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3.1.1 O CONCEITO
Essa união de pessoas forma uma pessoa jurídica, a sociedade, que é o empresário e não
aqueles que engendraram a sua constituição, no caso, eles serão os sócios, investidores.
O art. 977 do CC faculta, a marido e mulher, contratarem sociedade entre si e entre terceiros;
no entanto, estarão impedidos se forem casados sob regime de comunhão universal ou de
separação obrigatória.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
A razão para tal vedação se deve, no primeiro caso, ao fato de que a separação de cotas na
sociedade conjugal desfaz-se perante a sociedade conjugal. No segundo caso, se os bens dos
cônjuges não se comunicam, não poderão eles compartilhar um patrimônio, através da
associação por via do contrato societário.
Os cônjuges submetidos ao regime de comunhão universal ou de separação obrigatória de
bens somente poderão contratar sociedade com terceiros, a cujo quadro social não
pertença seu respectivo cônjuge.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-
se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado,
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos
seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a
cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade
empresária.
3.5.1 Transformação
Transformação é mudança. Trata-se de uma operação mediante a qual a sociedade passa
de um tipo societário para outro, independentemente de dissolução e liquidação. A
sociedade mantém sua personalidade jurídica, porém sob outro tipo societário, e passa a
obedecer aos preceitos da constituição e inscrições próprios do tipo em que se vai converter.
Determina o art. 1.113 do CC, que a transformação exige o consentimento unânime dos
sócios. Por sua vez, o art. 1.114, determina que a unanimidade não será necessária se a sua
implementação já tiver sido prevista no ato constitutivo.
Procurando preservar os direitos dos credores, o Código Civil determina que a transformação:
• não modificará nem prejudicará os direitos dos credores (art. 1.115);
• a falência da sociedade transformada só produzirá efeitos em relação aos sócios que, no
tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de Créditos anteriores à
transformação, e somente a estes beneficiará (§ único do art 1.115).
3.5.2 Incorporação
Trata-se de operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes
sucede em todos direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para
os respectivos tipos (art. 1.116).
Assim que os atos da incorporação tiverem sido aprovados, a incorporadora declarará
extinta a incorporada e promoverá a respectiva averbação no registro próprio (art.
1.117).
Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto
de reforma do ato constitutivo.
§ 1o A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os
administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se
verificar entre o ativo e o passivo.
§ 2o A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do
patrimônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.
3.5.3 Fusão
É uma operação pela qual duas ou mais sociedades se unem para formar uma nova
sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 1.119).
Em um primeiro momento, cada sociedade deverá realizar, uma reunião ou assembleia dos
sócios para deliberar sobre a fusão, aprovar o projeto do ato constitutivo da nova
sociedade e o plano de distribuição do capital social e nomear os peritos que avaliarão o
patrimônio da sociedade.
Em um segundo momento, tendo o administrador recebidos os laudos, ele convocará uma
reunião ou assembleia dos sócios para deles tomar conhecimento e decidir sobre a
constituição definitiva da sociedade. Em ato final, constituída a nova sociedade, aos
administradores incumbe fazer inscrever, no registro próprio da sede, os atos relativos à
fusão.
3.5.4 Cisão
Determina o art. 229 da Lei das Sociedades Anônimas 6.404 de 1976, que a cisão é uma
operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou
mais sociedades, constituída para esse fim ou já existente, extinguindo-se a companhia
cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se
parcial a versão.
Como as operações societárias de fusão, incorporação e cisão repercutem nos direitos dos
credores, regras foram traçadas no sentido de lhes evitar prejuízos:
• não poderão prejudicar o direito dos credores das mesmas;
• até 90 dias, contados da publicação dos atos societários correspondentes, o credor
prejudicado poderá pleitear, judicialmente, a anulação das operações (art. 1.122);
• sendo S.A, em caso de fusão ou incorporação, o prazo é de 60 dias (art,232).
Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição
do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede (art. 998).
Esse ato é de natureza jurídica constitutiva, através dele a sociedade’' passará a ter
personalidade jurídica e exercerá a atividade de forma regular. Desejando a sociedade ter
filial e sucursal deverá se inscrever no registro próprio da unidade federativa com a prova da
inscrição originária (art. 1.000).
O contrato social terá requisitos comuns que são: agente capaz, acordo de vontade, objeto
lícito e forma prescrita e não defesa em lei. Os específicos estão listados no art. 997:
Um contrato social omisso quanto a esses requisitos não poderá ser registrado e,
portanto, a sociedade será irregular, sofrendo as consequências dessa situação. Por sua vez,
será ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no
instrumento do contrato.
As regras relativas às modificações do contrato social estão disciplinadas no art. 999:
cláusulas essenciais dependem do consentimento de todos os sócios; cláusulas não
essenciais podem ser decididas por maioria absoluta de voto, se o contrato não determinar a
necessidade de deliberação unânime. A eficácia das modificações está condicionada à
averbação no registro próprio.
O Estatuto da Ordem dos Advogados, Lei 8.906/1994, art.1o. §2° e o art. 36, Decreto n°
1.800/1996, exigem que a inscrição do contrato seja visado por advogado.
O direito de coparticipação do sócio nos lucros e nas perdas é óbice para a estipulação de
cláusula contratual que o exclua desse direito. Existindo essa cláusula, denominada
leonina, no contrato ela é considerada nula (art. 1.008). No entanto, permite-se a
distribuição diferenciada dos lucros entre os sócios e a distribuição desproporcional da
participação de cada um no capital social.
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo
saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade
solidária.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Em princípio inexiste solidariedade entre os sócios, mas ela poderá ser determinada no
contrato. Está presente na parte final do art. 1.023 que existindo cláusula de solidariedade no
contrato social, o credor da sociedade tem o direito de exigir o valor da dívida por
inteiro, na falta de bens da sociedade, de um, alguns ou todos os sócios; àquele que a
pagar se sub-roga nos direitos de credor e adquire o direito de regresso quanto aos demais.
Por sua vez, nas sociedades simples, várias são as hipóteses que atribuem responsabilidade
por atos praticados pelo sócio.
• Cessão de Cotas. Até 2 (dois) anos depois de averbada a modificação do contrato, responde
o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas
obrigações que tinha como sócio (§ único, art 1003);
• Remissão de cotas. Aquele que deixar de contribuir com o que se obrigou no contrato,
nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo
dano emergente da mora (art. 1.004);
• Responsabilidade pela evicção. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio,
posse ou uso e pela solvência do devedor, responde aquele que transferir crédito (art.
1.005).
• Responsabilidade nas deliberações. Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em
alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove
graças ao seu voto. (art. 1.010, §3°).
• Inexistindo bens particulares do sócio devedor a execução recairá sobre os lucros que o
mesmo tiver direito, ou na parte que lhe tocar em liquidação;
c) Sócio não integraliza as cotas subscritas no contrato social (§ único do art. 1.004);
d) Sócio de indústria se emprega em atividade estranha à sociedade, sem autorização
expressa no contrato social (art. 1.006);
e) Sócio excluído por justa causa. Trata-se de uma exclusão judicial, que exige a
iniciativa da maioria dos demais sócios, decorrente de falta grave no cumprimento
de suas obrigações ou incapacidade superveniente, isto é, por interdição (art. 1.030).
f) Sócio excluído de pleno direito. A teor do parágrafo único do art. 1030, o ato se
verifica em decorrência da falência do sócio (art. 1.030, § único), ou da liquidação
da sua quota nos termos do § do art, 1.026.
Ocorrendo qualquer uma das hipóteses acima elencadas, o art. 1031 do CC assegura ao sócio
o direito de crédito. Trata-se de calcular a participação do sócio no acervo patrimonial
tomando por base a situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em
balanço especialmente levantado. Apurado o quantum a sociedade lhe deve e inexistindo
acordo ou estipulação contratual em contrário, no prazo de noventa dias, da liquidação
da sua cota, deverá o sócio receber o dinheiro.
3.6.4 Os administradores
3.6.4.1 Noções Gerais
A administração é órgão de representação legal, através do qual a sociedade manifesta sua
vontade. Exige-se que seja ocupado por pessoa natural, sócio ou não, que deverá ter, no
exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de seus próprios negócios (art. 1.011).
O parágrafo único do artigo antes citado veda que a escolha recaia: sobre quem é
impedido por lei especial; condenado a pena que vede, ainda temporariamente, o acesso a
cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as
relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da
condenação.
A escolha do administrador e a determinação dos seus poderes poderão ser definidas na
feitura do contrato social ou mediante instrumento em separado.
§ 2o Aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber, as disposições concernentes ao mandato.
Tratando-se de sócio ou não sócio, nomeado administrador, por ato em separada, seus
poderes poderão ser revogáveis a qualquer tempo. Trata-se de uma revogação
extrajudicial.
3.6.4.4 Responsabilidade do administrador
No exercício da atividade administrativa, a regra geral é a irresponsabilidade pessoal do
administrador decorrente dos atos praticados em nome da sociedade e de acordo com a lei
e o contrato. Os casos a seguir distinguidos tipificam situações em que o administrador terá
responsabilidade pessoal e solidária pelos atos praticados:
• Responsabilidade pessoal.
Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar operações,
sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria, (art. 1.013, §
2o). Requer prova de que o ato foi danoso à sociedade;
Responde o administrador pela aplicação de créditos ou bens sociais em proveito próprio,
ou de terceiros, restituindo-os à sociedade, ou pagando o equivalente, com todos os lucros
resultantes e, se houver prejuízo, por ele também responderá, (art. 1.017).
Responde o administrador que, tendo em qualquer operação interesse contrário ao da
sociedade, tome parte na correspondente deliberação (art. 1.017, § único).
Responde o administrador que se fizer substituir nas suas funções. A regra da
indelegabilidade não o atinge se, no exercício de suas funções, constituir mandatários da
sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que puder praticar (art. 1.018).
Para a hipótese do inciso V, o art. 1.037 determina que os administradores ou os sócios, nos
trinta dias seguintes à perda da autorização, devem proceder à dissolução.
No caso de omissão, o Ministério Público deverá promover a liquidação judicial e, não o
fazendo, a autoridade competente para conceder a autorização nomeará interventor com
poderes para requerer a medida e administrar a sociedade até que seja nomeado liquidante.
A Dissolução Judicial ocorrerá quando existir conflito de pretensões. Caberá uma decisão
judicial a partir das hipóteses elencadas no artigo 1.034:
a) pela anulação de sua constituição;
b) pela impossibilidade de preencher o fim social;
c) pelo exaurimento do objeto social
d) outras causas previstas no contrato (art. 1.035).
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios,
quando:
I - anulada a sua constituição;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente
quando contestadas.
> Dissolução. Através desse ato a sociedade vive apenas com o objetivo de concluir os
negócios jurídicos pendentes;
>Liquidação. Corresponde a atos que visam a realização do ativo e pagamento do passivo;
>Partilha. Após o pagamento das obrigações restando dinheiro, esse será partilhado entre os
sócios de acordo com a participação de cada um deles no acervo patrimonial.
3.6.5.4 O Liquidante
Segundo o art. 1.105 do CC, o liquidante está autorizado a representar a sociedade e praticar
todos os atos necessários à sua liquidação e alienar bens móveis ou móveis, transigir, receber
e dar quitação.
Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social ou pelo voto da maioria, não pode o
liquidante: gravar de ônus reais os móveis e imóveis, contrair empréstimos, salvo quando
indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis e prosseguir com a atividade social.
Qualquer negócio realizado em nome da sociedade empresária dissolvida que não vise dar
seguimento à solução das pendências obrigacionais não pode ser imputada à pessoa
jurídica. Imputam-se as consequências à pessoa física que o praticou em nome da
sociedade dissolvida, no caso, o liquidante.
Determina o parágrafo único do art. 1.038 do CC, que o liquidante poderá ser destituído
nas hipóteses seguintes:
• por deliberação dos sócios se nomeado extrajudicialmente;
• por medida judicial no caso de ocorrer uma justa causa;
• pelo juiz, de ofício
Sociedades em nome em nome coletivo são aquelas constituídas por duas ou mais pessoas
físicas, em que todos os sócios respondem de forma subsidiária, solidária e ilimitada
pelos encargos sociais.
Sendo o capital social formado por cotas subscritas e integralizadas pelos sócios seus nomes
identificam quem assumirá a responsabilidade pelas obrigações sociais. Responsabilidade
essa que se estende para além do acervo patrimonial da sociedade, isto é, os sócios
respondem com o patrimônio particular de cada um deles pelas dívidas assumidas no
desempenho da atividade exercida.
Há de se ter presente que essa responsabilidade ilimitada e solidária deverá obedecer ao
benefício de ordem estabelecido no artigo 1.024: só poderão ser executados os bens
particulares dos sócios após executados os bens sociais.
Possibilita o parágrafo único do art, 1.039 a possibilidade de os sócios, entre si, pactuarem
limites às suas responsabilidades, mas não valerá para terceiros que contratarem com a
sociedade.
Nas sociedades em nome coletivo apenas os sócios podem ser administradores. Essa
atribuição deverá vir expressa no contrato e, pelos atos exercidos no limite dos poderes a ele
atribuídos, obriga a sociedade. A responsabilidade lhe será pessoalmente imputada se
ultrapassar esses limites.
Existindo um credor do sócio de sociedade em nome coletivo que não tenha logrado êxito na
execução de sua dívida o art 1.043 veda a liquidação da cota do devedor antes da dissolução
societária; permite, tão somente, a execução sobre o percentual nos lucros. A execução só
será permitida nas seguintes hipóteses:
• se a sociedade houver sido prorrogada tacitamente ou
• tendo ocorrido prorrogação contratual tácita, for acolhida judicialmente oposição do credor,
levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.
Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da
quota do devedor.
Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:
I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;
II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de
noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.
Sociedades em comandita simples são aquelas cujo contrato social explicita a existência de
duas categorias de sócios:
Identificam-se como firma social dela constando unicamente o nome dos sócios
comanditados, Sendo Oka Tombo e Oko Kada, sócios comanditados e Kaka Reco, sócio
comanditário, adotar-se-á, como firma, Oka Tombo e Oko Kada& Cia, ou Oko Kada & Cia.
Tendo em vista a sua natureza híbrida, a sociedade limitada poderá adotar como
identificação a firma ou a denominação, acrescida pela terminação “limitada” ou sua
abreviatura (art.1.158).
Caso utilize a firma, ela será composta do nome de um ou mais sócios, desde que
pessoas físicas. Assim, Nina Bota, Tita Cota e Pita Tota Ltda, ou Nina Rota & Cia. Lida. A
denominação deverá designar o objeto da sociedade, facultando-se nela figurar o nome
de um ou mais sócios. Ex. Nina Rota Transportes Marítimos Ltda.
Explicita o parágrafo 3o do art. 1.158, que a omissão da palavra “limitada” acarreta a
responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que fizerem uso da firma ou a
denominação societária.
3.9.1.4 O ato de constituição da sociedade
A sociedade limitada adquire personalidade jurídica ao realizar o registro. Sendo
constituída mediante documento público ou particular, nos 30 dias subsequentes à sua
constituição, deverá requerer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, a
cuja data retroagirá os seus efeitos (art. 36 da Lei n° 8.934/94).
O registro além de ser uma obrigação é um ato de constituição, a partir dele a sociedade
assume a identidade de empresário e passa a ter titularidade patrimonial, processual e
obrigacional. Em consequência, aparta-se da figura dos sócios, que são meros investidores, e
preserva-se o patrimônio particular de cada um deles.
3.9.2 O capital social
3.9.2.1 Conceito
O Capital corresponde ao montante de recursos monetários capaz de viabilizar o exercício da
atividade econômica. Estabelecido no contrato social, ele deverá ser expresso em moeda
corrente e, aqueles que desejarem participar da empresa, estarão obrigados a
integralizar a sua parte subscrita, em dinheiro ou bens, dentro do prazo pactuado.
Uma vez subscrito e integralizado ele representa o limite de responsabilidade desse tipo
societário e, ademais, informa aos sócios qual o percentual que lhes corresponderá
quando da distribuição dos dividendos ou dos haveres patrimoniais.
3.9.2.2 A cota social
Cotas sociais correspondem às parcelas em que é dividido o capital social. O status de
sócio será conseguido por quem integralizou as cotas subscritas; no caso, realizou a
transferência de parcela de seu patrimônio que passará a integrar o patrimônio da
pessoa jurídica.
A contribuição do sócio para o capital social deve observar: prazos e formas estipulados
no contrato social. É obrigação de todo àquele que deseja participar do quadro societário de
uma sociedade limitada integralizar a sua cota em dinheiro ou em bens, sendo vedada a
contribuição que consista em prestação de serviços (§ 2o do art. 1.055).
Havendo a integralização da cota em bens, determina o parágrafo 1o do art, 1.055, que pela
sua exata estimação todos os sócios responderão solidariamente, até o prazo de cinco
anos da data do registro da sociedade.
Na hipótese de integralização das cotas mediante a incorporação de bem imóvel à sociedade,
a Lei 8.934/94, no art. 35, VII, não exige instrumento público. Contenta-se, pois, com o
instrumento particular e requer:
a) descrição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação e o número de
sua matrícula no Registro Imobiliário e
b) outorga uxória ou marital, quando necessária.
Havendo sócio que não integralizou a cota que subscreveu o art. 1.058, determina que os
outros sócios, sem prejuízo do disposto no art, 1.004 e seu parágrafo único, podem tomá-la
para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que
houver sido pago.
A cota social é indivisível em face à sociedade (art.1.056). A indivisibilidade está
relacionada aos direitos por ela, a cota, conferida ao seu titular, os quais não podem ser
divididos.
Mas nada impede a existência do Condomínio. Trata-se do surgimento da copropriedade
decorrente da aquisição por ato inter vivos ou por sucessão hereditária. Nesses casos, o
Código disciplina que:
> havendo copropriedade os direitos inerentes à cota somente podem ser exercidos pelo
condômino representante, ou pelo inventariante do espólio do falecido. Há titularidade
singular (art. 1.056, §1o) e
> perante à sociedade, os condôminos são solidariamente responsáveis pela integralização da
cota; perante os credores da sociedade, responderão solidariamente com os demais sócios
pela integralização das cotas não inteiramente liberadas. (art. 1.052, c/c art. 1,056, § 2o).
A cessão de cota por parte do seu proprietário depende do que estabelece o contrato
social. Em se tratando de uma sociedade limitada atenta à pessoa do sócio, omisso o
contrato social, o art. 1.057 admite a cessão, total ou parcialmente, nas seguintes hipóteses:
o contratante já sendo sócio, a venda é realizada sem o consentimento dos demais;
a estranho, exige-se que não haja oposição de titulares de mais de um quarto do
capital social.
Perante a sociedade e a terceiros a eficácia da transação dependerá da averbação do
respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. Por sua vez, o cedente, tornar-se-
á responsavelmente solidário com o cessionário, até dois anos depois de averbada a
modificação contratual, pelas obrigações que tinha como sócio.
Com o Código Civil de 2002, abriu-se a possibilidade de um credor particular poder executar
a cota de um devedor sócio de uma sociedade limitada. Tal ato poderá ocorrer na
insuficiência de outros bens do devedor exigindo-se, para tanto, a solicitação judicial que
poderá adotar qualquer das soluções admitidas no art. 1,026 e seu parágrafo único:
• fazer recair a execução sobre os lucros da sociedade cabíveis ao sócio ou
• fazer recair a execução sobre a parte que lhe couber na liquidação;
• se a sociedade não estiver dissolvida, liquidar-se-á a cota do devedor, depositando-se seu
valor em dinheiro, no juízo da execução, no prazo de 90 dias.
Em caso de morte de sócio de sociedade limitada, a regra geral contida no art. 1.028
estabelece que sua cota será liquidada. A regra é excepcionada se:
a. O contrato dispuser diferentemente;
b. Os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade ou
c. Os sócios acordarem com os herdeiros a substituição do sócio falecido.
3.9.2.3 Modificação do capital social
Uma vez escriturado o capital social ele é intangível. Nas sociedades limitadas,
integralizado o capital social, ele deverá ser preservado tendo em vista ser ele o ponto de
referência de responsabilidade dos sócios em relação aos seus credores. Em regra, as
obrigações societárias não se estendem ao patrimônio do sócio.
Nesse sentido, obrigam-se os sócios a repor lucros e quantias retiradas, a qualquer
título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantias se
distribuírem com prejuízo do capital social (art. 1.059). Ao longo do exercício da atividade
econômica é natural que haja modificações no capital social. Para que haja aumento o art.
1.081 exige que as cotas sociais estejam integralizadas e haja a alteração no contrato social.
Os sócios terão preferência na aquisição das novas cotas na proporção dos quinhões de que
são titulares, devendo, para tanto, manifestar-se no prazo de trinta dias subsequentes à
deliberação do aumento.
Caso seja deliberada a redução do capital social o art. 1.082 exige a ocorrência de uma das
seguintes hipóteses:
Perdas Irreparáveis, estando o capital social integralizado. A redução do capital social
será realizada com diminuição proporcional do valor nominal das cotas (art. 1.083);
ou
Excesso em relação ao objeto da sociedade. Nessa hipótese, deverá haver diminuição
proporcional do valor nominal das cotas pela restituição de parte do seu valor aos
sócios ou dispensa das prestações ainda devidas (art. 1.084).
Sócio é o titular da cota, fração de valor em que se divide o capital social. Não é titular de
um certificado, mas integrante, como parte, de um contrato plurilateral.
Classificada a sociedade como de pessoas, a figura do sócio é elemento fundamental e sua
participação deverá contar com a aquiescência dos demais. Em se tratando de sociedade de
capitais, adquirindo parcela do capital social é, automaticamente, sócio.
Sendo sócio original, adquiriu tal status por participar do contrato de formação societária; no
caso de ter adquirido a totalidade das cotas de sócio que se retirou ou ter adquirido parte do
capital social, é tido como sócio derivado. Enfatize-se que nessas últimas hipóteses, dever-se-
á arquivar a alteração do instrumento do contrato para valer contra terceiros.
3.9.3.2 Direitos dos sócios
Nas sociedades limitadas os direitos dos sócios estão disciplinados em vários artigos:
De não ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos
demais sócios, expresso em modificação do contrato social, (art. 1.002).
De participar do patrimônio social na proporção das respectivas cotas.
De participar nos lucros e perdas na proporção das respectivas cotas. (art.
1.007)
De votar nas decisões a serem tomadas segundo o valor das suas cotas. (art.
1.010).
De fiscalizar a escrituração (arts. 1.020 e 1.021).
De custodia a gestão da empresa.
De se retirar nas hipóteses dos artigos 1.029 e 1.077
De ceder suas cotas. (arts. 1,003 e 1. 057)
De crédito ao ser expulso da sociedade (art. 1.031)
De partilhar do acervo, em caso de liquidação (arts.1.107 e 1.108).
- Exclusão por Remissão. Caso o sócio não integralize a quota por ele subscrita, os demais
sócios poderão tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo-o e devolvendo-lhe o que
houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as
despesas (art. 1.058);
- Exclusão por Justa Causa. Tratando-se de um ou mais sócios que estejam pondo em risco a
continuidade da empresa, a maioria dos sócios, representativa de, mais da metade do capital
social, poderá deliberar a usa exclusão. O objetivo é assegurar o affectio societatis; é atenção
ao princípio da preservação da empresa. É rescisão por culpa e se tratando de:
b. Sócio Majoritário, a via é judicial como disciplinado no art. 1.030. Os demais sócios, à
vista da ocorrência de falta grave no cumprimento de suas obrigações ou de incapacidade
superveniente, decidem, por maioria, expulsar o sócio.
De acordo com o art. 1.052, integralizado o capital social, a responsabilidade dos sócios
estará limitada à parcela com a qual cada um contribuiu para compor o capital social.
Trata-se da responsabilidade principal.
Havendo sócio que não integralizou as cotas por ele subscritas, todos responderão
solidariamente pelo que faltar para a integralização do capital social, trata-se de
responsabilidade secundária. Deduz-se, assim, que, em regra, a responsabilidade do sócio
se estende até o total do capital social; portanto, estando todo o capital social integralizado, os
credores da sociedade não poderão alcançar o patrimônio particular de qualquer sócio.
Deverão suportar o prejuízo tendo em vista que o patrimônio da pessoa jurídica é que
efetivamente constitui a sua garantia.
A responsabilidade solidária dos sócios nas sociedades limitadas se estende no caso de
integralização de cotas mediante a entrega de bens. Dispõe o § 2o do art. 1.055 que os sócios
respondem por cinco anos da data do registro da sociedade pela exata estimativa dos bens
conferidos ao capital social.
Em sua existência moral, meramente conceitual, a pessoa jurídica não possui um corpo
próprio, capaz de concretizar os atos necessários à realização de seus objetivos. Não tem,
portanto, vontade própria; sua vontade é a de um ou mais seres humanos. Será o contrato
social (ou, nas sociedades por ações, o estatuto social), o instrumento que constituirá a
atribuição de competência e poder nos limites das quais o ato e a vontade de um ou mais
seres humanos terá a validade jurídica de ato e/ou vontade da pessoa jurídica.
Sempre que a vontade seja expressa segundo tais previsões, não se reputará como vontade do
ser humano ou de um grupo de seres humanos, mas da pessoa jurídica. Será a pessoa jurídica
quem, pelo ato humano de expressão de vontade, contratará, exercerá atos de propriedade,
etc,
Apesar de terem capacidade jurídica para administrar uma sociedade empresária, algumas
pessoas são impedidas pelo §1° do art. 1.011 de exercer tal atividade, são elas:
os impedidos por lei especial;
os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargo público;
os condenados por crime falimentar, prevaricação; corrupção ativa; concussão; peculato;
os condenados por crime contra a economia popular; contra o sistema financeiro nacional,
contra as
normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto durarem os efeitos da condenação.
3.9.4.2 A escolha do administrador
b) assinar termo de posse até 30 dias seguintes à designação, sob pena de ineficácia;
c) requerer, no prazo de 10 dias seguintes à sua investidura, a averbação da sua
nomeação no registro competente. Vale observar que se descumprido esse prazo ele
responderá, pessoal e solidariamente, pelos atos que vier a praticar.
O artigo 1.063 determina que o exercício da administração cessa pelo término do prazo se,
fixado no contrato ou em ato em separado, não houver recondução, pela renúncia ou pela
destituição. Na hipótese de destituição, exige-se:
II. pelo conselho fiscal, se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua
convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves.
Sendo a assembléia geral o órgão mais importante da sociedade limitada, exige a lei que ela
seja instalada, em primeira convocação, com um quorum de titulares de no mínimo 3/4 (três
quartos) do capital social e, em segunda, com qualquer número.
A Assembléia será presidida e secretariada por sócios escolhidos entre os presentes, devendo
ser lavrada em ata as deliberações tomadas e encaminhada uma cópia, assinada pelos
membros da mesa, ao Registro Público para arquivamento e averbação.
Determina o art. 1.071 que depende de deliberação dos sócios, além de outras matérias
indicadas na lei ou no contrato:
I. a aprovação das contas da administração;
II. a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III. a destituição dos administradores;
IV. o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V. a modificação do contrato social;
VI. a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de
liquidação;
VII. a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII. o pedido de recuperação social.
Tratando-se da responsabilidade dos sócios nas deliberações elas devera, em princípio, serem
tomadas de acordo com o que estabelece a lei e o contrato o que acarreta a vinculação de
todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes (§5°, art. 1.072). Deliberações que
transgridam a lei ou o contrato tornam ilimitada a responsabilidade de todos aqueles que
expressamente as aprovaram (art. 1.080).
3.9.6 Conselho fiscal
Por determinação do art. 1.066, o contrato pode instituir o Conselho Fiscal que será composto
de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na
assembléia anual.
Procurando dar a maior isenção ao desempenho das funções atribuídas, estão impedidos de
participar do Conselho Fiscal; os impedidos por lei de exercer funções administrativas (art.
1.011); os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada; os
empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores; o cônjuge ou parente
destes p. até o 3o grau (§1°, art. 1.066).
As atribuições acima elencadas não poderão ser delegadas a qualquer outro órgão da
sociedade, mas permite-se a escolha de contabilista legalmente habilitado, mediante
remuneração aprovada pela assembléia geral, para auxiliar no exame dos j livros, dos
balanços e das contas.
Incorrem os membros do Conselho Fiscal na mesma regra :de responsabilidade atribuída aos
administradores, qual seja: responsabilidade solidária perante a sociedade e os terceiros por
culpa no desempenho de suas funções (art. 1.070).