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RELATÓRIO
VOTO
Com efeito, a Lei nº 9.504/97 prevê que prestações de contas devem ser
encaminhadas no prazo de ate 30 dias após as eleições ou em 20 dias após a realização do
segundo turno, estipulando, inclusive, que a inobservância desses prazos impede a diplomação
dos eleitos, enquanto perdurar a omissão1.
Em que pese a notificação do candidato omisso com as contas de campanha não se
equiparar a ato de natureza citatória, não havendo necessidade de ser realizar de forma pessoal,
nos termos da jurisprudência já citada, tal fato não obsta a conclusão de que a notificação dever
ser regularmente executada, mesmo porque a Resolução TSE nº 23.376/2012 (que trata das
prestações de contas referente ao Pleito 2012) assim o determina. Confira-se:
1
Art. 29. Ao receber as prestações de contas e demais informações dos candidatos às eleições majoritárias e dos
candidatos às eleições proporcionais que optarem por prestar contas por seu intermédio, os comitês deverão:[...]
III - encaminhar à Justiça Eleitoral, até o trigésimo dia posterior à realização das eleições, o conjunto das
prestações de contas dos candidatos e do próprio comitê, na forma do artigo anterior, ressalvada a
hipótese do inciso seguinte;
IV - havendo segundo turno, encaminhar a prestação de contas, referente aos 2 (dois) turnos, até o
vigésimo dia posterior à sua realização. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)[...]
§ 2º A inobservância do prazo para encaminhamento das prestações de contas impede a diplomação dos
eleitos, enquanto perdurar.
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo
No caso dos autos, verifico que, ao cumprir a referida notificação, o Juízo
Eleitoral encaminhou a correspondência ao endereço fornecido pelo candidato em seu
requerimento de registro de candidatura.
De fato, a norma que trata de registro de candidatura para as Eleições 2012
(Resolução TSE nº 23.373/2012) prevê expressamente que o formulário de RRC (Requerimento
de Registro de Candidatura) conterá o endereço completo do candidato, no qual o mesmo poderá
eventualmente receber intimações, notificações e comunicados da Justiça Eleitoral2.
É certo, ainda, que o candidato é o responsável pela informação prestada em seu
pedido de registro de candidatura e, ao assinar o requerimento, declara a exatidão das
informações prestadas. Cabe, ainda, ao candidato, atualizar seus dados junto à Justiça eleitoral,
inclusive em relação à eventual modificação de endereço. Nesse sentido:
Assim, diante de notificação que foi encaminhada para o endereço fornecido pelo
próprio candidato, que é o responsável por fornecer o endereço no qual receberá as intimações da
Justiça Eleitoral, não há qualquer irregularidade no procedimento adotado pelo Juízo Eleitoral.
Com efeito, não pode o candidato valer-se de seu próprio descuido para alegar
nulidade, de modo que eventual erro no endereço constante do registro de candidatura não pode
ser capaz de beneficiar aquele que tinha obrigação de prestar contas no prazo previsto em lei e
ainda de manter seus dados devidamente atualizados. Nessa mesma linha de raciocínio, os
seguintes julgados:
RECURSO ELEITORAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
NULIDADE. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA.
ELEIÇÃO 2012. SUPOSTO VÍCIO NA NOTIFICAÇÃO
2
Art.26.O formulário Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) conterá as seguintes informações:
[...]
II – número de fac-símile e o endereço completo nos quais o candidato receberá intimações, notificações e
comunicados da Justiça Eleitoral
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ENCAMINHADA A ENDEREÇO DIVERSO DO
DOMICILIAR. AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL.
NOTIFICAÇÃO ENCAMINHADA A ENDEREÇO
INFORMADO NO REGISTRO DE CANDIDATURA. ART.
25, III DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.406/2014.
IMPROCEDÊNCIA.
1. Trata-se de recurso em ação declaratória de nulidade que
pretendeu o reconhecimento de inexistência da sentença que julgou
as contas do candidato como não prestadas por suposto vício no ato
de notificação.
2. Notificação postal encaminhada a endereço indicado pelo
requerente no seu registro de candidatura ao cargo de vereador nas
Eleições de 2012. Frustrada a comunicação, o juízo a quo
determinou a intimação do candidato omisso via edital.
3. A responsabilidade pelas informações prestadas no registro
de candidatura é do candidato, que deve atualizar seu endereço
junto à Justiça Eleitoral, arcando com as consequências em caso
de incorreção ou desatualização.
4. Não prospera a alegação do recorrente de que o juízo
eleitoral deveria ter empreendido novas e sucessivas diligências
no intuito de notificá-lo pessoalmente, pois tal não é exigido pela
Resolução.
5. No âmbito das Prestações de Contas não há exigência de
notificação pessoal (Agravo Regimental em Agravo de
Instrumento nº 102617, Acórdão de 04/08/2015, Relator(a) Min.
HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 205, Data 28/10/2015, Página 53).
6. Intenção do recorrente em ver reformada decisão por via
transversa.
7. Recurso desprovido.
(TRE-PA Recurso Eleitoral nº 3366, Acórdão nº 28295 de
13/09/2016, Relator(a) LUCYANA SAID DAIBES PEREIRA,
Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 172, Data
21/09/2016, Página 5 )
RECURSO ELEITORAL. QUERELA NULLITATIS
INSANABILIS. SENTENÇA PELA EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ALEGAÇÃO DE FALHA NA
INTIMAÇÃO PARA ATENDIMENTO À DILIGÊNCIA.
ARTIGO 47 DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.376. ELEIÇÕES
2012. CARTA ENCAMINHADA PARA O ENDEREÇO
INDICADO PELO RECORRENTE. NULIDADE NÃO
VERIFICADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
(TRE/SP RECURSO nº 4581, Acórdão de 17/11/2015, Relator(a)
SILMAR FERNANDES, Publicação: DJESP - Diário da Justiça
Eletrônico do TRE-SP, Data 25/11/2015 )
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Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo
RECURSO ELEITORAL - AÇÃO DECLARATÓRIA EM
PRESTAÇÃO DE CONTAS - QUERELA NULLITATIS -
NÃO APRESENTAÇÃO DAS CONTAS - DECLARAÇÃO DE
CONTAS NÃO PRESTADAS - ALEGAÇÃO DE VÍCIO NA
CITAÇÃO - PRESTAÇÃO DE CONTAS - DEVER DO
CANDIDATO - NOTIFICAÇÃO DE OMISSÃO - ART. 38, §4º,
DA RESOLUÇÃO/TSE Nº 23.376/2012 - NATUREZA DE
INTIMAÇÃO - PRESTAÇÃO DE CONTAS - INEXISTÊNCIA
DE PARTES - DESCABIMENTO DE CITAÇÃO - CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL - APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA - MUDANÇA
DE ENDEREÇO - DEVER DO CANDIDATO - INTIMAÇÃO
PESSOAL - ENDEREÇO FORNECIDO PELO CANDIDATO
NO RRC - INTIMAÇÃO POR EDITAL - EXIGÊNCIA
INEXISTENTE NO ART. 38, § 4º DA RESOLUÇÃO/TSE Nº
23.376/2012 - PROVIDÊNCIA CAUTELOSA DO JUÍZO DE
ORIGEM - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO PROCESSO -
IMPROCEDÊNCIA DA QUERELA NULLITATIS
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA - DESPROVIMENTO DO
RECURSO
É dever do candidato prestar suas contas de campanha, conforme
impõe a Lei das Eleições (art. 29 e ss. da Lei n.º 9.504/97),
reproduzido no art. 35, I, da Resolução/TSE nº 23.376/2012.
A notificação de omissão, nos termos do art. 38, §4º, da
Resolução/TSE nº 23.376/2012, funciona para o candidato
omisso como um alerta de que, se assim perdurar, suas contas
serão declaradas como não prestadas, trazendo todos os efeitos
que essa declaração produz. Tem, portanto, natureza de
intimação.
A prestação de contas é processo cuja instauração pressupõe
somente a existência de um interesse público, onde não há partes,
mas sim requerentes, não havendo se falar em citação, tampouco em
aplicação das suas regras previstas no Código de Processo Civil,
subsidiário perante o processo eleitoral.
Deve o candidato manter a Justiça Eleitoral informada acerca
de qualquer mudança de endereço, pois é nele que receberá
intimações, notificações e comunicados, nos termos da Lei
Eleitoral.
Na espécie, ao notificar o candidato acerca da sua omissão, o juízo
de origem agiu além do seu dever legal, determinando a intimação
pessoal no endereço fornecido no pedido de registro de candidatura,
exigência inexistente no art. 38, § 4º da Resolução/TSE nº
23.376/2012. Mais do que isso, diante do insucesso, reiterou a busca
também por edital, o que, não sendo providência expressamente
determinada pela norma eleitoral, revela cautela por parte do juízo
sentenciante.
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Inexistindo qualquer vício no feito que possa conduzir a declaração
da nulidade da sentença proferida nos autos de origem, não deve
prosperar a querela nullitatis.
Conhecimento e desprovimento do recurso.
(TRE/RN ACAO ORDINARIA nº 3955, Acórdão nº 473/2015 de
04/11/2015, Relator(a) LUIS GUSTAVO ALVES SMITH,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 201/2015,
Data 05/11/2015, Página 03 )