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A sociedade em rede
http://estudosdecomunicacao.blogspot.com/2007/09/sociedade-em-rede.html
Além disso, um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua
universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e
distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura, como os personalizando ao
gosto das identidades e humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores
estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação,
moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela. Simultaneamente, as
atividades criminosas e as organizações ao estilo da máfia de todo o mundo também
se tornaram globais e informacionais.
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efêmeras. Cada vez mais, as pessoas organizam seu significado não em torno do que
fazem, mas com base no que elas são ou acreditam que são.
Algo que também deve ser guardado para o entendimento da relação entre
tecnologia e sociedade é que o papel do Estado, seja interrompendo ou promovendo
e liderando a inovação tecnológica é um fator decisivo no processo geral, à medida
que expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época
determinados. A tecnologia expressa a habilidade de uma sociedade para
impulsionar seu domínio tecnológico por intermédio das instituições, e o processo
histórico em que esse desenvolvimento de forças produtivas ocorre assinala as
características da tecnologia e seus entrelaçamentos com as relações sociais.
Este livro estuda o surgimento de uma nova estrutura social, manifestada sob várias
formas conforme a diversidade de culturas e instituições em todo o planeta. Essa nova
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Capitalismo e informacionalismo
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grandes segmentos das sociedades, regiões e até países inteiros. Parece haver uma
lógica de excluir os agentes da exclusão: o processo de desconexão torna-se
recíproco após a recusa, pelos excluídos, da lógica unilateral de dominação estrutural
e exclusão social.
Que revolução?
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Esse sistema tecnológico, em que estamos totalmente imersos nos anos 90, surgiu nos
anos 70. As descobertas básicas nas tecnologias da informação têm algo de essencial
em comum: embora baseadas principalmente nos conhecimentos já existentes e
desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais importantes, essas
tecnologias representaram um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em
aplicações comerciais e civis, devido a sua acessibilidade e custo cada vez menor,
com qualidade cada vez maior. Podemos dizer que a Revolução da Tecnologia da
Informação propriamente dita nasceu na década de 70, principalmente se nela
incluirmos o surgimento e a difusão paralela da engenharia genética mais ou menos
nas mesmas datas e locais.
Tecnologias da vida
Mas, nos anos 90, mercados mais abertos e maiores recursos educacionais e de
pesquisas em todo o mundo estão acelerando a revolução biotecnológica. Todas as
indicações apontam para uma explosão de aplicações na virada do milênio, que
desencadeará um debate fundamental na fronteira, atualmente obscura, entre a
natureza e a sociedade.
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descoberta e difusão tecnológica, inclusive aos efeitos sinérgicos entre todas as várias
principais tecnologias. O forte impulso tecnológico dos anos 60 promovido pelo setor
militar preparou a tecnologia norte-americana para o grande avanço.
O surgimento da sociedade em rede não pode ser entendido sem a interação entre
essas duas tendências relativamente autônomas: o desenvolvimento de novas
tecnologias da informação e a tentativa da antiga sociedade de reaparelhar-se com
o uso do poder da tecnologia para servir à tecnologia do poder. Sem necessidade de
render-se ao relativismo histórico, pode-se dizer que a Revolução da Tecnologia da
Informação dependeu cultural, histórica e espacialmente de um conjunto de
circunstâncias muito específicas cujas características determinaram sua futura
evolução.
Uma vez que um meio esteja consolidado, como o Vale do Silício na década de 70,
ele tende a gerar sua própria dinâmica e atrair conhecimentos, investimentos e
talentos de todas as partes do mundo. Será que esse padrão social, cultural e espacial
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de inovação pode ser estendido para o mundo inteiro? Nossas conclusões confirmam
o papel decisivo desempenhado pelos meios de inovação no desenvolvimento da
Revolução da Tecnologia da Informação: concentração de conhecimentos
científicos/tecnológicos, instituições, empresas e mão de obra qualificada são as forjas
da inovação da Era da Informação.
Porém, esses meios não precisam reproduzir o padrão cultural, espacial, institucional e
espacial do Vale do Silício ou de outros centros norte-americanos de inovação
tecnológica, como o sul da Califórnia, Boston, Seattle ou Austin. Foi o Estado, e não o
empreendedor de inovações em garagens, que iniciou a Revolução da Tecnologia
da Informação tanto nos EUA como em todo o mundo. Mas, sem esses empresários
inovadores que deram inicio ao Vale do Silício ou aos clones de PCs em Taiwan, a
Revolução da Tecnologia da Informação teria adquirido características muito
diferentes e é improvável que tivesse evoluído para a forma de dispositivos
tecnológicos flexíveis e descentralizados que estão se difundindo por todas as esferas
da atividade humana.
* Em quarto lugar, referente aos sistemas de redes, mas sendo um aspecto claramente
distinto, o paradigma da tecnologia da informação é baseado na flexibilidade. Não
apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser
modificadas, e até mesmo fundamentalmente alterada, pela reorganização de seus
componentes.
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Introdução
Uma nova economia, informacional e global, surgiu nas duas últimas décadas. É
informacional, porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes
nessa economia dependem basicamente da sua capacidade de gerar, processar e
aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque
as principais atividades produtivas estão organizadas em escala global, diretamente
ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos.É informacional e
global porque a produtividade é gerada e a concorrência é feita em uma rede global
de interação.
O enigma da produtividade
Foi por meio do aumento da produção por unidade de insumo no tempo que a raça
humana conseguiu comandar as forças da Natureza. Os caminhos específicos do
aumento da produtividade definem a estrutura e a dinâmica de um determinado
sistema econômico.
Afirmar que a produtividade gera crescimento econômico e que ela é uma função da
transformação tecnológica equivale a dizer que as características da sociedade são
os fatores cruciais subjacentes ao crescimento econômico, por seu impacto na
inovação tecnológica. A produtividade baseada em conhecimentos é específica da
economia informacional? Demonstrou-se o papel fundamental desempenhado pela
tecnologia no crescimento da economia, via aumento da produtividade, durante
toda a história e especialmente na era industrial. A hipótese do papel decisivo da
tecnologia como fonte da produtividade nas economias avançadas também parece
conseguir abranger a maior parte da experiência passada de crescimento
econômico, permeando diferentes tradições intelectuais em teoria econômica.
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Mas o quadro ainda é confuso, pois no momento os dados são insuficientes para
estabelecer uma tendência. Estes podem servir de base para a compreensão da
economia informacional, mas não conseguem informar a história real.
Uma economia global é uma economia com capacidade de funcionar como uma
unidade em tempo real, em escala planetária. No final do século XX a economia
mundial conseguiu tornar-se verdadeiramente global com base na nova infra-
estrutura, propiciada pelas tecnologias da informação e comunicação. Essa
globalidade envolve os principais processos e elementos do sistema econômico.
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O que é fundamental nessa estrutura industrial é que ela está disseminada pelos
territórios em todo o globo e sua geometria muda constantemente no todo e em
cada unidade individual. O mais importante elemento para uma estratégia
administrativa bem sucedida é posicionar a empresa na rede, de modo a ganhar
vantagem competitiva para sua posição relativa.
A questão crucial é que essas posições diferentes não coincidem com países. São
organizadas em redes e fluxos, utilizando a infra-estrutura tecnológica da economia
informacional. A posição da divisão internacional do trabalho depende das
características de sua mão-de-obra e de sua inserção na economia global. A mais
nova divisão internacional do trabalho está organizada com base em trabalho e
tecnologia, mas é implementada e modificada por governos e empreendedores.
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Portanto, podemos definir que o atual estágio do capitalismo é definido por alterações
causadas pelo informacionalismo, surgido a partir das mesmas necessidades que
norteiam até hoje a vida do capitalismo: espírito empresarial de acumulação, e o
constante apelo ao consumismo, e tudo isso acompanhado pela evolução
tecnológica, seja nas telecomunicações ou nos softwares; concorrência global de
mercado, grau de intervenção estatal; características das 3 últimas que regem o
coração da atual economia mundial, "empresa em rede".
O autor traz uma abordagem diferente, já que ele enxerga uma variação histórica de
modelos de mercado de trabalho segundo as instituições, a cultura e os ambientes
políticos específicos de cada país. Para isto, ele examinou a evolução do mercado de
trabalho dos paises do G-7 entre 1920 e 1990. Todos eles estão num estagio avançado
de transição para a sociedade informacional, e logo podem ser vistos com o
surgimento de novos modelos de mercado de trabalho; ao mesmo tempo possuem
cultura e sistemas institucionais muito diferentes, o que nos permite, segundo o autor,
verificar a dita variação histórica. A partir desta análise, o autor conduz a sua pesquisa
no sentido de mostrar que outras sociedades em outros níveis de desenvolvimento não
necessariamente teriam que seguir a trajetória dos países do G-7.
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De 1920-70 e 1970-90 podemos ter uma distinção analítica entre os dois períodos.
Durante o primeiro período, as sociedades em exame tornaram-se pós-rurais,
enquanto no segundo período elas tornaram-se pós-industriais. Ou seja, houve queda
do emprego rural no primeiro caso e queda do emprego industrial no segundo. Em
seguida o autor faz uma análise na evolução histórica do setor de serviços nesses
paises do G-7, essencial apra entendermos todo este processo. Serviços relacionados
à produção: são considerados estratégicos dentro da nova economia, fornecem
informação e suporte para o aumento da produção, portanto, sua expansão deverá
seguir de mãos dadas com o aumento da sofisticação e produtividade da economia.
E de fato nos dois períodos (1920-70 e 1970-90), observamos uma expansão
significativa do emprego nestas atividades em todos os países considerados. Serviços
sociais: além de caracterizar as sociedades pós-industriais, representam entre 1/5 e 1/4
do total de empregos dos países do G-7. Mas a sua expansão está mais relacionada
ao impacto dos movimentos sociais do que ao advento do pós-industrialismo,
principalmente nos anos 60.
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O autor ressalta alguns pontos importantes da nova estrutura ocupacional dentre eles
a diversidade do emprego, dentro deste fator uma ressalva importante é a variação
da proporção da mão-de-obra semi-qualificada no setor de serviços, principalmente
nos EUA, Canadá e na Alemanha, bem menor no Japão, França e Itália, países que
de certa forma preservam mais as atividades tradicionais como a rural e comerciais.
Isso se deve ao fato do modelo norte-americano caminhar para o informacionalismo
mediante a substituição das antigas profissões pelas novas. O modelo japonês
também caminha para o informacionalismo, mas segue uma rota diferente: aumenta
o número de novas profissões, mas as antigas são redefinidas; já os países europeus
seguem um misto das duas tendências.
Por falar em tendência, uma aponta para o aumento do peso relativo das profissões
mais claramente informacionais (administradores, profissionais especializados e
técnicos), bem como das profissões ligadas a serviços de escritório em geral (inclusive
funcionários administrativos e de vendas). Tendo primeiro falado da diversidade,
Manuel Castells também aponta uma outra tendência que é a maior presença de
conteúdo informacional na estrutura ocupacional das sociedades avançadas, apesar
de seus sistemas culturais/sociais.
Dessa forma, o perfil profissional das sociedades informacionais, de acordo com sua
emergência histórica, será muito mais diverso que o imaginado pela visão
seminaturalista das teorias pós-industrialistas, direcionadas por um etnocentrismo norte-
americano que não representa toda a experiência dos Estados Unidos.
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A difusão da TV nas três décadas após a Segunda Guerra Mundial (em épocas
diferentes e com intensidade variável dependendo da região), criou uma nova
galáxia de comunicação. Não que os outros meios de comunicação
desaparecessem, mas foram reestruturados e reorganizados, adaptando-se.
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Mas o que a TV trouxe de novidade não foi tanto seu poder centralizador e potencial
como instrumento de dominação, já que o rádio, por exemplo, já tinha sido usado
para isso. O que a TV representou, antes de tudo, foi o fim da galáxia de Gutenberg,
ou seja, de um sistema de comunicação essencialmente dominado pela mente
tipográfica e pela ordem do alfabeto fonético.
Assim como McLuhan, o estudioso de comunicação Neil Postman também acha que
a televisão representa uma ruptura histórica com o espírito tipográfico: “Possivelmente,
a tipografia tem a tendência mais forte para a elucidação: capacidade sofisticada
de pensar de maneira conceitual, dedutiva e seqüencial; alta valorização da razão e
ordem; aversão à contradição; grande capacidade de desligamento e objetividade;
e tolerância à reação atrasada. O entretenimento é a supra-ideologia de todo o
discurso. Não importa o que seja representado nem seu ponto de vista, a presunção
abrangente é a de que a TV está lá para nossa diversão e prazer”.
A mídia audiovisual, em nossa cultura, continua sendo o material básico dos processos
de comunicação, e a maior parte dos nossos estímulos simbólicos vêm dela. E é por
isso que anunciantes e políticos não prescindem de aparecer através da TV. Em uma
sociedade organizada em torno da grande mídia, a existência de mensagens fora da
mídia fica restrita a redes interpessoais, portanto desaparece do inconsciente coletivo.
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A galáxia de McLuhan tem uma lógica unidirecional que não permite um real
feedback da audiência: é um mundo de mão única, e não de interação. Ela não
expressa a cultura da informação. Só após a recepção se misturar à emissão e poder
conversar entre si, com a galáxia da Internet, isso começou a mudar.
A constelação da Internet
Apesar de a Internet tender a se difundir cada vez mais por todos os países, não deixa
de ser importante que quem teve acesso primeiro, porque os consumidores aqui
também são produtores, fornecem conteúdo e dão forma à teia. Assim, o momento
de chegada tão desigual das sociedades à Internet terá conseqüências duradouras
no futuro padrão da comunicação e da cultura mundiais.
A Internet se parece mais com uma feira do que com os monótonos shopping centers.
Parte considerável das comunicações que lá acontecem é espontânea, não-
organizada e diversificada em finalidade e adesão. Quanto maior a diversidade de
mensagens e de participantes, mais alta será a massa crítica da rede e mais alto valor.
A coexistência pacífica de vários interesses e culturas na Rede tomou a forma da
World Wide Web, uma rede flexível formada por redes dentro da Rede.
As redes de CMC cada vez mais refletirão interesses comerciais à medida que
estenderem a lógica controladora das maiores organizações públicas e privadas para
toda a esfera da comunicação. Mas, diferentemente da mídia de massa da galáxia
de McLuhan, elas têm propriedades de interatividade e individualização tecnológica
e culturalmente embutidas. Essas potencialidades se transformam em novos padrões
de comunicação, e trazem atributos culturais próprios.
A sociedade interativa
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Críticos sociais condenam a desumanização das relações sociais que nos trouxeram os
computadores, pois a vida on-line parece ser uma maneira fácil de fugir da vida real.
Domenique Wolton convocou os intelectuais a resistirem à ideologia dominadora e
tecnocrata contida na Internet. Além disso, pesquisas indicam que sob certas
condições, o uso da Internet aumenta as chances de solidão, sensação de alienação,
ou mesmo depressão.
Por outro lado, numa pesquisa empírica, Wellman e Gulia demonstram que, assim
como nas redes físicas pessoais, a maioria dos vínculos das comunidades virtuais são
especializados e diversificados. Os usuários da Internet ingressam em grupos ou redes
com base em interesses comuns, e valores, e já que têm interesses multidimensionais,
também os terão em suas afiliações on-line. Não obstante, muitas redes que
começam como instrumentais e especializadas acabam oferecendo apoio pessoal,
material e afetivo.
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Mas a característica mais importante da multimídia é que ela capta em seu domínio a
maioria das expressões culturais em toda sua diversidade. Seu advento é o
equivalente ao fim da separação e até da distinção entre mídia audiovisual e
impressa, cultura popular e erudita, entretenimento e informação, educação e
persuasão.
É comum observarmos hoje que programas cada vez mais sofisticados comandam as
tomadas de decisões econômicas, sendo alinhadas com fusos horários diferentes para
possibilitarem em tempo real, seja qual for a parte do mundo, o ganho da empresa.
Nesse contexto é que a "empresa em rede" vivencia o tempo não como uma maneira
cronológica de produção em massa, mas sim como algo a ser processado e utilizado
como termômetro de suas inovações. Exemplos: o ajuste das empresas às novas
necessidades do mercado em um curto intervalo de tempo; a contratação de
profissionais cada vez mais flexíveis, ou seja, capazes de direcionar bem suas horas de
trabalho, e ainda a diminuição no tempo de serviço dos funcionários, bem como a
contratação de mais mão-de-obra para distribuição das horas de produção diária.
Sobre as guerras, conforme os aparatos bélicos foram evoluindo com armas nucleares
e demais meios de destruição em massa, mais difícil se tornou o confronto armado
entre as nações desenvolvidas, que passaram a ver as guerras do seguinte ponto de
vista: menor número possível de mortos, utilização somente de um exército profissional,
um conflito rápido, longe dos olhos da mídia e com o menor gasto possível. Para a
sociedade informacional que visa o lucro, as guerras há muito deixaram de ser
lucrativas, a não ser quando as potências exploram conflitos menores, dentro de
nações menos desenvolvidas, funcionando agora como fornecedores, sem perdas
humanas e com muitos ganhos financeiros.
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