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DIPLOMACIA APLICADO

PORTUGUÊS

Texto I: Gramáticos (fragmento)

A propósito de gramática, quero contar-vos uma bonita história: a história é verídica e, se eu estiver mentindo, quero ter todos
os gramáticos contra mim (vede só que terrível declaração!). Conheço um homem de sessenta anos que conhece perfeitamente
o grego, o latim, as matemáticas, a filosofia, a medicina. Pois seríeis capazes de adivinhar com que se preocupa esse sábio
universal, há uns vinte anos? Tendo abandonado todos os estudos, dedica-se exclusivamente à gramática, pondo o cérebro
num tormento contínuo. Só ama a vida para ter tempo de dirimir algumas dificuldades dessa importante arte, e morreria satisfeito
se descobrisse um método seguro de distinguir bem as oito partes do discurso, coisa que, a seu ver, não conseguiram com
perfeição nem os gregos nem os latinos. Bem vedes que é uma questão de suma importância para o gênero humano. Com
efeito, não é mesmo uma miséria estar sempre correndo o risco de tomar uma conjunção por advérbio? Um tal equívoco
mereceria uma guerra cruenta. Quero, agora, observar-vos que há mais gramáticas do que gramáticos: só Aldo, um dos meus
favoritos nesse gênero, publicou cinco. Pois bem: o meu cabeçudo estuda-as todas, mesmo quando escritas num estilo bárbaro
e insuportável; analisa-as todas, da primeira até à última, causando profunda inveja aos que escrevem tão mal sobre o assunto
e torturado sempre pela dúvida de que possam roubar-lhe a glória e o fruto de suas longas fadigas. Que vos parece esse ridículo
sábio? Devemos chamá-lo de louco ou delirante? Chamai-o do que quiserdes, desde que concordeis que é graças a mim que
esse animal sobrecarregado de misérias anda sempre tão satisfeito, tão orgulhoso de si mesmo e da sua sorte, a qual ele não
trocaria pela dos mais ricos e poderosos reis da terra.

Erasmo de Rotterdam (1469-1536) – Elogio da Loucura

Questão 01
Com base nas inferências e no sentido do texto I, assinale a alternativa correta.

a. O termo “sábio universal”, no período “Pois seríeis capazes de adivinhar com que se preocupa esse sábio universal,
há uns vinte anos?”, é empregado com a finalidade de enaltecer a grande capacidade intelectual que o personagem da “bonita
história” empregará no estudo da gramática.
b. A afirmação de que “há mais gramáticas do que gramáticos” ratifica a opinião implícita do enunciador de que o estudo
gramatical é extenso e difícil.
c. A palavra “cabeçudo” foi empregada no texto com o sentido figurado de “inteligente, sábio”.
d. Considerando-se o livro do qual foi extraído o fragmento acima, é possível inferir que o narrador do texto é a própria Loucura
personificada.
e. O último período do texto exemplifica teoria filosófica segundo a qual toda apreensão dos fatos do mundo é relativa e
multiperspectivada, pois todos os seres humanos são loucos.

Texto II: Política e cultura do idioma (fragmento)

A língua que utilizamos hoje, como não poderia deixar de ser numa nação que se quer culta e dinâmica, reflete a
civilização atual, rápida no enunciado em virtude da própria rapidez vertiginosa do desenvolvimento material, científico e técnico:
processos acrossêmicos, reduções às iniciais de longos títulos, interferências de vocabulários técnicos e científicos,
intercomunicação de linguagens especiais, tudo vulgarizado imediatamente pelo jornal, pelo rádio, pela televisão. É uma língua
em ebulição. E ainda bem, porque a petrificacão linguística é a morte do idioma. A linguagem é, por excelência, uma atividade
do espírito, e a vida espiritual consiste em um progresso constante.
Se nossa língua não se desfibrou com a avalanche de galicismos nos séculos XVIII e XIX, não há razão para temer que
ela se abastarde com o fluxo de anglicismos léxicos, cada vez mais acentuado por força do papel relevante que desempenham
no mundo os povos de língua inglesa. Nosso idioma nos seus quase oito séculos de vida histórica já provou dispor de poderosos
recursos de autodefesa. Os seus usuários saberão empregá-los para eliminar o supérfluo.
E, a propósito, não nos esqueçamos da lição que nos dá a própria língua inglesa, hoje a que mais exporta no campo
lexical, e que foi, ao longo da história, o idioma que mais importou nesse terreno, razão por que o seu acervo vocabular,
compendiado num dicionário como o Webster, ultrapassa 400.000 palavras, o dobro do que geralmente contêm os maiores
repositórios das outras línguas de civilização.
Não se conclua dessa afirmação, e de outras que fizemos sobre a arbitrariedade com que se têm estabelecido alguns
padrões inexequíveis de correção gramatical que propomos a anarquia linguística. Nada menos exato. Reconhecemos apenas
a inoperância e a inconveniência da maioria dos processos adotados até aqui para impedir o laisser aller idiomático.
DIPLOMACIA APLICADO
Nem são precisos dons especiais de futurólogo para sentirmos que o mundo caminha para umas poucas línguas de
cultura. Zelar pelo enriquecimento, aperfeiçoamento e difusão da nossa é, antes do mais, um ato patriótico, que visa a evitar se
torne ela um mero instrumento de comunicação elementar entre os seus usuários.

(Celso Cunha. Língua, nação, alienação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 23-24)

Questão 02
Julgue os itens seguintes, considerando aspectos semânticos, lingüísticos e gramaticais do texto II.

I. O sentido do termo “processos acrossêmicos”, no primeiro parágrafo, é explicitado no termo posposto a ele “reduções às
iniciais de longos títulos”, que tem função de aposto.
II. No primeiro parágrafo, no trecho “tudo vulgarizado imediatamente pelo jornal, pelo rádio, pela televisão”, a escolha
lexical, sobretudo do adjetivo e do advérbio, ratifica o dinamismo e a rapidez da civilização atual.
III. No texto II, as palavras “vulgarizado” (1º parágrafo), “desfibrou” e “abastarde” (2º parágrafo) compõe o mesmo campo
semântico, relativo ao empobrecimento do idioma.
IV. No trecho “com que se têm estabelecido alguns padrões inexequíveis de correção gramatical” (4º parágrafo), foi
empregada a voz passiva sintética, sendo o vocábulo “se” pronome apassivador. Caso o mesmo trecho fosse reescrito na voz
passiva analítica, seria obtida a seguinte forma: “com que alguns padrões inexequíveis tem sido estabelecidos”.

Questão 03
Julgue os itens seguintes, considerando o vocabulário e as ideias contidas no texto II.

I. Na oração “Os seus usuários saberão empregá-los para eliminar o supérfluo.”, o autor emprega o pronome possessivo
em terceira pessoa, a fim de distanciar-se, como estudioso do idioma, dos falantes em geral.
II. Segundo o autor, é impossível controlar as diversas variações linguísticas, sobretudo usando de regras gramaticais
inexequíveis e arbitrárias.
III. No texto, as expressões “língua de civilização” (3º parágrafo) e “língua de cultura” (5º parágrafo) são empregadas como
sinônimas.
IV. O autor defende o argumento de que, ao enriquecer, aperfeiçoar e difundir nosso idioma, estaremos fortalecendo nosso país
frente às demais sociedades, o que pode levar o Português a fazer parte do seleto grupo das “poucas línguas de cultura”
(quarto parágrafo).

Questão 04
Com base na leitura dos textos I e II, julgue os itens seguintes.

I. Segundo o autor do texto II, se a língua portuguesa não for constantemente revitalizada, tornar-se-á apenas um instrumento
de comunicação elementar, fadado ao desaparecimento.
II. Ambos os textos referem-se à gramática como um todo, desde os aspectos lexicais até às relações morfossintáticas.
III. Embora predomine, nos textos I e II, a função referencial da linguagem, no trecho “Chamai-o do que quiserdes, desde que
concordeis que é graças a mim que esse animal sobrecarregado de misérias anda sempre tão satisfeito” (texto I), é
possível identificar a presença das funções da linguagem emotiva e fática.
IV. O texto II contrapõe-se ao texto I, quanto à importância efetiva do estudo da língua; enquanto Celso Cunha vê nisso um “ato
patriótico”, o enunciador do texto I considera essa atividade fruto da loucura ou do delírio.

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