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Prezado aluno,
Este material foi preparado com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento, no Direito Administrativo,
dos candidatos a uma vaga no serviço público. Não deve haver apenas o conhecimento teórico do Direito,
mas também dos posicionamentos adotados pelos Tribunais. Em concursos públicos, muitas provas abordam
aspectos jurisprudenciais, como a banca Cespe/UnB. Desta forma, o candidato deve estar atento aos
posicionamentos apontados para que logre êxito no certame.
Este compilado de decisões do STJ foi preparado em agosto de 2018. Cabe ao candidato acompanhar, a
partir de então, as novas decisões do Tribunal, no intuito de aprofundar ainda mais os estudos de Direito
Administrativo.
É recomendável que, antes de fazer a leitura deste material, o aluno tenha conhecimento teórico razoável, já
que alguns temas aqui abordados possuem certa complexidade, o que, dependendo da interpretação dada
pelo candidato, pode levar a uma equivocada conclusão acerca de algum tema. Não recomendo que a leitura
seja feita por quem não conhece as discussões acerca do Direito Administrativo. O intuito é ajudar sem
complicar. Se você está manuseando este material, mas não está sentindo-se à vontade com a leitura, é sinal
de que precisa fazer um reforço teórico.
Ressalto que quaisquer dúvidas acerca de algum tema aqui abordado, bem como sugestões, críticas, elogios
ou complementações que se façam necessárias podem ser enviadas para profrodrigomotta@yahoo.com.br.
Estou também no Facebook (Perfil: Rodrigo Motta) e no Instagram (@profrodrigomotta). Meu grupo de
estudos no Facebook é o Direito Administrativo com Rodrigo Motta. Esteja ainda à vontade para que procure
pessoalmente o professor Rodrigo Motta. Leciono presencialmente no Estado do Rio de Janeiro.
No mais, desejo excelente estudo a você e aproveite ao máximo este material. Espero que ele seja de grande
valia para os seus estudos. Foi preparado com muito carinho, para que você atinja a sua meta, qual seja, a
aprovação no concurso público que almeja.
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SÚMULA N. 611
“Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração
de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela
imposto à Administração.”
Primeira Seção, aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Informativo n. 624).
Primeira Seção
PROCESSO
EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017
TEMA
Servidor Público. Remoção de cônjuge a pedido. Acompanhamento. Art. 36, III, "a", da Lei n. 8.112/1990.
DESTAQUE
O servidor público federal somente tem direito à remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei
n. 8.112/1990, na hipótese em que o cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício,
para atender ao interesse da Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal).
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Com efeito, a remoção "de ofício, no interesse da Administração" (inciso I) é aquela que pode ocorrer
mesmo contra a vontade do servidor, mas visa a atender à eficiência da Administração Pública; a remoção "a
pedido, a critério da Administração" (inciso II) é aquela que (por ser a pedido) atende à vontade manifestada
pelo servidor, a par de (sendo "a critério da Administração") servir à boa gestão pública; já a remoção a
pedido "independentemente do interesse da Administração" (inciso III) é aquela que atende à vontade
manifestada pelo servidor e que pode até mesmo ser contrária à melhor gestão de pessoal. Nota-se, assim,
que a forma prevista no inciso II revela um meio-termo entre a garantia da eficiência administrativa e dos
interesses privados do servidor; ao passo que as hipóteses dos incisos I e III são extremas. Isso considerado,
conclui-se que a remoção prevista no art. 36, inciso III, "a", da Lei n. 8.112/1990 (remoção "a pedido",
"independentemente do interesse da Administração", "para acompanhar cônjuge ou companheiro"
"deslocado no interesse da Administração"), sendo excepcional, só se encontra legalmente justificada
quando o cônjuge/companheiro "deslocado no interesse da Administração" foi deslocado na hipótese do
inciso I, ou seja, de ofício, para atender ao interesse da Administração e independentemente de sua vontade.
(Informativo n. 617).
Primeira Turma
PROCESSO
REsp 1.460.331-CE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, por maioria,
julgado em 10/04/2018, DJe 07/05/2018
TEMA
Servidor público. Médico do trabalho. Cargo de auditor-fiscal. Enquadramento. Cumulação com outro
vínculo como médico. Impossibilidade.
DESTAQUE
O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina do trabalho, não pode cumular o exercício do
seu cargo com outro da área de saúde.
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que, visando acumular dois cargos de médico da administração pública, fizeram a opção por permanecer
como médico do trabalho (art. 10, § 2º, da MP n. 1.915-1/1999 e art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.593/2002)
(Informativo n. 625).
PROCESSO
REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, por maioria, julgado em 30/11/2017, DJe 19/12/2017
TEMA
Concurso público. Nomeação tardia. Erro reconhecido pela Administração. Indenização. Remuneração
retroativa. Impossibilidade.
DESTAQUE
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a
demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública.
Segunda Turma
PROCESSO
REsp 1.687.381-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe 23/04/2018
TEMA
Programa Minha Casa Minha Vida. Caráter social. Legislação própria. Rigorismo da lei de Licitações
afastado. Princípios da administração pública preservados.
DESTAQUE
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As regras gerais previstas na Lei n. 8.666/1993 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa Minha
Vida, por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 10.188/2001, desde que se observem os princípios
gerais da administração pública.
SÚMULA N. 591
É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada
pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.”
Primeira Seção, aprovada em 13/9/2017, DJe 18/9/2017 (Informativo n. 610)
Corte Especial
PROCESSO
EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, por maioria, julgado em 7/12/2016, DJe 15/2/2017.
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TEMA
Servidor público. Remoção. Resistência da administração pública. Teoria do fato consumado.
Inaplicabilidade.
DESTAQUE
A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a
acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja
perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de
mérito.
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acompanhamento de cônjuge fora da estrita moldura normativa. Não se deve perder de vista que a teoria do
fato consumado é de aplicação excepcional e deve ser adotada com cuidado e moderação, para que não sirva
de mecanismo para premiar quem não tem direito pelo só fato da demora no julgamento definitivo da causa
em que fora deferida uma decisão liminar, cuja duração deve ser provisória por natureza. Com essas
considerações, tem-se por inaplicável a teoria do fato consumado para consolidar remoção destinada a
acompanhamento de cônjuge, em situação que não se adéqua à legalidade estrita, mitigando a interpretação
do artigo 36, III, "a", da Lei n. 8.112/1990, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude
de decisão liminar não confirmada quando do julgamento de mérito. (Informativo n. 598)
PROCESSO
MS 21.991-DF, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, por maioria,
julgado em 16/11/2016, DJe 3/3/2017.
TEMA
Mandado de segurança. Procedimento administrativo disciplinar. Servidor efetivo cedido. Fases.
Competência. Cisão. Possibilidade. Instauração e apuração pelo órgão cessionário. Julgamento e eventual
aplicação de sanção pelo órgão cedente.
DESTAQUE
A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve dar-se, preferencialmente, no
órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade, mas o julgamento e a eventual aplicação de
sanção, quando findo o prazo de cessão e já tendo o servidor retornado ao órgão de origem, só podem
ocorrer no órgão ao qual o servidor público federal efetivo estiver vinculado.
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Primeira Seção
PROCESSO
MS 21.669-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 23/08/2017, DJe 09/10/2017
TEMA
Servidor público. Diretor-Presidente de fundação de natureza privada. Processo administrativo disciplinar.
Atos ilícitos. Recursos públicos. Princípios basilares da administração pública. Lei n. 8.112/1990.
Aplicabilidade.
DESTAQUE
É legal a instauração de procedimento disciplinar, julgamento e sanção, nos moldes da Lei n. 8.112/1990 em
face de servidor público que pratica atos ilícitos na gestão de fundação privada de apoio à instituição federal
de ensino superior.
PROCESSO
MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 22/2/2017, DJe 31/3/2017.
TEMA
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Concurso público. Mandado de segurança pleiteando participação na segunda etapa. Ação ordinária para
assegurar nomeação. Denegação da ordem que prejudica a procedência da demanda. Candidato nomeado
para cargo público com amparo em medida judicial precária. Caso concreto. Excepcionalidade.
Aposentadoria do impetrante.
DESTAQUE
Quando o exercício do cargo foi amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes
do julgamento final de mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após
legítima contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao servidor
prosseguir no certame não pode ocasionar a cassação da aposentadoria.
PROCESSO
MS 14.731-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 14/12/2016, DJe
2/2/2017.
TEMA
Mandado de Segurança. Portaria Interministerial. Ato administrativo complexo. Revogação.
DESTAQUE
A portaria interministerial editada pelos Ministérios da Educação e do Planejamento demanda a
manifestação das duas pastas para a sua revogação.
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Primeira Turma
PROCESSO
REsp 1.530.017-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, julgado em 21/09/2017, DJe
29/09/2017
TEMA
Taxa para emissão, renovação, transferência e expedição de segunda via de certificado de registro de arma
de fogo particular. Isenção. Arts. 6º e 11, § 2º, da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). Extensão
aos policiais rodoviários federais aposentados. Impossibilidade. Benefício vinculado ao efetivo exercício do
cargo.
DESTAQUE
A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e expedição de segunda via de
certificado de registro de arma de fogo particular prevista no art. 11, § 2º, da Lei n. 10.826/2003 não se
estende aos policiais rodoviários federais aposentados.
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efetivo do cargo, discrímen esse justificado por aspectos factuais e axiológicos diferenciados. Logo, embora
o agente de segurança pública preserve em certa medida o vínculo institucional com a corporação, esse liame
é, a partir da aposentadoria, de cunho preponderantemente previdenciário. Isso considerado, é induvidoso
que a norma isentiva do art. 11, § 2º, da Lei n. 10.826/2003, destina-se aos servidores ativos, é dizer, aqueles
cuja utilização da arma de fogo, institucional e/ou particular, é indeclinável em virtude do risco a que estão
expostos por força do exercício diuturno e efetivo das atribuições do cargo. Por fim, consigna-se que o
entendimento desta Corte em torno da interpretação da norma de isenção, firmado em julgamento de recurso
especial submetido ao rito do art. 543-C do CPC/73, é no mesmo sentido: "[...] revela-se interditada a
interpretação das normas concessivas de isenção de forma analógica ou extensiva, restando consolidado
entendimento no sentido de ser incabível interpretação extensiva do aludido benefício à situação que não se
enquadre no texto expresso da lei, em conformidade com o estatuído pelo art. 111, II, do CTN" (REsp n.
1.116.620-BA, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Seção, DJe 25/8/2010). (Informativo n. 612)
PROCESSO
RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 29/09/2017
TEMA
Concurso público. Candidato aprovado fora do número de vagas. Desistência de candidatos melhor
classificados. Impetrante que passa a figurar no número de vagas previstas no edital. Direito à nomeação.
Existência. Segurança concedida.
DESTAQUE
A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola a mera expectativa em direito
líquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas
previstas no edital.
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PROCESSO
RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017.
TEMA
Concurso Público. Teste de aptidão física. Modificação na ordem de aplicação das provas. Prévia divulgação
por edital complementar. Isonomia. Legalidade.
DESTAQUE
A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, desde que
anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos
inscritos.
PROCESSO
REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, julgado em 7/3/2017, DJe 21/3/2017.
TEMA
Concurso público. Agente penitenciário. Exame psicotécnico. Subjetividade dos critérios previstos no edital.
Eliminação. Legitimidade passiva. Entidade responsável pela elaboração do certame.
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DESTAQUE
Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da
subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva
será da entidade responsável pela elaboração do certame.
PROCESSO
REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em 15/12/2016, DJe 17/2/2017.
TEMA
Interrupção no fornecimento de energia elétrica por razões técnicas. Exigência legal de aviso prévio.
Comunicação realizada por estações de rádio. Possibilidade.
DESTAQUE
A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia elétrica por meio de emissoras de rádio,
dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995.
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Segunda Turma
PROCESSO
REsp 1.677.380-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe
16/10/2017
TEMA
Teste de alcoolemia, etilômetro ou bafômetro. Recusa em se submeter ao exame. Sanção administrativa. Art.
277, § 3º c/c art. 165 do CTB. Autonomia das infrações. Identidade de penas. Desnecessidade de prova da
embriaguez.
DESTAQUE
A sanção do art. 277, § 3º, do CTB dispensa demonstração da embriaguez por outros meios de prova, uma
vez que a infração reprimida não é a de embriaguez ao volante, prevista no art. 165, mas a de recusa em se
submeter aos procedimentos do caput do art. 277, de natureza instrumental e formal, consumada com o
comportamento contrário ao comando legal.
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administrativa também constituir ilícito penal. Nas situações, entretanto, em que a independência das
instâncias é absoluta e os tipos infracionais distintos, a garantia não guarda aplicação. É o caso do § 3º do
art. 277 do CTB, pois este se dirige a deveres instrumentais de natureza estritamente administrativa, sem
conteúdo criminal, em que as sanções estabelecidas têm caráter meramente persuasório da observância da
legislação de trânsito. (Informativo n. 612)
PROCESSO
RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em 20/4/2017, DJe 2/5/2017.
TEMA
Concurso público. Prova dissertativa. Questão com erro no enunciado. Fato constatado pela banca
examinadora e pelo Tribunal de Origem. Existência de ilegalidade. Atuação excepcional do Poder Judiciário
no controle de legalidade. Sintonia com a tese firmada pelo STF no RE 632.853-CE.
DESTAQUE
Em prova dissertativa de concurso público, o grave erro no enunciado – reconhecido pela própria banca
examinadora – constitui flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão. De outra parte, a
motivação do ato avaliativo do candidato, constante do espelho de prova, deve ser apresentado anteriormente
ou concomitante à divulgação do resultado, sob pena de nulidade.
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assim, não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que o referido erro não
influiria na análise do enunciado pelo candidato. Com base nessas premissas, o erro no enunciado da questão
teve sim o condão de influir na resposta dada pelo candidato, sobretudo considerando que os institutos da
"saída temporária" e "permissão de saída" possuem regramentos próprios na Lei Execução Penal. Essa
conclusão vai ao encontro da tese firmada pelo STF no recurso extraordinário supramencionado, pois
estamos diante de evidente ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário. Quanto à questão n. 5, tem-
se que, na seara de concursos públicos, há etapas em que as metodologias de avaliação, pela sua própria
natureza, abrem margem para que o avaliador se valha de suas impressões, em completo distanciamento da
objetividade que se espera nesses eventos. Nesse rol de etapas, citam-se as provas dissertativas e orais. Por
essa razão, elas devem se submeter a critérios de avaliação e correção os mais objetivos possíveis, tudo com
vistas a evitar contrariedade ao princípio da impessoalidade, materializado na Constituição Federal (art. 37,
caput). E mais. Para que não pairem dúvidas quanto à obediência a referido princípio e quanto aos princípios
da motivação dos atos administrativos, do devido processo administrativo recursal, da razoabilidade e
proporcionalidade, a banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados desse tipo de
avaliação, deve demonstrar, de forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital
foram devidamente considerados, sob pena de nulidade da avaliação. A clareza e transparência na utilização
dos critérios previstos no edital estão presentes quando a banca examinadora adota conduta consistente na
divulgação, a tempo e modo, para fins de publicidade e eventual interposição de recurso pela parte
interessada, de cada critério considerado, devidamente acompanhado, no mínimo, do respectivo valor da
pontuação ou nota obtida pelo candidato; bem como das razões ou padrões de respostas que as justifiquem.
Destaque-se que as informações constantes dos espelhos de provas subjetivas se referem nada mais nada
menos à motivação do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato, pelo que deve ser
apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação
posterior, dar-se-ia ensejo para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual impugnação
ao ato. Tudo em consonância ao que preconizam os arts. 2º, caput, e 50, § 1º, da Lei n. 9.784/1999, que
tratam do processo administrativo no âmbito federal. No caso dos autos, a banca examinadora do certame
não só disponibilizou a nota global do candidato quanto à questão n. 5, como também fez divulgar os
critérios que adotara para fins de avaliação, o padrão de respostas e a nota atribuída a cada um desses
critérios/padrões de respostas. Assim, não merece prosperar a alegada afronta ao devido processo recursal
administrativo e do princípio da motivação, na medida em que foram divulgadas ao candidato as razões que
pautaram sua avaliação, devidamente acompanhadas das notas que poderia alcançar em cada critério.
(Informativo n. 603)
PROCESSO
REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 7/3/2017, DJe 20/4/2017.
TEMA
Licitação e contratos. Contratação de militar licenciado para prestar consultoria à empresa que celebra
contrato com o Exército Brasileiro. Violação dos art. 9º da Lei n. 8.666/1993 e 7º da Lei n. 10.502/2002.
Comportamento inidôneo. Caracterização.
DESTAQUE
O fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode participar de
procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão
contratante ou responsável pela licitação.
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PROCESSO
REsp 1.469.087-AC, Rel. Min. Humberto Martins, por unanimidade, julgado em 18/8/2016, DJe
17/11/2016.
TEMA
Concessão de serviços aéreos. Transporte aéreo. Serviço essencial. Cancelamento de voos. Abusividade.
Dever de informação ao consumidor.
DESTAQUE
O transporte aéreo é serviço essencial e pressupõe continuidade. Considera-se prática abusiva tanto o
cancelamento de voos sem razões técnicas ou de segurança inequívocas como o descumprimento do dever
de informar o consumidor, por escrito e justificadamente, quando tais cancelamentos vierem a ocorrer.
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dispositivos da Lei 8.078/1990, assim como podem ser inferidas, conforme autoriza o art. 7º, caput, do CDC,
a partir de outros diplomas, de direito público ou privado, nacionais ou estrangeiros. Assim, o cancelamento
e a interrupção de voos, sem razões de ordem técnica e de segurança intransponíveis, é prática abusiva
contra o consumidor e, portanto, deve ser prevenida e punida. Também é prática abusiva não informar o
consumidor, por escrito e justificadamente, quando tais cancelamentos vierem a ocorrer. A malha aérea
concedida pela ANAC é uma oferta que vincula a concessionária a prestar o serviço concedido nos termos
dos arts. 30 e 31 do CDC. Independentemente da maior ou da menor demanda, a oferta obriga o fornecedor a
cumprir o que ofereceu, a agir com transparência e a informar o consumidor. (Informativo n. 593)
PROCESSO
RMS 49.339-SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, por unanimidade, julgado em 6/10/2016, DJe 20/10/2016.
TEMA
Greve de servidor público. Dias não compensados. Desconto em folha. Parcelamento.
DESTAQUE
Não se mostra razoável a possiblidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor
público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve.
PROCESSO
REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 15/9/2016, DJe 11/10/2016.
TEMA
Obras de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Alegação da Teoria da Reserva do
Possível.
DESTAQUE
É essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, o direito de pessoas com necessidades especiais
poderem frequentar universidade pública, razão pela qual não pode a instituição alegar a incidência da
cláusula da reserva do possível como justificativa para sua omissão em providenciar a conclusão de obras de
adaptação em suas edificações e instalações.
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