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FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ – FAEPI

ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA

A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE:


Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã

TERESINA – PIAUÍ
2016
ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA

A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE:


Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã

Monografia apresentada a Coordenação


do curso de Bacharel em Teologia da
Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI,
como requisito parcial para a obtenção
do título de Bacharel em Teologia .

TERESINA – PIAUÍ
2016
3

ROBSON PALMA NASCIMENTO DE SENA

A FAMÍLIA CRISTÃ E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE:


Uma abordagem bíblico-histórica em torno da família cristã

Monografia apresentada a Coordenação do curso de Bacharel


em Teologia da Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Teologia.

Orientadora: Prof.º Jhomara Alves

Teresina, _____ de ________________ de ____________.

_______________________________________________________________
Examinador
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ

_______________________________________________________________
Examinador
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ

_______________________________________________________________
Examinador
FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ
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Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.


Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria,
trazendo consigo os seus molhos.
Salmos 126:5,6
5

Agradecimentos

Nesse estágio da vida em que temos a oportunidade de concluir mais uma etapa da
vida acadêmica, é imprescindível tecermos alguns agradecimentos às pessoas que estiveram
ao nosso lado direta ou indiretamente e que contribuíram de algum modo para a efetivação
desse momento.
Quero agradecer, primeiramente, ao Senhor nosso Deus pelo dom da vida e por
aquecer o meu coração nos momentos de dificuldade que enfrentamos e, mais do que isso, por
ter estado ao meu lado em todas essas etapas, abrindo o entendimento e possibilitando novas
descobertas que influenciaram nesse trabalho.
Posteriormente, quero agradecer a minha família: minha esposa, Carolina Sena, e
minha filha, Lorena Kelly Sena, pela compreensão nos momentos em que estava abafado de
trabalho e, mesmo presente fisicamente, fomos abdicados de algumas atividades e momentos
importantes. Mas esta fase está passando. Família é tudo, é a base de uma sociedade sarada.
Agradeço ao Instituto de Educação El Shaday – IEES, na pessoa do professor Bel.
Jaimilton Moraes, e suas contribuições na minha formação acadêmica, através da oferta do
Curso Livre de Bacharel em Teologia.
Aos professores do Seminário Teológico Filadélfia – SETEFI que, através da
Faculdade Evangélica do Piauí – FAEPI, trouxeram contribuições relevantes ao nosso
aprendizado acadêmico, nos possibilitando a abertura de novos horizontes com a
convalidação do curso de Bacharel em Teologia pelo MEC – Ministério da Educação e
Cultura. Agradecer a professora Jhomara, minha orientadora que, mesmo não conhecendo
pessoalmente, mas através da interação nos espaços virtuais, deu suas contribuições sanando
as minhas dúvidas e sugerindo posicionamentos concisos e eficazes.
Gostaria de deixar meus agradecimentos ao Pastor Professor Bel. Jorge Silva por
suas contribuições durante a análise do presente trabalho.
Gostaria, também, de tecer meus agradecimentos às Igrejas nas quais sou pastor
(presbítero superintende), que tiveram minha ausência em alguns momentos da monografia e
que muito me compreenderam nesse sentido.
Agradecemos, por fim, a todos que direta ou indireta ou indiretamente contribuíram
para chegar até esse momento ímpar de nossa vida que é a conclusão de uma graduação,
necessariamente, na área teológica.
Meu muito obrigado a todos!
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RESUMO
A família cristã, desde sua formação, tem enfrentado muitos problemas que vão de encontro
às configurações essenciais que a tornam modelo de uma sociedade sarada. O advento da
sociedade pós-moderna trouxe consigo uma maior possibilidade das quebras de valores éticos
e sociais da família, enquanto célula básica da sociedade, tendo em vista que saímos de um
modelo de família patriarcal, centrado na figura do “pai” como administrador do núcleo
familiar pautado na valorização da moral e bons costumes que permeavam no seio de uma
“família ideal”, para um modelo de família que tem seus conceitos pluralizados e que é
diretamente influenciado pelas novas configurações humanísticas, secularista e relativista da
sociedade pós-moderna, o que tem gerado um grande desconforto para as “famílias
remanescentes”, que tentam de todo modo manter os valores instituídos desde a sua
concepção. Nesse sentido, vive-se uma zona de vulnerabilidade sem precedentes,
possibilitando a desestruturação e heterogeneidade que têm se disseminado entre os pares,
provocando o caos familiar. Nesse cenário, a família tem sofrido grandes bombardeios e
enfrentado grandes desafios que, para muitos é quase impossível superar. Mas, diante da
observância da genuína Palavra de Deus e dos princípios trazidos por Ela, que são norteadores
e base da família, é possível a retomada da perspectiva de uma estruturação e organização
para que a mesma volte a ser a base de uma sociedade sarada.

PALAVRAS – CHAVE: pós-modernidade, família, transformações, desafios, possibilidades.


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ABSTRACT

The Christian family, since its formation, has faced many problems that meet the essential
settings that make it a model of a healed society. The advent of post-modern society has
brought with it a greater chance of ethical and social values breaks the family as the basic cell
of society, given that we left a patriarchal family model, centered on the figure of the "father"
as administrator nuclear family founded on the appreciation of the moral and good customs
that pervade within an "ideal family" for a family model that has its pluralized concepts and
that is directly influenced by the new humanistic settings, secularist and relativist postmodern
society, which has generated a lot of discomfort to the "remaining family", who try in every
way to keep the values established since its inception. In this sense, an unprecedented
vulnerability zone one lives, enabling the breakdown and heterogeneity that are increasingly
common among peers, causing the family chaos. In this scenario, the family has undergone
major bombings and faced great challenges, for many it is almost impossible to overcome.
But, on the observance of the genuine Word of God and the principles brought by her, which
are guiding and family basis, the resumption of the prospect of a structure and organization so
that it again be the basis of a healed society is possible.

KEY - WORDS: postmodernity, family, transformations, challenges, possibilities.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................09

1 CONCEITO DE PÓS-MODERNIDADE E FAMÍLIA................................................11

1.1. PÓS-MODERNIDADE E SEUS CONCEITOS...............................................12

1.2. FAMÍLIA: UM CONCEITO PLURALIZADO................................................16

2 O PAPEL DA FAMÍLIA AO LONGO DO TEMPO...................................................19

2.1. O PAPEL DA FAMÍLIA NO ANTIGO TESTAMENTO.................................20

3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO................................................33

4 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA FAMÍLIA CRISTÃ DO SÉCULO XXI:


CONTEXTUALIZAÇÃO.............................................................................................. 38

4.1. DIVÓRCIO: O DESAFIO DO SÉCULO.........................................................40

4.2. POSSIBILIDADES: SUPERANDO OS DESAFIOS POR MEIO DA


PALAVRA DE DEUS..........................................................................................44

4.2.1. A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS NO CONTEXTO


FAMILIAR...............................................................................................45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................47

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................48
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INTRODUÇÃO: a família cristã e os desafios da pós-modernidade

As atuais configurações da família cristã caracterizam-se como um marco sem


precedentes, constituindo-se como um período sombrio da história da humanidade (2 Tm 3.1-
5), pois o advento da a pós-modernidade tem trazido consigo as marcas que estão se
impregnando nos valores sociais instituídos por Deus (1 Tm 1.18-20; 2 Pe 1.3-10) ao formar,
no Éden, o modelo de família que originaria e perpetuaria toda a raça humana na Terra, a
família patriarcal (Gn 1. 26-28; 2.22-24).
Nessa perspectiva, em virtude dessa evolução social, de caráter humanista
proveniente desde o início da modernidade foi, que surgiu segundo Harvey (1998):

Como uma reação às condições de produção (máquina, fábrica e urbanização), de


circulação (os novos sistemas de transportes e comunicação) e de consumo (a
ascensão dos mercados de massa, da publicidade) do que um pioneiro na produção
dessas mudanças (HARVEY, 1998, p.32 apud CARNEIRO, 2008).

Dessa forma, Marçal (2012), corrobora dizendo que ela consegue trazer “em seu
nascedouro uma ruptura com a tradição, principalmente no que tange à compreensão da
racionalidade, além de ser um momento de mudanças históricas consideráveis” (MARÇAL,
2012, p.1). Nesse contexto, a família perde sua estrutura tradicional, tornando-se um desafio
se organizar nessa nova forma de convívio de modo que esteja também fundamentada nos
valores disseminados através das Sagradas Escrituras (Pv 7.1- 4; Sl 119.1-19), deixando-a em
uma zona de risco (Mt 24.12).
Nesse sentido, falar de família cristã na presente era em que estamos vivendo é
também propor mecanismos que possibilitem uma tomada de consciência em torno dos
valores sociais pré-estabelecidos pelo Senhor e sua total efetivação no núcleo familiar,
desempenhando um papel preponderante na revitalização de seus integrantes, bem como em
suas funções enquanto modelo pra se constituir uma sociedade sarada (Ef 5.22-25), e mais do
que isso fortalecendo os laços familiares com toda perseverança a fim de que possamos salvar
a nossa família que é o nosso maior bem, e porque não dizer, o nosso maior tesouro, do caos
que tem assolado a sociedade (Mt 24.12,13)
O presente trabalho visa mostrar o resultado de pesquisas realizadas, à luz da Palavra
do Senhor e de textos auxiliares publicados em seus mais variados espaços, de como é
conceituada biblicamente a família cristã vétero e neotestamentária e quais características a
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constituem como um espaço de um convívio coletivo o mais próximo possível do Senhor,


tendo em vista a perfeita harmonia e comunhão existentes entre Adão e Eva e Deus, desde o
Éden (Gn 2.23-25) e como as transformações sociais impregnaram no seio das famílias seus
conceitos e quais as consequências dessas implicações. Mais do que isso, pretende-se estudar
as características que diferenciam o modelo de família instituída por Deus no Éden dos atuais
modelos instituídos pela sociedade deste século.
Para tal, realizaram-se pesquisas em fontes literárias e nas Sagradas Escrituras e
analisaram-se as implicações da pós-modernidade ou, mais do que isso, das transformações
que ocorrem nesse contexto, de acordo as ideias de alguns teóricos desta área.
Diante do exposto, procurou-se buscar explicações completas e concisas acerca da
realidade que o cenário familiar tem enfrentado, bem como tentar observar possíveis medidas
que podem mudar essa realidade, de modo que se possa ter uma família que esteja dentro dos
padrões estabelecido pelo Senhor à luz das Sagradas Escrituras.
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1 CONCEITO DE PÓS-MODERNIDADE E FAMÍLIA

No mundo científico das ideias não se pode dissertar sobre nenhum tema sem antes
saber seu conceito, sua origem e/ou sua etimologia, pois estes se caracterizam como o ponto
de partida a direcionar o foco no qual se quer chegar. Nesse sentido, não se pode falar de
família e pós-modernidade sem antes concebê-los dentro de suas particularidades e
características.
Entende-se como conceito àquilo que o espírito concebe ou entende; que se idealiza
ou entende, no entanto, quando se faz um juízo que não corresponde ao real, acaba-se criando
o preconceito, que se caracteriza por fazer um juízo por antecedência, isto é, fazer
julgamentos sem saber de nada que está falando.
Para Freitbach (1988, p. 123), economista e Mestre pela UFRS, “O conceito serve
como ponto de partida da observação, uma vez que designa, por abstração, aquilo que num
primeiro momento não é diretamente perceptível, e vai paulatinamente sendo explicitado na
medida em que a realidade fenomênica vai sendo desvendada”.
Nesse sentido, ela parafraseia Grawitz (1975), dizendo que “ (. . .) o conceito não é
somente uma ajuda para perceber, mas também uma forma de conceber. Organiza a realidade
conservando os caracteres distintivos e significativos dos fenômenos” (Grawitz, 1975, p. 331).
Ainda parafraseando Freitbach (1986, p. 12) o conceito tem grande importância na
formulação de teorias, pois são eles que darão a capacidade de se expressar a essência dos
fenômenos. Nessa perspectiva, não existe trabalho acadêmico-científico que esteja distante do
ideal de conceito. Nas palavras da autora

Ele está inserido dentro de um contexto metodológico específico, está sempre


relacionado a um método, a um conjunto de procedimentos que revela a postura do
pesquisador. Portanto, o uso de determinados conceitos em detrimento de outros
indica a maneira de observar a realidade que figura na mente do sujeito. Pode-se
dizer, então, que o conceito é o "fio condutor" da observação, ao mesmo tempo em
que, numa outra etapa do processo de conhecimento, ele é o resultado deste
(FREITBACH, 1988, p. 123).

Nesse sentido, Ao mesmo tempo em que um dos objetivos da teoria é construir o


conceito, este se constitui também parte integrante da teoria (FREITBACH, 1986, p. 13), pois
ele caracterizará o aspecto dos fenômenos estudados.
Dessa forma, se faz necessário estudar os conceitos de pós-modernidade e família
antes que se possa dar continuidade a esse trabalho.
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1.1. PÓS-MODERNIDADE E SEUS CONCEITOS

O que é pós-modernidade e quais suas influências no mundo contemporâneo?


Entender o conceito de pós-modernidade não é algo tão simples. Sabe-se que existem
vários autores que, de certa forma, tentaram definir o termo pós-modernidade, no entanto, não
se percebe um consenso sobre essa definição. Destarte, alguns autores nem utilizam essa
expressão para definir o atual momento em que estamos vivendo. Por exemplo, Bauman
(1998, 2005) denomina de modernidade líquida, Giddens (1990, 2002) usa a expressão
modernidade tardia e Harvey (1992), sociedade pós-industrial.
Então, na compreensão desse conceito, sob o ponto de vista harveyano, se faz
necessário voltar um pouco no tempo para se entender um pouco sobre as características da
modernidade e, posteriormente analisar, sob um ponto de vista histórico, a permutação do
modernismo ao pós-modernismo e, dessa forma, compreender, a partir de uma visão
sociológica, o que de fato caracteriza a era atual como pós-modernidade, tendo em vista que
se pode caracterizá-la como uma fase histórica do capitalismo tardio.
O período denominado modernidade tem como seu marco inicial o advento da
revolução francesa, durante o século XVIII que trouxe seu lema “Liberdade”, igualdade e
“fraternidade”, pondo fim à Monarquia. Diante do exposto, os avanços tecnológicos do século
XVIII fizeram surgir um novo mito, a ideia de progresso a partir dos ideais iluministas. A
partir de meados do século XVIII, o capitalismo foi se consolidando em diversos países, sob
os reflexos do processo de industrialização, atingido amplos setores da economia. Paralelo a
tudo isso, a expansão e a consolidação do capitalismo trouxeram também novas formas de
exploração do trabalho humano, gerando conflitos entre a burguesia e os proletariados,
culminando na difusão das desigualdades sociais (Marx e Engels, 1973).
É em meio a essa efervescência política e econômica que alguns pensadores
formularam um conjunto de teorias políticas como o iluminismo que defendiam a crença na
razão como promotora de progresso rejeitando o governo absolutista, trazendo à tona a
tomada de consciência da nação. Para os iluministas era necessário um governo constitucional
que tivesse ao alcance dos cidadãos, inclusive os protegendo contra os abusos do poder.
Esse processo de ascensão social por parte da burguesia e sua tomada de consciência
como classe social foi acompanhada pela expansão capitalista do século XVII e XVIII.

O projeto de expansão capitalista se realiza com a passagem do feudalismo


para o capitalismo, com a formação dos Estados - nação, emergência da
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burguesia, o movimento da Reforma que provocou a quebra da unidade
religiosa europeia e rompeu com a concepção passiva do homem, entregue
unicamente aos desígnios divinos, reconhecendo o trabalho humano como
fonte da graça divina e origem legítima da riqueza e da felicidade. Também
concebeu a razão humana como extensão do poder divino, o que colocava o
homem em condição de pensar livremente e responsabilizar-se por seus atos
de forma autônoma (ESCOBAR, 2009, p.13).

É em meados do século XVIII que o capitalismo foi se consolidando em seus mais


diversos países. Nota-se que esse processo de transformação e consolidação, do qual está
vinculada a Revolução industrial, atinge amplos setores da economia e trouxe consigo as suas
mais variadas formas de exploração do trabalho humano, o que acabou gerando uma série de
conflitos entre dois grandes grupos sociais emergentes: de um lado a burguesia e do outro o
proletariado. O primeiro é o grupo formado pelos detentores do poder, os detentores dos
meios de produção e o segundo, através da venda de sua mão de obra, se caracterizado como
pivô para que as engrenagens do capitalismo funcionem. É nesse contexto que Karl Marx vai
chamar de “luta de classes”, e defender a classe trabalhadora dizendo que seria preciso uma
“sociedade igualitária” (Marx, 2010).
Nesse contexto, para o Socialismo Marxista, a tensão existente na mais-valia poderia
promover a união da classe proletária que, como dizia seu lema, em busca de uma sociedade
mais igualitária, tomaria posse dos meios de produção e os passaria ao controle do Estado,
que seria encarregado de representar o coletivo. Seria, portanto, o contexto de uma Revolução
Socialista. Com o tempo, em virtude de que não haveria mais dominação de uma classe sobre
outra, o Estado não seria mais necessário, o que resultaria no que é, para Karl Marx, a etapa
mais desenvolvida das relações humanas, uma sociedade comunista.
Diante disso, novas reflexões lançaram desconfiança em relação aos ditames da
ciência e da tecnologia. Esses complexos caminhos da sociedade contemporânea nos
expuseram diante de grandes questões como as desigualdades sociais e os rumos do
desenvolvimento tecnológico-científico, entre outros. Todavia, ali era um marco do cenário
político e econômico, afinal estava-se vivendo o período moderno marcado pelo crescimento
e expansão do capitalismo.
Nesse sentido, Harvey (1992) permite acreditar que na passagem da modernidade a
pós-modernidade ocorreu uma aceleração nas mudanças de produção, trocas e consumo e que
as grandes histórias foram combatidas pelo pós-modernismo, que cedeu o espaço para a
heterogeneidade e a diferença.
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Dessa forma, o pós-modernismo trouxe consigo uma brusca alteração em toda


concepção de “sujeito globalizado”, repercutindo sua identidade tendo em vista o choque que
acomete diretamente sua cultura e seus valores, enquanto sujeito socializado, nos trazendo a
ideia de choque de identidade.
Marx (1973), um socialista admirável, disse o seguinte sobre a modernidade:

[...] é o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas


condições sociais, a certeza e o movimento eternos [...] Todas as relações fixas e
eternas com seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas,
todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo
que é sólido se desmancha no ar... (MARX e ENGELS, 1973, p.70).

A sociedade modernizada passa a ser, então, aquela que está em constantes mudança
e transformação. Giddens (1990), com seu ideal de modernidade tardia, vai dar sua
contribuição dizendo que:

[...] nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos são valorizados


porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um meio de
lidar com o tempo e com o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência
particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são
estruturados por práticas sociais recorrentes (GIDDENS, 1990, p. 37-38).

Nesse sentido, a modernidade não é apenas uma experiência vivida através das
constantes mudanças, mas também uma forma reflexiva da vida, tendo em vista que “as
práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz das informações recebidas
sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter” (GIDDENS,
1990, p. 37-38).
Para ele, nesse sentido, a medida que as áreas diferentes do globo são postas em
interconexão umas com as outras, onda de transformação social atinge a face da terra. São
essas transformações que impregnam na identidade do sujeito suas novas modalidades de
pensar, de agir, de se socializar, levando a humanidade a “dançar conforme a música que é
tocada”, isto é, fazer aquilo que está sendo norteador naquele momento, não importando o que
acontecerá no próximo episódio.

Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na


modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças características dos
períodos anteriores. No plano da extensão, elas serviram para estabelecer formas de
interconexão social que cobrem o globo; em termo de intensidade, elas alteram
algumas das características mais íntimas e pessoais de nossa existência cotidiana
(GIDDENS, 1990, p. 21).
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Outrossim, mudanças que repercutiram em toda a vida do sujeito trazendo uma


roupagem moderna em sua identidade, no entanto, junto com esta traz também as marcas das
transformações no contexto pessoal e/ou familiar.
O sujeito é, cada vez mais, marcado pelo distanciamento das relações sociais,
caracterizando a pós-modernidade como uma reação cultural, ou seja, uma perda de confiança
no potencial universal do projeto iluminista.
Nessa perspectiva, caracterizada pela era do imediatismo, toda a população da atual
sociedade encontra-se numa era em que o sujeito se tornou valorizado por aquilo que tem e
não, necessariamente, por aquilo que é. É nesse contexto que o pós-modernismo culmina com
“a aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo, do caótico” (HARVEY, 1992, p.
49), tendo em vista que o homem se torna cada vez mais audacioso a quebrar as fronteiras
físicas e vivenciar um mundo imaginário se distanciando das pessoas que estão ao seu redor.
Falando de distanciamento físico, é bom lembrarmo-nos do caos que o advento do
ciberespaço tem, também, trazido na espécie humana. Com a quebra e/ou distanciamento do
espaço e o tempo, e a inserção de tecnologias cada vez mais inovadoras, o homem tem estado
distante cada vez mais de sua espécie e o pior, mesmo estando próximos, fisicamente.
Giddens (1991) deixa claro que:

O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do espaço e de sua


recombinação em formas que permitem o "zoneamento" tempo-espacial preciso da
vida social; do desencaixe dos sistemas sociais (um fenômeno intimamente
vinculado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço); e da ordenação e
reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de
conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos (GIDDENS, 1991, p. 25-
26).

Dessa forma, o que se presencia no contexto familiar da presente era é uma


intensificação de famílias distantes e fragmentadas, que perderam sua homogeneidade, em
detrimentos das disputas existentes dentro do próprio espaço familiar, caracterizadas pela
quebra dos valores que são essenciais e indispensáveis na construção de uma família sadia e
que seja forte o suficiente para romper a zona de vulnerabilidade diante da atual conjuntura
social. Isso faz com que a família contemporânea tome rumos diferentes daqueles traçados
pelos primórdios da família cristã e que marcaram época sobre o modelo de família patriarcal,
que embora necessitasse ainda de vários aprimoramentos, se constituía referência para a
construção de uma sociedade sarada.
16

1.2. FAMÍLIA: UM CONCEITO PLURALIZADO

Conceituar família, na atual conjuntura social, já se constitui uma tarefa não mais tão
simples. Nesse sentido, pretende-se trazer as definições realizadas por alguns teóricos da área
e concluir com a definição encontrada nas Sagradas Escrituras, e fazer um paralelo entre elas,
de modo que se possa tentar demonstrar as transformações que ocorreram durante o processo
histórico que se iniciou desde o período bíblico.
Sob o ponto de vista sociológico, Durham (1983, apud Perez, 2009) diz que a
família:

[...] se constitui como uma unidade de reprodução social e biológica e uma instância
de cooperação econômica e de consumo de bens materiais e simbólicos e,
simultaneamente, um espaço da expressão das emoções, sejam elas de afeto ou
agressão, de segurança ou rivalidade (DURHAM, 1983 apud PEREZ, p. 2).

De um modo mais geral, ele deixa claro aqui que a família se caracteriza como
espaço de formação social do homem, tendo em vista que as suas ações, na sociedade na qual
está inserido, são reflexos dos valores sociais adquiridos no seio familiar, pois é isso que o
caracteriza como um espaço de reprodução social que, para Perez, representa um espaço de
transmissão dos padrões sociais, seja por meio cotidiano e das trocas de experiências, seja por
meio das práticas de socialização e educação das gerações mais novas (PEREZ, 2009, p. 2).
Frente a essa nova era da esfera social, a autora, cheia dos ideais de Durham (1983),
deixa claro que o:
[...] que caracteriza a família contemporânea é o fato dela se constituir como uma
unidade social formado por diversos arranjos familiares, mas com finalidades e
objetivos semelhantes. Dentre algumas constituições familiares temos: família
nuclear, constituída pelo pai, mãe e filho(s); família ampliada, em que além do
núcleo familiar, outros parentes agregam-se ao grupo; famílias recompostas que são
resultados de uma segunda união de um ou ambos os cônjuges; família matrifocais,
nas quais as mães chefiam o grupo doméstico sozinhas ou com o auxílio de outros
parentes; famílias patrifocais, em que o pai é o responsável pelos filhos, agregados
ou não a outros parentes (DURHAM, 1983 apud PEREZ, 2009, p.3)

Já para Junior (2013, p.2), “ a família é a mais antiga e mais importante instituição do
mundo”. Dessa forma, pode-se entendê-la como referencial e modelo de um indivíduo em sua
totalidade.
Para Faco e Melchioli (2007):
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A família representa o espaço de socialização, de busca coletiva de estratégias de
sobrevivência, local para o exercício da cidadania, possibilidade para o
desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independentemente dos
arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando. Sua dinâmica é
própria, afetada tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas políticas
econômicas e sociais (FACO e MELCHIOLI, 2007. In: VALLE, 2009, p. 121-122).

Como um dos principais contextos de socialização dos indivíduos, ela possui um


papel fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano, tendo em vista que suas
crenças, valores e práticas são diretamente ligados às transformações da sociedade. Fala-se
isso, pois sabe-se que quer queira quer não, há no contexto familiar uma busca da melhor
adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo.
Dessa forma, à medida que a sociedade vai mudando, há uma tendência de o sistema
familiar ir mudando juntamente com ela, deixando seus membros muitas vezes vulneráveis,
pois se corre o risco de todos eles serem afetados por pressões interna e externa e, ao mesmo
tempo, possibilitando as modificações suficientes para a continuidade e o crescimento
psicossocial de seus membros.
Para Faco e Melchioli (2007), de acordo com:

[...] as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais ocorridas ao longo dos


tempos, a sociedade está sendo obrigada a reorganizar regras básicas para amparar a
nova ordem familiar. No código de 1916, “família legítima” era definida apenas pelo
casamento oficial. Em janeiro de 2003, começou a vigorar o Novo Código Civil, que
incorporou uma série de novidades, sendo que a definição de família passou a
abranger as unidades formadas por casamento, união estável ou comunidade de
qualquer genitor e descendentes (FACO e MELCHIOLI, 2007. In: VALLE, 2009,
p.122).

Dentro dessa nova modalidade constitucionalizada, o casamento passou a ser


“comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”
(CAHALIL, 2003, p.467 apud VALLE, 2009, p.122); os filhos que são adotados ou
concebidos fora do casamento passam a ter os mesmos direitos dos nascidos dentro do
matrimônio; além disso, a palavra “pessoa” fora substituída por “homem” e, ainda, o “pátrio
poder”, onde era o poder do pai exercido sobre os filhos passa a ser “poder familiar”, abrindo
essa atribuição também à mãe.
Dentro dessa concepção, torna-se mais fácil a possiblidade do divórcio, tendo em
vista que a lei se flexibilizou a tal ponto de dá maior abertura para a dissolução da família em
um abrir e fechar de olhos, haja vista não existir mais as burocracias que haviam em outro
tempo, mas sobre esse tema vamos discorrer mais na frente.
18

É oportuno falar que atualmente a família se apresenta na sociedade com inúmeras


modificações que foram estabelecidas ao longo da história. A contemporaneidade trouxe
consigo a pluralização da família, não se restringindo mais a modelos de famílias nucleares,
mas, geralmente, são caracterizadas por famílias recompostas, homo afetivas, dentre outras
denominações.
Dessa forma, a sociedade tem colocado nas mentes humanas em não se pensar mais
em família enquanto modelo convencional, encadeado pela união de um homem e uma
mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos, mas, para ela, isso é um tabu que deve ser
quebrado, pois, a partir desse ponto de vista, o que identifica a atual conjuntura familiar não é
o casamento, nem tampouco a diferença de sexo dos parceiros e sim a presença de um vínculo
afetivo que provoque a união entre pessoas que, pelo menos, tenham em comum um projeto
de vida e que haja entre eles, um comprometimento mútuo.
A Bíblia Sagrada afirma que Deus fez o primeiro casamento entre um homem e uma
mulher (Gn 2.18) e o institucionalizou (Gn 2.24) como modelo para a construção de um povo
santo, a nação eleita e o sacerdócio real (1Pe 2.9), que não esteja fora do padrão da Palavra de
Deus. Ela é a Bússola, é o Guia de Percurso, é a Orientação Salvívica.
Portanto, quando família procura está dentro dos padrões pré-estabelecidos pelo
Senhor, procurando centrá-la no seu contexto e não se deixa levar pelas mudanças
imediatistas dessa nova era, mas antes disso, busca com diligência ser o tabernáculo de
adoração ao Senhor e o oásis de amor e canal de bênçãos do Senhor para a vida de todos,
automaticamente ela se torna a família segundo o coração de Deus.
19

2 O PAPEL DA FAMÍLIA AO LONGO DO TEMPO

Desde o primórdio da história da família, o papel dos integrantes do núcleo familiar


tem sido redefinido à medida que a sociedade vai se transformando. Essas transformações têm
sido alvo de grandes preocupações, pois acabam reconfigurando os perfis familiares
existentes. As famílias têm, nesse sentido, vivenciado expectativas diferentes em seus lares e
nas relações pessoais dos indivíduos e acabam desenvolvendo suas próprias formas de ajustar-
se ás circunstâncias relativamente inexploradas em que se encontram, o que não deixa de
gerar um desgaste de seus membros.
Geralmente, essas transformações sociais têm modificado as formas prévias de
casamento e de ordenação familiar, conforme já foi mencionado no tópico anterior, trazendo
um efeito de irreversibilidade. Se for feito um apanhado sobre o papel dos membros do núcleo
da família, entender-se-ia que o desdobramento da pós-modernidade acarretou, em seu
contexto, maridos e esposas, cada vez mais distantes do seu objetivo enquanto progenitores de
uma espécie.
Desse modo, através do seu ideal de independência, as mulheres fugiram de suas
atividades domésticas para entrar no mercado de trabalho e no seu lugar tem ficado as babás,
que muitas vezes tem sido pessoas desconhecidas pela família. Por outro lado, os pais tem
sido chefe de setores e não tem parado dentro da casa, em outros casos, tem ficado dentro da
casa tempo até de mais, tendo em vista que muitas vezes tem trocado a função com a esposa,
deixando a mesma fazer o papel de marido.
Nessas últimas décadas, as transformações sociais atingiram diretamente o núcleo
familiar e originaram novas concepções de família, que não podem mais ser comparadas à
tradicional família patriarcal. Nesse sentido, a exagerada e imediatista busca pela realização
pessoal tem diminuído o número de componentes familiares e consequentemente, há uma
redução exorbitante no tempo que os pais deveriam disponibilizar para os seus filhos.
É em meio a esse cenário desolador que se percebe o quanto família vem sofrendo
influências do contexto político, econômico e cultural da sociedade na qual está inserida,
tendo em vista que a cada dia que se passa, os valores vão se redefinindo e muitas vezes já
não se sabe quem “dita às regras” dentro dos lares. São, geralmente, formadas por pessoas
alienadas, pois já não se dão conta dos novos aspectos culturais, sociais nos quais estão
imersos. Não se dão mais a devida importância aos vínculos familiares sadios, pois estão se
20

reduzindo paulatinamente, consequência de tudo isso são os altos índices de divórcio, à busca
desenfreada pela satisfação do ego, a perda do senso comum, a falta de respeito pelas
limitações do outro, dentre outros fatores que só têm assolado a humanidade.
Destarte, a família pós-moderna tem sido constantemente desafiada por fatores
externos que entram em jogo para, de alguma forma, redefinir os valores e os critérios, os
modelos de comportamento de cada membro. Fatores externos, como a mídia, as ideologias
de poder, a cultura contemporânea, até mesmo a escola, têm exercido fortes influências no
contexto interno da família, alterando significativamente sua estrutura. Ou seja, em outro
tempo a criança se adaptava a determinada diretriz de conduta posta pelos pais, enquanto
hoje, com esse distanciamento dos pais, a função de transmitir valores fica, direta ou
indiretamente, conferida à mídia e, de forma menos intensa e presente, às escolas.
Mas, por que também não falar das influências políticas e econômicas que têm
levado na palma da mão o futuro de cada família e acaba a colocando em um choque de
identidade e cultura? Ou seja, é a classe social quem determina o padrão de comportamento
dos membros de determinada unidade familiar, sendo que se uma família sai de determinada
classe social para outra, deve se adaptar às condutas e valores dessa nova classe em um abrir e
fechar de olhos. Esses novos “modelos de valores” e exigências resultam em uma diminuição
ou ausência do contato entre pais e filhos em proporções exacerbadas e exorbitantes.
Falar em papel dos membros de uma determinada família, é buscar mecanismos que
tragam um ideal de família unida, alicerçada e protegida da esfera social desse mundo
globalizado, tendo como resultante, filhos sadios e de boa conduta, amantes do
entrelaçamento e/ou dos vínculos familiares sarados e autênticos.

2.1. O PAPEL DA FAMÍLIA NO ANTIGO TESTAMENTO

Embora seja difícil descrever as variedades de expressões de cunho familiar do


Antigo Testamento ao longo de milhares de anos, pretende-se tecer em alguns parágrafos, a
partir da visão de alguns autores, uma descrição concisa e fragmentada de como seria a
família veterotestamentária.
Para corroborar com essa abordagem em torno da família do Antigo Testamento,
Bentho (2010) tenta trazer alguns termos que eram utilizados para descrever a família, no
Antigo Testamento. Em hebraico eram utilizadas três palavras superimportantes: bayît, bêt e
mishãhâ. Bentho (2010, apud Junior 2013, p.3), descreve da seguinte maneira:
21

A) primeira delas é bayît, que designa tanto uma “residência”, “templo”, “lar”, a
“parte interior da casa”, “casa”, quanto também o conceito de “família”, ou
“moradores de uma mesma casa”. O sentido de habitação é um dos mais frequentes
usos do remo (Êx12.7; Lv 2.29; Dt 11.20). B) outro vocabulário muito frequente é
bêt, cujo sentido literal é “casa” e ocorre juntamente com outros termos formando a
ideia completa tal que bêt’el (Casa de Deus), bet lehem (Belém ou “casa de pão”), e
assim por diante. O termo bêt designa “pessoas de uma casa”, ou juntamente com
ab, designa “Casa do pai”, C) O outro vocabulário, mishãhâ, literalmente significa
“família”, “parentes” ou “Clã”. A ênfase está nos laços sanguíneos que existem entre
as pessoas de um mesmo círculo. Segundo Harris, o termo “se emprega como
substituição e um grupo maior, tal qual uma tribo ou nação (Nm 11.10) (BENTHO,
2010, p.27 apud JUNIOR, 2013, p.3).

Nota-se que que o termo “mishpahah”, que significa clã, tribo e povo, descreve o
grupo de pessoas que habitam em um mesmo lugar ou em várias aldeias, que têm interesses e
deveres comuns e cujos membros são conscientes dos laços de sangue que os unem, pelos
quais se chamam de “irmãos” (1 Sm 20.29), enquanto o uso da palavra casa (bet ou bayít),
refere-se figurativamente, ao lugar onde Jeová habita (que pode ser o tabernáculo ou o templo
ou ainda o santuário). Contudo, esse termo também significa família, descendência e até um
povo inteiro, como a “casa de Israel”, ou todo Israel (Js 24.15; Ez 20.40).
Nesse sentido, vale salientar que, para o mesmo autor, o “conceito de família para o
hebreu abrangia tanto os parentes próximos, longínquos, quanto os escravos. Desde que
houvesse uma relação consanguínea ou de afinidades, já se constituía um membro da unidade
familiar” (BENTHO, 2010, p.30, apud JUNIOR, 2013, p.3). Nas histórias bíblicas, vamos
constar essa verdade em suas várias dimensões. Uma delas acontece quando Abraão envia
mensageiros para encontrar “entre os seus” que estavam distantes, uma esposa, Rebeca, para o
seu filho, Isaque. Outro caso semelhante acontece com Hagar, que foi “emprestada” por Sara
a Abraão, pelo fato de ser sua serva.
Pereira (2014, p.1) corrobora com essa ideia dizendo que o termo família tem
concepção bíblica do hebraico mispãhãh que se refere a “todos os integrantes de um grupo
que estão relacionados por sangue e que compreende esse senso de consanguinidade” (VINE,
2002). Esses ideais se mantiveram constantes na história bíblica, pois as mudanças que
ocorreram durante o período veterotestamentário ao neotestamentário, não afetaram os
costumes familiares. Porém o viver em sociedade exigiu que cada família possuísse
características que lhes são próprias que a diferenciaram de outras famílias embora
convivendo no mesmo contexto social. É nesse cenário que se vai adequando à realidade o
conceito de família ao longo do tempo.
22

Para o autor, no momento que projetou a criação do homem em seu coração:

Deus não pensou exclusivamente no gênero masculino, mas na humanidade em seu


aspecto morfológico, isto é, sua aparência estrutural externa, independente do gênero
ser masculino ou feminino. A análise de alguns vocabulários descritos em Gênesis,
em sua forma original no hebraico, nos ajudaria a entender melhor essa ideia
(PEREIRA, 2014, p.2).

Para ele, o vocabulário homem utilizado na Bíblia, tem quatro traduções no hebraico,
dois quais, dois são utilizados no livro de Gênesis: o primeiro é îysh, que significa ““varão”,
“companheiro”, pessoa que é distinta por sua masculinidade, em correspondência à mulher”,
ishãh, e o segundo é ãdãm, “que significa “humanidade” – termo usado para aludir ao gênero
humano ou ao homem em geral como criatura criada à imagem de Deus” (PEREIRA, 2014,
p.2).
Dentro dessa perspectiva, ele afirma que a união do homem (îysh) com a mulher
(ishãh) resulta na humanidade (ãdãm), ou seja, a humanidade é fruto da primeira família
instituída por Deus há milhões de anos, no Jardim do Éden.
Sobre essa premissa, Molochenco (2004, p.1), alerta que a família é pensada dentro
dos moldes do patriarcalismo. E faz questão de citar Strozzi (2004) para definir o conceito de
patriarcal, deixando claro que a família não pode perder o seu foco moral e social: “essa
palavra, patriarcal, vem da raiz “patri” significando aquele que cuida do patrimônio, que
sustenta e mantém a família (MOLOCHENCO, 2004, p.1). Percebe-se aí o grau de
importância que é dado, pelas a várias pessoas que se encarregam de estudar a família e suas
transformações, ao demonstrar o quanto foi perdido de valores ao longo do tempo, muito
embora enquanto humanos devamos ser sujeitos às transformações.
Para Maldonado (2003), pastor e terapeuta familiar, o patriarca, Abraão, viveu uma
vida seminômade. Tendo estabelecido seus descendentes em Canaã, de acordo a promessa do
nosso Deus (Gn. 12), eles construíram cidades fizeram algum tipo de interações sociais com
pessoas da região.

Quando decidiram ter um rei em vez de juízes locais, experimentaram a


prosperidade, mas também trabalhos forçados, impostos e a separação entre ricos e
pobres. A divisão do país em dois reinos, as invasões da Síria, Egito, Assíria e
Babilônia, os 70 anos de exílio e o controle político por parte da Pérsia, Grécia e
Roma imprimiram marcas profundas e induziram mudanças significativas na vida
familiar das pessoas do Antigo Testamento. Entretanto podemos afirmar que a
família foi de vital importância na organização das sociedades no Velho Testamento
(MALDONADO, 2003, p. 13).
23

Para ele, através do desempenho de seu importante papel, a família conseguiu se


contrastar sobre todos os fatores que estiveram presentes na formação das sociedades dos
períodos mais remotos que vemos no Antigo Testamento, tendo como instrutores os anciãos,
ou seja, os cabeças de família dos clãs. Tendo em vista que a nação de Israel era formada por
tribos (doze tribos que levam o nome dos filhos de Jacó o então Israel), de acordo as notações
bíblicas, entende-se que essas tribos eram formadas por vários clãs, os quais, por sua vez,
eram grupos de famílias unidas por laços consanguíneos (Js 7.14-18).

Nessa estrutura social, cada indivíduo era visto como membro de uma família. Cada
família estava unida a outras famílias, que formavam um clã. O clã fazia parte de
grupos mais extensos, formando as tribos. Assim, toda a nação de Israel era,
efetivamente, uma grande família de famílias. A família no Antigo Testamento era
definitivamente patriarcal. Um dos termos que a designavam era casa paterna (bet
ab). As genealogias eram sempre apresentadas através da linhagem paterna
(MALDONADO, 2003, p. 13).

Nota-se, nesse contexto que a figura do pai representava autoridade, pois era ela que
possuía total poder a casa, inclusive sobre os filhos, até mesmo aqueles que já estavam
casados e sobre suas mulheres, desde que estivessem vivendo com ele, podia inclusive decidir
se deveriam viver ou morrer. Toda e qualquer desobediência e a maldição aos pais eram
castigadas com sob pena de morte (Êx 21.15; Lv 20.9; Pv 20.20).
À medida que a “sociedade dos tempos bíblicos do Antigo Testamento” foi
evoluindo, bem como seu sistema de leis, esse direito foi transferido para as cortes sem que
alterasse sua essência. A essência da Lei Mosaica. Sempre quando havia uma queixa de um
pai, a casa real pronunciava sentença de morte, conforme a orientação de Moisés no livro de
Deuteronômio.
Vale ressaltar que, em virtude de as nações vizinhas a Israel serem pagãs, de modo
que seus patriarcas eram polígamos, os patriarcas hebreus seguiram os mesmos costumes, mas
não pela vontade de Deus, muito embora Ele tivesse tolerado, pois sabia que era uma fase que
passaria logo depois. Dessa forma, abre-se um parêntese para conceituar a família da época
como também a união do marido, de suas esposas e seus filhos, suas concubinas e seus filhos,
os filhos casados, as noras, os netos, escravos de ambos os sexos e seus filhos nascidos sob
aquele teto, os estrangeiros residentes no mesmo prédio, as viúvas, os órfãos e todos quantos
se abrigavam sob a proteção do chefe de família, inclusive os escravos, pois eram suas
propriedades.
24
Quando os reis de Canaã aprisionaram Ló, Abraão reuniu “... trezentos e dezoito
homens dos mais capazes, nascidos em sua casa...” (Gn 14.14) e foi resgatá-lo. [ O
termo pai] Era usado para referir-se não somente ao pai, mas também ao avô e aos
antepassados notáveis, como Abraão. Além disso, aplicava-se a homens de muito
respeito, sem a necessidade de qualquer parentesco. O pai cumpria obrigações
sacerdotais. Religião e família estavam entretecidos com as mesmas fibras. A
comunidade de adoração básica que mantinha a coesão social da época era a família.
Como acontecia em outros grupos humanos ao redor, entre os hebreus o pai era
também o sacerdote que vigiava as relações entre as pessoas de sua casa e Deus (Jó
1.5). Isso torna-se muito mais evidente após o êxodo, quando o pai passa a ocupar o
lugar predominante no ritual da páscoa (Êx 12-13.8). Os membros da família
estavam sob a estrita obrigação de reunir-se no santuário familiar (1 Sm 20.29)11.
Quem cumpria essa função religiosa em lugar de um pai adquiria a mesma
dignidade. Assim Moisés foi chamado “pai” dos filhos de Arão (Nm 3.1). O profeta
era chamado “pai” por seus discípulos (2 Rs 2.12) [...] O povo de Israel também
usou a palavra pai para referir-se a Deus. A Bíblia a utiliza para fazer referência à
relação de Deus com seu povo (Dt 14.1; Is 4.8; Pv 3.12). Na relação de Jeová com o
povo de Israel, este é chamado filho ou filha e, às vezes, esposa (Os 11.1; Jr 3.22;
31.18-20; Is 54.6). Em Isaías 66.13, a imagem análoga para Jeová é de uma mãe e,
em Isaías 54.5, de marido (MALDONADO, 2003, p. 14-15, grifo nosso).

Outra coisa a se considerar na família do Antigo Testamento é a condição de


fertilidade da mulher. Hoje com as inovações, as mulheres querem a cada vez mais ter menos
filho. Não se pretende aqui voltar no tempo para se viver as ações das épocas remotas, mas
demonstrar que a infertilidade no período bíblico era considerada uma maldição, já a
fertilidade sempre foi sinal de bênção (Gn 49.25). Toda mulher, ao casar queria dar filhos a
seu esposo, pois a fertilidade era considerada como parte essencial da promessa de Deus ao
povo judeu em perpetuar a espécie. Isso era tão disseminado na sociedade israelita que,
quando um homem casado morria sem deixar filhos, a viúva deveria deixa-se ser coabitada
pelo irmão do seu marido, que por sua vez tinha a obrigação de continuar a descendência de
seu irmão falecido (Dt 25.5-10).
A mulher estéril tinha duas opções: ou orava ao Deus dos Céus contando com a sua
bondade para lhe abrir a madre para que gerasse filho (1 Sm 1) ou, do contrário deveria dar
uma de suas escravas ao marido para que, através dela, pudesse dar filhos ao seu esposo,
como aconteceu com Sara ainda antes de gerar Isaque (Gn 30.1-13). Uma vez nascida a
criança, era de responsabilidade da mãe colocar o nome nela e, geralmente, utilizava o nome
dando significado a alguma situação que estava vivendo. Toda criança de sexo masculino
deveria ser circuncidada no oitavo dia de vida, a fim de cumprir a aliança que Deus realizou
com o seu. Era função do pai, ensinar a Lei aos seus filhos durante o seu cotidiano (Dt 6.4-9),
que de por sua vez, deveria entendê-la durante um estipulado período de tempo a fim de que
já pudesse participar das celebrações da páscoa e outras festividades religiosas no lar.
25

Somente depois que voltaram do exílio babilônico (aproximadamente 529 a. C.) que
se passou a institucionalizar a instrução religiosa, onde como sempre, dava-se muita ênfase na
obediência aos pais e mestres e usava-se com frequência a vara e o castigo corporal para
disciplinar as crianças (Pv 22.15; 13.24).
Já as mulheres, muito embora fizessem grande parte dos trabalhos pesados da casa e
do campo, tinham uma posição pouco privilegiada, tanto na sociedade como na família.

As solteiras viviam sob a tutela do pai ou de um guardião. Ao que tudo indica, elas
eram tratadas mais como prendas de valor, que eram “compradas” por seu futuro
esposo e, inclusive, vendidas como escravas (Êx 21.7). Por norma, apenas os filhos
do sexo masculino podiam receber herança, e o filho mais velho tinha direito a uma
porção dupla da propriedade do pai. Somente se não houvesse homens na família é
que as filhas podiam herdar algo dos pais. Se uma família não tivesse filhos, a
propriedade passava ao parente varão mais próximo. No compromisso nupcial de
dois jovens — ato de noivado comprometendo-se ao casamento – o casal trocava
anéis ou braceletes e firmava um contrato diante de duas testemunhas. O noivo ou
sua família tinha que pagar ao pai da noiva uma soma em dinheiro, denominada
mohar. Às vezes, essa importância podia ser paga em forma de trabalho (Gn 29.15-
30). Ao que parece, o pai só podia gastar os dividendos desse capital, mas o mohar
devia ser devolvido às filhas quando ele morresse ou se elas enviuvassem. Labão
parece haver quebrado esse costume (Gn 31.15). O pai da moça, em troca, devia lhe
dar um dote, que podia consistir em serventes, presentes ou terras. O matrimônio era
mais um evento civil (familiar e comunitário) que religioso. Quando a casa do noivo
estivesse pronta, celebrava-se a boda. Ele ia com os amigos à casa da noiva, onde ela
o esperava, ataviada com seu vestido especial para a ocasião e com um punhado de
moedas que ele lhe havia entregue anteriormente. Dali o noivo a levava para sua
nova casa ou para a casa dos pais, onde festejavam com os convidados. No trajeto,
amigos, vizinhos e convidados formavam um cortejo com músicas e danças
(MALDONADO, 2003, p. 15-16).

Atente-se que mesmo diante de uma realidade que girava em torno da figura
masculina, dava-se a devida importância e por que não dizer, seriedade ao matrimônio nesse
período. Atualmente, pelo andar da carruagem, os problemas de cunho familiar e matrimonial
só se aumentam. Jovens que se casam, cada vez mais, cedo com objetivo de, na maioria das
vezes, se retratar com Deus, em virtude do pecado sexual ou de uma gravidez indesejada (que
tem sido o problema dessa era – gravidez na adolescência), casam sem planejamento, sem um
projeto de vida, sem conhecer um ao outro e acabam vivendo um casamento fracassado,
conturbado, cheio de problemas, de curto prazo, resultando em um divórcio.
É preciso repensar a importância do matrimônio para a vida do homem e da mulher
enquanto progenitores de uma espécie, mas também, mais do que isso, enquanto imagem e
semelhança de Deus inserido numa sociedade modernizada e influenciada pelas
transformações desse século. É preciso planejamento, é preciso atitude de fidelidade e temor á
26

Palavra de Deus, é preciso está imbuído de um sentimento familiar que se faça querer colocar
a família em primeiro lugar como santuário do Senhor.
Muito embora se possa notar o contraste social da presente era, se faz necessário
analisar o perfil da esposa para com o seu marido, não no sentido que se queira que a esposa
seja propriedade de seu marido, mas querendo demonstrar aquela orientação de Paulo a
ambos quando diz que a mulher deve ser sujeita ao seu marido e, do mesmo modo, o marido
deve amá-la. No Antigo Testamento, o marido era considerado o senhor (ba'al) de sua esposa,
tendo em vista que depois do casamento, mulher passava a ser propriedade do esposo. Isso era
de cunho mais civil do que religioso. O potencial das mulheres, no qual elas eram valorizadas,
era ser mães, pois eram

[...] destinadas a dar ao clã o mais precioso dos dons: filhos, especialmente homens.
Por isso a esterilidade, geralmente atribuída a uma falta da esposa, era um estigma,
considerada um castigo de Deus (Gn 16.1-2; 1 Sm 1.6). Somente quando a mulher
gerava um menino é que obtinha sua completa dignidade no lar (Gn 16.4; 30.1). O
fato de não ter um filho homem era um peso para o pai, pois sua descendência ficava
ameaçada de extinção; as filhas se casavam e iam embora, e somente os homens
podiam encarregar-se do culto familiar, de discutir a lei e de portar armas. A falta de
filhos em um casamento podia conduzir ao divórcio ou à poligamia. Entre os
hebreus, assim como entre os demais povos da antiguidade, ter uma prole numerosa
era um desejo bastante generalizado. A abundância de filhos era considerada uma
bênção (Gn 24.60). Eles eram comparados, conforme dizia o salmista, a “setas na
mão do valente” (Sl 127.3-5). Mais tarde, quando se adotou uma forma de vida mais
sedentária, as mulheres passaram a ser apreciadas também por sua eficiência no
trabalho doméstico (Pv 31.11-30) (MALDONADO, 2003, p. 16).

Nesse sentido, principalmente na contemporaneidade, a mulher como adjutora dos


projetos do marido é tão importante que se constitui uma peça indispensável para o progresso
da família e como tal, quando não se faz um prévio planejamento antes do casamento e que
acaba por um divórcio, meio que obriga ao homem ir à procura de “uma outra peça – chave de
seu quebra cabeça”. Muito embora, não seja isso quem justifica os vários casamentos e
divórcio de um homem, mas precisa-se contratar e dar ênfase da importância da figura
feminina no contexto familiar, que é indispensável para que se tenha uma família bem-
sucedida.
Destarte, mesmo numa sociedade patriarcal, os progenitores da família, como
membros da célula familiar, tinham muita coisa em comum para que as coisas funcionassem
corretamente.

Um primeiro exemplo é Gênesis 1, onde os dois são feitos à imagem de Deus e


recebem juntos o mandato cultural de multiplicar-se e dominar a terra. Outro
exemplo é o quinto mandamento, que fala sobre a honra que os filhos devem a
27
ambos os progenitores (Êx 20.12). O livro de Provérbios fala várias vezes da
necessidade de respeitar e obedecer aos ensinos do pai e da mãe (Pv 1.8; 6.20)
(MALDONADO, 2003, p. 17).

A figura da mulher é tão importante na correta configuração do contexto familiar que


na nação israelita houve aquela que se destacaram pelo papel que empenhou na sua Terra,
“como Débora, conhecida como “mãe em Israel” (Jz 5.7), obviamente um título de muita
honra” (MALDONADO, 2003, p. 17).
A família não pode perder seu foco, de altar da fé e dos milagres, o santuário do
Senhor, o local de instrução espiritual de seus membros, nesse período de efervescência
política e econômica. Porém, é como já diziam os profetas, ela tem perdido esse foco, levando
à deterioração e desorientação de seus membros e à quebra de valores espirituais que antes
eram consagrados a ela (Jr 9.13,14; Am 2.4).

A deterioração da família era um poderoso fator de lembrança para que as pessoas se


voltassem para Deus (Mq 7.6,7). Vários profetas levantaram a voz para fazer o povo
voltar a uma relação familiar mais justa e satisfatória, como parte de seu
compromisso com Deus. Oséias foi um testemunho vivo da preocupação de Deus
pela monogamia. Miquéias empenhou-se pelo amor na família e o respeito pelos
progenitores. Isaías proclamou a fidelidade conjugal e declarou que Yahweh era o
esposo de Israel. Ezequiel continuou defendendo o casamento monogâmico e o
reconhecimento de uma posição mais elevada para a mulher, tanto na família como
na sociedade. Com o passar dos tempos, a estrutura familiar em Israel evoluiu. A
vida urbana trouxe mudanças. A organização dos grupos humanos em aldeias e
cidades restringiu o número de pessoas que podiam viver sob um mesmo teto. A
quantidade de escravos em cada casa diminuiu. A responsabilidade pelo julgamento
de um filho rebelde passou para as mãos dos anciãos da cidade (Dt 21.18-21).
Segundo os livros sapienciais, é na época pós-exílio que a família judaica parece
mais humanizada; o amor marital e a educação dos filhos são preocupações
constantes, e a monogamia é a forma de relação conjugal correntemente aceita
(MALDONADO, 2003, p. 17).

Porém, na atual sociedade, virou tabu falar em família patriarcal, na qual todos
integrantes estavam reunidos sob o comando do patriarca, e se reduziu ao que chamamos de
família moderna e/ou pós-moderna, da qual Vaux (2003) sintetiza:

As condições de moradia nas cidades restringem o número de membros que vivem


sob um mesmo teto: as escavações nos revelam que as casas eram pequenas. Ao
redor do pai quase que só se vêem os filhos não-casados. Quando um filho se casa e
funda uma nova família, diz-se que “edifica uma casa” Ne 7.4. O prólogo do livro de
Jó, mesmo que pretenda imitar um relato patriarcal, revela, sua época ao apresentar-
nos os filhos de Jó em festas, sucessivamente, na casa de cada irmão, Jó 1.4,13,18
(VAUX, 2003, p.45).
28

Nessa perspectiva, o que se percebe é que enquanto a família patriarcal estava


concebida em torno do grupo, vivendo em tribos, porém unidos e sob o comando do patriarca
que mantinha a ordem e dava os comandos de decisões familiares, sem deixar de lado o
diálogo, a solidariedade e o apreço pelos seus membros, a contemporânea está cada vez mais
egoísta, individualista, com menos diálogo, a tal ponto de cada integrante familiar delimitar
seu espaço físico ou invisível dentro da própria casa, que cada vez é mais moderna, menor, e
o mais distante possível da parentela, desvalorizando muitas vezes os princípios bíblicos e
sendo alienada pelas ideologias da sociedade atual.
Sobre esta vertente como falado anteriormente, a escola e os meios de comunicação,
como a televisão, são uma das maiores agências de propagação desse humanismo anticristão.
Linhares (2005), afirma essa ideia quando diz que há um:

Predomínio de um humanismo ateu e anticristão nas escolas e nos meios de


comunicação. A maioria das escolas despreza valores morais, integridade e tudo que
apóia aquilo que é reto e justo. A quase totalidade dos educadores acredita que o
homem vem do animal, e fazem tudo para que ele viva como animal. Defendem
atitudes que prejudicam a mente e corpo – drogas, amor livre, rebeldia,
desobediência aos pais, etc (LINHARES, 2005, p. 23).

É nesse cenário catastrófico que os valores cristãos vão perdendo o espaço da família
cristã pelas falácias que são inseridas pela mídia de qualquer jeito na vida e/ou no cotidiano
da família contemporânea.

Imoralidade. A infidelidade destrói o lar e o casamento. A explosão do sexo pelos


anúncios comerciais, os filmes, a educação e outros meios “desenham”a infidelidade
como algo que traz felicidade e realização (LINHARES, 2005, p. 25)

Em consequência das atitudes e ações danosas nesse contexto, surgem os fracassos e


o caos em torno das famílias cristãs. Famílias estas que, de certa forma, tentam mostrar para a
sociedade que está tudo bem e que possuem características essenciais para serem concebidas
como o modelo “ideal” para as demais famílias, no entanto, acabam vivendo a prova de que o
“deus deste século” tem causado a maior conturbação no núcleo familiar resultando uma
sociedade cada vez mais doentia e distante de Deus (Jo 10.10 ARA).
Os integrantes do núcleo familiar estão cada vez mais individualizados e
desintegrados, consequentes das decisões e escolhas individuais. Nesse sentido, a esposa
29

deixou de ser submissa ao marido e o marido perdeu o amor por sua esposa (Ef. 5.22:28).
Duas verdades necessárias no casamento: amor e submissão.
Sobre esta, Molochenco (2004), fazendo uma palestra, afirmou que “tem sido mal
compreendida por esposas e marido. A submissão na Bíblia traz a ideia de companheirismo
mais do que obediência irrestrita” (MOLOCHENCO, 2004, p.3). Sobre aquele, ela deixa claro
que:
Toda mulher quer ser amada e muito amada. O amor do marido lhe traz segurança e
ela precisa sentir-se segura ao lado do homem que ama. A atitude de submissão traz
a ele conforto e confiança em sua liderança. Se é difícil para uma mulher aceitar o
fato de ser liderada talvez ela deva pensar na responsabilidade de liderança do
homem diante de Deus (MOLOCHENCO, 2004, p. 3-4).

Essa heterogeneidade no meio cristão tem levado ao divórcio que está cada vem mais
fácil e pode acontecer de “forma amigável”, como se tudo se resolvesse facilmente. O que não
se pode notar é que para chegar ao divórcio muita coisa pode acontecer que podem trazer
transtornos para o gênero humano.
Renovato (2008) apud Junior (2013) elenca uma elenca uma série de problemas que
a sociedade pós-moderna tem inculcado na raça humana.

a) Educação materializada – o sistema pós-moderno nos valoriza pelo que temos,


não pelo que somos. O que possuímos revela quem são nossos “amigos”, lugares
que freqüentaremos, papeis que desempenharemos e nosso futuro. Mesmo não sendo
o padrão bíblico, muitos cristãos estão algemados por este sistema materialista. O
dinheiro não é mau, os bens também não, mas o amor a eles é idolatria, e totalmente
contrário aos mandamentos do Senhor (Renovato, 2008, p.41-42 apud JUNIOR,
2013, p.6).
b) Educação ateísta – com o enfoque materialista, consumista, influencia, poder,
fama e tantos outros recursos humanos, os homens declara que não precisa de Deus.
Muitas vezes pensamos numa filosofia ateísta na qual se nega a existência de Deus,
mas nem sempre é se apresenta desta maneira. Muitos não crêem em Deus, pois seu
deus é o trabalho, o dinheiro, o prazer, o sucesso, a fama, o poder, os vícios, ou
mesmo sua filosofia de vida individual. O que muitos se esquecem que a vida não
termina aqui neste plano terreno, ela simplesmente começa aqui. E no segundo plano
de vida, o eterno, nenhum destes recursos poderão nos garantir a salvação eterna
(Renovato, 2008, p.43-49 apud JUNIOR, 2013, p.6).
c) Educação relativizada – a alguns anos atrás as verdades eram absolutas. Valores
morais e éticos eram observados e repassados de pai para filho. Mas hoje tudo
mudou. Temos dificuldade com a verdade. Temos dificuldades com valores
absolutos. Temos dificuldades com padrões morais e éticos. A sociedade tornou-se
autônoma, independente, e “cada cabeça é uma sentença”. No mundo relativizado,
cada qual interpreta a vida, as situações, os valores e até a bíblia com sua maneira de
enxergar (Renovato, 2008, p.139-156 apud JUNIOR, 2013, p.6).
d) Deseducação sexual – na antiguidade tínhamos o “tabu” de não falar em sexo na
escola, ou mesmo em casa. Anos se passaram e alguns ícones começaram a puxar a
filha na educação sexual, a fim de prevenir os males que hoje vemos. O problema é
que o pendulo da educação sexual passou do prumo e chegou à deseducação sexual,
aderindo princípios de libertinagem, do sexo livre, da promiscuidade, malícia,
fornicação e prostituição. Vivemos numa sociedade erotizada, sensual, pornográfica,
30
dominada pelos instintos carnais (Renovato, 2008, p.50-54 apud JUNIOR, 2013,
p.7).
e) Formação espiritual de baixa qualidade – Muitos estão perdidos dentro da igreja.
Falta-lhes o alimento sólido, o pão da Vida. Movidos por muitos eventos e
movimentos, muitos estão morrendo de fome dentro da casa do Pão, Igreja. Em
muitos púlpitos se prega o pseudo-evangelho, intoxicando os ouvintes,
minimizando-lhe a fé e matando-lhes espiritualmente (Renovato, 2008, p.59 apud
JUNIOR, 2013, p.7).
f) Sistema de informação corrompido – desviados na rede mundial de computadores.
As estatísticas revelam que milhares de adolescentes, jovens e até adultos sofrem
com os efeitos danosos da pornografia e imoralidade virtual. O apelo direto, a
facilidade ao acesso e o suposto sigilo virtual, tem levado muitos ao óbito espiritual.
A mídia trabalha com um forte apelo sensual, e pelo que vemos a tendência é de
quem é sujo, sujar-se cada vez mais (Renovato, 2008, p.58 apud JUNIOR, 2013,
p.7).

Para Junior (2013), isso gera uma sociedade cheias de transformações que vão de
encontro aos valores familiares e causam prejuízos muitas vezes irreparáveis nas esferas de
cada família. Ele continua citando Renovato (2008), que traz as consequências das crescentes
e imediatistas transformações no seio da família.

Doenças Físicas – as origens são múltiplas, e as conseqüências maiores ainda. Mas


tudo deriva-se do princípio, do pecado do homem, e do comportamento recorrente
da desobediência. O infarto vem ceifado vidas, o câncer caminha em marcha
acelerada, o AVC atinge incapacitando e matando milhares, doenças 8 sexualmente
transmissíveis destroem famílias e vidas diariamente, e a evolução bacteriana evolui
de maneira assustadora (RENOVATO, 2008, p. 101-103 apud JUNIOR, 2013, p.7-
8).
Doenças Mentais – podemos entender as doenças mentais como uma “variação
mórbida do normal, variação está capaz de produzir prejuízo na performance global
da pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal) ”. Sabemos que boa parte das
doenças possuem raízes na mente. Paulo falou sobre o homem interior (Rm 7. 22, 2
Co 4.16). Estamos no ápice das doenças emocionais, e o stress é o grande vilão,
acompanhado da ansiedade. As tensões emocionais afetam completamente nossas
rotinas, mexendo no aparelho digestivo, no sistema circulatório, sistema
gênitourinário, sistema nervoso, nas glândulas, na pele e muitos outros membros do
corpo humano. O excesso de competitividade, a luta pela profissão, o insucesso
sentimental, estresses agudos e crônicos, somados do distanciamento de Deus,
geram doenças incontáveis. Se você se encontra doente, você pode estar sofrendo de
uma doença psicossomática, nasceu na alma e tem afetado seu corpo (RENOVATO,
2008, p. 102-104 apud JUNIOR, 2013, p.8).
Doenças Espirituais – Deus nunca se distanciou do homem, desde o princípio vemos
Adão tomando a dianteira. Deus vai ao encontro do homem, enquanto o homem pela
vergonha e culpa se afasta. Cada vez que este fatídico comportamento se repete,
somos responsáveis por adoecer nosso espírito e toda a nossa tricotomia. Existem
doenças produzidas por outros, mas existe doenças auto-produzidas. Ainda que
sejamos tentados, não devemos recuar, nem retroceder, o principio correto é
avançarmos à cruz do calvário e alcançarmos a remissão de nossos pecados e sermos
sarados pelo Senhor (RENOVATO, 2008, p. 106-109 apud JUNIOR, 2013, p.8).
31

Essa nova conjuntura que trouxe consequências danosas para o indivíduo enquanto
cidadão e passível de valores sociais vigentes, acarretou também mudanças nas relações
afetivas no contexto familiar.
Torres e Yacoub (2012) citam as ideias de Giddens (1993) sobre essa vertente,
destacando que a família se tornou “um local para as lutas entre tradição e modernidade, mas
também uma metáfora para elas”. (1993 p.63). Nesse sentido:

Há uma revolução global em curso no modo como pensamos nós mesmos e no modo como
formamos laços e ligações com os outros. É uma revolução que avança de maneira desigual
em diferentes regiões e culturas, encontrando muitas resistências. (GIDDENS, 1993, p.61
apud TORRES; YACOUB, 2012, p.5).

A homogeneidade da família (ou do casal) perdeu espaço para as disputas entre


espaços e territórios dentro do lar, caracterizando-se como um espaço de incertezas e
decepções. Para Bauman, sociólogo contemporâneo,

Suas fronteiras se tornaram embaçadas e contestadas, e as redes se dissolveram num


terreno sem título de posse nem propriedade hereditárias. (...). Às vezes um campo
de batalha, outras vezes o objeto de pendengas judiciais não menos amargas. As
redes de parentesco não podem estar seguras de suas chances de sobrevivência,
muito menos calcular suas expectativas de vida. Sua fragilidade as torna ainda mais
preciosas (BAUMAN, 2004, p.47).

É por isso que Beck (2011) chama a família de “instituições zumbis”, pois são
instituições que estão “mortas e ainda vivas”. O autor parafraseia Bauman (1999), fazendo e
respondendo as seguintes perguntas:

Pergunte-se o que é realmente uma família hoje em dia? O que significa? É claro
que há crianças, meus filhos, nossos filhos. Mas, mesmo a paternidade e a
maternidade, o núcleo da vida familiar, estão começando a se desintegrar no
divórcio (...) Avós e avôs são incluídos e excluídos sem meios de participar nas
decisões de seus filhos e filha. Do ponto de vista de seus netos, o significado das
avós e dos avôs são incluídos e excluídos tem que ser determinado por decisões e
escolhas individuais (BAUMAN, 1999 p. 13 apud BECK).

No entanto, a atual conjuntura familiar, se comparada ao modelo de família


patriarcal, está cada vez mais fora dos padrões instituídos por Deus e não tem mais o mesmo
sentido que se tinha na sociedade do período bíblico, tendo em vista que agora os problemas
já são acarretados desde o matrimônio, na qual as pessoas confundem aquele versículo de
Gênesis 2.24, que orienta que o varão deixe seu pai e é entendido por muito que o varão pode
32

abandonar sua família, sua célula familiar, causando o distanciamento entre os componentes
familiares e entre os pares, mas a Bíblia orienta que não se pode conformar com essa era, mas
que haja uma transformação da vida de cada sujeito, a partir da renovação do seu
entendimento (Rm 12.2).
Dessa forma, para que se tenha uma família pautada nos valores sociais padronizados
por Deus e para que se possa valorizar a homogênea configuração que faz despertar o
sentimento mútuo e recíproco e, mais do que isso, o temor ao Senhor e a sua Palavra, tendo
em vista que é esse temor que principia a sabedoria (Pv 9.10), é preciso voltar a valorizar as
Sagradas Escrituras enquanto o Manual de Orientações de Deus para a manutenção da sua
criação chamada família.
Observando a mensagem descrita nos Salmos 128:

Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois
comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como
a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à
roda da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor. O Senhor te abençoará
desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os
filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel (SALMOS, 128 in BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL).

O salmista do salmo da família revela no primeiro versículo que para ter os


resultados descritos nos seguintes versículos (vv. 2-6), é preciso temer ao Senhor e andar nos
seus caminhos (v. 1). Ele expressa aqui que, para que se possa ter uma família abençoada, na
qual a mulher seja o símbolo da prosperidade e fertilidade, cumprindo o seu papel com muita
alegria no lar, sendo uma videira frutífera, nesse sentido, com filhos como planta de oliveira, a
qual produz em estação própria as azeitonas que produzem o azeite, símbolo da alegria, ou
seja, filhos trazem alegria para seus pais e, por fim, para que o patriarca veja a bênção do
Senhor na vida de todos seus descendentes, é preciso temer ao Senhor.
Confrontando essa mensagem com aquela expressa nas sábias palavras do apóstolo
Paulo aos Romanos 12.2, entende-se que, quando o homem renova seu entendimento
aprendendo a Palavra de Deus, isto é, quando ele deixa de ser ignorante acerca da vontade de
Deus para sua vida, e não e conforma com o mundo, mas antes procura temer ao Senhor e
andar nos seus caminhos, ele é transformado e impulsionado a viver os padrões morais e
sociais instituídos por Deus, e dessa, forma, o resultado de tudo isso vai ser a bênção do
Senhor em todas as áreas de sua vida, começando pela família que o princípio da criação.
Mais uma vez, o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria!
33

3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO

Entre inúmeras histórias sobre família do Novo Testamento, convém analisar alguns
perfis, necessariamente os da família de Jesus que é da linhagem de Judá, filho de Jacó,
personagem do Antigo Testamento (Mt 1.1-17), da qual Mateus faz questão de trazer toda a
genealogia. Nesse sentido, mostrar-se-á a importância da família veterotestamentária para o
modelo principal de família neotestamentária, que é a de Jesus.
Nesse sentido, atente-se para a história de José e Maria. Certamente esse deve ter
sido um casamento louvável, pois no contexto bíblico se ver o temor ao senhor por parte de
ambos, se ver também o período de noivado deles e compreender sua importância para a
história do cristianismo (tendo em vista que Maria, noiva de José era ainda virgem quando
concebeu Jesus (Mt 1.18)). Percebe-se nessa primeira página do Novo Testamento que, Jesus,
o Messias, aparece como descendente de Davi, mostrando que as promessas registradas no
Antigo Testamento (Gn 12.1-3) se cumprem na Pessoa Bendita e obra de Jesus (Lc 3.23; Rm
4.13; Gl 3.6,7,16). Isso mostra a importância do Antigo Testamento como fator de
aproximação do cumprimento das promessas no contexto familiar.
As declarações, no que se refere ao tema casamento e família, tanto no Antigo como
no Novo Testamento, tem direta relação com a mensagem total das Escrituras, que norteia
para o testemunho de Cristo (Jo 1.1; 5.39).
É evidente que após Jesus ter nascido, Maria teve mais filhos, porém não há
evidências de que ela ter tido um segundo marido, nem que tampouco viveu um casamento
conturbado, dando maus espelhos à Cristo, mas se ver em toda a sua história uma verdadeira
harmonia entre ela e seu esposo e, posteriormente, com o seu filho, fazendo-O crescer na
graça e no conhecimento (Lc 2.52) e o resultado disso é a verdadeira alegria dos pais na vida
de um jovem cheio da presença do Senhor e observador dos princípios da Palavra de Deus, o
que fez com que sua mãe acreditasse e apostasse no seu sábio poder de decisão: “fazei tudo
quanto ele vos disser” (Jo 2.5).
Lembre-se aqui de alguns personagens do Novo Testamento e de sua relação com
família e/ou casamento, como Pedro, que se sabe que era casado, Paulo que deixou bem claro
que ele não era, mas deixou um grande legado acerca dos seus conselhos familiares como, por
exemplo, aqueles expostos na primeira epístola à Timóteo quando orienta aos presbíteros
serem maridos de uma só mulher para que sejam respeitados, como líder, como pastor, sendo,
34

portanto, o exemplo dos fiéis, àqueles orientados na Carta aos Efésios, acerca dos deveres do
marido e da esposa.
Portanto, entende-se nesses contextos que, não muito diferente do Antigo
Testamento, a família era governada pela figura do pai e as mulheres não eram consideradas
iguais aos homens na sociedade neotestamentária, em termo de direitos e deveres. Elas eram
meio que obrigada a obedecer a figura marital, sendo um dever religioso, como já
mencionamos acima. Dessa forma, eram excluídas da vida pública, desde mesmo o seu
nascimento e seu crescimento dentro da casa dos pais, tendo em vista que a figura privilegiada
era a masculina. É bem verdade que se ver aqui um ideal muito machista para a sociedade
dessa era, mas para aquele momento era uma estrutura que fortalecia o contexto familiar, e
talvez por isso a família era de fato mais levado a sério, diferentemente dessa nova era pós-
moderna, não que seja necessário voltar no tempo e retirar da mulher os direitos conquistados
durante séculos de muita luta.
Maldonado (2003) cita Flavio Josefo e suas contribuições para essa temática. Ele diz
que:
[...] tanto os direitos como os deveres religiosos das mulheres eram limitados. Elas
só podiam entrar no templo até o átrio dos gentios e das mulheres. Havia rabinos que
sustentavam que não se devia ensinar-lhes o Torah (o livro religioso dos judeus). As
escolas onde se ensinava a ler e a escrever, bem como os preceitos da lei, eram
exclusivas aos homens. Somente algumas filhas de famílias de elevado grau social
podiam estudar. Nas sinagogas havia uma separação entre homens e mulheres.
Durante os cultos, elas tinham que permanecer caladas; não podiam ensinar. Em
casa a mulher não podia dar graças pelo alimento. Na cultura judaica, assim como
nas culturas vizinhas da época, a mulher era, de uma forma geral, colocada em
segundo plano (MALDONADO, 2003, p. 18)

É bem verdade que o que se vê, nesse caso, é um cenário de desvalorização da figura
feminina enquanto cidadã, enquanto pessoa de normal capacidade para opinar e/ou agir numa
na sociedade e principalmente naquela na qual está inserida, muito embora aquela sociedade
tivesse sido muito machista. Dessa forma, se na vida doméstica a mulher ocupava um lugar
secundário, tendo seus direitos religiosos limitado, isso só piora na vida pública.
No contexto do casamento, o homem chegava ao matrimônio com idade mais
avançado do que a da mulher e desde aos cinco anos ele já deveria ter o cuidado de aprender a
lei, pois seria ele o responsável pelo seu novo lar. Tudo isso leva-se a entender que, de fato,
seria ele o governador da mulher, tendo em vista que ela adentrava num casamento sem saber
quase de nada, e bem mais jovem que o homem.
35

Esse casamento normalmente acontecia um ano depois de um contrato ou promessa


que era feito/a. A noiva passava da autoridade do pai para a do marido, vivendo sobre o
mesmo teto da família do esposo, onde de veria enfrentar a desvantagem de ter de adaptar-se a
uma comunidade totalmente diferente da sua e, portanto, de cultura um pouco diferente e na
inteira dependência do seu marido, aceitando todas as “regalias” dele, pois o direito de
divórcio só se era dado ao marido (Mt 19.3 Dt. 24.1). Caso isso acontecesse, a guarda dos
filhos provenientes desse relacionamento era do marido, deixando a jovem totalmente
dependente.
Na chegada de Jesus, pode-se ver meio que um começo da valorização da imagem
feminina. João Batista já começa a disseminar a ideia do batismo de mulheres, dando abertura
para um maior envolvimento feminino na vida religiosa. Jesus quebra protocolo numa
sociedade machista. Em uma época em que o homem não podia se comunicar em praça
pública com uma mulher, Ele não só fala com mulheres (Jo 4; 8.2-11), mas também permite
que as mesmas o seguissem (Mt. 20.0; Mc 15.40-41) e, mais do que isso, discute ideias
teológicas com elas (Lc 20.38-42; Jo 11.21-27), colocando-as em posição equiparada a do
homem perante Deus (Mt 21.31-32).
Embora Jesus não tivesse colocado mulheres entre os doze discípulos, Maldonado
(2003, p. 20) cita a professora Irene Foulkes, dizendo que, mesmo assim, Jesus já queria dar
uma lição objetiva: significava o início de um povo novo “que ultrapassaria em muito a velha
nação definida em termos de descendência humana dos doze patriarcas (MALDONADO,
2003, p. 20).
Falar, portanto da família no período do Novo Testamento, é se espelhar em Jesus e
entender o verdadeiro sentido de uma conjuntura que fortalece o indivíduo e o capacita em
todo momento de sua vida., pois vê-se que, muito embora tivesse chegado ao mundo através
de uma família normal com pais e irmão (Mt 13.55-57), Ele experimentou uma infância de
total crescimento e em todas as esferas (Lc 2.52).

Na fase adulta, ainda que como rabino itinerante, sem lar fixo (Lc 9.58), soube
desfrutar da hospitalidade de um lar (Mt 8.14; Lc 10.38-42). Seu primeiro milagre
foi realizado em um casamento (Jo 2.12). Além desse, fez muitos outros milagres
que demonstraram sua preocupação com a família (Mt 8.14-15; Lc 7.12-16; Jo 11.5-
44). Ensinou-nos a chamar a Deus de “Pai Nosso” (Mt 6.9) e apresentou-o como o
pai que esperava alerta o retorno do filho pródigo (Lc15.11-32). Na cruz, preocupou-
se com a segurança de sua mãe, encarregando o discípulo amado de cuidar dela (Jo
19.26). Parece que não somente sua mãe, mas também seus irmãos estavam entre os
discípulos no aposento depois de sua ascensão (At 1.14). Embora Jesus questionasse
a idéia de que bastava ser descendente biológico judeu para ser membro do reino de
Deus (Mt 12.48-50), muito de seu ministério público foi voltado para a família.
36
Ensinou enfaticamente que o quarto mandamento, de honrar pai e mãe, permanecia
válido, acima até das obrigações cultuais (Mt 15.3-6; Mc 7.10-13). Restabeleceu
claramente a igualdade de direitos entre o homem e a mulher no casamento, ao negar
o direito de repúdio e a poligamia (Mt 19.3-8; Mc 10.2-9) [...] Jesus não seguiu os
costumes de seus contemporâneos. Segundo ele, as crianças tinham um alto valor
como membros de seu reino (Mc 10.13-16). Entre suas palavras de maior impacto,
estão as que têm a ver com atitudes e ações de adultos que fazem tropeçar a um
pequenino (Mt 18.6) (MALDONADO, 2003, p. 22).

Nessa perspectiva, observa-se Jesus como um dos maiores modelos de referência


familiar, dentro dessa concepção, concebemos n’Ele o grau de importância que se deve dar a
nossa família e, consequentemente, a seus membros, enquanto agência de preparação de
autênticos homens e mulheres de Deus. Jesus deixa evidente que o relacionamento cristão no
círculo familiar cristão é um testemunho poderoso para os não convertidos (1 Pe 3.1-7) e para
a sociedade. Os apóstolos aprenderam com Ele e não perderam tempo, seguiram piamente a
receita e só tiveram sucesso. Paulo é um dos maiores exemplos disso. Embora não tivesse sido
casado, como falou-se anteriormente, foi o que mais honrou o matrimônio (1 Co 7.1-9; 1 Tm
4.1-4) e quem mais deu conselho acerca do tema, inclusive ensinou as esposas cristãs a
permanecerem unidas a seus maridos, mesmo que estes não fossem crentes (1 Co 7.10-16).

O apóstolo Paulo e os outros escritores do Novo Testamento estavam familiarizados


com os padrões de autoridade familiar que predominavam no contexto da sua época.
Aparentemente eles aceitaram as normas existentes e não defenderam mudanças na
estrutura social.
Entretanto, por meio de seu ensino e suas ações, eles deixaram evidente sua
convicção quanto ao valor das mulheres e das crianças. Num contexto em que os
judeus faziam sua oração matutina dando graças a Deus porque não tinham nascido
nem gentios, nem mulheres e nem escravos, eles falavam com as mulheres,
instruíam-nas sobre o reino de Deus, atendiam às suas necessidades e lhes abriam
espaço na obra do reino (At 1.14; 16.13-40; 18.26; Rm 16.1-5; 1 Co 16.19-20; 2 Jo)
[...] que “se esforçaram muito” no trabalho árduo da evangelização (Fp 4.1-3) e no
labor pastoral (Rm 16.1). Nomes como Evódia e Síntique, Priscila e Febe foram
preservados zelosamente nas Escrituras como uma prova do espaço que a igreja de
Jesus Cristo do primeiro século, apesar de seus erros e limitações, abria e mantinha
para o ministério da mulher (MALDONADO, 2003, p. 23-24).

Nesse contexto, a mulher passa a ganhar o seu espaço em todo o cenário da


sociedade daquela época, começando pela cultura religiosa, e repercutindo nos trabalhos
domésticos, influenciando diretamente no fazer da sua reputação enquanto figura feminina. A
figura feminina era tão importante no casamento que só eram reconhecidos como pastores e
diáconos aqueles que fossem casados (1 Tm 3.1-13). Vale lembrar que, nesse caso, não que o
modelo social de família patriarcal fosse jogado de lado, mas há uma maior intensificação da
estrutura familiar daquela época, como uma comunidade de pessoas ligadas por vínculos de
37

matrimônio e parentesco e regida pela autoridade do pai, porém veiculado para o serviço ao
Senhor e da edificação da igreja do Novo Testamento. E isso exigia, como nos nossos dias,
uma padronização pautada nos moldes e valores das Sagradas Escrituras, a fim de que se
tivesse o feito e repercussão esperada.

O livro dos Atos dos Apóstolos narra casos de famílias inteiras que aceitaram o
evangelho e foram batizadas (At 10.24-48; 16.15, 31-33; 18.8). Isto testifica não só
da unidade familiar dos que se convertiam ao Senhor, mas também que o pai da
família — e às vezes a mãe, como no caso de Lídia (At 16.15) — era o porta-voz de
toda a sua casa diante de Deus e da comunidade (Jo 4.53; Lc 19.9; Fm 1-2).
Isto mostra que o evangelho não arrancou os primeiros cristãos repentinamente do
sistema familiar com que estavam acostumados, nem os isolou inutilmente da
sociedade em que viviam. Antes, ele destacou os valores da família (assim como
destacou os valores da cultura) quando estes correspondiam aos princípios do reino
de Deus (MALDONADO, 2003, p. 24).

Seria necessário, portanto, que os valores culturais da família estivessem de acordo a


vontade de Deus, expressa nas Sagradas Escrituras, não se prendendo necessariamente a
apenas a imagem do homem como o seu porta voz. Caso isso não acontecesse, o evangelho
avaliava e condenava tanto o contexto cultural-social, como familiar.
Portanto, para que se possa afirmar as nossas bases teológicas sobre o casamento e a
família, não convém que, simplesmente se faça uma lista de versículos sobre os estágios do
homem e da mulher até que chegue ao matrimônio e construa uma família. Mas, mais do que
isso, é preciso entender os contextos culturais, os momentos históricos, os costumes e as
limitações sociais que precederam os textos sagrados.
Posteriormente, precisa-se também usar esses textos de modo coerente, embora em
tempos diferentes daqueles. Lembre-se, pois da história de Jesus. Ele desafiou os padrões
culturais predominantes em sua época, sancionados pela religião, que restringiam os espaços
humanos necessários para o desenvolvimento pleno de mulheres, crianças, escravos e
marginalizados. O professor e mestre de todos os tempos, por sua palavra e ação, abriu esses
espaços possibilitando a seus seguidores (cristãos) encontrarem seu lugar na comunidade de
redimidos e na comunidade humana.
38

4 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA FAMÍLIA CRISTÃ DO SÉCULO


XXI: CONTEXTUALIZAÇÃO

Ao se falar dos desafios e possibilidades das famílias da presente era, é aberto um


leque de atitudes e/ou conceitos que se conceituam dentro desse tema.
A família perdeu muito dos valores que a fundamentavam desde sua fundação. A
medida que as transformações vão ocorrendo, vão também acontecendo dentro do contexto
familiar as mudanças necessárias para que ela permaneça existindo na atual sociedade
atendendo as suas conjunturas, mudanças são necessárias, mesmo sendo muitas vezes
mudanças inconscientes, mas toda mudança pode trazer em seu bojo um novo desafio e abre
também uma nova possibilidade.
Se fosse falado de todos os desafios, ficar-se-ia anos e anos escrevendo, mas dos
mais alarmantes nessa era que estamos vivendo, pode-se mencionar a pluralidade do conceito
de família marcada pela construção de um Projeto de Emenda Constitucional que queria
alterar o conceito de família e, mais do que isso, quer ensinar as crianças, desde muito cedo a
ser gays e lésbicas, em virtude da validação ou provocação de efeito no referido Projeto.
Nesse sentido, para a sociedade dessa era, não faz mais sentido se falar em família
patriarcal, família cristã, família formada de pares heterossexual, pois se constitui tabu, mas
antes disso, querem disseminar a distorção da Palavra de Deus e cegar os olhos do povo para
que aceite o errado como certo e combata o certo como errado e se tenha sempre uma
sociedade doentia, fracassada e atolada nas falácias deste século (2 Tm 3.1-17). Chegou numa
dimensão tão exorbitante que já se tem igrejas voltadas para o movimento LGBT que,
inclusive, retiraram trechos bíblicos, a fim de satisfazer os desejos pecaminosos enraizado no
coração humano, não levando em consideração a salvação (1 Co 6.9-10), mas os que são
servos do Senhor devem procurar com zelo combater esse paganismo, essa prática que vai de
encontro a vontade de Deus (Hb 12.1-8). Mas além desse tema que tem assolado a família
cristã através dos ensinamentos malignos projetados, muitas vezes, pelos canais de televisão,
existem outros desafios nos quais é preciso atentar-se para não ceder espaço para essa falácia.
São eles: o divórcio e a violência doméstica.
Sobre esta, sabe-se que geralmente acontece contra crianças, adolescentes, mulheres
e idosos, onde na maioria dos casos, os agressores são os próprios familiares das vítimas.
Geralmente esses problemas se dão em torno de inúmeros fatores, dentre eles, a personalidade
desestruturada para um convívio familiar ao não saber lidar com as pequenas frustrações que
39

essas relações podem causar no decorrer do cotidiano. Dias (2010), ao falar sobre o tema,
deixa claro que,

[...] apesar da diversidade de modelos de vida familiar nas sociedades pós-industrias,


a família nuclear continua a ser prevalecente nos discursos e políticas sociais. A
imagem dominante a ela associada é a de um grupo coeso, formado por um casal
heterossexual e filhos. Esta representação é investida de pressupostos morais e
ideológicos que transformam a família no reduto de todas as ambiguidades: espaço
de segurança, solidariedade e intimidade, ela é também lugar de violência e de
desigualdades entre os seus membros (DIAS, 2010, p.247).

Os agressores são caracterizados por serem pessoas sem paciência, autoritária,


grosseira, alcoólatras, drogados, dentre outros adjetivos. De maneira geral, a violência
acontece de forma psíquica, onde se destrói a moral e a autoestima do sujeito, não deixando
marcas visíveis no corpo. São mulheres e adolescentes que levam as marcas internas e
psicológicas através de humilhações, xingamentos, podendo chegar a injúrias e ameaças
contra a vida. Vale ressaltar que esses reflexos da violência doméstica contra mulheres são
resquícios de uma sociedade centrada na figura masculina, através da doutrina de “cobertura”
que considera “as mulheres casadas como sendo legalmente inexistentes” (DIAS, 2010).

De acordo com tal princípio, através do casamento, as mulheres perdiam a sua


identidade legal individual, passando a constituir, juntamente com os maridos, uma
entidade legal única, cujo representante era o homem. O referido princípio conduziu
a inúmeras anomalias legais, fazendo com que os homens fossem responsáveis pelas
condutas e os actos das mulheres e legitimando o direito deles as punirem e
violentarem (DIAS, 2010, p.250)

Tem-se, dessa forma uma sociedade que ainda negligencia o papel da mulher e acaba
a punindo através da violência doméstica, que tem crescido dia após dia. A autora deixa claro
que é “importante informar e formar os agentes da justiça que as mulheres maltratadas são
muitas vezes coagidas e constrangidas a permanecer com os agressores, por razões de
natureza diversa” (DIAS, 2010, p. 256). Segundo ela, infelizmente:
A violência doméstica é um fenómeno complexo, que afecta pessoas reais, pelo que
o sistema jurídico-legal e judicial não pode ignorar a sua natureza crítica e imediata,
exigindo respostas mais céleres (Dias, 2004a). Se assim for, talvez se consiga
atenuar o sentimento, por parte das vítimas, de que a justiça prolonga o seu processo
de vitimação (DIAS, 2010, p. 256).

Para combater essa prática, à luz da Palavra de Deus, é preciso guardar a orientação
do apóstolo Paulo (Ef 5.21-31; Rm 15.1-5) para que se tenha um lar vitorioso.
As questões sobre o divórcio serão abordadas no próximo tópico.
40

4.1. DIVÓRCIO: O DESAFIO DO SÉCULO

De acordo com a Constituição Federal de 1988 houve um estabelecimento de


igualdade entre homem e mulher e o conceito de família vai mais além, integrando a proteção
de todos os seus integrantes. Talvez seja por isso que os lares monoparentais tornaram-se
muito comuns nas últimas três décadas e a maioria é encabeçado por mulheres estes sãos
constituídos na maioria das vezes por mães viúvas ou solteiras. Ressaltamos que 60% desses
lares surgem atualmente com separação ou divórcio. (GIDDENS, 2005, p. 157-158).
Muitas vezes o divórcio se dá pela inversão dos papéis dos integrantes familiares, o
que quebra a gama de valores construídos durantes anos de convivência. Os pais não sabem
mais os valores que transmitirão para os seus filhos. A exposição a que a população da atual
sociedade está submetida pela avalanche das transformações sociais, culturais e econômicas
acaba por alterar os códigos e valores que são usados na formulação que se possa fazer de
cada indivíduo e de sua família. O divórcio vem em paralelo a todos esses paradigmas.
Nesse sentido, a família perde a sua função de cumprir aquilo que lhe cabe. Quando
o filho é criado sem pai ou sem mãe, ele sofre muito e pode não ter, ou até ter de maneira
conturbada, a sua formação primária, acarretando problemas durante a sua inserção na
sociedade. Uma das principais tarefas da família é preparar a criança para ser inserida na
sociedade, através da herança de valores estabelecidos na família como cultura, afetividade,
religião e educação, conforme reza o artigo 226 da Constituição Federal de 1988 que dispõe
que “a família é a base da sociedade”. Entretanto, com uma família conturbada, pais
divorciados, essa agência educadora perde seu controle sobre essa questão.
É preciso lembrar que a família é um agente educador cuja função é transmitir a
herança cultural e social durante os primeiros anos de vida, preparando a criança para seu
ingresso na sociedade. Além disso, tem a função social de proporcionar a conquista de
diferentes status, como o étnico, o nacional, o religioso, o residencial, o de classe, o político e
o educacional, porém nas últimas décadas, as transformações sociais atingiram diretamente o
núcleo familiar e originaram novas concepções, novas ideias, e também, novos desafios.
Resultado disso são crianças crescendo traumatizadas, marginalizadas, conturbadas, muitas
vezes violentadas e sem perspectiva de um futuro promissor.
A Lei do Divórcio, de 1977, atribuía a guarda dos filhos ao cônjuge que não tivesse
provocado a separação ou, não havendo acordo, à mãe. Hoje, é concedida a quem tem melhor
condições de exercê-la.
41

De acordo com o IBGE, de 1984 a 2007, no Brasil, foi crescente o número de


mulheres que detiveram a guarda dos filhos (de 79% em 1984 para 89% em 2007), enquanto o
número de homens com a guarda diminuiu (de 12% em 1984 para 6% em 2007), e o número
de separações nas quais ambos os cônjuges a detiveram se manteve relativamente estável,
com uma leve queda (de 3,5% em 1984 para 3,2% em 2007). De 2007 para 2009, o percentual
de guardas femininas caiu 1,5% (para 87,6%), a masculina caiu 0,15% (para 5,86%), e as
guardas conjuntas aumentaram 1,5% (para 4,7%).
Outros dados do IBGE mostram que o arranjo familiar nuclear é o que possui maior
percentual, embora ocorra mais em famílias da área rural (57%) do que da urbana (48%). Um
tipo de arranjo familiar que vem crescendo na cidade (13%) é a de famílias onde há a mãe e
os filhos, ocorrendo em cerca de 7,5% na zona rural. Outros dados do IBGE (2003) apontam
que a mulheres sem cônjuge com filhos aumentaram de 15% para 18%. Segundo os dados
disponíveis (IBGE, 2003), em 2001 o número de casamentos foi de 673.452, enquanto o
número de separações judiciais e divórcios encerrados nessa instância elevou-se para 223.600,
envolvendo 186.292 filhos e filhas. Dessa forma, fica evidente que tanto crianças como
adolescentes têm necessidade de adaptar aos novos arranjos familiares que se formam em
consequência do número elevado de separações.
Madeira (2012) corrobora com esse tema ao dizer que no “período inicial da
separação é mais comum aparecerem as dificuldades, preocupações e sintomas dos filhos
(MADEIRA, 2012, p.26). Ela cita teóricos que afirmando que

Com o divórcio, os filhos sentem-se confusos e têm que enfrentar o medo de se


sentirem também “separados”, de perderem o contacto com uma das figuras parentais,
originando uma tristeza e, também, uma irritação que se pode reflectir no rendimento
escolar e nos problemas de adaptação e de relacionamento interpessoal (Jennings,
1998; Hack & Ramires, 2010 apud MADEIRA, 2012, p.26).

No cenário brasileiro a incidência do divórcio também é cada vez maior. Pesquisas


apontam seu crescimento ano após ano. Segundo Ramires (2004), na década de 1990, um em
cada quatro casamentos terminaram em separação e na atual década este percentual passaria
de 48 para 52%, resultando em um número maior de separações do que de casamentos. Fica
claro, portanto, que esta nova configuração familiar está presente na vida de um extenso
número de crianças. Ela (Ramires, 2004) relata que quando os pais se separam, as crianças
e/ou os adolescentes enfrentam uma crise que possui múltiplas implicações: mudanças nas
42

relações íntimas, tanto em nível da família de origem como da família extensa, e mudanças na
rede social e na infraestrutura de vida de todos os envolvidos
O divórcio foi legitimado há mais de 30 anos no Brasil, mas é impossível terminar
um relacionamento, desestruturar uma família como se tivesse bebendo agua. Quando a
separação ocorre em um casal com filhos, não está se falando apenas de um relacionamento
amoroso que foi terminado, mas se fala também do início de um relacionamento parental em
uma família divorciada, uma vez que as crianças ainda precisam de cuidados. Diversas
pesquisas são realizadas, no sentido de tentar identificar as questões que emergem na criança
como reflexo do divórcio, e verificar como elas reagem frente aos conflitos conjugais.
De modo geral, em casos de divórcios, a grande maioria dos filhos de pais
divorciados preferem que os pais resolvam os conflitos conjugais e continuem casados,
minimizando algumas dificuldades pelas quais tiveram que passar durante o divórcio.
Esses estudos apontam que o divórcio parental traz mudanças significativas na
estrutura familiar, sobretudo, para os filhos que estão juntos dos pais.
Isso é claro na colocação de Souza (2000, p. 208) quando afirma que:

A criança acaba tendo que enfrentar não só as modificações da estrutura e


funcionamento familiar, mas também tem que enfrentar alterações profundas em sua
rotina de vida, o que, por si só, é extremamente doloroso. O número e diversidade
das mudanças relatadas apontam para a quantidade de estresse envolvido, o qual
requer das crianças um número tal de adaptações que dificilmente poderiam ser
enfrentadas, mesmo por um adulto.

Como exposto acima, ressalta-se que a separação dos pais, para os filhos menores,
revela-se um processo bastante delicado, que deve ser acompanhado atentamente pelos pais,
familiares e profissionais, de modo que não traga maiores transtornos para a vida de público.
Para Ramires (2004, p. 185), logo após a separação:

As crianças têm que lidar com as alterações na rotina de vida, a saída de casa de um
dos pais, a família extensa, a situação econômica, as brigas, as mudanças no seu
relacionamento social e seu comportamento no lar e na escola. Além disso, a
separação conjugal conduz à reorganização da vida afetiva, social, profissional e
sexual dos pais, modificando, às vezes dramaticamente, a rede de convivência e
apoio das crianças e introduzindo, ao longo do tempo, a necessidade de
relacionamento (e rompimento) com os novos parceiros dos pais e seus possíveis
filhos e familiares (RAMIRES, 2004, p.185).

Percebe-se, portanto, que as mudanças decorrentes do divórcio dos pais


estabelecem, na vida dos filhos, novas adaptações, proveniente da multiplicidade dos fatores
envolvido. Nesse sentido, é preciso entender que o divórcio se revela como um fator muito
43

mais complexo do que a simples separação conjugal entre casais. Esse processo acarreta
grandes dificuldades, como as de natureza física, intelectual, comportamental e emocional.
Mediante a observação das Sagradas Escrituras, é notória a sabedoria de Deus quanto
aos problemas que podem haver depois de um divórcio que ele passa até a odiar essa prática
(Ml 2.16) e desejar que o casamento seja um compromisso para toda a vida (Mt 19.6).
Entretanto, sabendo que o casamento envolve dois seres pecadores, Deus possibilita a
ocorrência do divórcio.
Nesse sentido, fica visível que Ele sabe as dificuldades que os filhos passariam, em
seus mais variados aspectos, mediante a um processo de divórcio de seus pais, o levando a
tomar algumas medidas que lhes possibilitem traçar algumas regras, embora também, algumas
exceções.
No Antigo Testamento há um estabelecimento de regras para que isso ocorra, de
modo que ambos sejam protegidos sobre seus direitos (Dt 24.1-4). Mas, no Novo Testamento,
Jesus vai mostrar que estas leis foram dadas por causa da dureza do coração das pessoas, não
por desejo de Deus (Mt 19.8). Ele abre a exceção quando há imoralidade sexual, que pode ser
fornicação, prostituição, adultério, etc. As relações sexuais são uma parte muito importante do
laço matrimonial: “e serão dois uma só carne” (Gn 2.24; Mt 19.5; Ef 5.31), talvez por este
motivo, uma quebra neste laço por relações sexuais fora do casamento pode ser razão para
que seja permitido o divórcio, abrindo a possibilidade de um segundo casamento, após um
divórcio, para com aquele que sofreu com o pecado do outro como uma demonstração da
misericórdia de Deus. Não fica aberta essa possibilidade para com aquele que cometeu a
imoralidade sexual.
Infelizmente, o índice de divórcio entre os que se declaram cristãos é quase tão alto
quanto no mundo não crente. A Bíblia deixa muitíssimo claro que Deus odeia o divórcio (Ml
2.16) e que a reconciliação e perdão deveriam ser atributos presentes na vida de um crente (Lc
11.4; Ef 4.32). Para combater a prática do divórcio é preciso instruir e administrar a família na
prática centrada nas orientações existentes nas Sagradas Escrituras.
44

4.2. POSSIBILIDADES: SUPERANDO OS DESAFIOS POR MEIO DA PALAVRA


DE DEUS

Em cada época que a humanidade vive, ela se submete a realidade da sociedade na


qual está inserida. Jesus, em sua época, já chegou quebrando paradigmas e rompendo
barreiras (Jo 1). Nesta presente época, a tradição cristã tem sido, às vezes muito influenciada
por correntes que não partem de Jesus nem de sua obra libertadora, tem perdido de vista essa
trajetória iniciada por ele. Se constitui responsabilidade de todos os cristãos, mesmo em meio
à atual cultura humanista e pagã, mostrar que Deus deseja que toda família se abençoada e
alicerçada mediante a aplicação dos textos bíblicos em seu contexto, dessa forma,
combatendo toda prática errada que vá de encontro à vontade de Deus em relação à família
cristã.
Toda família tem desacordos. O casal que nunca tem conflitos não existe, pois, os
conflitos são resultados da interação humana e de suas constantes buscas pela comodidade.
Infelizmente, conflitos podem levar a sérios problemas que se transformam em amargura,
rixas, raiva descontrolada, ódio e, frequentemente, divórcio.
O que está faltando em muitos casais é habilidade para discutir os desacordos
e resolvê-los, com base na observância da Palavra de Deus. Na verdade, falta-lhes a
capacidade para discutir problemas sérios, chegar a um denominador comum suficiente para
resolvê-los e, então, pôr em ação o plano que é comum e mutuo instituído desde o dia em que
idealizou a responsabilidade nupcial.
É preciso, nesse sentido, demonstrar a sua preocupação com os conflitos em geral
que destroem a relação entre esposo e esposa, e que podem levar ao divórcio.
Dessa forma, pode-se também acreditar que, com o auxílio de Deus e da sua
Palavras, as famílias cristãs contemporâneas têm o potencial para desenvolver relações
íntimas mais justas e equitativas; a intimidade pode florescer à medida que as formas
autoritárias desaparecerem; a procriação — considerada cada vez mais opcional e não
essencial para a família — pode ser dotada de um sentido mais rico e pleno de realização e
solidariedade humanas.
Atentando-se para a orientação do apóstolo Paulo, observa-se que é preciso uma vida
de sujeição “uns aos outros no temor de Deus”, sabendo que as mulheres devem sujeitarem-se
aos maridos com ao Senhor, deixando ele ser o administrador, que trabalhará em consenso
45

com elas, as quais devem ser amadas por eles, “como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela” (Ef 5.21-29)
O segredo do sucesso no contexto familiar está na observância e sujeição à Palavra
de Deus.

4.2.1. A EFICÁCIA DA PALAVRA DEUS NO CONTEXTO FAMILIAR

A Bíblia Sagrada, também chamada de Sagradas Escrituras ou Palavra de Deus é a


bússola de orientação na vida daqueles que querem ter sucesso no contexto familiar e em seus
outros variados aspectos.
O escritor da Segunda Carta à Timóteo, Paulo, deixa claro que “Toda a Escritura [é]
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em
justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa
obra (3.16,17). ”
Entende-se aqui que, a observância da Palavra de Deus produz como resultado uma
vida sarada, alicerçada e abençoada. Nesse sentido, na busca por uma família abençoada,
deve-se levar em consideração a aplicabilidade das orientações que as Sagradas Escrituras
trazem em seus textos. O escritor de Mateus corrobora com essa ideia, afirmando que [...]
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (4.4). O
salmista foi feliz quando se expressou dizendo “Escondi a tua palavra no meu coração, para
eu não pecar contra ti” (119.11).
Textos como estes pode revelar que não existe resultados satisfatórios diante da
divina presença do Senhor, desprovidos da observância e aplicação dos textos das Sagradas
Escrituras. A eficácia dos seus textos pode produzir na vida de seus leitores um fortalecimento
espiritual e desenvolver o temor a Deus, que é o princípio da sabedoria (Pv. 9.10),
possibilitando, como uma consequência, uma organização em todas as esferas da vida do
sujeito, entre elas, a esfera familiar. Falar em família organizada, nesse contexto, se refere ao
conceito de família que esteja centrada na vontade de Deus revelada na Bíblia Sagrada.
O texto bíblico de Romanos 12 deixa claro:

[...]não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação
do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus. [...] Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e
nem todos os membros têm a mesma operação, Assim nós, que somos muitos,
somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
46
[...] O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra
uns aos outros (ROMANOS 12.2-10).

Dessa forma, a característica da família que observa as Sagradas Escrituras revela


que não se pode amar as ideias humanísticas ofertadas pelo mundo, mas que a Palavra de
Deus produz uma transformação tão forte no contexto familiar que é capaz de produzir o amor
entre os membros desta família, amor este que não deve ser fingido.
No cenário bíblico da saída do Egito a Canaã, o próprio Deus se revela para Josué lhe
orientando para que não desviasse da observação da Lei (Palavra de Deus) para que ele
pudesse obter sucesso e se sobressair nas guerras em meio a um povo forte que poderia
ganhar as batalhas se fosse povo de Deus (e observasse o Pentateuco) – o povo da Jericó
destruída. Deus é autêntico em afirmar a Josué que:

Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim
serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo;
porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-
somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a
toda a lei [...]; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que
prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o
livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer
conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu
caminho, e serás bem-sucedido (JOSUÉ. 1.5-8).

Nesse texto, Ele está dando a receita para o sucesso do indivíduo enquanto leitor e
observador a Bíblia Sagrada e da família enquanto uma coletividade de pessoas que estão
abertos e atentos para fazer a vontade daquele que instituiu a família e deu seu manual .
Portanto, nesse sentido, compreende-se que a revelação da vontade de Deus posta na
Bíblia, no que se refere ao contexto familiar, é uma verdade absoluta que só produz sua
eficácia quando seus leitores estão abertos a viver uma experiência de vida autêntica e sarada,
e se demonstram necessitados dessa orientação como um manual de convivência para ter
resultados satisfatórios. Nesse sentido, todos aqueles quantos entenderem essa realidade pode
provar da real eficácia da Palavra de Deus no contexto de sua família.
Dessa forma, vale a pena relatar uma frase anteriormente citada, entendo que para
combater a prática do divórcio e de qualquer falácia existente no cenário familiar é preciso
instruir e administrar a família na prática centrada nas orientações existentes nas Sagradas
Escrituras é nelas que está segredo do sucesso.
47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Viver em conjunto é uma necessidade humana, mas também uma tarefa não tão
simples. Requer mudanças, requer atitudes que privilegiem o grupo, que no caso, a família.
Mas as intensas transformações sociais que ocorreram nessas últimas décadas tiveram grande
impacto na transformação do contexto familiar, conforme entendemos nessa pesquisa, e
acabou gerando uma barreira entre seus membros.
Dessa forma, através de uma análise histórica sobre individualismo e das influências
sofridas pelo indivíduo na sociedade a qual está inserido, procurou-se com o presente trabalho
entender esse novo conceito de família e as características que a diferenciam da família
tradicional e os impactos que refletem na sociedade contemporânea.
Nesse sentido, em decorrência dos conflitos supramencionados, apresentou-se meios
que nos permitem entender que a constituição familiar da contemporaneidade requer uma
participação efetiva dos seus integrantes, de modo que se possa estreitar o distanciamento de
cada membro para que se tenha uma família fortalecida, mesmo em meio as crises da presente
era.
Para tal, é preciso colocar cada família como prioridade em todas as nossas atitudes,
conforme orienta a Palavra de Deus. E isso independe de qualquer situação que se possa
enfrentar. Requer, portanto, a priorização do tempo que cada integrante deve dá a sua família
e dos filhos que crescem, em muitos casos, sem a presença de um dos pais.
Apesar dessa crise familiar contemporânea, esta não perdeu sua relevância na
concepção do sujeito, pois é nela que, independente de cultura, são aprendidos e apreendidos
os principais valores, costumes, crenças, entre outros conceitos. Destaca-se que, em meio ao
contexto de desestruturalização familiar atual, o presente trabalho preocupou-se em não
generalizar as situações diversas desse contexto, mas abrir um espaço de diálogos e reflexões
que seja norteador para um denominador comum suficiente para criar em cada contexto
familiar um aprendizado que possibilitem a necessária tomada de decisão diante dos
problemas que se pode enfrentar.
Finaliza-se aqui afirmando que, o segredo do sucesso familiar não está na quantidade
do tempo que disponibilizamos para a nossa unidade básica de sociedade, o que deve
sobressair nessas relações é a qualidade desse tempo.
Deus abençoe cada família!
48

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