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Quinta-feira, 08 de Novembro de 2018 – Edição nº3714
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(Maputo) O economista parte das dívidas ocultas anunciado na O reflexo prático do acordo “será
António Francisco disse ontem terça-feira pelo Governo beneficia mais mais mediático” e jogado no campo do
que o acordo com credores de a classe política do que a população. ⇒
DEPOIS DE UM BRAÇO- DE- FERRO
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“marketing político do executivo, junto do crescente número de cidadãos que factura”.
dos credores e dos parceiros interna- não se sentem representados ou res- “A mensagem que se pode inferir
cionais, em vez da vida quotidiana dos peitados pela governação ou mesmo deste processo é que os actuais e futuros
moçambicanos”, referiu. pela oposição”. dirigentes não hesitarão em repetir a
Moçambique “continuará a lid- Ao nível político, António Fran- façanha, assim que outra oportunidade
erar os países africanos com maior cisco defendeu que “o partido da Freli- emerja”, concluiu.
proporção da dívida em relação ao mo e o seu Governo podem dar-se por Moçambique anunciou na
Produto Interno Bruto (PIB), não só satisfeitos pelo que conseguiram até terça-feira um acordo preliminar com
por causa das dívidas legalizadas, mas aqui: ganharam tempo suficiente para 60% do detentores de ‘eurobonds’,
porque a governação continua apostada acomodar e diluir o impacto político” títulos da dívida pública, segundo o
em desidratar os recursos das famílias e do caso das dívidas ocultas, envolvendo qual Moçambique retoma os paga-
das empresas para reforçar o interven- “alguns governantes da anterior legis- mentos já em Março de 2019 e entrega
cionismo estatal”, notou o economista latura, alguns dos quais fazem parte da até 2033 uma fatia de 5% das receitas
e investigador do Instituto de Estudos actual, ao mais alto nível”. fiscais do gás natural, cuja exploração
Sociais e Económicos (IESE). As autoridades nacionais, “so- arranca em 2022.
O alívio da dívida será gerido com bretudo o Tribunal Administrativo e Estes títulos representam cerca
as expectativas futuras da exploração de o Ministério Público”, agiram como de 725 milhões de dólares do total de
gás, em vez de se basear em reformas “militantes bem-comportados e dignos dois mil milhões de dólares de dívidas
fiscais e administrativas substanciais, da confiança do partido que repre- ocultas contraídas ilegalmente pelo
pelo que o distanciamento dos cidadãos sentam”, acrescentou, numa alusão Estado em 2013 e 2014 e são a única
do intervencionismo estatal e o recurso ao facto de não haver apuramento de parcela sobre a qual há um acordo
à informalidade deverão intensificar-se, responsabilidades sobre o destino dos preliminar, sujeito ainda a diversas
detalhou António Francisco. dois mil milhões de dólares de dívidas aprovações.
O economista mostrou-se críti- ocultas do Estado, contraídas ilegal- Os novos títulos terão um valor
co, considerando que boa parte da mente em 2013 e 2014. nominal de 900 milhões de dólares,
população, políticos e sociedade civil As autoridades “conseguiram com maturidade a 30 de Setembro de
“continuam a idolatrar o intervencion- resistir à indignação da opinião pública, 2033 e um cupão de 5,875%, mais
ismo do Estado”, acreditando por isso aos protestos e exigências das orga- baixo do que o actual (superior a 10%)
que “continua a existir margem sufi- nizações da sociedade civil e outras e sobre o qual Moçambique entrou em
ciente para o partido Frelimo e o seu entidades internacionais para que a incumprimento.
Governo continuarem a usar e abusar sociedade não assumisse o ónus da (Redacção) Publicidade
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Moçambique forçado a aceitar acordo que tentou evitar
cerca de 727 milhões de dólares” decor- prioritários (em termos produtivos e soci- ou não explicados”.
rente dos ‘eurobonds’ trocados em 2016 ais), a fim de garantir a desorçamentação Aliás, referiu, “sabendo que em
por dívida da Ematum. de elevadas proporções dos recursos 2019 haverá eleições gerais, esta será
Por outro lado, António Francisco financeiros mobilizados internamente mais uma razão forte para que o alívio
disse que a reestruturação que está a ser para financiar sectores politicamente da dívida não figure nas principais pri-
proposta “não deverá ter impacto visível convenientes para a consolidação do oridades do executivo, excepto se for
no alívio do peso da dívida”. actual regime político”. pela via do perdão (real ou aparente)
“A crise financeira que foi precip- António Francisco citou trabalhos por parte dos parceiros internacionais”.
itada pelas dívidas ‘ocultas-legalizadas’ que realizou este ano para o Instituto de “Fico curioso para ver como é que
em nada parece ter motivado as auto- Estudos Sociais e Económicos (IESE) o Fundo Monetário Internacional (FMI)
ridades governamentais a enveredar em que sustenta que o executivo “está vai tentar garantir que a dívida pública
por uma reforma e uma consolidação apostado em maximizar a desorçamen- se torne sustentável, quando o Governo
orçamental e financeira efectivas”, disse. tação de recursos públicos para sustentar está mais inclinado em aumentar a dívida,
O Governo opta antes por “restrin- empresas públicas politicamente conve- da forma que for possível”, sublinhou.
gir gastos nos sectores considerados nientes e outros financiamentos ocultos (Redacção)
EIS A RESPOSTA DOS CREDORES:
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900 milhões, ou seja, 15,945 milhões de termos referidos no acordo de princípio, prazo, providenciando 1,05 mil milhões
dólares”, explicou o representante dos no entanto, lembramos que agregar os de dólares de alívio financeiro até 2023,
credores, assumindo assim que há um pagamentos sem qualquer contexto é o que vale 85% do montante devido”,
‘perdão’ de quase 16 milhões de dólares altamente enganador, porque um dólar enfatizou o representante dos credores.
face aos valores em dívida à data de hoje. pago em 2033 vale menos que um dólar O acordo preliminar também
Questionado sobre as críticas de pago em 2019″. “reconhece a grande melhoria da ca-
que Moçambique vai pagar muito mais O acordo anunciado na terça-feira pacidade de pagamento de Moçambique
do que o valor contratado quando a dívida pelo Ministério das Finanças “está virado depois de 2023, alicerçada nos melho-
foi emitida, Thomas Laryea respondeu: para o futuro porque reconhece a capaci- ramentos económicos e nas receitas do
“Nós não comentamos a valorização dos dade limitada de pagamentos no curto gás a longo prazo”, apontou.(Redacção)
CARLOS AGOSTINHO DO ROSÁRIO
CAPITAL ECONOMICS
A EXTRAIR EM MOÇAMBIQUE