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Pré­Modernismo e algumas de suas obras 

Os seguintes são resumos de obras literárias que se enquadram no período do Pré­Modernismo. O 
Pré­Modernismo foi um período literário caracterizado por inovações como o uso de linguagem 
mais próxima da falada e a focalização nos problemas reais do Brasil da época, mas com 
características conservadoras que provinham do Realismo e do Naturalismo. Além destes resumos 
também são dignos de nota os dos contos de Lima Barreto. 

Triste Fim de Policarpo Quaresma 
Autor: Lima Barreto  

O livro conta a história do Major (ele não era, apenas o chamavam, mas vem a se tornar mais 
tarde) Policarpo Quaresma, um nacionalista exaltado e ufanista que romantiza todo o Brasil. Na 
primeira parte da história tenta fazer um a revolução social de costumes, é considerado louco e 
internado. Na segunda torna­se fazendeiro e planeja reformas nacionais tendo como base a 
agricultura. Na terceira se envolve nas Segunda Revolta da Armada, no lado governista e planeja 
mudanças políticas. Ao defender alguns prisioneiros, passado a revolta, é preso e supostamente 
fuzilado no final. Toda a história apresenta os funcionários corruptos, ineficientes e bajuladores, a 
preguiça, a incompetência, a falsidade e a traição no cenário político­social brasileiro. Várias 
histórias passam­se no pano de fundo, notavelmente as de Ismênia e Olga, duas jovens muito 
distintas que encaram de modo diferente o casamento. 

Recordações do Escrivão Isaías Caminha 
Autor: Lima Barreto  

Este foi o primeiro livro publicado do autor e tem nítidos tons autobiográficos. O jovem mulato 
Isaías, filho de uma negra e um padre, vai ao Rio de Janeiro estudar e trabalhar. Após penar com o 
preconceito várias vezes consegue um emprego de contínuo (algo como um office­boy) no jornal 
oposicionista "O Globo". Dirigido por Loberant (um anagrama para Beltrano), O Globo é povoado 
pelos críticos literários estúpidos, jornalistas desonestos e gramáticos puristas exagerados do 
tempo. Em meio às falcatruas do Quarto Poder Isaías testemunha os absurdos de sua época. 
Quando Floc (o crítico literário) se mata, Isaías torna­se repórter após testemunhar uma orgia de 
Loberant ao avisá­lo do acontecimento. Isaías vai assim integrando­se ao sistema e vê os rostos 
mudarem: o estrangeiro combativo que lhe introduziu ao Globo sai após o jornal passar para o 
governo (conseguiu Loberant o favor que queria) e o gramático enlouquece com os constantes 
erros do falar de todos que o cercam. 

Clara dos Anjos  
Autor: Lima Barreto  

Passado no subúrbio do Rio de Janeiro, Clara dos Anjos conta sobre a jovem e ingênua mulata 
Clara, filha do carteiro Joaquim dos Anjos, que é seduzida pelo malandro Cassi Jones. Cassi é um 
jovem branco, ignorante e torpe, que usa este sobrenome porque, supostamente, descende de um 
nobre inglês. Seu pai não fala mais com ele após suas diversas aventuras que desonraram várias 
donzelas e acabaram com vários casamentos (a mãe de uma das vítimas se suicidou; o marido 
que ela arranjou depois distribui anonimamente um dossiê sobre Cassi pelo RJ). Cassi toma Clara 
como seu próximo alvo e vai tentando se aproximar dela. Começa pela festa de aniversário desta e 
vai seguindo, apesar dos pais dela não deixarem e do padrinho dela e tantos outros falarem sobre 
ele. Clara não acredita e continua curiosa sobre Cassi. Cassi passa a usar um velho, "dentista", 
que tratava de Clara; ele manda as cartas de um e outro. Depois de um tempo Cassi parte para 
São Paulo para um possível emprego; Clara está grávida. Após pensar em aborto, Clara revela a 
verdade à mãe, que vai falar à família de Cassi. Lá ela é tratada como só "mais uma mulatinha" e 
percebe a verdade total. Pontilhado com referências sobre o preconceito racial (um dos 
personagens é poeta Leonardo Flores; mulato e talentoso, fica pobre pois foi explorado), este foi o
primeiro romance de Lima Barreto mais um dos últimos a ser publicado. Todos os personagens 
são tipicamente suburbanos e o vocabulário já transpira a coloquialidade como é característico ao 
autor. 

Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá 
Autor: Lima Barreto  

O título desta obra é enganador: pouco se vê da vida ou da morte de Manuel Joaquim Gonzaga de 
Sá. O que se vê são conversas entre o sexagenário Gonzaga de Sá e seu jovem amigo Augusto 
Machado (mulato, é um dos muitos alter­egos do autor), onde o que transpira é uma conversa do 
autor consigo próprio, denunciando sempre os absurdos: burocrata da Secretaria de Cultos, 
Gonzaga de Sá critica sempre a mania estúpida de aristocracia (logo ele, que descendente de 
Salvador de Sá) e a burocracia ineficiente, arcaica, mesquinha e inútil. Existem ainda mais umas 
pitadas dos temas eternos de Lima Barreto: uma crítica ao preconceito, ao governo, a sociedade; a 
tudo, enfim, que de podre afligia então e aflige hoje a humanidade. Existe ainda um conto 
relacionado: Três Gênios de Secretaria. 

Os Bruzundangas  
Autor: Lima Barreto  

Sátira. Bruzundanga é um país fictício, parecidíssimo com o Brasil do começo do século e o de 
hoje, cheio de elites incultas dominando um povo, com racismo (javaneses lá, mulatos como o 
autor cá), pobreza, obsessão com títulos e riquezas e uma literatura de enfeite, sem sentido e 
desatualizada. O livro é um diário de viagem de um brasileiro que morou tempos na Bruzundanga, 
conheceu sua literatura, a escola samoieda (falsa, monótona e afastada da cultura, com autores 
fúteis e aconchavados com a classe dominante); sua economia confusa que exauri a riqueza do 
país, sendo dominada pelos cafeeiros da província de Kaphet. Mostra também a obsessão por 
títulos como os de nobreza e os de doutor, mesmo quando seus possuidores não são nobres e são 
pouco letrados. A seguir critica a legislação (a Constituição, baseada na de um país visitado por 
Gulliver, tem uma lei que diz que se a lei não for conveniente a situação ela não é válida), a política 
(os presidentes, chamados Mandachuvas, assim como os ministros, os heróis e os deputados, são 
estúpidos e vazios), o processo democrático (tão corrupto quanto era na República Velha), a 
ciência, o resto da cultura (quase nula, por vezes perto do negativo), o exército e a política 
internacional. Repleto de caricaturas de personagens da vida política da época, como Venceslau 
Brás e o Barão de Rio Branco, o livro é uma crítica ferina a sociedade brasileira, sua literatura 
sorriso da sociedade e sua organização político­econômica. 

Cidades Mortas  
Autor: Monteiro Lobato  

Em Cidades Mortas a língua ferina de Monteiro Lobato ataca o marasmo político­econômico­ 
literário de seu tempo. Nos contos "Cidades Mortas" e "Café! Café", assim como parcialmente em 
outros, critica a queda do café e seus efeitos na população que sobrevivia dele. Em outras histórias 
insere a críticas a literatura tediosa e fraca de seu tempo (citando Alberto de Oliveira e Bernardo 
Guimarães por nome), ao desprezo pela honestidade, ao absurdo e ridículo das cidades do 
interior paulista (principalmente a fictícia Itaoca, mas cidades cujo nome começa com "Ita" 
aparecem em vários contos para mostrar cidades pequenas com habitantes com egos inflados), à 
crueldade e estupidez humanas, ao exagero de nacionalismo com a participação na Primeira 
Guerra (no conto "O espião alemão"), ao abuso feito por aproveitadores com os que trabalharam 
duro e várias pequenas histórias onde todos esses temas são tocados. 

Urupês  
Autor: Monteiro Lobato
Urupês não contém uma única história, mas vários contos e um artigo, quase todos passados na 
cidadezinha de Itaoca, no interior de SP, com várias histórias, geralmente de final trágico e algum 
elemento cômico. O último conto, Urupês, apresenta a figura de Jeca Tatu, o caboclo típico e 
preguiçoso, no seu comportamento típico. No mais, as histórias contam de pessoas típicas da 
região, suas venturas e desventuras, com seu linguajar e costumes. 

Eu  
Autor: Augusto dos Anjos 

Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem cientificista (a minha 
edição tem "só" 373 notas de fim), o poeta mostra uma obsessão com a morte simultânea a sua 
aversão a ela. Fala de si mesmo, da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos 
sentimentos, do banal; tudo pessimismo, linguagem e técnica impecável. O vocabulário e as 
imagens poéticas, que incluem expressões como "escarra esta boca que te beija", levaram os 
críticos da época a considerá­lo um poeta de mau gosto; não é verdade. Augusto dos Anjos em Eu 
demonstra uma visão de mundo como a de Machado que não se manifesta do mesmo modo sutil, 
mas é igualmente poderosa. Parnasiano na forma e simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é 
um pré­modernista e mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível. 

Contos Gauchescos  
Autor: Simões Lopes Neto  

Os Contos Gauchescos são uma coleção de contos que tem como ambientação no pampa 
gaúcho. Contado pelo envelhecido vaqueano Blau Nunes, as histórias contam de aventuras de 
peões e soldados. Ora protagonizadas, ora testemunhadas por Blau, as histórias narram sempre 
sobre o gaúcho, guerreiro, trabalhador, rústico. Nelas a linguagem é sempre um dialeto 
característico do interior do Rio Grande do Sul e existe um enorme respeito pelos elementos deste 
estilo de vida: os animais, os instrumentos, a paisagem. Existe também uma grande exaltação do 
espírito guerreiro do gaúcho, especialmente nas narrativas de guerra, ambientadas na maioria das 
vezes na Revolução Farroupilha. 

Lendas do Sul  
Autor: Simões Lopes Neto  

Este livro reconta várias das lendas ancestrais do Rio Grande do Sul, passadas de boca a boca 
principalmente pelo interior. Apesar de várias lendas menores recontadas terem raízes também 
pelo resto do país, as três mais importantes são gaúchas: Boitatá, Salamanca do Jarau e Negrinho 
do Pastoreio. A Boitatá é a famosa cobra de fogo que assim ficou por comer os olhos dos animais. 
O Negrinho do Pastoreio é o escravo afilhado de Nossa Senhora que agora acha as coisas para 
aqueles que as perderam. A Salamanca do Jarau é sobre a princesa moura e a fortuna que 
guardava. Esta lenda, que inspirou Érico Veríssimo a escrever partes de O Tempo e O Vento ­ O 
Continente, tem a participação de Blau Nunes, o vaqueano criado por Simões Lopes Neto para 
Contos Gauchescos. 

Casos do Romualdo  
Autor: Simões Lopes Neto  

Completando as histórias de Simões Lopes Neto sobre o RS, este livro conta os vários casos de 
Romualdo, gaúcho do interior, contidos em suas memórias, que fariam corar o Barão de 
Münchausen. Entre outras coisas, vê­se o parto de 87 ao mesmo tempo e da mesma mãe, a caça 
de onças a vela, o desenroscamento de tatus (não perguntem) e várias outras histórias hilárias de 
caça, viagem e outros assuntos relacionadas ao RS, contadas no estilo de fala do estado.
Canaã 
Autor: Graça Aranha 

Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes alemães que se estabelecem em 
Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a integração e a paz, 
admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando no dia que a Alemanha 
invadirá e conquistará aquela terra. Ainda assim, ambos se unem e trabalham juntos na terra e 
prosperam. Mais tarde aparece Maria, filha de imigrantes pobres, que é abandonada ao léu 
quando morre seu protetor e lhe abandona o amante, que pensava ser seu futuro marido. 
Vagando, tomada como louca e prostituta, é rejeitada até na igreja antes de ser salva por Milkau, 
quem conheceu uma vez em uma festa e vai morar numa fazenda. Lá continua a ser maltratada 
até que um dia seu filho é morto por porcos e ela é acusada de infanticídio. Na cadeia Milkau 
passa a visitá­la enquanto ela é repudiada pela cidade inteira. Por fim a salva com uma fuga no 
meio da noite. A história em si é apenas pano de fundo para as discussões ideológicas entre 
Milkau e Lentz, somando­se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta administração 
brasileira da época (notavelmente no capítulo VI). 

Os Sertões  
Autor: Euclides da Cunha 

Este livro é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. A Terra é uma descrição 
detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as características do lugar, o 
clima, as secas, a terra, enfim. O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo 
Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese 
etnológica, seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio 
Conselheiro, o líder de Canudos. Apresenta se caráter, seu passado e relatos de como era a vida e 
os costumes de Canudos, como relatados por visitantes e habitantes capturados. Estas duas 
partes são essencialmente descritivas, pois na verdade "armam o palco" e "introduzem os 
personagens" para a verdadeira história, a Guerra de Canudos, relatada na terceira parte, A Luta. 
A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as quatro 
expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da 
peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. Retratando minuciosamente movimento 
de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das ações e mostra casos isolados 
marcantes que demonstram bem o absurdo de um massacre que começou por um motivo tolo ­ 
Antônio Conselheiro reclamando um estoque de madeira não entregue ­ escalou para um conflito 
onde havia paranóia nacional pois suspeitava­se que os "monarquistas" de Canudos, liderados 
pelo "famigerado e bárbaro Bom Jesus Conselheiro" tinham apoio externo. No final, foi apenas um 
massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus 
derradeiros defensores ­ um velho, dois adultos e uma criança.

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