Sunteți pe pagina 1din 327

-5., -F_ _-_,¡._¡_,~ .' O .,¿ .. ..-.F ¬ ¬= .-H ' L- ¬-1;-¿3¡ , -I ,¡»,_,.z....¿a:z›.-.z.;¡_-.--zz,-1;-›-H _.

:
ia* ¬¬'?ã'-'\ -.- '-.«-.
1..-= :lí-.P P1: _- 1 '- .- 'z . '... *"š=-..-'.=.'.é'z*f-'-.=; -.¬:'-*fã--;=H:L=\-r='E?.-.r~
`¬' ,-âêràfšfzza-=.-Lifz. *'*'+.¬'.*\á`-.1-az. ..-z»=-. ir. f›*-=¬*-- ."à=:=¬=-'¢*¢--Í'›'-_.~.'‹¬*=.°.'z=- 11-¬Í*'=: Ê

5
\

FERNANDO HENRIQUE
CARDOSO
CARDOSO
í

1
Í

Pensadores que
iinventaram
nv ent aram o0 Brasi
Brasill
COM
C PANHIA D
ompanhia DAS L'¿'rf‹.z\5
as L etras

` \
I-

il

. F??
¡¿¡S¡-Ú i A marca Esc' é a garantia de que a madeira utilizada na fabrica-

S
'nzpa www»
C0r5j 1 punir da
íonlu mpondvaln
y.fsc.
ção do papel deste livro provém de florestas que foram gerencia-
das de maneira ambientalmente correta. socialmente jusia e eco-
FSC' 0019498
STÕ A marca
.í.í..--»--_-- FSC' é aviável,
nomicamcntc garantia
além dedeouâras
que fontes
a madeira utilizada
de orígem na fa
çu;¡zm1a_¿;,
rpcJittJdo ção do papel deste livro provém de florestas que foram ger
rtirá*
*pon 4&vel
* das de maneira ambiental mente correta, socialmente justa
019498 I nomicamente viável, além de outras fontes de srcem contr
FERNANDO
FERNANDOHENRIQUE CARDOSO
HENRIQUE CARDOSO

Pensadores que
Pensadores que
mventaram O Brasfl
inventaram o Brasil

4!

Comezmum
Companhia DAS
D LETRAS
as L etras
Copyright @2013
Copyright © 2013 by FernandoHenrique
by Fernando HenriqueCardoso
Cardoso

Grafia
Gmfin atualizada segundo
segundo 0oAcordo
AcordoOrtográfico
OrtográficodadaIjragua
LínguaPortuguesa
Portuguesa
de 1990, que:entrou
1990, que entrouem
emvigor
vigornonoBrasil
Brasilemem 2009.
2009.

Capa
Gustavo Soares
Gustavo Soares
Preparação
lPrepm'açao-
Márcia Copola
Copola

índice
Índice remissivo
remissívo
Luciano Marchiori
Luciano Marchiori

*I-

Revisão
Revísao
Ana Maria
Ana Maria Barbosa
Barbosa i
Ca rmen T.
Carmen T. S.
S. Costa
Costa
1 ‹`.

Dados Internacionais
InternacionaisdedeCaraiogaçäo
Catalogação nana Publicação
Publicação (cn?)
(cn-1
(Câmara Brasileira do Livro,S P, Brasil)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasii)

Cardoso, Fernando
Femanáo Henrique
Henrique
Pensadores que inventaram0 oBrasil
Pensadores qu‹:__irwentaram BrasilI Fernando
/ Fernando Henri-
Henrí‹
que Cardoso. - I! ed.'- São Paulo: Companhia das Letras,
que Cardoso.
2013. — li ed.‘— São Paulo: Companhiadas Letras,
2-013.
isbn 7 8  8 5 3 5 9  Í 2 8 7 - 5
:san 99yS-85-359-2187-5

t.1_ Brasil -› História


Higlória 21.. Ensaios brasileiros
Ensaios l)ra$ÍieirO$ 3.
3. Escritores
Estrítflres -
Brasil
Brasil 4. 4. História política 5.
História política 5. História
Históriasocial
social 66.. Intelectuais
Intelectuais
Brasil
-Brasil 1.¡-Tilu1o.
Título.
113-05401
3 -0 5 4 0 2 0 0 3 2 0 .9 8 1
0coo~32o.98|

índice pára catálogo


indice para catálogosistemático:
sistemático:
1. Brasil: Ensaios: Ciência política 3zo.98x
Brasil :Ensaios :Ciência política 320.981

([2013]
2013]
Todos
Todos osos direitos
direitosdesta
destaedição
edição reservados
reservados à à
EDlTOfcA SCHWARCZ
EDITORA scnwzxncz s.›..S.A.
Rua BandeiraPaulista,
Rua Bandeira Paulista,702.
702,cj. cj.
32 32
04532002
04531-oo: — -- SSão
ão Paulo
Paulo — -- ssep
T elefone:(11)
Telefone: (11)3707-3.500
37073500
Fax: (11)
(11)3707-3501
3707*3501
www.conoLpanhiadasletras.com.br
www.c0mpanhiadasletrasxom.br
www.blogdacompanhia.com.br
wwwblogdacompanhia.com.br“
Sumário
Sumário

\
\

Apresentação,
APRESENTAÇÃQ, 77

JIOAQUIM
oaquim N
NABUCO
abucô
Uma síntese,
síntese,17
Um olhar
olhar sul-americano,
sul-americano,24
Joaquim
Ioaquim Nabuco democrata, 29

EEUCLIDES
uclides a C
dDA CUNHÀ
unha
Canudos:
Canudos; oooutro
outroBrasil,
Brasil,65

PPAULO
aulo PPRADO
r a po
Fotógrafo amador,7733
Føtógrafø am.¡|dC›r,

G il b e r t o F
GILBERTO FREYRE
reyrê
Casa-gra nâe &
Casagrande Senzala,, clássico,
Ó senzala clássico,7799
Gilberto Freyre,perene,
Gilberto Freyre, perene,91
SéítGio
Sáaozo BBUARQUE
uarqub e H
dDE HOLANDA
olanda
Brasil: as raízes
ráízeseeoofuturo,
futuro,1137
37;

Czuo
C PRADO
a io P rado |IR.
r,
A história e seu
seu sentido,
sentido,1143
43

ANTONIO
A Czmoloo
nt o ni o C ândido
Um ex-
ex-aluno,
aluno, 151
A
A fome ee aa crença:
crença:sobre
sobreOs parceiros do Rio
Rio Bonito,
Bcmito, 15?

PFLoREsTAN
lorestan FFERNANDES
ernandes .
A paixao pelosaber,
paixão pelo saber,1175
75 >,z
Florestan, cientista,
cientista,185
1.85
Uma pesquisa impactante,
impactante,192

CELSO
C FURTADO
elso F urtado f
O descobrimento
descobrimento dadaeconomia,
economia,2207
07
A propósito
propósito de
deFormação
Formação econômica
econômicadodoBrasil,
Brasil, 212

R
RAYMUNDO
aymündo FFâoko
aoro
Üm
Um crítico do Estado:
Estado:Raymundo
RaymündoFaoro,
Faoro,227

EEPiLo‹so
píl o g o ■
Livros que inventaram
Livros que inventaram0o Brasil, 263
263

Posfácio, JoséMurilo
Posfácío, Iosé MurilodedeCarvalho,
Carvalho,287
287

Notas, 301
Cronologia de
de obras
obrascitadas,
citadas,3311
11
Créditos das
Créditos dasimagens, 315
imagens,315
índice
Índice remissivo,
remissivo, 3317
17
Apresentação

Este livrocontem
Este livro contémensaios
ensaios e pequenos
e pequenos esboços
esboços que quê escrevi
escrevi
sobre autoresque
sobre autores quese se dedicaram
dedicaram a explicar
a explicar a “formação
a “formação do Bra^
do Bra?
siF. Algunsdestes
sil”. Alguns destes escritos
escritos datamdatam
de 35deanos
35 anos
atrás. atrás, Nesta categof
Nesta categoe
ria estão
estãoososperfis
perfis publicados
publicados na revista
na revista Senhor Vogue> em 1973.
Vogue, em 1978.
Outros, maisrecentes,
Outros, mais recentes,sãosão inéditos
inéditos na forma
na forma em os
em que que os publico
publico
agora. Entreestes
agora. Entre estesestão
estão ensaios
ensaios sobresobre Joaquim
Joaquim Nabuco,
Nabuco, Gilberto
Gilberto
Freyre
Freyre eeRaymundo
Raymundo Faoro.
Faoro. EsteEste último
último foi escrito
foi escrito especialmente
especialmente
para este volume; os outros dois são textos que serviram de base
para
para este volume;
conferências
para conferências osfiz,outros
que
que fiz, doismsão
respectiva textos
ente,
respectivamente, que serviram
naAcademia
na Academ Brasileide
iaBrasilei- base
ra de Letras
ra de Letrasememmarço
março de de 2010
2010 -e nae Festa
na Festa Literária
Literária Internacional
Internacional
de Paraty(Fiíp)
de Paraty (Flip)ememagosto
agosto
do do
mesmo mesmo ano. ano. Os demais
Os demais capítulos
capitulos
compõem-se deéntroduções
compõem~se doántroduções para
para a edição
a edição de livros
de livros de alguns
de alguns au- au
tores oudedehomenagens
tores ou homenagens prestadas
prestadas a outros
a outros que foram
que foram posterior
posteriora
mente
.mente enfeixadas
enfeixadas em emlivros.
livros.O“Epí1ogo”
O “Epílogo”é a transcrição
transcriçãorevista
revista
dede
aula, quedei
aula, que deiemem novembro
novembro de 1993,
de 1993, aos alunos
aos alunos do Instituto
do Instituto Rio Rio
Branco, quandoera
Branco., quando eraministro
ministro
dasdas Relações
Relaçoes Exteriores.
Exteriores.
O .leitor
leitor perceberá
perceberáque que aqui
aqui e alie há
ali repetição
há repetição de argumen
de argumen-

7
7
tos ee que
que aa extensão
extensãoe ea acadência
cadênciados dosdiversos
diversos capítulos
capítulos não não
ê é
a mesma.
mesma. NãoNão memeservi
servidedetexto
textopreviamente
previamente escrito
escrito quando
quando se se
tratava de prestar
tratava de prestarhomenagem
homenagema pessoas
a pessoascomcom as quais
as quais convivi
convivi e e
que me ínfluenciaram.
influenciaram.Os Ostextos
textosora
orápublicados
publicados sãosão transcrições
transcrições'
de exposições
exposiçõesorais,
orais,revistos
revistose aprimorados.
e aprimorados. PorPor
isso,isso,
o tomo tom é mais
é mais
coloquial, mais
mais familiar,
familiar,notadamente
notadamentenos noscapítulos
capítulos sobre
sobre Antô
Anto-
nio Candido ("Um ex-aluno”) e Florestan Fernandes (“A paixão
nio Cândido ("Um ex*aluno”) e Florestan Fernandes (“A paixão
pelo saber”).
saber”). Sobre
Sobreestes
estesmesmos
mesmosautores autoresháhá outros
outros capítulos
capítulos re- re
lativos aa suas
suascontribuições
contribuiçõesacadêmicas.
acadêmicas. Nestès
Nestes adoro adoto
um um estilo
estilo
mais convencional.
convencional.
Os ensaios sobre Nabuco,
ensaios sobre Nabuco,Freyre Freyree eFaoro
Faorotêmtêmo otom tom aca
aca-
dêmico
dêmico habitual nestetipo
habitual neste tipoTie lietrabalho.
trabalho,Dai Daíporporque
queaoaoproferir
proferir
ás conferências sobre
as conferências sobreososdois doisprimeiros
primeirosnão nãoosostenha
tenhalido.
lido.
SãoSão
maçudos ee longos,
longos,portanto
portantocansariam
cansariamosOS ouvintes.
ouvintes. Mesmo
Mesmo! al---- ak-
guns textos que
ique foram
foram lidos
lidos(as(as circunstâncias
circunstâncias de deserserpresidente
presidente'E *
da República dificultavam,por
República dificuitavam, porexërnplo,
exemplo, digressões
digressões orais
orais nas nas
eo- Co
memorações do do sesquicentenário
sesquicentenáriodedeNabuco), Nabuco),não nãogaranto
garanto queque
os haja pronunciado
pronunciado na naforma
formaem emque queoraorasãosãopublicadosfšou
publicados.^ou
mau “ledor”
“fedor**e egosto
gostodedeentremear
entremear as as leituras,
leituras. comcom observações*
observações”
mais espontâneas. Sempretive
espontâneas. Sempre tiveinveja
invejadedequemquem temtem a capacidade
a capacidade
de escrever textos
de escrever textose ede.dêososlerlercomo
como se se fossem
fossem peças
peças de teatro
de teatro re- re
presentadas porpor atores.
atores.Mais
Mais de deuma
umavez vezmemereferi
referi àsàsexperiências
experiências
que tive no ano que
tive no que passei
passei como
como visitingprofesso
professorr em Cambridge,
Cambridge,
UK, quando ouvi magníficas features, como a de um professor do
ük> quando ouviEdmund
magníficas lectures, como a de um professor do
King^s College,
King's College, Edmund Leach,Leach, intitulada
intitulada “Once
“Once a knight,
a knight, is quite
is quite
enough”, quetive
enough”, que tivea aoportunidade
oportunidade dede escutar
escutar novamente
novamente quando
quando
ele a repetiu
repetiu em
emPrinceton.
Princeton.NãoNaotenho
tenhotaiento
talentopara
para tanto,
tanto, daídaí
queque
escreva uma coisa,
escreva uma coisa,diga
digaoutra
outrae, e,aoaorever,
rever, publique
publique umauma terceira
terceira
Versão domesmo
versão do mesmotextotextodede base.
base.
Por
Por circunstân cias geracionais
circunstâncias geracionaiseeentrecruzamento
entrecruzamentodevida
devidame me
beneficiei
beneficiei dodo contato
contato direto
diretocom
comvários
váriosdos dosautores
autores cujas
cujas obras
obras
comento neste livro.É£0oque
neste livro. queocorre
ocorrecom comFlorestan
FlorestanFernandes,
Fernandes,

B
meti professore édedequem
meu príofessor quem fuifui assistente
assistente antesantes de sermos
de sermos colegascolegas
ee vizinhos
vizinhos de derua,
rua,assim
assimcomocomo comcom Antônio
Antonio Cândido,
Candido, também também
professor
professor eemaismaistarde
tardecolega.
colega.
NosNos capítulos
capítulos em osque
em que os homena
homena-
geio tento transmitir
geio tento transmitiralgo algodasdas impressões
impressões que que
ambosambos me causa
me causa-
ram.
mm. TiveTiveaaventura
venturadede estarcom
estarçcom Celso
Celso Furtado
Furtado nos breves
nos breves mesesmeses
em
em queque ele
eletrabalhou
trabalhounana Cepal
Cepal depois
depois do golpe
do golpe de quando
de 1964, 1964, quando
moramos
moramos na na mesma
mesmacasacasaememSantiago
Santiago e, mais
e, mais tarde,
tarde, de conviver
de conviver
com
com eleele nos
nosperiodos
períodosem emque
quecoincidiu
coincidiu estarmos
estarmos juntos
juntos em Paris
em Paris
np finaldos
np finai dosanos
anos1960
1960e na
é na década
década de 1970.
de 1970. Continuámos
Continuamos a man-a man
ter relaçõesprÓ>:i_rnas
tfir relações próximasnanadécada
década de de 1980,
1980, quando
quando CelsoCelso foi mi
foi rni-
nistro
nistro dadaCultura
Culturadodogoverno
governo Samey
Sarney e eue era
eu senador.
era senador. Com Cjaio
Com Cpio
Prado
Prado convivi no final
convivi. no finaldos
dosanos
anos19501950eeinícios
iníciosdadadécada
décadaseguinte,
seguinte,
quando
quando ele eleera
era0 oinspirador
inspirador dada Bmsiliezzse,, na
Revista Bmsilknse naqual
qualeueuco-co
laborava,
laborava, sem semfalar
falarememnossas
nossas desventuras
desventuras de militância
de militância ao redor ao redor
do Pafrtidâo.
do Partidão.láJácom
comSérgio
SérgioBuarque
Buarque de de
Holanda,
Holanda,embora tivessetivesse
embora
menos convivência*conheci-o
menos convivência, conheci-o o suficiente
o suficiente parapara admirá-lo
admira-lo e parae pára
me terbeneficiado
me ter beneficiadodedesuas suas críticas
criticas nas nas
duasduas
vezesvezes
em queem que formou
formou
parte dabanca
parte da bancaquequememeexaminou
examinou no no doutorado
doutorado e no econcurso
no concurso
de <£e
cátedra. Aliás,também
cátedra. Aliás, tambémFlorestan
Florestan foi,foi, além
além de incentivador»
de incentivador, meu meu
examinador
examinador em emteses
tesesacadêrnicas,
acadêmicas, e 0 emesmo
o mesmopossoposso
dizer dizer
de Caiode Caio
Prado* que, como
Prado,,que, como Sérgio,
Sérgio,fez
fezparte
partedadabanca
bancade
de.meu
meudoutorado.
doutorado.
Com muito menor familiaridade
muito menor familiaridadeposso possotambém
tambémdizerdizerque
quevivi
de perto o jeito, mais do que 0 pensamento, de Gilberto Freyre e
de
de perto o jeito,
Raymundo
de Raymundo
maisdodo
Faoro,
Faoro,
doprimeiro
que o pensamento,
primeironasnas poucas
poucas
de que
Gilberto
vezesvezes
Ereyre
quea Re-
fui fui a Ree
cife ou nas
cife ou nasocasiões
ocasiões,emem que,
que, estando
estando ele São
ele em em Paulo,
São Paulo»
pudemos pudemos
conversar,
conversar, e edodosegundo
segundo quando
quando da da militância
militância Contracontra o regime
o regime
autoritário. Apêsardadarelativa
autoritário. Apesar relativa familiaridade
familiaridade com com os autores
os autores que que
comento nestelivro,
cornento neste livro,não
nãoposso
posso dizer
dizer queque pertenço
pertenço à mesma
à mesma ge- ge>-
ração deles.Antes
ração deles. Antesfuifui beneficiário
beneficiário dasdas
suassuas descobertas,
descobertas, intuições
intuições
e análises.
análises,Euclides
luclidesdadaCunha,
Cunha, assim
assim comocomo Paulo
Paulo Prado.Prado, sem falar
sem falar
de Nabuco, deram suas contribuições em épocas anteriores, mas
de Nabuco,
não deixam deram
deixam de suasparte
deformar
formar contribuições
partedada mesma
mesma em“tradição
épocas
“tradição anteriores,
dos mas
cultural”
cultural” dos

9
9
demais autoresmencionados.
demais autores mencionados. EmEm queque sentido
sentido eles eles formariam
formariam
parte
parte da mesma
mesma tradiçao
tradiçãoe eatéatéque
queponto
pontominha
minha;geraçao
geraçãoparticipa
participa
de outromomento
de outro momentocultural?
cultural?
Basicamente
Basicamente oóque queuneune os os autores
autores referidos
referidos é a preocupação
é a preocupação
em
em anali sar aa“formação
analisar “formaçãododoBrasil'Í
Brasil”Esta
Estaobsessão
obsessãovem vemdedelor1ge,'e_1a
longe,ela
data
data dodo período
períododadaIndependência.
Independência.Aparece Aparecenitidamente
nitidamenteem emJosé
José /
Bonifácio quando,
Bonifácio quando,ememvezvez de se
deconsiderar
se considerar “português”
“português”ou “pau-ou “pau
lista”-—assim comoaconteceu
lista” -~ assim como aconteceucom com freifrei Caneca,
Caneca, “pernambuca
“pernambuca-
no^
no” -. passou
passou aa sese considerar
considerarbrasileiro
brasileiro ee tentou
tentou compreender
compreender
o que
que nós,
nós,brasileiros,
brasileiros, somos;
somos; ou ou melhor,
melhor, como comofazerfazer de todos,
de todos,
inclusive do
inclusive dos s escravos,
escravos,parte
parteda damesma
mesmanação.
nação.EEacaso
acasoNabuco
Nabuconão não
estava lutandopara
estava lutando para
queque se desse
se desse ao liberto
ao liberto e ao escravo
e ao -escravo a condição
a condição
de cidadãosdadamesma
de cidadãos mesma nação?
nação? Á questão
A questão nacional
nacional daí pordaídiante
por diante
ocupa
ocupa aacena
cenacentral
centralnasnas reflexões
reflexões dos pensadores
dos pensadores que inventaram
que inventaram
o Brasil, embora, a bem dizer, tenha sido o povo quem o criou. Os
ointelectuais
Brasil, emb
intelectuais opassaram
ra, abem
passaram dizer, tenha
a refletir
a refletir nosido
no que que oconsistia
povoesta
consistia quem o criou.
esta
nação, nação,
como Oscom^
*
ela sesituava
ela se situamnonomundo,
mundo,como
comosesedividia
dividiaememclasses,
classes,etniasecultu-
etnias e cultu
ras, comoseriapossível
ras, como seria/possível argamassá-las
argamassa-las no mesmo
no mesmo conjuntoconjunto
hisfó- histó
rico, ee no
no futuro
futuroque
queteria
teriaoo Brasil
Brasilno
nocontexto
contextodas
dasdemais
demaisnações.
nações. **
Foi no
no horizonte
horizonte cultural
culturaldadaquestão
questãonacional
nadonal que
queososdemais
demais
temas
temas seseforam
foramafirmando.
afirmando. OraOra a questão
a questão da sociedade
da sociedade nacional
nacional
ée vista
vista pelo
peloseuseurevés,
revés, quando,
quando, por por exemplo,
exemplo, Euclides
Euclides descobredescobre
oo sertanejo,
sertanejo,quequee é“um“um forte”
forte”, mesmo
mesmo que que refratário
refratário ao Estado
ao Estado
nacional,
nacional, ààRepública,
República,ouou quándò
quando Antonio
Antonio Cândido
Candido desenha
desenha os os
mínimos
minimos de desociabilidade
sociabilidade dosdos caipiras
caipiras que que
quasequase se esfumam
se esfumarn do do
conjunto nacional;ora
conjunto nacional; orasãosãooutras
outrasas as vertentes
vertentes que que compõem
compõem 0 o
quadro
quadro do dopaís.
país.Por
Porexemplo,
exemplo, quando
quando Florestan
Florestan se esforça
se esforça por por
entender
entender aa“desagregação
“desagregação da ordem
da ordem escravocrata”
escravocrata” e a formação
e a formação
da sociedadelivre
da sociedade livre e da
e da economia
economia competitiva,
competitiva, ou quando
ou quando Freyre Freyre
esboça seusmurais
esboça seus muraisqueque vãovao da casa-grande
da casa-grande e senzala
e senzala até aosatéso-aos so
brados
brados ee mocambos,
mocambos* sempre
sempre na procura
na procura de darde sentido
dar sentido
à nossaà nossa
ordem e ao nosso progresso.
ordem e ao nosso progresso.
1o
ío
Por certo,
certo, nonocontexto
contextodadaformação
formação nacional
nacional o tema
o tema Estado-
Estado-
-burocracia-Corporação
-burocracia-corporação versus versus sociedade
sociedade civilcivil e mercado
e mercado se des-se des
taca como uma
taca como umadas daspreocupações
preocupações centrais
centrais dos dos
que que
queremquerem
enten~ enten
der como seseforma
der como formaa anação.
nação. UnsUns
creemcreemqueque a alavanca
a alavanca é o Estado,
éo Estado,
outros, que são
outros, que sãoasasclasses.
classes.
Os Osdoisdois iados,
lados, entretanto,
entretanto, convergem :
convergem
para
para umum ponto:
ponto:trata-se
trata-sedede afirmar
afirmar umum país,país,
umauma nação.nação.
Afirmar Afirmar
pelo
pelo queque há
háde degenuinamente
genuinamente nosso
nosso ou oufoi foi assimilado
assimilado por enós e
por nos
nos diferencia
diferenciacomo comopovo povoe como
e como cultura;
cultura; afirmar-nos
afirmar-nos em emcon~con
traposição
traposição aos aos“outros”.
"outros”OOperigo perigo vem vem de fora,
de fora, seja seja
sob osob o manto
manto
da exploração
exploraçãoeconômica
econômicae mesmo e mesmo do do imperialismo,
imperialismo, seja seja
pelospelos
riscos
riscos do cosmopolitismo
cosmopolitismosee da da ocidentalização
ocidentalizaçãocultural.
cultural. l|
Prado, escrevendo
Caio Prado, escrevendosobre sobre o período
o período colonial*
colonial, colocará
colocara
uma questão fundamental:
uma questão fundamental;a Colônia
a Colônia existiu
existiu em em conexão
conexão com coma a
expansão
expansão do docapitalismo
capitalismo comercial
comercial e mesmo
e mesmo como como conseqüência
consequência
desta, Não-sesedeve
desta. Não deve pensá-la,
pensá-la,portanto,
portanto,àà margem
margemde decondicionan-
condicionan-
tes que ultrapassam
tes que ultrapassamsuas suasfronteiras.
fronteiras* O latifúndio
O latifúnclio e a escravidão
e a escravidão
marcam
marcam as as características
característicasdodo período,
período, masmas o sentido
o sentido da cploni?
da coloniè
zação
zação não não seseesgota
esgotanasnasbasesbases sociais
sociais locais locais da exploração
da exploração ecoi eco?
nômica,
nôrnica, na na escravidão
escravidãoe na e na concentração
concentração da propriedade»
da propriedade. Ele sóEle só
se completa ee ganha
ganhainteligibilidade
inteligibilidad e quando
quandoremetido
remetidoààquestão
questão :■
mais geraldas
mais geral dasrelações
relações com com a Metrópole.
a Metrópole. Celso Celso Furtado,
Furtado, muitomuito
mais tarde,
tarde,nonoperíodo
períododedeobsessão
obsessão nacíonal-desenvolvimentlsta,
nacional-desenvolvimentista,
quando aa nação
quando naçãojájá existia,
existia,vai
vaidardarsequência
seqüênciaaaesta estavisão:
visão:sesequiser»
quiser
mos romper
romperos oslaços
laçosdadadominação
dominação internacional
internacional e se équisermos
se quisermos
superar
superar oo"atrasofi
'atraso”teremos
teremosdede entender
entender a dinâmica
a dinâmica dos dos
merca- merca
dos internos, suas
dos internos, suaspossibilidades
possibilidades de de superação
superação do status
do status quo equo e
suas limitaçoes^masnonoquadro
suas limitaçöesfmas quadro internacional.
internacional. Ao Ao analisar
analisar estesestes
aspectos, Celsovai
aspectos, Celso vaireafirmar
reafirmar o que
o que outros
outros haviamhaviam indicado:
indicado: as as
bases econômicase esociais
bases econômicas sociais dodo condicionante
condicionante locallocai
erameram estreitas
estreitas
para aceder ao
para aceder ao Capitalismo
capitalismodos dos“grandes'Í
“grandes1 *'AA referência
referênciaaoaolocal local
não se esgota em si mesma, requer o rebatimento no outro polo,
não se esgota em si mesma» requer o rebatimento no outro polo,
o externo. Detoda
externo. De todamaneira,
maneira, a temática
a temática continua
continua girando
girando ao re»ao re-

11
11
dar
dor da questãonacional,
da questão nacional,consistindo
consistindoem em
ver vercornocomo
criarcriar no polo
no polo
negativo
negativo dadarelação
relação externo-interno,
externo-interno,isto
isto é,é, no
no interno,
interno,força
forçasu-su- .
ficlente paraalavancar,
ficiente para alavancar,catapultar
catapultar mesmo,
mesmo, o país o país
para para ò "‘Centro”.
o “Centro”.
Essas eram asasgrandes
Essas eram grandesquestões
questõesdosdos pensadores
pensadores que inventaram
que inventaram
o Brasil. ; i
Ocorre que
que oo Brasil
Brasildesses
dessespensadores
pensadores já fora
já fora “inventado”,
“inventado”,
prática e intelectualmente, quando minha geração começou a se
prática e intelectualmente, quando minha geração começou a se
debruçar sobreasasformas
debruçar sobre formasdadasociedade
sociedade brasileira,
brasileira, suas suas conexões
conexões
internacionais
internacionais ee seusseusnovos
novosdesafios.
desafios. O horizonte
O horizonte intelectual-
intelectual-
-ideológico
-ideológico da da“questão
“questãonacional'Ê
nacional” de de certa
certa maneira»
maneira, se havia
se havia es- es
gotado. Pusemo-nosaaescarafunchar
gotado. Pusemo-nos escarafunchar e a edetalhar
a detalhar a classe
a classe operá-operá
ria, aa urbanização,
urbanização,ososempreendedores
empreendedores capitalistas
capitalistas (burgueses?),
(burgueses?),
a cultura dede massas,
massas,os os“marginais”
‘“marginais”L- os osexcluídos
excluídos-- —no nocampo
campo
e na cidade,
cidade,os
osmilitares, asascorporações
corporaçõesmultinacionais,
multinacionais,enfim,enfinj,oò?*
novo panoramado
novo panorama dopaís.
país.Mais
Mais ainda*
ainda, comcom o autoritarismo
o autoritarismo militar
militar
não só oo tema
tema da
dasociedade
sociedadecivil
icvilcom
comsuas
suasongs
oNGs, igrejas renovais
e opinião
opinião pública
públicareprimida,
reprimida,mas mas a própria
a própria ,
questão
questão
renovaãas
democrática
democrática
(que aparece-escassamente
aparece-escassamentenos nos autores
autores anteriores,
anteriores, sendo sendo Sérgio
Séišio
Buarque aa mais
maisnotável
notávelexceção,
exceção, embora
emboranão nãoa aúnica)
única)passam'
passamaa *
competir com com aa paixão
paixãopreexistente
preexistente porpor entender
entender à questão
a questão na- na
cional. láJá não
não bastava
bastavarepetir
repetiro omotemote do do subdesenvolvimento
subdesenvolvimento
econômico, haviaque
econômico, havia queolhar
olharpara
para a incompletude
a incompletude institucional,
institucional, a a
falta dademocracia.
falta da democracia.AAquestão
questãodo do Estado
Estado comocomo alavanca
alavanca do cres
do cres-
cimento econômico e de sua alternativa, a do mercado como polo
cimento econômico e de suaalternativa, a do mercado como polo
propulsor dele,misturava~se
propulsor dele, misturava-se comcom a questão
a questão democrática
democrática e estae esta
com a dadajustiça,
justiça,sobretudo
sobretudoa social,
a social,
comcom o tema
o tema da desigualdade.
da desigualdade.
Quando começarama aproduzir
Quando começaram produzir intelectualmente,
intelectualmente, as gera
as gera-
ções posteriores
posteriores àsàsdosdospensadores
pensadores queque “inventaram”
“inventaram” o Brasil
o Brasil se se
encontraram
encontraram com com uma
umanação naçãojá formada, emboradiferente
formada, embora diferente
da-da
quela
quela dodo sonho
sonhodedeseusseusprecursores.
precursores. Às classes
As classes e seusesegmentos
seus segmentos
(as “classes
“classesmédias
médiasemergentes”,
emergentes”, a diminuição
a diminuição relativa
relativa do pesodo dopeso do
“campesinato”
“campesinato” etc.)etc.)jájátinham
tinhamfaceface mais
mais clara,
clara, o Estado
o Estado se dina-
se dina-

12
""*`-' ê |\ L
nrizará
mizara eecomeçava
começavaa aserserconteriiporãneo,
contemporâneo, quer
quer dizer,
dizer, a entrar
a entrar em em
contato
contato comcom outros
outrosEstados,
Estados> semsem temê-los
temê-los nemnem ameaçá-los,
ameaça-los, parapara
assegurar pactosque
assegurar pactos quepermitissem
permitissem maior
maior expansão
expansão dosdos
nossosnossos
i~n+ ín*
teresses,
teresses. OOdinamismo
dinamismododo mercado
mercado provinha,
provinha, ao mesmo
ao mesmo tempo, tempo,
de forças internas
de forças internase eexternas.
externas.O Opapel papel atribuído
atribuído pelapela ideologia
ideologia
nacional-desenvolvimentista
nacional-desenvolvimentista aos aos“empresários
“empresários nacionais”
nacionais” ficaraficara
embaçado
ernbaçado pela pelaassociação
associaçãodestes
destescom com
as as multinacionais*
multinacionais* e>mais
e, mais
recentemente,
recentemente, aapartir partirdos
dosanosanos1990,
1990,
pelapela presença
presença de multina-
de multina-
ejbnaís “brasileiras”»fenômeno
çipnais “brasileiras”, fenômeno queque seria
seria impensável
impensável no passado.
no passado.
Sem que que tivéssemos
tivéssemosmuita muitaconsciência
consciência dodo processo
processo em em cur-cur
so,
so, minha geraçãoteve
minha geração teveque
quelidar
lidar
com com outro
outro momento
momento do do desen
desdn-
volvimento
volvirnento mundialmundialdodocapitalismo,
capitalismo,chamado
chamado de de globalização.
globalização.
No livroque
No livro queescrevi
escrevicomcom Enzo
Enzo Faletto,
Faletto, Dependência desenvolvi--
.Dependência e desenvolvi
tnento Latina,, tateávamos
América Latina
-mento na América tateávamosootema temasem semmuita
muitaclareza.
clareza.
Nós
Nós nosnos apercebêramos
apercebêramosdedeque queumum “projeto
“projeto nacional”
nacional" nos noster- ter
mos propostospela
mos propostos pelaideologia
ideologianacional-desenvolvimentista
nacional- desenvolvimentista tinhatinha
escassas possibilidadesdede
escassas possibilidades êxito,
êxito, embora
embora progresso
progresso econômico
economico Ê: ^
mesmo aumentode
mesmo aumento debem~estar
bem-estarcoletivo
coletivopudessem
pudessem existir.
existir. Ainda AincÉa
assim,
assim, ao áoretornar
retornaraoaoBrasil
Brasilnonofinalfinal
da da década
década de 1960
de 1960 e talveze talvez
ainda duranteaadécada
ainda durante décadadede1980,
1980,
eueu nâo
não meme havia
havia dadodado
conta conta
da da
magnitude
magnitude das dasmodificações
modificaçõesnono panorama
panorama mundial
mundial. Foi Foi preciso
preciso
sentir asconsequências
sentir as conseqüênciaspráticaspráticas e ideológicas
e ideológicas da da queda
queda do Muro
do Muro
de Berlim, dofim
de Berlim,_do fimdadaUnião
UniãoSoviética
Soviética e, portanto,
e, portanto, da Guerra
da Guerra Fria,Fria,
bem como, mais
bem como, maistarde,
tarde,dadaforma
forma chinesa
chinesa de de socialismo “harmo
Socialisrno“harmo-
nioso”
nioso”, isto é, da
isto- é, daeconomia
economiasob sob oocontrole-
controledo doEstado
Estadochinês
chinêsem emas- as
sociação
sociação com comaspnultinacionaís
a^multinacionaise demaise demais forças
forças de de mercado,
mercado, parapara
entender
entender que queoosonhosonhoquequeeueuacalentava
acalentava de de escrever
escrever um
um Grande

' Eu antevi
anteviesta
estatendência
tendência
emem 1964
1964 em emEmpresária
Empresá ri o iindustrial desenvoivimemo
ndust ri al e desenvol vi mento
econômico no Brasi!
econômico rio Brasil (São Pauio: Difel, 1964. 196 pp. Coieção Corpo
Paulo: Dífels 1964.196 pp. Coleção Corpo e Aima e Alma do do
Brasil, 13); mais tarde, falei de “desenvolvimento dependente-associado” para
Brasil, 13); mais tarde, falei de “desenvolvimento dependenteassodado” para
qualificála.
qualifica-la.

-ssa-1-is;-5.o.,--..-. -.-....-..,..~......,.-.. .. s..,¬.-tl.-siãšiëâëi-;à`.*. Í i


15."--' -- 4 J- -
indústria
indústria eeƒavela não tinha
favela não tinhamais
mais sentido.
sentido. O mundo
O mundo era outro
era outro ea ea
dispersão produtiva
dispersão produtiva global
global suscitada
suscitada por novas
por novas tecnologias
tecnologias tor- tor-
nou
nou asas classes
classeslocais
locais e o eEstado
o Estado nacional
nacional agentes agentes que Competem
que competem
com outrosagentes
com outros agentes (as(as corporações
corporações multinacionais
multinacionais e os oiganis
e os organis-
mos internacionais)
internacionais) é com
e com redesredes globais
globais que ligamque pessoas
ligam pessoas
e gru- e gru-
pos pelouniverso
pos pelo universo afora*
afora.
Neste novocontexto,
Neste novo contexto, é preciso
é preciso inventar
inventar outro outro
futurofuturo
para o para o
Brasil que,sem
Brasil que, sem negar
negar a importância
a importância das temáticas
das temáticas do passado
do passado e e
os feitos
feitosconcretos
concretos queque delas
delas resultaram,
resultaram, nem anem a identidade
identidade nacio- nacio-
nal queeles
nal que elesproduziram,
produziram, abraabra caminhos
caminhos para compatibilizar
para compatibilizar os os
interesses nacionalpopulares
interesses nacional-populares com com a inserção
a inserção econômicaeconômica
global. global.
Nesta
Nesta ososclmters produtivose`ase^as
clusters produtivos redesrédes
sociaissociais intercònectadas
interconectadas po- po-
derão (ounão...)
derão (ou não...)servir
servir aosaos interesses
interesses nacionais,
nacionais, mas em mas novosem novos
patamares
patamares e edede novas
novas maneiras.
maneiras. A questão
A questão nacional nacional
não poderánão poderá
ser pensadaapenas
ser pensada apenas do do ângulo
ângulo econômico
econômico e estatal,
e estatal, nem denem modo •1640 de
- modo
isolado, comosese
isolado, como o pais
o país fosse,
fosse, em si,emuma si,unidade
uma unidade autônoma autônoma
para pafa
a reflexão.
reflexão.AsAsnovas
novas percepções
percepções ideológicoculturais
ideológico-culturais terão deterão
en- de en-
globar
globar asasreivindicações
reivindicações democráticas,
democráticas, os anseios
os anseios de maior deincfu-
maior incfu
são social
sociale easasnovas
novas formas
formas de participação
de participação cidadãcidadã para serem
para serem
contemporâneas
contemporâneas dodo futuro.
futuro* * À lupa
A lupa que permite
que permite ver quem versomos
quem somos
e como
como somos
somosprecisa
precisa do do complemento
complemento de telescópios
de telescópios que nosque nos
situem
situern nonouniverso
universo mais mais amplo,
amplo, sem sem cujo desvendar
cujo desvendar a viñ-0 adevisão de
nossá identidade
nossa identidade ficafica
poucopouco nítida.
nítida.

* Em artigo recente Marcos Nobre apresenta uma abordagem e uma periodiza-


* Em artigo recente Marcos Nobre apresente uma abordagem e uma periodiza-
ção da história
ção da históriadas
dasideias
ideias'queque merecem
merecem reflexão.
reflexão. Ver Marcos
Ver Marcos Nobre, "Depois
Nobrc,“Dcpois da da
‘formação’” revista
`forrnação"l revista u U n. 74
piauí,
pia 74,»nov. 012 , pp.
nov. 22012, pp.74 7 .
74-7.
I

JJOAQUIM NABUCO
OAQUIM N ABUCO
UM
UM ESTADISTA
ESTADISTADO DO
IMPÉRIO
IMPERIO

ÍNABUCO DE ARAUJO
NABUCO Dl: ARAUJO
| SUA VIDA _

í :i \.’ ,r5" v SUA-s OPINIÕES,


SUAS oP::ÍâE:];Í1A›
SUA ÉPOCA
ÉPOCA
“L _

v s

11111 wa..
*OR
POR SKU
SEUjfltHO
FILHO
` _
ë Õ

11 -V^ 3 *vz.■;■ - -5.


' (

,
rf]. ;.. JoA;QU¿¡M 1z1ABUco
j o â q üi m N abuco _
Íà
-¬.. _
" F

TOMO PRIMEIRO
TOMO PRIMEIRO
¬ 1 8 1 8  1 8 B7
1.818-1.857

1..

R IO B
RIO ¬ E JAKEIH
DE JANEIRO' O >›~
H. GA EN IE E, LLIVRÉIRO-EDITOR
GARNIER, I V E E I E O- EDI TO R
. 71, RUA
71, nuz.uonmm\¬‹:nzà.a., 71
MORBIRA o CBZÁB, 71
8 .

66 RUB
nu: DB S SAÍN
m:s_ ^ RB 8, 8B
'■8 TBPè
shut:-viana,
Ç _-é_â¿p_¿a1s
-J PAUIS
Uma síntese*
Uma síntese*

i\
n

Em breve resenha de Um estadista do Império, Machado de


Em breve resenha deUm estadista do Império, Machado de
Assis
Assis seserefere
referea Iosé
é José Tomás
Tomás Nabuco
Nabuco de Araújo
de Araújo como como
um dosum me-
dos me
lhores representantesdedeseuseu
lhores representantes tempo,
tempo, e cuja
e cuja trajetória
trajetória deveria
deveria desë- des
pertar
pertar umuminteresse
interessepermanente
permanentenasnas gerações
gerações futuras.
futuras. i
Se aa afirmação
afirmaçãodedeMachado
Machadofazfaz justiça
justiça aoaopai,pai, o biografado,
o biografado,
parece-me
parece-me que queseseaplica-Iria
aplicaria ainda
ainda melhor
melhor ao ao filho,
filho, o biógrafo.
o biógrafo. Di- Pi-
ria inclusive
inclusiveque queIoaquím
Joaquim Nabuco,
Nabuco,ememsuas
suasdiversas
diversasfacetas,
facetas,estava
estava
adiantado
adiantado ao aoseu
seutempo,
tempo,embora
emboraimerso
imerso nasnas causas
causas e contradi
e contradi-
ções da época.
ções da época.
Como
Como intelectual, como
como homem público ee como
homem público como diplomata,
dipiomata,
Joaquim
Ioaquím Nabuco
Nabuco se
se antecipou
antecipou aoao futuro,
futuro, sem
sem distanciar-se
distanciar-se para
para
tanto dasexigêflcias
tanto das exigêádasimpostas
impostaspelapela transição
transição agitada
agitada entre
entre o Im
o Im~
pério
pério ee aaRepública.
República*
Não forampoucas
Não foram poucasasasocasiões
ocasiõesemem queque
meme surpreendi
surpreendi a bus
a bus-

* Discurso
Discurso dodosenhor
senhor presidente
presidente da Republica
da República do Brasil
do Brasil na ocasião
na ocasião da cerimônia
da cerimonia
comemorativa
comemorativa dodo sesquicentenário
sesquicentenário do nascimento
do nascimento deJoa quim
de N
Ioaquim abuco, em
Nabuco, Em 19 99.
1999.

17
car Nabuco
Nabucôcomocomoreferência.
referência, À primeira
A primeira foi durante
foi durante meusmeus
estu- estu
dos de
de doutorado
doutoradonanaUniversidade
Universidade de Paulo.
de São Slo Paulo,
Sob a Sob a orienta
orienta-
ção amiga
amigadedeFlorestan
Florestan Fernandes»
Fernandes, me aventurei
me aventurei na investigação
na investigação
da sociedade
sociedadeescravagista,
escravagísta, seusseus fundamentos
fundamentos e limites.
e limites. Selecionei
Selecionei
como campo
campodedepesquisa
pesquisa o Brasil
0 Brasil meridional,
meridional, com acom a expectativa
expectativa
de extrair
extrairdadaanálise
análise de de
umauma região
região periférica
periférica conclusões
conclusões que iin~ que in
formassem sobre 0 modelo agrário-exportador no seu conjunto.
formassem sobre o modelo agrário-exportador no seu conjunto.
Observando retrospectivamente
Observando retrospectivarnente os resultados
os resultados do estu-
do meu meu estu
do, vejo
vejo que
queIoaquim
Joaquim Nabuco
Nabucoestáestápresente
presentedesde
desdeasaspremissas
premissasaté
até
a conclusão datese,
conclusão -da tese,queque se transformou
se transformou no livro
no livro Capitalismo
Capitalismo ee
escravidão no Brasil meridional*
meridional.
Escolhi como epígrafe
epígrafeum
um trecho
trechode
de “O
“0 mandato
mandato dadaraça
raça
negra”
negrafi nonoqual
qualNabuco
Nabuco questiona
questiona a antinomia
a antinomia que supostamen
que supostamen-
te existiria
existiriaentre
entreosospolos
polos
da da sociedade
sociedade escravagista;
escravagísta: “dois tipos
“dois tipos
contrários, e noäliunclo os mesmoszso escravo e o senhor”. `r~iÊo
contrários, e no fundo os mesmos:/* escravo e o senhor’*, m o *
foi gratuita
gratuitaaaminha
minhaescolha.
escolha. ComComseu seu
estiloestilo primoroso,
primoroso, cheio cheio
de áe
energia utilizadapelo
energia utilizada peloartista
artista
parapara refugiar-se
refugíar-se no narrador,
no narrador, Joa- Joa
quim Nabucome
quim Nabuco mesugeriu
sugeriu a ideia
a ideia que que se revelaria
se revelaria essencial
essencial para a parâ a
percepção
percepção dos limitesdo
doslimites dosistema
sistemaescravagista.
escravagista. **
Sob sua
Suainspiração,
inspiração,percebi
percebi
queque a oposição
a oposição entreentre
senhorsenhor
e e
escravo
escravo seseatenuava
atenuavaao ao comprovar
comprovar que que
ambos ambos
erameram produtos,
produtos.,
embora
embora ememposições
posiçõesassimétricas,
assimétricas, de uma
de uma mesma mesma ordem.
ordem. OrdemOrdem
que se prolongou no tempo, com o braço servil irnpulsionando
que se prolongou
os lucros
lucros no tempo,
docapitalismo
do capitalismo com
mercantil,
mercantil, masomas
braço
que que servil
estava
estava impulsionando
predestinada
predestinada
ao esgotamento.
esgotamento.Não Não podia
podia deixar
deixar de prevalecer
de prevaiecer a contradição
a contradição in- in
trínseca entreoocapitalismo
trínseca entre capitalismo e aeescravidão,
a escravidão,
dadodado
que osque os escravos
escravos
não tinham
tinham aapossibilidade
possibilidade de de reconstruir
reconstruir a estrutura
a estrutura social social
de de
acordo
acordo comcomseusseuspróprios
próprios interesses,
interesses, como como os proletários,
os proletários, e que e que
o incremento contínuodada
incremento contínuo produtividade
produtividade era impedido
era impedido pela mão
pela mão
de obraescrava.
de obra escrava.
Voltei
Voltei aaficar
ficarememdívida
dívidacomcom Joaquim
Joaquim Nabuco
Nabuco no capítulo
-no capítulo ri- fi
nal da
datese,
tese,aoaoconfirmar
confirmar o que
o que ele havia
ele havia previsto
previsto de forma
de forma exaus~ exaus

18
tiva em OOabolicionismo
tiva em abolícionismo., Refiro-me
Refiro-meààconclu_sä_o
conclusãodedequeque a Aboli
a Aboli-
ção, aonão
ção, ao nãotertervindo
vindo acompanhada
acompanhada de medidas
de medidas que indicassem
que inclicassern a a
responsabilidade social
responsabilidade social dosdos brancos
brancos pelapela situação
situação degradada
degradada dos dos
negros, nãotrouxe
negros, não trouxeconsigo
consigo a democratização
a democratização da ordem
da ordem social.
social.
Desprovidos
Desprovidos dosdos recursos
recursosmínimos
mínimospara
paraoo exercicio
exercícioda
dacidadania,
cidadania,
os negrospassaram
os negro-s passaramde de cativos
cativos a excluídos,
a excluídos, sem sem oportunidades
oportunidades
reais de urna inserção positiva no processo produtivo.
reaisPara
de uma
Para inserção
Nabuço—-
Nabuco cabepositiva
- cabe sempre no
sempre re cprocesso r, aaprodutivo.
o rd a-,
recordar escravidão con-
escravidão con
tamina
taminava va os
osmaisdiversos
maisdiversoscampos
camposdadavidavidanacional,
nacional,desvalorizan-
desvalorizan
do
do oo trabalho,
trabalho,viciando
viciando a instrução,
a instrução, comprometendo
comprometendo a indústria,
a indústria,
minando
rninando ooEstado,
Estado,alimentando
alimentando o patrimonialismo,
o patrimonialismo, sacrificando
sacrificando
oo pluralismo,
pluralismo,sufoca-ndo
sufocando a cidadania.
a cidadania. A escravidão
A escravidão era ele
era para para ele
aa condição
condiçãosociológica
sociológicaqueque explicaria
explicaria de maneira
de maneira cabalcabal o atraso
O atraso
brasileiro.
brasileiro. ■
Para combaterdedeforma
Para combater forma definitiva
clefinitíva um um problema
problema tão arrai
tão arrai-
gado, não
gado, nãobastaria
bastariaa letra
a letrada da
lei, lei,
advertia Nabuco.
advertia insistia
Nabuco. na ne-na ne
Insistia
cessidade
cessidade dedecomplementar
complementar a Abolição
a Abolição comcomamplasamplas reforma^
reformas
sociais
sociais eepoliticas,
políticas,que
que incluíssem
incluíssem a democratização
a democratização da èstrüturá
da estrutura
agrária,
agrária, aaeducação
educaçãp universal,
universal, a proteção
a proteção do trabalho,
do trabalho, uma previ
uma previ-
dência socialoperante,
dência social operante,a federação.
a federação. Preconizava
Preconizav-a reiteradamente
reiteradamente
que “não
“nãòbasta
bastaacabar
acabarcom com a escravidão:
a escravidão: é preciso
é preciso destruir
destruir a obraa obra
da escravidao'Í
escravidão”
Por maisgrave
Por mais gravequeque fosse
fosse seuseu diagnóstico,
diagnóstico, NabucoNabuco não previa
não previa
rupturas dramáticas.Conhecia
rupturas dramáticas, Conhecia bembem o sistema
o sistema de poder
de poder vigentevigente
para saberque
para saber quea aemancipação
emancipação dosdos negros,
negros, parapara ser duradoura,
ser duradoura,
tinha queser
tinha que serexaustivamente
exaustivamente negociada.
negociada. Era-lhe
Era-lhe suficientemente
suficientemente
familiar
familiar oohiatotexistente
hiatoflsxistente entreentre o Estado
o Estado e a incipiente
e a -incipiente sociedade
sociedade
civil paraapostar
civil para apostarnumanuma capitulação
capitul-ação forçada
forçada dos redutos
dos redutos escrava*
escrava-
gistas.
gistas. UÉ no
“É no parlamento
parlamento ee não não nasnasfazendas
fazendasnosnos quilombos1 do
quilombos*
interior ondeseseháhádede
interior onde ganhar,
ganhar, ou perder,
ou perder, a causa
a causa do abolicionis
do abolicionis-
mo”, previaemem
mo'Ç previa O abolícionismo.
0 abolicionismo.
Seu realismonao
Seu realismo nãooo tomava céticoou
tornava cético oucondescendente
condescendentecom com

19
19
a política
política menor.
menor.PeloPelocontrário.
contrário.
ComoComo tivetive a oportunidade
a oportunidade de de
expressá-lo trêsanos
expressa-lo três anosatrás,
atrás,
nana inauguração
inauguração da Cátedra
da Cátedra Joaquim
Ioaquim
Nabuco
Nabuco na na Universidade
UniversidadeStanford
Stanford*rr onde, cabe
-¬- onde, cabe dizer,
dizer,esteve
esteve
como investigador
investigadoroutro
Outro grande
grande intérprete
intérprete do Brasil,
do Brasil, discípulo
discípulo
de Nabuconanaleitura
de Nabuco leituradadaconfluência
confluência das das raças,
raças, o também
o também per- per
nambucano GilbertoPreyre
nambucano Gilberto Freyr
e --.
— Nabuco
Nabuco fez,
fez, com
com singular
singularpro-
pro^
priedade, o elogio da política, a apologia daquilo que chamava de
priedade,
Política como PP
cótn elogio da política,
maiúsculo,
maiúscula, políticaaque
política apologia
qu daquilo
e é história.
histó ria. ' que chamava de
Sustentava
Sustentava que quea aação
açãopolítica
política
nãonão deveria
deveria prescindir
prescindir jamaisjamais
da reflexão,dadaanálise
da reflexão, análise prévia
prévia e cuidadosa
e cuidadosa dos fatos.
dos fatos. Fez con-
Fez dessa dessa con
vicção um ritual
vicção um ritualem emsua
sua vida
vida pública.
pública. Derrotado
Derrotado nas eleições
nas eleições par- par
lamentares
lamentares de de1881,
1881,retirou-se
retirou-aeemem Londres,
Londres, na Biblioteca
na Biblioteca do Mu-do Mu
seu Britânico,
Britânico,para
parapôrpôrasas ideias
ideias emem ordem,
ordem, antesantes de converter-se,
de converter-se,
a partir de
de 1884_,
1884, no no mais
maisimportante
importanteator atordadaluta
lutapela
pelaAbolição.
Abolição.OO,
il
abolicionismo
abolícíonísmo foifoio resultad o dessa
o resultado pausa
dessa pausalondrina. '
londrina. *0
Embora reclarnasse
Embora reclamasseafinidade
afinidade entre
entreo pensamento
o pensamento e a 3910
ação
ea
pública, Nabuconão
pública, Nabuco nãosesedeixava
deixava seduzir
seduzir pelo pelo discurso
discurso da prima
da prima-
zia absolutaeeincondicional
zia absoluta incondicionaldada razão
razão de Estado.
de Estado. NemNemtudotudo
'que tjue
parecia benéficoà àglória
parecia benéfico glóriadodoEstado
Estado contava
contava comcomsua sua anuência.
anuência. *' **
Preocupava-se antescom
Preocupava-se antes comososvalores.
valores. Respeitava
Respeitava a tradição
a tradição con- con
quanto fossesubmetida
quanto fosse submetidaà justiça.
à justiça.
DaíDaí
sua sua desconfiança
desconfiança da repú
da repú-
blica, quevia
blica, que viacomo
comouma
umapresapresa fácil
fácil dasdas tiranias,
tiranias, ou umaou uma aventura
aventura
desnecessária,
desnecessária, dedepouco
pouco interesse
interesse parapara progressosocial.
0o progresso social.Costu~
Costu
mava dizer que “a grande questão da democracia brasileira hão é
mava dizer que
a monarquia
monarquia (ou“a
(ou grande
sua
sua questão
superação),
superação), adaescravidão”.
democracia brasileira não é
é aéescravidão”.
A opção monárquica
rnonárquica dedeNabuco
Nabuconãonão0ofazia
faziamenos
menoscrítico
críticodo
do
rumo quequétomava
tomavaa acondição
condição imperial.
imperial. Referia-se
Referia-se com.apreensão
comapreensão
ao que poderiacaracterizar-se
que poderia caracterizar-secomocomo patrimonializaçao
patrimonialização crescen
crescen-
te do Estado
te do Estadobrasileiro.
brasileiro.Prisioneiro,
Prisioneiro, cada
cada vez vez em maior
em maior medida,
medida,
de interessestriviais,
de interesses triviais,autorizando
autorizando gastos
gastos a todos
a todos os egressos
os egressos da da
imensa famíliarural,
imensa familia rural,o oEstado
Estado perdia
perdia a capacidade
a capacidade de discernir
de discernir
o interesse
interessegeral,
geral,dedeatender
atender necessidades
necessidades estratégicas.
estratégicas. Apegados
Apegados

20
20
como
como estavam
estavam aoao patrimonialismo-,
patrimonialismo,osospartidos
partidosse se haviam
haviam tor- tor
nado, como oo dizia
nado, como diziaNabuco,
Nabuco,“apenas
“apenas sociedades
sociedades cooperativas
cooperativas de de
emprego
emprego ouou de
deseguro
segurocontra
contraa amiséria”.
miséria”. Corna-se
Corria-se o risco
o risco de que,
de que,
quando finalmentefossem
quando finalmente fossemadotados
adotadoso oabolicionisrno
abolicionismo e ase refor-
as refor
mas» seunascimento
mas, seu nascimentofosse
fossetardio,
tardio,
se se
nãonão póstumo.
postumo.
Não
Não éé necessário
necessárioinsistir
insistirsobre
sobrea aatualidade
atualidade de de Nabuco,
Nabuco, de de
suas advertências contra a dilapidação do Estado, de seu chama-
suas advertências contra a dilapidação do Estado, de seu chama
do para
para aa transformação
transformaçãosocial,
social»dede
seuseu apreço
apreço pelapela política
politica de de
dçaior alcance,dedesua
nltaior alcance, suaíndole
índoledemocrática.
democrática. Que
Que melhor
melhor tributo
tributo
prestar-se hoje em
prestar-se hoje em dia
diaaaesse
essegrande
grandebrasileiro
brasileiro senão
senão continuar
continuar
apostando
apostando no no método
método democrático
democráticoparaparaa asuperação
superação dosdos noskos
noslsos
estigmas sociais?Nada
estigmas. sociais? Nadasesecontrapõe
contrapõe mais
mais ao ao legado
legado de Nabuco
de Nabuco do do
que deixar
deixar que
queaaintransigência
intransigênciaprevaleça
prevaleça sobre
sobre o diálogo
o diálogo e acei
e acei-
tar que
que as
as paixões,
paixões,por
porlegítimas
legitimasqueqúesejam,
sejam, sufoquem
sufoquem o respeito
o respeito
à diferença. Tomara saibamos seguir fazendo da reconciliação de-
à diferença.a Tomara
mocrática saibamos
arma
melhor arma seguir
contra
contra fazendocontra
aa pobreza,
pobreza, da reconciliaç
contra ão de
aaimperdoável
imperdoável
indigéncia material em
indigência material emque quecontinuam
continuamvivendo
vivendo milhões
milhões de bra
de bra-
sileiros. . : :• t . •f
Em relação
relação aa Nabuco
Nabuco diplomata,
diplomata,são sãovários
váriosos os momentos
momentos
de sua
sua experiência
experiênciaque, qúe,semsemdúvida,
dúvida, merecem
merecem nossa
nossa atenção:
atenção: os os
anos emem que
que atuou
atuoucomo
comoassessor
assessordiplomático
diplomático nosnos Estados
Estados Uni-Uni
dos ee na
na Inglaterra,
Inglaterra, que
quetanto
tantoínfluíram
influíramsobresobresua
sua; sensibilidade
sensibilidade
política; oo acompanhamento
acompanhamento da dadisputa
disputafronteiriça
fronteiriçacomcom a Guia
a Guia-
na Inglesa;
ínglesá; aa condição
condiçãodedeministro-chefe
ministro-chefedadadelegação
delegação brasileira
brasileira
em Londres;
Londres; aadireção
direçãodadaembaixada
embaixada emem Washington;
Washington; a defesa
a defesa do do
pan-americanismo.
pamamericanismo.
Éntretanfê,
Entretanfd, prefiro deter-menum
prefiro deter-me numaspecto
aspectomenos
menosreconhe-
reconhe
cido dede sua
sua obra,
obra, de
denatureza
naturezamaismaisconceitual.
conceituaiTenho
Tenho emem mente
mente
a leitura
leitura que
que Nabuco
Nabucofez fezememO abolicionismo
abolicionísmo da da posição
posiçãoadotada
adotada
pelo Império sobre
pelo Império sobre oótráfico
tráficodedeescravos
escravos atéaté 1850,
1850. Leitura
Leitura que que
me me
parece dede interesse
interesseimediato
imediatopara parao odebate
debate atual
atual sobre
sobre os limites
os limites
da soberania,
da soberania, que
que antecipava
antecipavaquestões
questõesrelevantes
relevantes para a proteção
para a proteção
2211
internacional dosdireitos
internacional dos direitoshumanos
humanos e que,
e que, certamente,
certamente, projeta*
projeta*
va Nabucomais
va Nabuco maisalém
alémdedesuasua época.
época. Ele defende
Ele defende com veemência
com veemência
o0 uso do princípio
uso do princípiodadasoberania
soberania(ou(ouda da dignidade
dignidade nacional)
nacional) na na
proibição dessetráfico.
proibição desse tráfico.Expõe
Expõe os os argumentos
argumentos como
como se jáse já estives
estives-
sem maduros.
maduros.Insiste
Insistenanapremissa
premissa de que
de que a soberania
a soberania nacional
nacional de de
qualquer Es-tado que seja tem limites que devem ser submetidos a
qualquer
maiores Estado que seja tem limites que devem ser submetidos a
considerações.
maiores considerações.
: Acrescenta
Acrescenta que qüe essas
essas considerações
considerações maiores, maiores, que quechama
chamadede
leis morais,
morais,têm têmcomo
comofontefontedede legitimidade
legitimidade a consciência
a consciência inter-inter
nacional,
nacional, aa humanidade.
humanidade.Aceita, Aceita, maismais ainda,
ainda, até até recomenda,
recomenda, que que
a violação
violação dos doslimites
limitesdadasoberania
soberania sejaseja objeto
objeto de sanção.
de sanção. Sugere,
Sugere,
por fim, que
por firn, quecompete
competeaos aosdirigentes
dirigentes velarveiar
paraparaque que o interesse
o interesse
nacional
nacional não não entre
entreem emconflito
conflitocom com6o bem-estar
bem-estar ee aasegurança
segurança
dos demais
demaispovos.povos.Nisso
Nisso residiria
residiria parapara NabucoNabuco o verdadeiro
o verdadeiro pg- p&-
triotismoé
triotísrn o. . `*
` I!
Sabemos
Sabemos que, que,atualizados
atualizadosa linguagem
à linguagem de hoje^
de hoje, os preceitos
os preceitos
enunciados
enunciados por porNabuco
Nabucoainda ainda encontram
encontram resistência.
resistência. Incomo-
Incomp-
dam aqueles
aqueles quequedesejam
desejamfazer fazerda da soberania
so`oe1°.ania umauma garantia
garantia da da
impunidade,
impunidade, um Umamparo
amparo queque autoriza
autoriza o desrespeito
o desrespeito dos direitos
dos direitos
básicos
básicos da dapessoa
pessoahumana,
humana, a degradação
a degradação do meio
do meio ambientei
ambiente, a de- a de
terioração
terioração da da imagem
imagemexterna
externadodo país.país. Se até
Se até hojehoje encontramos
encontramos
apóstolos
apóstolos da dabarbárie,
barbárie,podemos
podemos imaginar
imaginar a oposição
a oposição encontrada
encontrada
por Nabucono
por Nabuco nomomento
momentoemem queque sé consolidava
se consolidava o Estado-nação.
o Estado-nação.
Também
Também ousadaousadafoifoisua sualeitura
leiturada da
inserçãoinserção do Brasü
do Brasil no mundo,
no mundo.
O
O patriotismo, segundoNabuco,
patriotismo, segundo Nabuco, viria
viria posteriormente,
posteriormente, já nojá no
século
século xx,xx, aa sofrer
sofrer interpretações
interpretaçõesde deoutra
outranatureza,
natureza,maismaisrefinada.
refinada.
Penso
Penso na nacrítica
criticadedeMário
Máriodede Andrade,
Andrade. Mário Mário costumava
costumava contra» contra
por seu
seunacionalismo
nacionalismo ao aocosmopolitismo
cosmopolitismode deNabuco.
Nabuco.Empenhado
Empenhado
em “abrasileiraro oBrasil'Í
em “abrasileirar Brasil” o modernista,
0 modernista, em em reiteradas
reiteradas ocasiões,
ocasiões,
ironizou
ironízou aa faltafaltaque
queNabuco
Nabuco sentia
sentia dosdos caiscais do Sena
do Sena em plena
em plena
Quinta da
Quinta daBoa
BoaVista.
Vista.AsAsraízes do do
raízes Brasil não não
Brasil estariam no “mal
estariam no de
t£mal de
Nabuço” senãononofoco
Nabuco” senão foco
-dada infecção
infecção mazomba
mazombaf ,2dizia Mário.
dizia Mário.

2-2
Parece-me
Parece-me que que ososnovos
novostempostemposfavorecem
favorecem mais
mais Joaquim
Íoaquim
Nabuco
Nabuco do dó que
queMário
MáriodedeAndrade.
Andrade. Â intensificação
A intensificação do diálogo
do diálogo
entre
entre as asculturas
culturasnosnosfezfezperceber
perceber a relevância
a relevância da dupla
da dupla inserção
inserção
histórica brasileira,dedeque
histórica brasileira, quetanto
tantofalafala Nabuco
Nabuco emem Minha formƒormfl~ a
ção. Pertenceríamos
Pertenceríamos ààA.-mérica
.América pelopelo “sedimento
“sedimento novonovo do es-
do seu seu es
pírito”, maisafeito
pírito”, mais afeitoaoaqcoração,
coração, e hà eEuropa,
Europa, por por seus
seus“estam-entos
"estamentos
estratificados”, mais
estratificados” maisacostumados
acostumados là razão,
à razão,ao espírito. Daí Daí
ao espirito. a “du-a ^du
pla ausência”
ausência”que queconstituiria
constituiria nossanossá identidade,
identidade, umauma identidade
identidade
ambivalente,
ambivalente, que quededéumum ladolado
do do marmar sentiria
sentiria a ausência
a ausência do mun
do mun-
do e,e, do
dooutro,
outro,a aausência
ausência dodopais.país,
\ Hoje, às às vésperas
vésperas dosdos quinhentos
quinhentos anos anos eeapós
após os osvalíopos
valiosos
aportes culturaisdodoexterior
aportes culturais exteriorque querecebemos
recebemos durante
durante o século
o século
xx, inclusive
XX, inclusive dadaÁsia,
Ásia,Nabuco
Nabuco talvez
talvez preferisse
preferisse falarfalar dá múltipla
da múltipla
ausência
ausência do dobrasileiro.
brasileiro.Uma Uma ausência
ausência quequelogologo se converte
se converte numnum
triunfo para
para aaafirmação
afirmaçãodedenossa nossa presença
presença no no mundo,
mundo, parapara
faci~faci
litar o diálogo
diálogocomcomososmaismaisdiversos
diversos povos
povos de todas
de todas as regiões
as regiões do do
globo terrestre.
terrestre.UmUmdiálogo
diálogoemem que que contribuímos
contribuírnos nãonão somente
somente
com valoresdadacordialidade,
-com os valores cordialidade, mas mas com comtudotudo aquilo
aquilo queque soube
soube-
mos tomar
tomar ee processar
processarcom coma aforçaforçadodonossonossotalento,
talento, o que
o que Má- Má
rio de Andrade,antropofágicof
de Andrade, antropofàgico ,3 certamente corroboraria,com
certamente corroboraria, comoo
aplauso
aplauso de deNabuco.
Nabuco.

ts

2:»
Um olhar
Olhar sul-americano*

. “__ d

*-.,. Í.
,,

Como livro
Como livro dede história
históriapolítica, Balmaceda*1 transcendia
política,Balmaceãa transcende,a
época
época ememquequefoifoiescrito
escritoe, e* sobretudo,
sobretudo, o país
o país e o personagem
e o personagem eita- exa
minado.
minado. Foi Foi publicado
publicadoemem1895 1895quando
quando foi foi reunida
reunida a série^de
a sérieade
artigos que]da`quim
artigos que JoaquimNabuco
Nabuco havia
havia publicado
publicado no do Co~
no Jornal
jornal Co- *a'
mércio do RioRio dedeJaneiro
Janeironos nosprimeiros
primeiros meses
meses daquele
daquele ano. ano.
Um Um
postscriptum intitulado“A“A
postscriptum intitulado questão
questão da América
da América Latina*
Latina” comple
comple-
tou aa coleção.
coleção.
OO intelectual, políticoe ediplomata
intelectual, político diplomata brasileiro
brasileiro abordava
abordava um um
dos
dos períodos mais agitados
períodos mais agitadosda da história
história chilena
chilena-- ■a_' apresidência
presidência
de José Manuel Balmaceda
Iosé Manuel Balmaceda (1886-91)
(1886-91) ee seus
seusconflitos
ConflitoscomcomooCon-
Con
gresso 7-*1 que
gresso -, terminoucom
que terminou coma ainstalação
instalaçãode de
uma uma ditadura,
ditadura, a ex- a ex
plosão
plosão dedeuma
umaguerra
guerracivil,
civil, tragédia
tragédia que que culminou
culminou no suicídio
no suicídio do do
mandatário asiladonanamissão
mandatário asilado missão argentina
argentina em em Santiago,
Santiago.
Nabuco deteve-senesses
Nabuco deteve-se nesses episódios
episódios ao fazer
ao fazer a resenha
a resenha da obrada obra

: * “Prefácio”.
“Prefácio”In:In
: Ioaquim
JoaquimNabuco,
Nabuco, 1849-1910,
18491910,Balmaceda.
Balmaceda. Santiago
Santiago dodoChile:
Chile:
Editorial Universitaria,
Editorial Universitária,2000, pp. pp.
2000, 9-12.912.

14
de JulioBafiados
de Iulio BafiadosEspinosa,
Espinosa, colaborador
colaborador direto
di-reto de Balmaceda,
de Balmaceda, que que
oo encarregara
encarregaradadamissão
missão de de deixar
deixar a “verdadeira
a “verdadeira história”
história” do seu do seu
governo paraa aposteridade.
governo para posteridade. À riqueza
A riqueza da análise
da analise é umaédas uma qua-das qua
lidades reconhecidasnono
lidades reconhecidas estudo
estudo de de Nabuco
Nabuco na medida
na medida em que em que
expôs
expôs ososaspectos
aspectosfundamentais
fundamentais de sua
de sua visãovisão política
política e tiroue con-
tirou con
clusões diametralmente
clusões diametralmente opostas
opostas àquelas
àquelas do autor
do autor chileno chileno
tolhidotolhido
^pela parcialidade.
\pela parcialídade. Deixou
Deixou entrever
entrever sua paixão
sua paixão pelo Parlamento,
pelo Parlamento,
sua aversãoà àautoridade
sua aversão autoridade ditatorial
ditatorial ou caudilhesca
ou caudilhesca e, principal
e, principal-
mente,
mente, aa percepção
percepçãodos dosdesafios
desafios e das
e das incertezas
incertezas que, que,
naquelanaquela
época, atormentavamas as
época, atormentavam nações
nações americanas,
americanas, entreentre
elas oelas o próprio
próprio
Brasil* quevivia
Brasil, que viviaosOs primeiros
primeiros passos
passos do regime
do regime republicano,
republicano. lzlssa Ijssa
mesma
mesma consciência de Nabuco
consciência de Nabucooofezfezdedicar-se,
dedicar-se,posteriormente,
posteriormente,a a
outra
outra série de ensaios
série de ensaios politicos-
políticos destadestavez
vezsobre
sobreumaumagrave
gravecrise
crise
que marcouooinício
que marcou iníciodadaRepública
República brasileira
brasileira — que
-- que se transfor
se transfor-
mou no livro A intervenção estrangeira durante a Revolta de 1893.
mou no livroA intervenção estrangeira durante a Revolta de 1893.
O Chile era
O Chile eraum umpaís
paísqueque havia
havia gozado,
gozado, no século
no século xxx, um xix» üm
longo períododedeestabilidade
longo período estabilidade e, por
e, por isso,isso, representava
representava para mui
para mui-
tos
tos aa esperança
esperançadede queque o sistema
0 sistema republicano
republicano poderiapoderia prospe&r
prosperi-1r
no Brasil.
BrasiLCom
Comsuas suasconvicções
convicções monarquistas
monarquistas e liberais,
e liberais, -NabucoNabuco
preocupava-se
preocupava-se com coma possibilidade
a possibilidade de que,
de que, com com a chegada
a chegada da Re- da Re
pública
pública,, o Brasil
Brasil ficasse
ficasseassociado
associadoao aoquadro
quadrodedeconvulsões
convulsõespolíti-
políti
cas nasquais
cas nas quaissesedebatia
debatia a região.
a região. Aliás,Aliás, no epílogo
no epílogo de
de Balmaceda>
Balmaceda,
ele observouque
ele observou queo país
o país vizinho,:
vizinho, com com seu regime
seu regime de liberdade
de liberdade e de e de
; transrnissão
transmissãoordenada
ordenada de de governo,
governo, constituía
constituía uma uma “exceção“exceção
que que
podia serconsiderada
podia ser considerada umum capricho
capricho de ordem
de ordem moralmoral na formação
na formação
da AméricadodoSul'Í
da América Sul” A ruptura
A ruptura do processo
do processo chilenochileno
causava causava
gran- gran^
de inquietud^aseu
de inq-uietuddla seuespírito
espírito americanista
americanista e, por
e, por isso, isso,
saudousaudou
a a
Revolução
Revolução de de1891
1891como
como a confirmação
a confirmação do “bem
do “bem que a que
formaa forma
re- re
publicana
publicana fezfezaoaoChile”
ChOe”e quee que “serviu,
“serviu, comocomoa Guerraa Guerra de Secessão
de Secessão
nos Estados
EstadosUnidos,
Unidos, nãonão apenas
apenas parapara revelar
revelar ao mundoao mundoo vigoro vigor
dos fundamentosÍ'...]
dos fundamentos jUJdodoseuseu edifício
edificio nacional,
nacional, mas mas
mais mais
ainda ainda
para cimentá-lo
para cimentá-lonovamente”.
novamente”

2as5
Os estudiososdedeNabuco
Os estudiosos Nabuco identificam
identificam em emBalmaceda o mo- mo
mento
mento em em quequeososassuntos
assuntos do do continente
continente passam
passam a estimular
a estimular o o
militante políticojá,já,naquele
militante político naquele momento,
momento, absorvido
absorvido pelospelos
ecos ecos
da da
causa abolicionista.
.causa abolicionista.
Havia regressadododo
Havia regressado seuseu exílio
exílio europeu
europeu e começava
e começava a escre- a escre
ver
ver aabiografia
biografiadodoseuseupai,pai,
Um estadista do Império, e e-sta,esta,sua
suaobraobra
mais importante,foifoielaborada
mais importante, elaborada no no mesmo
mesmo tempotempo em se
em que quede~se de
dicava
dicava aoaoestudo
estudodada crise
crise chilena.
chilena. Na verdade,
Na verdade, o próprio
o próprio NabucoNabuco
reconheceu
reconheceu no noseu
seupostscripturn
postscriptum queque a Proclamação
a Proclamação da República
da República
no Brasil
Brasilhavia
haviaprovocado
provocado o aumento
o aumento do interesse
do interesse que,
que, já já antes,
antes,
lhe inspiravamosos“assuntos
lhe inspiravam “assuntos sul-americanos”
sul-americanos? DesdeDesde
entãoentão
“co- “co
meçamos
meçamos aaforrnar
formarparte
partededeumum sistema
sistema político
político maismais
va$to'Ívasto”
Por Por
isso insistianananecessidade
isso insistia necessidade do observador
do observador brasileiro
brasileiro de “estudar
de “estudar
a marcha
marchado docontinente,
continente,auscultar
auscultar o murmúrio,
o murmúrio, a pulsação
a pulsação cog- con
tinental'i A
tinental” Apesquisa
pesquisaminuciosa
minuciosaque quefezfez
sobre
sobrea revolução
a revoluçãochilena
chilena ’ feztrabalho
fez parte desse parte desse trabalho dedaobservação
de observação da
política hernísféricaã
política hemisférica^enriquecida
sería posteriormente seria posteriormente enriquecida
pela contribuição pela
de Nabuco
contribuição de Nabuco
ao debate das ideias em tornoao debate das idéias em torno do É
do pan-americanismo.
pan-americanismo.
O que
que Nabuco
Nabucodenominou
denominoua “questão
a “questão da América
da América Latina”Latina”
refletia apenasa aimportância
refletia apenas importância da da região
região como como
foco foco de atenção
de atenção
prioritária
prioritária ee permanente
permanentedadadiplomacia
diplomacia brasileira,
brasileira. Havia
Havia sido sido
assim duranteo oImpério
ass-im durante Império e oeseria
o seria
mais mais
aindaainda durante
durante a Republi
a Repúbli-
ca, sobretudo depois da resolução definitiva das disputas frontei-
ca* sobretudo depois da resolução definitiva das disputas frontei
riças com alguns
riças com algunsvizinhos,
vizinhos, gestão
gestão conduzida
conduzida pelo pelo
barãobarão
do Riodo Rio
Branco com aacontribuição
Branco corn contribuiçãodede Nabuco
Nabuco na questão
na questão específica
específica do do
litígio comaaGrã-Bretanha
litígio com Grã-Bretanha emem torno
torno da Guiana
da Guiana Inglesa.
Inglesa. O enri
O enri-
quecimento
quecimento mútuomútuodas dasexperiências
experiências nacionais,
nacionais, a influência
a influência reci- recí
proca entreasasconjunturas
proca entre conjunturas dosdos diferentes
diferentes países,
países, a proximidade
a proximidade
dos interesses,marcariam
dos interesses, marcariam cada
cada vez vez
maismais a história
a história das relações
das relações do do
Brasil comososseus
Brasil com seusvizinhos,
vizinhos, propiciando
propiciando formas
formas crescentemente
crescenternente
aperfeiçoadas de diálogo e cooperação. A Conferência Pan-Amo
aperfeiçoadas
ricana
ricana de 1906,de
de1906, diálogo
realizada
realizada eRio
no nocooperação.
Rio A
de janeiro,
de Janeiro, Conferência
presidida
presidida Pan-Ame
por
por Nabo»Nabu-

7.6
26
co, foioomarco
co, foi marcodesse
desse processo
processo e, inclusive,
e, inclusive, estabeleceu
estabeleceu as basesasdebases de
uma convivênciamais
uma convivência mais próxima
próxima -comcom os Estados
os Estados Unidos.
Unidos.
Ás reflexõesdedeNabuco
As reflexões Nabuco sobresobre o drama
o drama político-institucional
político-institucional
vivido peloChile
vivido pelo Chiledede Balmaceda
Balmaceda constituem
constituem umauma referência
referência para para
aa compreensão
compreensãodas dasdiferentes
diferentes facetas
facetas da evolução
da evolução do panorama
do panorama
geral da
daAmérica
América Latina
Latinadurante
duranteooséculo
séculoxx. xx>Muitos
Muitosdos dosfenôme-
fenôme
nos examinados
nos examinados-fragmentação
— fragmentação do dosistema partidário,
sistema estrutu-
partidário, estrutu
ra oligárquica do poder, militarismo , populismo-
ra oligárquíca do poder, militarismo, populismo ~ - são comuns são comuns
aos diferentes
diferentesciclos
ciclos dede instabilidade
instabilidade pelospelos
quaisquais
passarampassaram
os pai-ps paí
ses da
da região,
região,atéatéqueque a democracia
a democracia se fixasse
se fixasse com comraízesraízes sólidas.
sólidas.
Por outro lado,
Por outro lado,alguns
alguns dosdos temas
temas evocados
evocaclos por Nabuco,
por Nabuco, alémjde
alérnlde
aludir
aludír aa experiências
experiênciassuscetíveis
suscetíveis de comparação
de comparação com comoutrasoutras

da
região, nuncaperderam
região, nunca perderam atualidade.
atualidade. (Qual (Qual
dos líderes
dos políticos,
líderes políticos,
dos presidentes
presidentesdede hoje
hoje ememdia dia
não não concordaria
concordar-ia com com a afirmação
a afirmação
de que o “valor dos chefes de Estado sul-americanos tem que ser
de que pelo
julgado o “valor dos chefes
resultado de Estado sul-americanos tem que ser
de sua administração”?)*
administração”?)2~
Ninguém
Ninguém que quetenha
tenhaque que lidar
lidar com com ó desafio
o desafio de governar,
de governar,
sobretudo sociedades
sobretudo sociedades tãotão complexas
complexas e injustas
e injustas quanto
quanto as nossal,
as n.ossa_'s,
deixaria
deixaria dedereconhecer
reconhecer queoopapel
que papeldos doschefes
chefesde
deEstado
Estadonãonão pode
pode
se restringiràsàsboas
se restringir boas intenções,
intenções, aos aos
atosatos de vontade,
de vontade, aos compro
aos compro»
missos, osquais
mi-ssos, os quais devem
devemmaterializar-se
materializar-se em emações
açõesefetivas,
efetivas,em
emmu-mu
danças
danças eerealizações.
realizações,
Com
Com sua suáaguda
aguda percepção
percepção da história
da história política
política do continente,
do continente,
Nabuçó
Nabuco sabiasabiadodoalcance
alcance desse
desse desafio
desafio que, que» no crítico
no juízo juízo crítico
de de
Balmaceda,
Balmaceda, não naovacilou
vacilouemem generalizar:
generalizar: o valor
o valor dos chefes
dos chefes de Es-de Es
tado sul-americanosnão
tado sul-americanos não deve
deve somente
somente traduzir-se
traduzir-se pelatena-
pela sua sua tena
cidade—
cidade -“em “em tenacidade,
Énacidade, quemquemse secompara
compara-com comLópezi”
López?”—- nemnem
por seu
seu orgulho
orgulhopatriótico
patriótico— wempatriotismo
-“em patriotismo agressivo,
agressivo,quem
quemsese
compara com com Rosas?”
Rosas?”_ — ee nem
nemsequer
sequerpelapelasua
suahonestidade
honestidade--—~
“em honestidade,
honestidade,quem quemsupera
superaaa França?".
França?’Para Parajulgados,
julgá-los,dizia
diziafiffi
nalmente:
nalmente: “é“épreciso
preciso comparar
comparar o estado
o estado em receberam
em que que receberamo país o país
e6 oo estado
estadoem
emque
queo deixaram, o inve-ntário
o deixaram, nacional
o inventário ao entrar
nacional ao entrar
27
2?
e ao
ao sair”.3
sair” 5AA essa
essa formulação'
formulação'singela
singela,, cabe
cabe agregar;
agregar: não
não consti-
consti- |
tuiria oo eixo
eixo fundamental
fundamentaldos dosprocessos
processos democráticos?
democráticos? Quantas
Quantas
situações
situações não não terão
terão ocorrido
ocorridona naAmérica
AméricaLatinaLatinaememque queao ao
des-des
virtuar aa natureza
natureza dasdasfunções
funçõesdodohomem
homemdede Estado
Estado sucederam
sucederam
experiênci
experiências as políticas igualmente
igualmente penosas?
penosas? 1
Analista sutil, com
Anal-ista sutil, comseuseudomínio
domíniodas dasciências
ciênciaspolíticas
políticas e so
c so-
ciais, Nabuco
ciais, Nabucosuscita
suscitaeste
estee eoutro
òutrotipo
tipodedereflexão, e é por
reflexão, isso isso
e é por que que
se pode
pode caracterizar sua suaobra
obrasobre
sobreBalmaceda
Balmacedacomo comoumumtrabalho
trabalho
de interesse
interessepermanente.
permanente.
Pelos laços antigos
Pelos laços antigoseeprofundos
profundosque quetenho
tenhocomcom o Chile*
o Chile, e e
como homenagem aa esse esse país
país— que soube,
_ que soube,do do mesmo
mesmo modomodoque que
o Brasil, atravessarososmomentos
Brasil, atravessar momentosdedeescuridão
escuridão de de
suasua história
história e e
hoje avança confiante
confiante em em regime
regimedemocrático
democrático-. deu-me deu-memuito
muito
prazer prazer a oportunidade,
a oportunidade, por iniciativa
por iniciativa da embaixada
da embaixada do Brasildo egi
Santiago, de prefaciar com esses breves comentários a reedição
Brasil em > Santiago,
comentários
em espanhol a reedição
desta de prefaciar
significativa
significativa obra com
obra"de
`de esses breves
Joaquim
Joaquim Nabuco.
Nabuco. *rS d
'§_

28
Joaquim Nabuco democrata*

I\

Nunca imaginei que meu nome fosse lembrado para falar


Nunca imaginei que meu nome fosse lembrado para falar
sobre JoaquimNabuco
sobre Ioaquirn Nabuco nana casa
casa queque foi na
foi sua suaépoca
na época da fundação.
da fundação.
Começo
Começo por pormemedesculpar:
desculpar: afastado
afastado da vida
da vida acadêmica
acadêmica pelos aci
pelos acéi-
dentes
dentes de deum
umpercurso
percurso político
político atribulado,
atribulado, é umaé ousadia
uma ousadia
fazer fazfer
na Academia
AcademiaBrasileira
Brasileira
de de Letras
Letras umauma conferência
conferência sobre sobre
NabucoNabuco
para celebraroocentenário
para celebrar centenário de de
suasua morte.
morte. No tormento
No tormento angustioso
angustioso
da responsabilidade
responsabilidadede de falarfalar sobre
sobre o homenageado
o homenageado procurei
procurei ler ler
e reler
reler oo que
quepude,
pude,escrito
escritoporpor
ele ele ou sobre
ou sobre ele. Entre
ele. Entre os muitos
os muitos
textos voltei a algumas de suas conferências e quase desisti da ou-
textos voltei a alguinas de suas conferências e quase desisti da ou
sadia deaceitar
sadia de aceitarfazer
fazer
estaesta conferência,
conferência. ComCom que cuidado
que cuidado NabucoNabuco
preparava suasfalas!
preparava suas falas!
QueQue fossem
fossem no Parlamento,
no Parlamento, nos comícios
nos comícios da da
Campanha abolicionista
campanha abdlicionista e, sobretudo,
e, sobretudo, nas universidades*
nas universidades, de sua de sua
pena ou de
pena ou dêsuasuavoz
voz saiam
saiam obrâs
obras literariamente
literariamcnte perfeitas.
perfeitas. Mais doMais do
que isso:ooraciocinio
que isso: raciocmiofluía
fluía çartesianamente,
cartesianamente, envolto
envolto na beleza
na beleza das das

* Conferência
Conferênciapronunciada
pronunciada ná Academia
na Academia Brasileira
Brasileira deRio
de Letras. tetras, Rio deemJaneiro, em
de Ianeiro,
18 demarço
13 de marçodede22010.
010.

29
29
palavras
palavras bem bemescolhidas,
escolhidas,com corriuma uma lógica
lógica que que convencia
convencia e com e com
uma maneira
maneirade deescrever
escrevere dizer
e dizer queque seduzia.
seduzia. Na conferência
Na conferência que que
fez na Universidade
fez na UniversidadeYale, Yale, sobre
sobre Camões
Camões,' ,1 em texto
texto escrito
escrito em
emin-in
glês, chegouaaentremear
glês, chegou entremeara aula
a aula com com a declamação
a declamação de trechos
de trechos dos dos
Lusíadas.* ÀÀ erudição,
Lusíadas erudição,Nabuco
Nabucoacrescentava,
acrescentava, a intervalos,
a intervalos, a voza voz
de de
jovem
'jovem aluno americano, para melhor pronunciar os versos que
ele próprio
próprio vertera
verterápara
parao oinglês
inglês comcom perfeição.
perfeição. Tal Tal proeza,
proeza, parapara
quem acreditavatertero oespírito
quem acreditava espírito maismaisafimafim com com a cultura
a cultura francesa,
francesa,
mostra não não só
só um
umdomínio
domíniolinguístico
lingüísticoe literário
e literário incrível
incrível como
como o o
apuro
apuro no no que
queééimportante
importanteemem qualquer
qualquer oratória:
oratória: o jogo
o jogo de cena,
de cena,
do espaço,
espaço,dos dosintervalos
intervalose dos
e dos silêncios.
silêncios.
Dirijo-lhes a palavra,
palavra,não
nãoobstante,
obstante,motivado
motivado porporumum misto
misto
de vaidade
vaidade-—-a adede serser ouvido
ouvido nestanesta
CasaCasa-_ e —- e de admiração
de admiração por por
Nabuco.
Nabuco. AindaAindaalunoalunonanaFaculdade
Faculdade de Filosofia,
de Filosofia, Ciências
Ciências e Letras
e Letras
da uUse
s p tive
tive aa oportunidade
oportunidadededetrabalhar
trabalhar com com Florestan
Florestan Fernandes*
Fernandes
e Roger
Roger Bastide
Bastidenumanumapesquisa
pesquisa sobre
sobre os os negros
negros em em São São Paulp,
Paulo,
antes
antes de dehaver
haversido
sidoassistente
assistente desses
desses doisdois mestres.
mestres. Na ocasião,
Na oc_asião,1i O li O
abolicionismoz2 e me
abolicionismo me tornei
torneiimediatamente
imediatamenteentusiasta entusiasta de de Nabuôo.
Nabuëo.
Para nós,
nós, jovens
jovenssociólogos
sociólogosansiosos
ansiososporpor transformar
transformar o mundoT
o mundo
e para
para lutar
lutarpor
porum umBrasil
Brasilmais
maisigualitário,
igualitário, o capítulo
o capítulo sobre
sobre “O “O
mandato
mandato da da raça
raçanegra”
negra”terá
terá sido
sido algoalgo equivalente,
equivalente, se mesepermi-
me permi
tem a pretensão em comparar, ao que foi Renan” para Nabuco e
tem a contemporâneos.
tantos pretensão em comparar,
contemporâneos. Eranossa
Era ao
nossa que foi Renan
inspiração,
inspiração, com para
3com aNabuco dee de
diferença
a diferença
que Nabuco
Nabuconãonãonosnosincutia
incutiaa dúvida,
a dúvida, o ceticismo,
o ceticismo, comocomo Renan,
Renan,
mas certezas.
certezas.SóSópodíamos
podíamosconcordar
concordarcomcom
suasua previsão
previsão de que
de que
o manto negro da da escravidão
escravidão obscureceria
obscurecería oo Brasil
Brasilpor
pordécadas
décadas
pará alémdo
para além dodia
diadadaAbolição,
Abolição, como
como verificávamos
verificávamos em nossas
em nossas pes- pes
quisas sobre os
os negros
negroseesobre
sobreoo preconceito
preconceitodedecor
cornos
nosanos
anos1950,
1950,
tanto tempo
tempo depois
depoisdadaLeiLeiÁurea.
Áurea. Nutria-nos
Nutria-nos nãonão o ceticismo,
o ceticismo,
mas a confiança de que os efeitos negativos da escravidão na so-
mas a confiança
ciedade seriam de que os
seriam mitigados
efeitos
nodecorrer
mitigados no decorrernegativos
dodotempo,
da
tempo, c escravidão
omo
como
na so
acreditava
acreditava
Nabuco. Eledepositava
Nabuco. Ele depositavaesperança
esperança
no no futuro,
futuro, comocomo nós também.
nós também.

30
CIBADANIA EERAÇA
CIDADANIA RAÇA

Á ideia do
A ideia do “mandato”
“mandato”recebido recebidopelos
pelos abolicionistas
abolicionistas como
como
uma delegação irrenunciável
um.a delegação irrenunciávelé éexpressiva
expressivada da
visãovisão política
política de de
Joaquim
joaquim Nabuco,
Nabuco. Não terá sido por generosidade ou compaixão,coinpaixão,
nem mesmo
mesmo religiosa,
religiosa,dizdizele,ele>
queque os advogados
os advogados da causa
da causa emanci-
emanci-
paciònista
pacíonista a abraçaram.
abraçaram. Abraçavam-na,
Abraçavam-na,

como homenspolíticos,
como homens políticos,por por motivos
motivos políticos,
políticos, e assim erepresen-
assim represem
tamos
tamos ososescravos
escravos e ose ingénuos
os ingênuos na qualidade
na qualidade de Brasileiros
de Brasileiros que que
julgam o0 seu título
titulo de cidadão diminuído, enquanto houver Brisi* Brlisi-
leiros
leiros escravos, istoé,é,[abraçavam-na]
escravos, isto [abraçavam-na] nointeresse
no interesse detodoo pais
de todo o país
e e
no nosso
nossopróprio
próprio interesse,4
interesse'

Nabuco concebia
Nabuco concebiaaaluta
lutacontra
contraa aescravidão
escravidão como
comoumauma lutaluta
pela cidadania.
cidadania.Junto
Juntocomcomesta
estaconcepção
concepção havia
havia outra
outra muito
muito for-For
te, aa de
deque,
que* além
alémda dainjustiça
injustiçapraticada
praticadacontra
contraooescravo-martir,;a
escravo-mártir^a
emancipação significaria“a“aeliminação
emancipação significaria eliminação simultânea
simultânea dosdos
doisdois
tipostipos
contrários,
contrários, ee nonofundo
fundoososmesmos:
mesmos:o escravo
o escravo
e o esenhor`Í5
o senhor
”5
Como quase
quase todos
todosososquequeseseocuparam
ocuparam de de
suasua biografia
biografia
sublinham, emboraNabuco
sublinharn, embora Nabucofossefosserebento
rebentoexcelso
exeelso
da da aristocra
aristocra-
cia (que, no caso,
caso, era
eramais
maisumaumaoligarquia
oligarquiaburocrática)
burocrática) e tivesse
e tivesse
gosto pelo,
gosto pelo,estilo
estilodedevida próprio
vida próprio desta camada,
desta seu sêu
camada, espírito cor- cor
espírito
ria solto, como seseexemplificasse
solto, como exemplificasseo queo que Karl
Karl Mannheim,
Mannheim, que,que,
por por
não negava
certo, não negavaa aimportância
importânciae oe papel
o papeldasdas classes
classes e de esuas
de suas
lutas na história,
lutas na históri#,acreditava
acreditavaserser o específico,
o específico. da intelectualidade;
da intelectualidade: a a
capacidade
capacidade de deolhar
olharo oconjunto,
conjunto» apesar
apesar de sua
de sua condição
condição de classe;
de classe.
Ao ressaltar
ressaltarque
quea àmotivação
motivaçãopara para terminar
terminar comcom a escrava
a escrava-
tura não
não nascera
nascerade deumaumacompaixão
compaixãoreligiosa,
religiosa, Nabuco
Nabuco retomou
retornou
a linha
linha que
que fora-
foradesenvolvida
desenvolvida porpor José
lose Bonifácio,
Bonifácio. A leitura
A leitura da fa
da fa-
mosa “Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legisla-
mosa “Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legisla^
31
tiva do
do Império
ImpériododoBrasil
Brasilsobre
sobre a escravatura”
a escravaturaf de 1823,
de 1823, mostra
mostra
que
que oo nosso
nossóPatriarca
Patriarcafoifoiancestral
ancestral intelectual
intelectual direto
direto de Nabuco.
de Nabuco.
Vai até
até mais
maislonge
longedodoque
que prescrever
prescrever os pormenores
os pormenores sobresobre
o queo que
fazer comos
fazer com osex-escravos
ex-escravos depois
depois de de
suasua libertação
libertação e corno
e como fazê-lo.
faze-lo.
Vêm de José Bonifácio
de Iosé Bonifáciotambém
tambémas as preocupações
preocupações comcom a educa
a educa.-
ção moral ee religiosa
ção moral religiosados
dosmanumitidos,
manumitidos, comcom o dar-lhes
o dar-lhes acesso
acesso à à
terra para trabalharem. A obsessão de José Bonifácio em abolir
terra para trabalharem, À obsessão de José Bonifácio em abolir
a escravidão
escravidãoestava
estavadiretamente
diretamente ligada
ligada ao que
ao que a análise
a análise agudaaguda
e e
erudita deIosé
erudita de JoséMurilo
MurilodedeCarvalhof
Carvalho/ emem seusseus bordados,
Pontos e bordados,
chama dede “a
Ka razão
razãonacional”.
nacional”Não
Não era
eraoutro
outro ooprojeto
projetopolítico
políticodede
Nabuco: como fonnar
Nabuco: como formaraanação,
nação,seseelaela está
está sendo
sendo Carcomida
carcomicla pela pela
degradação
degradação da daescravidão?
escravidão? Ej»aCrescenta
Epacrescenta José Murilo,
Iosé Murilo, em circuns
em circuns~
tâncias que,diferentemente
tâncias que, diferentementedodo queque ocorria
ocorria nosnos Estados
Estados Unidos,
Unidos,
nossa forma
formade deyivenciar
vivenciar o preconceito
o preconceito contra
contra o negro
o negro permitia
permitia a a
miscigenação racial e esta conduzia inevitavelmente à miscigeiia-
miscigenação racial erecuperávamos
esta conduziatodos
inevitavelmente ** .
à miscigena-
ção política.
política.Ou
Ou nosrecuperâvamos
nos todos
parapara a cidadania
a cidadania oujo ou/o
projeto nacional
nacional continuaria
continuariacapenga.
capenga.
José Murilo de
José Murilo deCarvalho
Carvalhoacredita
acreditaque
que nem
nem sequer
sequer a
a iniluêii-
influên-cia da vertente
cía da vertente filosóficafilosófica
teve entreteve
nós entre
o pesonós
queoteve
peso
emque teve
outras
em outrasÉ *certo
paragens. paragens. É certo
que Ioaquim que Joaquim
Nabuco., Nabuco,
como tantos como
de seus estu-
diosos de
tantos mostram . diosos
¬~e ele
seus estu- mesmo emmostram
seus escritos—--, e
foi ele
familiar
com 0 pensamento político francês, norte-americano e inglês. No
mesmo êmAurélio
livro de Marco seusNogueira]
escritos *—•, foi
O encontro familiar
de joaquim Nabuco
com o pensamento
com o política, político
obra. que vai além francês,
da biografia norte-
e analisa as ideias do
personagem, há amplas referências às origens do liberalismo de
americano e inglês. No livro de Marco
Nabuco (bem como a suas limitações). DO mesmo modo, Vami-
Aurélio
reh Chacon”Nogueira,7
em seu JoaquimO encontro
Nabuco: de Joaquim
revolucionário conservador

com a política, obra que vai além da


resume a enredada teia de pensamentos político-filo'sóficos pre-
Nabuco
valecentes na época que eram de Conhecimento de Nabuco, in-
biografia e anali
cluídos nela muitos dossa as ideiás
autores que do personagem,ashá
desenvolveram amplas
ideias bá-
referências às srcens
sicas da democracia, do dó liberalismo
liberalismo de Nabuco
e mesmo {bem como a
do individualismo,
quando
suas não da pugna
limitações). Do entre
mesmo rousseaunianos
modo, Vami-e reh
discípulos
Chacon de8Mon-
em
sea jmquim Nabuco: revolucionário conservadorresume a
32
enredada
32 teia de pensamentos político-filosóficõs pre-
tesquieu. Temrazão
tesquieu. Tem razãoJosé
JoséMurilo
Murilode deCarvalho,
Carvalho,contudo,
contudo,aoaoinsistir
insistir
que
que aa ideia
ideiadedeliberdade
liberdade e a enoção
a noçao filosófica
filosófica dos dos direitos
direitos naturais
naturais
do indivíduonão
do indivíduo nãoaparecem
aparecem comocomo fundamentos
fundamentos da proposta
da proposta abo- abo
licionista
licionista dedeNabuco.
Nabuco.Nesta,
Nesta, a "ternura”
a “ternura” humana,
humana, por umporlado,
um elado,
o eo
projeto
projeto dedeconstrução
construçãodedeuma uma naçâo,
nação, porpor outro,
outro, sãosãomaismais impor
impor-
tantes
tantes dodoque
queconsiderações
considerações religiosas
religiosas ou filosóficas:
ou filosóficas: é neste
é neste sen~ sen-
'rido que
^ido queadmite
admitee propugna
e propugnaa a integração
integraçãodo escravo
do escravocomocomoeleitor.eleitor.
Cito José Murilo,
Cito ]osé Murilo,parapararesumir:
resumir: “Até“Até
mesmomesmo em Nabuco
em Nabuco a razãoa razão
nacional obscurecetotalmente
nacional obscurece totalmente os os argumentos
argumentos baseados
baseados no valor
no valor
da liberdadecomo
da liberdade comoatributo
atributo inseparável
inseparável da moderna
da moderna concepção
concepção
do
do indivíduo, seja na
indivíduo, seja na versão
versãoreligiosa,
religiosa,seja
sejananafilosófica”.9
filosófica”.9' l!
Penso que Iosé
Penso que JoséBonifácio
Bonifáciofoifoiumumpouco pouco maismais
longelonge
nesteneste
ponto. Eleescreveu
ponto. Ele escreveuque que a “sociedade
a "sociedade civilcivil
tem tem
por por
base base primeira
primeira
a justiça,
justiça, eepor
porfirnfimprincipal
principal a felicidade
a felicidade dos dos homens.
homens. Mas Mas
que que
justiça tem um homem para roubar a liberdade de outro ho-
justiça
mem? tem que
mem? EE ooque
umé éhomem
pior,
pior,
para
dosdosfilhos
roubar
filhos a liberdade
deste
deste homemhomem dedos
outro
e dose filhos
ho
filhos
destesdestes
filhos?” 10 Diz isso
filhos?”.*° isso eè sesecontrapõe
contrapõeà tese à tesede dequeque a liberação
a liberação dos dos
escravos ofenderiao direito
escravos ofenderia o direito de propriedade:
de propriedade: a liberdade
a liberdade humana humana
era paraele
era para eleoovalor
valormaior.maior. AindaAinda assim,
assim, tantotanto em José
em Iosé Bonifácio
Bonifácio
como
como em emNabuco,
Nabuco,a “liberdade
a “liberdade dos dos antigos”,
antigosfl isto é,isto é, de organização
de organização
política
política ee de
depreeminência
preeminência dosdos valores
valores da vida
da vida pública
pública e dose di-
dos di
reitos públicos,obscurece
reitos públicos, obscurece as as preocupações
preocupações comcom a “liberdade
a “liberdade dos dos
modernos”,
modernos”, isto istoé, é,com
com os osqueque veemveem
nos nos direitos
direitos inalienáveis
inalienáveis do do
indivíduo
indivíduo 'o'ofundamento
fundamento da da democracia.
democracia. MaisMais tarde,
tarde, depois depois
de de
suas viagensà àInglaterra
suas viagens Inglaterra e aose aos Estados
Estados Unidos,
Unidos, Nabuco Nabuco descobriu
descobriu
algo dessanova
algo dessa novaforma
forma de de liberdade,
liberdade, masmas nãoa foi
não foi a partir
partir dela que
dela que
fundamentou
ftlndamentou gia áualuta lutapelo
pelo abolicionismo.
abolicionismo.
Ao seseler
lerUm estadista do Império Império ou mesmo
mesmo sua suacorrespon-
correspon
dência
dência ee suas
suasnotas
notassoltas,
soltas, seusseus pensamentos
pensamentos breves,
breves, quemquemsabe sabe
ainda
ainda ememMinha formação
ƒormrzçâo," ? 1 talvez fiqueaaimpressão
talvez fique impressãodede que
que Na-Na
buco teriasido
buco teria sidoooque quehojehoje se se chama
chama de um
de um cientista
cieritista político
político e dose dos
me-lhores: era
melhores: eraarguto
argutonana análise
análise dasdas
pessoas e dose interesses,
pessoas sem sem
dos interesses,

33
se despreocupardas
se despreoc:_upa_r dasinstituiçoes.
instituições. Entretanto,
Entretanto, em Oem O
abolicionismo
alaolícionísmo
ee respingando
respingandoem emmuito
muito dodo
queque deixou
deixou escrito,
escrito, sem exclusão
sem exclusão da da
análise política,subjazo
análise política, subj az observador
o observador social.
social. Poderia
Poderia dizer dizer
“o so- “o so
ciólogo” sempuxar
ciólogo”, sem puxara brasa
a brasa para
para minha
minha sardinha?
sardinha? NabucoNabuco
não vianão via
a política
políticaapenas
apenascomo
comoMaquiavel
Maquiavel a apresenta,
a apresenta, fruto fruto da ambição,
da ambição,
da cobiça,
cobiça,dodoegoísmo
egoísmoe da e da vontade
vontade de poder
de poder dos homens.
dos homens. NossoNosso
-homenageado seseapaixonava
homenageado apaixonava porpòr
suassuas
causas e nelas
causas punhapunha
e nelas não nao

só aa razão,
razão,mas
maso ocoração,
coração,
nãonão tendo
tendo deixado,
deixado, porém, porém, de analisar
de analisar
sempre
sempre aatrama
tramadasdasrelações
relações sociais
sociais que que sustentavam
sustentavam as relações
as relações
de dominação. Não
de dominação. Nãousou usouargumentos
argumentos puramente
puramente econômicos
econômicos
para defendera asubstituição
para defender substituição do do braço
braço escravo
escravo pelo pelo
braçobraço
livre. livre.
Não queriaapenas
Não queria apenasterminar
terminarEom o
tom o instrumentum vocalts.Queria
instmmentum vocalis. Queria
incorporar
incorporar àànacionalidade
nacionalidadee àecidadania
á cidadania homens
homens livres,livres,
negrosnegros
e e
brancos, Tinhavisão
brancos. Tinha visãodistinta
distintada da sustentada
sustentada por Maquiavel
por Maquiavel solgre so^je
a política.
política.
a < ^*-
Em outros
outros países
paísesa amotivação
motivação para
para o término
o término da escravidão
da escravidfo
poderá
poderá ter tersido
sidodiferente,
diferente, pensava
pensava Nabuco.
Nabuco. EntreEntre nós, entretanto,
nós, entretanto,
desejávamos
desejávamos “a“araça raçanegra
negraparapara elemento
elemento permanente
permanente da popu
da popu-
lação [...} parte
lação [...] parte homogênea
homogêneadada sociedade
sociedade? 12 Mesmo
” 12 porque:“A*A
Mesmo porque:
raça negra,
negra,não nãoé étão
tãopouco
pouco para
para nósnós
umauma raça raça inferior,
inferior, alheiaalheia
à à
comunhão,
comunhão, ou isoladadesta,
ou isolada desta,eecujo
cujobem-estar
bem-estarnos nosafete
afetecomo
cornooodede
qualquer
qualquer tribo triboindígena
indígenamaltratada
maltratada pelos
pelos invasores
invasores Europeus”
Europeus'Ê W' °
A leitura desta
A leitura destaúltima
últimafrase
frase poderia
poderia induzir-nos
induzir-nos a crera que,
crer que,
aa despeito
despeitodadagrandiosidade
grandiosidade comcom quequeNabucoNabucovia a via a questão
quest-ão da da
escravidão
escravidão eemesmo mesmodadaraça raça negra,
negra, utilizava
utilizava o conceito
0 conceito de raça,
de raça,
como
como eraera habitual
habitualentão,
então,como
comouma uma linha
linha divisória
divisória com com carac
carac-
terísticas específicasque
terísticas específicas queas as tomavam
tornavam desiguais.
desiguais. É o queÊ osugere
que sugere
oo tom
tom menos
menos objetivo
objetivodadaúltima
última parteparte da frase
da frase ao falar
ao falar de modode modo
praticamente indiferentedos
praticamente indiferente dos males
males queque a conquista
a conquista causava
causava aos aos
"homens
“homens das das tribos
tribosisoladas?
isoladas” A intenção
A intenção era, era, contudo,
contudo, outra:outra:
a a
de mostrar,uma
de mostrar, umavezvezmais,
mais,quequenós,nós, Brasileiros,
Brasileiros, com com maiúscula
maiúscula
corno entãosesegrafava,
como então grafava, éramos
éramos negros,
negros, brancosbrancos e mestiços.
e mestiços. Os ne- Os ne-:

34
gros nos eram
gr0S 1105 erampróximos,
pròxinos,erameramparte
partedodonos nósnacional.
nacional.Em Emnosso
nosso
caso, pregava
pregavaNabuco
Nabuco;o ex-escravo'tornar-se-ia
o ex--escravo tornar-se-iacidadão,
cidadão,pesaria
pesaria
no
no voto, deveriaser
voto, deveria serincorporado
kcorporadoà àcidadania
cidadaniatornando-se
tornando-seigual igual
aos demais
demais brasileiro:
brasileiro!perante
perantea aleileie eososdireitos,
direitos,à medida
à medida queque
progressivamente ces&ssemososefeitos
progressivamente ceszassem efeitosnegativos
negativos da da escravidão
escravidão
sobre aa sociedade.
sociedade,OOregro,
xegro,o oex»escravo,
ex-escravo, formava
formava parteparte
da da
nossa
sòciedade. Osab0liCí*.nistas
S0Ci€ClflCÍ€› US abolicionistaseuropeus,
europeus,aoao falar
falar da da liberação
liberação dosdos
escravos, nem
nem se
sepreocupavam
preocipavam com com aa relação
relaçãoentre
entre alforría
alforria eevoto.
voto*
Daí quê Nabuco, como
que Nabuco, como reforrnista
reformistasocial,social,sesepreocupasse
preocupasse
com a educação
educaçãodo doerescravo,
er-escravo,com como oacesso
acessoà terra, propondo
uma 'reforma
reforma agrária,
agrária,À9. integração plena
plena àà sociedade
sociedade seria dm lim
processo longo, tanto mais
mis quéque aa lei eleitoral de de 1881 exigia que oo
eleitor fosse
fosse alfabetizaco
alfabetizacoe eampliara
ampliaraososrequisitos
requisitosdederenda renda míni
míni-
ma como condição
condição para
paiaobter
obteroodireito
direitoaoaovoto.voto.Por
Porisso issomesmo
mesmo
era preciso
era preciso atuar
atuar logo,
lógo,como
comopropunha
propunhaAndré
AndréRebouças,
Rebouças,não
nãosósó
emancipando
emancipando os osescravos,
escravos,mas
mas educando
educando os os negros.
negros. Í
. •; í : ; ■ J •v . • •: .i ■ " / '■ 1 í ' 13 •,
"’V" • ?: i'
As eeconmçoss os ;.\r1=ÃN‹:m E o Hoaaon À escnzw1oÃo
ESCRAVIDÃO
De onde
onde proviria
proviria tanta
tantaempatia
empatiapara
paracom
comuma
uma“raça”
“raça* que
que
na época mesmo
mesmoososbem
bempensantes
pensantesrelutavam
relutavam
emem deixar
deixar de de con
con-
siderar “inferior”, ainda que subliminarmente? Nosso i-1omena~
siderar “inferior”, ainda que sublíminarmente? Nosso homena
geado já -foi
geado já fòitão
tãoesquadrínhado
esquadrinhadopor porseus
seusbiógrafos,
biógrafos, desde
desde a filha,
a filha,
Carolina, passandopelo
Carolina, passando pelotexto
téxtodeliciosamente
deliciosamente bembem escrito
escrito de de
LuizLuiz
Viana Filho
Filho 6etantos
tantosoutros,
outros,entre
entreososquais
quais mais
mais recentemente
recentemente se se
incluem
incluem oo perfirfeito
perfiffeito por
por Angela
Angela Alonso
Alonsò ee osos sempre
sempre interessantes
interessantes
e eruditos prefácios eecomentários
eruditos prefácios comentários de de Evaldo
Evaldo Cabral
Cabral dedeMello,
Mello,queque
resta pouco de
resta p0l1C0 deHOVO
novoa acontar
contarsobre
sobreo oserser humanoJoaquim
humano Joaquim Na-Na
buco. Quase
Quase tudo
tudodele
delesesetem
temnotícia,
notícia,desde
desde seus
seus amores
amores e flertes,
e flertes,
que foram muitos, sua elegância, sua beleza física -- Quincas, o
que foram
Belo, como muitos,
como sua elegância,
foi alcunhado —
--,>sêu sua beleza
seu brilho físicasua
salões,
nos salões, — voracida-
sua Quincas, o
voracida

'H
de paraconhecer
de para conheceros“g1'andes°'
os^graiides” da época
da época (na política,
(na política, na literatura,
na literatura,
nas artes),sua
nas artes), suadedicação
dedicaçãoaosaos amigos,
amigos, suas rivalidades
suas rivalidades e generosi
e generosi-
dades (bastalembrar
dades (basta lembrar o episódio
0 episódio tão bem
tão bem descrito
descrito porViana
por Luiz Luiz Viana
no livrosobre
no livro sobreNabuco
Nabuco e Rui
e Rui Barbosa
Barbosa a respeito
a respeito da designação
da designação
deste paraa aConferência
deste para Conferência de Haia),
de Haia), e assim
e assim por diante,
por diante, que nãoque não
poderia terescapado
poderia ter escapado a muitos
a muitos de seus
de seus biógrafos
biógrafos a relação
a relação huma- huma-
na especial que Nabuco desenvolveu com os escravos. Talvez se
na especial que Nabuco desenvolveu com òs escravos. Talvez se
desvendem melhõr
desvendem melhor os os laços
laços afetivos
afetivos criados
criados entre
entre ele e osele e os escravos
escravos
na própria
própriapena
penadodo autor,
autor, ememMinha formação.
As páginasclássicas
As páginas clássicas
são são as escritas
as escritas no famoso
no mais mais famoso
de seus de seus
capítulos, sobre“Massangariäí
capítulos, sobre “Massangana”. Elas resumem
Elas resumem tudo detudo de Nabuco:
Nabuco:
oo que
que de
demelhor
melhorpodia
podia escrever,
escrever, seu compromisso
seu compromisso moral moral
na luta na luta
contra aa escravidão,
contra escravidão,seu
seusentimento
sentimentoterno e humano
terno para
e humano comcom
para os
escravos
ós que que
escravos o circundavam, seu íntimo
o circundavam, atormentado
seu íntimo de senhor-
atormentado de
zinho que se sente acorrentado como escravo a uma ordem injusta
senhpr- zinho que sé sente acorrentado como escravo a uma
que, nãoinjusta
ordem obstante,
que,molda~o. Moldou-o
não obstante, tanto a Moldou-ó
molda-o. ponto de escrever,
tanto a
quase ao
ponto de estilo de Gilberto
escrever, quase aoFreyre,
estilo que nas antigas
de Gilberto propriedqdes
Freyre, que nas
os senhores
senhores
antigas foramcapazes
propriedades
foram capazes de absorver
de absorver a doçura
a doçura dos negros
dos negros eu as ^ e as
demais virtudes
demais virtudes míticas
rníticas atribuídas
atribuídas aos africanos.
aos africanos. Tãoselonge
Tão longe dei- se dei-
xou embalar
embalarneste
neste misto
misto de reflexão
de reflexão e memórias
e memórias sentimentais
sentimentais que, que,
a despeito
despeitodadaaguda
aguda observação
observação de no
de que, que, no fundo,
fundo, senhoressenhores
e es- e es-
cravos setornavam
cravos se tornavam “os“os mesmos”
mesmos” pela pela
relaçãorelação cruel
cruel da da escravidão,
escravidão,
conseguiu olharpara
conseguiu olhar paraesteeste
fatofato
com com o espelho
0 espelho reverso:
reverso: os escravos
os escravos
contaminaram
contaminaram osossenhores
senhores comcom amor,
amor, quasequase os absolvendo
os absolvendo de de
suas culpasporque
suas culpas porque alguns
alguns delesdeles se tornaram
se tornaram capazescapazes
de manter de manter
relações deafeto
relações de afeto
comcom os oprimidos,
os oprimidos, comocomose nãosefossem
não fossem
algozes.algozes.
Diz mesmoque
Diz mesmo que a escravidão
a escravidão "

espalhou por
por nossas
nossas vastas solidões uma grande suavidade (...) [...]
insufloulhe
insuflou-lhe uma
uma alma
alma infantil,
infantil, suas
suas tristezas
tristezas sem
sem pesar,
pesar, suas
suas lá-
grimas sem
sem amargor,
amargor, seu silêncio sem concentração,
concentração, suas
suas alegrias
alegrias
sem causa, sua
sua felicidade
felicidade sem
semdia
diaseguinte.
seguinte.[..-]
(...)Quanto
Quanto aa mim,
mim,ab»
ab~

nf
sorvi-â no leite
sorvi-a no leitepreto
pretoque
quememeamamentou;
amamentou; elaela envolveu-me
envoiveuune comocomo
uma carícia muda
uma carícia mudatodatodaa aminha
minhainfância;
infância;aspirei-a
aspirei-ada da dedicação
dedicação
de velhos servidores
de velhos servidoresquequememereputavam
reputavam herdeiro
herdeiro presuntívo
presuntívo do do
pequeno domíniode
pequeno domínio deque
quefaziam
faziamparte...
parte... Entre
Entre mim
mim e eles
e eles devedeve
ter ter
se dado
dado uma
umatroca
trocacontínua
contínuadedesimpatia,
simpatia,dedequeque resultou
resultou a terna
a terna e e
^lt reconhecida simpatia
simpatia que vim âa ter
ter pelo seu papel.”
pelo seu papel.14

Curiosas reflexões
Curiosas reflexõespartindo
partindodedequem
quem foifoi
o maior
o maior crítico da da
crítico
escravidão,
escravidão, aaponto
pontodedeminimizar
minimizar emem suas
suas análises
análises institucionais
institucionais
as formas de
as formas degoverno
governoe eolhar
olharcomo
comoessencial
essencial o sistema
o sistema de domi-
de domi~
nação: a verdadeira
verdadeiraquestão
questãononofinal
finaldodoséculo
século xrxxix
nãonão teria
teria sido
sifzlo
aa opção
opção entre
entre República
Repúblicae eMonarquia,
Monarquia,mas mas entre
entre Escravatura
Escravatura ze e
Abolição. Esqueceraseem
Abolição. Esquecera-se emseu
seuentusiasmo
entusiasmo pela
pela causa
causa abolicio-
abolicio-
nista deque
nista de quesem
semescravidão
escravidão não
não haveria
haveria Trono,
Trono, tão amalgamadas
tão amalgamadas
estavam
estavam asas duas
duasinstituições
instituiçõescomo
comolurninosarnente
luminosamente mostrou
mostrou o o
outro grande
grande intérprete
interpretedo doséculo
séculoXIXxxxe eespecialmente
especialmente da Mo-
da Mo-
narquia, SérgioBuarque
narquia, Sérgio BuarquededeHolanda.
Holanda.Nabuco
Nabuco nãonaoparapara
nosnosco- cof
mentários acima transcritos.
mentários acima transcritos.Vai
Vaimais
maislonge
longe e mostra
e mostra ter ter algum!
algumfã
consciência do que
consciência do quelhe
lhesucedera
sucederaintimamente:
intimamente:

Nessa escravidãodadainfância
Nessa escravidão infâncianãonao posso
posso pensar
pensar semsem um pesar
um pesar in~ in
voluntário.., Talqual
voluntário=... Tal qualoopressenti
pressentiemem torno
torno de de mim,
mim, ela ela conserva-
conserva-
-se em
eni minha
minha recordação
recordaçãocomo
comoum umjugo
jugosuave,
suave, orgulho
orgulho exterior
exterior
do senhor,
senhor, mas
mastambém
tambémorgulho
orgulhoíntimo
íntimo dodo escravo,
escravo, alguma
alguma coisacoisa
parecida comaadedicação
parecida com dedicaçaododoanimal
animalqueque nunca
nunca se altera,
se altera, porque
porque o o
fenômeno da da desigualdade
desigualdadenãonãopode
pode penetrar
penetrar nela
.15
nela.”
é19
parágrafofaz
No mesmo parágrafo faza aressalva
ressalva
de de
queque tal tipo
tal tipo de relacio-
de relacio~
namento (ele
(ele fala
falamesmo
mesmonuma numaespécie
espécie particular
particular de de escravidão)
escravidão)
se teriadado
se teria dadoapenas
apenas;
emem propriedades
propriedades muitomuito antigas,
antigas, nas quais
nas quais se se
formaria Umaespécie
formaría uma espéciededetribo
tribo patriarcal
patriarcal isolada
isolada do mundo,
do mundo, on-deonde
poderia vicejar“o“omesmo
poderia vicejar mesmoespírito
espírito dede humanidade”.
humanidade”.

37
37
1.'

Não reproduzo
reproduzoestesestestrechos
trechos pára
para diminuir
diminuir á grandeza
a grandeza de de
Nabuco,
Nabuco, OA Ó momento
momento eeoolocal loca!não
nãoseriam
seriam apropriados
apropriados parapara
exercícios vulgaresdedeiconoclastia.
exercícios vulgares iconoclastfa, Reproduzo-os
Reproduzows tentando
tentando vís- vis
lumbrar umauma fresta
frestaainda
aindanão nãocompletamente
completamente percebida
percebida pelospelos
tantos que
que sesededicaram
dedicaramà sua à sua biografia.
biografia. Quem Quemsabe sabe pela fresta
pela fresta
aberta por
por um
um texto
textomenos
menosimportante
importante possamos
possamos chegar
chegar à almaà alma
de nosso
de nosso homenageado,
homenageado,ampliandoampliando o foco queque
o foco ilumina o quan-
ilumina o quan
to
to a escravidão0otocou
a escravidão tocoucomo comopessoa.
pessoa.
Quem Quemsabe,sabe,
pela pela imersão
imersão
sentimental inevitávele einconsciente
sentimental inevitável inconscientequequecadacada
um um de faz
de nós nósnafaz na
infância para
paradela
deíaretirar
retirarnonodecorrer
decorrer
da dá
vidavida
o queo que de melhor
de melhor (e (e
de pior
pior também)
também) construímos,
construíinos,seja seja possível
possível entender
entender com com
mais mais
profundidade
profundidade aarelação
relaçãoque que Nabuco
Nabuco estabeleceu
estabeleceu com com os escravos
os escravos
e com
com aaescravidão.
escravidão.Isso,
Isso,
sem sem esquecer
esquecer que aque
boaapsicanálise
boa psicanálise
subli- subli
nha que
que asaspessoas
pessoassesereconstroem
reconstroero no no decorrer
decorrer da vida»
da vida, podendo
podenflo
eventualmente chegar a realizar, como escrevia Maquiavel sobre
eventualmente chegar a realizar, çomo escrevia Maquiavel sobre
o Príncipé, feitos” Os
Príncipe, “grandes feitos'Í Os sentimentos,
seMmentos, as ás inclinações,
inclinações, ps
os
traços psicológicos
psicológicosquequedesabrocham
dèsabrocham na na infância,
infância, não não são como
são como
flores quefeneceln
flores que fenecemesmaecendo
esmaecendo masmas
semsem modificar
modificar sua essência.
sua essênÊia.
Os seres
seres humanos
humanossesemodificam,
modificana» se refazem
se refazern e,, deixando
e,.deixando no re~ no re
côndito daalma
côn-dito da almaasasprimeiras
primeiras experiências,
experiências, mesmomesmo queoselas
que elas te- os te
nham levado
levadoa aseseconceber
conceber de de
umauma certa
certa maneira,
maneira, podem podem
acabaracabar
por atuar
atuar de
deoutra.
outra.E,E,nos
noscasos
casos mais
mais exitosos,
exitosos, alcançar
alcançar grandeza*
grandeza,
como Ioaquim
JoaquimNabuco
Nabucoalcançou.
alcançou,

UM MERGULHO NO ímfrmo
Mansur.:-ro No ÍNtlMO

Em requintadoensaio
Em requintado ensaiosobre
sobre “Acaso,
“Acaso, destino,
destino, memória”
memóríafl pu- pu
blicado
blicado nono livro
livroRumor m na escuta, o psicanalista
psicanalistapaulista
paulistaLuiz
Luiz
Meyer
Meyer” 16 retomou
retomou os os textos
textosfamosos
famososdede “Massangana”
“Massangana” e tratou
e tratou de de
desvendar
desvendar asasrelações
relaçõesentre
entre Nabuco
Nabuco e sua
e sua madrinha,
madrinha, por quem
por quem
foi criado até
foi criado até-aos
aosoito
oitoanos
anosdede idade.
idade. Ao retornar
Ao retornar à Massangana,
a Massangana,

33
doze anosdepois,
doze anos depois,encontrou
encontrou umum engenho
engenho queque pouco
pouco tinhatinha
a vera ver
com aqueleem
com aquele emque
que havia
havia vivido.
vivido. No reencontro
No reencontro sentimental
sentimental com com
seu inundoinfantil,
seu mundo infantil, Nabuco
Nabuco descreve
descreve o falecimento
o falecimento da protetora,
da protetora,
os escravosa aseu
os escravos seu serviço
serviço e ose do
os engenho,
do engenho, a volta
a volta à família
à familia no Riono Bio
etc. No ínicio
etc. No iniciododocapitulo,
capítulo, escrevera;
escrevera:

O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esque~


O
cido
cido traço
pelotodo
pelo da vida
homem»
homem, mas é para
mas
ao qual muitos
ao qual um desenho
ele sempre
ele terá terá sempre
que sequeda gif
cin criança
se sem oesque
cinglr sem o
saber
.saber [...]. Os primeirosoito
Os primeiros oito anos
anos da
da vida
vida foram
foramassim,
assim,em emcerto
certo
sentido,
sentido, ososdedeminha
minhaformação
formação instintiva
instintiva ou moral,
ou moral, definitiva,..
definitiva...
[...] só eles
elesconservam
conservama .nossa
a nossa primeira
primeira sensibilidade
sensibilidade apagadaL
apagadal..
Eles são,por
Eles säo, porassim
assimdizer,
dizer, as cordas
as cordas soltas,
soltas, mas ainda
mas ainda vibrantes,
vibrantes, de de
um
um instrumento que não
instrumento que existemais
nao existe maisem emnósnós[...l. Meus
Meusmoldes
moldesdede
idéias
ideias e esentimentos
sentimentos datam
datam quase
quase todostodos
destadesta
época.” época
.17

Diante
Diante de detão
tãoluminoso
luminosoinsight,
insight, o psicanalista
o psicanalista afirmaafirma
que que
Nabuco
Nabuco foifoifreudiano,
freudiano, avant
ava Ia letfr
ntla e, antes
lettre, quesesédesenvolvesse
antes que desenvolvesse a aí
f
psicanálise, 0oque
psicanálise, quenão
nãoéé pouco
poucodizer.
dizer,AAcrer
crerque
que“oKotraço tododadÍa
traçotodo
vida” provémdadaexperiência
vida” provém experiência infantil,
infantil, tomandose
tornando-se ao péaodapé da letra
letra
a memória
memóriadedeNabuco,
Nabuco,pergunto:
pergunto: de de
queque experiência
experiência proviria
proviria o ò
âmago
âmago dedeseuseusentimento
sentimento comcom relação
relação às questões
às questões quêpreo-
que nos nos preo-
cupam?
cupam? De Deum ummomento
momentodramático,
dramático, dizdiz
ele, ele, quando
quando um negro
um negro
jovem se jogou a seus pés e suplicou proteção provocando sua
jovem se jogou a seus pés e suplicou proteção provocando sua
compaixão revolta pela
compaixão te revolta peladescoberta
descobertadodo ultraje
ultraje -queque
era era a escra-
a escra-
vidão.
vidão. OGfato
fatod_otara«o
dotaraodede força
força moral
moral parapara
lutarlutar
até oaté
fimopela
fim pela
extinção detao
ex-tinçao de tãoperversa
perversa instituição:
instituiçao:
4df

•' Eu estava uma tarde


tarde: sentado
sentado nono patamar
patamardadaescada
escadaexterior
exteriordada
casa, quandovejo
casa, quando vejoprecipitar-se
precipitar-separapara
mimmim um jovem
um jovem negro negro
des- des
conhecido,
conhecido, dedecerca
cercade de dezoito
dezoito anos,
anos, o qual
o qu-al se abraça
se abraça aos meus
aos meus
pés suplicando-me
pés suplicando-mepelo amor
pelo amorde de
Deus que que
Deus o fizesse comprar
o fizesse por por
comprar
minha madrinha
madrinhapara
para me
me servir.
servir,Ele
Elevinha
vinhadas
dasvizinhanças,
vizinhanças,procu-
proói-

if)
1
rando mudardede
rando mudar senhor
senhor porque
'porque o dele,o dizia-me,
dele, dizia-me, o castigava,
o castigava, e ele e éle
tinha fugidocom
tinha fugido coin risco
risco de vida...
de vida... Foio este
Foi este traçooinesperado
traço inesperado
que que
me descobriua natureza
me descobriu a natureza da instituição
da instituição com a com
qual aeuqual
viveraeuatévivera até
então familiarmente,
então familiarmente, semsem suspeitar
suspeitar a dor
a dor que que ela ocultava.18
e1a_ocu]ta.va.*“

Tão forte teria


teria sido
sidoaaexperiência
experiênciaque
quelogo
logoememseguida
seguida
Na-Na
buco escreve
buco escreve frase
frasedesconcertante,
desconcertante,dizendo
dizendo queque
a extinção da es-
a extinção da es
cravidão
cravidão oo fez fez sentir
sentirque
que"podia
“podiapedir
pedir também
também minha
minha própria
propria
alforria
alforri-a [...] e, no entanto, hoje que ela
ela está
está extinta,
extinta, experimento
experimento
Uma singularnostalgia,
uma singular nostalgia,quequemuito
muito espantaria
espantaria umum Garrison
Garrison ou Ou
um
um John
lohn Brown:
Brown: aasaudade
saudadedodoescravo”.”
escravo”.19
Para oo sociólogo
sociólogoeemesmo
mesiüopara
para
oo historiador»
historiador, aa súbita
súbita sensa-
sensa
ção de opressãoe edesfazimento
de opressão desfazimento da da pêssoa
pessoa humana
humana pelopelo utilitarís-
utilítaris-
mo da escravidão
escravidão seria
seria razão mais
mais do
do que
que suficiente
suficientepara
paraexpiyar
expirar
o que convencera Nabuco do horror que era a escravidão, como
eleque
0 convencera
próprio
proprio afirma,Nabuco
afirma, do horror
aoaoencontrar
encontrar que daquele
nanasúplica
súplicaera a escravidão,;
daquele escravo,
escravo, como
gra
gafa-
vada nas
nas folhas
folhasperdidas
perdidas dada infância^
infância, os motivos
os motivos que que o levaram
o levaíam
a combater
combater tão
treinado do
•*. ■ ■:
tão fortemente
fortementea áiniquidade
dó psicanalista,
psicanalista,entretanto,
entretanto,duvida
' ■»*'
iniqüidadedadaescravidão.
escravidão.
duvidadede queque
O O
••■pf
olhar
olhar
a memória
a memória
seja a transcrição
transcrição literal
literaldas
dassensações
sensaçõesdodopassado.
passado^ Freud
Freud escre-
escre-
vera: “Nossas
“Nossasmemórias
memóriasdedeinfância
infâncianosnos mostramnossos
mostram nossos anos
anos
iniciais
iniciais não como eles
não como elesforam,
foram,mas
mascomo
comopareceram
pareceram emem períodos
períodos
posteriores,
posteriores, quando
quando as as memórias foram despertadas
memórias foram despertadas [...], _[elas]
[elas]
não emergem,
emergem, comocornoasaspessoas
pessoas costumam
costumam dizer,
dizer, elaselas
são são forma
forma-
das neste mom'ento”.2°
das neste momento”.20EE mais,
mais, na
na técnica
técnicaanalítica,
analítica,a arecordação
recordação
pode ser
ser encobridora
encobridoradedeoutra
outraexperiência
experiência emocional,
emocional, podepode
serser
substitutiva, podeter
substitutiva, pode terhavido
havidoumaumatransferência
transferência de de fragmentos
fragmentos
dé memória não
de memória não necessariamente
necessariamenteconectados
conectados unsuns
aosaos outros
outros ou ou
pode mesmo haver
pode mesmo haveruma umareconstituição
reconstituição no no presente
presente dasdas recorda
recorda-
ções do
do passado.
passado.
Neste passo Luiz
Neste passo Luiz Meyer
Meyer retoma
retoma osostextos
textos de
deNabuco
Nabucoquando,
quando,
no mesmo capítulo, recordando-se de suas sensações ao voltar a
no mesmo capítulo, recordando-se de suas sensações ao voltar a
40
4o
Massangaaâí
Massangana, diz: diz:“A“Anoite
noiteda da morte
morte de minha
de minha madrinha
madrinha é a cor-é á còr^
tma preta que
tina preta quesepara
separadodoresto restode de minha
minha vidavida
a cenaa cena
de minhade minha
infância” Descrevea alamentação
infância'í Descreve lamentaçãodedetodos. todos. Escravos,
Escravos, libertos,
libertos,
moradores,
moradores, para paradizer
dizerque-“era
que “era uma uma
cenacena de naufrágio;
de naufrágio; todo este
todo este
pequeno mundo,taltalquai
pequeno mundo, qualsese havia
havia formado
formado durante
durante duasduas ou trêsou três
gerações
gfrações em em torno
tornodaquele
daquelecentro,centro,não não existia
existia mais mais
depoisdepois
dela:dela:
seu último
último suspiro
suspiroO otinha
tinhafeito
feito quebrar-se
quebrar-se em em pedaços
pedaços”.3'-”.2-
Em seguida,
seguida,diante
diantedodoque que aconteceria
aconteceria comcom os escravos,
os escravos, pro- pro
clama:
clama: “a “amudança
mudantçade de senhor
senhor era era
o que o quemaismaisterrívelterrível
havia na havia na
escravidão”
escravidão°Í. Observação estranha, uma
Observação estranha, umavez vezque
queem emsisiaaescravidão
escravidão
era terrível
terrível como
como eleelepróprio
próprioa adescrevera.
descrevera. E acrescenta,
E acrescenta, refeán-
refesin-
do-se aa seu
seu próprio
própriosentimento:
sentimento;“O"Oque que maismaismeme pesava
pesava era ter
era ter
que meme separar
separardos dosque quetinham
tinhamprotegido
protegido minha
minha infância,
infância, dos dos
que meme:serviram
serviramcom coma dedicação
a dedicação queque tinham
tinham porporminha minhamadri~madri
nha, ee sobretudo
nha, sobretudoentre entreeleselesososescravos
escravos quequeliteralmente
literalmente sonha‹ sonha
vam pertencer-me
pertencer-medepois depoisde1a”.2'2
dela
”.22
Ocorre que nem nem osos supostos
supostossonhos sonhosdosdos escravos
escravos nemnem os os
de Nabuco
Nabucoseserealizaram:
realizaram:eleele herdou
herdou umauma casacasa no Recife
no Recife e outrãse outrás
terras, de fogo
terras, de fogomorto,
morto,isto istoé, é,
semsem escravos,
escravos, e Massangana
e Massangana passou, passou,
por sucessão,
sucessão,para paraum umsobrinho
sobrinhodada proprietária.
proprietária. NãoNão só ossóescra-
os escra
vos
vos “perdia
“perdiam” m”sua
sua ama,
ama,comocomoNabuco
Nabucoperdia,
perdia,nono mesmoinstante,
mesmo instante,
sua mãe
mãe adotiva,
adotiva,que queo chamava
o chamava emem cartacarta
a seua pai,
seu opai, o conselheiro
conselheiro
Nabuco, de
Nabuco, de “meu
“meu filhinho”,
filhinho”,bem bemcomocomoperdia
perdiaoopecúlio
pecúlioque queestava
estava
sendo acumuladopela
sendo acumulado pelamadrinha
madrinhapara para eleele e que
e que jamais
jamais chegou
chegou- a a
suas mãos.Os
suas mãos. Osservidores
servidoresantigos,
antigos,
diz,diz, consideravam-rio
con-sideravarn-no herdeiroherdeiro
presuntivo
presuntivo de de tudo,
tudo,e equem quemsabe sabe a criança
a criança semideserdada,
semideserdada, que que
perdera aquelalque
aquel#que considerava
considerava sua sua“mãe.”,
“mãe*1,também
também sesesentissesentisse
presuntivamente
presuntivamente um umsenhor.
senhor, NãoNão foram
foram só ossóescravos
os escravos que para
que para-
ram
ram em mãos de
em mãos deestranhos:
estranhos:também também ele ele
foi foi viver,
viver, aos anos,
aos oito oito anos,
com umauma familia
famíliaaté atéentão
entãoestranha,
estranha, com comtodastodas as dificuldades
as dificuldades
iniciais de
iniciais derelacionamento
relacionamentocom
coma mãe biológica,
a mãe como
biológica, descrevem
como descrevem
seus biógrafos. •

41
41
Este quadro dêdeperdas
Este quadro perdasprovavelmente
provavelmente consolidou
consolidou mais mais
a a
identificação
identiñcação dedeNabuco
Nabucocom comos os escravos
escravos do que
do que a súplica
a súplica do do
negro que
que queria
queriaser
sercomprado
comprado porpor Massangana,
lviassangana, e nutriu
e nutriu nele nele
a a
visão dainiquidade
visão da iniqüidadededeumum sistema
sistema de propriedade
de propriedade baseadobaseado
na es-na es
cravidão. Eranecessária uma
cravidão. Era umaalforría
alforriamais
maisgeral:
geral: dos
dosescravos,
escravos,dos
dos
senhores, dosdeserdados,
senhores, dos deserdados, dosdos libertos
libertos e dos
e dos homens
homens livres,
livres, todostodos
irnersos no mesmo mundo da escravidão; Assim, a despeito do
imersos no mesmo mundo da escravidão. Assim, a despeito do
episódio queNabuco
episódio que Nabucomencionou
mencionou como
como o fator
o fator decisivo
decisivo parapara
dar- dar-
-lhe
-.lhe força moral na luta
moral na luta pela
pelaAbolição,
Abolição,foifoi sua
suaprópria
própriaexperiência
experiência
existencial, deperdas
existencial, de perdassentimentais
sentimentais e materiais,
e materiais, que que
o fezoperceber
fez perceber
os horrores
horroresdadaescravidão
escravidãodede modo
modo integral.
integral. A partir
A partir daí pôde
daí pode or- or
ganizar
ganizar umumprojeto
projetodedevida
vidaque,
que, se teve
se teve nas nas experiências
experiências seminais
seminais
da infância um
um impulso
impulso motivador,
motivador,não nãoseseexplica
explicasósó
porpor isso,
isso, masams
pelos condicionamentosdadasociedade,
pelos condicionamentos sociedade, porpor
suassuas opções
opções e pore seu
por seu
empenho em mudar as coisas. Foram suas reações diante da vida
empenho
que em mudar
tornaram
0o tornaram as coisas.social,
umreformador
um reformador Foram
social,nãosuas
não reações
apenas
apenas asdiante da vida
experiências
as experiências
infância,embora
de infância, emboraessas,
essas,taltalcomo
como guardadas
guardadas em em sua memória,
sua memória,
tivessem
tivessem sidosidomarcantes
marcantespara
para a formação
a formação de sua
de sua personalidade
personalidadë'Í
Dai por diante
Daí por dianteaarevolta
revoltacontra
contra tudo
tudo queque a escravidão
a escravidão repre
repre-
sentava
sentava se seinstaurara
instaurarananaalma
alma de de Joaquim
Ioaquim Nabuco.
Nabuco. Seu Seu compor
compor-
tamento adulto,mesmo
tamento adulto, mesmosendo
sendoconsiderado
considerado umum dândi,
dândi, quasequase
um um
estroina
estroina (em(em viagem
viagemà àEuropa
Europa logo
logo no no início
início da vida
da vida de solteiro,
de solteiro,
torrou
torrou oo dinheiro
dinheiroobtido
obtidopela
pelavenda venda da da pequena
pequena herança
herança recebi
recebi-
da), sua
sua ambiguidade
ambigüidadecomo comohomem homem “entre
“entre doisdois mundos”
mundos” - tão — tão
bem apreciada
apreciadano noensaio
ensaiodedeIoão João Cezar
Cezar de de Castro
Castro RochaRocha
sobresobre
Nabuco,
Nabuco, como como umumintelectual
intelectualentre entre culturas,
culturas, em em
que que retoma
retoma as as
interpretações seminaisdedeSilviano
interpretações seminais Silviano Santiago—,
Santiago -, nada nada disso
disso obs-obs-
curece
curece aa dedicação
dedicaçãoquequedevotou
devotou à libertação
à libertação dosdos escravos:
escravos: dedi-dedi
cou dez
dez preciosos
preciososanos
anosà àluta
lutaabolicionista.
abolicionista. Inflamou-se
Inf1amon~se como como
orador, ganhoueeperdeu
orador, ganhou perdeueleições,
eleições, imiscuiu-se
imiscuiu-se nos nós meandros
meandros do do
poder monárquico-patriarcal,
monárquico-patriarcal,mas masfoifoifielfiel
ao ao sentimento
sentimento básico
básico
Horrorààescravidão.
de horror escravidão.

42
42.
VOCAÇÃO
voCA.ÇÃo PARÁ
Pam Ait POXÍTÍCA?
POLÍTICA?

Que sentido tem,


Que sentido temidiante
diantedede comportamento
comportamento tão tão ativo
ativo na na
vida pública,escaraftmchar
vida pública, escarafuncharsuassuas hesitações
hesitações entreentre dedicar-se
dedicar-se às às
letras
-letras (e(e oo fez
fezcom
comsucesso)
sacesso) e dedicar-se
e dedicar-se à política?
à política? £ verdade
É verdade
que, paraNabuco,
que, para Nabuco,politica,
política, como
como já disse,
já disse, sempre
sempre foi uma
foi uma entre-entre
ga “à causa'Í Esta podia variar, do abolicionismo à monarquia,
ga “à causa” Esta podia variar, do abolicionismo à monarquia,
ou mesmo,jájámaduro
ou mesmo, maduroe aceitando
e aceitando os "fatos
os “fatos da vida”,
da vida”, à república
à república

- que não apreciava
que não apreciava-,—>ouou ao ao pan-americanismo,
pan-americanismo, pelopelo
qualqual
se se
entusiasmou quandoembaixador
entusiasmou quando embaixador emem Washington.
Washington. NãoNão o fasci
0 fasci-
navam
navam oodiadiaa adia
diados
dos conchavos,
conchavos, as querelas
as querelas internas
internas de partido,
de partido,
os
os controles oligárquieos do poder.
controles oligárquicos poder. Podia
Podiadeles
delessesebeneficiar,
beneficiar,mas,
mas,
atuando comopersonagem
atuando como personagem na na
cenacena pública,
pública, concentrava
concentrava todo otodo o
seu espíritoe esua
seu espírito suaenergia
energia na defesa
na defesa de ideais:
de ideais: “Esse “Esse gozo especial
gozo especial
do político na luta dos partidos não 0 conheci; procurei na polí-
do político na luta dos partidos não o conheci; procurei na polí
tica oo lado
ladomoral,
moral,irnagi_nei~a
imagpinei-aumauma espécie
espécie de cavalaria
de cavalaria moderna,moderna,
a cavalaria andantedos
cavalaria andante dos princípios
princípios e das
e das reformas;
reformas; tive em‹:›%
tive nela nela émoi
ções
ções dede tribuna,
tribuna,por
porvezes
vezesde de popularidade,
popularidade, mas mas não passei
não passei daí: daí:
do Iimiar”.”
limiar” 23
Não foram poucos
Não foram poucosososcríticos
críticosque
que ressaltaram
ressaltaram sua sua "predile
“predile-
ção para
para ooestético”,
estético”,atéaté para
para o diletantismo,
o diletantisrno. José José Veríssimo,
Veríssimo, em em
crítica
crítica àà primeira
primeiraedição
ediçaodede formação, considerava
Minha formação> considerava que que
“a ocupação da atividade política [de Nabuco] tomará sempre o
“a ocupação da atividade política [de Nabuco] tomará sempre o
aspecto
aspecto de deum
umtematemaestético
estético e literário,
e literário, de um
de um exercício
exercicio intelec
intelec-
tual ”,24O próprio
tua1”.2“* próprioNabuco
Nabucoemem vários
vários escritos
escritos e correspondências
e correspondências
demonstrou su^inaptidão
demonstrou suginaptidão para
para as rusgas
as rusgas do combate
do combate político
político co- co
tidiano.
tidiano. jáJáno
nofirn
fimdadavida'
vida escreveu
escreveu que que "lutas
“lutas de partidos,
de partidos, meet-
meet*
ings populares,
ings sessões
populares, sessões agitadas
agitadas da Câmara,
da Câmara, tiradas
tiradas de oratória,
de oratória,
tudo issome
tudo isso meparecia
pareciapertencer
pertencer à idade
à idade da cavalaria
da cavalariaffi”.25
Olhando
Olhando de deoutra
outraperspectiva,
perspectiva, só só
na na aparência
aparência Nabuco
E\`abu'co se se
dístancíara dos
distanciara dossentimentos
sentimentosda da
juventude que que
juventude revelaram uma uma
revelavam

43
43
permanente ambigüidadeentre
permanente ambigu-idade entrea apolítica
políticae oe estético.
o estético.
Ao Ao
fazerfazer
sua primeirá viagem
sua primeira viagemà àEuropa,
Europa, disse
disse quequeela ela
teveteve o efeito
o efeito de “sus
de “sus-
pender durante urn
pender durante um ano,
ano,inteiramente,
inteiramente*a afaculdade
faculdade política
política que,
que,
uma vez
vez suspensa,
suspensa,parada,
parada,está estáquebrada
quebradae nãovolta
e não volta máis
mais a ser
a ser a a
mola principal do
do 'espírito'Í2“
espírito”20Em seguida,
seguida, nãonãoobstante,
obstante,reconhe-
reconhe
ce que: “Apesar
“Apesar de
detudo,
tudo, eu
eutinha
tinha faculdades
faculdadespolíticas
políticasínapa-gáveis,
inapagáveis,
que poderiam, quando muito, ficar secundárias, subordinadas à
que poderiam,
atração puramente
puramente quando muito,
intelectual
intelectual??^27ficar secundárias, subordinadas à
Disposições secundárias,cinzas
Disposições. secundárias, cinzasnonobraseiro,
braseiro,masmas nãonão extin
extin-
tas. Era
Era sósó soprar
sopraroovento
ventodedeum umideal,
ideal,e aevelha
a velha paixão,
paixão, embebida
embebida
toda ela
ela de
de visão
visãointelectual,
intelectual,reacendia
reacendiaa chama,
a chama, como
como já dito,
já dito, no no
caso do abolicionismo,
abolicionismo, na nadefesa
defesadodoespírito
espiritodedemoderação,
moderação, na na
nostalgia monárquica
monárquica ou ou na
navisão
visãoâéK
de_ um Brasil
Brasil ativo
ativo nonohemis~
hemis
fério americano.
americano. Como se sejogou às às lutas
lutas emem momentos
momentos especiais
especiais
que tinham
tinham sentido
sentido mais maisprofundo
profundododoque queasasquerelas
querelas dodo poáer
poder I

pelo poder,
poder, dizdiz ele,
ele,“não
“nãotrouxe:
trouxedada f>ólítica
política nenhuma
nenhuma decepçã^,
decepçãp,
nenhum amargor, nenhum ressentímentdíz*
ressentimento” 28
Vendo
Vendo no no pai
paioosuprassumo
suprassumodasdas virtudes
virtudes do do estadista,
estadista, resu-resu-
miu, depois
depois dede èscríto
escritoseu seugrande
grandelivro,
livro,
nonoqueque consistem
consistem elas:elas:
1!

“Essa
“Essa eraera aasua
suaqualidade
qualidadeprincipal
principalde de político:
político: adaptar
adaptar os meios
os meios
aos fins
fins e não
não deixar
deixarpericlitar
periclitaroointeresse
interessesocial
socialmaior
maiorpor porcausa
causade de
uma doutrina ou de de uma aspiração”.29Ou seja, aa política requer,
uma a-spiração”.” requer,aoao
mesmo tempo,
tempo, um um ideal
idealque
quesubordine
subordineosos meios
meios utilizados
utilizados parapara
alcança-lo ee um
alcança-lo um realismo
realismoque quecoloque
coloque“O“ointeresse social
interesse maior”
social maior”
como salvaguarda diantedos
salvaguarda diante dos fundamentalismos,
fundamentalismos, os quais
os quais o hor
o hor~
rorizavam.
rorizavam. AÁboa política,
política,para
para Nabuco,
Nabuco,seria
seriasempre
sempreincompatível
incompatível
com o fanatismo, istoé,é,com
fanatismo, isto coma aintolerância,
intolerância,qualquer
qualquerqueque fosse.
fosse.
Nabuco foi, sim,
Nabuco foi, sim,político
políticoa avida
vidatoda,
toda,nonomodo
modoparticular
particular
como concebia aa açãoaçaopolítica,
política,como
comoumaumaaçãoaçãoque
queliga
liga o poder
o poder
ao espírito por
por intermédio
intermédiodos dosideais
ideaispropostos.
propostos. Esteticamente,
Esteticamente,
concedamos oo qualificativo,
qualificativo,é éverdade,
verdade, se se apresentava
apresentava à cena
à cena das das
lutas empunhando floretes, mais do que armas de gladiadores.
lutas empunhando floretes, máis do que armas de gladiadores.
44
44
AMBIGÜIDADES e NABUCO
AMBIGUIDAÍDES dDE NABUCO

Poderá alguémtertersido
Poderá alguém sido
tãotão radicalmente
radicalmente abolicionista,
abolicionista, ter ter
pregado;
pregado a aigualdade
igualdade; de todos
de todos peranteperante
a lei e aaoleimesmo
e ao mesmo
tempo tertempo ter
mantido condutainegavelmente
mantido conduta inegavelmente “aristocratizante”
“aristocratízante” e termo-
e ter sido sido mo-
j^arquista,
iflarquista, dirão alguns de seus críticos?
críticos? Isso,
Isso, que talvez mostre in-
consequëncias e ambiguidades ideológicas e comportamentais, no
consequências e ambigüidades ideológicas e comportaméntáis, no
fondo
fundo éé oodrama
dramahumano
humanododo intelectual
intelectual que que participa
participa da política,
da política.,
ssee entrega
entrega aaela
elaememdados
dados momentos,
momentos, masmasnão não
querquer
perderperder
seus seus
valores nemsesedeixar
valores nem deixarengolfar
engolfaremem posições
posições que que possam
possam ser con
ser con-
trárias ao interesse
trarías ao interessesocial
social maior.
maior. NoNocasocaso de Nabuco,
de Nabuco, o que oniaís
que niais
diretamente contavaemem
diretamente contava seu-seu espirito
espírito — seu
_ seu interesse
interesse social social
maior maior
›- eram seus sentimentos
eram seus sentimentosdemocráticos,
democráticos, transparentes
transparentes na luta
na luta
: contra
contraaaescravidão,
escravidão, menos
menos claros
claros em em outros
outros momentos
momentos da vida.
da vida.
Quem sabe se antevendo a critica futura, Nabuco deixou
Quem sabe se antevendo a crítica futura, Nabuco deixou
registrado
registrado em emseus
seusPPensamentos que “näo
soltos que
ensamentos soltos “nãoé épossivel
possível expri
expri-
mir senão
senãolados
ladosdodopensamento,
pensamento, o pensamento,
o pensamento, emconjunto,
em seu seu conjunto,
retira-se, mal percebe
retira-se, mal percebeque queo oquerem
queremprender”.3°
prender
”,*0Horrorizava-O,
Horrorízazva-0,
portanto, umenfoque
portanto. urn enfoquetotalizador
totaíizador dodo pensamento,
pensamento, de todo
de todo o pen
0 pen-
samento, quantomais
samento, quanto maisnonócaso
casododo pensamento
pensamento político.
político. Repudia
Repudia-
va uma
uma visão
visãoque
quetornasse
tornasse unívoca
unívoca a relação
a relação entreentre
o modo o modo
de de
viver
viver ee0ofazer
fazerdadapolítica.
política. Talvez
Talvez antevisse
antevisse nisso nisso
germens germens
do que do que
veio a ser,o totalitarismo moderno, no qual o partido regula a
veio a ser,o totalitarismo moderno, no quai o partido regula a
ação dapessoa
ação da pessoaememtoda
toda parte,
parte, no no trabalho,
trabalho, na vida,
na vida, no lazer.
no lazer.
Nabuco exerceuampla
Nabuco exerceu amplainfluência
influência nos
nosmovimentos
movimentoseecírculos
círculos
de poderde
de poder desua
su&época
época e continua
e continua a exercer.
a exercer. Na evolução
Na evolução de suasde suas
crenças, Nabucofoi
crenças, Nabuco foiprimeiro
primeirorepublicano,
republicano, à sua
à sua maneira,
maneira, depois
depois
monárquico,
monarquico, ooquequenão
nãoo oimpediu
impediu de de servir
servir ao governo
ao governo CamposCampos;
Sales. Oportunismoououdevoção
Sales. Oportunismo devoção a "causas
a “causas maiores”?
maiores”? QuemQuemsabe sabe
se desde
desdeasasexperiências
experiências de de infância
infância — quando
-- quando se sentia
se sentia “senhor-
“senhor~
zi-n-ho” e abominou a escravidão _ 0 que alguns Chamariam de
zinho” e abominou a escravidão —
- o que alguns cham
ariam de
45
45
contradições
contradições eeoutros
outrosdedecondição
condição humana
humana já permeassem
já p-errneassem a vidaa vida
de nosso homenageado?
de nosso homenageado?Viveu Viveu sempre
sempre envolvido
envolvido por dilemas,
por dilemas,
que não eram
que não erampsicológicos
psicológicosapenas,
apenas,nemnem de incoerência
de incoerência pessoal,
pessoal,
mas decorriamdadatrama
mas decorriam tramasocial
social
em emqueque estava
estava envolto.
envolto. AindaAinda
as- as
sim» Nabucoteria
sim, Nabuco teriapodido
podido sustentar
sustentar sinceramente
sinceramente valores
valores “demo- “demo
cráticos*
cráticos” aaponto
pontodedeconsiderar
considerar os os negros
negros como como iguais
iguais e desejar
e desejar
dar-lhes voznanavida
dar-lhes voz vidanacional?
nacional?.
Se cabe algum
Se cabe algumparalelo
paraleloparapara entender
entender Joaquim
Joaquim Nabuco*
Nabuco, é é
com Tocqueville.Este,
com Tocqueville. Este,nobre
nobrede de antiga
antiga cepa,cepa, aristocrata
aristocrata dos au
dos au-
tênticos, quandoasashierarquias
tênticos, quando hierarquias e privilégios
e privilégios se prendiam
se prendiam à posse
à posse
da terra eeaoaocontrole
da terra controledos dos homens
homens porpor intermédio
intermédio das das
maismais
dis- dis
tintas instituições,dadacorveiâ
tintas instituições, corveià a outras
a outras formas
formas de sujeição,
de sujeição, tam-tam
bém
bém sesesurpreendeu
surpreendeueefascirlou
fascinoucom
com aAmérica
a Américademocrática.
democrática.Mais Mais
tarde destrinchouasascausas
tarde destrinchou causasda da decadência
decadência do Antigo
do Antigo Regime,
Regirpe.
mostrando que,
mostrando que,além
alémdodojacobinismo
jacobinismo e dos ideais
e dos libertários
ideais e
libertários e
igualitários
igualitários dadaRevolução
Revolução de de 1789,'houve
'l789,`houve o cupim
o cupim da buroci*i-
da burocra-
cia centralizadoradodoreireiminando
cia centralizadora minando o poder
0 poder da antiga
da antiga classeclasse
dirie diri
gente, aa aristocracia.
aristocracia,Quem
Quem sabesabe para
paraNabuco
Nabuconãonfo teriam
teriamsidci
sidoosos
cafeicultores capitalistas,alguns
cafeícultores capitalistas, alguns deles
deles proprietários
proprietários de escravos,
de escravos,
que impediramque
que impediram quea aMonarquia
Monarquia se mantivesse
se mantivesse vigente,
vigente, apesarapesar
da Abolição,como
da Abolição, comogostaria
gostaria queque tivesse
tivesse ocorrido.
ocorrido. CornCom uma umadife- dife
rença: famosopor
rença: famoso porseus
seuslivros
livros
sobresobre América” e
A democracia na Américan
sobre O OAntigo
Antigo Regime
Regime ee aa Revolução, Tocqueville era entranhada-
Revolução, Tocqueville
sobre era entranhada-
mente um conservador e subsidiariamente
mente um conservador e subsidiariamente um liberal, um liberal, enquanto
enquanto
Nabuco
Nabuco era eramais
maisdedeestilo
estilo liberal-conservador,
liberal-conservador, aindaainda que tivesse
que tivesse
escrito em suas
escrito em suasmemórias,
memórias,referindo»se
referindo-se à fase
à fase inicial
inicial devida,
de sua sua vida,
que nãohavia
que não havianada
nadanele
nele queque pudesse
pudesse tisnartisnar seu liberalismo
seu liberalismo com com
traços detradicionalisrno.
tr-aços de tradicionalismo.
Não passaramdesapercebidas
Não passaram desapercebidas a alguns
a alguns do-s dos comentadores
comentadores
das ideiasdedeJoaquim
das ideias JoaquimNabuco
Nabuco as coincidências
as coincidências entreentre os dois
os dois au» au
toras, um falando sobre a primeira metade do século xlx., outro,
tores, um falando sobre a primeira metade do século xix, outro,
sobre
sobre aa segunda
segundae esobre
sobreos os primórdios
primórdios do século
do século xx. Éxx.
noÊlivro
no livro

46
de Vamireh Chacon sobre
Vamireh Chacon sobreJoaquim
joaquim Nabuco: revolucionário
r'e1/olurío-mírio comer*
conser-
que se
vador que $e encontram
encontramreferências
referênciascomparativas
comparativas mais
mais explícitas
explícitas
entre osdois
entre os doispensadores.
pensadores* Embora
Embora reconhecendo
reconhecendo queque Nabuco
Nabuco não não
se refereaaTocqueville
se refere Tocqueviileem emMinha
Minho form àção ee oo faz
formação fazapenas
apenasquan-
quan
do biografa seu
do biografa seu pai,
pai,ooautor
autorestá
estáconvencido
convencido de dê
queque houve
houve um um
diálogo intelectualdireto
diálogo intelectual diretoentre
entreososdois.
dois, Fernand
Fernand Braudel,
Braudel, prefa
prefa-
ciando outro livro de Tocqueville, Lembranças de 1848,33 diz que
ciando outro livro de Tocqueviile, lembranças de 1848?2 diz que
%“a política interessabem
política interessa bemmenos
menosa Tocqueville
a Tocqueviile do que
do que a sociedade,
a sociedade,
sociedade
sociedade que queem emseuseuconjunto
conjuntoeleele percebe
percebe como como umauma realidade
realidade
subjacente
subjacente àà realidade
realidadepolítica,
política,como
comofundamento
fundamento da davidavida
polí~polí
tica”, Tocqueviilelamenta
-tica”. Tocqueville lamentaque,que,depois
depois
da da restauração
restauração monárqui
monarqui-
ca
ca dos Bourbon, tenha
dos Bourbon, tenha ocorrido
ocorridooo“triunfo
“triunfodadaclasse
classe média”
média” (da(da
burguesia) graçasà àRevolução
burguesia) graças Revoluçãodede 1830,
1830, quequelevoulevou ao trono
ao trono Luís Luís
Filipe, príncipedo
Filipe, príncipe doramo
ramodosdosOrleans,
Orléans,querquer dizer,
dizer, descendente
descendente do do
irmão de de Luís
Luísxrv
xiv eenão
nãodiretamente
diretamentedede LuísLuís
xvm, xviii, derrubado
derrubado
precisamente
precisamente em 1830. 1830. Diz
Diz que
que lamenta
lamentatal taltriunfo
triunfo porque
porqueaanova nova
classe dominantetinha
classe dominante tinhaumumespírito
espíritoativo,
ativo, industrioso
industríoso e ttfrequen-|
e “frequerrq
temente desonesto”.A ÀRevolução
temente desonesto”. Revolução de de 1848,
1848, que,que* porvez,
por sua suades-t
vez, des-f
tituiu Luís Filipe,
tituiu Luís Filipe,decorreu
decorreunão nãosósódesses
desses vícios
vícios que que derivavam
derivavam
dos “instintos
“instintosnaturais
naturaisdadaclasse
classe dominante”
dominantefl masmas do fato
do fato de q*ie
de que
o0 rei reforçou tais
rei reforçou taisvícios
víciose esesetornou
tornounono “acidente”
“acidente” queque os trans
os trans-
formou em em enfermidade
enfermidademortal.
mortal.Por Portrás
trásdadacrítica
críticasociológica
sociológica
à dominação
dominação da daburguesia
burguesiae àe indulgência
à indulgência do dorei, rei,
surgesurge o aristo
0 aristo-
crata arraigado
crata arraigadoààantiga
antigaordem,
ordem, a despeito
a despeitode ser
de oservisionário da da
o visionário
nova.
nova. OsOsabusos
abusose eirresponsabilidacles
irresponsabilidades da aristocracia
da aristocracia e, agora,
e, agora, da da
burguesia,
burguesia, suasuafalência
falênciacomo
comoclasse
classe dirigente,
dirigente, fazem
fazem nossonosso
autorautor
sentir saudades
saudadesda...
4a..,Inglaterra.
Inglaterra.Esta,
Esta,dizdiz
ele,ele,
“é o“éúnico
o único
paíspaís
do do
mundo
mundo ondeonde aaaristocracia
aristocraciacontinua
continuaa governar°Í
a governar”
ÊE nao foi também
não foi também aa Inglaterra
InglaterracomcomsuasuaConstituição
Constituição nãonão
escrita que confirmou
escrita que confirmouaainclinação
inclinaçãodedeNabuco
Nabuco pela
pela monarquia?
monarquia?
Mas háhá importantes
importantesdiferenças
diferençasdedenuances
nuances entre
entre Tocqueviile
Tocqueville e e
Nabuco. Por mais que o pendor tradicionalísta deste último o
Nabuco. Por mais que o pendor tradicionalista deste último o
47
levasse
levasse àà paixão
paixão monárquica,
monárquica,aoaotomar
tomara aInglaterra
Inglaterracomo
comoexem~
exem-
pio
plo não sese entusiasma, como Tocqueville,
entusíasma, como Tocqueville,pela
pelapermanência
permanênciadada
aristocracia no poder, mas pela
poder, mas pelafunção
funçãoigualadora
igualadoradodoIudiciário
judiciário
inglês. Justifica ter deixado
lustifica o ter deixado oo ideal
idealrepublicano
republicanodedejuventude
juventude
pela descoberta, na maturidade, de de que
que havia
havia nele,
nele, mesmo
mesmoquan-quan
do sincero, muito dede ressentimento
ressentimentodasdasposições
posiçõesalheias,
alheias,
de de inve-
inve-
ja, de cujos sentimentos parte também o impulso revolucionário,
ja,
quedenunca
cujos osentimentos
entusiasmou.
entusiasmou.parte também
Foi
Foi o impulso
oocontágio
contágio comoorevolucionário,
com espíritoingles,
espírito inglês,
diz ele, que
que oo levou
levou aaidentificar~se
identificar-secom coma amonarquia.
monarquia.Entretan-
Entretan
to, enquanto Tocqueville apreciavaa adominação
Tocqueville apreciava dominaçãoaristocrática,
aristocrática,
Nabuco achava que que “só
“sóhá.,
há,inabalável
inabalávele permanente,
e permanente, umum grande
grande
país livre no
no mundo”,
mundo”,aaInglaterra.
Inglaterra.Nela
Nelao oquequelhelhe deixou
deixou a mais
a mais
fonda
funda impressão não não foi
foi aa aristocracia,
aristocracia, mas
masaâautoridade
autoridade dosdos juí~
jui
zes, além
além da
da efetividade
efetividadedadaCâmara
Câmara dosdos Comuns,
Comuns, sensível
sensível às mais
às mais
ligeiras oscilações do sentimento público. 6
ligeiras
D
Diráoscilações
irá em Minha doform
sentimento
Mínhaformação:
ação: público.
H e»
9

Somente
Somente na naInglaterra,
Inglaterra, pode-sê
pode-se dizerdizer
que háque há [...l
juízes juizes [...]ffmsò há um
só há
país
país nono mundo
mundoem emque
queoojuiz
juizé émais
maisforte
fortedodoquequeosos poderosos.
poderosos. O O **
juiz sobreleva à família, à aristocracia, ao dinheiro, e, o que é mais
que tudo,aos
que tudo, aospartidos,
partidos, à imprensa,
à imprensa, à opinião
à opinião; não temj não tem o primeiro
o primeiro
lugar no no estado,
estado,masmastem-no
tçm-nonanasociedade.
sociedade, [„.]OOmarques
[...} marquês de d eSa-5a~
lisbury
li-sbury eeo0duque
duquedede Westminster
Westminster estãoestão
certoscertos que do
que diante diante
juiz do juiz
são iguais
iguaisao
aomais
maishumilde
humildededêsuasuacriadagem
criadagem l...]. OOsentimento
sentimento dede
igualdade
igualdade dede direitos,
direitos, oupessoa,
ou de de pessoa,
na maisnaextrema
mais extrema desigualdade
desigualdade
de fortunae econdição,
de fortuna condição, é o éfundo
o fondo da dignidade
da dignidade anglo-saxônia.33
anglo-saxônia.”

TocouevzueE ENABUCO:
TOCQUÈVILLE naaucozCONSERVADORES?
consanvaoonas?

Um verdadeiro conservador,Tocqueville,
verdadeiro conservador, Tocqueville, pelo
pelo contrário,
contrário, ex-ex
plicitava ostensiva, orgulhosamente,seu
ostensiva, orgulhosamente, seuantijacobinisrno,
aatijacobinismo,antif-
antir-

48
48
republicanismo, mesmoantiorleanismo
republicanisrno, mesmo antiorleanismo (pois
(pois era era
maismais simpáti
simpáti-
co aos legitimistas)
co aos legitimisías)e era
era contrário
contrárioààímpostura
imposturadedeNapoleão
NapoleloIn. ni.
Nada dissoo oimpediu,
Nada disso impediu, eleito
eleito deputado
deputado em 1848,
em 1848, de observar
de observar com com
isenção
isenção oo que
quevivenzciou
vivenciou no no período
período revolucionário
revolucionário de pelas
de 1848 1848 pelas
ruas
mas dedeParis
Parise edede tomar
tomar posições
posições criticas
críticas diante
diante da monarquia,
da monarquia.
Mem tampoucodede
Npm tampouco servir
servir à república,
à república, depois
depois da queda
da queda de Luisde
Fi-Luís Fi
lipe e da derrota dos setores radicais responsáveis pela revolta de
lipe e da derrota
fevereiro dos setores radicais responsáveis pela revolta de
fevereiro dede1848,
1848,pouco
pouco a pouco
a pouoo expulsos
expulsos da cena
da cena pública,
pública, como como
Marx mostramelhor
Marx mostra melhordodoque que ninguém
ninguém no no Brumário,, análise
18 de Brumário análise
brilhante
brilhante que quemereceria
mereceriauma uma comparação
comparação cuidadosa
cuidadosa comcom o livro
o livro
de Tocquevillesobre
de Tocqueville sobre
os os mesmos
mesmos acontecimentos.
acontecimentos. Os legitimistas
Os legitimistas
tinham contraeles
tinham contra elesa aantipatia
antipatia da da maioria
maioria do país
do país e o desprezo
e o desprezo
do povo,enquanto
do povo, enquantoososorleanistas
orleanistas despertavam
despertavam a hostilidade
a hostilidade nas nas
próprias classessuperiores
próprias classes superiores e no e no clero,
clero, alémalém de estarem
de estarem separados
separados
do povoeededenada
do povo nada haver
haver para para garantir
garantir o triunfo
o triunfo destadesta dinastia.
dinastia. O O
ódio
ódio quequeosostrês
trêspartidos
partidos(os(os legitimistas,
legitimistas, os orleanistas
os orleanistas e os repu
e os repu-
blicanos) nutriamentre
blicanos) nutriam entresi sie ae impossibilidade
a impossibilidade de formar-se
de formar-se uma uma
maioria levaramTocqueville
maioria levaram Tocqueville a apoiar
a apoiar a república
a república após após o levantê
o levante
de 1848,dizendo,
de 1848, dizendo,não não obstante,
obstante, que:que:
“Não "Não acreditava
acreditava então,então,
como como
não acreditohoje,
não acredito hoje,que
queo ogoverno
governo republicano
republicano fossefosse
o maisò mais
apro-apro
priado
priado às àsnecessidades
necessidades da da França;
França; parapara
falarfalar
com com exatidão,
exatidão, o que o que
eu
eu entendo
entendo porporgoverno
governorepublicano
republicanoéé0opoder poderexecutivo
executivoeletivo'Í3**
eletivo” 34
Havia
Havia um umconsolo,
consolo,porém,
porém, para
para o autor:
o autor: a nova
a nova forma forma
de de
governo seriaexercida
governo se-ria exercida porpor quemquem "estava
“estava preparado
preparado para ocupar
para ocupar
o lugar
lugar da darepública,
república,porque
porque já tinha
já tinha o poder
”,35Luís
o _poder”,” Napoleao,
Luís Napoleão.
O voto
voto universal,
universal,acreditava
acreditava ele,ele, remexeria
remexería o de
0 pais país
Cimade 3cima
baixo,a baixo,
"sem trazer ààléz
“sem trazer Mzqualquer
qualquer homem
homem novonovoqueque merecesse
merecesse distin-
distin-
çãó ” 36 Às
ção”.3° assembleiaschegam'
Às assembleias chegam emem geral
geral os ‘‘homens
os “homens comuns”
comuns” e e
um pequeno
pequenogrupogrupodos dosmais
mais capazes,
capazes, os quais,
os quais, de qualquer
de qualquer ma- ma
neira,
neira, comcom ou ousem
semvotovotouniversal,
universal, teriam
teriam assento
assento na mesa
na mesa das das
decisões,
decisões. OOque quecontava
contavaparapara Tocqueville
Tocqueville era que:
era que: “não "não
são assão
leis as leis
em sisi mesmas
em mesmasque
quefazem o destino
fazem dos dos
o destino povos” ou que
povos” ouproduzem
que produzem
49
os grandesacontecimentos,
os grandes acontecimentos, masmassimsim “o espírito
“o espírito do governo”
do governo'Í Para Pára
ele
ele aa antiga
antigaaristocracia
aristocraciafrancesa
francesa eraera mais
mais esclarecida
esclarecida do aque a
do que
nova classemédia,
nova classe média,a burguesia,
a burguesia, era era
maismais
bem bem
dotadadotada de de
de esprit
esprir de
Corps.. Lainenta
corps Lamentaquequea aaristocracia
aristocracia tivesse
tivesse acabado
acabado por achar
por achar “que “que
era de
de bom
bomgosto
gostocensurar
censurar suas
suas próprias
próprias prerrogativas
prerrogativas e clamar
e clamar
contra
contra osos abusos
abusosdos
dosquais
quais vivia”
vivia? Quando
Quando esta esta
classeclasse
perdeuperdeu
a a
virtude, que
virtude, que corresponderia
corresponderiaa governar
a governar visando ao 'interesse
visando de de
ao interesse
todos, abriu espaço
todos, abriu espaçoparaparaa nova
a nova classe
classe dominante,
dominante, que, que»
por suapor sua
vez, sechafurdou
vez, se chafurdounanacorrupção
corrupção e nos
e nos negócios...
negócios... Foi que
Foi isso issojus-
qüe jus
tificou
tificou a escolha
escolhade deTocqueville:
Tocqueviile:melhor
melhorque queLuis
LuísNapoleão
Napoleão“ocu-
“ocu
pe oo lugar”
lugar”dadarepública
repúblicadodo
queque ter uma
ter uma verdadeira
verdadeira república
república com com
soberania popular.Tocqueville
soberania popular. Tocqueviile temia
temia a revolução,
a revolução, “um “um combate
combate
de classe`§
classe”,escreveu,
escreveu,“uma“uma espécie
espécie de guerra
de guerra servil”,3?
servil”,” que, maisque, mais’
do que
que alterar
alterara_forma
ajòrma de degoverno,
governo, queria
queria alterar
alterar a ordem
a ordem da so
daflso-
ciedade. Esta, na visão de um autêntico conservador, deveria ser
ciedade. Esta, na visão de um autêntico conservador, deveria ser >
preservada, aindaque
preservada, ainda queporpor subterfúgios,
subterfügios, golpes
golpes de Estado
de Estado e sinfu-
.e sinftt-
lacros deinovação
lacros de inovaçãonanaforma
formade de governo.
governo.
.: %■ if.

O SENTIMENTO DEMOCRÁTICO
O SENTIMENTO DEMOCRÁTICOEM
ÉMNABUCO
NABUCO

Nabuco, apesardedesuas
Nabuco, apesar suas contradições,
contradições, desentimentos
de ter ter sentimentos
in- ín
timos presos às tradições e a despeito de seu liberalismo não ter
timos
sido tãopresos
tão às tradições
completo
completo comoeleele
como e pensava,
a despeito
pensava, foideapenas
nãonão seuapenas
foi liberalismo não ter
abolicionista,
abolicionista,
mas tinha
tinha de
defato
fatouma
umavisão
visão democrática
democrática da sociedade.
da sociedade. Tocque-
Tocque-
ville, sendoum
ville, sendo umaristocrata
aristocrataassumido,
assumido,era, era,
nesteneste aspecto,
aspecto, o inte~o inte
lectual distante
distanteque,
que,embora
emboracompreendendo
compreendendo os novos
os novos tempos,
tempos,
pouca simpatia
simpatiademonstrava
demonstrava pelos
pelos atores
atores que que surgiam.
surgiam. Nabuco,Nabuco,
sendo
sendo umum membro
membrodadaelite
elite imperial
imperial nãonão completamente
completamente integra
integra-
do nela, maisfacilmente
nela, mais facilmentese se identificou
identificou comcom os novos
os novos atoresatores
que que
estavam surgindoH-—•os
estavam surgindo negros-cidadãos
os negros-cidadãos ¬- e *—que edeveriam
que deveriam
ter ter
peso nana formação
formaçãodadanacionalidade.
nacionalidade.

50
SO
Tdcqueville
Tocqueville seseapercebeu
apercebeudasdas mudanças
mudanças queque se avizinhavam
se avizinhavam
com oo advento
adventodada“era“eraamericana”,
americana” nosnos costumes,
costumes, na economia
na economia
ee na
na política,
política,aoaohaver
haverescrito
escritosobre
sobre
elaselas décadas
décadas antes
antes e mesmo
e mesmo
com maior profundidade
com maior profundidadee emenos
menosnostalgia
nostalgiado do
queque Nabuco.
Nabuco. NãoNão
podia nutrir nostalgia
podia nutrir nostalgiaporque
porquecontinuava
continuava a sentir-se
a sentir-se muito
muito bem bem
no papel de
no papel dearistocrata
aristocrataque
queentendia
entendiao oprocesso
processo social,
social, masmas tudo
tudo
fazia para que as forças novas não perturbassem o equilíbrio tra-
fazia para
dicional
dicional dasque
das as forças
coisas.
coisas. novas
Analisou
Analisou nãoninguém
como
como perturbassem
ninguém o equilíbrio
o porquê
o porquê da da tra
demo
demo-
cracia na
na América
América(o(o“espírito
"espíritodedeliberdadefi
liberdade” queque permitia
permitia a asso
a asso-
ciação daspessoas
ciação das pessoaspara pararealizar
realizar
finsfins coletivos
coletivos independentemente
independentemente
da autoridade,a areligiosidade
da autoridade, religiosidade agregadora
agregadora dosdos protestantes,
protestantes, a foij-
a forr
ça das com-unidades
ça das comunidadeslocais locaise eainda
aindaa liberdade
a liberdade de de imprensa).
imprensa). Em»Em-
seu íntimo, contudo,
seu íntimo, contudo,nuncanuncadeixou
deixoudedeserserumum homem
homem “do“do antigo
antigo
regime” Viananadernocraci-a
regi-me? Via democraciadede massas
massas o perigo
o perigo do autoritarismo,
do autoritarismo,
a igualdade induziriaa auma
igualdade índuziria umaforma
formadede tirania.
tirania. Ia Já Nabuco
Nabuco se irma
se irma-
nou intimamente
intimamente com com oo negro
negroeesesetornou
tornousimpático
simpáticoàsàscarac-carac
terísticas democráticasdadanova
terísticas democráticas novasociedade,
sociedade, embora
embora nunca
nunca tenha)
tenha?
aceitado
aceitado asasformas
formasrepublícanas
republicanasnonoBrasilBrasile tivesse
e tivesse confundido
confundido of of
“poder pessoal”dodoimperador,
“poder pessoal” Imperador, tãotão duramente
duramente criticado
criticado por por
Sér-Sér
gio Buarque,com
gio Buarque, comuma umaforma
formabranda
brandadedeexercer
exercer o Poder
0 Poder Mode
Mode-
rador e de
de provocar
provocaraa alternância
alternânciademocrática.
democrática.Deixou Deixou que queoolado
lado
tradicionalista
tradicionalista de desuasuaalma
almao oimpedisse
impedisse de de
ver ver a inconsistência
a inconsistência
que haviaem
que havia émsersertão
tãoradicalmente
radicalmenteabolicionista,
abolicionista,tãotãofavorável
favorável à à
integração do negro na cidadania, e venerar .a monarquia.
integração do negro na cidadanía> e venerar a monarquia.
Se aa visão
visão politica
políticadedeIoaquim
JoaquimNabuco
Nabuconãonão chegou
chegou a ser
a ser a a
de um
um revolucionário
revolucionáriopropriamente
propriamentedito, dito,embora
emboraconservador
conservador
(como no no títulofia
títuio^a obra citada
citada acima,
acima,ideia
ideiaextraída
extraídadedeGilberto
Gilberto
Freyre), ele foi
Freyre), ele foimuito
muitomais
maisdodoque quesimplesmente
simplesmente umum saudosis
saudosis-
ta ou
ou umum conservador.
conservador.Em EmTocqueville
Tocqueville se se
vê, vê* a despeito
a despeito de sua
de sua
criatividade intelectual,nonoque
criatividade intelectual, queconsiste
consisteumumverdadeiro
verdadeiro conser
conser-
vador: compreendeo osinal
vador: compreende sinaldos
dostempos
tempos masmasnaonão se comove
se comove comcom
eles; aceita-os sem adesão emocional e, se possivel, luta contra as
eles; aceita-os sem adesãó emocional e, se possível, luta contra as
551i
mudanças. Pode-seconcordar
mudanças. Pode-.se concordarcom com o comentário
o- comentário de Marco
de Marco Au- Au
rélio Nogueira
Nogueira que, que,em emseuseuO O encontro âe de Joaquim
Joaquim Nabuco
Nabuco com com
ao política> sublinha asasdificuldades
política, sublinha dificuldades para para sustentar
sustentar o liberalismo
o liberalismo
no Brasil, como Nabuco
Brasil, como Nabucofez. fez.NumNum paíspaís escravocrata
escravocrata não have
não have-
ria sujeitos
sujeitos sociais
sociaisque queapo-iassem
apoiassem ideiasidéias liberais.
liberais. A despeito
A despeito de de
nosso liberalismo
liberalismoser serfruto
frutodedeumum feixe feixe de “ideias
de “ideias fora doforalugar'Í.
do lugar”
oo autor
autor mostra
mostra que queeleeleacabou
acaboupor porse se ajustar
ajustar às realidades,
às realidades,fican-fican
do porpor isso
issomesmo
mesmoincompleto
incompleto ouou deformado.
deformado. SemSemnegarnegar
o queo que
de certo.
certo háhá nonoargumento,
argumento,não nãoháhá que que exagerá-lo.
exagera-lo. MarcoMarco Aurélio
Aurélio
Nogueira
Nogueira faz fazjustiça
justiçaa aNabuco,
Nabuco, mas masvai vaiumum tantotanto
longelonge ao quali
ao quali-
ficar
ficar oo liberalismo
liberalismododoimpério:
Império: "Liberalismo
“Liberalismo conservador,
conservador, elitista
elitista
e antipopular, tingidodedeautoritarismo,
antipopular, tingido autoritarismo, antidemocrático
antidemocrático e sem e sem
heroísmo
heroísrno”.” ”,38 -
Que havia
haviaalgo disso,é éinegável,
algo disso, inegável, mais
mais aindaainda na conduta
na conduta dos dos
pa rtidos. Nem
partidos. Nemnegonegoque quesesepossa
possa caracterizar
caracterizar Nabuco
Nabucocomocomolibef libe
ral- conservador» oo que,aIiás,
ral-conservador, que* aliás,venho
venhofazendo.
fazendo.Mas Masbasta
bastacompará-
compa#-
4-loo com um um verdadeiro
verdadeiroconservador,
conservador, como como Tocqueville,
Tocqueville,para páraverver
as diferenças.§eu
diferenças.^Seu liberalismo
liberalismo nãonãodevedeve ser visto
ser visto apenasapenas
como fiu- como fru
to da absorção
absorçãodedeideiasideiasforafora
do do lugar,
lugar, nemnem de um de vezo
um vezoretóricoretórico
ou como expressão
expressãoda da“cultura
“culturaornamental”
ornamental”de deintelectuais
intelectuaisque quesese
sentiam
sentiam entre entredois
doismundos.
mundos.Suas Suas convicções
convicções políticas
políticas derivaram
derivaram
de suas
suasobservações
observaçõesnana Inglaterra
Inglaterra e nose nos Estados
Estados Unidos
Unidos e também
e também
de sua
de sua preocupação
preocupaçãocom como “formar
o "formar a nação”
a nação” semsem
simplesmente
simplesmente
copiar as ás instituições
instituiçõesdedeoutros
outrospaíses.
países. Mesmo
Mesmo porque,
porque, advertira
advertira
Nabuco,
Nabuco, 0o maior maiorerroerroque quesese
podepode cometer
cometer em em política
política é ,
é copiar
copiar,
numa dada dadasociedade,
sociedade,instituições
instituições queque cresceram
cresceram em outra,
em outra.

O
O OLHAR
OLHAR DO EXTERIOR
DO EXTERIOR

Vejamos
Vejamos umumpouco
poucomais
maisnonopormenor
pormenor como
como Nabuco
Nabuco apre
apre-
ciou a experiência europeiae ae norte-americana.
experiência- europeia a norte-americana. Durante
Durante a pri-
a pri-

52
S2
nieira viagemà àFrança,
rneira viagem França* depois
depois da da quedaqueda de Napoleão
de Napoleão m, ainda
111, ainda
§e travavamlutas
ge travavam lutas para
para a consolidação
a consolidação da Terceira
da Terceira República.
República. Na- Na
buco diz comtodas.
diz com todas;asas letras:
letras: "Eu"‘Eu
era eracomo como político
político francamente
francamente
thierista, istoé,é,ememFrança
thierista, isto França dedefatofato republicano.
republicano. Isto Isto
não não
quer quer
di.- di
zer; porém»queque
zer, porém-, meme sentisse
sentisse republicano
republicano de princípio;
de princípio; pêlo con-
pelo con-
ti^río ”39 e passa
-¡f§zio'Í.” passaa ajustificar
justificarsua suaposição
posição dizendo,
dizendo, como como
disseradissera
Tocqueville, que
Tocqueviile, quea República
a República fora obra
fora de monarquistas.
obra de monarquistas. A forma A forma
de governonão
de governo hãoeraeraumauma questão
questão teórica,
teórica, masmas prática.
prática. Com Com isso isso
Nabuco justificavasersermonarquista
Nabuco jus-tificava mònarquista nasnas condições
condições do Brasil
do Brasil e re- e re
publicano
publicano na naFrança.
França.
Convém
Convém aclararaclararum umpouco
poucomais, mais,portanto,
portanto, no no queque consis
consis--
tiam
tiam asas ambiguidades
ambigüidadesdodo sentimento
sentimento republicano
republicano do Nabuco-
do Nabuco-
-francês,
-francês, que quetanto
tantoconfundiu
confundiuanalistas.
analistas de desuasuaobra:obra:0 e “senti-
“De senti
mento,
mento, de de temperamento,
temperamento,de de razão,
razão,eu eueraeratãotãoexaltado
exaltadopartidário
partidário
de Thierscomo
de Thíers comoqualquer
qualquerrepublicano
republicano francês;
francês; pelapela imaginação
imaginação
histórica
histórica eeestética
estéticaera eraporém
pòrém1egitimista“Í*°
legitimista *.40EE explica:
explica:“perante
'peranteo o
artista imperfeitoeeincompleto
artista imperfeito incompleto que que há háem emmim,mim,aafigurafiguradodoconde
condé
de Chambordrecluzia.
de Chambord reduziaa adedeThiersThiers a proporções
a proporções moralmente
moralmente in-_? in-f
significantes*.
significantes”.
Essa dualidade,francamente
Essa dualidade, francamente reçonhecida
reconhecida porporele, ele» não atin
não atin-
gia seusvalores
gia seus valorespolíticos,
políticos, nem nemmesmomesmo suassuas preferências
preferências quanto quanto
àã questão prática -
questão - prática —^das formas de
das formas degoverno.
governo.AAarnbiguidade
ambigüidade
Se restringiaa aque
se restringia queseuseu íntimo,
íntimo, seuseuladolado estético,
estético, era conservador.
era conservador.

Iá o lado público, político, não era tanto. Repugnava-o Repugnava-o toda for for-
ma de de fanatismo
fanatismoe efoifoinisso nissoque que apoiou
apoiou obra de
a obra deThiers,
Thiers,como como
Tocqueviile
Tocqueville apoiaraapoiaraa aRepública
República queque se seguiu
se seguiu à Monarquia
à Monarquia de de
Julho:
]ulho: ambas dd$truiram
destruíram os germens de intolerância e fanatismo
republicanos
republicanos que quevinham
vinhamdesde desde os os tempos
tempos jacobinos.
jacobinos. í>e novo,
De novo,
Nabuco
Nabuco era, era,sim,
sim,liberal,
liberal, sim,
sim, apoiava
apoiava correntes
correntes que que os verdadei
os verdadei-
ros conservadores abominavam, roçou o ser democrático. Seu
ros conservadores
republicanismo
republicanismo abominavam,
francês,
francês, porsuasua
por roçou
vez,vez, o contrapôs
nãonão
se ser democrático.
se contrapôs às Seu
nem nem às
“necessidades sociais”
“necessidades sociais” nem
nem ao ao
queque colhera
colhera do espírito
do espírito inglêsinglês
em em

53
53
sua formação:a atolerância,
sua formação; tolerância, a tendência
a tendência à conciliação.
à conciliação. O republi
O republi-
canismo
canismo que apoiava era
que apoiava eraaquele
aqueleque
quematava
matavaoojacobínisrno,
jacobinismo,como
como
ele próprio fez
ele próprio fezquando
quandose se opôs
opôs ao ao “florianismo”
“florianismo” no Brasil
no Brasil ou a ou a
Balmaceda,
Balmaceda, nonoChile.
Chile.
Que suas
suasambiguidades
ambigüidades nãonão excluíam
excluíam pensamentos
pensamentos e senti
e senti-
mentos democráticos, disso não me cabem dúvidas. No mesmo
mentos democráticos, disso não me cabem dúvidas. No mesmo
parágrafo
parágrafo em emque
quefazfazcomentário
comentário sobre
sobre a importância
a importância que dava
que dava
à Iustiça
Justiça inglesa
inglesapara
paraassegurar
assegurar a igualdade
a igualdade formalformal dos cidadãos
dos cidadãos
explica asrazoes
explica as razõespelas
pelas quais
quais naonão considerava
considerava os Estados
os Estados UnidosUnidos
o o
berço da
da liberdade
liberdadee esimsim a Inglaterra:
a Inglaterra:

os EstadosUnidos
os Estados Unidos sãogrande
são um um grande
pais, maspais, massem
há nele, há falar
nele,dasem falar da
sua justiça,dada
sua justiça, lei lei de Lynch,
de Lynch, que lheque
estálhe está nodassangue,
no sangue, das abstenções
abstenções
em massa
em massadadamelhor gente,gente,
melhor do desconceito em que caiu
do desconceito emaquepglíti-
caiu a políti-
ca, umapopulaçao
ca, uma população de 7de
Ú

7 milhões;,
milhoes,
lu

toda raçatoda raça


de cor dea cor
para qual para
a a qual a
.II

igualdade civil,
igualdade civil, a proteção
a proteção da lei,da
os léi, os direitos
direitos constitucionais,*§ão
constitucionaisššão
contínuas e perigosas
contínuas e perigosas ciladas.41
ciladas."“
. jÇfc v
H,

,
Fez uma crítica
Fez urna criticasubstantívamente
substantivamente democrática
democratica sobresobre a Ifbase*
a base
social estreita
estreitaememque queseseassentam
assentam as instituições
as instituições e desejava
e desejava am- am
pliá-la. Inversamente,pergunto
plia-la. Inversamente, pergunto eu, eu,
nãonão foi nos
foi nos Estados
Estados Unidos Unidos
que ocorreuaaprimeira
que ocorreu primeiragrande grande revolução
revolução democrática,
democrática, apesar apesar
da da
carência
carência de de base
basesocial,
social,e não e não
foi foi lá que
lá que surgiram
surgiram os defensores
os defensores
do individualismo
individualismoliberal?liberal? NãoNão é para
é para surpreender,
surpreender, portanto*
portanto, que que
Nabuco,
Nabuco, aadespeito
despeitodadabase base social
social precária
precária parapara o liberalismo
o liberalismo ou oü
para
para aa democracia
democracianonoBrasil Brasil escravocrata,
escravocrata, tenhatenha defendido
defendido ideiasideias
liberais»
liberais. Ou,Oú,também
também nosnos Estados
Estados Unidos,Unidos, ás ideias
as ideias estariam
estariam fora fora
de
de lugar?
lugar? v/"
--' ‘
Para justificarseu
Para justificar seupendor
pendor para
para 0o sistema monárquico,Na-
sistema rnonárquico, Na
buco recorreu
recorreuaos aosargumentos
argumentos -de de Bagehot
Bagehotfz ,42 autor queooinfluen-
autor -que influen
ciou desde
desdeaajuventude.
juventude. Entusiasmou-se
Entusiasmou-se comcom o sistema
o sistema britânico
britânico
porque
porque nele nele -existe,
existe,alémalémdada independência
independência do Judiciário,
do Judiciário, uma uma

54
fusão
fusao ee nao
não separaçao
separaçãoentre
entreosospoderes,
poderes,Assim,
Assim, taotão prontoumum
pronto
movjimento
movimento da dáopinião
opiniãopública
públicast
se refletisse na Câmara
refletisse na Câmara dos dos Co-
Co-
muns, o Gabinete perderia aa confiança
confiança da da maioria, oo Parlamento
Parlamento
seria dissolvidoeehaveria
seria dissolvido haverianovas
novase1eiçÕes.No
eleições. No Brasil,
Brasil, diversamente,
diversamente,
era
era oo imperador
imperador quem,
quem, na na suposta
suposta escuta
escutadadaopinião
opiniãonacional,
nacional,
dissolvia
dissolvia aa Câmara,
Câmara,formava
formavao onovonovogabinete
gabinetete este manipulava
este rnanípulava
oo resultado eleitoral.OOsistema
resultado eleitoral. sistemainglés
inglêspermitia
permitiamanter
mantera amonar-
monar-
quia e, também,
quia e, também, ouvir
ouvir oo povo
povonasnasdecisões.
decisões, Era
Era mais
mais democrático.
democrático.
À monarquia tornarase
A monarquia simbólica, politicamente
tornara-se simbólica, politicamente neutra,
neutra*parte
parte
da cultura
cultura nacional
nacional ee elemento
elementodedeagregação
agregaçãododopovo.povo.Seria,
Seria,
porpor
assim dizer, “o lado
lado estético do sistema
estético do sistema dede poder”
poder” que agradav----
que agradar/ai ao
íntimo artístico de Nabuco. Politicamente,
politicamente, contudo,
contudo, valorizava as as
regras democráticas,aaIustiça
regras democráticas, Justiçaindependente
independentee ea força
a forçadada
dadaà voz
à voz
direta
direta dodo povo,
povo. OO sentimento
sentimentoem emfavor
favordodoestilo
estiloinglês
inglêsdedegover-
gover-
nar se reforçou ainda mais com a experiência americana.
nar se reforçou ainda mais com a experiência americana.
Muitas décadas
décadas antes
antesde deNabuco
Nabucoescrever
escreversobre
sobreososEstados
Estados
Unidos, Tocquevillehavia
Unidos, Tocqueville haviasublinhado
sublinhadoo oavanço
avançoinexorável
inexoráveldodo
sentimento democrático
democrático nãonão sósónaquele
naquelepaís
paíscomo
comonanaEuropa.§E
Europa.fE
alertara: “A igualdade
aiertara: “A igualdade produz efetivamente
efetivamente duas
duas tendências:
tendências: uma
uma
leva
leva os homens diretamente
os homens diretamente àà independência
independência ee pode
pode impelilos
impeli-los àà
anarquia,
anarquia, ee outra
outra os
os conduz
conduz porpor caminho mais longo,
caminho mais longo,mais
maissecre~
secre-
to, porém mais
to, 'porém seguro, àà se_rvidäo'Í”
mais seguro, servidão” 43 Se ainda assim
Se ainda assim Tocqueville
Tocqueville
se apega à democracia, é porque ela induz ao mesmo tempo à
se apega à democracia,
independência
independência politica é porque
política das
das ela
pessoas,
pessoas, induz
noção
noção ao mesmo
obscura
obscura tempo à
e einclinação
inclinação
instintiva, diz
diz ele,
ele, que
que éê0oremédio
remédiopara
parao omal
malproduzido
produzidopelo
pelo
individualismo fomentadopela
individualismo fomentado pelanova
novasociedade.
sociedade.
Ê
O individualismoé um
O individualismo é um sentimento
sentimento que predispõe
que predispoe cada cidadão
cada cidadão
aa isoiar-se
isolarsedadamassa
massa
de de
seusseus semelhantes
semelhantes e retirarse
e retirar-se à parte,àcom
parte, com
aa familia
famíliae eososamigos,
amigos, demodo
de tal tal jnoáo que, criar
que, após apósdessa
criarmaneira
dessa maneira
uma sociedadepara
uma sociedade para
usouso próprio
próprio- abandona
abandona prazerosamente
prazerosamente a so- a so-
ciedade
ciedade a asisimesmafi*
mesma
.44

55
A
A maioria dele?-
maioria deles —^dos
dosamericanos
americanos--—acha
achaque
queoogoverno
governoageage mal;
mal;
mas todosacham
mas todos achamque
queo ogoverno
governo deve
deve agiragir
sem sem
pararparár
e emetudo
em tudo
pôr
pôr aa mão .45
rn ão.”

Mostrei que aa igualdade


Mostrei que igualdadesugeria
sugeriaaos
aoshomens
homensaaideia
ideiadedeum
umgoverno
governo
único,
único, uniform
uniformee ee forte.”
forte.46

Quanto
Quanto ao ao modo
modo de devida
vidaamericano,
americano,Tocqueviile
Tocquevillecriticou
criticou
duramente aa transformação do gozo do bemestar
bem-estar material
materialcom
como o
apanágio dada burguesia -- — da “classe
"classe rnédia°Í
média” Reagiu
Reagiu aos
aos efeitos
efeitos
desagregadores da da mobilidade
mobilidade social
social ee condenou
condenou oo sistema
sistema polí-
polí-
tico do país
país aa ser vítima
vítima, do pró prio espírito de
próprio de igualdade.
igualdade. OO indi-
indi-
vidualismo, somado
somado às oportunidades.crescentes
oportunidadescrescentes para para que
que todos
todos
compartilhassem valores igualitários,
compartilhassernl/alores igualitários, levaria
levariaao
aodescaso
descasodos
dosindlil-
indi
IF
víduos por qualquer coisa que não fossem seus interesses e sen
víduos pormais
timentos qualquer coisaSó
imediatos. que
nãonao fossem aseus
ocorreria interesses
a âs&ria
asfixia e sen-
da sociedade
sociedad¢›
pelo Estado se houvesse uma imprensa livre e muitas associações
independentes da autoridade
autoridade política,
política. A tal ponto
ponto ia aa preocupa^
preocupšif
ção de Tocquevülè
Tocqueville comcom os
os efeitos
efeitosmaléficos
maléficosdesse
dessetipo
tipodedecultu-
cultu-
ra no
no sistema
sistema político
político que chegou a escrever que os americanos
"imaginam
“imaginam um um poder
poder único,
único, tutelar,
tutelar, onipotente,
onipotente, masmas eleito
eleito pelos
pelos
cidadãos. Combinam a centralização com com aa soberania
soberania popular.
Isto lhes dá algum sossego.
sossego.Consolam-se
Consolamsedo dofato
fatodedeestarem
estaremsobsob
tutela lembrandose
lembrando-se de de que
que escol heram o tutor
escolheram ” 47
tutor°'.'“
Nabuco extrai uma visão diferente da experiência em Nova Nova-
York
York e Washington, onde esteve entre 1876 1876 e 1877,
1877» quarenta anosanos
depois de de Tocqueviile ter escrito
Tocqueville ter escrito A democracia na América. Não Não
nega o sentimento
sentimento de igualdade que lá encontrou
encontrou e queque lhe
lhe pare
pare»-
ceu superior ao que ocorria
ocorria na
na Inglaterra,
Inglaterra, embo
emborara achasse
achasse què
que aa
liberdade individual que existia era mais restrita, se comparada àà
que
que prevalecia
prevalecia nana Inglaterra.
Inglaterra. NoNo sentido
sentido da
da igualdade,
igualdade, escreve,
escreve, éé
a Inglaterra
Inglaterra quem
quem caminha
caminha na na direção
direção dos
dos Estados
Estados Unidos.
Unidos. Mas,
Mas,

56
diz
diz ele,
ele, êé inegável
inegável que
que aa democracia, "introduzindo na
democracia, “introduzindo na educação
educação aa
ideia
ideia da
da mais perfeita igualdade,
mais perfeita igualdade, levanta
levanta no
no homem
homem oo sentimento
sentimento
do
do orgulho
orgulho próp rio ” 48A
prÓprio`Í“ questão seria
A questão seria saber
saber se
seasassociedades
sociedadesmais mais
tradicionais,
tradicionais, como
como aa inglesa,
inglesa, não
nlo produzem
produzem “com
“com as as limitações
limitações dede
classe uma dignidade
classe uma dignidade pessoal
pessoalmoralmente
moralmente superior
superior aáessaessaaltivez
altivez
da^gualdade ” 49 Sem temer o que assustava
da\¿gualcliade°'.” assustava Tocqueville,
Tocqueviile, oo descaso
descaso
das massas pela política e a onipresença do governo, Nabuco mais
das massas
temia
temia pelaorgulhosa
aa altivez
altivez política e ados
orgulhosa onipresença
dos do governo,
norteamericanos
norte-americanos queNabuco
que excluíam
excluiammaisos
os
negros
negros ee os “çhins” do
os “chins” do sentimento
sentimento dede igualdade
igualdade -estes
—pestes antes
antes se-
se-
riam
riam classificados
classificados como
como uma
uma ordem
ordem diferente da dos
diferente da dós homens
homens — ~
mas também os demais povos: povos: “nunca
“nunca ninguém
ninguém convenceria
ConvenceriaF p
livre cidadão
cidadão dosdos Estados
Estados Unidos, como
corno ele
ele se
se chama,
chama, dede que
que seu
seu
vizinho do México
México ou de Cuba, ou os os emigrantes analfabetos
analfabetos ee
os indigentes que ele ele repele
repele de
deseus
seusportos,
portos,são
sãoseus
seusiguais”.5°'A
iguais
”.50A
característica por excelência
excelência dodo norte-americano
norteamericano “é a convicção
convicção
de que melhor
de que melhor do do que ele não existe ninguém no mundo'Í5*
que ele não existe ninguém no mundo” 51 .
Nesse passo se torna curiosa a apreciação Conjunta conjunta dos dois^
dois!
autores. Tocqueviile
Tocqueville vê vêuma
umasociedade
sociedadedemocrática
democráticaseseformando;
formando^
com todos os perigos políticos
políticos que,
que, na
ná visão
visão dede um
umaristocrata;
aristocrata»
isso poderia acarretar. NabucoNabuco vê vê risco
risco maior
maior nana formação
formação de de
uma
urna cultura
cultura de
de exclusão,
exclusão, aa despeito
despeito dada igualdade
igualdadepolítica.
política.Seria
Seriaa a
visão
visão que
que reafirma
re-afirma oo "dilema
“dilema dodo mazombo”,
mazombò”,na nasaborosa
saborosaexpres-
expres-
são que Evaldo Cabral de
Evaldo Cabral de Mello
Mello retirou
retirou dede Mário
MáriodedeAndrade?
Andrade?
Ou seja* pormais
seja, por maisque queseseatribua
atribuaaaNabuco
Nabucoum umviésviéseuropeizante,
europeizante,
renascem
renascem as as raízes
raízes miscigenadas
miscigenadase eele, ele,assim
assimcomo
como se se identificou
ide-ntificou
com
com os
os negros,
negros, sese identifica
identificanos
nos Estados
Estados Unidos
Unidos comcom ososexcluídos,
excluídos,
com
com asas outras
outras “#aças”? Difícilresponder.
`3aças"? Difícil responder.SejaSejacomo
comofor,for, Nabuco
Nabuco
também
também discrepa
discrepa de Tocqueville
Tocqueviile na na análise
análise do dosistema
sistemapolitico
político
americano.
americano. “Não
“Não há há vida
vi-da privada
privada nos
nos Estados Unidos” diz,
Estados Unídos'Í refe-
diz, refe-
rindose
rindo-se àà invasão
invasão da imprensa na
da imprensa na vida
vida particular
particular dos políticos.
dos políticos.
Sua vislo da
Sua visão da liberdade
liberdade de de imprensa,
imprensa, neste
neste aspecto,
aspecto, éé distinta
distintada da
apresentada
apresentada pelo
pelo marquês:
marques: os os jornais
jornais beiram
beiram aa chantagem.
chantagem. A A luta
luta

57
'ls

política
política não
não se
se trava
trava rto
no terreno
terreno das
das ideias,
ideias, mas
mas nono das
das reputações
reputaçöes
pessoais.
pessoais. “Com
“Com semelhante
semelhante regime,
regime, sujeitos
sujeitos às às execuções
execuções sumá-
sumá-
rias da calúnia e aos linchamentos no alto das colu nas dos jornais,.
colunas jornais,
é natural que evitem a política todos os que se se sentem impróprios
para
para o o pugiíato
pugilato na
na praça
praça pública,
pública, ou para figurar
ou para figurar num
num bigshow **2
big sl1ow.”52
Joaquim Nabuco desvenda de de outro
outro modo
modó a política am ameri-
eri-
cana,
cana. O descaso para com ela, o absenteísmo
absenteísmoeleitoral,
eleitoral, não
não se
se deve
deve
só àà sua
só sua forma
forma truculenta,
truculenta, masmas aa que
que os
os melhores,
melhores, os os mais
mais capa-
capa-
zes,
zes, uma espécie
espécie de de “aristocracia
“aristocraciasemsemtítulos
títulosnem nempergaminhos
pergaminhos
de nobrezafl
nobreza”, dedicam-se
dedicamseaos aosnegócios
negóciose enãonãoà àvida
vidapública.
pública.Nesta
Nesta
prevalece a corrupção consentida pela sociedade. “Os americanos
são uma
uma nação
nação que
que quisera
quisera .viver sem governo
.viver sem governo ee agradecem
agradecemaos aos
seus governantes suspeitaremlhe
suspeitarem-lhe a intenção
intençãof” ,”53 O americano seráserá
“o mais livre
livre de
de todos
todos osos homens;
homens; como
como cidadão,
cidadão,porém,
porém,não não sese
pode dizer que Éo seu contrato de sociedade esteja revestido das
mesmas garantias que o do inglês, por exemplo”.5“ E
mesmas garantias que o do inglês, por exemplo”.54 *
Há uma
uma delegação
delegação da coisa pública
pública aos
aos politicians
políticians,, como
os chama Nabuco. Disso
Disso resulta
resulta que
que oo governo
governonanaAmérica
Américaseja
slja
“uma pura gestão de negócios, que se faz, mal ou bem, honesta ou
desonestamente, comcom a tolerância e o conhecimento do grande
capitalista que a delega ”.55A nação se
delega”.55 se deixa dividir
dividir em partidos e, e,
apesar da massa das abstenções, acompanha os maus administra-
administra-
dores de seus interesses. Formase
Forma-se uma “democracia
“democracia de partidos”,
partid os'Ç
relativamente isolada da sociedade, a qual, hipocritamente, finge
relativamente isolada da sociedade, a qual, hipocritamente, finge
não
não ver
ver aa corrupção
corrupção ee os
os desmandos,
desmandos, àà condição
condição de de que
que os
os gover-
gover-
nantes deixem os indivíduos em paz. Em Em vez
vezde dever
verna naliberdade
liberdade
de imprensa ée nas organizações dada sociedade
sociedade civil
civil oo contrapeso
contrapeso aa
tanta
tanta delegação,
delegação, como queria Tocqueville,
Tocqueville, oofreio
freioadviria
adviriadedeque
que
existe virtualmente uma “opinião pública”
pública'Í, Esta,
Esta, embora sejaseja raro,
raro,
pode se formar com uma energia incalculável, como um tsunami
“que atiraria pelos ares tudo o que lhe
lhe resistisse,
resistisse, partidos, legisla-
legisla-
turas, congresso, presidente'Í5°
turas, congresso, presidente” 56
58
Menos
Menos do qiieque ver, como
como Tocqueville,
Tocqueville,oorisco
riscomaior
maiorparapara aa
democracia
democracia
. no
no Estado
Estado centralizador,
centralizador, conseqüência
conse fl uência não
não intencio-
intencio~
nal da
nal da igualdade, Nabuco vê,
i 8ualdade, Nabuco vê, no
no -fundo,
fundo,aaPperda
erda dedevirtü
virtà ee oo que
ue
hoje
_ _ de se chamaria
J se chamaria a "exce
“excepciònalidade americana”, aa cren
P cionalídade americana”, crençaa emem seu
seu
destino manifesto, aa arrogância
destino manifesto, arrogância para
para com
com os os excluídos
excluídos ee talvez
talvez
para
para com
com o o mundo,
mundo.

1.
NABUCO de
nabuco DEPOIS
p o i s dDA
a rREPUBLICA
ep úb l i c a

Hão
Não foi esta, não obstante, a visão de Nabuco diplomata e do
obstarite,a
cosmopolita
cosmopolita pensando
pensando aa política
política internacional,
internacional, jájá na
na fase
fase final
final Hefie
sua vida. Sobre
sua vida. Sobre oo tema
tema farei
farei umas
umaspoucas
poucasobservações
observaçõespara parafina.-
fina-
lizar. Não
Não me vou referir ao dilema famoso
famoso dodo intelectual
intelectual que em em
sua terra sentia a ausência do mundo e no exterior a ausência do
país, nem a suas muitas
muitas declarações de apreço
apreço à cultura europeia
e de certo desdém à nossa história cultural, pobre em comparar compara;
ção com a europeia, tema já debatido por alguns dos comentarisf
cornentarisç
tas que citei, Quero concentrar o foco
citei. Quero foco desta parte final em doisdois
tópicos presentes
presentes na obra e na ação
ação dede Nabuco:
Nabuco:aacrisecrisedo
doChile
Chile
durante aa presidência de Balmaceda,
Balmaceda, no no final
finaldo
doséculo
séculoxix,
xix,eeoo
modo como encarou oo panameriçanismo,
pan-americanismo, quando, já no no século
século
xx,
xx, foi embaixador em
foi embaixador Washington.
em Washington.
O livrinho
O livrinho sobre
sobre oo presidente
presidente chileno,
chileno, que
que se
se suicídou depois
suicidou depois
de forte crise
crise na disputa de primazia entreentre oo Legislativo
Legislativo ee oo Exe-
Exe-
cutivo em
em 1891,
1891,ééinteressante
interessantesobsobvários
váriosaspectos.
aspectos. Primeiro,
Primeiro, por
por
demonstrar a curiosidade intelectual de alguém distante do dia a
dia do Chile, mas
mas atento àà política
-política sulamericana,
sul-americana, aa ponto
ponto de de sé
se
envolver com paixão
envolver com paixão nono drama
drama politico
político daquele
daquele país,
país. Segundo,
Segundo,
pela percepção de que as instituições chilenas èe brasileiras,
brasiieiras, re-
re-
pública
pública num
num caso
caso e,
e, até
até havia
havia pouco,
pouco. império
império noutro,
noutro, evitaram
cvitaram
o caos caudilhesco presente na maior parte da região, mar1ten~
o caos caudilhesco presente na maior parte da região, manten-
59
S9
do
d.o valores
valores relativamente
relativamente liberais.
liberais. Muito
Muito relativamente,
relativamente, diríamos.
diríamos.
Aos
Aos olhos
olhos de
de Nabuco,
Nabuco, contudo,
contudo, as
as formas
formas parlamentares
parlamentares dos
dos dois
dois
países
países haviam
haviam sido
sido capazes
capazes de
de coibir
coibir os
os impulsos
impulsos jacobinos.
jacobinos.
Tendo acentuado
acentuado seu
seu pen dor conservador
pendor conservador depois da Procla-
Procla-
mação
mação dada República
República nono Brasil, Nabucó encarou
Brasil, Nabuco encarou aa modernização
modernização.
de
de Balmaceda
Balmaceda - — homem
homem devotado
devotado aoao desenvolvimento
desenvolvimento econô-
econô-
mico, à absorção das ciências e ao papel indutor do Estado _
mico,
como
como uma
àuma
absorção
ameaça dasaosciências
ameaça aos moldes e liberal-conservadores.
ao papel indutor do Estado
moldes liberalconservadores. Na
Na revo-
—~
revo-
lução chilena foi oo Congresso, com com apoio
apoio da Armada, quem deu
um basta ao presidente, tendo este reagido pelo suicídio. Nabuco
interpretou
interpretou aa vitória
vitória do
do Parlamento
Parlamentocomo comoa apreservação
preservaçãodo doque
que
de
de melhor
melhor podia
podia ser
ser feito
feito para
para assegurar
asseguraraacontinuidade
continuidadedadafor- for-
mação
mação nacional
nacional chilena.
chilena. O O sistema
sistema político
político chileno, desde quan-
chileno, desde quan-
do Pórtales
Portales criara um Estado organizado e forte, se mantivera nos
limites do respeito
respeitd à independência ejiarmonia
eharmonia entre os poderes,
podereis,
com
corn predomínio
predomínio da da dominação
dominaçãooligárquica
oligárquicacontra
contraa aqual
qualdedeal*
al,°
gum modo se Jogara
jogara Balmaceda.
Estamos longe do Nabuco apreciador apreciador de de Thiers
Thiers ee mesrifb
mesrnia
de
de Bagehot
Bagehot ee niais
mais próximos
próximos do do leitor
leitor de
de Burke.
Burke. Com
Com uma uma res-
res-
salva; ele encarava
salva: ele encarava asas experiências
experiênciaspolíticas
políticas do
do Brasil
Brasileedo doChile
Chile
como
como umauma salvaguarda
salvaguarda moderadora
rnoderadoraeetemiatemiaquequeseu
seudesarranjo
desarranjo
nos
nos levasse
levasse aoao pior,
pior, àà anarquia.
anarquia. Voltava
Voltava aa prevalecer
prevalecercom comforça
forçaoo
que
que nunca
nunca desaparecera
desaparecera de de Nabuco
Nabuco ee que,que, segundo
segundo ele,
ele, colhera
colhera
da experiência inglesa, a prudência, o apego ao historicamente
da experiência inglesa, a prudência, o apego ao historicamente
constituído. O reformador deve ser cuidadoso, não tirar Umauma pe-
pe-
dra
dra que
que derrube
derrube oo muro,
muro, avançar
avançar com
commoderação
moderaçãoeereconstruir
reconstruir
sem
sem destruir.
destruir. _
Não
Não terá
terá sido
sido esta
esta também
também aa inspiração
inspiração do
do Nabucó
Nabuco propo-
propo-
nente
nente ativo
ativo do
do panameriçanismo
pamamericanismoe,e,ao aomesmo
mesmotempo,
tempo,brilhante
brilhante
propagandísta
propagandista do que de melhor havia ná na cultura lusobrasileira
luso-brasileira
para sensibilizar seus interlocutores no centro do Império? Não
nos estaríamos credenciando a partilhar com eles as responsabi-
nos estaríamos credenciando a partilhar com eles as responsabi-
-:So
lidades hemisféricas?ÉÊpossivel
lidades hemisféricas? possívelquequefosse
fosseesse
esse o objetivo
o objetivo de deNa-Na-
buco
buco ao
ao voltar
voltar suas
suas atenções
atenções ee suas
suas apostas
apostas tão
tão radicalmente
radicalmente da da
Europa
Europa para
para aa América, quem sabe
América, quem com idealismo
sabe com idealismo ee também
também com com
ingenuidade, como aponta
ingenuidade, como aponta Marco
Marco Aurélio Nogueira, OOfato
Aurélio Nogueira. fato éé que
que
desde
desde aa República,
República,aapartir
partir de
de Floriano
Floriano ee do
do apoio
apoio americano
americanoaoao
>vo governo,
ovo governo,o oeixo
eixodadapolítica
políticaexterna
externabrasileira
brasileiracomeçara
começaraa a
blhar para o Norte, como a economia já o fizera. Esta tendên-
har para o Norte, como a economia já o fizera. Esta tendên-
3
cia se tomara clara a partir de 1902 corn
Este, entretanto, procurava
Este, entretanto, procurava sempre
com o barão do Rio
sempre salvaguardar
salvaguardar nas
Rio Branco.
nas políticas
políticasdo
do
Itamaraty
Itamaraty aa margem
margem para
para manobras,
manobras, não
não se
se afastando
afastando demasia-
demasia-
damente
damente da da Europa.
Europa. .(,
Nabuco terà
terá ido mais
mais longe, quem sabe longe demais.
dentais. Dei-
Dei-
xou para trás sua visão
visão de cosmopolitismo como uma uma forma de
olhar osos dois lados
lados por cima dos partidos
partidos ee de
de resguardar
resguardar os in-
in-
teresses da humanidade ou da nação e se empenhou no apoio ao
monroísmo,
rnonroísmo, revestido de panamericanismo
pan~ame~ricanismo com com aa correção
correção do
stick de Theodore Roosevelt.
big stíck Roosevelt À isso relevava, afirmando,
A tudo isso afirmando,
numa
numa antevisão certas situações
autevisâo de certas situações atuais
atuais tão
tio bem expressa
expressa em em
sua frase
frase' famosa: “Daqui a pouco Europa,
Europa, Ásia
Ãsia ee África
África formarão
formarão
uma só rede. É o sistema político do globo que começa começa emem vez
vez dodo
antigo sistema europeu. Pode-se
sistema europeu. Podese dizer que estamos nas nas vésperas
vésperas
de uma nova era >57
era'-Í”
Acreditava possivelmente que,
Acreditava possivelmente que, com
coma ahegemonia
hegemoniamundial
mundial
americana, seria
americana, seria vantajoso
vantajoso para
para 0o Brasil
Brasil manter
manter na
na nova
novaeraerauma
uma
aliança
aliança comcom os
os Estados
Estados Unidos,
Unidos, ainda
ainda que
que subalterna.
subalterna.Claro
Claroqueque
os críticos, OliveiraLima
críticos, Oliveira Limaààfrente,
frente,não
nãoperdoariam
perdoariam mudança
mudançatão tão
radical
radical dede atittítíes,
atitdtles, por
por mais
mais que
que houvesse
houvesse argumentos
argumentos parapara con-
con-
trabalançar
trabaiançar a presteza com que Nabuco assumiu o panamerica- pan-america
nismo
nismo em nome de
em nome de um
um realismo que poderia
realismo que poderia nos beneficiar*pois
nos beneficiar, pois
resguardaria parapára oo Brasil
Brasil um
um papel
papel dede moderador,
moderador, pelo
pelo menos
menos
na
na América
América do do Sul, quando menos
Sul, quando menos no no Cone
Cone Sul.
Sul. Daí
Daí seus
seus esforços
esforços
diplomãticos, seus contatos com o governo americano, sua prega-
diplomáticos, seus contatos com o governo americano,sua prega-
61
ção nas universidades:
ção nas universidades:queriaqueriamostrar
mostrar quequecomcora as especificidades
as especificidades
hisobrasileiras desenvolvêramos uma
luso~brasi1eiras desenvolvêramos cultura que
uma cultura que nos
nos capacitava
capacitava
aa ser
ser parceiros
parceiros dos
dos“grandeS'Í
‘grandes”
Não é hora de aprofundar o0 tema. Pica Fica registrado, contudo;
contudo,
que Joaquim
JoaquimNabuco
Nabucononofinal finaldada vida,
vida, tornandose,
tornando-se, nãonão obstante,
obstante,
ainda mais brilhante
ainda mais brilhantee ecompetente
competentecomo comodiplomata,
diplomata,deixou-se
deixouse
embalar por
embalar por um conservadorismo
um conservadorism o que,
que, mesmo
mesmo se se realista,
realista, distan-
distan-
ciouo
ciou-o dodo que
que fora
foraseu
seupensamento
pensamentodedeoutras outrasépocas.
épocas.
Pito
Dito isso, esperoque
isso, espero queasaspoucas
poucasobservações
observações queque pude
pude trans-
trans-
mitir
mitir sobre tão ilustre
sobre tão ilustrebrasileiro,
brasileiro, ee que
que sese restringiram
restringiram aa fragmen-
fragmen-
tos de
de sua
sua obra
obraeeaamomentos
momentosdedesua suavida,
vida, sejam
sejam suficientes
suficientes parapara
justificar
ju-stificar por que tantos, há tanto tempo, o consideramos entre os
maiores pensadorese ehomens
maiores pensadores homensdedeação açãoqueque o Brasil
o Brasil já teve.
já teve.

"“ ni

` E

vz:

152
I

EUCLIDESDADACUNHA
EUCLIDES CUNHA
__ 1.1. ¡',,_,,., ¡.,,,,z,,-p..-¡-Q-tr:-1-ao +11-mà-wz|›n+|-1.-H1111-U1-1 :r-vn i-11-1-c1-t-1 1 1 rw:-s-¬|-t.-ri-1-n.~¡1-bau-vivi r|¬-ru-|-ra fwrrfi-:viro-nn-1-n.
ÍÉ
.|,.-e¢.¡‹|
I 3aaa-.zái
u
-ll
`| ;|ui.
J

Ê.ueÚ/zäaftw oíoía
'E .u ^ y d lô a ( ^G
u /w jla y *Ji.nCoil-
.
WI:íHÉÚ'É
d
¡¬I

.-

_ H _

“'Iu¡.
|

(t:AMPÀNHA Dsfcmvnosi
( CAMPA NHA D F e CANUDOS )
\
- 90'
¡ÕÚ' Õ1'Í*ÕÍ"'Ú¿ÕÍd'ÔÍ¡

aa

"h.
'L

Í É
-L
.¿:
'-\22'
-q_.
.L

A -IL
3

*flzâ Í |
.=., _;_ _ ›
if?
E1
1;* _)-:1-_z1
-:
e

-i

baemm erf ÇE5 CG.~¬~


lzzaemmerf . - bivre if os^Edi for ôs
lâivreiros-Edifores
'Rio
l^ ío ddee Jarte
ianeivo-1902
íVo --* 1902;
HHlH4dQI-of"0lpi t«-oIH£¬‹ilIO›o¡-.u01QtifznIl-!‹r4.v›'Q|f¢-ú+tl1H§i¡r4‹|~¢d-l0»fIOi=h7‹zrc-nohdiš fl'nü-èifi¢ü-flitfifle flui

I-I-Iifliif i Ii-¡Filth!-I f flH1HfiUHH Í¡H'H§¡IH§%H¶fHHHfifl


Canudos:
Canudos: oo putro
outro Brasil
Brasil”

\
\

|i
1

As nações se se desenvolvem
desenvolvemcriando,
criando,além
alémdadariqueza,
riqueza,mitos.
mitos.
Canudos
Canudos éÉ umum mito
mito nacional. Em Os
nacional. Em sertões, Èuclldes
Os sertões, da Cunha
Euclides da Cunha V
deu
deu aa forma
forma acabada
acabada que
que 0o mito
mito passou
passou aa ter:
ter; seu
seu espaço
espaço se
se dese-
dese*
nha entre
entre aa epopeia
epopeia da luta militar ee a tragédia de um punhado
de desesperados.
Na crônica
cronica da época a imprensa esquadrinhou cada faceta da
epopeíatrágica.
epopeia~trágica. Em livro recente -^ -~ No calor —^ Walnice
calor da hora -' Walníce
Nogueira Galvao
Nogueira Galvão mostrou
mostrou oo que
que significou
significou aa Guerra
Guerra de
de Canudos
Canudos
para a imprensa de 1897, no período da arrancada final contra o
das crônicas ee das
arraial rebelado. O tom das das reportagens
reportagens enviadas
enviadas
pelos correspondentes
corre-spondšntes era de exaltação quase unânime ãà bravura
do Exército nacional.
nacional. Além
Alémdisso,
disso,alguns
algunsrepublicanos
republicanosdedeimagi-
imagi-
nação mais exuberante viam
Viamnanarebelião
rebeliãodedeAntónio
AntônioConselheiro
Conselheiro

** “Canudoik
“Canudos: 0o Outro BrasiT,Senhor
outro Brasil”. Senhor V ogue*1978, pp.
Vogue, pp. 108-9.
108-9. Prefácio
Prefáciodadasérie
sérieLi-Li
vros Indispensáveiâà Compreensão do Presente, 4, publicada na seção“Resumo
vros Indispensáveis à Compreensão do Presente, 4* publicada na seção“Resumo
do mes” referenteààobra
mês” referente obradedeEuclides
EudidesdadaCunha,
Cunhá,Os sertões
sertões.

65
65
a armadilha
armadilha preparada
preparadapelos pelosrestauradores
restauradoresmonarquistas:
monarquistas: o ape-
o ape-
go ingênuo e tradicionalista
tra dicionalista -dodo pregador
pregador dos dos sertões
sertões transfigura-
transfigura-
vase
va-se em em “ideologia
“ideologiaadversa”,soezmer1te
adversa”, soezmente instilada
instilada pelos pelos inimigos
itiimigos
do
do regime;
regime; não nãofaltaram
faltaramnem nemsequer
sequeralusões
alusões à mão à mão estrangeira,
estrangeira,
corporificada
corporificada na na suposta
supostapresença
presençadedeumumcapitão capitãoitaliano
italiano queque
treinara
treinara osos “guerrilheiros”
"guerrilheiros”. issoIsso tudo,
tudo, apesar
apesardos dosdesrnentidos
desmentidos ho~ ho-
nestos
nestos de de alguns
algunscombatentes,
combatentes,como comoo coronel
o coronel Carlos
Carlos Teles,
Teles, que que
foi taxativo:“Não
foi taxativo: “Nãoháhâaliali fimfim restaurador
restaurador n-emneni
mesmo mesmo influência
influência
de pessoa estranha
de pessoa estranhanesse nessesentido;
sentido; [...] em
em Canudos
Canudos não não existe
existene- ne-
nhum
nhum estrangeiro
estrangeiro ee muitomuito menos
menoscapítão
capitãoitaliano
italianoinstrutor
instrutordede
brigadas”;
brigadas”. •: :•
Desfeita
Desfeita aacrença
crençanonomaquiavelismo
maquiavelismo restaurador,
restaurador, a consciên-
a consciên-
cia nacionalteve
cia nacional tevequequehaver-se
haversecom com uma uma epopeia
epopeia envergonhada,
envergonhada,
cheia de de aspectos
aspectosdeprímentes.
deprimentes.A censura
censura das dasnotícias,
notícias,o ofato fatodede
1?.
que. osos principais
'• ‘ • • '. .
principais correspondentes
‘ V ’- *
correspondentes jornalísticos,
jornalísticos, • • v
inclusive
inclusive Eucli*
EÍ1clí.- <£ • ;

des, eram
eram militares
militaresdadareserva,
reserva,o' o’extermínio
extermínio dada coluna
coluna Morei-
Morei-
ra César que que teve
tevetremendo
tremendoimpacto
impactonanaopinião opiniãonacional,
nacional,tudo tudo
isso contribuía
contribuía para para quequededeCanudos
Canudosse$evisse visse apenas
apenas uma*face
uma”`face
da medalha:
medalha: oo “atavísmo",
“atavismo”,0 o“primitivisrn`o”.,o
“primitivismõ” “barbarismdí
,o “barbarismo” É*
É
estas características
característicasseséfixaram
fixaramcomo como se se fossem
fossem atributos
atributos só dosó do
“outro Brasil” dos
“outro Brasil°Ã dóssertões
sertõesáridos,
áridos,dodofanatismo
fanatismo religioso,
religioso, da lei
da lei
da vingança
vingança que queprevaleceria
prevaleceriaentreentréosos “jagunços”
“ja_gunços'Í Nem Nemmesmo mesmo a a
consciência liberal
consciência liberale ecivilista escapou:
civilista escapou: Rui RuiBarbosa,
Barbosa, defendendo'
defendendo; r
os monarquistas da pecha de se terem aliado aos
os monarquistas da pecha de se terem aliado aos j agunços, quali- jagunços, quali-
fica estesúltimos
fica estes últimosdede“horda
“hordadede mentecaptos
mentecaptos e galés”.
e galés”. Massacrado
Massacrado
Canudos, diantedianteda dadegola
degolageneralizada
generalizada dosdos sertanejos
sertanejos feitafeita
comcom
aa complacência
complacência das dasautoridades,
autoridades,Rui Ruiretorna
retornaaoao liberalismo
liberalismo ver-ver-
bal, mas em discurso rascunhado que não chegou a ser proferido.
Em facedisso,
Em face disso,Walnice
Walnice Galvão
Galvão -- — de cujo
de cujo livrolivroextrai extraí
as in»as in-
formações
formações acimaacima — glosacom
~‹- glosa comrazãorazãooomote do do intelectual-cone
intelectualcom
pela-cente, disposto
placente, disposto aa fechar
fechar os
os olhos
olhos diante
diante do do arbítrio
arbítri-0 ee da da violên-
violen-
cia sempreque
cia sempre que'seja
sejao oPoder,
Poder,ememnome nome da da Razâo
Razão Nacional,
Na-cional, quem quem

66
66
os pratique.
pratique. EE sempre
sempre disposto, també também, m, aa rec uperar aa dignid
recuperar dignidadeade
humana
humana dos dos que
que tombaram
tombaram,, através
através de de umum discurso
discursoretórico
retóricoq que ue
quase
quase invariavelmente
ir1variavelmen'te chega chega tarde.
tarde. Nem
Nem Euclides,
_Eucl.ides, acrescenta,
acrescenta, es- es-
capou disso. Fê-lo,
Fêló, entretanto,
entretanto, com com grandeza.
grandeza. De De seuseu livro
livroper-
per-
manecerão muitasmuitas análises,
análises. A A retórica
retórica castigada,
castigada, que quemachuca
machucao o
leitor, somada a’um
leitor, somada aum certocerto pernosticismo
pernosticismotécnico técnicodedeengenheiro
engenheiro
atento
atento àà geografia
geografia não não foram
foram suficientes
suficientes parapara obscurecer
obscurecer aa ob- ob~
servação crucial: “O “O sertanejo é antes de tudo tudo um umforte”
forte`ÍNão Nãoé éa a
luta, a epopeia, que que marca Ossertoes?
Os sertões, embora sua sua discussão
discussão ocup ocupe e
a maior parte do livro. livro. ÉE oo mea culpa, que não não foifoi só
só dele,
dele, masmas ded-e
todo
todo oo país,
país, que
que sobressai:
sobressai: os os jagunços
jagunços não não eram
erammonarquisjtas
monarquisias
por deliberação; não estavam municiados até os dentes, senão
que
que sese armavam
armavam com com o0 quequesobrara
sobrarana narefrega
refregadas dastropas
tropaslega-
lega~
listas;
listas; não tinham
tinham aa animálos
anima-losaadieta dietafarta,
farta,masmassim simo osoprosoprodede
uma crença, o fanatismo,
fanatismo, oodesespero,
desespero, aa palavra
palavra redentora,
redentora.EEfoi foi
sobre este
este punhado
punhado de demarginais
marginaisque quedesabou
desabouo ofervor'fervorrepubli-
republi-
cano e aa indignação
indignação nacional,
nacional, ee no no seu
seu extermínio
extermínio cobriramsè
cobrirarn-sê
de glórias as forças legalistas. Euclides da Cunha não desmistifica desmistificizi
o esforço oficialista.
oficialista, Mas redime o jagunço jagunço ee tentatenta entendêlo.
entende-lo.
O jornalista republicano
republicano ee patriótico
patriótico cede cedeàà razão
razãodo dosociólogo.
sociólogo.
Escrevendo
Escrevendo no no íim
firn do do século
século xix xtx ee começo
começo do doxx,xx,a asociologia
sociologia
de Euclides
Euclides não
não podia deixar
deixar de de ter
ter sido
sido fo rtemente influenciad
fortemente 'influenciada a
pelas crenças da época: o0 meio — -~ a geografia
geografia e as condicionantes
biológicas — --- fornece a base sobre a qual a história dós dos homens
se desenha. Mas, ao falar em história, nosso nosso autor
au-tornão nãoseserefe-
refe-
re apenas ao desdobramento
desdobramentodedeum umfator
fatorjá jádeterminado
determinado pelapela
raça. Paga seu çfcto p'Íei.to à ideia da interpenetração
interpenetração das “três "três raças”:
raças*1:
a branca, a negra
negra e a indígena.
indígena. Paulo
Paulo Prado
Prado escreveria
escreveria que que somos
somos
formados por por três
três raças
raças tristes:
tristes: ooportuguês»
português, oo índio índioeeoonegro. negro.
Euclides, entretanto, não
Euclides, entretanto, não sese detém
detém na na tristeza
tristeza ou ouem emoutras
outrasdas das
supostas virtudes imanentes
irnanen-tes a nossas srcens origensraciais:
raciais:vai vairessaltar
ressaltar
aa formação
formação cultural,
cultural. Medeia,
Medeia, assim,
assim, oo condicionamento
condicionamentodo domeio
meio

|í¬-
J:

pela
pela ação
ação dos
dos homens.
homens. Contrasta
Contraste o “jagunço” com
o “jagunço” com o o "paulista”
“paulistâffl oo
"bandeirante”
“bandeirante”, ee sese refere
refereao
aopapel
papeldo dorio
rioSão
SãoFrancisco
Franciscocomocomoviavia
de
de penetração.
penetração.
Daí para
para aa frente,
frente, muito
muito da da sociologia
sociologia brasileira
brasileirasesecalcou
calcou
neste modelo: na fixação dos “tipos "tipos históricos” fundamentais na
formação da da nacionalidade
nacionalidade ee sua sua luta
luta pela
pelaconquista
conquistadodoespaço.
espaço.
Oliveira Vianna.,
Oliveira Vianna, na na década
década dede 1930,
1930,Vianna
ViannaMc-og
Moognanadede1940,1940,
e tantos mais, irão definir
mais, irão definir oo que
que foram
foram os os bandeirantes,
bandeirantes,ososgaú- gaú-
chos,
chos, os tropeiros do
os tropeiros do Norte,
Norte, ee assim
assim por
por diante,
diante. SóSó que
queEuclides
Eudides
da Cunha, ao caracterizar os jagunços, não se limitou limitou aa recorrer
recorrer aa
uma tipologia. Desvendou oo que era o jagunço-fanático
jagunçofanático sentando
sentando
as bases paraura
bases para um estilo de estudo que frutificou
frutificou e continua
continua vivo
vivo
em nossos dias:
dias: sem
semaaanálise
análisedodomessianismo
messianismonão nãosesee-ntenderia
entenderia
Antônio Conselheiro. 60
< '
Penso qüe
Penso que no
no mergulho
mergulho em em profundidade
profundidade feitofeito pelo
pelo nosso
nosso *
autor
autor nana busca
busca da
da compreensão
compreensão do? que era
do"`que era aa vida
vida dodo sertaneƒb
sertanejb
e na projeção
projeção queque soube
soube dar
dar ao
ao fenômeno
fenômeno do do misticismo
misticismo eedo do
messianismo
rnessianismo .-`que que podem
podem ser ser hoje
hoje corrigidos,
corrigidos, aqui
aqui ee ali,
ali, fior
por
bibliografia
bibliografia mais
mais douta
douta —-- ficou
ficou estabelecido
estabelecido 0o que
que de melhor nos
de melhor nos
legou Eudides
Euclides sociólogo.
sociólogo. E, E, de
de passagem,
passagem,nanadiscussão
discussãododoHo Ho-
mem ficaram
mem também páginas
ficaram também páginas literárias
literárias que,
que,mesmo
mesmoescapando
escapando
ao
ao gosto contemporâneo, são
gosto contemporâneo, admiráveis.
são admiráveis.
Mas não é só porque Os sertões descreve com argúcia as con-
Mas não é só porque Os sertões descrevecom argúcia as con-
dições devida
de vida do jagunço
jagunço que
que o livro continua
continua umum marco
marco nana lite-
lite-
ratura sobre o Brasil. Nem
Nem talvez
talvez seja
seja só
só porque
porque nele
nelesese abre
abre enor-
enor-
me
me perspectiva para conhecer
perspectiva para conheceroo“outro
"outroBrasil”,
Brasil”,o oBrasil-arcaico,
Brasilarcaico, o o
lado
lado de
de lá dos dois Brasis
lá dos Brasi: de que falaria
de que Jacques Lambert
falaria Jacques Lambertmuitomuito
mais
mais tarde.
tarde. Os sertões constitui
Os sertões constitui ta mbém importante,
também importante, eu eu diria
diria mes-
mes-
mo
mo surpreendente,
surpreendente, peça de criatividade
peça de criatividade metodológica..
metodológica. Euclides
Eudides
da
da Cunha
Cunha passa de um
passa de nível de
um nível de abstração
abstração para
para outro
outro ee deste
deste para
para
a discussão do concreto de forma admirável. Vai do meio am-
abiente
discussão
biente do concreto
àà história
história cultural, de forma
cultural, dessa
dessa aos admirável, Vai
aos pormenores
pormenores da do cotidiana
da vida
vida meio am-
cotidiana

68
68
cío sertanejo,devolve-nos.
do sertanejo, devolvenosdede chofre
chofre o jagunço
o jagunço como
como “tipoideal”
“tipo-ideal”
de urna formação
de uma formaçãosociocultural
socioculturale,e,dederepente,
repente,fazfazbrotar
brotarpela
pelare-re
constituição
constituição do do tempo
tempo perdido
perdido (ou ganho) toda
(ou ganho) toda a a movimentação
movimentação
de sua luta.
de sua luta. AAcronica
crônicafunde-se
fundesecom coma aanálise
análisee nos
e nosdádá o quadro
o quadro
vivo da epopeia-trágica.
vivo da epopeiaírágica.
\\ Porque foi capaz:
capaz de desdobrar a análise
análise em
em planos
planos distin-
distin-
tos*
tos, Euclides não transformou Antônio
Antônio Conseiheiro
Conselheiro apenas
apenasnum num
esqueleto
esqueleto — - oo Profeta
Profeta — nem fez
- nem fez do
do sertanejo
sertanejo apenas
apenas oo suporte
suporte
de uma frasé,
de uma quevêvênele
frase, que nele“um
“umforte”.
forte”.Mostrou-nos,
Mostrounos,tambem,
também,nono
concreto,
concreto, que
que oo Profeta
Profeta era um homem
era um homem de de carne
carne ee osso.
osso. Que
Que aa au-
au-
tonomia
tonomia dos dos municípios,
municípios,proclamada
proclamadapela pelaRepública,
República,irritou
irritouaoab
temperamental Antônio Maciel,
temperarnental Antônio Maciel, 0o Conselheiro,
Conselheiro* porque
porque aa cobran»
cobran-
ça de
de impostos
impostospelas
pelascâmaras
câmarasdeixava
deixavaosos “donos
“donos dodo poder”
poder” maismais
visíveis.
visíveis. EEnos
nosmostrou
mostrouque queo oforte
fortesertanejo
sertanejoeraeraum umdeserdado
deserdado
que refluía. para o Além porque suportava a opressão sem face de
que refluía para oAlém porque suportava a opressão Sem face de
um sistema impiedoso
um sistema impiedosodededominação.
dominação.
Por fim, uma palavra
fim, urna palavrasobre
sobreA luta
luta.«Se
Se já nos surpreende em 1
I

Euclides
Euclides oo“sociólogo
“sociólogodadavida
vida cotidiana”, o quase psicólogoa_ de~a de**
|
cotidiana”, o quase psicólogo
bruçarse
bruçar-se sobre
sobre o0 vulcão
vulcão anímico
anímico dodo Conselheiro
Conselheiro — -  ee que
que porpor
isso vai muito
isso vai muito além
alémdodoparafraseador
parafraseadordas dasqualidades
qualidadesintrínsecas
intrínsecas
do obscurantismo
obscurantismo das dastrês
trêsraças
raçasformadoras
formadorasdadanacionalidade
nacionalidadee e
outras
outras observações
observações do dogênero
gêneroquequefizeram
fizeramfuror
furornanaépoca
épocamas mas
não subsistem à crítica cientifica -, mais surpreende ainda o
não subsistem
“sociólogo dosàmovimentos
“sociólogo dos
crítica científica
movimentos sociais”
sociais”. AA
mais surpreende
descrição
descrição do dó
ainda
Monte
Monte
o
BeloBelo

-- designativo
designativo. transfigurado
transfigurado que os jagunços davam ao sensa sensa-
borâo
borão Canudos - bem como a narração sobre os movimentos
da tropa oficial
da tropa oficiale-“da
e^
6 a guerrilha
guerrilha do
do Conselheiro
Conselheirofundem fundemaaimagem
imagem
cênica potente com
cênica potente com aa compreensão
compreensão dodo aqui
aqui ee do agora, dando
do agora, dando aos
aos
determinantes
determinantes do do meio
meioeedadahistória
históriaa aforça
forçadadavida.
vida. O sociólogo
O sociólogo~
repórter
»repórter suplanta
suplanta na na discussão
discussãodadaLuta
Luta oo cientificismo
científicismo do dosábio
sábio
e mesmo o culturalísmo do intelectual que tentou fixar a imagem
edo
domesmo o culturalismo do intelectual que tentou fixar a imagem
sertanejo.
sertanejo.

m
69
À partir de
A partir de Os sertões a consciência critica brasileira
consciência crítica brasileira refor-
refor-
çou seu sentimento de culpá
culpa para com o outro Brasil
Brasil. O Brasil da
pobreza
pobreza rural»
rural, do
do analfabetismo,
analfabetismo, da
d-a fome,
fome, da
da doença.
doença. Teve,
Teve, pelo
-pelo
menos, que reconhecêlo.
reconhecê-lo. E, mesmo sem
E, mesmo sem conseguir
conseguir modifica-lo,
modificálo,
teve de amargar,
amargar, como ainda o faz*faz, aacerteza
certezadedeque
quemuito
muito dodo
'“progresso”, quando não é feito diretamente sob os corpos inse~
“progresso”, quando não é feito diretamente sob os corpos inse-
pultos dos vários jagunços que erram nos campos (e nas cidades
cida-des
também),
também), éÉ pelo
pelo menos
menos de de pouca
pouca valia
valia para
para os
os que,
que, no
HO desespero,
Clfiãfispero,
ou mergulham na apatia da falta de esperança, ou, quando lutam,
fazemno
fazem-no enredados
enre-dados nalguma forma de messianismo.
messíanismo. Isso sé
só bas-
bas~
taria para explicar a.a permanência desse grande livro.
1-

-'wi-

.rs

' E

.lã

Íü
I

PAULOPRADO
PAULO PRADO
iv /? O *4 , -j> t
y f
'e

LR'r~. i"5.'
.U1

0111

.o

l"'i'-iw“\`\
'P
I

/Í ówzf zé, B
` V ,

V . _- _ ' ~ O 6
‹ -` I.¬. z _

. _ Í “_ e

I ._ _ ' ' . . , z .r _,
. _ _*
._ * ' . `.. _

,, ..,,i..

.›fi1‹‹‹-v'Lz¢'(¿/z~44-›-ø› ¿,,,,,_,, ,,,,,,'

. Ê, 4-¢‹×›$`-z.._a7ç;ä¿4,¿;,'_',.,,,,;¿

ä-` Í. ` I _

t'
Fotógrafo amador
Fotógrafo amador*

\\

Escrevi, no
Escrevi, no texto
texto sobre
sobre Euclides
Eudides dada Cunliafi
Cunha,1 queque Os
Os sertões
sertões
havia fixado
fixado umum padrão de de estudos
estudos brasileiros.
brasileiros.AAaula aulasobre
sobreo or
jagunço ou o0 bandeirante como tipos psicossociais, salpicado# salpicadoš'
aqui e ali
ali de
de determinismo
determinismo geográfico
geográficoou oubiológico,
biológico,mas massempre
sempre
corrigidos
corrigidos pelo
pelo curso
curso de história social,
de história social, deu
deu aa base
basepara
parauma
umaes-es-
pécie de morfologia arqueológica do homem brasileiro. Gilberto
Freyre rompeu em
Freyre rompeu em Casa-grande
Casa-grande e'r& senzala com 0o que
senzala com que havia
haviadede
preconceito sobre as “raças inferiores” e culturizou a análise. Me- Me-
nos do que äa geografia
geografia ououaabiologia,
biologia,seria
seriaa acultura
culturaenraizada
enraizadaemem
padrões
padrões sociais
sociais quem
quem daria
daria aa chave
chave para
para explicar
explicar o o Brasil.
Brasil.
É verdade
verdade q^ie OliveiraVianna,
qpe Oliveira Vianna, escrevendo
escrevendodepois
depoisdedeFreyre,
Freyre,
deu um passo atrás.
atrás, Mas
Mas Sérgio
SérgioBuarque,
Buarque,nos nosidos
idosdede1930,
1930,já já
usava mão
mão de de mestre
mestre para
para observar
observar umum Brasil
Brasilmais
maispreso
presoàsàsraí-
raí*

* “Fotógrafo
“Fotógrafoamador".
amador”.Senhor Vogue?out. 1978,
Senhor Vogue, 1978, p. 129. Prefáciodadasérie
129. Prefácio sérieLivros
Livros
Indispensáveis
indispensáveis àà Compreensão
CompreensãododoPresente,
Presente,7,7» publicada
publicada na na seção
seção “Resumo
“Resumo do do
mês” referente à. obra de Paulo Prado, Retrato do Brasil.
mês” referente à obra de Paulo Prado,
Retrato do Brasil.

7?33
fr:
Ei
|':

gi

.+2
Ts..

zes
zes históriçosociais
historico-sociais do
do que
que àà tolice do biologísmo.
tolíce do biologismo. EE Caio
Caio Prado
Prado
contrapunha
contrapunhia aoao impressionismo
irnpressionísmo ensaístico sólida base
ensaístico sólida basehistórica
histórica
para
para explicar
explicar as
as estruturas
estruturas sociais
sociais eE econômicas
econômicas da da Colônia.
Colônia. Ou-
Ou-
tro nao
näo foi o procedimento, embora de de voo
voo explicativo
explicativo mais
mais raso,
raso,
adotado
adotado por
por Roberto
Roberto Simonsen.
Simonsen. E Celso Furtado contempora-
Celso Furtado contempora
neamente, usando instrumental analítico distinto do que fora
neamente, usando instrumental analítico distinto do que fora
empregado
empregado por, seus antecessores,
por seus antecessores,consolidou
consolidoua aruptura
rupturacom como o
subjetivismo romântico, buscando no processo econômicoeepo-
processo economico po-
lítico, no decorrer da história, a base para
para entender
entender oo Brasil.
Brasil.
Pois bem, oo livro
livro de Paulo
Paulo Prado,
Prado,Retrato do Brasil2
Brasill (livro es-
es-
crito entre 1926 e_e 1928), situa-'se
situase no
no polo
polo oposto:
oposto:ééaa consagração
consagração
do subjetivismo romântico,
romântico» £heio
öheio de amor e de qualidade
qualidade literá-
literá-
ria. Decidiu*se incluir este
Decidiu-se incluir estepequeno
pequenolivro
livronesta
nestasérie
sériepara
paraexem-
exem-
piificar um tipo .de compreensão do Brasil que, na época de spa
plificar um tipo,de
publicação, compreensão
1928, aparecia como do umaBrasil
visãoque, na época
realista e, atédecerto
sua
ponto, "revolucionária^
“revolu‹;io'nária”.~ _` J*
Como
Corno se explica
explica tanto
tanto equívoco?
equívoco?
É preciso.não
preciso^nãoesquecer
esquecerque
quePaulo
PauloPrado
Pradofoifoiumumdos
dospronio~
promo-
tores
'fores da Semana de Arte Moderna de 1922. t
A redescoberta do
A redescoberta do Brasil
Brasil corno
como exótico-reivindicado
exóticoreivindicadoe enão não
expelido» suaorgulhosa
expelido, sua orgulhosaexibição
exibiçãoperante
peranteEuropa-França
EuropaFrança e mes-
e mes-
mo Bolívia, era sinal de autenticidade. Foi um momento do longo
mo Bolívia, era casamento
e atormentado sinal de autenticidade.
casamento entre Foidominante
entre a classe
classe um momento
dominante (oudo
(ou longo
melhor,
rnelhor,
aa parte
parte dela
dela que
que tinha
tinha qualidades para ser
qualidades para ser uma
uma elite
elite cultural)
cultural) eé oo
povo
povo brasileiro.
brasileiro. Este
Este foi
foi "descoberto”
“descoberto” porpor nossa
nossa intelectualidade
intelectualidade
tal
tal como
como era ou se
era ou se supunha
supunha que que fosse:
fosse:mestiço,
mestiço,feio,
feio, sifilítico,
sifilítico, pre-pre-
guiçoso, malandro, mas,
guiçoso, malandro, mas, dede qualquer
qualquer forma,
forma,nosso. A afirmaçäo
afirmação
orgulhosa do nós coletivo,
coletivo, aa transfigur-ação
transfiguração do do feio
feio em
em belo,
belo,fez-se
fezse
de forma lapidar
deforma lapidar na
na literatura.
literatura. Macunaíma,
Macunaíma, pára para mim,
mim, éÉ oo ponto
ponto
rnais alto desse
mais alto desse processo.
processo.Reivindica-se,
Reivindicase,sem semesconder
esconder os os peca;
peca-_
dos,
dos, aa srcinalidade
originalidadedo do blend brasileiro. Semmen_tira.s,
brasileiro. Sem mentiras, ou ou melhor,
melhor,
mentindose
mentindo-se abertamente
abertamente e, e, portanto, santificandose
santificandose aamentira.
mentira.

]'4
Mas este estilo
Mas este estilodedecompreensão
compreensãododoBrasil,
Brasil*
quequefoi foi maneja-
maneja-
do com gênio
gênio por por Mário de Andrade, levou
levou mãos
mãos menos
menos peri-
peri-
tas ao desvio fascisdzante do
desvio fascistizan.te_ do verdoamarelismo,
verdeamarelism o, que
que chegou
chegou aa '
ser ridículo ee falso,
ser ridículo falso,como
comoem emPlinio
PlínioSalgado,
Salgado,mais
maisenvergonhado
envergonhado
em Cassiano Ricardo,
em Cassiano Ricardo,salvou-se
salvousenanaantropologša
antropologiairreverente
irreverentedede
Oswald de Andrade por ser absolutamente antíconvencional. E
Gswald
ficou “dedesalão'§
ficou “de Andrade
salão”, por
ainda
ainda ser absolutamente
grávido
grávido dedeintenções :an tíconvencional,
intençõesdemocratizantes,
democratizantes, E
nana
pena de Paulo Prado.
*1 De fato, a afirmação
afirmação cheia de impacto de que "numa “numa terra
radiosá vive um
radíosa vive um povo triste” ou
povo triste” ou de
de que
que “criava-se
wcriava>e .no no decurso
decurso dos dos
séculos
séculos umauma raça
raça triste
triste”,, adubada
I)
pela luxúria
adubada pela luxúria ee cobiça
cobiça do do coloni-l
coloniJ
zador, fez
fezfuror
furornos
noscírculos
círculosbem bempensantes.
pensantes.
Paulo Prado
Prado sese apercebeu
apercebeuda dáfragilidade
fragilidadeàt de seu argumento
impressionista.
irnpressionista. No No postscriptum explicouexplicou que
que talvez
ulvez eleele pensas-
pensas^
se mais nos paulistas (esses, sim, sim, coitados,
coitados, tristes
tristes mamelucos)
mamelucos) do do
que nos outros, eventualmente alegres brasileiros,Mas
alegres brasileiros, Masmanteve
manteve
o essencial de sua interpretação:
interpretação: nossonosso consciente
consciente construiu-se
construiuse I
a partir do colono, do índio e do negro escravo, escravo, jájápor por sisi-_-
7 e 
por motivos diversos - picados pela malevolência malevolézcia do tropicatropica-
lismo triste;
triste; ainda por cima, nossas nossas elites
elites sesedettarani
deixarammorder morder
pelo spleen romântico. Na política, politica, oo verbalisrm
verbalismo oco ocosubstítuia
substituía
a análise;
análise;na navida
vidacotidiana
cotidianaaaimitação
imitaçãonostálgica
nostálgicadede umauma Europa
Europa
recuada pelapela imaginação
imaginação ee 0o contraste apavor;t~e
apavor&atecom comasasma+ ma-
zelas das crises
zelas das crisesétnico~sociais-biológicas
étnicosóciaisbiológicastornavàrn tornavam nossas
nossas elites
elites
frívolas
frívolas ee incompetentes
incompetentes para para construir
construir uma
uma na naclo. Diantedesse
são. Diante desse
quadro desventuroso,
desventuroso, só só aasolução
soluçãoheroica.
heroiça, EE eis
eis que nosso autor,
:_ue nosso autor,
sem se se -dar
dar contafexempiifica
conta,^exemplificacom comsua suaprópria
própria_:-enarena0o mal que que
tanto criticava: propõe romanticamente
criticava: propõe romanticamente aasoluçizz.
solução.Esta Estaconsistia
consistia
ou na Guerra, para despertar quem sabe algum algum he;-oi
htrói salvador, ou
na Revolução.
Revolução.AntesAntesdadamoda modaatual,
atual,?aulo
PauloPrad-›:
Pradcadotaidotaa solução
a solução
mais fácil:
mais fácil:sósóososmais
maissimples,
simples,os os
nãonão
contaminados, vindos
contaminidos, da da
vindos
profundeza da alma popular, teriam força pare para regenerar
:egenerar tanta

75
perdição,
perdição. EE éé no
no impulso»
impulso, também
também romântico
romântico ee irracional
irracional —- “o“Q
futur
futuroo não pode
pode ser pior que
que oo passado”
passado” —,--, que
que nosso
nosso autor
autorvai
vai
buscar
buscar aa crença
crença na na redenção.
redenção. Tivesse
Tivesse vivido
vivido mais
mais umum pouco
pouco ee
Paulo
Paulo Prado
Prado veria
veria que
que sobre
sobre aa base
base precária
precáriadedeumumpovo
povo“triste”
“triste”
se constituía um país moderno.
moderno. EE quequenão
nãofoi
foiaaalcandorada
alcandoradaRe- Re-
volução quem
quern plasmou
plasmou oo futur o; ppior
futuro; ior ainda,
ainda, teria
teria visto
visto que,
que, para
para
a massa da população, o futuro tampouco foi melhor do que o
a massa da população, o futuro tampouco foi melhor do que o
passado e que>
que, o têmpora, moresl, tristezas não
tempora, o mores!, não pagam
pagamdívidas.
dívidas.
Deuse
Deu-se aa grande
grande transformação
transformaçãoque queninguém
ninguém poderia
poderia supor há há
supor
quarenta
quarenta anos:
anos: oo país
país se "modernizou'1
“modernizou” oo romantismo
romantismodas daselites
elites
foi substituído por
por umumpragmatismo
pragmatismosem semencanto
encantoe, e,àsàsvezes,
vezes,sa- sa-
fado; os grandes problemas (TomoComo oo dada dívida
dívida externa tão profli
profli-
gada por Pauíó
Paulo Prado se se reproduziram, se agravaram
agravaram ee acabaram
acabaram
por se resolver, embora noutro contexto, e assim por diante. Ú:
O “método” impressionista
impressionista dé interpretação dodoBrasil,
deéinterpretação Brasil,porpor
mais encantador
mais encantador que
que seja
seja seu
seu manejo
manejo por por hábeis
hábeis mãos
mãos ee fecuncj&s
fecuncfis
imaginações, pode valer
valer como estética» pode abrilhantar
estética, pode abrilhantar salões
salões e
saraus (ah!
(ahi Estes também já já nnão
ão existem
existem mais...),
mais...),mmas
ás não
não resiste
ao tempo
tempo ee às
às vezes nem ao vento. A
vezes nem A uma
uma moda
modaseguese
seg"ue~Seoutra,
outra,
sem deixar no mais das vezes nada além além da
da sensação dede uma
uma lei-
lei-
tura
tura prazerosa
prazerosa respingada
respíngada aqui
aqui ee ali
ali de observações
observações atiladas.
atiladas.
Em seu gênero
gênero ee com
com essas
essaslimitações,
limitações,Retrato do Brasil con-
tinua
tinua sendo
sendo dos
dos melhores
melhores ensaios
ensaios feitos
feitos para
pa raentender
entenderou oujustifi-
justifi-
car os males do passado
passado e as esperanças
esperanças do futuro.
futuro.

'rñ
GILBERTO
GILBERTOFREYRE
FREYRE
4 al v 1 _ Ú
I ' ›| '.
1 ' ' I
¡ .| .¡ I
. .| - ¡
Í
_ \ ' _ I

4 - ¡ 1 ri 1
1 GILBERTO
Gn.BERTo FREYRE
FREYRE

CASA-GRANDE
äíâ - GANE
aí:
«ft .

sENz@LÀ
SENZALA 1*
'

I-

FORMAÇAO
FORMAÇAO DA FAMÍLIA BRASILEIRA
DA FAMILIA BRASILEIRA
SOB
SOB O
O BEG1MEN DE ECONOMIA
REGIMEN DE ECONOMIA
PATRÍARCHAL
PATRUÃRCHAL

¡\/IAIA
M A JÁ & & SCHMIDT
SCHIVHDT l._.T*Í'^
LJ*3*
. RIO
FHC) —
-› 1933
1933 1
Casa-grande & Senzala, clássico*
6 senzala, clássico*

s .

Quantos clássicos terão tido


clássicos terão tido aa ventura
ventura dede serem
serem reeditados›
reeditados *
tantas
tantas vezes?
vezes? Mais ainda: Gilberto
Mais ainda: Gilberto Freyre
Freyresabia-se“c1ássico”Í
sabiase "clássico”Logo
Logo êt
ele,
ele, tão
tão àà vontade
vontade no
no escrever,
escrever, tão
tão pouco
pouco afeito
afeito às
às normas.
normas. E£ todos
todos fÉ
que vêm
vêm lendo
lendo Cãsa-granâe
Casa-grande & dr se nza la há setenta anos, mal ini-
senzala, ini-
ciada
ciada aa leitura,
leitura, sentem
sentem que
que estaõ
estão diante de obra
diante de obra marcante,
marcante.
Darcy Ribeiro, outro
Darcy Ribeiro, outro renascentista
renascentista caboclo,
caboclo,desrespeita-
desrespeita-
do*
dor dede regras,
regras, abusado
abusado mesmo
mesmoe ecom comlaivos
laivosdedegênio,
gênio, escreveu
escreveu
no prólogo que preparou para ser publicado na edição de Casa-
no prólogo que preparou para sér publicado na edição deCasa-
-grande ce senzala pela biblioteca
& Senzala bibliotecaAyacucho
AyácuchodedeCaracas
Caracasque quêeste
este
livro séria lido no
seria lido no próximo
próximo milênio.
milênio.Como
Comoescreveu
escreveunonoseculo
século
xx, seu vaticínio cgmeça
seu vaticínío começaaacum_prir»se
cumprirseneste
nesteinício
iniciodedeséculo
séculoXX L
xxr.
Mas
Mas porquê?.
por quê?
Os críticos
críticos nem
nem sempre
sempre foram
foram generosos
generososcom comGilberto
Gilberto

** “Um
“Um livro
livroperene”
perene”(Apresentação).
(Apresentação). In:In: Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre, 1900-87.
1909-87. Casa-grande
Casa-grande
Ó-.senzalar Formação daƒrrmflia brasileira sob o regime da economia patriarcal. 50-.
&
ed.senzala:
re $ãõFormação
v. São
rev. Paulo; da família
Global,
Paulo: Global, a sob o regimeda economia patriarcal.50^
2005,brasileir
pp. l9¬28.
pp. 19-28.

?9
lu -
f-fi

Ereyre,
Freyre. Mesmo
Mesmo os que 0o foram,
os que foram, como
como oo proprio
próprio Darcy,
Darcy, raramente
raramente Let
.-1%
:iu

deixaram
deixaram de mostrar suas
de mostrar contradições, seu
suas contradições, seu conservadorismo,
conservadorismo,oo =~_
Í.

gosto pela palavra


gosto pela palavra sufocaltdo
sufocando oo rigorrigor científico,
científico,suas suasideali`zaço.es
idealizações
ee tudo
tudo que,
que, contrariando
contrariando seusseus argumentos,
argumentos,era era simplesmente
simplesmente es- es-
quecido,
quecido. É Ê inútil
inútil rebater
rebater asas críticas.
críticas. Elas
Elasprocedem.
procedem.Pode--se
Podesefaze-fazê-
las com mordacidade,
-las com mordacidade, impiedosamente
impiedosamente ou ou com
com ternura,
ternura, comcom
compreensão,
compreensão, como seja. O
corno seja. fato éé que
O fato que até
até já
já perdeu
perdeu aa graça
graça repeti-
repeti-
las
-las ou
ou contestálas. Vieram para
contestá~las. Vieram para ficar,
ficar,assim
assimcomo comooolivro.
livro.É Éisso
isso
que
que admira:
admira: Casa-grande
Caswgmride cí~ senzaln foi,
& senzala foi, éé ee será
será referência
referênciaparaparaaa
compreensão do Brasil. Brasil-
Por
Por quê? Insisto.
quê? Insisto.
A etnografia
etnografia do livro érno éfno dizer
dizerde deDarcy
Darcy Ribeiro,
Ribeiro, de boa
qualidade.
qualidade. NãoNão se se trata
trata dede obra
obra de de àlgutn preguiçoso genial.
algum preguiçoso genial.OO
livro
livro se deixa lerspreguiçosamente,
se deixa le&preguiçosamente, languídamente.
languidamente. Mas Mas isso
isso ééqu»
c^u
tra coisa.
tra coisa. É
Ê tão bem escrito,
tio bem escrito, tão
tão embalado
embalado na na atmosfera,
atmosfera, morna,
morna,
da descrição
descrição frequentemente idüica^que
idilicalque o autor faz para caracte- caracë-
rizar o Brasil patriarcal,
patriarcal, que
que leva
leva oo leitor
leitor nono embalo.
embalo.
Mas que-ninguém
quêmngiiém se engane:
engane: por por trás
trás das
das descrições,
descrições, às àsvesies
vezes
romanceadas
rornanceadas ee mesmo
mesmo distorcidas,
distorcidas, há há muita
muita pesquisa.
pesquisa.
Gilberto
Gilberto Freyre tinha aa pachorra
Freyre tinha pachorra ee aa paixãopaixão pelo
pelo detalhe,
detalhe,
pela
pela minúcia,
mi-núcia, pelo
pelo concreto.
concreto. À A tessitura
tessitura assim
assim formada,
formada, entretan-
entretan-
to,
to, levavao frequentemente àà simplificação
levava-o frequentemente simplificação habitual.
habitualnosnosgrandes
grandes
muralistas. Na projeção de cada minúcia para compor o painel
muralistas. Na projeção de cada minúcia para compor o painel
surgem
surgem construções
construções hiperrealistas
hiper-realistas mescladas
mescladas comcom perspectivas
perspectivas
surrealistas
surrealistas que
que tornam
tornam o0 real
real fugidio
fugidio.
Ocorreu
Ocorreu dessa forma na
de-ssa forma na descrição
descrição das
das raças
raças formadoras
formadorasda da
sociedade brasileira. O
sociedade brasileira. O português
português descrito
descrito por
por Gilberto
Gilberto- não
não éé
tão
tão mourisco
mourisco quanto
quanto oo espanhol.
espanhol.Tem Tem pitadas
pitadas dede sangue
sangue celta,
celta,
mas
mas desembarca
desembarca no no Brasil como um
Brasil como um tipo
tipo histórico
histórico tisnado
tisnado com
com
as cores quentes da África.
África. OO indígena
indígena éé demasiado
demasiado tosco
toscopara
para
quem
quem conhece
conhece aa etnografia
etnografia das Américas, Nosso
das Américas. Nosso autor
autorcons~ide~
conside-
ra
ra os
os indígenas
indígenas meros
meros coletores, quando, segundo
coletores, quando, segundo Darcy
DarcyRibeiro,
Ribeiro,

-So
sua contribuição para
sua contribuição para aa domes.ticação
domesticação ce oo cultivo
cultivodas
dasplantas
plantasfoiFoi
niaior
maioi' que
que aa dos
dos africanos.
africanos.
O negro,
negro,ee neste ponto 0.o antirracismo de de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre aju-
aju-
da,
da, fazse
faz-se orgiástico
orgiástico por sua situação
por sua situação social
social de de escravo
escravo ee não
nãocomo
como
conseqüência
consequencia da da raça
raça ou
ou dede fatores
fatores intrinsecamente
intrinsecamente culturais.
culturais.
Mesmo
Mesmo assim,
assim, para
para quem
quem tinha
tinha 0o domínio etnográfico de
domínio etnográfico de Gilber-
Gilber-
to
to Freyre, o negro
Freyre, o negro que
que aparece
aparece no no painel
painel éé idealizado
idealizadoem emdemasia.
demasia.
Todas essas caracterizações, embora expressivas, simplificam
simplificam
e podem iludir o leitor.
leitor. Mas,
Mas,com
comelas,
elas,o olivro
livronão
nãoapenas
apenasganha
ganha
força descritiva como
força descritiva como se torna quase
se torna qüase uma
uma novela,
novela, ee das
das melhores
melhores
já escritas, e, ao mesmo tempo, ganha força explicativa.
Nisto reside o mistério da criação. Em outra oportunidade,
tentando
tentando expressar meu encantamento
expressar meu encantamento de de leitor, apeleí
apelei aaTrótski
Trótski
para ilustrar o que depreendia esteticamente da leitura de Case i
Casa-
-grande cá»
-grande senzala. Ò
& senzala, O grande
grande revolucionário
revolucionário dizia:
dizia: “todo
“todo verda-
verda-
deiro criador sabe que nos ,momentos
momentos da criação alguma coisa
criação alguma coisa
de mais forte do que ele
ele próprio lhe guia
guia aa mão.
mão. Todo
Todo verdadeiro
verdadeiro {
orador
orador conhece
conhece os minutos em que exprime pela pela boca
boca algo
algoque
quer f
tem mais força que ele próprio”.
Assim ocorreu com Gilberto Freyre. Sendocorreta
Freyre. Sendo corretaou
ounão
naoaa
minúcia descritiva e mesmo quando a junção dos personagens se
algo que,
faz numa estrutura imaginária e idealizada, brota algo que, inde-
inde-
pendentemente do método de análise, e às vezes mesmo das con-
pendentemente do método de análise, e às vezes mesmo das con-
clusões parciais
parejais do
do autor,
autor»produz
produzoo encanta-mento,
encantamento,aailuminação
iluminação
que explica sem
sem que
que sesesaiba
saibaaarazão.
razao.
Como, entretanto, não não se
se trata
trata de
de pura
pura ilusão,
ilusão, há de
d-e reco-
reco-
nhecerse
nhecer-se que Cqfa~gmnde
Cga-grande ó~ senzala eleva
& senzala eleva àà condição
condição dede mito
mito
um paradigma
paradigma queque mostra
mostra oo movimento
movimentoda dasociedade
sociedade escravo-
escravo-
crata e ilumina
ilumina oo patriarcalismo
patríarcalísmo vigente
vigente no
no Brasil préurbano
Brasil pré-urbano-
industríal.
-industrial.
La-tifúndio e escravidão, casa-grande e senzala eram, de fato,
Latifúndio e escravidão, casagrande e senzala eram, de fato,
pilares da ordem escravocrata. Se nosso autor tivesse ficado
ficado só

81
nisso, seria possível
nisso, seria dizerque
possível dizer que outros
outros jájá oohaviam
haviamfeito
feitoeecom
commais
mais
precisão.
precisão. ÊÉ no
no ir
ir além
além que
que está
está aa força
força de
de Gilberto
Gilberto Freyre.
Freyre. Ele
Ele vai
vai
mostrando como, no
mostrando como, no dia
dia aadia,
dia,essa
essaestrutura
estruturasocial,
social,que
queé fruto
é fruto
do
do sistema
sistema de deprodução,
produção,seserecria.
recria.É Éassim
assimqueque a análise
a análise do do nosso
nosso
antropólogosqciólogohistoriador
antropólogo-sociólogo-historiador ganha ganha relevo.
relevo.AsAsestruturas
estruturas
sociais e econômicas não são apresentadas apenas como condi-
sociais e econômicas não são apresentadas apenas como condi
cionantes da ação,
cionantes da ação,mas
mascomo
comoprocessos
processosvivenciados
vivenciados porpor pessoas
pessoas
também
também movidas
movidas porpor emoções.
emoções. Aparecem
Aparecem nono livro
livro emoções
emoções queque
não
não se compreendem fora
se compreendem fora de
decontextos
contextose eações
açõesconcretas
concretase não
e não
apenas como padrão
-padrão cultural
cultural.
Assim
Assim fazendo, Gilberto Freyre inova
Gilberto Freyre inovanas
nasanálises
análisessociais
sociaisdada
época: suasociologia
época: sua sociologiaincorpora
incorporaa avida
vidacotidiana.
cotidiana. Não
Não apenas
apenas a a
vida pública ou
vida pública ou oo exercício
exercíciodedefunções
funçõessociais
sociais definidas
definidas (do(do
se- se-
nhor de engenho, do latifundiário, do escravo, do bacharel), mas
nhor
a vidadeprivada.
engenho, do latifundiário, :do
privada. -s^ escravo, do bacharel), mas li
Hoje ninguém mais se se espanta
espanta 'corn
tom aa sociologia
sociologia dada vida
vida pri-
pi£
vada.
vada. Há atéaté histórias
histórias famosas
famosassobre
sobre3a vida cotidiana.
cotidiana. Mas,
Mas, nosnos
anos 1930, descrevera acozinha,
1930, descrever cozinha,ososgostos
gostos alimentares,
alimentares, mesmd
mesmd a a
arquitetura
arquitetura e,e, sobretudo,
sobretudo, aa vida
vida sexual
sexualera erainusitado.
inusitado.
Mais ainda,aoaodescrever
Mais ainda, descreverososhábitos
hábitosdodo senhor,
senhor, do do patriarca
patriarca
èe de
de sua
sua família,
família, por
por mais
mais que
queaaanálise
análisesejasejaedulcorada,
edulcorada,ela elarevela
revela
não só a condição
condição social
social dodo patriarca,
patriarca, da da sinhá
sinhá ee dos
dos ioios
ioiôs ee
iaiás,
iaiás, mas
mas das
das mucamas, dos moleques
mucarnas, dos molequesde de brinquedo,
brinquedo,das dasmulatas
mulatas
apetitosas, enfim,desvenda
apetitosas, enfim, desvendaa atrama
tramahumana
humanaexistente.
existente.E,E,nesse
nesse
desvendar, aparecem
aparecem fortemente o sadismosadismo ee aa crueldade
crueldadedosdosse«
se-
nhores, ainda que
nhores, ainda què Gilberto
GilbertoFreyre
Freyretenha
tenhadeixado
deixadodededardarimpor-
impor-
tância am escravos
tância aos escravosdo doeito,
eito,à àmassa
massados dosnegros
negrosqueque mais
mais penava
penava
nos campos.
campos.
Ê indiscutível,contudo,
É indiscutível, contudo,que quea avisão
visãododomundo
mundopatriarcal
patriarcal
de
de nosso autor assume
nosso autor assumeaaperspectiva
perspectivadodobranco
brancoe edodosenhor.
senhor.Por Por
mais que ele valorize aa cultura negra ee mesmo mesmo oo comportamento
comportamento
do negro como uma das das bases
bàses da
da “brasilidade”
“brasilidade” ee queque proclame
proclame aa

É-|
mestiçagem como algo
mestiçagem como algo positivo,
positivo, no
no conjunto
conjunto fica
fica aa sensação
sensação de
de.
uma
uma cetta
certa nostalgia
nostalgia do
do "tempo
“tempo dos
dos nossos avós ee bisavós”.
nossos avós Maus
bisavós”. Maus
tempos,
tempos, sem
sem dúvida,
dúvida, para
para aa maioria
maioria dos
dos brasileiros.
brasileiros.
De
De novo, então»por
novo, então, porque
queaaobra
obraééperene?
perene?
Talvez porque»aoaoenunciar
Talvez porque, enunciartão
tão abertamente
abertamente comocomo valiosa
valiosa
uma situação cheia de aspectos horrorosos, Gilberto Freyre des-
uma
vende situação
vende uma
cheia deque,
uma dimensão
dimensão aspectos
gostemos
que, gostemos
horrorosos,
ou não,
ou
Gilberto
conviveuFreyre
não, conviveu comquase
com
des-
quase
todos
todos osos brasileiros
brasileiros até
até oo advento
advento da da sociedade
sociedade urbanizada,
urbanizada, com- com-
petitiva
petitiva ee industrializada.
industrializada. No No fundo,
fundo, aa história
história que
que ele
ele conta
conta eraera aa
história
história que
que os brasileiros, ou
os brasileiros, oupelo
pelo menos
menos .aa elite que lia
elite que lia ee escrevia
escrevia
sobre
sobre o 0 Brasil,
Brasil, queria ouvir.
queria ouvir. |l
Digo issoisso não
não para
para “desmistificar”,
“desmistifiçâr”,Convém
Convémrecordar
recordarque que
outro grande inventorealidade,
invento-realidade, oo de de Mário dede Andrade, Macu Macu-
naíma,
naírna, expressou tambémtambém (e nao não expressará
expressará ainda?)
aínda?) umauma carac-
carac-
terística nacional
nacional que,que, embora
embora criticável,
criticável,nos
nosééquerida.
querida.OOperso-perso-
nagem principal
principal é descrito como como herói
herói sem nenhum caráter.
caráter. Ou
melhor, com com caráter variável,
variável, acomodatício,
acomodatício, oportunista.
oportunista. Esta,
Esta, ^
por certo»
certo, nao
não é toda a verdade da nossa alma. Mas como negar '
que exprime
exprime algo algo dela?
dela?Assim
Assimtambém
tambémGilberto
GilbertoFreyre
Freyredescreveu
descreveu
um Brasil que, que, sese era
era imaginário em certo nivel, nível, em em outro era
real. Mas como
real. Mas como seria
seria gostoso
gostososesefosse
fosseverdade
verdadeto-dos
todosterem
teremsidosido
senhores..,
senhores... .
É essa característica de
essa característica dequase
quase mito
mito que
que dá
dá aa Casa-grande cê &
senzola a força e a permanência. A história que está sendo conta-
senzala conta-
da éé aa história
história de de muitos
muitos de de nós,
nós, de
de quase
quase todos
todosnós,nós,senhores
senhoresce
escravos. Não é por certo aa dos dos imigrantes.
imigrantes. Nem
Nem aadas das populações
populações
autóctones. Mas a história
história dos
dos portugueses,
portugueses, dede seus
seus descendentes
descendentes
e dos
dos negros,
negros, que,que,sesenão
nãofoifoiexatamente
exatamentecomocomoaparece
aparecenonolivro,
livro,
poderia ter sido a história de personagens ambíguos que abomi- abomi-
navam Certas
certas práticas da sociedade escravocrata
escravocrataeesese embeveciarn
embeveciam
com outras, com
com outras, com asas mais
mais doces,
doces,asasmais
maissensuais.
sensuais.

8333
-aa
Tratase,
Trata-se, reitero, de dupla simplificação,
simplificaçao, a que que está
está na
na obra ee .af-i`.¬?f*z`«'-;
Í*i=
a que
que estou
estou fazendo.
fazendo. Mas que que capta,
capta, penso
penso eu, algo
algo que
que seserepete
repete :.:.;
Lil
na
na experiência
experiência ee na na leitura
leitura dede muitos
muitos dos
dos analistas
analistas dede Gilberto
Gilberto C2.

Freyre.
Freyre. ÉÉ algo
algo essencial
essencialpara paraentender
entenderooBrasil.
Brasil,Trata-se
Tratasededeumauma ;`fl
L

simplificação formal que caracteriza, por intermédio intermédio de de oposi


oposi-
çoes
ções simples,
simples, um
um processo complexo.
processo complexo.
Não
Não será
será próprio
próprio da da estrutura
estrutura do do mito,
mito, como
como diria
diria Lévi
Lévi-
Strauss,
-Strauss, esse tipo de
esse tipo de oposição
oposição binária?
binária? EE não
não éé da
danatureza
natureza dos
dos
mitos
mitos não
não se
se alterarem
alterarem com o passar do tempo? E E eles,
eles,por
por mais
mais
simplificadores
simplificadores que sejam, não ajudam o olhar do antropólogo a
desvendar as estruturas do real?
Basta isso para demonstrar a importância
importância de de uma
uma oobra
bra que
formula
formula umum mito
mito nacional
nacional ee ao ao mesmo
mesmo tempo
tempo oo desvenda
desvenda ee assim
assim
explica* interpreta, mais
explica, interpreta, maisque queaanossa
nossahistória,
história,aaformação
formaçãodedeum um
esdrúxulo
esdrúxulo “ser
"ser nacional’.
na`-chional”. ^ 6
-1

Mas cuidado! Essa "explicação”


“explicação” éé toda própria. Nesse ponto;-s
pontq^
a exegese de Ricardo
exegese de Ricardo Benzaquen
Benzaquen de de Araújo'
Araújo1 em Guerra
Guerra ee pazpaz é
preciosa,
preciosa. Gilberto
Gflbeíto Freyre seria o mestre do equilíbrio dós dos Con-
coff-
trários.
trários. Sua
Sua obra
obra está
está perpassada
perpassada porporantagonismos.
antagonismos. Mas Mas dessas
dessas F
contradições
contradições não não nasce
nasce umauma dialética,
dialética, não há há aa superação
superação dosdos
contrários, nem por por conseqüência
consequência se vislumbra
vislumbra qualquer
qualquer sentido
sentido
da História.
História. Os
Os contrários
contrários se se justapõem, frequentemente de for- for-
ma
ma ambígua,
ambígua, ee convivem
convivem em em harmonia.
harmonia.
O exemplo
O exemplo mor mor que que Ricardo
Ricardo Benzaquen
Benzaquen de de Araújo
Araújo extrai
extrai de
de
Casa-grande
Casa-grande & senzala para
ei' Senzala para explicar
explicar oo equilíbrio
equilibrio dede contrários
contrários éé
a análise de como a língualingua portuguesa no Brasil nem se entregou
completamente
completamente àà forma forma corrupta
corruptacomocomoera erafalada
faladanas
nas senzalas,
senzalas,
com muita
muita espontaneidade,
espontaneidade, nem nem sese enrijeceu
enrijeceu como
como almejariam
alrnejariam
os jesuítas professores de gramática.
“A nossa língua
Kngua nacional
nacional resulta
resulta da
da interpenetração das duas
tendências,”
tendências.” Enriqueceuse
Euriqueceu-se graças graças à variedade de antagonismos, oo
que não
que não ocorreu
ocorreu com
com oo português
portuguêsda
da Europa.
Europa. Depois
Depois de
de mostrar
mostrar

84
34
a;r_ diversidade
diversidade da$
das formas
formas pro nominais que
pronominais que nós
nos usamos,
usamos, Gilberto
Gilberto
Freyre diz:
Freyre diz: '

A força*ouòuantes,
A força, antes, a potencialidade
a potencialidade da cultura
da cultura brasileira
brasileira parece~parece
nos residirtoda
-nos residir todananariqueza
riquezade de antagonismos
antagonismos equilibrados
'equilibrados [...]. [...}.
\`\`Não que no brasileiro Subsistam, como no anglo-americano, duas
\Não que inimigas:
metades,
metades, noinimigas:
brasileiro subsistam,
a branca
a branca como
e a epreta;
a preta; no angloamericano,
o exsenhor
o ex‹senhor duas
e o exescravo.
e o ex-escravo.
De modonenhum.
De modo nenhum.Somos
Somosduas
duasmetades
metades confraternizantes
confraternizantes que que
se se
vêm
vêm mutuamente enriquecendode
mutuamente. enriquecendo de valores
valorese eexperiências
experiências versas;
di
diversas;
quando nos cornpletarmos
quando nos completarmosnum num todo,
todo, não
não será
serácom
comoosacrifício
sacrifíciodede
um
um elemento
elemento aa outrof
outro.2 |

Á
A noção de equilíbrio
equilibrio dos
dos contrários
contráriosé éextremamente
extremamenterica
rica
para entender o modo de apreensão do real utilizado por Gilber-
para entender
to Freyre. Átéoporque
Freyre. Até
modo também
porque de apreensão
ela do real utilizado
ela é “plástica”. tempor
“plástica”. EE tem
Gilber-
tudo
tudo aá ver
com a maneira comocomo ele interpreta seus objetos
objetos dede análise.
análise.
Primeiro porque
porque transforma
transformaseus
seus“objetos”
“objetos” emem processos
processos
contínuos nos quais
quais 0 próprio autor $ese insere,
insere. ÊÉ a convivialidade
com a análise, o estar à vontade
vontade na
na maneira
maneirade deescrever,
escrever,oo tom
tom
moderno
moderno de de sua
sua prosa,
prosa, que
que envolvem
envolvem não
nãosó sóoo autor
autorcomo
comooolei- lei-
tor, o que,
que distingue o estilo de Casa-grande & senzala..
Ó senzala
Depois, porque Gilberto Freyre, explicitarnente, ao buscar a
Depois, porque Gilberto Freyre, explicitamente, ao buscar a
autenticidade, tanto
tanto dos
dos depoimentos
depoimentose edos dosdocumentos
documentos usados
usados
quanto
quanto dos
dos sèus
seus próprios
próprios sentimentos,
sentimentos,eeao aoser
sertto
tãoantírretórica
antirretórica
que às vezes
Vezes perde
perde o que os pretensiosos
pretensiosos chamam de “compostura
acadêmica”, nãovisava
acadêmica”, não visavaapenas
apenasdemonstrar, mas convencerr
convencer. E con-
con-
vencer significa vfhcer junto, autor
significa vgncer autor ee leitor.
leitor. Este
Este procedimento
procedimento
supõe uma certa
certa “revelação”, quaseuma
“revelação”, quase Umaepifania,
epifania,não
nãose$etrata
tratade
de
um processo lógico
logico ou dialético.
Por isso
Por isso mesmo,
mesmo, ee essa
essa característica
característica vem
vem sendo
sendo notada
notada des
des-
de as primeiras edições de Casa-grande & sefizala,, Gilberto Freyre
ea senzala
não
não condui.
conclui.Sugere,
Sugere, éé incompleto,
incompleto, éé introspectivo,
introspectivo,mostra
mostraooper
per~

«5
35
curso, talvezmostre
curso, talvez mostre oo arcabouço
arcabouço de dê uma
uma sociedade.
sociedade. MasMasnão não“to~
“to-
taliza” Nãooferece,
taliza”. Não oferece,nem nempretende,
pretende, uma uma explicação
explicação global.
global. Analisa
Analisa
fragmentos
fragmentos eecom eles eles faznos construir pistas
faz-nos construir pistaspara
paraentender
entenderpar-par ;
tes sociedadeeedadahistória.
tes da sociedade história.
Ao afastar-se
afastarseda visãovisãometódica
metódica ee exaustiva,
exaustiva,abre-se,
abrese, natural-
natural
mente,
mente, àà crítica
críticafácil.
fácil. Equivocam-se,
Equivoçamse,porém, porém, os osque
quepensarem
pensaremque que
por isso Gilberto
-Gilberto não retrate
retrate o que a seu ver realmente importa
para
para aa interpretação
interpretação que que está
está propondo.
propondo.
Pôr
Por certo, obra assim
certo, obra assim concebida
concebidaéénecessariamente
necessariamenteúnica. única,
Nao
Não é pesquisa que, repetida nos mesmos moldes por outrem,
produza os mesmos resultados, como prescrevem os manuais na
versão
versão pobre
pobre do etentificismotrorrente, Nãolhá
do cientificismotorrente. Não háintersubjetividade
intérsubjetividade
que garanta aa objetividade.
objetividade. ÉÉ a captação
captaçãode deum ummomento
momento divina-
divina-
tório que nos convence,
convence,ouounão, não,dadaautenticidade
autenticidade da da mterpretg
interpretg;
çao
ção proposta,
proposta. A Á obra não se se separa
separa do do autor,
autor,seuseu êxito
êxitoéé aaconfir-
confir-
mação do que se poderia chamar chamar de criatividade
criatividade em em estado
estado puro”.
pura
Quando bemsucedida,
bem-sucedida, essa essatécnica
técnicabeirabeiraa genialidade.
a genialidade.
Não digo isso isso para tirar valor das interpretações, ou melhor, melhdr,
'* ■' 1§sf■
dos insights
insights de de Gilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,até
atéporque,
porque,a aessaessa altura,
altura, seria
seria ir ir
contra a evidência.
evidência.Digo Digoapenas
apenaspara, para,aoaosubscrever
subscrever as análises
as análises
já referidas sobre
-sobre o equilíbrio entre contrários, mostrar as suas
limitações
limitações e,e, quemquemsabe, sabe,explicar,
explicar,porpor suas
suas características
características meto- meto-
dológicas,
dológicas, oo mal-estar
malestarque quea aobra
obradedeGilberto
GilbertoFreyre
Freyre causou,
causou, e e
quem
quem sabesabe ainda
ainda cause,
cause, nana Academia.
Academia.
Ás oposiçõessimplificadoras,
As oposições simplificadoras, os os contrários
contrários em em equilíbrio,
equilíbrio, se se
não explicatn
explicam logicamente
logicamente oomovimento
movimento da dasociedadesenfem
sociedade, servempara para
salientar característicasfundamentais.
salientar características fundamentais,São, São, nesse
nesse aspecto,
aspecto, instru-
instru~
mentos heurísticos,
heurísticos,construções
construçõesdodoespirito
espíritocuja
cujafundamentação
fundamentação
na
na realidade contamenos
realidade conta menosdodoque quea ainspiração
inspiração derivada
derivada delas,
delas, que que
permite captar o que é essencial para a interpretação proposta; proposta.
Não preciso referirme
referir~m-e aos aspectos vulneráveis já salienta- salienta-
dos por
por muitos
muitos comentadores
comentadoresdedeGilbertoGilbertoFreyre:
Freyre:suassuas confusões
confusões

86
86
entre raça ee cultura,
entre raça cultura, seuseuecletismo
ecletismometodológico,
metodológico,o oquase qüasèem- em-
buste
buste do do mito
mito da
da democracia
democracia racial,
racial, aa ausência
ausência de de conflitos
conflitos entre
entre
as classes,ou
as classes, oumesmo
mesmoaa“ideologia
"ideologiadadacultura
culturabrasileira”
brasileira”baseada
baseada
na plasticidade ee no
na plasticidade no.hibridismo
hibridismo inato
inato que
que teríamos
teríamos herdado
herdado dos dos
ibéricos. Todosesses
ibéricos. Todos essesaspectos
aspectosforam
foramjustamente
justamenteapontados
apontadospor por
muitos críticos»entre
muitos críticos, entreososquais
quaisCarlos
CarlosGuilherrfne
GuilhermeMota. Mota.
. E como, apesar disso,disso, aa obra
obra dede Freyre
Freyre sobrevive,
sobrevive, ee suas
suas in»in-
terpretações
terpretações não não sósósão
sãorepetidas
repetidas(o(oquequemostra
mostraaaperspicácia
perspicáciadas das
interpretações)
interpretações) comocomo continuam
continuam aa incomodar
incomodar aa muitos,
muitos, éé preciso
preciso
indagar mais mais oo porquê
porquê de de tanta
tanta resistência
resistência parapara aceitar
aceitar ee louvar
louvar
oo que
que de positivo existe
de positivo existe nela.
nela.Neste
Nestepasso,
passo,devo devoa aTarcísio
TarcísioCos;Cós^
ta
tafi,3 em
em apresentação
apresentação no no Instituto
Instituto dede Estudos
Estudos Avançados
Avançados da s p , a.
da uUSP, a.
deixa
deixa para
para compreender
compreender ràzõesrazões adicionais
adicionais àà pinimba
pinimba que que muitos
muitos
de nós, acadêmicos,
acadêmicos,temos temoscom comGilberto
GilbertoFreyre.
Freyre.Salvo
Salvo poucasex-ex-
poucas
ceções,
ceções, diz dizTarcísio
TarcísioCosta,
Costa,asasinterpretações
interpretaçõesdodoBrasilBrasil posteriores
posteriores
aa Casa-grande & senzalapartiram
Casa-grande Úsenzala partiram dede premissas
premissas opostas
opostas às de Gil-
às de Gil-
berto Freyre,
Preyre, numa rejeição velada de suas ideias, ideias. )1,
Em que sentido?
sentido? Na Na visão
visão dada evolução
evoluçãopolítica
políticadodo país
país èe.,§j
portanto, na valorização de aspectos que negam o que Gilberto
Freyre
Freyre analisou
analisou ee emem que acreditou, Ricardo
que acreditou. Benzaquen de
Ricardo Benzaquen de Araú-
Araú-
jo
jo ressalta
ressalta um
um ponto
ponto pouco
pouco percebido
percebido da da obra
obra gilbertiana,
gilbertiana, seu seu
lado “político”.
“político”,Um Umpoliticismo,
politicismo,comocomotudo tudonela,
nela,original.
srcinal. Refe-
Refe-
rindose
rindo-se ao New Deal de Roosevelt,Roosevelt, Gilberto
Gilberto Freyre
Freyrevaloriza
valorizaasas
“ideias” não os
“ideias”, não os ideais.
ideais,AAgrande
grandeeloquência,
eloqüência,o otom tomexclamatorio
exclamatório
dos “grandes ideais”,
dos “grandes ideais”,rnessiãnícos,
messiânicos,tudo tudoissoissoé posto
é postoà margem
à margeme e
substituído
substituído pela
pela valorização
valorização de de práticas
práticas econômicas
econômicas ee humanas
humanas
que,
que, dede alguma
alguma maneira,
ifianeira,refletem
refletemaaexperiência
experiênciacomprovada
comprovadade de
muitas pessoas.Mais
muitas pessoas. Maisa arotina
rotinadodoquequeoogrande
grandegesto.
gesto.
Quando se contrastam as interpretações valor ativas de Gil-
valorativas Gil-
berto Freyre com as opções posteriores, vêse vê-se que sua visão do
Brasil patriarcal,dadaCasa-grande,
Brasil patriarcal, casagrande,dadaplasticidade
plasticidadecultural
culturalportu-
portu-
guesa,
guesa, do do sincretismo
sincretismoestá estábaseada
baseadananavalorizaçao
valorizaçãodedeuma umaetica
ética

W
37-
'ii
dionisíaca. Aspaixões,
dionisíaca. As paixões,seus
seusexcessos,
excessos,sãosão sempre
sempre gabados,
gabados, e esse
e esse
“clima cultural” não
“clima cultural” não favorece
favorecea avida
vidapública
públicae emenos
menosainda a de J f
aindaa de-
mocracia,
mocracia.
Gilberto Freyre opta por valorizar um éthos que, se garante
a identidade cultural dos senhores
senhores (é(é ele
elepróprio
próprioquem
quemcompara
compara
oo patriarcalismo
patriarcalismo nordestino
nordestino com
com 0o dos
dos americanos
americanosdodoSul
Sul ee os
os vê

próximos), isola os valores da casa-grande e da senzala em seus
próximos),
muros.
muros. Da isola ospermissiva,
Da moral
moral valores dados
perrnissiva, casagrande
dos esexuais
da senzala
excessossexuais
excessos ouou em
dodo seus
arbítrio
arbítrio
selvagem dos senhores,
selvagem dos senhores,nãonãohá
hápassagem
passagemparaparauma
umasociabilidade
sociabilidade
mais ampla* nacional.Fica-se
ampla, nacional. Ficaseatolado
atoladononopatrimonialisrno
patrimonialismofami- fami
lístico. Não
Não se
se entrevê
entrevêooEstado,
Estado,nem
nemmesmo
mesmoo oEstado
Estadopatrimo-
patrimo
nialista dos estamentos de^RaymundoFaoro
estamcntos de~Raymundo Faoroe,e,muito
muitomenos,
menos,o o
éthos
ethos democrático buscado por
democrático buscado por Sérgio
Sérgio Buarque
BuarquededeHolanda
Holandae e
tantos outros. AA “política”
“política” de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre estiola
estiola fora
fora da
da casa»
casa
-grande. Comzsta, ou melhor, com as características culturiiis e *
grande,
com Com esta,
com aa situação
situação oudos
social
social melhor,
dos corri do
habitantes
habitantes as
do características
latifúndio,não
latifúndio, cons-4ié
nãoculturais
secogis-
se
trói uma
uma nação,
nação, não sese desenvolve
desenvolvecapitalisticamente
capitalisticamenteum umpaís
paíse, e,
menos ainda, poderseia
poder-se-ia construir uma sociedade democrática.
democrática.
ÉÊ por aí
aii que Tarcisio
TarcísioCosta
Costaprocura
procuraexplicar
explicar0 oafastamento”
afastamento ^
de Gilberto Freyre da intelectualidade
intelectualidade universitária
universitária ee dos
dos autores,
autores,
pesquisadores e ensaístas pósEstado
pós-Estado Novo. Estes queriam cons- cons-
truir a democracia e Gilberto foi, foi, repetindo Iosé
José Guilherme
Guilherme Mer-Mer
quior, “nosso mais completo anti-Rui Barbosa'Í
quior,Não
“nosso
que mais completo
Rui fosse antiRui Barbosa”
da preferência das novas gerações. Mas
Gilberto Freyre contrapunha
contrapunha a tradição patriarcal aa todos
todos osos ele-
ele-
mentos que
que pudessem
pudessem ser constitutivos
constitutivos do do capitalismo
capitalismoeedadade- de-
mocracia: o puritanismo calvinista,
ca1vinista,aa moral vitoriana, amoderni-
a moderni-
política do
zação politica do Estado
Estadoaapartir
partirdedeum
umprojeto
projetoliberal
liberale tudo
e tudoque
que
fundamentara
fundamentara oo estado
estado de direito
direito (o individualismo,
individualismo, oocontrato,
contrato,
a regra geral), numa palavra,
palavra, a modernidade.
Claro está que o pensamento crítico de inspiração marxista
Claro esquerdista
ou apenas está que o pensamento
esquerdista tampouco crítico de
tampouco assumiu
assumiu inspiração
como
como valoro omarxista
valor calvinis
calvinis-

88
88
mo,
mo, aa ética
ética puritana
puritana dada acumulação,
acumulação, ee nemnem mesmo
mesmo oo mecanismo
mecanismo
das regras
das universalizadoras, Mas
regras universalizadoras. Mas foi
foi sempre
sempre mais.mais tolerante
tolerantecomcom
esta "etapa”
“etapa” da marcha para outra moral — -~ democrática e, talvez,
socialista
socialista _—dodoque
quecorn
comaaregressão
regressãopatriarcal
patriarcalpatrimonialista.
patrimonialista.
Os pensadores mais democráticos do passado, como o já re- re-
ferido Sérgio Buarque
Pqrido Sérgio Buarqueou ouFlorestan
Florestan Fernandes
Fernandes ee também
também os osmais
mais
recentes, como Simon
recentes, como Simon Schwartzman
Schwartzman ou» ou, em em menor
menor grau,
grau, Iosé
José
Murilo
Murilo dede Carvalho
Carvalho (este olhando mais
(este olhando mais para
para aa sociedade
sociedade do do que
que
para o Estado), farão críticas implícitas quando não explícitas ao
iberismo
iberismo ee àà 'visão
visão de
de uma
uma “cultura
“cultura nacional",
nacional”, maismais próxima
próximada da
emoção
emoção do do que
que da
da razão.
razão. E outra não
E outra nãofoifoi aa atitude
atitude crítica
crítica de
de Sér-
Ser-
gio Buarque diante
gio Buarque diante do
do “homem
“homem Cordial”
cordial”. O O patriarca
patriarca dedeGilberto
Gilberto
Freyre poderia ter sido um déspota doméstico. Mas Mas seria, ao mes-
mes-
mo tempo, lúdico, sensual, apaixonado.
apaixonado. De De novo,
novo, no
no equilíbrio
equilíbrio
entre contrários,
entre contrários, aparece
aparece uma
uma espécie
espécie dede racionalização
racionalização que,que, em
em
nome das características “plásticas'Ê
“plásticas” tolera o intolerável, o aspecto
arbitrário do comportamento senhoriaí
senhorial se
se esfuma no clima clima geral
da cultura patriarcal, vista com simpatia
simpatia pelo
pelo autór.
autor. ‹'
Terá sido mais
Terá sido mais fácil
fácil assimilar
assimilar oo Weber
Weber da daÉtica
Érica protestante e
da crítica ao patrimonialismo
patrimonialismo do que ver no tradicionalismo
tradicionalismo um um
caminho fiel às às identidades nacionais para uma uma construção
construção do
Brasil moderno»
moderno. PitoDito em outras palavras e a modo de conclusão:
o Brasil urbano, industrializado, vivendo uma situação social na
o Brasil urbano, industrializado, vivendo uma situação social na
qual as
as massas
massas estão
estão presentes
presentes ee são
são reivindicantes
reivindicantes dedecidadania
cidadania
e ansiosas por melhores condições de
ansiosas por de vida,
vida, vai
vai continuar lendo
Gilberto Freyre.
Freyre. Aprenderá com ele algo do que fomos fornos ou do que
ainda somos efti
em parte. Mas não do que queremos ser no futuro.
Isso não
não quer dizer que as as novas gerações deixarão de
gerações deixarão de ler
Ier
Casa-grande senzala.Nem
& senzala.
Cosa~grrmde aff Nem que,
que, ao
ao lêlo, deixarão de
lê-lo, deixarão de enriquecer
enriquecer
seu conhecimento do
seu conhecimento do Brasil.
Brasil. ÉÊ difícil
difícil prever
prevercomo
comoserão
Sérãoreapre-
reapre
ciados no futuro os aspectos da obra de Gilberto Freyre a que me
ciados no futuro os aspectos da obra de Gilberto Freyre a que me
referi criticamente.
criticamente.

39
Mas
Mas não
não éé difícil insistir no
dificil insistir no que
que de realmente novo
de realmente novo—: além
-' além
do
do painel
painel inspirador
-inspirador de
de Casa-grande
Casa-grande & senzala como
‹'š~ senzala como um um todo
todo ‹~
veio para ficar.
veio para De alguma
ficar. De alguma forma
forma Gilberto Freyrenos
.Gilberto Freyre nosleva
levaa afazer
fazer
as pazes com
as pazes com oo que
que somos.
somos. Valorizou
Valorizouoonegro.
negro.Chamou
Chamouatenção
atenção
para
para aa região.
região. Reinterpretou
Reinterpretou aza raça
raça pela
pela cultura
cultura ee até
até pelo
pelo meio
meio fí fí-
sico. Mostrou, com mais força do que todos, que a rnestiçagem, o
sico. Mostrou, com mais força do que todos, que a mestiçagem, o
hibridismo
hibridismo ee mesmo
mesmo (mistificação
(mistificação àà parte)
parte) aa plasticidade
plasticidade cultural
cultural
da convivência
convivência entre contrários não não são
são apenas uma característi‹
apenas uma caracterfsti
ca,
ca, mas
mas uma
uma Vantagem
vantagem do Brasil.
do Brasil.
EE acaso não .éé esta
acaso não esta aa carta
carta de
de entrada
entrada do
do Brasil
Brasilnumnummundo
mundo
globalizado no qual, em vez da homogeneidade, do tu-do tudo igual,
igual, oo
que mais
mais conta
conta éé aa diferença, ^ue não
diferença,`¿1ue não impede
impede aa integração
.integração nem
se dissolve nela?
se dissolve nela?
-` ae

-F¬
f

se

QD'
Gilberto Freyre,perene*
Gilberto Freyre, perene’

Hão
Não êë aa primeira
primeira vez
vezque
quefalo
falosobre
sobreGilberto
GilbertoFreyre
Freyree,e>cada
cada ■
vez que
que me
me convidam
convidampara
parafalar
falarou
ouescrever
escreversobre
sobreele,
ele,fico
ficonana <
dúvida sobre
sobre aceitar ou não 0o desafio.
desafio. Não há motivos especiais
especiais fF
para que seja eu quem abra nesta Flip a semana de comemora
comemora-
çôes discorrendosobre
ções discorrendo sobreoohomenageado:
homenageado:pois poisnão
nãofomos
fomosnós,nós,osos
chamados sociólogosdada“escola
chamados sociólogos “escolapaulistafi
paulista”Florestan
FlorestanFernandes
Fernandes
à frente,
frente, quem
quem maismaiscríticamos
criticamos aspectos
aspectosimportantes
importantes da da obra
obra
gilbertiana, notadamente a existência de uma democracia ra-
gilbertiana,
cial no notadamente
no Brasil,
Brasil) a existência
interpretação
interpretação de uma
frequentemente
frequentemente democracia
atribuída
atribuída ra-
a aele?
ele?

ao longo
longo de
de minha
minha carreira
carreiraprofissional
profissional(já vão quase sessenta
sessenta
anos de lida
anos de lida com
comasasquestões
questõessociais)
sociais)tampouco
tampoucomemedistingui
distingui
por ser um conhecedor
co.nhÊcedor da vasta bibliografia de nosso homena-
homena-
geado. Nao
Não obstante,
obstante, mesmo
mesmo com escusas de de sobra
sobra para escapar
escapar
da incumbência,
incumbência,caio caionovamente
novamentenanatentação:
tentação:quem
quemsabe
sabeaoaomeme

* Conferência
Conferênciaproferida
proferida
nana Festa
Festa Literária
Literária Internacional
Internacional de Paraty
de Paraty (Flip),(Flip),
em 4 em 4
de agosto de 201
agosto de 0.
2010.

91.
91
'r

Tí?-À.‹

.-Í'
aproximar
aproximar dede tão
tão gabado
gabado autor
autor me
me sobrem
sobrern umas
umas lasquinhas
lasquinhas dede -a
glória.,.
glória... H
fl'
Cada, vezque
Cada. vez quevolto
voltoà àobra
obradedeGilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,seserepete
repeteo o - .-11
deslumbramento de descobrir facetas novas em seus seus escritos ee de
de 1

'I

me deixar encantar
encantar pelo modo
modo como ele envolve
envolve oo leitor
leitor e quase
quase oo
convence de suas teses, mesmo quando está navegando por mares
convence de suas teses, mesmo quando está navegando por mares
cheios de escolhos e aprumando para portos que não parecem os
mais
mais seguros.
seguros.
Não
Não preciso
preciso me
me sentir
sentir moralmente
moralmente culpado
culpado porpor deixarme
deixar-me
embalar pela
pela prosa
prosa de
de Freyre,
Freyre,ainda
aindaquando
quandopossa
possavislumbrar
vislumbraraa
fragilidade factual ou
fragilidade factual ou mesmo
mesmo interpretativa
interpretativa de
de um
um ou
ou outro
outró ar-
ar-
gumento do autor. NemNem meme ñnolesta
rholesta ressaltar
ressaltar as virtudes literárias
de alguém, como
como Freyre,
Freyre,que,
que, se
se não
não deixou
deixou de
deter
ter seus
seus pecadilhos
pecadilhos
de permissividade com governos autoritários, manteve-se quase
de permissividade com governos autoritários, mantevese qugse 42
sempre no no campo
campo democrático-conservador.
democrático^coriíservador.O Ofato fato é que,
é que, se me
se me
perguntarem, como me têm tem perguntado, o porquê da permanên-
permanê-ii»
cia de Casa-grande
cia de Casa-gmnde Ú' senzala, ou
& Senzala, ou mesmo
mesmo de de Sobradas
Sobrados ee mucaum-
mucam-
bos,, direi, sem exclusão de outros motivos, que entre eles prima.
bos prima a
forma como foramforam escritos.
escritos.Palavras
Palavrasbembemescolhidas.
escolhidas* Frases
Frases con
con-
catenadas, graça
graça no
no discorrer
discorrer dos
dós temas,
temas,dedetaltalmodo
modoque queaávasta
vasta
erudição
erudição do do autor
autor ee aa intensidade
imensidade das das notas
notas ee citações-
citaçõessãosãocomo
como
papel de embrulho chinês ou como as caixinhas que os japoneses
papel de embrulho chinês ou corno as caixinhas que os japoneses
usam para dar um quê que de mistério encobrindo os os delicados
delicados pre-
pre-
sentes que
que oferecem.
oferecem.Leem-se
Leemseasascentenas
centenasdedepáginas
páginasdedeanálises
análises
complexas
complexas de de Casa-grande
Casa--grande & senzala ou
E9 senzala ou de
de Sobrados
Sobrados ee macambos
mucambos
no embalo de de uma
uma escrita
escrita de
denovela.
novela.
Entretanto, o estilo
estilo de
de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyrenão
nãoéélinear,
linear,nem
nemna na
forma
forma nem no andamento do do raciocínio. Ele dá
raciocínio. Ele dá voltas,
voitas, repete,
repete,
leva
leva oo leitor
leitor aa percorrer
percorrer seus
seus argumentos
argumentos ee suas
suas descrições como
descrições como
que em espiral, como notou Elide Rugai Bastos' em sua sínte-
que em espiral, como notou Elide Rugai Bastos 1 em sua sínte-
se de Casa-grande senzala. De repente,
& senzala.
Casa-grande ea repente, acrescento,
acrescento,aaespiral
espiralsese
desfaz circularmente,
circularmente, retorna
retorna ao
aò passo
passo inicial..
inicial.Pior:
Pior:nem
nemsempre.
sempre

9:
éé conclusivo.
conclusivo.Mesmo
Mesmonessa
nessaobra,
obra,ooúltimo
últimocapítulo,
capítulo,que
quetrata
tratadodo
papel
pa pel do
do negro
negro na
na sociedade
sociedade brasileira,
brasileira, termina
termina prometendo
prometendo um um
novo livro que
novo livro quê nunca
nunca escreveu.
escreveu.Não
Nãòcumpre
cumpreoorequisito
requisitodedevol-
vol-
tar às premissas
tar às premissasque,
que,uma
umavez
vezdemonstradas,
demonstradas,requerem,
requerem,nonorigor
rigor
do trato acadêmico,
do trato acadêmico, umauma síntese
sínteseconclusiva.
conclusiva.OOmesmo
mesmo se se
dá dá
emem
Sobrados mucambos>embora
Sqbrados ee mucambos, embora neste pelo menos
neste pelo menos oo anunciado
anunciado vo-
vo-
lume seguin-te se concretizou 23 anos depois- com a publicação de
lume seguinte se concretizou 23 anos depois com a publicação de
Ordem progresso, em
Ordem ee progresso, em 1959.
1959.

-¡ _ ,-
ÀLÍM
ALEM D
DAá METOD OLOG IA: PPROGRESSO
METODOLOGIAZ ROGRE SSO EE tTRADIÇÃO
1*An i r a n I

Este estilo, nas


Este estilo, nas palavras
palavras dodo próprio Gilberto,foi
próprio Gilberto, foi algo
algo delibe~
delibe-
rado:;
fado: terminada sua tese tese dede mestrado
mestrado na na Universidade
Universidade Columbia
Columbia
em 1923,Social
em 1923, Life ininBrazil
Social Liƒe Brazilininthe
theMiddle
Middleofofthethe19th 19th Çentury
Century, ,
que
que foi
foi lida
lida por Henry Mencken,
por Henry Mencken, 0o“mais
“mais antiacadêmico
antiacadêmico dos dos críti-
críti-
cos ”,2 este
cos”,* aconselhouo aa desenvolver
este aconselhou-o desenvolveraatese tesesob
soba aforma
forma de de livro.
livro.
Daí por diante
Daí por diante nunca
nunca mais Gilberto voltou
mais Gilberto voltou aaescrever
escreverà àmodamodadad^
academia. Ganhou leitores,
academia. Ganhou alçou voo
leitores, alçou voo mundo
mundo afora,popularizou
afora, popularizou-
se. Entretanto, em
-se. Entretanto, em certo período, especialmente
certo período, especialmente no no final
final dos
dos anos
anos
1950
1950 ee mais claramente nos
mais claramente anos 1960,
nos anos 1960*quase
quase se
setornou
tornoi moda
moda nos nos
círculos acadêmicoseeem
círculos acadêmicos emsetores
setorespolíticos
políticosprogressistas
progressistas ou ou
de de
es- es-
querda fazer um
querda fazer um muxoxo
muxoxonas nasreferências
referênciasa aele.ele.
PorPorquê?quê?
SeriaSeria
só só
em razão
em razão âp
de suas
suas posições
posições políticas
políticas conservadoras?
conservadoras? Seria
Seria oo modo
modo
não
não bemcomportado
bem-comportado de de redigir
redigir que
que sese afasta do cãnone
afasta do cânone:acadê-
acadê-
mico?
mico? Ou,
Ou, quem
quem sabe,
sabe, oo fato de haver
fato de haver idealizado
idealizado oo patriarcalisrno
patoarcaiismo
brasileiro
brasileiro ee adqgicado
adogicado o0 que
que teria
teria sido
sido oo tratamento
tratamento dado
dado aos
aos es-
es-
cravos pelos senhores,
cravos pelos senhores, teses
tesesque
quetanto
tantoasaspesquisas
pesquisasacadêmicas
acadêmicas
como
como osos movimentos
movimentos negros
negros (retratados
(retratados na na obra
obra dedeFlorestan
Florestan
Fernandes
Fernandes ee dede Roger
RogerBastide,
Bastide,por
porexemplo)
exemplo)começavam-
começavam a recha-
a recha-
çar? Uma vez
çar? Uma vezque
queparticipei
participeidas
daspesquisas
pesquisasdesse
dessegrupo,
grupo, talvez
talvez se se
justifique -- buscando uma Vereda não percorrida para voltar a
justifique —~ buscando uma vereda não percorrida para voltar a
93
caminhar
caminhar no no cipoal
cipoal dos
dos trabalhos
trabalhos sobre
sobre Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre — -- ten-
ten-
tar
tar recordar
recordar como
como nosnos anos
anos 1950
1950 ee 1960 encarávamosaaobra
1960 encarávamos obrado do
maestro pernambucano.
maestro pernambucano.
Sem dúvida, aa idealização
Sem dúvida, idealizaçãodo do patriarcalismo
patriarcalismoe ea avisão visãome- me-
nos crítica dosdos efeitos
efeitos da
da escravidão
escravidão sobre
sobre as
as relaçoes
relações entre
entre negros
negros
ee brancos
brancos contribuíram
contribuíram para para aa reação
reação negativa
negativa ee mesmo
mesmo para para o0
simplismo das críticas.
críticas. Não
Não nos
nos esqueçamos
esqueçamos dedeque queaapartir
partir dos dos
anos
anos 1960,
1960, avançando
avançando na na década
década posterior
posterior ee até
até àà queda
queda dodo Muro
Muro
de Berlim,
Berlim, as as ciências
ciênciassociais
sociaislatino-americanas
latinoamericanas(e(enão nãosó)só)vol~ vol-
taramse
taram-se para
para o0 marxismo
marxismo ee muitas
muitas vezes para formas
vezes para formas vulgares
vulgares
dele, sobretudo quando
dele, sobretudo quando acasalado
acasalado comcom as as teologias
teologias da da liberação
liberação
(digase,
(diga-se, dede passagem,
passagem,que quedmarxismo
o"marxismoprevalecente
prevaíecentenanauUSP s p teve
teve
como ponto de de partida
partida umum seminário
semináriosobresobre Marx,
Marx, iniciado
iniciado nos nos
anos Í950,
1950, com a virtude de ser mais rigoroso rigoroso nana exegese
exegesedo doqu-au-
-P
tor). É
tor), É certo,
certo, porém,
porém, queque asas primeiras
primeiras críticas
críticas da
da “escola
“escola paulista”
paulista**
aos
aos trabalhos
trabalhos de de Freyre
Freyre antecederam
antecederam àà voga voga marxista.
marxista. Quando
Quando
Florestan Fernandes, principalmente,
Florestan Fernandes, principalmente, endereçou
endereçou suas setas contra
suas setas contra
qualquer coisa que se se aproximasse da visão da da existência
existência de de diria
uma
democracia racial
racial entre
entre nós,
nós, ele
ele estava
estava nono auge
augeda dadefesa
defesadodomé- mé-$'
todo
todo funcionalista
funcionalista de de análise
análise ee não
não do
do marxismo.
marxismo.EEtalvez talveztivesse
tivesse
como
como alvo
alvo mais Donald Pierson
mais Donald Pierson do que Freyre.
do que Freyre, OO que
que dizer
dizer então
então
de
de Roger Bastide, sempre
Roger Bastide, sempre sutil, que, sendo
sutil, que, sendo oo tradutor
tradutor para
para oo fran-
fran-
cês de
cês Casa-grande &
de Casa-grande dr senzala
senzala [Maitres
[Maítres et et Êsclaves],
Esclavesl, não
não sósó nutria
nutria
admiração pelo autor comocomo ponderava
ponderavaem emsuas
suas análises
análises sobre a
situação racial no
Situação racial no Brasil
Brasilasasparticularidades
particularidadespor por ela
elaapresentadas
apresentadas
em
em contraposição
contraposição aoao que
que prevalecia
prevalecia em sociedades racistas.
em sociedades Che-
racistas. Che-
gou
gou mesmo
mesmo aa escrever
escrever“democracia racial**— oo que
“democracia racial”-- que Freyre não fez
Freyre não fez
em
em Casa-grande
Casa-grande & Senzala —
É' senzala - aoao se
se referir
referir àà demografia
demografiado doBrasil
Brasil
“marcada pela mesma
“marcada pela mesma política
política de
de arianização
arianizaçãoque quedomina
dominaososas- as-
pectos
pectos sociais
sociais do
do país, conseqüência de
país, consequência de sua
sua democracia
democracia racial ”,3
racial”.3
Provavelmente não foi só por discordâncias acadêmicas ou
Provavelmente nao foi só por discordâncias acadêmicas ou
por
por reservas
reservas diante
diante do
do conservadorismo
conservadorismo dede Freyre
Freyre que
que este,
este, acla
acla-

fl Ã
nxâdo
mado' nono exterior,
exterior, âutoprodamado
autoprociamado ~ ee não sem razão
não sem razão --— como
como
um inovador ee respeitado
um inovador respeitadonosnoscírculos
círculosdadaintelectualidade
intelectualidademais mais
conspícua, ficoudistante
eonspícua, ficou distantedadaprodução
produçãointelectual
intelectualque quesurgia
surgianasnas
universidades. Valhomededeum
universidades. Valho-me umdos dosmelhores
melhoresconhecedores
conhecedoresdada
obra
obra dede Gilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,Nicolau
NicolauSevcenlro,
Sevcenko, queque escreveu
escreveu a apre-
a apre-
sentação
sentação da dasexta
sextaedição
ediçãodedeSobrados mucambos.Para
Sobrados ee mucambos. Para ele,
ele, para-
para-
doxalmente»
doxalmente, o ofato fatodedeFreyre
Freyreterter tidouma
tido urna formação
formação acadêmica
acadêmica
sólida nos Estados
sólida nos EstadosUnidos,
Unidos,terterconviviclo
convividocom coma aintelectualidade
intelectualidade
americana, conheceroo pensamento
americana, conhecer pensamento europeu,
europeu, ser,ser,numa
numapalavra,
palavra,
um cosmopolita e,
um cosmopolita e, ao mesmo tempo,
ao mesmo tempo, ter se distanciado
ter se distanciado do do proje-
proje-
to políticointelectual das
to politico-intelectual das correntes
correntes progressistas
progressistas ee modernizado-§
modernizado!
ras emergentesexplica
ras emergentes explicamelhor
melhoressaessareação
reaçãonegativa.
negativa* Talvez
Talvez maismais
do que se
do que se distanciar
distanciardesse
desseprojeto,
projeto,Gilberto
GilbertoFreyre
Freyrese se tenharebe-
tenha rebe-
lado
lado contra ele, na
contra ele., na medida
medida em em que
que oo projeto
projeto “desenvolvimentista”
“desenvolvimentista'5
desmancharia as
desmancharia asbases
basessobre
sobreasasquaisquaisseseassentavam
assentavam as formas
as formas de de
acomodação
acomodação sociocultural
sociocultural do patriarcalismo brasileiro.
do patriarcalisrno brasileiro.Creio
Creio queque
isso de alguma forma o marginalizou do do debate
debate então
entãoememmarcha.
marcha, *
De fato, como
De fato, comoveremos
veremose etodostodossabem,
sabem,o pensamento
o pensamento gilber??
gilber-
tiano estavavoltado
tiano estava voltadopara
paraa asingularidade
singularidadedasdas formas
formas sociais
sociais e cul-
e cul-
turais
turais do
do Brasil, centradas na
Brasil, centradas na família
famíliapatriarcal
patriarcal ee na
namiscigenação.
miscigenação.
Ora,
Ora, oo pensamento
pensamento científico
científiconas nasciências
ciênciassociais,
sociais, sobsob influência
in-fluên.cia
europeia desdea afundação
europeia desde s p , assim como
fundaçãodadauUSP, como oo pensamento
pensamentopo- po-
litico dos anos 1950 em dia-nte, que teve como referências 0 Iseb,
alítico
a Cepal
dos anos 1950Comunista,
Cepal ee ooPartido
Partido em diante,queriam
Comunista, que teveprecisamente
queriam como referências
precisamente o Iseb,
o oposto:
o oposto:
livrar
livrar 0o país
pais das
dasmazelas
mazelas dede um
um passado
passadoque que nos
noscondenava
condenavaao aosub-
sub-
desenvolvimento.
desenvolvimento. DeDealguma algumamaneira
maneira a identidade
a identidade queque Gilberto
Gilberto
Freyre davaaoàoBrfisil
Freyre dava Brlsildificultava,
dificultava,
se se
nãonão impedia,
impedia, tudo tudo
queque o pen-
o pen-
samento progressista
progressista da época
época queria:
queria: aa industrialização,
industrialização,aa ruptura
ruptura
da
da ordem senhorial,aaemergência
ordem senhorial, emergênciade de uma
uma cidadania
cidadanialivre
livredas
daspeias
peias
de uma
uma cultura
cultura de
de submissão,
submissão, a integração
integraçãodo dopais
paísaoaomundo.
mundo,
O paradoxo reside
O paradoxo reside precisamente
precisamenteem emque queGilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,
longe
longe dede haver
haversido
sidoooensaísta
ensaístaque
queososcientistas
cientistassociais
sociais“do“do
Sul”Sul”

95
;~=~-».~':a.?IL«'i;
imaginavam,
imaginavam, era era um
um acadêmico
acadêmico sólido,
sólido, que
que disfarçava
disfarçava aa erudição
erudição :rã

no
no correr
correr dada pena
pena ee que
que pregaVa
pregava contra
contra aa maré
maré nao
não só
só acadêmi-
acadêmi-
ca,
ca, mas,
mas, talvez generalizando um
talvez generalizando um pouco,
pouco, dada corrente
corrente ideológica
ideológica
hegemônica Estávamos na época em que as
hegemônica. Estávamos desenvol-
as “teorias do desenvol- v
E

vimento^
vimento” frutificavam,
frutificavam, o Estado era visto como a mola do cresci- cresci-
mento econômico, aa industrializaç ão era a aspiração de
industrialização de muitos
muitos èe
os laços
os laços da
da família
familia patriarcal,
patriarcal, sem
sem se
se desfazerem
desfazerem completamente,
completamente,
não eram
eram mais
mais aachave
chave para
paraexplicar
explicarasasformas
formasde decoesão
coesão social.
social.
Havia, por conseqüência,
consequência, muit
muito o mais do
do que
que uma
uma diferença
diferença me-me-
todológica (que(que também
também havia)
havia) entre
entreosossociólogos
sociólogos “uspianos”
“uspianosfl
funcionalistas
furicionalístas ou ou marxistas.
marxista-s. Mais
Mais dodoque
quesomente
somenteumaumacrítica
críticaa a
posições políticas
politicas específicas. Havia um choque de “ideologia”
que
que ultrapassava
ultrapassava as as querelas acadêmicas.
querelas acadêmicas.
Que Gilberto Freyre exibia um conhecimento enciclopédico
enciclopédico
da bibliografia da época é indiscutível. A posição de “intelectiial E
da bibliografia
nordestino” da época
já havia é indiscutível. A posição de “intelectual
produzido,
produzido, entretanto, certa incompreensão
quanto
quanto aa sua
sua modernidade
modernidadenanaliteratura.
literatura.AoAomesmo
mesmotempo
tempo emem
que entrou em erra contato
contato com a vanguarda intelectual
intelectual dos Estados
Estados
Tinidos
Unidos (e (e chegou
chegou aa descobrir
descobrir Yeats,
Yeats,Tagore
Tagoree eJohn
JohnDewey)
Pewey)e dae daP
Europa, onde encontrou o cubismo cubismo e a influência
influência da arte
arte africana
africana
nos pintores
pintores inovadores
inovadores (foi retrata do em Paris por Rego
retratado Rego Montei-
ro, conheceu Tarsila, tornouse amigo de
Tarsila, tornou-se de Manuel
Manuel Bandeira), não
comungava
comungava propriamente
propriamentecom comososideais
ideaisao
aomesmo
mesmotempotemponati
nati-
vistas e “ocidentalízadores”
“ôcidentalizadores” da da Semana
Semana de de 1922
1922do doTeatro
TeatroMuni-
Muni-
cipal
cipal de
de São Paulo. Nosso
São Paulo. Nosso Gilberto
Gilberto era
era menos
menos encantado
encantado que que os
os
paulistas
paulistas dos
dos salões
salões dede dona
dona Olívia
Olívia Guedes
Guedes Penteado
Penteado comcom Blaise
Blaise
Cendrars.
Cendzrars. Escreveu
Escreveu seu seu Manifesto regionalista em em 1926,
I926,,op que
que fez
fez
os modernizado
rnodernizadores res do Sul o verem maismais como
como umum “tradicionalis-
“tradicional;is-
ta” do que comocomo um um revolucionário.
revolucionário.Quem
Quemsabe,
sabe,fiel
fiel aa sua
sua visão
visão'
ee aa seus
seus sentimentos,
sentimentos, quisesse
quisesse dar
dar certa
certa continuidade
continuidadeàà ruptura
ruptura
e não ássim
assim oo total
to-tal repúdio
repúdiodas
dastradições.
tradições.OuGuseja,
seja,ooapodo
apododede
conservador ee tradicionalista
conservador tradicionalista acompanhouo
acompanhou-oantes
antesdedeser
serconsi-
consi-

96
çlerado desta
derado maneira por
desta maneira por cientistas
cientistassociais
sociaisdepois
depoisqueque escreveu
escreveu
Casa-grand
Casa-grandee & senzala.
ci senzala.

GILBERTO
oitasnro EEAAMaronotocta
METODOLOGIA crawrísica
CIENTÍFICA

\ O \
O domínio
dominio da literatura
da literatura sociológica
. '
sociológica contemporânea
contemporâneapor por
Gilberto Freyreera
Gilberto Freyre eraenorme.
enorme.SeSenão nãodeixava
deixava queque o esnobismo
0 esnobismo do do
vocabulário cientificistatorturasse
vocabulário cientificista torturasseseus seustextos,
textos,
nãonão
eraera
porpordes-des-
conhecimento
conhecimento da dainformação
informaçãobásica
básicadas dasciências
ciências sociais*
sociais, era porera por
deliberação»
deliberação, como comoeueudisse.
disse.
OO que que
não nao o deixava
o deixava despreocupado
despreocupado
de mostrar que
de mostrar quetinha
tinha dominio
domínioda dabibliografia.
bibliografia.Alguns
Alguns dosdos longos
longos
prefácios às edições de de suas obras principais mostram essa essa obses-
obses-
são. Em Ordem
são. Em Ordem ee progresso
progressoháhá uma introdução que
uma introdução que exemplifica
exemplifica
bem esta
bem esta preocupação,
preocupação. Para
Para começar,
começar, oo título
título da
da seção,‘‘Nota
seção,“Nota me- me-
todológica”, chamaa aatenção,
todológica”, chama atenção, como
como se se dizia
dizia na na época
época comcom certocerto
pedantismo,
pedantisrno, para o “aparato metodológico e conceituai” conceitual” de suas.
suas .
análises. Recordomedos
análises. Recordo-me doscursos
cursosque queeueu dava
dava na na Faculdade
Faculdade de Fi-
de Fi-
losofia, Ciências ee Letras
losofia, Ciências Letras da
da USP
usf na
na segunda
segundametade
metade dada década
décadade de
1950, nosquais
1950, nos quaisososautores
autorescitados
citadosporpor Freyre
Freyre nosnos
erameram familiares
familiares
hoje estão
e hoje estão provavelmente
provavelmenteesquecidos:
esquecidos:o omanual manualdedeE.S.E*S,
Iohn- John-
son»
son, Theory
Theory andand Practice
Pmcticeof ofSocial
SocialStudies,
Studiesy publicado em em 1956,
1956» aa
metodologia pregada por Emory Bogardus no livro Socioiogy- de
metodologia pregada por Emory Bogardus no livroSociohgyde
1941» emqtie
1941, em quese se discutia,
discutia, alémalém
das das técnicas
técnicas quantitativas
quantitativas de in-de in-
vestigação,
vestígação, oovalor
valordadautilização
utilizaçãodede novos
novos métodos
métodos qualitativos
qualitativos
ligados às históriãs
ligados às histórias dede vida
vida ee às
às entrevistas,
entrevistas,ee assim
assimpor
por diante.
diante.
Mencionei os dois dois livros
Mvros acima
acimasósópara
paraexemplificar.
exemplificar.Gilberto
Gilberto
Freyre exibiaconhecimento
Freyre exibia conhecimentotambém tambémdadaliteratura
literaturafrancesa
francesa con-
con-
temporânea» especialmenteRaymond
temporânea, especialmente Raymond Aron
Aron e Georges
e Georges Gurvitch,
Gurvitch,
na
na época
época o KPapa”da
o “Papa” Sorbonne. Dialogava
da Sorbonne. Dialogava intelectualmente
intelectualmentecom com
as propostas metodológicas em voga mantendo o ponto de vista,
as
quepropostas
parecia metodológicas
parecia ser
seraapedra em
pedradedetoquevoga
toquededemantendo o pontodedede
suametodologia,
sua metodologia, vista,
queque
a a

l`L'.f
`. .-2!

|
1

vivência diretaeea aempathic


vivência direta ability,, habilidade
empathic ability habilidade empática
empática (escrita
(escrita
por
por ele
ele em
em inglês),
inglês), são
são fundamentais
fundamentais parapara aa interpretação
interpretação de
de épo-
épo-
cas históricas, Não se
históricas. Não se pense,
pense, entretanto,
entretanto, que,
que, aoaodefender
defender tais
tais pro-
pro-
cedimentos
cedimentos -- — distintos
distintos radicalmente
radicalmente dasdas técnicas
técnicasquantitativas
quantitativas
de análises empíricase edodoobjetivismo
análises empíricas objetivismodasdasanálises
análises
de de sociólogos
sociólogos
como Durkheim -, nosso autor desdenhasse da precisão e de
como Durkheim —, nosso autor desdenhasse da precisão e de
cuidados
cuidados técnicos.
técnicos. Numa
Numa referência defensiva sobre
referência defensiva sobreaatal
talempathic
ability,, conceito
ability que Gilberto
conceito que Gilberto Freyre foi buscar
Freyre foi buscar em
em autor
autor obscuro
obscuro
num
num capítulo
capítulo dede uma
uma coletânea
coletânea organizada
organizadaem em1953
1953porporLeon
Leon
Festinger
Festinger ee Daniel
DanielKatz,
Katz,Research Methods in Behavioral Sciences
Sciences,,
justificou amplamente suas escolhas metodológicas. Notese Note-se que
o livro
livro dede Festinger
Festingere eKatz,
Katz,pouco
poucodifundido
difundidononoBrasil,
Brasil,
eraera
de de
lei-lei-
tura difícil, maisusado
difícil, mais usadopor
porespecialistas
especialistasememanálises
análises quantitati-
quantitati-
vas. Portanto, não havia em Gilberto Freyre desconhecímento_do
vas, Portanto, não
“cientifkismo”
“cientificismdl mas
havia em Gilbert
sim repúdio
mas sim repúdio de
o Freyre
de òO ter
ter como
comodesconhecimento
aa única
única ou do
ou princi-
princi-
pal
pal maneira
maneira de
de analisar
analisar os
os processqS
processos sociais,
sociais. ?'Í* ;
Ele acreditava ter sido pioneiro em incluir
incluir nas
nas análises
análises sociais
sociais
aspectos subjetivoseemesmo
aspectos subjetivos mesmovalorativos,
valorativos,comocomoinstrumentosflde
instrumentos de
conhecimento ee interpretação
interpretação histórica.
histórica»Tendo
Tendo partidodadaantro-
partido antro-
pologia,
pologia, mas
mas dedicandose
dedicando-se àà análise
análise de
de formações
formações sociais
sociais ee de
de sua
sua
transformação
transformação _ Ordem progresso, que
Ordem ee progresso, que estuda
estuda aa desagregação
desagregação
do mundo senhorial com a abolição da escravidão e o estabele-
do mundoda
cimento
cimento dasenhoria}
Repúblicacom a abolição
República—>incluía
--, incluía da de
muito
muito escravidão
depsicologiaesocial
psicologia osocial
estabele-
nas
nas
interpretações. Não descuidava, por outro lado, dos condiciona-
condiciona-
mentos do meio ambiente eedos
meio ambiente dosbiológicos
biológicos nem
nem deixava
deixava de
de men-
men-
cionar,
cionar, vez
vez por
por outra,
outra, aa relevância
relevância dós processos económicos
dos processos econômicos para
para
as
as transformações sociais. Acreditava
transformações sociais. Acreditava ter
ter inventado uma maneira
inventado uma maneira
de
de lidar simultaneamente com
lidar simultaneamente com asasintuições
intuiçõese ecom
coma acaptação
captaçãodede
sentido
sentido das açoes sociais
das ações sociais ee da
da cultura,
cultura, pela
pela empatia
empatiaque
que tinha
tinha com
com
as
as situações analisadas,
situações analisadas.
Em seudebate
Em seu debatemetodológico
metodológico rebelou-se
rebelou-se contra
contra interpreta
interpreta-
ções quedesdenhavam
ções que desdenhavam dada história,
história, explicando
explicando o presente
o presente por elepor ele
mesmo,
mesmo, comocomo se se cada
cada nova
nova fase
fase partisse
partisse ex nih-il, de
ex nihiU de si
si mesma,
mesma.
Freyre achava que, além alem de tomar
tomar emem conta oo passado
passado ee ver comocomo
ele se reproduzia
ele se reproduzia ou ou se
se modificava
m-odificavano nopresente,
presente,asasanálises
análisesdeve-
deve-
riam
riam incluir
incluir asas orientações
orientaçõeseevisões
visõesque
quemotivavam
motivavarnososhomens homens
aa mostrar
mostrar como
como vislumbravam
vislumbravamoofuturo.futuro.Foi
Foibuscar
buscar ememGeorges
Georges
Gurvitch
Gurvitch ee em em Raymo
Raymond nd Aron
Aronaano ção de
noção de que
que oo entrelaçamento
entrelaçamento
entre
entre asas condições
condições sociais
sociais ee as
as "construções
“construções mentais’'
mentais” éé impor-
impor-
tante.
tante. Apoiouse
Apoiou-se com com m uita liberdade
muita liberdade eemm William
William IsaacIsaac Thomas
Thomas
e num
num crítico
crítico literário
literário americano,
americano,John lohnBrown,
Brown,para parachegar
chegar aoao
que queria: àà noção
noção de deque
queháhátempos
temposcoexistentes,
coexistentes,tempos
tempos me"
me-
nós
nos cronológicos do que psicológicos e que aa intersubjetivid
int-ersubjetividadedade 4
parte
parte constitutiva
constitutiva da da realidade.
realidade. Esta
Esta tanto
tanto ée' dada
dada como
como éé imagi^
imagi-
nada
nada pelos
pelos atores
atores sociais.
sociais. Mais
Mais ainda,
ainda, quando
quando passa
passa dessas
dessas consi-
consi-
derações abstratas para a cronologia, procurou definir as épocas
derações
como abstratas
sendo para apor
compostas
compostas cronologia,
por quatro procurouResumindo,
quatrogerações.
gerações. definir as épocas
Resumindo, diz:
diz:“o“o
tempo dodo relato literário
literário ee sociológico
sociológico tipicam ente brasileiro
tipicamente brasileiro pa-
pa-
rece dever
dever corresponder
corresponder àà situação
situação mais
maiscomplexa
complexade deentrelaça-
entrelaça-
mento
mento na consciência
consciência do do bbrasileiro
rasileiro dos
dos três
três tempos:
tempos: ooprese nte, oo
presente,
passado e o futuro ”.4
futuro”.`*
Numa de suas constantes afirmações afirmações autolaudatórias diz
que os
o-s franceses até criaram
criaram uma noção
noção inspirada
inspirada em suas
suas obras»
obras.
Vale apena a longa reprodução do texto para mostrar o seu jeito
Vale a pena a longa rep rodução do texto para mostrar o seu jeito
de escrever sobre seus inv entos metodológicos:
inventos

Precisamente essa intimidade


Precisamente essa intimidade de
de estrutura
estrutura 4é que vem sendo
que vem sendo anali-
anali-
sada pioneiramenteem
sada pioneiramente emestudos
estudosbrasileiros
brasileiros de sociologia
de sociologia genética
genética
com
com um
um afã de^rofundídade que
afã defirofundidade que críticos
críticosestrangeiros
estrangeirossupõem
supõemnão
não
' haver
haver sido
sido até
até hoje
hoje ultrapassado
ultrapassado ou
ou sequer
sequerigualado
igualadopor
poranalistas
analistas
do mesmo assunto
do mesmo assuntonoutros
noutrospaíses,
países,havendo-se
havendose criado
criado na França
na França
expressão “sociologia proustiana” para caracterizar a especializa-
expressão ‘‘sociologia proustiana” para caracterizar a especializa-
ção brasileira.
brasileira.'Especialização
Especialização baseada
baseada numa
numa extensão
extensão e numa
e numa in- in-
tensificação
tensificação do dométodo
métodoernpático
empáticodedeanálise,
análise, compreensão
compreensão e in-e in

CID
.
íerp xet ação do
terpretacão do que
que de
de m ais íníntimo
mais tim o seseposs a enc
possa ontrar nno
encontrar o passado
passado
de
de ümâ
uma soeiedáde,
soc.iedade,que
quetalvez
talvezrepngne,
repugne,como
comométodo, aos puros
método, aos puro;
Ç
objetivistas
objetivistas em emquestões
questões dedemetodologia
metodologia antropológica, socioló-
antropológica, socioló- 551,2

gica oou
u literária .5
literária?

Percebese
Percebe-se na na escritura
escritura peculiar
peculiardedeGilberto
GilbertoFreyre
Freyrea reação
a reação
ao
ao contraste
contraste entre
entre certo desdém por
certo desdém por seus
seus trabalhos
trabalhos queque acreditava
acreditava
haver
haver no no meio local acanhado
meio local acanhado ee aaquase
quaseglorificação
glorificação que
que recebia
recebia
no
no meio
meio mundial.
mundial. Ao Ao mesmo
mesmo tempo
tempo responde
responde aos aos“objetivistas'1
“objetivistas” à
isto é, ao$
isto é, aos que
que proclamavam
proclamavam ser ser devotos
devotosda da“sociologia
“sociologiacientíficaffl
científica”,
mostrando
mostrando que que estes
estes se
se restringiam
restringiam aa um um tipo
tipo de abordagem que
de abordagem que
repugnâva
repugnava tudo tudo que
que fosse subjetivo.Chama
fosse šubjetivo. Chamatambém tambéma aatenção
atenção
que,
que, aoao tentar
tentar construir
construir um um método
método pára para juntar
juntar compreensão
compreensão
àà interpretaçâo^de indagar, portanto,
in_terp._re`tação,~de indagar, sobre oo sentido
portanto, sobre sentido das
das aqoes
açpes p Ã,
it.

sociais
sociais ee não
não sósósobre
sobreseu seuencadeamento
encadeamtentocausal, causai,ele ele
nãonão
façafaça
refe~refe
rência
rència alguma a Max MaxWeber (a. (a quein
quem conhecia, se se mais não
não fošše,
foüe,
por
por ser
ser familiarizado
familiarizado com com o0 livro
livro deAron
de Aron sobre
sobre Á A sociologia ateale»
mã ee porpor ser Ordem e progresso posterior
serOrdem posterior aoao admirável
admirável Raízes
Rafael; do
Brasil,, no
Brasil no qual Sérgio Buarque
qual Sérgio Buarque faz fazampla
ampla utilização
utilização dosdos conceitos
conceitos
weberianos).
weberianos). ; .
O
O ponto
ponto queque desejo
desejo ressaltar, porém,não
ressaltar, porém, nãoéé0odas daseventuais
eventuais
lacunas
lacunas na revisão sociológica
na revisão sociológicaapresentada
apresentadapor porGilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,
mas
mas simsim oo dodo vasto domínio que
vasto domínio que ele
ele exibia
exibiadadaliteratura
literaturasobre
sobre
métodos
métodos de pesquisa. Foi
de pesquisa. por opção
Foi por opção que
que deu
deuamplo
amplo espaço
espaço ààaná-
aná
íise do significado
lise do significado das dasações
açõessociais
sociaise,,eportanto,
portanto, âà cultura
cultura em
em suas
suas_ _|
análises sobre aa formação
análises sobre formação do do Brasil,
Brásil,como
comoRoberto
RobertoDal\/iatta
PaMattasa-sâ
lientou
lientou ee com
com 0 o que
que se identificou ao
se identificou' aofazer
fazera aapresentação
apresentaçãodede So-
So-
brados mucambozs. Gilberto
brados ee mucambos. Gilberto foi, na verdade,
foi, na verdade,ooantropólogo
antropólogoque que
se voltou para
se voltou para aa sociologia
sociologiae,e,acreditando
acreditandoque quea realidade
a realidade social
social
éÉ histórica,
histórica, não não desdenhou
desdenhou de de que
que aa história
históriaé éproduto
produtodadaação ação
humana
hu-mana eequeque esta
esta guarda
guarda um um significado
significado ee sese orienta
orientaporporvalores,
valores,
além
além dede estar
estar condicionada
condicionadafisicamente
fisicamentee epelo pelomeio
meio ambiente.
ambiente.

ioo0
10
A crítica metodológica
A crítica metodológica queque lhe
lhe foi
foi dirigida
dirigida não
não poderia,
poderia,
portanto,
portanto, resumirse
resuminse aa sua
sua desqualificação
desqualificação por por eíe
ele não
não ser
ser adep
adepz
: to
to do
do que
que chamava
chamavadedecientificismo,
científicismo,ououseja,
$e)a,
da da visão
visão positivista
positivista
da ciência,postura
da ciência, posturaque
quemuitos
muitosoutros
outroscientistas
cientistassociais
sociaisrecusam,
recusam,
nem muito menos
nem muito menos àà de
de crer
crer que
que seus
seus trabalhos
trabalhos eram
eram meros
merós“en-
“en-
gairãsf ísto
saios” Isto é, que não
é, que não poderiam
poderiam ser
ser submetidos
submetidos aa algum
algummétodo
método
de validação,
de uma vez
validação,Uma vez que
que seriam
seriam meramente
meramente intuitivos.
intuitivos. Embora
Embora
seus críticos mais
seus críticos maisafoitos
afoitossesetivessem
tivessemaferrado
aferradoa esses
a esses temas,
temas, as as
críticas
críticas mais pertinentes deveriam
mais pertinentes deveriam dirigirse
dirigir-se aa outros
outros pontos:
pontos; to-
to-
rnando
mando como válida sua opção
válida sua opção de de incluir a experiência
experiência vicária
viçáriaee
aa intuição
intuição simpática
simpáticacomo
comoparte
partedas
dasinterpretações
interpretações(embora
(emboradela
delf
discordando, eventualmente), foi
discordando, eventualmente), foi ele
ele capaz
capazdedeextrair
extrairtudo
tudoque
que
essa
essa perspectiva permitia? Ao
perspectiva permitia? reconstruir, perdoemme
Ao reconstruir, perdoem-me o o abuso
abuso
vocabular,
vocabular, seu seu “todo
“todosocioestrutural
socioestrutural significativo”,
significativo*, seus
seus concei-
concei-
tos básicos captararn o fundamental do processo histórico? Sua
tos básicos culturalísta
abordagem captaram o foi
culturalista fundamentai
foi oudo
precisaou
precisa
processoenglobando
extrapolou
extrapolou
histórico? Sua
englobando oo
conjunto do pais
país ao que
que vivenciara
vivenciara ee analisara
analisaranuma
numa região?
região? Ins-
Jus >
tificou suasgeneralizações,
tificou suas generalizações,embora
emboranão
nãoestatisticamente?
estatisticamente?

A. SOCIEPADE
A SÚCIEDAD PATRIARCAL
E PATRl.‹%RCAI..

A resposta não É fácil. Toda síntese requer alguma simplifi-


cação.ANo
resposta
temponão é fácil. Toda&
de Casa-grande Ósíntese
senznlarequer
senzala alguma simplifi-
as interpretações con-
con-
temporâneas do Brasil já sofriam a influência
influência de de algumas
algumasgrandes
grandes
sínteses. Asmais
sínteses. As maisabrangentes
abrangentesterão
terãosido
sidoosostrabalhos
trabalhosdedeEuclides
Eudides
da Cunha, de Oliáeira
OlkfeiraVianna
Viannae ededeAlberto
AlbertoTorres.
Torres/OsOs
sertões de
Eudides, embora mais
Euclides, embora mais denso
denso em
em análises
análisesdedeacontecimentos.
acontecimentose e
mais guiado
guiado pelas
pelas ideias
idéiasdadaépoca.
épocasobre
sobreasasrelações
relaçõesentre
entreo oho-ho-
mem ee oo meio
meio ambiente,
ambiente, tinha
tinha alcance
alcance político
políticoimediato
imediatomenor
menor
para as elites dirigentes do que os livros de Oliveira Vianna. Eu- Eu-
dides
clides tratava do povo
povo eede uma região.
região.As As elites
elites prefeririam
prefeririamtratar
tratar

1101
01
do
do governp
governo ee do do país
paístodo.
todo.Oliveira
OliveiraVianna,
Yianna, desde
desde Evolução
Evolução do do
povo brasileiro ee O
povo brasileiro O ocaso
acaso do Império, dos
do Império, anos 1920,
dos anos 1920,procurava
procurava
mostrar
mostrar aa falência
falênciado dosistema
sistemarepresentativo
representativo e da
e da República
República li- li *
beral.
beral. Mas
Mas éé nos
nos livros
livros subsequentes,
subsequentes, sobretudo,
sobretudo, em em Problemas
Problemas
objetiva,>de
de política objetiva 1930-
de 1930 —anteriores,
anteriores,portanto,
portanto, ao ao livro
livro fun-fun-
damental de de Freyre
Freyre--,—,que quesuas
suasanálises
análises políticas
políticas ganham
ganham maismais
força. Para ele
força. Para eleo omal
maldodoBrasil
Brasilnãonão eraera a centralização,
a centralização, mas masa a
descentralização,
descentralização, não nãoo oExecutivo
Executivo forte,
forte, masmas sua sua debilidade
debilidade para para
enfrentar os locaiisrnos,
localismos,osos“gânglios”
“gânglios” dispersos
dispersos de população
de população e e
de poder
poder local
localdadaépoca
épocacolonial
colonialqueque se se transformaram
transformaram em emcoro- coro
nelismo
nelismo e clientelismo
clientelismona na República.
República.Logo, Logo, conviria
conviriasubstituir
substituir os os
laços de solidariedade
laços de solidariedadeclânica,
clâníca,porpormeiomeiodedeurna uma instituição
instituição queque
desse mais
mais organicidade
organicidade à nação:
nação:um um Estado
Estadomais maisforte
forteeeatuante.
atuante.
As ideiasdedeOliveira
As ideias OliveiraVianna
Vianna se se completaram
completaram comcom a publi-
a publi-
cação deInstituições políticas brasileiras em
cação de em 1949.
1949. Pará
Para se se opor ao ao ■
espírito clânico, ao personalismo
personalismoee ao ao privatismo
privatismo tradicionaisšin-
tradicionais,in-
cluindose
cluindo-se aiaíoododolatifundiário,
latifundiário, seria
seria preciso
precisoum umEstado
Estadodelibera-
delibera-
damente voltado
voltadopara a construção
construçãoda da nação.
nação, Para
Parase secontrapbr
contraporàsàs
#1'
práticas políticosociais
politico-sociais herdadas da sociedade colonial, de pou- pou-
co valeriam
valeriamasasideias
ideiasqueqüedesde
desde0 Iluminismo
o Iluminismo fundamentavam
íundarnentavarn a a
democracia»
democracia. Sua Suaaplicação
aplicação entre
entre nósnós nãonão passava
passava de “idealismo”
de “idealismo'Í
Nossas leis e Constituições absorveram ideias inglesas, francesas
ou
ou norteamericanas
norte-americanas sem correspondênciacom
sem correspondência coma realidade.
arealidade.Nada Nada
mais “fora
“foradedelugar”
lugar”nonoBrasil
Brasil
dodo queque a noção
a noção de contrato
de contrato entreentre
homens
homens livres
livres eeiguais,
iguais, pois
pois há
há uma
uma “desigualdade
“desigualdade natural”natural”entre entre
pessoas e raças. Os estadistas do Império teriam servido melhor
àà construção
construção do doBrasil
Brasildodoquequeososidealistas
idealistas republicanos.
republicanos. Eles Eles
fo- fo-
ram centralizadores,
centralizadores, mais maisououmenos
menosautoritários
autoritários e aferrados
e aferrados às às
responsabilidades
responsabilidades do doEstado.
Estado.Mostrararn-se
Mostraramse pouco
pouco interessados
interessados
em acabar com com aaescravidão,
escravidão, fundamento
fundamento de de nossa
nossariqueza.
riqueza. ParaPara
Oliveira Vianna,como
Oliveira Vianna, comomostrou
mostrouJorgeJorgeCaldeira°
Caldeira em sua
6 em suaHistória
Historia
empreendedores,, não era
do Brasil com empreendedores era o latifundiário
latifundiário_ portanto portanto

III!
oo senhor
senhor ^-- quem
quem deveria
deveria sustentar
sustentaraaordem
ordemhierárqui ca do
hierárquica dopaís,
país,
mas
mas oo Estado,
Estado, fiador
fiador do
do bbom
om funcio namento das
funcionamento das partes
partesco nstitu-
constitu-
tivas
tivas do
do organismo
organismo nacional.
nacional.
ÊÉ certo que houve
houve toda
toda um
uma a linhagem
linhagem de
de pensadores
pensadoresliberais
liberais
no
no século
século xjx
xrx ee no
no início
início do
do xx,
xx, como
como Tavares
Tavares Bastos,
Bastos, de
de juristas,
juristas,
como Rui Barbosa, e mesmo de críticos sociais, como Nabuco.
como
Estes, Rui Barbosa,
entretanto,
Estes, entretanto, na evisão
mesmo
na visão de críticos
de Oliveira
de Oliveira sociais,
Vianna
Vianna como
teriam
teriam sidoNabuco»
sido “idea-
“idea-
listas" alheiosàsàsrealidades
lis-tas*§ alheios realidadessociais
sociaisdo
dopaís.
país.Não
Nãoeraeraessa,
essa,além
alémdo do
mais,
mais, aa ideologia
ideologiadominante
dominante nosnos anos
anos 1930,
1930, nem
nem èntre
entre nós
nósnemnem
muito
muito menos
menos nana Europa
Europa em em qu
quee Mussolini
Mussolini jájá fazia
fazia fulgor
fulgor ee.logo
logo
depois Hitler viria
depois Hitler viria aa ofuscá-lo
ofuscálo no
no anfiliberalismo.
antiliberalismo. No No Brasil, Al|
Brasil, Ali
berto
berto Torres,
Torres, em
em A A organização nacional (1914)
organização nacional (1914) ee noutros
noutros livros,
livros,’
todos
todos anteriores
anteriores ao
ao de
de Freyre,
Freyre, constituía
constituía uma
uma exceção:
exceção: positivista,
positivista,
propugnador pela necessidade de um governo forte, defendia ao
propugnador
mesmo tempopela
tempo os necessidade
os direitos
direitos de um governo
individuais
individuais forte, defendia
ee não ultrapassou
ultrapassou ao
inteira-
inteira-
mente os marcos
marcos de de um
um pensamento
pensamento contratualista.
contratualista. Criticava,
Criticava,
por certo, o juridieismo,
juridicismo, cheio de ideias importadas. Sua expe- expe-
riência como
como ministro, governador
governador do do Rio
Rio de
de Janeiro
Ianeiro ee membro
membro
do
do Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal o0 fez ver os
fez ver limites da
os limites da crença
crença cega
cega

de Rui na eficácia
eficácia das leis. Distinguiuse
Distinguiu-se de outros influentes
influentes au-
au-
tores de sua época porque nãonão tomava aa tese do condicionamento
condicionamento
racial como restrição para a formação nacional nem, portanto,
racial
se como
deixou
deixou restrição
embalar
embalar para
pelas
pelas a formação
vantagens
vantagens nacional nem, portanto,
do branqueamento.
branqueamento. Mesmo
Mesmo
tomandose
tomando-se em conta a posição
posição complexa, mais
mais eclética
eclética ee menós
menos
radicalmente autoritária
autoritária de
de Alberto
Alberto Torres
Torres quanto
quantoao aopapel
papeldo do
Estado, é inegável que as décadas de 192€)
1920 ee 1930,
1930,nas quais
quais sese for-
for-
mou o pensamento
'pensamenfo de Gilberto
Gilberto Freyre, estavam sendo preponde-
preponde-
rantemente influenciadas por por um
umpensamento
pensamentoorganicista
organicistae epo- po-
liticamente centralizador, quando
liticamente centralizador, quando não abertamente
abertamente autoritário.
autoritário.
Além do mais, as próprias ligações estreitas de Oliveira Vianna
Além do mais, as próprias ligações estreitas de Oliveira Vianna
com o pensamento de Alberto Torres e a influência daquele sobre
sobre
Paulo Prado (de quem, por
por sua
sua vez,
vez, era
era socialmente
socialmenteprotegido)
protegido)
..¬

3-33

ua
iii'
.:.'~

diminuiriam
diminuiriam oo peso
peso das
das vertentes
vertentes não estatalautoritárias que
não estatal-autoritárias que .il
`|"

existiam emAlberto
existiam em Alberto Torres.
Torres. A
A tradição
tradição de de pensamento
pensamento corporati--z
corporatih .
.___¡

vista no Brasil
vista no Brasil foi tão forte
foi tão forte que,
que* aa crer
crer nas
nasinterpretações
interpretaçõesde de Iorge
Jorge g
Caldeira, nem mesmo
Caldeira, nem mesmo oo visconde
visconde dede Cairo,
Cairu, tido
tido ee havido
havido como
como oo 1
primeiro
primeiro pregador
pregador dasdas vantagens
vantagens dodo livre
livre mercado
mercado para
para oo Brasil,
Brasil, ?
teria escapado.
teria Gilberto
escapado.Freyre,
Freyre, nana década
década dede 1930,
1930,erízge
erigeoutros
outrosatores
atores
so-so
ciais
ciais como
como foco
foco para explicar as
para explicar as hierarquias
hierarquias ee dar
dar sentido
sentido àà org:-1~
orga |
nização
nização social:
social: as
as instituições
instituições domésticas—
domésticas -- com com oo pater famílias |
parerƒamilias
à frente.
frente. A família patriarcal,
patriarcal, não
não oo Estado,
Estado, constituiria
constituiria aa mola
mola 9
central
central do
do Brasil.
Brasil. O senhor em
Õ Senhor em sisi nao seria parte
não Seria parte permanente,
permanente, na- na* j
tural, constitutiva
constítutiva da nação?
naçãoÍ Foi produzido por por um sistema,
sistema, oo es-
es |
cravoçrata,
cravocrata, tanto quanto o 0 negro, que se tornou
tornou escravo por força |
do processo social de dominação e não por ser portador de yma
do processo
condição socialdedeinferioridade.'Essa
natural dominação e não posição
inferíoridade.`Bssa por ser eraportador
era de yma B
nova, rompia
com a visão prevalecénte
prevalecente no Imperio
Império para
para justificar
justificar aa escravidão
escraviâão j
- a desigualdade
desigualdade natural
natural entre
entre os
os seres
sereshumanos
humanosem emfunção
funçãodada lA
¿k

raça
raça —
-- ee díscrepava
discçepava das das concepções
concepções corporativistas
corporativistasque quedavam
davam £}
9
como
como naturais
naturais as
I
as diferenças entre partes
diferenças entre partes “funcionais”
‹‹
funcionais dodosistema
sr -
sistema
social,
social, composto de escravos,
escravos, senhores
senhores ee outras
outras categorias
categorias sociais,
sociais,
de menor alcance
de menor explicativo. Gilberto
alcance explicativo. Gilberto Freyre
Freyre nãonão aceitou
aceitouaateoria
teoria
da existência de desigualdades “naturais” socialmente fiincionais
da
dosexistência
dos de desigualdades “naturais**
organicistascorporativistas,
organicistas~corporatívistas, nem
nem viu
viu na socialmente
na vontade
vontade funcionais
de construir
de construir |
uma nação pela concentração
concentração de poder central
central os caminhos
caminhos para
corrigir os malefícios
malefícios do do passado
passado colonial-escravocrata.
colonialescravocrâta.E Etam- tam-
pouco
pouco fezfez como
como Caio
Caio Prado,
Prado, que
que em
em Evolução
Evolução política
política âo
do Brasil
Brasil
(publicado pouco antes
(publicado pouco antes dede Casa-grande
Casa-grande de senzala) incorporou
& senzala) incorporou :
oo papel
papel central
central do
do “latifundiário”
“latifundiário” proposto
proposto por
por Oliveira Vianna
Oliveira Vianna
transformando
transformando o0 latifóndio
latifúndio agròexportador
agroexportador nana pedra
pedra de toque •
de toque
da
da formação
formação dodo Brasil (abrindo brechas
Brasil (abrindo assimpara
brechas assim paraintroduzir
introduziraa
perspectiva
perspectiva de
de luta
luta de classes).
de classes).
Pelo
Pelo contrário,
contrário, Freyre criou categorias
Freyre criou categoriasanalíticas
analíticassociológicas
sociológicas

104
ee históricoculturais.
historico-culturais. Para
Para isso
isso não
não desdenhou
desdenhou da da base
base produtiva:
produtiva:
foi, sim,0olatifündio
foi, sim, latifúndioaçucareiro
açucareiroquequedeu
deusustentação
sustentaçãoaàsociedade
sociedade
patriarcal,
patriarcal, afirmação
afirmação repetida
repetida oo tempo
tempo todo
todo em
em seus
seus trabalhos,
trabalhos.
Repetidas também,asasreferências
Repetidas também, referênciasààinfluência
influênciadas
dasformas
formaseconô-
econô-
micas sobreaasociedade
micas sobre sociedadee ea acultura.
cultura»Apenas,
Apenas,elas
elas nãoteriam
não teriamsido
sido
o0 fetor
íptor decisivo
decisivo para
para explicar as particularidades
explicar as particularidades brasileiras:
brasileiras: oo que
que
distinguiu a sociedade brasileira não foi a grande propriedade es-
dísnnguiu
cravocrata aem
sociedade
si,que brasileira
quetambém nâo foinos
também existiu
existiu a grande propriedade
Estados Unidos,Foies-a
Foi
cravocrata em si, nos Estados Unidos. a
fòrma
forma peculiar
peculiar como
como se constituiu aa “família
se constituiu "família patriarcalll
patriarcal50,um
um pro-
pro-
duto
duto histéricocultural
histórico-cultural. Cito:
Cito:

Á família,não
A família, não0 oindivíduo,
indivíduo, nemnem tampouco
tampouco o Estado,
o Estado, nenhuma
nenhufnla
companhia
companhia dedecomércio,
comércio, è desde
é: desde 0o século xvi oogrande
século xvr grandefator
fatorco-co-
lonizador doBrasil,
lonizador do Brasil,a unidade
a unidade produtiva)
produtiva, o capital
o capital que desbrava
que desbrava
0 solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a
oforça
solo,
força instala
social
social assedesdobra
quese
que fazendas,emcompra
desdobra em escravos,
política,
política, bois, ferramentas,
constituindose
constituindo-se na aris-a
na aris-
tocracia colonialmais
tocracia colonial mais poderosa
poderosa da América,
da América. SobreSobre ela de
ela o Rei o Rei de *
: Portugal
Portugalquase
quasereina
reinasem
semgovernar?
governar.7 f

Oliveira Vianna via os males do Brasil na dispersão geográfi-geográfi-


ca dos núcleos do povoamento e nos vícios decorrentes do acasa- acasa-
lamento entre
entre política
política local
localeepersonalismo. A A geografia 6e aa Cultu-
cultu-
ra, além da diversidade racial ee da
diversidade racial da miscigenação, condicionavam
nossa formação e eram obstáculos dos quais decorria o pessimis- pessimis-
mo vigente nas interpretações do Brasil que
vigente nas que foram recolhidas
por Paulo Prado. Para corrigir as distorções produzidas por esta
situação
situação éé que
que tazoto
tafttò Torres
Torresquanto
quanto Oliveira
Oliveira Vianna
Vianna propunham
propunham
o Estado-forte.
Estadoforte. Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre,em emcontraposição,
contraposição,valorizava
Valorizavaa a
força
força dada sociedade
sociedade ee da
da cultura
cultura brasileiras.
brasileiras.AAsociedade
sociedadeescravo-
escravo-
crata se organizara
organizara ee sese li-ierarquizava
hierarquizava ao ao redor
redor do núcleo fami-
fami-
liar. A oposição direta não seria sequer entre senhores e escravos,
mas entre
mas entre aa Casa-Grande
CasaGrande patriarcal
patriarcal ee tudo que se
tudo que se lhe
lhe opunha.
opunha. A A

1105
05
escravidão, concede Freyre,
escravidão, concede Freyre,justificando-a
justificandoaaté
atécerto
certoponto,
ponto, foi
foiQo
modo
modo que
que oo português
português colonizador
colonizador encontrou
encontrou para
para levar
levar adiante
o empreendimento econômico da conquista. Muita terra, poucos
portugueses, índios
indios abundantes e, posteriormente, negros dispo-
dispo-
níveis teriam
teriam viabilizado
viabilizado aa obra
obra da
da conquista.
conquista. Cito
Cito outra
outra vez:
vez: “O
“O
meio e as circunstâncias exigiriam o escravo'Í8
meioAgregando
e as circunstâncias
as exigiriam
as dúvidas
dúvidas de Oescravo
de Oliveira
Oliveira
”.8
Limasobre
Lima sobreseseteria
teriasido
sido
um
um crime
crime levar os escravos
levar os escravos negros para aa América
negros para América ee opondose
opondo-se aa
Varnhagen,
Varnhagen, que lastimava aa concessão
que lastimava concessãode degrandes
grandestratos
tratosdedeterra
terra
no lugar de propriedades menores, diz Freyre: “Para algunsalguns publi-
publi-
cistas
cistas foi
foi erro
erro enorme,
enorme. Mas
Mas nenhum
nenhum nosnos disse
disse até
até hoje
hoje que
que outro
outro
método
método de suprir as necessidades de trabalho poderia poderia ter
ter adota-
adota~
do o colonizador
colonizador português
português? ”.9 Colonizador que, segundo ele, ele, jájá
era inclinado aadotar o cativeiro para obter êxitos econômigos,
era inclinado
mesmo
mesmo na
aadotar
na terra
terra de
o cativeiro
de srcem.
origem.Como
paraportugueses
obter êxitos
Comoososportugueses
econômicos,
foram
foramosospio-
pi0~
neiros em estabelecer
estabelecer colônias
colônias de
deexploração
exploraçãoagrícola
agrícolaememterras
terras
tropicais, dada a escassez de mão
escassez de mão dede obra
obra local
localque
quepudesse
pudesseserser
assalariada, só.
so. Qo latifúndio e a escravidão, indígena per-
indígena ou negra, per-
xi 9.5
mitiriam
mitiriam construir “a grande obra obra colonizadora”,
colonizadora.

No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga


larga escala
nos trópicos por uma técnica economica e por uma politica so»
nos
cial trópicos pornova:
inteiramente
cial inteiramente
uma
nova:técnica
apenas
apenas
econômica
esboçada
esboçada
e por
nas
nas ilhas
umasubtropicais
ilhas política
subtropicais do
so-do
Atlântico
Atlântico.. Í.-.] OO colonizador
colonizadorportuguês
português do do Brasil
Brasilfoifoi0o primeiro
primeiro
entre
entre os colonizadoresmodernos
os colonizadores modernos aa deslocar
deslocaraabase basedadacolonização
colonização
tropical
tropical da dapura
puraextração
extraçãode de riqueza
riqueza mineral,
mineral, vegetal
vegetal ou animai
ou animal
[...]
[...] para aacriação
criaçãolocal
localdederiqueza
riqueza[...]
[...]ààcusta
custado trabalhoescravo:
do trabalho escravo:
tocada
tocada portanto daquela perversao
portanto daquela perversão de
deinstinto
instintoeconómico.”
econômico»10

Ademais, “No Brasil [...] as grandes plantações foram obra não


Ademais, “No Brasil [...] as grandes plantações foram obra não
do Estado colonizador, sempre somítiço
somítico em Portugal,
Portugal, mas de co-
co-
rajosa iniciativa particular ”.11
partícular"."

106
: Para comprovar a tese, cita viajantes que chamaram
chamaram a aten-aten-
ção
ção para
para aa ausência
ausência de entraves burocráticos
de entraves burocráticos àà obra
obra colonizadora,
colonizadora,
dadá
dada a ausência da administração,
administração. Gilberto viu nisso uma carac-carac-
terística
terística ee mesmo
mesmo uma uma vantagem.
vantagem.EEnão
nlo sese diga
digaquequeneste
nestecapí-
capí-
tulo—
tulo - o0 inicial
inicial de
de Casa-grande Senzala >*
& senzala
Casa-grande dr --- ele tivesse apenas
ele tivesse apenas
idealizado: a minúcia, como em todo o livro, do conhecimento
idealizado: a minúcia, como em todo o livro, do conhecimento
das fontes históricas
das fontes históricas(documentos,
(documentos, livros
livros de
deviajantes,
viajantes,comenta-
comenta-
ristas etc,) desmente
ristas etc.) desmente uma
uma vez
vezmais
maisaanoção
noção dede que
quesua
suaobra
obrafoi
foi
basicamente ensaística.
A mola da sociedade escravocrata teria sido o0 “projeto
"projeto pro-
pro-
dutivo*
dutivo” dodo português,
português,sua
suaantevísão
antevisãododofuturo
futuro que,
que,vinculada
vinculadaapap
meio ambiente —*a-~ a vastidão das terras, O
o clima tropic-al~~.~
tropical— .ee aos
condicionamentos demográficos, escassez de brancos ee abundân-
abundân-
cia de
cia dê indígenas
indígenas eemais
maistarde
tardededenegros,
negros,criou
criou asasbases
basespara
paraque
que
fosse plasmada uma cultura,
fosse plasmada uma cultura, uma uma adaptação de costumes, práti-
costumes, práti-
cas, valores e crenças que marcaram nossa formação.
formação, Tudo
Tudo isso
isso se
se
concretiza
concretiza ao ao redor
redor do
do latifúndio e da hierarquização entre Ca/' Ca-z
saGrande
sa-Grande ee Senzala,
Senzala,senhores
senhorese eescravos.
escravos.Mas
Masa dinâmica
a dinâmicadeste
destef
todo históricoestrutural,
histórico-estrutural, de base econômica dàda, dada, só se entende
quando se se acrescentam
acrescentam asas dimensões
dimensões culturais.
culturais, Estamos
Estamos longe
longe
de, sem
sem negar
negar sua
sua importância,
importância, ver
ver no
no “latifú.ndio-exportador”
“latifundióexportador”
oo sentido
sentido dada sociedade colonial, como
sociedade colonial, como emem Caio
Caio Prado
Prado ouou mesmo
mesmo
em Oliveira Vianna. Por certo, Gilberto Freyre não desdenhaoo
Oliveira Vianna. Por certo, Gilberto Freyre não desdenha
óbvio,
óbvio, como já disse, o papel da economia agroexportadora. Mas
o sentido profundo da construção do país foi foi a matriz histórico
histórico-
cultural
-cultural constituída
constituída ao redor da CasaGrande;
Casa-Grande;
Deixo
Deixo dede lado
iatfbconsiderações
consideraçõessobre
sobreaté
atéque
queponto
pontooomodelo
modelo
de sociedade
sociedade escravocrata
escravocrataassim
assimconstruído
construídopoderia
poderiageneralizar-
generalizar
se para oo Brasil,
-se para Brasil,uma
umavezvezque
queasásanálises
análisessesebasearam
basearamememPer- Per-
nambuco ee em em partes
partes do
do Nordeste.
Nordeste. Certamente
Certamente nãonão foi
foiassim
assimemem
São Paulo,
Paulo, nem
nem nono Rio
RioGrande
Grandedo 4oSul,
Sul,por
porexemplo.
exemplo,Nem Nemnas nas
regiões mineradoras ou nas faixas de comunicação comercial comercial por

110;
07
.UI
11

|9;.

onde o país
pais se expandiu sem se basear no latifúndio patriarcal ao
estilo do que ocorreu
ocorreu no Nordeste
Nordeste e,e, em outra época,
epoca, nas terras .-_ 1
L.|

fluminenses
fiuminenses e mesmo
mesmo paulistas» com o açúcar
paulistas, como açúcar eeoocafé.
café.Ha
Háargu-
argu-
mentos para mo strar que na
mostrar na caracterização históricocultural
histórico-cultural toto--
mar
rnar o caso extremo é uma forma de iluminar as demais situações,
ainda que por contraste,
contraste.
ÁA contribuição inovadora de
contribuição inovadora de Freyre
Freyre para
para caracterizar
caracterizara a
sociedade patriarcal
patriarcal não
não justifica,
justifica, entretanto,
entretanto,como
comoveremos
veremos
adiante, seus
seus excessos arbitrários
arbitrários aoao caracterizar
caracterizar oo papel
papel ino-
ino-
vador
vador dodo empreendedorismo
empreendedorismodos doscolonos
colonosportugueses
portuguesese eaoaosese
aferrar
aferrar às
às características
características de
de plasticidade
plasticidade cultural
cultural que
que teriam
teriam
possibilitado além da aculturação a ascensão social de negros,
índios
índios ee mestiços,
mestiços. Para construir
construirajtnagem
ajmagempositiva
positivados colo-
dos colo-
nos, ele se opõe à visão
visão de
de que
que os portugue
portuguesesses vindos
vindos par a cá
para cá se-
se-
riam os “pioresielementos” (degredados, condenados etc.). Pelo
riam os “piores elementos” (degredados* condenados etc.) . Pelo
contrário, gente de boa cepa tam bém veio e muitos
também muitos deíes
deles der^m
derarn
srcem
origemàsàsgrandes
grandesfamílias
famíliaspatriarcais:
patriarcais:ltA
“A colonização
colonização dodo Brasil
Brasil
se processou aristocraticamente,
aristocraticamente,mais
maisdodoque
queaade
dequalquer
qualqueròuou~
tra parte da América
Ãmérica [...]. Mas onde o processo de colonização
europeia
europeia afirmouse
afirmou-se essencialmente
essencialmente aristocrático
aristocrático foi
foi no
no norte
norte
do Brasil”.u
Brasil".'2 •›
As características
características funzdamentais
fundamentais da da formação
formação da da sociedade
sociedade
brasileira, embora esta fosse assentada numa economia escravis-
brasileira, embora
ta, teriam sido estapelo
dadas fosse assentada
equilíbrio denuma economiaque
antagonismos escravis-
a ma-
ma-
triz cultural aqui desenvolvida permitia:

Antagonismos
Antagonismos dedeeconomía
economia e de
e de cultura,
cultura. A cultura
A cultura europeia
europeia e a ea
indígena,
indígena. AAeuropeia
europeia ee aaafricana.
africana.A.Aafricana
africana
e aaeindígena.
indígenaA. Aecono-
econo-
mia
mia agrária
agrária eea apastori1.A
pastoril
. Aagrária
agráriaeeaamineira.
mineira.OOcatólico
católico
e oeherege.
o herege.
O jesuíta
jesuítaeeo ofazendeiro.
fazendeiro. O bandeirante
O bandeirante e o senhor
e o senhor de engenho.
de engenho. O O
paulista
paulista ee o
0 emboaba.
ernboaba. O O pernambucano
pernambucano ee oo mascate.
mascate. O O grande
grande
proprietário ée o pária. O bacharel e o analfabeto,
analfabeto. Mas predomi
predomi-

. 1108
08 ■
nando sobretodos
nando sobre todosososantagonismos,
antagonismos, o mais
o mais geralgeral e o mais
e o mais profun
profm-i¬
do:
do: oo senhor
senhore eo oescravo.”
escrava13

Enten dem- se os motivos que levaram os sociólogos


Entendem-se da “es-
sociólogos da “es
cola paulista” áa criticarem
cola paulista” criticarem Gilberto
Gilberto Freyre: onde está
Freyre: onde está aa especifici~-
especifici-
dafcje dessesantagonismos,
dade desses antagonismos,ainda
aindaque
queeleeleosostenha
tenhahierarquizado,
hierarquizado,
pois há um antagonismo principal e geral, aquele entre senhores
pois há um antagonismo principal e geral, aquele entre senhores
e escravos?
escravos? Não
Não haveria
haveria traços
traços culturais
culturais semelhantes
semelhantesem emoutras
outras
formações socioecónômicas? Talvez,
formações socioeconômicas? Talvez, mas
mas nosso
nosso autor
autor não
nãofaz
fazasas
análises comparativas suficientes
análises comparativas suficientes para
para sustentar
sustentar 0o argumento.
argumento.
Fosse só isso
Fosse só isso ee oo pecado
pecado talvez
talvez pudesse
pudesseserserconsiderado
consideradovenial;'Ê.
venial
Mas Freyre vai
Mas Freyre vai mais
mais longe
longe emem sua
sua visão
visão sobré
sobre oo equilíbrio
equilíbrio de
de an
an-
tagonismos:
tagonísm os:

Por outro lado, a tradição conservadora no Brasil sempre se tem


Por outro lado,
sustentado
sustentado no a tradição
nosadismo
sadismo dodo conservadora
mando,
mando, no em
disfarçado
disfarçado Brasil
emsempre dese tem
“princípio
“princípio de
Autoridade”
Autoridade” ou
ou “defesa
“defesa da
da Ordem”.
Ordem”. Entre
Entre estas
estas duas
duas místicas -- aa \Í›'
místicas —
da Ordem eeaadadaLiberdade.
da Ordem Liberdade,
a daa Autoridade
da Autoridadee a dae Democracia
a da Democracia — ?
êé que
que se
sevem
vemequilibrando
equilibrando entre
entre nósnós a vida
a vida política,
política, prèqocemente
precocemente
saída dado
saída da doregime
regimedede senhores
senhores e escravos
.14
e escravos.”

O autor
autor vê
vê certas
certas vantagens nessa situação,
situação,

as de uma
as de urtiadualidade
dualidadenãonão
de de todo
todo prejudicial
prejudicial à nossa
ä nossa culturacultura
em em
formação. [„
.} Talvez
form-ação. [...] Talvezememparte
parte alguma
algumaseseesteja
estejaverificando
verificandocomcom
igual liberalidadeo oencontro,
igual liberalidade encontro, a intercomunicação
a intercomunicação e até ea até
fusãoa fusão
harmoniosa
harmoniosa Ü fetradiçõ
de es diversas,
tradições diversas,ououantes,
antes,antagonicas.
antagônicas,dedecultu-
cultu-

' ra como no Brasil .15
Brasil.”

Este processo
processo dede “harmonização
“harmonização dede contrários”,
contrários”, diz
diz Freyre,
Freyre,ain-
ain
da está
está incompleto;
incompleto; o vácuo ee aa deficiência
deficiênciadadaintercomunicaçã-o
intercomunicação
entre as
entre as culturas ainda éé enorme.
culturas ainda enorme. “Mas
“Mas não
não se
se pode
pode acusar
acusar de
de

109
rígido,
rigido, de .falta de
deƒalta demobilidade
mobilidadevertical
vertical[...]
(.*.]ooregime
regimebrasileiro,
brasileiro,
em vários sentidos
sentidossociais
sociaisum
umdosdosmais
maisdemocráticos,
democráticos, flexíveis
flexíveis e e
plásticos
p1ásticos”.'°
” 16
AA generalização
generalização dós
dos qualificativos,
qualificativos, aa imprecisão
imprecisão ee aa variabi
variabi-
lidade dos
dos argumentos,
argumentos, sem
semfalar
falarna
nareferência
referênciaaoaotérmino
término“pre-
“pre
coce” daescravidão,
coce” da escravidão,abrem
abremflanco
flancoà crítica.
à critica,OO linguajar
linguajar é atraen
é atraen-
te e a criatividade grande. Não faltam insights que iluminam o
te e a criatividade grande. Não faltam insights que iluminam o
processo socioculturaldo
processo sociocultural doBrasil,
Brasil,mas
maso oressaibo
ressaibo conservador
conservador comcom
a implícita aceitação
aceitaçãodedetudo
tudoque
queestá
estádado
dadonãonãopodem
podem serser acei
acei-
tos acriticamente. Nempor
acriticamente. Nem porter
tersido
sidoum
umgrande
grandeintelectual
intelectualnosso
nosso
autor deixou de extravasar
extravasar seus
seuspreconceitos
preconceitose edede contagiar
contagiar suas
suas
análises comcrenças
análises com crençase evalores
valores nem
nem sempre
sempre abertamente
abertamente expostos.
expostos.

. zm, . .' • • '


** iz
A DEMOCRACIA RACIAL ''*■ ä
A DEM OCRA CIA RAC IAL . :
Í*
AA ideia
ideia tão
tão difundida
difundida dede que
que Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre teria
teria caracteri-.
caracteri-
zado o Brasil como
como uma “democracia
“democracia racial” precisa ser
racial” precisa ser mais Êem
Bem
8*
qualificada.
qualificada. Ao Ao descrever
descreverasásqualidades
qualidadesdos dosportugueses
portugueses ememsuasua
*5
terra de origem,
srcem, insistia
insistiaem
emqtie
queeles
elesjájápossuíam
possuíam uma umacultura
culturababa-
seada
seada ememequilíbrios
equilíbriosentre
entrecontrários,
contrários,com complasticidade
plasticidade suficiente
suficiente
para aceitar práticasde
aceitar práticas demiscigenação
miscigenaçãoracialraciale cultural.
e cultural.AsAs análises
análises
históricas
históricas vêmvêm acompanhadas
acompanhadasdedereferências
referênciasàs às fontes
fontes e aeseus
a seus
intérpretes. Chama mesmo
intérpretes. Chama mesmo aa atenção
atençãoo oenormeenormeconhecimento
conhecimento
que Freyre tinha da
Freyre tinha da formação
formação histórico- cultural lusitana.
histórico-cultural lusitana. Foi
Foi na
na
interpretação,
interpretação, na na valorização
valorizaçãodedecertos
certostraços
traçosculturais
culturais e sociais
e sociais
qué ele introduziu
que ele introduziu algum
algum viés,
viés,embora
emboratenha tenhasempre
semprese se oposto
oposto
ao racismo prevaleccnte
prevalecente em muitos círculos.
círculos.ParaPara começar,
começar,nosso
nosso
autor descreveu
descreveu os portugueses—
portugueses - com exceção exceção dos
dos habitantes
habitantesdodo
norte, mais celtas
celtas--
—^como
como um umpovo
povocujo cujosangue
sanguejá jácarregava
carregavaas as
marcas árabeseeafricanas.
marcas árabes africanas.DaDaÁfrica
Áfricanegra
negrae eberbere.
berbere.
Como negasse
Como negasse oo valor
valorexplicativo
explicativodas
dasdiferenças
diferençasraciais emem
raciais
-1 pt
si mesmo, acrescentava
5_¡ mesmo, acrescentavasempre
sempredimensões
dimensõesculturais;
culturais;não
nãoapenas
apenas
o0 português
português era
era amorenado,
amorenado,mas mas`tambc'^rn
tambémsua suacultura
culturaabsorve»
absorve
ra
fa muitos traços
traços muçulmanos
muçulmanos desde
desde aáocupação
ocupaçãoárabe.
árabe.Eram
Eramosos
“moçárabes”, nosquais
“moçárabes”, nos quaissese juntavam
juntavam traços
traços culturais
culturais dosdos escravos
escravos
negros
negros eedos
dosberberes:
berberes:

O que
quesesesente
senteemem todotodo
este este desadoro
desadoro de antagonismos
de antagonismos são duasslo duas
culturas,
culturas, a aeuropeia
europeia e a eafricana,
a africana, a católica
a católica e a maometana,
e a maometana, a dinâ- a dinâ
mica
mica eeaa fatalista
fatalista encontrando~se
encontrando-se no no português,
português,fazendo
fazendodele,
dele,dede
Sua vida,dedesuasua
sua vida, moral,
moral, de sua
de sua economia,
economia, de suadearte
suaumarte um regime
regime de de
influências que se
influências sealternam,
alternam,se seequilibram
equilibrameesesehostilizam.
hostilizam» jJ

Daí que
que “se“se compreende
compreendeooespecialíssimo
especialíssimocaráter
caráterquequetomou
tomoua a
colonização
colonização do doBrasil,
Brasil,.aaformação
formaçãosuisuigeneris
generisdadasociedade
sociedadebrasi- brasi
leira, igualmente
leira, igualmenteequilibrada
equilibradanos
nosseus
seuscomeços
começose eainda
aindahojehojesobre
sobre
antagonismos
antagonísmos”.” 17 '7
Essa contradição sem dialética - sem produzir propriamen propriamen~
te uma
urnasíntese
síntese--,*—, esse
esse equilíbrio
equilíbrio entre
entre antagonismos
antagonismos teria
teria sidosido
a a
marca distintiva
distintiva de
de nossa
nossacultura.
cultura.Em
Em Casa-grande & senzalaa não
e'~ senzal
se faia em
se fala em“propensão
“propensãodemocrática”,
democrática”,nemnemmesmo
mesmoemem“clemocra-
“democra
cia racial” mas
cia racialii mas em
em oposições
oposiçõesquequeseseequilibram.
equilibram.OOportuguês
portuguêsdodp
século
século da dadescoberta
descobertae edos dosséculos
séculosiniciais
iniciaisdadacolonização
colonização já já tive
tive-
ra na
ra na Europa
Europa tanto
tanto aa experiência
experiênciade deintercâmbio
intercâmbiocultural
culturalquanto
quanto
conhecera algumasinstituições
conhecera algumas instituiçõesque
querecriou
recriounanaAmérica
Américae ea aelas
elas
se aferrara: aapoligamia
se aferrara: poligamia eea aescravidão
escravidãodedenegros
negrose árabes
e árabesnãonão
lhe eram
eram estranhas.
estranhas.Gilberto
Gilberto Freyre
Freyrechega
chegamesmo
mesmoa adizer
dizerque
queo o
português
português era era oo nfais
ndfeispropenso
propenso dosdos povos
povos europeus
europeus a praticar
a praticar a a
escravidão, assimcomo
escravidão, assim comoa apoligamia
poligamiaherdada
herdadadadaÁfrica.
África.Nem
Nemessa
essa
nem oodesregramento
desregramento sexual ee moral nasceram no Novo Mundo;
jájá eram
eramvividos
vividos na
na Europa
Europa pelos
peloscolonizadores.
colonizadores.SemSem motivos
motivospara
pa ra
orgulho de
orgulho de superioridade
superioridade racial,
racial, havendo
havendo expulsado
expulsadoososmouros,
mouros,
sendo bravos guerreiros, cobriram-se no manto da da Igreja para

'I'I|'I
›. JL-
. .,-
‹-1:.
_ C:
notabilizarem-se como combatentes
combatentes dos dos he-reges.
hereges. AA Igreja,
Igreja, aa es-
es ..`_

cravidão,
cravidão, 6o desregramento moral ee aa empresa
desregramento moral empresacolonial
colonialprodutiva
produtiva
chegaram juntosao
chegaram juntos aoBrasil
Brasilpela
pelamão
mãodos dosportugueses.
portugueses.Estes,
Estes,comcon*
nao partiram,
tudo, não partiram, na
na origem,
srcem, dede uma
uma sociedade
sociedade propriamente
feudal» nemjamais
feudal, nem jamaisderam
deramà àsuperioridade
superioridadededepelepele e de
e de sangue
sangue
preeminência maior,pois
preeminência maior, poisdela
delanão
nãodispunham.
dispunham.
O mesmo estilo de abordagem se desdobra para caracterizar
O mesmo
aa junção
junção estilo“raças”
de outras
de outras de abordagem
“raças"e eculturasseformadoras
culturas desdobra
formadoras para caracterizar
dodoBrasil.
Brasil.NaNa
análise da contribuição
análise da contribuiçãodos dosíndios,
índios,Freyre,
Freyre»umaumavezvez mais»
mais, exibe
exibe
notável conhecimentodas
notável conhecimento dasfontes
fonteshistóricas
históricase edada antropologiadada
antropologia
época. Deixodedecitar
época. Deixo citarospsautores
autoresque queserviram
serviramdede base
base para
para suassuas
descrições
descrições eeinterpretações
interpretaçõespara paranão
nãocansar
cansar o leitor,
o leitor, masmas posso
posso
assegurar — tendo
assegurar -~ tendoeu eupróprio
próprio seguido
seguidono noinício
iniciodos
dosanos
anos1950
1950
cursos de antropologia - que a bibliografia
bibliografia referida era
era aa que
então se ensinava.
então se ensinava.Discípulo
DiscípulodedeBoas,
Bosis, leitor
leitor contumaz,
contumaz, eleelenão-não
-Éo

pecava por
pecava por falta
falta de base científica.
de base científica. Repito,
Repito, quando
quandopecava
pecava era
era por
p#r
sua “visão”, por suas
suas interpretações, como como disse
disse acima.
acima.
Retomando
Retomando oo fio: fio: Freyre
Freyretambém
tambémviu viuooprocesso
processodedecontãto
contato
entre portugueses
portuguesese eindígenas
indígenascomocomoum umantagonismo
antagonismoentre
entrecul-
cul
turas atrasadas
atrasadaseemaismaisdesenvolvidas.
desenvolvidas. Çom
Com a presença
a presença do do coloni
coloni-
zador» destrói-seo oequilíbrio
zador, destrói-se equilíbrionasnasrelações
relações entre
entre os os indígenas
indígenas e oe o
meio físico, “principiaaadegradação
fisico, “principia degradaçãodadaraça raçaatrasada
atrasadaaoaocontato
contato
da adiantada”Os
da adiantada'Í Osindígenas
indígenasforam
foramvítimas
vítimasdededuas
duasinfluências
influênciasCle-
de-
sagregadoras, deletéria-s mesmo, nas palavras de Gilberto: a dos
sagregadoras,
portugueses eeadeletérias
portugueses ados mesmo,
dosjesuítas,
jesuítas, senas
que
que se palavras de
anteciparam
anteciparam Gilberto:
nasnas a de
dosde
tentativas
tentativas
europeização
europeização aoaoimperialismo
imperialismoburguês
burguêseuropeu.
europeu.

O
O imperialismo português
imperialismo portugués -- -—o religioso
o religioso dos padres,
dos padres, o econômico
o econômico
dos
dos colono s— se
colonos- desde ooprimeiro
se desde primeirocontato
contatocomcomaacultura
culturaindígena
indígena
feriu-a
feriu-a dedemorte,
morte,nãonão
foi foi
parapara abatê4a
abate-la de repente,
de repente, com a mesmá
com a mesma
fória dos ingleses
fúria dos inglesesnanaAmérica
AméricadodoNorte.
Norte.Deu-lhe
Deu-lhetempo
tempopara
paraper-
per
petuar-se
petuar-se emem várias
várias sobrevivências
sobrevivências úteis
,*8
úteis.”

Ill
ÀA partir
partir dessa
dessavisão
vis-ão distingue
distingue três
três dimensões
dimensões características,
características.
AA do
do “imperialismo
“imperialismo dos
doscolonos”,
colonos”,quer
querdizer,
dizer,aa utilização
utilização dodo indí
indí-
gena pelo português
gena pelo português em emseus
seusempreendimentos
empreendimentos conquistadores
conquístadores
(de terras,como
(de terras, comonasnasbandeiras,
bandeiras,digo
digoeu,eu,
ou ou
de de exploração
exploração produ
produ-
tiva)*
tiva), aado
do“imperialismo
“imperialismoreligioso”,
religioso”,dos
dos jesuítas,
jesuítas, e a“co1wivên-
e a da da “convivên
cia decontráriorfí
cia\de contrários”Por
Porisso,
isso,Freyre
Freyre ressalta
ressalta o contraste
o contraste comcom a colo
a colo-
nização inglesa que matava diretamente os indígenas, enquanto,
nização inglesa que matava diretamente os indígenas, enquanto*
em nosso-
nosso caso,
caso,sua
suacultura
culturaera
eradesagregada
desagregada porpor ambos,
ambos, jesuítas
jesuítas e e
colonos,
colonos, ee suas
suaspopulações
populaçõeseram eramlentamente
lentamente exterminadas
exterminadas pelas
pelas
moléstias
moléstias ee maus- tratos por
maus-tratos por parte
parte tanto
tanto dos
dos portugueses
portugueses quanto
quanto
dos padres.
padres, Mas
Mas aa população
população indígena
indígena teria
teriasido
sidoao
aomesmo
mesmoternpp
tempjp
relativamente “preservada”para
relativamente “preservada” paraserserusada
usadanana exploração
exploração econô-r
econô-.
mica e,e,sobretudo,
sobretudo,sua
suacultura
culturamantida
mantida e modificada
e modificada pelas
pelas conse
conse-
qüências
quências do docontato
contatoe edadamiscigenação.
miscigenação^ NesseNesse
passo,passo, novamente,
novamente,
a visao
visão edulcorada
edulcoradado doconvivio
convívioentre
entrecontrários
contráriosse se mostra
mostra forte:
forte:

Nem
Nem asasrelações
relações sociais
sociais entreentre as raças,
as duas duas a.raças, a eonquistadora
conquistadora e. ai e a?
indíge na, aguçaram-se
indígena, aguçaram-se nuncanunca na naantipatia
antipati
a ouounonoódio
ódiocujo
cujoran-_?
ran-f
ge r* tão
ger. tão aclstringente,
adstringente, chega-nos
chega-nosaos aosouvidos
ouvidosdedetodos
todososospaíses
paísesde de
col onização anglo-saxônica
colonização anglo-saxômca eeprotestante.
protestante.Suavizou-as
Suavizou-asaquiaquiooóieo
óleo
lúbrico
lúbrico da daprofunda
profunda miscigenação.
'miscigenação Quer Quer
a livre ae livre
danada,e danada,
quer a quer a
regular
regular eecristã
cristãsobsob a bênção
a bênção dos padres
dos padres e pelo incitamento
e pelo incitamento da Igre- da Igre
jaja ee do
do Estado
Estado.”.19

Freyre, como fará


Freyre, como farácom
comrelação
relaçãoaos aosnegros,
negros, se se delicia
delicia ao des
ao des»
crever
crever aa lubricidade
Iubricídadeprevalecente
prevalecentenanaColônia,
Colônia, ao ao
dardar interpreta
interpreta
ções defundameãto
ções de fundamentosexual
sexualà àcouvade,
couvade, ao ao descrever
descrever aspectos
aspectos físi~ físi
cos dos
dosorgãos
órgãossexuais
sexuaisdosdosnativos.
nativos,
Tudo Tudoisso,isso,
maismais a necessidade
a necessidade
de povoar
povoar ee ampliar
ampliar aabase
baseprodutiva,
produtiva,levoulevou ao ao intercasamento,
intercasamento,
quando nãonão ao
ao intercurso
intercursosexual
sexualfrequente.
freqüente. Mesmo
Mesmo ressaltando
ressaltando
que oo estilo
estilo de
deinterconexão
interconexãoracialraciale ecultural
cultural permitiu
permitiu manter
manter a a
cultura autóctone
cultura autóctone mais
mais viva
viva na
nabrasileira
brasileira(toponímias,
(toponimias,culinária,
culinária,

m
-113
formas de
delidar
lidarcom
comasascrianças,
crianças, abrandamento
abrandamento da língua,
da língua, poesia*
poesia,
música etc.)do
música etc.) doque
queo oocorrido
ocorridoemem outras
outras plagas,
plagas, ele ele acentuou
acentuou
sempre
sempre ososaspectos
aspectosperversos
perversos da da desagregação
desagregação cultural
cultural provoca
provoca»
da pela
pela colonização.
colonização.SuaSua crítica
crítica mais
mais persistente
persistente e durae dura foi antes
foi antes
contra oo jesuíta
jesuítadodoque
quecontra
contrao ocolono.
colono.NãoNão poupou
poupou palavras
palavras
referindo-se àà “crueldade”
referindmse “crueldade” dos
dos jesuítas.
jesuítas. Estes
Estestentaram
tentaram construir
construir
uma nova base moral para os indígenas sem antes “lançar uma
uma nova base
permanente basemoral para”.20
econômica osResultado:
indígenas sem antesdos “lançar
indígeuma
permanente base econômica”.2° Resultado: aa familia
família dos indíge-
nas sese desagregou
desagregousem sem suportar
suportar os moldes cristãos,
05 cristãos,prevaleceu
prevaleceua a
miséria, aumentoubrutalmente
miséria, aumentou brutalmentea amortalidade
mortalidadeinfantil,
infantil,houve
houvea a
“degradação
“degradação da daraça”
raça”queque pretenderam
pretenderam salvar.
salvar.
Essa desagregação
Essa desagregação cultural
cultural e moral
e moral ocorreu
ocorreu a partir
a partir de quan
de quan-
do osos padres
padresresolveram
resolveram colocar
colocar os índios
os índios em em missões
missões sobpro-
sob sua sua pro
teção. Antes, nos .séculos
séculos xvrx vi ee xvrt,
x vn, oo clima
clima teria
teriasido
sido outro:
outro: “As
“As
crônicas
crônicas não nãoindicam
indicamnenhuma
nenhuma discriminação
discriminação ou ou segregação
segregação inis- ins
pirada
pirada por preconceito
preconceitode de cor
corou oudede raça
raçacontra
contraos osIndios;
índios;oo.regime
regíms
que os ospadres
padresadotaram
adotaram parece
parece ter sido
ter sido o deofraterna]
de fraternal
misturamistura
dos dos
alunos ”,21Ainda
alunos'Ê” assimacrítica
Ainda assim a críticaduradura dede Freyre
Freyre denunciando
denunciando maus-
maus-
--tratos
tratosaosaosindígenas
indígenas se voltou
se voltou menos
menos parapara os portugueses
os portugueses do que do que
para os os jesuítas.
jesuítas.A Aestes
estesnãonão perdoou
perdoou nada:
nada: "O “O missionário
missionário tem tem
sido oo grande
grande destruidor
destruidor de de culturas
culturasnão nãoeuropeias,
europeias,do doséculo
séculoxvtxvj
ao atual;sua
ao atual; suaação
ação mais
maisdissolvente
dissolventeque queaádo doleigo
leigo[...] . OOquequesesesal-
sal
vou dos indígenas
indígenas no noBrasil
Brasilfoi
foi aadespeito
despeitodadainfluência
influênciajesuíticafn
jesuítica” 22
Com seu seuestilo,
estilo,cheio
cheio dede espirais
espirais queque se tornam
se tornam círculos,
círculos, Gil- Gil
berto escreve,aoaomesmo
berto escreve, mesmo tempo,
tempo, o contrário:
o contrário: “Campeões
“Campeões da cau
da cau-
sa dos índios,
sa dos índios,deve-se
deve-seemem grande
grande parte
parte aosaos jesuítas
jesuítas não não ter sido
ter sido
nunca
nunca oo tratamento
tratamento dos dosnativos
nativosdadaAmérica
Américapelos pelos portugueses
portugueses
tão duro nem
tão duro nem tão
tãopernicioso
perniciosocomo corno pelos
pelos protestantes
protestantes ingleses
” 23
ingleses”Í”
EE dá novacambalhota
dá nova cambalhotanana argumentação:
argumentação:

Ainda
Ainda assim
assimos
osindígenas
indígenasnesta
nestaparte
parte do
do continente
continente não
nao foram
foram tra
tra~
tados fraterna]
tados fraternalouou
idjlicamente pelospelos
idilicamente invasores, os mesmos
invasores, jesuítas jesuítas
os mesmos

HJ.
extremando-se
extremando-se às às vezes
vezes em
em métodos
métodosde de catequese
catequeseos
os mais
mais cruéis.
cruéis.
Da boca
boca dede um
umdeles,
deles,e elogo
logododoqual,
qual,
dodo mais
mais piedoso
piedoso e santo
e santo de de
todos, Joséde
todos., lose deAnchieta,
Anchièta,é que
é que vamos
v-amos recolher
recolher estas
estas duras
duras palavras;
palavras;
“espada
“espada eevara
Varadedeferro,
ferro, que
que é aémelhor
a melhor pregação”.24
pregação°Í“

Sobre
Sobre os
os colonos
colonosportugueses,
portugueses,que queteriam
teriamsido
sidomais
mais flexíveis
flexíveis
e mais
mais interess ados nas mulheres
interessados mulheres indígenas
indígenas e em tê- los, homens
tê-los, homens ee
mulheres, com
como o força
força de
de trtrabalho,
abalho, nosso
nosso autor
autordidiz
z contraditoria-
contraditoria-
mente
mente que
que também
também repartiram
repartirarna aresponsabilidade
responsabflidade porpor
algumas
algumas
formas
formas de
de desagregação
desagregaçãoda dacultura
culturae edadamoral
moralindígena:
indígena:

Os colonos
colonos ee não
nãoososjesuítas
jesuítasterão
terão sido,
sido, emem grande
grande número
número de ca
de ca-
sos, os
os principais
principaisagentes
agentesdisgênicos
disgênicos entre
entre os indígenas:
os indígenas: os que
os que lhes lhes
alteraram o sistema de alimentação
alimentação eede de trabalhos,
trabalhos, perturbando-
perturbando-
--lhes
IhesOo metabolismo; os que introduziram entre entre eles
eles doenças
doenças en-
en
dêmicas
dêmicas ee epidêmicas;
epidêmicas;ososqueque lhes
lhes comunicaram
comunicaram o uso
o uso da aguar
da aguar-
dente
dente dedecana.”
cana.25

Se foi assim,
assim, torna-
torna-sese dif ícil eentender
difícil ntender no no que
que cons istiu oo
consistiu
“equilíbrio”
“equilíbrio” entre
entre antagonismos
antagonismose que e queatores
atoressociais foram
sociais foramfle fle-
xíveis e quais
quais os
os impenetráveis.
impenetráveis.Tudo Tudoparece
parecefazer
fazercrer
crerquequepara
para
Gilberto
Gilberto Freyre
Freyreososjesuítas
jesuítasrepresentaram
representarama aencarnação
encarnaçãododomal mal
maior
maior — - quem
quem sabe
sabe ressaibos
ressaibos dede antro pólog o que
antropólogo que não
não suporta
suporta
a violação direta
direta da
da cultura
cultura indígena
indígena pelos
pelos miss ionários -, mas
missionários mas
dos colonos
colonos não
não se pode
pode dizer
dizer que
quepossuíssem
possuíssem disposição
disposiçãoanímica
anímica
capaz de facilitar
facilitarooequilíbrio
equilíbrioentre
entreculturas e raças.
culturas e raças.
ê4'

03
OS NEGRO S
NEG RDS

Ê,
É, entretanto,
entretanto,quando
quandotrata
tratados
dosescravos
escravose enegros,
negros,nos dois
nos dois
últimos
últimos capítulos
capítulosdede Casa- grande &
Casa-grande rá» senzala
senzala,, que
que suas
suas teses,
teses,sua
sua

11€
força expositiva e suas interpretaçõessesetornam
suas interpretações tornammaismaisclaras.
claras.NoNo
primeiro deíes, sobreoo negro
deles, sobre negrona navida
vidasexual
sexuale enanafamília
famíliados
dosbra-
bra
sileiros, volta aa exibir
sileiros, volta exibir pleno
pleno domínio
domínio da da literatura
literaturaantropológica
antropológica
de sua época,
de sua inclusive de
época, inclusive de antropologia
antropologia física.
física. Dedíca~se
Dedica-se aa des-
des*
mentir
mentir as hipóteses relativas
as hipóteses relativasààinferioridade
inferioridadedos dosnegros,
negros, desde
desde as as
que sese baseavam
baseavamem emmedições
mediçõesdodopeso pesoe da e da estrutura
estrutura dosdos
cére-cére
bros até àsque
até às quesesereferem
referemàsàsinfluências
influências climáticas
climáticas e de
e de regime
regime ali- ali
mentar
mentar sobre
sobre 0 o comportamento
comportamento dos africanos. Entra
dos africanos. Entra mesmo
mesmo na na
controvertida discussão sobreaatransmissibílidade
discussão sobre transmissibilidadededecaracteres
caracteres
adquiridos
adquiridos que, como sabemos,
que, como sabemos, ocupou
ocupoupáginaspáginase epáginas
páginasdali-
da li
teratura em moda naquele período. período. Baseado
Baseado em em Franz
Franz Boas,
Boas, Mel-
Mel-
ville Herskovits, Augustus Pitt-
I-Ierskovits, Augustus Rivers, Robert
Pitt~Rivers, Robert Lowie e até até mesmo
mesmo
Ruth
Ruth Benedict, desfaz passo
Benedict, desfaz passoaapasso
passoasásteoriasteoriasemem voga
voga sobre
sobre a a
importância de de diferenças raciais, seja
diferenças raciais, sejaasasbaseadas
baseadas nana genética,
genética,
seja as
as que
queacentuavam
acentuavamfatores
fatoresclimáticos
t «é*^
climáticos e ambientais
e ambientais para
paradg-'
' dis
tinguir
tínguir comportamentos,
comportamentos. OOque que conta
conta mesmo para Freyre Freyre são
são€=.'fi
diferenças culturaisque
diferenças culturais queseseconstroem
constróemhistoricamente.
historicamente. Apreciação
Apreciação
válida tanto p^ra os negros
para os negros como
como parapáraososameríndios:
ameríndios: “

Lowie parece-nos colocar


Lowie parece-nos colocaraa questão
questãoememseus
seusverdadeiros
verdadeirostermos.
termos.
Como FranzBoas,
Como Franz Boas,eleele considera
considera o fenômeno
0 fenômeno das diferenças
das diferenças men- men
tais entregrupos
tais entre gruposhumanos
humanos mais
mais do ponto
do ponto de da
de vista vista da história
história cul- cul
tural eedo
tural doambiente
ambiente de de
cada um do
cada umque
dodaque
hereditariedade ou do
da hereditariedade ou do
meio geográfico puro.”
meio geográfico puro,2*

AA frase
frase resume
resume oo pensamento
pensamento de de Freyre
Freyre sobre
sobre aa matéria:
matéria: “O“O de
de-
poimento dos antropólogos revela-nos no no negro traços de de capa-
capa
cidade mental
mental em
em nada
nada inferior
inferior àà das
dasoutras
outrasraças'Í”
raças” 27
Se diferenças há,
Se diferenças há, foram
foram criadas
criadaspelas
pelasrelações
relações entre
entre os os
ho-ho
mens, sempre
sempre emem interação,
interação,obviamente,
obviamente,com como omeiomeio ambiente,
ambiente,
o clima, regime alimentar etc. Mas 0 fundamental para explicar
o clima, regime alimentar etc. Mas o fundamental para explicar
diferenças são asasform-as
diferenças são formasde
dêsociabilidade,
sociabilidade,as as relações
relações de hierar-
de hierar-

116
quia, as técnicas
quia, as técnicascriadas
criadaspara
paraa adaptação
a adaptação ao ao
meiomeio
etc.etc. Estamos
Estamos
longe de
de Nina
Nina Rodrigues,
Rodrigues, ou.ou mesmo
mesmo de deOliveira
OliveiraVianna
Viannaeeseus
$eus
próximos..
próximos.
Outra
Outra contribuição
contribuição importante
importante dodo livro
livro nessa
nessa matéria
matéria foi
foi
precisamente
precisamente aa de dedistinguir
distinguirentre
entreculturas,
culturas,tanto
tantoameríndias
ameríndias
cdímo africanas. Indo além
africanas. Indo além das
daspegadas
pegadasdedeNinaNinaRodrigues,
Rodrigues, que
que
mostrarei haver
mostrara haver outras
outras culturas
culturas afora
afora aa banto
banto entre
entreososescravos
escravos
brasileiros, Gilberto Freyre acrescenta,
brasileiros, Gilberto acrescenta, dando
dando ênfase,
ênfase, oo papel
papelque,
que,
entre outras
outras etnias,
etnias, os
os nagôs
nagôs ee iorubas
iorubas ee os
os hauçás
hauçás - esses
esses jájá
mestiços
mestiços dede harnítas
hamitas eeberberes
berberes_—exerceram
exerceram na na formação
formação cul~cul
tural dos brasileiros.
brasileiros. Alguns
Alguns desses
dessesgrupos
gruposjájáteriam
teriamvindo
vindopara
pai;à
cá islámizados,
islamizados. Numa palavra, ee parodiando:
parodiando:as aspróprias
próprias culturas
africanasjá
africanas já formar iam um méítitigpot.
forrnariam meltingpot. Razão adicional para con- con
firmar
firmar que
que::.

Dentro
Dentro dadaorientação
orientação e dos
e dos propósitos
propósitos deste ensaio,
deste ensaio, interessam-
interessante
-nos ttienos asasdiferenças
-nos menos diferençasdedeantropologia
antropologiafísica
física(que
(que
aooanosso
nossoverver*
não explicaminferioridades
não explicam inferioridades ou superioridades
ou superioridades humanas»
humanas, quando3 quandof
transpostas
transpostas dos dostermos
termosde de hereditariedade
hereditariedade de família
de família para os para
de os de
raça) quéasasdede
raça) que antropologia
antropologia cultural
cultural e de história
e de história social ,2
africana
social africana.”8

Apesar
Apesar dessa
dessa conclusão,
conclusão, ele
ele faz
faz uma
uma longa
longa digressão
digressão sobre
sobre aa
superioridade cultural dos
superioridade cultural dos estoques
estoquesnegros
negrosvindos
vindospara
parao oBrasil
Brasil
e, no Brasil dos que foram para o Nordeste, em comparação com
e, ho Brasil dos que foram para p Nordeste, em comparação com
o que
que ocorreu
ocorreu com
com ososEstados
EstadosUnidos.
Unidos.Critica
Criticao arianisrno
o arianísmo de de
Nina
Nina Rodrigues
Rodrigues ee de
de Oliveira
Oliveira Vianna,
Vianna,masmasseserefere
refereaosaos fulas
fulas 6 e
aos hauçás,comfi
aos hauçás, com6 mesclados povos não negros,
mesclados com povos negros,no no momento
momento
em que
que está
estámostrando
mostrandoaa“superioridade”
“superioridade” destes
destes em em comparação
comparação
com outros
outros grupos
grupos africanos;
africanos;discorre
discorresobre
sobreas as características
caracteristicas di- di
ferenciais
ferenciais dedecertos
certosgrupos
gruposdedenegros
negrosnas
nas várias
várias regiões
regiões do do
Bra-Bra
sil;
sil; minimiza,
minirniza, éé verdade,
verdade, aacor
cordadapele
pelecomo
comotraço
traçodistintivo,
distintivo,mas
mas
fala no
no tipo
tipo de
de cabelo
cabelocomo
comodiferencial.
diferencial.Enfim
Enfimabre abreespaço
espaço para
para

1177
11
o crítico
criticòque
quequeira
queira se se esquecer
esquecer de orientações
de sua-5 suas orientações basicamente
basicamente
antirracistas eè cult-uralistas
culturalistas para
para mostrar
mostrar con-tradições
contradições nonotexto.
texto;
Que
Que asashá,
há,asasháhá
e dee sobra.
de sobra.
Mas oMas o “sentido
“sentido geral dageral da interpretação"
interpretaçãdfl
se possodizer
se posso dizerassim,
assim, foi foi outro,
outro, foi ofoi
deo.desmentir
de desmentir a inferioridade
a inferioridade
do negro
negroeeacentuar
acentuar as diferenças
as diferenças e possibilidades
e possibilidades de fusãodeentre
fusão entre
as culturas.
-as culturas.
Na verdade Gilberto estava procurando valorizar as culturas
negrasNapara
negras para
verdade Gilberto
seseopor
oporàs às
estava
teses
teses
procurando
da inferioridade
da inferioridade
valorizar
racial.racial.
ascom
culturas
Descreve
Descreve com
alguma minúcia29a variedade
alguma minúcia” variedadecultural
culturalafricana,
africana, hierarquiza
hierarquiza seus seus
desenvolvimentos relativos,
desenvolvimentos relativos, reafirma
reafirma vantagens
vantagens dos escravos
dos escravos bra- bra
sileiros
sileiros ememcompara-çao
comparação com com os americanos
os americanos e mesmo
e mesmo do Caribe
-do Caribe
-—por exemplo,maior
-~ por exemplo, maiorproximidade
proximidade comcom a África,
a África, manutenção
manutenção
de
de umum comércio
comércioconstante
constante entre
entre as duas
as duas regiõesregiões
e com eisso
com isso revi^
revi-
talização cultural —e termina
talização cultural- e termina porpor dizer
dizer queque
duasduas grandes
grandes áreas áreas
culturais, especialmente,
culturais, especialmente, contribuíram
contribuíram parapara a formação
a formação brasi-brasi
leira, os bantos
leira, os bantose esudaneses:
sudaneses: “Gente
“Gente de áreas
de áreas agrícolas
agrícolas e pastorís.
e pastorfs.
Bem alimentada
alimentadaa aleite, leite, carne
carne e vegetais.
e vegetais. Os sudaneses
Os suclaneses da área da área
ocidental, senhoresde de
ocidental, senhores valiosos
valiosos elementos
elementos de cultura
de cultura materiiilmaterial
e ei
pf.-
moral
moral próp rios, uns
próprios, uns ee outros
outros adquiridos
adquiridos eeassimilados
assimiladosdos dosmao-
mao-
metanos
metanos*Í3°" 30
Feita
Feita aaressalva
ressalvadada multiplicidade
multiplicidade de etnias
de etnias vindasvindas para cá*
para cá,
da sofisticaçãoculturai
da sofisticação cultural relativa
relativa de algumas
de algumas delasdelas e do hibridismo
e do hibridismo
de todas
todas -- não não só
sóracial,
racial,mas
mascultural,
cultural,basta
bastalembrar
lembrarasasinfluen-
influên
cias maometanasnonocatolicismo
cias maometanas catolicismo brasileiro
brasileiro graçasgraças aos africa
aos africa-
nos --,
—, Gilberto
Gilberto-retoma
retomaa tese
a tese principal.
principal. Vai buscar
Vai buscar apoioapoio
em Na- em Na-
büço paradizer
buco para dizerquequenãonão sé pode
se pode avaliar
avaliar a contribuição
za contribuição (positiva(positiva
ou negativa) do
ou negativa) do negro
negroparapara aa nossa
nossa formação,
formação»separando-o
separando-ododo
escravo,
escravo, dedesua sua condido
condição social:
social:

(...)
[...] uma
uma discriminação
discriminação Se
se impõe: entre aa influência
influência püra
pura do
do ne
ne-
gro (que nos éÉ quase
quase impossíve
impossívell isolar) ee aa do
do negro
negro na
na condição
condição
:- de
de escravo.
escravo. {...)
.[...] Sempre
Sempre que
que consideramos
consideramos aa influência
influência do
do negro
negro

1118
18
sobre
sobre aavida
vidaíntima
íntimadodobrasileiro, éé aa ação
brasileiro, açãododoescravo.,
escravo, e anão
e não do á do
negro por
por si,
si,que
que apreciamos.
apreciamos, {...] OOnegro
negronosnosaparece
aparecenonoBrasil,
Brasil,
através
através dedetoda
toda nossa
nossa vidavida colonial
colonial e da nossa
e da nossa primeira
primeira fase da vida
fase da vida
. indepen dente, cleformado
independente, deformado pela
pela escravidão.
escravidão. PelaPelaescravidão
escravidãoeepela
pelá

' monocultu-ra.”
monocultura.3*

Em seu
Em seu arraaoado
arrazoado emem defesa
defesadodonegro
negrodiante
diantedos
dospreconcei-
preconcei
tos ideia comum de que aa luxúria,
tos vigentes, rebate a ideia luxúria, aa deprava-
deprava-
ção sexual ee o erotismo advíessern
adviessem de suasua influência.
influência. Arriscando-
Arriscando-
-se em juízos
-se em juízosdedevalor
valore ebaseado
baseadoemémtestemunhos
testemunhos insuficientes,
insuficientes,
afiança que, pelo
afiança que, pelocontrário,
contrário,nas
nasculturas
culturasafricanas
africanashaveria
haveria maipr
rnaipr
moderação sexualdo
moderaçao sexual doque
queentre
entreososeuropeus,
europeus, tanto
tanto .z
%a sexua
queque sexua
lidade africana para
lidade africana para excitar-se
excitar-senecessita
necessitadedeestímulos
estímulos picantes
” 32
picantes'Í”
Deixando-se levar pela imaginação, menciona vários autores, autores,
chegando até a citar um que, contrariamente à crença generali-
chegando até a citar um que, contrariamente à crença generali
zada, fala
fala de
dé terem
teremos osafricanos
africanos“Órgãos
“órgãossexuais
sexuaispouco
poucodesenvol-
desenvol
vidos”
vidos'Í A necessidade
necessidade de defestas
festasorgiásticas
orgiásticase de e de símbolos
símbolos fálicos
fálicos
desproporcionais
desproporcionais viria viriacomo
como compensação
compensaçãoâàrealidade.
realidade. fÊ
Dito isso,
isso, oo desregramento
desregramentomoral, moral,aaconcubinagem,
concubinagém,a apro- pro
liferação semsem Deus
Deusnem nemlei,ieí,adviriam
adviriamdo dointeresse
interessedodosenhor
senhoremem
multiplicar o número
número de de escravos
escravose edadaprópria
próprialibido
libidodesabrida
desabrida
que os os portugueses
portuguesesjájáhaviam haviamdesenvolvido
desenvolvidonanaEuropa Europae trouxe-
é trouxe
ram com eles»eles. AA“esse
‘esseelemento
elementobranco
brancoe nãoe não à colonização
ä colonização negra
negra
deve-se atribuirmuito
deve-se atribuir muitoda dalubricidade
lubricidadebrasileira'Í”.
brasileira”—
O resto
resto ééaachaga
chagamoral moraldadaescravidão,
escravidão, nãonão “culpa”
“culpa” do do negro»
negro,
uma vezvez que
quenãonãohá háescravidão
escravidãosem semclepravação,
depravação, dizdiz textualmen
textualmen-
te. EE não
não sesepense
penáeque que Freyre
Freyre poupa
poupa os os senhores
senhores de terem
de terem manti-manti
do, como
como fizeram
fizeram os osjesuítas
jesuítascom
comososíndios,
índios,relações
relações cruéis
cruéis com com
os negros.
negros. Basta
Bastalerler-asasdescrições
descriçõessobresobreas as crueldades
crueldades habituais
habituais
escravocratanas
no regime escravocrata naspáginas
páginas458 458e e459.
459,A Aamante
amantenegra,
negra,oo
filho
filho mulato, aa proximidade
proxirnidade entre entre oó escravo
escravo ee aa casa-grande
casa-grande não não
esmoreceram
esrnoreceram as asrelações
relaçõesdesiguais
desiguais e cheias
.e cheias de de maldade,
maldade, eivadas
eivadas

ug
.'Ç-

*,I I
E'
de sadomëlsoquisrrio.
sadomasoquismo.AoAomesmo mesmotempo,
tempo, e a edespeito
a despeito da desigual
da desigual~ \.

J
dade ee da
dacrueldade,
ctüeldade,foifoihavendo
havendo a assimilação
a assimilação cultural
cultural. ParaPara
não não - u


me
me alongar por desnecessário,
alongar por desnecessário,basta basta
ler ler as páginas
as páginas sobresobre
comocomo
a a4
própria língua portuguesa
portuguesafoi foisendo
sendoamacia-da,
amaciada, abrandada
abrandada e tor
e tor-
nada mais
mais meiga
meiga graças
graçasaoaoconvívio
convíviocomcom os os negros,
negros, nas nas relações
relações
entre as
as casas-grandes
casas-grandes ee asassenzalas.
senzalas»
Na interpretação
Na interpretaçãodedeFreyre,
Freyre,isso reforça
isso a crença
reforça de que
a crença de “A
que “A
força, ou
ou antes,
antes, aa potencialidade
potencialidadedadacultura
culturabrasileira
rasileira
b parece-nos
parece-nos
residir toda
toda na
nariqueza
riquezados dosantagonismos
antagonismos equilibrados,
equilíbrados, o caso
o caso dos dos
pronomes
pronomes- que sirva de de exemplo”.
exemplo” referindo
referindo--se
se aaque
que ososportugue-
portugue
ses colocamoopronome
ses colocam pronomedepoisdepois dodo verbo,
verbo, enquanto
enquanto os brasileiros
os brasileiros
tanto o usam assim,como
usam assim, comoo ofazem
fazemanteceder
anteceder ao verbo.
ao verbo. A partir
A partir
dessa constataçãodedesimbiose
dessa constatação simbiose lingüística,
linguística, opõeopõe
o queoteria
que ocorri-
teria ocorri
do no Brasil
Brasil ààdureza
dureza das
dasduas
duasmetades
metadesentreentreososingleses
ingleseseeososame~
ame
ricanos. E reafirnia: “Não que no brasileiro subsistam, como rio 'E .
ricanos. E reafirma: “Não que no brasileiro subsistam, como no
anglo-americano,
anglo-americano, duas duas metades inimigas:
inimigas: aabranca
brancaeeaapreta;
preta;oòexp
ex>
--senhor
senhor ee oo ex-escravo.
ex-escravo. DeDe modo
modo nenhum.
nenhum.Somos
Somosduas
duasmetades
metades
confraternizantes que se se vêm mutuamenteenriquecendo
vêm mutuamente enriquecendo de de vald-
valo
res f.».]”34 e por
res [...]'1“ por ai
aí segue
seguenuma
numadescrição
descrição
ondeonde o que
o que “eu gostaria
“eu gostaria
que fosse”eeooque
que fosse” querealmente
realmenteé seé misturam
se misturam no devaneio
no devaneio literário.
literário.
Ao
Aomesmo
mesmotempo
tempoem em que
quelhe
lhedádáencanto
encantoeedificulta
dificultasua
suacom
com-
preensão,
preensão, esta estaambiguidade
ambigüidade permanente
permanente na escrita
na escrita e naseinterpre-
nas interpre
tações de Gilberto Freyre gera incertezas sobre 0 significado pro-
tações de Gilberto Freyre gera incertezas sobre o significado pro
fundo de
de sua
sua obra.
obra.Mesmo
Mesmocriticando
criticando a sociedade
a sociedade escravocrata,
escravocrata,
mostrando suas
suas degenerescências.
degenerescênçias, nãonão atribuindo
atribuindo aos aos negros
negros os os
males do
do país
país(nem
(nemaosaosindígenas),
indígenas), mas
mas a um
a um sistema
sistema social
social iní~ iní
quo, de
de repente
repentevolta
voltaã àtese
tese
do do equilíbrio
equilíbrio entreentre contrários
contrários e suase suas
vantagens comparativascom
vantagens comparativas comoutras
outrasculturas.
culturas.HáHá umum episódio
episódio
descrito por Freyre
descrito por Freyredodochibateamento
chibateamento de de
um um soldado
soldado português
português
ao qual
qual até
até mesmo
mesmo José
José Bonifácio
Bonifácio - — antiescravista
anüescravbta ferrenho
ferrenho-
assistiu impávido e por vontade própria. Isso mostraria o quanto
assistiu impávido
todos estavam
estavam e porpela
envoltos
envoltos
vontade própria.
pelacultura
culturadada
Isso mostraria
violência
violência
o quanto
escravista.
escravista.

120
Não obstante, poucaspáginas
obstante, poucas páginasadiante,
adiante, o próprio
o próprio Gilberto
Gilberto
Freyre gaba essa
Freyre gaba essa mesma
mesma cultura
cultura porque:
porque: “Verificou-se
“Verificou- se entre
entre nos
nós
uma profunda confraternização
uma profunda confraternizaçãodedevalores.
valores. Predominantemente
Predominantemente
coletivktas, osvindos
coletivistas, os vindosda
daSenzala,
senzala,puxando
puxandopara
para0 individualismo
o individualismo
ee. para Oprivatismo, vindos das
o privatismo, os vindos das casas-grandes”,35
casas-grandes'*,35confraterniza-
confraterniza-
ção que não adviria dosdospuros
purosvalores
valorescristãos,
cristãos,
dodo Cristianismo
cristianismo as- as-
cetico ao estilo protestante. Mas que se deu porque o cristianismo
cético
das ao estilomais
senzalas, protestante, Mas eque
lírico,festivo
festivo se deu porque
doméstico, penetrouo cristianismo
na moral
das senzalas, mais lírico, e doméstico, penetrou- na moral
geral.
geral. AÀ conversão
conversãodos dosnegros
negros aoao catolicismo
catolicismo laiçizado
laicizado e suae sua
acei-acei
tação pelossenhores
tação pelos senhoresmostrariam
mostrariama plasticidade
a plasticidade queque só mesmo
só mesmo a a
"aproximação
“aproximação das das duas
duas culturas” poderia ter
culturas” poderia ter produzido
produzido eeque que não
não
teria
teria ocorrido
ocorrido em outras áreas
em outras áreas onde
onde aaescravidão
escravidão seseimplantou.
implantou. r ,
Assi m> as
Assim, formas de
as formas de socialização
socializaçãoe eaculturação
aculturaçãoqueque torna
torna-
ram nossa
nossa sociedade
sociedadediversa
diversadasdasdemais
demais de debasebase escravocrata
escravocrata
foram geradas
geradas na náconvivência.
convivênciaentre entrecontrários,
contrários, emem permanente
permanente
ora equilíbrio
equilíbrio ora
Oradesequilíbrio,
desequilíbrio,mas massemsem ruptura
ruptura e sempre
e sempre comcom
plasticidade cultural.Como
plasticidade cultural. Cornosese nana oscilação
oscilação entreentre
um um e outro
e outro polo?polo}
houvesse espaços
espaços para acomodações
acomodações sem sem aãeliminação
eliminação de de quais-Í
quais-f
quer deles.
deles.Não
Naoquequegraças
graçasa isso
a isso
se se houvesse
houvesse formado
formado propria
propria-
mente
mente umauma“democracia
“democraciaracialfracial”pois
poisa adesigualdade,
desigualdade, a crueldade
a crueldade
e a violência entre
entre senhores
senhores ee escravos
escravosnão nãosão são negadas.
negadas.AA des-
des
peito delas,contudo,
peito delas, contudo,Freyre
Freyreencontra
encontraformas
formas dede mostrar
mostrar queque
eraera
assim mas não
assim mas nãoseria
seriabembemassim.
assim.Dialética
Dialéticacom com umauma contradição
contradição
principal mas que não se resolvia pela fusão total nem pela su-
principal
peração
peração de
mas
de queosnão
ambos
ambos
se resolvia
ospolos,
polos, senão
senão
pela
queque fusão
se se
totaloscilando
arrastava
arrastava
nem pelae su-*
oscilando e
provocando pequenasmutações
provocando pequenas mutações emem cada
cada umum dosdos polos.
polos.
J

PRECONCEITO
PRECONCEITOEEMOBILIDADE
MOBILIDADE

O último capítulo
capitulo do
do livro
livro dá
dácontinuidade
continuidadeààanálise
análisedo
dopapel
papel
do negro na
do negro na família
famíliapatriarcal.
patriarcal.ÉÈnele
neleque
que0 autor
o autor oferece
oferece maior
maior

121
121
flanco
flanco para
para aa crítica.
crítica. Sem
Semnegar
negarasascondições
condiçõessociais,
sociais, econômi
econômi-
cas ee mesmo
mesmo ambientais
ambientaisque quelevaram
levaramà àformação
formaçãodadasociedade
sociedade
patriarcal com todos os os seus
seusmales,
males,insiste
insistenanamenor
menorvigência
vigênciadede
preconceitos
preconceitos ee maior
maior existência
existênciad.edeformas
formasdedemobilidade
mobilidadesocial
social
na
na sociedade
sociedade patriarcal brasileira. Os
patriarcal brasileira. Os casamentos
casamentos inter- radais, 0o
inter-raciais,
concubinato, inclusiveentre
concubinato, inclusive entrepadres
padrese emulheres
mulheresnegras
negras e mulatas,
e mulatas,
aa maior
maior proximidade
proximidade física
física entre
entre asas raças,
raças, aa menor
menor vigência
vigência de de
preconceitos e a existência de formasde
formas de mobilidade social abran- abran
dariam
dariam aa dureza
dureza dada sociedade escravocrata.Começa
sociedade escravocrata. Começapor porafirmar
afirmar
uma
uma estranha
estranha tendência “genuinamente portuguesa
tendência “genuinamente portuguesa ee brasileira,
brasileira,
que
-que foi sempre no no sentido
sentidode defavorecer
favorecero omaismaispossível
possível a ascensão
a ascensão
social do negro
negrofi”” 36Isso num parágrafo no qual qual desmerece
desmerece aa critica
crítica
feita a partir dede documentos
documentos que que mostraram
mostraram ter ter existido
existido traços
traços
de discriminação ¿_acial
racial na
na Colônia. Para se contrapor àà menção
se contrapor menção
a uma leilei que * ' ***~•,infames
que-declarou
declarou J
iiifames osportugueses
os portuguesesque queseseligassema
ligassem'&a
caboclas, apoiou-se
apoiou- se em
em outra disposição, famosa, do do marques
marquês de* d^
Pombal, que que falava em em dardar incentivos
incentivos aosaoscolonos
colonosportugueses
portugueses
que tivessem filhos com
tivessem fillaos com asas“tapes”
“tapes”para
paraincentivar
incentivaro opovoamerl`¬
povoame#
to da
da Amazônia. Embora,
Embora, no caso, se tratasse
caso, se tratasseexclusivamente
exclusivamentedede
mulheres indígenas, Freyreaproveita
indígenas, Freyre aproveitaa aopinião
opiniãodedePombal
Pombalpara para
criticar
criticar alguns
alguns autores
autores queque faziam
faziam“do “dotipo
tipomais
maiscomplacente
complacentee e
plástico do europeu
europeu - — osos portugueses
portugueses--- —-um umexclusivista
exclusivistaferoz,
feroz,
cheio de preconceitos
preconceitos de déraça,
raça,que
quenunca
nuncateveteveo omesmo
mesmograu grauele-
ele
vado dos outros ” 37
outros'í”
No embalo
embalo de de ver condições
condiçõesmenosmenosdifíceis
difíceispara
paraa avida
vidadede

l negros e mulatos

(„
{...]
não
mulatas no Brasil

.} muito menino brasileiro


muito menino
nenhummédico,
não nenhum médico,
patriarcal, não
Brasil patriarcal,

brasileiro deve
deveter
oficial
oficial
não para

tertido
tidopor
de marinha
de marinha
para aí:

porseu
aí:

seuprimeiro
primeiroherói,
ou bacharel
ou bacharel
herói,
branco,
branco, mas mas
um escravo acrobata que viu executando piruetas difíceis nos cir-

l um
cos. escravo
cos. [...]
professores
acrobata
J...JEEfelizes
felizesdosdos
negros,
professores negros.,
que viu
meninos
doces
doces
que executando
meninos
e bons.
aprenderam
e bons. Devem
Devem
apiruetas
que aprenderam a íerdifíceis
ler e escrever
ter sofrido
ter sofrido
com nós com
e escrever
menos
menos que
cir
os que os

121
outros alunosdede
outros alunos padres,
padres, frades*,
frades, “professores
“professores pecuniários”,
pecuniários”, mestres mestres
régios
régios {«.)■38
[...]”

e segue numa reconstrução


segue numa reconstruçãoimaginária
imaginária do do que
que poderia
poderia-haver*haver
ocorrido.
ocorrido.
Noutra página, com seu seu estilo
estilo peculiar,
peculiar, referindo-se
referindo- se ao
tratamento vigente nos
tratamento vigente nos colégios,
colégios,aoaocontrário,
contrário,fala
fala-dodo“sadismo
‘‘sadismo
criado nono Brasil
Brasil pela
pelaescravidão
escravidãoe epelo
peloabuso
abusododonegrdf”
negro”39Assim
Assim
como se refere
refere aa “negras ee mulatas degradadas
degradadas pelapela escravidão”
escravidão5’ee
à “degradação
“degradaçãodas dasraças
raçasatrasadas
atrasadaspelopelodomínio
domíniodadaadianta-1da'Í*°
adiantada ” 40
Também
Também seserefere
refereà àexistência
existênciadede preconceitos
preconceitos contra
contra os filhos
os filhos de dê
mestiços
-mestiços eedesvantagens
desvantagensa que a quese se submetiam,
submetiam, o que
o que levava
levava muitosmuitos
deles
deles aaterem
teremum umcomplexo
complexodede inferioridade.
inferioridade. Mas,
Mas, acrescenta,
acrescenta, issoisso
“mesmo
“mesmo no no Brasil,
Brasil,país
paístão
tãofavorável
favorávelaoaomulato”.“
mulato ”.41 Q
Compreendem-se
Comprêendem- se as
as dificuldades
dificuldades dosdos sociólogos
sociólogos da da “esco~
“esco
la paulista” em aceitar
paulista” em aceitarafirmações
afirmaçõesdessedessetipo,
tipo,apresentadas
apresentadassem sem
maiores esforçospara
maiores esforços parademonstrar
demonstrarsequer
sequersuasuaplausibilidade.
plausibilidade.Na, Ná,
verdade Gilberto Freyre
verdade Gilberto Freyre neste
nestecapítulo
capituloseseesmera
esmeraememmostrar?mostraf
as condições
condiçõesespeciais
especiaisque que teriamcaracterizado
teriam caracterizado a relação
a relação entreèhtre
negros ee brancos.
brancos.EEcai cainuma
numaemboscada:
emboscada:termina
terminapor porassumir,
assumir,
abertamente, posições preconceitu osas. Assim,
preconceituosas. Assim, referindo-se
referindo- se com
entusiasmo
entusiasmo àà“atividade
“atividadepatriarcal
patriarcaldosdospad'res°Í
padres”embora
emboraexercidas
exercidas
em “condições morais desfavoráveisl afirma tratar~se de
em “condições morais desfavoráveis” afirma tratar-se de
[...] contribuiçãode de
[...] contribuição umum elemento
elemento soc;i.alsocial e eugenicamente
e eugenicamente supe~ supe
rior. Homensdasdas
rior. Homens melhores
melhores famílias
famílias e da alta
e da mais maiscapacidade
alta capacidade
inte- inte
lectual. Indivíduos
lectual. Indivíduos educados
educados e alimentados
e alimentados como nenhuma
como nenhuma outra outra
;_ classe, em
classe, emgeral
geraitransmitiram
transmitiramaos
aosdescendentes
descendentesbrancos,
brancos,e emesmo
mesmo
mestiços,
mestiços, essaessa superioridade
superioridade ancestral
ancestral é de vantagens
e de vantagens .43sociais
sociais.” ;

Freyre serefere
Freyre se referea aessa
essasuposta
suposta “superioridade
“superioridade eugênica”
eugênica” mais
mais de dé
uma vez.
vez. Louva
Louvaaareprodução
reprodução'pelos
pelospadres
padres
dede filhos
filhos e netos
e netos de de

1123
23
- ':"|_»T:\
N ._

-fi' .

“qualidades superiores”,assim
“qualidades superiores'§ assim comocomo escolhe
escolhe ao arbítrio
ao arbítrio exem-exem__|,,.
plos demestiços
plos de mestiçosque quenonopassado
passado e àaté
e até suaà época
sua época
teriamteriam
chegadochegado ; -.¡¡¿_
.‹^'9I_. |
.¬'€'.-

ao topo das
ao topo das elites
elitesliterárias,
literárias,profissionais
profissionais e políticas.
e políticas. Isso Isso
mos-mos
traria
traria aa mobilidade socialexistente
mobilidade social existentee, e, subliminarmente,
subli=mina_rmente, insinua,
insinua,
como consequência,
conseqüência,a apouca poucaeficácia
eficáciadosdos preconceitos,
preconceitos, quando
quando n.

os havia,
os havia.
Não éé de
Não de espantar,
espantar,pois,
pois,que
quetambém
também comcomreferência aos ju-
referência aos ju
deus,
deus, tan-to emCasa-grand
tantoem Casagrandee d~ & senzala
senzala como
como em em outros
outrosescritos,
escritos, 1

tenha distribuído
distribuído qualificativos
qualificativosnão nãoisentos
isentos de de preconceitos.
preconceitos. NãoNão
me vou referir
me vou referir aa eles
elesporpordesnecessário:
desnecessário: o livro
0 livro de Silvia
de Silvia Cortez
Cortez
Silva ,43 Tempos
Sí1va,'” Casa-Grande, publicado
Tempos de Casa~Grande, publicadoeste esteano,ano,documenta
documenta
largamente traços de
largamente traços deantissemitismo
antissemitismo de de Gilberto
Gilberto Freyre.
Freyre. Dai Daí
a a |

considerá-
considera-lo lo antissemita vai vai distância:
distância: seu
seuestilo
estilo oscilante
oscilantee eseu
seu
prazer
prazer de de gosto
gost£duvidoso
duvidosodededistribuir
distribuir epítetos
epítetos raciais
raciais nãonão
ie li-se li
mitavam aos judeus. Isto não os justifica, mas é preciso colocá-los
mitavam
no aos
sentido
sentido
judeus.
geral
geral
Istoenão
daobra
da obra enãoosisoladamente.
não justifica, mas é preciso colocá-
isoladamente. ?,° los *
II
¬.

AA DESA
DESAGREGAÇÃO DA.ORDEM
GREGA ÇÃO DA, QRDEM PA
PATRIARCAL
T RIA RCA L ”°

Não farei referências


Nao farei referênciasminuciosas
minuciosas aosaos demais
demais volumes
volumes da trida tri
logia famosa, Sobrados
Sobrados e emucambos
mucambos e Ordem
Ordem e progresso, porque
e. progresso, porque
jájá alonguei
alonguei demais
demais oo texto
texto para
para esta
esta conferência.
conferência. Mas Mas não
não posso
posso
deixar de
dealudir
aludiraaque
queé neles
é neles
quequesevêsecom
vê com
mais mais
nitideznitidez o aspecto
o aspecto
nostálgico
nostálgico dada reconstrução
reconstruçãoqueque Freyre
Freyre fez formação
fez da da formação patriar
patriar-
cal do
do Brasil.
Brasil,ÉEtambém
tambémemem Sobrados
Sobrados e emucambos
mucambos que fala
que fala mais
mais
abertamente
abertamente da damobilidade
mobilidadedemocratizaclora
democratizadora dasdas relações
relações sociais.
sociais.
Mesmo sublinhandoaacontinuidade
Mesmo sublinhando continuidade desses
des-ses processos,
processos, ele acha,
ele acha,
entretanto,
entretanto, quequea aruptura
rupturadadaordem
ordem patriarcal
patriarcal teveteve
maismais efeitos
efeitos
negativos do que
negativos do quepositivos
positivosnono equilíbrio
equilíbrio dosdos contrários.
contrários. A urba
A urba-
nização alterouasasantigas
nização alterou antigasformas
formasde de acomodação
acomodação social:
social: “[...] "[...]
0 o
equilíbrio entre brancos de sobrados e pretos, caboclos e pardos
equilíbrio entre brancos de sobrados e pretos, caboclos e pardos
124
U4
livres de mucambos
livres de rnucambosnão nãoseria
seriao ómesmo
mesmoque que entre
entre brancos
brancos das das
velhas casas-grandes ee os
velhas casas-grandes os negros
negros das
das senZalas'Í'*`*
senzalas”.44
Como recorda Brasilia
Brasilio Sallum
Sallum Ir.
Jr.em
emresumo
resumo critico déSobra
críticode Sobra--
dos
dos eemrzzcambos,
mucatnhõSyàa ideia
ideia de
depatriarcalismo
patriarcalismonãonãosese resumia
resumia à famí
à famí-
lia ampliada*gravitando
lia ampliada, gravitandoaoaoredor
redordasdascasas-grandes,
casas-grandes, masmas
era era
um um
conceito queabrangia
conceito que abrangia“um “umcomplexo
complexodedeelementos
elementos econômicos,
econômicos,
sociais e políticos em que ressalta, mais que todos, o esc.ravisrno”Í*5
sociais e políticos em que ressalta, mais que todos» o escravismo *’45
Rompida a coesãocoesãosocial
socialdadaSenzala,
senzala, os os pretos
pretos e mulatos
e niulatos li- li
vres passaramaaviver
vres passaram vivere ese organizarnos
se organizar nosmucambos
mucambos dedeformaforma dis-dis
tinta,:
tinta... AA urbanização
urbanizaçãoveio veiojunto
juntocom
comaaindustrialização
industrializaçãoe eesta estare-re
forçou oo processo
processomigratório
migratórioque queseseiniciara
iniciara desde
desde aLei
aLei do do Vjpntre
Vpntre
Livre. DaiDaí por
por diante,
diante, como
comoFreyre
Freyreescreve
escreve ememOrdem
Ordem eeprogresso,
progresso,
a gravitação
gravitação da da sociedade
sociedadebrasileira
brasileirasesedeslocou
deslocou “do"do Oriente
Oriente para para
o Ocidente”
Ocidente”. AA civilização
civilizaçãoque queseséformara
formaradurante
durantetrès
três séculos,
séculos, ci- ci
vilização “agrária,
"agrária,agrícola
agrícolae equeqüeabsorvera,
absorverá» comocomoseus,seus, costumes
costumes
orientais”,
orientais”, istoisto é,é,mouriscos
mouriscose eafricanos,
africanos, alguns
alguns destes
destes também
também
orientalizados, passa aa sofrer sofrer os
os efeitos
efeitosdadaeuropeização,
europeização»ocid;-n~
ocic| en-
taliza- se. Perde
taliza-se. Perde muito do “que "que nos
nos era
era próprio”.
próprio”. fa
Nessa visão,ooBrasil
Nessa visão, Brasilurbanizado
urbanizadoe eindustrializado
industrializado acentuaria
acentuaria
as diferençasregionais,
as diferenças regionais,provocaria
provocariamaior
maiormobilidade
mobilidade social
social e geo
e geo~
gráfica
gráfica ee viveria
viveria sob
sobnovas
novastensões
tensõesque quenãonão provieram
pro-*vieram das das
dife~dife
renças
renças “de "deraças”,
raças”, corno
como se se essas
essas "fossem,
“fossem, biológica
biológica ou psicologica
ou psicologica¬
mente incapazesde
mente incapazes deseseentenderem
entenderemouou dedese se conciliarem ”,46ee sim
conciliarern”,“' sim
dos subgrupos que se formaram em várias épocas, respondendo
dos subgrupos que se formaram em várias épocas, respondendo
aa visões
visões culturais
culturais distintas.
distintas. AA industrialização
industrialização ee aaconcentração
concentração do:
do
progresso econômicoem
progresso economico emcertas
certasáreas
áreas aumentaram
aumentaram as distâncias
as distâncias
sociais
sociais ee as
asdisparidades
disparidadesregionais,
regionais, criando
criando novas
novas minorias,
minorias, eco~eco
nômica ee politicamente
politicamente poderosas.
poderosas.Apesar
Apesardisso
disso e de
e de queque Freyre
Freyre
descreve
descreve em emtom tom quase
quasequeixoso
queixosoesteeste “progresso
“progresso europeizante”,
europeizantefi
a matriz cultural que que gerara
gerara oo equilíbrio
equilíbrioentre
entrecontrários
contráriosconti-
conti
nuava forte ee oo ator
nuava forte atorprivilegiado
privilegiadodadaplasticidade
plasticidade sociocultural
sociocultural do db
Brasil permanecia sendo o mestiço, o mulato. A este, acrescentou
Brasil permanecia sendo o mestiço, o mulato, A este, acrescentou
1255
12
mais
mais umum matiz emOrdem
matiz em Ordem eeprogresso:
progresso: oo dos amarelinhos,brasi-
dos arnarelinhos, brasi
leiros esquálidos,quase
leiros esquálidos, quase raquíticos»
raquíticos, baixos,
baixos, mas más intelectualmen
intelectualmen-
te brilhantes como...
te brilhantes como,..Santos
SantosDumont,
Dumont,RuiRui Barbosa,
Barbosa, Euclides
Euclides da da
Cunha
Cunha eé outros
outroseminentes
eminentespersonagens.
personagens. Os Os mestiços
mestiços continua
continua-
vam aa demonstrar serem
seremcapazes
capazesde
decriar
criaruma
umasociedade
sociedadeprogres-
progres
sista adaptada aos trópicos e aos tempos.
sista adaptada aos trópicos e aos tempos»
Há coerência
coerência eecontinuidade
continuidadeentreentre C asa-grande de
Caso-grande & senzola
senzala e
Sobrados
Sobrados e emucambos.
mucambos . As
As diferenças
diferençasentre
entresuasuavisão
visão apresentada
apresentada
nestes doislivros
nestes dois livrose ea dos
a dos intérpretes
intérpretes do do Brasil
Brasil maismais favoráveis
favoráveis aos aos
aspectos “oeidentalizadores”
aspectos “ocidentalizadores” aparecem
aparecem comcom em Ordem
nitidez
nitidez em ee
Ordem
progresso.
progresso. Este livro,fruto
Este livro, fruto.tardio
tardiodadatrilogia
trilogiagilbertiana
gilbertianae menos
e menos
conhecido
conhecido do doque
queososdoisdois anteriores,
antériores, nem nemporpor
issoisso é menos
é menos inte- inte
ressante. Interessante rnetodologicamen
ressan te. lznteressante metodoiogicamente porque oo autor
te porque autoraplicou
aplicou
questionários paraobter histórias de vida e com elas recornpôs as
questionários para. obter histórias de vida e com elás recompôs as
mudanças
mudanças soci ais eeculturais
sociais culturais ocorridas
ocorridasentre
entre 1870
1870ee1920,
1920,período
período
abrangido pelolivro.
abrangido pelo livro.OOconhecimento
conhecimentodadaantropologia
antropologia corrente
correntë
na década
décadadede1950,
1950,exibido
exibidonana introdução
introdução metodológica,
metodológica, é im-é im
pressionante.
pressionante. OOmodo
mododedeanalisar
analisar não
não se se modifica,
modifica, contudo,
contudo, ein em
função desseconhecimento.
função desse conhecimento. Persiste
Persiste em fazer
em fazer sociologia
sociologia históri
históri-
ca. Senão
ca. Se nãoanalisa
analisaa vida
a vida cotidiana
cotidiana de de
formaforma
tão tão pormenorizada
pormenorizada
como nos
nos outros
outrosvolumes
volumesdadatrilogia,
trilogia,continua
continua fielfiel à abordagem
à abordagem
“em pinçafi juntando comportamentos concretos, individualiza-
“em pinça* juntando comportamentos concretos, individualiza
dos, quetranscorriam
dos, que transcorriamnonodiadia a dia
a dia da da família,
família, da rua,
da rua, do trabalho,
do trabalho,
às modificaçõesestruturais
às modiñcações estruturaisdada sociedade.
sociedade. Interessante
Interessante tambémtambém
porque
porque oo livro
livro éé de
deenorme
enormevalia
valiapara
paramostrar
mostrar como
como diferentes
diferentes
tempos históricossesecruzam
-tempos históricos cruzam e como
e como certos
certos valores
valores e formas
e formas de de
conduta persistem
persistem,, apesar
apesar das
dás mudanças
mudanças estruturais,
estruturais, mantendo-
mantendo-
-se
-se oo jogo
jogo de
deequilíbrios
equilíbriosentre
entre contrários,
contrários.
ÊÉ mais
mais dodoque
queconhecida
conhecida a posição
a posição de Freyre
de Freyre sobresobre as "cons
as “cons-
tantes” histórico-culturais, assim como é sabido seu apreço às po-
tantes” histórico-culturais, assim como é sabido seuapreçoàs po
sições “revolucionário-conservadorasfi
sições “revolucionário-conservadoras”, isto
isto é,é, aa dos
doshomens
homensque,
que,
tendo entendidoosos-novos
tendo entendido novostempos
tempos
queque adviriam,
adviriam, nemnem
por por
isso isso

126
deixaram
deixaram de de guardar
guardarooque quededemelhor
melhorhavia
havianonotempotempo antigo.
antigo.
Ordem
Ordem eeprogresso
progresso analisa as mudanças
analisa as mudançasadvindas
advindasdadaAbolição Abolição e e
da ProclamaçãodadaRepública
da Proclamação Repúblicapondo
pondoênfase
ênfasena na continuidade
continuídade da da
unidade nacional,nanamanutenção
unidade nacional, manutençãodedeformas formas dede coesão
coesão social,
social, no no
respeito
respeito ààpropriedade
propriedadeprivadaprivadae nae na manutenção
manutenção de certo
de certo espí-espí
rito
rito que vinha do
que vinha doImpério,
Império,espírito
espíritoqualificado
qualificadopelo peloautorautor
comocomo
democrático
democrático mas masque queseria
seriamelhor
melhorqualificar
qualificarde de “tolerante
“tolerante e pa-e pa
ternalista”. Fiela asuas
ternalista”. Fiel suas convicções,
convicções, Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre realça realça
a capa~a capa
cidade
cidade dedeconciliação
conciliaçãoque queos os políticos
políticos brasileiros
brasileiros demonstraram
demonstraram
na transição
transição da da Monarquia
Monarquiaescravocrata
escravocratapara para a República
a República comcom
predomínio
predomínio do do mercado
mercadolivre.livre.Conciliação
Conciliaçãoque que emem muitos
muitos outro£
outros
autores
autores éêpercebida
percebidacomo comoa causa
a causade de nossos
nossos males,
males, poispois
impedeimpede
as V as
rupturas revolucionárias.
rupturas revolucionárias.
Em Ordem progresso,, o autor deixa
Ordem et progresso deixa mais
maisclaras
clarassuassuasideias
ideias
sobre
sobre oo equilíbrio
equilíbriodos doscontrários.
contrários.SeSe emem plena
plena escravidão
escravidão viu ca
viu ca»
nais lubriñcados
lubrificados de deascensão
ascensãosocial
socialdosdos negros
negros e tolerância
e tolerância ra- ra
cial, era
era de
de imaginar
imaginarque quemantivesse
mantivesseessa essa visão
visão parapara o período
o período *
pós- escravista eepós-
pós-escravista monárquico, Da leitura
pós-monárquico. leitura resulta
resulta aa sensação
sensação ?
de que
que teria
teriahavido
havidoum umapego
apegoà antiga
à antiga ordem
ordem porpor setores
setores negros,
negros,
ex-escravos beneficiadoscom
ex-escravos beneficiados coma Abolição
a Abolição -— exemplificado
exernplificado pelapela
Guarda Negra em em defesa
defesadada Monarquia
Monarquia-, —
- »ao mesmotempo
ao mesmo tempo em em
què houve aaaceitação
que houve aceitaçãopragmática
pragmática dosdos novos
novos tempos.
tempos. Isso Isso
não sónão só
da parte
parte dos
dos negros
negrose emulatos,
mulatos,mas mastambém
também da da elite.
elite. Na Na verda
verda-
de, contraditoriamente,
contraditoriamente,ooimperador,
imperador,símbolo
símbolodadatolerância
tolerância queque
permitiu o equilíbrio
equilíbrio de decontrários,
contrários,seria
seriaumum“inadaptado'°:
“inadaptado”: com com
alma republicana, formaçãohumanistica
republicana, formação humanísticae evernizes
vernizes europeus.
europeus.
Exercia simbolicáfnentea afunção
Exercia simbolic:-fiñiente funçãodede Grande
Grande Patriarca,
Patriarca, masmas nãonão
vestia
vestia oo figurino
figurino do do Homem
Homem de deEstado.
Estado.Jamais
Jamaiscultivou
cultivou as as
For-For-^
ças Armadas, deixou
ças Armadas, deixouque queo obacharelismo
bacharelismourbanourbano medrasse
medrasse em em
detrimento da força dos patriarcas rurais, foi fraco no entender
detrimento
os verdadeiros
verdadeirosda interesses
força dosdo
interessespatriarcas
do Estado
Estado rurais, foi fraco
escravocrata.
escravocrata. Numa nopalavra:
entender
Numa palavra:
semeou
serneou aa tempestade
tempestaderepublicana.
republicana.
-:P
_;' ,¬1,-,H
.,.
Essas atitudes talvez expliquem o poucio pouco reconhecimento JÍflfffifii
- ñfläl

_:.;~*ä
explícito dos negros
explícito dos negros aoao Império
Impériononomomento
momentode desuasuaqueda.
queda.PorPor :"+

sorte
sorte as “constantes culturais”
as “constantes culturais” fizeram
fizeram com
com que
que aa República
República não
não S
fosse sociologicamente
sociologicameute uma Revolução, mas uma transmutação. transmutação. -S 1-. 'zti
z.

Muito
Muito da da antiga ordem permaneceu
antiga ordem permaneceu ee os os positivístas,
positivistas, pregando
pregando ;§jg fztvë*

um Estado centralizador eepreocupados


Estado ceutralizador preocupadoscom coma aunidade nacional, >m
unidadenacional,
não deixaram que aqui se reproduzisse o drama das “republique- “republique- | -f›.
tas” espanholas
espanholasnas nasAméricas,
Américas,comocomoantes
anteso oImpério havialo-lo- M
Impériojá jáhavia
grado impedir que ocorresse. Melhor ainda: a vertente positivista 'j§
que acabou
acabou predominando na República não foi
República não foi aa dos
dos jovens
jovens mi-
mi- s ii

litares radicalizados, simbolizados por Benjamin Constant, mas | j e

a de homens ponderados que»sabiam


que°sabiam que “a “a substância
substância monar-
monár- | 4.
4

quica no Brasil se afigurava


añgurava arcaica, mas não a forma autoritária jf
«

de governo
governo [...]
[...] prevaleceu
prevaleceuooespírito
espíritodede autoridade
autoridade socialmente
socialmente
responsável, contra
contra oo de
de individualismo liberal”.'*' “ 1
responsável, individualismo liberai *.47
Os
Os negros
negros ee mulatos, mesmo não
mulatos, mesmo tendo condições
não tendo condições parapara se*
s£* | | .-z;
cs»

oporem República, teriam percebido a Monarquia como insti- %


oporern à República,
tuição capaz
capaz de_“matemal
de,“maternalou oupatemalmente
paternalmenteestender
estenderà âgente
gente
de<fe
cor a proteção
proteção necessária
necessáriaaoaoseuseu desenvolvimento
desenvolvimento emem vivaviva9
parte
parte
de uma
uma democracia
democraciasocial
socialeenão
nãoapenas
apenas política,
política, umum espírito
espírito que,
que,
na gente mestiçaou
gente mestiça ounegra
negramais
maishumilde,
humilde,vinha
vinhadedelonge".”***
longe”.40
Essa visão sobre
Essa visão sobrea aprevalência
prevalênciadedeumumespírito
espírito benevolente
benevolente
na Monarquia reaparece em várias partes do livro: “um regime
na Monarquia reaparece em várias partes do livro: “um regime
tradicionalmente protetor
protetor deles
deles[dos
[dosnegros
negrose emulatos
mulatoshumildes]
humildes]
contra os
os abusos
abusosdos
dosparticulares
particularesricos”.“'°
ricos
”.49Mantivera- se, portanto,
Mantivera-se,
entre os negros
entre os negros uma
uma certa
certanostalgia
nostalgiadodoImpério,
Império,como
comoseseMo-Mo
narquia ee Escravidão
Escravidão não
nãoformassem
formassemum umsósóbloco,
bloco,como
comomos-
mos
trou Sérgio Buarque
Buarque ememsua
suaclássica
clássicaanálise
análisedo do período.
período. Nostalgia
Nostalgia
que não se
que não se transformou
transformou nunca
nuncaem emmovimento
movimentoregressivo.
regressivo.Teria
Teria
sido uma
uma gratidão
gratidão íntima,
íntima, sem
semefeitos
efeitospráticos.
práticos.AoAomesmo
mesmotem-tem
po, as forças renovadoras continuavam atuando e modificando a
po, as forças
ordem renovadoras
patriarcal. Esta continuavam
tivera seu auge naatuando
auge na Colônia,emantivera-ser
modificando a
mantivera-se,
ordem patriarcal. Esta tivera seu Colônia,

X2Á
128
embora enfraquecida, no
embora enfraquecida, no Império,
Império, começava
começava aa desfazer-se naRe-
desfazer-se na Re
pública.
pública. E,E, certamente,
certamente, não
não era para esse
era para tempo futuro
esse tempo futuro que
que se
se vol
vol-
tavam
tavam as as melhores
melhores esperanças
esperanças dede Gilberto
Gilberto Freyre.
Freyre. Agudarnente
Agudamente
ele
ele reconhecia
reconhecia que: “A substituição
que: “A substituição do trabalho escravo
do trabalho escravo pelo
pelo livre
livre
importava
importava numanumasubstituição
substituição do
dosentido
sentidode de tempo
tempo na
na economia
economia
bra^leira
brašíileira' que
que não
não passou
passou dede todo
todo desapercebida
desapercebida dosdos publícistas
publicistas
nacionais da
nacionais época”.5°
da época ”.50
0O avanço do capitalismo e da industrialização
industrialização requeria
requeria que
que
houvesse
houvesse maior
maior racionalidade
racionalidade no
no uso
uso dodo tempo
tempo ee oo “trabalho
“trabalho abs
abs-
trato” ganhava
ganhava preeminência.
preeminência. Nas
Nas palavras
palavras um
um tanto
tantoconfasas
confusas de
de
Freyre
Freyre para
para. ex plicar oo que
explicar que Marx
Marx já
já oo fizera
fizera mais
mais claramente:
claramente: |

no Brasil escravocrático,0 capital


Brasil escravocrático, ó capital vinha
vinha funcionando
funcionando simultanea
simultanea-
mente como senhor
mente corno senhordodo“dinheiro
“dinheiroda da terra”,
terra”, dos “utensílios”
dos “utensílios” e do e do
“trabalho”; mas não do dinheiro vivo representado pelo tempo.
“trabalho*; más não do dinheiro vivo representado pêlo tempo.
Para que
que oo tempo
tempononoBrasilBrasilpassasse
passasse a significar,
a significar, comocomo ria nova
na nova
Europa industriale enos
Europa industrial nosEstados
Estados Unidos,
Unidos, dinheiro
dinheiro vivo, vivo, era preciso
era preciso 7
que
que oo trabalho
trabalhosesetornasse
tornasse também
também agente
agente na produção
na produção nacional:
nacional;
agente responsável
agente responsável. .51
5'

Elide Rugai
Rugaí Bastos
Bastos sintetiza
sintetiza bem
bem asas análises de Ordem
análises de Ordem ee
progresso
progresso dizendo que a nova tensãotensão aa que
que seserefere
refere0 olivro
livrotem
tem
no
no fundo
fundo aa preocupação
preocupação com com aa atração
atração exercida pelapela economia
economia
americana, peio
pelo capitalismo
capitalismo internacional,
internacional, pela
pela industrialização
industrialização
destruídora
destruidora eventual
eventual dada agricultura
agriculturadedeexportação,
exportação, enfim,
enfim, demo
demo-
lidora
lidora das
das bases do sistema
bases do sistema patriarcal:
patriarcal:
#ä .
-- A motivação
motivação principal
principal do
dotrabalho
trabalho encontra-se
encontra-senanaresposta
respostaà àper-
per
gunta comona
gunta como namuclança
mudançadede regime
regime se mantém
se mantém a organicidade
a organicidade da da
sociedade
sociedade e ea aunidade
unidade nacional?
nacional? SeImpério
Se no no Império a simbiose
a simbiose monar- monar
quia
quia eepatriarcado
patriarcadofavoreceu
favoreceuumauma ordem
ordem de certa
de certa formaforma
democrá-democrá
tica, nomomento
tica, no momentorepublicano
republicano o que
o que favorecerá
favorecerá sua continuidade
?32
sua con_tinuídade?52

119
m
AApartir
partiria daRepública,
República,com comoo“americanismo”
“arnericanismo”de deRui
RuiBarbosa
Barbosa
e as asnovas
novasforças
forças econômicas>
econômicas, somadassomadas à presença
à presença dos imigrantes
dos imigrantes
e àà regionalização
regionalização dodo progresso
progresso econômico
econômico (na verdade,
(na verdade, digo eu, digo eu,
aa mudança
mudançadedeeixo eixo econômico
econômico do Nordeste
do Nordeste para opara o Sudeste
Sudeste e Sul, e Sul,
mas, sobretudo,SãoSão
rna-s, sobretudo, Paulo),
Paulo), estaríarn
estariam sendosendo destruídas
destruídas as basesasdabases da
econom
economia ia latifundiário-patriarcal
latifundiário-patriarcal eeaacultura cultura por por ela
elagerada?
gerada?Sim Sim
e näo,
não, responderá
responderáGilberto:
Gilberto: o equilíbrio
o equilibrio entre entre contrários
-contrários amor-amor
tecia
tecía aavoragem
voragemmoderriizadora.
modernizadora. O positivismo,
O positivismo, do lema
do lema “ordem“ordem
e progresso”
progresso”elevadoelevado à condição
à condição de dístico
de dístico da bandeira
da bandeira nacional,nacional,
jájá mostrava
mostrava que que oo elemento
elemento “ordem”
“ordem” não não deveria
deveria se se separar
separar do do
“progresso”
"progresso”. OOExércitoExército nacional,
nacional, de alguma
de alguma forma,
forma, substituiria
substituiria o o
elemento agregadorsimbólico
elemento agregador simbólico representado
representado pela pela Monarquia.
Monarquia. O O
“presidencialismo
“presidencialismo imperial”,imperial”, queque duradura até hoje,
até hoje, asseguraria
asseguraria que que
na República
Repúblicafederativa
federativa os focos
os focos locais locais de poder
de poder econômico
econômico e po- e po
lítico,
lítico, aa integridade
integridadeterritorial
territorial do dopaíspaís e, quem
e, quem sabe,sabe, o espírito
o espírito
público coletivopermanecessem
público coletivo permanecessem vigentes,
vigentes, assimassim
como como a sociedaÇ
a sociedaf*
de
de sese manteria
manteria“etnicamente
"etnicanaente democrática”
deniocrátíca? Sociologicamente,
Sociologieamente, a a
República
República seria seriaa continuação
a continuação do Império.
do Império. u
Mesmo
Mesmo assim,assim,Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre, dessadessa
feitafeita
comocomo cientista
cientista po» po
lítico, lastimaque
lítico, lastima quea República
a República não não tenha tenha entendido
entendido bem obem que o que
tampouco
tampouco ooimperador
imperadorentendera:
entendera: a necessidade
a necessidade de preservar
de preservar
melhor
melhor as assugestões
sugestões de espaço,
de espaço, o tropical,
o tropical, e de passado*
e .de passado, o lusita-o lusita
no e hispânico.
hispânico,A A“gente “gente utópica”
utópica” (lembrando
(lembrando Oliveira
Oliveira Vianna)Vianna)
que fez aa República
República olhando
olhando parapara 0o futuro
futuro americano-europeu
americano- europeu
ee criando
criandoum um“terceiro
“terceiro tempo
tempo social”
social” (os outros
(os outros dois teriam
dois teriam sido sido
oo da
da Colônia
Colônia ee oo do do Império)
Império) também
tambémnão não soube
soubepoupar-nos
poupar-nos
de verna
de ver naindustrialização
industrialização o caminho
o caminho únicoúnico da modernização.
da modernização. O O
protecionismo industrial
protecionismo industrial levou
levou à criação
à criação de uma de uma indústria
indústria “car- “car
navales ca”, e,
navalesca”, e,ao
aoseseproteger
protegeruma umaregião
região— - aaSudeste
Sudeste--, —*protegeu-
pròtegéú-
-se, defato,
-se, de fato,uma umaclasse.
classe* Até mesmo
Até mesmo a valorização
a valorização da ciência
da ciência em em
detrimento
detrimento da dareligião
religiãofoifoiuma uma forma
forma de de desconsiderar
desconsid.erar nossas nossas
bases culturaismais
bas es culturais mais profundas.
profundas. Daí J>aí
a crisea crise da República:
da República: governogoverno

'HD
ee sociedade
sociedadesesedesentenderam.
desentenderam. NoNo fogo
fogo cruzado
cruzado entre
entre os os diferen
diferen-
tes projetos políticos
tes projetos políticospropostos
propostospara para0 oBrasil,
Brasil,ososdede Rui,
Rui, Nabuco
Nabuco
ée Rio
Rio Branco, que foram
Branco, que foram capazes
capazesdedepermanente
permanentereconciliação
reconciliação
ee não
não deixaram
deixaram oo país
país sesedividir
dividir em
emduas
duasmetades,
metades,e,e,por poroutro
outro
lado, o dos
lado, 0 que valorizaram
dos que valorizaram aa prata
prata da
da casa
casaeecerto
certoregionalisrno,
regionalismo,
çomo
como emem Canaã
Canaã de Graça Aranha,
de Graça Aranha, que
quemostrava
mostravaooconflito
conflitoentre
entre
o adventicio e o antigo, ou o de Euclides da Cunha, que nos Ser-
o adventício e o antigo, ou o de Eudides da Cunha, que nosSer
tões
tões dá preeminência
preeminência ao ao clima
climaeeaoaomeio
meiotropical
tropicalpara
paraexplicar
explicar
as formas de
as formas de sociabilidade,
sociabilidade,a aRepública
Repúblicaficouficouhesi-tante,
hesitante,semsem
en-en
frentar as grandesquestões
as grandes questõessociais.
sociais* Gerou
Gerou maismais desilusões
desilusões do que
do que
realizações
realizações eeaapartir
partirda
dadécada
décadadede1920
1920 preparou
preparou o fim
o fim dodo tempoj
tempo;
histórico-social da
da sociedade
sociedade patriarcal.
patriarcal*
Em suma, “os
“os tempos
temposmodernos
modernosexigiam
exigiammudanças
mudançase ea aor~or
dem patriarcal tornou-
tornou-sese impedimento a um desenvolvimento
secuiarizador. Cindiu-se o pacto”.”
secularizador. Cindiu- se o pacto” 53

AA SOMA
SOMA EE O
O REST
RESTOO

Terminado 0o texto
texto desta
destaconferência,
conferência,reli
relio oque
queescrevi,
escrevi,
ou ou
melhor, oo que
que disse
dissesobre
sobreGilberto
GilbertoFreyre
Freyreháháalguns
alguns ano$
anos numanuma
solenidade no
no Itamaraty.
Itamaraty. Decepcionei-me:
Decepcionei-me: disse
disse de modo mais
de modo mais
sucinto e talvez de maneira mais simples e elegante o que repito
sucinto e talvez anos
agora, dezessete
dezessete de maneira
anos depois.mais simples e elegante o que repito
depois.
Consolei-me
Consolei-me com uma coisa, não modifiquei
coisa, não modifiquei no essencial
essencial
minhas opiniões sobreCasa-
opiniões sobre grande &
Casagrande Ó- senzala.
senzala. Com a nova leitu
nova leitu-
ra desse ee dos demfiis
demüis livros mencionados
mencionadosnesta nestaconferência,
conferência,ficou
ficou
mais claro
claro para
para mim,
mim, entretanto,
entretanto,que,que,sesehouve
hoUve muita
muita inovação
inovação
no pensamento
pensamento de denosso
nossoautor,
autor,seuseutexto,
texto,embora
embora fascinante,
fascinante, temtem
um andamento tão tão osciiatório
osciíatófio eecom
comafirrnações
afirmaçõestão
tãocontraditó-
contraditó
rias que
que taivez
talvezisso,
isso,tanto
tantoquanto
quantoo oinegável
inegável viés
viés nostálgico
nostálgico de decer-cer
tas análises,
análises,tenha
tenhadificultado
dificultadoo oreconhecimento
reconhecimento dodo significado
significado da da
n

obra
obra de
de Gilberto Freyre pelos
Gilberto Freyre pelossociólogos
sociólogos da
da “escola
“escolapaulista”
paulista”eepor
por
outros
outros cientistas sociais.
cientistas sociais.
Mesmo mais tarde,
Mesmo mais tarde, em
emgerações
geraçõesposteriores
posteriores à minha
à minha e com
e com-
saber especializado mais
saber especializado mais profundo,
profundo,continuou
continuoudifícil
difícilaceitar
aceitar3 a :aii
importância
importância da obra de
da obra de nosso
nossohomenageado
homenageadosem sema advertência
a advertência
de um porém-
porém. Exemplo
Exemplo disso
dissoéé0 olivro
livrodedeRicardo
RicardoBenzaquen
Benzaquen
de Araújo,
de Guerra ee paz,
Araújo, Guerra que faz
paz?que faz uma
uma análise
análisededeCasa-grande
Casa-grande é* ea
senzala
senzala mais do do ângulo
ângulo antropológico
antropológico ee procura
procura ser
ser equilibra-
equilibra-
do no julgamento
julgamento (embora
(embora dede escrita
escritaquase
quasetãotaoelusiva
elusiva quanto
quanto a a
do mestre
mestre criticado)
criticado) mas
masnão
nãoconsegue
consegue esconder
esconder a perplexidade
a perplexidade
diante dosdos vaivéns
vaivénsinterpretativos
interpretativose emesmo
mesmo descritivos.
descritivos.
ÉE inegável, contudo, que
inegável, contudo, quêr Gilberto
Gilberto Freyre
Freyresignificou
significou uma
umarup-
rup
tura com o pensamento
pensamento predominante
predominanteem emsuasuaépoca,
época, tanto
tanto porpor
ter se
se afastado
afastadodasdásinterpretações
interpretações dodo Brasil
Brasil queque endeusavam
endeusavam o pa-o pa
pel do Estado e se enamoravam do autoritarisrno, quanto por ter,
pel domodo,
a seu
seu Estadorepudiaclo
modo, e se enamoravam
repudiado, doe autoritarismo,
o oracismo`fe
racismo valorizado quanto por ter,
valorizado aa miscigenação.
miscigenação.
Nesse sentidoaaobra
Nesse sentido obramantém
mantémvalidade
validadenosnos dias
días de de hoje.
hoje. Gilberto
Gilberto
Freyre não chegou
Freyre não chegouaa fazer
fazeraacrítica
criticaradical
radicaldedenossa
nossa herança
herança “em^m
matéria
matéria de de cultura
cultura política
políticaeededeorganização
organização institucional
institucional como ?
como
fez Sérgio
Sérgio Buarque
Buarquede deHolanda,
Holanda,seu sèucontemporâneo.
contemporâneo. Sérgio
Sérgio criti
criti-
cou oo que sese valorizava
valorizava nana época
épocaeeainda
aindahoje:
hoje:0ocaráter
carátercordial
cordial-—
--
emocionai
ernocional ee personalista— dos brasileiros,
personalista -- dos brasileiros,nossas
nossas especificidades
especificidades
culturais afetivas.Mostrou
ç¡¿1tu¡a_is afetivas. Mostrouasasconsequências
conseqüências políticas
politicas desastrosas
desastrosas
da herança
da herança ibérica
ibérica cozida
cozidanonosol soldos
dostrópicos:
trópicos: 0 personalismo,
o personalismo,
o caudilhis-mo,
caudilhismo, aa faltafàltadederegras
regrase de
e de hierarquias
hierarquias que que significam
significam
muito
muito mais arbítrio senhorial
mais arbítrio senhoria! dodoque
quecamaradagem
camaradagem entre
entre iguais.
iguais.
Gilberto
Gilberto raramente
raramente falafala de
de igualdade,
igualdade,e ecom
coma noção
a noção de de “equilí
“equilí-
brio entre contrários” — essencial
entre contrários”- essencial em
emsuas
suas interpretações
interpretações _ — pas-
pas
sa
sa aa impressão
impressãodedeaceitar
aceitara desigualdade,
a desigualdade, embora
embora reajareaja à ideia
à ideia de de
desigualdade racial.Sérgio
desigualdade racial. Sérgiomostra
mostraque,
que,
semsem a igualdade
a igualdade abstrata,
abstrata,
formal,
formal, da lei ee sem
da lei semseu
seuexercício
exercícioprático
prático ancorado
ancorado na na cultura
cultura po-po
lítica, não há democracia. Critica o que Gilberto erige como feito
lítica, não há democracia. Crítica o que Gilberto erige como feito
1322
13
luso-brasileiro de adaptação
luso-brasileiro de adaptação aos trópicos
trópicos com
com aacolaboração
colaboração índí~
indí-
geno- africana; nossa
geno-africana: matriz cultural.
nossa matriz cultural Mais
Mais ainda,
ainda, Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque
de
de Holanda acreditava que
Holanda acreditava que aa renovação
renovação político-cultural
poli tico-culturalviria
viria com
cora
aa urbanização
urbanizaçãoe eo oadvento
adventodasdas massas
massas de de cidadãos
cidadãos reiviudicantes.
re'ivindicantes.
Gilberto, pelo contrário,
Gilberto, pelo contrário,viu
viunanaurbanização
urbanizaçãoe enanaindustrialização
industrialização
aa rmeaça
femeáçaaoaoque
que dede melhor
melhor havia
havia emem nossas
nossas tradições
tradições culturais.
culturais.
Não cabem dúvidas de que Gilberto Freyre revolucionou
Nao cabem dúvidas de que Gilberto Freyre revolucionou
a perspectiva
perspectivadedeanalise
análisedadasociedade
sociedade brasileira,
brasileira, masmas o como
o fez fez como
um “revolucionário- conservador” ao estilo que tanto oo agradava.
“rev0lucionário~conservadofi agradava.
Ressaltou característicasdadacultura
Ressaltou características culturapolítica
políticade de conciliação,
conciliação, sau-sau
dando-as»
dando-as, ooquequepode
podeserserlido
lido tanto
tanto como
como visao
visão conservadora
conservadora da cja
história quanto,
quanto, ààluz
luzaté
atémesmo
mesmodedeexperiências
experiências recentes,
recentes, comocomo
uma das
das “constantes
“constantesculturais”
culturais”que quepodem
podemnos nosserser incômodas.
incomodas.
No tópico específico
específicodas dasrelações
relaçõesentre
entre
as as raças
raças e dae falada
da falada
“democracia racial”, parece ser mais correto dizer que via mais
“democracia raciaF, parece ser mais correto dizer que via mais
um equilíbrio
equilíbrio entre
entre diversos
diversosdodoque
queurna“demo‹;racia°l
uma “democracia” expressão
expressão
que usou raramente
raramente ee mais
mais sesereferindo
referindo aa uma
uma eventual
eventual convi-
convi-:
yência
vência harmoniosa
harmoniosa entre
entre desiguais
desiguais dodo que
que nono sentido
sentido corrente^
corrente”
da expressão.
expressão.Cabe
Cabeacentuar,
acentuar,nesse
nesse caso
caso sim,sim,
queque Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre,
apesar dos deslizes
apesar dos deslizescosturneiros
costumeirossalpicando
salpicandoumaumaouou outra
outra frase
frase
com expressões
expressões“racistas”,
“racistas*,
eraera profundamente
profundamente contrário
contrário ao afas
-ao atas»
tamento físico
físico eecultural
culturalentre
entreasasraças.
raças.
Se Se pensou
pensou em em igualdade,
igualdade,
foi a que seria assegurada pela miscigenação racial e pelo sincre-
foi a que seria assegurada pela miscigenação racial e pelo sincre-
tismo cultural. Não concebia, comoestá
concebia, como estásesetornando
tornandovogavogahoje
hoje
em dia,
dia, uma
uma afirmação
afirmaçãoracial
racialque
quemarcasse
marcasse diferenças
diferenças entre
entre “ra- “ra
ças”
ças”. aa dos
dos brancos
brancose ea adosdosnão
nãobrancos.
brancos. A ideologia
A ideologia emergente
emergente
em nosso meio marca,
nosso meio rftarcaasasdiferenças
diferençase ase as identidades,
identidades, parapara depois
depois
pedir igualdade
igualdade entre
entreelas,
elas.Gilberto
GilbertoFreyre
Freyrepropugnava
propugnava uma
urna né-né
voa entre
entre ososmatizes
matizesdadapele
pelee 0e repúdio
o repúdio de de diferenças
diferenças essenciais.
essenciais.
Com todas essas.
essas ressalvas,
ressalvas»comocomo explicar
explicar a perenidade
a perenidade de de
sua obra? Em outras ocasiões, além de me referir, como nesta
sua obra? Em outras ocasiões, além de me referir, como nesta
conferência,
conferência, aasuas
suasqualidades
qualidadesliterárias
literárias e aos
e aos aspectos
aspectos inovadores
inovadores

133
reiterados,
reiterados, fiz
fiz menção
menção aa que
que ela
ela tem
tem uma
umaforça
forçamítica,
mítica.Especifi
Especifi-
co os dois sentidos aos
aos quais
quais caberia
caberia oo qualificativo.
qualificativo. Primeiro,
Primeiro, àà
moda dede Lévi- Strauss:
Lévi-Strauss:

D^bord,
D'abord, chaque mythologielocale,
cheque rnythologie locale, confrontée
confrontée à une
à une histoire
histoire et à et à
un milieu donnés,nous
milieu donnés, nousapprend
apprend beaucoup
beaucoup sur sur Ia société
la société d^oü elle
d'o1`1 elle
provient, expose
provient, exposesesses ressorts,
ressorts,éclaire ie fonctionnement,
éçlaire !e fonctionnement, le sens
le etsens et
fsrcine
Yoriginedes des croyances
croyances etetdes descoutumes
coutumes dontdont certaines
certaines posaient,
posaient,
parfois depuis
depuisdes dessiècles,
síèdes, desdes problèmes
pro-blèrnes sanssans soíutions.
solutions. À uneÀ une
condítion toutefois:nene
condition toutefois: jamais
jamais se couper
se couper des faits.
des faits. [...] Revenir
[...l Revenir aux aux
mythes certes;mais
mythes certes; maissurtout
surtout auxaux pratiques
pratíques et aux
et aux croyances
croyances d'uned*une
société déterminée
société déterminée quiqui peuvent
peuifent seules
seules nousnous renseigner
renseigner sur cessurre-ces re-
lations qualitatives.”
qualitatives .54
'***<. / ’ .• ' í, . - . • \ . '. * * e. |
sfiÊ'
da-'

N ão será
Não será isso que faz Gilberto Freyredepois
Gilberto Freyre depoisde deestabelecer
estabelecer aa
relação binár ia— própria
l.>inária-- própria dosdos mitos — de
mitosl-- de contrários
contráriosqu que e sese equ£
equf-
libram?
libram? SuasSuas análises
análises minuciosas das relações entre as as pessoas,
pessoas,
seu destrinchar permanente de traços culturais, culturais,suassuas tentativas
tentativasáde de
delimitar
delimitaras asrelações
relaçoes entre o físico, o biológico ee o meio ambiente, ambiente,
sempre revisitadas
revisitadas àà luz da vivênciavivência humana,
humana,constituem
constituema aforça força

de seus livros,
livros, tanto ou mais mais que
que suas
suas "visões”
“visões” encantatórias.
Também noutro noutro sentido,
sentido, menos
menos usual,
usual, há há uma
uma força
forçamítimid»
ca na obra de Gilberto Freyre. Refiro- Refiro-me me ao mitomito soreliano
soreliano (de (de
Eugène
Eugene Sorel) visto como como um um conjunto
conjuntode deimagens
imagensintuídas
intuídasque que
desperta sentimentos. Nesse Nesse sentido,
sentido, aa sociedade
sociedade patriarcal,
patriarcal, asas
relações desiguais,
desiguais, mas mas próximas,
próximas, entre as as raças, o repúdio do do
racismo
racismo comocomo conceito
conceito heurístico,
heurístico, aa afirmação
afirmaçãode deumaumacultura
cultura
própria,
própria,funcionariam
funcionariamcomo comoum umpontopontodedefuga fugaque,
que,sésenãonãoretra
retra~
ta a realidade,
realidade, faz parte dela ee nos nos recorda também que não existe
uma
uma “realidade”
“realidade” dada, dada. Nas sociedades,
sociedades, de de certa
certa maneira, tudo éë
processo, ora mais estável, estável, oraora se se desfazendo,
desfazendo, ora ora sese refazendo,
refazendo,
mas sempre guiado por por distintas
distintas visões de futuro.
i

sÉRG1oBUARQUE
SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
DE HOLANDA

49
.AE
Í”-ifi'
'‹:.'i

O - J .O B Ç Ã O 1
Í
D>'0 M t FP!-RNTOS
UC-' f M X i VT Ol t .
RRflü
R A& SILEÍRÍJS'
r LK TR O t 1-i -'Í'
_ -Í

'ri'¬.-aa'.¬i'-1'
wmznmuu
iiK u u «ana
w aiXMK*
muummu ro rM ütàn
rnnvmt
ea-

'1
- 1

SSERGIO
S /fG /O BBUARCM/¿'
UA RQU E V.or fioztxtf/oA
£ HO UA ND A
J'

.ç _¡.,

IAUBES*zsis BOP lBRASIll


saiz*é-t-f f
P' zi

Jw. 'S-rw
É
;.,r¡2#Í' '*'"",, ¿. 3;' ,au
'lê-uu-el Mr aaa* 'af
af-
¬.. _, T
1
li
I

,_ _
P.

P t

aa,-.fra
Á J o até
tsrsr/a JOííKl ot..srt~ä5>to E¿'Jz-:zm-z
OIÍT.MPÍO tfifor *t
Brasil: asraizes
Brasil: as raízese eo ofuturo*
futuro*

il

Existem distintos para


Existem motivos distintos para que
que umüm livro
livro se
se torne
torne clássi-
clássi-
co. Por vezes
vezes aa paciência
paciência da
daminúcia
minúcia ee aa argúcia
argúcia dasdasclassificações
classificações;
constituem oo esteio
esteio da
da obra
obrarelevante.
relevante.Noutros
Noutroscasos,
casos,ooinespera›g
inespera f
do da descoberta de uma
uma senda
senda nova
nova faz
faz rever
revertoda
toda uma
umatradiçao
tradição
av
descoberta de
e da ao livro notoriedade. Nem sempre, entre os livros que per-
e dá ao livro notoriedade. Nem sempre, entre os livros que per-
manecem como marcosmarcos de uma
uma cultura,
cultura, oo estilo
estilo prima
prima sobre
sobre oo
conteúdo; mais
mais raramente
raramente ainda
ainda uma
uma obra
obra pode
pode sustentar-se
sustentarsepor
por
sua pura forma. No caso de Raízes do BrasiUBrasil, de Sérgio Buarque
Buarque
de Holanda,'já nà primeira edição os contemporâneos sentiram
I-lolanda,'já na sentiram aa
força de um clássico.
clássico. Por
Por quê?
quê?
O estilo é, sem dúvida, escorreito e a erudição — _ enorme
_ faz-se sentir discretamente, como manda o figurino. Mas não
fazse sentir discretamente, como manda o figurino. Mas não
terá sido por suas virtudes formais, ee convém
convém gabá-las,
gabálas, que
que 0o livro'
livro

*■“Brasil:
“Brasil asasraízes futuro” Senhor
raízes eeoo futuro'Í Vogue, 19.78,
Senhor Vbgue, 1978,p.p.140.
140.Prefácio
Prefácioda da série
série Xivros
Livros
Indispensáveis
I,nc`lispensáve.is à àCompreensão
Compreensão do do Presente,
Presente, 11,, publicada
publicadananaseção
seção "Resumo
“Resumo do do
mês” referen te
mês” referente à obra
à obra de Sérgio
de Sérgio Buarque
Buarque de Holanda, Rai
de Holanda, zes do
Raízes Brasil.
do Brasil.

137
137
. Il
¬..¡z'..z¬.'

- 7.*W!-.

de Sérgio
Sérgio nasceu
nasceuclássico.
clássico.Foi Foi principalmente
principalmente porque
porque ele sintetiza
ele sintetiza J»

um debateeeaponta
um debate apontaumum caminho.
caminho. 0O debate
debate em emcausa
causadizdizrespeito
respeito
ao “afinal,
“afinal, oo que
quesorr1os?°Í
somos?”queque é aépergunta
a pergunta que que os povos
os povos novosnovos
sempre
sempre sesefazem;
fazem;o caminho
o caminho para para o qual
o qual a resposta
a resposta a estaaquestão
esta questão
se abre
abre engloba
englobaa apossibilidade
possibilidade de,de, ao reconhecer
ao reconhecer o peso
o peso do pas~do pas
sado, adivinhartambém
sado, adivinhar tambémum umhorizonte
horizonte alternativo.
alternativo.
É esta paramim
esta para mima agrandeza
grandeza maior
maior de de
Raízes
Raízes do BrasilCom
doBrasil Com
jeito,
jeito, quase
quase displicentemente,
displicentemente, mas mas ao ao mesmo
mesmo tempotempo comcom muito
muito
carinho, SérgioBuarque
carinho, Sérgio Buarquevaivaimostrando
mostrando aoao leitor
leitor o peso
o peso dosdosmui-mui
tos problemas
problemasderivados
derivados dasdas estruturas
estruturas de um
de um país país em formação.
em formação.
Primeiro, o estranhamento
estranhamentododomundo: mundo:somossomos uma
uma herança
herança ibé-ibé
rica, mas recriada.
ríca, mas recriada.AsAsavesavesquequeaquiaqui gorjeiam,
gorjeiam, não não gorjeiam
gorjeiarn cornocomo
lá, embora
emboratenham
tenhamsido sidotransurnantes.
transumantes. Desde
Desde o início
o início o coloniza
o coloniza-
dor português, com sua “plastícídade social”, deixouse levar ca;
dor português, pela
prichosamente
prichosamente com sua
pelanatureza“plasticidad
natureza e social”
irrequieta
irrequieta dodo deixou - seEm
trópico.
trópico. Em levalugar
lugar r ca-
de& ,de*I
impor à paisagem
paisagema amarcamarca dedesuasua vontade,
vontade, como como os espanhóis,
os espanhóis, o?
of*
colonizador lusitano emaranhou-
emaranhou~se se nela.
nela.
Mas atenção. A displicência
displicência da daherança
herançaportuguesa
portuguesanão nãoentrii
entra
no livro como elementopara
como elemento paradesatar
desatar o cântico
o cântico de.Hosana
dei-losana
,, l
às vir
às vir-
tudes
tudes dedeuma
umacultura
culturaadaptativa
adaptativa porpor excelência.
excelência. Se fosse
Se este este fosse
o ca- o ca
minho percorrido,
percorrido, R aizesdo
Raízes Brasilestaria
doBrasil hojedormente
estaria hoje dormenteaoaolado lado
das tantas obras de tom culturalista, dessas que gaba-m as virtudes
dasmenoscabam
ou tantas obrasosde
menoscabam tom culturalista,
osdefeitos
defeitos “naturais”
“naturais” déssas
dos dos queAogabam
povos.
povos. as virtudes
Ao contrário,
contrário, o o
que
que dadá ootoque
toquededeexemplaridade
exemplaridade ao livro
ao livro é qué,
é que, beirando
beirando a cadaa cada
instante osos riscos
riscosdadaexplicação
explicação fácil»
fácil, de repente
de repente explodem
explodem os .te- os te
mas mais
mais pertinentes
pertinentessob sobosos ângulos
ângulos maismais criativos.
criativos. Há formas
Há formas .de de
trabalho ee experiência
experiênciadedevida vida
queque condicionam
condicionam a “plasticidade
a “plasticidade
da culturaf
cultura” EE háhátambém
tambémlimites
limites;--
—• eebem
bemóbvios
óbvios- —para
pararefazer
refazer
toda aa herança
herançacultural
culturallusitana
lusitanana na experiência
experiência do Novo
do Novo Mundo.Mundo.
Ha o peso das estruturas agrárias perrneadas pela escravidão e há
Há o peso
também das estruturas
asvicissitu des da
as vicissitudes
agrárias permeadas
da construção
construção deuma
de
pelaade
umasociedade
socied escravidão
urbanaaa e há
urbana
partir de experiências
experiênciasdede vida
vida associativa
associativa ilhadas
ilhadas no particularis-
no particularis-

138
mo dos “gruposprix-náríos'I
dos “grupos primários”isto istoé,&dodocírculo
círculodas dasrelações
relações imedia
imedia-
tas
tas te diretas, depessoa
diretas, de pessoaa apessoa,
pessoa, como
como nana família,
família.
ÊÉ este
este oonervo
nervododolivro:
livro;asasoposições,
oposições, as as contradições,
contradições., parapara
a a
criação de uma sociedade urbana ee “moderna” “moderna” dispõem~se
dispõem- se como
armadilhas nos caminhos
.caminhos do futuro. Decifrar oo Brasil, nesta pers- pers
pectiva, implicaentender
pectiva, implica entendero opassado
passadoe, e,aoao mesmotempo,
mesmo tempo, interro
interro-
gar o futuro para para perguntar
perguntar“onde
“ondeestá estáo oRódano?
Ródano?Será Seráqueque pode
pode~
remos saltá- lo?”
saitá-lo??
Outro ségredo
segredo do êxito deste livro parece-me ser ser seu
seudiscreto
discreto
otimismo»
otimismo. A crítica acerba,acerba, a destruição dos autocompla-
dos mitos autocompla~
centes
centes aarespeito
respeitodedenósnóscomo
como povopovo e de
e de nossas
nossas raízes
raízes históricas, I
históricas,
não impedem um voto pela pelá possibilidade
possibilidade de de realização.
realização.Mas Mas esta
esta *
realização, emboraooautor
realização, embora autornãonãosesesocorra
socorradodolinguajar
linguajarengajado
engajado
da luta
luta entre
entre asasclasses
classese das
e das alternativas
alternativas revolucionárias,
revolucionárias, supõe
supõe
uma transformação radical. Por
transformação radical. Por certo.
certo,0obrasileiro
brasileiro seria
seriaoo“ho-
“ho
cordial? A tese
mem cordial” tese foi
foi lida
lidapolemicamente
polemicamentepor porCassiano
CassianoRicar›
Ricar
do, que contra-atacou
contra- atacou para mostrar que que haveria um um certo toque )ê
certo toque
de irrealismo
irrealismo em Sérgio Buarque. Em vão, ou com alvo alvo errado: Éf
nosso autor
autor quis
quis dizer
dizerapenas
apenasque, que,enrascados
enrascados na na visão
visão afetiva
afetiva
dos que
que convivem
convivemproximamente
proximamentenos noscírculos
círculosdedefamiliares,
familiares,dede
amigos ee de de inimigos,
inimigos, osos brasileiros
brasileirosutilizariam
utilizariam menosmenosaaRazãoRazao
abstrata
abstrata — - dódo que aa paixão.
paixão. EE esta
esta leva
leva também
também àà violência
violência eeao ao
arbítrio. O desafio propostopara
desafio proposto para0ofuturo
futuroserá seráexatamente
exatamenteo odede
substituir oo personalismo,
substituir personalismo,que quefundamenta
fundamentaasasoligarquias,
oligarquias,pela
pela
racionalidade
racionalidade da da vida
vida pública,
pública,quequepodepodefundamentar
fundamentara ademo¬
demo
cracia.
cracia.
Mas não
não foi
foi sê
só como ato
ato dede féféno
nofuturo
futuro ee através
atravésdele
deleque
que
Sérgio
Sérgio Buarque reavaliou,apesar
Buarque reavaliou, apesardas dasheranças
heranças distorcédoras,
distorcedoras, os os
caminhos possíveisdodoBrasil.
caminhos possiveis Brasil.HáHá
emem suasua análise
análise umum fundamento
fundamento
real: aa urbanização
urbanizaçãoe èa aindustrialização
industrialização refazem
refazem a experiência
a experiência cul-cul
tural histórica
histórica eeapresentam
apresentamnovos
novosdesafios
desafios e novas
e novas possibilidades
possibilidades
para os brasileiros.
para os brasileiros.
IÍID
Tudo isso,
isso» diga-se
diga-se dedepassagem,
passagem, escrito
escritoem em 1936,
1936,àsàsvésperas
vésperas
do Estado
Estado Novo,
Novo, quando
quandoboa boaparte
partedadaintelectualidade
intelectualidade se se alinha
alinha-
va no fascismo, justificando-
justificando-oo aa partir de-
de fatos,
fetos, processos
processos ee ea-ca i‹1;':-fg:,ri
racterísticas muitasvezes
racterísticas muitas vezespróximos
próximosdaqueles
daqueles queque Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque -l.

assinala em seu
seu livro como
como próprios dosdos brasileiros.
brasileiros.
Não estamos, portanto,diante
estamos, portanto, diantededeumaumaanálise
análisede de
tipotipo
me-me
ramente cultural
ramente cultural das
dascaracteristicas
característicasherdadas
herdadas ou ou
recriadas
recriadas pelospelos
brasileiros; nem do
brasileiros; nem do ensaio
ensaioquequeintui
intuisem
sembuscar
buscar apoio
apoio nosnosfa- fa
tos; nem
nem dada descrição
descriçãododoque queocorre,
ocorre,
comocomo seda
se da somasoma de muitos
de muitos
fatos pudesseresultar
fatos pudesse resultarum umconhecimento
conhecimentonovo. novo; Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque
interpreta, sintetizando, analisando,
interpreta, sintetizando, analisando,instruindo
instruindoe eapontando
apontando ai- al
ternativas,
ternativas. EE éé por
poristo,
isto,porque
porqueo oautor
autorinova
inovaaoao recolocar
recolocar o pas
o pas-
sado
sado ee não
não oo estiola
estiolapela
pelaausência
ausênciadede perguntas
perguntas Sobre
sobre o futuro,
o futuro,
que Raízes doBr¿1_si1
Raízes do Brasiléé um
um clássico.
clássico.Como
Comotodo todoclássico,
clássico, o livro
o livro de de
É
Sérgio mantém atualidade. Noutro patamar da história, há qudin
Sérgio mantém atualidade, Noutro patamar da história, há quem
recoloque hojeos
recoloque hoje osargumentos
argumentossobre sobre
as as características
características de relativir
de relativiz
dade política do
dade política do Brasil
Brasil eeaaimpossibilidade
impossibilidadededeuma urna organização
organização
institucional qa
na qual
qual aa democracia
democracia- —fundamentada
fundamentadananáordem ordte
pública e no direito
direito -—- possa
possa impor-se
impor-se sem
semqualiñcativos
qualificativos que
que aa Í?
distorçam.
distorçam. A À leitura
leitura do
do livro
livro serve
servepara
paramostrar
mostrarquequehoje,
hoje» como
como
quando Sérgio Buarque
quando Sérgio escreveuR
Buarqueescreveu aízes do
Raízes doBrasil
Brasil-**-nas véspe
nas véspe-
ras do
do Estado
EstadoNovo
Novo--,—,éépossível
possívelque
que o autoritarismo
o autoritarismo se afiance;
se afiance;
mas, se isto ocorrer, não será certamente com o aval do que de
mas,
melhorse se
isto
se ocorrer»
serve
serve não será
aainteligência
inteligência certamente
para
para demonstrar
demonstrar com o teses.
suas
suas aval do
teses. que
E, de de
E, de
qualquer maneira, ooaríete
qualquer maneira, aríeteposto
postocomo
comoarmaarma dada imaginação
imaginação porpor
nosso autor, 0o horizonte das
nosso autor, das alternativas
alternativasà àherança
herança de de
umumpas-pas
sado que pode
sado que podeeedevedevesersersuperado,
superado, continuará
continuará à disposição
à disposição de de
todos nós.
nós.AÀ partir
partir de
decerto
certolimiar,
limiar,nos
nosensina
ensina o mesmo
o mesmo Sérgio,
Sérgio, a a
concretização
concretização das dasopções
opçõesdeixadeixa
dede
serser questão
questão de talento
de talento para pára
ser ser
questão
questão dadaexistência
existênciadedevontade
vontade(e (e
de de força,
força, porpor certo)
certo) capaz
capaz de dê
articular interesses sociaisnovos
interesses sociais novospara
parapermitir
permitirque
que nossas
nossas raízes,
raízes,
com enxertos
enxertosde defuturo,
futuro,sofram
soframasas mutações
mutações necessárias.
necessárias.

1400
14
cmoPRADO
CAIO PRADO
JR. JR
âàä
É
___'
..____'
i¡g__%
.H¿___ ¿_U_”__g_
Ft_h_ _ _¡¿_ _`_ _“_L_ _th__?xfi¡
1?_“_1_ _ `_íÀ
_ _?kw "siga
,HS,|_'I` V__*^“M__¡“`¿"_ __'_“_y____I#“_ `W_
__._“_$_. I_ 6 .___iägü
_sua
'I
m__“w`_Q
___`¡`._›__"_"_ äÍ ____w'_ _*Mv
m'E'
ví *V____¬_ “já
_ _ ._” _%vb._.
_ __'QE
_'Í;
1_ $ä̀
3_av &_¿%
:_ _ 7”_u_M¶___l”`-__
ufl_¡`w1ÊV.`
__"_ _
_'__;ih
___ _¿ _`_&%f_
___¡%_I
E. K ___' .
___' DWI
_¡-ú_w_ '__._|i§_
_' _Ê'Ii__“¿____¡
fir §_¿) É

dê____$__¿ ,nvi
_¡_$`
ia
iƒH_`
. __'._'
_`__It
¡___
.tg
.Ir
_`_ú_
“__
IH*
I '_____.
*__\__
H n“_“_ ____$_`_¬__ ___ _wv _MÊ$_ _“¶¬_m_HW'F_______"
_ ______ __wmw`“u_____”u“U_M_mW“__“__H____"____*___M_____hv:¡_1m_%“__UW__“_w__;_ü_“¿~`ä___ _______'_____________"_“_“_________àH__J____l_”____,_w
______
_Í ___J_Ú*____“
__`Q___ ____!__
n*%_`_______Í_______
__,___
__ '_____`_
G
J“_“'É_
_l_ir
__? ___
________
_________¡_“__
_____ w_I ___`'_l
____H"_I_
_____Í__H__l_*ÂÚ;_¡N%_`_
F;___r
Lah;
___
qt
__. _¡____”,
__;_5__
`_v___*_____`
___mv__
_Lí__ ,_“_
______ _¡g_____¿__.
¡__uJ___
__`___
h__”
__‹_ _'ua,\ _: _ _¶u__
____:ía*\__¡`__qm__:___
_________
_P
_l__ƒfi _______¡_____l
___ _______ J_Qu
»___H___
“_____ _U"\_¡___
__v_$`M_____
_L__
___”
___H__“
_ ¬__r“_J¬§Täl¶_J____~___`____
¡:___
É________` “Mm__H̀
%_J._P*_F_____
___;_____,____`m___;_____:¿__Hr
_____________”
:*__y__
___ __” 1__rw
___
___”.
_“Tm” h"___'.U__í“M`_ü_›.J¡¬__:_í*_“f¿.“_wgm,
É_¿__F
›J_
rc.
h_'fl“_____ ¬_
'_
_______'
__"__
____
n________
_______¬u_'______
_`W§___`__N"_
Hf___
_____
_'_
__m_Ã_n_
Í¿:%h_lç"*¶`______!
v¬Ê”
?_vK
¬¡______`_hmJ_w`
_w____"
__": ___`k“Ê
I¡m____
__“____t3¬qflJ_n__$¿R_`U§__;`_____
%“¿'g?_?
__
E;
__*ml1'¿¶p_"¬ñ_w`w“_.*A_¿_ ___
”,:rá_
01
_______¿__“ ___
___“_
____'r__
¡__!
___w*_____:_a____,__¿____
_____ %________“
__“_O_M“¡:_________u`__”_
`___/ u_
____ w_l___
_“_____hä _`_?"_*____VLW
_____'Ma
____ ¬m~“_“__
__ ___h__h'___
m._“_;''"___H___`________“
“______
___ _____;
____
¿___ _,M_l¬d_____w____¶v_”“`_H"uv¶___%I_
__`W'"_wM_Á_“'wP__H,__w_fi¡_*________ya,as_______'
*Ú tg _'__'m_Im.__
%___¡“5__`__`_____;
RW;%$__`__:
_J__'____kl
gh* H _:_____
¿___
_____
____\l___y_
“___
__›__:_"
”^__¡_"_š__¿k_'H_;__ L_“_
W___"m__wm_?__h_____ü_ š“_¿ hw_ _fi
_Uñur___
_:_'__r.___`¶__3___“
“________1?__`““___“_*____
L
__ln'
___"“__
___:_J_I___*_____ Iä___h_~_''Ú___
¿`_______fi
__:'`__v,_¡*_Ç m3*¬_“__
U¿w___?_.____}¶K___* “_"___
__~_%¿____?
_§_gm_wI_M___$__~
__________JwH__“W
¿'H_I*__
`¡&u_W
_____ _`uqVã___y_._w#%:___
“'_________$M_`;¬_______'_§n__uh__“J__¿ä;_ü__*
¿*___'"hmflm__w:¡_¢"%__d__¿__
_`,_____
u“tn
_" v___;
___ L_£H__"
u\_“__” “__“Tz/___n¶~h*_J`_gT_&"¡
:___I ":ist __㶢_¡_“__
w¿Hí___§`_Á_
___5gw;
1mH_J___
I_,
____`
fiWlA`_____›
:hfl__¿__
HÁÚH ¬_____:
__$_“____
___:_
__“_N
w<¿____ N'rM_B$w§¿n_:_”_“__
mh_1Hwn"_fl___ fl%h¶*_m`_W1ä__Y`
_V`u_____L____”
4
“___ ._:___
___ A“`__v»___:
_h¿__"__
___?
__¡w_*33¬__
¿______?
_____
__m$____;
___r`pqF¿___H__g`“"__¿”_Ip‹_u_n_
_____
__
_?_»_H~_v_flrM_¶~=___u_
ñ*___
¿äy__
___
_w“pl _hã“W_¿__^*_H_
______"__nHJ___*¡_*_
¢I_«___?
___?_“
sa úh__k_“
_“___'________
_:____,_
______ü%W`¿_'_____¬“__'Ç
wqwš
hi_______I?
u¶'_?
___.
Qw
_”.
m_____u _h__¡¡__
U_“_____
m__`}_____#?_______.____`_y________Ê_
_________I__'ämuwflá
¿+__u____;__'___h_“__
._______ ,__~_ __"
_É'H_¶____*
___:_____
____?
_________h_`
____
1 ___$___'w____;
~_____wr 2_hW__,
““___
_
____
h_V``___
%¡___ h___Mw___
“'E
__“___
w_ñ_%hH¿¬¿h_
'___N____w%fi_____ ___
`*___fq_%&___
%hfl_*fibH_¶__
Wu4_\M_____#R_TJ”
___;
W_
”__°_
_!___
M3 ¿?ä“____' _N
_ “Ê
___
É
_____“W _H___n_v@_$w§u_ ” _u _*__
___š___m”fi_“gw
W“_¡_________rtv_U"mä«___¿___u_PJ_
_¿_________`
wu_____' _ _ M_%__a_f
h“_
_____
_ _JW__h_*vã
_A_ m_ÊH_"%_Mã_ w___H“ _
_h__M__;'__________,_______h___WNyna"_____`____v_______`_______H_____^¬:___H_______"w__Ã_gi
“hfi___?
_¿_M“v
__??
_¿____ W_____*_
_“"_“__w_; __~W_fl__"ä__3M“____À__I¿_Ê:
J____N_______m__? ____
_H____*_”
”øu¿__“H&a_m~2_____
_n_šW“_ _w“ _ \_Ê______"¡____M_____”___¡_______¿_________________''m______“_____*
___
u_m¡H___ä?____É`
____;
__,J? __“_fl
fiš_____¿___É
_ "___A___¿_`__
*kw
“___;âm______m______
(___'”“)m_wflm___“
_Tf___?x_d_k_“¬_%___¿___h
__“__,¬¶tfi¡___!
___®š"UU_‹¬___.
__ifl"Aw_* üM&_§ IHrm
_F¶Y_§"¡#___w““__ ,___”`fiwwwi
__N_
_' '____r~h_ü___'fi`_“%__'_
w_#_____”___"__^___%_,%_`______»___.'__`W'_______
“______I%W__n"“M_J_`_,;_¡_____
LÁ¬__F_¡w___________ “______N_”u'__w____¿¶_*Mb ___%H“š__J_HM_%ä_“$__w&¿h“m?"_m¡_$Hfi“_JQ_$¬_N___1__
WwH`_“¬_"._whE
_:mMH¿___¶flJ_“Uw_(_“____rUww_Hp¿"u___*___flwä___
_ë_ WH_W?
“¿H,Í? _W“É”¶_Uhm/_âw___d_Ê__
~¶u¢U/_m___*
__h1M¿LM_“_I_H*WA
JAH
___ _m___““_”_Hn"m__"#1
v~ü¿*:kmw:MÊäƒh
2U_Dfin"__“*w_____
¿kMWW l__r“ ^§___'”%_N“1w“__;h"wm_“K4
^_s___n_____n___“
$__¿__% _m_JMW___“__
___Mfi_W‹,_*?___"_b_______"
“_kyWI $_ ¿wH`%¡__u_Í“mn_ä
_____“ fi1m___?
w“H¶_”U*__
G__$_Ú"______; äñ“.š___*___
“__
w___ _LU______š
U___
N:a___*
“_____w____ _“m__hL*H_^h1______¡_¿'“___¿
"¿v“_H___¡_¿__"v___äfl__"
__” ‹Hh"*w¡_W:“M`____$__IHmMä _____
nJ_¡m_`”f“_*_W_¶p____¶ fi*$fl¿I“_m%$_______*
_ñ¿T"“_w2‹?__H"`fi“v_U_____h_“__?¿¡_:£_“UH_ä1_E_gÉ____
_¿~"_Hä@`ú_____w____kl“__ä;W_____
_uülTqub
_M____¡*_
¿Mw_ñ_______L_P__
_____ü
_*¡¿^__flu__@'
__ _H__U_____
.___ hd?_h____"
____”
___
____"
__”_*
__H_ _¿%____ü_JL
“4__H_M_"___
_m_'_¬______U
___¢___
:gl __”
___ƒ“ƒ¿
w_H_F_______
______
__¡_¬›m___HI_____:
;___
`¡_
_____
__%
1 _¡_¿
._ __: \__ Nh$`¿__¿Hu ______š___m
_______¡'_A_`;_J“_'__J¶__\__
u_____ bÉ
__d::_v___I_W
_"§___*
:_______u_u__"“____JN?
______n__
":_m“__
___
_m___À_______“M“___?
_"____*_h H__ruahpʓ___
"___‹___4__
a
¢~¶___
______
_u_'M'____*uxfiá
M___,_Yv______d_`
ÍH__n__ _flü_É
:__________
m____UHU1
¡___M______`_N____.____“__
:____

h_____wW“
H_J
________
_,
:'¡____.¡___?
vt
Pw__ü______
_«________
J_"_H______”
l__
__;
A 'm¿___L:___É__7__:
H________
______
____*
_____
___ wW”A______
________
__ '¶____'___“M___
___r_____
__
___;Mv”
_",*___?
Jsñ
____ $ü_____1'__`__"____'“_E"____“__!____,___'___,*__'_____¢“v__'_?"___:,BB
_`___;“___ü__,
__¡_r^
$_______ __'“_.th
___í__"____F_______J_J______¡_! n_~__r(____¡Y_“_:_'___!3_”*^___¢¡_____H_mi_¿_q_*_'_*___t___,__'____'___________u___"`“_`__¿____I_?_à_¬__.____ñ"_______'“_'_I_K_______EL_fi:____?*____)uê_:__`___“__"__:___”__"_.Í__.›___HH*
____`r___`_"vi “__WE
_______
“__)1__
_“___
I__"
l________U_ ,__f_______
_____
T
J
________!
___h ____,
¶“__
_____
_£¡¿____
_
___
v_______
ki
____ _____
_`J______ ___*_
_“~¬____`
p«___
__H”_______
mv'_________`
9 ____F__“
Ê*
%__''m______
`____*
_WI
”H"___,_'___¿L
__çxäfinm
_“__?
__+___LU____N_____
_“_"___h___^___
___.
_____
_1____ _%\._h_:
‹__‹_m_`
.__;_fi__'
_'“__'W
mr
.___J
*¡___!
_ø__`__¡
u I?_"__'
___"
“____
¿_wÀ
____*__
____
M+__J____
__%L1Ҥ__$
"___
_:Ê WrR__vH___'U___
'‹¿¡¬_“_H_______
H___:“________
_____
H__“k__'›___à`
:________`
m¬___w`__ __*;___`_._¡'________`
fi___
H,__I_A¬___
__:'__”/1
___*
__'
_____
¿_ _”____
HJVw
__'__J
____
1“u______
_¬___
_.:
___ _______
¡_:___
_,_
'__ _______:__
______
¡_u
¡___
.ü_ _________
_____'____hn
o_
V_____'¶______
u_
_r_____
_____'__`___r___'_;_
____v____h.__*
`____
_______ (mr
___
___h
___'
____ __w___
m_____ñ__~_H_~____¿
___r`:__"_______~____
_*____v
____ _Jr
ÂU“__“_”
___
_“ ___
`'¿__Q___rI_ __“_U__
_____“_H_u__J_"_____
H__h____:_
__M;___:
~_?___“____“rre
___H_k___¿_
__N_____;
H
__ __Ã`
____F__r
_____: ¶_N______“__
___:
_`
¡____ 1___
?_:Ú
H___!
“_______;
_:_`__
_”
_`_'_
_*
_? “¿&_____)
____¡ _'____u_H“_____Y____w“
J“*____ä.M
_r_ug________"__'_______
H"______
___m_______,
mM_H___í
“M__ __"___J_
_J_}___h_M_______2¬__“
L;________
H
___ _h¡__'
_¡'______'
_n"___
_,_J3____d________:
"__,M________`
“__”
__`_
____
*N ___
b¡#__
___Hfl`_¬.__M___3'__
__
__u_u.
___
_J_ _¬__J__
J¿_mn__ Q`h"______
J__'
_):
___* __w_d_v___
mg"m@`_____U__
_“_fl_`_”__”
«___;`Ê
__%_'
___da
__.___*
~4`__?
“__
______
_F__'
_____
_'
______ _________”_ ___qJH`__“__h_L___
:_;__`_I__`ëP:__"__L.___
__Mu__F__”
“h__'
_`:__”_
___ _‹_¿N
_____`___Í_` __________r
__ `"__¡_*"¡__ `
___ ___Í
gnü___
_____;
____¬_._A____:__
^__¿___
E"_ ¶u
IH__)__
ú___
â_ ___
___'
Hà: _"H“____
_m_ ____mH__'
__*__ ~_____r_fl_`
M_fl___* umk
“Av
£fi_v__
_J”___? ___H_
__ú_r_"_v_
¬w?__v__3__ "q.__,fi_H_____*
__'_____“
_____
$_____
2____` `m__:_______
___íu‹,M____:
_"_'_í_!
__?? '__U
fl__¿_J__uv
w__J_v? @
M_`w“____ gm
__`___*
____'__S
d_Ê____ _u_.___'__*__
___¡"tE
__v__:___
__¿_
“___
___ mn¶__Í__
‹h___" _”I`___P~JI_fl,____
Y__i"“fJ___
___U; _____
mm___!
_H
i_u_“__?___*
_IV__” ___É
¿
__u__M
F_gw
_v
m__“
1_______
_m¶__L____
___
"w___“
_____¡
_l ___ w_;_fifi_____
___
__`
__h_*____
_“¿¡_
____J__
_n¬_“
Ã__
__U__
L_______“
___
__?______
______`
_m__I__
____$___u____
_______.
_¿___
______
_¿_____
h°_u__ _
__
__rI
____Q__H__”
,___
_fi*_
N; _h__w¡__
__“W_____¿_
_____mwH_¢BW_
______ _‹_______'_”,
_____q___h__ __¡__`_w____?_w____
_____ _____`_"”“_“_
Jü______
:__
“JAH_ ____¢a”_____v________
¢___w__$,
‹hI_"“__
_fl'____
'H!__ _^§__
“:LH___
______(
W _¿___u_m:
çm*__
Më'“____h
__1___w_h_"
¿
___¬_“
___h__} _m,___
_%HJҦ_:__
‹_“_”
“av_
__u_T_¬%__`
_¶R_____
___¡____¿ _m¿flfi_?
_¬____
H"_____
___A
__*
šiu
__mHfi__ ¡`_'l_`4~_
_xqi
__m__DV' `__“¬_Lu__n¶__"_¬___
_____
__
_H“m'_hfl¬_____-
i__ú_____
._¬¿_¡
___mA rw.1_____`_mm_fl_h_Í____hã_H'J_________‹
__`_'___¬'_
__:T
_____¬_'
_____H_
",`§M___. ___P›_Nø¡!_J_P"w4_`“”¡_\_.“_â_i__.
_`w”_'_üm¬_jW_“"4m_ ___ _ \Hh_ _ _fl _ _ _ m_ J_ w_ _ u~_'m,_¡ _ _

____¡_._
__'__
“P____*
*___f
_m_____
__”___
__'
__\___
____W
_______%__V____
_”,_
_ wm__Jw¿
_____fl`
_1_›_” _

_“_____?__ __
__äw
`___H____
______
__ ____

_'
_`__'
__
___*
______\__,II_____:
._H__¡_|` __ h

É__________¡__ __¿_¬

__ _ __
_ _DW__

Ê m ã S fâ Ê B Ê !® í
_____ __________H_M__
___”m_________
H_
________`
___ _________
___ _ _
____!_ _ _ ______f_
__;__‹_
__`:
_,Ygi ¡___"
m__¬_n
_ ______L_____
___;_____ƒ___`M_
_`__
_?__?
______
___¡_________h
__ )___:
I`l __
¿__
à___'_'__
__¬_
____
____

____
__ ______*_| _ __

mm
___

______
gr:_
__“___
_:__
___
I_'__.___IIW_
,____Au________
__`____Í:
__\
_____,_______¡_____H_u_l u_K__:¿JA_“__ ■m m
'____Lr_____“__
____"
____H__\ _____
_____ äH____ _ _ u
__L_“___
___*____
__'_____
rh.__?
I_____ ___ _ ___
___A___
______Í____]___
_____¡_
_ _r__ _E___b_
___ "______
_ L_ ___ _ _

:___
____
____1

MQ
m_____
____!
*_____:
"I_______ _ _ ____V_U “___ ~`¶.r_n_
____
:_w_“ __¿__b__'
______"__._h____
h__' dq'
___`__¶ ____'
_ _¬__
m_ _ __' :___
_"______
¡`
_ _“___¬
_“_ ía;
'W_____
_____:
“__J__u_¶_________
________
U__“__
_ __”__H¿_' ___
¬_“_&____
_____ _ ___u_ _fi _p F_ _ ¿ gl
______,_____ “____;
h_Q"
_“_____“"____rh'
____$.___.____'_____________¡___fi_ l___'____““___¿_
_ _ ______
_M___“_¶__h__ __!_ _.
m“_¬Ú¿__m______`__h“
___J___
____“
___. '____ _"{_'`_____"__ _._ _______ __JF”
______
___,
____' _h_ _ _¡____¡____h_
_ _____ _WH;
u_ __
___m__ `“.___1
_ "____¬
__
,_______
_ _V__ _°_'_H__`_
______
.______
___W__uü__
________` ___A)_____*
M"_____
*__
1_____
___._ _____“____”
__w______`___¬_¡___'___¬___Í “F
____ .__¶_
____F_q__
_`H__`___
_J_____
__ _\___
`__*__É
_”?_ H_
ä
“____
._,______
"___ _ d_ W_¬`_ _¢_ _ ¢_____
____|_______
_ ____
____
`4____

,_____'__M___;
_______“__”
__ __ _____
___:I ___y__¡___ _ __H_
_”
_____
_:_____H______ __ ___v_*r___¡h___m___¢______gJE
"~___“______n_:h _¿“_S____
___
__; ______“_mm__H_W d_____H_ ___3 k_'______M_`,UY__W_¬h__ N_ü%_ w_ f y t V & y ,- < ;

W_' ____
_____l¬_______
_¡ ___;_:____
_»_*__
__
___fi _____wwH_____
__
_¡Hv__ñ____B__
________Yfl_”_ _“"_ _

» § »
m
ÀA história
história ee seu
seu sentido"
sentido*

Há várias
várias maneiras
maneiraspelas
pelasquais
quaisumumlivro
livroe eumumautor
autorse se
tor-tor
nam clássicos.Caio
nam clássicos. CaioPrado,
Prado,com
comsua Formação
sua
Formação do doBrasil
Brasilcontem-
contem-.i
porâneo
porâneo,, passou
passou a ser autor obrigatório
obrigatório de de qualquer
qualquer estante
estante dede Ff
estudos brasileiros,pelo
estudos brasileiros, pelocaminho
caminhomaismais sólido,
sólido. PodePodenãonaoser ser
um úm
livro tão brilhante,
brilhante, do
do ponto
pontodedevista
vistadadaforma,
forma,como comoalguns
algunsdosdos
ensaios clássicossobre
ensaios clássicos sobre0 Brasil.
o Brasil. Pode
Pode nãonãoser ser
um umlivrolivro
tão tão docu
docu-
mentado
mentado ee baseado
baseadoem empesquisas
pesquisas pessoais
pessoais nosnos arquivos
arquivos poeiren
poeiren-
tos como as obras dos mais famosos historiadores que o antece-
tos como as obras dos mais famosos historiadores que o antece
deram. Mas poucos
deram. Mas poucoslivros
livrosfincaram
fincaramtão tãoduramente
duramenteememsolo solo
tãotão
profundo asraízes
profundo as raízesdedenosso
nosso conhecimento
conhecimento sobresobre o Brasil
0 Brasil Colônia.
Colônia.
O arcabouço
arcabouço do do livro
livro éé feito
feitoà àmoda
modadedeCerta certaarquitetura
arquitetura
moderna: sem escdnder
moderna: sem esconderososmateriais
materiais que
que compõem
compõem a obra
a obra e dei
e dei-
xando àà vista
vista oo travejamento
travejamentóprincipal.
principal.-AsAslinhas
linhas fundamentais
fundamentais

* “A história
história eeseu
seusentido?
sentido”SSenhor Vogue,1978,
enhor Vogue, 1978, p.p. 125.
125.Prefácio
Prefáciodadasérie
série Livros
Livros
indispensáveis à Compreensão do Presente. 6, publicada na seção “Resumo do
Indispensáveis â Compreensão do Presente, 6, publicada na seção “Resumo do
mês”
mes referente àà obra
›fl
obra de
deCaio
Caio Prado
Prado lr.,
Jr, Formação
Formação dodoBrasi!
Brasilcor:-temporrirreo.
contemporâneo.

I .I 1
,._ ...
r.

do estudo
estudo sãosão despojadas
despojadasdedetaltalforma
formaque,que, nãonão fosse
fosse a solidez:Â-t
a solidez
rt.
do argumento, não n| o haveria
haveria como
como esconder os os furos
furos eventuais
eventuais dada
obra, Não será
ob-ra. Não seráessa
essaa amaneira
maneiramais
maishonesta
honesta e mais
e' mais difícil
difícil de de
pas,pas
sar aa prova
prova dos
dosnove
novepara
paraentrar
entrarnonorolroldos
dosclássicos?
clássicos? ›1~


Iá foi dito por mim e por por outros
outros maismais competentes,
competentes,como como
AAntonio
ntonio Cândido,
Candido, que
que aaobra
obra de
de Caio
CaioPrado
Prado marcou
marcou uma uma geração
geração
logo que publicada. Urna geração, não; gerações sucessivas.
logo que publicada. Uma geração, não; gerações sucessivas.
Exatamente porque
porqueteráterásido
sidonela
nelaque,
que,pela
pela primeira
primeira vez,
vez, de de
forma sintética se interpretou
sintética se interpretouoosentido
sentidodadacolonização
colonizaçãoportu-
portu
guesa, seus
seus fundamentos
fundamentos econômicos,
econômicos, sociais
sociais ee políticos
políticoseesua
suacri-
cri
se. E, ao
se. E, aomesmo
mesmotempo,
tempo,CaioCaioPrado
Pradomostrou
mostrouque que muito
muito dada crise
crise
colonial perdurou
perdurou pelos
pelos séculos
séculosafora,
afora,vindo
vindomesmomesmoa aalcançar
alcançar
até hoje
hoje aabase
basededecertas
certasinstituições
instituições brasileiras.
brasileiras.
Quase t.odas
todas as
as grandes
grandesobras
obrassão
sãoprojetos
projetosinacabados.
inacabados. O
próprio Marx legou-nos apenas esboços do que seria o desenvol- 41
próprio Marx legou- nos apenas esboços do que seria o desenvol
vimento completo da sua sua obra.
obra.Talvez,
Talvez,sósóososmuito
muitodogmáticm
dogmátiap
possuídos pelo gênio -~ — ouou pela
pela paranoia
paranóia _ — da
da explicação
explicação total,
total,
num arroubo
arroubo .que faz aproximarem-se
que os faz aproximarem-se imodesta
imodesta ee pecaminii-
pecaminS-
samente
semente do do sentimento
sentimentodedeque queparticipam
participamememalgo algo
dada natureza
natureza
divina, pretendam explicar tudo
pretendam explicar tudo emem todos
todososostempos.
tempos»CaioCaioé éo o
oposto disso.
oposto disso.
Penetrou
Penetrou emem nossa
nossahistória
históriacom
comaamodéstia
modéstiadedetrabalhador
trabalhador
intelectual. Escreveu apenas um volume sobre a Colónia. Tenho
intelectual. Escreveu apenas um volume sobre a Colônia. Tenho
a impressão,
impressão, no nó entanto,
entanto,dedeque
quese se houve
houve autor
autor queque descreven
descreven-
do aa parte
parte chegou
chegouaoaotodo,
todo,esse
esse autor
autor foi foi Caio
Caio Prado,
Prado. SeuSeu ensaio
ensaio
mais recente, AA revolução
mais recente, brasileira,completa,
revolução brasileira, também despre-
completa, também despre
tensiosamente, comoquem
tensiosamente, como quemnão
nãoquer nada,a Formação
quernada, a
Formação âoBrasil
do Brasil
contemporâneo
contemporâneo,, dando-nos
dando- nos num
num flash,
flash, quase
quase flashback,
flashbâck, aa imagem
imagem
dinâmica de
de como
comooopassado
passadocolonial
colonialse se refez
refez no no presente,
presente, amar-amar
rando-nos a uma
uma situação
situação de
de dependência
dependência econômica
econômica ee aa insti-
insti
tuições político-sociais que, não sendo as mesmas da Colónia,
tuições político- sociais que, não sendo as mesmas da Colônia,
não são
são também as as de
de um
um país
país capitalista
capitalista avançado,
avançado,apesar
apesar---
— ee

144
por
por causa
causa -—da industrialização vinculada
-- da industrialização vinculada ao ao exterior
exterior eeda da forma
forma
como
Çgmo oo capitalismo
capitalismo seserefezrefeznonocampo.
campo.MaisMais ainda:
ainda: a mesma
a mesma ima-ima
gem
gem de de um
um Estado
Estadoburocrático
burocráticoque quenasceu
nasceu dasdas cinzas
cinzas do Estado
do Estado
absolutista
absolutista português?
português, reaparece
reaparece agôra como Estado
agora como Estado burocrático-
burocrático-
--¡;apitaIista,
capitalista, enroscando
enroscando as instituições econômicas
econômicas ee sufocando
sufocando
as
as instituições
iâpstituições políticas,
políticas, como
como outrora.
outrora. ;'
fl Entre
Entre asas muitas contribuições importantes
muitas contribuições importantes do do livro
livro básico
básicode de
Caio Prado está, está, emem primeiro
primeirolugar,
lugar,ooenfoque
enfoqueque queeleeleapresenta
apresenta
sobre
sobre aa relação
relação entre
entre Colônia
Colônia ee Metrópole.
Metrópole, Em Em vez
vezde deperder-se
perder-sena na
discussão
discussão estéril
estéril ee falsa
falsasobre
sobre aa qualidade
qualidade“feudal”
“feudal”das das instituições
instituições
coloniais ou sobre a réplica réplica moderna
moderna do- do mesmo
mesmo equívoco
equívoco -- - t4 íe
o=
de que existiu
existiu um modo de de “produção escravista”
escravista”-, Caio Caio Prado
Prado
traça com segurança
segurança oomapa mapada damina:
mina:sem
semque quesesecompreenda
compreenda a a
natureza da economiamercantilista,
da economia mercantilista,não naosesepode
podeentender
entender o sen
o sen-
tido da economia colonial. colonial*DeDefato,
fato,tudo
tudoquequesesefezfez emem terras
terras da da
América íbéríca, e talvez com mais nitidez na América portugue-
América
sa,
sa, foi ibérica» uma
foi construir
construir euma
talvez com mais
empresa
empresa que nitidez
que era de
era na América
de vocação
vocação portugue
comercial
comercial eede
de s
base agroescravista.
agroescravista.Foi Foioocapitalismo
capitalismocomercial
comercialemem expansão
expansão [e (e f
não*
não, portanto, a economia feudal europeia) europeia)queque instaurou
instaurouaagran- gran
de propriedade
propriedade agrária.
agrária.EEfoi foiaaescravidão
escravidãomoderna,
moderna, isto
isto é, capita-
é, capita-
lista-comercial, que mercantilizou
mercantilizou não nao aa força
força de de trabalho,
trabalho, mas mas oo
homem, lucrándo
lucrando no no comércio
comércio de deescravos,
escravos» e foi
e foi comocomo mostram
mostram
vários autores* atravésdedemonopólios
autores, através monopóliosrégios,régios,dosdos estancos,
estancos, que quea a
economia metropolitana se viabilizou.
Assim, comércio
Assim, comércio colonial,
colonial, escravidão,
escravidão, grande
grande propriedade
propriedade ee
monocultura
monocultura exportadora
exportadora constituíram as basesbasesdo
dosistema
sistemacolo-
colo
nia
nial.l Este continhé em sisicontradições essenciais:
continhá em essenciais: era
era “capitalista°§
“capitalista”
mas se baseava
baseava na
naescravidão;
escravidão;era eraempresarial,
empresarial,masmas reproduzia
reproduzia a a
cada instante
instante as
as amarras
amarrasde deinstituições
instituiçõesque
quenão
nãodavam
davam espaço
espaço às às
grandes transformações
transformações tecnológicas
tecnológicase esociais
sociaisque
que o capitalismo
o capitalismo
criava
criava com
com maior
maior vigor
vigor na
na Europa
Europa aa partir
partir da RevoluçãoAgrária
da Revolução Agrária
e da Revolução
Revolução Industrial.
Industrial.

145
145
AA estrutura
estrutura social
social do
do BrasU
Brasil Colônia
Colônia ee sua
sua estrutura
estrutura políti
politi-
ca, erigidas sobre
ca, erigidas sobreessa.
essabase,
base,
nãonão podiam
podiam serser senão
senão acanhadas
acanhada-s e e:
contraditórias: Estadoburocrá-ti-co
contraditórias; Estado burocráticopoderoso,
poderoso,convivendo
convivendocom como o
latifúndio escravista
escravistano noqual
qualoosenhor
senhordispensa
dispensaa afigura
figuradodofun¬
fun
cionário real; uma
cionário real; uma elite
elitesenhorial
senhoria!pcdantesca
pedantescae erude
rude_—exploran-
exploran
do
-do uma massa
massaenorme
enormededeescravos
escravose de
e de não
não proprietários.
prop.rietários.
BE esta
esta foi a segunda grande contribuição da obra de Caio
foi a segunda grande contribuição da obra de Gaio
Prado: mostrou comocomo 0o empreendimento
empreendimento rnercantilista-escravo»
mercantilista-escravo-
crata gerou
gerou uma
uma sociedade
sociedadesimples
simplesem em-seus
seuslineamentos
lineamentosfunda-
funda
mentai
mentaiss de
de exploração econômica ee social.
exploração econômica social. Daí
Daí aa enorme
enorme con-
con-
temporaneidade
temporaneída-de do dolivro:
livro:ao
aoressaltar
ressaltara áexploração
exploraçãodadaMetrópole
Metrópole
sobre
sobre aaColônia,
Colônia,ooautor
autornão
naóobscurece
obscurece o fundamental,
o fundamental, a saber:
a saber: na na
Colônia havia os mecanismos internos de exploração,
exploração, articulados
aos interesses externos. Mais ainda, na dinâmica entre
interesses externos. entre dependên-
dependên-
cia externa e exploração interna, Caio mostra como na fase da
cia externa e explorado interna. Caio mostra como na fase da ; .:
“crise do mundo colonial”
colonial” aapressão dos Cofres .Reais
Reais portuguesa
português^
sobre
sobre aa camada
camadasetorial
setoriallocal,
local,especialmente
especialmente nono caso
caso da da minera
minera-
ção, terminou por
ção, terminou por constituir,
constituir,na naColônia,
Colônia,germes
germesdederebeldia
rebeldiaeli-en
tre as
as classes
classesdominantes
dominantes locais
locais e como
e como a estes
a estes se somou
se somou o clamor
o clamor p
da plebe.
plebe.
Estamos longe,portanto,
Estamos longe, portanto,dos dossimplismos
símplismosque quecostumavam
costumavam
caracterizar
caracterizar osos enfoques
enfoquesglobalizantes.
giobalizantes.E Elonge
longetambém
tambémdasdasca-ca
racterizações gerais. A paixão do autor pela geografia, o senso do
racterizações
concreto - eugerais.
concreto— A paixão
quase diria, do autor
não fora o medopela
de geografia, o senso do
ser mal compreen-
compreen
dido, que
que neste
nesteponto
pontoháháuma
umasemelhança
semelhançaentre entreCaioCaio Prado
Prado e, e,
pasmem,
pasmem, seuséuantigo
antigoamigo
amigoLévi-Strauss,
Lévi^Strauss,não nãonanafase
fasedosdos mitos,
mitos,
mas nas agudas
mas nas agudasobservações
observações dos
dos Tristes trópicos^--,, legaram-
Tristes trópicos nos
legaram-nos
uma
uma obra de interpretação
obra de interpretaçãocolada
coladaà àrealidade.
realidade. A descrição
A descrição do do
po-po
voamento,
voamento, dada expansão
expansãomigratória
migratóriada daeconomia
economiado dogado,
gado,assim
assim
como a busca
busca atormentada
atormentadadede“por “porque
queo oescravo?”
escravo?” mostram
mostram a a
qualidade
qualidade dodopesquisador.
pesquisador
Tudo isso,
isso, last
lastbut
butnot
notleast,
least,nonocontexto
contextodedeumaumainterpreta-
interpreta

146
146
ção histórico- materialista, dialética.
ção .histórico-materialista, dialética. O
O método
método e achados inter-
e achados inter-
pretativos vão vãojuntos
juntosnonolivro
livrodedeCaio
CaioPrado.
Prado,SemSemque queele
eleesteja
estejaa a
cada instantebatendo
cada instante batendono nopeito
peitopara
parafazer
fazero oato
atodedecontrição
contriçãodos dos
marxistas acadêmicos,
acadêmicos. Usa Usao ométodo
métodocom coma asingelez-a
singeleza de de quem
quem
sabe quenão
sabe que nãobasta
bastacrer,
crer, é preciso
é preciso aprender.
aprender. E nãoE não se aprende
se aprende sin- sin
tetizando
tetizando aa partir do vazio:
partir do vazio: sósÔaa dura
dura busca
busca dadá rede
rede queque articula
articula os
os
fatos ee aa elaboração
fátos elaboraçãodedeconceitos,
conceitos, mesmo
mesmo quando
quando toscos, masmas
toscos, queque
mostrem a história
história concreta
concretano nomovimento
movimentodas dascoisas,
coisas,permite
permiteasas
grandes sínteses abertas.
abertas. Abertas
Abertas àà controvérsia,
controvérsia, sempre
sempre prontas
prontas aa
serem revistas
revistasanteanteoodado
dadonovo;
novo;construídas
construídassobresobre0 provisório,
o provisório,
pois o permanente
permanente só só sesepode
podealcançar
alcançarnonodogma,
dogma,e ea aciência,
ciêncja,
embora
embora não derivederive dada opinião,
opinião,tampouco
tampoucosesealicerça
alicerçaem emcertezas
certezas
metafísicas. Nestesentido
metafísicas. Neste tambémFormação
sentidotambém Formação do doBrasil
Brasilcontempo-
contempo
râneo
râneo éÉ um livro clássico. Propõeuma
clássico. Propõe umainterpretação
interpretaçãoseguramente
seguramente
mais sólida do que tudo que havia sido escrito anteriormente so-
mais sólida do que tudo que havia sidò escrito anteriormente so
bre nossa história.Não
nossa história. Naoéécompiacente
complacentecom comasas interpretações
interpretações ana-ana^
lógicas, cheias
cheiasde déorganicisrnos
organicismosultrapassados,
ultrapassados,dededeterminismos
determinismos
geográficos
geográficos ee raciais
raciais insustentáveis.
insustentáveis.Mostra Mostracomocomoa achave
chave parapari
explicar o passado
passadoeeaabússola
bússolapara
paraverver o rumododofuturo
0 rumo futurotêmtêmdede
ser buscadas
buscadasnas nasinstituições
instituiçõesque queas as classes
classes criaram
criaram e que
e que estasestas
se se
fundam
fundem na exploração econômica.Mas
exploração econômica. Masnão nãoafoga
afoganesta
nestaconstata-
constata
ção aa surpresa
surpresadadahistória,
história,nem
nem deriva
deriva mecanicamente
mecanicamente a cultura
a cultura e e
a política
política da anatomia econômica.
Ao
Ao contrario,
contrário., no
no livro
livro se
se procura
procura refazer
refazer como
como problema
problema
cada passo
passo dedeconsolidação
consolidaçãododosistema
sistema colonial,
colonial, mostrandosem-
mostrando sem
pre as incertezaseecontradições
as incertezas contradiçõesque quefinalmente
finalmenteo ominavam.
minavam.Não Não
basta aa referência
referêndtoa aestes
estes pontos
pontos parapara mostrar
mostrar a razão
a razão de escolha
de escolha
desse grande livro
desse grande livro como
como um umdos dosclássicos
clássicosdadaliteratura
literaturasobre
sobreo o
Brasil? Poucas outrasobras
Poucas outras obraspossuem
possuemtantastantas virtudes
virtudes escondidas
escondidas
em tão grande
grande simplicidade
simplicidadeexpositiva.
expositiva.

14?
I
F

AANTONIO
N T O N I O CCANDIDO
 N D ID O

E
wie'
:luiz
J'
Á- :-¬!
_-.'I'¬.

^coleção
coleção
Doc_uYM_ENTos
DOCUMENT BR.§s1LE1Ros
o S BR AS IL EI RO S
usmcrnà PORPon A FONSAfonso
DI RI GI DA O A RI mimos
N OS DE MOofémíuíí
ELO FRANCO muco |.¡Ã;'
›¬'Í`5¿“`¡3flÃ='
. :Í_*'|:`

=.'.
_.' ;.

118
118
Y. .¡
. \-I.
.Ç .â

ANTONIO CÂNDIDO
CANDIDO

OS PARCEIROS
PARCEIROS
1 DO
no ` 'F -r
'H

RIÕ
RIO BONITO
BONITO
Estudo sobre oo caipira
Estudo __sôbre caipirapaulista
paulistae ea a
transformação dosseus
transformação dos seusmeios
meiosde de
vidavida F

.ššâ
í
Lu/RAR1A José: om'-MP1o EDITORA "
LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO ED1TÔRA ‘ É'
Um ex - aluno'
eX»a1uno*

Quando entrei
entrei na
na Faculdade
Faculdade de Filosofia,
Filosofia, em 1949, Antonio
Ántonio
Cândido
Candido já era famoso. Havia pouco tempo realizara«se
realizara- se em São
Paulo um
um Congresso
Congresso de de Literatura. Oswald
Oswald de de Andrade,
Andrade, Pag^,
Pagu,
Sérgio Milliet
Millietee outros
outros personagens
personagens que povoavam
povoavarn aa imaginação
dos jovens da época
época sesetornavam
tornavam realidade
realidadepara
paranós.
nós.Assistíamos
Assistíamos
às apaixonadas discussões. José Geraldo Vieira*
Vieira, Carlos Burlama-
Burlama-
qui Kòpke
Kopke e tantos outros mais embeveciam-nos
embeveciam- nos ee nos confun-
confun
diam com suas tiradas criticas de difícil entendimento.
diamEracomépoca
suas do
tiradas
Museu
Museucríticas de recém-instalado
de Arte, difícil entendimento.
recém-instalado rua Sete
na rua Sete de
de
AAbril,
bril, do
doencontro
encontro surpreendente
surpreendentecom com pintores
pintores que
queconhecíamos
conhecia:-nos
só nos livros de arte, corno
como Rembrandt, Cézanne, Renoir, o retrato
impressionante
impressionantegdodo conde- duque de Olivares, e assim
conde-duque assim por diante.
Ressoava ainda aa presença
Ressoava ainda presençade deCamus
Camusem emnoites
noitescom
comdebates
debates

* wÜm
“Um ex- aluno*. In: Maria Angela D`lncao;
ex-aluno”. D’Incao; Eloisa
Elpisa Faria Scarabótolo
Scarabôtolo (orgs.).
(orgs.).
Dentro do íêxíp»
texto, dentro da vida: Ensaios
Ensaios sobre Antonio Cândido.São Paulo: C
A ntônio Candido. om
Com-
panhia das Letras; Instituto Moreira Salles.
Salles, 1992,
1992, pp.
pp. 37-40.
37-40.

1511
15
.:.-1 I
,z›z.t'.
'-' -r.
33%!
espetaculares
espetaculares ee seserepetiam
repetiamasasfofocas
fofocassobre
sobreapartes
apartesdede Roland5É,>¿='
Roland
Corbisier.'E,
Corbisier. E, mais
mais do do que
que tudo,
tudo, lia-se
lia-se com
com paixão
paixão outra vez os
outra vez os
magos
magos dada Semana
Semana de de Árte de 1922.Vez
Arte de 1922, Vez por
por outra,
outra, Blaise
Blaise Cendrafg
Cendrars
era citado, sem
sem ser
ser lido.
lido.E,E,sobretudo,
sobretudo,gigante
giganteentre
entretodos,
todos,Mário
Mário
de Andrade eraera oo guru
guru dos
dos “novíssimos”
“novíssimos” (aspirantes
(aspirantes a poetas),
poetas),
dos críticos, dos
dos literatos.
literatos. 'e

Pois bem, foi nessa época que conheci Antonio Candido, na


Pois bem, foi nessa época que conheci Antonio Cândido, na
Faculdade dede Filosofia,
Filosofia, que
queentão
entãofuncionava
funcionavana naEscola
EscolaNormal
Normal
da praça da República.
República. NaNa verdade
verdadeaaexpressão
expressão“conheci
“conheciAntonio
Antonio
Cândido”
Candido” éé incorreta.
incorreta, Deveria ter escrito “conhecemos Antonio
“conhecemos Antonio
Cândido”
Candido; porque
porque foi por
por intermédio
intermédio de de Ruth Corrêa Leite que
Leite que
melhor
melhor o0 conheci. tampouco isso
conheci. E tampouco isso basta:
basta: conhecemos
conhecemosGilda
Gilda
(Rocha de Mello e Souza) e A ntonio Candido.
Antonio Cândido. Ruth,
Ruth, como
Como Gilda,
é de
de Araraquara._
Araraquara. Para ela,
ela, mais
mais do
do que
quepara
paramim,
mim,asasmemórias
memórias
.* ■ # é• è' 4/fr Í; _
sobre Antonio Candido deitam raízes no modernismo, em Máifio
sobre A ntonio
de Andrade (deCândido
(de quem deitam
quem Gilda raíze^ no
éé prima),
prima), nomodernismo,
no interior
interiorcaipiraemde
caipira Mário
de Sfo
São
Paulo, enfim,
enfim, há toda uma história a enriquecer nosso nosso relaciona-
relaciona
mento. _ "
AAntonio
ntonio Caridido,
Õandido, eu
eu disse,
disse,jájá era
era famoso*
famoso. Famoso
Famoso eraera oo crí
crí- P
tico
tico literário.
literário. E benquisto era
era oo esplêndido
esplêndido professor.
professor.De Deavental
avental
branco — _ impecável
impecável —--› como
como os os professores
professores de sociologia usa~
de sociologia usa
vam
vam na na época,
época, Cândido, sempre discreto
Candido, sempre discreto ee charmoso,
charmoso,desloca-
desloca
va-se rápido pelos corredores
corredores parapara aa sala
saladedeaula.
aula.Cortes
Cortêse ealgoalgo
distante — - quase formal
forma] —---,»explicava
explicava com clareza a barafunda
sociológica que nos deixava
que nos deixavafascinados
fascinadose eatônitos.
atônitos.
AAntonio
ntonio Cândido,
Candido, como
como Florestan
Florestan Fernandes,
Fernandes, eraera assistente
assistente
do professor Fernando
Fernando dede Azevedo.
Azevedo.Este,Este,dedepincenê,
pincénê, jaquetãô
jaquetão e e
passo
passo firme,
firme, era durkheimiano ee superficialmente enciclopédi
superficialmente enciclopédi-
co.
co. Homem de luta ee posições
posiçõesdesafiadoras,
desafiadoras,fora foraum
umdos dosgran-
gran
des reformadores
reformadores da da educação.
educação.Mas Massuas
suasaulas
aulasnão
não discutiam
discutiam os os
temas que atraíam, então,
então, osos estudantes.
estudantes.Estes,
Estes»ououmelhor,
melhor, nosnós
estávamos mais
estávamos mais propensos
propensos aadescobrir
descobrirque
quediferença
diferençahavia
haviaentre
entre

152
sociologia
Sociologia eesocialismo,
socialismo,uma
umavezvez que
que queríamos
queríamos ser ser mesmo
mesmo é- so-é so
cialistas
cialistas eenão
nãosociólogos.
sociólogos.
Fiorestan nosparecia
Florestan nos pareciamaismaissociólogo
sociólogodo do
queque socialista:
Socifllifitfll Sell seu
passado
passado de deentusiasmos
entusiasmostrotskizantes
trotskizantes adormecera
adormecera no fundo
no fundo da da
vasta
vasta erudição sociológica. Ele
erudição sociológica. Ele tentava
tentavasensibilizar-nos
sensibilizar-nos (e(éconse-
conse
guia) para os
ãuia) para os grandes
grandestemas
temasteóricos
teóricos
da da constituição
constituição da sociolo
da sociolo-
gia como
gia como ciência
ciênciacom
comobjeto
objetoe métodos
e métodos próprios
próprios(como
(cornotambém
também
insistia Fernando de Azevedo) e com vocaç ão de‘ciência
insistia Fernando de Azevedo) e com vocação de “ciência empíri- empíri
ca" voltadapara
cafi voltada paraaapesquisa.
pesquisa. Penávamos
Penávarnos parapara
ver ver
como,como,
com comWe- Wê-
ber, Parsons,Mannheim,
ber, Parsons, Mannheim,Durkheim
Durkheimetc.,etc.,poderíamos
poderíamos construir
construir
um arcabouço teórico
teórico que
quelevasse
levasse àquilo
àquilo aa que
que aspirávamos:
aspirávamos: ¡re- p~
construir aa sociedade
sociedadeem embases
bases melhores.
melhores.
AAntonio
ntonio Cândido
Candido nos
nos explicava
explicavaWeber
Weber ee tinha
tinha aa aura
aura de
de ser
ser
militante do Partido
Partido Socialista.
Socialista.Eu,
Eu,que
quenanaépoca
época sofria
sofria influên
influên-
cias políticas mais radicais, temperadas pelo nacionalismo popu-
cias
lista, políticas
lista, ficava mais radicais,
ficavadesconcertado.
desconcertado. temperadas
Fiorestan
Florestan o pelo
era era o pão
pão nacionalismo
cotidiano,
cotidiano, popu
o mes-o mes
tre de
de cada
cadahora.
hora.Antonio
AntonioCandido,
Cândido, o doce
0 doce charme
charme do intelectual
do intelectual
de escolmas
de escol mas“participante”
‘‘participante” (imaginávamos).
(imaginávamos). í
Quando já estávamos
estávamosnanarua ruáMaria
MariaAntônia,
Antônia,não nãomemeesque-
esque
ço de um
ço de um curso
cursoquequeAntonio
AntonioCandido
Cândidodeu deusobre
sobre literatura
literatura brasi
brasi-
leira
leira (cadeira da qual
qual era
era livre- docente) ee especialmente
livre-docente) especialmente sobresobre os
os
árcades. Expunhaososesboços
árcades. Expunha esboços da Formação
da
Formação daliteratura
da literaturabrasileira,
brasileira
,
livro
livro que sairia em
que sairia êm1957.
1957.Eu,Eu,que
que assistia
assistia às aulas
às aulas junto junto
comcom
Ruth,Ruth,
pensava com
pensava com meus
meusbotões:
botões: nunca
nunca serei capaz
serei de tanta
capaz límpidez,
de tanta limpidez,
elegância
elegância eeerudição.
erudição. Dava
Dava inveja
'inveja é admiraçãow
e admiração.
Àquela
Àquela altura,
altura, por
por volta
volta dede 1951,
1951, jájá havia
havia alcançado
alcançado certa
certa
intimidade coft
com Antonio Cândido
Candido ee Gilda.
Qilda.Eles
Elesmoravam
moravamnanarua rua
dos Perdões,
Perdões,nanaAclimação.
Aclimação. NomeNome apropriado
apropriado o daorua:
da rua: eu deveria
eu deveria
ter feito aa cada
ter feito cadavez
vez que
que fui
fui visitá-los
visitá- los 0o que
que faço
façoagora,
agora,pedir
pedirmil
mil
perdões peloabuso
perclões pelo abusododotempo
tempo nasnas conversas
conversas espichadíssimas
espichadíssimas que que
tínhamos. Cândidoééum
tínhamos. Candido umcauseur
causeur formidável.
formidável.
Conta histórias, faz humor, é irônico, ensina, enfirn, ho-
Conta histórias, faz humor, é irônico, ensina, enfim, ho-
153
mem
mem de de salão,
saião,sósóque
que à moda
à moda moderna,
moderna, comcom naturalidade,
naturalidade, sem sem
nenhum pedantismo.E EGilda
nenhum pedantismo. Gildasempre
sempre foifoi o que
o que continua
continua sendo;sendo:
irradia emoção.,
emoção,argúcia
argúciaintelectual,
intelectual, posições
p-osições firmemente
firmemente toma-toma
das eebeleza.
beleza*
Esse convívio,que
Esse convívio, quenão nãoeraera freqüente
frequente masmas era motivador,
era motivador,
marcou-
marcou-me me muito mais do que Antonio
mais do Antonio Candido
Cândidopodepode imaginar.
imaginar»
Mais tarde,
Mais tarde,jájácolegas
colegasn-anaruaruaMaria
MariaAntônia,
Ántônia, continuei,
continuei,guardada
guardada
a distância
distância entre aptidões didáticas
entre minhas aptidões didáticas eeintelectuais
intelectuaise easasdele,
dele,
aa tê- lo como
tê-lo como ponto
pontode
de referência
referência constante.
constante.
Êm
Em outro depoimento,1 na homenagem
outro depoimento,' homenagem dos dossessenta
sessenta anos,
anos,
registrei comopercebo
registrei corno perceboa ainfluência
influência intelectual
intelectual do do sociólogo
sociólogo An- An
tonio Cândido, especialmentcem
Candido, especialmente em Os parceiros
parceiros doâo Rio
Rio Bonito.
Bonito,Nao
Não
sei se
se tive
tiveaaoportunidade
oportunidadedede comentar
comentar a admiração
a admiração .que que
tenhotenho
pelos seus minirretratos
pelos seus minirrgtratossociológicos
sociológicos (como
(como aqueles
aqueles pequenos
pequenos
grandes quadros que são as miniaturas dos pintores flamengos)
grandes quadros que são as miniaturas dos pintores flamengos)
ao estilo
estilo das
das cartas
cartas do
do “tenent-inho”"que
<<tenentinho,,vque foi
foi àà Guerra
Guerra dodoPara*
Para*
guai
guaí ou do livreto
ou do livretosobre
sobrea admirável
a admirável lutadora
lutadora Teresina,
Teresina, são flashes
são flashes
fulgurantes de aspectos pardais
parciais da
da sociedade
sociedade queque iluminam
iluminamde íé ■
repente todauma
repente toda umaépoca.
época.
Mas não
não cabe
Cabeneste
neste depoimento
depoimento fazer
fazer análises
análises intelectuais,
intelectuais.
Quero apen as deixar registrado,
apenas registrado,como
como ex-aluno,
ex- aluno, ex-colega
ex-colegaeeper»
per
manente admirador,meu
manente admirador, meuapreço
apreçoporpor Antonio
Antonio Cândido.
Candido. É certo
É certo
que nem sempre coincidimos nas opções, nas apreciações, no es-
que Mas
tilo. nem tanto
sempre
tanto na
coincidimos
na visão
visão nas opções*
da Universidade
da Universidade nas apreciações,
- ee Antonio
Antonio Cândido, no es
Candido,
como bom discípulo
como born discípulodedeFernando
Fernandode de Azevedo,
Azevedo, deudeu importante
importante
contribuição
contribuição ao aoconhecimento
conhecimentoe àecrítica à crítica da escola
da escola brasileira
brasileira - —
quanto
quanto nono amor
amor ààliberdade,
liberdade,aí,aí, sim,
sim, coincidimos.
coincidimos.
Antes
Antes de
de terminar
terminaresteeste escrito,
escrito, quero
quero fazer
fazer referência
referênciaaa uma
uma
aventura poli-ticodntelectual
poíítico-intelectual comum.
comum. Na Na época
época sombria
sombria dada di-
di
tadura --— ee Antonio
Antonio Candido
Cândidofoi foiimpecável,
impecável,destemido
destemido e solida*
e solidã-
rio —^ entre
rio -z, entresuas
suasmúltiplas
múltiplas manifestações
manifestações de resistência,
de resistência, houve houve
uma quequefoi
foi marcante
marcanteparaparamim.
mim*Junto
JuntocomcomPaulo
PauloEmílio
EmílioSales
SalesGo¬
Go-

154
mes, Fernando Gasparian
Gasparian ee eu,
eu, Antonio
A ntônio Candido
Cândido lançou-se
lançou- se com
com
entusiasmo
entusiasmo aa uma Umanovanovapublicação,
publicação, Argumento
a revista
a revista Argumento..:Assim
Assim
como,
como, em emépoca
épocananaqual
qualeueu
nãonão existia
existia intelectualmente,
intelectualmente, Cândido
Candido
fora
fora 0o animador
animadorda revistaClima>
darevista Clima, que balançou oo coreto
que balançou coreto dadajovem
jovem
intelectualidade paulista,com
intelectualidade paulista, com Argumento
Argizniauto balançou-
balançou-sese aa modorra
rnodorra
que
que aa ditadura
ditaduramilitar
militarimpôs
impôsà àvidavidacultural
culturaldosdosanos
anos1970.
1970,
Foram sósó quatro
quatronúmeros
númerospublicados.
publicados.Dezenas
Dezenasdede milhares
milhares.
de exemplares
exemplares vendi dos e,
vendidos e, sobretudo,
sobretudo,um umsinal
sinal de
deresistência
resistência.inte-
inte-
lectual-moral
lectual-moral ao ao bandalhismo
bandalhismo da da época.
época. Utilizando
Utilizando como
como ponto
ponto
de encontro
encontroooCebrap
Cebrap(instituição
(instituiçãoque quejá já
eraera
de de resistência
resistência e que
e que
sempre contou com
sempre contou com o aval de
o aval de Antonio
A ntônio Candido),
Cândido), urdíamos
urdíamos ps jts
maneiras pelasquais
maneiras pelas quaisseria
seriapossível
possível publicar
publicar comcom independência
independência
Crítica umarevista.
crítica uma revista.Contra
Contrafatos
fatos(isto
(istoé,é,arbitrariedades),
arbitrariedades),dizia
diziao o
slogan
slogan dada revista,
revista,háháargumentos.
argumentos.
O iluminismo
O iluminisrno que
que pregávamos
pregávamos foi,
foi, naturalmente,
naturalmente, apagado
apagado
pela estupidez
estupidezdadacensura.
censura.Mas,
Mas, mesmo
mesmo proibida
proibida Argu
a revista
a revista Argu-
mento
mento —-~ em pleno
pleno governo Geisel,
Geisel, com A rmando Falcão cómq
Armando como
ministro da Justiça,
Justiça,eeapesar
apesardas
dasdeclarações
declarações de de
boasboas intençõel
intenções
dos generais Cordeiro de Farias e Golbery -., ^ vencia nossa tese:
argumentávamos
argumentávamos que quenãonãocederíamos
cederíamosaosaos fatos
fatos arbitrários.
arbitrários. Não
Não
cedemos. Mesmofechada
cedemos. Mesmo fechadaa arevista,
revista,aosaos poucos
poucos fomos
fomos recons
recons-
truindo
truíndo um clima deliberdade.
clima de liberdade.
Ê esse o Antonio Candido que eu admiro. O Antonio Candi-
Ê esse o Antonio Cândido que eü admiro, O A ntonio Cândi
do que pôsremprática
que pôs‹em práticao oque
que nosso
nosso saudoso
saudoso amigo
amigo Cândido
Cândido Pro-
Pro~
cópio FerreiradedeCamargo
copio Ferreira Camargogostava
gostavadede dizer
dizer (e (e
de de praticar)
praticar) sobre
sobre a a
educação jesuítica:que
educação jesuítica: queelaela ensina
ensina a esconder
a esconder as virtudes.
as virtudes. Antonio
Antonio
Cândido
Candido Éé umum corajoso.
cérajoso.Antonio
AntonioCandido
Cândidoééum umerudito.
erudito.Antonio
Antonio
Cândido
Candido éé um um grande
grandeprofessor.
professor.Antonio
AntonioCandido,
Cândido,sobrasobradizer,
dizer,
é oo intelectual
intelectualporporexcelência.
excelência. E éE também,
é também, a seu
a seu modo,
modo, umummi-mi
litante,
litante. É tudo isso, com carioca- amineirado, está
com discrição; carioca-amineirado, estápre-
pre
sente ondeééreclamado
sente oude reclamadocom com ar ar
dedequemquem
pedepede desculpas;
desculpas; carrega
carrega
até na pronúncia acaipirando-a
acaipirando- â às vezes,
vezes, para
para melhor disfarçar
disfarçar oo

155
W
'E-:
, 1 an-_.
. -
J_.-u j_f__'
'_"':':_"
I'-;-;¡.¡.:›..'
| ç. q;._
._ ._
' _ _ u. ..-.-.
‹.._
5,
que é:é: homem
homem do
do mundo
mundoc,e,por
porisso
issomesmo,
mesmo,tãotão marcadamente
marcadamente
localizado. L 'Ê

Outro
Outrø igual
igual aa Antonio Cândido,
Candido, sósó mesmo
mesmoterm-i-nando
terminandoÊ; àiala
Garcia
García Lorca: custará
custarámuito
muitoaanascer.
nascer. f ¬.I=J¡¡

r
I: f'
..'_- É
+-
-'E5
HFÍ?

...¿

'u a
_r_
:
._-z.z.:'‹.
i*
,-,g

,Q-.

ü .

Fm*
¬\.

|L

1515:
AA fome
fome ee âa crença:
crença:
sobre
sobre Os
Os parceiros
parceiros do
do Rio Bonito**
Rio Bonito

'!

Escrevi háhá algum


algum tempo
tempo quequeminha
minhageração
geraçãoteve
tevecomo
comoum um
de seus modelos culturais
culturais oo Antonio
Antonio Candido,
Cândido, que que sese inspirava
inspirava
no ensaísmo inglês,
no ensaísmo A alguns
inglês. A alguns aa observação
observação desnorteou.
desnorteou. Basta
Basta reler
reler
Os parceiros
parceirosdoâoRioRioBonito'
Bonito1 para atinar Com
com oo sentido
sentidoda daafirma-
afirma
ção, Seêé verdade
ção. Se queLes
verdade que StrueturesElémentaires
Les Structures Elémeritaires deãe
la la Parenté
Parente de
Lévi- Strauss respingam aqui
Levi-Strauss aqui ee aii
ali na inspiração ee nasnas notas
notas de
de
rodapé,
rodapé, oo andamento
andamentoda dapesquisa,
pesquisa,o oestilo
estilodadaexposição,
exposição, o enca-
o enca-
deamento entreos
deamento entre osgrandes
grandestemas
temasgerais
geraise ae minúcia
a minúcia da da descrição
descrição
têm muito mais a ver com Evans-Pritchard,
Evans- Pritçhard, com Raymond Fifth, Firth,
com Malínowski
com Malinowski ouou com
com as as fontes
fontesde
dereferências
referênciasmais
maisimediatas
imediatas

-- embora menos persistentes
persistentes— - que estão citadas
citadas na introdução
e no correr da obra, como Audrey Ríchards.
Richards.
Neste sentido,
sentido,oolivro
Kvroconstitui
constituium
umesforço
esforçosingular
singulare,e,como
como

* “A fome e a crença (SobreÓs


crença (Sobre parceirosdodoRio
Os parceiros RioBoníro)”.
Bonito)”.In:
In: Afonso
Afonso Arinos
Arinosetet
al,
ai. Esboço
Esboço dedefigura:
figura:Homenagem
Homenagem a Antonio
a Antonio São
Cândido.
Candido. Paulo: Duas
São Paulo: Duas Cidades,
Cidades,
1979, pp. 89400.
89-100.

15?
mostrarei
mostrarei aa seguir, ficou, até
seguir, ficou, até certo
certoponto,
ponto,comocomoum ummarco
marcomuito
muito
mencionado
-mencionado mas. pouco desenvolvido.
mas pouco desenvolvido.Talvez
Talveztenha
tenhasido,
sido,junta~
junta^
mente comAA organização
organizaçãosocial
socialdos
dos TTupinnmbcí
upinambá de Florestan
FlorestanFer-Fer*
srcinal da
nandes, a contribuição mais original daciência
ciência social
social brasileira
brasileira
na época. Os dois livros, apesar
apesardisso,
disso,não
nãofizeram
fizeramescola,
escola, embora
embora
seus autores aa fizessem
seu-s autores fizessematravés
atravésdedeoutras
outrasobras.
obras. Por
Por quê?
quê?
Antes
Antes dede lançar- me aa especular
lançar-me especular sobre
sobre esse
esse aspecto
aspecto dada vida
vida
cultural
cultural paulista,
paulista, convém
convém esmiuçar
esrniuçar aa contribuição
contribuição de deAntonio
Antonio
Cândido,
Candido, para
para melhor
melhor situar
situar ee avaliar
avaliar aa importância
importância de de Os par-
par*
ceiros doRio
ceiros do RioBonito.
Bonito.
O
O andamento
andamento de de Os parceiros
parceiros da
do Rio Bonito
Bonito ddesdobra-se
esdobra-se em
três níveis: 0o estudo
estudo dos
dosmeios
meiosde devida
vidadodocaipira
caipirapaulista,
paulista,aoao esti
esti-
“análises de
lo das “análises decomunidade”
comunidade”dadaboa boainspiração
inspiraçãoantropológica;
antropológica;
a caracterização mais geral
caracterização mais geral da
da cultura
culturadodocaipira;
caipira;eea apreocupação
preocupação
teórica com a importância dos “minimos de sociabilidade'Í Tudo
teórica com a importância dos “mínimos de sociabilidade”. Tudo
isso é encarado,
encarado, sem
sem perder
perder de
devista
vistâaaperspectiva
perspectivamais
maisgeral:
geral:,ti6 J
caipira e sua cultura, bem bem como
como suasua adaptação
adaptação econômico-eco
econômico-eco-
lógica, dão- se no contexto de
dão-seno de uma
uma sociedade
sociedade mais
mais ampla
ampla que
que cb-
co
loca continuamente desafios novos àà sua
desafios novos suasobrevivência.
sobrevivência.DaíDaíque
que
o livro tenha
tenha três
três partes fundamentais: na
partes fundamentais: na primeira
primeira estuda
estudaaavida
vida
caipira tradicional,
tradicional, na
na segunda,
segunda, aa situação presente
presentee,e,na
naúltima,
última,
se faz
faz aa análise
análise dos
dosprocessos
processosdedemudança.
mudança.
AA questão
questao teórica
teórica central
central dos
dos “mínimos
“mínimos dede sociabilidade”
sociabilidade”
aparece desdeaaintrodução
aparece desde introduçãometodológica:
metodológica:

(...] dir-se-á
dir-se-á então,
então,que
que um
umgrupo
grupoououcamada
camadavive
vivesegundo
segundomini»
míni
mos vitais
vitais eesociais
sociaisquando
quando se pode,
se pode, verossimilmente,
verossimilmente, supor quesupor que
com menosrecursos
com menos recursos de de subsistência
subsistência a vidaaorgânica
vida orgânica
não serianão
pos-seria pos
sível,
sível, eecom
commenos
menos organização
organização das relações
das relações não
não seria seria
viável viável a vida
a vida
social: teríamosfome
social: teriamos fome nono primeiro
primeiro caso,
caso, anomia
anomia no segundo
no segundo.: .2

AA partir
partir dessa
dessa perspectiva,
perspectiva,pela
pelaqual
qualse
sepõe
põeênfase
ênfase no
no entrecruza-
entrecruza~

158
mento entre
entre natureza
naturezae ecultura.,
cultura,ososmeios
meiosdedesubsistência
subsistênciade de
umum
grupo passam
passam aaser servistos
vistossimultaneamente
simultaneamenteememfunção função
dasdas “rea
“rea-
ções culturais”que
ções culturais” quesãosão desenvolvidas
desenvolvidas sobsob o estímulo
o estímulo de “necessi
de “necessi-
dades básicas”
básicas”.. Ao
Aò redor
redor dadanecessidade
necessidade de de alimentação
alimentação- — básica
básica
por definição
definiçãocomo
comorecurso
recursovital
vitale epassível
passível
dede
serser regulada
regulada social
social-
mente —rvê-se
mente -«- vê-secomocomonatureza
natureza e cultura
e cultura constituem
constituem umum mesmo
mesmo
e diferenciado todo.
e diferenciado todo.
Desde
.Desde oo capítulo
capítulo1l,, Antonio
Antonio Cândido
Candido desenha
desenha oo perfil
perfil do
do
caipira. Mostra que
caipira. Mostra queaaagricultura
agriculturaextensiva
extensivae eitinerante
itinerantefoifoium
um
recurso para estabelecer
recurso para estabelecer0 oequilíbrio
equilíbrioecológico,
ecológico, ajustando
ajustando a ne
a ne-
cessidade vital dedesobrevivência
cessidade vital sobrevivênciaà àfalta
faltadedemeios
meios técnicos
técnicos pata
pala
dar
dar maior
maior produtividade
produtividade ààterra.
terra.AA dieta
dietado docaipira,
caipira,ver~se-á
ver-se~ánonó
capítulo
capítulo 22,, éé pouca
poucaeerequer
requerum ummínimo
mínimodedeorganização
organizaçãosocial
social
limitado
limitado àà sobrevivência
sobrevivênciadodogrupo,
grupo,dadas
dadasasas condições
condições ecológicas,
ecológicas,
culturais e da expansão do povoamento? Esse ajustamento foi
culturais e da expansão do povoamento .3 Esse ajustamento foi
sendo estabelecidononodecorrer
sendo estabelecido decorrer dos
dos anos.
anos. A dieta
A dieta do do bandeirante
bandeirante
não era
era igual
igual ààdo
dopovoador
povoadordos dosséculos
séculos posteriores,
posteriores, queque
eraera mais
mais'
if
.. r
estável. Masasasvariações
estável. Mas variações (como,
(como, porpor exemplo,
exemplo, o açúcar
o açúcar quequeexis-exis
tiu no século
séculoinicial
inicialpara
paralogo
logoescassear
escassear ouou o arroz
o arroz queque substituiu
substituiu
mais tarde
tarde aamandioca)
mandioca)giraram
giraramaoaóredor
redordodo“triângulo
"triângulobásico
básicodada
alimentação
alimentação do docaipira":
caipira”;feijão,
feijão,milho
milhoe emandioca.
mandioca.EsteEstetriângulo
triângulo
era completado
completadopela pelacoleta,
coleta,pela
pelacaça
caça e pela
e pela pesca.
pesca.
Sem grandes modificações foram estes os mínimos alimen-
Sem grandes modificações foram estes os mínimos alimen-
tares mobilizadospelos
tares mobilizados peloscaipiras
caipiraspaulistas
paulistasatéaté a entrada
a entrada dodo sécu
sécu-
lo xx.
xx. Como
Como sustentáculo
sustentáculo dodofuncionamento
funcionamentodessa dessaeconomía
economiadede
sobrevivência desenvolveram-se
desenvolveram- se formas específicas
específicas de sociabili-
sociabili
dade, queAntonio
dade, que ÁntorifoCandido
Cândidotrata
tratano
nocapítulo
capítulo3.3.Por
Porcerto,
certo,a avida
vida
caipira supõe contatos com os pontos de comércio
comércio ~¬ os povoa- povoa
dos e vilas
vilas—
-- nos quais se
se compra sal,
sal> algum pano para roupa roupa etc.
etc.
Mas oo que
que caracterizou
caracterizou0 opovoamento
povoamentocaipira
caipirafoifoisua
suadispersão.
dispersão,
Quais teriam sido as relações de sociabilidade desenvolvidas nes-
Quais teriam sido as relações de sociabilidade desenvolvidas nes
te processo?
processo?Sem
Semque
quese se perca
perca de de vista
vista queque o povoador
o povoador disperso
disperso
encontrava
encontrava ponto
ponto de apoio nos
de apoio nos núcleos
núcleoscondensados
condensadosdedepopula-
popula -E-\

ção, éé fundamental
fundamental perceber
perceberquequeo omorador
moradordadafazenda,
fazenda,dodosítio
sítio
ou do casebre distantedesenvolveu
casebre distante desenvolveurelações
relaçõesdede vizinhança
vizinhança queque :

constituíram
constituíram uma
uma estrutura
estrutura intermediária na na qual
qual suas
suas relações
relações
sociais básicas
básicas repousavam.
repousavam.Entre
Entrea família
a famíliae oe povoado,
o povoado, estavam
estavam
os bairros, ou seja, gruposrurais
seja, grupos ruraisdedevizinhanças:
vizinhanças:“Este
“Este[o[obairro]
bairro)
é a estrutura fundamental
fundamental da da sociabilidade
sociabilidadecaipira,
caipira,consistindo
consistindo
no agrupamento
no agrupamento de de algumas
algumas famílias,
famílias, mais
mais ouou menos
menos vinculadas
vinculadas
pelo sentimento de localidade, pela convivência, pelas práticaspráticas de
de
aux ílio mútuo
auxílio mútuo e
e pelas atividades ludico-
pelas atividades religiosas”.4
lúdico-religi05as”.4
Por vezes, no passado como
como hoje,
hoje, o viajante pode
pode equivocao
equivocar-
-se
-se e vislumbrar na
e vislumbrar distância’entreasascasas
na díStância'entre casasum umisolamento
isolamentocultu-
cultu
ral ee social maior do que aquele
aqueleque
queocorre
ocorrenanarealidade.
realidade.Mesmo
Mesmo
separados por tvazios
ozí os de casas,
casas,ososbairros
bairrosmantêm
mantêmososmíninlos
mínimos
<£í
de comunicabilidade necessáriosà àreprodução
cornunicabilidade necessários reproduçãodadavida vidamaterial
material'E ._,-

e cultural do caipira. É neles queçše desenvolvem as formas de A

e cultural do caipira. Ê neles que se desenvolvem as formas $e -4

sociabilidade, como
como oo mutirão,
mutirão,aavida
vidareligiosa,
religiosa,aavida
vidafamiliar.
familiar.
Por isso^o
isso,=o `% *` -.i
I'

bairro [...]
[... Jé éo agrupamento
o agrupamento básico,
básico, unidadeunidade por excelência
por excelência da so- da so
ciabilidade caipira.
ciabilidade caipira. Aquém
Aquém dele,dele, não
não há hásocial
vida vida estável,
social estável,
e sim o e sim o
fenômeno ocasional
fenômeno ocasional do do morador
morador isolado,
isolado, que tende
que tende a superar
a superar este este
estádio,
estádio, ououcaircair
emem anomia;
anomia; alémalém
dele, dele, há agrupamentos
há agrupamentos comple- comple
xos, relações mais seguidas com o mundo exterior, caracteristicas
xos,
duma relações maismais
sociabilidade
duma sociabilidade
seguidas
mais coma ounidade
rica.rica.
Ele éEle émundo exterior,
a unidade
em queem
características
que se ordenam
se ordenarn
as relaçõesbásicas
as relações básicas da vidá
da vida caipira,
caipira, rudimentares
rudímentares como
como ele. É umele. É um
mínimo social
, equivalente
mínimo social, equivalente nono plano
plano das das ao mínimo
relações
relações vital
ao vital
mínimo
representad o pela
representado peladieta,
dieta,jájá descrita?
descrita.5

Terminada aa demanda
demandade deidentificação
identificaçãodosdosmínimos
mínimosbioló-
bioló
gicos e sociais,
sociais, Antonio Candido
Cândido lança-se
lança-se àà análise
análise da
da cultura
cultura do
do
caipira. No capítulo
capítulo S5 descreve
descrevededeforma
formaluminosa
luminosasuas
suascaracte-
caracte-
rísticas centrais:ela,
rísticas centrais-: ela,“como
“comoa do a do primitivo,
primitivo, nãonão foifoi feita
feita parapara
o o
progresso:
progresso: aasua suamudança
mudançaé oé seu o seufim,fim, porque
porque estáestá
baseadabaseada
em em
tipos precáriosdedeajustamento
tipos precários ajustamentoecológico
ecológico e social,
e social, queque a alteração
a alteração
destes provocaa aderrocada
destes provoca derrocada dasdas formas
formas de de cultura
cultura porporeleseles
condi-condi
cionada ” 6 Séus
cionada'Í5 componentesfurldamentais
Seus componentes fundamentaissão sãoo i.S0l&1`1'1€HÍOz
o isolamento, H a
poájse iei terras,
poflpe de terras, oo trabalho
trabalho doméstico,
doméstico, oo auxilio
auxílio vicinal,
vicinal, disponibi-
disponibi-
lidade de
de terras
terras e margem de
e margem de lazer.
lazer. AA posse
posse de de terra
terra (Sob
(sobHaformflforma
lidade
da ocupaçãode
da ocupação defato
fatoe eprecária
precáriadede áreas,
áreas, queque tornava
tornava os caipiras
os caipíras
agregados)
agregados). está condicionada,naturalmente,
está condicionada, naturalmente,à àdisponibilidade
disponibilidade dede
terras, quepor
terras, que porsuasuavezvezsupõe
supõe o latifúndio
o latifúndio improdutivo
improdutivo e aemi-
a mi
gração, cadavez
gração, cada vezquequeo oproprietário
proprietário dádá destino
destino produtivo
produtivo direto)
diretol
àà terra.
terra. OO trabalho
trabalhodoméstico
domésticoé éa pedraa pedraangular
angular dasdas relações
relações de de
trabalho numa economia
trabalho numa economiabaseada
baseadaem emmínimos
mínimose equase quase sem semex-ex
cedentes;
cedentes; oolazer
lazerextenso,
extenso,vulgarmente
vulgarmenteconfundido
confundidocom coma vadia
a vadia-
gem, era mais
gem, era maisum um“desamor
“desamoraoaotrabalho”,
trabalho”, o qual
o qual estava
estava “ligado
“ligado à à
desnecessidade dede
desnecessidade trabalhar,
trabalhar,condicionada
condicionada pela faltafalta
pela de estímulos
de estímulos
prementes,
prementes, aatécnicatécnicasumária
sumáríae, e, emem muitos
muitos casos,
casos, a espoliação
a espoliação
eventual
eventual da daterra
terraobtida
obtidaporporposse
posseououconcessão??
concessão”/
Se bem
bem que que fazendeiros
fazendeiros(de (decana,
cana, gado e, e, depois,
depois,dedecafé) café)
pudessem participar da cultura caipira, por seu
pudessem grau de
seu grau de rusticida-
rusticida-
de,
de, por seuscostumes
por seus costumes e sua sua fala,
fala,não
nãoconstituíam
constituíamparte parteintegran
integran-
te ddela.
ela» Essa
Essa in tegrava-se por sitiantes
integrava-se sitiantes pioneiros e agregados, os
e agregados,
quais, emborana
quais, embora namaioria
maioriadas dasvezes
vezes fossem
fossem oriundos
oriundos dosdos mesmos
mesmos
troncos familiares daqueles, não puderam empregar mão de obra
troncos familiares daqueles, não puderam empregar mão de obra
servil do índio
servil do índio ou
oudodonegro,
negro,nemnemtiveram
tiverammeios
meiospara
pararecorrer
recorrerao ao
colono estrangeiro mais
mais tarde. A cultura caipira
caipira refugiouse
refugiou- se entre
entre
os que,sendo
os que, sendohorfiens
horifenslivres,
livres, não
não consolidaram
consolidaram a posse
a posse legítima
legítima
das terras.Sem
das terras. Sema aconstituição
constituiçãodododireito
direitodede propriedade
propriedade e sem
e sem
disponibilid ade de recursos
disponibilidade recursos que tanto permitiam
permitiam aquela
aquela como
como as-
as
seguravam condiçõespara
seguravam condições paracompra
compradada força
força de de trabalho
trabalho alheia
alheia à à
família,
família, oo caipira
caipiraseseenquistou
enquistou emem holsões
bolsões de resistência
de resistência (testemu
(tester_nu~
nhas vivas de outra. época) nos interstícíos dos amplos latifúndio s.
nhas vivas de outra época) nos interstícios dos amplos latifúndios.
1151
. Iv
J
atriz

Foi assim que


que Antonio
Antonio Candido
Cândido os encontrou
encontrou na na época
época dada
pesquisa
pesquisa dê campo, que
de campo, que éé descrita
descritananasegunda
segundaparte partedodolivm
livro.
Nesta, além
além dede descrever
descrevera adispersão
dispersãoecológica
ecológica dosdos caipiras
caipiras numnutri
município
municipio paulista,
paulista, o autor
autor mostra
mostra como
como aa parceria
parceria se se tornou
tornou aa
relação básica
básica dede trabalho
trabalho na
na qual
qual aa cultura
cultura caipira
caipira sobreviveu.
sobreviveu,
Em
Em “Os
“Os trabalhos
trabalhos ee os
os dias”
dias” a rotina
rotina árdua
árdua ee pobre
pobre de de uma
uma coco-
munidade queque continuou ajustada aos aos mínimos
mínimos tecnológicos
tecnológicos ee
culturais na
na condição
condição de parceira ou
de parceira ou de
dé posseira
posseiraééanalisada
analisadapara
para
mostrar
mostrar que,
que, apesar de algumas
apesar de algumas distorções,
distorções,asasrelações
relaçõesvicinais
vicinais
e a ajuda
ajuda mútua
mútua ainda
ainda constituem
constituem pecas
peças essenciais
essenciaisà àeconomia
economia
local de subsistência*
subsistência. AAdieta,
dieta,com
comalgo
algomais
maisde arrozèe algumas
dearroz algumas
“misturas*
“misturas” novas e raras,
raras, como
corho oo grão
grão de
de trigo
trigo ee aa carne
carne dedevaca,
vaca,
continua pouca
pouca e repetitiva, dia trás noite. Com um agravante:
agravante: a
çaça
caça escasseia e,a aguardente éé de
ea aguardente de uso generalizado.
generalizado. Os Os alimgn-
alimen-
É
tos não
tos não são
são mais
mais Previstos
previstos inteiramente
inteiramente porpor uma
uma economia
economia de de
autossuficiência.
autossuñciência. A A banha,
banha>aaaguardente,
aguardente,o ocafé,
café,o oaçúcar,
açúcar, o salfa
o salfa
ca me, o trigo, o macarrão e o peixe seco
carne, seco são comprados nas vilas;vilas;
0o arroz
arroz éé limpo nelas
nelas também e o milho se transforma em farinha fariitiha
ou fubá nos moinhos dos dos povoados.
povoados. .
: Em resumo;
resumo: “O homem rural depende, portanto, cada cada vez
vez
mais da vila e das cidades,
cidades, não
não só
sópara
paraadquirir
adquirir bens
bensmanufa-
manufa
turados, mas para adquirir ee manipular
manipular os os próprios
próprios alimentos
alimentos'Í“"5

AA dieta
dieta éé mal
mal equilibrada
equilibrada e,e, além
além da
da fome
fome ee da
da subnutrição
subnutrição de de
caráter fisiológico, “há 0o que se se poderia chamar de fome psíquica,
psíquica,
a saber --
— o desejo permanente das
desejo permanente das misturas queridas: carne;
misturas queridas: carne; em
em
segundo lugar pão; em terceiro
pão; em terceiroleite
leite(este,
(este,bem
bemmenos
menosdodoquequeosos
outros)”®
outros)°'.°
Noutms
Nou-otros termos,
termos, a subordinação duma economia de de autos-
autos-
suficiência aa uma
uma economia
economia capitalista
capitalistamais
maisampla
amplaredundou
redundouem em
crise social ee cultural. Para analisa-la,
analisá- la, A ntonio Candido
Antonio Cândido sese lançou
lançou
ao balanço dos fatores de persistência e de alteraçao, na terceira
ao balanço dos fatores de persistência e de alteração, na terceira
parte do livro. A
A comercialização crescente obriga a familia
família cai-

1162
62
pira
Pira aa organizar
organizarum urri.orçamento
orçamentovirtual
virtual(com
(comtudo
tudoo que
o que
issoisso
im-im
plica em termos
plica em termosdederacionalidade
racionalidadecrescente
crescente de de comportamento
comportamento
de mercado),leva
de mercado), levaà àalteração
alteração
do do ritmo
ritmo de de trabalho
trabalho e desorienta
e desorienta
o0 equilibrio
equilíbrio dadacultura
culturacaipira.
caipira.Dai
Daípara
para a frente
a frente o camponês
o camponês ou ou
cede lugaraoaoassalariamento
cede lugar assalariamento (rural,
(rural, ou,ou,
se se migrar,
migrar, urbano)
urbano) ou, ou,
mesmo
mesmo que permaneça formalmente
que permaneça formalmente comocomo agregado
agregadoou ouparceiro,
parceiro,
renuncia aa seu
renuncia seuestilo
estilodedevida.
vida.
AA tecnologia
tecnologia modernizada
modernizada rompe, rompe, porpor sua
sua vez,
vez, oo equilíbrio
equilíbrio
ecológico
ecológico queque oo caipira
caipira desenvolvera.
desenvolvera, Para Para manter-se
manter-se nos nos míni-
míni
mos típicos de
mos típicos deseu
seuajustamento
ajustamento histórico,
histórico, o caipira
o caipira temtem quequemi-. mn
grar
gr-ar para novas terras.
para novas terras.MasMasagoraagoraa amobilidade
mobilidadeê limitada
é limitada pelç
pelo
sistema
sistema de depropriedade.
propriedade,O Osistemasistema de de crenças,
crenças, os usos
os usos e as etécni-
as técni
cas redefinem-
redefinem-se se quando
quando aacultura
cultura urbana
urbana se setorna
tornasinal
sinalde depres-
pres
tígio no grupo local.
local.E,E,ooquequeé édecisivo,
decisivo, as as relações
relações sociais
sociais tradi-tradi
cionais
cionais são sãoredefinidas
redefinidaspela pela incorporação
incorporação à economia
à economia capitalista.
capitalista.
AA nova
nova mobilidade,
mobilidade, em em vezvez de
de reproduzir
reproduzir no no espaço
espaço aa mesma
mesma
forma básica desociabilidade
básica de sociabilidade -— como
como nasnas velhas
velhas comunas
comunas agrá-agrá
rias do Oriente
Oriente -,
—, leva
leva oocaipira
caipiramigrante
migranteaadescaracterize:-se:
descaracterizar-se;
incorpora-
incorpora-o o ao proletariado urbano ou à agricultura moderna, moderna,
como assalariado.
assalariado.Ora,
Ora,o ocaipira
caipiratípico
típicoz-já
— jásese viuviu
_-— o úfo-
era era o
afo-
rante
mnte:: nãonao apenas
apenaseconomicamente
economicamente tneeiro
meeíro eventual,
eventual, mas mascultural
cultural
e socialmente
socialmente um trabalhador
trabalhadorsemi-independente.
semi-independente. Uma Umaespécie
espécie:
de “proprietário
“proprietárioincompleto”
incompleto”que que se se autoidentificava
autoidentificava ao ao pequeno
pequeno
sitiante
sitiante ee não
nãoaoaocolono
colonoouoüaoao camarada
camarada (que(que recebe
recebe salário),
salário). É É
este
este oo parceiro
parceirotípico:
típico:situação
situação intermediária
intermediária entre
entre a doa proprie~
do proprie
tário ou aa dodoposseiro
posseiroe ea do
a do assalariado
assalariado agrícola.
agrícola. A falta
A falta de terras,
de terras,
a expansão
expansão da dafaâbnda
fazendacapitalista,
capitalista, tornam
tornam o equilíbrio
o equilibrio precário
precário
da posição de parceiro
parceiroextremamente
extremamentedifícil difícil de
demanter-se;
manter-se;asaspró« pró
prias instituições
instituiçõesbásicas
básicasdede trabalho
trabalho cooperativo,
cooperativo, como comoo muti
o
mari»
rfío e 0 temo, perdem substância. A compra da força de trabalho
erão eo terno, perdem
aa calculabilidade
calculabilidade substância.
dodotempo
tempo pelo
pelo Adinheiro
compra
dinheiro da forçainexoravel-
destroem
destroem deinexoravel
trabalho
mente
mente oo sistema
sistemabásico
básicodede posições
posições da vida
da vida caipira.
caipira.

-.fz
:IF
_-|

Toda essa
essa transformaçã
transformação, o, entretanto,
entretanto, éé vista
vista por
por AAntonio
nto nio “E5”-Ã.
-2351:

Cândido
Candido comocomo umum ajustam ento dos
ajustamento dos velhos
velhospadrões
padrões aoaonov o con
no-vo con-
texto
texto ee não
não como
como substituição
substituição mecânica
mecânica destes.
destes. NoNo capítulo
capítulo1717
essa reelaboraçäo
reelaboração cultural éé analisada
analisada para
para móstrar
mostrarcomocomosesedádá ._-,f

a resistência da da cultura
cultura caipira
caipira (às(às expensas,
expensas, porporcerto,
certo,dosdosveve- -2.1

lhos idea is), mas mantendo-


ideais), mantendo-se se umum sistema que que regula
regula as
as pressões
pressões
do “novo”
“novo” de de modo
modoa aevitar
evitara acompleta
completa desorganização
desorganização da da
vidavida
rústica
rústica tradicional.
tradicional.AAseleção
seleçãocultural
culturalsesefaz
fazreajustando
reajustando ososmeme-
canismos
canismos sociais
sociaisfundamentais.
fundamentais.Assim, Assim,porporexemplo,
exemplo,se osebairro
o bairro

já não
não garante
garante osos recursos
recursos mínimos
mínimos para para aa manutenção
manutenção de de certas
certas
práticas,
práticas, alarga- se oo~ convívio
alarga-se convívio da da vizinha nça , intensificando-
vizinhança, intensifican-do-se se as
as
relações interbairros.
interbairros. . '
Em
Em conclusão, AAntonio
ntonio Cândido
Candido mos tra que
mostra que diante
diante dadapres
pres~
são externa
externa (ou
(ouseja,
seja, da
da economia
economia capitalista
capitalistacircundante)
circundante)ososgjru-
gru-
E
pos rústicos
rústicos aceitam apenas
apenas osos traços
traços cultura is impostos:
culturais impostos:
F*
D aí qualificá-
Daí los com
qualificá-los comoo gr upos que
grupos queac eitam, da
aceitam, dacultur a ururbana,
cultura bana , osos
padrOes
padrões impostos
impostos— - aquil
aquiloo que
que não
nãopo der iam recusar
poderiam recusarsem
semcom
câm-
. 11'
prometer
prometeraa sua
sua sobrevivên cia —
sobrevivência --, mas
mas re jeitam ososppropostos,
rejeitam ropostos, o os
s
que não
não se
se apresentam
apresentamcom
comforça
forçaincoercível, deixando
incoercível, margem
deixando margem
mais
mais larga
largaààopção
opção..10

Retomemos
Retornemos agora
agoraoofiofioda
dameada.
meada.Parece-me
Parece-meque quea acontri
cont.ri~
buição de Antonio Candido ao estilo de trabalho de nossas ciên-
buição de Antonio
cias sociais Cândido
está na síntese aopropõe
síntese que estilo de
propõe trabalho
eentre
ntre umade
uma nossas
funda
funda ciên
preocupa
preocupa-
ção teórica ee a paixão pelo
pelo concreto*
concreto. Disse, nono início,
início,que
queoooutro
outro
livro
livro da
damesma
mesmaépoca
épocaque
quememeparece
parecemodelar
modelarneste
nestesentido
sentido é éAA
org anização social dos TTupinambá
organização upinambâ de Fiorestan
Florestan Fernandes.
Fernandes. PoisPois
bem,
bem, sendo
sendo produtos
produtos de
de espíritos
espíritos tão
tão diferentes»
diferentes, têm
têmememcomum
comum
este pano de fundo: a questão teórica dos “mínimos
“mínimosde desociabili
sociabili-
dade” ou da org anização social
organização social dos
dos TTupinambá
upinambâ não nãose sediv orciada
divorcia da
análise de
de situações concretas ee oo concreto,
situaçoes concretas concreto, em ambos os os livros»
livros,

1 Ê I
não
não éé oo esqueleto
esqueletoestrutural
estruturaldas
dasposições
posiçõessociais,
sociais,
masmas a síntese
a síntese
dinâmica
dinâmica de de comportamentos
comportamentos que queseseconfiguram
configuramhistoricamen-
historicamen
te atravésda
te através dasedimentação
sedimentaçãocultural,
cultural,tanto
tantodede escolhas
escolhas- quanto
quanto de de
técnicas,
técnicas, asasquais
quaissósósese deixam
deixam explicar
explicar quando
quando referidas
referidas a catego
a catego-
rias estruturais 11 Ò
estruturais." O ‘'bairro” doscaipiras
“bairro” dos caipirasde
deAntonio
AntonioCandido
Cândidoouou
o0 ‘krupo
“llgrupo local” dos
dos Tupinambá
Tupinambá de de Florestan
FlorestanFernandes;
Fernandes; aa cultura
cultura
adaptativa, a “biosfera” na linguagem mais rebuscada de Fernan-
adaptativa,
des;
des; os
a “biosfera”ecológicos;
os determinantes
determinantes na linguagem
ecológicos; mais
a aescassez
rebuscada
escassez de Fernan
e a epersistência
a persistência de de
contatos entrebairros
contatos entre bairrosououintergrupos
intergruposlocais,
locais,constituem
constituempreocu- preocu
pações
pações de deautores
autoresquequeenfrentam
enfrentamum ummesmo
mesmoproblema
problema teórico
teórico
(embora
(embora sem sem referências
referênciasrecíprocas
recíprocasnonopépédada página):
página): qual qual a caj-
a caf
pacidade
pacidade de de existência
existênciadedegrupos
grupossociais
sociaispostos
postos emem xeque xequepelopelo
contato
contato comcom culturas
culturas ee civilizações
civilizaçõesexpansivas
expansivase edominadoras?
dominadoras?
Para responder
responderaaessa essapergunta,
pergunta,osos autores
autores sãosão obrigados,
obrigados, como como
o o
fez AAntonio
ntonio Cândido
Candido explicitamente,
explicitamente, aa colocar-se aa questão
questão rela- rela
tiva às estruturasfundamentais
às estruturas fundamentaisde desociabilidade.
sociabilidade.Estruturas
Estruturas essas
essas
que são essenciais
que são essenciaisparaparapreservar
preservarum umcerto
certoestilo
estilo cultural.
cuitural.
Antropologia,
Antropologia, sociologia,
sociologia, economia,
economia, ecologia,
ecologia, fundiam-
fundiarn-se, se, *
então, nana preocupação
preocupação dos dos anos
anos 1950,
1950,pelo
pelo menos
menos na na uusp.
s p .À
Àparte
parte
os já citados
citados antropólogos ingleses,
ingleses, aa grande fonte,
fonte, sesenão
nãjoinspi-
inspi-
radora, pelo
pelo menos
menos de dereverência
reverênciapara
parajustificar
justificaressa
essa abordagem,
abordagem,
era
era o Marx das das Oeuvres Philosophiquésee da
Oeuvres Philosophiques daIdeologia
Ideologia alemãalemãem
particular
particular.”.12AAntonio
ntonio Cândido
Candido ee Florestan
Florestan Fernandes
Fernandes lidamlidam com com
problemas teóricos
problemas teóricosdiversos:
diversos:enquanto
enquantoa acultura
culturae ae organização
a organização
social dos Tupinambá
social dos Tupinambá constituíram
constituíram em em sisimesmas
mesmasuma umamatrizmatriz
adaptativa própria do do homem
homem àà natureza,
natureza» osos caipiras
caipiras só
sóse-seconsti-
consti
tuíram como respbsta
resjfbstae.ecomo
comoperda
perdanonocontexto
contexto dedeoutraoutra matriz
matriz
sociocultural
sociocultural maismais ampla.
ampla. NãoNãoobstante,
obstante,nossos
nossosautores
autores enfren
enfren-
tam essas questõesa apartir
essas questões partirdedeum umbackground
backgroundteóricoteórico comum.
comum.
Mais ainda, notou-
notou-o o Antonio Cândido
Candido explicitamente: a cultura
do caipira, como
corno aa dodoprimitivo,
primitivo»não nãofoi
foifeita
feitapara
paraooprogresso.
progresso, AA
mudança é,
mudança é, em
emcerto
certosentido,
sentido*perdição.
perdição.

165
Esta fusao
fusao entre
entreososgrandes
grandestemas temas civílizatórios
civilizatorios (nao (não há que
há que
esquecer tambémosospolíticos,
esquecer também políticos, pois
pois Antonio
Antonio Cândido
Candido termina
termina suasua
dissertação doutoraipropondo
dissertação doutoral propondoa areforma reformaagrária)
agrária)e ae minúcia
a minúcia
descritiva, entreuma
descritiva, entre umagenuína
genuínapreocupação
preocupação teórica
teórica pelapela caracte
caracte-
rização
rização dede estruturas
estruturasfundamentais
fundamentaise ae observação
a observação do compor
do compor»
tamento efetivo Inediatizado
tamento efetivo mediatizadopela pelacultura
culturanão nãofoifoirecolhida
recolhida pelas
pelas
gerações posterioresque
gerações posteriores quesese ocuparam
ocuparam de de temas
temas correlatos.
correlatos.
De
De fato,
fato, aa releitura
releitura mais
mais recente
recentesobre sobreo oque queocorre
ocorre com com
os grupos rústicos
os grupos rústicos sesefazfaza apartir
partirdedeoutras
Outrasinspirações.
inspirações. Não Não há há
que negar
negar oo enorme
enormeavançoavançodescritivo
descritivoe interpretativo
e interpretativo havido
havido
no
no Brasil
Brasil com relaçãoààanálise
com relação analisedas das populações
populações rurais,
rurais. MasMas ele ele
se se
deveu sejaààsocioeconomia
deveu seja socioeconomiaestrita Estritadosdos problemas
problemas agrários1*
agrários” seja seja
àà “nova
“nova antropologia”
antropologia” das dassociedades
sociedadescomplexas,
complexas, de de inspiração
inspiração
mais
mais norte-americana,
norte-americana. Os autores mais mais influentes
influentesnessanessa corrente
corrente
de antropologia
de antropologia brasileira
brasileirasão sãoprovavelmente
provavelmenteEric EricWolf
Wolfe eSidney
Sidney
Mintz. ZÉ l
É compreensível
compreensível que queeconomistas
economistas e sociólogos
e sociólogos preocupados
preocupados
com aa categorização
categorizaçãodas dasrelações
relações sociais
sociais de produção
de produção possarnpossam dei- cfei-
margem Ospamiros
xar à margem Os parceiros do Bonitocomo fonte
do Rio Bonito fonte metodol-Õg-i-
metodológi
ca de
de inspiração
inspiraçãopara parasuas
suas obras.
obras. Mesmo
Mesmo estes,
estes, entretanto,
entretanto, teriam teriam
aa ganhar
ganhar com
com referências
referênciasaoao trabalho
trabalho de de Çandido
Candido quequefossemfossem me- me
nos formais ee mais
maisorientadoras.
orientadoras.
Assim,
Assim, por
por exemplo,
exemplo, em em livro
livro que
que logo,
logo, ee justamente,
justamente, fez- fez-
-se notório, OO boia-
~se notório, fria) M
boia-fria, aria Conceição
Maria Conceição Dlncao
D'Incao conta-
conta-nos nos aa
história desses
dessesnovos
novosfigurantes
figurantesdadacena cena rural
rural paulista.
paulista. E oB faz o faz
com maestria:
maestria: descreve
descreveo osignificado
significado estrutural
estrutural dosdos trabalhado
trabalhado-
res volantes
res volantes na região
região da daAlta
AltaSorocabana
Soroçabanae eesboça esboça algoalgo de deseuseu
modo de vida. Referose
Refere-semesmomesmoa que a que o “sitiante”
o “sitiante” local
local sofresofreumum
processo
processo de de desarticulação
desarticulaçãodede seuseu modo
modo de de
vidavida semelhante
semelhante ao ao
que fora
fora descrito
descrito porporAntonio
AntonioCandidoCândidosobre sobreososcaipiras."
caipiras .14 Des
Des»
creve trabalhodo
creve as condições de trabalho doboia-fria
bóia- fria com
comargúcia
argúcia eeriqueza
riqueza
de material,
material, assim
assimcomo
comodiscute
discutesuas suas aspirações.
aspirações. ChegaChega quase quaseao ao

1615
que, do ângulo
que, do ânguloquequeestou
estousalientando,
salientando,seria
seria fundamentai:
fundamental: mostrar
mostrar
que o boia- fria -éé oo caipira
boia-fria caipira despojado
despojado dede sua
suacondição
condiçãodede“quase
“quase
proprietário” ou de “falso proprietário”,
de “falso proprietário”,masmasque
quenãonaoassume
assumea a
condição
condição dede assalariado.
assalariado.
Para isso, não bastaria,
isso, não bastaria,entretanto,
entretanto,aafenomenologia
fenomenologia das dasre-
re
lações de produção;
lações de produção;seria seriapreciso
precisomostrar
mostrarquequea afalta
faltàdede“quali-
“quali
ficação pessoal” para o trabalho (indisciplina, preferência pelo
ficação
trabalho pessoal” para o trabalho (indisciplina, preferência pelo
trabalho aoao ar
ar livre,
livre, disponibilidade
disponibilidade ee tempo
tempo para
para cumprir suas
cumprir suas
obrigações ee rituais
rituais não
não sancionados
sancionados pela
pelasociedade
sociedadecapitalista
capitalista
etc,, como são
etc., como são descritas as características dos
dos boias-frias,
boias-frias,especial-
especial
mente nas páginas
mente nas páginas l05 105 aa108)
108)faz
fazparte
partedodoquadro
quadrodededesagrega- l
desagrega-)
da cultura rústica
ção da .15
rústica.”
Menos
Menos compreensível
compreensível me me parece a perda
perda do
do sentido
sentido totali-
totali-
zante, ee especialmente
especialmenteaaperda perdadadadimensão
dimensãopropriamente
propriamentecultu-
cultu
ral, nas análises inspiradas pela moderna antropologia do mundo
ral, nas análises
camponês,
camponês, que queinspiradas
tão
pela moderna
tão marcantes
marcantes antropologia
contribuições
contribuições
do
estãodando.
estão
mundo
dando. Mas,
Mas,
tomando algumas das obras de W olf e Sidney Mintz, quase
Wolf quase ao
áo
acaso, chama logo
acaso, chama logo aa atenção
atençãoa àenorme
enormesimilitude
similitudecomcomo oenfoque
enfoque
desenvolvido por Candido,
Cândido, quase
quaseuma
umadécada
décadaantes,
antes,ememOs par
par-
ceiros doRio
ceiros do RioBonito.
Bonito. Por certo, ambos
ámbos são antropólogos de de forma-
forma
ção ee eruclição
erudiçãouniversal.
universal.Projetam
Projetamseus
seusachados
achados à escala
à escala mundial,
mundial,
o que teria sido
sido impossível
impossívelem emnossa
nossaUsP
i/spdos
dosanos
anos1950.
1950, Mas
Mas a a
definição fundamental do camponês, para Wolf, gira em torno
definição
da produção fundamental
dos mínimos
'dos
do camponês,
mínimos para Wolf,(mínimos
para aa sobrevivência
para sobrevivência gira em caló-
(mínimos torno
caló-
ricos) e de
de um
um escasso
escassoexcedente
excedenteparapara a constituição
a constituição do do
queque
ele ele
chama de um “fundo“fundo cerimonial”,
cerimonial”,um um“fundo
“fundo de
demanutenção”
manutenção”e e
um “fundo
“fundo de aluguel” O decisivo,
de alugluellf decisivo,nanacaracterização
caracterizaçãodosdoscampo-
campo
neses,
neses, éé reconhecer
reconhecerquequesãosão “cultivadores
“cultivaclores rurais
rurais cujos
cujos excedentes
excedentes
são transferidos para as as mãos
mãosdedeumumgrupo
grupo dominante”
dominante” (através
(através
do fundo
fundo dede aluguel que podeser
que pode serpago
pagoememtrabalho,
trabalho,em
embens
bensouou
em dinheiro).'6 É isso que distingue o camponês do cultivaclor
em dinheiro ),16É isso que distingue o camponês do cultivador
primitivo.
primitivo. Dito
Dito nas
nas palavras campo-
palawas de Mintz, resumindo Wolf: campo-

'f_
Í

.J_'.

nesessão os produtores
produtorestanto
tantodedeseus
seusmeios
meiosdedesubsistência
subsistência como
-z `-\_;:f
neses são os como
de mercadorias
mercadorias para
para aavenda,
venda,que
quesão
sãoparte
partededeumumsistema
sistema social
social
mais amplo ee sobre
sobre ososquais
quaisoutros,
outros»com
compoder
podermaior,
maior, extraem -é
extraem
parte da
da produtividade
produtividade de de uma
uma ou
ou de
deoutra
outraforma
forma(obtêm
(obtêmde-de
les uma “renda”).
“renda”}. Além
Além disso,
disso,aaeconomia
economiacamponesa
camponesaé basica-
é basica
mentefamiliary
ƒamiliar, e o “eterno
“eterno problema”
problema” dodo camponês,
camponês, já já oo anotarz
anotara
Chaianov, éé “contrabalançar
Chaianov, “contrabalançarasasexigências
exigênciasdodomundo
mundoexterior
exterioremem
relação
relação àsàsnecessidades
necessidadesque queeleele encontra
encontra no no atendimento
atendimento às ne
às ne-
cessidades
cessidades dedeseus
seust`amiljares”f”
familiares ” 17 O camponês, quasepor
camponês, quase pordefinição,
definição,
é um ser permanentemente“ameaçado
ser permanentemente “ameaçadodededestruição”.
destruição”.
Por fim,
fim, o campesinato não não subsistiria
subsistiria sem
sem desenvolver
desenvolver umauma
ordem ideológica própria:
própria: atös,
at5s, ideias.
ideias,cerimoniais
cerimoniaiseecrenças
crenças para
para
permitir oo equilíbrio
equilíbrio ee a solidariedade
solidariedade entreentre os
osinteresses
interessesdas das
vá-vá
rias unidades
unidades que
que formam
formam oo mundomundo camponês
camponêse edas dascoalizõ
coalizões
fa 'E
que ligam osos camponeses
camponesesààsociedade
sociedademais maisampla.
ampla.
Não terá sido está/a
esta, 'a descrição fèita A ntonio Candido
feita por Antonio Cândido :fé <ÍÈ
um pedaço
pedaço dodo mundo camponês,
camponês,oomundo mundorústico
rústicopaulista?
paulista?
Mais ainda^—
ainda¿~ sempre em homenagem äa modernidade do do
F
livro
livro admirável que estou
estou comentando
comentando--, —*,não
nãoserá
será
umum cuidado
cuidado
especial
especial oo dos antropólogos contemporâneos que discutem discutem aavida
rural*
rural, oo de
de evitar
evitar (como
(como oo faz faz Antonio
Antonio Candido)
Cândido) “o “o risco
riscomaior
maior
dos exercícios tipológicos (que
exercícios tipológicos (queééaatendência
tendênciaaáver verdiferentes
diferentes“ti-'ti
pos’ ou categorias)
pos” ou categorias)primariamente
primariamenteem emtermos
termosdedesuas
suas diferenças,
diferenças,
sem dar
sem dar conta
conta de
deque
quesuasuanatureza
naturezacomo comocategorias separadas
categorias separadasde-de
pende frequentemente,
frequentemente,até atécerto
certoponto,
ponto,dos dosmodos
modosparticulares
particulares
pelos quais elas
pelos quais elassesernesclam
mesclamsocialsociale ec0nornicamente”?”
e economicamente ”?18
AA tradição
tradição da
da boa
boa antropologia
antropologia foi foi localmente
localmente reanimada
reanimada ee
aprimorada pela
pela influência dos supracitados
supracitados antropólogos
antropólogosame-
ame
ricanos em nossa
nossa literatura
literatura especializada.
especializada.Entretanto,
Entretanto,mesmo
mesmoosos
melhores trabalhos
trabalhos queque sesefizeram
fizeramsobre
sobrea aeconomia
economiacampone-
campone
sa no Brasil tendem
tendem aa insistir
insistir mais
mais nos
nos aspectos
aspectosclassificatórios
classificatórios
das relações de produção, deixando em plano menor aquilo que
das relações de produção, deixando em plano menor aquilo que
168
Constitui aa dimensão
constitui dimensão especificamente
especificamenteantropológica
antropológica no no estudo
estudo
4(10o Czzmpesinato:
campesinato:oosentido
sentidodramático
dramáticodede uma
uma situação
situação de conde
de conde-
nação irremediávelna
nação irremediável na qual os personagens
qual os personagensseseagarram,
agarram, apesar
apesar de de
tudoj
tudo, àà sua
suaprópria
própriahistória.
história.É Éessaessa teimosia
teimosia agônica,
agônica, entretanto,
entretanto,
que
que háhá de
de ser
ser vista— como fez
vista ¬- como fezAntonio
A ntonio Candido
Cândidobrilhantemem
brilhantemen-
ttgeF
^ para que se Capte
que se capte aa dimensão
dimensão cultural
cultura) do do caipira
caipira como
como de de
qiialquer camponês.
qualquer camponês. EEééprecisamente
precisamente por isso
por isso -— porque,
porque,aoaolidar lidar
com
com 0 o carnpesinato,
campesinato, lida-se
lida-se com
com uma uma porção
porção da dasociedade
sociedade que que
por definição ééfraca
por defin-içäo fracae esubordinada,
subordinada, condenada
condenada ao desapareci
ao desapareci~
mento
mento -- — que
que sua
sua expressão
expressão simbólica
simbólica devedeveganhar
ganhar força
forçadiante
diante
do contorno
contorno social
socialcapenga
capengaque que a define.
a define. O camponês
O camponês éa soma^
é a sornai
tória dada fome
fome(ou (oudedesuasuaameaça)
ameaça) comcom a crença
a crença em modo
em seu seu modode de
ser. Senão
ser. Se nãoseserestitui
restituinana análise
análise á dimensão
a dimensão dramática
dramática de uma de luta
uma luta
inglória, pulveriza-se a estrutura da da vida
vida camponesa
camponesa numa numa série
série
de dimensões
dimensões socioeconômicas.
sodoeconòmicas. Essas Essas podem
podem armar-se
armar-seeventual-
eventual
mente aa partir
mente partir de
decategorias
categoriasformalmente
formalmentemaricistasfig
marxistas mas não
,19 mas não
permitirão que quesesereconstrua
reconstruao omundomundorústico
rústicoememsuasua totalidade,
totalidacle,
senão quandoo modo de
senão quando de viver
viverapareça
apareçacomocomouma umacondição
condição in-
in- *
dispensável
dispensável aoaomodo mododedeproduzir
produzire vice-versa.
e vice-versa.
Nao quero que
Não quero queeste
estebreve
brevecomentário
comentário tenha
tenha jeitojeito de pane
de pane-
gírico:
gi-rico: 0o valor
valor intrínseco
intrínsecodo dolivro
livroestudado
estudadodispensa
dispensa esseesse
tipo tipo
de convenção.OOarcabouço
de convenção. arcabouçoteóricoteórico Os parceiros
de de parceirosdoâoRio RioBo-Bo
nito
-nito parece-me
parece-me aquémaquém da da argúcía
arg úcia analítica do do autor.
autor. O O que
que fica
fica
da obra ~.- e, no aspecto que ressaltei neste trabalho, fica quase
da obra — ô* no aspecto que ressaltei neste trabalho, fica quase
como contribuiçãode
como contribuição deum
umprecursor
precursorsem semseguidores
seguidoresM é—- é muito
muito
mais
mais aa finura
finuradadainterpretação
interpretaçãodede uma urna situação
situação do que
do que a teoria
a teoria da da
mudança socialdh
mudança social dücultural
culturalproposta.
proposta.Embora
Emboranono balanço
balanço entre
entre
os fatores
fatores de persistência
persistência eede
de mudança
mudança Antonio
Antônio Candido
Çandido tenha
tenha
introduzido aa noção
noçãodedeque
qüeosostraços
traços culturais
culturais são$âo reelaborados
reelaborados
a partir da
da dinâmica
dinâmicada dasociedade,
sociedade, é Malinowski
é Malinowslti quem
quem fornece
fornece o o
quadro teóricoexplicativo
quadro teórico explicativogeral.
geral.É Êpreciso
preciso fazer,
fazer, entretanto,
entretanto, umauma
ressalva. Para a compreensão do funcionamento dos padrões cul-
ressalva. Para a compreensão do funcionamento dos padrões cul-
169
tarais
turais ee das
dasformas
formasdedesociabilidade
sociabilidade de Os
de parceirasdodoRio
Os parceiros Rio Bonitot
Bonito,
oo modelo efetivo éé muito
modelo efetivo mais aa noção
muito mais noção de organização social
de org-anifzzaçäo social--*
complementar
complementar ààde deestrutura
estrutura-»—taltal como
como a elaborou
a elaborou Raymond
Raymond
Firth em Bhments
Pirth em Elements of Social Organization
oƒ5`ocial Organization (1951) do que
(1951) do queaaideia
ideiadede
uma cultura que
uma cultura queregula
regulaautomaticamente
automaticamente os comportamentos^
os comportamentos.
Novamente
Novamente neste nesteponto
pontoháháuma uma aproximação
aproximação entreentre o modo
o modo de de
analisar de
analisar deAntonio
AntonioCandido
Cândidoe oe enfoque
o enfoque de Wolf
deWolfe dee Mintz, que,que,
de Mintz,
para ressaltar
ressaltarooaspecto
aspecto histórico
histórico e dinâmico
e dinâmico da ação
da ação social,social,
falam falam
em social manoeuvreou human
social manoeuvre mmoemre.
human manoeuvre.
De lã para
.De lá para cácáaaantropologia
antropologia já já passou
passou porpor
sua sua revolução
revolução le- ie-
vistraussiana, voltouta um
vistraussiana, jájávoltou novo marxismo
um novo marxismoeesofreu
sofreuo oirnpao
impac
to da contribuição
contribuição dos dosantropólogos
antropólogos queque analisam
analisam as sociedades
as sociedades
complexas,
complexas, comocòmoososacimaacima referidos/
referidos.-
Mas oo essencial
essencialdadacontribuição
contribuição Os parceiros
de de parceirosdodoRio Rioão-Bo
niro se
nito se mantém:
mantém: oo sentid
sentido de problema
o de problema na na relação
relação entre
entre natu~
natu-
reza ee cultura
culturae enanarelação
relação entre
entre diferentes
diferentes modos modos de produção
de produção
(o
(0 caipira
caipira ee oo capitalista).
capitalista),A Aminúcia
minúcia da da pesquisa,
pesquisa, sem sem á qual
a qual os os
grandes problemas correm
corremsempre
sempre oo risco
riscodede formalízarem-É`e
formalizarem-sè ee
tornarem-
tornarem-se se vazios, permitiu respostas
respostas com/íncentes
convincentesparapara os pro- *
ospro-
blemas propostos.
blemas propostos.
Foi essavirtude,
Foi essa virtude,penso,
penso, queque limitou
limitou seuséu alcance
alcance comocomo
livro livro
formador de escola.
escola.Parte
Fartede de nossa
nossaintelectualidade
intelectualidade(como
(comode deres-
res- :
to pelo mundo afora) engolfou-se na árdua tarefa de restituir ao
to pelo mundo afora) engolfou- se na árdua tarefa de restituir ao
marxismo prioridade
prioridadeeeconsistência
consistência científica.
cientíñc-a. Endereçou,
E-ndereçou, porém,
porém,
sua preocupaçãonoutra
sua preocupação noutralinha:
linha:as as grandes
grandes categorias,
categorias, as grandes
as grandes
classificações,
classificações, -a aanálise
análise
dasdas estruturas.
estruturas. TudoTudo
isso éisso é necessário
necessário e e
estimulante. Mas,quando
estimulante. Mas, quandovem vem desacompanhado
desacompanhado da paixão
da paixão pelo pelo
concreto
concreto eeda dacompreensão
compreensão (tão(tão simpíes)
simples) denão
de que quehánao
modohá de
modo de
produção dignodeste
produção digno destenome
nome senão
senão quando
quando ele éele é ao mesmo
ao mesmo tempotempo
um
um fazer
fazer eeum
umquerer
querer que
que devem
devemser ser analisados
analisadoseeproblematiza-
problematiza-
dos em conjunto, estiola a imaginação e descarna a pesquisa do
dos ém conjunto,
movimento vidaestiola
da vida
movimento -da quesese
que
a pretender
imaginação
pretender
e descarna a pesquisa do
entender.
entender.

17o
170
Diante
Diante dede Os parceirosdodoRio
Os parceiros RioBonito,
Bonito>reparos
reparos dede ordem
ordem me- me
todológica poderiam até
todológica poderiam até ser
ser feitos.
feitos.Mas
Mas quem
quem oo ler
ler terá
terá aa exata
exata
noção
noção dodo que
queééa aeconomia
economiacaipira,
caipira,dedequais
quaissãosão suas
suas formas
formas de de
sociabilidade,
sociabilidade, eeterá
teráentendido
entendidocomocomoe epor
porque,
que,apesar
apesardedetudo,
tudo,o o
modo rústico persistiupor
rústico persistíu porséculos.
séculos.NãoNãointocado,
intocado,masmasresistente.
resistente.
Pois que
que de
decrença
crençatambém
tambémsesesobrevive.
sobrevive.

1!

m
1_71
FLORESTAN
FLORESTAN FERNANDES
FERNANDES
I_E,__H__
_____ ___ _V`__1_____J
_ ___?_“_ _“. _“_____
'¿___
_____>
__4I__: __
___‹"_I‹H_5___I_Vl›" _______P__J___ fl` ____________'Y__1_m_H:,Il
__)_!_(_NM\V___"
__¡'
.___
__¬-
_ __ _________`___!
r___''_)____
___r_¡_fl
_1 J0__' _`_Q"
__I\J?___'_“___¡__H
irjl_J›
____V_'
J____F__"
_.›
___
__ ___?
_¡___“__,`:J_L__
u_________`__'H__»
__ÀL_ _____ `___'_J____“____??
___
_____
______`___¡_¡_“_
__,___
_¬¿___ ________,____
)______;
__¡__'I“____.___? _:,_____
H_____¡
_1_¡_:_|
_____w__H
___
__;__
_____H__Í___
____ ______
__I_____¬__ 4_
_______“J
Y 5'
›_V
:_
_____'*›_:
R_:I ,__
'u_____`'_”_:i____n`__"_
_,__|'_______:
________"____
_“_
V_\ ,____V_r_ _ _ M____ r_ _q` _ __`¬A_ H______
_____V(__ ~_`__ __ `_V`___
_n F_¿____“_ '`___ _'_`_`___A
_;_¬________r
__
__~__ _` ___:' ____'¡______Y_F1___ _I___v`H____ _¡_ ______.h__'›_m_ h_“__ r_“_ __ ¡_ _hm_Vm_'
__:___;
__‹_'___'_w___
h__;
__A_______ ___
___L
I__1__¬___
_¡'__.____
_I_____J____¡vz. _` }\ '________“_ ___
___ __
__*
________'
_`___`
V:_'__I____
F______H ._(_,h
J
__m___¡_
_ ______;
I '___V_h___I'_
_\_ `_
__' '___ H,___`____
_ ___|_u__,_¡h
___:
I___I__!
__15'
___ T
_A AV__V
_ ____ ______\____
~_4__

_VI_U__
u__|_
__'
`__“___
.___
_`
,___
_H_"
__HI__
____
__V:_.¡___›______':___, I_____¿_h _`__ __Y_
_______'_
___
______;
__3__
_" I_ `“_ Ǹ__V__I _Y___ R
E
_:_“1V
_
_.
1
__`V__

P'
_____

HI
_"_
___

_____`_|_

____`“_`“_
____
__A_ui
_
“__“____
_ J*

t_)
____ _ _ _ `_
_W______;
_ __ _ _ ____N___¿`
__" ____`JI'__"%____
V'_I___”I_
__:___
›:`¬_ ___NADSO_ ___P
_____ __¬_=E

__`_

'_'_:__h_:_._'¬_ _
iA_;l,_

I__'À_

` __:
_
¬_u._P ,W
__I
_ __

_U*
"_Au
_____`__“_:

U_______
___"___`_4__
(_
Í__
*_`____›._¡__`_ _ ‹¿___J4`' _ _` ¡_
__ _É_I___
¡D_›_"_ _____'_____|
___ _ IV‹_
___.
_I
___

___|
___
___:
___›_¬_
__d_w_
______ _ ?___,`,_I.ü¿_›__;w____¿“|_“__"_J___J_
___m _w_",¡¿____/L._:IH¿Í"_,______"4*___ HhV¢____J.,_'¡›¬¿______J__`___\_¡__“viu
_____
_______
____"
___'"›___››__.fJ'¡:_ü¡_V____:_`_h__'__I__J_`lg;_____._¬_:____¿1____:_À__W:`____q`______N__O____: ____¿?.____._¬“__
¬, __w^_ ¡_“_______
_¬“_“_hW__“_“.›___
_\q_Y*_
___¡__`___:J__›_____'_v__Vh'b_‹_V___›_____
___ ________'
\___:‹api?
tr
___`'`_______.
____
›'_ ¡?“
_
I:

“____1___`__'__fi:___
_ñ_› m___“__›;
_H_____“
_*__
In"___”
______;
`rv____1“__
'____ ___.
_§¿_~m”
›._`___”____L__
____
(___
_L_?____w¬_¬_
J`_H)'___›_'._
__“_u__
_p___
_“*___
_`__'.f_'
_L4_¢_;‹
_ À`__`
____
1___________q__
¬'`_%_vẁ
_`_“ ___`'___'___
?___ WH
___.¿___'_¶_
___V_ _?___›.__I_____:_''_A__''_;V__H_l_____
_":_________ `_'_. ___ E
_:L
U ___
Q_W?
__ __Il_
_¢W_s_LSflV___r_._H___|_i"_A__4__*__
___;
__(_
_____`___›_.r uK_` '›_“ b'_ 4›_ ” ______
“____‹___¡_¡
__. `__?__`__
`__`__
.'_
_______
____
I`_______
\V_"
____
_
¬___
_)¡
___
__›_)m__`“A__.
_"w_”_¿__,
_¡_`›“`”
_ _ ›` `
___I`_›
__
_I__'___|_›_`____ _ ______‹_`
_aa":_ _ ___:_____

______H;
V_I_P______¡
_ _
_______`¡_'›_
.__`_________,
___›_`
V9
___A _

_ÃI____
Í__,_____”
__”__

Am
G
›I TP_

'__

\__m_`_"_ _hu _ “_ A__”_'____


____`___
| Á
A paixão pelo saber*

Darei um
Darei ura depoimento
depoimento que quetemo
temopossa
possaparecer
parecerumumpouco
pouco
desordenado. Gostaria dedetransmitir
desordenado. Gostaria transmitiraoaoleitor
leitora acomplexidade
complexidade'
das várias facetas da personalidade
personalidade ee dada criatividade
criatividade de de Florestan
Florestan |
Fernandes, bemcomo
Fernandes, bem comooosignificaclo
significadoque
queseuseu trabalho
trabalho teve
teve para
para a a
minha geração
geraçaoeepara
paraasasciências
ciências sociais
sociais no no Brasil.
Brasil.
Conheci Florestan Fernandes
Conheci Florestan Fernandesemera1949,1949,quando
quandoentrei
entrei
na na
Faculdade
Faculdade de deFilosofia;
Filosofia;eueutinha
tinha então
então dezessete
dezessete anosanos e o profes
e o profes-
sor Florestan
Florestandava
davaaula
auladedeIntrodução
Introduçãoàs às Ciências
Ciências Sociais.
Sociais. A Fa
A Fa-
culdade de
culdade deEilosofia
Filosofianaquela
naquelaépoca
épocafuncionava
funcionava onde
ondefoifoi
a Escola
a Escola
Normal da Praça (a(aCaetano
da Praça CaetanodedeCampos,
Campos,nanapraça
praçadada Republica)
República)
e hoje
hojeestá
estáa aSecretaria
Secretariadede Educação.
Educaçao. ParaPara alguém
alguém que começava
que começava a a
trilhar a vida
vida univ'ersitária,a
unnfersitáriáj aFaculdade
Faculdade dede Filosofia
Filosofia eraera
umum rmin-
mun-

* Originalmente
Originalmenteeste este depoimento
depoimento foi feito
foi feito na i Jornada
na 1 Jornada de Ciências
de Ciências Sociais daSociais da
Unesp, campus de
Unesp, campus deMarilia,
Marilia» 22-24
22-24de
demaio
maiodede1986,
1986,e depois
e depois publicado
publicado conto:
como: “A“A
paixão pelosaber?
paixão pelo saber”In: In: Maria
Maria Angela
Angela D'lncaoD’lncao O saber
sabermifímnte:
(org.).(org.). militante: Ensaios
Ensaios
sóbre Florestan
sobre Florestan Fernandçs,
Fernandes. Rio delaneiro:
Rio de janeiro:PazPat e Terra;
e Terra; São São Paulo:
Paulo: Unesp,
Unesp, 1987, 1987,
pp. 23-30.
pp. 23-30.

m
375
.nf |..
'. ';`_Í›';Lf"1'_

l Êfjri
,H ._ -3.'
'.'.-l=-
do um pouco
pouco estranho
estranhoeequase quasemágico.
mágico. Para
Para começar,
começar, boa boa
parte'parte
'Ii'-t |
.z
dos professores,
professores,pelo pelomenos
menos a maioria
a maioria dosdos professores
professores do segun
do segnn. _ _- .,:__¡
.`.zz::I

do ano
ano do do curso
cursodedeciências
ciências sociais, dava
aulaaula em francês. Os gs-Os es
_ Ê-

sociais, dava em francês.


.- `-LH.
tudantes, geralmente,não
tudantes, geralmente, nãotinham
tinhamconhecimentos
conhecimentos suficientes
suficientes de de .'.I

.francês para que


francês para que pudéssemos
pudéssemosacompanhar
acompanharas as exposições
exposições e nose nos
deliciar com elas.
deliciar com elas.Isto
Istojájáencantava
encantavaumumpouco pouco aquela
aquela “FaFi”
“FaFi'Í Era Era
um primeiro contato
contato comcom oo meio
meio cultural
culturalpaulista
paulistaque, que,naquela
naquela
época, aindaera
época, ainda eraumumpouco
poucobizarro,
bizarro,um umpouco
pouco de de
elite.elite.
Cada classe
cíassenão
nãotinha
tinhamais
maisdodoqque
ue dez
dez ouou doze
dozealunos.alunos,E Éha-ha
via professores
professores que quedesfilavam
desfilavampelos
pelos corredores
corredoresda daEscola
EscolaNormal
Normal
da Praça
Praça vestidos
vestidosdedeavental
aventalbranco,
branco, como
como se fossem
se fossem “cientistas”
“cientistasfi
como Florestan
Florestan Fernandes
Fernandese,e,mais maisdiscretamente,
discretamente, Antonio
Antonio Can~Cân
dido. O O avental eraquase
avental era quaseum ummacacão.
macacão. .EraEra a maneira
a maneira de mostrar
de mos-t1-*ar
duas coisas:
coisas:urna,
uma,quequea ciência
a ciência é trabalho,a eoutra,
étraba1ho.,e a outra,que que a socio
a so¿¿io¬
Õ:'.
logia é ciência.
ciência.Esse
Esseempenho
empenhoterrível
terríveldede demonstrar
demonstrar a todos
a todos nós nós
que havia
havia uma
uma ética
éticadodotrabalho
trabalhoa aserSerdesenvolvida
desenvolvida e que e que
não nãofVa
Êta
qualquer trabalho,
trabalho,masmasum umtrabalho
trabalhorigoroso
rigorosoa partir
a partirdede umum con
con-
junto
junto dede hipóteses
hipqtesesee de
de umum conjunto
conjunto de de métodos,
métodos, era era.aapaixão
paixãd da da
, =='
vida de Florestan
FlorestanFernandes
Fernandese ele e ele a transmitiu
a transmitiu a nós.
a nos.
Eu
Eu me recordoque
me recordo queuma umavez,vez,quando
quandoeueu cursava
cursava o segundo
o segundo
ano, enquanto
enquanto tornavamos
tomávamosum umcafé
cafénanaavenida
avenida SãoSão loão, João, Hores^
Flores-
tan doutrinava sem sem parar sobre
sobre aa importância
importância de de ser
ser sociólogo.
sociólogo.AÁ
partir daí eu não fiz
eu não fizoutra
outracoisa
coisananavidavida(a(anãonãoserser recentemente)
recentemente)
além;
além; dedeme mededicar
dedicarà àsociologia.
sociologia. Porque
Porque Florestan
Florestan transmitia
transmitia a a
seus alunos0o mesmo
seus alunos ardor,aamesma
mesmo ardor, mesmafirme firmevontade
vontade dede dominar
dominar o o
conhecimento
conhecimento que queeleelepossuía,
possuía, dede mostrar
mostrar quequehaviahaviade sededesen-
se desen
volver durante
durante toda
todaaavida
vidaumaumaprofissão,
profissão, nono sentido
senti-do de dequeque
haviahavia
de se
se dedicar
dedicaraoaoque quesese estava
estava fazendo,
fazendo, que que
era oera o trabalho
trabalho mais mais
importante do mundo.mundo. OO restorestonãonaocontava.
contava.Esta Esta exemplaridade
exemplaridade
sempre marcouaapresença
sempre marcou presençadede Florestan.
Florestan. Importa
Importa menos menos Sabersaber
se se
a aula dada
dada por
por ele
eleera
eraum um“tijolo”
“tijolo”(e(eera)
era)ououse seeraera amena.
amena. O O im
portante
po-rtante era que
que ali
aliestava
estavaem emformação
formaçãouma uma escola
escola..

x76
176
Quando
Quando já já estávamos
estávamosterminando
terminando oo curso,curso*ououoohavíamos
havíamos
terminado ee passamos
terminado passamos aa constituir
constituir um um grupo
grupo dede assistentes,
assistentes, fazia-
fazia-
-se esta 'escola”
-5¢ esta “escola” à moda
moda antiga:
antiga: o o professor
professor entrava
entrava nana sala
saia de aula
aula
com
çom seuseu avental branco, os
avental branco, os assistentes
assistentes acompanhavam-no
acompanhavam- no tam- tam
bém
bém comcomseus seusaventais
aventaisbrancos
brancos e assistíamos
e assistíamos a todas
a todas as aulas.
as aulas. E E
isto era necessário,
istp era necessário, para transmitir aa paixão
para transmitir paixão pela
pela vida
vida intelectual,
intelectual,
o0 esforço
ésforçodederigor,rigor^ e para
e para mostrar
mostrar quequê o trabalho
o trabalho eraera coletivo.
coletivo. O D
professor FiorestanFernandes
professor Florestan Fernandespor porcerto
certonão
nãoeraerao oúnico
únicoa tri-
a tri
lhar essescaminhos.
lhar esses caminhos.Mas Mas seuseu estilo
estilo contrastava
contrastava com com outros
outros esti-esti
los predominantesnanafaculdade.
los predominantes faculdade. Algunsprofessores
Alguns professores estrangeiros
estrangeiros
eram
eram realmente
realmente brilhantes.
brilhantes. V Vouou mencionar
mencionar apenas
apenas um um -- ^ Charlets
Charles
Morazé
Morazé -. de de quem, mais tarde,
quem, mais tarde, tive
tive aa honra
honra de de ser
ser colega
colega nana
França, Outrosprofessores,
França. Outros professores,talveztalvez menos
menos brilhantes,
brilhantes, transmitiam
transrnitiazn
seus ensinamentoscom
seus ensinamentos coma aconvicção
convicçãoquase quase retórica
retórica dede queque se po
se po-
deriam fazermodificações
deriam fazer modificaçõesnanasociedade
sociedadepara paramelhorar
melhoraro oBrasil,Brasil,
como era
como era oo caso
caso dodo professor
professorFernando
Fernando de de Azevedo,
Azevedo, de de quem
quemAn- An
tonio Candido
Cândido eeFlorestan
FiorestanFernandes
Fernandeseram eramassistentes.
assistentes. Cada um
Cada
um
tinha um estilo,
estilo, mas
mas a postura de Florestan
Fiorestan Fernandes
Fernandesera eraaadodo*
trabalhador intelectualque
trabalhador intelectual queinaugurava
inauguravano noBrasil
Brasilum ummodo
modonovo novo
de encararaasociologia.
de encarar sociologia.Neste
Nesteafã, afa,
eleele
foifoi incentivado,
incentivado, é certo,
é certo, porpòr
alguns professoresamericanos
alguns professores americanose eoutros outrosfranceses,
franceses, dada Escoía
Escola de de
Sociologia
Sociologia ee Politica
Políticaeeda Faculdade
Faculdade de de Filosofia,
Filosofia, dosdósquaisquaisffoi
oi
aluno.
aluno. MasMasninguém
ninguémlhe lhefez
fezsombra
sombraaté atéhoje,
hoje,nessa
nessa capacidade
capacidade de de
criar escola.,
escola^
Não
Não foi só só isto,
isto,aameu
meuver,ver,quequemarcou
marcoua apresença
presença de de Fiores
Flores-
tan Fernandes
Fernandes na naUniversidade
UniversidadededeSão SãoPaulo
Pauloe nae na universidade
universidade
brasileira. Antes^e falar
brasileira. Antes¿le falar no
no seu
seu trabalho
trabalho intelectual,
intelectual, gostaria
gostariade de
ressaltar outrafaceta
ressaltar outra facetadedeFlorestan
Fiorestanuniversitário:
universitário:uma umaespécie
espécie de de
ira
ira. sagrada contraaainjustiça.
sagrada contra injustiça.DoíaDoíanele,
nele,como
comodói dóiatéatéhoje,
hoje,a de-
a de
sigualdade,
sigualdade, doía doíanele,
nele,corno
comodói dóiatéáté hoje,
hoje, a discriminação
a discriminação contra
contra
os negros,
negros,doía doíanele,
nele,como
comodói dóiatéaté hoje,
hoje, a apropriação
a apropriação privada
privada de de
bens coletivos,como,
bens coletivos, como,por porexemplo,
exemplo,a educação.
a educação. E houve
E houve momen
momen-

177
1177
to em que
que nos
nóstodos
todosesquecemos
esquecemosumum pouco
pouco nossos
nossos aventais
aventais e nos
e nos
lançamos
lançamos 'a'k‘uma
umaperegrinação
peregrinaçãoporporSão
Sâo Paulo
Paulo para
para fazer
fazer uma
uma cam
carn-
panha —_ aa Campanha em Defesa daEscola
Defesa da EscolaPública.
Pública.Este
EsteFlores-
Flores
tan também foi foi um
um Florestan
Florestan seminal, que se
seminal, que sedistinguiu,
distinguiu,porque
porque
mostrou que acadêmico pode
que o acadêmico podeeedeve,
deve,ememcertas
certas circunstâncias,
circunstâncias,
posicionar-
posicionar-sese e lutar para melhorar asas condições de vidavida de
de seu
seu
país. Esta
país. Esta Campanha
Campanha tevê teve uma
uma importância
importância muito
muito grande naque-
grande naque
la
la época, fins dos
época, fins dos anos
anos 1950,
1950,sesénão
nãome mefalha
falhaa amemoria.
memória.
Foi uma mobilização intensíssima,
intensíssimâ; uma uma mobilização
mobilizaçãoque que
nos levou ao ao que
queentão
entãoeraerararo:
raro:o oencontro
encontroentreentre a universidade
a universidade
e os
os trabalhadores.
trabalhadores. Andamos
Andamos por por sindicatos
sindicatossem semfim,fim,pregando.
pregando.
Andamos
Andamos por por escolas,
escolas, andamos
andamos pelo
pelo interior,
interior, pregando,
pregando, discu
discu-
tindo
tindo modificações
modificações concretas numa lei
concretas numa lei que
que iria
iria dar
dar as
as normas
normas
fundamentais ao processo educativononoBrasil.
processo educativo BrasiLPortanto,
Portanto,nãonãosur-
sur
preende oo Florestan
preende Florestan que
que mais tarde reaparece
mais tarde reaparece com
com esta
esta mesmãira
mesmaira *
HT'

sagrada de combatente, às vezes até próximo


vezes até próx imo dede Dom
Dom Quixqaze,
Quixc&é,
que investe
investe eemuitas
muitasvezes
vezesacerta
acertao óalvo.
alvo.Lutou
Lutoua vida
a vidainteira.
inteira.
Esse mesmo aspecto
Esse mesmo aspectodedeum umFlorestan
Florestan que
que se se abriu
abriu à socieda
à socieda-
de reapareceu
reapareceuem emlutas
lutastenazes,
tenazes,travadas
travadas norio seio
seio da da Universidade
Universidade F ^

de São Paulo.
Paulo. AA Universidade
Universidade de hojehoje éé muito
muito diferente
diferente dodo que
que
jájá foi.
foi. Nãó
Não só
só pela
pela sua
sua massificação
massificação — -- pelo
pelo aumento
aumento do do número
número
de alunos — - como
corno também porque houve uma democratização
interna em sua ordem hierárquica- Sei que a muitos pode parecer
interna em sua ordem hierárquica. Sei que a muitos pode parecer
estranho e irrealista
irrealista dizer
dizer que
quehoje
hojeháháuma
umacerta
certademocratização,
democratização,
mas vou
vou lhes
lhes dar
dar apenas
apenas um um exemplo.
exemplo,HouveHouveuma umaluta
lutamuito
muito
grande na Universidade
Universidade parapara que
quegoss assistentes, ósauxiliares
assistentes, os auxiliaresdede
ensino, pudessem
pudessemter terestabilidade,
estabilidade,poispois eles
eles eram,
eram, como
como se diz
se diz emem
latim, demíssíveis
demissíveis adad nutum,
nutum, quer
querdizer,
dizer,ooprofessor
professorcatedrático
catedrático
tinha o direito
direito de
de dispensar seu assistente
dispensar seu assistentea aqualquer
qualquermomen-
momen
to e em
em qualquer
qualquer estágio
estágiodadacarreira,
carreira,fosse
fosse
atéaté mesmo
mesmo umum livre-
livre-
-docente. A figura fundamental em torno da qual se organizava
- docente, A figura fundamental em torno da qual se organizava :
toda a vida universitária era aa do
u.niversitária era do professor
professorcatedrático.
catedrático.Para
Paraque
que

178
*78
houvesse
houvesse uma umareorganização,
reorganização, para
para queque se tivesse
se tivesse um departamen
um departamen-
to, para que
to, para queososdepartamentos
departamentostivessem tivessem alguma
alguma vitalidade,
vitalidade, em em
tudo isso está
tudo isso estáa amarca
marcadede Florestan
Florestan Fernandes.
Fernandes. São São inumeráveis
inumeráveis
os trabalhosque
os trabalhos queescreveu
escreveu a respeito
a respeito da universidade
da universidade e da eedu.ca-
da educa
ção. Continuavaaaser
ção. Continuava seraoaomesmo
mesmo tempo
'tempo o grande
o grande intelectual,
intelectual, o o
homem
homem que que abre
abreoocaminho
caminhonanasociologia
sociologia brasileira
brasileira e o ehomem
o homem
que mudaaainstituição
que muda instituiçãonanaqual qualeleele vive,
vive. O homem
O homem queque olhaolha
maismais
alem
alem eetrata
tratade dedeixar
deixarsua
suamarca
marcananasociedade
sociedade circundante.
cireundante.
Tudo isto,entretanto,
Tudo isto, entretanto,talvez
talvezsejasejapouco
pouco diante
diante da da importân
importân-
cia da produção propriamente intelectual de
propriamente intelectual deFlorestan
FlorestanFernandes.
Fernandes.
Eu fui dos
Eu fui dos que
quepuderam
puderamacompanhar
acompanhardede perto,
perto, de demuitomuito perto,
perío,
esta evolução.Fui
esta evolução. Fuidos
dosqueque sentiram
sentiram forte,
forte, muito
muito forte,
forte, a presença
a presença
de FlorestanFernandes
de Florestan Fernandesemem vários
vários setores
setores dá vida
da vida intelectual.
intelectual. No No
começó, tratava-sededeincorporar
começo, tratava-se incorporaruma umadisciplina
disciplina científica
científica à nos
à nos-
sa prática
práticauniversitária.
universitária.Mas Masisto istonunca
nunca esteve
esteve desligado
desligado de uma
de uma
preocupação
preocupação teórica. teórica.AsÁs aulas
aulas de de Florestan
Florestan no primeiro
no primeiro anoano
erameram
dificílimas,
díñcílizmas. Ele Ele nos
nosfazia
fazialerlerMannheim,
Mannheim,que quenósnósnão não entendía
entendia-
mos,
mos. Quando passávamos de uma aula aula sobre
sobre Mannheim
Mannheimpara pára um
uip
curso sobre Durkheim
curso sobre Durkheimdado dadopelo peloprofessor
professorRoger EogerBastide,
Bastidê, nosnos
pareci
pareciaa que Durkheim era era tão
tão claro! Se Se'fosse
fosse oo professor
professorAntonio
A ntonio
Cândido
Candido que quenos nosexplicasse
explicasse Weber,
Weber, então
então era era um Weber
um Weber fascinan
fascinan-
te. Mas
Masoohomemhomemque quenosnosdavadava o impulso
o impulso para
para queque lêssemos
lêssemos tudotudo
isto era Florestan
isto era FlorestanFernandes,
Fernandes, queque vinhavinhacomcom o seuo seu Mannheim,
Mannhe.i-rn,
que nosobrigava
que nos obrigavaaalerlerosostrabalhos
trabalhos mais
mais maçudos
ma-çudos de Mannheim,
-de Mannheirn,
a tentar entender o conceito
conceito de de utopia,
utopia, atentar
a tentarperguntar
perguntarqual qualera
era
a função
funçãodo dointelectual,
intelectual,comocomo eleele se situa
se situa na sociedade;
na sociedade; estávamos
estávamos
todos tateando^araver
todos tateandopara versesedescobríamos
descobríamos alguma
alguma coisa
coisa e Florestan
e Florestan
nos incentivando
incentivandosempre. sempre,
Eu meme recordo
recordodos dosgavetões
gavetões do do escritório
escritório doméstico
doméstico de Flo
de Flo-
restan onde a bibliografia estava devidamente classificada em
restan
enormesonde
enormes a bibliografia
fichas,
fichas, todas estava
todasescritas
escritas devidamente
à mao
à mão com
com tinta
tinta classificada
roxa.
roxa. em
Naquele
Naquele
tempo fazíamosciência
tempo fazíamos ciênciacom
compapel,
papei, lápis
-lápis e caneta,
e caneta, poucopouco
maismais
do do

m
179
.| ._ .
._:-_..
H-'."=
.
,1
que isto. OO imenso
que isto. imensomaterial
materialfichado
fichadojájátinha
tinhasido
sido objeto
objeto de de
umaumal
-
elaboração brilhantenanãO
elaboração brilhante rganização social
Organização socialdosdosTiipinanrbá.
Tupinambâ. O
O ou
ou- . .,-51%
`._~:".Í';.

tro livro
livro baseado
baseadononomesmo
mesmomaterial, AA função
material, função sociál
social da
da guerra^
guerra,
éé um
um oceano
oceano de desabedoria
sabedoriadifícil
difícildede atravessar.
atravessar. MalMal se termina
se terminar
va
va aa primeira
primeira leitura,
leitura,mesmo
mesmocom comososresumos
resumosnonofinal final
dede cada
cada
\-

capítulo, voltava-seaoaoinício,
capítulo, voltava-se início,porque
porque nãonãose se conseguia
conseguia entender
entender
muito bem, tanta coisa havia sido ali posta e reposta, vista e re¬
muito bem, tanta coisa havia sido ali posta e reposta, vista e re
vista, que
que eueu não
nãoseiseiseseháháoutro
outrotrabalho
trabalhoigual
igualnanabibliografia
bibliografia
antropológica brasileira.Com
antropológica brasileira. Comisto
isto0oFlorestan,
Fiorestan,que
que
eraera sociólogo
sociólogo
ee nos
nos fazia
fazia ler
ler Weber,
Weber,Marx Marxe eDurkheim,
Durkheim,dederepente
repenteeraera
umumdosdos
eruditos que, ao
eruditos que., aolado
ladodedeGioconda
GiocondaMussolini
Mussolinie outros
e outros eruditos
eruditos
em antropologia,
antropologia, como
comoEgon BgonSchaden
Schadene Emilio
e Emilio Willems,
Willems, mais
mais sa- sa u

biam
biam aa respeito
respeitodessa
dessa disciplina.
disciplina. Fiorestan
Florestan tinha
tinha enorme
enorme erudição
erudição
em antropologia.
antropologia.
De repentiípercebíamos que a_ sociologia, que era a paiíão *I
De repente
de todos
todos erapercebíamos
nós, era
nós, que a fundamental,
aa disciplina-mestra,
disciplina- mestra, sociologia, que
fundamental, masera
mas nãoa go-
não paixão
Rp-
deria sobreviver
sobreviversozinha.
sozinha.Tínhamos
Tínhamosque quepercorrer
percorreras as disciplinas
discíplirlas
afins. Em certa
afins. Em certafase
fasededenossa
nossa formação,
formação, a antropologia
a antropologia represen
represen-
tava quasequfe
tava quase quea amesma
mesma coisa
coisa queque a sociologia.
a sociologia. Lia-se
Lia-se tantotanto
umauma 5

quanto a outra
outra disciplina.
disdplina.Com Com umauma dificuldade
dificuldadeenorme.
enormepara paraosos
que não sabiam
que não sabiaminglês:
inglês:é éque
que a boa
a boa antropologia
antropologia da da época
época estavaestava
quase toda escrita
escritanesse
nesseidioma.
idioma. Levi-Strauss
Lévi-Strauss estava
estavaapenas
apenascorne-
come
çando
çanclo aa ter
terinfluência
influênciacom comseus
seus livros
livros mais
mais importantes;
importantes; a grande
a grande
antropologia
antropologia era era aa da
da escola
escola de
de Radcliffe-Brown
Radcliffe-Brown eeMalinowslci.
Malinowsld.
Passávamos
Passávamos pois poisdadasociologia
sociologia para
para a antropologia
a antropologia e para
e para a a
economia, tanto que
economia, tanto queum umdosdosmeus
meusprimeiros
primeirosimpulsos
impulsos foifoi fazer
fazer
alguma coisa
coisajuntando
juntandoeconomia
economiacom comsociologia.
sociologia. Mais
Mais tardetardeor- or
ganizamos
ganizamos oo Centro
CentrodedeSociologia
SociologiaIndustrial
Industriale do
e do Trabalho
Trabalho (Ce-(Ce-
sít)1 com esta
sit)* estamesma
mesmapreocupação.
preocupação.
Nos meados
meados dos dosanos
anos1950,
1950,Florestan
Fiorestancomeçou
começou umum novonovo
momento
momento do do seu
seu percurso
percursointelectual,
intelectual,que que durou
durou muito
muito tempotempo
ee foi
foi marcante.
marcante.Esse
Essemomento
momentoestá ligado
está a duas
ligado preocupaçoes:
a duas preocupações:

18o
uitia
uma comcom os negros ee outra
os negros outra com
com aa cidade
cidade de de São
SãoPaulo.
Paulo,EuEunão
não
sei $ejájáfoi
sei se foisuficien-temente
suficientementeressaltado
ressaltadoo oque queeraeraa inquietação
a inqmetaçao de de
Florestan
Florestan comcom Oo estudo
estudo dadacidade
cidadededeSão SãoPaulo.
Paulo.Talvez
Talvez buscan
buscam»
do inspiração em Chicago, já já que a sociologia americana tivera
americana tivera
enorme
enorme élanélan com
com osos estudos
estudos sobre
sobre aasociologia
sociologiaurbana
urbanadaquela
daquela
<jidade. Florestanfez
qidade. Florestan fézvárias
váriastentativas,
tentativas,todas
todaselas
elas frustradas,
frustradas, para
para
obter recursos
obter recursos para
para umum estudo
estudo semelhante.
semelhante. Embora
Emboranao nãotenha
tenha
sido feito nós
nos moldes de sociologia
sociologia urbana, acabou sendo sendoreali-
reali
zado de
de outra
outra maneira.
maneira. O O estudo
estudo sobre
sobre aa evolução
evoluçãohistórica
históricados
dos
negros (que é ex traordinário) tornou-
extraordiriário) se, ao mesmo tempo,
tornou-se, tempo, umum
estudo sobre
sobre São
SãoPaulo.
Paulo,Florestan
Florestanprocurou
procurouver
vercomo
comoseseformava
formava
uma
uma categoria
categoria social
social nova* uma classe
nova, uma classe em
em substituição
substituição ààcondição
condição
de escravo,
escravo,nonoprocesso
processodedeurbanização
urbanizaçãodedeSão SãoPaulo-
Paulo. Á discussão
A discussão
sobre classe,
classe,casta
casta(0(oque
queera
erao onegro?
negro?escravo?
escravo?operário?),
operário?),
queque
eu eu
pude refazer mais tarde nas análises sobre os negros no Rio Gran-
pude
de do refazer mais se
apoiou-
Sul, apoiou~se
tarde nastrabalho
nesse
nesse
análises de
trabalho sobre
de os negros
Florestan,
Florestan.
no Rio
Crescia
Crescia
Gran
aacidade,
cidade,
diferenciavam-se ás as classes,
classes, rompia-
rompia-sese a matriz dodo mundo agrá- agrá
rio,
rio. Era o começo
começo do do processo
processo que
quefoi
foiretomado
retomadomais maistarde,
tarde,pdr
pdr
Florestan, na Revolução burguesa,para mostrar os
Revolução burguesa, os delineamentos
dellneamentos
da sociedade brasileira contemporânea.
sociedade brasileira contemporânea.
Assim,
Ass-im, o0 que
que apareceu
apareceu como
como teoria
teoria nos
nos seus
seus livros
livrosposterio
posterio-
res foi vivência muito concreta, análise muito concreta de uma si- si
tuação social
social eede
deumumprocesso
processodedetransformação
transformaçãohistórica.
histórica. Tentei
Tentei
replicar este esforço no
este esforço no livro
livro Dependência
Dependência eedesenvolvimento
desenvolvimento na na
Âméricá Latina, quando de minhas andanças pela
América Latina, temáticades-
pela temática des
sa região.
região. AA tentativa
tentativa de dejuntar
juntar oo que
que êé momentâneo
momentâneocom como oqueque
é estrutura,
estrutura* oo que
<fueé éconfiguração
configuraçãocom como processo
o processo queque a forma,
a forma.
Para fazer esse
esse percurso
percursointelectual,
intelectual,convém
convémintroduzir
introduzira adialé-
dialé
tica. Portanto, foi com a paixão de descobrir 0o negro negro na narealida-
realida
de brasileira, de situá-lo,
situá- lo, que
que de
de repente
repente sesepassou
passou aanível
nível mais
mais
abstrato, ee Florestan
Florestanrecompôs
recompôsuma umasérie
sériededemodelos
modelos teóricos
teóricos de de
explicação
explicaçao dada realidade.
realidade.

181
Continuar mostrando
mostrando aa contribuição
contribuiçãodedeFlorestan Florestanseria
seriain-in
findável, além do
findável, além doque
queháháumaumaparte parte desta
desta contribuição
contribuição sobre
sobre a a
qual, por deficiência
qual, por deficiênciaminha,
minha,não nãopoderia
poderia falar
falar e peço
e peço queque outros
outros
falem.
falem. ÉÉ 0o folclore,
folclore,que
quetambém
tambémestá está ligado
ligado à análise
à análise da cidade,
da cidade,
à pobreza,
pobreza*à àmemória
memóriacoletiva.
coletiva,ComoComo ficamficam os os massacrados,
massacrados, os os
deserdados? Como sobrevivem? Minha sensibilidade sensibilidade nunca nuncasees ?
ajustou às
ajustou às análises
análisesdodofolclore,
foldore,àsàs quais
quais Florestan
Florestanse dedicou
se dedicouex- ex
tensamente, Escreveulivros
tensamente. Escreveu livros e livros
e livros nesta
nesta matéria,
matéria, aparentemente
aparentemente
marginal mas que, situada
mas que, situadanonopercurso
percurso intelectual
.intelectual de de Florestan,
Florestan,
faz parte
parte do
do esforço
esforçopara
paradescobrir
descobrir aspectos
aspectos novosnovos
do do mesmo
mesmo
processo
processo quequeo opreocupava,
preocupava, pois pois as classes
as classes populares
populares têm no têmfol-no fol
clore
clore umum refúgio
refúgiode deidentidade
identidadecultural,
cultural,apesarapesardasdas diferenças
diferenças en- en
tre seusdiversos
tre seus diversossegmentos,
segmentos, apesar
apesar de de
suasua faltafalta de consciência
de consciência no no
plano
plano político
político eeàsvezes
às vezesatéaté mesmo
mesmo no noplanoplano social.
social. 3
Haveria muitos
Havena muitos outros
outros aspe‹:tos,za
aspectos^a serem serem ressaltados
ressaltadossobresobre
Florestan Fernandes,mas
Florestan Fernandes, maso ofundamental
fundamfental no seunó seu foi £ã*foi
percurso
percurso
paixão pelo
pelo saber;
saber; aaelaboração
elaboraçãodadasociologia
sociologia como
como ciência;
ciência; a a
ciência comoparte
ciência como partedadasociedade;
sociedade; a sociedade
a sociedade como como probíernajlk
problemafa
definição
deñnição de métodos
métodos e, e, depois,
depois, aa elaboração
elaboraçãoteórica teórica dedetudo
tudo isso
isso ^
num grande arcabouçoque
grande arcabouço quevaivaialém
além dada fotografia
fotografia estática
estática da da
so- so
ciedade, poisressalta
ciedade, pois ressaltaa dinâmica
a dinâmica queque permite
permite sua sua transformação.
transformação.
Nao conheçoexemplo
Não conheço exemplosemelhante
semelhante no no Brasil.
Brasil. Nunca
Nunca houve
houve
entre nos
entre nós uma
umaobra
obraque
quetenha
tenhatido tamanho
tido tamanho alcance,
alcance,queque
tenha
tenha
tido a capacidade
capacidadededeabarcar
abarçartãotão amplamente,
amplamente, de ser
de ser criativa,
criativa, às às
vezes atéde
vezes até deesconder
esconderesta
esta criatividade
criatividade na na erudição.
erudição. Porque
Porque Flo» Flo
restan
restan éé também
tambémum umerudito.
erudito.Não Nãononomau
mausentido
sentido dada erudição
erudição
que tolhe.
tolhe.AA erudição
erudiçãodedeFlorestan
Florestan é muito
é muito densa,
densa, masmasseu seu
pen-pen
samento
samento éé mais
maispoderoso.
poderoso.EleElesacode
sacode o peso
o peso da erudição
da erudição e dee de
repente,
repente, nono meio
meiode demuita
muitacitação,
citação, aparece
aparece comcom força
força algoalgo
que que
ée criação própria eeque
criação própria quefica
ficaesmaecido
esmaecido pelapela vastidão
vastidão da cultu
da cultu-
ra posta
ra posta àà disposição
disposiçãododoleitor.
leitor,Mas
Mas0 leitor mais
o leitor treinado,
mais que que
treinado»
sabe separaro oque
sabe separar quepertence
pertence a cada
a cada um,um, descobre
descobre que háque há naquèle
naquele

182
cipoal de autores
fcípoal de autores uma
umaideia
ideiaque
queéé peculiar, queÉénova,
peculiar, que nova,que queÉ de
é de
Florestan.
Florestan.
Outro aspecto importante:Florestan
aspecto importante: Florestancriou
criouuma
urna linguagem.
linguagem.
Linguagem
Linguagem queque foi
foi também
tambémterrível
terrívelem
emcerta
certaépoca.
época,
QueQue nósnós
to.- to
dos tentamos imitar
dos tentamos imitar com
com desespero.
desespero.Alguns
Algunsconseguiram.
conseguiram. FoiFoi
uma tragédia! Depois,
uma tragédia! Depois,eleelemesmo
mesmopoliu
poliua linguagem
a linguagem e se
e se libertou
libertou
de seu peso. Mas esta linguagem não era afetação. Era busca de
de seu peso. Mas esta linguagem não era afetação. Era busçâ de
identidade.
identidade. EraEra busca
buscadodoconceito.
conceito. Era Era tentativa
tentativa para
para mostrar
mostrar queque
se fazia na
se fazia na sociologia
sociologiaalgoalgomuito
muitoimportante
importantee eque que a sociologia
a sociologia
era urna ciência.
era uma ciência.Não
Nãoera eraumaumalinguagem
linguagemsimplesmente
simplesmente para
para di- di
ferenciar, para tornar mais difícil difícil ao outro, masmas para
para tornar
tornar m|
mqisis
rigoroso o0 pensamento.
pensamento.E£muitas muitasvezesvezesa busca
a busca dodo rigor
rigor prejudica
prejudica
aa fluência
fluência do dò argumento.
argumento.Mas Maseste esteaspecto
aspectoera era fundamental!
fundamental! E E
até nisso
nisso éétão
tãoforte
fortea apersonalidade
personalidade de de Florestan,
Florestan, queque
mesmomesmo
no no
cacoete
cacoete dadalinguagem
linguagemele eleinfluenciou,
influenciou,marcoumarcoua muitos.
a muitos. EuEu custei
custei
bastante
bastante aa não
não escrever
escrevercertas
certas palavras
palavras complicadas,
complicadas, e dee repente
de repente
percebo
percebo quequeainda
aindaasasemprego,
emprego, pois
pois estão
estão no no
meumeu subconsciente^
stibconscienteg
vêm de longe,
longe, vêm
vêm dada convicção
convicçãodedeque queé épreciso
preciso usar
usar palavras
palavras
adequadas, conceitoscorretos
adequadas, conceitos corretos e só
e só eles.
eles. E àsEvezes
às vezes parecem
parecem pala- pala
vrões, de tão diferentes
diferentes ee desnecessários.
desnecessários. v_
Isto tudo não impediu
impediu que queFlorestan
Florestanfosse
fosseumumpolemista.
polemista.
Brigou, mas brigou sem sem fim.fim. Só
Sónãonãobrigou
brigouconosco.
conosco,NuncaNunca bri
bri-
gou, que eu
gou, que eusaiba,
saiba,com
comnenhum
nenhumdede seus
seus discípulos.
discípulos. Era Era
duro,duro,
mas mas
não era
não era áspero.
áspero. lncentivava.
Incentivava.Toll-tia
Tolhiaàsàsvezes, mas
vezes, 'tolhia
mas para
tolhia dardar
para
disciplina, Mas com
disciplina. Mas com os
osoutros,
outros,meu
meuDeus,
Deus,como
como brigou!
brigou! E eu,
E eu, queque
sou dede temperamento
temperamentomais maiscordato
cordatododoquequeo dele,
o dele,
em em quantas
quantas
frias entrei!
entrei! Enílquantas
EmÊquantasbrigas
brigasnana Universidade,
Universidade, na na congregação,
congregação,
em quantos
quantos desaforos
desaforosterríveis!
terríveis!Porque
ForqueFlorestan
Florestan brigava
brigava porque
porque
acreditava, queria melhorar;
acreditava, queria melhorar; polemizou
polemizouextensamente,
extensamente,nunca nunca
deixou de polemizar.
polemizar.
Encontrei-o
Enc0_ntrei~o uma
uma vez, num se-rniexílio
vez, num semiexilio de
de ambos,
ambos, nono Canadá
Canadá
e nos Estados Unidos. So não conto aqui o que ele fez porque
e nos Estados Unidos. Só não conto aqui o que ele fez porque
183
1-gi-5.."'»Ê5-L~`\f;.:
estamos numa universidade
estamos numa universidadeeenãonãoééapropriado,
apropriado,mas
masbrigou
brigoucomcom
rzu
gestos de táí
tal força numa reunião em Nova York, nó no Council
Council of the TE*
'll Ei
-J-

.¿_sq
Américas
Americasf ,2 que os
os americanos
americanos presentes
presentesme meperguntaram:
perguntaram:mas masQ o _..
,_z
--¿
r.

que
que Éé isto?
isto?Porque
Porqueoogesto
gestonão
nãotinha
tinhacorrespondência
correspondênciananacultura
cultura
americana*
americana. Ele Elenão
nãohesitou
hesitoue eutilizou
utilizouososdois
doisbraços
braçospara
parares_pon«
respon
der a um argumento
argumento impertinente de alguém que estavano
que estava noaudi-
audi
tório. Isto
tório. Isto também
também é é Florestan.
Florestan. Isto também faz
Isto também faz parte
parte des-te
deste motor
motor
incrívei,
incrível, de alguém que
de alguém que em dado momento
em dado momento rompe
rompe as formas para
as formas para
se
se manter fiel àquilo que acredita
fiel àquilo acredita que
que seja
sejaoo dever
devereeaacorreção.
correção*Eu Eu
sou bem dis-tinto,
distinto, mas
masatéaténisso
nissoeueuooinvejo;
invejo;Porque
Porqueem emcertas
certas cir
cir-
cunstâncias é muito importante
cunstâncias importante ser ser capaz
capaz de romper
romper asas formas.
formas.
Florestan
Florestan asasrompe
rompesesenecessário,
necessário,acho
achoque
querompe
rompeatéaté mais
mais coisas,
coisas,
barreiras, para
para tentar
tentar levar
levar adiante
adiante aa sua
sua verdade
verdadeparticular.
particular.
Eu francamente poderia falar
ñancarnente poderia falar horas
horas ee horas,
horas,comcompaixão.
paixão.
Í-t
Mas não seria delicado para com os _ouvint'es. Quis apenas mtis- _|
z
f\

Mas não seriadedelicado


trar algumas para com
suas dimensões, os dar
quis cmvintes.
alguns Quis apenas
exemplos mos
qi| e
do que
éé oo homem
homem cuja
cujaIornada
Jornadaememsua
suahomenagem
homenagemseseinicia
iniciahoje
hojee,e,pelo
pelo
que ouvi do
que ouvi do próprio
próprio reitor
reitor Jorge
Jorge Nagle,
Nagle»vaivaiseserepetir
repetirnanáUneš'p,
Unetp,
para
para aa glória
glória desta Universidade, eenão
desta Universidade, não dele,
dele,Florestan,
Florestan»cujo
cujosig-sig F
nificado profundo, para
nificado profundo, para todos
todos nós,
nós, dispensa
dispensaaté atémesmo
mesmohome-home
nagens.
nagens.

â
l 134
p

Fiorestan, cientista*
Florestan, cientista*

!l

I5'

Reler este
Reler este livro' tantos anos
livro1 tantos anos depois
depois de depublicado
publicadofoifoipara
para
ruim
mim uma experiência humana eeintelectual
experiência humana intelectualcompensaclora.
compensadora.
Digo
Digo experiência humanahumana porque
porque hoje,
hoje,em em1999,
1999,ocupanf
ocupanf
do as recordar um
as funções sabidas, fez-me recordar um passado
passado dedecinquenta
cinqüenta
anos. Isso
Isso mesmo,
mesmo,cinquenta
cinqüentaanos!
anos!Conheci
ConheciFlorestan
Fiorestan Fernandes
Fernandes
em 1949, quando
quando ingressei
ingresseinanaFaculdade
FaculdadededeFilosofia,
Filosofia, Ciências
Ciências e e
Letras da
da uUs?
s p (assim
(assim sesechamava),
chamava),então
entãoinstalada
instaladanonóantigo
antigo pré
pré-
dio da Escola
Escola Caetano
Caetanode deCampos,
Campos,nanapraçapraçadada República,
República, bembemno no
centro de São Paulo.
de Sião Paulo*
Fui aluno, auxiliar de de ensino,
ensino,assistente
assistentee colega
e colega
de de Fiorestan.
Florestan.
Ninguém
Ninguém influenciou
influegciou tanto
tanto quanto
quanto ele
ele a minha geração. Naépo-
geração. Na épo
ca, Florestán, como
ca, Florestan, comotodos
todosnós,
nós,usava
usavabatabatabranca
brancanasnas aulas
aulas e nos
e nos
corredores: queríamos ser “cientistas” e>pela e, pela influência positivis
influência positivis-

* “Florestan
‘"FiorestanFernandes:
Fernandes: a revolução
a revolução burguesa
burguesa no Brasil:
no Brasil: texto introdutório”
texto introdutório? In: In:
Silviano Santiago(org.
Silviano Santiago ). Intérpretes
(org.). doBrasil.
In rérpreres do BrasiL Rio
Vaode Janeiro:Nova
de Janeiro: NovaAguilar,
Águilar, 200Ò,
2000,
vv. 3,
3, pp.
pp* 1491.-5.
1491-6. (Biblioteca
(BibliotecaLuso-Brasileira.
Luso-Brasiíeira,Série
SéríeBrasileira).
Brasileira),

185
ta,
ta, oo Departamento
DepartamentodedeSociologia
Sociologia pertencia
pertencia à seção
à seção das Ciências
das Ciências
na
na Faculdade. Estudávamos
Faculdade. Estudávamos matemática
matemática e estatística»
e estatística, e nos e nos davam
davam
licença para ensinar
licença para ensinarnonocurso
cursosecundário
secundáriotantotanto sociologia
sociologia - e— e
mais amplamente “ciências
mais amplamente “ciências sociais”,
sociais” em
em geral
geral história
história -¬
^ como
como
matemática,
mat-ernática. '
Florestan Fernandes nos anos 1950 era mais que o apóstolo,
era ooFlorestan
profeta do
profeta
Fernandes
do projetodanos
projeto da anos 1950
sociologia
sociologia como
era
como mais que
“ciência
“ciência
oempírica”
empírica?
apóstolo»
Com
Corn eleele ee com
comRoger
RogerBastide
Bastide fazíamos
fazíamos pesquisas
pesquisas de campo
de 'campo para para
sermos treinadosnanaanálise
sermos treinados análise objetiva
objetiva dos dos processos
processos sociais.sociais.
Ao ladoAo lado
dessa devoçãoà àdisciplina,
dessa devoção disciplina, ao ao método,
método, Florestan
Florestan fazia arder
fazia arder em em
nós
nós aa paixão,
paixaO)quequenelenele
eraera vulcânica,
vulcânica, por uma
por uma vida -devida de comprome
Comprome-
timento com com aaciência
ciênciae ecom com os os valores
valores de uma
de uma sociedade
sociedade melhor-. melhor,
Na
Na época
época ememque quefoifoimeu
meu professor
professor «W e— é mesmo
mesmo maismaistarde,tarde,
até precisamenteo operíodo
até precisamente período de de elaboração
elaboração dos primeiros
dos primeiros ensaiosig
ensaios*,
deste
deste seuseulivro -¬
— Florestan
Florestannão não eicibiu
exibiuseu
seulado
ladode demilitante
militantepo- po
-_

lítico. Embora
Embora guardasse osideais
di eais socialistas
socialistasdo dofim fimda dajuventude,
juventude, F C
9-
guardasse os
a paixão
paixão maiormaior era
erapela
pelaciência.
ciência. IssoIsso
não não obstante
obstante (aí sim,(ai per-
sim,.1 per-
manentemente)
manentemente) um umcomportamento
comportamento indissoluvelmente
índíssoluvelmente ligado ligado
às às
práticas democráticase republicanos,
práticas democráticas e republicanas, cujo cujo
momentomomento áureoáureo
de mi-de mi
litância se seconcretizou
concretizounana Campanha
Campanha em em Defesa
Defesa da Escola
da Escola Pública. Publica.
AA obstinação
obstinação de de Florestan
Florestan em em superar
superar obstáculos
obstáculos na na busca
busca
do aprendizado
aprendizado e,e,depois,
depois,nono ensino,
ensino, suassuas dificuldades
dificuldades financei-financei^
iras, seu
ras, seuentusiasmo
entusiasmo de dequase
quasepai paidos dosalunos,
alunos,seu seuexemplo
exemplocorno.-
como-
vedor de professoruniversitário
de professor universitáriohonra-do, honrado, marcaram
marcaram todatodaa mi- a mi
nha geração.
geração.ParaParamim,mim,particularmente,
particularmente, que,que,
alémalém das ligações
das ligações
profissionais,
profissionaís, tinhatinha um umrelacionamento
relacionamento estreito
estreito comcom ele ele
(fomos(fomos
vizinhos anos anos aa fio,
fio,nossos
nossbsfilhos filhos cresciam
cresciam juntos),
juntos), Florestan
Florestan era era
Uma referênciaindispensável.
uma referência indispensáveL
Ao
Ao iniciar
iniciar aa releitura
releitura deste
deste livro,
livro, deparo
deparo logo
logo comcom oo Flores
Flore5~
tan de sempre.Diz
de sempre. Diznana“Nota
“Notae1tpli‹:ativa”:
explicativa”: “Ê preciso
“É preciso que oque o leitor
leitor.
entenda que que não
não projetamos
projetamos fazer fazer obra
obra dede'sociologia
‘sociologia acadêmi-
acadêmi-t
ca >w.2Imaginava
ca'”.2 Imaginava ele eleestar
estarescrevendo
escrevendo umum ensaio
ensaio livre,livre,
comcom lingua¬ lingua*

186
gem simples...Impossível:
gem simples... Impossível; o militante
o militante Florestan
Florestan Fernandes,
Fernandes, sendo sendo
como
como foifoi na
nafase
fasefinal
finaldedesuasua vida
vida verdadeiramente
verdadeiramente umum militante,
militante,
nunca sufocouooacadêmico-
nun-ca sufocou acadêmico,
: E neste aspecto, entrando a considerar a experiência intelec intelec-
tual destareleitura,
tual desta releitura,-é éinteressantíssirno
interessantíssimo verver a evolução
a evolução do nosso
do nosso
autor, comparando-se os ensaios ensaios finais
finaisdo
do livro
livro com
com asas primeiras
primeiras
partes. -; ■
.
Em “As“As origens
srcens da revolução
revoluçãoburguesa”,
burguesa”Florestan
Florestanfazfazuma uma
análise que(seguindo
análise que (seguindoa acaracterização
caracterização dele
dele próprio
próprio noutro
noutro livro,
livro,
Fundamentos empíricos
Fundamentos empíricos da da explicação
explicação sociológica
sociológica? )f é típico- ideal*
típico-ideal..
Ele
Ele está
está àà busca
busca dos
dos “agentes
“agenteshumanos”
humanos”- —- ooburguês
burguês- capazes;
capazes*
de encarnaroo espirito
de encarnar
Í(
“espírito
I
burguês”.
burguês
,F
Juntos,
. Juntos, os burgueses
os burgueses e o espírito
e o espírito 1
do capitalismo
capitalismoinstaurariam
instaurariamaa“ordem “ordemsocial
socialcompetitiva;
competitiva”, típica
'típica
do capitalismo
capitalismoem emsua
suafasefasegloriosa.
gloriosa.
É Werner Sombart quem o inspira. E, por trás, Max Weber
dá- Ê oWerner
lhe
dá-lhe traçadoSombart
traçado metodolquem
ógico. o inspira, E, por trás, Max Weber
metodológico.
Todos
Todos os Os ensaios
ensaiosdesta
destaparte
parte
do do livro
livro sãosão
uma uma anotação |
anotação
contrastante
contrastante entreentreososagentes
agenteshumanos
humanos (os(os os co-
fazendeiros,
fazendeiros, os .
co-
merdantès-exportadores)
merciantes-exportadores) que, encarnando virtudes burgueses, burguesas, \ ..¬|¡ ¡_l.-`

opõem-
opõem-se se aos agentes
agenteshumanos
humanos da da “sociedade
“sociedade colonial”
colonial” eeaa seu
seu
espírito*
espírito. ÉÊa aluta
lutapela
pela“modernização”
“modernização” daquela
daquela sociedade,
sociedade.
Florestan revela,em
Florestan revela, emmuitas
muitaspassagens,
passagens, seuseu inconformismo
inconformismo
com
com o o que na na linguagem
linguagem da da época
época se
se diria
diria “o“ocoetâneo
coetânéododónãonão :
contemporâneo”, ououseja,
contemporâneo”, seja,a permanência
a permanência da daantiga ordem
antiga (do (do
ordem
Ancien
Ancien Regime)
Regime) nana nova
nova ordem.
ordem.
É de
de salientar
salientarque
quea aerudição
erudiçãoe oeespírito
o espírito científico
científico de Flores
de Flores»
tan Fernandes nunca
tan Fernandes nunca 0o deixaram
deixaram incorrer
incorrer 'em
em equívocos
equívocos habituais
habituais
nos “intelectuais deáe esquerda”,
esquerda” tipicamente
tipicamente ideológicos.
ideológicos. A A análi-
análi
se sobreososefeitos
se .sobre efeitosconstrutivos
construtivosdodo liberalismo
liberalismo constitui
constitui umum belo
belo
exemplo
exemplo desta
desta atitude.
atitude. Para Florestan, oo liberalismo
Para Florestan, liberalismo _ ontem ontem
como hojebete
como hoje noiredos
bëte noire dos ideólogos
ideólogos dede eesquerda
s q u e r d- a “concorreu
"concorreu
para revolucionaroohorizonte
para revolucionar horizontecultural
culturaldasdaselites
elites nativas
nativas” ”4 e deu
deu
substância
substância aosaosprocessos
processos dede modernização.
modernização.

187
187
\¡'¡

ea
Do mesmo modo,modo, Florestan
Fiorestanressalta
ressaltaasas modificações
rnodíficações na es
na eg-
trutura da sociedade
sociedadeocorridas
ocorridassob
sobososimpulsos
impulsos do do “espírito
“espírito buf-bur¬›

guês”
guês” eeportanto
portantodo doliberalismo,
liberalismo,nanapassagem
passagem da da "sociedade
“sociedade cg. co
lonial” para aa “sociedade
l'orzia.l” para "sociedadeimperial?
imperial”Embora
Emboranasnas duas
duas houvesse
houvesse
"senhores”
“senhores” ee“escravos”,
“escravos”, havia
havia novas
novas dimensões
dimensões na “sociedade
na “sociedade im- im
perial”
perial” quequenão
nãoseseexauriam
exauriamnanaoposição
oposição binária
binária mais
mais simplista.
simplista.
Obviamente, oo reconhecimento
Obviamente, reconhecimento das dastransformações
transformações e dg
e do
surgimento de agentes portadores de novas "virtudes”
Stirgirnento de agentes portadores de novas “virtudes” não dimi, não dimi
nuía as características
nuía as característicasnegativas
negativasdodo Ancien
Ancien Régime
Regime nemnem obscure-
obscure-
cia os aspectosperversos
os aspectos perversosdodonovo.
novo.DeDe qualquer
qualquer modo,
modo, a "socie
a “socie-
dade imperial”,sob
dade imperial”, sobeste
esteângulo,
ângulo,incorporou
incorporou agentes
agentes sociais
sociais que que
desencadearam
desencadearam uma umanovanovadinâmica
dinâmicafavorável
favorávelà instauração
à instauração da da
“ordem social competitiva”. Mais
social competitiva”. Mais ainda
ainda -«~
— isto
isto para
para Florestan
Fiorestan
era essencial
essencial —
--V-, iniciava-se o processo
processo de de consolidação
consolidação dede uma
i^na
“ordem social nacional”. Florestan assinala invariavelmente uma
"ordem social nacional”. Fiorestan assinala invariavelmente uma
certa “incompletude”:
"incompletude”;“O "Oquequeocorreu
òcorfeucom
com o Estado
o Estado nacional
nacional iii» In
dependente
dependente ééque queeleeleeraera liberal
liberal somente
somente em em
seusseus fundamentos
fundamerztos
formais. Na,
Na pratica,
prática,ele eraera instrumento
instrumento da
da dominação
dominação patrimo-
patrimo-
nialista ”5
nialista”.5
For certo, quem
Por certo, quemquisesse
quisesseassumir
assumiruma
uma atitude
atitude crítica
critica dian
dian-
te das
das análises
análisesdedeFlorestan
FiorestanFernandes
Fernandes poderia
poderia questionar
questionar 0 queo que
significaria
significaria uma estrutura
estrutura socioeconômica
socioeconômica“imperial”
"imperial” -«~— confu
confu-
são entre a infraestrutura econômica e a superestrutura política,
são
dirãoentre
dirão os
a infraestrutura
marxistas
os marxistas
econômica
àà antiga.
antiga. Ássimcomo
Assim
e apoderia
como superestrutura
poderiacriticar política»
criticarcerta
certa
visão
visão "humanista”,
“humanista”, em emcontraposição
contraposiçãoà análise
à análise categoria!
categorial marxis
marxis-
ta.
ta. Por exemplo: “A
Por exemplo: "A autonornizaçâo
autonomizaçao política
política ee aaburocratização
buroctatizaçãoda da
dominação patrimonialista irnprimiriarn
dominação patrimonialista imprimiriam àà produção
produçãoe eà expor-
à expor
tação as funções
-tação as funçõesdedeprocessos
processos sociais
sociais de acumulação
de acumulação estamental
estamental
de capital”.°
capital”,6
Há inumeráveis exemplossemelhantes,
inumeráveis exemplos semelhantes, assim
assim como
como os há
os há
para mostrar que que ààsociedade
sociedadeeraeraatribuída
atribuída a capacidade
a capacidade de "ab
de “ab-
sorver”
sorver” oo espírito
espíritodo
docapitalismo
capitalismoe èaoaomesmo
mesmo tempo
tempo "eternizar*
“eternizar” 0 o

188
pré-capitâlismo.
pré-capitalismo. Era Era um
um capitalismo “vindo de
capitalismo “vindo de fora_'1
fora” assim
assimcomo
corno
o0 liberalismo.
liberalismo.
Mas nãonão ééisso
issoque
quememepreocupa,
preocupa, poispois essas
essas críticas
críticas são ex-sãó ex~
ternas
ternas àà metodologia
metodologia adotada
adotada pelopelo autor.
autor. Preocnpa-me
Preocupa-me aa razão razão
pela qualFlorestan,
pela qual Fiorestan,descrevendo
descrevendo processos
processos de mudança
de mudança estrutu
estrutu-
ral
ral de longa duração
de longa duração(para (paraososquais
quais eleele prescrevia,
pr-escrevia, no já noreferido
já referido
litro
1-itfro sobre
sobre os osFundamentos empíricos
Fundamentos errzpíricos da da explicação
explicação sociológica,
sociológica, aa
utilização
utilização da dadialética
dialéticamarxista),
marxista),tivesse
tivesse feito
feito uma uma análise
análise típico-
tipico-
-ideal,
ideal, dede nítido corte
corte weberiano.
weberiano.
Digo
Digo isso não para
isso não para diminuir
diminuir aa força
força analítica
analíticade deFlorestan,
Fiorestan,
mas
mas parapara ressalta-la:
ressaltá- la: aa despeito
despeitodesse
desseviés
viésmetodológico,
metodológico,eededeseu seu
caráter altamenteabstrato,
caráter altamente abstrato,o livro
o livro é denso
é denso na na observação
observação de pro
de pro-
cessos sociaisconcretos
cessos sociais concretos e nae categorização
na categorizaçâo de situações
de situações de classe.
de classe.
Visto
Visto isso»
isso, passo
passo aa considerar
considerar os os ensaios
ensaios dada terceira
terceira parte
parte dodo
livro, especialmente
especialmente os capítulos 6 e 7.
os capítulos 7. Nos
Nosprimeiros
primeirosensaios,
ensaios, es-es
critos em
critos em 1966,
1966,nosso
nossoautor
autorestá à busca
está dosdos
à busca “agentes humanos”
“agentes humanos”
da revolução burguesa
burguesa no Brasil
Brasil ee vai
vai encontrá~los
encontrá- los no
no “fazendei-
"fazendei
ro” (sobretudodedecafé)
ro” (sobretudo café)e no
e no “homem
“homem de de negócios”
negociosfi antesarttes de che4
de che-"
gar ao
ao “capitão
“capitão dede indústria”
indústria” sombartiano
sombartiano eeao ao“imigrante"`.
MimigranteM .Nos
Nos
últimos ensaiospassa-se
últimos ensaios passa-se a um
a um estilo
estilo de análise
de análise maismais marxista,
marxista, so- so
bre as
asfases
fasesdedeacumulação
acumulação do do capital.
capital.
Certamente, Fiorestantinha
Certamente, Florestan tinhaconsciência
consciênciada da escolha
escolha meto
meto-
dológica quefizera
dológica que fizeranos
nosprimeiros
primeirosensaios
ensaios (basta
(basta ler ler a nota
a nota 14, 14,
na página 1,33) e, portanto, da sensação que 0 leitor teria de que
ana“economia
página 1,33)
“economia e,mercado”
portanto,
demercadoll
de ada“sociedade
sensação
a “sociedade que o leitor
competitiva”
competitiva”. teria de que
a “menta
a “menta-
lidade burguesa”pairassem,
lidade burguesa” pairassem, nãonãose se sabe
sabe onde,
onde, talvez
talvez “lá fora”
“lá fora`l e e
fossem “absorvidas”pelos
fossem “absorvidas” pelosagentes
agentes humanos
humanos concretos,
concretos. No en-No en
tanto, como eu
tanto, como eudisse
disseacima,
acima, â margem
à margem Fiorestan
Florestan ia anotando
ia anotando os os
“processos sociaisconcretos”:
“processos sociais concretos”: a expansão
a expansão do mercado
do mercado interno»
interno, a a
urbanização,
urbanização, asasconexões
conexõesde de dependência
dependência comcom o exterior,
o exterior, a auto
a auto-
nomia nacional
nacional etc.
etc.
Pois bem, nos
Pois bem, noscapitulos
capítulosfinais,
finais, escritos
escritos em em 1973,
1973, quasequase
dez dez

189
anos depoisdos
anos depois dosprimeiros,
primeiros, Florestan
Florestan como como que reconta
que reconta a história
a história
dos agenteshumanos
dos agentes Humanos dada revolução
revolução burguesa,
burguesa, à luz àdas
luz“etapas
das "etapas
-da da
acumulação
acumulação do docapital”.
capital”.Nessa
Nessa síntese
síntese mais mais recente
recente existem existem
três três
fases:
fases: aada
da“eclosão
“eclosãode de
umum mercado
mercado capitalista
capitalista moderno”,
moderno”, a da “ex¬a da “ex
pansão
pansâo do docapitalismo
capitalismocompetitivo”
competitivo” e a “irrupção
e a “irrupçâo do capitalismo
do capitalismo
monopolista
rnonopo1ísta”F ”.7 •
Sem entrar nas minúcias de suas descrições, lembro apenas
Sem entrar
que Florestan
Florestan nas que
reitera
reitera minúcias
quenãonão de
estava
estava suas descrições,
diante
diante lembro apenas
do “desenvolvimento
do “desenvolvimento
do capitalismoem
do capitalismo emsisimesmofl
mesmo”, que,que, em nosso
em nosso caso, caso» os influxos
os intluxos di- di
nâmicos “vinham de
nâmicos “vinham defora”,
fora”,quequenãonão havia,
havia, portanto,
portanto, “espaço“espaço
his- his
tórico para aarepetição
tórico para repetiçãodasdas evoluções
evoluções do capitalismo
do capitalismo na Inglater
na Inglater-
ra, na França,
ra, na França,nos nosEstados
Estados Unidos,
Unidos, ou ou na Alemanha
na Alemanha e no e]apão”Í“
no Japão”®
Assim,
Assim, nossa
.nossa revolução
revolução burguesa
burguesa não não só
só foifoi internamen
internamen-
te incompleta
incompleta (pela convivênciapPermanente
(pela convivência ermanentecom com os os momentos
momentos
históricos anteriores)mas
históricos anteriores) mastambém
também ddeƒormada:
eformada:não repetimosÉ a
não repetimos
doverdadeiro
história do capitalismo, “o
verdadeiro capitalismo, “oxieles”
deles? I
:p#1
Por trás
trás dessa
dessaanálise,
análise, as yicissitudes do da final da década de
‹ ¢ ,
as vicissitudes do final decada de
1960:
1960: osos tormentos
tormentose e“imbróglios”
“imbróglios” da da assim
assim chamada
chamada teoriateoria
da dt
dependência,
dependência.
Mas tampouco
tampouconessenessecasocaso Florestan
Florestan Fernandes
Fernandes se deixase levar
deixa levar
pelo “marxismo vulgar
pelo “marxismo vulgar”” ou
ou pela
pela distorção
distorção analítica
analíticados dosprocessos
processos
histór icos que são
históricos são“engolídos”
“engolidos”pelapelalógica
lógicaabstrata
abstratada daacumulação
acumulação
do capitai.Ao
do capital. Aocontrário
contrário(como
(como eueu
fizera fizera
nosnos estudos
estudos sobresobrè
desen-desen
volvimento ee dependência),
dependência), Florestan
Florestan valoriza
valoriza as peculiaridades
as peculiaridades
do desenvolvirnento
desenvolvimentocapitalista
capitalista na na periferia
periferia do sistema
do sistema mundial,
mundial,
critica suas
suasdistorções,
distorções, chega
chega a será nostálgico
ser nostálgico dás perdas
das perdas de opor-de opor
tunidades históricasque
tunidades históricas quea “burguesia
a “burguesia brasileira”
brasileira” teria teria tido para
tido para
avançar
avançarƒ*,9mas
mas nãonãodeixa
deixadedefazer
fazer análises
análises concretas.
concretas.
Por queescrevo
Por que escrevoisso?
isso?
Porque
Porque aa meumeuver
vero oque
queesteeste
livrolivro mostra
mostra não nãó é a superiori
é a superiori-
dade
dade dada análise
análiseweberiana
webêriana emem contraposição
contraposição à análise
à análise marxistamarxista
(ou vicewersa),
(ou vice-versa),mas
mas aa força
forçade
deum
umsociólogo
sociólogode
deexcelente
excelenteforma-
forma-

190
19o
cão teóricae epaixão
ção teórica paixãopelapelapesquisa,
pesquisa*quequenão não sufoca
sufoca os processos
os processos
históricos no
no vazio
vazio dede análises
análises “típico-ideais”
"típico-ideais” ou ou economicistas.
economícistas.
Faz observações his-tórico-estiuturais
histórico-estruturais com com fino
fino espírito
espírito analítico
analítico
e não
nãodeixa
deixaque
quea apaixão
paixão ideológica
ideológica sufoque
sufoque a argúcia
a argúcía científica.
cíentífica.
Talvez
Talvez seja este,contrario
sejaeste, sensu
contrario sensu, , oo maior
maior legado
legadodedeFlorestan
Florestan
Fernandes. Legadoque
Fernandes. Legado quenono futuro
futuro seráserá ainda
ainda maismais valorizado
valorizado e e
que faz deste
que faz destelivro
livroe ededeseu
seu autor
autor umauma referência
referência permanente
permanente na na
bibliografia
bíblio grafia brasileira.
brasileira.

Rio de Janeiro
janeiro,>Gávea Pequena>14
Gávea Pequena, deagosto
14 de agostodede199,9
1999

191
m
Uma pesquisa irnpactante*
impactante*

-,_
ti

Esta nova edição de Brancos e negros em São Paulo é mais do


Esta nova edição
que bem-vinda.

bern~vinda.
" •
deBrancos

For múltiplos
Por
•*
e tíegros
* ‘. . ‘

motivos:
'
emclássica,
éé obra
obra São Pauto
clássica, é mais
que
que marèa
mariiado
üSjr

uma nova visão sobre


Inova visão sobreaaquestão
questãoracial
racialnonoBrasil,
Brasil,e ée oportu_na,
é oportuna,
pois o livro rãiparece
reaparece no no momento
momento em em quequeososdebates
debatessobresobre as as
identidades raciaisvoltaram
identidades raciais voltaramààcena cenapública,
pública,com com a questão
a questão das das
políticas afirmativas
afirmativaseedas dascotas.
cotas.
Antes
Antes de
dediscutir
discutir èstes
estes temas,
temas, convém
convém situar
situaraa pesquisa
pesquisa leva
leva-
da adiante porRoger
adiante por RogerBastide
Bastidee èFlorestan
florestanFernandes
Fernandes nono começo
começo da da
década
década dede 1950. Lévi-Strauss havia
1950. Lévi-Strauss havia escrito
escrito para
paraaaUnesco
Unescoum umdos dos
vários pequenos ensaiosde
pequenos ensaios dedivulgação sobre
sobre aanoção
noção de deraças
raçasque
que
aquela instituição
instituiçãopatrocínara
patrocinaraparaparacombater
combater0 opreconceito.
preconceito. Na Na
década anterior,
anterior, Gunnar Myrdal publicara
publicara seuseu monumental
monumental livro livro
sobre osos negros
negrosnosnosEstados
EstadosUnidos,
Unidos, AAn
n American
American Dilemma.
Dilemma. Os

* wUma pesquisaimpactante”
“Urna pesquisa impactante”(Apresentação).
(Apresentação). ln:In: Roger
Roger Bastide,
Bastide, 1898*1974;
1898-1974;
Florestan Fernanáes, 1920-95, Brancos
Fernandes, 1920-95, Brancos e enegros
negrosemSão
em SãoPaulo:
Paulo:Ensaio
Ensaiosociológico
sociológico
sobre aspectos da
sobre aspectos daformação,
formação,nianzƒestações
manifestaçõesatuais
tauaise eefeitos
efeitosdodo preconceito
preconceito edco
de cor nar na
sociedade paulistana.
sofiedadeimulísirma. 4. ed. rev.
4.. ed. rev,São
SãoPaulo:
Paulo:Global,
Global,2008,
2008, pp.pp. 9-16.
9-16.

192
192
estudos sobreraça
estudos sobre raçae epreconceito
preconceito ganhavam
ganhavam foro
foro de de preocupação
preocupação
científica* comoatestam
eientífica, como atestamosostrabalhos
trabalhosdede G.W.
G.W`. Prejuãice:
Állport,
Allport, Prejud':`ce:
arz Problem
ProbletnininPsychological
Psychological anã
and Social
Social Causattori
Causatiorí,, ou
ou de
de A.M.
À.M. Rose,
Rose,
prúblems ofMinoritie$y
Problems ofMirioritie5, citados por nossos
citados por nossosdois
doisautores,
autores,e que
e que
seus$eus
alunos, como eu,
alunos, como eu,leríamos
leriamoscomcomdevoção.
devoção. Fiorestan
Florestan sonhava
sonhava em em
|poder
oder repetir
repetir em
em São
Sao Paulo
Paulo oo que
que os
os sociólogos
sociólogos dada escola
escolade
deChi-
Chi
cago haviam feito naquela cidade, transformando-a num verda-
cago haviam feito naquela cidade, transformando- a num verda
deiro laboratório de
deiro Iaboratório de análises.
análises,OOestudo
estudoproposto
proposto pélo
pelo editor
editor da da
revistaAnhembh
revista Anhembi, Paulo Duarte, aaRoger
Paulo Duarte, RogerBastide
Bastidee eFlorestan
Fiorestan sobre
sobre
a questão
questlo dodo negro
negro emem São
SãoPaulo
Pauloabria
abriauma
umaoportunidade
oportunidadepara para
isso. PauloDuarte
isso. Paulo Duartenão nãosósóeraerao ogrande
grandepatrocinador
patrocinador dosdos no^os
nolfos
publicando- os na revista Anhembi,
sociólogos, publicando-os Anhembi, como era era muito
bem relacionado
relacionado internacionalmente.
internacionalmente. HaviaHavia trabalhado no no Mu»
Mu-
sée dei°I-Iornme
séc de THommeem emParis
Parise mantinha
e mantinharelações
relaçõesde de afeto
afeto e respeito
e respeito
com lévi- Strauss.
Lévi-Strauss.
Foi n-este
neste contexto
contextoque queo oentão
entãodiretor
diretor de de Ciências
Ciências Sociais
Sociais
da
da Unesco, Aífred Métraux,
Unesco, Alfred Métraux,chegou
chegoua aSao
zw
SãoPaulo
Paulocomcom a ideia
a ideia die de
financiar uma
uma pesquisa
pesquisasobre
sobreoocontato
contatointerétníco
interétnicononoBrasil.
Brasil.
OsOs
pr imeiros passos
primeiros passos para tai
tal estudo
estudo nana cidade
cidade de
de São
SãoPaulo
Paulojájáhaviam
haviam
sido dadosgraças
sido dados graçasaoaoreferido
referidopatrocínio
patrocíniodada Ânhembh an
revista
revista_Anl1embí, an~
terior àà proposta
proposta da daUnesco.
Unesco.OsOsprazos
prazosrequeridos
requeridos parapara
umumtra»tra
balho dede maior
maior profundidade,
profundidade,como comoseseimaginam,
imaginara,tendo
tendocomo
como
modelo oo que que faziam
faziam osossociólogos
sociólogosdadaescolaescolade de Chicago,
Chicago, não não
coincidiarri com as exigências do calendário mais burocrático
coincidiam com as exigências do calendário mais burocrático
da Unesco — com
Unesco -- compressa
pressaem emcombater
combatero opreconceito
preconceito racial.
racial. DaíDaí
o esperneío
esperneiode deFlorestan
Fiorestannonoprefácio
prefácioà segunda
à segunda edição
edição da obra,
da obra,
também publicado neste
também publiciido nestevolume.
volume,
*' Por outro lado,
lado, aa situação
situação racial
racial no
no Brasil
Brasil era
era vistapela
vista pela ideo
ideo-
logia
logia predominante
predominante ee pelapelaexpectativa
expectativadosdospatrocinadores
patrocinadores inter
inter-
nacionais como contrastante
contrastante comcom aa norte-americana.
norte-americana. A relação
relação
interétnica seria marcada
interétnica seria marcadapelapelaausência
ausência dede discriminação
discriminação racial
racial e e
pela quase
quaseinexistência
inexistênciadodopreconceito
preconceito de de
cor,cor,
dadadada a forte
a forte misci-mísci-

l 193
genação
genação ocorrida
ocorrida no país. Estes
no país. Estes pressupostos
pressupostosnãonãoformavam
formavam parte,
parte,
contudo, do horizonte
contudo, do horizonte interpretativo
interpretativoquequesesevêvêconsubstanciado
consubstanciado
no texto que serviu
texto que serviude
debase
basepara
para á pesquisa
a pesquisa paulista,
paulista, denominado
denominado
“O preconceito racial em
em São
SãoPaulo
Paulo (projeto
(projeto de
de estudo)”,
estudo)”,também
também
publicado no Apêndice
.publicado no Apêndiceda dapresente
presenteedição.
edição.
De qualquer modo éé significativo
qualquer modo significativonotar
notarque queháhámais
maisde de
cinquenta anos já havia no Departamento de Sociologia da USP
cinqüenta anos já havia no Departamento de Sociologia da u$p
quem pioneiramente
pioneiramente estivesse
estivessesese relacionando
relacionando comcom o mundo
o mundo ex-ex-
trauniversitário para buscar
buscarapoio
apoiopara
paraa apesquisa,
pesquisa, tivesse
tivesse cone
cone»
xões com
com uma
uma instituição
instituiçãointernacional,
internacional,dominasse
dominassea bibliografia
a bibliografia
científica pertinente ee ousasse
científica pertinente ousassebuscar
buscarinspiração
inspiração intelectual
intelectual emem
modelo norte- americano. Os autores
norte-americano. autores sabiam
sabiam que o importante
era redefinir
redefinir aa temática
temática em emfunção
funçãoda da'situação prevalecente
situação prevalecente no no
Brasil e confi~avaní*em
confiavanfem sua independência
independênciaintelectual.
intelectual. _
A esse respeito também é significativo que Florestan Fer~
A esse
nandes
nancles respeito
tenha
tenha sevalido
se
v
também
valido maisdedesignificativo
mais Durkheimdodo
Durkheim queque
que Florestan
dede Weber
Weber Fer
ouou*
É

mesmo de Marx para caracterizar


caracterizar teórico-metodologicamente
teórico-metodologicamente a
pesquisa. Deixavade
pesquisa. Deixava delado
ladótambém
também0 oformalismo
formalismodada abordagem
abordagem
funcionalista, que utilizam
funcionaiista, que utilizarapara
paraescrever AA organização
escrever organizaçãosocial
socialdos
dos
TTupinambá
upinambá e que
que estava
estavausando
usandoparaparaescrever
escrever seuseu monumental
monumental
sobreAAfunção
trabalho sobre função social
socialda
da guerra
guerra na
na sociedade
sociedade tupinambá.
tupinambá.
Em
Em vez disso,escreveu:
vez disso, escreveu;

Ainda
Ainda que
que não
não sejâ
seja universalmente
universalmente aceito
aceito por
por todos
todos os
os sociólogos,
sociólogos,
o0 método
métodoque queoferece
oferece maiores
maiores garantias
garantias de exatidão
de exatidão à sociologia
à sociologia
empírica
empírica é éaquele
aquele que que considera
considera os fenômenos
os fenômenos particulares
particulares inves» inves
tigados emseuseu
tigados em modomodo de integração
de integração ao contexto
ao contexto social. Durkheim
social. Durkheim
formulou muitobem
formulou muito bem o princípio
0 principio implícito
implícito nessa maneira
nessa maneira de erica» de enca
rar osfatos
rar os fatossociais
sociais ao escrever
ao escrever que "a que
origem“adesrcem de todosocial
todo processo processo social
de algumaimportância
de alguma importância devedeve ser procurada
ser procurada no meiono meio
social social
'B
interno .' interno
”1

Obviamente, Florestan conhecia os .desdobramentos do


Obviamente, Florestan conhecia os desdobramentos do
método funcionalista.
funcionalista. Sabia
Sabiaque queeles
elesexplicavam
explicavam os os fenômenos
fenômenos
por
por suas funçõessociais
suas funções sociaise eminimizavam
minimizavama utilização
a utilização da da noção
noção de dè
causas eficientesda análise
causas eficientes análise durkheimiana.
durkheitniana.Mas,Mas,fiel fiela asua
suapaixão
paixão
pelas análisesempíricas,
pelas análises empíricas,tão tãoaoao gosto
gosto também
também de Bastide,
de Bastide, preferia
preferia
ressaltar
ressaltar a simplicidade
simplicidade da
daformulação
formulação dede Durkheim
Durkheim ee lançar-se
lançar-se
à pesquisa.
pesquisa.Corno
Comoescreveu
escreveu BBrancos
rancos eenegros
negrosemem SãoSão Paulo
Paulo antes
antes
dos Fundamentos empíricos da explicação sociológica, também não
dos Fundamentos empíricos da explicação sociológica , também não
precisou ressaltar que na análise
ressaltar que análise das
das mudanças
mudanças histórico-estrutw
histórico- estrutu-
rais haveria que
tais haveria que utilizar
utilizar aa dialética
dialéticamarxista.
marxista.Simplesmente
Simplesmentefor- for
mulou as hipótesesbásicas
as hipóteses básicasmostrando
mostrando como
como o preconceito
'o preconceito de cor
de cor
se prendia
prendia àsàs estruturas
estruturassociais
sociais(ao(aomeio socialinterno)
meio social interno) ee como
como^
suas funçõessesetransformam
suas funções transformamquando quandoasasestruturas
estruturas mudam.
mudam. Tra
Tra-
balho^
balhou, portanto,
portanto, com
com grande liberdade
liberdadeintelectual,
intelectual,não nãosesepren-
pren
dendo aoao formalismo
formalismo metodológico.
metodológico.
Neste aspecto o fio condutor que percorre as análises de nos-
Neste aspecto o fio condutor que percorre as análises de nos
sos dois autores -»— Bastide ee Florestan
Florestan---r éé oo mesmo:
mesmo: asás relaçoes
relações
interétnicas
interétnicas ee os
osmecanismos
mecanismosdedeacomodação
acomodação social
social entre
entre negros
negros
e 'brancos
'brancosseseformaram
formaramnonoregime
regimesenhorial
senhoria!escravocrata,
escravocrata, e se
e se
modificaram
modificaram à medida que ruiu aa antiga
antiga ordem
ordem senhorial-servil.
senhorial- servil,
dando lugar a uma capitalista- cõmpetitiva baseada
uma sociedade capitalista-competitiva baseada no no
trabalho livre. O preconceito
preconceito de
de cor,
cor, entretanto,
entretanto,nãonãodesapareceu,
desapareceu,
embora suas
suas funções
funçõestenham
tenhamvariado
variadocom
comasasmudanças
mudanças nonomeio
meio
interno. Ao percorrer a trajetória das relações entre brancos e ne-
interno.
gros, Ao percorrer
primeiro
gros, primeiro' asenhores
trajetória
como senhores
como das relações
e eescravos,
escravos, entre
depois
depois como brancos
como e ne
cidadãos
cidadãos
pertencendo
pertencendo aa classes
classessociais
sociaisdiferentes,
diferentes, nossos
nossos autores
autores analisa
analisa-
ram com niinúciasfs
minúcias asintrincadas
intrincadasrelações
relações entre
entre raça
raça e escravidão
e escravidão
numa sociedade
sociedade de decastas
castase,e,posteriormente,
posteriormente, entre
entre raçaraça e classe
e classe
social numa sociedade capitali sta- cõmpetitiva em
capitalista-competitiva em formação.
formação.
Isso éé dito
dito eeredito
reditoporporambos
ambos'ososautores:
autores:

[...] o que nos parecia importante, na situação racial brasileira,


[...] o que nos pareciadeimportante, na situação racial brasileira,
não era a ineicistência
inexistência de atitudes
atitudespreconceituosas
preconceituosas-e discriminató-
e discriminató-
.,. .
._J'_
a'.I"
.- ¿i.-‹-~.,__
rias mas as formas pelas
pelas quais elas se ex primiam ee ás
exprimiarn as funções que
qm; 'J ü
preenchiam. Sem assumir
assumir feições
feições ostensivas
ostensivas ee virulentas,
viruientas,caracte-
caracte-
rísticas do estado de conflito.
estado de conflito, elas traduzem o queque ocorre quando
quando `r

ambos os processos fazem parte de um estado


processos fazem estado dedeacomodação*
acomodação* . ,rw|.

/• • Y’ i i I a < * - \ i ÍV ' % ' Y®:_ .»_;z¿


.'1';

diz Florestan Fernandes. Todo o primeiro capítulo é dedicado à


diz Florestan
análise da Fernandes.
da evolução
evolução Todo osocial
dadaestrutura
estrutura primeiro
social capítulonaéna
e eeconomica
econômica dedicado
qual
qual à
o es-
o es-
cravo negro se se inseria.
inseria. Região
Região de
derelativamente
relativamentepoucos poucósnegros,
negros,
de muitos
muito-'s índios e, ao
índios e, ao finalizar
finalizar oo século
século xxrx,
í x , de ondas
ondas maciças
maciças
de imigrantes europeus,
europeus,São SãoPaulo,
Paulo,depois
depoisdadaAbolição,
Abolição,foifoipalco
palco
de uma lenta
lenta transição
transição para
para um
um regime
regime de de classes
classessociais.
sociais.Entre-
Entre-
tanto, assim
assim como a transição jurídica foi súbita, pois a Abolição J J
deu ao negro, formalmente, 0o status
status de homem
homem livre, livre, aa transição
transição %
social e econômica foi lenta: .r
social e èconôiniea foi lenta: . Y? z

la
£É que a transição precisava se se operar como um processo histórico- • -Y
--social:
social: óo negro deveria antes ser assimilado àà sociedade
sociedade de
de classes,
classes, '>_*-:Jj
para depdis
depois ajustar- se às novas
ajustar-se novas condições
condições de trabalho
trabalho ee ao
ao no v o^s
novo âf
t fiäi'

status
status econômico- político que
economico-politico que adquiriria
adquiriria na
na sociedade
sociedade brasileira.
brasileira?

Curiosamente Florestan Fernandes


Curiosamente Florestan Fernandesjulgajulgaquequeaadiferença
diferençadede
ritmo
ritmo entre
entre aa mudança jurídica ee a sodopolítica
sociopolítica facilitou
facilitou aa rede
rede-
finição
finição da concepção
concepçãoque queo onegro
negrotinha
tinhadedesisie ededeseus
seus papéis
papéis na na
sociedade,
sociedade, bembemcomo
comodadaimagem
imagemque queosospróprios
própriosbrancos
brancosforma-
forma
riam
riam dele nova sociedade,
dele na nova sociedade,dando
dandomargem
margemaauma umatransforma
transforma-
ção orgânica(a
ção orgânica expressãoéédele)
(a expressão dele)dos
doslibertos
libertos e seus
e seus descendentes
descendentes
à condição de trabalhadores assalariados e, e, em menor proporção,
proporção,
de
de empreendedores capitalistas,OOleitor
empreendedores capitalistas. leitoratual
atualtalvez
talvezse se espante
espante ao ao
ver estas declarações..
estas declarações. Mas
Mas é preciso
é preciso nãonão perder
perder de vista
de vista o fioo da
fio da
meada,
meacla, o fio
fio condutor
condutor da
da análise,
análise,como
comochamei
chameiacima,acima,que queeraeraa a
passagem
passagem da da ordem
ordemescravocrata
escravocrataà àsociedade
sociedadecapitalista
capitalista de de clas
clas-
ses. AA superioridade desta
desta última sobre
sobre aa anterior
anterior nãonão se se esconde
esconde

'mñ
nas análises de de Florestan,
Fiorestan» o que
que não
não oo leva
leva aaendeusá-la
endeusá- lanem nemaa
iniaginar
imaginar que,que,havendo
havendocompetição
competiçãomais maislivre
livrenonomercado
mercado e que
e que-
brada a rigidez
rigidez do sistema de
do sistema de castas
castasque
quea escravidão impunha,
escravidão imponha,
desapareceriam
desap-areceriam dederepente
repentea discriminação
a discriminação e oepreconceito.
o preconceito. NãoNão
desapareceram,
desapareceram, mas masmudaram
mudaramdedefunção.
função.
|` ÊÉ aa riqueza
riqueza desse
dessevaivérn
vaivém entre
entre estamento
estamento (casta),
(casta),classe,
classe,pre-
pre
conceito
conceito de deraça
raçae epreconceito
preconceitodede classe
classe queque fornece
fornece o miolo
o miolo do do
livro. Desde0osegundo
livro. Desde segundocapítulo,
capítulo,dada lavra
lavra de de Fiorestan
Florestan Fernandes,
Fernandes,
como
como no no primeiro,
primeiro,vê-se
vê-secomo
comooopreconceito
preconceito dedecorcor
e aediscrimi-
a discrimi
nação racialsesecompletavam
nação racial completavampara parapreservar
preservara ordem
a ordem escravocra
escravocra-
ta (vejam-seasasanálises
ra (vejam-se análisesdasdas páginas
páginas 109109 e 110):
e 110): cor cor e diferençai
e diferenças
raciais
raciais sãosãoelementos
elementosrefeitos
refeitos
emem seus
seus significados
significados culturais
Culturais parapara
manter
manter uma umasituação
situaçãoínterétnica
interétnicadesigual,
desigual, potencialmente
potencialrnente violen
violen-
ta^altamente espoliativa,mas
ta, altamente espoliativa, masquequesese acomodavam,
acomodavarn, graças
graças àquàquelas
elas
redefinições culturais»evitando
redeñnições culturais, evitandoa explosão
á explosão daquela
daquela ordem.
ordem.
Florestan Fernandes e Roger Bastide não desconheceram
Fiorestan Fernandes e Roger Bastide não desconheceram
a importância
importância da da obra
obra de
de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyree ésuas
suasanálises
análises sobre
sobre
o arnestiçamento
amestiçamento cultural
cultural eeracial
racialdos
dosbrasileiros.
brasileiros.Pelo
Pelo contrá
contrá-
rio, tanto
tanto a.a ideologia
ideologia das
dasrelações
relaçõesditas
ditascordiais
cordiais como
como as as práticas
práticas
mais suaves
suaves de de tratamento na Casa-Grande eé 0o ambiente
ambiente cultu-cultu-
ral- sentimental que
ral-sentimental que envolvia asas relações
relações entre
entre negros
negros ee brancos,
brancos,
assim comoaamaior
assim como maioraceitação
aceitaçãododomestiço,
mestiço, dodo mulato,
mulato, formavam
formavam
parte dasacomodações
parte das acomodaçõesinterétnicas
interétnicasqueque impediam
impediam as relações
as relações de de
conflito aberto ee jogavam
conflito aberto jogavam importante
importante papel
papelna naordem
ordemescravo-
escravo
crata (e
crata (e posteriormente
posteriormente tambémtambém na na sociedade
sociedadededeclasses).
classes). NemNem
ée certo
certo que
quepensassem
pensassemque quenananova
novaordem
ordema classe
a classeseriaseria o ele
o ele-
mento dassifkatdlio exclusivo
mento classificatdlío exclusivo e, em certas
certas circunstâncias,
circunstâncias,nem nem
mesmo oo elemento
elementodominante.
dominante.NesteNesteequívoco
equívoco incorreu
incorreu o antigo
o antigo
professor
professor de deFlorestan,
Fiorestan,3 aquem
quemeleéle muito
muito devia
devia suasua formação
formação de de
pesquisador, DonaldPierson,
pesquisador, Donald Pierson,paraparaquem
quemnonoBrasil
Brasil(em
(emcompa-
compa
ração comos
ração com osEstados
EstadosUnidos)
Unidos)prevalecia
prevalecia o preconceito
o preconceito de classe,
de classe,
não
não 0o de
deraça.
raça.

ll W
197
Florestan ressaltou que
Florestan ressaltou quenananova
novasociedade,
sociedade,apesar
apesardedea acor
cor
deixar de ter
ter aa antiga
antiga significação
significaçãoclassificatória
classificatóriaimediata,
imediata,tanto
tanto
o preconceito
preconceitoquanto
quantoaadiscriminação
discriminaçãocontinuavam
continuavama aexistir.
existir.Isso
Isso
embora aà contraposição
contraposiçãoautomática
automáticadedenegro
negroe escravo
e escravo deixasse
deixasse
de
de ter equivalência
equivalêncianumanumasociedade
sociedadenanaqual
qualpatrões,
patrões,empregados
empregados
e operários
operários não
não sesedistinguissem
distinguissemracialmente
racialmentecomocomononopassado,
passado,
quando -os senhores se distinguiam dos escravos e libertos pela
quando
çor. Como
cor. Comoosnão
senhores
não houvease
houve distinguiam
aintegração
integração dos escravos
imediata
imediata dodonegro eliberto
negro libertos
libertoe edepela
de
seus descendentesaoaomercado
seus descendentes mercadodede trabalho,
trabalho, eleseles se mantiveram
se mantiveram
em posições
posições sociais
sociaisdedefranca
francainferioridade,
inferioridade,semelhantes
semelhantesàsàsocu- ocu
padas anteriormente. Assim,
padas anteriormente. Assim, asasdiferenças
diferençasraciais
raciaiscontinuar-am
continuaramaa
expressar
expressar inferioridade social]
sociaE mantendo-se
mantendo- se o-s
os preconceitos
preconceitos ee asas
discriminações, embora com
discriminações, embora comasasnovas
novasfunções
funçõessociais
sociaisdedeososafas-
afas
tar ou prejudicaria
prejudicarna concorrência econômica»
econômica, social e cultural .4
cultural;
É curioso
curioso que
quefrequentemente
frequentementesesèatribua
atribuaa aFlorestan
FlorestanFernan-
Fernan
des, nessamatéria,
des, nessa matéria,ooquequeeleele não
não pensava.
pensava. Ao Ao reducionismo
reducionismo atuáf,
atual,
no qual uns veem em
uns veem em tudo
tudo asasdiferenças
diferençasdedeclasse
classe (educação
(educação e e
renda) ee outros
outros as
as identidades
identidadesraciais,
raciais,nosso
nossoautor
autoropunha
opunhaumauma
visão bem
bem mais
mais rica
ricaeecomplexa.
complexa.NãoNãovia
vianonopreconceito
preconceitoe nae na dis
dis-
criminação
criminaçäo aa causa
causadas dasdesigualdades:
desigualdades:

[...] a escravidão e a dominação senhorial deram srcemorigema aum um


regime misto de de castas
castas ee estamentos,
estamentos, em
em que
que osos níveis
níveis sociais
sociais
prevaleceram sobre
prevaleceram sobre as
as linhas
linhas de
de cor.
cor.Estas
Estasexistiram,
existiram»mas
mascomo
como
conseqüência daqueles,ou
consequência daqueles, ouseja,
seja,como
comoproduto
produto natural
natural da posição
ocupada pelos representantes das “raças” em con-tato
contato no sistema de
relações econômicas,5
econômicas*

Sua convicção nessa


Sua convicção nessainterpretação
interpretaçãoera eratãotãoforte
forteque
queacreditava
acreditava
que, séperpetuasse
que, se perpetuassea atendência
tendência à integração
à integração estrutural
estrutural comcom base
base
numa sociedade
sociedadecapitalista
capitalistadedeclasses,
classes,
elaela faria
faria comcom
queque a antiga
a antiga
correlação entre cor e posição social perdesse significado e pon-
correlação entre cor e posição social perdesse significado e pon-
-19
to de apoio
to de apoioestrutural.
estrutural.Não Nãoporpor isso,
isso, entretanto,
entretanto, desapareceria
desapareceria o ó
preconceito. Bastaververo que
preconceito. Basta o que ocorre
ocorre nos nos Estados
Estados UnidosUnidos de hoje,
de hoje,
acrescento eu.
acrescento eu.
É neste
nesteponto
pontoque queas as análises
análises de Roger
de Roger Bastide
Bastide ganhamganham
realce, realce,
nos capítulos33e e4 4dodolivro,
nos capítulos livro, onde
onde se consagram
se consagram às manifestações
as manifestações
do preconceito
preconceitodedecor core ae seus
a séus efeitos.
efeitos. ComCom sutileza,
sutileza, simplicida
simplicida-
de.
de eeargúcia,
argúcia* Bastide
Bastide estudou
estudou as manifestações
as manifestações contemporâneas
contemporâneas
do preconceito
preconceitoe eindagou
indagousobre $obreaté até
que quepontoponto se poderia
se poderia falar falar
atualmente
atualmente dedepreconceito
preconceito dede classe
classe ou deouraça.
de raça» Sua interpretação
Sua interpretação
ziguezagueia
ziguezagueia ao aopassar
passaremem revista
revista formas
formas de preconceito
de preconceito e dis- e dis
criminação
criminação nasnas famílias
famíliastradicionais,
tradicionais,nosnos grupos
grupos de imigrantesj
de imigrantes l
(portugueses, italianos,sítios),
(portugueses, italianos, sírios),nosnós esportes,
esportes, nas escolas,
nas escolas, na car-na car^
reirá profissional,nos
reira profissional, nosclubes,
clubes, na na
vidavida sexual,
-sexual, no casamento,
no casamento, en- en
fim, na tessitura
tessitura da
da sociabilidade
sociabilidade urbana.
urbana.Basta
Bastalê-lo
lê-lopara
parasentir
sentiroo
drama não
drama nâo mais
maisdo
doescravo,
escravo,mas
masdo do
negro numa
negro sociedade
numa poli- poli
sociedade
ticamente democrática(estamos
ticamente dernocrática (estamosemem plena
plena vigência
vigência da Constitui
da Constitui-
ção de
de 1946),
1946),ememexpansão
expansãoeconômica
econômicadodopós-guerra,
pós-guerra,que quesesedefi-
defi
ne ideologicamente
ideologicamentecomo
comoalheia
alheia
ao ao preconceito
preconceito e valorizadora
e valorizado ra da da
mestiçagem
mestiçagern masmasque
queimpõe
impõenonodiadia a dia
a dia todatoda
sortesorte de obstáculos
de obstáculos
aos negros
negros ee mulatos,
mulatos, mantendo-os
mantendo-os em emposição
posição dede inferioridade
inferioridade
na competição
competição em emtodos
todosososaspectos
aspectos da vida.
da vida. Sem Sem demagogia
demagogia e e
quase despercebidamente
quase desperceb.idamente Bastide
Bastide criacria um clima
um clima de solidariedade
de solidariedade
espontânea para .com aqueles que têm que fazer um esforço mui-
espontânea
to maior do para
do que
queososcom aqueles
“brancos”
“brancos” que têm que
simplesmente
simplesmente fazer
para para um
levar esforço
levar
uma lima mui
vida vida
digna e,e, mesmo
mesmoassim,
assim,nem
nemsempre
sempre logram
logram seusseus objetivos,
objetivos. Essa Essa
era,
era, eee,é,a asociedade
sociedade “sem
“sem preconceitos”
preconceitos” onde onde a miscigenação,
a miscigenação, por por
si só,
só, faria
fariaoomilagre
milagfèdadaigualdade
igualdade entre
entre as raças...
as raças...
-- MasMas tampouco
tampouco Roger
Roger Bastide
Bastide fogefoge ao cérnè
ao cerne da questão:
da questão: os os
valores tradicionaisest-ão
valores tradicionais estãodesmoronando,
desmoronando, poispois os valores
os valores mudam mudam
sempre
sempre que queasasestruturas
estruturas sociais
sociais se modificam
se modificam (hipótese
(hipótese de am-de am
bos os os autores).
autores).Mas Masmudam
mudam maismais lentamente,
lentamente, estãoestão fixados
fixaclos em em
ideologias eenas
ideologias nasre]relações
ações sociais, e as ecoisas
sociais, “estão “estão
as coisas demasiado en-
demasiado en-

199
;ÉÂ
:'iã‹'~if
` JI
trosadas” asideologias
trosadas”, as ideologiassãosaoracionalizacões
racionalizaçõesdodopreconceito
preconceito e, por
e, por
outro lado,
lado, refletern
refletem relações
relaçõessocialmente
socialmenteestruturadas.
estruturadas,HáHáumum
novó negro diante
novo negro diante do
do qual
qual oobranco
brancohesita,
hesita,assim
assimcomo
comohá.háumauma ~,-P'_-À.
nova sociedade,
sociedade,ainda
aindamuito
muitoentrelaçada
entrelaçadaà àantiga?
antiga
.6Boa parte dos dos
negros pós- Abolição não se
pós-Abolição “classificou” socialmente,
se “classificou” socialmente, formando
formando
uma “plebe”
“plebe” quequenãonãofaz
fazparte
partedadanova
novaclasse
classe operária.
operária. Alguns
Alguns
negros penetram
penetram nesta,
nesta,outros,
outros,pelo
peloesforço,
esforço,pela
pelacontinuidade
continuidade
dos favores
favoresdadaclasse
classedominante
dominantee epelapelaeducação,
educação, começam
começam a gal
a gal-
gar posições
posições mais elevadas.
elevadas. Pode-se
Pode-se chamar
chámar aa isso
isso “ascensão
“ascensão so- so
cial”? Para
Para responder,
responder,Bastide
Bastidefazfazumaumainterpretação
interpretaçãoperspicaz:
perspicaz:
ocorre uma “infi_ltração°Ç
“infiltração”,mais
maisdo doque
queuma umaascensão.
ascensão,“urna“umagota
gota
negra
negra após outra aa passar
após outra passarlëntamente
lèntamenteatravés
atravésdodofiltro
filtronas
nasmãos
mãos
do branco ”7
branco?? \“
Não há espaço
espaçonemnemnecessidade
necessidadededeeueumemealongar
alongardespre-
descre
vendo oo conteúdo
vendo conteúdo deste
destelivro
livroprecioso.
precioso.Mencionei
Mencioneiqueque Basticle
Bastide
ziguezagueava
ziguezagueava parapararesponder
responderseseÓ dpreconceito
preconceitoeraeradede classefòu
classefou
de raça.
raça. ÉB óbvio
óbvioquequenuma
numasituação
situaçãocambiante
cambiantejogam jogamososdois
doissis~
sis
temas classificatórios,
classificatórios,um,
um,oóúltimo,
último,embotando
embotandooooutro. outro.Isso
Issoé é
explicitamente reconhecido pelo autor: autor: “de
“de modo
modo que precoii- Ê-*
que oo precon-
ceito de cor identifica-se
identifica-se com
çóm 0o dede classe
classe [...l . A
A cor
cor desempenha
desempenha
um papel, evidentemente,mas
papel, evidentemente, masoopapel
papeldedeum umsimbolo,
símbolo,é éo ocri-
cri
tério bem visível,
visível, que
quesitua
situaum um individuo
indivíduo numnum certo
certo degrau
degrauda da
escala social°Í° A tal ponto que entre os mais pobres praticamente
escala social” 5A tal ponto que entre os mais pobres praticamente
inexistiria
inexistiria ò preconceito.Mas,
o preconceito. Mas,e eé éainda
aindaBastide
Bastide quem
quem adverte:
adverte: “se “se
oo preconceito
preconceito de decor
corseseconfunde
confundecom como odedeclasse
classe
ememumum gran-gran
de número de
de número decasos,
casos,será-
serápossível
possível generalizar
generalizar o fenômeno?”
o fenômeno?”. ParaPara
responder, Bastidevai
responder, Bastide. vaianalisar
analisaro oquequeocorre
ocorrenanaprópria
própriaclasse
classe
proletária para
para marcar
marear em em que
que momento
momento aa cor corpassa
passaa aserserumum
estigma racial
racial ee não
nãoapenas
apenasum umsimbolo
símbolodedestatus
status social.
social. E con
E con-
clui que “a
clui que “acor
corpode
podeprevalecer
prevalecersobre
sobre a classe
” 9Em
a classe'Í° Em suma, existem
suma, existem
ambos os preconceitos, estão entrelaçados e a verificação de um
ambos os0opreconceitos,
não nega
nega outro.
outro.
estão entrelaçados e a verificação de um

IDG
Também
'Também nãonãó se
sedeve
devetomar
tomara aideologia
ideologiadodobranqueamento
branqtieamento
como “mera ideologia'Í
como “mera ideologia” Ela
Ela opera
operaefetivamente,
efetivamente,amortecendo
amortecendo a a
identidade racial e, portanto, oo substrato
substrato material
material ee pseudocicn-
pseudocien-
tífico
tífico dodo preconceito
preconceitoracial.
racial.Será
Seráque
queas as acomodações
acomodações sucessivas,
sucessivas,
abertas sejapelas
abertas seja pelaspossibilidades
possibilidadesdede ascensão
ascensão social
social sejaseja
pelapela
ideo-ideo
logia predominante
predominante de deacomodações
acomodaçõessem sem conflitos
conflitos abertos,
abertos, serão
serão
suficientes para evitar - a pergunta é do autor + a irrupção de
suficientes
um futuro para evitarantirracista”
“racismo
“racismo a pergunta
antirracista” queénos
que do levaria
nos autor
levaria—a amaiores
amaiores
irrupção de
pon
pon-
tos de similitude
tos de similitude comcom aasituação
situaçãoamericana?
americana?Tanto Tanto Bastide
Bastide como
como
Florestan,
Florestan, háhácinquenta
cinqüentaanos,anos> se não
se não previam,
previam, consideravam
consideravam esta esta
última hipótese como
última hipótese como umauma possibilidade.
possibilidade.Ponderaram,
Ponderaram,conrudq, contudcj,
que mesmo os
que mesmo osativistas
ativistasmais
maisconscientes
conscientes da da necessidade
necessidade de urna.
de uma
reação não acomodatícia
reação não acomodaticiados dosnegros
negros--Vf*umumracismoracismo provisório
provisório
e mitigado
mitígado —y perguntados sobre
-›, quando perguntados sobre se se aa situação
situação norte-
norte-
--americana
americana seria mais
mais favorável ao ao negro,
negro, manifestavarn
manifestavam apego apego aoao
clima mais
mais livre
livre eeafetivo
afetivoda dasituação
situaçãoracial
racialnono Brasil.
Brasil.
Nossos autores estavam
Nossos autores estavamconfrontados
confrontadoscom comsituação
situação seme- J
seme-
lhante à de muitos de nós hoje hoje em
em diadiaquanto
quantoàsàsações
açõesafirmativas
afirmativasfff
em contraposição aa ações
em contraposição açõesdedecaráter
carátergeral,
geraí, como,
como, porpor exemplo,
exemplo,
a melhoria
melhoria ee aa extensão
extensãodadaeducação
educação fundamental,
fundamental, como como meca
meca-
nismos parapara aa promoção
promoçãosocialsocialdedetodos
todose, e, portanto,
portanto, dosdos negros»
negros,
que são os
que são osmais
maisexcluídos
excluídosdela.dela.SÓSóqueque
nãonão se deixavam
se deixavam embara
embara-
lhar pelas ideologias racistas.
pelas ideologias racistas.OOidealidealdemocrático
democrático dada igualdade
igualdade
deveria prevalecersobre
deveria prevalecer sobreososcritérios
critériosexclusivistas
exclusivistas de de identidades
identidades
raciais, mesmo porque
raciais, mesmo porque nãonãoacreditavam
acreditavamnanabase basecientífica
cientifica parapara
uma definíção
definição de de raça.
raça. Contudo,
Contudo,taltalreconhecimento
reconhecimento nãonãodis-dis
pensaria
pensaria umauma atepção
atençãoespecial
especialàs às discriminações
discriminações baseadas
baseadas na cor,
na cor,
pois nem
nem todo
todo preconceito
preconceitopoderia
poderiaser serexplicado
explicado pelo
pelo critério
critério de de
classe»
Classe. Abre-se assim um
Abre-Se assim um espaço
espaço para
para ações
açõesafirmativas,
afirmativas,desde desdequeque
não sejam pensadas
não sejam pensadasem emcontraposição
contraposição aosaos ideais
ideais de igualdade
de igualdade e e
menos ainda
ainda emem nome
nome de de uma
umaimaginária
imagináriaidentidade
identidaderacial racialab-ab
soluta que
soluta que seseoponha
oponhaà àmiscigenação.
miscigenação.

201
No capitulo
capítulo final
finalsobre
sobrea aluta
lutacontra
contra o preconceito
o preconceito racial,
racial,
escrito por Florestan
escrito por FiorestanFernandes,
Fernandes, bem
bem como
como nosnos capítulos
capítulos redi¬redi
gidos por Bastide,
gidos por Bastide,háháum umesforço
esforço pioneiro
pioneiro parapara entender
entender o papel
o papel
dos movimentos
movimentossociais
sociaise de
e de seus
seus líderes
lideres no esforço
no esforço de revisão
de revisão da da
posição
posição dosdosnegros
negrosnanasociedade.
sociedade. ParaPara compreender
compreender esses esses
pro~ pro
cessos, foiessencial
cessos, foi essencial a decisão
a decisão inovadora
inovadora de chamar
de chamar os líderes
os lideres da~ da
queles movimentospara
queles movimentos paraparticiparem
participaremdasdas discussões
discussões e mesmo
e mesmo
para orientarem
orientaremmuitas
muitasdasdasinterpretações
interpretações acolhidas
acolhid na pesquisa.
as na pesquisa.
Houve um um ensaio
ensaiodedesociologia
sociologiaparticipativa. Essa
participativa. técnica,bem
Essa técnica, bem
como aa combinação
combinaçãodela delacom
comoutras,
outras, desde
desde a reconstrução
a reconstrução his~ his
tórica da
davida
vidasocial
socialdos
dosnegros
negros e das
e das formas
formas do preconceito
do preconceito até a até a
utilização de técnicas
técnicas de
depesquisa
pesquisade decampo,
campo,mostra
mostraaaousadia
ousadiame-me
todológica do do empreendimento
empreendimento de de Bastide
Bastide eeFlorestan.
Fiorestan,Também
T ambém
pesquisas psicológicas(não
pesquisas psicológicas (não publicadas
publicadas nesteneste volume)
volume) e análises
e análises
sobre o negro e o preconceito em situações contrastantes cdm
sobre
as o negro
urbanas,
urbanas, comoe no
como onopreconceito
estudo
estudo empòr
feito
feito por situações
outro
outro contrastantes
pioneiro,
pioneiro, Oracy
Oracy com
Np~Ne-
gueira, serviram
serviramdedeapoio
apoioàsàsinterpretações
interpretações contidas
contidas no livro.
no livro. Nas Nas
páginas finais.do trabalho
páginas finais.do trabalhoháháuma umatentativa
tentativadede aproveitameftto
aproveitamento
por Roger Bastide
BastideeePierre
Pierrevan
vandendèn Berghe
Berghe de de
uma uma pesquisa
pesquisa feitafeita
*
por Lucila Hermann
Hermann;— falecida antes
-- falecida antes do
do fim
fim da
da pesquisa
pesquisa _ — que
que
dá bem
bem aa noção
noçãodadavariedade
variedade dedetécnicas
técnicasusadas.
usadas.Lucila
LucilaHermann,
Hermann,
que trabalhava então no Instituto
Instituto dedeAdministração
Administração da daFaculdade
Faculdade
de Economia da usa -- e que foi minha primeira chefe de pes-
de Economia dau s p — e que foi minha primeira chefe de pes
quisa —-, dedicara-se com
-, dedicara-se com afinco
afinco àsàs pesquisas
pesquisasde
decampo,
campo,tendo
tendo
iniciado estudo
estudoinovador
inovadorem emSãoSão Paulo,
Paulo, inspirado
inspirado pelapela escola
escola de de
Chicago, sobreasasradiais
Chicago, sobre radiaisurbanas.
urbanas.
É dificil
difícil avaliar
avaliar hoje,
hoje,mais
maisdedecinquenta
cinqüenta anos
anos decorridos,
decorridos, o o
impacto quetudo
impacto que tudoisso
issoproduziu
produziu nono meiomeio acadêmico
académico da época,
da época. Eu Eu
mesmo participei,
participei,junto
juntocom
commeusmeus colegas
colegas de classe,
de classe, de inúme
de inúme-
ras incursões
incursõesnos noscor-ticos
cortiços e numas
e numas poucas
poucas favelas
favelas de SãodePaulo,
São Paulo,
com Bastide rnascando seu charuto e balbuciando um português
com Bastide mascando seu charuto e bafbuciando um português
que se
sefazia
faziaentender
entenderpelos
pelos negros
negros mais
mais pelapela empatia
empatia do pela
do que que pela

'II'\'\
pronúncia, indagando incessantemente
pronúncia, indagando incessantementesobre sobreasasquestoes
questõesqueque
nos interessavam.
interessavam.EEFlorestan
FlorestanFernandes,
Fernandes,sempre
sempre
de de
batabata branca
branca
como um cientista nono seu
seu laboratório, brandindo
brandindo seu
seu “projeto de
de
pesquisa* repletode
pesquisa”. repleto dehipóteses
hipótesesprincipais
principaise derivadas,
e derivadas, à busca
à busca do do
rigor
rigor metodológico para distinguir
metodológico para distinguir oo esforço
esforçode depesquisa
pesquisaque
queeleele
fazia do ensaísmo predominante nas ciências sociais da época'
faziaDá
do gosto
ensaísmo
ver, predominante
ver, tanto
tanto nas ciências
tempo passado,
tempo passado, queosossociais
que da daque-
trabalhos
trabalhos época/
daque
les pioneiros continuam
les pioneiros continuam aa guiar
guiar asasnovas
novasgerações
geraçõesnanabusca
buscá
de de
melhor entendimento da
melhor entendimento da formação
formaçãosocial
socialdodoBrasil.
Brasil.

1!

203
393
£

CELSOFURTADO
CELSO FURTADO
1 1 - . -
I I . -
1 - _ › ¬ |- .. i

_ “ . ia Í _ I .
" ¬ , 5 ' d . _ 1 ' . ,
¬ A _ z _ .
J . ,* . Â 1 , . . _
a ¡ z _
O descobrimento da
da economia*
economia"

Cada geraçãoredescobre
Cada geração redescobreo oBrasil
Brasil através
através de de algum
algum grande
grande
livro ou de
de uma
uma série
sériedeles.
deles,AAgeração
geraçãoanterior
anteriorà minha,
à minha,que queflo-
fio-
F
resceu
rescem de meados dos anosanos 1940
1940 em
em diante,
diante, como
como ressaltou
ressaltouAn-An
F
tonio Candido
Cândido no no prefácio reediçãodedeR
prefácioààreedição aízes do
Raízes do Brasil,
Brasil, sofreu
a influência decisivadedeGilberto
influéncia decisiva GübertoFreyre,
Freyre,Caio
CaioPrado
Prado]r.Jr,e Sérgio
e Sérgio
Buarque
Buarque de deHolanda.
Holanda.AAgeração
geraçãoquequecomeçou
começou a escrever
a escrever na na
dé-dé
cada
cada dedel960,
1960,à àqual
qualeueu pertenço,
pertenço, também
também aprendeu
aprendeu comcom aqueles
aqueles
autores. Mas sua descoberta intelectual fundamental deu-se com
autores.
a 'leitura Mas
leitura de suaFurtado.
deCelso
Celso descoberta
Furtado. intelectual fundamental deu-se com
iemosAA economia
Primeiro lemos economia brasileira Depois, aa Formação
brasileira.. Depois, Forma-ção
econômica do Brasil'
Brasil1Foi um choque
choqueenorme:
enorme:passamos
passamosa aleríere ea a
#
adivinhar
adivinhar oo que
quegcorria
ocorriano
no Brasil
Brasilpela
pelalente
lentedadaeconomia.
economia.CaioCaio
Prado
Prado já já ensinara
ensinaraaamuitos
muitoso ofundamental
fundamentaldadainserção
inserçãodada
eco-eco-

*:+64“O
O descobrimento economia"SSenhor
descobrimento dadáeconomia'Í enhorVogue,
Vogue,
ago. 1.978.
ago. 1978, p.p.1-07.
107.Prefácio
Prefáciodada
série
série Livros Indispensãveís
Indispensáveis ààCompreensão
Compreensãodo doPresente,
Presente,5,5»publicada
publicadana naseção
seção“Re-
“Re
sumo do
sumo domês”
mês*’referente à obra
referente de Celso
à obra Furtado.
de Celso Formaçãoo económica
Formaçã
Furtado, econômica do do Brasil.
Brasil

2o;
Í

-ÊJ.
nomia
uomia brasileira no mercado
brasileira no mercadomundial.
mundial.Simonsen
Simonsentambém
tambémdera dera
'-
L.
os contornos
contofnos dadaeconomia
economiacolonial
colonialdede forma
forma objetiva.
objetiva. MasMas Celso
Celso
Furtado fez
fez brotar
brotar em
emnós
nósa apaixão
paixãopelapela economia.
economia. Desenvolvi
Dese-nvolvi-H 'rí'-i'~i -_*
z'z'-

mento
mento ee Subdesenvolvimento;
subdesenvolvimento;produto
produtobruto;
bruto;taxa
taxadedeinvegti.
investi_ ~.~*..~§ HJ'

'£“I.|"
mento ee capacidade
capacidadededeimportar;
Importar;fluxo
fluxo
de de renda
renda e outrás
e outras noções
noções \

do gênero, queeram
gênero, que eramquase
quasepalavrões
palavrões a saltar
a saltar de textos
de textos técnicos
técnicos
para ferir os ouvidos de leitores mais atentos ao capricho da frase
para ferir os ouvidos de leitores mais atentos ao capricho da frase
do que ààclareza
do que clarezadodoconceito,
conceito, passaram
passaram a sera oser o pão
pão nossonosso de cada
de cada
dia das universidades. *
Isso
Isso sósó bastaria
bastariapara
paraqualificar
qualificarFurtado
Furtado nono
rolrol
dosdos grandes
grandes
dessa terra,em
dessa terra, emgeral
geraltãotãopobre
pobredede espíritos
espiritos realmente
realmente criativos
criativos e e
suficientemente vigorosospara
vigorosos-para tornarem
tornarem moda
moda oó queque era,
era,antes,
antes,
pedantismo
pedantismo de de meia
meiadúzia
dúziadedeespecialistas.
especialistas. A linguagem
A linguagem mudoumudou
no círculo dos letrados,antes
círculo doiletrados, antese depois
e depois
de de
CelsoCelso Furtado,
Furtado, embo- embo-
_ . ' I
ra nao exclusivamente por sua influência, mas porque se estava*
ra não exclusivamente
vivendo
vivendo umum período
períodode por suatransformação
.degrande
grande influência, mas
transformação porque e,‹so~
econômica
econômica
se estava
ecso-
ciál. De qualquer
cial. De qualquermodo,
modo,foifoicom
comesse esse autor
autor queque se inaugurou
se inaugurou o o
“economês”.
“economês”. E Efoifoiem
'ln
emboa
boa parte
parte porpor intermédio
intermédio deledele tambénfqúe
tambénrque
a “ciência
“ciênciaeconômica”
econômica”começou
começou a substituir
a substituir na Academia
na Academia (e na1*
(e na”
imprensa, que éé aa academia
academia das
dasmultidões)
multidões) ooprestígio
prestígiodo
dojuridi~
juridi-
cismobeletrista.
cisrno beletrista.
Se
Se no passado
passado recente
recente oohistoriador-ensaísta
historiador-ensaísta eeoosociólogo-
sociólogo-
--encantador
encantador de de palavras
palavras já
já haviam
haviam assediado
assediado 0obacharel
bacharelem emsuasua
trincheira jurídica,depois
trincheira jurídica, depoisdosdosanos
anos1950
1950 o economista
o economista passou
passou a a
ser oo vigário
vigárioque
queabençoava
abençoava osos êxitos
êxitos de de
cadacada
fim fim de de
de ano anogover-
de gover
nos tesamente
tesamentearmados
armadosparapara acelerar
acelerar a Prosperidade
a Prosperidade Nacional,
Nacional, ou ou
então,
então, emem caso
casocontrário,
contrária,queque profÜgava
profligava' semsem voltar
voltar atrásatrás os fra
os fra-
cassos embaladospor
cassos embalados poralguma
alguma taxa
taxa de de inflação
inflação menos
menos controlada
controlada
ou
ou por uma queda
por uma quedamenos
menosexplicável
explicável nana taxa
taxa de de investimentos.
investimentos.
Cruel ironia essa:
Cruel ironia essa:Celso
CelsoFurtado
Furtadoé sóbrio
é sóbriono no escrever;
escrever; seu seu
estilo,
-estilo, claro, senão
claro, se não cartesianamente,
cartesianamente,pelo pelo menos
menos cambridgiana-
cambridgiana-
mente; seguemais
mente; segue maisa alógica
lógicadodoempírico
empírico queque
a doa do abstrato,
abstrato, cul- cul-

103
tivando paisagensmenos
:ívando paisagens menosgeométricas
geométricase mais e mais chegadas
chegadas ao ao gosto
gosto
caprichoso
gzipricho-so de deoposições
aposiçõesnão nãosimétricas,
simétricas, masmasnãonãoporporissoisso
rne- me
nos consistentes,E Efoifoia apartir
nos consistentes. partirdesta
desta matriz
matriz queque
veioveio a florescer
a florescer o o
ritualismo ecónòmicistaque
ritualisrno economicista quenosnosatormenta,
atormenta, o barroqutsmo
0 barroquismo en-en
caracolado
caracolado com comque queasasciências
ciências sociais
sociais contemporâneas,
contemporâneas, a ciên-
a ciên-
:ia política
çƒa política eemesmo
mesmoo odiscurso
discursocotidiano
cotidianoatual
atual passaram
passaram a ser
a ser
rgastadospelo
vlrgastados pelo“economês”
“economês”e pela e pela explicação
explicação “economística”
“econornistíca” de de
qualquer acontecimentosocial
qualquer acontecimento socialououpolítico
políticodedemaior
maiormonta.
monta.
Mas seria
seria injusto
injusto atribuir
atribuir aa Celso
CelsoFurtado
Furtadoa aculpa
culpadede suas
suas
virtudes. Ocorreapenas
virtudes. Ocorre apenasque queeleelefoifoio primeiro
o primeiro entre
entre nósnós
queque reco-
reco-
dificou
dificou comcom força
força nossa história
história àà luz
luz dada “economia
“economia do do desenvql-
desenvol
vimento”,
vimento”. que quesesetornou
tornoua acoqueluche
coqueluche dada nova
nova intelectualidade.
intelectualidade.
E foi
foi ele
ele também
também quem,
quem,depois
depoisdedeterterajudado
ajudadoa elaborar
a elaborar a teoria
a teoria
da Cepal (Comissão
da Cepal (ComissãoEconômica
Econômicapara paraa aAmérica
AméricaLatina,
Latina,dadaoONU)
n u)

sobre desenvolvimento
desenvolvimento econômico,
econômico, aplicou-aaplicou- a ao
ao Brasil
Brasil eemostrou
mostrou
como ee por
como por que,
que,ààluz
luzdaquela
daquelateoria,
teoria,o Brasil eraera
o Brasil umumpaís subde-
país subde
senvolvido/
senvolvido. _
Õ
O resultado dessaanálise,
resultado dessa análise,nonoseu
seu desenvolvimento
desenvolvimento histórico,
histórico,
encontra-se no livro que adiante
adiante seseresume.
resume.Alguns
Alguns capítulos
capítulos dele
dele
se tornaram clássicos
se tornaram clássicospara
para0 oentendimento
entendimentododoBrasile
Brasil oe livro
o livro
emem
seu conjuntoéédedeimportância
seu conjunto importânciabásica
básica para
para quem
quem quiser
quiser entender
entender
a evolução
evoluçãohistórica
históricadedenossa
nossaeconomia.
economia.
Apenas
Apenas para
para chamar
chamar aa atenção
atenção dodo leitor
leitor sobre
sobre alguns
alguns dos dos
muitos pontos da obra que merecem destaque, eu lembrar-ia,
muitos pontosque
por exemplo,
exemplo, quedaa aobra que merecem
explicação
explicação destaque,daeu
dodofuncionamento
funcionamento da lembraria,
economia
economia
do açúcar,feita
do açúcar, feitapor
porFurtado,
Furtado,não nãoencontra
encontra precedente
precedente em em nossa
nossa
historiografia. @s
historiografia. Es papéis
papéis do do capitalismo
capitalismocomercial
comerciale efinanceiro
financeiro
holandês,
holandês, dodo fluxo
fluxo dada renda
rendanasnasmãos
mãosdedecamada
camada tãotão reduzida
reduzida
como aa dos
dos produtores
produtoreslocais,
locais,dadaretenção
retençãode de parte
parte importante
importante
dos excedentesnonoexterior,
dos excedentes exterior, das
das importações
importações de quase
de quase tudotudo (equi
(equi-
pamento,
pamento, mãomão dedeobra,
obrá,alimentos,
alimentos,manufaturas
manufaturasetc.)
etc.)consumin-
consumin
do oo valor
valor das
dasexportações
exportaçõessão sãodescritos
descritos e explicados
e explicados comcom maes-
maes-

zoo
209
tria. £ certo
tria. É certo que
queaaanálise
análisehistórica
históricadodo sentido
sentido da colonização
da colonização já já
havia sido feita
havia sido feitapor
porCaio
CaioPrado;
Prado;dadamesma
mesma forma
forma Alice
Alice Çanahrava
Canabrava
analisara
analisara aa economia
economiaaçucareira
açucareiranasnas Antilhas,
Antilhas, masmas Furtado
Furtado reto-zreto^
mou esses temas ee projetou-os
projetou- os num quadro
quadro estrutural
estrutural mais
mais am-
am
plo, mostrando
mostrando como
como ee por
por que
queoofluxo
fluxodadarenda
rendadada economia
economia
colonial percorria oo circuito
colonial percorria circuito fechado
fechadoque,que,aoaomesmo
mesmo tempo
tempo emem
que a tomara peça do mercado internacional, cstrangulava-a na
que a tornara peça do mercado internacional, estrangulava-a na
dependência comerciale efinanceira
dependência comercial financeirae estiolava
e estiólava seusseus efeitos
efeitos locaislocais
pela concentração
concentraçãodadarenda rendaem empoucas
poucas mãos.
mãos.
Com
Com as mesmas ferramentas
as mesmas ferramentas da da análise
análise estrutural-l<eynesia-
estrutural-keynesia-
na, Celso
Celso Furtado
Furtado lança-se
lança- se àà questão
questãode
de saber
saberporporquequeososEstados
Estado s
Unidos se industrializaram no século século xxxx
ix enquanto
enquanto oo Brasil
Brasil per-
per
manecia agrário ee sese encaminhava
manecia agrário encaminhavapara parao osubdesenvolvimento
subdesenvolvimento
crônico. Com peifspicácia,
crônico. Com pexspicácia,sem semdescartar
descartar as diferenças
as diferenças na estrutu
na estrušu-
ra social
social dos dois
dois países,
paisés,oo autor
autor mostra
mostra que
que sósóoocomércio
comérciointer-inter- 'Ê^
nacional poderia dinamizar uma economia eeònomia periférica,
periférica, ààcondição
condiçfo
de que
que aarenda
rendagerada
geradapelas
pelasexportações
exportações pudesse
pudesse fluirfluir
parapara
criarcriar
um mercado
mercado ijiterno;
interno. ^“
No caso brasileiro
brasileiro foi
foi a economia
economia do do café,.já
café, já nos
nos finsfins do
do sé-sé- 1?*
culo xix , que
culo xlx, que cumpriu
cumpriu estaesta função.
função» Contrastando
Contrastando aa economia
economia
cafeeira com aado
cafeeira com doaçúcar,
açúcar,Furtado
Furtado mostrou
mostrou queque a primeira
a primeira foi foi
impulsionada por por homens
homens com commentalidade
mentalidadenova: nova:tinham
tinhamexpe-expe
riência comercial ee influíam
riência comercial influíam nasnasdecisões
decisões de de políticas
politicas públicas
públicas
para alcançar êxito econômico, como se viu notadamente no caso
para alcançar êxito econômico, como se viu notadamente no caso
dá imigração de
da imigração deestrangeiros
estrangeirosparaparaa alavoura
lavouradodo café,
café.
Uma das teses
Urna das tesescentrais
centraisdodolivro
livroé aéadede
queque
foi foi a generalização
a generalização
do pagamento de
do pag'am'ento desalários
saláriosnonosetor
setorcafeeiro,
cafeeiro, depois
depois da Abolição,
da Abolição,
que permitiu dinamizar
dinamizar oo mercado
mercado interno,
interno, graças
graças ààredistribui-
redistribui-
ção da renda em
em favor
favorda
damão
mao dedeobra
obra— teseque
- tese que atéatéhoje
hojerequer
requer
maior
maior comprovação. Independentemente,entretanto,
comprovação. Independentemente, entretanto, dada aceita
aceita-
ção desseponto
çao desse pontodedevista,
vista,a áanálise
análiseda da economia
economia feitafeita
-por por Celso
Celso
Furtado é brilhante,
brilhante. AÀ defesa
defesadadarenda rendadosdos cafeicultores
cafeicultores dava-
dava-

21
2100
-se tantonos
-se tanto nosperíodos
períodosdede prosperidade
prosperidade econômica
econômica corno como
nos denos de
depressão.
depressão. Quando os preços
preços dodo café
café seseelevavam,
elevavam,ososcafeiculto-
cafeiculto-
res retinhamasasvantagens,
res retinham vantagens,sobsob a forma
a forma de de lucro;
lucro; quando
quando havia
havia a a
queda
queda do dopreço
preçointernacional
internacionaldodocafé,
café,os os fazendeiros
fazendeiros e exporta
e exporta-
dores forçavamaadepreciação
dores forcavam depreciação dada moeda»
moeda, tornando
.tornando as importa^
as importa-
çoes maiscaras
ções mais carase defendendo
ê defendendo o valor
o valor das dás exportações;
exportações; comocomoas as
importações eramconsumidas
importações eram consumidaspela pela massa
massa da da população
populaçao e o valor
e o valor
das exportaçõespermanecia
das exportações permanecianasnas mios
mãos dosdos cafeicuitores
cafeicultores e expor
e expor-
tadores, produzia-se o fenômeno
fenômeno que que Furtado
Furtadoqualificou
qualificou de
de“so-
“so
cialização dasperdas”,
cialização das perdas”,
ouou seja,
seja, de transferência
de transferência dos prejuízos
dos prejuízos para para
o conjunto
Conjunto dadapopulação.
população.Olhando-se
Olh
ando- se 0o queque ocorre
ocorre hoje,
hoje,quando
quando
as dificuldades
dificuldadesfinanceiras
financeirasdos
dos grupos
grupos econômicos
econômicos são são socorridas
socorridas
pelo Banco
BancoCentralf
Central,2vê-se quenão
vê-se que não foram
foram apenas
apenas òs cafeicuitores
os cafeicultores
que aprenderamaausar
que aprenderam usarososcofres
cofres públicos
públicos e a epolítica
a política
econômica
econômica
para benefícios
para benefíciospróprios: plus ça
próprios;plus çachange,
change, plus c'estc’est
plus la même chose...
la même chose,
AA explicação
explicação da
da política
política de
de defesa
defesa da
da produção
produção ee do do empre
empre-
go, dada
dadaporporFurtado,
Furtado,posta
postaemem prática
prática depois
depois da crise
da crise de 1929*
de 1929,,
também
também se setornou
tornouclássica.
clássica.
DeDe igual
igual modo,
modo, a análise
a análise relativa
relativa ao? acf
fortalecimento
fortalecimento do domercado
mercadointerno
internoe aoe ao crescimeúto
crescimento industrial*
industrial,
hoje repetida
repetidaporporvários
váriosautores,
autores, teve,
teve, na época,
na época, um efeito
um efeito que éque é
difícil de
deavaliar.
avaliar.Tanto
Tantoseserepisou o argumento,
repisou o argumento, e mesmo
e mesmo tantotanto
foi foi
ele corrigidoeeampliado,
ele Corrigido ampliado,quequeo leitor
o leitor desatento
desatento pode pode até esquecer
até esquecer
que, no caso deste livro, está em face do original e não de cópia. É
quê, no caso deste livro, está em face do srcinal e não de cópia, É
esta
esta aamarca
marcadedetoda
todagrande
grande obra
obra queque
temtemêxitoêxito ao ampliar
ao ampliar a vi-a vi
são
são dadahistória:
história:vê»5e
vê-se reproduzida
reproduzida anonimamente,
anonimamente, embora
embora quase quase
sempre empobrecida.
empobrecida. Aconselha-se, por isso,
Aconselha-se, por isso, aaleitura
leitura do
dooriginal,
original,
ciijo resumovem
cujo resumo veiftadiante.
adiante.

211
211
E

ÁA propósito de Formação
propósito de
av

Formacao H,-,1a-ureli.nr

il
econômica
econômica dodoBrasil*
Brasil
*
li

i
-l

1
|
|

¬"' vz

Terminada a leitura de Celso Faƒtado e aƒormação ecoriómiia


T erminada
do Brasil:
Brasil: Ediçãoacomemorativa
Edição leitura de Celsodos
comemorativa Fuftaào
dos 5050 e adeform
anos
anos deação econômica
publicação
publicação (1959- (195^-
--2009),
2009)yassaltou - me a dúvida: o que acrescentar?
assaitou-me acrescentar? A memóriarje
memória
Celso ee sua
sua obra
obra mereciam
mereciamum umlivro
livrodeste
destequilate.
quilate.
NãoNão houve
houve
ângulo do Formação econômicadodo
Formação económica Brasil
Brasil quequ.e
deixassede
deixasse deserseres-es
quadrinhado. Mesmo
Mesmo seus
seustrabalhos
trabalhosque queantecederam
antecederam esteeste
livrolivro
e e
outros que lhe foram posteriores
posterioresencontram
encontramneste nestevolume
volumeapre-apre
ciações positivaseecri-ticas
ciações positivas críticasque,
que,nonoconjunto,
conjunto,valorizam
valorizam a obra
a obra dede
Celso Furtado. Antes de me me referir
referir aa alguns
alguns dos
dos capítulos
capítulos do
do livro,
livro,
gostaria de acrescentar umaspalavras
acrescentar umas palavrasmais maispessoais.
pessoais.
Conheci Celso
Celso Furtado
Furtado em
em 1963, quando
quando ele elevoltara aa dirigir
dirigir
a Sudene. Fui ao Recife,
Recife, com
comum umcompanheiro
companheiro sociólogo-,
sociólogo,Leôncio
Leôncio
Martins
Martins Rodrigues» para entrevistar
Rodrigues, para entrevistar alguns
algunsempresários
empresárioslocais,
locais,

* “Prefácío'Í
“prefácio”ln:
. íjnt:Francisco
FranciscodadaSilva
SilvaCoelho;
Coelho;RuiRui Guilherme
Guilherme Grânzier
Granziera a(orgs.).
(orgs.).
Celso Furtado
Celso Fu e a formação
mzdú g oƒaz-mação econômica
econômica do Edição
do Brasil; Brasikcamema
Ediçãoratiw:
comemorativa
dos 50 anos dos 50 anos
de publkáçâo(1959-2009).
de publicação (1959*2009).
São Patilo:Ordem
São Pa-ulo: Ordemdos dosEconomistas
EconomistasdodoBrasil
Brasil (oeb)/
(email
■Atlas, 2009, pp, 8-14.
pp. 8-14.

4
212
212
pois estava escrevendo
pois estava escrevendo0, o. E
livro
livro mpresário industrial
Empresário industrial eedesenvol-
desenvol
vimento econômico
vimento eeon ômíco nono Brasih
Brasil, qüe publiquei
que publiquei em em 1964.Ar1tes
1964. Antesdesse
desse
encontro, quando Celso
encontro, quando Celso Furtado
Furtado foifoi ministro
ministro do do Planejamento,
Planejamento,
eu
eu 0o seguia
seguiacada
cadavez
vezque
quevinha
vinhaa aSão
SãoPaulo.
Paulo»DaDa platéia,
plateia, bebia
bebia cada
cada
palavra
palavra sua sobre 0o Plano
sua sobre Plano Trienal.
Trienal.Celso
Celso --~
—~jájáfamoso
famoso ee referência
referência
pata
para minha geração ~. —^ recebeu-nos
recebeu- nos emem seu
seumodesto
modesto apartamen-
apartamen
to térreo, na praia da Boa Viagem. Para nossa surpresa conversou
to térreo, na sobre
longamente
longamente sobre
praia o0datema
Boa que
Viagem.
tema que
Para nossa surpresa
nos interessava,
nos interessava, comuma
com umaconversou
paciência
paciência
que
que nãonão era
era de
deesperar
esperardedetãotãoatarefado
atarefado e importante
e importante persona
persona-
gem. Incitou-
lncitou-nosnos a que fôssemos ver oo que que estava
estava ocorrendo
ocorrendo no no
campo, pondo-
pondo-nosnos à disposição um jipe que, que, noutro dia,
dia, levaria
levaria
um casal
casal de
dejornalistas
jornalistasiugoslavos
iugoslavospara
paraososlados
ladosdodoEngenho
Engenho Ga-Ga-
üieia, terras nas
lileia, terras nas quais
quaisimperava
imperavaFrancisco
FranciscoIulião.
Julião.Dessa
Dessaviagem
viagem
resultou
resultou um um “informe”
“informe” do motorista às autoridades
autoridades da da polícia
polícia
política, implicando a mim e ao Leôncio
politica, implicando LeÔncionuma
numa“trama”
“trama”com
comjor-jor
nalistas estrangeiros,
nalistas estrangeiros, altamente
altamente suspeitos...
suspeitos.,.Estávamos,
Estávamos,sem semque que
adivinhássemos,
adivinhássemos, ààbeira beiradodogolpe
golpedede1964.
1964.
O golpe levou- nos ao Chile.
levou-nos Chile. Santiago não era Celsof
era para Celso
Furtado desconhecida.
desconhecida. Ele Ele vivera
vivera vários
vários anos
anosnaquelas
naquelasterras terras
no período
período inicial
inicial da
da Cepal.
Cepal.EraEraadmirado
admirado eerespeitado
respeitadopor porseus seus
colegas
colegas de dejornada
jornada na na formação
formação da da“escola
“escolaestruturalista
estruturalistalatino-
latino-
americana” Os
--americanaf azares da
Os azares da vida
vida fizeram
fizeram com
com que
que eu
eu tivesse
tivesseaa opor-
opor
tunidade,
tunidade, aa partir
partir de
deentão,
então,dedeconviver
convivermais
maisproximamente
proximamente comcom
ele* Vivemosna
ele. Vivemos namesma
mesmacasacasapor
poralguns
algunsmeses,
meses,enquanto
enquanto minha
minha
família não não chegava
chegavaaaSantiago
Santiagoeeaoaolongo
longododotempo
tempoem emque
que Cel
Cel-
so,
so, ântes
antes de de ir
ir para
para Vale,
Yale, morou
morou no no Chile.
Chile. Rep-a-rtíamos
Repartíamos nossanossa fru-
fru
galidade, Celso,~Francisco
galiclade, Celso, FranciscoWeffort,
Weffort,Wilson
Wilson Cantoni
Cantoni ee eu.eu. E,E,sem
sem
ter
ter oo que
quedar,dar,sugávamos
sugávamosa asabedoria
sabedoriadede Celso
Celso numnum seminário
seminário queque
fazíamos
fazíamos sob sob oo comando
comandode deRaúl
RaúlPrebisch
Prebischnonovelho
velhocasarão
casarão do do
Instituto Latino- Americano de
Instituto Latino-Americano de Planejamento
Planejamento Econômico
Econômico ee So- So
cial,
cial, oo- Ilpes,
llpes, na rua José Miguel Infante.
Infante, O Ilpes era
era oo domínio
domínio de de
Prebisch,
Prebisch, depoisdepoisdedesuasuaexperiência
experiência nana formação
formação da da Conferência
Conferência

213
213
das NaçõesUnidas
das Nações Unidasparapara Comércio
Comércio e Desenvolvimento»
e Desenvolvimento, a Unctad,
.a Unctad.
Ele era
era ao
ao mesmo
mesmo tempo
tempo assessor
assessor dadapresidência
presidênciado doBanco
BancoInte-
Inte-
ramericano
ramericano de deDesenvolvimento,
Desenvolvimento,o boBin. id . D o alto dé
Do seu prestígio
de seu prestígio
e competência,
competência,a acavaleiro
cavaleiro dessas
dessas duasduas posições,
posições, Prebisch
Prebisch conti-conti
nuava sendoaa.grande
nuava sendo grandefigura
figurainspiradora
inspiradoradadaCepal,Çepal, à qual
à qual o Ilpes
o Ilpes
era associado.
era associado.
Foram mesespreciosos
Foram meses preciososnos nosquais
quais fizemos
fizemos umauma reavaliação
reavaliação
intelectuais da Cepal.
dos resultados intelectuais CepaL Além
Além de de Celso
CelsoFurtado
Furtado-- — ñ- fi
gura dominante mesmonaquele
dominante mesmo naquelecenáculo
cenáculo de de ilustres
ilustres pensadores
pensadores'

- e de
deRaul
RaulPrebisch,
Prebisch, que,
que, comcomumum brilho
brilho inesquecível
inesquecível no olhar
no olhar
e uma bonomia
bonomiaque queencobria
encobriaseu seuinstinto
instintodede mando,
mando, comandava
comandava
e resurnía
resumia opresultado
resultadodedecadacada sessão,
sessão, estavam
estavam presentes
presentes Aníbal Aníbal
Pinto, JoséMedina
Pinto, Iosé MedinaEchavarría,
Echavarría,Oswaldo
OswaldoSunkel,Sunkel, Carlos
Carlos Matus
Matus e, e,
entre outrosmais,
entre outros mais,osos,novatos
novatosnonogrupo,
grupo,Francisco
Francisco Weffort,
Weffort, EngoEnzo
Faletto ee eu.
Faletto eu.Foi
Foidos
dosdebates
debates que se se
que iniciaram
iniciaramneste
nesteseminário
seminário
que, maistarde,
que, mais tarde,nasceu
nasceu o livro
o livro que
que escrevi
escrevi comcom
EnzoEnzo Dfê-
Faletto,
Faletto, Dã-
penâênciá
pendência ee desen volvimento na
desenvolvimento na América
AméricaLatina.
Latina.
Furtado nem sempre concordava com com Prebisch
Prebische,e, quanto
quantofue
rtie
recordo, tinharespeito
recordo, tinha respeitointelectual
intelectualtambém
também porpor Jorge
Jorge Ahumada
Ahumada e e
por Regiao
Regino Botti,
Botti, economista
economista cubano.
cubano.Reviviam-se
Reviviam- se naquele
naquele se-se
minário osos primórdios
primórdiosdadaCepal.
CepaLEntre
Entreosos temas
temas havia
havia o que
o que se se
chamava
chamava de dela brecha,
brecha, ou
ou seja,
seja,oodesequilíbrio
desequilíbriodada balança
balança de de paga
paga-
mentos -e a escassez de divisas, gerando um estrangulamento nas
mentos e a escassez de divisas, gerando um estrangulamento nas
contas externas,derivado
contas externas, derivadodada variação
variação de de preços
preços e quantidade
e quantidade das dás'
exportações
exportações ememconfronto
confrontocom comasasimportações.
importações. Aníbal
Aníbal Pinto
Pinto ví- vi-
nha com
com sua
sua“heterogenei-dade
“heterogeneidade estrutural”
estrutural” e, raro
e, raro na época,
na época, comcom
as preocupações
preocupaçõessobresobre o financiamento
o financiamento da Previdência
.da Previdência Social
Social ca ea
oferta de proteção
oferta de proteçãosocial.
social. Sunkel
Sunkel esboçava
esboçava as generalizações
as generalizações que que
fez depois
depoissobre
sobreo otunctionamento
funcionamentododoqueque hojehoje se chamaria
se chamaria de de
economia globale edadanecessidade
economia global necessidade de de
umum “impulso
“impulso interno”
interno” parapara
o crescimento economico. Medina Echavarria .corrigia as tendên-
ocias
crescimento
cias econômico.
deterministas
deterministas comseu
com Medina
seuceticismo Echavarría
ceticismo liberal,
liberal, ecorrigia
Furtado,
e Furtado, as com
com tendên
se- se-

214
114
nhorilidade,
nhorilidade, eraera visto
visto por
por todos
todos como
como oo verdadeiro
verdadeiro sucessor
sucessor do
do
maestrOyD
maestro, DononRRaúl.
aül.
AA fala
faia de
de Celso
Celso era
era como
como sua
sua escrita,
escrita, sóbria,
sóbria,poucas
poucas palavras
palavras
pára
para dizer
dizer o essencial,
essencial, um Graciliano
Graciliano Ramos
Ramos da da economia
economia(alV
(al~
guém anòtou
anotou isso
isso neste
neste livro). Figura
Figura elegante,
elegante, olhar penetrante,
sabedor
sabedor de suas qualidades
de suas qualidades intelectuais
intelectuaiseefísicas,
físicas,um
umtanto
tantoreser-
reser
vado, atraía
vado, atraía aa atenção
atenção de de todos,
todos, homens
homens eemulheres.
mulheres,NãoNãodiria
diria
que “pontif1cava”,
“pontificava:”,porque
porquêCelso
Celsonunca
nuncafoifoipresunçoso
presunçosonem nem pe»
pe
dante, más aa força
dante, mas força de
de sua
sua presença,
presença,a aprecisão
precisãodedeseus
seuscomentá-
comentá
rios,
rios, distinguia-
distinguia-o o de
de todos.
todos. Isso
Isso sempre
sempre junto
junto aa uma
uma frugalidade
frugalidacle
marcante no modo de viver. i
Desta época em diante convivi com Celso Furtado até até que
que
os caminhos da da política
política me
me levaram
levaram aa militância
militânciadistinta
distintadadaque
que
ele praticava no pmdb PMDB e, mantida a amizade,
amizade, nosnos encontramos
menos no cotidiano. Em Paris, quantas vezes jantamos juntos, sós
menos no cotidiano. Em Paris, quantas vezes jantamos juntos, sós
ou com outros amigos, sendo sendo Luciano Martins, querido amigo amigo dede
ambos, .parceiro
parceiro constante. Passei
Passeiférias,
férias,junto
juntocom
comRuth,
Ruth,ememsua
su^
casa da Rue de la Brosse, perto da Halle aux VVins. ins. Duas vezes hos
hosl
pedou-
pedou-se se em meu apartamento
apartamento de Brasília quando eu era sena sena-
dor. Como intelectual
-intelectual de mente
mente aberta e com incrível capacidade
para estruturar quadros de referência e situar os acontecimentos,
em minha longa
longa experiência
experiência de lidar com
com professores,
professores,pensadores
pensadores
e políticos, se vi outros iguais, foram pouquíssimos.
e políticos, se vi outros iguais, foram pouquíssimos.
Junto* com alguns
Iuntof com alguns dede seus
seuscolegas
colegasdedegeração,
geração,comocomoHélioHélio
Jagüaribe,
Iaguaribe, Furtado foi foi uma
uma figura
figura como
como as que existiam no
as que no Re
Re-
nascimento: seu olhar humanístiço
humanístico abrangia muito mais mais que um
campo específico da economia.
específiüo da economia. Este
Estemodo
modo dedeabordar
abordar as asciências
ciências
sociais foi se formando
formando desde
desde 0o aprendizado
aprendizado nana França.
França.
Um dos capítulos mais interessantes
interessantes deste
destelivro
livro foi
foi escrito
escrito
por
por A lain Alcouffe,
Alain Aicouffe, analisando as influências cruzadas dos econo econo-
mistas franceses na formação de Furtado. Na época foi marcante
mistas franceses
a influência de na formação
de Braudel,
de Furtado.
Braudel, oo grande
grande historiador
Nada
historiadorda
época
Êcole foides
Écoledes
marcante
Anna-
Anna-

215
'

` `:\'P.+›'¬.f
.lp-_ ¿ ¡.'_.
les,
les, eetambém
tambémprofessor
professordadaüUse. Dee igual
s p. 0 igual modo
modo como
como marcaram
marcaram 'U4 ¿¡J :

_'.\_r.

gerações
gerações osostrabalhos
traballiosdedeHenri
HenriPirenne
Pirenneouou de de François
François Perroux
Perroux.
Furtado assimilouasascontribuições
Furtado assimilou contribuiçõesdesses
desses mestres,
mestres, bembemcomocorno
a a
de seuorientador
de seu orientadordedetese,
tese, Maurice
Maurice Byé.Byé.
PorPortrástrás de alguns
de alguns desses
desses 'IPVr.f-__._1.-,'¡¢í-¡!-.J"¡,l"I\' FQI'|FI

autores, especialmente de
autores, especialmente de Perroux,
Perroux, havia
havia aa sombra
sombra de de Schumpe-
Schumpe-
ter, comaaênfase
ter, com ênfasenonopapel
papeldasdas inovações,
inovações, das das técnicas
técnicas e doseciclos
dos ciclos
de investimentos. Perroux“historicizou”e deu abrangência global
de investimentos. Perroux “historicizou^e deu abrangência global
a suas
suasabordagens:
abordagens:sem sema análise
a análise
da da dominação
dominação e dae desigualdade
da desigualdade
nas relações
relaçõesinternacionais,
internacionais,não nãose se entenderiam
entenderiarn as características
as características
do capitalismo
capitalismocontemporâneo.
contemporâneo.Henri HenriPirenne
Pirenneabrira
abrirao ocaminho
caminho
na História
História para
para tais
tais interpretações-
interpretações.SemSemumumplanejamento,
planejamento, ain~ain
da que
que indutivo,
indutivo, acrescenta-Perroux,
acreseenta*Perroux,a concentração
a concentração regional
regional e e
funcional
funcional dada renda
rendamanteria
manteriaasasdesigualdades
desigualdades dentro
dentro dosdos países
paises
e entre
entreosospaíses.
países.
- às
'E
Este ensaio que trata de seus -primeiros trabalhos é muito -nu'..-aú`_¡n.n-nz._¿=. ¡_~-z;t.¡_-c¡_

Este ensaio
interessante,
interess'ante, pois que
poismostra trata
mostra que
que de seus primeiros
Furtado,
Furtado, antes
antes de de trabalhos
sofrer
sofrer é muito
a influência
a influência
da Cepal,
Cepal,jájátinha
tinhadedeonde ondehaver
haverhaurido
hauridoideias
ideias estruturalistas.
estruturalistas.
AA citação
citação que
que Perroux
Perroux, fazfaz de
de Sombart,
Sombart, na na Enciclopédia
Enciclopédia das dasciên-
ciên
cias sodais, éé pãrticularmente
cias sociais, particularmente esclarecedora.
esclarecedora,Nela Nela p capitalismo
o capitalismo 9

é descrito
descrito como
cornoum umsistema
sistemadede trocas
trocas entre
entre mercadorias,
mercadorias, semsem
maiores consideraçõessobre
maiores considerações sobre o valor
o valor de de
usouso delas.
delas. Perroux
Perroux vê novê no
lucro um
um desequilíbrio
desequilíbrioentre entrevalor
valorproduzido
produzidoe valor
e valorapropriado,
apropriado,
sem
sem mencionar
mencionar nadanada de desemelhante
semelhanteà“maís-valia”
à “mais-valia”ou ouaoaoprocesso
processo
produtivo
produtivo no no qual
qual seseassenta
assentaa aexploração
exploração da da força
força de de trabalho.
trabalho.
Deixa na sombra
sombraMarx,Marx,oogrande
granderevelador
reveladordos dos segredos
segredos do do capi
capí-
talismo* Serádiferente
talismo. Será diferentenasnas análises
análises de Furtado?
de Furtado?
Não creio.
ereto. ÉÊ difícil
difícildizer
dizerqueque0 o“historicismo”
“historicismo” de de Furtado
Furtado
ou seu
seu estruturalismo
estruturalismoadvieram,
advieram,aindaaindaque
queporpor intermédio
intermédio dosdos
autores franceses,
franceses, da influência Marx* A noção
influência de Marx. noção de de desenvolvi»
desenvolvi
mento desigual
desigualeedededominação
dominaçãodede grupos
grupos e classes,
e classes, assimassim
como como
de nações,
nações,salta
saltaà àvista
vistanasnas contribuições
contribuições de Perroux,
de Perroux, masmassemsem
passar por Marx. É dentro do próprio capitalismo que os autores
passar por Marx. Ê dentro do próprio capitalismo que os autores
216
que mais influenciaram
que mais Celso Furtado
influenciaram Celso Furtado vão
vão buscar
buscar solução
solução para
para os
Os
problemas
roblemas dodo desenvolvimento.
desenvolvimento.Nin Ninguém
uém a apela a nenhuma
ela a nenhuma su-su
peração, aosocialismo:
socialismo:“a“aeconomia
economiadedemercado
mercado entre as nações
p .

peraçäo, ao entre as nações


não podeser
não pode sersalva
salvasenão
senãoporporuma
umaintervenção
intervenção apropriada
apropriada da eco-
da eco-
'noinia dominante, principal
Einia dominante, principal ee imediata
imediatabeneficiária
beneficiáriadadaeconomia
economia
de mercado”,é écomo
de mercado”, comoAlain
ÀíainAlcouffe
Alcoufferesume
resume a visão
a visão de Perròux.
de Perroux.
Furtado sofreu, e certo, alem do impacto da bibliografia francesa
eFurtado sofreu*
das elucubrações
eiucubrações é certo, alémo do impacto
impacto
cepalinas, o impacto
da bibliografia
deKeynes,
de Keyiies,, forafrancesa
quefora
que gran
gran-
de
de também
também em Prebisch, mas,
em Prebisch, mas, se
se houve
houve influência
influênciade de Marx,
Marx,elaelafoi
foi
posterior às obras
posterior às obrasfundamentais
fundamentaisde deFurtado
Furtadosobre
sobre a formação
a formação da da
economia
economia brasileira.
brasileira. |¿
Embora LuizLuiz Carlos
Carlos Bresser-Pereira,
Bresser-Pereira, no nocapítulo
capítuloque que escre
escre-
veu sobre aa teoria
veu sobre teoria econômica
econômicaem emCelso
CelsoFurtado,
Furtado, diga
diga queque o mo
o mo-
delo por ele
delo por ele adotado
adotado éétanto
tantokeynesiano
keynesianoquanto
quantomar:-:i'sta,
marxista, nãonão
se Se
pode afirmar que
pode afumar que sua
suainterpretação
interpretaçãosejasejadialética.
dialética.
Nem Nem mesmo
mesmo se se
reduzirmos aa compreensão
compreensãoda dadialética
dialéticaaoaociclo
ciclo
de de inovações
inovações e dee de
sua difusão,
difusão, oo que
que seria
seriaum
um procedimento
procedimentoschumpeteriano,
schumpeteriano, masmas?
não
nao necessariamente
-_
marxista.Na
necessariamente marxista. Naverdade
verdadeFurtado
Furtado nãonão se resu-*
se resu-2'
me à perspectiva
perspectiva de deSchumpeter,
Schumpeter,como comoressalta
ressalta o próprio
o próprio Bres-Bres-
ser na
na parte
parte finai
final de
deseuseuinteressante
interessantecapítulo.
capítulo. Apavorado
Apavorado comcomas as
desigualdades
desigualdades eecom coma aconcentração
concentraçãodada renda
renda queque dificultariam
dificultariam
ou mesmo impediriam
ou mesmo impediriam aa formação
formação do domercado
mercadointerno.
interno, Furtado
Furtado
ultrapassa
ultrapassa aa visão
visão dodo economista
economistaeevêvênanapolítica
políticao desafio
o desafioparapara
mudar os
mudar os padrões
padrõeseconômicos
econômicosque queacentuavam
acentuavam as desigualdades
as desigualdades
entre as
as classes
classese easasnações.
nações. Mais
Mais ainda,
ainda, em emseusseus escritos
escritos poste-poste
riores
riores àà década
décadadede1970
1970háháum umpessimismo
pessimismo difuso
difuso queque decorre
decorre de de
um tipo de crítica
crítfba cultural-civilizatória:
cultural- civilizatória: 0o estilo
estilo de
de capitalismo
capitalismo
consumista,
consumista, ààmoda
moda dosdosEstados
EstadosUnidos,
Unidos,nãonãose se
podepode generalizar,
generalizar,
sob pena
pena dedetocarmos
tocarmosnos noslimites
limitesdas
daspossibilidades
possibilidades de uso
de uso racio
racio-
nal
nal dos recursosnaturais.
dos recursos naturais.DaiDaíaamodernidade
modernidadedede Celso
Celso Furtado.
Furtado.
Nas análises de nosso autor há há muita
muitalucidez.
lucidez.Bresser-Pereira
Bresser-Pereira
ressalta ainda que a própria ideia de desenvolvimento econômico
ressalta ainda que a própria ideia de desenvolvimento econômico
217
éé social
socialeehistoricamente
historicamente definida;
definida: “Ê a“Éelevação
a elevação do nível
do nivel material
material
da vida na
da vida naforma
formacomocomodeterminada
determinada sociedade
sociedade o define
o define partindo
partindo
de uma escala
de uma escaladede valores
valores queque reflete
reflete o equilíbrio
0 equilíbrio de forças
de forças que que
prevalece nessa
prevalece nessa sociedade”
sociedadefi diz texto
diz texto de Furtado
de Furtado de 1975.de Isso,
1975,queIsso, que
éÉ boa sociologia, não
boa sociologia, não É, -em
em sisi mesmo,
mesmo,marxismo.
marxismo, ÉÉ repúdio
repúdiode de
um economicismo
economicismo e epode podeterter derivado
derivado da influência
da influência de qualquer
de qualquer
dos autores
dos autoresmencionados
mencionadosqueque ajudaram
ajudaram a formação
a formação intelectual
intelectual
de Furtado.
Furtado.No NocasocasododoBrasil
Brasil e dos
e dos países
países subdesenvolvidos,
subdesenvolvidos, a a
imensa massamassadedetrabalhadores
trabalhadores disponíveis
disponíveis reduzreduz as possibili
as possibili-
dades pataque
dades para queo oavanço
avançotecnológico
tecnológico tenha
tenha efeitos
efeitos positivos
positivos no no
equilíbrio
equilibrio de deforças
forçasprevalecente
prevalecente na sociedade.
na sociedade. É esteÊ0este o miolo
miolo da da
questão:
questão: aaoferta
ofertailimitada
ilimitadadede ihão
filão de de
obraobra retida
retida na economia
na economia de de
subsistência
subsistência e enos nossetores
setores “desocupados™
“desocupados” barateia
barateia a forçaadeforça
tra- de tra
balho, não nãoinduz-.aperfeiçoamentos
induznâperfeiçoamentos tecnológicos
tecnológicos que aque a poupem
pouperp
e freia os avanços distributivos que 0 aumento de produtividade
e freia os avanços distributivos que o aumento de produtividade
poderia permitir Daí
poderia permitir. Daí um
umcerto
certopessimismo
pessimismo de de Furtado
Furtado sobre
sobre sã* sl*
existiria um
um verdadeiro
verdadeiro“desenvolvimento”
“desenvolvimento” enquanto
enquanto esta esta
situa-situa
ção permanecer._PioI:
ção permanecer. Pior:mesmo
mesmo quando
quando ela ela começa
começa a mudar
a mudar fe (e
muda quando
quando o assalariamento
assaíaríamento capitalista
capitalista se
se expande),
expande), induz
induz *
mais ao
ao consumo
consumoconspícuo
conspícuo dasdas classes
classes dominantes
dominantes (e à importa
(e à importa-
ção de bens
bens de
de consumo
consumo de
deluxo)
luxo)dodoque
queaoaoconsumo
consumodas dasmassas.
massas.
Há, portanto,
portanto,uma
umavisão
visãocrítica
crítica
dodo capitalismo,
capitalismo, pelopelo
menosmenos
de seus efeitos na Periferia. Assim como pode haver elementos de
de seus efeitos na
“nacionalismo”
“nacionalismo” ou
Periferia.
oude. Àssim como
de“efici.e1ntism0°Í
“eficientismo” como
pode
como haverBresser-
elementos
caracteriza
caracteriza Bressèr-dê
-Pereira,
~Pere-ira, masmas não
nãodede marxismo.
marxismo* Para
Paracorrigir
corrigirasasdesigualdades
desigualdadeses-es
truturais,
truturais, Furtado não tinha
Furtado não tinha dúvidas
dúvidas ememvalorizar
valorizaroo planejamento
planejamento
e aa intervenção
intervençãoestatal
estatal tópica.
tópica. TudoTudo isso "com
isso “com moderação”
moderaçädfl como como
acentua Bresser-Pereira.
acentua Bresser-Pereira. MasMas seu ângulo
seu ângulo de análise
de análise não é onão é o do Ca
do Ca-
pital
píjtal ee oo do
dodese.nvolvime›nto
desenvolvimento de de
suassuas formas.
formas. Furtado
Furtado a cadaa ins»
cada ins
tante subjetivizaa aanálise
tante subjetiviza análise e culpa
e culpa as elites
as elites pelos pelos
desviosdesvios
das boasdas boas
práticas, entraememondas
práticas, entra ondas de de pessimismo,
pessimismo, vê tendências
vê tendências à estagna
à estagna-
ção
ção eeobstáculos
obstáculos aoao mercado,
mercado, como,
como, por exemplo,
por exemplo, no casonodos
caso
tra-dos tra-

218
balhadores imersos na
balliadores irnersos na economia
economia de
de subsistência
subsistência(no (noNordeste),
Nordeste),
que não responderiam aos estímulos de mercado graças graças aos Iiames
liames
de dependência
dependênciaeefavorecimento
favoreeimentoque
queososligam
ligamaos
aosdominadoras.
dominadores.
ÉÉ por
por este
este motivo
motivo queque Fernando
Fernando Pedrão,
Pedrão, emem tex to provocati
texto provocati~
vo que
que escreveu
escreveu aa respeito
respeito do
do Nordeste
Nordeste eeda daSudene,
Sudene,diz:diz:

A teoria do desenvolvimento de origem keynesiana nã-o distinguia


A teoria do desenvolvimento de origem keynesiana nao distinguia
entre
entre aaanálise
análiseconsolidada
consolidada dasdas fábricas
fábricas e a análise
e a análise das empresas,
das empresas,
pelo quenão
pelo que nãoviaviaa indústria
a indústria como
como um um reflexo
reflexo do movimento
do movimento geral geral
do capital
capitalonde
ondeasasopçoes
opções industriais
industriais e as edos
as dem-ais
dos demais
setoressetores
sao são
interdependentes.
interdependentes. Í

Na visão
visão de
de Pedrão,
Pedrão»Celso
CelsoFurtado
Furtadoteria
teriapreferido
preferido oferecer
oferecer um
um
plano de incentivos para manter
manter aa estrutura
estrutura de
de produção
produção indus-
indus-
trial já existente a

criar novos
novos estilos
estilosdedeprodução
produção industrial
industrial e industrializada,
e industrializada, que?que ^
í› surgem
surgem como
como negaçã
negação o das
das formas
formas de acumulação
acumulação que que foram
foram em-ç
em- f
preendidas
preendidas nonoinício
iníciododoséculo
século
xx.xx. A proposta
A proposta de industrialização
de industrialização
da Sudene pautou- se ainda
Sudene pautou-se aindapelo
pelovelho
velhoestilo
estilodedeatrair
atrairindústrias
indústriasee
de apoiar
apoiar projetos
projetos novos
novos dedê velhas
velhas empresas
empresasregionais
regionaistornando-
tornando-
-se uma contradição
-se uma contradiçãocom como odelineamento
delineamento da da política
política regional,
regional,
que clamavampor
que clamavam poruma
umareestruturação
reestruturação da política
da poli-tica regional
regional em seu
em seu
conjunto.
; conjunto.
Sem queque eu eu necessariamente
necessariamente endosse
endosse asascríticas
críticasdedePedrão,
Pedrão*é é
inegável
'inegável que, no& aeiocínio de Celso Furtado, as questões da de-
nofiraciocínio de
manda agregada ee dos dos incentivos
incentivos governamentais
governamentaisprimam
primamsobre
sobre
a análise dos desdobramentos
a»nál.ise dos desdobramentos dos dos movimentos
movimentos do Capital à ma ma~
neira da dialética marx ista.
marxista.
No seu texto,
texto>Tamás
TamásSzmrecsányi esmiúçaa aFormação
Szmrecsányiesmiúça eco+
Porrmação eco-
nômica
nômica do ào Brasil,
Brasil, refaz seu percurso
percurso ee vê
vê os
os desdobramentos
desdobramentos de de

219
.^ .P . -1.
_.-Í _
'.`r'1" ¬-
'.=.

suas interpretações. Chama a atenção 0o zelo com que Tamás re- rè~
constrói
constrói aa éscritüra
escriturade deFurtado
Furtadoeeaainsistência
insistência com
comque
quedefende
defende o _
méto
métododo hhistórico
istó rico ado tad o e a bas
adotado basee em pírica das an
empírica .-'el
álises. Como se ` 'Í'‹"-:'
aná1ises.Corno -'' fps.

refere mais
mais ao ao livro
livro Á
Afant
fantasia a, de 19
organizada,
asi a organizad 85» percebeu com
1985, com
agudeza queque Furtado,
Furtado, diante da precariedade
precariedade dos
dos dados
dados dispor-1;-
disponí-
veis, utilizava
utilizava aa imaginação
imaginação em algumas
algumas dede suas
suas interpretaçö@5_
interpretações
Não dispensava, porém, sua validação, ainda que para isso dispu-
Não dispensava, po ré m , sua validação, ainda que para isso dispu-
sesse apenas
apenas dede fragmentos
fragmentos informativos.
informativos. Sem
Sem ser
serpropriamente
propriamente
um historiador
historia-dor (creio
(creioque
queTamás
Tamás Szmrecsányi
Szmrecsányi discordará
discordará desta
desta
apreciação),
apreciação), Utilizou
utilizou a história da maneira como os os sociólogos
sociólogos
ou economistas podem
podem fazêlo,
fazê-lo, substituindo a falta
falta de
de dados
dadospela
pela
imaginação
imaginação congruente
congruente comcomoodesenrolar
desenrolar histórico.
histórico. Em
Em carac-
carac-
terização mais elegante
elegante Maurício Coutinho
Coutinho (que(que escreveu
escreveu umum
ensaio central para a compreensão de como Furtado Furtado encarava
encaravp aa
'E
questão cambial) diz diz que Furtado fazia “esquemas
“esquemas de deabstração
abstração
da história”. Conceito
história5* Con ceito que ressalta,
ressalta, de out
outro modo,
ro m odo, o me
mesmo
smo qtfe
q%
Tamás Szmrecsányi assevera.
assevera,
Não seria possível
possível nem necessário
necessário resumir
resumir neste
neste prefáÊío
prefácio
F'
cada um dosdos ensaios
ensaios dada obra.
obra. Mas
Mas quero mencionar
mencionar ainda
ainda duas
duas
vertentes que me parecem interessantes.
interessantes. AA primeira
primeira diz
diz respeito
respeito
ao esforço feito para desvendar as as relações
relações entre
entre aaobra
obrade deFur-
Fur-
tado e a de dois
dois outros
outros importantes intelectuais
intelectuais brasileiros,
brasileiros,Caio
Caio
Prado e Ro berto Simonsen. O ponto de partida do texto de Andr
Roberto Andréé
Tosi Furtado sobre Caio Prado é correto: a contribuição de Caio
Tosi
PradoFurtado
não sesobre
não se Caio
limitou
limitou Pradointerpretação
aa “uma
“urna é correto: a contribuição
interpretação marxista”
marxista” de denossa
de Caio
nossa
história. Tratase
Trata-se de uma vvisão
isão srcinal, bas
original, eada nonoconhecim
baseada conhecimen-en-
to do
do capitalismo
capitalismo comercial
com-ercialportuguês,
português, analisado
analisado na
na inteireza
ínteireza de
de
sua formação social.
social. Embora
Emboracaracterizado
caracterizado por
porseu
seu sentido
sentido “pre-
datório”
datório”. instaurou
instaurou uma
uma economia
economia capitalista
capitalista no
no Novo
Novo Mundo,
Mundo,
ligada ao comércio mundial.
mundial. O O predomínio
predomínio da grande proprie-
dade e da escravidão na produção da cana~de-açúcar
canadeaçúcar foi foi a marca
srcinal
originaldadamonocultura
monoculturaescravista
escravistadedeexportação.
exportação.DoDoprimeiro
primeiro

22.0
220
livro importante de
livro importante deCaio,
Caio,o oFormaç ão do Brasil
Formação Brasil cont emporâneo»
c-rmtemporäneo,
até às
às análises
análisesdedeFurtado
Furtadosobre
sobrea economia
a economia minéradora
mineradora o autor
o autor
do capítulo mostra
do capitulo mostra que
que houve
houveuma
umaevolução
evoluçãonanaanálise.
análise. Máis
Mais e e
mais Furtado vai
mais Furtado vai seseinteressar
interessarpelos
pelosefeitos
efeitosdosdos fluxos
fluxos diferen
diferen-
“ciais de renda
c' is de rendana
naeconomia
economiaaçucareira
açucareirae enanamineradora,
minéradora» geran-
geran-
do complexossociais
do complexos sociaisdistintos
distintosememcada
cadaumatuna dessas
dessas situações.
situações. A Á
produção mineira permitiu maiores encadeamentos internos e
produção
menores mineira permitiu
coeficientes
menores coeficientes maioresEsta
dedeimportação.
importação. encadeamentòs
Esta evolução
evolução internos
continuou
continuou e
até até
chegarse
chegar-se ààprodução
produçãocafeeira,
cafeeira,que quepermitiu
permitiuque que o país
o país começasse
começasse
a romper o padrão
padrão ante rior.
anterior.
Àssim,
Assim, sese Caio
Caio Prado
Prado nos nos dá o painel
painel de de uma
uma economia
economia
comercialexportadora, Furtado) desenha
comercial-exportadora, Furtadc desenha comcom maismais nitidez
nitidez'asas
transformações internas da
transformações internas da economia
economia brasileira
brasileiradesde
desdeo operío-
perío-
do colonial.
colonial, Mais
Mais ainda,
ainda, desvenda
desvendaalguns
algunsmecanismos
mecanismos especí-
especí-
ficos
ficos dada sociedade
sociedade escravista
escravistabrasileira
brasileiracomparando-a
comparandoacom coma a
norteamericana. sobretudo, põe
norte-americana. E, sobretudo, põe ênfase
ênfasenaquilo
naquiloque que passou
passou
a ser
ser seu
seu tema
tema preferido:
preferido:aaformação
formaçãodo domercado
mercadointerno
internopós.- pós^
Abolição
-Abolição ee aa dinâmica
dinâmicaque quepoderia
poderialevar
levarà àindustrialização
industrialização e aoe ao
desenvolvimento. Ressaltouasasdiferenças
desenvolvimento. Ressaltou diferenças entre
entre a produção
a produção pro~pro-
priamente colonial eeaacafeeira,
pršamente colonial cafeeira,pois
poisnesta
nestaúltima
última houve
houve mudan-
mudan-
ças como consequência
conseqüência da da redução
reduçãoda da oferta
ofertade demão
mãodedeobra obrae, e,
depois,
depois, dada importação
importação de de imigrantes.
imigrantes.Essas
Essasmudanças
mudanças levaram
levaram
à transformação
transformação de de todo
todo oo complexo
complexo social
social produtivo.
produtivo.Por Porisso,
isso,
influenciado por
influenciado por Caio
CaioPrado,
Prado,Celso
CelsoFurtado
Furtadoescapou
escapoudede alguns
alguns
simplismos, como, por
simplismos, como, por exemplo,
exemplo,oodedeum umenfoque
enfoqueculturalista,
culturalista,
ou de outros pontos
de outros pontos dede vista
vistamuito
muitopresos
presosaoaocondicionamento
condicionamento
geográfico, quandonão
geográfico, quando nãoaoaoracismo.
racismo.Sem
Semdeixar
deixar de de
dardar ênfase
ênfase ao ao
circuito exportador,
exportador, mol
molaa da economia
economia colonial
colonial ee da
da dependente,
dependente,
Furtado mostra
mostra co mo o assalariamento
como assalariamento ee oo encadeamento
encadeamento de de elos
elos
da economia
economia cafe-eira
cafeeirapara
paraoutros
outrostipos
tiposdedeatividade
atividade geraram
geraram umum
dinamismo interno que
dinamismo interno queabriu
abriuespaço
espaçopara
parauma umanova
nova economia.
economía..
O próprio efeito do capital estrangeiro é visto por Caio Prado de
O próprio efeito do capital estrangeiro é visto por Caio Prado de
an
mo
mododo ma is limitado,
mais limitado, enquanto Celso
enquanto Celso Furtado
Furtadooovê vêno
nocircuito
circuito das
das
relações internacionais.Estas
relações internacionais. Estassão
sãodesiguais,
desiguais, porpor certo,
certo, masmasnãonão
por isso oo capital
capitalestrangeiro
estrangeirotem
temum umpapel
papelmenos
menos significativo,
significativo,
pois é parte
parte dadaengrenagem
engrenagemquequeliga
ligaa economia
a economia nacional
nacional ao ao
co- co-
mércio internacional.
internacional.
Quanto
Quanto aa Simonsen,
Simonsen,ééinegável
inegávelque queseuseu livro
livro fundamental,
fundamental,
a História economica do Brasil, de 1937, serviu de base para mui-
a Hi st óri a econômi ca do Br asi l , de 1937, serviu de base para mui-
tas das análises
análisesdedePurtado.
Furtado.Ao Aoelaborar
elaborarsuassuas interpretações
interpretações na na
Formação
For econômica
mação econômi Brasil,l , em C
do Brasi
ca do ambridge, Ce
Cambridge, lso lanç
Celso lançaa mão
dos dados
dados ee dedealgumas
algumasinterpretações
interpretaçõesdede Simonsen,
Simonsen, cujocujo livro
livro é é
mais de vintevinteanos
anosanterior
anterioràãredação
redaçaodadaFormaç
Formação. Mas não
ão. Mas não se se
baseia, como oo autor
baseia, como autor paulista;
paulista;na naabordagem
abordagemcomum comumdadáépoca, época,
a dos ciclos:
ciclos: oo do
do pau-brasil,
paubrasil,da dacana,-da
cana,'damineração,
mineração,dodocafé. café.Si-Si-
monsen, é verdade,
verdade,registra
registraque
quea produção
a produção cafeeira
cafeeira nãonão constitui
constitpi
a repeti ção da
repetição dass car acterísticas de
características de um mesmo
mesmo ciclo.
ciclo. Pelas
Pelas razões
razões *
já mencionadas,
mencionadas, aa economia
economiacafeeira
cafeeiramudou
mudouasasperspectivas
perspectivas dê dê
funcionamento
funcionamento da da economia
economia primário-exportadora.
primárioexportadora.Sendo Sendoeleele
próprio
proprio industrial
industrial eeproponente
proponenteda daindustrialização
industrializaçãocomo comoformaforma
de ruptura com com aa economia
economia primário-exportadora,
primárioexportadora, chamou chamou aa
atenção também
também parapara aa necessidade
necessidadede depolíticas
políticaseconômicas
econômicasín-in
dutoras do do desenvolvimento.
desenvolvimento.Nesse Nessesentido
sentidofoifoi precursor,
precursor, fonte
fonte e e
referência
referência parapara Furtado.
Furtado. Entretanto,
Entretanto, os osdois
doisautores
autoresdiferem
diferemnana
motivação de de suas
suasanálises
análisese enanaavaliação
avaliaçãodasdas conseqüências
consequências do do
“industrialismo”
“industrialisn1o”. ÉÉ mérito
méritodo doensaio
ensaioescrito
escritoporporFlávio
Flávio Azeve-
Azeve-
do Marques
Marques de déSaes
Saesmostrar
mostrarque, que,embora
emborapartindo
partindodede enfoque
enfoque
semelhante
semelhante ao ao dedeSimonsen,
Simonsen»Furtado Furtadose se preocupou
preocupou maismaiscom coma a
concentração regional
regional da da renda,
renda,com com aabaixa
baixaprodutividade
produtividadeque que
a abundância
abundância de de mão
mão de de obra
obra causava
causavae,e,sobretudo,
sobretudo,com como oque que
seria aa tendência
tendênciaao aoaumento
aumentoda dapobreza
pobrezae edadadesigualdade
desigualdade pro~pro-
duzida pelasdistorções
duzida pelas distorçõesdodocomércio
comérciointernacional
internacional emem situações
situações
estr uturais de dependência.
estruturais dependência. Simonsen
Simonsen éémais mais otimista
otimista quanto
quantoaos aos
efeitos positivos
efeitos da industri
positivos da industrialização
alização ee chega
chega aaver
ver nesta
nestaooantídoto
antídoto

22 2
22.2.
ao comunismo, que que era a ameaça
ameaça da da época
época aa seus
seus olhos.
olhos. SóSó tardia-
tard ia -
mente inseriu
inseriusuassuásanálises
análisesnuma numaperspectiva
perspectivananaqual qual asas relações
relações
econômicas internacionais
internacionais e a assimetria
assimetria nelas
nelas vigente contavam.
contavam *
Furtado, como Azevedo Azevedo MarquesMarquesmostra mostra em empáginas
páginasesclarece-
esclarece-
doras sobre
sobre seuseu pensamento
pensamentopolítico, político,éémenos
menosotimista
otimistaquanto
quanto
áà redução da da pobreza
pobreza no no subdesenvolvimento,
subdesenvolvimento,mesmo mesmocom com aa
industrialização
industrialização (dadas (dadas asasdesigualdades
desigualdadesregionais
regionaise ae heteroge-
a heteroge
neidade estrutural), Por
neidade estrutural). Por outro
outro lado,
lado,eraeraenfático
enfáticoem emcrer
crernanapos-
pos-
sibilidade
sibilidade dedeuma umaconciliação
conciliaçãoentre entredesenvolvimento,
desenvolvimento, mitigação
mitigação
da pobreza
pobreza ee manutenção
manutenção de de valores
valoresdemocráticos.
democráticos.Rechaçava
Rechaçavaaa
gangorra entre menos liberda liberdade de e mais
mais prospe ridade. Reconhefiia
prosperidade. Reco nhecia
os resultados
resultados poucopouco animadores
animadoresdas daspoliticas
políticaseconômicas
econômicaspreva-prevá
íecentes (mesmo com
lecentes (mesmo com aa industrialização
industrializaçãonascente)
nascente)eeclarnava
clamavapor por
padrões de de desenvolvimento
desenvolvimentomais maisigualitários,
igualitários, dentro
dentro dosdos marcos
marcos
da democracia.
democracia.
A últ ima verte
última nte que quero
vertente quero abordar
abordar diz diz respeito
respeito a d ois pon-
dois p on-
tos da segunda
segundaparte partedo dolivro.
livro.OOprimeiro
primeiroé éa aapreciação
apreciaçãoconjuntd
conjunti
dos três
três trabalhos
trabalhos de de Celso
CelsoFurtado:
Furtado:sua suatese
tesedededoutorado
doutoradoso! so-
bre Economi
Economiaa col colonial
oni al nono BrBrasil nos sé
asi l nos séculos
cul os XXVI V I I (de 1948);
V I eeXXVII 1948);
A economi
A economía l ei ra (de 1954);
brasileira
a brasi 1954); e, e, finalmente,
finalmente, aa Formaç
Formação ão (de
195 8). Em inte
1958). ressante sí
interessante ntese dos
síntese dos trê
trêss trabalhos, João Antônio
trabalhos, Ioão Antônio de
Pa ula rrelê
Paula elê ooss três livro
livross de Furtado
Furtado co mo compleme
como complementares.ntares. A par-
par-
dessa leitura
tir dessa leitura conclui
conclui haver haverdetdeterminantes
ermi nant es estestruturais,
rut urai s? postos
pela situação periférica
pela situação periféricada daeconomia
economiabrasileira,
brasileira,e eel
elementos con-
ement os con~
tingentes (estrutura do
tingentes do capital
capital eeda dariqueza,
riqueza,distribuição
distribuiçãodadarenda,
renda,
pr ogresso tecnológico) que se relacíonariam
progresso relacionariam dialeticamente.
diaieticamente. Pode
ser. Mastratar-sd-ia
ser. Mas tratarseiade deuma
umadialética
dialéticasem semsujeitos
sujeitos históricos,
históricos, umauma
dialética movida por
dialética movida porcategorias
categoriaseconômicas
econômicasabstratas.
abstratas*EsseEssetipo
tipo
de interpretação
interpretação pode pode ser sercompatível
compatívelcom comaaapreciação
apreciaçãoque queJoão
João
Antônio de de Paula
Paulafaz fazdedeCelso
CelsoFurtado
Furtadoquando
quandodizdiz que que
Formação
Form üção
económico
econômi Brasill não é um livro
ca do Brasi de história
livro de históriaeconômica,
econômica, senãosenão
que umauma reconstrução
reconstrução global globalda daformação
formaçãoeconômica
econômicado doBrasil
Brasilaa
'',!“-`-
.¿¿

partir
partir da
da aplicação
aplicação de de uma
uma “certa
“certa teoria
teoria- econômica aos
aos aspectos vw.
1+'
-ft
históricos
históricos subjacentes
subjacentes àà realidade” (citando(citando oo próprio
próprio Furtado).
Furtado), -i

O co rre que esta


Ocorre esta. ““certa
cer ta te oria econômica”
teoria económica” é a teoria da Ce pal, onde
Cepal,
a “dialética”
“dialética”entre
entre oo Centro
Centro e aa Periferia
Periferiatambém
tambémentrou
entrouememconsi-
consi-
deração,
deração, mas
mas sem
sem fundamentos
fundamentos propriamente
propriamente marxistas.
Termino observando
observando que, que, se as as contribuições
contribuições dos
dos estu-
estu-
dos históricos e regionais mais recentes obrigam a corrigir um
dos históricos e regionais
ou outro mais recentes obrigam aCelso
corrigir um
outro ponto,
ponto, oo esquema
esquema geral
geral das
das análises
análises dede Celso Furtado
Furtado
permanece
permanece vigoroso.
vigoroso. Tanto
Tanto o0 apanhado
apanhado geral
geral sobre 0o caso nor-
destino, escrito por
por Fernando
FernandoPedrão,
Pedrão,corno
como osos capítulos
capítulos sobre
sobre o
Brasil meridional (escrito
(escrito por
porPedro
Pedro Cezar
Cezar Dutra Fonseca),
Fonseca), sobre
sobre
o0 Maranhão
Maranhão (de (de Regina
Regina HelêTna MartinsdedeFaria)
Helena Martins Faria)e ea aexcelente
excelente
revisão
revisao produzida por por Flavio
Flavio Rabelo
Rabelo Versiani sobre“Trabalho
Versiani sobre “Trabalholili-
.-
vre, trabalho
trabalho escravo,
escravo, trabalho
trabalho excedente:
excedente: mão
mao de obra na fi=EB'§ b b ”,
Ei

bem como
comoaajájáreferida
referidacomparação'entre
comparação entrea asituação
situaçaobrasileira
brasileirae e
a norteamericana
norte-americanafeita feitapor
porRui
Rui Guilherme
Guilherme Granziera,
Granziera, são teste'-1
test#
munhos
munhos do do quanto
quanto avançou
avançou nossa
nossa bibliografia baseadaem
biblíografia baseada empes~
pes-
quisa
quísa mais sofisticada e com foco mais específico
específicoem emprocessdš
processosee
regiões. Tenho certeza de que que Celso
CelsoFurtado,
Furtado,seselesse
lesseesses
esses capítu-
capítu-
los, ainda que visse
visse que num ou ou noutro
noutro ponto
ponto haveria
haveria que
que rever
òo que escre vera, te
escrevera, ria a dupla satisfação
teria satisfação de
de ver que
que seus
seus insights
insights ee
suas análises
análises continuam a iluminar as interpretações
interpretações atuais
atuaiseeque
que
houve imenso progresso
progresso em em nossa
nossa produção
produção acadêmica.

21.4
¬-|r\_._

RAYMTJNDO
RAYMUNDOFAORO
FAORO
Um crítico do Estado:
Estado:
Raymündo Faoro*
Raymundo Faoro*

Raymündo
Raymundo FaoroFaoro Éé referência
referênciaobrigatória
obrigatóriapara paraquem
quemquiser
quiser
entender
entender oo significado
significadodo dopatrirnonialísmo
patrimonialismonanaevolução
evolução sociopo)i
sociopo-
lftica do Brasil.
lítica do Brasil Não
Não foi
foiooúnico
únicoautor
autorque
quesesededicou tema,i f
dedicouaoaotema,
mas terá
terá sido
sidoumumdosdospoucos,
poucos,aoaolado
ladodedeSérgio
Sérgio Buarque
Buarque de de
Ho-Ho-
landa, qüe, ao
landa, que, aoanalisar
analisarnossa
nossahistoria,
história,não
nãose se deixou
deixou enredar
enredar na na
mística gerada pelo
mística gerada pelopróprio
próprioEstado:
Estado:a adedeque
queeleele seria
seria a melhor,
a melhor,
se não a única, mola na formação nacional. Que se trata de mola
se não a única,disso
fundamentai,
fundamental, molaháhá
disso na formação
pouca
pouca nacional.que
discordância;
discordância; Que
que sefoi
não
não trata
foi adeúnica
a única mola
é é
opinião queos
opinião que osmais
maisexaltados
exaltadosdefensores
defensoresdodo predomínio
predomínio estatal
estatal
custam
custam aa reconhecer.
reconhecer. MasMasque,
que,independentemente
independentemente de de
suasuaim-im-
portância, oo Estado
Estado não
nao seria
seria“bom
"bomem emsisimesmo”
mesmo”é émais maisrarorarodede
ver entre
entre analistašâdo
analista/do que
que sesecostuma
costumachamar
chamardede“a“aformação
formaçãododo
Brasil” Tão abrangente
Brasil'í Tão abrangenteeepersistente
persistenteforam
foram os os efeitos
efeitos da da ideolo-
ideolo~
gia patrimonialistae etão
gia patrimonialista tãovital
vitalfoifoi o papel
o papel do do Estado
Estado na na sociedade
sociedade
brasileira que
brasileira queéédifícil
difícilmanter
mantero oolhar
olharcrítico. Esta
critico. talvez
Esta sejaseja
talvez a a

* Texto inédito,escrito
Texto inédito, escrito
emem março
março de 2013.
de 2013.
___;Hi.

.¬"-
I

maior virtude de Raymundo Faoro: sua


Raymundo Faoro: sua persistência
persistênciananacrença
crença íf ñ +¬
TJ

democrática e em compreender
compreender aa importância
importância do doliberalismo
liberalismo *HL

como contraponto
contraponto ao ao roldão que 0o culto
roldão que culto ao
ao Estado
Estadorepresenta
representa r

entre nós.
nós. Isso,
Isso,diga-se,
digase,nanapena
penadedealguém
alguém queque soube
soube desvendar
desvendar a a
importância efetiva que aaburocracia
efetiva que burocraciaeeooEstado
Estadojogaram
jogaramdesde
desdea a
época da Monarquia
Monarquia portuguesa
portuguesaatéatéaos
aosdias
diasrepublicanos
republicanos atuais
atuais
ee que,
que, a meu ver, chegou a exagerar o peso e a persistência do que
a meu Ver, chegou a exagerar o peso e a persistência do que
el
elee cham
chamaa de “estamento
“estamento burocr ático” na vida
burocrático” vida brasileira.
brasileira.
Na reedição
reedição revista
revista eeampliada
ampliadadedeOs donos dodo po der , p
poder, ubli-
publi-
¬-

cada ernem 1975, rendendose embora àsàsevidências


rendendo-se embora evidenciasdodo papel
papel cres-
cres-
cente dodo Estado,
Estado, reforçado
reforçado nonoperíodo
períodoVargas
Vargase mais
e mais ainda
ainda pelopelo
autoritarismo militar vigente
vigentena naépoca
épocaememquequeescreveu
escreveu a revisão,
a revisão,
Faoro
Paoro continuou valorizando
valorizando asas pressões
pressõesdemocratizadoras
democratizadorasvin- vin-
das dada base
base da-sociedade
dasociedadecomo comocontraponto
contrapontoà àrealidade
realidadepatri-
p&tri
monialista. Reconhece o predomínio desta, quase elege o “esta-
monialista.
mento Reconhece
burocrático” em omotor
em
predomínio
motor desta,
da história
daihistória
quase mas
brasileira,
brasileira,
elege onão
masnãii “esta-
0o
desvincula
desvincula do dojogo
jogodas
dásclasses
classesnem
nemse se resigna
resigna corncom a marginaliza
a marginaliza-
ção crescente dos impulsos
crescente dos impulsosliberais
liberaise edemocráticos.
democráticos. Sem
Sem que seja
queflseja
explícito, deixa entrever
explicito, deixa entrevercerta
certanostalgia
nostalgiados
dosideais
ideais americanos
americanos do do
selfgovernment
set temperados com
fgov ern m ent temperados com pitadas
pitadas de
de social-democracia.
socialdemocracia.

A releitura deOs donos


releitura de donosdo oder é um
doppoder bom antídoto
um bom antídoto para
para evi-
evi-
tar que aa paixão
paixão pelo
pelo Estado
Estadoconfunda.
confundaa aeventual
eventual modernização
modernização
progressista, mesmoque
progressista, mesmo queautoritária,
autoritária,com
comososmelhores
melhores interesses
interesses
populares
populares ee com
com aa democracia.
democracia.Na Naverdade
verdadea predominância
a predominância bu-bu
rocráticoestatal mais leva
rocrático-estatal mais levaágua
águaaoaomoinho
moinhododo conservadorismo
conservadorismo
tradicional
tradicional dodo que
que representa
representaumumavanço
avançonana democratização
democratização dasdas
instituições
instituições ee da
dasociedade.
sociedade.Entre
Entrenós,
nós,contudo,
contudo, custa
custa muito
muito fazer
fazer
prevalecer
prevalecer oo papel
papel da
dasociedade
sociedadecivil
civile evalorizar
valorizar como
como progres-
progres-
sista uma visão
sista uma visão democrática
democráticanãonãoautoritária.
autoritária.E Ecusta
custa mais
mais ainda
ainda
aceitar oo lado
aceitar lado positivo
positivoda
datradição
tradiçãoliberal
liberalque valoriza
que a cidada-
valoriza a cidada

2188
22
jiía,
gia, oo respeito
respeitoàsàsleis
leise oe repúdio
o repúdio ao ao arbítrio
arbítrio inerente
inerente à cultura
à cultura do do
populismo paternalista,OOempreguismo
populismo paternalista. empreguismo e ae aceitação
a aceitação dasdas estri-
estri-
pulias praticadaspelos
pulías praticadas pelosdetentores
detentores dodo poder
poder estatal
estatal emem nome
nome do do
interesse nacionale epopular
interesse nacional popularacabam
acabampor porfacilitar
facilitar a persistência
a persistência
""“dó piordedenossa
EI0 pior nossa tradição,
tradição, 0o patrimonialismo,
patrimonialismo. EsteEste seseafina
afinamais
mais
com 0o personalismo autoritário^confunde
personalismo autoritário, confundea vida
a vida privada
privada comcoma a
pública, além
pública, alémdedegerar
gerararbítrio
arbítrioe corrupção, como
e corrupção, comose se
depreende
depreende
da leitura de
da leitura de 0
Os$ donos do poder.

0OS
$ FUNDAMENTOS D
FUNDAIVÍENTOS Á INTERPRE
DA TAÇÃO
INTERPRETAÇÃO lf

Apoiand ose conceitualmente


Apoian-do~se conceitualmente em Max Max Weber,
Weber, Faoro
Faoro mostra
mostra
como a dinastia
dinastia de deAvis
Avistransformou
transformouo- opatrirnonialismo
patrimonialismotradi- tradi-
cional, baseado nas prerrogativas do senhor de terras, em patri-
cional» baseado nas prerrogativas dó senhor de terras, em patri-
monialismo estamental.OOque
monialismo estamental. queantes
antesse se baseava
baseava na relação
na relação entreentre
fa mília e propriedade
família propriedadeda da terra
terra ee poderia
poderia terte rse
sedesenvolvido
desenvolvido comocom o’
' 1'_
um tipo
tipo de
de feudalismo,
feudalismo,criando
criandouma umahierarquia
hierarquia entre
entre senhores,*
senhores,
avassalando
avassalando uns unsaos
aosoutros,
outros,modifica-se
modificasecom coma acentralização
centralização po-po-
lítica. Com os
lítica. Com' os Bragança
Bragançaseseconsolida
consolidao onovonovosistema
sistema dede poder.
poder. As As
forças produtivasaoaoseseexpandirem,
forças produtivas expandirem,emem lugar
lugar de de abrigarem
abrigarem prá-prá-
ticas sociais
sociais próprias
própriasdodomercado
mercadolivre, livre,dão
dão lugar
lugar a monopólios
a monopólios
reais.
reais. A A estes
estessesejunta
juntauma
umaburocracia
burocraciaque quesustenta
sustenta o poder
o poder mo-mo-
nárquico.
nárquico. AA“nobreza”
^nobreza” que
que se forma
se forma a partir
a partir de então
de então é criada
é criada pelapela
nobiíitaçãô
nobilitação de defuncionários
funcionários leaisleais ao
ao rei
rei-— aos
aos quais
quaisseseconcedem
concedem
fa vores e terras
favores terras -~-
— ou
ou pela
pela incorporação
incorporação dos dos antigos
antigos proprietários
proprietários
que se se subrneteni
submeterífà àordem
ordemmonárquico-burocrática
monárqUicoburocrática e dela
e dela tam»tam-
bém recebem
recebemfavores.
favores.
AA forma de de dominação
dominaçãoburocrático-estamental
burocráticoestamentalsob sobcentrali-
centrali-
zação rnonárquica
monárquicanão naoimpediu
impediuo oavanço avanço dodo capitalismo
capitalismo comer-
comer-
cial. Apenas,
Apenas,diferentemente
diferentementedodo queque ocorreu
ocorreu na na Inglaterra,
Inglaterra, ondeonde
houve
houve uma uma transição
transiçãofeudal-burguesa,
feudalburguesa,emem Portugal
Portugal a racionali-
a racionali-

229
zação requerida
requerida para
para0oavanço
avançodo do capitalismo
capitalismosesedeu deucomcomoopre~
pre-
dom ínio da
domínio da tutela mon
tutela árq uic ob uro crá tic a. Era
rnonárquico-burocrática. Era ess
essaa quem rac
quem io-
racio-
nalizava asnormas
nalizava as normasde dedireito,
direito,criava
criávaososmonopólios
monopólioseeoutorgava
outorgava
concessões reais, assim
concessões reais, assim como
como monetizava
monetizava os os favores,
favores,por
porinter-
inter-
médio dede pensões
pensõeseevencimentos
vencimentosprevisíveis.
previsíveis.Racionalização
Racionalizaçãoqueque
era mais exterior, formal,
mais exterior, formal, do
do que
quesubstantiva,
substantiva,com comaaintromissão
intromissão
da Casa
da Casa Real
Realnos
nosnegócios
negóciosde deuma
uma economia
economia regulada
reguladade decima.
cima.
Cre sceu o comér
Cresceu cio, mas não se desenvolveu
comércio, desenvolveu a empresa
empresa produtiva
produtiva
mais puramente capitalista, assegurada
puramente capitalista, assegurada pela pela impessoalidade
impessoalidadedo do
mercado e pela
pelavigência
vigênciado dodireito
direitoracional.
racional. OOcapitalismo
capitalismofinan-
finan-
ceiro também ficou inibido
também ficou inibido emem Portugal com a contínuacontínua proibi-
ção da usura,
usura, dada qual
qual seselivfava
livravaapenas
apenasooTesouro
TesouroReal, Reaí,sempre
sempre
carente dede fundos.
fundos.
Criavase âssim um
Criava-se assim um Estado
Estadomonárquico
monárquico centralizador,
centralizador,igo- mo
nopolístico, baseado em códigos de direito que ele próprio de»
nopolísticó, baseado em códigos de direito que ele próprio de-
finia, portanto, com
finia, portanto, com escasso
escasso grau
graii de
de racionalidade
racionalidade mais mais ampfa,
ampfa,...

com
com aa economia sendo animada por uma uma classe
classe comercial tu-
telada pela
pela burocracia
burocracia monárquica.
monárquica, Um capitalismo
capitalismo de Estado Estãdo .
. . P
controla
controladodo ppelo
elo estamento bur ocrá tic o com o propó
burocrático propósitosito de servir
aos objetivos maiores da
objetivos maiores da Coroa:
Coroa: aa dilatação
dilatação da da féfé ee aaconquista
conquista
do Império.
Império. O O contraste com as sociedades democraticamente
organizadas
organizadas éé imediato:
imediato: enquanto
enquanto nestasnestas aa camada
camada dirigente
dirigente éé
um reflexo do povo,
povo, emem Portugal
Portugal (melhor,
(melhor, na na península
península Ibérica)
Ibérica)
o estamento
estamento burocrático
burocrático éé autônomo
autônomo da nação. Reafirmando
Reafirmando sua sua
perspectiva,
perspectiva, dizdizFaoro:
Faoro:

Em
Em virtude déste fenomeno
virtude deste fenômeno -- — que
que estrutura
estruturaa atese
tesecentral
centraldeste
deste
estudo—
estudo -~ o Estado projetase, independente
Estado projeta-se, independenteeeautônomo,
autônomo,sobre
sobreasas
classes sociais
classes sociais e sobre
e sobre a própria
a própria nação.
nação. Estado
Estado e Nação,e Nação,
governogoverno
e e
povo
povo sãosãorealidades
realidades diversas,
diversas, que sequedesconhecem,
se desconhecem, e, não
e, não raro, se raro, se
antagonizam
antagonizam.' .1

ü1|I`I
Características estas que,
Característícas estas que, no
no dizer
dizer de
de Paoro,
Faoro»atravessam
atravessamooperío-
perío-
do monárquico português para alcançar o Primeiro ee o Segundo
Reinado.
Reinado.
O crítico mais severo poderá
poderá ver
ver nestas
nestaspalavras
palavrasuma
umainter-
inter-
pretação que desliza
desliza para
para oo enaltecimento
enaltecimentodo doEstado
Estadoeedadaburo-
buro-
cra cia ccomo
cracia om o os verdadeiros fautores da
verdadeiros fautores da his tória» o que
história, que é, no míni-
mí ni -
mo,, um
mo um exager
exagero. A tram
o, A tramaa entre
entre Estado
Estado ee buroc
burocracia, por um
racia, por um llado,
ado,
e sociedade
sociedade civil,
civil, classes
classeseemercado
mercadopelo
pelooutro
outroéémais
maiscomplexa,
complexa,
sendo ddifícil
ifícil admitir uuma ma au tonomia tão fort
autonomia fortee entre um dos do is
dois
polos do binômio. No decorrer do livro livro não falta
falta a Faoro aa ar-
ar-
gúcia para se dar conta disso. No afã
disso. No afa de convencer 0 leitor d?e
de convencer die
sua tese, contudo,
contudo, a reafirmação
reafirmação dada síntese
sínteseleva-o
levao aapalavras
palavrasque
que’
escondem o qüe que está sendo contraditado pelas pelas análises.
análises.

OS
OS REFLEXOS DO PATRIMONIALISMO
REFLEXOS DO PATK.IMONIALISMONO
HONOVO
NOVO MUNDO
MUNDO
I
Faoro mo strou, não sem razão,
mostrou, razão, que
que a própria
própria empresa
empresa coloni-
colpni *
zadora, depois
depoisda dadescoberta,
descoberta,menos
menosdodoque queum umempreendimento
empreendimento
econômico foi uma ocupação territorial objetivos políticos.
territorial com objetivos políticos.
A
Ass capitan ias gera
capitanias is, embora
gerais, embora a C oroa distribuísse
Coroa distribuísse terras
terras aos
aos sesmei-
sesmei
ros para serem
serem cultivadas,
cultivadas,eram
eramna naverdade
verdaderepartições
repartiçõesadminis-
adminis-
trativas nas quais
trativas nas quaisoopoder
poderreal
realsesefazia
fazia presente
presente pelo
pelo sesmeiro
se-smeiro queque
era capitãogeral.
capitão-gera1.A A exploração econômica
econômica se se organ izava por meio
organizava
de concessões
concessões de deumummonopólio
monopólioreal,real,ainda
aindaquequéo obeneficiário
beneficiário pu-
pu-
desse vir aa ser,
desse vir ser,como
como ocorreu
ocorreu com
com oo pau-brasil,
paubrasil,um umjudeu
judeuconver-
conver-
so, no caso Fer nã<rde Noronha.
Fernãtfde Noronha. As As próprias
próprias expedições
expediçõescornerciais
comerciais
marítimas, autorizadas
autorizadas pelo
pelo rei,
rei,viajavam
viajavamacompanhadas
acompanhadasdedetro- tro-
pas: 0o Estado
Estado absolutisia
âbsolutistamonárquico
monárquiconão nãodeixava
deixavadedesesemostrar.
mostrar,
A conquista e a colonização se fineram sob estrito controle
A conquista e á colonização se fizeram sob estrito controle
de regras
regras muito detalhadas.
detalhadas.AAcolonização
colonizaçãoera
eramais
maisobra
obrade
deinte-
inte-
político do
resse político dq que
que empresa
empresacapitalista;
capitalista;menos
menosdo
doque
quepromo-
promo
ver
ver a agricultura
agricultura ou ou qualquer
qualqueratividade
atividade do do gênero,
gênero, oo que
que sese queria
queria
er
eraa gara ntir aa posse
garantir posseeeooccontrole-
ontrole dodoterritó rio con
território tra in
contra vasores. “O
invasores. “O
capitalismo de de Estado,
Estado, diretamente
diretamentepelos pelosprivilégios,
privilégios,isenções
isençõese e
doações, ee indiretam
indiretamente ente pela
pela política
política fis cal, a tudo
fiscal, tudo provia
provia." .”2Nem
se tratava de feudalisrno,
feudalismo, nem propriamente,
propriamente, como como ocorreu
ocorreucom com
os in gleses na Am
ingleses éric a do
América do N orte, aa tarefa
Norte, tarefa de
de.ocu par ee colon
ocupar izar foi
colonizar foi
entregue aos capitais particulares, à iniciativa privada, sem agen agen-
ciamento
ciamento nemnem regulações
regulações estatais.
estatais.
Faoro nãonão vêvê no
nolatifúndio
latifündioasasbases
basespara
parauma
umadominação
dominação
“feudal”.
"feudal”. SeSeesta
estajájánão
nãoexistia
existiaem
emPortugal,
Portugal, menos
menos ainda
ainda no no Bra-
sil, onde a concessão de de grandes
grandes tratos
tratos dede terra
terravinha
vinhajunto
juntocom com
a assunção de responsabilidades em nome do rei. Mais tarde,
quando oo capitalismo
capitalismo agrário
agráriosesedesenvolveu,
desenvolveu, sobretudo
sobretudocom comosos
engenhos de açúcaraçúcar àà base
base da
da escravidão,
escravidão, os os agentes
agentes reais,
reais, o0 í|s
És-
co, e os controles
controles de de toda
toda ordem
ordem deixaram
deixaram bem bemmarcadas
marcadasasasca- ca-
racterísticas de
racterísticas de um
um capitalismo
capitalismo de de Èstado,
Estado, sobreposto
sobrepostaààempre&a
empreša
escravocratacapitalista:
escravocrata-capitalista:
-
'nz

A natureza
natureza do doempreendimento
empreendimento da da colonização
colonização brasileira
brasileira não não
pode serconfundida
pode ser confundidacom cóma organização
a organização feudal.
feudal. Não Kfão
deverádeverá
des- des-
virtuar
virtuar aa análise
análiseo ofato
fatodede estarem
estarem os núcleos
os núcleos da lavoura
da lavoura esparsos,
esparsos,
e os
os engenhos
engenhosespalhados
espalhados pelo
pelo território
territorio vasto*
vasto. Eles Eles
não senão se desen-
desen-
volveram,
volveram, nemnemsesecriaram
criaramporpor impulso
impulso próprio;
proprio; obedeceram
obedeceram a uma um
plano público, que porfiou em estabelecer-se com 0 controle e ví-
plano público, que porfiou em estabelecerse com o controle e vi-
gilância dosagentes
giiância dos .3
agentesreais.”
reais

Estam
Estamosos distantes da visão de Oli veira Vianna, que via na disper-
Oliveira
são geog ráfica e no isolamento dos núcl
geográfica eos econ
núcleos ômic os oo risco
econômicos risco da
da
dispersão e clamava por um um Estado
Estado que
que osos unificasse.
unificasse. Este, para
para
Faoro,
Faoro, fora
fora congênito
congênitoààdescoberta,
descoberta,atravessara
atravessamooprimeiro
primeiroséculo
século
da colonização
colonizaçao ee entrara
entrarano
nosegundo,
segundo,tãotaoativo
ativoèeávido
ávidodedeimpos-
irnpos
tos que
que gerou
gerou descontentamentos
descontentarnentospolíticos.
politicos.

2'\2
À fase das
das capitanías
capitanias hereditárias
hereditáriasseseseguiu
seguiuum umperíodo
períododede
maior centralização
centralização do
do poder
poder monárquico,
monárquico. A A Criação
criação de vilaseeaa
de vilas
form açã o de
formação de conse lhos —
conselhos -P sempre
sempre defi nidas por
definidas por alvarás
alvarás ee; regras
regras
re ais mu
reais ito estritas —
muito -- obedeceram men os a imp
menos ulsos autono-
impulsos
mistas
irrístas locais do que
que aos interesses da Coroa.
interesses da Coroa. Os
Os conselhos
conselhoseram eram
encarregados do recolhimento de de tributos,
tributos»tornando-se,
tornandose,portan~
portan-
to, caudatáríos do fisco. Os fundadores das 'vilas levavam o título
to, caudatários do fisco. Os fundadores das vilas levavam o título
de cap.itão~mor
capitãomor regente,
regente, aa indicar o fato de serem
serem agentes
agentesdo dorei.
rei.
O impulso autonômico
autonômico que que alguns conselhos poderiam
alguns conselhos poderiam abrigar
abrigar
(as câmaras ficavam
ficavam com
com doisdois terços da
da arrecadação
arrecadação ee o0 outro
outro
terço ia para
pára o Erário Real) foi se
Real) foi seperdendo
perdendononodecorrer
decorrerdodoséculo
séculcf
xviij
xvn, com
com aa crescente
crescente subordinação
subordinação de de todos à autoridade real*
autoridade real:

Com aa centralização,
centralização,los[osconselhos]
conselhos} perdem
perdem a soberania,
a soberania, trans- trans-
for mandose em
for.mando~se departamentosexecutivos.
em departamentos executivos.Assirnílam-se
Assimilamse - ou ou

sãoo assimilados
assimilados_-*à autoridadereal,
à autoridade real,que,
que,porpormeio
meiodeles,
deles,governa
governa
e administra,
administra*estendendo-se
estendendose pelapela vastidão
vastidão do sertão.
do sertão. A autonomia
A autonomia
municipal, estimulada
municipal, estimulada porpor motivos
motivos fiscais,
ñscais, é esmagada
é esmagada pelo fisca
pelo fisca-
lismo
lismofi.4  . »~»

Faoro concorda
concorda com
comCaio
CaioPrado
Pradoquando
quandoafirma
afirrna que
que aa economia
economia
colonial era um “negócio dodo Rei”.
Rei”.Negócio,
Negócio,é ébem
bemverdade,
verdade,que
qüe
estava assentado
assentado no
no latifilmdio
latifúndio ee na
naescravidão
escravidãoe eera
eraregulado
reguladoe e
espoliado pela Coroa, embora não dispensasse o braço comercial,
espoliado pela Coro a, embora não dispensasse o braço comercial,
fresta pela
pela qual
qual entrava
entrava algo
algódo
doespirito
espíritocapitalista,
capitalista,conquanto
conquanto
nada do feudal.
feudal,
A figura queÉvai
quefivai sese justapor
justaporeeaté
até certo
certo ponto
ponto ameaçar
ameaçar asas
bases do capitalismo
bases do capitalismo burocraticamente
burocraticamente tutelado
tuteladoééaado do“caudilho”.
“caudilho”.
Este, à imitação do queque poderia sido oo capitalista
poderia ter sido capitalista inovador
inovador
para Weber,
Weber, digo
digo eu,
eu, se
se contrapunha
contrapunha às
às tendências
tendênciasburocratizan-
burocratizan
tes e rotineiras, quebrando o modelo estritamente legalista.
legalista,ÉÊaa
partir deste tipo social, oo caudilho,
caudilho*que
queseseformam
formamosos“bandeíraI.l-
“bandeiran
| . 'J ' . ■ r, -g • • - ... | . .. - - ■? y > ¥ V • ■: : .

233 ''
*m
í 'V ' "
tes”: verdadeiras ameaças
tes”: verdadeiras ameaçasãà disciplina
disciplinamonárquico-burocrática.
monárquicoburocrática.
Enquanto no no litoral
litoral aa figura
figura do
do governador-geral
governadorgerale,e,mais
maistarde,
tarde,aa
do vicerei mantêm intacto
vice~rei mantêm intacto oo espirito
espírito da
damonarquia
monarquiaburocrática,
burocrática,

no interio
interiorr os ““paulistas”
paulistas” —--*verdadeira “aristocracia
“aristocracia militar” que,
no dizer de nosso
dizer de nosso autor,
autor, antecipa
antecipa em
em dois
dois séculos
séculosaaaristocracia
aristocracia
de gue rreiros do Sul
guerreiros — imp
Sul- õem seu poder sem
impõem sem respeitar
respeitar a hierar-
quia burocrática.
quia burocrática*Pedem
Pédemaoaorei reie eobtém
obtémdele deleenormes
enormes tratos
tratoster-
ter-
ritoriais, De posse
ritoriais. De possedeles,
deles,atuam,
atuam,entretanto,
entretanto,discricionariarnente,
discricionariamente,
sem respeitar os interesses
respeitar os interesses da Coroa.Violentos
Coroa. Violentos ee atropeladores
atropeladores de de
tudo que se se antepunha
antepunha aa seus seusinteresses,
interesses,osòsbandeirantes
bandeirantessãosãoosos
novos conquistadores
conquistadores que quetrazem
trazem0oespírito
espíritodedeiniciativa
iniciativaque quese se
contrapõe à rotina dos administradores
administradores reais. reais,

Já no sséculo
éculo xxvm,
v m , de scobertas aass minas d
descobertas dee ouro, est
estee germe
de autonomismo
autonomismo se se oporá
oporá àsàs derramas
derramas fiscais,
fiscais,à àsede
sedeinsaciável
insaciável
E

da Coroa por mais ganhos à custa do esforço dos desbravadoreš


da Coroa por mais ganhos à custa do esforço dos desbravadores
e dos
dos “nativos”
“nativos”em emgeral.
geral*AtéAté então
então a Coroa
a Coroa fazia
fazia vista
vista grossajpara
grossa_1Jara
não se antepor
antepor àà ação
ação dos
dos que,
que, bem
bem ou ou mal,
mal, alargavarn
alargavamseus seusdo-
do-
mínios.
mínios. Com,Coni oo ouro abundante, entretanto,
entretanto, aa pressão
pressão fisifalista
fiscalista
aumenta ee as as insurgências
insurgênciasnativistas,
nativistãs,juntando
juntandoricos ricossenhores
senhoresdecfe
terras ou de de minas,
minas, àsàsvezes
vezesaliados
aliadosàsàscamadas
camadasmercantis,
mercantis,pas- pas-
sam a ser ser uma
uma dordor dede cabeça
cabeça para
para oo distante
distante Poder
PoderMonarqui-
Monárqui-
co. AA Coroa
Coroa cria
cria novas
novascapitanias
capitanias(São (SãoPaulo,
Paulo,MinasMinasGerais,
Gerais,RioRio
Grande
Grande do do Sul
Sul eeSanta
SantaCatarina,
Catarina,além alémdedeenviar
enviarbatalhões
batalhõespara para
controlar as minas de de Goiás
Goiás e M ato Grosso)
Mato Grosso) ee aumenta
aumenta oo controle
controle
administrativo,
administrativo, de detaltalforma
formaque queasasclasses
classeslocais
locaisnunca
nunca enxerga-
enxerga-
ram no Estado um aliado, aliado, ouou um representante
representante de deseus
seusinteres-
interes-
ses, mas
mas umum algoz.
algoz.lnsurgem-se
Insurgemseososmineirosmineiroscom comTiradentes,
Tiradentes,e oe o
mesmo fazemfazem os os pernambucanos,
pernambucanos, forçando forçando aaCoroa
Coroaaavincular-
vincular
se aos comerciantes
-se aos comerciantes de deRecife
Recifecontra
contraososprodutores
produtoresdedeOlinda. Olinda.
Esmagase, assim, aos
Esmaga-se, assim, aos poucos,
poucos, oo espírito
espírito autonomista
autonomistaque quenas-
nas-
cera com oo tipo especial
especial dede caudilho
caudilho que que sese formata
formarano no Brasil,
Brasil,
oo dos
dos “paulistas'1
“paulistas”,com comsuassuasentradas,
entradas,e oe dos
o dos latifundiários
latifundiários comcom

fill..-.l.
seus escravos,que
seus escravos, quesósórenascerá
renascerá mais
mais tarde
tarde quando
quando da “arrancada
da_“arrancada
Independência” 5
da Independência?
Faoro
Faoro faz uma análise
faz uma análisedetalhada
detalhadadadaadministração
administração colonial,
colonial,
desde
desde oo .tempo
tempodas dascapitanias
capitaniashereditárias
hereditáriasatéaté
aosaos governadores
governadores-
geráis
-gerais ee ao
ao vice-rei,
vicerei,título
títulodado
dadoaoaogovernador-geral
governadorgeral do do
RioRio
de de
janeiro. Apesar do pomposo título o vice-rei não exercia poder
Janeiro. Apesar do pomposo título o vicerei não exercia poder
sobre os outros
-sobre os outros governadores,
governadores,ososquais quais acumulavam
acumulavam as funções
as funções
de chefedas
de chefe dasforças
forçasmilitares
militares e de
e de presidentes
presidentes de todos
de todos os órgãos
os Órgãos
colegiados
colegiados dadaprovíncia.
província.Estas
Estasse se subdividiam
subdividiam em departamentos*
em departamentos,
e obedeciam
obedeciamem emconjunto
conjuntoaoaogovernador,
governador, a quem,
a quem, como
como estáestá
es- es-
crito na
na carta
carta patente
patentedada
dadapelopeloreirei
aoao conde
conde de de Cunha
Cunha (1763J,
(1763i_, se se
deveria obedecercomo
deveria obedecer comosesesuassuasordens
ordens fossem
fossem as d^lrei.
as d`el-rei. Os go-
Os go-
vernadores podiamsesefazer
vernadores podiam fazerassessorar
assessorar porpor juntas,
juntas, masmas
sua sua subor-
subor-
dinação hierárquica se dava diretamente ao Conselho Ultrama-
dinação
rino hierárquica
de Portugal,
de Portugal, sedecidia
davacomo
quedecidia
que diretamente
comomelhor aoservir
melhorservir Conselho
aosaos Ultrama-
propósitos
propósitos
reais* Paraazeitar
reais. Para azeitaresta
estamáquina
máquina burocrática
burocrática hierarquizada
hierarquizada e para
e para
melhor ligála àsàssociedades
melhor liga-la sociedadeslocais,
locais> funcionava
funcionava o sistema
o sistema de no-de nÒ
meações
meações para para empregos
empregospúblicos,
públicos,dedepensões
pensões concedidas
concedidas e favS
e favlä-
re
ress d
dee toda ordem, como
toda ordem, como habitual
habitual nos
nos sistemas
sistemas patrimonialistas.
patrimonialistas.
Não devemos esquecerque
devemos esquecer queà àburocracia
burocraciacivilcivil se juntavam
se juntavam
as hierarquias
hierarquiasparamilitares,
paramilitares,ososantigos
antigos terços
terços transformados
transformados -em em
milícia. O oficialato destas -_ o capitão-mor, que no quartel das
m ilícia. O
milícias
milícias oficíalato dest
correspondia
correspondia ascoronéis
aos
aos — o capi
coronéis tão
dada mor,
tropa
tropa qu
dede elinha,
no equartel
linha, das
oesargen-
o sargen
tomor, que correspondia
to-mor, que correspondiaaos aosmaiores
majoresououaosaostenentes-coronéis
tenentescoronéis

-- era
era escolhid
escolhido o pelo
pelo governador
governadorde delistas
listas tríplices
tríplicesindicadas
indicadaspe- pe-
las câmaras»Formava-se
las câmaras. Formavaseassim assimoutro
outrocanal
canal de de ascensão
ascensão e reco-
e reco-
nhecimento soíiale,e,aoaomesmo
nhecimento sofial mesmotempo,
tempo, dede subordinação
subordinação dasdas elites
elites
locais ao rei.
locais ao rei.Mesmo
Mesmoalguns algunsantigos
antigos caudilhos
caudilhos acabaram
acabaram por por
ser ser
incorporados
incorporados aa este
estecorpo
corpomaismaisdisciplinado
disciplinado de de servidores
servidores do rei,
do rei.
A incorporação
incorporação ee asaspromoções
promoçõesnesta nestamilícia
milíciasese davam,
davam, natural-
natural-
mente, por
por iintermédio
ntermédiodo dojogo
jogóde
de pistolões
pistolõeseefavores
favorescaracterísti-
característi-
co desse tipodedeordenação
desse tipo ordenaçãosocial.social. E assim
E assim foi foi
até até 1831,
1831, quando
quando as as

2-as
"".'»¡_
Pan
H.

*Ef
_ ¬.

milícias foramextintas,
milícias foram extintas,sendo
sendosubstituídas
substituídaspelapela Guarda
Guarda Nacional,
Nacional, ä

que cumpriu
cumpriu papelpapelsemelhante
semelhanteàquelas
àquelasatéatéa República.
a República,
A aná lise qu
análise quee Faoro
Faoro faz da estrutura
faz da estrutura social
social dada Colônia
Colônia me-
me ,
rece referência. Ele
rece referência. Ele escapa
escapa ao ao dualismo
dualismo simplíficador
simplificador de pro H
de pro-
prietários ddee ter
terrara e escravos _ tão criticado
escravos criticado por
por Jorge Caldeira
Jorge. Caldeira
em sua H i st óri a do
História do Bras i l com
Brasil com emp reendedor es —
empreendedores _ para
para mostr ar
mostrar
(servindo-se uma vez mais de referências conceituais de Weber)
(servindose urna vez mais de referências conceituais de Weber)
que, além
além dadaclasse
classeque
queeleelechamou
chamoudede opr i et ári a, havia a classe
proprietária,
pr classe
lucra-tiva composta
lucrativa composta de de financistas, prestamistas aa juros,
financistas, prestamistas juros, comer-
comer-
ciantes, exportadores etc.
ciantes, exportadores etc. Referc-se
Referese também
também aa um um campes-inato
campesinato
composto de pequenos proprietários,
proprietários*aaprofissionais
profissionaisliberaisliberaise, e,
naturalmente,
naturalmente, aos aos pobres
pobreslivres,
livres,além
alémdosdosescravos.
escravos.A Aimportân-
importân-
cia econôm-ica,
econômica*socialsocialeepolítica
políticadessas
dessascamadas
camadasvariou variounonotempo.
tempo.
Ora
Ora os membros da
os membros da classe
classelucrativa
lucrativasesetransformam
transformamem emproprie-
proprie
' ^•’ * «ÊÊ _
tários de terras, embora em geral absenteístas, ora são elesique
tários de terras,
subordinam
subordinam os embora em geral
os proprietários,
proprietários, absent
dadas
dadas eístãs
as agruras
as agruras , orda
a são
da eles que '
agricultora,
agricultura,
que requer
requer financiarnento
financiamento ee mecanismos
mecanismos comerciais
comerciais para paraaaex- ex-
portação. ___ "
O que não varia
que não variadurante
duranteooperíodo
períodocolonial
colonialé éa arelação
relação queque5*
cada uma das das camadas
camadas estabelecia
estabeleciacom coma aMonarquia
Monarquiapor porinter-
inter-
médio dos segmentosburocráticos,
dos segmentos burocráticos,nem nem0oafã afãdaquela
daqueladedemanter manter
mecanismos
mecanismos de de “nobilitação”
“nobilitação*e eincorporação
incorporaçãodos doscolonos
colonosmais mais
importantes
importantes aos aos quadros
quadros hierárquicos
hierárquicosdo doImpério.
Império.Assim,Assim,para para
poder serser votado
votado ee participar
participar dosdosconselhos
conselhosdas dasvilas
vilase ecidades,
cidades/
além de de auferir
auferir certa
certa renda,
renda,era erapreciso
precisoser séraceito
aceitononoLivroLivrodede
Nobr eza existente
Nobreza existente nos
nos senados
senados das câmaras. Do
das câmaras. Do mesmo
mesmo modo modo era era
importante dispor
dispor dodo apoio
apoioda daCoroa
Coroapara
paraganhar
ganharasaspendências
pendências
constantes entre proprietários
constantes entre proprietárioseelucrativos.
lucrativos.EstesEstesúltimos,
últimos*à me- à me-
dida que aa economia
dida que economiada daColônia
Colôniaprosperava,
prosperava,sesetornavam
tornavammora- mora-
dores dos sobrados,
dores dos sobrados,que quefaziam
faziamfrente
frenteàs às casasgrandes.
casas-grandes. O apoio
Oz apoio
da Coroa aosaos comerciantes
comerciantes na na Guerra
Guerra dosdosMascates
Mascatesé éexemploexemplo
disso, assim como o fato de, já sob Pedro 1, a Coroa ter se jogado
disso, assim como o fato de, já sob Pedro r, a Coroa ter se jogado
136
em favor
favor do
do partido
partidodos
doscomerciantes,
comerciantes,dos
dos“portugueses”
“portugueses”como
como
se dizia, em choque
choqueaberto
abertocom
comososnativistas
nativistasque
quequeriam
queriama In-
a ln-
dependência:
dependência:

“"' O estamento burocrático, quede


burocrático, que dePortugal
Portugalseseestendera
estenderaaoaoBrasil,
Brasil,
ganha incremento com
com oo enriquecimento
enriquecimento da
daburguesia
burguesiaurbana.
urbana.
Não se integrou esta naquele, senão que o reforçou, ajudando-
Não se integrou esta naquele, senão que o reforçou, ajudando-
a
-a aa burocracia
burocracia com
com as
as fontes
fontes dede negócio
negócio (contratos,
(contratos, privilégios,
privilégios,
arrendamentos, fornecimentos)
fornecimentos) que quelhe
lhepropiciava.
propiciava.Enquanto
Enquantoosos
empresários agrícolas,
agrícolas,afirmando-se
afirmandosecomo comorendeiros,
rendeiros,abandona-
abandona-
vam a classe
classe lucrativa
lucrativapara
paraseseintegrarem
integraremnana classe
classe proprietária!
proprietária;
que aspirava
aspirava evoluir
evoluirpara
paraooestamento
estamentofeudal,
feudal,como
comoestratifica-
estratifica
ção própria hostil à burocracia
burocracia ee àà sua
sua camada
camada original,
srcinal, o co-
mércio percorria caminho oposto.
oposto. Fiel
Fiel aasua
suaclasse,
classe,agrupava-se
agrupava*se
em torno
em torno do
do estamento
estamento burocrático,
burocrático, procurando
procurando nele nele ingressar
ingressar
seduzido pela fascinação
secluzido pela fascinaçãoque quelhelhedespertava,
despertava, comcom a entrega
a entrega de de
seus filhos.
filhos. Muitos
Muitosdos dosmembros
membrosdadaburguesia
burguesia comercial
comercial eram
eram
“cristãosnovos”, cujos filhos
°'cristãos~novos”, cujos filhostransforrnavam
transformavamCoimbra Coimbraemem"co-“co-
vil de heréticos”.
heréticos”. [...]
[...] AA Colônia
Colôniaconheceu
conheceuforteforteconflito
conflitosocial,
social,
latente ee aberto,
aberto, entre
entreos ossenhores
senhoresterritoriais,
territoriais,cuja
cujaconcepção
concepção dede
vida sese aproximava
aproximava do doespírito
espíritofeudal,
feudal,liberal
liberal e descentralizador,
e descentralizador,
e a classe
classe mercantil.
mercantil.

A tal ponto que que “Diante dele


dele desaparecem
desaparecemasaspequenas
pequenasrebeliões
rebeliões
interiores das classes,
classes, entre
entredominados
dominadose esenhores,
senhores,como
comoasasrebe-
rebe-
liões negras
negras ee as as resistências
resistênciasdos
dosindígenas
indígenas à escravização”.6
à escravização”. 5
Em
Em suma,
suma, pc# pot! mais
mais que os latifundiários
latifundiáriostransformados
transformadosem em
agricultores e senhores
senhores de de escravos
escravos quisessem
quisessemseseliberar
liberardodoca~ca-
pitalismo de Estado burocrático, que que servia
servia de
de base
baseaoaoImpério
Império
português, jamais tiveram força, força, até
até aa Independência
Independência (menos
(menos
áinda
ainda quando d. João Ioäo vi se
se deslocou para o Rio), para impor a
cara cte rístic a fundamen
característica fundamental tai da sociedade colonial: esta sempre foi
sociedade colonial: foi

237
moldada
moldada pelo peloEstado
Estadoimperial
imperiale eburocrático.
burocrático. OO quadro
quadro de tem de ten-
sões
sões sese aguçou
aguçoucom coma avolta
voltadeded. d.João
Joãovi,vi, quando
quando os senhores
os senhores de de
terra
terra passaram
passaram aaseséoporopormais maisdiretamente
diretamenteaos aosconchavos
conchavos entreentre
a burguesia
burguesiamercantil
mercantile ea aburocracia
burocraciaimperial.
imperial. Havendo
Havendo regres-regres-
sado
sado oo rei
rei aa Portugal,
Portugal,asaslutas
lutasprosseguiram
prosseguiram entreentre “comerciantes”:
“comerciantes”
aliados
aliados ao aoPaço
PaçoImperial
Imperiale eososautonomistas
autonomistas queque refletiam
.refletiam os im- os im-
pulsos mais
pulsos maisliberalizantes,
liberalizantes,apoiados
apoiados pelos
pelos senhores
senhores de terra,
de terra, pela pela
intelectualidade
intelectualidade e epela pelachusma
chusma urbana.
urbana. Esses
Esses gruposgrupos contaram
contaram no no
impulso antimonarquiaautocrática
impulso antimonarquia autocráticacom comaaadesão
adesãodosdos bacharéis
bacharéis
regressados
regressados de deCoimbra,
Coimbra,contaminados
contaminadospor porideias
ideias liberais
liberais e pelose pêlos
efe itos da Rev
efeitos olução do
Revolução do Porto
Porto dede 1820,
16 20, também
tambémde de acento
acentoliberal.
liberal
O senti mento autonomista`brasileiro
sentimento autonomista"brasíleiro era era recente
recenteeeenglobava
englobavades- des-
de o libe ral Feijó
liberal Feijó_— que
que até
até pouco
pouco tempo
tempo antes
antesda daIndependência
Independência
falava exclusivamenteememnome
falava exclusivamente nomededesua suaprovíncia
província semsem sustentar
sustentar
tc*
uma ideia propriamente nacíonalz- até um burocrata imperial 7*
Uma ideia propriamente nacionais— até um burocrata imperial*
de cort
cortee mais conservador, como'
mais conservador, como’JoséJosé Bonifácio.
Bonifácio. AA Constituição
Constitqsção
falhada,
falhada, de de1823,
1823,expressa
expressao osentimento
sentimento destes
destes grupos.
grupos. A deA1824,de 1824,
emb
emboraora outor gada, não se
outorgada, se diferenciará
diferenciará tantotanto da da anteriorfsalvo
anterior, ^salvo
pe lo ges
pelo gestoto aut oritário da outorga.
autoritário outorga. ., "`
A despeito
despeito da da Independência,
Independência,ososatores atoressociaissociais continua-
continua-
ram os mesmos.
mesmos. AA camada
camadaadministrativa
administrativasesefortalecerafortalecera desdedesde
que
que d.d. João
Joãovt vi multiplicara
multiplicaraaaconcessão
concessãodedetítulostítulos nobiliárquiços,
-nobiliárquicos,
embora sem sem doar
doar terras
terras ouou outras
outras riquezas
riquezaspara paradar-lhes
darlhessupor-
supor-
te
te m aterial Ade
material. mais, oo rei
Ademais, rei português
português abusabusaraara do doErário
Erário (quando
(quando
saiu, deixou
deixou oo filh-o
filhoPedro
Pedroààmingua),
míngua),incorporando
incorporandoÍunc-lona- funcioná-
rios
rios ee fazendo
fazendo favores
favoresaos aosmagotes.
magotes.Foi Foiem emgrande
grande parte
parte nesteneste
corpo de funcionários
funcionários que que ooReinado
Reinadorecrutou
recrutouseus seus melhores
melhores
quadros. Embora ele
quadros. Embora ele fosse
fossecomposto
compostopelos pelosfilhos filhos dosdós “proprie-
“proprie-
tários” ee dos
dos“lucrativos”,
“lucrativos”,sua suacultura
culturae seus
e seus interesses
interesses se redefi-
se redefi-
niram no crisol
crisol do
do Estado.
Estado.

..-fi
PoosnNO
PODER NoIMPÉRIO
IMI-'›Ér‹1oDOno srzasu.
BRASIL

Í4a análise do
Na análise do período
período da
da Indepenclên-cia,
independência»Faoro
Faoro mostra
mostra mais
claramente seus
seus supostos
supostos teóricos. O êxito dodo empreendimento
empreendimento
emancipacionista, que
que no
no dia
dia aa dia
dia decorreu
decorreu de
de um
um enredo en-
tre clubes, jornais e personalidades ora mais próximas ora mais
tre
fasclubes,
aafastadas dojornais
tadas do Trono e—
-personalidades
como
como continu
continuou oraaamais
ou sser próximas
er até
até aaAbdicaç oraãomais
Abdicação —~-,*
de veuse na verd
deveu-se ade às
verdade às ci sões na
cisöes na remanescen
remanescente te no brez a bburocrá"
nobreza ur oc rá-
tica (depois da volta
volta de
de.loão
Joãovi)
vi) ee na
na classe
classe mercantil,
mercantil, e não à
força d os se
dos nhores de terra. É cer
senhores to que
certo '

À classeterritorial
A classe territorialtentou
tentou criar
criar o Estado
o Estado de baixo
de baixo parapara
cima,cima,
afasl»afas-
tando
tando aapelícula
películaimportada,
importada, queque a esmagava.
a esmagava. LutouLutou eíaideal
ela pelo pelo ideal
dos antigoscaudilhos
dos antigos caudilhos territoriais,
territoriais, definindo
definindo as cores
as cores do liberalis-
do liberalis-
mo, sem
semalcançar
alcançaro odomínio
domínio pleno»
pleno. Esta Esta ideologia,
ideologia, que das
que veio veio das
capitanias, continuará
capitanias, continuará a fluir
a fluir comocomo corrente
corrente subterrânea,
subterrânea, prêssio^
pressiofi
nando paravir
nando para virà àtona,
tona,e logrando
e logrando vitórias
vitórias incompletas,
incompletas, comcom a In?a In^
dependência,
dependência, a aAbdicação
Abdicação e a eRepública? .7 .
a República f' # I

Embora Faoro registre que aa noção


registre que noçao do conjunto das das províncias
províncias
como parte de de um mesmo país país tivesse
tivessesido
sidomais
maisexpressão
expressãode deum
um
sentimento
sentimento do do segmento
segmentoburocrático
burocráticodo doque
quedos
dossenhores
senhoresde deterra,
terra,
não deixa
deixa de
cie'mostrar
mostrarquequeestes.
estes,especialmente
especialmentepor pormeio
meiodedeseusseus
filhos bacharéis,
Filhos infiltravamideais
bacharéis, infiltravarn ideais liberais no jogo
liberais no jogo político
político e teriam
teria m
mesmo tentado fazer aaIndependência
tentado fazer Independência“de “debaixo
baixopara
páracima°1
cima"ooqueque
no contexto quejf dizersem
quer! dizer semoocomando
comando dos dos burocratas
burocratas e dos co-
merciantes. Convém registrar
merciantes. Convém registrartambém
tambémaa análise
análisededeFaoro
Eáorosobre
sobreoo
modo como a burgu esia mercantil ee os
burguesia os financistas
financistas influenciaram
influenciaram o
cu rso do
curso doss acontec imentos e pe
acontecimentos saram o te
pesaram mpo to
tempo do , não só nnaa ec
todo., o-
eco-
L nomia como na política* Por certo,
política. Por certo, os
os verdadeiramente
verdadeiramente“de “debaixo”
baixo”
L

-- esc ravos, liber
escravos, tos e branco
libertos brancoss pobres - não entra vam nesta
entravam nesta céna.
cena.

239
239
O que desejo
desejo ressaltar
ressaltarééque
queestamos
estamosdiante
diantededeuma
uma análise
análise
mais rica sobre a estrutura
estrutura sociopolitica
sociopolítica do
do Brasil
Brasil no
no século
séculomxxrx
do que suas
suas próprias
próprias afirmações
afirmações mais
maissintéticas
sintéticasque
quelevam
levama crer
a çrer
na contínua supremacia do Estado sobre
sobre aa sociedade.
sociedade. Faoro
Faorores-
res-
salta que os donos do poder eram mais
mais os
os burocratas
burocratas dodo que
que osos
fazendeiros, mas mostra
fazendeiros, mas mostra estar
estar consciente
consciente d.a
da existência
existência de
de uma
uma
trama socioeconômica complexa. Mesmo sem ter a miopia dos
trama socioeconômica complexa. Mesmo sem ter a miopia dós
idólatras do Estado, concorda com análises de timbre
análises de timbre mais
maiscori-
con-
servador sobre oo papel
papel positivo
positivoquequea aburocracia.
burocraciaimperial
imperialdesem-
desem-
penhou. Depois de mostrar os esforços feitos feitos para
para reorganizar
reorganizaraa
ec on om ia e a situação
economia situação fiscal
fiscal do
do país,
país» situação
situação cujo
cujo desagrado
desagradoleva-
leva-
ra àà Confederação do Equador
Equador (1824)
(1824)comcomfrei
freiCaneca
Canecaeeààfrente
frente
o próprio Antônio Carlos,
Carlos, irmão de de Bonifácio, afirma:
afirma: “Reorga-
“Reorga-
nizado o estamento buroc rático, co
burocrático, comm a refor ma dos meios
reforma meios fiscais,
fiscais,
estaria preparada a Monarquia
Monarquia para para.vencer
,vencer aa propriedade
propriedade rural,
rural,
dominandoa
dominandova ee átandoa
atando-a ao
ao carro
carro vitorioso”. Sem isso,
vitorioso”. Sem isso, haveriafa
haveria#
desordem:
I:

% \ ' -■■■'* '''


'* L -.-. ' ■■ ’ •* • -• •’ ? % :V "• * 1 J ;• í:- •|

(.[...]
..) 1817
1817 foi
foiaamostra
mostrado doque
quesería
seriao movimento
o movimen to_daidIndependência
a Independência
se
se elaelanão
nãofosse
fosseconduzida
conduzida por por
umauma parcela
parcela da nobreza
da nobreza burocráti-
burocráti-
ca, que,que,com
comâ.ci. Pedro,
Pedro, seseafastara
afastaradede Portugal.
Portugal. Faltarlheia
Faltar-lhe-ia a mo-a mo-
deração
deração eeaamedida,
medida, e extremaría
e se se extremaria no combate
no combate áspero,áspero,
depois depois
do do
qual reinaria,provavelmente,
qual reinaria, provavelmente, á caudilhagem
a caudilhagem anárquica.®
anárquicaf

Para não reinar aa caudilhagem


caudilhagem ariárquica,
anárquica,ososhomens
homensdadaRegên-Regên-
cia, pósAbdicação,
pós-Abdicação, mesmo quando quando movidos
movidos por pór ventos
ventos demo-
demo
cráticoliberais,
crático-liberais, agiram como estadistas autoritários, agora
estadistas autoritários, agora sim,
sim,
para preservar a unidade
unidade territorial.
territorial.Feijó,
Feijó,mais
maisdodoque quequalquer
qualquer
outro,
outro, èé- o exemplo dessa
dessa atitude.
atitude.OOsentimento
sentimentoliberal,
liberal,descentra-
descentra
lizador, antirregulamentador que
lízador, antirregulamentador que aaclasse dos pr opri et ári os conse-
proprietários conse-
guira consagrar
consagrar' na Constituição
Constituição dede 1823,
1823, sem
sem serser propriamente
propriamente
banido na de 1824,1824, já
já começara a desenhar o Império brasileirobrasileiro

2400
24
mantendo a continuidade da tutela tutela burocrática:
burocrática: “O“O estamento
estamento
burocrático
burocrático aninhavase
aninhava-se no
no poder
poder executivo, no Senado
executivo, no Senado Vitalício
Vitalício
e, princ'ipa.l'mente,
principalmente, no Poder
Poder Moderador”®Juntese
Moderador'Í° lunte-se aa isso isso o pa-
pel do Conselho de Estado,
pel do Estado»onde
ondetinham
tinhamassento
assentoososnotáveis
notáveisqueque
aconselhariam
arttmselhariam o Moderador,
Moderador.
Não preciso seguir os episódios
episódiosda dahistória,
história»dedetodos
todosconhe-
conhe-
cidos. Interessa-me
Interessame apenas mostrar como Faoro Faoro caracterizava
caracterizava o
entrelaçamento
entrelaçarnento da da Monarquia
Monarquia comcom aa burocracia
burocraciaeecom comasasclasses
classes
sociais. Ressalto
Ressalto ainda uma vez: tutela autocrático-burocrática
vez: a tutela autocráticoburocrática
atravessou os tempos, rnodificando-se.
modificandose. MasMas não
não foi
foi força
força exclusi-
exclusi-
va na rnoldagem
moldagem das instituições:
instituições: 1

O liberalismo
liberalismoquequese se frustrara
frustrara no movimento
no movimento de emancipação,
de emancipação, fi- fi-
zera
zera aa Abdicaçãoz
Abdicação,Esteado
Esteado na propriedade
na propriedade rural,rural,
era suaera sua bandeira,
bandeira,
fundamentalmente, revigorar
fundamentalmente» o município,
revigorar tornando-o
o município, centro centro
tornandoo das das
autoridades locais,descentralizadas.
autoridades locais, descentralizadas. Seu de
Seu ideal ideal de inspiração
inspiração norte‹ norte
americana erao oselfgovemment.
›americana era selfgovernment. O O instrumento
instrumentolegal legal dessa
dessa reivin-
reivin-
dicação foi
dicação foio Código
CódigododoProcesso
ProcessoCriminal,
Criminal,promulgado
promulgadoemm e 1832.
1832, r
Representa
Representa o o estatuto
estatuto a mais
a mais avançada
avançada conquista
conquista liberal
liberal do do 7 de abril,
7 de abril,
por onde
ondeseseabriram
abriram as as portas
portas aos potentados
aos potentados dos latifúndios,.?*
dos latifL`1ndios.*°

O novo Código
Código tornava eletivo00 juiz.
tornava eletivo Este» no
juiz. Este, no passado,
passado,jugulava
jugulavaosos
municípios servindo aos interesses da Coroa que o nomeava. Elei-
municípios servindo aos interesses da Coroa que o nomeava. Elei-
tos, poderiam antes servir aos potentados
potentados locais
locaisdodoque
queààCoroa.
Coroa.
Não durou
durou muito
muito aa experiência
experiência: localistaliberal.
Iocalista-liberal. Com a In-
terpretação do
do Ato Adicional de de 1834,
1834»viria
viriaoo“regressofí
“regresso”AAleileidede
1841
1841 modifica
ni-odifica oo Gí5digo
Gödigo do do Processo
Processoeecassa
cassaoolocalismo.
localismo.Assim,
Assim,
além da ação autoritária
autoritária de
de Peijó de seus
Feijó e de seus companheiros,
companheiros,que quesese
contr apus eram à descen
contrapuseram tralização autonomista, as forças es
descentralização tatais
estatais
evitaram, no dizer de Faoro,
Paoro, desacertos maiores: “O
desacertos maiores: “O liberalismo
liberalismo
pretendera quê
que a Nação se govemasse
governassesem semtutelas,
tutelas,e erevelava
revelavao o
~ ms
sertoes”. 11
caos, a anarquia dos sertões

241
Com a.a maioridade
maioridadeeeaarevisão revisãodo doAto
AtoInstitucional,
Institucional, o Jovem
O jovem
imperador começa a exercer suas suas funções
funçõesgovernativas.
governativas.Nem Nem
mesmo o liberalismo
liberalismo do do marques
marquês do do Paraná
Paraná-- —■Honório
Honório Her- Her
met
meto o Car neiro Leão
Carneiro Leão -- — nemne m as as sucessivas
sucessivas tentativas
tentativas liberais
liberais de de
modificar
modificar o sistema eleitoral
0 sistema eleitor alcorn comasasleis leis
“dos“dos círculos”
círculos); visando
visando a a
obter na Câmara resultados
resultados mais maispróximos
próximosdadavontade vontade nacional*
nacional,
lograram
logrararn derrubar
derrubar a lei lei de
de ferro
ferro nãonão inscrita
inscritanosnoscódigos:
códigos:o oPo-Po-
der Moderador se transformou em poder
se transformou pessoale,e,nanaverdade,
poder pessoal verdade,
por intermédio dele, dele, oo segmento
segmento burocrático
burocráticoeeososórgãos órgãosvita- vita-
lícios (Conselho
(Conselho de de Estado
Estado eeSenado)
Senado)funcionavam
funcionavam como
como aletas
aletas
do avião
avião imperial.
imperial.Este,
Este,de defato,
fato,navegava
navegava guiado
guiado pelos
pelos mapas mapas
do dó
segmento burocrático. ^7
No capítulo
capitulo xx de Os don donos os do
do po der >Raymundo
poder, Raymundo Faoro Faorofaz faz
uma síntese brilhantedas
síntese brilhante dasforças
forçasque quemoldaram
moldaram o Segundo
o Segundo Reina
Reina-
do. A ela
ela só
só se
secompara
comparaaaanáliseanálisedo domesmo
mesmotema temafeita
feita
porpor Sérgio
Sérgio
Buarque
Buarque de de Holanda,
Holanda,no notomo
tomorelativo
relativoaoao“Segundo
“Segundo Reinado”
Reinado” da $a
História
Hi geral da
st óri a geral da cicivilização l ei ra . Com
brasileira.
vi l ização brasi Com uma uma diferença:
diferença:en- en-
quanto Sérgio^desmistifica a existência
Sérgio desmistífica a existência de de
uma uma democracia
democracia pafla
paila-
ment arista most
mentarista rando eaa força
mostrando força inegável
inegável da da transformação
transformaçãodo doPoder
Poder 35'
Mod erador em poder pessoal
Moderador pessoale exibe
exibeaa articulação
articulaçãoentre
entreooTronoTronoee
sua base
base escravocrata-latifundiária,
escravocratalatifundiária,Faoro, Faoro,sem sem negar
negar tal tal interpre-
interpre-
taç ão, nuanç
tação, nuança-aaa para m os trar que,
mostrar que, no no final,
finai, o próprio
próprio conservado-
conservado-
rismo,
risrno, pela vozde
pela voz deseus
seusrepresentantes
representantes mais
mais conspícuos,
conspícuos, preferia
preferia a a
tutela burocráticoimperial ãà preeminência
tutela burocrático-imperial preeminênciados dosproprietários
proprietários de de
terra. A ideologia
ideologiacentralizadora
centralizadorae eautoritáriaautoritáriapenetrara
penetrara tanto
tanto o o
tecido político
político dodo Império
Império que queaté atémesmo
mesmoosos“liberais
“liberais realistas”,
realistasfi
como oo pai e oo filhofilhoNabuco
NabucodedeAraújo, Araújo,aosaos quais
quais os dois
os dois auto-auto-
res citados acima
res citados acima devem
devemmuito muitodedesuas suasanálises
análises e interpretações,
e interpreta-ções,
achavam que que aa“ditadura
“ditaduradedefato” fato”não não poderia
poderia serser abolida:
abolida:

Eu nuncadenunciei
Eu nunca denunciei o nosso
o nosso governo
governo de serde ser pessoal,
pessoal, porque com
porque com
Os nossoscostumes
os nossos costumes o governo
o governo entreentre
nos hánós hásempre
de ser de serpor
sempre
mui- por mui
tempoainda
to tempo aindapessoal,
pessoal, toda
toda questão
questao consistindo
consistindo em saber
em saber se a se a
pessoa centralserá
pessoa .central será o monarca
o monarca queque nomeia
nomeia o ministro
o ministro ou o oti o minis-
minis-
tro que
quefazfaza Câmara...
a Câmara»., O que
O que eu sempre
eu sempre fiz foifiz foi acusar
acusar o governoo governo
pessoal
pessoal dedenão
nãoserser
umum governo
governo pessoal
pessoal nacional,
nacional, isto é, isto é» de
de não se não se
servir doseu
servir do seupoder,
poder, criação
criação da da Providência
Providência quedeu
que lhe lheo deu o trono,
trono,
como benefíciododonosso
como benefício nosso povó
povo semsem representação,
representação, semsem
sem voz, voz, sem
'- mesmo.
aspirações
aspiraçoes mesmo 1:
11

Com
Como o ssee dava o jogo po
dava lítico no Segundo
político Segundo Reinado
Reinado éé de todos
tod os
sabido, A in
sabido. terpretação luminosa foi fe
interpretação ita em famoso discurso do
feita
conselheiro Tomás
Tomás Nabuco
Nabucosobre
sobre oo que
que ele
elechamou
chamoude
desorites,
sorites,qu
<ju
polissilogismo:
polissilogismo: ~

Vede
Vede esteestesorites
sorites fatal,
fatal, esteeste sorites
sorites que acaba
que acaba com 0com o sistema
sistema repre- repre-
sentativo;
sentativo: o oPoder
PoderModerador
Moderador pode
pode chamar
chamar a quem
a quem quiserquiser
para para
organizar ministérios;
organizar ministérios; estaesta pessoa
pessoa faz afaz a eleição
eleição porque
porque há de há de fazê-
faze-
la; estaeleição
~la:, esta eleiçãofazfaz a maioria.
a maioria. Eiso aí
Eis aí o sistema
sistema representativo
representativo do do?
• nos
nossoso país.
país. ■. _i'.f ,

Faoro insiste em que


insiste em que oo descolamento do sistema político da
sociedade eerara tão grand
grandee que o jo go do Moderador
jogo Moderador nnãoão era “r efle-
“refle-
xo*
xo” das forças
forças econômico~sociais,
econômicosòciais, mas da apreciação que o impe-
rador, com sua burocracia, seus seus áulicos ee seus
seusconselheiros,
conselheiros,fazia
fazia
do que deveria
deveria ser a “vontade
“vontade n acional**. ÉÊ verd
nacional”. ade que
verdade que houve,
houve, emem
certos momentos, .imposição
imposição sobre o imperador,
imperador, como quando
Caxias “derrubou”
“derrubou” oo governo
governoliberal
liberaldedeZacarias
Zacariasemem1868.
1868.Mas,
Mas,
sobretudo, daídaí em
e&idiante,
diante,quando
quandoseseforma formao omarasmo
marasmoconser~
conser-
vador e.e os liberais
liberais vão
vão para
para aá oposição,
oposição, atéaté que
queparte
parte deles
delesadere
adere
ao republicanismo,
republicanismo, d. d.Pedro
Pedro11n punha
punha ee dispunha
dispunhadasdáscámaras
câmarasse- se-
guindo o mecanismo descrito no no sorites,
sorites. Para
Para fazer
fazer as maiorias
nas câmaras, ou mesmo a unanimidade, o poder dispunha dispunha da
livre nomeação
nomeação dos dos presidentes
presidentes de de província
provínciaeedadasubordinação
subordinação

243
-às:

c`*›.!
:--
de tudo mai$, justiça,
mais, justiça,policia,
polícia,Guarda
Guarda Nacional
Nacional e oeque
o que mais
mais fos¬ fos-
.. _'..:¡¿.
-.i-'Ê
3.:-¿_
se, às
às decisões
decisõeshierárquicas.
hierárquicas.Era
Erao voto
o voto
“de“de cabresto”
cabresto`Í “O “O domínio
domínio
-ai

de cima, despótico,
despótico, absoluto,
absoluto»eraerapossível
possível porque
porque a nação
a nação fora fora * .I

triturada, amarrada áoao carro do Estado,


Estado, dede pés
pés eemãos
mãosatadas,
atadas,
pela organização centralizadora*13 e porque
organização centralizadoram porque “O“Ocidadão
cidadãobrasilei-
brasilei-
ro não dispunha de cultura
dispunha de culturapolítica,
política,pelos
peloscostumes
costumese pelo
e pelo trato
trato
dos negocios públicos, que o habilitassem' a orientanse acerca das
dos negócios públicos, que o habilitassema orientarse acerca das
questões
questões quequeseus
seusrepresentantes
representantesdeveriam
deveriam ”.14“O erro
opinar
opinar”.“ erro nãonão
estava apenas na
estava apenas na rnanifestaçao
manifestaçãodadavontade,
vontade,mas masnono próprio
próprio ente
ente
que iria
iria expressarse
expressar-se nas urnas.”15
nas urnas.”15
A luta feroz
feroz contra
contra oo poder
poder pessoal
pessoale econtra
contraa afalsidade
falsidade da da
representação políticatravada
representação política travadapelos
pelosliberais
liberais e outros
e outros críticos
críticos nãonão
acertava emem cheio
cheiono noalvo.
alvo.Mais
Maisdodoqueque poder
poder ou ou capricho
capricho pessoal
pessoa]
do imperador, tr^tavasededeuma
imperador, tra_tava-se umaforma
formadede dominação
dominação burocráti
burocrátf
copatrimonialista. O substrato
co-patrimonialista. substratododopoder,
poder, que
quetinha
tinha aa aparência
aparênciade de 1
ser pessoal,
pessoal, fora
foraherdado
herdadododoImpéricƒabsolutista
Império* ábsolutista português
português e for£
e foras
manti
mantidodo em suas formas básicas
suas formas básicas pela
pela Constituição
Constituição de de1824.
18 2 4 .0O Im-
Im-
pério não
nâo nas<^u
nasceu da danação,
nação,senao
senãoque
que se se instituiu
instituiu de de
forafora
comcom És Bs
mecanismos centralizadores
centralizadoresadvindos
advindos dada Monarquia
Monarquia portuguesa:
portuguesa: *F

O poderpessoal
O poder pessoaldo do Imperador,
Imperador, o imenso
o imenso e irritante
e irritante poder pessoal,
poder pessoal,
não
não seseconstituiu
constituiu pela
pela expansão
expansão umde
de uiíí ânimo autocráticoe despú-
ânimo autocrático e despó-
tico. Aocontrário,
tico. Ao contrário,umum espírito
espírito liberal
liberal exerceuexerceu a ditadura
a ditadura constitu- constitu-
cional, abrandandoa
cional, abrandando-a nasnas atribuições
atribuições arbitrárias.
arbitrárias. O monarca
O monarca foi a foi a
conseqüência
consequência dodo Império,
Império, não não o criador
0 criador dele, àdele, à margem
margem .16 da lei
da lei.”

G
O regime parlamentarista
parlamentaristafoi
foidefinido
definidopelos
pelos costumes.
costumes. Fo-Fo-
ram vozes
vozes como as de Bernardo
as de BernardoPereira
PereiradedeVasconcelos
Vasconcelos queque
emèm
sua reviravolta
reviravolta regressista
regressistaajudaram
ajudarama amoldar
moldaro parlarnentaris-
o parlamentaris-
mo. Ds
Os pressupostos sociaisdeste,
pressupostos sociais deste,entretanto,
entretanto,diferiam
diferiam dosdos
queque
marcaram o início dodo parlamentarismo
parlamentarismoinglês,
inglês, fruto
fruto dada transação
transação
entre a Coroa britânica e os poderes latifundiáríos, quase feudais
entre a Coroa britânica e os poderes latifundiários, quase feudais

144
como já dito.
dito. Entre
Entre nós
nos oo parlamentarismo
parlamentarismofoi foium
umarranjo
arranjopoli*
polí-
tico que serviu aos interesses
interesses dede parcelas
parcelas dodo estamento
estamento burocrá-
tico, dirigidas pelos
tico, dirigidas pelos órgãos
órgãos vitalícios,
vitalícios,“com
“comlevelevetoque
toquede
deopinião
opinião
popular”
popu1ar`É diz Faoro:
Faoro: “D.
“D. Pedro
Pedro n II exercia
exercia oo comando
comandode deuma
umabubu-
rocfè cia —
mE`r'a‹:ia _ co m o chefe i:inflexível
como nflexível muitas vez es, atento, nnaa m
vezes, ai or
maior
parte das ocasiões, à vozvoz de
de seu
seuquadro
quadroadministrativo.
administrativo.Seu Seupapel
papel
eera
ra oo oposto
oposto aao de um
o de um monarca
monarca constit
consti=.tucional”.” E,1ogo
ucional *.:17E, adiante,
logo adiante,
acrescenta: .

Apoiando
Apoiando oopoder
poderpessoal,
pessoal, biombo
biombo do estamento
do estamento burocrático
burocrático pelo pêlo
qu al pugnava
qual pugnava aa ordem
ordemeconômica
econômicapatrimonial,
patrimonial, os conservadores
os conservadoresj
ampliavam
ampliavam a mentalidade
mentalidadeabsolutista
ab
solutistae ecentralizadora.
centralizadora. [O[Oviscon-
viscon-
de) Itaboraí
de de] Itaboraíencontrou
encontrouaabandeira
bandeiradesse
dessecombate
combatecom comoolema:
lema:oo
rei reina,
reina,governa
governae administra."
e administra.

Poder do estamento
estarnento burocrático,
burocrático, àsàs vezes
vezes nobilitado, quasequase sem-
pre servindo ao status status quo quo econômico,
econômico, que que se
sé somava
somava aos aosim-
im-
pulsos
pulsos do imperador. Estes podiam contrariar contrariar osos interesses
interesses eco-
nômicos predominantes
predominantes (como, (como, porporexemplo,
exemplo, quando
quandoooTrono Trono
aceitou o0 fim fim da escravidão), mas no geral exprimiam um sen- sen~
timen
timento to tradicionalis
tradícionalista, ta, Ce ntralizador e conservador, coincidente
centralizador
com a opinião dos mais conspícuos conspícuos interesses
interessesdominantes.
dominantes.
Mesmo insistindo em sua tese central, nas análises Faoro
Mesmo insistindo em sua tese central, nas análises Faoro
nlo
não sese esqueceu
esqueceu do do jogo
jogo dede interesses
interesses entre âs as classes ee o po-der
poder
político.
político. A pugna se dava entre os os que
que acreditavam no pr principio
i ncípi o
territorial, isto é, nos interesses
territorial, dos proprietários
interesses dos proprietários de.
de terra, contra
contra
0o pri
princípio
ncípi o á daa au t ât i âaâe encarnado pelo estamento
autoridade estarnento burocráti-
burocráti-
co
co.. Os libera
liberaisis mais pur puros os acreditavam qu quee o princíp
princípio io territori al
territorial
incorporaria
ineorporaria melhor melhoraanaçao naçãoao aoEstado,
Estado,enquanto
enquantoseus seusoponen-
oponen-
tes, mesmo os “liberais realistas”,temiam
“liberais reaiistas”, temiamque,que,por
portrás
trásdo
dodemo-
demo
cratisrno das leis “dos círculos” que ampliavam as chances de as
cratismo das leis “dos círculos” que ampliavam as chances de as
oposições elegerem representantes, se encobrisse
representantes, se encobrisse aá realidade
realidadedo
do

245
país: eem
país: m vez dasmanipulações
vez das manipulaçõespolíticas
políticasqueque se faziam
se faziam meio
por por
meio
da máquina bu
da máquina rocráticorepressiva--
burocrático-repressiva — que, contudo, precisava
que, contudo, precisava do
do
voto das classes
voto das classesintermediárias
intermediárias -›~-,'—> o poder
o poder do latifúndio
do latifúndio com sua
com sua
capangãgem designariadiretamente
capangagem designaria diretamenteos os deputado$>
deputados, em nome
em 'norn-e do do
povo. Povo,como
povo. Povo, dito,que
comojájádito, que estaria distante
distantededeter
ter“condição
“condição dede
independência
independência e eliberdade
liberdade para
para o exercício
o exercício do do ” 15
voto
voto`Í'9
Com o declínio da influência liberal nas camadas decisórias
Com o declínio da influência liberal nas camadas decisórias
do Império,pouco
do Império, poucoa apouco
pouco0 omarasmo
marasmoconservador
conservador passou
passou a ex-
a ex-
pressar
pressar oo“país
“paisreal,
real, que
que nãonãoeraera o dos
o dos independentes
independentes e arrogantes
e arrogantes
senhores territoriais,mas
senhores territoriais, mas0 odos dós pedidos
pedidos de de emprego”^
empre_go”.1-° Nem Nemmaismais
0o cabresto
cabresto era eranecessário.
necessário.A Apromessapromessa dede emprego
emprego e a edependem-
a dependeu 5
cia pessoal
pessoalparaparacom como ochefe
chefepolítico
político substituiu
substituiu o cabresto
o cabresto pelopelo
governism
governismo, o, pelo
pelo oficialísmo
ofiçialismoeleitoral.
eleitoral.AApregação
pregaçãoliberalliberal basead
baseada a
nas ideias
ideiasdedeselfgové rnment , no autonomismo,
self-government, autonomismo, assentava assentavasobre so^re
corpos estranhos
estranhos ao aosolo
solocentralizador
centralizadorque quevinha
vinha dodo Portugal
Portugal
das Ordenanças,
Ordenanças,atravessara
atravessaraa Independência,
a Independência, a Constituição
a Constituição de Se
1824, o Ato Adicionaie easastentativas tentativas para tomar mais legítima a a
1 71 ; • Ato pAdicional
l ■. ' . / è ’ .* **>• . . para tornar
• ; *. I mais
' %.
legítimš «s •
representaçao^Ideias
representaçãosldeias utópicas, utópicas, “importadas”
“import.adas”, forafora de lugar,
de lugar, diría-
diria-
mos hoje.hoje. EmEm suma,
suma,tambémtambémabaixo abaixododoequador
equadoro oEstado Estado eraera
quase tudo,aanação
quase tudo, naçãoquasequase nada.
nada. “O“O Estado
Estado Imperial,
Imperial, comcom a alian-
a alian-
ça das
das classes
classeslucrativas,
lucrativas, eraera
maismais forte,
forte, economicamente,
economicamente, que que
a a
corrente contráriaP l
corrente contráría.”“
Ao esmiuçarasasrelações
Ao esmiuçar relações entre
entre as as classes
classes e o Trono,
e o Trono, FaoroFaoro
dei- dei-
xa clara
clara sua
suainterpretação.
interpretação.A Asociedade
sociedade independente,
independente, opulenta
opulenta e e
rústica quequeganhara
ganharainfluência
influência nono Paço
Paço com com o reinado
0 reinado de d.deIoão
d. João
vij fizera ooSete
vi, fizera SetededeAbril
Abril e see se expandira
expandira na Regência,
na Regência, foi sendo
foi sendo
substituída
substituída pelo peloesta-mento
estamento burocrático,
burocrático, aoao qual
qual parte parte
dosdos liberais
liberais
aderiu, assimcomo
aderiu, assim comoa atutela
tuteladodoEstado
Estadosobre
sobre as as classes
classes e a nação
e a nação
fo
foii sendo
sendo restaurada.
restaurada. As Ás classes
classespredominantes
predominantesaa partir partirdaí daíjájánão
não
giravam
girava;-rn aoao redor
redordos dosproprietários
proprietáriosdedeterra, terra,dosdos lavradores,
lavradores, masmas
sim
sim do do Trono.
Trono.Elas Elaseram
eramcompostas
compostaspelos pelos comerciantes
comerciantes e indus-
e indus-
triais, todos
triais, todosdependendo
dependendodedefavores do do
favores Tesouro. SeusSeus
Tesouro. rebentos,
rebentos,

146
assim como
assim parte das
como parte das classes
classes intermediárias
intermediárias-~— diríamos
diríamos mais
mais
propriamente
propriamente hoje,hoje»dasdas classes
classes médias
médias —*, competiam
--, cornpetiam por em»por em-
pregos ee regalias.
pregos regalias.Vivia-se,
Viviase,nonodizer
dizerde
deIoaquim
JoaquimNabuco,
Nabuco,em emplena
plena
“empregomania*.
“empregomania”. :
Ao contráriodadavoga
Ao contrário vògapredominante
predominante entre
entre os intérpretes
os intérpretes do do
Segundo Reinadodede
Segundo Reinado queque o poder
o poder assentava
assentava no latifimdio
no latifúndio e na e na
escravidão, Faoro
escravidão, Faorovêvêa subordinação
a subordinação do doque que
chama de “classe
chama de "classe
proprietária” aosdonos
proprietária” aos donosdodo crédito,
crédito, porpor intermédio
intermédio de hipotecas
de hipotecas
constantes queosos'lavradores
-constantes que lavradores faziam
faziam aos aos comerciantes
comerciantes e especu-
e especu-
ladores: “Oproprietário
ladores.: “O proprietário rural,
rural, asfixiado
asfnciado por por
esse esse
sistema,sistema,
perdeuperdeu
óo antigo portedederendeiro,
antigo porte rendeiro, independente
independente e ocioso,
e ocioso, para para tornarise
tornar-:se
apenas
apenas umumdependente
dependente do do especulador
especulador ” 22*2
citadino
citadino”.
Para darsubstância
Para dar substância a sua
a sua tese,
tese, Faoro
Faoro analisa
analisa as várias
as várias leis so-leis so-
bre possee epropriedade
bre posse propriedade da terra,
da terra, desde
desde a queaextinguiu
que extinguiuo rnorga-o morga
dio, em 1835, até a lei de terras de 1850. Todas elas extinguindo a
dio, em 1835, até a lei de terras de 1850. Todas elas extinguindo a
possibilidade
possibilidade dada feudalização
feudalização e diminuindo
e diminuindo a independência
a independência do do
latifundiário. 0
latifundiário. O governo, taxando sempre,
governo, taxando sempre,tentando
tentando aumentarseus
aumentar séus
ingressos
ingressos se econtrolando
controlando crescentemente
crescentemente o podero poder político
politico da clas-dá clas-
se proprietária»
se proprietária. Os Os comerciantes,
comerciantes, dadadada a inexistência
a inexistência de crédito
de crédito
público
público e ea afraqueza
fraqueza do do sistema
sistema financeiro,
financeiro, eram eram os prestamistas
os prestamistas
dos agricultores»
dos agricultores, a quem
a quem estesestes
viviam viviam hipotecados.
hipotecados. Assim, Assim,
o “podero “poder
econômico
econômico e epolítico
políticododo senhor
senhor territorial
territorial é controlado
é controlado pela pres-
pela pres-
são dedois
são de doisfocos:
focos: o governo
o governo e a eburguesia
a burguesia comercial.
comercial. Em outras Em outras
palavras:
palavras: pã o estamento
pelo burocráticoe os
estamento burocrático e os especuladores,
especuladores, cuja cuja
ação ação
conjugada vitalizava
conjugada vitalizava o patrimonialismo,
o patrimonialismo, base base ”23Os
do Estado
do Bstado'Í” pe-
Os pe»
qu enos agricultores
quenos agricultoreseeososraros
raros trabalhadores
trabalhadoresagrícolas-
agrícolas—partes
partesdasdas
cclasses
lasses intermefëiíárías
mkrm ^iárias— »- des aparecem. Também
desaparecem. Também na na zona
zona da da cana,
cana,
 oolavrado:
lavradorsem sem engenho
engenho padecia
padecia do mesmo
do mesmo infortúnio:
infortúnio: transfor-transfor-
marase
mara-se em cmmero
meroparticipe
partícipe da dá clientela
clientela do senhor
do senhor de engenho,
de engenho.
Todos irrçotentesdiante
Todos irngotentes diante
da da especulação
especulação e da eburocracia
da burocracia imperial
imperial.
Convêm ponderarmelhor
Convém ponderar melhor a força
a força relativa
relativa dos dos componentes
componentes
do jogo dedepoder.
do jogo poder. ÀÀ medida
medida quequê o tempo
o tempo passa,
passa, a economia
a economia se se

; ■ hÊ?-477 :•
diversifica
diversifica ee se seadensa;
adensa;formam-se
formamsetambémtambéminstitutos
institutosbancários,
bancários
como
como oo dé de Mauá.
Mauá. Todos, contudo,pensa
Todos, contudo, pensaFaoro,
Faoro,sesesubordinarn
subordinamagao
estamento burocrático. De tal maneira maneira que que praticamente
praticamente “tudo “tudo _.- '_

dependia governo,com
dependia do governo, comautorizações,
autorizações,favores,
favores,tarifas
tarifasproteciQ_
protecio-
nistas ee concessões;
concessões; fora
foradadafaixa
faixa do
do Tesouro
Tesouro nãonão conseguia
conseguiamedrar
medrar
particular”24A intervenção
a iniciativa parti‹:ular°Í3'* intervenção do doEstado
Estadonão nãoseselimitava
limitava
à legislação
legislação ee àsàsautorizações,
autorizações,mas maspenetrava
penetravanana esfera
esfera particular.
particular.
O governo escolhia
escolhiaososempresários
empresáriosa quem
a quem dardar concessões
concessões garan-
garan-
tidas e taxas
taxas de juros subvencionadas, aprovadas
urossubvencionadas, aprovadaspela pelaCâmara.
Câmara*De De
igual modo
modo co mo fez
como fez com
com aa análise
análise das
das leis
leis de
de terras
terras para
para mostrar
mostrar
como
como as as peias dodo Estado
Estadoenroscavam
enroscavamososproprietários
proprietáriosrurais,
rurais,nos-
nos-
so au to r mos
autor tra minu
mostra ciosamente como a burocracia punha
minuciosamente punha ee dis~
dis-
punha sobre as regras
regras para
paraaaemissão
emissãodedemoeda
moedae esobresobreososlimites
limites
de crédito,
crédito, assim
assim como
como exemplifica
exemplifica o modo como como iuncionavarp
funcionavamasas
concessões de de serviços
serviçospúblicos.
públicos.AsAs atividades
atividades econeconômicas,
ômicas, queque se Ú.se
expandiram
expan diram com a extin extinção
ção do tráfico
tráfico de
de escravos,
escravos, em vez de de dar
£a r
lugar à autonomia das das iniciativas
iniciativasprivadas
privadasensejaram
ensejarammaior maiorcon-con
trole bur ocrático . Não se pe
burocnitico. nse, entretanto,
pense, entretanto, queque aa fobia
fobia rêg ula íora
reguladora
3*
do Estado patrimonial fosse fosseabominada
abominadapelos pelosempresários.
empresários.Pelo Pelo
Contrário,
contrário, oo intervencionismo,
intervencionismo,com comseuseumanto
mantodedetarifas
tarifas proteto-
proteto-
ras e toda sorte de de privilégios,
privilégios,era eradesejado.
desejado.
A partir de de 1865
1865 ee especialmente
especialmentedepois depoisdodofinal final
da da Guerra
Guerra
do Paraguai os os lucros
lucrosagrícolas
agrícolasaumentaram
aumentarammuito muitoe eeste
esteproces-
proces-
so continuou até a década de 1890. Com isso houve novo élan
so continuou até a década de 1890. Com isso houve novo élan
para as iniciativas liberais.Estes,
iniciativas liberais. Estes,jájánanalei'leidedehipotecas
hipotecasdede 1864,
1864,
haviam clamado pelo créditoààlavoura.
pelo crédito lavoura.Nada Nadaescaparia,
escaparia, contudo,
contudo,
ao todopoderoso
todo-poderoso Estado:
Estado: mesmo os agricultores,
agricultores, aa classe
classe pro-
pro-
prietária adstrita ao pr
princípio err i t ori al , q
i ncípi o tterritorial, ue daria fundamen
que fimdamento to a
uma atitude mais autonomista,
autonomista, para para sobreviver
sobreviverrecorria
recorriaao
aoauxí-
auxí-
lio do Estado... Os própr ios bacharéis,
próprios bacharéis, apanágapanágioio da condição paia
para
participar da
da vida politica
política eeadministrativa,
administrativa,ainda aindaque
quefossem
fossemfi-fi-
lhos de lavradores, educavam~se nas mesmas escolas que forma-
lhos de lavradores, educavamse nas mesmas escolas que forma*
248
vam oo núcleo
núdeo dodo estamento
estamento burocrático,
burocrático,asasfaculdades
faculdades dede direito,
direito,
de medicina ee as
de medicina as escolas
escolas militares.
militares. Criavam-se
Criavamse todos
todos na
namesma
mesma
cultura patrimonialista, tentados
cultura patrimonialista, tentados pelopelo que
que oo visconde
viscondedo doUruguai
Uruguai
chamou de chaga
chega dodofun ci onal i smo, que devorava
funcionalismo, devorava osos orçamentos
orçamentos
“prôvinciais
Êovinciais ee os os do
do próprio
próprio Império.
Império. O O espírito
espíritopatrimonial
patrimonialfaziafazia
a gglória
lória dos ba charéis e susten
bacharéis tava o ânim
sustentava ânimo o da máquina bur ocr á-
burocrá-
tica. Dessa fo rma , no dizer de
forma, de Tavares
Tavares Bastos
Bastos - — este, sim,
sim, liberal
liberal
à outrance
outrance —-,, cri avase um ““país
criava-se país oficial diferente do pa
oficial diferente ís réal
país em
real em
sentimentos, em opiniões, em interesses ”.25
interesses”.25
Carrochefe
Carro-chefe do do apoio
apoio aoao Paço
Paço dede São
São Cristóvão,
Cristóvão, oo Partido
Partido
Conservador era oo esteio
esteio do
do Império,
Império, sem sem esquecer
esquecer que
que os pró-
prq-
prios membros do do Partido
Partido Liberal
Liberal frequentemente
frequentemente amoldavam
amolclavam à
augusta vontade imperial, como como aa qualificou
qualificou Faoro,
Faoro, seus
seus impul-
sos nacionalmente mais abrangentes ee sua sua inquietude
inquietudetransfor-
transfor-
mado
madora.ra, Daí que, na fórmula co nsag rada de Holanda Ca
consagrada valcanti,
Cavalcanti,
outro liberal»
outro liberal, não nao haveria
haveria“nada
“nadamais
maisparecido
parecidocom comum umsaquare-
saquare
m
maa [con servad or] do que um luzia [lib
[conservador] eral] no po
[liberal] de r”...
pocler”... j,
Não
Não se se pense,
pense, contudo,
contudo, que
que nada
nada mudou
mudou do doImpério
Império ààRef
Re-;
pública. Se Se oo patrirnonialismo
patrimonialismo se manteve, se se aa ideologia
ideologiabásica
básica
era a mesma, houve também a emergência de novos novos atores
atoressociais
sociais
e o0 sentimento liberal liberal ganhou outros
outros contornos.
contornos.Na Naúltima
última fase
fase
do Império, aa pugna pugna política
política girava
girava ao
ao redor
redor dede mais
mais autonomia
autonomia
para as unidades da federação e, ipso facto, facto»dedefortalecimento
fortalecimentodo do
princípio
pr err i t ori al , quer di
i ncípi o tterritorial, zer, dos agriculto
dizer, res, no ca
agricultores, so os ca
caso cas
feicultores. Na Na passagem
passagem para para aa República,
República, com com oo apoio
apoio dedese~
se-
tores liberais, a radicalização da crítica crítica ao
ao centralismo
centralismo veio com
novas cores. Aofidescolamento
ÀoAdescolamentodedeparte partedasdasclasses
classesproprietárias
proprietárias
do bloco de de sustentação do do Império
Império porpor causa
causa dada Abolição
Abolição (fru-
to dada ação
ação de de intelectuais
intelectuais ee militares,
militares, com
com asas bênçãos
bênçãos imperiais,
imperiaís,
muito mais mais dodo que que reivindicação
reivindicação de de produtores), se se somaram as
insatisfações
insatísfações de de Segmentos
segmentos do do próprio
próprio estamento burocrático: a
Igreja,
Igreja, com a questão questão do patronato,
patronato, ee osos militares,
militares, que
que em 1868,

249
com
com aa espada deCaxias,
espada de Caxias,derrubaram
derrubaramum umministério.
ministério,
NoNo final
final da da
Guerra do Paraguai
Guerra do Paraguai(1870)
(1870)eles
elescomeçaram
começarama asesemover
movercorpora-
corpora
tivamente. Osmilitares
tivamente. Os militaresparticipavam
participavam dodo estamento
estamento burocrático
burocrático
e junto com os
os juristas,
juristas, médicos
médicos ee jornalistas
jornalistasformavam
formavamparte
parte da
da
“opinião nacional”e eem
“opinião nacional” emconjunto
conjuntoa moldavam.
a moldavam. Foram
Foram estes
estes seg-seg-
mentos, mais que
mentos, mais quequaisquer
quaisqueroutros,
outros»
queque derrubaram
derrubaram o Império,
o Império,
seduzidos pelo
seduzidos peloradicalismo
radicalismo utópico
utópico republicano.
republicano,
Faoro acrescenta aos
Faoro acrescenta aosagentes
agentessociais
sociaisreforrnistas
reformistas umum novonovo
ator, “a“â jovem
jovemindústria”.
industria”Para Para ele,ele, a “ausência
a “ausência de intervenção
de intervenção es- es-
tat al ~-
tatal ** salvo
salvo para
paraprotege-la
protegêlacom com tarifas
tarifaseebarreiras
barreirasalfandegárias
alfandegárias
- é procura
procurada da por essa
essa classe,
classe,que
que aspira
aspiraaa organizar
organizarasasempresas
empresas
como entidades orgânicas,que
entidades orgânicas, quoevolvem
evolvem por
por si, si,
sem sem amparos
amparos ex-ex-
teriores que, que, caprichosamente,
caprichosamente,podem podemarruiná-las'í2°
arruinálas ” 26 Com
Com estes
estes
novos pe rsonagens — par
personagens- te da
parte dá “classe
“classe proprietária"
proprietária”que quedescolã
desco la
-I:
do Império, a jovem indústria, os militares, a intelectualidade e
do Império, a jovem indústria, os militares, a intelectualidade e
poss antigos liberais transformados
antigos liberais transformados em em republicanos
republicanos-- — oo que
quefora?
fora?*
a ideologia
ideologia dadadescentralização
descentralizaçãoadministrativa,
administrativa, sob sob o Império,
o Império,
passa aa ser ser aadefesa
defesadodofederalísmo,
federalismo, com com maior
maior autonomia
autonomia para
parii
I
JÊ'
os estados.
estados. Outra
Outravez, vez,não
nãosesetratava
tratavatantotantododo selff góvemmê
sel government nt e
das garantias
garantiaspolíticas
políticasindividuais,
individuais, embora
embora essas
essas fossemfossem também
também
lembradas,
lembradas, mas mas de
de uma
uma reorganização
reorganização política
políticaaaqual,
qual,sobsobooman~
man-
to do combate
combate àacentralização
centralizaçãoadministrativa,
administrativa, daria
daria maior
maior auto*
autof
n-omia às oligarquias locais.
nomia às oligarquias locais.
Embora a interpretação
interpretaçãodedeFaoro Faorolancelanceluzluzsobresobre a impor-
a impor»
tância
tancia da heran
herançaça burocrática,
burocrática,éépreciso
preciso balancear
balancearoojuízo juízohistóri-
históri-
co, digo
digo eu.eu,Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque nãonão deixa
deixade deter
terrazão
razãoquando
quandomostra mostra
que
que osos fundamentos
fundamentosestruturais
estruturais sobre
sobre os os quais
quais assentava
assentava o Impé-
o Impé-
rio eram aa escravidão
escravidãoe eo olatifúndio.
latifúndio. A imagem
A imagem de umde um processo
processo
ziguezagueante,
Ziguezaguc-ante, onde ondedespontarn
despontam oraoraos os interesses
interesses e o epoder
o poder
do do
estame
estamento nto ora
ora os
os interesses
interesses mais
mais puramente
puramenteeconômicos,
econômicos, quando quando
as classes ganham força -- sem fa-lar no peso de personalidades
as
esp cla sses
ecíf icasg—
específicas
anham força —mais
-,, pareceme
parece-me mais
semajustada
falar nopara
ajustada pesodescrever
para de personalidades
descreve r os
os diver~
diver-

'IÉIH
sos momentos
momentos históricos do que que aa imagem
imagem de de circularidade
circularida-de que
que
decorre da insistência
insistência do
do predomínio do patrimonialismo impe-
rial. AA interpretação
interpretação quase
quase unidimensionai
unidimensional de de Faoro
Faoro parece
parece ser
ser
m ais adequa
mais adequadada para descrever as estru tura s de mando nno
estruturas o período
do Brasil
Brasil Colônia
Colônia dodo que
que para
para englobar todo o0 período impe- impe-
rial, Nes
rial. te o central
Neste ismo bburocrático
centralismo uro crá tic o perdeu iman taç ão em
imantaçäo em vár ios
vários
momentos ee aa força
momentos força dos
dos interesses
interesses econômicos
econômicos primou
primou sobre
sobre aa
do
doss estamentos com
estamentos com ma ior freq
maior uência. O
frequência. O mesm
mesmoo oco rreu nno
ocorreu o pe-
pe-
ríod
ríodoo rep ublicano, co
republicano, mo já comen
como tarei.
comentarei.
O próprio Faoro
Paoro reconhece,
reconhece, como
comovimos,
vimos,que
quedepois
depoisdada
Independência houve momentos
Independência houve momentos e movimentos de liberalismp
liberalismp
democratizador favorecidos pelo fortalecimento
fortalecimento dada economia,
economia,
agroexportadora
agroexportadora ee pelo
pelo início
início da
da expansão
expansão urbana.
urbana. Por
Por isso
isso tor*
tor-
nase
na-se necessária maior nuance na pintura do
necessária maior do mural
mural da
da domina-
domina-
ção burocrático~imperial. Por esmiuçar este jogo complexo, Os
ção burocráticoimperial. Por esmiuçar este jogo complexo, Os
donos do
donos od er continua
do ppoder continua a sserer um livro
livro marcante.
marcante. Com
Como o em
em toda
toda
síntese, contudo, ao
síntese, contudo, ao sublinhar
sublinhar tão
tão fortemente
fortemente asas características
característicasdo,
do,)
‘Império
«Império burocrático, que sem dúvida herdou traços fundaménf fundarnen-Ç
tais de
de sua
sua origem
srcem lusitana,
lusitana, oo texto
textopodepodedar
daraaimpressão
impressão dede que
que
quase nada mudou,
quase nada mudou, quando
quando na na verdade
verdade houve
houvemutação
mutaçãoContinua,
contínua,
a despeito
despeito da da manutenção de certascertas características
caracteristicas srcinais
originaisdo do
patrimonialismo,
patrimonialismo. Esta é a esfinge
esfinge queque desafia
desafia permanentemente
permanentemente
a argúcia dos
dos analistas:
analistas: mostrar
mostrar como
como se se entrelaçam
entrelaçam mercado
mercado e
poder burocrático e evidenciar o jogo de oposiçôes oposições ee alianças
aliançasen-en-
tre as cla sses - no cas
classes casoo a burguesi
burguesiaa agroexportadora,
agroexport adora, os seto res
setores
urbanomercan
urbano-mercantis tis da eco nom ia e o financeiro -‹ e de
economia stas com os
destas
estamentos,
estamentos, sej#o
sejaño militar,
militar, seja
seja oo civil,
civil. Neste
Neste contexto,
contexto, oo Mode-
Mode-.
rador, sendo
sendo mais
mais dodo que
quepoder
poder pessoal,
pessoal,nãonãoêéapenas
apenasreflexo
reflexodada
ordem patrimonial, mas é também expressão expressao te contraponto de de
forças econômicas ee sociais.
sociais.

251
PÓDER
PODERREPUBLICANO
REPUBLICANOE PERMANÊNCIA DO PATRIMPNIALISMO
E PERMANÊNCIA DO PATRIMONIALISMO

Não nos
nos enganemos,
enganemos, entretanto; quem
quem dede fato
fato“fez”
“fez” a Repú-
blica no dia a dia dos
dos acontecimentos ee na capacidade de impor
uma nova ordem,
ordem, muito
muito mais
mais dó
do que
que um
um bloco
bloco dede classes
classes ligadas
ligadas
por uma ideologia,
ideologia, foram os militares:
militares: “A
“ARepública
Repúblicafoi foifruto
frutodede
uma conspiração maior e mais ampla, preparada de cima, den-
uma conspiração maior è mais ampla, preparada de cima, den-
tro do
do estamento
estamento burocrático,
burocrático, comcomaa separação
separaçaoda damonarquia
monarquiado do
exército ”.27Enquanto Os
exército”.” políticos republicanos
os políticos republicanos sese perdiam
perdiam em em
agitações
agitaçoes demagógicas, os òs militares
militaressediciosos
sediciososagiarn.
agiam.
Teria ocorrido
ocorrido outra
outra “journée
“journée des dupes”
dupesfi com
com aa Proclama-
Proclama-
ção da
da República, o que acabaria dando
que acabaria dando razão
razão ao realismo de Na-
buco: por
por muito
muitotempo,
tempo,em emvez
vezdedeseguir
seguiras aslinhas
linhasde deum umpoder
poder
eleito e verdadeiramente representativo
representativo do do povo,
povo, o país teria›=de
teria* de
¢
viver sob uma 'ditadura de fato”, com uma vontade diretora, ¿io
viver
monarca
monarcaSobouuma
ou do “ditadura
presidente.de fato”, com uma vontade diretora,' do
dopresidente.
Na fase
fase inicial dada implantação
implantação do do novo regime as forças*so
forçaszso-
ciais que predominavam ainda eram politicamentepoliticamentetímidas,
tímidas,he- he- 9
sitavam Foi quando
sitavam. quando oo Exército
Exército predom inou, nos governos
predominou, governos dde e
Deodoro
Deodoro ee de de Floriano,
Floriano, e até mesmo durante a presidência de de
Prudente de de Morais.
Morais. Com Campos Campos Sales
Sales se define
define a nova hege-
monia: aa dos
dos governadores,
governadores, na prática a hegemonia de São Paulo Paulo
e Minas Gerais,
Gerais, que,
què,senão
se não representavam os interesses
interesses econômi-
econômi-
cos domina ntes, eram ssensíveis
dominantes, ensíveis a eeles.
les. Ao Ex érc ito , daí ppor
Exército, or diante,
coube a missão
missão de de manter a integridade
integridade da da nação, a despeito da
fragmentação
fragmentação do do poder
poder pelo
pelo princípio federalista (diria OliveiraOliveira
Vianna). EmEm cada
cada estado
estado os executivos amesquinhavam os muni-
executivos amesquinhavam
cípios, dominavam aa polícia e a política,
política, exerciam
exerciam a chefia supre-
ma regional* subordinando os
regional, subordinando oschefes
chefeslocais.
locais.AsAseleições
eleiçõesseSefaziam
faziam
“a
“a bico
bico de
de pena”
pena'Ê isto
isto é* com fraudes.
ê, com fraudes.Era
Era oo auge
auge dodo coronelato;
coronelato; o0
compa drio político
compadrio politico sub stituíra e tornara
substituíra tornara menos
menos necessár
necessária ia aa pre
pre-

151
sença pretoriana
pretoriana da
da Guarda
Guarda Nacional
NacionaldodoImpério.
Império.O Opresiden-
presiden-
te da República
República subsumia
subsumiaasasfunções
funçõesdodoPoder
PoderModerador,
Moderador, eraera
o garante
garantdo
e do podeestadual
poder r estadual
e dee de seuinteresses
seus s interesses
na na Assembleia
Assembleia
Nacional. Nesta,
Nesta»assim
assimcomo
comonas nasassembleias
assembleias locais,
locais, as comissões
as comissões
~^de verificaçãodedepoderes
“tie verificação poderesseseencarregavam,
encarregavam, sobsob a batuta
a batuta direta
direta
do líder
líder do
do governo,
governo, de
defazer
fazera a“degola”:
“degola”:os os eventuais
eventuais opositores
opositores
eleitos perderiam os mandatos, com muito barulho por parte da
eleitos
opo sição
oposição perderiam
e nenhuma os eficácia
mandatos,
eficácia prátcom muito
ica. Com
prática. Com barulho
0o poder
poder conpor
stituparte
cionalda
constitucional
de intervir nos estados
estados oo presidente
presidentepoderia
poderiaafastar
afastaratéaté mesmo
mesmo
governadores rebeldes.
rebeldes.Por Porfim,
fim,cabia
cabiaaoaopresidente
presidente apontar
apontar o su-o su-
cessor. Revivia-se
Reviviase oo sorites
soritesdo doconselheiro
conselheiroNabuco...
Nabuco... j,
Na condução da economia, apesar apesar dos dosarreganhos
arreganhosiniciais
iniciais
quando da preparação
preparação da da República
Repúblicae edadaConstituição
Constituição de de
1891,1891,
faltou ímpeto
ímpeto ao liberalismo,
liberalismo,pois poistampouco
tampoucoa aempresa empresa industrial
industrial
o tinha. O liberalismo
liberalismoeconômico
econômicosesecasou casoucom comum umliberalismo
liberalismo
comercial de voo curto, escreve escreve Faoro, ee na na verdade
verdadefoi foimais
maisum Um
eco retórico
retórico da da pregação
pregação baseada
baseada nosnos exemplos
exemplosanglo-saxônicos
anglosaxônicos
do quê expressão de
que expressão de uma
uma ideologia
ideologiaeconômica.
econômica.OsOsexemplosexemplos in-in-
gleses
gleses ee americanos
americanos entusiasmavam
entusiasmavam“nossos ‘‘nossos letrados
letrados irrealistas,
irrealistas,
alimentados intelectualmente
intelectualmentemais maispelaspelasideias
ideias estrangeiras
estrangeiras que que
pela lição
lição da realidade” 28 Mais
da realidade”.” peso teve
Mais peso teve oo liberalismo
liberalismopolítico,
político,
qu
queem otivou nos
motivou sos ideólogos,
nossos ideólogos, ãà frente
frentede detodos
todosRui Rui Barbosa.
Barbosa.Este,
Este,
embora chamuscado
chamuscado com o “encilhamento
“encilhamento”- ” — a inflação desen-
inflação desen-
cadeada durante sua sua gestão
gestãonasnásfinanças
finanças--,—,nem nempor isso
por deixou
isso deixou
de ser oráculo
oráculo das forças
forças civis,
civis,democráticas
democráticase eliberalizantes.
liberalizantes.
Esta
Esta situação se altera
alteracom
com asascrises
crisespolíticas
políticasdos dos
anosanos1920,1920»
marcadas pelai
pelas revoltas dosjovens
revoltas dos jovenstenentes
tenentesem em19221922e 1924
e 1924con»con-
tra a dominação
dominação oligárquicâ
oligárquica dosdos “cartolas”.
“cartolas”.Com Coma vitoriosa
a vitoriosa Re-Re-
volução de 1930,1930, Getúlio Vargasààfrente
Getúlio Vargas frente(ele
(elepróprio
próprio expressão
expressão
do domínio oligárquicò anterior,como
oligárquico anterior, comoministro
ministrodadaFazenda Fazenda de de
Wash ington Lu
Washington ís e, dep
Luís ois, governador ddoo R
depois, io G
Rio rande do SSul),
Grande ul),
voltaram os
voltaram os militares
militares aa exercer
exercerinfluência.
influência.OO“exércitdi
“exército” dizdiz
Faoro,
Faoro,

2253
53
in

“passou aa ocupar
ocupar asas funções
funções dodoPoder
PoderModerador,
Moderador,antes
antesincor-
incor-
poradas pe!o’Presidenteda
poradas pelo`Presidente daNação,
Nação,-restaurando
restaurandoa acentralização,
centralização,e e
j renova
renovandondo oo Estad
Estadoo co mo tutor
como tu tor ee protetor
protetor dos
dos negócios
negóciospúblicos
públicos
rivados *’.29
Is e pprivados'Í” M antendose no banco
Mantendo-se banco dede reserva, pensa
pensa Faoro,
Faoro, oo
!E Exé rcito ensejou
Exercito ensejou o revig oramento do Estado
revigoramento Estado patrimonial,
patrimonial,dodo qual
qual
ele próprio era
era parte
parte como
como um dos estamentos
estamentos burocráticos.
burocráticos.
Na segunda
Na segunda edição
ediçãorevista
revistadodolivro,
livro,dede1975,
1975,Faoro
Faoromostra,
mostra,
co m riq
com ueza de deta
riqueza lhes, co
detalhes, mo , po
como, uco a pouco, os
pouco os pruridos
pruridos libe-
libe
j rais, que ecoavam
ecoavam fortesfortes na
navoz
vozde deRui
RuiBarbosa
Barbosae echegaram
chegarama en-
a en-
ccontrar
on tra r eco em alguns tenentes e mesmo
alguns tenentes mesmo em em generais
generais--'*—*como
como nono
j pr óp rio Hermes da
próprio da Fons eca depois
Fonseca depois dada presidência
presidência -, — , vão se-ndo
sendo
: subsumidos
subsumidos pelas pelas cre nças na
crenças na ordem
ordem como valor supremo supremo ee pelo
pelo
J nac ionalismo. Á
nacionalismo. A visã
visãoo e aass práticas do doss con testadores, tanto aass
contestadores,
dos ideólogos
ideólogos da da prdem
ordem jurídica
jurídica ee liberal
liberalcomo
comoasasdosdosmilitares
militares
|  mais próximos dos . "****anseios
; » ’das * classes . visavam
‘ **
Í

anseios das classesmédias,


médias, visavam a corrigir
I
a corrigii:
/ as distor ções e abu
distorções abusossos ququee os novos donos do po der hav
poder iam im
haviam f
im-_?
I' plant ado. O
plantado. Oss alvos
alvos eram
2
.-.__

as oligarquiasestaduais,
as .oligarquias estaduais, a prepotência
a prepotência do presidente,
do presidente, as medidas
as medidas
opressivas contraa liberdade
opressivas contra a liberdade de associação
de associação e de imprensa
e de imprensa [que] [que]
reduziram
reduziram o oregime
regime republicano
republicano ao biombo
ao biombo do absolutismo,
do absolutismo, afir- afir-
mado o sistema apenas na transitoriedade das funçoes públicas.
mado o sistema apenas na transitoriedade das funções públicas.
Essa somadedêoligarquias,
Essa soma oligarquias,
dos dos municípios
municípios ao centro,
ao centro, não formanão forma
uma tirania,mas
uma tirania, masa contratação
a contrafação do governo
do governo da maioria,
da maioria, em favor em favor
{ de poucos.30
de poucos.”
§f : iS * V * i ’’ ? '* « i
| t l ^ '
Rui, que
que dodo alto
alto dede sua
suavisão
visãoelitista
elitistavislumbrara
vislumbrara o povo
o povo
I1 1
I
co m o parte
como parte do
do jogo
jogo,, tem
tem de
de rec onhecer qu
reconhecer e est
que e, ddada
este, ada aa pouca
pouca
! edu cação ee oo alheamento
educação alheamento das coisa coisass de
de Estado,
Estado, era era antes
antes massa
massa
| i
demanobra
de manobrado do que
que fundamento
fundamento dda ordem po
a ordem política
lítica rerepublicana.
publicana.
j Nos
Nos albores
alboresdada déca da dde
década e 19 2 0 foi
1920 foi antes
antes no Exército
Exército que fe fezz su as
suas
j apost as para
apostas para uma
uma prática
prática republicana regeneradora. Faoro
republicana regeneradora. Faoro nãonão

«.¬.._¡._. .-
154
acre dita qque
acredita ue ffaltasse
altasse motivação
motivação ideol ógica ao in
ideológica con formism o dos
inconformisrno
aii
anosos 1920. Faltaria,
Faltaria, diz
diz ele
ele,, uma visão mais programática,
ptog ra má tic a, embora
embpra
esta existisse
existisseesparsamente:
esparsamente:a areforma reformadas dasinstituições,
instituições,o ofim fimdodo
vóto
voto de cabresto,
cabresto, substituído
substituídopelo pelovoto
votosecreto,
secreto,aareorganização
reorganização
administrativa
administrativa para para descentralizar
descentralizar estados
estadoseemunicípios
municípioseedar- dar
lhes maior autonomia.”
-llies maior autonomia.31A còntrarreforma de Artur Bernardes,
A contrarreforma
de 1926j
de 1926, constituíra
constituíra um um recuo
recuo dos dos princípios
princípios liberais.
liberais,
Co ube outra vez
Coube vez à sediçãò militar de
sedição militar de 1930,
193 0, aliada
aliada àà insatisfa-
insatisfa-
ção de segmentos
segmentos oligárquicos,
oligárquicos,levar levaradiante
adianteasasbandeiras
bandeirasret"or~
refor-
mistas ee mesmo
mesmoliberais.
liberais.Só Sóquequeo omovimento
movimento«revolucionário
revolucionárioda da
Aliança Liberal,embora
Aliança Liberal, emboraultrapassando
ultrapassandoososlimites limitesdedeuma umaquar-É
quarf
telada, veio marcado
telada, veio marcado pela pelaorigem
srcem patrimonialista
patrirnonialista ee estamental:
estamental:
uma dissidência
dissidênciaentreentreoligarquias
oligarquiasestaduais.
estaduais* Epelo
E pelo agente
agente princi-
princi-
pal que
queaaexecutou,
executou,ooExército,
Exército,saudosista
saudosistadosdosideais
ideaisrepublicanos
republicanos
dos exaltados de 1889, dos quais os “tenentes” e 0 “Clube 30 de
dos exaltados de 1889, dos quais os “tenentes” e o “Clube 30 de
Outubro”
Outubro” foram foramaaexpressão
expressãomaior.maior.
No polo
polo dasdas propostas
propostas políticas
políticasprovenientes
provenientesdo pensamen- 1
dopensamen-
to conservador
conservador surgia surgia um um nacionalismo
nacionalismo autoritário. Oliveira 2'
autoritário. Oliveira
Vianna
Vianna ee Azevedo
AzevedoAmaral Amaralestavam
estavama asublinhar
sublinhara anecessidade
necessidadedede
um Estado mais centralizador
Estado rnais centralizador ee de de uma
uma ideologia
ideologia de devaloriza-
valoriza-
ção da nação,
nação, se senão
nãooposta
opostaààdemocracia
democracia eé ciesdenhosa
desdenhosado dopovo,
povo,
motivadóra
motivadora do do aperfeiçoamento
aperfeiçoamento deste deste ee de
de renovação
renovação daquela,
daquela,
corrompida
corrompida pelas pelas práticas
práticasoligárquicas.
oligárquicas.No Nomeiomeiomilitar
militarooapelo
apelo
nac ionalista semp
nacionalista sempre re fo
foii forte, ainda
ainda que
que convivendo
convivendo ccom om a crítica
crítica
às ooligarquias
ligarquias cor ruptas, de ins
corruptas, piração dem
inspiração ocrático liberal. Cou-
democrático-liberal. Cou -
be aos governos
be aos governosde deGetúlio
GetúlioVargasVargasanteriores
anterioresà democratização
à democratização
de
-de 1945 irem
irem se se ni-'oldando
irfoldandoàsàsnovas novasrealidades
realidadesdodomundo mundoe eaos aos
novos desafios
desafiosdedeum umpaíspaísqueque sese desenvolvia
desenvolvia e não
e não cabia
cabia mais
mais nasnas
ve stes da
vestes da República
República oligárquica.
olígárquica.
No eexterior,
xterior* a aragem
aragem do do ffascismo
ascismo de de Mussolini,
Mussolini, que quejájá entu~
en tu-
siasmara Vargasnanajuventude,
siasmara Vargas juventude,soprava sopravaum umarardedévitória.
vitória.NoNópaís,
país,
a industrialização
industrializaçãoganhava ganhavavulto, vulto,principalmente
principalmentecom comasasnovas
novas
realidades do mercado internacional
realidades do internacional durante aa Segunda
Segunda Grande
Grande
Guerra, que impunham políticas
políticas dede substituição
substituiçãode deimportações.
importações.
Expandiase
Expandia-se aa classe
classe trabalhadora; as as classes
classes médias
médiastradicionais,
tradicionais,
por
por sua
sua vez, se beneficiavam
beneficiavam do do “progresso”
“progresso”urbano,
urbano,embora
emborasese
tratasse de
de uma
uma urbanização
urbanização movida
movida pelas
pelas migrações
migrações internas
internas e
pela expansão dos serviços
serviços ee não,
não, assinala
assinalaFaoro,
Faoro,como
comoaaanterior,
anterior,
fruto das imigrações e da industrialização.
industrialização.
Com
Com amargor
amargornosso
nosso autor
autorreconhece
reconheceque queas as camadas
camadas nega-
nega~
tivamente priv ilegiadas não haviam logrado firmarse
privilegiadas firmar-se a ponto d dee
for çar uma nova ordem política qu
forçar quee ani quilasse a predominante
aniquilasse predominante..
Enquanto
Enquanto nãonão logravam
logravam refazer
refazer asas bases da dominação, apoia-
vam osos “ditadores
“ditadores sociais^ representantes do
sociais”,' representantes do Estado patrimo-
patrirno~
nial. Estes costumam distribuir penaspenas ee favores,
favores,sem
semobediência
obediênciaaa
normas
normas ouou aa direitos
direitos subjetivos garantidos, sendo,
subjetivos garantidos, sendo,portantoàde-
portanto, de
bilitadores da racionalidade. Por outra outra parte,
parte, oo setor
setorindustrial,
industrial, ^
que poderia dar suporte eventual á uma ordem de cunho liberal-
que poderia d ar
democrático,
-dernocrático, suport
como
como e eventualFaoro
vislumbrara
vislumbrara à um ana
Faoro ord
na em dede
edição
edição cunho
de 1958lide
1958 befl
de al
seu
seu
li vro, acab
livro, ou. por
acabou. psor ser “
P

um prolongamento do oficialismo, pregando aa iniciativa


oficialisrno, pregando iniciativa privada
privada
protegida, modalidade brasileira do liberalismo econômico. Mos Mos-
tra-se,
tra-se. por isso, organizar uma
isso, inapto a organizar uma sociedade
sociedade num
num quadro
quadro
pluralista, com focos de poder sem
sem que
que derivam
derivemdodo Estado.
Estado. O
Q setor
setor
se casa e prolifera no patrimonialismo, no no qual
qual um
um grupo
grupo esta-
esta-
mental se
mental se incumbirá
incumbirá dede distribuir
distribuir estímulos
estímulos ee favores,
favores,com
comamor
amor
místico, um dia, ao planejamento global
dia. ao global da
daeconomia.”
economia.32

Anotando
Anotando que
que asas classes
classesmédia
médiaurbana
urbanae ea arural
ruralma-l
malpodiam
podiam
se sustentar devido
devido às às ondas
ondas inflacionárias,
inflacionárias,Faoro
Faoroviaviaum
umrastro
rastro
de esperança para
para aa mudança
mudança da da ordem
ordem existente
existenteno noproletariado
proletariado
nascente, na pequena burguesia, nos proprietários
burguesia, nos proprietários privilegiados
privilegiados
pela
pela educação,
educação, nós
nos intelectuais sem propriedade
intelectuais sem propriedade ee nos nos técnicos
técnicos

256
assalariados
assalariados que,que*apesar
apesar de de
suasua heterôgeneidade,
heterogeneidade, talrmtalvez (quanto
(quanto
talvez!) pudessemlograr
talvezí) pudessem lograrumaumadireção
direção unificada
unificada queque se contrapu-
se contrapa-
sesse à ordem
sesse ordem patrirnonialista.
patrimonialista.indaga,
Indaga,contudo:
contudo:“M.as,
“Mas,vencedora
vencedora
na sociedade,
sociedade»destruirá
destruirá o estamento
o estamento burocrático
burocrático ou ainda
ou ainda mais mais
o o
"“reforçará?
"r`eforçará? Eis Eisa aquestão...'Í5*
questão..”33
Sem entrar nas
Sem entrar ms considerações
consideraçõesteóricas
teóricasfinais
finais
nasnas
quaisquais
nos-nos-
so autor,
autor, inspirado
inspiradoem emMax MaxWeber,
Weber, discute
discute as especificidades
as especificidades. do do
estamento burocráticoe ea acapacidade
estamento burocrático capacidadedodo Estado
Estado patrimonial
patrimonial de de
pairar acima das
pairar acima dasclasses
dassescomocomoo oárbitro
árbitrodedetodos
todosos os interesses
interesses
—- cap ítulo em
capítulo em queque dialoga
dialoga corn
com oo marxismo
marxismo --, — , ééde
de ressaltar
ressaltar'aa
caract erização qu
caracterização quee faz do príncipe
faz do príncipeno no patrimonialismo.
patrimonialismo.OOprínci- prínci-
pe
pe,j diz
diz Faoro,
Faoro,fala
faladiretamente
diretamenteao ao povo,
povo,destacando
destacandocomo comoordens
orden s
separadas Estado enação,
separadas Estadoe nação,e eassume,
assume, como
como já já o dissera
o dissera Weber Weber
so- so-
bre
bre aa chefia
chefiadodoEstado
Estadopatrimonial,
patrimonial, queque se trata
se trata do âo
do pai
pai do povo:
“Cornpraz-se o príncipe, armado nessa conjuntura, em desem- êm desem-
“Comprazse o príncipe, armado nessa conjuntura,
penhar
penhar oo papel
papelde defazer
fazerdodoEstado
Estado a fonte
a fonte de de todas
todas as esperanças,
as esperanças,
promessas
promessas eefavores”.”
favores”34
Também
Também ao ao analisar
analisaro opatrimonialismo
patrimonialismo triunfante
triunfante no. pe-
no pe-
ríodo republicano,creio
riodo republicano, creioque
quefaltaria
faltaria a Raymundo
a Raymundo Faoro
Faoro esmiu-
esmiu-
çar melhor
melhor oo sentido
sentidodadatrama
tramaentre
entreososestamentos
estamentos e ase classes,
as classes,
o Estado
Estado ee asasforças
forçasdedemercado.
mercado. VerVer a cada
a cada passo
passo da história
da história a a
repetição do mesmo
repetição do mesmomodelo
modeloestamental-patrimonialísta
estamentalpatrimonialista empo-empo-
brece a interpretação. Como procurei mostrar em ensaio escrito
brece a interpretação.
há muitos
muitos a'nos,.” Como procurei
anos,55o orelacionamento
relacionamento mostrar
entre
entre em ensaio
o Exército
o Exército a escrito
e a eascen-
ascen-
dente burguesiaagrária
dente burguesia agrária paulista,
paulista, porpor exemplo,
exemplo, foi muito
foi muito- forte forte
no no
período
período do do florianismo,
floriamsmo.Es-teEstedeu
deu àquela
àquela o ardor
o ardor cívico
cívico e popular
e popular
para aa legitimação
legitimaçãftdadano-va
nova forma
forma de de governo.
governo. G fracasso
O fracasso das po-
das po-
líticas liberais,contradito-riamente
líticas liberais, contraditoriamente favoráveis
favoráveis à incipiente
à incipiente indus-
indus-
trialização (com aacorrida
trialização (corn corridainflacionâria
inflacionáriadodo encilhamento
encilhamento e, mais
e, mais
tarde,
tarde, asas tarifas
tarifasproteci-onistas
protecionistasdede Serzedelo
Serzedclo Corrêa),
Corrêa), terminou
terminou'
por fortal ecer os
fortalecer os interesses
interesses agroexportadore-s
agroexportadores ee aavisão
visão“ortodoxa”
“ortodoxa”
das finanças.AApartir
das finanças. partirdaí,
daí,Campos
Campos Sales,
Sales, eleito
eleito presidente,
preside-ate, pôde pôde

153'
organiz
organizarar a nov
novaa face
face da
da dominação
dominação oligárquica,
oUgárquica, comcom aa predomi-
predomi-
nância dos interesses
nância dos interessesagroexportadores.
agroexportadores. Nesta
Nesta construção
construção polí-polí-
tica o Exército
Exército foifoi antes
antesooinstrumento
instrumentoque quepermitiu
permitiu a aceitação
a aceitação
das novas
novasregras
regras(a(adespeito
despeito dede suasua
visãovisão srcinária
originária maismais centra-
centra-
lizadora
lizadora eeautoritária)
autoritária)dodoque queo oestamento
estamento queque comandou
comandou o pro-
o pro-
cesso. Este
Este passou
passouàsàsmãosmãosdas das oligarquias
oligarquias estaduais
estaduais sob asob a batuta
batuta
do chefe entre ososchefes
chefe entre chefes"naturaisfi
“naturais” o presidente
o presidente da República.
da República.
Re stabeleceuse o jogo
Restabeleceu-se jogo entre
entre oo “localismo”
“localismo”-- — representado
representado pelos
pelos
“coronéis”,
“coronéis”, eleselespróprios
própriosproprietários
proprietários rurais
rurais ou ou então
então servidores
servidores
destes
destes -- — e asas oligarquias
oligarquias estaduais,
estaduais,sobretudo
sobretudoasas dedeSãoSãoPaulo
Pauloe e
Minas.
Minas. O O Poder
PoderFederal
Federalrespeitava,
respeitava, emem geral,
geral, os interesses
os interesses daque-daque-
las, embora reservassepara`si
embora reservasse pará^si as as “grandes
“grandes decisões”,
decisões", a principal
a principal
das qu ais seria
quais seriaaaescolha
escolhadodòsucessor.
suce ssor.AA centralização
centralizaçãorepublicana,
republicana,
até a Revolução
Revoluçãodede1930,1930,era
erafrágil.
frágil. Viviase
Vivia-se maismais
de umde equiügrio
um equilíbrio
en tre parcei
entre ros poderosos
parceiros poderososeeum umprimus
primusinter
interpares,cuja
pares, cujaaceitação
aceitação •'
estribava exatamenteem
estribava exatamente emsersero ogarante
garante da da ordem
ordem patrimonialifta,
patrimoniališta,
a esta altura
alturajájábem
bemdiferente
diferentedo doque
quefora
foranos
nostempos
temposdos dosBragan-
Bragan-
ça: se não
não “feudal”,
“feudal”,que que nunca
nunca foi,foi,
pelopelo menos
menos maismais fragmentada
fragmenfada
e permeada
permeada por por diversos
diversosinteresses
interesses privados,
privados, tanto
tanto econômicos
A
economicos
' 1,

quanto po líticos.
políticos.

Cuidei
Cuidei dede analisar
analisara acontribuição
contribuiçãode de Faoro
Faoro tomando
tomando porpor
base aa primeira
primeiraedição
ediçãodedeseu seulivro,
livro, porque
porque nelanela os fundamen-
os fundamen-
tos interpretativos
interpretativos dodopatrimonialismo
patrimonialismoaparecem aparecem despidos
des-pidios de de
pormenores históricos.Na
pormenores históricos. Nasegunda
segundaedição,edição, revista
revista e ampliada,
e ampliada,
de 197 5, o au
1975, tor estende
autor estende suas
suas observações
observaçõese eabrange
abrange ooconjunto
conjunto
do período getulista,Esta
período getulista. Estaedição
edição se se publica
publica em empleno pleno
regimeregime
au- au
toritáríomilitar, quandoFaoro
toritário-militar, quando Faoroexercia
exerciagrande
grande influência
influência crítica,
crítica,
propugnando
propugnando pe la democracia.
pela democracia. Apesar
Apesar dasdas modificações
modificações introdu-
introdu-
zidas, comoFao-ro
zidas, como Faoromesmo
mesmoescreve,
escreve, o fundamental
o fundamental parapara
ele éele
queé oque o
patrimonialismo resistiuseis
patrimonialismo resistiu seis séculos,
séculos, desde
desde d. João
d. João r de iPortugal
de Portugal

-tr-D
até G etúlio V
Getúlio argas, FFoi
Vargas. oi u ma es
uma trutura político-social
estrutura políticosocial que
que “resistiu
“resistiu
a todas as transformações
todas as transformações fundamentais,
fundamentais,aos aosdesafios
desafiosmais
maispro-
pro-
fundos»
fundos, à àtravessia
travessiadodooceano
oceano largo”
largo°É É certo,
É certo, acrescento
acrescento eu,eu,
masmas
variando em
variando eni sua
sua forma e, e, sobretudo, no modo
modo como o estamento
estamento
se relacionoucom
se relacionou comos osoutros
outrosagentes
agenteseconômicos
econômicoseesociais.
sociais.
Apesar deste reparo, -será que o fecho da primeira edição do
livro,Apesar
livro, quando
quando deste
Faoro
Paoro reparo,
lançaaserá
lança que ode
ahipótese
hipótese fecho da primeira
depersistência
persistência dodo edição
patrimo-
patrimo- do
nialismo
nialismo mesmomesmo depoisdepoisdo dofortalecimento
fortalecimentoda dasociedade
sociedadecivil civile e
ddas
as p ráticas repres
práticas entativas, não continuaria
representativas, continuaria a ter cabida cabida na na Nova
Nova
Republica?
República? Isso Issoa adespeito
despeito dada estabilização
estabilização econômica,
econômica, da moder-
da moder-
nização estatale,e,principalmente,
nização estatal principalmente,dodointenso intenso proprocesso
cesso de de inclusão
inclusão
social dos últimos
social dos últimosvintevinteanos?
anos?ÉÊcedo cedoparapararesponder;
responder;convém, convém,
contudo, manter aa hipótese,
contudo, manter hipótese,reafirmando-se
reafirmandoseque queasaspersistências
persistências
patrirnonialístas se enroscam em outras realidades históricas e às
patrimonialistas se enroscam em outras realidades históricas e às
vezes antesmascarain
vezes antes mascarama aexistência
existênciadestas destasdodoque que as as explicam.
explicam.
Est udos m
Estudos ais recentes,
mais como os de
recentes, como de Philippe
Philippé Schmitter,
Schmitter, m os-
mos-_
. , . . . . _ :
tra
tramm ququee existem
existem vários tipos de
varios tipos deliame
liamecorporativo
corporativo que, que, sese nao
não ses^
opõ - em aò
opoem ao patrim onialismo, sao
patrimonialismo, sã- o distintos do corporat ivismo ttra-
corporativismo r a -F
dicional ligadoapenas
dicional ligado apenasaoaoEstado,
Estado,taltalcomo comoocorria
ocorriacom com0 opatri-
patri-
monialismo descritopor
monialismo descrito porseu
seugrande
grandeteórico
teóricoe propagador,
e propagador, Mihaíl
Mihail
Manoílescu.
Manoilescu. Talvez Talvezosós“ditadores
“ditadores sociais”
sociais” possam
'possam ser ser substituídos
substituídos
por presidentes
por presidentes eleitos
eleitose eososliarnes
liamescorporativos
corporativosnãonão se se
limitem
limitem
aos estarnentos
estamentosestatais,
estatais,senão
senãoque queentrosem
entrosemsetores
setores da da socieda-
socieda-
de civil,
civil, como
comosindicatos
sindicatose eblocosblocosdedeempresas,
empresas, nono condomínio
condomínio
patrimonial
patrimonial de de poder
poder (funcionando
(funcionandocomo como “anéis
"anéisburocráticos”).
burocráticos”).
Conforme
Conforme se sevenha
venhaa adar daro oentrosamento
entrosamentoentre entresociedade
sociedade civil
civil e e
Estado,
Estado, aa crítica
críticade áeFaoro
Faoroààfalta
faltadedegarantias
garantiasdodoEstadoEstado patrimo-
patrimo-
nial aosdireitos
nial aos direitossubjetivos
subjetivos dosdos trabalhadores
trabalhadores e dos
e dos pobres
pobres em ge-
em ge-
ral perde
perdeforça
forçacomo
comoargumento
argumentopara paramost
mostrar
rar ososmales
malescausados
causados
pel
pelo o patrimonialismo
patrimonialismo ààracionalidade
racionalidade das das decisões.
decisões.Talvez
Talvez aa capa-
capa-
cidade
cidade do do Estado
Estadopatrimonial
patrimonialdedeassegurarassegurartais taisdireitos
direitos explique
explique
a adesão
adesãocontinuada
continuadadedecamadascamadasdiversas diversas dada sociedade,
sociedade, incluindo
incluindo
_ !__\

as desprivilegiadas,
desprivilegiadas, às às formas
formas contemporâneas
contemporâneas de depatrimonialis-
patrimonialis-
mo,
mo, que
que mais
mais dodo que
que“formas
“formas de de dominação”
dominação” são são traços
traços persis-
persis-
tentes de antigas formas patrimonialistas combinadas combinadas às às novas,
novas,
podendo
podendo ser ser estas
estas até mesmo de fundamento
fundamento capitalista-burguês,
capitalistaburguês,
oü,
ou, como
como se se diz
diz agora,
agora,empresarial.
empresarial.
Paoro
Faoro nãonão foifoi oo primeiro
primeiro autor
autor aa usar
usar as
as ferramentas
ferramentas wewe-
berianas para interpretar o Brasil. Usou-as, contudo, com maior
berianas para interpretar o Brasil. Usouas, contudo, com maior
alcance ee rigor
rigor do queque seus antecessores,
antecessores, maior
maior mesmo
mesmo do do que
queosos
de Sérgio Buarque
Buarque de de Holanda
Holanda em seu também admirável Raí Raí--
r asi l * Mais ainda, se
do BBrasil.”
zes do se era
era comum
comum partir da análise
análise das
das fa-
fa-
mílias, do patriarcado,
patriarcado, para para mostrar
mostrar aa confusão
confusão entre
entre público
público e
privado na na cultura
culturaee nas nas práticas
práticas políticas
políticas brasileiras,
brasileiras, tal
tal como
como
fizeram
fizerarn Gilberto Freyre,Freyre, Oliveira Vianna ee Sérgio
Oliveira Vianna Sérgio Buarque,
Buarque, de-
de-
vemos pioneiramente
pioneirarnerite aa Faoro Faoro aa caracterização
caracterizaçãomais maisrigorosa
rigorosa do*
do* Q
patrirnonialismo, como algo distinto do patriarcalismo. E não de- E .
pat rimoesquecer
vemos nialis mo,qué
esquecer c omsüás
que o algo
suas distinto
análises
análises dodprocesso
do pprocesso
patriarcaiismo.
histórico
histórico E não
não
nãodsao'
__e—
J'
sãof
red ud on ist as, emb
reducionistas, ora a interpretação glo
embora bal se
global ja monot
seja ôn ica. Q
monotônica. Qk
livro não lida apenas com conceitos: faz análises análisespormenorizadas
pormenorizadas
de cada
cada conjuntura
conjunturahistórica,
histórica,dando
dandovida
vida aos
aos personagens
personagens ee ato-ato-
res sociais, principalmente no texto da edição revista revista ee ampliada
ampliada
de 1975.
1975. SeSe reparos
reparos háhá áa fazer,
fazer, e os há, um
um éé oo de
de que
que por
por vezes
vezesoo
autor
autor sese esquece
esquece da riqueza com que que analisou
analisou os osprocessos
processoshistó-
histó-
ricos para
para subsumir
subsumirquase quase tudo
tudo na
na síntese
síntese à ação
ação dos
dos estamentos
estamentos
e à verticalidade da dominação patrimonial.
EEm
m ou tr o plano os sociólogo
outro sociólogoss da “escola
“escola paulista”
paulista” — Flo-
-- Flo-
rest an Fernandes à frente —
restan _ tiveram qu quee enfrentar dificuldades
dificuldades
semelhant
semelhantes es ao analisar as as relações
relações entre senhores
senhores e escravos
escravos (cas
(cas-

* Agradeço
Agradeço a aTarcísio
TarcísioCosta
Costaporpor ter chamado
ter chamado minhaminha atenção
atenção paia
para este este ponto,
ponto,
assim comoagradeço
assim como agradeçoa ele
a ele
e aeBoris
a Boris Fausto
Fausto as críticas
as criticas que fizeram
que fizeram à primeira
à primeira
versão desteartigo.
versão deste artigo.NaNa revisão»
revisão, sepude
se não não pude
atenderatender completamente
completamente a suas ob-a suas ob*
servações, espero haver tornado o texto mais equilibrado.
servaç§es> espero haver tomado o texto mais equilibrado.
2.50 E
tas) seiii esquecer-se
tas) sem esquecersededesuas
suas relações
relações comcom os mercados,
os mercados, nacional
nacional
e internacional,
internacional e,e, portanto,
portanto,dadapresença
presençadas dasclasses
classes sociais.
sociais. É este
É este
o0 maior desafio
desafioteórico
teóricodos
dosque
quese se aventuram
aventuram a estudar
a estudar as conse-
as conse-
qüências
quências da daexpansão
expansãocapitalista
capitalistapelopelo mundo
mundo afora,
afora, quando
quando esteeste
sistemamotor se enrosca
sister-na-motor se enroscacom
comasasforças
forçasque
quea história
a história
vaivai criando
criando
independentemente
independentemente dele, dele,senão
senãoqueque algumas
algumas vezes
vezes movidas
movidas por por
ele, eetenta
ele, tentasubordiná-las.
subordinálas.Raymundo
Raymündo Faoro
Faoro conseguiu
conseguiu nasnas
análi- análi-
ses nao se
ses não se enrolar
enrolarnos
nossargaços
sargaçospor poronde.
ondecaminha
caminha o capitalismo
o capitalismo
produzindo progressos,injustiças,
produzindo progressos, injustiças , violências
violênciasee também
também individua-
individua
lização, regrasmais
lização, regras maisconsentidas
consentidas e, eventualmente,
e, eventualmente, bemestar.
bem~estar. _
Se no final
Se 110 finalda
daobra
obraRaymundo
RaymündoFaoro Faorodádáum umpesopeso maior
maior dodo
qque
ue eu daria
daria à força
força do
doestarnento
estamento burocrático,
burocrático, civilcivil ee militar,
militar,epa-
epa-
rece crer
crer mais
mais em emsua
suapersistência
persistênciadodoque que nana dinâmica
dinâmica transfor-
transfor-
madora das classes,talvez
das classes, talvezhoje,
hoje, reconhecendo
reconhecendo queque o patrimonia-
o patrimonia-
lismo ainda pesa
lisrno ainda pesaememnossa
nossacultura
culturae eememnossasnossas práticas
práticas políticas,
políticas,
pudesse
pudesse dar darênfase
ênfasea aquequea sociedade
a sociedade civil
civil e ase forças
as forças de mercado
de mercado
têm tido influência
influênciacrescente.
crescente,EuEunão naodigo
digoissoisso imaginando
imaginando que, que,
com
como o co nseqüência» se fortalece
consequência, fortalecerá rá aa ideologia
ideologia liberal.
libera l Contempo-
Conte mpo .
raneamente o “estarne-nto'§
“estamento”,nonocaso casomaismaiscivil
civildodo queque militar,
militar, estáestá
cada vezvez mais
mais presente.
presente, A amálgama
amálgama entre entre partidos governantes e
partidos governantes
máquina pública
pública dispõe
dispõededeinstrumentos
instrumentosdedecontrole controleparaparacoop-
coop
tar tanto o setor empresarial
empresarial (via (viacrédito
créditoe econcessões
concessõesdedevanta- vanta-
gens várias) como
gens várias) como osostrabalhadores
trabalhadorese easasmas-sas massas despossuídas
despossuídas (via(via
benesses sindicaise etransferências
benesses sindicais transferências diretas
diretas de renda).
de renda).
Hão
Não obstante,
obstante, aa forma
forma global
globalque que0 ocapitalismo
capitalismoassumiu assumiu e e
o peso
peso dasdas grandes
grandesempresas,
empresas,aoaolado lado dada preservação
preservação de de valores
valores
de individualismo
individualismoe eliberdade
liberdadenanasociedade,
sociedade, queque a mídia
a mídia inde- inde-
pendente amplifica,fazem
pendente amplifica, fazemo ocontraponto
contrapontoàs às tendências
tendências patrimo
patrimo-
niaíistas.
nialistas. Ao Ao mesmo
mesmotempo,tempo,graçasgraçasasàsnovasnovastecnologias
tecnologias de de co-co-
municação ee àà formação
formação de deredes
redessociais,
sociais,quemquem sabe
sabe (de(de novo
novo o o
talvez...) as lutas
talvez...) as lutasememprolproldosdosconsumidores,
consumidores, a consciência
a consciência cres- cres-
cente de de que
que háháque
queseseestar
estar“conectado”
“conectado” e, portanto,
e, portanto, menos
menos cen-cen

1151
trado apenas
apenas no individualismo, possam ser
individualismo, possam ser sementes
sementes de denovas
novas
formas de sociabilidade
sociabilidade ee dedeatuação.
atuação.Talvez
Talvezsurjam
surjamtendências
tendências
que não joguem na lata de lixo lixo dada História
História oo queque dede positivo
positivofoi
foi
gerado ppelo
gerado elo lib eralismo ppolítico
liberalismo o l í t i c_
o ãa rrepresentação,
epresentação» oo amoramoràà le i
lei
e às liberdades
liberdades *›-,
■—, mas
mas criem
criem um um novo
novo humanismo.
humanismo. Humanis-
Humanis-
mo democrá
democráticotico que abomine aass ditaduras e os patr imonialismos
patrimonialismos
fantasiados dede progressismo,
progressismo,eeque quetampouco
tampouco se selimite
limiteaoaosaudo-
saudo-
sismo do self government nem acredite que
selfgovernment que aa regulação
regulação do doEstado
Estado
só se possa dar no âmbito do patrimonialismo,
patrimoniaiismo, com com imposições
irnposíçoes
de cim
cimaa a baixo
baixo..

I'

ll
I

1:.
_.` r

MCA
Epílogo
Livros que inventaram
Livros que inventaram oo Brasil*
Brasil*

Logo que iniciei


Logo que iniciei atividades
atividades não
não acadêmicas
acadêmicas ~¬ —r atividades'
atividades'
políticas
políticas -, umumaa das maiores dificuldades
das maiores dificuldadesque que tive
tive foi
foi falar
falarnas
nas )i
câmaras municipais.Habitualmente,
câmaras municipais. Habitualmente,ememcampanhacampanha eleitoral
eleitoral l ?
faz-faz
se
-se um périplo
périplo pel as câmaras,
pelas câmaras, e os governos
governos militares
militares dotaram
dotaram as as
câmaras
câmaras dede muito
muito boas
boascondições
condiçõesfisicas.
físicas.NaNamedida
medida emem queque
elaselas
foram esvaziadas
esvaziadasdedepoder,
poder,seu seu aspecto
aspecto ornamental
ornamental ficou
ficou melhor
melhor
servido, comoaconteceu
servido, como aconteceutambémtambémcom com.os sindicatos.Mas
os sindicatos. Masnas nascâ-câ-
maras isso
isso éénotável.
notávelSóSóquequea aarquitetura
arquiteturadas dascámaras
câmaras brasileiras
brasileiras

- já que voü falar
que voir falarsobre
sobre0oSérgio
SérgioBuarque,
Buarque,que que sempre
sempre gostou
gostou
muito
muito dedeanalisar os planos
analisar os planosdas das cidades,
cidades,ee sobre
sobreooGilberto
GilbertoFreyre
Freyre
das casasgrandes^permitómeaqui
das casas-grandesèpermito-me aquiuma
umadigressão
digressão arquitetôni j
arquitetôni-
ca -— obedece
obedeceààmesma
mesmadisposição
disposiçãodeste
desteanfiteatro
anfiteatro do do Itamaraty:
Itamaraty:
uma mesa,
mesa, onde
ondeficam
ficamososnotáveis,
notáveis,como
comoagora,
agora,e de
e de outro
outro lado
lado

* Originalmente
Originalmenteaula
aulamagna
magnaministrada
ministradaaos aosalunos
alunos do Insti
tutoRioRio
do Instituto Branco
Branco (8 (8
de maio
maiodede1993)
1993) pelo
pelo então
então ministro
ministro das Relações
das Relações Exteriores
Exteriores do Brasil, do Brasil, publi
publi-
cada emNovos
cada em EstudosCebmp,
Novos Estudos Cébrap, n
n.. 37,
37,nov.
nov. 1993,
1993,pp.
pp.21-35.
21-35-

-sir.
oo “Terceiro
“Terceiro Estado”.
Estado”Entre
Entreososnotáveis
notáveise eo oTerceiro
Terceiro Estado
Estado há há
umum
vazio, quequê come
come aa palavra.
palavra.PorPorisso
issoeueutinha
tinhamuita
muitadificuldade
dificuldade
de falar nas
nas camaras;
câmaras; oo professor
professorestá
estásempre
sempremais
maisacostumado
acostumado
a falar
falar próximo, ee eu
eu tinha
tinhaque
quefalar
falarlonge
longedodopúblico,
público, e isso
e isso da dá
aa. sensação de
de que
que aa palavra
palavracai
caino
novazio.
vazio.Venho
Venhohojehoje aqui,
aqui, e see se
repete aa cena.
cena. De
De modo
modo quequeeueumemedesloquei
desloqueidadamesa
mesa principaj
principal
para este púlpito não para ser imponente, mas para ficar um pow
para este púlpito não para ser imponente, mas pára ficar um pou-
quinho mais perto
perto dada audiência
audiência ee sentir
sentirmenos
menosmedomedodedeque quea a
palavra desapareça
desapareça no novazio,
vazio,umaumavez
vezquequea afalta
faíta
de de pensamento
pensarnento
srcinal
originalsobre
sobrea ammatéria
atéria jájáaumenta
aumentaesesse
se risco,
risco,eese rá pior
será pioraind
aindaa sese
a arquitetura ajudar
ajudar nanatarefa
tarefadedejogar
jogaroopensamento
pensamentoriorioabaixo.
abaixo.
Dito isto, eu
eu quero
querolheslhesdizer
dizerque
quegostaria
gostariadede conversar
conversar nes~nes-
ta tarde com bastante liberdadesobre
bastante liberdade sobretrês
trêsautores:
autores:Caio
CaioPrado,
Prado,
Sérgio Buarque e_Gílberto
Sérgio Buarque eyGilbertoFreyre.
Freyre,Para
Paratanto
tantofarei
farei
umum misto
misto due de
evocação e interpretação.
interpretação. Evocação
Evocação porque,
porque,por porcircunstâncias
circunstâncias
da vida, eu
eu conheci
conheci os os três.
três.Conheci
Conhecimenos
menoso oGilberto
GilbertoFreyre?
Freyref
por diferença não só só de
de geração
geração mas
mas dede região.
região.Talvez
Talveztenha
tenha co-co-
nhecido mais de de perto
pertoSérgio
SérgioBuarque,
Buarque,dedequemquemfuifui amigo
amigo e que
e qtie
me examinou duas vezes,uma
duas vezes, umadelas
delasnuma
numatese tesedede cátedra.
cátedra. CornCom
Caio Prado, trabalhei
trabalhei no no conselho
conselho dadaRevi st a Brasiliert
Revista se. Tive,
Brasiliense. Tive,
portanto, um
um contato
contato mais prolongado
prolongado com o Caio Caio ee com
com oo Sér-
Sér-
gio. Quando
Quando se conhecem os
se conhecem osautores
autoresde
de perto,
perto, na
na hora
horadedefazer~se
fazerse
a interpretação ficase talvezmais
fica-se talvez maistoldado
toldadoe,e,aoaomesmo
mesmotempo,tempo,
mais motivado.
mais motivado.
Num
Num dos prcfácios
prefáciosdodoRaí
Raízes
zps do Brasil há umum estudo deAn-
estudo de An-
tonio Cândido
Candido de Mello
MelloeeSouza,
Souza,um umpequeno
pequenoestudo
estudo
nono qual
qual
Cândido
Candido diz que esses
diz que essestrês
trêspersonagens
personagensforamforam básicos
básicos para
para, a sua
a sua
geração porque doisdois escreveram
escreveramseusseuslivros
livrosprincipais
principais
nosnos
anosanos
1930
1930 ee Caio
Caio P rado es
Prado creveu em
escreveu em 19 45, próximo,
1945, próximo, portanto,
portanto, da
da špo~
épo-
ca de formação da da geração
geraçãode deAntonio
AntonioCandido.
Cândido.Nossos
Nossos autores
autores
influíram quase
influíram quaseque
quediret amente nas
diretamente naspessoas
pessoasdadacoorte
coorte geracional
geracional
de
-de Antonio Cândido. Formaram os
Candido. Forrnaram os três
três pilares
pilaresfundamentais
fundamentaisdo:do

164
pensamento sobre sobre oo Brasil
Brasilatéatéentão.
então.SeSeAntonio
AntonioCandido
Cândidopu- pu-
desse escrevermais
desse escrever maisrecentemente
recentementeo omesmo mesmoprefácio,
prefácio,talvez
talvez acres-
acres-
centasse outro autor, que,tenho
autor, que, tenhocerteza,
certeza, eé muito
muito de de seu
seuagrado:
agrado:
Celso Furtado.
Furtado.
*Ú curioso é que, que, sesealguém
alguémfor forpensar
pensarhojehojesobre
sobreasascontri-
contri-
buições básicas
básicas para
pará aainterpretação
interpretaçãodo dóBrasil,
Brasil,esses
essestrês
trêsautores
autores
estarão no panteão dos dos notáveis
notáveisdo domesmo
mesmojeito.
jeito.EEnão
nãoporporaca-
aca-
so foram
forarn selecionados
selecionados parapara servir
servirdedemarco
marco nesta
nesta reflexão
reflexãosobre
sobre
Tratase de
o Brasil. Trata-se de autores
autorescom com contribuições
contribuições muitomuito díspares,
díspares,
muito diferentes umasdas
diferentes umas dasoutras.
outras.Embora
Emboraseus seuslivros
livrosprincipais
principais
ten ham sido escritos
tenham escritos proxi mamente uns
proximamente uns dos
dos outros,
Outros, especialmen-
especialmen {
te o do Sérgio Buarqueeeoodo
Sérgio Buarque doGilberto
GilbertoFreyre
Freyre_—;Casagr
Casa-grande
ande &of
senzala é de
senzala de 1933
1933 eeRai
Raízes Brasill é de 19
do Brasi
zes do 36 ee,, port
1936 an to, es
portanto, tavam
estavam
reagindo ao ao mesmo
mesmo clima
clima intelectual
intelectualeepolítico
político--, —**eles analisa-
eles analisa-
ram oo país
ram; país de
de ângulos
ângulosbastante
bastantediferentes.
diferentes,Não Nãoobstante,
obstante,surgem
surgem
na mesma leva de de pensamento
pensamento ee foram foram motivados
motivados pela pelamesma
mesma
ma triz que srcino
matriz u esesse
originou se esforço
esforçodederepe nsar ooBrasil.
repensar Brasil. ?
Nas interp retações sobre
interpretações sobre o Brasil dos anosanos 11930 até mesmo f
93 0 e até
um pouco
pouco antes,
antes, com Alberto Torres,havia
Alberto Torres, haviaum umforte
forte predomínio
predomínio
de ideias
ideias antílíberais.
antiliberais.Os Osgrandes
grandes autores
autores eramOliveira
eram Oliveira Vianna
Vianna e, e,
depois, Azevedo
AzevedoAmaral.
Amaral.Neste
Nesteúltimo,
último*a adefesa
defesadodoEstado
Estado auto-
auto-
ritário éé aberta, e Oliveira
OliveiraVianna
Viannamal mala aesconde.
esconde.láJáososdoisdoislivros
livros
de Sérgio
de Sérgio ee de
de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre --
—gdepois
depois eu eu vou
vou aoao Caio
Caio -- r * têm
têm
uma visão bem diferente.
diferente,AAvisão
visãodedeGilberto
GilbertoFreyre
Freyrefoifoirevolu-
revolu-
cionária,
cíonária, embora mais tardetarde aa minha
minha geração
geração custasse
custasse aa crer
crerqueque
Gilberto Freyre
Freyre tivesse
tivessetido
tidoum
umpapel
papelrevolucionário.
revolucionário.
Foi m e pedid#
Foi-me pedidã em algum
algum momento
momen to que fiz esse uma síntese
fizesse síntese
crítica do pensamento
pensamento de de Gilberto
GilbertoFreyre
Freyreeeeueua aescrevi.
escrevi.AoÁoten- ten-
tar realizála, comecei fazendo
realiza-la, comecei fazendo umauma alusão
alusão umum pouco
pouco perversa
perversa
à sensação
sensação queque tive
tivequando
quandovoltei
volteiaoaoChile,
Chile,emem1974,
1974* depois
depois do do
golpe de
golpe de Pinochet. Regressava ao
Pinochet Regressava aopaís
paíspela
pelaprimeira
primeiravez
vezdepois
depois
de seis anos (fui
seis anos (fuilálápara
paraparticipar
participardedeuma
umareunião
reuniãonanaClepal).
Cepal).EuEu

265
tinha vivido
vivido nono Chile
ChilededeAlessandri,
Alessandri, dede Frei
Frei ê de
e de Allende;
Allende; quando
quando
yolíel,
voltei, oo regime era
regime era.ditato rial, ee vários
ditatorial, vários d os meus
dos meus amigos
amigos ainda
ainda es»
es*
tavarn presosou
tavam presos ouhaviam
haviamsido sido desterrados,
desterrados. Quando
Quando se se volta
volta a um
a um
país muito proximo
próximo - — eueu láláhavia
haviaficado
ficadoquatro
quatroanos
anosseguidos,
seguidos,
no exílio
exílio —-,, as
as evocações
evocações são
sâo inevitáveis.
inevitáveis. Eu tinha
tinha muita
muita reserva
reserva
em
em voltar, porquehavia
voltar, porque haviagostado
gostadoimensamente
imensamentedodòChile.Chile.Lá Lá
vivivivi
numa época muito fecunda intelectualmente, não so para mim,
numa época muito fecunda intelectualmente, não só para mim,
mas para muita
muita gente,
gente,época
épocaem emquequea a'Cepal
Cepalproduzia
produziaum umpen¬
pen-
samento crítico bastante forte
crítico bastante forteeeaaUniversidade
Universidadechilena chilenapulsava
pulsava
democrack.
democra-cia. PorPor isso, eu tinha
isso, eu tinha certo
certo medo
medo de de voltar
voltar aoao Chile
Chileno no
regime militar.
militar, Voltei.
Voltei. A A recor dação, nas circunstâncias,
recordação, circunstâncias, era inevi-
inevi-
tável, porque oocheiro
tável, porque cheirodas dasárvores
árvorese dase das flores
flores é oémesmo,
o mesmo, os fru-
os fru-
tos têm o mesmo sabor, sabor,aacordilheira
cordilheirados dosAndes,
Andes,com comaquela
aquela corcor
esbranquiçada
esbranquiçada de desempre,
sempre,o océu, céu,quequeàsàs vezes
vezes parece
parece o deo de Brasília,
Brasília,
tud
tudoo aq uilo éétäo
aquilo tao grato,
grato, tão agradável,
agradável, tão tã o prazeroso
prazeroso.. «ÉE estranho a
gente ter
ter uma
umasensação
sensaçãoagradável
agradável numnutri
paíspaís
ao ao
qualqual politicamentef
politicamente?
se está odiando.
se está odiando.Na 3>ía ocasião,
ocasião, li numli num jornal,
jornal, ercúr i o, que é o
EIMMercurio,
El O
mais importante
importante do do Chile,
Chile,uma umalongalongaconferência
conferênciadedeBorges,
Borges, de”dl
forge Luis Bor
lorge Luis ges. Ele tinha
Borges. tinha ido
ido aoaò Chile
Chile para
para receber
receber um um prêmio
prêmio
dos
dos milit ares,Li
militares. e me de
Li eme liciei, óo que
deliciei, que me
me produziu
produziuem emseguida
seguida umauma
cert
certaa indignação
indignação":: eu me me sentia
sentia feliz
feliz com
com oo Chile~físico
Chilefísicoeedeliciado
deliciado
pela leitura
leitura dedeBorges,
Borges,apesar
apesardodohorror
horrorque quesentia
sentiadodoregime
regimedede
Pinochet
Pinochet.Era Era demais; fiqueiindignado
demais; fiquei indignadocomigo.comigo.AAconferência
conferênciadede
Borges sobre aalíngua
língua espanhola,
espanhola, sobre
sobre oo iidioma castellano
di oma cast el l ano era ad-
mirável.
mirável. Ma
Mass fazia
fazia a defesa
defesa mais
mais reacionária
reacionária possível
possível dadaintangibi-
intangíbi
lidade
lidade dada língua,
língua,dadanecessidade
necessidade de de evitar
evitar queque a língua
a língua evoluísse.
evoluísse.
Tudo escrito
escrito de
de uma
umamaneira
maneiratão tãobela,
bela,tãotãoconvincente,
convincente,que queeueu
me empolguei
empolguei com com aaconferência.
conferência,Fiquei
Fiqueicom comraiva
raivadedemim mimtaltal
era o ódio político queeu
político que eu'nut-ria
nutriapelo
peloChile
Chiíedos dosmilitares:
militares:não não
deveria ser possível
deve-ria ser possívelsersertão
tâocerebrino
cerebrinoe separar
e separar a emoção
a emoção estética
estética
da
dass circunstâ ncias.;,
circunstâncias.
Comecei aacrítica
Comecei críticaaaGilberto
Gilberto Freyre
Freyre referindo
referindoesse
essefato
fatoporque
porque

66
2266
fui
'fui rele
relerr - faz lá uns quinze
quinze anos
anos isso,
isso, não
não sei-
sei oo Casagra
Casagrande ea
nde &.
senzala e aconteceu a mesma coisa.
senzala coisa. Uma
Uma releitura
releiturado
doCasagrande
Casa -grande
senzala, feita
eš~ senzala,
& não com
feita não com oo olhar do jovem
jovem sociólogo
sociólogo militante,
militante,
qu
quee que
quer,r, naturalmente, cob rar dos outr
cobrar outrosos um
umaa postura de recusa
da ordem estabelecida, mas uma
estabelecida, mas uma releitura
releitura de
dealguém
alguémmais
mais.madu-
madu-
ro —- a idade inevi tavelmente ac
inevitavelmente alm a -,
acalma —, uma rele itura um
releitura um pouco
pouco
mais serena do Casa-grande 6' senzala, sem que se fique na torci-
mais
da pa serena
ra saberdoqu
para
Casagran de & senzal a , sem que se fique na to rci -
al é
qual é o0 método, mas simple smente trata
simplesmente ndo de ver
tratando
o0 que dizdiz o livro, apaixona.
apaixona. EE apaixona,
apaixona, em em primeiro
primeiro lugar,
lugar, pela
pela
literatura, porque Gilberto
Gilberto Freyre faz faz com
com asas palavras
palavrasooque quequer.
quer.
Convém pular os pre fácios, porque são tão cabo
prefácios, tinos que pod
cabotinos podemem j
dar um
umaa im pressão menos à altura do que o llivro
impressão ivro propriame
propriamente nte »
é. Mas po livro
livro apaixona.
apaixona. E, E, mais
mais ainda,
ainda, éé um
um livro
livrono noqual
qualaavida
vida
cotidiana aparece.
aparece. Hoje iss issoo é banal. E na soc iologia, então, a so
sociologia, so--
ciologia do cotidiano, a antropo logia do cotidiano
antropologia cotidiano,, se to rn ou alg
tornou algoo
no rm al , mas o livro jéé de 19
normal, 33 ! Gilberto Freyre
1933! Freyre foifoi discípulo
discípulo de de
Franz Boas, mas nem Boas tinha esse interesse pelo
esse interesse pelocotidiano.
cotidiano.EÉ )
verda
verdade de que
que os antrop ólogos são mu
antropólogos ito mais volta
muito voltadosdos par
paraa a vida f
co m um do que ooss sociól
comum ogos ou me
sociólogos sm o do
mesmo do qu
quee ooss historiadores*
historiadores,
que, geralmente,
geralmente, descrevem
descrevemos osgrandes
grandesfeitos,
feitos,mesmo
mesmonanahistória
história
social. Mesmo assim, não era comum comum erigir
erigir aa vida
vida cotidiana em em
grande personagem.
O
O fato
fato é que Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre, dede alguma
alguma maneira,
maneira,introduz
introduz
iia
na literatura sobre o BrasilBrasil aa vida
vida cotidiana,
cotidiana, aa família,
família,aacozinha,
cozinha,
a vida sexual,
sexual, osos maus hábitos,
hábitos, ou ou bons,
bons, nao
não sei.
sei. Enfim,
Enfim, assume
assume
uma dimensão que que não é É a dimensão usual do intelectualintelectual bra-
bra-
sil eiro. A dimen
sileiro. sãô usua
dimensão usuall é desco nhec er —
desconhecer -- era, e aind
aindaa éé,, des-
co nhec er —
conhecer -- o peso da rotina e sublinhar ooss fa tos q
fatos ue são mais
que
significa tivos, e, po
significativos, rtanto, esvaziálos
portanto, vivência. Gilb
esvaziá-los de vivência. erto Fre
Gilberto yre
Freyre
não. Descreve uma história social, às vezes vezes idílica,
idílica,mas masmesmo
mesmo
quando idílica,
idílica, quando não corresponde
corresponde aa uma uma pesquisa
pesquisa ou a
dados documentais,
dados documentais, aa referência
referência analítica
analítica abrange
abrange aspectos
aspectosan- an

25?
-'&_>-f.

.'_-'

tropológicos
tropoiógicos do cotidiano. Issonum
cotidiano. Isso numgrande
grandelivrolivroem emquequeseseestá
está
._.-.r«.- v.-|n\-. I'-
pensando oo Brasil.
Brasil,
D epois» Gilberto
Depois, proclama que
Gilberto proclama que nós
nós somos
somos mestiços
mestiços eeque
queser ser
mestiço ée bom. Ele Ele não
não está
estáisento
isentodedepreconceitos,
preconceitos,por porexemplo,
exemplo,
com relação
relaçäo aos índios,
índios, que
quenunca
nuncaforam
foramdedeseu seumaior
maioragrado.
agrado
Mas com relação
relação à.à cultura
cultura africana
africanaeeaos aosnegros,
negros,Gilberto
Gilbertoatéatéosos
idealiza. E isso também é absolutamente revolucionário para a
idealiza. E isso também é absolutamente revolucionário para a
época. Oliveira Vianna,que
Oliveira Vianna, queera eramulato,
mulato,tinhatinhahorror
horrordisso.
disso.EmEm
outros autores,
autores, aa busca
busca dede uma
uma espécie
espéciededebranqueamento
branqueamentoeraera
constan
constante,te, branqueamento não não sósó físico —
físico ¬¬ não se consegue
consegue tantan~-
to —-~. m as es
mas piritual. En
espiritual. tão» par
Então, paraa qu
quee tocar
to ca r ne sses aspectos
nesses aspectos discu-
discu-
tíveis de uma
tíveis de uma formação
formação histórica
históricaquequeestá
estáñncada
fincadananaÁfrica,
África,emem
grupos tribais? GilbertoFreyre
tribais? Gilberto Freyrenãonãotemtemmedo
medodisso,disso,vai
vaidireta»
direta-
me
mentente a essas
essas ques tões.
questões. ill
Ao fazer esse tipo de revolução, quase copernicana, tendo '1

Ao fazer
em vista esse tipo
a literatura
literatura de
da época,
da revolução,
época, coloca ooquase
coloca negrocopernicana,
negro como primazia.
como primazia.tendo P
Mas, ao mesmo tempo, tempo, mostra
mostra aa contradição
contradição fundamental
fundamentalentre entre
a ca sagra
casa- nde e a senzala.
grande senzala. Euclides
Euclides da daCunha
Cunha já haviahavia feito
feitoalgo
algose-Ê
se4
melhante,
rnelhaute, comcom o sertanejo,
sehanejó, quequeeraera“antes
“antesdedetudotudoum umforte°Í
forte”Mas Mas F'
o sertanejo nãonão éè umum negro;
negro;oosertanejo
sertanejoé èoobranco
brancoqueimado,
queimado,àsàs
vezes mestiço
mestiço de de índio,
índio»atéatécafuzo,
cafuzo,mas masnãonãoumUm negro.
negro. Gilberto
Gilberto
Freyre coloca oo negro,
negro, junto
junto com
com oo português,
português, como como parte
parte fun-
fun-
damental da da plasticidade
plasticidadedadacultura
culturaquequeaqui
aqui se se
foifoi constituindo.
constituindo.
E não o ffaz",
az» apenas
apenas -.-— eu volto
volto aoao tema
tema daqui
daqui aa pouco
poucó -,— , dede
forma, digamos, retórica. Quer
digamos, retórica. Querdizer,
dizer,aoaomesmo
mesmotempo tempoem émque que
enaltece aa casa-grande,
casagrande,não nãodeixa
deixadedemostrar
mostrarque quea acasa-grande
casagrande é é
insep arável da senzala.
inseparável senzala. E mostra,
mostra, o que
que era sabido
sabido -- — porém
porém mos-
mos-
ttra
ra co
comm maestria sociológica -»--,
maestria sociológica —■>que
que aa sociedade
sociedade patriarcal
patriarcal estava
estava
fundada num num tipo
tipo dede exploração
exploraçãoeconômica
econômicaque quesupunha,
supunha,evi- evi-
dentemente,
dentemente, aa grande
grande propriedade,
propriedade,0olatifúndio.
latifúndio.Mostra,
Mostra,enfim,
enfim,
que a fidalguia
fídalguiadadacasa-grande
casagrandecoexistia
coexistia coma massa
com a massa dede escravos.
escravos.
Evidentemente, aa partir
Evidentemente, partirdaí,
daí,nanavisão
visãododopatriciado
patriciadoconsti-
consti-

263
tuído pela classe
ruído pela classe senhorial,
senhorial,Gilberto
GilbertoFreyre
Breyreidealiza
idealiza muito.
muito. EmÉm
toda a análise
análise posterior
posterior sobre
sobreaainexistência
inexistênciadodopreconceito,
preconceito,dede
que
que tudo se se assimila
assimila em em nossa
nossacultura,
cultura,não
nãoresiste
resisteà àcrítica
criticamais
mais
objetiva*
objetiva. EuEu próprio
próprio escrevi
escrevium
umtrabalho
trabalhosobre
sobreo onegro
negrononoRio Rio
Grande do Su Sull par
P araa contrastar
contrastar com a visão
visão idealizada
idealizada de de Gilberto
Gilberto *
Freyrerdo
FteY re;-do que
Q ue era
era até
até mesmo
mesmo aa relação
rela ão com
comas asmucamas,
mucamas, oo que ue
era o es-cravo
escravo doméstico,
doméstico, aa distinção
distinção entre
entre oo escravo
escravododoeíto,
eito,dadá
lavoura, e oo escravo
escravo doméstico,
doméstico,aa“bondade”
“bondade”nanarelação
relaçãocom como oes»es-
cravo doméstico, e aa influência
influênciada darnucama
mucamasobre
sobreoosenhorzinho.
senhorzinho.
Tudo isso
isso é visto
visto de
de uma
uma perspectiva
perspectivabastante
bastanteadulterada,
adulterada,bas»bas-
ta nte def
tante ormada. Mas, dentro dessa
deforrnada. deformação, que
dessa deformação, que éé inegável
inegável f
a pa rtir de qualquer
partir qualquer ângulo
ângulo mais
mais objetivo
objetivo de
de análise
análise sociológica,
sociológica, \
na verdade Gilberto Freyre pintou
Gilberto Freyre pintouum um mural.
mural. EÊtalvez
talvezseja
sejaessa
essaa a
primeira razão pela qual qual um
um livro
livro como
como Casa
Casa-grande
grande &cr senza-
senzúr
la permanece
permanece vivo:
vivo: tem a capacidade
capacidade dede sintetizar
sintetizar (característica
(característica
também da
também da obra
obra dos
dos outros
outros dois
dois autores
autores que
que estamos
estamosconside-
conside-
ran do ). Na ho
rando). ra da síntese
hora síntese muito sese esfuma,
esfuma, desvanece.
desvanece, U ma por-
Urna
çã
çãoo de aspe ctos, eespecialmente
aspectos, specialmente aa rugosidade
rugosidadedo real,real, que
que éé sempre
sempre
desagradável,
desagradável, podem podem desaparecer
desaparecernanasíntese.
síntese,sempre
semprepurificada
purificada
de eventuais distorções
distorções ou ou imperfeições,
imperfeições, àà luz
luzdadateoria
teoriaquequese se
quer enaltecer,
enaltecer.
Gilberto Freyre faz faz uma
uma síntese
síntese com
com força
força intelectual
intelectualque que
não
não éé fácil encontrar nas
fácil encontrar análises sobre
nas análises sobre outros
outrospovos.
povos.SobreSobreosos
Estados Unidos existe um painel vigoroso feito por um francês,
Estados Unidos existe um painel vigoroso feito por Um francês,
Alexis
Alexis de de Tocqueville.
Tocqueville.Em BmAÀdemocraci
democraciaa na ri ca , To
na AAmérica,
mé cquevil
Tocque-vil»
le faz
faz isso-
isso. As
Às páginas
páginasdedeWeber
Webertêmtêmestatura
estaturaintelectual
intelectual ainda
ainda
maio
maior. r. Mas, no caso de Gilberto
Gilberto Frey re, trata-se
Freyre, tratase de
de alguém
alguém que
que
está refle tindo sobre aa sua
refletindo sua própria
própria história,
história, sua
sua própria
própriarealidade.
realidade.
ÉE sempre mais difícildifícil uma
uma síntese
síntesecrítica
crítica(embora,
(embora,nonocaso casoemem
tela, tarnbém
também laudatória) quando se
laudatória.) quando sefala
feiadodopróprio
próprioumbigo.
umbigo.
O outro
outro lado
lado que
que me parece fazer
fazer com
com que
que Casagrande
Casa-grande &efr
senzctla permaneça é o da produção
senzala produção dede umum mito.
mito.OOencanto
encantododo

269
livro dede Gilberto
GilbertoFreyreFreyreé que
é que ele,ele,
ao ao mesmo
mesmo tempo
tempo emem queque des-des-
venda, oculta
oculta ee rnistifica.
misttfka.Mas MasGilberto
Gilbertofazfazum ummitomitoqueque é nosso
é nosso
mito. De alguma maneirapropõe
alguma maneira propõeuma umaima-gem
imagemque queasaspessoas
pessoas
gostariam que fosseverdadeira.
que fosse verdadeira.Essa Essaimagem,
imagem, sendo
sendo mítica,
mítica, de-de-
for ma. O
forma. O mito
mito temtem que
que ter
ter sempre
sempreuma uma estrutura
estrutura simples
simples dede opo-
opo^
siç ões binár
sições ias. Quem
binárias. Quemleu leuLévi-Strauss
LéviStrauss sabe sabedisso.
disso, E£ tem
tem dedeconter
conter
oposições claras. A estrutura de Casagrande ei* senzala é uma es~
oposiçoes daras, A estrutura de Casa gra nde & senzal a é uma es-
tr utura sim
trutura ples, a oposição
simples, oposição éé clara tambem.
também. O 0 “nós”
"nós” que
que sese forma
forma
é o “nós”
“nós” quequeestáestábaseado
baseado nana casagrande
casa-grande e nae na senzala,
senzala, nas tias
raçasraças
formadoras, e se se opõe
opõeaos aosoutros,
outros,que quenãonãosão sãoassim.
assim. NãoNão É oé o
holandês quem quem vai vaiplasniar
plasmar0 oBrasil:
Brasil:nãonãopoderia;
poderia; é oé português,
o português,
porque o português
português consegui-u
conseguiuessa essaamálgama
amálgamacom com o negro
o negro queque
permitiu a individualidade
individualidade dadacivilização
civilização brasileira,
brasileira, criando
criando uma uma
identidade redefinida miticamentepor
redefinída rniticamente porGilberto
GilbertoFreyre.
Freyre.E Ecriqu
criou
uma identidade
identidade que quefezfezcom
comquequeo oleitor,
lei|or,
ao ao lêla,
lê-la, nãonão a rejeitasse,
a rejeitasse.
Não se se trata de um um mpelho
espelhohorroroso,
horroroso,para paramostrar
mostraruma umacarã carf
que nos
nós n ão gostaríamos
não gostaríamos de deter.
ter. Será
Será umum espelho
espelhonarcisista,
narcisista,como
como
o próprio autor, aliás,sempre
autor, aliás, semprefoi? foi? Quem
Quem o mirar
0 mirar achará
achará queque noÊ-nos-
sa ca ra é be
cara la e gostosa
bela gostosade de ser
servista.
vista,
6É esse misto de
esse misto degrande
grandeescritor,
escritor,com comuma umasólida
sólida formação
formação
em ciências sociais,
sociais, treinado
treinadonanaUniversidade
UniversidadeColumbia,
Columbia, discí-
discí-
pulo de Franz Boas, que sabia das coisas, que era versado em li-
pulo de Franz Boas, que sabia das coisas, que era versado em li-
teratura, especialmente
especialmente inglesainglesae eamericana,
americana,que quefazfaz
dede Gilberto
Gilberto
Freyre o autor de dé um
um livro
livropermanente;
permanente;esse essemisto
mistodedealguémalguém
com base acadêmica
acadêmica ee que queê é capaz de sintetizar
sintetizar — -~ sí ntese que
síntese que
não deixa de de ter
ter algum
algumelemento
elementocrítico,
crítico,mas,
mas,aoao mesmo
mesmo tempo,
tempo,
abrese
abre-se para
para uma dimensão
dimensãoutópica,
utópica,mítica,
mítica,duradoura.
duradoura,
ÊÉ fácil, dede um
umponto
pontode devista
vista objetivo,
objetivo,destruir
destruir alguns
alguns funda-
funda-
mentos de Casa Casa-grande
grande & df senzala. Não, é claro,claro, oo mural
mural inteiro;
inteiro;
mas mumuitoito do queque Gilberto
Gilberto dizdizéé fácil
fácildedeser
sercontrastado
contrastadocom com uma uma
bo
boaa base empírica.
empírica. ÉÉ só só mandar
mandarfazerfazer dez,
dez,vinte
vinte teses
tesesde
de-mestrado,
mestrado,
e se pulverizam
pulverizam muitos argumentos do
muitos argumentos do livro.
livro. Mas
Mas isso
issonão
não lhe
lhe tira
tira

1?ü
a força, Não tira
força. Não tira oo que
que ele
eleteve
tevededeinovador
inovadorpara
paraa época,
a época,aoao
co-co-
locar
locar em
em evidência
evidência aa vida
vidacotidiana,
cotidiana,requisito
requisitofundamental
fundamentalpara para
áa compreensão
compreensão do do pais;
pais; ao
ao assumir
assumirumaumacara
caraprópria
própriado doBrasil,
Brasil»
embora mistificada,
mistificada, masmasumaumacara
caraque
quenão
nloera
eraconvencional;
convencional;aoao
aceitar oo que
que ososfranceses
françeseschamariam
chamariamdedené gri t ude, embora um
négritude,
pouco disfarçada,
disfarçada»amulatada;
amulátada;aoaomesmo
mesmotempo,
tempo, ao ao não
não esconder
esconder
a perversidade e endeusar os senhores; e ao mostrar que, ape-
a perversidade e endeusar os senhores; e ao mostrar que, ape-
sar de
de tudo,
tudo, esse
essesistema,
sistema,esse essepatriarcad-o
patriarcadobrasileiro,
brasileiro, foifoi capaz
capaz de de
criar uma civilização,
civilização*
Essas
Essas são,são, digamos
digamos assim, assim»as ascaracterísticas
características queque tornam
tornam
Casagrande
Casa grande &ci' senzal
senzalaa um livro contemporâneo*Sua
livro contemporâneo. Suacontempoi
contempo|
raneidade
raneidade derivaderivaprecisamente
precisamentedadasua suaatemporalidade.
atemporalidade. EleEle criou \
criou
o mito que, ao ao mesmo
mesmo tempotempo em em queque deforma,
deforma,explica.
explica.DaquiDaqui
a quinhentos
quinhentos anos, anos,talvez,
talvez,ososantropólogos
antropólogosdodofuturo futurovão vãotomar
tomar
o livro
livro de de Gilberto
GilbertoFreyre
Freyrecomo comoososantropólogos
antropólogoshoje hoje estudam
estudam
certos
certos mitos, que que contêm
contêmformasformasde deexplicação
explicaçãodadasociedade,
sociedade,em-I em-
bora não “científicas” Qualquerleitor
“científicas'Í Qualquer leitormais maisrigoroso,
rigoroso» qualquer t
qualquer
sociólogo positivistaou
sociólogo positivista oufuncionalista,
funcionalista,ououmarxista, marxista, pegapega o livro
o livro e ef
pode estraçalhá-lo.
estraçalháló. Não Nãotem temmuitamuitaimportância
importânciaisso. isso» OO queque temtem
importância éé que que 0o livro
livrorealmente
realmenteabriu abriuuma umavereda,
vereda,um umcami-
cami-
nho.
nbo. EE talvez
talveztenha
tenhainfluenciado
influenciado menos
menos dodo que
que devesse,
devesse, porqueporqueas as
posições
posições de deGilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,mais maistarde,
tarde, foram
foram posições
posições conserva*
'conserva-
doras»
doras, que queafastaram
afastarama jovem
a jovem intelectualidade
intelectualidade da da possibilidade
possibilidade de de
entender o significado
entender significadodedeCasaCasa-grande
grande & ef» senzal
Senzala, Gilberto Freyre
a, Gilberto Freyre
não escreveu
escreveuoutrooutrolivro
livrocomcoma amesmamesmaforça. força.Tentou
Tentou fazer
fazer algoalgo
do do
gên ero com Sobrado
gênero Sobradoss ee mucat
mucambos nbos ee,» até certo
certo ponto,
ponto, comcom O Ordem
rdem ee
progresso., M
progresso Masas el
elâS não tiveram
tiveram aa capacidade
capacidadede depintar
pintarum umpainel
painel
com igual força.
igual força.

].á oo livro ddee Sé
livro rgio Bu
Sérgio arque de H
Buarque olanda —
I-Iolanda -- escr ito trê
escrito trêss an os
anos
depois
depois de de Casa
Casa-grande
grande & ci' senzal
senzala,a » em qu quee Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre lhe lhe
agradece
agradece pela pela contribuição
contribuiçãoprestada prestada(pois (poisSérgio
Sérgio traduziu
traduZ_i'u algu-
algu-
mas obras
mas obras do
do alemão
alemãopara
paraque
queGilberto
GilbertoFreyre
Freyrepudesse usá-las)
pudesse usáías)

271

-«- tem uma conotaç
conotaçãoão distinta. E eu diria que, em
distinta. bora o li
embora vro ddee
livro
Gilberto Freyre
Freyre seja
sejamais
maisvulnerável
vulnerávelà àcrítica,
crítica,é éuma
umaarquitetura
arquitetura
de grande
grande porte,
porte, enquanto
enquantooode deSérgio
Sérgionãonãoé éassim.
assim.Raí zes do Bra-
Raízes Bra-
sil é quase
sil quase uma
uma miniatura
miniaturade depintor,
pintor,daquelas
daquelasque querevelam
revelammuito,
muito,
como se se fosse da lavra
fosse da lavrados
dospintores
pintoresgeniais
geniaisdasdasFlFlandres
andré s que, aoao
fazer uma miniatura,
miniatura, àsàs vezes
vezesnonointerior
interior dodo quadro
quadro maior,
maior,re- re-
velam na
velam minúcia tudo
na minúcia tudo que
que pode
pode ser
servisto
visto em
em ponto
ponto maior
maior na na
grande obra.
obra. ;
Do po nto de
ponto de vista
vista dada história
história das
das; ideias,
idéias, Sérgio
SérgioBuarque,
Buarque, em em
Raízes
Raí Brasil,, ttalvez
zes do Brasil alvez tenha produzido uuma ma revolução maior ddoo
que a feita
feita por
por Gilberto
GilbertoFreyre.
Freyre.Não
Nãoé émaior
maiorquanto
quantoà àarquitetura
arquitetura
da ob ra oou
obra u quant
quanto o à compreens
compreensão ão do Brasíi, nem as categorias
Brasil, nem categoriasdo
Sérgio são categorias
categorias de detipo
tipoestrutural.
estrutural.Gilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,bem
bemou ou
mal, faz
faz uma análise
análise estrut ura! ---
estrutural — ■histórica
histórica ee estrutural.
estr utur al O
O diilo
diálo-as
, G
go que Sergio mantem é o de uma iluminura, é mais sofisticado,
go que Sérgio mantém é o de uma iluminura, é mais sofisticado,
não tem as caracteristicas
características de deum vasto
vasto mural.
rftural, Mas
MasRaí zes do Brasil f5* .
Raízes
tem algo de mais
mais --› v palavra
palavraruim
ruim-- —*moderno.
moderno. O O livro
livro de
de Gil-
Gil-
berto fòí
foi um llivrq
ivr^que comoveu pelas
que comoveu pelas razõe
razõess que eu disse:
disse: fez um
mito sobre
sobre nós próprios*
próprios. OO de deSérgio
Sérgionãonãocomoveria
comoveria tanto
tanto desse
desse
ponto dede vista, embora também desvende
embora também desvende alguns
alguns aspectos
aspectos im»im-
portantes da cultura
cultura brasileira,
brasileira,eeaté
atémesmo
mesmodo docomportamento
comportamento
dos brasileiros;
brasileiros;mas mascreiocreioque
quea aparte
partemais
maissignificativa
significativa dodo traba**
traba-
lho do Sérgio é outra. É que Sérgio é um pensador radicalmente
Iho do Sérgio
democrata, é outra.
coisa
coisa que £ que Sérgio
Gilberto
que Gilberto é não
Freyre
Freyre um
nãopensador radicalmente
era, OO pensamento
era. pensamento de
de
Gilberto Freyre
Freyreéédocemente
docementeconservador,
conservador,ele eleconcede
concedeaoaopovo
povoouou
ao escravo, mas
mas não não está
estáinteressado
interessadoem emexplicar
explicarseseasascoisas
coisasvãovão
mudar, por que vão vão mudar,
mudar,atéatéque
queponto
pontoaaestrutura
estrutura patriarcal,
patriarcál,
em vez de
de ter
ter oo lado
ladopositivo
positivoressaltado,
ressaltado,tinha
tinhatambém
tambémlados
ladosque
que
obstaculizavam
obstaculizavarn as asmudanças
mudançase eperpetuavam
perpetuavamuma umaordem
ordeminjusta.
injusta.
Sérgio não.
não. EleEle está
estáootempo
tempotodo
todotratando
tratando de de mostrar
mostrar que
que
temo
temoss raízes até ibéricas
raizes até ibéricas — Gilberto Freyre
- Gilberto Freyre também
também falafala nisso,
nisso,
não em raizes
raízes portugue sas, mas
portuguesas, mas ibéricas
ibéricas_,>mas, ao ao mesmo
mesmo tem-
tem-

272
-1-_í.-_ -
po em que está
está procurando
procurandoasasraízes
raízesibéricas,
Ibéricas,
fazfaz distinções,
distinções. Dis- Dis-
tingue a América
América criada
criadapelo
peloportuguês
portuguêsdadaAméricaAmérica criada
criada pelo
pelo
espanhol»
espanhol, e,e,sobretudo,
sobretudo,reconhecendo,
reconhecendo, mostrando
mostrando e criticando
e criticando 'a à .
formação patrimonialísta brasileira(e(epara
patrimonialista brasileira paraisso
isso
usausa Weber),
Weber), tenta
tenta
vislumbrar brechaspara
vislumbrar brechas paraaaemergência
emergênciadedeum um possível
possível comporta-
comporta-
mento diferente docornportarnento
diferente do comportamentobrasileiro
brasileiro tradicional.
tracliciorial.
Deixem-me precisar um pouco mais 0 que quero dizer com
Deixemme precisar um pouco mais o que quero dizer com
isso. Num dos
isso. Num capítulos mais
dos capitulos mais bonitos
bonitos do do livro,
livro,que
que éé“O ”0 ladri-
ladri
lhador
lhador e e Oo Scrneador”
semeador”(e(equequeganhou
ganhoueste estetitulo
títulonana sexta
sexta edição),
edição),
Sérgio Buarque compara
Sérgio Buarque compara aa presença
presençaespanhola
espanholacom coma presença
a presença
por tuguesa. Diz
portuguesa. Diz que
que a presença
presençaespanhola
espanholase se marca
marca porpor uma
umavon-
von »
ta de férrea
tade férrea eeabstrata
abstrata de
decriar
cria r cidades
cidadescomComplanos
planos traçados
traçadosde dean-ân ;
temão. A A cidade
cidadeespanhola
espanholaé éuma umacidade
cidade geométrica,
geométrica, comcom a praça
a praça
maior e as ruas paralelas
as ruas paralelasquequesaemsaemdela,
dela,
de detal tal
modomodo queque a geo-
a geo-
grafia
grafia éé dominada
dominada pelo peloplanejador
planejadorque quea aantecipa
antecipa mentalmente.
mentalmente.
0O própr
proprioio plano
plano vinha
vinha da
da Espanha.
Espanha. Em contraposição
contraposição aa esse esse es-
es-
pirito,
pírito, a essa vontade mais
essa vontade maisabstrata,
abstrata,mais
maisracionalizadora,
racionalizadora, maismais$
imp ositiva, dos
impo-sitíva, dos espanhóis,
espanhóis,os òs portugueses
portugueses como como que quese seespregui-
espregui f
çavam na geografia.
geografia. AAcidade
cidadeportuguesa
portuguesaé édesorganizada,
desorganizada, é a éci-a ci-
dade queque sobe
sobeeedesce
desceo omorro
morroememzigue~zague,
ziguezague, embora
embora os por-
os por-
tugueses preferissemficar
tugueses preferissem ficarnonoalto,
alto,com
comseusseusfortes.
fortes. Eles
Eles tinham
tinham
visão estratégica,
estratégica, ocuparam
ocuparamooespaçoespaçobrasileiro
brasileirodede umauma maneira
maneira
admirável, souberam construir
admirável, souberam construirfortificações
fortificaçõesonde onde eraera necessário,
necessário,
mas não
más não tinham
tinham aa preocupação
preocupação comcom aaordem
ordemgeométrica",
geométrica,nem nem
talvez com aa disciplina;
talvez corn disciplina;ooespirito
espíritoimprovisador
improvisador dodo português
português era era
muito forte
forte. para se
se conformar
conformar aa planos.
planos.Assim
Assima acidade
cidadevaivai
se se
formar de uma uma maneira
maneira muito
muitomais
maisdesordenada.
desordenada.
v. .Maisadiante,
-_Mais adiante,Sérgio
SérgioBuarque
Buarque vaivai mostrar,
mostrar, em em vários
vários capí-capí-
tulos, sendo
sendo cada
cadaumumdeles
delesuma
umaobraobradede arte
arte emem si, que
si, que há certas
há certas
condieionantes
condicionantes da da vida
vidado
doportuguês
portuguêsnonoBrasil,
Brasil,
dada nossa
nossa forma-
forma-
ção
çao colonial, da nossa
Colonial, da nossaformaçao
formaçãohistórica,
histórica,que
quelevam
levam à valoriza-
à valoriza-
ção de elementos culturais que, digamos assim, para usar a ex-
ção de elementos culturais que, digamos assim, para usar a ex
m
273
pressão
pressão que Weber utilizava,
que'Wel;›er utilizava, tomando
tomando emprestada
emprestada dede Goethe,
Goethe,
não
não têm afinidadeseletivas
têm afinidacles eletivascomcomo espirito
o espíritodo do capitalismo,
capitalismo, comcom
aa modernidade.
modernidade.
Eu me
me referi
referi há
hápouco
poucoaaTocqueville,
Tocqueville,quequeescreveu
escreveu páginas
páginas
admiráveis sobrecomo
admi1'áveis sobre comofoifoipossivel
possívelertraizar
enraizar
nasnas Américas
Américas umauma
sociedade mais-igualitária,
sociedade mais igualitária,mais
maisdemocrática
democrática e mais
e mais afimafim
comcom
o o
espírito do capitalismo moderno. Pois bem, aqui não há nada dis-
espírito do capitalismo moderno. Poisbem, aqui não há nada dis-
so. Não
Não existe
existe na
naformação
formaçãocultural
culturalbrasileira
brasileiraessa
essa propensão
propensão ao ao
abstrato, ou ao racional, nem
nem.oo amor
amor às àshierarquias.
hierarquias.Esse
Essedesamor
desamor l
às hierarquias
hierarquias estamentais
estamentais--—que quevigiam
vigiamnanaEuropa,
Europa, porém
porém nãonão
na América
América -, compensado
compensado pela disciplina
disciplina individual
individualee pela
pelasoli-
soli-
dariedade grupai
grupal de fundo
fundo religioso,
religioso, levou,
levou, na
na América
Américado doNorte,
Norte,
àà competição capitalista. Entre
competição capitalista. Entre nós,
nós, aa inexistência
inexistênciadadaracionalida-
racionalida-
de abstrata ee do
do gosto
gosto pela
pèla disciplina
disciplina levou
levouaoaopersonalismo.
personalismo. .•■6 ;■
Sérgio vai construir sua interpretação -- uma das suas, pois
Sérgio--
são tantas
tantas —vai construir
aoaoredor
sua
redordadaideia interpretação
ideiade de que,
que,
—auma
embora
embora
das
á nossa
nossa
suas, pois
sociedade
sociedadë
seja uma sociedade
sociedade de deprivilégios,
privilégios,essesesses privilégios
privilégios -~ — e elee diz
ele diz
que essa característicavem
essa característica vemdodo mundo ibérico
ibérico- —não
não est
estão basea-
ão baseia-
dos nas distâncias
distânciasestáticas
estáticasdasdashierarquias
hierarquias sociais
sociais preestabeleci
preestabeleci~
das. De algurna
das. De algumamaneira
maneira aa realização
realizaçãoindividual
individual pesa
pesamais
maisdo doque,
que,
como diriam os os sociólogos
sociólogosamericanos,
americanos, as as virtudes
virtudes prescritivas
prescritivas e e
as posiçõesherdadas,
as posições herdadas,advindas
advindasdede privilégios
privilégios de de nascença,
nascença, de po~de po-
sições preestabelecidasnanasociedade.
sições pr-eestabelecidas sociedade. Porque
Porque sempre
sempre houvehouve
algu-algu-
ma
ma possibilidade
possibilidade de demobilidade.
mobilidade.Curiosamente
Curiosamente Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque
contrasta
contrasta essa situaçãocom
essa situação comoutras
outrasnasnasquais
quaisexiste
existeumumsistema
sistema
de
de normas
normas estruturadas
estruturadas que quevalorizam
valorizamo oexercício
exercíciodadamotivação
motivação
individual. Entre
Entre nosnós acontece
aconteceo ooposto:
oposto:a aação
açãopessoal,
pessoal»numa numa
sociedade
sociedade queque não
nãovaloriza
valoriza as
as regras
regrasabstratas,
abstratas,transforma
transforma aareali~
reali-
zação
-zação individual
individual em emdom,
dom, acaso
acaso ee sorte.
sorte,
Não se trata propriamente da mobilidade que a sociedade
permite em função de um parâmetro mais mais amplo, que contempla
aa mobilidade
mobilidade comocomo um um valor
valoreelhe lheaponta
apontacaminhos
caminhosinstitucio-
institucio-

174
nais. Senãoque
nais. Senão quesesetrata
tratadedealgo
algoque
queseseconsegue
conseguepela peladesordem,
desordem,
pela vontade pessoal, pela imposição, e que acaba sempre sendo
algo particular.Nossa
algo particular. Nossaformação
formaçãoleva-nos
levanosa aexacerbar
exacerbarasasvirtudes
virtudes
pessoais e arbitrárias. Não se cria, assim,
assim. uma sociedade verda- verda-
deiramente democrática. AAdemocracia
deiramente democrática. democraciarequer
requerregras,
regras,requer
requeraa
igualdade formal, que
igualdade formal, que assegure
assegurechances
chancesiguais
iguaisa atodos.
todos.O Ovalor
valor
que se preza, entre nós, é o oposto: o êxito é sempre uma proeza
que
única,
única, sepessoal,
preza, entre
pessoal, nós, édas
aa despeito
despeito o oposto:
das regras. p êxito é sempre uma proeza
regras.
Na visão de Sérgio Buarque, se existe um espírito irrequieto
entre nós, que permite explosões pessoais pessoais que quebram a rigidez
da sociedade,
sociedade,essaessaquebra
quebradederigidez
rigideznão nãosesedádápela
pelatransformar
transformar
ção dasdas estruturas
estruturas em em benefício
benefício de de todos,
todos,eesim simememtermos
termos do,
do,
aplauso parapara quem
quem consegue
consegue quebrar
quebrar asasregras,
regras,momentanea-
momentanea-
mente, graças
graças aaum umpercurso
percursocom commarca
marcaprópria,
própria,patenteado,
patenteado,ee
não generalizável.
generalizável.
Um
Um dos capítulos
capítulos maismaisimportantes
importantesdo dolivro
livroéésobre
sobre“o“oho-ho'.
mem cordial”.
cordial”. Na Naverdade,
verdade,Sérgio
Sérgio está
está fazendo
fazendo umauma crítica,
crítica, e nãoj
e não i
o0 endeusamento das “virtudes brasileiras”, porque 0o homem cor-ç çorf
dial, para
para ele,
ele,é éoohomem
homemdodocoração,
coração,que queseseopõe
opõeaoaohomem
homemdada
razão. Cordialnão
razão. Cordial nãoquerquerdizer
dizer“bom”,
“bom”quer querdizer
dizerdada“ernoção”.
"‘emoção”. E Ê
a emoção perturba oo estabelecimento
emoção perturba estabelecimentodas dasregras
regrasgerais,
gerais,formais,
formais,
democráticas»
democráticas. AAleitura leituradodohomem
homemcordialcordialcomo
comohomem
homemafável
afável
é equivocada.
equivocada.Com Comooconceito,
conceito,Sérgio
SérgioBuarque
Buarqueestá estámostrando
mostrando
outra coisa/está
coisa; está mostrando que esta “cordialidade”, na verdade, é
uma
uma maneira
maneira de de reter vantagens individuais.
reter vantagens individuais. AtéAté mesmo
mesmo nas nas aná-
aná-
lises quase
quase antropológicas
antropológicas deste destelivro
livroadmirável
admirável (Sérgio
(Sérgio Buarque
Buarque
éé um
um excelente Escritorque
excelente 'escritor quesempre
semprefoifoicapaz
capazdededisfarçar
disfarçara eru-
a eru-
dição) aparecemasascaracterísticas
diçâo) aparecem característicasdosdos modos
modos dede comportamento
comportamento
no Brasil que,sendo
Brasil que, sendoaparentemente
aparentementemuito muitoagradáveis
agradáveise parecen-
e parecen-
do romper comcom fórmulas
fórmulas estabelecidas,
estabelecidas, na naverdade
verdade utilizam
utilizam aa dis-
dis-
plicência
plicência ee aa falta
falta dede órdem
ordem emem benefício
benefício dosdos que
que são
são capazes
capazes dodo
exercício do
exercício dopoder
poderpessoal.
pessoal.

-'U5
Em nossa própria prática religiosa,
religiosa, éé muito
muito difícil
difícil manter
manter
o0 ritual. Citando
Citando SaintHilaire,
Saint-Hilaire, dizdiz. que mesmo durante
durante oO culto
culto
as pessoas
pessoas conversam,
conversam?mais maisinteressadas
interessadasnelas
nelaspróprias
própriasdodoqueque
na vida êmem comum. O ritual,
ritual, que
que pode
pode parecer
parecer alguma
alguma coisa
coisadede
impositivo e, portanto,
portanto, negativo,
negativo, éétambém
também condição
condição da davida
vidade-
de-
mocrática,
mocrática. O O não
não ter
ter regra,
regra, aparentemente,
aparentemente, éé oo estar
estar àà vontade
vontade
que igualiza; mas na verdade não é bem assim, é propiciar que as
que igualiza;
pessoas masformalmente
que são na verdade não é bem
iguais assim,
deixem é propiciar
de sêlo,
sé-lo, porque,que as
sen-
sen-
do uns “mais iguais
iguais que
que os os outros”,
outros”, são
são tão
tão superiores
superiores que
que podem
podem
ser condescendentes, “democratas”,como
condescendentes,“'democratas'§ comoumaumaconcessão
concessãopessoal
pessoal
e não em função
função do direito do outro.
Confundimos
Confundirnos muito
muito no no Brasil
Brasil essa situação,
situação, que
queéédedemani-
mani-
pulação pela ausência de regras gerais e conhecidas, com “infor- “infor-
malidade democrática”
dernocráti_‹_:a”.. Temse
Tem~se a impressão
impressão de que convém que-
convém que-
brar todas as regras para haver democracia,
democragia. Quando se quebram
todas as regras, entretanto, não há possibilidade da generalização
todas as regras, entretanto, não há possibilidade da generalização
de situações de igualdade, não não háhá possibilidade efetiva
efetiva de
de sese criar
criar
uma situação
situação de democracia.
democracia.
Não tenho
tenho visto muitas análises politizando Raízes do Brasil,
e eu estou politizando. Existem muitas análises
Existem muitas análises que
que valorizam
valorizamaa
contribuição
contribuição de de Raízes do Brasil para a história cultural, que res- res-
saltam a graça do do texto
texto para
para descrever
descreversituações,
situações,aoáofazer
fazercitações
citações
eruditas
eruditas ee usar
usar linguagem coloquial. OO livro,
linguagem coloquial. livro, ao
ao mesmo
mesmo tempo
tempo
em que
que exibe
exibe enorme simplicidade vocabular
vocabular ee de de estilo,
estilo,dedere--
re-
pente
pente fazfaz uma
uma interpretação extremamente sofisticada.
interpretação extremamente sofisticada, Tudo
Tudo issoisso
é verdadeiro, mas acho que pode haver uma outra leitura do Raí Raí-
zes do Brasil, que valoriza
valoriza aa crítica
Críticaprofunda
profundadedenossa nossasociedade
sociedade
não democrática.
ÉÉ. muito significativo que toda
significativo que toda aa construção
construção intelectual
intelectualdodo
livro termine com uma pergunta: o que podemos fazer para cons- cons-
truir
truir uma
uma sociedade
sociedade mais
mais democrática?
democrática? Uma Uma sociedade
sociedade que que aoao
invés do personalismo ee do do caudilhismo
caudilhismo permita
permita oo acesso
acessodedeto- to

276
ZYÕ
dos às oportunidades
dos às oportunidades existentes,
existentes, que
que tenha
tenha regras
regrasgerais,
gerais,como
comona na
democracia?
democracia? AAresposta
respostadedeSérgio
SérgioBuarque
Buarquenãonãoéé pessimista.
pessimista. Ele
Ele
não se limita a descrever
descrever uma
uma situação
situação definida
definidaporpor uma
uma“herança
“herança
histórica”. Especulasobre
histórica”. Especula sobrealternativas
alternativas democráticas.
democráticas. No No
ano ano
em em
que
que foi escrito oo livro,
foi escrito livro, 1936,
1936, isso
isso era
era rarissimo.
raríssimo.Sérgio
Sérgio sesecolo-
colo ;
ca contra aa onda
ca contra onda dominante,
dominante*que queera
eraououfascista
fascistaouou comunista.
comunista.
Seu livro è radicalmente democrático. E fazz também a crítica da
Seu livro e radicalmente democrático, E fatambém a critica da
Mberaldemocracia
liberal-democracia cabocla, cabocla,mostrando
mostrandoque queelaelaeraera outra
outra forma
forma
de
de poder
poder pessoal disfarçadaem
pessoal disfarçada embelasbelaspalavras,
palavras, perfeitamente
perfeitamente as- as-
similáveis
similáveis pela pelaelite
elitededepoder
podernonoBrasil,
Brasil*queque aceita,
aceita, do ponto
do ponto de de
vista abstrato ee ideológico,
ideológico,aa posição
posiçãoliberal-de
Hberaldernocrática
mocrática mas masqueque j
se esquece dos
se esquece dosfundamentos
fundamentossociaissociaisnecessários
necessários para
para a existência
a existência
de uma situação democrática efetiva. Raízes ão
democrática efetiva. do Brasil fazfaz aa crítica
crítica
da democracia liberalliberalaapartir do ponto de de vista
vista democrático,
democrático, não não
a partir do ponto de vista vista conservador,
conservador,e emuito muitomenosmenosfascista
fascista
ou comunista, ideologias repelidas repelidas pelo
pelo autor
autor durante
durante todatoda aa sua
sua
vida e que estavam
estavamna moda moda quando
quando oo livro
livrofoi
foiescrito.
escrito* v
Na
Na parte
parte finai
final dede Raizes Brasil,, Sérgio
Raízes do Brasil Buarque deixa
Sérgio Buarque deixa f
transparecer
transparecer os fundamentos de
os fundamentos seu otimismo,
de seu otimismo, de desua
suaesperança:
esperança:
aa de que virá
de que virá uma
uma revolução
revolução “de “debaixo”.
baixo5*.Não
Nãofalafalae.memrevolução,
revolução,
pois primava em não usar palavras tão amedrontadoras. Mas tem
a firmeza
firmeza de,de, não
não usando
usandoasaspalavras,
palavras,discutir
discutiras as condições
condições parapara
uma
uma mudança
mudança mais radical. Em
mais radical. Emsuma,
suma, oo livro
livrodiscute
discuteasaspossibili-
possibili-
dades
dades dede se
semudarem
mudarem as as raízes,
raízes, asas heranças
heranças culturais,
culturais,aaordem
ordemvi- vi '
gente.
gente. EE aa mudança
mudança que que ele
ele antevê
antevêééaade deque,
que,com
comaaurbanização,
urbanização,
oo peso
peso dada herança
herança rural
rural cederá
cederáààpresença
presençadas dasmassas
massas populares
populares
que
que ele via com
ele via com bdlis
bcfhsolhos,
olhos,uma umavez vezque
quepossibilitaria
possibilitaria umum mo-mo-
vimento
vimento “de baixo para
“de baixo para cima”.
cima”.A A urbanização
urbanização traria
traria àà cena
cenanovos
novos
protagonistas
protagonistas da da política,
política, dessa
dessa vez
vez realmente
realmente democráticos.
democráticos.
Diferentemente
Diferentemente de de Gilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,quequenãonão superou
superou Casa-
Casa
-grande
-grande & dr senzala* Sérgio Buarque
Senzala, Sérgio Buarqueescreveu
escreveuoutro outrolivro
livro
que,<jue*
a a
meu
meu ver,
ver, éé maior
maior dodo que
que Raízes
Raizes do Brasil (ele
do Brasil achavaisso
(ele achava issotambém,
também,

2227
77
embora
embora nãonão fosse
fosse presunçoso,
presunçoso, poispois era,
era, nesse
nesse aspecto
aspecto de devaidade
vaidade
pessoal,
pessoal, oo oposto
oposto de de Gilberto
Gilberto Freyre).
Freyre). Tratase
Trata-se da da História
História geral
geral
da
da civilização brasileira, que
civilização brasUeira, que ele
ele dirigiu.
dirigiu. O volume sobre
O volume sobre aa Monar-
Monar-
quia
quia foi todo escrito
foi todo diretamente por
escrito diretamente por Sérgio Buarque. ÉÉ um
Sérgio Buarque. umlivro
livro
admirável,
admirável, jájá de
de pósmaturidade,
pós-maturidade, com com aa mesma
mesma visãovisão penetrante
penetrante
do
do Raízes do Brasil mas mas fazendo uma história
fazendo uma história factual
factual queque rein
rein-
terpreta
terpreta todo
todo o0 império
Impériobrasileiro.
brasileiro. ÉÉ um
umlivro
livrodifícil
difícil de
de ser
ser lido,
lido,
porque
porque Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque conhecia
conhecia como
como ninguém
ninguém as as minúcias
minúcias do do
Império, e uma das desvantagens da Monarquia é que, se para o
historiador
historiador jájá éé terrível,
terrível, para o leitor pior
pior ainda:
ainda: asas pessoas
pessoas têm tem
vários nomes — - oo próprio, oo de de família,
família, oo título
título nobiliárquico
nobiliárquico ee
suas variações
variações no tempo.tempo. Sérgio
Sérgio conhecia
êonhecia aquilo
aquilo como
como aa palma
palma
da
da mão.
mão. Ele se refere
Ele se refere ao
aopersonagem,
personagem,ora ora'pelo nome de
'pelo nome de família,
família,
ora pelo nome próprio, ora pelo título, e às vezes o título era ba- 1-'

ora pelo
rão nome
e passa próprio,
a ser conde,ora pelo vai.
ee assim
assim título, e às vezes
vai, Nãofé
Nãoé opára
título
fácil,para
fácil, era não
quem
quem ba-
não

está atento às minudências dàda história, acompanhar o texto. Mas,
quando se penetra na leitura e se
se deixa
deixa levar pelo
pelo gênio
gênio de Sérgio,
vése
vê-se que, ao mesmo
mesmp tempo em que eleele está fazendo uma história
factual, está
está descrevendo
descrevendo oofuncionamento
funcionamento de de um
um sistema
sistema com
comaa
competência dos grandes mestres.
mestres.
Dessa análise da Monarquia brota um painel tão importante
quanto o de Gilberto Freyre em Casa-g rande &
Casa-grande ei senzala,
Senzala, mais pro-
quantoeomais
fundo de Gilberto
objetivoFrèyre
do queem mais
nosso clássico da escravidão, pro-
embo-
embo-
ra não tão sugestivo, pois falta-lhe
sugestivo, pois faltalhe --
— ee nem
nem seria
seria oo caso
caso- —ooca-
ca-
ráter mítico e até
até certo ponto
ponto apologético
apologético que
que Gilberto
Gilberto deu
deu ààsua
sua
obra. Da análise do jogo
jogo político
políticodo
do Império
Império d-epreende~se
depreendese que que sese
vivia numa situação de faz de conta. NaNa verdade,
verdade, oo imperador,
imperador, do-
do-
tado de certa sensibilidade ee de luzes iluministas e sabedor
sabedor de
de que
que
os nossos partidos não tinham força, fazia, ele próprio,
proprio, àa alternân-
alternân-
cia no poder. Dissolvia as câmaras e constituía novo gabinete que
cia no poder.
nomeava Dissolvia as de
os presidentes câmaras
de e constituía
província.
província. Os novos
Os novopresidentes
novos gabinete que
presidentes de
de
província “faziam*
“faziam” a eleição. Ao fazer a eleição, o partido do gabi
eleição..-Ao gabi-

v¬.
nete
riete que tinha sido
que tinha sido constituido
constituído ganhava
ganhavaaaeleição.
eleição.Não
Nãoseséaferiam
aferiam
maiorias
maiorias na na Câmara,
Câmara, só só muito
muito raramente,
raramente, atéatéporque
porque asascâmaras
câmaras
eram
e-ram quase
quase unânimes,
unânimes. A A derrubada
derrubada dede uma
uma situação
situação conserva-
conserva-
dora,
dora, ouou aa derrubada
derrubada de uma situação
de uma situação liberal,
liberal, dependia
dependia dedeum um
jogo
jogo feito
feito pelo
pelo que
que se
se chamava
chamava na na época
época dede “opinião
“opinião pública”
públicafi nana
verdade
verdade aa opinião
opinião dos
dos homens
homens influentes
influentes junto
junto aoao Paço
Paço impe-
Impe-
rial
rial de São Cristóvão.
de São Cristóvão,Essa Essaopinião
opiniãoatuava
atuavaatéatéque
queo oimperador
imperador
se sensibilizassepara
se sensíbilizasse paraderrubar
derrubarooministério.
ministério.Derrubado
Derrubadoooantigoantigo
ministério, oo novo
novo ministério escolhia
escolhiaos presidentes
presidentesde deprovíncia
província
que
que faziam
faziam aa eleição
eleiçãoe,e,depois
depoisdesta,
desta,a aCâmara
Câmaravinhavinhacomcoma ban-
a ban-
deira politica
política oposta:
oposta: sese era conservadora aa dissolvia,
dissolvia, seria
seria liberal
liberal j
aa recémconstruída;
recém-construída; se era liberal,
se era liberal, vinha conservadora.
vinha conservadora.
Ás
As mudanças da lei partidária ou do sistema sistema eleitoral
eleitoral nunca
chegaram a ter efeito maior sobre o entrosamento entre o poder
monárquico e a base da sociedade escravocrata. Como Nabuco já
monárquico
mostraraj e. a base da sociedade
rnostrara, o esgotamento dó
do Impérioescravocra
não seseta. Como
deveu às Nabuco
às crises pojá •
po-
litiças,
líticas, mas à grande crise social ee econômica
crise social econômica gerada
gerada pelo
pelo fimfim do
do š|
tráfico, pela escassez
tráfico, pela escassezdedemãomãodedeobra
obraescrava
escravae pela
e pela
lutaluta abolido f9
abolicio-
nista interna e internacional.
internacional.
A análise de
A análise deSérgio
SérgioBuarque
BuarquededeHolanda
Holandasobre
sobrea aMonarquia
Monarquia
tem
tem aa mesma
mesma estatura
estatura de
de Casa-grande
Casa-grande & senzala. Escrita
ci senzala. Escrita emem ou-
ou-
tra época,
época, no bojo de uma coleção
coleção pesada,
pesada,nãonao teve,
teve,entretanto,
entretanto,
a repercussão qué,
que, a meu ver, merece,
merece. HáHá tempo ainda
ainda para
para cor-
cor-
rigir isso. .
rigir isso ,.’
Já Caio Prado
Iá Caio Prado Ir.
Ir. vem
Vemdedeoutraoutratradição
tradiçãointelectual.
intelectual. Caio
Caio
escreveu,
escreveu, na na mesma
mesmadécada
décadadede1930,1930,Evolução política
política do Brasil
Brasil.
Mas seu grande
grande livro,
livfc),livro
livrodedereferência,
referência,é aéHistória
a econômica
do Brasil e, antes
antes dele,
de]e> contemporâneo,, obra-
Formação do Brasil contemporâneo obra-
prima
-prima de nossa historiografia.
historiografia.
Caio Prado foi uma pessoa pessoa bastante
bastante diferente
diferente mentalmente
mentalmente
do
do autor
autor de
dc Raízes do Brasil ee dede Gilberto
Gilberto Freyre.
Freyre,Sérgio
SérgioBuarque
Buarque
combinava sofisticação intelectual
cornbinava sofisticaçâo intelectualcom
comvocação
vocaçãocrítica
críticaradical-
radical-

2279
79
mente
mente democrática.
democrática. Gilberto
Gilberto talvez tivesse menos'
talvez tivesse menos erudição
erudição do
do
que
que Sérgio
Sérgio ee juntava
júfitava aa uma
uma sensibilidade
sensibilidade conservadora
conservadoraumaumaca¬ca-
pacidade
pacidade de
de síntese
síntese- com
com muita
muita liberdade.
liberdade. Caio
Caio Prado
Prado era
era quase
quase
geógrafo
geógrafo por
por formação.
formação. Falava de geografia
Falava de geografia eeaté
atéde
degeologia
geologia com
com
fluidez muito grande. Foi aluno irregular da Universidade de São São
Paulo»
Paulo, ná
na época
época da da primeira
primeira leva
leva dede professores
professores franceses.
franceses. Con-
Con-
viveu. com a elite cultural da época, frequentava a Universidade e
viveu com a elite cultural da época* freqüentava a Universidade e
os salões
salões dede São
SãoPaulo.
Paulo.Caio
CaioPrado
Pradofoifoiamigo
amigodedeLé\ti~Strauss,
LéviStrauss, foi foi
aluno de Deffontaines»
Deffontaines, o0 pai da geografia humana moderna, ede e de
Pierre
Pierre Monbeig.
Monbeig. Tinha
Tinha noções bastante sólidas
noções bastante sólidas de de mineralogia
mineralõgiaee
poderia
poderia ter
ter sido
sido geógrafo
geógrafo —•era
-- era muito
muito preciso
preciso na na descrição
descrição dasdas
condicionantes
condicionantes físicas do pais.
físicas do pais. Isso,
Isso»sesenão nãoaparece
aparecenanaEvolução
Brasil,, aparece
política do Brasil aparece dede uma
uma maneira
maneira admirável
admirável nanaForma
Farma-
çäo do Brasil contemporâneo e depois,
ção na retomada
depois, na retomada dos mesmos
mesmos
temas, na
na História econômica. ^-›,_.
A ocupação do
A ocupação do Brasil pelosportugueses
Brasil pelos portugueseseepelos pelosimigrantes,
imigrantes, +
a colonização, em em suma,
suma»foifoidescrita
descritapor
porCaio CaioPrado
Pradoà àperfeição,
perfeição,
sempre fundindo análises
apálises sobre oo meio
meio físico com os os processos
processos dede *
exploração econômica e as formas históricas de de organização
organização do do *
trabalho
trabalho ee da
da sociedade.
sociedade. Caio Prado,
Prado, que
que era era bastante
bastante rico,
rico,sem-
sem-
pre viajou, sempre andou pelo interior»
interior, tanto do Brasil quanto da
Europa
Europa ee da
da América
América Latina. As noções
Latina. As noções que que transmite
transmite nos
nos livros
livros
não
não advêm
advém propriamente
propriamente do do que
que leu
leu em
em outro
outro autor
autor apenas,
apenas, mas
mas
também do que ele viu. Leu e viu. Alguns historiadores criticaram
também do que ele viu. Leu e viu. Alguns historiadores criticaram
Caio
Caio Prado
Prado dizendo
dizendo queque ele não recorria
ele não recorria àsàs fontes
fontesprimárias,
primárias,uti- «ti
lizandose
lizando-se principalmente
principalmente de de fontes
fontes secundárias. MasMas isso
issoééum um
preconceito. Na verdade, Caio Prado Jr. Ir. tomou
tornou as fontes secundá-
secundá-
rias
rias e deu
deu vida
vida eé significação
significação interpretativa
interpretativa mais
mais ampla
ampla aaelas,
elas, ee foi
foi
çapaz
capaz de oferecer um vasto ee novo novo quadro do Brasil,
Brasil.
Quando
Quando Caio
Caio Prado
Prado escreve sobre imigração
escreve sobre imigração eecolonização,
colonização,
por exemplo, em alguns capítulos
capitulos admiráveis, sabe do que está
falando, porque viu e porque leu. Conviveu desde menino com
falando, porque viu e porque leu. Conviveu desde menino com
180
280
essa realidade»porque
essa realidade, porquepertenceu
pertenceuã àfamília
famíliaPrado,
Prado,que queincentivou
incentivou
aa imigração.
imigração. AÀ maior
maiorfazenda
fazendadedecafé
cafédodoséculo
século1-:rxxixeraeradede pro-
pro-
priedade
priedade dos
dos Prado.
Prado. E
E Caio»
Caio, embora
embora comunista»
comunista, marxista,
marxista, sempresempre
soube expressar uma
soube expressar uma vivência
vivênciapessoal.
pessoal.EuEusempre
semprememeimpressio-
impressio-
nei com o jeito
jeito como
como Caio
Caio pensava,
pensava,porque
porque juntava,
juntava,ao ao mesmo
mesmo
tempo,
tempo, categorias abstratas eedescrições
categorias abstratas descriçõesmuito
muitoconcretas.
concretas,Quan- Quan-
do se dedicou à filosofia, perdeu-se em análises equivocadas. Mas
do sésua
com dedicou à filosofia,
tremenda vocaçãoperdeuse em análises
para o concreto, comequivocadas. Mas
vocação para com aa base
base de
de forma~
forma-
ção de geógrafo,
ção de geógrafo, sabia
sabia corrigir-se
corrigirse nas
nas análises
análises históricas
históricas ee sociais.
sociais.
Conseguiu fazerna
Conseguiu fazer naHistória econômica um um painel muito realista,
painel muito realista,
com ideias relativamente
com ideias relativamentesimples,
simples,que
queconvencem
convencempela pelaargumen»
argumenJ
tação, Se Caio
tação. Se Caio escreve
escreveclaro,
claro,não
nãotem
tema agraça
graçananaelaboração
elaboraçãodasdas
yisôes do Brasil
visões do BrasildedeSérgio
SérgioBuarque,
Buarque,nemnemo oencantamento
encantamentodedeGil- Gil-
berto Freyre.
Preyre. Mas, se às vezes a sofisticação dos tipos ideais de
Raízes do Brasil encobre construções
construções menos
menos sólidas,
sólidas,seseGilberto
Gilberto
idealizou muito o patriarcado e pode ser acusado de amar de-
idealizou muito o patriarcado e pode ser acusado de amar de-
mais
mais aa Casa-Grande
CasaGrande em em prejuízo
prejuízoda daSenzala,
Senzala,em emCaioCaioPrado
Pradoosos
fundamentos
fundamentos da da obra
obra são visíveiscesólidos,
são visíveis sólidos,como
comosesefosse
fosseumauma
construção sem reboque.
Qual é oo problema
problema central
céntraí dodo Brasil
Brasil colonial?
colonial?Escravidão,
Escravidão,
latifúndio. Como éé que
latifúndio. Como que sesedádáaaocupação?
ocupação?Nosso Nossoautor
autordescre-
descre-
ve como oo português
ve como português chegou,
chegou,comocomofez feza aexpansão
expansãopelopelointerior,
interior,
como
como sese deu
deu aa simbiose entre região
simbiose entre região ee produção
produção etc. Pescreve ad~
etc. Descreve ad-
miravelmente,r
m-iravelmente; por porexemplo,
exemplo,a aexpansão
expansãodadapecuária,
pecuária,e assim
e assim porpor
diante* Nomeu
diante. No meumodo mododedever,
ver,a aanálise
análisepatina
patinaumumpouco
poucoquando
quando
se refere à cidade
cidade ee à indústria.
indústria. AtéAté chegar
chegar àà cidade
cidade eê ààindústria,
indústria»
enquanto
enquanto descrevei
descrevelbgrande
grandepainel
painel da
daColônia,
Colônia, Caio
Caio Prado
Prado éé in-
in-
superável
superável. Eu
Eu acho que, talvez,
acho que, talvez, só um outro
só um autor tenha
outro autor tenha tido
tido força
força
de pensamento para
de pensamento para abarcar
abarcar toda
toda aa Colônia
Colônia em em termos
termos concei-
concei-
tuais
tuais equivalentes: FernandoNovais.
equívalentes: Fernando Novais.OOque queCaio
CaioPrado
Pradoescreveu
escreveu
sobre
sobre aa Colônia,
Colônia, sobre
sobre oo papel
papel dada cidade
cidade eedo do latifúndio,
latifúndio,sobre
sobre
a mão de obra escrava,
escrava, éédefinitivo,
definitivo,atéatéchegar-se
chegarseà àépoca
épocadadaiín-in

281
dustrialização.
dustrialização. ,fiÀ partir
partirdaí,
daí,aaanálise
análisenão
naotem
tema amesma
mesmaforça
Forçadede
argumentação,
argumentação. A Apartir
partir do período, digamos,
do período, digamos, pós-30,
pós30, 0o gosto
gosto pelo
pelo
conceito abstrato e simplificador levao áa idealizar
simplificador_leva~o idealízar a descrição
descrição do
processo
processo histórico.
histórico. Caio
Caio passa
passa aa condicionar
condicionar aa análise
análise àà visão
visão do
do
imperialismo, àà crença
crença emem certa
certaimpossibilidade
impossibilidadedo do desenvolví¬
desenvolvi-
mento
mento industrial
industrial na na periferia
periferia do do capitalismo,
capitalismo, àà deformação
deformação da dá
indústria nacional
indústria nacional pelo
pelo capitalismo
capitalismomonopólico
monopólico internacional.
internacional.ÉÉ
interessante ver como
interessante ver como nosso
nosso autor
autor contrapõe
contrapõe aa isso
isso oo que
que pare»
pare*
cia ser
ser um idilico
idílico capitalismo
capitalismodedeconcorrência.
concorrência.Entretanto,
Entretanto,ooqueque
pulsa
pulsa no coração de Caio Prado é outra coisa: o socialismo. Na
ideologia
ideologia prevalecente naquela época,
prevalecente naquela época, entretanto,
entretanto, passar~se-ía,
passarseia,
primeiro, por uma "etapa”
“etapa” capitalista.
capitãlista. Mas não a monopolista e
sim a concorrencial.
concorrencial. AArazão,
razão,nestes
nestestermos,
tèrmos,fraqueja,
fraqueja,e éa aanáli-
análi^
se, embora continuando .aa apresentar
apresentar oposições
oposiçõesbinárias
binárias simples,
simples,
não leva ao conhecimento, como no caso das análises sobre o
não
Brasilleva
Brasil ao
. conhecimento, como no caso
Colônia.
Colonia. " das análises sobre o =-
Por outro lado,
lado, pareceme
parece-me queque havia
haviaumum certo
certo preconceito
preconceito
de
de senhor
senhor de de terra, uma certa
terra, uma certa malquerença
malquerença dessa
dessasociedade
sociedadeur-›ur-
bana, populaçheira
populacheira e injusta.
in¡usta. Malquerença que do ponto de vista
O O ?

político
político foi
foi positiva,
positiva, porque
porque motivou
motivou umauma ação
ação crítica,
critica, radical.
radical.
Mas
Mas há há em
em Caio Prado uma
Caio Prado uma certa
certa malquerença
malquerença do do mundo
mundo mo-mo-
derno. Sérgio Buarque
Buarque não aa tinha.
tinha. Ele queria
queria ver como
como seria
seria pos-
pos-
sível mudar as
sível mudar as instituições,
instituições,asasformas
formasdedecomportamento,
comportamento,para para
que pudéssemos
que pudéssemos ter ter democracia,
democracia, ee acreditava
acreditava nas
nas forças
forças urbanas
urbanas
que criariam a possibilidade para que
possibilidade para que “los
“los de
de abajo”
abajo”pressionas-
pressionas-
sem» CaioPrado,
sem. Caio Prado,embora
emborafosse
fossecomunisra,
comunista,guardava
guardavauma umavisão
visão
mais aristocrática: só o partido — -» de quadros — - poderia
poderia mudar
uma sociedade tão tão injusta
injusta que
quesufocava
sufocavaooproletariado
proletariadono noLum-
penproletariaU
penproietariat.
EU não sei
Eu não seiquais
quaisososlivros
livrosdedeCaio
CaioPrado
Pradoque
queirão
irãoperdu-
perdu-
rar. Acho
Achò que
que éé aaFormação do con tempord-neo. A História
da Brasil contemporâneo.
econômica, já lida por várias gerações, é um livro de referência,
econômica , já lida por várias gerações, é um livro de referência,
282
mas será um
um livro
livro de referência mais
mais factual
factual do
do que uma fonte
de inspiração
inspiração de
de análises
análises futuras, embora
embora algumas
algumas dede suas
suas ideias
ideias
possam fecundar, crescer. 
Mas ele escreveu
escreveu umum livro,
livro, depois
depois dos
dos clássicos
clássicosjájá referidos,
referidos,
que ainda não
não mereceu
mereceu dos
dos críticos o0 reconhecim ento da
reconhecimento da impor-
im por-
tância que
que tem.
tem. Tratase
Trata-se de
de A revolução brasileira. Nele, Caio re- re-
toma alguns
toma alguns temas
temas que
que havia
havia desenvolvido
desenvolvido na na Revista
Revista Brásiliense
Brasiliense
e na
na própria
própria História econômica e trava um diálogo diálogo muito
muito bom boni
com
com aa esquerda.
esquerda.,
Caio Prado terá terá sido
sido talvez
talvez quem tenhatenha expressado
expressado com com
maior cláreza
clareza e radicalidade
radícalidade o pensamento brasileiro sobre a j
questão agrária.
agrária. Participei
Participei dede grandes
grandes discussões com ele. Bri*
ele. Bri-
gando com a esquerda, com o “progressismo” da época, Caio era
quem
quem viavia mais
mais claramente
claramenteaanatureza
naturezado dosistema
sistemaagrário
agráriocapita-
capita-
lista no Brasil,
Brasil. Sabia cocomo ninguém como se
mo ninguém se davam
davam asas relações
relações
sociais de produção
produção no campo.
campo. NumNum artigo
artigo publicado
publicado na
na Revista 4
Brasiliense, retomou essa questão: a “meação” era uma forma disr
Brásiliense, dis- JÍl
fárçada
farçada dede assalariamento,
assalariamento, masmas eraera vista
vista muito
muitofrequentemente
frequentemente fl
como se fosse um indício de "vestígios
“vestígios feudais^
feudais”. Caio Prado nunca
se enganou nessa
nessa matéria;
matéria; nunca
nunca confundiu
confundiuseus seusavós
avós ee bisavós
bisavós
com barões
barões feudais; eles erameram exportadores,
exportadores, eram homens
homens inse-
inse-
ridos na
na grande
grande expansão
expansão do docapitalismo
capitalismo mundial*
mundial. EE aa ideia
ideia de
de
que, apesar
apesar disso,
disso, haveria vestígios feudais
feudais no campo, por causa causa
da sesmaria, por não sei 0 quê, porque havia uma superexplora-
da sesmaria, por não sei o quê, porque havia u ma superexplora
ção, nunca atraiu nosso autor, e a discussão de tudo isso, em certa
época, foi apaixonante. V
Na questão afrária,
agrária, Caio Prado foi muito preciso e deu uma
contribuição
contribuição enorme.
enorme.NaNa Revolução brasileira mostra
mostra como
como fun-
fun-
ciona de fato o sistema capitalista, como era
capitalista, como era possível
possívelhaver
haverdesen-
desen-
volvimento apesar do imperialismo, fazendo, assim, crítica de al- al-
gumas de suas posições anteriores» Não
posiçoes anteriores. Nao é um livro de historiador,
historiador,
nem éÉ um
um livro
livro que
quecontenha
contenhaum umgrande
grandepainel
painelsobre
sobreo oBrasil,
Brasil,

283
mas é um livro
livro que faz uma
uma critica
crítica do
do pensamento
pensamento de de esquerda
esquerda
muito
muito avançada
avançada para a época,
época, um
um livro
livrono noqual
qualfaz
faza acrítica
críticadada
proposta política que permanecia vigente na esquerda dos anos
1960.
1960. Tratase de um
Trata-se de um livro
livro com
com grande vitalidade.
vitalidade.
Em síntese, de modo
síntese, de modomuito
muito diverso
diverso esses
esses très
três autores
autoresprocu-
procu-
raram, no fundo, dar uma resposta
resposta sobre
sobre a'a questao
questão de
de nossa
nossa iden-
iden-
tidade, sobre as condicionantes da história e as alternativas de
tidade, sobre as condicionantes da história e as alternativas de
futuro do Brasil.
Brasil. Eu sei que
Eu' sei que existe
existe esta
esta paixão
paixãoem em outros
outros povos,
povos, éé
claro. Quem não
claro. Quem nao conhece
conheceooFacundo de de Sarmiento?
Sarmie.nt`o?lEu Eufuifuiamigo
amigo
de Gino Germani,
Gerrnani, que que fez estudos
estudos importantes sobre aa Argentina
Argentina
como sociedade
sociedad.e de de massas.
massas.OsOsargentinos
argentinossempre
semprefalamfalam do doseuseu
“desenraizamento”
“desenraizamentdf É natural natural que
que osòs povos
povos procurem
procurem indagar-
indagar
se
-se sobre sisí ee sobre
sobre seus
seusdestinos,
destinos,masmaseueunão nãoseiseiseseháhámuitos
muitos
exemplos de tanta paixão
paixão pela descoberta
descoberta do do “ser
“sernacional”
nacional”ou da da
sociedade nacional por intelectuais válidos, Porque
intelectuais válidos. Porque estaesta obsessão
obsessão
pode gerar
pode gerar muitas
muitas simplificações,
simplificações, pode
pode 'gerar
gerar aa busca
busca de de diferen-
diferen-
ças nacionais ee culturais
culturais quequedeem
deemdimensão
dimensãodede“superioridade”
“superioridade”
aos povos.
povos; Mas
Mas nosn^snãonaoestamos
estamosfalando
falandodisso;
disso;estamos
estamos falando
falando
de grandes autores, que são são mestres,
mestres,capazes
capazesdedelidar
lidarcomcomfenô-fenô-
menos
menos complexos,
complexos, que que não
não constroem
constroem visões
visõessimplistas
simplistasdedeseu seu
país. Esse é um traço curioso da cultura brasileira, e que talvez
tenha se esmaecido nos últimosúltimos tempos.
tempos. Essa
Essa paixão por uma in- in-
terrogação contínua sobre nossas nossas origens,
srcens, sobre
sobre oo que
que somos,
somos,oo
que
que podemos
podemos ser, que sustenta
ser, que sustentaoraoraaaideia
ideiadedeumumlegado
legadoora oraa de
a de
um peso que tem que ser posto àà margem, margem, nãonão deixa
deixa de de ser
ser curio-
curio-
sa
sa e, mesmo, produtiva.
e, mesmo, produtiva.
As gerações
gerações mais mais recentes
recentescriticaram
criticarammuito
muitoessasessasvisõesvisões
grandiosas.
grandiosas. O O grosso
grosso da da produção
produção das dasuniversidades
universidadessesedirigiu dirigiu
para
para monografias,
monografias, parapara estudos
estudos mais
mais especializados,
especializados, maismais profun-
profun‹
dos, mais detalhados, que que enriqueceram
enriqueceram muitomuito 0o conhecimento
conhecimento
de
de aspectos
aspectos dodo Brasil,
Brasil.. Mas
Mas eu eu creio
creio que
que está
está faltando
faltando alguém
alguémque que
retome
retome esse
esse tipo
tipo de abordagemglobal
de abordagem global àà mesma
mesma altura
altura dos
dosautores
autores

284
2S4
aqui
aqui discutidos,
discutidos, dede maneira
maneiraque quepensemos
pensernosoutra outravezvezsobre
sobrenos-
nos-
sas potencialidades ee que
sas potencialidades que possamos,
possamos, ao ao mesmo
mesmo tempo,
tempo, fazer uma
fazer uma
análise
análise que
que sacuda
sacuda aa poeira
poeira que
que vai
vai se
se acumulando
acumulando no no decorrer
decorrer da da
história
história quânto
quanto aa certas
certas ideias
ideias preestabelecidas.
preestabelecidas. .
Não é o método que o autór autor A, B ou ou C usou que interessa sa- sa-
ber.
ber. Vale
Vale mais
mais saber
saber o0 que
que disse
disse ee propôs,
propôs, saber
saber se se oo livro
livro avançou
avançou
ou
ou não
não no
no conhecimento
conhecimentoda datemática
temáticaproposta,
proposta, mesmo
mesmo que, às às
que,
vezes, sem
vezes, sem muito
muito rigor.
rigor. De
De Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque de de Holanda
Holanda dizse
diz-se que
que
era weberiano, de
era weberiano, de Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre que
que era
era “culturalista”
“culturalista” ee pouco
pouco
objetivo, pois toma partido. E Caio Prado Prado fez
fez uma
uma coisa
coisa que
que só no
_n_o
Terceiro Mundo foi possível fazer; fazer: uma análise marxista nâ na qual a j
servidão
servidão tomou
tomou oo lugar
lugarproe minente do
proeminente do pro letariado, eeos
proletariado, ossenho-
senho-
res do latifúndio nãonão sese transformaram
transformaramem embarões
barõesfeudais,
feudais,masmas
em capitalistas exportadores “modernos”.
“nƒiodernos”. Usou
Usou aa dialética
dialética para
entender processos,
processos, sem
sem estar muito
muito preocupado
preocupado com aa “negação“negação
da negação” a todo instante.
Em outros
outros termos,
termos, quando
quandooolivro livroé égrande*
grande,quando
quandorealreal-
mente diz alguma coisa, os andaimes pesam pesam menos. Neste Neste curso
curso f
os senhores terão
terão de
de haverse
haver-se comcom grandes
grandes construtores de de ideias.
Preocupemse
Preocupem-se menosmenos comcom aa maquinaria
maquinariautilizada
utilizadae edesfrutem
desfruterna a
beleza
beleza da
da obra
obra construída.
construída. CadaCada qual
qual aa seu
seu modo,
modo, aa seu seu estilo,
estilo,
cada
cada um
um dos
dos autores
autores aqui
aqui mencionados
mencionadoscolocou colocouuma umapedra
pedrafun-
fun~
damental no no conhecimento
conhecimento do do Brasil. Foram
Foram gigantes.
1

I'

2285
85
Posfácio
Posfácio

Ii.

Nunca escrevi
Nunca escrevi posfácio.
posfácio. Creio,
Creio, no
no entanto,
entanto, que
que não
não deve
deve ser
ser
introdução,
introdução, tareia
tarefa do
do prefácio, nem resenha,
prefácio, nem resenha, trabalho,
trabalho, digamos,
digamos,
extrafácio. Nesta crença,
extrafácío. Nesta crença,decidi,
decidi,neste
nesteposfácío,
posfácio,registrar
registraralgumas
algumas
impressões causadas por
impressões causadas por uma
uma primeira
primeira leitura
leitura dos
dos originais.
srcinais.
Tratase de dezoito
Trata-se de dezoito ensaios,
ensaios, entre
entre resenhas,
resenhas, introduções,
introduções,
conferências, depoimentos, escritos ao longo
conferências, depoimentos, longo de
de 35
35 anos,
anos, de
de 1978
1978
aa 2013. Uneos, além
2013. Une-os, alémdadaautoria,
autoria,oofato
fatodedeque
quesão
sãoestudos
estudossobre
sobre
dez
dez grandes
grandes intérpretes,
intérpretes, ou,
ou, como quer oo título
como quer título do livro, dez
do livro, dez gran-
gran-
des inventores do Brasil. A escolha dos nomes parece ter obede-
des inventores do Brasil. A escolha dos nomes parece ter obede-
cido, como era
cido, como era natural,
natural, às
às preferências
preferênciasdo do autor,
autor,motivadas
motivadaspor por
amizade, empatia, admiração,
amizade, empatia, admiração, reconhecimento.
reconhecimento. Mas Mas todos
todos eles
eles
integram, e nisto
nisto sesunem,
seÃinem, aamaioria
maioriadas
daslistas
listasdos
dosprincipais
principaise e
mais influentes
influentes intérpretes
intérpretes do
do Brasil.
Brasil.Seis
Seisdeles,
deles,por
porexemplo,
exemplo,in-in-
tegram
tegram aa prestigiosa
prestigiosa coleção
coleçãoIntérpretes do Brasil da
da Nova Aguilar
Nova Aguilar
coordenada
coordenada por
por Silviano
Silviano Santiago
Santiago ee publicada
publicada em 2000:: Joaquim
em 2000 Joaquim
Nabuco,
Nabuco, Euclides
Euclides da
da Cunha,
Cunha, Paulo
Paulo Prado,
Prado, Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre, Sér-
Sér-
gio Buarque dede Holanda,
Holanda, Florestan Fernandes.
Fernandes. Os outros quatro,
quatro,
nim-
Celso Furtado, Antonio
Celso Furtado, Antonio Candido,
Cândido,CaioCaioPrado,
Prado,Raymundo
RaymundoPao- Fao-
ro, aparecem em
ro, aparecem em listas
listassemelhantes.
semelhantes.São Sãopoucos,
poucos, nana verdade,
verdade, os
nomes que
nomes que costumam aparecerem
costumam aparecer emtais
taislistas
listase eque
quenão
nãoconstam
constam
do livro. Lembrome,sobretudo,
livro. Lembro~me, sobretudo,dosdosdedeAlberto
AlbertoTorres,
Torres, Oliveira
Oliveira
Vianna, Victor Nunes Leal
Victor Nunes Leal ee Vianna
Vianna Moog.
Moog.
Como
Como se trata de
se trata de pensadores
pensadores lidos
lidoseerelidos,
relidos,háháinevitavel~
inevitavel-
mente reiteraçöes nos comentários de que são objeto. Evitarei
mente reiterações nos comentários de que são objeto. Evitarei
reiterar
reiterar essas reiterações,Vou
essas reiterações. Vouconcentrar-me
concentrarmeememalguns álgunspontos
pontos
que
que me
me chamaram
chamaram aa atenção
atenção pela
pela originalidade,r
srcinalidade, pela
pela diferença
diferença
em relação ao ao que
que geralmente
geralmentesesediz.
diz.Alguns
Algunsterão
terãoalcance
alcance geral,
geral,
outros
outros dirão
dirão respeito
respeito àà análise
análisededepensadores
pensadoresespecíficos.
específicos. E, por
E, por
razões de espaço,
razões de espaço,nemnemtodos
todosososensaios
ensaiosserão
serão comentados.
comentados.
Começo comentandoum
Começo comentando umaspecto
aspecto geral
geralque
quechama
chamaaaatenção.
atenção
de um
um leitor não
não paulista.
paulista*Trata-se
Tratasedadaforte
forte presença
presença da da Universi
Universi~
dade de São Paulo na formação de Fernando Henrique Cardosoü
dade
ee na de São
na lista.
lista dosPaulo
dos autores
autoresnaporformação
porele de Fernando
eleanalisados.
analisados. Henrique
Fernando
Fernando Cardoso
Henrique
Henrique lá lá
p9
se formou (ingressou
se formou (ingressou em em1949)
1949)e eláláensinou
ensinou(até (atéserseraposentado
aposentado
forçadamente
forçadamente pelo pelogoverno
governomilitar
militarem em1968).
1968),ForamForamprofessores”
professores*
dessa universidade,
dessa universidade, ` e ededeFernando
FernandoHenrique,
Henrique,SérgioSérgio Buarque
Buarque de dé s=-
Holanda, AntonioCândido
Holanda, Antonio Candido ee Florestan
Florestan Fernandes..A
Fernandes.A esses, esses, poder
poder-
seia acrescentarum
-se-ia acrescentar umquarto,
quarto.Caio
CaioPrado
PradoIr.,Jr.,que
quelá láfezfez estudos;
estudos.
Outro
Outro queque poderia
poderia terter entrado
entrado na na lista
lista do
do autor
autor éé Fernando
Fernando de de
Azevedo,
Azevedo, de quem Florestan
de quem Fernandes eAntonio
Florestan Fernandes e Antonio Candido-
Cândido foramforam
assistentes.
assistentes.
A
A década
década de 1950 foi
de 1950 foi aa da
da ascensão
ascensão da da iUse
t sp a a posição
posição de de des»
des-
taque
taque nono cenário intelectual do
cenário intelectual dopaís,
país,fazendo
fazendosombrasombraà àUniver-
Univer-
sidade
sidade dodo Brasil.
Brasil,Evidencia
Evidenciaessa essa relevância
relevância a autossuficiência
a autossuficiência da da
universidade. FernandoHenrique
universidade. Perna-ndo Henriquesósóregistra
registracomo comoimportantes
importantes
em
em sua formação aaüUSP
sua formação sp e e aa experiência
experiênciachilena
chilenananaCepalCepaldedeRaulRaul
Prebisch. Outro grande
Prebisch. Outro grande centrocentro dedeestudos
estudosque quesesedestacou
destacounana
época
época por
por se dedicar aa pensar
se dedicar pensarooBrasil
Brasilfoifoio ofinstituto Superku?
ge Estudos Í_Brasilei_ros,ÉIself›_,lcriado no Rio de Janeiro em 1955
fl?Estudõs Brasileiros, Iseb lcriado no Rio de Janeiro em 1955
283
e fechado.
fechado pelos militares em em 1964.
1964. Nele
Nele ensinaram
ensinaramimportantes
importantes
pensadores,
pensadores, como como Hélio
Helio Jagüaribe,
Jaguaribe, Guerreiro
Guerreiro Ramos
Ramos ee Álvaro
Álvaro
Vieira
Vieira Pinto,
Pinto, entre
entre outros.
outros. No
No entanto,
entanto,o0Iseb
lseb só
só éé mencionado
mencionado
uma
uma vez,vez, e ligeiramente.
ligeiramente. Também
Também não não aparecem
aparecem nomesnomes de de des-
des-
taque da da Faculdade
Faculdade Nacional
Nacional dede Filosofia
Filosofia da Universidade
Universidade do do
Brasil, como
como Victor
Viçtor Nunes
Nunes Leal
Leal ee Evaristo
Evaristo de
deMoraes
MoraesFilho. Filho.DeDe
outros estados,
outros estados, comparecem
comparecem trêstrês nomes
nomes importantes,
importantes, mas mas alheios
alheios
ao meio acadêmico, o paraibano Celso Furtado, o pernambucano
Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre ee oo gaúcho
gaúcho Raymundo
Raymundo Paoro.
Faoro. São
SãoPaulo,
Paulo,graças
graçasà à
s p , passou a disputar vantajosamente côm
uUsP, com a então capitai
capital federal
aa escrita
escrita ee aa interpretação
interpretação dodo Brasil.
Brasil.
Aluno de Ciências Sociais
Sociais da
da Faculdade
Faculdadede deCiências
CiênciasEconô- Econô-
micas da então Universidade
Universidade de de Minas
Minas Gerais
Geraisna nadécada
décadadede1960,1960,
onze anosanos após
após a entrada dede Fernando Henrique
Henrique na s p , testemu-
na uUSP, testemu-
nhei a ascensão da universidade paulista. Na sala de aula, líarnos
nhei
muito,a ascensão
como na da Use,universidade
usp, os clássicos paulista.
Marx, Weber
Marx, Na sala de aula, liamos
ee Durkheim, guia-
guia-
dos por
por Georges
Georges Gurvitch. Mas líamos, liamos, também
também muito,
muito, autores
autores
brasileiros, na maioria pertencentes ao Iseb. Começávamos, no
entanto,
entanto, aa ler
ler os
os jovens
jovens professores
professores da uusP.
s p . A Revista Brasileira

de
de Ciências Sociais,, editada
Ciências Sociais editada nana Faculdade
Faculdade porpor meu
meu professor, Jú-
professor, lú-
lio Barbosa, a melhor do país país na época
época emem suasua área, publicava
área", publicava
Hélio Jagüaribe
Iaguaribe ee Álvaro Vieira Pinto,
Álvaro Vieira Pinto, mas também, ee cada cada vez
vez
mais,
mais, Fiorestan
Florestan Fernandes, Octavio Ianni,
Fernandes, Octavio íanni, José Arthur Giannotti.
lose Arthur Giannotti.
O número
O número 11 de' de'1962
1962 publicou
publicou artigo
artigo de
de Fernando
Fernando Henrique
Henriquein- in-
titulado *"'.O
0 método dialético na análise sociológica”.
sociológica? Este mesmo
mesmo
número
número trazia
trazia artigo
artigo de
de Celso
Celso Furtado
Furtado ee um
um relatório da Cepal,
relatório da Çepal,
duas referências, Ceflo
C1-:Êo ee aa Cepal,
Cepa), de
de Fernando
Fernando Henrique.
Henrique. Coin-
Coin-
cidentemente,
cidentemente, no no mesmo
mesmo número,
número, apareceu
apareceu um um artigo
artigo de
de Fio-
Flo-
restan
restan Fernandes
Fernandes sobre
sobre “A sociologiacomo
“A sociologia como afirmação°Í
afirmação”Tratava-
Tratava-
se
-se de discurso presidencial do autor proferido na abertura do ri n
Congresso Brasileiro de Sociologia,
Brasileiro de Sociologia,realizado
realizadoem emBelo
BeloHorizonte
Horizonte
em 1962.
em 1962.
289
Nesse
Nesse artigo,
artigo, aparecia
aparecia com
com clareza
clareza aa preocupação
preocupação do do soció-
soció-
logo em afirmar
logo em afirmar oo caráter
carátercientífico
científicodadasociologia,
sociologia,
emem enfatizar
enfatizar a a
necessidade
necessidade de seseguirem,
de se seguirem,no noexercício
exercício dadaprofissão,
profissão,os
osprotoco-
protoco-
los relativosaamétodos
los relativos métodose eteorias,
teorias,além
alémda crença,
da crença,que
quehoje
hojenos
nospa-
pa-
receria um tanto
receria um tanto ingênua,
ingênua,nanacapacidade
capacidadedadaciência
ciência
de de reformar
reformar
aa realidade.
realidade. O0 artigo
artigo de
de Fernando
FernandoHenrique
Henrique nana revista
revistaregistrava
registrava
nova dimensão
nova dimensão da da orientação
orientaçãodadauUSP
s p nas ciências sociais. Trata-
nas ciências sociais. Trata-
vase da influência
va-se da influênciado domarxismo,
marxismo,originada
srcinadanono Seminário
SeminárioMarx,
Marx,
dedicado àà leitura
leitura de
deO capital, que
que funcionou
funcionou de
de 1958
1958a a1964.
1964.
Participaram
Participaram do do seminário
seminário professores
professoresdedesociologia,
sociologia,filosofia
filosofia
e e
história, incluindo Fernando
história, incluindo Fernando Henrique,
Henrique,nãonãoincluindo,
incluindo,curiosa-
curiosa-
mente, Florestan Fernandes.
Fernandes. O gfupo
grupo contribuiu
contribuiu poderosamente
poderosamente,
para marcár
marcar a produção da uUs1> s p na área
área de
de ciências
ciênciassociais
sociaise enana
história
história com um viés
com um viés teórico
teórico de orientaçãomarxista,
de orientação marxista, embora
emborauti-uti-
lizado, o viés, de maneira distinta pelos participantes do grupo.
lizado,
O o viés,
O que
que de de
acabo
acabo maneira
de distinta
dizersobre
dizer sobre pelos participantes
Florestan
Florestan do como
Fernandes serve
Fernandes serve grupo.
como
ponte
ponte para
para osos três
três capítulos
capítulos queque examinam
examinarn suasua atuação
atuação como
como
professor e sua obra sociológica. O primeiro é um depoimento de
1986,0
1986, o segundo,
segundo, umaumaintrodução
introduçãoaaÀA revolução burguesa no Bra Bm-
sil, escrita em2000
escrita em 2000,, oo terceiro,
terceiro,dede2008,2008,umaumaintrodução
introduçãoà quar-
à quar-
ta edição revista
revista dodo livro
livrodedeRoger
RogerBastide
Bastidee Florestan,
e Florestan,Brancos
e negros -em Paulo. Interessaram-me
em São Paulo. Interessarammeparticularmente
particularmenteososdoisdois
primeiros,
primeiros, sobretudo
sobretudo oo depoimento,
depoimento, que que falam
falam do
do professor
professor ee do
do
sociólogo Florestan
sociólogo FlorestanFernandes
Fernandesentre entre1945, quando
1945, quandocomeçou
começou a le-a le-
cionar, ee 1969,
1969,quando
quandofoifoiaposentado
aposentadocompulsoriamente.
compulsoriamente. EssaEssa
fase importante de
fase importante de sua
suavidavidaficou
ficouofuscada,
ofuscada,pelo
pelomenos
menos para
para os os
que
que não
não conviveram
conviveram com comele,ele,por
porsuasuaprodução
produçãoacadêmica
acadêmica e mi-
e mi-
litância político-partidária
polítiçopartidáriaposterior.
posterior.Sua Suarecuperação
recuperação é um
é um dosdos
muitos méritos destedestelivro.
livro.
O que nos
nos éécontado
contadosobresobre Florestan
FlorestanFernandes
Fernandescoincide
coincidecomcom
oo artigo dele acima
artigo dele acimacitado.
citado.EleEleéé oo grande
grande professor
professor dede sociologia,
sociologia,
competente, exigente, preocupado em afirmar o caráter científi-
competente, exigente, preocupado em afirmar o caráter científi-
"I-f\F'\
co da disciplina, oo proñssionalismo
profissionalismo de
de seus
seus praticantes
praticantes ee seu uso
uso
para
para promover
promover aa reforma
reforma democrática
democrática dodo país.
país. É
É sintomático
sintomático que
que
ele te Antonio
Antonio Cândido
Candido dessem
dessem aulas
aulas de avental
avental branco
brancocomo
comosese
fossem cientistas em
fossem cientistas em seus
seus laboratórios.
laboratórios. OO mesmo
mesmo faziam os assis-
assis-
tentes: “o professor entrava na salasala de aula
aula ccom
om seu avental
avental br an-
bran-
co, os assistentes
co, os assistentes acompanhavam-no
acompanhavamno também
também com seus aventais
brancos ee assistíamos
brancos assistiamos aa todas
todas asas aulas”.
aulas”. A
A Faculdade
Faculdade de de Filosofia
Filo-sofia
da uUSP
s p parecia uma faculdade de Medicina. Por mais exótico e

exagerado,
exagerado, se se não
nao cômico,
cômico, que que isso
isso nos
nos pareça
pareça hoje, creio que aa
insistência de Fiorestan
Florestan nana im portância de
importância de uma
uma formação
formação sólida
sólida
em teoria
teoria e método
método ee da da leitura
leitura dos
dos clássicos
clássicos pode
podetertervacinado
vacinado
seus alunos, pelo menos
menos os os melhores deles,
deles, entre
entre osos quais
quais estava
estava
sem dúvida Fernando
Fernando Henrique,
Henrique, contra
contra simplism
simplísmos os eereducion
reducionis-is
mos fáceis, tornados atraentes peta
fáceis, tornados pela situação
situação política
políticacriada
criadaapós
após
o golpe dede 1964.
Perguntome,
Pergunto-me, talveztalvez para surpresa
surpresa do do próprio
próprioFernando
Fernando
Henrique, se a formação recebida recebida de Fiorestan
Florestan Fernandes
Fernandesnão não
serviu também
também parapara evitar
evitar que
que ele,
ele, sob
sob aa influência
influênciado doSemi-
Semi-
nário Marx, se tornasse
tornasse um ortodoxo
ortodoxo rígido
rígido ee desinteressante,
clesinteressante,
como aconteceu com outros. Os textos deste livro livro mostram
mostramcom com
abundância que que isto
isto não se
se deu, mostram
mostram aa abertura
abertura ee aa agilidade
agilidade
mental que ele ele manteve,
manteve, ee tem tem mantido,
mantido,aoaolongolongodedesua suavida
vida
acadêmica. Na Na verdade,
verdade, as as leituras
leituras clássicas
clássicaspodem
podem ter ter ajudado
ajudado
oo próprio Florestan Fernandes*
próprio Fiorestan Fernandes. ComoComo anota Fernando Henri-
anota Fernando Henri-
que no texto de 2000
2000,, há ura
um corte entre
entre os
os primeiros
primeiroscapítulos
capítulos
de AA revolução burguesa
burguesa no Brasil e os últimos,
últimos, escritos
escritos sete
sete anos
anos
depois,
depois, de
de natureza
natureza claramente
äaramente marxista,
marxista,onde
ondepredomina
predomina o es-
o es-
quema das etapas de de acumulação
acumulação de de capital
capital. No
No entan to, anota
entanto, anota oo
autor, Fiorestan
Florestan Fernandes nunca
nunca sucumbiu
sucumbiuaoaomarxismo
marxismovul- vul-
gar e a reducionismos
reducionisrnoseconomicistas,
economicistas. O livro de seu seu exprofessor
ex-professor
não demonstraria,
demonstraria, segundo
segundoele,
ele, aa superioridade
superioridadededeum umesquema
esquema
(marxista) sobre outro (weberiano), ou vice-versa, mas a quali-
(marxista) sobre outro (weberiano), ou viceversa, mas a quali
dade de umum soçiólogo
sociólogo de
de sólida
sólida formação
formaçãoteórica
teóricae eapaixonado
apaixonado
pela pesquisa.
Sobre Antonio
Antonio Cândido
Candidohá hádois
doistextos,
textos,um
umdepoimento
depoimento dede
exaluno,
ex-aluno, de
de 1992,
1992, e uma resenha
resenha de de 05
Os parceiros do Rio Boni
Boni-
to, de 1979.
1979. No depoimento,
depoimento, oo autor
autorrelembra
relembrao oassistente,
assistente,aoao
lado de
de Florestan
Florestan Fernandes,
Fernandes,de deFernando
FernandodedeAzevedo,
Azevedo,impecá-
impecáz
vel no avental branco, límpido, elegante e erudito no falar. Mas
vel no avental branco, límpido, elegante è erudito no falar. Mas
é a resenha que eu eu gostaria
gostaria de
de ressaltar
ressaltar por
porrecuperar
recuperarum umlivro
livro
importante
importante,, publicado
publicado em em 1964,
1964, ee posterio rmente ofuscado
posteriormente ofuscado pela
pela
obra de
de crítica
crítica literária
literáriade
deAntonio
AntonioCândido
Candido e, e,
sobretudo,
sobretudo,pelapela
explicação oferecida para o ofuscamento.
ofuscamento. Fernando
Fernando Henrique
Henrique
convincentemente
convincentemente mostramostraasasviríudes
virtudesdedeum umlivro que
livro quecombina-
combina-
va antropologia
antropologia,, sociologia e econom
economia ia rio
no esforço
esforço de
de entender
entender oo
mundo
mundo caipira paulista,
paulista, manten
mantendo do oo tem po todo
tempo todo aa preocupação
preocupação^
°u s
de combinar
combinar aa abstração
abstraçãodadateoria
teoriae ea aèoncretude
concretude dodocotidiano,
cotidiano.
Teria sido
Teria isto, conclui,
sido isto, conclui, que
que impediu
impediuquequeoolivro
livrofizesse
fizesse escola
escola ao
ao jfc
z
aparecer numnum ambiente
ambienteintelectual
intelectualpreocupado
preocupadoprioritariamente
prioritariamente
com formulações»teóricas,
formulações-teóricas, categorias, esquemas interpretativos,
interpretativosf
estru turas. Um ambiente,
estruturas. ambiente, em
emooutras
utras palavras,
palavras, em
em que
que não
não havia
havia
lugar par
paraa a experiência
experiência human
humana.a.

Abertura
Abertura ee agilidade
agilidade estão
estão certamente
certamentepresentes
presentesnanaanálise
análise
de autores
autores aos
aos quais
quais oo autor
autorsesevincula
vinculapor
porlaços
laçosintelectuais
intelectuaise e
afetivos, como Florestan Fernandes, Antonio Antonio Cândido,
Candido, Sérgio
Sérgio
Buarque,
Buarque, Caio
Caio Prado,
Prado, ou
ou porporafinidade
afinidadededeideias,
ideias,como
comoJoaquim
loaquim
Nabuco. Mas elas ressaltam mais quando 0o objeto de estudo é
alguém queque não
não se
se enquadra
enquadra nessas
nessas características,
características, como
como são
são os
os
casos de Gilberto Freyre e Raymundo
Raymündo Faoro. O primeiro éé estu- estu-
dado em em três
três textos,
textos, de 1993,2005
1993, 2005 e 2010
2010.. Durante os anos Í950
1950-
.*'60,
-60, e emesmo
mesmoalém,
além,ele
elefoifoiuma
umabête noire para
para aa intelectualidade
intelectualidade
uspiana,
uspiana, inclusive,
inclusive, ee confessadamente,
confessadamente, para para o0próprio
próprioFernando
Fernando

192
Henrique, e também para a esquerda em geral. Ele dividia dividia com oo
fluminense
fluminense Oliveira
Oliveira Vianna, xingado de
Vianna, xingado de reacionárío,
reacionário, racista
racista eeeli-
eli-
tista,
tista, oo papel de saco
papel de saco de
de pancada
pancada da da intelectualidade
intelectualidade de de esquerda.
esquerda.
Gilberto Freyre,
Freyre, acusava-se,
acusavase,não nãotinha
tinharigor
rigorcientifico,
científico,eraeracon-
con-
servador,
servador, saudosista
saudosista do
do mundo
mundo patriarcal
patriarcal ee escravista,
escravista, criador do
criador do
mito
mito da da democracia
democracia racial
racial ee o
o que
que mais seja.
mais seja.
No entanto, já no texto de 1993, uma aula magna dada no
No entanto, já no texto de 1993, uma aula magna dada no
Instituto
Instituto Rio Branco
Branco quando oo autor era ministro das Relações Relações
Exteriores,
Exteriores, sua sua atitude
atitude jájá éé aberta,
aberta, admite
admite aspectos
aspectos positivos
positivosnana
obra
obra freyriana,
freyriana, sobretudo em Casa-grande
Casa-grande & senzala. Sem
Ó senzala. abrir
Sem abrir
mão das críticas,noblesse oblige, confessa
das críticas, confessa queque umâ
uma releitura desse j
livro, agora
agora sem os olhos do jovem sociólogo
sociólogo militante mas preo- preo-
cupada
cupada apenas
apenas em “ver“ver oo que
que diz
diz oo li~vro'Í
livro” se
se revelou
revelouapaixonan-
apaixonan
te, inclusive pelasqualidades
inclusive pelas qualidadesliterárias
literáriasdodotexto,
texto,muito
muitomaiores,
maiores,
acrescento eu, eu, do
do que
que asas dada“pedreira”
“pedreira”dos dosescritos
escritosdedeFlorestan
Florestan
Fernandes. AÀ mesma mesma sensação
sensação ééconfessada
confessadananaconferência
conferênciadede
0 1 0, feita na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), quan-
22010, quan-
do fala em encanto
encanto e deslumbramento./llém
deslumbramento. Além de de ressaltar
ressaltar de
denovo
novo
aa qualidade
qualidade da da escrita
escrita como
como um um dos
dos fatores
fatores dada permanência
permanênciada da
obra
obra dede Gilberto Freyre,
Freyre,acrescenta
acrescentaaspectos
aspectossubstantivos
substantivoscomocomoa a
solidez acadêmica,
acadêmica, a descoberta da da importância
importância do cotidiano ee da da
vida privada, antesantes mesmo
mesmo que que osos franceses
francesesoofizessem
fizessem(poderia
(poderia
ter mencionado um precursor entre nós, nós> oAlcântara
o Alcântara Machado
Machadode de
Vida ee morte
Vida morte do<
do bandeirante,
bandeirante, de
de Í929),
1929), aa incorporação
incorporação na
na análise
análise
da vivência*
vivência, de valores
valores ee sentimentos,
sentimentos, oo distanciamento
distanciamento da da ênfase
ênfase
no papel
papel do Estado, predominante esta
Estado, predominante esta numa
numa época
época em em que
que era
era
grande a influência
influência de
cfè Alberto
Alberto Torres,
Torres,viaviaaaSociedade
Sociedadede deAmigos
Amigos
que
que levava seu nome,
levava seu nome, de
deOliveira
OliveiraVianna
Viannae ededeAzevedo
Azevedo Amaral,
Amaral,
todos
todos defensores
defensores dede maior
maior protagonismo
protagonismó do do governo
governo central.
central.E,E*
por fim,
firn, em interpretação srcinal,
original,atribui
atribuiainda
aindaa aperenidade
perenidadedada
obra de
de Gilberto Freyre
Freyreem emparte
parteaoaofato
fatodedetertereleelecriado
criado0 omito
mito
da identidade brasileira como sendo uma feliz combinação de ra-
da identidade brasileira como sendo uma feliz combinação de ra
293
m
ças
ças ee culturas.
culturas, Esse
Essemito,
mito, conclui,
conclui, seria
serianosso
nossomito,
mito*aquele
aqueleememque
que
gostaríamos
gostaríamos de déacreditar,
acreditar,dai
daísua
suagrande
grandereceptividade.
receptividade.
Outro sem grande afinidacle
afinidade intelectual com Fernando
Fernando Hen-
Hen-
rique
rique éé Raymundo
Raymundo Faoro. O texto
Faoro. O textosobre
sobreesse
esse autor,
autor, de
de2013,
2013,ééum um
comentário relativamente longo sobre
relativamente longo sobreOsOsdonos dó poder,, livro
do poder livro
de 1958, comsegunda
1958, com segundaedição,
edição,muito
muitoaumentada
aumentadamas mas pouco
pouco me-ine
lhorada, em
lhorada, em 1975.
1975. AA te-se
tesecentral
centraldedeRaymundo
RaymundoFaoro,Faoro,como
comose se
sabe,
sabe, éé a da
da -persistência
persistência nono Brasil
Brasildedeuma
umadominação
dominaçãoburocrá-
burociá
ticoestamental
tico~estamental de natureza patrimonial,
patrimonial, conceito
conceito inspirado
inspiradonana
sociologia weberiana. Nessa
sociologia weberiana. Nessalinha,
linha,Faoro
Faorovêvêa história
a históriadodoBrasil
Brasil
marcada, da Colônia àà República,
República,pelo
pelodomínio
domíniopersistente
persistentedede
um
um estamento
estament-o burocrático vinculado
vinculado aoao Estado
Estadoquequecontrola
controlaa a
política, a sociedade e a economia, esta última via um esterilizai*
esterilizan-
te capitalismo
capitalismo dede Estado.
Estado.Haveria
HaverianonoBrasil,
Brasil,resume
resume o autor,
o autor, na na
al;
7*
linha do liberalismo e do dualismo de Tavares Bastos, um Estado
linha do liberalismo
que, desde e do dualismo
os primórdios, se projetade Tavares Bastos,
independente
independente um Estado pfã:
ee hegemônico
hegemônico F

sobre as
as classes
claásessociais.
sociais*
Tratase de tese
teseforte,
forte,mas
masformulada
formuladadedemaneira
maneiratãotão radical *
ø
-$-
Trata»se de radical
que nao
não faz nem mesmo justiça
justiçaààcompleicidade
complexidadedadaanálise
análise históri-
históri- E

ca desenvolvida
desenvolvidaem emOs donos do poder. Eupróprio
do poder. própriotentei
tenteimostrar
most-rar
a dificuldade
dificuldade dede provar
provarempiricamente
empiricamentea aestamentalizaçäo
estamentalização entre
entre
nós da burocracia estatal
estatal no
no século
séculoxxx,
xix.Fernando
FernandoHenrique
Henriquenão nao
poderia deixar de criticar o exagero da formulação faoriana,
faoriana. Ele
Eleoo
faz, mas não insiste nessa fragilidade. Com acuidade, escolhe res-
faz, mas não insiste nessa fragilidade. Com acuidade, escolhe res-
saltar os pontos
pontos positivos.
positivos.Busca
Buscanonopatrimonialismo
patrimonialismo caracteriza
caracteriza-
do por Raymundo Faoro elementos úteis
Paoro elementos parainterpretar
úteis para interpretar oo Brasil
Brasil
de
de hoje
hoje (a segunda edição
(a segunda ediçãododolivro
livrofoi
foi publicada
publicadaainda
aindanono periodo
período
ditatorial, quando oo estamento
ditatorial, quando militar --
estamento militar — na
navisão
visãodedeFaoro
Faoro-
predominava).
predominava). Fernando
Fernando Henrique
Henrique julga
julga que
que oo estamento,
estamento, agora
agora
mais
mais civil que mi-lita-r,
civil que militar, ainda
aindaestá
estápresente
presenteentre
entrenós,
nós,num
numcon»con-
luio que sobreviveu,
sobreviveu, se senão
nãosesereforçou,
reforçou,paralelamente
paralelamente ao ao avan-
avan-
ço capitalista, englobando burocracia, empresas e sindicatos. Ele
ço capitalista, englobando burocracia, empresas e sindicatos. Ue
294
próprio,
proprio, aliás, já se referira ao fenômeno do patrimonialismo
patrimonialisrno de
hoje cunhando
cunhando aa expressão “anéisburocráticos?
expressão “anéis burocráticos”AAconsequência
conseqüência
seria
seria que
que esta mutação do
esta mutação do patrimonialismo,
patrimonialismo, acoplada
acoplada aa políticas
políticas
populistas e coberta com o manto da esquerda, o torna popular
e, portanto,
portanto, oo fortalece.
fortalece. O autor não usa
usa aa expressão,
expressão, mas seria
seria
possível
possivel falar
falar em
em esquerda
esquerda patrimonial,
patrimonial, nova
nova invenção
invenção brasileira
brasileira
que não
que não surpreenderia
surpreenderia Raymündo
Raymundo FaoroFaoro ee lembraria
lembraria oo conceito
conceito
de nacionalismo cartorial desenvolvido por Hélio Jaguaribe na
desenvolvido por
década
década de
de 1960. Os breves
1960. Os brevescomentários
comentáriosfinais
finaisdedeFernando
FernandoHen-
Hen~
rique à obra de Raymündo
Raymundo Faoro mereceriam
rnereceriarn ser
ser expandidos em
análise mais aprofundada
análise mais aprofundada dodo Brasil
Brasil de
de hoje.
hoje.
Também lúcida é a resenha
resenha dede Os sertões
sertões,, feita em artigo
de 1978. A presença
1978. A presença no
no livro
livrodadaforte
forteinfluência
influênciacientificista
cientificistadada
ântropogeografia,
antropogeografia, dominante na época, nao não consegue desviar a
atenção do comentador para os aspectos inovadores da obra. Eu-
atenção
clides dadoCunha,
comentador
anota,para os aspectos
consegue,
consegue, inovadores
aadespeito
despeito da esquemas
deseus
de seus obra. Eu
esquemas
teóricos, e contra eles, fazeruma
eles, fazer umasociologia
sociologiadodocotidiano
cotidianoeedos dós
movimentos
movimentos sociais, sobretudo do
sociais, sobretudo do messianismo.
messianismo.Isto Istoeeaaira
irasanta
santa
de Euclides contra o “crime da nacionalidade” teriam conferido a
0Os$ sertões seu caráter de livro permanente,
permanente.
Volto aos autores
Volto aos autores caros
carosaaFernando
FernandoHenrique.
Henrique.Os Ostrês
trêstextos
textos
sobre
-sobre Nabuco, um discurso de de 1999, um prefácio aa Balmaceda
Balmaceda,>de de
2000, e uma conferência na
2000, na aABL
b l em 2010,
2010, destilam admiração ee
simpatia, sobretudo
sobrettido em relação a O abolicionismo. Nabuco, segun-
Oabolicionismo. segun-
do ele, aliava
aliava asasqualidades
qualidadesdedesociólogo
sociólogoà deà dereformador
reformadorsocial,
social,
receita perfeita
perfeita para
para entusiasrnar
entusiasmar oojovemjovemaluno
alunode desociologia
sociologiadada
s p .Ê
uUSP. justificada, aa meu
É justificada, meuver.,
Ver,a caracterização
a caracterização dede O
abolicionismo,,
O abolicionismo
o melhor panfleto
panfleto político já produzido entre nós, como co mo um
um tex-
tex-
to sociológico»
sociológico.. Ninguém melhor do que Nabuco viu com clareza
as metástases da
as metástases da escravidão
escravidãoem emtoda
todaaavida
vidanacional,
nacional,nanaecono-
econo-
mia, na política,
política, nas
nas relações
relaçõessociais,
sociais,nos
nosvalores.
valores.FoiFoi detectando
detectando
esse enraizamento que ele profetízou que seriam necessários cem
esse enraizamento que ele profetizou que seriam necessários cem
anos
anos para
para nos
nos livrarmos
livrarmos da
da herança
herança escravista. FlorestanFernan-
escravista. Florestan Fernan-
des,
des, com
com sua
sua insistência nadentifxcidade
insistência na cientificidade da sociologia, talvez
da sociologia, talvez não
não
admitisse
aclrnitisse conceder
conceder aa Nabuco
Nabuco aa qualificação
qualificação de sociólogo»Mas,
de sociólogo. Mas,
com mais acerto, Guerreiro
Guerreiro Ramos
Ramos certamente
certamente o incluiria em em sua
suâ
lista
lista de
de sociólogos anônimos de
sociólogos anônimos de que
que faziam parte, entre
faziam parte", entre outros,
outros,
Euclides
Euclides dada Cunha,
Cunha, Sílvio
SilvioRomero,
Romero,Alberto
AlbertoTorres.
Torres.
Inovadora na análise feita sobre Joaquim Nabuco é a inter-
Inovadora
pretação na análise
das possíveis feita
razoeè
razoes quesobre Joaquim
levaram
levaram' Nabuco éaaseinter-
o abolicionista de-
de-.
dicar
clicar integralmente,
integralmente, áa partir
partir de
de Í879,
1879, àà luta
luta contra
contra aa escravidão.
escravidão.
É conhecida aa versão
versão do
do próprio
próprio Nabuco
Nabuco queque aa vincula
vincula aa sua
sua con-
con-
vivência com os escravos no engenho da madrinha, sobretudo ao
episódio
episódio dramático
dramático dodo escravo
escravo dê* umfazendeiro
dè` um fazendeirovizinho
vizinhoquequesese
lançou aa seus
seus pés solicitando que
que aa madrinha
madrinhaoocomprasse
comprasse para
servir a ele,
ele, ainda um.menino.
unmmenino. E, E, mais
mais ainda,
ainda, àà visita que
que fez,
fez,jájá
adolescente, aoao cemitério dos escravos dd dó' engenho, quando
quando teria
teria
prometido dedicar a vida a combater a- instituição responsável
prometido dedicar a vida a combater a instituição responsável
pela sorte deles. Fernando
Femando Henrique, inspirado em análises psi psi-
canaHticas, sugere-um
canalíticas, sugere urn fator
fator adicional
adicionalparapara aadecisão,
decisão,a asensação
sensação
de perda sofrida
sofrida pelo
pelo próprio
próprio Nabuco
Nabuco porporocasião
ocasião da
da morte
morte da
madrinha,
madrinha, sua sua mãe
mãe de de criação,
criação. Choraram
Choraram os os escravos
escravos ee chorou
chorou
ele,
ele, perdiam
perdiam osos escravos
escravos ee perdia
perdia ele,
ele, um
um menino
menino dede oito
oito anos.
anos. OO
trauma
trauma pessoal,
pessoal, segundo
segundo aa hipótese,
hipótese, teria
teria contribuído
contribuído para
para im-
im-
primir
primir comcom mais
mais força
força em
em seu
seu espírito
espírito aa convicção
convicção profunda
profunda dos dos
males
males da da escravidão
escravidão ze,é,consequentemente,
consequentemente,para parafazê-lo
fazêlodecidir~«se
decidirse
aa dedicar
dedicar aa vida
vida âà causa
causa da
da abolição,
abolição. NoNo mínimo,
mínimo, éé bene trovato.
trovruo.
Uma
Uma nota
nota final
final sobre
sobre oo capítulo
capítulo dedicado
dedicado aa Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque
de
de Holanda.
I-Iolanda. Tratase
Trata-se dede artigo
artigo sobre
sobre Raízes âo Brasil publicado
do Brasil publicado
em 1978 revista Senhor Vogue.
1978 na revista Vogue. O 0 texto é curto demais
demais parapara
permitir
permitir aoao autor
autor desenvolver
desenvolver análise
análise aprofundada
aprofundada do do livro.
livro.
Aproveitoo,
Aproveito-o, no no entanto,
entanto, para
para uma
uma nota
nota metodológica*
metodo-lógica. ÉÉ tendên-
tendên~
cia quase geral entre os comentadores de Raizes Raízes âo Fer-
do Brasil, Fer-
nando
nando Henrique
Henriqueaíaíincluído,
incluído, com
com raríssimas
raríssímas exceções, entreelas
exceções, entre elas

296
296
a de Robert.
Robert Wagner,
Wegner,não nãoprestar
prestaratenção
atençãono noprefácio
prefáciodadasegunda
segunda
edição, feita em
edição, feita em 1948,
1948,dozedozeanos
anosapós
apósa aprimeira.
primeira.Nele,
Nele,Sérgio
Sérgio
Buarque
Buarque alerta
alerta o
o leitor
leito-r sobre
sobre o
o fato de se
fato de se tratar
tratar de
de edição
edição “consi-
“consi-
deravelmente
deravelmente modificada*
modificada” ee confessa não ter
confessa nao
..
ter hesitado
hesitado emem “alterar
K
a l .terar
abundantemente”
abundantemente” oo livrolivro onde
onde lhe
lhe pareceu
pareceu necessário
necessário “retificar,
“retif1car,
precisar
precisar ou ampliar sua
ou ampliar sua substancia”.
substancia”. O
O historiador
historiador das
cias ideias
ideias téria,
teria,
então, necessariamente, que levar em conta essas mudanças, sob
então, necessariamente, que levar em conta essas mudanças, sob.
pena de considerar como sendo de 1936 posições que seriam, de
fato, de 1948.
fato, de 1948.
ÊÉ conhecida
conhecida aa trajetória
trajetória de de Sérgio
SérgioBuarque.
Buarque,De De1921,
1921,quan-
quan-
do
do tinha
tinha dezenove anos, até
dezenove anos, até 1946,
1946,ele
elemorou
morouno noRio
RiodedeIaneiro
Janeiro
ee participou
participou intensamente
intensamente da da vida cultural da
vida cultural da cidade, Foram 25
cidade. Foram 25
anos.
anos. NoNo Rio,
Rio, foi
foi jornalista,
jornalista, professor
professor dada Universidade
Universidade dodo Distrito
Distrito
Federal dede 1936
1936aa 1939,
1939,e,e,já jádurante
durantea ditadura
ü ditaduradodoEstado
Estado Novo,
Novo,
funcionário público como diretor de publicação do Instituto Na-
funcionário
cional públicoem
do Livro como
Livro e,e, em
diretor
1944,
1944,
de publicação
diretor
diretor da divisãodo
dadivisão Instituto
dedeconsultas
Na-
consultas dada
Biblioteca
Biblioteca Nacional, então presidida por Rodolfo Garcia.Garcia. Um
Um anoano
após
apos o fim
fim do Estado
Estado Novo,
Novo,voltou
voltoupara
paraSãoSãoPaulo,
Paulo,onde
ondeassu-
assu-
miu a direção do Museu Paulista.
Paulista.AsAsalterações
alteraçõesnonotexto
textodedeRaí
Raf-
zes, introduzidas
introduzidas dois
dois anos após aa volta
anos após voltaaaSão
SãoPaulo,
Paulo,semsemdúvida
dúvida
se deveram
deveram à mudança de de endereço,
endereço, semsem excluir,
excluir, naturalmente,
naturalmente,
as alterações
alterações na
ná conjuntura
conjuntura política.
política. Não
Não éé possivel
possívelfazer
fazeraqui
aquio o
cotejamento completo entre as duas edições. Limito-me a dois
cotejamento
exemplos. completo
exemplos. ' entre as duas edições. Limitome a dois
O primeiro
primeiro
tem tem
a veràcom
ver com o conceito
o conceito de homem
de homem cordial,
cordial,
tomado
tomado dede empréstimo
empréstimo aa Ribeiro Couto, que
Ribeiro Couto, que ainda
ainda gera
gera muita
muita
discussão. Na primeirafiedição,
discussão. Na primeira^edição,ficaficaclaro
claroque
queeleele é sinônimo
é sinónimo de de
bondade: “Com a cordialidade, a bondade, não se criam os bons
princípios” (p,
(p. 156). Ora, a palavra “bondade” sumiu na segunda
edição. A correção
edição. A correçãofoi,
foi,sem
semdúvida,
dúvida,para
paramelhor,
melhor,masmasÉ de
é de1948.
1948.
Não parece ser apenas uma “ampliação” do conceito como se jus»
Hão
tificaparece
tifica Sérgioser
Sérgio apenasem
Buarque
Buarque uma “ampliação”
em carta
carta do conceito
aaCassiano
Cassiano Ricardo,como
Ricardo, se jus-
incluída
incluída nana

19?
segunda edição.
edição. A À alteração
alteraçãofaz fazparte
partededeumauma tentativa
tentativa de deafas-
afas-
tamento em relação às ideias ideias dede Gilberto
Gilberto Freyre,
Freyre, seuseu editor
editor dede
1936, tão
tão presentes em Raízes. Evidência disso é o fato de
Evidência disso de oo nome
nome
e o elogio desse autor contidos na página 105 105 da primeira edição edição
terem sido expurgados
expurgados da da segunda.
segunda. O elogio era dirigido a Casa Casa-
-grande
-grande & Senzala,>publicado
ei- senzala publicado três três anos
anos antes,
antes, eequalificava
qualificavaoolivro livro
de
de “o“o estudo
estudo mais maissério
sérioeemais
maiscompleto
completosobre sobrea aformação
formaçãosocialsocial
do Brasil”
Brasil'Í
Outro
Outro autor
autor que
que sofreu
sofreu cortes
cortes nos
nos elogios
elogios íbi,foi, etp our cause,
et pour cause,
Max Weber,
Weber,que queSérgio
SérgioBuarque
Buarqueteve teve0 omérito
méritodedeintroduzir
introduzirno no
Brasil.
Brasil. NaNaprimeira
primeira edição,
edição,nanacitação
citaçãododolivro
livroAA ética protestante
e o espírito
espírito do capitalismo,oo autor
do capitalismo, autor alemão
alemão éé chamado,
chamado, em em nota,
nota,
de “o*o mais
mais eminente
eminente sociólogo
sociólogo moderndf
moderno” Na Na segunda,
segunda, WeberWeberéé
rebaixado a “grande j>ociólogo” e a nota expande-se
'“grandewsociólogo”. expandese em crítica crítica
1-'
ao excessivo
excessivo peso pesoque
queeleeledádáà àdimensãqmoral
dimensão^morale eintelectual
intelectualdos dos
fenômenos sociais em detrimento de outros fatores, como o eco- eco *
nômico.
nömico. Seguramente,
Seguramente, no no texto
texto dede 1948
1948aparece
apareceum umautorautor com
com
ideias mais organigadas,
organizadas, mas também diferentes diferentes das das de 1936.
1936, ÉÉ *
Ez.

importante que a rnodificação


modificação sejá seja reconhecida, pois pois ela
ela faz parte
faz parte
da própria biografia
biografia intelectual
intelectual do do autor
autor e,e, mais
mais ainda,
ainda,tem temaaverver
com distintas tradições de pensamento, a que se formou no no Rio
Rio
de Ianeiro
Janeiro ee aa que,
que,aa partir
partirdosdosanos
anos 1930,
1930,seseconsolidou
consolidouem emSão São
Paulo. Sérgio
Sérgio Buarque,
Buarque, após 1946,
1946, se
se paulistizou.
paulistizou.
Esta posfação jájá se
Esta posfação se alonga,
alonga,éépreciso
precisolhe lhepôr
pôr termo.
termo. Faço~o
Façoo
insistindo no que me parece parece ser aa principal virtude dos capítu- capítu-
los que formam este livro. Escritos,
este livro. Escritos,em emboa
boaparte,
parte,em emmomento
momento
histórico em que entre nós o estudo estudo dasdas ideias
ideias quase
quase seselimita-
limita-
va àa busca de de suas
suás determinações
determinaçõesestruturais,
estruturais, em em queque elas
elaseram
eram
reduzidas aa ideologias,
ideologias, seuseuautor
autorneles
nelesrevela
revelaa apreocupação
preocupaçãodede
buscar
buscar conteúdo
conteúdo ee não não de de detectar
detectar métodos
métodos ee abordagens.
abordagens. Como Como
ele próprio
ele proprio afirma
afirma no no epílogo,
epílogo, aa aula
aula magna
magna dadadada no Instituto Rio
no Instituto Rio
Branco em em 1993,
1993, oo importante
importante na na leitura
leitura ééperguntar
perguntar “se “seoolivro
livro

2298
98
I

avançou ou não no conhecimento


conhecimento da temática proposta, mesmo
que, às vezes,
que, às vezes,sem
semmuito
muitorigor'Í
rigor”.Ou,
Ou, aindamais
ainda maisradicalmente,
radicalmente,nono
conselho aos
aos alunos
alunos do
do mesmo
mesmoInstituto:
Instituto:“Preocupem-se
“Preocupemsemenos
menos
com a maquinaria utilizada
utilizada ee desfrutam
desfrutem aa beleza
belezadadaobra
obra-cons-
cons
traída”
truída”. Tratase
Trata~se de
de postura perfeitamente compatível
compatível com os
tempos democráticos
democráticos que que hoje
hojevivemos
vivemoseecomcomaaprática
práticaatual
atualda
da
história social das ideias.
ideias. Hão por acaso, tempos
Não por tempos cuja construção
construção
muito deve aa Fernando
Fernando Henrique
Henrique Cardoso.
Cardoso.

José
Iosé Murilo de Carvalho
Rio de
de Ia~ne'iro,
Janeiro, abril
aV'"1 de
J “ 2013

299
299
Notas

UMASÍNTESE
UMA sí_N'resE[pp.
lpp. 17-23]
17-23)

11., Nome que


que sesedava
davaàsàs comunidades
comunidadesde denegros
negrosfugidos
fugidosdadaescravidão
escravidãoem émalguns
alguns
países da América do SuL Sul. ‘
2,
2. Mazombo;
Mazornbo: filho de estrangeiro
filho de estrangeiroque
que nasce
nasceno
no Brasil.
Brasil •:'A 
3
3. Uma proposta maismais filosófica
filosófica que
que literária,
literária,aa “antropofagiêfl
“antropofagia” introduzida
introduzida pelo
pelo
modernismo paulista
paulista em em l928,1evantava-se
1928, íevantavase contraa cultura
contra a cultura europeia
europeia e postu-
e postu~
lava “devoração”das
lava uma “devoração“ das técnicas
técnicasdos
dos países
paísesdesenvolvidos,
desenvolvidos,para para reelaborá-las
reelabôrálas
com autonomia.
autonomia,

UM OLHAR
UM OLHARSUL-AMERICANO
su1.~A1v1E:uoANo
[pp.[pp. 24-8]
24-8]

L1. Joaquim Nabuco,op.


Joaquim Nabuco, òp.cit.
cit.
2.. Id
% 1à.,1bàa.,p. os
,3ibid., p, 135, #4'
3,
3.. íd., ibid* ''
Id., ibid.

joaquim NABUCO
JOAQUIM NABUCODEMOCRATA
DEMOCRATA [pp.
[pp. 29-62.]
29-62]

. *0 lugar
1l.“O lugar de
deCamões
Camõesnana literatura'Ç
Kteraturan , proferida
proferidaem
em 14
14dedemaio
maiodede1908,
1908^tradu-
tradu

301-
301
zída
:ida para parao oportuguês
português emem 19111911 por Arlfaur
por Arthur Bomilcar Bomilcar
e, em 1940,e, em
por1940, por sua filha,
sua filha,
Carolina
Carolina Na-b Nabuco!,
uco. ` i ‘
22.. Joaquim
JoaquimNabuco, Nabuco, 0O abolicionismo.
abolíciouísmo. Ed. Ed. fác-sim. Recife; Fundação
fac-sim. Recife: Joaquim
Fundação Joaquim
Nabuco,1988.
Nabuco, 1988.
3. Ernest
ÊroestRenan Renan (182392),
(1823-92), escritor
escritor e historiador das religiões. , .
das religiões.
i4. Joaquim
Joaquim Nabuco,Nabuco, op. cit., cit, p.p.220.
0.
5. Id.,
Id., ibid..:
ibid. .
66.. José
JoséMuriloMurilo de Carvalho»
de Carmlho. bordados. Belo
Pontos zabordados. Horizont
Belo Horizo e: Editora
nte: EditorauUFMG,
fmg , 1999.
1999.
7. Marco Aurélio Nogueira, 0encontro de Joaquim Nabuco çom à politica. 2. ed.
7. Marco Aurélio Nogueira, O encontro de joaquim Nabuco com a política. 2. ed.
Sáo
São Paulo: Paulo:PazPaz e Terra,
e Terra, 2010.2010:
88.. Vamireh
VamirehChacon, Chacon,Joaquim
Ioaquim Nabuco: revolucionário conservador. Brasília; Sena-
Brasilia: Sena-
do Federai,2000.
do Federal, 2000.
9. JoséMurilo
9. José Murilo de de Carvaíhp,
Carvalho, op. ât,op.p. 59.
cít.,
0. “Represen
110. taçãoâàAssembleia
“Repre.se.ntação AssembléiaGeral GeralConstituinte
ConstituinteeeLegislativa
Legislativa do do Impériododo
Império
Brasil
Brasil sobre sobrea escravaturzffl
a escravatura” In: Jorge
In: Jorge Caldeira,
Caldeira, José
lose' Bonifácio
Bonifácio deda Andrada e Silva.
Silva.
Sâò
São Paulo: Paulo:Ed.Ed. 34,34,2002,
2002, p. 207.p, 207.
11. JoaquimNabuco,
11. Joaquim Nabuco, Minha formação. Pref. Pref.dedeEvaldo Evaldo Cabral
Cabral de Mello.
de Mello. Rio deRio de
Janeiro:Topbooks,! 999’^
Janeiro: Topbooks, 1999`.""
ll12..l áId.,
., O abolicionismo,
nbolicionísmo, op op.Xcit.,
it ,pp., 19.
19. , : ú’.
13. Id.,
13. id.,ibid., pp. 1920*
pp,
ibid., 19-20.
: ** * .
14.
14. ld., Id.,Minhaformação, op. cit.,pp.. 63.
op. cit.,
15. Id., Id.,ibid.,
ibid.,pp.. 3.
3. Ã: i
16.
16. Luiz LuizMeyer,Meyer»Rumo escura: Ensaios de psicanálise. São
Rumo?f na escuta: Paulo:Ed.Ed,
São Paulo: 34,34,2010.
2010.
17. JoaquimNabuco,
1.7. Joaquim Nabuco, Minha formação, op.
Minhaƒormação, op.cit.,
cit., pp.
pp.159-6!.
15961;
rs. ld., ibid.,
lS.Id.,íbki.,p. 162. p. 152.
19.
19. Id. Id.,, ibid.
ibid..
20.
20. Apud ApüdLuiz LuizMeyer, Meyer, Op,pp.çit>
op. cit., pp. 277S,
277-8.
Zi.. Joaquim
21 JoaquimNabuco, Nabuco, Minha formaçêQ, op.
Minhaƒormação, op* cit.,
cit., p.p. 166.
166.
22.: Id.,
22 ibid!,pp.pp
Id., ibid., . 166-7.
1667.
23. ld.,
23. Id.*ibid., p. 45.p. 45.
ibid»,
24. id.,
24. Id»,ibid., p. 230.
ibid., p. 230
25. íd„ ibid.:,
25. Id., ibid., p. 218..
p. 218.
2ó.1â.,ibid.,p.
26. Id., ibtd., p. 57.57.
27.
27. ld.. Id.,ibíd.
ibid.
28. Id., ibid.,p.p. 190.
ld.. ibid., 190, .
29. Id.,ld., ibid.,
ibid., p.p.146.
146.
lá., Pensamentos soltos. Rio
30. Id., Penârrrsenrros RiodedeJaneiro:
Janeiro:
A. N. A.Editora,
N. Editora,
[s.d.J, [s.d.],
p. t55. p, 155.
31.
31. AlexisAlexisde de Tocqueviiíe,
Tocqueville, A detnocrada
democracia na América. Trad. Trad.dedeJ. jf. A.deG.Albu-
A. G. de Àlbu;
querque.
querque. Coleção ColeçãoOsÕ s Pensadores.
Pensadores ,v.v.29.
29.São
SâoPaulo:
Paulo: Abril
Abril, ,19?3›.
1973.
32. Id.,Lembranças de 184$.
32. lcl.,L_`eml1ror1ço5 Sio Paulo:
1848. São Pauto:Companhia
Companhia das das Letras,
Letras, 1991. 1991.

30
3022
33. Joaquim Nabuco,
33. Joaquim Nabuco,Minha formação, op. op. cit., pp. 99400.
cit., pp. 99100.
34. Alexisde
34. Alexis deTocqueville,
Tocqueviile,Lembranças
Lembranças de 1848,, op,
de 184B cit,, p.
op. cil., pv204
204..
35. Id., ibid., p. 205.
35. Id., ibid., p. 205. :
36.
36. Id , ibid., p.
1cl.,ibid., p. 121.
121.
37. Icl..
Id., ibid.,
ibid., p.
p. 149.
149.
38. Marco Aurélio Nogueira»op.op.cit.,
38. Marco Aurélio Nogueira, cit», p. 100.
p. 100.
39. Joaquim Nabuco,
39. Ioaquim Nabucò,Minha formação, op. op. cit.,
cit., pp.
pp. 60-
601.1.
40. Id., ibid., p. 61.
1cl.,ibicl., 61.
41. ld., ibid., p. 99.
41.
42. Id., ibid.,
Walter p. 99. (182677), empresário inglês, economista renomado no que
Bagehot
42.Wa1tcr Bagehot (1826-77), empresário inglès,ec0nomista rcnomado no que
diz respeito
respeito àà questão das crisés crises financeiras
financeiras e jornalista, principal editor do jor- jor-
nal The Economis t por dezessete
nal The Econornist por dezessete anos. anos.
43.
43. Aléxis
Alexis de de Tocqueviile, América,, op.
Tocqu cville, A democracia na América op. cit., p. 309.
cit., p. 309.
44.. Id., ibid.»
44 p. 28
ibid., p. 8.
288.
45. Id., ibid., p. 310.
45. Id.. ibid., p. 310.
46.
46. Id., ibid., p.
Id., ibid., p. 312.
312.
47. Id., ibid.,
ibid., p.
p. 313.
313.
48. Joaquim Nabuco, Minha formação
48.1oaquim formação,, op.
op. cit.,
cit., p.p. 130.
130.
49.
49. Id., ibid., p.
ld.,ibld., p. 13
131.1,
50. Id.,
50. Id., ibid
ibíd.
51. Id., ibid.
íbíd.
52. Id., ibid., p.
Id.. ibid., p. 12 9.
129.
53.
53. Id.,
Id., ibid.,
ibid., p.
p. í136.
36. -
54. Id., ibid.
54. Id., ibid.
1¿.,ibiô.,p.
55. Id., 130.
ibid., p. 1,30.
56.
S6. Id.,
Id., ibid.
ibícl.
Cartass II, p,
57. Id., Carta 200, apud
p. 200, apud Marco
MarcoAurélio
AurélioNogueira,
Nogueira,op. op.cit.,
cit.,p.p.278.
278.

can ud os: o oooumo


CANUDOS: u tro bBRASIL
ra si l [ p[pp.
p . 65- 70 ]
65-7o]

LI. Walnice
Walnice Nogueira
Nogueira Galvão,
Galvao,No ça br da hora: A Guerra de Canudos m
calar jornais.
noss jornais.
São Paulo:
Paulo: Ática,
Ática,1974.
1974.0

Forooxmso AMADOR
FOTÓGRAFO AMADOR[pp.
[pp.73-6]
73-6]

1l.. Ver
Ver página
página 65 deste livro:
deste livro.
2,
2. Paulo
Paulo Prado, Brasil: Ensaio sobre a tristeza brasileira. Ri
Prado, Retrato do Brasil Rioo de
de Ianeiro:
Janeiro:
Jo sé Oly mpi ô,
Iosé Olympic, 1962.1962,
l
câsfi-GRANDE
CASA e» SENZALA*
-GRAN DE & sfwzârza, CLÁSSICO
c1.Áss1co[pp.
lpp. 79~9 <>]
79-9o]

I1.. Ricardo
Ricardo Benzaquen
BenzaquendedeAraújo,
Araújo,Guerra
Guerra eepaz: Casa~gmnde
Casa-grande eesenzalrz
senzalaea
e aobra
obradede
Gilberto
Gilberto Freyre
Freyre ms
nos anós 30. São
anos 30. Paulo:Ed.Ed.
São Paulo: 34,34,1994.
1994.
22., Gilberto
GilbertoFreyre,
Freyre,
Casa-grande senzala.Rio
Casa-grmrole ó~&Senzala. de Janeiro:
Rio de Janeiro:Maia
Máia8:&Schmidt
SchmidtLtda.,
Ltda.,
1933, pp.:ma-7.
1933. pp. 3767.
3. Diplomata,assessor
3. Diplomata, assessor internacional
internacional do expresidente
do ex-presidente Fernando
Fernando Henrique
Henrique Can Car-
doso (2003ee2004).
doso (2003 2004).

GILBERTO PERENE[pp.
FREYRE,PERENE
GILBERTQ FREYRE, 91'-134]
[pp.91›134]

11.. In:
In: Lourenço
LourençoDantas Dantas MotaMota (org.).
(org.). introdução
Introdução aoaoBrasil:
Brasü:Um
Umbanquete
banqueteno no trópi
rróprí
co. 2, ed. São Paulo: Senac;
2. ed. São Paulo: Senac, 2002. 2002. _
2.
2. Casa-grande
Casa-grande & senzaln.. Rio
Ó senzala delaneiro:
Rio de Janeiro:MaiaMaia & Schmidt
8‹ Schmidt Ltda..Ltda.,
1933, 1933,
p. 48. p. 48.
3.
3. Rogêr Bastide
Roger Bastide, ,Brasil
Brasil, terra de contrastes. São Paulo:Difel,
São Paulo: Difel, 1959,
1959, p. 62.
p. 62.
4. Gilberto Freyre, OrdemjOrdem¿_ progresso. Rio de laneiro: Iosé Olympio, 1959,1959,
progressa. Rio de Janeiro: José Ólympio, p. 58. p. 58.
5. ld.,
Id.,ibid.,
ibid., p.p.54.
54. L.dp
6. Jorge
JorgeCaldeira,
Caldeira, enrpreerzdedores. São
História do Brasil com empreendedores. Paulo:Mamcluco,
São Paulo: Mameiuco,,__
2009.
2009. s
7.
?. Casa-grande & senzala, op.
Ó- senzúht, ciVp.
op. cit., 81,
p. 81.
8.1d .» ibid.,
8. Id., p,322.
ibid., p. 322. ,_^
9. íd.,
9. Id., ibid.,
ibid., p. 323.
323 `' .
10. Id.,ibid.,
10. Id., íbid.,p
p 79.79.
11. Id.,ibid.,
11. Id., ibid.,p.p.80.80.
12.
12. Id.,
Id., ibid., 2667. V
pp.266-7.
ibid., pp.
13.1ó.,¡biú.,p.
13. Id., ibid., p.nó.116.
14. Id., ibid., pp.
14.1ô.,ibid.,pp.114-5. 114 5. '
1s.1d.,¡b¡à.,p.
15. Id., ibid., p.ns.115.
16. Id., ibid.
16.
17. Id., ibid.,
17. Id., ibid.
ibid.,p.p.69.
69. .
rs. 1a.,¡biõ.,
18. Id., ibid.,p.p.231.
231.
19.1à.,¡bi‹1.,p.
19. Id., ibid., p.131.131.
20. Id, ibid., p. 225.
20. Id., ibid.,, p. 225.
z1.1d.,¡b¡à.,p;›.z2s-4.
21. íd., ibid., pp. 2234. -: .
zz.1à.,âb¡à.,p.
22* Idw, ibid.,17s. p. 178.
23.1d.,ibid.,p.2i7.
23. ld., ibid., p. 217.
24. Id.,ibid.
24. ld., ibid.
25. Id,
25. 1d.,ibid.,
ibid.,p.prso.
180.

30
3044
25. Iô.,
26. Id., ibid.,
ibid»p.p.381.381.
2?.1z1.,ib¡d.,p.379.
27. ld.» ibid., p. 379.
28. Id.»ibid.,
2s.1d., ibid.,p.p.387.
387.
1d.,ib¡‹1.,
29. Id., ibid., pp. 391-3.
3913.
so. Id.,
30. Id., ibid.,
ibid,,p.p.393.
393,
3i.1d.,i1›iú.,p.
31.1d.» ibid.»p 397. 397.
ld., ibid., p. 393.
32. Id., 398,
33.1d.,
33. Id.» ibíâ.,p,
ibid., p, 405.
405.
1'z1.,i1:›í‹1.,
34. Id., ibid,, p. 418.
418,
35. íd,» ibid., p.
ld., ibid., p 438.
438
3õ.1a.,
36. Id., ibid., p, p. 503.
503.
31. là.,
37. Id.»ibid.
ibid.
ss. td.,
38. íd.»ibid.,
ibid.,p.p,sos.
505.
Id., ibid.,
39. Id.» ibi‹.-1.,p.
p. 507.
507. jI
id-, ibid., p. 515.
40. Id.» 515. ~+
41.1ó.,
41. ¡biz1.,p.
Id., ibid., p. 537.
4z.1à.,¡b¡a.,p.sss.
42. Id , ibid.»; p. 535.
43. Silvia Cortez Silva, Tempos de C`asa~Grande (1930-1940). São Paulo: Pers-
43. Silvia
pectiva, Cortez Silva,Tempos de Casa-Grande (1930-1940). São Paulo; Pers-
pectiva, 2010.
2010.
44. Sobrados mncambos. Rio de
Sobrados' ee mitçambos. de Ianeiro:
Janeiro: Iosé
JoséOlympic,
Olympio,1951,
1951» p. 270.
p. 270. l
45. In: Lourenço Dantas Mota (org.)» (org.), op. cit.,
cit, p. 332.
332, 9l
46 Id.,
id., ibid., p. 353. f9
47. op. cit,y op.
47. Ordem e progresso
progresso, p»215.
cit., p. 215. * *
48.
48- Id.»
Id., ibíd.»
ibid., p.p.207.
207.
49. Id., ibid., pi 208.
p. 208.
50. Id., ibid., p.
p. 255.
255.
51. Id., ibid., p. 256.
52. Elide
52. Elide Rugai
Rugai Bastos,
Bastos»“Sobrados
“Sobradose mucambos”.
e mucambos”. In: In;
Lourenço
Lourenço Dantas
Dantas MotaMota
(org.), op, cit.» p. 360.
(org), op. cít., p. 360.
s3.1â.,
53. ibià.,p.
Id, ibid., 334.
p. 384,
54.
54. Claude Lévi-Strauss-, Histoire de Lynx. ín:
Claude LéviStrauss, In: Qeuvres. Paris: Gailimard,
Oeuvres. Paris: Gailimard»2009, 2009»
p,
p. 1429.
“Em primeiro lugar,
“Em primeiro cada mitologia
lugaä cada mitologia local.
local,confrontada
confrontadacom comdeterminada
determinadahistó~ histó-
ria ee com
com um
um meíofaos
meio, nos ensina muito sobre
sobre aa sociedade
sociedade de de onde
onde provém,
provém, revelarevela
seus mecanismos, ilumina
seus mecanismos, ilumina oo funcionamento,
funcionamento, 0o sentido
sentido ee aá origem
srcem das
das crenças
crenças
ee dos costumes, dos
dos cosmmes, dos quais
quais alguns
alguns colocavam
colocavamenigmas
enigmasinsolúveis
insolúveisàs àsvezesvezesporpor
séculos. Isto,porém,
Séculos. Isto, porém,comcomuma
umacondição:
condição;nunca
nuncaseseafastar
afastardos dosfatos.
fatôs,[...}(...) Voltar
Voltar
aos mitos,
mitos, sem
sem dúvida;
dúvida; mas
mas sobretudo
sobretudo àsàs práticas
práticas ee àsàs crenças
crençasdededetermina~
determina-
da
da sociedade»
sociedade, poispoissomente
somenteelas
elaspodem
podemnosnosinformar
informaraarespeito
respeitodessas
dessas relações
relações
qualitativas”
quaiitativas-”

3305
05
um EX-ALUNO
UM Ex-:trono [pp.
[pp.151-6]
151-6]

l.Ver textona
1. Ver texto napágina
página157
157 deste
deste livro,
livro.

A
A FOME
FOME E A CRENÇA3
E A CRENÇA! SOBRE
SOBRE OS PARCEIROSDO
OS PARCEIROS RIO BONITO
DO RIO BONITO [pp.
157-711
157-71} .

1. Antonio Candido, Os parceiros do Rio Bonito: Estudo sobre o caipira paulista


e1.a Antonio Cândido, dosOs parceiros dedo RioRioBonito: Estudo sobre0 caipira paulista
transformação
transformação seus
seus meios de
meios vida.
vida. Rio deJaneiro:
de Janeiro: José
Iosé Olympio,
Olympio, 1964.1964.
22.. Id»
ld., ibid.
ibid.,, p. 13. :
3.
3. Id.,ibid.,
ld., ibid., p. p. 30.
30.
4. íd.,ibid^p.
Id., ibid., p. 44.
5.I<L,ibid.,p.
5. Id., ibid., p. 54. 54.
6. Id.,ibid.,
Id., ibid.,p.p.61.61. `
7. Id., ibid., p,p.65.
7.1cl.,ibid., 65. • •
8. Id.,ibid.,
8. ld., ibid.,p.p.112.112.
9r Id.,ibid.,
9. ld., ibid.,p.p.125. 125. ` tir

1o.1d.,âb¡à.,p.
10. Id,, ibid., p.175. 175. 1*
HP!-
11. O
11. O grande
grande paradigma
paradigmaantropológico
antropológicodesse dessetipo
tipodedeenfoque
enfoquefoi foiprovavelmente
provavelmente Í

o livro
livro de de E.E. E.E.Evans-Pritchard,
EvansPritchard,TThe heNüer (Oxford:Clarendon
Nuer (Oxford: GarendonPress. Press, 1940).
1940). Ern- Em-
bora não haja referência explícita dele em Os parceiros do Rio Bonito, tanto
Rio Bonito, tanto ArrAn-J!

tonio Candido
Candidócomo comoFlorestan
Fldfestan Fernandes
Fernandes (assim
(assim comocomo GiocondaGioconda
Mussolini Mussolini
ou ou
Egon Schaden)liam
Egon Schaden) liamcomcom admiração
admiração a obra
a obra de Pritchard.
de Pritchard. ComoComo aluno de aluno
todosde todos
eles,
eles, eu eueemeus
meuscolegascolegas doinício
do iníciodos
dosanos
anos1950
1950éramos
éramosobrigados
obrigados a dissecar
a dissecar pelopel
o
menos
menos os osNuer.
Nüer. OOsentido
sentidodede que
queaacultura
culturaééum umproduto
produto histórico ee que
histórico queasascate-
cate-
gorias antropo lógicas também devem ser historicame
gorias antropológicas também devem ser historicamente constituídas era nítido n te cons tituídas era n
ítido
em Pritchard. Não
em Pritchardv Não se se tratava
tratava dada versão
versão empobrecida
empobrecida do do funcionalismo,
funcionalismo, nem nem sese
precisaria recorrer à fundamentação marxista para justificar a necessidade de
compreender
compreender as sociedadeseesuas
as sociedades suasculturas
culturascomocomoum umprocesso
processoque quese se desenvolve
desenvolve
historicamente
historicamente.. Tal comosesevêvê em
Tal como emOs parceirosdo
Os parceiros do Rio
RioBon Bonito.
Íto. `
Í2.
12. Por Por aíaí sesevêvêcomo comosería
seria precipitado
precipitado avaliar
avaliar os efeitos
os efeitos do funcionalismo
do funcionalismo no no
pensamento
pensamento antropológico
antropológico da s p dos
da uus? anos1950
dos anos 1950opondo-0
opondoo ao marxismo
ao marxismo pura pura
e simplesmente,
simplesmente. Tanto Tantoparapara Antonio
Antonio Cândido
Candido comocomo para Fiorestan
para Florestan Fernandes,Fernandes,
peio
pelo menos, havia uma comunidade possível ee não ruptura entre as preocupa- preocupa-
ções
ções de deMarx
Marxeeososestudos estudos ant
ropológicosdadáescola
antropológicos escoladedeOxford
Oxfordouou de de Cam bridge.
Cambridge.
Por
Por certocerto no
no funcionalismo
funcionalismoteórico teórico à laà Merton
la eMrtonouounonopiorpiorMal Malino wskídadateoria
inowski teoria
da cultura—
da cultura -- ee ambos
ambosinfluenciaram
influenciaramnossos nosso sautores
autores- —aaruptura
rupturaera erajájácompleta.
completa.
13.
13. AAtitulotituloexemplificativo
exempüficativo quanto
quanto a boasa boas análises
análises nesta tradição,
nesta tradição, cito os traba-
cito os traba-
lhos
lhos de de José
JosédedeSouzaoSuzaMartins,
Martins,publicados
publicadosememCapitalismo
Capitalismo eetradicionnlísmo
iradicionalistno (São(São

1nFt
Paulo:
Paulo: Biblioteca Pioneira de
Biblioteca Pioneira de Ciências
CiênciasSociais,
Sociais, 1975).
1975), OO capítulo
capítulo sobre
sobre “Música
"Música
sertaneja:
sertaneja: aadissimttlação
dissimulaçãonahalinguagem
linguagem doshumilhados"
dos humilhados” lidalida de novo
denovo comcomas- as;
pectos
pectos culturais
culturais relevantes.
relevantes. Na
Na análise
análise de
de Martins
Martins oo sociólogo
.sociólogo torna
torna mais
mais abran-
abran-
gente as explicações estruturais; em outras contribuições recentes - também
importantes -~ — aapreocupação pelas características
característicasestruturais sócioeconômicas
socioeconômicas
relega
relega asas outras
outraspreocupações
preocupaçõesa aplano
planosecundário.
secundário.VerVer especialmente:
especialmente: Juarez
Iuarez
Rubens Brandão Lopes,
Rubens Brandão Lopes,“Do
“Dólatifúndio
latifúndioà àempresa:
empresa:Unidade
Unidadee ediversidade
diversidadedodo
capitalismo
capitalismo no no campo”,
campo”,CCadernos Cebrap n.
adernos Çebrap n. 26,
26, São Paulo, 1977;
São Paulo, 2977; “Empresas
‘‘Empresase e
pequenos produtores
pequenos produtores no no desenvolvimento
desenvolvimento dò do Capitalismo
capitalismo agrário
agrário em
em S.S. Paulo
Paulo
(19401970)*, Cebmp n,
(l940‹l970)", Estudos Cebrap n. 22, São Paulo,
22,.São Paulo, 1978;
1978;e eVinícius
ViníciusCaldeira
CaldeiraBrant,
Brant,
“Do colono ao ao boia-fria",
boiafria*1
,Estudos Çebmp
Cebmp n. 19, SãoPaulo,
19, São Paulo,1977.
1977.
14. AntonioCandido,
14. Antonio Cândido,OOss parceiros do Rio Bonitó>
Bonito, p. 76.
76.
15. VerMaría
15. Ver MariaConceição
Conceição Dlncaoe Mello,
D'Incao e Mello, O
O bóia-fria:
boia-fria: Acumulação miséria.. 3.
Acumuíaçâo ee miséria 3.
ed. Petrópolis; Vozes, 1976,
Petrópolis: Vozes, 1976. > l|
16. Eriç Wolf,Sociedades camponesas.
Eric Wolf, camponesas. Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro:Zahar, 1970 1970 (ed.
(ed. em
em inglês,
inglês,
tô.
1966), p. 14 ; ■
17.1a.,ibi‹1.,p.31.
17. Id„ ibid., p. 31,
lS.SidneyW,
18. Sidney W. Min tz, “The rural proíetâriat
Mintz,“The proletariat and thè
the problem
problem of rural proletarían
proletarian
consciousness”,
consciousness”, T hè Journal ofpe
The asarit Studies,
oƒPeasant vol. 1,1,n.n,3,3,abr.
Studies, vol. abr.1974,
1974,p. p.305.
305.
VerVer
ainda, do mesmo autor: “A note on the definition of peasantríes”, The Iournrrl of
ainda, do mesmo autor: “A noteon the deftnition of peasantries”, The Journal o f
Peasant Studtesy vol. 1,1,n.n.2,2,out.
Smriies, vol. out.1973,
1973, especialmente
especialmente p.
p. 97. }
19, Mesmoem
l9. Mesmo emtrabaihos
trabalhossólidossólidos sobre
sobre o campesinato
o campesinato brasileiro,
brasileiro, pareceme
parece-me queque
a dimensão antropológica e a paixão paixão dodo concreto que a caracteriza às
às vezes
vezes es-
es- F
tão
tão ausentes, Darei,a atítulo
ausentes. Darei, títulodedeexemplo,
exemplo,apenas
apenasumumtrabalho
trabalhoque quereputo
reputodosdos
melhores, que trata
melhores, que trata da
da formação
formaçãododooperariado
operariadodo doaçúcar
açúcarno no Nordeste:
Nordeste:JoséJosé
Sérgio LeiteLopes,
Sérgio Leite Lopes,O vapor
vapor do diabo:
diabo: úO trabalho
trabalhodos
dosoperários
operáriosdo açúcar (Rio
doaçúcar de
(Rio de
Janeiro: PazBeTflrrfl.
lflneirüi Pal Terra,1976).
1976). Á categoria
A Categoría marxista
marxista do
do fetichismo
ƒeríchismo èé aa chave na obra
chave na obra
para interpretar o ajustamento dós dos operários de srcem
origemrural
ruralaoaomodo
modododotra-tra~
balho da usina. Não obstante, seu emprego é algo abstrato (geral). Apesar desse
reparo, são
são ososantropólogos
antropólogosoriginários
srcinários dodo Museu
MuseuNacional
NacionaldodoRio RiodedeIaneiro
Janeiro
os que mais tem desenvolvido estudos capazes de permitir um entendimento
os que mais
totalizante
rotalizante têm
das
das desenvolvidoocorridas
transformações
transformações estudos
Oco capazes
rridas nos
nós deagrários.
grupos
grupos permitirVer,
agrários. um por
Ver, entendimento
exemplo,
exemplo,
a dissertação mestrado de
dissertação de mestrâdo de Lygia
Lygia Sígaud:
Sigaud:A nação dos homens, em manuscrito.
noção dós
#

.-\ PAIXÃO
A Paixao PELO
PELO SABER
SABER [pp, 175- 84]
{pp.175-84]

1. Centro de
1. Centro de Sociologia
SociologiaIndustrial
Industriale do
e do Trabalho
Trabalho -— Cesit,
Cesit, anexo
ane:-to ao Departa-
ao Departa-
mento de Sociologia da éflch
Sociologia da FFLCH da usp,
USP, criado em 1961 por Florestan Fernandes
e Àiain
Alain Touraine.
Touraine. ’

307 Í
2.
2. Criado
Criado em 1965 por
em 1965 por David
David Rockefeller para reunir
Rockefeller para reunir um
um grupo
grupo de
de empresários
empresários
liberais*
liberais. ■ ••' ‘*
'' ■

FLORESTAN, CIENTISTA
1=1.oR5sTAN, c1ENT1s'rA [pp.
Ipp. 91]
185-91]
185

1. Florestan;Fernandes,
1. Florestan Fernandes» A revolução burguesa ho no Brasil:
Brasil: Ensaio
Ensaío de interpretação
sociológica.. 3.
sociológica 3. ed.
éd»RioRiodedeJaneiro:
Janeiro: Guanabara,
Guanabara, 1987,413
1987. 413 pp. pp.
NovaNova publicação
publicação da da
obra na Coleção Intérpretesdo
Coleção Intérpretes doBrasil,
Brasil,Ministério
MinistériodadaCultura.
Cultura» 2000.
2000.
2. Id.. ibid.
2. Id., ibid.
3. Id.,
Id., Fundamentos empíricos da explicação sociológica. 4. ed. São
4. cd. SãoPaulo:
Paulo:T.A.
T.A.
Queiroz» 1980»
Queiroz, 1980. J ,•
4.
4. íd»,
Id.,AÁ revolução
revolução burguesa
burguesa no Brasil, op.
no Brasil, cit.»p.p,36.
op. cit., 36.
5. Id.,
Id., ibid.,
ibid.,p.p.68.
68.
6. Id., ibid., p. 75.
75. . . ^•
7. Id*>ibid.,
?. Id., ibid.,
p. p. 224.
224.
S. Id., ibid.,
8. Id., ibid.,p.p.237.
237.
9. Id., ibid., p. 260.
ibid., p. 260,
.

9 2 203
UMA Presqursà IMPACTANTE {pp. 192-203]
ÜMA pESQUiSA IMPAÇTANTE [pp. Í  }
1. RogerBastide,
1. Roger Bastide,1898-
18981974; Florestan
1974; Florestan FemFernandesj 1920~9Si
andes, 1920-95, Brancos ee negros
Brancos negros em
São
São Paulo:
Paulo: Ensaio
Ensaio sociológico
sociológico sobre
sobre aspectos
aspectos da
da formação,
formação. manifestações
manifestações atuais
atuais ee
efeitos
ezfeítos do preconceito de cor na sociedade paulistana. 4. cd.
paulista na. 4. ed. rev.
rev.São
SãoPaulo:
Paulo: Global,
Global,
zoos, p.p.274.
2008, 274,
2 Ed.»íbid..P.
2. ld., ibid., 11.
p. 1L
3« Id, ibid.,
3. id., ibid.»p.p,80.80.
4. Id„ ibid.,
-L fd., ibid.,p.p»132.
132.
5.
5. Id., ibid,, p.
Id., ibid., p. 143.
143.
ó. rú.,
6. Id,, iõià.,
ibid.,P.p.rss.
188. .
v. Id.,
7. 1ó.,¡b1â.,.p.
ibid., p. 227.
227.
s. 1d...ibia.,p.
8. Id., ibid., p.161.161.
9»_1ó.,¡|z¡ó.,p.
9. Id., ibid., p. 152.
162. .

o DESCOBRIMENTO
O ossconrulvnawroDA ECONOMIA [pp.
DA ECONOMIA (pp.207llJ
207-11]

I.l. Celso Furtado,Formação


Celso Furtado, Formação econômira Rio de
econômica do Brasil. Rio de Ian:-ixo:
Janeiro:Fundo
FundodedeCul-
Cul-
tura, 1959.
l959. ■

3.08
2. Na
Nà época
época em que
que escrevi
escreviesse
esse texto,
texto»era
era oo Banco
BancoCentral
Centralquem
quemfornecia
forneciarecur-
recur-
sos
sos ao
ao Banco
Banco do
do Brasil, para serem
Brasil, para serem utilizados
utilizados discrícionariamente
discridonariamente como
como se
se fosse
fosse
um
um orçamento paralelo, sem controle do Congresso (conta-movímento)*
(conm-movírnenlo).

UM CRÍTI
UM cnífrco
CO 0oo ESTADO:
0 ES RAYMUNDO
TAD O: RAY MUNDO F mono (pp.. 22217-62]
AORO [pp J -6 z]

1. Raymundo Faoro, Os donos donos do poder, aaform ação do patronato


formação brasileiro.. Porto
patronara brasileiro
Àlegre:
Alegre: Globo, 1958, p. p, 45.
45.
2. Id.,
2. Id.,ibíd.,
ibid.»p.p. 52.
52.
3. Id,,
Id., ibid.?p, 63.
ibid., 11.63.
ra., ibid.,
4. ídt., ibid.,p.p.vs.75.
5. Id., ibid., p. 79.
ó.rà.,¡bi<1.,p.
6. Id., ibid., p. 110.no. • |I .
7. Id.,
Id.. ibid., p. 128. ‘♦
3. Id„
8. 1d.,ibid.,p.
ibid., p. 135.
135.
9. Id., ibid., p. 145.
1d.,ibid.,
10. ld.,
10. Id., ibid.,
ibid.,p.p.156.
156.
11. Id., ibid.,
11.1d.,ibiô.,p. p. 158.
12. Joaquim
Ioaquim Nabuco, Discursos parlamentares (1879-1889% (1879-1889), apúd
apud Raymundò
Raymundo
Faoro. op.
Faoro, op. cit.,
cit., p.
p. 197.
197. í
13.
13. Raymundo Faoro» op. cit.,
Faoro. op. ctt0 p, 187.
p. 187. *
14. Id., íbid.
ibid. . . Í'*
15. Id., ibid.
16.
16. IcL,
Id., ibíd.,p.
ibid., p. 198. .
17. Id., ibid.
18. Id., ibid.
ibid.
19. Id., ibid.,
19. Id., ibid.,p.p.191.
191,
20. Id.,
Id., ibid.,
íbid,, p.p. 192.
192.
21. Id., ibid.,
21. Id., ibid., p:pi 195.
195.
1ó.,ibid.,
22. Id., ibid., p. 206.
23. Id.,
23. Id., ibid.,
ibid., p,
p. 209,
209.
Id.. ibid., p. 210.
24. Id.,
25. Apud RaymundòFaoro,
Raymund‹fFaoro, op. çit., cit., p. 226.
26. Raymundo Faoro, op. cit., cit., p.
p. 234.
234,
27. Id., ibid., p. 238. 238.
zs.1‹.-1.,¡bic1.,p.249.
28. Id,, ibid., p. 249.
l‹1.,ibid.,
29. Id., ibid., p. 256.
30. Raymundo Pao-ro, Faoro, Os donos
donos do do poder, aa formação
formação do
dopatronat
patronato brasileiro. Ed,
o brasileiro. Ed.
rev. ee aum. Porto
Porto Alegre:
Alegre:Globo;
Globo;São SãoPaulo:
Paulo:Edusp,
Edusp, 1975, p.
1975, p. 667.667.

309
3P9
31* Id.»ibid.,
3.1. Id., ibid.,pp.pp. 6678.
66758.
32.
32. Id,
Id., ibid., p. 677; *'
ibid., 13.677;
33. Id.,
I<L,ibid.,
ibid», p. 257.
p. 257.
34. Raymundo Faoro, Ü Os5 donos do poder,
poder; aaƒormação
formação do do patronato brasileiro. Por-
patronaro brasileiro.Vor
to
to Alegre: Globo,1958,
Aicgre; Globo, 1958,p. p.267.
267.
35. Ver Fernando Henrique Cardoso, Cardoso,“Implantação
“Implantação do sistema
sistemaoligárquico
oligárquko (Dos
(Dos
governos
governos militares a Prudente-Campos
PrudentéÇampos Sa1es)".
Sales)*’. In:
In: Boris
BorisFausto
Fausto (dir.).
(dir.).OO Brasil
republicano. TomòTomo tu iu da História geral da civilização brasileira. São Paulo:Difcl,
São Paulo: Difel,
1977, pp.
1977, pp.15-50.
1550.

1-

=`

-_

_ GH.

" _. P

110
'-110
Cronologia de obras
Cronologia de obrascitadas
citadas

1823
1823 José Bonifácio.“Representaçãoàà Assembleia
Iosé Bonifácio.“Rcpresentação AssembleiaGeral
GeralConstituinte
ConstituinteeeLegisla-
Legisla-
tiva do Império do Brasil
Brasilsobre
sobre aa cscravatura`Í
escravatura"

1835 AÍexisdede '1`ocqucville.A
1835 Alexis Tocqueviile. >4democracia na América. . j.l
1845 Domingo Faustino
Faustino Sarroiento,
Sarmiento. Facundo. f£
1852 Karl Marx. 0 18 de Brumàrio de Luís Bonaparte.
Karl Marx. O de Brumririo de Luís Bonaparte.
1856 Aiexisde
1856 Alexis de Tocqueville.
Tocqueviile.O Antigo Regime e a Revolução. .
OAnrigo
1883
1883 Joaquim Nabüco.OOabolicionismo.
loaquim Nabuco.
Alexis de Tocqueville.
Tocqueviile.Lembranças de 1848.
1895 JoaquimNabuco.
1895 Joaquim Nabuco.Balmaceda.
1896 JoaquimNabuco.
1896 Ioaquim Nabuco.A
A intervenção
intervenção estrangeira
estrangeira durante
durante ara Revolta
Revolta de
ale 1893..
1893.
1897 JoaquimNabuco.
1897 Ioaquim Nabuco. esradista do Império.
Um estadista do Império.
1900 Ioaquírn Nabuco. Mínhaƒormação.
1900 Joaquimdada
1902 Euclides
Euclides CunhaMinha
Nabuco.
Cunha. . Os formação,
Ossertões.
serio#,
Graça Aranha.Canaã.
Graça Aranha.
1905 Max Weber.
1905 Max Weber,&zférica
ética protestante
proresranre e o espírito
espirito do mpimlísnm.
capitalismo.
1306 JoaquimNabuco.
1.906 Ioaquírn Nabuco.Pensamentos $olto$;
soltos.
1908
3908 íoaquírn Nabuco. “O lugar de Camões nanaliteratura”.
Joaquim Nabuco. “
O lugar de Camões literatura”.
1914 AlbertoTorres.
1914 Alberto Torres.A organização nacional.
1923 GilbertoFreyre.
1923 Gilberto Freyre.Social Life in Brazil in
in the Middle
Il-iíddle of the 19th Oentury.
oƒtl1e19rh Century.
Oliveira Vianna.Evolução
Oliveira Vianna. Evolução dodo povo
povo brasileiro.
brasileiro.
1925 Oliveir a Vianna. O ocaso do
l925 Oliveira Vianna. ofaso Império. Império.

311
1926 Gilberto
1926 Freyre.
Gilberto Freyre. Manifesto
.Manifesto regionalista.
regíonalfsta.
1928 Paulo Prado, Retrato
1928 Paulo Prado. Rerroto do Brasil.
1930
1930 Oliveira Vianna.Problétrtas
Oliveira Vianna. Problemas de política objetiva.
objetivo.
1932
1932 Karl Marxee Friedrich
Karl- Marx Friedrich Engels.
Engeis.A ideologia
ideologia alemã.
1933 Caio
Caio Prado )r.
Jr. Evolução política
politica do Brasil.
Gilberto Freyre.
Freyre.CCasa-grande
asa-grande & dr senzala.
1935 Râyrnond Arorú
1935 Raymond Aron. A sociologia alemã.
1936 Gilberto Freyre.
1936 Gilberto Freyre.SSobrados
obrados e mucambos. .
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil.
1937 Sérgio
1937 RobertoBuarque
Roberto deHistória
Simonsen.
Simonsen. Raízes do Brasil.
Holanda.econômica do Brasil
Brasil.
1940
1940 E. È. EvansPritGhard.The.
E. Evans~Pritchard. Nuer.
The. Nuer.
1941 Bmory Bogardus.Sociology.
Emory Bogardus.
1942 Caio Prado Jr. Formação do BrasÚ
Brasil contemporâneo.
1944 Gunnar Myrdal. An American Dikmma.
Dilemma.
1948 Celso
Ceiso Furtado.
Furtado.Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII.
Cíaude
Claude LéviStrauss. les Structures Elémentaires
Levi-Strauss. Les Elémentofres de la Parentê.
Pa renté.
1949 Florestan Fernandes.
Fernandes.A A organização social dos Tupinambá.
Oliveira Vianna.Instituições políticas brasileiras.
Oliveira Vianna.
1950 A.M.Rose.
1950 A.M. Rose.ProblemsõfMmorities.
Problems oƒlvíinorities. : ¥`f°i
G.W. Allport. Prejudice: a Problem in Psychological and Social Ca usarion.
. G.W,
1951
1951 Ailport
Raymond
Raymond
Prejudice:
Firth. a Próblem
Fifth. Ekmentsof Social in
Elements ofSocial
Psycholo0cal and Social Causation.
Organization.
1952 Fernandes.A
1952 Florestan Fernandes. A função social da guerra na
na sociedade tupinambá,
rupinambd. •«
1953 Leoa FestingereeDaniel
Leon Festinger DanielKatz.
K
atz.Research Methods in Behaviotal
Behavioral Sciences.
1954 Celso Furtado.
1954 Celso Furtado,A economia brasileira.. ~
1955 Claude Lévi-Strauss.
1955 Claude LéviStrauss* trópicos. .
Tristes trópicos. .
Roger Bastide eeFlorestan
Roger Bastide FlorestanFernandes.
Fernandes.Relações raciais en tre brancos e negros
entre
em São
São Paulo.
1956
1956 E.S. Johnson. Theory andPra
E.S. lohnson. ctice oofSocial
and Practice f Social Studtes.
Studies.
1957
1957 Antonio Candido.
Çandido. Formação da literatura brasileira*
brasileira.
1958 Raymundo Faoro.
1958 Raymundo Faoro.O Oss donos
donos do
do poder.
poder.
1959 Celso Furtado. Formação económica do Brasil.
1959 Celso Furtado. Formação econômica do Brasil.
Roger Bastide
Bastide eeFlorestan
FlorestanFernandes.
Fernandés.Brancos e negros ém Paulo.,
em São Paulo
Florestan
Florestan Fernandes. Fundamentos
.Fundamentos empíricos da explicação sociológica.
Gilberto Freyre. Ordem e progresso.
1960 Sérgio Buarque
Buarque de de Holanda
Holanda etét al.
al.História geral da civitização
civilização brasileira.
1962 Fernando Henrique
Henrique Cardoso.
Cardoso. Capitalismo e escravidão
escravidão nono Brasil
Brasilmeridia
meridional.
nal.
1964 Antonio Candido.
1964 Antonio Cândido.Os parceiros do do Rio
Rio Bonito.
Fernando Henrique
Henrique Cardoso.
Cardoso.Empresário industrial e desenvolvimento eco eco-
nômico no Brasil.
1966
1966 Caio Jr. A revolução brasileira.
Caio Prado Ir.

312
3l2
1970 FernandoHenrique
19?/0 Fernando HenriqueCardoso
Cardoso e Enzo
e Enzo Faletto.
Faletto. Dependência e deserivolvi-
desenvolvi~
mentia
menta mÀmérka
na América latina,
La firm.
1975 Sidney W.
1973- Sidney W. Mimz."A
Mintz. A
“ note
noteon
onthe
thedefinition
definitionofofpeasanlries”.
peasantries” .
1974 Walnice
1974 Nogueira Galvão,
Walníce Nogueira Galvão.No calor da
do hora:A Guerra de
hora:A rle- Canudos ms
nos jornais,
jornais.
Sidney
Sidney W. Mintz.
Mintz.“The
“Therural
ur ral proletariat
proletariatand
andthe
theproblem
problemofof rural
rural proleta*
proleta-
rian consciousness”.
CGnsciousness”
1975
1975 Fiorestan Fernandes.ÀA revolução
Florestan Fernandes. revolução bitrguesa
burguesa tto
no Brasil,
Brasil.
José deSouza
Iosé de SouzaMartins,
Martins.Capitalismo
Capitalismo ee ƒradicionalismo.
traâicionalismo.
Maria Conceição D`Incao e Mello. O boia-fria.
1976 Maria
1976 José Conceição
Sérgio
}osêSêrgio Leite
Leite £i'Incao
Lopes.
Lopes. e do
O vapor boto-fria,
Mello. :OO
dodiabo:
diabo O trabalho
trabalhodos
dosoperários
operáriosdo
doaçúcar.
açúcar.
1977
1977 Fernando Henrique Cardoso.
Fernando Henrique Cardoso.“Implantação
“Implantaçãodo dosistema
sistemaoligárquico
oíigárquico (Do
(Dos s
governos militaresa Prudente»-Campos
governos militares a PrudenteCampos Sales)”.
Salesl”.
Juarez RubensBrandão
Iuarez Rubens BrandãoLopes.“Do
Lopes.“Dolatifúndio
latifúndioààempresa:
empresa:Unidade
Unidade ediver-
e diver-
sidad
sidadee do capitalismo no
do capitalismo no campo'Í
campo” lí
Vinícius Caldeira Brant.
Brant“Do colonoaòboiafri
“Do colono ao boia-fria?a”
1978
1978 Fernando Henrique Cardoso.
Fernando Henrique Cardoso,“AA
“ história
históriaeeseu
seusentido”;
sentido”;“Brasil:asasraízes
“Brasílz raízes
e oo futuro”,
foturo”»"Canudos: o outro
“Can udos: o outro Brasil”;
Brasil”; “Fotógrafo
“Fotógrafo amador”;
amador”; “O descobri-
“O descobri-
mento
mento da dae‹:onomia°Í
economia*
Juarez RubensBrandão
Iuarez Rubens Brandão Lopes*
Lopes. “Empresas
“Empresas e pequenos
e pequenos produtores
produtores no de- no de-
senvolvimento do capitalismo agrário em S. Paulo (19-}0›1970)".
1979 senvolvimento
1979 Afonso Arinos etetdo
Afonso Arinos al. capitalismo
aí.Esboço de agrário
figura:
defigura: em S. aPaulo
Homenagem {19401970)”.
Antonio Cândido.
Candido.
Fernando HenriqueCardoso.
Fernando Henrique Cardoso, “A “Afomefome e a crença”.
e a crença”.
f
1984 Marco AurélioNogueira.
Marco Aurélio Nogue ira.O0encontro
encontro de Iaaquim
Joaquim Nabuco política„ -
comaapolítica.
Nabuco com
1985 CelsoPurtado.A
1985 Celso Furtado.A fantasia organizada*
organizada.
1987 Fernando Henrique Cardoso.
1987 Fernando Henrique Cardoso. “A A“ paixão
paixãopelo
pelosaber".
saber’.
Maria AngelaD`lncao
Maria Angela D^ncao(org.).
(org.). O militante: Ensaios
O saber Ensaios sobre Fiorestan
Florestan
■ Fernandes.
Fernandes.
1992
1992 Fernando Henrique Cardoso.
Fernando Henrique Cardoso,“Um
“Umex-aluno'i
exaluno”
Maria AngelaD'Incao
Maria Angela D’íncao e Eloísa
e Eloisa FariaFaria Scarabòtolo
Scarabótolo (orgs.).
(orgsj. Dentro do texto,
Dentro do texto,
derttra
dentro da vida: Ensaios sobreAntonio Cândido.
Candido.
1994 Ricardo Benzaquen de Araújo. Guerra
Guerra eepaz:
paz:Casa-grande
Casa-grandedr & senzala
senzala e ne a
1994 obra
Ricardo Benzaquen
de Gilberto deanos
Freyre nós
nos Araújo.
30.
1998 JoséMurilo
1998 José Murilo dede Carvalho,
Carvalho. Pontos e bordadoi.
bordados.
2000
2000 Fernando He^ique Cardoso.
Fernando Herfiique Cardoso,“Florestan
“Fiorestan erna
F ndes;aarevolução
Fernandes: revoluçãoburguesa
burguesa
_ no Brasil:
Brasil: texto
textointrodutório”.
introdutório”.
Silviano Santiago
Silviano Santiago (org.).
(org.). Intérpretes do Bmsil
Brasil.
Varaireh Chacon.Joaquim
Vamireh Chacon. Joaquim Nabuco:
Nabuco: revoltíáonário
revolucionário conservador.
conservador.
2005 Fernando Henrique
2005 Fernando Henrique Cardoso.
Cardoso.“Um“UmlivroÜ
vroperene”.
perene”.
2008 Fernando Henr ique Cardoso. U
“ ma pesquisa impactante”
2008 Fernando Henrique Cardoso. "Uma pesquisa lmpactant-e'Í
Luiz Meyer,Rumor
Luiz Meyer. Rumar na escuta.

313
2009 FlayioRabelo
2009 Flavio RabeloVersiani.
Versiani. “Trabalho
“Trabalho livre,livre, trabalho
trabalho escravo,
escravo, trabalhotrabalho
cxce- exce-
dente;
dente: mão de obra
obra na
na fFan”.
e b ”.

Francisco
Francisco dadaSilva
Silva Coelho
Coelho e Ruie Rui Guilherme
Guilherme GranGranziera (orgs.)f
ziera (orgs.). Celso Furta
Celso Furta-
do e ao formação econômica
econômica dó
do Brasih
Brasil: Edição comemorativa dos 50
50 anos de
; publicação (1959-2009).
(1959~2009). ■
Jorge Caldeira,História do Brasil com empreendedores. ._
Jorge Caldeira.
20JO
2010 Silvia Cortez Silva.
Silvia Cortez Silva,TTempos
empos de Casa-Grande (1930-1940).
20i2 Marcos Nobre. “Depois da `forrnaçâo"'.
2012 Marcos Nobre. “Depois da ‘formação”,

_ il

` Ii
J'

314
Créditos dasimagens
Créditos das imagens

J .

Pp. 16,64; 78: Biblioteca Brasilíana Guita e José Mindlin. Reprodução


pp. 16,64» 78»150,174 Biblioteca
RenatoBrasiliana
de 'Renato Parada, Guita e José Mindün, Reprodução
Parada.
p.
p. 136
136 Acervo
Acervo José
losé Olympio/Fundâção
Olympic/Fundação Casa de Rui Barbosa. |É
p.
p. 142
142 Arquivo
Arquivo do do Instituto
Instituto dede Estudos
Estudos Brasileiros
Brasileiros da
da Üniyersif
Universif
dade
dade dedeSãoSãoPaulo
Paulo ib b ) - Fundo
((ms) CaioPrado
Fundo Caio PradoIr.jr.Rapto:
Repro-
dução
dução de deRômulo
Rómulo Fialdini
Fialdini,
p.
p. 20$
206 •' Arquivo
Arquivo Rosa
Rosa Freire
Freire d’Aguiar
d'Aguiar Furtado,
Furtado.
P*
p. 226
226 . Acervoda
Acervo daFundação
Fundação CasadedeRui
Casa RuiBarbosa.
BarbosaReprodução
. Reprodução
de Ailton
AiltonAlexandre
AlexandredadaSilva.
Silva/

Il

315
índice remissivo
Índice remissivo

Os númerosdede páginas
Os números páginasem
emitálico
referemse
itálico a ilustrações.
referem~se a ilustrações. • ,',
r
Abdicação* 23941
Abdicaçâo, 239-41 Alemanha, 190
190 Í|
Abolição
Abolição dada escravatura,
escravatura, 19-20,
1920,30,
30,37,
37, Alèssandri Rôdríguez, Iorge,
Alessandri Rodríguez. Jorge,266
266 i
42,46,127,196,200,210,221,249
42,-16,127, 196, 200, 210, 221, 249 alfabetizado,
alfabetizado, 35
35 ' ‘
aboli cionismo, 19,
abolieionísmo, 19, 21.
21,26,
26,29,
29,31.31,33.
33, ÁliariçaLiberal,
Aliança Liberal,255
255
35,37,42 5» 50'l1
35› 31; 42"-51 501* 279 alimentação,
alimentação, 115,159
115, 159
Abolirioriismo, O
Abolicionismo, O (Nabuco)
(Nabuco),, I9-21,
1921,3 0,
30, Alíende,
Allende, Salvado r, 266
Salvador,
34,302*
34, 302m Allport, G, W.» 193
Allport, G._W., 193
Academ
Academia ia Brasileira
Brasileira de
de Letras,
Letras,7,7,29
29 Amaral,Azevedo,
Amaral, Azevedo,255,
255»265
265 :
**A caso, destino,
“A‹:aso. destinp,memória”
memória”{Meyer),
(Meyer),38 38 Amaral, Tarsila
Amaral, Tarsilado,
do>9696
acomodação social, 124, 195 Amazônia, l22
acomodação
açúcar,
açúcar, 108, social,
159, 162,124,195
108,159,162,209* 10,220,232,
209-10, Amazônia,
220, 232, América do122
Norte
Norte,» 112,
112,232,27
232, 2744
307«
30?:: América
América do
do Sul,
Sul, 25,61,301»
25, 61, 30131
acum ulação de
acumulação edital, 89,
de cávital, 89, 188-90,
18890, América
América Latina, 24,268,
Latina, 24, 26-8, 2209,
09,273,280
273, 280
. 219;
219;vver também capitali
er também smo
capitalismo American Dilemma, An (Myrdal),l92
American Dilemma, An (Myrdal), 192
Áfri c a, 61,80,1101,118,268
África, 51,30, no-1, ns, 268 Anchieta,
Anchieta, José
Iosé de, 115
115 .
agricultura, 106, 125,
ag.rícu.ltura, 106, 125,129,
129; 159,
159, 163.
163, Andrade,
Andrade, Mário
Máriode,de,22-3,
223»57, 57,75,75,83,83,
•; 232,236
232, 236 : . • 152 '152
Ahum ada, Jorge,214
Al1umada,]orge, 214 Oswaldde,
Andrade, Oswald de,75,
75,151
151
Àlcouffe, Alain,215,217
Alcouffe, Alain, 215, 217 Anhembii revistá), 193
Anhembi (revista), 193

31?
Antigõ Regime,46,46,1878
Antigo Regime, 187-S Bastos, Tavares,
Bastos, Tavares, 103,103,249
249
Antigo Regime
Regírne ee an Revolução, (Toc Benedict,
Rvrrolução, O (Toc- Ruth,116116
Benedict, Ruth,
qüeville),
queville), 4646 berberes,
berberes, 111,117
11 1, 117
Antilhas,
Antilhas, 210
210 Bern ardes,
Bernardes, Artur, 255
Artur, 255 :
antiüberalismo,
aritiliberalismo, 103 103 Biblioteca
Biblioteca do t>dMuseu
Museu Britânico,
Britâi^co, 20
20 .
antiss emitismó»124
antissemitismo, 124 id , 214
bBio, 214
antropologia,
antropologia, 75, 116-7, 126. biologia, 73
75,98,98,112,112,1167,126, biologia, 73
1668,170,180,267
166-8, 170, 180, 267 Boas,
Boas, Franz»
Franz, 1 16.116,267,270
267, 270
Aranha, Graça,131131
Aranha, Graça, Bogardus, Emory»
Bogarclus, Ernory, 97 97
Araújo, Nabuco
Araújo, Nabucode,de,17_,17,242.
242 Boia-fria, O (D’Incao),166,
Baia-fria, O (D'lncao), 307n
166,
307ri
Araújo, Ricardo
RicardoBenzaquen
Benza qúende,de,84, 87, boiasfrias,
84,87, boias-frias, 1667
166-7
132, 3Q4h
132, 30411 Bolívia,
Bolivia, 747
4
Argentina
Argentina,, 284
284 Bomilcar, Arthur, 30211
Bomilcar, Arthur, 302«
(revista),155
Argumento (revista), 155 Bonifácio, José,
losé, 10,313,120,238,240,
10, 31-3, 120, 238, 240,
aristocracia, 31,46*8,50,
31, 46-B, 50, 558,8,105,234
105, 234 302n
302n
Aron,
Aron, Raymond,
Raymond, 97, 97,99100
99- 100 Borges, Jorge
Borges, Iorge Luis,
Luis, 266266
ascensão social,108,
ascensão social, 108,122,127,2001
122, 127, 200-1 Botti» Regino,
Botti, Regino, 214214
Ásiz,23.ó1
Ásia, 23; 61 Bragança*
Bragança, dinastia
dinastia dos.dos,
229,229,258
258
assalariad os, 163,167,196,257
assalariados, 163,167, 196,257 (Bastide
Brancos e negros em São Paulo (Bastide
Assis, Machado de, 17 8: Florestan Fernandes), 192, 195
.Assis, Machado (1840),
AtoInstitucional
Ato de, 17
(184 0),241
241 & Fiorestan Fernandes),
branqueamento, 103, 201, 268 192,195
103,201,268
autoritarismo, 12» 512» 132,
12, 51-2, 132,140,228
140, 228 Bran t, Vinícius
Brant, ViníciusCaldeira,
Caldeira,3071:
307»
Àvis, de,229
Avis, dinastia de, 229 - , . “Brasil:
"Brasílz asasraizes
raízes
e oefuturo”
o futuro” (Fernan-
(Fernan-
Azevedo, Fernando
Fernando de,de,152-4,
1524,1177
77 do Henrique
Henrique Cardoso),
Cardoso),-137 137
Braud el, Fernand,
Braudel, Fernand, 47,4:7,215
215
Bafiados Espinosa,
Bañaclos Espinosa, Julio,
Julio, 25 25 BresserPereira,
Bresser-Pereira, Luiz Luiz Carlos,
Carlos, 217-82178
Bagehot, Walter,54,
Bagehot, Walter, 54,60,3Q3jí
60, 30314 { Brovm, John,40,
Brown, lohn, 40,99
99
Balmaceda (Nabuco),24-6
Balmaccda (Nabuco), 246 burguesia,
burguesia, 47,50,56,190,2379,247,
47, 50, 56, 190, 237-9, 247.,
Balmaceda,
Balmaceda, IosêJoséManuel,
Manuel, 24-5,245,
27-8,278, 251,2567;
251,256-7; ver vertambém classe
classemédia
média
54,5960
54, 59-60 Burke, Edmund, 60
Burke, Edmund, 60
Banco Central
Banco CentraldodoBrasil, 211,211,309n
Brasil, 30911 burocracia, 11,46,22831,235,2378,
burocracia, 11,46, 228-31, 235, 237-8,
Bancodo Brasil,309n .
Banco do Brasil, 30911 2401,243»
240-l, 243, 245.245,247*8
247-3
Banco Interamericanodede
Banco Interamericano DesenvolviByé,
Desenvolvi- Maurice,
Bye, Maurice, 216216
. mento
mentover balo
id
Bandeira, Manuel,9696
Bandeira, Manuel, café, 108,1612,
café, 108, 161-2, 176, 176,189,2101,222,
189, 210-1, 222,
Rui, 36,66,88,103,126,130
Barbosa, Rui, 36.66, 88,103, 126,130- 281
281
1,2534
1, 253-4 caipiras, 10,152»
caipiras, 10, 15871,306n
152, 158~7l, 30611
Bastide, Roger, 30,
Bastide, Roger, 30,934,
93-4, 179,186,192
179, 186, 192-. Cairu, viscondede,de,104
Cairu,visconde 104
3,195,197,199202,304w,
3, 195, 197, 199-202, 30-in, 30311308» Caldeira, Jorge,102,
Caldeira, Jorge, 102,104,104,
236,236,
302n,302n,
Bastos, ElideRugai,
Bastos, Elide Rugai,92, 92,129,305«
129, 30511 304«
304::
calvinismo» 88,
calvinismo, 88,89
89 Cavalcanti,
Cavalcanti, Holanda,
1-1olancla, 249
Câmara dos
dos Comuns
Comuns (inglaterra),
(Inglaterra),48,
48, Caxias, duque
duque de, 243,250
de, 243, 250
f 55.
55 ■; Celso Furtado e fza formação econórHita
ecorrâmíca
Camargo, CândidoProcópio
Camargo, Cândido ProoópioFerreira
Ferreira âo
do Brasil;
Bmsil: Edição comemorativa dos
de, 155
de,155 50 anos de publicação (1959-2009)
Campanha em em Defesa
Defesa dadaEscola
EscolaPú¬
Púr (org. Coelho 88‹c Grânziera),
(org. Coelho 212
Granzíeral, 212
blica, 178,186
178, 186 Cendrars, Bíáisé,96,
Cendrars, Blaise, 96,152
152
camponeses, 163, 167-9 Centro de Sociologia industrial e do
camponeses,
Cámus, Albert,163,1679.
151 Centro de Sociologia Industrial e do
Camus, Albert, 151 Trabalho (Cesít),180,
Trabalho (Cesit), 180,307«
307n
Canaã (Graça
Canaâ Aranha), 131
(Graça Aranha), 131 Cepal,
Cepal, 9,95,209,2134,216,224>
9, 95, 209, 213-4, 216, 224, .265 265
Canabravâ
Canabrava,, Alice,
Alice, 210
210 Cézanne,
Cézanne, Paul,Paul,151
151
Canadá,
Canadá, 183183 Chacon, Vawireh,32,
Chacon,Vamíreh, 32,47,30
47, 30211Zn
Candidó, Antonio, 8-10,
Candido, Antonio, 810, 144,144,150, Chaianov,
Chaianov, Alexan der, 168
Alexander, 168 L
15170, 1767, 179,
151-70, 176-7, 179,207,207,264,
264,265,265,Chambord,
Chambord, condeconde de,de, 53
53 rl
• 3067«
306-711 ‘ Chicago escolade
Chicago ver escola deChicago
Chicago
Caneca, Frei,10,
Caneca, Frei, 10,240
240 Chile, 25,278,54,5960»
Chile, 25, 27-8, 54, 59-60, 213,
213, 265265
Cantoni, Wilson,
Wilson, 213 213 ciências sociais,94-5,
ciências sociais, 945,97,97,164, 164, 1756,
175-6,
Canudos,
Canudos, 65,65,66,69,303«
66, 69, 30311 186, 203,209,
186, 203, 209,2156,
215-6, 270; 270;ver tamram-
“Canudosz oo outro
“Canudos: outro Brasil”
Brasil”(Fernando
(Fernando bém bém sociologia
sociologia i
Henrique Cardoso), 65
Henrique Cardoso), 65 dentificismo,
cientiñcismo, 69, 86,,98,101
69, 86 98, 101
capitalismo,
capitalismo, 11, 11,13,13,18,18, 8 , 129,
888, 129, 145,
145, classe dominante,
dominante, 47,50,74* 146,200,
47, 50, 74, 146, 200, r
; 187-8,
1878, 190,
190,209, 209,216-8,
2168, 220, 220,229,
229, 218*
É
230,2323,237,261,274,282,283,
230, 232‹3, 237, 261, 274, 282, 283, cíasse média,12,
classe média, 12,47,
47, 50,50,56,56,247,
247, 254,254,
. 307n
307« / 256
256 V
Capitalismo e escravidão nó no Brasil meme- classe operária,112,
classe operária, 2,200
200
ridional (Fernando Henrique Car~ Car- classes sociais,195-6,230,
classes sociais, 1956,230,241,261
241, 261
doso), 18
18 clientelismo,
ciíentelismo, 102
Capitalismo ee trtiâicionaUsmo
tradicíonalismo (Souza(Souza Clima .Clima (revista), 155
(revista), 155
Martins), 3067«
306-711 Código do do Processo
ProcessoCriminal
Criminal(1832), (1832),
Cardoso, Rüth, 215
Cardoso, Ruth, : 241'
241 ;
Caribe, 118
Caribe. 118 Coelho, Franciscoda
Coelho, Francisco da Silva,
Silva,21 2 r?
2121:
Carvalho,
Carvalho, IoséJosé Murilo
Murilo de, de,32-3,
323,89,89, Colônia, Brasil,ll,11,74,74,113,113,
Colônia, Brasil, 122,, 128,
122 128,
302n
302o
• ' 0é. 130,1436,236,237,251,2812
130, 143-6, 236, 237, 251, 231-2
Casa-grande & senzala (Freyre), 73, colonização,
Casagrande ci' senznln (Freyre), 73, ealonizzçâú, 11, 106, 103, 111, na-4,
11,106,108,111, 1134,
78, 7981,
78, 835, S7~90,
79-81, 33-5, 8790,92, 92,94,94,97,97, 119,144,210,2312,280
119, 144,210, 231-2, 280
101, 104,107,
101, 104, 107»111,111, 115,115,
124, 124,
126, 126,
comerciantes,
comerciantes, 187, 187, 234,
234,236, 236,238-9,
2389,
1312,265,267,26971,2779,304»
131-2, 265, 267, 269-71, 277-9, 30411 '• 2467 246-7
catolicismo,
catolicismo, 108,108,111111,, 118, 121;; ver,
118, 121 ver comércio internacional,2210,
comércio internacional, 10 >2222
22
também Igrejá
Igreja Comissão Econômicapara
Comissão Econômica paraa àAmérica
América
caudilhisrno, 132, 276 Latina ver Cepal
caudilhismo, 132,276 Latina ver Cepal

319
comunismo,
comunismo, 223*277, 2812;ver
223, 277, 281-2; PEI' tam
M111- D’Incao, Maria Angela,
D'lncao,Maria Angela, l51r:,
151»,175::
175»
bém socialismo
bëm socialismo ' D*In.cao»
D'Incao, Maria Conceição, 166,
Maria Conceição, 166,307»
307::
Cone
Cone Sul, 61
Sul, 61 Deífontames,
Deffontaines, Pierre, 280
Pierre, 280
Confederação do Equador,
Equador, 240 240 democracia,
democracia, 12, 12,20,20,27,27,32-3,
323,46, 46,
51, 51,
Conferência das Nações Unidas
Conferência das Nações Unidas para para 546,589,878,9Í,
54-6, 58~9, S7-8, 91, 94,102,1101,
94, 102, 110-I,
Comércio e Desenvolvimento
Desenvolvimento ver 121, 128,132.-3,
121, 123, 1323,139-40,
13940, 223,223,
228,228,
Unctad 242,255, 238,266,
242, 255, 253, 269,275-7,
266, 269, 2757,282,
282,
Conferência PanrAmericana(1906),
Conferência Pan-Americana (l906),26 26 3023»
302-311
Conselheiro,
Conselheiro, Antônio,
António, 65,689
65, 68-9 Democraáa
Democracia na América*
América, À A (Tocque
(Tocque-
Conselho
Conselho de
de Estado (Brasilimperial),
Estado (Brasil imperial), ville),
villcl, 46,56,269,3023»
46, 56, 269, 302-3n
2412
241-2 Dentro do texto, dentro da vida:
vida: Ensaios
Conselho Ultramarino (Portugal),
Ultramarino (Portugal), sobreAntonio
Anton io Cândido D*Incao
Candido (org. D'1ncao
235 • & Scarabôtolo),15151
& Scarabôtolo), ln m
conservadorismo, 62,80,94,228,242
62, 80, 94, 228, 242 Dependência e desenvolvimento ria no
Constant, Benjamin, 128128 América Latina (Fernando Henri-
'América Henri-
Constituição
Constituição brasileira (1823),
brasileira 238,
(1823), 238, que Cardoso
Cardoso && Enzo
EnzoPaletto),
Faletto),13,13,
240 181,214
181, 214
conzmuiçâo brasileira
Constituição bzzsilzâzz (13324),
(1Í&4), 244,244, “Depois
“Depois dada 'fom1ação”'
‘formação’”(Marcos
(Marcos No*
No-
246 bre),
bre), 14fT
Mn"
Constituição brasileira (1891), 253 “Descobrimento da economia, O”
Constituição brasileira
Constituição brasileira(1891), 253
(1946),199
199 “Descobrimento
(Fernando da economia,
Henrique
(Fernando Henrique 0“
Cardoso), 207
Cardoso), 207 **
brasileira (1946),
Constituição inglesa,
ingiesa.47 47 desenvolvimento
desenvolvimento capitali sta, 190
capitalista, 190 '
Corbisier, Rolaiid,
Roland, 152152 "`' *? desenvolvimento econômico,60,60,209,
desenvolvimento econômico, 209, 17-

cordialidade
cordialidade ver
ver “homem
“homem cordial”
cordial” 213,2178
213, 217-8
coronelismo,
coronelisrno, 101022 Dew
Dewey,ey, lohn,
John, 96
96
corpora tivismo»259
corporativismo, 259 Dezoito de Brumárip Bonapan
Bmmárío de Luís Bonapar
Corrêa,
Corrêa, Serzedeto*
Serzedelo, 257257 te, O (Marx),
re, O (Marx),-1949
corrupção, 50,58,229
50, 58, 229 “dilema
"dilema do domazom bo* 57
rnazombo'1 57
cosmopolitismo»
cosmopolitismo, 11,22,61
1 l. 22. 61 dinheiro,
dinheiro, 42,48, Í29,163,167
42, 48,129, 163, 167
Costa, Tarcísio, 878,260»
Ta rcisio. 87-8, 26011 direitos humanos,22
direitos humanos,
Council of
of the discriminação racial, 114, 118, 122,
Council the Americas,
Américas,184184 discriminação racial, 114,118, 122,
Coutinho,
Coutinho, Maurício, 220
Maurício, 220 1.77,193,1979;
177, 193, 197-9; ver também precon-
precon-
crescimento econômico,
economico, 12, 96,
96,214
214 ceito radaí
ceito racial
cristianismo, 1121
21 “Do colono
colonoaoao boia-fria”
boiafria”(Brant),
(Brant), 301111
307»
Cuba, 57
S7 . “Do latifúndio
latifúndioààempresa:
empresa:Unidade
Unidadee e
cultura brasileira, 85,87,120,272,284
85, 87, 120, 272, 284 diversidade
diversidade dò capitalismono
do capitalismo nocam-
cam-
cultura
cultura nacional,
nacional, 55,89
55, 89 po” (Brandão Lopes), 307» 307n
Cunha, conde de,de. 235 Donos do poder, Os (Faoro), 226, 228
(Faoro). 226, 228-
Cunha,
Cunha. Euclides da, 9-10,
Euclides da, 910, 64-9,
649,73,
73, 9,242,251,30910»
9, 242, 251, 309-10::
101,126,131,268
101, 126, 131,268 Duarte, Paulo,
Paulo,193
193

320
320
Dumont, Santos, 126
Santos, 126 escravidão, 11,1820,302,3442,45,
escravidão, ll, 18-20, 30-2,3442, -1-5,
Durkheim,
Durkheim, Émile,
Émile, 98,
98, 153,
153, 179
179-80'. 81,94,98,102,104,106,1101,119,
81.94.98, 102,10-'-1.106.110-1,119,
1945
194-5 121,123,127,138,145,195,1978,
121.123,127,138,145,l95,19?-8,
220,2323*
220, 232-3, 245,247,250,278,301
245, 242, 250, 278, 301 nn
Echavarria» JoséMedina,
Echavarría, José Medina,214
214 Estadista
Estadisra do Império, Um (Nabuco),16,
Um (Nabuco).
Êcole desAnnales,
Écoie des Annales,215
235 17,26» 33
17, 26, 33
ecologia, 165
ecologia, 165 Estado Novo, 88,140
88, 140
economia açucareira,
açucareira,210,221
210, 221 Estados Unidos,
Unidos, 21,
21, 25,
25, 27,
27,32-3,
323,52,
52,
economia agrocxportadora,
agroexportadora, 107,
107>251
251 547,61,95,96,105,117,129,183,
54-7, 61, 95, 96, 105, 117, 129,133,
economia brasileira, 129, 207-8, 217, 190, 192, 197, 199, 210,217, 269
economia brasileira, 129, 2078, 217, 190,192,197,199,210*217,269
221,223
221, 223 “estamento burocrático”,
burocrático", 228
Economia
Economía brasileira, A A (Celso Furta-
Furta- Ética protestante
protesrante e o espírito
espirito do capim-
do capita
do),
do), 207,223
207, 223 lismo, A (Weber), 8989
economia cafeeira,2210,
economia cafeeira, 1 0 , 221-2
221 -2 Europa, 23, 42,
42, 44,
44, 55,
55, õ1.74,
61,74, 75,
75, sal
84|
economia capitalista, 1624,220
162-4, 220 96.103.111.119.129.145.274.280
96,103,111, 119,129, 145,274, 280
economia colonial, 145,208,210,221,
145, 208, 210, 221, europeização, 112,125
europcização, 112, 125
233
233 EvansPritchard, E.E.,
Evans-Pritchard, E. E.,157,
157,306n
306rr
Economia
Economia colonial no Brasil nós
nos séculos povo brasileiro (Vianna),
Evolução do povo
XVJJ (Célso
XVI eeXVII (Celso Furtado), 223 10
1022 .
economia de mercado,
mercado, 189,
189,217
217 Evolução política do Brasil (Prado }r.),
Jr.),‘
economia de subsistência, 218-9 104, 279-80
economia de subsistência,
economia feudal,
feudal, 145
145
2189 104,27980
"Exaluno, Um” (Fernando
“Ex-aluno, Um” (Fernando Henrique
Henrique Ê
. Elements Organizatión (Firth),
Elem enrs ofSocial Organization (Fifth), Cardoso), 8,
8,151
151 Z
170
170 Executivo
Executivo ver Poder Executivo
Executivo
empreguismo,
empreguismo, 229 Exército brasileiro,
brasileiro, 65,
65,130,
130,252,
252,253
253-
Empresário industrial e desenvolvimen
desenvolvimen- 5,2578
5, 257-8 !
to econômico no Brasil (Fernando exploração econômica,
econômica, 11,1
11,113,1467,
13, 146-7,
Henrique Cardoso),
Cardoso), 131:,
13rc,213
213 231.268.280
231, 268, 280
“Empresas e pequenos produtores no
desenvolvimento
desenvolvimento do Faculdade de Filosofia,
do capitalismo
capitalismo Ciênciase eLe-
Filosofia, Ciências Le-
zgrâfio em
agrário zm síS*Paulo
Paulo(1940-1910)”
(19401970)” tras da
da uusp, 30, 97,,151-
s p, 30,97 151-2, 175,, 177,
2,175
(Brandão Lopes), 307:: 185
(Brandão Lopes),
endlhamento,
encilhamemo, 307«.
253,257
253, 257
185
Facundo (Sarmiento), 284
284
Encontro de Joaquim^ffobuco
}oac¡uím¿Nabuco com a Falcão,
Falcao, Armando, 155155
política, Õ (Nogueira), 32,
O (Nogueira), 32. $52,
2 >$02n
302n Faletto, Enzo,
Enzo, 13,
13,214
214
Esboço de figura: Homenagem a Anto- família patriarcal,
patriarcal,95-6,
956,104,105,121
10-1, 105, 121
vnio Candido (Fernando Henrique
nio Cândido Fantasia organizada,
organizada, AA (Celso Furta-
Cardoso er et al.),
al.)^157::
157rt do), 220
escola deChicago,
escola de Chicago,193, 193,202
202 Faoro, Raymundo, 79, 88
Raymundo, 7-9, 83,, 226
226,, 227-
227
“escola paulista” 91,94,109,123,132,
paulista°É 91, 94, 109, 123, 132, 33, 2356, 239-43,
33, 235-6, 23943, 245-51,
24551,253-4,
2534,
260 25661,30910rt
256-61, 309-lOn

321
. Faria,
Faria,Regina
ReginaHelena
Helena Martins
Martins 224 224funcionalismo,
de,de> 249,30611
funcionalismo, 249-, 306n
Farias, Cordeirode,
Farias, Cordeiro de,155
155' Fundamentos
Fundnrnentos empíricos
empíricos da explicação
expliraçño
fascismo,
fascismo, 140,255 » 277
140, 255, 277 . sociológica (Florestan Fernandes),
(Florestan Fernandes),
Feijó, DiogoAntônio,
Feijó, Díogø Antônio,238,2401
238, 240-1 . l37,
187,189,195,308«
lB9, 195, 303!!
Fernandes, Florestan, 810,18,30,89,
8-10, 18, 30, 89, Furtado* Celso,
Furtado, Celso, 9,9,11
1 1,, 74,
74,2^6, 20724,
206, 20.124,
91, 934, l52~3,
91, 93-4, 1523,158,
158* 1645,
164~5, :. 265,308»
174, 174, 265, 30311 . ■
17598,2013,260,3068w
175-98, 201-3. 260, 306-8n
Festinger, Leon, 98 Galvão, Walnice Nogueira, 65-6. 3031:
Festinger,
feudalismo, Leon, 98
112,145» 229> 2323, 237,
fëUdafiSTn0,ll2,145,229,232-3,237, Gatvão,
García Walnice Nogueir
Lorcâ,Federico,
García Lorca, Federiço,a,156
156 656,303n
. 244,25.8,283, 285 .
244,258,283,285 WilliamLloyd,
Garrison, `William 40
Lloyd, 40
Firth, Raymond,157,
Fírth, Raymond, 157,170
170 Gasparian, Fernando,155
Gasparian, Fernando., 155
“Florestan Femandes:a revolução
“Florestan Fernandes: bur-bur-Geísel,
a revolução Ernesto, 155
Geisel, Ernesto, ISS
guesa no Brasil:
guesa no Brasiltexto trodutório5* geografia,
textointrodutório”
in 73,105,146,273,280
geografia, 67, 73, IOS, 146, 273, 280
(Fernando HenriqueCardoso),
(Fernando Henrique 185» Germani,
Cardoso),18Sn Oino,284
Germani, Gino, 284
üorianismO,
florianísmo, 54, 257
257 globalização, 13
globalização, 13
"Fome
“Fome e a crença, A” Áw(Fernando Hen Goethe,
(Fernando Hen- Goethe, Johann Wolfgangvon,
Iohann Wolfgang von,274
724
. rique Cardoso),
Cardoso), 157157 : Goiás,
Goiás, 234
234 .
Fonseca, Deôdoroda,
Fonseca, Deodoro da,252
252" Góis, Zacarias
Zacarias de, 243
243 ,
Fonseca, Pedro Cezar Dutra, 224 Gomes, Páulo Emilio Sales, 154-;
Fonseca»
força dede Pedro Cezar
trabalho,
trabalho, Dutra, 224 163,
1.15,145,161,
ilã, 145, 161, Gomes,
Granzierã,Páülo
163, Grânzierâ, Emílio
RuiGuilherme,
Rui Sales,
Guilherme, n,1543
2.1t 2Zn, 224
224
216,218;
216, 218; ver também mão de obra Guarda Naciona
Nacional,l, 236,
236,244,253
244, 253
Formação da (An- Guarda
da literatura brasileira (An Negra, l27
Guarda Negra, 127 -
• s*^
toriio
tonio Çandido),
Candido), 153l53 Q'' 'r Guerra de CanudosverCanudos ,
Guerra de Canudos ver Canudos
Formação 4o do Brasil contemporâneo Guerra de .Secessão Secessão(sun),
(jbua),25
25
(Prado
(Prado Jr.)> 142,143-4,
]r.), M2, 1434,l47,147,
221,, Guerra
221 Guerra dodoParaguai,
Paraguai,154,
154,248.,
248,250
250
; 27980,
279-30,282282 Guerra dosMascates,
Guerra dos Mascaras, 236236
Formação econômica
económico do do Brasil (Celso
(Celso Guerra paz —
Guerra e paz - Casa-grande
Casagrande ¿~ & sen-
sen
Furtado), 206,207,212,219,
206, 207, 212, 219, 2223,
222-3, zala ea
e a obra de Gilberto
Gilberto Freyre nos
■. 3Ô8«
30Bn (BenzaquendedeAraújo),
anos 30 (Benzaquen Araújo),84,84,
“Fotógrafo amador” (Fernando Hen- 132, 304n
“Fotógrafo amador” (Fernando Hen- Guerra : 132,304«
Fria,1313
rique Cardoso),
Cardoso), 73 73 Guerra Fria,
27, 49, 53, 74, 99, 177,190, 215 Guiana
França, 27,49,53,74,99,177,190,215 Inglesa,21,21,26
Guiana Ingleãa-, 26
Frei Montalva,Eduardo,
Frei Montalvo, Eduardo,266 266 Gurvítch, Georges, 97,
Gurvitch, Georges, 97,99
99
Freud, Sigmund
Sigmund,, 40
40
Freyre, Gilberto,7-10,
Freyre, Gilberto, 710,20,20,36,36, 73,73,hamitas,
51,51, 117
hamitas, ll?
79134, 197,
78, '79-134, 197,20?,
207,260,
260, 263-72, hauçââ, 117
26372,hàuçâs, 117
2779,281,285,304«
277-9, 281, 285, 304n Hermann, Lucila,202
Hermann, Lucila, 202
Função social da guerra na na sociedade Herskovits, Mélville,
Herskovits, Melvillc, 116116
tupimimbá, A (Florestan
tupimmbã, Fernan-
(Florestan Fernan- História do Brasil com empreendedores
des), 194
194 . (Jorge Caldeira),102,
(lorge Caldeira), 102,236,304«
236, 304o

322
“História
“Hisiória eeseu seusentido,
sentido.A”A” (Fernando industrialização,
(Fernando industrialização, 95-6, 956, 125,
125, 129-30,
12930,
Henrique Cardoso),143
I-Ienrique Cardoso), 143 133,139,145,219, 2212, 255, 257,,
133. 139, 145, 219, 221-2, 255, 257,
economica do Brasil (Simon
História econômica (Simon- 2812
231-2 .
sen), 222 ,279
222, 279 inflz~.‹;â‹›, 208,253
inflação, 203, 253
História geral
gem! dada civilização brasileira
bmsileím Inglaterra,
1¡,g¡;,z¢m,, 21,33, 478,52,54
z¡,33,47-3, 52, 54,,56,190,
55, 190,
(Buarque
(Buarque de de Holanda
Holandaetet.al.),al.},242,242, 229
229
: 278›
270,31
310"Qn Instituições políticas brasileiras (Vian-
(Vian-
historiografia,
historiografia, 209,.209,279
279 na), 102
na), 102
H¡"Ê1'›Ad°lf› 103
Hitler* Adolf, 103 Instituto Latino-Americano de
Instituto LatinoAmericano de Pla-
Pla-
Holanda , Sérgio Buarque de,
Holanda' Sérgio Buarque de>9' ]2'37' 9,1 2,37, nejamento
nejamcnto Econômico e Social Social ver
51, 73,73, as-9,
889,100,100,âza,128,
132-3, 136,
1323, “pes
136, Ilpes
13740,207,227,242,250,260,263
13740' 207-' 227' 242' 250' 250' 263' Intérpretes do Brasil (org. SílvianoSan-
(org. Silviano San
5,271-5.217-9,281-2,235
5,2715,2779,2812,285 úagø) 185",
: tiago), 185», 308» 308” /
“homem cordial”,B9'89,139,275:
"homem cordiarl 159' 275 Intervenção estrangeira durante a R& Rel
humanismo,
humanismo' 262
262 volta de 18,93,, AA (Nabuco), 25
de1$93 25.
_d l_ 6! 102 iorubás, 117
iorubás,ll7
idealismo,
ieaismo, 61,102
, ISeb›95
Iseb, 95
identidade nacional,1414
identidade nacional
' Itamaraty,
I , 61,131,263
61, 131, 263
identidade racial,20
identidade racial, 2011 tamamty
Ideoiogm alemã, A (Marx & Engels), jacobinismc, 46 54
65 alemã, A (Marx 8c Engels), jacóbinismo,
Ideologia
1165 _ ,46,54
,
1
1
Igreja' I] L ua' 249
Igreja, 111,113,249 Jaguaribe,
Jaguaribe, Hélio,
Helio, 215
215 )
II zâ, 213
Ilpes, 213 . Japãó,
'“Pã°' '90190 f
Iluminismo,mz
Híminismn 102 jesuítas, 84,108,1125,119
84, 108, II2-5, 119 .
imigraçãoinoizso
imigração,210,28Ò JoãO
Ioão vi, d , 2379,246
\{x,d..237-9, 246 ` .
imperialismo, H,
imperialismo, ¡12_3›282'283 .
íl,112-3,282,283 Joaquim
Ioaquzm Nabuco;
Nabuco: revolucionário con con-
Império brasileiro,117,7, 21,
Império brasileiro, 21, 26,
26>31,31,52*
S2, servador (Chacon),
$ermd°'.(chaC°n)' 32'” 32,47
óo, 102, 104, 127-30, 230,236,
60,102,104,127-30,230» 240, Johnson,
236, 240, ¡°h“*°"› E-E*5"S.,9797
2-12.244.246-7,249-51.253.278-9 Jornal
242,244,246-7,249-51,253,278-9 {°'"“¡ do C°'"é'“'°›, 24
d° Comércio 24
“Implantação
“Implantação do dosistema
sistemaoligárquico judeus, 124,231:
oligárquico Judeus- 1245231
(DOS governös
(Dos governosm¡1¡¡a¡.¿.s Pruden Judiciário
militaresa aPmden_ Iudjciárío ver verPoder
PoderIudicíárío
Judiciário
wcampos 5315)" (Fernando Ham Julião,
teCampos Sales)” (Fernando Hen-Juíiâo, Francisco, 213 Francisco. 213
rique
fique Cardoso), 310::
310rí . juros,
1Uf05› 236,248
236» 243
impostos,
impostos, 669, 9,232
232 ^R”
inclusão social,14,259
inclusão social, 14, 259 Katz, Daniel,9398
Kill» Dãflífilz
Independência dodoBrasil,
Independência 1o, 235, 237- Keynes,
Brasil. 10,235,237- Keynes. Johnlohn Maynard,
Maynard. 217217
40,246,251
-10, 246, 251 Kopke, Carlos Burlamaqui,
Kopke, Carlos Burlamaqui, 151 151
índios,
íl'1(1ÍOS, 67, 75, 80,
67, 75, 80,196-3,
106-8,112-5,
112-5,119»
119-
20,122,161,196,237,268
2Ú,122,1Ô1,195, 237, 258 latifúndio,
1El(ÍfÚl'IC1Í0, 11,81,88
11, 81, 33,,102,1 048,1146,
102, 104-8, 46,
individualismo,
Ír1dÍvÍdl.lE1Í$m0, 3 2,54-6,88,121,128,
32, 54-Õ, 88, 121, 123, 161, 2323, 241,
161, 232-3, 241, 246-7,
2467,250,
250,258,
268,
261
261 281,285,307»
231, 285, 397!!

211
Leio» Honório Hermeto
Leão, Honório Carneirover mão
Hermeto Carneiro mão de obra, 18,106,161,20910,218,
de obra, 18,106, 161,209~10, 218
Paraná»
Paraná, ma marquês
rquês do do 221 2,224,279,281
221-2, 224. 279, 281
Legislativo ver Poder
Legislativo ver Poder Legislativ
Legislativoo Maquiavel, Nicoiau,34,34,38
Maquiavel, Nicolau, 38
Lei Áurea, 30
Lei Áurea. 30 Maranhão;,
Maranhão, 224 224
Leite, RuthCorrêa,
Leite, Ruth Corrêa,152 í 52 Martins, José
José de deSouza,
Souza,306::
306»
lembranças
Lembrançasdede 1848 1848 (Tocqueville),
(Tocqueville), 47, 47, Martins,
Martins, Luçiano,
Luciano, 215215
3023»
302-311 Marx, Karí,
Karl, 49,94,129,144,165,180,
49, 94, 129, 144, 165, 180
LéviStrauss,
Lévi~Strauss, Claude,Claude, 84,84,134, 134,146,146, 194,2167,306»
194, 216-7, 30611
157,180,1923,270»
157,180,192-3,270,28`0,305n 28$, 305» marxismo»
marxismo, 88 88,, 94,
94, 96,
96, 147,
147, 169-70,
16970,
liberalismo, 32, 46, 50, 52, 54,
liberalismo, 32» 46» 50,52,5 4 , 66,187 66, l87~ 133-90, 195, 217-20, 224,
18890» 195, 21720, 224, 257, 257, 271 271,
9, 228, 239,
9, 223, 239, 241-2,
2412»251, 251,253,
253, 256» 281,285,3067»
256, 281, 235, 306-7n
262
262 Mato Grosso,
Grosso, 234234
liberdade humana, 33 33 Matus, Carlos,
Carlos, 214214
Lima, Oliveira,61,
Lima, Oliveira, 61,106
106 Mauá, barão de,
Mauá, barão 248
de, 248
língua portuguesa, 845,12084-5. 120 màzombo,
mãzombo, 57,301
57, 301 n
livre mercado,
mercado, 104, 104,127,229
127, 229 meio ambiente, 22,68,9 8,1001,107,
22, 68, 98, 100-1, 107,
“Livro perene, Um” (Fernando
peren e, Um” (Fernando Henri- Henri- 116,134
116, 134
que Cardoso), 79 Y9 Mello, Evaldo Çabral
Cabral de, 35,
35,57,302»
S7, 302::
localismo, 241,258
241, 258 Mencken,
Mencken, Henry,
Henry, 93 93
Lopes, José Sérgio
Lopes,]osé Leite,307::
Sérgio Leite, 307» mercado internacional,
internacional,208, 208,210,256
210, 256
Lopes, Rubens
Lopes, RubensBrandão,Brandão,307n 307» mercadorias, 168,216
mercadoria^, 168, 216
Lowie, Robert, 116 116 . _ Mercúrio, Et (jornal chileno), 266
Mercurio, E1 (jornal chileno), 266
“Lugar
“Lugar de de Camões
Camões na na liieratura,
literatura,O” O” Merquior, lose Guilherme,
Merquior, José Guilherme, 88
(Nabuco), 30, 30,301»
301:: messianismo, 68,70
68, 70 `
Luís Filipe r,i, rei
Luis Filipe reidada França,
Françá, 47, 47,49
49 mestiçagem, 83,90,199
83. 90, 199
Luís xrv,
xiv, rei
reida daFrança,
França,4747 Métraux, Al fred, 193
Alfred, 193
Luís
Luís xvni,
xvm, reirei dada França,
França» 47 47 México, 57
México, 57
Lumpenprolemríat, 282
Lumpènproletariat, 282 Meyer, Luiz, 38,
38,40,302»
40, 302::
Lrrsíadas, Os (CamÔes),
Lusíadas, (Camões), 3030 militarismo, 27
Minas Gerais,234,
Minas Gerais, 234,252,258
252, 258
Macrmaíma (Mário de Andrade),
Maçunaíma Andrade), 74, 74, Minha formação (Nabuco), 23, 23,33,36»
33, 36,
83 43,478,3023»
43» 47~3, 302-311
maisvalia,
mais-valia, 216216 Mintz, Sidney
Sidney W., 1667,170,307»
W., 166-7, 170, 30711
Malinowski, Bronislaw,157,
Malínowski, Bronšslaw, 157,169,
169,180,
180, miscigenação racial,32,32,95,
miscigenação racial, 105,110,
95, 105, 110,
306»
306:: 113,1323,1934,199,201
113, l32~3, 193-4, 199, 201
“Mandato da raça negra, O"
raça negra, (Nabu- misticismo,
O”(Nabu~ misticismo, 68
co)
co),,18,
18, 30 mobilidade soci al, 56,
social, 56,122,1245
122, 124-5
Manifesto regionalísta (Freyre),
Mamƒesto regionalista (Freyre), 96 96 moçárabes, 11 11ll
Mannheim, Karí, Karl, 31,153,179
31, 153, 179 Moderador ver Poder Moderador
Manoílescu, Mihail,259
Manoilescu, Mihail, 259 modernismo, 152,301»
152. 301n

324
324
modernização*
modernização, 60. 60,88
88,, 130, 187,228,
130, 187, 228» Noronha, Fer não de,
Fernão 231
de,231
259 Novais, Fernando, 281
monarquia»
monarquia, 20,20,43,47* 49,51,55,
43, 47, 49, 129, Nuen
51, 55, 129, Nuer, The (EvansPrit chard), 306»
(E-vans-Pritchar‹:l},3I16r1
234,252
234, 252
Monbeig, Pierre, 280
280 Ocaso do
Ocaso do Império
Império,>OO (Vianna),
(Vianna),102 102
monroísmo,
m0ntUiSl1'lD, 61
61 Ocidente, 125 .
Ocideme, 125
Monteiro, Rego,96
M°fltfif°› R¢s°- 96 oligarquia, 31,
oligarquias, 139, 250, 254-5, zss
31,139,250,2545,258
Montesquieu, CharlesLouisdedeSecon-
Montesquieu, Charles-Louis Secon Olivares,
0¡¡,.a¡c5_ c0nde_¿uque
condeduque de,de, ¡51
151.
dat, barão de,
dat'barã° 323
de' 32'3 progresso (Freyre),
Ordem eeprogresso (Freyre), 93,93,978,
97-8,
. M°°ã›V¡a““a›
Moog, Vianna, 63
68 100. 124-7, 129, 271, 304-sn
100,1247,129,271,3045*
Morazé, Charles,
Momzé' charles' 177 177 Organização nacional, ÀA (Torres), 103
(Torres), 103
Mota, Carlos Guilherme,
Mota' Carlos Guilherme' 87 87 Organização social
serial dos Tupinambâ,
Tirpinrrrrrbd, AA
muçulmanos,
muçulmanm* 11 ul1 (Fiorestan Fernandes), 158,
(Florestan Fernandes), 158,164-
1645,
mulatos, 82,1223,12
82, 122-3, 125,5,1278,19 9
127-8, 199 174, wo' L94
174, 180,194
Sl
f
Muro de Berlim, 13,94
13, 94 .. Oriente, 125, l63
Oriente, 125,163 '
Musée de
de l'Homme
ITiomme (Paris),
(Paris), 193
193
Mussolini, Gíoconda,
Gioconda, 180,306»
180, 306n
Myrdal, Gunnar, 192 saber»A”
“Paixão pelo saber, An(Fernando
(Fernando Hen-
Hen-
Myrdal, Gunnár, 192
rique Cardoso), 8,175 8, 175
Nabuco, Carolina, 35, 302" panamericanismo,
pan-arnertcamsmo, 21,26,43,5961
21, 26. 43, 59-61 .
Nabuco, Carolina, 35,3Q2»
Paraná, marquês
Nabuco. Joaquim, 7-10, 16, 17-62, §aran,á'n:rq;_ê$;0`%420 (A t , I
do, 242
103,1l8,]31,243›247›252_3 279 arcerros a ro omto, s nomo.
Nabuco, Joaquim, 710,
103,118,131,243, 279, Parceiros do Rio Bonito, Os (Antonio \
16, 1762,
247,2523,
301%, 309»
3013», 309" Candido), 150t
Cândido), 150, 154,
154, 157-s,
1578,166-7,
1667,1 f
“Nação
“Nação dosdoshomens, A" A” (Sígaud),
(Sigaud),30711
307» 16971,306.7»
16971' 306'7"
22, 153, 218, 254-5
nacionalismo, 22,153,218,2545 parlamentarismo,
P“lam°“*“'¡*““°* 242» 242' 244
244
mgös U7
nagôs, í 17 Parsons,
Parsons, Taícott,
Talcott, 153
153
Napoleão íh,ur, imperador, 49,53
49 53 Partido Comunista, 9'9,95
Partid° C°mu"ista' 95
negros, 19,
19,30,346,46,50,57,82,83, Partido Conservador (Brasil imperial),
30, 34-6, 46, 50, 57, 32, 33, Partido Conservador (Brasil imperial),
, 113,115,117,119 l 2249
93-4,ros-s,m,113,11s,117.119-
934,1068,1II 49 : •
23*125,1278,177,181,192,1957,
23. 125, ¡27,8, 177, ¡81' ¡92_ 195_-7, Partido
Partido Liberal (Brasü imperial),
Liberal (Brasil imperial), 249
249 .
199202,268,*301»
199392, 263I'301,¡,, 308n
303" patriarcalismó,
pa1riarC3lÍSm0, 81,88»
81, 33, 935*
93-5, 125,260
125, 260
New Dm), 37 patrimonialismo, 19, 21, 889, 88-9, 227,
New
No Oeal,
No calor
calar da87
hora
hora —-A A Guerra de Canu
Canil- 229,231,247,249,2512,25662
229› 231» 2471 249› 251 '2› 25692
dos nos jornais (VS^nice Nogueira paubrasil,
(W¡¡_1nice Nogueira P3U“bf35¡l› 222,231
222› 231
Galvão), 65,
65,303»
303n Paula,
Paula, José
Iosé Antônio
Antônio de, de, 223
223
Nobre, Marços,
Marcos, 14»
l4n Pedrão,
Pedrão, Fernando,
Fernando, 219,224
219, 224
Nogueira, Marco Aurélio, 32, 52, 61, Pedro 1,i, C1.. d., 236.
236,238
2.33
! 3023»
302-Em Pedro n, d,*243,245
Pedro 11, d., 243, 245
Nogueira, Oracy, 202 Peixoto, Floriano,
Floriano, 61,252
61, 252
Nordeste brasileiro, 1078,
107-8, 117, 130, Pensamentos soltos (Nabuco), 45,302»
so1tos(Nabuco),45, 302n
219,307»
219, 30711 Penteado, dona Olívia
Penteado, dona Guedes, 96
Olívia Guedes, 96

325
Pernambuco,
Pernambuco, 107 107 . Previdência
Previdência Social» 214
Social, 214
Perroüx,
Pcrroux, François,
François, 2Í67
21Ê›¬7 . primdro
Primeiro Reinado,
Reinado, 231
231
personalismo»
pcrsonalismo, 1Ó2,105»
102, 105, 132»
132, 139»
139, 229, princípio territorial, 245,248*9
245, 248-9
. . 274,
274,276
276 : privatismô, 102, 121 ? ■ ”
privatismo, 102,121
"Pesquisa impâctantê»Uma”
“Pesquisa irnpactante, Uma” (Fernan*Problemas âe
(Fernan- (Vianna),.
de política objetiva (Vianna),
do Henrique Cardoso),
Cardoso), 192
192 102
Pinochet»
Pinochet, Augusto, 2656 .
Augusto, 265-6 Pfoblems
Problems of Minorities (Rose),
oƒMinorirics (Rose), 193
193 .
Pinto,
Pinto, Aníbal,
Aníbal, 214
214 • Proclamação
Proclamação dadaRepúbiica,
República» 26,60,127,
26, 60, 127,
Pirenne, Henri,216
Henri, 216 252;
252; ver também República brasileira
República brasileira
PittRivers, Augustus, .116
Pitt-Rivers, Augustus, 116 progressismo,
progressismo, 262,283
262, 283
Plano Trienal,
Trienal,213
213 proletariado, 163, 256»
256, 282, 285; ver ver
plasticidade cultural,87,
plasticídade cultural, 87,90,108»
90, 108, 121,121, também classe operária
classe operária
138,268
138, 268 propriedade privada, 111, 1, 33,
33, 42.
42,105,
105,
plcbe, 146,200
plebe, 146, 200 . 127, 145,
127, 161, 163,
145,161, 163,220, 229, 240-1,
220,229, 2401,
PMDB, 215
PMDB, ^247,256,268,281
`2-17, 256, 263, 281
Poder Executivo,
Executivo, 59,
59,102
102 prosperidade, 208,211»
208, 211, 223
Poder Judiciário, 48,
48» 54
54 _ protecionismo industrial, 130
Poder Legislativ o, 59
Legislativo, 59 ' _' protestantismo,
protes1antismo,51, 51,889,1334,121
88-9, 113-4, 121 1.
Poder Moderador, 51, 241-3, 251, _3
Poder Moderador, 51, 2413, 251,
' 253.4
253*4 \ ‘ racismo, 911. 1111, 1324, 201, 221 ■
racismo,94,110,1324,201,221
Pombal» marquêsdc,de,122
Pombal, marquês 122 RadcliffeBrown, Alfred,
Radcliffe-Brown, Alfred, 180180
Pontos e bordados (Carvalho),
Panrosebordados (Carvalho), 32, 32,302w
3O2r1 Raizes
Raízes do Brasil {BuarquededeHolan-
Brasi! (Buarque Holan- -E
populismo, 27» 27,229
229 ?" %
r da), 100,136, 1378,140,
dz), 100, 207,. 260,
137-a,14o,2o'7,2õo, ,¬
Portugal, 1056, 229-30,
Portugal, 105-6, 22930,232, 232,235,
235, 2645,272,2769,281
264-5, 272, 276-9, 282
2378,240,246,258
237-8, 240, 246, 258 Ramos, Gracilíano, 215
Ramos, Graciliano, 215 .
português verlingúa
ver-língua portuguesa I Rdbouças, André,3535
Rebouças,André,
positivismo,
positivismo, 130 : Recife,
Recife, 9.9,41,212,234,302n
41, 212, 234., 30211
Prado
Prado Jr., Caio, 9,
Jr., Caio, 9, l1 i, 74, 104, 107,. 142, Regência,
1, 74,104,107, 240,246
Regência, 240, 246
1437,
143-7, 202,207, 210,
210»220-1, 2201, 264,264,relações
233,233, internacionais, 216,222
relações internacionais,216, 222
27983,
279-33, 285
235 f religião, 130,160,274,276
religião, 130, 160, 274, 276
Prado» 9, 67, 72, 73-6, 103, 105, Remhrândt,
Prado, Paulo, 9,67,72,736,103,105, Rembrandt, 151 151
303«
303n ' ■ Renan, Ernest,30,
Renan, Ernest, 30,302*
302n
Prebisch, Raúl,213-4,
Prebisch, Raúl, 2l>4>217 217 Renoir, PierreAuguste,
Renoir, Pierre- Auguste, 151151
précapitalismo,
pré-capita1ismo,l89 189 "Representação
“Representação ààAssembleia
AssembleiaGeralGeral
preconceito racial» 30» 32*73,114,119,
racial,30,32,73, 114, 119, Constituinte
Constituinte ee Legislativa
LegislativadodoIm-Im-
1224, 192$,197-202,
122-4, 192-5, 197202,268-9,
2689, 280,280, pério
pério do
do Brasil sobre a escravatura”
Brasílsobreacscravaiura”
. 232
282 ' ; (José Bonifácio),31-2,
(Jose Bonifácio), 312, 302/í
30211
Ptejuâice:
Prejudice: a Prúblem
Problem m Psychological República
in Psyçhological brasileira,8,%110,
República brasileira. 0, 17.
17, 25-6,
256,
and (Allport) , 193 : 37*
Social Causation (Aliport),
nndSocía1Causation 601,69,69,98,98»
37, 60›1, 102,102, 12731,
127-31, 235, 236,
presidencialismo, 130 239, 249, 252-3, 255, 258~9
presidencialismo» 130 239,249,2523,255,258 9

326
republicanismo, 53,243
re-pub1icanis1¬no,53,243 Saes, FlávioAzevedo
Saes, Flávio AzevedoMarques
Marquesde,de*
222222
Research
Reseo rch Methods in:'11 Behavioral
Belinviorol Scien
Scien- SaintHilaire,Áuguste 276
Saint-Hilaire, Auguste de, 276
-ces (Festinger
ces & Katz),
(Festingerör Katz), 98
98 Sales, Campos, 45,252,257,310«
45, 252, 257, 3.10n
do Brasil (Paulo Prado),
Retrato dó Prado), 72, Salgado, Plínio,7:75
Salgado, Plinio,
. 73-4,
734,76,30371
76, 30311 Salisbury, marques
marques de, 48
Brasiliense, 99,,26
Revisto Brmliense,
Revista 264,4 283 Sallum lr.,
Jr.,BrasiIio, 125
Brasil io, 125
Revolução Agrária,145
Revolução Agrária, 145 Santa Catarina, 234 .
Revoiuçâo brasileira, A (Prado jr), 144, Santiago, Silviano, 42, 185o
•;Revolução
283 brasileira, A (Prado Jr.), 144, São
283 Santiago,
Paulo,Sílviano,
Paulo, 9,9,30, 496,
30,96,2,185«
107,130130,1511512»
107, 2
(Fio»
Revolução burguesa no Brasil, AA (Flo-
Révolüç&o 178, 181,185,
178, 181, 185,1193-4,
934, 196,202,
196, 202 213,.:
213
restan Fernandes),
Fernandes), 181,18?«s308«
181, 18511, 30811 234,232,258,280
234. 252, 258, 280
Revolução
Revolução de 1830 (França), 47
1830 (França). 47 . Sarmiento, Domingo
Domingo Faustino,
Faustino, 284284
Revolução
.Revolução dede 1848
1848(França),
(França).,
47 47. Sarney,jfosè»9
Sarney, José, 9 ,
Revolução
Revolução dede 1891,
1891,25
25 ScarabÔ tolo, Eloísa
Scarabôtolo, Eloisa Faria, l51r1
151« lI
Revolução de1930,
Revolução de 1930,253» 258
253, 258 Schadèn,
Schaden, Egon,180,306n
Egon, 180, 30611
Revolução doPorto (1820)»
Revolução do 238
(1820), 238 Schmitter,
Schmítter, Philippe» 259
Philippe, 259
Revolução
Revolução Francesa,
Francesa, 46 : Schumpeter, Joseph, 2167
Schumpeter, Joseph, 216-7
Revolução Industrial,145
Revolução Industrial, 145 Segunda Guerra
Guerra Mundial,
Mundial*256
256
Ribeiro, Darcy, 79, 80 Segundo Reinado, 231, 242-3
Ribeiro,
Ricardo,Darcy, 79,80
Casslano,
Cassiano, 75,139
75, 139 Segundo Reinado,
seifgoverntnént,
selfgovemment, 223,231» 2423
228,241,246,250,262
241., 246, 250 262
Richards, Audrey,
Audrey,157 157 Semana de de Arte
Arte Moderna
Moderna (1922)
(1922), 74
74,}1
Rio Branco, barão do, 26,61,131
26, 61, 131 ' ' 96,152
96, 152 f
Rio de Ianeiro,
Janeiro, 24,
24,26,
26,103.
103,191,
19
1, 235,,
235, Senado Vitalício (Brasil imperial)
Vitalício (Brasii imperial)*
237'.
237 V í ' ' ;v . 2412
241-2 ■'
Rio Grande do Sul, 107,181, 234,253,
107, 181., 23-1, 253, Vogue,7, 65,
Senhor Ibgue, 65, 7314,
73», 137::
137ii,1431-r
14
: 269
269' ; 207n
207n .
Rocha, João
JoaoCezar
CezardedeCastro,
Castro,4242 senzalas,
scmalas, 10,10, 81,81,84,84,88,88» 1201,
120-l 125 125*
Rockefeller» David,
Rockefeller, David, 308«
308:: 268,270,281,3Ô4n
268, 270, 281, 304o
Rodrigues, LeôncioMartins,
Rodrigues, Leôncio Martins,212212 Os(Cunha),
Sertões, Os
Sertões, (Cunha), 64, 65, 67-8 678, 70
70,
Rodrigues. Nina, 117 73,101 ,
Rodrigues,Fránklin
Roosevelt, Niná, 117Delaôo,
Franldin :
Delano, 87
87 73,101 283
sesintaria,
sesmaria, .
283
Rooseveít, Theodore, 61
Roosevelt, Theodore, 61 Sigaud,
Sigaud, lygia,
Lygia, 307«
307r:
Rose, A.M.,
Rose,A. M»193193 ■ ' ¿± - Silva, AntônioCarlos
Silva, Antônio CarlosRibeiro
RibeirodedeAÀn
-
no escuta (Meyer),
Rnmor na
Rumor (Meyer), 38,302«
3-8, 30211 drada Machado
Machado e,e, 240
240
“Rural prolctariat
proletariat and
and the
the problem
problem Silva, GolberydodoCouto
Silva, Golbery Coutoe,e,155
155
of rural proletarian conscioúsness»
consciousness, Sílva, SilviaCortez,
Silva, Silvia Cortez,124,
124,3G5«
30514
The” (Mintz), 307»
307o . Simonsen, Roberto, 74,208,220,222
74, 208, 220 222
sistema partidário, 27 27 •
Saber militante: Ensaios
Saber militante: Ensaiossobre
sobreFlorestan
Florestan Sobrados mucatnbas(Freyre),
Sobrados eemucombos 923,
(Freyre). 92-3
Fernandes, OO(org.
Fernandes, (org. P*Incao), 175n '
D`Incao), 1751: 95,100,1246,271,305»
95,100, 124-6, 271, 30511

317
sociabilidade*
sociabilidade, 10,10,88,116,131,15860,
88, 116, 131, 158-60, trabalhadores, 166, 178, 196,
166, 178, 196,218-9,
2189,
1634,1701,199,262
163-4, 170-l, 199, 2.62 247* 259,261
247, 259, 261
<“Social
lSocial Life
Life in
in Brazit in the
Brazil in the Middle
Middle of of “IVabalho livre,trabalho
“Trabalho livre, trabalhoescravo,
escravo,tra-
tra-
the 19th Century”
Centuryw(Freyre),
(Freyre). 93 93 balho excedente: rnao mão de óbra
obra na
socialismo»
socialismo, 13,153,217,282
13, 153, 217, 282 e b ” (Versiani),
fPEB” 224
(Versiani), 224
sociedade civil,
civii, 11-2,
11 2,19,19,33,33,S8,58,228.
228»tradicionalismo,
tradicionalisrno, 46,89
46, 89
231,259» 261
231, 259, 261 tráfico de escravos, 21,248,279
21, 248, 279
sociologia,
sociologia, 678,82,99100,126,152—
67-B, 82, 99-100, 126, 152- Tristes trópicos (LéviStrauss), 146
(Lévi~Strauss), 146
3, 165, 176-7, 179-83, 186, 194, 202, Trótski, Leon, 81
3,165,176
218, 267 7» 17983,186,194,202,
218,267 Trôtskí, Leon, 81
Sociologia alemã, A (Aron),
(Aron), 100
100 Unctad, 2134
2134
Sociolagy (Emory),97
Sociology (Emory), 97 Unésco, 1923
Unesco, 192-3
Sombart, Werner, 187,216
187, 216 União Soviética, 13
Soviética, 13
Sorel, Eugène,134
Sorel, Eugene, 134 Universidade Columbia,
Columbia,93,270
93, 270
Sousa, Washington
Washington Luis
Luís Pereira de,
de, 253
253 Universidade dede Cambridge,
Cambridge, 8,8, 222,
222,
Souza, Gilda Rocha
Souza, Gilda RochadedeMello
Melloe,e,152-4
1524 soónn _
306
Struçtures Elémentairçs de la Parenté,
Srructures Elémenmires de Ia Parenté, Universidade de Oxford, 306»
Oxford, 30611
Les (LéviStrauss),
(Levi-Strauss), 157
157 w, Universidade
Universidade de de São
São Paulo,
Paulo»18.18,30,30, Ú
subdesenvolvimento econômico, 12,
subdesenvolvimento economico, 12, 1778,280
177-8, 280
95, 208, 210, 223 Universidade de Sorbonne, 97
95,208,210,223
Sudene,
Suclene, 212,219
212, 219
Universidade de Sorbonne,
Universidade Yale»
Yale, 30,213
30, 213
97
Sudeste brasileiro, 130 urbanização, 12, 1245,133,139,
12, 124-5, 181,
133, 139, 181,
Sunkel, Oswaldo, 214 ^.,, 189,256,277
189,256, 277
Szmrecsányi, Tamás,219-20
Szmrecsányi, Tamás, 21920 Uruguai, visconde
visconde do, 249

Tagore, Rabiridranath,96
Tagore, Rabindranath, 96 Van den
den Berghe,
Berghe,Pierre,
Pierre,202 202
Teles, Carlos, 66 Vapor do
do diabo:
diabo: oo trabalho
trabalho dosdos operá
operá-
Tempos
Tempos de Casa-Grande (Cortez Sil-
de Casa-Grande Sil- rios do açúcar, OO (Leite Lopes), 307::
(Leite Lopes), 307n
va), 124,3Q5rr
124, 305n Vargas, Gettilio*
Getúlio, 2
5
253,3* 255,259
255, 259
Terceiro Estado,264
Terceiro Estado, 264 Veríssimo, José,4343
Veríssimo, Iosé,
Tesouro Real
Tesouro (Portugal), 230
Real (Portugal), 230 Versiani, Flavio
Versiani, FlavioRabelo,
Rabelo,224 224
Theory and
and Practice
PracticeçfofSoçial
SocialStudies
Studies Viana Filho,
Filho, Luiz,
Luiz, 3535
(Johnson), 97 Vianna, Oliveira,
Oliveira, 68, 68,73,73,101-5.
ÍOl5,107,
107,
Thiers, Louis Adolphe,
Adolphe, 53,
53,60
60 117»
117, 130,232,252,255,260,265,268
130, 232, 252, 255, 260, 265, 268
Thomas, William Isaac, 99
'1`h0rnas,William Vieira, JoséGeraldo,
José Geraldo,151 151
Tiradentes, 234
234 voto, 35,49,244,246,255
35, 49, 244, 246, 255
Tocqueville, Alexis de»
de, 4652,53,559*
46~52, 53, 55-9,
269,274,3023»
269, 274, 302~3n Washington Luísver Sousa,
Washington Luis Washing-
Sousa, Washing-
Torres, Alberto, 101,103,104,265
101, 103, 104, 265 ton Luís Pereira
Pereira dede
totalitarismo, 45
totalitarismo, 45 Weber, Max,
Max, 100,
100,153, 153,187,
187,194,194,
229,229,
Touraine, Alain, 307n
307» 233,236,257,269,273
233, 236, 257, 269, 273

328
Weflfort, Francisco,213~4
Weffort, Francisco, 2134 Yeats, William Butler,
Yeats, William Butler, 96
96
Westminster, duquede,
Westminster, duque de,4848
Willems, Emílio,180
Willems, Emilio, 180 Zacarias,, conselheiro ver
Zacarias, conselheiro Góis, Zaca
ver Góis, Zaca»
Wolf»
Wolf, Erk,
Eric, 1667,170,307n
166~7, 170, 30712 ' rias ddee •

319

S-ar putea să vă placă și