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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
Maceió-AL
Outubro/2007
Sumário
CAPÍTULO 1
FUNÇÕES VETORIAIS DE UMA VARIÁVEL REAL ( : n )
y y
x x
1 1 a
x2 y 2
x2 y 2 1 1
a 2 b2
Para estudarmos estas curvas, teremos que utilizar gráficos de mais de uma função.
Por exemplo, para estudarmos o círculo unitário x 2 y 2 1 , teremos que considerar as
funções f1 ( x) 1 x 2 , 0 x 1 e f 2 ( x) 1 x 2 , 0 x 1 .
1 1 1 1
f1 ( x) 1 x 2 f 2 ( x) 1 x 2
Cálculo III 3
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
está localizada no ponto (1 (t ), 2 (t ),3 (t )) . Em verdade, a trajetória da partícula é descrita
por uma função definida por (t ) (1(t ), 2 (t ),3 (t )) .
z
(ti ) (1 (ti ), 2 (ti ),3 (ti ))
(ti1 )
(ti1)
(t2 ) (t n1 )
(t1 )
(t0 ) (1 (t0 ), 2 (t0 ),3 (t0 ))
(tn ) (1 (tn ), 2 (tn ),3 (tn ))
y
x
Descreveremos, de modo geral, este fato a seguir, salientando que o termo “curva”
será usado tanto para quando nos referirmos a uma figura, como para quando nos referirmos a
uma função.
: I n
t (t) (1 (t), 2 (t),..., n (t ))
é dita uma função vetorial de uma variável real ou uma curva parametrizada.
(t 2 )
D
(t1 )
t1 t2
y
x
Cálculo III 4
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
f (t )
(t , f (t ))
t
a b
: a, b 2
t (t ) (t , f (t )) .
(I ) { (t ) n ; t I } .
y
( 2) (0,1)
(t) (cost , sint)
t
( ) (1,0)
x
0 t 2 (0) (1,0)
(3 2) (0,1)
Cálculo III 5
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
P
x0
u (a, b)
0 t
y0 x
1(t) x0 ta e 2 (t) y0 tb .
x y
cos t e sin t ,
a b
x2 y 2
e assim, cos2 t sin2 t 1 .
a 2 b2
y
b
(t ) (a cost , b sint )
t
a x
0 t 2 a
b
Cálculo III 6
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
z
cilindro x 2 y 2 a 2
circunfereˆ ncia
x2 y2 a2 , z 0
P ( x, y, z) curva
y
P ( x, y,0)
x
cos(t 2 ) cos(t )
.
sin(t 2 ) sin(t )
Cálculo III 7
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
z
(t0 2 )
a y
t0 t0 2 a
(t0 )
Não devemos confundir o traço de uma curva (a imagem da função vetorial) como seu
gráfico. Este último é o conjunto
{(t , (t )) 2 ; t I } .
Observe que só teremos uma imagem geométrica do gráfico de uma função vetorial
quando seu contradomínio estiver contido em 3 . Em nosso estudo, entretanto, raras vezes
teremos necessidade de considerar o gráfico de tal função.
Exemplo 1.1.5: (Cicloide). A cicloide é uma curva descrita por um ponto de uma
circunferência quando esta gira ao longo de uma reta sem escorregar. Consideremos um
círculo de raio a e centro (0, a) e P (0,0) um ponto da mesma nesta posição. Da Geometria
Euclidiana, sabemos que um arco que mede t radianos, num círculo de raio a tem
comprimento at . A figura abaixo, à direita, mostra o ponto P numa posição correspondente a
um arco AP cuja medida é radianos. O ângulo central correspondente também mede
radianos. Observe que o segmento OA e o arco AP têm o mesmo comprimento a .
y y
rotacionan
do
(0, a) a C
P
A . Q
x x x
P O A
PQ a sin e CQ a cos .
Cálculo III 8
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Se P ( x, y) , então
Portanto, a curva
parametriza a cicloide.
x
2a 0 2a 4a
Exemplo 1.1.6: Obtenha uma equação parametrizada da curva obtida pela interseção do
cilindro x 2 y 2 1 com o plano y z 2 .
x 2 y 2 1, z 0 .
Desta forma,
x cos t
para 0 t 2 .
y sin t
Por outro lado, como está sobre o plano y z 2 , então todos os seus pontos satisfazem a
equação deste plano, isto é, teremos: z 2 y 2 sin t , do que resulta,
Cálculo III 9
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
lim ((t ) (t )) lim (t ) lim (t ) , onde e têm seus traços contidos em ;
3
iv.
t t 0 t t 0 t t 0
v. lim (t ) lim (t ) .
t t 0 t t 0
lim (t ) (t0 ) .
t t 0
(t0 h) (t0 )
lim
h0 h
: (a, b) n
t (t )
Cálculo III 10
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t0 h) (t0 ) (t0 h, (t0 h)2 ) (t0 , (t0 )2 ) t h t0 (t0 h)2 t02
(t0 ) lim lim lim 0 ,
h 0 h h 0 h h 0
h h
2t h h 2
lim1, 0 lim(1,2t0 h) (1,2t0 ) , isto é, (t0 ) (1,2t0 ) .
h 0
h h 0
O exemplo acima sugere que uma função : (a, b) n tem derivada num ponto t (a, b)
se, e somente se, cada função coordenada de tem derivada neste ponto. Isto é verdade, e de
fato, temos o seguinte teorema.
: (a, b) n
t (t) (1 (t), 2 (t),..., n (t))
é diferenciável em t0 (a, b) , então existem as derivadas 1(t0 ),..., n (t0 ) . Além disso,
(t0 h) (t0 )
(t0 ) lim
h 0 h
(t h) 1 (t0 ) n (t0 h) n (t0 )
lim 1 0 ,...,
h 0
h h
(t h) 1 (t0 ) (t h) n (t0 )
lim 1 0 ,..., lim n 0
h 0 h h 0 h
(1(t0 ),..., n (t0 ))
Cálculo III 11
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t h) 1 (t0 ) (t h) n (t0 )
(1(t0 ),..., n (t0 )) lim 1 0 ,..., lim n 0
h 0 h h 0 h
(t h) (t ) (t h) n 0
(t )
lim 1 0 1 0
,..., n 0
h 0
h h
(t0 h) (t0 )
lim
h 0 h
(t0 )
i. ( ) ;
ii. ( f ) f f ;
iii. ( ) ;
iv. (Regra da cadeia). Se g : (c, d ) é uma função real, diferenciável, então
( g)(t) ( g(t )) g (t ) ;
v. Se , : (a, b) 3 , então
( ) .
(t ) k 2
2
e assim (t ) (t ) k 2 .
Parte 2. Exercício.
Cálculo III 12
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Poderíamos constatar diretamente este fato, pois (t ) (a sint , a cos t ) e assim
y
(t )
(t )
x
0 t 2
Pergunta: Toda curva parametrizada cujo vetor posição (t ) tem norma constante para todo
t , está contida numa circunferência?
(t0 h) (t0 )
h
z
(t0 h) (t0 )
h
(t0 )
Q
P
(t0 )
(t0 h)
O
y
Cálculo III 13
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
O vetor 1
h ( (t 0 h) (t 0 )) , por sua vez, tem uma direção que deverá tender para o
que denominaremos direção da reta tangente à curva no ponto (t0 ) , quando h 0 .
O vetor (t0 ) , se existe e é não nulo, é denominado vetor tangente à curva em (t0 ) .
Seu sentido é guiado pelo movimento da extremidade do vetor (t0 ) ao crescer t. É claro que
qualquer múltiplo não-nulo de (t0 ) é também denominado vetor tangente, e a reta que passa
por (t0 ) e com direção de (t0 ) é chamada reta tangente à curva em (t0 ) e terá equação
paramétrica:
X (t ) (t0 ) t (t0 ) .
O vetor tangente (t0 ) é usualmente desenhado com sua origem em (t0 ) , como
indica a figura acima.
(t )
P
u
x
O
Desta forma, a tangente à reta em cada um de seus pontos coincide com a própria reta (t ) ,
propriedade esta que, evidentemente, era de se esperar.
(t ) r , para todo t .
Cálculo III 14
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t )
(t )
r x
O
Uma vez que o vetor (t ) tem norma constante, sua derivada (t ) lhe é perpendicular
(Teorema 1.3.3) e, portanto, (t ) é perpendicular à reta tangente correspondente. Conclui-se
então que, para cada circunferência, a definição dada de reta tangente coincide com a dada na
geometria euclidiana.
Do exposto acima, vemos que se para cada t , (t ) 0 então existe uma reta tangente a curva
que contém o ponto (t ) e tem por direção o vetor (t ) . Para o estudo das curvas, é essencial
que exista uma reta tangente a em cada um de seus pontos.
i. é diferenciável em (a, b) ;
ii. (t ) 0, t , t (a, b) .
Cálculo III 15
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
s
A (t ) B (t h)
BA
O
y
Definição 1.5.1: Seja (t ) uma curva parametrizada cujo traço descreve a trajetória de uma
partícula em função do tempo t. Definimos a velocidade escalar v(t ) dessa partícula como
sendo
s
v(t ) lim
t 0 t
s (t h) (t ) (t h) (t )
.
t h h
Assim,
s (t h) (t ) (t h) (t )
v(t ) lim lim lim (t ) .
t 0 t t 0 h t 0 h
Cálculo III 16
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
( )
x
a
Observe que quando t 0 , a partícula se encontra no ponto (a,0) e move-se no sentido anti-
horário ao longo da circunferência de raio a, com velocidade angular d
dt , constante.
Temos assim:
Neste caso, o vetor aceleração é paralelo ao vetor posição, mas de sentido contrário, e
como (t ) é perpendicular a (t ) , pois (t ) é constante, segue-se que o vetor aceleração é
perpendicular ao vetor velocidade:
Cálculo III 17
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
( )
. ( )
( )
a a x
Se representarmos o vetor aceleração (t) com sua origem coincidindo com o ponto
que se move sobre a curva em (t ) , vê-se que ele fica dirigido deste para o centro da
circunferência que a partícula descreve. Neste caso, (t) é denominada aceleração
centrípeta. A reação de mesma intensidade e sentido oposto (devido a 3ª Lei de Newton), isto
é, a força (t ) é dita aceleração centrífuga. Como exemplo de aceleração centrípeta,
podemos considerar a atração da gravidade no caso de um satélite em volta da Terra ou a
força exercida pelo mecanismo de uma pedra girando numa funda. De modo geral, esta força
é exercida pelo mecanismo que obriga a partícula a uma trajetória circular.
(t )
T(t )
(t )
Cálculo III 18
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t )
T(t )
(t )
O
y
T(t )
N(t )
T(t )
(t )
.
T(t )
N(t ) (t )
T(t )
O
y
Cálculo III 19
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Plano osculador
(t )
.
T(t )
N(t ) (t )
T(t )
O
y
De modo geral, o plano osculador varia em cada ponto da curva. Mas se a curva é
plana (isto é, todos os seus pontos pertencem a um mesmo plano), o plano osculador em cada
ponto coincide com o plano da curva. De fato, se
( X P) n 0
( (t ) P) n 0 , t .
(t) n 0 , t .
Isto mostra que T(t ) é paralelo a π, bem como a N(t ) . Assim, T(t ) e N(t ) definem
um plano paralelo ao plano π. Quando esses vetores são desenhados no ponto (t ) , tal plano
coincidirá, portanto, com π, o que prova o que afirmamos.
Cálculo III 20
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
z
B(t )
(t )
. .
.
T(t )
N(t ) (t )
T(t ) O
y
B(t ) T(t ) N(t ) T(t ) N(t ) sin 1 1 1 1 .
2
O teorema seguinte nos informa que em qualquer movimento o vetor aceleração fica
situado no plano osculador da curva.
Se T(t ) 0 , então
Cálculo III 21
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
z
Componente tangencial
Componente normal
(t )
T(t )
N(t )
k1 T(t )
T(t ) O
y
Como podemos observar o vetor aceleração (t ) pode ser expresso como uma
combinação linear dos vetores T(t ) e N(t ) . Na figura, k1 v(t ) e k 2 v(t ) T(t ) . Os
vetores v(t ) T(t ) e v(t ) T(t ) N(t ) são denominados, respectivamente, componente
tangencial e normal do vetor aceleração, conforme expresso.
z
(a, b)
tn b (ti1)
(ti )
(ti1 )
ti 1
(b)
ti (t1 )
ti 1
(a)
t1 y
t0 a
Cálculo III 22
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
n
Sn (t ) (t
i 1
i i 1 ).
Como x x(t ) , y y(t ) e z z(t ) são funções reais de classe C 1 , pelo teorema do
valor médio aplicado às funções x, y e z em cada intervalo ti 1 , ti , existem t1 , t 2 e t 3 tais
que:
n
Logo, Sn
i 1
( x(t1 ))2 ( y(t2 ))2 ( z(t3 ))2 ti .
A rigor, a expressão acima não é uma soma de Riemann, pois os t1 , t 2 e t 3 não são
necessariamente iguais. Utilizando-se um teorema sobre integração que não será discutido
aqui e sendo f : a, b uma função contínua e t ti 1 , ti , então
b n
f (t )dt lim
n
f (t )t
i 1
i
a
Aplicando o referido teorema à f (t ) ( x(t1 ))2 ( y(t2 ))2 ( z(t3 ))2 é possível mostrar
que o comprimento de arco de entre t0 a e tn b , denotado por l, é dado por:
l c( ) (t) dt
a
se (t ) é contínua.
2 2
2
l c(l ) (t ) dt rdt rt 0 2r .
0 0
Cálculo III 23
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t )
x
0 t 2 r
(0) (2 )
Exemplo 1.7.2: (Comprimento de uma espira da hélice) Seja (t) (a cost , a sint , bt) , a 0 ,
t0 t t0 2 . Temos (t ) (a sint , a cost , b) e assim, (t ) a 2 b 2 .
2 2
l c(l ) (t) dt
0 0
a 2 b 2 dt 2 a 2 b 2 .
z
(2 )
y
0 2 a
(0)
Exemplo 1.7.3: Seja f : a, b uma função real diferenciável. O gráfico de f é uma curva
contida em 2 , a qual é traço da função vetorial, ( x) ( x, f ( x)) , a x b .
( x, f ( x))
f (x)
x
a x b
l c( f )
a
1 ( f ( x))2 dx
Cálculo III 24
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
que é a fórmula, já conhecida por nós, do estudo das funções reais de uma variável real.
Uma curva pode ter muitas representações paramétricas, mas existe uma que é, num
certo sentido, particularmente simples e útil. Nesta representação, o parâmetro é o
comprimento da curva medido a partir de algum ponto da mesma. Vejamos como podemos
obter esta representação.
s (t ) (u) du ,
a
at b
a, b
s(t ) (t )
b s (a)
(b)
t
a O
y
: a, b 0, l
t
t (t ) (u) du .
a
Cálculo III 25
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
r 1 : 0, l a, b
r(s) t .
A função composta h(s) r(s) (r(s)) descreve a mesma curva que descreve,
porém, com uma nova parametrização, na qual a variável s , 0 s t , representa o
comprimento de arco de h(0) (r(0)) (a) a h(l ) (r(l )) (b) .
z
r 1
s
(t ) h(s)
l b
(a) h(0)
s (t ) t r (s)
(b) h(l )
0 a
O
y
x
h r
0
h(u) du du s .
0
Cálculo III 26
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Pelo que acabamos de ver, quando uma curva está parametrizada pelo comprimento de
arco, o tempo gasto para percorrer um arco da mesma coincide exatamente com o número que
exprime o comprimento deste arco, isto é, a distância percorrida. Isto equivale a dizer que a
parametrização h(s) transforma um segmento de reta (domínio de h ) numa curva de
comprimento igual a ele mesmo.
t t
s (t )
a
(u) du adt at .
a
s
Daí, t r (s) . Temos então,
a
s s s
h(s) r (s) (r (s)) a cos , a sin .
a a a
Observe que h(s) 1 e que o intervalo 0,2a – domínio da função h – tem o mesmo
comprimento que o traço de h (círculo de raio a ).
3 1
(t ) t , t , , t 0.
2 2
t t
13 13
s (t ) (u) du
0 0
2
du
2
t.
s e h(s) r (s)
2 2 2 3 1
Assim, t r (s) s s, s , .
13 13 13 13 2
Cálculo III 27
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
ds
(t ) h(s) h(s) v(t ) , onde v(t ) (u) .
dt
(t )
Assim, h(s) , ou seja, T(t) h(s) T(s) .
v(t )
ds
T(t ) T(s) T(s) v(t ) .
dt
Nesta seção, estamos interessados em obter uma maneira de avaliar o quanto uma
curva se dobra (ou se curva) em cada um de seus pontos. Tentaremos dar uma medida numérica
desta mudança de direção num ponto da mesma; este número será chamado curvatura da curva
naquele ponto. É de se esperar que os resultados obtidos desta medida venham coincidir com as
nossas experiências anteriormente adquiridas. Por exemplo, que uma reta, que não se curva em
ponto algum, tenha curvatura zero em cada ponto.
Que um círculo tenha curvatura constante, já que o mesmo se dobra do mesmo modo em cada
ponto.
Cálculo III 28
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
E ainda mais, que a curvatura do círculo seja inversamente proporcional ao seu raio, já que
quanto menor for seu raio, mais ele se curva.
Esta medida deve também nos informar que a curva abaixo, se curva mais no
ponto A do que no ponto B. De modo geral, quanto mais a curva se dobra, maior será sua
curvatura aí.
A
B
Para fazer valer tais observações, lançaremos mão dos vetores tangentes à curva.
Melhor dizendo, levaremos em consideração a taxa de variação do vetor tangente.
Para uma curva mais suave, como abaixo, os vetores tangentes variam de direção
em cada ponto, mas não tão bruscamente como na curva próximo ao ponto A, isto é, a taxa
de variação de T(s) em , no ponto B, é bem menor que em , no ponto A. Portanto, a
rapidez com que o vetor T(s) muda de direção, nos informa como a curva está se curvando
num determinado ponto. Daremos então a seguinte definição.
A
B
Cálculo III 29
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Definição 1.9.1: Seja : a, b n uma curva parametrizada pelo comprimento de arco.
Definimos a curvatura k (s) no ponto (s) como sendo
k (s) T(s) .
O vetor T(s) é denominado vetor curvatura. Observe que este vetor é sempre
ortogonal ao vetor tangente e, portanto, normal a . Se não está parametrizada pelo
comprimento de arco, então a curvatura k (t ) é dada por
T( s)
k (t ) .
v(t )
dT dT dt 1
T (s) T(t ) .
ds dt ds v(t )
T(t ) T(t )
Portanto, T(s) , isto é, k (t ) .
v(t ) v(t )
(t ) u (t ) u
e T(t ) .
(t ) u
Exemplo 1.9.3: (Curvatura da hélice) Seja (t) (a cost , a sint , bt) , a 0 , b 0 . Temos
(t ) a a a
Logo, T(t ) sin t , 2 cos t , 2 e
(t ) a b
2 2
a b 2
a b2
Cálculo III 30
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
a a
T(t ) cos t , sin t ,0 .
a 2 b2 a 2 b2
T(t ) 1 a a
Daí, k (t ) 2 .
v(t ) a b a b2
2 2 2
a b 2
1
Definição 1.9.2: Quando k (t ) 0 , é denominado o raio de curvatura da curva.
k (t )
Uma curva com pequena curvatura num ponto tem, nesse ponto, um grande raio de
curvatura e numa certa vizinhança do mesmo, a curvatura difere pouco de uma reta. Isto
permite interpretar a curvatura como uma medida da tendência para uma curva se desviar da
forma retilínea.
k0
k1
k2
k3
k4
k5
r
Das curvas acima, nos pontos que pertencem ao eixo r, teremos, genericamente, as
seguintes curvaturas: 0 k0 k1 k2 k3 k4 k5 .
Cálculo III 31
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(t ) (t )
k (t ) .
v 3 (t )
(t ) (t )
k (t ) .
v 3 (t )
Cálculo III 32
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
A ilustração acima nos mostra uma curva regular , plana no intervalo a, b e seus
respectivos vetores tangente, normal e binormal num ponto (t ) pertencente à curva neste
mesmo intervalo. Observe que a partir do ponto b (tn ) a curva sai do plano (que coincide
com plano osculador da curva no intervalo a, b ).
Observemos inicialmente que se é uma curva plana, então o vetor binormal B(s)
não sofre variação de direção, uma vez que B(s) é perpendicular ao plano osculador, o qual
coincide, em cada ponto, com o plano da curva. Neste caso B(s) 0 . Por outro lado, se a
curva sai do plano, então o vetor binormal sofre mudança de direção, pois ele será ortogonal
ao novo plano osculador no novo ponto da curva. Neste caso B(s) 0 . Portanto, pela figura,
deve-se deduzir que no intervalo a-b o vetor binormal não sofre variação de direção, mas
somente a partir do ponto b. Com isto, pode-se concluir que B(s) indica quão rapidamente a
curva se afasta do plano osculador em s, isto é, quão rapidamente a curva se torce.
Cálculo III 33
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
dt 1 1 (t )
B(s) B(t ) B(t ) (t ) N(t ) N(t )
ds v(t ) v(t ) v(t )
(t )
isto é, ( s ) N( s ) N(t ) .
v(t )
(t )
( s)
v(t )
mede a torção de em t.
Exemplo 1.10.1: (Torção da hélice) Seja (t) (a cost , a sint , bt) , a 0 , b 0 . Temos que
a a a
Agora, T(t ) sin t , cos t , ,
a b
2 2
a b 2 2
a b
2 2
a a
T(t ) cos t , 2 sin t ,0 e
a b
2 2
a b 2
a
T(t ) .
a b22
b b a
Por outro lado, B(t ) T(t ) N(t ) 2 sin t , cos t , .
a b a b a b2
2 2 2 2
Cálculo III 34
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
b b b
Daí, B(t ) cos t , sin t ,0 N(t )
a b a b a b2
2 2 2 2 2
b
e assim, (t ) .
a b2
2
(t ) 1 b b
(t ) 2 .
v(t ) a 2 b2 a 2 b2 a b2
T(s) T(s)
Prova: (i) Como N(s) , então T(s) k (s) N(s) .
T(s) k ( s)
(ii) Sendo {T, N, B} uma base de 3 , então existem escalares a, b e c tais que:
N a T b N c B .
N T a T T b N T c B T a
Assim, N N a T N b N N c B N b .
N B a T B b N B c B B c
N T N T 0 N T N T N (k N) k .
Portanto, a k . Por outro lado, visto que N(s) 1 , então N(s) N(s) 0 e assim b 0 .
N B N B 0 N B N B N ( N) .
Portanto, c e N k T B .
Cálculo III 35
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
(iii) Esta relação já foi estabelecida anteriormente quando definimos torção de uma curva.
Resultados parecidos com as fórmulas acima podem ser obtidos para as curvas
: (a, b) 3 não necessariamente parametrizadas pelo comprimento de arco. É o que
mostra o teorema seguinte.
Prova: (i) Seja h a reparametrização do traço de pelo comprimento de arco. Sabemos que
T(s) T(t) , onde t r(s) . Daí,
dT dt 1 1
T(t ) T(t ) T(t ) N(t ) k (t ) N(t ) .
ds ds v(t ) v(t )
dt 1 1
B(s) B(t ) B(t ) (t ) N(t ) (t ) N(t ) .
ds v(t ) v(t )
N T a , N N b e N B c .
a N T N T N (k v N) k v .
c N B N B N ( v N) v .
Cálculo III 36
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Daí, N k v T v B .
(t )
(t ) (t ) (t ) .
(t ) (t )
2
Como observamos no início desta seção, se é uma curva plana, então sua torção
0 ; se 0 , a curva torce, saindo de seu plano osculador. Portanto, é de se esperar que
quando for identicamente nula, a curva permaneça sempre no mesmo plano.
Teorema 1.10.4: Seja : (a, b) 3 é uma curva parametrizada pelo comprimento de arco
com curvatura k (s) 0 , para todo s. Então é uma curva plana se, e somente se, sua torção
(s) 0 , para todo s.
Temos que, f (s) (s) B(s) ( (s) (c)) B(s) (s) B(s) 0 , pois (s) T(s) e está
parametrizada pelo comprimento de arco.
Como f (c) 0 , então, f (s) 0 , para todo s, o que demonstra nossa afirmação.
Cálculo III 37
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
Teorema 1.10.5: Seja : (a, b) 3 é uma curva plana parametrizada pelo comprimento de
1
arco com curvatura constante k 0 . Então é um arco de círculo de raio .
k
1
Prova: Devemos provar que existe um ponto c tal que a distância de (s) a c é , para todo
k
, isto é,
1
(s) c .
k
Isto nos motiva escrever
1 1
( s) c u u ,
k k
1 1
( s) c u então c ( s) u .
k k
1
(s) (s) N(s) .
k
1 1
Temos então (s) (s) N(s) T(s) N(s) .
k k
Como N(s) k (s) T(s) (s) B(s) k (s) T(s) , pois é plana, então
1
(s) T(s) (k (s) T(s)) , s .
k
1
(s) T(s) N(s) c , s .
k
1 1
d( ( s ), c ) (s) c N( s ) .
k k
Cálculo III 38
Cap. 01: Funções vetoriais de uma variável real Prof. Sinvaldo Gama
s s s
Exemplo 1.10.1: Mostre que a curva (s) 4 sin ,1 5 cos ,3 sin é um círculo.
5 5 5
Ache o centro e o raio do mesmo.
Solução: Inicialmente, observemos que é uma curva plana. De fato, sendo x 4 sin(5s ) e
z 3 sin( 5s ) , segue-se que z 34 x é o plano que a contém. Calculemos a curvatura de .
Temos que
4 s s 3 s
(s) cos , sin , cos .
5 5 5 5 5
4 s 1 s 3 s
T(s) sin , cos , sin .
25 5 5 5 25 5
1
c (s) N(s)
k
s s s 4 s s 3 s
4 sin ,1 5 cos ,3 sin 5 sin , cos , sin (0,1,0) .
5 5 5 5 5 5 5 5
Cálculo III 39
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
CAPÍTULO 2
FUNÇÕES REAIS DE VÁRIAS VARIÁVEIS REAIS ( f : n )
seja, as funções reais de várias variáveis reais. Muitos fenômenos que ocorrem na natureza
são traduzidos por funções que, geralmente, não dependem de uma só, mas de duas, três ou
mais variáveis independentes. Por exemplo, o volume de um gás depende de dois valores, a
saber, a pressão e a temperatura; é, portanto, uma função de duas variáveis, conforme indica a
equação de estado dos gases ideais: PV nRT , onde P é a pressão, V é o volume, T é a
temperatura e n e R são constantes. O volume de um cilindro, V r h é uma função que
2
depende de duas variáveis: o raio r da base e a altura h do cilindro. Com frequência, funções
de várias variáveis surgem também na biologia, física, matemática e engenharia. Estes fatos
justificam, pois, um estudo detalhado de tais funções. Estudaremos neste capítulo, conceitos
como limite, continuidade e derivabilidade dessas funções. Mais adiante, serão estudados
conceitos como máximos, mínimos e integração, dentre outros.
função
f : D
X y f (X )
Im( f ) { f ( X ) ; X D f }
é a imagem de f.
Gr( f ) {( x, y) 2 ; y f ( x)}
Cálculo III 40
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Gr( f ) {( x, y, z) 3 ; z f ( x, y)}
Sk { X D; f ( X ) k}
D f
Sk
k f (S k )
Cálculo III 41
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
B( X 0 ; r ) { X 0 n ; X X 0 r}
i. Se n 1 , B( X 0 ; r) é o intervalo aberto ( X 0 r , X 0 r) ;
ii. Se n 2 , B( X 0 ; r) é o círculo de centro X 0 e raio r, excetuando-se sua circunferência;
iii. Se n 3 , B( X 0 ; r) é a esfera centrada em X 0 e raio r, excetuando-se sua superfície;
2 3
r X0 r X0 r r
BX 0 ; r { X 0 n ; X X 0 r}
r X0 r X0 r r
Cálculo III 42
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Definição 2.2.3: Um subconjunto D do é dito limitado se existe uma bola aberta de raio
n
D
r
X0
D
r
X0
Cálculo III 43
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Ex.: y y
A B
X 0 (0, y), y 0
x x
0 0
A {( x, y) 2 ; x 0, y 0}
B {( x, y) 2 ; x 0}
lim f ( X ) L
X X0
se dado um número real 0 qualquer, existe um número real 0 tal que quando
0 X X 0 , X D , então f ( X ) L .
Se X B( X 0 ; r ); X X 0 , então f ( X ) B(L; ) (L , L ) .
D
f
r
X0 L L
L
Pergunta: O que significa dizer que a função f não tem limite L em torno de X 0 ?
Resposta: Significa que existe um número real 0 tal que para todo 0 , existem pontos
X B( X 0 ; r) para os quais f ( X ) L .
Cálculo III 44
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
D
r
X0
L L L
Nem sempre é tarefa fácil provar a existência do limite de uma função usando-se a
definição de limite. Uma dificuldade que se apresenta é que tal definição não nos indica como
obter o limite que ele existe. Observe que a definição, para ser usada, requer o conhecimento
prévio do limite (!). Faremos a seguir uma lista de certas propriedades dos limites que nos
indicará uma técnica para o cálculo do limite de uma função a partir do conhecimento do
limite de outras funções. Mais precisamente, temos o seguinte teorema:
f ( X ) Xlim
X0
f (X ) L
lim , se M 0 ;
X X 0 g( X )
iii.
Xlim
X0
g( X ) M
CONTINUIDADE
Grosso modo, uma função contínua é aquela cujos valores não sofrem variações
bruscas, isto é, se X está próximo de X 0 então f (X ) deve estar próximo de f ( X 0 ) . Como se
observa essa ideia está relacionada ao conceito de limite. Entretanto, isso não significa dizer
que se uma função tem limite em torno de um ponto, que neste ponto ela seja contínua, uma
vez que na definição de limite não se exige que a função esteja definida no ponto no qual
estamos considerando o limite. Mais precisamente, temos a seguinte definição:
Cálculo III 45
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
que f é contínua em X 0 se
lim f ( X ) f ( X 0 )
X X0
se X X 0 , X D , então f ( X ) f ( X 0 ) .
Prova:
D f
' y0 z0
X0 y0 f ( X 0 ) z0 f ( X 0 ) ( f ( X 0 ))
y0 z0
se y y0 , y ( y0 , y0 ) , então ( y) ( y0 ) .
Portanto, se
f ( X ) f ( X 0 ) , y ( y0 , y0 ) , então ( f ( X )) ( f ( X 0 )) .
Cálculo III 46
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
em todo ponto de .
n
Prova: (i) Seja {e1 , e2 ,..., en} a base canônica de . Se X ( x1 , x2 ,..., xn ) , então
n
P1 : 2
X P1( X ) x ,
e
P2 : 2
X P2 ( X ) y
Prova: Observe que P1 e P2 são funcionais lineares e, portanto, pelo teorema anterior, são
contínuas em . Mais geralmente, as funções
2
Pi : n
Cálculo III 47
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
S : 2
X S( X ) x y ,
e P : 2
X P( X ) xy
conceito de derivada parcial. Comecemos com uma função real f , definida em , isto é,
2
f : D 2
( x, y) z f ( x, y)
( x0 h) ( x0 ) f ( x0 h, y0 ) f ( x0 , y0 )
' ( x0 ) lim lim
h0 h h0 h
Cálculo III 48
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
X0
A B
y y0
x
x0
( x) ( x, y0 , f ( x, y0 ))
y y0
y
Cálculo III 49
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
y
g( X ) X 0 he1
X0
y0
x
0 e1 x0
f f ( X 0 he1 ) f ( X 0 )
( X 0 ) lim
x h 0 h
f
e deste modo ao calcularmos a derivada x ( X 0 ) , estamos restringindo o domínio de f a um
segmento de reta que passa por X0 e tem direção do vetor e1 e calculando aí a sua taxa de
variação.
( y0 h) ( y0 ) f ( x0 , y0 h) f ( x0 , y0 )
' ( x0 ) lim lim
h 0 h h 0 h
y
M
D
y0 X
0
x x0
N
x
Cálculo III 50
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
( x) ( x0 , y, f ( x0 , y))
x x0
h( X ) X 0 he2
y0 X0
e2
x
0 x0
f f ( X 0 he2 ) f ( X 0 )
( X 0 ) lim ,
y h 0 h
Cálculo III 51
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f
isto é, calcular y ( X 0 ) significa obter a taxa de variação de f ao longo do segmento de reta
que passa por X 0 e tem direção do vetor e2 .
Assim como o valor da derivada ordinária num ponto é o declive da reta tangente ao
f
gráfico naquele ponto, a derivada parcial x ( x0 , y0 ) é o declive, no ponto ( x0 , y0 , f ( x0 , y0 )) , da
reta tangente à curva ( x) ( x, y0 , f ( x, y0 )) descrita no início desta seção. Analogamente,
f
podemos observar que y ( x0 , y0 ) é o declive, no ponto ( x0 , y0 , f ( x0 , y0 )) , da reta tangente à
curva ( y) ( x0 , y, f ( x0 , y)) . (veja os gráficos correspondentes nas páginas 52 e 53.)
PLANO TANGENTE
y0
y
x0
x
X 0 ( x0 , y0 )
( x0 ) (1 ,0, f x ( x0 , y0 )) e ( y0 ) (0, 1, f y ( x0 , y0 ))
Cálculo III 52
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Agora, seja
N ( x0 ) ( y0 ) f x ( x0 , y0 ) i f y ( x0 , y0 ) j k
Sabemos que se uma função real de uma variável é derivável num ponto, então ela é
contínua nesse ponto. O exemplo seguinte mostra-nos que a existência das derivadas parciais
num ponto, não implica necessariamente a continuidade da função nesse ponto.
xy
; ( x, y) (0,0)
A função f ( x, y) x 2 y 2
0 ; ( x, y) (0,0)
possui derivadas parciais em (0,0) mas f não é contínua neste ponto. Com efeito,
é contínua em (0,0) .
Do exposto, resulta que o conceito de derivada parcial, embora seja uma ideia bastante
útil, não é uma boa generalização do conceito de diferenciabilidade para funções de várias
variáveis reais. Acreditamos que uma boa generalização deverá implicar na continuidade da
função, porque isso é o que acontece no caso das funções reais de uma variável.
f
i. fx ;
x
f 2 f
ii. f xx ;
x x x 2
Cálculo III 53
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f 2 f
iii. f yy ;
y y y 2
f 2 f
iv. f xy ;
y x xy
f 2 f
v. f yx ;
x y xy
2 f 3 f
f yyx .
x y 2
vi.
xy
2
Solução: f x 20 x4 y3 5 y 7 1 ; f y 12 x5 y 2 35 xy 6 ;
f xx 80 x3 y3 ; f yy 24 x5 y 210 xy 5 ;
f xy 60 x 4 y 2 35 y 6 ; f yx 60 x 4 y 2 35 y 6 .
1 2 1 2 f 2 f
Exemplo 2.3.1: Seja f ( x, y, ) ( x 2
y ) . Determine e .
x2 y 2 xy yx
f 2 f 8 xy
Solução: ( x 2 y 2 ) 2 2 x e 2 x(2)(x 2 y 2 )3 2 y 2 .
x yx ( x y 2 )3
f 2 f 8 xy
( x 2 y 2 ) 2 2 y e 2 y(2)(x 2 y 2 )3 2 x 2 .
y yx ( x y 2 )3
Note mais uma vez a igualdade entre as derivadas parciais mistas, isto é, f xy f yx .
Em geral, não é certo que f xy f yx (basta, para isso, que a função considerada seja
derivadas parciais mistas são iguais. No teorema seguinte se estabelecerá este resultado.
f f
f xy f yx .
x y y x
Cálculo III 54
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Teorema 2.4.1: Seja f : D n uma função cujas derivadas parciais existem no ponto
X 0 D . Seja : I uma função real diferenciável em y0 f ( X 0) I , onde
f (D) I . Então f : D tem derivadas parciais em X 0 e
( f ) f
( X 0 ) ( f ( X 0 )) (X 0 ) .
xi xi
y
D 2 f
y0 f ( X 0 ) z0 ( y0 )
y0 X0
x
0 x0
h f
Fazendo y y0 , tem-se
h( x, y0 ) ( f ( x, y0 )) ( ( x))
onde ( x) f ( x, y0 ) . Assim,
h f f
( X 0 ) ( ( x)) ( x) ( f ( x0 , y0 )) ( x0 , y0 ) ( f ( X 0 )) ( X 0 )
x x x
onde X 0 ( x0 , y0 ) . Analogamente,
h f
( X 0 ) ( f ( X 0 )) ( X 0 ) .
x x
Como vimos na Seção 3, a derivada parcial de uma função real mede a taxa de
variação da função numa certa direção coordenada. Por exemplo, se z f ( x, y) , então f x
mede a taxa de variação de f em relação a x, na direção do vetor e1 (1,0) e f y mede a taxa de
Cálculo III 55
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f f ( X 0 tu) f ( X 0 )
( X 0 ) lim .
u t 0 t
D X0
y0
X (t ) X 0 tu
u
x
x0
y
I
D (t )
b X0
y0 f
t k
u
a x
x0
g (t ) g (0) f ( X 0 tu) f ( X 0 ) f
g (0) lim lim , isto é, g (0) ( X 0 ) .
t 0 t 0 t 0 t u
Cálculo III 56
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Tivemos oportunidade de observar na Seção 3, que uma função pode ter derivadas em
um ponto e a mesma não ser contínua neste ponto. O fato surpreendente é que mesmo sendo a
derivada direcional uma generalização do conceito de derivada parcial, uma função pode ter
num ponto derivadas direcionais em todas as direções e deixar de ser contínua neste ponto.
xy 2
; ( x, y) (0,0)
f ( x, y) x 2 y 4
0 ; ( x, y) (0,0)
Fazendo t 0 , encontramos
f f ab2 b 2
(X0) (0,0) 2 , se a 0 .
u u a a
Se a 0 , entretanto,
f f (0, tb) 1 0
(0,0) lim lim 0.
u t 0 t t 0 t 0 t 4b 4
f
Por conseguinte, u
(0,0) existe para todas as direções u. Por outro lado, f assume o
valor ½ em cada ponto da parábola x y (exceto na origem), de forma que, claramente, f
2
Este exemplo nos mostra que derivadas direcionais bem como derivadas parciais não
são generalizações completamente satisfatórias, em n , da noção de derivada em .
Cálculo III 57
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
X0
X (t) X 0 ut
y
u
Sendo θ o ângulo dessa tangente com o plano xy, isso significa que
f
( X 0 ) tan
u
DIREFENCIABILIDADE EM
Cálculo III 58
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f ( x0 h) f ( x0 )
lim a.
h 0 h
Esta equação certamente deixa de ter sentido no caso de uma função definida em
, pois estaríamos a dividir por um vetor. Nossa tarefa a seguir, é a de obter uma forma
n
f ( x0 h) f ( x0 )
r (h) a, onde a f ( x0 ) .
h
f ( x0 h) f ( x0 ) ah hr(h)
ou f ( x0 h) f ( x0 ) ah hr(h)
R(h)
Fazendo hr(h) R(h) , obtemos r (h) . Assim,
h
R(h)
f ( x0 h) f ( x0 ) ah R(h) , onde lim 0
h 0 h
R(h)
ou equivalentemente, lim 0.
h 0 h
Por outro lado, sabemos que é um espaço vetorial e que as aplicações lineares
de em são da forma
T ( x) T (1 x) x T (1) b x
onde b T (1) é uma constante real e determina T, sendo única para cada aplicação linear de
em . Desta forma, o termo ah que aparece na fórmula acima pode ser interpretado como
sendo o valor de h da aplicação linear
T :
x T ( x) ax , onde a f ( x0 ) .
Cálculo III 59
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
R(h)
f ( x0 h) f ( x0 ) T (h) R(h) , onde lim 0.
h 0 h
Observe que fizemos uma mudança na nomenclatura: para nós agora, é a aplicação
linear T ( x) ax que será chamada de derivada de f no ponto x0 e não o número a f ( x0 ) ,
como temos até agora usado. É evidente que a existência da aplicação linear exigida na
definição acima, está condicionada à existência do número a f ( x0 ) e vice-versa, como
facilmente se verifica. Esta troca de nomenclatura se prende à facilidade de expressão que
teremos quando passarmos a considerar questões de diferenciabilidade de funções definidas
em n .
DIREFENCIABILIDADE EM
n
R( H )
f ( X 0 H ) f ( X 0 ) T (H ) R(H ) , onde lim 0.
H 0 H
R( H ) f ( X 0 H ) f ( X 0 ) T ( H )
Note que .
H H
(H ) , donde
R( H )
Às vezes é conveniente escrever o resto sob a forma H
R( H ) ( H ) H e lim ( H ) 0 .
h0
T f ( X 0 ) : n
X y f ( X 0 )( X ) .
Cálculo III 60
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
R( H )
lim R( H ) lim X 00 0.
H 0 H 0 X
Portanto, lim f ( X 0 H ) f ( X 0 ) .
H 0
R( H ) f ( X 0 H ) f ( X 0 ) T (H )
lim lim 0.
H 0 H H 0 H
f ( X 0 tX ) f ( X 0 )
f ( X 0 )( X ) T ( X ) lim .
t 0 t
Em particular, T é único.
R( H )
f ( X 0 H ) f ( X 0 ) T (H ) R(H ) e lim 0.
H 0 H
Pondo H tX , vem:
Cálculo III 61
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f ( X 0 tX ) f ( X 0 ) T (tX ) R(tX )
t T ( X ) R(tX )
t T ( X ) (tX ) tX
t T ( X ) t (tX ) X
f ( X 0 tX ) f ( X 0 )
Assim, T ( X ) (tX ) X
t
f ( X 0 tX ) f ( X 0 )
e lim T(X ) 0 T(X )
t 0 t
A igualdade do teorema acima é bastante útil, pois ela nos mostra que forma deve ter o
funcional linear T, quando ele existe. Porém, vale ressaltar que a recíproca do Teorema 6.2 é
falsa, isto é, a existência do limite não implica a existência de T; isto está relacionado com o
fato de que apesar do limite da expressão existir ele pode não depender linearmente de X
como deveria ser, caso a função fosse diferenciável.
1. Calcula-se o limite;
2. Verifica-se se ele depende linearmente de X;
3. Verifica-se se o limite encontrado satisfaz a definição de diferenciabilidade;
4. Usando a unicidade de T, conclui-se que o limite encontrado é o funcional linear
procurado.
f
Corolário 6.2.1: Se f é diferenciável em X 0 , então todas as derivadas parciais, xi (X0) ,
existem e f ' ( X 0 ) é da forma
f f f
f ( X 0 )( X ) T ( X ) x1 ( X 0 ) x2 ( X 0 ) xn ( X 0 ); X ( x1 ,..., xn ) .
x1 x2 xn
f ( X 0 tei ) f ( X 0 ) f
T (ei ) lim (X0) ,
t 0 t xi
Cálculo III 62
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f f f
x1 ( X 0 ) x2 ( X 0 ) xn (X0) .
x1 x2 xn
f f f
(X0) (X0) ( X 0 ) ,
x1 x2 xn 1n
Conclui-se, portanto, do Corolário acima, que para provar que uma função f é
diferenciável em X 0 é suficiente provar que f admite derivadas parciais em X 0 e que
f ( X 0 H ) f ( X 0 ) T (H )
lim 0.
H 0 H
f
Corolário 6.2.2: Se f é diferenciável em X 0 , então existe a derivada direcional u ( X 0 ) em
qualquer direção u e
f
( X 0 ) f ( X 0 )(u) .
u
f
Ademais, u ( X 0 ) é uma combinação linear das componentes de u. Mais precisamente,
se u (u1 ,..., un ) , então
f f f f
f ( X 0 )(u) u1 ( X 0 ) un ( X 0 ) (X 0) ( X 0 ) u .
x1 xn x1 xn
f ( X 0 tu) f ( X 0 ) f
f ( X 0 )(u) lim (X 0 ) .
t 0 t u
CRITÉRIO DE DIFERENCIABILIDADE
Assim como a derivada de uma função de uma variável pode não existir, também em
geral, uma função de várias variáveis não é necessariamente diferenciável em todo ponto,
como tivemos oportunidade de ver em exemplos anteriores. Por outro lado, se f é
diferenciável em X 0 , existem todas as derivadas parciais xf ( X 0 ),..., xf ( X 0 ) . Não obstante,
1 n
Cálculo III 63
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
como sabemos a existência de todas essas derivadas não implica necessariamente que f seja
diferenciável em X 0 .
f
continuamente diferenciável se as derivadas parciais x1 ( X 0 ),..., xfn ( X 0 ) existem e são
contínuas em D.
1
Além disso, o teorema anterior assegura que se f é de classe C em D, então f é
diferenciável em D.
APROXIMAÇÕES
f ( X 0 H ) f ( X 0 ) f ( X 0 )(H ) .
A figura abaixo ilustra este fato para o caso de funções de uma variável.
Cálculo III 64
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f ( x0 h)
f ( x0 )
x
x0 x0 h
f ( x0 h) f ( x0 ) f ( x0 h) f ( x0 )
Note que f (h) .
( x0 h) x0 h
f ( x0 h) f ( x0 )
No caso limite, lim f (h) lim f ( x0 )
h 0 h 0 h
f ( x0 h) f ( x0 ) h f ( x0 ) .
1
Solução: Seja f ( x) x . Temos f ( x) . Assim:
2 x
1
Solução: Seja f ( x) ln x . Temos assim f ( x) e deste modo:
x
Cálculo III 65
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f x f y
( x, y) e ( x, y) são contínuas.
x x y
2 2 y x y2
2
Assim,
x0 y0
f ( X 0 )( x, y) x y
x0 2 y0 2 x0 2 y0 2
4 3 2945
e f (4,3)(0,035;0,935) 0,035 0,935 .
5 5 5000
2945 2945
Daí, (4,035)2 (3,935)2 42 32 5 5,589 .
5000 5000
O VETOR GRADIENTE
O vetor que iremos introduzir agora é sugerido de modo natural pela expressão da
segunda parte do Corolário 6.2.2.
Definição 2.6.4: Seja f : uma função que admite derivadas parciais em X 0 . O vetor
n
f f f
f ( X 0 ) ( X 0 ), ( X 0 ),..., ( X 0 ) .
x1 x2 xn
é denominado gradiente de f em X 0 .
T ( X ) f ( X 0 )( X ) f ( X 0 ) X .
Uma das fórmulas mais úteis no Cálculo das funções de uma variável é a regra da
cadeia, utilizada para calcular a derivada da composta de duas funções, a saber,
( g f )'( x) g ' ( f ( x)) f ' ( x) . A generalização para funções de várias variáveis é igualmente
valiosa e, devidamente formulada, é bastante fácil de enunciar. Na Seção 4, analisamos a
Cálculo III 66
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
D n
I
f
t0 y0 f ( X 0 ) f ( (t0 ))
X 0 (t0 )
Visto que D é aberto, existe uma bola aberta B( X 0 ; r) contida em D. Por outro lado, sendo
diferenciável em t0 , ela é contínua nesse ponto. Então podemos escolher 0 de modo que
quando h , tem-se (t0 h) B( X 0 ; r) . Se X (t0 h) (t0 ) , então X X 0 (t0 h) .
Observe que X 0 quando h 0 , pois é contínua em t0 . Temos agora,
F (t0 h) F (t0 ) f ( X X 0 ) f ( X 0 )
.
h h
R( X )
f ( X X 0 ) f ( X 0 ) f ( X 0 )( X ) R( X ) , com lim 0.
X 0 X
ou f ( X X 0 ) f ( X 0 ) f ( X 0 ) X R( X ) . Daí,
Cálculo III 67
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F (t0 h) F (t0 ) f ( X X 0 ) f ( X 0 ) X R( X )
f ( X 0 )
h h h h
(t h) (t0 ) R( X )
f ( X 0 ) 0 .
h h
R( X ) 1 R( X ) (t0 h) (t0 ) R( X )
Mas X
h h X h X
(t0 h) (t0 ) R( X )
.
h X
f f d1 d
f ( (t )) ( (t )),..., ( (t )) e (t )
(t ),..., n (t ) .
x1 xn dt dt
dF d( f ) f d f d
(t ) (t ) ( (t )) 1 (t ) ( (t )) n (t ) ,
dt dt x1 dt xn dt
dF f d1 f d n
.
dt x1 dt xn dt
dF f dx1 f dxn
,
dt x1 dt xn dt
f
é calculada em (t ) quando
dF
ficando subentendido que xi dt for calculada em t.
f 1 dF dF
( x, y) cos (r , ) sin (r , ) .
y r d dr
Cálculo III 68
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
dF dx dy
fx fy f x cos f y sin .
dr dr dr
dF dx dy
fx fy f x (r sin ) f y (r cos ) .
d d d
1 dF dF
f y cos sin .
r d dr
z z x z y
(1,1) ,1 (1,1) ,1 (1,1) .
u x 4 u y 4 u
Temos assim:
Cálculo III 69
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
z 1 2x z 1 2 ( 2) 1 8
( x, y) e ,1 .
x 3 ( x y 2 )3 2
2
x 4 3 2
2 / 3
3 3 ( 2 16)2
1
16
Da mesma forma,
z 1 2y z 1 2 1 1 32
( x, y) e ,1 .
y 3 ( x y 2 )3 2
2
y 4 3 2
2 / 3
3 3 ( 2 16)2
1
16
x y
Além disso, tan1 (v) e vu v 1 .
u u
x y
Desta maneira, (1,1) e (1,1) 1 .
u 4 u
z 1 8 1 32 1 2 2 32
Logo, (1,1) (1) .
u 3 3 ( 2 16)2 4 3 3 ( 2 16)2 3 3 ( 2 16)2
dh
Exemplo 2.7.4: Considerando a função h(t ) (cos(t ))t , calcule ( ).
2
dt 4
dh f dx f dy
(t ) ( x, y) (t ) ( x, y) (t ) .
dt x dt y dt
Em t 4 ,
dh f dx f dy
( x0 , y0 ) ( x0 , y0 ) , para x0 x e y0 y .
dt 4 x dt 4 y dt 4 4 4
Como x0 x cos
2
, então
4 4 2
dx 2
sin .
dt 4 4 2
2 2
Sendo y0 y , então
4 4 16
Cálculo III 70
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
dy
2 .
dt 4 4 2
f f
Além disso, como ( x, y) yx y 1 e ( x, y) x y ln( x) , então
x y
2 2
1
f 2 2 16
2 2
f 2 2 16 2
2
, e , ln
x 2 16 16 2 y 2 16 2 2 .
2 2
1
dh 2 16 2 2 2 2 16
ln
2 32 2 .
dt 4 2 2
Definição 2.8.2: Dizemos que um vetor v é perpendicular a uma superfície S, num ponto
X 0 S , se v é perpendicular ao vetor velocidade, em X 0 , de qualquer curva diferenciável
contida na superfície e que contém X 0 .
Cálculo III 71
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
. .
(t0 )
X0 (t0 )
Teorema 2.8.1: Seja f : D uma função diferenciável num conjunto aberto D. Seja
n
X 0 D se f (X 0 ) 0 . Então
i. A derivada direcional f
u ( X 0 ) , é a componente escalar de f ( X 0 ) na direção do
vetor unitário u;
f
ii. O valor máximo de u
( X 0 ) é f ( X 0 ) e ocorre quando u f ( X 0 ) f ( X 0 ) ;
iii. O vetor gradiente de f em X 0 é perpendicular à superfície (ou curva) de nível de f
que contém X 0 .
f
( X 0 ) f ( X 0 )(u) f ( X 0 ) u f ( X 0 ) u cos f ( X 0 ) cos .
u
f ( X 0 )
f
X 0 P f ( X 0 ) cos (X0)
u
.
X0 u P
(ii)
f
u ( X 0 ) f ( X 0 ) cos . Desta forma, f
u ( X 0 ) terá o valor máximo quando 0 , isto é,
quando a direção do vetor u coincidir com a direção de f ( X 0 ) . Neste caso,
f
u f ( X 0 ) f ( X 0 ) . O valor máximo de u
( X 0 ) é, pois, f ( X 0 ) . Como a derivada
direcional mede a taxa de variação de f numa certa direção, o teorema acima nos diz que a
direção do gradiente é a de crescimento mais rápido da função.
(iii)
Cálculo III 72
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
z
f ( X 0 ) f
I
.
b X0 (t0 ) v
t0 k f (X 0 )
y
a
S
x
df ( (t ))
0 f ( (t0 )) (t0 ) f ( X 0 ) v .
dt t t0
Isto nos diz que f ( X 0 ) , se não é nulo, é perpendicular ao vetor tangente (t0 ) v .
Desta forma, f ( X 0 ) é normal em X 0 aos vetores tangentes de toda curva diferenciável
passando por esse ponto e contida em S. Da definição anterior, f ( X 0 ) é, por conseguinte,
normal a S em X 0 .
f
Exemplo 2.8.1: Seja f ( x, y) x 2 y . Determine u de modo que u (1,1) seja máximo e encontre
esse valor.
f (1,1) 4 1 5 e u 1
5
(2,1) .
f
Além disso, (1,1) 5 .
u
Cálculo III 73
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
(( x, y , z) (1,1, 2 )) (2,2,2 2 ) 0 ,
ou seja, 2( x 1) 2( y 1) 2 2 ( z 2 ) 0 .
Já estamos bastante familiarizados com a ideia de uma curva dada como gráfico de
uma função explícita, y f (x) . Entretanto, a equação de uma curva no plano geralmente é
dada na forma F ( x, y) 0 . Por exemplo, as equações
2x 3 y 1 0 , x2 y 2 9 0 , 3x 2 2 y 2 12 0 ,
representam uma reta, uma circunferência e uma hipérbole, respectivamente. Elas são
relativamente simples, podendo ser resolvidas em relação a y, o que resulta na definição de
uma ou mais funções, em cada caso:
2x 1 3x 2 12
y , y 9 x2 , y ,
3 2
respectivamente.
de onde se obtém
No caso mais geral, não se pode resolver a equação nem em relação a y, nem em
relação a x e o exemplo seguinte ilustra esta situação:
F ( x, y) ln( x y) x 2 y 2 1 1 0 .
Cálculo III 74
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Não obstante, muitas vezes ainda é possível interpretar y como função de x ou x como
função de y em equações como essa.
Convém observar, entretanto, que nem toda função F ( x, y) 0 define y como função
de x ou x como função de y. Por exemplo, a equação x y 0 é verificada apenas para
2 2
x0 e y 0 , ao passo que x 2 y 2 1 0 não é satisfeita para nenhum par de valores reais.
É, portanto, necessário estudarmos este assunto mais detalhadamente, a fim de sabermos
quando uma equação do tipo F ( x, y) 0 define a função y f (x) ou a função x g (y) , e,
também, para conhecermos as propriedades particulares destas funções.
O objetivo desta seção é proporcionar condições suficientes sobre F que garantam que
a equação F ( x, y) 0 define uma função y f (x) ou x g (y) derivável, e obter uma
fórmula para f (x) e g (y) em termos de F. Analisaremos também o caso numa situação
geral, onde o número de variáveis é qualquer. Este é o teorema das funções implícitas.
f : I
x y f (x)
Note que F é uma função real definida em . O zero que aparece no segundo
2
membro da equação acima pode ser substituído por qualquer constante c. Mas como
F ( x, y) c é equivalente a G( x, y) F ( x, y) c 0 , é costume absorver a referida constante
na função F.
Em certos casos (como aqueles mostrados no início desta seção), é fácil definir
funções f1 , f 2 ,..., f n tais que F ( x, fi ( x)) 0 . Contudo, se, por exemplo,
F ( x, y) x sin(xy) e x y 1 0 ,
não é de nenhuma maneira óbvio que existe uma função y f (x) tal que
x sin(x f ( x)) e x f ( x) 1 0 .
Cálculo III 75
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F ( x, y) 0
J b . (a, b)
b . (a, b)
x
a a
I
Na figura acima, é evidente que para x próximo ao ponto a existe uma função
y f (x) que satisfaz F ( x, f ( x)) 0 . Isto se deve ao fato de que próximo do ponto (a, b) , cada
reta vertical intercepta a curva uma só vez. Esta é precisamente a condição necessária e
suficiente para garantir que se pode escrever y f (x) e ter F ( x, f ( x)) 0 , para x próximo de
a. Analogamente, se y está próximo de b, então existe aparentemente uma função x g (y)
que satisfaz F ( g( y), y) 0 , visto que próximo de (a, b) , cada reta horizontal intercepta o
gráfico de F ( x, y) 0 uma única vez.
A situação em torno do ponto (a, b) é algo diferente. Na vizinhança deste ponto, retas
verticais interceptam o gráfico de F ( x, y) 0 duas vezes (para x a ) ou nenhuma vez (para
x a ). Assim, não existe uma função y f (x) definida na vizinhança do ponto a que
satisfaça F ( x, f ( x)) 0 . Contudo, existe uma função x g (y) definida numa vizinhança de
b que satisfaz F ( g( y), y) 0 .
A figura parece indicar que, se a reta tangente não é vertical, pode se encontrar a
função desejada na forma y f (x) . Da mesma forma, se a reta tangente não é horizontal
então se pode encontrar uma função da forma x g (y) que satisfaz F ( g( y), y) 0 . O teorema
seguinte formaliza o exposto acima.
i. f (a) b ;
ii. F ( x, f ( x)) 0 , para todo xI ;
Cálculo III 76
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F
( x, f ( x))
f ( x) Fx .
y ( x , f ( x))
i. g (b) a ;
ii. F ( g( y), y) 0 , para todo y J ;
iii. g é continuamente diferenciável e
F
y ( g ( y), y)
g ( y) F .
x ( g ( y), y)
Observação: Se F
x (a, b) 0 ou F
y (a, b) 0 , o teorema nada pode afirmar. Com efeito, se
F dx F dy F F
0 , isto é, 1 f (x) 0 e assim,
x dx y dx x y
F
( x, f ( x))
f ( x) Fx .
y ( x , f ( x))
F
F dx F dy dx ( g ( y), y)
0 e, portanto g ( y) Fy .
x dy y dy dy x ( g ( y ), y )
Cálculo III 77
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
i. f (1) 1;
ii. F ( x, f ( x)) 0 , isto é, x 2 ( f ( x))2 2 0 , e daí f ( x) 2 x 2 . (Como f (1) 1 ,
a raiz negativa não satisfaz);
iii. f é continuamente diferenciável e
F
( x, f ( x)) 2x x x
f ( x) Fx .
y ( x, f ( x)) 2y f ( x) 2 x2
(Observe que a expressão acima pode ser obtida diretamente da função f.)
Analogamente, como F
x (1,1) 2 0 , e, existe também uma função x g (y) definida
numa vizinhança de b 1 , tal que: (i) g(1) 1 ; (ii) F ( g( y), y) 0 , isto é, ( g ( y))2 y 2 2 0
ou seja, g ( y) 2 y 2 ; e daí
F
( g ( y), y) 2y y y
(iii) g ( y) Fy .
x ( g ( y), y) 2x g ( y) 2 y2
F
( x, f ( x)) 2 xy 12 y 3 x 3
f ( x) x
2 .
F
y ( x, f ( x)) x 9 y2 x4
2 12 14 7
Daí, f (1) .
1 9 10 5
Solução: Convém observar inicialmente que (1,2,8) pertence de fato ao parabolóide já que
para x 1 e y 2 tem-se z 8 . A curva de nível dada é, pois, da forma 4 x 2 y 2 8 .
Cálculo III 78
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
4 x2 y 2 8
8
(1,2,8)
2 y
1
F
( x, f ( x)) 3x 2 3 y y x 2
f ( x) x
2 .
F
y ( x, f ( x)) 3 y 3x y 2 x
Generalizamos agora o teorema da função implícita para o caso das funções de duas
variáveis.
i. f (a, b) c ;
Cálculo III 79
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f F
( x, y , f ( x, y)) f F
y ( x, y , f ( x, y))
( x, y) x
e ( x, y) .
x F
y ( x, y , f ( x, y)) y F
x ( x, y , f ( x, y))
isto é, 5x 4 y 3z 22 0 .
Exemplo 2.9.7: Seja F ( x, y, z) x y e z . Verifique se existe uma superfície que passa pelo
ponto A (1,2,0) e que seja definida implicitamente mediante a equação F ( x, y, z) 1 . Em
caso afirmativo, determine a equação do plano tangente à superfície em A.
G xe z G 1
( x, y , z ) e (1,2,3) 0 .
z 2 y ez z 2
( X A) G( A) 0 , com X ( x, y, z) , ou 2 x y z 4 0 .
Cálculo III 80
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Solução: F
z ( x, y , z ) x 2 z e z e F
z (0, e,2) 4 e 2 0 , o que prova o item (a).
F
f ( x, y, f ( x, y)) z f 2
(c) x ( x, y) Fx e x (0, e) ;
z ( x, y , f ( x, y)) x 2z e z e 4
2
F
f y ( x, y , f ( x, y)) 2y f 2e
y ( x, y) e y (0, e) .
F
z ( x, y , f ( x, y)) x 2z e z e 4
2
F ( x, y, z) 0
G( x, y, z) 0
F ( x, y , z ) 0
(I) e
G( x, y , z) 0
F ( x, y( x), z( x)) 0
G( x, y( x), z( x)) 0
para todo x num certo intervalo aberto I ? Com outras palavras, é possível resolver o sistema
(I) acima com respeito à variável x , isto é, é possível expressar as variáveis y e z em
função de x , obtendo-se assim a curva-interseção das superfícies de nível dadas em (I)? Em
Cálculo III 81
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
caso afirmativo, a curva solução do sistema será dada localmente por ( x) ( x, y( x), z( x)) .
Usando a regra da cadeia, podemos escrever as derivadas y( x) dy
dx e z( x) dz
dx sem um
conhecimento explícito de y(x) e z(x) . Com efeito,
Fx dx
dx y dx z dx 0
F dy F dz
G dx G dy G dz ,
x dx y dx z dx 0
Nos pontos onde o determinante principal desse sistema não é nulo, o mesmo admite
uma só solução (segundo a regra de Cramer) a qual pode expressar-se por
F F F F
x z y x
G G G G
y x
y( x) x
F
z
F
e z( x) F F
.
y x y z
G G G G
y x y z
F F
( F , G ) y z
G G
0 em ( x0 , y0 , z0 ) ,
( y , z ) y z
i. y( x0 ) y0 e z( x0 ) z0 ;
ii. F ( x, y( x), z( x)) G( x, y( x), z( x)) 0 , para x I , isto é, as equações F ( x, y, z) 0 e
G( x, y, z) 0 definem implicitamente y e z como funções de x e
( F ,G ) ( F ,G )
( x,z) ( y ,x)
y( x) ( F ,G ) e z( x) ( F ,G ) ,
( y,z) ( y ,z)
Cálculo III 82
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F ( x, y , z ) x 2 y 2 z 2 6 0
G( x, y , z ) xyz 2 0
(a) Mostre que numa vizinhança do ponto (1,1,2) cada uma delas define implicitamente
superfícies em 3 .
(b) Mostre que numa vizinhança do ponto (1,1,2) elas definem as funções y y(x) e
z z(x) .
(c) Calcule y(x) e z(x) .
(d) Calcule a equação da reta tangente à curva de interseção das superfícies definidas em
(a), no ponto (1,1,2) .
F G
(1,1,2) 4 0 e (1,1,2) 1 0 .
z z
( F , G) 2 y 2z ( F , G)
3xy 2 2 xz 2 e (1,1,2) 6 0 ,
( y , z ) xz xy ( y , z )
2x 2z 2 y 2z
(c) y( x)
yz xy y( x 2 z 2 ) xz yz z( y 2 x 2 ) .
e z( x)
2 y 2z x( y 2 z 2 ) 2 y 2x x( y 2 z 2 )
xz xy xz xy
(d) Sendo ( x) ( x, y( x), z( x)) , ( x) (1, y( x), z( x)) , y(1) 1 e z(1) 0 , a equação da
reta tangente é X (t ) (1,1,2) t (1,1,0) .
Cálculo III 83
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F F
( F , G)
0 em (0,1,1) .
x y
G G
( x , y ) x y
( F ,G ) ( F ,G )
dx ( z , y) dy ( x, z)
( F ,G ) e ( F ,G ) .
dz ( x, y)
dz ( x, y)
As definições abaixo nos mostram que as definições de máximo e mínimo para funções
de várias variáveis são as mesmas que no caso de funções de uma variável, isto é:
Definição 2.10.1.1: Dizemos que uma função real f : D n tem um valor máximo
absoluto em X 0 D , se para todo X D , f ( X 0 ) f ( X ) . X 0 é dito ponto de máximo de f e
f ( X 0 ) é o valor máximo absoluto de f. Analogamente, dizemos que f tem um valor mínimo
absoluto em X 0 , se f ( X 0 ) f ( X ) para todo X D . X 0 é dito ponto de mínimo de f e
f ( X 0 ) é o valor mínimo absoluto de f.
Definição 2.10.1.2: Diz-se que f ( X 0 ) é um valor máximo local ou um valor mínimo local de
f, se existe uma vizinhança V ( n ) de X 0 tal que f ( X 0 ) f ( X ) ou f ( X 0 ) f ( X ) ,
respectivamente, para todo X V .
Estabeleceremos, a seguir, as condições que devem ser satisfeitas por uma função f, no
ponto X 0 , para que a mesma tenha valor extremo em tal ponto.
Cálculo III 84
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f f
( X 0 ) ... (X0) 0 .
x1 xn
Prova: Suponhamos que f tem um valor máximo local em X 0 . Como D é aberto, X 0 hei ,
i 1,..., n , pertence a D, para valores pequenos de h, e
f ( X 0 ) f ( X 0 hei ) f ( X 0 hei ) f ( X 0 ) 0 .
f ( X 0 hei ) f ( X 0 ) f ( X 0 hei ) f ( X 0 )
Se h 0 , 0 lim 0;
h h 0 h
f ( X 0 hei ) f ( X 0 ) f ( X 0 hei ) f ( X 0 )
Se h 0 , 0 lim 0.
h h 0 h
Os limites laterais acima existem e são iguais uma vez que as derivadas parciais de f existem
em X 0 . Desta forma,
f f ( X 0 hei ) f ( X 0 )
( X 0 ) lim 0.
xi h 0 h
f f
Definição 2.10.2.1: Um ponto X 0 no qual x1 ( X 0 ) ... x n ( X 0 ) 0 chama-se um ponto
crítico de f.
Definição 2.10.2.2: Um ponto crítico X 0 chama-se um ponto de sela, se toda bola aberta
centrada em X 0 contém pontos X 1 e X 2 para os quais
f ( X1 ) f ( X 0 ) e f ( X 2 ) f ( X 0 ) .
Cálculo III 85
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
definição é análoga àquela de ponto de inflexão para o caso de funções reais de uma variável
real como já vimos.
toda bola aberta centrada em X 0 contém pontos de D e pontos que não pertencem a D.
Um conjunto é dito limitado quando o mesmo está contido em alguma bola aberta
centrada na origem. Caso contrário, ele é dito ilimitado.
f ( X1 ) f ( X ) f ( X 2 ) , para todo X D .
O TESTE HESSIANO
O teorema a seguir fornece uma condição suficiente, sob determinadas condições, para
decidir se um ponto crítico é ponto de máximo local, mínimo local ou ponto de sela.
Apresentaremos o teste para funções de duas variáveis. O caso de função de mais de duas
variáveis será visto posteriormente (Teorema 2.10.3.3). Antes, porém, faremos a seguinte
definição:
2f ( X 0 ) 2 f
( X 0 )
2
x1xn
x1
Hess( X 0 ) .
2 f 2 f
xn x1 ( X 0 ) xn2
(X0)
Cálculo III 86
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Note que Hess( X 0 ) é uma matriz simétrica. No caso n 2 , o hessiano é dado por
2f ( X 0 ) 2 f
( X 0 ) 2 f
2
2
xy 2 f 2 f
H ( X 0 ) det x2 f 2 f
2 ( X 0 ) 2 ( X 0 ) ( X 0 ) .
yx ( X 0 ) ( X 0 ) x y xy
y 2
2 f
i. Se H (X 0 ) 0 e x 2
(X 0 ) 0 , então X 0 é ponto de mínimo local;
2 f
ii. Se H (X 0 ) 0 e x 2
(X 0 ) 0 , então X 0 é ponto de máximo local;
iii. Se H (X 0 ) 0 , então X 0 é ponto de sela;
iv. Se H (X 0 ) 0 , não podemos afirmar nada sobre a natureza do ponto crítico X 0 .
Na hipótese iv, X 0 pode ser um ponto de máximo local ou de mínimo local ou pode
ser um ponto de sela. Com efeito,
Proposição 2.10.3.1: Seja A (aij )nn uma matriz com coeficientes reais simétrica. Então A
possui n autovalores reais (contados conforme sua multiplicidade). Além do mais, podemos
escolher os n autovalores de modo que formem uma base ortonormal de n . Em suma,
existem números reais 1 ,..., n e vetores v1 ,..., vn tais que A v j j v j e
1 se i j
vi v j 1 j n
0 se i j
onde A v j deve ser entendido como o produto da matriz A pelo vetor coluna vTj .
Cálculo III 87
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f ( x, y , z ) x 3 3 x y 2 z 2 2 z .
( x, y, z) (1,0,1) X1 ou ( x, y, z) (1,0,1) X 2 .
A matriz hessiana de f é
6 x 0 0
Hess( x, y , z) 0 2 0 .
0 0 2
Assim temos:
6 0 0 6 0 0
Hess(X 1 ) 0 2 0 e Hess(X 2 ) 0 2 0 .
0 0 2 0 0 2
Da primeira matriz concluímos que todos os autovalores são positivos. Portanto, X 1 é ponto
de mínimo local. Da segunda, vemos que X 2 é ponto de sela, pois a matriz hessiana possui
um autovalor positivo e um negativo.
Cálculo III 88
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f ( x, y, z, w) 2 xy 2 yz y 2 z 2 2w2 .
( x, y, z, w) (0,0,0,0) X 0 .
0 2 0 0
2 2 2 0
Temos Hess(X 0 ) .
0 2 2 0
0 0 0 4
2 0 0
2 2 2 0
p( ) det (4 )(3 42 4 8) .
0 2 2 0
0 0 0 4
Definição 2.10.3.4: Seja A (aij ) uma matriz de ordem n. O menor principal de ordem
1 k n da matriz é definido como o determinante da submatriz A (aij )1 i k e é denotado
1 j k
por mk (A) .
Cálculo III 89
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Exemplo 2.10.3: Deseja-se construir uma caixa sem tampa com a forma da um
paralelepípedo regular com certo volume V. Determine as dimensões da caixa para que se
gaste o mínimo de material possível.
Solução: Denotemos por x e z as dimensões da base da caixa e por y a sua altura. Desta forma
V xyz e a área total da caixa é A 2 xy 2 yz xz . Logo, como V é dado, teremos
V V
A( x, y) 2 xy 2 .
x y
O nosso problema se resume em achar o ponto de mínimo de A. Note que a região que
estamos trabalhando é x 0 e y 0 .
x ( x, y) 2 y 2 x 2 0
A
yx V
V 2
A , ou seja, .
( x, y) 2 x yV2 0
2 xy V
2
y
V
Logo x 2 y e voltando às equações, obtemos x 3 2V , y 3 e z 3 2V .
4
xA2 2 A 4xV3 2 8V 2
2
xy
Agora, H ( x, y) det 2 A 2 A det 2V 3
4.
yx y 2 ( x , y ) 2 y
3
( xy )
V 2 A 3 V
Assim, H 3 2V , 3 12 0 e 2V , 3 2 0 .
2
4 x 4
V V
Ay ( x) A( x, y) 2 xy 2
x y
V V V
m( y) Ay A
,
y y 4 Vy .
y y
Cálculo III 90
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
Logo, A( x, y) Ay ( x) m( y) .
Por outro lado, a função m(y) , que representa o mínimo de Ay para cada y 0 fixado,
também possui um mínimo global, pois lim m( y) e lim m( y ) e este mínimo
y 0 y
V V
x 3 2V .
y 3 V 4
V V
A( x, y) Ay ( x) m( y) m 3 A 3 2V , 3 .
4 4
x 3 2V , y3 V 4 e z 3 2V .
4. EXTREMOS CONDICIONADOS
f f
Solução: Temos que x 2x e y 2 y . Portanto o único valor extremo de f no interior da
elipse x 2 2 y 2 1 ocorre quando ( x, y) (0,0) . Claramente este valor é um mínimo, visto
que f ( x, y) x 2 y 2 0 f (0,0), ( x, y) 2 . Analisemos agora os extremos de f na
fronteira de D, isto é, na elipse x 2 2 y 2 1 , cuja parametrização é dada por
1
(t ) cos t , sin t ; 0 t 2 .
2
Cálculo III 91
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
1 1
Temos então: f ( (t )) f cos t , sin t cos2 t sin2 t F (t ) e
2 2
1
F (t ) 2 cos t sint sint cos t sin 2t .
2
f ( (0)) f (1,0) 1,
1 1
f ( ( 2)) f 0, ,
2 2
f ( ( )) f (1,0) 1 ,
1 1
f ( (3 2)) f 0, ,
2 2
f ( (2 )) f (1,0) 1 ,
f (0,0) 0 ,
concluímos que f tem um valor mínimo absoluto igual a 0 em (0,0) e um valor máximo
absoluto igual a 1 nos pontos (1,0) e (1,0) . Observe que os dois extremos de F
correspondentes a t 2 e t 3 2 são apenas extremos locais de f em D. Apresentaremos
a seguir outra solução do exemplo anterior. Temos que x 2 1 2 y 2 e assim:
f ( x, y) x 2 y 2 (1 2 y 2 ) y 2 1 y 2 F ( y) .
F ( y) 2 y
2
Exemplo 2.10.2: Uma caixa retangular sem tampa deverá ter 32m de área de sua superfície.
Determine as dimensões que lhe assegurarão um volume máximo.
Cálculo III 92
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
y
x
Como a mesma não possui tampa, sua área total será dada por AT xy 2 xh 2 yh 32 e
32 xy 32 xy 32 xy x 2 y 2
assim, h . Desta forma, V xyz xy .
2x 2 y 2x 2 y 2x 2 y
Temos então:
V 64 y 2 2 x 2 y 2 4 xy 3 V 64 x 2 2 x 2 y 2 4 x 3 y
e .
x (2 x 2 y ) 2 y (2 x 2 y ) 2
O sistema
32 y x y 2 xy 0
2 2 2 3
y (32 x 2 xy) 0
2 2
, isto é, 2
32 x x y 2 x y 0
2 2 2 3
x (32 y 2 xy) 0
2
fornece (0,0) como ponto crítico de V, o qual não satisfaz ao problema proposto. Por outro
lado, se ( x, y) (0,0) , temos
y 2 xy 32
2
2 .
x 2 xy 32
8 32 1 32 4
Disto decorre que y 2 2 y 2 32 e assim y x . Portanto, h 8 3 8 . Como
6 2( 6 6 ) 6
8 8 4
só há um ponto crítico, então , , é ponto de máximo de V, cujas coordenadas são
6 6 6
as dimensões procuradas da caixa.
Cálculo III 93
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
O PROBLEMA DE UM VÍNCULO
Suponha que f e g sejam funções de duas variáveis com derivadas parciais contínuas
em um aberto de D . O problema que passaremos a estudar é encontrar os extremos da
2
função f quando esta está sujeita à condição que g ( x, y) 0 . Isto é, queremos encontrar os
pontos ( x, y) dentro do domínio de f e restritos ao vínculo (ou condição lateral) g ( x, y) 0
que maximizem ou minimizem os valores de f .
P0
f (Pi )
k0
g ( Pi )
ki
g ( x, y) 0
x
Note que as observações acima podem ser verificadas da seguinte forma: Suponha que
a curva g ( x, y) 0 seja representada na forma paramétrica por (t ) ( x(t ), y(t )) , tal que
(t ) 0 . Sobre esta curva, a função f é dada por (t) f ( (t)) f (x(t), y(t)) . Desta forma,
para anilisar os extremos de f sobre g ( x, y) 0 basta encontrar os extremos de que é uma
Cálculo III 94
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
função de uma variável. Supondo que t (a, b) então um extremo d , caso exista, deve
ocorrer em algum t0 tal que (t0 ) 0 . Mas
(t ) f
x ( x(t ), y(t )) x(t ) fy ( x(t ), y(t )) y(t ) f ( x(t ), y(t )) (t ) .
F ( x, y, ) f ( x, y) g( x, y) .
fx ( Po ) gx ( Po )
f g
y ( Po ) y ( Po )
ou, equivalentemente,
f g
( P0 ) (P )
x
f gx 0 (declive da tangente comum)
y ( P0 ) y ( P0 )
Cálculo III 95
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
g (P0 )
f ( P0 )
Reta tangente comum
P0 g ( x, y) 0
Coeficiente angular f ( x, y) ki
da reta tangente
comum
f g
x ( P0 ) x ( P0 ) 0
f g .
y ( P0 ) y ( P0 ) 0
fx ( x0 , y0 ) 0 gx ( x0 , y0 ) 0
f
y ( x0 , y0 ) 0 y ( x0 , y0 ) 0 ,
g
g ( x0 , y 0 ) 0
O raciocínio acima pode ser aproveitado para o caso de mais variáveis. Vejamos
quando f e g são funções de três variáveis satisfazendo as mesmas hipóteses anteriores, isto
é, são funções de classe C e g 0 . Esta última condição garante que g ( x, y, z) 0 define
1
uma superfície de nível S tal que para cada P0 S existem duas curvas , : ( , ) S ,
tais que (0) (0) P0 e (0) e (0) são linearmente independentes.
Cálculo III 96
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
f (P0 )
(t )
Vetores tangentes
linearmente independentes.
..
(t ) P0
Superfície de nível
g ( x, y , z ) 0
Como (t ) e (t ) são linearmente independentes, vemos que f (P0 ) deve ser
ortogonal ao plano gerado por estes dois vetores em P0 . Como g (P0 ) 0 é ortogonal a esse
plano, segue-se que f (P0 ) 0 g (P0 ) para algum 0 . Este resultado se estende para n
variáveis e o argumento a ser usado é análogo, bastando tomar n 1 curvas contidas em
g (P) 0 passando por um mesmo ponto e cujos n 1 vetores tangentes formam um conjunto
linearmente independente. Com estes resultados, afirmamos o seguinte teorema.
Fx ( x0 , y0 , 0 ) f x ( x0 , y0 ) 0 g x ( x0 , y0 ) 0
Fy ( x0 , y0 , 0 ) f y ( x0 , y0 ) 0 g y ( x0 , y0 ) 0 .
F ( x , y , ) g ( x , y ) 0
0 0 0 0 0
Cálculo III 97
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
F ( x, y, z, ) ( x x0 ) 2 ( y y0 ) 2 ( z z0 ) 2 (ax by cz d ) .
De acordo com o teorema 2.10.5.1, um ponto que satisfaz estas duas condições deve
satisfazer, para algum , as equações
Temos assim,
0
a b c
2 2 2 a2 b2 c2
d ( x, y , z ) f ( x, y , z ) ( x x0 )2 ( y y0 )2 ( z z0 )2 ,
Cálculo III 98
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
d ( x, y , z ) a 2 b2 c 2
2
x2 y2
Exemplo 2.10.2: Determine os pontos da elipse 2 2 1 para os quais a reta tangente
a b
forma com os eixos coordenados um triângulo de menor área. Em seguida, calcule essa área.
Solução: Devemos aqui minimizar a área do triângulo formado pela interseção da reta
tangente com os eixos coordenados (a região em destaque na figura abaixo) sujeita à condição
g ( x, y) x2
a2
y2
b2
1 0 . Pela figura, esta área é dada por f ( x, y) 12 xy .
b
y
P (a cos , b sin )
x
a
x
xy x2 y2
Devemos, pois, encontrar os pontos críticos de F ( x, y , ) 2 2 1 . Temos:
2 a b
F y 2 x 2
x ( x, y , ) 2 a 2 0 ya 4 x
F x 2 y 2
y ( x, y , ) 2 0 xb 4 y .
2 b 2
2 2 2
F ( x, y , ) x y 1 0 x y 1
a 2 b2 a 2 b 2
ya 2 x x2 y2
.
xb 2 y a2 b2
x2 y 2 x2 x2 2x2
1
a 2 b 2 a 2 a 2 a 2
Assim,
Cálculo III 99
Cap. 02: Funções reais de várias variáveis reais Prof. Sinvaldo Gama
x2 y2 y2 y2 2 y2
2 1,
a 2 b 2 b 2 b 2
ou
b
a b
do que resulta, em ambos os casos: x e y .
2 2
a b a b a b a b
Logo, os pontos , , , , , e , são os pontos da
2 2 2 2 2 2 2 2
x2 y2
elipse 1 que tornam o triângulo com a menor área possível. Além disso, em
a2 b2
qualquer um desses pontos, a área A correspondente será A 14 ab .
f ( x0 , y0 , z0 ) g( x0 , y0 , z0 ) h( x0 , y0 , z0 ) .
o que implica em
onde (0) denota o comprimento do vetor (0) que é não-nulo. Portanto, 0 e obtemos
o que queríamos provar:
Solução: Como o plano passa pela origem e o eixo do cilindro é dado por x y 0 , vemos
que o centro da elipse é a origem. Assim, precisamos encontrar os pontos sobre a elipse que
estão mais próximos e mais afastados da origem. Tendo em vista observações anteriores,
basta encontrarmos os extremos de f ( x, y, z) x 2 y 2 z 2 (o quadrado da distância) sujeita
aos vínculos g ( x, y, z) x2 y 2 1 0 e h( x, y, z) x y z 0 .
Pelo teorema 2.10.5.2, os extremos de f sujeita aos vínculos devem satisfazer, para algum
e algum , as equações
2 x 2 x 2(1 ) x
f ( x, y , z) g ( x, y , z) h( x, y , z) 2 y 2 y 2(1 ) y
g ( x, y , z) 0 2 z 2 z .
h( x, y , z) 0 2 2
x y 1 x y 1
2 2
x y z 0 x y z 0
Assim, 2(1 ) x 2(1 ) y que para 1 nos fornece x y . Pelas restrições (vínculos),
obtemos z 2 x e 2 x 2 1 que resultam nos pontos
2 2 2 2
P1 , , 2 e P2 , , 2 .
2 2 2 2
x 2 y 2 1 2 x 2 1 2 2 2 2
( x, y) , ou ( x, y) , ,
x y 0 x y 2 2 2 2
2 2 2 2
dando os pontos P3 , ,0 e P4 , ,0 . Temos f (P1) f (P2 ) 3 e
2 2 2 2
f (P3 ) f (P4 ) 1. Assim, o semi-eixo maior é dado pelo segmento OP1 ou OP2 e tem
comprimento igual a 3 e o menor é dado pelo segmento OP3 ou OP4 e tem comprimento
igual a 1 . Os vértices da elipse são os pontos P1 e P4 .
CAPÍTULO 3
FUNÇÕES VETORIAIS ( f : )
n m
f : D m
X Y f (X )
fi : D
X yi fi (X ) , i 1,...m .
Im( f ) f (D) { f ( X ); X D} .
f ( A) { f ( X ); X A},
X
r
x
x r cos
y r sin
T (r , ) (r cos , r sin ) ( x, y) .
Solução: (a) Observe que T deve ser aplicada a todos os pontos da região ilustrada abaixo.
(2, 2)
(0, 2)
( x, y)
r
(0,0) (2,0)
Além disso,
y
H
C 2 F B T
K
(1, ) T (1, )
2 2
r I 2
D 0 E A x
0 J G
y
(1 12 , )
T
3 B T (1 12 , )
6
A
3
6
r x
0 1 2 0 1 2
(c) Para este caso, o procedimento é inverso: devemos encontrar novos intervalos para r e
de modo a satisfazer a condição x 2 y 2 4 . Para isso, fazemos 0 2 e 0 r 2 .
y
2
T T (1, )
(1, )
x
2 0 2
r
0 2
z X
y
y
x
x
x r cos
y r sin
z z
T (r , , z) (r cos , r sin , z) ( x, y, z) .
Solução: (a)
z z
4 4
T
2 0 1
0 y
1
r x
z z
3 3 3
T
1 1
3
y
1 1
2 6 2
r
x
z
2 T
(1, )
y
2 0 2
r x
0 2
z X
O y
y
x
A
x
Solução:
z
z
2
T .
2 . 3 y
0
3
x
(a) r
z
z
2 3
T
3
y
3 2
0
1
3 x
O estudo das funções não-lineares está ligado às técnicas do Cálculo tais como
limite, continuidade, diferenciabilidade, integrabilidade, etc. Nesta seção abordaremos o
conceito de limite e continuidade para estas funções.
Definição 3.2.1: Seja f uma função vetorial definida num subconjunto D do n , exceto
possivelmente em X 0 D . Escrevemos
lim f ( X ) L m ,
X X0
Teorema 3.2.1: Seja f uma função vetorial definida num subconjunto D do n , exceto
possivelmente em X 0 D . Se f1 , f2 ,..., fm são as funções coordenadas de f , então
se e somente se,
lim f i ( X ) li , i 1,..., m .
X X0
Prova:
se 0 X X 0 , então f ( X ) L .
2ª parte. Suponhamos agora que existe o lim f i ( X ) li . Assim, devemos provar que
X X0
se 0 X X 0 i , então f ( X ) L
m .
( f1 ( X ) li ) 2 f m ( X ) lm ) 2
f1 ( X ) l1 f m ( X ) lm m m .
se 0 X X 0 , então f ( X ) L .
se 0 X X 0 , então f ( X ) f ( X 0 ) .
Prova: Exercício.
f
( X 0 ) , X 0 ( x1 ,..., xn ) , é definida por
0 0
Definição 3.3.1: A derivada parcial vetorial, xi
Observe que o quociente e, portanto, o limite, são vetores. Como limites de funções
vetoriais são calculados tomando-se os limites de cada função coordenada, segue-se
imediatamente que
f f ( X 0 hei ) f ( X 0 )
( X 0 ) lim
x1 h0 h
f ( X hei ) f ( X 0 ) f ( X hei ) f ( X 0 )
lim 1 0 ,..., m 0
h0 h h
f ( X hei ) f ( X 0 ) f ( X hei ) f ( X 0 )
lim 1 0 ,..., lim m 0
h 0 h h 0 h
f f
1 ( X 0 ),..., m ( X 0 )
xi xi
f f f
( X 0 ) 1 ( X 0 ),..., m ( X 0 )
x1 x1 x1
Portanto,
f f f
( X 0 ) 1 ( X 0 ),..., m ( X 0 )
xn xn xn
f 2x f 2y
( x, y) 2 x y , 2 e ( x, y) 2 y x, 2 .
x x y 2 y x y 2
f f f
( x, y, z) (1 e x y z ,2) , ( x, y, z) (e x y z ,1) e ( x, y, z) (e x y z ,0) .
x y z
f f f
( x, y, z) ( ye x , y cos xy ,0) , ( x, y, z) (e x , x cos xy ,0) e ( x, y, z) (0,0,1) .
x y z
f ( X 0 te1 ) f ( X 0 ) f f f
f ( X 0 )(e1 ) lim ( X 0 ) 1 ( X 0 ),..., m ( X 0 )
t 0 t x1 x1 x1
f ( X 0 ten ) f ( X 0 ) f f f
f ( X 0 )(en ) lim ( X 0 ) 1 ( X 0 ),..., m ( X 0 )
t 0 t xn xn xn
f ( X 0 )( X ) Jf ( X 0 ) X .
f i
Chamamos novamente a atenção que a existência das derivadas parciais xi ( X 0 ) e,
portanto, a existência da matriz jacobiana Jf ( X 0 ) , não é suficiente para garantir a
diferenciabilidade de f no ponto X 0 .
fx1 f1
y
f1
z
2x 3y 2 0
Jf ( X ) f 2 f 2 f 2 .
x y z 1 0 cos z
fx1 f1
y
2 x 2 y 2x
f
2 y x .
f 2
Jf ( X ) x2 y y
f 3 f 3 1 2 y
x y
CRITÉRIO DE DIFERENCIABILIDADE
No capítulo anterior chamamos atenção para o fato de que uma função pode ser
diferenciável em um ponto, e neste ponto as derivadas parciais não serem contínuas. Daí, a
seguinte definição.
D n f E m g p
X0
Y0 f ( X 0 )
z0 g (Y0 ) g ( f ( X 0 ))
g f
a) ( g f )(2,1) .
b) ( g f )( x, y) .
f g
2 2 2
( x, y)
f ( x, y) (u, v)
g(u, v) (r , s)
g f
Para obtermos ( g f )(2,1) , usamos o fato de que J ( g f )(2,1) Jg ( f (2,1)) Jf (2,1) , isto é,
u f1 ( x, y) x 2 y 2
Como f é definida por 2 , temos que
v f 2 ( x, y) x y
2
ux ( x, y) u
y ( x , y ) 2 x 2y 4 2
Jf ( x, y) v ( , )
( x, y) 2 x 4 2
e assim, Jf 2 1 .
x ( x, y)
v
y 2 y
r g1 (u , v) uv
Como g é definida por , temos
s g 2 (u , v) u v
ur (u , v) r
v (u , v) v u
Jg (u , v) s
(u , v) 1 1
s
.
u (u , v) v
Como u x 2 y 2 e v x 2 y 2 , então
x2 y 2 x2 y2
Jg ( f ( x, y))
1 1
e desta forma:
2 2 12 2 2 12 5 3
Jg ( f (2,1)) Jg (5,3) .
1 1 1 1
5 3 4 2 32 4
J ( g f )(2,1) Jg (5,3) Jf (2,1) .
1 1 4 2 8 0
(b) Do fato de g(u, v) g( f ( x, y)) g f ( x, y) , segue-se que ( g f )( x, y) será dado por
onde u x 2 y 2 e v x 2 y 2 .
Exemplo 3.3.6: Sejam f ( x, y) ( f1 ( x, y), f 2 ( x, y)) (u, v) e g(u, v) ( g1(u, v), g2 (u, v)) (r , s) .
r r s s
Obter: , , ,e .
x y x y
f g
2 2 2
( x, y) f ( x, y) (u, v)
g(u, v) (r , s)
g f
r g1 (u , v) gu1 g1
ur r
v
i. Como g (u , v) , temos que Jg (u , v) g 2 v
s ;
s g 2 (u , v)
g 2 s
u v u v
u f1 ( x, y) f1 f1
ux u
y
ii. Como f ( x, y) , temos que Jf ( x, y) fx2 y
f 2 v .
v f 2 ( x, y)
v
x y x y
Desta forma,
r r
ux u
y ur ux us uy r
u
u
y vr yv
J ( g f )(x, y) Jg (u , v) Jf ( x, y) us v
v s u s v vs yv
s v s u
.
u v x y u x v x u y
ur r
y
Mas J ( g f )(x, y) s s .
x y
xr r
u
u
x vr vx xs s
u
u
x vs vx
r e s .
y vr yv y vs yv
r u s u
u y u y
Solução: Seja f : 2 3 uma função dada por f (u, v) ( f1(u, v), f 2 (u, v), f3 (u, v)) ( x, y, z) .
Observe que g( x, y, z) g( f (u, v)) g f (u, v) , isto é, g f (u, v) w . Com palavras, a
composta g f aplica valores do domínio de f (contido em 2 ) no contradomínio de g
(contido nos reais) e assim, g f : 2 .
f g
2 3
(u, v) f (u, v) ( x, y, z)
w g( x, y, z)
g f
f1 (u , v) x fu1 f 1
v
ux x
v
f f 2 y y
i. Como f (u , v) f 2 (u , v) y , temos que Jf (u , v) u2 v u v ;
f (u , v) z fu2 f 2 uz z
3 v v
fu1 f 1
v
ux x
v
f f 2 y y
ii. Como w g( x, y, z) , temos que Jg ( x, y , z) u2 v u v .
fu2 f 2 uz z
v v
Desta forma,
ux x
v
J ( g f )(u , v) Jg ( x, y , z) Jf (u , v) y y
u v .
uz z
v
ur r
y
Mas J ( g f )(x, y) s s . Com isso, tem-se que
x y
xr r
u
u
x vr vx xs s
u
u
x vs vx
r e s .
y vr yv y vs yv
r u s u
u y u y
x uv
Exemplo 3.3.8: Seja w ln( x y z) , onde y ln(u v) . Demonstre que
z sin uv
w w
( ,1) ( ,1) .
u v
Solução: Seja f : 2 3 uma função dada por f (u, v) ( f1(u, v), f 2 (u, v), f3 (u, v)) ( x, y, z) .
Observe que g( x, y, z) g( f (u, v)) g f (u, v) , isto é, g f (u, v) w . Em palavras: a
composta g f aplica valores do domínio de f (contido em 2 ) no contradomínio de g
(contido nos reais) e assim, g f : 2 . Pelo exemplo anterior, podemos concluir que
w w x w y w z
.
u x u y u z u
w 1
(u , v) (v) (v cos uv)
u x yz x y z u v x y z
3 1
v v cos uv
x y z uv
3 1
v(1 cos uv)
uv ln(u v) sin uv uv
w 3 1 3 1 .
( ,1) 1 cos
u ln(1 ) sin 1 ln(1 ) 1
w 1
(u , v) (u) (u cos uv)
v x yz x y zu v x y z
3 1
u u cos uv
x yz uv
3 1
u(1 cos uv)
uv ln(u v) sin uv uv
w 3 1 3 1 .
( ,1) cos
u ln(1 ) sin 1 ln(1 ) 1
w w
Com isso, ( ,1) ( ,1) .
u v
i. f (V ) U é aberto;
ii. f , quando restrita a V, tem uma inversa, f 1 : U V , continuamente diferenciável;
iii. ( f 1 )(Y0 ) f ( X 0 )1 , onde Y0 f ( X 0 ) .
2x 2y 2 4
Jf ( x, y) então Jf (1,2) , e assim det Jf (1,2) 6 32 0 .
2 3 y 3 x 8 3
Nota: Seja f : n n
X Y f (X )
f1 ( x1 ,..., xn ) y1
f ( x ,..., x ) y
2 1 n 2
Daí, (I)
f m ( x1 ,..., xn ) ym
Se f é inversível e se g f 1 , então
g1 ( y1 ,..., yn ) x1
g ( y ,..., y ) x
2 1 n 2
Portanto,
g m ( y1 ,..., yn ) xm
Isso mostra que o sistema (I) acima, de n equações e n incógnitas x1 ,..., xn , pode ser
resolvido em termos de y1 ,..., yn se restringirmos X g (Y ) e Y f (X ) a vizinhanças
suficientemente pequenas de X 0 e Y0 . Pelo teorema da função inversa, as soluções são
univocamente determinadas e continuamente diferenciáveis.
x4 y x u
Exemplo 3.5.2: Mostre que o sistema f ( x, y) pode ser resolvido para x e y em
x y 3
v
termos de u e v (isto é, x F (u, v) e y G(u, v) ) numa vizinhança do ponto (1,1) . Determine
x x y y
ainda u , v , u
,e v
no ponto (2,2) .
4 yx 3 1 x 4 5 1
Jf ( x, y) e Jf (1,1) .
1 3y2 1 3
x F (u , v)
y G (u , v)
e está definida numa vizinhança do ponto (2,2) . Pelo teorema da função inversa, a derivada
( f 1)(2,2) é dada por
1
5 1 143 141 ux x
v
1 3 1 5
y y .
14 14 u v
x 3 x 1
; ;
u 14 v 14
y 1 y 5
; .
u 14 v 14
cos y x sin y
Jf ( x, y) e det Jf ( x, y) x cos2 y x sin2 y x 0 .
sin y x cos y
Para que f seja inversível, x deve ser diferente de zero. Note que f não é inversível
pois f ( x,0) f ( x,2 ) ( x,0) . Assim, precisamos restringir o domínio de f para que f seja
inversível.