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RESENHA  1

Inocência branca e ignorância se manifestam em diversas situações e contextos,


agressiva: raça, gênero e moldando, inclusive, a dinâmica e os mecanismos
colonialismo holandeses de autorrepresentação. Trata-se, portan-
to, de uma etnografia da autorrepresentação branca
White innocence and aggressive holandesa dominante.
ignorance: race, gender, and colonialism Nessa medida, é importante atentar para a po-
sição que a branquitude ocupa nesse processo. Con-
WEKKER, Gloria. White innocence: paradoxes of forme argumenta Wekker, apoiando-se em uma
colonialism and race. Durham/Londres, Duke Uni- vasta tradição feminista negra, o fator branquitude
versity Press, 2016. 240 pp. não é reconhecido enquanto posição racial, e por
isso é tomado como condição neutra, normalizada.
Bruna Triana Com efeito, o livro dialoga e opera com o conceito
 https://orcid.org/0000-0002-6439-5457
de “saberes localizados”, de Donna Haraway, que
Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da remete à localização de quem fala e de quem es-
Universidade de São Paulo (PPGAS/USP), São Paulo –
SP, Brasil. E-mail: brunatriana@usp.br. creve. Em um espectro amplo de posições possíveis
no interior de determinado espaço social, nossa dis-
DOI: 10.1590/349909/2019
posição implica um impacto epistemologicamente
significativo na forma e no conteúdo do enunciado
Em White innocence, a antropóloga Gloria
emitido, o que pode servir, inclusive, para autori-
Wekker analisa os paradoxos holandeses1 de seu
zar ou desautorizar discursos. Uma vez que não há
passado colonial e escravocrata enraizados na iden-
igualdade de posições, a localização do saber recusa
tidade nacional, nas tradições culturais e nos pro-
a suposta “objetividade científica” e compreende
cessos de autorrepresentação coletiva. O projeto da
que o objeto do conhecimento é ativo e nunca “um
autora de origem afro-surinamesa é desmistificá-
escravo do senhor que encerra a dialética apenas na
-los, explorando as formas pelas quais eles operam
sua agência e em sua autoridade de conhecimento
na dinâmica de constituição e expressão da identi-
‘objetivo’” (Haraway, 1995, p. 36). Esse conceito
dade branca holandesa. Analisando uma diversida-
aparece no livro de Wekker de duas formas: primei-
de ampla de materiais – de memórias e experiên-
ro, na análise crítica à posição masculina e branca
cias pessoais a programas televisivos, de romances
que, por ser dominante, não se apresenta enquan-
populares a instituições públicas, de movimentos
to tal, mas como condição ordinária, natural, que
sociais e partidos a tradições nacionais –, Wekker
“produz, apropria e ordena toda a diferença” (Idem,
problematiza as variações, as ambiguidades e as jus-
p. 27); segundo, em relação à própria posição que a
tificações em que tais paradoxos operam.
autora ocupa, enquanto mulher, negra, de origem
Embasado, sobretudo, nas teorias decoloniais
surinamesa, lésbica, antropóloga e ativista empe-
e nos estudos de gênero – bem como na ideia de
nhada – intelectual e politicamente –, em compre-
interseccionalidade –, o livro é um trabalho funda-
ender como “a reserva de conhecimento e afeto, ba-
mental para compreender a imagem que a Holanda
seada em 400 anos de domínio imperial, cumprem
projeta para si mesma e para o mundo: uma nação
um papel vital, mas não reconhecido, nos processos
pequena, eticamente comprometida com valores
dominantes de produção de sentido, incluindo na
republicanos, de tradição hospitaleira, tolerante
produção do eu da sociedade holandesa” (p. 2).2
e liberal. No entanto, para além dessa face auto-
São três os paradoxos apresentados em relação
construída e globalizada de nação liberal, Wekker
aos processos de autorrepresentação branca holan-
denuncia o que não se revela (seja por negação,
desa. O primeiro paradoxo é o da não-identificação
seja repressão) nas estratégias de gerenciamento da
com o outro, sobretudo imigrantes e refugiados, a
autoimagem nacional. Para tanto, a autora exami-
despeito de o país ser uma nação de (descendentes
na como o passado colonial, a escravidão e a ques-
de) migrantes e refugiados – sejam judeus de Portu-
tão racial são, ainda nos dias de hoje, fatores que
gal e Espanha, huguenotes, belgas, indonésios, suri-
RBCS Vol. 34 n° 99/2019: e349909
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nameses, turcos, marroquinos. Os sinais de origem e de mundo de europeus brancos que lhes permite
devem ser apagados; assim, mais significativo que a continuar a ter uma visão idealizada de si mesmos.
origem e a classe social são as diferenças visíveis no Contudo, tal inocência é acompanhada de vio-
corpo, com base na cor da pele. O segundo parado- lência, física e simbólica, especialmente quando ela
xo é a autoimagem de vítimas inocentes, sobretu- é confrontada, algo que Wekker discute partindo
do, da ocupação alemã durante a Segunda Guerra dos conceitos de “melancolia pós-colonial”, de Paul
Mundial. Trata-se de uma memória focada nos hor- Gilroy (2005), e de “ignorância agressiva”, de Mills
rores do holocausto, mas que apagou a imagem de (2007). A inocência branca, portanto, estaria conec-
perpetradores de violência, bem como a escravidão tada aos privilégios e à violência do passado colo-
e a colonização, da memória coletiva do país. Por nial, de modo que envolveria um contínuo trabalho
fim, o terceiro paradoxo envolve a presença impe- para encobrir e ocultar o racismo estrutural e, assim,
rial holandesa no mundo, desde o século XVI, e a manter a suposta inocência.
(total) ausência dessa história nos currículos edu- A segunda categoria analítica na qual se susten-
cacionais, na produção de imagens nacionais, nos ta o argumento da autora é a de arquivo cultural, de
lugares de memória, em monumentos, literaturas e Edward Said (2011). O conceito refere-se às estru-
debates sobre identidade holandesa: “o fato de que turas de conhecimento, afeto e ação presentes nas
a Holanda foi uma formidável nação imperial é o dinâmicas de configurações de sentido e de repre-
segredo mais bem guardado do país” (p. 13). sentação nacionais. Trata-se de um repositório de
Esses paradoxos são enfrentados, pela antropó- memórias e de sentimentos que atua não apenas no
loga, a partir de três categorias analíticas que atra- sujeito, mas em políticas públicas, preceitos jurídi-
vessam a obra: inocência branca, arquivo cultural e cos, imaginário cultural e senso comum; isto é, são
autorrepresentação branca holandesa dominante. alicerces instituídos em séculos de domínio impe-
Entre as diversas complexidades que envolvem rial. Nesse sentido, a ideia de Wekker é argumentar
o racismo holandês, Wekker coloca em primeiro sobre como esse passado ainda está presente, uma
plano a inocência branca. O discurso da inocência – vez que estruturas e dinâmicas coloniais continuam
reivindicação que opera, também, em outros países atuantes em diversas áreas (institucionais, culturais,
europeus – tem ressonância em diversos sentidos e intelectuais etc.), com a intenção de “trazer para o
contextos na Holanda, como na religião cristã e na primeiro plano as memórias, o conhecimento e o
infância, por exemplo. A inocência branca fornece afeto em relação à raça que foram depositados nas
uma posição segura para comportamentos contra- populações metropolitanas e as relações de poder
ditórios à autoimagem construída e reivindicada. inseridas dentro delas” (p. 19). Para analisar esse
Essa inocência é utilizada ao justificar comentários arquivo cultural, a antropóloga sugere uma leitura
racistas – reportados como brincadeiras e sem in- interseccional das maneiras pelas quais a economia
tenção – e tradições nacionais. Isto é, argumentos racial imperial, em seus cruzamentos com gênero,
que alegam brincadeira ou não intencionalidade sexualidade e classe, continua a operar nas formas
ao tentar se defender de acusações de racismo (“era dominantes de sentimento e de conhecimento, e
apenas uma piada”, “é uma tradição infantil”, “eu como essas intersecções geram respostas agressivas,
não queria ofender”) mobilizam o recurso da ino- ao mesmo tempo que são refutadas pela sociedade.
cência. E esse recurso atua em um duplo sentido: Por fim, o terceiro conceito importante utili-
abrange o não saber, mas, também, o não querer zado no livro, a autorrepresentação branca holandesa
saber, conforme a epistemologia da ignorância pro- dominante, diz respeito ao que Wekker chama de
posta por Charles W. Mills (2007). Assim, com self metropolitano. Ela entende que a raça sempre
base em variados exemplos de racismo e sua reivin- foi a gramática organizacional e definidora da or-
dicação de inocência no cotidiano holandês (como dem social e da política imperial. Várias narrativas
comentários racistas em programas de TV, vivências são mobilizadas na construção da identidade nacio-
pessoais, testemunhos), a autora, retomando Franz nal, isto é, na definição do que é ser holandês: a
Fanon (2008), analisa a cisão na compreensão de si constante luta e o trabalho coletivo contra a água,
RESENHA  3

os mecanismos de resolução de disputas baseados lheres (brancas, é claro, pois não especificado), de
na negociação, a resistência contra os espanhóis minorias étnicas (ou seja, todas as outras mulheres)
no século XVI, a idade de ouro (século XVII), a e de cooperação internacional para o desenvol-
convivência pacífica entre diferentes crenças etc. vimento (mulheres do Terceiro Mundo). São três
Nenhuma dessas narrativas, contudo, menciona a locais onde a raça aparece como o marcador social
questão racial ou o passado colonial do país; afinal, usado para separar e ordenar políticas e pesquisas.
a descolonização seletiva manteve a lógica mani- Esses repertórios organizacionais e discursivos são
queísta que torna impossível ser, simultaneamente, uma herança colonial, uma violência epistêmica
europeu e negro/muçulmano/imigrante/refugiado. que segue confirmando quem pertence e quem não
O livro revela, com isso, que raça segue sendo o pertence à ordem nacional. Segundo a antropólo-
marcador que ordena situações e práticas diárias, ga, as narrativas oficiais “utilizam-se de categorias
enquanto o discurso dominante segue negando que binárias assimétricas e hierárquicas que permitem
ela seja uma categoria significativa na formação da que o gênero e o grupo racial dominantes se autor-
sociedade holandesa. representem como neutros, não-generificados e não
Outra questão importante pautada pela análise racializados/etnicizados” (p. 64).
de Wekker é a de que o passado colonial da metrópole No terceiro capítulo, Wekker interroga a inter-
e suas colônias são dispostos no mesmo plano analí- secção entre gênero e raça na sociedade metropolitana
tico, contrariando dois consensos. O primeiro, mais holandesa do início do século XX, partindo de um
geral, é a forma generalizada de entender que o que caso psicanalítico em que três mulheres se descrevem
ocorreu nas colônias não faz parte da história europeia em termos raciais (síndrome hotentote) e o psicanalis-
e, portanto, não é parte constitutiva do arquivo cultu- ta as diagnostica em termos generificados (complexo
ral europeu. O segundo, de caráter mais local (diga- de masculinidade). A autora explora, então, o signifi-
mos) é a abordagem, no mesmo plano, da história da cado da substituição de raça por gênero no diagnósti-
metrópole e de todas as suas colônias, tendo em vista co das mulheres, assim como os locais de produção e
que a parte oriental do império holandês (Indonésia) circulação dos discursos raciais e de gênero na socieda-
é lembrada e compreendida de modo distinto da parte de metropolitana e colonial holandesa. O argumento
ocidental (Suriname e Antilhas). é o de que as noções de eu e outro estão intimamen-
Nessa medida, o primeiro capítulo apresenta te atreladas à gramática racial colonial, dinâmica que
três estudos de caso sobre as diversas formas pe- mantém intacto o racismo no país.
las quais a raça adquire significados generificados, O quarto e quinto capítulos enfrentam dois
sexualizados e classistas, sendo parte, portanto, de símbolos do imaginário e da cultura holandesa: os
um arquivo cultural e de regimes de verdade que se direitos e as políticas LGBT4 e a tradição do Zwarte
manifestam cotidianamente. De forma geral, os ca- Piet. O quarto capítulo, mais especificamente, trata
sos buscam explorar como o corpo e a pessoa negra das relações entre raça e sexualidade, sugerindo uma
são associados à uma hipersexualização, ao trabalho reflexão sobre a ascensão da extrema direita e sua
doméstico/braçal e à criminalização3. popularidade entre gays brancos. A nostalgia é ele-
Se o primeiro capítulo busca traçar as bases co- mento importante desse fenômeno, enfatizada nos
tidianas do racismo holandês sob uma perspectiva discursos do partido de extrema direita – Party for
interseccional, o segundo trata dos padrões discur- Freedom (PVV).Trata-se de uma nostalgia difusa e
sivos invisíveis e silenciados que operam no Estado constante no senso comum holandês branco, que
e na academia em relação às mulheres, desvelando se ressente de um Estado de bem-estar social que já
como nessas esferas a posição de mulher branca é não lhe garante privilégios e seguridade: nostalgia
o grau zero a partir do qual as outras mulheres se religiosa (“quando não havia tantos muçulmanos”),
diferenciam. Analisando as políticas públicas, as social (“quando a nação era branca e a divisão do
secretarias de estado, os departamentos e as disci- trabalho era clara”) e homossexual (“quando não
plinas universitárias, Wekker demonstra como se havia muçulmanos atrapalhando a parada gay”).
estabelece uma separação entre secretarias de mu- Nesse sentido, as narrativas racistas, islamofóbicas
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e ufanistas têm ressonância na população gay, bran- nhado histórico dos protestos contra o Zwarte Piet,
ca e liberal. Por fim, a autora critica a “economia desde a década de 1960 até os dias de hoje, investi-
do desejo” e sua conexão com o passado colonial, gando dez temas recorrentes nas reações contra os
problematizando a exploração e a sexualização dos manifestantes. Ao se defrontarem com esses protes-
corpos outros – negros e árabes, sobretudo. O que tos, os cidadãos brancos holandeses expressam, em
se busca demonstrar é como tais dinâmicas conti- sua indignação, tanto a inocência branca, quanto a
nuam atuando em práticas sociais diárias: “esses pa- autorrepresentação imaginada de país tolerante e li-
drões foram silenciosamente transmitidos para nós beral – contudo, incapaz de autocrítica de seu passa-
no século XXI e continuam a estruturar as reações do colonial. Afinal, como tal figura poderia ser racis-
sexuais brancas sempre que um outro racializado/ ta se a Holanda é, e sempre foi, cega à cor e tolerante
etnicizado, seja muçulmano ou negro, entra em às diferenças?
jogo” (p. 137). A argumentação ecoa a reflexão de Wekker interpreta essa tradição racista, bem
bell hooks (1992) sobre como, desde tempos colo- como a resistência à mudança por parte da po-
niais, o corpo do outro tem sempre como razão de pulação branca holandesa, na chave proposta por
ser o prazer e a satisfação do homem branco. Gilroy (2005), de uma “melancolia pós-colonial”.
O quinto e último capítulo analisa a infame Tal melancolia recusa o trabalho de elaboração da
e “mais querida” tradição holandesa: o persona- memória do colonialismo e ativa um mecanismo
gem do Zwarte Piet (Black Pete ou Pedro Preto). de defesa que ou nega e justifica a violência e o pas-
A personagem é um homem ou mulher brancos sado colonial ou se coloca como a vítima maior de
pintados de preto (black face), com uma peruca seu próprio império. Sob o ângulo de sua posição
afro, lábios pintados de vermelho, brincos de ar- de holandesa negra, a antropóloga argumenta que
gola dourados e uma fantasia moura (Moor) – que esse espetáculo racista mimetiza, no limite, o que
fala de forma errada e simples, mimetizando um significa ser membro de uma cidadania imperial
sotaque, até alguns anos atrás, surinamês e, hoje, metropolitana e branca sob a égide de uma desi-
marroquino. Nas diversas versões desse folclore na- gualdade violenta em relação aos negros e às popu-
cional, tal figura é um servo do bispo branco São lações coloniais.
Nicolau (Sinterklaas), que veio da Espanha (ou Na conclusão, Wekker narra um episódio de
Turquia) e chegou à Holanda em meados de no- 2013, durante um evento de celebração dos 150 de
vembro. A festividade culmina no feriado de 5 de abolição da escravatura. No evento, Saidiya Hart-
dezembro, quando presentes são entregues às crian- man leu parte de seu livro Lose your mother (2007),
ças e adultos e brincadeiras com críticas pessoais uma contra narrativa de uma garota escravizada a
são encorajadas. Em meados de outubro, os dois bordo do navio Recovery, que foi abusada, física e
personagens começam a tomar conta da decoração sexualmente, pelo capitão. À intensidade do que
e dos produtos de lojas e mercados e a aparecer em foi narrado, seguiu-se um silêncio, interrompido,
jornais, propagandas e programas de TV. Para a an- então, por um homem branco de meia idade que se
tropóloga, o Black Pete encarna o que Stuart Hall levantou e interpelou: “mas, e o capitão?” Ora, os
(1997) chamou de “degradação ritualizada”, isto é, sentidos da questão são diversos. Primeiro, é de se
uma representação considerada tão normal que não observar que o homem se identifica mais com o ca-
requer justificação. pitão, o homem branco da narrativa, do que com a
Wekker, neste capítulo, não busca apenas in- vítima – um padrão de identificação que não pode
vestir na análise da violência simbólica, do racismo, mais passar despercebido. Outro ponto é a própria
das hierarquias sociais e das desigualdades de poder, inocência branca que permite e dá legitimidade a
ou seja, dos resquícios coloniais dessa tradição de- esse homem branco de falar sem pudor ou autocrí-
gradante.5 Mais do que isso, sua questão é refletir tica logo após uma leitura sensível e intensa sobre
por que os protestos contra essa tradição insuflam raça, violência e colonialismo. Essa inocência levan-
veementes e, por vezes, violentas respostas por parte ta o problema dos lugares e dos direitos de fala: a
da população branca holandesa. Wekker faz um apa- quem é permitido falar e em que ordem?
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A descrição do episódio sustenta uma posição HARTMAN, Saidiya. (2008), Lose your mother: a
epistemológica e ética de Gloria Wekker: se não journey along the atlantic slave route. New York,
multiplicarmos as perspectivas e os lugares de fala, Farrar, Straus & Giroux.
isto é, se não contarmos as outras histórias (dos es- HOOKS, bell. (1992), Black Looks: race and repre-
cravizados, colonizados, subalternizados) que con- sentation. Boston, South End Press.
tradigam as histórias oficiais, ficaremos presos na MILLS, Charles W. (2007), “White ignorance”, in
narrativa do capitão. Hegemônica e abonada por S. Sullivan e N. Tuana (eds.), Race and episte-
camadas de inocência branca e ignorância agres- mologies of ignorance, Albany, State University
siva, essa narrativa dificilmente irá se dissipar sem of New York Press.
conflito. Porém, segundo alerta a autora, os tempos PIJL, Y. van der; GOULORDOVA, K. (2014),
do “não saber, da ignorância racial e da inocência “Black Pete, ‘Smug Ignorance’ and the value of
branca já se passaram faz tempo” (p. 167). the black body in post-colonial Netherlands”.
New West Indian Guide, 88 (3-4).
SAID, Edward. (2011), Cultura e imperialismo. São
Notas Paulo, Companhia das Letras.
SMITH, J. L. (2014), “The Dutch Carnivalesque:
1 Em português, The Netherlands pode ser traduzido blackface, play, and Zwarte Piet”, in P. Essed e
como Países Baixos ou Holanda. Opto pelo termo I. Hoving, Dutch racism, Amsterdam, Rodopi.
Holanda, pois a autora se refere, na obra, ao país loca-
lizado no continente europeu.
2 Todas as traduções do livro resenhado são de minha
autoria.
3 Esses tropos são, também, encontrados em outros
países europeus, nos Estados Unidos e no Brasil, por
exemplo. Sobre isso, ver hooks (1992).
4 A Holanda foi o primeiro país do mundo a reconhe-
cer o casamento homoafetivo, em 2001.
5 Para uma análise da tradição do Zwarte Piet, ver tam-
bém Smith (2014) e Pijl e Goulordova (2014).

BIBLIOGRAFIA

FANON, Franz. (2008), Pele negra, máscaras bran-


cas. Salvador, Edufba.
GILROY, Paul. (2005), Postcolonial Melancholia.
Nova York, Columbia University Press.
HALL, Stuart (ed.). (1997), Representation: cultural
representations and signifying practices. Londres,
Sage.
HARAWAY, Donna. (1995), “Saberes localizados:
a questão da ciência para o feminismo e o pri-
vilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu,
5: 7-41.

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