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1. Introdução; 1.

INTRODUÇÃO
2. Alcance e limitações dos
modelos cienttftcos e de sua
aplicação aos problemas urbanos; Diante dos graves e complexos problemas provocados pelo
3. Considerações sobre as crescimento ininterrupto e desordenado dos centros urba-
teorias de mudança social; nos e metropolitanos, os cientistas sociais enfrentam um
4. Funcionahsmo e teoria de sério dilema: por um lado, sofrem a pressão das autori-
sistemas como instrumentos dades e da opinião pública, no sentido de proporem pla-
de análise sociol6gica; nos e diretrizes de ação, visando atenuar a situação calami-
5. Urbanização como processo tosa das cidades e de suas populações. Por outro, todavia,
de mudança social; sentem-se inclinados a manter uma atitude "científica",
6. Teoria e prática no livre de juízos de valores e acima das lutas políticas.
tratamento de problemas urbanos; No contexto da vida urbana na sociedade de classes,
7. Algumas implicações para a qualquer plano viário, projeto de construção habitacional
pesquisa sociológica, o ou programa de desenvolvimento comunitário torna-se ins-
planejamento e o desenvolvimento trumento de intervenção, de mudança dirigida nas relações
da comunidade. entre os diversos grupos e forças de pressão, que compõem
a trama da sociedade urbana. Como herança do positivis-
mo, acostumamo-nos a atribuir ao conceito "mudança" a
conotação de melhoria, progresso, o que pressupõe uma
série de parâmetros estabelecidos, metas e diretrizes em
função de objetivos e valores dos indivíduos ou grupos
envolvidos por esses processos de mudança social dirigida.
Ao perguntarmos aos tecnocratas e planejadores, to-
Henrique Rattner * davía, em função de que interesses e a partir de que mode-
lO ou teoria da sociedade são elaborados planos e projetos
e tomadas decisões a eles pertinentes, as respostas, geral-
mente, são bem significativas: o interesse público ou as
necessidades coletivas, à primeira pergunta, enquanto a
segunda será eventualmente descartada com a explicação
de que os planos e projetos, por estarem baseados e elabo-
rados a partir do conhecimento científico, e implantados
de acordo com a racionalidade tecnológica, escapariam do
subjetivismo e de juízos de valor inerentes às teorias socio-
lógicas. As atividades técnicas de planejamento e de exe-
cução dos projetos, por sua racionalidade "científica" in-
trínseca, prescindiriam de uma teoria ou de um modelo de
análise e explicação da realidade social.
Este trabalho pretende examinar criticamente o "in-
teresse público" alegado como valor e parâmetro do plane-
íjamento e, concomitantemente, analisar alguns dos mode-
'los teóricos sociológicos que fundamentam e orientam a
atuação dos planejadores e dos técnicos nos diferentes se-
tores da administração urbana.
A relevância de tal abordagem, numa época em que os
cientistas sociais se tornam cada vez mais receptivos a de-
mandas por pesquisas aplicadas e ansiosos por trabalhar
com problemas que sejam de implicações práticas imedia-
tas, é mais do que evidente: se, por um lado, princípios
científicos solidamente estabelecidos são considerados
condição necessária, porém não suficiente, para uma ação
inteligente e eficaz do poder público, por outro, é necessá-
rio examinar os pressupostos teóricos declarados ou subja-
* Professor do Departamento de centes desse conhecimento científico. A alegação de sua
Fundamentos Sociais e Jurídicos neutralidade e isenção de valores subjetivos ou políticos
da Administração da Escola de não é facilmente sustentada à luz de uma análise crítica
Administração de Empresas de São Paulo, das motivações e efeitos da interação social, da qual a
da Fundação Getulio Vargas. atividade científico-técnica representa apenas um de seus

R. Adm. Emp., Rio de Janeiro, 16 (3): 15-26, maio/jun. 1976

Desenvolvimento de comunidade no progresso de urbanização notas para uma crítica das teorias sociologicas do planejamento
variados aspectos. Na vida social, no caldeirão de idéias, localização de suas raízes, próprio a um modelo causal
aspirações e interesses individuais e grupais, simplesmente linear e determinista, deve ser considerado responsável por
inexistem objetivos neutros, livres de juízos de valor e boa parte dos desacertos e malogros na área de planeja-
"apolíticos". Ao contrário, a seleção dos problemas a se- mento urbano e regional. Por outro lado, mesmo os mode-
'rem atacados e resolvidos pela ação do poder público, bem los de explicação e intervenção mais complexos e sofísti-
como os próprios conceitos pelos quais deflnimos o pro- cados não têm produzido resultados satisfatórios, por esta-
blema e o inserimos em determinada realidade - objeto rem referidos a teorias sociológicas inadequadas e distan-
dos planos e programas de ação, são todos carregados de tes da realidade social, econômica e política dos países em
valores e, portanto, abertos ao subjetivismo e à "írracíona- desenvolvimento. Portanto, à prática do planejamento e
lidade" das ideologias. da administração eftcientes das áreas metropolitanas, de-
O procedimento metodológico a ser adotado neste vem preceder indagações teóricas sobre a natureza dos
ensaio procurará firmar uma posição crítica, e não norma- processos de desenvolvimento e de mudança social, dos
tiva; levantar dúvidas e examinar a coerência dos modelos quais a "urbanização" representa apenas um aspecto, em-
e abordagens propostos, em vez de formular diretrizes e bora fundamental.
apontar "soluções" para os problemas sociais das grandes E à luz das definições básicas desses conceitos e sua
áreas e aglomerações urbanas. inter-relação é que se pode aferir as funções e o alcance de
técnicas de intervenção e de mudança dirigida, tais como o
planejamento e o "desenvolvimento de comunidade".

2. ALCANCE E LIMITAÇÕES DOS MODELos


CIENTlFICOS E DE SUA APLICAÇÃO
AOS PROBLEMAS URBANOS 3. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS,
DE MUDANÇA SOCIAL

Os paradigmas de análise e explicação científtcas são tradi-


cionalmente derivados da física e das outras ciências natu- Apesar da nossa experiência diária de um mundo imprevi-
rais, as quais, dados os seus métodos e técnicas exatos e sível e, portanto, "irracional", constitui um quase a priori
rigorosos, permitem quantificar, prever e, portanto, con- a crença em padrões mais ou menos fixos e invariáveis da
trolar o desenrolar dos, fenômenos-objetos da pesquisa evolução, que permitiriam prever e controlar as relações e
científtca. interações dos indivíduos e dos grupos sociais. Contudo,
Baseadas na observação, quantificação, experimen- entre os extremos de um determinismo total, do tipo reli-
tação e explicação por modelos causais lineares, as ciências gioso em que tudo é previsto e dirigido por uma vontade
naturais perrnitiriam apreender "racionalmente" os fenô- divina, e o "voluntarismo" absoluto, em que o todo social
menos de nosso mundo e, assim, controlá-lo e orientá-lo seria causado e determinado pelas intenções e aspirações
de acordo com o interesse público. dos indivíduos, há uma gama enorme de diferentes teorias
No mesmo sentido, as ciências sociais estão sendo e doutrinas' sociológicas. O que parece ser característica
pressionadas para funcionar no mundo sociopolítico: tor- comum a todas elas é a diftculdade de conceitualizar e
nar-se instrumentos de controle "racional e neutro", para deftnir, de forma abrangente, o social como um todo e,
a manipulação da vida social. Do ponto de vista dos tecno- assim, de descrever a mudança social de um modo sinó-
cratas, não se justiftcaria uma distinção qualitativa entre tico, claro e convincente.
16 ciências naturais e humanas. A falta de rigor e de fídedig- Mais uma vez, a origem dessa diftculdade fundamental
nidade destas é apenas questão de tempo, de amadureci- parece residir nas definíções ambíguas e contraditórias da
mento, de mais pesquisas empíricas que devem levar à própria estrutura, da interação e suas motivações sociais, o
formulação de "leis" e modelos teóricos, cada vez mais que reflete, em última análise, objetivos, valores e posições
precisos e seguros. ídeolõgícas diferentes. Negar o caráter socialmente condi-
Entretanto, a observação mais amadorista da evolução cionado do próprio sistema conceitual, ou sua conotação
e da '.problemática das grandes aglomerações metropolita- mais ou menos explicitamente ideológica, diftculta o estu-
nas revelará o fracasso das medidas e "soluções" propostas do da mudança social.
pelo poder público, profundamente mergulhado nas crises Desde suas origens, os grandes mestres e teóricos da
habitacional, de transportes, de saneamento básico e de sociologia se distinguiam pela pretensão de possuir um
segurança pública, para mencionar apenas algumas. Os fra- esquema ou modelo de explicação sociológica - em ter-
cassos, raramente admitidos, mesmo quando constatados mos "científtcos" isto significaria isolar e descrever as con-
mediante processos de avaliação apropriados, são atribuí- dições responsáveis pela ocorrência de fenômenos sociais
dos, ora à falta de organização e de apoio, ora à escassez - buscando formulá-lo em um quadro de referência teó-
de recursos humanos e financeiros. Contudo, é no próprio rico permanente, a partir do qual seria possível analisar,
método de atuação e seus modelos teóricos explícitos ou compreender e prever as mudanças no sistema social.
implícitos que devem ser procuradas as razões da pouca A diftculdade encontrada pelos sociólogos do século
eftcácia da intervenção do poder público. O tratamento XIX, bem como pelos autores subseqüentes, é que atrás
superftcial, ao nível dos sintomas dos problemas e da não- do conceito "sistema social" existem diferentes níveis de

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vida em sociedade ou diferentes subsistemas sociais, desde se à difusão cultural e à influência política dos centros
a pequena comunidade rural até o sistema englobado pelo mais "avançados", o que abre um vasto campo para a
mercado mundial, para os quais nenhuma teoria global intervenção e manipulação das populações "atrasadas".
pode ser aplicada satisfatoriamente.
De fato, a maioria das teorias de mudança social são 2. Uma segunda tendência no estudo da mudança social
formuladas em níveis de abstração tão elevados que apa- encontramos no empirismo sociológico norte-americano,
rentemente pouca relevância têm para a realidade empí- que procura descrever e analisar os fenômenos sociais de
rica, enquanto os modelos empiristas, tão do agrado da uma forma não-especulativa, resultando seus trabalhos em
sociologia norte-americana, se perdem na análise de aspec- relatos, com estilo de crônica jornalística, sem o insight
tos isolados, de maneira mais descritiva que analítica. teórico e, portanto, de pouca relevância para uma política
Um exemplo de um modelo explicativo da mudança de mudança social dirigida.
social em alto nível de abstração é a formulação marxista 3. Entre as duas tendências extremas, encontrar-se-iam
sobre o papel das "forças produtivas". Estas tenderiam a as teorias sociológicas "intermediárias", assim caracteri-
crescer e desenvolver-se, dentro da dinâmica do sistema zadas por Merton. Estas transcendem a' simples descrição
capitalista, em contraposição às relações de produção, cu- dos fatos e fenômenos sociais e são bastante abstratas para
jas formas de propriedade se constituem em obstáculo ao tratar dos problemas de estrutura e de comportamento
crescimento econômico. As contradições cresceriam até o social, permitindo a formulação de hipóteses empirica-
ponto, em que, dialeticamente, a quantidade transforman-
mente verificáveis.
do-se em qualidade, seria rompido o precário equilíbrio, e
a reorganização da superestrutura e das relações de produ- Nas três orientações encontramos, como preocupação
ção permitiria também a expansão econômica e o pleno comum, a busca de um fator "crucial" da mudança social,
desenvolvimento da sociedade. Contudo, o modelo, por o que as caracteriza como "deterministas", embora nos
mais brilhante que possa parecer ao nível teórico e abstra- ofereçam uma gama das mais variadas teorias OU modelos,
to, seria de pouca utilidade para uma orientação prática, em que, ora a tecnologia, a organização do espaço, o tipo
ou seja, para uma previsão, com certo grau de confiabili- de interação social, ora determinados traços psicológicos
dade, de uma mudança social iminente. Se a tentativa de assumem o papel de fator determinante da mudança so-
alterar as superestruturas ou as relações de poder de acor- cial. A presença ou ausência em maior ou menor grau
do com o nível das forças produtivas for mal sucedida, desses fatores "causais" permitiriam prever e, portanto,
sempre se poderá alegar a posteriori, que estas não esta- controlar a evolução das respectivas sociedades. À insis-
vam suficientemente desenvolvidas para assegurar as mu- tência em detectar e isolar a "causa" da mudança social
danças qualitativas do sistema social global. Ao contrário, está -subjacente o valor atribuído pela civilização ocidental
no caso de uma Revolução ou de um golpe de Estado bem à mudança como equivalente de progresso ou "desenvolvi-
sucedido, sempre se poderá afirmar a posteriori que as mento". A idéia do progresso como manifestação de um
contradições entre forças produtivas e relações de produ- processo de transformações quantitativas e qualitativas foi
ção eram suficientemente acirradas para levar ao rompi- emprestada pelos filósofos sociais do século XIX ao dar-
mento das estruturas sociais. winismo, cujos postulados de seleção e de sobrevivência
Acontece, todavia, que, contrariamente às expecta- dos mais aptos através de uma luta constante se adapta-
tivas da doutrina que prevê e prescreve as mudanças pri- vam perfeitamente ao espírito e à ética da economia capi-
meiramente nos países em que o desenvolvimento e, por- talista em plena fase de expansão.
tanto, as contradições capitalistas teriam alcançado seu A crença em "leis" da evolução social que possam ser 17
nível mais alto, estas se processaram nos países que consti- descobertas, enunciadas e utilizadas para dominar e prever-
tuíram os elos mais fracos do sistema capitalista mundial os acontecimentos constituiu-se numa poderosa legitima-
- a Rússia czarista, os países da Europa Oriental, China.. ção, tanto para a exploração econômica interna quanto
Cuba etc .. para a conquista e espoliação dos povos colonizados. Por-
Para fins didáticos, pode-se dividir o esforço de teori- que se a evolução era linear e por etapas, cujo paradigma
zação sobre a mudança social em três categorias, com mé- encontrava-se entre as nações mais desenvolvidas do ponto
todos e perspectivas bem distintos: de vista capitalista, então as outras teriam de seguir o
caminho prescrito, tentando vencer os obstáculos, sempre
1. O primeiro grupo, no qual poderíamos incluir todos
sob a benévola liderança e proteção das sociedades mais
os grandes fílósofos sociais e sociológicos (Comte,
avançadas.
Spencer, Marx, Durkheim e Weber), poderia ser caracteri-
zado como "evolucionista", propondo seus protagonistas Note-se que o mesmo raciocínio, a partir da premissa
grandes esquemas universais, cujas diferentes fases deve- de a história da humanidade ser una e homogênea, pode
riam ser percorridas por todas as sociedades. A previsão ser aplicado e, de fato, foi usado e abusado também pela
das etapas a serem vencidas leva de forma explícita ou nação-líder do bloco oriental, cujo regime burocrático-po-
implícita à prescrição, baseada na visão de que as forma- licial se erigiu em paradigma da fase "socialista" da histó-
ções sociais que ainda não alcançaram certa configuração ria, reprimindo com violência e terror os anseios para um
seriam "subdesenvolvidas" e, portanto, deveriam sujeitar- caminho "próprio" de seus satélites.

Processo de urbanização
Da mesma forma com que o império britânico justifi- O exemplo talvez mais perfeito do caráter ideológico
cava suas conquistas no século passado, pelo "fardo do e conservador do funcionalismo e de qualquer teoria
homem branco", pela sua "missão civilizatória" do mundo "científica" sistêmica encontramo-lo em T. Parsons.
subdesenvolvido, assim os burocratas e homens do "apare- Em seu "sistema social" por analogia ao orgânico,
lho" soviético legitimam sua interferência nos outros paí- existe, como pressuposto, uma ordem natural, regida por
ses, pela sua condição de nação-líder do "socialismo". "leis" que tornam o funcionamento e mesmo, inclusive, as
mudanças sociais previsíveis e controláveis.
Sem querer negar o valor "heurístico" do modelo
funcionalista, somos levados a indagar: estamos diante de
4. FUNCIONALISMO E TEORIA DE
uma descrição indiscutível e real do mundo social ou esta-
SISTEMAS COMO INSTRUMENTOS DE
ríamos apenas lançando mão de um parâmetro artificial e
ANÁLISE SOCIOLÓGICA
deliberado, cuja validade e utilidade não podem ser admi-
tidose priori?
Tal como o evolucionismo está sendo encarado como prin- Ademais, sistemas sociais não têm necessidades, obje-
cípio fundamental da vida, também a visão do mundo tivos, requisitos ou motivações, mas os indivíduos e os
como um "sistema" ordenado e regulado está firmemente grupos sociais os têm! Não podemos, tampouco, observar
implantada em nossa mente. Para compreender melhor os a "estrutura" social e ao observarmos seu "funciona-
conceitos empregados na teoria e na análise de sistemas mento" verificamos que nem todas as ações e atividades
com relação à mudança social e ao planejamento, é preciso de Seus membros são orientadas para a manutenção e so-
examinar as premissas básicas do "funcionalismo". brevivência do conjunto! No fundo, o funcionalismo co-
Sua aplicação como teoria ou modelo de explicação mo teoria "científica", embora pretenda ser política e
rias ciências sociais tem raízes numa analogia entre a vida ideologicamente neutra, não passa de uma justificação do
orgânica e a social; tal como a análise de um organismo status quo, como tal, perfeitamente aceitável tanto pelo
biológico, também o funcionalismo sociológico é "holís- regime capitalista quanto pelo "socialista".
tico", ou seja, considera todas as partes e aspectos do Como instrumento de análise, supervaloriza o equilí-
sistema social como interligados e conexos, sendõ a natu- brio, a unidade e o consenso entre os elementos do con-
reza e características de cada elemento determinadas e junto - as classes sociais - o que o torna incapaz de
explicáveis por referência ao conjunto. Preocupando-se, explicar o porquê das mudanças no sistema social.
essencialmente, com as relações e a interdependência das Negligenciando os aspectos mais sérios e profundos
partes do sistema social, o funcionalismo visa explicar os das transformações sociais, o funcionalismo como doutri-
fenômenos sociais sob o ângulo de sua "função" ou con- na convém aos detentores do poder, àqueles que definem
tribuição para a existência e sobrevivência do conjunto. "como o sistema deve ser", e quais as mudanças desejáveis
Diferentemente do modelo analítico causal, o funciona- e permitidas.
lismo pressupõe os princípios da interação e interdepen- Também na teoria geral de sistemas encontramos ca-
dência como processos sociais básicos, afastando-se assim racterísticas análogas àquelas verificadas no funciona-
do modelo causal-linear clássico das ciências exatas. lismo: à visão "gestáltica" (Von Bertalanffy) e à aborda-
Em suas grandes linhas, o funcionalismo parte de uma gem "holfstica" de um conjunto composto por partes in-
visão evolucionista, considerando a transição do físico-or- ter-relacionadas, podemos acrescentar o isomorfismo, ou
gânico-humano como um contínuo de caráter universal, seja, as similaridades estruturais, responsáveis pela sujeição
18 enquanto a história representaria as fases de ajustamento de todos os sistemas aos mesmos padrões e leis de organi-
ou de adaptação "funcional" da espécie humana ao seu zação (J. W. Forrester), e a tendência ao mesmo estado
meio-ambiente. Em determinado momento desse proces- final. A manutenção do equilíbrio do sistema seria assegu-
so, surge a estratificação social, conseqüência da divisão rada mediante mecanismos de retroalimentação e de auto-
social do trabalho, a qual, gerando a necessidade de fun- regulagem, os quais controlariam as funções das partes e
ções políticas, resulta na formação da burocracia, expres- evitariam, assim, a destruição do conjunto.
são máxima da ordem social.
Novamente, poder-se-ia perguntar: os sistemas têm
Visto sob este prisma, o funcionalismo se apresenta
existência real ou se trata de um expediente heurístico?
como uma teoria sociológica conservadora, preocupado
Empiricamente, parece duvidosa a demonstração da exis-
com a manutenção do equilíbrio social, de acordo com as
tência de um sistema ou mesmo de suas características já,
"leis" inerentes ao sistema.
assinaladas. Se é possível verificar-se a ocorrência de certas
Não é aqui o lugar para entrar na análise das contri-,
relações, mais ou menos regulares, de elementos contidos
buições distintas feitas por autores como Durkheim - que
num conjunto, isto não implica a existência de leis sístê-
distingue entre "função" e "causa"; Malinowski - princí-
rnicas gerais e uniformes.
pio da satisfação de necessidades primárias e secundárias;.
Merton - que chamou a atenção para as funções manifes- Surgida como reação ao empirismo exagerado aoe
tas e latentes e, sobretudo, para as disfunções perceptíveis determinismo causal, a teoria de sistemas oferece aparen-
nos sistemas; Kings1ey Davis, Radc1iffe-Brown e muitos temente uma visão prática e objetiva da realidade, para
outros. quem procura atuar dentro da estabilidade e através da

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manutenção dos padrões de operacionalidade do conjun- Despojada de seus mitos, a análise de sistemas revela-
to. se como mais uma técnica burocrática para solucionar pro-
A aceitação do modelo foi facilitada pela adesão entu- blemas, inclusive os de ordem social e política, tornando-
siasta dos tecnocratas que encontraram na descrição empí- se assim uma forma de controle sociopolítico mais ou
rica minuciosa das partes do sistema um substituto para o menos velado. Ao aceitar a análise de sistemas como méto-
baixo grau de confiabilidade no acerto das predições quan- do fundamental no trato de problemas sociais, estes so-
to à evolução global do mesmo. Por outro lado, a burocra- frem uma redefinição, a fun de serem submetidos a equa-
cia estatal, cada vez mais poderosa, necessita de uma "teo- ções técnico-matemáticas, cuja eficácia é extremamente
ria" para fundamentar e aprovar uma gama crescente de limitada quando aplicadas aos fenômenos sociais, produ-
intervenções e atividades na vida econômica, sociopolítica zindo, na melhor das hipóteses, mais descrições do que
e cultural. Essa teoria legitimadora deve abstrair-se de va- explicações válidas e operacionais.
lores e estar acima dos conflitos de interesses e pressões Quanto mais se adota o tratamento "técnico-científi-
grupais; enfim, deve cobrir-se com o manto da neutrali- co" de causa pública, mais acentuada se torna a pressão
dade e racionalidade "científica" a fun de escapar do crivo dos tecnocratas no sentido de eliminar-se a discussão polí-
da avaliação pelos critérios de custo/oportunidade e de tica e a confrontação pública de valores e objetivos sociais.
custo social. Mas é no emprego da análise de sistemas na futurologia
Dando ênfase, ainda com maior rigor do que ao fun- que se revela de forma clara e insofisrnável sua caracterís-
cionalismo, "à necessidade daquilo que é", o sucesso da tica de instrumento de dominação. Combinando a aborda-
teoria de sistemas como base e instrumento do planeja- gem sistêmica com as técnicas de extrapolação e projeção,
mento estava plenamente assegurado. as previsões e diretrizes dos "cientistas" se transformam
Nas ciências sociais - economia, sociologia, política e em selffulfüling prophecies sacralizadas pela "neutrali-
psicologia - a teoria dos sistemas teve acolhida rápida e dade e racionalidade" da ciência.
fácil. Mostrava-se útil e até certo ponto eficaz na definição Mas foi no campo do planejamento urbano, regional e
e no tratamento de problemas da produção, da organiza- nacional que a teoria dos sistemas teve seu sucesso mais
ção do espaço, da política monetária etc. Seus maiores marcante como "metodologia" predileta na análise e solu-
sucessos, todavia, o modelo e a análise sistêmicos, foram ção dos problemas enfrentados pelo poder público. Sua
obtidos através da pesquisa operacional, durante a guerra, abordagem técnica, baseada em premissas e conclusões de-
na programação e execução 4e ações bélicas. Dispondo do rivadas de outras áreas de conhecimento, parecia qualifi-
controle praticamente total dos recursos, manipulando o cá-Ia como instrumento poderoso e eficaz no equaciona-
número de variáveis limitado e tendo os objetivos clara- mento dos problemas da grande aglomeração urbana, tais
mente definidos, a análise sistêmica tornou-se um instru- como habitação, transportes, abastecimento, segurança
mento terrivelmente eficaz nas mãos dos estados-maiores pública etc. Operando com base numa teoria de cidade co-
das Forças Armadas. mo um sistema composto por uma série de subsistemas e
As condições operacionais de análise sistêmica são empregando técnicas quantitativas e modelos de simula-
bem mais complexas ao nível da vida sociopolítica, em ção, a abordagem sistêmica tornou-se rapidamente a meto-
que se lida com conceitos e símbolos abstratos e intangí- dologia mais importante nos programas de formação e
veis, o que torna difícil e até inexeqüível a passagem de treinamento dos planejadores. Confrontada com os méto-
modelos mecanicistas para o planejamento eo controle do dos usados anteriormente, uma mistura improvisada de
comportamento social. Este, por sua variedade e comple- Jeoria psicológica aplicada, de sofisticação política e de
pt:átic~ econômicas elementares, a análise de sistemas pa- 19
xidade, simplesmente não- pode ser reduzido a uma "di-
mensão" da racionalidade sistêmica "científica" ou, em rece atender, da melhor e mais completa forma, aos requi-
outras palavras, a sociedade não pode ser administrada de sitos de rigor científico, de racionalidade e de neutralidade
acordo com os padrões e normas de quaisquer projetos política. Entretanto, uma análise mais crítica da teoria e
técnicos ou econômicos. da prática sistêmicas revela claramente a presença de juí-
Diante das dificuldades em explicar os fenômenos da zos de valor no desenho e na formulação dos "sistemas",
vida social mediante a análise sistêmica, seus protagonistas não se processando a seleção dos valores por critérios
recorrem à caracterização da sociedade como sistema "científicos", apesar de toda a retórica sobre a "efi-
"aberto", capaz de dar conta da dinâmica e das mudanças, ciência". Em conseqüência, os objetivos dos sistemas são
evitando ao mesmo tempo a entropia e decadência do derivados dos interesses de autoridades específicas que,
sistema. Em alguns "modelos de desenvolvimento" apre- geralmente, desconhecem ou não consideram a natureza
sentados pelos economistas, pressupõe-se mudança cons- problemática da satisfação subjetiva e seu condiciona-
tante, crescimento, expansão e/ou decadência do sistema e mento social.
de suas partes componentes. Contudo, quanto mais mu- A quantificação de variáveis e a simulação de si-
danças sociais são integradas no modelo, mais este se afas- tuações sociopolíticas reais em laboratórios parecem de
ta das premissas básicas de equilíbrio, conjunto fechado, eficácia limitada ao planejamento social, sem querer negar
auto-regulado e retroalimentado, que o caracterizam e di- completamente o valor heurístico da análise sistêmica. Po-:
ferenciam de outras abordagens. rem, deve ficar claro que esta não reproduz, de maneira

Processo de urbanização
alguma, uma qualidade ou característica fundamental da Por maior que seja a coerência interna de cada um dos
vida e, sim, representa um instrumento, uma técnica que, modelos descritos, sua operacionalidade, ou seja, seu po-
por analogia, transfere parâmetros e modelos de uma es- der de análise e explicação de processos sociais reais é
trutura inorgânica e não-humana para os aspectos e pro- limitado, conforme tentaremos demonstrar em seguida.
blemas sociais, com reforço de uma filosofia "funciona-
lista" subjacente.
5. URBANIZAÇÃO COMO PROCESSO
Em resumo, a abordagem sistêmica destaca-se e é pre-
DE MUDANÇA SOCIAL
ferida, mais do que por suas funções cognitivas, pelo pres-
tígio e poder que confere aos planejadores e tecnocratas.
Em oposição aos outros métodos usados no planeja- A natureza e o crescimento das cidades ocupam um espa-
mento, considerados intuitivos e pouco exatos, a análise ço importante nos debates sobre mudança social. Na maio-
sistêmica dá ênfase à quantificação e à manipulação, de ría dos trabalhos sobre urbanízaçãof é destacada a ten-
dados por meio de modelos matemáticos, o que permitiria dência à concentração da produção e dos serviços em cida-
maior grau de previsão e predição. Uma das conseqüências des-primatas ou metrópoles, no decorrer do processo de
inelutáveis desse enfoque, atribuindo a responsabilidade crescimento econômico. O crescimento mais do que vege-
das decisões àqueles que são detentores exclusivos do tativo das cidades é considerado vantajoso, por possibilitar'
know-how técnico-científico, é a concentração do con- a realização de economias de escala e o oferecimento de
trole sobre decisões e aplicações de recursos nas mãos dos toda uma gama de serviços técnicos, sociais e culturais que
tecnocratas, cuja atuação tende a ofuscar os problemas seria difícil, senão impossível, encontrar nas aglomerações
sociais reais, usando o jargão da expertise técnica. urbanas menores do interior do país.
A rigor, o prestígio da teoria de sistemas entre os Sendo considerado, portanto, como um processo na-
planejadores e tecnocratas não pode ser atribuído a seus tural e inevitável, pouca atenção é dispensada às disfun-
aspectos humanísticos ou a seu valor como modelo tOO- ções das grandes aglomerações metropolitanas e aos pro-
rico, Ao contrário, sua atração reside nas características blemas decorrentes dos desequilíbrios regionais e sociais,
técnicas e seus aspectos políticos conservadores, que abs- tais como o subemprego e a marginalização de amplas
traem ou negam simplesmente o significado do conflito camadas da população "urbanizada".
como processo fundamental da vida social. As críticas e objeções a essa política de urbanização
Não se pode negar que o grau de integração social são minimizadas ou afastadas com a invocação economi-
varia de um sistema para outro e que as sociedades primiti- ,cista de que não se pode dividir o bolo antes de ser feito -
vas são mais integradas e mudam menos rapidamente do portanto, crescer e multiplicar é a palavra de ordem. As
que as mais complexas. disfunções serão corrigidas no decorrer do próprio proces-
Mas, a partir do pressuposto de que consenso e inte-: so e aqueles que arcam com o ônus do crescimento caó-
gração fossem conceitos sinônimos, ou, pelo menos, empi- . tico serão posteriormente recompensados.
ricamente relacionados e, assim, também coerção e confli- Não pretendemos discutir aqui os limites humanos
to, foram elaborados dois modelos distintos e antagônicos, dos sacrifícios exigidos e os prazos da compensação. Ver-
da sociedade. O modelo de "consenso" atribui aos siste- dade é que, nos períodos de expansão econômica, os sacri-
mas sociais as características de coesão, solidariedade, reci- fícios são exigidos em nome da aceleração do processo
procidade, cooperação, estabilidade e persistência, en- (fazer o bolo crescer mais rapidamente), enquanto que nos
quanto o de "conflito" lhes atribui as características de momentos dramáticos de recessão econômica, faltarão os
20
hostilidade, coerção, má integração e mudança. O pri- recursos para atender às necessidades das camadas da po-
meiro dá ênfase à significação das normas sociais e da pulação menos privilegiadas.
legitimidade, enquanto o segundo indica a importância Essa visão evolucionista da urbanização, cujos parâ-
dos interesses e do poder. metros foram calcados nos modelos norte-americano e eu-
Críticos das teorias dualistas! apontam que certas ca- ropeu das cidades, é irrelevante e até prejudicial à compre-
racterísticas dos dois modelos não são mutuamente exclu- ensão da situação dos países em desenvolvimento, porque
sivas; consenso não significa necessariamente oposição à transfere uma problemática vivida em época, lugares e
mudança, e o uso do poder coercitivo pode inibir ou retar- condições históricas diferentes, para as circunstâncias es-
dar o processo de mudança. pecíficas e inéditas das cidades nos países em desenvolvi-
A associação entre as diversas características dos res- mento. Ignorando a unicidade cultural e apoiando-se em
pectivos modelos pode ser atribuída mais a inclinações paradigma ultrapassado, segundo o qual "o país mais
ideológicas do que às observações empíricas "objetivas" adiantado mostra o caminho ao atrasado", a visão evolu-
dos cientistas sociais. Os sociólogos do século XIX esta" cionista da urbanização é falha porque localiza os proble-
vam muito preocupados com o conflito e seu papel nas mas em sociedades' específicas, em vez de considerar a
transformações sociais, enquanto a maioria dos sociólogos rede de relações e interações de cidades, regiões e nações,
do século XX trataram preferencialmente da coesão e per- com potencial econômico e poderio militar diferentes.
sistência dos sistemas sociais, negligenciando tanto o con- Tanto a perspectiva teórica européia, que pesquisa e
flito quanto a mudança. analisa o processo de urbanização a partir de suas origens

Revist« de Administração de Empresas


históricas, na cidade medieval e pré-industríal.I quanto a 6. TEORIA E PRÁTICA NO TRATAMENTO
norte-americana, que se concentra no estudo das modifica- DE PROBLEMAS URBANOS
çõesespacíais nas cidades industriais do século XX, são
pouco adequadas para a compreensão da dinâmica das
"metrópoles incompletas't" semi-industrializadas e carac-
terizadas por subemprego e marginalidade de grandes con- Com o agravamento dos problemas que afligem as grandes
tingentes populacionais, nos países em desenvolvimento. aglomerações urbanas devido, em parte, ao crescimento
populacional nas últimas décadas, foram feitas diversas
Confirmando a permeação dos próprios conceitos por tentativas para aliviar as pressões e remediar os piores efei-
valores, as definições do processo de urbanização são for-
tos da expansão desordenada das cidades.
muladas ora em termos demogrãfícos - número e densi-
dade de habitantes em determinada área - ou por mode- Entre as técnicas mais apregoadas e aplicadas ultima-
los geográfíco-espacíaís; ora por modelos econométricos mente, encontramos o "desenvolvimento de comuni-
que, na melhor das hipóteses, conduzem à coleta de dados dade". A característica distintiva dos programas de de-
e indicadores para fins administrativos. senvolvimento de comunidade estaria em sua ênfase na
"auto-ajuda", estimulando os moradores dos distritos e
Durante o maior período na história do planejamento
bairros a participarem ativamente de empreendimentos co-
urbano moderno, prevaleceu a crença de que a organi-
letivos, que visam introduzir melhorias tanto no meio-am-
zação física do espaço teria efeito direto sobre o compor-
biente físico, quanto nos serviços de saúde, educação, la-
tamento humano, o que conferiu aos arquitetos uma posi-
zer etc.
ção privilegiada nos órgãos de planejamento, que começa a
ser disputada pelos arautos do determinismo econômico .. Novamente, parece fundamental fumar uma visão
Contudo, a influência da abordagem físico-espacial conti- teórica da problemática social, antes de se lançar em ações
nua a permear a teoria e a prática do planejamento urba- e programas que, embora de elevado custo monetário, são
no, como, por exemplo, no caso de "desenvolvimento de de pouca efícãcía para atender às necessidades elementares
comunidade", em que os técnicos acreditam que bastaria das populações urbanas menos afortunadas.
delimitar por critérios geogrãficos o espaço, para se obter A problemática das populações empilhadas nas áreas
a "comunidade". metropolitanas, como toda e qualquer problemática so-
cial, pode ser encarada sob duas perspectivas fundamental-
Para compreender melhor o significado da cidade, ou
mente diferentes: a de "consenso", segundo a qual todos
melhor, da vida urbana e dos tipos específicos de inte-
os processos tenderiam para um equilíbrio harmonioso e
ração social que ela gera, vejamos o que a teoria socioló-
.natural, e a de "conflito", aberta e atenta às contradições
gica n~s apresenta, a este respeito.
e divergências de interesse, como dinâmica da vida social. A
As teorias sociológicas da urbanização enquadram-na; primeira visão, sem dúvida, ingênua e conformista, leva à
geralmente, num dos grandes modelos dualistas, elabo- auto-restrição e submissão, enquanto a segunda tende a
rados e aplicados pela sociologia do desenvolvimento. gerar reivindicações e lutas políticas.
-Assim, dicotomias como rural-urbano, tradicional-moder- Cada teoria sociológica nos apresenta de forma explí-
no, .sagrado-secular etc., estão presentes na caracterização cita ou implícita a sua visão do homem como sujeito e
da urbanização, desde Spencer e Durkheim até Weber e objeto da dinâmica social permitindo, assim, a avaliação
Parsons.ê Da mesma forma, porém, com que o dualismo é de sua utilidade e conveniência como base para o planeja-
encarado pela sociologia do desenvolvimento, ou seja, mento. Em outras palavras, cada teoria pode ser avaliada. 21
duas posições polares e antagônicas de um processo evolu- i pelo grau de liberdade que confere ao homem, como agen-
cionista, assim, também, na sociologia urbana está subja- te social consciente e transformador de suas condições de
cente uma visão sistêmica e descritiva, que não chega a existência.
explicar tendências e problemas da sociedade urbana.
As categorias de tipo ideal, que vão desde a ciência
Por mais minuciosa que seja a descrição das caracte- positivista, via funcionalismo e estruturalismo, até o hu-
rísticas opostas dos respectivos modelos ou pólos, nenhu- manismo, podem ser avaliadas e escolhidas pelos técnicos
ma chega a explicar as causas e a dinâmica da concentra- e administradores, no planejamento e nas atividades de
ção metropolitana, os custos sociais crescentes, apesar das desenvolvimento da comunidade.
economias de escala e, finalmente, as causas das tensões e
O positivismo sociológico, calcado num determinismo
conflitos que ameaçam desintegrar as sociedades urbanas ..
científico, procura formular princípios e hipóteses quanti-
Mas, adotando os modelos polarizados do desenvolvi- ficáveis e empiricamente verifIcáveis que possam levar à
mento, e aplicando-os no estudo da urbanização, a partir predição e ao controle do porvir. Assim, por exemplo,
da premissa de que o estabelecimento de. um contínuo explicando o comportamento humano a partir de disposi-
rural-urbano permitiria prever as tendências e a intensi- ções inatas, passa a conjeturar sobre a estrutura social (as
dade da mudança social, o dualismo assume características relações sociais) à base da observação do comportamento
operacionais e instrumentais do planejamento conven- assim definido para chegar à conclusão sobre a necessidade
cional, pois permite prescrever "o que deve ser". de controle e de "orientação" do ser humano. 6

. ProcelllJO de urbanização
A teoria sociológica interpretativa, por outro lado, que a população quer". Em vez de tentar saber se as pes-
rejeita a idéia de uma estrutura social monolítica com soas valorizam seu meio-ambiente e em que termos o fa-
características deterministas do comportamento indivi- zem, o survey torna-se instrumento de promoção de obje-
dual, e dá ênfase à intenção, às opções e à liberdade que tivos e programas presumidos pelos planejadores como ne-
concorrem para a aprendizagem do significado dos objetos cessários e desejados.
e das situações. Em lugar de uma visão determinista da Não se pretende com isto negar a utilidade do survey,
sociedade, com relações "existentes", a sociologia inter- contanto que se defina claramente sua função explorató-
pretativa insiste numa visão de relações sociais "criadas" ria, de procurar insights e de estabelecer prioridades (que
pelo homem ativo, capaz de escolher, interpretar e criar, e não são idênticas às necessidades da burocracia). Apenas, é
não apenas reagir passivamente. 7 preciso expor e esclarecer previamente as premissas teó-
A premissa subjacente aos modelos sistêmicos e fun- ricas que o orientam, sob pena de ignorar ou encobrir as
cionalista é o "consenso" como princípio fundamental da projeções ideológicas do sujeito-autor da pesquisa.
ordem social, dele se derivando parâmetros de "bem co- Nas duas últimas décadas, e em oposição ao planeja-
mum" e de "interesse público", que podem, por sua vez, mento burocrático-autoritário, surgiram tentativas basea-
funcionar como critérios para o planejador e o adminis- das na "participação" e no envolvimento das pessoas,
trador público. Estabelecido, assim, um acordo sobre os antes passivas, na definição dos problemas do planeja-
objetivos mais importantes, passa-se à identificação tácita mento e na equação das soluções mais apropriadas."
do consenso com eficiência e sistema democrático, em
. Face à crise do planejamento tradicional e à ameaça
franca oposição ao conflito como premissa operacional,
da programação de esquemas de "ação direta", como as
sendo que as duas premissas diferentes levam, forçosa-
invasões de áreas ou conjuntos habitacionais pelos fave-
mente, a definições diferentes do que seja um '''problema
lados, apareceu primeiro o advocacy-planning, pouco efi-
social".
caz, porém sustentado, durante algum tempo, por profís-
Para um modelo funcionalista de análise e interven-
.sionais competentes e honestos, desejosos de melhorar a
ção, pressupondo a harmonia de interesses e eliminando a
sorte dos menos afortunados, nas aglomerações urbanas. A
ação espontânea e criativa dos indivíduos, os problemas
inocuidade da ação dos modernos narodnikis9 favoreceu a
são resolvidos por ajustamentos e acomodação, o que exi-
emergência de diversos esquemas de "participação", entre
ge medidas burocráticas. estes o "desenvolvimento de comunidade". Parecia uma
A abordagem interpretativa define como problema so- resposta adequada à situação de impasse, despertando no
cial a situação de determinados grupos em relação a outros público a impressão do interesse dos planejadores nos va-
e encara o recurso ao "interesse público" como instru- lores sociais de representação e participação, abrindo-lhe a
mento de manipulação, em função dos interesses dos gru- I
possibilidade de concorrer na definição dos principais pro-
pos dominantes. Portanto, as autoridades ou os detentores blemas e prioridades do planejamento.
do poder, mais do que resolvem, "definem" o que é ou
Entretanto, a viabilidade de qualquer uma dessas téc-
não é problema social, com a conseqüente alocação de
nicas de planejamento dependerá, basicamente, do contex-
recursos humanos, financeiros e materiais para as áreas e
to social, da relação de forças e de grupos de pressão, em
setores, definidos como "problemáticos".
que for inserida. Em outras palavras, as coordenadas socio-
políticas podem tornar em técnica manipulativa o "desen-
volvimento de comunidade", levando-o a defender os mes-
7. ALGUMAS IMPLICAÇÕES PARA A mos interesses e a apoiar os mesmos projetos do planeja-
22
PESQUISA SOCIOLÓGICA, O PLANEJAMENTO mento tecnoburocrático. Apenas, em vez de medidas im-
E O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE positivas, procurar-se-á "educar" o povo para as posições
oficiais dos planejadores, baseadas em modelos de "con-
senso" e de cientificismo econômico-espacial.
No elenco das técnicas de pesquisas sociológicas, o survey
Assim, o problema fundamental do planejamento ur-
(levantamento) ocupa lugar de destaque pela preferência
bano parece resumir-se na seguinte indagação: quem terá
com que a ele recorrem os pesquisadores a serviço de pla-
poder para definir quais sejam os problemas mais urgentes
nejamento. Por lidar com grande número de casos e empre-
e, portanto, para decidir sobre a alocação e o controle dos
gar como sistema básico de inferência a análise multívaria-
cional e outras técnicas quantitativas, o levantamento é recursos disponíveis?
considerado quase equivalente à experimentação nas ciên- Assim, à guisa de conclusão deste ensaio, somos leva-
cias naturais. Todavia, à falta de hipóteses teoricamente dos a tecer algumas considerações sobre as relações de
fundamentadas, corre-se o perigo de obter resultados mais poder e sua relevância para o "desenvolvimento de comu-
exatos do que significativos, a menos que se suponha: tam- nidade".
bém, que os fatos são "auto-explicativos". A noção de "comunidade" tem papel fundamental no
Os usos e abusos do survey como técnica auxiliar no planejamento, porque se baseia, por um lado, em modelo
planejamento são freqüentes, especialmente quando reali- e fílosofía de "consenso", ou seja, uma visão do mundo e
zados para confirmar ou negar hipóteses, previamente for-. da sociedade, como "deviam ser" e, por outro lado, legiti-
muladas pelos planejadores e administradores, sobre "o ma um modelo paternalista do processo decisório.

Revista de Administração de Empresas


'Não é de estranhar, portanto, que todas as teorias da possível", assim definido pelos que detêm o comando do
sociologia urbana tradicional valorizem os contatos primá- processo político.
rios e pintem uma imagem idealizada da comunidade ru- Aqui nos defrontamos com o problema fundamental
ral, à semelhança do paraíso do qual fomos expulsos, pelo da posição do planejador na teia das relações sociais e que
pecado da urbanização. Os planejadores, especialmente volta à tona em todos os congressos e debates dessa cate-
aqueles com formação em arquitetura e urbanismo, ciên- goria profissional. Por um lado, ele é solicitado e pressio-
cias sociais e serviço social absorveram essas noções ro- nado a reduzir burocraticamente a heterogeneidade e as
mânticas, que passaram a servir de apoio às posições con- diferenças de necessidades e aspirações da população urba-
trárias à urbanização e à sociedade urbana. 1 o na ou metropolitana, a fím de tomar mais eficaz a admi-
nistração e de reforçar o controle social. Por outro lado,
A sociologia formal e clássica define e caracteriza a
ele é comprometido por formação, fílosofía e, às vezes,
comunidade pelo tipo de relações sociais que ocorreriam
por convicção à base da experiência profissional, a con-
em áreas pequenas, geograficamente limitadas. Nessas, os
ceder maior participação - em oposição ao gerencialismo
contatos sociais mais importantes são de alcance local; as
burocrático - à população envolvida pelos planos e proje-
pessoas compartilham das características e costumes so-
ciais mais importantes, dos quais resultaria um consenso tos.
Para escapar da situação conflitante e abrir caminhos
quanto aos objetivos e valores fundamentais - no sentido
para uma atuação mais significativa, os planejadores de-
da "solidariedade mecânica" de Durkheim - entre os
vem, como primeiro passo, rejeitar a ideologia anti-urbana
membros do grupo. Ao nível teórico, o esquema é expli-
e, ao mesmo tempo, deixar de idealizar a pequena comuni-
cado pelos contatos primários, face-a-face, que levariam à
dade rural. A crença, segundo a .qual, o rural seria a forma
amizade, coesão política e, eventualmente, ao consenso
natural e sadia da vida, enquanto a cidade, artificial e
democrático. Ao nível empírico, procede-se da convicção
degenerada, seria o viveiro de todos os vícios, leva os pia-
de que a proximidade física de um certo número de pes-
nejadores formados em urbanismo e ciências sociais e polí-
soas, por exemplo, um conjunto de moradores numa mes-
ticas a preocuparem-se, predominantemente, com a confi-
ma vila ou distrito, seria condição suficiente para criar a
guração física do espaço, baixa densidade populacional e,
unidade social básica - a comunidade. Concretamente, a
eventualmente, descentralízação da estrutura produtiva.
aplicação prática dessa visão consensual da comunidade
leva à definição e delimitação da vizinhança como unidade Ao observador mais arguto não escapará, todavia, que
básica do planejamento urbano, na crença de que a solida- a realidade nua e crua apresenta os mesmos problemas
riedade social seria originária e genuína na pequena comu- básicos nas áreas urbanas e rurais, ou seja, a manipulação
nidade rural. das pqpulações por organizações burocráticas onipotentes,
as desigualdades gritantes e a falta de acesso a oportuni-
Também, a maior parte dos estudos sociológicos de dades dt; educação, de emprego melhor remunerado e a
comunidades, a partir dos parâmetros do modelo funcío- Ínarginalização das posições de mando, nas respectivas so-
nalista, a elas se referem mais como unidades culturais, das ciedades.
quais são ignoradas as condições políticas de sua exis- Por motivos os mais variados, cuja discussão não cabe
tência, incluindo as possibilidades de conflitos inter e aqui, os planejadores preferem diagnosticar e discursar so-
intragrupais. bre a desorganização do espaço físico-geográfico: a favela,
Quais seriam, então, as implicações de uma visão mais os bairros de pobreza, a situação calamitosa dos transpor-
realista da comunidade - um grupo unido por objetivos e tes, a falta de infra-estrutura de saneamento básico são os
aspirações comuns, em conflito com outros grupos - para temas prediletos em todos os planos urbanísticos básicos, 23
o planejamento e o desenvolvimento da comunidade? integrados etc. Contudo, e mais uma vez, é a estrutura
Partimos de um truísmo, porém não facilmente admi- institucional - o mercado de trabalho, os salários, a distri-
tido pelos cultores do cientificismo, de que o planeja- buição da renda e os canais de informação e participação
mento, em suas mais variadas facetas, é um processo polí- política - que não funciona e, portanto, devia merecer os
tico, onde o fator determinante da definição dos "pro- cuidados e o interesse prioritários dos técnicos em planeja-
blemas" e da decisão sobre as "soluções" é a parcela do mento e dos administradores públicos.
poder detida pelos respectivos grupos sociais. Em outras Em conclusão, ao tentarmos avaliar as potencialidades
palavras, o uso do poder introduz um viés nas formulações e limitações do "desenvolvimento de comunidade" como
"científicas", na racionalidade técnica e na neutralidade técnica de solução para os problemas das populações resi-
política do planejamento urbano, metropolitano e regional. dentes nas cidades e no campo, convém lembrar o se-
Definindo o que é e o que não é problema para a adminis- guinte:
tração pública, a distribuição diferencial do poder limita a
gama das opções e, conseqüentemente, das decisões rele-
vantes e praticáveis. Na ponderação real do peso do poder 1. A experiência de satisfação e bem-estar social e indivi-
nas decisões referentes à alocação de recursos para so- dual na "comunidade" não precisa estar, necessariamente,
lucionar os "problemas", mesmo num sistema formal- relacionada com o padrão abstrato de qualidade' de habi-
mente democrático, é preciso convir que ao planejador tação ou do meio-ambiente físico. O papel do fator espa-
cabe, na melhor das hipóteses, o papel de "corretor do cial só pode ser compreendido à luz de seu significado na

Processo de urbanização
.ínteração social dos grupos populacionais que, por sua vez, 7 Bailey, J. Social theory for planning. London, Routledge &

é determinada por valores sociais e culturais. Kogan Paul, 1975. p. 88-104.

2. A intervenção planejada de "desenvolvimento de co- 11 Goodman, R. After the planner. New York, Simon & Schuster,
1971.
munidade", por melhor intencionada, quando não sufi-
cientemente lastrada em premissas teóricas depuradas da
9 Partidários de Narodnaya Volya - o partido da "vontade do
ideologia do "consenso", pode levar à frustração e à auto- povo" na Rússia czarista, nos fins do século passado, que pregava a
restrição das reivindicações participatórias, por ignorar as ida dos intelectuais às massas, a fim de despertá-las e ativá-las.
condições estruturais das desigualdades e desequilíbrios
econômicos, sociais e políticos. 10 Mumford, L. A cultura das cidades. Belo Horizonte, MG, Edi-
tora Itatiaia, 1961. Especialmente o capo 3, p. 152-233.
3. Finalmente, é preciso reexaminar criticamente as pre-
missas da teoria política subjacente a certas técnicas de
planejamento, inclusive o "desenvolvimento de comuni-
dade". Postular que o poder político esteja distribuído,
aIBLlOGRAFIA
mais ou menos uniformemente; que não estaria, porém,
sendo ativado por motivos de apatia, 'ignorância ou desin-
teresse de certas camadas da população parece ingênuo e
carente de comprovação empírica, embora tais argu- a) Ciência - filosofia e método científicos
mentos sejam usados para justificar e legitimar o "desen-
volvimento de comunidade". Benn, S. J. & Mortimore, G. W. Rationality and the social
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Importa reconhecer e admitir a heterogeneidade con-
flitiva de interesses e aspirações numa sociedade de classes, Blackburn, R. ed. Ideology in social science. London,
o que torna difícil, senão inviável, uma situação de "bem- Fontana, 1972.
estar comum" ou a satisfação das necessidades de todos.
Admitir que o resultado provável de qualquer inter- Bloor, D. Knowledge and the social imagery. London,
venção dirigida no processo de mudança social - planeja- Routledge & Kegan Paul, 1976.
mento, desenvolvimento de comunidade etc. -'- será um
jogo de soma zero, talvez seja doloroso e cause desconfor-
Braithwaite, R. B. Scientific explanation. New York,
to, pois tiraria do planejador e tecnocrata o manto da
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Revista de Administração de Empresas

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