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DIREITO
CONSTITUCIONAL 3
PROF. GILBERTO
FROTA
Semestre: 2018.1
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NOTA DE AULA 01
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
PROFESSOR: GILBERTO FROTA
ASSUNTO: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
O preâmbulo não tem função normativa. Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele
não é norma constitucional. Portanto, não serve de parâmetro para a declaração de
inconstitucionalidade e não estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele
Reformador ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposições não são de
reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais.
Por fim, a parte transitória da Constituição visa a integrar a ordem jurídica antiga à
nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e
evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas são formalmente
constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente numeração própria (veja o ADCT – Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias). Assim como a parte dogmática, pode ser
modificado por reforma constitucional.
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
I - a soberania;
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Apenas a República Federativa do Brasil (RFB) é considerada soberana, inclusive para
fins de direito internacional. Só ela possui personalidade internacional.
II - a cidadania;
Segundo: representa o conjunto de direitos que toda pessoa possui com relação ao
respeito da dignidade da pessoa humana, à moradia, liberdade, segurança, integridade física,
lazer, condições dignas de trabalho, etc.
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Na Constituição federal de 1988, a dignidade da pessoa humana é a base de todos os
direitos fundamentais. Coloca o ser humano a uma preocupação central para o Estado
brasileiro.
O uso de algemas tem caráter excepcional. Com base nesse entendimento, o Tribunal
concedeu habeas corpus — impetrado em favor de condenado à pena de 13 anos e 6 meses
de reclusão pela prática dos crimes previstos no art. 121, § 2º, II, III e IV, do CP, e no art. 10,
da Lei n. 9.437/97 — para tornar insubsistente a decisão do Tribunal do Júri, e determinar que
outro julgamento seja realizado, com a manutenção do acusado sem as algemas. Na espécie,
o paciente permanecera algemado durante toda a sessão do Júri, tendo sido indeferido o
pedido da defesa para que as algemas fossem retiradas, ao fundamento de inexistência de
constrangimento ilegal, sobretudo porque tal circunstância se faria necessária ao bom
andamento dos trabalhos, uma vez que a segurança, naquele momento, estaria sendo
realizada por apenas 2 policiais civis, e, ainda, porque o réu permanecera algemado em todas
as audiências ocorridas antes da pronúncia. Entendeu-se que o uso das algemas, no caso,
estaria em confronto com a ordem jurídico-constitucional, tendo em conta que não havia, no
caso, uma justificativa socialmente aceitável para submeter o acusado à humilhação de
permanecer durante horas algemado, quando do julgamento no Tribunal do Júri, não tendo
sido, ademais, apontado um único dado concreto, relativo ao perfil do acusado, que estivesse a
exigir, em prol da segurança, a permanência com algemas. Além disso, afirmou-se que a
deficiência na estrutura do Estado não autorizava o desrespeito à dignidade do envolvido e
que, inexistente o aparato de segurança necessário, impunha-se o adiamento da sessão.
Salientou-se, inicialmente, que o julgamento perante o Tribunal do Júri não requer a custódia
preventiva do acusado (CF, art. 5º, LVII), não sendo necessária sequer sua presença (CPP, art.
474, alterado pela Lei n. 11.689/2008). Considerou-se, também, o princípio da não-
culpabilidade, asseverando-se que a pessoa acusada da prática de crime doloso contra a vida
merece o tratamento devido aos humanos, aos que vivem em um Estado Democrático de
Direito. Ressaltou-se que o art. 1º da CF tem como fundamento a dignidade da pessoa
humana e que da leitura do rol das garantias constitucionais previstas no art. 5º (incisos
XIX, LXI, XLIX, LXI, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, XLVIII), depreende-se a preocupação em se
resguardar a figura do preso, repousando tais preceitos no inafastável tratamento
humanitário do cidadão, na imprescindibilidade de lhe ser preservada a dignidade. (...) o
uso desse instrumento é excepcional e somente pode ocorrer nos casos em que realmente se
mostre indispensável para impedir ou evitar a fuga do preso ou quando se cuidar
comprovadamente de perigoso prisioneiro. Mencionou-se que a Lei n. 11.689/2008 tornou
estreme de dúvidas a excepcionalidade do uso de algemas (‘Art. 474... § 3º Não se permitirá o
uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia
da integridade física dos presentes.’) (...). Precedentes citados: HC 71.195/SP (DJ de 4-8-95);
HC 89.429/RO (DJ de 2-2-07).” (HC 91.952, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7-8-08,
Informativo 514)
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que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida ou o
princípio da dignidade da pessoa humana.
"A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei 11.105/2005,
objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam,
atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo
contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais progressivas, distrofias
musculares, a esclerose múltipla e a lateral amiotrófica, as neuropatias e as doenças do
neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo
ou desapreço pelo embrião in vitro, porém uma mais firme disposição para encurtar
caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um
ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica ‘a liberdade, a segurança, o
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça’ como valores supremos de uma
sociedade mais que tudo ‘fraterna’. O que já significa incorporar o advento do
constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida ou
vida social em clima de transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais
tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou
fraternal legalidade que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões in
vitro, significa apreço e reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam.
Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a
pesquisa com células-tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a
que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à
margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com
dignidade (Min. Celso de Mello). ...(ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 29-5-
2008, Plenário, DJE de 28-5-2010.)
Desde que o trabalho desenvolvido seja lícito e não venha a ferir os bons costumes e a
sociedade, deverá ser permitido e até mesmo incentivado. Este princípio procura estabelecer
uma harmonia entre o trabalho humano e a produção.
TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
REGIMES DE GOVERNO:
1) DEMOCRACIA
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Espécies de Democracia:
2) AUTOCRACIA
1) REPÚBLICA
2) MONARQUIA
2.a) A Federação
2.b) A Confederação
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Representa a união de Estados soberanos, que por meio de um tratado ou convenção
se unem para determinados fins, sendo possível a qualquer deles desligar-se da Confederação
a qualquer momento (direito de secessão). Exemplo: A União Européia.
SISTEMAS DE GOVERNO
1) PRESIDENCIALISMO
Neste sistema existe uma separação clara e rígida entre os Poderes Executivo e
Legislativo, prevalecendo a separação dos poderes com harmonia e independência entre os
mesmos. O presidente da República acumula tanto as funções de Chefe de Estado + Chefe de
Governo.
SOCIDIVAPLU
Significa o fato de um estado ser regido pelo império das leis (ESTADO DE DIREITO),
mas com o poder político sendo exercido pelos representantes do povo com legitimidade
(ESTADO DEMOCRÁTICO).
A chamada “separação dos poderes” não pode ser vista como absoluta, uma vez que
os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tem suas chamadas funções típicas ou
principais, mas também apresentam funções atípicas ou secundárias. Assim, os poderes
exercem prioritariamente suas funções típicas como também de maneira secundária exercem
as funções dos outros poderes.
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Nossa Constituição adotou a separação de Poderes flexível. Isso significa que eles não
exercem exclusivamente suas funções típicas, mas também outras, denominadas atípicas.
Um exemplo disso é o exercício da função administrativa – típica do Executivo – pelo Judiciário
e pelo Legislativo, quando dispõem sobre sua organização interna e sobre seus servidores,
nomeando-os ou exonerando-os.
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financiar o sistema. Se as alterações na legislação sobre custeio atingem a todos,
indiscriminadamente, já que as contribuições previdenciárias têm natureza tributária, não há
que se estabelecer discriminação entre os beneficiários, sob pena de violação do princípio
constitucional da isonomia.” (RE 450.855-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-8-
2005, Primeira Turma, DJ de 9-12-2005.)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
A promoção do bem de todos, sem preconceitos, alçada pela Carta Magna à condição de
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, consagra a igualdade formal como um
dos objetivos da República Federativa do Brasil. Um exemplo de sua aplicação é a reserva de
vagas nas Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos
egressos de escolas públicas. Busca-se tornar o sistema educacional mais justo, mais igual.
Não se trata de preconceito, mas de uma ação afirmativa do Estado.
Comentário
Dica para concurso: os objetivos fundamentais são aqueles que começam por
VERBOS, sendo que em provas de concurso também encontramos substantivos decorrentes
destes verbos (exemplo: a construção, a garantia, a erradicação ou a promoção)
I - independência nacional;
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IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
Asilo Político – consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não
o seu, em virtude de perseguição política por ele sofrida. As causa motivadoras dessa
perseguição são: dissidência política, livre manifestação de pensamento, etc. A concessão de
asilo político é ato de soberania nacional de competência do presidente da República. A prática
de crime que não tenha motivação de caráter ideológico não enseja a concessão do asilo
político.
EXERCÍCIOS
06) (Cespe/2010/TRT 21ª região) A República Federativa do Brasil rege-se, nas suas
relações internacionais, entre outros, pelos princípios dos direitos humanos, da
autodeterminação dos povos, da igualdade entre os Estados, da defesa da paz, da
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solução pacífica dos conflitos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo, da cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade, do duplo grau de jurisdição, da
concessão de asilo político e da independência funcional.
Comentários:
São princípios que regem a RFB em suas relações internacionais: princípios dos direitos
humanos (o correto seria prevalência dos direitos humanos), duplo grau de jurisdição e
independência funcional (o correto seria independência nacional). Questão incorreta.
Gabarito: 01 F 02 F 03 V 04 F 05 V 06 F 07 V 08 F 09 V 10 V
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NOTA DE AULA 02
PROFESSOR: GILBERTO FROTA
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
ASSUNTO: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (1ª PARTE)
– ART. 5º INCISO I ATÉ VIII
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Segundo os doutrinadores seria a Magna Carta Inglesa (1215), estabelecida pelo rei João
Sem Terra. Os direitos ali estabelecidos não visavam garantir uma proteção às liberdades dos
indivíduos em geral, mas assegurar o poder político aos barões (burguesia) mediante a
limitação dos poderes do rei.
2) Destinatários - TODOS
Os direitos fundamentais são extensivos também aos estrangeiros mesmo que estes estejam
de passagem pelo território nacional. Uma pessoa jurídica também possui direitos
fundamentais como o direito ao nome, à propriedade mas não possui direito à integridade física
ou à vida, direito à locomoção.
“O súdito estrangeiro, mesmo aquele sem domicílio no Brasil, tem direito a todas as
prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação do status libertatis e a observância,
pelo Poder Público, da cláusula constitucional do due process. O súdito estrangeiro, mesmo o
não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do
habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado,
das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. A
condição jurídica de não-nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir
domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento
arbitrário ou discriminatório. Precedentes. Impõe-se, ao Judiciário, o dever de assegurar,
mesmo ao réu estrangeiro sem domicílio no Brasil, os direitos básicos que resultam do
postulado do devido processo legal, notadamente as prerrogativas inerentes à garantia
da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz
natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante.” (HC 94.016, Rel. Min.
Celso de Mello, julgamento em 16-9-08, 2ª Turma, DJE de 27-2-09)
OBS. Existem direitos fundamentais que são das pessoas físicas mas que exigem uma certa
condição para o seu exercício. Ex. Ação popular a qual só pode ser exercida por cidadão (art.
5º LXXIII).
O direito é aquele estático (ex. direito à liberdade) enquanto que a garantia tem um caráter
dinâmico e é ela que vai dar vida ao direito material (ex. habeas corpus). Através da garantia é
que o direito vai se fazer valer e terá a devida proteção. Daí se falar na natureza instrumental
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das garantias constitucionais, já que as mesmas servem de instrumento para a efetivação
dos direitos.
Exemplos:
DIREITOS GARANTIAS
Direito de crença + Garantia da liberdade de culto
Direito de expressão + Garantia da proibição à censura
Direito de propriedade + Garantia da inviolabilidade de domicílio
Direito à locomoção + Habeas Corpus
Direito Líquido e Certo + Mandado de Segurança
4) Características
4.a) Imprescritibilidade – não deixam de ser exigíveis pelo seu não uso;
4.b) Irrenunciabilidade – em regra são irrenunciáveis, não podendo o seu humano abrir mão
de seus direito fundamentais. Exceção: direito à imagem e ao nome (Big Brother).
STF, RT, 709:408 – Segundo o STF a proibição á tortura é um direito constitucional absoluto
haja vista que não posso me valer da mesma como forma, por exemplo, de obter uma prova.
Caráter relativo dos direitos e garantias fundamentais - "Os direitos e garantias individuais
não têm caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que
se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou
exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que
excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das
prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela
própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime
jurídico a que estas estão sujeitas – e considerado o substrato ético que as informa - permite
que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a
integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das
liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem
pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros." (MS 23.452, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ 12/05/00)
5.a) Primeira Geração (LIBERDADE) Direitos Civis e Políticos – são limites impostos à
atuação do Estado, resguardando direitos considerados indispensáveis a cada pessoa
humana. Significam uma PRESTAÇÃO NEGATIVA por parte do Estado em prol do cidadão,
UM NÃO FAZER do Estado. Exemplos: direito à liberdade, à vida, à integridade física.
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desses direitos ocorre com a Revolução Industrial em que a classe operária passa a exigir
melhores condições de trabalho.
OBS2. Segundo grande parte da doutrina, o nome geração é indevido haja vista que deixa
transparecer que há uma sucessão de uma geração de direito por outro, mas tal não é verdade
haja vista que todos os direitos, de todas as gerações, convivem harmoniosamente. O correto
seria DIMENSÂO.
RE 201.819/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 11/10/2005 –
decisão judicial determinando que uma associação promova a reintegração de um associado
que havia sido excluído de seus quadros sem que lhe fosse concedido o contraditório e ampla
defesa (art. 5º LIV e LV).
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Direitos políticos;
Partidos políticos;
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
a) NA LEI – obriga o legislador, isto é, aquele que faz a lei a não estabelecer diferenças
desarrazoadas entre homens e mulheres;
b) PERANTE A LEI – obriga o aplicador da lei a não estabelecer tais diferenças (ex. vou pedir
uma certidão no INSS, para o chefe do posto baixa uma Portaria dizendo que para mulher o
prazo são de 10 dias e para homem de 5 dias).
OBS1. Vale salientar que pode sim haver e na verdade há um tratamento diferenciado entre
homens e mulheres desde que seja RAZOÁVEL tal discriminação.
OBS2. O princípio da igualdade consiste em tratar de forma igual os iguais e de forma desigual
os desiguais.
OBS3. As restrições impostas em certos concursos públicos, como por exemplo, da área
policial, só serão consideradas lícitas caso haja uma previsão em LEI e não somente no edital
do concurso.
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Exercício de função pública como título - "Constitucional. Concurso público. Regulamento nº
7/2004, do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, incisos I e II do art. 31. Prova de títulos:
exercício de funções públicas. Viola o princípio constitucional da isonomia norma que
estabelece como título o mero exercício de função pública." (ADI 3.443, Rel. Min. Carlos
Velloso, DJ 23/09/05)
Altura e cargo de escrivão de policia - "Concurso público – Fator altura. Caso a caso, há de
perquirir-se a sintonia da exigência, no que implica fator de tratamento diferenciado com a
função a ser exercida. No âmbito da polícia, ao contrário do que ocorre com o agente em si,
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não se tem como constitucional a exigência de altura mínima, considerados homens e
mulheres, de um metro e sessenta para a habilitação ao cargo de escrivão, cuja natureza é
estritamente escriturária, muito embora de nível elevado." (RE 150.455, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 15-12-98, 2ª Turma, DJ de 7-5-99). No mesmo sentido: AI 384.050-
AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 9-9-03, 2ª Turma, DJ de 10-10-03; RE
194.952, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-9- 01, 1ª Turma, DJ de 11-10-01.
“Atos que instituíram sistema de reserva de vagas com base em critério étnico-racial
(cotas) no processo de seleção para ingresso em instituição pública de ensino superior.
(...) Não contraria – ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade material, previsto no
caput do art. 5º da CR, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho
universalista, que abrangem um número indeterminado de indivíduos, mediante ações de
natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais determinados, de
maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a
permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas particulares.
(...) Justiça social hoje, mais do que simplesmente retribuir riquezas criadas pelo esforço
coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar à sociedade mais ampla valores culturais
diversificados, muitas vezes considerados inferiores àqueles reputados dominantes. No
entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas são
legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de
exclusão social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se em
benesses permanentes, instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da
coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o espírito de
qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outrossim, respeitar a
proporcionalidade entre os meios empregados e os fins perseguidos.” (ADPF 186, rel. min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 26-4-2012, Plenário, DJE de 20-10-2014.) No
mesmo sentido: RE 597.285, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 9-5-2012,
Plenário, DJE de 18-3-2014, com repercussão geral.
“O inciso I do art. 100 do CPC, com redação dada pela Lei 6.515/1977, foi recepcionado pela
CF de 1988. O foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de
conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre
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homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges.” (RE 227.114, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, julgamento em 14-12-2011, Segunda Turma, DJE de 22-11-2012.)
Jurisprudência do STF
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A regra para o agente público é: SÓ PODE FAZER AQUILO QUE A LEI MANDA.
A regra para o particular é: PODE FAZER TUDO DESDE QUE A LEI NÃO PROÍBA.
Psicotécnico e lei - "Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público." (SÚM. 686)
Sentido amplo da palavra lei - O sentido da palavra lei é interpretado de forma ampla como
sendo todo ato normativo, abstrato e com força obrigatória. Ex. uma medida provisória, uma
instrução normativa da SEFAZ, etc.
O "tratamento degradante, por sua vez, ocorre quando há humilhação de alguém perante si
mesmo e perante os outros, ou leva a pessoa a agir contra sua vontade ou consciência.
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Uso de algemas e constrangimento ilegal - ....o uso de algemas tem natureza excepcional e
deve ser adotado para: evitar que o preso atente contra sua própria vida, de terceiros e dos
policiais e para impedir possível fuga....existe omissão legislativa quanto aos casos de uso ou
não de algemas.....deve ser observado o princípio da razoabilidade....concedido o pedido ao
conselheiro do TC do estado de Rondônia para que a PF não utilize algemas....( STF HC
89429/80 Min. Carmem Lúcia 2006)
“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo
à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.” (Súmula Vinculante 11)
O uso de algemas tem caráter excepcional. Com base nesse entendimento, o Tribunal
concedeu habeas corpus - impetrado em favor de condenado à pena de 13 anos e 6 meses de
reclusão pela prática dos crimes previstos no art. 121, § 2º, II, III e IV, do CP, e no art. 10, da
Lei 9.437/97 - para tornar insubsistente a decisão do Tribunal do Júri, e determinar que outro
julgamento seja realizado, com a manutenção do acusado sem as algemas. Na espécie, o
paciente permanecera algemado durante toda a sessão do Júri, tendo sido indeferido o
pedido da defesa para que as algemas fossem retiradas, ao fundamento de inexistência
de constrangimento ilegal, sobretudo porque tal circunstância se faria necessária ao
bom andamento dos trabalhos, uma vez que a segurança, naquele momento, estaria
sendo realizada por apenas 2 policiais civis, e, ainda, porque o réu permanecera algemado
em todas as audiências ocorridas antes da pronúncia.
HC 91952/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 7.8.2008. (HC-91952)
Entendeu-se que o uso das algemas, no caso, estaria em confronto com a ordem jurídico-
constitucional, tendo em conta que não havia, no caso, uma justificativa socialmente aceitável
para submeter o acusado à humilhação de permanecer durante horas algemado, quando do
julgamento no Tribunal do Júri, não tendo sido, ademais, apontado um único dado concreto,
relativo ao perfil do acusado, que estivesse a exigir, em prol da segurança, a permanência com
algemas. Além disso, afirmou-se que a deficiência na estrutura do Estado não autorizava o
desrespeito à dignidade do envolvido e que, inexistente o aparato de segurança necessário,
impunha-se o adiamento da sessão. Salientou-se, inicialmente, que o julgamento perante o
Tribunal do Júri não requer a custódia preventiva do acusado (CF, art. 5º, LVII), não sendo
necessária sequer sua presença (CPP, art. 474, alterado pela Lei 11.689/2008). Considerou-
se, também, o princípio da não-culpabilidade, asseverando-se que a pessoa acusada da
prática de crime doloso contra a vida merece o tratamento devido aos humanos, aos que vivem
em um Estado Democrático de Direito. Ressaltou-se que o art. 1º da CF tem como fundamento
a dignidade da pessoa humana e que da leitura do rol das garantias constitucionais previstas
no art. 5º (incisos XIX, LXI, XLIX, LXI, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, XLVIII), depreende-se a
preocupação em se resguardar a figura do preso, repousando tais preceitos no inafastável
tratamento humanitário do cidadão, na imprescindibilidade de lhe ser preservada a dignidade.
Aduziu-se que manter o acusado algemado em audiência, sem que demonstrada, ante práticas
anteriores, a periculosidade, implicaria colocar a defesa, antecipadamente, em patamar inferior.
Acrescentou-se que, em razão de o julgamento no Júri ser procedido por pessoas leigas
que tiram ilações diversas do contexto observado, a permanência do réu algemado
indicaria, à primeira vista, que se estaria a tratar de criminoso de alta periculosidade, o
que acarretaria desequilíbrio no julgamento, por estarem os jurados influenciados.
HC 91952/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 7.8.2008. (HC-91952)
NOVO: Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. Com
base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário em
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que se discutia a constitucionalidade de proibição, contida em edital de concurso público, de
ingresso em cargo, emprego ou função pública para candidatos que possuam tatuagem. No
caso, o recorrente fora excluído de concurso público para provimento de cargo de soldado da
polícia militar por possuir tatuagem em sua perna esquerda. (...) A opção pela tatuagem
relacionar-se-ia, diretamente, com as liberdades de manifestação do pensamento e de
expressão (CF, art. 5°, IV e IX). Na espécie, estaria evidenciada a ausência de razoabilidade
da restrição dirigida ao candidato de uma função pública pelo simples fato de possuir tatuagem,
já que seria medida flagrantemente discriminatória e carente de qualquer justificativa racional
que a amparasse. Assim, o fato de uma pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não poderia
ser tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório quando do deferimento de participação
em concursos de provas e títulos para ingresso em carreira pública. Entretanto, tatuagens que
representassem obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que pregassem a
violência e a criminalidade, discriminação de raça, credo, sexo ou origem, temas
inegavelmente contrários às instituições democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a
função pública. Eventual restrição nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou
desproporcional. Essa hipótese, porém, não seria a do recorrente que teria uma tatuagem
tribal, medindo 14 por 13 cm.[RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, Informativo
835, com repercussão geral.]
Trata-se da liberdade de expressão. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que
pensam, desde que isso não seja feito anonimamente. A vedação ao anonimato visa a garantir
a responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros.
Segundo a Corte, as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução
(penal ou disciplinar), apoiando-se apenas em peças apócrifas ou em escritos anônimos. As
peças apócrifas não podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quanto tais
documentos forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constituírem, eles próprios, o
corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante
seqüestro, por exemplo). É por isso que o escrito anônimo não autoriza, isoladamente
considerado, a imediata instauração de "persecutio criminis".
Entretanto, pode o Poder Público, provocado por delação anônima ("disque-denúncia", p. ex.),
adotar medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, a
possível ocorrência de ilicitude, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança
dos fatos nela denunciados. Em caso positivo, poderá, então, ser promovida a formal
instauração da "persecutio criminis", mantendo-se completa desvinculação desse procedimento
estatal em relação às peças apócrifas.
"(...) entendo que um dos fundamentos que afastam a possibilidade de utilização da denúncia
anônima como ato formal de instauração do procedimento investigatório reside, precisamente,
como demonstrado em meu voto, no inciso IV do art. 5º da Constituição da República. Impende
reafirmar, bem por isso, na linha do voto que venho de proferir, a asserção de que os escritos
anônimos não podem justificar, só por si, desde que isoladamente considerados, a imediata
instauração da persecutio criminis, eis que peças apócrifas não podem ser incorporadas,
formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou,
ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de
resgate no delito de extorsão mediante seqüestro, ou como ocorre com cartas que evidenciem
a prática de crimes contra a honra, ou que corporifiquem o delito de ameaça ou que
materializem o crimen falsi, p. ex.). Nada impede, contudo, que o Poder Público (...) provocado
por delação anônima — tal como ressaltado por Nelson Hungria, na lição cuja passagem
reproduzi em meu voto — adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em
averiguação sumária, com prudência e discrição, a possível ocorrência de eventual situação de
ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela
20
denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da
persecutio criminis, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse procedimento estatal
em relação às peças apócrifas." (Inq 1.957, Rel. Min. Carlos Velloso, voto do Min. Celso de
Mello, julgamento em 11-5-05, Plenário, DJ de 11- 11-05)
Os escritos anônimos não podem justificar, só por si, desde que isoladamente considerados, a
imediata instrução da “persecutio ceriminis”, eis que peças apócrifas não podem ser
incorporadas, formalmente ao processo, salvo quando tais documentos constituírem, eles
próprios, o corpo do delito (como sucede em bilhetes de resgate de delito de extorsão mediante
seqüestro).
Nada impede contudo que o Poder Público, provocado por delação anônima (disque-denúncia,
por ex), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente a averiguação sumária,
com prudência e discrição, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde
que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem
a promover , então, em caso positivo, a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-
se assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas.
Apuração de irregularidades pelo TCU e denuncia anônima -“A Lei 8.443, de 1992,
estabelece que qualquer cidadão, partido político ou sindicato é parte legítima para denunciar
21
irregularidades ou ilegalidades perante o TCU. A apuração será em caráter sigiloso, até
decisão definitiva sobre a matéria. Decidindo, o Tribunal manterá ou não o sigilo quanto ao
objeto e à autoria da denúncia (§ 1º do art. 55). Estabeleceu o TCU, então, no seu Regimento
Interno, que, quanto à autoria da denúncia, será mantido o sigilo: inconstitucionalidade diante
do disposto no art. 5º, incisos V, X, XXXIII e XXXV, da Constituição Federal.” (MS 24.405, Rel.
Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-12-03, Plenário, DJ de 23-4-04)
22
Por fim, no que diz respeito a servidor público objeto de à sua honra ou imagem no exercício
de suas funções, o STF entende que a indenização está sujeita a uma cláusula de
modicidade. Isso porque todo agente público está sob permanente vigília da cidadania. E
quando o agente estatal não prima por todas as aparências de legalidade e legitimidade no seu
atuar oficial, atrai contra si mais fortes suspeitas de um comportamento antijurídico
francamente sindicável pelos cidadãos. Assim, no caso de eu, Auditora-Fiscal, sofrer um dano
à minha honra por uma reportagem na TV, a indenização a mim devida será menor do que
aquela que seria paga a um cidadão comum.
Perda de frasqueira e dano moral - O dano moral indenizável é o que atinge a esfera legítima
de afeição da vítima, que agride seus valores, que humilha, que causa dor. A perda de uma
frasqueira contendo objetos pessoais, geralmente objetos de maquiagem da mulher, não
obstante desagradável, não produz dano moral indenizável.” (RE 387.014-AgR, Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ 25/06/04)
A pessoa jurídica também é sujeito passivo de dano moral (SÚMULA 227 STJ)
Dano exclusivamente moral - A indenização pode ser com relação ao dano exclusivamente
moral (STF Min. Otávio Galloti 1983)
Dano moral e sucessores - O direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e,
como tal, transmite-se aos sucessores da vítima (STJ Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro
11735-0/PR
Dano exclusivamente moral - O STF entendeu pela viabilidade da indenização pelo dano
puramente moral (STF 105157/SP rel. Min. Octávio Galloti)
Estado Laico ou Leigo – o Estado brasileiro não adota religião oficial, mas apesar disso, o
mesmo não é ateu posto que invoca o nome de Deus no preâmbulo da Constituição Federal.
23
crença (ser ateu). Toda essa liberdade é permitida desde que não venha a ferir a lei e bons
costumes (ex. andar “pelado” em plena avenida de Sobral).
“Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade Tributária. IPTU. Artigo 150, VI, b, CF/88.
Cemitério. Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que consubstanciam
extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no
artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles.
A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da
interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º,
VI, 19, I e 150, VI, “b”. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas.” (RE
578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-5-08, DJE de 12-9-08)
Faculdade ou obrigatoriedade - Essa prestação de assistência religiosa não faz com que o
indivíduo seja obrigado a praticar determinada religião por exemplo imposta pelo quartel. Há
uma faculdade.
...nos termos da lei...- é uma norma de eficácia limitada, cuja eficácia plena veio com a Lei nº
7210/84 (lei das execuções penais) e Lei nº 7672/88 (Forças Armadas).
24
E o que acontecerá se essa pessoa recusar-se, também, a cumprir a prestação alternativa?
Nesse caso, poderá excepcionalmente sofrer restrição de direitos. Veja que para isso, são
necessárias, cumulativamente, duas condições: recusar-se a cumprir obrigação legal
alegando escusa de consciência e, ainda, a cumprir a prestação alternativa fixada pela lei.
Nesse caso, poderá haver a perda de direitos políticos, na forma do art. 15, IV, da Constituição.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
nos casos de:
Crença religiosa – ex. a minha religião não permite pegar em armas, portanto não posso
servir às forças Armadas.
Crença filosófica – sou pacifista; Crença política – sou marxista;
Escusa de consciência ampla – não está limitada somente ao serviço militar, podendo
abranger também outras obrigações, como o alistamento eleitoral, voto e a participação no
tribunal do júri.
25
NOTA DE AULA 03
PROFESSOR: GILBERTO FROTA
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
ASSUNTO: DIREITO E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (2ª PARTE) –
ART 5º INCISO IX ATÉ § 4º
TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Classificação para efeito indicativo (art. 21 XVI) - O que pode ser feito é uma classificação
indicativa tendo como critério a idade. O que há é um aconselhamento para os responsáveis
legais dos menores que por exemplo quiserem assistir um filme de classificação etária maior e
não uma proibição.
Sentido amplo da liberdade de expressão – não pode o poder Público controlar a produção
de livros, música, artes, textos em jornais, revistas, televisão, rádio, pintura, poesia, teatro, etc.
É importante que você saiba que o STF considera que para que haja condenação por dano
moral, não é necessário ofensa à reputação do indivíduo. Assim, a dor de se perder um
membro da família, por exemplo, pode ensejar indenização por danos morais. Assim, a dor de
se perder um membro da família, por exemplo, pode ensejar indenização por danos
morais.
....das pessoas.... – tanto pessoa física como pessoa jurídica. “A honra objetiva de uma
pessoa jurídica pode ser ofendida, cabendo indenização por dano moral e material (STJ
60033/MG – rel. Min. Ruy Rosado – 1995).
26
Dano moral tarifado - O dano moral no pela legislação brasileira é não tarifado, isto é, não
possui um valor pré-determinado.
Não ofende a garantia constitucional da intimidade (CF art. 5°, X) a gravação realizada por
ocupante de imóvel residencial que instala, em sua própria vaga de garagem, equipamento de
filmagem com o objetivo de identificar autor de danos criminosos praticados em seu automóvel
( STF, 2ª Turma, HC 84.203/RS, Rel. min. Celso de Mello, 19-10-2004, Informativo 366).
O Ministro Luiz Fux lembrou que apenas pessoas notórias seriam biografadas, e que,
na medida do crescimento da notoriedade, diminuir-se-ia a reserva de privacidade.
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos
nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias. Esse o entendimento do Plenário ao dar provimento a recurso extraordinário em
que discutida a possibilidade de se indenizar, por danos morais, servidora pública que tivera
seu nome publicado em sítio eletrônico do município, em que teriam sido divulgadas
informações sobre a remuneração paga aos servidores públicos. A Corte destacou que o
âmbito de proteção da privacidade do cidadão ficaria mitigado quando se tratasse de
agente público. O servidor público não poderia pretender usufruir da mesma privacidade
que o cidadão comum. Esse princípio básico da Administração — publicidade — visaria
à eficiência. Precedente citado: SS 3902/SP (DJe de 3.10.2011). ARE 652777/SP, rel. Min.
Teori Zavascki, 23.4.2015. (ARE-652777)
Jurisprudência
27
conhecido por incentivar o ciclismo como alternativa de transporte, só descobriu que havia sido
fotografado após seis meses, quando a imagem foi identificada na rede Facebook.
O relator do recurso, desembargador João Francisco Moreira Viegas, entendeu que a utilização
da imagem pela concessionária implica violação ao direito de imagem, com direito a reparação
dos prejuízos extra patrimoniais causados. “Irrelevantes as assertivas da ré de que a exposição
não submeteu o autor à situação vexatória ou ofensiva”, destacou.
Apelação nº 0008132-86.2013.8.26.0003
Usar imagem de atleta para fins comerciais gera indenização por dano material
Superior Tribunal de Justiça
Usar comercialmente a imagem de um atleta sem sua autorização pode gerar indenização por
danos materiais. Este foi o entendimento da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao dar
parcial provimento a recurso interposto pelo nadador profissional Kaio Márcio contra a indústria
de alimentos São Braz. A empresa foi condenada a pagar R$ 14.000,00. Por danos materiais.
28
Entretanto, embora o escritório esteja abrangido pelo conceito de “casa”, o STF entende que
não se pode invocar a inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos
em seu interior. Com base nisso, a Corte autorizou a instalação de escuta em um escritório de
advogados, por ordem judicial.
A Corte também considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade
policial no estabelecimento profissional inclusive durante a noite para instalar equipamentos de
captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o
conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia.
OBS. Os complementos de uma moradia também estão incluídos no conceito amplo de casa
(Ex. pátios, jardins, quintais, etc...)
Conceito de dia e noite / horário de verão - Para o conceito de dia e noite deve ser levado
em consideração o espaço de tempo entre a aurora e o crepúsculo. O referido Tribunal adotou
o critério físico-astronômico ( STF 15849/PR Min. Celso de Mello).
Morador – não é propriamente o dono da casa, pode ser o inquilino por exemplo.
CPI e busca domiciliar – a Comissão Parlamentar de Inquérito não tem poderes para expedir
mandado de busca e apreensão em residência, somente o juiz pode fazê-lo.
Violação de domicílio por decisão administrativa – é impossível (STF Pleno 307-3/DF min.
Rel. Ilmar Galvão)
Violação de domicílio e prisão em flagrante – o asilo inviolável do indivíduo não pode ser
transformado em garantia de impunidade de crimes que em seu interior se praticam (STF - RTJ
74/88 e 84/302)
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só
poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
29
De acordo com a Lei 9.296, as interceptações telefônicas só podem ocorrer desde que
haja a observância conjunta de três requisitos:
Se o fato investigado não constituir infração penal punida, no máximo, com pena de
detenção (só pode haver interceptação em crime punível com reclusão).
...no último caso....- significa que um juiz, pelo texto constitucional não pode por exemplo
devassar uma correspondência, haja vista que o inciso fala apenas em comunicações via
telefone. Não pode também quebrar um sigilo telefônico para uma investigação civil (ex. uma
ação de indenização).
A prova obtida mediante quebra de sigilo em processo judicial, pode ser utilizada em
processo administrativo? Prova empresada.
Outra jurisprudência importante para suas provas de concurso é que o STF entende que, uma
vez obtidas provas mediante quebra do sigilo das comunicações telefônicas com base no
dispositivo constitucional acima, estas podem ser usadas, também, em processos de natureza
administrativa. Trata-se da denominada “prova emprestada”. Assim, caso uma “escuta
telefônica” resulte em prova de que um Auditor-Fiscal da Receita Federal esteja recebendo
dinheiro para despachar mercadoria, por exemplo, além de essa prova ser usada no processo
penal do crime referente a essa prática, poderá ser usada pela Corregedoria da Receita
Federal quando do processo administrativo destinado a apurar o ilícito e determinar a
correspondente penalidade administrativa.
30
“Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e
produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades
e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento
administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos
administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta
afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal
9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas
e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação
criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou
contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova.” (Inq
2.424-QO-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-
2007.)
Prova de escuta telefônica pode ser usada quando do surgimento de outro crime que
não o investigado? Descoberta acidental de outro crime.
Importa, também, saber, que é possível a gravação telefônica por um dos interlocutores sem a
autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravação
está sendo feita. De acordo com o STF, é “inconsistente e fere o senso comum falar-se em
violação do direito à privacidade quando interlocutor grava diálogo com seqüestradores,
estelionatários ou qualquer tipo de chantagista”. HC 75.338/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, j.
11.03.98, DJ de 25.09.98.
Admite-se, também, que o sigilo de correspondência sofra limitações, no caso de conflito com
outros bens jurídicos. Nesse sentido, entende o STF que a administração penitenciária, com
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da
ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no
art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência
remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não
pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas (HC 70.814. Primeira Turma, DJ
de 24/06/1994).
31
que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de
salvaguarda de práticas ilícitas.” (HC 70.814, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 24/06/94)
o STF entende que a apreensão do disco rígido do computador no qual estão armazenados os
e-mails recebidos pelo investigado não viola o sigilo das comunicações de dados. Isso porque,
nesse caso, não há quebra do sigilo das comunicações de dados (interceptação das
comunicações), mas sim apreensão de base física na qual se encontram os dados. Em outras
palavras, a proteção constitucional é da comunicação 'de dados' e não dos 'dados', o que
tornaria impossível qualquer investigação. STF, RE 418416/SC, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, j. 10.05.2006, DJ em 19.12.2006.
“Da minha leitura, no inciso XII da Lei Fundamental, o que se protege, e de modo absoluto, até
em relação ao Poder Judiciário, é a comunicação ‘de dados’, e não os ‘dados’, o que
tornaria impossível qualquer investigação administrativa, fosse qual fosse.” (MS 21.729, voto
do Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 5-10-1995, Plenário, DJ de 19- 10-2001.)
"A LC 105, de 10-1-2001, não conferiu ao TCU poderes para determinar a quebra do sigilo
bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses
poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às
comissões parlamentares de inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo Plenário da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas respectivas Comissões
Parlamentares de Inquérito (§ 1º e § 2º do art. 4º). Embora as atividades do TCU, por sua
natureza, verificação de contas e até mesmo o julgamento das contas das pessoas
enumeradas no art. 71, II, da CF, justifiquem a eventual quebra de sigilo, não houve essa
determinação na lei específica que tratou do tema, não cabendo a interpretação extensiva,
mormente porque há princípio constitucional que protege a intimidade e a vida privada, art. 5º,
X, da CF, no qual está inserida a garantia ao sigilo bancário (...)” (MS 22.801, Rel. Min.
Menezes Direito, julgamento em 17-12-2007, Plenário, DJE de 14-3-2008.) No mesmo
sentido: MS 22.934, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 17-4-2012, Segunda
Turma, DJE de 9-5-2012.
O art. 5º, XIII, da CR é norma de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser restringida
pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade
profissional dos substituídos, é livre o seu exercício. [MI 6.113 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j.
22-5-2014, P, DJE de 13-6-2014.]
32
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade
profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de
determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a
profissão só poderá ser exercida por quem atender às qualificações legais.
Em outras palavras, temos o entendimento do STF de que nem todos os ofícios ou profissões
podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é
a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida
inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de músico, por exemplo,
prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da
liberdade de expressão. RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 1º-8-2011,
Plenário, DJE de 10-10-2011.
Cabe destacar ainda que o STF considerou constitucional o exame da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB). Para a Corte, o exercício da advocacia traz um risco coletivo, cabendo ao
Estado limitar o acesso à profissão e o respectivo exercício. Nesse sentido, o exame de
suficiência discutido seria compatível com o juízo de proporcionalidade e não alcançaria o
núcleo essencial da liberdade de ofício. No concernente à adequação do exame à finalidade
prevista na Constituição – assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por
pessoas com conhecimento técnico suficiente, de modo a evitar danos à coletividade – aduziu-
se que a aprovação do candidato seria elemento a qualificá-lo para o exercício profissional. RE
603.583, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26-10-2011, Plenário, Informativo 646,
com repercussão geral.
PLENÁRIO
A obrigatoriedade do curso superior de jornalismo, constitui uma restrição ao livre
exercício da liberdade de expressão?
Art. 4º, V, do Decreto-lei 972/69: Exigência de Curso de Jornalismo e Não-recepção – 1
33
exigidas, pela lei, daquelas profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de
dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas,
como a medicina e as demais profissões ligadas à área da saúde, a engenharia, a
advocacia e a magistratura, dentre outras. Dessa forma, a profissão de jornalista, por
não implicar tais riscos, não poderia ser objeto de exigências quanto às condições de
capacidade técnica para o seu exercício, sendo que eventuais riscos ou danos efetivos
provocados por profissional do jornalismo a terceiros não seriam inerentes à atividade e,
dessa forma, não seriam evitáveis pela exigência de um diploma de graduação. Tais
entendimentos, que apreenderiam o sentido normativo do art. 5º, XIII, da CF, demonstrariam,
portanto, a desproporcionalidade das medidas estatais que visam restringir o livre exercício do
jornalismo mediante a exigência de registro em órgão público condicionado à comprovação de
formação em curso superior de jornalismo. RE 511961/SP, rel. Min. Gilmar Mendes,
17.6.2009. (RE-511961)
........Apontou-se que o jornalismo seria uma profissão diferenciada por sua estreita
vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e informação, constituindo a
própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional
e remunerada, razão por que jornalismo e liberdade de expressão não poderiam ser pensadas
e tratadas de forma separada. Por isso, a interpretação do art. 5º, XIII, da CF, na hipótese da
profissão de jornalista, teria de ser feita, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do
art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da CF, os quais asseguram as liberdades de expressão, de
informação e de comunicação em geral. RE 511961/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.6.2009.
(RE-511961)
CAPÍTULOV
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no
art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
34
Conflito entre direitos fundamentais: honra e informação. Qual prevalece?
Lei que proíbe a divulgação de pesquisa eleitoral 15 dias antes do pleito fere direito á
informação?
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só
poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
Carro de som próximo ao planalto - “De início, surge com relevância ímpar pedido de
suspensão de decreto mediante o qual foram impostas limitações à liberdade de reunião e de
manifestação pública, proibindo-se a utilização de carros de som e de outros equipamentos de
veiculação de idéias.” (ADI 1.969-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 05/03/04)
A ilegalidade ou abuso de poder contra o direito constitucional de reunião deve ser reprimido
por meio de mandado de segurança e não por meio de Hábeas Corpus (STF 21558/DF Min.
Ilmar Galvão)
35
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
Caráter paramilitar- caracterização – pode ser caracterizado pelo uso de uniformes, armas,
treinamento militar, sistema interno de hierarquia, uso de palavras de ordem.
....criação na forma da lei...- segundo o Código Civil, uma associação civil é pessoa jurídica
de direito privado e como tal, sua criação deve ser feita junto ao cartório de registro de pessoas
jurídicas. Já uma pessoa jurídica de direito público só pode ser criada através de lei ou com
autorização de lei.
Resumo:
Dissolução voluntária # dissolução compulsória – a voluntária pode ser feita pelos próprios
associados, A CF/88 se refere neste artigo a dissolução compulsória, isto é a dissolução contra
a vontade de seus sócios só pode ser feita através de decisão judicial imodificável.
Decisão administrativa – não tem poder para dissolver ou suspender uma associação. Ex.
decisão de um delegado de polícia.
"Art. 2º, IV, a, b e c, da Lei 10.779/2003. Filiação à colônia de pescadores para habilitação ao
seguro-desemprego (...). Viola os princípios constitucionais da liberdade de associação (art. 5º,
36
XX) e da liberdade sindical (art. 8º, V), ambos em sua dimensão negativa, a norma legal que
condiciona, ainda que indiretamente, o recebimento do benefício do seguro desemprego à
filiação do interessado a colônia de pescadores de sua região.” (ADI 3.464, Rel. Min. Menezes
Direito, julgamento em 29-10-2008, Plenário, DJE de 6-3-2009.)
Mandado de segurança coletivo não precisa de autorização (art. 5 LXX letra b) - "A
impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes." (SÚM. 629)
Direito Individual X Direito Coletivo - Art. 184. A União pode desapropriar por interesse
social, para fins de reforma agrária, imóvel que não esteja cumprindo a sua função
social...Função social da propriedade rural (art. 186 CF/88) – aproveitamento produtivo do solo,
observância das relações de trabalho, preservação do meio ambiente, etc..
O indivíduo tem o direito de; USAR, GOZAR, DIPOR (alugar) mas não de ABUSAR.
“O proprietário do prédio vizinho não ostenta o direito de impedir que se realize edificação
capaz de tolher a vista desfrutada a partir de seu imóvel, fundando-se, para isso, no direito de
propriedade.” (RE 145.023, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 17-11-1992, Primeira
Turma, DJ de 18-12-1992.)
37
Art. 182 § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Conceito de desapropriação – forma de aquisição dos bens do particular, por parte do Poder
Público de maneira forçada. A discussão se restringe apenas com relação ao quantum ao valor
da indenização.
Necessidade Pública – quando é indispensável que determinado bem particular seja usado
para uma finalidade pública ex. construção de açude, escola, hospital, ).
Utilidade Pública – quando não é indispensável , mas conveniente que determinado bem
particular seja usado no desempenho de atividade pública. (ex. alargamento de um rua).
Nem sempre esta indenização será em dinheiro – art. 184 quando a propriedade não
atender a sua função social e propriedades utilizadas para plantação de plantas psicotrópicas.
(art. 243)
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária,
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em
lei.
..............................................................................................................................................
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na
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forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação
popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 81, de 2014)
Segundo o STF, não é possível, devido ao modelo federativo adotado pelo Brasil, que um ente
político requisite administrativamente bens, serviços e pessoal de outro. Tal prática ofenderia o
pacto federativo, e, além disso, o art, 5o, XXV da Constituição limita o alcance da requisição
administrativa à propriedade privada, não cabendo extrapolação para bens e serviços públicos.
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Por meio desse inciso, o legislador constituinte deu, à pequena propriedade rural trabalhada
pela família, a garantia de impenhorabilidade. Com isso, visou à proteção dos pequenos
trabalhadores rurais, que, desprovidos de seus meios de produção, não teriam condições de
subsistência. Entretanto, a impenhorabilidade depende da cumulação de dois requisitos:
Lei n 4504/64 (estatuto da Terra) – Ex. trator que foi comprado para o trabalho da fazenda
não pode ser penhorado em virtude do não pagamento de débito junto a financiamento retirado
junto ao banco.
DIREITO AUTORAL
O direito autoral para o autor é vitalício, já para os herdeiros é temporário (60 anos), a
contar do dia 1º de janeiro do ano seguinte à morte do autor.
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XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Obras coletivas – é o direito autoral que possui um autor de novela no caso de vários autores.
Jogador e álbum de figurinhas - O jogador tem direito à indenização por uso de sus foto em
álbum de figurinhas (STJ 46420-0/SP Min. Rel. Ruy Rosado)
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
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lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
O cidadão tem direito de ter acesso à remuneração do agente público? Seria isso um
direito à informação ou a intimidade do mesmo estaria sendo invadida?
Publicidade - Trata-se da publicidade que rege a Administração Pública, como forma de dar
maior transparência à mesma. Salvo as informações sigilosas: das forças Armadas, segurança
nacional, matéria radioativa.
DIREITO DE PETIÇÃO
1) Conceito – é o instrumento de que dispõe qualquer pessoa para levar ao conhecimento dos
Poderes Públicos fato ilegal ou abusivo, contrário ao interesse público, para que sejam
adotadas as medidas necessárias;
4) Contra ilegalidade – pode ser exercido quando o Poder público, através de seus agentes,
pratica alguma ilegalidade, ato este contrário ao ordenamento jurídico.
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5) Contra abuso de poder – ocorre quando a autoridade, ao praticar um ato, ultrapassa os
limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas;
5.a) Excesso de Poder .– quando o agente público, ao praticar o ato, ultrapassa ou vai além
do que lhe foi permito pela lei. Ex. o superintendente da polícia civil resolve designar uma
policia federal para realizar um cumprimento de um mandado de prisão. No excesso de poder,
está se descumprindo o requisito do ato administrativo chamado de COMPETÊNCIA.
5.b) Desvio de poder ou desvio de finalidade – ocorre quando o agente público, mesmo
tendo competência legal para a prática do ato, o pratica buscando alcançar fim diverso
daquele que lhe foi determinado pela lei. No desvio de poder está se descumprindo o requisito
do ato administrativo chamado de FINALIDADE. Ex. superintendente da polícia federal que
resolve remover ex oficio agente federal para a fronteira por motivo de perseguição. Ex. ato de
desapropriação praticado pelo estado com o objetivo de prejudicar um desafeto do governador.
9) Jurisprudência do STF
“O direito de petição a que alude o art. 5º, XXXIX, da Carta Magna, não representa a garantia
do interessado postular em juízo, em nome próprio. Para isso há de estar devidamente
habilitado, na forma da lei. Não é possível, com fundamento nesse direito, garantir a qualquer
pessoa o ajuizamento de ação, sem a presença de advogado. São distintos o direito de petição
e o de postular em juízo” (STF, Petição 1127/SP, Rel. Ministro Ilmar Galvão).
DIREITO DE CERTIDÃO
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1) Conceito – garantia constitucional de natureza INDIVIDUAL, sendo obrigatória sua
expedição quando se destina à defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse
pessoa do requerente. Tal garantia não pode ser invocada por quem pretenda obter cópia de
documentos a respeito de terceiro, em relação a qual não detenha mandato de representação.
3) Prazo para expedição da certidão – 15 dias segundo a Lei nº 9051/95 contados do registro
do pedido no órgão expedidor.
Somente o Judiciário pode dizer o Direito de forma definitiva, por meio da chamada coisa
julgada material. Isso porque adotamos jurisdição una, ou seja, o sistema inglês de jurisdição, e
não o francês. O último (não adotado pelo Brasil), determina que tanto a Administração quanto
o Judiciário podem julgar com caráter definitivo.
Taxa judiciária sem limite - “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa
judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.” (SÚM. 667)
Poder Judiciário e mudança de pena do servidor -"Embora o Judiciário não possa substituir-
se à Administração na punição do servidor, pode determinar a esta, em homenagem ao
princípio da proporcionalidade, a aplicação de pena menos severa, compatível com a falta
cometida e a previsão legal." (RMS 24.901, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 11/02/05)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada;
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Não se impede, que o Estado crie leis retroativas. Estas são permitidas, desde que beneficiem
o indivíduo em relação às anteriores.
Coisa julgada - “A coisa julgada a que se refere o artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna é, como
conceitua o § 3º do artigo 6º da Lei de Introdução do Código Civil, a decisão judicial de que já
não caiba recurso, e não a denominada coisa julgada administrativa.” (RE 144.996, Rel. Min.
Moreira Alves, DJ 12/09/97).
Direito adquirido é aquele que cumpriu todos os requisitos para sua formação que foram
exigidos por lei então vigente. É o que ocorre se você cumprir todos os requisitos para se
aposentar sob a vigência de uma lei X. Mesmo que, depois de cumpridas as condições de
aposentadoria, seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, você terá direito adquirido a se
aposentar.
Coisa julgada compreende a decisão judicial da qual não cabe mais recurso.
“O STF fixou entendimento no sentido de que a lei nova não pode revogar vantagem pessoal já
incorporada ao patrimônio do servidor sob pena de ofensa ao direito adquirido.” (AI 762.863-
AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 20-10-2009, Segunda Turma, DJE de 13-11-
2009.)
Uma nova lei pode alterar as regras de um contrato que foi pactuado com base em lei
anterior?
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No ordenamento jurídico brasileiro existe coisa julgada administrativa?
“A coisa julgada a que se refere o art. 5º, XXXVI, da Carta Magna é, como conceitua o § 3º do
art. 6º da Lei de Introdução do Código Civil, a decisão judicial de que já não caiba recurso, e
não a denominada coisa julgada administrativa.” (RE 144.996, Rel. Min. Moreira Alves,
julgamento em 29-4-1997, Primeira Turma, DJ de 12-9-1997.)
Princípio do juiz natural - Também representa o princípio do juiz natural. Ex. não posso criar
um tribunal para julgar exclusivamente um caso de terrorismo surgido no Brasil.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
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A competência do júri é absoluta?
"A competência do Tribunal do Júri não é absoluta. Afasta-a a própria CF, no que prevê, em
face da dignidade de certos cargos e da relevância destes para o Estado, a competência de
tribunais – arts. 29, VIII; 96, III; 108, I, a; 105, I, a; e 102, I, b e c." (HC 70.581, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 21-9-1993, Segunda Turma, DJ de 29-10- 1993.) No mesmo
sentido: HC 71.654, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 18-10-1994, Primeira Turma,
DJ de 30- 8-1996; HC 69.325, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 17-6-1992, Primeira
Turma, DJ de 4-12-1992.d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a
vida;
Não fundamentação - a decisão proferida pelo júri não tem necessidade de ser
fundamentada não havendo necessidade de obedecer a regra de que toda decisão proferida
pelo Judiciário deve ser fundamentada (art. 5º IX). Mas caso seja plenamente contrária á prova
dos autos, pode ser anulada pelo tribunal e volta para novo julgamento por novos jurados.
O rol de crimes a serem julgados pelo júri pode ser estendido pelo legislador ordinário?
“A competência do Tribunal do Júri, fixada no art. 5º, XXXVIII, d, da CF, quanto ao julgamento
de crimes dolosos contra a vida é passível de ampliação pelo legislador ordinário. A regra
estabelecida no art. 78, I, do CPP de observância obrigatória, faz com que a competência
constitucional do Tribunal do Júri exerça uma vis atractiva sobre delitos que apresentem
relação de continência ou conexão com os crimes dolosos contra a vida. (...) A manifestação
dos jurados sobre os delitos de sequestro e roubo também imputados ao réu não maculam o
julgamento com o vício da nulidade.” (HC 101.542, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 4-5-2010, Primeira Turma, DJE de 28-5-2010.)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
Princípio da Anterioridade da lei penal. – para um ato humano seja considerado crime, é
necessário que haja uma lei anterior que o preveja como crime e não antes do julgamento.
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XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;
Judeu é raça? (raça humana)- “Escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia
de idéias preconceituosas e discriminatórias’ contra a comunidade judaica (Lei 7.716/89, artigo
20, na redação dada pela Lei 8.081/90) constitui crime de racismo sujeito às cláusulas de
inafiançabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5º, XLII). Aplicação do princípio da
prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus não são uma raça, segue-se que contra eles
não pode haver discriminação capaz de ensejar a exceção constitucional de imprescritibilidade.
Inconsistência da premissa.” (HC 82.424, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 19/03/04)
Inafiançável – são aqueles crimes em que não se paga a fiança e não pode o autor do mesmo
responder o processo em liberdade.
Imprescritível – é aquele crime em que a Justiça jamais perde o poder de punir o seu autor.
Graça – perdão concedido ao preso de forma individal por ato do chefe do Executivo.
Anistia – concedido de forma coletiva e mediante lei (Poder Legislativo)
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b) perda de bens; (ex. perdimento do veículo utilizado no transporte de entorpecentes
(STJ 63539-DF rel. Min. Garcia Vieira)
c) multa;
Comentários:
O erro do enunciado é que a pena de morte não é proibida em qualquer situação, uma vez que
é permitida no caso de guerra declarada. Questão incorreta.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
(deserção, espionagem, traição são punidos com pena de morte desde que em caso de guerra
declarada)
b) de caráter perpétuo;
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c) de trabalhos forçados; (ex. quebrar pedra o dia inteiro debaixo de sol)
Detento morto por outro dentro do presídio - “Detento assassinado por outro preso:
responsabilidade civil do Estado: ocorrência da falta do serviço, com a culpa genérica do
serviço público, dado que o Estado deve zelar pela integridade física do preso.” (RE 372.472,
Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 28/11/03). No mesmo sentido: RE 215.981, DJ 31/05/02. Morte
de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob
a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do Risco Administrativo. Configuração
do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLIX).
Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de
culpa dos agentes públicos." (RE 272.839, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 08/04/05)
Conceito de extradição – ato pelo qual um estado entrega a outro, criminoso para ser
julgado.
Pedido de extradição feito por particular - Os pedidos de extradição, qualquer que seja a
sua modalidade (ativa ou passiva), por envolverem uma relação de caráter necessariamente
intergovernamental, somente podem ser formulados por Estados soberanos, falecendo
legitimação, para tanto, a meros particulares. (Pet 3.569, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
20/03/06).
Critério da dupla tipicidade – o ato deve ser crime tanto no Brasil com também no país que
solicita a extradição ( STF Pleno rel. Min. Celso de Mello)
1) O pedido de extradição deverá ser formulado pelo governo do estado estrangeiro (via
diplomática) ao presidente da república (art. 84 VII)
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2) Depois de feito o pedido ao presidente da república, o mesmo é enviado ao STF que
vai verificar a legalidade do mesmo (art. 102 I g)
3) Caso o STF negue a extradição ( com base em requisitos constitucionais e legais), o
Presidente estará obrigado a acatar esta decisão sendo vedada a extradição.
4) Caso o STF admita a extradição, o Presidente não fica vinculado ao veredito do STF,
podendo agir discricionariamente determinando ou não a extradição.
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
OBS . Brasileiro nato nunca poderá ser extraditado, somente o naturalizado (assunto a ser
visto mais à frente).
Princípio do juiz natural. O STF já decidiu que existe também o princípio do promotor
natural, mas não o do delegado natural.
O princípio do juiz natural também se aplica aos órgãos que exercem o poder de julgar,
mesmo que estando fora do judiciário, como é o caso do Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade do Presidente da república (art. 52 I).
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
Conseqüência do devido processo legal: direito a uma defesa técnica, direito a não auto
incriminação, direito de apresentar provas lícitas, direito de ficar calado etc...
Contraditório e devido processo legal no inquérito - “No processo penal, a falta da defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo
para o réu.” (SÚM. 523)
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Interrogatório judicial e contraditório - No interrogatório judicial não há contraditório, o
defensor ou acusador não pode interferir nas perguntas ou respostas, o juiz é o filtro da
pergunta (STF HC 76420/Sp – rel Min. Maurício Côrrea).
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a Constituição. [Súmula Vinculante 5.]
Gravação feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, para sua defesa -
A gravação de conversa entre dois interlocutores, feita por um deles, sem conhecimento do
outro, com a finalidade de documentá-la, futuramente, em caso de negativa, nada tem de ilícita,
principalmente quando constitui exercício de defesa." (AI 503.617-AgR, Rel. Min. Carlos
Velloso, DJ 04/03/05). No mesmo sentido: RE 402.035-AgR, DJ 06/02/04; HC 74.678, DJ
15/08/97.
Prova furtada de consultório - “Qualifica-se como prova ilícita o material fotográfico, que,
embora alegadamente comprobatório de prática delituosa, foi furtado do interior de um cofre
existente em consultório odontológico pertencente ao réu, vindo a ser utilizado pelo Ministério
Público, contra o acusado, em sede de persecução penal, depois que o próprio autor do furto
entregou à Polícia as fotos incriminadoras que havia subtraído.” (RE 251.445, Rel. Min.Celso
de Mello, DJ 03/08/00)
Teoria dos Frutos da Árvore envenenada (Fruits of the poisonouus tree)/Provas ilícitas
por derivação - A prova ilícita deve ser retirada do processo e todas aquelas que dela derivem
também devem ser desconsideradas, mas aquelas que são consideradas como autônomas
devem permanecer( Ex. uma busca e apreensão originada de uma confissão obtida por tortura
é ilícita) (STF Pleno HC 73351-SP rel. Min. Ilmar Galvão 1996)
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Rol dos culpados - O lançamento do nome do réu no rol dos culpados só pode ocorrer com o
trânsito em julgado da sentença condenatória (STF HC 73151-Rj rel. Min. Moreira Alves
1996)
ATENÇÃO - O fato de o indivíduo está respondendo a diversos inquéritos pode ser utilizado
pelo juiz com maus antecedentes na aplicação da pena
Trânsito em julgado – é a decisão judicial irreformável, da qual não cabe mais recurso.
Identidade civil e criminal - “(...) A identificação criminal não será feita se apresentada, ante a
autoridade policial, a identidade civil da indiciada (...) ” A CF/88 proíbe o “tocar piano” (RHC
66.180, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ 10/03/89)
Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos
casos previstos nesta Lei.
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
IV – passaporte;
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Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação
criminal quando:
Identificação por fotografia - Identificação por meio de fotografia não fere o art. 5º LVIII da
CF/88 pois não se destinam a prontuário e sim a caderno informativo ( STJ HC 4798/SP Min.
Anselmo Santiago).
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
Publicidade / art. 155 do CPC e art. 93 inciso IX das CF/88 - Segundo o art. 155 do Código
de Processo Civil, as ação de estado (filiação, reconhecimento de paternidade, separação
judicial, divórcio) são resguardadas pelo sigilo judicial. O juiz também pode restringir a
publicidade do ato processual no caso de interesse público. Ex. um julgamento de grande
repercussão em que o juiz limita o número de pessoas que vão assistir ao mesmo.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Direito ao silêncio – Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Tanto o delegado
quanto o juiz devem informar ao indiciado ou processado que o meso tem o direito de ficar
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calado sob pena de nulidade absoluta do interrogatório (STF HC 80949-Rj rel. Min. Carlos
Veloso).
O preso deve ser informado do direito de ficar calado - “Juizados especiais criminais. Não
tendo sido o acusado informado do seu direito ao silêncio pelo Juízo (art. 5º, inciso LXIII), a
audiência realizada, que se restringiu à sua oitiva, é nula.” (HC 82.463, Rel. Min. Ellen Gracie,
DJ 19/12/02). No mesmo sentido: RHC 79.973, DJ 13/10/00.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel;
Prisão civil e regime aberto - Sendo a prisão civil meio coercitivo indireto de execução,
caracterizando-se assim, com prisão administrativa, e não penal, o tribunal indeferiu o pedido
de Hábeas Corpus na parte em que se pleiteava o regime ABERTO para o cumprimento da
prisão civil ( STF Pleno HC 77527/MG rel. Min. Marco Aurélio)
ATENÇÃO. O STF considerou inconstitucional a prisão civil do depositário infiel com relação ao
contrato de depósito entre particulares.
1) Conceito – trata-se de uma ação constitucional que visa a garantir o direito individual de
locomoção (IR, VIR e PERMANECER), por meio de uma ordem exarada por um órgão do
Poder Judiciário – juiz ou tribunal – para que cesse a ameaça ou coação à liberdade de ir e vir
do indivíduo.
2)Espécies
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2.a)HC Preventivo (salvo conduto) – quando existir uma AMEAÇA ao direito de locomoção.
5) Língua nacional – o HC pode ser impetrado por estrangeiro mas desde que seja redigido
em língua nacional ( HC 72.391/DF, rel. Min. Celso de Mello)
6) HC apócrifo (sem assinatura) – o STF entende que se deve negar conhecimento à ação
de HC apócrifa (STF, HC 12.035/RJ, rel. Sidney Sanches).
8) Informalidade mas urbanidade -“A impetração deve ser redigida em linguagem adequada
aos princípios de urbanidade e civismo. O Tribunal não tolera o emprego de expressões de
baixo calão, de linguajar chulo e deselegante.” (HC 80.674, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ
17/08/01)
9) Impetração por FAX – o STF admite, desde que seja ele ratificado pelo impetrante no prazo
concedido pelo Ministro-relator. (STF, HC 74221/rel. Min. Ilmar Galvão)
10) Contra ato de particular – é possível impetrar HC contra ato de particular no caso de
ilegalidade (ex. internações em hospitais).
11) Ausência de dilação probatória – seu rito é sumaríssimo não se admite fase probatória
para o HC. Ex. ouvida de testemunha. O direito de violação de locomoção já devem estar
comprovados de plano (HC 68223/DF, rel. Min. Marco Aurélio)
13) Sigilo bancário – o HC é instrumento idôneo para impugnar a validade da decisão que
decreta a quebra de sigilo bancário, uma vez que de tal procedimento pode advir medida
restritiva à liberdade de locomoção (HC 81294-SC, rel. Ministra Ellen Gracie)
15) Excesso de prazo – poderá o HC ser usado para reprimir constrangimento ilegal à
liberdade de locomoção do acusado-preso, em face de abusivo excesso de prazo para o
encerramento da instrução processual penal (STF)
OBS. É uma ação gratuita, não cabe custas processuais e nem honorários advocatícios.
55
16) Descabimento de HC
O afastamento do réu das funções de juiz de direito não enseja o cabimento de HC, porquanto
não põe em risco sua liberdade de locomoção (HC 77784-MT, rel. Min. Ilmar Galvão);
O HC, instrumento voltado a garantir a liberdade de ir e vir, não se presta ao questionamento
de decisão judicial que haja determinado o afastamento do paciente do cargo de prefeito (HC
75068-PI, rel. Min. Moreira Alves).
Não há como se configurar restrição à liberdade de locomoção física em decisão que apenas
determina afastamento do paciente do cargo que ocupa em virtude de recebimento de
denúncia." (HC 83.263, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ 16/04/04)
16.c) Perda de patente militar (punições disciplinares militares - art. 142, § 2º CF) – a
perda do posto ou graduação de militar não enseja o cabimento de HC, instrumento voltado
unicamente à salvaguarda do direito de ir e vir (HC 80825-DF, rel. Min. Néri da Silveira);
16.g) Suspensão dos direitos políticos – A suspensão dos direitos políticos como
conseqüência de condenação crimina transitada em julgado (CF, art. 15, III) não enseja o
cabimento de HC, instrumento voltado unicamente à salvaguarda do direito de ir e vir (HC
74272-PB, rel. Min. Néri da Silveira);
16.i) Guarda de filhos menores – O HC não é a via adequada para dirimir controvérsia sobre
a guarda de filhos menores (HC 75352-CE, rel. Min. Carlos Veloso).
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a liberdade de ir, vir e permanecer do Presidente da República (HC, 70033, rel. Min. Ilmar
Galvão).
OBS. O STF admite o HC quando, da decisão que determina a quebra de sigilo (fiscal,
bancário ou telefônico) possa EFETIVAMENTE advir medida que implique restrição á liberdade
de ir e vir do impetrante. Entretanto quando o HC pretende atacar decisão que tenha
determinado quebra de sigilo, com o intuito de proteger o direito à intimidade, sem que haja
risco ao direito de ir, vir e permanecer do impetrante, o STF não conhece da impetração, uma
vez que o remédio destina-se exclusivamente á proteção da liberdade de locomoção.
3) Espécies – 3.a) Preventivo – tem por objetivo uma AMEAÇA do direito liquido e certo do
impetrante. O ato ilegal ou abusivo ainda não foi praticado, mas há forte risco, uma ameaça
concreta de que ele venha a ser realizado; 3.b) Repressivo – ocorre quando a ilegalidade ou
abuso de poder já foi cometido, a impetração do MS visa reprimir a ilegitimidade da conduta.
4) Mandado de segurança coletivo – neste caso existe uma substituição processual dos
legitimados.
OBS. O número de indivíduos que figuram como impetrantes na cão é irrelevante para
descaracterizá-la como mandado de segurança individual. Tanto é individual o MS impetrado
por uma pessoa quanto aquele ajuizado por um grupo determinado de pessoas, seja cinco, dez
ou vinte componentes.
5) Direito líquido e certo – é todo aquele demonstrado de plano e sem incerteza a respeito
dos fatos narrados pelo impetrante, não requer dilação probatória. Ex. ouvida de testemunha. “
o mandado de segurança não viabiliza dilação probatória, razão pela qual os fatos devem ser
demonstrados, a priori, pelo impetrante.” (STF, MS 22476-2/AL, rel. Min. Marco Aurélio).
OBS. Na verdade a incerteza recai sobre os fatos e não sobre o direito haja vista que os fatos
são incertos e o direito não.
7) Prazo para impetração – de 120 dias (para o mandão de segurança repressivo e não para
o preventivo), a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado.
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8) Legitimidade ativa (IMPETRANTES):
8.b) Universalidades reconhecidas por lei que, embora sem personalidade jurídica, possuem
capacidade processual para estar em juízo (o espólio, a massa falida, o condomínio, etc.);
OBS. Podemos concluir portanto que pode o agente privado ter legitimidade passiva em
mandado de segurança, bastando que o mesmo esteja exercendo atividade delegada do Poder
Público. Ex. empresa de transporte coletivo de ônibus.
12) Ministério Público – “A jurisprudência tem firmado orientação de que não basta a mera
intimação do órgão do Ministério Público, sendo indispensável o efetivo pronunciamento do
órgão no feito, sob pena de nulidade (STJ, Resp. 13948/AM).
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14) Lei em tese – não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266 STF).
“Não cabe MS, individual ou coletivo contra lei em tese, dado que a lei e, de resto qualquer ato
normativo, em sentido material, ostenta características de GENERALIDADE,
IMPESSOALIDADE E ABSTRAÇÃO, necessitando para sua individualização, da expedição
doa to administrativo que este sim, tem efeito concreto. (STF, MS 22132/RJ, rel. Min. Carlos
Velloso).
15) Decisão judicial transitada em julgado – “não cabe MS contra decisão judicial com
trânsito em julgado (STF, Súmula 268). Para tal, a via correta é a ação rescisória.
16) Concessão de vantagens – o MS não é meio idôneo para que o Poder Judiciário, que não
dispõe de função legislativa, conceda a uma categoria de servidores, sob fundamento de
isonomia, extensão de vantagens pecuniárias que foram exclusivamente outorgadas por lei aos
servidores de categoria distinta (STF, 1016-6/PB, rel. Min. Sepúlveda pertence).
É importante destacar que o STF entende que os direitos defendidos pelas entidades da alínea
“c” não precisam se referir a TODOS os seus membros. Podem ser o direito de apenas parte
deles (exemplo, quando o sindicato defende direito referente à aposentadoria, que beneficia
apenas seus filiados inativos).
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objeto do mandado de segurança coletivo deverá ser um direito dos associados,
independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante, exigindo-
se que o direito esteja compreendido na titularidade doas associados e que exista ele em razão
das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar da
classe. Ex. em matéria tributária, a associação ou o sindicato poderá ajuizar o MS coletivo para
afastar a incidência da lei que institua determinado tributo, desde que esse tributo recaia sobre
os associados ou filiados. É irrelevante o fato de tal tributo atingir também, outros contribuintes,
não associados, pois não se exige que o direito pleiteado seja peculiar, próprio da classe. Caso
tal tribuno não onere os associados ou filiados, a associação e o sindicato não terão
legitimidade para ajuizar o mandado coletivo, impugnando referida lei tributária.
1) Conceito – consiste em uma ação constitucional, que visa suprimir uma omissão do Poder
Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito ou liberdade prevista na Constituição
Federal. Seu objetivo é combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais ou
a síndrome da inércia do Poder Público.
4) Mora do legislador – o STF tem considerado que para análise da inércia do legislador deve
ser levado em consideração o princípio da razoabilidade.
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“Entidades sindicais dispõem de legitimidade ativa para a impetração do mandado de injunção
coletivo, que constitui instrumento de atuação processual destinado a viabilizar, em favor dos
integrantes das categorias que essas instituições representam, o exercício de liberdades,
prerrogativas e direitos assegurados pelo ordenamento constitucional.” (MI 472, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ 02/03/01)
6) Legitimação Passiva – deve o mesmo ser dirigido contra o Poder (órgão, entidade ou
autoridade) que tem o dever de regulamentar a norma constitucional. Caso a omissão seja
legislativa federal, o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do Congresso nacional.
Os particulares não possuem legitimidade passiva para o processo de mandado de injunção,
pois somente ao Poder Público é dado o dever constitucional de produção legislativa para dar
efetividade aos direitos constitucionais (STF, MI 536-2/MG).
O STF tem, atualmente, adotado a posição concretista, cumprindo, muitas vezes, o papel do
legislador omisso, com o objetivo de dar exeqüibilidade às normas constitucionais. Exemplo
disso é que, ao analisar mandados de injunção referentes à falta de norma regulamentadora do
direito de greve dos servidores públicos civis (art. 37, VII, CF), a Corte não só declarou a
omissão do legislador quanto determinou a aplicação temporária ao servidor público, no que
couber, da lei de greve aplicável ao setor privado (Lei no 7.783/1989) até que aquela norma
seja editada (MI 712/PA).
8.a) Posição Concretista do STF (MAJORITÁRIA) – Neste caso, o Poder Judiciário, julgando
procedente o mandado de injunção, profere uma decisão CONSTITUTIVA, em que declara
existência da omissão legislativa e implementa o exercício do direito constitucional até
que sobrevenha regulamentação do Poder competente.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;
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c) direito de COMPLEMENTAÇÂO dos registros públicos... ( RHD 22/DF, rel. Min. Marco
Aurélio 1991).
4) Cabimento – Não cabe HD se não houve a recusa de informações por parte da autoridade
administrativa (STJ, Súmula 2). A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de
dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se
concretize o interesse de agir no HD. Sem que se configure situação prévia de pretensão
resistida, há carência da ação constitucional do HD ( STF, HD 22/DF).
9) Necessita de advogado.
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direito de conhecer as informações que lhes dissessem respeito em bancos de dados públicos
ou de caráter público, em razão da necessidade de preservar seu nome, planejamento
empresarial, estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos
indevidamente, entre outras. ...Entretanto, os extratos atinentes às anotações constantes do
Sincor e outros sistemas informatizados de apoio à arrecadação federal, quanto ao pagamento
de tributos federais, não envolveriam a hipótese de sigilo legal ou constitucional, uma vez
requeridos pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios. Nesse sentido, dever-se-ia
entender como possível a impetração do “habeas data” de forma a esclarecer à pessoa
física ou jurídica os valores por ela pagos a título de tributos ou qualquer outro tipo de
pagamento constante dos registros da Receita Federal ou qualquer outro órgão
fazendário das entidades estatais. RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE-
673707) (Informativo 790, Repercussão Geral)
O texto constitucional não deixaria dúvidas de que o “habeas data” protegeria a pessoa não só
em relação aos bancos de dados das entidades governamentais, como também em
relação aos bancos de caráter público geridos por pessoas privadas. Nesse sentido, o
termo “entidades governamentais” seria uma expressão que abrangeria órgãos da
administração direta e indireta. ...RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE-
673707) (Informativo 790, Repercussão Geral)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
3) Caráter bivalente – 3.a) Preventivo – quando visar impedir a consumação do ato lesivo,
sendo portanto ajuizada antes da prática do ato ilegal ou imoral. Ex. ação que vise impedir a
destruição de bens de inestimável valor histórico – cultural. 3.b) Repressivo – quando visar a
reparar o dano já causado pelo ato ilegal ou imoral, sendo a ação proposta após a ocorrência
da lesão.
4) Ação popular contra atos judiciais – a ação popular não é instrumento hábil para
impugnação de atos jurisdicionais, uma vez que contra tais atos o ordenamento jurídico possui
um sistema específico de impugnações através dos recursos (STF, 2018-9/Sp – rel. Min.
Celso de Melo, 29.06.2000).
OBS A ação popular constitui meio idôneo para a fiscalização na via incidental, da
constitucionalidade das leis (STF, 721-0/Al, Min. Celso de Melo)
7) Legitimidade ativa – ser cidadão e estar no gozo de seus direito políticos. Não poderão
propor ação popular: os estrangeiro, as organizações sindicais, as pessoas que tirem
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suspensos seus direitos políticos e quaisquer outras pessoas jurídicas.“Pessoa jurídica não
tem legitimidade para propor ação popular.” (SÚM. 365 - STF)
Essa gratuidade ocorre tanto com relação ao ADVOGADO como com relação ao PERITO.
Pessoa jurídica tem direito à assistência jurídica gratuita? -“Ao contrário do que ocorre
relativamente às pessoas naturais, não basta a pessoa jurídica asseverar a insuficiência de
recursos, devendo comprovar, isto sim, o fato de se encontrar em situação inviabilizadora da
assunção dos ônus decorrentes do ingresso em juízo.” (Rcl 1.905 ED-AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, DJ 20/09/02
Para que a pessoa natural tenha direito à justiça gratuita basta a declaração de próprio punho
do interessado afirmando sua incapacidade financeira (STF RE 204.458/PR rel. Min. Ilmar
Galvão)
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
b) a certidão de óbito;
OBS. Todos os documentos que sejam relevantes para o exercício da cidadania são gratuitos.
Exemplo: emissão da Carteira de trabalho e Emprego, emissão de título de eleitor, RG.
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Princípio da celeridade processual (tanto judicial como administrativa)
OBS. Em regra um tratado internacional incorpora-se à ordem jurídica brasileira com status de
LEI ORDINÁRIA. O mesmo é celebrado pelo Presidente da República (art. 84 VIII) e aprovado
pelo Congresso nacional (art. 49 I), através de um decreto legislativo.
Este tribunal foi criado para apreciar, por exemplo, crimes de genocídio.
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NOTA DE AULA 04
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL 3
PROFESSOR: GILBERTO FROTA
ASSUNSTO: DA NACIONALIDADE
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
Conceito
É o vínculo jurídico e político existente entre a pessoa (nacional) e a nação. Esta, por
sua vez, é o grupo humano fixado em um território cujos membros se sentem parte de uma
unidade (apresentam consciência de sua nacionalidade), tendo em comum laços históricos,
culturais, econômicos e lingüísticos.
Tipos de nacionalidade
Critérios de nacionalidade
Por ser um ato de soberania, cada país soberano possui autonomia para determinar
quem será considerado como seu nacional. Temos basicamente dois critérios comumente
seguidos:
A Constituição Brasileira, como você verá a seguir, adotou em regra o “ius soli”. Há,
entretanto, exceções, nas quais predomina o “ius sanguinis”.
I - natos:
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Exceção: no mínimo um dos pais deve estar a serviço de eu país (ex. diplomata). Neste
caso terá a nacionalidade do país de origem. Podemos observar que neste inciso o Brasil
adota o critério do jus sanguinis. Caso ele esteja a serviço de outro país que não o seu, a
criança é brasileira nata. O serviço tem que ser oficial (Ex. diplomata, missão da ONU) e não
particular.
Basta um deles estar a serviço do Brasil (ex. serviço consular, diplomático, prestado
por administração descentralizada, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista).
E se o menor filho de pai ou mãe brasileira (ou ambos) vier a residir no Brasil? Não será
brasileiro nato não?
Nesse caso, o menor será considerado, sim, brasileiro nato. Entretanto, a aquisição
definitiva de sua nacionalidade dependerá de sua manifestação após a maioridade.
II - naturalizados:
1) NATURALIZADOS
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3) Saber ler e escrever em português;
4) Comprovar ter posse de bens suficientes para manter a si e sua família e
ter exercício de profissão;
5) Bom procedimento; boa saúde; Não ter condenação definitiva no Brasil;
Requisitos:
OBS Neste caso existe um direito subjetivo (ATO VINCULADO) do estrangeiro o qual,
em princípio, não pode ser negado pelo governo brasileiro.
Por fim, é importante destacar entendimento do STF no sentido de que não se revela
possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure
matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil”. Isso porque
tal hipótese não foi contemplada pela Constituição.
OBS: Diz respeito aos portugueses (tem que ser de Portugal) e não aos oriundos de
língua portuguesa.
A norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República — que contempla, em seu texto,
hipótese excepcional de quase-nacionalidade — não opera de modo imediato, seja quanto ao
seu conteúdo eficacial, seja no que se refere a todas as conseqüências jurídicas que dela
derivam, pois, para incidir, além de supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro,
fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de requerimento do súdito português
interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os requisitos
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estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros e
portugueses." (Ext 890, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-8-04, DJ de 28-10-04)
Uma lei não pode criar outros casos de distinção entre brasileiros natos e naturalizados.
Todo e qualquer caso de distinção está previsto na Constituição Federal:
V - da carreira diplomática;
INCISO I - Ex. o naturalizado que for processado e julgado por crime no Brasil, a
sentença pode aplicar pena acessória de cancelamento da naturalização.
INCISO II - Ex. Sou brasileiro naturalizado e não quero mais sê-lo. Adquiro a
nacionalidade japonesa. Perco a brasileira, porque o Japão não reconhece a nacionalidade
brasileira. Via de regra.
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LETRA A - Ex. No caso do Japão reconhecer e permitir a dupla nacionalidade do
brasileiro naturalizado que requereu a nacionalidade japonesa
LETRA B - Ex. o indivíduo vai para os Estados Unidos e lá para ter direitos como
permanente, obrigatoriamente tem que adquirir a nacionalidade americana. Neste caso o
brasileiro não adquiriu a nacionalidade americana porque simplesmente quis, ele foi obrigado.
Caráter personalíssimo
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NOTA DE AULA 05
PROFESSOR: GILBERTO FROTA
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
ASSSUNTO: DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
I - a nacionalidade brasileira;
V - a filiação partidária;
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§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior
e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência
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Democracia direta: é aquela em que o povo exerce o poder diretamente, sem
intermediários ou representantes;
b) Restrito:
INICIATIVA POULAR Poder do povo em oferecer projeto de lei. Federal (art. 61 § 2º),
Estadual (art. 27 § 4º) e Municipal (art. 29, XIII)
PARÁGRAFO 3º - ELEGIBILIDADE
Como vimos, a capacidade eleitoral ativa é aquela que assegura ao nacional o direito
de votar nas eleições, plebiscitos e referendos. Falando nisso, você sabe a diferença entre
plebiscito e referendo?
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No Brasil esta é adquirida mediante alistamento eleitoral, a pedido do interessado. É
com o alistamento que se adquire, portanto, a capacidade de votar.
Capacidade eleitoral passiva está relacionada ao direito de ser votado, de ser eleito
(elegibilidade). Obviamente, a condição de eleitor (alistabilidade) é fundamental para que
alguém seja elegível. Entretanto, outros requisitos necessitam ser cumpridos.
INCISO I
Tem que ser brasileiro nato ou naturalizado, salvo os mandatos privativos de nato,
Presidente e vice presidente da república.
INCISO III
Para ser votado (capacidade eleitoral passiva) eu preciso da capacidade eleitoral ativa
(poder votar) que é a alistabilidade.
INCISO IV
INCISO V
Tenho que ser registra por partido político, não posso ter candidatura avulsa como nos
USA
PARÁGRAFO 4º
Inelegível – significa que não pode ser eleito, ser votado, não possui capacidade
eleitoral passiva.
Inalistável – é aquele que não pode votar, ser eleitor. Não pode ser votado, aquele que
não pode votar. Para ter a capacidade eleitoral passiva (ser votado) o indivíduo tem que ter a
capacidade eleitoral ativa (votar). São inelegíveis absoluta – militares conscritos (art. 14 § 2º),
estrangeiros e analfabetos.Inelegibilidade relativa – § 5º e 7º .O analfabeto pode votar mas não
pode ser votado, tem capacidade eleitoral ativa mas não tem a passiva.
PARÁGRAFO 5º
PARÁGRAFO 6º
Para concorrer a outros cargos tenho que desincompatibilizar, para o mesmo não. SEM
SENTIDO.
PARÁGRAFO 7º
INELEGIBILIDADE REFLEXA
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PARÁGRAFO 8º - O MILITAR
O militar só não é alistável (capacidade de votar) caso não seja conscrito. O agregado
é afastado do cargo, mas permanece com a remuneração.O STF – para o militar elegível, não
se exige a filiação partidária, basta o pedido da inscrição da candidatura.
Quebra a regra da publicidade dos atos públicos art. 5º inciso 60 (LX) da CF/88.
Juntamente com o art. 155 do CPC e interesse social o exigir dependendo do juiz.
INCISO II – SUSPENDE - Ex. O indivíduo era normal e ficou doido, mas volta a ficar bom
INCISO IV – PERDE
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
I - caráter nacional;
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critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a
sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
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