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Introdução;
O que é o construtivismo social? Qual seria a natureza da teoria construtivista? Onde ela
nasceu? Por que nasceu? Quais são as críticas?
Os Construtivistas rejeitam o foco materialista unilateral nas Relações Internacionais, que tem
como grande representante as teorias neorrealistas;
Mundo social, composto por ideias, é político, e não algo externo à consciência humana, da
mesma forma que o sistema internacional não é algo “lá fora” como o sistema solar, e só
existe como consciência intersubjetiva (ou percepção compartilhada entre as pessoas);
Abordagem menos rígida da anarquia (“Anarquia é o que os Estados fazem dela” – Alexander
Wendt), que para os neorrealistas e neoliberais é uma coisa meio à parte das decisões sociais e
dos Estados, como se fosse uma espécie de “axioma”.
A ascensão do construtivismo em RI
A partir da década de 80 o construtivismo social ganha relevância > maior abertura e fluidez
com a queda do Muro de Berlim, a dissolução da União Soviética, etc.
Os neorrealistas, nesse ponto do fim da Guerra Fria, não seriam tão claros quanto a suas
teorias. Eles falavam em um “desenvolvimento de um equilíbrio de poder”, no qual outros
Estados tentariam contrabalancear o poder ascendente dos Estados Unidos garantindo a
própria segurança, esse equilíbrio traria novas potências num sistema multipolar - não foi o
que aconteceu. Um dos fundadores do neorrealismo, Kenneth Neal Waltz, disse que essa
mudança ocorreria em breve e Cristopher Layne argumentou que levaria cerca de 50 anos
para Japão e Alemanha começarem a se equilibrar com os EUA. Essa incerteza, para
construtivistas, estaria ligada ao fato da teoria ser excessivamente parcimoniosa e materialista.
Raízes ainda mais antigas do construtivismo por volta do Século 18, podem ser encontradas no
filósofo Giambattista Vico, que dizia que o mundo natural foi feito por Deus, mas o mundo
histórico é feito pelo Homem, uma abordagem mais teológica. Kant foi outro precursor,
afirmando que podemos obter conhecimento sobre o mundo, mas esse conhecimento vai ser
sempre subjetivo no sentido de ser filtrado pela consciência humana. Já Weber enfatizou que
mundo social da interação humana é diferente do mundo natural dos fenômenos físicos. Ele
fala num “verstehen” – quando os humanos confiam na compreensão mútua de suas ações e
lhe atribuem significados. E aí entra a importância do significado e da compreensão que tanto
influenciou o construtivismo.
Uma teoria social aborda os aspectos do mundo social, ação social, relações entre atores e
estruturas e uma teoria substantiva de RI aborda os aspectos mais específicos da disciplina. O
Construtivismo é um conjunto dos dois.
Tudo que se envolve no mundo social é feito pelos homens e mulheres, o que torna essas
coisas inteligíveis. Ex: 500 armas nucleares britânicas são menos ameaçadoras aos Estados
Unidos do que 5 norte-coreanas. Fatos materiais são, assim, mais uma vez secundários em
relação ao conteúdo intelectual e ideológico.
A visão materialista do poder, afirma que a capacidade militar e o interesse nacional como um
desejo egoísta dos Estados são as forças motoras na política internacional, ideias só
racionalizam ações ditadas pelos interesses materiais. Já no campo de visão ideacional, as
ideias sempre importam, porque elas que atribuem significado ao poder material.
1. Ideias compartilhadas
2. Recursos materiais
3. Práticas
As explicações sobre poder e interesse pressupõem ideias. Wendt sugere que a investigação
das condições discursivas é que fazem funcionar as explicações materiais.
Além disso, a imagem das RI como bolas de bilhar que se chocam (como dito pelos realistas) é
rejeitada pelos construtivistas, que desejam investigar o interior delas para chegar a uma
compreensão profunda.
Construtivistas concordam com Weber sobre compreensão interpretativa da ação social, mas
discordam quanto ao grau de possibilidade de emular ideias científicas das ciências naturais e
produzir explicações científicas baseadas em hipótese, coleta e generalização de dados.
Rejeitam noção de verdade objetiva, mas ao mesmo tempo fazem reivindicações de verdade
sobre os sujeitos que investigaram e ao mesmo tempo admitem que suas reivindicações são
sempre contingentes e parciais de um mundo complexo (visão do construtivismo mais
convencional).
Compulsório controle direto de um ator sobre o outro (Ex: quando Estado ameaça outro)
Institucional quando atores exercem controle indireto sobre o outro (Ex: criação ou adesão à
instituições internacionais em favor próprio)
Estrutural constituição de capacidades e interesses sociais dos atores em relação direta uns
com os outros (Ex: esforço do capitalismo mundial em produzir padrões sociais de capital e
trabalho com capacidade para alterar suas condições e destino)
Culturas de Anarquia
Para os neorrealistas, os Estados sabem quem são e o que desejam antes de começarem a
interagir uns com os outros
Para Wendt, a relação com outros Estados é que cria uma estrutura de identidades e
interesses
"Se EUA e URSS decidirem que não são mais inimigos a Guerra Fria acaba"
Na hobbesiana Estados veem uns os outros como inimigos, guerra de todos contra todos (até
séc XVI foi dominante)
Na lockeana Estados são rivais entre si, mas também existe limite a essa rivalidade - respeito a
coexistência mútua (em voga após a paz de vestfália)
Essas culturas podem ser internalizadas pelos Estados em variados graus: quanto maior o grau,
para Wendt, maior o comprometimento com ideias compartilhadas.
Corridas armamentistas não são inevitáveis, interação social pode levar a culturas de anarquia
mais benignas
Marthar Finnemore propõe outra variante para essa análise: ao invés de analisar interação
entre os Estados, focam nas normas da sociedade internacional e a maneira pela qual elas
afetam as identidades e os interesses dos Estados
Estudos de caso: Martha se opõe a perspectiva neorrealista que diz que mudanças promovidas
nos casos estudados não podem ser explicadas unicamente por interesses nacionais em
termos de maximização do poder
Barnett e Finnemore oferecem visão construtivista das OIs: não são meras serviçais dos
Estados, podem ser atores autônomos que exercem poder no seu direito próprio, constroem o
mundo social onde tem lugar a cooperação e a escolha e ajudam a definir interesses que os
Estados buscam. Tem poder devido a sua forma (burocracia racional-legal) e por seus objetivos
liberais. Essa autoridade lhes dá uma esfera de autonomia e uma fonte que eles podem usar
para modelar comportamento dos outros, seja direta ou indiretamente.
Dimensões de poder das OIs: compulsório (controle de recursos materiais sejam financeiros ou
militares), compulsório de recursos normativos (tem recursos de persuasão), institucional
(indireto) e produtivo (poder de formular problemas que podem ser resolvidos) OIs não são
sempre força para o bem
Vários aspectos da cooperação europeia têm sido temas centrais nas análises construtivistas
Kenneth Garbo: Estudou a política externa e de segurança comum (Pesc) da União Europeia
Marcus Marcussen: Seu argumento contém três elementos - As novas visões da ordem política
devem estar em consonância com identidades coletivas preexistentes, embutidas em
instituições e culturas polícias para construírem um discurso legítimo. As elites políticas
selecionam de forma instrumental a partir das ideias que lhes são disponíveis segundo seus
interesses, particularmente durante “crises conjunturais” em que as identidades de Estado-
nação são contestadas e desafiadas no discurso político. Uma vez que as identidades de
Estado-nação tenham emergido como consensuais entre a maioria política é provável que
sejam internacionalizadas, em consequência tendem a se tornar resistentes.
Críticas ao Construtivismo
Não negam a possível amizade dos Estados, por causa da interação social, mas como diz
Mersheimer: esse desejo pode ser desejável em princípio, mas não concretizável, pois a
estrutura do sistema internacional força Estados a se comportar com egoísmo.
Anarquia, capacidade ofensiva e intenções incertas combinam-para deixar Estados com poucas
opções além da competição agressiva.
Princípios: Da "incerteza" como principal problema enfrentado pelos Estados na anarquia, que
seria subestimada pelos construtivstas segundo Copeland e da "hipocrisia" quando Estados
assumem uma coisa mesmo tendo intenções contrárias ela (Ex: pacto Molotov-Ribbentrop)
As ideias importam! (debate sobre a teoria básica é relevante para demonstrar isso)
Convencionais e críticos