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BÍBLIA
Daniel Kauffman
Traduzido por:
Carlos David Neyra
Revisado por:
Stephen Kramer, Charles Becker e Zeyna Abramson.
Segunda edição
www.LMSdobrasil.com.br
São Paulo – SP
LMS
2014
Doutrinas da Bíblia
Edição em português publicada pela
Publicadora Lâmpada e Luz, 2010,
com permissão da Herald Press, Scottdale, Pennsylvania 15683.
Edição original (no inglês): Doctrines of the Bible, Daniel Kauffman, editor
Copyright © 1928, renovação de 1956,
pela Mennonite Publishing House, Scottdale, Pennsylvania 15683.
Todos os direitos reservados.
© 2010 Publicadora Lâmpada e Luz
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I ntrodução
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Introdução
(à edição original em inglês)
A Bíblia contém a doutrina de nosso Senhor. Deus abençoa
aos que guardam essa doutrina. Mas para guardar corretamente
a doutrina da Bíblia temos que entendê-la corretamente. A dou-
trina da Bíblia inclui os mandamentos, os ensinamentos, as leis e
os princípios que pertencem à fé que salva e nos ajudam a viver
uma vida de vitória.
Nesse sentido, um livro que expõe essas verdades da Bíblia,
tem ocupado, e sempre deverá ocupar um lugar importante entre
o povo de Deus. Esse livro de doutrina bíblica foi preparado
precisamente com esse objetivo.
Ao mesmo tempo que Deus colocou o homem sobre a bela
terra que ele mesmo criou, apresentou uns ensinamentos que
fariam com que a vida fosse mais plena para sua criação. Guardar
estes ensinamentos teria prolongado a felicidade do homem no
jardim do Éden por toda a eternidade. Mas o homem desobedeceu
aos ensinamentos de seu Criador, levando dessa forma, toda a raça
humana ao desastre e à morte. No entanto, Deus fez um plano
para redimir o homem. Nesse plano ele deu ao homem a doutrina
e os ensinamentos necessários para oferecer-lhe novamente o que
havia perdido por causa do seu pecado. Através de todo o período
da lei de Moisés, dos reis de Israel e dos profetas, até a vinda de
Jesus, o êxito ou o fracasso do homem, dependia de aceitar ou
rejeitar essa doutrina dada pela autoridade divina.
Quando veio Jesus, o grande Mestre, ele falou sobre os requisitos
essenciais para uma vida aceitável a Deus. Jesus declarou que uma
vida que agradava ao Pai dependia de ouvir e fazer o que ele ensinava.
Em seguida, o Espírito Santo instruiu aos líderes da igreja primitiva
sobre as coisas necessárias para obter a aprovação do Pastor e Bispo
de nossas almas. O Espírito Santo deu-lhes a entender que é essencial
viver e ensinar a doutrina da Palavra de Deus e incuti-la na vida
dos irmãos. Deus nos ensina em 2 Timóteo 3:16–17, que todos os
ensinamentos da sua Palavra são essenciais para capacitar o cristão
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I ntrodução ( à edição original em inglês )
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I ntrodução ( à edição original em inglês )
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Prólogo
(à primeira edição em espanhol)
Um grupo de irmãos cristãos com um zelo muito grande pela
obra do Senhor, enquanto trabalhavam como missionários na
Guatemala entre os de língua espanhola, perceberam a grande
necessidade que havia de traduzir para o espanhol, o livro, Doc-
trines of the Bible. Até então não existia nenhum livro semelhante
publicado nesse idioma. Necessitava-se de um livro que explicasse
a sã doutrina da Bíblia de maneira clara e objetiva, expondo
fielmente os ensinamentos do Senhor. Certamente já haviam
sido publicados muitos livros sobre a doutrina bíblica, mas estes
negavam ou deixavam escapar alguns dos ensinamentos contidos
na Bíblia. Enquanto isso, muitos crentes se aproximavam de nós e
nos pediam explicações quanto à doutrina da Bíblia. A necessidade
de um texto guia que nos ajudasse a responder a tantas perguntas
serviu de incentivo para preparar uma obra como essa.
Foi assim que a junta da Associação Menonita Conserva-
dora, com a permissão de Herald Press, autorizou o começo da
tradução desse livro. Muitos irmãos de várias missões e lugares
se empenharam na tarefa de trabalhar em tão importante obra.
Queremos agradecer muito a todos os que ajudaram. No entanto,
não é possível recompensar a cada um de vocês que de uma forma
ou de outra, ajudou na realização desse material, mas esperamos
que agora, com o livro já impresso, todos desfrutem de suas
colaborações.
Confiamos que os ensinamentos desse livro servirão de muita
bênção a todos os nossos amigos de língua espanhola. Que seja
a vontade de Deus que esses ensinamentos ajudem a muitos a
estabelecerem-se mais na sã doutrina da Bíblia: Para aperfeiçoar
a todos os santos, para que a pregação do evangelho avance, para
que a igreja siga a Cristo a fim de que cheguemos à unidade da fé
e ao conhecimento do Filho de Deus. Por favor, se encontrar algo
nesse livro que não concorda com sua própria opinião, procure
na Bíblia para assegurar-se que seja assim. A Bíblia é autoridade
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P rólogo ( à primeira edição em espanhol )
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Prólogo
(à segunda edição em espanhol)
A publicadora da primeira edição em espanhol de Doctrinas
de la Biblia (a Associação Menonita Conservadora) deixou de
existir como tal nos anos 90 do século vinte. No entanto, sempre
se mantiveram os pedidos que solicitavam mais exemplares deste
livro. Por conseguinte, foi oferecido para a Publicadora Lâmpada
e Luz, a proposta de começar a publicá-lo para suprir a demanda
existente.
Depois de considerar o assunto, decidimos aceitar a oferta. A
junta executiva da Publicadora Lâmpada e Luz, com a permissão
de Herald Press, autorizou uma nova tradução desse livro do inglês
para o espanhol e nos deu permissão para redigir uma nova edição.
Apresentamos essa obra aos nossos leitores na esperança de que
a mesma os estimule a estudar a Bíblia para comprovar a vera-
cidade dos ensinamentos que aqui se expõem. Que Jesus Cristo
receba toda a glória por qualquer ajuda espiritual adquirida por
meio da presente obra.
—Publicadora Lâmpada e Luz
Novembro de 2003
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Índice
A doutrina de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Capítulo 1 Deus, seu ser e seus atributos . . . . . . 19
Capítulo 2 Deus, suas obras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Capítulo 3 A Trindade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Capítulo 4 Deus o Pai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Capítulo 5 Deus o Filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Capítulo 6 Deus o Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . 61
A Doutrina Do HOMEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Capítulo 7 O homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Capítulo 8 Um quadro histórico do homem . . . . 75
Capítulo 9 O homem em seu estado caído . . . . . 85
Capítulo 10 O homem remido . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Capítulo 11 A morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
As Providências De Deus
Para O HOMEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Capítulo 12 A graça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Capítulo 13 A revelação . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Capítulo 14 A Bíblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Capítulo 15 O lar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Capítulo 16 A igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Capítulo 17 O governo civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Capítulo 18 O dia do Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Capítulo 19 Os anjos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
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Í ndice
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Í ndice
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A doutrina
de Deus
Deus, o ser infinito é descrito somente com palavras que falam
sobre o infinito. Seus domínios são imensuráveis, sua sabedoria
é insondável, suas riquezas são inescrutáveis, seus caminhos são
indescritíveis e sua grandeza excede a toda comparação. Não
podemos compreender a Deus, só podemos exclamar como o
salmista: “De eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo 90:2).
Esse Deus único e eterno se revelou ao homem. É somente por
meio da revelação desse Deus infinito que o homem finito pode
entender o propósito do universo e de sua própria existência. O
incrédulo, que não conhece a Deus e, no entanto, se orgulha das
suas teorias, está enredado na sua própria ignorância, misticismo
e superstição. O filho de Deus é o único que pode entender o
Deus vivente e as suas obras maravilhosas.
Há muitas evidências que demonstram que existe um ser
supremo. A criação mostra claramente que há um ser infinito que
tudo sabe e tudo pode. Ele é sobrenatural, sobre-humano, sem
princípio e sem fim; é um Criador muito amoroso que não tem as
limitações que têm as criaturas que ele mesmo criou. A existência
da natureza é um milagre que demonstra que na realidade existe
um Operador de milagres. O homem pode entender a origem de
tudo isso somente por meio do que falou aquele que criou todas
as coisas e tem todo o poder. Esse ser chama-se “Deus”.
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Capítulo 1
Deus, seu ser
e seus atributos
Engrandecei ao Senhor 1comigo; e juntos exaltemos o seu
nome (Salmo 34:3).
O conhecimento de Deus
Nosso primeiro conhecimento de Deus vem da declaração
que aparece no primeiro versículo de Gênesis: “No princípio
criou Deus...” Isto se refere ao tempo quando Deus criou todas
as coisas. Mas este não foi o princípio dele, pois Deus é sem
princípio e sem fim.
Deus é um ser real, tal como o homem o é. Nós podemos
afirmar isso porque sabemos que o homem foi criado à imagem
de Deus. Deus tem uma personalidade assim como o homem tem.
Deus se manifesta a seus filhos de várias maneiras: na Bíblia,
na natureza e na obra de Deus nos corações de seus filhos. E
Jesus Cristo, o Verbo feito carne, é Deus conosco. Além disso,
existem provas da existência de um Deus supremo na natureza,
na consciência do homem e nas lendas transmitidas de geração
em geração desde as civilizações antigas. Sendo assim, ninguém
pode se desculpar por não conhecer a Deus (leia Romanos
1:20–32).
Nomes de Deus
Deus se manifesta por meio de vários nomes. Os dois nomes
mais comuns nas Escrituras hebraicas são Elohim (geralmente
1 Na edição Almeida Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original da Bíblia em Por-
tuguês, quando a palavra Senhor estiver em versalete (Senhor), isso indica que na
língua oringinal foi usado o nome de nosso Deus YHWH, (o Eterno, aquele que é).
É o nome próprio de Deus (leia Êxodo 6:3).
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A doutrina de Deus
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D eus , seu ser e seus atributos
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A doutrina de Deus
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D eus , seu ser e seus atributos
Os atributos de Deus
1. Deus é eterno
Observamos esse atributo em expressões tais como: “O Deus
eterno” (Deuteronômio 33:27), “desde a eternidade e até a eterni-
dade” (Salmo 103:17) e “para todo o sempre” (Apocalipse 11:15).
Além do mais, vemos isso em Gênesis 1:1, onde Deus se mostra
como um ser ativo e criativo “no princípio”. Deus não é governado
pelo tempo como suas criaturas.
2. Deus é imutável
“Eu, o Senhor, não mudo” (Malaquias 3:6) é a declaração de
sua própria boca. Ainda que Deus mude seus métodos conforme
as diferentes situações que se apresentam, e em várias ocasiões
tem entrado em pactos novos com os homens, ele mesmo nunca
mudou. Sua verdade existe “de geração em geração” (Salmo 100:5).
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus
13:8). “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu”
(Salmo 119:89). Também leia Tiago 1:17.
3. Deus é onipotente
Quer dizer, Deus é todo-poderoso. O mesmo Deus que no
princípio disse as palavras e foram criados os céus e a terra, agora
estende seu braço forte e faz tremer a terra por meio de furacões,
terremotos e vulcões. Esse mesmo Deus enviará desde os céus o seu
Filho e uma nova ordem aparecerá (2 Pedro 3:10–13). A majestade
e a grandeza de seu poder são anunciadas eloquentemente pela
boca do profeta (leia Isaías 40:12–17). (Também leia Gênesis 17:1;
Apocalipse 19:6). O mesmo Deus que criou os céus e a terra é
quem sustenta todas as coisas na palma de sua mão e até as nações
mais poderosas não são nada em comparação com o seu poder.
4. Deus é onisciente
Para Deus não há limite em sabedoria e conhecimento porque
ele sabe todas as coisas. “Os olhos do Senhor estão em todo
lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15:3).
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A doutrina de Deus
5. Deus é onipresente
“Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua
face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama,
eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra
me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então
a noite será luz à roda de mim” (Salmo 139:7–11). Visto que os
olhos de Deus estão em todas as partes, que nada se pode esconder
de sua vista e que ele sabe ainda os pensamentos mais íntimos e
as intenções do coração (leia Hebreus 4:12), devemos adorar a
Deus em todo tempo com santa devoção e nunca guardar o mal
em nossos corações (leia 2 Crônicas 6:18).
6. Deus é justo
“Os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente”
(Salmo 19:9). “Justo és, ó Senhor, e retos são os teus juízos” (Salmo
119:137). Ninguém deve temer que não receberá justiça da parte
de Deus porque ele é perfeito em justiça, assim como é em suas
misericórdias. Sua Palavra ensina sua justiça e essa mesma justiça
está presente em todas as suas obras.
7. Deus é fiel
“Fiel é Deus” (1 Coríntios 10:13). Essa é somente uma das
passagens bíblicas que afirma a fidelidade de Deus. Ele tem feito
milhares de promessas e nunca deixou de cumpri-las. Seus pactos
com o homem pecaminoso são uma evidência inquestionável da
fidelidade de Deus. Damos graças a Deus, pois em qualquer tempo
podemos nos aproximar dele com confiança e sentir-nos seguros
de que a sua “palavra é a verdade” (João 17:17).
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D eus , seu ser e seus atributos
8. Deus é incompreensível
Os homens mais sábios, mais cultos, mais eruditos e mais hábeis,
enfrentam muitas situações na vida que têm que confessar: “Eu
não sei”. Zofar, por exemplo, fez uma pergunta muito apropriada
quando indagou: “Alcançarás os caminhos de Deus?” (Jó 11:7).
Somos rodeados de muitos mistérios que a mente humana não
consegue compreender. Muitos homens que passam toda a sua
vida pesquisando a Palavra de Deus confessam que estão apenas no
começo. Não é difícil conhecer a Deus. No entanto, é impossível
que o homem alcance o limite do conhecimento a respeito de tudo o
que Deus é, diz ou faz. O apóstolo Paulo, foi talvez, quem pesquisou
as coisas de Deus mais do que qualquer outro homem, depois que
foi “arrebatado ao terceiro céu” e ouviu palavras inefáveis “que ao
homem não é licito falar”, deu esse testemunho: “Ó profundidade
das riquezas, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus
caminhos!” (Romanos 11:33).
9. Deus é simples
Apesar de tudo o que se pode dizer a respeito da incompreensi-
bilidade de Deus, a simplicidade é uma de suas características mais
excelentes. Isso se vê em todas as obras de suas mãos. Ainda que
nenhum ser humano possa saber tudo sobre ele, cada ser racional
pode chegar a conhecer algo; o suficiente para animá-lo a continuar
estudando a Bíblia, trabalhando e regozijando-se ao aprender mais
da verdade divina. A Bíblia é um modelo de pensamentos simples
e profundos, e as pessoas que são uma viva imagem de Deus são
reconhecidas pela sua simplicidade e humildade.
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A doutrina de Deus
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D eus , seu ser e seus atributos
dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que
[o] odeiam” (Êxodo 20:5). Em Provérbios 6:16–19 notamos sete
coisas específicas que o Senhor odeia. Ele odeia todos os maus
caminhos e todas as formas de iniquidade. Para poder amar apai-
xonadamente tudo o que é bom, justo e santo, é preciso odiar
ardentemente a iniquidade.
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Capítulo 2
Deus, suas obras
Ó Senhor dos Exércitos,… só tu és Deus de todos os reinos da
terra; tu fizeste os céus e a terra (Isaías 37:16).
Onde quer que se olhe, seja nos céus ou na terra, vê-se as
maravilhosas obras de Deus. Ao contemplar a glória de Deus na
natureza, o rei Davi cantou:
Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma
noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem
fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a
terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. (Salmo 19:1–4).
Observamos a glória infinita de Deus nas suas maravilhosas
obras ao nosso redor. Os céus e a terra proclamam a glória de
Deus. Essa glória nos fala ao mesmo tempo das glórias vindouras
que serão ainda maiores. A ele adoramos pelo seu poder incom-
parável, sua graça maravilhosa, seu terno amor e sua compaixão
para conosco que somos criaturas indignas, feitas de pó. Olhamos
para os domínios insondáveis do Altíssimo, e na nossa imper-
feição procuramos estudar as obras de Deus.
Para facilitar este estudo, ele foi dividido em duas partes: (A)
A CRIAÇÃO e (B) A SOBERANIA DIVINA.
A. A CRIAÇÃO
Nosso estudo começa no “princípio” de Gênesis 1:1. No que
se refere ao tempo anterior à criação, Deus não revelou nada ao
homem exceto umas poucas palavras como em João 17:5 e Efésios
1:4. A frase “No princípio” assinala o princípio de todas as coisas
que existem no nosso universo. É nesse ponto que Deus abriu o seu
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A doutrina de Deus
A semana da criação
Gênesis descreve da seguinte forma a obra de Deus durante a
semana da criação:
O primeiro dia: A luz, o dia e a noite
E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a
luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou
à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã,
o dia primeiro (Gênesis 1:3–5).
O segundo dia: Os céus
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja
separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez
separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e
as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou
Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo
(Gênesis 1:6–8).
O terceiro dia: A terra, o mar e as plantas
E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar;
e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção
seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu
Deus que era bom. E disse Deus: Produza a terra erva verde,
erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a
sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.
E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua
espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a
sua espécie; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã,
o dia terceiro (Gênesis 1:9–13).
O quarto dia: O sol, a lua e as estrelas
E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para
haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais
e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para
luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim
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A doutrina de Deus
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D eus , suas obras
O evolucionismo
O elemento proeminente nessa filosofia é a evolução. Essa
hipótese tem várias modificações, desde o ateísmo absoluto,
até a intenção de harmonizar a evolução com a Bíblia. Todas as
modificações entram em conflito quando são confrontadas com
a verdadeira criação descrita na Bíblia. Vejamos:
Ø É impossível reconciliar o que passou nos seis dias espe-
cíficos da criação com a teoria de que os seis dias foram
épocas geológicas que duraram milhões de anos. É ainda
mais impossível reconciliar a ideia de um progresso gradual
com a declaração bíblica que Deus “formou o homem do
pó da terra” e “criou Deus o homem à sua imagem”. Com
isto notamos que o homem não evoluiu de um micróbio
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A doutrina de Deus
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A doutrina de Deus
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D eus , suas obras
B. A SOBERANIA DIVINA
A criação do mundo foi somente o princípio da obra de Deus
para o bem-estar de suas criaturas. A história da criação é apenas
uma introdução ao poder e à sabedoria do Criador.
Deus não somente criou os céus e a terra, mas também sus-
tenta o universo na palma de sua mão. Ele governa sobre todas
as coisas segundo a sua sabedoria e vontade divina. Ele é quem
dita o destino dos homens e das nações e quem também move os
céus e a terra a favor de suas criaturas e para o bem-estar delas.
37
A doutrina de Deus
que o homem tem capacidades sem limites e que somente tem que
desenvolvê-las. Mas a fragilidade do homem e a sua total depen-
dência de Deus são tão manifestas que não é necessário discuti-las.
Poderíamos pensar que o diabo é o “deus deste século” e senhor de
todos os seus domínios. No entanto, ele está sujeito às limitações
que Deus lhe impôs. Nós observamos isto no primeiro capítulo
de Jó. O Criador reina sobre toda a sua criação. Ele é quem criou
todas as coisas, e todas as suas criaturas estão sujeitas a sua santa
vontade. Ele é “o Senhor de todos” (Atos 10:36).
O administrador de tudo
Deus é o administrador de tudo. A mão forte de Deus está
presente em cada acontecimento no decorrer dos séculos.
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A doutrina de Deus
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D eus , suas obras
As leis de Deus
Deus não governa arbitrariamente. Ele governa com misericór-
dia e justiça por meio de leis que surgem de sua própria natureza
divina. Todas as coisas serão julgadas segundo essas leis. Todos
nós somos governados aqui e também seremos julgados por meio
das leis de Deus. Jesus explicou, “a palavra que tenho pregado,
essa o há de julgar no último dia” (João 12:48). A justiça exata
e perfeita, junto com a misericórdia, são possíveis porque “Deus
não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34).
Nosso bem-estar espiritual depende da nossa obediência ou
desobediência às leis de Deus. “Tudo o que o homem semear,
isso também ceifará” (Gálatas 6:7). Se agora guardamos as leis de
Deus, podemos confiar que estaremos ao seu lado na eternidade
(leia Mateus 7:21–27).
Muitas nações da terra basearam suas leis civis nas justas leis de
Deus. A relação que existe entre as leis das nações e as de Deus,
sugere a ideia de que o homem ao buscar a verdadeira justiça,
limita-se às leis justas de Deus. A sabedoria de Deus é aparente no
fato de que as nações são mais prósperas na medida em que estas
se aproximam do modelo divino em suas leis e na administração
das mesmas.
O que chamamos de “leis da natureza” simplesmente são as leis
que Deus criou para governar essa criação. E quanto às leis natu-
rais, nós devemos lembrar que Deus tem poder, como qualquer
legislador, de colocar em vigor, suspender, modificar ou revogar
essas leis. Quando ele suspende ou modifica os efeitos de tais leis
(como faz frequentemente para responder às nossas orações) então
isto é o que chamamos de milagre. Exemplos: Quando o sol e
a lua foram detidos nos dias de Josué; a seca e a chuva nos dias
de Elias; e a ressurreição de Lázaro depois que esse havia estado
morto por quatro dias.
Porventura devemos assombrar-nos de tais manifestações do
poder de Deus? O mesmo Deus que criou todas as coisas tem
poder para fazer com elas o que lhe apraz.
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Capítulo 3
A TRINDADE
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28:19).
A palavra “trindade” não aparece na Bíblia, mas a doutrina de
um Deus trino se vê claramente na mesma.
Há duas coisas a respeito de Deus que cremos com igual ênfase:
1. Há um só Deus.
2. Há uma trindade de personalidades onde cada um dos
integrantes é Deus.
Estas duas realidades juntas justificam o título:
O Deus trino
1. Deus é um
“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”
(Marcos 12:29). Ouve-se a voz desse mesmo Deus neste versí-
culo: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da
terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Isaías 45:22). Fica
claro nessas duas declarações que há somente um Deus; não três
deuses, nem muitos deuses, mas um Deus. A teoria da plura-
lidade de deuses pertence à idolatria. A doutrina da trindade é
torcida quando abandonamos a ideia da unidade de Deus. Há
somente um Deus e fora dele não há nenhum outro. “Ao Senhor
teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mateus 4:10).
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A doutrina de Deus
3. O Pai é Deus
Jesus reconhece que o Pai é Deus quando ele disse: “Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (João
3:16). Pedro também reconhece que Deus é o Pai quando disse:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo
a sua grande misericórdia, nos gerou de novo” (1 Pedro 1:3). Paulo
igualmente lhe dá o mesmo reconhecimento, dizendo: “Bendito seja
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias
e o Deus de toda a consolação” (2 Coríntios 1:3). Cada uma destas
declarações dá ao Pai a distinção de ser o Deus verdadeiro.
4. O Filho é Deus
Isaías escreveu: “Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu… e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Paulo, falando do reconhecimento que o Pai deu a seu Filho, disse:
“Mas do Filho diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos” (Hebreus 1:8). Leia também João 20:28, Romanos 9:5 e
Tito 2:13. Estes versículos referem-se a Jesus Cristo como “Deus”.
Além disso, outras escrituras outorgam atributos divinos a Jesus.
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A T rindade
A incompreensibilidade da trindade
Com relação à incompreensibilidade da trindade, traduzimos
um texto que foi escrito pelo irmão J. S. Hartzler (Bible Doctrine
[Doutrina Bíblica], pp. 45–46), que diz o seguinte:
Há quem diga que seja contraditório dizer “três em um e
um em três”. Dizem que isto é impossível. Do ponto de vista
humano, isto até pode ser verdade, mas Deus não está sujeito
às mesmas leis que ele deu para governar as suas criaturas.
Vemos isso refletido nas inumeráveis coisas que Deus faz pelas
suas criaturas, as quais o homem não pode fazer. Depois da
ressurreição de Cristo, ele fez coisas que aos seus discípulos foi
impossível fazer, sendo que para ele era algo bastante fácil (leia
Lucas 24:31, 36, 51). De maneira que pelo fato do homem
não compreender a trindade, não quer dizer que ela seja uma
doutrina falsa. Se os caminhos de Deus são “inescrutáveis”, fica
muito claro que a sua existência também o é...
45
Capítulo4
Deus o Pai
Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos
chamados filhos de Deus (1 João 3:1).
Quando falamos “Deus”, geralmente nos referimos a ele no
sentido que inclui as três pessoas da Deidade. Porém, quando fala-
mos “o Todo-poderoso” ou “o Altíssimo”, estamos nos referindo
principalmente a Deus, o Pai.
Deus o Pai é manifestado para nós com mais clareza no Novo
Testamento do que no Antigo Testamento pelo fato de ter enviado o
seu Filho ao mundo. Jesus falou de seu Pai e nos mostrou o seu Pai.
Ele e o Espírito Santo glorificam ao Pai. Dessa forma a proeminência
dada a eles no Novo Testamento, atrai a nossa atenção para o Pai.
47
A doutrina de Deus
é Pai de todos nós no sentido natural porque ele nos criou. Mas ele
foi rejeitado pela humanidade caída. Por isso a esperança de uma
salvação universal é falsa, pois nem todos os humanos se arrependem
de seus pecados. Leia 2 Timóteo 3:13 e Lucas 18:8. Jesus disse: “Vós
tendes por pai ao diabo” (João 8:44). Antes de podermos ter a Deus
como nosso Pai espiritual, precisamos nascer de novo.
“Nos céus”: Associamos o nome do Filho com a terra de
Israel (porque ali ele andou enquanto esteve fisicamente na terra)
e cremos pela fé que o Espírito Santo mora nos corações dos
crentes em todas as partes do mundo. Mas cremos que o Pai está
nos céus. Essa é a sua morada eterna. Foi desde essa morada que
ele falou em numerosas ocasiões aos patriarcas e aos profetas, e
em seguida ao seu Filho. E quando dirigimos as nossas petições
a Deus, sentimos reverência porque associamos o Pai com seu lar
eterno. “Pai nosso” sempre se associa com “nos céus”.
“Teu reino”: Desse modo, o Filho reconhece que o reino eterno
pertence ao Pai. Certamente, o Filho e representa a si mesmo como
um nobre que receberá para si um reino (Lucas 19:12–27), mas é
o Pai quem dá a ele esse reino. Quando nos aproximamos do Pai,
sentimos que estamos na presença de um Rei grande, potente e
eternamente glorioso.
“Tua vontade”: A vontade de Deus é suprema no céu, e devemos
reconhecê-la de igual maneira na terra. Enquanto o nosso Salvador
se encontrava no jardim de Getsêmani e mostrava a sua aflição por
meio daquela oração a seu Pai, podemos ver que ele limitou as
suas petições com “todavia, não seja como eu quero, mas como tu
queres” (Mateus 26:39). Se damos ao Pai o devido reconhecimento
então estabeleceremos a sua vontade como algo supremo em nossas
mentes, nossas vidas e em nosso serviço cristão. O verdadeiro filho
de Deus não faz a sua própria vontade, mas a do Pai.
“Não nos conduzas à tentação”: O Pai nos guia por meio de
Jesus Cristo e o Espírito Santo. Enquanto orarmos sinceramente a
nosso Pai para que ele nos guie por caminhos seguros, então ele nos
guardará de todo perigo espiritual e não nos conduzirá à tentação.
“Perdoa-nos”: Todo pecado é cometido contra ele. Dele bus-
camos o perdão.
48
D eus o P ai
A obra do Pai
Tudo o que Deus faz como o Todo-poderoso, o Soberano,
etc., se atribui a Deus o Pai. Dessa forma, a maior parte das coisas
mencionadas nos capítulos anteriores pertencem à obra de Deus
o Pai. Vamos acrescentar mais algumas coisas que são atribuídas
a ele de uma maneira especial.
49
A doutrina de Deus
50
D eus o P ai
Os atributos do Pai
Os atributos de Deus o Pai são os mesmos que foram mencio-
nados no primeiro capítulo como os atributos de Deus. Todas essas
coisas nos revelam o Pai: seu poder infinito como o Governador
supremo do universo; sua sabedoria, sua bondade e misericórdia
na sua relação com os homens pecadores; seu amor maravilhoso
ao enviar para o mundo pecaminoso o seu Filho unigênito como
Salvador e Redentor; sua sabedoria em enviar o Espírito Santo
ao mundo para convencê-lo do pecado e para guiar o seu povo
em toda a verdade; seu cuidado e proteção sobre suas criaturas,
provendo todas suas necessidades com paciência; sua “bondade
e severidade” que se demonstram perfeitas na justiça assim como
também na misericórdia; sua aptidão e vontade de escutar e
responder a cada petição de fé; sua constância na verdade que
permanece por todas as gerações; sua Palavra imutável e seu amor.
O Pai merece toda a nossa confiança e louvor, requer a nossa
obediência e comove nossos corações com o reconhecimento de
sua abundante graça, sua grandeza infinita e sua glória eterna.
51
Capítulo 5
Deus o Filho
Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino (Hebreus 1:8).
A natureza e a obra do Filho de Deus são demonstradas clara-
mente na introdução ao evangelho de João: “No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… Todas as
coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens… E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:1–14). Essa
escritura nos mostra que o Verbo, que era Deus, foi feito carne, quer
dizer, homem. Assim o Filho de Deus é também Filho do homem.
1. O Filho do homem
A humanidade do Filho é evidente:
Ø Ele era filho de uma mãe humana (leia Mateus 1:18; 2:11).
Ø Ele cresceu como outros meninos (leia Lucas 2:40).
Ø Ele foi reconhecido como judeu (leia João 4:9).
53
A doutrina de Deus
2. O Filho de Deus
A deidade do Filho é evidente:
Ø Ele era o Filho do Deus vivente, sendo concebido do Espí-
rito Santo (leia Mateus 1:18).
Ø Nasceu de uma virgem (leia Isaías 7:14).
Ø Ele tinha um poder sobrenatural. Curou muitas enfermidades
incuráveis, acalmou tormentas e até ressuscitou os mortos.
Ø A Bíblia atribui-lhe muitos nomes que pertencem exclusi-
vamente à deidade.
As Escrituras muitas vezes reconhecem a Cristo como o Filho
de Deus. Sua divindade é claramente reconhecida por:
Ø O anjo: “O Santo, que de ti há de nascer, será chamado
Filho de Deus” (Lucas 1:35).
Ø João o Batista: “Este é o Filho de Deus” (João 1:34).
Ø Natanael: “Tu és o Filho de Deus” (João 1:49).
Ø Os demônios: “Que temos nós contigo, Jesus, Filho de
Deus?” (Mateus 8:29).
Ø Os discípulos: “És verdadeiramente o Filho de Deus”
(Mateus 14:33).
Ø Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16).
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D eus o F ilho
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A doutrina de Deus
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D eus o F ilho
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A doutrina de Deus
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D eus o F ilho
59
A doutrina de Deus
11. Ele virá para levar o seu povo para que esteja
com ele para sempre
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também
aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele…
Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com
voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a
encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor (1 Tessalonicenses 4:14–17).
60
Capítulo 6
Deus o
Espírito Santo
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar
de tudo quanto vos tenho dito (João 14:26).
O Espírito Santo, assim como o Filho de Deus, existia eterna-
mente antes de ter vindo ao mundo. O escritor inspirado apenas
havia começado a sua descrição da criação quando nos informou
que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gênesis
1:2). O Antigo Testamento se refere ao Espírito Santo repetidas
vezes, mas não o observamos tão claramente até que chegamos
ao Novo Testamento. Lembremos disso ao examinar algumas
evidências bíblicas de sua personalidade divina.
61
A doutrina de Deus
62
D eus o E spírito S anto
63
A doutrina de Deus
64
D eus o E spírito S anto
Emblemas ou símbolos
do Espírito Santo
Podemos conhecer melhor a natureza do Espírito Santo e apreciar
mais a sua obra ao observarmos seus símbolos que estão presentes
na Palavra de Deus. A seguir, salientamos alguns destes símbolos:
Ø Uma pomba (leia Mateus 3:16). Quando lemos que o Espí-
rito Santo desceu como uma pomba sobre a cabeça de nosso
bendito Senhor, pensamos no caráter pacífico e manso do
Espírito Santo. Ele não grita nas ruas, mas ao contrário, fala
ao coração com uma voz mansa e delicada, mas eficaz.
Ø Água (leia João 7:38–39). Este símbolo nos dá a ideia de que o
Espírito Santo refresca, dá vigor e purifica o coração humano.
O cristão o recebe livremente, podendo tê-lo em abundância.
Ø Fogo (leia Atos 2:3). O fogo nos dá a ideia de que o Espí-
rito Santo ilumina, purifica, aquece, penetra e investiga “as
profundezas de Deus” (1 Coríntios 2:9–10).
Ø Vento (leia Atos 2:2–4). O vento simboliza o grande poder
do Espírito Santo. Esse poder se manifesta na restauração
da vida e do serviço (leia Ezequiel 37:9–14).
Ø Línguas repartidas (leia Atos 2:2–11). Isso nos faz recordar
que o Espírito Santo fala em línguas para que todo povo em
toda região ou época, possa entender, contanto que tenham
fé em Deus e em nosso Senhor Jesus Cristo.
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A doutrina de Deus
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D eus o E spírito S anto
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68
A Doutrina
Do HOMEM
Deus criou o homem à sua imagem e deu-lhe a capacidade de
raciocinar e de escolher a quem servir. Se escolher servir a Deus, as
virtudes de Deus se aperfeiçoam nele. Se escolher servir ao diabo,
ele se torna perverso e diabólico.
O homem tem uma dupla natureza, pois ele é carne e espírito.
Por um lado, ele é semelhante a Deus; e por outro lado, é como os
animais. O homem tem uma vontade igual a Deus. Ele também
tem um espírito que valoriza a comunhão espiritual e possui uma
alma que tem uma existência eterna. No entanto, assim como o
corpo dos animais adoece e morre, ocorre o mesmo com o corpo
do homem.
Quando comparamos o homem com Deus, percebemos que o
homem é inferior a Deus em tudo. Podemos definir esta diferença
da seguinte maneira: O homem é finito; Deus é infinito. Mesmo
que uma pessoa se converta ao Senhor sendo muito jovem e o siga
fielmente durante toda sua vida, isso não quer dizer que alcançará a
perfeição de Deus nessa vida. Não importa o quanto tenha crescido
espiritualmente, ainda tem espaço para crescimento.
Quando comparamos o homem com os animais, vemos que
os supera em inteligência, domínio e poder. Sua capacidade, seja
para o bem ou para o mal, ultrapassa a capacidade deles. Enquanto
os animais são governados por instinto, o homem pode racioci-
nar. Isso lhe proporciona um nível muito superior. Quando um
animal morre, resta somente a sua estrutura óssea que volta ao pó.
Quando uma pessoa morre, seu corpo volta ao pó enquanto que a
sua alma continua existindo para sempre. Não obstante, quando
o homem se submete ao domínio da carne, então ele cai numa
profundidade de depravação que é desconhecida entre os animais.
De modo que a pergunta prática com a qual nós frequente-
mente deparamos é: iremos nos arrastar como os animais no pó,
ou moraremos com Deus em lugares celestiais?
69
Capítulo 7
O homem
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou (Gênesis 1:27).
O salmista, meditando na bondade e misericórdia de Deus,
considerou a grande diferença entre o Deus infinito e o homem
finito. Então exclamou dizendo: “Que é o homem mortal para
que te lembres dele?” (Salmo 8:4).
O que é o homem?
71
A Doutrina Do HOMEM
72
O homem
O domínio do homem
Deus deu ao homem o domínio sobre toda a terra quando
disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e
dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre
todo animal que se move sobre a terra” (Gênesis 1:28). Esse
mandamento obriga o homem a:
Ø “Frutificai e multiplicai-vos”: Desde o princípio tem sido o
plano perfeito de Deus que os humanos se casem e criem
filhos. O homem não tinha que pecar para cumprir este
mandamento. Deus instituiu o matrimônio com o objetivo
que os filhos pudessem ser criados sob a proteção e a bênção
de um lar piedoso.
Ø “Enchei a terra, e sujeitai-a”: É evidente que na terra havia
algum trabalho para fazer e algum território que ocupar.
Lembre-se que existia somente uma família e um só jardim
onde habitar. Quão belo teria sido se toda a humanidade
tivesse permanecido fiel a Deus! Então toda a terra com o
tempo teria sido um maravilhoso paraíso de Deus; um lugar
onde o homem teria vivido em perfeita felicidade e tudo
73
A Doutrina Do HOMEM
74
Capítulo 8
Um quadro
histórico do homem
O Deus que fez o mundo e tudo que nele há… E de um só
sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda
a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados,
e os limites da sua habitação (Atos 17:24 e 26).
Muitos homens explicam a história do homem na terra,
começando com uma célula que evoluiu através dos séculos até
se transformar no homem que conhecemos hoje. Mas Deus nos
deu uma informação mais direta e confiável nas Sagradas Escri-
turas. O próprio Criador que deu a lei revelou a Moisés que “no
princípio criou Deus os céus e a terra”. Ele revelou a Moisés qual
era a história do homem desde o tempo da criação de Adão até
o tempo em que vivia. Moisés escreveu essas coisas num livro, o
qual conhecemos hoje como o livro de Gênesis. Gênesis é o único
registro confiável da história da origem do homem.
75
A Doutrina Do HOMEM
76
Um quadro histórico do homem
A queda do homem
Mas Satanás entrou no lar feliz do homem. Adão e Eva caíram
em desobediência e o homem perdeu o seu primeiro estado. A
história de sua vergonhosa queda é relatada assim:
Ora, a serpente era mais astuta que todos os animais do campo
que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim
que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse
a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus:
Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então
a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos
olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher
que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos,
e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e
comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam
nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E
ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela
viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença
do Senhor Deus, entre as árvores do jardim (Gênesis 3:1–8).
A queda do homem mudou a natureza da raça humana. Mas
Deus previu esse evento e fez provisões para redimir o homem de seu
estado caído (1 Pedro 1:20). A história bíblica da queda do homem
não encaixa com a teoria da evolução. O homem agora é mais
depravado do que nunca em vez de ser mais inteligente e refinado.
A família de Adão
Depois disso, a história da família de Adão se refere ao homem
caído em vez de referir-se à história do homem no paraíso de
Deus. Adão, como também o resto da humanidade, estava sujeito
à enfermidade, dor e morte. Sabemos os nomes de três dos filhos
de Adão: Caim, Abel e Sete. Supõe-se que Adão teve mais filhos
devido à escritura que relata que Adão “gerou filhos e filhas”
(Gênesis 5:4). A carga do pecado recaiu sobre Adão e sua família.
Caim, o primogênito, chegou a ser homicida. Abel foi assassinado
e Deus deu a Adão outro filho: Sete.
77
A Doutrina Do HOMEM
O dilúvio
Com o passar dos séculos a maldade da humanidade aumentou.
Entre os descendentes de Caim encontramos o pai dos que criavam
gado (Jabal) e o grande ferreiro (Tubalcaim). Com o passar do tempo,
as condições prevalecentes precipitaram o juízo do Todo-poderoso.
“Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a
terra” (Gênesis 6:6). O que havia acontecido? Entre outras coisas,
houve casamentos entre os filhos de Deus e as filhas dos homens. E
como nasceram gigantes desses matrimônios ímpios e “homens de
fama”, por fim Deus viu que “a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração
era só má continuamente”, então ele disse: “Destruirei o homem que
criei de sobre a face da terra” (Gênesis 6:5 e 7).
Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor e por meio dele Deus
preservou a raça humana. Deus ordenou a Noé que construísse
uma arca na qual pudessem entrar os justos entre os homens e um
número limitado de toda espécie animal. Ali encontrariam refúgio
enquanto a terra estivesse sendo destruída por um grande dilúvio.
78
Um quadro histórico do homem
Noé fez o que Deus lhe ordenou. Mas houve apenas oito almas
que entraram na arca no dia marcado: Noé e a sua esposa, seus
três filhos e suas esposas. Deus fechou a porta da arca. As fontes
do abismo se rebentaram e foram abertas as comportas do céu
acima. Choveu intensamente por quarenta dias e quarenta noites
até que a face da terra foi coberta com água. Todas as pessoas que
estavam fora da arca pereceram. Depois do dilúvio, a arca repousou
sobre os montes de Ararate. Então Noé e sua família saíram da
arca depois de passarem mais de um ano dentro dela.
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete
dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do
grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva
sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. E no mesmo dia
entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua mulher e
as mulheres de seus filhos. Eles, e todo o animal conforme a sua
espécie, e todo o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil que se
arrasta sobre a terra conforme a sua espécie, e toda a ave conforme
a sua espécie, pássaros de toda qualidade. E de toda a carne, em
que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto
de Noé na arca. E os que entraram eram macho e fêmea de toda a
carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro.
E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas
e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra. E prevaleceram
as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava
sobre a face das águas. E as águas prevaleceram excessivamente sobre
a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu,
foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os
montes foram cobertos. E expirou toda a carne que se movia sobre
a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que
se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego
de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca,
morreu. Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a
face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à
ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os
que com ele estavam na arca (Gênesis 7:11–23).
Pela linguagem clara que é empregada na Bíblia, é evidente
que o dilúvio foi universal e que cobriu toda a terra. A Escritura
não admite nenhuma outra interpretação.
79
A Doutrina Do HOMEM
A dispersão do homem
através da confusão de línguas
Ao sair da arca, Noé edificou um altar, fez um sacrifício e
adorou a Deus. Mesmo que Noé havia achado graça aos olhos
de Deus, não demorou muito tempo depois do dilúvio para ficar
evidente que ele e sua descendência ainda eram filhos de Adão e
que o dilúvio não havia extinguido a natureza pecaminosa que é
transmitida de geração a geração (leia Gênesis 9:20–27).
À medida que a humanidade foi se multiplicando novamente, a
sua maldade foi se manifestando mais e mais. Vejamos a narração
bíblica destes fatos:
E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale
na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros:
Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por
pedra, e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós
uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-
nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face
de toda a terra. Então desceu o Senhor para ver a cidade e a
torre que os filhos dos homens edificavam; E o Senhor disse:
Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o
que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo
o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali
a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra;
e cessaram de edificar a cidade (Gênesis 11:1–8).
80
Um quadro histórico do homem
81
A Doutrina Do HOMEM
A lei
Essa peregrinação do povo de Israel pelo deserto durou 40 anos.
Enquanto Israel viajava, Deus apareceu a Moisés no Monte Sinai
e deu-lhe a lei. Os israelitas receberam os dez mandamentos que
foram escritos com o dedo de Deus sobre duas tábuas de pedra
(leia Êxodo 31:18). Deus também deu-lhes a lei levítica. Essa
lei vigorou como a lei de Deus para o seu povo durante o resto
da época do Antigo Testamento. Sua vigência durou até Cristo,
porque ele se converteu no cumprimento da lei.
O poder da nação de Israel alcançou o seu auge nos dias de
Davi e Salomão. Posteriormente o reino foi dividido entre o reino
do norte e o reino do sul. Com o passar do tempo caiu o reino do
norte e depois o reino do sul e o povo foi levado cativo. Mas a lei
ainda estava em vigor: o sacerdócio continuou, a adoração nacional
dos judeus se manteve, alguns prosélitos foram ganhos de outros
povos. Nos tempos de Cristo a adoração nas sinagogas já havia sido
estabelecida em muitas cidades na Palestina assim como também
em outros países.
Durante esse tempo floresceram outras nações. Caldeia, Assíria,
Egito, Pérsia, Fenícia, Grécia e Roma; cada uma prosperou gran-
demente em sua época e cada uma caiu ao ser conquistada pelos
seus inimigos. Em cada caso, a sua própria condição pecaminosa
foi a causa da sua queda. No tempo de Cristo, a Palestina estava
82
Um quadro histórico do homem
O cristianismo
A data “2009 A.D.” quer dizer que faz 2.009 anos que o anun-
ciado Messias apareceu na terra. O cetro de favor divino passou de
Judá para Cristo, da lei do judaísmo para a lei do evangelho, que
é o cristianismo. Dai em diante, a história de Deus e o seu povo
está contida na história da igreja cristã. João o Batista, precursor
de Cristo, foi o servo de Deus que introduziu a transição da antiga
para a nova aliança. Em seguida, apareceu Jesus Cristo, o Messias.
Ele escolheu os seus discípulos, estabeleceu a sua igreja, selou a
nova aliança com seu sangue, ressuscitou do sepulcro, ascendeu à
glória, enviou o Espírito Santo e deu poder à igreja para servir ao
seu povo. Em poucos séculos o cristianismo transformou-se numa
influência poderosa no mundo. Deus preservou essa influência
até o dia de hoje.
Ainda que na atualidade muitas nações são ricas e poderosas,
elas ainda seguem as pisadas das nações antigas quanto à maldade
e o pecado. Em nossos dias há uma decadência moral que tem
conduzido a maioria das nações para a beira da ruína, enquanto
se ouve de “guerras e rumores de guerras” por todos os lados.
Como nos dias de Noé, são muitos os casamentos entre crentes e
incrédulos. As profecias e os sinais descritos em Mateus cap. 24
e em outras escrituras, estão se cumprindo.
No meio de tudo isto, a igreja tem uma mensagem: a mensagem
da salvação, o evangelho de Jesus Cristo, o qual deve ser pregado
a todas as nações.
83
Capítulo 9
O homem em
seu estado caído
Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que
entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem
faça o bem, não há nem um só… Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus (Romanos 3:10–12 e 23).
A queda do homem
1. O descuido
Ao prestar atenção às palavras do diabo (leia Gênesis 3:2),
Eva esqueceu-se da veracidade e bondade de Deus, e das bênçãos
85
A Doutrina Do HOMEM
2. A incredulidade
Eva duvidou do que Deus disse (Gênesis 3:6). Ela não teria
acreditado nas palavras do diabo, “não morrereis”, se não tivesse
duvidado do que Deus havia dito: “morrerás”. Se a mulher não
tivesse transferido a sua fé e confiança de Deus a Satanás, ela não
teria cobiçado o fruto daquela árvore. E se ela tivesse acreditado em
Deus, então a ávore proibida não teria parecido “boa para se comer”,
nem “agradável aos olhos”, nem “desejável para dar entendimento”.
3. A cobiça
Eva desejou ser igual a Deus. Da incredulidade nasceu a cobiça.
Depois que Eva se esqueceu da bondade e do amor de Deus, a
cobiça apoderou-se dela. Eva gozava de melhores coisas do que
aquelas que o tentador podia oferecer-lhe, mas a cobiça a cegou
e levou-a a ilusões vãs.
4. A desobediência
A cobiça, unida à cegueira espiritual, impulsionou Eva a
estender a mão para colher o fruto proibido (leia Gênesis 3:6). Ela
desobedeceu, e por causa da sua desobediência e a de seu marido
“entrou o pecado no mundo” (Romanos 5:12).
86
O homem em seu estado caído
2. É um filho do diabo
Paulo dirigiu-se a Elimas como “filho do diabo” quando ele se
opôs à obra do Senhor (Atos 13:10). Cristo repreendeu os fariseus
de forma semelhante quando os admoestou, dizendo: “Vós tendes
por pai ao diabo” (João 8:44). Quando o homem se afasta de
Deus, transforma-se em filho do diabo.
87
A Doutrina Do HOMEM
6. É servo do diabo
Eles são oprimidos pelos “laços do diabo, em que à vontade
dele estão presos” (2 Timóteo 2:26). Cristo veio para livrar “todos
os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à
servidão” (Hebreus 2:15). “A servidão da corrupção” (Romanos
8:21) é outra maneira de descrever a mesma verdade. Aqueles
que pensam estar em liberdade por ignorar a salvação de Deus e
a reconciliação com ele, estão na pior escravidão imaginável. O
homem não conhece a liberdade verdadeira, senão pela liberdade
em Jesus Cristo.
7. É filho da ira
“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Efé-
sios 2:3). “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me
concebeu minha mãe” (Salmo 51:5). Os homens nesse estado não
enxergam a ira que os aguarda, pois estão cegos espiritualmente.
88
O homem em seu estado caído
O homem “bom”
necessita da salvação
Os incrédulos às vezes justificam-se dizendo que são pessoas
“boas”. Levam uma vida limpa, jactando-se de que não têm vícios,
muitas vezes comparando-se com membros da igreja para mostra-
rem-se bons. Mas Isaías disse que tal “justiça” é como “trapo da
imundícia”. Cristo comparou o pobre pecador com o fariseu que
justificou a si mesmo, e disse que o primeiro foi “justificado… e
89
A Doutrina Do HOMEM
A faísca de vida
Esta não é a mesma “faísca de divindade” que alguns pensam
existir em cada alma. Todas as almas sem salvação estão comple-
tamente mortas em delitos e pecados, depravadas e corrompidas,
sem esperança e sem Deus no mundo. No entanto, há algo em
todo homem que é capaz de responder à bondade e a graça de
Deus; igual Eva, que mesmo sendo perfeita e sem pecado, tinha
algo dentro de si com o qual prestou atenção ao diabo e cobiçou o
que lhe foi oferecido. Da mesma forma, a alma, mesmo que morta
em delitos e pecados, tem algo dentro de si que ouve a Deus e pode
escolher servi-lo. Sim, “vem a hora, e agora é, em que os mortos
ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão” (João
5:25). Em cada ser humano há uma consciência que Deus pode
tocar. É precisamente essa consciência que o Espírito Santo toca
para convencer os pecadores de que eles necessitam arrepender-se
de seus pecados. Sabendo que a graça de Deus pode alcançar o
pecador mais duro, admoestamos a cada um, como diz a Bíblia:
“se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações”
(Hebreus 3:7–8).
90
10
Capítulo
O homem remido
Cristo nos resgatou da maldição da lei (Gálatas 3:13).
O estudo do homem inclui três pontos: (1) o estado do homem
quando Deus o criou; (2) o estado do homem no pecado e (3) o
estado do homem remido. Já estudamos os dois primeiros, agora
vamos estudar, brevemente, o terceiro.
Quando Deus mostrou a Adão os resultados do pecado
também prometeu o Redentor (leia Gênesis 3:15). Nesse capítulo
estaremos olhando apenas o assunto do homem já em seu estado
remido. O tema da redenção será considerado mais a fundo no
capítulo 25.
O homem remido, igual ao homem em seu estado original,
goza de comunhão com Deus. Mas há uma diferença entre o
homem remido e Adão antes da queda: O homem remido se
defronta com as debilidades da carne que Adão não teve antes de
sua queda. Ele continuará com debilidades até que morra, até que
Deus chame para si mesmo a sua alma remida.
Ao comparar o homem remido com o incrédulo, perceberemos
que ambos têm algo em comum: Ambos têm debilidades huma-
nas e têm uma natureza pecaminosa. A carne domina o homem
natural, enquanto que o homem remido domina a carne. Aquele
anda “segundo a carne”; esse “segundo o Espírito” (Romanos 8:1).
Aquele está morto espiritualmente; esse vive espiritualmente.
Aquele é vencido pelo mal; esse vence o mal com o bem (leia
Romanos 12:21). Aquele está no caminho largo da perdição; esse
no caminho apertado da vida eterna.
O homem remido e restaurado por Deus:
91
A Doutrina Do HOMEM
1. É um filho de Deus
Em seu estado caído, o homem era “filho do diabo” (Atos
13:10; João 8:44). No entanto, tendo sido ressuscitado da morte
para a vida e tendo saído das trevas para a luz, o homem remido
renasceu e pertence à família de Deus.
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O homem remido
93
A Doutrina Do HOMEM
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11
Capítulo
A morte
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo
depois disso o juízo (Hebreus 9:27).
O que é a morte?
95
A Doutrina Do HOMEM
morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Roma-
nos 5:12). O pecado separa o homem de Deus e produz a morte.
96
A morte
O aguilhão da morte
O justo não teme o aguilhão da morte porque sabe que seus
pecados são perdoados. A morte física do justo liberta o espírito
para que volte a Deus. O corpo volta ao pó para esperar o chamado
de Deus no dia da ressurreição.
É bom lembrar que a morte física trará liberdade gloriosa
unicamente aos salvos em Cristo. Aos injustos lhes espera o castigo
eterno, mas os justos se consolam com a promessa da vida eterna.
97
A Doutrina Do HOMEM
98
As Providências De
Deus Para O Homem
Os próximos oito capítulos desse livro tratam das providências
abundantes de Deus para a segurança, a felicidade e o bem-estar
da alma humana.
Depois da queda vergonhosa do homem no jardim do Éden,
Deus pela sua graça restaurou ao homem o favor divino, fazendo
providências para a nossa redenção ao dar-nos o seu Filho uni-
gênito.
Deus nos revelou verdades quanto ao passado, o presente e o
futuro que jamais teríamos entendido por nós mesmos.
Deus instituiu o lar. É no lar que os filhos devem passar os seus
anos formativos, sendo educados, protegidos e instruídos para servir
e preparados para enfrentar os problemas da vida.
O Senhor estabeleceu a igreja onde o povo de Deus pode
desfrutar da comunhão uns com os outros. Como povo de Deus
podemos fortalecer-nos na fé, servir uns aos outros e unir nossos
esforços a fim de ganhar os perdidos para Deus.
Deus estabeleceu o governo civil para manter a ordem civil da
sociedade, enquanto que os filhos de Deus, como estrangeiros e
peregrinos, caminham para uma cidade cujo artífice e construtor
é Deus.
Deus designou um dia, conhecido em nossos tempos como
“o dia do Senhor”, no qual podemos descansar dos trabalhos e
interesses terrenos, e entregar-nos à adoração de Deus e ao forta-
lecimento do homem interior.
Além de todas essas bênçãos, Deus providenciou o ministério
dos anjos. Eles são os mensageiros espirituais de Deus aos “her-
deiros da salvação”. Os anjos têm um relacionamento estreito com
o homem nesta vida e por toda a eternidade.
“Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas
para com os filhos dos homens” (Salmo 107:8).
99
12
Capítulo
A graça
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu
por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora,
tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos
da ira (Romanos 5:8–9).
A história da raça humana, separada de Deus, pode resumir-se
numa só palavra: fracasso. Mas a maravilhosa graça de Deus opera
na alma do homem arrependido para que possa ser reconciliado
com Deus por toda a eternidade. Vejamos a história dos fracassos
do homem junto com o trato misericordioso de Deus para com ele.
No Éden
Eis aqui, o que tão somente achei: que Deus fez ao homem
reto, porém eles buscaram muitas astúcias (Eclesiastes 7:29).
2. A graça de Deus
Mas Deus foi misericordioso. Ele comunicou ao homem o
significado da sua queda vergonhosa juntamente com a promessa
bondosa de um Redentor. Com certeza, o Éden foi arruinado;
101
As Providências De Deus Para O Homem
A família de Adão
1. A falha do homem
Adão e Eva geraram um filho. O seu coração de mãe palpitou
com grande alegria enquanto ela exclamava: “Alcancei do Senhor
um homem” (Gênesis 4:l). Mas esse homem tornou-se assassino.
Caim matou Abel porque o seu coração estava cheio de inveja
e ira devido ao sacrifício de Abel ser aceito, enquanto que o seu
foi rejeitado. Mesmo Caim sendo expulso de diante dos homens,
essa advertência não lhes valeu por muito tempo. Com o passar
do tempo a maldade dos homens aumentou tanto que a justiça
de Deus não esperou. O juízo de Deus caiu sobre a humanidade
na forma de um dilúvio mundial.
2. A graça de Deus
Mas Deus foi misericordioso. Vendo que Noé era justo, Deus
preservou a raça humana por meio dele. Também preservou uma
semente do gado, das feras, das aves e de todo réptil. Todos foram
protegidos na arca durante o grande dilúvio que Deus mandou
para eliminar o pecado da face da terra (Gênesis cap. 7).
Foi por meio de Noé que foi concedida ao homem a oportu-
nidade de começar de novo.
A família de Noé
1. A falha do homem
No entanto, mais uma vez o homem demonstrou a sua maldade
inerente. Em pouco tempo após o dilúvio, os homens novamente
102
A graça
2. A graça de Deus
Mas Deus foi misericordioso. O juízo de Deus caiu sobre eles
enquanto edificavam a torre de Babel e as pessoas foram dispersas
por toda a terra. Mesmo que isto frustrasse os esforços dos homens,
as suas tendências para o mal foram detidas por pouco tempo. Em
seguida Deus chamou Abraão dentre seus parentes e seus amigos
(Gênesis cap. 12) para ser o “pai de muitas nações” (Gênesis 17:4).
Abraão obteve esta promessa: “E abençoarei os que te abençoarem,
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas
as famílias da terra” (Gênesis 12:3). Abraão obedeceu a Deus.
Foi por meio de Abraão que foi concedida ao homem a opor-
tunidade de começar de novo.
A família de Abraão
1. A falha do homem
Mas Abraão, ainda que fosse justo e favorecido por Deus, era
humano. Ao seguir a história de seus descendentes pela Palestina,
Egito, pelo deserto e outra vez na Palestina, vemos que tornaram-se
uma nação poderosa. Mas Israel esqueceu-se de Deus. O pecado
arruinou a nação até que por fim Deus a entregou nas mãos de
seus inimigos.
2. A graça de Deus
Mas Deus foi misericordioso. Ele não havia se esquecido da
promessa que através da descendência de Abraão seriam bendi-
tas todas as nações da terra. No seu devido tempo a semente de
Abraão, o Redentor vivente que foi primeiramente prometido a
Eva e depois descrito pelos profetas, veio a este mundo pecaminoso
“buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). “Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16). Leia também Romanos 5:15.
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As Providências De Deus Para O Homem
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A graça
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13
Capítulo
A revelação
Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus
(1 Coríntios 2:10).
Um agnóstico fazia um discurso fúnebre no sepultamento de
seu irmão quando alguém lhe perguntou: “Se o homem morre,
voltará a viver?” O homem respondeu: “A esperança diz: ‘Sim’;
a razão diz: ‘Talvez’”. Não podia dizer mais, pois a mente mais
inteligente tem as suas limitações. Ao rejeitar a revelação de Deus,
o seu conhecimento se limitava por causa da sua mente finita.
Mas qualquer cristão pode dizer com certeza: “Eu sei que o
meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E
depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha
carne verei a Deus” (Jó 19:25–26). “Porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis” (1 Coríntios 15:52). “E
assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4:17).
Por que esta diferença? A resposta se encontra numa palavra:
“revelação”. “O homem natural não compreende as coisas do Espí-
rito de Deus” (1 Coríntios 2:14). Portanto, não pode desvendar os
mistérios do passado, nem penetrar nos domínios que estão além do
túmulo. Nisso, o filósofo incrédulo e o pagão da selva, são iguais.
Há mistérios que, sem a ajuda da revelação de Deus, não podem
ser compreendidos pela mente humana. A origem da matéria, a
origem da vida, a origem do homem, o destino eterno do homem,
e muitas outras questões, têm desafiado e frustrado as investigações
do homem incrédulo por milhares de anos. Essas questões sempre
serão mistérios para os que rejeitam as Escrituras. Esses mistérios
estão além de nossa capacidade humana. A única maneira de
entender tais coisas é aceitar a informação daquele que tudo sabe.
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As Providências De Deus Para O Homem
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A revelação
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As Providências De Deus Para O Homem
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A revelação
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As Providências De Deus Para O Homem
Conclusão
O que foi que capacitou os “pequeninos” a receber o que os
“sábios e entendidos” (Mateus 11:25) não compreenderam? A
fé. O que é que capacita o camponês analfabeto a compreender
a bondade, o amor e o poder de Deus, que alguns dos homens
mais estudados não entendem? A fé. O que é que capacita o filho
de Deus a decifrar os mistérios do passado e do futuro, enquanto
que os homens mundanos que passam a vida tentando entender
tais mistérios aprendem tão pouco? A fé. É por meio da fé que
a pessoa recebe os mistérios das eras. Onde não existe a fé, tais
mistérios não podem ser revelados.
O filho de Deus tem muitos motivos para dar graças a Deus
pelas muitas revelações maravilhosas que ele tem recebido. Ao
olhar para trás, podemos ver a porta do passado abrir-se e pela fé,
ouvimos as palavras: “No princípio… Deus”. Se olharmos para
cima podemos contemplar pela fé que se derrama uma torrente
de luz celestial sobre o tempo atual. Quando olhamos para frente,
pela fé vemos que a porta ao futuro começa a abrir-se diante dos
olhos do homem, enquanto ouvimos as palavras: “Eis aqui vos digo
um mistério...” Assim o céu e a terra se enchem da luz de Deus.
112
14
Capítulo
A Bíblia
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça;
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
instruído para toda a boa obra (2 Timóteo 3:16–17).
A Bíblia é o único livro dado por revelação direta de Deus
ao homem. A palavra “Bíblia” é a transliteração do grego
biblia, que significa “livros”. A Bíblia é o nosso livro sagrado
porque não há nenhum outro que tenha tal autoridade ou
autor semelhante.
A inspiração da Bíblia
Cremos na inspiração verbal da Bíblia. Isto quer dizer que o
Espírito Santo guiou homens santos para que escrevessem cada
palavra que aparece nos escritos originais. Ainda que se possa
notar características pessoais no estilo dos escritores, suas von-
tades estavam completamente sob o controle do Espírito Santo.
Os escritores não escreveram nem uma só palavra por motivos
próprios (2 Pedro 1:20–21).
Cremos também na inspiração plena da Bíblia. Isso quer
dizer que toda a Bíblia, desde o princípio até o fim, foi dada por
inspiração verbal.
A Bíblia não explica detalhadamente como os escritores rece-
beram a inspiração do Espírito Santo. Mas nos diz que devemos
reverenciar as palavras que escreveram. “E, se alguém tirar quais-
quer das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte
do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas
neste livro” (Apocalipse 22:19).
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As Providências De Deus Para O Homem
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A B íblia
115
As Providências De Deus Para O Homem
1. O cumprimento da profecia
Entre as informações mais destacadas que temos no Antigo
Testamento aparecem mais de trezentas profecias que se referem ao
Messias. Cada uma dessas profecias se cumpriu ao pé da letra na
116
A B íblia
117
As Providências De Deus Para O Homem
2. A unidade da Bíblia
A Bíblia se compõe de sessenta e seis livros que foram escritos
durante um período de aproximadamente quinze séculos. Foi
escrita por cerca de quarenta escritores que ocupavam diversos
cargos, desde o rei sobre o trono, até o cativo em terra pagã; desde
Moisés e Paulo que eram homens bastante estudados até Pedro
e João que eram “homens sem letras e indoutos” (Atos 4:13). A
Bíblia foi escrita antes, durante e depois que Israel se transformou
numa nação. Mas apesar de todos esses fatores, ainda existe uma
harmonia bela e impressionante que prova a presença da mente
de um Mestre que inspirou a todos esses escritores.
Em outras palavras: “Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).
118
A B íblia
toda geração tem existido homens que, cheios de orgulho por causa
do seu intelecto e conhecimento, ensinaram as pessoas que a Bíblia
devia ser acreditada em sua totalidade somente pelos ignorantes e
pelos supersticiosos. Mas apesar de todas estas oposições, esse livro
antigo ainda permanece. Na atualidade esse livro tão maravilhoso
é mais popular do que qualquer outro livro jamais publicado. Na
realidade, a Bíblia é e será para sempre a mesma.
4. Sua integridade
A Bíblia é o único livro que nunca foi obrigado pelos avanços
da ciência a mudar a sua mensagem. Não é um livro de ciência;
no entanto, tudo o que diz é cientificamente correto. Isto não se
pode dizer de qualquer outro livro ou tratado jamais escrito. Os
naturalistas, astrônomos, geólogos, historiadores e homens de
renome, têm ensinado coisas que posteriormente mostraram-se
errôneas. As teorias dos homens têm sido revogadas, ou pelo menos
fundamentalmente modificadas, quanto aos princípios da luz, da
natureza, da forma da terra, do período glacial, da geologia, da
estrutura do corpo, das enfermidades, das leis da saúde e de todo
campo da ciência. A Bíblia concorda completamente com aquilo
que o homem tem observado da natureza. É o único livro que é
total e eternamente verdadeiro. É verdade que muitos têm citado
a Bíblia para apoiar suas teorias errôneas, mas a Bíblia não ensina
nenhuma falsidade e nunca as ensinou. No entanto, não é de se
admirar que tenham citado dessa forma a Bíblia para apoiar suas
teorias falsas, pois o próprio diabo é hábil em citar a Escritura para
dar vida às suas falsidades (leia Gênesis 3:1–6; Mateus 4:1–11).
A seguir citaremos uma parte dos escritos de I. M. Haldeman:
Em menos de dez anos um livro didático já se torna anti-
quado. Uma enciclopédia perde o seu valor, uma biblioteca
torna-se um cemitério de livros mortos e ideias sem vida; mas
este livro continua vivendo. A ciência tem zombado deste livro,
em vão. No século dezoito, Voltaire disse: “Dentro de cinquenta
anos o mundo não ouvirá mais falar da Bíblia”. Os eruditos
seculares a declararam antiquada e morta. Muitas vezes têm se
efetuado serviços fúnebres para enterrar a Bíblia que eles criam
119
As Providências De Deus Para O Homem
120
A B íblia
Por que essa honra para a Bíblia? Não pode haver mais do que
uma resposta: porque é a Palavra de Deus. Em cada página desse
livro maravilhoso pode-se encontrar o sinal divino de seu autor.
121
As Providências De Deus Para O Homem
122
A B íblia
Os escritos apócrifos
Junto com os sessenta e seis livros que finalmente se incorpora-
ram no cânon sagrado, também aparecem outros escritos, os quais
muitas pessoas consideram dignos de ter um lugar entre os livros
canônicos. A maior parte dessas obras foram escritas no período
entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Esses livros
formam um vínculo histórico e apresentam muitas informações
de interesse para quem estuda a Bíblia. No entanto, eles carecem
de evidências que demonstram que foram inspirados por Deus.
A lei e o evangelho
Na Bíblia nos é apresentada a lei levítica na história antiga da
nação de Israel. Era a vontade de Deus que a nação tivesse uma lei
escrita que governasse os seus cidadãos. Deus deu a eles a lei levítica
no Monte Sinai (leia Êxodo cap. 19). Esta lei vigorou até o tempo
de Cristo (leia Mateus 5:17–20; João 1:17; Colossenses 2:6–17).
A lei suprema para o povo de Deus na antiga aliança foi a lei
levítica, e na nova aliança é o evangelho de Cristo. Existe uma
harmonia e uma unidade perfeita entre estas duas leis. Ambas
dependem uma da outra. Todos os sacrifícios e as cerimônias da
lei eram sombras e figuras de Cristo e não teriam servido para
nada se não tivessem sido cumpridas em Cristo. Ele, “com uma só
oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hebreus
10:14). Por outro lado, “a lei nos serviu de tutor, para nos conduzir
a Cristo” (Gálatas 3:24). A lei de Moisés mostrou aos israelitas
o quão pecaminosos eram e a eficácia do sangue para apagar os
pecados. Preparou-lhes para receber a Cristo. Quando ele veio, a
lei havia cumprido a sua obra. Seus sacrifícios já não tinham valor
123
As Providências De Deus Para O Homem
124
A B íblia
1. Dois representantes
Deus autorizou um representante para cada uma das duas
alianças: Moisés para a antiga aliança e Jesus Cristo para a Nova
Aliança. Moisés falou de Jesus: “O Senhor vosso Deus vos levantará
dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis” (Atos
7:37). O escritor do livro de Hebreus disse: “Havendo Deus anti-
gamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hebreus
1:1). O Pai, falando desde o céu, deixa bem claro que Cristo é o
porta-voz autorizado para esta época quando disse: “Este é o meu
amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” (Mateus 17:5).
Hebreus 12:25 diz: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se
não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia,
muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus.”
Esse último versículo esclarece que no tempo da antiga aliança
o povo de Deus considerou a lei de Moisés como a sua regra de
vida, enquanto que em nossos tempos olhamos para o evangelho
como a nossa lei suprema.
125
As Providências De Deus Para O Homem
2. Duas alianças
O escritor do livro de Hebreus, comparando as duas alianças,
disse: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto
é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores
promessas. Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se
teria buscado lugar para a segunda. Porque, repreendendo-os, lhes
diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e
com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança” (Hebreus 8:6–8).
Nessa escritura encontram-se duas expressões impressionantes:
“ministério tanto mais excelente” e “melhor aliança”. A primeira
se refere a Cristo e a sua obra comparada com Moisés e a obra
do sacerdócio levítico. E não é difícil compreender que é melhor
o ministério de Cristo do que o de Moisés. Mas, o que diremos
a respeito da “melhor aliança”? Porventura a antiga aliança era
imperfeita?
De maneira alguma. “E assim a lei é santa, e o mandamento
santo, justo e bom” (Romanos 7:12). Não existe absolutamente
nenhuma falta ou imperfeição na lei de Deus. A lei de Moisés,
como também o evangelho de Cristo, é a lei de Deus. Foi conce-
bida na mente de Deus e por isso é absolutamente perfeita. Mas,
“estava enferma pela carne” (Romanos 8:3); ou em outras palavras,
ninguém pôde obedecê-la perfeitamente. “Por isso nenhuma carne
será justificada diante dele pelas obras da lei” (Romanos 3:20).
Por essa razão os judeus tiveram que continuar fazendo sacrifícios
diários. Desse modo a lei cumpria o seu propósito; mostrou para
as pessoas que elas necessitavam de algo que a lei não oferecia.
Necessitavam de Cristo.
Além disso, como os sacrifícios debaixo da lei não eram mais
do que “a sombra dos bens futuros”, a lei “nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfei-
çoar os que a eles se chegam” (Hebreus 10:1). Em outras palavras,
a lei era perfeita, mas os sacrifícios oferecidos debaixo dela eram
válidos somente com relação ao seu cumprimento em Cristo. Por
esta razão, a aliança da graça é melhor do que a aliança da lei e por
isso se diz que a primeira aliança era defeituosa (leia Hebreus 8:7).
126
A B íblia
3. A lei e a graça
Paulo escreveu aos gálatas dizendo: “A lei nos serviu de tutor,
para nos conduzir a Cristo” (Gálatas 3:24). A lei estava correta em
seu lugar, em seu tempo, para seu propósito; a lei era pura, justa,
santa e perfeita. Mas a lei cumpriu o seu propósito e foi realizada
em Cristo ao ser pregada na cruz (leia Colossenses 2:14). De
maneira que hoje já não estamos sob a lei, mas sob o evangelho de
Cristo. Agora olhamos para Cristo como nosso Salvador e Reden-
tor, nosso Legislador e Autoridade Suprema. Já não olhamos para
a lei de Moisés para discernir a vontade do Senhor para a nossa
vida, mas olhamos para o evangelho de Jesus Cristo.
João revelou um princípio importante quando disse: “Porque
a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus
Cristo” (João 1:17). O primeiro simboliza a justiça e o poder
de Deus, o segundo simboliza a sua misericórdia e graça. Sob a
primeira aliança, o selo era por meio do sangue de animais; sob
a segunda, é por meio do sangue de Jesus Cristo, “que foi morto
desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8).
Uma das distinções mais notáveis entre a lei e o evangelho é a
maneira de tratar com os transgressores. O período de tempo em
que regia a lei era uma época de justiça. A justiça exigiu a morte da
geração rebelde que não quis entrar em Canaã, o apedrejamento
de Acã, a morte de Uzá (leia 2 Samuel 6:6–7) e o cativeiro de
Israel e de Judá por sua infidelidade. Mas em Cristo, Deus mos-
trou a sua misericórdia. Ele veio para salvar, não para condenar.
Na nossa época observa-se a misericórdia de Deus no meio da
grande iniquidade que há no mundo. Além disso, conhecemos
pessoalmente a sua misericórdia por meio do perdão que nos
oferece por nossas faltas e pecados.
Mas não pense o homem que Deus tratará com menos severi-
dade aos do seu povo dessa época, do que tratou aos homens do
passado. Os tratos de Deus com seu povo naquele tempo foram
retratados como um exemplo para nós (leia 1 Coríntios 10:6, 11)
a fim de que a graça de Deus não nos fosse dada em vão. Hoje
somos advertidos enfaticamente que aqueles que rejeitam a graça
127
As Providências De Deus Para O Homem
128
15
Capítulo
O Lar
Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24:15).
No princípio, Deus uniu as primeiras duas pessoas para assim
formar o primeiro lar. A autoridade suprema quanto ao lar é o
nosso Senhor Jesus Cristo, que respondeu assim a uma pergunta
que os fariseus lhe fizeram:
Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e
fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe,
e se unirá à sua mulher, e serão os dois em uma carne? Assim
não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem (Mateus 19:4–6).
Essa resposta de Jesus mostra que a vida no lar existia desde
a criação do homem. O lar foi concebido na mente infinita de
Deus. É uma provisão bendita de Deus para nós.
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As Providências De Deus Para O Homem
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O L ar
Os deveres no lar
No lar há deveres a cumprir, problemas para resolver, dificul-
dades a enfrentar, e devemos relacionar-nos uns com os outros
da maneira que agrada a Deus. A Bíblia nos ensina a respeito dos
deveres de cada membro do lar.
131
As Providências De Deus Para O Homem
132
O L ar
1. O amor
Isto é o que Paulo chama de “o vínculo da perfeição” (Colos-
senses 3:14). O amor é a virtude que faz com que os membros do
lar sejam amáveis, abnegados e dispostos a contribuir para com
os interesses dos outros. O amor é o que une o marido e a esposa
não somente como “uma carne”, mas também como um coração
e uma alma. O amor é o que faz com que os filhos obedeçam aos
seus pais. Será difícil para Satanás levar alguma vantagem num
lar onde predomina o amor em cada um de seus membros e onde
todos amam ao Pai de amor.
133
As Providências De Deus Para O Homem
2. A adoração
O lar cristão, assim como a igreja, deve ser uma “casa de
oração”. O pai da família é “a cabeça do lar”, mas se os membros
do lar não reconhecerem a Jesus Cristo como o Cabeça Suprema
acima de qualquer cabeça terrestre, então a liderança do pai será
um fracasso. Temos visto lares bem tranquilos e felizes onde os
pais não praticam a fé cristã, mas notamos que nesses lares faltam
a santidade e o sentido de propósito divino que adornam o lar
cristão. O lar é belo quando se reserva um tempo diário para
desenvolver o culto familiar, quando se lê a Bíblia, cantam cânticos
espirituais e quando Cristo Jesus torna-se a pessoa proeminente na
conversa diária. Tal lar será um ambiente muito saudável para a
disciplina dos filhos e será uma bênção a todos os que o visitarem.
3. A lealdade
Lealdade a quê? Lealdade de um cônjuge ao outro, lealdade aos
pais, lealdade com relação aos interesses dos filhos, lealdade a Deus
e a igreja, lealdade ao governo e lealdade a todas as outras causas
que merecem apoio. Em tal lar, os filhos aprendem a respeitar a
autoridade e tornam-se cidadãos que respeitam a lei onde quer
que se encontrem.
4. A literatura saudável
Os livros e os periódicos têm uma grande influência em nossas
vidas. Por isso é tão importante ter uma literatura saudável no lar.
Visto que a leitura alimenta a mente do homem, torna-se neces-
sário suprir nossos lares com literatura que nos mantenha cheios
do amor de Deus, da sabedoria e da ciência verdadeira. Bendito o
lar onde há literatura saudável e interessante que edifica aos jovens
e conduz a mente para o céu e não para o mundo.
5. Os companheiros desejáveis
Os companheiros do lar incluem, além dos membros da famí-
lia, os empregados e os amigos que nos visitam. Cada lar deve
ter estas duas qualidades: (1) uma hospitalidade cristã genuína
que faz com que os visitantes sintam-se bem acolhidos; (2) um
134
O L ar
135
16
Capítulo
A igreja
Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18).
Uma das providências mais benéficas que Deus fez para o seu
povo é a igreja. A igreja nos serve como um lar espiritual enquanto
estivermos na terra.
Deus, desde os tempos antigos, separou o seu povo dos injustos,
ou seja, do mundo. A palavra grega para igreja, “ekklesia”, significa
um povo que tem sido chamado e separado. Deus chamou o seu
povo para sair das trevas, dando-lhe um lugar no reino de seu Filho
amado. Pedro chama esse povo de: “geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido” (1 Pedro 2:9).
No tempo de Noé, os escolhidos refugiaram-se na arca,
separados dos ímpios. Depois do dilúvio o homem voltou a cair
novamente nas profundidades da iniquidade. Outra vez, Deus
separou os fiéis quando chamou Abraão para abandonar seu lar
e seus parentes para convertê-lo no pai dos fiéis. Depois separou
o seu povo do Egito e quis separá-lo das influências pagãs de
Canaã. Quando o Messias veio pela primeira vez e escolheu os
seus discípulos, assegurou-lhes que as portas do inferno não
prevaleceriam contra a sua igreja (Mateus 16:18). Ainda que os
discípulos de Cristo estejam espalhados sobre a face da terra, o
poder do Espírito Santo os mantêm separados da multidão que
caminha rumo ao inferno.
O nosso propósito neste capítulo é apresentar a igreja como
algo que Deus providenciou tão generosamente para o nosso
bem-estar.
137
As Providências De Deus Para O Homem
O propósito da igreja
138
A igreja
139
As Providências De Deus Para O Homem
140
17
Capítulo
O governo civil
Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas,
orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;
Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade (1 Timóteo 2:1–2).
A bondade de Deus para com o homem é observada na dupla
providência que ele fez para governar, cuidar e proteger o homem:
(1) na espiritual, por meio da igreja; (2) na material, por meio do
estado. A Bíblia ensina que a autoridade do governo civil e a auto-
ridade da igreja foram ordenadas por Deus: “Não há autoridade
que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas
por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação
de Deus” (Romanos 13:1–2).
Ordem e autoridade
“Deus não é Deus de confusão, senão de paz” (1 Coríntios
14:33). Até entre os animais e insetos observa-se que Deus os
capacita para conduzir seus afazeres de forma ordenada. Por
exemplo, considere como um grande número de formigas ou de
abelhas vivem juntas e em ordem. Não é de se estranhar, pois,
que Deus estabelecesse um sistema ordenado para os humanos,
um sistema no qual os justos podem ser protegidos da corrupção
e da violência dos injustos. Deus estabeleceu os governos para
que governem os cidadãos das nações por meio de leis baseadas
sobre os princípios da retidão e da equidade de modo que os
ímpios sejam refreados de suas injustiças por meio de castigos.
Com referência à autoridade para realizar os decretos de Deus,
141
As Providências De Deus Para O Homem
O propósito do governo
O propósito do governo é castigar os transgressores (leia
1 Timóteo 1:9) e proteger da violência dos maus, aqueles que
obedecem às leis (leia Atos 25:11). A sabedoria de Deus é destacada
por fazer tal provisão quando lembramos que “todo o mundo jaz
no maligno” (1 João 5:19). Se não existisse algum recurso para
refrear os males comuns da sociedade, então os justos estariam à
mercê dos injustos em todos os aspectos da vida diária.
Talvez você esteja perguntando: Não é verdade que alguns dos
pecados mais perversos são cometidos por aqueles que estão em altas
posições no governo? Porventura não é verdade que muitas vezes os
governos instigam a iniquidade em vez de suprimi-la? E o que dizer
dos fanáticos religiosos que por muitos séculos derramaram o sangue
de cristãos humildes e indefesos? E o que dizer dos governos que por
muitos anos tem se entregado ao ateísmo e à opressão? E o que dizer
dos muitos casos na história onde o governo assassinou os cristãos em
vez de dar-lhes proteção? Seria Deus o autor de todas estas atrocidades,
algumas delas cometidas em seu nome?
Não! Tampouco ele é o autor de tudo o que as pessoas infiéis
fazem nas igrejas. Deus é paciente, e às vezes na sua sabedoria
inescrutável, espera muito tempo antes de trazer as autoridades
à justiça. Deus responsabiliza as nações assim como também às
pessoas pelos seus atos de desobediência. A seu tempo, conforme
a sua sabedoria infinita, ele trará juízo sobre toda má obra.
Assim ele fez no passado, faz no presente e continuará fazendo
no futuro.
A vontade diretiva
e a vontade permissiva de Deus
Este assunto tem a ver principalmente com o assunto do
governo das nações. Existem algumas coisas que Deus dirige ou
manda, enquanto que há outras que ele apenas permite. A seguir
142
O governo civil
143
As Providências De Deus Para O Homem
1. A sujeição
O nosso dever principal para com o governo é submeter-nos a
ele. Mesmo quando existem leis que nos desagradam, não devemos
deixar de respeitá-las e de obedecê-las. Essa submissão deve ser
uma lealdade voluntária e não uma escravidão de má vontade:
“Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo
castigo, mas também pela consciência” (Romanos 13:5). Por isso:
“toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores” (Romanos
13:l). “Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e autori-
dades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa
obra” (Tito 3:l).
3. Estrangeiros e peregrinos
Mesmo sendo cidadãos aqui, não devemos nos esquecer de
que somos apenas “estrangeiros e peregrinos na terra” (Hebreus
11:13), à procura de uma cidade “da qual o artífice e construtor
é Deus” (Hebreus 11:10). Reconhecendo esta verdade podemos
entender facilmente como os apóstolos podiam ensinar a sujeição
às autoridades e ao mesmo tempo dizer que os cristãos devem a
sua primeira lealdade a Deus. Nenhuma lei terrena poderia levá-
-los a desobedecer à lei superior de Deus (leia Atos 5:25–29).
Não obstante, os discípulos nunca ofereceram resistência alguma
ao seu governo, escolhendo, em tempos de perseguição, sofrer
como estrangeiros.
A Bíblia não ensina que a igreja deve envolver-se no governo
para assim influenciar o mesmo em benefício da obra de Deus.
O governo está fora da área de ação dos cristãos. Seu poder mais
forte está na oração. O texto de 2 Pedro 2:8, se refere a Ló como
144
O governo civil
4. Um poder edificador
No entanto, o cristão tem, sim, uma responsabilidade para
com o seu governo e o governo recebe muitos benefícios de seus
cidadãos cristãos. Visto que os cristãos são muito conscientes no
cumprimento da lei, é por isso que o governo necessita muito
pouco da polícia, dos tribunais ou das prisões para mantê-los em
ordem. Os cristãos verdadeiros são honestos, retos, diligentes e
sóbrios; pagam seus impostos e esforçam-se por viver vidas irrepre-
ensíveis. O cidadão cristão sempre exerce uma influência positiva
em qualquer país que lhe dê refúgio. Na maioria das vezes que
uma nação maltrata os seus cristãos, de uma forma ou de outra
isso acaba sendo ruim para ela.
5. Um intercessor
É um privilégio e um dever de cada cristão orar pelos seus
governantes e por todos os que estão em autoridade: “Admoesto-te,
pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões,
e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os
que estão em eminência” (1 Timóteo 2:1–2). O benefício é duplo;
tanto o governo recebe benefício como também o intercessor.
Nisso está o poder do cristão; a sua maior oportunidade é por
meio da oração. Bendita a nação que abriga um exército de
intercessores, porque sem dúvidas é o exército mais formidável
145
As Providências De Deus Para O Homem
146
18
Capítulo
O dia do Senhor
Eu, João, que também sou vosso irmão… fui arrebatado no
Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande
voz, como de trombeta, que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o
primeiro e o derradeiro (Apocalipse 1:9–11).
Atualmente existe muita confusão a respeito do dia do Senhor
(o domingo) e a sua relação com o dia de repouso do Antigo Tes-
tamento (o sábado). Nesse capítulo nós queremos que a Palavra de
Deus esclareça essa confusão. Nesse caso é necessário analisar três
pontos importantes: (1) qual foi o significado do dia de repouso
do Antigo Testamento, (2) o que significa o dia do Senhor para
nós hoje e (3) como devemos guardar o dia do Senhor.
O dia de repouso
do Antigo Testamento
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As Providências De Deus Para O Homem
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O dia do S enhor
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As Providências De Deus Para O Homem
150
O dia do S enhor
O dia do Senhor
Em nossos dias a maioria dos cristãos guarda o dia do domingo
como o dia do Senhor. Nós não fazemos isso por crermos que
Deus tenha transferido a santificação do sábado para o primeiro
dia da semana. Antes, é porque cremos que a santificação do
sétimo dia foi cumprida em Cristo Jesus e que ele por meio da
sua ressurreição, marcou o primeiro dia da semana como um dia
especial para a sua igreja.
“Portanto, ninguém vos julgue… por causa dos… sábados,
que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”
(Colossenses 2:16–17). Hoje não guardamos o dia de sábado
como dia de repouso porque já chegou o corpo que projetava a
sombra que Deus mostrou aos antigos. E ao chegar o verdadeiro
(Cristo), já não existe razão alguma para que nos enamoremos de
sua sombra (que nesse caso é o sábado como o dia de repouso).
Ao dizer isso, nós não descartamos o fato de que o nosso corpo
físico necessita de descanso como antes. Sabemos que esse descanso
encontra a sua melhor expressão dentro da semana de sete dias que
Deus criou no princípio. No entanto, cremos que a intenção de
Deus quando deu aos judeus aquelas leis tão estritas na guarda do
dia de repouso não foi para o seu bem-estar físico somente, mas
para que eles aprendessem a guardar o significado espiritual desse
descanso estrito: que o homem não pode operar por si mesmo o
descanso que Deus lhe oferece por meio de Jesus Cristo.
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As Providências De Deus Para O Homem
152
O dia do S enhor
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As Providências De Deus Para O Homem
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O dia do S enhor
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19
Capítulo
Os anjos
O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os
livra (Salmo 34:7).
Há uma relação muito estreita entre os homens e os anjos.
O autor do livro aos Hebreus disse que os anjos são “espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação” (Hebreus 1:14). Cristo, ao referir-se às crianças,
disse: “Seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que
está nos céus” (Mateus 18:10).
Os anjos são muito inferiores a Deus, mas são superiores ao
homem em inteligência e em poder. Os anjos são seres espirituais.
Existem muitas indagações a respeito deles que o homem não tem
como responder. No entanto, a Bíblia se refere tanto a eles que o
leitor fiel da Palavra pode aprender muito sobre eles e suas obras.
Sua origem
Os anjos são seres criados: “Todas as coisas foram feitas por
ele” (João 1:3). (Leia também Neemias 9:6.) “Porque nele foram
criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invi-
síveis” (Colossenses 1:16).
A Bíblia nos fala de alguns anjos pelos seus nomes e em certas
ocasiões nos descreve suas missões. A Palavra de Deus menciona
várias classes de anjos, como os arcanjos, os serafins e os querubins.
Fala do arcanjo Miguel (Judas v. 9) e dos “anjos, e as autoridades
e as potências” (1 Pedro 3:22; Colossenses 1:16).
Há quem pergunte se Deus criou anjos maus junto com anjos
bons. A resposta é não. Deus não faz nada mau. Quando Deus
terminou a criação do mundo, disse que todas as coisas que havia
157
As Providências De Deus Para O Homem
158
Os anjos
Seus atributos
1. São espíritos
Os anjos são seres espirituais. “E, em verdade quanto aos anjos,
diz: Que faz dos seus anjos espíritos, e de seus ministros labareda
de fogo” (Hebreus 1:7).
2. São indivíduos
Reconhecemos que cada anjo, assim como cada homem, é um
indivíduo. Por exemplo, Gabriel apareceu a Zacarias e depois a
Maria (leia Lucas 1:19, 26–38), e Miguel disputou pelo corpo
de Moisés (Judas v. 9). Disto obtemos a ideia que os anjos têm
traços e ofícios pessoais.
3. São imortais
Os anjos não estão sujeitos à morte física. Cristo falou do estado
futuro dos justos: “Não podem mais morrer; pois são iguais aos
anjos” (Lucas 20:36). Os homens e os anjos são diferentes nisso:
Enquanto a alma do homem por um tempo mora num corpo
mortal, os anjos não estão limitados dessa maneira porque não
tem corpos mortais. Depois da dissolução do corpo, a morada
terrestre do homem, os homens e os anjos serão semelhantes;
serão imortais. Os justos morarão com Deus na glória; os injustos
passarão a eternidade no lugar “preparado para o diabo e seus
anjos” (Mateus 25:41).
4. São poderosos
A Palavra de Deus diz que os anjos são poderosos “em força”
(Salmo 103:20) e que são “maiores em força e poder” (2 Pedro
2:11). O poder dos anjos foi demonstrado na destruição de Sodoma
e Gomorra, na destruição do exército de Senaqueribe (leia Isaías
37:36), na ressurreição de nosso Senhor (leia Mateus 28:2–5) e se
demonstrará mais no juízo vindouro (leia Mateus 13:39; 2 Tessa-
lonicenses 1:7–9; Apocalipse 20:1–2). Os homens não conseguem
compreender o poder, a força e nem a velocidade com que os anjos
se deslocam e atuam.
159
As Providências De Deus Para O Homem
5. São inteligentes
Fica evidente que existem coisas que os anjos não conhecem.
A Bíblia diz que ao homem foram reveladas coisas que os anjos
desejam atentar (leia 1 Pedro 1:12). Além disso, ela diz que há
coisas que nem os homens, nem os anjos conhecem (leia Mateus
24:36). Quando Cristo disse “nem os anjos dos céus” ele dá a
entender que os anjos são de inteligência superior, mas não têm
um conhecimento infinito. Os judeus reconheciam a inteligência
superior dos anjos. A mulher de Tecoa disse a Davi: “Sábio é meu
senhor, conforme à sabedoria de um anjo de Deus, para entender
tudo o que há na terra” (2 Samuel 14:20). Os anjos são seres que
ultrapassam ao homem em inteligência. No entanto, possuem
uma inteligência muito inferior à de Deus.
6. São bons
Com certeza, essa virtude pertence apenas aos anjos que “guar-
daram o seu principado” (Judas v. 6). Tanto os anjos caídos como
os homens caídos, perderam a sua bondade. Notamos a bondade
dos anjos de Deus no fato deles serem fiéis por cumprir os man-
damentos de Deus, adorar a Deus (leia Neemias 9:6; Filipenses
2:9–11) e estarem sujeitos a ele em tudo. Os anjos que nunca
caíram, obedecem a Deus nos céus e são espíritos ministradores
enviados ao povo de Deus na terra.
7. São benevolentes
Esta virtude pertence somente aos anjos fiéis de Deus. Os anjos
do diabo estão empenhados na destruição dos homens, enquanto
que os anjos de Deus dedicam-se a promover os melhores interesses
do homem. Pense na obra dos anjos para com homens e mulheres,
tais como Abraão, Ló, Jacó, Moisés, Zacarias, Paulo, Pedro, João,
Lázaro o mendigo, Isabel e Maria.
8. São felizes
Os anjos têm a tarefa agradável de ministrar aos escolhidos
de Deus e fazem-no com alegria. Eles regozijam-se quando os
pecadores voltam outra vez ao redil do nosso Redentor. Os anjos
160
Os anjos
ajudam aos santos e adoram a Deus junto com eles nessa vida
e compartilharão com eles a glória de Deus no porvir. Estarão
juntos com os santos de Deus na presença do Pai, do Filho e do
Espírito Santo e cantarão juntos os hinos de louvor e de glória a
Deus por toda a eternidade.
9. São gloriosos
Os anjos são abundantes em bondade, inteligência, sabedoria,
pureza, alegria e benevolência. Glorificam a Deus (leia Isaías 6:3;
Lucas 2:14; Apocalipse 4:8; 7:11–12) e lhe servem como mensa-
geiros em toda boa obra; eles são seres gloriosos.
161
As Providências De Deus Para O Homem
5. Glorificam a Deus
Ninguém se dedica mais ao louvor e à glória de Deus do que
estes seres celestiais. Veja a mensagem dos serafins que louvaram
a Deus na presença de Isaías, dizendo: “Santo, Santo, Santo é
o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”
162
Os anjos
Algumas coisas
que a Bíblia não ensina
Algumas pessoas deixam a sua imaginação ir além dos ensina-
mentos bíblicos e afirmam com confiança algumas coisas sobre as
quais a Bíblia guarda silêncio ou testemunha ao contrário.
163
As Providências De Deus Para O Homem
164
O REINO DAS TREVAS
Falando da condição do universo antes que Deus criasse a
luz, a Bíblia diz: “E havia trevas sobre a face do abismo” (Gênesis
1:2). Não são essas as trevas das quais tratamos nestes capítulos.
Antes, nos referimos às trevas espirituais, às obras de Satanás e
de suas hostes.
A Bíblia nos diz que a verdade e a justiça são como a luz,
enquanto que se refere ao pecado e as suas consequências como
as trevas. As trevas naturais que existem onde não há luz simbo-
lizam as trevas indescritíveis que existem onde o rosto de Deus
não lança a sua luz.
O príncipe das trevas é Satanás. Ele é o autor do pecado, o pai
da mentira, o deus deste século, o inimigo de toda justiça.
Os anjos caídos, juntos com o seu chefe, são os instigadores e
propagadores do reino das trevas. Eles estão condenados a passar
a eternidade nas trevas exteriores que Deus preparou para eles
(leia Mateus 25:30).
As almas perdidas são as vítimas miseráveis do reino das trevas.
Elas vivem sem “esperança, e sem Deus no mundo” (Efésios 2:12)
e estão no caminho largo, rumo à destruição eterna. Essas com-
pletam o quadro obscuro do que estudaremos mais a fundo nos
próximos capítulos. Tendo um coração mau de incredulidade, os
incrédulos trabalham juntos com o diabo e seus anjos num grande
esforço para destruir as almas dos homens.
No entanto, esse quadro obscuro, é apenas o início dos sofri-
mentos. Sofreremos um castigo na eternidade pelos pecados que
cometemos aqui na terra se não nos arrependermos. O pecado na
terra, por tão obscuro e triste que seja, é somente uma amostra
da miséria, do desespero, da indescritível tortura e da aflição que
haverá nas trevas exteriores onde o diabo e todos os seus seguido-
res passarão a eternidade. Essa é uma cena escura e horrível, mas
damos graças a Deus que ele nos tenha providenciado uma via
de escape por meio da sua infinita misericórdia.
165
20
Capítulo
O diabo, Satanás
Porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, como
leão bramando , buscando a quem possa tragar (1 Pedro 5:8).
Sua personalidade
Este adversário que realmente existe, não é apenas uma má influ-
ência ou uma tendência negativa que atua no homem. Satanás tem
uma personalidade própria, assim como Deus e o homem também
a possuem. Nos dias de Jó, Satanás veio junto com os filhos de Deus
quando esses se apresentaram diante de Deus (leia Jó 1:6–12). O diabo
contendeu com o arcanjo Miguel pelo corpo de Moisés (leia Judas
v. 9). Ele também tentou a Cristo no deserto (leia Mateus 4:1–11).
Quanto antes os homens reconhecerem que o diabo existe,
tanto melhor será para o seu bem-estar presente e eterno. A missão
do diabo é enganar e desviar os homens, evitar que se realize o
plano de Deus para a restauração dos homens caídos e desprovê-
-los da entrada na presença de Deus na glória.
Sua habitação
A Bíblia diz que o diabo rodeia a terra e anda por ela (leia
Jó 1:7) “como leão bramando, buscando a quem possa tragar”
(1 Pedro 5:8). Ele é o “príncipe das potestades do ar” (Efésios
167
O REINO DAS TREVAS
Sua origem
A Bíblia não explica detalhadamente de onde veio Satanás, como
foi criado, e nem como chegou a transformar-se no diabo. No
entanto, há algumas escrituras que falam um pouco a respeito deste
assunto. Não há dúvidas que Deus criou “todas as coisas” incluindo
este ser que mais tarde transformou-se no diabo (leia João 1:3). Mas
quando Deus criou Lúcifer (leia Isaías 14:12), foi na forma de um
anjo santo. Depois que este anjo caiu em pecado devido ao seu orgu-
lho, foi expulso dos céus junto com uma multidão de “anjos que não
guardaram o seu principado” (Judas v. 6). A partir daquele momento,
o diabo vem fazendo o seu trabalho destruidor sobre a terra.
Por que Deus permitiu tal coisa? Deus queria que os anjos o
servissem por decisão própria, voluntariamente. Para que a sua
sujeição fosse voluntária, tiveram que ter a capacidade de aceitar
ou rejeitar a Deus. Qual foi a origem do mal no ambiente tão
puro dos céus? Não há ninguém bom, senão Deus. Os anjos que
rejeitaram a Deus rejeitaram a única fonte de bondade e santidade,
transformando-se em seres malignos.
Seus atributos
Os nomes que a Bíblia dá ao diabo revelam os seus atributos
e propósitos. Seus nomes mais comuns são:
Ø diabo, adversário de Deus e do homem (leia 1 Pedro 5:8).
168
O diabo , S atanás
169
O REINO DAS TREVAS
O fim
O fim de tudo isso é o despojar do mundo e a ruína das almas.
Tudo isso culminará no fim do tempo quando Satanás e todas as
suas hostes serão lançados no lago de fogo onde “a fumaça do seu
tormento sobe para todo o sempre” (Apocalipse 14:11). Como
príncipe dos demônios, chefe de pecadores e grande inimigo de
tudo o que é bom e bendito, Satanás será o que mais sofrerá nesse
lugar preparado para ele e os seus anjos.
170
21
Capítulo
Satanás
e os que estão sob
o seu domínio
O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo,
que é a imagem de Deus (2 Coríntios 4:4).
Satanás é o chefe de todas as hostes da maldade. A Bíblia se
refere a ele como sendo “o deus deste século” (2 Coríntios 4:4) e
“o príncipe deste mundo” (João 12:31). De outras escrituras como
Daniel 10:5–13, Lucas 11:14–18 e Efésios 6:11–12, fica evidente
que Satanás é o rei no reino dos demônios e encabeça as forças
dos espíritos malignos. Sendo ele o deus deste século e o príncipe
dos demônios, tanto os homens pecaminosos deste século como
também os demônios fazem a sua vontade.
Suas limitações
Satanás é um ser criado e não o Criador. Portanto, como os
outros seres criados, há coisas que ele definitivamente não pode
fazer. Ainda que ele tenha domínio no seu reino, há limites que
Deus não lhe permite ultrapassar. Citaremos alguns exemplos das
limitações impostas a Satanás:
Ø Quando Deus conversou com o diabo a respeito de Jó, o
diabo comentou: “Porventura teme Jó a Deus em vão? Por-
ventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo
quanto tem?” (Jó 1:9–10). Então Deus deu permissão ao
diabo para fazer o que quisesse com os seus bens, mas não
171
O REINO DAS TREVAS
1. Os anjos maus
Judas fala dos “anjos que não guardaram o seu principado, mas
deixaram a sua própria habitação”, e diz que Deus os “reservou
na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia”
(Judas v. 6). Aqui observamos que: (1) O diabo e seus anjos foram
criados santos, mas depois deixaram o seu principado e abando-
naram a sua morada. (2) Os anjos maus não podem arrepender-se
como os homens, mas estão reservados “na escuridão e em prisões
eternas até o juízo daquele grande dia”.
172
S atanás e os que estão sob o seu domínio
2. As almas perdidas
A Bíblia nos diz que “todo o mundo jaz no maligno” (1 João
5:19). Isto significa o mundo das almas perdidas. Eles rejeitaram
a Deus, e o deus deste século tomou posse deles. O diabo é o
“espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Efésios
2:2) e por isto é também o “príncipe das potestades do ar”. Leia
o que o nosso Salvador disse quanto ao caminho pelo qual per-
corre a humanidade em Mateus 7:13–14. “Todas as nações que se
esquecem de Deus” pertencem ao domínio de Satanás, e, portanto,
“serão lançadas no inferno” (Salmo 9:17).
A grande luta
Está sendo travada uma grande luta pelas almas. Deus oferece
liberdade a toda alma cativa, tendo sacrificado o seu Filho uni-
gênito para conseguir essa libertação. Por meio da autoridade de
Jesus Cristo há mensageiros por todo o mundo que pregam as
boas novas da salvação. A libertação do pecado nessa vida e a glória
do céu na eternidade, chamam todas as almas para que recebam
a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor e que prossigam com
esperança para o alvo celestial.
Do outro lado está Satanás, que não descansa de dia nem de
noite, mas está empenhado em condenar e destruir a humanidade.
Ele faz tudo que pode, quer seja por meio da mentira, do engano
ou da calúnia, para desorientar e enganar os que ouvem a verdade
e desviá-los do caminho para que acreditem em fábulas.
Cada pessoa tem que decidir quem terá o domínio da sua alma:
será Deus, ou o diabo?
173
O REINO DAS TREVAS
3. Pela tentação
Os homens cobiçam as coisas más porque dão lugar à tentação.
“Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e
o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:15). O apelo de
Satanás para a carne é agradável para o homem carnal e o único meio
174
S atanás e os que estão sob o seu domínio
4. Pela negligência
O reino de Satanás cresce porque muitos que professam
conhecer a Deus estão dormindo espiritualmente. Pense por
um momento como Satanás e as suas hostes vigiam dia e noite,
e como os muitos que professam ser cristãos são desobedientes,
descuidados e indiferentes (leia Tito 1:16). Não devemos estranhar
o fato de que o reino de Satanás cresça e que se aumente mais e
mais a maldade. Enquanto os homens dormem, o inimigo semeia
o joio (leia Mateus 13:24–30). Leia também Efésios 5:11–14.
175
22
Capítulo
O pecado
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens por isso que todos pecaram (Romanos 5:12).
Como seria o mundo se não houvesse guerra, nem homicídios,
nem roubos, nem brigas familiares? Como seria se todos os homens
fossem perfeitos como foi Adão antes de pecar? Seria um lugar
belo, não é verdade? Ao comparar o nosso mundo pecaminoso com
um mundo sem pecados, temos uma ideia de como é o pecado.
O pecado pode ser definido da seguinte forma: “qualquer
pensamento, palavra, ação, omissão ou desejo contrário à lei de
Deus”. A palavra pecado se refere a toda iniquidade e a corrupção
espiritual da alma. É o oposto da justiça.
A origem do pecado
O relato da origem do pecado no mundo encontra-se em Gênesis
3:1–8. Antes do pecado entrar no mundo, o homem era puro e
santo, vivia uma vida muito feliz e estava contente com tudo. Ele
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O REINO DAS TREVAS
1. O pecado de Adão
Um só pecado destruiu a pureza, perfeição, santidade e a vida
do homem. Esse pecado não consistiu somente em estender a mão
e tomar do fruto da árvore proibida; tomar do fruto foi apenas o
resultado de ter deixado a Deus e seguido a Satanás. O pecado,
portanto, foi a condição da alma e não somente a ação da mão que
colheu o fruto. O homem perdeu seu relacionamento com Deus
e assim tornou-se pecaminoso. Do pecado de Adão recebemos a
corrupção da natureza humana, a mortalidade e a separação de
Deus. Essa condição é transmitida de geração a geração e leva
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O pecado
2. Os pecados cometidos
Quando o pecado existe no coração, este se manifesta de
alguma forma na vida da pessoa. “Enganoso é o coração, mais
do que todas as coisas, e perverso” (Jeremias 17:9). Portanto, “do
coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, for-
nicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas
que contaminam o homem” (Mateus 15:19–20).
Há quem pergunte: “Sou eu responsável pelo pecado de Adão?”
Não. Mas o pecado de Adão, ou melhor dizendo, a natureza
pecaminosa que herdei de Adão, me fará pecar. E isso sim, me
condenará diante de Deus.
3. Os pecados de omissão
Isto é quando não fazemos as coisas boas que sabemos que
devemos fazer. Deus, por meio de Tiago, nos disse: “Aquele,
pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tiago
4:17). Quando sabemos que Deus quer que façamos algo, e não
o fazemos, isso é pecado.
O pecado imperdoável
Esse assunto foi abordado várias vezes por Cristo e os apósto-
los, e a seriedade dele exige que o vejamos novamente. A seguir
citaremos algumas escrituras sobre este tema:
Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos
homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada
aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho
do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem
no futuro” (Mateus 12:31–32).
Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados,
e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do
Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes
do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para
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O REINO DAS TREVAS
180
O pecado
1. A depravação herdada
Como disse Paulo, somos “por natureza filhos da ira” (Efésios
2:3). Quer dizer, herdamos de Adão a tendência para o pecado
por meio de nossos antepassados. Os filhos têm a inclinação para
pecar porque a herdaram de seus pais que também são pecadores.
De maneira que, sobre os pais recai uma grande responsabilidade
de ensinar os filhos a refrear a sua natureza pecaminosa e depois
a buscar em Cristo a cura para o seu pecado.
2. A tentação
Satanás aproveita-se da concupiscência dos homens, tentando-
-os a pecar. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela
sua própria concupiscência” (Tiago 1:14). Por esta razão devemos
fugir das coisas que atraem a nossa natureza pecaminosa (leia
Mateus 4:1–11; 6:13; 1 Coríntios 10:13; Tiago 1:2–6, 12–17).
3. A ignorância
Há muitas pessoas que por falta de conhecimento caem em peca-
dos graves que afetam toda a sua vida. Não é conhecimento do pecado
que as pessoas precisam, mas o entendimento do que é o pecado.
Esse entendimento deve estar acompanhado de instruções de como
evitar as garras mortíferas do pecado (leia Levítico 4:2–3; Salmo 79:6;
Jeremias 9:3; Lucas 12:48; Atos 17:29–30; e Efésios 4:18).
4. A ociosidade
Muitos jovens estão esquecendo os provérbios antigos: “A ociosi-
dade é a mãe de todos os vícios” e “Uma mente ociosa é a oficina do
diabo”. Para escapar das muitas ciladas que pegam as pessoas ociosas,
devemos nos ocupar fazendo algo útil, algo que podemos fazer para
a glória de Deus. Uma das maiores maldições do tempo moderno é
que existem muitos pais que criam os jovens sem ensiná-los a traba-
lhar. Dê trabalho aos ociosos e acabe com os lugares de ociosidade,
e muitas das maldades desaparecerão (leia Provérbios 10:4; 12:24;
13:4; 24:30–34; 26:15; 2 Tessalonicenses 3:10–12; 1 Timóteo 5:13).
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O REINO DAS TREVAS
5. A indiferença
A atitude de “Tô nem aí” leva muitas pessoas a uma vida de
pecado. Aquele que não se importa com nada, sempre escolhe o
caminho que lhe parece mais prazeroso, o caminho do pecado.
7. A ganância
Há pessoas que adquirem lucros por meio de negócios fraudu-
lentos e não percebem que, ao sacrificar a sua integridade, perdem
algo mais valioso do que o dinheiro. Para manter uma posição alta na
sociedade, alguns sacrificam uma consciência sensível sem perceber
que eles perdem mais do que ganham agindo dessa forma. Com
o objetivo de ganhar uma desejada alta posição, alguns homens se
degradam ao renunciar a sua integridade em troca de ganho ou fama
mundana. Quando a piedade e a pureza são sacrificadas em troca
dos tesouros mundanos (leia Provérbios 23:5), há contaminação
de pecado e a perda não pode ser recuperada com nada que este
mundo possa oferecer. Leia a história do homem rico e Lázaro (Lucas
16:19–31) e também a história do rico insensato (Lucas 12:15–21).
8. A lisonja
Isto é algo mais difícil de resistir do que a oposição aberta e
direta. É verdade que hoje, como nos dias de Salomão, “a boca
lisonjeira provoca a ruína” (Provérbios 26:28).
Por detrás de tudo isto estão as influências e a obra do “pai
da mentira” (João 8:44), o grande enganador das almas que
conhece as fraquezas e falhas dos homens. Ele não perde nenhuma
oportunidade de levá-los à perdição. Em resumo, todo pecador
pode dizer com certa razão: “A serpente me enganou, e eu comi”
(Gênesis 3:13).
182
O pecado
Resultados do pecado
1. A morte
O resultado do pecado se resume nesta advertência a Adão:
“Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(Gênesis 2:17). Há muitas escrituras que testificam que a morte
corporal e espiritual são a recompensa do pecado: “A alma que
pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4); “O salário do pecado é a
morte” (Romanos 6:23); “A morte passou a todos os homens por
isso que todos pecaram” (Romanos 5:12); “O pecado… gera a
morte” (Tiago 1:15); “Mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:l);
“A que vive em deleites, vivendo está morta” (1 Timóteo 5:6).
2. A corrupção
O pecado é um processo que corrompe a pessoa, tornando-a
vil diante dos olhos de Deus e vergonhosa diante da luz da jus-
tiça e santidade verdadeira. É algo que não se pode eliminar por
meio da civilização, bons costumes, nem cultura. Ao olharmos
para os países considerados os mais civilizados, constatamos que
estes contêm algumas das fossas mais vergonhosas de imundice e
vício. Para onde se pode ir nesse mundo sem que a corrupção seja
tão evidente? Em todas as partes observa-se que os homens são
“amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blas-
femos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto
natural, irreconciliáveis, caluniadores, intemperantes, cruéis, sem
amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Timóteo 3:2–4).
O pecado é uma doença mortal que primeiro corrompe, e por
último destrói alma e corpo (leia Romanos 1:20–32).
3. A miséria
Há muitos que são enganados com a ideia que a religião é válida
somente na hora da morte; mas enquanto vivem preferem a vida
de pecado, imaginando que tiram maior satisfação e prazer do
pecado. Mas, “não erreis” (Gálatas 6:7). Por que há tanta miséria,
pobreza, aflição, dor, doenças e pragas no mundo? É por causa
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O REINO DAS TREVAS
4. A condenação eterna
Os piores resultados do pecado não se experimentam nessa
vida, mas na eternidade. Qualquer coisa que se experimente neste
mundo será muito leve em comparação com o que há de vir. O
decreto está escrito: “Tudo o que o homem semear, isso também
ceifará” (Gálatas 6:7). Aqui semeamos, lá ceifaremos. Se nessa
vida semeamos para a carne, no mundo vindouro ceifaremos
corrupção (leia Gálatas 6:8). Se aqui semeamos para o Espírito,
mais além ceifaremos vida eterna. Se os resultados do pecado aqui
manifestados claramente ao homem, são indescritíveis pela língua
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O pecado
A libertação do pecado
Por acaso não há maneira de escapar? Não há alguma maneira
em que os perdidos e presos pelo pecado possam livrar-se da sua
escravidão e escapar do castigo do fogo eterno? (leia Judas v.7)
Graças a Deus, sim, há. Há perdão pelos pecados cometidos se
cumprirmos com os requisitos de Deus para receber esse perdão
(leia Lucas 24:47). “Porque Deus não nos destinou para a ira,
mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”
(1 Tessalonicenses 5:9). A graça de Deus se estende a toda alma.
A cada pessoa presa pelos grilhões do pecado chega o convite
bondoso e celestial: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos
os termos da terra; porque eu sou Deus” (Isaías 45:22). Não obs-
tante, essa promessa está baseada na seguinte condição: “Deixe o
ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos,
e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o
nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Isaías 55:7). “Se
não vos arrependerdes”, o resultado será que “todos de igual modo
perecereis” (Lucas 13:3).
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O REINO DAS TREVAS
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23
Capítulo
A incredulidade
Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração
mau e infiel, para se apartar do Deus vivo (Hebreus 3:12).
A incredulidade é o pecado que serve como porta para o reino
das trevas. Tal qual a fé está para a salvação, assim é a incredulidade
para a condenação. Assim como nenhum escrito sobre o plano
de salvação está completo sem tratar do tema da fé, igualmente
nenhum escrito a respeito da obra do diabo está completo sem
tratar do tema da incredulidade.
A incredulidade é para a fé o que as trevas são para a luz.
Ao apagar-se a luz, aparece a escuridão para tomar o seu lugar;
e tendo desaparecido a luz, a escuridão toma conta de tudo. A
incredulidade se encontra somente onde a fé não existe. Onde
a fé está completa e perfeita, não poderá haver incredulidade.
Foi pela desobediência de um homem que o pecado entrou no
mundo, mas esse ato de desobediência não teria acontecido se o
homem não tivesse trocado a sua fé em Deus pela fé em Satanás.
Não crer em Deus é o fundamento de todos os outros pecados
(leia Tito 1:15). Toda a humanidade está caracterizada pela incre-
dulidade. Pelo engano do pai da mentira, o mundo tornou-se o lar
de toda forma de incredulidade. Atualmente têm surgido muitos
tipos de incrédulos para ajudar o diabo a roubar a fé dos homens
e destruir a obra de Deus no coração humano.
Tipos de incrédulos
Ø O ateu não crê na existência de Deus. Ele é o néscio que o
salmista fala que diz: “Não há Deus” (Salmo 14:1).
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O REINO DAS TREVAS
188
A incredulidade
1. Cobiçar o pecado
Muitas vezes culpamos os outros por nos induzir ao pecado,
mas não devemos lançar a culpa em ninguém senão a nós mesmos.
“Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência” (Tiago 1:14). Por que o alcoólatra não deixa a
sua bebida, o fumante o seu cigarro, o apostador a mesa de jogo,
o homem imoral o bordel, o homem cobiçoso o seu negócio
desonesto, aquele que procura prazeres seus lugares favoritos de
diversão, o homem contencioso as suas pelejas, o irreverente a sua
profanação ou o ladrão o furto? Não os deixam porque desejam
o mal. Quanto mais cobiçamos as coisas más, tanto menos valo-
rizamos a Palavra de Deus. Depois concluímos que essas coisas
não são tão ruins como pensávamos e que a Bíblia não significa
bem o que diz. Há pessoas que outrora foram fiéis a Deus e à sua
Palavra, mas depois voltaram para os caminhos do pecado. Talvez
foi algo do mundo que eles cobiçaram, algum mandamento do
Senhor que não quiseram obedecer ou alguma coisa ou negócio
proibido pela igreja que os levou a cair em pecado. No princípio,
a sua consciência os incomodava quando pecavam, mas depois de
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O REINO DAS TREVAS
2. Os interesses próprios
Talvez você tenha passado horas, tão absorto com a leitura
de um livro que não deu atenção a nenhuma outra coisa, ou tão
interessado num parágrafo que nem sequer viu o resto da própria
página que estava lendo. Possivelmente você tenha observado
alguém tão envolvido com seus negócios a ponto de prejudicar a
sua vida cristã, mas que não conseguia ver nada de errado, mesmo
sendo advertido, repetidas vezes, sobre o perigo que corria.
Por que os judeus não creram em Jesus? Eles estavam tão
interessados no judaísmo que ficaram cegos para a verdade. Por
que há tanta incredulidade no mundo atual? É porque as pessoas
procuram os prazeres, as riquezas, as vaidades e os enganos do
mundo com tanta ansiedade que desprezam as advertências da
Bíblia, recusando-se a crer nelas.
3. O engano
Por que Eva estendeu a mão para tomar do fruto proibido? É
porque ela foi iludida e cria que o fruto que desejava era melhor
do que aquilo que já possuía. Por que os homens roubam, jogam
e trapaceiam? O tentador lhes convenceu de que esta é a maneira
mais rápida, mais fácil e melhor de obter dinheiro. À medida que
valorizam mais as coisas temporárias e carnais, passam a valorizar
menos as coisas eternas e espirituais. É por isso que os homens
rejeitam a Deus e desconfiam de Jesus Cristo, e sendo enganados,
creem que encontraram algo melhor.
4. As amizades mundanas
Nisto está a fonte de muita incredulidade. Os incrédulos
inteligentes, educados, sociáveis e persuasivos são companheiros
190
A incredulidade
5. A literatura prejudicial
Um bispo jovem estava de visita no lar de outro bispo mais
idoso. Então viu na mesa da biblioteca um exemplar do livro de
Tomás Paine, “The Age of Reason” (A Era da Razão). O jovem
bispo ficou atônito.
— O quê? Você lê tais livros?
— Sim, por que não? — respondeu o outro. — Quero infor-
mar-me de tais coisas para poder pregar contra elas.
— Mas, e seus filhos? — perguntou-lhe o primeiro.
— Não há perigo — respondeu o mais idoso, — Eles quase
nunca o leem.
No entanto, havia perigo sim. Os dois filhos tornaram-se
incrédulos. A literatura tem poder, seja para o bem ou para o mal.
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O REINO DAS TREVAS
192
A DOUTRINA
DA SALVAÇÃO
Somos salvos pela bondade e pela graça de Deus, e não pela
bondade e pela justiça do homem. Isso coloca a salvação ao
alcance de todo ser humano e nos impõe uma dívida eterna por
causa da dádiva muito preciosa que Deus nos dá ao cumprirmos
as condições necessárias.
Se estudássemos a salvação do ponto de vista humano, começa-
ríamos com a fé; mas como Deus realizou a nossa redenção desde
a fundação do mundo, decidimos começar com a obra de Deus na
expiação. Contudo, a ordem desses temas é mais ou menos arbi-
trária, pois não há uma ordem cronológica para a sua colocação.
Além disso, todos esses temas estão tão intimamente relacionados,
que nenhum deles poderia ser omitido do plano perfeito de Deus
para a salvação.
Para uma melhor descrição da salvação, citaremos a Bíblia:
Porque também nós éramos noutro tempo insensatos,
desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências
e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos
uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de
Deus, nosso Salvador, para com os homens, Não pelas obras de
justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia,
nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo, Que abundantemente ele derramou sobre nós
por Jesus Cristo nosso Salvador; Para que, sendo justificados
pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da
vida eterna (Tito 3:3–7).
Nos nove capítulos a seguir apresentaremos essa doutrina mais
detalhadamente conforme é ensinada na Bíblia.
193
24
Capítulo
A expiação
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também
nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual
agora alcançamos a reconciliação” (Romanos 5:10–11).
A expiação resumida
Outrora estivemos muito longe de Deus (leia Efésios 2:12–13).
Quando o homem pecou, não apenas tornou-se uma criatura
pecaminosa, mas também ficou sem recursos ou meios para voltar
para Deus. A escritura fala do homem caído: “Todos nós andá-
vamos desgarrados como ovelhas” (Isaías 53:6). “Todos pecaram
e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). “A morte
passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Romanos
5:12). Era impossível o homem remir-se de seu pecado através de
suas boas obras, bondade humana, riquezas ou obediência estrita à
lei. O homem estava perdido; essa palavra resume toda a história.
Mas Deus, que criou o homem a sua própria semelhança, quis
que o homem tivesse a oportunidade de resplandecer à sua imagem
na eternidade. Por isso Deus providenciou a expiação do pecado
ao enviar para o mundo o seu próprio Filho amado, Jesus Cristo.
Jesus era o unigênito do Pai e como o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo, morreu na cruz para tirar os pecados do mundo
(leia João 1:29). “Pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5).
195
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
O dia da expiação
Deus introduziu a expiação no Antigo Testamento. Um estudo
da expiação em ambas as alianças é necessário para dar-nos um
entendimento amplo dessa doutrina.
1. A antiga aliança
Os judeus celebravam um dia de humilhação nacional,
guardando o décimo dia do sétimo mês (leia Levítico cap.16;
23:26–27). Nesse dia confessavam os seus pecados e ofereciam
uma oferta para a expiação dos mesmos. Preparavam dois bodes;
matavam um e sobre a cabeça do outro o sacerdote colocava os
pecados do povo e o enviava ao deserto como bode expiatório.
Dessa maneira, os pecados das pessoas eram perdoados. Os animais
inocentes sofriam pelo pecado e os pecadores culpados podiam
regressar para suas casas livres de toda culpa.
A obra desses animais expiava o pecado porque era uma sombra
da obra de Cristo como o Cordeiro de Deus. O seu sofrimento
e morte pelo pecado do povo cumpriram todos os sacrifícios
judaicos que jamais haviam sido oferecidos. “Porque tendo a lei a
sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca,
pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano,
pode aperfeiçoar os que a eles se chegam” (Hebreus 10:1). Leia
também Hebreus cap. 9; 10:14.
2. A nova aliança
Como já notamos, os sacrifícios judaicos eram apenas um
símbolo do sacrifício perfeito, Jesus Cristo. O sacrifício perfeito
196
A expiação
A morte de Cristo
1. Nossa propiciação
Ao morrer, Cristo tornou-se “a propiciação pelos nossos pecados”
(1 João 2:2). Ou seja, a morte de Jesus é o sacrifício que satisfez a
justiça divina contra o nosso pecado. Jesus é quem “Deus propôs
para propiciação pela fé no seu sangue” (Romanos 3:25). Temos sido
reconciliados com Deus pelos méritos do sangue de Jesus Cristo. A
justiça e a misericórdia de Deus foram reconciliadas quando Jesus
expiou “os pecados do povo” (Hebreus 2:17). Por meio dele a ira
de Deus foi apaziguada, e agora podemos nos aproximar de Deus
confiando que os requisitos da justiça foram cumpridos.
2. Nosso Cordeiro
No Antigo Testamento Deus introduziu o princípio de um
inocente levar os pecados dos culpados e adquirir o perdão para os
mesmos. Deus deu a expiação aos sacerdotes para que “levásseis a
iniquidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do
Senhor” (Levítico 10:17). No dia da expiação o sacerdote colocava
os pecados das pessoas sobre a cabeça do bode expiatório que mais
tarde era levado para o deserto (leia Levítico cap. 16). Deus aceitava
a obra de um inocente para efetuar o perdão do culpado.
197
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
3. Nosso advogado
A vida de Jesus Cristo na terra possibilitou que ele se tornasse
o nosso advogado no céu (leia Hebreus 2:16–18; 4:15). Depois
de ser crucificado, ele ascendeu para a glória e agora está à direita
do Pai como nosso representante, intercessor e advogado. Estêvão
viu Jesus que estava à direita de Deus (leia Atos 7:55–56). Cristo
vive “sempre para interceder” (Hebreus 7:25) por todos os que
por meio dele se aproximam de Deus. “Se alguém pecar, temos
um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 João 2:1).
198
A expiação
199
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
200
A expiação
2. Foi voluntária
Cristo foi crucificado porque ele entregou-se voluntariamente ao
decreto divino. Não foi porque os judeus ou os romanos eram mais
fortes do que ele (leia Mateus 26:47–56; João 10:17–18; 18:4–11).
Os que mataram a Jesus não perceberam que por meio deles Deus
foi glorificado (Salmo 76:10). Eles estavam apenas cumprindo o
plano de Deus para que tanto eles como muitos outros tivessem
acesso ao poder purificador do sangue do Cordeiro de Deus.
3. Foi expiatória
“O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o
pecado” (1 João 1:7). Na fonte carmesim que flui do Calvário há
poder purificador para lavar os pecados de todos que vêm a ele
por meio da fé. Olhando para “o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (João 1:29), oramos: “Lava-me, e ficarei mais
branco do que a neve” (Salmo 51:7).
5. Foi mediadora
“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já
pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Efésios 2:13). Com a
201
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
7. Foi gloriosa
Contemplemos o Filho de Deus na cruz. No meio de seus sofri-
mentos, ele orou pelos seus inimigos. Jesus também falou palavras
de paz e perdão ao ladrão ao seu lado. O Senhor fez provisões para a
sua mãe e encomendou todo o seu ser ao Pai. O poder maravilhoso
202
A expiação
Quem se beneficia?
203
25
Capítulo
A redenção
Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das
ofensas, segundo as riquezas da sua graça (Efésios 1:7).
A palavra remir significa “resgatar, livrar e adquirir de novo”
(leia Levítico 25:25–27; 1 Coríntios 6:20; 7:23). Da mesma
forma que algo empenhado pode ser remido pagando-se a soma
requerida de dinheiro, assim o homem, perdido no pecado e sem
esperança, pela graça de Deus foi remido pelo sangue do Cordeiro.
No Antigo Testamento Deus disse aos israelitas que os primo-
gênitos machos pertenciam a ele. Mas deu-lhes a oportunidade de
remir alguns deles. Por exemplo, eles poderiam “comprar” de Deus
um jumentinho que era primogênito. Em troca eles tinham que
sacrificar-lhe (pagar-lhe) um cordeiro. Dessa forma, o preço da reden-
ção do jumentinho era um cordeiro (leia Êxodo 13:11–13). Assim
como o jumentinho podia ser remido se o dono desse um cordeiro
seu a Deus, assim o homem perdido no pecado foi remido quando
Deus ofereceu o seu Cordeiro na cruz. Para remir o homem caído
(comprá-lo de novo para si), Deus teve que dar o seu Filho unigênito.
No capítulo anterior vimos a obra de Cristo ao expiar o nosso
pecado para reconciliar-nos com Deus. O seu sangue vertido
pagou o preço da nossa redenção. O homem salvo já é propriedade
de Deus e adquirido pelo sangue precioso de Jesus.
A redenção de Deus
205
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
206
A redenção
Resultados da redenção
Os remidos gozam de:
207
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo
está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gálatas 6:14).
“O último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”
(1 Coríntios 15:26). A promessa é: “Eu os remirei da mão do
inferno, e os resgatarei da morte” (Oseias 13:14). Os remidos do
Senhor não temem o sepulcro porque o retorno do corpo ao pó
significa também um retorno do espírito a Deus e por fim haverá
uma “redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23) assim como
da alma. Enquanto que os ímpios “padecerão eterna perdição”
(2 Tessalonicenses 1:9), os justos descansarão seguros na esperança
daquele “que redime a tua vida da perdição” (Salmo 103:4).
3. Perdão de pecados
“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remis-
são dos pecados” (Colossenses 1:14). Paulo declara essa mesma
verdade na sua carta aos efésios ao fazer menção de que recebemos
a salvação pelas “riquezas da sua graça” (Efésios 2:7). Quando
somos remidos, damos testemunho de que fomos pecadores e
agora somos salvos pela graça.
4. Justificação
“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24). A redenção
208
A redenção
feita por Cristo nos justifica para que possamos nos apresentar
diante de Deus, porque agora temos a justiça que é pela fé em
seu Filho amado.
5. Santificação
“Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para
a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa” (Efésios 5:25–27).
Leia também Tito 2:11–14; Hebreus 10:10 e 14; 13:12.
6. Cidadania celestial
É através da redenção que nos tornamos filhos de Deus. Paulo
chama isto de “a adoção de filhos” (Gálatas 4:5). “Para nos remir
de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial,
zeloso de boas obras” (Tito 2:14). Pedro declara que o povo de
Deus é “geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido” (1 Pedro 2:9). Fomos chamados para sair do mundo
pecaminoso para ser “o povo adquirido” por Deus.
Ao recordarmos que os remidos do Senhor, salvos, santificados,
úteis ao Senhor, “pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20). Lembre-
mos que eles andarão no caminho da santidade do Rei (leia Isaías
35:8–9), esperando a hora em que os remidos voltarão a Sião com
alegria (leia Isaías 35:10) e somente eles cantarão juntos a história
bendita da redenção no céu.
209
26
Capítulo
A fé
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a
prova das coisas que se não veem (Hebreus 11:1).
O elemento essencial da fé é a confiança. A fé é (1) “o firme
fundamento das coisas que se esperam”, (2) “a prova das coisas que
se não veem”. Em outras palavras, é uma confiança muito segura em
algo que não podemos ver ou tocar. Há coisas que percebemos pelos
sentidos da visão, da audição, do tato, etc. Há outras que sabemos
pelo simples fato de confiarmos que nos disseram a verdade. Por
exemplo, você crê que existiram homens tais como, Júlio César,
Martinho Lutero, Dom Pedro II e outros personagens históricos,
não porque os conheceu, mas porque você confia nos meios pelos
quais recebeu essa informação. As coisas que chegam a nós direta-
mente por meio dos sentidos não são de fé, mas de conhecimento.
Há quem diga que é somente por ignorância que alguém aceita
algo como verdadeiro sem uma evidência positiva e direta. Mas a
própria vida dessas pessoas contradiz essa afirmação, pois dificilmente
passa um dia sem que eles mesmos confiem na palavra de outros
sem investigar pessoalmente. Por exemplo, ao embarcar num ônibus
para viajar até uma cidade que não conhecem, essas pessoas creem
que irão para aquela cidade porque assim foram informados pelo
motorista. Na realidade eles não sabem, apenas creem que vão para
aquela cidade. Nós estamos rodeados por todos os lados de coisas ou
circunstâncias das quais não sabemos absolutamente nada, exceto o
que outros nos tenham falado. Como a fé cristã é essencial para a vida
cristã, assim a fé no que não se tem visto é essencial para qualquer
tipo de vida. Notemos, pois, alguns tipos de fé.
211
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Tipos de fé
A palavra “fé” pode ser aplicada de maneira geral, como na
escritura: “Porque andamos por fé” (2 Coríntios 5:7). Ou pode
aplicar-se à verdade revelada por Deus: “Tive por necessidade
escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi
entregue aos santos” (Judas v. 3).
No entanto, pode também existir uma fé que resultaria da
nossa confiança nos homens ou nas coisas.
Pode-se dizer que existe uma fé natural e uma fé bíblica. A fé
natural é a confiança que os seres humanos têm uns nos outros.
Por exemplo, quando creem que o ônibus se dirigirá para o lugar
que foi informado pelo motorista.
Quando falamos de fé bíblica, estamos falando de algo total-
mente diferente da fé natural. O homem que tem apenas uma
fé natural chega ao limite do seu próprio conhecimento ou do
conhecimento de outros em quem tem confiança. Esse tipo de fé
não crê na criação nem na eternidade. Contudo, o homem que
tem fé na Palavra de Deus vai muito além. Ele crê em coisas que
ninguém viu porque ele crê que a Bíblia é a revelação divina e
milagrosa de Deus para o homem. Visto que a Bíblia o diz, ele crê
que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que nasceu de uma virgem,
que nos deu o evangelho infalível, que morreu por nossos pecados
e ressuscitou para a nossa justificação.
A fé que os homens professam ter em Deus é de dois tipos: a
fé que é morta e a fé que é viva.
1. A fé “morta”
Lemos a respeito deste tipo de “fé” em Tiago 2:14–26. Essa
escritura diz que “a fé sem obras é morta”. Em outras palavras, a
falta de obras é evidência de que a fé não é genuína. Dessa maneira
ninguém pode pensar que a fé sem a obediência é suficiente.
2. A fé viva
A fé viva é “a fé que opera” (Gálatas 5:6). Esse é o tipo de fé
que atrai a alma e estimula o indivíduo a agir. Por que o agricultor
semeia o seu grão? Porque ele tem fé que haverá uma colheita.
212
A fé
2. Pela oração
A petição dos discípulos ao Senhor foi: “Acrescenta-nos a fé”
(Lucas 17:5). Nós também devemos orar pelo mesmo. Foi a oração
de fé de Cornélio (leia Atos 10:30–31) que trouxe o mensageiro
que conduziu a ele e sua casa para a fé viva. Você sente falta da fé
vencedora? Ore. Você sente que outros devem ser abençoados com
uma fé mais forte? Ore. Você sente a necessidade de um avivamento
que trará os salvos e os incrédulos para uma fé vitoriosa? Ore.
213
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. Assegura a salvação
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16:31). Leia
também João 3:16.
3. Assegura a justificação
“Por ele é justificado todo aquele que crê” (Atos 13:39). “Con-
cluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da
lei” (Romanos 3:28).
214
A fé
5. Cura o corpo
“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (leia
Tiago 5:14–15). Pode não ser a vontade de Deus curar em toda
situação, mas muitas vezes ele cura. O certo é que ele atende às
orações de fé ao curar o enfermo.
7. Guia o cristão
“Porque andamos por fé, e não por vista” (2 Coríntios 5:7).
Quando andamos pela vista estamos fazendo como o mundo faz.
Mas quando andamos por fé, os nossos passos se dirigem para o
céu guiados pela nossa confiança em Deus.
8. Santifica o cristão
“Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do
poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados,
e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (Atos 26:18).
215
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
A prova da nossa fé
Tiago fala do lado prático da fé quando nos lembra que “a fé
sem obras é morta” (Tiago 2:20). É mais fácil dizer “eu creio”, do
que demonstrar a nossa crença pelo que fazemos quando estamos
expostos às provas e à aflição. Enquanto havia pães e peixes para
comer, todos criam em Jesus; mas quando ele pregou o seu sermão
sobre o pão da vida (leia João cap. 6), assim colocando a fé deles
à prova, diz que “muitos dos seus discípulos tornaram para trás,
e já não andavam com ele” (João 6:66). Naquele momento a fé
deles foi testada e ficou evidente que para alguns faltava fé.
Portanto, a prova da nossa fé:
2. “Opera paciência”
O testemunho de Tiago foi: “Sabendo que a prova da vossa fé
opera a paciência” (Tiago 1:3). Este testemunho é demonstrado
frequentemente nas vidas das pessoas que professam seguir a
Cristo. Há um poder refinador nas provas que a vida diária traz
que consome a escória e produz o melhor que há no ser humano.
Nós temos o exemplo de fé de alguns dos personagens bíblicos:
Abraão, quando foi chamado a oferecer o filho da promessa; José,
perseguido pelos seus irmãos, escravizado e encarcerado no Egito;
216
A fé
Os deveres da fé
Agora nos deparamos com outra pergunta: Qual deve ser a
atitude do cristão para com a fé? Ao nos voltarmos para a Palavra
de Deus, encontraremos as seguintes admoestações:
217
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
218
27
Capítulo
O arrependimento
Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a
salvação, da qual ninguém se arrepende (2 Coríntios 7:10).
Ao estudar este tema é preciso frisar que o arrependimento é
um requisito tão essencial quanto a fé para a pessoa converter-se e
tornar-se um verdadeiro cristão. O arrependimento foi a primeira
mensagem do ministério de João o Batista (leia Mateus 3:2); a pri-
meira mensagem do ministério do Senhor Jesus Cristo (leia Mateus
4:17); a primeira mensagem do ministério do Espírito Santo por meio
de Pedro (leia Atos 2:38) e também ocupou um lugar proeminente
nos ensinamentos dos apóstolos. Esse deve ser um ensinamento
contínuo de cada cristão. “Deus… ordena agora a todos os homens,
e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30).
O que é o arrependimento
O arrependimento verdadeiro é uma mudança da vontade, dos
sentimentos, de atitude com relação ao pecado e a justiça, e uma
mudança de coração. Sem mudança não há arrependimento, pois
o arrependimento implica numa mudança.
O que ocorre quando alguém se arrepende?
1. Há convicção
Uma convicção genuína é o primeiro passo para o arrependi-
mento. Ao ouvirmos a mensagem de Deus, cresce em nós a convicção
de que temos feito o mal. Foi isso que aconteceu com aquela grande
multidão no dia de Pentecostes (leia Atos cap. 2) e também ao car-
cereiro em Filipos (leia Atos cap. 16). A consciência (leia Romanos
2:15), e o Espírito Santo (leia João 16:8) com a sua espada (que é a
Palavra de Deus) trazem convicção ao coração humano.
219
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
3. Há confissão
Uma sensação de vergonha e humilhação acompanha o ver-
dadeiro arrependimento pelo pecado, mas isso não impede que o
pecador confesse os seus pecados. Pelo contrário, aquele que está
verdadeiramente arrependido quer confessar os seus pecados para
livrar-se deles (leia Provérbios 28:13). Os que se arrependem de
coração obedecem ao mandamento: “Confessai as vossas culpas
uns aos outros” (Tiago 5:16). De modo geral, quanto menos
desejo a pessoa sentir de confessar os seus pecados, tanto menos
arrependido está o seu coração. “Se confessarmos os nossos peca-
dos, ele é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados, e nos
purificar de toda a injustiça” (1 João 1:9).
4. Deixa-se o pecado
Balaão, Saul e outros confessaram os seus pecados, mas conti-
nuaram neles como se nunca os tivessem confessado. Davi, o filho
pródigo e outros também fizeram a mesma confissão, porém, eles
deixaram os seus pecados e retornaram para o caminho da justiça.
Os que realmente se arrependem de coração, não apenas confessam
os seus pecados, mas também os deixam. “Nós, que estamos mortos
para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Romanos 6:2).
220
O arrependimento
5. Há restituição
Seria possível estar verdadeiramente arrependido por algum
pecado sem querer fazer a restituição? Não. A restituição acompanha
o verdadeiro arrependimento. Restituição quer dizer corrigir as nossas
más ações para com os homens. Zaqueu teve uma atitude correta
quando disse: “Se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo
quadruplicado” (Lucas 19:8). Essa atitude de Zaqueu fez com que
Cristo dissesse: “Hoje veio a salvação a esta casa” (Lucas 19:9).
221
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
222
O arrependimento
2. Ouvir a verdade
“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”
(Romanos 10:17). Como um homem se arrependeria do pecado
sem antes saber que é pecador? A pregação da Palavra de Deus
na sua plenitude é uma obra essencial para trazer os pecadores ao
arrependimento. Foi Natã quem trouxe a mensagem a Davi: “Tu
és este homem” (2 Samuel 12:7), para que Davi se arrependesse.
Foi pela pregação de Jonas que o povo de Nínive se arrependeu.
Porque ouviram, se arrependeram. No dia de Pentecostes, três mil
pessoas foram convertidas como resultado da pregação de Pedro
e dos outros discípulos.
4. Um conhecimento do pecado
Não pode haver arrependimento do pecado até que o pecador
esteja consciente da sua condição pecaminosa. Como resultado
da obra do Espírito Santo, todo ser humano sente um vazio, um
sentimento de confusão de que ele carece de alguma coisa. Mas
o pecador não pode se arrepender sem saber o que é que está
errado em sua vida. Tem que ter conhecimento do pecado para
poder arrepender-se.
5. O ódio ao pecado
Uma pessoa não se afasta do pecado enquanto gostar dele. O
alcoólatra que gosta da bebida, o homem que ama os prazeres
223
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
7. Recompensas e castigos
O nosso motivo principal de servir a Deus não deve ser o
medo e nem o desejo de ganho pessoal. Contudo, não se pode
negar que o temor do castigo de Deus, muitas vezes, convence os
pecadores. Contudo, muitos pecadores morrem em seus pecados
porque os pastores têm medo de ensinar-lhes a fugir da ira terrível
que há de vir.
Verdades fundamentais
1. O arrependimento é um mandamento
Deus (leia Atos 17:30), Cristo (leia Mateus 4:17), João, o
Batista (leia Mateus 3:2) e os apóstolos (leia Marcos 6:12; Atos
2:38; 20:21), todos pregaram o arrependimento e ordenaram-no
224
O arrependimento
5. Impossibilitado de arrepender-se
A escritura mais clara sobre este ponto encontra-se em
Hebreus 6:4–6: “Porque é impossível que os que já uma vez foram
225
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
226
28
Capítulo
A justificação
Tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos
da ira (Romanos 5:9).
A justificação é a obra de Deus pela qual cada pessoa que crê em
Jesus Cristo se torna justo diante dele, o supremo juiz. Enquanto
que o “acusador de nossos irmãos” (Apocalipse 12:10) executa
as suas artimanhas satânicas para condená-los diante de Deus,
o grande Juiz diz: “Estes são meus. Eles antes eram culpados,
condenados, estranhos às alianças da promessa (leia Efésios 2:12),
mas as coisas mudaram. O preço da sua redenção foi pago; eles
aceitaram as condições oferecidas de misericórdia, foram limpos
pelo sangue do Cordeiro de Deus e agora são justos diante de
mim.” Cristo “ressuscitou para nossa justificação” (Romanos 4:25).
227
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
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A justificação
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A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
230
29
Capítulo
A conversão
Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os
pecadores a ti se converterão (Salmo 51:13).
A doutrina da conversão é um tema proeminente nos ensi-
namentos de Cristo e de seus discípulos. Quando uma pessoa
é convertida isto significa que ela própria mudou. Converter-se
quer dizer “mudar uma coisa em outra” (Aurélio).
A doutrina da conversão
Nós “éramos por natureza filhos da ira” (Efésios 2:3). Nós
estávamos entregues aos nossos ídolos, como no caso de Efraim
(Oseias 4:17). Para voltar a Deus é necessário que ocorra uma
transformação; uma mudança na nossa mentalidade, nos desejos
do nosso coração e na nossa atitude para com Deus e para com o
pecado. É necessário que experimentemos uma mudança completa
nas nossas vidas para agradar a Deus e entrar em harmonia com
a sua Palavra. Quando um pecador se arrepende, Deus faz a obra
de convertê-lo em um cristão. Os pecados que o pecador outrora
amava, ele agora odeia e as coisas boas de Deus que antes odiava,
agora ama. A conversão é uma transformação completa: um novo
amor no coração e uma nova vida na alma.
231
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Exemplos da conversão
Podemos formular um conceito correto da conversão anali-
sando as mudanças na vida das pessoas que se voltam para Deus.
Notemos alguns exemplos:
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A conversão
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A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
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A conversão
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A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Resultados da conversão
Como já foi dito, a conversão implica numa mudança, uma
transformação, uma “vida nova”. Vejamos a seguir o que a Bíblia diz
que acontece quando alguém é realmente convertido:
236
A conversão
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de
Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra
vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de
filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai”. (Romanos 8:10 e 14–15).
237
30
Capítulo
A regeneração
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de
novo (João 3:7).
O significado literal de regeneração é “tornar a gerar” (Aurélio).
Essa palavra é usada raras vezes nas escrituras (leia Mateus 19:28; Tito
3:5). Contudo, a doutrina da regeneração está presente em todos os
ensinamentos bíblicos relacionados com a salvação. É a doutrina da
vida nova que Deus gera em nós quando somos convertidos.
A vida nova em Cristo resulta da regeneração assim como a
redenção resulta da expiação, a justiça da justificação e a santidade
da santificação. Deus regenera, o homem é renascido; Deus expia,
o homem é redimido; Deus justifica, o homem é justificado; Deus
santifica, o homem é santificado.
O que a regeneração é
1. Nascer de novo
“Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus” (João 3:3). “Sendo de novo gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus”
(1 Pedro 1:23). A vida que recebemos ao nascer de novo é a
vida triunfante de Cristo que vence o pecado, o mundo e a
morte. É uma vida incorruptível que verá o reino de Deus.
239
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
4. Ser lavado
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas
segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regene-
ração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5).
240
A regeneração
241
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
A obra da regeneração
1. É obra de Deus
O Pai, o Filho e o Espírito Santo, todos contribuem para essa
obra (leia João 1:13; 3:6; Tito 3:5; 1 Pedro 1:3; 1 João 2:29). É
a “lavagem da regeneração” que nos traz a salvação; as obras são
incapazes de fazê-la. Deus nos salvou, “não pelas obras de justiça
que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia” (Tito 3:5).
Não somos nascidos pelas obras, mas nascidos de Deus, “porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo
a sua boa vontade” (Filipenses 2:13).
242
A regeneração
Evidências da regeneração
A Bíblia oferece evidências pelas quais podemos saber se somos
regenerados ou não. A seguir apresentamos algumas das principais:
1. A justiça
“Todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 João
2:29). “Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável
aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo” (Atos
10:34–35). A justiça de Cristo, dada aos homens, se manifesta em
uma vida justa, porque “nós, que estamos mortos para o pecado,
como viveremos ainda nele?” (Romanos 6:2). É impossível ser justo
por dentro sem que isto apareça por fora (leia Mateus 5:14–16).
243
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
4. A obediência
“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus
mandamentos” (1 João 2:3). Cristo põe os seus discípulos à prova
244
A regeneração
5. O amor
“Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos” (1 João 3:14). Por essa mesma razão Deus diz
que “quem não ama a seu irmão permanece na morte” (1 João
3:14). “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de
Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus” (1 João 4:7–8).
6. A fé
“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus”
(1 João 5:1). A verdadeira prova de fé e de amor está em crer e
obedecer toda a Palavra de Deus. “Mas, a todos quantos o rece-
beram, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que
creem no seu nome” (João 1:12).
245
31
Capítulo
A adoção
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são
filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para
outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção
de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai (Romanos 8:14–15).
Deus recebe na sua família somente as pessoas que têm sido
regeneradas. A regeneração e a adoção são dois assuntos muito
parecidos. Mas a regeneração enfoca a vida espiritual, enquanto
que a adoção enfoca o relacionamento espiritual.
A adoção é o ato amoroso de Deus receber em sua família
espiritual os seus filhos neste mundo que cumprem com certas
condições para pertencer a ela. Da mesma forma que Moisés foi
adotado como filho da filha de Faraó (leia Êxodo 2:1–10), e Mefi-
bosete foi acolhido por Davi (leia 2 Samuel 9:1–10), assim também
Deus recebe na sua família, como filhos e filhas, os que se tornam
herdeiros da glória ao serem feitos novas criaturas em Cristo Jesus.
A adoção pressupõe:
247
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. Fé
“Mas, a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus” (João 1:12). “Porque todos sois filhos de
Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26).
2. Regeneração
João diz que os que creem no nome de Cristo são nascidos de
Deus (leia 1 João 5:1). A declaração de Cristo de que ninguém
poderá ir para o céu sem “nascer de novo” (João 3:3 e 7) confirma
que a regeneração é essencial para a adoção.
3. A graça de Deus
A adoção, como a justificação, é algo que não tem como fun-
damento o mérito humano. Não há nada em nós que comova o
248
A adoção
Pai amado para que nos receba em sua família: nem inteligência,
nem boas obras, nem bondade inata, nem qualquer coisa atrativa.
Unicamente a sua graça admirável, a sua benevolência infinita, as
suas misericórdias ternas e a sua bondade amorosa o comovem a
desejar-nos como seus próprios filhos. Assim como nenhum filho
alheio se torna parte de uma família sem ser adotado pelo pai da
família, assim também nenhum filho do diabo pode entrar na
família de Deus a menos que seja pela graça perdoadora de Deus.
A nossa parte é aceitar as suas condições. Ele fará o restante.
As bênçãos da adoção
As bênçãos da adoção são muitas. Primeiramente, nos oferece
todos os privilégios de quem é filho de Deus. O filho pródigo
pensou que seria como um dos trabalhadores de seu pai, mas o
seu pai amorosamente restaurou-o à sua posição anterior de filho.
Assim é a graça de Deus. Perdoa o pecador penitente e o adota
em sua amada família. Isto quer dizer que somos feitos filhos pelo
convite e pela ação de Deus. Assim somos co-herdeiros com Cristo
porque agora temos em abundância a herança eterna dos santos
na luz. Temos aqui algumas das bênçãos da adoção: a presença e
a direção do Espírito Santo, a comunhão com Deus e os santos, o
privilégio de brilhar à imagem de nosso Pai celestial, a oportunidade
de servir a Deus, a consolação de saber que temos feito firmes a
nossa vocação e eleição, e finalmente, a bendita esperança de estar
na pura presença de Cristo.
Evidências da adoção
249
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
2. Obedecer
“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus
mandamentos” (1 João 2:3). Leia também 1 João 5:1–3. Os que
voluntariamente desobedecem a Deus confessam através de seus
atos que não conhecem a Deus e portanto não podem ser filhos
dele (leia 1 João 2:4; Romanos 6:16–22).
4. Amar os irmãos
“Todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que
dele é nascido” (1 João 5:1). Uma das evidências mais claras de
que somos filhos de Deus é quando os nossos corações se comovem
com ternura e amor pela família espiritual de Deus. Demonstramos
o nosso amor a Deus através do nosso amor uns pelos outros ao
andarmos unidos na fé em Jesus Cristo.
5. Ser pacificadores
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus” (Mateus 5:9). Leia Romanos 12:17–21; Tiago 3:17–18.
6. Imitar Deus
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios
5:1). Assim como os filhos se parecem com os seus pais, assim
também os filhos de Deus se parecem com ele.
7. Amar os inimigos
Leia Mateus 5:43–48. Cristo disse que devemos amar os
nossos inimigos “para que sejais filhos de vosso Pai que está nos
céus” (Mateus 5:44).
250
32
Capítulo
A santificação
De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para
honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra (2 Timóteo 2:21).
Seu significado
O significado principal da palavra santificar na Bíblia é separar-se
ou consagrar-se a alguma causa, propósito ou obra especial. Tanto no
Antigo como no Novo Testamento são empregadas com frequência
várias formas dessa palavra. Em quase todos os casos, o significado da
frase não mudará se a palavra “santificar” for substituída pelas palavras
“separar” ou “apartar”. Deus separa (santifica) o seu povo para um pro-
pósito santo. Dessa forma, o significado de santificar inclui também
a pureza, a santidade e a consagração a Deus. A santificação indica:
1. Consagrar-se
“E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou” (Gênesis 2:3);
ou seja, o separou como um dia consagrado a ele. Os israelitas
não se aproximaram do Monte Sinai porque Deus havia colocado
limites ao redor do mesmo e o havia santificado (leia Êxodo 19:23).
Esse monte estava separado para um propósito santo. Leia também
Levítico 8:10–11; João 17:17; 1 Tessalonicenses 4:3; Hebreus 9:3.
2. Limpar-se, purificar-se
Leia 1 Tessalonicenses 5:23; Hebreus 10:10 e 14. Para servir
a Deus temos que ser puros, santos e limpos por meio do sangue
de Cristo. “Segui… a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor” (Hebreus 12:14).
251
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. Deus, o Pai
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (1 Tessalo-
nicenses 5:23). “Santificados em Deus Pai” (Judas v. l). Essa obra
foi profetizada em Ezequiel 37:28.
2. Deus, o Filho
“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu
próprio sangue, padeceu fora da porta” (Hebreus 13:12). Somos
“santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo” (Hebreus
10:10). Além disso, Paulo escreveu aos efésios que Cristo santifica
a igreja com a lavagem da água, pela palavra (leia Efésios 5:25–27).
4. A Palavra de Deus
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João
17:17). Deus nos dá a sua Palavra, a aceitamos, e assim somos san-
tificados mediante “a lavagem da água, pela palavra” (Efésios 5:26).
Além disso, nós estamos “limpos, pela palavra” (João 15:3). É por
meio da Bíblia que conhecemos os nossos pecados. Somos santificados
quando obedecemos a Deus depois de recebermos esse conhecimento.
252
A santificação
5. A fé
Cristo, o sacrifício pelos nossos pecados, “para nós foi feito…
santificação” (1 Coríntios 1:30). Como pode ser? Quando recor-
remos a ele e nos agarramos às suas promessas pela fé, ele se torna
o nosso santificador. Nós recebemos herança entre os santificados
por meio da fé em Cristo (leia Atos 26:18).
253
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
254
A santificação
Resultados da santificação
2. A perfeição cristã
“Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são
santificados” (Hebreus 10:14). (Leia também Mateus 5:48.) Como
é possível que um ser humano imperfeito alcance a perfeição cristã?
Somente mediante a purificação por meio do sangue de Cristo e
do poder de Deus para guardá-lo sem mancha. A perfeição por
meio do sangue é a perfeição efetuada pelo sacrifício único na cruz.
3. A separação do mundo
“O Senhor separou para si aquele que é piedoso” (Salmo 4:3).
Leia também Romanos 12:1–2; 2 Coríntios 6:14–7:1. A conclusão
é: “Apartai-vos, diz o Senhor… e eu vos receberei” (2 Coríntios
6:17). A santificação nos separa do mundo para que possamos
estar unidos com o nosso santíssimo Pai.
255
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
4. A herança eterna
É evidente que todos os fiéis santificados em Cristo são
co-herdeiros com Cristo, pois: (1) Deus prometeu a todos os fiéis
uma “herança entre todos os santificados” (Atos 20:32). (2) A
santidade (santificação) é mencionada entre os requisitos para ver “ao
Senhor”. (3) “Todas as coisas” de Apocalipse 21:7, são prometidas
aos vencedores, e os únicos vencedores serão os que são santificados.
5. A preparação para o serviço
“De sorte que, se alguém se purificar dessas coisas, será vaso
para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra” (2 Timóteo 2:21). O poder do Espírito
Santo está disponível somente aos que são santificados. Esse poder
é necessário para o serviço eficaz. A consagração (uma parte da
santificação) significa entregar-se totalmente a Deus, o que quer
dizer que todos os poderes humanos estão sobre o altar, para que
Deus os utilize conforme for do seu agrado. Por isso algumas
pessoas que possuem talentos comuns fazem mais no serviço do
Senhor do que outros que são abençoados com mais talentos, mas
que não são consagrados ao Senhor.
6. Um crescimento constante na graça
Leia Efésios 4:11–16; 1 Tessalonicenses 4:1–10; 2 Pedro
3:17–18. Não há condição mais favorável para um crescimento
espiritual rápido e constante do que uma vida consagrada e santa.
Uma vida assim tem o poder do Espírito Santo para cumprir com a
obra de Deus. Isso enche a alma com as riquezas da graça de Deus,
estimula a atividade espiritual que é tão vital para o desenvolvi-
mento espiritual e é uma terra fértil e favorável para a produção
abundante do fruto do Espírito Santo. Da mesma maneira que
a vegetação cresce rapidamente ao desfrutar em abundância do
calor do sol, assim também o filho de Deus cresce ao desfrutar
da claridade do céu na sua vida santificada.
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o
vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes-
salonicenses 5:23).
256
A DOUTRINA
DA IGREJA
Assim como todas as outras doutrinas da Bíblia, a doutrina da
igreja é apresentada nas Escrituras com uma clareza e amplitude
que demonstra a sua importância.
Este estudo da igreja será dividido em duas partes:
Ø A igreja como um corpo de pessoas separadas do mundo;
sua missão, sua organização, seu trabalho, seus deveres e
como os seus membros se relacionam entre si.
Ø As ordenanças da igreja pelas quais os princípios do evan-
gelho se manifestam na vida dos seus membros.
Há quem diga que a igreja seja tanto um organismo como
também uma organização. Como um organismo, a igreja con-
siste em um corpo de crentes com Jesus Cristo como a cabeça e
os membros do corpo funcionando segundo a direção da cabeça.
Ao contemplarmos a ligação entre o cérebro e o resto do corpo,
temos um conceito claro do relacionamento entre Cristo e os
membros de seu corpo, a igreja. Como uma organização, a igreja
é um grupo de crentes organizados para o bem-estar comum e
para prestar serviço eficaz aos demais. Cada qual tem o seu lugar
a cumprir para fortalecer os demais membros contra os males
deste mundo e para unir as forças na obra de salvar os perdidos.
As ordenanças foram concebidas pela sabedoria divina e ins-
tituídas pelo Senhor para o bem-estar espiritual dos cristãos. Nós
cristãos louvamos ao Senhor pelo privilégio que ele nos deu de
guardar as suas ordenanças por meio da igreja.
257
33
Capítulo
A igreja cristã
Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18).
A palavra igreja (do grego ekklesia) é derivada de duas palavras
gregas que juntas querem dizer “chamar fora de”. A igreja cristã é
um corpo de crentes que foram chamados para viverem separados
do mundo e sob o domínio e a autoridade de Jesus Cristo.
É muito importante reconhecer isso. Deus não recebe como
filho a pessoa que ainda não renunciou ao mundo e ao pecado.
Além disso, tampouco é filho aquele que não obedece a Jesus
Cristo, que é a cabeça da igreja.
A igreja é o corpo de Cristo na terra. Ele organizou e a comissio-
nou, e no dia de Pentecostes a vivificou, capacitando-a para a obra à
qual foi chamada. Desde então a igreja de Cristo, sob a direção do
Espírito Santo, está pregando o evangelho para que todo o mundo
conheça o caminho da salvação. Essa obra continuará até que Cristo
volte para levar os seus.
1. O corpo de Cristo
Cristo é a cabeça de seu corpo, a igreja (leia Colossenses 1:18),
e nós somos os membros de seu corpo (leia Efésios 4:11–16;
1 Coríntios cap. 12). Cristo utiliza os membros de seu corpo para
cumprir a sua obra na terra. Os membros do corpo de Cristo são
as suas mãos e seus pés na terra.
259
2. Um templo ou edifício
Para ver como Deus edifica o seu templo, leia Efésios 2:20–22.
Como um templo, a igreja é santa e formosa, pois brilha com a
santidade e a formosura de Cristo.
3. A noiva de Cristo
As Escrituras apresentam a igreja como a noiva pura e amorosa
de Cristo, a qual espera a sua vinda. Nessa nossa era o Espírito
Santo está empenhado em chamar os que farão parte dessa noiva
do Cordeiro de Deus. Mateus 25:1–11 é uma descrição da igreja
que está à espera de seu Senhor. Quando todas as coisas tiverem
se cumprido, o Senhor virá para receber a sua noiva. Será efetuada
uma união inseparável entre Cristo e a igreja (como entre uma
esposa e seu marido) “e assim estaremos sempre com o Senhor”.
Leia também Efésios 5:22–33; Apocalipse 21:9.
A ordem na igreja
1. Deus é o Autor
É evidente que Deus é o Autor da ordem na igreja. Ele
providencia os líderes da igreja (leia Efésios 4:11–16; Atos
20:28) e dirige a sua administração (leia Mateus 18:15–18).
Deus frequentemente se refere a Cristo como sendo a cabeça, a
porta e o fundamento da igreja. “Deus não é Deus de confusão”
(1 Coríntios 14:33).
2. O propósito da ordem
Paulo, falando de Cristo, disse: “E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de
Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conheci-
mento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo” (Efésios 4:11–13). Leia o capítulo inteiro.
Notemos os quatro propósitos da ordem na igreja que são
mencionados nessa passagem:
A igreja cristã
Os requisitos do evangelho
para admissão na igreja
Cristo, por meio do seu próprio sangue, pagou para remir
para si uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:27).
261
A DOUTRINA DA IGREJA
A administração da igreja
1. A igreja é uma teocracia
Isto quer dizer que Deus é o Governador supremo da igreja.
Esse fato é essencial e de grande interesse para o corpo de Cristo.
A igreja de Cristo não é uma hierarquia ou organização humana.
Falando de Cristo, a Bíblia fala que Deus Pai “sobre todas as
coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Efésios 1:22). Ele é a
nossa cabeça perfeita (leia Colossenses 1:18), e o Espírito Santo
é o nosso guia (leia João 14:26; 15:26; 16:13). Como todos os
membros do corpo natural estão sujeitos à cabeça, assim também
todos os membros do corpo de Cristo se sujeitam a ele porque
Deus o colocou como a cabeça da igreja.
262
A igreja cristã
A missão da igreja
1. Glorificar a Deus
A responsabilidade principal de cada cristão é glorificar a Deus.
É importante que cada cristão se lembre da admoestação das Escri-
turas: “Fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Deus
é glorificado quando o nosso trabalho e exemplo levam as pessoas
a se entregarem ao Deus vivo.
263
A DOUTRINA DA IGREJA
O sustento da igreja
Para que a igreja funcione como Deus a planejou, os membros
têm que sustentá-la. Os que aceitam a Cristo como Salvador e
Senhor darão o seu apoio ao corpo conforme o seu entendimento
e as oportunidades que lhes forem apresentadas. Ofereceremos
a seguir algumas maneiras em que devemos sustentar a igreja:
264
A igreja cristã
3. Orar
Os apóstolos estavam orando no cenáculo em Jerusalém antes
do derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes (leia
Atos 1:13–2:4). Os discípulos na casa de Maria, oraram por Pedro
(leia Atos 12:5 e 12). A igreja em Antioquia orou antes de enviar
Paulo e Barnabé como missionários aos gentios (leia Atos 13:1–4).
Nós também devemos orar pela obra que Deus está fazendo por
meio de seu povo, a igreja de Cristo.
4. Contribuir
Contribuir não se refere somente em ofertar dinheiro. Quando
uma pessoa tem o espírito de ofertar, isto lhe toca todo o ser: o
coração, a mente, as mãos, os sentimentos, a carteira… enfim, tudo.
Quanto apoio espiritual e material devemos dar para a igreja?
Isso não será problema se obedecermos às instruções bíblicas que
governam os motivos e os métodos. Temos aqui as normas do
Novo Testamento quanto a contribuir: “de graça” (Mateus 10:8),
“aos pobres” (Mateus 19:21), “não com tristeza” (2 Coríntios 9:7),
“segundo propôs no seu coração” (2 Coríntios 9:7), “com alegria”
(2 Coríntios 9:7), “para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31) e
“conforme a sua prosperidade” (1 Coríntios 16:2). Se seguirmos
essas normas, então contribuiremos de maneira correta.
6. Servir
Desde o início da igreja, sempre houve um clamor por obrei-
ros. A mensagem de Cristo a seus discípulos foi: “Ide por todo
o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).
Necessita-se de obreiros no lar, na escola cristã, nos negócios, na
265
A DOUTRINA DA IGREJA
266
34
Capítulo
O Ministério
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho (Atos 20:28).
A Bíblia ensina que Deus deu à igreja a responsabilidade de
escolher irmãos fiéis dentre os seus membros para dirigir a obra. A
esses irmãos é dado um cargo de servir em ministérios específicos;
cada um é ordenado para determinada função. O irmão que é
ordenado recebe um ministério que ele deve cumprir.
Os líderes da igreja cristã são servos da igreja, não os senhores
dela. Eles não recebem o cargo para o seu proveito pessoal, mas
para o proveito da igreja. Eles devem cumprir o seu ministério
com mansidão (leia 2 Timóteo 2:24–26). Eles seguem o exem-
plo do seu Senhor e Mestre, que “não veio para ser servido, mas
para servir” (Marcos 10:45). Mas ao mesmo tempo, levam a
responsabilidade de dirigir a obra da igreja e têm a autoridade
para cumprir a sua obra.
A Bíblia fala de dois aspectos da obra dos ministros da igreja:
Ø Seu serviço. As Escrituras referem-se aos ministros como servos
(leia Tiago 1:1), obreiros (leia 1 Timóteo 5:18) e coopera-
dores (leia 2 Coríntios 1:24). Os ministros têm que praticar
a abnegação para servir à igreja.
Ø Sua autoridade. Deus concede ao ministério a autoridade que é
necessária para cumprir a sua obra. Eles têm a responsabilidade
de governar a igreja (leia 1 Timóteo 5:17). Paulo escreveu a
Tito, um líder na igreja em Creta: “Fala disto, e exorta e repre-
ende com toda a autoridade” (Tito 2:15). Os que governam
bem exercem a sua autoridade humildemente no temor de
Deus e sempre estão dispostos a receber os conselhos de seus
267
A DOUTRINA DA IGREJA
2. Cuidar do rebanho
A Bíblia manda aos ministros: “Apascentai o rebanho de Deus,
que está entre vós, tendo cuidado dele” (1 Pedro 5:2). A saúde do
rebanho depende da fidelidade com a qual os seus ministros cum-
prem o seu ministério. Segundo a Bíblia, o seu ministério inclui: ser
um bom exemplo (leia Tito 2:7–8), pregar a Palavra, corrigir, repre-
ender, exortar com paciência e doutrina (leia 2 Timóteo 4:2), corrigir
com mansidão aos que caem no laço do diabo (leia 2 Timóteo 2:24)
e tirar os perversos de dentro da igreja (leia 1 Coríntios 5:11–13).
268
O M inistério
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A DOUTRINA DA IGREJA
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O M inistério
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A DOUTRINA DA IGREJA
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O M inistério
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A DOUTRINA DA IGREJA
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O M inistério
O ministério plural
Segundo o Novo Testamento, várias congregações na igreja
primitiva tinham mais que um ministro. As Escrituras indicam que
havia mais do que apenas um bispo ou um diácono em uma igreja:
Paulo dirigiu sua carta aos filipenses a: “todos os santos em Cristo
Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Filipenses
1:1). E Atos 14:23 diz que Paulo e Barnabé constituíram “anciãos
em cada igreja”. Paulo, “de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os
anciãos da igreja” (Atos 20:17). Ele encarregou Tito de suprir a
falta de ministros em Creta, dizendo que deveria “de cidade em
cidade estabelece[r] presbíteros” (Tito 1:5).
O ministério plural tem muitas vantagens. A carga é mais leve
quando é levada por vários indivíduos. Quando há mais de um
pastor, até mesmo os pastores passam a ter um pastor que vigia
pelas suas almas. A contribuição de vários irmãos com seus diversos
talentos, perspectivas e personalidades proporciona um equilíbrio à
liderança da congregação. Dessa forma, não será tão provável que a
obra da igreja se torne um projeto pessoal de determinado indivíduo.
Quantos ministros devem ter em uma congregação? Pelo
menos o suficiente para que possam pregar a Palavra e cuidar bem
das almas que têm sob a sua responsabilidade. Sempre que possível,
deve-se ordenar irmãos a mais para facilitar a obra evangelizadora,
suprindo as necessidades que surgirem.
Quais são as funções e cargos do ministério? O capítulo 3 de
1 Timóteo contém uma lista de requisitos para os bispos e outra
lista de requisitos para os diáconos. Tito cap. 1 também apresenta
uma lista de requisitos para os bispos. Efésios 4:11 menciona
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores.
Os apóstolos foram homens escolhidos e enviados por Cristo
para pregar o evangelho e estabelecer igrejas em seu nome. Eles
conheciam pessoalmente a Cristo e o tinham visto depois da
sua ressurreição (leia Atos 1:20–22; 1 Coríntios 15:7–9). Jesus
outorgou-lhes a autoridade de estabelecer a doutrina da igreja e
275
A DOUTRINA DA IGREJA
1. O chamado é do Senhor
Ser ministro na igreja de Cristo é uma vocação sagrada. Não é
uma simples profissão ou carreira; um comércio ou negócio; algo
276
O M inistério
2. A voz da igreja
O livro de Atos relata duas ocasiões em que irmãos da con-
gregação foram escolhidos e ordenados para um cargo específico
(leia Atos 1:15–26; 6:1–7). Nas duas ordenações, os irmãos
trouxeram aos apóstolos os nomes dos que a seu parecer cum-
priam os requisitos. Mas em Antioquia foi o Espírito Santo quem
disse: “Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado” (Atos 13:2). Não existe contradição entre as ocasiões
quando os membros da igreja falaram e quando o Espírito Santo
fez isto, porque o Espírito Santo fala através de uma irmandade
espiritual e bíblica. Se os irmãos crucificam as suas próprias opi-
niões e dependem do Espírito Santo para discernir qual irmão
cumpre os requisitos para a função, devemos aceitar a voz da
igreja como sendo a voz do Espírito Santo. Quando se solicita a
voz da congregação em uma ordenação é prudente requerer que
um irmão seja nomeado por (pelo menos) dois irmãos antes de
considerá-lo para a função.
Às vezes os irmãos com unanimidade elegem determinado
irmão para que seja ministro. Quando isso acontece, é sinal de
que Deus está falando, e indica que estamos numa posição que
Deus pode nos revelar a sua vontade. Isso pressupõe que não houve
nenhuma influência ou ação que desagradaria a Deus, como um
irmão fazer campanha para o ministério. Fazer campanha para o
ministério é um sacrilégio.
277
A DOUTRINA DA IGREJA
3. Lançando sortes
O primeiro irmão escolhido pela igreja depois que Jesus partiu
fisicamente da terra foi escolhido por meio do lançamento de
sortes. A irmandade havia escolhido dois irmãos e ambos cum-
priam os requisitos, mas havia necessidade de apenas um. Como
poderiam saber qual deles deviam ordenar? Como poderiam deixar
que Deus escolhesse? Para isso eles lançaram sortes (leia Atos 1:26).
Lançar sortes era um método utilizado com frequência no
tempo do Antigo Testamento para determinar a vontade de Deus.
Atualmente há alguns cristãos que se opõem à prática de lançar
sortes para escolher ministros. Possivelmente se opõem porque têm
observado o mau uso dessa ordem sagrada. Jamais se deve lançar
sortes de forma precipitada e muito menos para evitar a respon-
sabilidade de comprovar que os irmãos nomeados preenchem os
requisitos. O lançamento de sortes é utilizado apenas quando há
mais que um nomeado que preenche todos os requisitos bíblicos
para a função. Com o lançamento de sortes podemos confiar a
decisão final a Deus, que vê e conhece o que o homem não é capaz
de ver nem saber. Quando Deus escolhe um irmão por meio do
lançamento de sortes, isso não quer dizer que os outros nomeados
não são qualificados. Pode indicar que ele não os chamou para esta
obra, mas para outra.
A preparação do sermão
A Bíblia diz que Deus é quem chama os ministros. Leia Efésios
3:7 e 1 Timóteo 1:12. Deus prepara os que ele chama. O pastor
que quer ser útil a Deus tem que conhecer a Deus e entender o
seu modo de trabalhar.
Ninguém pode usar uma ferramenta cujo uso desconhece.
Ninguém consegue ensinar gramática sem ter conhecimento da
matéria. Ninguém pode usar a Bíblia com eficácia sem conhecê-la.
278
O M inistério
1. A leitura da Palavra
Paulo aconselhou ao jovem ministro Timóteo: “Persiste em ler”
(1 Timóteo 4:13). Esse conselho é bom e válido para os ministros
de hoje em dia. O pastor que quer fazer uma obra eficaz tem
que conhecer a Bíblia e deve ler uma porção dela a cada dia com
dedicação e devoção. Deus lhe falará por meio da sua Palavra e
pelo Espírito Santo.
2. O estudo da Palavra
A Bíblia diz: “Examinais as Escrituras” (João 5:39). A Bíblia é
uma fonte inesgotável de conhecimento. Para encontrar os tesou-
ros escondidos nas suas profundezas o pastor tem que fazer mais
do que lê-la; tem que estudá-la. O estudo da Palavra inclui: Buscar
o significado das palavras não conhecidas, fazer comparações entre
passagens relacionadas e considerar um assunto à luz das Escri-
turas que tratam dele. Outra forma é procurar as escrituras que
tem a ver com algum acontecimento, problema ou decisão atual.
É evidente que o pastor deve passar muito tempo no estudo da
Palavra e na meditação. “Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja
bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).
3. A oração
A oração prepara o ministro para a obra. Por meio da oração o
ministro fala com Deus e Deus fala com ele. Assim o ministro se
comunica diretamente com Deus. Antes de iniciar a sua palestra
maravilhosa sobre o pão da vida, Jesus passou a noite a sós com
o Pai em oração (leia Marcos 6:46; João 6:22). Se para Jesus era
necessário orar, quanto mais para o ministro!
Pregar sem estudar e orar é um erro. O sermão que se prepara
sem oração não tem vida nem bom efeito espiritual. É um insulto ao
Autor da pregação do evangelho que um ministro suba ao púlpito e
279
A DOUTRINA DA IGREJA
diga à congregação: “Não abri a minha Bíblia por uma semana, não
pensei em nenhum texto nem procurei meditar em nenhum tema.
Mas agora abrirei a minha boca e deixarei que Deus me dê palavras”.
É responsabilidade do ministro conhecer a Bíblia e escolher um
texto, tema ou pensamento para apresentar para a congregação. Ele
deve colocar em ordem (de cor ou por escrito) os pontos que quer
apresentar e deve preparar algumas ilustrações apropriadas por meio
da direção do Espírito Santo. Deus ajuda o ministro que se esforça
em preparar o sermão. Pode ser necessário utilizar outro texto ou
deixar de lado o assunto que havia preparado, apresentando uma
mensagem completamente diferente da que pensava em pregar. O
ministro fiel prepara-se com diligência e submete-se à direção do
Espírito Santo, tanto na preparação como na pregação.
1. Pregar a Palavra
O primeiro dever do ministro cristão é pregar o evangelho eterno
de Jesus Cristo a um mundo perdido e arruinado. O que quer dizer
pregar? Significa declarar e esclarecer as verdades sagradas da Palavra
de Deus e mostrar como se aplicam na vida dos ouvintes. É uma
obra divina que é realizada sob o controle do Espírito Santo. Deus
escolheu esse meio para que o seu povo ouça a sua Palavra e conheça
a sua vontade (leia Tito 1:3).
João o Batista pregou “o batismo de arrependimento” (Marcos
1:4). Jesus, ao começar o seu ministério, “começou… a pregar”
(Mateus 4:17). Os doze foram ordenados para que “os mandasse
a pregar” (Marcos 3:14). Os líderes da igreja no tempo dos após-
tolos pregavam o evangelho (leia Atos 5:42; 8:35; 17:3). “Visto
que na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela
sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da
pregação” (1 Coríntios 1:21).
280
O M inistério
3. Cuidar do rebanho
Os ministros são os pastores do rebanho de Deus (leia Atos
20:28). Eles trabalham na alimentação espiritual dos fiéis. Também
cuidam dos necessitados, excomungam os que persistem em andar
desordeiramente, visitam os enfermos e apascentam o rebanho.
Os diáconos têm uma grande responsabilidade no cuidado do
rebanho, especialmente quando surgem necessidades materiais.
4. Governar
Os ministros devem trabalhar unidos para manter a ordem,
governando na igreja, “não por força, mas voluntariamente; nem por
torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio
sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”
(1 Pedro 5:2–3). O fato que os pastores têm a autoridade de governar
e a responsabilidade da superintendência do rebanho é ensinado
claramente na Palavra: “Os presbíteros que governam bem sejam
estimados por dignos de duplicada honra” (1 Timóteo 5:17). Os que
governam bem reconhecem a obra do Espírito Santo nos membros e
recebem os seus conselhos e críticas. Em muitas ocasiões eles pedem
que os irmãos deem o seu parecer nas questões que a igreja enfrenta.
281
A DOUTRINA DA IGREJA
1. O sustento bíblico
A Bíblia ensina claramente que é necessário sustentar o obreiro
cristão: “Digno é o operário do seu alimento” (Mateus 10:10). “Digno
é o obreiro de seu salário” (Lucas 10:7). “Não ligarás a boca ao boi
que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18).
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho,
que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9:14). Vemos que é bíblico que
os que trabalham no evangelho recebam ajuda quando necessitarem
dela. Existem várias formas em que devemos ajudar os ministros:
Ø Orar. Paulo jamais pediu um salário para poder ensinar
melhor o evangelho, mas repetidas vezes pediu as orações
do povo de Deus (leia Colossenses 4:2–3; 1 Tessalonicenses
5:25; 2 Tessalonicenses 3:1). Deus, por meio das orações
da igreja, tirou Pedro de uma situação difícil (leia Atos
12:5). As orações dos santos ajudam os ministros a serem
bem-sucedidos na obra (leia 2 Coríntios 1:11).
Ø Obedecer. A Bíblia admoesta a congregação dizendo: “Obe-
decei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam
por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas;
para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso
não vos seria útil” (Hebreus 13:17). Devemos apoiar os
nossos pastores, obedecendo-os e sujeitando-nos a eles. Isto
aliviará a sua carga e será proveitoso para nós também.
Ø Animar. Não bajular. Bajular não ajuda ninguém, mas pelo
contrário, prejudica a muitos. Mas, uma palavra de ânimo
ajuda o pastor a pregar sem temor e a governar de acordo
com a Palavra sem desanimar-se.
Ø Ajudar na obra. Há muitas maneiras em que os membros
podem ajudar os pastores: visitar os enfermos, conversar
com os negligentes e indiferentes, animar os abatidos, instar
os incrédulos a receber a Cristo, admoestar os rebeldes, par-
ticipar ativamente na obra da igreja e assistir regularmente
aos cultos. Não procure tomar o lugar do pastor, mas seja
um ajudante fiel na obra.
282
O M inistério
2. O salário estipulado
A obra do evangelho não tem valor monetário; não pode
medir-se com dinheiro. A Bíblia condena os homens que servem
no evangelho por ganhos desonestos ou para ganhar dinheiro
(leia 1 Timóteo 3:3; Tito 1:7–11; 1 Pedro 5:2). A seguir veremos
alguns pontos contrários a um salário estipulado para o pastor.
Ø O evangelho é gratuito. A salvação é uma dádiva de Deus. Jesus
fez com que o evangelho fosse um dom gratuito. Tudo que
somos em Cristo Jesus foi recebido sem merecimento: “De
graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8). Se o evangelho
fosse vendido por dinheiro, muitas pessoas seriam impossibi-
litadas de ouvi-lo por falta de dinheiro. O evangelho é para
todos. A única maneira para que todos possam beneficiar-se
do evangelho é que seja oferecido gratuitamente. Paulo disse:
“Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas
283
A DOUTRINA DA IGREJA
salário” (2 Coríntios 11:8). Mas isso não quer dizer que ele
recebeu pagamento para pregar o evangelho, mas que aceitou
dinheiro de outras congregações para poder servir aos próprios
coríntios. Ele aceitava ajuda quando passava por necessida-
des. O apóstolo Paulo testemunhou que trabalhava com as
mãos não somente para o seu próprio sustento, mas às vezes
também para ajudar seus colaboradores (leia Atos 20:34–35).
É honroso, saudável e bíblico que um pastor trabalhe com
as mãos para o sustento de si mesmo e de sua família, e para
que possa repartir com outros.
Ø O pastor é servo do Senhor. É normal um servo receber uma
remuneração de seu patrão. O pastor é servo do Senhor,
capacitado pelo Senhor, chamado pelo Senhor, responsável
perante o Senhor e dependente do Senhor para seu paga-
mento. Ele presta contas primeiramente a Deus e não aos
homens. Deus o instrui assim: “Procura apresentar-te a
Deus aprovado” (2 Timóteo 2:15). O Senhor provê para
que o pastor possa ganhar a vida. Deus também encarrega
os irmãos fiéis a ajudarem o pastor em suas necessidades.
Mas Deus dá ao pastor um salário de muito maior valor
do que o dinheiro. O pastor que vende a sua vocação
celestial por um salário estipulado e contrata os dons e
as habilidades que recebeu do Senhor, desvia-se para um
caminho que não é conforme as Escrituras e no final não
terá a aprovação de Deus.
Ø O salário é como um cabresto. O patrão paga ao empregado
uma soma em dinheiro pelo trabalho que realiza. O patrão
tem o direito legítimo de ditar o tipo de trabalho que se faz
e a maneira que é feito. Muitas vezes o pastor assalariado
acaba sendo um “empregado” de seus ouvintes e tem que
fazer vista grossa aos pecados daqueles que lhe pagam. Se
repreender esses pecados de acordo com o chamado rece-
bido de Deus, acaba perdendo o emprego. Tais pastores
acabam ficando numa situação difícil e tornam-se “cães
mudos, [que] não podem ladrar” (Isaías 56:10). Eles são
284
O M inistério
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A DOUTRINA DA IGREJA
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35
Capítulo
A congregação
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor
(Salmo 122:1).
Introdução
Ao dizer “congregação” estamos pensando numa irmandade
local. Cada congregação devidamente constituída é composta
de irmãos que fizeram um compromisso de adorarem juntos ao
Senhor e de ajudarem-se mutuamente.
Cada irmandade cristã consiste de um grupo de membros
convertidos e batizados que se congregam regularmente para
adorar a Deus. O Senhor coloca ministros em cada congregação
para que cuidem do rebanho e sejam exemplos para os fiéis.
Cada membro mantém um relacionamento íntimo com Deus,
evangeliza a outros, e vive em paz e harmonia com seus irmãos.
287
A DOUTRINA DA IGREJA
288
A congregação
289
A DOUTRINA DA IGREJA
Os deveres da congregação
para com os ministros
O êxito de uma congregação depende muito de como os membros
apoiam os ministros e como cumprem com seus deveres. A seguir
veremos alguns deveres dos membros da igreja para com os ministros:
290
A congregação
3. Respeitar e estimá-los
“E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre
vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; e que os
tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra” (1 Tessaloni-
censes 5:12–13). Uma coisa que impede muito a obra do ministério é
a falta de respeito ao seu chamado sagrado por parte dos membros da
congregação. Muitas vezes os pais, por falta de respeito ao ministério,
inconscientemente afugentam os seus filhos da igreja. Uma vez que
um jovem fraco se coloca contra aquele a quem deve estimar (o minis-
tro) torna-se muito difícil trazê-lo outra vez completamente para a fé.
Uma congregação nunca poderá avançar caso não dê ao ministério
o devido respeito. Cuide do bom nome de seus ministros. A honra
ao ministério é devida; não uma honra lisonjeira, mas uma honra
santa segundo os ensinamentos de Cristo e da sua Palavra. Aquele
que desonra o ministério por falta de respeito e estima, desonra a
Cristo, a cabeça da igreja. “Os presbíteros que governam bem sejam
estimados por dignos de duplicada honra” (1 Timóteo 5:17).
291
A DOUTRINA DA IGREJA
1. A escola dominical
Muitas congregações conduzem uma escola dominical. Cos-
tuma-se eleger os professores de entre os irmãos leigos. A escola
dominical necessita de obreiros capacitados e fiéis para o seu bom
funcionamento e para o bem da congregação.
2. Os jovens
Os jovens precisam do companheirismo e da comunhão dos
adultos. Os membros adultos devem ver em cada jovem uma
oportunidade de contribuir para a formação de uma vida. Quando
292
A congregação
3. Cultos especiais
Muitas congregações oferecem oportunidades para levar o
evangelho aos que não podem assistir, ou pelo menos não assistem,
aos cultos na igreja. Os cultos especiais oferecem uma oportuni-
dade para ajudar na evangelização do mundo.
4. A missão urbana
Além de outros trabalhos missionários, sempre haverá neces-
sidade de obreiros para ajudar a levar as boas novas do evangelho
às almas perdidas nas cidades.
5. Obras de caridade
Servimos a Cristo quando ajudamos os idosos e órfãos, os
pobres e desamparados. Se nos ocuparmos em levar-lhes a men-
sagem da salvação, ânimo e apoio, então obteremos o galardão
prometido em Mateus 25:34–40.
6. A educação cristã
As escolas cristãs sempre precisam de diretores e professores dedi-
cados e sinceros. Além de ser uma oportunidade de contribuir para a
formação acadêmica das crianças e jovens, trabalhar como professor
em uma escola cristã também é uma oportunidade de contribuir
para a formação dos valores espirituais.
7. A obra missionária
Através de sua conduta e palavras todo cristão deve pregar o
evangelho na vida diária. Ele deve deixar brilhar a sua luz por
onde quer que vá. Devemos pedir a Deus que nos dê uma visão
das muitas almas sem salvação em toda parte do mundo. Quando
293
A DOUTRINA DA IGREJA
1. A autojustiça
A acusação mais severa de Cristo aos fariseus que acreditavam
ser justos foi esta: “Vós mesmos não entrastes, e impedistes os
que entravam” (Lucas 11:52). Quando alguém acredita na sua
294
A congregação
2. A hipocrisia
A hipocrisia e a autojustiça estão intimamente relacionadas.
Onde existe uma a outra também será encontrada. Leia em Mateus
capítulo 23 a repreensão severa que Cristo fez aos hipócritas. Peça
a Deus a humildade e sinceridade para que ele retire tudo que
impede o crescimento espiritual da irmandade.
3. A indiferença
A indiferença atrapalhou a prosperidade da congregação de
Laodiceia e ocasionou a repreensão de Jesus. Esse problema impede
o crescimento de muitas congregações hoje em dia. Qualquer
congregação que cair na mornidão, descuido e indiferença não
conseguirá desenvolver-se nem se fortalecer como um corpo ativo.
4. O mundanismo
“A amizade do mundo é inimizade contra Deus” (Tiago 4:4).
A igreja de Cristo não tem nada em comum com o reino do
mundo: “Não são do mundo” (João 17:16). “Não sede confor-
mados com este mundo” (Romanos 12:2). “Não ameis o mundo”
(1 João 2:15). Essas e outras escrituras mostram claramente que
o crente não deve ser cúmplice do mundo. Quando o mundo
entra na congregação, não sobra espaço para a piedade. Jesus
disse que uma pessoa que não está completamente entregue a ele
é como uma semente que cresce entre os espinhos (leia Mateus
13:22). O mundanismo afoga a espiritualidade. Hoje o que mais
impede o crescimento espiritual em muitas congregações é a pre-
sença de coisas mundanas de uma forma ou de outra; quer seja
nos relacionamentos sociais ou comerciais, nos relacionamentos
matrimoniais, no vestuário e em muitas outras áreas. O munda-
nismo sempre destrói a espiritualidade e impede o crescimento
da obra de Deus. Feche a porta contra o mundanismo corrosivo,
esse inimigo da igreja.
295
A DOUTRINA DA IGREJA
1. A unidade da fé
A Bíblia ensina que cada membro da congregação é parte do
mesmo corpo e que todos são “membros uns dos outros” (Romanos
12:5). A adoração a Deus e o testemunho de fé devem ser “concor-
des, a uma boca” (Romanos 15:6). Um testemunho que demonstra
que somos perfeitos em Cristo é ter a “unidade da fé” (Efésios 4:13).
2. O amor fraternal
“Permaneça o amor fraternal” (Hebreus 13:1). O Senhor nos
admoesta: “Amai-vos ardentemente uns aos outros com um cora-
ção puro” (1 Pedro 1:22). O amor fraternal vivido na congregação
constitui um testemunho indubitável para a comunidade (leia João
13:35). Onde houver amor fraternal; haverá paz, simpatia e ajuda
mútua entre os irmãos. Isso promove o crescimento espiritual.
3. A firmeza
A congregação em Éfeso nos serve como um bom exemplo da
perseverança e da firmeza no serviço. Isso é mencionado quatro
vezes em Apocalipse 2:1–7. O seu trabalho não era inconstante.
Eles se entregaram à obra com grande determinação. Isso agradou
a Cristo, a cabeça da igreja, e triunfaram sobre todos os obstáculos.
Sim, a igreja necessita de pessoas que não se cansem de fazer o bem.
4. A disciplina
Deus dá à igreja a responsabilidade de disciplinar aos membros
que não querem submeter-se a ele. A pessoa que resiste a admo-
estação dos irmãos é amiga do mundo e inimiga de Deus. Isso
mancha a pureza da igreja. Portanto, a igreja tem que excluí-la.
“Seja entregue a Satanás” (1 Coríntios 5:5). “Tirai, pois, dentre
vós a esse iníquo” (1 Coríntios 5:13). “Evita-o” (Tito 3:10). O
irmão que peca, cede à tentação de Satanás. Aquele que permanece
em seu pecado entrega-se a Satanás. Desta forma, condena-se a si
próprio. Tal pessoa deve ser separada da irmandade.
296
A congregação
5. A influência pessoal
A congregação é composta de um grupo de pessoas. Cada
uma influi nas outras. Todas essas influências pessoais podem
edificar ou destruir a congregação. Por exemplo, houve um caso
de dois homens que eram companheiros no pecado e depois
foram convertidos. Ambos testemunharam que eram cristãos.
Um terceiro companheiro duvidava do poder da salvação. Ele
deixou o seu trabalho por uma semana e dedicou-se a seguir os
seus dois amigos sem que eles o soubessem para ver como eram as
297
A DOUTRINA DA IGREJA
6. A lealdade
O traidor é o homem mais desprezado em qualquer país.
Aquele que não é honesto não tem respeito nem estima entre
amigos ou inimigos. Do mesmo modo, aquele que é leal à sua
pátria ganha e mantém o respeito de todos. A deslealdade por parte
de qualquer membro da igreja, mesmo que seja em um assunto
insignificante, é contra a solidariedade da irmandade. A lealdade
a Deus em tudo leva em si uma influência e poder para edificar e
promover o reino. Que cada membro seja leal a Cristo, leal à obra
de Cristo na congregação, leal em separar-se do mundo, leal em
assistir aos cultos e às atividades da congregação; leal a tudo o que
for bom e nobre! Dessa forma a congregação crescerá.
A relação entre
a congregação local e a igreja universal
A congregação local é em si mesma uma unidade que funciona
como um corpo, mas também faz parte da igreja universal de
Cristo. A igreja universal é composta de todos os filhos de Deus
em todo lugar, e forma o corpo de Cristo na terra. Cada congre-
gação local pode beneficiar-se muito da comunhão com outras
congregações locais que também fazem parte da igreja universal
e verdadeira igreja de Cristo. É bíblico que haja comunhão entre
tais congregações. Essa comunhão é para o benefício mútuo. Assim
elas podem animar, aconselhar, ajudar e apoiar umas às outras.
Contudo, cada congregação deve reconhecer que nem toda
igreja ou congregação que diz ser parte da igreja universal de
Cristo, realmente é. Pode ser que o nome de Cristo faça parte do
298
A congregação
nome de tal igreja, mas é tudo negado pela sua doutrina e seu
comportamento. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias é um exemplo claro do que estamos dizendo. Ainda que
ela professe fé em Jesus, essa igreja dá mais valor às palavras de
Joseph Smith do que às de Cristo. As suas doutrinas e obras não
são cristãs. Levam escuridão para a alma em vez de luz.
As verdadeiras congregações cristãs não podem ter nenhuma
comunhão com tais igrejas. Ao contrário, as verdadeiras igrejas
cristãs devem expor os erros delas e se fortalecerem- contra os seus
enganos. Essas igrejas falsas devem ser vistas como um campo
missionário para a igreja cristã. É evidente que A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias não faz parte da igreja uni-
versal de Cristo; ela é uma religião falsa.
Jesus falou de tais religiões: “E surgirão muitos falsos profetas,
e enganarão a muitos” (Mateus 24:11). “Acautelai-vos, porém, dos
falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, inte-
riormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis”
(leia Mateus 7:15–17). E o apóstolo João nos adverte quanto a
não apoiá-las de maneira alguma (leia 2 João vv. 9–11).
Não obstante, existem outras igrejas que realmente creem na
salvação pela fé em Jesus e pregam muitas coisas corretas. As pes-
soas podem apreciar que em seus membros aparecem os frutos de
uma vida espiritual. Contudo, essas mesmas igrejas têm crenças e
práticas que não estão de acordo com os ensinamentos do Novo
Testamento. Como deve ser o relacionamento da congregação
local de crentes verdadeiros com tais igrejas?
O Novo Testamento nos dá algunsensinamentos quanto ao
nosso relacionamento com essas igrejas. Em 1 Coríntios cap. 15
o apóstolo Paulo fala da falsa doutrina que diz que os mortos não
vão ressuscitar. No versículo 33 ele diz que “as más conversações
corrompem os bons costumes”. Ter a comunhão de irmãos com
pessoas que têm doutrinas que não são bíblicas é prejudicial à
nossa saúde espiritual. Outro ensinamento que podemos notar
são encontramos em vários versículos. Por exemplo, João 15:14;
1 João 2:6; 1 João 4:7–5:5 (note especialmente o versículo 3 do
cap. 5). Todos esses versículos nos ensinam que os que querem
299
A DOUTRINA DA IGREJA
ser seguidores de Jesus devem viver como ele viveu e obedecer aos
mandamentos de Deus, que se encontram na Bíblia. Se realmente
cremos nisto, não podemos apoiar pessoas que dizem ser cristãs,
mas não obedecem a um ou outro mandamento dele. Não vamos
julgá-los, pois isso é obra de Deus, mas sim vamos tentar ajudá-los
a entender a necessidade de obedecer toda a Bíblia.
Há muita variedade nas igrejas, desde as que são muito dife-
rentes da nossa congregação até as que são muito parecidas. Às
vezes é difícil saber como nos relacionar com determinada igreja.
É muito importante que cada congregação, sob a direção do
ministério, decida como relacionar-se com as outras congregações
com as quais mantém alguma ligação.
Por fim, cada congregação deve reconhecer que Deus deseja
que ela própria esteja muito ocupada na obra de Deus. Ele quer
que ela faça a sua parte, na sua comunidade, cumprindo com o
grande propósito de Deus para a sua igreja universal, que é evan-
gelizar o mundo. É necessário que cada congregação reconheça
a necessidade de apoiar e dar a sua contribuição para a honra e a
glória da Cabeça da igreja universal, Jesus Cristo.
300
36
Capítulo
Algumas
ordenanças cristãs
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que
me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o
amarei, e me manifestarei a ele (João 14:21).
Ordenanças bíblicas
Uma vez que vivemos na era do Novo Testamento, devemos
guardar todos os mandamentos e ordenanças contidos nele. Nos
próximos capítulos examinaremos sete dessas ordenanças. Primeiro
veremos uma lista dessas sete ordenanças com os seus respectivos
significados e usos:
301
A DOUTRINA DA IGREJA
2. A santa ceia
Ø Nos faz recordar o corpo imolado e o sangue derramado
de Jesus (leia Lucas 22:19–20; 1 Coríntios 11:23–26).
Ø Simboliza a união dos santos (leia 1 Coríntios 10:16–17).
Ø Anuncia a morte e a segunda vinda de Cristo (leia 1 Corín-
tios 11:26).
5. O ósculo santo
Ø É uma saudação sagrada (leia Romanos 16:16).
302
A lgumas ordenanças cristãs
7. O casamento
Ø É uma união que se desfaz unicamente por meio da morte
(leia Mateus 19:3–6).
Ø Faz com que o casal se torne uma só carne (leia Gênesis
2:23–24; Mateus 19:3–6).
Ø É para a propagação da raça humana (leia Gênesis 1:28;
Salmo 128:3).
Ø Promove a pureza da raça humana (leia 1 Coríntios 7:2;
Hebreus 13:4).
Ø Tipifica o relacionamento entre Cristo e a igreja (leia
Efésios 5:22–29).
303
37
Capítulo
O batismo
Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28:19).
O batismo é mencionado primeiramente com relação ao minis-
tério de João o Batista (Mateus 3:1–6; Lucas 3:3, 12). No entanto,
esse conceito era bastante comum sob a lei de Moisés e havia muitos
lavamentos ou “batismos” cerimoniais. No período entre os dois
testamentos, as pessoas que não eram judeus e que queriam unir-se
às sinagogas eram batizadas para serem aceitas. Na verdade o que
era novo para os crentes ao começar o período do Novo Testamento
foi o significado e o uso do batismo, não a ideia dele.
Tipos de batismo
305
A DOUTRINA DA IGREJA
306
O batismo
307
A DOUTRINA DA IGREJA
4. É um ato de obediência
Quando Jesus foi ao rio Jordão para que João o batizasse, João
se opôs dizendo: “Eu careço de ser batizado por ti”. Mas Cristo
lhe disse: “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir
toda a justiça” (Mateus 3:13–15). Então João o batizou. Esse foi
um ato de obediência e não de limpeza.
Quando o Espírito Santo foi derramado sobre os gentios na
casa de Cornélio, Pedro disse: “Pode alguém porventura recusar
a água…?” (Atos 10:44–48) e mandou que fossem batizados com
água. Era necessário que Cornélio fosse batizado? Sim. Ninguém
poderá chegar ao céu caso rejeite esse mandamento de Deus.
1. A fé
“Que impede que eu seja batizado?” perguntou o eunuco
etíope. “É lícito, se crês de todo o coração” respondeu Filipe (Atos
308
O batismo
2. O arrependimento
“Que faremos?” perguntaram os homens no dia de Pentecos-
tes. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado” respondeu
Pedro (Atos 2:37–38). Pedro não disse: “Batizem-se e depois
arrependam-se”. O arrependimento antecede ao batismo. João
repreendeu a “raça de víboras” que queria ser batizada. Disse-lhes
que deveriam produzir “frutos dignos de arrependimento” (Mateus
3:7–8). Somente as pessoas arrependidas devem ser batizadas.
3. A conversão
Várias passagens da Bíblia indicam que a conversão é um requi-
sito que deve ser cumprido antes de batizar-se com água. Pedro
admoestou aos fariseus: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados” (Atos 3:19). Isto não
se refere diretamente ao batismo com água, mas deixa claro que
a conversão é necessária para a remissão dos pecados. Saulo de
Tarso foi batizado, mas só depois de converter-se (Atos 9:1–18).
A mudança na vida de Paulo demonstra claramente a ligação
entre a conversão e o batismo com água. Antes de ser batizada
a pessoa tem que crer e arrepender-se, quer dizer, converter-se.
Se isso ainda não aconteceu, o batismo com água não deve ser
administrado. Para o bem-estar dos interessados e também para o
da igreja, o batismo com água é aplicado somente às pessoas cuja
vida claramente demonstra uma conversão verdadeira.
309
A DOUTRINA DA IGREJA
O modo de batizar
A Bíblia não especifica a maneira exata como deve ser feito o
batismo; não diz se a água deve ser derramada ou borrifada na
pessoa, ou se a pessoa deve ser submergida na água. Isto nos ajudará
a não ser muito dogmáticos na nossa maneira de pensar quanto ao
modo de batizar. Convém dizer que se alguém se entregou a Deus,
e pela graça de Deus está servindo-o conforme o entendimento
que tiver, Deus não lhe fechará as portas do céu somente porque
houve um erro na forma em que foi batizado. Quando alguma
pessoa já foi batizada com base em sua confissão de fé quer entrar
na igreja, seria melhor averiguar se tem uma boa consciência para
com Deus, do que indagar o modo em que foi batizada. Contudo,
não devemos descuidar do que a Bíblia ensina sobre o batismo.
310
O batismo
O derramamento
311
A DOUTRINA DA IGREJA
312
38
Capítulo
A santa ceia
Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice
anunciais a morte do Senhor, até que venha (1 Coríntios 11:26).
A santa ceia foi instituída pelo Salvador na noite em que ele foi
traído. Depois que Jesus e seus discípulos haviam sentado à mesa,
ele disse: “Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que
padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se
cumpra no reino de Deus” (Lucas 22:15–16). Foi nessa festa da
páscoa que Jesus tomou o pão, deu graças, o partiu e deu aos seus
discípulos, ensinando-lhes que deviam comer o pão em memória
do seu corpo quebrantado. Depois disso, ele tomou o cálice, o
deu aos seus discípulos e lhes disse que deviam beber do cálice
em memória do seu sangue derramado. Assim foi instituída uma
ordenança nova para a era do Novo Testamento.
O que significa
313
A DOUTRINA DA IGREJA
314
A santa ceia
1. A transubstanciação
A igreja católica ensina que o pão e o vinho são literalmente
transformados no corpo e no sangue do Senhor quando o sacerdote
os abençoa. Dizem que essa teoria está baseada nas declarações de
Jesus quando disse: “Isto é o meu corpo… isto é o meu sangue”.
O erro dessa teoria é notável, visto que ao dizer essas palavras, o
corpo físico de Cristo ainda estava à plena vista dos discípulos, de
modo que eles entenderam que ele falava de maneira simbólica.
Outro caso parecido encontra-se na interpretação de Daniel da
visão de Nabucodonosor. Daniel disse: “Tu és a cabeça de ouro”
(Daniel 2:38). Figurativamente isso era verdade, mas literalmente
não, pois o rei de carne e sangue não fazia parte dessa estátua. Da
mesma forma na santa ceia, o pão e o cálice são o corpo e o sangue
de Cristo num sentido figurado. Caso fosse verdade a teoria da
transubstanciação, todo participante que comesse da carne e bebesse
do sangue, inclusive os pecadores e hipócritas, teriam a vida eterna.
Obviamente isso contradiz o evangelho. Essa teoria é uma invenção
muito astuta que dá àquele que reparte o pão a autoridade para
salvar os pecadores e oferecer-lhes entrada ao reino de Deus. Não
há virtude alguma no pão, nem no cálice em si mesmos. Mas, são
muito apropriados e importantes porque na santa ceia nos lem-
bramos do corpo quebrantado e do sangue derramado de Cristo.
2. A consubstanciação
Como a teoria da transubstanciação, a consubstanciação
também alega a presença real do corpo e do sangue do Senhor no
pão e no cálice, mas diz que coexistem com os elementos naturais.
Segundo essa teoria, o pão, mesmo que ainda seja pão, também
contém o corpo físico do Senhor. E o fruto da vide, além de ser suco
de uva, é também o sangue de Cristo. Os que ensinam dessa forma
creem que essa mudança é efetuada sem a consagração do sacerdote.
315
A DOUTRINA DA IGREJA
3. Participação aberta
Participação aberta quer dizer “permitir a participação na santa
ceia de qualquer pessoa que se sinta digna de participar”. Os que
praticam a santa ceia aberta não querem julgar aos que desejam
participar. Creem que a santa ceia aberta está de acordo com os
princípios do evangelho, o qual, dizem eles, é o evangelho do
amor. Mas há várias objeções a essa teoria:
Ø É difícil harmonizar essa teoria com as escrituras já citadas,
que dão ênfase ao exame individual e coletivo da igreja.
Ø A base da santa ceia não é apenas o amor entre os partici-
pantes, mas a unidade na fé e na comunhão com o Senhor
Jesus Cristo.
Ø A santa ceia aberta menospreza a comunhão entre os que
participam. Os que praticam a santa ceia aberta dizem que ela
salienta a comunhão que a pessoa tem com Deus, não com
os homens. Nesse caso, qual seria o propósito de celebrá-la
na capela? Por que não celebrar cada qual a santa ceia em sua
casa, consigo mesmo e com o Senhor? E se é verdade que não
é necessária a comunhão com os outros participantes, por
que não deveríamos então admitir todo criminoso e herege?
Ø A santa ceia aberta admite à mesa do Senhor aqueles que não
podem ser admitidos como membros da igreja. Há igrejas
que admitem na santa ceia todo tipo de pessoas bastando
que professem ser cristãs. Por que ser mais exigentes com
os que querem ser membros do que com os participantes
da santa ceia? Os únicos que podem logicamente defender
a santa ceia aberta são os que admitem todo tipo de pessoas
como membros sem se importar com a sua fé ou prática.
Ø Existe um contraste estranho entre essa teoria e o princí-
pio bíblico da unidade. Por que deveríamos ter um culto
316
A santa ceia
317
A DOUTRINA DA IGREJA
Conclusão
A santa ceia é um mandamento, e como tal deve ser observado
com temor e reverência. Mas também é um privilégio sagrado. Que
grande alegria há para o filho de Deus quando relembra o sacrifício
que o Salvador fez por nós! Quando celebramos a santa ceia, anun-
ciamos “a morte do Senhor, até que venha” em comunhão com
os que estão unidos por meio da mesma fé. Quando estendemos
a mão para pegar os símbolos do seu corpo quebrantado e o seu
sangue derramado, o nosso coração se comove ao pensar no preço
da nossa redenção. Nossa mente contempla as oportunidades que
temos de fazer a vontade do nosso Mestre. O nosso coração se
enche de alegria celestial, antevendo o momento alegre e glorioso
em que Cristo virá, outra vez, para levar o seu povo.
318
39
Capítulo
1. O lavamento tradicional
Esta prática comum é mencionada em Gênesis 18:4; 19:2;
24:32; 43:24 e 2 Samuel 11:8. Esse costume foi conhecido nos dias
de Cristo, como é evidente pela sua repreensão a Simão: “Entrei
em tua casa, e não me deste água para meus pés” (Lucas 7:44). O
costume naquele tempo era que os servos lavassem os pés das visitas.
2. O lavamento cerimonial
O lavamento cerimonial dos pés e das mãos é mencionado
em Êxodo 30:17–21 e em Êxodo 40:30–32. A primeira citação
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A DOUTRINA DA IGREJA
João 13:1–17
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O lavamento dos pés
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A DOUTRINA DA IGREJA
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40
Capítulo
O véu
da mulher cristã
Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se
estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu,
tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente
tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu (1 Coríntios 11:5–6).
Aparentemente a igreja de Corinto não entendia ou não obede-
cia a essa ordenança com prontidão. Por isso, Paulo em 1 Coríntios
capítulo 11 explica em detalhes o que significa esse sinal para a
mulher cristã com relação ao seu cabeça (o homem) e também a
Cristo. Estudemos, pois, essas instruções que se encontram em
1 Coríntios 11:2–16.
1 Coríntios 11:2–16
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A DOUTRINA DA IGREJA
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O véu da mulher cristã
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O véu da mulher cristã
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41
Capítulo
O ósculo santo
Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo (1 Corintios 16:20).
É um símbolo de amor
O beijo é conhecido em todo o mundo como uma demons-
tração de amor e de afeto. Mas o ósculo (beijo) santo não é algo
romântico nem deve ser chamativo para a carne; mas pelo con-
trário, é um símbolo da unidade, pureza, amor e sinceridade que
existe na irmandade cristã. É algo que nasce de um coração cheio
do amor de Deus para com os irmãos.
331
A DOUTRINA DA IGREJA
É um mandamento
A Bíblia contém este mandamento cinco vezes:
“Saudai-vos uns aos outros com santo ósculo” (Romanos 16:16).
É necessário praticá-lo
O mandamento “saudai-vos uns aos outros com ósculo santo”
não é uma simples sugestão para quem quiser praticá-lo, mas uma
exortação ao povo cristão para ser obedecida. Não pode haver
“ósculo santo” nem “ósculo de amor” onde os que praticam essa
saudação não andam na justiça e na verdadeira santidade, e onde
os que se congregam não se amam “ardentemente uns aos outros
com um coração puro” (1 Pedro 1:22). Visto que essas coisas não
abundam no coração de tantos que professam o nome de Cristo,
então é lógico que descartem esse mandamento do evangelho.
Ao ver isso, e ao estudar essa prática à luz do que simboliza,
lembramos da importância de guardar vivo esse ensino em nosso
coração e em nossa vida.
Os verdadeiros cristãos amam “ardentemente uns aos outros
com um coração puro”. É por isso que lhes convém saudarem uns
aos outros com o ósculo santo.
332
42
Capítulo
A prática judaica
Desde a antiguidade a unção com azeite foi um costume pra-
ticado pelo povo de Deus.
Ø Rute foi instruída a ungir-se antes do encontro com seu
futuro marido, Boaz (leia Rute 3:3).
Ø Os judeus ungiam o corpo para refrigério (leia 2 Crônicas
28:15).
Ø O salmista disse: “Serei ungido com óleo fresco” (Salmo 92:10).
Ø Cristo instruiu os discípulos: “Quando jejuares, unge a tua
cabeça, e lava o teu rosto” (Mateus 6:17).
Ø Os discípulos “ungiam muitos enfermos com óleo, e os
curavam” (Marcos 6:13).
Assim vemos que a unção com azeite foi praticada desde tempos
muito antigos e com diversas finalidades.
333
A DOUTRINA DA IGREJA
poder curativo do azeite, então ele teria ensinado que tipo de azeite
e de que maneira aplicá-lo para que fosse mais eficaz, ou teria nos
instruído a chamar um médico em vez de chamar os presbíteros
da igreja. Além do mais, Tiago afirma que: “A oração da fé [não o
azeite] salvará o doente”. Fica claro que ele não estava falando do
poder medicinal do azeite, mas do grande poder curativo de Deus.
Contudo, devido às qualidades medicinais do azeite, podemos vê-lo
como um símbolo do que Deus pode fazer pelo nosso corpo e alma.
O azeite na unção é utilizado de forma simbólica assim como a
água no batismo, e como o pão e o cálice na santa ceia do Senhor.
2. O propósito da unção
O propósito da unção é claramente observado em Tiago 5:15:
“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará”. Essa
promessa deve ser algo real na vida do cristão. É por isso que
devemos analisá-la cuidadosamente, crer nela e aceitá-la.
Por que, então, não são curados todos os que são ungidos com
azeite? Pode haver várias razões. Talvez não seja a vontade de Deus
que o doente seja curado. Pode também ser por uma falta de fé
por parte do enfermo, dos presbíteros ou de ambos. A exortação
divina é que o doente “chame os presbíteros da igreja”. Quando
chegarem os presbíteros e falarem do assunto com o enfermo que
os chamou, eles podem juntos determinar qual seria a ação mais
apropriada. Se lermos Tiago 5:14–15 com cuidado, ficaremos
impressionados com os seguintes pontos:
Ø Existem vezes em que não é apropriado ungir com azeite.
Com certeza seria inapropriado onde não houver fé. É
indispensável que haja uma fé viva por parte do enfermo
e do ministério. Deus não atende a uma oração feita em
incredulidade. Outras vezes não é a vontade de Deus que
o enfermo seja curado, ou pelo menos não que ele sare
imediatamente. Por isso, sempre devemos orar para que se
faça a vontade de Deus. A oração da unção tem que ser feita
com os olhos fixos na promessa: “O Senhor o levantará”,
quer seja agora ou mais tarde, seja o corpo, a alma ou o
espírito; será da maneira que ele quiser.
334
A unção com azeite
335
A DOUTRINA DA IGREJA
336
43
Capítulo
O casamento
Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.
Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a
sua mulher, e serão os dois uma carne; e assim já não serão dois,
mas uma carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem (Marcos 10:6–9).
O casamento é uma instituição ordenada por Deus. Foi ins-
tituído e santificado na criação, e desde aquele tempo o povo de
Deus tem promovido a sua pureza. Deus instituiu o casamento
quando fez a Eva e a trouxe a Adão, o qual disse: “Esta é agora
osso dos meus ossos, e carne da minha carne… Portanto deixará o
homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão
ambos uma carne” (Gênesis 2:23–24).
337
A DOUTRINA DA IGREJA
O casamento é:
338
O casamento
Leis matrimoniais
Em praticamente todas as nações o casamento é regulamen-
tado pelo código civil. Nós cristãos devemos nos submeter a
tais leis a não ser que elas não estejam em harmonia com as
leis divinas. Vejamos algumas dessas leis divinas.
339
A DOUTRINA DA IGREJA
340
O casamento
A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu
marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para casar com
quem quiser, contanto que seja no Senhor. (1 Coríntios 7:39).
O que se destaca nessas escrituras é que ninguém tem o direito
de casar-se com outra pessoa enquanto o seu cônjuge está vivo. Isso
quer dizer que tampouco é permitido o casamento com uma pessoa
divorciada. A verdade é que quando dois estão casados eles são “uma
carne” enquanto ambos vivem e durante esse tempo ninguém pode
se tornar “uma carne” com outra pessoa. No caso em que qualquer
um dos dois se unir a outra pessoa, isso é considerado adultério.
A Bíblia menciona dois casos em que pode haver uma separa-
ção (leia Mateus 19:9; 1 Coríntios 7:15). Mas em nenhum caso
a Bíblia permite que qualquer um dos interessados se case com
outro enquanto vive o seu cônjuge.
Caso uma pessoa encontre-se já casada com uma pessoa divor-
ciada, então eles estão vivendo em adultério. Tais pessoas devem
separar-se. Algumas pessoas que se encontram em tais circunstân-
cias declaram que não seria justo separar-se porque cometeriam
um erro contra os seus filhos caso se separem. Mas as escrituras já
citadas mostram claramente que eles estão vivendo em adultério
enquanto continuam o seu laço adúltero. Portanto, maior dano
cometeriam vivendo em adultério. Contudo, uma separação sob
tais circunstâncias não os eximiria da sua responsabilidade de
cuidar e prover sustento para os filhos que geraram.
341
A DOUTRINA DA IGREJA
A união matrimonial
Existem momentos e circunstâncias em que é melhor que
alguém não se case, como Paulo explicou em 1 Coríntios 7:1 e 8
e 32–33. Mas Deus fez abundantes provisões para o casamento e
deu muita direção para ele. De modo que vemos que Deus abençoa
os casamentos que seguem os princípios bíblicos.
1. O namoro
Para o cristão, o propósito do namoro é encontrar a vontade
de Deus quanto ao casamento. Para que o casal de namorados
cumpra este propósito, eles têm que:
Ø Mostrar maturidade e estabilidade espiritual antes de iniciar
um namoro. Não se deve iniciar um namoro esperando que
a outra pessoa irá mudar.
Ø Aceitar os conselhos dos pais e pastores quanto ao namoro.
Cada um dos namorados deve orar muito, pedindo a dire-
ção divina e deve ter um bom relacionamento, tanto com
seus pais como com os pais do seu par.
Ø Ser puro, casto e justo; promovendo e protegendo a cas-
tidade de outros. Os cristãos jamais devem apoiar um
namoro com alguém que tem uma conduta duvidosa, nem
tampouco permitir encontros às altas horas da noite, em
lugares mal iluminados ou atrás de portas fechadas. Tais
práticas têm levado à desgraça de muitos.
Ø Terminar o namoro quando perceber que o casamento não
seria a vontade de Deus. Não é justo que alguém continue
a menos que esteja seriamente interessado em casamento.
2. O noivado
Quando o jovem sentir que o casamento seria a vontade de
Deus, então ele faz o pedido à jovem. Se ela aceitar, eles assumem
o compromisso de casarem-se, ficando assim, noivos. A seguir
relacionamos algumas coisas que merecem ser lembradas:
342
O casamento
343
A DOUTRINA DA IGREJA
3. O casamento
Finalmente chega o dia em que o namoro culmina em casa-
mento. Mas lembre-se que isto não é o fim do namoro, o qual
deve continuar por toda a vida matrimonial. Quem deve reali-
zar a cerimônia nupcial? Um pastor da sua própria igreja deve
oficializá-la. O casamento no Senhor é uma celebração tanto
religiosa quanto social.
O casamento deve ser celebrado em simplicidade e piedade. O
casamento não é uma ocasião de festas mundanas que não sejam
convenientes para o filho de Deus. No momento do casamento
deve-se levar em conta o que foi dito em 1 Coríntios 10:31. As
cerimônias matrimoniais devem ser ocasiões felizes, mas a diversão
e a tolice não fazem parte da alegria verdadeira que deve caracterizar
os casamentos dos cristãos.
Os casamentos celebrados na casa de Deus proporcionam uma
excelente oportunidade para que o pastor pregue para a congre-
gação sobre as bênçãos do namoro cristão, o lar e a vida familiar.
344
A VIDA CRISTÃ
O que é o mais importante na vida? A Bíblia nos diz que
temer a Deus e guardar os seus mandamentos “é o dever de todo
o homem” (Eclesiastes 12:13). Nesta seção abordaremos cinco
deveres importantes para os cristãos: (1) servir com fidelidade, (2)
orar sem cessar, (3) obedecer de todo o coração, (4) negar-nos a
nós mesmos e (5) adorar a Deus.
O mundo inteiro está sob o domínio do maligno, enquanto
que o cristão anda por outro caminho. O filho de Deus reconhece
a Bíblia como diretrizes abençoadas para a sua vida, mas os que
pensam segundo o mundo sentem-se restringidos com esses ensi-
namentos. Para essas pessoas parece um obstáculo cumprir com o
que a Bíblia diz. O cristão não pensa assim. Antes, ele se regozija
por poder servir a Deus de todo o coração e da forma que Deus
lhe mandou por meio da sua Palavra.
345
44
Capítulo
O serviço cristão
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho
não é vão no Senhor (1 Coríntios 15:58).
A vida cristã é uma vida de serviço ativo. Isso é contrário ao
desejo da maioria das pessoas, que parece preferir uma vida de
descanso, luxo e ociosidade. Essas pessoas gostam de uma vida
cheia de muitos prazeres para satisfazer os apetites do corpo,
mente e alma.
Mas é impossível escaparmos do servir, pois somos servos de
Deus ou do diabo. Em tudo o que fazemos nos conformamos à
vontade de um ou do outro.
Temos vários exemplos na Bíblia dos que serviram fielmente
a Deus. Deus colocou Adão “no jardim do Éden para o lavrar e
o guardar” (Gênesis 2:15). Cristo “andou fazendo bem” (Atos
10:38). Os apóstolos seguiram as pisadas de seu Senhor e Mestre
até que morreram. A vida cristã é uma vida que transborda em
boas obras e que é consagrada ao fiel serviço de Cristo.
No entanto, não há virtude em apenas estar ocupado. Satanás
sempre está muito ocupado. Em que estamos ocupados e o modo
como o fazemos são fatores que determinam o valor dos nossos
esforços. Os esforços podem ser construtivos ou destrutivos,
dependendo do que se faz.
O serviço nem sempre inclui atividade física. O vigilante que
não faz mais do que sentar-se para observar e avisar é tão útil ao
seu patrão quanto o operário que trabalha longas horas. A prova
verdadeira do serviço é a obediência. Paulo disse:
347
A VIDA CRISTÃ
Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe
obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado
para a morte, ou da obediência para a justiça? (Romanos 6:16).
Nós cristãos somos servos. O tipo de serviço que fazemos é
determinado por aquele a quem rendemos obediência. Qualquer
um, pois, que é obediente a Jesus Cristo é servo de Cristo.
Pontos essenciais
em como servir a Deus
A pergunta importante em relação ao nosso serviço é: Deus
se agrada do que estou fazendo? O mandamento é: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado” (2 Timóteo 2:15). Procuramos
agradar a Deus e não ao homem, nem ao mundo, nem aos senti-
mentos pessoais. A seguir apresentaremos alguns pontos essenciais
em como servir a Deus:
1. O amor
Foi o amor de Deus para com os homens que o impulsionou
a dar o seu Filho unigênito por nós; o amor de Cristo por nós foi
o que o constrangeu a dar a sua vida. O amor “não busca os seus
interesses” (1 Coríntios 13:5). O amor sempre contribui, sempre
serve. “O amor de Cristo nos constrange”, disse Paulo ao escrever
sobre os seus esforços em promover a causa de Cristo. Quanto
maior for o nosso amor por Deus, tanto mais eficaz será o nosso
serviço em seu nome. Não é de estranhar que Cristo dissesse que o
amor para com Deus é o maior de todos os mandamentos e que o
amor para com o próximo é semelhante (leia Mateus 22:38–39).
2. A vida espiritual
“Nunca vos conheci” será a resposta de Cristo àqueles que
virão diante dele no juízo de Deus enumerando os seus muitos
milagres (leia Mateus 7:21–23). “Se alguém não tem o Espírito
de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8:9). “Enchei-vos do
Espírito” (Efésios 5:18). Requer-se uma experiência verdadeira
de salvação, uma plenitude interior do Espírito Santo e uma vida
escondida com Cristo em Deus para poder servi-lo.
348
O serviço cristão
3. A obediência
“Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar” (1 Samuel
15:22). A Bíblia em todas as partes nos manda obedecer e con-
dena a desobediência a Deus. Aqueles que pensam que servem a
Deus e ao mesmo tempo não obedecem aos seus mandamentos
estão enganados. “E sede cumpridores da palavra, e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22).
4. A consagração
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresen-
teis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1). É realmente racional
que nos consagremos a Cristo, porque ele se deu a si mesmo por
nós. O serviço cristão nasce dessa consagração.
6. O trabalho
Na parábola dos talentos o servo que escondeu o seu talento
(dinheiro) e recusou-se a trabalhar em prol do seu senhor, não
somente perdeu a sua recompensa, mas também foi lançado
nas trevas exteriores. O diabo fica contente quando aqueles que
professam o cristianismo não se esforçam em nada por Cristo. A
Bíblia diz que devemos procurar ser um “obreiro que não tem de
que se envergonhar” (2 Timóteo 2:15). O povo de Deus na terra
é descrito como “um povo seu especial, zeloso de boas obras”
(Tito 2:14). O servo fiel está disposto a fazer qualquer tarefa que
o seu Senhor lhe pedir.
7. A oração e o jejum
“Por que o não pudemos nós expulsar?” perguntaram os dis-
cípulos a Cristo quando viram que ele lançava fora os demônios
que eles não puderam expulsar. A resposta de Cristo nunca deve
349
A VIDA CRISTÃ
ser esquecida: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não
ser com oração e jejum” (Marcos 9:29). Uma oração de lábios não
vale nada, mas a oração sincera e fervorosa de um coração sincero
recebe a resposta de Deus. O jejum nos ajuda a orar eficazmente.
O cristão que não ora terá muito pouco êxito no seu serviço.
Campos de serviço
O serviço cristão abrange todo aspecto da nossa vida. Ele inclui
mais do que simplesmente exercer algum ministério na igreja. Há
quem fique satisfeito ao ser elogiado por possuir algum ministério.
Mas muitas vezes ao analisar a sua vida percebemos que é uma
pessoa mundana. Poderíamos chamar tais pessoas de “cristãos
profissionais” porque executam os seus deveres religiosos assim
como o advogado que trabalha para o seu cliente. Mas o modelo
bíblico não nos ensina dessa maneira (leia Romanos 6:13; Lucas
18:10–14). O verdadeiro servo de Deus serve o Senhor, onde quer
que vá e enquanto viver.
1. No lar
Aqui está a prova de fogo do serviço cristão. Há homens que
oram com muita eloquência em público, mas quase não oram em
suas próprias casas. Todo pai cristão deve orar muito na sua casa
como fez Cornélio (leia Atos 10:2 e 30). Algumas coisas que os pais
devem praticar no seu lar são: O culto familiar diário; a conversa
que contribui para o bem-estar espiritual da alma; o esforço fiel
e constante para criar os filhos “na doutrina e admoestação do
Senhor” (Efésios 6:4); a hospitalidade cristã que faz com que o
lar seja uma bênção a todos os que passam por ele.
2. No meio social
Isto é incluído nas esferas do serviço cristão? Claro que sim;
ainda que pareça que muitos pensem que a religião não tem nada
a ver com a sociedade. O que aparece em 1 Coríntios 10:31 se
aplica na vida social: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”. Louvamos
ao Senhor cada vez que observamos um grupo de jovens que
350
O serviço cristão
3. Nos negócios
Será que existe algo que traga maior opróbrio à causa de Cristo
nos nossos dias do que as práticas comerciais enganosas por parte
dos que dizem ser cristãos? Se a corrupção e fraude promovem
a maldade, por que não nos valer da honestidade nos negócios
para promover o bem? Suponhamos que todo comerciante cristão
buscasse primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, praticando
a regra de ouro diariamente, dando “boa medida, recalcada,
sacudida e transbordando” (Lucas 6:38). Suponhamos que todos
procurassem preferir “em honra uns aos outros” (Romanos 12:10),
fazendo tudo para a glória de Deus, nunca se unindo num jugo
desigual com os incrédulos e tendo como um grande privilégio
estar todo o tempo nos negócios do seu Pai. Qual seria o efeito
disto na vida do próprio negociante, na vida da sua família, na
vida do seu próximo e na vida de seus sócios? Os cristãos que são
empresários ou comerciantes devem lembrar que o seu negócio
lhes oferece uma grande oportunidade para servir a Deus.
4. Na obra da igreja
Aqui é onde os irmãos devem unir os seus esforços para servir
ao Senhor. Todos somos iguais, quer sejamos pais, irmãos, filhos,
pastores, professores, agricultores, mecânicos, comerciantes, pro-
fissionais, fracos, fortes, ricos ou pobres. Devemos unir as nossas
forças para ganhar os perdidos, para fortalecermos uns aos outros
na fé, para receber o ânimo necessário e visão espiritual. Juntos
351
A VIDA CRISTÃ
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O serviço cristão
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45
Capítulo
A oração
Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17).
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A VIDA CRISTÃ
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A oração
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A VIDA CRISTÃ
2. Se orarmos com fé
“Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando” (Tiago 1:6). “E,
tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis” (Mateus
21:22). A promessa é segura, desde que a oração seja feita com fé,
“crendo”. “É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus
11:6). Muitas orações são em vão porque são oferecidas sem fé
no poder de Deus.
358
A oração
ouvidas e atendidas, então ele as atenderá. Pode ser que ele atenda
imediatamente, como Cristo fazia quando as pessoas vinham a ele
pedindo favores, ou pode ser que tenha que perseverar em oração,
como a viúva teve que perseverar em trazer as suas petições diante
do juiz (leia Lucas 18:1–8). As nossas orações devem ser constantes
e com fé, sem importar se Deus as atenderá imediatamente ou se
demorará em atendê-las.
359
A VIDA CRISTÃ
360
A oração
6. Reuniões de oração
É muito proveitoso os cristãos se reunirem para orar, mas deve
ser num espírito de adoração. A Bíblia menciona várias reuniões
de oração onde se manifestou o grande poder de Deus (leia Atos
1:12–14; 4:23–31; 12:5 e 12). Quando os crentes oram com
sinceridade, com pensamentos e sentimentos unidos, eles se
alegram ao falar com o Senhor.
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A VIDA CRISTÃ
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46
Capítulo
A obediência
Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar (1 Samuel 15:22).
363
A VIDA CRISTÃ
1. A voz de Deus
“Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus” (Jeremias
7:23). Foi essa a voz que Noé ouviu quando edificou a arca (leia
Gênesis cap. 6); que Abraão ouviu quando deixou o seu lar e
parentela e começou a caminhar para a terra prometida (leia
Gênesis 12:1–5) e que Moisés ouviu quando aceitou a tarefa de
livrar o povo da escravidão (leia Êxodo cap. 4). Na nossa época
Deus não tem falado tanto numa voz audível, mas pelos meios
que mostraremos a seguir.
2. O Filho de Deus
Deus disse: “Este é o meu amado Filho, em quem me com-
prazo; escutai-o” (Mateus 17:5). Hoje Deus está falando conosco
364
A obediência
“pelo Filho” (Hebreus 1:1). Por isso “vede que não rejeiteis ao que
fala” (Hebreus 12:25) quando ele diz: “Se me amais, guardai os
meus mandamentos” (João 14:15).
3. O Espírito de Deus
Estevão relembrou os fariseus da condenação que lhes sobrevi-
ria porque resistiam ao Espírito Santo assim como seus pais haviam
feito (leia Atos 7:51). É o Espírito de Deus que nos guiará a toda
a verdade (leia João 16:13).
4. A Palavra de Deus
Deus nos dirige para a salvação e nos mostra o seu caráter e a
sua vontade por meio da sua Palavra. Será em vão pensarmos que
estamos bem com Deus se não obedecermos à sua Palavra (leia João
14:15; 15:14; Tiago 1:22–25; 1 João 2:3–4).
5. A igreja de Deus
A Palavra de Deus é a mensagem de Deus ao homem, e a igreja
de Cristo é a instituição por meio da qual se leva essa mensagem
ao mundo (leia Mateus 28:18–20). Deus quer falar conosco por
meio da sua igreja. Cristo nos mostra a autoridade que deu à voz da
igreja quando disse: “Se também não escutar a igreja, considera-o
como um gentio e publicano” (leia Mateus 18:17–18).
Os resultados da obediência
1. Recebemos as bênçãos de Deus
Deus dá o seu Espírito Santo “àqueles que lhe obedecem” (Atos
5:32). A obediência é essencial para se ter uma boa relação com
Deus (leia João 15:14; 1 João 2:3–4). Foi a obediência (de Cristo)
que tornou possível a nossa justificação (leia Romanos 5:19). Em
poucas palavras, todas as bênçãos do evangelho são para os obe-
dientes e a Bíblia promete somente maldição aos desobedientes.
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A VIDA CRISTÃ
Mais considerações
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A obediência
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A VIDA CRISTÃ
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47
Capítulo
A adoração
Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do
Senhor que nos criou (Salmo 95:6).
A adoração a Deus é uma atitude na qual prostramos a nossa
vontade e todo o nosso ser perante ele com reverência, admiração
e respeito profundo. Coisas como o orar, o louvar, cantar, ofertar
e testemunhar de Cristo, fazem parte da adoração.
A adoração pode ser verdadeira ou falsa, dependendo da nossa
sinceridade ou do objeto de nossa adoração. Adorar a Deus de
maneira dissimulada é hipocrisia. Adorar as criaturas que Deus
criou em lugar de adorar ao Criador é idolatria.
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A VIDA CRISTÃ
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A adoração
371
A VIDA CRISTÃ
1. Ele é digno!
O grande e poderoso Deus é digno de nossa adoração. Ao reco-
nhecer a sua grandeza, o adoraremos sem reservas (leia 1 Crônicas
29:10–13; Apocalipse 4:8–11; 5:12–14; 7:11–12).
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A adoração
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48
Capítulo
A abnegação
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer
que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por
amor de mim, perder a sua vida, a salvará (Lucas 9:23–24).
Parece ser uma contradição, mas segundo nos dizem as Escri-
turas, para salvar a vida é preciso perdê-la; e para perdê-la basta
tentar salvá-la. Aos que estão vivos espiritualmente se diz: “Porque
já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”
(Colossenses 3:3). A vida eterna é só para aqueles que negam a
si mesmos, crucificando o primeiro Adão (o velho homem) para
que o segundo Adão (Cristo) reine na sua vida (leia Mateus 10:39;
16:25; Marcos 8:34–38; Lucas 17:33; João 12:25).
375
A VIDA CRISTÃ
376
A abnegação
1. A si próprio
Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23). Os que
recebem a Cristo têm que entregar-se por completo a ele. “Não
vivam mais para si… Assim que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”
377
A VIDA CRISTÃ
2. O pecado
“Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados,
não aceites” (Provérbios 1:10). “Mortificai, pois, os vossos mem-
bros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a afeição
desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobedi-
ência” (Colossenses 3:5–6). Tenha o cuidado de dizer NÃO para
a carne cada vez que for tentado a cometer algum pecado, seja
coisa grande ou pequena, coisa popular ou coisa desprezada (leia
Gálatas 5:24; 1 Pedro 2:11; 4:3–4).
3. Coisas duvidosas
Muitas vezes nos deparamos com coisas que não sabemos se
são boas ou más. Antes de participar em algo duvidoso, procure a
vontade de Deus sobre o assunto. Quando somos tentados a fazer
algo somente porque outros o fazem, é melhor não fazê-lo sem
antes procurar a vontade de Deus para saber se é bom ou mau.
Depois, atue conforme o que Deus lhe revelar. “Mas aquele que
tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé;
e tudo o que não é de fé é pecado” (Romanos 14:23).
378
A abnegação
1. Cristo
Leia Filipenses 2:5–11. Cristo “não teve por usurpação ser igual
a Deus, mas fez a si mesmo de nenhuma reputação”. A comodi-
dade, a popularidade, as riquezas e a glória; ele sacrificou tudo
isto. A sua vida inteira foi sacrificada para fazer a obra para a qual
Deus o tinha chamado. Ao ver os resultados da sua abnegação per-
cebemos que ele não apenas livrou milhões de almas do cativeiro
do pecado, mas que, além disso, “Deus o exaltou soberanamente,
e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Filipenses 2:9).
379
A VIDA CRISTÃ
2. Abraão
Quando Deus chamou Abraão, ele deixou o seu lar, a sua
parentela e os seus amigos. Passou o resto da sua vida no estran-
geiro, e morreu sem receber o que lhe foi prometido. Abraão até
se dispôs a sacrificar o seu filho quando Deus lhe pediu isso. Por
fé ele abnegou-se e tornou-se o pai dos fiéis, e na sua semente são
abençoadas todas as nações da terra (leia Gálatas 3:8).
3. Moisés
Moisés sacrificou uma boa carreira (leia Hebreus 11:24–26)
para cumprir o propósito de Deus para a sua vida. Ele deixou a
glória e as riquezas passageiras da terra, ganhando assim a glória
e as riquezas eternas.
4. Os pescadores da Galileia
Leia Marcos 1:18; Lucas 5:10–11. Quando Cristo chamou
os pescadores da Galileia eles deixaram tudo e o seguiram. Ao
deixar suas redes, esses pescadores estavam deixando o seu meio
de ganhar a vida. Não conheciam o futuro, mas deixaram tudo
para seguir a Jesus.
5. Saulo de Tarso
Quando vemos a posição que Saulo havia conseguido em sua
carreira religiosa então compreendemos o que lhe custou deixar
essa carreira promissora para servir ao Deus vivo (leia Filipenses
3:1–10). Será que isto valeu a pena? Claro que sim! O próprio
Paulo dá o seu testemunho em 2 Timóteo 4:5–8.
Por meio desses e de outros exemplos vemos que mesmo que
negar a si mesmo seja um sacrifício, essa é a única maneira de
receber as ricas bênçãos de Deus. E é também a única maneira
em que podemos ser úteis a Deus no seu reino.
As recompensas
Negar-se a si mesmo não acaba em sofrimento e derrota. Antes,
é a libertação da servidão ao nosso ego para viver em Cristo e
tê-lo vivendo em nós. Ao deixar os prazeres passageiros da vida
380
A abnegação
381
49
Capítulo
A NÃO CONFORMIDADE
com o mundo
E não sede conformados com este mundo (Romanos 12:2).
A doutrina de como a igreja deve manter-se separada e não ser
conformada com o mundo é um dos grandes princípios da Bíblia.
Mas, lamentavelmente, devido aos desejos da carne, muitos não
aplicam esse princípio na vida diária.
383
A VIDA CRISTÃ
o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e
apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos
receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos
e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso (2 Coríntios 6:14–18).
384
A não conformidade com o mundo
Traços característicos
da vida mundana
1. A desobediência a Deus
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus,
pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”
(Romanos 8:7). O mundo foi desobediente a Deus nos dias de
Noé, de Abraão, de Moisés e de Cristo. É desobediente hoje e será
assim enquanto estiver sob o controle de Satanás.
385
A VIDA CRISTÃ
2. A impiedade
“Todo o mundo jaz no maligno” (1 João 5:19). Qualquer forma
de impiedade; blasfêmia, homicídio, mentira, roubo, excesso,
profanação, orgulho, devassidão e etc. na vida de alguém, põem
em evidência a verdade de que está seguindo ao deus deste século.
3. O orgulho
“A soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 João 2:16).
A pessoa mundana se veste, se penteia e gasta até o seu último
centavo para elevar a sua pessoa diante dos olhos do seu próximo.
Tal soberba é orgulho e Deus odeia isso.
4. A impureza
Romanos 1:21–32 pinta um quadro verdadeiro de como é o
homem que rejeita a Deus e se entrega aos seus desejos carnais. O
mundo é dominado pelos mesmos desejos carnais, e suas modas,
suas revistas, seu comportamento e seu modo de falar promovem
a impureza na mente, no coração e no corpo.
5. A cobiça
Cobiça é outro nome para a avareza. Paulo a chama de “idolatria”
(em Colossenses 3:5; Efésios 5:5). O mundo trabalha muito e até
comete crimes para enriquecer. O amor ao dinheiro é a raiz de toda
a espécie de males (leia 1 Timóteo 6:8–10).
6. A ambição
A ambição é um desejo veemente de obter coisas como poder,
honra, fama ou riquezas. Esse desejo muitas vezes aumenta até
causar a ruína de muitos. A destruição do jovem ambicioso,
Absalão, deveria servir como aviso a todo jovem sobre o destino
final da ambição. Não devemos buscar a própria glória, mas a
glória de Deus. A nossa missão é servir; não ser servido. “Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos
em honra uns aos outros” (Romanos 12:10).
Um desejo ardente de ser útil não deveria ser confundido com
a ambição. A pessoa que mantém o amor, a glória de Deus e o
386
A não conformidade com o mundo
7. A intemperança
“O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo
aquele que neles errar nunca será sábio” (Provérbios 20:1). Heran-
ças inteiras foram desperdiçadas nas bebidas alcoólicas, no fumo,
nas drogas e em outras coisas que destroem a humanidade. Onde
existe a falta de moderação também há miséria, dor e pobreza.
Essas coisas indicam o naufrágio terrível ocasionado pelo monstro
destruidor que é chamado de intemperança.
8. O adorno e a moda
As roupas que as pessoas vestem demonstram o que há em seus
corações. O orgulho, a soberba, a impureza e outros pecados do
mundo, podem ser vistos por meio da maneira como as pessoas
se vestem. Leia Isaías 3:16–24; 1 Timóteo 2:9–10; 1 Pedro 3:3–4.
9. Os prazeres mundanos
“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração
nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração,
e pela vista dos teus olhos” (Eclesiastes 11:9). Os bailes, teatros,
cinemas, circos e etc., oferecem os prazeres mundanos e um grande
número de pessoas (especialmente os jovens) aceitam as suas
ofertas. Salomão disse que tudo isto pode se fazer, “porém, que
por todas estas coisas te trará Deus a juízo” (Eclesiastes 11:9). A
pessoa “que vive em deleites, vivendo está morta” (1 Timóteo 5:6).
10. A irreverência
Nenhum homem pode andar nos caminhos do mundo sem ter
uma atitude de irreverência para com Deus. Essa atitude produz
a falta de respeito, a profanação e outros frutos perversos.
11. A desonestidade
“Não mintais uns aos outros” (Colossenses 3:9). Isto inclui a
falsificação, fraudes, exageros e toda espécie de engano, hipocrisia e
387
A VIDA CRISTÃ
12. As contendas
As contendas são naturais para qualquer pessoa incrédula
porque ela procura defender a si própria. A pessoa que não quer
humilhar-se e reconhecer as suas faltas produz contendas por
onde quer que vá.
1. A obediência a Deus
Assim como a desobediência é uma das características natu-
rais da pessoa mundana, assim também a obediência caracteriza
os filhos de Deus. “Senhor, que queres que eu faça?” é o clamor
contínuo da pessoa que procura servir a Deus.
2. A piedade
“Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupis-
cências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e
piamente” (Tito 2:12). Essa é a verdadeira não conformidade com
esse mundo perverso e profano. “Segui a paz com todos, e a san-
tificação, sem a qual ninguém verá ao Senhor” (Hebreus 12:14).
388
A não conformidade com o mundo
3. A humildade
Quando alguém não pensa “de si mesmo além do que
convém” (Romanos 12:3), então consegue seguir o exemplo de
Cristo na humildade.
4. A pureza
A pureza afeta os pensamentos, o modo de falar e toda a vida
de alguém. Os cristãos devem ser livres de toda forma de impu-
reza. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão
a Deus” (Mateus 5:8).
5. O amor
Se compararmos essa virtude cristã com o pecado da cobiça,
então vemos claramente o contraste entre o caráter do mundano
e o do cristão verdadeiro. A cobiça trabalha por si própria, e o
amor para abençoar os outros; a cobiça busca a sua própria glória,
e o amor busca a glória de Deus e o bem do próximo. “O amor…
não busca os seus interesses” (1 Coríntios 13:4–5).
6. A abnegação
A abnegação é o fruto natural do amor. A ambição nos
impulsiona a buscar honra e autopromoção; a abnegação procura
promover a causa de Cristo e dos irmãos. Ninguém pode estar
verdadeiramente consagrado a Deus sem negar-se a si mesmo.
Quando vivemos uma vida “escondida com Cristo em Deus”
(Colossenses 3:3), a nossa velha natureza egoísta terá passado e
será substituída por um desejo humilde de ser um bom servo de
Deus e do próximo.
7. A temperança
“Todo aquele que luta de tudo se abstém” (1 Coríntios
9:25). A temperança significa abster-se totalmente de qualquer
coisa que seja prejudicial e pecaminosa, tais como as drogas,
as bebedeiras e a imoralidade sexual. E nas coisas lícitas, como
comer e descansar, a temperança significa controlar-se.
389
A VIDA CRISTÃ
8. A roupa decorosa
Visto que o filho do mundo se veste por motivos diferentes
aos do filho de Deus, haverá um contraste entre a sua roupa e a
roupa dos cristãos.
9. O gozo do Senhor
Muitas pessoas ignoram o fato que este mundo não oferece
nada que possa comparar-se com o “gozo ndescritível e glorioso”
(1 Pedro 1:8) que somente os filhos de Deus podem ter. Os
prazeres deste mundo são passageiros, enquanto que o gozo do
Senhor é para esta vida e para a eternidade. “Regozijai-vos sempre
no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos!” (Filipenses 4:4).
10. A reverência
A comunhão com Deus e com os santos gera uma reverência
para com Deus e com a sua Palavra. Quanto mais entendemos a
respeito de Deus, tanto mais impressionados ficamos com a sua
benevolência, grandeza, santidade, majestade e graça. Os que
andam com ele o servem com temor e reverência.
11. A integridade
Uma das qualidades marcantes do filho de Deus é que ele é
veraz. A honestidade e a retidão indicam o seu andar diário. Essa
qualidade faz parte da verdadeira natureza cristã.
12. A paz
“E ao servo do Senhor não convém contender” (2 Timóteo
2:24), porque “as armas da nossa milícia não são carnais” (2 Corín-
tios 10:4). “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão
chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).
390
A não conformidade com o mundo
391
A VIDA CRISTÃ
O que significa
a não conformidade com o mundo
392
A não conformidade com o mundo
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A VIDA CRISTÃ
394
50
Capítulo
A não resistência
Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com
os homens! (Lucas 2:14).
O termo “não resistência” vem da instrução de Cristo dada
aos discípulos: “Não resistais ao mal” (Mateus 5:39). Cristo e
os apóstolos ensinaram a doutrina da não resistência. Cristo é o
“Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
395
A VIDA CRISTÃ
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o
mundo a dá (João 14:27).
396
A não resistência
397
A VIDA CRISTÃ
O Antigo Testamento
e a não resistência
Notemos algumas verdades quanto à época do Antigo
Testamento:
Ø No princípio era a vontade de Deus que os homens se
amassem uns aos outros e que respeitassem a vida humana
(leia Gênesis 4:4–14).
Ø Para refrear os desejos carnais do homem, Deus instituiu a
pena de morte (leia Gênesis 9:6). No Antigo Testamento
o povo de Deus era uma nação civil à qual Deus deu a res-
ponsabilidade de castigar os que desobedeciam à lei. “Toda
a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”
(Hebreus 2:2). Os criminosos eram castigados com a pena
de morte (leia Levítico cap. 20).
Ø O Antigo Testamento foi uma época de justiça. Deus usou
o seu povo no Antigo Testamento para julgar outras nações
perversas, e até para exterminá-las (leia 1 Samuel 15:2–3, 18).
Há muita gente que tenta justificar a participação dos cristãos
na guerra com o fato de que Moisés, Josué, Davi e outros homens
de Deus lutaram. No entanto, há muitas diferenças entre o Antigo
Testamento e o Novo Testamento.
398
A não resistência
O poder da paz
O homem ímpio confia no poder da guerra para resolver os
conflitos. Ele pensa que os que sofrem o maltrato com paciência
e amor são fracos e covardes. Mas o Príncipe da paz dá aos seus
seguidores um poder mais forte do que o que tem um exército no
campo de batalha. Ele lhes dá o seu evangelho que tem poder para
conquistar o espírito do homem, convertendo-o por completo. A
guerra pode conquistar o corpo, e nada mais.
Quando Cristo enviou os seus discípulos, não os armou com
espadas nem com lanças, mas os mandou “como ovelhas ao meio
de lobos” (Mateus 10:16). Assim eles se foram, operando com
poder, e até os demônios os obedeceram.
399
A VIDA CRISTÃ
400
A não resistência
A conclusão bíblica
Não resistais ao mal (Mateus 5:39).
401
A VIDA CRISTÃ
402
51
Capítulo
O juramento
Vos digo que de maneira nenhuma jureis (Mateus 5:34).
403
A VIDA CRISTÃ
Definições
O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define
juramento como (1) “Ato de jurar”, (2) “Afirmação ou promessa
solene, em que se toma por testemunha uma coisa que se tem
como sagrada”.
Há vários tipos de juramentos. Por exemplo: o juramento
judicial, que é utilizado nas cortes; o juramento profano ou de
maldição, que é usado sem nenhuma sinceridade. Tudo isso Deus
proíbe no Novo Testamento.
Notamos que há uma grande diferença entre um juramento e
uma afirmação. As leis de alguns países permitem que os que não
juram por motivos de consciência possam afirmar em vez de jurar.
Os elementos do juramento que estão ausentes na afirmação são:
A declaração “Eu juro…”, a mão levantada ao alto e a súplica a
Deus. Quer dizer, que quando alguém afirma algo, simplesmente
promete que dirá a verdade tal como a entende, sabendo que caso
não cumpra com essa promessa, então, estará sujeito às mesmas
penas implicadas no juramento.
Em conclusão, novamente dizemos: A Bíblia claramente proíbe
o juramento, e para o cristão verdadeiro ele é desnecessário, pois
ele sempre diz a verdade.
404
52
Capítulo
O amor
Se me amais, guardai os meus mandamentos (João 14:15).
Neste capítulo trataremos do amor de Deus para com a huma-
nidade, especialmente para com os seus filhos, e do nosso amor
para com Deus e com os outros. Não se trata do amor romântico.
A origem do amor
A origem do amor que se vê nos filhos de Deus é explicado com
essa frase: “O amor é de Deus” (1 João 4:7). Nós entendemos isso
mais a fundo quando lembramos que “Deus é amor” (1 João 4:16).
A pessoa que “está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses
3:3) está cheia e transbordando com o amor de Deus que tem
sido derramado em seu coração pelo Espírito Santo (leia Romanos
5:5). Por isso podemos dizer: “Nós o amamos a ele porque ele nos
amou primeiro” (1 João 4:19).
405
A VIDA CRISTÃ
406
O amor
Como se manifesta
o nosso amor para com Deus
1. Obedecer a Deus
Cristo disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos”
(João 14:15). E expressou a mesma verdade de outra maneira
quando disse: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos
mando” (João 15:14). E outra vez: “Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda esse é o que me ama” (João 14:21).
Em João 14:23, ele diz: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra”. O amor e a obediência são inseparáveis.
2. Amar os irmãos
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é men-
tiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode
amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que
quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 João 4:20–21).
Isso concorda com o ensinamento de Jesus em Mateus 22:34–40,
onde ele declarou que o mandamento de amar o próximo é seme-
lhante ao mandamento de amar a Deus.
407
A VIDA CRISTÃ
4. Servir fielmente
Os filhos que amam os seus pais submetem-se a um fiel
serviço; não porque são obrigados a fazê-lo, mas porque o amor
os compele a fazê-lo. Como filhos de Deus não somos escravos,
mas livres. “O amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios
5:14) a prestar um serviço fiel, obediente e voluntário. Onde
quer que encontremos servos voluntários de Deus, podemos
saber que estamos vendo pessoas que o amam.
O amor em ação
A primeira carta aos Coríntios capítulo 13 explica o que o amor
realmente faz. No início do capítulo, Paulo ensina que tudo o que
fazemos que não seja motivado pelo amor de Deus não tem valor.
Depois continua dizendo:
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor
não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta
com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita,
não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com
a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor nunca falha.
Aplique esse ensinamento na vida diária, na vida doméstica, na
vida social, nos negócios… O amor de Deus é mais que somente
uma teoria; ele produz ação na vida.
408
O amor
409
53
Capítulo
A pureza
Conserva-te a ti mesmo puro (1 Timóteo 5:22).
411
A VIDA CRISTÃ
2. Inclui o falar
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal”
(Colossenses 4:6). “A palavra de Cristo habite em vós abundan-
temente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos
uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando
ao Senhor com graça em vosso coração” (Colossenses 3:16).
“Nem torpezas, nem tolices, nem zombarias, que não convêm;
mas antes, ações de graças” (Efésios 5:4). Aqui há várias coisas
que não pertencem ao vocabulário dos que querem ser puros:
palavras ociosas, vulgaridades, profanações e intrigas. Duas
coisas são essenciais para que alguém elimine essas coisas do seu
vocabulário: (1) um coração transformado por Deus, “porque
da abundância do seu coração fala a boca” (Lucas 6:45); (2) um
esforço constante em oração para vencer os maus hábitos.
3. Inclui o companheirismo
Você próprio tem que viver uma vida pura para que seja
digno de ser companheiro de pessoas puras e para que você
saiba escolher companheiros puros. Guarde-se de companheiros
de caráter duvidoso. “As más conversações corrompem os bons
costumes” (1 Coríntios 15:33). Não convém a você associar-se
com pessoas ímpias (leia Provérbios 13:20).
412
A pureza
5. Inclui a consciência
A consciência é o guarda que Deus colocou dentro de nós
para nos lembrar o que é o bem e o mal. Mantenha sempre uma
consciência pura e sensível. Ensine-a ouvir a voz de Deus e nunca
desconsidere as suas advertências. Se a sua consciência é dirigida
por Deus e obedece a Deus, você tem uma consciência pura. Leia
Atos 24:16; 1 Timóteo 1:5–6; Hebreus 9:14; 1 Pedro 3:16 e 21.
6. Inclui a religião
Tiago 1:27 define a religião pura: “A religião pura e imaculada
para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se incontaminado do mundo”. Você nunca
deve sentir-se satisfeito com qualquer coisa menor que a religião
pura de Jesus Cristo, sem adulteração e sem as manchas do mundo.
413
A VIDA CRISTÃ
2. Viva na pureza
Pratique a pureza na sua vida pessoal diária por meio do que
você pensa e fala, por meio dos relacionamentos sociais que tem,
por meio da vida doméstica que leva, por meio da sua religião.
Você é a “Bíblia” que os seus vizinhos leem; eles observam como
é seguir o Evangelho ao observar a sua vida pura e santa. Leia
Mateus 5:14–16; 1 Timóteo 4:12; 1 Pedro 2:11–12.
414
54
Capítulo
A humildade
O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas,
honra e vida (Provérbios 22:4).
A humildade é uma característica da alma que nos prepara
para ter fé. Muitas pessoas louvam a virtude da humildade e
consideram-na uma joia formosa; mas elas próprias não querem
possuí-la, pois ela acaba com o seu ego e seu orgulho.
O orgulho e a humildade
A Bíblia muitas vezes contrasta o orgulho com a humildade.
Notemos alguns dos seus contrastes:
Ø “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”
(Tiago 4:6).
Ø “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humi-
lhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado”
(Lucas 14:11).
Ø “A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o
humilde de espírito” (Provérbios 29:23).
Ø “Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que
repartir o despojo com os soberbos” (Provérbios 16:19).
Ø “O Senhor desarraiga a casa dos soberbos” (Provérbios
15:25). “Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão
na abundância de paz” (Salmo 37:11).
Ø “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito pre-
cede a queda” (Provérbios 16:18). “Aquele que se tornar
humilde… esse é o maior no reino dos céus” (Mateus 18:4).
415
A VIDA CRISTÃ
Ø “E tu… que te ergues até aos céus, serás abatida até aos
infernos” (Mateus 11:23). “Humilhai-vos perante o Senhor,
e ele vos exaltará” (Tiago 4:10).
Outro contraste entre o orgulho (considerar-se alguém superior
aos demais) e a humildade (reconhecer a própria indignidade)
é apresentado em Lucas 18:9–14. O fariseu que se exaltou a si
próprio não conseguiu o favor de Deus, enquanto que o publicano
que confessou ser pecador alcançou a misericórdia.
Deus sempre condena o orgulho, mas sempre aprova a
humildade.
Evidências da humildade
2. A mansidão
Efésios 4:2 diz que “com toda a humildade e mansidão”
devemos suportar-nos com paciência uns aos outros em amor.
Os humildes nunca caem de um lugar muito alto porque não se
exaltam a si próprios. Mas os que se exaltam a si próprios caem
e sofrem. Seria bom observar aqui que há uma diferença entre a
416
A humildade
3. A modéstia
A modéstia se manifesta no semblante, nos costumes e no
vestuário da pessoa humilde. Alguém que tem um coração
humilde não tem olhos altivos e não segue a moda. Os humildes
são conhecidos pelo seu modo de ser; são modestos na aparência
e nos costumes. Eles não se jactam de ser mais importantes do
que os outros e não ostentam roupa de gala. Quando o coração
está cheio de humildade o “grande eu” não é visto. A modéstia é
o fruto natural da humildade e se manifesta em todas as áreas da
vida da pessoa humilde.
417
A VIDA CRISTÃ
A humildade fingida
Como Paulo fala em Colossenses 2:18, há algo que parece
ser a humildade, mas na verdade não é. Essa é a humildade fin-
gida, a qual devemos evitar. Alguns, ao perceberem os méritos
da humildade, cobiçam-na pela sua excelência ou pela exaltação
que procuram. Procurar a humildade por razões egoístas traz
como resultado a humildade fingida. Quem sentir orgulho da
sua humildade um dia perceberá que essa não passava de uma
humildade fingida.
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A humildade
419
55
Capítulo
A esperança
do cristão
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que,
segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma
viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não
se pode murchar, guardada nos céus para vós (1 Pedro 1:3–4).
Para o cristão a esperança nas coisas de Deus abrange mais do
que o melhor que essa vida pode oferecer. A esperança mais pre-
ciosa para o cristão está no que o espera na eternidade. O servo de
Deus espera com alegria o tempo glorioso quando, liberto de seu
corpo mortal, terá parte no reino eterno de Cristo. Dessa forma,
compartilhará a alegria e a glória do céu para sempre.
O que é a esperança
Ø Ela é a “âncora da alma, segura e firme” (Hebreus 6:19).
Ø É “boa” (2 Tessalonicenses 2:16).
Ø É “viva”. Deus nos gerou de novo “para uma viva esperança,
pela ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:3).
Ø É a “completa certeza” do filho de Deus, dando coragem para
prosseguir na fé e no amor “até o fim” (Hebreus 6:11).
Ø É fonte de “alegria” na alma do justo, e é segura e firme, mas “a
expectação dos perversos perecerá” (Provérbios 10:28).
Ø É “a bem-aventurada esperança” que enche e alegra as nossas
almas enquanto esperamos confiantemente “o aparecimento
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A VIDA CRISTÃ
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A esperança do cristão
423
A VIDA CRISTÃ
5. Produz paciência
“Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o
esperamos” (Romanos 8:25). Já notou como as pessoas perdem
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A esperança do cristão
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A DOUTRINA
DO FUTURO
Há três grandes divisões do tempo: o passado, o presente e o
futuro.
O passado já passou. O presente é o nosso tempo de opor-
tunidade. O futuro está escondido da nossa vista por um véu, a
menos que Deus veja por bem tirá-lo para dar-nos uma visão do
mesmo. Esses capítulos tratam de algumas coisas que Deus nos
revelou do futuro.
Ao estudar a doutrina do futuro na Bíblia, recordemos que
Deus não nos revelou todas as coisas na sua Palavra; ele nos reve-
lou algumas coisas em parte e nos mostrou outras claramente.
Portanto, obteremos um maior proveito do nosso estudo se
reconhecermos que não sabemos muito e que, como discípulos
humildes e estudantes diligentes, recebemos pela fé o que Deus
quer nos revelar. Quanto mais examinarmos a sua Palavra, tanto
mais aprenderemos.
Ao observarmos as riquezas insondáveis e a glória vindoura
que Deus nos revelou, isso deve nos estimular a adorá-lo pela sua
grandeza e amor. Ainda que sejamos indignos e miseráveis, ele
preparou para nós um futuro glorioso se o servirmos de coração.
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56
Capítulo
A segunda
vinda de Cristo
Aí vem o esposo; saí-lhe ao encontro! (Mateus 25:6).
Um dia os discípulos do Senhor encontravam-se no Monte
das Oliveiras. Jesus acabava de ascender para a glória, e os
discípulos estavam ali “com os olhos fitos no céu” (Atos 1:10).
Logo ouviram uma voz e viram ao seu lado dois homens ves-
tidos de branco que lhes disseram: “Esse Jesus, que dentre vós
foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu
o vistes ir” (Atos 1:11).
Então eles lembraram que Jesus tinha lhes mandado permane-
cer em Jerusalém até que recebessem poder do alto. Os discípulos
se dirigiram imediatamente para a cidade. Ali continuaram em
oração e ação de graças até que todos ficaram cheios do Espírito
Santo. Desde aquele dia todos os cristãos verdadeiros estão aguar-
dando a segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
429
A DOUTRINA DO FUTURO
430
A segunda vinda de C risto
4. Muitos apostatarão da fé
“Não será assim [a vinda do Senhor] sem que antes venha a
apostasia” (2 Tessalonicenses 2:3). Será que alguém duvida que esse
dia tenha chegado? Hoje muitas igrejas pregam e praticam muitas
coisas que antes todos os cristãos verdadeiros rejeitavam. Muitas
igrejas são levadas por esta onda de incredulidade, aumentando
o ateísmo. Sabemos que estamos aproximando-nos das condições
das quais nos advertiu Jesus: “Quando porém vier o Filho do
homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8).
O que diremos a respeito de todas essas coisas? Já vemos muitos
dos sinais da vinda do Senhor, mas não sabemos o tempo exato da
sua vinda. Por isso, devemos ter certeza que estamos prontos e espe-
rando o Senhor. Devemos trabalhar com diligência para conseguir
que outros também estejam prontos para a sua vinda. Peçamos a
Deus que nos dê sabedoria para que não caiamos nos laços do diabo.
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A DOUTRINA DO FUTURO
432
A segunda vinda de C risto
A falta de entendimento
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A DOUTRINA DO FUTURO
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A segunda vinda de C risto
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57
Capítulo
A ressurreição
Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão
a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição
da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da
condenação (João 5:28–29).
A doutrina declarada
A Bíblia ensina claramente que depois dessta época todo ser
humano será ressuscitado (leia João 5:28–29; 11:24; 1 Coríntios
cap. 15; Apocalipse 20:13). Então, a alma se reunirá com um
corpo novo e aparecerá diante do Senhor.
O Antigo Testamento
ensina a ressurreição
Ainda que essa doutrina seja vista com mais clareza no Novo
Testamento, notamos que o povo de Deus nos tempos do Antigo
Testamento acreditava na ressurreição. Vejamos algumas profecias
do Antigo Testamento que falam da ressurreição:
Ø Jó: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por
fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a
minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus”
(Jó 19:25–26).
Ø Isaías: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão
e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó,
porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a
terra lançará de si os mortos” (Isaías 26:19).
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A DOUTRINA DO FUTURO
O Novo Testamento
ensina a ressurreição
Cristo não apenas ensinou essa doutrina, mas ao ressuscitar cor-
poralmente do túmulo ele foi feito as “primícias dos que dormem”
(1 Coríntios 15:20). A ressurreição foi uma das doutrinas proe-
minentes nos ensinamentos dos apóstolos (leia Atos 1:22; 2:31;
17:18; 24:15; 1 Coríntios cap. 15; Filipenses 3:10; Hebreus 11:35;
1 Pedro 1:3). Os judeus se ressentiram, não porque os apóstolos
ensinassem a ressurreição dentre os mortos, mas pelo fato de que
“anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos” (Atos
4:2). Paulo pregou a doutrina da ressurreição com clareza e poder
diante dos epicureus e dos estoicos (duas escolas de filósofos gregos)
no Areópago em Atenas (leia Atos 17:16–34). A ressurreição foi
sempre um tema fundamental na pregação dos apóstolos.
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A ressurreição
Provas da ressurreição
A prova mais maravilhosa da ressurreição é o próprio Jesus.
Ele “se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis” (Atos 1:3).
Depois de ter ressuscitado, mostrou-se a muitos crentes (leia
1 Coríntios 15:5–8). Jesus disse: “porque eu vivo, e vós vivereis”
(João 14:19). Lázaro também, havendo sido visto por muitos
judeus depois que ressuscitou dentre os mortos (leia João 12:2 e
10–11), permanece como uma prova indubitável do poder de
Deus para ressuscitar os mortos. Outra prova da ressurreição dos
santos foi o aparecimento de muitos que saíram de seus túmulos
quando Jesus morreu (leia Mateus 27:50–54).
A ressurreição é o resultado do poder maravilhoso de Deus.
Visto que Jesus ganhou a vitória sobre o pecado e a morte, será
fácil para ele, no seu devido tempo, fazer-nos ressurgir do túmulo.
Para ele não será mais difícil realizar esse milagre do que lhe foi
criar o homem no princípio. A doutrina da ressurreição não é
mais difícil de crer do que a doutrina da criação. A vida de uma
semente seca quando brota, serve de ilustração do poder de Deus
para ressuscitar os mortos. Paulo usou essa ilustração em 1 Corín-
tios 15:35–44 ao falar desse assunto.
A alma de todo crente verdadeiro é ressuscitada na vida
presente. Mas não é desta forma com o corpo, porque isso
será efetuado somente quando o nosso Redentor destruir por
completo a morte e libertar os cativos dos túmulos. A Bíblia
diz que “o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”
(1 Coríntios 15:26). Isso ensina com clareza a ressurreição da raça
humana. E “então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada
foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde
está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Coríntios 15:54–55).
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A ressurreição
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A DOUTRINA DO FUTURO
1. A ressurreição da vida
Para os justos a ressurreição será uma ressurreição de vida: “E os
que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida” (João 5:29).
Todos os que escreveram sobre esse tema na Bíblia ensinaram que
será um evento glorioso. Paulo, ao falar da ressurreição, diz: “Eis aqui
vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de
olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque
convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e
que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que
é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se
revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita:
Tragada foi a morte na vitória” (1 Coríntios 15:51–54). Ao referir-se
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A ressurreição
aos crentes que ainda viverem quando o nosso Senhor vier, Paulo diz:
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor
nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses
4:16–17). Seremos glorificados junto com Cristo (Colossenses 3:4)
quando ele nos levantar com o poder e a glória do Altíssimo. Nós, os
santos de Deus, receberemos corpos incorruptíveis, gloriosos, podero-
sos, espirituais (leia 1 Coríntios 15:42–44), e seremos “como os anjos
de Deus no céu” (Mateus 22:30). Ascenderemos com grande alegria
para encontrar-nos com o Senhor e estar com ele para sempre. Que
glorioso! Que Deus apresse a sua vinda, e que nem o sofrimento, nem
o sacrifício nos faça vacilar na obra importante de advertir a quantas
pessoas seja possível para que participem desse evento maravilhoso.
2. A ressurreição da condenação
A ideia mais triste que poderia passar pela mente dos filhos de
Deus é a de que nem todos terão parte na ressurreição da vida.
Daniel nos diz que quando os maus despertarem, será “para ver-
gonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2). Que nenhum incrédulo
volte as costas para essa cena horrível e que desperte antes que seja
tarde demais, e ouça com atenção a voz celestial (leia João 5:25).
Arrependa-se e resolva em seu coração passar o resto de seus dias na
obra de resgatar almas perdidas desse caminho horrível que conduz
à destruição, indicando-lhes a luz gloriosa do evangelho de Cristo.
3. A natureza da ressurreição
Paulo a descreve com exatidão em 1 Coríntios 15:35–58, da
qual citaremos algumas partes:
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que
corpo virão?… Há corpos celestes e corpos terrestres, mas
uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres… Assim
também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo
em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em
ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza,
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Capítulo
O juízo
Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois
disso o juízo (Hebreus 9:27).
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O juiz
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O juízo
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Capítulo
O inferno
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e
aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras
e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com
fogo e enxofre; o que é a segunda morte (Apocalipse 21:8).
A Bíblia ensina que há um lugar de castigo eterno. Esse lugar
foi preparado para o diabo e seus anjos (leia Mateus 25:41). No
entanto, os ímpios também serão enviados para esse lugar porque
escolheram seguir ao diabo e seus anjos. Esse lugar de castigo e
tormento é o inferno.
Como é o inferno
As seguintes frases da Palavra de Deus descrevem o inferno:
Ø “Desprezo eterno” (Daniel 12:2)
Ø “Fogo que nunca se apagará” (Mateus 3:12)
Ø “Fogo do inferno” (Mateus 5:22)
Ø “Fornalha de fogo” (Mateus 13:50)
Ø “Condenação do inferno” (Mateus 23:33)
Ø “Trevas exteriores” (Mateus 25:30)
Ø “Fogo eterno” (Mateus 25:41)
Ø “Tormento eterno” (Mateus 25:46)
Ø “Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga”
(Marcos 9:44)
Ø “A pena do fogo eterno” (Judas v. 7)
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A DOUTRINA DO FUTURO
O inferno é um lugar
Uma das coisas importantes que devemos lembrar é que o inferno
é um lugar (leia Lucas 16:28) e não uma condição. Alguns nos dizem
que “fazemos o nosso próprio inferno”, referindo-se às condições
deprimentes que criamos às vezes para a nossa própria desgraça.
Mas a Bíblia ensina que o inferno é um lugar e não uma condição.
Esse fato é tão claro que nenhum crente verdadeiro duvida disso. O
inferno é um lugar tanto como o é esse mundo em que vivemos.
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O inferno
4. Os hipócritas
Um hipócrita finge ser o que não é. É algo triste que existem
hipócritas nas igrejas que fingem ser bons cristãos. Fora das igrejas
também há hipócritas, que dão uma e outra desculpa pela qual
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A DOUTRINA DO FUTURO
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O inferno
sobe para todo o sempre”? Para que alguém creia que não há um
lugar de tormento eterno para os ímpios, teria que rejeitar todo
o conteúdo da Bíblia.
Erro: Os ímpios terão uma segunda oportunidade depois da
morte.
Verdade: Não há nada na Bíblia para apoiar essa ideia. Quando
o rico rogou para que Lázaro fosse enviado com água, Abraão lhe
informou que havia entre eles um grande abismo que nenhum
homem podia cruzar. A morte não põe fim à nossa existência, mas
elimina a nossa oportunidade de nos reconciliarmos com Deus.
“Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois
disso o juízo” (Hebreus 9:27).
Erro: Os maus não sofrerão tormentos para sempre.
Verdade: A Bíblia ensina que o castigo dos maus no inferno
é eterno. Os sacerdotes católicos dizem que há um “purgatório”
onde os sofrimentos purgam a alma até que possa entrar no céu.
Esse engano oferece uma esperança falsa aos maus e os incentiva
a arriscarem-se a continuar em seu pecado. Eles pensam que
poderão purificar-se no purgatório, e por isso, não levam a sério
a necessidade de arrependerem-se de seus pecados agora enquanto
têm a oportunidade.
Erro: Os maus serão consumidos ao serem lançados no lago
de fogo.
Verdade: A teoria de que os maus serão consumidos por com-
pleto e que deixarão de existir não se harmoniza com as frases
bíblicas como “fogo que nunca se apagará” e “o seu bicho não
morre”. A Bíblia diz que os perversos “padecerão eterna perdição,
longe da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Tessaloni-
censes 1:9), e que permanecerão pela eternidade no lago de fogo.
O mais triste em todas essas ideias errôneas é que oferecem uma
esperança falsa para as pessoas que vivem em pecado. Essas mesmas
ideias errôneas dão aos perversos a esperança de que haverá uma
maneira de escapar do castigo horrível que a Bíblia ensina que
lhes espera a menos que se arrependam. Amados amigos cristãos,
sejamos diligentes em advertir as pessoas a respeito do inferno.
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A DOUTRINA DO FUTURO
O que os maus
experimentarão no inferno
Se o mundo de fato acreditasse na realidade de sofrer no inferno
por toda a eternidade, milhões de pessoas buscariam o perdão de
Deus enquanto há oportunidade. Quais são as coisas que estão
para ocorrer aos ímpios?
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O inferno
A condenação
no inferno pode ser evitada
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A DOUTRINA DO FUTURO
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Capítulo
O céu
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus
(Mateus 5:12).
Deus nos abençoa aqui na terra com muitos favores que na
realidade não merecemos. Mas por mais agradável que seja a nossa
vida, sempre enfrentamos frustrações e tristezas que às vezes não
entendemos. Não obstante, há um lugar preparado para o cristão
onde não há pecado nem tristeza. Naquele lugar é abundante a
bem-aventurança e a glória. Esse lugar é o céu.
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A DOUTRINA DO FUTURO
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O céu
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A DOUTRINA DO FUTURO
1. A inocência
Jesus disse que as crianças são aptas para entrar no reino dos
céus (leia Mateus 18:1–3, 10; 19:14). As crianças são inocentes,
remidas pelo sangue de Cristo enquanto não chegaram à idade
da razão na qual são responsabilizadas perante Deus pelos seus
próprios atos. Da mesma forma, é preciso que os filhos de Deus
se tornem como meninos (Mateus 18:3). Eles têm que lavarem-
-se no sangue de Jesus, dessa forma fazendo-se inocentes perante
Deus. Assim poderão entrar no reino celestial.
2. O novo nascimento
“Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus” (João 3:3). Ninguém pode entrar no céu sem ser um filho
de Deus. É necessário nascer de novo. “Porque em Cristo Jesus
nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas
o ser uma nova criatura” (Gálatas 6:15).
3. O caminho, Cristo
Qualquer um que se arrepende de todos os seus pecados e os
abandona, pode entrar no céu por meio do Senhor Jesus Cristo,
que sofreu na cruz. Ele é “a porta” (leia João 10:7) pela qual entra-
mos (leia Atos 4:12). Quando Tomé perguntou: “Como podemos
saber o caminho?” Jesus lhe respondeu: “Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João
462
O céu
14:5–6). Cristo Jesus “para nós foi feito por Deus sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30).
5. A santidade
“E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o
caminho santo; o imundo não passará por ele” (Isaías 35:8). Se
não estivermos no caminho santo quando a morte nos alcançar,
na eternidade estaremos fora do céu. Somente as pessoas santas
podem caminhar no caminho santo. “Mas, se andarmos na luz,
como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”
(1 João 1:7). Os que andam por esse caminho verão o Senhor
(leia Hebreus 12:14).
Os habitantes do céu
1. Deus
Deus está no céu; ele estará ali eternamente com poder e
glória (leia Salmo 11:4; 1 Reis 8:27 e 30; Mateus 11:25). O céu
463
A DOUTRINA DO FUTURO
2. Os anjos
Os anjos estão no céu (leia Mateus 18:10; 24:36). Quando nós,
os santos, chegarmos no céu, ali conheceremos aqueles que nesta
vida foram para nós “espíritos ministradores” (Hebreus 1:14).
3. Os santos
Os santos também estarão lá. Isso inclui todas as crianças que
morreram na inocência. Também inclui todos os cristãos que pela
fé em nosso Senhor Jesus Cristo experimentaram o novo nasci-
mento e “hão de herdar a salvação” (Hebreus 1:14). Os espíritos
dos santos que já morreram no Senhor estão agora na presença
de Deus. Cristo trará esses consigo quando vier para buscar a sua
noiva, a igreja. Eles e todos os justos que ainda estiverem vivos
serão revestidos com corpos glorificados. Juntos encontrarão ao
Senhor nos ares (leia 1 Tessalonicenses 4:14–18) e estarão sempre
com ele. “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor
do firmamento… como as estrelas sempre e eternamente” (Daniel
12:3). Isso deve incentivar todos os santos na terra a ganhar outras
almas para Deus.
Conclusão
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O céu
que Deus nos revela nela. Também deve nos servir de ânimo
saber que Deus tem preparado para nós algo muito mais belo do
que nós podemos compreender. Há pessoas que gostam de fazer
perguntas que não podem ser respondidas com a Bíblia. Tais
perguntas são de pouca importância. Mas há algumas perguntas
que são importantíssimas, como por exemplo: “Se Cristo viesse
agora, eu estaria pronto para ir com ele?”
465
A DOUTRINA DO FUTURO
O doce lar
Na pátria celeste, de Deus doce lar,
Prepara Jesus para os seus um lugar,
Pois longe do mal, do pecado e da dor,
Consigo pra sempre quer ter seu Senhor.
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Literatura Monte Siao do Brasil
Editora e Distribuidora de Livros, Ltda.
Caixa Postal 241
18550-970 Boituva-SP
E-mail: LMSdobrasil@gmail.com
Tel.: (15)-3264-1402
www.LMSdoBrasil.com.br
Literatura Cristã ao alcance de todos
O Peregrino
John Bunyan. Com A Peregrina, em um
livro. Escrita há 500 anos, esta é a alegoria
mais lida sobre a guerra que as forças do
bem e do mal travam na alma de todo ser
humano. Este livro nos mostra como pode-
mos ter a vitória sobre o inimigo da nossa
alma e ter a certeza de um lar no céu. 276
pág. #31170
467
Não Vim Trazer Paz
São várias histórias verídicas do tempo
dos mártires, entre elas: A mulher do per-
cussionista, O prisioneiro da perna de pau,
Agostinho padeiro, entre outras. 289 pág.
#31150
468
Seguindo o Príncipe da paz
Marvin Rohrer. O que devemos fazer se
alguém nos ferir? Ou se alguém roubar
nossos bems? Examine os ensinamentos
Bíblicos acerca do amor divino na vida do
cristão. 160 pág. #82355
469
Uma vida bem-sucedida
Luke S. Weaver. Este livro é um guia sobre
os fundamentos econômicos. Os conse-
lhos contidos nele abrangem desde a for-
mação de pequenos hábitos financeiros e
decisões importantes para a vida, até con-
selhos de como lidar com o fracasso. Este
livro promove autodisciplina e diligência
para um estilo de vida econômico e prático.
216 pág. #91121
470
Que falem os primeiros cristãos
David W. Bercot. Uma análise da Igreja
moderna sob a luz do cristianismo primi-
tivo. Este livro nos mostra quais eram os
costumes e as crenças religiosas dos cris-
tãos no período pós-apóstolos, e nos dá
uma nova visão sobre os problemas que
a igreja enfrenta atualmente, oferecendo
uma solução para eles. É um chamado
para que busquemos a santificação per-
dida, o amor sincero, e a infinita paciência
dos cristãos primitivos. 208 pág. #37105
471
Conselhos práticos para a família cristã
John Coblentz. Este livro é para pais e
jovens que procuram direção e conselhos
bíblicos para suas vidas. Contém páginas
de instruções práticas para as inúmeras
situações da vida familiar, com perguntas
que podem servir como guia de estudos.
320 pág. #37204
A vida vitoriosa
John Coblentz. Os passos para a vitória
nem sempre são fáceis, porem, valem o
sacrifício, porque nos conduzem ao céu.
Neste livro encontrará um guia prático
e detalhado da Palavra de Deus que lhe
mostrará como viver vitorioso contra o
pecado. 96 pág. #37198
472