Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
De acordo com Anastásio e Silva (2008), qualquer mudança, por menor que
seja, é capaz de gerar inúmeras possibilidades alternativas e define mudança como
sendo a diferença que ocorre ao longo do tempo.
Gonçalves (2008b)
Michél Foucault, filósofo e historiador Francês, é a terceira influência identificada por Monk e Gehart (2003) em White e
Epston. Foucault procurou compreender como a nossa subjectividade foi sendo moldada historicamente. Estamos
habituados, e a psicologia tem reforçado este hábito, a pensar na nossa subjectividade ou na nossa vida psicológica
como o resultado de processos naturais, da nossa biologia. Há contudo
autores (e.g., Danziger, 1997), com particular distinção para Foucault, que
enfatizam o modo como os pressupostos que organizam a nossa vida são o
resultado de processos de construção histórica.
Não é preciso muito esforço para se perceber que a classificação de "adequado" (e suas inúmeras variações) se modifica
extraordinariamente conforme nos deslocamos para outras culturas ou para outros tempos históricos. Por exemplo, se
parece constituir um critério de "desadequação" das famílias ocidentais a excessiva proximidade entre os seus membros,
com "interferências" de diferentes gerações (e.g., tios, avós) na estrutura familiar nuclear, já nas famílias turcas esta
"desadequação" é a norma (Valsiner, 2000). Deste modo, um terapeuta familiar na Turquia precisa de ter em
consideração que o conceito de família aglutinada, não é a excepção, mas a regra.
Para Foucault, este poder foi sendo internalizado, tornando hoje o ordenamento espacial e temporal que referimos algo de
"natural" e de não questionado. Enquanto as formas de poder baseadas na Lei se limitavam a exercer-se negativamente
(punindo os desvios), o exercício de poder que historicamente se segue opera positivamente, não no sentido, valorativo, mas no
sentido em que cria efeitos concretos (e.g., desejo de ser produtivo)'.
Dito de outro modo, este novo poder resulta em modos de objectivação e modes de subjectivação (cf. Madigan, 1998a;
Monk & Gerhart, 2003). Os primeiros tornan visível a conduta sob a forma de estratégias de classificação (e.g., nos
saberes psi, es DSMs e afins), de separação e de segregação (e.g., panóptico); enquanto os segundes especificam o que
é ser adequado, normal, perfeito, produtivo, etc., através do mooo como organizamos a nossa subjectividade (e.g., o tipo
de objectivos que perseguimos, aquilo a que nos obrigamos a sentir ou a pensar).
Para Foucault (1986), em síntese, a partir do século XVII, a "alma, (é) efeito e instrumento de uma anatomia política; a
alma (é) prisão do corpo" (p. 32), dado qie as operações de poder já não se dirigem somente ao corpo (como no
suplício), mas fundamentalmente se dirigem ao modo como a nossa vida psíquica é organizada.
Na psicoterapia narrativa este enquadramento teórico opera dentro da tradição da re-autoria e tem como objetivo expor
no processo terapêutico aquelas “verdades” tomadas por adquiridas que nos ditam como viver e comportar, ou,em
outras palavras, desconstruir os treinos culturais que influenciam o modo como nos conhecemos a nós próprios, isto é,
os pressupostos de género, de raça, de classe social, as preferências sexuais, tal como as práticas disciplinares de
perfeição, auto-vigilância, receio de não estar à altura, vergonha, etc" e os efeitos que estas práticas têm na vida da
pessoa."
Como acabamos de ver os seres humanos vivem as suas vidas de acordo com histórias, As histórias têm uma dupla
face: permitem-nos dar significado ao caos que seria a vida sem narrativa, mas ao mesmo tempo funcionam como uma
espécie de "colete- -de-forças" pára o que pode ser vivido. Assim, a estrutura narrativa permite-nos dar significação à
vida, mas simultaneamente impõe constrangimentos ao modo como podemos significar. Por exemplo, se alguém
sistematicamente narra a vida como uma tragédia,.todos os acontecimentos fora deste enquadramento serão tornados
irrelevantes para a coerência da história. Isto significa que como diz E. Bruner (1986, cit. White & Epston, 1990) "a
experiência de vida é mais rica que o discurso" (p. 11)
Assim, convém enfatizar que tudo aquilo que não é historiado pelo sujeito (para si próprio e/ou para os outros) é
tornado irrelevante. Em larga medida esta irrelevância é obtida através do esquecimento. Ou seja, o que não é narrado é
esquecido.
Como vimos atrás, as histórias não são produções individuais, dado que há pressupostos (i.e., as verdades tomadas
como adquiridas) que as organizam e que são o resultado da nossa história e da nossa cultura. Considerar-se "normal"
não ter traços muito exagerados de personalidade; considerar-se "adequado" ou "funcional" ter uma família com
fronteiras claras entre os subsistemas (cf. Minuchin, 1974/1999); considerar-se "desejável" ter um determinado peso,
para se ter sucesso junto dos outros; considerar-se "saudável" a competitividade entre as pessoas, são, entre outros,
exemplos de pressupostos que organizam ou constrangem as nossas vidas. Estes pressupostos são produções sociais,
que podem ter um impacto poderoso nas nossas vidas, conduzindo à formação de narrativas que envolvem sofrimento
(e.g., porque não se consegue viver de acordo com aqueles pressupostos).
Este modelo de psicologia narrativa recusa a tradicional concepção de déficit dos modelos psicopatológicos.
De acordo com o paradigma tradicional da psicopatologia, as pessoas com alguma perturbação mental tem menos
competência para lidar com dificuldades do que as pessoas normais, porém esta ideia tem sido amplamente criticada,
quer na teoria quanto na prática clínica. De acordo com Gonçalves (2008b),sabe-se que determinado
indivíduo tem certo comportamento desviante dos demais através da observação
deste.
Segundo o modelo estratégico de Waltslawich, Weakland e Fish (1974,apud Gonçalves, 2008b) os problemas
surgem porque pessoas com dificuldades normais da vida lidam com ele de modo hiperracional. Note que a idea de
“hiperracional” é um ponto de vista externo.
A larga maioria dos problemas psi podem ser re-descritos a partir deste
conceito de narrativa totalitária: depressão, ansiedade, anorexia, etc.
Para White (1994), quando o terapeuta se defronta com uma história totalitária, em que o problema de algum modo
molda a identidade da pessoa, impedindo a diversidade, e conduzindo a uma definição patologizadora (e.g., depressão)
de si, é necessário desconstruir o problema., ou seja, investigar "verdades" não questionadas que sustentam a história
problemática.
Sob o ponto de vista do cliente a externalização tende a criar um movimento de desresponsabiiização pelo problema e
responsabilização pelas soluções, exatamente o contrário do que acontece numa perspectiva internalizadora em que o
cliente se vê responsabilizado e culpabilizado pelo problema, mas sem capacidade de sentir qualquer responsabilidade
na procura de soluções. Quando a externalização funciona tende a ser criado um espaço "linguístico e relacionai que
convida as pessoas a imaginar e activar relações alternativas e preferidas com os problemas" (Roth & Epston, 1996, p.
151).
Gonçalves (2008c)
A Terapia Centrada nas Soluções (TCS), mais do que qualquer outro modelo,
enfatiaa a natureza breve do processo terapêutico, sugerindo que mudanças
duradouras e consistentes frequentemente provem de sessões únicas.
Os objetivos terapêuticos
O´hanlon (1998, apud Gongalves , 2008c) afirma que os terapeutas que se centram nas soluções aprenderam
a fazer algo parecido com a reflecão de sentimentos proposta por Carl Rogers, de modo que eles enfocam a terapia
para soluções desde que o cliente fale excessivamente do problema, mas agem de modo inverso se o cliente fala
demais em soluções.
Estratégias Terapêuticas
futuro a serviço da identificação de soluções e concretização gradual de objetivos. A formulação típica envolve a
pergunta: “imagine que ao chegar, depois de se de deitar,algo estranho aconteceu e os problemas que o trouxeram
Utilização de tarefas
Shazer (1991 apud Gonçalves, 2008c) propõe uma terapia simples, que deve
seguir os seguintes prinpícios, para não perder a simplicidade:
Não consertar o que está estragado, ter em mente que as pessoas tem
problemas e não são os problemas
Se não funcionar, pare de fazer, não apenas com o cliente, mas retire doseu
repertório de estratégias.
Estrutura genérica da terapia
É importante este formato “plantão” porque cada dia Leila vem de um jeito!