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Psicologia da Saúde

Material Teórico
Saúde e Qualidade de Vida

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Carmen Conti

Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Saúde e Qualidade de Vida

• Qualidade de Vida e Saúde


• O Papel da Ação Educativa
• O Conceito de Qualidade de Vida e seu Surgimento

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Introduzir a temática da integralidade em saúde e compreender a
importância das ações educativas em saúde. Conhecer um pouco
do surgimento do SUS no Brasil e sua relação com este projeto
de integralidade. Conhecer o conceito de qualidade de vida, seu
surgimento e os aspectos que o determinam.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida

Qualidade de Vida e Saúde


Para adentrarmos à temática da qualidade de vida e saúde, é importante perpas-
sarmos ainda conceitos ligados à saúde e como ela é encarada no meio profissional
e pelos pesquisadores.

Quando se trata de uma visão ampla do bem-estar, está ligada não só à esfera
do corpo propriamente, mas também às dimensões física e psíquica do corpo, à
dimensão social e econômica. Há, ainda, outros centros conceituais com os quais
podemos e precisamos dialogar relacionando-os dentro dessa temática.

Dessa forma, podemos ir além do discurso propagado pelo senso comum, ou


pela imprensa não especializada, sobre a qualidade de vida e a saúde.

A integralidade em saúde e a necessidade das ações educativas


Quando falamos de integralidade em saúde, estamos abordando os sujeitos
sob um ponto de vista total, considerando as múltiplas dimensões em que se
pode intervir – ainda que a ciência não tenha acesso a todas elas. Os sujeitos
são totalidades, compostos de particularidades várias, que podem ser acessadas
de acordo com o avanço da ciência e também da disposição do próprio sujeito
em abri-las. A integralidade consiste no cuidado das pessoas e dos coletivos ou
grupos sociais dos quais fazem parte. Cada um desses grupos ou indivíduos é
constituído historicamente e está inserido em seus contextos – sociais ou familiares
–, o ambiente do qual faz parte.

Por se tratar dessas características é que as ações educativas em saúde são


importantes, pelo fato de possibilitarem um saber coletivo que transpassa um indivíduo
e os grupos, produzindo autonomia no cuidado de si e daqueles que habitam o
mesmo meio e com os quais se divide a vida (MACHADO et al., 2007, p. 336).

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

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A partir dos anos 1970, a ideia de promover a saúde surge como ponta de lança
da Saúde Pública, tornando-se, a partir de então, o seu modelo de atuação. O que
se entende por promoção de saúde é a formação da comunidade para a atuação
em prol de sua própria qualidade de vida, na melhoria das condições em que se
vive nessas espacialidades. Este processo se dá de forma coletiva, envolvendo os
diversos sujeitos, que são parte do próprio controle do processo mesmo, partindo
das noções de solidariedade, democracia, equidade e desenvolvimento. Devem ser
parceiros nessa empreitada os seguintes agentes: a comunidade em questão, a
família, o indivíduo e o Estado (MACHADO et al., 2007).

Um pouco sobre o surgimento do SUS no Brasil


O Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu no processo de luta por uma reforma
sanitária, partindo da demanda de um ambiente democrático para a construção do
campo sanitário. Este processo, político e social, resultou em mudanças culturais
importantes. Foi estruturado a partir de uma concepção ampliada do cuidado dos
indivíduos, suas comunidades e famílias.
Explor

Saiba mais sobre o processo que deu origem ao SUS: https://goo.gl/mSyQE4

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Vejamos aqui alguns dos princípios elementares que regem o SUS:


• Acesso universal e igualitário a ações e serviços em todos os níveis de assistência,
sem distinção ou preconceito de nenhum tipo;
• Integralidade na assistência;
• Participação da comunidade;

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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida

• Rede regional e hierarquizada;


• Descentralização;
• Desenvolvimento das ações de saúde, ciência e saúde coletiva a partir do
previsto no artigo 198 da Constituição.

O estabelecimento desses pressupostos basilares não garantiu, entretanto, a sua


disseminação entre os profissionais da saúde, majoritariamente encampados por
outras concepções, distintas dessas. A lógica do foco na doença ainda era muito
forte, e surge a necessidade de capacitar os profissionais em um novo modelo, em
que a promoção da saúde é o centro da atividade. Mesmo a estrutura disponível,
fundamental para o desenvolvimento de qualquer trabalho de qualidade, ainda
estava aquém da necessidade demandada por este modelo. Uma realidade de crise
imprime à saúde o contrário daquilo que se pretende constitucionalmente: garantia
universal para todos os cidadãos do acesso à saúde de qualidade.

Várias dificuldades foram enfrentadas pelas comunidades e instituições em


níveis de estado e município nesse campo, quando, em 1994, o Programa Saúde
da Família (PSF) propôs uma nova forma de atendimento às comunidades: o
acompanhamento e cuidado das famílias a partir de sua estruturação geográfica, do
espaço em que habitam. Este trabalho requer parceria interdisciplinar com diversos
campos e áreas profissionais, bem como uma ação educativa permanente que
promova a saúde e a prevenção de doenças nas comunidades.

O Papel da Ação Educativa


A ação educativa é capaz de transformar os hábitos e práticas que poderiam
tornar vulneráveis as famílias, para adotar novas práticas promotoras de saúde.
Nesse sentido, os profissionais da saúde constituem-se em agentes de transformação
e facilitação do processo educacional no campo da saúde, tendo em vista que
mudanças desse tipo requerem o empenho de processos educacionais combinados
ao acompanhamento da saúde das famílias.
“A formação e o desenvolvimento dos trabalhadores de saúde têm
como desafio não dicotomizar a atenção individual da atenção coletiva,
as doenças e adoecimentos da vigilância da saúde; a qualidade de vida
(biologia) do andar da vida (produção subjetiva); não fragmentar os grupos
de trabalhadores (da gestão, da atenção e da vigilância); não perder o
conceito de atenção integral à saúde e realizar o trabalho educativo junto à
população e, finalmente, aceitar que há incerteza na definição dos papéis
profissionais, onde há alternância de saberes e práticas de cada núcleo
constituído das profissões de saúde e do campo da atenção integral à
saúde.” (CECIM et al., 2003)

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É fundamental para a realização desse tipo de trabalho a lógica da operação em
equipe, importante de ser tratada desde o período de formação dos profissionais
da saúde. Daí a necessidade do trabalho em equipe, promovido a partir do diálogo
permanente entre diferentes profissionais da saúde (de distintas áreas), a fim de
promover uma assistência holística.

Os novos modelos de assistência integral do cuidado em saúde precisam ser


repensados no marco do aprofundamento do debate acerca de novos fundamentos
teóricos, sobretudo do que consiste o processo de trabalho, a micropolítica que o
envolve e a importância em compreender a organização da assistência. A partir
daí, serão levantadas ações diferenciadas que produzam saúde e que operem com
tecnologias com foco no cuidado, modelo que estabelece outra relação entre
trabalhadores e usuários, possibilitando, quem sabe, o estabelecimento de um
contraponto à crise vivida na saúde hoje (MACHADO et al., 2007).

Para a promoção dessa integralidade de que falamos, é importante que as


regionalidades promovam redes de integração organizacional, de modo que
diferentes áreas possam trabalhar conjuntamente não só na assistência básica de
saúde – o que é frequente devido à precariedade da saúde pública pela falta de
investimentos –, mas também no acompanhamento contínuo e na assistência que
vise à promoção da saúde.
“O conceito de educação em saúde está ancorado no conceito de
promoção da saúde, que trata de processos que abrangem a participação
de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das
pessoas sob risco de adoecer. Essa noção está baseada em um conceito
de saúde, considerado como um estado positivo e dinâmico de busca de
bem-estar, que integra os aspectos físicos e mentais (ausência de doença),
ambiental, pessoal e social.” (MACHADO et al., 2007)

A integralidade como alicerce da educação para a saúde

A noção de educação em saúde prevê, nos marcos da integralidade, a projeção


de políticas públicas, ambientes adequados e tratamentos clínicos e curativos.
Faz-se necessário ainda o comprometimento com práticas solidárias e cidadãs,
no sentido de promover melhorias na qualidade de vida e na promoção da saúde
dos indivíduos. Todos os profissionais das áreas que tocam a saúde, a partir desse
princípio, precisam aprimorar sua visão ecológica e holística, a fim de produzir
conhecimentos e atendimentos que resgatem a importância da participação. A
participação, por sua vez, deve se construir nos ambientes onde se faz a vida,
empreendendo o movimento de ensino e aprendizagem junto às famílias,
comunidades e indivíduos com quem se trabalha (VICTOR, 2004).

Esses nortes de pensamento estão em confluência com os ensinamentos de


Freire, “coerente e competente, que testemunha seu gosto pela vida, sua esperança
no mundo melhor, que atesta sua capacidade de luta, seu respeito às diferenças da
realidade, a maneira consistente com que vive sua presença no mundo” (FREIRE,
apud MACHADO et al., 2007). Desse modo, a consideração acerca dos aspectos
geográficos, políticos, culturais e sociais dos indivíduos ou grupos são fundamentais
para a educação em saúde.

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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida

Figura 3 – Paulo Freire (1921-1997)


Fonte: Wikimedia Commons

É um educador e filósofo importantíssimo no Brasil e no mundo. Reconhecido


Patrono da Educação Brasileira, é o fundador da Pedagogia do Oprimido e de
teorias e práticas educacionais ligadas à democratização do conhecimento e dos
processos de aprendizagem
“Assumir a integralidade na educação em saúde significa que os profis-
sionais passem a perceber a comunidade como “seres que sabem, sabem
que sabem, sabem porque sabem, sabem como sabem, e sabem dizer a
terceiros o que sabem e, não menos importante, agem consequentemente
aos seus saberes”. (MORIN, 2002)

Se tomarmos o princípio da democracia como balizador de nossas práticas,


bem como o avanço da relação entre os indivíduos e nossa espécie, apontamos o
desenvolvimento da relação entre indivíduo e sociedade, promovendo o interesse
na realização da humanidade. Isso significa manter a integração do indivíduo sob a
ótica da tríade que este compõe com a sociedade e a espécie. O processo educativo
em saúde está ligado ao princípio da integralidade que demanda a participação
ativa da população na promoção de uma reflexão crítica de sua própria realidade
e das estruturas sociais e econômicas constituintes da sociedade em seu tempo
histórico. Conhecendo esta realidade desde um ponto de vista crítico é que se
pode produzir autonomia sobre a intervenção nos processos de formação cultural
e social, bem como na busca por condições humanas dignas.

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O Conceito de Qualidade de Vida
e seu Surgimento
A primeira vez em que a expressão “qualidade de vida” foi usada era 1964, e
Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, a pronunciou, para declarar que
os objetivos de um país não pode estar mediado pelos balanços bancários, mas sim
através da qualidade de vida proporcionada às pessoas.

É muito comum presenciarmos o debate sobre qualidade de vida na imprensa, nos


programas de televisão sobre bem estar, alimentação, entre outros. Há uma vasta
produção do senso comum sobre o assunto, visto que é um assunto que atualmente
preocupa cada vez mais os indivíduos e a sociedade. Em uma sociedade em que os
índices de obesidade são altíssimos em muitos países, a qualidade de vida é muito
associada à superação do sedentarismo e à promoção de uma alimentação saudável.

Quando essa expressão, qualidade de vida, é pronunciada, você pensa em quê?


Arriscamos dizer que a maioria das pessoas associa rapidamente às questões liga-
das à alimentação e à prática de exercícios físicos. Mas há outros elementos cons-
tituidores do que se entende por promoção da saúde e qualidade de vida para além
desses fatores.

O que é qualidade de vida?


A princípio, em seu surgimento, o termo qualidade de vida era usado em
associação às melhorias no padrão material de vida, na possibilidade de aquisição
de bens, por exemplo. Num segundo momento, a questão do bem-estar passou
a tomar lugar, incorporando os aspectos relacionais da vida, a realização pessoal,
a saúde, acesso à educação, fatores sociais, psicológicos e sociais, bem como os
físicos. O conceito de qualidade de vida é, portanto, muito amplo, e incorpora
aspectos subjetivos e objetivos.
A ala da Organização Mundial da Saúde que cuida dos aspectos da
qualidade de vida, na divisão de saúde mental, estabeleceu o conceito de
qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida
no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. (MONTEIRO
et al., 2010)

Na área da saúde, a elevação da qualidade de vida passou a ser associada ao


resultado obtido em práticas de assistência e na promoção de políticas públicas
nas ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, conferindo um aspecto
público à temática, não vinculado apenas ao indivíduo, mas ao Estado e a instituições
comunitárias, da sociedade civil. Desse modo, os indicadores para avaliação da
qualidade dos tratamentos em grupos de doentes têm sido estipulados a partir de
informações sobre qualidade de vida.

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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida

“A Oncologia foi a especialidade que, por excelência, se viu confrontada


com a necessidade de avaliar as condições de vida dos pacientes que
tinham sua sobrevida aumentada devido aos tratamentos realizados, já
que, muitas vezes, na busca de acrescentar anos à vida, era deixada de
lado a necessidade de acrescentar vida aos anos”. (FLECK et al., )

Atualmente, há grande atenção sendo dedicada ao tema. Nesse campo, há


instrumentos que avaliam qualidade de dois tipos, os genéricos e os doença-
específicos. Os genéricos são gerais, independente de uma doença, mais adequados
às investigações de doenças epidemiológicas, para planejamento do sistema de
saúde. Os indicadores são inclusos em muitos instrumentos para identificar aspectos
subjetivos das doenças. Estes instrumentos de avaliação são importantes não porque
demonstram apenas alterações relevantes, ou não do ponto de vista estatístico,
mas porque expressam sua importância clínica (MONTEIRO et al., 2010).

Alguns aspectos econômicos e sociais para o estabelecimento da


qualidade de vida
Ainda que, do ponto de vista econômico, o país não tenha passado por seu
período de maior crescimento nas últimas décadas, este se desenvolveu bastante
se tomamos como referência o período pré-democratização. O desenvolvimento,
diferente do que aparenta, não está ligado necessariamente ao crescimento
econômico. É possível ter desenvolvimento em períodos de menor crescimento,
como também é possível que o desenvolvimento não avance em períodos de alta
da economia.

É por essa razão que uma avaliação da prosperidade feita de forma adequada
inclina-se à exigência da utilização dos indicadores de qualidade de vida e
sustentabilidade, além do desempenho econômico e seus indicadores próprios
(VEIGA, 2010, p.338).
“Medidas subjetivas de bem-estar fornecem informações-chave sobre
a qualidade de vida das pessoas. Por isso, as agências de estatística
precisarão pesquisar as avaliações que as pessoas fazem de sua vida, suas
experiências hedônicas e prioridades. Além disso, a qualidade de vida
também depende, é claro, das condições objetivas e das oportunidades.
Terão de melhorar as mensurações de oito dimensões cruciais: saúde,
educação, atividades pessoais, voz política, conexões sociais, condições
ambientais e insegurança (pessoal e econômica).” (VEIGA, 2010, p.338)

A relação que se estabelece entre sustentabilidade e qualidade de vida, portanto,


estende uma ponte ao futuro, às gerações seguintes, pois não prevê apenas os re-
sultados imediatos, mas impactos de longo prazo, na educação e no meio ambiente.

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A qualidade de vida vista sob a lente das contradições sociais
A maior parte da população do Brasil e do mundo vivem em condição de exclusão
social, tecendo uma complexa situação que não pode ser resolvida a partir de
políticas pontuais. Possui escala estrutural, demandando a articulação entre Estado
e Sociedade Civil na composição de estratégias macro e intersetoriais. As políticas
públicas de forma isolada são ineficientes, assim como as instâncias que gerem o
aparelho público (e também o privado). Este quadro gera a importância de que as
parcerias entre diferentes instâncias e instituições ocorram.

Analfabetismo e despolitização
Um dos aspectos importantes da consciência sobre a própria vida ou mesmo a
consciência dos grupos sociais sobre a sua condição dizem respeito à politização
ligada ao nível de instrução e acesso ao conhecimento dos códigos linguísticos.
A alienação à possibilidade de letramento aproxima as pessoas de uma realidade
de maior preconceito, hábitos que não promovem saúde e gestão coletiva dos
interesses etc.

Um interessante estudo de caso realizado no Complexo da Maré, no Rio de


Janeiro, o maior complexo de comunidades do Brasil, aborda a importância do
conhecimento da realidade local de atuação por parte dos profissionais da saúde e
dos indivíduos da própria comunidade.
“Não é possível [...] discutir políticas públicas em saúde, baseando-se apenas
em aspectos biológicos, sem levar em conta os conhecimentos locais.
Ampliando a discussão para Campos, diz-se que só o reconhecimento de
que todo saber estruturado é limitado por parte dos profissionais de saúde,
já seria um caminho para uma clínica mais contextualizada e expandida.”
(WIMMER et al., 2006, p.147)

A discussão acerca da realidade local, portanto, é muito importante para a


promoção da saúde coletiva. O não entendimento e reconhecimento do território
onde se atua recai sobre práticas que fortalecem a ideia de que aquela comunidade
é responsável pela realidade de precariedade a que está submetida. Cada ato de
saúde deve ser encarado como político e integrado a um conjunto de entendimentos,
como pequenos atos de promoção de saúde.

Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

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UNIDADE Saúde e Qualidade de Vida

Explor
Na pesquisa de campo e na ação realizada pelos autores (WIMMER et al., 2006, p.151),
uma metodologia e um plano de ação foram desenvolvidos, a fim de atingir os objetivos do
projeto. Que tal refletirmos sobre alguns passos para a formação de um projeto como este?
Vamos fazê-lo em 5 passos.
Primeiro: abordar o conjunto do núcleo familiar, com estímulo à participação dos membros,
de modo a criar uma experiência de toda a família.
Segundo: trabalhar no sentido da integração entre diferentes famílias através de ações
educativas e culturais em âmbito coletivo, possibilitando a formação e o envolvimento da
comunidade em questão.
Terceiro: criar espaços de lazer e convivência, no sentido de fortalecer o vínculo entre as
pessoas e as famílias, laço muito importante para o incentivo à participação, sobretudo nos
problemas enfrentados pela comunidade (desemprego, saneamento básico, entre outros
que influenciam diretamente na qualidade de vida)
Quarto: promover o debate com as famílias acerca dos fatores que interferem em sua
qualidade de vida e dos possíveis caminhos de organização interna para buscar alcançar
esses direitos junto a instituições responsáveis e o Estado.
Quinta: participar e facilitar a organização da comunidade para a formação de parcerias com
instituições de âmbito público e privado, a fim de promover desenvolvimento econômico e
social para o território e a comunidade.

Desse modo, a forma para a estruturar as ações coletivas mais complexas é a


articulação entre setores, de modo transdisciplinar, e assim abraçar a realidade com
suas particularidades. A intersetorialidade cumpre um papel de integração entre
diferentes setores e suas ações para complementar e interagir no sentido de uma
abordagem dos problemas que leve em conta essas particularidades.

Um dos aspectos importantes que a compõe é o potencial de enfrentar os


problemas em suas múltiplas dimensões, levando em conta as contradições sociais. Já
a transdisiciplinaridade inclui essas interações em um sistema total que não considera
as fronteiras das disciplinas, como delimita Piaget (WIMMER et al., 2006).

A partir das ações coletivas, por meio da intersetorialidade e da transdisciplinaridade,


pode-se intervir na realidade, promovendo educação para autonomia e emancipação
dos indivíduos e grupos sociais, considerando a complexidade e as múltiplas facetas
que os envolvem e definem.

Espero que tenha feito bom proveito do estudo! Caso tenha interesse em se apro-
fundar mais, busque as referências do material complementar. Até a próxima unidade!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Qualidade de vida dos enfermeiros das equipes de saúde da família: a relação das variáveis sociodemográficas
FERNANDES, Janielle Silva; MIRANZI, Sybelle de Souza Castro; IWAMOTO, Helena
Hemiko; TAVARES, Darlene Mara dos Santos; SANTOS, Claudia Benedita dos.
Qualidade de vida dos enfermeiros das equipes de saúde da família: a relação das variáveis
sociodemográficas. Texto & Contexto - Enfermagem, v.19, n.3, p.434-442, 2010.
https://goo.gl/jwTDK5
Qualidade de vida de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções
OLIVEIRA, Raquel Aparecida de; CIAMPONE, Maria Helena Trench. Qualidade de vida
de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções. Revista da
Escola de Enfermagem da USP, v.42, n.1, p.57-65, 2008.
https://goo.gl/VFBnyc

Leitura
Reflexões de idosos participantes de grupos de promoção de saúde acerca do envelhecimento e da qualidade de vida.
CARVALHO, Antônio Carlos Duarte de; TAHAN, Jennifer. Reflexões de idosos
participantes de grupos de promoção de saúde acerca do envelhecimento e da
qualidade de vida. Saúde e Sociedade, v.19, n.4, p.878-888, 2010.
https://goo.gl/AHCgNE

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Referências
CECCIM, R. B.; FERLA, A. A. Residência integrada em saúde: uma resposta
à formação e desenvolvimento profissional para a montagem do projeto de
integralidade da atenção à saúde. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A.; organizadores.
Construção da integralidade: cotidiano saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro:
IMS-UERJ/ABRAS-CO; 2003.

FLECK, M. P.; LEAL, O. F.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CACHAMOVICH, E.;
VIEIRA, G. et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de
avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev. Bras. Psiquiatr.
1999;21(1):21-8.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução


ao pensamento de Paulo Freire. Tradução de Kátia de Melo e Silva. São Paulo:
Moraes Ltda; 1980.

MACHADO, M. F. A. S.; MONTEIRO, E. M. L. M.; QUEIROZ, D. T.; VIEIRA, N. F.


C.; BARROSO, M. G. T. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde
e as propostas do SUS – uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, 2007.
Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n2/a09v12n2.pdf

MONTEIRO, Rosângela; DOMINGO, M. Braile; BRANDAU,


Ricardo; JATENE, Fabio B. Qualidade de vida em foco.
Revista Brasileira de Circulação Cardiovase, USP, 2010.
Disponível em: http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/8476/art_
MONTEIRO_Qualidade_de_vida_em_foco_2010.pdf?sequence=1&isAllowed=y

MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Brasília:


Cortez Unesco; 2002.

VEIGA, José Eli da. Economia Política da Qualidade. Revista de Administração


de Empresas, v.50, USP, 2010. Disponível em: http://www.producao.
usp.br/bitstream/handle/BDPI/6327/art_VEIGA_Economia_politica_da_
qualidade_2010.pdf?sequence=1&isAllowed=y

VICTOR, J. F. Educação em saúde na unidade básica de saúde da família:


atuação do enfermeiro [dissertação]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do
Ceará; 2004.

WIMMER, Gert Ferreira; FIGUEIREDO, Gustavo de Oliveira. Ação coletiva


para qualidade de vida: autonomia, transdisciplinaridade e intersetorialidade.
Ciência & Saúde Coletiva, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/
v11n1/29458

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