Cucamini_SacaFacil_taFacil_55x50mm.tif.

pdf 1

CM

MY

CY

DIRECTOR
CMY
SALAS NETO
salasnetosa09@gmail.com K

Kz 250,00
EDIÇÃO 579 ANO X
w w w. s e m a n a r i o a n g o l e n s e -a o . co m SÁBADO  •  23 DE AGOSTO 2014

ESCÂNDALO PAGOU MAIS DE 4 BILIÕES DE KWANZAS

Um Caxala Executivo encerra caso

desabrido! de ex-operários na RDA
Abalos assustam moradores da centralidade

«TREME-TREME» NO CACUACO

Alguns edifícios dessa urbanização apresentam já fissuras sérias. A situação é preocupante, por indi-
ciar alguma deficiência na sua construção. No entanto, surgiu agora um outro motivo que aumenta a
apreensão de quem já lá habita: há dias, houve prédios que tremeram forte, provocando algum pânico
entre os moradores. Não se sabe já as causas reais dos abalos, mas desconfia-se que sejam resultado
do uso de explosivos por empresas que exploram inertes nas imediações. Será?
2  Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Em Foco

No melhor pano…
N
inguém, em pleno uso
das suas faculdades
mentais e que seja mi-
nimamente conhece-
Antigamente, nos tempos do
«socialismo científico», em que a
aquisição de bens materiais não
era para qualquer, como se dizia,
em prejuízos sérios para o 1.º de
Agosto, que apostava forte na
conquista da taça para salvar a
época, na busca de um lugar nas QUI CINFOTEC
A secretária de Estado do Ensino Superior

dor das coisas do nosso futebol,
seria capaz de traçar um quadro
sobre ele, por mais idílico que fos-
se, em que o isentasse completa-
mente da corrupção.
Ou seja, todos sabem que
existe também esta praga socio-
económica no futebol angolano,
bastava um simples fogão a gás de
quatro bocas e forno para o false-
amento deste ou daquele resulta-
do, neste ou naquele jogo. Sabia-
-se até quem eram os árbitros
mais batoteiros e quais os clubes
mais corruptores. Se um dado
árbitro fosse indicado para deter-
afrotaças, já que, pelo Girabola,
as coisas estão complicadíssimas,
praticamente perdidas. Com a
eliminação, não há mais repara-
ção, o que reforça a seriedade dos
prejuízos. É possível que, mesmo
que o árbitro validasse o golo,
o Kabuscorp do Palanca ainda
15
para Inovação, Maria da Silva Martins, afirmou,
em Luanda, que o Centro Integrado de Forma-
ção Tecnológica (Cinfotec) é uma instituição for-
mativa de qualidade, por quanto transmite uma
AGO nova perceção na forma de encarar o ensino.
SEX DESPORTO
Nanquim ou Nanjing, palco dos segundos

embora se torne algo difícil apre-
sentar provas em cada caso pon-
tual que apresente indícios nesse
sentido. E talvez por isso é que
ela (a corrupção) vai avançando
alegremente, despindo-o dos va-
lores éticos e morais que deviam
acompanhá-lo sempre.É na ar-
minado jogo em que se envolve-
ria tal equipa, já se sabia para que
lado penderia a derrota.
Hoje, já não se corrompe com
fogões a gás. Cada «fabricação de
resultados» por (má) acção da ar-
bitragem (já que pode acontecer
por «combina» das equipas in-
pudesse sempre vir a ganhar o
desafio, porquanto até tem fute-
bol para isso. Mas, seja como for,
a sua anulação injusta deu um
grande sabor a falso ao seu triun-
fo.
Também não está completa-
mente fora de hipótese a possibili-
16
Jogos Olímpicos da Juventude (16 a 28 de Agos-
to), é capital da província da Jiangsu, na Repú-
blica Popular da China e conta com mais de dez
milhões de habitantes, tendo sido já por três ve-
AGO zes a capital do mais populoso país do mundo.
SÁB IMPOSTOS
Um colóquio sobre a Reforma Tributária teve

bitragem, para a fabricação de
resultados desportivos falseados,
em que ela começará. Sempre foi
assim, infelizmente.
As histórias sobre alegados
actos de corrupção envolvendo
os nossos homens do apito são
várias. Algumas até, por serem
tervenientes, sem interferência do
juiz, como se terá passado num
célebre 11-0 de há uns anos) de-
verá custar uns bons milhares de
dólares, que oscilarão em função
dos interesses em jogo em cada
desafio ou em cada competição.
Essa «lenga-lenga» vem a pro-
dade de António Caxala se ter en-
ganado, sem má fé. Só que quase
ninguém acredita nessa eventua-
lidade, pela «clamorosidade» do
erro, se se pode falar nisso. Para a
maior parte das pessoas, o árbitro
foi comprado e ponto final.
Dói mais por se tratar de um
17
lugar, no município de Buco Zau, província de
Cabinda, promovido pela Repartição Fiscal de
Cacongo, para uma melhor gestão dos impos-
tos à luz do novo pacote tributário aprovado
AGO recentemente pela Assembleia Nacional.
DOM BELEZA
As candidatas ao concurso Miss da Comunidade

caricatas, acabaram por fazer
parte do nosso anedotário fute-
bolístico, como aquela do árbitro
que, à falta de uma jogada em que
pudesse fazer o jeito a quem lhe
pagara sem dar muito nas vistas,
mandou a um avançado da equi-
pa a favorecer para que se atirasse
pósito do último grande escânda-
lo da nossa arbitragem, registado
sábado, no Estádio da Cidadela
Desportivo, quando o juiz inter-
nacional António Caxala pareceu
ter prejudicado descaradamente
o 1.º de Agosto, ao anular muito
mal um golo limpíssimo da tur-
dos árbitros angolanos melhor
referenciados a nível internacio-
nal, em função das suas boas ac-
tuações lá fora. Mas, como diz a
sabedoria popular, é no melhor
pano onde cai a nódoa.
O 1.º de Agosto quer mesmo
que a FIFA venha a sancionar An-
18
dos Países de Língua Portuguesa (Miss CPLP), que
acontece no dia 13 de Setembro deste ano, em Lis-
boa, Portugal, projetam levar consigo os hábitos e
costumes de Angola para representarem condigna-
AGO mente a beleza nacional e trazer a coroa para Angola.
SEG NOVA BUSCA
O primeiro-ministro australiano, Tony Ab-

ao chão deliberadamente na área,
para a grande penalidade da or-
dem, antes que o tempo se esfu-
masse.
Há ainda a história de um ár-
bitro que «comeu» dos dois lados,
para mais tarde ver-se à nora para
desfazer o imbróglio. Como o em-
pate, que logicamente acabou por
ma militar, acabando por deter-
minar o resultado final, a favor
do Kabuscorp do Palanca. Joga-
va-se os quartos-de-final da Taça
de Angola. O árbitro ancorou-se
num inexistente fora de jogo para
justificar a anulação do golo, des-
virtuando assim a história do en-
contro, que não estava fácil para
tónio Caxala com uma «repreen-
são» exemplar. Por cá, ainda não
se sabe que castigo impenderá
sobre este árbitro, se é que o pe-
nalizarão. Para nós, a instauração
de um inquérito já seria coisa boa.
Apenas para começar. É que a sua
actuação até colocou em perigo a
ordem pública ao final do desa-
19
bott, considerou terça-feira última «uma pos-
sibilidade razoável» de uma nova busca sub-
marina permitir encontrar o avião da Malaysia
Airlines, que operava o voo MH370, desapareci-
AGO do desde 08 de Março, com 239 pessoas a bordo.
TER VISITA
O Presidente da Republica, José Eduardo dos

«determinar», não interessava a
nenhuma delas, é só imaginar o
que terá acontecido na sequência
do duplo incumprimento.
nenhum dos intervenientes.
O pior é que, sendo numa com-
petição a eliminar, o mau traba-
lho de António Caxala resultou
20
fio, com os vândalos de sempre Santos, chegou ao meio da manhã de quinta-feira, à
a darem um ar da sua graça, até cidade de Benguela onde, além de presidir à reunião
contra terceiros inocentes. Assim da Comissão Económica do Conselho de Ministros,
não dá! irá também inaugurar três empreendimentos so-
AGO cioeconómicos.

FRACASSO
QUA Forças dos Estados Unidos fizeram «recen-

21
temente» uma operação para resgatar os reféns
Director: Salas Neto
Editores — Editor Chefe: Ilídio Manuel; Política: Salas Neto; Economia: Nelson Talapaxi Samuel
americanos em poder do Estado Islâmico na Síria,
Sociedade: joaquim Alves; Desporto: Paulo Possas; Cultura: Salas Neto; Grande Repórter: joaquim Alves mas fracassaram, anunciou o Pentágono um dia
Redacção: Pascual Mukuna, Rui Albino, Baldino Miranda, Adriano de Sousa, Teresa Dias, e Edgar Nimi
depois da divulgação de um vídeo que mostra a
Colaboradores Permanentes: Sousa Jamba, Kanzala Filho, Kajim-Bangala, António Venâncio,
Celso Malavoloneke, Tazuary Nkeita, Makiadi, Inocência Mata, e António dos Santos «Kidá»
Correspondentes: Nelson Sul D’Angola (Benguela) e Laurentino Martins (Namibe).
AGO execução do jornalista James Foley.
Paginação e Design: Sónia Júnior (Chefe), Carlos Inácio e Osvaldo Bala Fotografia: Nunes Ambriz e Hélder Simões
Impressão: Lito Tipo
Secretário de Redacção: Dominigos Júnior

QUI CONFERÊNCIA
Adminstracção: Marta Pisaterra
António Feliciano de Castilho n.o 119 A • Luanda
Registro MCS337/B/03 Contribuinte n.o 0.168.147.00-9 Neste dia foi anunciada a realização da primeira

22
Propriedade: Media Investe, SA. República de Angola
conferência sobre transtornos de hiperactividade e
Direcção: salasnetosa09@gmail.com; Edição: ilidiomanuel@yahoo.com;
Política: salasnetosa09@gmail.com; Economia: Talapax@yahoo.com.br; défice de atenção e dislexia no Instituto Nacional da
Sociedade: angelajinga@hotmail.com; Cultura: salasnetosa09@gmail.com; Criança.O evento foi realizado pela Associação Cen-
Desporto: salasnetosa09@@gmail.com; Redacção: redaccao@semanario-angolense.com;
tro de Capacitação e Atendimento Neuropsicológico
Administracção e Vendas: marta.lima24@gmail.com/vanjunior@live.com.pt;
Publicidade e Marketing: publicidade@semanario-angolense.com; sítio: www.semanario-angolense-ao.com AGO de Angola, em parceria com Ministério da Educação.
As opiniões expressas pelos colunistas e colaboradores do SA não engajam o Jornal.
 Sábado, 23 de Agosto de 2014.  3
Em Foco
PR confirma apoio político a Isaac dos Anjos

«O Homem do Presidente» em Benguela

Nelson Sul D’Angola (*) Dos Anjos fazia questão de avisar aos colaboradores mais
próximos no sentido de se prepararem para o «pior».

O
dia 21 de Agosto de 2014 será, sem dúvidas, para
Isaac Maria dos Anjos, um momento histórico
da sua carreira política, depois que chegou à
Benguela, em Maio do ano passado, para substi-
tuir o general Armando da Cruz Neto.
Os motivos são resumidos em dois acontecimentos: o
primeiro, pela visita do Presidente da Republica, José Edu-
ardo dos Santos e, em segundo lugar, por ter recebido ga-
rantias do próprio titular do Poder Executivo de que «a
sua transferência da província do Namibe para Benguela
foi uma escolha acertada».
Segundo ainda Eduardo dos Santos, a escolha foi acer-
tada tendo em conta os índices de desenvolvimento e ini-
ciativas de crescimento económico para a província que
Isaac dos Anjos apresentou na reunião da Comissão Eco-
nómica do Conselho de Ministros, realizada na cidade fer-
roportuária do Lobito.
O elogio do Presidente da República ao governador foi
feito depois da apresentação do Plano de Desenvolvimento
de Benguela para o quinquenio 2013/2017. Aparentemente,
tendo em conta a expressão de satisfação que José Eduardo
dos Santos demonstrava, mais do que o conteúdo cons-
tante no documento, um dos motivos que o terão levado
a manifestar abertamente apoio político ao governador de
Benguela teria sido a eloquência com que Isaac dos Anjos
apresentou o projecto.
Ao ser considerado pelo presidente como sendo «uma
escolha acertada», ficam assim enterradas a informação
que apontavam para uma saída sua do cargo, a favor de Ju
Martins, coordenador do Grupo de Acompanhamento do
BP do MPLA. Essa informação era quase dada como cer-
ta, já que, de acordo com fontes do Semanário Angolense,
Há um ano e meio na condução da província, Isaac dos
Anjos já criou vários «anti-corpos» bem identificados, so-
bretudo, no seio do seu próprio partido. Alias, nos últimos
tempos, era notável o surgimento de focos de contestação
contra a sua governação vindos de diversos sectores políti-
cos, económicos e sociais, que tem questionam os critérios
de transparência para a oferta dos vários negócios entre-
gues a empresas de fora da província, sobretudo huilanas.
Entre os observadores da cena política local, não há dú-
vidas de que Isaac dos Anjos é tecnicamente o governa-
dor mais bem preparado entre todos que já passaram por
Benguela. Além de competente em matéria de governação,
Dos Anjos é dos governadores e dirigentes do MPLA que
nas jornadas de campo e noutros eventos não mistura as
figuras de governador e de 1.º secretário do Comité Pro-
vincial. Interessante mesmo será ver o que fará de diferen-
te que os seus antecessores não conseguiram.
Para os mesmos analistas, apesar das suas qualidades
técnicas, Isaac dos Anjos terá de superar, no mínimo, três
defeitos que complicam a sua personalidade. Segundo re-
latos, em todas instituições que dirige, ele julga que é o
único pensante e que os seus colaboradores são meros exe-
cutores. Depois chega a tratar os seus subordinados sem
urbanidade e por fim é conhecido por não gostar nada de
ser criticado.

Inauguradas diversas infra-estruturas

No corredor do Lobito abrem-se

novas oportunidades de negócios
A
nalisadas pela Comissão Econó- algumas infra-estruturas de impacto eco- mentos, aliada à abertura da via interna- salientado que o dinheiro proveniente da
mica do Conselho de Ministros, nómico, com destaque para o terminal do cional do Caminho de Ferro de Benguela, produção e exportação do petróleo já não
sob orientação do Presiden- Porto do Lobito, o seu terminal de minei- o Presidente da República disse esperar é suficiente para financiar todos os projec-
te da República, José Eduardo ro, além do porto seco da cidade e um re- que sejam criadas novas oportunidades de tos necessários para o desenvolvimento do
dos Santos, na sua 13.ª sessão ordinária, bocador multifuncional da sua capitania. negócios para empresários angolanos e os país.
realizada no Lobito, as propostas do Pla- Com a inauguração destes empreendi- investidores estrangeiros, tendo mesmo (*) Em Benguela
no de Desenvolvimento de Benguela para
2013/2017 define como principais áreas de
investimento a energia e águas, a constru-
ção da rede rodoviária, o urbanismo, os
transportes, a saúde, as telecomunicações,
a educação, a formação profissional, a as-
sistência e reinserção social, assim como a
habitação.
A intervenção nesses domínios, segun-
do disse o governador Isaac dos Anjos, tem
como objectivo o incremento da dinâmica
de crescimento da província de Benguela,
combater o desemprego, fortalecer o ca-
pital humano e institucional, entre outras
realizações.
O governador provincial disse que essa
intervenção poderá garantir o ordenamen-
to e a coesão territorial e gerar novas opor-
tunidades de negócios para o sector priva-
do nacional e estrangeiro.
Na vinda à Benguela do Presidente José
Eduardo dos Santos, foram inauguradas
4  Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Em Foco

Diz que dá o assunto por encerrado

Executivo pagou mais de 4 biliões de kwanzas

aos ex-operários angolanos na antiga RDA
O
Executivo Angolano disponibi-
lizou até ao presente momento a
quantia de quatro biliões, dezas-
seis milhões, seiscentos e quatro
mil e oitocentos kwanzas aos ex-trabalha-
dores na extinta República Democrática
Alemã (RDA), desde o início deste proces-
so em 2004, soube o Semanário Angolense
de fonte segura.
A mesma fonte acrescentou que conside-
ra o processo encerrado por ter honrado to-
dos os compromissos até então assumidos.
Dados em nossa posse revelam que em
2004 a Associação dos Ex-Trabalhadores
Angolanos na Extinta RDA apresentou
uma reivindicação que se prendia com os
valores transferidos para Angola que se
destinariam à inscrição no Sistema Nacio-
nal de Segurança Social, tendo o Governo
devolvido 316.800,00 kwanzas a cada um
dos 1.646 ex-operários registados na base
de dados, num total de 521.452.800,00 (qui-
nhentos e vinte e um milhões, quatrocen-
tos e cinquenta e dois milhões e oitocentos)
kwanzas.
Em 2006, a associação apareceu com no-
vos elementos na sua direcção e um novo
advogado, reivindicando o dinheiro que
alegaram ter sido descontados nos seus sa-
lários, à razão de 25 por cento, e transferi-
Ministro Pitra Neto, sobre quem recaiu a responsabilidade de gerir o caso
dos para Angola, facto que não conseguiu
provar documentalmente. Entretanto, o
Governo agindo de boa fé, decidiu atribuir
560.000,00 kwanzas a cada um, o que tota-
lizou 793.520.000,00.
No ano de 2010, a associação surgiu no-
vamente com outros elementos na sua di-
recção e com outro advogado, reivindican-
do questões que nada tinham a ver com o
acordo rubricado entre Angola e a antiga
Alemanha do Leste, exigindo subsídios de
separação de família, pagamento do abono
de família aos filhos e salários, entre outros.
Em Fevereiro de 2011, foi assinado um
acordo de entendimentos final que resul-
tou na atribuição da categoria de Técnico
Médio de 1.ª Classe aos ex-trabalhadores
na antiga RDA, para efeitos de compen-
sação por cessação antecipada do contra-
to estabelecido, prevista no artigo 261 da
LGT, acrescida dos subsídios de Natal,
férias e embarque, além de disponibilizar
os valores devidos para afirmação profis-
sional, aquisição de ferramentas de traba-
lho e micro-créditos para o arranque dos
seus negócios, assim como a sua inscrição
no Sistema de Segurança Social. Era mais
uma prova de boa fé por parte do Governo,
com equivalência de entrada de contribui-
ção, cuja execução está em curso. Por for-
ça do último acordo, foi concedido a cada
um dos ex-trabalhadores o montante de
um milhão e duzentos e setenta e oito mil
kwanzas.
Depois, a associação surgiu com outra
reivindicação e com novo advogado, exi-
gindo o pagamento antecipado dos valores
referentes à reforma na sua totalidade, por-
que, segundo alegou, os seus membros não
queriam receber os montantes mensal-
mente, em desrespeito à legislação vigente.
Finalmente a associação aparece com
nova advogada, exigindo novos valores
monetários referentes à compensação pre-
vista no artigo 261.º da LGT, contrariando
o seu escopo e criando falsas expectativas
entre alguns dos ex-operários angolanos na
antiga RDA, quando o assunto estará mais
que encerrado na óptica do Executivo an-
golano, como reitera a fonte deste jornal.

Acusados do descaminho de mais de 17 milhões de kwanzas

Ex-dirigentes da associação em tribunal

O
s cidadãos Garcia Sa-
muel Manuel, José Apo-
linário Damião Mateus
e Mateus Panda, vin-
culados à Associação dos Ex-Tra-
balhadores Angolanos na Extinta
RDA, arriscam-se a ser condena-
dos a penas de 8 a 12 anos de pri-
são maior, caso sejam dados como
culpados das acusações de desvios
de fundos estimados em mais de 17
milhões de kwanzas.
Os réus são acusados do crime
de abuso de confiança pelo fac-
to de, entre 28 de Junho de 2011
e Setembro do mesmo ano, terem
movimentado sem justificação e
sem o conhecimento dos demais
associados, em benefício próprio,
o montante de 17.120.649.00 (de-
zassete milhões cento e vinte mil e
seiscentos e nove mil) kwanzas.
Os valores retirados haviam sido
depositados em diversas ocasiões
pelo Ministério da Administração
Pública, Emprego e Segurança So- Luanda, os réus agiram com cons-
cial, no quadro dos acordos firma- ciência da ilicitude dos seus actos,
dos para a resolução dos pendentes mesmo sabendo que a conduta por
havidos na relação entre as partes. eles adoptada era proibida por Lei.
De acordo com a pronúncia da Os réus são acusados de terem
3.ª Secção da Sala dos Crimes Co- cometido o crime de abuso de con-
muns do Tribunal Provincial de fiança previsto e punido pelo artigo
Na foto, alguns ex-operários na antiga RDA
453.º do Código Penal, conjugado
com o n.º 5 do art.º 421º.
Várias circunstâncias, como a
premeditação, associação, traição,
a qualidade de dirigentes e a obri-
gação de não cometimento, todas
previstas e puníveis nos termos do
artigo 34.º do Código Penal, agra-
vam a conduta dos réus.
Em virtude de o crime de que
são acusados não admitir liberda-
de provisória e porque os eles se
encontram soltos, o juiz da causa
mandou oficiar os Serviços de Mi-
gração e Estrangeiros (SME) no
sentido de interditarem a sua sa-
ída do país, do mesmo modo que
ordenava a emissão dos devidos
mandados de captura para que
aguardarem os últimos trâmites
processuais na condição de deti-
dos.
O Semanário Angolense tentou
falar com pelo menos um dos acu-
sados, mas apurou que todos eles
se encontram actualmente em par-
te incerta, tal como alguns outros
dirigentes da associação sob quem
não impende oficialmente qual-
quer processo judicial, o que faz
pensar que haverá mais «marosca»
por desvendar.

Por substituir colega «â força»
Helga Candeias
está suspensa
O
Conselho Provincial de Luanda
da Ordem dos Advogados de
Angola suspendeu a causídica
Helga Candeias do exercício da
profissão por um período de 3 meses, com
a consequente obrigação de entrega da res-
pectiva cédula profissional, soube o SA.
A suspensão deriva de um processo dis-
ciplinar a que a ela fora sujeita, no âmbito
de uma queixa apresentada pelo seu colega
Alberto Sérgio Raimundo.
Helga Candeias havia sido constituída
mandatária judicial da associação dos ex-
-trabalhadores angolanos na antiga Ale-
manha do Leste, sob o fundamento de que
Sérgio Raimundo havia sido afastado da
função de representante legal da entidade,
quando, na verdade, assim não acontecera.
O mandato que supostamente afastaria
Sérgio Raimundo daquela condição, em
benefício de Helga Candeias, havia sido
subscrito por Garcia Manuel, José Apoli-
nário Mateus e Mateus Panda, os mesmos
sobre quem já pendiam as graves acusa-
ções que redundariam no processo-crime
Sérgio Raimundo
Sábado, 23 de Agosto de 2014.  5
Em Foco
Cucamini_SacaFacil_taFacil_SAngolense_123x335mm.pdf 1 14/05/21 11:16
referido acima, pelo qual seriam afastados
da direcção da associação.
Por este facto (afastamento da direcção),
eles estavam sem legitimidade para firma-
rem compromissos oficiais em seu nome,
pelo que a subscrição feita a favor da atri-
buição do mandato de representação legal
a Helga Candeias estaria ferida de legali-
dade, o que dá como resultado a anulação
ou nulidade dos negócios jurídicos por ela
efectuados em nome da entidade.
O Semanário Angolense convidou Sér-
gio Raimundo a debruçar-se sobre o as-
sunto, mas ele, que não se encontra no
país, disse que não podia fazê-lo com a
devida propriedade por não ter tido aces-
so ao documento do Conselho Provincial
de Luanda da Ordem dos Advogados que
determina a suspensão de Helga Candeias,
com quem, por seu lado, não conseguimos
chegar à fala por termos sequer algum C
contacto seu. M
Contudo, Sérgio Raimundo promete fa-
lar do caso assim que regressar ao país, o
Y
que conta fazê-lo na próxima semana. CM
MY
CY
CMY
Helga Candeias

Jornalista do SA foi a enterrar nesta terça-feira no Camama
Edgar Nimi «in memoriam»
O
nosso jornalista Edgar Nimi, que
era um dos esteios da redacção
do Semanário Angolense, fale-
cido sábado por doença, foi já a
enterrar nesta terça-feira, no Cemitério da
Camama, em Luanda, em cerimónia pre-
senciada por familiares, amigos e conheci-
dos seus, assim como colegas de faculdade
e de serviço.
A cerimónia foi presidida por um padre
católico de uma igreja próxima de sua casa,
que o malogrado jornalista frequentava, na
sua qualidade de cristão devoto. O prelado
liderou as orações da ordem, em meio às ci-
tações bíblicas dedicadas a momentos tris-
tes como este o da descida de Edgar Nimi à
tumba que lhe estava destinada, desejando
que a sua alma descanse ao lado do Pai.
Seguiram-se a leitura dos elogios fúne-
bres da família, dos colegas do Semanário
Angolense e da Universidade Independen-
te, onde Edgar Nimi era aluno destacado
do último ano do curso de Comunicação
Social.
António Edgar dos Santos Nimi entrou
para o quadro de funcionários do Semaná-
rio Angolense em Novembro de 2010, ten-
do, na altura, batido a porta do jornal para
pedir uma oportunidade de trabalho junto
do então editor de sociedade, Salas Neto, o
actual director da publicação
Foi aceite, não só pelo facto de ter mostra-
do que tinha conhecimentos básicos da sua
área técnica de formação (comunicação e in-
formação), feita no IMEL - período de 2005 a
2008 -, como também por ter mostrado inte-
resse em crescer profissionalmente.
Quando procurou o SA, tinha pouca ex-
periência jornalística, uma vez que vinha
de um jornal de bairro, o extinto «Voz do
Povo», do Cazenga, onde trabalhara duran-
 7
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Em Foco
te um ano, mas cedo começou a demonstrar
que era um rapaz talentoso.
Empenhado, era dos jornalistas mais
produtivos do SA, que em quantidade,
como em qualidade, sendo que nos últimos
tempos vinha já assinando matérias impor-
tantes, apesar de ser ainda considerado «jú-
nior». Foi, por exemplo, o responsável por
uma das últimas manchetes deste jornal,
que tratou das «cábulas de última geração»,
uma excelente reportagem sobre o falsea-
mento de resultados académicos que está a
ser facilitado pelas novas tecnologias. E isso
aconteceu precisamente uma semana antes
da sua morte.
Numa nota que postou no facebook, o
director do SA diz o seguinte: «Nós vamos
ter dificuldades para encontram um ou-
tro Nimi. Quanto à família, só ela sabe o
quanto custa realmente a perda de um bom
jovem como era o Edgar. Eu, Salas Neto,
gostava muito dele. E aposto que todos os
outros colegas também. Em nome do SA,
endereço à sua família sinceros sentimentos
de pesar. Vai bem, miúdo!».
Edgar Nimi, que contava apenas 24 anos,
constitui-se assim numa perda muito séria
para o Semanário Angolense.
É a segunda vez que a morte bate a por-
ta deste jornal, depois do falecimento, há
poucos meses, do designer Patrick Ferreira,
também por doença e igualmente na flor da
idade, como se diz.
Para honrá-los, o colectivo do SA prome-
te dar o melhor de si, no sentido de manter
o jornal como eles gostariam certamente
que fosse feito. E assim se fará!
O SA agradece a todos, sobretudo através
do facebook, que se solidarizaram com o
jornal pela morte deste seu destacado tra-
balhador. Que a terra lhe seja leve!
8  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Sociedade
Sociólogo Paulo de Carvalho fala das causas da criminalidade
Família e escola são chamadas
a combater a cultura da violência
Lucas Adão
A
criminalidade tem
causas psicológicas,
económicas e sociais,
de modo que a sua pre-
venção exige medidas de políticas
públicas, a executar pelos gover-
nos e pela sociedade civil. Quem
o afirmou foi o sociólogo Paulo de
Carvalho, durante a última edição
da já tradicional «Maka à Quarta-
-Feira» que a União dos Escritores
Angolanos promoveu no passado
dia 20 de Agosto.
Há uma série de teorias psicoló-
gicas e sociológicas que explicam os
desvios, incluindo a criminalidade
e a delinquência. Fazendo recurso
a elas, o sociólogo deu conta que as
sociedades humanas precisam de
criar mecanismos de prevenção, de
modo que esses males não tomem
proporções alarmantes, como su-
cede por exemplo no Brasil, com
áreas urbanas que ficam paralisa-
das devido à violência.
Dentre as causas de crimina-
lidade e delinquência, apontou a
falta de atenção à educação das
crianças e adolescentes por parte
da família e da escola, para além
de razões de natureza psicológica
e sociológica (como a segregação
espacial, o desemprego, a pobreza,
o ciúme e o consumo de drogas,
dentre outras).
No caso concreto de Angola,
Paulo de Carvalho frisou tam-
bém a cultura do medo, a cultura
da violência e a grande quebra de
valores morais, que a família, a
«Conflitos» na UEA
A
União dos Escritores
Angolanos realizará na
próxima quarta-feira
dia 27 de Agosto do
corrente a sua tradicional maka,
tendo como prelector o Dr. Fran-
cisco José da Cruz, sob o tema
«Doutrina Angolana de Resolução
de Conflitos».
O prelector desde 2011 que
exerce a função de Director do
Gabinete de Estudos e análises no
Ministério das Relações Exterio-
res, depois de ter sido entre 2006 e
escola e os muitos anos de guerra
inculcaram na mente das pessoas.
«A guerra é uma causa ainda pre-
sente, porque apesar de os jovens
criminosos não terem tido acção
directa na guerra, ainda sofrem os
seus efeitos, a partir da violência
perpetrada pelos seus pais, tios e
irmãos mais velhos», esclareceu.
O palestrante, que é Professor
Titular na Universidade Agosti-
nho Neto, referiu ser muito co-
mum pensar-se que a pobreza é
2007 Director de Assuntos Gover-
namentais e Internacionais da BP
Angola em Luanda.
Francisco José da Cruz tem bas-
tante experiência como diploma,
tendo sido de 1994 a 2001 conse-
lheiro na embaixada de Angola
nos Estados Unidos da Améri-
ca e Washington, DC, depois de
uma passagem, entre 1990 e 1992,
como assistente do Embaixador
na Missão Permanente de Angola
junto das Nações Unidas e Nova
Iorque. ■
uma das maiores causas de de-
linquência, o que não correspon-
de à verdade. Os anos de maior
violência nas cidades angolanas
(2004-2006), quando havia acção
de grupos organizados de jovens
criminosos, são prova de que a
criminalidade incluía pessoas das
diversas camadas sociais. Tam-
bém a corrupção generalizada de-
monstra isso.
O sociólogo considerou que
a Polícia angolana tem tido boa
Foto da ANGOP
actuação ao nível da investiga-
ção criminal. Depois de alguma
contestação a este respeito, refe-
riu não ser possível uma polícia
esclarecer 100% dos crimes, mas
a percentagem de crimes esclare-
cidos e o facto de se ter acabado
com a criminalidade organizada
são prova do bom trabalho da Po-
lícia angolana do ponto de vista
da investigação criminal. Outra
prova disso é o facto de as Forças
Armadas Angolanas e a Polícia
Nacional de Angola figurarem
entre as corporações que são con-
tactadas para serviços a prestar à
Organização das Nações Unidas.
Em seu entender, as áreas da Po-
lícia que precisam de maior acu-
tilância são a Ordem Pública e a
Polícia de Trânsito. Neste último
caso, referiu haver mesmo agentes
de trânsito que não conhecem o
código de estrada, o que dificulta
a sua actuação.
Um outro aspecto contestado
pelo palestrante nesta «Maka»
tem a ver com a ideia de que a de-
linquência e a criminalidade estão
a aumentar em Angola. Paulo de
Carvalho garantiu que os dados
apontam para a diminuição da
criminalidade, tendo referido que
o actual aumento do sentimento
de insegurança se deve ao aumen-
to da criminalidade violenta e dos
crimes selectivos: «É para os cri-
mes selectivos e a criminalidade
violenta que a Polícia angolana se
deve preparar, antecipando-se aos
criminosos».
Na ocasião, falou-se de causas
de criminalidade, com uma abor-
dagem multidisciplinar. O cri-
minalista Armindo Aurélio, que
falou à nossa reportagem à mar-
gem da palestra, deu conta de ter
havido essa abordagem científica
multidisciplinar, tendo também
sido esclarecidas as dúvidas apre-
sentadas pelos presentes. Consi-
dera ser um assunto que deve con-
tinuar a ser abordado pela UEA,
esmiuçando-se os vários tipos de
crimes.■

Ex-trabalhadores da EPAN jogados à sua sorte
Os funcionários reivindicam as suas indemnizações e uma reforma condigna depois da extinção da empresa em 1996. As institu-
ições do Estado vão prometendo, mas nada se resolve. O tempo passa, as pessoas envelhecem, mas o horizonte continua escuro
Maria Kiluanji
Hélder Simões
M
ais de quatro mil ex-
funcionários da em-
presa de panificação
de Luanda - EPAN -
UEE, paralisada há dezoito anos,
continuam sem as suas indemni-
zações desde que a empresa foi ex-
tinta e entregue a privados.
De acordo com os trabalhado-
res em causa, o Governo angola-
no encerrou a panificadora desde
1996 e não acautelou as indemni-
zações e subsídios de aposentação,
em função do tempo decorrido
desde a extinção da empresa atá
a data presente, bem como uma
solução para cedência de uma re-
forma já que muitos deles efectu-
avam descontos para a Segurança
Social.
A EPAN - UEE foi extinta no
âmbito das transformações leva-
das a cabo em quase todo o sector
industrial em 1995 ,e como resul-
tado, todas as panificadoras que
a EPAN - UEE controlava, foram
entregues a várias entidades pri-
vadas, deixando os trabalhadores
à sua sorte.
De acordo com os ex-funcio-
nários, a empresa nunca aceitou
pronunciar-se sobre a questão por-
que, explicaram, tudo depende do
Ministério da Indústria. Este, por
sua vez, de acordo com os operá-
rios, afirmaram na altura em que
foram chamados pela primeira vez,
que tinha sido criado um grupo
de trabalhadores para resolver o
problema. De lá para cá o processo
continua parado, porque a referida
comissão foi extinta por razoes que
dizem desconhecer.
Por este facto, os ex - trabalha-
dores das unidades de produção da
EPAN - UEE, mostram-se descon-
tentes com esta situação e criticam
o modo como está a ser gerido o
processo, uma vez que muitos de-
les estão na condição de despedi-
dos e a viver em situações difíceis
por falta de apoio do Estado que foi
quem os pôs na rua, mas não con-
segue dar solução ao problema por
si criado.
A situação está
a desesperar
Por este motivo os antigos ope-
rários da extinta empresa das pa-
nificadoras de Luanda, afirmam
terem já remetido várias solicita-
ções ao Ministério da Industria e
outras entidades de direito, como o
Ministério do Trabalho e Seguran-
ça Social (MAPESS), Ministério da
Economia e entidades encarregues
do assunto, mas não resultou por-
que o problema continua parado.
A situação deixa-os cada vez mais
aborrecidos, tendo em conta o tem-
po que se arrasta o processo.
Não ficando por ai, em 2011 en-
dereçaram uma carta à Secretaria
para os Assuntos Jurídicos da Casa
Civil da Presidência da República,
que respondeu prontamente a mis-
siva, afirmando que o referido as-
sunto tinha sido encaminhado aos
senhores Ministros da Industria e
da Administração Pública Traba-
lho e Segurança Social, para apre-
ciação, decisão e pronunciamento.
Afirmando estarem desespera-
dos com a situação, em Julho des-
te ano, os ex-operários da EPAN,
dirigiram também uma carta à
Oitava Comissão da Assembleia
Nacional (Comissão que responde
pelos Direitos Humanos), no sen-
tido de ajudar a resolver a questão
das suas indemnizações junto do
Ministério da Indústria e da Eco-
nomia. Segundo contam, a Assem-
bleia Nacional respondeu a carta,
informando que foi dirigida uma
solicitação a respeito do assunto ao
Ministério da Indústria e aguar-
dam a decisão e pronunciamento.
Por outro lado, os lesados en-
tendem que as instituições envol-
vidas nesse processo não estão
preocupadas em resolver o pro-
blema dos funcionários da antiga
empresa, uma vez que foram feitas
várias solicitações desesperadas às
entidades de direito e a situação
continua na mesma.
Promessas não
cumpridas
Os trabalhadores realçaram ao
Semanário Angolense que a situ-
ação das indemnizações estaria
já resolvida em 2010, quando o
Ministro da Economia despachou
um processo para atender as re-
munerações e a reforma dos tra-
balhadores com idade abrangida,
com vinte por cento de ajuste. De
lá para cá o problema não foi re-
solvido. Tudo porque, explicam,
a antiga comissão criada para dar
solução ao problema foi extinta.
«Considero isso uma falta de
responsabilidade e sensibilidade
por parte das entidades que estão
a frente do processo da EPAN -
UEE, porque muitos de nós hoje
encontramo-nos em situação de
desemprego e sem possibilidade
de ser admitido numa empresa
pública porque já passamos dos 45
anos de idade. Isto é inadmissível
num pais democrático e de direi-
to», queixam-se.
Ainda no princípio deste mês
de Agosto, de acordo com os
operários, estiveram no gabine-
te da ministra da Indústria, que
encaminhou o documento ao
secretário de Estado da referida
instituição que, através da sua se-
cretária, pediu-lhes para aguardar
a resposta da nova comissão cria-
da para tratar o assunto. Apesar
de serem bem atendidos, afirmam
estarem impacientes com esse vai
e vem sem qualquer solução.
«Por isso, esperamos que o Go-
verno resolva a questão das nossas
indemnizações e dê uma reforma
condigna, uma vez que existem
pessoas que trabalharam naquela
empresa desde a sua criação até a
altura da sua extinção e efectua-
vam os descontos para a Seguran-
ça Social e hoje vivem em situação
de extrema pobreza por falta de
um emprego digno para sustentar
as suas famílias», lamentam.
A EPAN - UEE, foi uma empre-
sa estatal criada à luz do decreto
executivo número 31\80 de 16 de
Maio, cujo objectivo cingia-se a
reorganizar o sector estatal de pa-
nificação, produção e distribuição
na província de Luanda. No de-
correr dos anos, face ao desenvol-
vimento sócio-económico, o Esta-
do adoptou o «programa do pão»
incentivando a criação de novas
panificadoras e a reabilitação das
panificadoras estatais existentes,
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
recorrendo a iniciativas privadas.
O Estado, conforme decreto exe-
cutivo conjunto Nº 30/99, de 27
de Janeiro, adoptou um figuri-
no de privatização, onde ficaram
consignadas em cada uma das
unidades votadas a privatização
vinte por cento por ajuste directo
a trabalhadores e outros pequenos
subscritores, o que não aconteceu.
A EPAN - UEE, de acordo com
os funcionários, dispunha se de
oito unidades de produção e um
número de trabalhadores que ron-
dava os quatro mil e quinhentos.
O Semanário Angolense, con-
tactou um dos membros da nova
Comissão Técnica das Empresas
do Estado Paralisadas no Sector
da Indústria, para proceder o le-
vantamento e recolha dos dados
das empresas paralisadas.
Walter Silva, secretário-geral
da nova comissão técnica, disse
que antes de ser criada esta comis-
são, existia um grupo de trabalho,
criado através do despacho con-
junto Nº 418/08, de 29 de Setem-
bro, do Ministério da Indústria
e da Secretaria de Estado para o
Sector Empresarial Público, que
tinha a mesma missão. Esse gru-
po, segundo Walter Silva, foi ex-
tinto por se ter registado alguma
inércia derivada de alterações ins-
titucionais e a ausência de recur-
sos financeiros para a execução
das tarefas programadas.
O problema está
a ser resolvido
Daí a necessidade da nova Co-
missão Técnica que, segundo o
secretário-geral Walter Silva, já
começou a trabalhar, tendo já fei-
to o cadastramento das empresas
que se encontram nesta situação.
Neste momento, explicou, estão
identificadas 39 empresas em que
os trabalhadores reclamam as
suas indemnizações, incluindo as
unidades de produção de Luanda
da EPAN-UEE.
 9
Sociedade
Walter Silva disse que não é
possível atender de uma só vez
todas as empresas, tendo em con-
ta a abrangência e a complexida-
de do trabalho. As empresas vão
ser atendidas de forma faseada.
Numa primeira fase foram catalo-
gadas 10 empresas, nomeadamen-
te: África - Têxtil, em Benguela;
Bolama-UEE, Cipal, Enepa-UEE,
Fabimor, Mabor, Refinaria, Satec/
Entex – UEE, Textang - II, Side-
rurgia Nacional - UEE e Unicerâ-
mica».
As restantes serão focadas nas
próximas fases,onde a EPAN vai
fazer parte, disse o também eco-
nomista Walter Silva.
O SG explicou ao SA que a nova
comissão apresentou em Junho
deste ano um relatório aos minis-
tros da Economia e da indústria,
onde estão definidos os números
inerentes aos quadros das obriga-
ções do Estado das dez empresas
alistadas na primeira fase. Estes
aprovaram o relatório e remete-
ram o dossier à Comissão para
Economia Real do Conselho de
Ministros para a sua apreciação e
decisão final.
Walter Silva disse que tão logo
tenham luz verde para prosse-
guir com o processo vão proceder
a selecção de outras empresas,
incluindo a EPAN-UEE. A Co-
missão Técnica das Empresas do
Estado Paralisadas no Sector da
Indústria (CTEEPI) assegura que
o Estado é um ente de bem, por
isso é que foi criada essa comissão
para resolver os seus pendentes.
O responsável reconhece as
dificuldades porque passam os
cidadão angolanos que estão nes-
sa condição, uma vez que muitos
deles hoje já são idosos e com fa-
mílias para sustentar e necessitam
dessa reforma para viver.
Parecendo que não, disse o SG
da CTEEPI o Governo está preo-
cupado em seleccionar paulatina-
mente o problema dos ex-funcio-
nários das empresas paralisadas,
tendo em conta que não há capaci-
dade de resolver a questão de uma
só vez.
Por isso, apela a maior paciên-
cia dos trabalhadores em causa,
no sentido de aguardarem, porque
o assunto vai ser resolvido a seu
tempo. Reiterou ainda que depois
de atenderem as primeiras 10 em-
presas, que pode ser a qualquer
momento, as outras serão atendi-
das também.
De recordar que esta comissão
foi criada em 2013 e é composta
por oito (8) pessoas, sendo o co-
ordenador geral, o secretário da
Indústria, Kiala Gabriel.■
10  Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Sociedade
Desta feita foi uma ambulância

Mais um acidente espectacular no Zango

João Silva margina a estrada. Os aciden-
tes naquela via têm sido conse-

M
ais um acidente
de viação ocor-
reu em Viana, no
Zango-01, quan-
do uma ambulância do hos-
pital do Capalanca, que vinha
do Zango-04 em direcção à
sua unidade hospitalar, emba-
teu fortemente por trás de um
outro veiculo que se encontra-
va avariado ao lado do passeio.
A ocorrência teve lugar no
passado dia 17 do corrente e a
viatura, com dois ocupantes,
o motorista e um médico, de-
pois de bater no carro parado,
passou por cima da mesma
e foi parar dentro da vala de
drenagem. Por incrível que
pareça, dado o estado em que
ficou a ambulância, os dois sa-
íram ilesos. Segundo testemu-
nhas, o excesso de velocidade
e a falta de iluminação pública
foram as causas do acidente.
Tendo em conta que no pe-
ríodo nocturno a via fica qua-
se livre, os automobilistas têm
tendência de acelerar mais um
pouco, apesar da falta de ilu-
minação. Quando há cruza-
mento com outra viatura com
luzes mais fortes, a tendência
é fugir ao encandeamento e
acabam por mergulhar na vala
de drenagem a céu aberto que
cutivos e este jornal tem relata-
do alguns deles.
Dona Mingota, moradora
nas casas de chapa, foi quem
presenciou bem o acidente
e contou como ocorreu: «A
via é muito escura de noite e
o carro que estava avariado
também não tinha nada a assi-
nalar para prevenir os veículos
verem e com a velocidade que
a ambulância trazia não deu
nem para ver o outo veiculo
parado; bateu nele, saltou por
cima e caiu na vala».
A senhora apelou às em-
presas construtoras daquelas
obras para cobrir a vala, dei-
xando as aberturas próprias
para a limpeza, para evitar os
acidentes que já estão a preocu-
par a população. «É um grande
perigo deixar valas profundas
destapadas dentro das locali-
dades, porque também são um
perigo para as crianças. Dona
Mingota alega que tem filhos
que fazem aquele percurso
para irem a escola e teme que
qualquer dia lhes possa acon-
tecer algo, já que os acidentes
naquele local são quase que di-
ários. Por isso apela ao gover-
no para prestar mais atenção a
esta situação que deixa a popu-
lação alarmada.

Ex-militar das FAPLA e da ODP

Cidadão reclama direito a subsídios

M
onteiro Pedro Neto,
53 anos de idade, na-
tural de Malanje, que
serviu as Forças Ar-
madas Populares de Libertação de
Angola (FAPLA) e a Organização
de Defesa Popular (ODP) reclama
o direito de beneficiar de compen-
sação regular, pelos serviços pres-
tados ao serviço da nação, defende
o antigo soldado.
Em entrevista ao Semanário
Angolense (SA), o antigo com-
batente recordou que funcionou
durante muito tempo com os fi-
nados Imperial Santana e Paiva
Domingos da Silva e que actual-
mente está sem ocupação laboral,
pretendendo uma compensação
financeira.
Em 1982, transferiu-se para
as FAPLA, na 18ª Brigada, no
Kwanza-Norte, mas, por ordem
do então comandante da ODP,
Paiva Domingos da Silva, foi
reintegrado no Comando Geral
da ODP, tendo depois passado a
funcionar no Departamento de
Armamento, cujo chefe era o ca-
pitão Pascoal.
A seguir, trabalhou no Depar-
tamento de Preparação Com-
bativa, cujo chefe era o capitão
Barreto. Antes, esteve vinculado
à secção de compras, onde teve
a responsabilidade de mandar
imprimir nas tipografias, offsets,
etc. todo material administrativo
com timbre dos comandos pro-
vinciais da ODP
Frequentou a escola de ofi-
ciais Marcelino Dias, na Funda,
de onde saiu com a patente de 2º
tenente. Depois da morte de Pai-
va Domingos da Silva, o também
malogrado SKS substituiu-o.
Filho de herói
Monteiro saiu com autoriza-
ção de SKS, por razões de saúde.
Trabalhou na rede de supermer-
cados Kero, como vigilante. Neste
momento, é estudante do 3º ano
de Direito, autorizado pelo então
ministro da Defesa, Pedro Maria
Tonha «Pedalé», tendo gozado fé-
rias em 1985. Roga que o Governo
resolva a sua situação.
Monteiro Pedro Neto era filho
de Pedro Monteiro «Máquina da
Revolução», herói do 4 de Feve-
reiro de 1961 e que chegou a ser
comandante da organização no
Moxico, onde viria a falecer na
década de 80. Foi condecorado a
título póstumo, no Diário da Re-
pública nº 19, de 15 de 05 de 1992,
tendo sido tendo sido promovido
ao grau militar de brigadeiro, nos
termos da ordem nº 14, do Co-
mandante-em-Chefe das FAA, de
26/9/2001.
PM

Criança posta em saco preto
Telma Dias
U
m menino, de apenas
quatro anos de idade,
foi morto, por dois jo-
vens, que conduziam
uma motorizada, e abandonada
numa casa desabitada, na quinta-
-feira, 7, às 9h00 da manha, no
município do Cazenga, bairro do
Malueca, soube o Semanário An-
golense.
O triste episódio ocorreu numa
altura em que a mãe e uma avó da
criança estavam numa igreja, as
oito horas, quando Vanilson brin-
cava no quintal de sua casa, com
uma menina vizinha da mesma
idade. Minutos depois, surgiram
dois indivíduos de motorizada,
que chamaram por ele.
Lá Vanilson, inocente da inten-
ção maligna dos jovens, foi levado
para uma casa desabitada, próxi-
ma de sua residência, onde foi sa-
crificado até a morte.
Vanilson foi morto numa casa
desabitada, de seu chará, de um
quarto e sala, onde depois de o
terem amarrado os pés e as mãos,
partiram-lhe o pescoço e poste-
riormente embrulharam-no ape-
nas o pescoço dentro do referido
saco preto e abandonado no mes-
mo local.
De acordo com a avó de Va-
nilson, o pequeno tinha ficado
sob cuidados de sua sobrinha,
de 14 anos, que, no momento do
desaparecimento do pequeno,
procedia a limpeza em casa. Foi
a pequena lú, que brincava com
Vanilson, que explicou como os
bandidos apareceram e momentos
depois de o terem morto, chama-
ram e explicaram à menina que ti-
nham deixado o pequeno em casa
de seu chará.
Vanilson esteve perdido
Paulina Garcia, de 21 anos, mãe
do pequeno Vanilson, explicou
que na semana anterior a do in-
cidente, Vanilson desapareceu da
área em que vivem durante longas
horas, coisa que não era habitual,
mas que, de tanto procurarem,
uma de suas vizinhas reconheceu-
-o do outro lado da rua, desam-
parado e sem noção do caminho
para regressar à casa.
Segundo a família, o primeiro
desaparecimento fora um sinal da
calamidade que ocorreu nos dias
subsequentes, tudo estava a ser
bem planeado pelos delinguentes,
Depois de assassinada
pois os espaços de cada um dos
familiares, sobretudo da mãe da
criança, estavam a ser controlados.
«Graças a uma jovem, que o viu
perdido e desesperado, recupe-
rou-o e o conduziu até a casa de
sua, senão, ele naquele mesmo dia,
já seria morto e acredito que algu-
ma coisa aconteceu e o plano fora
embargado, por alguma razão,
que não sabemos», contou a mãe.
Embora não haja provas nem
rasto, a família do pequeno Vanil-
son desconfia do segundo marido
de Paulina, que pretendia se vingar
da morte de seu filho, Tonilson.
Paulina, vendedora ambulante,
é mãe de dois rapazes, de pais dife-
rentes, tendo internado o segundo
rebento, de um ano e sete meses,
apelidado de Tonilson, em Janeiro
deste ano, supostamente por ter
ingerido gasolina no momento em
que brincava com outras crianças
do bairro.
Polícia quer
prender Pedro
Tonilson foi levado ao Centro
Sábado, 23 de Agosto de 2014.  11
de Saúde mais próximo, onde foi
desintoxicado do líquido ingeri-
do e posteriormente proseguiram
com uma medicação normal, em
função do estado de saúde. Pauli-
na sempre viveu com a mãe, pois
nunca coabitara com os pais de
qualquer de seus filhos, por desen-
tendimento.
Já no assado mês de Junho, o
pai de Tonilson, Fernando Pedro,
procurou por Paulina, com quem
travou uma discussão, tendo feito
acusações de que Paulina sabia da
morte do pequeno e que, por isso,
Sociedade
era culpada do seu falecimento,
alegando que descobriu que seu
filho Tonilson sucumbiu por en-
venenamento e não gasolina.
De acordo ainda coma Paulina,
Pedro, pai de Tonilson, é funcio-
nário da empresa SONILS e que,
no mesmo dia da discussão, fez
promessas, pedindo com fúria e
arrogância que lhe devolvessem
o seu filho, caso contrário, faria
qualquer coisa para magoá-la.
Paulina contou que, não con-
siderou as ameaças, pelo facto ele
ter estado chateado e magoado
com a perda do filho, mas decidiu
contar a sua irmã mais velha das
palavras assustadoras do Pedro.
Neste momento, Paulina ficou
sem filho, tendo apelado à polícia
para que acompanhe rigorosa-
mente o assunto e que encontre os
verdadeiros culpados. «Seja quem
for, terá de pagar na cadeia a mor-
te de meu filho», rogou Paulina.
A polícia ainda não conseguiu
encontrar os verdadeiros prota-
gonistas da ação, mas, em função
das promessas de Pedro, garantiu
prendê-lo, juntamente com o pai
de Vanilson. Houve também atri-
tos com uma vizinha do bairro,
mas não há ressentimento, pois
parecia que não houve rancor de-
pois do desentendimento.
Violacão
Além do incidente, o bairro
está infestado de bandidos, sendo
alguns moradores, outros desco-
nhecidos, transformando a zona
num campo de maldosos. Ain-
da na mesma família, no mês de
Dezembro, Madalena Pedro foi
violada e agredida por meliantes,
quando ia ao mercado proximo
de casa, comprar alguns condi-
mentos que faltava para o jantar,
«Eram 19 horas, eles chamaram-
-me e me disseram que, caso eu
gritasse, seria morta» comentou a
menina, de 14 anos.
No dia do sucedido, o bairro es-
tava movimentado, de pessoas que
saiam do óbito de uma vizinha, ao
lado de casa, mas aproveitaram-se
da desordem para capturar a me-
nina e violá-la.
No mesmo dia, os dois jovens
circulavam pelo bairro, com um
bidon de gasolina, promentendo
à menina que, caso se tentasse
livrar das suas mãos, seria quei-
mada viva. A família, à 1 h00 da
manhã, decidiu procurar a menina
e, minutos depois cruzaram com
adolescente e os meliantes, que se
meteram em fuga.
12  Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Capa

Preocupação séria na centralidade de Cacuaco

Depois das fissuras, os tremores

Alguns edifícios da centralidade de Cacuaco, construídos há cerca de três anos, apresentam já fissuras, quer no exterior, como no interior. A
situação é preocupante, por indiciar algum problema sério em termos de construção. Como se isso não bastasse, há agora um outro motivo que
aumenta a apreensão de quem já lá habita: nos últimos dias, há prédios em dados sectores da urbanização que têm estado a tremer, causando
algum pânico entre os seus moradores. Alertado sobre o assunto, o SA esteve lá e conta a seguir o que apurou

Kim Alves os chineses, na maior das calmas, diversas fissuras, assim como ao que isso não venha a acontecer
e Hélder Simões (fotos) confirmaram o tremor dos pré- nível do gradeamento das janelas Mal projectada nesta centralidade, uma vez que
dios, dizendo que não era nada da frente», explicou a senhora, um aqui vivem muitas famílias e isso

A
lguns moradores da
Centralidade de Cacu-
aco entraram em pâni-
co na passada semana,
quando vários edifícios estreme-
ceram por causas ainda não devi-
damente entendidas.
Segundo moradores que senti-
ram os edifícios a tremer, o susto
foi tão grande que, em primeira
reacção, pensaram num sismo ou
na explosão de algum artefacto
nas proximidades. Por causa do
susto, diversas famílias abando-
naram mesmo as suas residências,
por temerem que algo pior acon-
tecesse.
No entanto, boa parte dos mo-
radores não se encontrava em
casa, tendo tomado conhecimen-
to do fenómeno quando os res-
pectivos familiares telefonaram a
explicar o sucedido.
Preocupados, na sequência do
acontecimento, diversos mora-
dores dirigiram-se ao estaleiro
da empresa chinesa encarregue
da manutenção dos edifícios, mas
para temer, porque não se tratava
de nada grave.
De acordo com os moradores
que falaram ao Semanário Ango-
lense, naquela semana os tremo-
res foram sentidos em duas oca-
siões diferentes: uma no sábado
(9 do corrente) e outra na quarta-
-feira (13), que foi o mais forte.
Os chamados blocos 6 e 11, que
comportam vários edifícios mais
a norte da centralidade, foram
os locais onde os tremores terão
sido mais sentidos. Mas, no Blo-
co 2, principalmente nos prédios
17 e 24, entre outros, o impacto
também foi muito forte, a ponto
de objectos dispostos em cima de
móveis e quadros na parede caí-
rem para o chão.
Segundo a senhora Feliciana,
como se identificou, doméstica e
moradora no Bloco 2, no seu edi-
fício houve vários danos. «Quan-
do se deu o tremor mais forte, até
as coisas na cozinha e na sala caí-
ram ao chão e alguma louça que-
brou. «Na minha sala abriram-se
tanto aflita ainda. Disse que o im-
pacto do tremor quebrou azulejos
e mosaicos na cozinha e na sala,
mas que já foram reparados pela
equipa chinesa de manutenção.
Segundo um outro morador,
que se identificou apenas por Se-
bas e disse ser funcionário públi-
co, qualquer coisa que aconteça
nos prédios deve ser comunicada
à empresa de manutenção, que en-
via imediatamente funcionários
seus para fazerem a reparação.
«No caso dos azulejos e mosai-
cos, substituem os que estiverem
muito danificados e dão um jeito
nas fissuras, picando a rachadela
e aplicando gesso ou betume para
em seguida pintarem da mesma
cor», explicou. Contudo, mesmo
assim, é possível ver que a maioria
dos edifícios, construídos há cer-
ca de três anos, já se vai deterio-
rando aos poucos. «É só ver nas
fachadas os remendos que foram
aplicados: mesmo pintando na
mesma cor, nota-se a diferença»,
advertiu.
Sebas mostrou os edifícios mais
sofridos com os estremeções e as
fissuras já reparadas, chamando a
atenção para uma rachadela que
está a estender-se num dos lados
do edifício 24 do Bloco 2. «As fis-
suras acontecem dentro e fora dos
edifícios. Algumas começam por
fora e avançam para o interior.
Os mosaicos e azulejos partem-se
com frequência e isso é sinal de
alguma instabilidade da constru-
ção em si, que não deve ter obede-
cido a algumas regras básicas da
construção civil como o estudo de
solos, etc.», como refere o jovem.
Os residentes, pelo menos os
que falaram ao SA, acreditam que
a Centralidade de Cacuaco foi mal
projectada, uma vez que o surgi-
mento de fendas e a quebradela
de azulejos e mosaicos são cons-
tantes. «É uma situação desagra-
dável e muitos de nós estamos a
temer que algum edifício desabe,
até porque conhecemos histórias
de prédios que caiem depois de
poucos anos de vida. Esperemos
provocaria uma grande tragédia»,
alerta.
Dos moradores que falaram ao
SA, ninguém soube explicar qual
a causa real dos tremores e das ra-
chadelas, limitando-se a dizer que
as construções é que foram mal
feitas. Na hora que a reportagem
do SA chegou à centralidade, cer-
ca das dez horas da manhã desta
segunda-feira (18), com excepção
de agentes da Polícia à entrada,
algumas crianças a brincar na
rua e unas poucas zungueiras a
«zanzarem» aqui e ali, quase não
havia gente nas ruas. Estava tudo
muito calmo. Os apartamentos,
em grande parte, estavam encer-
rados, com algumas excepções,
em que se viam as janelas abertas
e roupas estendidas nas varandas.
Pelo que se pode constatar e tam-
bém foi confirmado por Sebas,
muitos edifícios ainda não estão
habitados.
Depois de informados sobre a
localização do escritório da empre-
sa de manutenção, onde se fazem
 Sábado, 23 de Agosto de 2014.  13
Capa

Comércio já a bom gás

as reclamações, a equipa de re-
portagem do SA deslocou-se ao
local para saber dos técnicos a
razão das situações descritas.
Eram precisamente 11h35. Um
papel na porta dizia que o ex-

mas ainda não há hospital

pediente se efectua das 8h00 às
11h30 e das 14h30 às 18h00.
Quando os jornalistas che-
garam, saíam do escritório
dois cidadãos angolanos visi-
velmente agastados, porque,
segundo disseram, têm toda
a documentação, incluindo os
comprovativos bancários do
pagamento das rendas anuais,
mas não conseguem receber
as chaves dos apartamentos.
«Eles não explicam porque é
que não dão as chaves e pas-
sam a vida dar-nos voltas.
Marcaram para hoje e agora
dizem-nos que o responsável
não está e temos que voltar na
sexta-feira», explicaram.
Naquele momento, a porta
do escritório estava encostada e
havia diversas pessoas no inte-
rior. Quando se bateu à porta,
apareceu um indivíduo chinês,
com ares de poucos amigos:
vociferando em mandarim,
apontou para o papel em que
estava descrito as horas de ex-
pediente, antes de fechar vio-

lentamente a porta na cara dos
repórteres. «Malcriado».
De acordo com um jovem
angolano que passava e ouviu
os comentários, mesmo que
eles atendessem, tinha que ha-
ver um tradutor, porque prati-
camente ninguém fala portu-
guês. «Mas há um angolano
que se entende com eles, que
é quem traduz as nossas recla-
mações, entre outros assuntos.
Há também um chinês que
fala um pouco de português,
mas os outros só falam a lín-
gua deles», esclareceu.
Possíveis causas
N
uma volta pela centrali-
dade para ver um pouco
mais da realidade local,
pode-se verificar a exis-
tência de um pequeno mercado
em pleno funcionamento, escolas,
lojas, diversos edifícios públicos e
uma unidade da Polícia em fase de
acabamento. Os edifícios onde vão
funcionar os serviços públicos e a
administração, ainda não estão a
Energia eléctrica no ponto, mas a água é um bico d’ obra…
funcionar; a Polícia está a funcio-
nar em instalações provisórias e as
escolas ainda não estão todas a lec-
cionar; por enquanto só há o ensi-
no primário, o primeiro e segundo
ciclos.
Por incrível que pareça, ainda
não há hospital, nem maternidade,
o que leva os moradores a recorre-
rem a outros municípios quando
há casos de doença ou parto.
A Centralidade de Cacuaco
está localizada na área conhe-
cida por Sequele, no município
luandense com o mesmo nome
(Cacuaco), contando, nesta pri-
meira fase, com cerca de dez mil
apartamentos T4 e T5, perfazendo
426 edifícios em 12 blocos. Todos
os edifícios contam com quatro
andares, mais o piso térreo. Uma
segunda fase está em construção
e, de acordo com os moradores
que falaram ao SA, essa etapa vai
contar apenas com apartamentos
T3 e T2.
Grande parte dos apartamen-
tos foi adquirida no sistema da
renda resolúvel, num valor total
do equivalente a 90 mil dólares,
a serem pagos em parcelas anuais
de sete mil e quinhentos, conver-
tidos em kwanzas.

Antes da reportagem do SA
deslocar-se à Centralidade de
Cacuaco, em conversa com
alguns cidadãos, já se punha
a hipótese dos tremores sen-
Inauguração oficial a 28 de Agosto
tidos nos edifícios terem deri-

vado de explosões praticadas
por empresas que se dedicam
à exploração de inertes ali nas
proximidades.
Um cidadão que disse cha-
mar-se Miguel, morador no
edifício 24 do Bloco 2, disse
que também desconfia que o
motivo dos estremeções seja a
utilização de explosivos já re-
ferida. «Eu fui militar e sei o
que é uma explosão. Elas aqui
repercutem como se os reben-
tamentos estivessem longe,
mas eu desconfio que essas ex-
plosões são subterrâneas para
a extracção de pedras e outros
inertes que é a actividade que
mais se faz aqui nas proximi-
dades», referiu.
A
ctualmente, a situação da energia
eléctrica está resolvida, disseram
os moradores. «Temos energia 24
sobre 24 horas, só falhando quan-
do há ‘cortes’ gerais. Mas, o problema da água
é que nos aflige bastante. Primeiro tínhamos
que comprá-la na candonga, para além da ma-
çada de a levar depois para os apartamentos.
Os que estão no rés-do-chão ou no primeiro
andar, têm a vida mais facilitada nesse sentido,
mas os que estão nos últimos andares sofrem
mais», lastimaram.
Ainda segundo as suas explicações, houve
dias em que a água corria em alguns edifícios e
em outros não. Porém, não passava do primei-
ro andar. «Depois de muito se reclamar, a água
começou a correr também nos demais prédios,
mas, geralmente à noite e durante duas ou três
horas apenas, sem a pressão que devia ter. Por
isso, os que moram nos andares de cima são
os mais sacrificados. Esta é uma situação que
devia ter sido acautelada antes de se começar a
venda dos imóveis», exclamaram.
A questão da água está a criar grandes
constrangimentos e inibe muitas pessoas que
adquiriram apartamentos na centralidade de
Cacuaco de se mudarem logo-logo para lá.
Apesar de já ter instalações na centralidade, a
presença da Empresa Pública de Águas de Lu-
anda (EPAL) ainda não se faz sentir no local,
sendo que a promessa de que tudo estaria re-
solvido até ao passado mês de Junho não pas-
sou disso mesmo.
Além da falta de água, os moradores re-
clamam também da falta de administração,
transportes públicos, hospitais, débil sanea-
mento básico, segurança pública e outros ser-
viços sociais.
Segundo o jovem Sebas, apesar de já habi-
tada em certa medida, a Centralidade de Ca-
cuaco, afinal, ainda não foi inaugurada oficial-
mente.
«Fomos informados que a inauguração vai
acontecer no dia 28 do corrente, data do ani-
versário do Sr. Presidente da República, José
Eduardo dos Santos, devendo ser ele próprio a
fazê-lo», disse Sebas.
Os moradores questionam a qualidade
das obras e os preços dos apartamentos
praticados pelo raço imobiliário da Sonan-
gol, a Sonip. «Pelo que se vê, estamos diante
de mais um caso de obras descartáveis. É
possível que, entre cinco e dez anos, venha-
mos a ter problemas muito graves por aqui.
Esta atenção toda que os chineses têm em
termos de remendos é só porque a centrali-
dade ainda não foi inaugurada. Quero ver
depois e sobretudo quando todos os imó-
veis estiverem ocupados como será», reite-
rou Sebas.
14  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Capa
Uso de explosivos
por confirmar
C
onforme já se disse, a
Centralidade de Ca-
cuaco foi construída
numa zona em cujos
arredores se explora, de forma
industrial e artesanal, vários
inertes, como areia, burgau e
pedras. A reportagem do SA,
na continuação do seu trabalho,
deslocou-se até à área da «Bur-
galheira», situada na comuna do
Panguila, no município vizinho
do Dande, que, como a sua de-
nominação indica, para além de
ser uma zona habitada por cam-
poneses, a grande actividade
produtiva é mesmo a extracção
dessas matérias-primas para a
construção civil.
Segundo o coordenador da
área, Teodoro Eurico, a explo-
ração de inertes existe ali desde
os tempos de guerra. Primeiro
eram os cubanos que faziam
tal trabalho através da empresa
«Imbondex». Depois de alcança-
da a paz, a exploração de inertes
começou a ser feita também, por
uma instituição militar.
Nos locais onde se faz a ex-
ploração dos inertes, há durante
o dia grande movimento de ca-
miões que carregam o material
sacado da terra para outras pa-
ragens. Devido à enorme activi-
dade, é possível notar-se burgau
espalhado por todo o lado. Por
esse motivo, algumas mulheres,
homens e crianças, com peneiras
improvisadas vão recolhendo-o
do chão, limpam-no da areia e
outras sujidades, antes de o en-
sacarem, para vendê-lo a preços
mais módicos.
Teodoro Eurico, um ex-mi-
litar, é uma pessoa muito pon-
derada e de poucas falas. Ques-
tionado sobre a forma como se
explora as matérias-primas ali,
respondeu: «As empresas que
aqui trabalham usam máqui-
nas próprias, como escavadoras,
tractores diversos, equipamento
para britar a pedra e peneiras
industriais para a limpeza do
burgau e brita. Se utilizam ou-
tras formas de trabalho, que não
essas que disse, desconheço»,
afirmou, tentando desviar-se da
questão da provável utilização
de explosivos por parte das em-
presas extractoras.
O mais velho disse que muitas
vezes sente o chão estremecer de
maneira estranha, mas conside-
ra que pode ser resultado da in-
tensa circulação de camiões car-
regados e também dos tractores,
que são máquinas muito pesadas
e fortes. «Não confirmo que es-
tejam a utilizar explosivos», rei-
terou.
Quando a equipa de reporta-
gem do SA já se retirava, apa-
receu um homem aparentando
40 anos de idade que pediu para
falar no anonimato. «Eu ouvi a
preocupação dos senhores, mas
o coordenador não pode dizer
tudo o que sabe porque tem sido
ameaçado por militares que to-
maram esta zona e querem cor-
rer daqui a população. Mas aqui
do lado onde os chineses carre-
gam os seus camiões, há dias em
que se ouvem estrondos como
trovoadas e as pessoas ficam sem
saber o que está a causar isso.
Chuva durante o tempo seco
não pode ser, então pode que a
vossa preocupação esteja certa e
posso dizer que estrondos como
aqueles que fazem o chão mexer
durante alguns segundos são de
explosões», expôs o cidadão.
Os habitantes da localidade
da «Burgalheira», em tempo de
guerra, já serviram de «força-
-tampão» que impedia o avanço
das forças rebeldes para Luanda
e também defenderam a conduta
de água de Quifangondo. Mui-
tos, incluindo mulheres, têm no
corpo as marcas da guerra, mas
hoje já ninguém se lembra deles,
nem se respeita, ao menos, a lo-
calidade onde habitam e tiram o
sustento para as suas famílias.
Os moradores têm saudades
do tempo em que a localidade
estava adstrita ao município do
Cacuaco, província de Luanda.
Com a nova divisão administra-
tiva, ela passou para a província
do Bengo. «Desde então, come-
çaram as nossas dores de cabe-
ça», disseram.
Estudar primeiro
e explorar depois
P
ara o director nacional de Gestão Ambiental, Vladmir
Russo, a exploração de inertes no país deve contem-
plar medidas de rearborização e aterros para evitar a
degradação do meio ambiente, tornando a actividade
sustentada.
Aquele responsável considerou, ser necessária a requalificação
das zonas pelas instituições exploradoras para não comprometer
a vida e o bem-estar das gerações futuras. «O problema da ex-
ploração de inertes resulta do crescimento habitacional do país,
mas deve ser feito de forma regrada para não danificar o meio
ambiente. As empresas que exploram devem realizar um traba-
lho com vista a recuperação das suas zonas de trabalho, uma
vez que consta do estudo de impacto ambiental do Ministério do
Ambiente», referiu.
Embora haja no país, algumas empresas que não respeitam
as leis angolanas e beneficiam de uma fiscalização deficiente,
fazendo o que lhes apetece, existem instituições de exploração
de inertes que estão a fazer estudos de impacto ambiental para
avaliar os efeitos do trabalho que realizam. Porém, o especia-
lista assegurou também que existem algumas instituições que
fazem auditorias, sem antes terem efectuado estudos de impac-
to ambiental, para reduzir os efeitos da sua actividade ao meio
ambiente.
Os relatos sobre desmatamento para exploração de madeira e
das escavações que estão a ser efectuadas por todo o lado, sem
respeitar povoações ou terrenos de lavoura, para retirar areia,
pedras e burgau, para além da actividade de carvoeiros, situ-
ação que se agravou com a guerra e vai continuando, causa o
empobrecimento das terras, a destruição das lavras e deixa as
populações mais dependentes, empobrecidas e famintas. Parale-
lamente, vai-se assistindo à erosão das terras e o surgimento de
ravinas, algumas das quais de proporções alarmantes, que estão
a deixar em vias de risco algumas comunidades. Se há algum
tempo o fenómeno das ravinas era alarmante em regiões do Les-
te do país, como Moxico e nas Lundas, actualmente estão a
espalhar-se e o Kuando Kubango, o Bengo e mesmo Luanda, nos
municípios de Cacuaco e Viana, entre outros, já se deparam com
situações preocupantes e que necessitam de cautelas urgentes,
alertam as autoridades ambientais.

Giro económico
Cambambe: mais de 1 bilião em receitas
U
m bilião 299 milhões
403 mil e 678 kwanzas
constitui o volume de
receitas fiscais arre-
cadadas pela repartição fiscal do
município de Cambambe, pro-
víncia do Cuanza Norte, de Ja-
neiro a Junho do ano em curso,
segundo informação prestada
pelo responsável da instituição na
circunscrição, Abílio Francisco
Bento. O volume de receitas ar-
recadadas conheceu um aumento
de 41,8 porcento em relação ao
período homólogo de 2013 em
que a instituição amealhou 533
milhões, 924 mil e 172 kwanzas.
Lobito: mineiro
congolês e zambiano
O Porto Comercial do Lobito
prepara-se para receber produ-
ção mineira da região de Catan-
ga, na RD Congo, e da Zâmbia,
através da ligação do Caminho-
-de-Ferro de Benguela (CFB) com
esses países limítrofes de Angola
pela fronteira Leste. O presidente
do Conselho de Administração
da unidade portuária do Lobito,
Anapaz Neto, afirmou na quarta-
-feira passada que os minérios re-
cebidos via província do Moxico
serão escoados a partir do Porto
Comercial do Lobito para o mer-
cado internacional.
«Impostos»: desempe-
nho das repartições
O desempenho de 26 Reparti-
ções Fiscais de Finanças das regi-
ões sul e leste do país, com vista
a melhorar os mecanismos de
funcionamento destas dependên-
cias do Ministério das Finanças,
está a ser avaliado pela direcção
Nacional de Impostos. A direc-
tora Nacional de Impostos, Alice
Neves, indicou que o principal
objectivo da avaliação que decor-
re desde segunda-feira última é a
análise dos indicadores de per-
formance das repartições ligadas
a arrecadação de receitas para a
conta única do tesouro.
100 Mil litros de com-
bustíveis apreendidos
Cento e cinquenta e quatro mil
e 550 litros de combustível, dos
quais 77 mil e 430 de gasóleo e
40 mil de petróleo iluminante,
que se destinavam à República
Democrática do Congo (RDC)
foram apreendidos, recentemen-
te, pela Polícia Nacional na pro-
víncia do Zaire, por presumível
contrabando de derivados de pe-
tróleo. De acordo com o relatório
semanal do comando provincial
do Zaire da polícia nacional a
que a Angop teve hoje acesso, os
autores do suposto contrabando
encontram-se já a contas com a
justiça. Este caso, segundo ainda
a nota, faz parte das 20 ocorrên-
cias registadas pela corporação
nos últimos sete dias, que destaca
também a detenção de 21 cida-
dãos indiciados na prática de cri-
mes de natureza diversa.
Construção da escola de
hotelaria e turismo
A primeira pedra para cons-
trução da escola de hotelaria e
turismo de Menongue, capital do
Cuando Cubango, com prazo de
execução de 10 meses, foi lançada
na semana passada, pelo gover-
nador do Cuando Cubango em
exercício, Joaquim Malitchi. O
edifício, a ser erguido numa área
de três mil e 715 metros quadra-
dos, terá a capacidade de acolher
500 alunos, sendo 250 por cada
turno. A escola contará também
com um hotel, um projecto inte-
grado que poderá permitir que,
em cada ciclo de formação, o es-
tudante saia munido de conhe-
cimentos sólidos, conciliando a
teoria à prática.
Novos silos para
conservação de cereais
Três novos silos para conserva-
ção de cereais entram em funcio-
namento em Fevereiro próximo
no município da Caála, provín-
cia do Huambo, visando suprir
a carência de infra-estruturas de
género na região. O anúncio do
facto foi feito pelo responsável
pela construção dos empreen-
dimentos, Emanuel Fernandes,
explicando que os mesmos te-
rão capacidade para armazenar
12 mil toneladas. As obras das
infra-estruturas decorrem desde
finais de 2013. Informou que os
três silos serão equipados com
meios modernos, que permitem
manter a temperatura ambiente,
para que os cereais não se dete-
riorem quando armazenados.
BIC quer cobrir
o interior do país
O administrador do Banco
Internacional de Crédito (BIC),
Sábado, 23 de Agosto de 2014.  15
Economia
Taxa da inflação
Fernando Aleixo Duarte, reite-
rou, no município dos Gambos,
província da Huíla, que a sua
instituição vai continuar a apos-
tar na expansão dos serviços ao
interior do país, na perspectiva
de dar maior cobertura as ne-
cessidades dos clientes. O gestor
referiu que desde a sua criação,
em 2005, o banco tem se firmado,
criando representações em quase
todos os municípios de Angola.
Para a funcionalidade do Ban-
co, Fernando Aleixo Duarte in-
formou existir para este ano um
orçamento avaliado em mais de
seis biliões de dólares americanos
para créditos, quer a particulares
como para empresas.
Ração condiciona
aumento de ovos
O aumento da produção de ovos
na fazenda «Média 49», localizada
na cidade do Wacu Kungo, muni-
cípio de Celes, província do Cuan-
za Sul, está condicionado devido à
escassez de ração para aves, infor-
mou o fazendeiro José Massano da
Silva. O aviário da fazenda “Média
49” produz cinco mil e 200 ovos/
dia, mas a pretensão é aumentar a
capacidade instalada nos próximos
tempos. O aviário possui cinco mil
e 700 aves e poderá aumentar a pro-
duçãode ovos/dia caso encontre fa-
cilidades na aquisição de ração. José
Massano exercer a actividade por
paixão, mas quer dar a sua contri-
buição na redução de importação de
ovos, apesar de encontrar dificulda-
des na aquisição da alimentação das
aves.
«Alimentação»
enfraquece reprodução
bovina
O docente da Universidade José
Eduardo dos Santos (UJES), sede-
ada na província do Huambo, Ma-
nuel Tamayo Torres, apontou no
domingo, que a falta de organização
das manadas por categoria e proble-
mas de má alimentação do gado, es-
tão na base da fraca reprodução dos MERCADOS (de 11.08.2014 a 15.08.2014)
bovinos. O médico veterinario disse
que a qualidade da alimentação é Mercado Cambial - No período em análise o BNA realizou vendas de
dos factores fundamentais para se divisas no montante de USD 500 milhões. A taxa de câmbio média de re-
assegurar a normalidade do proces- ferência do mercado cambial interbancário (MCI), apurada ao final da se-
so reprodutivo. O docente universi- mana foi de USD=Kz 97,843, com variação de 0,19% em relação à semana
tário indicou ser necessário que os precedente.
animais tenham uma boa alimen- Operações Fiscais - Para a gestão corrente do Tesouro Nacional, o Ban-
tação, se faça a revisão dos pastos e co Nacional de Angola, enquanto operador do Estado, colocou no mercado
o regular acompanhamento clínico, primário Títulos do Tesouro no montante de Kz 13,7 mil milhões, sendo
andrológico e ginecológico das vacas Kz 8,7 mil milhões em Bilhetes do Tesouro (BT) e Kz 5,0 mil milhões em
no período de gestação. ■ Obrigações do Tesouro (OT). ■
16  Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Economia

África

Produção de café vai baixar mas An

Na antevisão de uma guru de agronomia nos próximos 16 anos as mudanças climáticas podem ser responsáveis pela diminuição da pro
a começar pela conquista do mercado a nível da sua região geográfica e no aumento de qualida

Á
frica vai registar um
défice de 20 milhões de
sacos na produção de
café até 2030, devido a
alterações climáticas. Essas altera-
ções ambientais constituem hoje
um dos grandes problemas que
a cafeicultura mundial está a en-
frentar.
Esse é o ponto de vista da agró-
noma angolana, Josefa Correia
Sacko, apresentado esses dias, em
Luanda, a propósito do estado ac-
tual da produção do café, fazendo
uma abordagem da cultura a nível
mundial.
Os especialistas na matéria es-
tão, neste momento, preocupados
em como mitigar este problema
para que as zonas produtivas não
sejam afectadas. «Neste âmbito,
torna-se importante investir na in-
vestigação, especialmente no caso
do café Arábica. O café arábica
não gosta de clima quente e caso as
temperaturas aumentem há possi-
bilidade dos camponeses perderem
as suas culturas», admoestou.
A agrónoma pensa que apesar
de não haver estudos concretos
sobre o aquecimento global em
África, o continente vai sofrer os
efeitos de uma maneira não muito
forte. Infelizmente, os centros de
investigação são deficientes e ca-
rentes e não se fazem grandes es-
tudos neste sentido.
Entretanto, na sua visão, o con-
tinente poderia cobrir esse défice
de produção – que representaria
uma vantagem em termos de di- No tocante a aplicação de novas lidade de criar milhares de empre- mação) a mistura dos dois tipos de Angola deve se posicionar a ní-
versificação da economia – se fos- tecnologias nessa cultura, Josefa gos. café (arábico e robusto) dão lugar vel internacional, não como gran-
sem feitos estudos para aferir as Sacko referiu que, além da meca- Na sua opinião Angola não a um produto de melhor qualida- de produtor de café, mas como
consequências dessas alterações. nização, os novos avanços permi- deve estar muito ligado à exporta- de porque o robusto é muito forte «médio», porque o país tem café
«Se nós produzirmos, este dé- tem que o ciclo vegetativo de sete ção de matérias-primas, mas deve e o arábico apresenta um bom aro- de qualidade e é muito solicitado
fice podemos exportar, porque há anos seja ultrapassado. Os institu- preocupar-se em transformar os ma. E Angola tem potencial para no mercado mundial. Em relação
mercado. Por isso, temos de nos tos de investigação têm sementes produtos de base, para trazer van- produzir o café arábica no planal- aos países da SADC, o país tem
organizar. Se tentarmos o merca- que possibilitam produzir o café tagens à cadeia produtiva, porque to central, razão pela qual a acti- a vantagem de produzir café de
do do Japão é importante notar em três anos. E «são árvores mais é daí onde se obtêm os lucros. vidade em algumas fazendas já foi qualidade, faltando apenas fazer
que este é muito exigente na qua- pequenas em que facilmente se «Nós temos o grande mercado relançada. um bom marketing para intro-
lidade, no cumprimento dos con- faz a colheita», observa. da África do Sul e apesar de não «Se nós temos as duas varieda- duzir o seu produto no circuito
tratos e no tempo», disse. podermos contar com o da RDC des em Angola, acho que devía- internacional.
Em relação à formação de qua- devido à instabilidade, torna-se mos avançar para uma boa indús- Segundo informações da espe-
dros no sector, ela explicou que o Apostar na transformação importante reforçar o mercado tria de café», apontou. Sendo de cialista, o kilo do café robusta está
Estado tem que ter uma política Sul Sul. Se Angola transformar o parecer que o projecto piloto de a ser comercializado hoje a USD
bem direcionada que inclui a cria- café pode muito bem vender no reabilitação da cafeicultura nacio- 3,00 ao mesmo tempo que o con-
ção de bolsas de estudos sob pena A agrónoma citou a necessida- mercado regional, não esquecen- nal, implementado há mais de seis sumo alto da China é um bom in-
do país não ter café nos próximos de de o país criar projectos indus- do o mercado tradicional que é a anos, que previa o reassentamen- dicador para o mercado. Os níveis
tempos. «Neste âmbito basta defi- triais que permitam a transfor- União Europeia, Estados Unidos e to de ex-combatentes nas zonas de preços estão «bastante bons»
nir prioridades e criar um plano mação local do café produzido, o Japão», salientou. de origem, deveria ser dissemina- no mercado mundial em relação a
de acção concreto de 5 a 10 anos», visando criar valor acrescentado Josefa Sacko fez entender que na do as demais zonas produtoras de quatro anos quando vigorou a cri-
avaliou. para a economia como a possibi- torrefação (processo de transfor- café. se financeira.

ngola pode superar–se
odução de café no continente e no mundo. Apesar disso, Angola pode se sair bem
ade do seu bago no processo de produção.
Falta qualidade ao nosso «bago vermelho»
Q
uanto a Angola, Jo-
sefa Sacko salientou
que o Ministério da
Ciência e Tecnologia
é o órgão ligado à investigação
que tem de lidar com este pro-
blema. É importante porque os
camponeses precisam ser orien-
tados e direccionados para en-
frentar esta situação.
Na sua análise falta quanti-
dade ao nosso café actualmente
mas acredito que, com o esforço
do Executivo em apoiar o sector
agrário, nós vamos conseguir
atingir metas aceitáveis, con-
forme o planificado no Plano
Nacional de Desenvolvimento,
que prevê, até 2020, atingir as
25 mil toneladas.
Para fazer face à esta situ-
ação, a especialista deu a co-
nhecer que a América Latina
já está a preparar-se a nível da
investigação para resolver este
problema, tendo uma previsão a
produção daqui a 30 anos.
A produção mundial de café é
neste momento de 147 milhões
de sacos, enquanto o consumo
está a volta de 145 milhões de
sacos. O café arábica está ser
comercializado a três dólares o
quilograma, enquanto o robusta
está a 4,50 o quilograma.
Josefa Sacko disse que em
África, apenas a Etiópia, pri-
meiro produtor actual de café
no continente, consome 50 por-
cento da sua produção. O Brasil
é o primeiro produtor mundial
e segundo consumidor depois
dos Estados Unidos.
Angola foi nos anos 70 o ter-
ceiro maior produtor de Café no
mundo, tendo a sua produção
reduzido drasticamente durante
o período do conflito.
Nessa época produziam-se
cerca de 210 mil toneladas de
café comercial no país, sendo a
produção actual estimada em
apenas 12,6 mil toneladas, na
sua maioria do tipo Robusta
(96%), embora em determinadas
regiões haja condições para a
produção do Arábica.
A produção do café está forte-
mente concentrada nas provín-
cias do Kwanza Sul e do Uíge
que, em conjunto, representam
cerca de 77% da produção na-
cional ”. (com Angop)
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Bolsas de Estudo
Fundo Soberano
forma «Futuros Líderes»
O
Fundo Soberano de
Angola (FSDEA)
anunciou, na semana
passada, o programa
«Futuros Líderes de Angola»,
um projecto de bolsas de estudo,
que em parceria com a Escola de
Gestão e Direito da Universidade
de Ciências Aplicadas de Zuri-
que (ZHAW), visa capacitar uma
nova força de trabalho no país.
O programa oferecerá aos jo-
vens angolanos licenciados e ta-
lentosos a oportunidade de fazer
parte de um curso intensivo e
exclusivo de gestão centrado na
actividade de gestão de negócios
internacionais, banca de investi-
mentos e finanças.
Para José Filomeno dos San-
tos, Presidente do Conselho de
Administração do FSDEA, este
programa contribuirá para a
prosperidade de Angola, já que
concentra um objectivo estraté-
gico que é o estabelecimento de
competências de gestão neces-
sárias para a gestão eficiente dos
recursos do país.
Os graduados vão adquirir ex-
periências globais e um entendi-
mento profundo de várias indús-
trias bem-sucedidas no mundo
inteiro, tornando-se futuros líde-
res do saber em Angola.
André Haelg, reitor da Escola
de Gestão e de Direito da ZHAW,
afirma que: «este curso propor-
cionará aos estudantes angolanos
uma excelente educação no ramo
empresarial».
Complementando o progra-
ma da bolsa, o FSDEA anunciou
também a conclusão de um es-
tudo para o lançamento de uma
nova «Escola de Hotelaria no
continente Africano».
O objectivo final desta escola
será oferecer à juventude conhe-
cimentos ao nível da indústria
de hospitalidade internacional,
essenciais para o desenvolvi-
mento de carreiras promissoras
neste sector, que tem um poten-
cial enorme para expandir-se no
continente.
O estudo concluído fornece
informações sobre o panorama
actual e futuro para a especiali-
zação de quadros africanos nesta
indústria em Angola e no resto
da África Subsaariana.
O desenvolvimento e o fi-
nanciamento de programas de
desenvolvimento social fazem
parte da política de investimento
do FSDEA. O Fundo ainda está
a desenvolver um programa ex-
 17
Economia
clusivo para promover mais ini-
ciativas nos sectores da formação
vocacional e acesso à provisão de
serviços de saúde, energia e água
em regiões nas quais a rede de
distribuição pública não esteja
disponível.
«Um sector de serviços prós-
pero é vital para o crescimento
económico da região. Estamos
certos de que a longo prazo estas
iniciativas desempenharão um
papel fundamental na atribuição
das habilidades necessárias para
a empregabilidade e a participa-
ção autónoma da nossa geração
jovem nestes sectores, como fun-
cionários, prestadores de servi-
ços ou consumidores» disse José
Filomeno dos Santos.
O Fundo Soberano de An-
gola (FSDEA) é um Fundo So-
berano pertencente integral-
mente ao Estado da República
de Angola. O Fundo foi criado
de acordo com as normas in-
ternacionais de governação e
diversificará gradualmente a
sua carteira de investimentos
através de alocações de capital
a vários sectores e classes de
activos, de acordo com sua po-
lítica de investimento.
Ao privilegiar investimen-
tos financeiros de longo prazo,
o fundo desempenhará uma
função importante na promo-
ção do desenvolvimento social
e económico de Angola e na
geração de reservas para os ci-
dadãos angolanos.
A ZHAW, Universidade de
Ciências Aplicadas de Zurique,
é uma das principais universi-
dades de ciências aplicadas na
Suíça. Ensino, investigação, edu-
cação contínua, consultoria e ou-
tros serviços são cientificamen-
te baseados em aprendizagem
orientada para a prática. Os gra-
duados da instituição afirmam-
-se no mercado nacional e inter-
nacional e no mundo de trabalho
intercultural.
Cerca de 11.000 alunos estão
inscritos na ZHAW, num total
de 26 programas de Bacharela-
to e 13 sucessivos programas de
Mestrado. A universidade tam-
bém oferece uma vasta gama de
cursos de formação contínua,
incluindo mais de 40 programas
de Mestrados em Estudos Avan-
çados. 30 Institutos na rede
ZHAW conectam os seus re-
cursos para garantirem o mer-
cado empresarial e a indústria
com serviços personalizados.
18  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Economia
«Desabastecimento» cria
controlo estatal de compras
Apesar de contar com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezu-
ela enfrenta uma crise marcada pela forte queda de reservas (redução de um
terço em um ano), um déficit fiscal estimado em 15% do PIB e uma inflação
que há dois meses superava os 60% ao ano. Agora o governo quer imple-
mentar o controlo de compras da população.
A
Venezuela quer con-
trolar as compras de
alimentos dos cidadãos
por meio de um siste-
ma de leitura de digitais. A medi-
da foi logo vista pelos opositores
como uma versão digital do siste-
ma de racionamento cubana feito
com uma pequena caderneta.
O presidente socialista Nico-
lás Maduro, que atribui a falta de
bens na Venezuela (um em cada
quatro itens) ao contrabando
para Colômbia e Caribe, definiu
o plano como uma «benção an-
tifraude» e evitou falar sobre as
limitações das vendas e sobre o
racionamento.
Em rede nacional, Maduro in-
sistiu que mais de 30% dos bens
que circulam na Venezuela são
contrabandeados, principalmente
para a Colômbia.
Apesar de contar com as maio-
res reservas de petróleo do mun-
do, a Venezuela enfrenta uma
crise marcada pela forte queda de
reservas (redução de um terço em
um ano), um déficit fiscal estima-
do em 15% do PIB e uma inflação
que há dois meses superava os
60% ao ano.
«Já foi dada a ordem para que,
através da superintendência de
preços, seja instalado o sistema
biométrico em todos os estabele-
cimentos e redes distribuidoras e
comerciais da República», disse
Maduro.
O mecanismo utilizará leito-
res ópticos de impressões digitais
para reconhecer cada comprador.
«O sistema biométrico será perfei-
to», acrescentou o herdeiro políti-
co de Hugo Chávez.
O sistema tenta impedir que
uma mesma pessoa compre o mes-
mo produto em uma quantidade
que exceda volumes e frequências
ainda não definidas. Também não
está claro se a medida abarcará
somente os produtos básicos ou se
será estendida a toda a economia,
incluindo medicamentos, livros,
jogos e bebidas alcoólicas.
«Comprar quando o governo
quiser»
«Agora compraremos quando o
governo quiser», estampou a capa
Venezuela
do jornal popular 2001, que atri-
bui a conclusão a uma das pessoas
consultadas sobre o anúncio de
Maduro.
«Isto não é nada mais do que a
caderneta de racionamento cuba-
na. O governo não pode querer
determinar o que as famílias vão
comer», disse na passada quinta-
-feira o deputado Alfonso Mar-
quina, do partido Primeiro Justi-
ça, do opositor Henrique Capriles.
Em uma declaração menos
alarmista, Capriles advertiu que o
controle biómetrico «não acabará
com a escassez no país».
Os especialistas também não
acreditam na eficiência da medi-
da. «Na Venezuela estamos falan-
do de contrabando de alto nível.
Isso não se combate com sistema
biométrico, para evitar que as pes-
soas comprem mais para revender,
disse o presidente da Associação
Nacional de Usuários e Consumi-
dores (Anauco), Roberto León.
«Limitar a compra não resolve
o problema, que tem a ver com a
produção e com os mecanismos
de importação para abastecer a
demanda, que supera a oferta.
Medidas como essa são marque-
teiras e causam violações aos di-
reitos dos cidadãos», disse León.
Os analistas concordam que
o contrabando em grande escala
(no caso do combustível, se estima
o contrabando de 100.000 barris
diários) só é possível com a cum-
plicidade de membros das forças
de segurança e das alfândegas dos
dois países.
Esse tráfico é sustentado pelos
preços subsidiados e pelas dis-
torções cambiais, que fazem com
que na Venezuela haja produtos
básicos que são entre cinco e cin-
quenta vezes mais baratos do que
na vizinha Colômbia.
Num contexto de escassez de
divisas (apesar do alto valor do
barril de petróleo, numa média de
100 dólares) a Venezuela enfrenta
um desabastecimento, tanto de
produtos básicos como de supér-
fluos.
As restrições vão de leite, azeite,
água engarrafada, papel higiênico,
antibióticos, anestesias, a baterias
de automóveis, máquinas de lavar
pratos e passagens aéreas interna-
cionais. (Brusa/AFP) ■ países será colocar em funcio-
Desafio do BRICS será fazer
funcionar novas instituições
Segundo o Director do Fundo Monetário Inter-
nacional, a partir de agora, a dificuldade dos
cinco países do BRICS será colocar em funcio-
namento as novas instituições
recentemente criadas.
A
o participar do 2º
Congresso Inter-
nacional do Centro
Celso Furtado, no
Rio de Janeiro, o diretor exe-
cutivo para o Brasil do Fun-
do Monetário Internacional
(FMI), Paulo Nogueira Batista
Jr., avaliou, na pretérita terça
feira, que a criação do banco
de desenvolvimento dos países
que integram o BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África
do Sul) e a constituição de um
fundo contingente de reservas
vão fortalecer mais o grupo na
esfera da governança global do
que na área econômico-finan-
ceira.
Nogueira Batista destacou
entretanto que, a partir de
agora, a dificuldade dos cinco
namento as novas instituições
criadas em Fortaleza. «Agora
tem o trabalho duro, menos
charmoso, de colocar as insti-
tuições para funcionar», ma-
nifestou. Ele completou que
esse trabalho é fundamental
para o futuro do BRICS.
O economista deixou claro
que as iniciativas, formaliza-
das pelos países emergentes
que integram o BRICS, em
Fortaleza, em julho passado,
não implicam rompimento
com órgãos de fomento in-
ternacionais, como o próprio
FMI e o Banco Mundial (Bird).
«Nenhum desses países do
BRICS quer romper com Bird
ou FMI, mas eles não encon-
tram compreensão suficien-
te de países como os Estados
Unidos quanto às mudanças
que ocorreram no mundo»,
observou.
O banco de desenvolvi-
mento do BRICS terá sede em
Xangai, na China, e a primeira
presidência será exercida por
um representante da Índia. O
capital inicial autorizado do
banco será US$ 100 bilhões
e o capital subscrito alcança-
rá US$ 50 bilhões, que serão
igualmente distribuídos entre
os cinco países que integram o
BRICS. Os recursos vão finan-
ciar projetos de infraestrutura
de países em desenvolvimen-
to.
Já o arranjo contingente de
reservas, com montante de
100 biliões de dólares, se des-
tina a socorrer os países do
bloco como uma linha adicio-
nal de defesa, no caso de en-
frentarem alguma dificuldade
no balanço de pagamentos.
(Agência Brasil).■

D
igna de registo esta fra-
se de um usuário do Fa-
cebook, publicada esta
semana, ao tratar dos
apresentadores do canal 2 da TPA:
«Eu tenho vergonha de morar
num país onde pessoas como o
Benvindo Magalhães e o Pedro
Nzangi são ditas como os melho-
res apresentadores do Canal 2 da
Televisão Pública de Angola».
Bem me quer parecer (salvo
forte engano) que a pessoa que es-
creveu essa frase está longe de ser
amiga de Benvindo Magalhães e
de Pedro Nzaji. Ora, sendo assim,
porquê o artigo antes dos dois no-
mes? O artigo antes de um nome
próprio indica intimidade, fami-
liaridade. É isso o que a pessoa
tem com essas duas figuras?
Sim, porque o uso do artigo
definido (o ou a) antes de nome
próprio revela haver intimidade
entre as pessoas. Quando eu digo:
Eu vi o Mário, isso revela que sou
amigo dele. Se, n entanto, disser
que «Eu vi Mário», quero deixar
claro que não tenho muita inti-
midade com o dito-cujo.
No Nordeste do Brasil, por
exemplo, não é costume usar-se
o artigo antes de nome próprio
nem mesmo se a pessoa for da
própria família. Quando o gra-
mático Luiz Antonio Sacconi fez
as suas primeiras palestras nessa
região, estranhava quando ouvia:
«O livro de Sacconi, a palestra de
Sacconi», etc.
Mau uso do artigo «o»
Agora, reparem na ânsia que
tem uma pessoa de ensinar bem,
de ser didáctico, sem o conseguir:
«’Cuca de cima, Cuca de cima’,
chamava um cobrador de um
candongueiro que fazia o trajecto
do São Paulo à “Cuca”, por volta
das 22 horas. A esta hora, geral-
mente há escassez de táxis e mui-
tos ‘chicos espertos’, como diz o
Paulo Miranda, aproveitam-se da
situação para tirar sempre mais
algum de quem, com muito esfor-
ço, se sacrifica para conseguir os
cem “contos” da passagem».
Primeiro: não se usa artigo
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
antes de nomes inteiros (Paulo
Miranda); segundo: mesmo que
só fosse usado Paulo, o artigo
não tinha razão de ser, porque só
se usa artigo antes de nomes de
pessoas com as quais temos inti-
midade. A menos que o «nosso»
professor seja um amigão desse
 19
Opinião
conhecido radialista, coisa que o
texto, todavia, não faz supor.
Haveria necessidade dele usar
o «o» antes de Paulo Miranda?
Não. Bastaria dizer ou escrever
Paulo Miranda. Alguém enten-
deu diferente, com a omissão do
artigo? Creio que não.
O uso do artigo, antes de nomes de
pessoas com as quais não temos inti-
midade, é claro erro, mas que poucos
vêem. Um internauta, por exemplo,
devia estar muito distraído quando
escreveu isto:
«O Tony Amado tem um estatuto
ímpar enquanto expoente máximo
do estilo kuduro (…)»;
Tal como um leitor «Club K»,
quando escreveu a «barbaridade»
que se segue:
«Sendo o Agostinho Neto, o Jonas
Savimbi e o Holden Roberto pre-
sidentes dos três movimentos que
lutaram para a independência desse
país, seriam todos considerados he-
róis nacionais. E nada de considerar
o Agostinho Neto como único herói
nacional apenas».
E ainda um crítico literário, quan-
do decidiu escrever isto: «Em geral,
acho que a literatura tem um desta-
que excepcional entre nós, a partir de
presenças fortes como o Pepetela e o
Luandino Vieira, por exemplo».
Finalmente, atente-se ao exa-
gero de um jornalista, que des-
tacou o seguinte:
«Em 1989, junta-se ao seu ir-
mão mais velho, o Moniz de Al-
meida (…)».
20  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Opinião
Anselmo Ralph: referência
artística dos nossos tempos
A
existência de vozes
por vezes muito críti-
cas, dando-nos conta
da perda de valores na
sociedade artística, evidenciada
pelas inúmeras composições de
sofrível qualidade e até cultural-
mente medíocres, pode nos con-
dicionar sobremaneiraa mente,
tornando ocultas as melhores re-
alizações da juventude.
Em contrapartida, também se
regista, cada vez mais, o surgi-
mento de um número crescente
de cidadãos que, com admiração
e júbilo, enaltecem o espírito cria-
tivo extraordinárioda nossa mas-
sa juvenil artística, sobretudo no
campo musical. Estes últimos são
exactamente aqueles que defen-
dem que é no seio da juventude
que melhor se cultiva o espírito
criativo e se desenvolve a imagi-
nação, fazendo elevar aos mais al-
tos patamares, e em certames mu-
sicais de envergadura mundial, as
cores da bandeira nacional.
Anselmo Cordeiro da Mata,
cujo nome artístico é Anselmo
Ralph, é um jovem com os seus 33
anos que conquistou os corações
de milhões de fãs pelo mundo
fora. A sua estatura e potencial
musical tornaram o seu nome
numa repetição permanente
quando o país é referenciado nos
meios musicais internacionais.
Ele é hoje, por mérito próprio,
uma importante referência artís-
tica para toda a juventude ango-
lana, não só porque interpreta as
suas canções de forma brilhante,
mas e sobretudo porque faz des-
tacar em si uma cultura diferente,
consubstanciada na seriedade que
atribui ao que está a fazer. Não se
conhecem neste jovem palavras
vãs, nem calões baratos quando
elabora as suas letras. A melo-
dia que busca para as suas can-
ções contemplaria seguramente
os melhores ouvidos em todo e
qualquer quadrante da terra, pela
beleza harmónica universal que
confere às suas composições. An-
selmo Ralph não tem qualquer
tendência para aquela insanável
mediocridade cultural ou musical
que agentes credenciados apeli-
dam de música descartável sem
utilidade social.
Anselmo Ralph preferiu ca-
minhar em direcção ao belo, ao
amor e por vezes à candura, para
reforçar o seu laço indestrutível
com o que há de mais romântico.
Pessoa de bem e cultor da vida
como bem supremo, faz das suas
letras lindíssimos versos de amor,
com recados construtivos para os
que são do seu mundo etário. É
certeiro nas mensagens que ema-
na e, sendo cândido, facilmente
dele se recolhe o bom exemplo, o
que transmite com as suas letras.
Se numa canção diz uma palavra
de tristeza, logo a termina com
um lindo sonho ou com o milagre
duma paixão. Ainda não lhe no-
tei um só sentimento de ódio ou
rancor quando diz nos seus versos
que alguém, infiel, o traiu.
É este manacial de valores que
o tornam num jovem artista dife-
rente, pois pauta-se por uma con-
duta exemplar, mesmo do ponto
de vista da moral e da ética cultu-
ral civilizada.
Não é por acaso que o seu estilo
musical se identifica com a pausa
cadenciada e suave do ritmo. Sem
os habituais ruídos e interferên-
cias bagunçadas, que denotam a
falta de estética musical, as suas
músicas são já um bem cultural
de carácter duradoiro.
Suficientemente culto, Ansel-
mo Ralph é também um exemplo
de jovem batalhador e preocupa-
do com a sua juventude e com a
sua preparação pessoal, o que lhe
tem dado vantagens e o conforto
de uma comunicação arejada com
o público e agentes da comunica-
ção social que o entrevistam.
Pode dizer-se mesmo que An-
selmo Ralph veio quebrar a má
tendência que se fazia sentir para
o fenómeno do recurso ao absur-
do e à indecência músico-cultu-
ral. Isto representava um mal que
ameaçava estender-se às cama-
das de pequena idade e afectar o
nosso futuro neste campo lúdico
da vida. O seu furor em terras de
Portugal, onde lidera o certame
musical de maior peso em todo
o país, mostra como é possível
vencer e ganhar o respeito, a fama
social e a devida fortuna material
correspondente, usando apenas a
via da integridade moral, fazendo
uso do que existe de harmónico
e do que se entende por estetica-
mente válido.
Ao contrário daqueles que insi-
tem em confundir a música com o
simples ritmo e a percussão gros-
seira, as canções deste jovem cru-
zam apenas os campos da beleza
artística e cultural.
Se juntarmos a tudo isto uma
certa dose de simplicidade e mo-
déstia, valores que lhe são atri-
buídos com justa razão, diremos
que Anselmo Ralph personifica
aquilo que a sociedade angolana
busca nestes tempos de transfor-
mação e desenvolvimento para a
juventude artística: uma ruptura
com o passado, um passado ca-
racterizado pelas tendências ao
individualismo, ao lucro fácil e à
simples ganância.
Os mais fracos criadores, que o
próprio tempo felizmente se tem
encarregado de repelir, apesar de
o fazer com alguma lentidão, ten-
dem a perder-se no tempo e no
espaço, existindo já, muito visí-
veis, os sinais de que a produção
de música sem qualidade estética
ou cultural perderá o seu actual
predomínio nos sectores mais ra-
dicais e conservadores, que enca-
ram a música como um entoado
de sons ritmados, acompanhados
quase sempre de um conjunto de
palavras desconexas ou inapro-
priadas para o ouvido humano.
Extractos da sua biografia mais
divulgada referem que, em Nova
Iorque, Anselmo Ralph pertenceu
a uma banda latina de Rock’n’Roll
e, simultaneamente, começou a
encetar o seu projecto a solo. Em
Janeiro de 2006, ele lança o pri-
meiro álbum (Histórias de Amor),
produzido pela «Bom Som», pro-
priedade do próprio artista e do
seu agente, Camilo Travassos. O
registo, maioritariamente R&B,
teve um grande impacto e suces-
so.
Prova do grande sucesso do ál-
bum é que, logo a sua chegada ao
mercado angolano e internacio-
nal, esgotou-se em apenas duas
semanas.
AnselmoRalph deu o primeiro
concerto na Ilha de Luanda para
mais de 6 mil pessoas. Em 2006,
mereceu uma nomeação pela ca-
deia televisiva sul-africana ‘Chan-
nel O’ para a categoria de «Me-
lhor cantor de R&B», tendo sido
também nomeado na de «Melhor
Artista Africano» na gala de con-
sagração dos MTV Europe Music
Awards’ 2006 (Novembro), reali-
zados em Copenhaga, na Dina-
marca.
Um dos seus maiores êxitos
- consta na sua biografia oficial -
foi registado nos tempos actuais
quando conseguiu atingir um re-
corde de visualizações nas redes
sociais, estimado em mais de um
milhão, no vídeo do tema «Não
Me Toca» em apenas um mês.
As conquistas de Anselmo
Ralph confirmam certas previ-
sões, segundo as quais, o tempo
da mediocridade musical e o uso
indiscriminado da electrónica
para produzir cultura tem os dias
contados, o que virá, felizmente,
contrariar aqueles que se opõem
a uma viragem para abraçarmos
o progresso e o desenvolvimento
do nosso país também no campo
musical.
Podem ser apontados outros
nomes, de grandes talentos e
jovens criadores angolanos que
nos têm brindado com excelentes
trabalhos, alguns dos quais mui-
to divulgados em países antiga-
mente superiores em matéria de
produção e divulgação musical.
Mas, ainda assim, torna-se ne-
cessário continuar a investir na
procura de novos criadores anó-
nimos, aqueles que pretendam
seguir umoutro caminho que
a todos nos possa orgulhar, tal
como tem acontecido com An-
selmo Ralph.

A falta de precaução dos africanos
U
m dos aspectos da vida
em África que muito
me preocupa é a falta
da cultura de precau-
ção. Por exemplo, centenas de
pessoas sobem por cima de com-
boios em Kinshasa, sem consciên-
cia de que se trata de uma grande
tragédia em estado de espera. Li-
gado a isto, há um certo fatalismo:
já vi motoristas em África quase
incapazes de conduzir, por esta-
rem bêbados, mas que insistem
em fazê-lo em alta velocidade.
Notei esta pouca visão nos países
que agora estão assolados pelo pe-
rigosíssimo vírus do Ébola, que já
matou mais de quinhentas pesso-
as. Vários especialistas já afirma-
ram que o Ébola se espalha atra-
vés de carne do mato – sobretudo
por via da muito apreciada sopa
de morcego. Em todo caso, há ci-
dadãos na Libéria, por exemplo,
que pensam que não há nenhum
risco de Ébola, que tudo isto é
uma campanha para prejudicar
os comerciantes de carne do mato
e para os políticos angariarem
fundos do estrangeiro.
Parece que, no continente afri-
cano, ninguém quer levar a serio
a questão da extinção dos nossos
primos primatas. Geneticamente,
temos muito em comum com os
chimpanzés, macacos e gorilas.
Há alguns anos atrás, estava na
capital da República Centro Afri-
cana, Bangui, onde contratei um
taxista chamado José. Ele conhe-
cia toda a gente na capital e sabia
exactamente o que os jornalistas
e os empresários precisavam. O
José levou-me a vários cantos da-
quela cidade e ficamos grandes
amigos. Na manhã do dia do meu
regresso para os Estados Unidos,
ele apareceu no hotel com algo
embrulhado em jornais. Disse
que era algo especial para a mi-
nha querida esposa nos Estados
Unidos. No aeroporto, despedi-
-me dele, mas antes de passar
pelos dez postos de revista, quis
ver o que havia no embrulho. Fi-
quei completamente horrorizado
porque vi o que me parecia ser
mãos de um ser humano. De re-
pente, fui rodeado por militares
que se matavam a rir ao me verem
tão perplexo com aquela curiosa
prenda. Eles ficaram ainda mais
surpreendidos quando me viram
a querer deitar fora aqueles dedos.
Os soldados ficaram muito gratos
quando lhes ofereci a coisa. Em
vários países da África Central e
Ocidental, aqueles dedos e outras
partes de um chimpanzé seriam
muito apreciados.
Reconheço que em vários paí-
ses a carne do mato constitui, para
muitos cidadãos, a maior fonte de
proteína. Reconheço também que
o que se consome tem muito a ver
com a cultura. Em 1976, quando
fugimos da guerra civil em An-
gola para a Zâmbia, sobrevive-
mos por muito tempo comendo
lagartas, incluindo uma espécie
com pele. Em certos casos, tive-
mos que comer carne de elefante
– que detestei por ser rija. Conhe-
ci momentos de muita fome em
que tive que comer cágados – cuja
carne gostei muito. Na Zâmbia,
onde passei a maior parte da mi-
nha infância, a carne do mato era
muito rara. É que os zambianos
levavam a questão da conserva-
ção da vida selvagem muito a se-
rio. Lembro-me que, nas escolas,
havia mesmo oficiais do ministé-
rio da Floresta que falavam com
os jovens sobre a importância da
vida selvagem. Eles insistiam que
os animais eram uma grande ri-
queza da Zâmbia porque os turis-
tas traziam milhões para o país.
Os próprios animais, passamos
a saber, eram importantíssimos
para manter as florestas porque,
através das suas fezes, eles distri-
buíam as sementes das árvores.
Os «poacher» ou «caçadores fur-
tivos» eram diabolizados na cul-
tura popular. Passamos a saber
que seria muito triste se os ele-
fantes, búfalos e outros animais
desaparecessem.
Isto não significa que os zam-
bianos não gostem de carne – mas
tem que ser carne de animais
domésticos. Notei isto também
entre os quenianos. A grande ri-
queza do Quénia é a sua vida sel-
vagem: o turismo traz milhões
e milhões de dólares para o país
anualmente. Nos dias em que fre-
quentava muito o Quénia, assu-
mia o papel de motorista, já que
a maior parte dos meus amigos
chupava bem. Um dos locais que
eles gostavam de frequentar cha-
ma-se Njunguna. No Njunguna,
encontrava-se os interiores de
vários animais domésticos: bois,
cabritos, galinhas, etc.. Isto tudo
ia com cervejas bem frescas e con-
versas aquecidas sobre o estado
da nação. Dizia-se que, no tempo
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
do presidente Daniel Arap Moi,
muitos agentes dos seus servi-
ços de inteligência acabaram por
sofrer de gota por terem comido
muita carne enquanto vigiavam
os membros da oposição.
Na Tanzânia, parece haver o
mesmo respeito pelos animais
do mato. Em Dar-es-Salam, fre-
quentava, com os meus amigos,
um bar chamado «Rose Garden»,
onde se vendia carne de cabrito e
de galinha. Para os tanzanianos,
os animais no parque do Serenge-
ti e outras localidades tinham que
ser bem conservados.
O mesmo já não posso dizer
da Costa do Marfim. Num dos
mercados principais de Abidjan,
a capital, havia uma loja onde se
vendia feitiço – incluindo pó para
matar alguém. Quase não acre-
ditei quando alguém com quem
estava me explicou isso. Ao lado
desta loja, havia várias senhoras
a venderem carne do mato, que,
aparentemente, era muito popu-
lar. Eu não parava de fazer per-
guntas sobre a origem daquela
carne. Um grande amigo meu, o
jornalista Armand Depeyla, uma
vez me quis entreter e levou-
-me então para um restaurante
chamado «Zoo», em Youpogon,
um bairro popular de Abidjan,
 21
Opinião
que era um local da elite. Lá só
se servia carne do mato. O em-
pregado de mesa disse que havia
carne de um animal do mato que
fazia melhor efeito que o viagra,
desde que o consumidor não fos-
se hipertenso. A carne, eu soube,
vinha do interior e depois era
fumada para garantir a sua pre-
servação. Já que não sabia os ani-
mais em questão, deixei o meu
amigo pedir por mim. Quarenta
minutos depois, apareceu uma
tigela com sopa, na qual flutua-
va a cabeça de um animal muito
aparecido a um gato. Sempre me
considerei uma pessoa pronta a
provar tudo que seja consumido
por seres humanos. Nos Estados
Unidos, um dos programas na
televisão que muito adoro é o de
um senhor que viaja pelo mundo
comendo coisas que os outros
achariam estranho. Houve vezes
que pensei que gostaria de ter
aquele emprego. Porem, naquela
tarde em Youpogon, soube que
tinha limites – eu não estava a
conseguindo comer o que me
parecia ser um gato. O meu ami-
go insistiu que a «coisa» era um
animal muito especial, que só se
encontrava nas florestas do cen-
tro do país. Tentei comer, mas
não consegui mesmo; tive que
pedir desculpas. O meu amigo
disse que eu não sabia o que es-
tava a perder.
Há uma teoria de que os afri-
canos não vão deixar de comer a
carne do mato por questões cul-
turais. Há mesmo quem negue a
possibilidade do vírus de SIDA ter
sido transmitido no intercambio
entre os homens e primatas. No
continente africano, temos que
criar uma cultura que valorize os
processos de sensibilização. Isto
significa que o cidadão comum
tem que confiar nas autoridades.
Na Libéria e Serra Leoa, ouvi ci-
dadãos – na imprensa internacio-
nal – a dizerem que as autorida-
des estavam a mentir.
Vamos ter que aprender o
exemplo do Uganda na sensibi-
lização contra a SIDA. O presi-
dente disse que havia necessida-
de dos cidadãos se precaverem
– e muitos, felizmente, levaram
o aviso a serio.
22  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Opinião
Cartões Visa à «mwangolê»
G
ingongo, pelo que se
sabe do português po-
pular angolano, é uma
palavra proveniente da
nossa língua nativa kimbundu.
Significa gêmeos, na língua de
Camões. A mesma proveniência
tem a palavra «kandandu», que,
traduzida para o português ofi-
cial, é abraço.
Provavelmente, as duas pala-
vras não fazem parte de nenhum
dicionário de Língua Portuguesa
– nem lusitano, nem brasileiro.
Mas não poderiam faltar num di-
cionário da Língua Portuguesa de
versão angolana.
O Banco de Poupança e Crédi-
to (BPC) e o Banco de Fomento
de Angola (BFA) foram buscar
essas expressões no «pretuguês»
das ruas dos musseques das nos-
sas urbes, para atribuí-las aos seus
cartões Visa pré-pagos.
O cartão Gingongo foi lançan-
do durante a edição 31 da Feira
Internacional de Luanda (FIL-
DA), no passado mês de Julho. E
na semana passada, no Lubango,
na Expo Huíla 2014, foi apre-
sentado ao público sulano, no
prosseguimento da cruzada de
marketing que um novo produto
bancário sempre acarreta. O BPC,
na sua «goela» publicitária, ga-
rante que existem muitos cartões
pré-pagos no mercado angolano,
mas, com as características que o
seu tem, não há.
O lançamento oficial do «Kan-
dandu» também aconteceu na FIL-
DA, sendo que o BFA traz a mesma
ladainha de mais-valias para puxar
a brasa para a sua sardinha. Quer
dizer, para o seu cartão.
Comparações à parte, quanto
as vantagens de uns em relação a
outros, o facto é que o «Gingon-
go» e o «Kandandu» são cartões
parentes de outros que já existem
no mercado.
A grande vantagem que esses
dois últimos cartões trazem, à
priori, é aumentar a concorrência.
Isso é bom pra nós, os consumi-
dores, na medida em que as insti-
tuições bancárias são obrigadas a
matutar tudo que podem para in-
ventar as contrapartidas que nos
devem oferecer, em detrimento
dos seus concorrentes.
Em geral, trata-se sempre da
mesma coisa: meios de pagamento
com carregamento em kwanzas,
automaticamente convertidos em
dólares ou euros, com utilização
nacional e internacional. Ade-
mais, são intransmissíveis e são
protegidos por códigos secretos
que os titulares necessitam para
validar as suas operações. Algu-
ma novidade? Nenhuma!
Com efeito, o «Gingongo» e o
«Kandandu» são os caçulas do
momento, de uma série de cartões
pré-pagos aos quais são atribuí-
dos sempre nomes do léxico po-
pular da língua portuguesa falada
em Angola.
Nota-se, nesse aspecto, que
quatro bancos comerciais (BAI,
BCP, BFA e Millennium) dos
seis de maior prestígio existen-
tes no país (que incluem o BFA e
o BESA, apesar desse estar com
problemas) – baptizaram cada
qual um tipo de cartão pré-pago
com nomes escolhidos do voca-
bulário angolano.
Pode-se dizer também que ago-
ra «kumbu» já não é só mais uma
expressão popular. Foi promovi-
da. Agora faz também parte da
«linguagem bancária».
O Banco Sol, se bem que não
faça parte do grupo de bancos
que foi citado, é um pioneiro nes-
se serviço aqui na banda. Deu o
nome de «Kumbu» ao seu cartão
Visa pré-pago, existente desde
2008. Para quem quis introduzir
essa «novidade» no mercado an-
golano, não poderia achar uma
expressão que melhor se encai-
xasse na nossa realidade.
Afinal, «kumbu» é dinheiro. E
a primeira das razões pelas quais
o cartão Visa pré-pago foi posto a
circular era a de banir o volume
de notas nos bolsos ou a transpor-
tar pelos cidadãos. E talvez essa
seja realmente o seu maior ganho
para os utentes.
Com o seu dinheiro lá na conta
bancária e o cartão «Kumbu» na
mão, há dinheiro no bolso. Pare-
ce fenomenal, porquanto os pa-
gamentos electrónicos, que já são
corriqueiros em outras latitudes
do mundo, começaram também a
entrar no dia-a-dia dos angolanos.
Na mesma linha de acção, o
Banco Millennium Angola, desde
meados de 2011, que tem o car-
tão Visa pre-pago «Cacau». Aqui
o nome adoptado é mais ampla-
mente conhecido, já que cacau é
cacau. É português padrão. An-
gola não tem a cultura do cacau,
mas a analogia que nos remete ao
sinónimo de kumbu é bem co-
nhecida entre nós. «Cacau» tam-
bém significa dinheiro.
E para finalizar, temos o car-
tão Visa «Kamba», que também
é palavra vinda do kimbundu
incorporada ao português de An-
gola. Significa amigo. O cartão
pré-pago do Banco Angolano de
Investimento (BAI), foi posto no
mercado poucos meses depois do
«Cacau». Portanto, em 2011. E os
ganhos propagados são justamen-
te os mesmos dos outros, com
poucas variações.
Com tudo isso, pode-se afirmar
que, em termos de marketing, a
moda de expressões do vocabulá-
rio popular para baptizar cartões
bancários parece estar mesmo em
voga. Só um estudo mais detalha-
do poderia mostrar os resultados
em termos numéricos, para os
bancos. Pode até ser que exista
também algum sentimento nacio-
nalista nesse procedimento, mas é
duvidoso que supere o objectivo
capitalista.
Por outro lado, o conceito pré-
-pago desses meios de pagamen-
to, que lhes confere a conotação
de cartões de débito, dá a enten-
der que a banca ainda não confia
nos utentes. O risco de colocar di-
nheiro ao dispor das necessidades
dos seus depositantes, na forma
de crédito, parece afigurar-se gi-
gante. Esse dado mostra-se como
uma característica do panorama
bancário angolano.
E, sendo cartões de débito,
sabe-se que a sua utilização de-
pende dos valores disponíveis na
conta do usuário, faltando assim
aos bancos esclarecer melhor so-
bre as taxas que incidem nas ope-
rações realizadas. Não se pode
crer que as instituições financei-
ras simplesmente procedam fi-
lantropicamente, intermediando
os pagamentos e levantamentos
efectuados com os cartões pré-
-pagos!
Quando se trata de cartões de
crédito, mesmo que as taxas de
movimentação não fossem con-
sideradas, nos juros está o lucro
desse negócio. Sendo pré-pagos,
«adivinha-se» um desconto pelo
uso do sistema bancário, que é
preciso aclarar.
Ademais, do mesmo modo que
estão a borbulhar os cartões Visa
pré-pagos, o mercado já tem a
necessidade de outras empresas
financeiras administradoras de
cartões – como o MasterCard e
American Express. Quando isso
acontecer, com certeza, os servi-
ços oferecidos por meio dos car-
tões vão melhorar. A concorrên-
cia faz bem.

Primavera Árabe: revolta ou revolução?
João Ngola Trindade (*)
H
á, no seio da intelec-
tualidade e da midia,
referências àPrimave-
ra Árabe como «revol-
ta popular», umas vezes, e como
«revolução», outras. A História
apresenta tanto uma quanto a
outra como reacção a um siste-
ma imposto, e logo vem à mente a
curiosidade em saber em qual dos
conceitos se enquadra a Primave-
ra Árabe. Daí a minha pergunta
inicial que suscitou essa reflexão
- Primavera Árabe: revolta ou re-
volução?
Começaria por dizer que uma
revolta não surge do nada; nasce
da insatisfação e de conflitos (la-
tentes), cujas soluções foram sem-
pre adiadas.
Enquanto conceito, a revolta
faz menção ao comportamento
e atitude, individuais ou colec-
tivos, contrários à ordem esta-
belecida por uma determinada
autoridade, que se serve de ins-
trumentos de coação e de repres-
são (código penal, polícia, exér-
cito, etc.), por meio dos quais
procura manter a ordem e asse-
gurar a sua continuidade.
É possível que seja essa a razão
pela qual a revolta esteja associa-
da à rebelião, pois esta se mani-
festa pela desobediência das nor-
mas, desrespeito e perda de temor
até aí tributados ao detentor do
poder, que não tardará em reagir
ao desafio do momento.
Na revolta, o indivíduo, priva-
do do uso do verbo, exprime-o
violentamente, pois, segundo o
seu pensamento, só assim pode-
rá tornar audível a sua voz. O «4
de Fevereiro» apresenta-se aqui
como exemplo de uma revolta,
justificada, entre outros factores,
pela falta de liberdade de expres-
são. «Naquele tempo [colonial],
não podíamos falar», declara a
«Rainha» do início da luta arma-
da de libertação nacional.
Esse distanciamento de uns
em relação aos outros, ou ainda
o dominio absoluto de uma mi-
noria sobre uma maioria, pode
traduzir-se em animosidade e
num clima conflituoso, com con-
sequencias imprevisiveis.
Se a alteração de mente – an-
teriormente submissa e agora in-
submissa – é um dos pressupostos
para a eclosão de uma revolta, já
a revolução apela a uma consciên-
cia revolucionária.
Geralmente os seus mensa-
geiros apresentam uma proposta
diferente à sociedade que na sua
visão é formada por opressores
e oprimidos ou oprimidos con-
tra opressores. A anterioridade
de uns sobre outros é discutível,
e uma vez que ninguém deseja
abrir mão ao outro, a intolerân-
cia de ambos torna-se inevitável,
embora nenhuma das partes em
confronto assuma a sua primazia
na manifestação de tal atitude.
Ela é fruto da opressão, pois
esta, ao privar os indivíduos de li-
berdade, acaba por ser um dos seus
principais impulsionadores. Daí
que, em certa medida, o opressor
esteja associado ao nascimento do
revolucionário e somente um opri-
mido, desejoso de mudança e sa-
bedor da sua situação, alcança esse
estágio de consciência.
Como não podia deixar de
exemplificar, a Revolução Fran-
cesa trazia consigo a rejeição do
Estado absolutista, personificado
na figura do monarca e o anún-
cio do Estado Liberal assente em
novos valores: divisão de poderes,
liberdade de pensamento e de ex-
pressão, só para citar estes.
Depois da reflexão feita em tor-
no dos conceitos acima referidos,
importa referir que os aconte-
cimentoos que viriam a ser co-
nhecidos como Primavera Árabe
ocorreram em países onde as li-
berdades fundamentais e os direi-
tos humanos eram desrspeitados.
«Na era Khadafi o meu nome não
podia ser citado pelo jornalista quan-
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
do eu estava em campo» afirmou um
futebolista líbio, que, ao serviço da se-
lecção do seu país, disputava o CAN
na África do Sul em 2012.
Durante décadas, os governos
desses países mostraram-se in-
capazes de corresponder às mais
profundas aspirações dos seus
cidadãos, pelo que, apesar da re-
alização de eleições e de benesses
atribuídas – casos do Egipto de
Mubarak e da Líbia de Khadafi
- tornaram-se caducos em pleno
século XXI, quando reprimiram
violentamente as primeiras mani-
festações dos seus povos.
Evidenciava-se nesse momento
o carácter autoritário de regimes
que pretendiam eternizar-se no
poder, impondo silêncio às vozes
contestatárias, já que considerava
o pluralismo de ideias como uma
praga a erradicar.
O desemprego que afectava
Mohamed Bouazizi, jovem li-
cenciado que da venda de frutas
tirava o seu sustento e o da sua
familia,e a recusava das autori-
dades tunisinas em devolver-lhe
os seus haveres, sugerem-nos a
imagem de uma sociedade onde a
exclusão socioeconómica atingia
um estrato populacional escla-
recido – a juventude – que viria
a participar em massa e activa-
mente nos protestos contra um
governo então rotulado de insen-
sível, de quem a população exigia
 23
Opinião
a resignação.
A firmeza e a abnegação dos
manifestantes mostraram-se
eficazes no derrube de Ben Ali
e de Mubarak, que, sem o apoio
e confiança dos militares, e
impotentes diante dos protes-
tantes, abdicaram do poder.
Consumava-se assim a revolta
de cidadãos indignados.
Tratando-se de democratiza-
ção de regimes ditatoriais, estarí-
amos diante da passagem do Es-
tado autoritário para o de Direito
e Democrático, com os princípios
universalmente consagrados:
primado da lei, igualdade dos
cidadãos perante a lei, multipar-
tidarismo, alternância do poder,
limitação de mandatos, sufrágio
universal, liberdade de expressão,
liberdade de imprensa e liberdade
de manifestação.
Assim, faz todo o sentido falar-
mos emrevolução de jasmim.
Rupturas e permanências
A História do Egipto nos úl-
timos 40 a 50 anos foi marcada
pelo exercício do poder político
pelos militares e a ilegalização da
Irmandade Muçulmana, base de
apoio do ex-presidente Mohamed
Morsi.
Historicamente, o golpe dado
ao presidente Mohamed Morsi
não é novo. Igualmente, nada de
novo há no regresso ao poder de
um militar, que, ao que parece, é o
elemento capaz de manter sob seu
controlo os contestários do regi-
me na terra dos faráos.
A Líbia é o oposto do caso que
acaba de ser apresentado. O exer-
cício do poder político pelos civis
tem se mostrado incapaz de man-
ter a ordem pertubada por milí-
cias armadas durante a revolução.
Por outro lado, a falta de con-
senso sobre a laicidade do Estado
ou a aplicação da Sharia parece co-
locar em choque duas concepçoes
do Estado: laico (do tipo ocidental)
e confessional (do tipo islâmico),
colocando assim em choque essas
duas civilizações que cada uma
acaba por representar.
Importa referir que a Primavera
Árabe foi apoiada por Estados oci-
dentais que tencionam universali-
zar – alguém dirá, impor – os valo-
res das suas sociedades adquiridos
ao longo da sua trajectória.
Serão estes valores, adoptados
ou rejeitados, no Magreb, que per-
mitirão uma análise mais prounda
em torno das rupturas e perma-
nências da Primavera Árabe.
(*) Finalista do curso
de História da FCS da UAN
PRÉMIO MABOQUE DE JORNALISMO Edição 2014
PREÂMBULO
O Jornalismo é uma actividade de carácter nobre que contribui para
o progresso e desenvolvimento das sociedades.
É neste espírito que o Grupo César & Filhos outorga anualmente, des-
de 1992, o Prémio Maboque de Jornalismo, com o objectivo de incentivar
o trabalho jornalístico, premiando a regularidade, qualidade, criativida-
de e oportunidade do trabalho dos jornalistas angolanos.
O Prémio Maboque de Jornalismo distingue os Jornalistas que mais
se tenham destacado ao longo do ano, no exercício da sua actividade, de
acordo com as categorias previstas e critérios estabelecidos.
Tal premiação visa estimular os jornalistas angolanos à criatividade e
inovação, no desempenho da sua nobre missão.
O seu promotor poderá a cada nova edição efectuar alterações nas
categorias de premiação e introduzir outras alterações, visando o seu
aprimoramento.
ARTIGO 1º
(OBJECTO)
O presente Regulamento tem por objecto o estabelecimento dos ter-
mos e condições que regem a atribuição do Prémio Maboque de Jorna-
lismo.
ARTIGO 2º
(ÂMBITO)
•O Prémio Maboque é de âmbito nacional, aberto a todos os Jornalis-
tas angolanos, residentes ou não em Angola, que produzam e publiquem
os seus trabalhos nos meios de comunicação social nacionais, nomea-
damente na Imprensa, na Rádio, na Televisão e em Agências Noticiosas.
Não se enquadrando neste âmbito, a informação com carácter institu-
cional ou de propaganda. A actividade jornalística a ser avaliada pelo Júri
compreende todos os géneros jornalísticos.
ARTIGO 3º
(NATUREZA)
•Prémio Maboque de Jornalismo – É uma distinção de mérito atri-
buída anualmente aos Jornalistas de nacionalidade angolana que mais se
destaquem no exercício das suas actividades profissionais.
•O Prémio Maboque de Jornalismo pode ser atribuído a título póstu-
mo a jornalistas cujos trabalhos tenham sido produzidos no período de
vigência do Prémio.
ARTIGO 4º
(DEFINIÇÕES)
Para efeitos de interpretação do presente regulamento, os termos
abaixo indicados têm os seguintes significados:
Jornalista – É um indivíduo que faz do jornalismo a sua ocupação
principal, permanente e remunerada e que seja portador da respectiva
carteira profissional ou título provisório devidamente actualizados.
Promotor – É a empresa Maboque – Gestão de Empreendimentos
com sede social na Rua Ho – Chi – Min, em Luanda.
Grande Prémio Maboque de Jornalismo – É uma distinção de mé-
rito atribuída ao jornalista que mais se tenha destacado no exercício da
actividade jornalística.
Prémio Reportagem - É uma distinção de mérito atribuída ao Jorna-
lista angolano que mais se tenha destacado como repórter.
Prémio Entrevista – É uma distinção de mérito atribuída ao Jornalis-
ta angolano que mais se tenha destacado como entrevistador.
Prémio Jornalismo em Língua Nacional – É uma distinção de mé-
rito atribuída ao Jornalista que mais se destaque no exercício do jornalís-
tico em língua nacional. Entende-se como Línguas Nacionais as línguas
angolanas de origem africana.
Prémio Órgão de Comunicação Social - É uma distinção de mérito
atribuída ao órgão de comunicação social angolano que mais se tenha
destacado no exercício da sua missão, pela actualidade, oportunidade,
qualidade e diversidade.
Prémio Imagem – É uma distinção de mérito atribuída ao autor da
melhor imagem, seja ela fotográfico ou televisivo.
Prémio Melhor Locutor - É uma distinção de mérito atribuída ao
Jornalista angolano, cuja actividade principal é a locução e que se tenha
destacado durante o ano, no exercício da sua profissão.
Prémio Revelação - É uma distinção de mérito atribuída, anualmen-
te, ao Jornalista jovem angolano que mais se destaque no exercício das
suas actividades profissionais.
Jornalista Jovem – É um indivíduo com idade compreendida entre os
18 e os 30 anos de idade, que faz do jornalismo a sua ocupação principal,
permanente e remunerada e que seja portador da respectiva carteira pro-
fissional ou título provisório devidamente actualizados.
REGULAMENTO
Prémio Jornalismo de Opinião - É uma distinção de mérito atribu-
ída ao Jornalista que mais se destaque na produção dos géneros de opi-
nião, nomeadamente, artigos, comentários e cronicas.
ARTIGO 5º
(CATEGORIAS DE PREMIAÇÃO)
No âmbito do presente Regulamento, aos Jornalistas angolanos que
reunirem os requisitos estabelecidos no artigo anterior e que se desta-
quem no exercício das suas actividades profissionais durante o ano em
análise, serão atribuídas as seguintes distinções:
• Grande Prémio Maboque de Jornalismo;
• Prémio Reportagem;
• Prémio Entrevista;
• Prémio Jornalismo em Língua Nacional;
• Prémio Órgão de Comunicação Social;
• Prémio Imagem;
• Prémio Melhor Locutor;
• Prémio Revelação.
• Prémio Jornalismo de Opinião
ARTIGO 6º
(HOMENAGEM)
•No âmbito da atribuição do Prémio Maboque de Jornalismo, é dis-
tinguido um Jornalista angolano ou equipa de Jornalistas que, já não se
encontrando no activo, tenha contribuído para o engrandecimento do
jornalismo angolano.
•Excepcionalmente, podem ser homenageados Jornalistas a titulo
póstumo.
ARTIGO 7º
(VALOR DO PRÉMIO)
O valor global do Prémio Maboque de Jornalismo é de KZ.
35.400.000,00 (Trinta e Cinco Milhões e Quatrocentos Mil Kwanzas),
assim repartidos:
•Kz. 10.000.000,00 (Dez milhões de Kwanzas), um galardão e um
brasão para o Grande Prémio Maboque de Jornalismo;
•Kz 3.400.000,00 (Tres milhões e quatrocentos mil Kwanzas ) para a
Homenagem;
•Kz 3.100.000,00 (Três milhões e cem mil Kwanzas) para o Prémio
Reportagem;
•Kz 3.100.000,00 (Três milhões e cem mil Kwanzas) para o Prémio
Entrevista;
•Kz 3.100.000,00 (Três milhões e cem mil Kwanzas) para o Prémio
Jornalismo em Língua Nacional;
•Kz 3.100.000,00 (Três milhões e cem mil Kwanzas) para o Prémio
Órgão de Comunicação Social;
•KZ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Kwanzas) para o
Prémio Imagem;
•Kz 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Kwanzas) para
Prémio Melhor Locutor;
•Uma viatura no valor de USD. 2.400.000,00 (Dois milhões e quatro-
centos mil Kwanzas), para o Prémio Revelação;
•Kz 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Kwanzas) para o
Prémio Jornalismo de Opinião;
ARTIGO 8º
(PROPOSTAS)
1- Os meios de informação, grupos de Jornalistas, Jornalistas indivi-
duais, leitores, ouvintes e telespectadores, poderão remeter ao Júri pro-
postas de nomes de Jornalistas indicando os respectivos trabalhos que,
no seu entender, mereçam a avaliação do Júri do Concurso.
2- As propostas referidas no número anterior deverão ser remetidas
ao Júri, no período compreendido entre 15 de Junho e 31 de Julho do
presente ano, em envelope fechado para o seguinte endereço:
Prémio Maboque de Jornalismo
Caixa Postal nº 5713 – Luanda
Ou entregues directamente na Sede do Grupo César & Filhos, Rua
Ho – Chi – Min, em Luanda.
ARTIGO 9º
(JÚRI)
1- O Júri do Prémio Maboque de Jornalismo é composto por sete
membros, sendo um deles, o Presidente.
2- O Presidente do Júri detém o voto de qualidade.
3- O Júri é constituído por individualidades de reconhecida idoneida-
de, indicados pelo Promotor do Prémio e um representante deste.
4- O Júri conta com a colaboração de especialistas em línguas nacio-
nais, para a avaliação dos trabalhos efectuados nessas línguas.
5- O trabalho jornalístico de membros do Júri não é objecto de avalia-
ção por este, pelo que os Jornalistas em funções como membros do Júri,
não podem ser laureados.
6- O trabalho jornalístico de membros cessantes do Júri não é objecto
de avaliação pelo período de um ano, a contar da data em que tenham
terminado as suas funções.
7- Das decisões do Júri não cabe reclamação ou recurso.
ARTIGO 10º
(AVALIAÇÃO)
1-O Júri avalia regularmente, durante o ano, o desempenho dos Jor-
nalistas, através de trabalhos publicados na Rádio, Jornais, Revistas, Te-
levisão, Agências Noticiosas e outros meios de grande circulação.
2- Os trabalhos dos Jornalistas das Agências Noticiosas, quando pu-
blicados por outros meios de comunicação social, só são considerados se
houver indicação da origem e respectivos autores.
3- São tidos em conta, trabalhos publicados em Boletins das Agências
Noticiosas.
4- A avaliação referida no número anterior tem início, para todos os
efeitos, na data da indicação do Júri.
ARTIGO 11º
(CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO)
1- São avaliados todos os trabalhos efectuados em língua portuguesa,
bem como em todas as línguas nacionais que se refiram a pessoas ou fac-
tos ocorridos em território nacional ou, se no exterior, a assunto relativo
a Angola ou com repercussões na vida nacional..
2- São critérios de avaliação, a qualidade, a oportunidade, o valor
educativo, a regularidade da produção e publicação e, o uso das técnicas
jornalísticas.
ARTIGO 12º
(ATRIBUIÇÃO DO PRÉMIO)
1- Por decisão do Júri, o Grande Prémio Maboque de Jornalismo será
atribuído a um único Jornalista ou equipa de Jornalistas.
2- No caso dos trabalhos serem assinados com pseudónimo, a sua au-
toria deverá ser atestada pela Direcção do órgão de comunicação social
que os tenha publicado.
3- Todos os trabalhos avaliados ou premiados pelo Júri poderão ser
expostos, veiculados ou reproduzidos no acto formal de entrega do Pré-
mio ou do anúncio dos resultados ou de qualquer acto relativo ao prémio.
4- O Júri poderá decidir não atribuir o Prémio se não reconhecer qua-
lidade nos trabalhos publicados.
ARTIGO 13º
(VENCEDORES)
•Os vencedores do Prémio Maboque de Jornalismo serão formal-
mente anunciados publicamente em cerimónia solene a ser presidida
pelo Presidente do Grupo César e Filhos ou seu representante.
•Os vencedores do Prémio Maboque de Jornalismo deverão estar à
disposição do Grupo César e Filhos para efeitos de divulgação do Prémio
e desenvolvimento de acções que visem contribuir para a formação e o
incentivo a jovens jornalistas.
ARTIGO 14º
(DÚVIDAS E OMISSÕES)
Todas as questões omissas neste Regulamento, assim como a interpre-
tação das suas disposições serão decididas pelo Júri, de forma soberana,
cujas decisões não serão objecto de questionamento ou impugnação por
qualquer das partes envolvidas, inclusive pelo Promotor do Prémio que,
desta forma, garante total isenção na decisão de atribuição do Prémio.
Luanda, 15 de Junho de 2014.
O CORPO DE JURADOS
• Justino Pinto de Andrade – Presidente e Porta-voz
• Amélia da Lomba – Vice - Presidente
• Africano Neto - Membro
• Albino Carlos - Membro
• Ana Margoso – Membro
• Agnela Barros - Membro
• Nelson Ventura – Membro
• Ana Lúcia Ferreira- Secretária Permanente
 Sábado, 23 de Agosto de 2014.  25

Por: Makiadi

Americano assalta banco nu

Jogador sueco marcou
U 21 golos num só jogo
m americano foi preso na se-
mana passada por ter assalta-
do um banco de Rockford (no
estado americano do Illinois).
Mas não se tratou de um assalto comum,
pois o assaltante estava nu.

U
Segundo a estação WIFR, Ezekiel Dean- m jogador da séti-
da (de 32 anos) entrou numa agência do As- ma divisão sueca
sociated Bank e dirigiu-se à sua cave. Subiu bateu no passado
depois, já sem roupa, e anunciou o assalto f i m-de-sema na
a um caixa. um recorde do seu país, ao
Cometeu o erro de voltar à cave para ir marcar 21 golos numa mes-
buscar a roupa, pois foi aí que foi detido por ma partida de futebol.
agentes da polícia. Não sem antes ter agre- O jovem Yanick Djouzi
dido um dos agentes policiais. ■ Manzizila, de 25 anos, mar-
cou 21 dos 30 golos com que
o Kongo United venceu o
Baltrog Botkyra. O anterior
recorde datava de 1954 e

Preso por ter feito

era de 18 golos num mesmo
jogo.
Outro facto curioso é que

sexo com… a esposa a maior parte das assistên-

cias para os golos de Yanick
Manzizila foram feitas pelo
seu irmão gémeo, Alex. ■

U
m deputado do estado ameri-
cano do Iowa foi preso durante
o passado fim-de-semana, por
ter feito sexo com… a própria
esposa.
O jornal “Des Moines Register” escla-
rece que a esposa de Henry Rayhons sofre
José Mourinho no seu melhor (16)
da doença de Alzheimer, tendo por isso
sido considerada por um juiz inapta para
o sexo.
Mas em Maio último, o deputado foi
visitar a esposa no lar em que se encontra-
va e decidiu fazer sexo com ela, desrespei-
tando a decisão judicial. Como houve de-
núncia, o deputado foi acusado de violação,
tendo por isso sido obrigado a abandonar a
corrida para a sua reeleição. ■

Faziam orgia sexual, mas foram multados

por não usarem cinto de segurança

T
rês casais de turistas suíços es-
tavam dentro de uma viatura,
em plena orgia sexual, a circu-
lar pela área balnear de Ibiza
(Espanha), quando agentes da polícia
mandaram parar a viatura.
De acordo com o “Daily Mail”,
os turistas não foram multados por
atentado ao pudor, Foram inter-
ceptados e multados, por estarem a - “Sou bom e não tenho vergonha de o dizer!”
circular sem o cinto de segurança. - “Não tenho de provar nada a ninguém. Há quem diga que agora é que vai ser.
A multa total seria de 200 eu- Agora vai ser o quê?” [Julho de 2010]
ros (à volta de 29 mil kwanzas), mas - “Não metemos o autocarro à frente da baliza. Metemos um Airbus 340, com as
como pagaram no momento, benefi- asas abertas!” [Maio de 2010, sobre a táctica usada frente ao Barcelona na meia-final
ciarem de um desconto de 50%. da Liga dos Campeões]
A polícia local esclareceu que não é - “Eu não sou provocador. Sou alguém que trabalha muito, muito, muito. E como
ilegal fazer sexo dentro de uma viatura na todos os que trabalham comigo trabalham muito, muito, muito, queremos respeito.
zona turística de Ibiza, que é uma região Se temos respeito, perfeito. Se não, devo defender o meu grupo. Mas não sou provo-
conhecida pelo seu grande liberalismo cador.” [Maio de 2010] ■
sexual. ■
26  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Cultura
Lusofonia: alteridade
e desconstrução
Filinto Elísio
C
hego a um hotel em Paris e vejo
um anúncio em várias línguas,
inclusive na Língua Portugue-
sa, para o meu mais total con-
forto e compreensão. Ao texto, replicado
em português, aparece a bandeira do Bra-
sil. Já, ao tomar o comboio na Amsterdam
Centraal, as explicações, algumas, diga-se
de passagem, traziam no frontispício a
bandeira de Portugal. Pus-me a rir, afoi-
to à brincadeira, que também poderiam
estar as bandeiras de todos – Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equa-
torial, Moçambique, São Tomé e Príncipe
e Timor-Leste. E, já sem rir, ainda afoito à
exegese, a bandeira da CPLP. Quo vadis?
Vastas vezes, ponho-me a pensar sobre
a Lusofonia, seu potencial e seu alcance.
Em contraponto a algumas intervenções
por ocasião da entrada oficial da Guiné
Equatorial à CPLP, na X Cimeira de Díli,
penso que o clube dos países de Língua
oficial portuguesa não se reflete apenas
na «portugalidade» e, em consequente
desdobramento, no modo de ser e de es-
tar tão somente dos portugueses. Digo
o mesmo em relação à «angolanidade»,
à «brasilidade», à «caboverdianidade» e
mais «nidades» que, sendo importantes,
não se lhes aceita a hegemonia.
A reinterpretação semântica da Luso-
fonia, ressignificada hoje em múltiplas
identidades culturais (inclusive linguís-
ticas) e diversas soberanias (inclusive de
princípios e interesses), deve ser a pedra
de toque para o fortalecimento de uma
«Comunidade de plataforma lusófona».
Olhando para o globo e inferindo ali
uma consequente visão da geopolítica,
torna-se mais que legítima pretender uma
coisa maior e melhor. Não se consegue
construir uma CPLP forte, operacional e
credível, capaz de ter um papel (cultural,
social, económico e político) mais efetivo
e determinante no mundo globalizado,
mantendo a ideia de uma rede em que
os atuais nove estados soberanos, mais
as suas comunidades emigradas, estejam
amarradas a uma geometria fixa e inva-
riável em torno de um centro reprodutor
unilateral do ethos e do pathos.
Ponho-me a pensar no que seria a Lín-
gua Portuguesa, hoje a quinta do planeta,
se o Brasil dela abstivesse e se os países
africanos não a assumissem como idioma
da educação formal e da administração
pública. O que seria a CPLP se, presa à sua
carta fundacional, não atraísse novos pa-
íses (estes em diferentes velocidades his-
tóricas, mas dispostos a virem partilhar o
desejo do diálogo «interlusófono»), nem
fosse, agora e doravante, uma comunida-
de mais composta e plural?
Leio as palavras de Abdou Diouf,
Secretário-Geral da Francofonia, no Le
Magazine de l’Afrique, assertivas de que
«sans l’Afrique, la Francophonie serait
sans avenir». Mutatis mutandis, o que se-
ria a Lusofonia sem os vários continentes?
O que seria a CPLP se, podendo eman-
cipar de dúbias heranças do «orgulhosa-
mente só», pudesse trabalhar para alargar
o espaço dos novos países observadores e,
paulatinamente, integrá-los como mem-
bros de pleno direito? Aliás, parecem ser
estes os grandes desafios da «presidência
timorense» e, fazendo jus à rotatividade,
da próxima «presidência cabo-verdiana».
Em jeito de ressalva, não fique aqui a
impressão de que defendo regimes fecha-
dos, autoritários e monolíticos, nem que
esteja agora, sub-repticiamente, a legiti-
mar comportamentos que firam a digni-
dade e os direitos humanos. Nada disso.
Sou contra a pena de morte em qualquer
país do mundo, assim como não subscre-
vo as perseguições políticas, a tortura e
o controlo dos cidadãos, uns através das
antigas tecnologias, outros através das
novas tecnologias. Sou contra o assalto ao
Existencialismo, tanto em latitude como
em longitude.
Entrementes, o assunto versa ora sobre
como alargarmos a Lusofonia, em que a
premissa correta, ao meu modesto ver,
exigiria a alteridade e a desconstrução
de uns e de outros desse, já bem demora-
do, Síndrome de Casa Grande e Senzala.
Tudo isso para dizer o quanto me apazi-
guaria o pensamento se no hotel de Paris,
no Amsterdam Centraal ou em qualquer
ponto da Terra, esta casa comum, pudesse
inferir pela bandeira da CPLP que «tam-
bém falamos em português»! ■
Devemos alterar
acordo de 1990?
Carlos Alberto Faraco (*)
Q
ualquer pessoa que estuda a
história ortográfica das línguas
sabe que, por razões econó-
micas e culturais, não se deve
mexer em ortografias estabilizadas. Mu-
danças «simplificadoras» ou «racionali-
zadoras», embora propostas sempre com
a maior das boas intenções, resultam, se
implantadas, em desastre.
Apesar dessa lição histórica, os filólogos
da geração de António Houaiss, portu-
gueses e brasileiros, entenderam que era
necessário superar a duplicidade de or-
tografias oficias do português. Depois de
décadas de debates, chegaram ao Acordo
Ortográfico de 1990, pelo qual se fizeram
pequenos ajustes em cada uma das orto-
grafias vigentes para submetê-las a um
único conjunto de princípios. Na proposta
desses filólogos, não houve propriamente
uma «reforma ortográfica», na medida em
que o núcleo duro das bases da ortografia
estabelecidas em 1911 não se alterou.
O Acordo Ortográfico foi ratificado por
todos os países de Língua oficial portu-
guesa, a começar por Portugal, que o fez já
em 1991. Houve, depois, alguns Protocolos
Aditivos, todos já também devidamente
ratificados por todos os países. Falta ainda
Angola completar o processo. E a demora
não decorre de desse país recusar o Acor-
do (afinal, é um de seus signatários), mas
do seu entendimento de que, antes da ra-
tificação, precisa definir formas para me-
lhor adaptar graficamente as inúmeras pa-
lavras das línguas bantu que enriquecem o
português desse país.
O Acordo Ortográfico está inteiramen-
te implantado no Brasil desde 2009; está
em avançado processo de implantação em
Portugal e em progresso nos demais paí-
ses. Assim, dizer, como se lê vez por outra
na imprensa, que o Acordo Ortográfico
fracassou é desconhecer a realidade ou,
pior, querer ignorá-la.
A questão que se levantou no Brasil no
fim de 2013 é se devemos alterar os termos
do Acordo Ortográfico. Como o questio-
namento vinha de membros da Comissão
de Educação do Senado [Federal], o gover-
no federal decidiu, ex abrupto e sem maio-
res consultas, prorrogar a vigência defini-
tiva do Acordo para 2016 (antes prevista
para 1.º de Janeiro de 2014).
Alegou-se, na ocasião, que com isso fa-
zíamos um gesto de cortesia a Portugal,
emparelhando nosso calendário ao de lá.
E, paralelamente, ganhávamos tempo para
propor alterações em aspectos do Acordo
que supostamente precisam ser ajustados
ou «mais bem acordados».
Não há, porém, nenhum bom argu-
mento que justifique mexer no Acordo. Os
poucos pontos que geram alguma dúvida
são marginais e, no fundo, estão sendo
equacionados tecnicamente na elabora-
ção do Vocabulário Ortográfico Comum
(VOC).
Este instrumento, previsto no Acordo
Ortográfico, já conseguiu, pela primeira
vez na história da Língua, unir numa só
plataforma todas as bases léxico-ortográ-
ficas portuguesas e brasileiras. Só isso é já
um magno acontecimento.
Há, contudo, mais: o projeto do VOC
está promovendo a elaboração de Vocabu-
lários Ortográficos Nacionais onde ainda
não havia nenhum. O de Moçambique
está quase pronto; o de Timor-Leste está
em avançado processo de execução. E os
demais em andamento.
O VOC deverá estar concluído para ser
apresentado na próxima reunião dos Che-
fes de Estado e Governo da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
que vai se realizar no segundo semestre
de 2014 em Díli (Timor-Leste) [a Cimeira
de Díli foi realizada no dia 23 de Julho de
2014].
Com o VOC, teremos à disposição não
apenas uma referência comum e segura da
ortografia, mas também um rol de acer-
vos lexicais que vão permitir enriquecer
substancialmente os dicionários da Lín-
gua. Por tudo isso, o projeto do VOC tem
recebido apoio institucional de importan-
tes centros de pesquisa em processamento
automático de línguas naturais, bem como
recursos financeiros de diversas fontes
como o pagamento de bolsistas do projeto
pelo Instituto Camões e o montante de 30
mil euros recentemente dado ao projeto
pelo governo de Angola.
Não precisamos, portanto, mexer no
Acordo Ortográfico. Contudo, é impor-
tante não esquecer que qualquer retroces-
so na implantação do Acordo Ortográfico
no Brasil implicará enormes prejuízos
para as editoras nacionais (há alguém in-
teressado em quebrar nosso parque edito-
rial?), além de incalculável e injustificável
desperdício de dinheiro público, conside-
rando que todos os milhões de livros do
Programa Nacional do Livro Didático têm
sido impressos, desde 2010, com a orto-
grafia prevista no Acordo Ortográfico. ■
In Gazeta do Povo,
Curitiba, Brasil.
 Sábado, 23 de Agosto de 2014.  27
Cultura

Afirmação da Língua Portuguesa no Mundo

O bom exemplo de Manuel Vicente

U
m interessante e breve
episódio em Washing-
ton no início do mês de
Agosto mostrou o im-
portante patamar da Língua Por-
tuguesa como canal de comunica-
ção de assuntos internacionais.
No dia 5 de Agosto de 2014,
durante a ocorrência da Cimeira
Estados Unidos-África, o vice-
-presidente da República de An-
gola, Manuel Domingos Vicente,
fez um breve pronunciamento em
Língua Portuguesa antes da reu-
nião reservada com o secretário
de Estado norte-americano John
Kerry.
A declaração de Manuel Vicente
foi espontânea, embora não con-
tasse com a omissão do protocolo
norte-americano de colocar um
tradutor-intérprete.
«Como disse bem o senhor se-
cretário, nós contámos com o
apoio e toda a colaboração dos
Estados Unidos para em conjunto
podermos estabilizar, portanto, o
continente africano. Sabemos que
sem paz e segurança não há inves-
timento, de modos que é o primei-
ro foco de Sua Excelência o senhor
presidente da República colaborar e
participar e fazer todo o esforço no
sentido de podermos garantir a paz
a nível de todo o continente africa-
no e não só a nível global», pronun- grande monta o que está a aconte-
ciou Manuel Vicente em português cer, e Angola é um dos países em
na sede do Departamento de Esta- que é evidente a transformação
do dos EUA. que vem a estabelecer-se em Áfri-
«Essa também é uma das razões, ca», disse John Kerry.
e no espírito da missão que nos leva, A atitude de afirmação do vice-
que estamos a candidatarmos para -presidente angolano foi simbo-
membro não permanente do Con- licamente exemplar e altiva, ao
selho de Segurança [das Nações seguir um procedimento feito
Unidas] para o próximo mandato. cada vez mais pelos líderes políti-
E isso condiz sempre no primórdio cos dos países da Lusofonia, de se
de levarmos a paz ao continente e expressarem ao mundo na Língua
ao mundo. Muito obrigado», con- oficial da nação que representam.
cluiu o vice-presidente angolano, E ainda por considerar que há um
em bom português. número estimado de 1,4 milhão
de lusofalantes nos Estados Uni-
Vicente. Vicente: «Está bom assim?». E o teve por não contar com intér- dos da América.
Kerry vira intérprete O chefe da diplomacia norte- vice-presidente angolano respon- pretes em português, Kerry havia Já que os próprios represen-
-americana prossegue: «O resu- deu afirmativamente. John Kerry elogiado Angola e a liderança do tantes do Governo dos EUA, por
mo mais rápido do mundo é que teria embaraços maiores se não presidente do país, José Eduardo onde vão, fazem seus pronuncia-
John Kerry bem que tentou não ele declarou que estava muito contasse com o facto de saber a dos Santos. E declarou ter teste- mentos em inglês, uma língua de
mostrar embaraço por não ter à feliz por estar aqui em Washing- Língua Portuguesa e de estar ca- munhado o progresso da econo- valor internacional inegável, nada
disposição no Departamento de ton com o secretário de Estado, sado há quase 20 anos com uma mia angolana na ocasião de sua mais justo que os líderes da Luso-
Estado um tradutor-intérprete de muito feliz por fazer parte nesta portuguesa nascida em Moçambi- recente visita a Luanda. fonia se expressem no estrangeiro
Língua Portuguesa. «Eu sei que conferência, que deseja trabalhar que, Maria Teresa Simões Ferrei- «Temos fortalecido nossas re- em uma Língua parelha ao inglês,
ele fala, estávamos a contar com connosco adiante e para a esta- ra, mais conhecida como Teresa lações económicas com Angola, e de longa história internacional e
o seu excelente inglês, que eu sei bilização contínua do continente Heinz Kerry. esperamos fazer isso ainda mais. transcultural. Na Língua que une
que fala, mas, basicamente, quer africano. Falou sobre o cresci- E parabenizamos Angola pelo o povo de Angola e que é uma
resumir ou quer que eu diga?», mento e o desenvolvimento e as Gesto de afirmação trabalho significativo que eles grande Língua do mundo ■
perguntou o chefe da diplomacia relações económicas. E acho que têm feito em ajudar a reintegrar
norte-americana, dirigindo-se ao este é um resumo rápido», para- umas 500 mil pessoas a mais que Nota: In «Ventos da Lusofonia»,
vice-presidente de Angola. «Cla- fraseou Kerry. Antes do constrangimento que estavam deslocadas devido a uma com a gentileza do amigo Arlindo
ro que pode», respondeu Manuel A seguir perguntou a Manuel a diplomacia norte-americana guerra civil muito longa. É de Isabel.
28  Sábado, 23 de Agosto de 2014.
Desporto
Lourenço Clinton é a novidade
Massunguna de fora por castigo
Paulo Possas
O
técnico nacional Ro-
meu Filemon anunciou
nesta quinta-feira, em
conferência de impren-
sa, a lista dos vinte e sete jogado-
res com que contará para a fase de
qualificação da Taça de África das
Nações, na qual Angola começa a
competir a 6 de Setembro, em Li-
breville, diante do Gabão.
Lourenço Clinton, avançado
de 22 anos, que está ao serviço
do Sport Charleroi da Bélgica, é
a grande novidade da convocató-
ria, em que se ressalta ainda o re-
gresso de Manucho Gonçalves, do
Real Rayo Vallecano da Espanha,
assim como, em sentido negativo,
a não inclusão do defesa militar
Dany Massunguna, preterido por
razões disciplinares.
Romeu Filemon castiga-
ria assim o «central» do 1.º de
Agosto, por ter abandonado
a concentração na véspera do
jogo amistoso contra o Botswa-
na, a 13 de Agosto, para servir
de exemplo aos restantes joga-
dores, no quadro da sua preten-
são de formar um grupo empe-
nhado e disciplinado.
1.º de Agosto quer FIFA no «barulho»
Filemon convoca Palancas para «Operação-Libreville»
Manucho Gonçalves, que fa-
lhou os amistosos já disputados
na nova era da selecção nacio-
nal (5), parece ter finalmente
caído na graça do seleccionador
nacional, até porque ele, afinal,
estava a recupera-se de uma le-
são, tendo sido preterido até en-
tão por essa razão e não devido
a questões disciplinares como
se chegou a especular.
Romeu Filemon também já
conta com o avançado Igor Ve-
Alegada «roubalheira» de António Caxala
tokele, do Charlton Athletic da
Inglaterra, o defesa central Bastos
(Rostov da Rússia) e o médio Ge-
raldo (Curitiba do Brasil).
O médio Rudy Costa, do
Desportivo de La Corunha de
Espanha, é que pode vir a fa-
lhar o desafio diante do Gabão
por problemas administrativos:
ainda não tem documentos que
lhe conferirão a nacionalida-
de angolana. Com 25 anos, ele
nasceu em Portugal, de pai san-
tomense e mãe angolana, tendo
regressado este ano ao futebol
espanhol, depois de na época
passada ter sido emprestado ao
Belenenses.
Os Palancas Negras concen-
tram-se na próxima quarta-fei-
ra (27), às 20h00, no Hotel Vic-
toria Garden, em Luanda, para
o início dos trabalhos de prepa-
ração até ao dia da viagem para
Libreville, a 4 de Setembro.
O
alegado mau serviço
de arbitragem do in-
ternacional António
Caxala, no grande
jogo dos quartos-de-final da Taça
de Angola, em que favorece es-
candalosamente o Kabuscorp do
Palanca, em detrimento do do 1.º
de Agosto, pode custar-lhe caro,
caso a FAF venha a enviar o rela-
tório do desafio à FIFA para ana-
lisar o caso, como é pretensão do
clube militar.
Os adeptos, sócios e dirigentes
do clube militar, que é presidido
pelo General Carlos Hendrick,
não estão conformados com a ale-
Lista completa
Guarda-redes: Landu (Recrea-
tivo do Libolo), Élber (Benfica de
Luanda) e António Dominique
(Lumon Lausanne FC da Suíça),
Defesas: Natael (Sagrada Es-
perança), Abdul (Petro de Luan-
da), Miguel (Benfica de Luanda),
Bastos (Rostov de Moscovo),
Kussunga (FC Oldham da In-
glaterra), Buatu (FC Fulham da
Inglaterra), Gomito e Carlitos
(Recreativo do Libolo).
Médios: Chara e Gilberto (Petro
de Luanda), Adão (Progresso do
Sambizanga), Rúben (Recreativo
da Caála), Geraldo (Curitiba do
Brasil), Dolly Menga (FC Lierse
da Bélgica), Freddy (Belenenses
de Portugal), Djalma Campos
(Konyan Sport da Turquia), Rudy
(Deportivo de La Corunha de Es-
panha) e Ary Papel (1.º de Agosto).
Avançados: Clinton Louren-
ço ( Sport Charleroi da Bélgica),
Igor Vetokele (Charlton da In-
glaterra), José Vunguidica (SV
Wehen Wiesbaden da Holanda),
Alexander Cristóvão (FC Gro-
ningen da Noruega) e Manucho
Gonçalves (Real Rayo Vallecano
de Espanha).
gada «roubalheira» de que terão
sido vítimas no último sábado,
pelo que já anunciaram que é sua
intenção levar o caso até à FIFA.
Os dagostinos pretendem que
António Caxala seja castigado de
alguma forma pela sua arbitra-
gem supostamente tendenciosa.
O director-geral, Fernando
Barbosa «Barbosinha», deu a co-
nhecer que há um oficio endere-
çado à FAF a notificar que a FIFA
tome medidas sobre a arbitragem
altamente prejudicial feita por
António Caxala, a favor do Ka-
buscorp do Palanca, que passou
assim para as meias-finais por
  29
Sábado, 23 de Agosto de 2014.

Desporto

via de um resultado falseado por
um golo limpo muito mal anula-
do pela arbitragem do desafio por
fora-de-jogo.
Este responsável do 1.º de
Agosto disse mesmo que o clube
decidiu avançar com a «queixa»
Taça de Angola
prejudicar a agremiação militar.
Além de «Babosinha», o porta-
-voz do clube, Carlos Alves, tam-
bém saiu a terreiro para protestar,
considerando de estranha a actu-
ação de António Caxala, embora
já se esperasse por isso de algum

porque António Caxala tem pre-
judicado sistematicamente o clu-
be sempre que apita um jogo em
que esteja envolvido.
«O árbitro de quem nos quei-
xamos tem sido escolhido para
apitar jogos FIFA porque parece
estar bem referenciado. Então,
nós queremos que a FIFA consiga
perceber por que é que este árbi-
tro se comporta de maneira di-
ferente dentro do seu país», disse
«Barbosinha».
O 1.º de Agosto marcou um
golo limpo, mas António Caxala
considerou ter resultado de uma
jogada de fora-de-jogo. O clube
do «rio seco» dizem que ele, deno-
tando alguma dúvida, consultou
um seu assistente que considerou
golo legal, mas António Caxala
não levou a sua opinião em consi-
deração, o que supostamente ates-
ta a tendência clara do árbitro em
modo, pelo facto dele ser recor-
rente.
Carlos Alves questiona mesmo
os critérios de nomeação do Con-
selho Central de Arbitragem, que
voltou a colocar Júlio Lemos, como
assistente do referido jogo, depois
de já o ter feito poucos dias antes.
O porta-voz do 1.º de Agosto
considera ainda que é coinci-
dência demais que nenhuma das
duas figuras mais importantes do
conselho de arbitragem, Muluta
Prata e Beto Carmelino, se tenha
dignado em ir assistir aos emba-
tes seguidos entre os dois refe-
ridos contendores, quando até o
presidente da FAF tratou de estar
presente. «Gostávamos de saber
os motivos destas ausências con-
secutivas», afirmou Carlos Alves,
bem desconfiado.
Paulo Possas
B
enfica de Luanda x Kabuscorp
do Palanca é o jogo de cartaz
nas meias-finais da Taça de
Angola em futebol, segundo
ditou o sorteio desta fase da competição,
realizado quarta-feira (20), na sede da Fe-
deração Angolana de Futebol (FAF). Na
outra partida, o Petro de Luanda jogará
com o Progresso do Sambizanga.
Os dois jogos para a definição dos fina-
listas da segunda mais importante com-
petição do nosso futebol estão marcados
para o dia 1 de Outubro. A final será dis-
puta a 11 de Novembro.Os petrolíferos
são os detentores do troféu, que já ergue-
ram em onze (11) ocasiões: 1987, 1992,
1993, 1994, 1997, 1998, 2000, 2002, 2012
e 2013.
Entre os semi-finalistas, além do Petro
de Luanda e Progresso do Sambizanga,
que também já o ergueu por uma vez
(1995), os demais (Kabuscorp do Palanca
e Benfica de Luanda) nunca sequer che-
garam à final.

Taça Zé Du de Hóquei-em-Patins

Melhor do mundo entre nós

O
espanhol Pedro Gil,
actual melhor jogador
do mundo, está a re-
presentar o Juventude
de Viana, na 13.ª edição do Tor-
neio Internacional José Eduardo
dos Santos em hóquei em patins,
disse que é com muita satisfação
que está presente pela terceira no
nosso país.
Muito assediado pelos jorna-
listas, o jogador prometeu dar o
melhor de si para que a sua equipa
vença o torneio.
Em 2007, Pedro Gil veio pela
primeira vez a Angola em 2007,
estando na altura ao servilo do
FC Porto. Para dsputar o pri-
meiro campeonato do mundo
de clubes. Voltou à capital an-
golana em 2013 para represen-
tar a sua selecção nacional no
«mundial» que Angola organi-
zou, no qual acabaria por ser
eleito o melhor jogador. E esta
sua estreia na Taça Zé Du re-
presenta a terceira vez que cá
põe os pés, ao serviço do Juven-
tude de Viana.
O torneio, iniciado na quarta-
-feira, vai disputar-se até do-
mingo, com a participação de
oito equipas, sendo três nacio-
nais e cinco estrangeiras, dividi-
das em dois grupos.
A competição está a ser dispu-
tada em regime de todos contra
todos a uma volta, apurando os
dois primeios de cada grupo para
as meias-finais em sistema cru-
zado, ao passo que os restantes
jogam as classificativas do quinto
ao oitavo lugares.
No grupo A estão as equipas da
Académica de Luanda, Misto de
Pretória, Andes Talleres (Argen-
tina) e Juventude de Viana. No B,
estão o Misto de Maputo, Sub-21
de Espanha, Sporting Clube de
Portugal e 1.º de Agosto.
A pontuação é de 3 pontos por
vitória, 1 por empate e zero por
derrota.
Vão ser agraciadas com troféus
as três primeiras classificadas,
bem como o melhor marcador,
guarda-redes menos batido e o
melhor jogador do torneio.
Logo na primeira jornada re-
gistaram -se várias goleadas: a se-
lecção de esperanças de Espanha
cilindrou o Misto de Maputo, por
10-2, a Académica de Luanda der-
rotou o Misto de Pretória, por 8-0 e
a Juventude de Viana venceu o An-
des Talleres da Argentina, por 5-4.
O torneio, que está a saudar
o 72.º aniversário do Presidente
da República, José Eduardo dos
Santos, a assinalar-se dia 28 do
corrente mês, já foi disputado em
Benguela, Huambo e Malanje.
Em 2013, foi ganho pela selecção
nacional angolana.
 Sábado, 23 de Agosto de 2014.  31
Desporto

«Mundial» do Dubai de basquetebol em Sub-17

Angolanos deixam boa impressão

Paulo Possas Dó, Edmilson Miranda, Teodo-
ro Hilário, Valdir Manuel, Aires

S
e os jogadores da selec-
ção masculina de sub-
17 continuarem com
os mesmos níveis de
prestação e qualidade técnicas
demonstrados no Campeonato
do Mundo que decorreu no Du-
bai, tudo indica que o futuro das
honras estará garantido, poden-
do o país continuar a dominar o
basquetebol continental por mais
alguns anos.
A excelente prestação dos jo-
vens angolanos no «Mundial» do
Dubai permitiu que Angola se
classificasse num mais ou menos
honroso 11.º lugar para o nosso
nível actual, tendo em conta a
forte concorrência internacional,
assim como as boas referências
individuais dariam azo a que
alguns clubes estrangeiros aca-
bassem por ficar de olho em de-
terminados jogadores da selecção
nacional da classe.
Angola, que venceu o campeo-
nato africano de 2013, neste «mun-
dial» jogou no Grupo A, no qual
venceu três partidas, nomeada-
mente diante das Filipinas, Grécia
e Emirados Árabes Unidos. Depois
perderia para os Estados Unidos da
América, Canadá e Itália.
Valdir Manuel, do Petro de Lu-
anda, foi dos jogadores mais con-
tactados por agentes estrangeiros
para jogar fora de Angola, mas,
ao que soubemos, não abraçou
já convite algum, embora tenha
manifestado o sonho de fazer car-
reira em clubes da Europa ou da
América.
Tudo vai depender da auto-
rização dos seus pais, que são
membros de uma família de an-
tigos basquetebolistas de renome,
como Edmar Vitoriano «Badu-
na», Ângelo Vitoriano e Puna Vi-
toriano.
O «base» principal da equipa,
Eric Amândio, e o poste Bruno
Fernando também estiveram em
evidência.
O seleccionador nacional Ma-
nuel Silva «Gi», a julgar pelos re-
sultados e classificação obtidos,
terá regressado ao país satisfeito
da vida. «Os nossos atletas ain-
da na primeira fase foram muito
pressionados pelos nossos ad-
versários directos para avançar
alguns contactos para futuras
transferências para clubes da Eu-
ropa. E isso mexeu muito com os
meus atletas, porque são miúdos
e facilmente baixam os níveis de
concentração», explicou.
O técnico levou ao mundial
os atletas Eric Amândio, Daniel
Manuel, Sílvio de Sousa, Avelino
Goubel, João Jungo, Bruno Fer-
nando, Milton Valente e Cristia-
no Xavier.
As suas apostas foram enalte-
cidas por alguns agentes da mo-
dalidade e do desporto no geral,
como é o caso do dirigente olím-
pico Mário Rosa de Almeida, que
sugeriu que se faça um acompa-
nhamento regular desses joga-
dores, no sentido de uma melhor
evolução nas categorias seguintes
(júnior e sénior).
A sua inserção nas equipas prin-
cipais dos seus clubes é, segundo
este dirigente, o primeiro passo a
dar, contando, naturalmente, com
as contribuições dos seus encar-
regados de educação e da própria
federação da modalidade.
A classificação final do campe-
onato do mundo ficou definido da
seguinte forma: Estados Unidos
da América (campeão mundial),
Austrália (2.º), Sérvia (3.º), Espa-
nha (4.º), Canadá (5.º), Porto Rico
(6.º), China (7.º), França (8.º), Itá-
lia (9.º), Argentina (10.º), Angola
(11.º), Grécia (12.º), Egipto (13.º),
Japão (14.º), Filipinas (15.º) e Emi-
rados Árabes Unidos (16.º).

na: Ana Gonçalves, Fineza

No país anfitrião (Espanha) Eusébio, Helena Francisco,
Letícia André, Luísa Tomás,
Nacissela Maurício, Rosa
Gala e Sónia Guadalupe (1.º

Selecção sem Carlos Morais de Agosto), Angelina Golo-

me, Catarina Camufal, Cla-
risse Mpaka, Elsa Eduardo,

ultima preparo mundialista Mereciana Fernandes, Nadir

Manuel, Ngindula Filipe e
Rosemira Daniel (Interclube)
e Helena Viega (Lusíada).

A
selecção nacional de bas-
quetebol sénior masculina
prossegue a sua prepara-
ção em Espanha, tendo
em vista a sua participação no Cam-
peonato do Mundo, a decorrer na-
quele país europeu, de 30 do mês em
curso a 14 de Setembro próximo.
Contra todas as previsões, a se-
lecção, afinal, já não contará com a
integração do base e extremo Carlos
Morais, por, infelizmente, não ter re-
cuperado da lesão num dos joelhos,
sendo, por isso, rendido por Roberto
Fortes, do Petro de Luanda.
Apesar de não integrar o grupo,
Carlos Morais Eduardo terá a honra
de aparecer - com o apto Eduardo
Mingas - num vídeo do Afrobasket
de 2013, que Angola venceu, para
promover a imagem do país e da se-
lecção no Campeonato do Mundo sé-
nior masculino.
Nos jogos já efectuados em Es-
panha, a selecção nacional venceu a
formação norte-americana do LMU,
por 80-63, com 40-35. Nos jogos an-
teriores perdeu para o Brasil, Argen-
tina, Espanha, Canadá e Porto Rico.
Aníbal leva 15
O técnico Aníbal Moreira vai levar
ao Campeonato do Mundo na Tur-
quia somente quinze (15) das vinte
(20) jogadoras que estão a preparar-
-se em Luanda para o evento.
Nesta etapa da preparação a dupla
técnica formada por Aníbal Moreira
e Elisa Pires
trabalha com as seguintes joga-
doras saídas da competição inter-
Mafalda Barcelos, que joga
em Portugal, e Whitney Mi-
guel, na França, também inte-
gram a preparação, dando o seu
máximo no sentido de poderem
integrar as eleitas, que serão de-
terminadas a 25 de Setembro.
As jogadoras que conven-
cerem melhor a equipa técni-
ca partirão para a Espanha a
fim de cumprirem um está-
gio pré-competitivo. Depois,
seguirão para a França, a fim
de participarem num torneio
internacional com as selec-
ções do país anfitrião, Brasil
e Moçambique.
No «Mundial» da Turquia,
Angola está no Grupo D, com
os Estados Unidos da Améri-
ca, Sérvia e China.

Pitra
Neto
O Executivo angolano con-
seguiu finalmente resolver o
pendente que tinha para com
umas boas centenas (cerca de
mil e 200) de cidadãos nacio-
nais que enviara nos tempos
do «socialismo científico» a
então República Democrática
Alemã para lá trabalharem
como operários em diversas
fábricas desse antigo país eu-
ropeu, no quadro dum acor-
do de cooperação entre si. Ao
regressarem ao país, depois do
derrube da cortina de ferro, os
«emigrantes» trataram de rei-
vindicar o que julgavam ser de
direito, como salários e subsí-
dios vários, que não receberam
lá, estabelecendo-se um confli-
to devido às dificuldades que o
governo tinha em ressarci-los.
Depois de anos de pendências
difíceis, o conflito terá chegado
formalmente ao fim. Uff! ■ ■
Lucas
Seque
O rosto da «Seque Service»,
empresa que rentabiliza o Clu-
be de Ténis da Cidadela, através
da exploração do espaço com
prestação de serviços no ramo
de hotelaria e realização de
eventos socioculturais, como
desfiles de moda e sessões de
música ao vivo, entre outros,
acaba de ser distinguido pela
Federação Internacional de Té-
nis de Mesa (ITTF, na sigla em
inglês), pelo apoio que tem pres-
tado ao desenvolvimento e afir-
mação da modalidade em An-
gola. Chamado de «empresário
de causas nobres», Lucas Seque
estará proximamente concen-
trado em promover actividades
culturais que se enquadrem
no espírito do Fenacult, festival
cultural que reapareceu em for-
ça depois de décadas no «esta-
leiro». O homem tem engenho
para tal.
Isaac
dos Anjos
Já se falava que a sua «banga»
em Benguela estaria pratica-
mente no fim, devido às quei-
xas contra si que chegavam à
Cidade Alta ou ao «Kremlin»,
da boca de alguns dos seus pró-
prios correligionários em Ben-
guela, que não vão com a sua
cara nem com o seu «modus
operandi». Falava-se mesmo
que Ju Martins já se estava a
preparar para tomar o seu lugar.
Porém, nesta quinta-feira, todas
essas especulações se esboroa-
ram. Ao contrário do que mui-
tos esperavam, o Presidente da
República, em visita à província,
tratou de elogiá-lo abertamente,
o que não é muito normal, di-
zendo que a sua escolha para o
posto de governador local tinha
sido mais que acertada. Mas
será que Isaac dos Anjos corres-
ponderá a esse voto de confian-
ça? É só esperar… ■
Sábado, 23 de Agosto de 2014.
António
Caxala
Este árbitro internacional
até então bem rotulado pare-
ce ter «borrado a escrita» por
completo, ao protagonizar uma
«escandeleira» de bom tama-
nho, sábado último, na Cida-
dela Desportiva, prejudicando
descaradamente o 1.º de Agosto
de forma irreparável durante
a partida que o clube militar
disputava contra o Kabuscorp
do Palanca pela qualificação às
meias-finais da Taça de Angola.
António Caxala anulou muito
mal um golo limpo apontado
pelos «militares», sob pretexto
de que fora antecedido de um
«fora-de-jogo» que só ele sozi-
nho viu, diante da indignação
quase geral. O 1.º de Agosto,
que nada mais pode fazer em
termos competitivos, quer ao
menos que o árbitro seja cas-
tigado, ainda que se tenha de
recorrer à FIFA.■
Sindicato
dos Jornalistas
O SA foi alvo de uma tragédia,
com a morte do jornalista Edgar
Nimi, um dos seus quadros mais
promissores. Embora fosse «jor-
nalista júnior», ele superara as
expectativas, transformando-se
numa das «pedras» basilares da
publicação. Edgar Nimi faleceu
na manhã de sábado último e
foi enterrado na terça-feira. Pelo
infausto, o SA recebeu mensa-
gens de solidariedade vindas de
vários quadrantes. Na manhã
de sexta-feira, ao fim do fecho,
notamos uma coisa curiosa:
não recebêramos nenhuma
mensagem de condolências do
Sindicato dos Jornalistas. Como
já vimos a instituição a pronun-
ciar-se por somenos, para falar
verdade, caiu-nos mal esse seu
descaso total diante da morte de
um jornalista angolano. Ainda
que não fosse seu filiado. Como
■
é, Luísa?
 32
CTCE
São praticamente incom-
preensíveis algumas coisas que
acontecem por cá, fruto da
mistura sempre heterogénea de
chineses com angolanos. A co-
meçar pela língua. Talvez tenha
sido a falta de um idioma que
estabelecesse a comunicação
entre nós, é que os «chinocas»
de um tal de Centro de Serviço
de Manutenção Imobiliária,
em representação da CTCE,
na centralidade de Cacuaco,
não denotaram o mínimo de
respeito para com uma equipa
de reportagem do SA, a quem
fecharam violentamente a por-
ta na sua cara, quando os re-
pórteres só precisavam de uma
informação. Pela mensagem
gestual emitida, teremos sido
ofendidos em mandarim por
um «chinoca» malcriado. O
respeito é bom e a malta gosta
muito dele. Cambada! ■