Inicialmente verificamos que o presente caso trata-se de relação de
consumo, sendo amparada pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questões em que fornecedores e consumidores integram a relação jurídica, principalmente no que concerne a matéria probatória.
Tal legislação faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da
prova em favor do consumidor conforme seu artigo 06º, VIII:
"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência".
Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço,
ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.
Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência
da parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no presente caso, dá-se como certo seu deferimento.
DOS FATOS
Na data de 20 de fevereiro de 2017 a requerente (ALMACOM TRADING
COMPANY LTDA) firmou contrato de leasing financeiro com a requerida (BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A), em que a requerente assumiu o compromisso financeiro de pagar mensalmente ao Banco Toyota Banking pelo arrendamento do veículo modelo HILUX CD SRV 4X2 2.7 FLEX 16V AUT, cor branco, ano 2017, (documentos anexados)
Conforme o contrato, o valor total do arrendamento foi fixado em
R$128.280,29, onde o montante de R$26.000 foi pago como adiantamento, e o restante deveria ser pago em 48 parcelas de R$1.597,38 mensais, mais 4 parcelas referentes a antecipação do valor residual garantido (VRG), quais sejam: R$20.000,00 (vencimento 08/2017); R$20.0000 (vencimento 08/2018); R$20.000,00 (08/2019) e R$15.000,00 (11/2019).
A requerente veio cumprindo de forma satisfatória com seus
compromissos, entretanto devido a problemas financeiros não pode sustentar o pagamento da 18º parcela na data do seu vencimento. Visando cumprir com as obrigações avençadas, a requerente entrou em contato com a central de atendimento da empresa buscando orientações de como poderia proceder para realizar o adimplemento do pagamento em atraso.
Desta forma, a orientação recebida pela requerida pelo departamento do
Banco Toyota foi a de emitir um novo boleto, atualizado com o valor da multa contratual e os encargos de mora através do site do banco BRADESCO, único responsável por receber o pagamento em atraso.
A par dessa instrução, a ALMACOM emitiu um novo boleto e realizou o
pagamento da 18º parcela vencida desde o dia 18/08/2018, 11 dias depois, no dia 29/08/2018, cujo valor atualizado ficou afixado em R$22.573,38.
O pagamento do boleto com o valor atualizado foi devidamente realizado,
conforme se comprova com o anexo do comprovante de pagamento. A requerida chegou inclusive a comunicar a empresa do feito no mesmo dia, solicitando a baixa do boleto quitado.
Apesar da comunicação e efetivo pagamento a requerida foi surpreendida
com a informação de que a financiadora além de não ter reconhecido a emissão do novo boleto, o valor depositado referente ao adimplemento havia sido estornado para a conta da ALMACOM.
Desde a data da devolução dos valores pagos a requerente, de boa-fé vem
tentando solucionar seu problema, tendo entrado em contato com a requerida inúmeras vezes via telefone e e-mail.
para tentar solucionar a questão de forma extrajudicial e reenviar o valor
do pagamento já que o sistema do Banco Toyota não reconheceu o pagamento do boleto realizado no dia 29/08/2018. Entretanto, como bem se enunciou o boleto foi emitido no próprio site do banco responsável pelo recebimento, retirado no próprio sistema do Banco Toyota..
Apesar das inúmeras tentativas de regularizar as pendências que foram
provocadas pelo erro no sistema de pagamento da própria requerida, o Banco Toyota negativou no SERASA tanto a empresa ALMACOM quanto o seu sócio administrador, DOUGLAS PERREIRA DE SOUZA
Há de se evidenciar que ded
Desde o dia em que o dinheiro do pagamento do boleto que efetuamos retornou na
nossa conta estamos enviando e-mail e tentando por telefone ter o retorno para solucionar o problema e enviar o valor do pagamento. O que aconteceu é que como o sistema deles não identificou o pagamento do boleto que fizemos (Boleto este emitido pelo próprio sistema de pagamento deles e pago por compensação ao Banco Bradesco) e a cobrança foi enviada ao departamento jurídico e continuamos explicando a eles e comprovando via documentos que havíamos gerado o boleto no sistema do Banco Toyota e pago e que o dinheiro foi devolvido na nossa conta 2 ou 3 dias depois do pagamento e estávamos tentando fazer novamente o pagamento, mas eles insistem que só recebem se pagarmos todos os juros de mora e os honorários deles de cobrança. Outra pendência que isto gerou é que fomos pagar o boleto da próxima parcela e o sistema bloqueou o pagamento devido a estarmos com esta parcela anterior em aberto e com isto ficamos devedores das duas parcelas e eles querem receber as duas com juros e honorários de advogados.
Eu mesmo pessoalmente ja conversei inclusive com a agência da Toyota aqui em
Curitiba e eles tentaram nos auxiliar a fazer o pagamento mas os advogados deles não quiseram resolver. Ontem se o Dr. Observar fomos consultados no SERASA pela Caixa Econômica onde temos nossas operações e ja tivemos problemas com crédito e somos consultados todos os dias e estas anotações estão causando prejuízos diários a empresa.
A requerente visando adquirir um veiculo e em razão de ter encontrado
as melhores ofertas junto a concessionaria Toyota, veificou que as condições de financiamento eram boas. Desta forma adquiriu o veiculo XXX pelo preco de XXX.
Nesse contrato estava disposto a seguinte forma de pagamento: parcelas
XXXX e bolões XXX. Em que pese o requerente cumprir fielmente com as suas obrigações como bem se demonstra com o anexo dos comprovantes prévios de pagamento, ter arcado com todos os pagamentos de forma correta e não estar inadimplemente, em razão de questões financeiras momentâneas da empresa, mas sempre fiel as obrigações avençadas, a requerente entrou em contato com a empresa previamente antes do vencimento da parcela VGP narrando que devido a falta de dinheiro no caixa da empresa atrasaria o pagamento em alguns dias, pedindo deste modo esclarecimentos de como esse cenário poderia ser resolvido e quais as consequências lhe seriam imputadas pelo atraso, mesmo porque não poderia ter o nome da sua empresa negativado pelo SERASA
. A orientação da empresa foi a de que conforme previsto no contrato, o
atraso implicaria a incidência de multa contratual e encargos de mora