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VOCAÇÃO
Brasileiroalmejanegóciopróprio
77% querem se tornar empreendedores, mas a
falta de planejamento e o perfil inadequado
fulminam a maioria das empresas abertas no país
Não é à toa que o Brasil é considerado um
país empreendedor: 77% das pessoas têm
vontade de ter um negócio próprio, de
acordo com uma pesquisa do Datafolha
realizada em novembro do ano passado.
Por outro lado, estudos do Sebrae-SP
(Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) mostram que 71% das empresas
abertas no país não duram mais que cinco
anos. Ou seja, sobra interesse, mas falta
preparoparaconcretizar o sonho.
Mesmo que se tenha uma idéia brilhante,
ela não sustenta um negócio sem planeja-
mento adequado. É preciso conhecer bem
o mercado escolhido, os clientes potenciais,
os concorrentes e os fornecedores. Além
disso, deve-se buscar um diferencial em re-
lação aosserviços ou produtos já existentes.
Mais da metade das empresas abertas no
país não faz uma pesquisa adequada das
características e dos hábitos dos consumi-
dores. E quase um terço não busca infor-
mações sobre o que os concorrentes ofere-
cem, mostram os dados do Sebrae-SP.
Aqueles que conseguiram fazer com que
seu negócio sobrevivesse por mais de cinco
anos gastaram, em média, nove meses em
atividades de estudo e de planejamento.
ANTES E DEPOIS
EPOIS DE ABRIR
Como empregado do ...
Gerentes e diretoress
trabalham, em média,ia,
52 horas por semanaa
Os ganhos são regulares,
mas muitas vezes o
lares
poder de compra é reduzido
pelo avanço da inflação
Muitas empresas oferecem 14º
salário, e algumas, bônus por
desempenho e participação nos lucros
O trabalho, quase sempre,
é em equipe
Mesmo em cargo de chefia, está
subordinado a alguém com cargo
mais alto na hierarquia
Cobranças por resultados estruturam
o sistema, mas a responsabilidade
é partilhada com outros profissionais
Um dos maiores temores é a demissão
Fonte: consultores de negócios
SEBRAE Coleção do EMPREENDEDOR
AB domingo, 1º de setembro de 2002
1
SONHO E REALIDADE* 11
Atividades exercidas antes do negócio (em %)
Empregados no setor privado 44
Estudantes 3
21 Autônomos
13 Donos de outras empresas 13
■
Caminhos para começar
Uma das opções é atuar como emprega-
do no segmento de interesse. A tática per-
Outras (como desempregados 6
e aposentados)
Porque abriram um empreendimento (em %)
Desejavam ter um negócio próprio 34
8 Donas-de-casa
5 Funcionários públicos
28 Identificaram uma
oportunidade de negócio
2
mite a interação com fornecedores e clien- Clientes ou fornecedores pediram** 6
11 Tinham experiência
tes e a criação de uma rede de contatos. Ou- Estavam sem ocupação 6 anterior no segmento
tra estratégia é usar olhos de consumidor e Estavam insatisfeitos 2 9 4 Foram indenizados ou
conhecer o mercado no papel de cliente.
■ Pesquisar bastante sobre o ramo de ne-
em seus empregos Outras razões demitidos
* *atuavam na informalidade, por exemplo
24
gócios e recorrer à orientação de entidades Escolaridade (em %) Faixa etária (em %)
especializadas, como o Sebrae e as federa-
çõesdas indústrias, é um bom começo.
Ensino médio 41
completo
23
Superior
46
De 25 a
30
De 40 a
26
■ Uma saída são as incubadoras de empre- completo 39 anos 49 anos
3
sas —grupos constituídos em universida- Fundamental 14 22
des ou institutos de pesquisa que incenti- 7 17
incompleto Fundamental completo Até 24 anos 50 anos ou mais
vam o desenvolvimento de pequenos negó-
cios. O índice de mortalidade das empresas Empresas que encerram “Causa mortis” na opinião
nessas condições costumaser menor. as atividades (em %) dos próprios empresários (respostas múltiplas, em %)
■ Quem abre um negócio o faz, em geral,
32 Falta de clientes 30
por oportunidade ou por necessidade. No
Brasil é grande a porcentagem de empresá- Problemas particulares 19
rios “de ocasião”: os que perderam o em- 12 12
7 8 Falta de capital ou de crédito
Inadimplência dos clientes
18
13
37
prego, os que buscam uma ocupação pós-
aposentadoria ou os que estão insatisfeitos Concorrência 8
no trabalho. Mas esses cenários não são Custos elevados 5
39
1º ano
2º ano
3º ano
4º ano
5º ano
ideais para ensejar aabertura do negócio. Impostos e encargos elevados 4
Problemas com sócio 4
■ Analise se você tem o perfil de empreen-
Outros motivos 19
dedor: assume riscos calculados, tem per-
4
*Pesquisa realizada com 1.750 empreendedores que constituíram empresa entre 1995 e 1999 no Estado de São Paulo Fonte: Sebrae-SP
sistência,comprometimento e disciplina.
NA PRÁTICA
Já como empregador... Marcelo Gardim, 32, aproveitou seu conheci-
Trabalhar 12 horas por dia vira rotina
no início do negócio, bem como abrir
Terexperiência mento de materiais hidráulicos para abrir sua pró-
pria loja, há oito meses. Como empregado, era res-
mão de finais de semana e feriados noramoélargar ponsável por 80% das vendas da empresa onde tra-
balhava.Parte desses clientes o acompanhou.
50
Antes de abrir, fez um estudo na região em que
Não há garantias de rendimentos
regulares, já que os lucros dependem
da economia do país. Mas a perspectiva
emvantagem iria atuar e descobriu que, para ter sucesso, não de-
veria vender só material hidráulico mas
52
também de construção. O único problema
Fernando Moraes/Folha Imagem
de ganhos a longo prazo é maior
do qual não se desvencilhou é o expedien-
Não existem benefícios te de até 17 horas por dia. “No início, tinha
como 13º salário
e férias remuneradas
É o responsável por todas
as atividades da empresa
um sócio.Hojeprefiro ser o único dono.”
Para especialistas, a situação ideal de so-
ciedade é aquela em que as características
dos parceiros se completam e em que há
um plano de vida definido. Ao que parece,
5
Deve satisfações a uma
Leonardo Franco, 31, administrador, e Fa-
bio Ciuchini, 30, engenheiro, estudaram
63
série de partes envolvidas: mercado, bem a lição antes de abrir, em 99, uma em-
fornecedores, empregados e eventuais sócios presaespecializada em compras.
Amigos desde o colegial, fizeram em 96o
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As decisões tomadas são definitivas e plano da sociedade. Com essa meta, dire-
estabelecem o rumo do negócio. cionaram suas carreiras. Para capitalizar o
É responsável pelos resultados obtidos negócio, a Argos Global Partner Services,
Franco ficou nove meses no emprego após
Tem pesadelos com falência O comerciante Marcelo Gardim aberta a empresa, enquanto Ciuchini “se-
diz mal ter tempo para almoçar gurava as pontas” nastarefas cotidianas.
3 76
6