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17/08/2015 ­ 05:00

A bolha de consumo, a prova do crime
Por Luiz Carlos Mendonça de Barros

O leitor do Valor conhece minha posição de que vivemos hoje no Brasil o ocaso de duas forças estruturais que
comandaram nos últimos 12 anos nossos destinos de cidadãos. A força da economia nos anos Lula ­ e no primeiro
mandato da presidenta Dilma Rousseff ­ permitiu a construção da hegemonia política em torno do PT e de seus
líderes principais. Sabemos hoje que outra força auxiliar ­ a corrupção construída institucionalmente pelo PT
junto à máquina pública brasileira ­ ajudou no estabelecimento desta hegemonia.

Mas é importante entender que foi ­ de longe ­ a força da economia entre 2004 e 2012 que permitiu o domínio
político e social do Partido dos Trabalhadores a partir do bem­estar de grande parte da sociedade. Os outros
mecanismos foram apenas pichulés, para usar uma expressão muito em voga na mídia hoje. Por acreditar nesta
correlação é que, ainda no início de 2014, passei a antever o fim da hegemonia petista e o início de novos tempos
na politica brasileira. Se foi a economia o elo principal no sucesso de Lula e do PT, a mudança de sinal que ocorreu
a partir de 2012, teria influência decisiva no apoio popular e político a seu projeto de poder. Um raciocínio simples
e linear de um engenheiro formado pela Escola Politécnica.

O apoio popular ao governo Dilma deve continuar no chão até pelo menos as eleições municipais
de 2016

E a compreensão dos problemas que a gestão da economia no primeiro mandato da presidente Dilma estava
criando era um desafio simples para os economistas maduros em sua profissão. Estou anexando para melhor
visualização do leitor sobre a mudança de sinal na economia um gráfico muito inteligente elaborado pela empresa
de consultoria econômica LCA sobre a evolução das vendas ao varejo até julho passado. E ele mostra de forma
definitiva a razão para a desconstrução gradual do poder petista ao longo dos últimos quatro anos.

A LCA dividiu as vendas no varejo em dois grupos distintos, agregando no primeiro os produtos ligados à renda
do consumidor e no segundo os ligados à disponibilidade de crédito bancário. As vendas de alimentos, vestuário e
outras despesas domésticas estão no bloco de bens ligados à renda do consumidor, enquanto que automóveis,
eletrodomésticos e outros bens de consumo duráveis compõem o núcleo principal do segundo.

As curvas destes dois grupos construídas a partir de 2003 em números índices são autoexplicativas, pela
divergência entre elas. Enquanto as vendas de produtos ligados à renda real do consumidor estão praticamente
constantes após junho de 2013, as vendas dos produtos dependentes do crédito apresentam, entre seu ponto
máximo atingido em dezembro de 2013 e os dados de junho ultimo, uma queda de quase 25%.

O gráfico permite uma observação reveladora da bolha de consumo criada artificialmente pelo governo no ano
eleitoral de 2014: o início da queda cíclica do consumo de bens duráveis deu­se a partir do último trimestre de
2013 e, 12 meses depois, os gastos dos consumidores já apresentavam uma queda de 15%. Esta data marca o
início do fim do ciclo iniciado em 2004 e o momento em que a política econômica deveria ter mudado de sinal.
Mas o governo, alarmado com o furo da bolha em um ano eleitoral como já havia acontecido em 2010, acionou os
bancos públicos e criou uma superoferta de crédito ao consumo. Como resultado, nos meses anteriores à eleição
presidencial, o consumo ligado ao crédito recuperou mais da metade da perda dos doze meses anteriores,
voltando próximo ao pico da série em 2012.

Passadas as eleições, com a mudança da política econômica do
governo Dilma, a bolha furou de vez. Não foi possível repetir a mágica
das medidas anticíclicas utilizadas nos primeiros anos da era Dilma
pois a inflação e a deterioração das contas públicas impediam isto. O
boom de commodities criada pela demanda chinesa já era coisa do
passado, o endividamento do consumidor ultrapassava os limites do
razoável e a inflação obrigou ao Banco Central a subir os juros de
forma agressiva. Ou seja, desta vez, de forma diferente do que
ocorrera em 2011, o governo teve que enfrentar a desaceleração da economia com uma política recessiva e de busca
de ajustes estruturais. Mas já não tinha o apoio da sociedade e do sistema político para levar adiante o programa
econômico desenhado pelo novo ministro da Fazenda. A população, sentindo­se enganada pela campanha
eleitoral de Dilma reagiu de forma agressiva retirando seu apoio ao governo e às medidas impopulares propostas
pelo palácio do Planalto.

A partir de agora temos que acompanhar os acontecimentos na economia e na política para antever o desenho de
uma nova hegemonia de poder que substituirá a que encerra agora com o colapso do chamado Lulo Petismo. Mas
aconselho ao leitor muito cuidado em suas previsões, pois ainda não visualizo as condições necessárias para
criação desta nova referência. Basta olhar para a mudança de 180° na relação do governo com o presidente do
senado.

Já na economia vamos continuar a sangrar, pois as consequências do estouro da bolha de consumo ainda estarão
entre nós por pelo menos mais um ano. Por isto o apoio popular ao governo Dilma deve continuar no chão até pelo
menos as eleições municipais de 2016.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor­estrategista da Quest
Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Escreve mensalmente às
segundas.

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