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O PERÍODO PROBATÓRIO
A celebração do contrato de trabalho visa criar um vículo duradoiro entre as partes. Tal vínculo,
para se manter efectivo é necessário que as partes estejam de acordo com a sua manutenção afim de
continuarem a retirar dele as vantagens dele decorrente.
O período probatório corresponde ao tempo inicial de execução do contrato e tem como finalidade
permitir a adaptação e conhecimento recíproco das partes, por forma a avaliar o interesse na
manutenção do contrato de trabalho.1
A contagem do período probatório coincide naturalmente com o início da execução do contrato de
trabalho.2 Aqui é importante distinguir o início da execução do contrato com a data a sua
celebração. Muitas vezes estas realidades não coincidem. O contrato pode ser celebrado numa data
e a sua execução efectiva iniciar noutra data completamente diferente. Com a celebração do
contrato de trabalho é criado o vínculo laboral entre o trabalhador e o empregador. A execução do
contrato de trabalho começa com a efectiva prestação do trabalho para o qual o trabalhador foi
contratado. Assim, é a partir da data em que efectivimente o trabalhador inicia a execução das
actividades para as quais foi contratado que inicia a contagem do período probatório. Esta posição
facilmente se entende quando se tem em conta a própria finalidade do período probatório (garantir a
adaptação e o conhecimento recíproco das partes e avaliar o interesse na manutenção do vínculo
contratual). É também considerando este aspecto que a lei vem determinar que não contam para
efeitos de avaliação do trabalhador, os dias de faltas, de licenças ou de dispensa, bem como os de
suspensão contratual.3 Isto é assim, porque nestes dias o trabalhador não executou nenhuma tarefa
pela qual ele possa ser avaliado e, portanto, a finalidade do período probatório não pode ser
alcançado nessas mesmas datas.
A regra, no que tange ao período probatório, é que a sua existência depende de uma estipulação
expressa das partes. É necessário que as partes acordem pela sua existência e que tal acordo seja
reduzido a escrito. A não redução por escrito conduz à presunção legal de que as partes pretenderam
exclui-lo do contrato de trabalho. Assim, se as partes não se pronunciarem acerca do período
probatório, a lei apresenta um regime supletivo que é justamente o da exclusão do período
probatório.4
Uma das consequências mais importantes da consagração do período probatório relaciona-se com o
facto de, no decurso do período probatório, as partes serem livres de denunciar o contrato de
trabalho, e em sequência fazer cessar os seus efeitos, sem necessidade de invocar justa causa e sem
dar direito à indemnização,5 desde que observado o prazo de sete dias de antecedência mínima para
dar a conhecer à contraparte da intenção de fazer cessar o contrato de trabalho. 6 Esta consequência
ganha maior relevo para o empregador já que o trabalhador conserva, enquanto se mantiver o
vínculo contratual, a prerrogativa de, observados os prazos de pré-aviso, denunciar o contrato de
trabalho. Ao empregador a possibilidade de denunciar o contrato de trabalho sem necessidade de
invocar justa causa só existe durante o período probatório.
Por uma questão de estabilidade no emprego, o período probatório não pode ter duração ilimitada.
Para acautelar esta situação a lei estabelece os limites máximos a serem observados no
estabelecimento do período probatório. Assim, para um contrato de trabalho celebrado por tempo
indeterminado o período probatório não pode exceder a 180 dias para os técnicos de nível médio e
superior e os trabalhadores que exerçam cargos de chefia e direcção, e 90 dias para os restantes
1
A noção de período probatório é-nos dada pela própria lei nº art. 46 nº1 e 2: “(1) O período probatório corresponde ao tempo inicial de
execução do contrato cuja duração obedece ao estipulado no artigo seguinte. (2) No decurso do período probatório, as partes devem agir
no sentido de permitir a adaptação e conhecimento recíproco, por forma a avaliar o interesse na manutenção do contrato de trabalho.”
2
Conforme estipulado no art. 49 nº 1: “O período probatório conta-se a partir do início da execução do contrato de trabalho.”
3
É o que determina o art. 49 nº 2: “Durante o período probatório, não se consideram, para efeitos de avaliação do trabalhador, os dias de
faltas, ainda que justificadas, de licença ou de dispensa, bem como os de suspensão contratual, sem prejuízo do direito à remuneração,
antiguidade e férias do trabalhador.”
4
É o que decorre da leitura do art. 48 nº 2 LT: “Na falta de estipulação, por escrito, do período probatório, presume-se que as partes
pretenderam exclui-lo do contrato de trabalho.”
5
Esta conclusão retira-se da interpretação do art. 50 nº 1: “No decurso do período probatório, salvo estipulação em contrário, qualquer das
partes pode denunciar o contrato sem necessidade de invocação de justa causa e sem direito a indemnização.”
6
Estabelece o art. 50 nº 2: “Para efeitos do disposto no número anterior, qualquer dos contratantes obriga-se a dar um aviso prévio, por
escrito, à contraparte, com antecedência mínima de sete dias.”
trabalhadores.7 Para os contratos a prazo o período probatório não pode exceder a: “(a) noventa dias
nos contratos a prazo certo com duração superior a um ano, reduzindo-se esse período a trinta
dias nos contratos com prazo compreendido entre seis meses e um ano; (b) quinze dias nos
contratos a prazo certo com duração até seis meses; (c) quinze dias nos contratos a termo incerto
quando a sua duração se preveja igual ou superior a noventa dias.” (art. 47 nº 2 al. a), b) e c)).
A redução da duração do período probatório pode ser realizada quer por meio de um instrumento de
regulamentação colectiva de trabalho quer por meio de contrato individual de trabalho. (art. 48 nº
1)8
17
Pedro Romano Martinez, op cit, p. 394.
18
“Sem prejuízo do disposto no número anterior, e salvo acordo individual ou colectivo em contrário, o empregador pode, em caso de força
maior ou necessidades produtivas imprevisíveis, atribuir ao trabalhador, pelo tempo necessário, não superior a seis meses, tarefas não
compreendidas no objecto do contrato, desde que essa mudança não implique diminuição da remuneração ou da posição hierárquica do
trabalhador.” (art. 72 nº 2 LT).
19
“(1) As condições de trabalho podem ser modificadas por acordo das partes com fundamento na alteração das circunstâncias, caso isso
se mostre necessário para a subsistência da relação de trabalho ou contribua para melhorar a situação da empresa, através de uma mais
adequada organização dos seus recursos, que favoreça a sua posição competitiva no mercado. (2). Em nenhum caso é admitida a
modificação das condições de trabalho, com fundamento na alteração das circunstâncias, se essa mudança implicar diminuição da
remuneração ou da posição hierárquica do trabalhador.”
20
Esta é uma transcrição literal de António Monteiro Fernandes, op cit, pp. 198-199, a propósito dos requisitos específicos para a aplicação
do ius variandi. Por serem bastante claros e elucidativos preferimos transcrevê-los na íntegra.
21
Art. 72 nº 1 LT: “O trabalhador deve desempenhar a actividade definida no objecto do contrato e não ser colocado em categoria
profissional inferior àquela para que foi contratado ou promovido, salvo se se verificarem os fundamentos previstos na presente Lei ou
mediante o acordo das partes.”
2.9.2.1.3. SITUAÇÃO OCUPACIONAL DE CARÁCTER TEMPORÁRIO
Em princípio, uma situação ocupacional de carácter temporário, devido a esta temporariedade, não
confere ao trabalhador a aquisição definitiva da categoria em questão (da categoria da função que
esteve temporariamente a desempenhar). Isto equivale a afirmar que numa situação desta o
princípio da irreversibilidade da categoria não se aplica. É que o trabalhador não chegou a adquirir
definitivamente a categoria em questão, ele apenas esteve, a título meramente temporáreo adstrito a
uma nova situação jurídica, sem no entanto ter se desvinculado da sua própria categoria.
O trabalhador continua a pertencer a sua respectiva categoria, embora se encontre a desempenhar,
repita-se de forma temporária, tarefas situadas numa categoria superior. Quando o motivo que ditou
esta situação desaparece o trabalhador volta naturalmente a preencher actividades próprias da sua
categoria profissional.
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A admissão do trabalhador nem sempre coincide com a data de celebração do contrato. A admissão tem que ver com a data do começo de
execução do contrato de trabalho. Portanto a antiguidade conta deste a data do começo da execução contratual e não desde a data da
celebração do contrato.
23
Art. 130 nº 3 al. a) LT: “A rescisão do contrato de trabalho, com fundamento nos motivos previstos no número anterior, confere ao
trabalhador o direito a indemnização, equivalente a: (a) trinta dias de salário por cada ano de serviço, se o salário base do trabalhador,
incluindo o bónus de antiguidade, corresponder ao valor compreendido entre um a sete salários mínimos nacionais;”
24
Pedro Romano Martinez, op cit, p. 401.
Impacto da avaliação de desempenho
na gestão do pessoal na função
pública: estudo de caso do Centro de
Recrutamento e Mobilização Militar de
Maputo – Moçambique (2010-2015)
Aviso Prévio e Indemnização por Despedimento
Qualquer das partes pode rescindir o contrato mediante pré-aviso ou pagar em lugar do
aviso prévio. Direito do Trabalho exige que o empregador para servir a um aviso de
rescisão de contrato (witout dar mais detalhes quanto ao número de dias) para os
empregados e para basear essa terminação em "razões estruturais, tecnológicas ou de
mercado relacionados". Também deve haver evidências de que a rescisão actual é
essencial para a competitividade, a reestruturação económica ou a reorganização
administrativa ou produtiva da empresa.
- 15 dias de salário por cada ano de serviço, se o salário base mensal de um empregado,
incluindo o bónus de antiguidade, é entre oito e dez vezes o salário mínimo nacional;
- 10 dias de salário por cada ano de serviço, se o salário base mensal de um empregado,
incluindo o bónus de antiguidade, é entre onze e dezesseis vezes o salário mínimo
nacional, e
- 3 dias de salário por cada ano de serviço, se o salário base mensal de um empregado,
incluindo o bónus de antiguidade, é maior do que dezesseis vezes o salário mínimo
nacional. Se um contrato a termo certo for rescindido, o empregador é obrigado a pagar
a compensação monetária empregado afectada no valor igual aos salários que o
empregado teria recebido entre a data da rescisão e contrato data de validade (seja de
dias ou meses).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS