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Ana Sofia Costa nº 21200450, Anabela Teixeira Pereira nº 21200338, Graça Santos nº
21200439
Nota de Autor:
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Resumo
verbal, concebida por André Rey em 1942, para permitir “um diagnóstico diferencial
desenvolveu o estudo genético da prova. Esta prova serve para avaliar a atividade
percetiva e a memória visual, sendo a sua aplicação efetuada em duas fases: o processo
Para testar a prova foi utilizado um estudo de caso. Pretendeu-se com este trabalho
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Figura Complexa de Rey em Contexto Forense
memória não-verbal, concebida por André Rey em 1942, para permitir “um diagnóstico
avaliação de pessoas com idades compreendidas entre 8 e os 88 anos e a forma "B" que
deve ser utilizada na avaliação de crianças com idades mais precoces entre 4 a 7 anos,
mas também poderá ser aplicada a adultos sobre os quais reside a suspeita de grande
memória, cujo objetivo é analisar a forma como o sujeito apreende os dados percetivos
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A Figura Complexa de Rey é um instrumento de avaliação neuropsicológica
Venneri, 2002).
aqueles que abarcam soluções originais, novas ou não rotineiras (Souza, Ignácio,
Cunha, Oliveira e Moll, 2000). Assim, planear envolve a antecipação dos factos e das
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suas consequências, bem como permite monitorizar a distância a que se está de alcançar
figura, prognostica fortemente uma boa evocação da memória, postulando que há uma
de evocá-la posteriormente.
Apesar da maior parte dos estudos ter sido realizada com população considerada
Compulsiva, mas sendo também significativos os estudos com sujeitos com Epilepsia,
2005)
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Material: Manual, lâmina da prova, papel branco, lápis de cor, lápis preto, cronómetro
Aplicação: Individual
de idade
foi efetuada a partir de uma amostra de vinte sujeitos, de ambos os sexos, por cada
urbano, frequentavam o ensino regular para a sua faixa etária (escola ou infantário) e
dela não foram excluídos, aqueles que foram referenciados pelos seus professores, como
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com o modo de perceção definido, são aferidos através da reprodução da figura após a
O intervalo entre estas duas partes do processo não deve exceder os 3 minutos (Cruz,
direita e a ponta voltada para baixo, devendo o sujeito copiá-lo numa folha em branco.
O examinador deve ter disponíveis para utilização cinco ou seis lápis de cores diferentes
para a cópia da figura, indicando a troca de lápis de acordo com a sequência dos
elementos copiados. O objetivo desta troca de lápis, cuja troca de cores deve ser
quando o sujeito inicia a cópia pelo retângulo e prossegue pelas diagonais, no momento
em que este passa às estruturas interiores e exteriores. Se por outro lado, a cópia
começar com um detalhe, trocar-se-á o lápis quando se passar ao detalhe seguinte. Após
que nesta parte pode ou não ser aplicada a troca dos lápis de cores diferentes. Não há
limite de tempo e é o próprio sujeito que deverá indicar quando terminou, mas este
método utilizado pelo sujeito, para desenhar, bem como os erros de cópia específicos e
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hábitos intelectuais, a rapidez da cópia e a precisão dos resultados, identificando 7 tipos
diferentes de procedimento:
que passa a funcionar como armação e os detalhes vão sendo dispostos em relação a ele,
retângulo principal, ou faz o retângulo incluindo nele um outro detalhe e depois termina
III – Contorno Geral - O sujeito começa o desenho com o contorno geral da figura,
uma estrutura organizada, como se estivesse a fazer um puzzle. Uma vez terminada, a
sem nenhuma organização, onde não é possível identificar o modelo, mas que contem
elementos do modelo.
II, 15% seguiram o Tipo IV e nenhum utilizou o Tipo III. Nenhuma criança com idade
superior a sete anos utilizou os Tipos V, VI e VII, mais 50% das crianças a partir dos 13
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anos, usaram os Tipos I e II. A garatuja não foi produzida por nenhuma criança ou
Método
Participantes
Para a realização deste trabalho a amostra por conveniência foi composta por 1
contexto urbano.
Instrumentos
Procedimento
Para dar início a este ensaio, foi explanado ao participante o que iria decorrer, para
que servia a prova, e quais as instruções que iria receber para boa execução da mesma,
ambiente era calmo, composto por uma mesa e quatro cadeiras, onde nada mais se
Foi apresentada a figura A e foi disponibilizada uma folha A5 na posição horizontal para
trocando os lápis de cor, consoante as imagens que desenhava. O tempo foi contabilizado
com um cronómetro de forma discreta. Terminada a primeira cópia. Fez-se uma pausa de
três minutos com um diálogo interativo para que a participante se abstraísse da prova.
Terminados os três minutos, foi colocada nova folha A5 em frente à participante para que
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a mesma pudesse reproduzir a figura de memória. À Semelhança da primeira prova
(cópia) foi feita a troca de lápis de cor bem como foi cronometrado o tempo sempre de
forma discreta. Não foi feita qualquer pressão sobre a pessoa relativamente a tempo, onde
resultados e a figura foram apresentados à participante para ela poder observar o que fez
conforme sugerido pelo manual. Por fim agradeceu-se a colaboração para este trabalho.
Resultados
Foram usadas as cores na seguinte ordem: preto, roxo, vermelho, azul, verde;
Pontuação = 28 pontos
Pontuação = 18 pontos
unidades foi feita a cotação da prova, onde temos a seguinte pontuação: 0 pontos para
10
mal situada, 1 ponto para correta e mal situada ou deformada ou incompleta mas
seguinte forma: na figura de cópia nos tipos de cópia a participante em relação à idade
percentil 10; na figura de memória nos tipos de cópia a participante em relação à idade
da cópia encontra-se entre o percentil 50 e 40, relativamente ao tempo de cópia não existe
percentil pois o participante não tem tempo limite para executar a mesma.
Discussão
forma de puzzle, onde omitiu poucos pormenores da figura. O desenho é iniciado por
detalhes sem traçado-base (cópia tipo IV), não tendo armação base para a sua reprodução,
pode ser o tipo secundário dos adultos segundo Osterrieth, P.A. encontrando-se assim a
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participante na normatividade. Com base neste resultado e segundo Osterrieth, P.A.
(Anexo IV), iniciando o desenho pela armação base (memória Tipo I) reevocando as
diversos pormenores da figura, mas encontra-se no percentil adequado para a sua idade.
Este resultado pode ser explicado por uma falta de atenção durante a execução da
tarefa, alguma distração, ou mesmo pelo facto da participante quando lhe estava a ser
explicada a prova ter partido automaticamente do princípio que tem fraca memória, onde
pouco ansiosa pois começamos logo um diálogo, esta assumiu de imediato que se ia
com a sua provável dificuldade em armazenar e recuperar informação pode ter funcionado
Saber explicar perante a entidade que nos solicita a avaliação, como o sujeito
acontecimento e sobre o sujeito, enquanto, para a psicologia uma dada verdade será
apenas uma hipóteses de trabalho, um instrumento que orienta a ação, mas que pode e
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deve ser revisto quando não se tornar útil ao trabalho do psicólogo (Machado &
Gonçalves, 2005).
duas disciplinas têm olhares diferentes para os mesmos conceitos (e.g. culpa,
constructos que, pela sua própria natureza ou pelo entendimento que deles é feito,
Para o tribunal e para a lei, o arguido, a vítima ou a testemunha são tidos como
Contudo verifica-se que cada vez mais é frequente, os psicólogos forenses serem
paradigma está a mudar. É importante mencionar que para o psicólogo forense, o cliente
tribunal.
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nomeadamente, no que concerne ao setting para a avaliação que frequentemente é
história de vida do sujeito em conjunto com os seus outros significados para poder
ajudar o relato e a relativizar o seu estado atual (Matos, Machado & Gonçalves, 2011).
em âmbito de um processo penal. É importante mencionar que o viés cultural poderá ser
entender o ponto de vista do arguido sobre os alegados crimes, tais como tráfico de
droga considerado por este como um negócio igual a qualquer outro ou a sua
Gonçalves, 2011).
outras, tem as vantagens de ser facilmente aceite por indivíduos iletrados, tímidos,
escassez de provas aferidas para a população portuguesa, o que muitas das vezes
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suscitam problemas, já que, apesar de úteis e fiáveis na despistagem de constructos
frequentemente aqueles que são menos relevantes para as questões legais”. Por este
psicológicos que meçam diretamente as questões legais sobre as quais os psicólogos são
Complexa de Rey, tem como objetivo avaliar diversas funções cognitivas, perceber
tipo de apreensão efetuada, a forma como retém essa mesma perceção, a forma como a
associações que ele faz para desenhar a figura de memória. Em contexto forense
comportamento e de personalidade.
Outras das vantagens atribuídas a esta prova prende-se com o facto de poder ser
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enfraquecimento da função do real, do poder de seleção ou síntese, que poderão ser
distantes e vagas com tanta nitidez como se fossem presentes, que poderá ser traduzida
por uma alucinação do passado e por último poderá ser detetada uma Paramnésia em
que o sujeito pensa já ter vivido aquilo que está a vivenciar pela primeira vez, fenómeno
avaliação, como a Bender Gestáltico, ainda não aferida para a população portuguesa,
que para além de avaliar as mesmas funções que a Figura Complexa de Rey, ainda tem
Com a aplicação da Figura Complexa de Rey podem ser detetados também erros e
de avaliação. Perante o sujeito que temos à frente, à medida que aplicamos a entrevista,
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Existem atualmente mais formas de aplicação deste instrumento de avaliação,
autores existentes para administração da prova e cotação são: Rey (1941), RCFT & RT
(1995), BQSS (1949,1999) e DSS (1996). Com base nesta multiplicidade de versões,
feitos com mais aferições à população portuguesa, onde um deles encontra-se no livro
aplicados com dois ensaios de evocação e não apenas um. Estas novas aplicações
referem que se deve aplicar a prova de cópia e memória, mas também aplicar uma
ensaios de evocação, sendo o primeiro de três minutos para avaliar a memória imediata
e o segundo para avaliar a memória diferida. A prova pode também ser aplicada com
vários lápis de cor ou toda apenas com uma única cor. Ao aplicar apenas com uma cor
sem a aplicação das cores, como iniciou o sujeito a reprodução, quais os detalhes que
formas de cotação existentes na prova original a não aplicação de lápis de cor torna
cotado de acordo com a sua presença, precisão e colocação no espaço. Todas estas
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avaliados em diferentes grupos clínicos e grupos etários que com o modelo de
Osterrieth não é possível. Temos assim como uma grande desvantagem da versão
complexo (Simões, R., Pinho, M., Lopes, A., Sousa, L. e Lopes, C, 2011).
Em contexto forense e uma vez que as provas de avaliação têm de constar nos
mas teremos sempre de fundamentar os dados com provas aferidas para a população
portuguesa. Essa foi a principal razão que nos levou à escolha da Figura Complexa de
capacidade mnésica.
Este trabalho poderá servir como ponto de partida para pesquisas mais
aprofundadas sobre esta prova, bem como, se deixa a sugestão para que outros trabalhos
sejam efetuados com uma maior população de amostra, com o fim de se obterem
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REFERÊNCIAS
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verdade judicial à verdade. In C. P. Abreu (coord.), Direitos do homem.
Dignidade e justiça. São João do Estoril: Principia, 145-160;
Simões, M., Pinho, M.S., Lopes, A.F., Sousa, L.B., e Lopes, C.A. (2011). Instrumentos
e Contextos de Avaliação Psicológica Volume I. Edições Almedina.
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Anexo I
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Anexo II
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Anexo III
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Anexo IV
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