Sunteți pe pagina 1din 146

BIOSSEGURANÇA

autor do original
CAMILLO DEL CISTIA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
Conselho editorial  regiane burger, modesto guedes júnior

Autor do original  camillo del cistia

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  rodrigo azevedo de oliveira

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  fabrico

Revisão linguística  aderbal torres bezerra

Imagem de capa  shutterstock

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C579b Cistia, Camillo Del


Aspectos antropológicos e sociológicos da Educação
— Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2014.
136 p. : il.

ISBN: 978-85-5548-020-1

1. Riscos à saúde. 2. Conduta em laboratório. 3. Prevenção de riscos.


4. Impacto ambiental. I. SESES. II. Estácio.
cdd 345.0242

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Introdução à Biossegurança 10

Conceito e os princípios da Biossegurança 10


Níveis de Biossegurança e os riscos à saúde; 13
Boas práticas para um ambiente laboratório/hospitalar 20
Principais equipamentos de segurança obrigatórios 22
Símbolos da Biossegurança usados atualmente. 25

2. Conduta em laboratório 34

Aspectos da segurança no ambiente hospitalar 35


Diagnóstico inicial da segurança no ambiente hospitalar 37
Normas regulamentadoras 40
Serviços especializados e comissões 40
A evolução histórica da segurança do trabalho 42
A biossegurança hospitalar em outros países 58
Os aspectos legais da biossegurança 61

3. Proteção (individual e coletiva) e prevenção de


acidentes 68

Reconhecendo os tipos de profissionais da área da saúde 69


Prevenção de riscos, elaboração de mapas de riscos. 72
Áreas de risco no ambiente hospitalar. 79
Boas práticas em higiene hospitalar e técnicas corretas de limpeza 81

4. Impacto ambiental 96
Resíduos dos serviços de saúde 97
Introdução 97
Definição 97
Classificação 98
Riscos potenciais 99
Destinação de resíduos dos serviços de saúde 99
Tipos de resíduos 101
Gestão integrada de resíduos de serviços de saúde 102
Composição, classificação, legislação, normas e resoluções dos
descartes dos resíduos 106
Comissão de controle de infecção hospitalar - CCIH 110

5. Normas de segurança e casos especiais 120

Introdução 121
Leis e Portarias que regem a Biossegurança 121
Origem da Biossegurança e suas definições 122
As legislações que devem ser consideradas 123
O regime internacional de biossegurança 128
Agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA) 128
Competências da ANVISA. 129
Casos especiais 133
Biossegurança de pacientes internados em quartos compartilhados,
entre outros 139
Prefácio
Prezados(as) alunos(as)

O desenvolvimento de atividades práticas é essencial para o aprendizado do


aluno, em qualquer fase de sua formação acadêmica. No ensino superior, espe-
cialmente na área das ciências da saúde, as aulas práticas em laboratórios e am-
bientes Hospitalares consolidam o aprendizado do referencial teórico explanado
em sala de aula, integrando teoria-prática, permitindo que o aluno visualize ações,
reações, estruturas micro e macroscópicas, além de executar e vivenciar, de forma
real, procedimentos e técnicas, levando-os a desenvolver efetivamente as habilida-
des e competências inerentes à sua formação profissional.
Por outro lado, o laboratório de aulas práticas, como todos os laboratórios da
saúde, requer atenção e cuidados especiais, por ser locais complexos e dinâmicos,
estando em constante adaptação para adequar-se às demandas exigidas pela fre-
quente atualização das técnicas utilizadas nessa área.
Laboratórios são locais de trabalho que necessariamente não são perigosos,
desde que certas precauções sejam tomadas. Acidentes em laboratórios ocorrem
frequentemente em virtude da falta de atenção. Todo aquele que trabalha e/ou uti-
liza o laboratório deve ter responsabilidade e evitar atitudes ou pressa que possam
acarretar acidentes e possíveis danos para si e para os demais. O usuário de labora-
tório deve, portanto, adotar sempre uma atitude atenciosa, cuidadosa e metódica
no que faz. Deve, particularmente, concentrar-se no trabalho que está sendo de-
senvolvido e não permitir qualquer distração enquanto trabalha. Da mesma forma
não deve distrair os demais enquanto desenvolvem trabalhos no laboratório.
É com intuito de promover boas práticas nos laboratórios da área básica das
ciências biológicas e da saúde, que apresentamos esse livro de Biossegurança,
visando criar um ambiente de trabalho onde se promovam Boas Práticas, com a
contenção do risco de acidentes e exposição a agentes potencialmente nocivos ao
corpo técnico, docentes, discentes e ao meio ambiente, de modo que este risco
seja minimizado ou, até mesmo, eliminado.
Entretanto, esse objetivo só pode ser alcançado contando-se com a seriedade
e responsabilidade de todos. Deve-se assim, procurar construir esta atitude, esta
postura, durante seus trabalhos neste laboratório; além de aumentar sua seguran-
ça lhes permitirá uma aprendizagem melhor, e os resultados de sua pesquisa ou
aulas práticas serão mais confiáveis.

7
Assim sendo, esperamos que esse livro contribua para o desenvolvimento de
práticas seguras, considerando que nunca é demais lembrar que segurança é sinô-
nimo de Boa Prática.
1
Introdução à
biossegurança
1  Introdução à biossegurança
A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimiza-
ção ou eliminação de riscos que possam comprometer a saúde do homem e
dos animais e o meio ambiente, assim sendo, neste capítulo iremos conhecer e
aprender os conceitos gerais, importância e algumas noções de Biossegurança.

OBJETIVOS
•  Conceitos gerais;
•  Importância e legislação;
•  Noções de segurança química e biológica em laboratório.

REFLEXÃO
Em Roma, no primeiro século antes de Cristo, Marcus Varro defendia a associação dos pân-
tanos com as doenças “por hospedar criaturas diminutas, invisíveis, que flutuando pelo ar
podiam entrar no corpo humano pela boca e nariz, causando doenças” (MASTROENI, 2008).

1.1  Conceito e os princípios da biossegurança

1.1.1  Conceitos gerais.

Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização


ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensi-
no, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Estes riscos podem
comprometer a saúde do homem e animais, o meio ambiente ou a qualidade
dos trabalhos desenvolvidos (TEIXEIRA; VALLE, 1996, p. 30, p. 15). Há ainda
outros conceitos para a biossegurança, como o que está relacionado à preven-
ção de acidentes em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas
técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas (COSTA, 1996,
p. 32). O tema abrange ainda a segurança no uso de técnicas de engenharia ge-
nética e as possibilidades de controles capazes de definir segurança e risco para

10 • capítulo 1
o ambiente e para a saúde humana, associados à liberação no ambiente dos
organismos geneticamente modificados (OGMs) (Albuquerque, 2001, p. 42).
A Biossegurança envolve a análise dos riscos a que os profissionais de saúde
e de laboratórios estão constantemente expostos em suas atividades e ambien-
tes de trabalho. A avaliação de tais riscos engloba vários aspectos, sejam relacio-
nados aos procedimentos adotados, as chamadas Boas Práticas em Laboratório
(BPLs), aos agentes biológicos manipulados, à infraestrutura dos laboratórios
ou informacionais, como a qualificação das equipes (BRASIL, 2006b, p. 23).
O corrente interesse em biossegurança é manifestado no crescente número
de regulamentações nacionais e internacionais para controle dos procedimen-
tos de biotecnologia. A biossegurança tem várias normas que preconizam a di-
minuição da exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contamina-
ção ambiental (HAMBLETON et al., 1992, p. 192).
As novas tecnologias de biossegurança e guias associados têm melhorado
significativamente a segurança em ambientes laboratoriais, principalmente no
que diz respeito ao manuseio de materiais microbiológicos. Os guias de bios-
segurança são uma combinação de controle de engenharia, políticas de geren-
ciamento, práticas e procedimentos de trabalho, tanto quanto intervenções
médicas (COICO; LUNN, 2005, p. 10). Cabe salientar que os princípios, guias e
recomendações são basicamente os mesmos para patógenos naturais e geneti-
camente modificados (KIMMAN et al., 2008, p. 409).
Segundo Sant’ana (1996, p. 30), a experiência internacional e certos prin-
cípios de regulamentação aceitos em outros países são uma referência para a
definição de regras no Brasil, propiciando a adoção de novos procedimentos de
avaliação e gerenciamento de riscos ligados às biotecnologias avançadas.
As conclusões dos primeiros trabalhos internacionais merecem atenção,
principalmente por já reconhecerem a visão de que o risco da aplicação das no-
vas tecnologias está relacionado às características dos produtos em questão e
não ao uso da modificação genética por si só. Apesar das medidas de conten-
ção e guias, infecções de laboratório usualmente envolvendo organismos não
geneticamente modificados ocorrem comumente, sugerindo que as regras de
biossegurança nem sempre são eficientes ou aplicadas corretamente. Há ne-
cessidade, portanto, de um maior número de trabalhos informativos acerca do
tema (KIMMAN et al., 2008, p. 412). Este livro tem como finalidade dissemi-
nar os conceitos de biossegurança, suas regras e sua aplicabilidade, de forma
clara e objetiva, de modo a contribuir para o aumento das práticas preventivas

capítulo 1 • 11
relacionadas aos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços.

O conceito de Biossegurança na pesquisa cientifica começou a ser mais fortemente


construído no início da década de 1970, após o surgimento da engenharia genética. O
procedimento pioneiro utilizando técnicas de engenharia genética foi a transferência e
expressão do gene da insulina para a bactéria Escherichia coli. Essa primeira experi-
ência, em 1973, provocou forte reação da comunidade mundial de ciência, culminan-
do com a Conferência de Asilomar, na Califórnia em 1974. Nesta conferência foram
tratadas questões acerca dos riscos das técnicas de engenharia genética e sobre a
segurança dos espaços laboratoriais (ALBUQUERQUE, 2001, p. 42; Borém, 2001, p.
5). Foi sugerido também que a contenção deveria ser uma consideração essencial no
programa experimental e que a eficiência da contenção deveria estar ligada ao risco
estimado (KIMMAN et al., 2008, p. 409).

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/


v77_3/penna.pdf>. Acesso em: 2 de out. de 2014.

1.1.2  Importância da biossegurança.

Do ponto de vista prático, foi a partir da Conferência de Asilomar que se origi-


naram as normas de biossegurança do National Institute of Health (NIH), dos
EUA. Seu mérito, portanto, foi o de alertar a comunidade científica, principal-
mente quanto às questões de biossegurança inerentes à tecnologia de DNA re-
combinante. A partir de então, a maioria dos países centrais viu-se diante da
necessidade de estabelecer legislações e regulamentações para as atividades
que envolvessem a engenharia genética (ALMEIDA; VALLE, 1999, p. 207).
Na década de 1980 a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceituou a
biossegurança como prática de prevenção para o trabalho em laboratório com
agentes patogênicos, e, além disto, classificaram os riscos como biológicos,
químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na década seguinte, observou-se
a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e proces-
sos envolvendo tecnologia de DNA recombinante em programas de biossegu-
rança (COSTA, COSTA, 2002, p. 07).

12 • capítulo 1
A biossegurança no Brasil só se estruturou, como área específica, nas déca-
das de 1970 e 1980, mas desde a instituição das escolas médicas e da ciência ex-
perimental, no século XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os benefícios e
riscos inerentes à realização do trabalho científico, em especial nos ambientes
laboratoriais em decorrência do grande número de relatos de graves infecções
ocorridas, e também de uma maior preocupação em relação às consequên-
cias que a manipulação experimental de animais, plantas e micro-organismos
poderiam trazer ao homem e ao meio ambiente (ALMEIDA; ALBUQUERQUE,
2000, p. 175, SHATZMAYR, 2001, p. 13).

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/


v77_3/penna.pdf>. Acesso em: 2 de out. de 2014.

1.2  Níveis de biossegurança e os riscos à saúde

Com os constantes avanços tecnológicos na área de engenharia genética e de


Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) houve a necessidade de uma
regulamentação para atividades relacionadas a essas áreas. Em 1995 foi cria-
da a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para estabelecer
normas às atividades que envolvam construção, cultivo, manipulação, uso,
transporte, armazenamento, comercialização, consumo, liberação e descarte
relacionados a OGMs em todo o território brasileiro (SCHOLZE, 1999, p. 35).
Tais normas, além de tratarem da minimização dos riscos em relação aos
OGMs (BRASIL, 1995, p. 10), envolvem os organismos não geneticamente mo-
dificados e suas relações com a promoção de saúde no ambiente de trabalho,
no meio ambiente e na comunidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004, p. 750).
Operacionalmente vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a CTNBio
é composta por membros titulares e suplentes, das áreas humana, animal, ve-
getal e ambiental (SCHOLZE, 1999, p. 35).
Para educar e promover a consciência em biossegurança, membros selecio-
nados da CTNBio visitam instituições públicas e privadas uma ou duas vezes ao
ano. Durante essas visitas, os membros apresentam seminários e discutem, com a
equipe técnica das instituições, artigos atuais em biossegurança, problemas rela-
cionados à aplicação de guias e outros assuntos relevantes (FONTES, 2003, p. 100).
Em 19 de fevereiro de 2002 foi criada a Comissão de Biossegurança em Saú-
de (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o objetivo de

capítulo 1 • 13
definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações de bios-
segurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o Ministério da
Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL, 2006b, p. 5).
A partir dos anos 1980 o número de guias e regulações que afeta a seguran-
ça para operação em laboratórios clínicos, de pesquisa e industriais, nos quais
agentes infecciosos são manipulados, aumentou dramaticamente. Esses guias e
regulações afetam todos os aspectos da operação do laboratório, como a licença
para se trabalhar com diversos agentes infectantes, descarte do lixo contamina-
do e também a prevenção contra a exposição dos manipuladores aos patógenos.
A prevenção contra infecções em laboratórios e unidades de saúde deve ser feita
de modo a garantir que os riscos ocupacionais e as consequências de uma infec-
ção sejam compreendidos por todos os envolvidos (SEWELL, 1995, p. 390).
Segundo Waissman; Castro(1996, p. 17), os agentes biológicos apresentam
um risco real ou potencial para o homem e para o meio ambiente, por essa razão,
é fundamental montar uma estrutura laboratorial que se adapte à prevenção de
tais riscos. As manipulações de agentes microbianos muitas vezes patogênicos
pelos trabalhadores de laboratório fazem da natureza do seu trabalho um perigo
ocupacional. Uma melhor compreensão dos riscos associados a manipulações
desses agentes que podem ser transmitidos por diversas rotas tem facilitado a
aplicação de práticas de biossegurança apropriadas (COICO; LUNN, 2005, p. 10).
As infecções mais comumente adquiridas pelos profissionais em laborató-
rio são provenientes de agentes bacterianos, no entanto, agentes patogênicos
pertencentes a todas as categorias de micro-organismos também podem cau-
sar infecções (COICO; LUNN, 2005, p. 12).
Para minimizar os riscos inerentes à manipulação dos agentes microbiológicos
é importante conhecer as suas características peculiares, dentre as quais se desta-
cam o grau de patogenicidade, o poder de invasão, a resistência a processos de es-
terilização, a virulência e a capacidade mutagênica (TEIXEIRA; VALLE, 1996, p. 30).
Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram clas-
sificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança em Saú-
de (CBS). Os critérios de classificação têm como base diversos aspectos, tais como:
virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume,
origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profilá-
ticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio
e fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram classificados em
classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial (BRASIL, 2006a, p. 10).

14 • capítulo 1
Classe de risco 1: Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e
para a coletividade, descritos na literatura como não patogênicos para as pesso-
as ou animais adultos sadios. Exemplos: Lactobacillus sp., Bacillus.
Classe de risco 2: Agentes biológicos que oferecem moderado risco indivi-
dual e limitado risco para a comunidade, que provocam infecções no homem
ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de dissemina-
ção no meio ambiente seja limitado, e para os quais existem medidas terapêu-
ticas e profiláticas eficazes.
Classe de risco 3: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e
moderado risco para a comunidade, que possuem capacidade de transmissão
por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencial-
mente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou
de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio
ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa.
Classe de risco 4: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e
para a comunidade, com grande poder de transmissibilidade por via respira-
tória ou de transmissão desconhecida. Nem sempre está disponível um trata-
mento eficaz ou medidas de prevenção contra esses agentes. Causam doenças
humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na
comunidade e no meio ambiente. Essa classe inclui principalmente os vírus.
Classe de risco especial: Agentes biológicos que oferecem alto risco de cau-
sar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente de doença ani-
mal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patóge-
nos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/
ou na produção de alimentos. Alguns exemplos:
•  Vírus da cólera suína;
•  Vírus da doença de Borna;
•  Vírus da doença de New Castle (amostras asiáticas);
•  Vírus da doença de Teschen;
•  Vírus da doença de Wesselbron;
•  Vírus da influenza A aviária (amostras de epizootias);
•  Vírus da peste aviária;
•  Vírus da peste bovina.

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/


v77_3/penna.pdf>. Acesso em: 2 de out. de 2014.

capítulo 1 • 15
Na tabela 1.1 é apresentado os principais micro-organismos e suas classes
de Risco:

TABELA 1 – MICRO-ORGANISMOS E SUAS RESPECTIVAS CLASSES DE RISCO


CLASSE
BACTÉRIAS PARASITAS
DE RISCO
1 Lactobacillus sp., Bacillus sp.

Actinomadura madurae; Bar-


tonella bacilliformis; B. hense-
Acanthamoeba castellani; Ancylos-
lae; B. quintana; B. vinsonii;
toma(humano e animal); A. duo-
Campylobacter sp.; Chlamydia
denale; Ascaris sp.; A. suum; Cryp-
pneumoniae; C. trachomatis;
tosporidium sp.; Echinococcus sp.;
Enterobacter aerogenes; E.
Enterobius sp.; Giardia sp.; Leishma-
2 cloacae; Helicobacter pylori;
nia sp.; Shistosoma sp.; Strongyloi-
Leptospira; Mycobacterium
des sp.; Taenia saginata esolium;
sp.; Mycoplasma caviae; M.
Toxoplasma sp.; Trichuris trichiura;
hominis; M. pneumoniae; Sal-
Trypanosoma sp.; Wuchereria ban-
monella sp.; Shigella sp.; Sta-
crofti.
phylococcus aureus;Strepto-
coccus SP

Bacillus anthracis; Bartonella,


exceto os listados na classe de
risco 2; Brucella sp.;Chlamydia
psittaci (cepas aviárias);Clos-
tridium botulinum; Escherichia
coli, cepas verotoxigênicas
como 0157:H7 ou O103;
3
Francisella tularensis (tipo A);
Mycobacterium bovis, exceto
a cepa BCG; M. tuberculosis;
Pasteurella multocida tipo B,
amostra buffalo e outras cepas
virulentas; Rickettsia akari; R.
rickettsii.

Theileria annulata; T. bovis; T. hirci; T.


4 Cowdria ruminatium
parva e agentes relacionados

16 • capítulo 1
TABELA 1 – MICRO-ORGANISMOS E SUAS RESPECTIVAS CLASSES DE RISCO

CLASSE
FUNGOS VÍRUS
DE RISCO
1

Adenovirus humanos, caninos e de


Aspergillus flavus; A. fumiga- aves; Dengue tipos 1, 2, 3 e 4; Febre
tus; Blastomyces dermatitidis; Amarela vacinal; Hantavirus; Hepaci-
Candida albicans; C. tropi- virus; Herpesvirus; Papilloma-virus;
2
calis; Penicillium marneffei; Parvovirus; Adenovirus 1 aviário;
Aphanoascus fulvescens; Cla- Adenovirus 7; Simian virus 40; Polyo-
dosporium cladosporioides. ma vírus; Vírus do Sarcoma Murino e
Felino.

Febre Amarela não vacinal; príons


– incluindo agentes de encefalopa-
tias espongiformes transmis-síveis:
Coccidioides immitis, cultu-
encefalopatia espongiforme bovina
ras esporuladas; Histoplasma
(BSE), Retrovirus, incluindo os vírus
3 capsulatum, todos os tipos,
da imunodeficiência humana (HIV-1
inclusive a variedade duboisii e
e HIV-2), vírus linfotrópico da célula T
variedade capsulatum.
humana (HTLV-1 e HTLV-2) e vírus
da imunodeficiência de símios (SIV);
Lyssavirus.

Arenavirusagentes de febres hemor-


rágicas (Guanarito, Junin, Machupo
e Sabiá); encefalites transmitidas por
carrapatos; Filovirus (vírus Marburg,
4 Ebola e outros relacionados); Her-
pesvirus do macaco (vírus B); vírus
da febre catarral maligna de bovinos
e cervos; vírus da doença hemorrági-
ca de coelhos.

Fonte: Brasil (2006b, p. 7)

No Brasil os Níveis de Biossegurança (NB) em que se enquadram os labo-


ratórios e ambientes hospitalares são classificados em NB-1, NB-2, NB-3 e NB-
4. Tais níveis estão relacionados aos requisitos crescentes de segurança para
o manuseio dos agentes biológicos, terminando no maior grau de contenção
e de complexidade do nível de proteção. O NB exigido para um ensaio será de-
terminado pelo agente biológico de maior classe de risco envolvido no ensaio
(BRASIL, 2006a, p. 10).

capítulo 1 • 17
As classificações são:
Nível de Biossegurança 1 (NB-1): É o nível necessário ao trabalho que en-
volva agentes biológicos da classe de Risco 1. Representa um nível básico de
contenção, que se fundamenta na aplicação das Boas Práticas de Laboratório
(BPLs), na utilização de equipamentos de proteção e na adequação das instala-
ções. O trabalho é conduzido, em geral, em bancada.

Nível de Biossegurança 2 (NB-2): É o nível exigido para o trabalho com agen-


tes biológicos da classe de Risco 2. O acesso ao laboratório deve ser restrito a
profissionais da área, mediante autorização do profissional responsável.

Nível de Biossegurança 3 (NB-3): Este nível é aplicável aos locais onde forem
desenvolvidos trabalhos com agentes biológicos da classe de Risco 3.

Nível de Biossegurança 4 (NB-4): Este nível é necessário a trabalhos que en-


volvam agentes biológicos da classe de Risco 4 e agentes biológicos especiais.
Nesse tipo de laboratório o acesso dos profissionais deve ser controlado por
sistema de segurança rigoroso.

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/v77_3/penna.pdf>.


Acesso em: 2 de out. de 2014.

Na tabela 1.2 observa-se um resumo dos requisitos básicos exigidos em cada


nível de biossegurança laboratorial, incluindo estrutura, equipamentos e práticas.

TABELA 1.2 - REQUISITOS PARA OS DIVERSOS NÍVEIS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA


NÍVEIS DE SEGURANÇA
ATRIBUTOS
BIOLÓGICA

1 2 3 4

Isolamento do laboratório N N S S

Sala selada para descontaminação N N S S

Ventilação:
N D S S
• Adução do ar
N D S S
• Sistema de ventilação controlada
N N S S
• Exaustor com filtro HEPA

18 • capítulo 1
TABELA 1.2 - REQUISITOS PARA OS DIVERSOS NÍVEIS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA
NÍVEIS DE SEGURANÇA
ATRIBUTOS
BIOLÓGICA

1 2 3 4

Entrada com porta dupla N N S S

Sistema de portas com tranca N S S S

Câmara de vácuo N N S S

Câmara de vácuo com ducha N N N S

Antecâmara N N S S

Antecâmara com ducha N N S –

Tratamento dos efluentes N N S S

Autoclave: N D S S
• in loco
N N D S
• numa sala do laboratório
• de duas portas N N D S

Câmaras de segurança biológica: D D S N


• classe I
N D D S
• classe II
• classe III N N D S

Circuito interno de imagem N N D S

Registro em autoridades sanitárias nacionais N N S S

Roupas de proteção com pressão positiva e venti-


N N S S
lação

Uso EPI’s S S S S

Realização das BPL’s S S S S

Incineração dos resíduos após esterilização N N N S

N- Abstenção de necessidade; S- Uso obrigatório; D- Uso desejável. Fonte: World Health


Organization(2004).

capítulo 1 • 19
1.3  Boas práticas para um ambiente laboratório/hospitalar

1.3.1  Noções de segurança química e biológica em laboratório

Boas práticas de laboratório (BPLs)


O maior problema relacionado aos riscos em laboratório não está nas tecnolo-
gias disponíveis para eliminar ou minimizar tais riscos e sim no comportamen-
to dos profissionais. É indispensável relacionar o risco de acidentes às boas
práticas cotidianas dentro de um laboratório. Não basta haver sistemas moder-
nos de esterilização do ar ou câmaras de desinfecção das roupas de segurança,
por exemplo, se o profissional não lavar suas mãos com a frequência adequada
ou o lixo for descartado de maneira errada (Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária, 2005).
As Boas Práticas de Laboratório (BPLs) tratam da organização, do processo
e das condições sob as quais estudos de laboratório são planejados, executa-
dos, monitorados, registrados e relatados. As BPLs têm como finalidade avaliar
o potencial de riscos e toxicidade de produtos objetivando a proteção da saú-
de humana, animal e do meio ambiente. Outro objetivo das BPLs é promover
a qualidade e validação dos resultados de pesquisa através de um sistema de
qualidade aplicado a laboratórios que desenvolvem estudos e pesquisas que
necessitam da concessão de registros para comercialização de seus produtos e
monitoramento do meio ambiente e da saúde humana (Empresa Brasileira De
Pesquisa Agropecuária, 2008).

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/


v77_3/penna.pdf>. Acesso em: 2 de out. de 2014.

CONEXÃO
Falando sobre as Boas Práticas de Laboratório (BPLs), para ilustrar o entendimento, sugerimos
a consulta do seguinte link: <http://www.ci.esapl.pt/lab/manual_de_boas_praticas.pdf>.

20 • capítulo 1
Fazem parte de algumas das BPLs as seguintes considerações, apresenta-
dos na tabela 1.3:

TABELA 1.3 - BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO RELACIONADAS AOS


EQUIPAMENTOS, PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS, MATERIAL E AMBIENTE.

EQUIPAMENTOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS


• Geladeiras do laboratório • É proibido o preparo e o consumo de alimentos
devem ser usadas apenas para no ambiente laboratorial;
armazenar amostras, solu- • Profissionais não devem usar maquiagem;
ções e reagentes, nunca para • Pipetar com a boca é imperiosamente proibido;
alimentos; • Profissionais devem ter atenção especial à la-
• Uso de EPIs como luvas, jale- vagem das mãos, cuidados com unhas, cabelos,
co, calçado fechado, óculos, barba e roupas, a fim de evitar contaminações
máscara, touca, entre outros, cruzadas;
adequados a cada procedi- • Devem ser utilizadas roupas adequadas às subs-
mento; tâncias manuseadas no laboratório;
• Equipamentos devem ser con- • Mãos enluvadas não devem tocar áreas limpas,
figurados regularmente e estar tais como teclados, telefones e maçanetas;
em locais apropriados. • Acidentes ocorridos devem ser documentados e
avaliados para correções e prevenções;
• Os trabalhadores devem ser devidamente treina-
dos e informados.

MATERIAL AMBIENTE
• Os frascos devem conter • Visitas ao ambiente laboratorial devem ser
rótulos com as informações reduzidas e é desaconselhável a presença de
principais do seu conteúdo; crianças;
• O descarte do material perfu- • Não é recomendado que haja plantas no interior
rocortante deve ser realizado do laboratório;
em recipiente de paredes rígi- • Os procedimentos de limpezas dos laboratórios
das, com tampa e devidamente devem ser os mais rigorosos possíveis, sendo
identificado; realizadas técnicas de desinfecção;
• No descarte, as agulhas • O descarte de resíduos deve ser feito de maneira
usadas não devem ser dobra- que não comprometa a saúde dos profissio-
das, quebradas, reutilizadas, nais e do meio ambiente;
recapeadas, removidas das • O ambiente deve ser devidamente sinalizado de
seringas ou manipuladas antes forma clara e objetiva;
de desprezadas. Seu descarte • A bancada de trabalho deve ser descontaminada
deve ser feito em recipiente ao final de cada turno de trabalho e sempre que
adequado a material perfuro ocorrer derramamento de agente biológico;
cortante. • Deve ser mantida uma rotina de controle de
artrópodes e roedores.

Fonte: Salgado-Santos (2001, p. 15).

capítulo 1 • 21
Com relação às matérias-primas, padrões, reagentes e demais insumos, estes
devem ser devidamente armazenados, avaliando-se o grau de risco, compatibi-
lidades, incompatibilidades (tabela 1.4), bem como as condições ideais de luz,
umidade e temperatura de armazenamento (SALGADO-SANTOS, 2001, p. 15).

TABELA 1.4 - REGRAS GERAIS SOBRE INCOMPATIBILIDADES QUÍMICAS.

CATEGORIA INCOMPATIBILIDADE
Metais alcalinos como sódio, Dióxido de carbono, hidrocarbonetos clorados,
potássio, césio e lítio. água.

Halogêneos. Amoníaco, acetileno, hidrocarbonetos.

Ácido acético, sulfito de hidro-


Agentes oxidantes como ácido crômico, ácido
gênio, anilina, hidrocarbonetos,
nítrico, peróxido, permanganatos.
ácido sulfúrico.

Fonte: World Health Organization (2004)

1.4  Principais equipamentos de segurança obrigatórios

1.4.1  Medidas de contenção e níveis de biossegurança dos laboratórios

É necessário que todo laboratório forneça barreiras de contenção e um progra-


ma de segurança cujo objetivo seja a proteção dos profissionais de laboratório
e outros que atuem na área, bem como a proteção do meio ambiente, eficiên-
cia das operações laboratoriais e garantia do controle de qualidade do trabalho
executado (SILVA, 1996, p. 15).
Além das técnicas microbiológicas de segurança, as barreiras primárias
(equipamentos de segurança e equipamentos de proteção individual e coletiva)
e barreiras secundárias (facilidades de salvaguardas) são agora consideradas
como elementos vitais de medidas de contenção (KIMMAN et al., 2008, p. 409).
Os equipamentos de proteção individual, conhecidos como EPIs (tabela 1.5),
são utilizados para minimizar a exposição aos riscos ocupacionais e evitar possí-
veis acidentes no laboratório. Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são
utilizados com a finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos ris-
cos e, em casos de acidentes, reduzir suas consequências. Exemplos: lava-olhos,
chuveiro, extintor e cabines de proteção biológica.

22 • capítulo 1
TABELA 1.5 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL, RISCO EVITADO
E CARACTERÍSTICAS DE PROTEÇÃO.

CARACTERÍSTICAS DE
EQUIPAMENTO RISCO EVITADO PROTEÇÃO
Jalecos e aventais
Contaminação do vestuário Cobrem o vestuário pessoal
de pano

Aventais plásticos Contaminação do vestuário Impermeáveis

Calçado Impactos e salpicos Fechados à frente

Lentes resistentes a impactos


Óculos de proteção Impactos e salpicos
Proteções laterais

Lentes resistentes a impactos


Óculos de segurança Impactos Proteções laterais
Proteção total da face

Viseira de proteção
Impactos e salpicos Fácil de tirar em caso de acidente
facial

Há diversos modelos: descartável,


Aparelhos e másca- completa ou meia máscara purifica-
Inalação de aerossóis
ras de respiração dora de ar, de capuz com ar filtrado à
pressão e com abastecimento de ar.

Em látex, vinilo ou nitrilo microbiolo-


Contato direto com micro
Luvas gicamente aprovados, descartáveis.
-organismos e cortes
Malha de aço.

Fonte: Teixeira; Valle, 1996, p. 30.

As barreiras secundárias dizem respeito à construção do laboratório, locali-


zação e instalações físicas. As instalações físicas são importantes para propor-
cionar uma barreira de proteção para pessoas dentro e principalmente fora do
laboratório, bem como para o meio ambiente. Os tipos de barreiras secundárias
dependerão do risco de transmissão dos agentes específicos manipulados no la-
boratório. São alguns exemplos de barreiras secundárias: a localização distante

capítulo 1 • 23
do acesso público, a presença de sistemas de ventilação especializados em asse-
gurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas de tratamento de ar para a descon-
taminação ou remoção do ar liberado e câmaras pressurizadas como entradas de
laboratório (BRASIL, 2006c, p. 12).
Estudos sobre infecções adquiridas em laboratório concluíram que a rota
primária de transmissão dos agentes causadores foi por aerossol (KIMMAN et
al., 2008, p. 409). Aerossóis são partículas ultrapequenas de líquido ou soluções
dispersas em gás que podem conter agentes infectantes, apresentando riscos
se inaladas, ingeridas e/ou entrarem em contato com pele e mucosas. Numero-
sos procedimentos de laboratório podem gerar os aerossóis, como a pipetagem
realizada com rapidez, a abertura brusca de culturas liofilizadas, a centrifuga-
ção de tubos mal vedados, a variação abrupta de pressão ou temperatura de
uma solução, dentre outros (Universidade Federal da Bahia, 2001, p. 53).
Com a finalidade de minimizar os riscos relacionados aos aerossóis, foi de-
senvolvido o aparelho de fluxo laminar (Kimman et al., 2008, p. 409). O fluxo
laminar, ou Cabine De Segurança Biológica (CSB), é o dispositivo principal uti-
lizado para proporcionar a contenção de borrifos e aerossóis infecciosos pro-
vocados por inúmeros procedimentos microbiológicos (BRASIL , 2006c, p. 15).
Os equipamentos utilizados em laboratório podem oferecer diversos tipos
de proteção aos usuários e ao meio ambiente.

Fonte: biologico.sp.gov.br: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/


v77_3/penna.pdf>. Acesso em: 2 de out. de 2014.

Conforme a tabela 1.6.pessoal e de processos” segundo Bekin (1995).

TABELA 1.6 – TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE CONTENÇÃO E SUAS APLICAÇÕES.

TIPO APLICAÇÃO
Caixas de animais Dióxido de carbono, hidrocarbonetos clorados, água.

Autoclaves Amoníaco, acetileno, hidrocarbonetos.

Cabine de proteção biológica


- classe I Agentes oxidantes como ácido crômico, ácido nítrico,
- classe II peróxido, permanganatos.
- classe III

24 • capítulo 1
TABELA 1.6 – TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE CONTENÇÃO E SUAS APLICAÇÕES.

TIPO APLICAÇÃO
Misturadores Alguns tipos dão proteção contra aerossóis.

Centrífuga Recipientes selados dão contenção de aerossóis.

Exaustor de gás Proteção pessoal e meio ambiental.

Filtros HEPA 99,975 de remoção das partículas de no mínimo 0,3 μm.

Elétrico ou a gás com braço lateral para conter respin-


Microincinerador
gos dos circuitos.

Autoclaváveis, com tampas de encaixe que podem


Containers
transportar materiais infectantes para a autoclave.

Aparelhos de pipetagem Eliminam a necessidade de pipetar com a boca.

Usados para determinar a eficácia da esterilização


Indicadores de esterilidade
por calor.

Fonte: Teixeira; Valle, 1996, p. 30.

1.5  Símbolos da biossegurança usados atualmente.

Um ambiente laboratorial ou hospitalar é potencialmente perigoso para


quem não sabe interpretar os símbolos de alerta presentes em frascos de rea-
gentes. A maioria dos acidentes é proveniente do desconhecimento das regras
básicas de interpretação dos avisos de alerta mais comuns nestes ambientes,
os quais devem conter, como todo ambiente seguro, extintores de incêndio em
condições de uso suficientes para eventuais acidentes.
A seguir são demosnstrados os símbolos de Biossegurança mais utilizados:

capítulo 1 • 25
Inflamável:
Este é o símbolo indicativo de produto inflamável,
quando visualizá-lo em um frasco de reagente, tome
cuidado para não expor o produto perto de chamas ou
de lugares quentes (abafados).

Símbolo da radioatividade:
Identifica os produtos químicos radioativos, estes
são perigosos em contato com a pele, para manuse-
á-los é preciso um intenso cuidado (luvas e macacão
de segurança).

Líquido corrosivo:
Símbolo presente em frascos de ácidos fortes (como
ácido sulfúrico, ácido clorídrico, etc.). Tome cuidado
para que o ácido não respingue em você, o contato com
a pele causa sérias queimaduras.

Possibilidade de choque elétrico:


O local marcado com este aviso é perigoso por conter
eletricidade exposta, se não tomar cuidado o choque
elétrico pode ser inevitável.

Risco biológico:
Este símbolo representa o cuidado com a natureza, in-
dica que o produto em questão é prejudicial ao meio
ambiente. A partir da conscientização, cabe a nós a ta-
refa de respeitar ou não a fauna e a flora. O correto é
não descartar produtos que contenham este símbolo
no ralo da pia, reserve um frasco coletor específico para
os dejetos e entregue aos responsáveis pelo descarte.

26 • capítulo 1
Risco de explosão:
Representa o risco de o material se projetar (causar
explosão). Indica um cuidado minucioso no trans-
EXPLOSIVO
porte e manuseio.
1

Substância venenosa:
Símbolo de alerta para o não contato com a pele. In-
dica também que o produto pode causar a morte se
for inalado ou ingerido.

ATENÇÃO Uso obrigatório de luvas:


Quando for trabalhar com produtos corrosivos, como áci-
dos, por exemplo, o uso de luvas passa a ser obrigatório.
Esse equipamento de segurança ainda protege suas mãos
USO do contato com objetos quentes e vidros quebrados.
OBRIGATÓRIO

AVISO Lave as mãos:


Este símbolo traduz a necessidade de lavagem das mãos
durante o experimento. Não toque nos olhos, boca e na-
riz enquanto estiver manuseando produtos químicos.

EVITE CONTAMINAÇÃO
LAVE SUAS MÃOS

capítulo 1 • 27
Primeiros socorros:
Este é o símbolo do kit de primeiros socorros, todos os
laboratórios precisam estar equipados com ele, além
de medicamentos, contém manta apaga-fogo (para
caso de incêndios) e produto lava-olhos (para respin-
gos de ácidos nos olhos).

ATIVIDADE
1. O que é Biossegurança?

2. O que significa a sigla OMS?

3. O que significa a sigla NIH?

4. O que significa a sigla CNTBio?

REFLEXÃO
A principal causa de acidentes é o próprio ser humano. A construção de laboratórios com
equipamentos adequados, de última geração e disponibilizar material de segurança sem in-
vestir em educação e treinamento, os quais devem ser considerados instrumentos contínuos,
e não temporários não é o suficiente. A visão impressa na educação deve ser coletiva, e ja-
mais individual. Muitos acidentes acontecem devido a erros de outros indivíduos, como cole-
gas de trabalho desatentos, profissionais recém-contratados sem experiência e atividades
executadas por estagiários sem orientação e treinamento.

LEITURA
<http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/14606.html>.

28 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (Brasil). Biossegurança. Revista de Saú-
de Pública, v.39, n.6, 2005.

ALBUQUERQUE, M.B.M. Biossegurança, uma visão da história da ciência. Biotecnologia,


Ciência &Desenvolvimento, v.3, n.18, p. 42-45, 2001.

ALMEIDA, A.B.S.; ALBUQUERQUE, M.B.M. Biossegurança: um enfoque histórico através da


história oral. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v.7, n.1, p.171-183, 2000.

ALMEIDA, J.L.T.; VALLE, S. Biossegurança no ano 2010: o futuro em nossas mãos? Bioética,
v.7, n.2, p.199-203, 1999.

AZEVEDO, J.L.; FUNGARO, M.H.P.; VIEIRA, M.L.C. Transgênicos e evolução dirigida. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, v.7, n.2, p.451-464, 2000.

BORÉM, A. Escape genico & transgenicos. Rio Branco: Suprema, 2001.

BRASIL. Lei no8974, de 5 de janeiro de 1995. Diário Oficial [da] Republica Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 6 jan. 1995.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Biossegurança CTNBio, Transgênicos. 2000.


Disponível em: <http://www.mct.org.br>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Classificação de risco dos Agentes Biológicos. Brasília: Editora
MS, 2006a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com Agentes
Biológicos. Brasília: Editora MS, 2006b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


Epidemiológica. Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia. 3.ed. Brasília,
2006c.

COICO, R.; LUNN, G. Biosafety: guidelines for working with pathogenic and infectious micro-
organisms. Current Protocols in Immunology, cap.1A, unid.1A, 2005.

COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). CIBio. 2006 Disponível


em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/143.html>.

capítulo 1 • 29
COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). Relatório Anual da CT-
NBio 2002. Disponível em:<http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/1146.html>.

COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). Relatório Anual da CTN-


Bio 2009. Disponível em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/14606.html>.

COSTA, M.A.F. Biossegurança: segurança química básica para ambientes biotecnológicos e


hospitalares. São Paulo: Ed. Santos, 1996.

COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B. Biossegurança: elo estratégico de SST. Revista CIPA, v.21,
n.253, 2002.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Boas práticas de laboratório.

FONTES; E.M.G. Legal and regulatory concerns about transgenic plants in Brazil. Journal of
Invertebrate Pathology, v.83, n.2, p.100-103, 2003.

GARCIA, L.P.; ZANETTI-RAMOS, B.G. Health services waste management: a biosafety issue.
Cadernos de Saúde Pública, v.20, n.3, p.744-752, 2004.

HAMBLETON, P.; BENNETT, A.M.; LEAVER, G. Biosafety monitoring devices for biotechno-
logy processes. Tibtech, v.10, p.192-199, 1992.

KIMMAN, T.G.; SMIT, E.; KLEIN, M.R. Evidence-Based Biosafety: a Review of the Principles
and Effectiveness of Microbiological Containment Measures. Clinical Microbiology Reviews,
v.21, n.3, p.403-425, 2008.

KNAAK, N.; FIUZA, L. M.. Genes cry1Ab e cry1Ac de Bacillus thuringiensis e proteínas com
potencial na agrobiotecnologia. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v. 9, p. 26-31,
2006.

MASTROENI, Marco Fabio. A difícil tarefa de praticar a biossegurança. Cienc. Cult. [online].
2008, vol.60, n.2, pp. 4-5.

MONQUERO, P.A. Plantas transgênicas resistentes aos herbicidas: situação e perspectivas.


Bragantia, v.64, n.4, p.517-531, 2005.

NODARI, R. O.; GUERRA, M.P. Plantas Transgênicas: avaliação e biossegurança. In: SEMINÁ-
RIO ESTADUAL DE BIOTECNOLOGIA E PRODUTOS TRANSGÊNICOS, 1999, Santa Maria,
RS. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1999. v. único, p.1-10.

30 • capítulo 1
SALGADO-SANTOS, I.M.N.R. Boas Práticas de Laboratório (Parte 1). Fármacos & Medica-
mentos, v.2, 2001.

SANT’ANA, A. Biossegurança no Brasil: A necessidade de uma política consistente. In: TEI-


XEIRA, P.; VALLE, S. (Ed.). Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 1996. p.27-40.

SCHOLZE, S.H. Biossegurança e alimentos transgênicos. Revista Biotecnologia, Ciência e


Desenvolvimento, v.2, n.9, p.32-34, 1999.

SEWELL, D.L. Laboratory-associated infections and biosafety. Clinical Microbiology Review,


v.8, n.3, p.389-405, 1995.

SHATZMAYR, H.G. Biossegurança nas infecções de origem viral. Revista Biotecnologia, Ci-
ência e Desenvolvimento, v.3, n.18, p.12-15, 2001.

SILVA, F.H.A.L. Equipamentos de contenção. In: TEIXEIRA, P.; VALLE,S. (Ed.). Biossegurança:
uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. p.163-189.

TEIXEIRA, P.; VALLE, S..Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fio-
cruz, 1996.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Instituto de Ciências da Saúde. Manual de biossegu-


rança. Salvador, 2001. cap.17.

WAISSMAN W.; CASTRO, J.A.P. A evolução das abordagens em saúde e trabalho no capita-
lismo industrial. In: TEIXEIRA, P.; VALLE,S. (Ed.). Biossegurança: uma abordagem multidisci-
plinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. p.15-25..

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo iremos aprender sobre a boa Conduta em laboratório, sobre o diagnóstico
inicial da segurança no ambiente hospitalar bem como, identificar as Normas Regulamenta-
doras, a evolução histórica e discutir a negligência em Segurança e em Medicina do Trabalho.

capítulo 1 • 31
2
Conduta em
laboratório
2  Conduta em laboratório
Neste capítulo veremos que ambientes laboratoriais geralmente são locais que
podem expor as pessoas que nele trabalham ou circulam, a riscos de várias ori-
gens. Profissionais da área de saúde e outros trabalhadores que exercem suas
atividades em laboratórios, estão sob-risco de desenvolver doenças por exposi-
ção a agentes infecciosos, radiação, produtos químicos, tóxicos e inflamáveis.
Aprenderemos também um pouco sobre os aspectos legais da Biossegurança, e
sobre a negligência no ambiente de trabalho.

OBJETIVOS
• Aprender sobre o diagnóstico inicial da segurança no ambiente hospitalar;
• Identificar as Normas Regulamentadoras;
• Conhecer os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho (SESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA);
• Reconhecer a evolução histórica da Segurança do Trabalho;
• Identificar os aspectos legais da Biossegurança, bem como, discutir a negligência
no ambiente de trabalho;
• Reconhecer o dimensionamento de profissionais em um local de trabalho.

REFLEXÃO
No capítulo anterior falamos sobre as Boas Práticas de Laboratório (BLPs), pois é indis-
pensável relacionar o risco de acidentes às boas práticas cotidianas dentro de um labora-
tório. Não basta haver sistemas modernos de esterilização do ar ou câmaras de desinfec-
ção das roupas de segurança, por exemplo, se o profissional não lavar suas mãos com a
frequência adequada.

34 • capítulo 2
2.1  Aspectos da segurança no ambiente hospitalar

2.1.1  Introdução

O Dr. Samuel Dwane Thomas, residente em urologia do Hospital Episcopal na


Filadélfia-EUA, estava realizando uma cirurgia denominada prostatectomia
transuretral usando para isso um instrumento conhecido como ressectoscó-
pio. Repentinamente, na metade da operação, o instrumento falhou e o Dr.
Thomas sofreu uma severa queimadura de origem elétrica, afetando direta-
mente a córnea de seu olho direito.
Acidente no ambiente hospitalar é fato. Estes envolvem como citado no
exemplo acima, o profissional da área da saúde como também pacientes, vi-
sitantes, instalações e equipamentos. Muitos acidentes acarretam vários tipos
de prejuízos, sendo que destes, alguns dão origem a ações legais movidas entre
os envolvidos. Essa situação tem ocorrido e sido registrada, com frequência,
em países desenvolvidos. Visando compreender a origem destas lamentáveis
situações, será apresentado um breve histórico sobre a evolução da estrutura
hospitalar que atende a grandes populações.
Para uma pessoa da Idade Média, seria inconcebível um tratamento médico
da própria casa. Onde o doente poderia ser melhor tratado? Quem lhe poderia
dispensar mais cuidados pessoais do que a própria família e os próprios em-
pregados? E, se não havia hospitais para os ricos, que podiam chamar o médi-
co a sua casa, muito menos para as pessoas do povo. O número de indigentes,
com rendas contrastantes na época, deve ter sido imenso. Quando um deles
não podia mais aguentar de pé, havia ainda o problema de achar um lugar para
morrer, ou ainda, para ocultar sua enfermidade, de estigmas como a lepra ou a
sífilis, que o faziam intocável.
Quem abrigaria um estranho? Só as pessoas para quem as coisas do mun-
do e as classes sociais nada significassem. Isto é, somente os monges católicos
sem seus mosteiros.
Das raízes da hospit, hospites (estranho, forasteiro) viria o nome hospitium,
que alguns monges atribuíam ao lugar em que alojavam os enfermos itineran-
tes que lhes vinham pedir pousada. Das mesmas raízes viriam palavras como
hóspede, hospital, hotel, hospício.
Analisando suas origens vemos, portanto, que o hospital era tido apenas,
como um retiro de indigentes enfermos. Muitos, aliás, ainda o são, embora se

capítulo 2 • 35
dispensem aos internados atenções médicas condizentes com a situação da
época. O primeiro hospital brasileiro, que existe até hoje, foi fundado com esse
objetivo, sendo esta a causa do seu nome: Santa Casa de Misericórdia, em San-
tos, iniciativa de Brás Cubas, em 1543.
Como todos os outros da época, principalmente na Europa, estavam subor-
dinados à Igreja Católica. Os hospitais subordinados ao Islã, também existiam
e, eram superiores em condições de higiene, cuidados, instalações e medica-
mentos, sendo que o mais pretensioso foi fundado no século X.
Entretanto, foi só a partir do século XVIII, na Europa, que as autoridades ci-
vis começaram a construir e administrar hospitais, principalmente em Paris,
Londres e Roma. Sociedades beneficentes, mantidas pelas classes dominantes,
também passaram a dar sua contribuição. Em Hamburgo, lojistas construíram
um sanatório para portadores de varíola; os mercadores de seda de Bolonha fun-
daram o Hospital dos Inocentes. Se vivesse hoje, aquele mesmo paciente rico da
Idade Média acharia inconcebível, talvez, que não o tratassem em um hospital.
O que causou a reviravolta? Certamente, os avanços tecnológicos, os cuidados
dispensados aos pacientes que vêm sendo aperfeiçoados a cada dia, as técnicas
cirúrgicas inovadoras, novos procedimentos e equipamentos de diagnóstico, os
avanços farmacológicos e a melhor compreensão dos processos das doenças.
O amplo uso desses recursos também fez com que fosse introduzida nos
hospitais uma complexidade de equipamentos e fármacos geradores de risco
aumentando, no entanto, a possibilidade de erros de procedimentos e uso in-
correto dos mesmos.
Nesse ponto, é importante mencionar algumas definições e afirmações re-
lacionadas a erros:
“O erro humano e uma decisão ou comportamento indesejável que reduz ou
tem potencial para reduzir a eficácia, segurança ou desempenho de um sistema”;
“Erro de operação é a principal fonte de risco para hospitais que usam equi-
pamento biomédico”; “[...] no mínimo, metade de todas as lesões ou mortes de
pacientes relacionadas a equipamentos médicos envolvem o mau uso ou erro
de operação feito pelo pessoal do hospital, incluindo falha ao seguir as instru-
ções do fabricante”.
O futuro reserva aos profissionais que atuam na área da saúde, equipamen-
tos e instrumentos mais sofisticados, bem como responsabilidades adicionais.
Dentre outras coisas, esses profissionais deverão estar plenamente conscientes
das possibilidades e riscos desses novos recursos, devendo, portanto, em con-

36 • capítulo 2
junto com a instituição, examinar cuidadosamente cada risco e determinar a
melhor forma de gerenciá-lo.
Em 1983, nos Estados Unidos, ocorreram 1.000.000 de incidentes com pre-
juízos na área hospitalar, dos quais 200.000 envolveram alguma forma de negli-
gência (8). Em 1989, o uso intensivo dos equipamentos médico- hospitalares,
no mesmo país, resultou em torno de 10.000 acidentes (1 a cada 52 minutos),
com um saldo de 1000 mortes.
Na Suécia, durante os anos de 1984 e 1985, foram analisados 306 equipa-
mentos defeituosos que causaram acidentes fatais ou com sérias consequên-
cias. Verificou-se que 21% dos acidentes foram relacionados à manutenção in-
correta, 26% com uso indevido e 46% com problemas de desempenho.
Cabe ressaltar que as consequências financeiras desses acidentes envolvem
considerável soma em indenizações, devido a ações legais movidas por pacien-
tes, os quais recebem alguma forma de dano quando sob cuidados do hospital.
Assim, este livro pretende orientar e colaborar para a redução de todas as
fontes de risco, englobando os cuidados com pacientes, funcionários e visitan-
tes, bem como com os recursos e patrimônio da instituição hospitalar.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 7 de out. 2014.

CONEXÃO
Para um maior aprofundamento nos aspectos sobre a segurança no ambiente hospitalar,
você pode acessar o site de manuais da ANVISA: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/
manuais/seguranca_hosp.pdf>.

2.2  Diagnóstico inicial da segurança no ambiente hospitalar

O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área da saúde, com


qualidade, eficiência e eficácia. Uma breve introdução ao assunto é dada a seguir:

•  Qualidade: Aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem


como da tecnologia, no cuidado da saúde. Denota um grande espectro
de características desejáveis de cuidados, incluindo eficácia, eficiência,

capítulo 2 • 37
efetividade, equidade, aceitabilidade, acessibilidade, adequação e quali-
dade técnico-científica.
•  Eficácia: A habilidade do cuidado, no seu máximo, para incrementar saúde.
•  Eficiência: A habilidade de obter o máximo de saúde com um mínimo custo.
•  Efetividade: O grau no qual a atenção à saúde é realizada.

Isso não pode ser alcançado sem a administração efetiva de um programa de


prevenção de acidentes que proporcione condições ambientais seguras para o
paciente e para os profissionais que aí desenvolvem suas atividades de trabalho.
O Hospital deve desenvolver continuamente essa política, assegurando que
gerentes e funcionários estejam cientes de suas responsabilidades na redução
de riscos e acidentes.
Devem promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar am-
bientes livres de riscos, em acordo com as obrigatoriedades das legislações mu-
nicipais, estaduais e federais.
A complexidade dos temas que envolvem à segurança no ambiente hospi-
talar, exige um tratamento multiprofissional, tanto para a tomada de decisões
técnicas, como para as administrativas, econômicas e operacionais. Os diver-
sos profissionais, em especial os gerentes e diretores, visando avaliar suas pos-
turas frente aos temas de segurança no ambiente de trabalho, devem analisar
os seguintes aspectos:

a) As obrigações legais referentes a segurança do trabalho estão sendo


cumpridas? Estão resultando em níveis de segurança aceitáveis?

b) Os profissionais da área clínica estão utilizando equipamentos tecnologi-


camente compatíveis com a demanda? Sabem operá - los adequadamente?

c) Existem no hospital, programas de treinamento e reciclagem adequados


para uso da tecnologia médica?

d) O hospital possui equipe de manutenção? Essa equipe possue os recursos


necessários para a manutenção de equipamentos médicos e de infraestru-
tura? É realizada a manutenção preventiva dos equipamentosvitais?

e) Possui Brigada Contra Incêndio (BCI)? Possui sistemas automáticos para


extinção de incêndio? São eficientes e suficientes?

38 • capítulo 2
f) Possui sistema de geração de energia elétrica de emergência?

g) Os custos gerados com acidentes envolvendo funcionários e pacientes


no ambiente hospitalar estão compatíveis com os investimentos feitos
nas áreas de aquisição, treinamento e uso de tecnologias?

h) Os funcionários usam os equipamentos de segurança? São suficientes?


Os riscos ambientais estão identificados e corrigidos?

i) Os funcionários utilizam adequadamente suas ferramentas de trabalho?


São suficientes para garantir o funcionamento seguro dos equipamentos
e sistemas?

j) Os pacientes e visitantes recebem algum tipo de orientação sobre como


agir em caso de incêndio?

k) Existem no hospital, profissionais com dedicação exclusiva na área de


segurança?

l) Existem em seu hospital todos os projetos de arquitetura e engenharia


atualizados que possibilitem a tomada de decisões com maior precisão
e segurança?

m) O hospital possui planos de emergência para enfrentar situações críticas


como falta de energia elétrica, água, incêndio e inundações?

n) Existe no hospital uma lista de empresas prestadoras de serviços, que es-


tejam aptas a prestar serviços aos equipamentos e instalações de acordo
com as normas de segurança aplicáveis?

o) Existe no hospital a ficha cadastral dos equipamentos existentes que indi-


que a periodicidade dos testes de segurança e de desempenho dos mesmos?

p) São feitas, frequentemente, pelo menos mensalmente, reuniões com a


comunidade de saúde, para discutir problemas de segurança existentes
em sua unidade de saúde?

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 7 de out. 2014.

capítulo 2 • 39
2.3  Normas regulamentadoras

Atitudes profissionais para o gerenciamento da segurança: Todos os níveis de


gerenciamento devem, constantemente, reforçar as regras e regulamentos de
segurança, estar alerta e identificar as práticas e condições inseguras, toman-
do, imediatamente, atitudes apropriadas para corrigir irregularidades.
Os gerentes e supervisores têm a responsabilidade de zelar para que ambos,
ambiente e funcionário, apresentem-se em condições adequadas de segurança
e devem considerar a prevenção de acidentes como uma parte normal de suas
atividades rotineiras.
A responsabilidade pelas questões de segurança está necessariamente atre-
lada aos funcionários. Cada um deles deve seguir as práticas de segurança no
trabalho, através do uso de regras e regulamentos anunciados pelo programa
de segurança do hospital.
É preciso estar constantemente alerta para os riscos de acidentes em qual-
quer local do hospital, comunicando à sua supervisão qualquer eventualidade,
prática ou condição insegura.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 7 de out. 2014.

2.4  Serviços especializados e comissões

São obrigadas a manter os Serviços Especializados em Engenharia de Seguran-


ça e Medicina do trabalho (SESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPA) as empresas privadas e públicas (incluindo os hospitais) que
possuem empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
São responsabilidades inerentes à CIPA e SESMT:
a) Zelar pela saúde e integridade física do trabalhador;

b) Revisar todos os acidentes envolvendo visitantes, pacientes e funcioná-


rios, bem como manter relatórios e estatísticas de todos os danos;

c) Investigar e analisar acidentes, recomendando medidas preventivas e


corretivas para evitá-los;

40 • capítulo 2
d) Apoiar a área gerencial como consultor na área de segurança do trabalho
e atividades afins;

e) Coordenar e treinar a equipe de Brigada Contra Incêndio, bem como a


população envolvida em situações de incêndio.

Recentemente, através da Portaria nº 5 de 17 de agosto de 1992, do Minis-


tério do Trabalho, ficou estabelecido que a CIPA terá como obrigatoriedade
adicional a confecção de denominado “Mapa de Riscos”. Esse mapa deverá ser
confeccionado com auxílio do SESMT e terá como finalidade básica fazer uma
representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos lo-
cais de trabalho, a conscientização e informação dos trabalhadores através da
fácil visualização dos riscos existentes na Empresa.
Os riscos serão simbolizados por círculos de três tamanhos: pequeno com
diâmetro de 2,5 cm; médio com diâmetro de 5 cm e grande com diâmetro de
10 cm, conforme sua gravidade e em cores,conforme o tipo de risco, relaciona-
dos no quadro seguinte (Fonte: Portaria nº 5, de 17.08.92, do Diretor do Depar-
tamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, publicada no Diário
Oficial da União em 20.08.92).

RISCOS AMBIENTAIS CORES REPRESENTATIVAS


Agentes físicos Verde

Agentes químicos Vermelho

Risco biológico Marrom

Agentes ergonômicos Amarelo

Agentes mecânicos Azul

Riscos locais Laranja

Riscos operacionais Preto

capítulo 2 • 41
Esses círculos serão representados em planta baixa ou esboço do local de
trabalho analisado. O “Mapa de Riscos”, completo ou setorial, permanecerá
afixado em cada local analisado, para informação dos que ali trabalhem.
Após a identificação dos riscos, a CIPA encaminhará à direção da empresa,
um relatório descrevendo a situação e aguardará a manifestação por parte da em-
presa, em um prazo de no máximo 30 dias. Havendo necessidade de medidas
corretivas, a direção estabelecerá o prazo para providenciar as alterações propos-
tas, através de negociação com os membros da CIPA e SESMT da empresa. Esses
prazos e datas deverão ficar registrados em Atas da CIPA.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 7 de out. 2014.

2.5  A evolução histórica da segurança do trabalho

2.5.1  Aspectos legais

Descrever os aspectos legais da Segurança no Ambiente Hospitalar é possí-


vel, desde que seu desenvolvimento seja mostrado a partir de fatos ocorridos
nas várias atividades profissionais ocorridas em outras épocas. Para tanto, a
tabela 2.1 apresenta uma resumida evolução histórica dos direitos e conheci-
mento adquiridos pelos trabalhadores no mundo.
No Brasil, o fato marcante na legislação trabalhista se deu em 1943, através
do Decreto 5452, de 1º de maio de 1943, e atualmente as formas de dirimir as
questões legais referentes à segurança dos trabalhadores foram traduzidas nos
conteúdos da Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de1977.

42 • capítulo 2
TABELA 2.1 –
HISTÓRIA DA SEGURANÇA NO TRABALHO
Época Origem Contribuição

Aristóteles Cuidou do atendimento e prevenção das enfermidades


(384 –322 aC) dos trabalhadores nos ambientes das minas.

Constatou e apresentou enfermidades específicas do


Platão esqueleto que acometiam determinados trabalhadores
no exercício de suas profissões.

Publicou a História Natural, onde pela primeira vez


foram tratados temas referentes à segurança do tra-
Séc. IV aC Plínio
balho. Discorreu sobre o chumbo, mercúrio e poeiras.
(23 –79 dC)
Menciona o uso de mascaras pelos trabalhadores
dessas atividades.

Hipócrates Revelou a origem das doenças profissionais que aco-


(460 –375 aC) metiam os trabalhadores nas minas de estanho.

Galeno
Preocupou-se com o saturnismo.
(129 –201 aC)

Preocupou - se com o saturnismo e indicou - o como


Avicena
Séc. XIII causa das cólicas provocadas pelo trabalho em pintu-
(908 –1037)
ras que usavam tinta à base de chumbo.

Editou uma série de publicações em que preconizava


Séc. XV Ulrich Ellembog
medidas de higiene do trabalho.

Paracelso Divulgou estudos relativos às infecções dos mineiros


(1493 –1541) do Tirol.

Séc. XVI Foram criadas corporações de ofício que organizaram


Europa e protegeram os interesses dos artifícios que repre-
sentavam.

1601 Inglaterra Criada a Lei dos Pobres.

capítulo 2 • 43
TABELA 2.1 –
HISTÓRIA DA SEGURANÇA NO TRABALHO
Época Origem Contribuição

Em virtude do grande Incêndio de Londres foi procla-


Rei Carlos II mado de que as novas casas fossem construídas com
1606
(1630 –1685) paredes de pedras ou tijolos e a largura das ruas fosse
aumentada de modo a dificultar a programação do fogo.

Bernardino
Divulgou sua obra clássica “De Morbis Articum Diatri-
1700 Ramazzine
ba” (As Doenças dos Trabalhadores).
(1633 –1714)

1802 Inglaterra Substituição das Leis dos Pobres pela Lei das Fábricas.

Aprovação das primeiras Leis de Segurança no traba-


1844–
Inglaterra lho e Saúde Pública, regulamentando os problemas de
1848
saúde e de doenças profissionais.

1862 França Regulamentação da higiene e segurança no trabalho.

Lei de indenização obrigatória aos trabalhadores, que


1865 Alemanha responsabiliza o empregador pelo pagamento dos
acidentes.

Fundou em Paris a Associação de Indústrias contra os


1883 Emílio Muller
Acidentes de Trabalho.

Após o incêndio de Cripplegate, foi fundado o Comitê


Inglaterra Britânico de Prevenção e iniciou - se uma série de pes-

1897 quisas relativas a materiais aplicados em construções.

Após catástrofe do Bazar da Caridade, foram dadas


França
maiores atenções aos problemas de incêndios.

Promulgada a primeira lei sobre indenização aos


1903 EUA trabalhadores, limitada ao empregador e trabalhadores
federais.

44 • capítulo 2
TABELA 2.1 –
HISTÓRIA DA SEGURANÇA NO TRABALHO
Época Origem Contribuição

Criação da Organização Internacional do Trabalho


Tratado de
1919 (OIT), com sede em Genebra, que substitui a Associa-
Versalhes
ção Internacional de Proteção Legal ao Trabalhador.

Estendidos os benefícios da Lei de 1903 a todos os


1921 EUA
trabalhadores através da Lei Federal.

Foram iniciados estudos de laboratórios relacionados


com a inflamabilidade dos materiais e estabeleceram -
1927 França se os primeiros regulamentos específicos que adota-
ram medidas e precauções a serem tomadas nos locais
de trabalho e nos locais de uso prático.

O Decreto nº 5452, de 01/05/1943, regulamenta o


1943 Brasil Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativo à Segurança e Medicina no Trabalho.

2.5.2  Legislação brasileira – Lei 6.514/77 de Portaria nº 3.214/78

No Brasil, o direito dos trabalhadores à segurança e medicina no trabalho é ga-


rantido pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Essa lei altera o Capítulo V
do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho no que se refere à Segurança
e Medicina do Trabalho. Sua regulamentação foi feita através da Portaria nº
3.214 de 08 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho. Essa portaria aprova
as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V do Título II, da Consolidação
das Leis do Trabalho relativas à Segurança e Medicina do Trabalho e por um
conjunto de textos suplementares (leis, portarias e decretos) decorrentes de al-
terações feitas nos textos originalmente publicados.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 7 de out. 2014.

capítulo 2 • 45
ATENÇÃO
Ao todo, até o momento, existem 35 Normas Regulamentadoras (NR) aprova-
das pelo Ministério do Trabalho (MTb) por meio da Portaria 3.214, em 8 de ju-
nho de 1978.

Normas regulamentadoras:
NR 1 - Disposições Gerais
A NR 1 constitui as funções, a importância e as competências da Delegacia
Regional do Trabalho (DRT). É obrigatória em qualquer empresa (pública ou
privada), desde que haja empregados regidos pela CLT.
Cabe à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) coordenar,
orientar e supervisionar as atividades relacionadas à segurança e à medicina do
trabalho em âmbito nacional, bem como a fiscalização do cumprimento legal.
À DRT, nos limites de sua jurisdição, cabe a responsabilidade de execu-
tar essas atividades por meio de medidas, notificações e penalidades para
seu cumprimento.
Cabe ao empregador cumprir os aspectos legais sobre segurança e medicina
no trabalho e ainda informar aos trabalhadores os riscos a que estão expostos,
bem como os meios para preveni-los e as medidas adotadas pela empresa. O des-
cumprimento desses elementos resulta em penalidade prevista em legislação.
Ao empregado também se faz necessário o cumprimento dos aspectos le-
gais, além das ordens expedidas pelo empregador e ainda a realização de exa-
mes periódicos e a colaboração da aplicação das NRs. É válido ressaltar que o
descumprimento de tais premissas acarreta ato falho.

NR 2 - Inspeção Prévia
Qualquer estabelecimento, antes de dar início às suas atividades, é obriga-
do a solicitar autorização de suas instalações ao órgão regional do Ministério
do Trabalho (MTb).
Depois de realizada a inspeção, é emitido, pelo MTb, o Certificado de Apro-
vação de Instalações (CAI).
Se, por acaso, não for possível a realização de inspeção prévia do estabeleci-
mento antes que suas atividades tenham início, a empresa poderá encaminhar
ao MTb uma declaração das instalações do estabelecimento novo.

46 • capítulo 2
É indispensável também a comunicação ao MTb quando ocorre alguma al-
teração de grande magnitude no estabelecimento e/ou nos equipamentos utili-
zados. Entretanto, a entrega dos projetos de construção e suas instalações não
possuem obrigatoriedade de entrega ao MTb.
Modelo da declaração de instalações: <http://www010.dataprev.gov.br/sis-
lex/imagens/paginas/05/2002.jpg>.

NR 3 - Embargo ou Interdição
Caso seja detectado risco grave ou iminente à saúde do trabalhador, ou seja,
condições que resultem em acidentes e/ou doenças com danos severos à sua in-
tegridade física, o estabelecimento poderá ser interditado, ou a obra embargada.
Essa interdição ou embargo poderá ser total ou parcial e relaciona-se ainda
com o estabelecimento, setor de serviço, máquina, equipamento ou obra.
Durante esse período, apenas as atividades voltadas para a correção da si-
tuação poderão ser realizadas, obviamente seguindo as medidas adequadas
dos trabalhadores envolvidos nesse processo. Além disso, os empregados da
empresa deverão receber seus salários normalmente, como se estivem em exer-
cício ativo.

NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina


do Trabalho (SESMT)
Tem por finalidade promover a saúde e proteger o profissional contratado
em seu ambiente de trabalho.
É, obrigatoriamente, integrado pelos seguintes profissionais: engenheiro
de segurança do trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar
de enfermagem do trabalho e técnico de segurança do trabalho.

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)


Tem por finalidade a prevenção de doenças e/ou acidentes no local de traba-
lho, mantendo, portanto, contato estreito e permanente com o SESMT.

NR 6 - Equipamento de Proteção Individual (EPI)


É importante relembrar (visto na aula 2) que é considerado EPI todo e qual-
quer equipamento que proteja o trabalhador de eventuais riscos a que está ex-
posto em seu ambiente de trabalho.

capítulo 2 • 47
É de responsabilidade da empresa oferecer esses equipamentos gratuita-
mente e em perfeitas condições, além de estarem adequados aos riscos.
Cabe ao SESMT e à CIPA indicarem ao empregador o EPI apropriado às ativi-
dades que serão exercidas pelos trabalhadores a fim de minimizar sua exposição.
Cabe ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fiscali-
zar, orientar e analisar o uso adequado do EPI, bem como aplicar as penalida-
des cabíveis a seu descumprimento.

NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


Tem por finalidade a inclusão dos empregados no Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), estabelecendo os parâmetros e as di-
retrizes para sua execução, com o objetivo de promover e preservar a saúde do
conjunto de trabalhadores.
É obrigatória a realização de exames médicos periódicos em virtude de admis-
são ou demissão, troca de cargo ou função, regresso às atividades após afastamen-
to superior a 30 dias por motivos de saúde, ainda que em decorrência de gestação.

NR 8 - Edificações
Rege a verificação das condições técnicas básicas observadas nas edifica-
ções, assegurando, assim, a segurança e o conforto dos trabalhadores.

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


Sua abrangência e características são decorrentes dos riscos apresentados pela
empresa, propendendo para a saúde do trabalhador por meio do conhecimento
dos agentes físicos, químicos e biológicos potencialmente perigosos, em decorrên-
cia da natureza, da concentração e do tempo de exposição a esses agentes.
Esse programa deverá conter, pelo menos: planejamento anual, com esta-
belecimento de metas, prioridades e cronograma; estratégia e metodologia de
ação; forma do registro, manutenção e divulgação dos dados, e a periodicidade
e a forma de avaliação do desenvolvimento desse programa.

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade


Relaciona-se com a implementação de medidas de controle e prevenção
que visam à segurança do trabalhador que lida com as instalações elétricas e os
serviços de eletricidade, seja na fase de construção, seja na montagem, opera-
ção e/ou manutenção.

48 • capítulo 2
As atividades devem ser interrompidas quando observados quaisquer ele-
mentos que possam gerar danos à saúde do trabalhador.

NR 11 -Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais


Essa norma abrange as operações que contêm elevadores, guindastes,
transportadores industriais e máquinas transportadoras, e que devem oferecer
as condições básicas de segurança e conservação dos materiais. Além disso,
quanto ao armazenamento, deverá obedecer aos pré-requisitos de segurança
para os respectivos materiais.
NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos
Estabelece procedimentos obrigatórios que garantem a saúde do trabalha-
dor na utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos.
Os aspectos ergonômicos devem receber atenção especial nesse momento,
mas os riscos adicionais, como ruído, calor, vibrações, riscos de queimadura
por superfícies aquecidas com contato direto com a pele, radiações ionizantes
ou não ionizantes e contato com combustíveis inflamáveis ou explosivos, de-
vem ser observados.

NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão


São consideradas caldeiras a vapor os equipamentos propostos a originar
pressão superior à atmosférica, por isso é requisitada a presença de um profis-
sional capacitado e habilitado para seu manuseio.
Essa norma prevê os procedimentos obrigatórios para operação, manuten-
ção, inspeção e supervisão dos locais onde exista esse tipo de equipamento.

NR 14 - Fornos
Independentemente de sua utilização, os fornos devem ser construídos de
maneira sólida e com material refratário para evitar que o aquecimento exceda
os limites tolerados.
Sua instalação deve ser realizada em local adequado, visando ao conforto
e à segurança dos trabalhadores, além de propiciar a eliminação adequada de
gases nocivos e evitar aquecimento de regiões adjacentes.

NR 15 - Atividades e Operações Insalubres


Delimita e conceitua as atividades insalubres e assegura o acréscimo sala-
rial de acordo com a incidência do fator de insalubridade de grau mais elevado.

capítulo 2 • 49
Entre os agentes agressivos, estão incluídos: ruídos, calor, taxa de metabo-
lismo por atividade, radiações ionizantes, trabalhos sob condições hiperbári-
cas, pressões, frio, umidade e agentes químicos.

NR 16 - Atividades e Operações Perigosas


Delimita e conceitua as atividades e operações perigosas. O salário também
tem acréscimo (30%) quando o trabalho é realizado em condições de periculo-
sidade. Contudo, se o trabalho for realizado em ambientes insalubres, cabe ao
empregado optar pelo adicional recebido.
Essa norma estabelece ainda os procedimentos adequados realizados no
transporte e/ou manuseio de produtos químicos.

NR 17 - Ergonomia
Relaciona-se com a implementação de parâmetros que permitam a adequa-
ção, com conforto e segurança, dos trabalhadores em seu local de trabalho e/ou
dos equipamentos utilizados.
Adaptações na rotina de trabalho, no mobiliário e nos equipamentos dos
postos de trabalho e as condições de conforto devem ser realizadas a fim de
proporcionar condições de trabalho apropriadas para os funcionários.

NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção


Estabelece medidas ligadas à administração, ao planejamento e à organiza-
ção, visando à segurança dos funcionários nos processos, nas condições e no
meio de trabalho relacionados à indústria de construção.

NR 19 - Explosivos
Delimita as ações de utilização, transporte, fabricação, manuseio e arma-
zenagem de explosivos, visando à segurança das pessoas envolvidas direta ou
indiretamente nesse processo.

NR 20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis


Conceitua os requisitos básicos relacionados à extração, à produção, ao ar-
mazenamento, à transferência, ao manuseio e à manipulação de inflamáveis e
líquidos combustíveis.

50 • capítulo 2
NR 21 - Trabalho a Céu Aberto
Embora as atividades sejam realizadas a céu aberto, é fundamental a existên-
cia de um abrigo para proteger os funcionários contra possíveis contratempos.
Mesmo que rústica, a moradia deverá apresentar: capacidade adequada
para acolher os moradores, ventilação e luz direta apropriada, ou seja, uma boa
estrutura.

NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional da Mineração


Estabelece as condições de trabalho realizadas nas mineiras (que podem
ser a céu aberto, subterrânea ou garimpo), objetivando doutrinar os princípios
e a organização no ambiente de trabalho. Sempre visando ao bem-estar e à saú-
de dos funcionários.
Cabe ao empregador velar pelo cumprimento dessa norma, sendo esta obri-
gada a interromper as atividades se houver risco de danos à integridade física
dos empregados.
Cabe ao empregado o cuidado com sua saúde e com a de seus companhei-
ros por meio da prudência com seu trabalho e da notificação de acidentes e/ou
riscos, contribuindo, dessa forma, para o cumprimento das normas.

NR 23 - Proteção contra Incêndio


É obrigatória, para os empregadores, a adoção de medidas contra incêndio
de acordo com a legislação e as normas técnicas, bem como a orientação de
seus empregados sobre o uso de equipamentos, métodos de evacuação do local
em risco, instalação de dispositivos de alarmes, além de ser obrigatório haver,
no estabelecimento, equipamentos que combatam o fogo.
Os locais de saída, em caso de incêndio, devem ser devidamente sinalizados
e ser de fácil acesso e em número suficiente para que os funcionários possam
abandonar o local nessas situações.
É expressamente proibido que as saídas sejam trancadas a chave ou ainda
que possuam obstrução em seu caminho, embora possam ser providas de equi-
pamento de travamento, desde que permita abertura rápida e prática em episó-
dios de emergência.

NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho


São essenciais as instalações sanitárias e devem conter as condições básicas
de higiene.

capítulo 2 • 51
Nos conjuntos de instalações sanitárias, é necessária a implementação de
um lavatório para cada dez trabalhadores que estejam em operações insalubres
ou expostos a substâncias químicas e/ou biológicas que causem sujidade. Além
disso, deve haver fornecimento de água potável para os empregados, limpeza
assídua e ambiente com boa iluminação.
Onde há necessidade de troca de vestuário, é imperativa a presença de lo-
cais para sua realização, com a presença de armários e separação por gênero.
Essa norma estabelece ainda critérios aplicados a instalações, cozinhas e
alojamentos.

NR 25 - Resíduos Industriais
É importante entender que os resíduos industriais são aqueles prove-
nientes dos processos industriais (podem ser sólidos, líquidos e/ou gasosos)
e possuem propriedades (químicas, físicas ou biológicas) diferentes das dos
detritos domésticos.
Cabe à empresa adotar medidas apropriadas para seu descarte, minimi-
zando os riscos de contaminação; as medidas devem ser aprovadas por órgãos
competentes.
Os trabalhadores que lidam com a coleta, o transporte, o manuseio e/ou o
tratamento dos resíduos devem ser treinados continuamente e estar cientes
dos riscos a que estão expostos, bem como das orientações sobre os métodos
obtidos para o controle e a eliminação desses riscos.

NR 26 - Sinalização de Segurança
Estabelece os padrões de cores que devem existir no local de trabalho (rever
aula 2) a fim de advertir sobre possíveis riscos de acidentes. Entretanto, apenas
esse sistema de cores não dispensa as demais medidas para evitar acidentes.
Os empregados devem receber as respectivas orientações sobre os dados de
segurança, as rotulagens preventivas, os riscos e procedimentos que devem ser
tomados para sua segurança.

NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Mi-


nistério do Trabalho
Essa norma foi revogada pela Portaria 262, de 29 de maio de 2008, publicada
no Diário Oficial da União (DOU) de 30 de maio de 2008.

52 • capítulo 2
NR 28 - Fiscalização e Penalidades
A fiscalização do cumprimento dos aspectos legais deve ser efetivada de
acordo com seu respectivo decreto e a norma vigente.
O embargo ou interdição deverá ocorrer mediante o laudo técnico do agente
de inspeção de trabalho.
Delimita ainda as penalidades advindas das infrações preditas, obedecendo
às respectivas classificações na presente norma, com os valores preestabeleci-
dos das multas.

NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário


Regulamenta as condições básicas para os trabalhadores que exerçam ati-
vidades portuárias (a bordo ou em terra) ou nos portos organizados e nas ins-
talações portuárias com o objetivo de assegurar sua saúde e segurança contra
doenças de trabalho e/ou acidentes.

NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário


Estabelece as medidas de proteção visando à saúde e à segurança dos fun-
cionários, que abrangem os trabalhadores de embarcações comerciais (nacio-
nais ou estrangeiras demarcadas por sua devida convenção).

NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultu-


ra, Exploração Florestal e Aquicultura
Regulamenta os preceitos necessários para a organização e para o bom fun-
cionamento do ambiente de trabalho das atividades de agricultura, pecuária,
silvicultura, exploração florestal e aquicultura a fim de garantir o bem-estar e a
saúde desses trabalhadores.

NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde


Rege as diretrizes básicas para a implementação de medidas que assegurem
a segurança e a saúde dos profissionais de saúde (destinados à assistência de
saúde da sociedade por meio de promoção, prevenção, recuperação e ensino).

Riscos Biológicos
Classifica os agentes biológicos e identifica os elementos do Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

capítulo 2 • 53
Observa o cumprimento do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO), que deve incluir suporte também em casos de
exposição aos agentes potencialmente perigosos, bem como as medi-
das para a descontaminação do ambiente de trabalho.
A execução das medidas de proteção deve ser de responsabilidade do
empregado e do empregador, como já descrito anteriormente.
A imunização deve ser efetuada regularmente e seguir as recomenda-
ções do Ministério do Trabalho.

Riscos Químicos
É fundamental que haja cautela quanto à utilização de materiais quí-
micos, que devem ser devidamente identificados.
Os trabalhadores envolvidos nesse tipo de atividade devem ser conti-
nuamente treinados e orientados sobre os riscos a que estão expostos
e sobre as medidas a serem tomadas em caso de acidentes, bem como
sobre sua prevenção.

Radiações ionizantes
No local de trabalho, é obrigatória a presença do Plano de Proteção
Radiográfica (PPR) devidamente aprovado pela Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN).
Seguindo os mesmos procedimentos anteriores, os trabalhadores de-
vem ser capacitados e orientados. Além disso, devem permanecer o
menor tempo possível no local em que é realizado o procedimento.
As empregadas, no caso de gravidez confirmada, devem ser afastadas
imediatamente das atividades com radiação ionizante, com transfe-
rência para uma atividade compatível com seu estado.
O local em que a atividade é exercida deve ser devidamente sinaliza-
do, e o controle de acesso restrito.
É válido ressaltar que cada setor (serviços de medicina nuclear, radiote-
rapia, braquiterapia, radiodiagnóstico médico e odontológico) possui
medidas específicas para a segurança dos funcionários, da população
e do meio ambiente.
A NR 32 estabelece ainda os métodos para limpeza, coleta e descarte
de resíduos, manutenção das máquinas e dos equipamentos.

54 • capítulo 2
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados
Delimita e conceitua os requisitos para que o ambiente seja identificado
como espaço confinado, e também avalia, monitora e controla os possíveis ris-
cos a que os trabalhadores que exerçam suas atividades nesse recinto estão ex-
postos. Todos esses procedimentos são realizados visando sempre à saúde e à
segurança dos funcionários.

NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Construção e Reparação


Naval
Estabelece os fatores básicos e os métodos para assegurar a saúde e a segu-
rança dos trabalhadores que exerçam atividades relacionadas à construção e à
reparação naval, demarcando as funções, as responsabilidades, o treinamento
adequado e as documentações necessárias tanto por parte da empresa quanto
por parte do empregado, bem como os processos que devem ser concretizados
nos estaleiros.

NR 35 - Trabalho em Altura
Regula as diretrizes básicas para a proteção dos trabalhadores que exerçam
atividades em plano acima de 2 metros do limite inferior. Abrange as etapas de
planejamento, organização e execução. Descreve também as responsabilida-
des e as práticas de capacitação e trabalho do empregador e do empregado com
o objetivo fundamental de reduzir os riscos a que estão sujeitos os trabalhado-
res, garantindo assim sua segurança e saúde.

NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processa-


mento de Carnes e Derivados
É a norma mais nova, sendo publicada por meio da Portaria MTE 555, de
18 de abril de 2013 (DOU 19/4/13). Estabelece os requisitos mínimos para a
avaliação, o controle e o monitoramento dos riscos existentes nas atividades
desenvolvidas na indústria de abate e de processamento de carnes e derivados
destinados ao consumo humano, visando à segurança, à saúde e à qualidade de
vida no trabalho.

capítulo 2 • 55
2.5.3  O SESMT e a CIPA

O SESMT e a CIPA são instrumentos que os trabalhadores e as empresas dis-


põem para tratar da prevenção de acidentes e das condições do ambiente de
trabalho. Esses órgãos protegem a integridade física do trabalhador e de todos
os aspectos que potencialmente podem afetar sua saúde.
A CIPA e o SESMT são regulamentados legalmente pelos artigos 162 a 165
da CLT e pela Portaria 3214/78 baixada pelo Ministério do trabalho, em suas
NR - 5 E NR - 4, respectivamente. São, portanto, organizações obrigatórias nas
empresas (inclusive nos hospitais), desde que o número mínimo de funcioná-
rios seja atingido.
Para determinação das duas dimensões leva-se em conta, além do número
de funcionários, o grau de risco do local de trabalho. Para o ambiente hospita-
lar o grau de risco é 3, isto em acordo com o Código de Atividades constante do
Quadro I da NR - 4, da Portaria 3214/78. As Tabelas 2.2 e 2.3 informam como
dimensionar a CIPA e SESMT no ambiente hospitalar.
Tabela 2.2: Quadro para formação da CIPA no ambiente hospitalar. O di-
mensionismo é feito através da classificação de atividades constantes da NR –4,
que considera o ambiente hospitalar como grau de risco 3.

TABELA 2.2 –
DIMENSIONAMENTO DA CIPA NO AMBIENTE HOSPITALAR

Número de Número de
Representantes Representantes
empregados membros da
do hospital do empregador dos empregados
CIPA

20 a 50 2 1 1

50 a 100 4 2 2

101 a 500 8 4 4

501 a 1.000 12 6 6

1.001 a 2.500 16 8 8

56 • capítulo 2
TABELA 2.2 –
DIMENSIONAMENTO DA CIPA NO AMBIENTE HOSPITALAR

Número de Número de
Representantes Representantes
empregados membros da
do hospital do empregador dos empregados
CIPA

2.500 a 5.000 20 10 10

5.001 a
24 12 12
10.000

Acima de
24* 12* 12*
10.000

Nota: A partir de 10000 funcionários (*), acrescentar dois membros como representantes do empregador e dois mem-
bros como representantes dos empregados para cada grupo adicional de 2500 funcionários.

Fonte: Portaria3214/78 –Quadro I –NR 5

Tabela 2.3 – Quadro para formação do SESMT no ambiente hospitalar. O


dimensionamento é feito através da classificação de atividades constantes da
NR - 4, que considera o ambiente como grau de risco 3.

TABELA 2.3 –
DIMENSIONAMENTO DO SESMT NO AMBIENTE HOSPITALAR
Número de Técnico de Engenheiro de Auxiliar de Médico
Enfermeiro
empregados do Segurança do Segurança do Enfermagem do Traba-
do Trabalho
hospital Trabalho Trabalho do Trabalho lho

20 a 50

50 a 100 1

101 a 500 2

501 a 1.000 3 1* 1 1*

capítulo 2 • 57
TABELA 2.3 –
DIMENSIONAMENTO DO SESMT NO AMBIENTE HOSPITALAR
Número de Técnico de Engenheiro de Auxiliar de Médico
Enfermeiro
empregados do Segurança do Segurança do Enfermagem do Traba-
do Trabalho
hospital Trabalho Trabalho do Trabalho lho

1.001 a 2.500 4 1 1 1

2.500 a
6 1 2 1
5.000

5.001 a
8 2 1 1 2
10.000

Acima de
8** 2** 1** 1** 2**
10.000

Nota: (*) Tempo parcial, com mínimo de três horas. (**) O dimensionamento total deverá levar em consideração o di-
mensionamento da faixa de 3501 a 5000, mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou fração acima de 2000.

Fonte: Portaria 3214/78 –Quadro III –NR 4

2.6  A biossegurança hospitalar em outros países

Vários países têm dado contribuições expressivas para o desenvolvimento da


segurança no ambiente de trabalho, através da descoberta de doenças profis-
sionais e pelo estímulo à implementação de rígidas normas de controle.
No que se refere ao ambiente hospitalar, os problemas, questões e tendên-
cias mais relevantes, foram citados por representantes de diferentes países na
ocasião da “ICMDRA – International Conference of Medical Device Regulatory
Authorities” (Conferência Internacional de Órgãos Governamentais para Regu-
lamentação de Equipamentos Médicos).
Essa Conferência foi organizada pela OMS – Organização Mundial da Saúde,
OPS-Organização Panamericana de Saúde e FDA - Food & Drug Administration
(órgão governamental norte-americano regulamentador de alimentos e medi-
camentos), tendo sido realizada em Washington – EUA, em junho de 1986.

58 • capítulo 2
2.6.1  Países africanos

Existem poucos países africanos com regulamentações específicas no que se


refere a equipamentos médicos. Alguns deles são a Argélia, Cabo Verde, Gabão,
Quênia, Nigéria e Zâmbia. As vantagens, que esses países possuem sobre aque-
les que não dispõem de regulamentações específicas, são poucas. Na realidade,
eles não dispõem de instalações adequadas e profissionais especializados em
quantidade suficiente para avaliar os equipamentos médicos.

2.6.2  Países europeus

O interesse dos governos europeus com relação à saúde pública é o de não


aceitar equipamentos médicos inseguros e ineficazes, bem como atuar contra
o seu atendimento e uso impróprio. Alguns países atingem este objetivo atra-
vés de padrões de inspeções estabelecidos pelo GMP (Good Manufacturing prac-
tice – Boas Práticas de Fabricação), aprovação de pedidos de compras cuidado-
samente efetuados e análise (inspeções) após a compra.
O interesse do fabricante de equipamentos médicos nas regulamentações
do GMP aumenta quando este pode ser responsabilizado legalmente, mesmo
sabendo que a maioria dos acidentes que envolvem os equipamentos são rela-
cionados ao usuário. A responsabilidade do usuário é um campo mais visível,
embora a responsabilidade do fabricante seja o alvo central em alguns casos.
O apropriado uso do equipamento, embora seja relacionado ao projeto, é tam-
bém dependente do treinamento dispensado ao usuário e provavelmente da
qualidade de decisão do processo clínico adotado.

2.6.3  Países da região oriental do mediterrâneo

Os principais problemas que interferem na segurança no manuseio dos equi-


pamentos médicos são:
•  Treinamento inadequado e insuficiente a todos os tipos de profissio-
nais: corpo clínico, enfermagem, manutenção;
•  Falta de instalações adequadas para manutenção e pouca confiabilidade
dessa atividade;
•  Especificação adequada do produto que se deseja;

capítulo 2 • 59
•  Profissão insuficiente de peças para manutenção e reparo;
•  Falta de profissionais de engenharia para o gerenciamento de tecnologia;
•  Pouco relacionamento entre hospitais, fabricantes e seus representantes.

2.6.4  Países da ásia ocidental

Nesses países, as falhas inerentes ao equipamento médico são raramente rela-


tadas. Somente os fabricantes ou seus representantes são informados dessas
ocorrências, não ocorrendo disseminação das informações entre outros profis-
sionais ou consumidores.
Desse modo, sem que mecanismos sistemáticos sejam estabelecidos, torna-
se impossível estimar a taxa de falha de equipamentos médicos.
A carência de relações intersetoriais que visem coordenar as diferentes par-
tes do governo (Ministério da Saúde) responsáveis pela viabilização de equipa-
mentos médicos faz com que não haja controle da eficácia e da garantia de se-
gurança dos equipamentos.
A OMS tem colaborado com estes países no desenvolvimento de políticas
voltadas para a prevenção e tratamento de acidentes.

2.6.5  Países do Pacífico oriental

O combate ao uso de equipamentos médicos inseguros e ineficazes vem sen-


do conseguido com o estabelecimento da seguinte política, como ocorre na
Austrália:
•  Estabelecimento do registro de todo equipamento médico vendido no
país;
•  Comparação e disseminação das informações relativas a problemas com
a equipamentos;
•  Avaliação da segurança e eficácia dos itens de alto risco, antes da compra
dos equipamentos;
•  Estabelecimento de instalações que visem desenvolver normas e testar
certos tipos de equipamentos.

60 • capítulo 2
2.6.6  Estados Unidos da América

O modelo norte-americano de controle de acidentes envolvendo atividades no


ambiente hospitalar é regulamentado pelo “The Safe Medical Device Act” (Lei
sobre a segurança de equipamentos médicos), organizado pelo FDA em 28 de
novembro de 1991.
Essa lei definiu basicamente que hospitais, distribuidores e importadores
de equipamentos médicos devem relatar todos os casos de morte, enfermida-
des e sérios danos, relacionados a equipamentos médicos, ao fabricante dos
mesmos, no prazo de até 10 dias após a ocorrência do acidente. Em caso de
desconhecimento do fabricante do equipamento envolvido, o relato deve ser
feito ao FDA.
O relatório deve conter informações sobre o equipamento (nome do produ-
to, modelo, número de série e fabricante) e a descrição do problema, incluindo
a data do incidente e informações adicionais de como o equipamento envolvi-
do estava sendo usado.
Outras informações podem ser observadas, incluindo os parâmetros de ma-
nutenção do equipamento e informações médicas detalhadas sobre o paciente
envolvido. O mau uso da aparelhagem médica (puro erro do usuário) que resul-
te em sérios problemas ao paciente ou morte também deve ser relatado.
Em caso de necessidade, o FDA entrará em contato com o hospital envolvido
no intuito de requerer análise das condições internas do equipamento, posterior
ao incidente, bem como de qualquer ação corretiva realizada sobre o mesmo.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.pdf>.


Acesso em: 9 de out. 2014.

2.7  Os aspectos legais da biossegurança

Responsabilidades legais
Quando se trata de segurança e saúde a negligência pode ser a principal causa-
dora de acidentes, provocando grandes danos e até a morte. É necessário atentar
para que o descuido profissional não finde em tragédia. Negligência é a falta de

capítulo 2 • 61
precaução, de diligência, de cuidados no prevenir danos. Para que ocorra o resul-
tado penal, é necessário que haja uma relação de causalidade. Assim o resultado,
que depende da existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
A negligência manifesta-se, via de regra, através da omissão e torna-se pe-
nalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resulta-
do. Os crimes omissos são aqueles em que o agente deixa de fazer algo produ-
zindo dessa forma, incidentes não esperados.
Como exemplo, observamos um caso real ocorrido em ambiente hospitalar.
Num berçário patológico de hospital, onde estavam diversas crianças, ocorreu
uma explosão seguida de incêndio em uma incubadora, cujo ocupante pereceu
carbonizado.
A conclusão de inquérito legal foi: “Homicídio culposo, morte de recém-
nascido por causa de incêndio em berçário de hospital. Manutenção precária
de aparelhagem–responsabilidade de encarregado de manutenção. Negligên-
cia também da atendente de enfermagem. Culpa criminal de ambos caracteri-
zados”.
O encarregado da manutenção dos equipamentos não “examinou e cuidou
com a diligência e atenção necessária da referida aparelhagem, concorrendo,
dessa forma, com a sua negligência, no exercício de suas funções, decisivamen-
te, para que o evento ocorresse”.
O atendente, por sua vez, “negligenciou nos cuidados que deveria manter
com a referida vítima colocada na incubadora sinistrada e era sua obrigação
manter vigilância redobrada e permanente sobre tal aparelho e, além de tudo,
cuidar para que a criança recém-nascida fosse colocada em outra incubadora,
pois existiam outras disponíveis”.
Infelizmente, fatos lamentáveis como o descrito são frequentes e ocupam
constantemente o noticiário. É importantíssimo que os profissionais da saúde
tenham plena consciência das consequências jurídicas e morais advindas da
negligência e do desrespeito às normas de segurança.

Fonte: ANVISA <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.


pdf>. Acesso em: 9 de out. 2014.

62 • capítulo 2
Neste Capítulo, você:
•  Conheceu as Normas Regulamentadoras;

•  Identificou as atribuições e as características dos Serviços Especializa-


dos em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA);

•  Aprendeu a diagnosticar inicialmente a segurança no ambiente hospitalar.

•  Reconheceu a evolução histórica da segurança do trabalho;

•  Identificou os aspectos legais da Biossegurança;

•  Avaliou a negligência no ambiente de trabalho;

•  Reconheceu o dimensionamento de profissionais em um local de trabalho;

•  Aprendeu sobre a segurança em outros países.

ATIVIDADE
1. O que é o SESMT?

2. Quando se deu a origem do conceito de Biossegurança?

REFLEXÃO
Quando se trata de segurança e saúde a negligência pode ser a principal causadora de aci-
dentes, provocando grandes danos e até a morte. É necessário atentar para que o descuido
profissional não finde em tragédia. Negligência é a falta de precaução, de diligência, de
cuidados no prevenir danos.

LEITURA
<http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.pdf>.

capítulo 2 • 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIATION OF OPERATING ROOM NURSES. Standards Recommended Practices.
AORN, Denver, 1995.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. COORDENAÇÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOS-


PITALAR - Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. 2 ed.
Brasília, 1994. 50 p.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. COORDENACÃO NACIONAL DE DST E AIDS. Manual


de condutas - exposição ocupacional a material biológico: hepatite e HIV. Brasília, 1999.

BRASIL, MINISTÈRIO DA SAÙDE.AGÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÀRIA. Manual de preven-


ção e controle de riscos em serviços odontológicos. Brasília, 2006.

CHANG, S.; SPARROW, J.Blue light:is it hazardous to the retina? Vitreorential Surg Technol,
v. 11, n,3, p, 4-9,2002.

COSTA, M. A.; COSTA, M. F. B.; MELO, N. S. F. O. Biossegurança - Ambientes Hospitalares e


Odontológicos. São Paulo: Santos, 2000, 130p.

GRAZIANO, K. U, SILVA, A., BIANCHI, E. R. F. Limpeza, desinfecção, esterilização de artigos


e autosepsia. In: FERNANDES, A. T., FERNANDES, M. O. V., RIBEIRO-FILHO, N. Infecção
hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 266-315.

GUANDALINI, S. L.; MELO, N. S. F. O.; SANTOS, E. C. P. Biossegurança em odontologia.


Curitiba: Odontex, 1999, 161 p.

GUIMARÃES JÚNIOR, J. Biossegurança e controle de infecção cruzada em consultórios


odontológicos. São Paulo: Santos, 2001. 536p.

MARTINS, M. A. Manual de infecção hospitalar: epidemiologia, prevenção, controle. 2 ed. Rio


de Janeiro: Medsi, 2001. 1116 p.

MILLER,C.H.; PALENIK, C.J. Sterilization, disinfection, and asepsis in Dentistry. Cap.39, in:
BLOCK,S.S.4, p.676-695. 17-MOLINARI, J.A. Handwashing and hand care: fundamental
asepsis requirementes. Compendium, v.16, p. 834-5, 1995.

MORIYA T, MÓDENA JLP. Assepsia e antissepsia: técnicas de esterilização. Medicina, Ribei-


rão Preto, v. 41, n. 3, p. 265-73, 2008.

64 • capítulo 2
NASSIF,ACS; TIERI,F.; ANA, P.A; BOTTA SB>; IMPARATTO, JCP. Estruturação de um Banco
de Dentes Humanos. Pesqui Odontol Bras. N 17, suplemento 1 p.70-4, 2003.

SPAULDING E H. Chemical disinfection of medical and surgical materials. In: BLOCK, S S.


Disinfection,sterilization and preservation. Lea Fabiger. Philadelphia. 1968;517-531.

STIERS,C.J.N. et al. Rotinas em controle de infecção hospitalar. Curitiba, Netsul, 1995.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo conheceremos um pouco sobre os profissionais da Saúde e também
sobre os equipamentos de proteção utilizados pelos profissionais no dia a dia de trabalho nas
áreas da Saúde.

capítulo 2 • 65
3
Proteção (individual
e coletiva) e
prevenção de
acidentes
3  Proteção (individual e coletiva) e prevenção
de acidentes

Neste capítulo conversaremos sobre a importância dos Equipamentos de Prote-


ção Individual ou EPIs e da Proteção Coletiva ou EPCs, e como estes, são utili-
zados pelos profissionais contra possíveis riscos ameaçadores à saúde ou segu-
rança durante o exercício de uma determinada atividade. Um equipamento de
proteção pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados de
forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos simultâneos. O uso
desse tipo de equipamentos só deverá ser contemplado quando não for possível
tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desen-
volve a atividade.

OBJETIVOS
• Diagnóstico e prevenção de riscos, Elaboração de mapas de riscos;
• EPIs e EPCs;
• Manuseio, armazenamento e descarte de agentes químicos e biológicos potencial-
mente patogênicos.

REFLEXÃO
No capítulo anterior conversamos sobre a Evolução Histórica da Segurança no Trabalho,
bem como seus aspectos legais e normas regulamentadoras. Aprendemos também sobre o
SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e
a CIPA (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) e como estes podem ser podem
ser instrumentos disponíveis aos trabalhadores e as empresas para tratar da prevenção de
acidentes e das condições do ambiente de trabalho. Esses órgãos protegem a integridade
física do trabalhador e de todos os aspectos que potencialmente podem afetar sua saúde.

68 • capítulo 3
3.1  Reconhecendo os tipos de profissionais da área da saúde

•  Médico
A Medicina é uma palavra derivada do latim e, significa “arte de curar”. Sua
prática é descrita desde antes de Cristo. Entretanto, Hipócrates é considerado
o pai da Medicina. Em 1829, foi fundada, no Brasil, a Academia Nacional de
Medicina, uma instituição que existe até os dias atuais.
Este profissional possui o compromisso de prevenir e curar doenças em hu-
manos ou animais, através de tratamento medicamentoso, cirúrgico e/ou por
meio de orientações. Atuam em hospitais, clínicas, consultórios, empresas,
clubes desportivos, dentre outros.
Existem diversos ramos especializados da Medicina, entre eles, Clínica Mé-
dica, Cirurgia Geral, Dermatologia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia.

•  Enfermeiro
De início, era exercida apenas por mulheres e relacionava-se intimamente
com a maternidade. Começou a estruturar-se, de fato, no século XX, durante a
guerra, devido a assistência fundamental para os combatentes.
Juntamente com o médico são os principais atuantes nos hospitais e clí-
nicas, sendo indispensáveis em todos os setores. O enfermeiro desempenha
diversas funções como prestar primeiros socorros, estoques de materiais, ad-
ministração de medicamentos prescritos pelo médico, coleta os dados, higie-
nização e alimentação dos pacientes.
Atua predominantemente em hospitais, embora estejam presentes nas clí-
nicas, atendimentos domiciliares, centros de saúde, creches, casas de repouso,
prontos-socorros e postos de saúde.
Com relação à Obstetrícia, é dado ao enfermeiro o direito de realizar o “par-
to normal” desde que não haja patologias associadas.
Existem algumas especializações nessa área, dentre elas, Geriatria, Obste-
trícia, Oncologia, Pediatria, Neonatologia, Terapia Intensiva e Dermatologia.

•  Farmacêutico
É uma profissão com tradição milenar, contudo, era realizada de maneira
totalmente empírica. Eles foram denominados de boticários, pois trabalhavam
nas boticas. Apenas com os avanços tecnológicos passou a ter embasamento

capítulo 3 • 69
teórico. Foi somente em 1997 que a Organização Mundial de Saúde divulgou as
qualidades que deveriam possuir os farmacêuticos. São elas:
• Prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de Saúde;
• Tomador de decisões;
• Comunicador;
• Líder;
• Gerente;
• Atualizado permanentemente;
• Educador.

Possuem o compromisso de atuar na cura e manutenção da qualidade de vida


da população. É quem oferece o posicionamento diante do tratamento previa-
mente prescrito; proporciona à sociedade informações quanto à utilização de
medicamentos ou produtos de beleza, objetivando a eficiência de seu uso.
Atuam em indústrias de medicamentos, cosméticos, drogarias, laborató-
rios, hospitais.
Basicamente se especializam em Microbiologia, Bioquímica, Imunologia e
áreas relacionadas.

•  Nutricionista
É o profissional que está capacitado para cuidar da segurança alimentar e
da atenção dietética, por meio de estudos das necessidades dos indivíduos atra-
vés de avaliação, diagnóstico e acompanhamento, visando à manutenção e a
promoção dos pacientes.
Atuam, principalmente, na administração da produção das refeições em
cozinhas industriais, hospitais, bares, restaurantes, academias, clínicas, con-
sultórios, hospitais e centros desportivos.
É válido lembrar que existem ainda os técnicos em Nutrição e Dietética
e os nutrólogos, que são médicos especialistas em Nutrologia. Entretanto, a
grande maioria dos nutricionistas especializa-se em Nutrição Clínica ou Qua-
lidade de Alimentos.

•  Odontólogo
Até o século XIX, quem concretizava as ações eram os cirurgiões e os barbei-
ros, e as atividades se limitavam às extrações e reparações de fístulas dentárias.
É quem cuida da saúde dos dentes, da boca e dos ossos da face. Realiza res-

70 • capítulo 3
taurações, extrações, limpezas, implantes, correções, cirurgias, clareamentos e
orientações domiciliares.
Atuam em hospitais, clínicas, consultórios e instituições de ensino.
Formam-se como cirurgiões, além de especializações nas áreas de Ortodontia,
Endodontia, Periodontia, Implantodontia, Próteses e Estética.

•  Cientistas
Este tópico será abordado de forma ampla, abrangendo os profissionais
que realizam qualquer atividade visando aprimorar conhecimento.
Há muito tempo eram conhecidos como “filósofos naturalistas”, pois Ciên-
cia e Filosofia eram áreas basicamente interligadas.
De maneira generalista, realizam pesquisas com o intuito de esclarecer sis-
temas biológicos, químicos e físicos, estabelecendo embasamento para teorias
empíricas.
Atuam predominantemente em laboratórios, que geralmente são ligados às
universidades (quando se relacionam com pesquisas) e aos hospitais (quando
se relacionam com investigação de patologias).
Sua especialização é extremamente ampla e varia de acordo com a respecti-
va área de atuação.
Independente dos profissionais citados, todos os funcionários envolvidos
neste panorama necessitam de atenção a diversos requisitos, tais como tran-
quilidade e concentração nas atividades realizadas, conhecimentos das tarefas
a serem executadas e adoção de medidas que diminua a sua exposição e a de
terceiros a fatores potencialmente perigosos.
Todas as categorias estão sujeitas a riscos de doenças ocupacionais, tais
como enfermidades infecciosas, ergonômicas, oriundas da exposição à radia-
ção, agentes biológicos, químicos e físicos. Para isso, é necessária uma rotina
rigorosa caso haja contato com os influentes potencialmente perigosos e a no-
tificação do acidente deve ser realizada.

Fonte:<http://estaciodocente.webaula.com.br/Cursos/gon336/docs/a5_3.pdf>.

capítulo 3 • 71
3.2  Prevenção de riscos, elaboração de mapas de riscos.

3.2.1  Precauções padrão ou básicas

Em 1982, mesmo antes da identificação da etiologia da Aids, os CDC (Centers


for Disease Control and Prevention-EUA) recomendaram que os profissionais de
saúde deveriam prevenir o contato direto da pele ou das membranas mucosas
com sangue, secreções, excreções e tecidos de pacientes com suspeita ou diag-
nóstico de Aids baseado nas observações iniciais sugestivas de que a doença
era causada por um agente transmissível. Pela semelhança entre a distribuição
e as formas de transmissão dos vírus da hepatite B e do HIV, as recomendações
para a prevenção de contaminação com o HIV enfatizavam as mesmas precau-
ções antes indicadas a pacientes que eram sabidamente infectados pelo vírus
da hepatite B.
Essas precauções recomendadas, denominadas Precauções contra Sangue
e Fluidos Corporais, incluíam principalmente:
•  A manipulação cuidadosa de Instrumentos perfurocortantes contami-
nados com materiais biológicos, devendo ser utilizado coletor resistente
para descarte desses materiais perfurantes ou cortantes e evitando o re-
encapamento de agulhas, por ser uma causa frequente de acidentes, e a
desconexão da agulha da seringa;
•  O uso de luvas e de capotes (aventais) quando existisse a possibilidade de
contato com sangue, fluidos corporais, excreções e secreções;
•  A lavagem das mãos após a retirada das luvas antes da saída do quarto
dos pacientes e também sempre que houvesse exposição a sangue;
•  A utilização de desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, na limpeza
de áreas com respingos de sangue ou outros materiais biológicos; os cui-
dados específicos no laboratório na manipulação das amostras, como a
necessidade de somente serem utilizadas pipetas mecânicas;
•  O transporte de materiais contaminados em embalagens impermeáveis
e resistentes e a marcação com rótulos e etiquetas, de artigos médico
-hospitalares e de exames colhidos identificando-os como material pro-
veniente de pacientes com Aids.

Recomendações mais detalhadas sobre a prevenção da transmissão do HIV


nos serviços de saúde foram publicadas pelos CDC em 1985, sendo atualiza-
das em 1987 a partir da documentação sobre a possibilidade de transmissão do

72 • capítulo 3
HIV por contato muco-cutâneo com sangue e da constatação de que a infecção
pelo HIV poderia ser desconhecida na maioria dos pacientes com risco de expo-
sição dos profissionais de saúde. Foi com base nessas conclusões que os CDC
implementaram o conceito de “Precauções Universais”.
O termo “Universais” referia-se à necessidade da instituição das medidas de
prevenção na assistência a todo e qualquer paciente, independentemente da
suspeita ou do diagnóstico de infecções que pudessem ser transmitidas, como
a infecção pelo HIV, ao invés de precauções especiais usadas somente quando
esses fluidos orgânicos fossem de pacientes com infecção conhecida por um
patógeno de transmissão sanguínea.
As “Precauções Universais” englobavam alguns conceitos já estipulados nas
recomendações prévias para prevenção da transmissão do HIV no ambiente de
trabalho, como o uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos
de proteção ou protetores faciais) quando o contato muco-cutâneo com sangue
ou outros materiais biológicos pudesse ser previsto. Englobam ainda as pre-
cauções necessárias na manipulação de agulhas ou outros materiais cortantes
para prevenir exposições percutâneas e os cuidados necessários de desinfecção
e esterilização na reutilização de instrumentos de procedimentos invasivos.
Também foram implementadas adaptações das “Precauções Universais”
em outros lugares do mundo, como em países da Europa, Canadá e no Brasil.
Em 1991 também foram publicadas diretrizes similares pela Organização Mun-
dial de Saúde.
Em 1996, os CDC publicaram uma atualização das práticas de controle de
infecção hospitalar englobando a categoria de Isolamento de Substâncias Cor-
porais e as Precauções Universais no conceito de Precauções Básicas ou Precau-
ções Padrão. Esse novo conceito está associado à prevenção do contato com:
todos os fluidos corporais; secreções; excreções; pele não-íntegra; membranas
mucosas de todos os pacientes ao contrário das “Precauções Universais”, que
eram associadas somente aos fluidos corporais que pudessem transmitir o HIV
e outros patógenos de transmissão sanguínea.
Alguns trabalhos publicados demonstram que a frequência de exposição a
sangue foi reduzida em mais de 50% quando os esforços foram direcionados na
motivação para cumprimento das normas de Precauções Universais. Entretan-
to, nenhuma dessas medidas de comportamento alcançou de forma consisten-
te uma redução satisfatória na frequência de exposições percutâneas.
Por esse motivo, outras intervenções têm sido enfatizadas para prevenir o
contato com sangue e outros materiais biológicos. Entre elas: a implementação

capítulo 3 • 73
de ações administrativas; as medidas de controles de engenharia para melho-
rar a segurança das agulhas para os profissionais de saúde; as mudanças nas
práticas de trabalho visando à implementação e ao desenvolvimento de uma
política específica da revisão de procedimentos e treinamento dos profissio-
nais; e a adequação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Fonte: Risco bilógico.org <http://www.riscobiologico.org/pagina_basica.asp?id_pagina=299>.


Acesso em: 11 de out. 2014.

3.2.2  Riscos biológicos e profissionais de saúde

Historicamente, os profissionais de saúde não eram considerados como cate-


goria profissional de alto risco para acidentes de trabalho.
A preocupação com riscos biológicos surgiu a partir da constatação dos
agravos à saúde dos profissionais que exerciam atividades em laboratórios
onde se dava a manipulação com microrganismos e material clínico desde o
início dos anos 40.
Para profissionais que atuam na área clínica, entretanto, somente a partir
da epidemia da Aids nos anos 80, as normas para as questões de segurança no
ambiente de trabalho foram melhor estabelecidas.
A definição dos profissionais e dos trabalhadores que devem ser conside-
rados como parte integrante do setor saúde, e, portanto, expostos ao risco de
contaminação ocupacional é bastante complexa. Essa definição, no entanto, é
necessária para que se calculem algumas taxas de exposição que envolvam as
categorias profissionais específicas.
Alguns autores conceituam como trabalhadores de saúde todos aqueles que
se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, no inte-
rior dos estabelecimentos de saúde ou em atividades de saúde, podendo deter
ou não formação específica para o desempenho de funções referentes ao setor.
O vínculo de trabalho no setor de atividade de saúde, independentemente da
formação profissional ou da capacitação do indivíduo, é o mais importante na
definição de trabalhador de saúde.

Fonte: Risco bilógico.org <http://www.riscobiologico.org/pagina_basica.asp?id_


pagina=299>. Acesso em: 11 de out. 2014.

74 • capítulo 3
CONCEITO
Profissionais de saúde são todos aqueles que detêm formação profissional específica ou
capacitação prática ou acadêmica para o desempenho de atividades ligadas diretamente ao
cuidado ou às ações de saúde, independentemente de trabalharem ou não nas atividades
de saúde.

A maioria dos dados disponíveis sobre o total da força de trabalho da área


de saúde no Brasil provém dos censos demográficos nacionais de registros ad-
ministrativos do Ministério do Trabalho, como a Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), e
dos Conselhos Federais de Medicina, Enfermagem e Odontologia.
Virtualmente, qualquer categoria profissional pode estar sob-risco. Além
disso, visitantes e outros profissionais que estejam ocasionalmente nos servi-
ços de saúde também podem sofrer exposições a material biológico.
O número de contatos com sangue, incluindo exposições Peri-cutâneas e mu-
co-cutâneas, varia conforme as diferentes categorias profissionais.
As atividades realizadas pelo profissional e os setores de atuação dentro dos
serviços de saúde incluem:
•  Profissionais de saúde da área cirúrgica;
•  Odontólogos;
•  Paramédicos;
•  Profissionais de setores de atendimento de emergência.

São descritos como profissionais de alto risco de exposição a material bioló-


gico. A probabilidade de ocorrer a exposição é grande entre estudantes ou esta-
giários e entre profissionais em fase de treinamento já que não há treinamen-
tos adequados nos cursos de formação técnica ou profissional sobre as formas
de prevenção às exposições a material biológico.
Conforme as estatísticas observadas, a equipe de enfermagem é uma das prin-
cipais categorias profissionais sujeitos a exposições a material biológico. Esse
número elevado de exposições relaciona-se com o fato de o grupo ser o maior
nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência aos pacientes e tam-
bém ao tipo e à frequência de procedimentos realizados por seus profissionais.
A frequência de exposições é maior entre atendentes, auxiliares e técnicos de en-
fermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior.

capítulo 3 • 75
Os riscos de exposição entre médicos variam conforme as diferentes espe-
cialidades. Entre médicos de enfermarias clínicas, o número estimado de expo-
sições pode variar de 0,5 a 3,0 exposições percutâneas e 0,5 a 7,0 mucocutâneas
por profissional-ano. Entre os médicos cirurgiões, são estimados 80 a 135 con-
tatos com sangue por ano, sendo 8 a 15 exposições percutâneas. Considerando-
se que um cirurgião realiza entre 300 e 500 procedimentos por ano, estima-se
que este profissional será vítima de 6 a 10 exposições percutâneas por ano.
Os odontólogos também são uma categoria profissional com grande risco
de exposição a material biológico. Os estudos mostram que a maioria dos den-
tistas (quase 85%) tem pelo menos uma exposição percutânea a cada período
de cinco anos.
A maioria dos casos de contaminação pelo HIV em todo o mundo por aci-
dente de trabalho, mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis,
envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais da área de labora-
tório. Profissionais de laboratórios clínicos são responsáveis por grande parte
dos procedimentos que envolvem material perfurocortante nos serviços de saú-
de. O número de profissionais de laboratório infectados pelo HIV, entretanto,
é desproporcional ao número de indivíduos na força de trabalho. Nos EUA, por
exemplo, os flebotomistas correspondem a menos do que 1/20 do número de
profissionais das equipes de enfermagem. Outras categorias profissionais co-
muns contaminadas pelo HIV foram médicos clínicos, incluindo estudantes de
medicina, responsáveis por 12% e 10% dos casos comprovados e prováveis, res-
pectivamente, e médicos cirurgiões e dentistas, responsáveis por 12% dos casos
prováveis de contaminação, mas por menos de que 1% dos casos comprovados.

Fonte: Portal Educação http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/38875.


Acesso em: 13 de out. 2014.

3.2.3  Riscos no ambiente hospitalar

Além das preocupações com riscos de contaminação existentes, é importante in-


ventariar os riscos decorrentes do ambiente hospitalar de forma objetiva e racio-
nal. Para tanto, é preciso ressaltar algumas definições de termos que servirão de
base para indicarmos e conhecermos os riscos existentes no ambiente hospitalar.

76 • capítulo 3
3.2.4  Mapas de risco

Os riscos estão presentes nos locais de trabalho e em todas as demais ativida-


des humanas, comprometendo a segurança das pessoas e a produtividade da
empresa. Esses riscos podem afetar o trabalhador a curto, médio e longo prazo,
provocando acidentes com lesões imediatas e/ou doenças chamadas profissio-
nais ou do trabalho, que se equiparam a acidentes de trabalho.

ATENÇÃO
“Risco é uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar da-
nos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos e
instalações, danos ao meio ambiente, perda de material em processo, ou redução da capa-
cidade de produção”

Para fazer o mapa de riscos, consideram-se os riscos ambientais prove-


nientes de:
•  Riscos Físicos: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, pres-
sões anormais, temperaturas extremas, iluminação deficiente, umidade, etc.
•  Riscos Químicos: poeiras, fumos névoas, vapores, gases, produtos quí-
micos em geral, neblina, etc.
•  Riscos Biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos, parasi-
tas, insetos, cobras, aranhas, etc.
•  Riscos Ergonômicos: trabalho físico pesado, posturas incorretas, treina-
mento inadequado/inexistente, trabalhos em turnos, trabalho noturno,
atenção e responsabilidade, monotonia, ritmo excessivo, etc.
•  Riscos de Acidentes: arranjo físico inadequado, máquinas e equipamen-
tos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação
inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, arma-
zenamento inadequado, animais peçonhentos, outras situações de risco
que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local


de trabalho não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde.
Isso depende da combinação de muitas condições como a natureza do produ-
to, a sua concentração, o tempo e a intensidade que a pessoa fica exposta a eles,
por exemplo.

capítulo 3 • 77
Abaixo, segue a tabela de classificação dos principais riscos ocupacionais em
grupos, de acordo com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes:

COR DE
GRUPO RISCOS DESCRIÇÃO
IDENTIFICAÇÃO

Ruído, calor, frio, pressões, umidade,


1 Físicos Verde radiações ionizantes e não ionizan-
tes e vibrações.

Poeiras, fumo, gases, vapores, névo-


2 Químicos Vermelho as, neblinas e substâncias compos-
tas ou produtos químicos em geral.

Fungos, vírus, parasitas, bactérias,


3 Biológicos Marrom
protozoários e bacilos.

Esforço físico intenso, levantamento e


transporte manual de peso, exigência
de postura inadequada, controle rígido
de produtividade, imposição de ritmos
Ergonômi-
4 Amarelo excessivos, trabalho em turno e notur-
cos
no, jornadas de trabalho prolongadas,
monotonia e repetitividade e outras
situações causadoras de stress físico
e/ou psíquico.

Arranjo físico inadequado, iluminação


inadequada, probabilidade de incên-
dio e explosão, eletricidade, máquinas
5 Acidentes Azul
e equipamentos sem proteção, arma-
zenamento inadequado, quedas e ani-
mais peçonhentos.

Fonte: Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – FMRP <http://cipa.fmrp.usp.br/Html/


MapaRisco.htm>. acesso em: 15 de out. 2014.

78 • capítulo 3
O Mapa de Risco é feito tendo como base a planta baixa ou esbo-
ço do local de trabalho, e os riscos serão definidos pelos diâmetros dos
círculos:

Pequeno Médio Grande

Fonte: Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – FMRP <http://cipa.fmrp.usp.


br/Html/MapaRisco.htm>. Acesso em: 15 de out. 2014.

3.3  Áreas de risco no ambiente hospitalar.

Como sabemos os hospitais possuem áreas nas quais estamos mais expostos
ao risco biológico e áreas onde este risco não está presente.
A importância em conhecer quais são estas áreas é necessária, porque circu-
lamos constantemente pelo ambiente hospitalar, logo, devemos saber em que
tipo de área transitamos ou permanecemos, visando não só nos precaver, como
também evitar a propagação de infecções.

CONEXÃO
Para um melhor aprofundamento sobre Prevenção de riscos, Elaboração de mapas de riscos
podemos acessar o material <http://www.proac.uff.br/biosseguranca/sites/default/files/
NUCLEO_BIOSSEGURANC7A_HOSPITALAR.pdf>

Segundo a ANVISA as áreas hospitalares críticas, semicríticas e não críticas


seguem a seguinte definição:

Área crítica
Área na qual existe um risco maior de desenvolvimento de infecções relaciona-
das à assistência, seja pela execução de processos envolvendo artigos críticos
ou material biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre-
sença de pacientes com suscetibilidade aumentada aos agentes infecciosos ou
portadores de patógenos de importância epidemiológica.

capítulo 3 • 79
Exemplos de áreas críticas:
•  CME – Central de Material Esterilizado;
•  UTI;
•  Lavanderia hospitalar;
•  Salas cirúrgicas;
•  Unidades de isolamento;
•  Bancos de sangue;
•  Unidades de Hemodiálise.

Área Semicrítica
Área de moderado a baixo risco para infecções relacionadas à assistência seja
pela execução de processos envolvendo artigos semicríticos, ou pela realização de
atividades assistenciais não invasivas em pacientes não críticos e que não apre-
sentam infecção ou colonização por patógenos de importância epidemiológica.

São exemplos de áreas semicríticas:


•  Consultórios;
•  Enfermarias e apartamentos;
•  Área limpa da lavanderia hospitalar.

Área não crítica


Área na qual o risco de desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência
é mínimo ou inexistente seja pela não realização de atividades assistenciais, ou
pela ausência de processos envolvendo artigos críticos e semicríticos, exceto
quando devidamente embalados e protegidos.
Exemplos de áreas não críticas:
•  Áreas administrativas do hospital;
•  Corredores;
•  Elevadores;
•  Almoxarifado.

Fonte: Portal Educação. < http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/


artigos/24378/classificacao-das-areas-fisicas-hospitalares#ixzz3H2NEnGQU>. Acesso
em: 15 out. 2014.

80 • capítulo 3
3.4  Boas práticas em higiene hospitalar e técnicas corretas de
limpeza

Desinfecção diária - hipoclorito de sódio a 1% e água e sabão. Desinfecção se-


manal - associação de fenóis sintéticos.
Áreas contaminadas - superfícies que entram em contato direto com maté-
ria orgânica (sangue, secreções ou excreções), independentemente de sua lo-
calização. Exigem desinfecção, com remoção da matéria orgânica, e limpeza,
com água e sabão.

3.4.1  Conceitos básicos sobre assepsia, antissepsia e técnicas de esterilização

•  Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a pene-


tração de microorganismos num ambiente que logicamente não os tem,
logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.

•  Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimen-


to de microorganismos ou removê-los de um determinado ambiente,
podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou de-
sinfetantes. É a destruição de micro-organismos existentes nas camadas
superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente
germicida de baixa causticidade, hipoalergênico e passível de ser aplica-
do em tecido vivo.

•  Degermação: Significa a diminuição do número de microorganismos


patogênicos ou não, após a escovação da pele com água e sabão. É a re-
moção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e deter-
gentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação, penetração,
emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a maior parte da
flora microbiana existente nas camadas superficiais da pele, também
chamada flora transitória, mas não conseguem remover aquela que co-
loniza as camadas mais profundas ou flora residente.

•  Desinfecção: é o processo pelo qual se destroem particularmente os ger-


mes patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvi-
mento. Os esporos não são necessariamente destruídos.

capítulo 3 • 81
•  Esterilização: é processo de destruição de todas as formas de vida micro-
biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus)
mediante a aplicação de agentes físicos e ou químicos, Toda esteriliza-
ção deve ser precedida de lavagem e enxaguadura do artigo para remoção
de detritos.

•  Esterilizantes: são meios físicos (calor, filtração, radiações, etc) capazes


de matar os esporos e a forma vegetativa, isto é, destruir todas as formas
microscópicas de vida.

•  Esterilização: o conceito de esterilização é absoluto. O material é esterili-


zado ou é contaminado, não existe meio termo.

•  Germicidas: são meios químicos utilizados para destruir todas as formas


microscópicas de vida e são designados pelos sufixos “cida” ou “lise”,
como por exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacteriólise etc.

Na rotina, os termos antissépticos, desinfetantes e germicidas são emprega-


dos como sinônimos, fazendo que não haja diferenças absolutas entre desinfe-
tantes e antissépticos. Entretanto, caracterizamos como antisséptico quando
a empregamos em tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em objetos
inanimados (MORIYA; MÓDENA, 2008).

82 • capítulo 3
3.4.2  Apresentação pessoal dos trabalhadores junto às Normas Institucionais

Proteção da Equipe De Saúde


Medidas de precauções universais ou medidas padrão representam um con-
junto de medidas de controle de infecção para serem adotadas universalmente
como forma eficaz de redução do risco ocupacional e de transmissão de mi-
crorganismos nos serviços de saúde.
As Precauções Universais incluem:
a) uso de barreiras ou equipamentos de proteção individual;
b) prevenção da exposição a sangue e fluidos corpóreos;
c) prevenção de acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes;
d) manejo adequado dos acidentes de trabalho que envolva a exposição a
sangue e fluidos orgânicos;
e) manejo adequado de procedimentos de descontaminação e do destino
de dejetos e resíduos nos serviços de saúde. (MARTINS, 2001).

Barreiras de proteção pessoal, também chamadas de EPI – Equipamento


de Proteção Individual são métodos físicos que interrompem as rotas de con-
taminação, quebrando o ciclo que poderia ser estabelecido. As barreiras de
proteção pessoal devem ser utilizadas rigorosamente dentro das clínicas, tanto
por alunos operadores como por seus auxiliares, professores e funcionários.
(STEFANI et al., 2002).

ATENÇÃO
A imunização é indispensável para completar as barreiras de proteção pessoal. Todas as pes-
soas expostas à contaminação (profissionais, alunos e funcionários) devem ser vacinadas con-
tra Hepatite B (Obrigatória!!!), tuberculose (BCG), tétano e difteria, sarampo e rubéola. O ideal
é que alunos se imunizem no 4º semestre, antes do início das atividades clínicas.

3.4.2.1  Luvas
Sempre que houver possibilidade de contato com sangue, saliva contaminada
por sangue, contato com a mucosa ou com superfície contaminada, o profissio-
nal deve utilizar luvas.

capítulo 3 • 83
•  Antes do atendimento de cada paciente, o profissional deve lavar suas
mãos e colocar novas luvas; após o tratamento de cada paciente, ou an-
tes, de deixar a clínica, o profissional deve remover e descartar as luvas e
lavar as mãos.
•  Tanto as luvas para procedimento como as luvas cirúrgicas não devem
ser lavadas antes do uso, nem lavadas, desinfetadas ou esterilizadas
para reutilização.
•  As luvas de látex para exame não foram formuladas para resistir à expo-
sição prolongada às secreções, podendo ficar comprometidas durante
procedimentos de longa duração.

Normas na utilização das luvas


•  As luvas NÃO devem ser utilizadas fora das áreas de tratamento.
•  As luvas devem ser trocadas entre os tratamentos de diferentes pacientes.
•  A parte externa das luvas não deve ser tocada na sua remoção.
•  As luvas devem ser checadas quanto à presença de rasgos ou furos antes
e depois de colocadas, devendo ser trocadas, caso isso ocorra.
•  Se as luvas se esgarçarem ou rasgarem durante o tratamento de um pa-
ciente, devem ser removidas e eliminadas, lavando-se as mãos antes de
reenluvá-las.
•  Se ocorrerem acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes, as luvas
devem ser removidas e eliminadas, as mãos devem ser lavadas e o aci-
dente comunicado.
•  Superfícies ou objetos fora do campo operatório não podem ser tocados
por luvas usadas no tratamento do paciente. Recomenda-se a utilização de
sobre-luvas ou pinças esterilizadas.
•  Em procedimentos cirúrgicos demorados ou com sangramento intenso,
está indicado o uso de dois pares de luvas.
•  Luvas usadas não devem ser lavadas ou reutilizadas.

Técnica para a colocação das luvas esterilizadas


•  Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície lisa, abrindo-o sem conta-
miná-lo. Expor as luvas de modo que os punhos fiquem voltados para si.
•  Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita, pela dobra do punho. Le-
vantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os dedos da luva para baixo.
Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a dobra do punho.

84 • capítulo 3
•  Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada sob a dobra do punho
da luva direita (D). Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a dobra até
cobrir o punho da manga do avental.
•  Ajustar os dedos de ambas as mãos.
•  Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo lado externo do pu-
nho, e a segunda pelo lado interno.

3.4.2.2  Máscaras
Durante o tratamento de qualquer paciente, deve ser usada máscara na face
para proteger as mucosas nasais e bucais da exposição ao sangue e saliva. A
máscara deverá ser descartável e apresentar camada dupla ou tripla, para filtra-
ção eficiente.

Normas para a utilização


•  As máscaras devem ser colocadas após o gorro e antes dos óculos de pro-
teção.
•  As máscaras devem adaptar-se confortavelmente à face, sem tocar lábios
e narinas.
•  Não devem ser ajustadas ou tocadas durante os procedimentos.
•  Devem ser trocadas entre os pacientes e sempre que se tornarem úmidas,
quando dos procedimentos geradores de aerossóis ou respingos, o que di-
minui sua eficiência.
•  Não devem ser usadas fora da área de atendimento, nem ficar penduradas
no pescoço.
•  Devem ser descartadas após o uso.
•  As máscaras devem ser removidas enquanto o profissional estiver com lu-
vas. Nunca com as mãos nuas.
•  Para sua remoção, as máscaras devem ser manuseadas o mínimo possível
e somente pelos bordos ou cordéis, tendo em vista a pesada contaminação.
•  O uso de protetores faciais de plástico não exclui a necessidade da utiliza-
ção das máscaras.
•  Máscaras e óculos de proteção não são necessários no contato social, to-
mada da história clínica, medição da pressão arterial ou procedimentos
semelhantes.

capítulo 3 • 85
3.4.2.3  Óculos de proteção
Normas para a utilização
•  Óculos de proteção com vedação lateral ou protetores faciais de plástico,
devem ser usados durante o tratamento de qualquer paciente, para prote-
ção ocular contra acidentes ocupacionais (partículas advindas de restaura-
ções, placa dentária, polimento) e contaminação proveniente de aerossóis
ou respingos de sangue e saliva.
•  Os óculos de proteção também devem ser usados quando necessário no
laboratório, na desinfecção de superfícies e manipulação de instrumentos
na área de lavagem.
•  Óculos e protetores faciais não devem ser utilizados fora da área de trabalho.
•  Devem ser lavados e desinfetados quando apresentarem sujidade

3.4.2.4  Batas ou jalecos


Sempre que houver possibilidade de sujar as roupas com sangue ou outros flui-
dos orgânicos, devem ser utilizadas vestes de proteção, como batas (reutilizá-
veis ou descartáveis), ou aventais para laboratório sobre elas.
Normas para a utilização
•  A bata fechada, com colarinho alto e mangas longas é a que oferece a
maior proteção.
•  As batas devem ser trocadas pelo menos diariamente, ou sempre que con-
taminados por fluidos corpóreos.
•  As batas utilizadas devem ser retiradas na própria clínica e, com cuidado,
colocados em sacos de plástico, para o procedimento posterior (limpeza
ou descarte). Com essa atitude, evita-se a veiculação de microrganismos
da clínica para outros ambientes, inclusive o doméstico.

3.4.2.5  Gorros
Os cabelos devem ser protegidos da contaminação através de aerossóis e gotí-
culas de sangue e saliva, principalmente quando de procedimentos cirúrgicos,
com a utilização de gorros descartáveis, que devem ser trocados quando houver
sujidade visível

86 • capítulo 3
3.4.3  Aprender sobre a higienização das mãos

Lavagem e cuidado das mãos


A lavagem de mãos é obrigatória para todos os componentes da equipe de saú-
de. O lavatório deve contar com:
a) Dispositivo que dispense o contato de mãos quando do fechamento da água;
b) Toalhas de papel descartáveis ou compressas estéreis;
c) Sabonete líquido antimicrobiano;

Nenhuma outra medida de higiene pessoal tem impacto tão positivo na


eliminação da infecção cruzada na clínica odontológica quanto à lavagem das
mãos. A lavagem simples das mãos, ou lavagem básica das mãos, que consis-
te na fricção com água e sabão, é o processo que tem por finalidade remover
a sujidade e a microbiota transitória (constituída por contaminantes recentes
adquiridos do ambiente e que ficam na pele por períodos limitados).

A lavagem das mãos deve ser realizada:


•  No início do dia;
•  Antes e após o atendimento do paciente;
•  Antes de calçar as luvas e após removê-las;
•  Após tocar qualquer instrumento ou superfície contaminada;
•  Antes e após utilizar o banheiro;
•  Após tossir, espirrar ou assoar o nariz;
•  Ao término do dia de trabalho.

Técnica para lavagem das mãos


1.  Remover anéis, alianças, pulseiras e relógio;
2.  Umedecer as mãos e pulsos em água corrente;
3.  Dispensar sabão líquido suficiente para cobrir mãos e pulsos;
4.  Ensaboar as mãos. Limpar sob as unhas;
5.  Esfregar o sabão em todas as áreas, com ênfase particular nas áreas ao
redor das unhas e entre os dedos, por um mínimo de 15 segundos antes
de enxaguar com água fria.
6.  Obedecer à seguinte sequência: palmas das mãos; dorso das mãos; es-
paços entre os dedos; polegar; articulações; unhas e pontas dos dedos
e punhos.

capítulo 3 • 87
7.  Repetir o passo anterior;
8.  Secar completamente, utilizando toalhas de papel descartáveis.

Antissepsia das mãos


É o processo utilizado para destruir ou remover microrganismos das mãos,
utilizando antissépticos. Realizada antes de procedimentos cirúrgicos e de pro-
cedimentos de risco.
Soluções utilizadas:
•  Solução de digluconato de clorexidina a 2 ou 4% com detergente;
•  Solução de PVPI 10%, com 1% de iodo livre, com detergente;
•  Solução de álcool etílico 77% (v/v), contendo 2% de glicerina

Fonte: MANUAL DE BIOSSEGURANÇA 2000. <http://143.107.25.4/adm/comissoes/bioseg/


cap09.htm>. Acesso em: 17 de out. 2014.(Stiers et al., 1995, p. 12; Guandalini, 1999, p. 161)

Neste Capítulo, você:


•  Reconheceu os perfis de alguns profissionais da área da Saúde;
•  Identificou a Biossegurança em alguns departamentos de um hospital;
•  Aprendeu sobre a Biossegurança em diversos departamentos como hos-
pitais, clínicas, consultórios e empresas.
•  Verificou as boas práticas em higiene hospitalar e técnicas corretas de
limpeza;
•  Conheceu como realizar corretamente a desinfecção do ambiente, bem
como os produtos corretos a serem utilizados;
•  Aprendeu sobre a higienização das mãos;
•  Identificou como deve ser a apresentação pessoal dos trabalhadores jun-
to às normas institucionais.

ATIVIDADE
1. Onde atuam os Médicos e Enfermeiros?

2. O que são “Precauções Universais”?

88 • capítulo 3
REFLEXÃO
As “Precauções Universais” englobam alguns conceitos já no ambiente de trabalho, como
o uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de proteção ou protetores
faciais) para evitar o contato muco-cutâneo com sangue ou outros materiais biológicos. En-
globam ainda as precauções necessárias na manipulação de agulhas ou outros materiais
cortantes para prevenir exposições percutâneas e os cuidados necessários de desinfecção
e esterilização na reutilização de instrumentos de procedimentos invasivos.

LEITURA
Biossegurança e os organismos genéticamente modificados - OGMs
Os OGMs foram desenvolvidos a partir do avanço da engenharia genética, através da técnica
de DNA recombinante. Esta técnica possibilita o isolamento de um gene de um dado orga-
nismo e sua transferência para outro organismo, transpondo barreiras de cruzamento entre
as diversas espécies de organismos. O resultado é um indivíduo semelhante ao utilizado
para receber a molécula de DNA recombinante, porém acrescido de uma nova característica
genética, proveniente de outro, que não é da mesma espécie. Esse indivíduo é chamado
transgênico (AZEVEDO et al., 2000, p. 451). A criação de OGMs deu origem a discussões
científicas, éticas, econômicas e políticas (NODARI; GUERRA, 2003, p. 3).
A técnica de transgenia pode contribuir de forma significativa para o melhoramento ge-
nético de plantas, visando à produção de alimentos, fármacos e outros produtos industriais.
No entanto, o cultivo de plantas transgênicas e seu consumo requerem análises de risco
(NODARI; GUERRA, 2003, p. 3).
O principal aspecto considerado na avaliação dos riscos dos transgênicos são os possí-
veis efeitos, sobre outros organismos, da característica introduzida no OGM, principalmente
quando a característica está relacionada com a produção de uma nova proteína como, por
exemplo, as proteínas Bt (codificadas pelos genes cry1Ab e cry1Ac de Bacillus thuringien-
sis) (KNAAK, FIUZA, 2006, p. 28). Esta proteína já é usada no controle biológico por ser
nociva às pragas de lavouras e tem sido induzida a sua produção em cultivares de milho, o
chamado Milho Bt. A preocupação em relação à produção desta proteína por espécies trans-
gênicas é em relação ao prejuízo aos insetos não-alvos, quando em contato com estas va-
riedades por tempo prolongado. Os principais benefícios obtidos com o uso de transgênicos
na agricultura são o aumento da produtividade e da qualidade nutricional, além da redução
dos custos de produção. Os riscos são relacionados ao aumento da capacidade invasora das

capítulo 3 • 89
plantas daninhas, aos efeitos nocivos sobre insetos não-alvo e à segurança alimentar. Acredi-
ta-se, no entanto, que no balanço risco-benefício os riscos sejam controláveis e os benefícios
sejam maiores (BORÉM, 2001, p. 10).
Um exemplo importante de ameaça relacionada aos OGMs decorre de sua liberação no
meio ambiente e a possível transferência do novo gene inserido, chamado transgene, e sua
expressão em outras espécies. A adição de um novo genótipo numa comunidade de plantas
pode proporcionar vários efeitos indesejáveis, como o deslocamento ou eliminação de espé-
cies não domesticadas, a exposição de espécies a novos patógenos ou agentes tóxicos, a
erosão da diversidade genética e a interrupção da reciclagem de nutrientes e energia (NO-
DARI; GUERRA, 1999, p. 4).
A ameaça à espécie humana está relacionada ao consumo de alimentos oriundos de
plantas transgênicas. As consequências podem ir desde manifestações de hipersensibilida-
de alérgica a reações metabólicas anormais. Um exemplo específico de risco é o fato de a
maioria das plantas transgênicas de primeira geração conter genes de resistência a antibi-
óticos. Pode ocorrer de tais genes serem transferidos para bactérias humanas, que poderão
adquirir a característica de resistência ao antibiótico (NODARI; GUERRA , 1999, p. 4).
No Brasil, OGM é considerado por lei o organismo cujo material genético tenha sido
modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Esta última é definida como ativi-
dade de manipulação de moléculas de RNA e DNA recombinantes. Segundo o anexo I da
Lei 8.974 (BRASIL, 1995, p. 12), os OGMs são classificados em Grupo I e Grupo II, sendo
determinadas as seguintes características para cada grupo:

Grupo I
• Receptor ou parental: não patogênico, não apresenta agentes adventícios, histórico de
utilização segura, sobrevivência e multiplicação limitadas, sem efeitos negativos para o
meio ambiente.
• Vetor/inserto: deve ser caracterizado quanto a todos os aspectos, sendo principais os
aspectos que representem riscos ao homem e ao meio ambiente. Deve ser desprovido
de sequências genéticas nocivas, ter tamanho limitado, não deve incrementar a estabili-
dade do organismo modificado no meio ambiente, deve ser pouco mobilizável, não deve
transmitir nenhum marcador de resistência a organismos.
• Micro-organismo Geneticamente Modificado: não deve ser patogênico, deve oferecer
a mesma segurança que o organismo receptor ou parental, pode ser composto por
sequências genéticas de diferentes espécies que troquem tais sequências mediante
processos fisiológicos conhecidos.

90 • capítulo 3
Grupo II
Fazem parte deste grupo os OGMs resultantes de organismo receptor ou parental classificado
como patogênico para o homem e animais, como agentes incluídos nas classes de risco 2, 3, 4
ou classe de risco especial. De acordo com a Instrução Normativa nº 1 da CTNBio, toda entida-
de que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética deverá criar uma Comissão Interna
de Biossegurança (CIBio), com as atribuições de promoção de programas de educação, cria-
ção de programas de prevenção e inspeções, registro e notificação de projetos, investigação de
acidentes e tudo o que se diz respeito ao cumprimento da regulamentação de biossegurança
(Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, 2006).
Atualmente, no Brasil, 292 instituições ligadas às áreas de pesquisa humana e animal
possuem o Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB), sendo credenciadas a tra-
balhar com produtos transgênicos; isto representa uma rede de competências consolidada
na área de Biotecnologia de OGM’s. Os produtos ou espécies agrícolas objetos de pesquisa
transgênica no país são: milho, soja, algodão, fumo, batata, feijão, eucalipto, mamão, estilo-
sante, braquiária, cana-de-açúcar, alface, cenoura, trevo, jurubeba roxa, milheto, pimentão, ci-
tros, maracujá, crisântemo, tomate, berinjela, alfavaca, alho, abóboras, entre outros (Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança Comissão , 2002; 2009).
Para que haja a liberação no ambiente de um OGM é necessário que se cumpram as exi-
gências preconizadas pela CTNBio. O questionário técnico a ser respondido é composto por
questões acerca do tipo de OGM a ser liberado. Entre as questões pode-se citar: a origem do
DNA inserido e habitat e ecologia do organismo. São exigidas também informações sobre o
mapa genético da construção, caracterização da modificação genética, dados sobre estabi-
lidade do organismo e mecanismos de fluxo gênico (MONQUERO, 2005). A CTNBio exige
ainda informações sobre plantas, micro-organismos que vivem associados a este OGM, mi-
cro-organismos utilizados como vacina de uso veterinário, micro-organismos que modificam
propriedades do solo, entre outras. Somente após a analise dessas informações e dados téc-
nicos pela CTNBio é que o OGM poderá ou não ser liberado no ambiente (BRASIL , 2000).

Conclusão
A biotecnologia e seus avanços, além de suas colaborações nas diversas áreas como a me-
dicina, a agricultura e a economia, inclui a presença de riscos. A existência de tais riscos
indica a necessidade de haver normas de segurança destinadas à análise e desenvolvimento
de estratégias para minimizá-los, principal função da biossegurança. A biossegurança se faz
importante tanto no controle dos riscos ocupacionais quanto no controle dos riscos de prejuízo
ambiental provenientes das novas tecnologias científicas. Para que as ações de biossegu-
rança sejam efetivas é necessário que todos os envolvidos em atividades de risco estejam

capítulo 3 • 91
devidamente informados acerca das diretrizes atuais, bem como aptos a colocá-las em prática
de maneira correta. No entanto, é preciso ressaltar que o fato de haver manuais e normas de
biossegurança não implicam no afastamento total dos riscos. Segundo Almeida; Valle (1999,
p. 200), um acidente envolvendo técnicas de engenharia genética, por exemplo, poderá ocor-
rer e, como em toda análise previsionista prudente, não se pode prever quando nem em que
intensidade. Com o objetivo de tornar acessível a toda a sociedade as informações relativas
ao desenvolvimento científico e suas implicações, é importante que sejam discutidos aspectos
não só relativos à biossegurança, mas também relacionados à ética, sociedade, política e reli-
gião, que poderiam ser debatidos por diferentes representantes da sociedade.

Fonte: Biologico <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/v77_3/penna.pdf>. Acesso


em: 2 de out. de 2014
.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, J.L.T.; VALLE, S. Biossegurança no ano 2010: o futuro em nossas mãos? Bioética,
v.7, n.2, p.199-203, 1999.

AZEVEDO, J.L.; FUNGARO, M.H.P.; VIEIRA, M.L.C. Transgênicos e evolução dirigida. História,
Ciências, Saúde-Manguinhos, v.7, n.2, p.451-464, 2000.

BORÉM, A. Escape genico & transgenicos. Rio Branco: Suprema, 2001.

BRASIL. Lei no8974, de 5 de janeiro de 1995. “Regulamenta os incisos II e V do parágrafo


1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de en-
genharia genética e liberação no meio ambiente de Organismos Geneticamente Modifica-
dos, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República, a Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança, e dá outras providências”. Diário Oficial [da] Republica
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jan. 1995.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Biossegurança CTNBio, Transgênicos. 2000.


Disponível em: <http://www.mct.org.br>.

COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). CIBio. 2006 Disponível


em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/143.html>.

COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). Relatório Anual da CT-


NBio 2002. Disponível em:<http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/1146.html>.

92 • capítulo 3
COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (Brasil). Relatório Anual da CTN-
Bio 2009. Disponível em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/14606.html>.

KNAAK, N.; FIUZA, L. M.. Genes cry1Ab e cry1Ac de Bacillus thuringiensis e proteínas com
potencial na agrobiotecnologia. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v. 9, p. 26-31,
2006.

MONQUERO, P.A. Plantas transgênicas resistentes aos herbicidas: situação e perspectivas.


Bragantia, v.64, n.4, p.517-531, 2005.

NODARI, R. O.; GUERRA, M.P. Plantas Transgênicas: avaliação e biossegurança. In: SEMINÁ-
RIO ESTADUAL DE BIOTECNOLOGIA E PRODUTOS TRANSGÊNICOS, 1999, Santa Maria,
RS. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1999. v. único, p.1-10.

NODARI, R.O.; GUERRA, M.P. Plantas transgênicas e seus produtos: impactos, riscos e se-
gurança alimentar (biossegurança de plantas transgênicas). Revista de Nutrição, v.16, n.1,
p.105-116, 2003.

CIÊNCIAS ,SAÚDE -MANGUNHOS,03(03):485-504.

COSTA,M.F. BIOSSEGURANÇA. SEGURANÇA QUÍMICA BÁSICA EM BIOTECNOLOGIA E


AMBIENTES HOSPITALARES. S. Paulo. Santos Ed.,1996.1 ed.

FREITAS, C.M. & GOMEZ,C.M.. Análise de Riscos Tecnológicos na Perspectiva das Ciências
Sociais . HISTÓRIA, 1997.

GUANDALINI, S. L.; MELO, N. S. F. O.; SANTOS, E. C. P. Biossegurança em odontologia.


Curitiba: Odontex, 1999, 161 p

MARTINS, M. A. Manual de infecção hospitalar: epidemiologia, prevenção, controle. 2. ed. Rio


de Janeiro: Medsi, 2001. 1116 p.

MORIYA T, MÓDENA JLP. Assepsia e antissepsia: técnicas de esterilização. Medicina, Ribei-


rão Preto, v. 41, n. 3, p. 265-73, 2008.

SPAULDING E H. Chemical disinfection of medical and surgical materials. In: BLOCK, S S.


Disinfection,sterilization and preservation. Lea Fabiger. Philadelphia. 1968;517-531.

STEFANI,C, M.; ARAÚJO, D, M.;ALBUQUERQUE,S, H, C,. Normas e rotinas para o atendimento


clínico no Curso de Odontologia da UNIFOR – Fortaleza :2002. 80p.

capítulo 3 • 93
STIERS,C.J.N. et al. Rotinas em controle de infecção hospitalar. Curitiba, Netsul, 1995.

TEIXEIRA, P. & VALLE,S. BIOSSEGURANÇA .UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR. Rio


de Janeiro: FIOCRUZ, 1998. 1.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo aprenderemos a Identificar as problemáticas dos resíduos dos serviços de
Saúde, identificando os responsáveis pelo descarte correto das diferentes composições de resí-
duos. Iremos também aprender a montar uma comissão de controle de infecção hospitalar e
identificar os participantes da comissão, o número de componentes, os membros executores e os
consultores, de acordo com a legislação atual.

94 • capítulo 3
4
Impacto ambiental
4  Impacto ambiental
Neste capítulo aprenderemos que a geração de resíduos pelas múltiplas ativi-
dades humanas constitui-se no contexto atual num grande desafio a ser enfren-
tado pelos gestores municipais, especialmente, nos grandes centros urbanos.
Isto porque, a cada dia, aumenta a diversidade de produtos com componentes
e materiais de difícil degradação e de maior toxidade. Neste contexto, capítu-
lo tem como objetivo principal mapear a legislação ambiental específica para
essa problemática ambiental, enfatizando para tanto, aspectos como a neces-
sidade emergencial da obrigatoriedade dos estabelecimentos de saúde imple-
mentarem o gerenciamento adequado dos resíduos de serviços de saúde (RSS),
visando à redução dos riscos sanitários e ambientais, à melhoria da saúde da
população, e a qualidade de vida.

OBJETIVOS
• Identificar as problemáticas dos resíduos dos serviços de Saúde;
• Identificar os responsáveis pelo descarte correto;
• Aprender sobre a composição, a classificação, a legislação, as normas e as resolu-
ções dos descartes dos resíduos;
• Aprender a montar uma comissão de controle de infecção hospitalar;
• Identificar os participantes da comissão, o número de componentes, os membros
executores e os consultores, de acordo com a legislação atual.

REFLEXÃO
Vimos que as barreiras de proteção pessoal, também chamadas de EPI – Equipamento de
Proteção Individual são métodos físicos que interrompem as rotas de contaminação, que-
brando o ciclo que poderia ser estabelecido. As barreiras de proteção pessoal devem ser
utilizadas rigorosamente dentro das clínicas, tanto por alunos operadores como por seus au-
xiliares, professores e funcionários. São elas, Luvas, Óculos de Proteção, Mascaras e Jalecos.

96 • capítulo 4
4.1  Resíduos dos serviços de saúde

4.2  Introdução

Dentro do grupo dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), são encontrados


os resíduos oriundos de hospitais (lixo hospitalar), drogarias, consultórios mé-
dicos e odontológicos, laboratórios de análises clínicas, dentre outros estabele-
cimentos que prestam serviços semelhantes a estes.
As pessoas que manipulam os RSS têm sua saúde exposta a riscos, sendo
que o manejo de forma incorreta destas pode levar a um aumento do número
de casos de infecções hospitalares. Já em relação à questão ambiental, os RSS
quando presentes nos lixões poluem lençóis freáticos e corpos hídricos devido
ao chorume (líquido extremamente poluente denominado) formado pelo acu-
mulo do lixo.

Fonte: Infoescola http://www.infoescola.com/ecologia/residuos-de-servicos-de-sau-


de/>. Acesso em: 20 de out. 2014.

4.3  Definição

De acordo com a RDC ANVISA no306/04 e a Resolução CONAMA no358/2005,


são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o
atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência
domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a
saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embal-
samamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de
manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro
de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importa-
dores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in
vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, servi-
ços de tatuagem, dentre outros similares.

capítulo 4 • 97
4.4  Classificação

A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo, na


medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saú-
de e como resultado do conhecimento do comportamento destes perante o
meio ambiente e a saúde, como forma de estabelecer uma gestão segura com
base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua
manipulação.
Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos só-
lidos urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do
total), mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente.
Os RSS são classificados em função de suas características e consequentes
riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde.
De acordo com a RDC ANVISA no306/04 e Resolução CONAMA no358/05, os
RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E.
Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes
biológicos que, por suas características de maior virulência ou concen-
tração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas
de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas
transfusionais contendo sangue, dentre outras.

Grupo B - contém substâncias químicas que podem apresentar risco


à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas caracte-
rísticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos
contendo metais pesados, dentre outros.

Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que


contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de
eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Ener-
gia Nuclear - CNEN, como, por exemplo, serviços de medicina nuclear
e radioterapia etc.

98 • capítulo 4
Grupo D - não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resí-
duos das áreas administrativas etc.

Grupo E - materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâ-


minas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâ-
minas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares.

4.5  Riscos potenciais

Na avaliação dos riscos potenciais dos resíduos de serviços de saúde (RSS) deve-se
considerar que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolu-
ção no que diz respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremen-
to de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento.
Resultado deste processo é a geração de novos materiais, substâncias e equipa-
mentos, com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais pe-
rigosos para o homem que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe.
Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois mere-
cem atenção especial em todas as suas fases de manejo (segregação, condicio-
namento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final)
em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apre-
sentarem componentes químicos, biológicos e radioativos (http://pt.slidesha-
re.net/hebertandrade/visa-anvisa-manual-de-gerenciamento-dos-residuos-de-
servios-de-sade).

4.6  Destinação de resíduos dos serviços de saúde

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB 2000), do IBGE, mostra que


a maioria dos municípios brasileiros não utiliza um sistema apropriado para
efetuar a coleta, o tratamento e a disposição final dos RSS. De um total de 5.507
municípios brasileiros pesquisados, somente 63% realizam a coleta dos RSS.
O Sudeste é a região que mais realiza a coleta dos RSS em todo o Brasil, perfa-
zendo cerca de 3.130 t/dia. Em seguida vem o Nordeste, com 469 t/dia, depois o Sul,
com 195 t/dia, o Norte, com 145 t/dia, e, por último, o Centro-Oeste, com 132 t/dia.

capítulo 4 • 99
Volume de resíduos sólidos de serviços de saúde coletado
- por região do Brasil (em t/dia)
145 132
195
469 Se
3.132 Ne
Sul
Norte
Co

Fonte: PNSD/200/Elaboração Fespsp/ ANVISA.

Com relação à destinação final, cerca de 56% dos municípios dispõem seus
RSS no solo, sendo que 30% deste total correspondem aos lixões. O restante
deposita em aterros controlados, sanitários e aterros especiais.
No que se refere às formas de tratamento adotadas pelos municípios, os re-
sultados da pesquisa mostram o predomínio da queima a céu aberto (cerca de
20%), seguida da incineração (11%). As tecnologias de microondas e autoclave
para desinfecção dos RSS são adotadas somente por 0,8% dos municípios. Cer-
ca de 22% dos municípios não tratam de forma alguma seus RSS.

Disposição final, tratamento e coleta de resíduos


dos serviços de saúde no Brasil
Serviço N° de Serviço N° de
Municípios Municípios
Coleta 3.466 Tratamento
Disposição final dos RSS Incinerador 589
Lixão junto com demais resíduos 1.696 Microondas 1.696
Aterro junto com demais resíduos 873 Forno 147
Aterro de resíduos especiais Autoclave 22
• próprio 377 Queima a céu aberto 1.086
• de terceiros 162 Outro 471
Sem tratamento 1.193
Total de municípios brasileiros pesquisados: 5.507
Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - (PNSB 2000).

100 • capítulo 4
4.7  Tipos de resíduos

Dentre os componentes químicos destacam-se as substâncias ou preparados


químicos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos;
produtos mantidos sob pressão - gases, quimioterápicos, pesticidas, solventes,
ácido crômico; limpeza de vidros de laboratórios, mercúrio de termômetros,
substâncias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrifican-
tes usados etc.

CONEXÃO
Se você tem interesse em aprender um pouco mais, sugerimos que você consulte o seguinte
link:< http://qualidadeonline.wordpress.com/2010/04/18/residuos-de-servicos-de-saude/>.

Dentre os componentes biológicos destacam-se os que contêm agentes pa-


togênicos que possam causar doença e dentre os componentes radioativos uti-
lizados em procedimentos de diagnóstico e terapia, os que contêm materiais
emissores de radiação ionizante.
Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela
definição das políticas públicas pelos resíduos de serviços saúde (ANVISA e CO-
NAMA) esses resíduos representam um potencial de risco em duas situações:
a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o
pessoal ligado à assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal
ligado ao setor de limpeza e manutenção;
b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de
qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio.

Fonte: Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde <http://www.


ebah.com.br/content/ABAAAArYIAH/manual-gerenciamento-residuos-servicos-saude-ministerio-
saude-agencia-nacional-vigilancia-sanitaria-brasilia-ministerio-s?part=4>. Acesso em 21 de out. 2014.

O risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes que
ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais per-
furo-cortantes sem utilização de proteção mecânica.

capítulo 4 • 101
Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contamina-
ção do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em
lixões ou aterros controlados que também proporciona riscos aos catadores,
principalmente por meio de lesões provocadas por materiais cortantes e/ou
perfurantes, e por ingestão de alimentos contaminados, ou aspiração de mate-
rial particulado contaminado em suspensão.
E, finalmente, há o risco de contaminação do ar, dada quando os RSS são
tratados pelo processo de incineração descontrolado que emite poluentes para
a atmosfera contendo, por exemplo, dioxinas e furanos.

Fonte: QUALIDADEONLINE’S BLOG <http://qualidadeonline.wordpress.


com/2010/04/18/residuos-de-servicos-de-saude/>. Acesso em: 22 deout. de 2014.

ATENÇÃO
Para que a infecção ocorra é necessária a inter-relação entre os seguintes fatores:
a) presença do agente;
b) dose de infectividade;
c) resistência do hospedeiro;
d) porta de entrada; e
e) via de transmissão.

4.8  Gestão integrada de resíduos de serviços de saúde

4.8.1  Conceitos básicos

A importância da gestão: A gestão compreende as ações referentes às tomadas de


decisões nos aspectos administrativo, operacional, financeiro, social e ambien-
tal e tem no planejamento integrado um importante instrumento no gerencia-
mento de resíduos em todas as suas etapas - geração, segregação, acondiciona-
mento, transporte, até a disposição final -, possibilitando que se estabeleça de
forma sistemática e integrada, em cada uma delas, metas, programas, sistemas
organizacionais e tecnologias, compatíveis com a realidade local.

102 • capítulo 4
Segundo a RDC ANVISA no 306/04, o gerenciamento dos RSS consiste em
um conjunto de procedimentos planejados e implementados, a partir de ba-
ses científicas e técnicas, normativas e legais. Tem o objetivo de minimizar a
geração de resíduos e proporcionar aos mesmos um manejo seguro, de forma
eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde, dos
recursos naturais e do meio ambiente.
Com o planejamento, a adequação dos procedimentos de manejo, o siste-
ma de sinalização e o uso de equipamentos apropriados, não só é possível dimi-
nuir os riscos, como reduzir as quantidades de resíduos a serem tratados e, ain-
da, promover o reaproveitamento de grande parte dos mesmos pela segregação
de boa parte dos materiais recicláveis, reduzindo os custos de seu tratamento e
disposição final que normalmente são altos.
Quem são os geradores: Resíduos sólidos, líquidos, ou semi-sólidos são ge-
rados por estabelecimentos de assistência à saúde humana ou animal diversos.
A RDC ANVISA no306/04 e a Resolução CONAMA no358/05 definem como tal os
seguintes estabelecimentos:
•  os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;
•  laboratórios analíticos de produtos para saúde;
•  necrotérios, funerárias e serviços onde se realizam atividades de embal-
samamento (tanatopraxia e somatoconservação);
•  serviços de medicina legal;
•  drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;
•  estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
•  centros de controle de zoonoses;
•  distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores
e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
•  unidades móveis de atendimento à saúde;
•  serviços de acupuntura;
•  serviços de tatuagem, dentre outros similares.

4.8.2  Responsabilidades pelos RSS

Os estabelecimentos de serviços de saúde são os responsáveis pelo correto ge-


renciamento de todos os RSS por eles gerados, cabendo aos órgãos públicos,
dentro de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização.

capítulo 4 • 103
Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de
serviços de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade
compartilhada, a responsabilidade também se estende a outros atores: ao po-
der público e às empresas de coleta, tratamento e disposição final. A Constitui-
ção Federal, em seu artigo 30, estabelece como competência dos municípios
“organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo que
tem caráter essencial”.
No que concerne aos aspectos de biossegurança e prevenção de acidentes
- preservando a saúde e o meio ambiente - compete à ANVISA, ao Ministério
do Meio Ambiente, ao SISNAMA, com apoio das Vigilâncias Sanitárias dos es-
tados, dos municípios e do Distrito Federal, bem como aos órgãos de meio am-
biente regionais, de limpeza urbana e da Comissão Nacional de Energia Nucle-
ar - CNEN: regulamentar o correto gerenciamento dos RSS, orientar e fiscalizar
o cumprimento desta regulamentação.
Fundamentadas nos princípios de prevenção, precaução e responsabiliza-
ção do gerador, a RDC ANVISA no306/04, harmonizada com a Resolução CO-
NAMA no358/05, estabeleceram e definiram a classificação, as competências e
responsabilidades, as regras e procedimentos para o gerenciamento dos RSS,
desde a geração até a disposição final.

ATENÇÃO
A RDC ANVISA no306/04 não se aplica a fontes radioativas seladas que devem seguir as
determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, e às indústrias de produtos
para a saúde, que devem observar as condições específicas do seu licenciamento ambiental.

Reconhecendo a responsabilidade dos estabelecimentos de serviços de saú-


de, no gerenciamento adequado dos RSS, a RDC ANVISA no306/04, no seu capí-
tulo IV, Item 2 e 3, define que é da competência dos serviços geradores de RSS:

Item 2
1.  A elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde - PGRSS, obedecendo a critérios técnicos, legislação ambiental,
normas de coleta e transporte dos serviços locais de limpeza urbana e
outras orientações contidas neste Regulamento.

104 • capítulo 4
2.  A designação de profissional, com registro ativo junto ao seu Conselho
de Classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade Técni-
ca - ART, ou Certificado de Responsabilidade Técnica ou documento
similar, quando couber, para exercer a função de Responsável pela ela-
boração e implantação do PGRSS.
3.  A designação de responsável pela coordenação da execução do PGRSS.
4.  Prover a capacitação e o treinamento inicial e de forma continuada para
o pessoal envolvido no gerenciamento de resíduos, objeto deste Regu-
lamento.
5.  Fazer constar nos termos de licitação e de contratação sobre os servi-
ços referentes ao tema desta Resolução e seu Regulamento Técnico, as
exigências de comprovação de capacitação e treinamento dos funcio-
nários das firmas prestadoras de serviço de limpeza e conservação que
pretendam atuar nos estabelecimentos de saúde, bem como no trans-
porte, tratamento e disposição final destes resíduos.
6.  Requerer às empresas prestadoras de serviços terceirizadas a apresen-
tação de licença ambiental para o tratamento ou disposição final dos
resíduos de serviços de saúde, e documento de cadastro emitido pelo
órgão responsável de limpeza urbana para a coleta e o transporte dos
resíduos.
7.  Requerer aos órgãos públicos responsáveis pela execução da coleta,
transporte, tratamento ou disposição final dos resíduos de serviços de
saúde, documentação que identifique a conformidade com as orienta-
ções dos órgãos de meio ambiente.
8.  Manter registro de operação de venda ou de doação dos resíduos desti-
nados à reciclagem ou compostagem. Os registros devem ser mantidos
até a inspeção subseqUente.

Item 3
A responsabilidade por parte dos detentores de registro de produto que gere
resíduo classificado no grupo B, de fornecer informações documentadas refe-
rentes ao risco inerente do manejo e disposição final do produto ou do resíduo.
Estas informações devem acompanhar o produto até o gerador do resíduo.

Fonte: QUALIDADEONLINE’S BLOG <http://qualidadeonline.wordpress.


com/2010/04/18/residuos-de-servicos-de-saude/>. Acesso em: 22 deout. de 2014.

capítulo 4 • 105
4.9  Composição, classificação, legislação, normas e resoluções dos
descartes dos resíduos

4.9.1  Levantamento dos tipos de resíduos e quantidades geradas

O que é: Consiste na verificação dos tipos de resíduos e das quantidades em que


eles são gerados em cada uma das fontes geradoras.
Recomendações gerais: Para efetuar este levantamento recomenda-se que
seja feita uma verificação dos tipos de resíduos baseando-se na classificação
definida pela RDC ANVISA no306/04 (grupos A, B, C, D ou E). Também devem
ser verificadas as quantidades (volume ou peso). Este é o primeiro passo para
orientar o planejamento, a definição de procedimentos e equipamentos para o
correto manejo desses resíduos.

4.9.2  Identificação dos tipos de resíduos

O que é: Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos


resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto
manejo dos RSS. Os recipientes de coleta interna e externa, assim como os lo-
cais de armazenamento onde são colocados os RSS, devem ser identificados
em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores
e frases, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e
aos riscos específicos de cada grupo de resíduos.

SÍMBOLOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE RESÍDUOS

Os resíduos do grupo A são identificados


pelo símbolo de substância infectante,
com rótulos de fundo branco, desenho e
contornos pretos.

106 • capítulo 4
Os resíduos do grupo B são identificados
através do símbolo de risco associado e
com discriminação de substância química
e frases de risco.

Os rejeitos do grupo C são representados


ATENÇÃO
pelo símbolo internacional de presença
de radiação ionizante (trifólio de cor ma-
genta) em rótulos de fundo amarelo e
contornos pretos, acrescido da expressão
MATERIAL RADIOATIVO.
MATERIAL RADIOATIVO

Os resíduos do grupo D podem ser des-


tinados à reciclagem ou à reutilização.
Quando adotada a reciclagem, sua iden-
tificação deve ser feita nos recipientes
e nos abrigos de guarda de recipientes,
usando código de cores e suas corres-
pondentes nomeações, baseadas na Re-
solução CONAMA no275/01, e símbolos
de tipo de material reciclável.
Vidro Verde
Para os demais resíduos do grupo D deve
ser utilizada a cor cinza ou preta nos reci- Plástico Vermelho
pientes. Pode ser seguida de cor determina- Papel Azul
da pela Prefeitura. Metal Amarelo
Caso não exista processo de segregação Orgânico Marrom
para reciclagem, não há exigência para a
padronização de cor destes recipientes.

capítulo 4 • 107
Os produtos do grupo E são identificados
pelo símbolo de substância infectante,
com rótulos de fundo branco, desenho e
contornos pretos, acrescido da inscrição
de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, in-
dicando o risco que apresenta o resíduo.
RESÍDUO PERFUROCORTANTE

Fonte: Manual de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, 2006. http://www.anvisa.gov.


br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf >. Acesso em: 22 de out. de 2014.

São admissíveis outras formas de segregação, acondicionamento e identifi-


cação dos recipientes desses resíduos para fins de reciclagem, de acordo com
as características específicas das rotinas de cada serviço, devendo estar con-
templadas no PGRSS.

4.9.3  Acondicionamento dos RSS

O que é: Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou reci-


pientes. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatí-
vel com a geração diária de cada tipo de resíduo.
Recomendações gerais: Os sacos de acondicionamento devem ser constituídos
de material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, respeitados os limites
de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.
Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente a
punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem
contato manual, com cantos arredondados e ser resistentes ao tombamento.
Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas
salas de parto não necessitam de tampa para vedação, devendo os resíduos se-
rem recolhidos imediatamente após o término dos procedimentos.

108 • capítulo 4
ATENÇÃO
Um acondicionamento inadequado compromete a segurança do processo e o encarece. Re-
cipientes inadequados ou improvisados (pouco resistentes, mal fechados ou muito pesados),
construídos com materiais sem a devida proteção, aumentam o risco de acidentes de trabalho.
Os resíduos não devem ultrapassar 2/3 do volume dos recipientes.

Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituí-


dos de material compatível com o
líquido armazenado, resistentes, rí-
gidos e estanques, com tampa ros-
queada e vedante.
Os resíduos perfurocortantes ou
escarificantes - grupo E - devem ser
acondicionados separadamente,
no local de sua geração, imediata-
mente após o uso, em recipiente rígido, estanque, resistente a punctura, ruptu-
ra e vazamento, impermeável, com tampa, contendo a simbologia.

TE
AN
RT
CO
RO
FU
ER
UOP
SÍD
RE

Fonte: QUALIDADEONLINE’S BLOG <http://qualidadeonline.wordpress.


com/2010/04/18/residuos-de-servicos-de-saude/>. Acesso em: 22 deout. de 2014

capítulo 4 • 109
4.10  Comissão de controle de infecção hospitalar - CCIH

As infecções hospitalares constituem hoje um grave problema de saúde pública


no país. Serão os sintomas mais evidentes da inadequação do sistema de saúde,
sinônimo de erro médico, colocando a responsabilidade de sua ocorrência so-
bre o profissional de saúde ou na instituição prestadora de assistência? Evidente-
mente, o profissional de saúde ou o hospital não contamina voluntariamente seus
pacientes, mas a inobservância de princípios básicos do controle das infecções
hospitalares pode ter consequências drásticas. Assim, é importante ter profissio-
nais conscientes, trabalhando em equipe, respeitando cada um dentro de suas
funções, atualizando-se com frequência e com capacidade de auto avaliação.
O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou
o processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino
Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a peni-
cilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avança-
da. Estes trabalhos enfatizavam uma preocupação predominante com medidas
ambientais, como o lixo e contaminação aérea, ou voltados para os procedimen-
tos invasivos, como as técnicas assépticas, mas já encontrávamos referências
ao isolamento de microrganismos resistentes, selecionados em decorrência ao
emprego indiscriminado de antimicrobianos. A partir de 1968 e principalmen-
te durante os anos 70, juntamente com a implantação de um modelo altamente
tecnológico de atendimento (chegamos até ao transplante cardíaco), surgiram as
primeiras comissões de controle de infecção hospitalar do país.
A década de oitenta foi a mais importante até o momento para o desenvol-
vimento do controle de infecção hospitalar no Brasil. Começou a ocorrer uma
conscientização dos profissionais de saúde à respeito do tema e foram criadas
várias comissões de controle nos hospitais. O Ministério da Saúde criou em
31/01/83 um grupo de trabalho integrado por seus representantes, ao lado de
membros do Ministério da Educação e da Previdência Social, que elaborou um
documento normativo, gerando a Portaria MS 196/83, de 24/06/83 que reco-
mendava aos hospitais brasileiros a criação de CCIH e dava orientações práti-
cas sob a forma de anexos. Este mesmo grupo elaborou um manual e realizou
em 1984 na Capital Federal, com financiamento da OPAS, um curso internacio-
nal que serviu de base para a elaboração do “Curso de Introdução ao Controle
das Infecções Hospitalares”.

Fonte: Curso Básico de Controle de Infecção Hospitalar – ANVISA. <http://www.ccih.med.br/Cader-


no%20A.pdf>. Acesso em: 25 de out. 2014.

110 • capítulo 4
4.10.1  Como montar uma CCIH

A Comissão de Controle de Infecção hospitalar deve ser composta por profis-


sionais da área de saúde, de nível superior. O número de componentes depen-
derá do número de leitos (no caso de ser um hospital), do tipo de pacientes
atendidos e da dinâmica de seu funcionamento no EAS. É importante que os
profissionais que vão atuar na CCIH tenham interesse na proposta.
Conforme a legislação atual (Portaria MS nº 2616/1998), a CCIH deve ser
constituída de membros executores e membros consultores, que possuem ati-
vidades diferenciadas, porém, complementares nas ações da Comissão.
•  Os membros executores representam o Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar e são os responsáveis pela execução das ações de controle
de infecção no estabelecimento de saúde. Um deles, preferencialmen-
te, deve ser o enfermeiro. Devem possuir carga horária diária específica
para a execução dessas atividades.
•  Os membros consultores serão os profissionais que representarão suas
áreas de atuação, como medicina, farmácia, enfermagem, microbiologia,
lavanderia, serviço de higienização hospitalar, dentre outras. Sua função
será o fornecimento de orientações e ou assessorias sobre suas áreas,
quando solicitados.

Fonte: Material da Secretaria de Saúde de Santa Catarina. <http://www.saude.mt.gov.br/uplo-


ad/controle-infeccoes/pasta1/como_montar_uma_ccih.pdf>. Acesso em: 23 de out. 2014.

Os profissionais de saúde que compõem a CCIH - médicos, enfermeiros,


microbiologistas, farmacêuticos e profissionais do serviço de higienização e
administração - representam sua área de atuação.
É obrigatória, pelo menos, a presença do médico e do enfermeiro na com-
posição da CCIH e suas principais contribuições na comissão são:

Médico
Relaciona-se, sobretudo com o controle das infecções hospitalares por meio
da verificação das doenças infecciosas, bem como seu tratamento e diagnóstico,
além de imunizações e aconselhamento para o uso adequado de antibióticos.

capítulo 4 • 111
Enfermeiro
O enfermeiro desempenha um papel essencial na CCIH. Entre suas contri-
buições, podemos citar:
•  Realização de visita hospitalar de rotina para averiguar possíveis problemas.
•  Efetivação da esterilização dos materiais utilizados e o estabelecimento de
um plano para a higienização do ambiente de trabalho.
•  Orientação e avaliação de medidas preventivas para o controle de doenças.
•  Orientação quanto à lavagem adequada das mãos e verificação da quanti-
dade de sabão e de álcool para esse procedimento.

A CCIH deve ser constituída e implantada de acordo com o que determina a


Portaria 2616/98. Os documentos necessários são:
1.  Ato de Constituição e Nomeação da CCIH;
2.  Ata de instalação da CCIH;
3.  Regimento interno validado pela Alta Administração;
4.  Programa de Controle de Infecção Hospitalar do ano vigente.

4.10.2  Atividades da CCIH

Investigação
A investigação se dá por meio de uma série de medidas que possibilitam que
o conhecimento seja utilizado na detecção e na prevenção da presença dos fato-
res infecciosos nos estabelecimentos direcionados ao atendimento de saúde.

Preservação
Relaciona-se com questões referentes ao controle de resíduos de saúde
(desde a fase de geração até a disposição final), de agentes infecciosos ou ainda
de vetores para sua propagação, na tentativa de minimizar ao máximo os riscos
à saúde dos pacientes e dos profissionais.

Notificação
Caso haja qualquer caso de infecção hospitalar, é necessário que a CCIH faça
sua notificação em uma ficha elaborada especificamente para esse objetivo.

112 • capítulo 4
É importante ressaltar que, segundo a ANVISA, nela devem constar:
•  Identificação do paciente;
•  Início do quadro infeccioso;
•  Origem da infecção;
•  Data da coleta do material para a realização do exame;
•  Início da terapia com antibióticos;
•  Início dos procedimentos de risco ao qual o paciente foi submetido.

Avaliação
Por meio de medidas específicas de rotina, análise de dados obtidos no es-
tabelecimento, padronizações, entre outros indicadores, são avaliadas a quali-
dade e a eficácia do PCIH adotado.

Treinamento
Geralmente são realizados ensinos continuados específicos, periódicos e
sistemáticos dos profissionais da saúde, realizados por meio de orientações,
capacitação e manuais. Abordam sobretudo os temas relacionados à biossegu-
rança, às normas regulamentadoras, aos direitos e deveres e ao tratamento.

O que fazer
1.  Leia a Portaria MS nº 2616/ 1998.
2.  Encontre as pessoas certas para realizar o trabalho. Defina quais serão
membros consultores e quais serão membros executores. A Portaria
2616 orienta, no item 2, quem são esses profissionais em categoria e
quantidade de horas de trabalho necessárias.
3.  Viabilize a infraestrutura mínima necessária à correta execução do pro-
grama de controle de infecção hospitalar, tais como: sala própria, tele-
fone, microcomputador com impressora, etc.
(Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, 2006).

4.10.3  Responsabilidades e deveres dos Profissionais

É importante lembrar que os direitos e os deveres dos profissionais envolvidos


na CCIH variam de acordo com a mantenedora e até seu estado pertencente.
Entretanto, existem critérios que são basicamente universais, sendo este:

capítulo 4 • 113
Direitos:
•  Autonomia profissional.
•  Participação em reuniões, treinamentos, conferências ou qualquer ou-
tro evento relacionado ao controle de infecção.
•  Receber remuneração adequada à carga horária acrescida e ao serviço
prestado.
•  Participação ativa no processo de votação de sua categoria, exercendo o
direito de votar e de ser votado.

Deveres:
•  Seguir as condutas estabelecidas por seu respectivo conselho.
•  Seguir as normas estabelecidas pelo local de trabalho.
•  Realizar os devidos serviços descritos em seu contrato de trabalho.
•  Comunicar as possíveis falhas ocorridas no ambiente profissional, tais
como notificação de infecções e acidentes.
•  Colaborar com a comissão da mantenedora.
•  Manter o ambiente seguro e agradável para a realização das atividades
laborais.

A infecção hospitalar é um grave problema de saúde pública e representa


um grande desafio a ser enfrentado pelo poder público para a execução das
ações de prevenção e controle de infecção nas instituições hospitalares. A reali-
dade de muitos hospitais ainda é deficiente sob aspectos relativos às questões
sanitárias legais e normativas, e principalmente, quando se trata da inexistên-
cia de Comissões e de Programas de Controle de Infecção Hospitalar para a
aplicação das medidas de prevenção e controle desses eventos.

Defendemos a importância dos fatores “vontade e iniciativa” dos sujeitos, entretanto,


não desvinculamos a valorização das ações de capacitação e conscientização dos
agentes (trabalhadores e usuários) articulados em consonância com os gestores dos
serviços. Nesse sentido, pactuamos da necessidade de institucionalização dessa temá-
tica nas unidades de formação de profissionais de saúde no Brasil, permitindo que os
profissionais de saúde possam atuar com maior respaldo científico no assunto. Sabe-
mos também que essa atitude implica em decisões políticas que devem ser instigadas
num esforço coletivo entre profissionais de saúde e população em benefício do bem
comum (OLIVEIRA, MARUYAMA, 2008).

114 • capítulo 4
Neste Capítulo, você:
•  Identificou as problemáticas dos resíduos dos serviços de Saúde;
•  Conheceu os resíduos e seus tipos mais comuns;
•  Identificou os responsáveis pelo descarte correto;
•  Aprendeu sobre a composição, classificação, legislação, normas e reso-
luções dos descartes dos resíduos.
•  Aprendeu como montar uma comissão de controle de infecção hospitalar;
•  Reconheceu os participantes de uma comissão, o número de componentes,
os membros executores e os consultores, de acordo com a legislação atual;
•  Aprendeu as atribuições e as rotinas de cada envolvido na comissão.

ATIVIDADE
1. Para que a infecção ocorra é necessária a inter-relação entre os seguintes fatores?

2. O que acondicionamento dos RSS?

REFLEXÃO
Na avaliação dos riscos potenciais dos resíduos de serviços de saúde (RSS) deve-se con-
siderar que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz
respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias
incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. Resultado deste processo é a ge-
ração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com presença de componentes mais
complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem que os manuseia, e ao meio am-
biente que os recebe.

LEITURA
<http://qualidadeonline.wordpress.com/2010/04/18/residuos-de-servicos-de-saude/>.

capítulo 4 • 115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLOWAY, B. J. & AYRES, D. C. Chemical principles of environmental pollution. London: Bla-
ckie Academic & Professional, Second edition, 1997.

BRILHANTE, O. M. & CALDAS, L. Q. A. Gestão e avaliação de risco em saúde ambiental. Rio


de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, 1999.

BROLLO, M. J. & SILVA, M. M. Política e gestão ambiental em resíduos sólidos. Revisão e


análise sobre a atual situação no Brasil. In: Anais do 21º.

CASTELLANO, E. G. & CHAUDHRY (org.). Desenvolvimento sustentado: desenvolvimento e


estratégias. São Carlos: EESC-USP, 2000, p. 107 a 135.

Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro, CD-ROM, 2001.

FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Editora Nova Fronteira,


Rio de Janeiro, 1988.

FONSECA, Edmilson. Iniciação ao estudo dos residuos sólidos e da limpeza urbana. João
Pessoa (PB): JRC Gráfica e Editora, 2001.

HIRATA, Mario Hiroyuki, FILHO, Jorge Manzini. Manual de Biossegurança. São Paulo: Editora
Manole, 2000.

IPT/CEMPRE. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. São Paulo, Publicação


IPT 2622, 2000.

Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Agência


Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.

MOTA, Suetônio. Urbanização e meio ambiente. 3 ed., Rio de Janeiro: Associação Brasileira
de Engenharia Sanitária - Abes, 2003.

NASCIMENTO, M. C. B. Seleção de sítios visando a implantação de aterros sanitários com


base em critérios geológicos, geomorfológicos e hidrológicos. Dissertação de mestrado, Ins-
tituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

OLIVEIRA R, MARUYAMA SAT. Controle de infecção hospitalar: histórico e papel do estado.


Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(3):775-83.

116 • capítulo 4
SCHNEIDER, Vania Elisabete (org.). Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde.
Caxias de Sul (RS), Editoria da Universidade de Caxias do Sul - Educs, 2 ed. rev. e ampl., 2004.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo Identificaremos as leis e portarias que regem a Biossegurança; a importância
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sua criação e as competências. Aprende-
remos também sobre os casos especiais como os pacientes com AIDS; compartilhamento de
quartos de pacientes e a prevenção de infecções em unidades específicas, como, centro obsté-
trico, unidade de Neonatologia, entre outros.

capítulo 4 • 117
5
Normas de
segurança e casos
especiais
5  Normas de segurança e casos especiais
Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente conta-
minados devem ser tratados como casos de emergência médica, uma vez que
as intervenções para profilaxia da infecção pelo HIV e hepatite B necessitam
ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente, para a sua maior eficácia. As
medidas profiláticas pós-exposição não são totalmente eficazes, enfatizando
a necessidade de se programar ações educativas permanentes, que familiari-
zem os profissionais de saúde com as precauções básicas e os conscientizem da
necessidade de empregá-las adequadamente, como medida mais eficaz para a
redução do risco de infecção pelo HIV ou hepatite em ambiente ocupacional..

OBJETIVOS
• Identificar as leis e portarias que regem a biossegurança;
• Verificar a importância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
• Conhecer a criação e as competências da ANVISA/
• Identificar os casos especiais como os pacientes com AIDS;
• Reconhecer a Biossegurança de pacientes internados em quartos compartilhados,
entre outros;
• Estabelecer a prevenção de infecções em unidades específicas, centro obstétrico,
unidade de Neonatologia, entre outros.

REFLEXÃO
No capítulo anterior aprendemos que a infecção hospitalar é um grave problema de saúde pú-
blica e representa um grande desafio a ser enfrentado pelo poder público para a execução das
ações de prevenção e controle de infecção nas instituições hospitalares. A realidade de muitos
hospitais ainda é deficiente sob aspectos relativos às questões sanitárias legais e normativas,
e principalmente, quando se trata da inexistência de Comissões e de Programas de Controle
de Infecção Hospitalar para a aplicação das medidas de prevenção e controle desses eventos.

120 • capítulo 5
5.1  Introdução

Antes de identificarmos as leis e portarias que regem a biossegurança, cabe es-


tabelecermos algumas definições.
Lei:
A palavra “lei” tem origem no latim lex, que significa regra, norma. Do pon-
to de vista jurídico, trata-se de um conjunto de normas delimitadas por uma
junta específica, delegando direitos e deveres à sociedade, com as respectivas
sanções para seus infratores.
Portaria:
É um documento que contém as devidas instruções da forma em que as leis,
os regulamentos e as normas (ou assuntos relacionados) serão executados.
Decreto:
É uma ordem oriunda de uma autoridade que determina o cumprimento de
uma resolução.

5.2  Leis e portarias que regem a biossegurança

A legislação da Biossegurança no Brasil, está veiculada à Lei 8.974, de 5 de janei-


ro de 1995, que criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio),
uma dimensão ampla que extrapola a área da saúde e do trabalho, sendo em-
pregada quando há referência ao meio ambiente e à biotecnologia.

“Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização no uso das


técnicas de engenharia genética na construção, cultivo, manipulação, transporte, co-
mercialização, consumo, liberação e descarte de organismo geneticamente modificado
(OGM), visando a proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas, bem
como o meio ambiente”.

Por outro lado, a palavra Biossegurança, também aparece em ambientes onde


a moderna biotecnologia não está presente, como, indústrias, hospitais, labora-
tórios de saúde pública, laboratórios de análises clínicas, hemocentros, universi-
dades, etc., no sentido da prevenção dos riscos gerados pelos agentes químicos,
físicos e ergonômicos, envolvidos em processos onde o risco biológico se faz pre-
sente ou não. Esta é a vertente da Biossegurança, que na realidade, confunde-se

capítulo 5 • 121
com a engenharia de segurança, a medicina do trabalho, a saúde do trabalhador,
a higiene industrial, a engenharia clínica e a infecção hospitalar.

5.3  Origem da biossegurança e suas definições

A lógica da construção do conceito de Biossegurança teve seu inÍcio na década


de 70 na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica ini-
ciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. Esta
reunião, segundo Goldim (1997), “é um marco na história da ética aplicada à
pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiram os aspectos de proteção aos
pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o
projeto de pesquisa”. A partir daí o termo Biossegurança, vem, ao longo dos
anos, sofrendo alterações.
Na década de 70 o foco de atenção voltava-se para a saúde do trabalhador
frente aos riscos biológicos no ambiente ocupacional. De acordo com a Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS) as “práticas preventivas para o trabalho em
contenção a nível laboratorial, com agentes patogênicos para o homem”.
Na década de 80, a própria OMS, incorporou a essa definição os chamados
riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com
agentes patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos, radioati-
vos e ergonômicos.
Nos anos 90, a definição de Biossegurança sofreu mudanças significativas.
Em seminário realizado no Instituto Pasteur em Paris, observou-se a inclusão
de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envol-
vendo tecnologia de DNA recombinante, em programas de Biossegurança.
Outra definição nessa linha diz que “a Biossegurança é o conjunto de ações
voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às
atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e pres-
tação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do
meio ambiente e a qualidade dos resultados” (Teixeira & Valle, 1996). Este foco
de atenção retorna ao ambiente ocupacional e amplia-se para a proteção am-
biental e a qualidade. Não é centrado em técnicas de DNA recombinante.
Estas definições mostram que a Biossegurança envolve as seguintes relações:
•  Tecnologia - Risco - Homem
•  Agente biológico - Risco - Homem
•  Tecnologia - Risco - Sociedade
•  Biodiversidade - Risco - Economia

122 • capítulo 5
Fonte: Fiocruz. <http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material10.
htm.> Acesso em: 25 de out. 2014.

5.4  As legislações que devem ser consideradas

Antes disso a proteção da saúde do trabalhador fundamentava-se basicamente


na Lei Federal 6514 de 22/12/1977 (que alterou o capítulo V, título II da Consoli-
dação das Leis do Trabalho aprovada pelo Decreto Lei 54522 de 1/5/1943). A Lei
Orgânica da Saúde (Lei 8080 de 19/9/1990) cita textualmente a saúde do trabalha-
dor no âmbito do Sistema Unificado de Saúde (SUS) em seu art. 6º, parágrafo 3º.
O Ministério do Trabalho, por meio da Portaria 3214 (de 8/6/1978), estabe-
leceu as Normas Regulamentadoras (NR), que são mantidas até os dias atuais,
e que recebeu em seu arcabouço a NR32 - Segurança e Saúde no Trabalho em
Serviços de Saúde, publicada em 16 de novembro de 2005. Abaixo apenas as
que enfocam prioritariamente a área de Biossegurança:
•  NR4 – A organização dos Serviços Especializados em Engenharia de Se-
gurança e Medicina do Trabalho (SESMT) tem a finalidade de promover
a saúde e proteger a integridade do trabalhador em seu local de trabalho;
o dimensionamento dos SESMT, o número de funcionários e a gradua-
ção de risco (atividades de atenção à saúde tem risco 3).

•  NR5 – Regulamenta a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes


(CIPA), que deverá manter contato estreito e permanente com o SESMT.

•  NR6 – Regulamenta os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), con-


ceituados como todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a
saúde e a integridade física do trabalhador no local de trabalho.

•  NR7 – Estabelece o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-


nal (PCMSO). Refere-se à obrigatoriedade de exames médicos periódicos
por ocasião de admissão, demissão, mudança de cargo/função ou setor
e retorno às atividades, após afastamento por mais de 30 dias por mo-
tivo de saúde, inclusive gestação. Destaca-se que “o empregador é livre
para decidir a quem deve empregar, mas não lhe é permitido exigir teste
sorológico como condição de manutenção ou admissão do emprego ou
cargo público, por caracterizar interferência indevida na intimidade dos
trabalhadores e restrição ou discriminação não prevista na CLT e Código

capítulo 5 • 123
Penal Brasileiro” (Ofício CRTVE/DST-AIDS 175/95).

•  NR9 – Estabelece o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).


São considerados riscos ambientais os agentes agressivos físicos, quími-
cos e biológicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do traba-
lhador em ambientes de trabalho, em função da natureza, concentração,
intensidade e tempo de exposição ao agente. São considerados agentes
biológicos os microorganismos como bactérias, fungos, rickettsias, pa-
rasitas, bacilos e vírus presentes em determinadas áreas profissionais.

Obs: Estas duas importantes Normas Regulamentadoras – NR-7 e NR-9 –


que cuidam da saúde do funcionário e controle do ambiente, foram altera-
das pela Portaria nº 24 de 29.12.94.

•  NR15 – Conceitua as atividades ou operações insalubres, assegurando ao


trabalhador, nestes casos, remuneração adicional (incidente sobre o salá-
rio mínimo regional). O anexo 14, sobre a relação de atividades que envol-
vem agentes biológicos e cuja insalubridade é avaliada qualitativamente,
teve seu texto complementado pela Portaria 12 de 12/11/1979, em seu pa-
rágrafo único: “contato permanente com pacientes, animais ou material
infecto-contagiante é o trabalho resultante da prestação de serviço contí-
nuo e obrigatório, decorrente de exigência firmada no próprio contrato de
trabalho, com exposição permanente aos agentes insalubres”.
Obs.: Nos contratos com empresas terceirizadas para prestação de servi-
ços deverá constar a responsabilidade dos exames e acompanhamento de
cada caso.

•  NR32 - Tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a imple-


mentação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhado-
res dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades
de promoção e assistência à saúde em geral. Para fins de aplicação desta
norma entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à
prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de pro-
moção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qual-
quer nível de complexidade. Itens da NR32 que devem ser considerados
na elaboração do manual de Biossegurança:

124 • capítulo 5
Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Biológico a probabili-
dade da exposição ocupacional a agentes biológicos. Consideram-se Agentes
Biológicos os microrganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas
de células; os parasitas; as toxinas e os príons.
O PPRA, além do previsto na NR9, na fase de reconhecimento deve conter:
Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização
geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando:
a) Fontes de exposição e reservatórios;
b) Vias de transmissão e de entrada;
c) Transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente;
d) Persistência do agente biológico no ambiente;
e) Estudos epidemiológicos ou dados estatísticos;
f) Outras informações científicas.

Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando:


a) A finalidade e descrição do local de trabalho;
b) A organização e procedimentos de trabalho;
c) A possibilidade de exposição;
d) A descrição das atividades e funções de cada local de trabalho;
e) As medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento.

O PCMSO, além do previsto na NR7, deve conter:


a) O reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;
b) A localização das áreas de risco;
c) A relação contendo a identificação nominal dos trabalhadores potencial-
mente expostos;
d) O programa de vacinação.

Com relação à possibilidade de exposição acidental aos agentes biológicos,


deve constar no PCMSO:
a) Os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamen-
to e prevenção do soro conversão e das doenças;
b) As medidas para descontaminação do local de trabalho;
c) O tratamento médico de emergência para os trabalhadores;
d) Identificação do responsável pela aplicação das medidas pertinentes;

capítulo 5 • 125
e) A relação dos estabelecimentos da saúde que podem prestar assistência
aos trabalhadores;
f) As formas de remoção para atendimento dos trabalhadores;
g) A relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositária de
imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e insu-
mos especiais.

O empregador deve vedar:


a) A utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos;
b) O ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos
postos de trabalho;
c) O consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho;
d) A guarda de alimentos em locais não destinados para este fim;
e) O uso de calçados abertos.

Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes biológicos


devem utilizar vestimenta de trabalho adequada e em condições de conforto.
A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o empregado. Os trabalhadores
não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção indi-
vidual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais. A higienização
das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tra-
tamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas e
quando houver contato direto das vestimentas com material orgânico, deve ser
de responsabilidade de empregador.
O empregador deve:
a) Garantir a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de
trabalho.
b) Providenciar recipientes e meios de transporte adequados para mate-
riais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos.

Deve ser fornecido gratuitamente a todo trabalhador dos serviços de saúde,


programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabe-
lecidos no PCMSO. Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes
biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderá estar exposto, o empregador
deve fornecê-las gratuitamente. O empregador deve fazer o controle da eficácia
da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus ór-
gãos, e providenciar, se necessário, seu reforço. A vacinação deve obedecer às

126 • capítulo 5
recomendações do Ministério da Saúde. O empregador deve assegurar que os
trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim
como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, deven-
do, nestes casos, guardar documentos comprobatórios e mantê-lo disponível
à inspeção do trabalho. A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico
individual do trabalhador, previsto na NR7. Deve ser fornecido ao trabalhador
comprovante das vacinas recebidas.
A RDC 302 ANVISA, de 13 de outubro de 2005, Dispõe sobre Regulamento
Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Segue abaixo os itens
que devem ser considerados:
•  O Laboratório Clínico e o Posto de Coleta laboratorial devem manter atu-
alizados e disponibilizar, a todos os funcionários, instruções escritas de
Biossegurança, contemplando no mínimo os seguintes itens:
a) Instruções como agir em casos de acidentes ocorridos durante os trabalhos.
b) Manuseio e transporte de material e amostra biológica.

O Responsável Técnico pelo Laboratório Clínico e pelo Posto de Coleta la-


boratorial deve documentar o nível de Biossegurança dos ambientes e/ou áreas,
baseado nos procedimentos realizados, equipamentos e micro-organismos en-
volvidos, adotando as medidas de segurança compatíveis.
Os saneantes e os produtos usados nos processos de limpeza e desinfecção
devem ser utilizados segundo as especificações do fabricante e estarem regulari-
zados junto a ANVISA/MS, de acordo com a legislação vigente.
A RDC 306 ANVISA, 07 de dezembro de 2004, Dispõe sobre o Regulamento
Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, que tem como
objetivo preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente conside-
rando os princípios da Biossegurança de empregar medidas técnicas, adminis-
trativas e normativas para prevenir acidentes, preservando a saúde pública e o
meio ambiente. Itens que devem ser considerados:
a) O desenvolvimento e a implantação de programas de capacitação abran-
gendo todos os setores geradores de resíduos dos serviços de saúde (RSS),
os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar - CCIH, Comissões Internas de Biossegurança, os Serviços de
Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho - SESMT, Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, em consonância com a RDC
306, as legislações de saúde, ambiental e de normas da CNEN, vigentes.
<http://www.rdconsultoria.com.br/blog/postagem?Paged=TRUE&p_Pu-

capítulo 5 • 127
blishedDate=20130610+13:04:00&p_ID=7&PageFirstRow=11&View=%7B-
8C6E6D54-F148-4E8A-9F6C-EB9F50116C02%7D#.VFeEAjTF_rk>.

5.5  O regime internacional de biossegurança

O Protocolo de Biossegurança foi negociado e adotado sob a égide da Conven-


ção sobre Diversidade Biológica (CDB), de 1992, e é, portanto, um acordo am-
biental. Um total de 187 países são membros da Convenção (168 assinaturas),
enquanto o Protocolo tem 109 ratificações. Entretanto, a fim de que possa tor-
nar-se membro do Protocolo, um país deve primeiro ser membro da CDB. O
Protocolo foi implantado em 11 de setembro de 2003.

CONEXÃO
Falando sobre o regime internacional de biossegurança, para entender um pouco mais sobre o as-
sunto, sugerimos a consulta do seguinte link: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/7658/1/
ARTIGO_RegimeInterncionalBiosseguranca

5.6  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

5.6.1  Criação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é uma agência reguladora


vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil.
Juridicamente concebida como uma autarquia de regime especial, a agên-
cia exerce o controle sanitário de todos os produtos e serviços (nacionais ou
importados) submetidos à vigilância sanitária, tais como medicamentos, ali-
mentos, cosméticos, saneantes, derivados do tabaco, produtos médicos, san-
gue, hemoderivados e serviços de saúde.
A autarquia é também responsável pela aprovação dos produtos e serviços
submetidos à vigilância sanitária, para posterior comercialização, implemen-
tação e produção no país. Além disso, em conjunto com o Ministério das Rela-
ções Exteriores controla os portos, aeroportos e fronteiras nos assuntos relacio-
nados à vigilância sanitária. Sua atuação abrange também o monitoramento e

128 • capítulo 5
a fiscalização dos ambientes, processos, insumos e tecnologias relacionados
à saúde. A agência atua ainda na esfera econômica, ao monitorar os preços de
medicamentos e ao participar da Câmara de Medicamentos (Camed).
A Anvisa foi criada no governo Fernando Henrique Cardoso pela lei nº9.782,
de 26 de Janeiro de 1999. Sua missão é:

“Proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produ-


tos e serviços e participando da construção de seu acesso”.

Fonte: ANVISA. http://www.tmcargas.com.br/html/anvisa.html >. Acesso em: 25 de out. 2014.

5.7  Competências da ANVISA

As competências estabelecidas no Regulamento da Agência Nacional de Vigi-


lância Sanitária são:

•  Coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária;

•  Fomentar e realizar estudos e pesquisas no âmbito de suas atribuições;

•  Estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as dire-


trizes e as ações de vigilância sanitária;

•  Estabelecer normas e padrões sobre limites de contaminantes, resíduos tó-


xicos, desinfetantes, metais pesados e outros que envolvam risco à saúde;

•  Intervir, temporariamente, na administração de entidades produtoras que


sejam financiadas, subsidiadas ou mantidas com recursos públicos, as-
sim como nos prestadores de serviços e ou produtores exclusivos ou estra-
tégicos para o abastecimento do mercado nacional, obedecido o disposto
em legislação específica [Art.5º da Lei 6.437, de 20 de agosto de 1977, com
a redação dada pelo art. 2º da Lei 9.695, de 20 de agosto de 1998];

•  Administrar e arrecadar a Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária


[Art. 23 da Lei 9.782, de 26 de janeiro de 1999];

•  Autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e

capítulo 5 • 129
importação dos produtos mencionados no art. 4º deste Regulamento
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Decreto n.º 3.029, de 16 de
abril de 1999];

•  Anuir com a importação e exportação dos produtos mencionados no art.


4º do Regulamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Decreto
3029, de 16 de abril de 1999];

•  Conceder registros de produtos, segundo as normas de sua área de atuação;

•  Conceder e cancelar o certificado de cumprimento de boas práticas de


fabricação;

•  Exigir, mediante regulamentação específica, o credenciamento ou a cer-


tificação de conformidade no âmbito do Sistema Nacional de Metrolo-
gia, Normalização e Qualidade Industrial - SINMETRO, de instituições,
produtos e serviços sob regime de vigilância sanitária, segundo sua clas-
se de risco;

•  Interditar, como medida de vigilância sanitária, os locais de fabricação,


controle, importação, armazenamento, distribuição e venda de produtos
e de prestação de serviços relativos à saúde, em caso de violação da legis-
lação pertinente ou de risco iminente à saúde;

•  Proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a


comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legisla-
ção pertinente ou de risco iminente à saúde;

•  Cancelar a autorização, inclusive a especial, de funcionamento de empresas,


em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde;

•  Coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas por todos os labo-


ratórios que compõem a rede oficial de laboratórios de controle de qua-
lidade em saúde;

•  Estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de vigilância toxicológi-


ca e farmacológica;

•  Promover a revisão e atualização periódica da farmacopéia;

•  Manter sistema de informação contínuo e permanente para integrar suas

130 • capítulo 5
atividades com as demais ações de saúde, com prioridade para as ações de
vigilância epidemiológica e assistência ambulatorial e hospitalar;

•  Monitorar e auditar os órgãos e entidades estaduais, distritais e munici-


pais que integram o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, incluindo-
se os laboratórios oficiais de controle de qualidade em saúde;

•  Coordenar e executar o controle da qualidade de bens e de produtos re-


lacionados no art. 4º do Regulamento da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária [Decreto 3.029, de 16 de abril de 1999], por meio de análises
previstas na legislação sanitária, ou de programas especiais de monito-
ramento da qualidade em saúde;

•  Fomentar o desenvolvimento de recursos humanos para o sistema e a


cooperação técnico-científica nacional e internacional;

•  Autuar e aplicar as penalidades previstas em lei;

•  Monitorar a evolução dos preços de medicamentos, equipamentos, com-


ponentes, insumos e serviços de saúde;

•  A agência poderá delegar, por decisão da Diretoria Colegiada, aos Esta-


dos, ao Distrito Federal e aos Municípios a execução de algumas das atri-
buições de sua competência, com exceção das previstas art. 3º, §2º do
Regulamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária;

•  A agência poderá assessorar, complementar ou suplementar ações estadu-


ais, do Distrito Federal e municipais para exercício do controle sanitário;

•  As atividades de vigilância epidemiológica e de controle de vetores rela-


tivas a portos, aeroportos e fronteiras serão executadas pela Agência sob
orientação técnica e normativa da área de vigilância epidemiológica e
ambiental do Ministério da Saúde;

•  A agência poderá delegar a órgão do Ministério da Saúde a execução de


atribuições previstas no artigo 3º do Regulamento da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária [Decreto 3.029, de 16 de abril de 1999. O referido
artigo teve redação alterada pelo Decreto n.º 3.571 de 21 de agosto de
2000], relacionadas a serviços médico-ambulatorial-hospitalares previs-
tos no artigo 4º, §§ 2º e 3º do mesmo Regulamento;

capítulo 5 • 131
•  A agência deverá pautar sua atuação sempre em observância às diretri-
zes estabelecidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dar
seguimento ao processo de descentralização da execução de atividades
para Estados, Distrito Federal e Municípios, observadas as vedações es-
tabelecidas no § 2º do art. 3º do Regulamento. Esta descentralização
será efetivada somente após manifestação favorável dos respectivos Con-
selhos Estaduais, Distrital e Municipais de Saúde;

•  A agência poderá dispensar de registro os imunobiológicos, inseticidas,


medicamentos e outros insumos estratégicos, quando adquirida por inter-
médio de organismos multilaterais internacionais, para uso em programas
de saúde pública pelo Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas;

•  O Ministro de Estado da Saúde poderá determinar a realização de ações


previstas nas competências da Agência, em casos específicos e que im-
pliquem risco à saúde da população;

A regulamentação, o controle e a fiscalização de produtos e serviços que en-


volvam risco à saúde pública são incumbências da Agência.
São bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária:
•  Medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insu-
mos, processos e tecnologias;

•  Alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas em-


balagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, re-
síduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários;

•  Cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes;

•  Saneantes destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação em


ambientes domiciliares, hospitalares e coletivos;

•  Conjuntos, reagentes e insumos destinados a diagnóstico;

•  Equipamentos e materiais médico-hospitalares, odontológicos, hemote-


rápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem;

•  Imunobiológicos e suas substâncias ativas, sangue e hemoderivados;

•  Órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou re-

132 • capítulo 5
constituições;

•  Radioisótopos para uso diagnóstico in vivo, radiofármacos e produtos ra-


dioativos utilizados em diagnóstico e terapia;

•  Cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígero, deri-


vado ou não do tabaco;

•  Quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obti-


dos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submeti-
dos a fontes de radiação;

São serviços submetidos ao controle e fiscalização sanitária:


•  Aqueles voltados para a atenção ambulatorial, seja de rotina ou de emer-
gência, os realizados em regime de internação, os serviços de apoio diag-
nóstico e terapêutico, bem como aqueles que impliquem a incorporação
de novas tecnologias;
•  As instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e procedi-
mentos envolvidos em todas as fases de seus processos de produção dos
bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, incluin-
do a destinação dos respectivos resíduos;

Independentemente da regulamentação acima, a Agência poderá incluir


outros produtos e serviços de interesse para o controle de riscos à saúde da po-
pulação, alcançados pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Fonte: ANVISA. <http://www.anvisa.gov.br/institucional/anvisa/comp.htm>. Acesso em: 26 de out. 2014

5.8  Casos especiais

Desde o surgimento da AIDS, no início da década de 80, os profissionais da área


da saúde experimentaram uma intensa preocupação com a possibilidade de
adquirirem o vírus HIV em decorrência de suas atividades profissionais. Esse
medo, em parte exagerado em relação ao risco oferecido pelo HIV e subestima-
do em relação a outras viroses de transmissão por contato com sangue e outros
fluido biológicos, provocou um ressurgimento dos conceitos de biossegurança.
A década de 80 foi importante também pelo estabelecimento e revisão dos con-
ceitos de Precauções Universais.

capítulo 5 • 133
A publicação, no final de 1995, de um estudo caso-controle sobre os fatores
de risco para a aquisição do HIV após acidentes com exposição a fluidos bioló-
gicos constituiu-se a base para a recomendação posterior acerca da instituição
de quimioprofilaxia com anti-retrovirais para os indivíduos acidentados.
Muito tem sido pesquisado e publicado na área dos acidentes com exposi-
ção a sangue e outros fluidos biológicos. No Brasil, em 1999, o Ministério da
Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo publicaram recomenda-
ções para o atendimento a profissionais acidentados. Em 2001, o Ministério da
Saúde incorporou mudanças no atendimento nas Recomendações para Tera-
pia Anti-Retroviral em Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV – 2001.
O interesse em biossegurança é crescente. Bem como é crescente a necessi-
dade de atualizarmos os conhecimentos a ampliarmos as ferramentas de prote-
ção aos indivíduos que lidam com pacientes portadores de doenças infecciosas
transmissíveis. Esperamos que este livro venha ao encontro dos questionamen-
tos e necessidades daqueles que trabalham direta ou indiretamente com ques-
tões relacionadas à segurança dos trabalhadores da área de saúde. E, ainda, que
sirva de base para novas reflexões sobre o tema.

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/08Bioseguranca.pdf>.

5.8.1  Riscos profissionais

Os serviços de saúde possuem muitas áreas de insalubridade, com graduação


variável que dependem de sua hierarquização e complexidade (ex. hospital ter-
ciário ou posto de saúde), do tipo de atendimento prestado (ex. atendimento
exclusivo a moléstias infecto contagiosas) e do local de trabalho do profissio-
nal (ex. laboratório, endoscopia, lavanderia etc.). Os riscos de agravo à saúde
(ex. radiação, calor, frio, substâncias químicas, estresse, agentes infecciosos,
ergonômicos etc.) podem ser variados e cumulativos. Por suas características,
encontram-se nos serviços de saúde exemplos de todos os tipos de risco, agra-
vados por problemas administrativos e financeiros (ex. falta de manutenção de
equipamentos) e alguns decorrentes de falhas na adaptação de estruturas anti-
gas a aparelhos de última geração.

134 • capítulo 5
5.8.2  Doenças infecciosas

A transmissão de diversos tipos de agentes virais (como HBV, HCV e HIV) (CDC,
1989) e bacterianos (como Mycobacterium tuberculosis) (Goette et al. 1978)
já foi documentada após acidente pérfuro-cortante, sendo o sangue humano
uma das principais fontes de contágio. A via aérea representa outra forma im-
portante de contágio, seja pela inalação de aerossóis com o risco de aquisição
de varicela, sarampo ou tuberculose, seja pela inalação de partículas maiores,
associadas a doenças como difteria e doença meningocócica.

5.8.3  Conduta após acidente

Na eventualidade de exposição acidental a material biológico, o profissional de


saúde deve seguir as instruções abaixo citadas:
1.  Cuidados locais: Lesões decorrentes de acidentes com materiais pér-
furo-cortantes, como agulhas, bisturis e tesouras potencialmente con-
taminados, devem ser, imediatamente, lavadas com água e sabão ou
solução anti-séptica detergente (PVPI, Clorexidina). As membranas
mucosas e a pele devem ser lavadas com água corrente em abundân-
cia, soro fisiológico 0,9% ou água boricada, repetindo a operação varias
vezes. Deve-se evitar o uso de substâncias cáusticas (como hipoclorito
de sódio) pois estas aumentam a área lesada e, consequentemente, a
exposição ao material infectante.
2. Notificação: No momento do acidente, deverá ser feita a notificação à
chefia imediata, a qual, por sua vez, notificará o Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar (SCIH) e/ou o setor responsável para avaliar o aci-
dente e determinar a conduta, o mais precocemente possível, nas pri-
meiras duas horas, e no máximo, até 72 horas após o acidente.

O Departamento Pessoal deve emitir a Comunicação de Acidente de Traba-


lho (CAT), cujo verso será preenchido pelo médico do trabalho que atender o
acidentado, a fim de documentar o acidente para efeitos legais.
É importante que tais casos sejam bem documentados e notificados ao Pro-
grama Estadual DST/AIDS para que se possa ter dados consistentes da ocor-
rência dos acidentes no estado e para que se possa trabalhar com controle e
prevenção dos mesmos. Com este objetivo, foi criado em 1999, um sistema

capítulo 5 • 135
informatizado para notificação dos acidentes ocupacionais com material bio-
lógico (SINABIO). O modelo da ficha de notificação, o fluxo da informação e os
critérios de notificação destes acidentes estão nos anexos I, II e III.

1.  Avaliação do Acidente: O acidente deverá ser analisado pela equipe respon-
sável (S.C.I.H./Vigilância Epidemiológica/Médico do Trabalho) quanto aos
aspectos abaixo relacionados.

A– Material biológico envolvido


Devem ser considerados fluidos biológicos de risco, os seguintes materiais:
sangue, líquido orgânico contendo sangue e líquidos orgânicos potencialmen-
te infectantes (sêmen, secreção vaginal, líquor e líquidos sinovial, peritoneal,
pericárdico e amniótico). Suor, lágrima, fezes, urina e saliva são líquidos bioló-
gicos sem risco de transmissão ocupacional do HIV. Nestes casos, a quimiopro-
filaxia e o acompanhamento sorológico não são recomendados.

B – Tipo de acidente
•  Pérfuro cortante: compreende a penetração através da pele de agulha ou
material médico-cirúrgico contaminado com sangue ou outros líquidos
orgânicos e potencialmente infectantes.

•  Contato com mucosa ocular, oral ou pele com solução de continuidade:


compreende o contato direto da mucosa ou pele com solução de conti-
nuidade (p.e., dermatite ou ferida aberta) com sangue, líquido orgânico
contendo sangue visível ou outros líquidos orgânicos potencialmente
infectantes.

•  Contato com pele íntegra: compreende o contato da pele íntegra com


sangue, líquido orgânico contendo sangue visível ou outros líquidos or-
gânicos potencialmente infectantes. O contato de material biológico com
pele íntegra não constitui situação de risco para infecção pelo HIV e, por-
tanto, dispensa o uso de quimioprofilaxia. Porém, se a exposição envolve
grande volume de sangue com alta carga viral em extensa área de pele por
um período prolongado, a quimioprofilaxia pode ser considerada.

136 • capítulo 5
C – Situação sorológica do paciente fonte
C.1 – Em relação ao HIV
•  Paciente-fonte comprovadamente HIV negativo – envolve a existência de
documentação laboratorial disponível recente para o HIV (até 03 meses
antes da data do acidente) ou no momento do acidente; não está indica-
da a quimioprofilaxia anti-retroviral.

•  Paciente-fonte comprovadamente HIV positivo – um paciente-fonte é


considerado infectado pelo HIV quando há documentação de exames
anti-HIV positivos ou o diagnóstico clínico de AIDS; conforme a gravida-
de do acidente, deve-se iniciar a quimioprofilaxia anti-retroviral.

•  Paciente-fonte com situação sorológica desconhecida ou paciente-fonte


desconhecido – um paciente-fonte com situação sorológica desconhecida
deve, sempre que possível, ser rapidamente testado para o vírus HIV, após
obtido o seu consentimento; deve-se colher também sorologias para HBV
e HCV. Na impossibilidade de se colher as sorologias do paciente-fonte
ou de não se conhecer o mesmo (p.e., acidente com agulha encontrada no
lixo), recomenda-se a avaliação do risco de infecção pelo HIV, levando-se
em conta o tipo de exposição e dados clínicos e epidemiológicos11.

C.2 – Em relação ao vírus da hepatite B: Fazer Anti-HBs7 e sem resposta ade-


quada: revacinar.

C.3 – Em relação ao vírus da hepatite C: Não existe quimioprofilaxia. Recomen-


da-se acompanhar a sorologia do profissional acidentado por 06 meses (1ª coleta
da sorologia no momento do acidente e 2ª coleta da sorologia 06 meses após o aci-
dente). Se a sorologia do profissional de saúde para HCV for positiva, o mesmo deve
ser encaminhado para acompanhamento ambulatorial especializado.

2. Quimioprofilaxia: A administração de anti-retrovirais (ARVs) para profis-


sionais de saúde que sofreram exposição acidental à material biológico de
pacientes HIV positivos foi defendida inicialmente pelo National Comis-
sion on Aids dos EUA em 1993 e, posteriormente, foi recomendada pelo
CDC7,11,17, que considerou os seguintes dados:

capítulo 5 • 137
•  Redução de 69% na transmissão materno-fetal de HIV com AZT16;
•  Redução da viremia associada ao uso de ARV31;
•  Identificação de efeito protetor de AZT pós-exposição para profissio-
nais, em estudo retrospectivo multicêntrico e caso-controle15.

ATENÇÃO
Caso o paciente fonte tenha sorologias negativas para HIV, VHB e VHC, o funcionário aci-
dentado deverá receber alta após o resultado dos exames. Não existe necessidade de se
fazer o seguimento do acidente por seis meses nesta situação.

O aumento de sobrevida com redução de viremia com os esquemas combi-


nados de ARV31 e a identificação de casos de falha na profilaxia pós-exposição
com AZT isoladamente 32 levaram à opção de associação de drogas. É impor-
tante sempre considerar que o uso indiscriminado dos ARV propicia a seleção
de cepas resistentes, aumenta o risco de toxicidade para o profissional de saúde
e eleva custos no sistema de saúde.
A decisão de se considerar ou recomendar a administração de anti-retrovi-
rais para funcionários expostos a fluidos biológicos deve levar em consideração
o tipo de exposição (gravidade, volume de material biológico, profundidade) e o
paciente fonte. As situações não previstas devem avaliadas caso a caso, visando
benefício do acidentado.
No Brasil, a administração de quimioprofilaxia pós-exposição foi preconi-
zada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo33 e pelo Ministério da
Saúde34 em 1999. O Programa Estadual de Aids e o Instituto de Infectologia
Emílio Ribas iniciaram, em 1999, um programa para o atendimento dos pro-
fissionais acidentados com material biológico. A partir de 2001, a Prefeitura do
Município de São Paulo iniciou o seu programa de atendimento a profissionais
acidentados, com ampliação da rede pública de atendimento. Em dezembro de
2001, a Coordenação Nacional DST/AIDS do Ministério da Saúde35 publicou as
“Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Adultos e Adolescentes In-
fectados pelo HIV – 2001” (fluxograma 1). Neste documento, algumas modifica-
ções em relação às recomendações anteriores devem ser ressaltadas:

1.  Em situações de menor risco, recomenda-se o uso de esquemas envol-


vendo duas drogas anti-retrovirais análogas de nucleosídeo, preferen-
cialmente a associação AZT + 3TC.

138 • capítulo 5
2.  Em situações de maior risco, recomenda-se o uso de esquemas potentes
com inibidores de protease, preferencialmente, o AZT + 3TC juntamente
com o nelfinavir, indinavir ou a associação indinavir com ritonavir (este
como adjuvante farmacológico para o indinavir).

3.  A nevirapina não é recomendada em esquemas de profilaxia pós-exposi-


ção devido aos relatos de reações adversas graves com o medicamento
nessas situações.

4.  Deve-se considerar a possibilidade de utilizar esquemas alternativos em


situações de exposição com risco elevado de resistência.

5.  Recomenda-se enfaticamente que as sorologias dos pacientes-fonte se-


jam realizadas.

6.  Acidentes com fonte desconhecida ou com paciente com sorologia an-
ti-HIV em geral, não devem ser medicados com anti-retrovirais. Nestas
situações, o uso da profilaxia pós-exposição deverá ser considerada
com base na gravidade do acidente e na história clínico-epidemiológi-
ca do paciente.

Fonte: Atualidades em DST/AIDS - Ambiente de Trabalho. <http://pesquisa.bvs.br/


brasil/resource/en/crt-7344>. Acesso em: 26 de out. de 2014.

5.9  Biossegurança de pacientes internados em quartos


compartilhados, entre outros

Algumas vezes, devido ao diagnóstico do paciente ou até mesmo à infraestrutu-


ra inadequada e ausência de vagas, alguns pacientes internados compartilham o
quarto. Em princípio, tal prática não ofereceria alto risco aos pacientes, entretan-
to, algumas medidas devem ser tomadas, tais como:
•  Verificar se a patologia do paciente internado possui alto nível de conta-
minação, pois pode ocorrer a disseminação da doença, principalmente
se o paciente estiver com a imunidade baixa.
•  Uso adequado dos EPIs adequados e a lavagem das mãos, minimizando
dessa forma, o risco de infecção cruzada.

capítulo 5 • 139
•  Higienização específica tanto do ambiente quanto dos materiais utiliza-
dos nos procedimentos dos pacientes, pois como já vimos nas aulas pas-
sadas, o emprego incorreto desse método também contribui de forma
expressiva na propagação da doença.

5.9.1  Prevenção de infecção em unidades específicas

Independentemente da patologia em questão, é importante saber que existem


modos específicos de cuidados para determinadas unidades, ou seja, existem
alguns agentes infecciosos que são encontrados mais facilmente em determi-
nados ambientes.
Entretanto, como já vimos em outras aulas, apesar de existirem particulari-
dades para determinados setores, algumas medidas são universais que devem
ser aplicadas em TODAS as situações, dentre elas pode se destacar:
•  A lavagem adequada das mãos.
•  O uso dos EPIs específicos.
•  Ausência de adornos para a realização dos procedimentos.
•  Limpar e desinfetar o estetoscópio a cada uso.
•  Limpeza e descontaminação do ambiente e dos artigos utilizados.
•  Precaução de contato com agentes infecciosos.

Unidade de Obstetrícia: É importante lembrar, que embora o período ges-


tacional não seja considerado uma patologia, a mulher apresenta alterações fi-
siológicas, que no mínimo alteram suas condições normais e podem afetar sua
saúde e bem-estar.
As gestantes podem apresentar alguns fatores de risco a sua saúde como:
•  Diabetes Mellitus;
•  Infecções associadas;
•  Anemia;
•  Obesidade;
•  Imunodepressão;
•  Internamento pós-operatório prolongado.

Tanto na escolha da cesária ou parto normal a paciente é submetida a uma


intervenção cirúrgica e entre as medidas adotadas para o controle da infecção,
algumas merecem destaque:

140 • capítulo 5
•  Esterilização adequada dos materiais cirúrgicos.
•  Atenção ao equipamento utilizado no centro cirúrgico.
•  Limpar a área cirúrgica (região vaginal ou abdominal) com água e sabão
para eliminar a contaminação grosseira.
•  Usar antisséptico apropriado na limpeza da pele para a realização do
procedimento cirúrgico.

Unidade Neonatal: É necessário grande cuidado com os recém-nascidos


(RN) que permanecem internados na unidade neonatal, principalmente sob
tratamento intensivo. Entretanto, é importante ressaltar que o maior problema
está relacionado com os RN com extremo baixo peso ao nascer (<1.500g). Outro
fator que merece atenção especial nesse setor é a prematuridade, pois torna o
RN suscetível à infecção, devido à imaturidade de seus órgãos e os sistemas de
defesa. Entre as medidas adotadas para o controle da infecção, algumas mere-
cem destaque:
•  A necessidade de pias separadas para a realização da higienização das
mãos e dos RN.
•  Os profissionais que estejam acometidos de infecções das vias aéreas,
dermatites ou herpes não devem entrar em contato com os RN.
•  Os exames clínicos devem ser realizados, de preferência, em seus respec-
tivos berçários.
•  Caso haja necessidade de aspiração, deve ser realizada com uvas descar-
táveis estéreis.
•  O líquido da nebulização é estéril e assim como o líquido condensado
deve ser desprezado.

Unidade de Diálise: Nesta unidade, há grande risco de infecção para o pa-


ciente, principalmente devido ao seu delicado e debilitado estado de saúde, de-
vido a este conhecimento prévio, é previsto, por lei, que sejam implementados
controle e prevenção de infecção e efeitos adversos.
Devido ao período prolongado no uso do acesso vascular, o risco de infecção
aumenta significativamente, por isso é aconselhada a realização da fístula para
a realização do tratamento.
Entre as medidas adotadas para o controle da infecção, algumas merecem
destaque:
•  Monitoramento da água, que deve ser tratada, através de controle físico-
químico (semestralmente) e microbiológico (mensalmente).

capítulo 5 • 141
•  Verificação do processo de desinfecção das máquinas de diálise.
•  A solução utilizada para diálise deve ser verificada constantemente.
•  Higiene pessoal deve ser realizada diariamente, principalmente na área
em que se encontra o acesso.
•  Imunização anti-hepatite B, tanto para os profissionais quanto para os
pacientes.
Unidade de Queimados: A infecção hospitalar é uma das causas mais co-
muns para a ocorrência de óbito entre os pacientes queimados em virtude da
perda da integridade da pele, em que a maioria apresenta quadro de sepse.

ATENÇÃO
Sepse: É uma palavra de origem grega, septikós, significando que causa putrefação. Trata-se
de uma infecção generalizada, grave e sistêmica causada por agentes patogênicos. Há uma
queda drástica da pressão arterial, o que pode gerar choque; além disso, os órgãos deixam de
funcionar adequadamente. O exame de sangue pode constatar a presença dessa patologia,
entretanto o uso de antibióticos pode causar um resultado falso-negativo. É disseminada pela
corrente sanguínea e atinge diversos órgãos.

Devido ao alto nível de exposição destes pacientes os cuidados preventivos


de Biossegurança devem ser intensificados. Entre as medidas adotadas para o
controle da infecção, algumas merecem destaque:
•  Se possível, o paciente deve permanecer em ambiente estéril, caso con-
trário, o processo de higienização deve ser rigoroso e constante, com o
intervalo de sua realização reduzido.

•  A limpeza e a desinfecção dos instrumentos utilizados nos procedimen-


tos mais invasivos devem ocorrer sempre ao final do tratamento.

•  A importância da lavagem adequada das mãos e o uso dos EPIs adequados


(principalmente no uso das luvas) devem ser intensificados e efetivados a
cada troca de atividade, ainda que sejam concretizadas no mesmo paciente.

•  O uso do material de procedimentos deve ser individualizado.

•  Pacientes infectados devem ser submetidos ao isolamento, na tentativa


de minimizar sua exposição a novos agentes patológicos e reverter o qua-
dro infeccioso.

142 • capítulo 5
Neste Capítulo, você:
•  Identificou as leis e portarias que regem a biossegurança;
•  Verificou a importância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA);
•  Conheceu a criação e as competências da ANVISA.
•  Estabeleceu como abordar os casos especiais como os pacientes com AIDS;
•  Aprendeu sobre a Biossegurança de paciente internados em quartos
compartilhados, entre outros;
•  Identificou como realizar a prevenção de infecções em unidades especí-
ficas, centro obstétrico, unidade de Neonatologia, entre outros.

ATIVIDADE
1. Quando se deu a criação da ANVISA e qua a sua missão? Quando se deu a criação da
ANVISA e qua a sua missão?
2. Escreva sobre um dos Casos especiais da Biossegurança.

REFLEXÃO
A lógica da construção do conceito de Biossegurança teve seu inicio na década de 70 na
reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os
impactos da engenharia genética na sociedade. Esta reunião, segundo Goldim (1997), “é um
marco na história da ética aplicada à pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiram os
aspectos de proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde
se realiza o projeto de pesquisa”. A partir daí o termo Biossegurança, vem, ao longo dos anos,
sofrendo alterações.

LEITURA
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/7658/1/ARTIGO_RegimeInterncionalBiosse
guranca.pdf>.

capítulo 5 • 143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Atualidades em DST/AIDS. Nilton José Fernandes Cavalcante, Ana Lúcia Carvalho Monteiro,
Dagmar Deborah Barbieri. Programa Estadual de DST/AIDS da Secretaria do Estado da
Saúde de São Paulo São Paulo – 2003 2ª Edição Revisada e Ampliada

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guidelines for prevention of


transmission of human immunodeficiency virus and hepatitis B virus to health care and public
safety workers. MMWR1989;38 (65):1-17.

GOETTE DK, JACOBSON KW, DOTY RD. Primary inoculation tuberculosis of the skin. Pro-
sector’s paronychia. Arch Dermatol 1978 Apr;114(4):567-9.

Ronaldo José Damaceno. Biossegurança nos Serviços de Saúde no Brasil, Abril/2009 - Ma-
téria publicada na Revista Banas Qualidade.

TEIXEIRA, P.; VALLE, S..Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fio-
cruz, 1996.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1

1.  O que é Biossegurança?


É o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos ris-
cos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológi-
co e prestação de serviços.

2.  O que significa a sigla OMS?


Organização Mundial de Saúde.

3.  O que significa a sigla NIH?


Nacional Institute of Health.

4.  O que significa a sigla CNTBio?


Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

144 • capítulo 5
Capítulo 2

1.  O que é o SESMT?


Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

2.  Quando se deu a origem do conceito de Biossegurança?


A lógica da construção do conceito de Biossegurança teve seu início na década de 70
na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão
sobre os impactos da engenharia genética na sociedade.

Capítulo 3

1.  Onde atuam os Médicos e Enfermeiros?


Os Médicos atuam em hospitais, clínicas, consultórios, empresas, clubes desporti-
vos, dentre outros. Os Enfermeiros atuam predominantemente em hospitais, embora
estejam presentes nas clínicas, atendimentos domiciliares, centros de saúde, creches,
casas de repouso, prontos-socorros e postos de saúde.

2.  O que são “Precauções Universais”?


São precauções que englobavam alguns conceitos já estipulados nas recomendações
prévias para prevenção da transmissão do HIV no ambiente de trabalho, como o uso
rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de proteção ou protetores
faciais) quando o contato muco-cutâneo com sangue ou outros materiais biológicos
pudesse ser previsto. Englobam ainda as precauções necessárias na manipulação
de agulhas ou outros materiais cortantes para prevenir exposições percutâneas e os
cuidados necessários de desinfecção e esterilização na reutilização de instrumentos de
procedimentos invasivos.

Capítulo 4

1.  Para que a infecção ocorra é necessária a inter-relação entre os seguin-


tes fatores?
a) presença do agente;
b) dose de infectividade;
c) resistência do hospedeiro;
d) porta de entrada;
e) via de transmissão.

capítulo 5 • 145
1.  O que acondicionamento dos RSS?
Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes. A capa-
cidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária
de cada tipo de resíduo.

Capítulo 5

1.  Quando se deu a criação da ANVISA e qua a sua missão?


A Anvisa foi criada no governo Fernando Henrique Cardoso pela lei nº9.782, de 26 de
Janeiro de 1999. Sua missão é: “Proteger e promover a saúde da população garantin-
do a segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu
acesso”.

1.  Escreva sobre um dos Casos especiais da Biossegurança.


Desde o surgimento da AIDS, no início da década de 80, os profissionais da área da
saúde experimentaram uma intensa preocupação com a possibilidade de adquirirem o
vírus HIV em decorrência de suas atividades profissionais. Esse medo, em parte exage-
rado em relação ao risco oferecido pelo HIV e subestimado em relação a outras viroses
de transmissão por contato com sangue e outros fluido biológicos, provocou um ressur-
gimento dos conceitos de biossegurança. A década de 80 foi importante também pelo
estabelecimento e revisão dos conceitos de Precauções Universais.

146 • capítulo 5

S-ar putea să vă placă și