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abmp.com.br/como-criar-uma-seita-em-oito-passos
out/2018
Há quase trinta anos que trabalho com grupos em organizações pelo Brasil. Uso os
óculos teóricos da psicologia do trabalho e da antropologia para compreender e decifrar
os problemas de relacionamento internos das tribos empresariais. Tenho observado uma
atmosfera diferente de uns tempos para cá, me parece que a polarização do lado de fora
se infiltrou na cultura organizacional e a arena digital está dando as cartas com seu
onipresente WhatsApp, tensionando mais ainda as relações interpessoais.
Os danos são bem parecidos com o que constatamos nos grupos de zap de família:
intolerância com diferença, palavras ríspidas e sarcásticas para quem ousa divergir, um
tsunami de estereótipos, lacrações, emoções tóxicas, etc, com uma ressalva: grupos em
empresas são equipes de trabalho e estas precisam produzir e bater meta.
Empresas não contratam profissionais de psicologia para reverter o clima ruim porque é
mais bonito. Pagam pelo serviço especializado porque a polarização entre pessoas e
áreas inviabiliza a comunicação sobre tarefas e, sobretudo, minam o terreno da boa
tomada de decisão. Equipes briguentas, desintegradas e cindidas pelo maniqueísmo do
contra não batem meta. Ponto. Estressam as lideranças, atrapalham o senso de direção,
diminuem a percepção de risco, abrindo os flancos para o fiasco e o prejuízo.
O mundo empresarial conhece os riscos deste este estado de torpor concordista que
acomete os grupos de trabalho, sabe que ele lança as cabeças pensantes em um
arriscado transe que fulmina qualquer discordância e não consente o contraditório. Um
sinal de que uma equipe está sob Groupthink é a ausência de crítica, de discussão, de
debates, feedback e contraditório.
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Este fenômeno psicossocial tem se dilatado mundialmente e podemos dizer que vivemos
na era das seitas. Oito são os sinais de que o Groupthink foi instalado em alguma equipe.
Eles foram estudados e descritos por I. L. Janis (1982). São:
Para Janis, este estado psicopatológico das equipes em conflito é gerador de análises de
erro de lógica. Não parece a fórmula da criação de uma seita em oito passos? Como
fenômeno social previsível, poderia sofrer influência externa de alguém, de uma consultor
que desperte o grupo do transe e o persuada à decisão mais acertada. Mas sabemos que
a ciência nem sempre consegue estancar aberrações nas escolhas humanas. E por falar
em decisão, estou com uma dúvida, me socorram: qual deverá ser a cor de nossas roupas
para o próximo Réveillon?
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1) Michener, H. A., DeLamater, J. D., Myers, D. J. Psicologia Social. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.
Psicólogo e antropólogo, mestre e doutor pela UFBA. Atua na UNEB e UNIFACS. Consultor
em Organizações, coach, instrutor e palestrante. Sócio diretor da Strata Consulting.
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