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O CEGO-DISCÍPULO DE JERICÓ

Outubro 27, 2018

1. Jeremias 31,7-9 põe diante de nós uma grande


procissão de alegria e de esperança, vinda do Norte, da
Babilónia, em que participam todos os filhos de Deus.
Note-se a presença dos cegos, dos aleijados, das
grávidas, das parturientes. Procissão maravilhosa em que
ninguém fica de fora ou para trás: pura graça e salvação
de Deus bem à vista! Verdadeiramente, Deus SALVA
(hôshîa‛) o seu Povo (Jeremias 31,7). Não nos
esqueçamos Hoje de valorizar o nosso canto do
HOSSANA, que é um grito levantado para Deus, e que
significa, à letra, «SALVA, POR FAVOR» (hôshîa‛ na’).

2. Para dizer esta alegria filial, batismal, temos de cantar


que «o Senhor fez maravilhas em favor do seu povo». É o
Salmo 126, o canto do regresso a Casa, de um sonho
feliz, da estação das canções e das colheitas.
Verdadeiramente Deus cuida de nós. O Canto ritmado do
Salmo 126 serve para nos abrir bem os olhos do coração
para vermos bem as inumeráveis maravilhas com que
Deus enche os nossos caminhos todos os dias. Entre a
sementeira e a ceifa, entre a dor e a alegria, o inverno e
a primavera, a semente não erra e não mente. Segue o
seu curso natural. Suavemente. Aí está, portanto, outra
vez a jubilosa procissão dos exilados! E nós, extasiados,
como quem sonha, a boca cheia de riso e os lábios de
canções.

3. Aí está também a Carta (ou pregação) aos Hebreus


5,1-6, que nos apresenta uma excelente figuração do
sacerdote: chamado por Deus, postado a meio caminho
entre o coração de Deus e o coração dos homens, para
encher este mundo de graça serena e fecunda. Ao jeito
da vara sacerdotal de Aarão e por acumulado excesso, de
onde brotam ao mesmo tempo folhas verdes, flores em
botão, flores abertas e frutos maduros, conforme o
insuperável texto do Livro dos Números 17,16-26. Vara
de amendoeira. Já ninguém estranhará agora que o
candelabro (menôrah) que, noite e dia, ardia na presença
de Deus, estivesse ornamentado com flores de
amendoeira (Êxodo 25,31-35; 37,20-22). E também já
ninguém estranhará que a tradição judaica tardia refira
que a vara do Messias havia de ser de amendoeira. O
excesso divino da primavera e da esperança em pleno
inverno humano de dor e de pecado.

4. E lá está outra vez um Cego no Caminho de Jesus. É


do grande texto de Marcos 10,46-52 que falamos, e que
é conhecido como o episódio do Cego de Jericó. Na
verdade, está em cena muito mais do que cegueira e
geografia. Atente-se em como o narrador nos passa
sobre o Cego informação exaustiva, distribuída em seis
anotações: é o filho de Timeu (1), chama-se Bartimeu
(2), é cego (3), pede esmola (4), está sentado (5) à beira
do Caminho (6).

5. Se revisitarmos com atenção as páginas dos


Evangelhos, nomeadamente de Marcos, só encontramos
tanta informação pessoal nos relatos de vocação. Veja-
se, a propósito, o chamamento de Simão e André (Marcos
1,16-18), de Tiago e João (Marcos 1,19-20) e de Levi
(Marcos 2,14). Estes indicadores são importantes, pois é
bem provável que, no episódio do Cego de Jericó,
estejamos mais perante um relato de vocação do que de
cura.

6. O Cego, excluído, GRITA por duas vezes. Quem grita é


porque está longe e se quer fazer ouvir. Um Cego sente-
se longe de Deus, da luz e da comunidade. Dizia assim a
tradição religiosa e cultural daquele tempo e daquele
espaço. Por isso, o Cego GRITA e volta a GRITAR. O
conteúdo do seu GRITO é belo: «Filho de David, Jesus,
FAZ-ME GRAÇA (eléêsón me). É quanto nós cantamos
ainda Hoje, e Hoje devemos valorizar também este
dizer: Kýrie eléêson! Significa, na sua letra, pedir ao
Senhor que pegue maternalmente em nós ao colo, que
maternalmente nos embale, que maternalmente olhe e
sorria para nós!

7. Ouvindo estes GRITOS, Jesus PÁRA. Parando, fica ao


nível do Cego, que estava parado, e parado ia ali ficar.
Jesus PÁRA e CHAMA. Um versículo (49) em que o verbo
CHAMAR se ouve três vezes. Jesus não exclui, mas inclui
e faz que aqueles que antes mandavam calar o cego,
querendo mantê-lo na exclusão, entrem agora neste novo
movimento de inclusão. Note-se o agrafo à grande
procissão de Jeremias 31,7-9, que incluía cegos,
aleijados, grávidas e parturientes. Também Jesus não
quer deixar ninguém de fora ou para trás.

8. Ao sentir-se chamado e incluído, o Cego deixa tudo


(atira fora o seu manto, onde recolhia as esmolas), e,
num salto (sem qualquer hesitação), fica junto de Jesus.
Jesus pergunta-lhe, tal como atrás tinha perguntado aos
dois filhos de Zebedeu: «Que queres que Eu te faça?»
Naturalmente, o Cego responde: «Que eu veja!» Mas
Jesus diz-lhe: «VAI!». Poucos se apercebem do notório
desajuste entre o pedido do Cego e a resposta de Jesus.
«VAI!» não é, de facto, a resposta adequada ao pedido
do cego: «Que eu veja!». A resposta adequada seria:
«Vê!», como está, de resto, documentado no episódio
paralelo de Lucas 18,42. Mas neste «VAI!» já se vê
claramente o teor vocacional do relato.

9. Lindo ver na conclusão do relato que o Cego viu, ficou


iluminado, e SEGUIA Jesus no CAMINHO. Aí está outra
vez a figura bela do verdadeiro discípulo de Jesus.
Chamado e iluminado pela Luz que é Jesus, segue Jesus
no CAMINHO. Tem de O seguir, temos de O seguir. Ele é
a Luz verdadeira. E a nossa Luz é apenas reflexa.

10. Senhor Jesus, chama por nós, inclui-nos no teu amor,


faz-nos graça, ilumina a nossa vida, torna-nos fiéis
seguidores, atrás de Ti, no teu CAMINHO de LUZ.

António Couto

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