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Pontifícia Universidade Católica do Estado do Paraná – PUCPR

Escola de Direito
Núcleo de Prática Jurídica – NPJ
PRÁTICA PENAL – 7º período
2018/2

CASE

O Ministério Público do Estado do Paraná ofereceu denúncia contra RAMON CARVALHO,


brasileiro, casado, natural de Apucarana PR, com 20 anos de idade na época do fato, residente
e domiciliado na Rua Das Orquídeas, 123, casa 45, Bairro das Flores, nesta capital.

Segundo consta da denúncia o fato delituoso teria ocorrido da seguinte forma:

No dia 20 de novembro de 2014, por volta das 17h, na Travessa Vinte, sem número,
nesta capital, o denunciado trazia consigo, para fins de comércio e de entrega a
terceiros, 13 tabletes de maconha, pesando aproximadamente 32,8g, e 06 petecas
de cocaína, pesando aproximadamente 1,43g, drogas que causam dependência
física e psíquica (auto de constatação e laudo de constatação inclusos), sem
autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar. Na ocasião,
policiais militares que realizavam o policiamento ostensivo avistaram o denunciado
saindo de conhecido ponto de venda de drogas e o abordaram na via pública. Em
revista pessoal, localizaram o entorpecente descrito nos bolsos de RAMON,
embalados para venda, além de R$ 73,00 em espécie.

O Ministério Público do Estado do Paraná ofereceu denúncia contra RAMON como incurso
nas sanções do artigo 33, caput, e §4º, da Lei nº 11.343/06 no dia 27 de novembro de 2014.

O processo tramita junto à 1ª Vara Criminal de Curitiba e recebeu o número


201810203040.

RAMON foi preso em flagrante delito e, posteriormente, a teve a sua prisão convertida
em preventiva (cuja decisão encontra-se no ANEXO 1) no dia 21 de novembro de 2014.

Ao ser preso em flagrante delito RAMON declarou:

O indiciado explicou que estava parado na rua vinte, encostado em uma mureta,
baixando um aplicativo watsapp em seu telefone. Explica que estava aguardando o
seu irmão PEDRO, pois teriam comprado em conjunto uma bicicleta para sua
sobrinha, filha do irmão mais velho SAMUEL, e ficaram sabendo que esse teria
vendido a bicicleta que foi um presente. Nesse momento em que estava esperando
PEDRO, a Polícia Militar veio pelo seu lado e mandou que ele virasse de costas e
colocasse as mãos na parede. Os policiais disseram: você tem alguma coisa na sua
posse? Tem droga? O indiciado respondeu que não tinha. Consultaram um sistema
e afirmaram que ele estava sendo processado por tráfico de drogas. Enquanto isso,
outro policial procurava algo, quando veio com drogas e disse: isso é seu?
Respondeu que não era dele, pois realmente não eram. Nesse momento um policial
mandou que ele calasse a boca e disse para o outro: põe ele em 44, que na gíria
policial é tráfico. Eles também o acusaram de ser matador de polícia. Esclarece o
indiciado que não consome drogas. Disse que trabalha na construção civil com seu
pai, que lhe paga R$ 400,00 por semana. Que é casado com LUCIANE PONTES e
que juntos possuem um filho com 2 anos de idade. Que reside em casa alugada e
que a esposa trabalha como manicure. Ressaltou que foi agredido fisicamente pelos

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policiais militares e ofendido e ridicularizado ao ser chamado de “negro, pobre, sujo
e que merecia ser preso (...)”.

O Juiz de Direito recebeu a denúncia no dia 28 de novembro de 2014. Na mesma


oportunidade o magistrado determinou a citação do acusado, abrindo prazo para que possa
responder à acusação.

A esposa de RAMON, preocupada com a situação do marido, procura-os em seu endereço


profissional para atendimento jurídico. Com a juntada da procuração os procuradores de
RAMON foram intimados no dia 02 de dezembro de 2014 para patrocinar a sua defesa.

A audiência de instrução e julgamento foi designada inicialmente para o dia 21 de janeiro


de 2015. Porém, posteriormente, foi redesignada para o dia 19 de fevereiro de 2015 e
finalmente para o dia 24 de março de 2015 sob a alegação de “adequação de pauta”. O cartório
certificou ainda que a demora para a realização da audiência justifica-se pelo fato de que
primeiro houve recesso judicial, depois dois períodos de férias da magistrada e após a
magistrada foi substituída por um outro juiz que está se assenhorando do processo.

No dia 24 de março de 2015, em audiência de instrução e julgamento, foram ouvidos os


dois policiais militares que realizaram a prisão de RAMON e duas testemunhas de defesa que
declararam o que segue:

O policial militar AFONSO FARIAS (policial militar lotado no 20º batalhão) narrou que
estava em patrulhamento de rotina quando a guarnição avistou alguém saindo de
uma residência onde já foram efetuadas prisões e apreensões por tráfico. O réu foi
abordado e em revista apreendida a droga descrita nos autos. Foram apreendidos
vários tabletes de maconha, não recordou se havia cocaína. Há pouco tempo o réu
tinha sido preso por outro fato. A droga estava em porções prontas para venda. A
droga estava no bolso. Que não agrediu fisicamente o réu e que, tampouco, proferiu
palavras que pudessem ofendê-lo.

Já o também policial militar CEZAR FIALHO (policial militar lotado no 20º batalhão)
aduziu que estava com a guarnição entrando na vila, quando visualizou o réu saindo
de uma casa que é ponto de tráfico. Em razão dessa situação, o réu foi abordado e
com ele encontrado maconha e outra droga. A residência de onde o réu saiu era
conhecida como ponto de venda de droga. Não recordou onde estava a droga
quando da apreensão. Que desconhece qualquer agressão sofrida pelo réu. Que não
o agrediu e que não viu o seu colega AFONSO agredi-lo. Que não disse palavras
capazes de ofender a honra e a dignidade do réu. Que realizou, juntamente, com o
seu colega o procedimento padrão em casos como esse: prisão e encaminhamento
à delegacia.

MARGARETH ANTUNES (brasileira, casada, enfermeira, residente e domiciliada na


Rua das Camélias, 990, nesta capital) declarou que conhece RAMON desde
pequeno e que nada sabe que possa desabonar a sua conduta. Esclareceu que se
trata de jovem que trabalha juntamente com o seu pai na construção civil para que
possa sustentar a esposa e a filha. Acrescentou ainda que à noite o jovem está
frequentando a escola e neste ano termina o ensino médio. Que RAMON é muito
querido na comunidade em que vivem, frequenta a Igreja e sempre que solicitado
auxilia nos projetos sociais.

LUCAS SARAIVA (brasileiro, casado, auxiliar de escritório, residente e domiciliado na


Rua da Pátria, 111, nesta capital) esclareceu que estava passando pela rua no
momento em que RAMON foi abordado e posteriormente preso. Que os policiais
agiram com truculência, agrediram fisicamente RAMON e disseram que ele era
“negro, pobre, sujo e cheirava mal e que por esta razão iriam prendê-lo “para
aprender que lugar deste tipo de gente é na cadeia”. Não se recorda qual dos

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policiais ofendeu RAMON, pois ao ver a viatura aproximando-se escondeu-se atrás
de um muro. Que conhece RAMON só de vista e que nunca nem conversou com ele.
Mas que resolveu falar porque os policias sempre agem assim e nunca acontece
nada. Que nunca respondeu a nenhum processo e que nunca foi preso. Em relação
ao fato diz ter visto o momento em que um dos policiais aproxima-se com a droga e
questiona RAMON se a droga era dele. Apesar de ser noite a rua é iluminada e pode
afirmar, com certeza, que a droga não estava na posse de RAMON. Que o policial
trouxe a droga que estava dentro de um carro mas que não sabe afirmar se este
carro é de RAMON. Que RAMON não reagiu à prisão. Que acha que RAMON foi preso
porque já tinha passagem pela polícia e porque “estava no lugar errado e na hora
errada”. Que mora no bairro onde aconteceu a prisão mas não sabe informar onde
RAMON reside e nem conhece a sua esposa e a sua família.

Ao ser interrogado RAMON:

Negou a prática do crime. Disse que estava parado na esquina, baixando um


aplicativo de celular enquanto esperava o irmão. Os policiais o abordaram, pediram
documento e como tinha sido assaltado há duas semanas sendo que levaram a sua
carteira e o seu aparelho celular não os tinha para mostrar. Em seguida, os policiais
encontraram a droga em um carro e em uma casa, quando um deles falou “pode
botar 44 para ele”. Referiu que a droga não era sua, mas o policial não acreditou. O
carro era velho e estava parado em cima da calçada. A casa era um ponto de tráfico,
não tinha saído da casa, estava apenas parado na esquina mexendo no celular. Não
conhecia os policiais. O local onde estava parado fica cerca de três casas depois de
onde a droga foi encontrada. Viu quando os milicianos pegaram a droga no carro.
Estava parado acerca de dez minutos no local. Não viu ninguém pegar a droga para
vender no carro ou na casa. Em relação ao processo esclareceu que, inicialmente,
foi denunciado por tráfico de drogas, mas posteriormente ficou comprovado que a
droga era para uso próprio e não para vender. Informou que está respondendo um
processo por furto e que ainda não saiu sentença. Declarou que é usuário de drogas
desde os 13 anos de idade; que usa maconha e cocaína; que já foi internado duas
vezes para tratamento; que tem como provar estes internamentos sendo que a
primeira vez permaneceu por 45 dias e na segunda internação permaneceu por 60
dias. Ratificou que no dia da sua prisão não estava com drogas em sua posse e que
não saiu da aludida residência. Informou ainda que foi ofendido pelos policiais
militares que realizaram a sua prisão. Que os policiais o chamaram de “negro, sujo,
vagabundo e que o lugar dele era na prisão e não convivendo com as demais
pessoas”. Esclareceu ainda que os policiais o agrediram fisicamente e que não foi
encaminhado para a realização de exame de corpo de delito após ser preso em
flagrante.

Com a instrução processual, concluiu-se a colheita de provas orais com o


interrogatório do réu, a acusação e a defesa informaram não terem interesse em novas
diligências tendo o magistrado facultado às partes a apresentação de memoriais escritos em
substituição aos debates orais.

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