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Matias Spektor

GOVERNO BOLSONARO

Três grupos disputam política externa de


Bolsonaro
A diplomacia do novo governo expressará conflitos desses núcleos

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O presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o futuro ministro das Relações Exteriores, embaixador
Ernesto Araújo - Valter Campanato/Agência Brasil
15.nov.2018 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA

Jair Bolsonaro prometeu chacoalhar a diplomacia brasileira mais do que


qualquer antecessor do ciclo democrático. Ninguém sabe quão intensa será a
sacudida, mas vem mudança por aí.

Também já está claro que há três grupos diferentes atuando com força na
política externa da transição e com capacidade de influenciar as decisões do
presidente depois da posse.

Num desses grupos está Eduardo Bolsonaro com a assessoria internacional


do PSL. Trata-se da vertente mais ambiciosa do novo governo: a esperança é
promover uma ruptura com a política externa do passado, consolidando a
imagem do presidente como liderança internacional de destaque. Para isso,
esse grupo buscará espaço para Bolsonaro no movimento transnacional
antiglobalista encabeçado por Donald Trump. A escolha do chanceler Ernesto
Araújo ilustra a força dessa vertente.
O segundo grupo inclui os militares vinculados ao vice-presidente e ao
ministro do gabinete de Segurança Institucional. Os
generais Mourão e Heleno terão peso próprio nos rumos da política externa.
É uma visão da diplomacia que bebe da geopolítica e, seguindo termos
próprios, não se confunde com as preferências do primeiro grupo. Aqui, o
foco está em questões de segurança, fronteiras, indústria de defesa e o papel
internacional das Forças Armadas, além de um diálogo cada vez mais intenso
com os investidores estrangeiros sedentos por acesso às privatizações que se
aproximam.

19 Ministros de Bolsonaro

Jair Bolsonaro - presidente eleito Silvia Izquierdo/Associated Press


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Por fim, está a equipe econômica comandada por Paulo Guedes. Para esse
grupo, a área externa é central na batalha para desmantelar o Estado
desenvolvimentista que alimenta grupos rentistas em detrimento da maioria
desorganizada dos cidadãos. O objetivo dessa turma é utilizar as Relações
Exteriores para limitar a capacidade que esses grupos hoje têm de capturar a
política externa em benefício próprio. Por esse motivo, esse pessoal tentará
realocar a política de comércio exterior no novo Ministério da Economia.

Esses três grupos concordam em muita coisa, inclusive na necessidade de


mudar a condução da política externa brasileira. No entanto, eles possuem
interesses e visões de mundo diferentes. A diplomacia do novo governo
expressará tais conflitos e será objeto de disputas.

Esse processo não ocorrerá num ambiente formalizado que permita ao


presidente cotejar argumentos alternativos à luz de evidências e de embates
explícitos. A regra do jogo é a informalidade.
Além disso, o papel de cada grupo não é fixo, mas variável no tempo e por
área temática. Dependerá da entrega de vitórias e de imagem positiva para o
presidente. Dependerá, acima de tudo, da capacidade que cada um deles terá
de impor custos ao chefe, limitando seu espaço de manobra.

Matias Spektor
Professor de relações internacionais na FGV.

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