Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
SUMÁRIO
PRAZO EM DOBRO.................................................................................................................................... 3
APELAÇÃO ............................................................................................................................................ 13
1
1 PRERROGATIVAS DP CRIME
INTIMAÇÃO PESSOAL
Garantido pelo
1. CPC (art.
2. LC80/94 (prerrogativa
3. CPP
A intimação pessoal se faz, segundo a LC por vista dos autos.
Vale para decisões proferidas em audiência na presença do defensor? SIM!
Mesmo assim o prazo recursal só começa a contar coma a remessa dos autos à
repartição (a partir da entrada, e não só quando o defensor der o ciente).
Fundamento é a impessoalidade da atuação do defensor, o vinculo é institucional
(principio da indivisibilidade e unidade). Isso só vale para processos penais, pois o
CPC tem disposição expressa de que o defensor tem-se por intimado das decisões
proferidas em audiência.
Quem é o destinatário da intimação? É a defensoria pública, como órgão uno e
indivisível, cabendo a ela organizar o recebimento dos autos e a distribuição ao
defensor responsável. Desburocratização do processo (STF HC 2ª turma 2010).
Assim o prazo começa a correr com a chegada dos autos à instituição e não pela
aposição do ciente do defensor.
Vale para quais instancias? TODAS. Inclusive tribunais superiores e instancias
administrativas. Isso está na LC/80.
Aplica-se a sessão de julgamento do HC? Completar aqui. Caio Paiva fala de
julgamento de 2015 em que disse o STF que sim.
Aplica-se aos juizados especiais criminais? NÂO, majoritariamente. Os
princípios informadores do juizado são aptos a afastar a prerrogativa conferida
pela LC 80/94. A lei dos juizados não fala em intimação pessoal, prevalecendo
pelo critério da especialidade. A TNU, STJ e STF têm entendimento nesse sentido.
Os tribunais têm dito ainda que as prerrogativas processuais da LC/80 têm
conteúdo materialmente de lei ordinária, podendo ser afastados pelas leis do
juizado. Há muita critica por parte dos defensores. Ver argumentos na pagina 96
do livro.
Aplica-se a processos administrativos? Sim a própria LC/80 fala isso.
Aplica-se a intimação para comparecimento a audiência de custodia?
Segundo caio Paiva é inviável pois ela deve ser realizada em 24h. É suficiente que
se cumpra o CPP e se dê acesso ao defensor do auto de prisão em flagrante.
2
O advogado dativo possui? SIM!
PRAZO EM DOBRO
Previsto na
1. LC 80/94 (Art. 44, I, 89, I, 128, I)
2. NCPC (art. 18, caput)
O grande problema do prazo em dobro é que o MP não goza dele no processo penal (só
no civil). Argumenta-se ela sua inconstitucionalidade, portanto. O MP inclusive atua em
mais processos penais que a defensoria pública.
A ultima decisão do STF (HC de 1994) foi no sentido de aplicar a inconstitucionalidade
progressiva da lei 10.60 até que a defensoria alcançasse o nível de organização do MP.
Decisão muito criticada pela dificuldade de se aferir esse marco temporal.
O MP possui? Não
O advogado dativo possui? Não, possui apenas a intimação pessoal.
Aplica quando a lei estabelecer prazo específico para a defensoria? Caio
Paiva diz que não, por analogia ao CPC. Exemplo é o prazo de 10 dias para o novo
julgamento no júri quando o advogado particular faltar (defensor é intimado para
comparecer, pois se o advogado faltar de novo ele assume).
Prazos judiciais? Majoritariamente, sim.
Prazos decadenciais e prescricionais? NÃO!
Prazo de sustentação oral? NÃO, por uma interpretação teleológica do prazo em
dobro.
Processo administrativo? Sim, a própria LC 80 diz isso.
Juizado especial criminal? SIM! Segundo Caio Paiva é o que prevalece no STF.
Até porque, segundo ele, isso não anula a celeridade dos juizados. Observação:
alei dos JEF é expressa em não conferir esse prazo dobrado à fazenda. Mas azar
da fazenda que não tem uma LC prevendo a prerrogativa.
Parei na 76
3
Fica fácil concluir que o Estado precisa dispor de instrumentos coercitivos para
constranger os atores processuais a praticar os atos processuais, segundo as
disposições previstas na legislação ordinária e na Constituição Federal.
É, por isso, que o tema nulidades processuais é tão importante e amplamente abordado
nas peças processuais de 2ª fase de concursos para Defensoria Pública, visto que este
instituto é uma espécie de sanção aplicada ao ato processual viciado, maculando a
produção dos efeitos que se esperava.
Nesse sentido, ensina Renato Brasileiro (2016, p.1550):
O sistema de nulidades foi pensado, portanto, como instrumento para compelir os
sujeitos processuais à observância dos modelos típicos: ou se cumpre a forma legal ou
corre-se o risco de o ato processual ser declarado inválido e ineficaz. A conseqüência da
inobservância da forma prescrita em lei é a de que o ato defeituoso não poderá produzir
os efeitos que ordinariamente teria.
Vamos às principais causas de nulidade.
Não oitiva de É cediço que o Juiz pode negar a oitiva de uma testemunha de
testemunha de defesa, desde que a decisão seja devidamente fundamentada, sendo
defesa este entendimento pacífico no âmbito dos tribunais superiores.
Contudo, se o caso apresentado para elaboração da peça narre uma
situação que se amolde ao descrito acima, é imperioso que o
candidato alegue em sua resposta a violação ao princípio do
contraditório e ampla defesa.
4
Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se averígue a
violação do princípio da ampla defesa e contraditório:
5
Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se descubra a
violação do princípio da ampla defesa e contraditório, materializada pela não intimação
do acusado para nomear novo advogado:
6
1. A primeira seria requerer a ABSOLVIÇÃO do acusado por insuficiência de provas,
uma vez que não houve comprovação da materialidade delitiva, desde que o
vestígio configure elemento do tipo, e não uma qualificadora ou causa de
aumento de pena.
2. A segunda frente de argumentação seria requerer a NULIDADE DO PROCESSO,
nos termos do art. 564, III, b, do CPP, uma vez que não foi observada a
formalidade legal de realizar o exame de corpo e delito.
Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se descubra a
ausência do exame de corpo e delito:
Atenção - Uma situação bastante peculiar que, muitas vezes, é desprezada pelo
candidato e acaba acarretando a perda de pontos que podem decidir uma aprovação é a
necessidade de realização de exame de corpo de delito no crime de furto qualificado
pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (CP, art.155, §4°, I).
Logo, caso se trate de um furto qualificado pelo arrombamento de porta de uma loja, por
exemplo, se o rompimento não for comprovado por meio de prova pericial (exame de
corpo de delito), não é possível que a conduta seja amoldada à situação qualificadora.
Nesse sentido, inclusive, entende o STJ:
8
As perícias, em regra, serão realizadas por um único perito oficial, nos termos do
art.159, caput, do Código Penal, com redação dada pela lei 11.690, de 2008, ou seja, por
uma pessoa que integra os quadros do próprio Estado, portador de diploma de curso
superior, sendo-lhe assegurada autonomia técnica, científica e funcional.
Na ausência de perito oficial, a autoridade pode valer-se de pessoas idôneas, portadoras
de curso superior, com habilitação técnica relacionada à natureza do exame, que serão
nomeadas e juramentadas para atuar em um determinado caso concreto. Quando
ocorrer essa situação, faz-se necessário que o exame seja realizado por dois peritos.
Em sua prova, pode ocorrer de a questão narrar uma situação, onde não há perito oficial
e o Juiz nomeou apenas um pessoa idônea para realizar o laudo pericial.
Deve, portanto, ser argüida a nulidade da prova, por violar o art. 159, §1°, do CPP, bem
como a súmula 361 do STF, que tem vigência apenas para casos envolvendo perito sem
ser oficial.
9
Assim, diferentemente do advogado privado, o Defensor Público deve ser intimado
pessoalmente de todos os atos processuais que ensejam a sua manifestação ou
necessitem do seu conhecimento.
A exigência de intimação pessoal do Defensor Público, mormente no âmbito processual
penal, atende a uma imposição que deriva do próprio texto constitucional, uma vez que é
uma decorrência do princípio do devido processo legal, pois não é concebido que a
persecução penal tramite sem observância das formalidades legais.
Assim, se na sua questão da peça penal houver qualquer ato em que o defensor não
tenha sido intimado pessoalmente, é imperioso que seja requerida a nulidade do ato de
comunicação e dos subseqüentes. Segue, abaixo, sugestão de redação:
Cumpre ainda salientar que, mesmo que o defensor esteja presente em audiência no
momento da leitura da sentença ou prática de um dado ato processual, é necessário
sustentar a necessidade de sua intimação pessoal mediante remessa dos autos.
Não se pode olvidar que a ausência de intimação pessoal do advogado dativo enseja
NULIDADE ABSOLUTA do feito, conforme entendimento reiterado do Supremo Tribunal
Federal:
Assim, é preciso que se alegue a nulidade do feito por inobservância de uma formalidade
fundamental em razão da ausência de intimação pessoal do advogado dativo. Segue
sugestão de tópico:
11
Diário da Justiça, o que infringe o princípio do devido processo
legal, é necessário que seja declarada a nulidade absoluta da
sentença e todos os atos subseqüentes.
12
Por isso, aconselho SEMPRE ALEGAR A NULIDADE DO RECONHECIMENTO, pois o
máximo que se perde é tempo e algumas linhas.
APELAÇÃO
13
ENDEREÇAMENTO – ao juízo a quo (1 grau) e razões ao tribunal. Cuidado quando
o enunciado disser que o recurso já foi interposto e você está só apresentando
razões no tribunal. Ai peça de apresentação das razões já ao tribunal.
REVISÃO CRIMINAL
14
que, acolhido o pedido de anulação do processo, este retomará seu curso regular
perante o juízo de origem, salvo na hipótese de ocorrência de alguma causa
extintiva da punibilidade.
ABSOLVIÇÃO – tem de ter o feeling de saber se o seu embasamento já permite a
absolvição (juízo rescisório). Se for o caso pedir, com base no dispositivo lá da
revisão criminal que permite a absolvição.
INDENIZAÇÃO – sempre pedir. Abrir tópico – dispositivo do CPP artigo 630 - erro
judiciário, prevista no art. 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal, aplica-se a
regra da responsabilidade objetiva do estado, nos termos do art. 37, § 6º, da Carta
DO EFEITO SUSPENSIVO - em casos excepcionais (presença de erro judiciário
teratológico, nova prova irrefutável da inocência do acusado), é possível se
utilizar do Poder Geral de Cautela do Juiz – fundamento - art.297, do NCPC.
PEDIDO DE CITAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA - conforme art. 630, §1º do CPP e
art. 5, inciso LV, da CRFB/88 (contraditório)
15
O RESE deve ser interposto perante o juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão,
e suas razões recursais devem ser dirigidas ao Tribunal de Justiça local.
Ele, via de regra, subirá por instrumento. Ou seja, os autos da execução penal devem
permanecer no juiz de primeiro grau, sendo apenas o recurso encaminhado ao Tribunal,
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
14
acompanhado das principais peças. Contudo, no caso da sentença de pronúncia, o
recurso subirá nos próprios autos, não podendo o acusado ser levado a Júri até seu
julgamento definitivo. Essa é a inteligência do art. 583, II, do CPP:
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II -
nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o
andamento do processo.
Outra formalidade essencial do RESE é o pedido de retratação. Com efeito, o juízo de
retratação tem previsão expressa no CPP:
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o
recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Assim, interposto o recurso, pode o próprio juiz reformar a decisão anteriormente
proferida, razão pela qual o recorrente deve sempre requerer que o magistrado exerça
essa faculdade, ocorrendo a denominada DESPRONÚNCIA.
Como dissemos, enquanto o RESE não for julgado o acusado não poderá ser levado a
Júri. Dessa forma, em se tratando de réu preso, poderá surgir a seguinte dúvida: é
possível a impetração de habeas corpus substitutivo de recurso em sentido estrito? Ou
seja, é possível que o apenado escolha entra interpor o RESE ou o habeas corpus?
Os Tribunais de Justiça, na esteira do entendimento do STJ, têm jurisprudência pacífica
no sentido de que é descabida a utilização do Habeas Corpus como sucedânio recursal,
exigindo que seja interposto o recurso cabível. Nesse sentido, o TJ-RJ:
HABEAS CORPUS. AÇÃO CONSTITUCIONAL UTILIZADA COMO SUBSTITUTIVO DE
RECURSO CABÍVEL, O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, VISANDO A SUPRESSÃO DE
TRECHOS DO DECISUM QUE PRONUNCIOU O ORA PACIENTE. WRIT NÃO
CONHECIDO. Inicialmente, constata-se que a presente ação de habeas corpus está
sendo utilizada como substitutivo de recurso cabível, “em manifesta burla ao preceito
constitucional”, segundo pacífico entendimento de nossos Tribunais Superiores e deste
Colendo Tribunal. Ademais, pode ser verificado que o pleito formulado pela impetrante,
qual seja, o de supressão de trechos da decisão que pronunciou o paciente, Márcio da
Silva, desafia a interposição do recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581 do
Código de Processo Penal. WRIT NÃO CONHECIDO, negando
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
16
15
se-lhe seguimento nos termos do art. 31, VIII do Regimento Interno deste E. Tribunal de
Justiça. (TJ-RJ - HC: 00032265220168190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 1 VARA
CRIMINAL, Relator: ELIZABETE ALVES DE AGUIAR, Data de Julgamento: 02/02/2016,
OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 04/02/2016)
Assim, caso a questão da prova exija que seja combatida uma sentença de pronúncia,
ainda que se trate de réu preso, a primeira opção deve ser o RESE. Apesar de termos
que defender a ampla possibilidade de utilização do habeas corpus, nas provas de
concurso devemos ser prudentes. É possível que o examinador considere correto as duas
peças: RESE e HC. Contudo, também há a possibilidade de somente considerar
adequado o recurso, por conta da jurisprudência pacífica. Assim, o aluno não deve
correr riscos e redigir o RESE!
Além das formalidades citadas acima, seu RESE deve vir acompanhado das teses
defensivas, que consistem, além das nulidades da sentença de pronúncia, no pedido de
impronúncia/absolvição sumária, desclassificação ou afastamento das qualificadoras.
6. AGRAVO EM EXECUÇÃO
O agravo em execução é o recurso típico contra decisões proferidas pelo juiz da execução
penal, com previsão expressa no art. 197 da LEP:
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.
Essa é a única disposição legal expressa a respeito do tema, não havendo especificação
de qual seria seu procedimento. Por conta disso, o Supremo Tribunal Federal pacificou o
entendimento de que, na ausência de previsão legal específica, devem ser aplicadas, de
forma subsidiária, as regras do Recurso em Sentido Estrito, previsto no Código de
Processo Penal:
EMENTA: I. Execução penal: recurso de agravo (LEP,art. 197): aplicação do C.Pr.Penal,
legislação subsidiária da lei de execuções penais (LEP, art. 2º): prazo, em conseqüência,
de cinco dias, conforme o art. 586 C.Pr. Pen., aferido, como é da jurisprudência, na data
do protocolo no órgão judicial perante o qual deva ser interposto, no caso, o juízo de
execução: intempestividade do recurso interposto segundo a nova disciplina legal do
agravo no C.Pr.Civ., que induz, por si só, ao trânsito em julgado da decisão recorrida. II.
Recurso criminal: preclusão da nulidade: fundado o agravo em execução do Ministério
Público em alegado erro de mérito da decisão recorrida - concessiva de progressão de
regime de execução de pena aplicada a crime definido como hediondo -, não pode o
Tribunal ad quem provê-lo, contra o condenado, por nulidade não aventada pela
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
16
17
acusação - a falta de exame criminológico: aplicação da Súmula 160. (RHC 80563,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 12/12/2000, DJ
02-03-2001 PP-00018 EMENT VOL-02021-01 PP-00179)
Com base nesse precedente, a Suprema Corte editou, inclusive, uma súmula:
Súmula 700. É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz
da execução penal.
Os Tribunais Pátrios vão no mesmo sentido:
EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO. INTEMPESTIVIDADE. PROCEDIMENTO DO RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO. DECURSO DE LAPSO SUPERIOR A 5 DIAS. O agravo em
execução penal segue o rito do recurso em sentido estrito, sendo de 5 dias o prazo para
interpô-lo (STF, Súmula n. 700). Transcorrido tal prazo, não se pode conhecer o recurso.
RECURSO NÃO CONHECIDO. (TJ-SC - RECAGRAV: 20120902251 SC 2012.0902251
(Acórdão), Relator: Roberto Lucas Pacheco, Data de Julgamento: 27/02/2013, Quarta
Câmara Criminal Julgado)
Assim, indiscutivelmente, devem ser aplicadas as regras do Recurso em Sentido Estrito.
Caso a peça a ser elaborada seja o agravo em execução, o aluno deve, imediatamente,
abrir o Código de Processo Penal no art. 581 em diante, e verificar se está cumprindo
todas as formalidades do RESE.
Firmado esse ponto, sigamos em frente.
Dúvida que normalmente surge é a seguinte: é possível a impetração de habeas corpus
substitutivo de agravo em execução penal? Ou seja, é possível que o apenado escolha
entra interpor o agravo em execução ou o habeas corpus?
Os Tribunais de Justiça, na esteira do entendimento do STJ, têm jurisprudência pacífica
no sentido de que é descabida a utilização do Habeas Corpus como sucedânio recursal,
exigindo que seja interposto o recurso cabível, que, no caso, é o agravo em execução.
Nesse sentido, o TJ-PR:
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PEDIDO DE PROGRESSÃO DE REGIME.
MATÉRIA A SER ABORDADA EM AGRAVO EM EXECUÇÃO. RECENTE POSIÇÃO DOS
TRIBUNAIS SUPERIORES EM NÃO ADMITIR HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO
RECURSO CABÍVEL. QUESTÃO DEMANDA ANÁLISE FÁTICO-PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. RITO
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
17
SUMARÍSSIMO. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. No rito sumaríssimo do Habeas Corpus
não se admite amplo estudo dos elementos fáticoprobatórios. 2. O recente entendimento
dos Tribunais Superiores é no sentido de não ser possível que o Habeas Corpus atue
como substitutivo dos recursos legalmente cabíveis, sob risco de banalização do
18
instituto. (TJ-PR - Habilitação: 12313318 PR 1231331-8 (Acórdão), Relator: Luciane
R.C.Ludovico, Data de Julgamento: 31/07/2014, 4ª Câmara Criminal)
Assim, caso a questão da prova exija que seja combatida uma decisão proferida pelo juiz
da execução, a primeira opção deve ser o agravo. Apesar de termos que defender a ampla
possibilidade de utilização do habeas corpus, nas provas de concurso devemos ser
prudentes. É possível que o examinador considere correto as duas peças: agravo e HC.
Contudo, também há a possibilidade de somente considerar adequado o agravo, por
conta da jurisprudência pacífica. Assim, o aluno não deve correr riscos e redigir um
agravo!
Assim como o Recurso em Sentido Estrito, o agravo em execução deve ser interposto
perante o juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão, e suas razões recursais
devem ser dirigidas ao Tribunal de Justiça local.
O agravo subirá por instrumento. Ou seja, os autos da execução penal devem
permanecer no juiz de primeiro grau, sendo apenas o recurso encaminhado ao Tribunal,
acompanhado das principais peças. Essa é a inteligência do art. 583 do CPP:
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II -
nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o
andamento do processo.
A contrario sensu, fora das hipóteses acima, o recurso deve subir em instrumento, que é
exatamente o que ocorre no caso do agravo em execução.
Segundo o Código de Processo Penal, cabe ao recorrente informar as peças que devem
ser transladadas para formação do instrumento:
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no
respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda
traslado.
Assim, para que o recurso seja tecnicamente perfeito, o recorrente deve indicar que
peças dos autos devem ser copiadas e anexadas ao agravo. Sugere-se, para simplificar a
tarefa, que seja requerido cópia integral dos autos da execução penal.
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
18
Outra formalidade essencial do agravo é o pedido de retratação. Com efeito, o juízo de
retratação tem previsão expressa no CPP:
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o
recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Assim, interposto o recurso, pode o próprio juiz reformar a decisão anteriormente
proferida, razão pela qual o recorrente deve sempre requerer que o magistrado exerça
essa faculdade.
19
O agravo em execução, via de regra, não possui efeito suspensivo, por conta da redação
expressa do art. 197 da LEP:
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.
Boa parte da jurisprudência pátria, interpretando esse dispositivo, entende pela
inviabilidade de concessão desse efeito ao recurso:
HABEAS CORPUS. AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL. EFEITO SUSPENSIVO.
CONCESSÃO. DESCABIMENTO. 1. O recurso de agravo em execução, previsto no art.
197 da Lei de Execucoes Penais, não possui efeito suspensivo. 2. É inadmissível o
manejo de habeas corpus visando conferir efeito suspensivo a agravo de execução penal,
ante a necessidade de racionalização do habeas corpus, com o intuito de se prestigiar a
lógica do sistema recursal, evitando a sua utilização como um ?super recurso?. (Habeas
Corpus, Processo nº 0000428-03.2017.822.0000, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia, 2ª Câmara Criminal, Relator (a) do Acórdão: Des. Valdeci Castellar Citon,
Data de julgamento: 15/02/2017) (TJ-RO - HC: 00004280320178220000 RO 0000428-
03.2017.822.0000, Relator: Desembargador Valdeci Castellar Citon, Data de
Julgamento: 15/02/2017, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: Processo publicado
no Diário Oficial em 20/02/2017.)
Contudo, parte dos Tribunais se posiciona no sentido de que, excepcionalmente, quando
comprovada flagrante ilegalidade, pode ser concedido o efeito suspensivo ao agravo:
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO EM RECURSO DE
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE.
Aluno: andre lopes, CPF:00646465139,Fone:62999983595 :
19
DECISUM DE ORIGEM NÃO REVESTIDO DE TERATOLOGIA OU MANIFESTA
ILEGALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 197 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. ORDEM
CONHECIDA E DENEGADA. É possível a concessão de efeito suspensivo em recurso de
Agravo de Execução Penal quando demonstrado, de forma latente, que o decisum
guerreado é revestido de teratologia ou manifesta ilegalidade. Ausente a
excepcionalidade, o writ mostra-se incapaz de everter o mandamento do art. 197 da Lei
de Execucoes Penais, que vaticina a ausência de efeito suspensivo ao Agravo. (TJ-SC -
MS: 20140341631 Joinville 2014.0341631, Relator: Sérgio Rizelo, Data de Julgamento:
08/07/2014, Segunda Câmara Criminal)
Obviamente, devemos seguir a segunda corrente, requerendo sempre a suspensão dos
efeitos da decisão agravada. Existem dois mecanismos para se alcançar esse objetivo: a)
pedido liminar nos autos do próprio agravo em execução; b) impetração de Habeas
Corpus exclusivamente com esse objetivo.
20
As duas opções são corretas, e sugere-se que o aluno, na prova, utilize ambas. Ou seja,
requeira o efeito suspensivo no próprio recurso e mencione a impetração de Habeas
Corpus em paralelo
21