por conglomerados, argilitos, siltitos e vulcanoclasticos. Estas rochas apresentam-se
pouco metamorfizadas e estão recortadas por filões, com orientação preferencial centrada entre
NS-N30ºE, e soleiras de noritos doleríticos que afloram desde a fronteira da Namíbia até ao
Lobito, numa distância superior a 500 km, recortando também os granitos porfiróides
avermelhados. Segundo Correia (1976), estes noritos doleríticos parecem ser posteriores à
Formação Leba, que se prolonga para Sul e que se designa por Formação Leba-Tchamalindi,
sendo essencialmente constituída por calcários dolomíticos com estromatólitos que se sobrepõem
às rochas do Grupo Chela. Foram efectuadas algumas datações dos noritos doleríticos, tendo
obtido idades na ordem dos 800 Ma, segundo Carvalho et al. (1979). Os filões de noritos
dolomíticos recortam outros filões de doleritos, também encaixados, e estão por vezes nos
granitos porfiróides avermelhados, apresentando-se com uma direcção compreendida entre os
N30º-60ºW. Para estes últimos filões encontramos idades centradas nos 1200 Ma, segundo Silva
et al. (1973). Os afloramentos de Matala e de Cahama, e os situados a W de Chipato, muito perto
do rio Cunene, têm uma idade kibariana, no entanto, segundo Torquato e Salgueiro (1977) (in
Carvalho 1983) e Carvalho (1983), eles são mais antigos do que os granitos porfiróides
avermelhados. A Sul da estrada de Lobito-Huambo, as rochas do Grupo de Oendolongo estão em
discordância com os Grupos de Jamba e de Chivanda, bem como com os granitóides eburneanos
que são posteriores aos dois Grupos e que têm idades isotópicas entre os 2200 e os 1800 Ma,
segundo Carvalho et al. (1979) (in Carvalho 1983) e Bassot et al. (1981-1982). Encontramos por
outro lado, na base do Grupo de Oendolongo, a existência de conglomerados com seixos de
rochas graníticas e de rochas vulcânicas. A composição apresentada pelo Grupo Oendolongo é
detrítica e é essencialmente constituída por conglomerados, grés, arcoses e quartzitos. As dobras
visíveis apresentam geralmente os eixos com orientação N-S, NNE ou NW. A maior parte dos
afloramentos atribuídos ao Grupo Oendolongo, situados a Sul da estrada Lobito-Huambo,
pertencem ao Kibariano. O mesmo acontece para todos os que estão nesta região e que pertençam
ao Grupo de Chivanda, e como exemplo disso, são os afloramentos de Cahama e do rio Cunene.
Todas estas rochas parecem e tendem a corresponder, em termos litológicos, aos do Grupo de
Luana e de Malombe Inferior.
Nas Lundas, a NE, encontramos granitos alcalinos e hiperalcalinos que se apresentam
intrusivos no Grupo de Luana, segundo Monforte (1960), Rodrigues e Pereira (1973, 1974). No
entanto, a ideia é que estes granitos são sincrones da fase tectónica a SW de Angola, no qual os
granitos porfiróides avermelhados, calco-alcalinos tenham intruído entre os 1400 e os 1300 Ma.
Os Granitos da Lunda podem assim ter uma idade semelhante, mas também poderiam ter uma
idade Pan-Africana como os granitos alcalinos e hiperalcalinos de Noqui, segundo Carvalho et
al., (1983). O conjunto de rochas Kibareanas de Angola, tem geralmente uma composição
litológica com uma idade e uma tectónica semelhante aos do Grupo Sinclair e Arco Magmático
Rehoboth da Namíbia e Botswana, com idade contida entre os 1400 e os 950 Ma, pertencentes,
desta forma, ao ciclo Irumide. Alguns granitos do NW, que têm continuação para a República

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Democrática do Congo, Mativa e Yoyo, segundo Korpershoeck (1964), foram datados por Cahen
et al., (1978), e apresentaram uma idade centrada nos 1027 ± 56 Ma. Estes granitos são intrusivos
nas rochas metassedimentares de Mayumbo na República Democrática do Congo. Estas últimas
rochas podem ser de idade kibariana, mas no seu prolongamento para Angola existem rochas
metasedimentares onde são intrusivos os granitos, que também poderão ser Eburneanas.

2.5. NEO-PROTEROZÓICO – CICLO PAN-AFRICANO (450 – 1000 Ma)


O Precâmbrico Superior também está muito bem representado em Angola, dado que
encontramos rochas metasedimentares e eruptivas desta idade no NW, SW e E do país.
Os afloramentos que se situam na região E estão ligados a N, isto é, na República
Democrática do Congo (Shaba) e aos da Zâmbia. Em Angola, estas rochas pertencem ao Grupo
de Malombe Superior e ao Grupo de Macondo, equivalente ao Grupo de Roan e ao Grupo de
Kundelungu. Esta região apresenta uma deficiente ocorrência de afloramentos, dado que se
encontram por baixo das coberturas do Kalahari. Pelas possíveis medições efectuadas por vários
autores, as direcções destas rochas Pan-Africanas têm orientação NE-SW. Do ponto de vista
litológico o Grupo de Malombe Superior é constituído por siltitos, grés, calcários e
conglomerados, enquanto que o Grupo de Macombo, é constituído por micaxistos, xistos,
argilitos, calcários e grés.
Na região SW, as rochas de idade Pan-Africana constituem o prolongamento do Supergrupo
Damara da Namíbia com direcção NE e NW. Em Angola encontramos as rochas desta idade, as
quais são constituídas essencialmente por calcários cristalinos, quartzitos, anfibolitos, grés,
conglomerados, gnaisses e metassedimentos granitizados.
Na região do NW Angolano, aflora a continuação do Pan-Africano que segue para a
República Democrática do Congo. A parte inferior do antigo Sansikwa Angolano, segundo
Stanton et al. (1963), pertence ao Eburneano. Desta forma, nas rochas da região de Vista Alegre,
as rochas do Sub-Grupo de Lulumba são recortadas por granitóides com idade isotópica centrada
nos 2000 Ma, medições efectuadas por Cahen et al. (1979), mas, contudo, estas idades são
contestadas por vários autores, nomeadamente Shermerhorn (1982). As rochas Pan-Africanas são
encontradas a NW e não existem dúvidas quanto à sua idade. Assim, os vários Grupos que se
passam a apresentar, constituem o Supergrupo do Congo Ocidental. Dos mais antigos para os
mais novos temos:
- O Grupo do Terreiro, constituído por xistos, calcários, quartzitos, chertes, equivalente ao
Sansikwa da República Democrática do Congo.
- O Grupo do Alto-Xiloango, constituído por micaxistos, calcários, xistos, quartzitos, grauvaques
e arcoses.
- O Grupo Xisto-Calcário, constituído por micaxistos, conglomerados, calcários, dolomites,
grauvaques, argilitos e xistos.
- O Grupo do Xisto-Gresoso, constituído por xistos, grés, conglomerados, siltitos e argilitos.
Os afloramentos do grupo xisto-gresoso aparecem a N do rio Cuango, mas também são
encontrados a Sul de Malange, ocorrendo por baixo das coberturas Cenozóicas, isto é, pelas
coberturas de Kalahari, aluviões, etc. A direcção geral do Pan-Africano da região NW, apresenta
uma orientação NW-SE. Segundo Stanton et al. (1963), e no que se refere às camadas da região
W do Supergrupo de Congo Ocidental, estes foram fortemente dobrados e fracturados, mas para
E não existiu essa deformação. O mesmo ocorre em muitos afloramentos situados a N de
Malange. Por outro lado, não se conhecem afloramentos deste Supergrupo a E do Meridiano 18º
30’ E.
A acompanhar os metassedimentos Pan-Africanos, encontramos quase sempre em Angola
granitizações e rochas básicas que são contemporâneas ou posteriores às instalações dos
granitóides do Congo Ocidental, como por exemplo o Complexo eruptivo do Morro Vermelho a
SW.

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Segundo os Serviços Geológicos e Minas (1961), na região do Alto Zambeze os doleritos,


espilitos (rocha extrusiva basáltica) e traquiandesitos são posteriores ao Grupo de Malombe
Superior. Estas rochas forneceram idades de 500 Ma, segundo Carvalho et al. (1983).

2.6. FANEROZÓICO (PALEOZÓICO, MESOZÓICO E CENOZÓICO)


O Karroo Angolano não está bem conhecido, devido à existência de coberturas mais recentes
que existem no território. A Sul encontramos pequenos afloramentos no vale do Cunene, mas no
NE os afloramentos são mais abundantes. Podemos assim, distinguir os Grupos de Lutoa que são
equivalentes ao de Lukuga da República Democrática do Congo e o Grupo de Cassanga. Neste
último grupo, existem por diversas vezes, sequências sedimentares de natureza continental,
segundo Monforte em 1971 (in Carvalho, 1983), com idade compreendida entre o Jurássico
Superior e o Cretácico Inferior, constituídas de certa forma por um conjunto xisto-gresoso e
sequências argilíticas com fósseis (filópodes).
Os depósitos com idade cretácica, pertencentes à Formação de Calonda (Kwango/Cuango)
são deveras importantes, dado a sua riqueza em diamantes, para além das terras raras, minerais
radioactivos, flúor, fósforo, etc., mas também devido às numerosas manifestações do
magmatismo Mesozóico, constituídos por rochas vulcânicas com idades compreendidas entre os
228 e os 84 Ma, tais como: traquitos, fonolitos, sienitos, complexos alcalinos e carbonatitos (138-
83 Ma), kimberlitos e rochas similares (134 Ma), doleritos (120-9 Ma), entre outros, segundo
Carvalho (1983). A maioria destas rochas aflora nas várias regiões de Angola, segundo uma
diagonal com orientação SW-NE e são caracterizadas pela existência de falhas com direcções
próximas de N20ºW, N60ºW, N80ºE, SW-NE e NW-SE, mas a formação destas rochas está
sobretudo relacionada com os últimos três conjuntos de falhas. Contudo, o conjunto de falhas
N80ºE tem uma idade mesozóica, enquanto que, o conjunto de falhas SW-NE e NW-SE tiveram
um rejogo anterior, isto é, desde o ciclo Eburneano, segundo Carvalho et al. (1983). No que se
refere aos falhamentos que ocorrem com direcção N20ºW e N60ºW, eles rejeitam os filões
básicos do Kibariano ou até mais antigos. As falhas com direcção N-S da região Norte de Angola
têm uma idade quaternária. As falhas de direcção N80ºW que estão muito próximas da direcção
E-W são ante-Mesozóicas, e até poderão ser do Arcaico, dado que a SW as intercalações de
anfibolitos nos metassedimentos antigos têm uma direcção muito perto de N80ºW. As falhas com
a direcção E-W são, nas Lundas, mais antigas do que as de direcção SW-NE e NW-SE, segundo
Reis (1971).
Algumas das rochas Mesozóicas estabeleceram-se fora das zonas já referidas, nas zonas de
falhamento com orientação perto de N80ºE, onde o traçado é a continuação das falhas
transformantes. O curso de água do Rio Cuanza instalou-se de certa forma, numa zona afectada
por falhas que percorrem por baixo das coberturas Terciárias e Quaternárias na baixa do
Cassange (in Carvalho, 1983, por informação oral de Salgueiro), afloram os kimberlitos e tufos.
Por outro lado, as rochas alcalinas carbonatadas da Serra da Neve a norte de Moçamedes, de
Bonga e de Tchivira implementaram-se seguindo um sistema de falhas com direcção NW-SE. O
conjunto de falhas anteriores, bem como as de direcção SW-NE tiveram um papel importante no
estabelecimento dos granitos porfiróides avermelhados de idade kibariano. De referir que, estes
falhamentos e estes granitos são os responsáveis pela cobertura que existe principalmente, por
cima do complexo gabro-anortosítico, para Este da parte Norte do afloramento e SW na Namíbia,
segundo Carvalho (1983).
A parte final do rio Cunene instalou-se no local das falhas mais importantes, onde apresentam
uma direcção SW-NE e NW-SE, e onde a direcção das camadas é E-W de acordo com as falhas
de direcção perto dos N80ºE. As rochas kimberlíticas e carbonatíticas desta região parecem estar
ligadas com estes últimos falhamentos, segundo Carvalho (1983).
As rochas das bacias sedimentares de Cabinda-República Democrática do Congo, Cuanza-
Benguela e Moçamedes são muito importantes, dado a sua riqueza em petróleo e de outras

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reservas naturais, onde as suas idades estão compreendidas entre Pré-Aptiano e o Holocénio,
segundo Carvalho (1983).
Relativamente às coberturas Cenozóicas, elas são muito abundantes em Angola podendo
atingir por vezes, centenas de metros de espessura. Podemos assim, encontrá-las principalmente
desde o início do Terciário até ao Holocénio, pois são observadas laterites recobertas por areias,
sub-grupos do Kalahari Inferior, depósitos continentais do SW, sub-grupos do Kalahari Superior,
laterites do Terciário Médio, dunas antigas do Terciário Médio e coberturas recentes tal como
areias do Kalahari reciclado, aluviões e eluviões, segundo Carvalho (1983).

2.6. GEOTECTÓNICA DE ANGOLA


2.6.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTECTÓNICA
As diversas conclusões sobre a geotectónica de Angola foram baseadas em vários relatórios
de campo e de laboratório efectuados ao longo do tempo, segundo Torquato (1977). É deveras
importante conhecer a estratigrafia e as direcções preferenciais das várias unidades, bem como
conhecer bem as unidades petrográficas e as suas idades geológicas. Desta forma, as
características principais da geotectónica angolana são muito variadas e compreendem segundo
Torquato (1977):
a) Escudo Angolano, de idade ≥ a 2000 Ma, o qual podemos considerar como uma grande
anticlise (estrutura anticlinal que apresenta um grande raio de curvatura, em áreas extensas, pelo
que a inclinação nos flancos é muito pequena) com cobertura sedimentar, localizado entre o
meridiano 18ºE, o Oceano Atlântico e o paralelo 10ºS e a fronteira a SW. Para além da idade
acima referida, aparecem outras idades com cerca de 500 Ma que provavelmente são atribuídas
às orogenias do Precâmbrico, o que demonstra o estado estável da plataforma durante o
Eburneano.
b) Arco do Zaire, no final da idade Pan-Africana (446 Ma) e antes dos sedimentos da base do
Lutue, situado a NW da região Angolana, limitado a E pelo dobramento das camadas do Grupo
W do Congo. Apresenta-se uma área arqueada com os eixos situados no Oceano Atlântico, com
orientação aproximada de N25ºW. Estes arcos num estado inicial de reconstrução entre a Africa e
a América do Sul, podem ser interpretados por uma grande anticlise, onde estava centrada a
região da costa de Angola, definindo o arco do Zaire e a região brasileira, isto é, entre o mar e a
Formação Macaubas.
c) Arco de Moçâmedes, tem uma idade compreendida entre a deposição do Grupo do Congo
Ocidental e as intrusões Alcalinas do Sul de Angola. Considerado o resultado da instabilidade
crustal causado por este arco. Há aproximadamente 130 Ma, período no qual é suposto ter
ocorrido (no Fanerozóico) uma grande actividade magmática, a localização deste arco foi de
certa forma diferente. Iniciou-se a norte a partir da cidade de Moçâmedes com a direcção da do
graben de Lucapa, incorporando os principais pontos alcalinos. O fenómeno de pontos alcalinos,
é notado noutros locais do mundo bem como no Brasil, no arco de Ponta Grossa.
d) Graben de Cassanga, apresenta uma idade Triásica/Jurássica, o qual corta a plataforma
africana com uma orientação geral N28ºW, com mais de 800 km de comprimento em Angola, e
interfere nos alinhamentos diabásicos e nas rochas alcalinas em mais de 230 km.
e) Horst do Cuanza (Kwanza) e Arco do Congo são de idade Jurássica, o qual corta o Grupo do
Congo Ocidental com direcção E-W envolvendo as cidades de N’dalatando e Malange. O Horst
do Cuanza é um bloco levantado constituído por charnokitos e granulitos. Estas camadas estão
ligadas ao complexo charnokítico do Kassai, atravessando a região do Cuango. As falhas que
provocaram o horst são provavelmente a reactivação de processos do Escudo Angolano. No que
diz respeito ao Arco do Congo, estes afectam exclusivamente a região NW, como é exemplo
Cabinda e Santo António do Zaire. A sua orientação é N75ºE, e precede o resultado da
reactivação mesozóica do Cratão do Congo. É muito provável que a sua idade se centre depois do
arco do Zaire e preceda a deposição da bacia de Cabinda e Santo António do Zaire.

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2.6.2. EVOLUÇÃO TECTÓNICA DE ANGOLA


2.6.2.1. COMPLEXOS DE BASE
A região angolana do Cratão do Congo, conseguiu de certa forma a estabilização no final do
ciclo Pan-Africano. Através dos vários estudos de datação efectuados, a presente região angolana
tem a sua cratonização inicial ligada ao escudo do Kassai até à região W do Dondo. O presente
escudo não é tão evidente em Angola, dado que a maior parte da região está recoberta por
sedimentos do Fanerozóico. No entanto, segundo Real (1959) as observações efectuadas nos
vales dos rios Luembe, Kassai (Cassai), Chiumbe, Luachimo, Chicapa, Lovua e Luxico
demonstraram que as espessuras dos sedimentos eram mais finas, a idade desta região situa-se
entre os 2898 e os 2915 Ma. Idades também na ordem dos 2500 Ma, existem na mesma região,
que podem ser a correlação entre o Complexo de Rochas de Base com gnaisses ou gabro-noritos
e o Complexo Charnockítico do Kassai. Sobre estas litologias existem séries metamórficas a NE
de Angola, que podem representar a correspondência do Complexo Dibaya no Kassai, com uma
idade centrada nos 2700 Ma.
Após a cratonização da região das Lundas, N’dalantando/Cuango no Precâmbrico Inferior, a
grande parte do território Angolano continuava a sua evolução durante o Precâmbrico Médio e
Superior. Mais a Sul de Angola, o complexo gabro-anortosítico (Complexo Básico de Cunene),
instalou-se a cerca de 2200 Ma, segundo Silva et al. (1973) e Amaral e Torquato (1974). No
entanto, e de acordo com os dados de campo conhecidos, a hipótese da movimentação da placa
tectónica, pode ser interpretada como sendo o resultado da colisão do fundo oceânico com a
região do Lubango (antiga Sá da Bandeira), segundo Torquato (1977). A presença de fases
orogénicas com idade de 2000 Ma e com orientação NE-SW, que ocorrem nas bordaduras da
parte NW do complexo e a presença de um grande número de intrusões ácidas e extrusões
porfiríticas alinhadas por estas camadas, sugerem a presença de uma possível zona de subducção.
Na região centro e norte, a variação dos sedimentos do Eburneano aparecem granitizados e a
região apresenta-se cratonizada. Ocorrem deste modo, pequenos núcleos de filitos, xistos verdes
e quartzitos com orientação N45º a 60ºW, que perduraram e não foram expostos a outros eventos
superiores, ou pode ter ocorrido também, uma resistência dos mesmos sem existir um aumento de
metamorfismo.
Existem alguns diques com orientação N60ºW, que provavelmente resultam da activação da
plataforma eburneana.
Esistem também localizado, uma sub-faixa paralela à costa, constituído por granitos,
gnaisses, leucogranitos e e filões de quartzo associado (final da orogenia eburneana), recoberta
pelas areias de Kalahari, com direcção SW-NE, passando pela cidade de Malange, Huambo,
Kuito e Lubango, que ocorre conjuntamente com outros núcleos de várias idades (Rb/Sr), obtidas
especialmente na biotite e pelas rochas totais, informam-nos que as idades estão centradas entre
os 1500 e os 1700 Ma. Estes factos são interpretados como resultado de inventos termo-
magnético e são designados por Eventos do Namibe, segundo Torquarto (1974).
Existem também outros conjuntos de litologias paralelas ao Namibe, mas apresentam-se com
menores dimensões e ocorrem na parte oeste, com idades na ordem dos 1300 Ma, afectando os
granitos, gnaisses e os metasedimentos, e estão de certa forma relacionadas com os eventos
Kibarianos. Na região SW, podemos encontrar estes fenómenos desde o Huambo até a Foz do rio
Cunene.
As litologias de idades centradas nos 950 ± 100 Ma, podem estar associados com o
rejuvenescimento isotópico do Pan-Africano ou representar também eventos térmicos.
Por cima de todos estes conjuntos de rochas, estão depositados os sedimentos das Camadas
de Damara, Congo Oeste e de Malombe-Macondo, e que se apresentam dobrados. Para além
destes, encontramos a Bacia de Cassange na região das Lundas, o que constitui uma prova que os
mares do Precâmbrico Superior cobriram grande parte do NE de Angola. As direcções dos

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limites destas três litologias, dobradas, apontavam para o interior de Angola, definindo assim
limites entre o W e o E do Cratão do Congo.
Para um melhor entendimento, podemos observar e comparar a figura 3, que corresponde a
um esboço estrutural e geotectónico de Angola, segundo Heitor de Carvalho (1983) e a figura 4,
que corresponde a um mapa Tectónico de Angola, segundo Torquato (1975).

2.6.2.2. ESTÁDIOS DE EVOLUÇÃO TECTÓNICA


2.6.2.2.1. ESTÁDIOS DE TRANSIÇÃO
Os processos geológicos que ocorrem numa determinada região tectónica, desenvolvem
etapas de passagem de fossa oceânica para plataformas, isto é, para um estado primário. Este
processo é muito longo e é caracterizado por vários estádios intermédios, segundo Tuyezov
(1966) (in Torquato, 1977).
Em Angola, este estádio de transição tem início com a deposição das séries xisto-gresosas do
Grupo do Congo Ocidental, considerado como fase de Flysch. Estes sedimentos são
característicos das fases de um ciclo orogénico, são formadas durante a rápida elevação do núcleo
e a descida das margens, conhecido por estádio Molássico e estão representados em Angola,
principalmente na região Pungo-Andongo, segundo Torquato (1977).

2.6.2.2.2. ESTÁDIOS DE ESTABILIZAÇÃO


Segundo Torquato (1977), existe já uma plataforma onde os fenómenos de subsidência se
iniciam. Surgem duas sinclises (estrutura sinclinal que apresenta um grande raio de curvatura, em
áreas extensas, pelo que a inclinação nos flancos é muito pequena), separadas pelo Arco de
Moçâmedes. A idade dos mesmos deve corresponder ao Carbónico/Pérmico. Contêm na sua
base, os sedimentos mais antigos associados às bacias do karroo, e de uma forma geral, existem
sedimentos das séries xisto-gresosas, logo acima. Mas, pelo menos na sinclise do Congo e sob o
depósito do karroo existem sedimentos do Grupo do Congo Ocidental.
A Sul, a sinclise do Kalahari aparece preenchida pelos sedimentos do Kalahari, e a Norte a
sinclise do Congo contém os sedimentos das Séries de Lutoe (karroo) que se depositaram por
cima do Complexo de Base do Precâmbrico ou por cima dos sedimentos do Grupo do Congo
Ocidental.
O Arco de Moçâmedes reagiu como elemento separador de duas estruturas e ainda hoje
funciona como separador de correntes fluviais no território angolano.
No que respeita à deposição da Bacia de Cassange nas Lundas, os sedimentos do karroo
iniciam a deposição dos sedimentos na sinclise do Congo, e só depois desta deposição dos
sedimentos do karroo inferior, designadas por Séries Lutoe, é que ocorre um falhamento do
Complexo de Base, bem como da formação do paleograben do Cassange. Deste modo, ocorre
uma subsidência sucessiva e contínua no paleograben, qual resulta uma fina camada de
sedimentos com condições similares às das Lundas. No final da deposição dos sedimentos do
karroo e da reactivação do paleograben com novas falhas na região central da Bacia do Cassange,
são provocadas depressões que ainda são visíveis.
Segundo as informações de Rocha Campos e Oliveira (1972), a drenagem no karroo angolano
realizava-se de W para E. Assim a fonte dos sedimentos na reconstrução continental seria
proveniente de um maciço situado na região entre os dois continentes. Este facto, correlacionado
com a presença do Arco do Zaire ajuda a reforçar a hipótese de que a bacia do Congo teve um
paralelismo, embora com um desenvolvimento distinto, relativamente à bacia do Paraná no
Brasil.
Segundo Torquato (1977), a evolução das sinclises do Congo e do Kalahari ocorreram
independentemente, e com a introdução do Arco do Zaire, verifica-se que a história geológica da
sinclise do Congo pode ser interpretada exclusivamente pela sua ocorrência no local e não com as

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ligações das idades dos restantes sedimentos do karroo que aparecem dispersos em África ou no
Sul da América.
As estruturas que estiveram envolvidas na estabilização da plataforma angolana, foram desta
forma: o Arco do Zaire, o Arco do Congo e o Horst do Cuanza (Kwanza), o qual inicialmente
condicionou o depósito sedimentar do karroo Carbónico/Pérmico, onde o Horst do Cuanza serviu
como fonte de material que preencheu o topo do paleograben do Cassange que apareceu no
estado de reactivação.

2.6.2.2.3. ESTÁDIOS DE REACTIVAÇÃO


Num qualquer estado de reactivação de uma plataforma consolidada, de acordo com as suas
determinadas características e influências do rearranjo interno, este é expresso por falhas antigas,
montanhas, actividade vulcânica, arcos, bacias tectónicas, plutonismo granítico, cratonização
alcalina e mineralizações.
Em Angola, segundo Torquato (1977), o estádio de reactivação tem início no Triásico, a
partir do vulcanismo básico e ultrabásico. Existem vários aspectos que estão associados com esta
reactivação, desde o magmatismo básico, com maior actividade no Novo Redondo, Moçâmedes,
Foz do Cunene, Alto Zambeze, Lundas, e magmatismo alcalino, bacias tectónicas, granito do
Morro Vermelho e elevação da região com aparecimento de formações de conglomerados.
Podemos classificar as rochas alcalinas (130 Ma) e as suas características em Angola, em
quatro grupos. Deste modo:
- Durante o Triásico e o Jurássico, o Arco de Moçâmedes foi afectado por uma elevação que é
verificada pela falta de sedimentos na parte terminal da região. Esta instabilidade provocou
intrusões de rochas alcalinas nas zonas de maior fraqueza, nomeadamente sienitos, carbonatitos,
bem como de kimberlitos no quadrante SW de Angola.
- As intrusões kimberlíticas das Lundas são descritas pela reactivação anterior e devido ao
graben numa determinada região do cratão, como exemplo o Graben de Lucapa.
- As intrusões alcalinas estão situadas ao longo da linha de costa de Angola, e podem ser
correlacionados com os processos de deriva continental, uma vez que estas invasões são
encontradas em regiões de riftes antigos e nas regiões de instabilidade crustal.
- As estruturas do Cuito e Calucinga sofreram a reactivação Mesozóica pelo Graben do Cassange,
e é mostrado pelo alinhamento das Séries das Intrusões Básicas.
A maior parte das bacias tectónicas estão distribuídas em Angola ao longo da linha de costa,
sobrepondo-se à base cristalina com falhamentos extensivos. Durante um grande período de
inactividade tectónica que caracterizou o Terciário, instalou-se o sistema sedimentar do Kalahari,
que desenvolveu uma camada de sedimentos tendo coberto praticamente toda a parte Este de
Angola.

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Figura 4 – Mapa Tectónico de Angola segundo Torquato (1975), adaptado.

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3. MORFOLOGIA GERAL DOS KIMBERLITOS


Do ponto de vista petrográfico os kimberlitos são rochas complexas, dado que, para além de
terem uma mineralogia tipicamente magmática, existem variações decorrentes de processos de
diferenciação, como é exemplo o aparecimento de cristais de rochas híbridas.
Os estudos iniciais efectuados sobre os kimberlitos, segundo Wagner (1914), demonstraram
que eles ocorrem com uma forma de cenoura, em forma de tubo, isto é, por intrusões verticais
denominadas chaminés, com diatrema e diques tabulares.
Os vários estudos efectuados por Dawson e Hawthorne (1970 e 1973), Dawson (1971) e
Hawthorne (1975), contribuíram para estabelecer o conceito base do reconhecimento do
magmatismo dos kimberlitos, nomeadamente sobre a mobilidade dos magmas kimberlíticos e
que esses magmas poderiam sofrer diferenciação. No topo existe a ocorrência de kimberlitos
epiclásticos e piroclásticos, que ocorrem por cima dos kimberlitos de diatrema, e com o aumento
de profundidade encontramos kimberlitos abissais e hipabissais, bem como a existência de
soleiras, que são compostas por um corpo tabular, geralmente horizontal, que penetrou entre
camadas de rochas mais antigas e que não chegou à superfície, mas que derivou lateralmente de
outro corpo.
Os kimberlitos são reconhecidos como provindo de magma ultrabásico rico em voláteis, com
alto teor de H 2 O e CO 2 , potássio com elevada relação de K/Na, com distinção de textura
heterogranular resultante da presença de macrocristais numa matriz essencialmente
microporfirítica e cuja evolução e colocação pode ser descrita em termos de diferenciação
padrão, intrusão e processos de extrusão.
A matriz contém como mais saliente, fenocristais primários e/ou constituintes das rochas
encaixantes, olivina e vários outros minerais, nomeadamente, flogopite, calcite, serpentina,
diópsido, monticelite, apatite, espinela, perowskite, ilmenite, entre outros. Existem outros
minerais primários que podem estar presentes, como a granada do tipo piropo e outros minerais
acessórios.
De uma forma geral os macrocristais pertencem ao grupo dos minerais criptogénicos,
anédricos, ferromagnesianos onde está incluída a olivina, a flogopite, a picroilmenite com
elevada concentração de MgO, a granada magnesiana e o cromodiópsido e enstatite. A olivina é
abundante na relação que existe com outros minerais que não necessitam de estar presentes. Na
estrutura kimberlítica, e para além dos macrocristais, podem ocorrer pequenos grãos que
pertencem a este mesmo grupo.
Os kimberlitos contêm geralmente inclusos nas suas estruturas, várias rochas ultramáficas,
caracterizadas por magmas peridotíticos e piroxeníticos, onde estão presentes quantidades
variáveis de xenólitos e xenocristais provenientes da crosta. Os kimberlitos apresentam
frequentemente alterações, principalmente no seu topo, resultado da carbonatização e
serpentinização.
Relativamente à possibilidade de conterem diamantes, deve referir-se que é um constituinte
mineral que é muito raro.
Estas intrusões podem ocorrer com diâmetros de algumas dezenas de metros a quilómetros.
Dos vários estudos efectuados nas chaminés conhecidas, podemos informar que perto da
superfície o ângulo que efectua com a horizontal, pode ter na sua generalidade cerca de 50º,
embora já se tenha observado com 25º, enquanto que em profundidade podem ir até 80-85º.
A figura 5, representa um modelo de sistema magmático de um kimberlito, demonstrando a
relação entre rochas efusivas de diatrema e rochas abissais.

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Figura 5 – Modelo de sistema magmático de um kimberlito tipo Sul Africano, segundo Mitchell (1986), adaptado.
Demonstrando a relação ente rochas efusivas, de diatrema e rochas abissais. A fácies de rochas abissais inclui as
Soleiras, Diques, as Zonas de Origem e o Soco. O presente modelo apresentado não se encontra a escala.

Segundo Macnae (1979), as intrusões magmáticas ocorrem através de fracturas, formando


diques e soleiras na superfície, com origem numa explosão focal a uma profundidade com cerca
de 2 km, originada por água subterrânea aquecida, estando estruturalmente controlada a partir do
foco. A estrutura kimberlítica próximo da superfície, apresenta-se circular ou elíptica, onde os
alinhamentos se apresentam conforme os alinhamentos estruturais do local.
Sabemos que as intrusões kimberlíticas estão associadas a estruturas profundas, que atingem
ou estão próximas do manto, e por ascenderem na crosta, em alta velocidade, trazem no seu
trajecto fragmentos mantélicos, sendo um facto que os torna de grande interesse para a
comunidade geocientífica.
Segundo Mitchell (1995), esses fragmentos podem ser peridotitos (dunito, harzburgito,
lherzolito), ou ainda eclogitos do manto. Podemos observar na figura 6 e na figura 7 os modelos
de Mitchell (1995) e Kirkley et al. (1991), respectivamente. O magma kimberlítico chega à
superfície por meio de plumas que têm origem na região entre os limites manto/núcleo e manto
superior/manto inferior (Haggerty, 1999).

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Figura 6 – Modelo crostal para ambiente de formação de diamantes, modificada por Mitchell (1995), adaptado.
Delimita a linha de estabilidade entre diamante e grafite. Legenda: K-kimberlito, O-orangeíto, L-lamproíto, M-
melilitito, N-nefelinitos e carbonatitos., LAB-limite litosfera-astenosfera.

Figura 7 – Modelo de fonte de diamantes, modificada segundo por Kirkley et al. (1991), adaptado. Delimita a linha
de estabilidade entre diamante e grafite. Legenda: K-Kimberlito, L-Lamproíto.

Nas mineralizações diamantíferas, o maior interesse que existe nestas intrusões está
relacionado com aquelas que existem em regiões cratónicas ou nas suas faixas marginais, dado
que há uma relação conhecida entre a ocorrência de diamantes em corpos cujas rochas
encaixantes foram estabilizadas no Precâmbrico. A presente relação é observada na figura 6, que
ilustra a curva de estabilidade da grafite e do diamante com aproximadamente 150 km de
profundidade, facilmente alcançada pela porção basal do cratão, e onde são formados os
diamantes.
Relativamente ao magma kimberlítico, deve ser referido que este não tem nenhuma relação
genética com os diamantes, mas exerce apenas a tarefa de transportador, possibilitando a
ascensão das gemas à superfície, segundo Mitchell (1986).
O processo que se julga responsável pelo transporte do material até à superfície é apelidado
por Fluidização Gasosa, isto é, o processo que transporta o material sólido num turbulento meio
gasoso. Nos estudos químicos efectuados às rochas kimberlíticas, estas demonstraram que existiu

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uma quantidade de gás na sua formação e que se moveram rapidamente até à superfície, com um
efeito do tipo “jacto de pedra”, podendo de certa forma existir um aumento no descargamento de
xenólitos de profundidade. Este efeito tem alguma razão de ser, dado que segundo Nixon (1973),
já foram observadas em chaminés kimberlíticas nódulos de massas ultrabásicas com mais de 400
kg, com origem no manto, a mais de 100 km de profundidade.
Segundo vários estudos realizados, o processo de transporte é muito rápido podendo demorar
somente poucas horas, cerca de 2h até chegar à superfície com uma velocidade de ascensão
centrada nos ± 80 km/h, no qual é expelido o gás e os grãos finos enquanto que os fragmentos
mais pesados são contidos na chaminé propriamente dita. Devemos ter em conta que
possivelmente durante a descompressão do gás no processo kimberlítico, os blocos de rochas que
foram arrancadas das paredes da chaminé, podem diminuir ou aumentar a ascensão do magma.
Devemos também ter em consideração a densidade e velocidade dos fluidos locais.
No processo de arrefecimento ocorrem vários processos de fracturação e dá-se um
reajustamento da estrutura da intrusão e, deste modo, podem surgir colunas de tufos e outras
intrusões magmáticas de temperaturas mais baixas.
Muitos autores interpretam o topo da cratera kimberlítica como uma cratera injectada devido
aos factos anteriormente referidos. Deste modo, podemos dizer que a configuração e o tamanho
da chaminé pode variar dependendo da variação de tempo da fluidização, das condições
geológicas do local e da perturbação ou agitação que ocorre na chaminé.
Em todo o processo, deve-se considerar a possibilidade de existirem novas intrusões
vulcânicas num estado mais avançado, sendo estas de composição distintas ao nível fisico-
quimico da(s) anterior(es), dado que a maior parte dos kimberlitos provêm da constituição das
paredes rochosas encontradas em condições diferentes.
As rochas kimberlíticas possuem uma alta porosidade e permeabilidade, que em condições de
climas tropicais, dado as chuvas, podem facilitar a alteração mais acelerada do material. Segundo
Ruotsala (1975), a meteorização dos minerais dos kimberlitos conduzem a várias alterações.
Ocorre assim, uma modificação da composição química em diferentes níveis da estrutura
kimberlítica, que se traduz mais perto da superfície em concentrações de CaO, MgO e CO 2 ,
como também em maior profundidade em concentrações de CaO e CO 2 . Nestas condições, pode
ocorrer que existam concentrações mais pobres de Fe em profundidade, dado que, segundo
Ruotsala, quando existe uma reacção com a magnetite, a mesma é convertida em limonite e
outros hidróxidos de ferro, por esse facto é que nestas zonas apresentam uma baixa
susceptibilidade de manterem kimberlitos com magnetite.
Sabemos que, conforme a natureza de cada uma das intrusões, tendo em conta a profundidade
de erosão e do grau de alteração, estas determinam o tamanho e mineralogia da superfície
exposta.
É deveras importante referir que embora muitas chaminés de kimberlitos conhecidos ocorram
de forma isolada, estas estruturas tem tendência a ocorrer associadas entre si.

3.1. O MAGMA KIMBERLÍTICO


Na formação do magma kimberlítico existem algumas particularidades que devem ser
consideradas. De facto, é importante a profundidade de formação, dado que, quanto maior for a
profundidade a que se inicia a sua formação maior é a possibilidade de conter grandes
quantidades de diamantes. Segundo Mitchell (1986), o magma inicia-se a uma profundidade
aproximada de 150 a 200 km, isto é, no Manto Superior, e a uma temperatura com cerca de
1200ºC a uma pressão de 40 Kb. Podemos observar segundo Kirkley et al. (1991), na figura 8
seguinte, apresenta-se as curvas de estabilidade do diamante, no qual podemos ver a relação
existente entre a pressão, a temperatura e a profundidade. Como se pode entender, o magma
kimberlítico inicia a sua formação em condições específicas e muito rigorosas, com a
temperatura e pressão estável, que dão uma consistência e conservação aos diamantes durante a

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ascensão do magma até a superfície. Portanto, deste modo a velocidade de ascensão é muito
importante, definindo a esterilidade da intrusão. O tempo de implementação pode demorar cerca
de 2 horas.

Figura 8 – Podemos observar as curvas de estabilidade do Diamante e da Grafite, e gradientes geotermal, modificada
segundo por Kirkley et al. (1991), adaptado.

Se ocorrerem condições que provoquem alterações das condições da relação


temperatura/pressão durante a referida fase de ascensão do magma, os diamantes não estão
presentes, dando origem a grafite, provocando a esterilidade da chaminé. Deste modo, nem todas
as chaminés conhecidas nos vários continentes são mineralizadas.
A título de curiosidade, nos diversos escudos onde ocorrem chaminés da Terra, a
proporcionalidade de mineralização das mesmas com diamantes é de 1 para 100, no entanto, em
Angola, segundo Moisés (2003), existe uma proporcionalidade de cerca de 4 para 100, mas
alguns autores referem que em cada 10 kimberlitos 5 são económicos.
Tanto o diamante como a grafite são constituídos por um elemento de base, o carbono.

3.1.1. DIAMANTE
C – Elemento; Dureza: 10; Traço: branco; Cor: incolor, cinzento-azulado, esverdeado,
amarelado, castanho e negro; Transparência: transparente e não transparente; Brilho:
adamantino; Clivagem: perfeita; Fractura: concoidal; Morfologia: cristais, maclas; Densidade:
3,52; Sistema cristalográfico: cúbico; Forma dos cristais: octaedros, dodecaedros, hexaedros;
Luminescência: azul a esverdeada; Composição química: teoricamente, 100% C, inclusões de
granada e olivina, azoto e boro; Propriedades químicas: insolúveis nos ácidos e nas bases;
Manipulação: lavar com água ou com ácidos diluídos.

3.1.2. GRAFITE
C – Elemento; Dureza: 1 – 1,5; Traço: cinzento-metálico-escuro, brilhante; Cor: cinzento-
escuro (cristais), negro, cinzento-metálico (agreado); Transparência: não transparente,
translúcido em escamas cinzentas muito finas; Brilho: forte, metálico, baço nas formas
cristalinas; Clivagem: perfeita; Características de coesão: flexível mas não elástico, pode
cortar-se; Morfologia: raramente em cristais, mas em escamas, discos, agregados esféricos e
preenchimentos terrosos; Outras propriedades: gorduroso ao toque; Densidade: 2,25 (variável
de acordo com as inclusões); Sistema cristalino: hexagonal; Forma dos cristais: plaquetas

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hexagonais; Condutibilidade eléctrica: bom condutor; Composição química: teoricamente,


100% C, inclusões de H, N, CO 2 , CH 4 , SiO 2 , Al 2 O 3 , etc.; Propriedades químicas: insolúvel
nos ácidos, só reage com HNO 3 a ferver; Manipulação: limpar com ácidos e com água.

3.2. CLASSIFICAÇÃO PETROLÓGICA


As rochas kimberlíticas e as que estão relacionadas com estas, podem ser divididas em vários
grupos, segundo Mitchell (1995), tendo em conta a sua textura, composição mineralógica e
química. Mesmo sendo de certa forma contestada por vários investigadores, esta classificação
apresenta critérios bem definidos em termos geoquímicos e petrográficos, que auxiliam na
identificação destas rochas.
A classificação proposta por Mitchell (1995) está relatada e resumida na quadro 4 seguinte.
Kimberlitos Orangeítos Lamproítos
Macrocristais
Olivina

X X Raro
Fenocristais
X X X
Macrocristais/Fenocristais X, flogopite a flogopite-
X, flogopite X, flogopite
Mica

Ti
Matriz X, flogopite
X, tetraferriflogopite X, tetraferriflogopite-Ti
kinoshitalite
Abundante, cromite-Mg Raro, cromite-Mg a Raro, cromite-Mg a
Espinela
a ulvospinela-Mg magnetite-Ti magnetite-Ti
Monticelite X --- ---
Diópsido --- X, Al + Ti-pobre X, Al + Ti-pobre
Perowskite X, Sr + ETR-pobre Raro, Sr + ETR-rico Raro, Sr + ETR-rico
Abundante, Sr + ETR-
Apatite X, Sr + ETR-pobre X, Sr + ETR-rico
rico
Calcite Abundante X ---
Sanidine --- Raro, na matriz X, fenocristais + matriz
Richerite-K --- Raro, na matriz X, fenocristais + matriz
Titanatos-K-Ba (esfena) Muito raro X X
Silicatos-Zr Muito raro X X
Ilmenite-Mn Raro X Muito raro
Leucite --- Raros pseudomorfos X, fenocristais
Quadro 4 – Diferenças mineralógicas entre Kimberlitos, Lamproítos e Orangeítos, adaptado segundo Mitchell, 1995.
Legenda: X – está presente, --- – não está presente.

Desta forma, Mitchell (1995), encontra as definições de rochas kimberlíticas e das rochas
associadas, como orangeítos, lamproítos, lamprófiros e kamafugitos. Toda esta classificação tem
por base a petrografia, a geoquímica da rocha e a química mineral.
Porém, nem sempre é possível aplicar esta classificação, dada a grande variação química e
mineralógica destes litotipos. Apesar disso, podemos definir as suas fácies, nomeadamente da
cratera, diatrema, hipabissal e abissal, utilizando-se simplesmente o estudo da petrografia e
mineralogia, bem como da química mineral e da rocha.

3.2.1. KIMBERLITOS
Anteriormente à nomenclatura proposta em 1995 por Mitchell, essas rochas eram
denominadas como kimberlito do Grupo 1. Estas rochas são definidas como um grupo que
apresenta feições mineralógicas e petrográficas típicas de magmas ricos em voláteis, onde
predomina o CO 2 . A principal característica que diferencia os kimberlitos é a sua textura
heterogranular que resulta da presença de macrocristais e/ou megacristais imersos numa matriz
fina. A matriz é de característica fina, composta principalmente por olivina, mas pode ser
acompanhada por monticelite, flogopite, perowskite, solução sólida de espinela magnesiana,
cromite magnesiana, magnetite, apatite e serpentina. Todos estes minerais são de origem
primária, podendo de certa forma existir alteração de alguns minerais primários para serpentina.

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Embora estas intrusões não apresentem na matriz diópsido primário, poderá ocorrer sim,
numa fase secundária, bastando para isso existir a presença de xenólitos mantélicos.
Os macrocristais e megacristais são quase sempre anédricos e são representados por olivina,
ilmenite, piropo, diópsido, flogopite, cromite e enstatite. Alguns desses minerais apresentam
composições típicas que caracterizam a referida rocha, assim, o diópsido tem baixos teores de Cr,
por vezes sub-cálcico; a ilmenite é tipicamente magnesiana; o piropo é titanífero e com baixos
teores de Cr; a cromite é pobre em Ti.

3.2.2. ORANGEÍTOS
Anteriormente à presente classificação, os orangeítos eram classificados como kimberlitos do
grupo 2. Estas rochas apresentam diferenças consideráveis no que concerne ao registo
mineralógico e petrogenético. Os orangeítos são semelhantes aos kimberlitos, dado que também
são rochas ricas em voláteis, porém dentro dos voláteis representados, predomina a H 2 O.
Estas rochas apresentam macrocristais e microfenocristais de flogopite e olivina, no qual a
olivina pode formar cristais primários euédricos, e a mica é abundante. A matriz é composta por
diópsido, cromite-Mg a magnetite-Ti, perowskite, apatite, fosfatos ricos em terras raras (monazite
e daquingshanite), titanatos do grupo da holandite, rutilo e ilmenite. A perowskite e apatite
apresentam elevados teores de Sr, e na perowskite de terras raras. Também podem ocorrer
carbonatos, que apresentam enriquecimento em terras raras, serpentina, witherite (carbonato de
bário) e norsetite (grupo da dolomite, carbonato de bário).
A diferença entre os orangeítos e os kimberlitos, é a ausência nos orangeítos de monticelite,
espinela magnesiana e das micas ricas em bário da série flogopite-kinoshitalite.

3.2.3. LAMPROÍTOS
Este tipo de rocha admite grande variação das características geoquímicas, ocorrendo assim,
uma classificação que abrange diferentes litotipos. As fases principais de minerais são: flogopite,
tetraferriflogopite, richterite (anfíbola), olivina forsterítica, diópsido, leucite e sanidina (feldspato
potássico), os quais podem apresentar variações nos seus teores de óxidos.
É relevante referir que não é necessário que os lamproítos tenham todas as fases acima
descritas, embora a caracterização geoquímica de elementos maiores e menores seja muito
importante e, de certa forma, essencial para a correcta classificação desse grupo de rochas.
Os lamproítos podem apresentar-se geoquimicamente da seguinte forma: ultrapotássica
(K 2 O/Na 2 O molar> 3); perpotássica (K 2 O/Al 2 O 3 molar> 0,8); e peralcalina [(K 2 O+
Na 2 O)/Al 2 O 3 > 1].

3.2.4. LAMPRÓFIROS
A definição mineralógica e textural dos lamprófiros, é descrita pela presença de fenocristais
de mica e/ou anfibolas, em matriz que pode conter plagioclase, feldspato-K, feldspatóide,
carbonato, monticelite, melilite, mica, anfíbolas, piroxenas, perowskite, óxidos de Fe-Ti e vidro
vulcânico, abrangendo desta forma um grande número de rochas.

3.2.5. KAMAFUGITOS
O presente tipo de rocha agrupa três conjuntos, nomeadamente, katungitos, mafuritos e
uganditos. A figura 9 indica a classificação dos mesmos, segundo Sahama (1974), onde
diferencia a composição modal dos kamafugitos. Os kamafugitos: têm altos teores de K e baixos
de Si, e apresentam na sua composição mineralógica, olivina, melilite e vidro vulcânico. Para os
katungitos; olivina, clinopiroxena e kalsilite. Para os mafuritos; olivina, clinopiroxena e leucite
para os uganditos.

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Figura 9 – Classificação modal dos kamafugitos, adaptada por Sahama (1974).

3.3. TIPOS DE FÁCIES KIMBERLÍTICAS


Desde 1887, que se procede ao estudo de reconhecimento sobre as variedades de texturas dos
kimberlitos, iniciado por Lewis (in Mitchell, 1986). Wagner (1914) e Williams (1932) e outros
petrologistas Europeus e Sul-africanos que a partir da década de 70 (século XX), deram uma
contribuição fundamental. O kimberlito, de acordo com a sua petrologia e morfologia, pode ser
dividido em três unidades de fácies, em referência a Clement e Skinner (1985), Araújo (2000) e
Kopylova (arquivo capturado em 2009), nomeadamente em fácies da cratera, diatrema e
abissal/hipabissal.
Para as classificações de kimberlitos foram desenvolvidos alguns modelos ao longo do
tempo, tendo em conta as variações de textura e mineralogia que os mesmos apresentam. O
modelo de Clement e Skinner, em 1985, é o mais aceite pela comunidade científica, dado que
demonstra as implicações genéticas.
FÁCIES TIPO DE ROCHA TEXTURA MACROSCÓPICA
→ Kimberlito Macrocristalino
→ Kimberlito →
Kimberlito Kimberlito de Segregação
< 15%; > 4 mm clastos
de → Kimberlítico Afanítico

Fácies → Kimberlito Brechoíde Macrocristalino


→ Kimberlito Brechoíde →
> 15 %; > 4 mm clastos Kimberlito Brechoíde de Segregação
Abissal ou
Hipabissal → Kimberlítico Brechoíde Afanítico
→ Tufo Kimberlito Pelítico
Kimberlito
(grãos não se distinguem a olho nu)
→ Tufo Kimberlito →
Fácies Tufo Kimberlito Lítico
< 15%; > 4 mm clastos

de Tufo Kimberlito Cristalino
Diatrema
→ Tufo Kimberlito → Tufo Kimberlito Pelítico Brechoíde
Brechoíde (grãos não se distinguem a olho nu)
> 15 %; > 4 mm clastos → Tufo Kimberlito Lítico Brechoíde
Kimberlito → Kimberlito Piroclástico → Outra subdivisão de acordo com as escalas
padronizadas e ou relativos a conceitos das fácies
de Fácies → Kimberlito Epiclástico → genético litológicos

de Cratera → Lava Kimberlítica


Quadro 5 – Classificação dos kimberlitos segundo Clement e Skinner (1985).

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De acordo com a classificação acima representada poder-se-ão retirar algumas informações


importantes, nomeadamente as características diferenciadoras dos kimberlitos, dado que as
subdivisões de fácies principais são determinadas por diferenciação da textura. Os kimberlitos de
cratera são reconhecidos devido às suas características sedimentares e vulcano-sedimentares. Os
kimberlitos de diatrema são reconhecidos pela, textura, xenólitos, e pela sua característica
brechóide. Os kimberlitos abissais são, sem dúvida, reconhecidos pela presença abundante de
calcite e texturas de segregação com macro e mega-cristalizações. Relativamente ao termo de
textura de segregação, este é dado por existirem grandes quantidades de material de
profundidade, mas depende se provém de uma massa uniforme ou não, ou se foram cristalizados
em diferentes níveis mineralógicos. Um kimberlito pode ser considerado brechóide ou não
brechóide, unicamente baseado no facto do volume percentual ser superior a 15% dos fragmentos
visíveis macroscopicamente.

3.3.1. FÁCIES DE KIMBERLITOS DE CRATERA


O registo da actividade efusiva subaérea de fácies kimberlíticos de cratera, só fica preservado
em áreas onde a erosão seja pouco significativa ou foi menor, ou existir deposição sedimentar
acima da intrusão. A maior parte destes depósitos de cratera não são estudados por técnicas e
investigações mais adequadas. A morfologia da superfície deste tipo de kimberlito caracteriza-se
por uma cratera que pode atingir os 2 km de diâmetro e ter várias centenas de metros de
profundidade. Os kimberlitos de cratera caracterizam-se também pelo facto de se encontrar nela
um anel de tufos à volta da mesma.
Relativamente aos estudos de fácies kimberlíticas de cratera, estes indicam que os magmas
kimberlíticos formam muito raramente lavas, mas produzem normalmente depósitos
piroclásticos. Estes depósitos têm um volume geralmente pequeno, limitando-se à cratera e nas
camadas dos anéis tufíticos ou até mesmo em pequenos cones, mas não são formadas
estratificações complexas nos vulcões e cones de tufos íngremes, unilateral e de grandes
dimensões.
No vulcanismo piroclástico não existe novamente ressurgimento de magma para formar na
cratera lagos lávicos, bem como não ocorrem corredores de alimentação preenchidos por magma
kimberlítico.
Segundo Mannard (1962), na figura 10, ilustra-se uma representação de um vulcão
kimberlítico, baseando-se na fácies de cratera, com ocorrência na superfície de um anel de tufo e
de um lago. As falsas brechas preenchem a cratera, formando-se anéis de tufos com camadas de
baixo ângulo de inclinação. Num último estado, a actividade cessa e os anéis de tufos (rochas
piroclásticas) são erodidos e os detritos são depositados na cratera formando-se as rochas
epiclásticas. As falhas contemporâneas que ocorrem ao longo das margens da cratera, podem
preservar fácies de cratera e podem estar presentes na fácies de kimberlitos de diatrema.

Figura 10 – Ilustra-se um modelo de um vulcão kimberlítico, baseado na fácies de cratera de kimberlitos da Tanzânia
(entre outros o de Igwisi), Orapa (Bostswana) e Kasami (Mali), com ocorrência na superfície de um anel de tufos e
um lago, adaptado segundo Mitchell (1986).

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O presente modelo de vulcanismo de kimberlito sub-aéreo é comparável directamente,


segundo Wohletz e Sheridan (1983), a um modelo de anéis de tufos formados por
hidrovulcanismo. A semelhança que ocorre relativamente à estratigrafia e morfologia, pode
indicar que a fácies de kimberlito de cratera são o resultado do hidrovulcanismo causado pela
interacção de águas subterrâneas e pelo magma.

Figura 11 – Adaptado, segundo Wohletz e Sherindan (1983), ilustramos um modelo de Anéis de Tufos formados por
hidrovulcanismo.

Segundo Wohletz e Sherindan (1983), figura 11, os anéis de tufos evoluem através da fase de
explosão que afectam as brechas para uma fase de enchimento, devido à relação existente entre:
quantidade de água e a proporção de fusão. A actividade pode evoluir para outra fase,
caracterizada pelo enchimento de rochas com existência de picos de chuva piroclástica. Nesta
última actividade, ocorre o crescimento dos cones acima dos anéis de tufos, se existir uma
quantidade de magma ainda disponível. Deste modo, irá produzir-se certamente um cone de tufo
unilateral com grande inclinação. No que concerne à paragem da actividade do magmatismo
kimberlítico, esta inicia-se logo após existir uma relação de baixo teor de água e proporção de
fusão, e após resultar também a explosão das camadas de brechas.

Com a ocorrência rara dos kimberlitos de cratera e com a complexidade dos mesmos, não é
assim de todo possível desenvolver um modelo para determinar com a certeza absoluta, que todos
os kimberlitos de cratera são formados segundo as características que estão presentes a seguir.
Este tipo de kimberlitos podem então apresentar rochas de duas naturezas principais, deste modo:
- Rochas Piroclásticas: são depositadas por força eruptiva, e são encontradas em anéis de tufos à
volta e dentro da cratera. Estes anéis têm a particularidade de serem pouco preservados nos
kimberlitos, bem como demonstram uma pequena relação entre altura por diâmetro da cratera.
Em 1962, Manard distinguiu quatro tipos de camadas piroclásticas, desta forma, começando pela
camada mais antiga, isto é, mais profunda, para as mais novas, temos: brechas de base;
piroclastos mal estratificados e grosseiros; tufos bem estratificados; depósitos epiclásticos
lacustrinos.
Os tufos bem estratificados, consistem na alternância de camadas de tufos de lapilli de tamanho
grosseiro (2 a 64 mm) com tufos laminados de tamanho fino (< 2 mm). A alternância de
camadas, grosseiras ou finas são de composição idêntica e consistem no pseudomorfismo da
serpentina depois da olivina, conjuntamente com a flogopite, granada, e ilmenite macrocristalina,
a ajustar a matriz de serpentina, argila, calcite e clorite. A quantidade de tufo cristalino, no tufo
lítico, aumenta o conteúdo de quartzo, feldspato e biotite, dado que derivam das rochas
encaixantes.
Mannard (1962), considera que os tufos são principalmente depósitos que se acumularam na
queda pela atmosfera (ar), em alguns casos, podem ter sido depositados na água.
Por outro lado, estes tufos, que parecem ser bem estratificados, são tufos pouco estratificados. Os
tufos brechóides contêm na sua textura, fragmentos de rocha envolvente, fragmentos de intrusões
de kimberlitos anteriores, bem como xenólito derivados do manto, cimentado por material

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piroclástico semelhante ao tufo subjacente. No trabalho de Mannard (1962), não se referencia


vidro vulcânico, bombas vulcânicas, material de escórias e lapilli sedimentada.

- Rochas Epiclásticas: São sedimentos que representam um trabalho fluvial nas Rochas
Piroclásticas (tufos) no topo da diatrema, podendo inclusivamente formarem-se lagos. Estes
sedimentos encontram-se dispersos e por vezes afastados do centro, bem como das paredes das
rochas encaixantes, mas são preservados em áreas que foram submetidas a pequenas acções de
erosão, ou devido à ocorrência de falhas ou “slumps” na cratera ou diatrema do kimberlito.
Os depósitos deverão ser designados de acordo com os nomes aprovados para as partículas em
sedimentologia, como é o exemplo, kimberlito xistoso, kimberlito arenoso, kimberlito argiloso,
etc, dado que existe uma diversificação na dimensão das partículas. Devemos ter em conta, que a
maior parte desses sedimentos pertencem ao kimberlito de cratera, no qual podemos encontrar
também detritos das rochas encaixantes, para além de já ter ocorrido aparecimento de fósseis de
peixe nos kimberlitos da Tanzânia, segundo Mannard (1962).
Partes de algumas rochas epiclásticas foram substituídas por calcedónias que resultaram de
maiores temperaturas, devido ao estado de vulcanismo tardio.
Segundo os estudos de Hawthorne (1975), as rochas epiclásticas são normalmente encontradas
em formas ovais ou elípticas, na estrutura da bacia com cerca de 50 a 1500 m de diâmetro. A
margem da profundidade da bacia pode apresentar uma inclinação de 25º a 70º. Estas bacias
podem encontrar-se a mais de 300 m abaixo da superfície terrestre, mas geralmente situam-se nos
150 m. A sucessão epiclástica pode ser complexa e poderá assemelhar-se a uma série de camadas
aluviais conjuntamente com um depósito de fundo lacustre.

No entanto, existem ocorrências de lavas nos kimberlitos de cratera. Os estudos efectuados


por Sampson (1953), Bassett (1954) e Fozzard (1956) nas ocorrências de kimberlitos efusivos
nos cones de tufos em Igwisi Hills na Tanzânia, demonstram que as lavas contêm cristais de
olivina arredondados geralmente com cromite associada, numa fina matriz de carbonatos,
serpentina, num complexo de espinela de titânio, perowskite e apatite. Algumas dessas amostras,
demonstram um fluxo na textura de calcite e estão alinhadas em paralelo. Este tipo de lava é de
um ponto de vista petrográfico, similar aos kimberlitos macrocristalinos e aos kimberlitos da
África do Sul. É considerado por Reid et al. (1975), que todos os macrocristais de olivina
esferoidal, derivam de uma lava híbrida de constituição lherzolítica, formada pela mistura destes
xenocristais com um magma kimberlítico rico em voláteis. Este magma, apresenta falta de outros
megacristais, mas são ricos em calcite, contendo uma envolvente em espinelas, e representa uma
diferenciação de um magma kimberlítico, e não devem ser consideradas como sendo uma
representatividade do kimberlito líquido primário.

3.3.2. FÁCIES DE DIATREMA DE KIMBERLITOS


Este tipo de fácies kimberlítica, apresenta-se com forma longa e cónica, tipo cenoura, isto é,
mais elípticos ou circulares na superfície, tornando-se mais finos em profundidade. Podem atingir
em profundidade uma distância com cerca de 1 a 2 km, com afunilamento máximo na zona de
origem (raiz) da diatrema, segundo Hawthorne (1975), Clemente (1979), Clemente e Skinner
(1979). Os kimberlitos de diatrema têm um eixo vertical e são caracterizados por agregação de
xenólitos e material vulcanoclástico fragmentado de vários níveis da crosta terrestre, desde o
nível inicial definido até à superfície. O contacto que ocorre entre o kimberlito e a rocha
encaixante é de cerca de 80 a 85º. As zonas de diatrema são reconhecidas pelos fragmentos que a
compõem, e segundo Bloomer e Nixon (1973), estas zonas contêm uma das variedades de textura
distintas dos tufos kimberlítico brechóide. Toda a zona preenchida pela diatrema é marcada por
expansão, contracção ou desmembramento da diatrema por invasão irregular de várias fases de
um kimberlito hipabissal.

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As fácies de diatrema kimberlíticas são classificadas por tufo kimberlítico e por tufo
kimberlítico brechoíde, dado o seu carácter intrusivo piroclástico. O termo tufo kimberlítico
implica que os fragmentos foram colocados por um fluxo de gás, durante a formação da diatrema
por um processo de fluidização gasoso/sólido, segundo Reynolds (1954). Mas, mesmo que este
processo tenha desempenhado um papel importante na formação da fácies kimberlítica de
diatrema pode, de certo modo, não ter sido o principal responsável na formação da diatrema,
segundo Clement (1979, 1982). Sabemos que a natureza da diatrema ainda é objecto de
discussão, dado que vários autores defendem que estas rochas devem ser apelidadas de
kimberlitos vulcanoclásticos, pois são incluídos todos os materiais vulcânicos e clásticos que são
formados por qualquer processo de fragmentação, dispersos por qualquer tipo de agente de
transporte, bem como depositados em qualquer tipo de meio ambiente.
As rochas mais comuns na zona de diatrema são os tufos kimberlíticos brechoíde, que
contêm brechas de rochas encaixantes, angulares e arredondadas, em que a maioria é de pequeno
diâmetro, variando de alguns centímetros, para partículas mais finas, até microscópicas em
profundidade. Embora estes tufos kimberlíticos brechóides contenham um conjunto de clastos
heterogéneos, estes apresentam um conjunto bem misturado de aparência homogénea. Em
menores quantidades estão representados os fragmentos de clastos de gerações anteriores de
kimberlito hipabissal que foram transportados até ao topo pela diatrema. É de facto importante
referir, que é habitual aparecerem grãos disseminados e fracturados de olivina, granadas e macro
e megacristais de ilmenite, os quais estão inseridos numa matriz de grão fino, constituída
principalmente por microcristais de diópsido e serpentina. De referir também que a calcite
primária raramente é encontrada num cimento interclástico médio, mas esta massa é susceptível a
alterações próximas da superfície com ambiente mais brusco, substituindo-se por minerais
argilosos e calcite secundária.
Segundo Clement, em 1982, os tufos kimberlíticos não são tão comuns como os tufos
kimberlíticos brechóides, dado que petrograficamente diferem somente no conteúdo dos clastos,
e ocorrem como corpos intrusivos anteriores às brechas ou como cortina nas margens da
chaminé.
Nas texturas da fácies de diatrema, as rochas aparentam-se macroscopicamente com
fragmentos. Têm uma tonalidade que varia de cinzento a cinzento-escuro ou cinzento-esverdeado
e apresentam uma boa mistura homogénea apesar de serem compostos por variedades de clastos.
Estes tipos de rochas não são fáceis de estudar petrograficamente, dado as alterações secundárias
que ocorrem, e também devido à sua alta permeabilidade. Muitas das suas características são
preservadas, mas a matriz interclástica é normalmente substituída por minerais secundários. Nos
tufos kimberlíticos brechóides, os clastos variam muito no seu carácter e conteúdo. Os tamanhos
dos grãos de lápili podem variar de 1 a 10 mm e podem ter forma esférica ou elíptica. Muitos
contêm no seu centro um cristal ou fragmento de cristal euédrico que é predominantemente de
olivina, mas também ocorrem geralmente de flogopite ou outros macrocristais e muito raramente
pertencem às rochas encaixantes, mas quando aparecem estão associados ao manto kimberlítico.
As massas que provêm da base do kimberlito aparecem opticamente com cor negra acinzentada e
são amorfos. As espinelas e a perowskite são reconhecidas como componente de matriz, a
flogopite e o diópsido são observados como grãos inalterados e de grão grosseiro. A calcite é
encontrada, muito raramente, na primeira fase. As margens são geralmente alteradas e
substituídas por minerais secundários ou por serpentina, e/ou diópsido derivado da matriz
interclástica.
O clasto de lápili de kimberlito tem uma textura característica da formação rápida de um
magma pobre em voláteis, contendo fenocristais, e é melhor descrito como um lápili
microfenocristal de um kimberlito hipabissal. O grão de lápili não aumenta, dada a base da sua
textura, mas segundo Fisher e Schminke (1984), o lápili tardio pode ser formado pela agregação
de pedaços de vidro da erupção.

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Os fragmentos de kimberlitos ocorrem associados aos grãos de lápili, e apresentam-se como


fragmentos de forma angular a subangular, que podem ser semelhantes ou não em textura e
mineralogia, mas aparenta faltar fenocristais com orientação preferencial ou do tipo amêndoa
central. Tais clastos, são sem dúvida obtidos a partir da fragmentação dos corpos kimberlíticos
consolidados e são melhor descritos como autolíticos.
Muito importante, é sabermos como sucederam as diferentes origens de cada tipo de clastos
esféricos. Clement (1973), propôs que o lápili era proveniente do magma por arrefecimento de
gotículas que eram expelidas como um spray, e Danchin et al. (1975) acredita que o núcleo
autolítico cresceu devido à cristalização magmática do núcleo central.
Relativamente à matriz interclástica do kimberlito, matriz que suporta o lápili e o clasto
autolítico e xenolítico, contêm essencialmente diópsido e serpentina e geralmente menor
quantidade de flogopite. As características pendentes na petrografia da matriz, estão na relação
com as características dos cristais, dado serem extremamente finos ou das granulações ígneas
serem criptocristalinas. Os diópsidos ocorrem como um grão muito fino, disseminado numa base
de serpentina, formando franjas mediante lápili alterado, ocorrendo um fino feixe de serpentina
segregada. Dependendo do grau de desenvolvimento das franjas ou das segregações discretas de
diópsido e serpentina, a matriz pode ser descrita como uniforme ou de segregação. A segunda
alteração poderá produzir massas que são uniformes, respectivamente para a distribuição de
minerais argilosos, serpentina recristalizada ou calcite secundária. Alguma matriz que se
encontra, não é uniforme e devem ser descritas através da utilização de um prefixo indicando a
natureza da modificação. A limitação da primeira calcite, especialmente na serpentina de
segregação é notável, devido à perda de CO 2 do sistema antes da formação da matriz. As
características texturais da matriz são ajustadas com uma rápida e desiquilibrada deposição de um
fluido hidrotermal, ou por derivados de condensação de um sistema de fluido de vapor. A
variação na temperatura, na composição e categoria de cristalização de tal fluido, pode aumentar
a uniformidade e a textura de segregação das massas. A cristalização do fluido, nalguns casos,
inicia no núcleo do diópsido sobre o substrato do clasto, onde o resíduo subsequente cristaliza a
serpentina. Noutros casos, a cristalização das fases ocorre mais ou menos contemporaneamente e
é completamente uniforme nos interstícios. A abundância de diópsido e a ausência de monticelite
e/ou melilite nas rochas de fácies de diatrema, podem ser explicadas por contaminação da matriz
fluida com sílica. O transporte da fase fluida e do processo de cimentação, resultam de
diminuição na porosidade dado a forma como se dá a junção dos clastos.

3.3.3. FÁCIES HIPABISSAL E ABISSAL DE KIMBERLITOS


Os kimberlitos abissais, são formados pela cristalização de magma quente, rico em voláteis e
geralmente não têm fragmentação e textura piroclástica, assemelhando-se mais a rochas ígneas,
apresentando assim um efeito de diferenciação magmática. Os kimberlitos abissais contêm uma
percentagem de rochas encaixantes xenolíticas. Podem denotar-se segregações de calcite-
serpentina e globulares de kimberlitos numa matriz rica em carbonatos.
As rochas hipabissais ocorrem na zona de origem da diatrema, nas soleiras kimberlíticas e
nos enxames de diques, ver figura 5, assim:
- Os diques kimberlíticos: são corpos tabulares verticais que se prolongam em profundidade, com
1 a 3 metros de largura. Podem ocorrer larguras maiores, mas muito raramente. Segundo Fourier
(1958 in Mitchell, 1986), os diques são menos largos na superfície e engrossam em profundidade.
Podemos encontrar estes diques a alguns quilómetros de distância da intrusão do kimberlito, por
continuidade desta intrusão principal ou por segmentos de diques isolados, mas geralmente
formam-se em enxames paralelos ou por grupos. Estes diques podem ocupar fracturas paralelas
verticais e/ou sub-verticais, onde a sua implementação está sempre dependente e controlada pelo
padrão da fracturação regional. Conseguimos diferenciar a relação que existe entre o diatrema e
os diques quando a erosão foi limitada ou quando se está em actividade mineira. Podem ocorrer

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vários tipos de diques nomeadamente, dique antecedente ou precursor, anterior às diatremas;


diques contemporâneos, que são intrusões fora da chaminé e dentro da rocha encaixante; diques
internos ou consequentes que ocorrem na zona de origem e nos diatremas; e diques subsequentes
ou transversais, são mais raros, mas marcam o fim do magmatismo kimberlítico.
- As soleiras kimberlíticas (Sills): são relativamente raras, mas num complexo filoneano a última
camada tabular pode ter várias centenas de metros de espessura e de extensão encaixando-se
devido ao controlo estrutural. Este tipo de rocha, para além do encaixe Precâmbrico, podem
também concentrar-se entre as rochas sedimentares do Mesozóico, ocorrendo assim uma intrusão
sin ou pós-mesozóica. Estas estruturas têm variações de composição, e apresentam macrocristais
de piropo, ilmenite, e xenólitos com alta envolvência de carbonatos. As presentes intrusões
apresentam-se numa sequência posterior à formação do diatrema e incide sobre a antecedente ou
sobre o precursor do dique magmático.
- Os kimberlitos plutónicos: Segundo Mitchell (1986), existe uma diferenciação entre os diques e
as soleiras, e pelas evidências sobre a repetição das intrusões, das misturas de magmas
kimberlíticos bem como pela ocorrência de pequenas diferenças de composição em localizações
únicas, dão-nos informação que poderá ocorrer em profundidade um reservatório de magma. Esta
diferenciação poderá ser verdadeira, dado a formação e acumulação de fenocristais de olivina,
espinela, perowskite, e de mega a macrocristais de fases associadas com rochas residuais ricas
em carbonatos cristalinos grosseiros. Devemos ter em conta que estes kimberlitos plutónicos
ainda não são conhecidos. É de facto curioso que as equivalências plutónicas de outros magmas
de volume mais pequeno e de distribuição limitada, como os carbonatitos e lamproítos, sejam
conhecidos. Pode acontecer que estes complexos não sejam reconhecidos dado estarem em níveis
profundos e não expostos à erosão ou que sejam perturbados continuamente por outros magmas.
Nas texturas das fácies hipabissais, os kimberlitos são macroscopicamente maciços, de
aspecto ígneo, apresentando uma cor que varia de castanho a preto, nos quais os macrocristais de
olivina estão em menor quantidade que outros macrocristais mais visíveis como a flogopite,
ilmenite e granada, cuja semelhança na expansão da rocha se assemelha mais a uma textura
pseudoporfirítica. Poderão ocorrer também, algumas zonas com alterações de macrocristais e de
kimberlitos afaníticos por diferenciação de fluxo. Segundo Dawson e Hatwthorne (1973), Hill
(1977), Mitchell (1984), uma variedade de característica de sedimentação ígnea, como camadas
cruzadas, preenchimento de estruturas, camadas sobrepostas, entre outros, são semelhantes na
aparência e descritos nas camadas de intrusões básicas, sendo muito comuns nos filões de
kimberlitos calcíticos. Também nalguns kimberlitos hipabissais, aparecem segregações ricas em
calcite sob a forma irregular ou globular.
Existe uma diferenciação entre os kimberlitos hipabissais brechóides e as fácies de diatrema
brechóide, dado que, os primeiros, incluem fragmentos de rocha geralmente muito ligados com o
seu magma hospedeiro. Segundo Mitchell (1978), os xenólitos podem conter ou ter à sua beira,
monticelite e/ou flogopite ou, segundo Clement (1982), diópsido e flogopite. Os xenólitos de
xistos e de calcários, são geralmente recristalizados e descoloram nas suas margens, figurando
zonas de concentrações. Dawson e Hawthorne (1970), concluem que todas as características
macroscópicas observadas nos kimberlitos hipabissais, indicam a existência de um magma rico
em voláteis que é móvel e quente. Estes kimberlitos, exibem uma ampla variedade de texturas de
cristalização ígnea conjuntamente com uma ampla variedade de texturas de segregação. A
relação estrutural deduzida da aproximação da sequência paragenética da cristalização está
retratada na figura 12.

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Figura 12 – Sequência paragenética da cristalização dos principais megas e macrocristais, bem como minerais
Kimberlíticos das massas mais fundas, segundo Mitchell (1986).

Podemos observar toda a paragénese nos kimberlitos hipabissais. Noutros processos de


diferenciação podem não aparecer todos os processos iniciais das fases de cristalização. A
mineralização de qualquer kimberlito depende da quantidade e da composição do magma, bem
como do nível de diferenciação, mas principalmente da origem do magma. A diferenciação pode
ocorrer antes e durante a intrusão. Ampla variação existe no hábito e proporção modal das
principais fases das massas de profundidade e nos macrocristais de olivina ou flogopite.
Relativamente às características das texturas, segundo Mitchell (1986) elas podem ocorrer de
forma variada, como por exemplo as texturas podem variar conforme se encontra a rocha, isto é,
alterada ou não, ou no que se refere às características da textura heterogranular que se traduz na
textura pseudoporfirítica na rocha, bem como uma possível segunda geração de olivina
microporfirítica, ou mesmo a ocorrência de micas, entre outras.
No que se refere às texturas de segregação, segundo Mitchell (1983), podem ocorrer de duas
formas, ou pela segregação de calcite-serpentina ou por segregação globular. Na primeira, a
disseminação das massas de profundidade de muitos kimberlitos hipabissais, são apresentadas
sob a forma de vénulas de descontinuidades irregulares e pequenas, de calcite e serpentina. A
segregação consiste em variadas proporções de calcite e serpentina. A calcite é de grão grosseiro,
ocorre nas massas de profundidade uniforme adjacente e é geralmente substituída por serpentina.
A apatite pode ser pseudomorfisada pela calcite e substituída por serpentina. Pode também
verificar-se que cristais euédricos de vários minerais na matriz, possam colaborar na segregação,
entre outras segregações possíveis. Na segregação globular dos kimberlitos hipabissais, estes
contêm massas globulares no seu topo até vários centímetros de diâmetro dando uma aparência
conglomerática à rocha. A presente segregação consiste na cristalização inicial de minerais
kimberlíticos, que são bastante diferentes, em carácter de delimitação globular de segregação
calcite-serpentina. Clement (1982), considera que esta segregação globular se desenvolve
primeiro num ambiente transaccional, isto é, no contacto entre a fácies de diatrema e hipabissal,
onde o núcleo autolítico que representa a segregação globular foi transportado para a rocha de
fácies de diatrema.

3.4. MODELOS DE FORMAÇÃO KIMBERLÍTICA


Tendo conhecimento que as formações das rochas kimberlíticas são formações exóticas de
grande importância geológica e com elevado interesse económico, no presente ponto pretende-se
demonstrar a ocorrência das mesmas, relativamente aos possíveis modelos de formação.

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3.4.1. TEORIA DO VULCANISMO EXPLOSIVO


Tem por base o registo de magma kimberlítico a grandes profundidades e subsequente
acumulação de voláteis. A acumulação de pressão confinada é suficiente para romper a rocha
superior, segue-se assim a erupção. Muitos autores acreditavam que o epicentro da erupção se
localiza no contacto da fácies de diatrema com a abissal.
A presente teoria, não exibe grande sustentabilidade, dado que a actividade mineira nos
kimberlitos ainda não encontrou nenhuma câmara intermédia em profundidade. Mas, devemos ter
em conta que o ângulo de mergulho da grande maioria dos kimberlitos é elevado, com cerca de
80 a 85º, assim a relação que ocorre entre o raio na superfície e a profundidade é muito pequeno.
A fácies de diatrema tem cerca de 2 km de profundidade e a cratera tem cerca de 1 km de largura.
Para isto poder acontecer, os estudos do ponto original das explosões revelam que a taxa deveria
ser uma relação de comprimento/largura de 1 para 1.

3.4.2. TEORIA MAGMÁTICA – FLUIDIZAÇÃO


A proposta inicial para esta teoria foi estudada por Dawson (1962 e 1971), mas foi
desenvolvida por Clement (1982) e tem vindo a ser melhorada por Field e Smith (1999).
A presente teoria descreve que o magma kimberlítico sobe até à superfície em diferentes
etapas de chaminé embrionária, segundo Mitchell (1986). O resultado final é um conjunto de
chaminés embrionárias sobrepostas de kimberlito de fácies abissais. A superfície não é rompida e
os voláteis ficam retidos. É defendido que estas chaminés embrionárias podem alcançar uma
profundidade muito perto da superfície, até cerca de 500 m, onde a pressão dos voláteis é
suficiente para vencer o peso da rocha que o recobre e os voláteis escapam. Com esta saída, um
breve período de fluidização ocorre, envolvendo o movimento ascendente de voláteis, que é
suficientemente rápido para fluidizar o kimberlito e a rocha hospedeira fragmentada de modo que
as partículas são carregadas num meio sólido-líquido-gasoso. Podemos dizer que, com o presente
processo de fluidização, algumas rochas encaixantes podem fragmentar e afundar-se dependendo
da sua densidade.
A presente teoria explica as características observadas em chaminés kimberlíticas tais como:
fragmentos de rochas encaixantes encontradas até 1 km abaixo do nível estratigráfico através de
fluidização; chaminés íngremes com ângulos de 80 a 85º, dado que a explosão inicial acontece a
profundidades relativamente baixas; rede complexa de chaminés de fácies abissais encontradas
em profundidade; transição de fácies abissais para fácies de diatrema.
Os estudos efectuados por Field e Smith (1999), informam que a água tem um papel
importante na vasta variedade de formação kimberlítica observada. Os presentes autores,
acreditam que em alguns casos os magmas kimberlíticos possam entrar em contacto com o
aquífero e neste caso a morfologia que resulta será diferente das chaminés encontradas noutros
locais. Consideram também, que a configuração geológica em que o kimberlito está inserido
desempenha um papel muito importante na sua morfologia. As rochas bem consolidadas, que têm
na sua relação aquíferos pobres, promovem a formação de chaminés muito inclinadas com três
fácies kimberlíticas distintas. Sedimentos mal consolidados são excelentes aquíferos e podem
promover a formação de chaminés com ângulos de mergulho suave, os quais são preenchidos
com kimberlitos de cratera, enquanto existe ausência de kimberlitos de diatrema.

3.4.3. TEORIA HIDROVULCÂNICA


A teoria hidrovulcânica é muito defendida por Lorenz (1999), o qual desenvolveu o modelo
hidrovulcânico em três partes. Assim, defende que o magma kimberlítico ascendeu à superfície
por fissuras estreitas com cerca de 1 m. Desta forma, poderá acontecer que o magma kimberlítico
encontre falhamentos estruturais e ascenda. O magma, ao interagir com uma concentração de
água ou pela interacção de voláteis concentrados em brecha pode, de certa forma, colocá-lo em
contacto com a referida concentração de água, produzindo assim, uma explosão freático-

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magmática. A explosão é de curta duração, e a rocha brechificada satura-se novamente com água
superficial. Após este processo, torna-se sequencial, ocorrendo mais um pulso de magma
kimberlítico pela mesma fraqueza estrutural entrando em contacto com a água e produzindo nova
explosão. Existem outros pulsos subsequentes, que reagem com a água da mesma maneira,
enquanto que a fonte de contacto move-se para baixo até alcançar a profundidade média da
transição entre a fácies abissal e a do diatrema.
Existem várias críticas que a teoria não explica, nomeadamente em relação: à ocorrência de
toda a erupção se fazer em contacto com a àgua; à rede de chaminés encontradas na área de
transição de fácies abissal; à falta de características que apontam para a subsidência através da
chaminé; à ausência de soerguimento associado com as chaminés kimberlíticas.

3.5. A GEOTECTÓNICA DOS CAMPOS E PROVÍNCIAS


KIMBERLÍTICAS
3.5.1. CONCENTRAÇÕES DE KIMBERLITOS
Os kimberlitos derivam de magmatismo intra-placa continental dado que a sua ocorrência
nunca foi observada em ambientes oceânicos ou cinturas orogénicas jovens. Segundo Clifford
(1966) as áreas onde se concentram os magmas kimberlíticos estão associadas às zonas de
cratões, e principalmente as regiões com mais de 2400 Ma. Ocorrem também nestes locais,
intrusões de magmas mais novos, formando-se rochas com idade igual ou superior a 1000 Ma. A
este processo chamamos, cratonização. As estruturas resultantes agem como blocos rígidos em
relação aos outros eventos tectónicos mais recentes. Os cratões são cobertos por sedimentos do
Fanerozóico (Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico) e estão associados ao vulcanismo continental.
Na resposta dos movimentos epeirogénicos, movimento vertical e basculante da crosta que afecta
extensas plataformas continentais, as rochas são falhadas e/ou deformadas numa ampla bacia e
acumulam-se, formando-se anticlises e sinclises. É dentro destas plataformas que o magmatismo
kimberlítico, e em especial a formação de diatremas, tem a sua maior expressão.
Os estudos de Clifford (1966) e Dawson (1970), constataram que os kimberlitos que ocorrem
no cratão mais recentes não são os mais económicos, mas em contrapartida os mais económicos
são encontrados, como já referido, nas regiões de cratões mais antigos.
Os kimberlitos podem ser relacionados como de província ou de campo. Deste modo, os de
campo são definidos como sendo geneticamente e geograficamente relacionados com o grupo
kimberlítico de idades semelhantes. Os de província são definidos como a região cratonizada da
litosfera que tenha actuado como foco de magmatismo kimberlítico, o qual pode ocorrer em um
ou mais campos kimberlíticos.
Num determinado campo kimberlítico, estes derivaram provavelmente de uma única fonte
magmática no manto, onde a ocorrência de variações de petrologia e textura de cada kimberlito
desse campo é somente o resultado de diversos tipos de intrusões, com características próprias,
bem como da diferenciação e localização do magma kimberlítico. Alguns autores como Janse
(1985), acreditam que estes campos kimberlíticos podem ocorrer num diâmetro entre 40 a 50 km.
Deste modo, existem três tipos de províncias kimberlíticas que podem ser reconhecidas:
províncias com um único campo kimberlítico; províncias com diversos campos kimberlíticos de
idade semelhante; e províncias com diversos campos kimberlíticos de diferentes idades e carácter
petrográfico.
As províncias do tipo 1 e 2 podem envolver províncias do tipo 3, se nessas regiões
permanecer o mesmo local de magmatismo kimberlítico, do seguinte modo:
- As províncias do tipo 1 e 2: os campos kimberlíticos podem ser constituídos por uma centena de
intrusões individuais, e para cada campo podem ser exibidos diversos kimberlitos no que
concerne à forma, petrologia das intrusões e dos seus megacristais, conteúdo de xenólitos
derivados do manto e diamantes. A distribuição das intrusões depende do nível de erosão da
intrusão na zona da raíz, diatrema e dos diques. A característica destrutiva desses campos

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kimberlíticos está relacionada também com a ocorrência dos grupos kimberlíticos que podem ser
compostos por 1 a 20 intrusões diferentes numa proximidade inferior a 1 km um dos outros e
separados por uma distância superior a 2 km de outro grupo semelhante. Segundo Mitchell, os
agrupamentos parecem ter uma característica comum de associação dos diatremas, embora com
diferentes tipos de actividade magmática. Se as localizações dos diatremas são controladas pelas
condições hidrogeológicas, estes agrupamentos reflectem o local de ambiente hidrogeológico e
topográfico no tempo do encaixe intrusivo. Esta conclusão não se aplica à zona mais profunda
que é desgastada/erodida na zona de raíz e nos diques, dado os estudos das zonas expostas.
- As províncias do tipo 3: estas províncias exibem episódios de magmatismo múltiplos e são
muito importantes na visualização do controlo tectónico e no que concerne ao encaixe dos
magmas kimberlíticos, bem como na localização dessas fontes na região.
Entre outros autores, os estudos de Mitchell (1970 a 1979), demonstraram que o conceito dos
kimberlitos associados a zonas de vales de riftes está errado, não existindo evidências que sirvam
de suporte para a defesa do mesmo. Entre esses autores, nomeadamente, Dawson (1970),
Verwoerd (1966 a 1970) e Bailey (1974), mostraram que os kimberlitos ocorrem em zonas que
não tenham riftes ou em regiões entre riftes, mas os carbonatitos e rochas vulcânicas alcalinas
estão associadas às zonas de rifte. Podemos observar estas relações na figura 13.

Figura 13 – Distribuição de Campos Kimberlíticos e Rochas Alcalinas, em relação ao sistema de rift Africano,
adaptado, segundo a compilação de Dawson (1970), McConnell (1972), Mitchell e Garson (1981), e Janse (1985).
Adaptado, Mitchell (1986).

Os kimberlitos e as rochas alcalinas que estão localizados nas margens continentais definem
distintas fracturas lineares que podem estar relacionadas com as extensões de falhamentos
transformantes oceânicas. Wilson (1965) e Sykes (1978), entendem que a localização das falhas

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transformantes são controladas pela presença de falhas continentais pré-existentes e devido à


fraqueza da placa oceânica foram continuamente reactivadas. Este mecanismo passivo é
responsável pela iniciação do magmatismo pelas zonas de falhas continental.
Sabemos que os kimberlitos ocorrem em grupos, campos e províncias e são determinados por
regiões litosféricas que parecem ter agido como foco para repetidos ciclos de magmatismo
kimberlítico. Os controles estruturais sobre o elevado nível de encaixes kimberlíticos são
diferentes daqueles que controlam a ascensão de magma a partir do manto superior e a forma que
reflectem as fracturas padrão a nível local e regional, e no que diz respeito ao controlo da última
reflexão em profundidade ela não é identificada. A reactivação de zonas de maior fraqueza na
litosfera aparece a fazer um jogo com encaixe kimberlítico, onde estas intrusões são geralmente
associadas a maior alinhamento e zonas de falhas. Relativamente à iniciação do magmatismo
kimberlítico, esta pode estar associada ao crescimento de plumas do manto sub-litosférico ou
processos metassomáticos intra-litosféricos. Não está relacionado com os eventos tectónicos que
ocorrem nas margens das placas, bem como às extensões de falhas transformantes, zonas de
subducção ou pontos quentes, e não são encontrados kimberlitos em zonas de vales de riftes.

3.5.2. CONTROLO TECTÓNICO E DISTRIBUIÇÃO DE KIMBERLITOS


Ainda não foram totalmente descobertos os factores que controlam a localização das
províncias kimberlíticas nas zonas cratonizadas. Mas, várias hipóteses foram sugeridas. Deste
modo, não existe até ao presente uma teoria que se aplique à prática, dado não existir um padrão
que se encaixe nas várias regiões kimberlíticas.
A principal característica que serve de elo entre as regiões kimberlíticas, é o que se refere aos
kimberlitos que definem uma tendência linear e arqueada, com a presença de maiores
quantidades de fracturas. Contudo as propostas diferem no que diz respeito à activação da
mistura de magmas e ascensão do mesmo pelas zonas de fractura.

3.5.2.1. FALHAS EPEIROGÉNICAS


A epeirogénese é definida por movimento vertical e basculante da crosta que afecta extensas
plataformas continentais. É defendida por vários autores que a litosfera é atravessada por um
número limitado de zonas de falhamento que vão até ao manto superior. Esta configuração
arquitectónica da crosta, pode revelar erosão profunda da mesma, dado a ocorrência de
características lineares definidas por falhas, cisalhamentos, fracturas e zonas de disjunção.
Segundo Bardet (1964) e Kirrillov (1961), a localização destas zonas foram estabelecidas durante
o crescimento dos cratões.
Se estes falhamentos estiverem associados às elevações epeirogénicas definem zonas de
fraqueza dentro do cratão duro. Desta forma, são estabelecidas regiões mais propícias para a
ocorrência de falhamentos e de possíveis canais que controlam o acesso até à crosta, dos magmas
derivados do manto. A existência dessas zonas de falhas ajudam a explicar a ocorrência de
repetidos ciclos de actividade magmática em determinadas regiões do cratão.
Para ajudar na compreensão da localização de kimberlitos e determinar as tensões das falhas
de profundidade abaixo das plataformas sedimentares de cobertura, apresenta-se de seguida a
figura 14, relativa à distribuição de Campos kimberlíticos na província de Yakutian, segundo o
Modelo de Bardet (1965) e Arsenyev (1962). No entanto, segundo estudos de Bardet entre 1956 e
1964, devemos ter em atenção a colocação em prática deste estudo, dado que as disposições
kimberlíticas podem não reflectir o controlo estrutural dos encaixes em determinadas regiões. Por
outro lado, podemos esperar bons resultados nas zonas onde ocorreu uma boa erosão de
profundidade, isto é na zona de raiz, e pelos diques e/ou implantados em terrenos da base do
Precâmbrico.

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Figura 14 – Relação entre o Campo Kimberlito de Yakutian e os Complexos alcalinos proposto por Arsenyev (1962)
e Bardet (1965), a sul do Mar Laptev, NE da Russia. Kimberlitos: 1 – Daldyn-Alakit; 2 – Muna; 3 – Olenek Médio;
4 – Olenek Baixo; 5 – Malo-Butuobinsk; 6 – Luchakan (Anabar Superior); 7 – Aldan. Complexos Alcalinos: A –
Maimecha-Kotui; B – Tobukski; C – Ingili; D – Arbarastakh.

O conceito na distribuição dos kimberlitos africanos foi explicado por Bardet (1964) e
Dawson (1970). Foi sugerido pelo autor, que os campos kimberlíticos africanos ocorrem nas
margens de grandes bacias, onde existe maior concentração de falhas. Assim, deu como exemplo
os campos de Kundelungu, Bakwanga e Lucapa. Os campos referidos, estão inseridos em arcos
concêntricos localizados nas margens da bacia Okavango-Kalahari. Na bacia de Taoudini,
província W de África, existe uma disposição similar. No entanto, deve-se ter sempre uma
atenção especial aquando das presentes análises. Assim, as falhas epeirogénicas controlam de
certa forma a distribuição kimberlítica. Podemos também referir que, quanto maior for o número
de falhas, aparentemente existe maior associação kimberlítica. Desta forma, as fracturas de zonas
profundas provocam canais para a ascensão do magma. Segundo Sengor e Burke (1978), embora
não exista concordância científica de alguns autores, os eventos tectónicos que desencadeiam
fusão parcial, podem ser descritos como passivos, devido às tensões atribuídas aos falhamentos e
riftes, dado os movimentos de placas. Relativamente aos descritos como activos, é devido às
tensões atribuídas aos falhamentos que ali actuam, dado a incidência do manto sobre a base da
plataforma continental.

3.5.2.2. ANTICLISE E SINCLISE


Os estudos efectuados por Pretorius (1973), utilizando modelos realizados sobre o cratão
Africano e Siberiano, defendem que numa plataforma central, um escudo rochoso é rodeado por
uma sucessão concêntrica de anticlises e sinclises.
Baseando o seu modelo regional sobre o campo gravitacional, o autor considera que o cratão
sul-africano tem uma forma elíptica, com 3000x2000 km. Está centrada sobre o escudo rodésiano
e existe ao longo de todo o cratão uma deformação Précâmbrica, mas não são observados os
limites a SE e SW. O cenário estrutural principal do cratão é em primeira ordem as anticlises e as
sinclises a envolver o escudo Rodésiano. Dentro destas estruturas existem deformações de
segunda ordem para cima e para baixo, e em terceira ordem. Caracterizam as anticlises as
deformações mais antigas, maior campo gravitacional negativo e menor grau de metamorfismo,
enquanto que nas sinclises demonstram maior metamorfismo regional, deformações mais jovens
e um campo gravitacional mais positivo.
O presente modelo foi usado para prever a distribuição das formações de ouro e carvão,
segundo Pretorius, em 1973. Era esperado que o modelo também tivesse significado na
descoberta da distribuição de kimberlitos, em concreto relativamente à prospecção das cúpulas
formadas no cruzamento das deformações, radial e concêntrica que existem para cima, poderão

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ser favoráveis para os encaixes kimberlíticos. Podemos observar na figura 15, a distribuição dos
campos kimberlíticos sobre o presente modelo.

Figura 15 – Relação entre os campos kimberlíticos e as anticlises e sinclises, segundo Pretorius (1973).

3.6. MINERALOGIA KIMBERLÍTICA


As rochas kimberlíticas têm uma composição mineralógica clássica, bem como outros,
nomeadamente lamproítos e outras rochas alcalinas e básicas associadas, que são utilizados como
indicadores prospectivos (guias) que podem ser observados no quadro 6 seguinte:
Mineral Composição Cor Dureza/Densidade
Granada Piropo, Silicato, Mg, Al, Fe, Ca, Cr, Vermelho, rosa, amarelo, 7,5 / 3,51
com alto Cr e baixo Ca Ti. laranja.
Picroilmenita, Óxido, Mg, Fe, Ti, Cr, Mn, Preta azulada. 5-6 / 4,5-5
Ilmenite magnesiana Al, Si.
Cromo Diópsido, Silicato, Ca, Mg, Fe, Cr, Al, Verde-esmeralda. 5-6 / 3,3-3,6
(Clinopiroxena) Na.
Espinela, Cromífera, Óxido, Mg, Fe, Cr, Al, Mn, Preta. 5,5 / 4,3-4,57
Cromite Ti.
Flogopite/Mica Silicato, Al, Mg, K, Fe, Ti, Bronze, castanho, 2,5-3 / 2,78-2,85
Cr. avernelhada.
Olivina Silicato, Mg, Fe, Ni, Mn. Verde amarelado. 6-7 / 3,2-3,33

Enstatite (piroxena)/Bronzite Silicato, Mg, Fe, Al, Ca, Ti. Verde oliva, castanho. 5,5 / 3,1-3,3
(Ortopiroxena)
Zircão Silicato, de Zr, baixo U e Th. Incolor, rosado, amarelo, 7,5 / 4,68-4,7
castanho.
Kricherita/Mg Silicato, Mg, K, Ti, Fe, Ca, Vermelho, rosa, castanho. 5-6 / 3,09
Katforita Na.
Priderita Titanato, Fe, Ba, K. Castanho, avermelhado. 6 / 3,86

Diamante C nativo, (N,B) Incolor, amarelo, castanho. 10 / 3,52

Quadro 6 – Composição mineralogica clássica das rochas kimberlíticas, lamproítos e outros usados como guias ou
indicadores prospectivos, segundo Muggeridge (1995).
Para além dos minerais acima referenciados, as rochas kimberlíticas e as outras rochas
referidas, por serem extremamente ricas em voláteis, produzem um complexo conjunto de
minerais secundários, principalmente devido à alteração hidrotermal: minerais do grupo das
serpentinas, carbonatos e zeólitos.

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4. CRITÉRIOS GEOTECTÓNICOS DOS KIMBERLITOS EM ANGOLA

4.1. A FORMAÇÃO DO CRATÃO


Como já foi referido anteriormente, os cratões são zonas continentais estáveis que não foram
sujeitas a deformações durante um longo período de tempo, isto é, desde o Precâmbrico ou início
do Paleozóico, no qual os sedimentos pós-paleozóicos, se existirem, não se encontram enrugados.
Os cratões são vestígios do continente inicial único, a Pangeia, que se dividiu em dois grandes
continentes, a Laurásia e Gondwana. Vários são os cratões que ocupam a parte setentrional dos
continentes do hemisfério norte, como o cratão canadiano, o do báltico, e o siberiano, enquanto
que outros ocupam o hemisfério sul, como cratão brasileiro, africano e australiano. Geralmente,
os cratões incluem amplas áreas que são constituídas por rochas cristalinas muito antigas,
nomeadamente: rochas graníticas e metamórficas, tais como gnaisses, sempre rochas com alto
grau de metamorfização e rochas vulcânicas, o que demonstra uma fase orogénica intensa no
Precâmbrico seguido por um logo período de estabilidade marcado pela ausência de deformações
recentes.
Uma definição para as características do cratão Arcáico é a presença de um espesso manto
litosférico equilibrado, superior a 150 km ou base litosférica, às vezes chamado tectosfera com
uma grossa camada térmica limite, com cerca de 200-250 km de profundidade. Uma espessa
camada limite estende-se entre os 150 e os 175 km de profundidade e é balizada devido ao
dinamismo do elevado grau de fusão. O cratão é caracterizado pela menor superfície de fluxo de
calor em qualquer província na Terra.
Foram efectuados vários estudos para explicar a formação dos cratões. Os mesmos concluem
que ocorreu um único processo no Arcaico, que envolveu um alto grau de fusão em profundidade
no manto litosférico sub-continental Arcaico, mas a teoria da placa tectónica não se aplica a estas
formações.
Devemos ter em conta que tal processo já não funciona em grande escala na Terra. É no
Precâmbrico que se dá a evolução da crosta e é aqui que a fase de mobilidade dos continentes se
inicia. Observa-se também no Precâmbrico, a existência de processos de erosão, sedimentação,
subsidência e de metamorfismo ocorrendo fenómenos de anatexia, isto é, rochas plutónicas são
fundidas e convertidas novamente em massas viscosas com algumas características magmáticas e
produzindo granitos. A fase de transição inicia-se a partir do Arcaíco superior com a formação de
placas e de cinturas móveis. A fase de tectónica de placas, inicia-se com a delimitação do
contorno dos continentes no Proterozóico Médio, dado que ocorre o aparecimento de riftes e de
crosta oceânica.
No Proterozóico Médio, há cerca de 1100 Ma, os continentes estavam agrupados num único
supercontinente, a Rodínia, cujas dimensões exactas e configuração não são muito bem
conhecidas. Aparentemente, a parte central deste continente era constituída pela América do
Norte, cuja costa oriental se ligava à da parte ocidental da América do Sul. A parte oeste da
América do Norte estava junta com a Austrália e com a Antárctica.
Há aproximadamente 750 Ma, no Proterozóico Superior, a Rodínia, que era rodeada por um
oceano mundial, a Pantalassa, separou-se em duas partes, abrindo o Oceano Pantalássico e o Pan-
africano. Nesta movimentação a América do Norte rodou para Sul em direcção ao Pólo Sul
completamente coberto de gelos. A parte norte da Rodínia (que agrupava os terrenos antigos da
Antárctica, da Austrália, da Índia, da Arábia e os fragmentos continentais que hoje constituem a
China), rodou no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio em direcção ao Pólo Norte.

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Figura 16 – Reconstituição paleogeográfica do Precâmbrico há 650 Ma, segundo C. R. Scotese, 1997.

Entre as duas partes da Rodínia ficou um terceiro continente, menor, o cratão do Congo,
correspondente a grande parte da África Central setentrional.
No final do Precâmbrico, isto é, no final do Proterozóico, há cerca de 550 Ma, os três
continentes colidiram, formando um supercontinente, a Panócia. Esta colisão está
geologicamente expressa pela orogenia pan-africana.
No que concerne às relações de formação dos cratões, estas ocorrem em várias teorias
fundamentais, nomeadamente:
- A Rodínia, foi suposto ter crescido durante o evento grenvillian entre 1300 e os 1000 Ma a
partir de fragmentos de todos os actuais continentes. Este crescimento ocorreu tipicamente com
colisões suaves que não deram origem a um extenso espessamento crustal. Estes sinais de
crescimento foram erodidos, ocorrendo um conjunto complexo de deformação anfibolítica a
fácies migmatíticas de gnaisses granulítico. Em amostras estudadas do moderno manto, apenas
aqueles que foram amostrados em arco insular ou continental alcançaram o grau de depleção de
um cratão peridotítico.
- Outro modelo envolve o empilhamento da subducção das camadas oceânicas. Mas, esta teoria
falha, dado que existem exemplos mais recentes que não apresenta composições iguais às do
manto litosférico sub-continental Arcaico, e não há provas de que o manto litosférico sub-
continental Fanerozóico seja feito dessa forma. Este modelo requer que o manto litosférico sub-
continental seja deformado no tempo de formação, e que logo a seguir se torne suficientemente
forte para resistir ao corte. Isto também não é claro, porque o empilhamento de subducção da
crosta iria conduzir até aos 300 km, entre as zonas profundas e menos profundas, ou porque
parece existir um único período na história da Terra, onde ocorre a formação das zonas de raiz
cratónica. As evidências geoquímicas são consistentes na hipótese que as zonas de raiz são o
resultado da fusão parcial residual, mas é difícil de conciliar a hipótese relativamente ao
empilhamento de subducção.
- O limite abaixo da espessura de camada do cratão tem um empobrecimento químico dado que a
fusão do manto por upwelling era muito mais quente do que o da actualidade. Todo o cratão pode
ter sido formado num grande evento de aquecimento, como uma fusão de pluma, apresentando
uma espessura forte e quimicamente dinâmica. Conjuntamente com os elevados graus de fusão
devem ter grandes quantidades no magma ultramáfico complementar. Uma única etapa de maior
grau de fusão do manto produz um magma com alto teor de magnésio. Mas a abundância contida
no registo crostal Arcaico é manifestamente insuficiente para equilibrar a quantidade alta de

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magma peridotítico no manto cratónico. Elevados graus de fusão de magma teriam desidratado o
manto cratónico. Pensa-se que o manto mais profundo teve a sua percolação para cima, para
temperatura mais baixa, trazendo componentes voláteis como Fe. Apesar dos eventos
metassomáticos não intervirem no manto superior, muitas rochas formadas por estes mantos
indicam metassomatismos hidratados. Mas ocorrendo sobre hidratação, poderia levar a litosfera
continental enfraquecida a provocar uma reciclagem de volta para o manto. Por último, não há
qualquer redução gradual da fertilidade com o aumento da profundidade. Tudo indica que o
manto cratónico não é o manto residual de uma coluna de pluma.
Dos estudos efectuados às várias províncias de kimberlitos na Terra, estas foram classificadas
em blocos antigos de acordo com os seguintes termos e com as seguintes idades:
- Archons (Arcaico+cratão), com idades ≥ 2500 Ma, com kimberlitos diamantíferos.
- Protons (Proterozóico+cratão), com idades compreendidas entre os 2500 e os 1600 Ma, com
lamproítos diamantíferos, exemplos descobertos na Austrália e na Zâmbia.
- Tectons, com idades compreendidas entre os 1600 e os 800 Ma, onde as suas potencialidades
são ainda uma incerteza na comunidade científica, dado que não são totalmente conhecidos. Mas
podemos informar que os Tectons, são constituídos por vários tipos de magmas do manto
litosférico sub-continental.

Figura 17 – Segundo Haggerty, S. E. (1999), observamos as localizações dos Archons, Protons e Tectons, de
concentrações e de explorações de diamantes representados pelo símbolo do mesmo. A Diamond Trilogy.
Science. Vol. 285, p. 851-858.

É admitido por vários autores que durante o processo de rejuvenescimento, em determinadas


zonas dos escudos na passagem de Archons-Protons-Tectons, terão sido formados outros tipos de
depósitos, que provavelmente poderão ser menos económicos.
Também nos estudos realizados por vários autores, a hipótese mais defendida sustenta que a
formação dos magmas diamantíferos pertence aos escudos cripterozóico. Assim, a idade mínima
dos escudos produtivos de magma diamantífero para a possível formação dos kimberlitos
diamantíferos é centrado nos 1600 Ma.
No que concerne à relação com a formação de kimberlitos em Angola, podemos dizer que o
cratão ou maciço do Congo é uma das unidades geotectónicas que integra o bloco estrutural da
África continental, abrangendo uma grande parte do território Angolano. Neste contexto e de
uma forma sucinta, existiram vários episódios orogénicos que se passam a transcrever:

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- Início da Cratonização: Após a orogenia Limpopo-Liberiana, no Proterozóico, esta afectou


principalmente a região do NE angolano, isto é, a região das Lundas, bem como a região do
Cuanza Norte e a região de Malange, entre outras.
- A Orogenia Eburneana: ocorreu de certa forma, com uma incidência em todo o território
angolano.
- Estabilização do Cratão: ocorrem neste período fenómenos de subsidência, com o
aparecimento do graben de Cassange, bem como a possível ocorrência do horst de Cuanza,
afectando as regiões do Dondo, Nadalatando e Malange, bem como a deposição dos Sedimentos
do karroo.
Durante a estabilização final do cratão, são registados vários processos de erosão e a ocorrência
de vários depósitos secundários conhecidos ao longo do mesmo.
- No Triásico (Fanerozóico): O cratão terá, provavelmente sido reactivado devido aos vários
processos vulcânicos ultrabásicos e básicos, que são responsáveis nesse período pelo
aparecimento dos kimberlitos, diques e carbonatitos. Podemos também referir que os kimberlitos
formados no Cretácico, até ao momento são os que se apresentam com maior produtividade.
- As transgressões Mesozóicas: ocorreram somente nas bordaduras do cratão. Deve referir-se que
o mesmo já estava estabilizado, contribuindo assim, para o início das formações das bacias
sedimentares costeiras.

4.2. OCORRÊNCIA DAS CHAMINÉS EM ANGOLA


Em 1973, Marsh desenvolveu uma explicação sobre a distribuição de campo kimberlítico e
de rochas alcalinas em Angola e na Namíbia, e prolongou o estudo para outros campos,
nomeadamente na América do Norte, Austrália e outras regiões de África. Os defensores desta
explicação centraram as suas preocupações nos acontecimentos que desencadearam o
magmatismo tectónico e não nas origens das fracturas continentais pré-existentes. Estas zonas de
fraqueza correspondem às zonas de falhas epeirogénicas.
Em Angola e na Namíbia os kimberlitos estão mais concentrados na extremidade NE, com
linha tendencial SW-NE das rochas alcalinas. Segundo Marsh (1973) e Reis (1971), muitas das
intrusões foram preenchidas pela intersecção dessas zonas com fracturas NW-SE, de acordo com
as figuras 13 (capítulo 3), 18 e 19.

Figura 18 – Distribuição de campos kimberlíticos nas províncias de Africa do Sul, segundo Mitchell (1986).

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Em Angola, os kimberlitos e as rochas alcalinas definem a cintura com 55 a 85 km e mais de


800 km da costa até às Lundas. Observamos o corpo kimberlítico de Mbuji-Mayi, na República
Democrática do Congo e é a continuação desse alinhamento. Segundo Reis (1971), na região das
Lundas, foi determinante o corredor de Lucapa, onde aparenta existir uma série de falhamentos
normais e sub-paralelos. O magmatismo kimberlítico está contíguo com o magmatismo alcalino,
carbonatítico, a SW desse corredor (ver figura 20). A zona de Huambo, antiga cidade designada
por Nova Lisboa, aparenta ser a zona de transição definitiva entre os carbonatitos e os
kimberlitos, dado que neste local ocorrem juntos.
O alinhamento intrusivo em Angola e na Namíbia, e os alinhamentos homólogos sul-
africanos podem ser correlacionados com as falhas transformantes que foram formadas durante a
abertura do Oceano Atlântico Sul. Muito importante é o facto do magmatismo alcalino não estar
associado com o estado inicial da abertura oceânica (riftes) e quebra continental. Só num estado
mais avançado é que a bacia oceânica desenvolveu o aparecimento de falhamentos
transformantes que reactivou as falhas do Precâmbrico.
Desta forma, foi durante o Triásico e o Jurássico, que o Arco de Moçâmedes foi afectado por
uma elevação e que é verificada pela falta de sedimentos na parte terminal da região. Esta
instabilidade provocou várias intrusões nas zonas de maior fraqueza, nomeadamente sienitos,
carbonatitos e kimberlitos no quadrante SW de Angola. As intrusões kimberlíticas das Lundas
são descritas pela reactivação anterior e devido ao graben numa determinada região crostal, como
exemplo do corredor de Lucapa (graben). As estruturas do Cuito (Kuito) e Calucinga sofreram a
reactivação Mesozóica pelo graben do Cassange, e é mostrado pelo alinhamento das séries das
intrusões básicas.
Como se sabe os possíveis kimberlitos afloram nas regiões que atravessam Angola em
diagonal com orientação de SW para NE e são caracterizadas pela existência de falhas com as
direcções principais próximas de N20ºW, N60ºW, N80ºE, SW-NE e NW-SE, mas principalmente
a formação destas rochas estão relacionadas com os últimos três conjuntos de falhas. Segundo
Carvalho et al. (1983), o conjunto de falhas N80ºE tem uma idade Mesozóica, enquanto que o
conjunto de falhas SW-NE e NW-SE tiveram um rejogo anterior desde o ciclo Eburneano.
Assim, sabemos que das várias erupções existentes em Angola, as erupções carbonatíticas
não são excepção ao resto das erupções alcalinas que ocorreram nos escudos dos outros
continentes, isto é, nas bordaduras da plataforma com um magma que iniciou o seu processo
numa profundidade com cerca de 50 a 100 km. A ascensão carbonatítica ocorreu na zona
cratónica, onde a espessura do maciço é inferior e é menos espessa do que a do maciço central,
como são exemplo as rochas alcalinas carbonatadas da Serra da Neve a norte de Moçâmedes
(Namibe), de Bonga e de Tchivira. Estas implementaram-se seguindo um sistema de falhas com
direcção NW-SE.
De facto, são nas zonas mais centrais do cratão que ocorrem hipoteticamente, as maiores
erupções kimberlíticas e não se observa as ascensões carbonatíticas. Os kimberlitos de Camutué,
Sangombe, Caitondo, Caixepa, Sacuango, Sachipita, Capombo, Cambuage, Uári e Cariué que
ocorrem na bacia hidrográfica do Luachimo a NE de Angola (Lunda Norte), são o exemplo da
localização do centro do cratão.
No entanto, para além da bacia do Luachimo, deve-se ter atenção a outras bacias onde podem
ocorrer kimberlitos, nomeadamente a NE de Angola: as bacias dos rios Cassai (Kassai), Luembe,
Luena, Chiumbe, Luachimo, Lóvua, Luxico, Luangue, Chicapa, Luo, Lapi, Cacuilo, Kwango
(Cuango), Lué. Na região de Andulo, centro de Angola na província de Bié, Huambo, Cuanza
Sul, as bacias dos rios Kwanza (Cuanza) e Gango. Na região de Huambo, na bacia do rio Cunene
e Cubango. Na região de Cuvango, Chitembo e Kuito, região centro de Angola, província de
Huila, Bié e parte NW da província de Cuando Cubango, a bacia do rio Cubango e Kuanza
(Cuanza). Na região de Cuvelai, no centro-sul de Angola, na província de Cunene e sul da
província de Huila, a bacia do rio Cunene. Na região entre Nankova e Mavengue, na região a SE

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de Angola, na província de Cuando Cubango, a bacia do rio. Na região entre Cangamba,


Lumbala N’Guimbo, Chiume, Mavinga e Cangombe, na região a SE-centro de Angola, na
província de Moxico, a bacia do rio Kwando (Cuando). Na região entre Lutuai e Cassamba, na
região a SE-centro de Angola, rios e ribeiros que se deslocam para E/SE. Na região de Cazombo,
a E de Angola, a bacia do rio Zambeze.
De referir também que na região a E/SE de Luanda, existem muitos registos de aparecimento
de diamantes em depósitos secundários. O exemplo disso é o aparecimento de diamantes em
sedimentos na zona do futuro aeroporto de Luanda, na região de Viana e Catete. Embora, existam
autores que defendem que os diamantes percorrem centenas de quilómetros por meio fluvial,
sabe-se que isso não é possível, pois o transporte de diamantes não ocorre por processos
tradicionais fluvial de longa distância. Muito provavelmente existem kimberlitos muito perto de
Luanda, presumivelmente na província do Bengo, a sul da província do Cuanza Norte e Cuanza
Sul.
Segundo Salgueiro (in Carvalho, 1983), o curso de água do rio Cuanza instalou-se de certa
forma, numa zona afectada por falhas que percorrem por baixo das coberturas Terciárias e
Quaternárias. O investigador refere que na Baixa do Cassange afloram os kimberlitos e tufos.
Muito provavelmente existe continuidade para NW, isto é para Luanda.
As rochas kimberlíticas em Angola incorporam xenólitos de várias naturezas, nomeadamente:
rochas sedimentares da série xisto-gresosa do sistema intercalar, gnaisses, granitos, e de rochas
kimberlíticas de geração anterior.
A forma linear e elíptica, bem como a distância a que ocorrem as Chaminés em território
Angolano, demonstram uma possível ligação dos corpos na sua profundidade. Deste modo, as
chaminés de maior diâmetro, ocorrem na sua maioria acompanhados por chaminés de menor
diâmetro a uma pequena distância. Também, a sequência das ocorrências de chaminés de
pequeno diâmetro, podem ser entendidas como o resultado de pequenos diques à volta da
chaminé principal ou mãe. Entendamos que são argumentos bastante teóricos, mas procedendo a
uma campanha geofísica, ou com recolha de amostragem contínua às intrusões kimberlíticas,
provavelmente efectuadas a uma profundidade considerável, com alguma inclinação,
nomeadamente entre os 45º e os 80º, poderão dar respostas a algumas questões pertinentes.
Relativamente ao grau da erosão e ao corte de fácies, estes são mais acentuados nas chaminés
mais pequenas. Dever-se-á ter aqui uma especial atenção, dado que é a capacidade de erosão que
é responsável pelas deposições de diamantes em depósitos secundários em Angola.
Nas muitas regiões onde ocorrem kimberlitos é necessário um grande entendimento no
estudo, dado que é necessário encontrarmos a chaminé primária em cada campo kimberlítico.
Considerando o exemplo das intrusões kimberlíticas da bacia hidrográfica do Cucumbi que
apresentam os kimberlitos de Calonguela, Caúna, Naúna e Sabuenguenhe, da bacia hidrográfica
Lufulé e da bacia hidrográfica de Lulo, com os kimberlitos de Camaconde e Canguige, ainda não
foram descobertas as suas principais chaminés de entre muitos outros exemplos de Angola.

4.3. O EXEMPLO DAS LUNDAS


O NE de Angola é uma região com um planalto ondulante, ocorrendo altitudes mais baixas
no norte, com cerca de 600 a 700 m, e 1000 m durante a subida para o Sul, isto é, para Saurimo.
Uma série de grandes rios a norte, cruzam a região e têm colaborado na erosão do planalto,
geralmente com vales abertos com profundidade na ordem dos 100 aos 150 m, para a base
cratónica. A região está na margem sul do cinturão da floresta tropical e a vegetação varia entre
relativamente espessa a uma cobertura florestal relativamente insignificante e mata. O clima é
sazonal com estação seca e chuvosa, onde a estação das chuvas ocorre entre os meses de Outubro
e Abril, ocorrendo um declínio generalizado na precipitação de norte a sul. Há relativamente
pouca variação da temperatura ao longo do ano com temperaturas médias a centrar-se na faixa
entre os 23º e os 25º C.

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Figura 19 – Localizações de áreas de maior concentração de diamantes em Angola, tanto em depósitos primários como em secundários continental. É utilizado um esboço
estrutural e geotectónico de Angola, segundo Heitor de Carvalho (1983), e Torquato (1975).
Legenda: 1 – Fanerozóico – coberturas e rochas sedimentares; magmatismo mesozóico, genericamente do Cretácico (x). 2 – Pan-Africano (450 – 1000 Ma); 3 – Kibariano (1000 – 1400 Ma); 4 – Kibariano (?), Eburneano
(?); 5 – Eburneano (1700 – 2200 Ma); 6 – Intervalo Eburneano-Arcaico (?) (> 2200 e < 2500 Ma); Arcaico (?) (2500 – 2800 Ma); 7 –Arcaico rejuvenescido; 8 – Arcaico (2500 – 2900 Ma); 9 –Paleoarcaico (Katarcaico)
rejuvenescido (?); 10 – Paleoarcaico (Katarcaico) (> 3200 Ma).

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A estratigrafia do NE de Angola organiza-se da seguinte forma:


- Pela base do Precâmbrico que é constituída por: a) a partir da base cristalina constituída por um
sistema inferior (granitos e migmatitos) e um sistema superior (rochas vulcânicas
metamorfizadas e sedimentos quartzo-feldspático); b) complexo metasedimentar do Proterozóico
Médio; c) séries metamórficas do NE de Angola, com gnaisses, amfibolites, xistos, quartzitos,
itabiritos e filitos do Proterozóico Superior; e d) Grupo de Luana constituído por xisto,
grauvaques, conglomerados, quartzitos, areias do Proterozóico Superior.
- Pelas coberturas Fanerozóicas que são constituídas por: a) sistema karroo (super grupo) do
Carbónico-Pérmico, dividido entre o Grupo Lutoe (karroo inferior, constituído por tilites –
depositados pelo gelo, areias, xisto) e o Grupo Cassange (karroo superior, constituído por
conglomerados, areias, argila e carbonatos); b) formação continental intercalada desde o Triásico
Superior ao Cretácico Médio com conglomerados, areias, argilas com intrusões doleríticas
localizadas e colocadas, atentamente seguidas no espaço e no tempo por uma segunda fase de
magmatismo e intrusão de kimberlitos; c) Formação de Calonda pertencente ao Cretácico Médio
a Superior, é uma formação de estrutura extensiva que recobre grande parte do NE Angolano e a
parte adjacente da República Democrática do Congo. A formação consiste em conglomerados de
base com camadas de areias e argilas. A Formação de Calonda foi constituída em condições
climatéricas áridas e semi-áridas sujeitas a inundações repentinas com grande erosão e grande
poder de transporte. Em Angola, a Formação de Calonda é o principal depósito secundário de
diamantes que foram desenvolvidas em áreas próximas ou distantes das fontes de kimberlitos. Na
República Democrática do Congo, esta formação é designada de Formação Kwango; d) Grupo
Kalahari, formado entre o Eocénio e o Pliocéneo Inferior divididos em duas formações, a
formação inferior é constituída por polimorfos arenosos e a formação superior constituída por
areias amarelas.
- Pelos depósitos do Quaternário que existem por cima de todas as formações, e são constituídos
por areias vermelhas e amarelas. Nos terraços do Plistocénico é representado por uma capa de
cascalho laterítico que ocorrem numa espessura que ronda espessuras que podem variar entre os
5 e os 40 m no canal de drenagem.
No reconhecimento das relações geotectónicas na área das Lundas, só têm existido estudos
num contexto geral, com métodos aeromagnéticos e magnéticos efectuados pela Diamang. A
mesma, não tem utilizado até ao momento outros métodos como a sísmica ou outros, na
descoberta de falhamentos, conhecimentos da mineralogia, geoquímica e do gradiente de
temperatura de minerais formados a grandes profundidades, entre outros. Estes estudos,
poderiam sustentar a teoria efectuada por vários cientistas que segundo a qual, a principal linha
abissal da fractura NW-SE nas Lundas, é interceptada por roturas de falhas de eras geológicas
mais recentes. Assim sendo, entende-se que o possível enfraquecimento nas zonas de intercepção
deu oportunidade no surgimento, em determinados locais em grande profundidade, fusão local
do manto, que deu origem à formação e subida das rochas alcalinas-ultrabásicas à superfície
responsáveis pela formação dos kimberlitos.
Assim, defendendo a teoria de que o corredor de Lucapa é o responsável pelo controlo
estrutural das erupções kimberlíticas e outras fontes primárias de formação de diamantes na zona
das Lundas, o mesmo pode ser observado na figura 20.
O corredor do alinhamento do Lucapa, é composto por duas falhas principais paralelas, e
atravessadas por muitas falhas mais recentes que terão sido as responsáveis pela ascensão das
erupções kimberlíticas e outras fontes primárias produtoras de diamantes.
No presente corredor de Lucapa, e na zona mais próxima do Oceano Atlântico, as intrusões
são principalmente carbonatíticas. Os kimberlitos que aparecem, são muito pouco mineralizados,
dado que a formação não foi abaixo dos 150 km, pois só a maior profundidade, isto é, no manto
superior, é que são susceptíveis de conter diamantes para uma exploração economicamente
viável, ou ainda a sua ocorrência estar relacionado com idades das formações.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Figura 20 – Corredor de Lucapa, adaptado, segundo Michael Smith (2004), Concessão C9 na Lunda Sul, da Angola
Resources (PVT) Ltd, pertencente à New Millennium Resources Limited, Perth, Western Austrália,
http://www.new-millennium.com.au/images/lucapa_map.gif, pesquisada em 2008.

Na região das Lundas poderá não ocorrer, somente nas intrusões, os kimberlitos
propriamente ditos, dada a presença de minerais formados a grandes profundidades, como é o
exemplo da distena (silicato natural de alumínio) na composição mineralógica da formação de
Calonda. Este é um testemunho da possibilidade da presença de outras fontes primárias de
diamantes nesta região. As intrusões básicas e ultrabásicas são factores resultantes dos
kimberlitos. Mas existem também outros tipos de depósitos primários devido à ocorrência da
chamada fileira diamantífera na série de rochas magmáticas, obedecendo a uma linhagem como
são exemplo as seguintes ligações: kimberlito- alienito, kimberlito-carbonatito, entre outros.
Dados os processos geotectónicos ocorridos na zona das Lundas, são apontados para o
aparecimento dos depósitos primários, como factor de maior relevo, a relação tectónica com as
intrusões, sendo constituídos por vários alinhamentos de falhamentos já referenciados. Como é
exemplo, o facto das chaminés kimberlíticas se encontrarem nos vales dos rios, é um testemunho
inequívoco de que são herdeiras das principais falhas tectónicas. Ao longo dos rios Luembe,
Chiumbe, Luachimo, Chicapa, existem mais de 60 kimberlitos e estão todos implantados nas
zonas demarcadas com as fracturas. Desta forma, deve-se prestar especial atenção aos
falhamentos associados. As chaminés datam do Jurássico, numa idade centrada nos 130 Ma.
A configuração de cada chaminé kimberlítica pode ter um tamanho variável na sua
superfície. Podendo variar entre os 10 e os 100 m de diâmetro, e podendo ocorrer apresentando
uma forma circular, como são o exemplo de Catoca 66 ha e Camatchia com 28,8 ha, elíptica,
como é o exemplo de Cangoa e Camutué com 9,6 ha, e com a forma de um dique, com um
coeficiente de alongamento de 1:8, como é o exemplo de Camafuca Camazambo com 160 ha.

4.3.1. SOBRE CAMPOS E PROVÍNCIAS KIMBERLÍTICAS DAS LUNDAS


Dado a ocorrência de kimberlitos no NE de Angola, ao longo de vales e rios principais e dos
seus afluentes, podemos agrupá-los, considerando os vários estudos conhecidos ao longo dos
anos, em vários campos e províncias kimberlíticas. Desta forma, tentam agrupar-se conjuntos de
campos no sentido de formar províncias kimberlíticas, cujos exemplos de localizações se podem
observar na figura 21:

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Figura 21 – Exemplos de localizações de Províncias e Campos Kimberlíticos nas Lundas, Angola.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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A Província 1, é representada pelos kimberlitos da bacia hidrográfica do Cucumbi (C1) com


os seguintes kimberlitos principais: Calonguela, Caúna, Naúna e Sabuenguenhe; da bacia
hidrográfica Lufulé (C2); da bacia hidrográfica de Lulo e Cacuilo (C3) com os seguintes
kimberlitos principais: Camaconde, Canguige, Caiombo, Xangando e Chingue. As texturas das
chaminés são normalmente caracterizadas por um kimberlito brechóide alterado. Em alguns
casos são muito alterados, de tonalidade acastanhada e acinzentada, mostrando a presença de
minerais argilosos. Os kimberlitos apresentam uma tonalidade verde esbranquiçada, que
representa os níveis de inclusão de calcite e serpentina, e praticamente todas as chaminés
demonstram ter um grande grau de erosão. A maior parte das chaminés são cortadas pelos
ribeiros em estado muito alterado, que após as cargas pluviais fortes, provocando correntes,
adquirem novamente um estado de rejuvenescimento. A espessura de cobertura do estéril, varia
entre 4 e 40 m.
No que diz respeito às ocorrências no campo de kimberlitos de Lufulé, podemos dizer que no
território Angolano é considerado um dos maiores, se não o maior, relativamente à intensidade
de ocorrência de vulcanismo, compreendendo 134 ocorrências onde se incluíram as rochas
ultrabásicas comagmáticas sem diamantes, para além dos kimberlitos. De referir que das 134
intrusões, 127 são rochas kimberlíticas e cerca de 109 são chaminés kimberlíticas. Os restantes
25 diques são formados pela intrusão principal, não estão em relação espacial com as principais
intrusões mas conservam a sua forma tabular, podendo variar entre 2 a 130 m de comprimento e
entre 0,10 a 0,60 m de largura. Segundo Parra (1983), também são conhecidos filões que
cortaram o diatrema e rochas encaixantes. Cerca de 94,8% destas rochas intrusivas são
kimberlitos com piropo. Estas intrusões tiveram lugar durante o Cretácico Médio a Superior e
afloram nas formações da série xisto-gresosa do sistema do Congo Ocidental e do sistema
continental intercalar. Segundo Parra (1983), a área onde ocorreram as intrusões de rochas
ultrabásicas é de 220 km2. A orientação dos falhamentos apresenta direcções N55º a 65ºE, N27º
a 30ºW e N-S. A formação geológica base é constituída pela série xistosa e do sistema intercalar,
no qual foram intrusivos os kimberlitos durante o Cretácico Médio a Superior. As concentrações
dos presentes kimberlitos apresentam-se de forma espacial irregular, onde cerca de 90 intrusões
em 30 km2 se encontram no sector oriental da bacia hidrográfica do Lufulé. Os kimberlitos
situam-se principalmente nas linhas divisórias de água fluvial (46,3%), podendo também
aparecer nas suas encostas (31,3%), bem como no próprio leito (22,4%). Relativamente à forma,
apresentam-se arredondadas e isométricas e as ocorrências das maiores chaminés centram-se
entre 2,5 e os 5,25 ha, mas metade não ultrapassa os 0,25 ha. Segundo Parra (1983), foram
efectuadas análises químicas completas às amostras de 10 chaminés e 3 estruturas filoneanas,
que mostraram um elevado teor de Fe, Ti, Al, Na, K.
O campo kimberlítico da bacia do Cacuílo situa-se na região de Capenda Camulemba, e
também é considerado do ponto de vista de manifestação kimberlítica um dos maiores de
Angola. O presente Campo compreende 113 ocorrências, desconhecendo-se ainda o limite para
NE. Os estudos efectuados nesta região indicam que existem kimberlitos ricos em granadas tipo
piropo, mas os mesmos não apresentam grandes quantidades em diamantes. A instalação do
presente campo deu-se no Cretácico Médio a Superior, com as ocorrências em chaminés a terem
uma superfície média de 1,07 ha. A região da subplanície tem como base geológica a série xisto-
gresosa do sistema do Congo Ocidental, bem como grés e argilitos do sistema continental
intercalar com camadas horizontais e sub-horizontais com espessura centradas entre os 400 e os
700 m, no qual assentam as fácies da formação de Calonda e formações mais recentes. As
principais observações tectónicas, apresentam orientação NNW, ENE e WNW, em que as
direcções NNW e ENE tiveram uma forte influência no traçado da rede hidrográfica. Dos
estudos efectuados, a bacia hidrográfica do rio Lulo apresenta uma grande desproporção
diamantífera positiva em relação à bacia do Cacuílo, que está localizada em leito menor e nas
planícies aluviais. A causa desta variação poderá estar centrada na natureza físico-geográfica e
geológica, e desta forma a bacia hidrográfica merece trabalhos de prospecção geológica.

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É defendido por vários investigadores que os kimberlitos referentes a esta província, parecem
ser de geração diferente da província seguinte, também do NE Angolano.

A Província 2, é representada pelos seguintes campos kimberlíticos:


- Campo 1 – é representado pelos kimberlitos de Catoca, Calazanga, Txicoa, Caissar, Caiputa,
Camuri, Camassaka, Samucunha, Chiri, Caquele e Camitongo 1 e 2. De uma forma geral, as
chaminés estão cobertas com 0,5 a 40 m de material gresoso e argiloso, com uma textura
bastante complexa, cuja formação kimberlítica, é constituída por vários tipos de fácies
kimberlíticas. Em regra, na parte central das chaminés do kimberlito, na profunda depressão do
maciço intrusivo, ocorrem kimberlitos vulcano-sedimentares. As camadas intrusivas
kimberlíticas são heterogéneas e exibem uma tonalidade cinzenta. Segundo Moisés (2003), este
sector é composto por 14 chaminés principais. Segundo Araújo e al. (1988, 1998), Catoca é
constituído por 25 corpos intrusivos, e existem boas expectativas para se conhecer novos
kimberlitos. A forma e distribuição dos corpos são variáveis apresentando uma forma irregular a
arredondada como é exemplo o Catoca, bem como tamanhos variáveis de algumas dezenas a
centenas de metros.
Relativamente às chaminés kimberlíticas de Caquele e Camitongo 1 e 2, estas apresentam
uma estrutura determinada pelas granadas e clinopiroxenas, muito parecida com as que se
apresentam nos kimberlitos da África do Sul, mas com condições mais frias e a pressão centrada
nos 55 a 60 Kbar. Mas, esteve em equilíbrio na sua fonte a 65 Kbar com 1400ºC de temperatura.
A chaminé do Camitongo 1 tem grandes quantidades de magma eclogítico e finas camadas
de magma piroxenítico, apresentando uma pressão na ordem dos 35-55 Kbar, que revela
condições mais frias do que no Camitongo 2 que é essencialmente de composição peridotítico. A
chaminé de Caquele, revela características intermédias com os piroxenitos contidos entre os 45 e
os 55 Kbar e em condições de mais alta temperatura da fonte do que no Camitongo 1 com uma
abertura a 55 Kbar. No entanto, em estudos efectuados pressupõe-se um magma mais lherzolítico
para a chaminé Caquele, para o Camitongo 1 um magma mais harzburgítico iniciado a 40 Kbar,
e mais empobrecido para o Camitongo 2 com 45 Kbar. Em comparação à chaminé do Catoca,
esta contém muito mais granadas harzburgíticas. A composição da ilmenite no Camitongo 1 é
representado por maior composição de FeO do que a chaminé de Caquele, e o Camitongo 2, é
dividido por dois grupos, isto é, em Al 2 O 3 e Cr 2 O 3 em relação à chaminé do Caquele. Esta
última, também é caracterizada por conter alto teor de Ni, enquanto que a ilmenite revela maior
profundidade e composição rica em TiO 2 e MgO.

- Campo 2 – é representado pelos kimberlitos produtivos de Lunhinga I e II, Camatchia,


Camagico, Samuchito e Cula. A estrutura das chaminés é caracterizada por duas fácies, da
cratera e boca do vulcão, no qual a fácies da boca do vulcão está representada pelo maciço
kimberlítico, mas com fracturação reduzida. A cratera é representada por três tipos de tufos
kimberlíticos, tufos de grão muito fino, tufos de grão fino e tufo arenítico. As superfícies das
chaminés são cobertas por um substrato argiloso, onde nalguns casos se apresentam ocorrências
de diamantes. Segundo Araújo et al. (1988, 1998), existem 8 corpos kimberlíticos em Camatchia,
e existem boas expectativas para se conhecer novos kimberlitos. A forma e distribuição dos
corpos são variáveis apresentando uma forma irregular a arredondada para Camatchia.

- Campo 3 – é representado pelos kimberlitos de Camafuca-Camazambo, Camuanzanza,


Caimbungo, Nachitango, Canzala, Calonda, Camuzenze, Magassa, Camofo, Chihungo, Cassano,
Cachichima, Lomba e Cangoa. Os kimberlitos estão localizados ao longo do rio Chicapa bem
como dos seus afluentes. As texturas das chaminés são compostas por duas fácies, a cratera
representada por tufo-arenítico (grosseiro e finos) e diatrema, por um corpo kimberlítico maciço,
representado por kimberlitos brechóide e por tufo de kimberlitos brechóide. As rochas são
caracterizadas por terem vestígios de alterações sedimentares da activação das fumarolas,
produto dos processos pós-vulcânicos. Este tipo de formação de rochas oferece condições
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favoráveis de concentração de diamantes. O tufo arenítico e tufo brechóide ocorrem até uma
profundidade de 170 m, e mais abaixo pode ser localizado o corpo kimberlítico maciço. As
chaminés são cobertas em toda a superfície por uma camada que pode variar entre os 10 e os 40
m de substrato sedimentar argilo-arenoso. Os minerais primários estão representados por
ilmenites, granadas tipo piropos e o cromodiópsido.
Segundo Araújo et al. (1988, 1998), existem 19 corpos kimberlíticos em Camazambo. A
forma e distribuição dos corpos são variáveis, apresentando de certo modo uma forma mais
alongada para uma determinada direcção como é a de Camafuca-Camazambo, bem como de
tamanhos variáveis de algumas dezenas a centenas de metros, como por exemplo no kimberlito
do Camafuca-Camazambo que tem um diâmetro com mais de 3 km. O kimberlito do campo
Camazambo inclui um dos maiores kimberlitos, a chaminé de Camafuca-Camazambo, segundo
Barget (1973), Jance (1995), Scott Smith (1992), cujo campo tem uma área de 156 ha. As rochas
da parte superior da diatrema, são significativamente alteradas devido aos sedimentos argilo-
arenosos, e gnaisses em profundidade. A forma está condicionada pelo sistema local de falhas
com orientação NNW e ENE, segundo Real (1958). Esta província de intrusão kimberlítica tem
uma grande potencialidade económica.
As rochas da fácies de diatrema são representadas por kimberlitos brechóides com
quantidade significativa de fragmentos das rochas encaixantes e basaltos kimberlíticos,
pertencentes ao início da intrusão, contendo intercrescimentos de granadas e clinopiroxenas. Os
diamantes e os minerais indicadores de diamantes nas chaminés, são reconhecidos no aluvião do
rio Chicapa.
As características dos campos kimberlíticos de Camazombo têm elevadas concentrações de
minerais pesados, ocorrendo mais de 50 kg/m3, e tem um vasto espectro paragenético de
minerais indicadores como granadas do tipo piropo e ilmenite.

- Campo 4 – é representado pelos kimberlitos de Camutué, Sangombe, Caitondo, Caixepa,


Sacuango, Sachipita, Capombo, Cambuage, Uári e Cariué. Estes kimberlitos, ocorrem na bacia
hidrográfica do Luachimo. As suas estruturas são caracterizadas por duas fácies, a de cratera e
diatrema. Os tipos de rochas que as compõem são nomeadamente: kimberlitos porfiróides, tufo
gresosos, tufo brechóides, aleurolito ou alevrolito com níveis eruptivos, e kimberlitos brechóides
com gnaisse, e nalguns casos essas brechas contêm doleritos. Nas chaminés podemos observar
na parte superior, rochas vulcano-sedimentares, compostas por materiais desagregados das
rochas encaixantes e do kimberlito. A espessura da camada estéril de superfície, acima da
chaminé, não tem interesse económico, dado ser uma camada de cobertura sedimentar, que pode
variar desde os 5 aos 50 m. Segundo Araújo et al. (1988, 1998), existem 15 corpos kimberlíticos
em Camutué, e existem boas expectativas para se conhecer novos Kimberlitos.
Nos kimberlitos de Camutué é mais importante o Camutué I (oeste), a chaminé de Caixepa e
Capombo. A chaminé do Camutué I é a maior no grupo de kimberlitos do Camutué com
tamanhos que variam desde os 200 aos 500 m de largura, apresentando uma geomorfologia
alongada segundo a direcção SW-NE. Estas chaminés estão recobertas por sedimentos de
Kalahari com uma espessura com cerca de 20 a 30 m. Os kimberlitos afloram apenas
parcialmente no vale do rio Camutué. A parte superior da chaminé é constituída pela fácies de
cratera, com cerca de 100 m de espessura e só na parte Oeste do corpo é que aparecem fácies de
diatrema. Estas rochas são caracterizadas por grandes quantidades de diamantes, e a qualidade e
o tamanho médio dos diamantes são bastante elevados, os diamantes chegam a ser superiores a
80 quilates e não são raros. São também caracterizados pelo aparecimento de fragmentos de
rochas encaixantes.
A chaminé do Cariué é caracterizada por ter uma concentração muito alta de minerais
pesados situando-se entre os 100 e os 250 kg/m3.
Deve referir-se que existem outros campos e províncias de kimberlitos e/ou outras fontes
primárias no NE de Angola. Exemplo disso é o troço que existe entre Calonda/Cambulo e
Maludi, para NE de Calonda, o qual depende directamente do controlo estrutural de Lucapa. O
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presente troço, parece ter um elevado potencial em diamantes devendo ser intensivamente
prospectado e estudado.

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5. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS DE DIAMANTES

5.1. INTRODUÇÃO
Os aspectos relativos à geomorfologia fluvial são deveras importantes para a descoberta de
depósitos primários e secundários de diamantes, nomeadamente pelo entendimento da
morfologia dos canais fluviais e dos seus padrões de drenagem, para assim podermos entender
quais os canais a que devemos prestar mais atenção bem como as relações que têm com a própria
geologia, as estruturas geológicas, a tectónica, entre outros.
Os cursos de água existem devido a descarga pluvial numa determinada área que excede a
quantidade de água que se infiltra no solo e rochas, ocorrendo assim escorrência superficial. A
corrente dos cursos de água pode variar, a deslocação pode dar-se a uma velocidade média de
alguns dm/s e pode alcançar vários m/s, apresentando-se geralmente com um deslocamento
turbulento, com uma variável irregular de um ponto a outro, embora possa ser laminar apenas em
alguns casos.
O gradiente de um rio num determinado ponto é de certa forma a diferença de cota existente
entre esse ponto e o seu nível de base. Normalmente, o nível de base adoptado é o nível médio
das águas do mar, mas também é comum adoptarem-se níveis de base locais, por exemplo, o
local onde um rio desagua noutro maior.
A corrente nunca é constante e uniforme, assim o leito do canal, bem como as suas margens,
são compostos por material que a corrente é capaz de erodir e transportar. O volume de água por
unidade de tempo que passa num determinado ponto de um rio é denominado de descarga e é
normalmente medido em m3/s.
O material que uma corrente transporta, isto é a carga, pode ser originado em processos de
vertente para o canal fluvial, ou processos dentro da própria corrente que provoca erosão no leito
fluvial e nas margens, mas o mais importante é o de vertentes. A acção de erosão, transporte ou
sedimentação através da água depende da sua velocidade e do tamanho das partículas
disponíveis, como é representado no diagrama da figura 22.

Figura 22 – Diagrama de Hjulstrom. Modelo sobre a velocidade média da corrente necessária para o início do
movimento em condições lineares e uniformes, numa profundidade de 1 metro. Adaptado de Campy e Macaire
(1989).

À medida que a velocidade da corrente decresce, parte das partículas transportadas são
depositadas no leito fluvial, originando uma sedimentação fluvial com uma classificação
granulométrica vertical, geralmente positiva, em que as partículas grosseiras ficam na base e as
partículas mais finas no topo da camada.
A carga transportada pela corrente pode ser dividida em três classes: carga dissolvida, carga
em suspensão e carga de fundo, o que se pode observar na figura 23.

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Figura 23 – Tipos de carga e modo de transporte pela corrente, segundo Burchfiel et al. (1982).

A carga dissolvida da corrente baseia-se no material transportado em solução química,


derivado da meteorização química das rochas existentes na bacia de drenagem. A composição da
carga dissolvida depende da composição química das rochas de onde a carga é originada. A
carga dissolvida de uma corrente é uma fracção inferior a 20% da carga total, mas devemos ter
em conta que em regiões húmidas esta pode chegar a 60%.
Relativamente à carga em suspensão de uma corrente, esta resume-se a materiais finos
transportados em suspensão pela água em movimento. A variação do tamanho das partículas em
suspensão está directamente relacionada com as propriedades do fluxo de água, nomeadamente
com a sua velocidade e turbulência. Podemos dizer que é a carga em suspensão que dá um cariz
lamacento aos rios, e é constituída essencialmente por partículas do tamanho de siltes e argilas,
que se conservam em suspensão por um período mais longo. A carga em suspensão pode atingir
valores elevados centrados entre os 34 a 90% da carga total.
A carga de fundo de uma corrente consiste em material de maiores dimensões que vai
rolando, saltando e deslizando ao longo do fundo do curso fluvial, em que o alcance do seu
movimento depende de vários factores hidráulicos, nomeadamente a altura do fluxo, a descarga e
a inclinação da superfície da água. Geralmente a carga de fundo constitui uma porção
relativamente pequena sobre a carga total, situando-se em valores inferiores a 25%.
Os canais fluviais são produtos das correntes que fluem através dos mesmos, condicionando
as próprias correntes, bem como os seus diferentes tipos, comportamento, natureza do seu
substrato, entre outros. A erosão, relativamente ao canal fluvial, nas margens e planícies de
inundação é facilitada por correntes de elevada velocidade, transportando assim uma carga de
fundo constituída por materiais grosseiros, podendo, desta forma, servir como instrumento de
abrasão de base. A litologia e o clima controlam o tamanho dos sedimentos que abastecem os
canais da bacia de drenagem. No que concerne a bacias com tamanho sedimentar idênticos, o
gradiente do canal está relacionado com a litologia. De certo modo, podemos dizer que em
gradientes íngremes, estes ocorrem em áreas de substrato rochoso mais duro, enquanto que os
gradientes mais suaves dominam em regiões de rochas mais frágeis. Assim, os gradientes de
canal elevados estão interligados ao transporte de uma carga mais grosseira que é fornecida aos
canais em zonas de substrato resistente. Deste modo, o gradiente revela-se um factor de canal
muito importante, influenciando os efeitos geomorfológicos e de novos depósitos sedimentares.
Os materiais do leito do canal, bem como das margens controlam a resistência erosiva dos
limites dos canais fluviais. Assim, existem certas diferenças entre os canais formados em
substrato rochoso e os que são formados em aluvião e/ou sedimentos, bem como entre os canais
confinados e não-confinados. Relativamente aos canais que são formados em zonas
sedimentares, onde de certo modo pode existir erosão, transporte e deposição pela corrente,
podemos classificá-los como aluvionares. A sua forma e natureza estão sucessivamente a ser
ajustadas pela corrente, obedecendo a sistemas fluviais de várias escalas e localizações
geográficas. Nos canais de substrato rochoso, estas obedecem às influências geológicas e
estruturais.

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Desta forma, os canais fluviais podem ser descritos como:


- Canais Rectilíneos: são relativamente raros, mas podem ser parcialmente atribuídos à
variabilidade local da topografia da planície de inundação, bem como às propriedades do
material das margens e à vegetação ribeirinha que controlam os colapsos aleatórios das margens.
Devemos ter em conta o facto de que a maior parte dos rios não-confinados de canal único,
seguem um curso sinuoso ou meandriforme. De certo modo, onde o canal segue um curso
rectilíneo numa distância significativa, observa-se normalmente que, tanto na via do segmento de
maior velocidade como a linha dos pontos de maior profundidade, oscilam no sentido da largura
para descrever um padrão sinuoso entre o alinhamento rectilíneo das margens. A tendência que
existe para produzir uma linha dos pontos de maior profundidade sinuosa está relacionada com
as oscilações verticais na elevação do leito, as quais são chamadas por fundões e baixios, e são
definidas em rios com leitos de gravilha e em correntes de leito arenoso, representando a unidade
geomorfológica base do rio rectilíneo e muitas formas e características da corrente podem ser
explicadas pelas suas combinações e pelo seu impacto na geometria do canal.
- Canais Meandriformes: a grande maioria das correntes fluviais segue um curso mais ou
menos sinuoso e são classificadas como meandriformes. Devemos ter em conta que nem todos os
canais sinuosos com curvaturas são meandros activos, através de erosão marginal e de
crescimento do terraço de meandro. No entanto, podemos executar uma diferenciação
complementar através da classificação de canais sinuosos que manifestam uma meandrização
activa ou passiva. Os meandros activos são o resultado de uma contínua deformação do leito e
das margens devido à corrente num canal aluvionar. A topografia de fundões e baixios no leito é
encaixada no padrão de meandrização, em que os fundões estão localizados nas curvas e os
baixios entre as curvas. De certa forma, somente existe um fundão por curva e um baixio entre
curvas. Os cursos de água com um percurso sinuoso que não obedecem a estes critérios devem
ser classificados como tendo uma meandrização passiva, em que um rio aparentemente
meandriforme pode estar apenas a seguir um curso sinuoso normal, devido aos padrões impostos
pelo terreno local.
- Canais entrançados: ocorrem a partir de um canal com uma grande carga de fundo, seguindo
os presentes princípios: a deposição de um banco de areia a meio do canal deflecte o fluxo
lateralmente, primeiro para um lado e depois para o outro, iniciando a erosão das margens, tal
como podemos observar na figura 24 (A). A erosão, procedida de recuo das margens abastece
sedimentos ao canal, carregando e sustentando um maior crescimento dos bancos. Assim, gera-se
uma forma lenticular no canal e cria-se espaço para desenvolvimento lateral dos bancos de areia
na zona central do canal, figura 24 (B). De acordo com o desenvolvimento e crescimento do
banco, as margens recuam e os subcanais formados de ambos os lados tendem a ficar mais
encurvados, produzindo fortes correntes secundárias. O presente fluxo encurvado representa uma
maior escavação do leito, aumentando a erosão das margens exteriores do canal depositando os
sedimentos nas margens interiores dos subcanais, figura 24 (C). A escavação do leito na secção
dividida, baixa o nível da superfície da água provocando o surgimento do banco a meio do canal.
No decorrer do processo, um complexo de bancos de ilhas de areia desenvolve-se. Ocorre assim
uma divisão variada e consequentemente subcanais, figura 24 (D, E). À medida que a largura
aumenta, o complexo de bancos de areia pode aumentar e formar uma ilha mais larga, semi-
permanente. A formação de bancos no meio do canal e em cada um dos subcanais, sub-paralelos
ao banco-ilha, encaminha a estrutura fluvial para um maior entrançamento dado a divisão do
fluxo, e assim sucessivamente. A morfologia resultante não é mais do que secções longas e
largas de bancos-ilha multi-entrançadas, intercaladas com outros mais curtos e estreitos num
unicanal.

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Figura 24 – Formação de um canal anastomosado a parir de canal entrelaçado. Experiência laboratorial, segundo
Thorne (1997). Fig. A: (a) – banco de areia; B: (a) – banco de areia, (b) – banco de ilha de areia; C: (a, b) –
aparecimento de vários bancos de ilhas de areia; E: (b) – complexo de vários bancos de ilhas de areia.

- Canais anastomosados: são constituídos por um número de subcanais sinuosos com baixa
energia, seguindo percursos através de uma planície de inundação. Estes canais podem cruzar-se
e actuam de forma independente por grandes distâncias. Num determinado sistema
anastomosado podemos afirmar que o comprimento dos subcanais entre as suas junções é mais
longo do que o comprimento característico dos bancos. Desta forma, as secções individuais de
subcanais contêm as suas próprias barras, com escalas próprias para a largura de cada subcanal.
Geralmente, os subcanais meandrizam e podem atingir um percurso muito sinuoso em
associação às correntes de baixa energia que fluem através de sedimentos mais coesivos. Assim,
o uso de índices de entrançamento é baseado tanto na divisão do fluxo bem como na medida da
sinuosidade total, o qual permite fazer uma diferenciação quantitativa de rios entrançados e
anastomosados. Desta forma, os rios entrançados apresentam um alto grau de divisão da corrente
e uma baixa sinuosidade total, enquanto que os rios anastomosados têm um baixo grau de
divisão da corrente e uma sinuosidade total elevada. Devemos ter em conta que, na prática,
muitos rios aluvionares de maior dimensão apresentam, simultaneamente, estruturas de
entrançamento, bem como estruturas anastomosadas, podendo até serem encontrados nas
mesmas secções.

Segundo os estudos efectuados por Thorne (1997), os padrões de drenagem dos canais
fluviais, podem ser divididos em vários padrões diferentes, o que é observado na figura 25, e
descrito em seguida:
- Num padrão dendrítico, sendo considerado como a forma mais simples de um sistema de
drenagem, resultando da operação de processos fluviais em áreas de terreno homogéneo sem
controlos geológicos acentuados;
- Padrão paralelo, desenvolvendo-se onde existe uma acentuada inclinação regional do terreno ou
plataforma, o que impõe uma direcção de drenagem preferencial.
- Padrão radial, apresentando a sua ocorrência em redor de um domo estrutural erodido ou de um
vulcão, indicando actividade tectónica que esteja a decorrer ou já passada, bem como de uma
possível actividade vulcânica.
- Padrão anelar, estando associado a um domo erodido, contudo, os canais formam-se onde o
sistema fluvial segue camadas menos resistentes em rochas estratificadas.
- Padrão em treliça, indica a existência de um pendor regional preferencial, bem como de um
forte controlo geológico dado a existência de rochas sedimentares enrugadas.
- Padrão rectangular, estando associado a um forte controlo geológico, mas através de diaclases
em ângulo recto e de falhamento.
- Padrão multi-basinal, com sub-bacias pequenas e aparecendo em áreas onde existem depósitos
“hummocky”, deixados por deposição glaciogénica mas também em áreas onde existe dissolução
de calcários.
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- Num padrão contorcido, no qual podemos encontrar um terreno que é fortemente marcado pela
geologia e por estruturas produzidas por neo-tectonismo.

Figura 25 – Diferenciação de padrões de drenagem dos canais fluviais segundo Thorne (1997).

5.2. O TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO SEDIMENTAR DE DIAMANTES


A erosão de depósitos primários de diamantes inicia-se logo após a actividade vulcânica,
após a intrusão kimberlítica, depositando-se os diamantes em diversos ambientes sedimentares.
Os ambientes conhecidos onde existem depósitos diamantíferos secundários estão ligados a
ambientes fluviais de leques aluvionares, de rios entrelaçados, de rios meandrados e depósitos
que resultam da interacção destes sistemas. Para além destes, os ambientes de rios glaciares e
canais subglaciares apresentam elevado potencial para acumulação de minerais pesados. Os
leques aluvionares são caracterizados por uma sedimentação muito grosseira com correntes
aquosas e fluxos de associação detrítica.
Os leques semi-áridos ou leques tímidos, dependem da altura topográfica, dado que
necessitam de um relevo acentuado, podendo o mesmo ser originado ao longo de escarpas de
falhas, por soerguimento crustal ou a partir da construção das estruturas vulcânicas. São
constituídos por conglomerados polimíticos, com proporções variáveis de matriz, até arenitos e
argilitos nas partes mais distantes. Nestas estruturas sedimentares, ocorrem canais erosivos,
níveis gradacionais e estratos cruzados. Todo este conjunto provoca uma determinada espessura
sedimentar, mas esta espessura está directamente controlada pela magnitude de soerguimento nas
áreas adjacentes.
Os sistemas de rios entrelaçados são caracterizados pela alta energia de transporte em regime
de fluxo superior, pela migração de barras longitudinais e transversais com deposição de
cascalho, areias e material pelítico. Estes rios entrelaçados estão dependentes da razão da
descarga, podendo estar mais dominado por areias ou por cascalho. São de facto os rios
dominados por cascalhos que são os mais importantes na concentração de minerais pesados. A
presente migração provoca conglomerados e arenitos (seixos), com estratos cruzados, camadas
gradacional normal e inversa, e canais de reactivação. O próprio transporte tem uma
característica tradicional importante, dado que existe uma tendência de diminuição de
granulometria. Mas há investigadores, como Leopold (1992) que defendem que o aumento de
granulometria e a presença de novos materiais na carga de fundo são causados pela entrada de
nova distribuição, com diferentes histórias deposicionais do sistema entrelaçado principal.
Nos rios meandrados, os sistemas são caracterizados por grande carga em suspensão e
reduzido transporte de materiais finos por tracção dado por areias e siltes, não sendo deste modo
um importante local para a geração de placeres, isto é, não forma grandes concentrações de
diamantes.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Dos vários estudos efectuados por Miall (1977), as características dos tipos de depósitos
fluviais podem sobrepor-se tanto no tempo como no espaço. Desta forma, os depósitos
observados, hoje em dia, em cursos de rios tipo meandros, foram na realidade gerados no
passado quando o rio apresentava um canal mais rectilíneo do tipo entrelaçado, em que
ocorreram importantes deposições de cascalho. Deste modo a melhor fase de concentração
diamantífera é a que está associada à evolução fluvial juvenil.
Devemos também no estudo de quaisquer depósitos secundários, ter em atenção que os
grandes diamantes localizados a centenas de quilómetros das fontes primárias podem certamente
não ter sido depositados por um sistema fluvial, dado que o mais provável é que exista a
actuação de processos glaciogénicos. Ora vejamos, o transporte de diamantes pode acontecer
através de ambientes fluviais mas condicionados, isto é, o transporte de diamantes não ocorre
somente por processos tradicionais fluviais de longa distância, embora alguns investigadores
defendam o seu transporte por várias centenas de quilómetros através do ambiente fluvial.
A título de exemplo, Ambroise (1991), que efectuou um estudo no NE de Angola propõe um
transporte de centenas de quilómetros para estes diamantes. Esta opinião é baseada na análise de
campo relativo às deposições de diamantes, utilizando estudos experimentais de laboratório. Mas
os minerais pesados e os diamantes apresentam um curto transporte em ambiente fluvial e
tendência rápida de deposição. A tendência dos minerais pesados é de sofrer um pequeno
transporte fluvial, no qual poderá ser pouco provável o transporte de diamantes a centenas de
quilómetros de distância de uma dada área principal por este tipo de agente transportador.
Poderão ocorrer sim, outras fontes primárias/secundárias a alimentar o curso fluvial. Pode
acontecer em ambiente glaciar a ocorrência de transporte de diamantes para distâncias
consideráveis, dado que transporta grandes volumes de massa pela expansão do gelo e por
muitas centenas de quilómetros. Segundo Flint (1971), existem matacões estudados que foram
transportados pelo gelo a distâncias com cerca de 1200 km. Deste modo, mesmo com a actuação
de vários e sucessivos ciclos de transporte fluvial, e não considerando o transporte num instante
de tempo, não é esperada a transferência de diamantes por centenas de quilómetros numa bacia
sedimentar, uma vez que o contraste de densidade entre o diamante (3,5) e os materiais dos
cascalhos fluviais (2,75) é significativo, resultando assim, uma tendência geral para a deposição
destes minerais.
Num patamar de prospecção, estas características de depósitos secundários são deveras
importantes, pois valorizam o seu potencial exploratório tais como: a natureza inconsolidada que
viabiliza economicamente depósitos, o baixo custo de exploração, pesquisa e lavra, o
desenvolvimento de uma lavra em circuito hidráulico fechado (impacto ambiental), e a alta razão
entre as gemas e diamantes industriais que aumenta o valor em quilates.
Devemos ter em conta que, a presença de diamantes numa determinada área pode atingir
milhares de quilómetros quadrados, implicando assim, e sem sombra de dúvidas, a presença de
numerosas fontes distribuídas por toda a bacia. Estas fontes podem ser representadas por
depósitos primários, por depósitos secundários, ou ambos os depósitos.
Relativamente ao estudo das curvas de calibração, com o objectivo de sabermos a que
distância estamos da fonte principal, e dado a tendência de diminuição dos diamantes com o
avanço do transporte fluvial é, segundo Rouffaer (1988), frequente que existam variações erradas
na distribuição dos tamanhos dos diamantes, quando se tenta colocar esta aplicação para
populações de diamantes muito distantes da fonte, dado que existe noutras fontes ao longo do
curso fluvial. No entanto, existe necessidade de estudarmos a granulometria e a qualidade
comercial do diamante nos depósitos aluvionares, na tentativa de conseguir, assim, um conjunto
de dados que apoie o desenvolvimento de um possível modelo para a identificação da origem de
diferentes populações de diamantes.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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5.2.1. PLACERES DIAMANTÍFEROS


Os placeres são depósitos naturais formados por concentração de minerais preciosos ou úteis
que estão associados a depósitos de areia e/ou de cascalho. Estes placeres podem ser do seguinte
tipo: eluvionares, aluvionares, fluviais eólicos e marinhos.
Para que os placeres possam surgir, o transporte tem de ter um fluxo superior à densidade do
diamante para que ocorra a sua acumulação em ambientes mais favoráveis. Desta forma, a
deposição e a concentração destes minerais pesados estão relacionadas com as variáveis
hidráulicas, sendo desta forma mais previsível, as condições e locais propícios de deposição
secundária dos diamantes.
Na geração dos placeres destacam-se principalmente a intensidade e a variabilidade da
descarga, a quantidade e tamanho do cascalho transportado por tracção, a velocidade da corrente,
o gradiente do sistema, a quantidade e tipo de vegetação, o clima, o tipo de fonte
primária/secundária, o ambiente tectónico e a evolução geomorfológica da área.
Mas, existem outros factores que controlam a deposição e acumulação de minerais pesados
tais como: aprisionamento de minerais entre seixos, junção de sistemas de drenagem com regime
de fluxo diferentes, descontinuidades no “bed-rock” (fracturas, xistosidade, contactos, diques,
etc), sinuosidade dos canais como porções internas de curvas de canais principais de rios
meandrados ou de barras de sistema entrelaçados dado a rápida queda de energia, base de canais
de reactivação, regiões de grande gradiente local (turbilhonamento do fluxo provocando
concentração), gradiente de embasamento (condições de pequena inclinação do embasamento
favorecem o rápido aprisionamento de minerais pesados) e canais abandonados.

5.3. FORMAÇÕES SEDIMENTARES ANTIGAS DE ANGOLA


As rochas do sistema continental intercalar, aparecem com uma atitude sub-horizontal e são
comuns, e devem ter-se depositado em extensa depressão de sedimentação continental, centrados
entre os movimentos pós Triásico e a série de movimentos Cretácico com que se relacionam as
intrusões kimberlíticas. De certa forma, os afloramentos são raros e situam-se com alguma
visibilidade junto dos vales. Geralmente, existe domínio do grés de granulometria fina a média,
de tom vermelho, dado os óxidos de ferro, e muito bem calibrados. Deste modo, existem duas
formações mais antigas as quais podem estar ligadas a acumulações de depósitos secundários em
diamantes, nomeadamente:
- Formação de Calonda: após os grandes movimentos de formação de superfície terrestre, isto
é, após o diastrofismo, o qual está relacionado com as intrusões kimberlíticas, durante e após a
estabilização tectónica, sucedeu-se a fase erosiva que provocou o desmantelamento do relevo
pós-eruptivo, com enchimento das depressões e zonas baixas por sedimentos no Cretácico Médio
a Superior, formado em condições climatéricas secas, com trombas de água sazonais. A
Formação de Calonda cobre cerca de 50% da área das Lundas, apresentando uma espessura que
pode atingir os 60 m, com coloração acastanhada ou castanho-avermelhada. Encontramos a
formação dispersa por pequenos retalhos mascarados por areias ocres. São grés arcósicos,
friáveis, que se sobrepõem a conglomerados basais. Pode acontecer que sejam encontrados
clastos de grés do sistema subjacente, bem como de rochas kimberlíticas aglutinadas por cimento
gresoso, greso-argiloso ou caulino-argiloso. As formações do mesmo género podem ser
observadas na República Democrática do Congo pela Formação do Cuango, na República Centro
Africana pela Formação do Berberati, e no Gana pela Formação Birrin.
Na presente Formação de Calonda, podemos também encontrar ouro, associado aos quartzos e às
maiores concentrações de sulfuretos, essencialmente pirites, podendo atingir 43g/t, segundo os
estudos efectuados pela Cátedra de Cristalografia, Petrologia e Mineralogia da Universidade
Técnica de Krivoy Rog da República da Ucrânia e do Centro de Investigação Científica de
Prospeção Geológica do Instituto dos Metais não Ferrosos e Preciosas de Moscovo, Federação
Russa.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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- Sistema de Kalahari: entre os sedimentos de Calonda e as diversas deposições mais recentes


não se observam representações detríticas, pelo que ocorreu um período erosivo em que se
construiu a peneplanície do Terciário, muito perfeita, monótona, ocorrendo em período árido.
Após este período, verificou-se um novo ciclo de Diastrofismo, deformando a peneplanície que
sofreu uma inclinação no sentido NW. No fim do Terciário o clima modificou-se de árido para
húmido, tendo-se originado a rede hidrográfica actual.
No Quaternário, o clima foi alternando de clima húmido e árido. Foram formados vários
depósitos recentes, nomeadamente areias ocres, que fazem a separação de rios adjacentes
(interflúvios), depósitos de vertentes, terraços fluviais, aluviões, entre outros.

Figura 26 – Esquema simples, apresentando os tipos de depósitos secundários com possível concentração de
diamantes. Baseado no esquema sobre os tipos de depósitos secundários de diamantes, segundo Moisés (2003).

5.4. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS CONTINENTAIS RECENTES


A principal razão da formação de um depósito mais recente está relacionada com a
ocorrência de deformação na plataforma continental. Neste contexto, basta que exista uma
deformação por inclinação, orientando assim a corrente dos rios e ribeiros, contribuindo assim,
para este tipo de depósito.
No que se refere ao caso das Lundas, a NE de Angola, podemos dizer que a presente região
foi submetida a um levantamento, dado o afundamento da sinclise (NE Angola/Congo), cuja
geomorfologia sofreu deformação adquirindo uma inclinação para norte.
Desta forma, os depósitos mais recentes podem ser apresentados por diversas caracterizações
geológicas, os quais podem ser observados na figura 26, nomeadamente:
- Depósito de Colina: são depósitos que ocorrem devido ao surgimento de elevações de terrenos,
a cota acima do limite morfológico dos possíveis depósitos de Lezíria. De referir que, estes
depósitos pertencem maioritariamente à Formação de Calonda, e quando mineralizados
apresentam grande interesse económico, atingindo maior importância quando assentam
directamente no complexo de base. Podem também assentar sobre a superfície de aplanação do
Sistema de Kalahari;
- Depósito de Vertente: podemos encontrar este tipo de depósito em zonas de vertente de
superfícies que estão mais elevadas. São muito importantes a nível económico, a apresentação
dos detritos angulosos que provêm da desagregação e meteorização de rochas graníticas ou com
cascalho Plio-Pleistocénico que provêm de fontes primárias. Estes depósitos podem ser
resultantes de diversos processos de erosão, podem ser provenientes directamente do kimberlito,
como também do Sistema de Kalahari inferior, Formação de Calonda e conglomerados de base;
- Depósito de Terraço: o aparecimento dos depósitos de terraço relaciona-se com as alternâncias
climáticas que ocorreram durante o período Quaternário, que provocaram o abaixamento dos
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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leitos dos rios associado também, a fenómenos tectónicos. Estes têm como característica
principal o pouco ou nenhum trabalho fluvial, apresentando-se com seixos quartzíticos numa
matriz argilosa vermelha e parcialmente laterizado;
- Depósito de Lezíria: estes depósitos apresentam de um forma geral, teores económicos muito
importantes de exploração, sendo datados do período Quaternário. Os depósitos mais
importantes assentam por cima da rocha base, apresentando um cascalho diamantífero, seguindo
de certa forma a seguinte sequência: quartzitos e seixos quatzíticos, sedimentos arenosos e
sedimentos pelíticos;
- Depósito de Rio/Ribeiro: os depósitos desta natureza têm uma relação com toda a estrutura
geomorfológica. Podemos encontrar depósitos diamantíferos em meandros, bem como em vales
mais estreitos e sinuosos. Os cascalhos desses depósitos são essencialmente compostos por um
conjunto de sedimentos, nomeadamente, quartzo, com seixos arredondados de rochas ígneas
(eruptivas, granitóides), rochas metamórficas, e grés polimorfo principalmente do Sistema de
Kalahari.

5.5. SOBRE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS DE DIAMANTES EM ANGOLA


Os depósitos secundários em Angola estão localizados um pouco por todo o País. Podemos
observar no capítulo 4, figura 19, localizações em Angola, de áreas de maior concentração de
diamantes quer de depósitos primários bem como secundários continentais associados.
Os rios e ribeiros do NE de Angola, província das Lundas, são locais de grande interesse
económico, são também os que mais foram estudados. Desta forma, podemos apresentar com
grandes potencialidades os rios Cassai (Kassai), Luembe, Luena, Chiumbe, Luachimo, Lóvua,
Luxico, Luangue, Chicapa, Luo, Lapi, Cacuilo, Kwango (Cuango), Lué, entre muitos outros rios
e ribeiros afluentes com grande interesse económico.
Existem também outros locais de grande interesse em Angola, nomeadamente:
- Na região de Andulo, centro de Angola na província de Bié, Huambo, Cuanza Sul, entre os rios
Kwanza (Cuanza) e Gango e seus rios e ribeiros afluentes para NW.
- Na região de Huambo, na província de Huambo no centro de Angola, o rio Cunene, Cubango e
os seus rios e ribeiros afluentes.
- Na região de Cuvango, Chitembo e Kuito, região centro de Angola, província de Huila, Bié e
parte NW da província de Cuando Cubango, o rio Cubango, Kuanza (Cuanza) e os seus rios e
ribeiros afluentes.
- Na região de Cuvelai, no centro-sul de Angola, província de Cunene e sul da província de
Huila, o rio Cunene, e rios e ribeiros entre o rio Cunene e o Cubango.
- Na região entre Nankova e Mavengue, na região a SE de Angola, província de Cuando
Cubango, o rio Cuito e seus rios e ribeiros afluentes.
- Na região entre Cangamba, Lumbala N’Guimbo, Chiume, Mavinga e Cangombe, na região a
SE-centro de Angola, na província de Moxico, rio Kwando (Cuando) e os seus rios e ribeiros
afluentes, bem como são importantes os rios e ribeiros que passam a fronteira para desaguar no
rio Zambeze, na Zâmbia.
- Na região entre Lutuai e Cassamba, na região a SE-centro de Angola, na província de Moxico,
rios e ribeiros que se deslocam para E/SE que passam a fronteira para desaguar no rio Zambeze,
na Zâmbia.
- Na região de Cazombo, a E de Angola, na província de Moxico, rio Zambeze e os seus rios e
ribeiros afluentes.

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Figura 27 e 28 – A primeira imagem (esquerda) de satélite retirada do Google, mostra uma concessão de depósitos
secundários muito perto da Vila de Calonda, Lunda Norte, com uma altitude de ponto de visão de 8,20 km, nas
coordenadas 8º28’58.08” S e 20º32’19.53” L. A segunda imagem (direita) de satélite é retirada também do Google,
mostra uma exploração de depósitos secundários efectuada por garimpeiros na Lunda Norte, com uma altitude de
ponto de visão de 466 m, nas coordenadas 9º11’27.68” S e 20º20’27.68” L.

Na região a E/SE de Luanda e como já referido anteriormente, existem muitos registos de


aparecimento de diamantes em depósitos secundários. O exemplo disso, é o aparecimento de
diamantes em sedimentos na zona do futuro aeroporto de Luanda, na estrada de Viana e Catete.
Desta forma, a probabilidade de existência de kimberlitos perto de Luanda é grande. Poderão
ocorrer na província do Bengo, a sul da província do Cuanza Norte e no Cuanza Sul.
Quanto aos depósitos secundários de diamantes em Angola, podemos dar um exemplo com
base num estudo ocorrido a 25 km a norte de Catoca, tendo por objectivo melhorar o contexto de
entendimento sobre as potencialidades das ocorrências em Angola. Estes depósitos, assentam em
cima da Formação de Luana e são constituídos por gnaisses e migmatitos. Estes são cobertos
pela Formação de Calonda, constituída por conglomerados polimíticos, e depósitos da Formação
de Kalahari com tonalidade vermelha e castanho claro de areias e margas. Os depósitos do
Holocénico, ocupam os depósitos dos vales e rios. Em várias campanhas de amostragem foram
encontrados diamantes nos depósitos do Cretácico e do Holocénico, mas também foram
encontradas evidências em terraços e depósitos sub-Holocénico de cascalhos, bem como em
aluviões, bancos de areia, canais de areia e depósitos de meandros, entre outros.
Os depósitos secundários podem ter uma grande produtividade. Como exemplo de uma área
que foi estudada detalhadamente por uma empresa Australiana, temos o rio Lapi “Garimpo”.
Esta área concessionada centrada em 1500x200 m de bloco tem cerca de 188,1 mil quilates de
diamantes. Um estudo de prospecção na área do rio Lapi, mais concretamente na sua drenagem
contém um depósito diamantífero avaliado em 3790 milhões de quilates. No vale do Rio
Chicapa, outra área de interesse, foi identificada no plano aluvionar de 2880 milhões de quilates
e noutros pontos de depósitos de barra cerca de 1920 milhões de quilates.
Nas concessões de exploração e após vários estudos efectuados, não são analisadas todas as
potencialidades. Neste contexto, centramos a nossa atenção numa determinada área, na qual
existiu um determinado interesse de exploração. No entanto, não devemos ficar somente por
aqui. Devemos, certamente, iniciar a exploração logo que possível e desde que as várias
condições o permitam, mas continuar sempre com os diversos estudos necessários para se obter
toda a informação possível da área de concessão. Por vezes, podem ocorrer outras
potencialidades como chaminés kimberlíticas, diques, camadas da Formação Kalahari,
sedimentos Holocénicos e divisões interfluviais, depósitos eluvionares e de terraço com
interesse, entre outros.
A título de exemplo, os recursos de depósitos secundários de diamantes acima da exploração
de Catoca, a cerca de 45 km de Saurimo, na concessão C9, figura 29, existem várias áreas alvo
nos seguintes cursos de água:

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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- Rio Lapi (Garimpo): a área estudada tem dimensões de 1500 por 200 m, dentro da qual foram
retiradas amostras de poços antigos, solos não perturbados e “bed-rock”. Dentro da área, a
espessura média da sobrecarga é da ordem dos 0,75 m, 1,25 m de cascalhos e 0,25 m de
penetração de base rochosa. A quantidade de diamantes recuperados variou de 0,30 quilates/m3
no antigo material escavado e 0,90 quilates/m3 no solo não perturbado, sendo a média para todos
os estudos de 0,627 quilates/m3. Desta forma, o volume de cascalho diamantífero disponível
neste bloco é 1500x200x1,25 = 375 mil m3, sendo um grau médio de 0,627 quilates/m3. Esta
medida representa um recurso de 235,1 mil quilates. Poderá ser um valor baixo, dado que o
método utilizado é do tipo prospecção garimpeiro, e este método garimpeiro recupera em média
aproximadamente 40% das pedras, sendo o verdadeiro valor dos recursos muito maior. Desta
forma, um processo de extracção recupera cerca de 80% do material, assim o recurso medido
recuperável deve ser 188,1 mil quilates. Existem outras áreas-alvo que estão presentes na área do
rio Lapi, utilizando a espessura estudada, o grau e a recuperação, foi possível calcular o recurso
correspondente a cada área-alvo, indicados no quadro seguinte:

Recursos
Alvo Comprimento (m) Largura (m)
(quilates)

A 1.200 700 564 480

B 1.900 800 1 021 440

C 1.200 500 403 200

D 900 1.200 725 760

E 2.000 800 1 075 200

TOTAL = 3 790 080


Quadro 7 – Recursos do Rio Lapi, resumo, segundo Michael Smith (2004).

Várias outras estruturas estão presentes na bacia do rio Lapi, nomeadamente depósitos
eluvionares, terraços e relíquias internas de depósitos aluvionais.
- Rio Chicapa: o vale do rio tem altas perspectivas de diamantes, incluindo depósitos a jusante
da convergência do Lapi e Chicapa, onde existe um complexo meandro, sendo um objectivo
primordial numa exploração. A colheita de amostras indicou graus de percentagem de diamantes
comparáveis com o Lapi (Garimpo). O volume de sedimentos nesta área é de aproximadamente
4 milhões de m3 e com uma colheita de 0,6 quilates/m3 a 80% de valorização, isto representa um
recurso de 1920 mil quilates.
No que se refere aos depósitos aluvionares em todo o rio Chicapa existe um extenso plano
aluvionar. A colheita de amostras nestes planos, à superfície, tem rendido cerca de 0,20-0,30
quilates/m3. O presente valor é baixo, dada a quantidade de areia e cascalho que pertence à área
do campo kimberlítico do Catoca, e esta quantidade ser susceptível de aumentar com a
profundidade. Estes dados só poderão ser confirmados após um trabalho de prospecção. O
presente depósito contém aproximadamente 12 milhões de m3 de areia e cascalho e assumindo
um baixo grau de diamantes, cerca de 0,30 quilates/m3, calculando 80% de valorização, isto
representa um recurso com 2880 milhões quilates. Relativamente ao canal do rio Chicapa e seus
rápidos, não existem muitos dados sobre a prospecção, mas os valores médios de recolha de
diamantes na dragagem do leito de rio são de 0,20-0,25 quilates/m3 nas zonas adjacentes a
jusante, enquanto que a quantidade de recolha pode chegar aos 2,3 quilates/m3 a montante dos
rápidos.
- Rio Luo: nenhuma prospecção foi efectuada neste rio até ao momento, mas existem escavações
de recolha artesanal de diamantes, existindo a probabilidade de grandes concentrações de
diamantes nesta área, bastando, para isso, confirmar com os diversos estudos necessários. Todos
estes estudos têm de ser sujeitos a mais investigação e fornecem a base para a avaliação de toda a
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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área. Estas áreas foram avaliadas através da avaliação de poços cavados à mão e os cascalhos
obtidos foram lavados à mão.

Figura 29 – Concessão C9 na Lunda Sul, da Angola Resources (PVT) Ltd, pertencente à New Millennium
Resources Limited, Perth, Western Austrália e elaborado por Michael Smith (2004).

5.6. MÉTODO DE MINERAÇÃO CONTINENTAIS


A extracção do minério proporciona opções de flexibilidade na escolha da localização
mineira com o mínimo de perturbação ambiental. O método mineiro que é proposto neste tipo de
exploração envolve a utilização de escavadora para recolher e carregar camiões de várias
toneladas de capacidade, executando o transporte do cascalho diamantífero à unidade de
transformação. No regresso, os camiões são preenchidos com materiais rejeitados da unidade de
processamento, que serão devolvidos à zona mineira já trabalhada, para enchimento da zona
mineira que fora explorada. Estas explorações podem ser executadas em minerações que estejam
secas ou molhadas. As condições de exploração deve alterar significativamente de acordo com
os períodos de chuva forte, e nestas condições a mineração deve ser deslocada para uma zona
mais adequada. Assim, em condições de chuva a exploração tem continuidade, dado que
podemos utilizar a nossa capacidade selectiva na concessão de uma exploração e contornar os
obstáculos, como por exemplo, mudar a mineração para áreas onde não há água subterrânea
como terraços, depósitos eluvionares, e depósitos de vertente.
A exploração mineira seca tem vantagem e capacidade para minimizar a introdução de
sedimentos no sistema de drenagem, pois opera de forma isolada deste último, não aumentando a
turvação das águas. Podemos em alguns dos casos proceder à construção de estradas de acesso
para a zona de secagem mineira daí resultando o aumento da degradação do ambiente mineiro.
A escavação mineira em água tem a vantagem de remover o tamanho do material
desproporcional no local, que é imediatamente devolvido à mina, colocando estes sedimentos em
locais onde já foi efectuada a exploração. Quanto à necessidade de se manter uma draga na
lagoa, pode verificar-se que exista material que não contenha mineração de diamantes, dado a
dificuldade de levar as terras mineiras para cima ou para os terraços elevados e da falta de
flexibilidade na nova escolha da localização da mina, alterando-se assim as condições de
exploração. A manutenção de uma draga na lagoa garante que nos charcos de água onde estão
presentes finos carregados com o material, tem a capacidade de interagir com o sistema de
drenagem da água e aumentar assim a turvação. A dragagem é mais utilizada para as minas
diamantíferas de minério de canais fluviais existentes e áreas adjacentes aos canais dos rios
actuais que não tenham sido extraídos utilizando técnicas de exploração da mineração seca. A
dimensão adequada da dragagem é realizada de acordo com a necessidade da mesma.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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5.7. DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS MARINHOS


A exploração de depósitos marinhos para obtenção de diamantes teve início em 1971 na
costa da África do Sul. Somente duas décadas depois é que se deu início à mineração de zonas
com quantidades económicas. A exploração de depósitos secundários de diamantes em
condições marinhas é efectuada através de prospecção, recolha de amostras e operações de
mineração utilizando um navio ou barco a uma profundidade superior a 130 m. Variadas formas
de prospecção são utilizadas para estes estudos tais como observação visual, sequências de
filmagens para identificação animal, amostras das camadas marinhas, imagens de pesquisa
utilizando um sonar, recolha de informação de perfis de fundo e sub-fundo. A colheita de
amostras envolve a remoção das camadas marinhas utilizando uma tecnologia de perfuração
vertical (Mega-drill ou Deca-drill), em que as brocas estão equipadas com rodas de aço e
cortadores. Cada navio tem uma perfuradora acoplada, onde as rochas e sedimentos são extraídos
do leito oceânico através de uma abertura central para a superfície, utilizando uma série de tubos
e ar comprimido. A recolha da mineração é efectuada com uma determinada malha, utilizando
círculos sobrepostos para maximizar a produtividade mineral e só são recolhidos sedimentos não
consolidados. Após o processo de recolha, os sedimentos são passados através de telas de
triagem de materiais desproporcionais, são separados, e o que não interessa é devolvido ao mar.
Esse material é misturado com ferro-silício, a única substância acrescentada ao sedimento na
embarcação onde é bombeado sob pressão num ciclone de alta densidade, para que desta forma
se separe o material de baixa densidade do restante material. A maior parte do ferro-silício é
recuperada para nova utilização. A fracção de baixa densidade é encaminhada também para o
mar, ao passo que a fracção de maior densidade é seca e é passada por uma unidade de raio-x
com separação de partículas fluorescentes, incluindo os diamantes. O que não interessa é
devolvido ao mar e ao subsolo marinho. A fracção fluorescente é colocada em latas fechadas,
lacradas e transportadas para terra sob fortes condições de segurança.
Os resultados da exploração têm um impacto no ambiente marinho. Altera o habitat natural e
consequentemente os organismos que estão nas camadas marinhas, pois com a mineração é
retirado o minério e recoberto com sedimentos provenientes da triagem da área explorada,
afectando significativamente o ecossistema.
Na figura 30, podemos observar uma representação dos depósitos primários e dos
secundários com referência aos depósitos marítimos.

Figura 30 – Mapa de Angola representando os depósitos primários e os secundários com referência aos depósitos
marítimos. Imagem retirada da Diamond Industry, Annual Review – Republic of Angola 2004.
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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6. CHAMINÉ KIMBERLÍTICA DA SOCIEDADE MINEIRA DE CATOCA


A chaminé de Catoca foi descoberta pelos garimpeiros em 1968 através de um placer no
ribeiro do Catoca e do rio Lova. Após a descoberta, a Companhia Diamang desenvolveu o
trabalho de pesquisa geológica terminando em 1972. Os dados sobre os volumes e resultados da
pesquisa geológica pela Diamang, foram na altura inconclusivos e praticamente inexistentes,
embora se saiba que foram abertos várias dezenas de poços nos ribeiros de Catoca, rio Lova e
dos seus afluentes (Luite e Camitongo) e na chaminé de Catoca. Foram tratados mais de 2000 m3
de amostras de cascalho, bem como sondagens de pequeno e grande diâmetro na chaminé de
Catoca e vários milhares de m3, em que existe informação que no decorrer do tratamento das
amostras foram recuperados 56,5 mil cristais de diamantes, com um peso total de 4930 quilates.
A partir de 1970, os placeres exploravam-se intensamente, até que no ano de 1995, foram
completamente exploradas todas as reservas prospectadas nos placeres da área do Lova e da
ribeira de Catoca.
Assim, várias foram as companhias que efectuaram estudos para o desenvolvimento mineiro,
destacando a Companhia Diamang que não atribuiu à chaminé de Catoca a importância dum
objecto de exploração eficiente. Entre 1985 e 1987, a Companhia Mats, a pedido da Endiama,
procedeu a uma revisão dos resultados da pesquisa geológica realizada pela antiga Diamang.
Mas a elaboração do estudo de viabilidade técnico-económica do kimberlito de Catoca, pelos
especialistas da APPC “Iakutalmaz”, destaca no jazigo um bloco como aceitável para a
exploração, mas contudo era necessária uma prospecção geológica mais detalhada.
Diamang Mats APPC “Iakutalmaz”
Volume do minério 47,8 milhões de m3 62 milhões de m3 32,6 milhões de m3
Teor médio de diamantes 1,04 quilates/m3 1,13 quilates/m3 1,2 quilates/m3
Reservas de diamantes 49,7 milhões de quilates 70 milhões de quilates 39,1 milhões de quilates
Somente em 1997, no terceiro ano de funcionamento da Sociedade Mineira de Catoca,
quando teve início a exploração do jazigo diamantífero, foi realizada também mais uma fase de
trabalhos de pesquisa geológica, com o objectivo de ter uma avaliação de reservas de diamantes
até a profundidade de 600 m. A prospecção detalhada na chaminé terminou em 2001,
concluindo-se que as reservas diamantíferas prospectadas apresentavam um volume de recursos
disponíveis para 40 anos de extracção, com um potencial de 300 milhões de toneladas de
minério. Actualmente, a Sociedade Mineira de Catoca, tem uma capacidade de tratamento de
minério de 8 a 10 milhões de toneladas por ano e uma recuperação de diamantes com cerca de 6
milhões de quilates/ano.
Este kimberlito é o quarto maior do mundo e o maior conhecido até ao momento em Angola.
A Sociedade Mineira de Catoca, é uma empresa angolana de prospecção, exploração,
recuperação e comercialização de diamantes, constituída pelas seguintes empresas: Odebrecht,
Alrosa, Daumonty e Endiama.
No período de estudo para a presente dissertação na Sociedade Mineira de Catoca, realizou-
se um levantamento geomorfológico e tectónico da chaminé kimberlítica de Catoca. Foram
recolhidas algumas amostras representativas com o intuito de serem estudadas em laboratório
(RX, petrografia, etc…). No entanto, as amostras nunca foram enviadas para o Departamento de
Geociências da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Provavelmente, à dificuldade que existe em obter autorização por parte do Ministério de
Geologia e Minas do Governo de Angola, para sair qualquer amostragem do Pais. Assim, toda a
descrição que é relatada no presente capítulo deve-se à análise de campo realizada e de alguns
relatos de técnicos da Sociedade Mineira de Catoca.
O presente estudo efectuado está representado numa descrição dos pontos seguintes, bem
como por uma carta geológica e tectónico-estrutural, em anexo.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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6.1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA


A chaminé kimberlítica de Catoca situa-se no NE da República de Angola. A área de
concessão da Sociedade Mineira de Catoca encontra-se numa região situada nos limites entre as
Lunda Norte e Sul, a cerca de 30 km a Norte de Saurimo e ocupa uma área de 340 km2. A
mesma, é delimitada pelas coordenadas: 20º15’00” a 20º24’15” de longitudes este, e 9º18’00” a
9º29’20” de latitudes sul. As coordenadas geográficas da chaminé de Catoca são: 20º18’ de
longitude este e 9º25’ de latitude sul. A região da área de concessão representa uma planície do
planalto da Lunda, com a inclinação geral da superfície para N, e com as cotas absolutas de 1078
a 1036 m nos interflúvios e de 1000 a 900 m nos vales dos rios. Todo este território e o da
concessão, representam sobretudo uma savana típica, uma estepe tropical com uma abundante
cobertura herbácea com árvores e arbustos, que se apresentam mais abundantes nos vales dos
rios.
A rede hidrográfica da região está também orientada para N, onde se ligam na República
Democrática do Congo ao rio Congo, e são nomeadamente os rios Luembe, Chicapa, Luachimo,
Chiumbe, Luxico entre outros menos importantes. Todos estes rios apresentam vales abertos e
têm formas de U e V.
A chaminé de Catoca encontra-se na margem direita do rio Lova. O presente rio desagua no
rio Chicapa. O jazigo foi encontrado numa caldeira de erosão natural, no qual a ribeira de Catoca
erodia a própria chaminé no lado Oeste.
No que respeita às cotas do relevo na superfície envolvente à intrusão, estas rondam 1065 m
na parte mais para E e 950 m no leito do rio Lova.
O clima da região é tipicamente tropical, existindo duas estações típicas durante o ano, isto é,
a época das chuvas (Agosto a Maio), e a estação seca (Maio a Agosto). A temporada mais
chuvosa ocorre nos meses de Novembro a Março. As temperaturas máximas podem atingir os
37ºC e as mínimas atingem os 11ºC, incidindo as mesmas na estação seca.
Após análise dos materiais, estes evidenciam que o jazigo tem uma estrutura interna
complexa, e são destacados vários tipos de kimberlitos. Na parte central da chaminé foi
encontrada uma cavidade no maciço de kimberlitos intrusivos até uma profundidade com mais
de 100 m, aparecendo variedades kimberlíticas muito diamantizadas, redepositadas, inter-
estratificadas com as rochas puramente sedimentares.

6.2. ESTRUTURA GEOLÓGICA DA REGIÃO


A presente estrutura situa-se na parte SW do escudo do Cassai, constituída por rochas de
base, com formações desde o Arcaico até ao Proterozóico. Podemos referir que existem também
outros complexos de rochas de plataforma, compreendendo o Neo-Proterozóico e o Paleo-Meso-
Cenozóico.
O Complexo do Arcaico compreende assim, as rochas da série metamórfica das fácies
granulítica e anfibolítica do metamorfismo regional, nomeadamente constituídos por, gnaisses,
xistos cristalinos, anfibolitos, e mais raramente constituídos por: a) eclogitos, quartzitos,
leptinitos (rocha metamórfica clara associada a minério escuro) e quartzitos ferruginosos; b) por
enderbito (rocha do grupo charnockítico, rica em plagioclase) e tonalitos (granitóide rico em
biotite e anfíbolas) da zona de granitização metamórfica; c) por tonalitos, migmatitos, granitos,
enderbitos e charnockitos (série magmática e metamórfica do tipo granulito); d) por rochas
metassedimentares da fácies anfibolítica e dos xistos verdes. Dentro dos limites do escudo do
Cassai, estas rochas metassedimentares referem-se à parte superior do complexo basal, ou
também à parte inferior das séries metamórficas do NE de Angola.
No Proterozóico Inferior (Paleo-Proterozóico), nomeadamente o Grupo da Lunda são rochas
metamórficas com origem sedimentar, que aparecem de forma discordante sobre as rochas do
Arcaico. A norte da mesma região, na base dessas rochas é observada uma alternância de
gnaisses, xistos anfibolíticos e leptinitos. Mais acima, na estratigrafia, ocorrem os xistos com
conglomerados, quartzitos e rochas carbonatíticas silicificadas. A parte superior é composta por

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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conglomerados, xistos, grauvaques e grés. Na parte sul da mesma região, estão representados por
xistos argilosos, quartzitos, arcoses, chertes e grés, cortados por intrusões de gabros e doleritos.
Nos estudos efectuados, a informação geológica recolhida informa que não existem até ao
Cretácico, formações geológicas na área de Catoca, embora se destaque a existência na parte
norte do escudo de Cassai, de sedimentos do Triásico, pertencentes ao sistema karroo e sistema
intercontinental.
No Mesozóico, os sedimentos continentais do Cretácico, isto é, a Formação Calonda
encontra-se preservada dentro dos limites de base e possuem uma especial importância, dado que
é aqui que se encontram os grandes placeres diamantíferos secundários. Estas formações estão
situadas mais a norte, a NE de Angola.
Acima destes apresentam-se os sedimentos do Kalahari, com uma plataforma de inclinação
para norte, o qual pode rondar como espessura nesta região os 50 a 150 m.
Nos sedimentos, possivelmente do Paleocénio-Eocénio, no Terciário, referente ao Grupo de
Kalahari, são caracterizados por um desenvolvimento de laterites que se formaram na superfície
das peneplanícies depois do Cretácico. As mesmas, estão representadas por arenitos polimorfos,
e vários tipos de conglomerados de diversas cores como, branco, amarelo, violeta e vermelho.
Os sedimentos, provavelmente do Eocénico-Pliocénicos, também no Terciário, e
pertencentes ao Grupo Kalahari, são constituídos essencialmente por areias, argila, e níveis de
formações argilo-arenosas e cascalhentas, podendo esta última apresentar algum teor de
diamantes.
Os sedimentos do Quaternário, são essencialmente formações dos fundos de correntes
fluviais do tipo aluvial e diluvial, isto é, de lezíria, mas também de vertentes, de terraços, os
quais podem ser observados na figura 26 do capítulo 5. Estes sedimentos são representados por
cascalhos, areias, areias argilosas, e cuja espessura pode variar desde os 0,15 cm até mais de uma
dezena de metros. As presentes fácies mais cascalhentas de algumas correntes fluviais, como é
exemplo do Lova no Catoca, entre outros exemplos, podem estar relacionadas com placeres
diamantíferos.
Estas ocorrências kimberlíticas do Cretácico segundo Reis (1972), encontram-se numa zona
regional de fracturas, chamado Corredor de Lucapa e que tem a direcção submeridional, cuja
extensão atinge os 1200 km de comprimento e cerca de 55 a 85 km de largura. Na parte sudoeste
desta estrutura, para além dos kimberlitos, são muito frequentes os corpos do tipo carbonatítico e
de rochas de composição mais alcalina.
As intrusões kimberlíticas desta região, localizam-se segundo as zonas de cruzamento das
fracturas regionais características, apresentando-se a primeira com direcção NE, e a segunda com
uma direcção mais a NW, mas estão ligadas a um sistema de falhas de periferia, hospedado em
rochas do Precâmbrico e recobertos por depósitos sedimentares do Meso-Cenozóico, segundo
Janse e Sheahan (1995).

6.3. ESTRUTURA GEOLÓGICA DO JAZIGO


A chaminé do Catoca pertence ao grupo das intrusões kimberlíticas do Cretácico. Apresenta
a sua localização na parte Oeste do escudo Cassai, o qual é composto pelo Complexo
Precâmbrico. A rocha encaixante da chaminé é constituída essencialmente por gnaisses do
Precâmbrico de diferentes composições e graus de meteorização, onde as rochas sobrejacentes,
de cobertura, são sedimentares, da formação de Kalahari.
Para além dos kimberlitos propriamente ditos, as rochas vulcano-sedimentares diamantíferas,
da fácies de Cratera, estão de certa forma geneticamente ligadas à formação do próprio corpo
mineralizado. Deste modo, a chaminé está representada pelos seguintes tipos principais de
rochas:
- kimberlitos brechóides maciços;
- kimberlitos brechóides autolíticos;
- tufos kimberlíticos, brechas tufáceas e gravelitos com intercalações de arenitos tufáceos;
- arenitos, tufos areníticos, aleurolitos (siltitos) e argilitos;
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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- rochas kimberlíticas da zona de transição e do substrato do complexo vulcano-sedimentar, com


os xenólitos de gnaisses encaixantes (zona xenolítica).
Podemos observar as fotografias com a vista geral do kimberlito de Catoca, nas fotos 1 a 16 em
anexo.

6.3.1. AS ROCHAS ENCAIXANTES


A principal rocha encaixante que existe na presente intrusão, está representada pelo gnaisse.
Desta forma, os mesmos são constituídos por gnaisses feldspáticos com piroxenas, apresentando
veios e intercalações quartzíticas, com algumas faixas mais xistosas com quartzo e biotite, bem
como com manifestações de saprólitos, isto é, apresenta-se nalguns locais completamente
decomposta mas que permaneceu “in situ” sem que os seus produtos tenham sido deslocados
mecanicamente. As rochas encaixantes apresentam, no contacto com os kimberlitos, um ângulo
muito acentuado com as paredes muito inclinadas e, por vezes, apresentam-se sub-verticais.
Na zona W e SW, onde ocorreu erosão da chaminé de Catoca devido a actividade da ribeira
de Catoca, os gnaisses que aparecem à superfície apresentam-se muito meteorizados, e a
espessura dos mesmos poderá atingir algumas dezenas de metros. A presente ribeira poderá ter
aparecido devido à ocorrência de falhamentos no local.
Como curiosidade pode referir-se que a cota do topo do gnaisse é coincidente com as cotas
da superfície da chaminé kimberlítica, que não apresentam nenhum desnível acentuado,
apresentando assim uma altitude que se centra dos 960 aos 980 m.
Podemos observar as fotografias do gnaisse (rocha encaixante) e do contacto entre os
gnaisses e os tufos kimberlíticos brechóides nas fotos 17 a 25 e 30 em anexo, bem como o
contacto entre o gnaisse e a Formação Kalahari nas fotografias 26 a 29 e 31 em anexo.

6.3.2. SEDIMENTOS SOBREJACENTES


Os gnaisses e kimberlitos da chaminé estão cobertos por uma camada sedimentar com
alguma espessura de sedimentos do Terciário, isto é, sedimentos do Grupo Kalahari.
Nos limites da chaminé kimberlítica de Catoca, a norte, este e sul da mesma, a espessura de
cobertura arenosa centra-se entre os 40 e os 55 m, mas a espessura cresce logo após e à medida
que nos afastamos dos limites da chaminé. Na zona oeste, no vale do rio Lova, as rochas
sobrejacentes provêm do eluvião dos gnaisses e são constituídos por grés com uma espessura
inferior a 5 m.
A camada inferior sobrejacente aos gnaisses e kimberlitos do Catoca, está representada por
areias e areias argilosas de média densidade e friáveis, de cor acastanhada, com níveis mais
brancos de caulino, ao qual os técnicos da sociedade chamam areias interformacionais. As areias
apresentam-se com uma textura fina e por vezes contêm intercalações sub-horizontais de argilas
cinzentas e acastanhadas, muito resistentes e densas, com espessura que pode atingir os 0,05 cm
a 2 m. Nos intervalos podem encontrar-se alguns conglomerados siliciosos, apresentando
características de rolamento que podem ir de rolados a bem rolados.
A camada superior está representada por areias da Formação Kalahari, de cor cinzenta a
avermelhada, com textura fina, raramente argilosa, com boa ligação entre as areias e fracamente
cimentadas, mas contendo uma pequena resistência estrutural que perdem quando estão
molhadas. As presentes areias, têm estrutura compacta na base da sua camada e têm pelo menos
um horizonte com uma espessura que pode atingir os 2 m de camada com seixos, apresentando
um preenchimento areno-argiloso e argilo-arenoso. Curioso, é também a forma como se
apresentam, dado que as cotas dos referidos horizontes sobem à medida que nos afastamos da
chaminé do Catoca. Pois, junto aos limites da chaminé, os seixos permanecem nas cotas dos 970
m, mas a uma distância de 200 m do limite da chaminé encontramo-los à cota dos 995 m.
Na parte superior das camadas sedimentares do Kalahari, encontramos alguns blocos com
alguma dimensão de um arenito aglomerado com o cimento silicioso. Os técnicos do
Departamento de Geologia da Sociedade Mineira de Catoca, referem que aqueles também

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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apareciam por cima da intrusão e que era desconhecida a idade desses arenitos. Desta forma os
mesmos podem ter idade idêntica às areias encaixantes. Provavelmente, a sílica derivou das
soluções siliciosas dado à compressão das argilas.
No interior dos limites da chaminé de Catoca a espessura das areias de Kalahari não tem
grandes variações e não ultrapassa as três dezenas de metros, já que as areias interformacionais
variam bastante, tanto na espessura como nas propriedades físicas. Na camada superior e debaixo
das areias Kalahari foram encontrados os blocos de arenitos com o cimento silicioso. Numa zona
mais intermédia das areias, encontramos entre as cotas de 950 a 940 m as areias finas com
alguma compactação, homogéneas, de cores variadas com predomínio de tonalidades amarelas.
De acordo com a informação dos técnicos do Departamento da Sociedade Mineira de Catoca, a
parte mais inferior a que se encontram as presentes areias atingem a profundidade de 130 m,
apresentando-se compactas corresspondendo até a um arenito fracamente litificado, de cor
castanha, fissurado, com estratificação e com uma pequena inclinação.
Podemos observar tal facto nas fotografias 26 a 59, em anexo.

6.3.3. MORFOLOGIA E ESTRUTURA INTERNA DO CORPO


MINERALIZADO
A chaminé kimberlítica de Catoca é um corpo caracterizado por um conjunto de vários
ambientes morfológicos e de vários tipos de rochas kimberlíticas, que podem ser observadas nas
fotografias anexadas. A chaminé de Catoca apresenta parte da taça da cratera preservada, mas de
acordo com técnicos da Sociedades Mineira de Catoca, a maior parte dos corpos kimberlíticos de
Angola têm a chaminé e/ou parte da fácies da cratera e diatrema erodida.
A superfície do corpo mineralizado, isto é, a taça por baixo da formação sedimentar
subjacente do Kalahari não está completa com o material kimberlítico, ocorrendo fácies
Epiclásticas e camadas sedimentares.
De acordo com as informações prestadas pelos técnicos do Departamento de Geologia da
Sociedade Mineira do Catoca, as rochas kimberlíticas e as suas associações mais importantes,
devido à sua composição e característica diamantífera, estão divididas, de acordo com as suas
várias fácies, em três complexos estruturais mais importantes, que compõem três sectores
diferentes:
- A parte central do corpo mineralizado, até uma profundidade de cerca de 260 m está agrupada
pelas rochas vulcano-sedimentares com uma quantidade diamantífera importante, e por tufos
kimberlíticos brechóides (internos) com teores industriais muito importantes de diamantes
localizados na parte superior do complexo;
- O cinturão anelar da chaminé que é limítrofe com as paredes da taça da cratera, tem na sua
composição principal kimberlitos brechóides maciços e parcialmente tufos kimberlíticos
brechóides (anelares), contendo estes a maior quantidade de diamantes do jazigo.
- A parte central do corpo kimberlítico, abaixo da profundidade de 260 m, está representada por
kimberlitos brechóides autolíticos ou kimberlito principal, com características diamantíferas
próximas dos kimberlitos brechóides maciços.

Assim;

a) O sector da cratera está representado por um corpo em forma de taça, com forma arredondada
a oval. A superfície do corpo mineralizado, ocupa uma área de 238 km2, diminuindo à medida
que aumenta a profundidade da taça da chaminé. Os ângulos de mergulho das paredes da taça,
variam de certa forma de sub-verticais nas suas extremidades, até sub-horizontais junto ao fundo
da mesma e antes da diatrema propriamente dita. O tecto da taça tem forma côncava
apresentando as cotas máximas entre os 960 e os 840 m, e a cota mínima, no sopé da taça onde
aparecem os sedimentos da cratera tem cerca de 700 m.

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A maior parte do volume da taça da chaminé, tem provavelmente no seu conteúdo, mais de 50%
de sedimentos, nomeadamente arenitos estratificados com textura e granulação diferente, e tufos
arenitos apresentando uma composição mais quartzítica, com impregnação de material
kimberlítico.
Mas também são observadas sequências sedimentares de grão fino, isto é, de aleurolito ou
alevrolito, bem como tufos aleurolitos e argilitos desenvolvidos em forma de corpos lenticulares
ou estratiformes, sobretudo no SW e na parte central da taça, onde estão relacionadas com os
arenitos mediante uma transição de fácies gradativa. Mais perto do centro da taça da chaminé, as
rochas alojam-se sub-horizontalmente. Nas extremidades da taça, a sua acomodação foi
dificultada pelos numerosos acidentes tectónicos. Deste modo, este material está dividido em
vários conjuntos e adquirem um mergulho bastante abrupto, que pode ir desde os 20 e os 30º até
aos 70 e os 80º, com a inclinação para o centro da chaminé. O ângulo do seu mergulho diminui
na direcção do centro à periferia da chaminé, fazendo o contacto com os kimberlitos brechóides
micáceos subjacentes.
Muito importante é o facto das rochas vulcano-sedimentares apresentarem no seu conteúdo
material kimberlítico, fácies Epiclásticas, e de serem diamantíferas, com maiores ou menores
quantidades em diamantes. Em outras localizações da Terra, nomeadamente nas intrusões
kimberlíticas da antiga União Soviética não aparecem diamantes nesta fácies.
No topo das rochas vulcano-sedimentares, imediatamente abaixo das areias interformacionais de
cobertura, aloja-se uma camada estratiforme de tufo kimberlítico brechóide (anelares) com
clastos grossos, com intercalações de tufos areníticos, e uma camada, neste topo, de gravelitos do
material depositado proveniente das mesmas brechas. A espessura dessas rochas pode rondar os
60 m. Por informação fornecida pelo Gabinete Técnico de Catoca, elas possuem teores de
diamantes muito altos e podem ter uma grande importância como recursos reservados de
minérios industriais. Estas rochas têm uma textura bandada irregular, com alternância das
estruturas de granulação desde as mais grossas até às de grão mais fino, de passagem lenta
indefinida aos tufos areníticos encaixantes. Nos espaços de contacto dos tufos brechóides com os
kimberlítos brechóides maciços, observam-se contornos nítidos e bem demarcados com
mergulho abrupto, os quais mais raramente são destacados por deslocamentos de pequena
amplitude dos tufos kimberlíticos brechóides para o centro da chaminé.
Os tufos kimberlíticos apresentam-se na parte superior e são rochas com tonalidade cinzenta, que
podem variar desde uma tonalidade esverdeada, lilás, violeta até uma tonalidade acastanhada. A
sua textura apresenta-se tanto como um maciço brechóide como também com estratificação
paralela, no qual o ângulo de inclinação da estratificação pode rondar até os 35º, e a espessura da
estratificação pode variar de alguns centímetros até alguns metros. Estes tufos são também
representados por detritos das rochas vulcano-sedimentares, rochas encaixantes de base e por
sedimentos arenosos que apresentam uma composição de quartzo e feldspato. O cimento de
preenchimento tem uma composição fina a muito fina, parecendo ser constituído por serpentina e
carbonatos. Podemos observar a olivina numa quantidade considerável e distribuição irregular.
São também visualizados lentículas de flogopite, bem como granadas do tipo piropo e
picroilmenite.
Os tufos kimberlíticos brechóides e as variações de tufos brechóides, têm clastos que podem
variar de pequenos e médios, até aglomerados, e mais raramente blocos, que assentam
principalmente acima dos kimberlitos brechóides autolíticos. Podemos dizer que o limite entre os
mesmos está pouco evidente e sendo este caracterizado por um conjunto xenolítico nos tufos
brechóide.

b) A estrutura periférica do anel da chaminé kimberlítica de Catoca é ocupada em grande parte


por kimberlitos brechóides com a textura maciça, bem como com as suas variedades mais
micáceas. Uma pequena percentagem é ocupada também por tufos kimberlíticos brechóides
(internos). Estas formações criam um maciço junto ao limite do anel, apresentando uma grande
inclinação, ao longo da parede da chaminé, isto é, com o gnaisse encaixante, podendo atingir
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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possivelmente os 80 a 85º. A ligação com a parte interna, isto é, com a zona do interior da cratera
é efectuada com as rochas vulcano-sedimentares.
Os contactos entre os kimberlitos brechóides maciços e as vulcano-sedimentares no interior são
observados como transições gradativas de uma para a outra, com a formação de uma zona de
transição. À medida que nos aproximamos da camada vulcano-sedimentar, os kimberlitos
brechóides adquirem uma textura do tipo camada estratificada, podendo atingir 1 m.
Apresentam, também, uma granulometria que vai de grãos finos até aos mais grossos. Aparecem,
também, materiais mais arenosos e argilosos, dando uma coloração que pode variar desde o
cinzento ao cinzento mais esverdeado, com algumas tonalidades mais vermelhas acastanhadas a
violetas. As rochas vulcano-sedimentares junto ao contacto com os kimberlitos brechóides
maciços, apresentam-se mais partidos e com deslocamentos bem visíveis que vaiam de alguns
milímetros a centímetros.
As relações referidas anteriormente, estão relacionadas com a intrusão activa do kimberlito
magmático na zona anelar, entre o gnaisse e as das rochas vulcano-sedimentar, e os abatimentos
da parte central das rochas vulcano-sedimentares. É de referir, também, a existência de várias
falhas que reflectem reajustes na estrutura do kimberlito.

c) De acordo com a informação do Departamento de Geologia da Sociedade Mineira de Catoca,


a parte central do corpo mineralizado foi identificado através de várias sondagens mecânicas
efectuadas na chaminé. Pelos resultados obtidos, o intervalo existente entre os 260 e os 600 m
em profundidade a partir da superfície da chaminé, permitiram concluir que esse intervalo da
chaminé representa um corpo colunar subvertical que se vai estreitando em profundidade. Este
intervalo, pertencente a fácies de diatrema, é composto por kimberlitos brechóides autolíticos ou
primários. As cores das rochas variam de cinzento esverdeado escuro a cinzento. A sua textura é
tipicamente porfirítica fina a média e a textura é autolítica.
Na zona mais superficial da fácies de diatrema, os kimberlitos brechóides autolíticos estão
saturados com clastos de gnaisses podendo ocorrer também com alguns metros de diâmetro,
dado que foram analisadas sondagens verificando-se a existência de gnaisses com 2 m de
diâmetro. Também nesta zona, existem numerosos veios de kimberlitos hipabissais (afaníticos)
que podem ir até 2 m de espessura.

6.3.4. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS ROCHAS KIMBERLÍTICAS


DA CHAMINÉ DE CATOCA
A chaminé kimberlítica de Catoca, é constituída principalmente pelos minerais primários,
tais como granadas do tipo piropo, ilmenite, clinopiroxenas e flogopite, para além dos diamantes.
- A olivina está na maior parte das vezes substituída por minerais secundários. As alterações
sobre a olivina, estão compostas por um agregado complexo de serpentina, clorite e carbonato.
- A flogopite, apresenta-se com um tamanho considerável, ocorrendo em maior quantidade nos
kimberlitos brechóides maciços micáceos, e em menores quantidades nos arenitos das rochas
vulcano-sedimentares. Exibem uma coloração cinzento amarelada, clara e verde, com brilho
vítreo.
- A picroilmenite, ocorre em forma de grãos irregulares isométricos, arredondados, angulosos, ou
fragmentados. Apresentam um brilho metálico de cor negra.
- As granadas, são observadas tanto como grãos independentes, como em agregados com
piroxenas (cromo-diópsido). As granadas estão representadas por grãos ou por fragmentos,
transparentes ou translúcidos, arredondados, frequentemente achatados. Os seus tamanhos
variam de fino até 5 mm. Apresenta um brilho vítreo com coloração que vai de violeta, vermelha
e vermelha alaranjada a amarela alaranjada e amarela.
- As piroxenas estão representadas por cromo-diópsido, apresentando uma cor verde a verde-
esmeralda, com brilho vítreo, com forma que varia de prismática a angulosa. As dimensões
observadas vão de 3 a 5 mm.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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- As cromo-espinelas, fazem parte da matriz dos kimberlitos, têm a forma de grãos isométricos,
octaedros, apresentando os vértices arredondados ou com arestas muito próximas, de cor negra
opaca.
- A magnetite é um mineral muito representado, e ocorre em grãos irregulares com brilho
metálico ou semi-metálico, de cor negra opaca.

Relativamente aos minerais secundários, o kimberlito é constituído pelos seguintes minerais:


- A horneblenda, que é observada nas rochas vulcano-sedimentares, nas quais ocorrem em forma
de cristais alongados prismáticos, apresentando uma cor verde escura com brilho vítreo,
transparente a translúcida.
- A calcite é mais característica nos kimberlitos brechóides com tonalidades brancas,
apresentando também tonalidades vermelhas e incolor, com brilho vítreo ou nacarado.
- A goetite (limonite), é opaca com tonalidades cinzentas a acastanhadas, e amarelas. Nestas
últimas algumas são porosas.

6.4. CARACTERÍSTICAS TECTÓNICO-ESTRUTURAIS


A estrutura do jazigo é composta por uma tectónica muito complexa e reproduz as fases da
sua formação. Esse aspecto está demonstrado na carta geológica e tectónico-estrutural, em
anexo. A mesma foi construída com base nos resultados de observações geológicas do
kimberlito, efectuados no decorrer do levantamento do jazigo. Os falhamentos que se
desenvolveram dentro dos limites do corpo podem estar muito ligados às fases finais de
formação do depósito, aquando dos processos de consolidação do núcleo da estrutura da parte
central da chaminé, preenchida pelo complexo vulcano-sedimentar.
Assim, na cratera existe grande desenvolvimento de acidentes tectónicos de ruptura,
nomeadamente por deslocamentos de blocos por desligamento, que podem ocorrer em alguns
metros ou dezenas de metros, sendo de maior visibilidade de inclinação, na parte central do
jazigo. A maior densidade de ocorrência de deslocamentos, é observada nas rochas que
compõem as chamadas zonas de transição, isto é entre os kimberlitos brechóides maciços e as
rochas vulcano-sedimentares, bem como nos lados confinantes de estrutura constituída
essencialmente pelas vulcano-sedimentares. A maioria dos limites geológicos entre os
kimberlitos brechóides e as vulcano-sedimentares, estão acompanhados por zonas de acidentes
tectónicos. Nas zonas de falhamentos, as rochas são caracterizadas por um grau elevado de
fissuração bem como por uma maior meteorização. Os ângulos das fracturas de cisalhamento,
podem variar a sua inclinação desde os 25° aos 80°. Nos locais de acidentes tectónicos ocorre
mineralização hidrotermal, desenvolvendo-se calcite e magnesite nas fracturas.
Relativamente às fácies de diatrema, segundo informação dos técnicos da Sociedade Mineira
de Catoca, a mesma está composta por kimberlitos brechóide autolítica ou primária. Pelos
estudos efectuados através de sondagens de prospecção geológica, as rochas caracterizam-se por
um grau baixo a moderado de fissuração. A espessura das zonas de fissuração não ultrapassa os 3
m e muito raramente atinge os 6 m. A maioria das fracturas está preenchida por calcite.

6.5. A FORMAÇÃO DO JAZIGO


Geralmente, a ascensão do magma, desde do foco de geração de magma até à superfície
terrestre, pode suceder apenas nas fracturas de ruptura hidráulica, isto é, com início em forma de
diques. A velocidade de penetração poderá rondar entre os 3 e os 20 cm/seg. De certo modo, o
início do processo pode ser provocado pelo fenómeno de ebulição tardia do magma em fase de
cristalização, e com o seu sobre-arrefecimento, dado às condições de excesso de pressão sobre a
resistência do tecto das rochas existentes. Após esta etapa, ocorre a substituição do dique
alimentador por um canal, dando-se uma rápida ascensão. A energia dispendida na explosão
deverá ser muito elevada. A formação da diatrema termina, com a substituição intrusiva das
fases kimberlíticas por fases de tufos kimberlíticos. Na fase epigenética, surgem com frequência

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formações vulcano-sedimentares com grande espessura, lagos de cratera e ravinas exodiatremais


de sedimentação, mas nos casos simples formam-se diques intrusivos.
As condições termodinâmicas de formação, bem como de ascensão do magma kimberlítico
até à superfície, podem ser consideradas por várias fases de evolução. Na cristalização dos
kimberlitos ocorre a separação dos principais volumes da fase gasosa até à cristalização da massa
fluida. Durante a cristalização dos kimberlitos brechóides na fase eruptiva, a fase gasosa
acompanha também o avanço do magma fluido no canal de ascensão formando um sistema
único. Deve considerar-se que os kimberlitos tufísicos são formados também a partir do fluido,
com a parte gasosa.
Tendo em conta que as temperaturas de cristalização dos fluidos kimberlíticos variam até
uma temperatura de 1200ºC, sabe-se que as temperaturas máximas dão informação através das
cristalizações, do empobrecimento da fase gasosa, formando-se assim os kimberlitos porfiróides.
As temperaturas menores, através de um sistema mais sólido-gasoso, formam os tufos
kimberlíticos. A viscosidade dos fluidos kimberlíticos varia de acordo com as percentagens dos
gases H 2 O e CO 2 . Devemos ter em conta que as explosões que iniciam a conduta da ascensão do
magma kimberlítico, expelem os materiais compostos por fragmentos das rochas encaixantes.
Na fase seguinte, verifica-se um intervalo de tempo considerável que pode ir até centenas de
milhões de anos, em que ocorrem novas intrusões de kimberlitos abissais que reabrem estratos
até à superfície, com xenólitos. Mas na presente fase, formam-se também kimberlitos com
textura muito fina. Dado a quebra de pressão, ocorre a saturação do sistema com fases mais
voláteis e com isso a separação da parte fluida, provocando a cristalização em massa. Neste
contexto, o diamante encontra-se numa condição crítica de desequilíbrio, dado manterem-se
temperaturas muito altas. Se o processo se prolonga por muito tempo, os teores de diamantes
reduzem-se ou perdem-se.

Desta forma, a formação do jazigo de Catoca pode ser dividida por várias fases;
- A primeira fase pode ser considerada essencialmente vulcânica em consequência de uma forte
emanação dos gases até a superfície terrestre, possivelmente em locais de cruzamento das zonas
sub-verticais de fracturas. As rochas que formavam esse espaço foram desintegradas e expelidas,
tendo sido formada a cavidade vulcânica da chaminé. O processo era tão acentuado que ocorreu
facilmente a abertura da cavidade do canal e cratera. Assim, uma parte do material expelido ou
elevado acima da sua posição inicial voltou à cratera, e a parte sub-superficial da diatrema ainda
não está totalmente preenchida pela coluna magmática face ao aumento da viscosidade da sua
matéria e retardamento da ascensão no processo de desgasificação. O volume do material que
voltou à cavidade formada após a erupção, foi limitado e confinado. É de referir que, o principal
agente na formação desse aparelho vulcânico, era certamente o fluido gasoso-líquido. Tudo
indica que é com essa etapa que se relaciona a formação dos tufos kimberlíticos brechóide
(anelar) da geração inicial e duma parte do componente clástico da zona xenolítica.
Continuando a ascensão na coluna magmática, com um magma mais viscoso, empurrava o
material brechado para cima, até que todo a diatrema e a parte inferior da cratera fosse
preenchida com a brecha autolítica, formando assim a zona xenolítica.
A primeira etapa termina com a meteorização parcial da zona xenolítica, bem como com o
preenchimento adicional de material detrítico na cratera, proveniente das fragilidades das
paredes da cratera dado à estrutura vulcânica que foi criada.

- A segunda fase é assinalada por uma quebra acentuada da actividade vulcânica e um


desenvolvimento geológico lento. Assim, surgiram as formações vulcano-sedimentares da fácies
epiclásticas, podendo ter sido formado um lago na cratera. Estes são representados por arenitos,
aleurolitos ou alevrolitos (sequências sedimentares de grão fino), argilitos heterogranulares,
intercalações das brechas, com material tufísico e materiais provenientes da destruição das
rochas kimberlíticas da primeira fase.

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Todo o processo geológico de preenchimento da cratera, teve grande influência pela cedência ou
colapso da mesma, devido ao resfriamento e compactação do fundo da taça da cratera e da
diatrema, constituídas essencialmente pelas brechas autolíticas. Este processo foi interrompido
durante a deposição dos arenitos interformacionais fracamente cimentados.
Na fase final da formação das rochas vulcano-sedimentares, ocorre uma nova actividade
vulcânica. Desta forma ocorrem kimberlitos brechóides tufísicos (internos) da cratera, por
expulsão de fácies piroclásticas sólido-gasoso, e subsequentemente redeposição de piroclastos e
formação de arenitos e gravelitos.

- A terceira fase aparenta ser particularmente calma, apresentando um desenvolvimento da


actividade vulcânica reduzido. Nesta fase ocorre um sistema de fracturas de distensão, e as zonas
mais enfraquecidas que surgiram, serviram de canal de avanço das novas intrusões de
kimberlitos com orientação e sentido até à superfície terrestre. Aparentemente, estes canais eram
intervalos mais enfraquecidos nas extremidades com a parede da chaminé, isto é, entre os
gnaisses que circundavam a diatrema, bem como com o kimberlito autolítico.
Ao nível da cratera as rochas encaixantes (gnaisses), não permitiram que os limites externos da
chaminé se expandissem. A massa fundida ia-se aproximando da superfície terrestre, esforçando
e ganhando espaço principalmente por conta de deslocação das rochas vulcano-sedimentares,
kimberlitos brechóides tufísicos (internos) e dos kimberlitos brechóides tufísicos (anelares), aos
níveis mais altos dos intervalos chaminé e até ao perímetro da cratera.
A ascensão das rochas kimberlíticas neste nível, tinha o carácter de um fluxo viscoso. A parte
gasosa esteve sempre presente mas com um volume muito limitado, sendo observado na cratera
pelos corpos lenticulares mais tufísicos, tufos e brechas tufísicas.
Na região de contacto com as rochas vulcano-sedimentares, o presente conjunto de intrusão
kimberlítica apresentava zonas com maior quantidade de xenólitos.

- A quarta e última fase de formação da diatrema, foi procedido por intrusão de filões compostos
por veios kimberlíticos mais compactos, isto é, kimberlitos afaníticos hipabissais.
Posteriormente, a parte ainda vazia da taça da cratera foi preenchida por produtos de destruição e
arrastamento das formações envolventes, formando-se um depósito lenticular e de certa forma
estratificado.

6.6. O PROCESSO DE MINERAÇÃO


O processo de mineração da exploração do kimberlito da Sociedade Mineira de Catoca, até
ao presente momento é realizado a céu aberto. É utilizado um sistema de mineração com
escavação por avanços e transporte rodoviário, efectuado por camiões pesados basculantes de 40
e 100 toneladas. O minério, após escavação, é reencaminhado para a central de tratamento e de
seguida para o depósito de minério, sendo descarregado em três tremonhas. Estas estão munidas
de grelhas estacionárias com orifícios quadrados por dentro. O minério é britado nas grelhas pelo
carregador até se apresentar na devida granulometria para passar pelas aberturas. Os
alimentadores de placa, situados debaixo das tremonhas, carregam regularmente o minério
extraído nos moínhos de auto-desintegração húmida. O produto dessa operação entra nos
classificadores espirais que fazem a classificação hidráulica conforme a granulometria. Dos
classificadores, o minério é canalizado por escoamento livre para os crivos e as lamas de
granulometria inferiores vão para uma bacia de materiais rejeitados. No que respeita também ao
maciço estéril inicial, o mesmo é reencaminhado para as escombreiras externas. A sequência
apresentada para a recuperação de diamantes é realizada com tecnologia Russa.

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7. PROSPECÇÃO DE DIAMANTES
A prospecção executada para a pesquisa de depósitos de diamantes requer uma preparação e
organização da missão de prospecção mineira. Existe um conjunto de materiais, equipamentos e
transportes necessários para servir a prospecção. A organização da equipa de trabalho com vários
técnicos especialistas, e outros colaboradores como acessores, consultores, administrativos, e
desenhadores gráficos são também indispensáveis. Também, durante qualquer prospecção, não
nos podemos esquecer que temos de ter equipas com pessoal de manutenção de equipamentos,
alimentação, cuidados de saúde/médicos, vigilância e segurança, limpeza, de stocks, entre outros.
Antes da partida para qualquer prospecção devemos munir-nos de vários documentos
técnicos importantes, nomeadamente de um memorando com objectivos bem definidos,
contactos, bem como de laboratórios de análises, proceder à recolha de bibliografia, cartografia,
fotografia aérea ou de satélite e se possível termos já alguns estudos geofísicos aéreos
efectuados.
Dentro da concessão de prospecção e acompanhamento, o acampamento deverá estar
localizado numa zona agradável e acessível. Todo o equipamento a instalar deverá conter o
máximo de conforto possível, nomeadamente no que concerne ao equipamento e condições
necessárias para executar as tarefas do dia a dia, e principalmente existirem boas condições para
um descanso tranquilo.
Logo à chegada ao acampamento deverá ser estabelecido um contacto local ou regional com
as diversas autoridades, nomeadamente, a administrações públicas, polícia, e outros como os
correios, entidades privadas, individualidades e população.
Na prospecção, esta deve reflectir várias fases até serem identificadas possíveis localizações
de concentrações primárias e secundárias. No final da prospecção geral, nas operações
estratégica e de prospecção sistemática no estágio de operações tácticas devem ser executadas as
cartas de resultados. A segurança é fundamental e deve ser tida em particular atenção desde o
início de qualquer prospecção. A equipa de prospecção deverá ter uma equipa de segurança que
deverá estar constantemente atenta às numerosas possibilidades de furtos, principalmente nas
operações manuais. Mas devemos ter muita atenção, não somente à atitude de furtar, mas
também ao facto de que os dados de campo não representam, nestes casos, os dados reais,
podendo alterar o sentido de decisão.

7.1. A PROSPECÇÃO GERAL NOS DEPÓSITOS


Qualquer prospecção mineira para ter êxito, deverá ter em conta o risco conhecido e os
proveitos esperados. No final de cada fase, deve ser realizado um exame crítico dos dados
técnicos, económicos e financeiros.
Deve estar-se sempre atento e ciente dos resultados obtidos em cada uma das fases da
prospecção, apreciando o risco e precisar muito bem o que se pode esperar. A decisão de parar
ou continuar as pesquisas para um novo objectivo, é importante. À medida que avançamos para o
final dos estudos, as decisões são cada vez mais difíceis de tomar, podendo ter consequências
muito negativas. Qualquer insistência sobre o esclarecimento de algumas dúvidas em qualquer
uma das fases, dado à possibilidade de existir um mínimo de perigo, deve ser executada e
respondida sem deixar a mínima sombra de dúvidas, ou então existir uma decisão de assumir o
risco em cada momento.
Assim, em todos os estágios de reconhecimento, isto é, nas fases de prospecção mineira a
decisão de continuar com as mesmas ou não depende dos dados geológicos, petrológicos e
mineralógicos, quantitativos e qualitativos recolhidos sobre os indícios e/ou sobre o jazigo
estudado. A escolha dos métodos a utilizar na prospecção para reconhecimento dos corpos
kimberlíticos descobertos e da avaliação do seu jazigo são deveras importantes, mas primordial é
a validação dos resultados obtidos em cada fase de prospecção. Cada método deve ser colocado

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em execução meticulosamente, desde o estudo de base de afloramentos até aos métodos mais
delicados.
O quadro seguinte reflecte de uma forma geral as fases de prospecção utilizadas:
Consulta de documentação técnica e jurídica. As técnicas de prospecção utilizadas na fase I de análise do
alvo são determinadas por detecção remota, utilizando imagens de satélite e de radar e fotogeologia, a
Fase I – Análise do
Prospecção Geral – (Estágio de Operações

cor e/ou preto e branco. Nesta primeira fase podemos também utilizar a Geobotânica. Deve-se efectuar
raides de reconhecimento geológico.
Alvo

Objectivos: Apreciação do interesse da região. Identificação do(s) alvo(s). Controlo do enquadramento


geológico. Escolha do método de prospecção estratégica. Primeira selecção regional.
Escala: 1/200 000 ou inferior: Área: 5 000 a 100 000 km2 (10 000 km2): Tempo: Algumas semanas
Decisão: Decisão sobre o facto de devermos ou não avançar para os estudos da próxima fase, tendo em
Estratégicas)

conta os dados recolhidos até ao momento.


As técnicas de prospecção utilizadas na fase II de procura dos pontos de interesse nos sedimentos de
linhas de água de concentrados de bateias de minério e de minerais satélites, utilização de técnicas
Fase II – Procura dos
pontos de interesse,
índices e anomalias

geofísicas aerotransportadas, nomeadamente magnética, electromagnética, entre muitos outros, bem


como proceder à utilização de fotogeologia ou imagens de satélite.
Objectivos: Redução importante da superfície inicial. Localização dos sectores com índices e anomalias
para aí concentrar os meios. Eventual análise tipológica. Escolha do método de prospecção táctica.
Escala: 1/200 000 a 1/50 000: Área: 50 a 500 km2 (100 km2): Tempo: Algumas semanas a alguns
meses.
Decisão: Decisão sobre o facto de devermos ou não avançar para os estudos da próxima fase, tendo em
conta os dados recolhidos até ao momento.
Na fase III, devemos utilizar estudos petrográficos, sedimentológicos, estruturais e mineralógicos no
Prospecção Sistemática – (Estágio de

sentido de proceder à cartografia geológica de interesse mais detalhada, utilizando prospecção


Fase III – Controlo dos pontos de

mecanizada, estudos tipológicos e de topografia sumária, isto é, prospecção táctica. Deverão utilizar-se
métodos geofísicos no solo, como magnéticos, electromagnéticos, potencial espontâneo, polarização
Operações Tácticas)

induzida, resistividade, gravimetria, entre outros. Utilizar métodos geoquímicos, utilizando uma malha
mais fechada nos sedimentos e rochas. Também podemos utilizar técnicas aluvionares no sentido de
interesse

tentar chegar ao ponto principal através da amostragem, paragénese e extensão, empregando poços e/ou
sanjas, sondagens mecânicas, para deste modo ser possível efectuar-se testes de valorização, bem como
efectuar-se um pré-estudo económico de orientação para uma primeira análise geoestatística.
Objectivos: Definição dos alvos. Classificação por ordem de interesse.
Primeiros teores. Selecção dos alvos para reconhecimento.
Escala: 1/20 000 a 1/5 000: Área: 5 a 50 km2 (10 km2): Tempo: Alguns meses
Decisão: Decisão sobre o facto de devermos ou não avançar para os estudos dos indícios propriamente
ditos, tendo em conta os dados recolhidos.
Na fase IV, deve proceder-se ao levantamento topográfico e geológico e ao estudo através de sondagem
Fase IV – Reconhecimento do

com recolha de amostragem, para o estudo dos guias locais nas análises da petrografia, mineralogia e
Investigação da Área Alvo

geoquímica. Deve proceder-se também aos vários estudos geofísicos no terreno, nomeadamente através
Estudo dos Indícios –

Corpo Mineralizado

da inclusão de análises de diagrafias. Realizar um ensaio de valorização e o pré-estudo económico de


viabilidade.
Objectivos: Definição do desenvolvimento. Definição da malha em função da geostatística. Estudo da
forma, volume, bem como de certa forma a profundidade. Primeira aproximação da relação
tonelagem/teor. Primeira aproximação económica quantitativa.
Escala: 1/5 000 a 1/500: Área: 0,5 a 3 km2 (1 km2), pode ser maior dependendo do corpo kimberlítico.
Tempo: Alguns meses a 1 ano
Decisão: Decisão sobre o facto de devermos ou não avançar para os estudos da próxima fase, tendo em
conta os dados recolhidos até ao momento.
As técnicas que se devem utilizar para a avaliação do jazigo, poderão centrar-se nos seguintes pontos:
Fase V – Avaliação do Jazigo

- Proceder a sondagens com testemunho sistemáticas.


Investigação da Área Alvo
Estimação do Jazigo –

- Proceder a amostragem e estimação geoestatística.


- Iniciar alguns trabalhos mineiros.
- Proceder a ensaios semi-industriais de tratamento, como lavarias de prospecção.
- Estudos de viabilidade económica.
Objectivos: Proceder ao cálculo de reservas; valorização da relação tonelagem /teor; optimização do
tratamento; escolha do método de exploração; proceder ao estudo final de rentabilização.
Escala: 1/1 000 a 1/200: Área: 1 ha, pode ser maior dependendo do corpo intrusivo kimberlítico.
Tempo: Alguns meses a alguns anos
Decisão: Decisão final sobre o facto de devermos ou não iniciar a exploração, de acordo com a
valorização do jazigo, estudo do mercado e procura do financiamento.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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7.1.1. A PROSPECÇÃO NOS DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS


A prospecção de depósitos secundários pode tornar-se muito útil quando utilizada e
executada correctamente. Para isso existe a necessidade de conhecer muito bem os fenómenos
que dão origem à concentração desses depósitos aluvionares, bem como do conhecimento e da
experiência da equipa. A prospecção aluvionar pode ser considerada tanto como um método
directo, bem como um método indirecto na descoberta de jazigos primários. No primeiro caso, a
pesquisa directa de diamantes nos aluviões tem como objectivo final colocar em evidência o
jazigo aluvionar. No segundo caso, a pesquisa insere-se num ou em mais minerais que permitem
chegar ao kimberlito. O quadro seguinte reflecte de uma forma geral as fases de prospecção
inicial utilizadas:
Objectivos: Descobrir jazigos primários. Detectar superfícies de depósitos com elevada concentração de minerais
úteis. Definir as características mineralógicas da região.
Prospecção Aluvionar Estratégica

Amostragem: A densidade das amostras deve ser regular e dependente da rede hidrográfica. Os locais de
colheita deverão ser efectuados nos seios rochosos, nas marmitas que correspondem a zonas de deposição rápida
de minerais pesados, nos depósitos de grandes calhaus, isto é cascalho (seixos), zonas de estrangulamento do
leito, entre outros.
Os volumes devem ser pesados e numerados.
- Amostragem em Leite Vivo: Equidistância 500 m a 1km. Densidade de 5 amostras/km2. As amostras são
compostas por duas tomas com 10 a 20 m de distância uma da outra. Colher as mostras a uma profundidade entre
10 a 40 cm. Colher as amostras em zonas de Cascalho mais espesso e menos lodoso. Utilizar um crivo de 5 mm.
Utilizar 5 litros de areia/seixos por bateia, e obter o concentrado.
- Amostragem por poços: Aplicada em zonas com meandros e muito arenosas. O “bed-rock” é raramente visível.
É uma técnica muito aplicada para a prospecção diamantífera utilizando 2 a 3 m3 de sedimentos. Equidistância
500 m a 1km. Densidade de 5 amostras/km2. As amostras são compostas por duas tomas com 10 a 20 m de
distância uma da outra. A metodologia de abertura de poços é idêntica à prospecção geral ou volante seguinte.
Objectivos: Controlar os índices encontrados na fase de prospecção aluvionar estratégica. Estudar a rede
hidrográfica, nomeadamente, comprimento e largura dos cursos de água, regime hídrico, caudal, pendor do curso
de água e condições de concentração. Estudar os depósitos secundários, nomeadamente estudar a largura dos
aluviões, espessura do estéril e do cascalho, dimensão e tipo do depósito, e natureza do “bed-rock”. Outras
observações topográficas e geológicas. Estimação preliminar das reservas. Observar as figuras 31 e 32.
Prospecção Geral ou Volante

Amostragem por poço: Existência ou não de cascalho no ponto escolhido. Poços isolados na parte convexa de
dois meandros consecutivos com 200 a 400 m. Os eixos de recolha são efectuados perpendicularmente ao rio.
Nas linhas de poços: O espaçamento entre linhas podem rondar os 200 m quando os cursos de água são menos
importantes, e utilizar linhas de 1000 m quando a mineralização é bem repartida. No entanto, utiliza-se
geralmente um espaçamento de 400 m. O espaçamento entre poços ronda cada um a distância de 10 a 30 m. O
espaçamento de poços isolados centra-se na ordem dos 400 a 500 m, mas pode variar para metade para os cursos
de água menos importantes.
Observar as figuras 33. A prospecção de diamante exige grandes volumes de amostra. As secções dos poços
podem atingir 4 a 6 m de comprimento e 4 m de largura, ou poços quadrados com 5 a 6 m. Na colheita das
amostras o estéril é rejeitado e só existe aproveitamento do cascalho mineralizado. Recolhe-se juntamente com o
cascalho mineralizado 10 a 15 cm, que existem no topo do “bed-rock”. Para camadas múltiplas a amostragem
deve ser feita ao longo de cada camada. Pode existir a necessidade de uso de motobombas para a retirada de água.
Deverá ter-se atenção à segurança colocando a entivação com quadros e pranchas e utilizar todos os
equipamentos de protecção individual.

Figura 31 – Situação morfológica de amostragem. Diversas posições de


camadas num curso de água em relação às diversas zonas de um aluvião. A –
Grandes colectores onde existe necessidade de se executar poços na zona de
cascalho; B – Amostragem ideal; C – Amostragem é efectuada nas margens
e nas marmitas que possam existir por cima do “bed-rock”. Segundo
Chaussier (1981).

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Figura 32 – Localizações de zonas ricas em aluviões. As


localizações de poços 1 e 2 correspondentes às zonas
mais propícias de ocorrência de depósitos secundários.
Exemplo segundo Chaussier (1981).

Figura 33 – Corte de um poço de


prospecção. Exemplo segundo
Chaussier (1981)

A lavagem de quaisquer sedimentos pode ser observada na figura 34, e pode ser efectuada
por vários processos, dependendo do modo como se objectiva a prospecção e assim, podemos
utilizar de uma forma geral, bateias, sluices e jigas. A concentração é efectuada no local de
amostragem ao lado de um plano fluvial de fácil acesso ou em bacias artificiais, quando estamos
num local mais árido. De certa forma a divisão das amostras é efectuada por enquartação ou
amostradores, e é utilizada a lavagem integral dos sedimentos nas sluices ou nas jigas.
Relativamente às sluices podemos dizer que são muito utilizadas para as prospecções nos poços,
dado que separam logo o material da amostragem, mas as jigas mecânicas são sem dúvida o
melhor equipamento para a prospecção de diamantes, trabalhando na separação por classificador
de densidades.

Figura 34 – Lavagem de sedimentos: A – Bateia; B – Sluice; C – Jiga a pedais manual; D – Jiga mecânica.
Fotografias retiradas de imagens pesquisadas em 2008:
A - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/eb/Gold_Pan.jpg/250px-Gold_Pan.jpg
B, C e D - https://woc.uc.pt/dct/getFile.do?tipo=2&id=49

Em todo este processo devemos saber qual o volume de amostragem retirado e o seu peso.
Descrever cada amostra pormenorizadamente, relativamente à localização, profundidade de
mineralizações e estéril, identificações várias e importantes, incluindo nomes de rios e estradas,
entre outros, no sentido de se poder obter dados os mais realistas possíveis, para assim sabermos
mais correctamente as correlações e a rentabilidade propriamente dita da zona a explorar.

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A escolha do cascalho para lavar é determinante nas fases de pesquisa estratégica. Quanto
mais o cascalho for trabalhado, mais ele é concentrado e mais fácil será a detecção de diamantes,
assim, o cascalho em leito vivo é preferível aos depósitos de cascalho de margens, mas, estes
dois últimos são preferíveis aos depósitos de cascalho de terraço. Existem outras vantagens na
retirada de cascalho em leito vivo; estas são mais fáceis de serem amostradas, dado não terem
camadas de estéril a recobrir o cascalho mineralizado; são mais fáceis de lavar, dado conterem
pouca argila em relação aos depósitos de margens e de terraços; a cubicagem do cascalho a ser
lavado é muito importante, dado que numa grande parte as quantidades de teores são fracas, de
certo modo, um teor de 0,50 ct/m3 constitui um teor muito considerável, que corresponde a um
número limitado de pedras de diamantes, neste sentido aconselha-se proceder à lavagem de 2,5
m3 de cascalho por local; nas técnicas de tratamento do cascalho intervêm dois tipos de
operações, a classificação e a concentração, que passamos a descrever:
- Classificação: é realizada geralmente com malhas decrescentes com ajuda de peneiros, isto é,
10; 6; 4; 2,5; 2; 1 mm. Poderá ser executada a operação de forma manual ou mecânica com ajuda
de água corrente. De certa forma o cascalho extraído é colocado e passado por uma série de
peneiros, iniciando, desde logo, com um peneiro de 10 mm e assim sucessivamente. O material
não mineralizado do peneiro dos 10 mm, após análise, é rejeitado. As restantes amostras dos
peneiros seguintes são recolhidas e separadas em bacias diferentes e serão de seguida
concentradas. Podemos observar como exemplo a figura 35 que se segue:

Figura 35 – Exemplo de um tratamento de cascalho na prospecção de minerais diamantíferos.

- Concentração: a presente operação é efectuada através da classificação de densidades


utilizando gravitadores, jigas manuais ou motorizadas, concentrando os minerais pesados na base
que são examinados a partir da periferia para o centro. Geralmente eles estão no centro, dado
apresentarem uma densidade entre os 3,1 a 3,5. Após esta concentração, a nossa atenção vira-se
para o exame atento das concentrações dos minerais pesados, dado que para além dos diamantes,
aparecem geralmente minerais acompanhantes. Aconselha-se que o exame dos concentrados seja
efectuado à sombra, numa bacia de fundo preto e com água, dado que os diamantes apresentam
um brilho intenso dentro de água, enquanto que os outros minerais não, como é o exemplo do
zircão, crisoberilo, quartzo, etc. Os presentes resultados são demonstrados num primeiro quadro
suportando uma ficha de ensaio, anexo A, e resumidos numa ficha de estado de desenvolvimento
mensal de ensaios e poços, anexo B.
Na avaliação dos teores em diamantes, podemos também utilizar uma lavaria móvel de
prospecção para concentrar os minerais por gravidade. Pode ser montada sobre um atrelado,
equipada com tapete, tremonha, lavaria propriamente dita de correntes, com moagens selectivas
com cilindros e barras, um crivo vibrante para calibrar os grãos, um sistema de peneiros para
separação dos finos e eliminação das águas de lavagem, uma série de jigas circulares, um
extractor de estéril, um corredor do tipo sluice para escoamento dos rejeitados, com motores
eléctricos e diversos acessórios.

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O passo seguinte, será entrar numa prospecção sistemática, isto é, deve proceder-se a uma
identificação dos pontos de interesse, construção de cartas e avaliação dos jazigos aluvionares.
Objectivos: Estado de operações mais tácticas. Identificação dos pontos de interesse, e identificar a importância
do jazigo prospectado.
Densidade da amostragem: Deve proceder-se à redução das linhas de poços para distâncias que rondam os 400,
200, 100, 50 e 25 m. Deve também proceder-se à redução das distâncias entre os poços para 20, 10 e 5 m.
Devemos manter distâncias maiores quando as amostragens são estéreis, caso contrário devemos cerrar a malha.
Cálculo de teores:
Os presentes cálculos, mesmo com algumas imprecisões têm a vantagem de informar sobre a primeira ideia do
jazigo e direccionar-nos para uma possível exploração.
Estimação do teor de cascalho
P× N P ×V × K
t= ou t = ; t – teor em g/m3; P – peso em g; n – número de bateias lavadas; N – número de
n v
bateias por m3; v – quantidade lavada em litros; V – volume de referência; V=1000 litros (ou 1 m3); K –
coeficiente de empolamento, isto é, número de litros de cascalho correspondente a 1 litro de cascalho “in situ”.
Determinação do volume de cascalho num poço:
X
V = ( Ss + Si + Ss × Si ) ; V – volume do cascalho; X – espessura do cascalho; Ss – nível do poço na
Prospecção Sistemática

3
parte superior do cascalho; Si – nível do poço na parte inferior do cascalho.
Estimação do teor por m2 de cascalho:
tc = t × g ; tc – teor em gramas ou quilates/quilates por m2 de cascalho; t – teor em gramas ou quilates/quilates
por m3; g – espessura do cascalho.
Estimação do teor por m3 de cascalho escavado:
t×g t×g tc tc
te = = ou = ; te – teor da escavação; t – teor do cascalho; tc – teor por m2; g –
g×S X g+S X
espessura do cascalho; S – espessura do estéril; X – espessura total do aluvião.
Cálculo de reservas:
Ve = S × e e Vc = S × c ; Ve – Volume do estéril; Vc – Volume do cascalho; S – superfície total do jazigo; e –
espessura média do estéril; c – espessura média do cascalho.
S1 g1t1 + S 2 g 2 t 2 + .... + S x +1 g x +1t x +1
Tmgr = , teor médio do cascalho no conjunto do jazigo.
S1 g1 + S 2 g 2 + .... + S x +1 g x +1
S g t + S 2 g 2 t 2 + .... + S x +1 g x +1t x +1
Tme = 1 1 1 , teor médio da escavação. Onde, S 1 , S 2 , …, S x+1 – secções dos
S1 H 1 + S 2 H 2 + .... + S x +1 H x +1
poços de prospecção; g 1 , g 2 , …, g x+1 – espessura do cascalho; t 1 , t 2 , …, t x+1 – teores do cascalho; H 1 , H 2 , …,
H x+1 – espessura do cascalho e do estéril.
P = V × Tmgr e P = V1 × Tme ; P – peso; V – volume total do cascalho; V 1 – volume total do cascalho e do
estéril; Tmgr – teor médio do cascalho; Tme – Teor médio do escavado.

De uma forma geral, os vários métodos utilizados para proceder aos cálculos são quatro,
nomeadamente o método de rectângulos, método dos trapézios, método das zonas e o método
das curvas de isoteores. Deste modo e de uma forma sucinta descrevemos estes vários métodos:

Método dos rectângulos: O presente método, por experiência, apresenta resultados muito
próximos da realidade e o controlo das operações é simples e rápido, este pode observar-se na
figura 36. O método tem como princípio a delimitação de uma ou várias áreas mineralizadas de
acordo com a distância média dos estudos efectuados.
Na delimitação da superfície de exploração é recomendável a utilização de um coeficiente de
segurança inferior a 1, dado a dificuldade de recuperação. Deste modo, o coeficiente pode variar
entre 0,64 a 0,90 de acordo com características da mineralização.

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Figura 36 – Método dos rectângulos, segundo R. Antoine, “Les méthodes pratiques d’évaluation des gîtes
secondaires aurifères appliquées dans la région de Kilo-Moto”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier”
(1981).

Método dos trapézios: Após o conhecimento da espessura do estéril, do cascalho mineralizado,


do teor médio do cascalho e do escavado, procede-se à ligação de todos os poços situados na
extremidade das linhas do mesmo lado do rio, tal como se observa na figura 37. Deste modo, as
linhas de poço são paralelas e são assim delimitadas entre as duas linhas que se apresentam
geralmente por trapézios. Nas curvas, as linhas já não são paralelas e decompomos os
quadriláteros em trapézios ou em triângulos.
A espessura média do cascalho mineralizado e do estéril é obtida procedendo às médias
aritméticas das espessuras de todos os poços do trapézio, nomeadamente os poços estéreis. As
espessuras obtidas, multiplicadas pela superfície do trapézio, dão assim a cubicagem total do
cascalho mineralizado e do estéril para a superfície considerada.
Mas, devemos ter em atenção, que relativamente aos poços estéreis é necessário suprimir à
cubicagem total a cubicagem estéril, aplicando o princípio das zonas de influência e calculando
primeiro as superfícies não mineralizadas. Ao decompor a superfície total do trapézio, obtemos a
superfície mineralizada. A multiplicação desta última pelas espessuras médias de cascalho
mineralizado e de estéril dá-nos a cubicagem do cascalho e do estéril das zonas exploráveis. A
multiplicação pelo teor médio dá-nos a quantidade de minério útil contido na zona mineralizada.

Figura 37 – Método dos trapézios, segundo Bonte, “L’étude des gîtes secondaires: métaux et pierres précieuses.
Prospection et exploitation des alluvions”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier” (1981).

Método das zonas: O processo de delimitação é igual ao do método dos trapézios, delimita os
teores de uma determinada área e considera o teor médio em função da área de cada poço, este
método pode ser observado na figura 38.

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Figura 38 – Método das zonas, segundo Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier” (1981).

Método das curvas de isoteores: O presente método é pouco utilizado e é mais empregue em
termos de prospecção geoquímica para minerais indicadores como, granada, ilmenite, cromite,
cromo-diópsido, através da colheita de amostras de sedimentos correntes na rede de drenagem da
área ou de solos, em malha regular que é estabelecida no terreno, podendo ser observado na
figura 39.

Figura 39 – Método das curvas de isoteores, segundo R. Antoine, “Les méthodes pratiques d’évaluation des gîtes
secondaires aurifères appliquées dans la région de Kilo-Moto”, in Chaussier, “Manuel du Prospecteur Minier”
(1981).

7.1.2. PROSPECÇÃO DE DIAMANTES NOS KIMBERLITOS


7.1.2.1. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DAS POTENCIALIDADES DE UMA
ÁREA
Existem várias referências ao facto de se encontrarem diamantes ou minerais associados em
cascalheira de cursos de água de uma determinada área, indicadores de presença de kimberlitos.
Deste modo, torna-se deveras importante o interesse em procurar e localizar a rocha-mãe.
Os kimberlitos com teores económicos de diamantes aparecem em áreas cratónicas estáveis,
principalmente nas do Arcaico, mas sendo essencialmente de idade superior a 1500/1600 Ma,
envolvida por uma faixa orogénica de um Precâmbrico mais recente e com um metamorfismo de
grau elevado, podendo estar a zona cratónica coberta por uma rocha sedimentar do Fanerozóico
pouco deformada e sem metamorfismo. Estas zonas de cratões com kimberlitos produtivos de
diamantes apresentam uma grande quantidade de rochas intrusivas que mostram uma estrutura
zonal.
Podemos traçar os objectivos da prospecção de forma precisa, no entanto os resultados
podem ser negativos, ou porque as rochas são ultrapotássicas e não portadoras de diamantes, ou
porque o seu afloramento está coberto por materiais mais recentes.
Esta prospecção baseia-se na composição da mesma, nomeadamente nalguns minerais
característicos que são resistentes à meteorização e desgaste mecânico, como é o exemplo da
ilmenite magnesiana (picroilmenite), a granada do tipo piropo, a cromite magnesiana
(pirocromite) e cromo-diópsido.
Utilizando como método de prospecção a mineralometria de linhas de água, para a detecção
dos minerais referidos, tenta-se assim, determinar a localização de proveniência, numa
perspectiva de encontrar a rocha mãe. Sabendo que, para ser atingido, este objectivo terá de se
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efectuar uma maior densidade de amostragem, quer nas linhas de água quer no solo, ou talvez
utilizar em simultâneo outros métodos, nomeadamente levantamentos electromagnéticos.
Numa dada prospecção, o indivíduo que efectua a mesma, poderá ficar confrontado com a
necessidade de a avaliar ou reavaliar o potencial de uma determinada área. Assim, se existem
trabalhos numa dada área ou se estão a decorrer, deve continuar-se com os vários estudos de
gabinete no sentido de melhorar a avaliação geral da área para se encontrar o Kimberlito
principal.
No caso de uma determinada área, que poderá ser de interesse para uma exploração e que
nunca foi estudada, os vários trabalhos de gabinete baseiam-se em determinados critérios, como
é o exemplo das idades das zonas cratonizadas (mais antigas possíveis), bem como os estudos da
estrutura regional, no sentido de evidenciar as intersecções de fracturas bem delimitadas e com
grandes extensões. Segundo Pretorius, (1970), defende que também são zonas de interesse os
locais com padrão de fracturação atípica ou anómala.
Nos estudos de estrutura regional, são as interpretações ou reinterpretações das cartas
geológicas que nos ajudam a entendermos as estruturas. Mas, se neste contexto adicionarmos ao
estudo as fotografias aéreas (1/30.000 e/ou 1/80.000) ou imagens de satélite (no mínimo de duas
bandas, domínio do verde e outra no domínio do infravermelho próximo e com uma resolução no
solo entre os 30-80 metros), estas poderão fornecer dados muito interessantes.
As áreas onde são conhecidos os kimberlitos, apresentam uma série de características em
comum, como: elevado espessamento da crusta; falhas transformantes importantes que provocam
zonas de fraqueza crustal; um soco com zonas de contacto entre diferentes blocos que
correspondem a zonas potenciais de fraqueza na crusta; existência de anticlises, podendo
apresentar um grande raio de curvatura. Estes dados podem ser observados procedendo aos
vários estudos electromagnéticos e gravimétricos de carácter regional. A distinção entre os vários
blocos, pode estar associada com os domínios onde existam contraste acentuados entre
densidades ou susceptibilidade magnética dos materiais ou interrupções bruscas por estruturas
regionais.
Se os estudos forem bem detalhados e altamente especializados, nomeadamente na área de
petrologia e mineralogia, dão respostas essenciais para o desenvolvimento de técnicas de
exploração, pois podem auxiliar no entendimento dos processos que influenciam na geração e
transporte dos diamantes do manto para a superfície.
Para concluir, é de facto notável que quase todos os trabalhos relacionados com a
prospecção, avaliação e exploração de fontes primárias de diamantes, ressaltam a necessidade da
avaliação do contexto regional e principalmente o contexto local para que se obtenha o sucesso
desejado, isto é, o sucesso no descobrimento de novas jazidas de diamante. Esse facto resulta da
enorme variação litogeoquímica dos kimberlitos, bem como das rochas associadas, o que implica
sem sombra de dúvidas a impossibilidade de se criar um padrão universal ou um modelo para
que exista um maior aproveitamento económico destas rochas.

7.1.2.2. LOCALIZAÇÃO DE KIMBERLITOS E AVALIAÇÃO DO SEU


POTENCIAL EM DIAMANTES
A localização de kimberlitos é de facto um dos objectivos prioritários na prospecção de
mineralizações diamantíferas. Podemos tentar descobrir a localização das ocorrências
kimberlíticas a partir da expressão morfológica, dado a elevada meteorização da generalidade
das rochas ultramáficas e ao facto de corresponderem geralmente a diatremas. A sua alteração dá
origem a depressões que se conseguem identificar no terreno, por fotografia aérea e também por
imagens de satélites. Todos estes estudos de interpretação de fotografias ou imagens, permitem
reconhecer e localizar, também, fracturas de grandes extensões e as zonas onde se intersectam as
mesmas, tendo sido estas fracturas as responsáveis pela ascensão do magma kimberlítico e
instalação dos mesmos.

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Quando a ocorrência dos kimberlitos forem do tipo filoneana pode existir uma forte
dominância de carbonatos, tornando-se assim muito complicado distingui-los dos calcários
metamorfizados.
Podemos através de levantamentos electromagnéticos, geralmente aerotransportados,
localizar as chaminés kimberlíticas, dado a susceptibilidade electromagnética dos kimberlitos. A
percentagem de ilmenite e magnetite é quase sempre superior à das rochas encaixantes e serve de
referência na prospecção magnética. Neste caso, é muito importante a interpretação dos
resultados, não interessando se o valor da intensidade magnética é ou não elevado. De facto o
que interessa realmente é a disposição espacial, sendo as anomalias de maior significado às de
carácter pontual e de disposição concêntrica. No que se refere aos levantamentos aéreos
electromagnéticos, estes correspondem a levantamentos de pormenor em que o espaçamento da
linha de voo deverá estar situado entre os 120 e os 300 metros, sendo a altura de voo inferior a
200 metros. É relevante referir que se devem efectuar estudos magnéticos, eléctricos e de
espectrometria em conjunto, pois o custo adicional destes trabalhos é diminuto, mas em conjunto
podem fornecer-nos informação de grande interesse. Assim, os kimberlitos quando estão muito
alterados podem apresentar uma condutibilidade elevada, devido à existência de grandes
quantidades de montmorilonite de forma a contrastarem com as rochas encaixantes. Os
kimberlitos podem também ter alguma quantidade de radioactividade, com mais relevância
quando são de natureza micácea e com uma relação com a flogopite.
É importante referir que as formações kimberlíticas não ocorrem de forma única, mas sim
sempre em conjunto, agrupados com várias unidades. Mas, nem todos os kimberlitos têm
diamantes, e mesmo os que contêm diamantes pode não ter uma exploração economicamente
rentável.
Até ao presente, a única forma que existia para determinar a rentabilidade do kimberlito, era
através da utilização da amostragem directa. Têm sido realizados vários estudos para a definição
de critérios que permitem determinar o interesse económico de um kimberlito com base na
química de vários minerais, definindo deste modo prioridades nos trabalhos de prospecção de
amostragem sistemática. Nestes estudos de mineralometria, as granadas permitem numa primeira
avaliação, saber se estamos perante um kimberlito produtivo, sendo a granada do tipo piropo um
mineral utilizado como indicador.
Os peridotitos com granadas, nomeadamente os lherzolitos contêm piropos ricos em Mg e
Cr, mostrando também uma boa correlação entre os teores de Ca e Cr. Verifica-se que as
granadas associadas aos diamantes, especialmente as que têm inclusões ou as que fazem parte
dos xenólitos de lherzolitos com diamantes, são ricos em Cr e subcálcicas. Estas granadas podem
englobar-se tanto na série peridotítica como na série eclogítica das inclusões, mas a maioria
pertence à série peridotítica.
Para além do baixo teor de cálcio, essas granadas associadas aos kimberlitos produtivos, têm
como particularidade um teor mais elevado em Sr e Nd.
A interpretação de minerais indicadores pode delinear o interesse da intrusão. Minerais como
a granada do tipo piropo, minerais do grupo das clinopiroxenas como é exemplo o diópsido
(cromodiópsido), a espinela, a ilmenite e até mesmo a olivina e o corindo, podem informar-nos
sobre a produtividade da intrusão kimberlítica, o qual será descrito mais a frente nos métodos de
prospecção referente aos métodos geoquímicos. Os critérios geoquímicos permitem-nos assim,
avaliar a potencialidade de uma intrusão kimberlítica com diamantes, mas não nos dão
informação sobre a forma e dimensão do corpo kimberlítico. Assim, para sabermos as referidas
características físicas do corpo intrusivo, principalmente relativas à profundidade e existência de
apófises não aflorantes, devemos recorrer à aplicação de técnicas geofísicas.
Numa prospecção geológica, é por vezes possível identificar à superfície alguns afloramentos
kimberlíticos, e se a avaliação do teor e qualidade dos diamantes não for favorável,
abandonamos a sua exploração.

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7.2. MÉTODOS DE PROSPECÇÃO


7.2.1. MÉTODOS MINERALOMÉTRICOS
O método mineralométrico é bastante utilizado como técnica de êxito na procura de corpos
kimberlíticos nas bacias hidrográficas. Na meteorização kimberlítica e mais propriamente
quando se processa a erosão, libertam-se os grãos de diópsido, de piropo e de ilmenite que
originam auréolas mineralógicas nos solos superficiais. Os vários minerais definidos, produto de
desintegração sofrem posteriormente transporte por erosão. A prospecção na localização
kimberlítica pelo presente método, consiste no estudo da distribuição actual daqueles minerais
satélites do diamante, principalmente nos solos detríticos e aluvionares para que se consiga
reconstituir o transporte que sofreram desde a rocha mãe.
A importância do conhecimento das quantidades das medidas efectuadas, isto é, o número de
grãos em materiais detrítico-erosivos que foram pesados, é completada por outros parâmetros,
como o tamanho, a sua textura superficial e outros indicadores da taxa de erosão.

7.2.2. MÉTODOS GEOQUÍMICOS


A utilização da geoquímica nos kimberlitos revela teores altos de vários elementos,
nomeadamente, Ti, Cr, Ni, Mg, Ba e Nb nos solos residuais subjacentes. No entanto, devemos
ter especial atenção e tomar várias precauções, pois outras rochas alcalinas podem ter as mesmas
características geoquímicas. A química mineral é usada intensamente para ajudar a determinar se
a fonte kimberlítica é diamantífera ou estéril. Os kimberlitos diamantíferos podem conter alto
teor de Cr, granadas do tipo piropo com baixo teor de Ca, granadas eclogíticas ricas em sódio,
cromite com alto teor de crómio e com teor de Mg médio a alto, e ilmenite magnesiana.
A prospecção geoquímica é então assim, uma poderosa ferramenta como projecto de
pesquisa utilizando minerais indicadores, como já referido, através da colheita de amostras de
sedimentos correntes na rede de drenagem da área ou de solos, em malha regular que é
estabelecida no terreno. Consiste assim, na medição sistemática de um ou vários elementos em
diversos materiais e tem como objectivo pôr em evidência anomalias geoquímicas, ou seja
concentrações anómalas de certos elementos que contrastem nitidamente com o ambiente
envolvente.
O tipo de amostragem que se pode utilizar para as referidas análises geoquímicas, podem ser
principalmente, litogeoquímica pela análise de rochas, pedogeoquímicas pela análise de solos e
sedimentos de linhas de água.
No entanto, os presentes estudos geoquímicos e colheita de amostras podem ajudar na
classificação da anomalia apresentada de qualquer estudo. A metodologia para as amostras de
concentrados de minerais pesados é efectuada por uma equipa determinada previamente. As
etapas realizadas devem seguir os seguintes parâmetros:
- Preparação dos concentrados: os concentrados são obtidos utilizando-se várias técnicas, e são
lavados em água, nos quais uma fracção é separada para análise mineralógica;
- Separação mineral: os minerais são separados com uso de lupa binocular, e classificados por
grupos composicionais;
- Montagem de secções: os grãos de cada amostra foram montados com cola em secções polidas
e metalizados;
- Análises de microsonda electrónica: as análises são realizadas em laboratório de microsonda
electrónica em que as condições analíticas de estudo devem ser as seguintes: 20 kv 20 mA. Este
método ajuda a avaliar o seu potencial na área amostrada, baseando-se na identificação
mineralógica por análise microquímica de cada grão de minerais indicadores através da
microsonda. A presente técnica consiste em lançar os dados em certos gráficos descriminadores,
onde a base de toda a interpretação é estatística. Desta forma, quanto maior for o número de
grãos de cada mineral analisado, maior será a confiança da análise.
Deste modo, tenta-se descrever aqueles que se entendem como sendo os principais minerais a
estudar, entre outros:
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- Granadas: As granadas do tipo piropo, com composição subcálcica e com elevado teor de
crómio são chamadas de granadas G10. São reconhecidas como o mais fiel indicador da presença
de diamantes com potencial económico num Kimberlito. O diagrama que se apresenta a seguir,
na figura 40, reflecte a ligação das granadas G10 aos kimberlitos nos vários continentes.

Figura 40 – Diagrama Cr 2 O 3 – CaO, para as inclusões de granadas peridotíticas de diversos locais do mundo,
publicado por Gurney (1984).

Como podemos observar, a maior percentagem das granadas caem no campo pobre de Ca,
em relação à linha delimitadora G10/G9 definida por Gurney (1984).
Deste modo, as granadas provenientes do manto são considerados os mais importantes
indicadores de minerais de diamantes nos kimberlitos. Mas foi em 1975, que Dawson e Stephens
desenvolveram um trabalho pioneiro, e mostraram que as granadas são um mineral muito
importante na prospecção de diamantes em kimberlitos. Outros estudos efectuados à data
confirmaram o mesmo. No presente, os dois estudos mais importantes para a classificação e
interpretação das granadas pertencem a Schulze (2003) e Grütter et al. (2004). Estas
classificações são importantes na distinção das granadas do tipo piropo das granadas eclogíticas
e das granadas crustais. Os principais elementos usados para identificar e interpretar as granadas
derivadas do manto, e estimar o potencial em diamantes de uma área ou de uma chaminé
individual são nomeadamente: Cr, Ca, Mg, Fe, Ti e o Na.
O esquema introduzido por Grütter et al. (2004), é utilizado para classificar diferentes
espécies de granadas. Apesar da presente abordagem, introduzir conceitos que não sejam
familiares para determinadas áreas na geologia, tais como a intercepção do Ca, é compreensível,
simples e muito bem adaptado na prospecção do diamante, o qual podemos observar na figura
41.

Figura 41 – Diagrama de granadas Cr 2 O 3 -CaO, mostrando a composição de granadas segundo Grütter et al. (2004).
Di/Gr é a curva invariante da grafite/diamante.

Neste esquema de classificação, as granadas são divididas em 12 categorias, desde G1 ao


G12. Assim, os de harzburgitos pertencem ao G10, os piroxenitos, websteritos e granadas
eclogíticas pertencem as G4, G5 e G3, e estão associadas aos diamantes. As granadas
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lherzolíticas G9 derivam do manto. As granadas wehrlíticas são referidas como G12,


megacristais de baixo Cr são G1, e variedades peridotíticas com alto teor de Ti são G11. As
granadas que não se encaixam em nenhuma das doze categorias, incluindo nas granadas crustais,
são referenciadas como granadas G0. O presente diagrama foi efectuado por partes empíricas, foi
testado num grande conjunto de dados e parece bastante consistente.
A título de exemplo, do conhecimento e estudo das granadas que estão associadas à
mineralização de diamantes em angola, podemos referir as granadas estudadas no kimberlito de
Camafuca-Camazambo, localizado no Campo 3 da Província 2 representado no capítulo 4. O
estudo da geoquímica não incide somente na identificação da presença de diamantes na rocha
mas também no potencial económico do kimberlito. As granadas subcálcica e cromodiópsido
G10 são granadas, como já foi referido, derivadas do manto são o indicador de ocorrência de
diamantes. Assim, a ocorrência destas características de granadas de cor púrpura é rara, e estão
associadas a kimberlitos diamantíferos. Deve referir-se que a sua ocorrência e inclusão nos
diamantes de paragénese peridotítica sugere que existem fases mineralógicas que estão estáveis
no núcleo e no crescimento do ambiente do diamante.
O presente estudo foi baseado e centrado em granadas que foram separadas de outras
concentrações indicadas, onde os grãos mostram distintas morfologias desde bem arredondados a
angulosos. Na observação macroscópica, os grãos de granadas são mais ou menos transparentes
de cor vermelho-púrpura a vermelho.
A análise baseia-se na concentração dos elementos num microscópio de electrão Cameca
CAMEBAX com detector WDS e utilizando uma correcção ZAF no laboratório do INETI, São
Mamede da Infesta, Portugal. As condições analíticas envolveram um acelerador de voltagem de
15 kV e um feixe de 20 nA, com contagem de picos a 10 segundos e a 5 segundos no terreno.
Foram utilizados nesta pesquisa materiais sintéticos, materiais naturais e materiais standart,
nomeadamente: ortoclase para Si e Al, MgO para Mg, MnTiO 3 para Ti e Mn, albite para Na,
andaluzite para Ca, Fe 2 O 3 para Fe, Cr 2 O 3 para Cr e níquel metálico para Ni.
Os resultados deste estudo são baseados num total de 22 amostras de grãos de granadas, que
foram submetidas a análise geoquímica multi-elementar pontual, e foram classificadas de acordo
com a classificação segundo Grütter et al. (2004), para classificação de granadas derivadas do
manto. Podemos observar a classificação na figura 42 que se segue, encontrando-se os dados
analisados em tabela no anexo C.

Figura 42 – As granadas do kimberlito Camafuca-Camazambo, segundo o diagrama de classificação das granadas


derivadas do manto relativo aos conteúdos de Cr 2 O 3 e CaO, segundo Grütter et al. (2004). As granadas são
classificadas segundo as nomenclaturas: G0 (não classificadas); G1 (megacristais com baixo teor em crómio); G3
(eclogítico); G4 (piroxenítico com baixo crómio/websterítico/eclogítico); G5 (piroxenítico); G9 (lherzolítico); G10
(harzburgítico) e G12 (wehrlítico); o grupo G1 e G11 (peridotito com alto teor de TiO 2 ), são classificados
anteriormente; as granadas G2, G6, G7 e G8 pertencem a grupos de origem crustal: os megacristais de granadas
(paralelograma tracejado) não se sobrepõem aos grupos G3, G4, G5, G9 ou G12 desde que ocorra um alto conteúdo
de TiO 2 ; as granadas do G5 são separadas das granadas do G9 dado o parâmetro do Mg#; as granadas que estão
perto da linha diamante-grafite, podem ser consideradas como pertencente a fácies dos diamantes,
independentemente do conteúdo em MnO; as granadas só podem ser consideradas G10 D quando MnO<0,36 %
peso. Simbologia: G10 D-diamante; G9-quadrado; G1-circulo; G4-triângulo.

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Considerando todos os dados, nove granadas pertencem ao grupo G10 provenientes do


harzburgitos, três ao grupo G9 (cálcicas) provenientes do lherzolitos, dez ao grupo G1 de
megacristais de granadas e um ao grupo G4 que compreendem granadas de piroxenitos, eclogitos
e websteritos.
Na análise das granadas G10, observa-se que contêm Cr 2 O 3 em quantidade relativamente
baixa de 4 a 5 % peso, e CaO em quantidades mais elevada entre 3 a 4 % peso, permitindo a
diferenciação de granadas G10 de fácies de diamantes. No entanto, todos os grãos de granadas
têm MnO em quantidades abaixo dos 0,36 % peso, mas segundo Grütter et al. (2004), as
granadas que tenham composições e condições de temperatura e pressão semelhante à
estabilidade para o diamante, são tratadas como granadas “D”.
O grão Gnt17 tende a destacar-se, dado o seu baixo conteúdo, com cerca de 0,97 % peso de
Cr 2 O 3 , dado que a granada subcálcica G4 piroxenítica, é particularmente enriquecida pela
componente almandina, de acordo com a tabela no anexo C.
As granadas do grupo G9 têm relativamente baixa quantidade de Cr 2 O 3 entre 2 a 3 % peso.
Só podem ser separadas do grupo G1 por serem mais pobres em TiO 2 nomeadamente com 0,25
% peso, relativamente a este último cuja quantidade em TiO 2 varia entre 0,3 a 0,94 % peso.
Devemos ter em consideração que, após uma cuidadosa visualização, um grande número de
megacristais de granada do grupo G1 deste kimberlito são indistinguíveis, a partir das suas
análises químicas, de outras granadas derivadas do manto. Mas, estes factos são esperados dado
que os megacristais de granadas são relativamente ricos em Fe e Ti e apresentam-se geralmente
mais resistentes geoquimicamente num sentido temporário, do que diversas outras granadas
derivadas do manto. Apesar de se saber que existem relações entre megacristais de granadas e
diamantes, não existe uma relação estabelecida cientificamente, mas a sua correcta identificação
é muito importante. Por outro lado, podem ser classificados incorrectamente no grupo G9 de
granadas de lherzolitos.
As granadas G10 D, têm todas Cr# (100 Cr/(Cr+Al)) entre 12 a 14, sendo este valor muito
mais alto que a saturação de Ca das granadas G9 (entre 6 a 8) e do grupo dos grãos das granadas
G4, com Cr# = 3. Estes valores são proporcionais aos das componentes de moléculas de
knorringite das granadas e são usados como indicadores úteis da pressão mínima necessária para
a cristalização das granadas. Considera-se para a cristalização do diamante a temperatura de 900
a 1200ºC, segundo o esquema proposto por Irifune et al. (1982), para o limite de solubilidade da
knorringite molecular no piropo, em função da temperatura e pressão. Podemos observar na
figura 43, as granadas G10 D analisadas no kimberlito de Camafuca-Camazambo, que requerem
uma pressão mínima de 40-45 Kbar (4-4,5 Gpa) para formar dentro do corpo a estabilidade dos
diamantes.

Figura 43 – Solubilidade limite da molécula de knorringite no piropo em função da temperatura e da pressão,


segundo Irifune et al., 1982. São as condições de pressão mínima requerida para a cristalização das granadas G10 D
do kimberlito Camafuca-Camazambo (área ponteada), estimado pela molécula de knorringite de composição
(Mg 3 Cr 2 Si 3 O 12 ), equivalente ao índice 100Cr/(Cr+Al) de 14 mol.% ao alcance da temperatura típica da
cristalização do diamante (900 a 1200ºC).
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Já em contraste com a concentração de Cr#, os valores de Mg# (100Mg/(Mg+Fe2+)), centra-


se entre 82 e 86 e não permitem a distinção entre granadas do grupo G9 e G10 D. O grão Gnt17,
fica outra vez de fora dado o valor baixo de Mg# = 74, que de certa forma confirma que são de
origens diferentes, de acordo com a tabela no anexo C. A granada do grupo G10 D, apresenta
Ca# (100Ca/(Ca+Mg)) com valor próximo de 10, sendo significativamente abaixo do valor
obtido nas granadas G9 com valor próximo de 13.
Sendo assim, em conclusão, a composição química das granadas é de um magma
peridotítico, de composição lherzolítica, que após o processo de fusão parcial deixou um magma
residual harzburgítico. A geoquímica das granadas sugere que a amostra do kimberlito
Camafuca-Camazambo tem um magma lherzolítico sujeito a processos de depleção a
profundidade superior a 150 km. São compatíveis com o campo diamantífero, dado a ocorrência
de um grande número de granadas G10 D com afinidade de composição, temperatura e pressão
gerados no campo da estabilidade do diamante.

- Clinopiroxenas: As clinopiroxenas, como é exemplo o diópsido, apresentam-se geralmente


com cor verde brilhante cromífera e são facilmente identificáveis em concentrados de minerais
pesados. Por esta razão, as clinopiroxenas são considerados minerais indicadores de kimberlitos
produtivos, mas infelizmente, as clinopiroxenas com características similares das presentes nos
Kimberlitos são encontradas em diversos tipos de rochas. Para estas distinções, utilizam-se
análises de microsonda. Desde que tenha um teor de Cr 2 O 3 superior a 0,5 % peso, demonstra
pertencer ao manto peridotítico. O gráfico discriminativo da figura 44, Cr 2 O 3 -Al 2 O 3 de Ramsey
e Tompkins (1994) é utilizado para aperfeiçoar ainda mais a interpretação.

Figura 44 – Discriminação das clinopiroxenas Cr 2 O 3 -Al 2 O 3 , segundo Ramsey and Tompkins (1994).

- Espinelas: Os estudos efectuados para as espinelas, são baseados em estudos de microsonda


com base no teor de crómio que existe nas cromo-espinelas. Deve referir-se que vários estudos
apontam para um campo composicional de diamantes associados a cromites que contêm
geralmente mais de 60% de Cr 2 O 3 .

- Ilmenite: As ilmenites são dos minerais mais utilizados como mineral indicador de
kimberlitos. É um membro comum do conjunto de megacristais e que contêm concentrações
maiores elementos de TiO 2 , MgO, CrO 2 , MnO 2 e Fe 2 O 3 . É utilizada para distinguir as ilmenites
kimberlíticas daquelas que não são kimberlíticas, segundo Wyatt et al. (2004), como se observa
na figura 45. Deve referir-se que as ilmenites não kimberlíticas, isto é, as que derivam da crusta
apresentam um baixo teor de MgO. Mas também, as ilmenites com baixa relação Fe3+/Fe2+,
indicam condições favoráveis de oxidação-redução para a preservação do diamante e, por isso,

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fornecem informações adicionais para a avaliação de chaminés individuais, segundo Gurney e


Moore (1994).
Podemos também observar na figura 46, uma discriminação do campo simplificado das ilmenites
kimberlíticas que são derivadas de amostras da América do Norte, Austrália e África do Sul,
segundo Wyatt et al. (2004).

Figura 45 – Gráfico de discriminação da ilmenite, segundo Wyatt et al. (2004).

Figura 46 – Gráfico de discriminação da ilmenite Cr 2 O 3 e MgO, segundo Haggerty (1991). Campo simplificado das
ilmenites Kimberlíticas que são derivadas de amostras da América do Norte, Austrália e África do Sul, segundo
Wyatt et al. (2004).

- Olivina: As olivinas que existem nos climas mais frios são mais resistentes à serpentinização.
É considerada também um mineral indicador de kimberlitos. Deve relembrar-se que para além de
ser um mineral comum nos kimberlitos, também está presente em variedades de rochas
ultramáficas, não dando informação do potencial em diamantes como é exemplo dado pelas
granadas, as clinopiroxenas, cromites e ilmenites. As olivinas, não podem somente ser analisadas
a nível visual. É muito importante que se proceda a análises por microssonda electrónica. As
olivinas que podem aparecer no gráfico com o campo de “cor verde” da figura 47, derivam das
rochas kimberlíticas, segundo Eccles e Sutton (2004).

Figura 47 – Gráfico de discriminação da olivina NiO-Fo. As olivinas que derivam das rochas kimberlíticas
apresentam-se no campo do gráfico, segundo Eccles e Sutton (2004).

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- Corindo: O corindo e as suas gemas equivalentes, em raras circunstâncias, são encontrados nas
rochas sobre-saturadas de sílica, tal como os gnaisses ricos em alto grau de alumínio, e também
numa variedade de basaltos alcalinos nos locais de contacto metamórficos segundo Simandl e
Paradis (1999).
Também nestes locais são encontrados outros tipos de minerais associados a estes, embora não
sejam minerais indicadores de kimberlitos, como é o exemplo:
a) Diásporo, este ocorre associado ao corindo, é um hidrato de alumínio (AlO(OH)),
especialmente um produto final de um possível metamorfismo regional. Cristaliza também com a
goetite e manganite. O presente não serve de pista em termos de distância de percurso desde a
fonte primária e a distribuição química.
b) Saponite, que se apresenta como um silicato natural hidratado de magnésio e alumínio
((½Ca,Na) 0.33 (Mg,Fe+2) 3 (Si,Al) 4 O 10 (OH) 2 ·4H 2 O) de cor branca a cinza, apresenta-se sob a
forma de massas moles, amorfas, saponiformes, que enchem cavidades e veios. Segundo
Coenraads (1990), estão também associados às concentrações de depósitos de diamantes.
A ligação directa mas não exclusiva de corindo-diamante é estabelecida através do estudo das
inclusões de corindo no diamante, segundo Hutchison et al. (2001 e 2004). Dados preliminares
indicam que as inclusões interpretam a existência singética com o crescimento do diamante, com
mais alto teor de Ni e alto ratio de Mg/Fe, do que o corindo de qualquer outro nível de
temperatura e pressão, segundo Hutchison et al. (2004).

7.2.3. MÉTODOS GEOFÍSICOS


Os métodos geofísicos são técnicas indirectas de investigação, das estruturas em
profundidade, através da aquisição e interpretação de dados instrumentais e apresentam-se como
uma poderosa ferramenta ao dispor dos técnicos das Ciências da Terra.
A base de qualquer método geofísico, é o contraste entre as propriedades físicas do alvo e os
restantes ambientes geológicos envolventes. Quanto maior for o contraste ou anomalia, melhor
será a resposta geofísica e, consequentemente, a sua identificação.
Uma das principais vantagens da aplicação das técnicas geofísicas em relação aos métodos
tradicionais de investigação de sub-superfícies, como é o exemplo das sondagens, é a rapidez na
avaliação de grandes áreas com custos relativamente menores. Para além disso, os levantamentos
geofísicos propiciam a execução de perfis contínuos, possibilitando a identificação com maior
precisão das variações laterais decorrentes das mudanças litológicas.
A aplicação de um ou mais métodos geofísicos distintos aumenta a precisão das
interpretações, sendo que a natureza da geologia local e do que se tenta pesquisar, são os factores
decisivos na selecção das técnicas geofísicas a ser utilizadas.
O desvio significativo do padrão normal, relativamente às medidas geofísicas, que
corresponde às anomalias, pode apontar a presença de alterações nas subsuperfícies.
Relativamente à descoberta kimberlítica, estes métodos podem pôr em evidência chaminés
individuais bem como campos kimberlíticos, com as suas características associadas.
Como apoio aos vários estudos de geofísica aplicada, os métodos geofísicos assumem um
papel de importância fundamental, contribuindo de maneira directa no entendimento do modelo
geológico em subsuperfície, diminuindo os custos e os prazos de um projecto.
Os principais métodos geofísicos, aplicados aos diversos estudos têm vários objectivos, de
um modo geral sintetizados a seguir:

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Métodos Propagação de ondas Métodos: Levantamentos de: detalhe e Falhamentos


Sísmicos sísmicas - Refracção - REFR regional. Superfície Topo rochoso
- Reflexão - REFL topográfica e interior de Prof. do nível aquífero
furos de sondagem. Estimativa da porosidade total
Ensaios em amostras Correlação litológica
Métodos Campos Eléctricos e Métodos: Caracterização litológica
Geoeléctricos Electromagnéticos (V.L.F. – - Electrorresistividade-RES Zonas costeiras
Very low frequency) - Polarização induzida-PI Estimativa de parâmetros
- Potencial espontâneo-PS hidráulicos
- Eletromagnética-EM Profundidade do nível de água e
direcção do fluxo
Falhamentos e fracturamentos
Contactos geológicos
Topo rochoso
Mapeamento da pluma de
contaminação
Gravimetria Força da Gravidade - Levantamentos terrestres de: Contactos geológicos e
GRAV detalhe e regional falhamentos
Corpos intrusivos
Carsificação e cavidades
Magnetometria Campo Magnético Levantamentos aéreos e Contactos geológicos e
Terrestre - MAG terrestres de detalhe e falhamentos
regional Diques diabásicos
Derrames basálticos
Métodos Ground Penetrating Radar – GPR - Reflexão de ondas electromagnéticas - emprega ondas de rádio, tipicamente com
Geoelétricos frequências entre 1 e 1000 MHz, no mapeamento de estruturas e características do subsolo (ou "estruturas artificiais") a baixas
profundidades.
Quadro 8 – Principais métodos de prospecção geofísica.

Apresenta-se no quadro 9, uma tentativa de classificação, quanto ao grau de importância, na


aplicação dos principais métodos geofísicos em estudos geofísicos relacionados com a intrusão
kimberlítica, envolvendo as principais questões de interesse. Esta classificação analisa apenas os
resultados esperados.

Métodos Geofísicos
Geoeléctricos Sísmicos Potenciais
Objectivos RES PI EM PS GPR REFR REFL MAG GRAV
Contactos Geológicos 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Falhamentos e Fracturamentos 1 1 1 1 1 2 1 1 1
Topo Rochoso 1 2 2 3 1 1 1 2 2
Identificação Litológica 1 1 3 3 2 1 1 3 3
Corpos Intrusivos-Diques 1 1 1 2 1 1 1 1 1
Derrames Basálticos 1 1 1 3 1 1 1 1 1
Resultados esperados: (1) BOM; (2) LIMITADO; (3) NÃO RECOMENDADO
Quadro 9 – Aplicação da Geofísica nas principais questões relacionada com a intrusão kimberlítica.

Como se pode observar no quadro 9, a utilização dos vários métodos são um aliado poderoso
na prospecção kimberlítica, diminuindo os custos finais de um projecto e auxiliando na precisão
e entendimento dos resultados finais. Neste sentido, no ou nos vários estudos a realizar, visando
a identificação do corpo intrusivo, os principais factores que condicionam a escolha da
metodologia geofísica, podem ser sintetizados nos seguintes: profundidade de investigação a ser
atingida; pela espessura e forma do corpo a ser prospectado; tipos e contrastes de propriedades
físicas entre o corpo a ser prospectado e o meio encaixante; poder de resolução; custo e
celeridade; e a topografia e área de estudo.
Como já foi referido anteriormente, os diamantes podem ocorrer em quantidades
economicamente rentaveis nos depósitos aluvionares e nos kimberlitos. O trabalho de Gerryts
(1970), muito contribuiu para a confirmação da potencialidade dos métodos geofísicos,
reexaminando áreas de programas de exploração kimberlíticas. Assim, os métodos geofísicos
foram incluídos como método de prospecção, há pouco mais de quatro décadas atrás, dado que
até essa altura utilizavam-se somente a prospecção geoquímica e mineralógica, baseada na
amostragem de minerais pesados, normalmente dispersos a partir da fonte.
Num contexto geral, as respostas de anomalias geofísicas das chaminés kimberlíticas são
complexas. Os kimberlitos têm propriedades físicas particulares, intrínsecas e não homogéneas,
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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bem como a quantidade e a natureza da rocha encaixante que foram arrancadas, como também a
presença de rochas de cratera, a erosão e alteração das rochas, etc, onde a resposta varia de área
para área. A presente conjuntura causa diferentes investigações e consequentemente diferentes
conclusões para as aplicações das diferentes técnicas de exploração kimberlítica. Estas
conclusões são perfeitamente comprovadas nos vários e diferentes modelos de chaminé. Assim,
existem três factores importantes de controlo na resposta geofísica na prospecção das chaminés:
o tamanho original e não homogéneo das camadas da chaminé; a profundidade de erosão que
afecta o tamanho e os agrupamentos dos minerais de superfície; e os processos de alteração que
ocorrem à superfície onde são condutivos mas não são magnéticos.
As ferramentas de prospecção geofísica utilizadas como métodos geofísicos são: magnéticos;
electromagnéticos (EM); e também gravimétricos como as principais na localização das
intrusões segundo Haralyi e Svisero (1984), Macnae (1995), Power et al. (2004), utilizando
meios aerotransportados (avião e helicóptero). Outros métodos como sísmica,
eletrorresistividade e GPR também são citados, porém para os detalhes e modelamento de
corpos, isto é, para alvos prioritários.
O kimberlito tem uma gravidade específica entre os 2,7-3,0 e a rocha encaixante pode ter
entre 2,3-2,5. Neste contexto, as anomalias gravimétricas detectam somente alguns décimos de
miligal.
A presença nos kimberlitos, principalmente de montmorilonite (argila), produz uma
condutividade baixa na resistividade induzida. Essa condutividade baixa reflecte-se mais nas
zonas que estão a delimitar as chaminés kimberlíticas. No que concerne ao topo da chaminé, as
zonas ricas de argila provocam uma condutividade e/ou uma grande anomalia magnética onde os
corpos condutivos perto da superfície têm um diâmetro ligeiramente mais largo do que a fonte
magnética em profundidade.
Relativamente às anomalias electromagnéticas (EM), são de interpretação e utilização
duvidosa no que respeita aos limites entre o kimberlito e a rochas encaixante quando o estado em
que se apresentam é semelhante.
A gamaespectrometria não é um método usual na prospecção de kimberlitos, dado a sua
pequena profundidade de penetração, e grande susceptibilidade a variações em relação à
geologia. Assim é pouco utilizada, embora seja usado para avaliação preliminar das anomalias
magnéticas. Quando os kimberlitos apresentam anomalias gamaespectrométricas mais
expressivas é de facto uma boa contribuição para a delimitação do mesmo.
A refracção sísmica, num contexto geológico generalizado relativo à prospecção geofísica a
realizar, revela muita informação acerca do contacto entre a rocha encaixante e o kimberlito,
embora se torne inútil numa operação de rotina. De forma geral, para a detecção sísmica dos
kimberlitos, a velocidade é mais baixa do que a rocha encaixante.
Muito importante é o facto dos estudos geofísicos realizados para uma determinada área, não
poderem ser assumidos como modelo para serem empregues noutras regiões, uma vez que os
litotipos das rochas encaixantes e as próprias intrusões podem apresentar características
geofísicas diferentes.
Assim, em qualquer pesquisa de kimberlitos, as variações que entendamos consideráveis e
importantes devem ser antecipadas para a melhor escolha do método ou métodos.
Num estudo geofísico aplicado a este tipo de intrusões como primeira estimativa, deve
envolver-se e é recomendável num ante-projecto a interpretação magnética, de resistividade,
técnicas electromagnéticas, bem como o uso de fotografia aérea ou imagens de satélite.
Podemos utilizar alguns critérios de relacionamento para classificar as anomalias. Existe uma
relação entre as superfícies de intrusão mostradas nos dados magnéticos e/ou electromagnéticos
numa fonte com dimensão de 100 a 1600 m. A presença de várias respostas de anomalias na
proximidade da chaminé estudada demonstra um conjunto de aglomerados kimberlíticos. Se a
anomalia é magnética e condutiva, a anomalia electromagnética mostra o aparecimento de uma
fonte menor do que a da magnética. A relação da anomalia magnética e electromagnética de
grande amplitude, no que respeita à cobertura aluvionar, poderá dar informação de uma grande
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espessura aluvionar. Também importante é o facto das características coincidentes dos vários
estudos e que se apresenta na observação de fotografia aérea, excepto quando existe grande
cobertura aluvionar.
Em qualquer reconhecimento aéreo de prospecção, várias considerações geológicas podem
ser usadas para determinar ou decidir se um estudo magnético, ou a combinação de um estudo
magnético e electromagnético devem ser efectuados. Quando temos uma área onde esperamos
que existam zonas de alteração, a combinação destes estudos são essenciais para se encontrar as
chaminés, dado que uma complementa a outra esclarecendo-se assim, dúvidas que possam
surgir.

7.2.3.1. ESTUDOS DE RESISTIVIDADE EM PROFUNDIDADE


Existem vários métodos de prospecção eléctrica, alguns utilizam os campos naturais da
Terra, enquanto que outros se servem da introdução de campos artificiais no solo, isto é, corrente
eléctrica.
Os métodos resistivos são usados para estudar as descontinuidades horizontais e verticais das
propriedades eléctricas do solo, bem como para a detecção de corpos em três dimensões. Estes
métodos têm grande uso em geotecnia, hidrologia e no estudo da geologia sub-superficial de
pouca profundidade.
Nos métodos resistivos, uma corrente artificial é introduzida no solo e a diferença de
potencial resultante é medida à superfície. Os desvios-padrão esperados de um solo homogéneo,
fornecem informação sobre a forma e propriedades eléctricas das heterogeneidades. A
resistividade de um material é definida como a resistência, em Ohms e a unidade S.I. da
resistividade é o ohm-metro.
A resistividade é uma das propriedades físicas que apresenta grande variabilidade. Alguns
minerais conduzem a electricidade, via deslocamento dos electrões, que apelamos de condução
electrónica. No entanto, a maioria dos minerais das rochas são isolantes eléctricos e a corrente
eléctrica é transportada principalmente pela passagem de iões nas águas intersticiais. Os iões que
conduzem a corrente eléctrica resultam da dissociação de sais resultante da dissolução desses
sais na água, dado que cada ião transporta uma diminuta quantidade de carga. Quantos mais
estiverem presentes na solução, maior é a carga eléctrica transportada. Deste modo, as soluções
que tiverem um maior número de iões terão uma condutividade mais elevada. De uma maneira
geral e como exemplo, para uma dada porosidade, uma rocha cujos poros estão impregnados
com uma água salina será tanto mais condutiva quanto maior for a salinidade dessa água. A
salinidade é assim um dos dois factores principais que condicionam a resistividade das rochas. O
outro é a porosidade, pois quanto maior ela for, maior poderá ser o número de iões dissolvidos
nas águas intersticiais. No entanto devemos ter em atenção que a porosidade, por si só, não tem
uma relação tão directa com a condutividade. Sendo que a condução eléctrica é processada por
via electrolítica, é necessário que exista uma inter-conecção dos vários poros, de maneira a que a
corrente eléctrica possa circular ao longo das rochas.

Figura 48 – Várias texturas de rochas: a) Arenitos grosseiros; b) Arenitos mal calibrados; c) Calcário; d) Deposição
Gresosa; e) Granito; f) Basalto.
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A figura 48 mostra alguns exemplos de texturas de rochas encaixantes e de depósitos


sedimentares. Da análise das mesmas podem tirar-se algumas conclusões qualitativas de acordo
com as alíneas da figura:
a) Arenitos grosseiros contêm uma grande percentagem de espaços vazios, e por isso uma baixa
resistividade;
b) Arenitos com grãos de várias dimensões têm uma porosidade mais reduzida e, logo, uma
maior resistividade;
c) A dissolução de rochas calcárias ao longo de fracturas aumenta a porosidade e baixa a
resistividade;
d) A precipitação de minerais, baixa a porosidade e aumenta a resistividade;
e) As rochas graníticas conduzem a electricidade ao longo de fissuras. As porosidades são, nestes
casos, baixas e as resistividades elevadas;
f) Os basaltos têm frequentemente como característica os seus poros estarem isolados uns dos
outros. Assim, se tiverem uma elevada porosidade eles podem exibir uma alta resistividade.

As rochas comuns e os solos típicos apresentam uma gama considerável de resistividades


(quadro 10) que reflectem, em parte, os vários tipos de texturas que acabámos de mencionar e o
que faz com que seja impossível identificá-las só através da análise deste parâmetro.
No que concerne ao efeito dos minerais de argila, as suas partículas fornecem em relação ao
percurso electrolítico, um percurso alternativo de baixa resistência para a condução de
electricidade.
Material Resistividade em Ωm (OHM·M)
Águas subterrâneas em granito 20-100
Águas Subterrâneas em calcários 20-50
Águas salobras 1-10
Água potável superficial 20-300
Água do Mar Menor de 0,3
Água destilada Maior de 500
Kimberlitos alterados 10-20
Kimberlitos compactos 100-1.000(+)
Basaltos, Andesitos e Peridotitos (não alterados) 800-15.000
Granito 500-50.000
Granito alterado 1-100
Quartzito 1000-10.000
Argilas e Margas 0.5-100
Calcários maciços 2.000-10.000
Xistos (+carbonatados para + metamórficos) 0,1-300
Rochas Metamórficas 100-10.000
Cascalho 100-10.000
Areias 130-1.000
Lodos 30-500
Quadro 10 – Variação típica de resistividades eléctricas dos materiais atravessados nos estudos Geoeléctricos.

Quanto aos métodos de resistividade, existem dois tipos de procedimentos que podem ser
empregues na prospecção. As sondagens eléctricas verticais (SEV) são usadas sobretudo para
estudar a estratificação horizontal das interfaces. Neste procedimento os eléctrodos de corrente e
potencial são mantidos com o mesmo espaçamento relativo e todo o aparato é expandido em
torno de um ponto central que é mantido fixo. Em consequência as leituras são feitas para
profundidades de penetração progressivamente maiores. O grande problema é que a natureza não
é muito estratificada. No entanto, este procedimento encontra boas aplicações para definir zonas
horizontais de estratos porosos. No que diz respeito aos perfis eléctricos, estes são usados para
determinar variações laterais de resistividade. Nestes casos, os eléctrodos de corrente e de
potencial são mantidos com uma separação fixa e deslocados progressivamente ao longo do
perfil.
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Neste sentido, podemos utilizar vários métodos de acordo com a figura 49, seguinte:

Figura 49 – Dispositivos usados nos métodos resistivos e respectivos factores geométricos.

Os equipamentos dos métodos de resistividade, são basicamente voltímetros e geradores de


corrente. Os aparelhos modernos usam corrente alterna de baixa frequência para evitar a
polarização dos eléctrodos de potencial, mas também para anular os efeitos das correntes
telúricas. Para uma penetração próxima dos 10 m podem usar-se frequências de 100 Hz que
deverão decrescer para 10 Hz para uma penetração de 100 m.
Na interpretação das SEV, Sondagens eléctricas verticais, os levantamentos eléctricos estão
entre os mais difíceis métodos geofísicos de interpretação quantitativa, dado os fundamentos
teóricos desta técnica. Considere-se o resultado medido com um dispositivo de Wenner sobre
uma interface única e infinita entre dois meios com resistividades ρ 1 > ρ 2 , observar a figura 50;

Figura 50 – Variação da resistividade aparente em função da separação dos eléctrodos a. Segundo Braga (2001),
“Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de
Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.

Na passagem pela interface, as linhas do fluxo de corrente são deflectidas em direcção à


interface de um modo semelhante à refracção das ondas sísmicas, dado que a camada inferior,
que é mais condutiva, fornece um percurso que é de certo modo mais atractivo para a corrente.
Quando a separação dos eléctrodos é pequena, a maior parte da corrente flui pela camada
superior, consequentemente a resistividade aparente tende para ρ 1 . Quando a separação dos
eléctrodos aumenta progressivamente, mais corrente passa através da camada inferior ρ a →ρ 2 .
Uma situação semelhante ocorre quandoρ 2 >ρ 1 , embora neste caso a ρ a →ρ 2 mais lentamente,
dado que a camada inferior é mais resistiva. Quando temos três camadas horizontais as curvas de
ρ a são mais complexas.

Figura 51 – Variação da resistividade aparente com a separação dos eléctrodos para uma situação de 3 camadas
horizontais. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de
Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São
Paulo, Brasil”.

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Apesar de ρ a tender para ρ 1 e ρ 3 para pequenos e grandes espaçamentos dos eléctrodos, a


presença de uma camada intermédia provoca a deflexão da curva ρde a para os espaçamentos
intermédios. O modo tradicional de representação das curvas de ρ é o de um gráfico logarítmico
(ln ρa→ln(L/2)). Nesta representação os casos das figuras anteriores são classificados em 4 tipos,
segundo a figura 52:

Figura 52 – Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de
Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São
Paulo, Brasil”.

Na prática, o que se executa é uma inversão matemática que pretende calcular o número de
camadas, a sua espessura e a sua resistividade. Estas soluções não se libertam das incertezas,
devido ao problema inverso (ρ 1 t 1 =ρ 1 ’t 1 ’). Devemos ter em consideração que as camadas que são
muito finas não podem ser detectadas em curvas de sondagens a grande profundidade.

Figura 53 – SEV obtida com um dispositivo de Schlumberger e modelo calculado para uma curva tipo H. Segundo
Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada,
Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.

Na interpretação dos perfis eléctricos, os perfis eléctricos fazem-se deslocando o


dispositivo, mantendo fixa a posição relativa dos quatro eléctrodos, ao longo de uma linha.
Pretendendo-se assim, detectar contrastes de resistividade e os resultados obtidos referem-se a
um nível constante de penetração.
Segundo a figura 54, a curva da ρ a declina suavemente de ρ 1 para ρ 2 através da zona de
contacto dos dois corpos. Se existirem mais descontinuidades laterais o princípio é o mesmo.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Figura 54 – Perfil de resistividade aparente ao longo de uma descontinuidade vertical. Segundo Braga (2001),
“Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de
Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.

A figura 55 mostra como exemplo, vários perfis calculados para o caso de uma esfera
condutiva enterrada a uma certa profundidade, usando três dispositivos diferentes. O método que
melhores resultados apresenta, é o do dipólo-dipólo.

Figura 55 – Perfis de resistividade sob uma esfera enterrada. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados.
Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade
Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.

Na combinação de sondagem vertical e perfil, o que procuramos estudar são os contrastes


verticais e horizontais da resistividade, onde os dispositivos mais utilizados são o dipólo-dipólo e
pólo-dipólo.
A figura 56 apresenta o método mais comum usado para representar os resultados e é
conhecido por pseudo-secção. Os dipólos de injecção são primeiro colocados nas posições 1 e 2
e os dipólos de recepção em 3 e 4ρe o a = (ΔV/I)k é calculado. Esta resistividade é então
representada na intersecção das linhas traçadas a 45º, como é representado pela figura e assim
sucessivamente.

Figura 56 – Método de representação de uma pseudo-secção. Segundo Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados.
Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada, Instituto de Geociências Exactas da Universidade
Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.
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A pseudo-secção não é uma verdadeira representação da distribuição da resistividade em


profundidade. A interpretação consiste na modelação interactiva de um modelo a duas
dimensões, até que as pseudo-secções teóricas e observadas coincidam o melhor possível.
Podemos observar como exemplo a figura 57.

Figura 57 – Modelo a duas dimensões, de acordo com a combinação de sondagem vertical e de perfil. Segundo
Braga (2001), “Métodos eléctricos aplicados. Módulos Hidrogeologia. Departamento de Geofísica Aplicada,
Instituto de Geociências Exactas da Universidade Estatual Paulista Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil”.

Limitações dos métodos de resistividade: estes são métodos eficientes no delineamento de


sequências estratificadas de baixa profundidade, bem como na detecção de descontinuidades
verticais, que envolvam variações de resistividade. Estes métodos têm contudo algumas
limitações, nomeadamente na interpretação que pode ser ambígua. Pode ter interpretação
limitada a configurações estruturais simples, a topografia e os efeitos das variações resistivas
muito superficiais podem esconder os efeitos das variações mais profundas. A profundidade de
penetração do método está limitada pela máxima potência eléctrica que pode ser introduzida no
solo, com um limite prático de 1 km. Mas, em contrapartida os métodos resistivos são de rápida
execução e são métodos não destrutivos, tendo uma aplicação muito versátil, cobrindo grandes
zonas de trabalho.
Geralmente a resistividade baixa é detectada devido à presença de argila na superfície do
kimberlito alterado, mas pode estar exposto à superfície como uma bancada dura, apresentando
uma resistividade mais alta. Os estudos apresentados por Gerryts (1970) e Burley e Greenwood
(1972), informam que uma baixa resistividade corresponde a kimberlitos suaves, ao mesmo
tempo que uma alta resistividade está associada aos kimberlitos de alteração mineralógica.
No que se refere aos valores de carga e resistividade de acordo com os materiais, embora eles
variem de uma área para outra área, os aluviões têm uma resistividade com cerca de 100Ωm, as
coberturas sedimentares entre 25 a 50 m têm uma resistividade que varia entre os 50 a 200Ωm e
a sua carga varia entre 1 a 2 ms. Quando o “bed-rock” é um gnaisse granítico, a sua resistividade
varia entre os 1000 a 2000Ωm e a sua carga varia entre 5 a 25 ms. Relativamente ao kimberlito,
onde existiu erosão e alteração, a sua resistividade varia entre os 2 a Ωm
50 e a sua carga varia
entre 0 a 1 ms, entre o topo e as primeiras dezenas de metros. Na zona intermédia de um
kimberlito alterado, a sua resistividade varia entre os 50 a 100Ωm e a sua carga varia entre 3 a 4

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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ms. Na zona de um kimberlito de maior profundidade, isto é, que não está alterado a sua
resistividade anda por volta dos 500Ωm.
Neste sentido, os estudos das resistividades do terreno podem ter grande utilidade na
determinação da chaminé kimberlítica, distinguindo os sedimentos sobrejacentes, os terrenos
alterados e os terrenos não alterados de maior profundidade. O presente estudo deverá dar
informações não só dos níveis da estrutura, bem como dos mapas de descontinuidades ao longo
das linhas.

7.2.3.2. MAGNETOMETRIA – ANOMALIA MAGNÉTICA


O estudo do magnetismo terrestre é o mais antigo ramo conhecido da geofísica. As
aplicações das propriedades magnéticas das rochas são muito utilizadas nas prospecções. Muitas
anomalias magnéticas podem ser observadas devido à presença de traços ou forças magnéticas
dado a quantidade de material de ferro ou ferro-magnético. Na prospecção magnética procura
localizar-se no espaço corpos que possuam propriedades contrastantes com as rochas
encaixantes.
A prospecção magnética é uma das técnicas mais usadas para a localização e definição de
depósitos minerais metálicos, particularmente minérios de ferro, (níquel, crómio e cobalto), e é
utilizada também na prospecção de kimberlitos. Neste caso, a prospecção dá-nos uma ajuda
preciosa na cartografia geológica e geotécnica, dado que existe uma relação inversa entre a rocha
encaixante e o kimberlito. É importante referir que, quanto mais básica for uma rocha, maiores
serão os seus teores em minerais magnéticos. Nos kimberlitos, os minerais magnéticos
apresentam-se numa percentagem considerável principalmente nos seguintes tipos: magnetite;
ilmenite; limonite e espinela.
Toda a prospecção magnética não deve ser efectuada numa área sobre a qual passem linhas
de alta tensão, bem como durante uma tempestade, chuvas fortes, e condições atmosféricas
propícias de trovoada, dado que altera os dados da prospecção magnética.
A anomalia magnética é a terceira componente do campo geomagnético em cada ponto da
Terra. As duas primeiras componentes são conhecidas pelo campo principal e pelo campo
externo. Deste modo, a ordem de exposição não corresponde necessariamente a uma gradação de
ordens de grandeza das componentes do campo, porque os campos locais podem ter anomalias
de maior magnitude que qualquer um dos outros, como também pode ser possível que o campo
externo ultrapasse o campo principal, como exemplo o das tempestades magnéticas. Devemos ter
em conta que o campo geomagnético principal não é estacionário, tem variações temporais que
são caóticas. Por outro lado, o objectivo da prospecção magnética são as rochas magnetizadas, e
essa magnetização não sofre variações temporais à escala da prospecção. Assim, devemos
proceder à determinação de uma anomalia, onde é necessário definir um nível de campo
“normal”, não-anómalo, que apelamos de nível zero, bem como é necessário definir a anomalia,
só em termos espaciais e não temporais, pelo que as variações temporais têm que ser filtradas
nos dados. No que se refere ao nível zero, este não pode ser escolhido à partida, então utiliza-se
um “zero de trabalho” e, ao terminar a campanha de prospecção, corrigem-se todas as leituras
somando ou subtraindo uma certa quantidade constante, que foi deduzida do estudo das
anomalias.
Se as leituras numa zona permanecem constantes em grande parte ou se, pelo contrário,
parecem variar irregularmente em torno de um nível fixo, o chamado efeito, ou ruído de fundo,
esse será o nível zero, obtido pela média dessas leituras. Também quando as leituras nos flancos
de uma anomalia evidente tendem assimptoticamente para um valor, esse pode ser tomado como
zero.
A interpretação de uma anomalia depende muito do cuidado tido na escolha do nível zero.
Quando o relevo das leituras de campo não é muito maior que a incerteza (variabilidade) do
nível zero, a amplitude das anomalias e, portanto, a estimação da grandeza do fenómeno físico
ou do objecto que as causa, será afectada pela escolha desse nível.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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A prospecção magnética, é uma técnica passiva de campo potencial, onde as fontes do campo
não podem ser alteradas. Assim, auxilia-nos na variação da profundidade da investigação e para
melhorar a relação sinal/ruído, no qual o sinal é a componente da leitura produzida pelo objecto
da prospecção e o ruído é uma leitura gerada por uma ou mais fontes que não interessam ao
propósito da investigação em curso. Nesta primeira limitação não se pode fazer nada, mas na
segunda, podem aplicar-se técnicas de suavização e filtração do sinal. No entanto, é preferível
reconhecer e remover os erros e ruído tanto quanto possível, antes de usar tais técnicas. O erro é
a componente irreprodutível da leitura dos dados, associado ao próprio processo de aquisição,
onde o erro sistemático é geralmente atribuível aos procedimentos de medida e o erro aleatório
ao que tem como componente principal a deriva temporal dos potenciais.
Assim, e como já foi referido, o tratamento dos dados de uma campanha de prospecção
magnética, inicia com a correcção da deriva temporal, caso esta seja necessária, e da filtração de
ruído e separação regional – residual. Sempre que as variações temporais do campo total sejam
de ordem a mascarar a anomalia magnética que se prospecta, estas têm que ser filtradas e de
acordo com as seguintes condições: quando existem anomalias de grande comprimento de onda e
baixa amplitude; quando os perfis são muito longos; quando a prospecção é referente a corpos
profundos; e quando a prospecção é efectuada a altas latitudes magnéticas. O método mais
simples para corrigir a deriva temporal consiste em fazer periodicamente leituras na estação de
base, anotando a hora da leitura. Assim, assume-se que a deriva é linear e que o tempo entre cada
leitura nas estações de medida é constante. Assim, se projectarem as leituras da deriva contra os
tempos de cada leitura e se ajustar uma curva aos pontos assim obtidos, curva de deriva
temporal, os valores da curva podem ser subtraídos às leituras em cada estação de medida e à
hora a que a medida foi realizada. Podemos observar um exemplo na figura 58.

Figura 58 – Correcção da deriva temporal. Exemplo segundo Alves, E. Ivo (1997). “Elementos de Geofísica.O
magnetismo na Terra, Volume II. Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra”.

No que diz respeito à filtração de ruído e separação da componente regional da residual,


sabemos que as anomalias de interesse para a prospecção aparecem sobrepostas a outras, de
muito maior comprimento de onda, sem interesse, chamados gradientes regionais. Estes
gradientes correspondem a heterogeneidades específicas do campo magnético e manifestam-se
nos perfis, na maioria das vezes, apenas como uma componente geral de declive.
A amplitude e a extensão de uma anomalia estão relacionadas com as dimensões da fonte,
com a sua profundidade, e com a orientação do campo produzido pelo corpo magnetizado. Para
definir a amplitude de uma anomalia, basta ter definido o nível zero, mas a definição do seu
comprimento de onda é um pouco mais subjectiva. Na prática, considera-se não o comprimento
de onda mas a extensão da anomalia, definida como a distância horizontal entre dois pontos de
inflexão do perfil magnético separados por um ou mais valores extremos, isto é, máximos ou
mínimos locais.
Os corpos kimberlíticos têm uma geometria própria, isto é, muito parecida a um cone
invertido, tipo cenoura ou um cilindro vertical. A forma como são apresentadas as anomalias é
geralmente circular ou elíptica, estando muitas vezes representadas por dois picos magnéticos,

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ou mais. Quando existe um espaçamento menor que 500 m entre os picos magnéticos, não é
possível estabelecer qualquer relação com a devida segurança dos corpos intrusivos.

Figura 59 – Anomalias para vários corpos ideais e diversas orientações de campo. Adaptado de Garland, G. D.
(1971), Introduction to Geophysics.

Nas anomalias magnéticas, o kimberlito contém em média 5 a 10% de ferro concentrados em


minerais de ilmenite e magnetite, sendo esta a fonte principal da anomalia segundo Fresq et al.
(1975). Em materiais não alterados é possível identificar-se a magnetite, embora a ilmenite rica
em magnésio esteja presente na parte superior da chaminé. A concentração de titânio na ilmenite
define o baixo nível magnético, está abaixo do ponto de Curie, isto é, dado a alta concentração
de titânio consegue reduzir a susceptibilidade magnética perto de zero e opõe-se à magnetização
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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da ilmenite, segundo McElhinney (1973), dominando a magnetite à resposta magnética no


kimberlito. Relativamente à fonte de anomalia magnética sobre a chaminé, é localizada
predominantemente na alteração do kimberlito, sendo bem possível que consigamos observar a
chaminé em profundidade, a partir e desde a sua superfície. No que concerne ao topo da
chaminé, as zonas ricas de argila provocam uma condutividade e/ou grande anomalia magnética
onde os corpos condutivos perto da superfície têm um diâmetro ligeiramente mais largo do que a
fonte magnética em profundidade. Um kimberlito não alterado, contém uma percentagem de
magnetite, adquirindo um aspecto de chaminé não alterada e fortemente magnética, isto é, mais
magnética. Os estudos magnéticos podem ser realizados através da utilização de um transporte
aéreo, sendo este tipo de prospecção, o mais importante e o mais utilizado segundo Burley e
Greenwood (1972).
Assim, a anomalia magnética gerada pelas intrusões varia dependendo de vários factores,
onde a latitude e o contraste magnético com a rocha encaixante podem ser considerados para o
estudo como os mais importantes, mas também tem influência a alteração mineralógica em
profundidade e da mineralogia do próprio kimberlito. Quando a anomalia magnética das rochas
encaixantes tem baixa resposta magnética em relação aos dos corpos intrusivos, esta realça a
presença dos kimberlitos.
Apesar de qualquer estudo geofísico de superfície ser muito importante para a prospecção
kimberlítica, todas as chaminés são reconhecidas primeiros pelo recurso ao estudo de
reconhecimento aéreo, envolvendo estudos electromagnéticos e da relação dos dados
aeromagnéticos, realizadas com linhas de 400 m de intervalo e com uma altura de voo centrados
nos 120 m de altura.
A título de exemplo, podemos observar na figura 60, uma anomalia gerada pelos corpos
intrusivos que é tipicamente dipolar quando observadas na imagem do campo magnético
anómalo (CMA), enquanto que na imagem da amplitude do sinal analítico (ASA), estas
anomalias apresentam-se como picos monopolares bem destacados. Podemos observar que as
anomalias apresentam características próprias, resultando de diversos factores de interacção do
campo magnético terrestre.

Figura 60 – Resultados de estudos de magnetometria. Amplitude do sinal analítico (ASA) e campo magnético
anómalo (CMA).

A dimensão das anomalias magnéticas na área de um referido estudo é variada. Apesar de


existirem anomalias magnéticas extensas, com diâmetro de 4 km, existem também grandes
quantidades de corpos onde a anomalia é reduzida, com diâmetros na ordem dos 500 m. Estas
anomalias são identificadas, dado o espaçamento do levantamento aéreo, pois é estabelecido
previamente de acordo com o que se pretende da amostragem. Os corpos intrusivos mais
pequenos poderão existir numa dada área de estudo, mas um espaçamento de linhas de voo com
250 m pode ser limitativo relativamente à visualização destes. No que se refere à linha para
aquisição de dados, esta deverá ser sempre executada em relação ao Norte.
Devemos ter em conta que a relação entre o comprimento de onda da anomalia e a dimensão
dos corpos não é directa, dado que, a susceptibilidade magnética, geométrica e profundidade
afectam a resposta magnetométrica do alvo. Assim, a partir deste estudo podemos prever que
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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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corpos intrusivos mais pequenos com anomalias expressivas têm possibilidade de estarem
representados nos dados magnéticos.
O procedimento utilizado para o estudo das anomalias magnéticas num estudo de uma
chaminé kimberlítica baseia-se na utilização do levantamento através de perfis (5 a 10) em linhas
de 200 m de distância, para visualizar as formas da superfície das intrusões e que tenha pelo
menos uma perpendicular ao longo da rede principal.

7.2.3.3. GRAVIMETRIA
O valor da aceleração da gravidade num ponto real da superfície real da Terra é influenciado
por cinco factores, nomeadamente, a latitude, a altitude, a topografia da área envolvente, as
marés e as variações sub-superficiais da densidade. O principal objectivo da gravimetria é a
determinação do último daqueles factores. Deste modo devemos proceder numa primeira fase às
correcções, obtendo-se a anomalia de Bouguer, e de seguida à remoção do gradiente regional. O
cálculo das correcções é lento e laborioso.
Quando executamos medidas da aceleração da gravidade procedemos às correcções de modo
a que os seus valores sejam aqueles que teriam sobre uma superfície equipotencial do campo,
como o geóide. A diferença entre o valor corrigido da gravidade e o valor teórico que se
esperaria sobre o geóide, toma o nome de anomalia gravimétrica e deve-se, essencialmente, ao
factor que procuramos, a variação da densidade. Em relação às intrusões kimberlíticas, devemos
referir que este procedimento de prospecção toma elevada importância quando a diferença de
densidade é sentida entre o kimberlito e a rocha encaixante. De facto, a quantidade de minerais
de ferro provoca esta diferença, nomeadamente, a ilmenite, a magnetite, a goetite, entre outros.
No entanto, este método de prospecção deverá estar associado aos métodos de resistividades
eléctrica e magnética, para se ter uma percepção mais clara de uma possível intrusão, de forma a
complementar qualquer estudo numa determinada região. O estudo da densidade nos kimberlitos
pode fazer a diferença, dado que podem existir problemas nos métodos de resistividade pela falta
de condutividade eléctrica, e nos métodos magnéticos quando existe falta de campo magnético
nos kimberlitos. Assim, este processo associado a outros poderá certamente, ser uma mais valia
na complementaridade e na determinação destas intrusões.

7.2.3.4. GAMAESPECTOMETRIA
Os estudos de gamaespectrometria podem ser alterados por diversas causas. A alteração das
características do solo por uso de fertilizantes na agricultura, revolvimento do solo como é o
exemplo do garimpo, e transporte de material e lixiviação por efeito da topografia (relevo),
podem fazer com que os resultados não sejam os esperados. Neste contexto, quando iniciamos
estes tipos de estudos, devemos ter estes factores em consideração.
Alguns dos corpos intrusivos, podem apresentar anomalias gamaespectrométricas mais
expressivas. Assim, os resultados mais significativos relativamente à caracterização
gamaespectrométrica dos corpos, são as imagens dos canais de Th e U, nos quais é possível
observar em detalhe as anomalias geradas pelos corpos aflorantes. Neste sentido, podemos obter
como exemplo a figura 61.

Figura 61 – Os canais U e Th são os mais relevantes no estudo.


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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Relativamente à figura 62, a imagem do canal de K torna por vezes difícil a associação de
valores anómalos às intrusões, principalmente por causa da sua grande mobilidade e do baixo
contraste com as rochas encaixantes.

Figura 62 – Perspectiva tridimensional das imagens do modelo digital de terreno (MDT), dos canais K, Th e U, e da
amplitude do sinal analítico (ASA) sobre o Kamafugito Limpeza-06, na província alcalina do Alto Paranaíba, no
Brasil. Escala aproximada.

Como já foi referido acima, as anomalias gamaespectrométricas podem ser perturbadas, e a


título de exemplo podemos citar a influência da topografia. Assim, o caso do corpo kimberlítico
Echo-03 na província alcalina do Alto Paranaíba no Brasil, descrito por Araújo (2000) como
kimberlito, não apresenta características gamaespectrométricas distintivas entre o grupo de
kimberlitos e o de mafuritos. Como podemos observar nas imagens da figura 63, não existiu
grande distinção entre o corpo intrusivo e a rocha encaixante, dado a influência de material
transportado, uma vez que este corpo se encontra muito perto de um curso de um rio.

Figura 63 – A: Anomalia gamaespectrométrica perturbada no kimberlito Echo-03, perspectiva tridimensional das


imagens do modelo digital de terreno (MDT), dos canais K, Th e U, e da amplitude do sinal analítico (ASA), na
província alcalina do Alto Paranaíba, no Brasil; B: Influência topográfica na gamaespectrométrica. O kimberlito
Echo-03 está próximo de uma drenagem, enquanto o corpo Limpeza-20 está em cota mais elevada. Na província
alcalina do Alto Paranaíba, no Brasil.

7.2.4. DETECÇÃO REMOTA


De certa forma, as imagens de satélites e de fotografia aérea dão-nos muitas informações
acerca da forma como se podem apresentar as geoestruturas, nomeadamente vários tipos de
falhas, deformações estruturais, rochas intrusivas, cristas, tipos de rocha, pendores, direcções,
outras características de camadas, bacias hidrográficas. As imagens de satélites podem ter uma
elevada resolução, como é o exemplo das imagens fornecidas pelo satélite IKONOS (1m) e o
satélite Indiano IRS (5m). No entanto a fotografia aérea é mais económica e a combinação do
estudo da fotografia aérea (1:40.000) do tipo pancromático, preto e branco, revela-se um bom
instrumento para o estudo e prospecção dos kimberlitos. Assim, a mesma auxilia-nos na
observação de áreas sinuosas, circulares ou ovais, através da estereoscopia, bem como nos
estudos de concentração geológica no terreno, levando-nos à descoberta de kimberlitos.
Contudo, este método não ajuda quando existe uma camada aluvionar a cobrir a intrusão ou

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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quando existe um contraste de cor/tonalidade que não permite que se consiga definir o
kimberlito.
As clareiras anunciam a possível presença de chaminés kimberlíticas, onde as rochas se
apresentam muito alteradas. Relativamente às coberturas vegetais, podemos distinguir dois tipos
de clareiras: aquelas que estão desprovidas de árvores ou arbustos e as que estão desprovidas de
árvores, mas em que existe sobre-população de arbustos, que se distingue na fotografia aérea
(preto e branco) com tonalidades cinzentas mais claro e uniforme.
A erosão diferencial provoca relevos com diferenciação positiva, demonstrando assim a
possível existência de chaminés kimberlíticas, com forma circular e forma da bacia hidrográfica
radial.
Os factores que determinam principalmente as características dos corpos kimberlíticos nos
estereogramas são baseados nos aspectos particulares dos kimberlitos, de acordo com a sua
forma de ocorrência e outros factores relevantes. Relativamente aos aspectos peculiares devemos
ter em atenção a situação topográfica dado as modificações no relevo podendo formar-se colinas,
e ter também em atenção as estruturas, a grandeza e a forma de ocorrência. Pode também ajudar-
nos ao reconhecimento geoquímico das rochas kimberlíticas, dado que algumas plantas são
sensíveis à natureza química do solo, ao grau de humidade e à sua textura. Existem assim,
plantas que só se instalam dado a preferência dos materiais ricos em certos elementos e outros
que não se conseguem desenvolver nesses determinados solos kimberlíticos. Deste modo, a
existência de sobre-população de arbustos em clareiras, pode indicar a presença de rochas
kimberlíticas, principalmente de fácies da diatrema, e a simpatia de elementos químicos que
existem com as mesmas. Em relação a outros factores, tomamos em conta o clima, o ambiente
geológico, a constituição das formações de recobrimento, o valor da erosão, a cobertura vegetal,
a acção exercida pelos animais, entre outros.
A relação que existe entre o clima e as rochas kimberlíticas é muito importante, pois nas
Lundas o período de chuvas pode ocorrer durante sete meses, provocando um favorecimento na
alteração superficial das rochas kimberlíticas. As camadas sedimentares do sistema continental
que se encontram por cima das intrusões podem atingir alguns metros como também dezenas de
metros. As maiores espessuras impedem a acção diferencial dos agentes erosivos sobre os
kimberlitos e sobre as rochas encaixantes.
A ligação que existe no enriquecimento de argilas dos solos de clareira indica a presença de
chaminés kimberlíticas. Julga-se que o teor de humidade local relacionado com as camadas de
intemperismo argiloso é favorável para a fixação da presente vegetação arbustiva.
Nas bacias hidrográficas que se apresentem dendríticas, podemos encontrar também aspectos
de bacias radial e anelar, que demonstra um indício importante de intrusões kimberlíticas, e
podemos observar tais bacias na figura 64. Mas pode acontecer que apresentem péssima
definição das mesmas, nomeadamente quando existe dependência de dois a três kimberlitos na
mesma zona.

Figura 64 – Aspectos de bacia anelar (A), de pressão (B) e radial (C).

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Nestes estudos, devemos ter em particular atenção as estruturas que apresentem lagos do tipo
anelar, pois podem evidenciar uma intrusão Kimberlítica, e podemos observar o aspecto de bacia
de pressão que é representada na figura 64 (B).

7.2.5. FAUNA
A acção das térmitas podem auxiliar-nos, dado a sua acção de devastação das árvores sobre
as chaminés kimberlíticas, já que construindo os seus ninhos nos troncos destroem os troncos
pouco a pouco. A sua ocorrência abundante, conhecida por observação sobre as chaminés
kimberlíticas, dado a preferência que as térmitas têm nas coberturas por intemperismo
kimberlíticas, parece relacionar-se com as condições de humidade mais favorável e com o
enriquecimento de argilas no solo.
A acção das próprias formigas na construção dos seus ninhos em profundidade, e sabendo
que o preferem executar em zonas mais argilosas para manterem os seus ninhos frescos, pode
revelar à superfície a presença de determinados minerais acessórios como a mica, isto é, minerais
de flogopite, entre outros.

7.2.6. SONDAGEM
As sondagens em prospecção mineira servem para proceder a uma antecipação da
amostragem em profundidade mais ou menos importantes. Estas sondagens ao serem efectuadas,
são executadas após ser identificado o possível corpo kimberlítico, iniciando-se assim, um
programa de estudo com o objectivo de provar definitivamente a viabilidade económica.
Deste modo, inicia-se um programa sistemático de sondagens a rotação e roto-percusão, para
delinear-se a geometria do corpo, o seu volume, as diversas fácies kimberlíticas e deposição
sedimentar. Podemos utilizar sondagens de pequeno diâmetro, com 56 a 88 mm, à base duma
rede de 100x100 m, e nalguns casos, reduzindo a malha até 100x50 a 50x50 m. A profundidade
máxima poderá rondar os 300 m, dependendo do local da sondagem dado que, estas sondagens
visam determinar a morfologia da chaminé e obter noções sobre a sua estrutura interna.
No entanto, são efectuadas no jazigo aberturas dos poços de grande diâmetro através de
máquinas de sondagem de grandes diâmetros, a fim de recolher volumes representativos das
amostras para a determinação fidedigna do teor médio de diamantes. A abertura dos poços de
pesquisa geológica ronda os 1,25 a 1,52 m de diâmetro. Os poços são abertos por métodos de
perfuração maciça, em que o material desintegrado das amostras é extraído até a superfície em
intervalos de 6 m, podendo atingir muitas dezenas em profundidade, mas ronda normalmente
entre os 100 e os 150 m. Pretende-se com esta investigação, centrar o estudo no teor de minério
em quilates/tonelada, bem como, avaliar no mercado os diamantes recuperados na pesquisa. O
estudo pretendido terá de ser efectuado sempre com um grande volume de amostragem, podendo
chegar mesmo a dezenas de milhares de toneladas numa primeira fase, utilizando uma lavaria de
prospecção.
Relativamente à utilização de sondagens para depósitos secundários, estas não são tão
utilizadas dado que são necessários alguns metros cúbicos de amostra e consegue-se atingir esse
objectivo de forma mais económica executando poços manualmente ou com máquinas
escavadoras.
Durante a execução das várias sondagens podemos proceder a análises geofísicas,
nomeadamente através de diagrafias em todo o comprimento do mesmo.
Para além do referido, a execução de sondagens dão-nos outras informações importantes tais
como as propriedades físicas das rochas, a porosidade, a permeabilidade, a temperatura, a
existência de fluidos, entre outras características.

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SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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8. DA EXPLORAÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO
A descoberta dos depósitos kimberlíticos diamantíferos veio de certa forma, alterar a
perspectiva de lavra nas explorações. Anteriormente, os diamantes eram explorados a partir de
depósitos fluviais através da lavra em fosso aberto utilizando utensílios e ferramentas como a
picareta, pá, enxada, escavadeira e alavanca. No entanto, utilizavam as bateias e peneiras para
concentrar o material e de seguida iniciavam a catação manual para recuperar os diamantes
contidos no concentrado.
Nos kimberlitos produtivos, a lavra é executada numa primeira fase a céu aberto até uma
determinada profundidade, recorrendo-se depois à lavra subterrânea. Nesta última, o minério
lavrado é transportado em vagonas até ao poço e depois puxado o minério até à superfície.
Relativamente ao grau de mecanização da lavra em aluvião, este depende da escala de
produção.
No caso de pequenas lavras ou do garimpo, a extracção do cascalho é efectuada através de
ferramentas manuais, e o transporte por carro de mão até ao local de tratamento. Nas lavras em
médias ou grande escala, a mecanização é utilizada em tractor e/ou draga de rasto, pá
carregadora e camiões.
Na lavra de grande escala em leitos de rios, é utilizada geralmente uma draga de alcatruzes
ou balsas com moto-bomba, que produzem a sucção do cascalho para a balsa, com a ajuda de um
mergulhador. Na presente balsa, procede-se à retirada das lamas do cascalho, o grosso é
rejeitado, e o passante é processado nas sluices. Nas dragas onde o tratamento é mais
mecanizado é muito utilizado o uso das jigas para fazer a pré-concentração do diamante com os
minerais pesados.
Num trabalho mais pormenorizado, o processo inicia-se com uma draga de sucção para
retirar, caso seja necessário, o capeamento arenoso, estéril, e de seguida devemos proceder ao
lavramento por dragas alcatruzes ou por monitores hidráulicos. Depois, é submetido numa
primeira fase a uma etapa de lavagem em tromeis, com peneiras de abertura entre 20-25 mm. O
material que é retido, é descartado como rejeitado e o material passante é encaminhado para uma
jiga, onde o presente concentrado é constituído por minerais pesados e diamantes e é separado
novamente por tamanhos em peneiras com aberturas de 1,5; 3,0; 6,0 mm. Deste modo, os
grossos são novamente submetidos a concentração em jigas e os finos, inferiores a 1,5 mm, são
descartados como rejeitados. O material que tem características magnéticas e/ou condutoras que
existe no concentrado é separado pela utilização de separadores magnéticos e/ou electrostáticos.
Segundo Barbosa (1991), as empresas pequenas e médias, utilizam na etapa final de
concentração dos diamantes a separação por catação manual utilizando uma mesa ou correia de
graxa. Na figura 65 que se segue, podemos observar as dragas de alcatruzes e de sucção.

Figura 65 – A imagem mostra uma draga de alcatruzes à esquerda e uma draga de sucção à direita, em operação no
depósito aluvionar do médio Rio Jequitinhonha, Brasil. Fotografia pertencente à Mineração Rio Novo.
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No que diz respeito ao tratamento do minério propriamente dito, a sua concentração é


realizada por métodos físicos. O processo industrial utilizado pode variar conforme o tratamento,
dependendo se o minério é aluvionar ou se provém de uma concentração primária, sendo nesta
última depende ainda da fácies em que se inicia a produção, da escala de produção que se
pretende executar e de outros factores ou enquadramentos que se entenda pertinentes.
No caso do tratamento, das mineralizações primárias de diamantes, o minério bruto é numa
primeira fase escavado através de equipamentos de escavação, e após a exploração atingir a
rocha kimberlítica compacta deverão ser utilizada técnicas de desmonte com explosivos. Numa
determinada fase podem ser utilizadas técnicas de exploração mista. O minério é transportado
por camiões até à rampa da central de tratamento e descarregado em tremonhas, este é submetido
a uma britagem de giratórios e de rolos, de forma a evitar impactos sobre os diamantes dado que
podem partir devido à sua clivagem perfeita, embora seja o mineral com maior dureza. A atrição
e a moagem de bolas também são utilizadas posteriormente para ajudar na libertação da ganga.
Na próxima fase, utilizam-se panelas lavadoras de diamantes, jigas e separadores em meio denso
para se efectuar uma pré-concentração. A concentração final de diamantes é realizada por
separadores magnéticos e/ou electrostáticos, mesa ou correia de graxa, separadores ópticos ou a
raio-x, e o material sem benefício económico é colocado numa bacia de rejeitados. Após esta
separação dos diamantes inicia-se a classificação dos diamantes utilizando a cor, a limpidez, o
peso em quilates e a lapidabilidade.
Segundo Barbosa (1991) e Smoak (1985), as empresas de maior capacidade, substituíram as
jigas por separadores de meio denso, tipo ciclone de meio denso, ou dynawhirlpool, bem como a
substituição das mesas de graxa por separadores ópticos e de raio-x, dependendo do tipo,
tamanho e forma dos diamantes.
Na figura 66, representa-se um fluxograma de uma central de tratamento de diamante de
minério de duro e intemperizado.
Deve referir-se que no início da exploração a concentração de diamantes aumenta, mas
quanto mais descemos em profundidade na exploração o processo mineiro é mais dispendioso do
ponto de vista da extracção propriamente dita.
No que se refere à comercialização do diamante em bruto é muito importante e
imprescindível estabelecer o valor do mesmo. Assim, devemos num estado inicial classificar o
diamante por catação manual, utilizando características definidas como a cor, a limpidez, o peso
em quilates e a lapidabilidade, classificando-as como: gemas; quase gemas; e industriais. Deste
modo, para indicar o grau de limpidez é necessário determinar o número e a natureza das
inclusões na gema, tamanho e posição. A limpidez reflecte as imperfeições, inclusões e defeitos
do diamante e pode ser considerado sem defeito, se o diamante não apresentar bolhas, pontos de
carbono, quebras e manchas. Assim, pode ser classificado como: sem defeito “FL”, livre de
manchas internas visíveis, sob ampliação de 10X, pequenos detalhes externos são tolerados;
inclusões ínfimas “VVS”, quando as inclusões ou manchas são difíceis de localizar, sob
ampliação de 10X; inclusões ínfimas “VS”, quando as inclusões e manchas externas são difíceis
de localizar, sob ampliação de 10X; inclusões pequenas “SI”, quando as inclusões e manchas
externas são fáceis de localizar, sob ampliação de 10X; pique “P”, quando as inclusões e
manchas são muito fáceis de localizar, sob ampliação de 10X.
Relativamente à cor, a maioria das gemas varia de incolor (D), a amarelo (Z). Os gemólogos
utilizam um estojo de cores, tipo “Kit” em amostras de diamantes, que foi definido a nível
internacional. É de referir que ocorrem outras cores como o laranja, cor de rosa, azul, etc, mas a
cor mais procurada é o amarelo.
No que respeita à lapidação, a forma como é lapidado e polido é um factor determinante na
vida, brilho e lustre do diamante. Das várias lapidações que se efectuam no diamante como,
marquise, pêra, oval, esmeralda, formato de coração, a que é mais procurada é a lapidação
arredondada, dado o brilho que emite.
Relativamente à cor, a maioria das gemas varia de incolor (D), a amarelo (Z). Os Gemólogos
utilizam um estojo de cores, tipo “Kit” em amostras de diamantes, que foram definido a nível
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internacional. De referir que ocorrem outras cores como o laranja, cor de rosa, azul, etc, mas a
cor mais procurada é o amarelo.
No que respeita à lapidação, a forma como é lapidado e polido é um factor determinante na
vida, brilho e lustre do diamante. Das várias lapidações que se efectuam no diamante como,
marquise, pêra, oval, esmeralda, formato de coração, a que é mais procurada é a lapidação
arredondada, dado o brilho que emite.

Figura 66 – Fluxograma de uma central de tratamento de diamante de minério duro e intemperizado, segundo
Reckling et al., (1994), adaptado.

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9. CONCLUSÃO
Os kimberlitos ocorrem em regiões Cratónicas Arcaicas, com xenocristais e xenólitos
diamantíferos, colocados por intrusão de chaminés subverticais ou por sedimentação vulcânica,
depositadas na cratera. Deve referir-se que os kimberlitos penetram em qualquer tipo de rocha,
não são rochas produtoras mas sim, transportadoras de diamantes.
Os kimberlitos são ricos em voláteis (H 2 O e CO 2 ), pertencendo ao grupo das rochas
ultrabásicas potássicas, com cristais numa matriz de grão fina de textura heterogranular com
xenólitos. A matriz contém assim, fenocristais primários e/ou constituintes das rochas
encaixantes, olivina e vários outros minerais, nomeadamente, flogopite, calcite, serpentina,
diópsido, monticelite, apatite, espinela, perowskite, ilmenite, entre outros. Existem outros
minerais primários que podem estar presentes, como a granada do tipo piropo e outros minerais
acessórios.
No Mundo, a média de ocorrência dos kimberlitos com produtividade está geralmente
centrada em 1%, embora em Angola ocorram numa percentagem mais elevada. No que diz
respeito à intrusão e ajuste geológico, podemos referir que os kimberlitos ascendem rapidamente
do manto e actuam em várias fácies. As mineralizações ocorrem em quaisquer idades excepto
para intrusões Arcaicas, dado ser a partir daqui que se formam os cratões. Os depósitos
economicamente rentáveis ocorrem em kimberlitos desde o Proterozóico até ao Terciário.
As rochas kimberlíticas são, de certa forma, pequenas intrusões abissais com progressão para
cima num diatrema brechoíde até a superfície, com ocorrência de rochas piroclásticas na fácies
de cratera. No que se refere aos kimberlitos hipabissais, estes dão geralmente origem a diques e
soleiras.
Os diamantes apresentam-se na estrutura de uma forma dispersa, com tendência a serem
distribuídos aleatoriamente dentro da estrutura kimberlítica. Desde a zona de origem, em todas as
zonas de percurso e em todas as intrusões multifaciais, cada fase é caracterizada por um único
conteúdo de diamantes. Pode também verificar-se que algumas fácies kimberlíticas de cratera
sejam enriquecidas em diamantes, dado a associação da camada intrusiva com o diatrema. No
que se refere aos diques kimberlíticos, estes podem dispor de uma linha de tendência, que pode
ser paralela às articulações de diques ou outras estruturas.
Neste vasto complexo intrusivo, podem ocorrer também alterações mineralógicas, tais como
serpentinizações, em que a olivina é convertida em serpentina, silicificação ou branqueamento ao
longo de contactos por impregnação. Pode também observar-se em fracturas uma calcite
secundária, quartzo e zeólitos. Os diamantes estão também sujeitos a alterações como a
reabsorção ou grafitização.
Nos climas tropicais, a zona da intrusão kimberlítica, que está mais próxima da superfície,
fica facilmente e mais profundamente alterada, predominando a Argila. Por outro lado, nos
climas temperados, o intemperismo é menos evidente mas verifica-se também predominância de
argilas. Neste caso, as fácies de cratera e de diatrema tendem a formar depressões topográficas
enquanto que os diques hipabissais são mais resistentes.
De um modo geral, os kimberlitos ocorrem tipicamente em campos que podem chegar até às
100 intrusões individuais, que muitas vezes se juntam por grupos. Cada um dos corpos
kimberlíticos exibe uma considerável diversidade no que respeita à petrologia, mineralogia,
manto xenólito bem como ao seu conteúdo de diamantes. Pode mesmo acontecer que kimberlitos
diamantíferos, com pouca produtividade ou estéreis, possam ocorrer lado a lado ou nas suas
proximidades.
A existência de controlos sobre as diferenças de conteúdo em diamantes nos kimberlitos não
é totalmente explicada, dado que pode ser devido a inúmeros factores, nomeadamente:
- A profundidade de origem dos magmas kimberlíticos, isto é, que pertence ou que está acima do
campo de estabilidade do diamante;
- A diferença no conteúdo de diamantes de cada amostra que veio pelo magma kimberlítico;
- O grau de reabsorção do diamante durante o transporte;
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- O fluxo de diferenciação, mistura de lote ou alguma combinação destes factores.

As formações kimberlíticas provêm de uma pequena quantidade de fusão parcial do manto


astenosférico com uma profundidade que pode exceder os 150 km. O magma ascende
rapidamente até à superfície, com fragmentos do manto e da crosta. Deve referir-se que os
diamantes macroscópicos não critalizam nos magmas kimberlíticos, mas derivam dos magmas
harzburgitos, peridotíticos e eclogíticos dentro das regiões do manto litosférico sub-cratónico,
onde a pressão, temperatura e fugacidade do oxigénio permitam que eles se formem. Em todo o
caso, se um magma kimberlítico atravessa esses níveis kimberlíticos podem trazer diamantes
para a superfície, subentendendo-se que estes também não sejam reabsorvidos durante a
ascensão. A rápida desgasificação do dióxido de carbono do magma perto da superfície provoca
fluidez intrusiva brechóide e erupções vulcânicas explosivas.
Relativamente aos guias de prospecção, as técnicas geofísicas são muito úteis para a
localização dos kimberlitos, embora não dêem indicação do seu conteúdo em diamantes. A
prospecção do campo magnético no solo ou aéreo, é geralmente muito utilizada, dado que os
kimberlitos podem mostrar um alto ou baixo nível magnético. Na região equatorial as anomalias
são caracterizadas por um registo magnético dipolar, contrastando com os que se encontram às
mais altas latitudes. Alguns kimberlitos não apresentam contraste magnético com as rochas
encaixantes e, assim, algumas chaminés podem ser detectadas usando métodos eléctricos e
electromagnéticos por levantamentos aéreos e/ou no solo. Estas últimas técnicas são
particularmente utilizadas quando ocorre meteorização, com kimberlitos ricos em argila no topo
da chaminé, e desde que estejam desenvolvidos e preservados, como também sejam condutivos e
tenham contraste suficiente com a rocha encaixante.
O clima tropical existe na maior parte do território Angolano. Assim, a utilização da
gravidade como estudo, pode ser muito útil na detecção dos corpos kimberlíticos intrusivos,
dado que as alterações existentes na meteorização profunda nos kimberlitos ou aqueles com finas
camadas de sequência de sedimentos na cratera, dão geralmente respostas de gravidade negativas
e kimberlitos não alterados são encontrados perto da superfície com uma anomalia de gravidade
positiva.
A geoquímica é também utilizada na detecção dos kimberlitos, já que estes apresentam altos
teores de Ti, Cr, Ni, Mg, Ba e Nb nos solos residuais subjacentes. No entanto, devem ser
tomadas várias precauções, dado que outras rochas alcalinas podem ter as mesmas características
geoquímicas. A química mineral é usada intensamente para ajudar a determinar se a fonte
kimberlítica é diamantífera ou estéril. Os kimberlitos diamantíferos podem conter alto teor de Cr,
granadas do tipo piropo com baixo teor de Ca, granadas eclogíticas ricas em sódio, cromite com
alto teor de Cr e com teor de Mg médio a alto, e ilmenite magnesiana.
Os Kimberlitos, que estão alterados na sua superfície, produzem uma zona com variações de
tipos de solos que é reflectida na vegetação, na geografia, entre outros indícios.
De qualquer das formas, mesmo numa prospecção em que sejam identificados carbonatitos,
deve ser proposto analisar e aprofundar o seu estudo, dado que, este tipo de rocha de plutono-
vulcanismo alcalino pode ter mineralizações importantes associadas, tais como, Ca, Mg, P 2 O 5 ,
TR, Sr, Ti, Mo, Ta, U, Cu e Zn.
Algumas explorações de diamantes em depósito secundário podem conter ouro, como é
exemplo os depósitos de diamantes secundários da Tansmânia. Existem outros ambientes que
originam depósitos primários de ouro. Aquando da ocorrência de erosão em simultâneo, pode
verificar-se deposição dos mesmos em depósitos Terciários. Todos estes factos devem ser tidos
em atenção.
Sob o ponto de vista económico, e só após uma pesquisa específica, é que se pode comprovar
se a mineralização tem teores que justifiquem a exploração sistemática dos mesmos. Mas, a
título de curiosidade, e no que respeita às rochas kimberlíticas, estas são mais positivas na
continuação de teores conforme a exploração avança em profundidade, salvo raras excepções,

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relativamente às explorações dos lamproítos, que são geralmente muito ricos em diamantes
apenas nas porções piroclásticas das chaminés, segundo Mitchell (1995).
A Chaminé do Catoca pertence ao grupo das intrusões kimberlíticas do Cretácico a W do
escudo Cassai. A rocha encaixante é constituída por gnaisses do Precâmbrico e as rochas
sobrejacentes, são rochas sedimentares mais recentes e pertencem à formação de Kalahari. Foi
realizado, no período de estágio/trabalho no Catoca, um levantamento geológico da chaminé
kimberlítica. É um corpo com várias fácies. A chaminé está dividida em três complexos
estruturais mais importantes, que compõem três sectores diferentes. Na parte central do corpo
mineralizado, até uma profundidade de cerca de 260 m existem rochas vulcano-sedimentares
com uma quantidade diamantífera importante, nomeadamente nas areias interformacionais e
tufos gravelíticos, bem como por tufos kimberlíticos brechóides (internos) com teores
diamantíferos interessantes. O cinturão anelar da chaminé que está limítrofe com as paredes da
taça da cratera, tem na sua composição principal kimberlitos brechóides maciços e parcialmente
tufos kimberlíticos brechóides (anelares), contendo estes a maior quantidade de diamantes do
jazigo. A parte central do corpo kimberlítico, abaixo da profundidade de 260 m, está
representada por kimberlitos brechóides autolíticos, com características diamantíferas próximas
dos kimberlitos brechóides maciços, segundo informações dos geólogos da Sociedade Mineira
de Catoca.
A chaminé kimberlítica de Catoca é constituída, principalmente, pelos seguintes minerais
primários mais importantes: granadas do tipo piropo; ilmenite; clinopiroxenas e flogopite; para
além dos diamantes. Mas existem outros minerais de relevo, como a olivina, a picroilmenite, as
cromo-espinelas e a magnetite. Relativamente aos minerais secundários, o kimberlito é
constituído pelos seguintes minerais mais importantes: a horneblenda; a calcite; e a limonite.
Deve referir-se que não se teve acesso aos teores em diamantes de cada uma das unidades
referidas anteriormente. Também não foi possível o envio para o Departamento de Geociências,
da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, das amostras
representativas recolhidas com o intuito de serem estudadas em laboratório.
Embora não tenha sido possível desenvolver ainda mais o trabalho com a selecção das
amostras de Catoca recolhidas, a oportunidade concedida pela Sociedade Mineira de Catoca,
permitindo a deslocação e permanência com o objectivo de estudar o kimberlito, foi muito
gratificante.
Quanto aos depósitos secundários, podemos dividi-los em formações sedimentares antigas e
mais recentes.
Nas rochas do sistema continental intercalar, portanto, as mais antigas, esses depósitos
secundários, foram depositados em extensa depressão de sedimentação continental, centrados
entre os movimentos pós Triásico e a série de movimentos Cretácico com que se relacionam as
intrusões kimberlíticas. Deste modo, existem duas formações mais antigas, as quais podem estar
ligadas, que apresentam acumulações de depósitos secundários de diamantes, nomeadamente: a
Formação de Calonda (principalmente) e o Sistema de Kalahari.
Os depósitos secundários mais recentes estão relacionados com a ocorrência de deformação
na plataforma continental, verificando-se inclinação, orientando assim a corrente dos rios e
ribeiros, contribuindo para este tipo de depósito. Deste modo podemos ter depósito de colina,
depósito de vertente, depósito de terraço, depósito de lezíria e depósito de rio/ribeiro.
Sabe-se que as zonas de concentrações de kimberlitos e consequentemente, dos depósitos
secundários, estão localizados em afloramentos que atravessam Angola em diagonal. A
orientação privilegiada é de SW para NE e são caracterizadas pela existência de falhas com as
direcções principais, muito próximas de N20ºW, N60ºW, N80ºE, SW-NE e NW-SE. No entanto,
a formação dos kimberlitos está relacionada com os últimos três conjuntos de falhas.
Hipoteticamente, é nas zonas mais centrais do cratão que ocorrem as maiores erupções
kimberlíticas. Os kimberlitos de Camutué, Sangombe, Caitondo, Caixepa, Sacuango, Sachipita,
Capombo, Cambuage, Uári e Cariué que ocorrem na bacia hidrográfica do Luachimo a NE de
Angola, mostram a localização do centro do cratão.
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As localizações onde foram encontrados diamantes de depósitos secundários, também são


importantes, dado que, poderemos estar muito perto de uma ou várias fontes primárias. A forma
linear e elíptica, bem como a distância a que ocorrem as chaminés em território Angolano,
demonstram uma possível ligação dos corpos na sua profundidade. Deste modo, as chaminés de
maior diâmetro ocorrem, na sua maioria, acompanhadas por chaminés de menor diâmetro a uma
pequena distância.
Relativamente ao grau de erosão e ao corte de fácies, concluímos que são mais acentuados
nas chaminés pequenas. Assim, devemos ter em especial atenção a capacidade de erosão,
responsável pelas deposições de diamantes em depósitos secundários.
Em conclusão, podemos afirmar que Angola é um País de grande riqueza geológica.
Analisando as grandes potencialidades do seu território, prevê-se um País de grandes
oportunidades para técnicos da área da Geologia. Assim, a preparação de jovens geólogos, com
formação mais específica em determinadas áreas, em conjugação com parcerias naquele País,
poderá de certa forma ser um saudável canal de saídas profissionais.

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http://www.kimberleyprocess.com
- Target Geologia Mineração e Meio-ambiente Ltda, arquivo capturado em 2008,
http://www.targetgeologia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=166:jatoba-
kimberlite&catid=44:exemplos-de-projetos
- Elementos de apoio da licenciatura em Oceanografia, Disciplina de Oceanografia Geológica, arquivo
capturado em 2009, J. Alveirinho Dias,
http://w3.ualg.pt/~jdias/oceangeol/1_INTRODUCAO/15_Evolucao/1PreCambrico.html
- Kimberlites, arquivo capturado em 2009, Maya G. Kopylova,
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- The Gemesis Corporation, arquivo capturado em 2009,
http://www.gemesis.com
- Apollo Diamond, Inc, arquivo capturado em 2009,
http://www.apollodiamond.com
- New Millennium Rescurcer Limited, arquivo capturado em 2009,
http://www.new-millennium.com.au
- Cullinan diamonds, arquivo capturado em 2009,
http://www.cullinandiamonds.co.za
- Wikipédia, enciclopédia livre de pesquisa e definições
pt.wikipedia.org/

130
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

SÉRGIO LUIS RODRIGUES SÊCO

SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES


EM ANGOLA

FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS
E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS

ANEXOS

131
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
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Anexo A – Ficha de ensaio


FICHA DE ENSAIO Ensaio n.º _____ N.º Geral _________ Relatório: _____________
Território: Região: Bacia: Carta de Referência: Data:
____/____/____
Acessos: Sob-afluente: Missão:
Afluente:
Rio: Prospector:
Margem: esquerda/direita/camada mineralizada
Tipo de Ensaio: Distância ao Rio em metros: Área m2:
Modo de lavagem: Rio: Espessura. Estéril m:
Cascalho: - Largura em metros: Volume do Estéril m3:
Granulometria: - Profundidade em metros: Espessura. do cascalho m:
Elementos: - Velocidade da corrente: Volume do cascalho m3:
Arredondamento: Plano do rio:
Tipo: - Largura direita em metros: Profundidade total m:
- Largura esquerda em metros:
Natureza:
Cubicagem lavada em litros:
Cimento: Veios de água (sim/não):
(laterisado/gresoso) Entivação (sim/não):
Bed-Rock Amostragem:
Atingido (sim/não/imperfeito):
Natureza:
Direcção e pendor:
Grau de alteração:
Qualidade da limpeza:
Superfície limpa:
Profundidade limpa:
Concentrado Diamante Vigilância
Abundância: Pedras: Perfuração (sim/não):
Minerais: Quilates: Lavagem (sim/não):
+10: P/ct:
-10+5: ct/m3 cascalho: Valor do ensaio:
-5+2,5: Pedras + 1 ct (muito bom, bom, suficiente,
-2,5+1: Quantidade: mau)
-1: Peso:
Características dos elementos do cascalho:

Anexo B – Ficha de estado de desenvolvimento mensal de ensaios e poços


FICHA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO MENSAL
Prospector: Data: ____/____/____
Espessura Volume Pedras Pedras Total
Teor ct/m3 Cascalho

<1 ct >1ct diamantes


Peso em quilates
Quantidade

Quantidade

Quantidade
N.º ensaios

Superfície

Cascalho

Cascalho
Tratado

Tratado
Estéril

Estéril
Sector

Peso

Peso

Peso

132
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

Anexo C – Análises Químicas das granadas do Kimberlito Camafuca-Camazambo


Correia, Eugénio A.; Laiginhas, Fernando A.T.P., (2006). Garnets from the Camafuca-Camazambo –Kimberlite
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Designation Gnt1 Gnt2 Gnt3 Gnt4 Gnt5 Gnt6 Gnt7 Gnt8 Gnt9 GntI0 Gnt11 Gnt12 Gnt13 Gnt14 Gnt15 Gnt16 Gnt17 Gnt18 Gnt19 Gnt20 Gnt21 Gnt22

Classification G1 G1 G1 G1 G1 G9 G1 G1 G1 G1 G9 G10D G10D G9 G10D G10D G4 G10D G10D G10D G1 G10D

SiO 2 43.34 43.84 42.76 43.34 43.84 43.40 43.37 42.87 42.93 42.71 42.67 43.17 43.42 42.85 43.21 42.86 42.71 43.29 43.11 43.82 43.10 43.73

TiO 2 0.83 0.94 0.94 0.46 0.41 0.35 0.39 0.84 0.42 0.78’ 0.25 0.01 0.01 0.05 0.07 0.05 0.09 0.00 0.01 0.04 0.52 0.00

Al 2 O 3 20.33 20.27 20.07 21.05 21.32 20.90 20.76 18.60 20.62 18.72 20.57 19.89 19.81 21.04 20.09 19.67 21.74 20.18 19.44 20.27 19.7i 19.45

Cr 2 O 3 1.15 1.17 1.10 1.81 1.76 1.93 2.21 3.39 2.26 3.51 2.79 4.83 4.85 2.50 4.45 4.57 0.97 3.99 4.55 4.49 2.95 4.35

FeO 8.98 9.05 8.52 7.75 7.70 7.26 6.96 7.66 7.57 8.22 6.48 7.50 7.43 7.85 7.53 7.64 12.13 7.29 7.47 7.33 7.23 7.66

MnO 0.16 0.17 0.21 0.08 0.20 0.15 0.22 0.14 0.14 0.00 0.21 0.17 0.03 0.28 0.08 0.19 0.25 0.28 0.14 0.33 0.13 0.02

MgO 21.42 21.36 20.82 21.12 21.13 20.70 20.84 20.44 21.36 21.01 21.84 21.46 21.47 20.08 22.34 21.31 19.19 21.84 21.20 22.15 21.12 21.54

CaO 4.08 3.89 4.17 4.54 4.31 4.19 4.14 4.60 4.15 4.71 4.24 3.88 3.54 4.40 3.25 3.80 2.05 2.78 3.23 2.64 4.28 3.93

Na 2 O 0.10 0.06 0.07 0.03 0.03 0.05 0.05 0.09 0.05 0.09 0.03 0.00 0.00 ; 0.05 0.07 0.01 0.05 0.01 0.01 0.07 0.06 0.00

NiO 0.00 0.00 0.07 0.00 0.00 0.05 0.00 0.13 0.00 0.00 0.03 0.05 0.00 0.02 0.00 0.07 0.02 0.00 0.00 0.07 0.04 0.00

Totals 100.40 100.73 98.72 100.18 100.70 98.98 98.94 98.75 99.50 99.75 99.12 100.94 100.55 99.13 101.07 100.17 99.20 99.66 99.16 101.20 99.17 100.68

Total iron as FeO

Number of cations on the basis of 12 oxygens

Si 3.07 3.09 3.08 3.07 3.08 3.10 3.09 3.10 3.06 3.07 3.05 3.05 3.07 3.07 3.04 3.05 3.08 3.08 3.09 3.07 3.08 3.09

Ti 0.04 0.05 0.05 0.02 0.02 0.02 0.02 0.05 0.02 0.04 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.00

Al 1.70 1.69 1.70 1.75 1.77 1.76 1.75 1.58 1.73 1.58 1.73 1.66 1.65 1.78 1.67 1.65 1.85 1.69 1.64 1.67 1.66 1.62

Cr 0.06 0.07 0.06 0.10 0.10 0.1 l 0.12 0.19 0.13 0.20 0.16 0.27 0.27 0.14 0.25 0.26 0.06 0.22 0.26 0.25 0.17 0.24
2+
Fe 0.53 0.53 0.51 0.46 0.45 0.43 0.42 0.46 0.45 0.49 0.39 0.44 0.44 0.47 0.44 0.46 0.73 0.43 0.45 0.43 0.43 0.45

Mn 0.01 0.01 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.00 0.01 0.01 0.00 0.02 0.00 0.01 0.02 0.02 0.01 0.02 0.01 0.00

Mg 2.26 2.25 2.23 2.23 2.21 2.20 2.22 2.20 2.27 2.25 2.32 2.26 2.26 2.15 2.34 2.26 2.06 2.31 2.26 2.31 2.25 2.27

Ca 0.31 0.29 0.32 0.34 0.32 0.32 0.32 0.36 0.32 0.36 0.32 0.29 0.27 0.34 0.24 0.29 0.16 0.21 0.25 0.20 0.33 0.30

Na 0.01 0.01 0.01 0.00 0.00 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.00 0.00 0.00 0.01 0.01 0.00 0.01 0.00 0.00 0.01 0.01 0.00

Ni 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Totals 8.01 7.99 7.99 7.98 7.97 7.96 7.95 7.97 7.99 8.01 8.00 7.99 7.97 7.97 8.00 7.99 7.97 7.97 7.96 7.97 7.98 7.98

Mg# 80.97 80.80 81.32 82.93 83.03 83.55 84.23 82.62 83.42 81.99 85.72 83.61 83.75 82.02 84.10 83.26 73.83 84.22 83.49 84.34 83.88 83.37

Ca# 12.04 11.57 12.59 13.38 12.78 12.70 12.50 13.92 12.24 13.88 12.25 11.49 10.61 13.62 9.46 11.36 7.14 8.39 9.87 7.90 12.71 11.59

Cr# 3.66 3.72 3.53 5.46 5.24 5.83 6.67 10.90 6.84 11.18 8.33 14.00 14.10 7.38 12.92 13.49 2.90 11.72 13.57 12.95 9.12 13.06

Mg # 100Mg/(Mg+Fe2+), Ca # =100 Ca/(Ca+Mg) e Cr # =100Cr/(Cr+Al) by atom

Endmembers (mol.%)

Pyrope(Mg) 72.89 73.07 72.79 73.51 74.03 74.49 75.18 72.89 74.72 72.42 76.56 75.43 76.18 72.63 77.31 75.23 69.87 78.19 76.50 78.65 74.75 75.16

Almandine(Fe) 17.14 17.37 16.72 15.14 15.13 14.67 14.08 15.33 14.85 15.90 12.75 14.78 14.79 15.92 14.61 15.13 24.76 14.65 15.13 14.60 14.36 14.99

Grossular(Ca) 9.98 9.56 10.49 11.35 10.84 10.84 10.74 11.78 10.43 11.68 10.69 9.79 9.04 I I .45 8.07 9.65 5.37 7.16 8.37 6.75 10.89 9.85

133
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

Anexo D – Coordenadas do levantamento geológico do Kimberlito do Catoca

Coordenadas Fotografias
Pontos Elevação (m) SUL ESTE
1 876 09º24.341´ 20º18.038´
2 958 09º24.117´ 20º17.836´ Foto 1, 2.
3 - -
4 - -
5 873 09º24.328´ 20º17.936´
6 876 09º24.325´ 20º17.957´
7 870 09º24.337´ 20º17.956´
8 873 09º24.329´ 20º17.936´
9 871 09º24.408´ 20º17.950´
10 873 09º24.335´ 20º17.922´ Foto 94, 95, 96.
11 868 09º24.319´ 20º17.930´ Foto 97, 98.
12 874 09º24.434´ 20º17.980´ Foto 99, 100, 101, 102, 103.
13 870 09º24.434´ 20º18.022´
14 876 09º24.431´ 20º18.055´ Foto 104.
15 870 09º24.384´ 20º18.028´ Foto 86, 87.
16 873 09º24.393´ 20º18.037´ Foto 84.
17 873 09º24.411´ 20º18.039´
18 867 09º24.371´ 20º18.031´ Foto 85.
19 867 09º24.413´ 20º18.044´
20 886 09º24.422´ 20º18.085´ Foto 88, 89.
21 879 09º24.406´ 20º18.093´
22 895 09º24.435´ 20º18.109´
23 902 09º24.431´ 20º18.190´ Foto 90.
24 893 09º24.389´ 20º18.164´ Foto 83.
25 895 09º24.371´ 20º18.159´ Foto 66, 67.
26 887 09º24.315´ 20º18.147´ Foto 68, 69, 70.
27 887 09º24.305´ 20º18.149´
28 876 09º24.292´ 20º18.147´ Foto 71, 72.
29 879 09º24.280´ 20º18.134´ Foto 60.
30 879 09º24.239´ 20º18.128´ Foto 61.
31 870 09º24.194´ 20º18.120´ Foto 112.
32 871 09º24.215´ 20º18.033´ Foto 113.
33 875 09º24.245´ 20º17.990´
34 896 09º24.253´ 20º17.958´
35 882 09º24.252´ 20º17.937´
36 874 09º24.227´ 20º17.930´ Foto 93.
37 881 09º24.316´ 20º17.900´
38 879 09º24.335´ 20º17.903´
39 877 09º24.391´ 20º17.912´
40 873 09º24.417´ 20º17.913´
41 880 09º24.431´ 20º17.932´
42 875 09º24.448´ 20º17.949´
43 874 09º24.452´ 20º17.961´
44 875 09º24.448´ 20º18.031´
45 883 09º24.444´ 20º18.061´
46 889 09º24.458´ 20º18.075´
47 904 09º24.451´ 20º17.913´ Foto 17, 18, 19, 109.
48 911 09º24.394´ 20º17.885´ Foto 20, 21, 108.
49 900 09º24.325´ 20º17.876´ Foto 107.
50 897 09º24.286´ 20º17.868´
134
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

51 900 09º24.238´ 20º17.885´ Foto 9.


52 903 09º24.245´ 20º17.882´ Foto 92.
53 903 09º24.325´ 20º17.885´ Foto 10.
54 904 09º24.166´ 20º18.147´ Foto 111.
55 904 09º24.183´ 20º18.149´ Foto 11.
56 905 09º24.183´ 20º18.148´
57 905 09º24.182´ 20º18.132´
58 897 09º24.254´ 20º18.163´ Foto 62.
59 899 09º24.286´ 20º18.169´ Foto 63, 64.
60 892 09º24.328´ 20º18.167´
61 898 09º24.383´ 20º18.187´
62 896 09º24.404´ 20º18.191´ Foto 8.
63 900 09º24.430´ 20º18.189´ Foto 91.
64 895 09º24.486´ 20º18.115´
65 896 09º24.483´ 20º18.069´ Foto 22.
66 914 09º24.111´ 20º17.961´ Foto 110.
67 902 09º24.199´ 20º18.018´ Foto 12.
68 905 09º24.149´ 20º18.059´
69 908 09º24.031´ 20º18.031´
70 941 09º24.330´ 20º17.805´ Foto 3.
71 943 09º24.504´ 20º18.244´ Foto 23.
72 948 09º24.471´ 20º18.243´
73 940 09º24.440´ 20º18.246´ Foto 105, 106.
74 941 09º24.409´ 20º18.244´
75 941 09º24.383´ 20º18.236´ Foto 13.
76 940 09º24.352´ 20º18.242´
77 938 09º24.317´ 20º18.236´
78 939 09º24.288´ 20º18.229´
79 941 09º24.288´ 20º18.229´
80 939 09º24.289´ 20º18.230´
81 940 09º24.269´ 20º18.230´ Foto 80, 81.
82 942 09º24.270´ 20º18.227´
83 939 09º24.248´ 20º18.224´ Foto 77, 78, 79.
84 944 09º24.197´ 20º18.218´ Foto 76.
85 939 09º24.136´ 20º18.209´ Foto 74, 75.
86 941 09º24.119´ 20º18.193´ Foto 14.
87 941 09º24.082´ 20º18.200´
88 946 09º24.069´ 20º18.198´ Foto 24.
89 960 09º24.089´ 20º18.234´ Foto 25.
90 964 09º24.103´ 20º18.236´
91 962 09º24.131´ 20º18.241´
92 960 09º24.203´ 20º18.249´ Foto 82.
93 962 09º24.236´ 20º18.256´
94 959 09º24.235´ 20º18.258´
95 959 09º24.267´ 20º18.261´
96 959 09º24.383´ 20º18.275´ Foto 58, 59.
97 959 09º24.382´ 20º18.272´
98 956 09º24.412´ 20º18.276´
99 960 09º24.486´ 20º18.272´
100 966 09º23.925´ 20º18.063´
101 967 09º23.915´ 20º18.202´
102 965 09º23.919´ 20º18.234´
103 969 09º24.111´ 20º18.267´
104 974 09º24.160´ 20º18.271´
105 974 09º24.296´ 20º18.283´ Foto 30.
106 979 09º24.601´ 20º18.224´ Foto 5, 26, 43.
135
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

107 968 09º24.590´ 20º17.893´ Foto 4, 27.


108 972 09º24.551´ 20º17.831´ Foto 28.
109 976 09º24.584´ 20º17.761´ Foto 29, 31, 32.
110 973 09º24.647´ 20º17.884´ Foto 33, 34.
111 974 09º24.660´ 20º18.044´ Foto 35, 36, 37.
112 988 09º24.670´ 20º18.135´ Foto 38, 39, 40.
113 986 09º24.633´ 20º18.253´ Foto 42, 42.
114 982 09º24.368´ 20º18.319´ Foto 6, 44, 45, 46.
115 983 09º24.345´ 20º18.317´
116 975 09º24.232´ 20º18.291´ Foto 47.
117 1016 09º24.151´ 20º18.545´ Foto 48.
118 1008 09º24.150´ 20º18.544´ Foto 49.
119 1016 09º24.259´ 20º18.455´ Foto 50, 51, 52, 53.
120 1000 09º24.344´ 20º18.415´ Foto 43, 55, 56, 57.
121 979 09º23.933´ 20º18.301´ Foto 7.
122 878 09º24.388´ 20º18.075´ Foto 15.
123 878 09º24.298´ 20º18.117´ Foto 73.
124 884 09º24.203´ 20º18.117´
125 877 09º24.268´ 20º18.029´ Foto 65.
126 876 09º24.258´ 20º17.968´ Foto 16.
127 905 09º24.467´ 20º18.165´
128 913 09º24.463´ 20º17.916´ Foto 114.
129 888 09º24.444´ 20º18.090´
130 867 09º24.315´ 20º17.935´
131 909 09º24.170´ 20º18.144´

136
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

Anexo E – Carta geológica e tectónico-estrutural do Kimberlito do Catoca


Anexo F – Perfil geológico N-S
Anexo G – Perfil geológico W-E

137
SOBRE A PROSPECÇÃO DE DIAMANTES EM ANGOLA. FORMAÇÕES DE KIMBERLITOS E DE DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS.
____________________________________________________________________________________________________________________

Anexo H – Fotografias

141
Foto 1 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P002.

Foto 2 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P002. TBM – Kimberlito Brechóide Maciço; TKB – Tufo Kimberlítico Brechóide; TA/A – Tufo Arenítico/Argilítico; AI –
Areias Interformacionais; Gra – Gravelitos; AL – Aleurolito; Ka – Kalahari; KaM – Kalahari com grau de metamorfismo; Gn – Gnaisse.

Foto 3 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P070.


Foto 4 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P107.

Foto 5 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P106.

Foto 6 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P114.


Foto 7 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P121.

Foto 8 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P066.

Foto 9 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P051. Foto 10 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P053.
Foto 11 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P055. Foto 12 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P067.

Foto 13 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P075.

Foto 14 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P086.

Foto 15 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P122.


Foto 16 – Vista geral do Kimberlito do Catoca, P126.

Foto 17, 18, 19 – Contacto da chaminé, representada pelos Tufo Kimberlítico Brechóide e a rocha encaixante “Gnaisse”, P047.

Foto 20, 21 do P048, 22 do P065 e 23 do P071 – Contacto da chaminé, representada pelos Tufo Kimberlítico Brechóide e a rocha encaixante “Gnaisse”.
Foto 24 do P088 e 25 do P089 – Contacto da chaminé, representada pelo Tufo Kimberlítico Brechóide e a rocha
encaixante “Gnaisse”.

Foto 26 do P0106 e 27 do P107 – Contacto da rocha encaixante “Gnaisse” com a Formação de Kalahari.

Foto 28 do P108, 29 do P109 – Contacto da rocha encaixante “Gnaisse” com a Formação de Kalahari.

Foto 30 do P105 – Formação do Kalahari encontra-se por cima da chaminé, tendo abaixo destes Tufos Kimberlíticos
Brechóides que não são visíveis.
Foto 31, 32 (em cima) do P109 – A fotografia 31 representa a passagem
do gnaisse para a Formação de Kalahari. A fotografia 32 representa a
base da Formação do Kalahari. Estão representadas por areias médias a
finas cauliníferas de tonalidade branca na base. Mais acima as areias e as
argilas apresentam uma tonalidade vermelha. Ocorre também
intercalações de estratos de areias médias a finas com conglomerados.
Nestes conglomerados aparecem gnaisses, mas não existem granadas do
tipo piropo. Observar as fotografias seguintes respeitantes a mesma
formação.
Foto 33 (à direita em cima), 34 (à direita em baixo) do P110 – Base da
Formação do Kalahari, continuação.

Foto 35 (à esquerda), Foto 36 (em cima), Foto 37


(à direita) do P111 – Base da Formação do
Kalahari. As presentes fotografias representam
uma sequência de baixo para cima, gnaisses,
areias, conglomerados, aleurolito ou alevrolito
(sequências sedimentares de grão fino), areias.
Foto 38 (à esquerda), Foto 39 (em cima), Foto 40 (à direita) do P112 – Base da
Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de
baixo para cima, aleurolito ou alevrolito (sequências sedimentares de grão fino),
areias, com alternância de areias, argilitos e níveis conglomerático.

Foto 41 (à esquerda), 42 (à direita) do P113 – Base da Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam
uma sequência de baixo para cima, Arenitos e argilitos, Aleurolito, e alternância de níveis conglomerático, argilitos e
areias.
Foto 43 do P106 – Vista geral da base da Formação do Kalahari, continuação.

Foto 44 do P114 – Vista geral da base da Formação do Kalahari, continuação.

Foto 45 e 46 do P114 – Formação do Kalahari. As presentes fotografias representam uma sequência de baixo para
cima, aleurolito e areias com caulinos.

Foto 47 do P116 e 48 do P117 – Arenitos da Formação do Kalahari e vista geral para NE no P117, continuação.
Foto 49 do P118 e 50 do P119 – Formação do Kalahari. Nas fotografias, observamos areias com tonalidade vermelha
e níveis mais brancos. Na fotografia da direita existem níveis conglomeráticos.

Foto 51, 52, 53 do P119 – Formação do Kalahari. Nas fotografias, observamos areias com tonalidade vermelha e
níveis conglomeráticos. Na fotografia 53, à esquerda, observamos minerais de goetite nas areias que se localizam nas
camadas superiores do Kalahari.

Foto 54, 55, 56 do P120 – Formação do Kalahari. Observamos um arenito aglomerado com o cimento silicioso.

Foto 57 do P120 – Formação do Kalahari. Observamos um arenito aglomerado com o cimento silicioso.
Foto 58 do P096 – Formação de Kalahari. A presente fotografia representam uma sequência de baixo para cima,
aleurolito e arenitos e argilitos (Tufos), com algum grau de metamorfismo devido a alteração por temperatura dos
Kimberlitos que estão na sua base.

Foto 59 do P096 – Formação de Kalahari. A presente fotografia a sequência da fotografia anterior com maior
pormenor.
Foto 60 do P029 – Areias Interformacionais da cratera do Kimberlito apresentam uma cor vermelha. Apresentam
veios de diamantes com horizontes de areias mineralizadas. Na cota 900 existem níveis com grande teor de
diamantes, com grandes quantidades de minerais satélites.

Foto 61 do P030 – Areias Interformacionais da cratera do Kimberlito.

Foto 62 do P058 (a esquerda) – Areias Interformacionais da cratera do Kimberlito. Foto 63 (à direita, em cima) e 64
(à direita, em baixo) do P059 – Contacto entre as Areias Interformacionais e os Tufos gravelitos da cratera do
Kimberlito, representado na fotografia 63. Na fotografia 64, observamos os Tufos gravelitos.
Foto 65 do P125 – Contacto entre as Areias Interformacionais a esquerda na fotografia, e os Tufos gravelitos da
cratera do Kimberlito.

Foto 66 do P025 – Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito. O presente conjunto é muito rico em diamantes no qual
encontramos vários minerais acessórios. Podemos considerar que são formados a partir da erosão dos Tufos
Kimberlíticos Brechóides anelar. São constituídos principalmente por arenitos.

Foto 67 do P025 e 68 do P026 – Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito, apresentando na foto 67 mais compacto e
na foto 68 mais alterado. Na observação das fotografias, podemos ver as tonalidades mais brancas que pertencem a
material Kimberlítico.
Foto 69 do P026 – Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito, vista geral. Na presente localização, encontramo-nos
no eixo central da bacia.

Foto 70 (esquerda) do P026 e 71 (direita) do P028 – Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito. Na fotografia 70
podemos observar minerais acessórios, os quais provam a ocorrência de diamantes nas presentes rochas vulcano-
sedimentares. Pela informação dos Técnicos da Sociedade Mineira do Catoca o teor médio nesta formação é de cerca
de 3 quilates por tonelada.

Foto 72 do P028 – Contacto entre o Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito a direita com as Areias
Interformacionais, vista geral.
Foto 73 do P123 – Contacto entre o Tufos gravelitos da cratera do Kimberlito a direita com as Areias
Interformacionais a esquerda, vista geral a partir da cota 890m.

Foto 74 do P085 – Contacto entre o Tufos Areníticos a direita com os Tufos Kimberlíticos Brechóide, vista geral.

Foto 75 (em cima) do P085 – Tufos Areníticos e Argilíticos, com


impregnação de material Kimberlítico.

Foto 76 (à direita) do P084 – Tufos Areníticos, com impregnação de


material Kimberlítico.
Foto 77 do P083 – Tufos Areníticos, vista geral.

Foto 78 e 79 do P083 – Na fotografia 77, observa-se os Tufos Areníticos níveis de Tufos Gravelitos. Associado aos
Tufos Gravelitos encontramos Saponite (tonalidade mais branca), é um silicato natural hidratado de magnésio e
alumínio, enchendo cavidades e veios.

Foto 80 do P081 – Contacto entre os Tufos Areníticos a esquerda e os Tufos Kimberlíticos Brechóide a direita.
Foto 81 do P081 – Observamos nos Tufos Areníticos com Saponite.

Foto 82 do P092 – Tufos Areníticos, vista geral.

Foto 83 do P024 e 84 do P016 – Tufos Areníticos e Argilíticos.


Foto 85 do P018 – Tufos Areníticos, com mais argila vermelha.

Foto 86 do P015 – Zona de transição dos Tufos Areníticos à direita e mais à esquerda com os Aleurolitos.

Foto 87 do P015 e 88 do P020 – Aleurolitos ou Alevrolito (sequências sedimentares de grão fino).

Foto 89 do P020 – Contacto por falhamento entre os Aleurolitos à esquerda e os Kimberlitos Brechóides Maciços
mais à direita.
Foto 90 do P023 e 91 do P063 – Contacto entre os Aleurolitos à esquerda e os Kimberlitos Brechóides Maciços mais
à direita.

Foto 92 do P052 e 93 do P036 – Kimberlitos Brechóides Maciços. Na fotografia da esquerda observa-se níveis de
Saponite. Na fotografia da direita observamos xenólitos de gnaisse e intercalações de Tufos Kimberlíticos.

Foto 94 e 95 do P010 – Kimberlitos Brechóides Maciços. Podemos observar minerais de flogopite, olivina, granada
e picroilmenite.
Foto 96 do P010 – Vista geral do Kimberlitos Brechóides Maciços.

Foto 97 e 98 do P011 – Observamos na primeira fotografia um falhamento nos Kimberlitos Brechóides Maciços e na
segunda uma vista geral do Kimberlito Brechóide.

Foto 99 e 100 do P012 – Observamos na fotografia à esquerda um falhamento nos Kimberlitos Brechóides Maciços,
o qual está preenchido em parte por calcite. Na fotografia da direita podemos observar xenólitos de gnaisse no
Kimberlito Brechóide.
Foto 101 e 102 do P012 – Nas fotografias podemos observar xenólitos de gnaisse no Kimberlito Brechóide.

Foto 103 do P012 e 104 do P014 – Kimberlitos Brechóides Maciços. Na fotografia observa-se níveis de Saponite. Na
fotografia da direita podemos observar Kimberlitos Brechóides Maciços com alguma alteração devido à pressão dos
falhamentos neste local.

Foto 105 e 106 do P073 – Kimberlitos Brechóides Maciços. Na fotografia observa-se níveis de Saponite.
Foto 107 do P049 – Tufos Kimberlitos Brechóides do anel. Vista geral no qual estão em contacto com o gnaisse.

Foto 108 do P048 e 109 do P047 – Tufos Kimberlitos Brechóides do anel. Na fotografia à esquerda observa-se níveis
de Saponite. Observamos na fotografia da direita, a conjugação ente Tufos Kimberlitos Brechóides e o gnaisse.

Foto 110 do P066 – Vista geral do Tufos Kimberlitos Brechóides do anel na base do talude e em frente observamos
o gnaisse.
Foto 111 do P054 – Tufos Kimberlitos Brechóides, mais interno.

Foto 112 do P031 – Tufos Kimberlitos Brechóides, mais interno. Apresentam-se mais alterados devidos às falhas
existentes na sua proximidade.

Foto 113 do P032 – Tufos Kimberlitos Brechóides, mais interno. Apresentam-se mais alterados devidos às falhas na
sua proximidade e apresentam também níveis de Saponite.

Foto 114 do P128 – Vista geral do Kimberlito do Catoca.


Foto 115 e 116 – Amostras de gnaisse.

Foto 117 e 118 – Amostra de Tufo Kimberlítico Brechóide à esquerda e de Kimberlito Brechóide Maciço à direita.

Foto 119 e 120 – Amostra de Kimberlito Brechóide Maciço com xenólitos à esquerda e um Kimberlito Brechóide
Maciço Micáceo à direita.

Foto 121 e 122 – Amostra de Areias Interformacionais à esquerda e de Tufo Arenítico com veios de calcite à direita.
Foto 123 e 124 – Amostra de Aleurolito e Tufo Argilítico na fotografia da esquerda e Tufo arenítico na da direita.

Foto 125 – Amostra de Arenito com material Kimberlítico.

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