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An o XXII • N º 5440• 07 / 1 1 / 2 0 1 8 • Ed it o r : Re f i na l d o C h i l e ngue
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Ataques em cabo Delgado negócios

Standard Bank
e Eni Rovuma

não devem ser menosprezados

Se é verdade que as acções
Basin vão
incrementar
apoio às PME
páG 3
de violência, até então, se
circunscreviam a alguns media E
distritos de Cabo Delgado,
também não é menos ver-
MISA pede ao B
dade que o fenómeno repre-
PR proteção de e
senta um “grande perigo” jornalistas em T
para a estabilidade política, Moçambique
económica e social à escala páG 4
nacional, alerta o Instituto
de Estudos Sociais e Econó- sociedade
micos (IESE) que levanta, no Detectados
seu livro, a ser lançado esta
quinta-feira (dia 8 de No-
(mais) esquemas
vembro), em Maputo, uma
fraudulentos no
série de questões sobre INSS
factores explicativos para o páG 5
conflito e a violência recor-
rentes na história da cons- opinião
trução do Estado em Mo-
çambique.
Amizade chinesa
Constituído maioritariamen-
em África
te por jovens, o grupo, local- ultrapassa a
mente conhecido pela... europeia
paG 2 páG 6

tiku 15!
Liberdade de
expressão
- R. Chilengue
páG 5

Ataques em cabo Delgado não devem ser menosprezados
Este movimento de ataques não pode ser visto de forma isolado, porque pode a qualquer
momento se ‘reproduzir’ em todo o País, com consequências desastrosas não mais vistas
para o tecido social e económico
Se é verdade que as acções
de violência, até então, se
circunscreviam a alguns
distritos de Cabo Delgado,
também não é menos verda-
de que o fenómeno repre-
senta um “grande perigo”
para a estabilidade política,
económica e social à escala
nacional, alerta o Instituto
de Estudos Sociais e Eco-
nómicos (IESE) que levanta,
no seu livro, a ser lançado
esta quinta-feira (dia 8 de
Novembro), em Maputo,
uma série de questões so-
bre factores explicativos
para o conflito e a violência
recorrentes na história da
construção do Estado em
Moçambique.
Constituído maioritariamen-
te por jovens, o grupo, local-
mente conhecido pela desig-
nação “Al Shabab”, passou
para a violência armada con-
tra as instituições do Estado
e populações civis a partir de
inícios de Outubro de 2017
procurando, desde essa altu-
ra, estender as suas acções a
mais distritos e localidades
circunvizinhas de Mocímboa
da Praia, semeando medo e
terror localmente, com im-
plicações na segurança, par-
correio da manhã • novembro 2018
política
ticularmente a nível regio-
nal.
“Este movimento de ata-
ques não pode ser visto de
forma isolado, porque pode
a qualquer momento se ‘re-
produzir’ em todo o País,
com consequências desas-
trosas não mais vistas para
o tecido social e económi-
co”, conforme a constatação
de um dos artigos da 9ª edi-
ção do livro “Desafios para
Moçambique 2018”, uma
colectânea a ser divulgada
esta quinta-feira, em Mapu-
to. O ano de 2017
caracterizou-se
A série contém 18 artigos,
divididos em quatro partes,
por uma
designadamente Política,
tendência de
Economia, Sociedade e Mo-
çambique no Mundo.
aumento de preços
Falando um pouco desse
de Janeiro a Abril
livro ao Correio da manhã,
esta segunda-feira, o direc-
tor do IESE, Salvador For-
quilha, referiu que “daquele
conjunto de artigos, 12 são
de autores nacionais, sendo
sete do IESE”.
Forquilha explica ainda que
a maior parte dos artigos
que compõem o livro, resul-
ta da “V Conferência Inter-
nacional do IESE”, realizada
em Setembro de 2017, à
2
volta da temática “Desa-
fios da Investigação Social
e Económica em Tempos
de Crise”, e representa um
contributo para a criação e
o fortalecimento da capaci-
dade de pesquisa bem como
de uma “massa pensante”
crítica sobre as dinâmicas
socioeconómicas e políticas
do País.
Imapsse Renamo-Frelimo
Quase quatro anos e meio
depois do anúncio oficial
dos resultados eleitorais
das eleições gerais de 2014,
segundo o livro em apreço,
comentado ao Correio da
manhã por Salvador Forqui-
lha, Moçambique continua
ainda “mergulhado” num
complexo processo negocial
com vista a pôr termo ao di-
ferendo que opõe a Renamo
ao Governo da Frelimo.
Se, à primeira vista, este
diferendo parece circuns-
crever-se à não-aceitação,
por parte da Renamo, dos
resultados eleitorais e à
sua exigência de governar
nas províncias onde ganhou
eleições, na realidade, o di-
ferendo parece cristalizar o
desafio da inclusão política,
económica e social, que Mo-
çambique tem vindo a en-
frentar nas sucessivas fases
do seu processo de constru-
ção do Estado.
Aliás, escreve-se no livro que
“é significativo que alguns
assuntos em cima da mesa
negocial, nomeadamente, a
redefinição das regras do jogo
político (particularmente o
pacote da descentralização,
a “despartidarização do
Estado”) e as chamadas
“questões militares”, re-
montem, de alguma forma,
ao Acordo Geral de Paz, as-
sinado em 1992, com vista
a pôr termo à guerra civil
e, neste sentido, a compre-
ensão do problema e o pro-
cesso da construção da sua
solução precisam de ir muito
além das balizas marcadas
por interesses meramente
político-partidários dos dois
ex-beligerantes (Renamo e
Governo da Frelimo) para
tomar em conta o País como
um todo na sua diversidade
política, económica, social e
cultural.
“Isso permitiria, segundo
constata, não só um melhor
entendimento das dinâmi-
cas dos conflitos recorren-
tes e sucessivas crises que
têm afectado o País como
também um desenho de
soluções mais ajustadas à
realidade”, considerando
que, neste contexto, a pes-
quisa, enquanto processo de
produção de conhecimento,
pode jogar um papel de ex-
trema importância ao inter-
rogar as dinâmicas e opções
de desenvolvimento e, com
base nisso, sugerir pistas
para a construção de respos-
tas aos problemas do País.
mpm/r
 correio da manhã • novembro 2018

economi & negócios

Standard Bank e Eni volvimento do ecossistema

de empreendedorismo, in-
cluindo actividades de es-
e ferramentas essenciais
para a sua fácil inserção no
mercado, incluindo o dos

Rovuma Basin vão tímulo à criação da cadeia

de fornecimento local, pro-
gramas de desenvolvimento
megaprojectos.
O programa será con-
stituído por quatro pilares,

incrementar apoio às PME de competências e de trans-

ferência de conhecimentos
e técnicas que facilitem  o
nomeadamente: Ideação
(promoção do acesso a me-
todologias de conceituação
acesso aos mercados. de ideias de negócio e in-
Na ocasião, o administrador fluenciar uma cultura mais
delegado do Standard Bank, favorável ao empreende-
Chuma Nwokocha, explicou dorismo); Incubação (Apoio
que o memorando visa, es- às PME através de mentoria
sencialmente, promover e capacitação com vista
o crescimento inclusivo, à criação e validação de
através do desenvolvimento novos negócios em sec-
de um ecossistema que per- tores de interesse nacional,
mita que as PME explorem o não se limitando ao sector
seu potencial e tirem provei- de Petróleo e Gás); Aceler-
to dos megaprojectos. ação (identificação de PME
Através desta parceria, “o com potencial de cresci-
Standard Bank, como um mento e apoiá-las no es-
banco implantado no País há tabelecimento de ligações
O Standard Bank e a Eni desejável e ecossistema mais de 124 anos, vai usar a comerciais para abordar os
Rovuma Basin assinaram necessário para prestar o sua experiência e capacida- obstáculos ou desafios que
no último dia de Outubro devido apoio às PME, de de para ajudar as PME a cres- impedem o seu crescimen-
passado um memorando modo a que alcancem a in- cer e a ter acesso aos merca- to), Crescimento inclusivo
de entendimento visando clusão, a estabilidade e a es- dos”, disse o administrador (garantir o empoderamento
implementar um programa calabilidade esperadas. delegado, que apontou a da mulher e de jovens e de-
de desenvolvimento das Como resultado deste Incubadora de Negócios do senvolvimento do comércio
Pequenas e Médias Em- memorando, as partes vão banco, como um projecto formal).
presas (PME), bem como colaborar no apoio e desen- que tem contribuído não Com abrangência nacional,
às  startups  moçambicanas só para o desenvolvimento o programa terá como foco a
no acesso aos mercados, de capacidades por parte província de Cabo Delgado,
à mentoria e a serviços de o Standard Bank, das Pequenas e Médias Em- concretamente a cidade de
apoio aos negócios.
De acordo com o Índice
como um banco presas, mas também para o
surgimento de empreende-
Pemba, por ser uma região-
chave para o desenvolvi-
Global de Empreendedoris- implantado no dores, aos quais são trans- mento económico.
mo de 2017, Moçambique País há mais de 124 mitidos conhecimentos redacção
ocupa, actualmente, a 123ª
posição de um total de 138
anos, vai usar a Ficha técniica
países com ecossistemas sua experiência e Primeiro jornal ilustrado transmitido por FAX, E-mail e entregue por estafeta no ende-
favoráveis ao empreende-
dorismo, o que significa
capacidade para reço desejado (só cidade de Maputo), de 2ª a 6ª-feira.
  Propriedade da SOJORNAL Sociedade Jornalística, Avenida Filipe Samuel Magaia,

que o País tem um longo
caminho a percorrer em
termos de criação e esta-
belecimento de um quadro
ajudar as PME a 528-3º Flat 6, Maputo Moçambique - C.P. 1756
website: www.correiodamanhamoz.comE-Mail: correiodamanha@tvcabo.co.mz /
crescer e a ter redaccao@correiodamanhamoz.com / editor@correiodamanhamoz.com
acesso aos Tel.: Redacção: 21305322/3 - Editor: 21305326 - Fax: 21305321/8; móvel: 841404040
Os artigos de opinião inseridos nesta edição são da inteira responsabilidade dos respectivos autores e não

de empreendedorismo mercados reflectem necessariamente o ponto de vista nem a linha editorial deste jornal.

3

MISA pede ao PR
proteção de jornalistas
em Moçambique
O Misa Moçambique, or-
ganização de defesa da
liberdade de imprensa, de-
fende que o país precisa de
acelerar mecanismos para
a proteção de jornalistas,
alertando para o aumento
de casos de perseguição
e atentados contra à imp-
rensa.
“O MISA Moçambique insta
o Presidente moçambica-
no [Filipe Nyusi] a garantir
que sejam postas em práti-
cas todas as medidas de
proteção dos jornalistas”,
refere um comunicado
da instituição distribuído
à imprensa, por ocasião
do Dia Internacional para
Acabar com a Impunidade
por Crimes Contra Jornal-
istas, que se assinalou na
sexta-feira da pretérita se-
mana.
Para a organização, o am-
biente para o exercício
das liberdades de im-
prensa e de expressão
está cada vez mais hos-
til em Moçambique, com
o aumento de casos de
perseguição, raptos e
frase
Se um homem marcha com um passo diferente do dos
seus companheiros, é porque ouve outro tambor.
Henry David Thoreau (1817-1862), escritor
PREVISÃO DE TEMPO
QUARTA QUINTA SEXTA
07 Novembro 08 Novembro 09 Novembro 10 Novembro 11 Novembro
22º 12º 26º 14º 27º 17º
correio da manhã • novembro 2018
sociedade & media
ameaças, o que exige me-
didas urgentes.
“Os criminosos que aten-
tam contra as liberdades
de imprensa são ligados ao
poder político e económico,
que se mantêm anónimos
e, se conhecidos, gozam
da maior proteção e per-
manecem impunes”, refere
a organização.
O Misa considera lamentáv-
el que Moçambique ainda
não tenha ratificado acor-
dos internacionais relativos
à proteção à liberdade de
imprensa.
“O MISA lamenta o facto de
Moçambique não ter copa-
trocinado as recentes reso-
luções das Nações Unidas
sobre a segurança dos jor-
nalistas na Assembleia Ger-
al das Nações Unidas (reso-
lução AG 72/175, dezembro
de 2017) ou do Conselho
dos Direitos Humanos das
NU (Resolução HRC 33/2,
setembro de 2016)”, con-
clui o documento cuja cópia
foi enviada ao jornal Correio
da manhã em Maputo.
redacção
CANAL DO TEMPO
SÁBADO DOMINGO
FONTE
27º 16º 29º 18º
4

Detectados (mais)
esquemas fraudulentos
no INSS
O Instituto Nacional de Se-
gurança Social (INSS) tem
estado a fazer averiguações
de processos irregulares
de prestações detectados
durante o processo de mi-
gração da informação manu-
al para o sistema informáti-
co, no quadro da execução
da segunda fase do Sistema
de Informação da Segurança
Social de Moçambique, o
SISSMO-Pagamento.
Durante o trabalho, foi iden-
tificado, um caso da pensão
de sobrevivência, no distrito
de Sussundenga, província de
Manica, em que o irmão do
falecido beneficiário recebeu,
de forma fraudulenta, durante
alguns meses, o montante de
71.074,75 meticais, em nome
da viúva e dos órfãos.
Como medida, o INSS, em
correio da manhã • novembro 2018
sociedade
coordenação com as au-
toridades administrativas
daquele   distrito, exigiu
que o visado devolvesse à
família o valor que recebera
de forma indevida, o   qual
comprometeu-se, através
de uma declaração, a fazê-lo
em prestações mensais.
Na província da Zambézia,
a delegação provincial do
INSS indeferiu um processo
de subsídio de doença, por
se ter constatado que os
dois atestados de doença
apresentados pelo   requer-
ente eram falsos.
O beneficiário que cometeu o
acto foi suspenso dos seus di-
reitos durante um período de
seis meses, tendo sido feita a
participação criminal do caso
à Procuradoria provincial. 
redacção
5

rancor do pobre
Amizade chinesa em
África ultrapassa
a europeia
A República Popular da Chi-
na está em África há mais
de meio século cooperan-
do com os países africanos
independentes, incluindo a
minha aldeia.
Depois de terem alcançado
suas respectivas indepen-
dências das potenciais co-
loniais europeias, os novos
estados africanos estabele-
ceram relações de amizade
e cooperação com os anti-
gos colonizadores.
Governos africanos acre-
ditavam que escravatura,
exploração de homem por
homem e colonialismo eram
coisas do passado nas rela-
ções com países europeus.
O conceituado académico
moçambicano, Lourenço
do Rosário, dissera-me em
entrevista há mais de cinco
anos que antigas potên-
cias europeias não tinham
abandonado os motivos
que as levaram a realizar
as chamadas viagens de
descobrimento que cul-
minaram com escravatura,
exploração de homem por
homem e colonialismo em
correio da manhã • novembro 2018
opinião & divulgação
África – recursos naturais
africanos.
A amizade e a cooperação
de mais de cinco décadas
com europeus em geral ain-
da não produziu resultados
tangíveis ou visíveis a olho
nu para a redução e ou er-
radicação da pobreza em
África.
África continua sem infra-
-estruturas tais como linhas
férreas, hospitais, estradas,
pontes, escolas, linhas de
transporte de electricidade
e aeroportos novos e mo-
dernos.
Entretanto, a amizade e a
cooperação com a China
Comunista construíram es-
tradas, circulares e pontes
de classe mundial que qual-
quer pessoa pode ver à luz
do dia ou mesmo à noite.
Europeus procuram diabo-
lizar a China Comunista,
fazendo me recordar a pro-
paganda que faziam du-
rante guerras de libertação
em África. Na minha aldeia,
dizia-se nos tempos de mi-
nha infância que chineses
comiam pessoas.
redacção
Os pais aconselhavam suas ca do Sul disse há um mês
crianças a fugirem de carros
com chineses, para evitar
que traficantes de cornos
de rinocerontes, de marfim,
raptos que terminariam no
prato numa mesa.
madeira ou de outros recur-
sos africanos são crimino-
Agora percebo que a pro-
paganda servia para afastar
sos que devem ser punidos
severamente nos termos de
jovens de eventual recruta- lei.
mento para se juntarem a Segundo o diplomata, na
movimentos de libertação China criminosos são puni-
apoiados por chineses. dos sem contemplações e o
Alegam hoje que chineses mesmo devia acontecer em
dilapidam recursos flores- África.
tais e marinhos africanos Parabéns frutos de coopera-
sem dom nem piedade. ção África-China.
O embaixador chinês na Áfri- THANGANI WA TIYANI
curiosidade
Twitter apaga contas que
promoviam abstenção nos EUA
O Twitter desactivou nas últimas semanas mais de dez mil
contas que publicavam de forma automatizada (bots) men-
sagens que instavam os norte-americanos a não votar nas
eleições de terça-feira desta semana nos Estados Unidos, em
que foram eleitos governadores, congressistas e senadores.