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diferenças.
O presente artigo tem como objetivo, fazer uma reflexão sobre a educação popular e a escola
pública como um espaço construído por personagens das mais diferentes culturas, valores,
cor, experiência de vida... Enfim, a escola é um dos equipamentos públicos, formado por uma
por indivíduos que trazem em suas mochilas alem de livros, suas culturas e sua história. Essa
realidade escolar é importante para a formação dos jovens na perspectiva de desconstrução do
preconceito e discriminação nas suas mais variadas manifestações. Esse artigo abordará
também reflexões realizadas em maravilhosos encontros de aulas ministradas pelo Dr.
Munanga, durante o primeiro semestre de 2018 do curso de mestrado em Ciências Sociais da
UFRB do campus de Cachoeira Recôncavo da Bahia.
Esse trabalho será dividido em quatro partes, a começar pela introdução, em um segundo
momento fará uma breve retomada no processo histórico do acesso a educação para crianças
negras no Brasil, seguindo para um terceiro capitulo que abordará a escola como um aparelho
reprodutor da ideologia burguesa, que tem no Estado seu comitê de representantes. No quarto
capítulo trará a luz para o leitor, o complexo espaço social denominado escola e sua
multiculturalidade, que é um fator importante e positivo para a construção de uma sociedade
mais inclusiva e aberta a aceitação das diferenças. Mas, porém, pode significar uma
ferramenta utilizada pela classe dominante, para fortalecer sua ideologia burguesa, que
marginaliza a população negra e pobre, impedindo-as de ter acesso a uma educação ampla,
que respeite sua ancestralidade, sua cultura, sua religião e que materializa uma educação
elitista, branca, erudita e excludente para meninos e meninas negros e negras.
A escola pública é um aparelho estatal, construído por crianças e adolescentes em sua maioria
de classe pobre, que moram em periferias brasileiras, sem luxos e que muitas vezes essas
crianças têm que trabalhar para ajudar financeiramente nas despesas de suas famílias.
Mas, retomando o inicio da história da infância no Brasil, escola não era um espaço que
pertencia a um coletivo de crianças brasileiras. Segundo Rizzini(2011), a educação era
somente para crianças de classe rica e branca. As crianças negras e pobres eram tidas como
um problema social e o Estado as deixavam a margem de política pública de proteção e
educação, além de sofrerem as punições e coerção do Estado pelo seu estado de pobreza.
Ao invés de frequentarem as escolas, crianças pretas e pobres, eram colocadas para o trabalho
a favor do sistema exploratório em indústrias e fábricas, como um mecanismo de resgate da
moral, de higiene social, de crianças que eram tidas como problema ou possíveis problemas
para o Estado, que naquele momento histórico, buscava entrar no rol de países desenvolvidos
e fortalecimento de relações econômicas com o grande império americano.
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O que os dirigentes do Brasil (classe elite dominante) almejavam, era sanear, civilizar e
moralizar o país, incidindo de maneira cruel sobre a camada pobre da sociedade, violentando
de maneira vil todas as crianças e adolescentes. (RIZZINI, 2011).
Diante dessa realidade histórica, é possível imaginar quanta dificuldade e sofrimento foram
impostos a essa parcela da sociedade, que para além do estado de pobreza, às vezes não tinha
uma convivência familiar, pois seus pais já haviam morrido ou estavam acometidos de
doenças, vícios, que entre outros fatores dificultavam ainda mais a convivência de famílias
negras no Brasil.
Imagina-se que, o espaço escolar para a classe negra era algo difícil de acessar, visto que,
crianças consideradas pelo Estado, eram os filhos e filhas do grupo burguês. O impedimento à
educação para os meninos e meninas negros e negras, servia como meio de dominação e
controle desse extrato social.
Segundo Passos (2002), a escola reflete toda a complexidade de relações sociais em que está
submetida à sociedade brasileira, mas também a escola se configura em um espaço para se
discutir todas as diferenças formadoras do seu corpo de discentes e debates sobre preconceito
se fazendo necessário para desconstrução de uma educação elitista, fragmentada e
preconceituosa.
Informações que são solicitadas nessas fichas de matriculas, são fatores de constrangimentos
para crianças negras, que segunda a autora, causam um desconforto e expressões de bulling,
violência dentro da comunidade escolar. Outro fator que se configura como prática
preconceito e desrespeito, dentro de um Estado laico, é a imposição do ensino religioso
católico, visto que, diante de tanta diferenças culturais, o Brasil não é formado apenas por
católicos, os negros que vieram da áfrica escravizados, e que são responsáveis por grande
maioria da formação da sociedade brasileira, também tem sua religião, mas não é trabalhada
nas escolas, de forma mais ampla e aprofundada, por profissionais especializados muitas
vezes, dificultando a representatividade da religião afrodescendente.
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A dificuldade não se encontra somente no acesso, mas sim na sua permanência na escola. A
pobreza e condições socioeconômicas impossibilitam a continuidade da população negra nos
espaços formal de educação. Transporte, alimentação adequada, fardamento e outros fatores
ainda impedem que alunos negros (as), consigam concluir seu período escolar, sem contar que
a maioria dos espaços de educação pública, encontra-se em péssimo estado de conservação,
fruto de uma gestão corrupta que desviam verbas destinadas para a educação como já foi
citado neste trabalho em páginas anteriores.
A educação é uma condição essencial para uma qualidade de vida, dando acesso ao mercado
de trabalho digno para a sociedade, mas a educação no Brasil sempre foi oferecida de forma
desigual, sem características universais, reservando para as crianças negras, uma educação
deficiente, longe das suas comunidades, com uma estrutura burocratizada, hierarquizada e
hegemônica, pois apresentam resistência de compreender e aceitar as diversidades dos alunos
negros e pobres dentro do universo estudantil. As diferenças identificadas pelo corpo de
docente, resumi-se ao bom e mau aluno, dentro de uma lógica cognitiva ou de
comportamento, estereotipando crianças e adolescentes.
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curricular das escolas. As vozes excluídas precisavam serem ouvidas e vistas por parte da
classe dominante e fazer fortalecer o sentimento de pertencimento da sociedade brasileira.
Muitos debates foram abertos em encontros, para demonstrar a importância das discussões
sobre o tema, e da criação de uma disciplina que abordasse a história e cultura da África.
Resultado disso foi em 1985, a inclusão da referida disciplina para estudantes de primeiro e
segundo grau das escolas. Em Salvador/ Bahia, por exemplo, a Lei 5.692/71 estabelecia que o
currículo escolar de alunos do ensino fundamental 1 e 2 e do segundo grau, teriam uma base
comum nacional obrigatório, e uma outra parte diversificada, que ficaria a critério da escola
para a inclusão dessa disciplina, levando em conta sua demandas e as particularidades da
comunidade de onde a escola estivesse inserida.
A escola é um espaço social construído por diferenças, dentre as que se podem citar estão:
religião, etnia, cor, cultura. São elementos que dificultam e tornam mais complexas as
relações que são estabelecidas dentro desse espaço pelo público frequentador do mesmo, é um
espaço de formação da cidadania, por isso a importância, de ser constituído e materializado,
um espaço onde deve se respeitar e de aceitar todas as formas de expressões culturais.
Depois do que foi discutido neste trabalho, observa-se que a escola como comitê burguês,
reflete sua ideologia, desenvolvem ações educativas que demonstram desigualdades sociais,
raciais, religiosas, culturais, econômicas que a sociedade brasileira está envolvida e se
desenvolve dentro do sistema capitalista ao qual ela está engendrada.
Mas, ainda sim, a escola configura-se um caminho para formar cidadãos mais conscientes,
críticos, respeitosos, entre outras qualidades, para que uma sociedade tão preconceituosa,
excludente, desigual supere todas essas ações conservadoras que ainda estão tão enraizadas
no meio social, mantendo uma pequena classe denominada elite, com uma arma poderosa e
manipuladora nas mãos: o conhecimento.
Segundo Passos (2002): “a escola representa a superação das formas mais variadas de
preconceitos e a única possibilidade de instrumentalização para a sobrevivência, na sociedade
desigual que temos”.
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Considerando essa diversidade cultural dos estudantes, sente-se a falta do fortalecimento de
debates sobre questões éticas e raciais inclusos em currículo escolar anual. Sendo a escola, um
modelo eurocêntrico burguês de ensino no Brasil, questões raciais e éticas são tocadas de
maneira frágil e limitadas resumindo-se a datas comemorativas com 13 de maio e 20 de
novembro, respectivamente libertação dos escravos e dia da consciência negra. Sem falar que
a mídia na maioria das vezes marginaliza em seus noticiários o povo negro.
O Estado e seu aparato de mecanismo de apoio desconstrói toda a história do negro e a sua
importância na contribuição da construção da sociedade brasileira. O povo negro é resumido
aos escravizados que vieram da África pelos colonizadores, que aqui chegando foi apagado
sua cultura, seus nomes, sua religião, sua cultura, ficando oprimido em uma data do ano letivo
para muitos estudantes. Os mesmos não se reconhecerem como pertencentes a sociedade que
seus antepassados ajudaram a construir, fragilizando a sua identidade como negro (a).
Conclusão
O Brasil, desde época da colonização, é formado por essa imensa diversidade, oriundas da
Europa, da África, dos Índios, e é essa multiplicidade que faz a nossa sociedade ser diferente
em toda sua essência.
O multiculturalismo permite que as diferenças sejam, visualizadas e materializadas em seu
cotidiano por estudantes e suas características e peculiaridades. Está nas diferentes formas de
pensar, de ser, de crer, de agir, de gênero, de cor... O espaço escolar precisa ainda mais
fortalecer em suas ações pedagógicas para entender, como esses expressões são desenvolvidas
na sala de aula, pelos alunos, e que discussões e debates sejam colocados em pautas, para se
cria mecanismos de conscientizações e aceitação das diferença pelos corpo docente e discente,
na perspectiva de um educação inclusiva e preventiva de preconceitos, seja ele de que for.
A escola precisa desconstruir sua cultura erudita em sua maioria, e ampliar sua aceitação para
culturas populares no intuito de visualizar que essas diferenças são a sua essência para a
materialização e formação da cidadania.
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Referencias
Carvalho, José Jorge de - Inclusão étnica e racial no Brasil – Attar Editorial - São Paulo-
2005.
Nascimento, Elisa Larkin- O sortilégio da Cor – Identidade, raça e Gênero no Brasil – Ed.
Selo Negro- São Paulo : Samus, 2003
RIZZINi, Irene. O Século Perdido: Raízes Históricas das políticas Públicas para a Infância
no Brasil. 3. ed. São Paulo: Cortez,2011.
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