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A objectividade como ritual estratégico: uma anilise das nogées de objectividade dos jornalistas (') (*) Gaye Tuchman Os jornalistas cujo procedimento temos vindo a estudar acreditam que podem mitigar pressdes continuas como sejam os prazos, os possiveis processos de difamagiio e as represses antecipadas dos superiores, com a argumentago de que o seu trabalho € «objectivon, Este artigo analisa trés factores que ajudam um jornalista a definir um «facto objectivow: a forma, o contetido ¢ as relages interorganizacionais. Demonstra que ao analisar 0 contetido € as relaces interorganizacionais, o jomalista s6 pode invocar 0 seu. news judgement; todavia, ele pode reivindicar a objectividade citando procedimentos que seguiu ¢ que exemplificam os atributos formais de uma noticia ou de um jomal. Por exemplo, o jomnalista pode afirmar que citou outras pessoas em vez de dar as suas proprias opinides. O artigo sugere que a «objectivi- dade» pode ser vista como um ritual estratégico, protegendo os jomalistas dos riscos da sua profissio. Fle levanta a questo de outras profissdes nfo poderem também usar termo ‘«objectividade» da mesma maneira. () Uma versio mais pequena deste ensaio foi apresentada, em 1971, n0s encontros da American Sociological Associated. Beneficiei dos comentérios da Charles Perrow, Kenneth A. Feldman, Rose L. Coser e Florence Levinson ajudousme a editi-to. (*) Reedigio de: American Journal of Sociology (Vol. 77, N° 2, 1972). «Objectivity as Strategic Ritual: An Examination of Newsmen's Notions of Objectivity», de Gaye Tuchman. Direitos de autor: The University of Chicago. Reedigio com a aprovagio do editor. 74 Para um sociélogo, o termo «objectividade» esta cheio de significado, Invoca filosofia, nogdes de ciéncia e ideias de profissionalismo. Evoca os fantasmas de Durkheim e Weber, recordando controvérsias em jomais especializados acerca da natureza de um «facto sociab» e do termo livre de valores». A frequente insisténcia dos cientistas sociais na objectividade ndo é especifica da sua profissio. Os médicos e os advogados declaram que a objectividade é a atitude adequada para com os clientes. Para os jornalistas, como para os cientistas sociais (’), o termo «objectividade» funciona como um baluarte entre eles © os criticos. Atacados devido a uma controversa apresentago de «actos», os jomalistas invocam a sua objectividade quase do mesmo modo que um camponés mediterrénico pée um colar de alhos a volta do pescogo para afastar os espiritos malignos. Os jomalistas tém de ser capazes de invocar algum conceito de objectividade a fim de trabalhar os factos relativos a realidade social. Este artigo analisard trés factores que influenciam a nogio de objectividade dos jomalistas: a forma, as relagdes interorganizacionais € 0 contetido. Por forma, entendo aqueles atributos das noticias ¢ dos jomais que exemplificam os processos noticiosos, como o uso das aspas. Por contetido, entendo aquelas nogdes da realidade social que os jomalistas consideram como adquiridas. O contetido é também relacio- nado com as relagGes interorganizacionais do jornalista, pois as suas experiéncias com essas organizagées levam-no a tomar por certas algumas coisas acerca delas. Finalmente, sou de opiniao de que 0 manuseamento da «estéria», isto é, 0 uso de certos procedimentos percepti- veis a0 consumidor de noticia, protege o jomalista dos riscos da sua actividade, incluindo os criticos. Everett Hughes (1964) sugere que os procedimentos que servem este propésito podem ser encarados como «tituais», Um ritual é analisado aqui como um procedimento de rotina que tem relativamente pouca relevancia ou uma relevaincia tangencial para o fim procurado. A adesio ao procedimento é frequentemente obrigatéria. O facto de um tal procedimento poder ser 0 meio mais conhecido de se chegar ao fim que se procura nfo deprecia a sua caracteriza- 40 como ritual. Por exemplo, a pritica oitocentista de sangrar os pacientes para os livrar da febre pode ser entendida como um ritual (°). Os jomnalistas invocam os procedimentos rituais para neutralizar potenciais criticas e para seguirem rotinas confinadas pelos «limites cogniti- vos da racionalidaden. Esses mesmos procedimentos rituais também so «estratégias» perfor- mativas (March e Simon, 1967, pp. 137, 141). O termo «estratégia» denota a téctica ofensiva destinada a prevenir 0 ataque ou a deflectir, do ponto de vista defensivo, as criticas (‘). A ©) Jacobs (1970) poe em questio comparacdes entre os jomalistas ¢ 05 socidlogos, chamando a atencio para 0 facto de 0s sociélogos reunirem mais dados para um fim diferente. Refere que a primeira regra do seu editor era wobter 0s factos» ea segunda «no deixar 0s facts interferir com 'aestéria'- Os jomais contemporineos, incluindo aqueles para os ‘quais Jacobs trabalhou, puseram de lado esta segunda méxima. A quantidade ¢ o fim da informago reunida nao encarecem ndo os furta & caracterizagao de rituais (Everett ‘Hughes, comunicagao pessoal, 1971). A relutincia de muitos de encararem os procedimentos médicos como rituais é provavelmente um reflexo do grande prestigio profissional dos médicos. () Weinstein (1966) fala da «téctica de aumento da credibilidade» e sugere (comunicagio pessoal, 1971) que as ticticas conotadas com a «objectividaden, tais como fazer citagbes de outras pessoas ou apresentar hipéteses altemativas, citando provas negativas ou opinides contraditrias, podem ser utlizadas no aumento da credibilidade na comunicagio interpessoal 75 objectividade como ritual estratégico pode ser utilizada por outros profissionais como forma de se defenderem dos ataques violentos da critica. Este ensaio cita dez artigos de jomnal. Nove sio tiradas de notas recolhidas como obser- vador patticipante num jornal didrio metropolitano com uma circulagao de cerca de 250 000 exemplares ('). O décimo é retirado de um livro sobre praticas noticiosas (Rivers, 1967). Em seis casos, 0s jomnalistas criticam o trabalho de colegas; num, um jornalista critica um repérter de um outro jomal, O énfase posto na critica é, em parte, um resultado dos métodos utilizados. Como observador participante, tentei colocar 0 menor nimero possivel de questdes. Isto foi especialmente importante quando observava 0s editores principais que passavam a maior parte da noite soterrados nas matérias. Quando elogiavam um artigo em detrimento de outro, no apresentavam as suas razdes. Quando no gostavam, davam iniimeras razdes para o rejeita- rem. Essas razées eram cuidadosamente registadas, e estes registos so necessariamente mais correctos do que as imputagées relativas ao que est4 «correcto» numa «boa» noticia. Poucas foram as noticias que sofreram criticas; as enfadonhas exposigdes das falhas de uma noticia, se bem que prontamente categorizadas, eram poucas e raras. Todavia, as categorias de avaliagdes negativas que elas geravam forneciam critérios para a avaliagdo de noticias «boas» ou bem feitas. A discusso da «apresentagio das possibilidades contraditorias» é construida a partir dessas categorias negativas assim como das afirmagoes «positivas» dos informantes, I ‘Ao contrério dos cientistas sociais, os jomalistas t8m um reportério limitado com o qual definem e defendem a sua objectividade. Nas palavras de Radi (1957, 1960), o cientista social & um «pensador»; o jomalista, um «homem de acgdo». Isto é, 0 cientista social tem que ocupar-se da andlise epistemolégica reflexiva (Schultz, 1962, p. 245); 0 jomalista niio, Ele tem de tomar decisdes imediatas relativamente a validade, fiabilidade e «verdade» a fim de conhe- cer os problemas impostos pela natureza da sua tarefa — 0 processamento de informagaio que dé pelo nome de noticia, um produto de consumo depletivo feito diariamente. O processamen- to das noticias nao deixa tempo disponivel para a anilise epistemoldgica reflexiva. Todavia, os jomalistas necessitam de uma nogdo operativa de objectividade para minimizar os riscos impostos pelos prazos de entrega de material, pelos processos difamatorios ¢ pelas reprimen- das dos superiores. ‘A menos que o repérter tenha levado a cabo uma investigacao prolongada, ele geralmen- te tem menos de um dia de trabalho para se familiarizar com o background do acontecimento, para recolher informages e para escrever 0 seu artigo (°). O repérter sabe que o seu trabalho (©) Todos 0s informadores sabiam que eu era um sociélogo empenhado numa investigagao. Muitos eram levados a ddefinir as minhas actividades nos termos do seu proprio trabalho. As suas voluntariosas interpretagées das minhas actividades foreceram pistas relatvas is suas préprias estratégias de trabalho. (©) O repérter tem menos de que um dia de trabalho, porque ele também pode ser chamado a executar trabalhos de rotina como 0 escrever obituirios e reescrever relatos de acontecimentos transmitidos por telefone para a redacgiio pelos correspondentes do jomnal. Também a um repérter pode ser atribuida uma matéria, como um incéndio, depois de uma consideravel parte do seu dia de trabalho jé ter passado. A tarefa ¢ algo diferente para o beat reparter, uma vez que ele jé tema sua disposi¢do informages acumuladas. 76

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